19
nome de valores políticos, ideológicos, religiosos e morais, os
representantes do regime justificavam a proibição ou valorização de
produtos culturais... A cultura foi entendida como suporte da política e
nessa perspectiva, cultura, política e propaganda se
mesclaram.(Capellato, 2003, p. 125)
Apesar de acontecer, desde a época da colonização, com o entrudo, que foi,
aos poucos, “civilizando”-se, o carnaval das classes menos favorecidas era controlado
pela polícia, que não concedia licença para o desfile das escolas de samba. Já os
ranchos, estes sim, conseguiam permissão para a festa e, através deles, os sambistas
se divertiam. Getúlio Vargas resolveu esta situação, em 1933, através de um
intervencionismo estatal e passou a promover a “alegria dirigida, porque surgiu na
cidade o carnaval oficializado.” (Morais, 1958, p. 139)
Com a criação dos Departamentos de Turismo nos Estados, estes passaram a
interferir na organização das comemorações carnavalescas. A prefeitura programava
os festejos, desde as batalhas de confete nas ruas, desfile de ranchos, blocos, corsos
e bailes. Nesta época, década de 30, foi criado também o Baile do Teatro Municipal
do Rio de Janeiro, apesar de os bailes de carnaval já serem realizados nos clubes das
cidades.
O carnaval, nos bailes, era animado por orquestras, que tocavam músicas
feitas, especialmente, para a ocasião, como Com que Roupa, de Noel Rosa, de 1931;
Teu Cabelo não Nega, de Lamartine Babo e irmãos Valença, de 1932; Cidade
Maravilhosa, de André Filho, de 1935; Pierrô Apaixonado, de Noel Rosa e Heitor dos
Prazeres, de 1936;
Mamãe, Eu Quero, de Vicente Paiva e Jararaca, de 1937;
Pastorinhas, de João de Barros e Noel Rosa de 1938; Ai que Saudades da Amélia, de
Ataulfo Alves e Mário Lago, de 1942, entre outras.
No séc. XIX já existem registros de desfiles de Sociedades Carnavalescas na
cidade do Rio de Janeiro, tendo à frente os Tenentes do Diabo, de 1855; os
Democráticos, de 1867; os Fenianos, de 1896, e os Pierrôs da Caverna, de 1925. No
ano de 1932, Pedro Ernesto baixou um decreto, tornando, de utilidade pública, o
Clube dos Fenianos, que, em 1936, desfilou com o enredo O Estado Novo.
Bakhtin (2002, p. 04), ao analisar os festejos de carnaval na Idade Média,
afirma que “nenhuma festa se realiza sem a intervenção dos elementos de uma
organização cômica, como, por exemplo, a eleição de rainhas e reis ‘para rir’ para o
período da festividade”. Para coroar, então, os três dias da “vida às avessas”, foi
criada, em 1933, a nobre figura do Rei Momo pelos jornalistas de A Noite, no Rio de