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Carlos Alberto Carvalho Castro
ESTUDO DO COMPORTAMENTO À FADIGA DE
METAIS DENTRO E FORA DA ÁGUA NA PRESENÇA
DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Engenharia
Mecânica.
Área de Concentração: Processos de Fabricação
Orientador: Alexandre Queiroz Bracarense, PhD.
(Universidade Federal de Minas Gerais)
Belo Horizonte
2007
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ii
Para Glauca e Laura,
presentes de DEUS nesta minha existência.
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iii
Agradecimentos
Agradeço inicialmente a DEUS pela vida;
Aos meus pais, Atair e Maria Aparecida pelo carinho e apoio;
Ao Professor Alexandre Queiroz Bracarense pelo apoio, orientação e confiança;
Aos Professores que nesse caminho tive o prazer de conhecer;
Aos colegas que propiciaram várias alegrias pelo convívio;
Aos colegas do GRSS, principalmente, Eduardo Lima, Ezequiel, Papatela, Leonardo,
Alexandre Rizzuto, Fred, Guilherme, Zanata, Luciano, em especial ao Álvaro e Getúlio;
A Dona Margarida e o Sr. Geraldo pela amizade e carinho;
Ao CDTN/CNEN pelo apoio nos testes, principalmente ao Nirlando, Jéferson, Geraldo
Scoralick, Wlamir, Paulo de Tarso, Eduardo Carvalho, Vagner e Nelson;
Ao CEFET-MG, principalmente ao Ismail, ao Nilton, Vanderlei, Joel, Edinho (Edson) e
Denise pela colaboração;
Ao SENAI, principalmente, a Miriam e ao Cleiton José;
Ao Adão da Acesita pela ajuda prestada;
A CNPQ pelo apoio financeiro;
A todos, muito obrigado.
iv
Resumo
A fadiga é a forma mais comum de falha estrutural e, ao longo do tempo, tem sido um problema
desafiador devido às solicitações impostas e ao tipo de carga aplicada.
Nesse trabalho é feito um estudo sobre os efeitos da fadiga do aço SAE A-36 em três ambientes:
refrigerado, lâmina d’água e dentro da água na presença de pressão hidrostática com 5 atm.
Para isso, foi desenvolvida e construída uma máquina de fadiga flexo-rotativa voltada para
condições específicas, com a finalidade de ensaiar em ambientes distintos e simular as condições de
trabalho do aço. Isso é importante, pois não há confirmação da resistência à fadiga subaquática. Os
testes de fadiga subaquática são realizados, normalmente, ao ar e não na água.
Com os resultados dos ensaios de fadiga foram levantadas as curvas S-N. Esses dados
possibilitaram a construção das curvas S-N-P com 1%, 50% e 99% de probabilidade de falha para
verificar o limite de resistência à fadiga para os ambientes. A metodologia empregada foi o modelo
de regressão para dados de testes de vida acelerados.
Para avaliar o acúmulo de dano, utilizou alguns modelos conhecidos na literatura. Nessa linha,
propõe um método para prever a vida útil de materiais submetidos à fadiga, considerando o número
de ciclos e o dano acumulado em cada tensão aplicada.
Para complementação deste estudo foram realizadas análises de macrodureza, microdureza e MEV.
PALAVRAS CHAVE: fadiga, ensaio flexo-rotativa, curva S-N, curva S-N-P.
v
Abstract
The fatigue is the most common form of structural failure and, throughout time, it has been a
challenging problem due to the imposed solicitations and the kind of load applied.
In this work, the fatigue study effects of the SAE A-36 steel were studied in three different
environments: cooled, water layer and inside the water in the presence of hydrostatic pressure with
5 atm.
For this, a rotating bending fatigue machine directed for specific conditions was developed and built
with the purpose of being tested in distinct environments, simulating the work conditions of steel.
This is important, therefore there is no confirmation of the resistance to the underwater fatigue. The
underwater fatigue tests are normally carried out in contact with air and not water.
The S-N curves were obtained with the results of the fatigue tests. With this data, the S-N-P curves
were made with a fault probability of 1%, 50% e 99% to verify the limit of resistance to the fatigue
for the environments. The regression model was the methodology used for the data of the
accelerated life tests.
To evaluate the cumulative damage, some known literature models were used. Following this idea,
a method of foreseeing the life span of the materials submitted to the fatigue was proposed,
considering the numbers of cycles and the cumulative damage in each applied stress.
To complement this study the macrohardness, microhardness and SEM analysis were carried out.
KEY WORDS: Fatigue, rotating bending, curves S-N, curves S-N-P.
vi
SUMÁRIO
SIMBOLOGIA ..........................................................................................................................xx
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ............................................1
1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
1.2 MOTIVAÇÃO DO TRABALHO..............................................................................................2
1.3 OBJETIVOS........................................................................................................................2
1.4 CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO .........................................................................................3
1.5 HIPÓTESES........................................................................................................................3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................4
2.1 ASPECTOS GERAIS ............................................................................................................4
2.2 FADIGA.............................................................................................................................7
2.3 MÉTODO S-N (FADIGA DE ALTO CICLO)..........................................................................11
2.3.1 Curva tensão – número de ciclos (S-N).................................................................12
2.3.2 Fatores que modificam as curvas S-N ...................................................................14
2.3.2.1 Tensões residuais ............................................................................................15
2.3.3 Limitações da curva S-N........................................................................................16
2.4
FADIGA CONTROLADA POR DEFORMAÇÃO - FADIGA DE BAIXO CICLO.............................17
2.4.1 Ciclo tensão-deformação dos materiais ................................................................18
2.4.2 Curva ε
f x
N............................................................................................................19
2.5 MÉTODO PARA LEVANTAMENTO DA CURVA S-N ............................................................20
2.5.1 Método padrão.......................................................................................................20
2.5.2 Método para levantamento da curva utilizando a tensão constante .....................21
2.5.3 Métodos para levantamento das curvas utilizando as probabilidades ou das
curvas S-N-P ..........................................................................................................22
2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DE FADIGA................................................................23
2.6.1 Determinação do limite de resistência à fadiga (S
e
).............................................23
2.6.2 Modelos estatístico de regressão para dados de testes de vida acelerados..........24
vii
2.6.3 Descrição do modelo de regressão........................................................................25
2.6.4 Ajuste do modelo de regressão ..............................................................................27
2.6.5 Verificação do modelo...........................................................................................28
2.7 EFEITO DO MEIO AMBIENTE ............................................................................................29
2.8 EFEITO DAS CONDIÇÕES DE ENSAIO ................................................................................32
2.8.1 Tipos de solicitações..............................................................................................33
2.8.2 Freqüência de aplicações das cargas....................................................................33
2.8.3 Microestrutura do material ...................................................................................33
2.9 TIPOS DE ENSAIOS DE FADIGA.........................................................................................34
2.9.1 Ensaio de fadiga axial ...........................................................................................34
2.9.2 Ensaio de fadiga por flexão em quatro pontos......................................................35
2.9.3 Ensaio de Fadiga por flexão em três pontos .........................................................35
2.9.4 Ensaio de fadiga flexo-rotativa..............................................................................35
2.9.5 Simulação numérica por elementos finitos............................................................37
2.10 ACÚMULO DE DANOS....................................................................................................37
2.10.1 Fenômenos caracterizados pelo dano .................................................................38
2.10.2 Variáveis associadas ao dano..............................................................................38
2.10.3 Leis elementares dos danos por fadiga................................................................39
2.10.4 Teorias de acúmulo de danos ..............................................................................41
2.10.4.1 Teoria de acúmulo de danos de Palmgren-Miner.........................................41
2.10.4.2 Teoria do acúmulo de danos de Corten-Dolan .............................................42
2.10.4.3 Teoria do acúmulo de danos de Marin..........................................................44
2.10.4.4 Teoria das médias das tensões atuantes - Mansur.........................................44
2.11 INCERTEZA DE MEDIÇÃO...............................................................................................45
2.11.1 Incerteza de medição nos valores das tensões.....................................................46
3. MATERIAL E METODOLOGIA .......................................47
3.1 MÁQUINA DE ENSAIO FADIGA FLEXO-ROTATIVA ............................................................47
3.2 AQUÁRIO .....................................................................................................................50
3.3 CÂMARA HIPERBÁRICA...................................................................................................50
3.4 TIPO DE ÁGUA PARA A REALIZAÇÃO DOS TESTES ............................................................51
viii
3.5 TESTES METALOGRÁFICOS E MECÂNICOS .......................................................................51
3.5.1 Metalografia do material.......................................................................................51
3.5.2 Determinação das propriedades mecânicas..........................................................52
3.5.2.1 Ensaios de tração ............................................................................................52
3.5.2.2 Ensaios de dureza............................................................................................53
3.5.2.3 Ensaios de microdureza ..................................................................................53
3.6 VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA DE ENSAIO FLEXO- ROTATIVA..........54
3.6.1 Corpos-de-prova....................................................................................................54
3.6.1.1 Rugosidade nos corpos-de-prova para ensaio de fadiga.................................56
3.7 ENSAIOS DE FADIGA .......................................................................................................56
3.7.1 Ensaios de fadiga flexo-rotativa............................................................................56
3.7.2 Tensões atuantes no corpo-de-prova submetido à fadiga flexo-rotativa ..............57
3.7.3 Planejamento dos ensaios para o levantamento da curva S-N-P..........................59
3.7.4 Levantamento das curvas S-N-P............................................................................60
3.7.5 Determinação do limite de resistência à fadiga (S
e
).............................................60
3.8 INTRODUÇÃO DE DANOS EM CORPOS-DE-PROVA.............................................................61
3.8.1 Ensaio de fadiga flexo-rotativa seguido por ensaio de tração com carregamento
único.......................................................................................................................61
3.8.2 Acúmulo de danos em corpos-de-prova submetidos à fadiga flexo-rotativa.........62
3.8.2.1 Ensaios com cargas aplicadas no sentido crescente........................................62
3.8.2.2 Ensaios com cargas aplicadas no sentido decrescente....................................62
3.9 ANÁLISES FRATOGRÁFICAS ............................................................................................63
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................64
4.1 TESTES PRELIMINARES ...................................................................................................64
4.2 ENSAIOS PARA O AÇO ASTM A-36 ................................................................................66
4.2.1 Ensaios de tração...................................................................................................66
4.2.2 Ensaios de dureza..................................................................................................67
4.2.3 Ensaios de microdureza.........................................................................................67
4.3 VERIFICAÇÃO DA RUGOSIDADE MÉDIA DOS CORPOS-DE-PROVA .....................................68
4.4 ANÁLISE QUÍMICA DO MATERIAL....................................................................................68
ix
4.5 CARACTERIZAÇÃO METALOGRÁFICA DO AÇO A-36........................................................68
4.6 CURVAS S-N DO AÇO SAE A-36 ....................................................................................69
4.6.1 Levantamento da curva S-N...................................................................................70
4.6.1.1 Ensaio refrigerado...........................................................................................70
4.6.1.2 Ensaio em lâmina d’água................................................................................70
4.6.1.3 Ensaio em água pressurizada a 5 atm .............................................................71
4.6.2 Ajuste do modelo de regressão ..............................................................................72
4.6.2.1 Ajuste do modelo de regressão para os corpos-de-prova refrigerados ...........72
4.6.2.2 Ajuste do modelo de regressão para os corpos-de-prova em lâmina d’água..73
4.6.2.3 Ajuste do modelo de regressão para os corpos-de-prova em água
pressurizados a 5 atm....................................................................................74
4.7 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS S-N-P PARA O AÇO A-36.................................................75
4.8 ENSAIOS DE DUREZA EM CORPOS-DE-PROVA SUBMETIDOS AO ENSAIO DE FADIGA FLEXO-
ROTATIVA ....................................................................................................................80
4.9 ENSAIOS DE MICRODUREZA EM CORPOS-DE-PROVA SUBMETIDOS AO ENSAIO DE FADIGA
FLEXO
-ROTATIVA.........................................................................................................81
4.10 O ESTUDO DAS SUPERFÍCIES DOS CORPOS-DE-PROVA FRATURADOS..............................83
4.11 O ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS EM CORPOS-DE-PROVA SUBMETIDOS À
FADIGA FLEXO
-ROTATIVA............................................................................................84
4.12 O ESTUDO DO DANO ACUMULADO PROVOCADO POR FADIGA FLEXO-ROTATIVA............84
4.13
CÁLCULO DO LIMITE DE RESISTÊNCIA À FADIGA UTILIZANDO O MODELO DE REGRESSÃO
....................................................................................................................................84
4.14 VERIFICAÇÃO DAS CARGAS APLICADAS........................................................................87
4.15 HIPÓTESES....................................................................................................................92
4.16 HIPÓTESES DE UM MODELO...........................................................................................95
4.17 APLICAÇÃO ..................................................................................................................96
5. CONCLUSÃO........................................................................97
x
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............100
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................101
8. ANEXO A.............................................................................107
8.1 SUPERFÍCIE DE FRATURA DOS CORPOS-DE-PROVA ........................................................107
8.1.1 Análise fratográficas de corpos-de-prova fraturados .........................................110
9. ANEXO B .............................................................................116
9.1 ENSAIOS DE TRAÇÃO EM CORPOS-DE-PROVA SUBMETIDOS À FADIGA FLEXO-ROTATIVA
..................................................................................................................................116
9.1.1 Limites de escoamento, resistência do material e ruptura utilizando uma tensão
de 197 MPa..........................................................................................................116
9.1.2 Limites de escoamento, resistência do material e ruptura utilizando uma tensão
de 236 MPa..........................................................................................................118
9.1.3 Estricção do material utilizando as tensões de 197 e de 236 MPa. ...................119
10. ANEXO C.............................................................................121
10.1 ESTUDO DO DANO ACUMULADO PROVOCADO POR FADIGA FLEXO-ROTATIVA.............121
10.2 APLICAÇÕES DAS TEORIAS DO DANO ..........................................................................122
10.3 PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA PARA CÁLCULO DE DANO: ESTUDO DO DANO
PROGRESSIVO ............................................................................................................124
11. ANEXO D.............................................................................129
12. ANEXO E .............................................................................133
12.1 INCERTEZA DE MEDIÇÃO.............................................................................................133
12.1.1 Incerteza de medição da rugosidade média ......................................................133
12.1.2 Incerteza de medição do número de ciclos – flexo-rotativa ..............................133
12.1.3 Incerteza de medição das tensões de flexão ......................................................133
xi
12.1.4 Incerteza de medição das tensões axiais ...........................................................134
12.1.5 Incerteza de medição da dureza ........................................................................135
12.1.6 Incerteza de medição da microdureza...............................................................135
13. ANEXO F .............................................................................136
13.1 NÚMEROS DE CICLOS OBTIDOS NOS ENSAIOS DE FADIGA ............................................136
xii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 - Plataforma offshore, [Cicilia, 2004]. ...........................................................................4
FIGURA 2.2 - Interação fluido-estrutura.............................................................................................5
FIGURA 2.3 – Representação esquemática mostrando o modelo da iniciação e propagação da trinca
por fadiga, adaptado de (Rocha, 2005). .......................................................................................8
FIGURA 2.4 - Parâmetros utilizados nos ensaios fadiga, [Magnabosco, 2000]..................................9
FIGURA 2.5 - Exemplo de um carregamento variável composto por vários carregamentos
constantes [Furtado, 2002]. ........................................................................................................10
FIGURA 2.6 - Comportamento cíclico em um material sob controle de tensão. Endurecimento
cíclico. ........................................................................................................................................11
FIGURA 2.7 - Comportamento cíclico em um material sob controle de tensão. Amolecimento
cíclico. ........................................................................................................................................12
FIGURA 2.8 - Carregamento típico de fadiga de alto ciclo [Ávila, 2005]........................................12
FIGURA 2.9 - Carregamento típico de fadiga térmica, [Mansur, 2003]. ..........................................12
FIGURA 2.10 - Curvas S-N ou curvas de Wöhler.............................................................................13
FIGURA 2.11 - Exemplos de algumas curvas S-N, [Dieter, 1986]. ..................................................14
FIGURA 2.12 - Comportamento cíclico sob controle de deformação - Amolecimento....................17
FIGURA 2.13 - Comportamento cíclico sob controle de deformação - Endurecimento...................18
FIGURA 2.14 - Laço de histerese para carregamento cíclico em um material elástico. ...................18
FIGURA 2.15 - Laço de histerese para carregamento cíclico em regime plástico. ...........................19
FIGURA 2.16- Curva
N2×
ε
.........................................................................................................19
xiii
FIGURA 2.17 - Curvas do Método Padrão........................................................................................20
FIGURA 2.18 - Curva S-N em escala log-log....................................................................................21
FIGURA 2.19 - Levantamento da curva para tensão constante.........................................................22
FIGURA 2.20 - Representação estatística de dados de fadiga, curvas S-N-P. ..................................23
FIGURA 2.21 - Comparação do ensaio de fadiga no ar e a vácuo no aço SAE 1020, (Sterverding,
1964)...........................................................................................................................................31
FIGURA 2.22 - Comparação das curvas produzidas com diferentes pressões aplicadas (Hudson,
1972)...........................................................................................................................................31
FIGURA 2.23 - Efeito de diferentes meio aquosos pulverizados sobre a resistência à fadiga de
ferros fundidos [Maluf, 2002]. ...................................................................................................32
FIGURA 2.24 - Esquema da aplicação de carga no corpo-de-prova.................................................36
FIGURA 2.25 - Seção transversal nominal e degradada. ..................................................................39
FIGURA 2.26 - Evolução e acúmulo linear de dano. ........................................................................40
FIGURA 2.27 - Evolução não linear do dano, mas com acúmulo linear...........................................40
FIGURA 2.28 - Teoria do Palmgre-Miner [Domingues, 2003].........................................................42
FIGURA 2.29 - Curva S-N modificada por Corten-Dolan [Yang, 1996]. .........................................43
FIGURA 3.1 - Máquina de fadiga flexo-rotativa vertical..................................................................47
FIGURA 3.2 - Esquema de aplicação de carga..................................................................................48
FIGURA 3.3 – Esquema do disco e sensor (encoder) da máquina....................................................49
FIGURA 3.4 – Contador digital.........................................................................................................49
FIGURA 3.5 - Dispositivo de troca de corpo-de-prova.....................................................................50
xiv
FIGURA 3.6 – Aquário......................................................................................................................50
FIGURA 3.7 - Câmara hiperbárica ....................................................................................................51
FIGURA 3.8 - Esquema do corte dos corpos-de-prova para ensaio metalográfico...........................51
FIGURA 3.9 - Desenho do corpo-de-prova de tração .......................................................................52
FIGURA 3.10 - Corpo-de-prova fabricado........................................................................................52
FIGURA 3.11 - Corpo-de-prova utilizado em testes preliminares. ...................................................55
FIGURA 3.12 - Dimensões do corpo-de-prova. ................................................................................55
FIGURA 3.13 - Foto do corpo-de-prova utilizado nos testes de fadiga flexo-rotativa......................55
FIGURA 3.14 - Máquina de fadiga dentro da água. ..........................................................................57
FIGURA 3.15 - Diagrama da força cortante e do momento fletor. ...................................................59
FIGURA 4.1 - Testes com corpos-de-provas refrigerado utilizando 2 tensões. ................................65
FIGURA 4.2 - Resíduos padronizados para o intervalo de confiança de 95%. .................................65
FIGURA 4.3 - Comparativo dos ciclos obtidos em corpos-de-prova com refrigeração e em lâmina
d’água com uma tensão de 297 MPa..........................................................................................66
FIGURA 4.4 – Microdureza do aço SAE A-36. Aumento 100 vezes. ..............................................67
FIGURA 4.5 - Microestrutura - corte transversal: a) aumento de 200x; b) aumento de 500x. .........69
FIGURA 4.6 - Microestrutura - corte transversal: a) aumento de 200x; b) aumento de 500x. .........69
FIGURA 4.7 - Ensaios em corpos-de-prova refrigerados..................................................................70
FIGURA 4.8 - Ensaios em corpos-de-prova realizados em lâmina d’água. ......................................71
FIGURA 4.9 - Ensaios em corpos-de-prova em água pressurizado em 5 atm...................................71
xv
FIGURA 4.10 - Probabilidades para resíduos padronizados - refrigerados.......................................72
FIGURA 4.11 - Probabilidades para resíduos padronizados – lâmina d’água...................................73
FIGURA 4.12 - Probabilidades dos resíduos padronizados – pressurizado em água com 5 atm. .....74
FIGURA 4.13 - Curvas S-N-P. Ensaios em corpos-de-prova refrigerados. ......................................76
FIGURA 4.14 - Curvas S-N-P. Ensaios em corpos-de-prova em lâmina d’água. .............................76
FIGURA 4.15 - Curvas S-N-P. Ensaios em corpos-de-prova pressurizado a 5 atm..........................77
FIGURA 4.16 – Comparação entre as Curvas S-N-P com probabilidade de 50%. ...........................79
FIGURA 4.17 – Redução da vida à fadiga entre os ambientes pressurizados a 5 atm e em lâmina
d’água para a probabilidade de falha de 50 %. ..........................................................................79
FIGURA 4.18 – Variação da dureza para o aço ASTM A-36 submetido à fadiga flexo-rotativa para
os três ambientes, variando a tensão aplicada............................................................................80
FIGURA 4.19 – Comparação da dureza para o aço ASTM A-36 submetido à fadiga flexo-rotativa
para os três ambientes. ...............................................................................................................81
FIGURA 4.20 – Variação da microdureza para o aço SAE A-36 submetido à fadiga flexo-rotativa
para os três ambientes, variando a tensão aplicada. ...................................................................82
FIGURA 4.21 – Comparação da microdureza para o aço SAE A-36 submetido à fadiga flexo-
rotativa para os três ambientes. ..................................................................................................83
FIGURA 4.22 – Comparações entre as pressões hiperbáricas...........................................................86
FIGURA 4.23 – Limites de resistência à fadiga para os três ambientes com a probabilidade de falha
de 50%........................................................................................................................................87
FIGURA 4.24 – Corpo-de-prova instrumentado com extensômetro elétrico. ...................................87
FIGURA 4.25 – Corpo-de-prova com extensômetro e revestido com massa plástica.......................88
xvi
FIGURA 4.26 – Resultados obtidos com o corpo-de-prova instrumentado com extensômetro........88
FIGURA 4.27 – Comparação da curva corrigida (extensômetro) em relação à curva levantada, com
a probabilidade de falha de 50%. ...............................................................................................89
FIGURA 4.28 – Novas curvas S-N-P, para ensaios refrigerados com valores corrigidos.................90
FIGURA 4.29 - Novas curvas S-N-P, para ensaios em lâmina d’água com valores corrigidos........90
FIGURA 4.30 - Novas curvas S-N-P, para ensaios em lâmina d’água com valores corrigidos........91
FIGURA 4.31 – comparação da água antes e depois do teste............................................................93
FIGURA 4.32 – a) e b) presença de pits na lateral do corpo-de-prova perto da fratura; c) região da
fratura, com pit seccionado. .......................................................................................................94
FIGURA 4.33 – Hipótese de um modelo para o ambiente pressurizado a 5 atm. .............................95
FIGURA 8.1 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 278 MPa........................................107
FIGURA 8.2 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 256 MPa........................................107
FIGURA 8.3 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 236 MPa........................................108
FIGURA 8.4 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 197 MPa........................................108
FIGURA 8.5 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 160 MPa........................................109
FIGURA 8.6 – Linhas que nascem na superfície em direção ao centro no ambiente pressurizado.110
FIGURA 8.7 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado em
água a 5 atm, utilizando uma tensão de 278 MPa. ...................................................................111
FIGURA 8.8 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado em
água a 5 atm, utilizando uma tensão de 256 MPa. ...................................................................112
FIGURA 8.9 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado em
água a 5 atm, utilizando uma tensão de 236 MPa. ...................................................................113
xvii
FIGURA 8.10 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado
em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 197 MPa. .............................................................114
FIGURA 8.11 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado
em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 160 MPa. .............................................................115
FIGURA 9.1 – Variação do limite de escoamento e de resistência do aço ASTM A-36, utilizando
uma tensão de 197 MPa. ..........................................................................................................117
FIGURA 9.2 – Variação do limite de ruptura do aço ASTM A-36, utilizando uma tensão de 197
MPa. .........................................................................................................................................117
FIGURA 9.3 – Variação do limite de escoamento e de resistência do aço SAE A-36, utilizando uma
tensão de 236 MPa. ..................................................................................................................118
FIGURA 9.4 – Variação do limite de ruptura do aço SAE A-36, utilizando uma tensão de
236 MPa. ..................................................................................................................................119
FIGURA 9.5 – Valores de estricção para a tensão de 197 MPa. .....................................................120
FIGURA 9.6 – Valores de estricção para a tensão de 237 MPa. .....................................................120
FIGURA 10.1 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Palmgren-Miner. .......................122
FIGURA 10.2 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Corten-Dolan.............................123
FIGURA 10.3 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Marin.........................................123
FIGURA 10.4 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Mansur.......................................124
FIGURA 10.5 – Valores encontrados com a teoria proposta do dano.............................................126
FIGURA 10.6 – Comparação das teorias para uma probabilidade de falha de 1%. ........................126
FIGURA 10.7 – Comparação das teorias para uma probabilidade de falha de 50%. ......................127
FIGURA 10.8 – Comparação das teorias para uma probabilidade de falha de 99%. ......................127
xviii
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 - Metodologia para ensaio de fadiga flexo-rotativa seguido por ensaio de tração, com
carregamento único, com tensão de 236 MPa............................................................................61
TABELA 3.2 - Metodologia para ensaio de fadiga flexo-rotativa seguido por ensaio de tração, com
carregamento único, com tensão de 197 MPa............................................................................61
TABELA 3.3 - Metodologia para acúmulo de dano utilizando tensões crescentes...........................62
TABELA 3.4 - Metodologia para acumulo de dano utilizando tensões decrescentes.......................63
TABELA 4.1 - Resultados de ensaios de tração para o aço ASTM A-36. ........................................67
TABELA 4.2 - Composição química prevista para o aço ASTM A 36.............................................68
TABELA 4.3 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
refrigerado. .................................................................................................................................77
TABELA 4.4 – Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio em
lâmina d’água. ............................................................................................................................78
TABELA 4.5 – Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
pressurizado a 5 atm...................................................................................................................78
TABELA 4.6 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
refrigerado. .................................................................................................................................91
TABELA 4.7 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio lâmina
d’água.........................................................................................................................................92
TABELA 4.8 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
pressurizado a 5 atm...................................................................................................................92
TABELA 10.1 – Acúmulo de dano utilizando tensões crescentes. .................................................121
xix
TABELA 10.2 – Acúmulo de dano utilizando tensões decrescentes...............................................121
TABELA 11.1 – Dureza em corpos-de-prova virgens.....................................................................129
TABELA 11.2 – Dureza em corpos-de-prova refrigerados.............................................................129
TABELA 11.3 – Dureza em corpos-de-prova lâmina d’água..........................................................130
TABELA 11.4 – Dureza em corpos-de-prova pressurizados em água a 5 atm. ..............................130
TABELA 11.5 – Microdureza em corpos-de-prova virgens............................................................131
TABELA 11.6 – Microdureza em corpos-de-prova refrigerados. ...................................................131
TABELA 11.7 – Microdureza em corpos-de-prova lâmina d’água.................................................132
TABELA 11.8 – Microdureza em corpos-de-prova pressurizado em água a 5 atm. .......................132
TABELA 13.1 – Números de ciclos produzidos para o ambiente refrigerado ................................136
TABELA 13.2 – Números de ciclos produzidos para o ambiente lâmina d’água ...........................137
TABELA 13.3 – Números de ciclos produzidos para o ambiente pressurizado a 5 atm.................137
xx
Simbologia
A Área total
A
D
Área com defeito
b
o
Intercepto de reta com o eixo das tensões na curva S-N-P
b
i
Coeficiente de inclinação da reta
C Constante do material
C
1
Constante do material na curva S-N, escala log-log
c Inclinação da reta na curva S-N-P semi-log
D Dano
d constante do material, para o aço 6,67
CP
F Força aplicada no corpo-de-prova no ensaio de fadiga flexo-rotativa
J Momento de inércia da seção transversal
a
K Fator de superfície
b
K Fator de tamanho
c
K Fator de carga
d
K Fator de temperatura
e
K Fator de temperatura
i
K Inclinação da reta na representação log-log da curva S-N
l distância do apoio ao aplicador de força
ft
M Momento fletor aplicado ao corpo-de-prova
n Expoente ou parâmetro de encruamento do material
N Vida útil (número de ciclos)
f
N Número de ciclos que leva o material à falha na tensão
i
σ
i
n Número de ciclos aplicados ao material à tensão
i
σ
P Probabilidade
R Coeficiente de determinação
r
raio
Ra - Rugosidade média (µm)
c
R Resultado corrigido
f
R Razão de tensão em fadiga
R
M Resultado da medição
xxi
a
S Amplitude da tensão cíclica alternada, representada na curva S-N
e
S Limite de resistência à fadiga de uma peça
'
e
S Limite de resistência à fadiga de uma peça
T Tempo de fa lha
t
1
Tempo determinado para ocorrência de falha
U Incerteza expandida
c
u Incerteza combinada
i
u Incerteza padrão
x
o
Limite de resistência a Fadiga para uma determinada probabilidade
y diferença entre (x
i
e yi)
y valor estimado no coeficiente de determinação
y
t
Variação total
r
W Módulo de resistência da seção transversal de um corpo-de-prova
Símbolos Gregos
β
Coeficiente dependente do material
β
o
Intercepto da linha de regressão
β
1
Coeficiente de inclinação da reta
D
δ
Variação do dano
σ
Variação da tensão alternada
ε
Erro aleatório de resíduos
ε
f
Deformação
µ
(x)
Parâmetro de locação
Φ
Percentil da distribuição normal padrão
Γ
Parâmetro de escala, correspondente ao desvio padrão
σ
Tensão
σ
a
Amplitude da tensão alternada
σ
a1
, σ
a2
, σ
a3
Amplitudes das tensões alternadas principais
σ
c
Limite de escoamento
σ
m
Tensão média
σ
max
Tensão alternada máxima
σ
min
Tensão alternada mínima
xxii
σ
r Tensão cíclica aplicada ao corpo-de-prova
σ
res
Limite de resistência
Glossário
CDTN – Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear
CEFET – Centro Federal de Ensino Tecnológico
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1 Introdução
Devido à expansão das usinas hidrelétricas e petrolíferas, estudos relacionados à vida útil dos
componentes metálicos estão em constante desenvolvimento nas universidades e indústrias para
aperfeiçoar as tecnologias existentes [Maddox, 1998]. Essa medida busca garantir uma maior
durabilidade das estruturas, para aumentar a competitividade das empresas e evitar acidentes que
prejudiquem o meio ambiente e a economia.
As plataformas petrolíferas modernas são projetadas para suportar exposições aos esforços
provocados por tempestades, furacões e grandes quantidades de ondas. Esses esforços aplicam um
carregamento na estrutura favorecendo a falha por fadiga de algum componente da mesma.
Considera-se que a estimativa da vida útil de estruturas submetidas a esse fenômeno é de grande
importância no projeto de uma obra ou equipamento para garantir a sua estabilidade [Taier, 2002].
Para isso, existe a necessidade de um estudo para a análise de estruturas sujeita a fadiga.
Para a determinação dos cálculos dessas estruturas, as cargas externas são determinadas
separadamente para os efeitos locais (estrutura) e globais (ambientais), pois podem ocasionar falhas
por fadiga [Piccinini, 2003]. Por exemplo, os efeitos da pressão hidrostática no chapeamento,
enrijecedores de uma estrutura semi-submersível, são determinados pela ação direta da pressão na
chapa do flutuador.
Além disso, deve-se verificar o colapso hidrostático analisando a possibilidade de um membro
tubular ser deformado em face de ação da pressão hidrostática em conjunto com os demais esforços
solicitantes [Pinho, 2001], que são fatores que contribuem para a ocorrência de fadiga subaquática.
Todas as solicitações que variam em intensidade e/ou direção provocam variações de tensões na
estrutura e podem causar falhas por fadiga. As cargas vivas e ambientais são importantes nessa
associação, pois possuem a maior parcela da carga na estrutura [Kiepper, 2004]. Deve considerar a
2
ação da pressão hidrostática em conjunto com os demais esforços para a falha por fadiga
subaquática.
Como evidenciado, a fadiga é um fator importante a ser considerado em projeto. Diante dessa
situação, algumas considerações devem ser feitas, como a amplitude da tensão alternada. Com a
tensão alternada constante é possível trabalhar utilizando as curvas S-N-P, obtidas
experimentalmente, e determinar a probabilidade de falha de um material.
Devido aos fatos relatados, é importante conhecer as propriedades mecânicas dos materiais
utilizados nessas construções mecânicas, tais como: limite de ruptura, limite de elasticidade e a
fadiga, pois estão em um ambiente diferente e na presença da pressão hidrostática.
Para esse trabalho será estudada a fadiga subaquática, utilizando ensaios por flexo-rotação em aço
ASTM A-36 refrigerado, em lâmina d’água e na presença de uma pressão hidrostática de 5 atm.
1.2 Motivação do trabalho
O fenômeno da fadiga subaquática deve ser estudado e trabalhado, pois os testes realizados em
materiais normalmente são feitos ao ar, não retratando a real situação. No ambiente aquático, a peça
está em um meio diferente, onde a densidade do meio é maior e na presença da pressão hidrostática.
Esses dados podem interferir na resistência à fadiga do material.
Ressalta-se que a previsão da vida útil de estruturas submetidas à fadiga é de grande importância no
projeto de uma obra ou equipamento. Portanto, existe a necessidade de um estudo para analisar esse
fenômeno considerando o meio ambiente e outros fatores como a pressão hidrostática.
1.3 Objetivos
Esse trabalho tem por objetivos:
Projetar e construir uma máquina flexo-rotativa que possibilite ensaiar corpos-de-prova em
diferentes ambientes (ar, água), na presença de pressão hidrostática e trabalhar com a tensão
média nula.
3
Estudar o comportamento dos ensaios de fadiga flexo-rotativa dos corpos-de-prova, obtidos do
aço ASTM A-36 nos seguintes ambientes: refrigerado, em lâmina d’água e dentro da água na
presença de pressão hidrostática de 5 atm.
Analisar e comparar a vida útil das peças ensaiadas em diferentes ambientes e verificar os
fenômenos envolvidos.
1.4 Contribuição do trabalho
Esse trabalho contribuíra para o conhecimento da fadiga subaquática, pois estuda e verifica o
comportamento do aço ASTM A-36 em diferentes ambientes e, principalmente, na presença de
pressão hidrostática.
Uma outra contribuição é o equipamento de ensaio de fadiga flexo-rotativa que poderá ser utilizado
para outros testes com outros materiais e em outras condições de trabalho.
A pesquisa servirá para ampliar o conhecimento na área subaquática e futuramente trabalhar com
fadiga de solda subaquática.
1.5 Hipóteses
Algumas hipóteses podem ser levantadas:
- A pressão hidrostática influenciando na vida em fadiga dos corpos-de-prova;
- A influência do meio ambiente no limite de resistência à fadiga;
- A ocorrência de somatório de forças atuando no corpo-de-prova.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aspectos gerais
Nas últimas décadas, o avanço da tecnologia subaquática tornou os projetos inovadores em desafio
para o desenvolvimento de estruturas costeiras e oceânicas para atender as mais diversas
necessidades econômicas. Uma parcela significativa dessas estruturas, utilizadas principalmente
pelas indústrias de gás e petróleo, estão imersas em ambientes aquáticos, sujeitas aos esforços
hidrodinâmicos, conforme apresentado na Figura 2.1.
FIGURA 2.1 - Plataforma offshore, [Cicilia, 2004].
Nessa linha, podem ser mencionados usinas hidrelétricas, plataformas de exploração de petróleo,
cais, píer, pontes, dutos de transporte de fluidos ou todo e qualquer elemento estrutural sujeito à
interação fluido-estrutura. Devido ao ambiente, as estruturas são projetadas para suportar aos mais
diversos tipos de solicitações de esforços, conforme apresentado na Figura 2.2, mantendo-se
seguras para os operadores e para o meio ambiente por longos períodos. Para tanto, é de suma
5
importância que a manutenção e reparo de tais plataformas atendam às exigências das normas
[Pinho, 2001].
FIGURA 2.2 - Interação fluido-estrutura.
Os processos de reparo e manutenção dessas estruturas são complicados, exigindo procedimentos
especiais, desenvolvidos e aplicados pela indústria petrolífera ao longo dos anos. Mesmo com a
evolução alcançada, as técnicas de reparo implementadas não têm atendido as exigências das
normas que as regem [Pessoa, 2003].
Em geral, uma estrutura é projetada para desempenhar a sua função com uma adequada segurança e
economia. O colapso de uma estrutura sujeita as cargas pode ocorrer de duas formas diferentes
[Taier, 2002]:
Ocorrência de um alto nível de tensões que excede a capacidade de resistência do
material, provocando falhas como, por exemplo, ruptura ou instabilidade de um
componente estrutural;
O colapso estrutural causado por dano acumulado produzido pela ação repetitiva de cargas
variáveis, mesmo para níveis mais baixos de tensões aplicadas, gerando um processo de
fadiga.
Taier (2002) estudou quatro juntas tubulares de uma plataforma offshore fixa. Esse estudo tinha
como objetivo determinar a vida à fadiga das estruturas por meio de métodos numéricos (elementos
finitos). Das juntas analisadas, duas apresentaram valores de vida à fadiga melhor que os
6
encontrados na literatura. Devido aos resultados encontrados, foi necessário aplicar outra
metodologia, utilizando um plano de inspeção para a segurança de toda a plataforma.
Uma estrutura offshore estará sujeita, durante a sua vida útil, a vários tipos de cargas que podem ser
classificadas como:
Cargas permanentes: cargas gravitacionais não removíveis, tais como o peso da própria
estrutura, peso permanente do lastramento, equipamentos, pressão hidrostática externa de
natureza permanente, empuxo em plataformas flutuantes e reações da fundação em
plataformas fixas [Taier, 2002]. Essas cargas são quase-estáticas (variam lentamente com
o tempo);
Cargas vivas: são associados com a operação e o uso normal da estrutura, como materiais
armazenados, equipamentos, líquidos, operação de guindastes, helicópteros e amarração
de flutuantes;
Cargas de deformações: são associadas com deformação impostas tais como pré-tensões e
variações de temperatura;
Cargas ambientais: são devidas a vento, ondas, correntes, gelo, neve, terremoto e outras
ações ambientais. As correspondentes reações em plataformas flutuantes são
principalmente forças de inércia decorrentes das ações dinâmicas das ondas e ventos e
forças de amarração devidas a correntes e ventos em regime permanente [Cecília,2004];
Cargas de construção: são devidos as fases de fabricação, montagem, embarque,
transporte e instalação;
Cargas de remoção e reinstalação: são devidos a remoção, carregamento, transporte,
modificações e reinstalação em plataformas que são relocadas para novas posições.
Pinho (2001) analisou o comportamento e as respostas dinâmicas não lineares de um riser rígido de
produção para águas profundas, acoplado a uma plataforma offshore do tipo TLP (Tension Leg
Platform
). Por meio dos resultados numéricos, mostrou que a adoção de um sistema de controle
passivo acoplado à TLP atenua a amplitude de movimento vertical (heave) do casco da plataforma
e, conseqüentemente, reduz a variação de tração no
riser, aumentando a vida útil à fadiga.
7
Cicilia (2004) estudou sobre tendões da TLP, considerando a ocorrência de múltiplos estados de
mar durante a vida útil, a inclusão das forças de onda e a interação dinâmica dos esforços no tendão
devidos às cargas ambientais (onde, vento e corrente). Porém, não considerou no seu trabalho a
pressão como uma variável pertinente ao processo.
Lemos (2005) apresentou uma metodologia de análise à fadiga de risers flexíveis quando
conectados a unidades de produção baseadas em navios. O ponto de partida foi uma representação
tridimensional das condições ambientais. No seu trabalho considerou a análise dinâmica utilizando
apenas duas abordagens: onda regular (também chamada de determinística) e estocástica (ou análise
aleatória). Devido aos resultados encontrados na pesquisa, foi necessário trabalhar com a
metodologia do Projeto Baseado em Resposta, pois os resultados apresentados são mais racionais e
corretos para projeto.
Um outro efeito relacionado à fadiga é a pressão hidrostática atuante nos componentes de uma
estrutura subaquática. Nesse caso, deve analisar a possibilidade de um membro tubular sofrer um
colapso hidrostático.
2.2 Fadiga
O termo fadiga pode ser definido como um processo pelo qual mudanças progressivas e localizadas
de natureza irreversível ocorrem no material sujeito a tensões ou deformações flutuantes. Esses
esforços podem resultar em trincas ou na falha completa do material. [ASTM E-1823-96].
Fadiga mecânica é a degradação das propriedades mecânicas levando à falha do material ou de um
componente sob carregamento cíclico [Meggiolaro e Castro, 2003].
Os primeiros estudos em relação ao comportamento de materiais metálicos a esforços cíclicos
foram feitos por Wöhler em 1860, trabalhando com eixos de trens que estavam sujeitos a flexão
rotativa. Os diagramas de Wöhler (curvas S - N), representam os resultados obtidos nos ensaios de
fadiga, baseando no registro da tensão aplicada (S) em função do número de ciclos (N) para a
ruptura [Mitchell, 2001]. A tendência observada da curva S x N, é a vida útil do material aumentar
com a diminuição da tensão cíclica aplicada e abaixo de determinado valor não ser mais afetada.
Essa tendência pode ser descrita pela equação abaixo:
8
N = C.σ
r
n
(2.1)
Onde: N é a vida útil do elemento (número de ciclos); C a constante que depende do material;
σ
r
tensão cíclica aplicada ao corpo-de-prova; n: expoente também dependente do material.
Essa abordagem tradicional baseada nas curvas Wöhler para o teste de fadiga, não informa os
tempos para o surgimento e para a propagação da trinca. Isto dificulta a compreensão do
comportamento de estruturas que apresentam trincas, bem como a influência de suas dimensões na
vida útil em fadiga [Ávila, 2005].
O mecanismo de formação de falha por fadiga em metais inicia com a formação de bandas de
escorregamento [Sunder, 2005]. Essas são causadas pela movimentação de discordâncias no
reticulado cristalino do metal, levando a formação de intrusões e extrusões, Figura 2.3. Como
conseqüência, formam-se locais para nucleação de trincas, por acumularem grande deformação
plástica localizada. Essas trincas propagam em cada ciclo de tensão até a instabilidade.
FIGURA 2.3 – Representação esquemática mostrando o modelo da iniciação e propagação da trinca
por fadiga, adaptado de (Rocha, 2005).
Pequenas sobrecargas de tensão durante esses ciclos podem levar a liberação de discordâncias
ancoradas, facilitando a movimentação, a nucleação ou a propagação de trincas [Suresh, 1998].
9
Na ausência de defeitos internos, a trinca de fadiga inicia na superfície livre do metal, pois os grãos
cristalinos encontram na superfície menor restrição à deformação plástica. A ação de carregamento
induz a formação de linhas de escorregamento facilitando a nucleação de trinca [Moia, 2001].
Para o estudo da degradação por fadiga é necessário desenvolver ensaios que apresentem ciclos
típicos para cada situação. Devem-se conhecer as tensões atuantes no componente que será
analisado: regular, irregular e/ou aleatória.
A Figura 2.4 apresenta um caso típico de tensões regulares (amplitude constante), onde verifica a
tensão máxima,
max
σ
, e a tensão mínima,
min
σ
, aplicadas [Magnabosco, 2000]. Essa figura
descreve um ciclo senoidal de tensão com carregamento cíclico definindo a variação de tensão,
σ
[Meyers et all, 1999]:
minmax
σ
σ
σ
=
(2.2)
FIGURA 2.4 - Parâmetros utilizados nos ensaios fadiga, [Magnabosco, 2000].
A amplitude da tensão alternada (
a
σ
) é a diferença entre a tensão máxima e mínima dividido por 2:
2
minmax
σ
σ
σ
=
a
(2.3)
Ao comparar a variação da tensão (
σ
) com a tensão alternada (
a
σ
) tem-se:
a
σ
σ
2
=
(2.4)
A tensão média (
m
σ
) é a média das tensões máxima e mínima e é dada por,
10
2
minmax
σ
σ
σ
+
=
m
(2.5)
A relação entre a tensão mínima (
min
σ
) e a tensão máxima (
max
σ
) é conhecida como razão de
tensão em fadiga,
f
R .
max
min
σ
σ
=
f
R (2.6)
O parâmetro
f
R indica o tipo de carregamento ao qual o elemento está sujeito. Se o ciclo varia de
carga nula para carga de tração, a solicitação é repetida e
R = 0. Caso ocorra a completa inversão de
tração para compressão, a tensão média é nula,
R = -1 e o carregamento é totalmente reverso. Se
houver somente carga de tração, a solicitação é
R > 0. Nesse trabalho como se trata de um regime
reverso, a tensão média é nula. Isto ocorre devido ao tipo de ensaio que será utilizado.
Em amplitude variável, como na Figura 2.5, a análise de fadiga em metais submetidos a esses
carregamentos torna mais complexa. Nessa ocorrência, é necessário desenvolver uma metodologia, para
simplificar as solicitações aplicadas, passando a representar várias combinações de carregamentos
constantes [Furtado, 2002].
FIGURA 2.5 -
Exemplo de um carregamento variável composto por vários carregamentos
constantes [Furtado, 2002].
Os critérios de análise do comportamento de fadiga dos metais são baseados no controle da tensão
ou no controle da deformação. O conceito da deformação-vida considera os efeitos da deformação
plástica. Esses estudos são realizados pelos métodos de fadiga de alto ciclo e de baixo ciclo.
11
2.3 Método S-N (Fadiga de alto ciclo)
O método S-N é o estudo de fadiga por meio de diagrama S-N, plotado com a variação da tensão
versus o número de ciclos. É denominado de alto ciclo, devido a grande quantidade de ciclos para a
ocorrência da falha por fadiga
. Os ensaios para determinação do diagrama S-N são feitos em corpos-
de-prova ou em componentes da própria estrutura, conduzidos pela norma [ASTM E-466, 96], com
carregamento totalmente reverso.
Alguns materiais sob condições constantes de carregamento exibem, em seus diagramas
S-N,
amplitude de tensão abaixo da qual o mesmo não está sujeito à falha por fadiga, independente do
número de ciclos. Isso denomina limite de fadiga ou limite de
endurance, Se, e varia entre 35 a 50%
do limite de ruptura do material, σ
u
. Alguns metais, como alumínio e suas ligas, não apresentam
esse limite definido, sendo estimado para romper o metal 10
6
a 10
7
ciclos [Suresh, 1998].
Os metais sob esforços cíclicos podem sofrer amolecimento ou endurecimento [Ponce, 2003]. Na
Figura 2.6, observa que utilizando o mesmo nível de tensão, a deformação cíclica diminui,
ocorrendo um endurecimento do metal. Em outra situação, se houver um aumento nas deformações
durante os ciclos, o metal sofrerá um amolecimento cíclico, Figura 2.7.
Ressalta que o endurecimento e o amolecimento cíclico de um material ocorrem no início do ciclo e
existe a estabilização depois de determinado número de ciclos. Há estruturas que apresentam fadiga
de alto ciclo com tensões variáveis em relação ao tempo e a outros esforços, Figura 2.8. Há também
fadiga envolvendo a variação de temperaturas conhecidas como fadiga térmica, Figura 2.9.
FIGURA 2.6 - Comportamento cíclico em um material sob controle de tensão. Endurecimento
cíclico.
12
FIGURA 2.7 - Comportamento cíclico em um material sob controle de tensão. Amolecimento
cíclico.
FIGURA 2.8 - Carregamento típico de fadiga de alto ciclo [Ávila, 2005].
FIGURA 2.9 - Carregamento típico de fadiga térmica, [Mansur, 2003].
2.3.1 Curva tensão – número de ciclos (S-N)
O trabalho desenvolvido por Wöhler, em meados do século XIX, mostrou que um metal ao sofrer
tensões alternadas falha em níveis de tensões bem abaixo do esperado. O método da tensão nominal
13
(curva S-N) foi o primeiro método desenvolvido para entender esse fenômeno e é ainda hoje
largamente aplicado [Lemos, 2005].
Nessa curva, o número N para a fratura (ou log de N) é colocado nos eixos das abscissas e, no eixo
das ordenadas os dados da tensão, S, podendo ser expressos por meio de logaritmo [Loren, 2005].
Assim, há três modos de construir o diagrama da curva S-N
variando as escalas dos eixos
cartesianos: S-N, S-logN e logS-LogN. A escala logarítmica facilita a comparação de dados, pois
fornece as curvas de diferentes materiais com a mesma forma, além de diminuir a escala de N.
Pelo gráfico, Figura 2.10, nota que quanto menor o S
max
(σ
máx
) aplicado, maior é o número, N,
suportado para romper o material. Verifica que para os aços, a curva apresenta um patamar que
corresponde justamente ao limite de resistência à fadiga (Se) do material (curva A). Esse limite de
fadiga representa o maior valor da amplitude da tensão alternada que não causará falha no material
mesmo que seja infinito o número de ciclos [Bannantine
et all, 1990].
FIGURA 2.10 - Curvas S-N ou curvas de Wöhler.
As ligas não-ferrosas, como exemplo, uma liga de alumínio, não apresentam um limite de
resistência à fadiga (curva B). Assim, os casos das falhas por fadiga ocorrerão em determinado
número de ciclos dependendo da tensão aplicada. Na Figura 2.11, são plotadas algumas curvas de
metais.
14
Ressalta-se que o limite de resistência à fadiga depende do tipo de ensaio. Geralmente as tensões
aplicadas nos ensaios mais encontradas na prática são do tipo flexo-rotativa, torção ou tração-
compressão [Souza, 1995].
FIGURA 2.11 - Exemplos de algumas curvas
S-N, [Dieter, 1986].
2.3.2 Fatores que modificam as curvas S-N
O ensaio de fadiga depende de algumas variáveis, tais como: as condições superficiais do corpo-de-
prova, o seu tamanho, a carga solicitada, a temperatura, e a concentração de tensão influenciam no
limite de resistência à fadiga
Se ’. Essas variáveis devem ser consideradas, pois são usadas para
modificar e adaptar as condições reais da peça em estudo. Assim, se multiplicar o
Se ' pelos fatores
dessas variáveis tem o limite de resistência à fadiga de peça,
Se [Bannantine et all, 1990].
'SeKeKdKcKbKaSe
×
×
×
×
×
=
(2.7)
Cada fator K tem uma função de modificação definida por um valor numérico. Portanto, na
Equação 2.7, são:
15
Fator da superfície, K
a
, praticamente todas as falhas por fadiga iniciam na superfície do
componente, sendo as condições superficiais determinantes na vida em fadiga de um
componente. Esse fator leva em consideração o acabamento da superfície, que no caso do
corpo-de-prova é bem acabado.
Fator de tamanho, K
b
, associado ao diâmetro do corpo-de-prova. Se a peça tiver uma outra
geometria, deve-se utilizar o conceito do diâmetro efetivo, obtido pelo volume do material,
submetido a 95% da carga máxima para o mesmo volume do corpo-de-prova.
Fator de carga, K
c
, expressa a confiança esperada no limite de resistência à fadiga da peça.
Para uma confiabilidade de 50%, o fator de confiabilidade é igual a 1.
Fator de temperatura, K
d
, quando uma peça for projetada para trabalhar com temperatura
superior, é necessário uma correção na resistência à fadiga do material. Em geral, ocorre
uma pequena queda da resistência à fadiga para temperaturas até 200 a 250 °C. Acima desse
valor, a queda é mais acentuada. Ao realizar ensaio em temperaturas inferiores do ambiente,
observa um aumento da resistência do material à fadiga.
Fator de concentração de tensão, K
e
, quando uma peça possui em sua geometria desvios que
podem gerar concentradores de tensão, como: ângulos retos, cantos vivos, tratamentos
térmicos e entalhes.
Além dos métodos discutidos, operações como: cementação, nitretação e têmpera superficial
contribuem para uma melhoria superficial do material, pois geram tensões residuais de compressão
na superfície da peça [Cetlin, 1990] contribuindo para o aumento da resistência à fadiga.
Yakoveleva (2004) trabalhou com três tipos de ligas (níquel, alumínio, e titânio) e constatou que
não apenas o fator de concentração era importante, mas também a geometria da peça. Ambos
podem inferir nos resultados dos testes de fadiga para diferentes freqüências. Significando, uma
diferença de cerca de 10% nos resultados experimentais.
2.3.2.1 Tensões residuais
São aquelas que permanecem nas peças quando todas as solicitações externas são removidas. Elas
modificam a curva S-N. Essas tensões aparecem freqüentemente em peças submetidas a diferentes
16
processamentos mecânicos (fundição, soldagem, laminação, forjamento, usinagem, têmpera, etc)
e/ou térmicos. Umas das principais causas do aparecimento das tensões residuais é a ocorrência de
deformações plásticas não uniformes na peça [Withers, 2001].
A tensão residual compressiva em relação à resistência por fadiga é muito similar ao
comportamento das tensões estáticas presentes na superfície do material. A tensão estática
compressiva na superfície é benéfica, pois aumenta a resistência à fadiga e retarda o surgimento de
trincas [Metals Handbook, 1975].
Um exemplo típico é o aparecimento de tensões residuais próximo da superfície da uma peça
submetida em processos de esmerilhamento ou jateamento com granalhas que causam o escoamento
plástico do material próximo da superfície [Toyoda
et all, 1990]. Neste caso, as tensões
compressivas formadas junto à superfície da peça têm um efeito benéfico na resistência à fadiga.
Aguiar
et all (1997) desenvolveram um trabalho para medir imperfeições geométricas, bem como as
deformações residuais longitudinais e radiais em dutos. Os dutos foram enrolados em um carretel
para armazenagem e posteriormente desenrolados para o seu lançamento na água. Após o processo
de desenrolamento e retificação, observou que o processo de lançamento provocou um alívio de
tensão residual. Contudo ocorreu uma perda de resistência, devido ao aumento das ovalizações
observadas após a retificação.
Além das melhorias obtidas na resistência à fadiga por indução de tensões compressivas na
superfície dos metais, o aumento da dureza superficial também contribui para o efeito [Dieter,
1986].
2.3.3 Limitações da curva S-N
Apesar de sua grande utilização em engenharia, as curvas S-N apresentam algumas limitações
[Filho, 2002]. Esse método não é capaz de separar as etapas de iniciação e de propagação da trinca,
trazendo dificuldades na avaliação do comportamento de elementos mecânicos com entalhes
acentuados e de estruturas com trincas.
A metodologia capaz de acompanhar o estágio da propagação da trinca é a da Mecânica da Fratura,
por meio do monitoramento em ensaios realizados em corpos-de-prova pré-trincados.
17
Esse monitoramento da propagação das trincas não é questão de estudo nesse trabalho. A sua
citação foi feita para exemplificar outro modelo de estudo que poderá ser abordado em trabalhos
futuros para caracterização da fadiga.
2.4 Fadiga controlada por deformação - Fadiga de baixo ciclo
O método da fadiga controlada por deformação é o mais indicado para avaliar, quando as tensões
são suficientemente altas para causar deformações plásticas no material que ocorre na fadiga de
baixo ciclo.
Nesse caso, os gráficos são plotados em função da deformação específica e do número de ciclos. Os
resultados são obtidos por testes realizados de acordo com a norma [ASTM E-606, 1998]. Esse
método foi citado para exemplificar outra forma de estudo de fadiga, principalmente quando o
número de ciclos obtidos é baixo.
Os materiais metálicos sob esforços cíclicos podem sofrer amolecimento, Figura 2.12, ou
endurecimento, Figura 2.13, sendo demonstrado quando se controla a tensão mantendo-a constante.
Na fadiga controlada por deformação, a função controladora, tem uma amplitude constante
ε
f
e a
tensão muda com o tempo [Bannantine
et all, 1990].
FIGURA 2.12 - Comportamento cíclico sob controle de deformação - Amolecimento.
18
FIGURA 2.13 - Comportamento cíclico sob controle de deformação - Endurecimento.
2.4.1 Ciclo tensão-deformação dos materiais
No carregamento cíclico, em regime elástico, a tensão e a deformação estão relacionadas
linearmente, Figura 2.14.
FIGURA 2.14 - Laço de histerese para carregamento cíclico em um material elástico.
Ao tratar as cargas cíclicas em regime plástico, as respostas são mais complexas, pois produz
deformações plásticas, Figura 2.15. Nesse aspecto, a relação entre a tensão e a deformação deixa de
ser linear, produzindo um laço de histerese para o carregamento.
19
FIGURA 2.15 - Laço de histerese para carregamento cíclico em regime plástico.
Uma característica importante de um laço de histerese é que durante o carregamento não demonstra
a tensão variando. Nessa aplicação é possível medir, a cada ciclo, a sua deformação plástica.
2.4.2 Curva ε
f x
N
A curva ε
f x
N é construída por meio de ensaios com amplitude de deformação controlada, conforme
apresentado na Figura 2.16.
FIGURA 2.16- Curva
N2
×
ε
Nessa figura, significa o número para ocorrer à falha, onde um ciclo é igual a dois reversos (2N).
20
2.5 Método para levantamento da curva S-N
2.5.1 Método padrão
O método padrão é utilizado quando se possui poucos corpos-de-prova. Nesse caso, ensaia-se um
ou dois corpos-de-prova para determinada tensão. Se no primeiro, atingir a vida útil preestabelecida,
o próximo é ensaiado com uma tensão mais alta. Os valores obtidos são plotados em um gráfico S-
N padrão e ajustados por uma curva média mais conservativa [Mansur, 2003].
FIGURA 2.17 - Curvas do Método Padrão.
Nas curvas, a abscissa é o número de ciclos até a falha e a ordenada a tensão aplicada, podendo ser
nas escalas logarítmicas, Figura 2.18.
21
FIGURA 2.18 - Curva
S-N em escala log-log.
A expressão analítica conhecida como equação de Wöhler é dada por:
(
)
NicbS
a
log
×
=
(2.8)
Onde
b é o intercepto da reta com o eixo das tensões; c é a inclinação da reta;
i
N é o numero de
ciclos e
a
S é a amplitude da tensão alternada.
A expressão conhecida como equação de Basquin é dada por:
[
]
i
K
ai
SCN ×=
1
(2.9)
Onde
1
C é uma constante do material;
i
K é a inclinação da reta;
i
N é o número de ciclos e
a
S é a
amplitude da tensão alternada. Utilizando estas equações é possível levantar o gráfico conhecendo
essas variáveis.
2.5.2 Método para levantamento da curva utilizando a tensão constante
Esse método seleciona algumas tensões e ensaia vários corpos-de-prova, obtendo assim, para cada
tensão diversos pontos no gráfico, conforme apresentado na Figura 2.19.
22
FIGURA 2.19 - Levantamento da curva para tensão constante.
O gráfico da Figura 2.19 é determinado aplicando uma tensão alta no corpo-de-prova
correspondente ao número de ciclos, N, suportados até ocorrer à fratura [Souza, 1995]. Em seguida
é traçado uma curva média que englobe todos os pontos.
Ensaios de laboratórios mostram que existe uma considerável dispersão nos resultados obtidos nos
ensaios de fadiga. Essa dispersão é tratada estatisticamente, utilizando a distribuição de Weibull ou
a distribuição Log-normal. Para interpretar os resultados dos ensaios é necessária a construção de
uma família de curvas S-N tendo a probabilidade de falha (P) como parâmetro, sendo chamadas
curvas S-N-P [Freitas e Colosimo, 1997].
2.5.3 Métodos para levantamento das curvas utilizando as probabilidades ou
das curvas S-N-P
Nesse método, é necessária à construção de curvas S-N tendo a probabilidade da falha P,
conhecidas como curvas de probabilidades constantes S-N-P, Figura 2.20. Estas curvas representam
relações médias entre a vida de fadiga (número de ciclos) e a amplitude das tensões submetidas aos
corpos-de-prova.
23
FIGURA 2.20 - Representação estatística de dados de fadiga, curvas
S-N-P.
Para o estudo dessas curvas podem ser utilizados o método padrão e o método para levantamento da
curva com tensão constante, ambos foram explicados anteriormente. Para os dados levantados do
material, deve-se realizar análise estatística dos testes com a finalidade de verificar se os valores são
coerentes com a metodologia adotada.
2.6 Análise estatística dos dados de fadiga
Para se obter dados significativos, vários ensaios de fadiga devem ser realizados. Os valores obtidos
são tratados estatisticamente, pois mesmo com amostras padronizadas, o resultado mostra uma
dispersão dos valores [Souza, 1995].
A dispersão deve-se às diferentes micro-irregularidades geométricas na superfície, com distintos
concentradores de tensões que causam diferenças nas vidas em fadiga para o mesmo nível de tensão
[Padilha, 2004]. Essas análises são realizadas pelos métodos e modelos para a determinação do
limite de resistência a fadiga de um material.
2.6.1 Determinação do limite de resistência à fadiga (S
e
)
Os valores obtidos em laboratório para o limite de fadiga, são utilizados como base para o
dimensionamento de alguma peça. Contudo, dificilmente o valor de rompimento do material na
prática, quando submetido a algum esforço repetitivo, é igual ao obtido em laboratório. Existem
24
inúmeras variáveis que influenciam nos valores práticos de ruptura por fadiga, desde o ambiente
exposto, o formato da peça e o tipo de esforço solicitado.
Na literatura são encontrados métodos e modelos para a determinação de resistência à fadiga (S
e
)
dos materiais, são eles: o método do Prot, o método up-and-down e o modelo de regressão para
dados oriundos de testes de vida acelerados [Mansur, 2003].
Para o trabalho foi utilizado o modelo de regressão para dados oriundos de testes de vida acelerados
e ajustes para a determinação do limite de resistência à fadiga.
2.6.2 Modelos estatístico de regressão para dados de testes de vida acelerados
Um modelo estatístico é um modelo matemático que contém um erro aleatório, com alguma
distribuição de probabilidade específica. Geralmente é utilizado para estimar os valores de uma das
variáveis quando os valores das outras são conhecidos, sob determinadas condições (Martinez,
2002).
O teste de vida acelerada significa acelerar o aparecimento de falhas em testes realizados com
produtos. Os resultados experimentais obtidos são conduzidos em condições estressantes e
utilizados para estimar as condições em projeto. Isso pode ser aplicado em estudos de ocorrência de
fadiga [Freitas e Colosimo, 1997].
Ao utilizar esse método, é possível encontrar modelos de regressão que descrevem o
comportamento do tempo de falha por meio de duas componentes: uma determinística e outra
probabilística [Freitas e Colosimo, 1997].
A componente determinística (relação tensão-resposta) não é capaz de explicar a variabilidade de
valores encontrados para a variável resposta para um mesmo nível de tensão.
A componente probabilística do modelo determina a variabilidade inerente dos dados. Isso é feito
ao assumir uma distribuição de probabilidade (log-normal ou Weibull) para o tempo de falha do
material sob teste. Isto significa que, para cada nível de tensão, o tempo de falha segue uma mesma
distribuição de probabilidade e o que difere um nível de tensão do outro são os valores dos
parâmetros dessa distribuição, [Freitas e Colosimo, 1997].
25
2.6.3 Descrição do modelo de regressão
Esse modelo requer que sejam feitas algumas hipóteses. Uma delas é que a variabilidade é a mesma
para cada nível de tensão, porém isso nem sempre é verdadeiro. Entretanto, muitas vezes quando
trabalha em outra escala, por exemplo, na logarítmica, essa suposição torna-se aproximadamente
válida [Mansur, 2003].
A distribuição log-normal é a que melhor descreve os tempos de vida cujos mecanismos de falha
envolvem interações químicas, encontradas em um processo de corrosão e degradação de contatos.
É também indicada para os mecanismos de falha por fadiga em materiais [Freitas e Colosimo,
1997].
A equação matemática que melhor descreve a relação entre a tensão (
a
σ
) e o número de ciclos até a
falha (
N) é a de regressão linear (curva de regressão), dada pela Equação 2.10 [Maluf, 2002]:
)log()log(
10
SbbN
=
(2.10)
ii
xY
10
β
β
+
=
(2.11)
Onde,
Y
i
é o logaritmo de N e x
i
é o logaritmo da tensão.
Na Equação 2.11,
x
i
é a variável independente, Y é a variável resposta,
0
β
é o intercepto da linha de
regressão com o eixo
y,
1
β
é o coeficiente de inclinação da reta, ou coeficiente que mede o número
de unidades em
y e que muda para cada unidade da variável independente x (Martinez, 2002).
Normalmente, é utilizado para estas análises, um cálculo de confiabilidade para definir a
probabilidade de falha em um determinado intervalo de tempo. Porém, nos cálculos de
confiabilidade, geralmente é mais conveniente trabalhar com uma distribuição de probabilidades de
falhas.
Os modelos utilizados na análise de dados de confiabilidade são construídos para o logarítmico do
tempo de falha
T, ou Y = ln (T). Nesses modelos, supõe que Y tem uma distribuição com parâmetro
de locação
µ(x) e parâmetro de escala,
Γ
>0.
26
É utilizada a notação
µ(x) para indicar que o parâmetro de locação da distribuição de Y depende da
variável de estresse (
x), que é para o caso de fadiga à tensão alternada aplicada, σ
a
.
Esse é o procedimento geral, qualquer que seja a distribuição admitida para
Y (log-normal ou
Weibull).
O modelo tem a seguinte forma geral [Freitas e Colosimo, 1997] e [Maluf, 2002]:
(
)
ε
β
β
Γ
+
+
=
Τ
=
xY
10
ln (2.12)
Onde, T representa o tempo de falha,
(
)
Aln
0
=
β
e w
=
1
β
e
A
e w são parâmetros que dependem
do material utilizado, do método de ensaio, da geometria e da característica dos corpos-de-prova.
Γ (parâmetro de escala) corresponde ao desvio padrão, constante para todos os níveis de tensão e ε
é um valor aleatório, denominado de erro aleatório ou resíduo padronizado e tem uma distribuição que
independe da variável,
x.
A Equação 2.12, pode ser escrita como:
()
ε
µ
Γ
+
=
x
Y
(2.13)
Onde
()
x
x 10
β
β
µ
+
=
(2.14)
Nota que a Equação 2.12 representa um modelo de regressão linear simples, quando se supõe
Y =
ln(T)
, com distribuição normal (gaussiana), com média (parâmetro de locação)
()
x
x 10
β
β
µ
+
= e
variância (parâmetro de escala)
2
Γ .
Após a estimativa dos parâmetros, é necessário que utilize algum método para verificar a adequação
do modelo. Os procedimentos para estimar os parâmetros do modelo e verificar a adequação do
mesmo são encontrados em Freitas e Colosimo (1997) e Mansur (2003), podendo ser assim
descritos:
1.
Obter os dados experimentais de um teste de vida acelerada.
27
2.
Estimar os parâmetros do modelo, segundo a distribuição de probabilidade log-normal.
3.
Verificar a adequação do modelo, validando-se as hipóteses associadas ao mesmo.
4.
Utilizar a função de confiabilidade
(
)
(
)
tPR
Τ
=
Τ
correspondente à distribuição log-normal,
encontrado por meio de cálculo inverso,
x
0
, correspondendo a um valor de
()
%50=ΤR . Onde
() ( )
tPTR Τ=
é a probabilidade de que o tempo até a falha do material seja maior do que um
tempo
t determinado.
5.
O valor obtido no item anterior é o limite de resistência à fadiga do material.
Após a estimativa é necessário fazer um ajuste para verificar o modelo proposto.
2.6.4 Ajuste do modelo de regressão
Em análise, um modelo de interesse pode ser a reta de regressão da população (modelo linear da
população) que pode não ser conhecida. Portanto, deve ser estimada com base nos dados amostrais,
obtendo uma reta de regressão [Maluf, 2002].
O ajuste para esse modelo considera a distribuição dos valores em log-normal. Em seguida, é
utilizada a função de confiabilidade da distribuição log-normal e feito o cálculo inverso para
estabelecer o limite de resistência à fadiga para o aço.
Existe uma relação entre as distribuições log-normal e normal. Como o nome sugere o logaritmo
natural de uma variável com distribuição log-normal, com parâmetro µ e σ, tem uma distribuição
normal com média µ e desvio padrão σ. Esses dados da distribuição log-normal podem ser
analisados segundo uma distribuição normal, se o trabalho realizado for com o logaritmo natural ao
invés de seus valores originais.
A função de confiabilidade da log-normal é dada por:
(
)
(
)
tPTR
Τ
=
, sendo a probabilidade do
tempo até a falha do metal, seja maior do que um tempo
t determinado [Freitas e Colosimo, 1997] e
é dada pela Equação 2.15.
28
()
(
)
Γ
Φ=
ˆ
ln
ˆ
µ
t
TR
(2.15)
Onde,
010
ˆ
x
ββµ
= (2.16)
Assim:
()
(
)
Γ
Φ=
ˆ
ˆˆ
ln
ˆ
010
xt
TR
ββ
(2.17)
Onde
Φ é o percentil da distribuição normal padrão, com uma normal com média zero e desvio
padrão log-normal igual a 1. Os parâmetros:
0
ˆ
β
,
1
ˆ
β
, e
Γ
ˆ
são estimados pelo modelo,
t é o tempo
de vida de interesse e
0
x é o nível de tensão.
A partir da expressão para
()
TR
ˆ
da log-normal, estabelece o cálculo inverso da seguinte forma:
()
[
]
0
1
1
0
ln
1
β
β
+ΓΦ=
tx (2.18)
Onde,
1
Φ é o valor de z (normal padrão) correspondente ao percentil de interesse.
O cálculo para o limite de resistência à fadiga é feito utilizando o valor
x
0
para o qual se tem
()
%50=ΤR . Essa é a probabilidade de que os corpos-de-prova venham a falhar, após um número
de ciclos estimado. Esse valor é usado na verificação das estimativas obtida pelo método cálculo
direto utilizando a distribuição log-normal (Método de modelos de regressão para dados oriundos
de testes de vida acelerada).
2.6.5 Verificação do modelo
Uma das ferramentas mais significativas para verificação da adequação de um modelo de regressão
é a análise dos resíduos. Com essa análise, é possível averiguar se as suposições sobre os resíduos
do modelo são satisfatórias, isto é, verificar se as suposições de
igualdade de variância, de
29
normalidade e de independência são cumpridas. Essas validades podem ser verificadas por meio de
gráficos [MARTINEZ, 2002].
Outra forma muito usual de verificar a adequação de um modelo de regressão é por meio do
coeficiente de determinação,
R
2
. No entanto, a análise dos resíduos deve ser efetuada, pois esta
técnica é superior à de
R
2
[Maluf, 2002].
O valor de
R
2
pode ser determinado de diversas formas, uma delas é dada pela seguinte equação:
2)'(
2
)
(
1
2
yy
t
R
yy
n
i
=
=
(2.19)
Onde, y
t
é chamada de variação total. A diferença entre o valor de um ponto y (x
i
, y
i
) e seu valor
estimado y' na curva é a distância entre o ponto y e a reta de regressão e conhecida como variação
não explicada pela reta de regressão.
O valor de R
2
varia entre 0 e 1. Quando o modelo é adequado, os valores obtidos de R
2
são
próximos de 1. Se o modelo não é adequado, são obtidos valores pequenos (R
2
≈ 0). Apesar disso,
um valor alto de R
2
não necessariamente implica que os dados estejam bem ajustados pelo modelo
[Maluf, 2002]. Portanto, deve construir o gráfico dos resíduos para se confirmar à adequação do
modelo.
Portanto, o método de verificação da adequação do modelo ajustado é baseado na análise dos seus
resíduos. Portanto, o melhor modelo é o que apresenta, graficamente, pontos alinhados em torno de
uma linha reta [Freitas e Colosimo, 1997].
2.7 Efeito do meio ambiente
Uma outra variável no processo de fadiga é a influencia exercida pelo meio ambiente. Geralmente,
a realização do ensaio em atmosfera controlada causa a redução ou aumento no limite de fadiga. Por
exemplo, um material ferroso ensaiado em atmosfera salina ou ácida, seu limite decresce ao ponto
de até desaparecer. Entretanto, no caso de um material ser ensaio em ambiente extremamente
básico, esse pode apresentar um aumento de seu limite de fadiga [Dieter, 1986].
30
Ebara et all (1990) verificaram que um material quando submetido a tensões cíclicas e a ação
corrosiva, sofre uma redução maior de suas propriedades. Isto pode ser explicado, uma vez que o
efeito químico ocasiona a aceleração da propagação da trinca de fadiga e as tensões cíclicas
aceleram a corrosão do material. Os ensaios foram feitos em máquina flexo-rotativa em ambiente
com concentração de NaCl variada. Constatou que a concentração do sal é outro fator a ser
considerado para o limite de resistência à fadiga.
A velocidade do ensaio é outro parâmetro que deve ser considerado em ambientes corrosivos:
quanto maior a velocidade, menor a influência da corrosão na diminuição do limite de fadiga e dos
pits formados [Hahin, 1990].
Os pits são um tipo de ataque corrosivo localizado, sendo uma forma de corrosão localizada. Os pits
não tendo forma regular, possuem partes extremamente pontiaguda agindo como concentradores de
tensão, e por conseqüência, locais preferenciais para nucleação de trincas por corrosão por fadiga
[Filho, 2006].
Ao realizar ensaio de fadiga em corpos-de-prova no vácuo, observar que o ambiente atmosférico
também influencia na fadiga, uma vez que os resultados obtidos são ligeiramente maiores [Padilha,
2004].
Steverding (1964) desenvolveu uma máquina para ensaio flexo-rotativo de fadiga para trabalhar no
vácuo e constatou ao ensaiar vários materiais que os valores obtidos, para o limite de resistência à
fadiga nesse ambiente, eram maiores que ao ar. Isso foi associado com a presença do oxigênio e da
afinidade que o mesmo tem com o metal. Na Figura 2.21 é possível ver a comparação entre os dois
ambientes.
31
FIGURA 2.21 - Comparação do ensaio de fadiga no ar e a vácuo no aço SAE 1020,
(Sterverding, 1964).
Hudson (1972) comparou cinco níveis diferentes de pressão atmosférica utilizando ensaios axiais.
Constatou que quanto menor a pressão atmosférica aplicada, maior a resistência do material à
fadiga. Nessa análise, a propagação da trinca por fadiga foi, significativamente, menor ao trabalhar
com pressões baixas. Esse estudo serviu para mostrar a variação da vida útil dos materiais em
diferentes pressões, conforme apresentado na Figura 2.22.
FIGURA 2.22 - Comparação das curvas produzidas com diferentes pressões aplicadas (Hudson,
1972).
32
Como as falhas por fadiga ocorrem depois de determinado tempo, a ação do meio pode ocasionar a
aceleração da nucleação e propagação de trinca. A Figura 2.23 ilustra a redução na resistência à
fadiga devido à exposição em meio com água, soluções aquosas de bórax, carbonato de sódio e óleo
solúvel pulverizados. No meio mais agressivo, o bórax, a resistência à fadiga sofreu redução de
28%. Apenas o cromato de potássio, um inibidor, impede qualquer perda significativa na resistência
à fadiga devido à exposição em um meio aquoso [Maluf, 2002].
FIGURA 2.23 - Efeito de diferentes meio aquosos pulverizados sobre a resistência à fadiga de
ferros fundidos [Maluf, 2002].
No caso do presente trabalho, o meio ambiente atuante não compreende apenas o ar, mas também a
água e a presença da pressão hidrostática. Essa análise é importante, pois, normalmente, esses
fatores não são considerados nos ensaios de fadiga flexo-rotativa. Portanto, devem-se considerar
esses fatores e verificar as suas influências no limite de resistência à fadiga.
2.8 Efeito das condições de ensaio
Além das condições já citadas, o ensaio de fadiga depende de outras variáveis para a realização dos
testes, tais como:
33
Tipo de solicitação aplicado - constante ou variável;
A freqüência de aplicação das cargas ou tensões máximas;
As propriedades mecânicas e metalúrgicas que caracterizam o comportamento do material.
2.8.1 Tipos de solicitações
Os testes de fadiga podem ser de: tração, compressão, torção e flexo-rotativa. Como cada teste tem
o seu modo específico de carregamento para a realização dos ensaios, o limite de resistência à
fadiga está diretamente relacionado com o tipo de solicitação [Souza, 1995].
2.8.2 Freqüência de aplicações das cargas
Foi verificado em diversos estudos que a velocidade de ensaio não tem grande influência na
resistência à fadiga dos aços para a mesma solicitação, até 10.000 ciclos por minuto ou 167 Hz.
Com freqüências mais altas, acontece um pequeno aumento no limite de resistência à fadiga [Souza,
1995].
Existem dois fatores que podem contribuir para esse comportamento da freqüência: a quantidade de
deformação plástica e a corrosão. Em relação à primeira, surge a partir dos ciclos aplicados. No
outro, o efeito corrosivo da atmosfera reduz a resistência à fadiga de alguns materiais e espera
maior redução a freqüências baixas [Mansur, 2003]. Em freqüências mais altas, existe menos
tempo, durante cada ciclo de esforço, para que apareça o dano por corrosão na peça ensaiada.
A importância do efeito da freqüência depende da sensibilidade do material ao meio ambiente. Se o
material for muito sensível, o efeito é grande e vice-versa. A combinação de um material sensível
ao meio ambiente, com baixas freqüências de carga, pode produzir condições favoráveis para a
propagação da trinca [Ávila, 2005].
2.8.3 Microestrutura do material
A microestrutura do material tem grande influência no comportamento da curva S-N. Neste
contexto existem fatores que alteram as propriedades de fadiga do material, como: não
34
homogeneidade, estrutura dos grãos, composição química, inclusões, fases presentes no sistema,
endurecimento e além de tratamentos térmicos, alteram as propriedades de fadiga do material
[Dieter, 1986].
Com a influência desses fatores tem-se uma distribuição de tensão não uniforme na microestrutura.
Com isso, os locais onde os níveis de tensões são altos, tornam os principais pontos para iniciação
da fadiga.
2.9 Tipos de ensaios de fadiga
Dos ensaios mecânicos, os mais aplicados para o teste de fadiga são: tração-compressão (axial),
quatro pontos, três pontos, flexo-rotativa, torção e flexão.
Um outro recurso utilizado são as simulações numéricas. As suas vantagens estão na diminuição
dos custos e do tempo para simular os efeitos esperados.
2.9.1 Ensaio de fadiga axial
O ensaio é realizado normalmente em uma máquina de tração que possui um programa específico
para controlar a freqüência e a carga aplicada durante o teste de fadiga.
Balzer e Sehitoglu [1997] desenvolveram uma câmara pressurizada para ensaios de fadiga axial,
utilizando uma máquina servo-hidráulica. Essa câmara tinha a função revestir e pressurizar o corpo-
de-prova, empregando certos tipos de líquidos. Os experimentos mostraram que a pressão aplicada
influenciava nos resultados, pois combinava com a tensão axial gerando uma tensão maior
distribuída no corpo-de-prova.
Hiroshio et all (1994) desenvolveram um estudo para explicar o crescimento da trinca por fadiga,
usando o fator de intensidade de tensão, K, com testes acelerados em vários ambientes,
principalmente na água do mar e em outros líquidos. Para propagação das trincas utilizaram corpos-
de-prova tipo CT e realizados em célula com fluído contínuo, com vazão de 0,03m
3
/h. Em relação à
fadiga, em ambientes aquosos, chegaram à hipótese de que o crescimento da trinca ocorre devido à
presença do hidrogênio que migra para o interior da estrutura. Verificou que não há diferença entre
os valores de da/dN para
meios aquosos, mas há significante diferença para os valores ao ar.
35
Em outro teste realizado com parafina líquida, óleo hidráulico, 1, 1, 2_tricloro-1, 2, 2 trifluoretileno
e ar, constataram que o crescimento da trinca por fadiga nesses meios, apresentava valores de da/dN
bem próximos. As discussões dos resultados relatam que o hidrogênio presente nesses meios é
baixo, sem muita influência nos valores de propagação da trinca [Hiroshio et all, 1994].
2.9.2 Ensaio de fadiga por flexão em quatro pontos
O ensaio de fadiga por flexão em quatro pontos é utilizado na propagação de trincas superficiais,
devido ao tipo de distribuição de tensões. Nesse tipo de carregamento, as tensões máximas são
concentradas na superfície do corpo-de-prova entre dois apoios centrais, onde o momento é
máximo.
Braz (1999) utilizou para a análise da propagação de trincas curtas superficiais, o ensaio por fadiga
em soldas de alta resistência e baixa liga. Identificou que para diferentes composições
microestruturais havia uma taxa de crescimento específica da trinca.
2.9.3 Ensaio de Fadiga por flexão em três pontos
A vantagem desse ensaio sobre o de flexão a quatro pontos é a utilização de cargas mais elevadas.
A desvantagem reside na necessidade da linha de aplicação de carga, do ponto de máxima tensão e
da trinca estejam alinhados, pois a tensão máxima ocorre entre os apoios e terá o maior valor no
centro. Por isso, necessita de grande precisão na localização da aplicação da carga.
Filho (2002) utilizou em seu trabalho envolvendo fadiga em raisers, ensaios do tipo flexão em três
pontos. O objetivo do seu trabalho foi monitorar a propagação da trinca nas três regiões da solda:
metal de base, metal depositado e zona termicamente afetada e determinar as curvas de fadiga.
Observou que defeitos internos na junta soldada alteram a taxa de propagação da trinca.
2.9.4 Ensaio de fadiga flexo-rotativa
Em máquinas de ensaios de fadiga flexo-rotativa, todas as fibras do corpo-de-prova estão sujeitas a
uma solicitação alternada pura. Nesse caso especial de solicitação, a tensão média, σ
méd
, é nula e a
amplitude de tensão, σ
a
, é igual à máxima tensão aplicada [Ávila, 2005].
36
Nesse ensaio, a região em rotação entre as partes submetidas à flexão fica sujeita a um momento
fletor ao longo de todo o seu comprimento. Desse modo, qualquer ponto da superfície sofre uma
reversão de tensão completa. Nesse caso, quando o corpo-de-prova está com compressão máxima
na posição superior, na posição inferior vai estar com tração máxima. O ciclo é repetido na
freqüência de rotação da máquina e a tensão segue uma lei senoidal [Padilha, 2004].
Mansur (2003) fez um estudo utilizando o ensaio de fadiga flexo-rotativa e evidenciou o dano de
fadiga nas propriedades do aço SAE 8620 realizados ao ar e refrigerados com água. Nos testes
realizados ao ar ensaiou 72 corpos-de-prova e para refrigerados 20 corpos-de-prova e levantou às
curvas S-N-P. Constatou que os corpos-de-prova refrigerados tinham uma menor variação nas
propriedades do material, devido ao efeito da temperatura gerada durante o ensaio. As cargas foram
aplicadas em dois pontos do corpo-de-prova conforme apresentado na Figura 2.24.
FIGURA 2.24 - Esquema da aplicação de carga no corpo-de-prova.
Em seu trabalho foi possível verificar também a variação nos valores dos limites de escoamento, de
resistência de ruptura em função do número de ciclos em relação à aplicação das tensões.
Maluf (2002) levantou as curvas S-N utilizando 5 níveis de tensões para cada ensaio (sem entalhe,
entalhados e entalhe roleteado) e 5 corpos-de-prova para cada tensão. Os resultados demonstram
claramente o quão nocivo é o efeito do entalhe sobre o limite de fadiga. Em outra situação, os
corpos-de-prova tiveram seu entalhe roleteado. O efeito do entalhe foi praticamente eliminado e
ocorreu o aumento do limite de fadiga, quando comparado com o sem entalhe. Essa mudança de
37
desempenho ocorreu em virtude da introdução de tensões residuais compressivas que
contrapuseram às tensões trativas aplicadas.
Júnior (2006), em seu trabalho analisou a fadiga térmica do aço inoxidável austenítico utilizando
ensaio flexo-rotativo. Verificou que a fadiga térmica alterava significativamente as curvas S-N-P do
material reduzindo o número de ciclos para a falha sob o mesmo nível de tensão e que o módulo de
tenacidade diminuía com o dano térmico aplicado.
Além de ensaios mecânicos, simulações numéricas são aplicadas para o estudo da fadiga.
2.9.5 Simulação numérica por elementos finitos
Elementos finitos (EF) é um método numérico largamente utilizado para simular alguns dos
problemas de engenharia, onde a solução analítica é desconhecida ou difícil de obter. O método
permite, por exemplo, estudar as tensões em peças mecânicas, as barragens, o fluxo de calor, e a
pressão. Basicamente, esses tipos de análises baseiam na solução de um problema, onde são
estabelecidas equações diferencias parciais dentro de um determinado domínio e suas variáveis.
Essas equações devem satisfazer as condições de restrições para as variáveis e suas derivadas na
fronteira do domínio [Miranda, 2003].
No trabalho desenvolvido por Kiepper (2004) realizou a modelagem em duas e três dimensões do
seguimento tubo flexível-enrijecedor. O objetivo foi analisar uma estrutura estática e compará-la
com o programa desenvolvido pela COPPE / Petrobrás. Os resultados apresentaram uma
concordância satisfatória na simulação do modelo. Nesse seguimento, demonstrou uma modelagem
por elementos finitos do ensaio de fadiga e comparou com os testes realizados em escala real, no
aparato de fadiga do Núcleo de Estruturas Oceânicas (NEO). Após a correlação, verificou uma boa
concordância com os valores experimentais obtidos pelos sensores instalados no aparato.
2.10 Acúmulo de danos
Seja um material submetido a tensões cíclicas, mesmo que estas tensões estejam abaixo do seu
limite de ruptura, haverá um acúmulo de danos afetando a integridade física do componente, devido
à ciclagem contínua. O acúmulo de danos conduz a formação de trincas que podem se propagar
levando o material à fratura [Rocha, 2005].
38
O trabalho pioneiro que introduziu o conceito de dano foi elaborado por Kachanov em 1958
[Proença, 2000]. Procurou justificar a ruptura, precocemente observada de metais, em regime de
deformação lenta, como conseqüência da existência de defeitos no material. Para consideração do
dano, definiu uma variável escalar do material livre de defeitos, D=0. Enquanto, D=1 corresponde
a um estado de completa perda de integridade da estrutura interna do material.
2.10.1 Fenômenos caracterizados pelo dano
Nos últimos anos, os modelos de dano têm sido amplamente aceitos como alternativa para a
simulação de comportamentos constitutivos dos materiais que apresentam perda de rigidez com a
evolução da fissuração interna. Fisicamente, a degradação das propriedades mecânicas do material é
resultado do surgimento e crescimento de micro defeitos, entre eles, micro poros, micro fissuras, e
cavidades. Esses fatores associados com tensões aplicadas cíclicas são favoráveis ao aumento do
dano por fadiga [Fatemi, 1998].
A mecânica do dano fundamenta-se num modelo constitutivo para materiais com defeitos em sua
microestrutura. A particularidade do formalismo está no conjunto de hipóteses admitidas: os
processos irreversíveis possuem um número finito de variáveis internas, o estado em que encontra o
meio e a resposta que possa apresentar quando solicitada. Dependem exclusivamente dos valores
atuais das variáveis internas [Gonçalves, 2003].
Segundo Proença (2000) não se pode considerar que o dano seja mensurável diretamente, pois
procedimentos voltados para tal fim não são viáveis. Porém, é possível quantificá-lo de forma
indireta, ao medir a redução progressiva de uma propriedade mecânica global, como por exemplo, o
módulo de elasticidade.
2.10.2 Variáveis associadas ao dano
O modelo de dano supõe que o comportamento mecânico dos micro-poros e das micro-fissuras
independem da orientação e dependem de uma variável escalar chamada variável de dano (ou de
degradação), D. Assim, para um, a variável de dano é dada por:
A
A
D
D
=
(2.20)
39
Onde,
A
D
é área com defeitos (fissuras) e A é a área total (nominal) da seção transversal, como
apresentada na Figura 2.25.
FIGURA 2.25 - Seção transversal nominal e degradada.
2.10.3 Leis elementares dos danos por fadiga
Enquanto Kachanov (1958) assumiu D como uma variável de natureza escalar, estudos posteriores
levaram à proposição de quantidades tensoriais para descrever o dano. Mais recentemente Lemaitre
& Chaboche formalizou a chamada Mecânica do Dano em Meios Contínuos (“Continuum Damage
Mechanics”) com base numa metodologia fundamentada em um processo irreversível [Proença,
2000].
Sibaja (2003) apresentou um trabalho para estimar o crescimento de dano por fadiga. Utilizou as
cargas cíclicas, em plataformas marítimas esbeltas, no modelo da mecânica do dano contínuo.
Ressalta que para a formulação do modelo de dano por fadiga, o número de ciclos fez parte da
análise numérica. Os resultados indicaram que pode ocorrer um colapso por fadiga da plataforma
dependendo do dano provocado.
Em um ensaio de fadiga, a evolução linear do dano é expressa pela Equação 2.21.
f
i
N
n
D
= (2.21)
Onde,
n
i
é o número de ciclos a que um material está submetido à tensão σ
i
e N
i
é o número de
ciclos que leva o material à fratura na mesma tensão. Na Figura 2.26, mostra a evolução linear do
dano e o acúmulo linear.
A
A
D
40
FIGURA 2.26 - Evolução e acúmulo linear de dano.
A regra de acúmulo linear se aplica ainda para a evolução não linear do dano. Se o ensaio é
realizado a dois níveis de tensão, a Figura 2.27 representa a evolução não linear do dano. O
aumento do dano é introduzido pelo número de ciclos. A Equação 2.22, representa a forma e o
gráfico do modelo [Mansur, 2003].
f
i
N
n
D
=
δ
(2.22)
FIGURA 2.27 - Evolução não linear do dano, mas com acúmulo linear.
41
Pelo gráfico,
D
1
representa o estado de dano no fim de σ
1
. A evolução do dano prossegue no
segundo nível de tensão
σ
2
a partir do mesmo estado. A Equação 2.23 representa a soma das frações
do dano.
1
2
2
1
1
<+
ff
N
n
N
n
(2.23)
2.10.4 Teorias de acúmulo de danos
Um processo acumulativo de dano pode produzir falha no material devido a carregamentos cíclicos
gerando fadiga [Lennon and Prendergast, 2004]. Desde a década de 40, os trabalhos e teorias
propostas estão se somando para um conhecimento melhor do problema. Nesse aspecto, são
apresentadas algumas teorias referentes ao acúmulo de dano.
2.10.4.1 Teoria de acúmulo de danos de Palmgren-Miner
Palmgren-Miner foram um dos primeiros a expor uma teoria de acúmulo de danos. É uma teoria
linear que, por sua simplicidade e aplicabilidade, é utilizada para o estudo do dano.
Os processos propostos por Palmgren-Miner admitem que o dano referente a cada solicitação possa
ser quantificado em termos de quociente entre o número de ciclos (
n) aplicados e o número de
ciclos (
N) necessários para causar a falha [Domingues, 2003]. Em seguida, admite-se que a fratura
por fadiga ocorra quando a soma dos quocientes dos danos relativos, a cada solicitação, seja igual à
unidade, 1, conforme a Equação 2.24.
1=
i
i
i
N
n
D
(2.24)
Onde,
i
n é o número de ciclos aplicados ao componente sob uma tensão
i
σ
e
i
N é o número de
ciclos obtidos da curva S-N-P, sob a tensão
i
σ
.
42
A Figura 2.28, ilustra esta situação sobre a curva S-N de um dado material. Nesse exemplo, supõe
que já existiram as duas primeiras solicitações sem ocorrer ruptura. Ao aplicar a terceira solicitação,
a ruptura ocorreria quando o número de ciclos satisfizesse a seguinte igualdade:
1
3
3
2
2
1
1
=++
N
n
N
n
N
n
(2.25)
FIGURA 2.28 - Teoria do Palmgre-Miner [Domingues, 2003].
Segundo Mansur (2003) as principais deficiências desta teoria são as independências do nível de
tensão, da seqüência do carregamento e a desconsideração da interação dos danos.
Segundo a equação, verifica que não é relevante à ordem de aplicação dos ciclos de tensão, por
exemplo, não seria importante aplicar o ciclo
n
3
/N
3
, antes do ciclo n
1
/N
1
. No entanto, a experiência
demonstra que a ordem de aplicação dos ciclos de tensões é de grande importância na resistência à
fadiga. A aplicação de um ciclo de tensões com maior amplitude em primeiro lugar causa mais dano
do que a aplicação inicial de um ciclo com menor amplitude de tensões [Correia, 2001].
2.10.4.2 Teoria do acúmulo de danos de Corten-Dolan
Corten-Dolan desenvolveram uma teoria um pouco mais complexa em relação à teoria do dano
proposta por Palmgren-Miner e incorpora seis hipóteses baseadas na nucleação da fadiga, no dano e
na sua propagação [Farrar, 1999] e [Mansur, 2003]:
O período de nucleação (possivelmente um pequeno número de ciclos) é necessário para iniciar
os danos em fadiga;
43
O número de núcleos de danos cresce com o aumento da tensão;
Os danos, para uma dada amplitude de tensão, aumentam com o crescimento do número de
ciclos;
A taxa de danos por ciclos cresce com a tensão crescente;
O dano total que leva o componente à falha é uma constante para todos os históricos que podem
ser aplicados;
O dano continua a ser propagado em níveis de tensão menores que o mínimo de tensão
necessário para iniciar os mesmos.
A expressão para o dano acumulado é dada pela Equação 2.26
d
a
iai
d
a
a
d
a
a
N
n
N
n
N
n
N
n
D )()()()()()()(
111
3
1
3
1
2
1
2
1
1
σ
σ
σ
σ
σ
σ
×++×+×+=
(2.26)
Onde,
1
n
é o número de ciclos aplicados ao componente sob uma tensão
a1
σ
,
1
N
é o número de
ciclos obtidos da curva S-N-P para a maior amplitude de tensão, e assim sucessivamente. Tendo
...
21
>>
aa
σ
σ
na
σ
, sendo d uma constante do material, igual a 6,67 para o aço. A falha do
componente ocorre quando D=1.
Essa teoria é baseada na modificação da curva S-N, que é simplesmente uma rotação no sentido
horário da curva S-N original em torno de um ponto correspondente ao mais alto nível do histórico
do carregamento, conforme apresentado na Figura 2.29.
FIGURA 2.29 - Curva
S-N modificada por Corten-Dolan [Yang, 1996].
44
2.10.4.3 Teoria do acúmulo de danos de Marin
A teoria de Marin (1962) propõe uma relação entre os danos em função do número de ciclo e a
mudança na curva do S-N causada pelo acumulo de danos. Pode-se observar que a teoria tem
expoentes iguais a
d semelhantemente à teoria de Corten-Dolan [Farrar, 1999]. A teoria é baseada
numa família de curvas de danos constantes, onde a curva S-N-P para o material livre de danos é a
curva de danos constantes igual a 1 para a falha. A expressão do dano acumulado é dada pela
Equação 2.27.
q
ai
i
i
q
a
a
q
a
a
a
N
n
N
n
N
n
N
n
D
)()()()()()()(
11
3
3
3
1
2
2
2
1
1
σ
σ
σ
σ
σ
σ
×++×+×+= (2.27)
Onde,
x
yq = , dy = (da teoria de Corten-Dolan), os números de ciclos são retirados da curva S-
N-P e o valor de
x é dado pela equação 2.28.
)log(log
)log(log
12
21
aa
NN
x
σσ
= (2.28)
2.10.4.4 Teoria das médias das tensões atuantes - Mansur
Mansur (2003) propôs uma nova metodologia, que considera a história das tensões passadas. Em
seu trabalho descreve que o dano total é obtido pela soma de danos parciais
Di. Cada parcela do
dano
Di é obtida pela relação entre o número de ciclos n
1
sob uma tensão alternada aplicada σ
1
e a
vida esperada
N
1
. A partir da segunda parcela, o número de ciclos é multiplicado pela média
aritmética das tensões aplicadas. A sua descrição esta apresentada na Equação 2.29.
...321
1
+++==
=
DDDDiD
n
i
(2.29)
+
×
+++
×
+
×
++
×
+
×
+
×
+
×
×
=
44
4321
4
33
321
3
22
21
2
11
11
43
2
σ
σσσσ
σ
σσσ
σ
σσ
σ
σ
N
n
N
n
N
n
N
n
D
(2.30)
A proposta desta teoria é considerar a média aritmética das tensões atuantes na danificação dos
materiais, provocada por fadiga. Nessa teoria, n
1
é o número de ciclos que o corpo-de-prova foi
45
submetido à tensão alternada σ
1
, N
1
é o número de ciclos correspondente à vida do componente sob
esta tensão, retirado das curvas S-N-P, e assim sucessivamente.
2.11 Incerteza de medição
É o parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que
podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando [INMETRO, 2003].
Em geral, o mensurando (Z) não é medido diretamente, e sim determinado de n outras grandezas de
entrada X
1
, X
2,
X
3
... X
n
. Tais grandezas de entrada são correções (ou fatores de correção), grandezas
de influências ou quantidades que são fontes de variabilidade. A estimativa do mensurando (Z) é
obtida usando as estimativas das grandezas de entrada X
1
, X
2,
X
3,
... X
n
. Considerando várias
grandezas de medição independentes:
),...,,(
321 n
XXXXfZ
=
(2.38)
Esse item foi introduzido para que se possa avaliar a incerteza que acompanha os resultados das
principais grandezas mecânicas aqui utilizadas.
A incerteza u
y
, considerando grandezas independentes, pode ser expressa por:
×
++
×
+
×
+
×
=
22
3
3
2
2
2
2
1
1
2
....
n
n
n
y
ux
x
x
ux
x
f
ux
x
f
ux
x
f
u
(2.39)
O resultado da medição é expresso como:
URRM
c
+
=
(2.40)
Onde,
R
M é o resultado da medição, R
c
é resultado corrigido e U a incerteza expandida. O valor de
U = k x u
c
, onde u
c
é a incerteza combinada (incerteza padrão de uma medição quando o resultado é
obtido de valores de diversas outras grandezas). A incerteza padrão u
i
é a incerteza de um resultado
de medição expresso com um desvio padrão. O valor de k = 1 para 68% de confiança e o valor de k
= 2 para 95,45% de confiança, quando o número de medições que foi levantada à incerteza é maior
46
que 100 e a distribuição de probabilidade que rege os valores são a distribuição normal [Mansur,
2003].
2.11.1 Incerteza de medição nos valores das tensões
Para as tensões axiais tem-se [Mansur, 2003]:
hb
F
A
F
×
==
σ
(2.41)
hbF ×
=
1
σ
;
hb
F
b
×
=
2
σ
;
2
bh
F
h
=
σ
(2.42)
() () () ()
×
+
×
+
×
=
222
2
hu
h
bu
b
Fu
F
u
ax
σσσ
σ
(2.43)
Para as tensões de flexão tem-se:
3
32
D
LF
×
×
×
=
π
σ
(2.44)
3
32
D
L
F
×
×
=
π
σ
;
3
32
D
F
L
×
×
=
π
σ
;
4
96
D
LF
D
×
×
×
=
π
σ
(2.45)
() () () ()
×
+
×
+
×
=
222
2
Du
D
Lu
L
Fu
F
u
σσσ
σ
(2.46)
O conhecimento dessas incertezas é importante, pois são valores que acompanham os resultados
que serão levantados.
47
3. MATERIAL E METODOLOGIA
3.1 Máquina de ensaio fadiga flexo-rotativa
Visto os objetivos desse trabalho: construir uma máquina de fadiga flexo-rotativa vertical portátil,
conforme apresentado na Figura 3.1, avaliar o comportamento estrutural do aço ASTM A-36 após
solicitação flexo-rotativa em ambientes refrigerado, em lâmina d’água e em água pressurizado a 5
atm.
FIGURA 3.1 - Máquina de fadiga flexo-rotativa vertical.
A sua idealização ocorreu a partir de modelos conhecidos, porém com modificações essenciais para
o desenvolvimento do trabalho, tais como: a posição vertical da máquina, tendo o motor na parte
Motor
Transmissão
Mancal
Mata motor
48
superior para evitar o contato com a água durante o ensaio e o seu tamanho, dimensionada para os
ensaios dentro do tanque hiperbárico existente no LRSS.
O sistema de aplicação de força foi projetado para atuar na posição horizontal. A força aplicada é
distribuída em dois pontos no corpo-de-prova, simultaneamente. A Figura 3.2 mostra,
esquematicamente, o sistema de aplicação de cargas.
FIGURA 3.2 - Esquema de aplicação de carga.
Um motor elétrico de potência 0,5 cv com 3425 rpm produz as rotações que são transmitidas por
um eixo acoplado a uma mola. Nos componentes de contato metal-metal foi colocada uma manta de
borracha como isolamento para amortecer as vibrações.
A base da máquina é composta de duas partes: o sistema de fixação do corpo-de-prova e a
localização do motor. Entre o motor e a base colocou várias camadas de borracha. Isso visa à
diminuição das vibrações oriundas do motor.
Foi usado um sistema de disco e sensor (
encoder) evidenciado na Figura 3.2 e mostrado na Figura
3.3, para auxiliar na contagem do número de ciclos. O disco possui pequena abertura transparente
que ao passar pelo sensor deixa a luz do emissor passar e é reconhecida pelo detector, gerando um
sinal. Esse sinal é convertido em pulso, que representa um ciclo e é armazenado no contador digital,
Figura 3.4.
49
FIGURA 3.3 – Esquema do disco e sensor (
encoder) da máquina.
FIGURA 3.4 – Contador digital.
O equipamento projetado ainda possui:
Um sistema de refrigeração de corpos-de-prova, que permite a realização de ensaios em
temperaturas praticamente constantes independentes da carga aplicada.
Um dispositivo para a troca do corpo-de-prova, que se move facilitando a sua retirada e a
colocação de um novo, conforme apresentado na Figura 3.5.
50
FIGURA 3.5 - Dispositivo de troca de corpo-de-prova.
3.2 Aquário
Para realizar os testes refrigerados e em lâmina d’água, foi utilizado um aquário de 800 x 800 x
1000 mm com capacidade de 600 litros, como apresentado na Figura 3.6.
FIGURA 3.6 – Aquário.
3.3 Câmara hiperbárica
Para os testes dentro d’água na presença de pressão hidrostática com 5 atm, uma câmara
hiperbárica, com capacidade para simular profundidades de até 150 m ou 15 atm, foi utilizada,
Figura 3.7. A máquina flexo-rotativa vertical foi colocada dentro da câmara para a realização dos
ensaios.
Dispositivo
51
FIGURA 3.7 - Câmara hiperbárica
3.4 Tipo de água para a realização dos testes
Foi utilizada água comum para a realização dos testes. Essa escolha destina a garantir a
reprodutibilidade dos testes, afim de que seja possível uma comparação dos resultados obtidos para
os três ambientes.
3.5 Testes metalográficos e mecânicos
3.5.1 Metalografia do material
As amostras analisadas do material foram retiradas do sentido transversal e longitudinal, como
apresentado na Figura 3.8.
FIGURA 3.8 - Esquema do corte dos corpos-de-prova para ensaio metalográfico.
Longitudinal
Transversal
52
3.5.2 Determinação das propriedades mecânicas
Para a caracterização das propriedades mecânicas dos aços realizaram ensaios de: tração, dureza, e
microdureza nos materiais em estado de entrega e após serem submetidos aos testes de fadiga
dentro e fora d’água.
3.5.2.1 Ensaios de tração
Os ensaios de tração foram realizados no CDTN, em temperatura ambiente, segundo a norma
[ASTM E-8M, 2000]. A máquina universal de ensaios utilizada é da marca Instron- TDML, com
capacidade de 100 KN e velocidade do cabeçote de 2 cm/min. O desenho e foto do corpo-de-prova
são mostrados nas Figuras 3.9 e 3.10, respectivamente.
FIGURA 3.9 - Desenho do corpo-de-prova de tração
FIGURA 3.10 - Corpo-de-prova fabricado.
53
No ensaio de tração, a redução de área, o limite de resistência, o limite de escoamento e o
alongamento total são determinados e é possível calcular a tenacidade do material, pois é a
capacidade do material absorver energia até a ruptura.
O trabalho de Miscow (2003) relata que quanto maior a tenacidade melhor à contribuição para o
retardamento do processo de fratura de um determinado material.
3.5.2.2 Ensaios de dureza
Os ensaios de dureza Vickers foram realizados segundo a norma ASTM, E 92-82 em uma máquina
Reicherter com carga de ensaio de 5 kg e penetrador pirâmide de diamante com ângulo de 136º.
As medições de dureza ocorreram em corpos-de-prova que foram submetidos aos três ambientes e
depois de ensaiados à fadiga. A área analisada foi à região da fratura.
Para o preparo das amostras, a região fraturada foi embutida e passada nas lixas de 80, 200, 400 e
600. Após esse procedimento, realizou três medidas, partindo do centro do corpo-de-prova para a
superfície e feito uma média dos pontos. Os corpos-de-prova virgens foram medidos, com a
finalidade de comparar com os ambientes.
3.5.2.3 Ensaios de microdureza
Um equipamento de microdureza modelo Mitutoyo MVK-01 com carga de ensaio de 0,5 kg e
penetrador pirâmide de diamante com ângulo de 136º foi utilizado. O objetivo do ensaio é verificar
a dureza dos constituintes da microestrutura.
Os testes foram realizados em corpos-de-prova virgens e após passar pelos três ambientes. A
metodologia inclui as mesmas citadas para o ensaio de dureza, acrescentando a lixa de 1200 e
polimento com pasta de alumina na metodologia de preparo da amostra.
54
3.6 Verificação do funcionamento da máquina de ensaio flexo-
rotativa
Para a verificação do funcionamento da máquina de ensaio de fadiga foram realizados vários testes,
um deles com 16 corpos-de-prova do aço SAE 1020. Ensaiou duas tensões específicas, 222 e 297
MPa, com o corpo-de-prova refrigerado para averiguar se o sistema estava funcionando
corretamente.
Em seguida, realizou outros testes com aço SAE 1045, pois devido a sua composição química, trata
de um material com maior resistência mecânica. Para esse material, utilizaram-se 11 corpos-de-
prova e apenas uma única tensão, 297 MPa. A finalidade foi analisar o seu comportamento quando
refrigerado com água e lâmina d’água.
Os ensaios dentro da água e refrigerados realizaram dentro do aquário de 600 litros. Os ensaios
iniciais serviram para verificar o comportamento do equipamento em relação aos ambientes
expostos: no ar e na água.
Para o trabalho, o aço escolhido para o levantamento das curvas S-N foi o ASTM A-36 [ASTM
A/36 36M-00a], adquirido no mercado em barras circulares de diâmetro de 1/2”, onde se retirou os
corpos-de-prova. Esse tipo de aço é muito utilizado em estruturas subaquáticas, por se tratar de um
material que é classificado como um aço carbono de média resistência mecânica.
3.6.1 Corpos-de-prova
A geometria do corpo-de-prova, normalmente, é determinada em função do tipo de solicitação que
o material é submetido. Além disso, depende das normas que regulam o ensaio de fadiga.
Para os testes iniciais, os aços utilizados para os corpos-de-prova foram o ASTM 1020 e o ASTM
1045. A sua usinagem segue o desenho da Figura 3.11.
55
FIGURA 3.11 - Corpo-de-prova utilizado em testes preliminares.
Para o aço ASTM A-36, os corpos-de-prova foram usinados utilizando uma máquina com controle
numérico para garantir as medidas. As dimensões são de 200 mm de comprimento e na região
central o diâmetro de 6,0 mm, como apresentados nas Figuras 3.12 e 3.13.
FIGURA 3.12 - Dimensões do corpo-de-prova.
FIGURA 3.13 - Foto do corpo-de-prova utilizado nos testes de fadiga flexo-rotativa.
56
A geometria e acabamento superficial do corpo-de-prova, aço ASTM A-36, basearam na norma
[ASTM E 466-96, 1996]. Todos submeteram ao mesmo procedimento de fabricação.
3.6.1.1 Rugosidade nos corpos-de-prova para ensaio de fadiga
Para a medida da rugosidade utilizou um aparelho rugosímetro da Mitutoyo SJ. 201 P.
A parte selecionada para estudo da rugosidade é a região central, que é a de interesse para o ensaio
de fadiga. Salienta que as medidas são feitas no sentido longitudinal e para garantir maior
confiabilidade dos resultados analisou 5 corpos-de-prova, escolhidos aleatoriamente e feitas 25
leituras em cada um.
O conhecimento da rugosidade tem como objetivo avaliar as condições superficiais das amostras
dos corpos-de-prova. A sua medida é conhecida a partir do momento que o apalpador normalizado
percorre o comprimento de amostragem selecionada
cut off. É recomendado pela norma que os
rugosímetros devam medir 5 comprimentos de amostragem e indicar o valor médio [NBR
6405/1988].
3.7 Ensaios de fadiga
3.7.1 Ensaios de fadiga flexo-rotativa
Os corpos-de-prova, Figura 3.12 foram ensaiados na máquina de fadiga flexo-rotativa para verificar
o número de ciclos necessários para ocorrer a sua ruptura. O ensaio ocorreu com o corpo-de-prova
girando a uma determinada velocidade e com aplicação de cargas para provocar a fadiga do mesmo.
A tensão aplicada está diretamente relacionada com o peso empregado. Os pesos disponíveis no
equipamento são: 44,72; 38,38; 19,43; 18,67; 9,43; 5,29; 3,76; 2,36; 0,79; 0,49 N. Para
determinados valores de tensão empregou-se o somatório de alguns dos pesos descritos.
Para os ensaios refrigerados, após os corpos-de-prova serem fixados na máquina sem a aplicação de
carga, ou seja,
F
cp
=0. Aplica-se o peso necessário para ter a tensão desejada. Em seguida, liga a
água e acionar o motor dando início ao ensaio de fadiga. Ressalta-se que o ensaio foi realizado com
água corrente.
57
Para os ensaios em lâmina d’água (feitos dentro do aquário), Figura 3.14, ou na pressão hidrostática
com 5 atm (feito dentro do tanque hiperbárico), após posicionar a máquina e prepará-la com os
pesos necessários, completa-se o recipiente com água. No caso do tanque, pressuriza para alcançar a
pressão desejada. Em seguida, aciona o motor dando início ao teste de fadiga. Ao romper o corpo-
de-prova, a máquina desliga automaticamente.
FIGURA 3.14 - Máquina de fadiga dentro da água.
3.7.2 Tensões atuantes no corpo-de-prova submetido à fadiga flexo-rotativa
Nesse tipo de máquina, durante o ensaio, ocorre um momento fletor no corpo-de-prova. A cada
rotação, o momento é aplicado nas fibras externas e ao completar uma rotação inteira, fica
submetida a um ciclo completo de tração e compressão.
O corpo-de-prova possui uma seção transversal circular e é alinhada na máquina flexo-rotativa. A
tensão aplicada ao corpo-de-prova é dada pelas expressões seguintes:
r
ft
W
M
=
σ
(3.1)
58
Onde,
ft
M é o momento fletor e
r
W o módulo de resistência da seção transversal. O momento
fletor máximo
ft
M é dado por:
l
F
M
CP
ft
2
= (3.2)
Onde,
2
CP
F
é a força atuante nos dois pontos eqüidistantes do corpo-de-prova e l = 90 mm é à
distância do apoio ao ponto de aplicação de
2
CP
F
. O módulo de resistência para a seção circular é:
4
r
3
π
==
r
J
W
r
(3.3)
Onde,
J é o momento de inércia da seção transversal e
r
é o raio da mesma, baseados nas
Equações de 3.1 a 3.3, obtém:
3
2
r
lF
cp
π
σ
= (3.4)
Onde
σ
é a tensão que se deseja aplicar ao corpo-de-prova.
Para a aplicação das tensões foi necessário garantir todas as medidas, principalmente às distâncias
dos apoios, de ambos os lados.
A Figura 3.15, apresenta os diagramas de esforços atuantes na distribuição das cargas e no
momento aplicado. O momento é constante no corpo-de-prova entre as fixações e não existe força
de cisalhamento, apenas o momento fletor. Os pontos A e D são os apoios e, B e C são os pontos de
aplicação das cargas na máquina. O corpo-de-prova é fixo em dois pontos na máquina.
59
FIGURA 3.15 - Diagrama da força cortante e do momento fletor.
3.7.3 Planejamento dos ensaios para o levantamento da curva S-N-P
O Plano Experimental escolhido para a realização dos ensaios foi o Plano de Compromisso [Freitas
e Colosimo, 1997; Mansur, 2003; Junior, 2006]. Nesse plano são utilizados três níveis de tensão:
alto, intermediário e baixo.
O nível alto é escolhido por considerações práticas. Os níveis intermediário e baixo são escolhidos
para minimizar a variância assintótica do estimador 100P%, relativo ao percentil da distribuição do
tempo de vida útil do corpo-de-prova. Existe o compromisso de que a proporção de alocação
(proporção de corpos-de-prova que deverão ser submetidos a testes em cada nível de tensão) seja
sempre na proporção 4: 2: 1, para os níveis baixo, intermediário e alto, respectivamente.
O levantamento tradicional da curva S-N-P apresenta uma desvantagem em relação ao Plano de
Compromisso. Essa desvantagem se deve ao fato dele usar o mesmo número de corpos-de-prova em
todos os níveis de tensão [Mansur, 2003]. Quando se utiliza níveis mais baixos de tensão, a
probabilidade de ocorrer uma falha é bem menor. Isto faz com que a precisão dos valores obtidos
nos níveis mais baixos seja menor. Ao aumentar o número de corpos-de-prova nos níveis mais
baixos, contribui para uma estimativa mais precisa do resultado.
60
No presente trabalho, utilizaram-se cinco níveis de tensões, sendo dois por interpolação linear, com
exceção do ensaio refrigerado que foram sete níveis. Para os três ambientes utilizaram-se as
mesmas tensões com a finalidade de comparar os resultados.
Os ensaios do ASTM A-36 foram distribuídos da seguinte forma: alta, intermediária e baixa, assim:.
Tensão 1 (alta) – 4 corpos-de-prova.
Tensão 3 (intermediária) – 8 corpos-de-prova.
Tensão 5 (baixa) – 16 corpos-de-prova.
As duas interpolações foram realizadas para compor um maior número de tensões:
Tensão 2 (interpolação entre alta e intermediária) – 6 corpos-de-prova.
Tensão 4 (interpolação entre intermediária e baixa) – 10 corpos-de-prova.
Essa metodologia foi usada para levantar as curvas S-N para os três ambientes.
3.7.4 Levantamento das curvas S-N-P
No estudo levantou as curvas S-N-P para os ambientes propostos no trabalho. Nessas curvas são
apresentadas três probabilidades de falha distintas, 1%, 50% e 99%, utilizando a distribuição Log-
normal.
3.7.5 Determinação do limite de resistência à fadiga (S
e
)
A determinação do limite de resistência à fadiga, utilizou:
O levantamento das curvas S-N-P para os ambientes em estudo;
E o modelo de regressão para dados oriundos de testes de vida acelerados, empregado em
estudos de confiabilidade.
61
3.8 Introdução de danos em corpos-de-prova
A introdução de danos nos corpos-de-prova, ensaiados na máquina de fadiga flexo-rotativa, visa
verificar a região mais solicitada. A parte selecionada que sofre o carregamento e ocorre o acúmulo
de dano é a região central.
3.8.1 Ensaio de fadiga flexo-rotativa seguido por ensaio de tração com
carregamento único.
Após o ensaio de fadiga flexo-rotativa, corpos-de-prova não rompidos foram submetidos ao ensaio
de tração para verificar o dano provocado nas propriedades mecânicas do material.
Nessa metodologia realizaram-se 16 ensaios, com tensões específicas de 236 e 197 MPa para os
ambientes refrigerados e lâmina d’água. Cada ensaio submeteu o corpo-de-prova a um determinado
número de ciclos como indicados nas tabelas 3.1 e 32. O número de ciclos foi inferior ao seu valor
de fratura.
TABELA 3.1 - Metodologia para ensaio de fadiga flexo-rotativa seguido por ensaio de tração, com
carregamento único, com tensão de 236 MPa.
Número de Ciclos
Tensão (MPa) Ambiente CP-01 CP-02 CP-03 CP-04
236
Refrigerado 100000 150000 200000 250000
236
Lâmina 100000 150000 200000 250000
TABELA 3.2 - Metodologia para ensaio de fadiga flexo-rotativa seguido por ensaio de tração, com
carregamento único, com tensão de 197 MPa.
Número de Ciclos
Tensão (MPa) Ambiente CP-01 CP-02 CP-03 CP-04
197
Refrigerado 150000 225000 300000 375000
197
Lâmina 150000 225000 300000 375000
Deve-se destacar que o corpo-de-prova não é do mesmo padrão empregado nos testes
convencionais de tração. O teste serve para comparar o dano provocado medindo as propriedades
mecânicas do material, virgem e depois de ensaiado.
62
3.8.2 Acúmulo de danos em corpos-de-prova submetidos à fadiga flexo-rotativa
Para a verificação do acúmulo de danos, estudaram-se algumas das teorias existentes e que propõem
um novo método de quantificação do dano.
Para os testes de acúmulo de dano, os números de ciclos aplicados corresponderam a 30% do
previsto para o corpo-de-prova romper com uma determinada tensão, considerando uma
probabilidade de falha de 1%. Para isso, utilizou apenas corpos-de-prova refrigerados e as cargas
aplicadas foram no sentido crescentes ou decrescentes para cada situação.
3.8.2.1 Ensaios com cargas aplicadas no sentido crescente
Os ensaios refrigerados foram realizados em 4 corpos-de-prova. A Tabela 3.3 apresenta a tensão
aplicada no sentido crescente e o número de ciclos correspondentes.
TABELA 3.3 - Metodologia para acúmulo de dano utilizando tensões crescentes.
Ordem de aplicação (carga) Tensão (MPa) Ciclos Aplicados (n)
1 176 122735
2 197 67261
3 236 22012
4 278 12413 ou falha
3.8.2.2 Ensaios com cargas aplicadas no sentido decrescente
Os testes, também, foram realizados em 4 corpos-de-prova. A Tabela 3.4 apresenta a tensão
aplicada no sentido decrescente e o número de ciclos correspondentes.
63
TABELA 3.4 - Metodologia para acumulo de dano utilizando tensões decrescentes.
Ordem de aplicação (carga) Tensão (MPa) Ciclos Aplicados (n)
1 278 12413
2 236 22012
3 197 67261
4 176 122735 ou falha
3.9 Análises fratográficas
A análise fratográficas pela técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) teve a finalidade
de observar as morfologias das superfícies de fratura. As observações foram realizadas nos testes:
- Refrigerados;
- Lâmina d’água;
- Pressurizado a 5 atm.
64
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesse capítulo, são apresentados os resultados em duas etapas:
A primeira mostra os resultados dos testes preliminares de verificação do funcionamento do
equipamento de fadiga flexo-rotativa feitos em lâmina d’água e refrigerada.
A segunda mostra os resultados e discussões dos testes realizados nos ambientes:
refrigerado, lâmina d’água e dentro do tanque hiperbárico com pressão hidrostática de 5
atm.
4.1 Testes preliminares
Os testes preliminares serviram para verificar o funcionamento da máquina.
O primeiro teste foi verificar o comportamento da máquina, sem aplicação da carga até 2.000.000
de ciclos. Constatou que a máquina funcionou corretamente.
Um outro teste realizado foi o sistema de aplicação da carga. Nos testes iniciais, a força era aplicada
por molas, com constante elástica conhecida. Verificou que o tipo de aplicação poderia dar algum
problema, devido ao encruamento das molas durante os ensaios. A opção foi trabalhar com peso
morto, pois a aplicação da força seria estável.
Inicialmente, os aços utilizados foram o SAE 1020 e o 1045, para a preparação dos corpos-de-
prova. O seu modelo está demonstrado na Figura 3.11.
Para o aço SAE 1020 ensaiaram os corpos-de-prova refrigerados com água, em duas tensões
específicas de 222 e 297 MPa. A Figura 4.1, mostra o levantamento do número de ciclos.
65
FIGURA 4.1 - Testes com corpos-de-provas refrigerado utilizando 2 tensões.
Para verificar se os valores encontrados estavam dentro de uma margem de confiança empregou o
modelo de análise de resíduo e seu o resultado está apresentado na Figura 4.2.
FIGURA 4.2 - Resíduos padronizados para o intervalo de confiança de 95%.
As análises estatísticas dos resultados preliminares indicam que o valor dos resíduos quando
colocada em um gráfico de distribuição normal aproxima de uma reta e estão dentro da faixa de
95% de confiança.
66
Depois dos ensaios do aço ASTM 1020, planejou fazer outro teste com aço mais resistente e optou
pelo ASTM 1045, para verificar o seu comportamento em ambiente refrigerado e em lâmina d’água.
Esses testes utilizaram apenas a tensão de 297 MPa, como apresentado na Figura 4.3.
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
55000
01234567
Corpo de prova
Ciclos
Refrigerado Lamina d'água
FIGURA 4.3 - Comparativo dos ciclos obtidos em corpos-de-prova com refrigeração e em lâmina
d’água com uma tensão de 297 MPa
.
Pelos testes realizados com aço ASTM 1045, constatou-se que ao utilizar uma tensão de 297 MPa
em ambiente em lâmina d’água obteve um número de ciclos maior. Isto pode ter ocorrido pelo fato
de todo o corpo-de-prova estar em contato com a água e a temperatura do ensaio ser mais uniforme.
Nos testes realizados nos dois metais, constatou que os corpos-de-prova apresentaram pontos de
oxidação na fratura.
4.2 Ensaios para o aço ASTM A-36
4.2.1 Ensaios de tração
Os resultados obtidos dos ensaios de tração do aço ASTM A-36 estão indicados na tabela 4.1.
Foram ensaiados 3 corpos-de-prova virgens.
67
TABELA 4.1 - Resultados de ensaios de tração para o aço ASTM A-36.
Limite de
Escoamento -
σ
0,2
(MPa)
Limite de
Resistência à
Tração (MPa)
Deformação
Total (%)
Redução de Área
(%)
Limite de
Ruptura
(MPa)
324 ± 8 453 ± 5 26 ± 2 66 ± 4 319 ± 6
Ao usar esses dados do aço, constatou-se pelo ensaio de tração que o limite de escoamento, limite
de resistência à tração e a deformação estão dentro dos limites propostos pela Norma ASTM A36/A
36M.
4.2.2 Ensaios de dureza
O valor médio encontrado para a Dureza Vickers no aço SAE A-36 virgem, obtido em seis corpos-
de-prova foi de 124,3 ± 2,3 Vickers. Os valores medidos se encontram no ANEXO D e a incerteza
associada no ANEXO E.
4.2.3 Ensaios de microdureza
O valor médio encontrado para a microdureza no aço SAE A-36 virgem, obtido em seis corpos-de-
prova foi de 134,56 ± 3,80 Vickers, sendo que os valores variaram de 125,64 a 142,07, conforme
apresentado no ANEXO D e a sua incerteza está no ANEXO E. A microdureza foi usada para
avaliar durezas de fases e microconstituintes presentes na microestrutura. Na Figura 4.4 apresenta
alguns pontos medidos nas amostras.
FIGURA 4.4 – Microdureza do aço SAE A-36. Aumento 100 vezes.
68
4.3 Verificação da rugosidade média dos corpos-de-prova
As medidas foram realizadas em 5 corpos-de-prova, escolhidos aleatoriamente.
A rugosidade média (
Ra) encontrada foi de CP-01 = 0,27, CP-02 = 0,29, CP-03 = 0,29, CP-04 =
0,27 e CP = 0,28 µm. A média variou de ± 0,01 µm. A incerteza associada da rugosidade está no
ANEXO E.
4.4 Análise química do material
Com as amostras retiradas das barras de aço ASTM A-36 realizou-se a análise química utilizando o
método de Espectrometria óptica e o seu resultado é mostrado na Tabela 4.2
TABELA 4.2 - Composição química prevista para o aço ASTM A 36.
C (%) Si (%)
M
Mn (%)
C
Cr (%)
N
Ni (%)
M
Mo (%)
P
P (%) S (%) Cu (%)
A
Al (%)
U
V (%)
0,17
0
0,23
0
0,62
0
0
0
0,01
0
0,013
<
0,027
<
0,018
<
<0,3
<
<0,1
<
<0,1
Os valores encontrados na composição química estão dentro da faixa média que caracteriza o tipo
do aço [ASTM A 36/A 36M-00a]. Os valores estão registrados no Certificado de Análise Química
64/2006.
4.5 Caracterização metalográfica do aço A-36
As amostras analisadas apresentaram uma microestrutura de aço com grãos de ferrita (parte mais
clara) e a outra estrutura é a perlita (parte mais escura). Isto foi observado em cortes transversais e
longitudinais, como mostrados nas Figuras 4.5 e 4.6, respectivamente.
69
a) b)
FIGURA 4.5 - Microestrutura - corte transversal: a) aumento de 200x; b) aumento de 500x.
a) b)
FIGURA 4.6 - Microestrutura - corte transversal: a) aumento de 200x; b) aumento de 500x.
4.6 Curvas S-N do aço SAE A-36
Para o levantamento das curvas S-N, foram utilizados 5 níveis de tensão alternada para os ensaios
em lâmina d’água e em água pressurizado a 5 atm. Para o ambiente refrigerado foram usados 7
níveis de tensão, pois não se conhecia qual era a melhor tensão para fazer os ensaios.
70
4.6.1 Levantamento da curva S-N
4.6.1.1 Ensaio refrigerado
Para o levantamento da curva S-N, os resultados obtidos com os ensaios de fadiga flexo-rotativa
para o ambiente refrigerado, estão mostrados na Figura 4.7.
FIGURA 4.7 - Ensaios em corpos-de-prova refrigerados.
4.6.1.2 Ensaio em lâmina d’água
Para o levantamento da curva S-N obteve os resultados dos ensaios de fadiga flexo-rotativa dos
corpos-de-prova em lâmina d’água, como mostrados na Figura 4.8.
71
FIGURA 4.8 - Ensaios em corpos-de-prova realizados em lâmina d’água.
4.6.1.3 Ensaio em água pressurizada a 5 atm
Para o levantamento da curva S-N obteve-se os resultados dos ensaios de fadiga flexo-rotativa
dentro da água e pressurizado a 5 atm. Os valores plotados são apresentados na Figura 4.9.
FIGURA 4.9 - Ensaios em corpos-de-prova em água pressurizado em 5 atm.
72
4.6.2 Ajuste do modelo de regressão
Para validação dos resultados obtidos foi necessária uma verificação do ajuste do modelo de
regressão base. O ajuste foi feito para os corpos-de-prova refrigerados, lâmina d’água e em água
sob pressão hiperbárica de 5 atm. No caso, a distribuição estatística estudada foi a Log-normal.
4.6.2.1 Ajuste do modelo de regressão para os corpos-de-prova refrigerados
A estimação dos parâmetros desse modelo e a verificação dos mesmos foram feitas utilizando os
softwares MINITAB, versão 13 e Microsoft Excel, 2000. Na Figura 4.10, são apresentados os
valores dos resíduos padronizados e, em seguida os valores das variáveis.
FIGURA 4.10 - Probabilidades para resíduos padronizados - refrigerados.
Os resultados obtidos pelo gráfico foram:
Intercepto = 19,02899,
Coeficiente da variável preditora = -0,02874,
Parâmetro de escala da distribuição Log-normal = 0,43843.
73
O modelo obtido segundo o resultado acima é o seguinte:
()
ε
43843,002874,002899,19ln
+
== xTY (4.1)
Onde,
T tem uma distribuição Log-normal com parâmetros
(
)
x
µ
(que depende do valor de
x
= nível de tensão) e
43843,0=
Γ
.
A análise estatística dos resultados indica que o valor dos resíduos (valores ajustados – valores
observados), colocados em um gráfico de distribuição normal, aproxima-se de uma reta e estão
dentro da faixa de 95% de confiança e sem nenhuma configuração que demonstre comportamento
insatisfatório. O modelo em questão é adequado para o estudo, conforme mostrado na Figura 4.10.
4.6.2.2 Ajuste do modelo de regressão para os corpos-de-prova em lâmina d’água
O resíduo do modelo para a lâmina d’água é apresentado na Figura 4.11.
FIGURA 4.11 - Probabilidades para resíduos padronizados – lâmina d’água.
Os resultados obtidos pelo gráfico foram:
Intercepto = 17,94569,
74
Coeficiente da variável preditora = -0,02274,
Parâmetro de escala da distribuição Log-normal = 0,42077.
O modelo obtido segundo o resultado é o seguinte:
()
ε
420773,002274,094569,17ln
+
== xTY (4.2)
Sendo que,
T tem uma distribuição Log-normal com parâmetros
(
)
x
µ
e 42077,0=
Γ
.
Os resultados indicam que o valor dos resíduos aproxima-se de uma reta e estão dentro da faixa de
95% de confiança, mesmo tendo dois valores que ficaram fora da curva. O modelo é satisfatório
devido ao número de testes realizados.
4.6.2.3 Ajuste do modelo de regressão para os corpos-de-prova em água
pressurizados a 5 atm
Ao utilizar a mesma metodologia, o resíduo do modelo é apresentado na Figura 4.12.
FIGURA 4.12 - Probabilidades dos resíduos padronizados – pressurizado em água com 5 atm.
Os resultados obtidos foram:
75
Intercepto = 13,51672,
Coeficiente da variável preditora = -0,01042,
Parâmetro de escala da distribuição Log-normal = 0,73778.
O modelo obtido pelo gráfico é o seguinte:
()
ε
73778,001042,051672,13ln
+
== xTY (4.3)
Sendo,
T tem uma distribuição Log-normal com parâmetros
(
)
x
µ
e 73778,0
=
Γ
.
Os resultados em água pressurizada a 5 atm indicam que os valores dos resíduos aproximam de uma
reta e estão dentro da faixa de 95% de confiança. O modelo é adequado, mesmo obtendo números
de ciclos abaixo dos outros dois ambientes.
A incerteza associada à medição do número de ciclos está no ANEXO E.
4.7 Determinação das curvas S-N-P para o aço A-36
Para a determinação das curvas S-N-P são consideradas as probabilidades de falhas distintas, no
caso desse trabalho 1%, 50% e 99%. As curvas são obtidas utilizando os resultados dos ensaios de
fadiga flexo-rotativa para os três ambientes.
O levantamento dessas curvas S-N-P foi feito utilizando à distribuição Log-normal, como
apresentadas nas Figuras 4.13 a 4.15. A diferença entre essas curvas S-N-P e as Figuras 4.7 a 4.9 é o
modelo estatístico utilizado.
76
FIGURA 4.13 - Curvas S-N-P. Ensaios em corpos-de-prova refrigerados.
FIGURA 4.14 - Curvas S-N-P. Ensaios em corpos-de-prova em lâmina d’água.
77
FIGURA 4.15 - Curvas S-N-P. Ensaios em corpos-de-prova pressurizado a 5 atm.
Pelas curvas obtidas é possível conhecer os parâmetros envolvidos como: coeficiente linear da reta
(
a), coeficiente angular (b), coeficiente de determinação (R
2
) e o intervalo de confiança obtido nos
ajustes das equações das curvas S-N-P para os ensaios de fadiga flexo-rotativa, mostrados na
Tabelas 4.3 a 4.5. Esses parâmetros foram determinados pelos
softwares ORIGIN e Microsoft
Excel.
TABELA 4.3 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
refrigerado.
Ensaios refrigerados
Parâmetros
1% 50% 99%
a
626,72 662,22 697,72
b
-80,131 -80,131 -80,131
R
2
1 1 1
Intervalo de
Confiança
0,95 0,95 0,95
78
TABELA 4.4 – Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio em
lâmina d’água.
Ensaios em lâmina d’água
Parâmetros
1% 50% 99%
a
746,16 789,20 832,25
b
-101,26 -101,26 -101,26
(R
2
)
1 1 1
Intervalo de
Confiança
0,95 0,95 0,95
TABELA 4.5 – Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
pressurizado a 5 atm.
Ensaios Pressurizados a 5 atm
Parâmetros
1% 50% 99%
a
1143,3 1297,70 1452,20
b
-221,07 -221,07 -221,07
(R
2
)
1 1 1
Intervalo de
Confiança
0,95 0,95 0,95
A equação que descreve a curva de fadiga é idealizada por:
]log[
Nba
a
×
+
=
σ
(4.4)
logo,
b
a
a
N
=
σ
10 (4.5)
A Figura 4.16 compara os valores obtidos para a probabilidade de falha de 50% para os três
ambientes. Observa que a curva do ambiente pressurizado a 5 atm possui um deslocamento para a
esquerda e uma inclinação muito diferente em relação às outras duas curvas. O deslocamento indica
a redução da vida à fadiga do material.
79
FIGURA 4.16 – Comparação entre as Curvas S-N-P com probabilidade de 50%.
A Figura 4.17 indica a porcentagem de decaimento da vida à fadiga entre as curvas pressurizadas a
5 atm em lâmina d’água com probabilidade de falha de 50%, este valor é dado por:
% Redução =
1 - (N
presurizados
/ N
lâmina
) (4.6)
FIGURA 4.17 – Redução da vida à fadiga entre os ambientes pressurizados a 5 atm e em
lâmina d’água para a probabilidade de falha de 50 %.
80
Nota, pelo gráfico, que quanto maior a tensão aplicada, menor é a redução da vida à fadiga. Isso
pode estar ocorrendo devido ao endurecimento cíclico do material, obtido pelo tipo de ensaio.
4.8 Ensaios de dureza em corpos-de-prova submetidos ao ensaio de
fadiga flexo-rotativa
Na Figura 4.18 apresentam os dados levantados para a dureza em corpos-de-prova submetidos às
tensões 160, 197, 236, 256 e 278 MPa para os ambientes: refrigerado, em lâmina d’água e dentro da
água pressurizado a 5 atm. A dureza foi medida na região da fratura. No ANEXO D, verifica os
valores medidos da dureza.
FIGURA 4.18 – Variação da dureza para o aço ASTM A-36 submetido à fadiga flexo-rotativa
para os três ambientes, variando a tensão aplicada.
Foi realizada uma comparação do metal virgem, refrigerado, lâmina d’água e pressurizado em água
a 5 atm. Essa comparação se fez utilizando as médias das durezas e os resultados são apresentados
na Figura 4.19.
81
FIGURA 4.19 – Comparação da dureza para o aço ASTM A-36 submetido à fadiga flexo-
rotativa para os três ambientes.
Pela Figura 4.18 observa que ocorreu um leve aumento da dureza quando a tensão aumenta. Isso
pode ser explicado pelo encruamento que o material sofre devido ao ensaio flexo-rotativo.
Observa uma tendência de aumento de dureza, nos três ambientes, em relação ao material virgem,
Figura 4.19. A água que circula a área superficial do corpo-de-prova deixa a temperatura
praticamente uniforme durante os ensaios em lâmina d’água e pressurizado a 5 atm.
4.9 Ensaios de microdureza em corpos-de-prova submetidos ao
ensaio de fadiga flexo-rotativa
Na Figura 4.20, apresentam os dados levantados para a microdureza em corpos-de-prova
submetidos às tensões 160, 197, 236, 256 e 278 MPa, para os ambientes refrigerados, lâmina d’água
e dentro da água aplicado a uma pressão de 5 atm. No ANEXO D, estão os valores medidos da
microdureza.
82
FIGURA 4.20 – Variação da microdureza para o aço SAE A-36 submetido à fadiga flexo-
rotativa para os três ambientes, variando a tensão aplicada.
Na Figura 4.20, constat’a a mesma tendência observada na análise de dureza, e um aumento da
microdureza quando as tensões são altas.
Na Figura 4.21, realizou uma comparação dos ambientes em relação ao material virgem. Nessa
comparação, utilizou as médias das microdurezas obtidas nas tensões aplicadas nos ambientes
especificados.
83
FIGURA 4.21 – Comparação da microdureza para o aço SAE A-36 submetido à fadiga flexo-
rotativa para os três ambientes.
Observou que existe influência dos ambientes, contribuindo para o aumento da microdureza em
relação ao material virgem. No caso, a água pode estar contribuindo para esse aumento por manter a
temperatura do teste praticamente constante e, também, pelo número de ciclos aplicados até a
fratura.
4.10 O estudo das superfícies dos corpos-de-prova fraturados
Foram estudadas as superfícies de fratura de corpos-de-prova testados nos três ambientes. A sua
análise está demonstrada no ANEXO A. Observou-se que as fraturas nos ambientes pressurizado
eram diferentes em relação aos outros ambientes.
84
4.11 O estudo das propriedades mecânicas em corpos-de-prova
submetidos à fadiga flexo-rotativa
Nessa parte do trabalho analisou as propriedades mecânicas do aço SAE A- 36, utilizando ensaio de
tração, após o ensaio de fadiga flexo-rotativa. As tensões alternadas aplicadas foram de 197 e 236
MPa para os ambientes refrigerados e lâmina d’água.
As propriedades mecânicas levantadas foram: Limite de Escoamento, Limite de Resistência, Limite
de Ruptura e Estricção. Os seus resultados são apresentados no ANEXO B. Esse estudo serviu para
comparar o dano adquirido pelas tensões aplicadas e os seus respectivos números de ciclos.
4.12 O estudo do dano acumulado provocado por fadiga flexo-
rotativa
Para o estudo do dano acumulado, aplicou determinado número de ciclos correspondentes a 30% do
previsto para o corpo-de-prova romper com uma probabilidade de falha de 1%.
Os ensaios realizaram no ambiente refrigerado com cargas crescentes e decrescentes. Os resultados
referentes ao dano acumulado são mostrados no ANEXO C. Verificou que o dano acumulado
depende do número de ciclos e do tipo de carga aplicada.
4.13 Cálculo do limite de resistência à fadiga utilizando o modelo de
regressão
Com os dados experimentais obtidos no levantamento da curva S-N-P calculou-se o limite de
resistência à fadiga utilizando o modelo de regressão. Com esses valores, mais a função de
confiabilidade da distribuição Log-normal e o cálculo inverso, encontrou-se o valor de
x
0
, mostrado
na Equação 2.18.
Com os valores obtidos nos ajustes das curvas S-N-P para os ambientes, item 4.6.2.1, aplica-se
( 02899,19
0
=
β
, 02874,0
1
=
β
, 43843,0=Γ ,0
1
=
φ
) para ensaios refrigerados e tem-se:
85
(
)
[
]
MPax 15702899,19102ln43843,00
02874,0
1
6
0
=×+×
=
Para lâmina d’água, item 4.6.2.2, aplica-se ( 94569,17
0
=
β
, 02274,0
1
=
β
, 420773,0=Γ ,0
1
=
φ
):
(
)
[
]
MPax 15194569,17102ln420773,00
02274,0
1
6
0
=×+×
=
Esse valor é o
x
0
, Limite de Resistência à Fadiga, onde se tem
%50)( =TR
, ou seja, a
probabilidade de falha dos corpos-de-prova após 2.000.000 ciclos é de 50%.
Para o ambiente pressurizado com água a 5 atm, item 4.6.2.3, aplica
( 51672,13
0
=
β
, 01042,0
1
=
β
, 73778,0=Γ ,0
1
=
φ
), mas devido aos valores obtidos da curva S-
N, adotou 500.000 ciclos como a probabilidade de falha de 50% para os corpos-de-prova.
()
[]
MPax 3851672,13000.500ln73778,00
01042,0
1
0
=+×
=
Em relação aos valores obtidos, Hahin (1994) fez uma pesquisa e relata que o aço SAE A-36 tem
um Limite de Resistência à Fadiga ao ar de 23 Ksi (158,58 MPa) utilizando-se ensaio flexo-
rotativo. O valor encontrado no trabalho está de acordo com os valores encontrados na literatura.
Ao se basear nos trabalhos de Sterverding (1964) e Hudson (1972) verifica que o limite de
resistência à fadiga é influenciado pela pressão atmosférica aplicada. Isso pode estar associado ao
que ocorre no ensaio pressurizado a 5 atm com água.
Devido aos resultados obtidos pelo ensaio pressurizado com água a 5 atm, realizaram-se dois testes
em outro ambiente, refrigerado, para verificar se estava tendo algum problema com a máquina
flexo-rotativa. A tensão escolhida para estes testes foi de 256 MPa. Os números de ciclos obtidos
até a fratura foram de 78775 e 102750 ciclos. Esses valores não demonstraram nenhuma
inconsistência, pois estão dentro dos valores esperados na curva S-N-P do seu respectivo ambiente,
considerando uma probabilidade de falha de 50%.
86
Para confirmar ainda mais, testes adicionais foram realizados variando a pressão hidrostática. As
pressões utilizadas nesses testes foram de 2 e 7 atm, e comparou-se com a curva de 5 atm, como
apresentado na Figura 4.22.
FIGURA 4.22 – Comparações entre as pressões hiperbáricas.
Os resultados desses testes indicaram que variando a pressão hidrostática ocorreu uma diferença no
número de ciclos. Ressalta-se que o número de ciclos encontrado para a pressão de 7 atm, está
dentro dos valores da curva S-N-P do ensaio de 5 atm.
Na Figura 4.23, foram plotadas as curvas S-N, até atingir os limites de resistência à fadiga para os
três ambientes, considerando uma probabilidade de falha de 50%. No caso do ambiente
pressurizado com água a 5 atm, adotou-se 500.000 ciclos para a falha do corpo-de-prova, devido
aos valores obtidos nas fraturas dos corpos-de-prova.
87
FIGURA 4.23 – Limites de resistência à fadiga para os três ambientes com a probabilidade de
falha de 50%.
Pelo gráfico apresentado, nota-se uma brusca mudança, no comportamento da curva para o
ambiente pressurizado em água a 5 atm. Devido a estes resultados, gerou-se uma dúvida em relação
aos dados obtidos. Foi levantada a questão, se os efeitos da pressão e da água estavam influenciando
no funcionamento da máquina de fadiga flexo-rotativa e no corpo-de-prova, fazendo diminuir a
resistência à fadiga do material.
4.14 Verificação das cargas aplicadas
Para verificar se os valores obtidos no ensaio pressurizado eram similiares aos obtidos nas outras
condições, realizaram-se testes com extensômetro elétrico no corpo-de-prova, Figura 4.24.
FIGURA 4.24 – Corpo-de-prova instrumentado com extensômetro elétrico.
88
O corpo-de-prova foi revestido por massa plástica para não danificar o extensômetro elétrico devido
à água e a pressão hidrostática.
Após a montagem na máquina, Figura 4.25, os pesos foram aplicados. Os testes foram realizados no
tanque hiperbárico com água pressurizada a 5 atm e o outro sem água e sem pressão. Os resultados
foram comparados com o valor teórico, como apresentado na Figura 4.26.
FIGURA 4.25 – Corpo-de-prova com extensômetro e revestido com massa plástica.
FIGURA 4.26 – Resultados obtidos com o corpo-de-prova instrumentado com extensômetro.
89
Os testes com extensômetro elétrico identificaram que, na presença da água e da pressão
hidrostática, os valores medidos das tensões estão mais próximos do teórico. Neste caso, a máquina
teve um desempenho satisfatório nesse ambiente, pois, a água e a pressão contribuíram para
comportamento da máquina durante o ensaio. Para o teste sem água, nota que os valores medidos
afastam da curva teórica. Isso pode estar associado com a esbelteza da máquina de fadiga flexo-
rotativa, para testes com cargas mais elevadas.
Devido a essas diferenças fez-se uma correção nas tensões aplicadas em relação aos valores obtidos
nos testes do extensômetro, e o gráfico comparativo das tensões está demonstrado na Figura 27.
FIGURA 4.27 – Comparação da curva corrigida (extensômetro) em relação à curva levantada,
com a probabilidade de falha de 50%.
Para correção dos valores, foram plotados novamente as curvas S-N-P dos ambientes refrigerados e
lâmina d’água, conforme apresentado nas Figuras 4.28 a 4.30, respectivamente.
90
FIGURA 4.28 – Novas curvas S-N-P, para ensaios refrigerados com valores corrigidos.
FIGURA 4.29 - Novas curvas S-N-P, para ensaios em lâmina d’água com valores corrigidos.
91
FIGURA 4.30 - Novas curvas S-N-P, para ensaios em lâmina d’água com valores corrigidos.
Nas tabelas 4.6 e 4.8 são descritos os parâmetros para descrever as curvas dos ambientes refrigerado
e em lâmina d’água.
TABELA 4.6 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
refrigerado.
Ensaios refrigerados
Parâmetros
1% 50% 99%
A
1045,30 1148,20 1251,10
B
-156,62 -156,62 -156,62
(R
2
)
1 1 1
Intervalo de
Confiança
0,95 0,95 0,95
92
TABELA 4.7 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
lâmina d’água.
Ensaios em lâmina d’água
Parâmetros
1% 50% 99%
A
1104,60 1046,50 988,39
B
-137,40 -137,40 -137,40
(R
2
)
1 1 1
Intervalo de
Confiança
0,95 0,95 0,95
TABELA 4.8 - Parâmetros das curvas que representam as equações de fadiga para ensaio
pressurizado a 5 atm.
Ensaios Pressurizados a 5 atm
Parâmetros
1% 50% 99%
A
1522,70 1747,3 1972
B
-302,43 -302,43 -302,43
(R
2
)
1 1 1
Intervalo de
Confiança
0,95 0,95 0,95
Os dados obtidos pelas tabelas são os valores corrigidos, para os ambientes refrigerados e lâmina
d’água. Isso foi necessário, devido aos valores medidos pelo extensômetro elétrico.
Pelos ensaios realizados, constataram-se que algumas hipóteses poderiam estar envolvidas no
ambiente pressurizado para as ocorrências das fraturas bruscas.
4.15 Hipóteses
Devido aos resultados obtidos no ambiente pressurizado a 5 atm, procurou-se explicações para a
ocorrência precoce da fratura.
Uma das observações trata do comportamento da água ao final do teste, pois a mesma aparentava
“leitosa” (cor branca) que aos poucos voltava a seu estado natural. Isso deve-se ao ar dissolvido na
água pelo aumento da pressão, conforme Figura 4.31.
93
FIGURA 4.31 – comparação da água antes e depois do teste.
Umas das hipóteses levantadas é que o ar dissolvido, ou bolhas de ar, na água poderiam contribuir
para a diminuição da resistência à fadiga, principalmente o O
2
, agente responsável pela oxidação.
Isso foi notado ao final do teste, pois a região da fratura apresentou oxidada e com ruptura precoce.
Uma outra hipótese trata do fenômeno de cavitação, atuante na ocorrência de uma depressão
formada pela movimentação e turbulência dos fluídos em uma superfície metálica. Isso acontece,
devido ao colapso das bolhas de ar presentes que são explodidas na superfície, pelas ondas de
choques do líquido com o metal, pela velocidade imposta ao teste e pela pressão atuante. Salienta-se
que a cavitação expõe o material ao desgaste corrosivo. Constata que a pressão tem um papel
importante, pois nos ensaios em lâmina d’água não ocorreu às rupturas precoces, mesmo estando
dentro da água.
Para essas hipóteses, foi realizada uma análise na estrutura do corpo-de-prova fraturado, pois alguns
indícios poderiam ajudar na qualificação do problema. Para isso, utilizou-se o MEV para verificar a
superfície do material, conforme Figura 4.32.
ar dissolvido
na água
água
94
FIGURA 4.32 – a) e b) presença de
pits na lateral do corpo-de-prova perto da fratura; c)
região da fratura, com
pit seccionado.
As análises mostraram indícios de um processo de corrosão, com a presença de
pits na lateral do
corpo-de-prova que poderiam ser causados pelo próprio ambiente, ou pela presença do oxigênio
dissolvido na água ou pelo processo de cavitação acelerando o processo de fratura. Na Figura 4.32-
b, nota-se uma trinca originária de um
pit. Na Figura 4.32-c, verifica um pit seccionado pela fratura.
Os
pits são concentradores de tensões e podem contribuir para a diminuição da resistência à fadiga.
Pelas análises, constata que não há apenas um agente neste processo envolvendo a fratura brusca e
severa no ambiente pressurizado a 5 atm. E não se pode afirmar qual é o principal mecanismo
causador desse problema.
pits
pits
trinca
pit
a) b)
c)
95
4.16 Hipóteses de um modelo
Pelos resultados encontrados, elaborou-se hipóteses de um modelo para tentar visualizar os
fenômenos que acontecem no ambiente pressurizado a 5 atm em água, conforme apresentado na
Figura 4.33.
FIGURA 4.33 – Hipótese de um modelo para o ambiente pressurizado a 5 atm.
No modelo têm-se:
1.
Formação de pits, devido à corrosão acelerada pelos gases dissolvidos (oxigênio), ao ensaio
de fadiga flexo-rotativa, e / ou auxiliado pelo processo de cavitação. Início da microtrinca.
2.
Propagação da microtrinca.
3.
Propagação da trinca, acelerada pelo ambiente, pelo ensaio, pela cavitação e pela oxidação.
4.
Ocorrência da fratura precoce e formação de regiões oxidadas.
96
4.17 Aplicação
Esse trabalho pode ser aplicado:
Nas estruturas que estejam em superfícies expostas à água do rio, lagoa ou o mar, como
plataformas ou usinas hidrelétricas.
Nessas estruturas, próximas da superfície, estarão mais propícias à ocorrência de
solicitações de esforços mais intensos e maior quantidade de ar dissolvido, devido aos
movimentos das correntes e ventos. Portanto no fundo do mar, rios ou lagoas estas
ocorrências serão menores.
Portanto, devido aos resultados observados, devem-se estudar os fenômenos naturais e as
solicitações impostas para o comportamento da fadiga dos materiais no ambiente aquático.
97
5. CONCLUSÃO
Verificou que a máquina de fadiga projetada e construída, para ensaio na posição vertical, funciona
em ambiente com ou sem a presença de água, conforme testes realizados nos aços ASTM 1020 e
ASTM 1045.
Existe uma dispersão considerável nos dados de fadiga, isto é, uma variação do valor do número de
ciclos medidos para vários corpos-de-prova ensaiados sob a mesma tensão. O espalhamento nos
resultados é conseqüência da sensibilidade do ensaio de fadiga a uma variedade de parâmetros e de
materiais que são difíceis de serem controlados de uma maneira precisa.
Os resultados obtidos, em fadiga, para o levantamento das curvas S-N-P em ensaios refrigerados,
em lâmina d’água e pressurizado com água a 5 atm, seguem estatisticamente a mesma distribuição
Log-normal.
Foi observada nas curvas S-N-P, uma pequena diferença nos limites de resistência à fadiga para
ensaios refrigerados e lâmina d’água. Isso pode ser explicado pelo fato de toda a área do corpo-de-
prova está imersa em água e a temperatura ser praticamente constante retardando a abertura da
trinca.
Para os ensaios pressurizados com água a 5 atm, devido ao número de ciclos baixos obtidos,
considerou uma probabilidade de falha de 500.000 ciclos.
Os testes com extensômetro, no ambiente pressurizado a 5 atm dentro da água, constataram que os
valores das tensões estão mais próximos do teórico, contribuindo para o comportamento da máquina
durante o ensaio. No teste sem água, os valores medidos se afastam da curva teórica. Isso pode estar
associado com a esbelteza da máquina de fadiga flexo-rotativa, para testes com cargas mais
elevadas. Devido a essas diferenças fez-se uma correção nas tensões aplicadas em relação aos
valores obtidos nos testes do extensômetro, conforme Figura 4.26.
No trabalho foram levantadas duas hipóteses para explicar essas diferenças obtidas nos ensaios
pressurizados a 5 atm:
98
Umas delas associada ao ar dissolvido, ou bolhas de ar, na água que poderiam contribuir
para a diminuição da resistência à fadiga. Isso foi notado ao final do teste, pois a região da
fratura apresentou oxidada, com
pits reduzindo o número de ciclos para a nucleação da
trinca. Verifica-se também que o efeito da tensão tem um efeito na vida à fadiga do material;
A outra, trata do fenômeno de cavitação que ocorre pela movimentação e turbulência dos
fluídos em uma superfície metálica. Isso acontece devido ao colapso das bolhas de ar na
superfície do metal, pressão e velocidade do teste. Salienta-se que a cavitação expõe o
material ao desgaste corrosivo e auxilia na formação de
pits.
Constata que a pressão tem um papel importante, pois nos ensaios em lâmina d’água não ocorreu às
rupturas precoces, mesmo estando dentro da água, ao contrario do ensaio em água pressurizado a 5
atm.
Observou-se um aumento de dureza e microdureza nos três ambientes em relação ao material
virgem. Isso pode estar associado ao tipo de ensaio, ao número de ciclos e o sistema de refrigeração
do corpo-de-prova.
Para os resultados obtidos no ensaio de flexo-rotativa seguida pelo ensaio de tração, verificou que o
dano provocado influencia no limite de escoamento, de ruptura, de resistência e na estricção em
comparação com um material virgem.
Para a ruptura, nota-se uma variação no seu limite, principalmente em ambiente refrigerado. No
caso do teste em lâmina, observa que ocorreram variações, mas os pontos ficaram abaixo do valor
de referência.
Com relação aos valores apresentados sobre estricção, observa que estão abaixo da referência
(virgem), exceto para o último ciclo do refrigerado para ambos os ambientes que tiveram uma
pequena variação.
Nota-se que a fratura obtida nos testes foi diferente. No MEV não foi possível identificar os tipos de
fraturas obtidas nos ensaios, devido à presença da oxidação.
Em relação ao acúmulo de dano, os resultados mais satisfatórios para a previsão de vida do material
são obtidos para os valores referentes a 50% de probabilidade de falha da curva
S-N-P. Para a
99
probabilidade de falha de 99%, todas as teorias Mansur, Palmgren-Miner, Corten-Dolan, Marin e a
proposta do Dano Progressivo fornecem valores inferiores a 1 indicando que não ocorreu a fratura,
o que não corresponde à realidade.
Finalmente, o estudo proposto do Dano Progressivo demonstrou adequada a sua aplicação para
cálculos de danos, pois são considerados todo o carregamento e o dano produzido.
100
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O trabalho desenvolvido sugere os seguintes temas para estudos futuros:
Verificar as hipóteses levantadas.
Verificar a metodologia estudada, para outros tipos de materiais.
Estudar a previsão da fadiga considerando a mecânica da fratura.
Desenvolver um dispositivo axial de aplicação de força para verificar o crescimento
de trinca, dentro da água pressurizada.
Utilizar uma freqüência mais baixa e comparar com os resultados obtidos no teste
pressurizado a 5 atm em água.
Estudar a resistência à de fadiga do aço SAE A-36 utilizando uma pressão
hidrostática menor e maior que 5 atm.
Verificar se existe um ponto de inflexão no ambiente pressurizado a 5 atm que
modifica a curva com aplicações diferentes de cargas.
101
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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107
8. ANEXO A
8.1 Superfície de fratura dos corpos-de-prova
As Figuras 8.1 a 8.5, apresentam as superfícies de fratura nos três ambientes.
Na Figura 8.1, a tensão aplicada foi de 278 MPa. Ressaltam-se as marcas de propagação (A) obtidas
durante o processo de fadiga até a fratura final (B).
1mm 1mm 1mm
(a) Refrigerado (b) Lâmina d’água (c) Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.1 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 278 MPa.
Na Figura 8.2, com a tensão alternada de 256 MPa. Observa que, no ambiente pressurizado a 5 atm,
a fratura final resultante foi mais brusca em relação aos outros dois casos. Isso pode ser um
indicativo da ação da pressão hidrostática ou ar dissolvido na água.
1m
m
1m
m
1m
m
(a) Refrigerado (b) Lâmina d’água (c) Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.2 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 256 MPa.
A
A
B
B
A
A
B
B
B
A
B
A
108
Na Figura 8.3, a tensão aplicada foi de 236 MPa. Verifica que, nos três ambientes, as marcas de
propagação (A) obtidas e a fratura final (B) estão bem caracterizadas.
1m
m
1m
m
1m
m
(a) Refrigerado (b) Lâmina d’água (c) Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.3 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 236 MPa.
Na Figura 8.4, a tensão aplicada foi de 197 MPa e verifica as regiões (A) e (B) nas fraturas.
1m
m
1m
m
1m
m
(a) Refrigerado (b) Lâmina d’água (c) Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.4 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 197 MPa.
Na Figura 8.5, a tensão aplicada foi de 160 MPa. Um dos detalhes observados foram as fraturas
obtidas, principalmente no ambiente pressurizado a 5 atm, pois apresentaram aspectos diferentes em
relação aos outros ambientes.
A
A
B
B
A
A
B
B
A
B
B
A
109
1m
m
1m
m
1m
m
(a) Refrigerado (b) Lâmina d’água (c) Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.5 – Superfície de fratura utilizando uma tensão de 160 MPa.
Pelas figuras apresentadas, é possível observar que as marcas de propagação até a fratura final são
mais visíveis no ambiente de lâmina d’água, principalmente nas tensões de 278, 256, 236, 197 MPa.
Constata a presença de oxidação na região fraturada nos três ambientes testados.
Ao utilizar uma tensão mais baixa, 160 MPa, pressurizado a 5 atm, as superfícies de fraturas foram
diferentes e os números de ciclos obtidos são inferiores em comparação aos outros ambientes.
Nesse caso, há indicação que a pressão hidrostática, o ar dissolvido e a água aceleram a ocorrência
da fratura.
Na Figura 8.6, realizada em ambiente pressurizado a 5 atm, observa a superfície de fratura diferente
dos outros casos. Um outro detalhe são as linhas que nascentes na superfície em direção ao centro.
A
A
B
B
B
110
(a) 278 MPa (b) 256 MPa
(c) 236 MPa (d) 160 MPa
FIGURA 8.6 – Linhas que nascem na superfície em direção ao centro no ambiente
pressurizado.
8.1.1 Análise fratográficas de corpos-de-prova fraturados
Nessa etapa do trabalho, analisou as amostras envolvendo os ambientes: refrigerado, lâmina d’água
e pressurizado a 5 atm. As tensões utilizadas foram 278, 256, 236, 197 e 160 MPa.
Nas Figuras 8.7, são apresentadas amostras de MEV em ambiente refrigerado, em lâmina d’água e
pressurizado a 5 atm em água, utilizando uma tensão de 278 MPa, nas regiões fraturadas.
Linhas
111
(a) 500x – Refrigerado (b) 500x – Lamina d’água
(c) 500 x – Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.7 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e
pressurizado em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 278 MPa.
Nas Figuras 8.8, são mostradas as amostras de MEV em ambiente refrigerado, em lâmina d’água e
pressurizado a 5 atm em água, utilizando uma tensão de 256 MPa.
Dimples
Oxida
ç
ão
112
(a) 500x – Refrigerado (b) 500x – Lamina d’água
(c) 500 x – Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.8 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e
pressurizado em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 256 MPa.
Nas Figuras 8.9, são apresentadas as amostras de MEV em ambiente refrigerado, em lâmina d’água
e pressurizado a 5 atm utilizando uma tensão de 236 MPa.
Dimples
Oxidação
Microtrinca
Óxidos
Oxida
ç
ão
113
(a) 500 – Refrigerado (b) 500x – Lamina d’água
(c) 500x – Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.9 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e
pressurizado em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 236 MPa.
Nas Figuras 8.10, são apresentadas às amostras de MEV em ambiente refrigerado, em lâmina
d’água e pressurizado a 5 atm em água, utilizando uma tensão de 197 MPa.
Oxida
ç
ão
114
(a) 500x – Refrigerado (b) 500x – Lamina d’água
(c) 500x – Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.10 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado
em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 197 MPa.
Nas Figuras 8.11, são apresentadas às amostras de MEV em ambiente refrigerado e em lâmina
d’água e pressurizado a 5 atm em água, utilizando uma tensão de 160 MPa.
Oxida
ç
ão
Oxida
ç
ão
Trinca
Oxidação
115
(a) 500x – Refrigerado (b) 500x – Lamina d’água
(c) 500x – Pressurizado a 5 atm
FIGURA 8.11 – Superfície de fratura MEV – ambiente refrigerado, lâmina d’água e pressurizado
em água a 5 atm, utilizando uma tensão de 160 MPa.
Pelas figuras, observa que há diferenças entre os ambientes, mas não há um mecanismo específico
do tipo de fratura. Isso pode ter origens na tensão alternada aplicada, no tipo de ensaio e a na
presença da água. No caso do ambiente pressurizado, os aspectos das fraturas foram diferentes dos
outros dois casos (pressurizado e lâmina) o que pode indicar a influência da pressão hidrostática ou
do ar dissolvido na água. Um outro detalhe importante são os pontos de oxidação presentes na
fratura do corpo-de-prova.
Oxidação
Oxidação Oxidação
116
9. ANEXO B
9.1 Ensaios de tração em corpos-de-prova submetidos à fadiga flexo-
rotativa
Os resultados apresentados se referem aos corpos-de-prova ensaiados a um determinado número de
ciclos em duas tensões específicas de 197 e 236 MPa para a caracterização do acúmulo de dano no
material.
Em seguida, ensaiados em máquina de tração para verificação das propriedades mecânicas: limite
de escoamento, limite de ruptura, limite de resistência e estricção. Esses testes foram realizados em
corpos-de-prova virgens para comparar os resultados.
Ressalta-se que foram ensaiados 18 corpos-de-prova, sendo 2 para material virgem (como
referência), 8 para tensão de 197 MPa e 8 para a tensão de 236 MPa. Os ensaios foram divididos em
refrigerados e em lâmina d’água. Esse teste não foi realizado para o ambiente pressurizado á água a
5 atm, pois os valores obtidos nas curvas S-N foram inferiores e não seria possível comparar com os
outros dois ambientes.
9.1.1 Limites de escoamento, resistência do material e ruptura utilizando uma
tensão de 197 MPa
Nas Figuras 9.1 e 9.2, os corpos-de-prova foram submetidos a uma tensão de 197 MPa nos
ambientes refrigerados e lâmina d’água.
117
FIGURA 9.1 – Variação do limite de escoamento e de resistência do aço ASTM A-36,
utilizando uma tensão de 197 MPa.
Na Figura 9.1, nota-se que houve uma pequena variação no limite de resistência do material
resultando num valor abaixo do estabelecido como referência (virgem) para os dois testes, com
exceção de apenas um ponto (refrigerado – 225000 ciclos). Pelos resultados obtidos, verifica a
influência do dano acumulado.
FIGURA 9.2 – Variação do limite de ruptura do aço ASTM A-36, utilizando uma tensão de 197
MPa.
118
Para o limite de ruptura, Figura 9.2, nota-se uma variação principalmente em ambiente refrigerado.
Isso pode ter ocorrido em função de uma variação de temperatura durante os testes e pelo número
de ciclos aplicados. No caso do teste em lâmina, os pontos ficaram abaixo do valor de referência
(virgem).
9.1.2 Limites de escoamento, resistência do material e ruptura utilizando uma
tensão de 236 MPa.
Nas Figuras 9.3 e 9.4, os corpos-de-prova foram submetidos a uma tensão de 236 MPa, nos
ambientes refrigerados e lâmina d’água.
FIGURA 9.3 – Variação do limite de escoamento e de resistência do aço SAE A-36, utilizando uma
tensão de 236 MPa.
Na Figura 9.3 houve uma pequena variação no limite de resistência do material em relação ao
material virgem. No caso do limite de escoamento, os valores se alternaram em relação ao valor de
referência, com uma variação média de 15 MPa para os dois ambientes.
119
FIGURA 9.4 – Variação do limite de ruptura do aço SAE A-36, utilizando uma tensão de
236 MPa.
No caso do limite de ruptura, houve uma variação principalmente em lâmina d’água. Observa-se
que o limite de ruptura sofreu um acréscimo de mais de 17 MPa relação ao material virgem.
As variações observadas (limite de escoamento, limite de resistência e limite de ruptura) estão
relacionadas ao fenômeno de encruamento e amolecimento do material, causados pela tensão alta.
9.1.3 Estricção do material utilizando as tensões de 197 e de 236 MPa.
Nas Figuras 9.5 e 9.6, são traçados os gráficos dos valores para a estricção do material. Isso é uma
maneira de medir a ductilidade do material. Os testes foram realizados com as tensões de 197 e 236
MPa, respectivamente.
120
FIGURA 9.5 – Valores de estricção para a tensão de 197 MPa.
FIGURA 9.6 – Valores de estricção para a tensão de 237 MPa.
Nos dois gráficos, verifica que os resultados são bem próximos e inferiores ao valor de referência
(virgem), exceto para o último ciclo do refrigerado para ambos os ambientes.
121
10. ANEXO C
10.1 Estudo do dano acumulado provocado por fadiga flexo-rotativa
Nas Tabelas 10.1 e 10.2, são apresentadas as tensões aplicadas e os números de ciclos
correspondentes para danificar o material, utilizando o ensaio de fadiga flexo-rotativa.
TABELA 10.1 – Acúmulo de dano utilizando tensões crescentes.
Número de Ciclos para a Tensão aplicada
Corpo-de-prova
176 MPa 197 MPa 236 MPa 278 MPa
1
122735 67260 22009 28543
2
122733 67261 22014 35089
3
122733 67264 22012 98034
4
122738 67266 22008 68552
TABELA 10.2 – Acúmulo de dano utilizando tensões decrescentes.
Número de Ciclos para a Tensão aplicada
Corpo-de-prova
278 MPa 236 MPa 197 MPa 176 MPa
1
6614 22012 67258 882087
2
6607 22020 67264 953921
3
6615 22016 67260 562056
4
6610 22010 67267 691525
Para esse estudo, os números de ciclos aplicados correspondem a 30% do previsto para o corpo-de-
prova romper-se, com uma determinada tensão aplicada e probabilidade de falha de 1%. Ressalta
122
que o último nível de tensão aplicada ao corpo-de-prova é levado à ruptura. O ambiente escolhido
para esse estudo foi o refrigerado e as cargas aplicadas foram crescentes e decrescentes.
10.2 Aplicações das teorias do dano
O trabalho propôs estudar as teorias de Palmgren-Miner, Corten-Dolan, Marin e a teoria das médias
das tensões atuantes proposta por Mansur (2003) utilizando os valores das tabelas 10.1 e 10.2. Os
resultados são apresentados nas figuras 10.1 a 10.4.
Na Figura 10.1, são apresentados os resultados para o estudo do dano utilizando a teoria de
Palmgren-Miner.
FIGURA 10.1 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Palmgren-Miner.
Na Figura 10.2, são apresentados os valores encontrados dos danos quando se utiliza a teoria de
Corten-Dolan.
123
FIGURA 10.2 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Corten-Dolan.
Na Figura 10.3, apresentam os valores dos danos quando se utiliza a teoria de Marin.
FIGURA 10.3 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Marin.
124
Na Figura 10.4, apresentam-se os valores dos danos quando se utiliza a teoria de das médias das
tensões atuantes proposta por Mansur (2003).
FIGURA 10.4 – Valores dos danos encontrados com a teoria de Mansur.
10.3 Proposta de uma nova metodologia para cálculo de dano:
Estudo do Dano Progressivo
Após estudos teóricos e verificações experimentais das teorias de acúmulo de dano de Palmgren-
Miner, Corten-Dolan e de Marin, observou-se que nenhuma delas levava em consideração a história
das tensões passadas, ou seja, de cada parcela aplicada.
A metodologia proposta por Mansur (2003), para se prever a vida de materiais submetidos à fadiga,
considera o histórico do acúmulo do dano, a partir das tensões médias aplicadas para cada parcela,
durante a vida do componente em estudo.
A proposta desta nova metodologia prevê que o dano total é obtido da soma de danos parciais
Di de
cada parcela das tensões aplicadas. Cada parcela do dano
D
i
é obtida pela relação entre o número de
ciclos
N
i
sob uma tensão alternada aplicada σ
i
e a vida esperada N
i
. A partir da segunda parcela, o
número de ciclos é multiplicado pelo expoente das diferenças das tensões (atual e passada), dividida
125
pela tensão atual e multiplicado pelos danos acumulados das parcelas anteriores e assim
sucessivamente. Na tentativa de propor um estudo que considere os históricos dos danos envolvidos
em cada parcela, propõem o seguinte, de acordo com a Equação 10.1.
...321
1
+++==
=
DDDDiD
n
i
(10.1)
n
nnn
n
nn
n
N
DDDExpn
N
DDDExpn
N
DDExpn
N
DExpn
N
Expn
D
××××
×
+
×××
×
+
+
××
×
+
×
×
+
×
=
...)(
)(
)(
)()(
321
1
4
321
4
34
4
3
21
3
23
3
2
1
2
12
2
1
1
01
1
σ
σσ
σ
σσ
σ
σσ
σ
σσ
σ
σσ
(10.2)
Nesta teoria, n
1
é o número de ciclos que o corpo-de-prova submetido à tensão alternada σ
1
, N
1
é o
número de ciclos correspondente à vida do componente sob esta tensão, retirado das curvas S-N-P,
e assim sucessivamente.
Na Figura 10.5, são apresentados os resultados do Dano Progressivo, realizados em corpos-de-
prova submetidos ao ensaio de fadiga flexo-rotativa.
126
FIGURA 10.5 – Valores encontrados com a teoria proposta do dano.
Nas Figuras 10.6 a 10.8, apresentam-se todas as teorias discutidas com a finalidade de comparar os
seus resultados, considerando as probabilidades de falha de 1%, 50% e 99%.
FIGURA 10.6 – Comparação das teorias para uma probabilidade de falha de 1%.
127
FIGURA 10.7 – Comparação das teorias para uma probabilidade de falha de 50%.
FIGURA 10.8 – Comparação das teorias para uma probabilidade de falha de 99%.
Na Figura 10.6, nota-se que os valores obtidos pelas teorias de Mansur, Palmgrem-Miner, Corten-
Dolan, Marin e o estudo do Dano Progressivo, apresentam valores maiores que 1. Isso indica que os
corpos-de-prova falharam com a probabilidade de 1% previstas nas curvas S-N-P.
128
Na Figura 10.7, são relatados os valores encontrados com a probabilidade de 50% de falha. Observa
que as teorias de Mansur, Palmgren-Miner, Marin, Corten-Dolan e Dano Progressivo tiveram bons
resultados. Mas nas teorias de Mansur e Marin os valores foram mais satisfatórios para ensaios com
tensões crescentes. Com tensão decrescente, os valores obtidos pelas teorias de Palmgrem-Miner,
Marin e Dano Progressivo foram mais próximos de 1. A teoria de Corten-Dolan obteve a maior
oscilação entre os valores crescentes e decrescentes.
Para os resultados obtidos com a probabilidade de falha de 99%, Figura 10.8, de acordo com a
curva S-N-P, as teorias discutidas Mansur, Palmgren-Miner, Corten-Dolan, Marin e o estudo do
Dano Progressivo forneceram valores inferiores a 1. Isto indica que não ocorreu a fratura nos
corpos-de-prova submetidos à fadiga, o que não é verdadeiro, pois os mesmos sofreram fraturas.
Em relação ao carregamento, constata que há uma pequena diferença em relação a sua aplicação,
sejam eles crescentes ou decrescentes para as teorias de Mansur, Palmgren-Miner, Marin e Dano
Progressivo. Para a teoria de Corten-Dolan, os valores obtidos foram mais dispersos, em relação às
probabilidades de falhas de 1%, 50% e 99%, ou seja, foi mais sensível ao carregamento proposto.
129
11. ANEXO D
Nas Tabelas 11.1 e 11.4 são apresentados às medidas das durezas dos corpos-de-prova virgens e os
que sofreram fadiga nos ambientes estudados.
TABELA 11.1 – Dureza em corpos-de-prova virgens.
Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
1
119,1 120,8 120,8
2
124,4 125,4 120,8
3
127,2 124,4 122,6
4
122,6 124,4 126,3
5
127,2 125,4 129,1
6
124,4 122,6 129,1
TABELA 11.2 – Dureza em corpos-de-prova refrigerados.
Tensão Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
278
1 136,1 129,1 134,0
278
2 159,6 131,0 150,8
278
3 143,7 143,7 146,0
256
1 125,4 125,4 122,6
256
2 149,5 127,2 133,0
256
3 158,3 148,3 144,9
236
1 126,3 125,4 128,1
236
2 128,1 127,2 124,4
236
3 121,7 120,8 126,3
197
1 126,3 123,5 126,3
197
2 124,4 127,2 126,3
197
3 123,5 125,4 124,4
160
1 123,5 123,5 127,2
160
2 127,6 124,8 125,0
160
3 122,1 123,5 128,0
130
TABELA 11.3 – Dureza em corpos-de-prova lâmina d’água.
Tensão Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
278
1 146,0 148,3 180,0
278
2 147,1 155,7 172,0
278
3 174,0 177,0 150,8
256
1 149,5 154,5 152,0
256
2 155,7 147,1 146,0
256
3 138,2 149,5 152,0
236
1 165,0 144,9 142,6
236
2 127,2 154,5 155,7
236
3 157,0 144,9 146,0
197
1 153,3 131,0 125,4
197
2 135,1 136,0 129,1
197
3 168,0 172,0 164,0
160
1 153,2 144,9 158,3
160
2 132,0 147,1 152,0
160
3 150,8 144,9 169,0
TABELA 11.4 – Dureza em corpos-de-prova pressurizados em água a 5 atm.
Tensão Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
278
1 182,0 142,6 154,5
278
2 162,0 142,6 143,7
278
3 147,1 175,0 192,0
256
1 188,0 152,0 150,8
256
2 169,0 187,0 152,0
256
3 154,5 140,4 164,0
236
1 154,5 172,0 146,0
236
2 144,9 146,0 172,0
236
3 188,0 174,0 171,0
197
1 165,0 138,2 136,1
197
2 148,3 141,5 185,0
197
3 147,1 147,1 175,0
160
1 140,4 164,0 138,2
160
2 138,2 148,3 180,0
160
3 146,0 142,6 172,0
131
Nas Tabelas 11.5 e 11.8 são apresentados as medidas das microdurezas dos corpos-de-prova virgens
e os que sofreram fadiga nos ambientes estudados.
TABELA 11.5 – Microdureza em corpos-de-prova virgens.
Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
1
142,07 141,30 137,46
2
133,48 132,32 125,64
3
136,85 135,41 131,14
4
137,68 134,14 137,85
5
134,63 135,80 139,67
6
136,62 137,27 135,61
TABELA 11.6 – Microdureza em corpos-de-prova refrigerados.
Tensão (MPa) Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
278
1 140,45 141,45 143,39
278
2 144,72 152,05 166,46
278
3 147,19 142,50 162,51
256
1 147,57 144,44 161,15
256
2 141,70 139,57 166,88
256
3 146,32 151,87 166,38
236
1 148,27 138,53 151,99
236
2 142,62 143,99 146,45
236
3 137,53 137,21 143,57
197
1 142,07 141,31 137,46
197
2 143,29 145,04 163,67
197
3 145,25 151,73 159,19
160
1 153,20 146,68 150,62
160
2 142,32 143,00 151,00
160
3 152,00 158,00 160,00
132
TABELA 11.7 – Microdureza em corpos-de-prova lâmina d’água.
Tensão Corpo-de-prova Medida 1 medida 2 medida 3
278
1 162,61 156,00 174,63
278
2 179,93 206,69 212,77
278
3 178,32 185,61 170,22
256
1 138,52 139,20 162,73
256
2 167,41 186,91 193,20
256
3 170,35 180,11 173,24
236
1 173,84 152,41 147,46
236
2 182,95 189,51 194,19
236
3 159,23 151,44 168,38
197
1 178,51 165,52 153,52
197
2 163,11 165,35 181,66
197
3 170,10 154,18 134,46
160
1 154,06 159,89 154,06
160
2 188,75 148,30 164,95
160
3 161,37 176,24 209,79
TABELA 11.8 – Microdureza em corpos-de-prova pressurizado em água a 5 atm.
Tensão Corpo-de-prova Medida 1 Medida 2 Medida 3
278
1 190,00 179,50 161,50
278
2 168,00 164,30 179,90
278
3 173,30 172,60 184,20
256
1 150,10 156,30 166,80
256
2 156,70 155,80 159,20
256
3 153,10 171,20 216,70
236
1 178,90 184,50 208,00
236
2 158,00 163,60 160,20
236
3 196,80 186,50 212,80
197
1 152,30 167,20 176,40
197
2 156,30 197,00 216,40
197
3 179,70 169,20 175,20
160
1 147,70 151,50 175,30
160
2 155,10 156,30 157,60
160
3 164,90 192,60 211,20
133
12. ANEXO E
12.1 Incerteza de medição
Para estabelecer a estimativa de incerteza de medição, é necessário identificar as variáveis que
contribuem para incerteza e seus valores, pois trata de uma característica inerente de erros aleatórios
e/ou sistemáticos, ou de variáveis específicas do processo de medição ou do tipo de equipamento
utilizado.
12.1.1 Incerteza de medição da rugosidade média
O aparelho portátil digital Mitutoyo SJ. 201 P, responsável pela medição da rugosidade média (Ra)
possuí incerteza de 0,01 µm, segundo a capacidade da unidade de leitura, fornecida pelo manual do
fabricante.
12.1.2 Incerteza de medição do número de ciclos – flexo-rotativa
Na máquina projetada e construída de ensaios de fadiga flexo-rotativa observou-se que a incerteza
associada é de aproximadamente 1 ciclo. Isto é observado ao romper o corpo-de-prova, pois o
motor, responsável pela rotação, é desligado automaticamente.
12.1.3 Incerteza de medição das tensões de flexão
Para a verificação da incerteza associada à flexão, considerou-se o maior valor de tensão aplicada
para a realização dos ensaios que foi de 278 Mpa, correspondente a uma força de 6665 gf.
%5,06665 ±= gfF
;
mmD 01,06 ±= ;
mmL 290 ±= .
134
( )() ( )()
gfFugfFU 66,16
2
32,33
%;6832,33%5,0%;45,95 ====
O valor de 0,5% esta associado com a resolução da balança digital de 0,1g e a sua imprecisão.
( )() ( )()
mmDummDU 005,0
2
01,0
%;6801,0%;45,95 ===
( )() ( )()
mmLummLU 1
2
2
%;682%;45,95 ===
Aplicando os valores na equação de
(
)
σ
2
u tem-se:
()
σ
2
u =
×
×
×
+
×
×
××
+
×
×
×
2
3
2
4
2
3
1
6
66532
005,0
6
90666596
66,16
6
9032
πππ
()
2
2
2
108796
=
mm
gf
u
σ
;
()
2
83,329
mm
gf
u =
σ
Expandindo para 95,45%, tem-se:
( )() ()
2
66,659283,3292%45,95
mm
gf
uU =×=×=
σσ
. Portanto,
em termos de MPa tem-se que a incerteza da máxima tensão de flexão é 6,59 MPa, ou seja
MPaU
FLEXÂO
59,6±= .
12.1.4 Incerteza de medição das tensões axiais
As tensões axiais foram obtidas por aplicação de força em corpos-de-prova, utilizando-se a máquina
Instron TDML, de 10 toneladas. Foi escolhido um valor típico para a determinação da incerteza. A
força típica escolhida foi a que corresponde ao dobro do Limite de Resistência, aproximadamente
20.000 N [Mansur, 2003].
De acordo com relatório de calibração desta máquina, a incerteza associada ao fundo de escala é
1200 N para 100.000 N, o que corresponde a 240 N para a força típica selecionada. A incerteza do
micrômetro utilizado para medição das dimensões dos corpos-de-prova é de 0,01 mm.
135
O valor de incerteza está de acordo com a norma do INMETRO (LAFOR - Laboratório de Força e
Dureza), ou seja, na escala de máquina de ensaios até 1000 kN para tração, a incerteza associada é
de ± 0,12%.
()() ()()
kgfFukgfFU 12
2
24
%;6824;45,95 ===
( )() ( )()
mmbummbU 005,0
2
01,0
%;6801,0;45,95 ===
( )() ( )()
mmhummhU 005,0
2
01,0
;6801,0;45,95 ===
()
×
×
+
×
×
+
×
×
=
2
2
2
2
2
2
82
005,02000
28
005,02000
28
121
ax
u
σ
()
MPau
ax
2,8=
σ
( )()()
MPauU
axax
4,1622,8245,95 =×=
×
=
σ
σ
12.1.5 Incerteza de medição da dureza
O valor da incerteza estimada dos valores em uma máquina Reicherter com carga de ensaio de 5 kg
e penetrador pirâmide de diamante com ângulo de 136º é de ± 5% do valor lido.
12.1.6 Incerteza de medição da microdureza
O equipamento de microdureza modelo Mitutoyo MVK-01 com carga de ensaio de 0,5 kg e
penetrador pirâmide de diamante com ângulo de 136º tem uma incerteza associada de ± 4% do
valor medido. Esse valor considera as variáveis que entram na medição da microdureza.
136
13. ANEXO F
13.1 Números de ciclos obtidos nos ensaios de fadiga
TABELA 13.1 – Números de ciclos produzidos para o ambiente refrigerado
Tensão [Mpa] Ciclos Tensão [Mpa] Ciclos
278
50196
197
804983
278
33164
197
833868
278
23078
197
686383
278
39732
197
776398
256
311984
176
986837
256
197220
176
1223065
256
128401
176
325001
256
143714
176
1158744
256
86323
176
1530556
256
93439
176
856013
236
278122
176
560263
236
124634
176
2010000
236
357644
176
1215630
236
443998
176
1240493
236
310272
176
1395292
236
209127
176
506700
236
190572
160
1867944
236
244110
160
2045358
236
178914
160
2200000
236
417278
160
2000000
216
315017
160
2000000
216
520008
160
2000000
216
260254
160
2000000
216
215021
160
2000000
216
290126
160
2000000
197
902213
160
2000000
137
TABELA 13.2 – Números de ciclos produzidos para o ambiente lâmina d’água
Tensão [Mpa] Ciclos Tensão [Mpa] Ciclos
278
134786
197
1507621
278
171713
197
633505
278
80171
197
343816
278
57835
197
991091
278
96435
160
1514753
256
177680
160
1286502
256
167120
160
1726717
256
264530
160
2017474
256
154295
160
2007832
236
671485
160
2008511
236
207606
160
2037957
236
623766
160
757724
236
383404
160
1864196
236
365486
160
2001327
197
574343
160
1205273
197
498128
160
2000000
197
233458
160
2133584
197
354689
160
2000000
197
508928
160
2000000
197
1014586
160
2000000
197
555778
TABELA 13.3 – Números de ciclos produzidos para o ambiente pressurizado a 5 atm
Tensão [Mpa] Ciclos Tensão [Mpa] Ciclos
278
69185
236
58339
278
22433
236
34478
278
14841
236
24660
278
52630
236
49091
256
32622
236
27742
256
108115
197
147275
256
123495
197
308250
256
51597
197
59423
256
65311
197
127124
256
40958
197
308250
256
31530
197
85625
256
49262
160
205500
236
52231
160
34250
236
60165
160
193512
236
81800
160
171250
236
298717
160
34250
236
55941
160
205500
236
58510
160
237905
236
123414
160
188375
236
65055
160
58225
138
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