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Ainda segundo Kilpatrick, o uso do termo “projeto” na educação é
interessante, pois ressalta a importância da experiência do educando no
processo educativo e, conseqüentemente, contrapõe-se ao ensino
tradicional, no qual o aluno é reduzido à simples condição de receptor de
conteúdos. Ao invés de a criança ser considerada passível frente à
construção de conhecimentos, bem como à formação de sua moral e
conduta, ela é vista como um organismo ativo, que interfere diretamente em
seu desenvolvimento. Nesse sentido, o conceito de ato propositivo é
utilizado pelo autor para se referir à especificidade da ação promovida pelo
“método de projeto”, qual seja, a ação inteligente com vistas a uma
finalidade clara e precisa.
Também, para o autor, a capacidade de projetar, isto é, de agir à luz
de propósitos, é constituída na relação do indivíduo com o meio, mais
especificamente em seus aspectos consonantes. Por ser o ponto
convergente entre estímulos externos e impulsos internos, Kilpatrick
considera que o uso de projetos como instrumento de ensino favorece a
aplicação dos princípios da psicologia, expressos, sobretudo, nas leis de
aprendizagem descobertas por Thorndike – Lei da Prontidão
27
, Lei do
Exercício e Lei do Efeito
28
. Para ele, tais leis são importantes na medida em
27
A título de explicação, cabe ressaltar que o termo “prontidão” não é utilizado por
Thorndike para se referir à maturação - o que abarcaria, por exemplo, a idéia de “prontidão
para a leitura” - mas sim à tendência para agir. “Prontidão significa, assim, preparação para
a ação” (Hilgard, 1975, p.25). É, portanto, uma lei de ajustamento preparatório e não uma lei
de desenvolvimento (Hilgard, 1975).
28
As leis de aprendizagem resultam do sistemático estudo de Thorndike no campo da
psicologia animal e da psicologia humana, cujo pressuposto central é que há associação
entre as impressões sensoriais e os impulsos para a ação, que, por sua vez, são
estabelecidos em função de certos princípios - prontidão, exercício e efeito seriam alguns
desses reguladores (Hilgard, 1975). De acordo com sua teoria, a Lei da prontidão determina
o preparo para a ação. Assim, quando um organismo está pronto para conduzir, a
realização de tal feito será satisfatória, tanto do ponto de vista do alcance do objetivo,
quanto do sentimento do indivíduo que assim procedeu. Caso ele esteja nessa condição,
mas não conduza de modo a se ajustar a ela, irritar-se-á tal como ocorreria se agisse sem