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identidade, tal como mostra o trabalho de Silva (2003), que caracterizou os
diferentes períodos do Curso de Pedagogia, no Brasil. Para a autora, esse curso,
desde o momento em que foi instituído no Brasil, em 1939, foi alvo de embates entre
legisladores, pedagogos, profissionais de áreas correlatas, profissionais da
educação, associações e movimentos de educadores e instituições formadoras. O
mesmo sempre passou por constantes questionamentos e tentativas de delimitação
de funções, pois, na ocasião da criação do curso, a nova profissão que surgia não
possuía funções e atividades definidas nem havia demanda no mercado de trabalho.
Silva (2003), em seu estudo, aponta que, no percurso histórico do Curso de
Pedagogia, há o predomínio de determinadas características dos documentos
publicados que possibilita o agrupamento dos mesmos por períodos determinados.
Nesses diferentes períodos, há, também, o predomínio de questões debatidas em
relação a organização do Curso de Pedagogia e as funções atribuídas ao pedagogo.
Estes períodos, identificados e caracterizados pela autora, são:
• Período das Regulamentações (de 1939 a 1972) - fase que a autora
denomina de “identidade questionada”. A formação de um novo
profissional, que não possuía funções definidas e que não dispunha de
um mercado de trabalho que o demandasse, dificultava a prescrição de
um currículo apropriado. Iniciam-se questionamentos a respeito das
funções atribuídas ao curso e sua respectiva estrutura curricular. Nesta
fase há uma série de documentos disciplinadores do curso, dentre eles os
pareceres do CFE nº 251/62 e 252/69; a Lei Orgânica do Ensino Normal –
decreto lei nº 8.530/46; a Portaria do MEC nº 341/65 e a Lei Federal nº
5.540 de 28/11/68. Ao final deste período, o pedagogo era considerado
como “educador e técnico em educação”, ou seja, poderia atuar como
docente e em funções não docentes existentes na escola e em outros
órgãos públicos. Neste período, segundo a autora, o curso formava o
técnico e o docente, com currículo generalista, teórico e de cultura
enciclopédica. Isto teve reflexos no processo de profissionalização do
pedagogo, tornando-o alvo de questionamentos e discussões sobre a
definição do seu campo de atuação.
• Período das Indicações (de 1973 a 1978) – fase da identidade
projetada. Com a Lei 5692/71 e as indicações do CFE nº 22/73, 67/75,
68/75 e 71/76, o Conselheiro Valnir Chagas elabora propostas visando a
reestruturação global dos cursos superiores, em que projeta o
deslocamento dos cursos de formação de professores das séries iniciais
para o nível superior, tendo que admitir a coexistência dos cursos tanto de
nível médio quanto superior para a formação de professores. O
especialista em educação continua sendo formado em nível superior,
mas também é projetado para o nível de pós-graduação stricto-sensu,
possibilitando o acesso, a essas funções, de profissionais docentes com