Download PDF
ads:
16
Claudia Andréa Alves de Araújo
ESTUDOS DA IMUNOMODULAÇÃO INDUZIDA POR PAS-1
(PROTEÍNA IMUNOSSUPRESSORA DE Ascaris suum) NA
INFLAMAÇÃO ALÉRGICA PULMONAR
Tese apresentada ao Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de
Doutor em Ciências (Imunologia)
Orientadora: Dra. Maria Fernanda de Macedo Soares
São Paulo
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
17
Claudia Andréa Alves de Araújo
ESTUDOS DA IMUNOMODULAÇÃO INDUZIDA POR PAS-1
(PROTEÍNA IMUNOSSUPRESSORA DE Ascaris suum) NA
INFLAMAÇÃO ALÉRGICA PULMONAR
Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de
Doutor em Ciências (Imunologia)
Orientadora: Dra. Maria Fernanda de Macedo Soares
São Paulo
2007
ads:
18
AGRADECIMENTOS
À Dra. Maria Fernanda de Macedo Soares, pela sua orientação, incentivo e confiança e
por ter acreditado na realização deste projeto.
À Dra. Adenir Perini, do Laboratório de Terapêutica Experimetal I (LIM-20), da
Faculdade de Medicina da USP, pelo auxílio nos experimentos de hiperreatividade das
vias aéreas.
Aos membros da banca de Qualificação (Dra. Maria Notomi Sato, Dra. Hiro Goto e Dra.
Dunia Del Carmen Rodríguez Soto) pelas críticas e sugestões a este trabalho.
À Cristina Satomi Enobe pelo companheirismo e amizade durante a realização deste
trabalho.
À todos os funcionários do Laboratório de Imunopatologia do Instituto Butantan pelo
apoio técnico.
E, finalmente, à todos que participaram direta ou indiretamente, física ou
espiritualmente, para a realização deste trabalho.
19
SUMÁRIO
RESUMO
1 INTRODUÇAO 15
2 OBJETIVOS 32
3 MATERIAL E MÉTODOS 34
3.1 Animais 35
3.2 Obtenção do extrato de Ascaris suum 36
3.3 Obtenção da proteína PAS-1 36
3.4 Remoção de endotoxinas 37
3.5 Protocolos de imunização e transferência adotiva 38
3.6 Purificação de linfócitos B e linfócitos T (CD8
+
,
,
CD4
+
, CD4
+
CD25
-
e
CD4
+
CD25
+
) 39
3.7 Parâmetros de avaliação da asma alérgica experimental 41
3.7.1 Determinação dos níveis séricos de anticorpos 41
3.7.2 Reação de anafilaxia passiva (PCA) 42
3.7.3 Obtenção do lavado broncoalveolar e do homogenato pulmonar 43
3.7.4 Contagem de células 44
3.7.5 Determinação da atividade de EPO 44
3.7.6 Determinação dos níveis de citocinas e quimiocina 44
3.8 Medida de parâmetros de mecânica de ventilação pulmonar 46
3.9 Análise estatística 36
4 RESULTADOS 48
20
4.1 Efeito da administração de PAS-1 na asma murina experimental induzida por
OVA em camundongos C57Bl/6 selvagens 49
4.1.1 Avaliação da resposta imune humoral 49
4.1.Análise da celularidade do lavado broncoalveolar 52
4.1.3 Determinação da atividade de EPO 54
4.1.4 Determinação do perfil de citocinas e quimiocina 56
4.1.5 Reatividade das vias aéreas 58
4.2 Papel de IL-12, IFN-γ e IL-10 na ação imunomodulatória de PAS-1 61
4.2.1 Avaliação da resposta imune humoral 61
4.2.2 Quantificação da celularidade do lavado broncoalveolar 64
4.2.3 Determinação da atividade de EPO 66
4.2.4 Determinação do perfil de citocinas e quimiocina 68
4.2.5 Reatividade das vias aéreas 72
4.3 Papel de células CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD4
+
, CD8
+
, CD4
+
CD25
-
, CD4
+
CD25
+
(células T regulatórias) na ação modulatória de PAS-1 75
4.3.1 Avaliação da resposta imune humoral 75
4.3.2 Quantificação da celularidade do lavado broncoalveolar 78
4.3.3 Determinação da atividade de EPO 80
4.3.4 Determinação do perfil de citocinas e quimiocina 86
4.3.5 Reatividade das vias aéreas 86
DISCUSSÃO 89
6. CONCLUSÕES 109
21
REFERÊNCIAS 111
ABREVIATURAS
AID activation-induced cytidine deaminase
AP-1 activator protein-1
APAS-3 proteína alergênica de Ascaris suum
APC célula apresentadora de antígeno
Bcl-2 B-cell CLL/lymphoma 2
CD cluster of diferentiation
ELISA enzyme linked immunosorbent assay - ensaio imunoenzimático
EPO peroxidase endógena de eosinófilos
HBSS Hanks balanced salt solution
HP homogenato pulmonar
Ig imunoglobulina
IL interleucina
LBA lavado broncoalveolar
MAIP-1 anticorpo monoclonal contra a proteína imunossupressora de
Ascaris suum (PAS-1)
MHC major histocompatibility complex
mRNA RNA mensageiro
NFAT nuclear factor of activated T cells
OPD ortofenileno diamina
22
OVA ovalbumina
PAS-1 proteína imunosupressora de Ascaris suum, reconhecida por MAIP-
1
PCA anafilaxia cutânea passiva
PBS phosphate buffered saline - salina tamponada com fosfato
RAG recombination activacting genes
SFB soro fetal bovino
STAT signal transducers and activactors of transcription
Th1 célula T helper 1
Th2 célula T helper 2
Tc1 célula T citotóxica tipo 1
Tc2 célula T citotóxica tipo 2
TMB 3,3´,5,5´tetrametilbenzidina
23
RESUMO
A asma é uma doença inflamatória crônica pulmonar complexa, caracterizada por
hipereatividade e inflamação das vias aéreas, com presença de infiltrado de eosinófilos,
síntese de elevados níveis de IgE e produção aumentada de IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13. As
doenças alérgicas, como a asma, podem ser moduladas por infecções helmínticas. Isso
deve estar associado à presença de fatores produzidos pelos parasitas que devem
atuar, suprimindo a resposta inflamatória associada às atopias. Resultados de nosso
laboratório têm mostrado que o fracionamento do extrato de Ascaris suum contém uma
proteína de 200 KDa, denominada PAS-1, que possui ação modulatória na inflamação
alérgica pulmonar por diminuir a inflamação eosinofílica, a produção de citocinas Th2 e
aumentar a síntese de IFN-γ e IL-10, indicando que PAS-1 deve agir por mecanismos
dependentes destas citocinas. Contudo, ainda não foram elucidados estes
mecanismos. Neste trabalho, investigamos o papel das citocinas IFN-γ e IL-10
utilizando camundongos deficientes das mesmas. Além disso, investigamos os tipos
celulares envolvidos com esta modulação. Para tanto, camundongos deficientes de IL-
12, IFN-γ ou IL-10 foram imunizados e desafiados com OVA ou PAS-1 ou OVA + PAS-
1. Também, camundongos C57BL/6 foram imunizados e desafiados com OVA e,
depois, receberam transferência adotiva de linfócitos B CD19
+
, linfócitos B B220
+
,
linfócitos T CD3
+
, T CD4
+
, T CD8
+
, T CD4
+
CD25
-
e T CD4
+
CD25
+
(células T
reguladoras). Nossos resultados demonstraram que os camundongos IFN-γ
-/-
ou IL-10
-/-
,
que foram imunizados e desafiados com OVA + PAS-1 apresentaram produção de IgE
24
total, inflamação eosinofílica e produção de IL-4, IL-5, IL-13, eotaxina semelhantes ao
obtidos em camundongos deficientes imunizados e desafiados com OVA, mas diferente
daqueles obtidos em camundongos IL-12
-/-
. Estes dados mostram que o efeito
modulatório de PAS-1 ocorre devido a mecanismos dependentes de IFN-γ e IL-10, mas
independente de IL-12, pois nos animais IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
, não houve supressão do
quadro alérgico pulmonar induzido por OVA. Nos experimentos de transferência
adotiva, demonstramos que camundongos que receberam células T CD8+ produziram
níveis significativos de IFN-γ e animais que receberam células T CD4+CD25+
produziram elevados níveis de IL-10 e TGF-β. Então, sugerimos que o efeito
imunomodulatório de PAS-1 é mediado por células T CD8+ produtoras de IFN-γ e por T
CD4+CD25+ (células T regulatórias) secretoras de IL-10 e TGF-β.
Palavras-chave: imunomodulação, asma, Ascaris suum, linfócitos T , citocinas
25
ABSTRACT
Asthma is a chronic lung inflammatory disease, which is characterized by airway
inflammation and hiperesponsiveness, caused by infiltration of eosinophils, production of
high levels of IgE and cytokines (IL-4, IL-5, IL-9 and IL-13). Allergic diseases, e.g.
asthma, can be modulated by helminthic infections. This must be associated with
secreted factors produced by these parasites that can act, suppressing the inflammatory
response related to allergy. We have demonstrated that a 200 kDa protein, called PAS-
1, can be isolated from Ascaris suum crude extract by affinity chromatography. This
protein has an immunomodulatory role in the lung allergic inflammation due to its ability
on the down-regulation of the eosinophilic inflammation, Th2 cytokine production, and
up-regulation of the IL-12, IFN-γ and IL-10 production, suggesting that PAS-1 exert its
immunomodulatory effect by cytokine-dependent mechanisms. However, they were not
elucidated yet. In this present work, we investigated the role of IL-12, IFN-γ and IL-10
using knock-out mice for these cytokine as experimental model. Moreover, we
investigated the cell types involved on this modulation. Then, IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
and IL-10
-/-
mice were immunized and challenged with OVA or PAS-1 or OVA + PAS-1. In addition,
C57Bl/6 wild type mice (recipient mice) were immunized and challenged with OVA and,
afterwards, they were adoptively transferred with PAS-1-primed B CD19+, B B220+, T
CD3+, T CD8+, T CD4+, T CD4+CD25-, T CD4+CD25+ lymphocytes. Our results
demonstrated that IFN-γ
-/-
and IL-10
-/-
mice, which were immunized and challenged with
OVA + PAS-1, had high levels of IgE, eosinophilic inflammation and IL-4, IL-5, IL-13 and
eotaxin production compared to the mice OVA-immunized and challenged, but these
26
results were different in comparison with IL-12
/-
. These data showed that the modulatory
effect induced by PAS-1 is due to IFN-γ and IL-10-dependent mechanisms, but not IL-
12-dependent inasmuch as it was not observed suppression of the allergic inflammation
on IFN-γ
-/-
and IL-10
-/-
mice. In the adoptive transference experiments, we demonstrated
that mice adoptively transferred with CD8+ cells produced significant levels of IFN-γ and
those transferred with CD4+CD25+ cells produced high levels of IL-10 and TGF-β.
Based on these evidences, we suggest that the immunomodulatory effect induced by
PAS-1 is mediated by IFN-γ-producing CD8+ cells and IL-10- and TGF-β-producing
CD4+CD25+ cells.
Key words: immunomodulation, asthma, Ascaris suum, T lymphocytes, cytokines
27
1 INTRODUÇÃO
A asma é uma doença inflamatória crônica pulmonar caracterizada por
hipereatividade e inflamação das vias aéreas, com presença de infiltrado eosinofílico,
síntese de elevados níveis de IgE e produção aumentada de IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13
(Busse e Lemanske, 2001). É uma doença multifatorial, que envolve vários elementos e
múltiplas vias de desencadeamento, sendo todas elas influenciadas por fatores
genéticos e ambientais. Os fatores ambientais, tais como exposição a alérgenos e
infecções, influenciam indivíduos geneticamente predispostos. Além disso, vários genes
polimórficos regulam a asma, controlando a resposta inflamatória, a produção de IgE, e
de citocinas e quimiocinas (Cookson, 1999), além de controlar a reatividade e o
remodelamento das vias aéreas (van Eerdewegh et al., 2002; Fahy et al., 2000).
A hiperreatividade das vias aéreas é uma das características da asma que está
relacionada à obstrução do fluxo aéreo decorrente de vários estímulos e resulta do
estreitamento das vias aéreas. As células residentes (mastócitos, macrófagos
alveolares, células epiteliais e endoteliais), bem como células inflamatórias (neutrófilos,
eosinófilos, linfócitos Th2, mastócitos) que migram para o local (Kaminuma et al., 2001)
e secretam vários mediadores, tais como citocinas, histamina, leucotrienos (LTC4,
LTD4, LTE4), prostaglandina D2, PAF, que agem aumentando a permeabilidade
vascular e contraindo os músculos lisos dos brônquios (Orange, 1973).
A inflamação das vias aéreas contribui significativamente para muitos sintomas
desta doença, incluindo a obstrução do fluxo aéreo, a hipereatividade brônquica e o
remodelamento do tecido pulmonar. O processo inflamatório inclui denudação do
epitélio das vias aéreas, obstrução da mucosa dos brônquios segmentais e dos
28
bronquíolos, deposição de colágeno abaixo da membrana basal, edema da submucosa,
infiltração de células (neutrófilos e eosinófilos), hipertrofia/hiperplasia das células dos
músculos lisos (Lemanske e Brusse, 2003).
Recentes evidências têm demonstrado que alguns pacientes com asma
apresentam uma obstrução do fluxo de ar, decorrente, dentre outros fatores, do
remodelamento do tecido das vias aéreas (Vignola et al, 2000). O remodelamento das
vias aéreas na asma é resultante da interação de mediadores inflamatórios com as
células estromais ou da injúria tecidual. Vários eventos estão envolvidos no
remodelamento, como por exemplo, a hipertrofia dos músculos lisos das vias aéreas e
das glândulas de muco, das células globosas, a angiogênese (hiperplasia vascular) e a
deposição de colágeno.
Os eventos iniciais responsáveis pelo desenvolvimento das doenças alérgicas,
incluindo a asma, é a geração de células Th2 alérgeno-específicas (Romagnani, 2004;
Gavett et al., 1994; Brusselle et al., 1994). Estas células estão presentes em grande
número nas vias aéreas de asmáticos, sendo responsáveis pelo início e perpetuação da
inflamação pulmonar (Corrigan et al., 1988; Walker et al., 1991). Foi descrito por Huang
et al. (1995) que os níveis de mRNA para IL-4, IL-5 e IL-13 e suas respectivas proteínas
estão aumentados nas células do LBA e em biópsias de pacientes asmáticos,
mostrando a participação de células Th2 na inflamação alérgica pulmonar. Outras
evidências importantes do estabelecimento do fenótipo Th2 na asma foram fornecidas
por Nakamura et al. (1999) e Finotto et al. (2002). Uma delas é a elevada expressão do
fator de transcrição GATA-3, que está presente especificamente em células Th2
diferenciadas, em células T CD4
+
presentes nas vias aéreas de pacientes asmáticos
29
(Nakamura et al., 1999) e a outra evidência é a não detecção do fator de transcrição t-
bet, específico de células Th1 diferenciadas, em células Th2 (Finotto et al., 2002).
Em modelos animais, nos quais células Th2 não se desenvolvem, por exemplo,
em camundongos deficientes do receptor α de IL-4 ou de STAT-6, a inflamação alérgica
não é induzida (Wills-Karp, 1999), indicando a participação de células Th2 no
desenvolvimento da resposta inflamatória. Zhang et al. (1999) demonstraram que
camundongos transgênicos, expressando mutante negativo de GATA-3, apresentam
diminuição na produção de citocinas Th2 (IL-4, IL-5, IL-13), da eosinofilia, da produção
de muco e da síntese de IgE, indicando que o bloqueio da atividade de GATA-3 é
suficiente para bloquear a resposta Th2 in vivo. Por outro lado, camundongos
transgênicos expressando IL-13, IL-9 e IL-5 apresentaram hipereatividade e deposição
de colágeno nas vias aéreas, indicando que a exposição crônica às citocinas Th2
poderia também induzir o remodelamento das vias aéreas (Lee et al., 1997; Temann et
al., 1998; Zhu et al., 1999). Finotto et al. (2002) demonstraram que camundongos
deficientes de t-bet desenvolvem espontaneamente inflamação eosinofílica, metaplasia
das células produtoras de muco, deposição de colágeno, hipertrofia dos miofibroblastos
e reatividade das vias aéreas. Além disso, estes animais naïve produzem níveis
aumentados de IL-4, IL-5 e IL-13 no LBA e possuem um número aumentado de células
T CD4+ efetoras/memória nos pulmões, indicando que as células Th2 estão
cronicamente ativadas nas vias aéreas.
Outro fator que contribui para a manutenção do processo inflamatório em
indivíduos asmáticos é a perpetuação de linfócitos T CD4+. Células T CD4+ isoladas de
sangue periférico de pacientes asmáticos e estimuladas in vitro apresentaram uma
30
diminuição na capacidade de apoptose mediada por Fas (Jayaraman et al., 1999;
Spinozzi et al., 1998). A capacidade limitada de se submeter à apoptose pode ser um
marcador de ativação de células T, já que recentemente células T CD4
+
estimuladas
são resistentes à morte induzida por Fas e apresentam níveis aumentados de Bcl,
moléculas anti-apoptóticas (van Parijs et al., 1998).
Em biópsias das vias aéreas de pacientes asmáticos, linfócitos T produtores de
IL-4 apresentaram menor freqüência de apoptose que linfócitos secretores de IFN-γ
(Cormican et al., 2001; Akdis et al., 2003), possivelmente pela capacidade do receptor
de IFN-γ de fosforilar o fator de transcrição nuclear STAT-1, que por sua vez ativa
caspase-8 (Refaeli et al., 2002). A morte celular ativada por IFN-γ permite a geração e a
persistência de células Th2 de memória (Wu et al., 2001). Camundongos deficientes do
receptor de IFN-γ, imunizados e desafiados com ovalbumina, apresentam aumento na
eosinofilia e na produção de citocinas Th2, indicando que a ausência da sinalização
mediada por IFN-γ aumenta a resposta Th2 (Coyle et al., 1996). IL-4 também prolonga
a sobrevivência de células T ativadas devido à expressão de Bcl-2, via que independe
de caspase-8 (Vella et al., 1998). Camundongos deficientes do receptor de IFN-γ que
receberam células Th2 e foram expostos à inalação do alérgeno apresentaram aumento
de cinco vezes no número de eosinófilos em comparação com os camundongos
selvagens, que receberam as mesmas células Th2 (Cohn et al., 2001). Estes dados
também explicam a presença de inflamação crônica em camundongos deficientes de t-
bet, que apresentam aumento de células T CD4+ efetoras/memória nas vias aéreas e
no LBA com elevados níveis de IL-4 e baixos níveis de IFN-γ (Finotto et al., 2002).
31
A produção de IgE antígeno-específica é outro evento que influencia diretamente
a inflamação alérgica. Geha et al. (2003) têm revisado os mecanismos de regulação da
síntese de IgE. Nas reações de hipersensibilidade imediata, a ligação cruzada de
moléculas de IgE com alérgenos em seus receptores de alta afinidade (FcεRI) na
superfície de mastócitos e basófilos induz a liberação de mediadores vasoativos,
transcrição de citocinas e síntese de prostaglandinas e leucotrienos. Nas vias aéreas,
estes mediadores rapidamente promovem o edema da mucosa bronquial, produção de
muco e constrição dos músculos lisos e recrutam um infiltrado inflamatório. Em
pacientes asmáticos submetidos à inalação de alérgenos, estes eventos moleculares e
celulares resultam na obstrução aguda das vias aéreas (Howarth et al., 1987). Em
modelos animais, a transferência passiva de anticorpos IgE podem resultar em
respostas pulmonares de fase imediata e tardia aos desafios alergênicos (Schamapain
et al., 1982).
A produção de IgE por células B é desencadeada por vários sinais moleculares e
celulares. As citocinas IL-4 e IL-13 são suficientes para promover a transcrição da
cadeia ε em cultura de células B humanas (Vercelli et al., 1989; Defrance et al., 1994).
Outra interação importante para a síntese de IgE é a ligação de CD40 com CD40L.
Pacientes com a síndrome da hiper-IgM ligada ao cromossomo X são deficientes de
CD40L, como conseqüência, as células B destes pacientes não produzem IgG, IgA ou
IgE (Allen et al., 1993). Além disso, camundongos deficientes dos genes de CD40L (Xu
et al., 1994) ou CD40 (Kawabe et al., 1994) apresentam o mesmo defeito na produção
de anticorpos. Molecularmente, a síntese de IgE também requer a expressão da enzima
AID (activation-induced cytidine deaminase), que está expressa em células B
32
esplênicas e nos centros germinativos dos linfonodos, sendo que camundongos
deficientes desta enzima produzem elevada quantidade de IgM e baixa ou nenhuma
produção de IgA (Muramatsu et al., 1999 e 2000).
Outro evento importante na patogênese da asma é a eosinofilia das vias aéreas.
Vários estudos correlacionam o aumento do número de eosinófilos com a reatividade
das vias aéreas e com a severidade da doença (Walker et al., 1991; Bousquet et al.,
1990, Foster et al., 1996). A eosinofilia das vias aéreas depende de IL-5 e da
sinalização mediada por STAT-6 (Rothenberg, 1999; Nakajima et al., 1992). Em
camundongos deficientes de IL-5, há uma diminuição significativa dos eosinófilos no
sangue ou no LBA, em relação aos animais selvagens (Mattes et al., 2002). Por outro
lado, em camundongos deficientes de IL-4 e IL-13, também se observa poucos
eosinófilos nas vias aéreas ou LBA em resposta a ativação de células Th2, apesar da
capacidade destes camundongos de produzirem e liberarem eosinófilos da medula
óssea (Mattes et al., 2001). Uma vez ativados, os eosinófilos secretam vários fatores,
entre eles a proteína básica principal, proteína catiônica, peroxidade (EPO), citocinas
(TNF-α, GM-CSF, IL-4, IL-13 e IL-5) e quimiocinas, como RANTES e eotaxina
(Rothenberg, 2001). Estes fatores são danosos para as células epiteliais, estimulam a
secreção de muco e fibrose e induzem broncoespasmos e hiperreatividade das vias
aéreas. As citocinas IL-4, IL-5 e IL-13 promovem o recrutamento de eosinófilos para as
vias aéreas, e por outro lado, IL-5, GM-CSF e IL-13 aumentam a sobrevivência dos
eosinófilos por aumentar as proteínas anti-apoptóticas bcl-2 e bcl-xL (Dewson et al.,
1999; Dibbert et al., 1998). Deste modo, os eosinófilos são importantes na amplificação
das respostas imunes locais, além de promover os danos teciduais e a fibrose.
33
Vários autores têm investigado estratégias para modular a resposta inflamatória
na asma. Tem sido amplamente relatado que parasitas ou seus produtos secretados
podem modular vários dos mecanismos que são desencadeados na resposta
inflamatória pulmonar. Além disso, têm se associado diretamente o aumento das
infecções parasitárias adquiridas pelo hospedeiro com a diminuição dos casos de
asma. Mao et al. (2000) descreveram que, na população Chinesa, a prevalência de
infecções causadas por Ascaris lumbricoides diminuiu, enquanto que a incidência de
atopia aumentou. Além disso, foi descrito que infecções crônicas por helmintos
suprimem a resposta alérgica (Lynch et al, 1983; Lynch et al, 1987). Corroborando com
estes relatos, estudos epidemiológicos, conduzidos por Cooper (2004), também
investigaram a relação inversa entre helmintos e alergias. Outras evidências têm sido
fornecidas por estudos realizados por Lynch et al. (1993) e van den Bigelaar et al.
(2004), que mostraram um aumento na prevalência ou no risco de atopia após o
tratamento de parasitoses em crianças infectadas.
Baseado, nesta correlação inversa, parece que o sistema imune tem evoluído na
presença de infecções helmínticas e devem funcionar como um mecanismo protetor do
hospedeiro contra as doenças alérgicas. Isto pode ser exemplificado pelo fato da
presença de variantes genéticas de STAT-6, um fator de transdução de sinal importante
para a sinalização mediada por IL-4, predizer o aumento da resistência à infecções por
Ascaris em crianças chinesas que viviam em área endêmica (Peisong et al., 2004),
mostrando que o aumento da resistência à infecções parasitárias deve estar associado
com uma das origens da asma. A relativa ausência de infecções parasitárias, como as
helmintíases são capazes de induzir fortes sinais imunomodulatórios que contribuem
34
para o desenvolvimento da desrregulação na imunidade à antígenos exógenos, tais
como aeroalérgenos que podem causar doenças inflamatórias.
Outras evidências da imunomodulação exercida por helmintos podem ser
observadas em ocasiões em que o sistema imune é estimulado. Por exemplo, pacientes
com esquistossomíase e filaríase apresentam uma reposta diminuída à antígenos do
próprio parasita infectante (Grogan et al., 1998; Yazdanbakhsh et al., 1993). As
infecções helmínticas também estão associadas com respostas atenuadas à antígenos
heterológos (Greene et al., 1983), à vacinações (Cooper et al, 1998; Sabin et al, 1996)
ou à transplantes alogenêicos (Liwski et al., 2000). As helmintíases também podem
reduzir doenças inflamatórias causadas por Helicobacter pylori (Fox et al., 2000) e
Plasmodium falciparum (Nacher et al., 2001). Além disso, crianças infectadas com
Schistosoma apresentam baixos níveis de reatividade cutânea à alérgenos, indicando
que o sistema imune deve ser influenciado pela presença de parasitas (Van den
Biggelaar et al., 2004).
Nosso laboratório tem contribuído, desde a década de 80, no estudo da
modulação da resposta imune por diferentes componentes do extrato bruto de vermes
adultos de A. suum (Soares et al., 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1991, 1992). Nossos
estudos têm demonstrado que o extrato bruto obtido de vermes adultos suprime a
produção de anticorpos heterólogos em camundongos. Macedo e Mota (1980)
demonstraram que camundongos A/Sn imunizados com ovalbumina e extrato de
Ascaris suum apresentavam uma intensa supressão na produção de anticorpos anti-
OVA. Esta atividade inibitória também foi verificada por Soares et al. (1987), que
observaram que o extrato bruto de A. suum, além de inibir a síntese de anticorpos da
classe IgE, também suprimia a produção de IgG1 e IgG2a. Ferreira et al. (1995)
35
demonstraram que camundongos DBA/2 imunizados na base da cauda com
ovalbumina e extrato de A. suum e desafiados no coxim plantar com ovalbumina
apresentavam supressão da reação imediata (pico de 3 horas após o desafio) e da
reação tardia (pico de 24 horas) de hipersensibilidade, além de apresentar inibição
significativa da produção de IgE, IgG1 e IgG2a anti-OVA.
O isolamento de frações protéicas do extrato de A. suum foi realizado por
cromatografia de gel filtração por Soares et al. (1992). Neste trabalho, foi constatado
que os componentes eluídos no primeiro pico (PI), assim como o extrato bruto (ASC),
suprimiam intensamente a produção de anticorpos IgE anti-OVA em camundongos
imunizados com OVA + PI ou OVA + ASC. Entretanto, quando os animais foram
imunizados com OVA + PIII (componentes eluídos no terceiro pico) apresentaram níveis
de IgE anti-OVA semelhantes ao grupo de animais imunizados somente com OVA.
Além disso, PIII induziu a produção de anticorpos IgE anti-ASC. Estes resultados
demonstraram que o efeito supressivo do extrato é devido a componentes do PI,
correspondentes a proteínas de alto peso molecular, enquanto a estimulação da
produção de anticorpos IgE é devido aos componentes do PIII, correspondentes a
proteínas de baixo peso molecular.
As frações PI e PIII obtidas do extrato bruto do verme adulto foram utilizadas em
nosso laboratório para obtenção de anticorpos monoclonais contra componentes
específicos de cada fração. Assim, foram obtidos os anticorpos MAIP-1 e MAC-3, que
reconhecem respectivamente, a proteína imunosupressora PAS-1 (200 kDa) (Oshiro et
al., 2004) e a proteína alergênica APAS-3 (29kDa) (Pires et al., 2001). Os anticorpos
monoclonais MAIP-1 e MAC-3, assim como as proteínas por eles reconhecidas (PAS-1
36
e APAS-3) são ferramentas importantes nos estudos da imunomodulação induzida por
Ascaris suum.
Foi demonstrado por Oshiro et al. (2005) que PAS-1 suprime a migração
leucocitária induzida por LPS em bolsas de ar na parte dorsal de camundongos; além
disso, inibe a secreção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-6) no exsudato
de bolsa de ar estimuladas com LPS e em sobrenadante de cultura de macrófagos
peritoneais, mas estimula a secreção de IL-10 e TGF-β. Estes dados mostram que
PAS-1 apresenta uma potente atividade anti-inflamatória, provavelmente devido à
secreção de IL-10 e TGF-β que inibem a secreção de citocinas pró-inflamatórias.
Além disso, Oshiro et al. (2006) também demonstraram que PAS-1 exerce seus
efeitos modulatórios na resposta imune humoral e celular induzida por OVA. Neste
trabalho, esta proteína inibiu a produção de anticorpos (IgM, IgG1, IgG2b, IgE e IgG1
anafilático) contra antígenos T-dependentes, mas não T-independentes, de maneira
dose-dependente. Além disso, inibiu a reação de hipersensibilidade tipo IV OVA-
específica em patas de camundongos injetadas com carragenana. Estes dados
mostram que PAS-1 possui uma potente atividade supressora tanto nas respostas Th1
e como nas respostas Th2.
Recentemente, Itami et al. (2005) demonstraram que a presença da proteína
imunossupressora PAS-1 reverte o quadro alérgico da asma alérgica induzida por
APAS-3 (proteína alergênica de A. suum), diminuindo a eosinofilia pulmonar, a
produção de anticorpos anafiláticos e de citocinas Th2 (IL-4 e IL-5) e aumentando a
produção de IFN-γ e IL-10. Estes resultados indicam a capacidade de helmintos em
37
produzir e secretar diferentes fatores, com atividade modulatória sobre o sistema imune
do hospedeiro.
Além dos resultados provenientes de nossas investigações, outros autores têm
demonstrado que os helmintos secretam quantidades consideráveis de proteínas e
glicoproteínas, que são capazes de modular a resposta imune (Falcone et al., 2004;
Maizels et al., 2004). Estas moléculas interferem com estágios cruciais dos parasitas no
sistema imune do hospedeiro, tais como o bloqueio das selectinas endoteliais por
lectinas e glicanas do parasita, impedindo o extravasamento celular; liberação de
proteases capazes de degradar eotaxina; inibição de proteases do hospedeiro por
serpinas dos parasitas; inibição dos intermediários reativos do oxigênio e nitrogênio por
proteínas anti-oxidantes dos helmintos, como glutationa-S-transferase.
Várias moléculas de parasitas podem interferir com o processamento do
antígeno. Antígenos de helmintos são apresentados por moléculas de MHC de classe
II, com envolvimento de algumas proteases intracelulares. O nematódeo Brugia malayi
secreta um inibidor de cisteína proteinase (cistatina, Bm-CPI2), que interfere com duas
classes de proteases da via de processamento de MHC de classe II: catepsinas B, L e
S e asparagina endopeptidase. Inibidores semelhantes têm sido descritos em produtos
secretados por Onchocerca volvulus (Schonemeyer et al., 2001) e Nippostrongylus
brasiliensis. (Dainichi et al., 2001). As cistatinas de nematodes são homólogas à
cistatina C de mamíferos, que são altamente expressas por células dendríticas
imaturas, estando diminuídas durante o processo de maturação de células dendríticas
para permitir o transporte de moléculas de classe II maduras para a superfície da célula
(Pierre e Mellaman, 1998). As cistatinas de parasitas também mantêm as células
dendríticas em estado imaturo, comprometendo a apresentação de antígenos por estas
38
células (Schonemeyer et al., 2001), além de modular a proliferação de células T e
estimular a produção de IL-10 (Schonemeyer et al., 2001; Hartmann et al., 1997).
Outros produtos de helmintos afetam a atividade das células apresentadoras de
antígeno. ES62, um produto secretado de filárias, tem efeito na desensibilização de
macrófagos peritoneais à produção de IL-12 induzida por LPS, inibindo a resposta Th1
(Goodridge et al., 2001). Além disso, foram descritas duas glicanas derivadas de ovos
de Schistosoma, lacto-N-fucopentose III e lacto-N-neotetraose, que induzem
macrófagos a produzirem IL-10, suprimindo a proliferação de célula T (Attochina et al.,
2001, Terrazas et al., 2001). Silva et al. (2006) demonstraram que componentes de alto
peso molecular de A. suum inibem a expressão de moléculas coestimulatórias (CD80,
CD86, CD40) e MHC classe II em células dendríticas, mostrando que estes
componentes modulam negativamente a capacidade de apresentação de antígeno por
células dendríticas.
Deste modo, os helmintos têm a capacidade de modular resposta imune do
hospedeiro por vários mecanismos, entre eles, a ativação dos processos regulatórios,
que envolve células T e células acessórias reguladoras (células dendríticas e
macrófagos), responsáveis pela manutenção do estado de homeostasia do sistema
imune.
A existência de uma subpopulação de células T especializadas na supressão da
resposta imune foi originalmente postulada por Gershon (1975). Contudo, os
mecanismos celulares e moleculares responsáveis por este efeito supressor nunca
foram claramente caracterizados. Cerca de 20 anos após, as células T supressoras
ressurgiram como células T reguladoras, com a observação feita por Sakaguchi et al.
39
(1995) que a transferência adotiva de células T depletadas de CD25+ induzia
autoimunidade em vários órgãos do animal recipiente.
Muitos estudos da regulação das alergias indicam que células CD4+ têm uma
importante função e vários fenótipos celulares têm sido descritos: (1) Células T
CD4+CD25+ naturais e induzíveis, cujos efeitos são mediados por mecanismos
dependentes do contato célula-célula, tais como via inibição de IL-2Rα (Akdis et al.,
2005; Chatila, 2005), (2) células Tr1, que são induzidas na presença de IL-10 e estão
associadas com a supressão da imunidade por meio de mecanismos dependentes de
citocinas (IL-10 e TGF-β) (Harwrylowicz, 2005; Harwrylowicz e O´Garra, 2005) e (3)
células Th3, que secretam TGF-β e são induzidas após inoculação mucosa de antígeno
e medeia a tolerância oral (Moncayo e Cooper, 2006; Faria e Weiner, 2005).
As células T reguladoras têm um papel importante na supressão das alergias
mediada por helmintos. Estudos de populações infectadas com esquistossomíase têm
mostrado uma relação do aumento da produção de IL-10 na proteção contra atopia
(Van den Bigelaar et al., 2000) e asma (Araújo et al., 2004). A fonte de IL-10 não está
clara e deve ser derivada de macrófagos ou células T reguladoras. Populações de
células B também são importantes, pois IL-10 produzida por células B pode proteger
contra a anafilaxia sistêmica em um modelo de esquistossomíase murino (Mangan et
al., 2004).
Células Tr1 são importantes na regulação das respostas antiparasitárias. As
primeiras observações de clones Tr1 induzíveis foram feitas durante infecções usando
camundongos infectados com Bordetella pertussis (McGuirk et al., 2002) e humanos
infectados com o vírus da hepatite C (MacDonald et al., 2001) ou O. volvulvus
40
(Satoguina et al., 2002; Doetze et al., 2000) e devem tem efeitos semelhantes no
controle da imunidade por mecanismos dependentes de IL-10. Os estudos envolvendo
B. pertussis mostraram evidências diretas da supressão de células Th1 específicas para
antígenos bacterianos e os estudos em humanos mostraram evidências indiretas da
função de Tr1 pela produção aumentada de IFN-γ na presença de anticorpos anti-IL-10.
Na malária, a infecção é persistente e está associada com resposta imune
supressora. A depleção de células T CD4
+
CD25
+
protege camundongos contra a
infecção letal com Plasmodium yoelli (Hisaeda et al., 2004) e reduz a carga parasitária
em camundongos infectados com P. berghei (Long et al., 2003). Além disso, o
tratamento com anti-TGF-β e anti-IL-10 de animais infectados com P. yoelli aumenta a
sobrevivência (Omer et al., 2003). Da mesma forma, a infecção de camundongos
deficientes de IL-10 com Leishmania major resulta em um clearance mais rápido da
infecção (Noben-Trath et al., 2003). A produção de IL-10 por células regulatórias tem
uma função importante na persistência da infecção de L. major nestes camundongos
(Sacks et al., 2002 e Noben-Trauth, 2002). Além disso, células T reguladoras
CD4
+
CD25
+
se acumulam rapidamente em sítios na derme. Estas células suprimem a
capacidade de células T efetoras de eliminar os parasitas do hospedeiro.
Outras células envolvidas com mecanismos reguladores são células acessórias
reguladoras, como os macrófagos e as células dendríticas. Células supressivas
aderentes foram identificadas em humanos (Piessens et al., 1980) e em animais
(Lammie e Katz, 1983) infectados com B. malayi. O mecanismo que explica o efeito
supressor destas células aderentes é a produção de IL-10 por macrófagos (Osborne e
Devaney, 1999; Flores-Villanueva et al., 1994). Um importante avanço foi a descoberta
41
de um tipo de macrófago que é recrutado durante a infecção por nematóides e age
como um mecanismo independente de IL-10. Estas células foram primeiramente
encontradas no peritônio de camundongos infectados com B. malayi; mas também
ocorrem em animais infectados com outros nematóides ou seus produtos (MacDonald
et al., 1998). Estes macrófagos são maiores, apresentam o citoplasma mais
vacuolizados e têm perfil de expressão gênica diferente de outros macrófagos (Loke et
al., 2002). Além disso, eles possuem aumento da expressão de YMI, que é atua como
um fator quimiotático de eosinófilos, explicando a razão do infiltrado eosinofílico quando
os macrófagos são recrutados (Nair et al., 2003); são citostáticos, impedindo a
proliferação de células não-linfóides e de linfócitos T por mecanismos dependentes de
contato celular, mas independentes de óxido nítrico, prostaglandina e citocinas como IL-
10 e TGF-β (Loke et al., 2000); e induzem a diferenciação de células naïve de
camundongos em células Th2 (Gordon, 2003).
Outro tipo celular que possui efeitos supressivos é as células dendríticas. As
células dendríticas encontram com o parasita e elaboram uma resposta específica ou
libera sinais para polarizar a resposta de célula T (Reis e Sousa, 2001). Células
dendríticas derivadas da medula óssea e estimuladas por helmintos mostram uma
diminuição da expressão de CD80, CD86 e MHC de classe II em comparação àquelas
induzidas por produtos bacterianos (MacDonald et al., 2001). As células dendríticas,
sob certas condições, se diferenciam em fortes indutores de células T reguladoras
(McGuirk et al., 2002). Por exemplo, se frações lipídicas de S. mansoni estiverem
presentes durante a maturação de células dendríticas humanas, estas induzem
42
atividade reguladora, tais como estimulação de populações de células T para secreção
de IL-10 (Van der Kleij et al., 2002).
Baseado no exposto, os helmintos persistem no hospedeiro por mecanismos
imunomodulatórios, estimulando a produção de citocinas anti-inflamatórias e ativando
células T reguladoras naturais ou induzidas, diretamente ou pela ativação de células
apresentadoras de antígenos. Neste sentido, torna-se importante o esclarecimento dos
mecanismos de imunomodulação induzida por helmintos, visando não apenas a
intervenção terapêutica mais assertiva no controle das infecções helmínticas, mas
também para melhor compreensão do sistema de controle das respostas imunes.
Assim, neste trabalho, nos propomos a estudar os mecanismos responsáveis pela
acentuada imunossupressão da resposta imune induzida por PAS-1 (proteína de
Ascaris suum) na inflamação alérgica pulmonar em modelo murino.
43
2 OBJETIVOS
Baseado na evidência que PAS-1 inibe a formação do quadro alérgico pulmonar,
investigamos alguns mecanismos efetores, pelos quais PAS-1 desempenha sua ação
imunomodulatória na inflamação pulmonar induzida por ovalbumina. Assim, o principal
objetivo deste trabalho é investigar os mecanismos envolvidos na imunomodulação
induzida por PAS-1 na inflamação alérgica pulmonar, levando-se em consideração:
1) o perfil de resposta imune OVA e PAS-1-específica;
2) o efeito da imunização simultânea com PAS-1 sobre a resposta inflamatória
pulmonar induzida por OVA (anticorpos, migração leucocitária, secreção de
citocinas e quimiocina);
3) o papel das citocinas IL-12, IFN-γ e IL-10 estimuladas por PAS-1 na atividade
imunossupressora, utilizando camundongos deficientes das mesmas;
4) o papel de linfócitos CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD8
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
,
CD4
+
CD25
+
(células T reguladoras) purificados com partículas magnéticas a
partir de células linfóides de animais imunizados com PAS-1.
44
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Animais
Para os protocolos de imunização, foram utilizados camundongos C57BL/6
selvagens e camundongos deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10, machos, 6 a 10 semanas
de idade, provenientes do Biotério de Camundongos Isogênicos do Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo.
Nos protocolos de reação de anafilaxia cutânea passiva (PCA), foram utilizados
ratos Wistar, machos, pesando de 250 a 300g, provenientes do Biotério Central da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, para avaliar a produção de IgE
anti-OVA, e camundongos BALB/c, machos, pesando de 20 a 22g, provenientes do
Biotério Central do Instituto Butantan, para avaliar IgG1 anafilática anti-OVA.
Todos os animais em experimentação foram mantidos no biotério do Laboratório
de Imunopatologia do Instituto Butantan submetidos a ciclos claro/escuro de 12 horas,
tendo sido fornecida água e ração ad libitum.
Os protocolos experimentais realizados neste trabalho estão de acordo com os
Princípios Éticos de Experimentação Animal, adotados pelo Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal (COBEA), e foram aprovados pela Comissão de Ética em
Experimentação Animal (CEEA) do Instituto de Ciências Biomédicas (protocolo n° 117)
e pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Butantan (CEUAIB) (protocolo
n° 203/05).
3.2 Obtenção do extrato de Ascaris suum
45
O extrato de Ascaris suum foi preparado de acordo com protocolo modificado de
Williams & Soulsby (1970). Vermes adultos de A. suum foram obtidos de intestinos de
porcos recentemente abatidos. Os vermes foram lavados em solução salina (NaCl
0,15M), triturados e homogenizados em tampão PBS pH 7,2. O material foi centrifugado
por 60 minutos a 10000 rpm e o precipitado foi ressuspendido em tampão PBS e
mantido sob agitação constante por 18 horas a 4°C. O extrato bruto de A. suum foi
centrifugado por 90 minutos a 10000 rpm. O sobrenadante obtido foi dialisado contra
água destilada, aliquotado e liofilisado.
3.3 Obtenção da proteína PAS-1
A partir do extrato bruto de A. suum, a proteína PAS-1 foi purificada por
cromatografia de afinidade, utilizando Sepharose 4B acoplada ao anticorpo MAIP-1
(IgM anti-PAS-1) (Oshiro et al., 2004). A proteína PAS-1 foi eluída com tampão glicina
0,2M/NaCl 0,15M e PBS/azida 0,1%. Os picos protéicos eluídos foram monitorados,
utilizando Econo Monitor UV (Bio Rad Laboratories, Hercules, CA, EUA) e registrados
por meio do Econo Recorder modelo 1327 (Bio Rad Laboratories, Hercules, CA, EUA).
Em seguida, PAS-1 foi concentrada, dialisada contra PBS pH 7,2 e quantificada
utilizando reagente de Bradford (Sigma-Aldrich Co, St. Louis, MO, EUA). As proteínas
purificadas foram acondicionadas a -20°C até o momento do uso.
3.4 Remoção de endotoxinas
46
A contaminação da proteína PAS-1 com endotoxina foi removida utilizando Triton
X-114 (Sigma-Aldrich Co, St Louis, MO, EUA), de acordo com protocolo modificado de
Aida e Pabst (1990). Um volume de 100 µL de Triton X-114 10%, previamente incubado
na geladeira durante 18 horas, foi adicionado a 1 mL de PAS-1 1mg/mL em tubos de
microcentrífuga e misturado cuidadosamente com uma pipeta e, em seguida, agitados
vigorosamente. Os tubos foram, então, incubados durante 30 minutos em banho de
gelo e agitados vigorosamente a cada 10 minutos. Depois, foram incubados a 37°C
durante 5 minutos para permitir a formação de duas fases na solução de proteína. As
proteínas foram então centrifugadas a 13000 g por 10 minutos à temperatura ambiente
e a fase aquosa foi recuperada cuidadosamente para não haver contaminação com a
fase oleosa, que fica no fundo do tubo. Foram realizados 15 ciclos para remoção da
endotoxina de PAS-1 à níveis abaixo da sensibilidade do teste (< 0,125 EU por mg de
proteína).
A presença de endotoxina nas amostras de PAS-1 foi avaliada pelo teste de LAL
(Limulus Amebocyte Lysate) de acordo com as instruções do fabricante do kit Multi-test
Limulus amebocyte lysate pyrogent Plus
(BioWhittaker Inc., Walkersville, MD, EUA). A
dosagem de endotoxina foi realizada após adição de 1 mL de amostra de PAS-1 diluída
em série (1/5, 1/10, 1/20, 1/40, 1/80) em tubos de vidro. A curva padrão foi feita com
endotoxina de Escherichia coli O55:B5 diluída, na base 2, de 1 EU/mL até 0,03125
EU/mL. Cada diluição foi agitada durante 1 minuto antes da próxima diluição ser
procedida. O controle negativo do teste foi uma amostra de água despirogenizada
presente no kit. Em seguida, foram adicionados 100µL de lisado de amebócitos de
Limulus polyphemus nos tubos contendo as diluições de PAS-1, a endotoxina padrão e
47
a água. Após a adição do lisado, os tubos foram imediatamente agitados e incubados a
37°C durante 60 minutos. Em seguida, a leitura foi realizada após observação
macroscópica da reação. A reação positiva foi indicada pela formação de um gel firme
no fundo do tubo que permanece intacto quando este é inclinado. A concentração de
endotoxina foi determinada pela multiplicação da sensibilidade do teste (=0,125 EU/mL)
e do inverso do antilog
10
da diluição em que o gel se formou.
3.5 Protocolos de imunização e transferência adotiva
Grupos de camundongos C57BL/6 selvagens ou deficientes de IL-12, IFN-γ ou
IL-10 (5 animais por grupo experimental) foram imunizados por via intraperitoneal com
50 µg de OVA ou 300 µg de PAS-1 ou 50 µg de OVA + 300 µg de PAS-1 adsorvidos em
7,5 mg Al(OH)
3
, nos dias 0 e 7. Os animais receberam também dois desafios
antigênicos com OVA ou PAS-1 ou OVA + PAS-1 (nos dias 14 e 21), por via intranasal,
com as mesmas doses de antígenos. Os grupos-controle consistiram de animais que
receberam PBS, seguindo o mesmo protocolo anterior. No dia 23, os animais foram
sacrificados para a obtenção do sangue, LBA e pulmões.
Para os experimentos de transferência adotiva com células PAS-1-primadas, os
animais doadores (camundongos C57BL/6) foram imunizados com 300 µg de PAS-1
adsorvidos em Al(OH)
3
, por via intraperitoneal (dia 0) e subcutânea (dia 7), e 300 µg de
PAS-1 por via endovenosa (dia 14). No dia 21, o baço, os linfonodos inguinais e
mesentéricos foram removidos para a separação de diferentes tipos celulares. Os
animais receptores foram previamente imunizados, por via intraperitoneal, com duas
doses de 50 µg de OVA adsorvida em 7,5 mg Al(OH)
3
, em um intervalo de 7 dias. Os
48
animais receberam também dois desafios antigênicos (nos dias 14 e 21), por via
intranasal, com as mesmas doses de antígenos. No dia 0, 5 x 10
5
linfócitos purificados/
animal foram transferidos para animais receptores por via endovenosa. No dia 23, os
camundongos foram sacrificados para remoção de sangue, lavado broncoalveolar
(LBA) e pulmões.
3.6 Purificação de células linfócitos B e linfócitos T (CD8
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
e
CD4
+
CD25
+
) PAS-1 primados
As células purificadas foram: linfócitos B CD19
+
, linfócitos B B220
+
, linfócitos T
CD3
+
, linfócitos T CD4
+
, linfócitos T CD8
+
, células T CD4
+
CD25
-
e células T CD4
+
CD25
+
(células T reguladoras), a partir dos órgãos linfóides (baço, linfonodos inguinais e
mesentéricos) de camundongos previamente imunizados com PAS-1.
Os linfócitos B CD19
+
, B B220
+
, T CD3
+
, T CD4
+
e T CD8
+
foram purificados por
seleção positiva, utilizando partículas magnéticas acopladas, respectivamente, a
anticorpos anti-CD19, anti-B220, anti-CD3, anti-CD4 e anti-CD8 (Dynal A.S, Oslo,
Noruega). As partículas magnéticas (4 x 10
7
partículas) foram lavadas três vezes com
1 mL de HBSS contendo 1% de SBF. Em seguida, 1 x 10
7
células totais foram
adicionadas às partículas magnéticas, misturadas e incubadas por 20 minutos na
geladeira, sob agitação a cada 5 minutos. Os tubos contendo as células ligadas às
partículas magnéticas foram colocados no campo magnético por 2 minutos e, em
seguida, o sobrenadante foi removido com os tubos presentes no campo magnético.
Foi adicionado 1 mL de tampão HBSS contendo 1% de SBF e os tubos foram
novamente colocados no campo magnético por 2 minutos. Esta etapa foi repetida mais
49
duas vezes para retirar as células que não se ligaram às partículas magnéticas. As
células purificadas foram removidas das partículas magnéticas por incubação por 18
horas a 37°C em estufa com atmosfera contendo 5% de CO
2
. As células foram
separadas das partículas magnéticas após várias pipetagens suaves para não causar
danos às células. Os tubos foram colocados novamente no campo magnético e o
sobrenadante foi removido (células purificadas).
A purificação de células T CD4
+
, CD4
+
CD25
-
e CD4
+
CD25
+
foi feita a partir da
suspensão de células de baço e linfonodos mesentéricos de animais imunizados com
PAS-1, de acordo com as instruções do fabricante do kit de separação magnética
(MiltenyiBiotec, Auburn, CA, EUA). Assim, uma suspensão de células (1 x 10
7
células)
foi obtida, marcada com 10 µL de um coquetel contendo anticorpos anti-CD8a, anti-
CD11b, anti-CD45R, anti-CD49b e anti-Ter-119 ligados com biotina e incubada por 10
minutos na geladeira. Em seguida, foi adicionado à suspensão de células 20 µl de
partículas magnéticas anti-biotina e 10 µL de anticorpo anti-CD25-PE. A mistura foi
incubada novamente por 15 minutos na geladeira. Após a incubação, as células foram
lavadas com 1 mL de tampão PBS pH 7,2 suplementado com 0,5% de BSA e 2mM de
EDTA e aplicada à uma coluna situada em um campo magnético para proceder à
separação das células. As células foram eluídas após duas lavagens da coluna com
tampão PBS pH 7,2 suplementado com 0,5% de BSA e 2mM de EDTA e as células
contidas no eluato obtido no campo magnético foram as células T CD4+. As células T
CD4+ isoladas foram marcadas com partículas magnética anti-PE e incubadas por 15
minutos na geladeira. Em seguida, esta mistura foi lavada com 1 mL de tampão PBS pH
7,2 suplementado com 0,5% de BSA e 2mM de EDTA e as células foram aplicadas à
50
uma coluna presente em um campo magnético. O primeiro eluato recolhido da coluna,
após duas lavagens com tampão, foram as células CD4+CD25-. Já aquelas eluídas fora
do campo magnético foram as células CD4+CD25+.
3.7 Parâmetros de avaliação da asma alérgica experimental
3.7.1 Determinação dos níveis séricos de anticorpos
Os níveis de anticorpos foram determinados em amostras de soro dos animais
selvagens ou deficientes de citocinas, imunizados e desafiados com OVA ou PAS-1 ou
OVA + PAS-1 ou animais imunizados com OVA que receberam transferência adotiva de
linfócitos PAS-1 específicos. As amostras de soro foram coletadas antes da primeira e
após a última imunização e utilizadas para quantificar os anticorpos por ensaio
imunoenzimático (ELISA).
Os anticorpos da classe IgE foram dosados por ELISA captura. Placas de 96
poços foram adsorvidas com 1 µg/mL de anticorpo LOME-2 de rato (anti-IgE de
camundongo) e incubadas a 4°C durante 18 horas. Para quantificar IgG1, as placas
foram sensibilizadas com OVA e incubadas a 4°C por 18 horas. As placas foram
bloqueadas com 200 µL de PBS/Tween 20 0,05% contendo 5% de leite desnatado, em
cada poço. As placas foram incubadas a 37°C por 2 horas. As amostras de soro (100
µL) foram adicionadas, após diluição seriada na base 2, de 1:5 até 1:640. Em seguida,
foram incubadas durante 1 hora a 37°C, 100 µL dos anticorpos anti-IgG1 ou anti-IgG2a
ou anti-IgE ligados à peroxidase, diluídos 1:1000, respectivamente, para dosagem de
IgG1, IgG2a ou IgE. A reação foi revelada com 100 µL de uma solução de OPD (OPD
51
5,52 mM e H
2
O
2
29,4 mM em tampão citrato (ácido cítrico 100mM e citrato trissódico
100 mM)) por 5 minutos a temperatura ambiente sob a proteção da luz. A reação foi
bloqueada com 50 µL de H
2
SO
4
30% e a leitura das placas foi realizada em leitor de
ELISA a 492 nm Multiskan Ex (Labsystems). Os anticorpos monoclonais utilizados
foram gentilmente cedidos pelo Prof Dr Hervé Bazin (IMEX/UCL Bruxelas, Bélgica).
3.7.2 Reação de anafilaxia passiva (PCA)
A reação de anafilaxia passiva foi realizada conforme a técnica descrita por Mota
e Wong (1969). Para dosagem de IgE, foram utilizados ratos da linhagem Wistar
previamente depilados no dorso. Um volume de 100 µL de soros diluídos de 1:10 a
1:160 (base 2), foram injetados por via intradérmica. Dezoito horas após a
sensibilização, os animais foram desafiados por via endovenosa com 500 µg de OVA
em 1 mL de azul de Evans 0,25%. Os animais foram sacrificados 30 minutos após o
desafio antigênico, para realizar a leitura da reação, por observação do diâmetro de
reação na pele invertida dos ratos.
Para dosagem de IgG1 anafilática, foram utilizados camundongos BALB/c
injetados por via intradérmica, no dorso previamente depilado, com diferentes diluições
dos soros previamente inativados por 1 hora a 56°C. Após 2 horas da sensibilização, os
animais foram desafiados com 250 µg de OVA em 0,5 mL de azul de Evans 0,25%. A
leitura foi realizada 30 minutos depois do desafio antigênico, por medição do diâmetro
da reação na pele invertida dos camundongos.
Os títulos de anticorpos foram expressos como a recíproca da maior diluição do
soro que produziram uma reação igual ou maior que 5 mm de diâmetro. Os testes
52
foram realizados em triplicatas e foram consideradas significativas diferenças maiores
que duas vezes (Fox et al., 1976; Ishizaka et al., 1966).
3.7.3 Obtenção do lavado broncoalveolar e do homogenato pulmonar
Dois dias após o segundo desafio antigênico, os animais foram anestesiados
com hidrato de cloral 10% (CIRQ, Diadema, São Paulo, Brasil). As traquéias foram
canuladas e 1 mL (2 x 500 µL) de HBSS foi injetado para obtenção do LBA, que foi
coletado após 30 segundos de massagens torácicas. O LBA foi centrifugado a 100 g e
o sobrenadante foi utilizado para investigar a presença de citocinas e de EPO e o
precipitado foi usado para contagem total e diferencial das células.
Após a obtenção do LBA, a artéria pulmonar foi canulada e 10 mL de solução
salina 0,85% foram injetados. Os pulmões foram então excisados, submergidos em
tampão HBSS e macerados, em um volume correspondendo a 5% do peso do pulmão,
em banho de gelo. Posteriormente, foram centrifugados a 1900 g durante 10 minutos a
10°C. As hemácias foram lisadas com choque hipotônico (1 mL de PBS, 3 mL de H
2
O
destilada, 1 mL de solução salina 3%) e a suspensão celular foi submetida a
centrifugação a 1900 g durante 10 minutos a 10°C. O precipitado foi ressuspendido em
HBSS/HTAB (5% do peso do pulmão) e submetido ao choque térmico (congelamento
em nitrogênio líquido e descongelamento em banho maria a 37°C) por três vezes. As
células lisadas foram centrifugadas a 1900 g durante 10 minutos a 10°C e o
sobrenadante foi recuperado para dosagem de EPO e citocinas.
3.7.4 Contagem de células
53
A contagem total e diferencial de células foi realizada com o precipitado de
células obtidas no LBA após centrifugação. A contagem total é realizada com células
diluídas em Azul de Trypan 0,1% por exclusão deste corante. A contagem diferencial foi
feita em células depositadas em lâminas a 600 rpm durante 5 minutos. As lâminas
foram coradas pela coloração Giemsa-Wright (Kit Hema 3, Fischer Sci Co LLC,
Kalamazoo, MI, EUA) e observadas em microscópio ótico.
3.7.5 Determinação de EPO
A presença de EPO foi avaliada por um ensaio colorimétrico, de acordo com o
método de Strath et al. (1985). Assim, 75 µL de amostras de LBA e de homogenato
pulmonar (HP) foram incubadas durante 30 minutos a temperatura ambientes sob a
proteção da luz, com 150 µL de uma solução contendo OPD 1,5 mM, H
2
0
2
6,6mM,
diluídos em tampão Tris-HCl 0,05M pH 8,0. A reação foi bloqueada com 75 µL de
H
2
SO
4
30%. A leitura foi realizada a 492 nm em leitor de ELISA Multiskan Ex
(Labsystems).
3.7.6 Determinação dos níveis de citocinas e quimiocinas
Os níveis das citocinas IL-4, IL-5, IL-13, IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β e da
quimiocina eotaxina foram avaliados por ELISA (BD Biosciences PharMingen, San
Diego, CA, EUA) no LBA e no HP de camundongos dos diferentes grupos
experimentais. O ensaio foi realizado de acordo com as instruções do fabricante (BD
Biosciences PharMingen, san Diego, CA, EUA). Placas de 96 poços ½ área (Costar
54
Corning Inc, Corning, NY, USA) foram sensibilizadas com 50 µL/poço dos anticorpos
purificados anti-IL-4 ou anti-IL-5 ou anti-IL-13 ou anti-IL-12 ou anti-IFN-γ ou anti-IL-10 ou
anti-TGF-β ou anti-eotaxina, diluídos 1:250 em tampão carbonato 0,1M, pH 9,6 e
incubadas a temperatura ambiente por 18 horas. Depois, as placas foram lavadas 3
vezes com PBS/ Tween 20 0,05% para remover o excesso de anticorpo. As placas
foram então bloqueadas com 100 µL de PBS contendo 10% de soro bovino fetal, à
temperatura ambiente por 1 hora. Em seguida, as placas foram lavadas novamente.
Um volume de 50 µL de amostra do LBA ou do HP foi adicionado à placa. As
respectivas curvas-padrão foram feitas utilizando as citocinas recombinantes purificadas
IL-4, IL-5, IL-13, IL-12, IFN-γ, IL-10, TGF-β, eotaxina, diluídas na base 2, em tampão
PBS contendo 10% de soro bovino fetal. As placas foram incubadas à temperatura
ambiente por 2 horas e em seguida foram novamente lavadas. Um volume de 50 µL da
mistura de anticorpos biotinilados anti-IL-4 ou anti-IL-5 ou anti-IL-13 ou anti-IL-12
ou anti-IFN-γ ou anti-IL-10 ou anti-TGF-β ou anti-eotaxina diluídos 1:250 e
estrepatavidina-peroxidase diluída 1:250 em tampão PBS contendo 10% de soro bovino
fetal foi adicionada às placas. As placas foram incubadas por 1 hora a temperatura
ambiente, sob a proteção da luz, e, em seguida, novas lavagens foram realizadas. A
reação colorimétrica foi revelada com 50 µL de tetrametilbenzidina (Sigma Chemical
Co, St Louis, MO, EUA) e bloqueada com 25 µL de H
2
SO
4
30% A absorbância foi
determinada a 405 nm em leitor de ELISA Multiskan Ex (Labsystems). O limite de
detecção para a dosagem de IL-4, IL-5, IL-13, IL-12, IFN-γ, IL-10, TGF-β e eotaxina
foram, respectivamente, 7,8 pg/mL, 15,6 pg/mL, 31,2 pg/mL, 62,5 pg/mL, 62,5 pg/mL,
31,3 pg/mL, 31,3 pg/mL, 62,5 pg/mL e 15,6 pg/mL.
55
3.8 Medida de parâmetros de mecânica de ventilação pulmonar
Os estudos de mecânica pulmonar foram baseados no método descrito por
Martin et al. (1989). A avaliação dos parâmetros foi realizada no dia 23 após o início
das imunizações. Os camundongos foram anestesiados com pentabarbital sódico 3%,
via intraperitoneal (70 mg/Kg) e traqueostomizados. A veia jugular foi canulada para
infusão de metacolina. Os animais foram conectados a um ventilador (Harvard 683,
Harvard Apparatus CO, South Natik, MA, EUA), à freqüência de 100 ciclos/minuto e
volume corrente de 8 mL/Kg e acomodados em um pletismógrafo de corpo inteiro
para camundongos, conectado à um transdutor de volume. A pressão traqueal foi
medida por um transdutor de pressão (Validyne DP 45-28-2114, Validyne Corp.,
Northridge, CA, EUA) acoplado à cânula traqueal no animal.
Para o estabelecimento da curva dose-resposta à metacolina, solução salina foi
administrada pela veia jugular para captar os sinais de pressão traqueal e volume
após 0,5, 1, 2 e 3 minutos. Estes dados foram considerados basais. Em seguida,
metacolina (3 µg/Kg de peso) foi infundida e, novamente, os sinais de pressão
traqueal e volume foram captados após 0,5, 1, 2 e 3 minutos. Após 3 minutos, a
captação continuou sendo armazenada até a estabilização dos sinais de mecânica
(retorno aos sinais basais). Doses crescentes de metacolina (10, 30, 100, 300, 1000,
3000 e 10000 µg/Kg de peso) foram infundidas consecutivamente e a captação dos
sinais de pressão traqueal e volume foi feita nos tempos citados anteriormente.
Os dados obtidos foram simultaneamente enviados a um polígrafo (Gould) por
meio de uma placa conversora que transmitiu os valores de pressão traqueal (Ptr),
56
volume (V) e fluxo () a um computador. Cada dado fornecido correspondeu à média
de 16 ciclos respiratórios consecutivos, sendo que os resultados finais foram
correspondentes à média aritmética de três medidas (de 16 ciclos cada) executadas
consecutivamente nas mesmas condições.
A partir dos valores obtidos para cada um desses parâmetros foram calculadas
as doses de metacolina que reduziram a condutância (Grs) do fluxo de ar e a
complacência (Crs) do tecido pulmonar em 50% e 40%, respectivamente, utilizando-se
a equação proposta por Fredberg e Stamenovic (1989).
3.9 Análise estatística
Os dados foram analisados, empregando-se a análise de variância ANOVA,
seguida do teste de Tukey, um teste não-paramétrico, que compara os grupos
experimentais entre eles e com o grupo controle. Um limite de confiança de 95% foi
estabelecido para significância dos resultados. Desse modo, os resultados analisados
foram considerados significantes quando o valor de p foi menor que 0,05 (p < 0,05).
57
4 RESULTADOS
4.1 Efeito da administração de PAS-1 na asma murina experimental
induzida por OVA em camundongos C57Bl/6 selvagens
O efeito de PAS-1 no nosso modelo de asma experimental foi investigado pela
determinação dos níveis de anticorpos IgG1 OVA-específicos e IgE total por ensaio
imunoenzimático e dos anticorpos anafiláticos IgE e IgG1 anti-OVA por anafilaxia
cutânea passiva, contagem total e diferencial da celularidade do LBA, presença de EPO
no LBA e no HP e quantificação dos níveis das citocinas IL-4, IL-5, IL-13, IL-12, IFN-γ,
IL-10, TGF-β e da quimiocina eotaxina.
Assim, os animais receberam duas injeções intraperitoneais e dois desafios por
via intranasal com 50 µg de OVA e/ou 300 µg de PAS-1, tendo um intervalo de 7 dias
entre cada dose de antígeno(s). Dois dias depois do último desafio (no dia 23), os
animais foram sacrificados e o sangue, LBA e os pulmões foram obtidos.
4.1.1 Avaliação da resposta imune humoral
O efeito de PAS-1 na resposta imune humoral induzida por OVA foi avaliado pela
determinação dos níveis de anticorpos IgG1 anti-OVA e IgE total por ELISA e dos
anticorpos anafiláticos IgG1 anti-OVA e IgE anti-OVA no soro de camundongos
imunizados com PBS (controle), OVA, PAS-1 e OVA + PAS-1.
Os animais imunizados com OVA produziram níveis significativos de IgG1 anti-
OVA (Figura 1A) e IgE total (Figura 1B) em relação ao controle (PBS). Como era de se
58
esperar, não houve produção de IgG1 anti-OVA e IgE total nos animais imunizados com
PAS-1; além disso, a produção de anticorpos da classe IgE no soro destes animais foi
comparada ao grupo controle (PBS). Os animais imunizados com OVA + PAS-1
apresentaram uma redução significativa nos níveis de IgG1 anti-OVA e de IgE total em
relação ao grupo OVA.
Para verificar se PAS-1 seria capaz de interferir na produção de anticorpos
anafiláticos, IgG1 anti-OVA e IgE anti-OVA foram investigados por anafilaxia cutânea
passiva (PCA) em ratos Wistar e em camundongos, respectivamente, utilizando soros
diluídos dos animais imunizados com OVA, PAS-1 e OVA + PAS-1. Os animais
imunizados com OVA produziram quantidades significativas de anticorpos IgG1
anafilático (Figura 1C) e IgE (Figura 1D) em comparação com o grupo PBS. Quando
PAS-1 foi co-administrado com OVA, observou-se uma diminuição significativa da
produção de IgE e IgG1 anafilático, indicando que PAS-1 modula negativamente a
produção destes anticorpos. Os animais imunizados com PAS-1 não produziram
anticorpos anafiláticos em níveis significativamente diferentes do controle (PBS).
59
60
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
*
A
I
gG1 anti-OVA
(absorbância a 492 nm)
Imunizão e desafio:
PBS
OVA
PAS-1
OVA + PAS-1
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
*
B
IgE total
(absorbância a 492 nm)
0 25 50 75 100
IgG1 anti-OVA
(Título de PCA)
C
+
#
Imunizão e desafio:
PBS
OVA
PAS-1
OVA + PAS-1
0 10 20 30 40
IgE anti-OVA
(Título de PCA)
D
+
#
Figura 1 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na produção de anticorpos por
camundongos C57Bl/6 selvagens.
Os níveis séricos de IgG1 anti-OVA (A), IgE total (B), anticorpos anafiláticos IgG1
anti-OVA (C) e IgE anti-OVA (D) foram detectados em amostras de soros de
camundongos C57Bl/6 imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1
(300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas doses de
antígeno. No dia 23 após o início da imunização, o soro dos animais foi obtido para
pesquisa dos anticorpos. Os anticorpos IgG1 e IgE total foram dosados por ensaio
imunoenzimático (ELISA) e os resultados das absorbâncias apresentadas nos gráficos
foram expressos como média ± desvio padrão das absorbâncias obtidas na diluição
sérica de 1:20 (n= 5 animais por grupo experimental). Os anticorpos anafiláticos IgG1
(C) e IgE (D) foram dosados por PCA em camundongos ou ratos, respectivamente, em
61
pool de soros por grupo experimental. O grupo controle consistiu de camundongos não
imunizados, que receberam apenas PBS.
(
*
) p < 0,001 em relação ao controle (PBS).
() p < 0,001 em relação ao grupo OVA.
(+) significativo em relação ao controle (PBS).
(#) significativo em relação ao grupo OVA.
4.1.2 Análise da celularidade do lavado broncoalveolar
A celularidade do LBA foi analisada pela contagem total e diferencial dos tipos
celulares que foram removidos após a obtenção do LBA, dois dias depois do último
desafio antigênico.
Pelos resultados apresentados na tabela 1, observamos que os animais
imunizados com OVA apresentaram uma intensa migração celular no LBA em
comparação com o grupo controle (PBS) (aumento de 96,35%). Os animais imunizados
com PAS-1 não tiveram aumento no infiltrado de células, comparando-se ao controle
(PBS), indicando que PAS-1 não apresenta propriedades alergênicas como a OVA. Por
outro lado, a celularidade no LBA dos animais imunizados simultaneamente com OVA e
PAS-1 foi significativamente suprimida, apresentando redução do infiltrado celular no
LBA (redução de 91,48% em relação ao infiltrado leucocitário encontrado no grupo
OVA).
Para investigar os diferentes tipos celulares presentes no LBA, foi realizada a
contagem diferencial das células coradas pela coloração de Giemsa-Wright. Os animais
imunizados com OVA apresentaram quantidades significativamente maiores de
macrófagos, linfócitos e eosinófilos em relação ao controle (PBS). Os animais
62
imunizados com OVA + PAS-1 apresentaram uma diminuição significativa do número
de macrófagos, linfócitos e eosinófilos em relação ao grupo OVA.
Tabela 1 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na migração leucocitária no LBA de
camundongos C57Bl/6 selvagens.
PBS
OVA
PAS-1 OVA + PAS-1
Células
totais
6,17 ± 0,58
169,19 ± 53,36
* 5,01 ± 3,25 14,40 ± 3,85
Macrófagos
3,63 ± 0,12
64,44 ± 15,19
* 2,93 ± 0,18 7,22 ±1,27
Neutrófilos
0,11 ± 0,04 0,41 ± 0,23 0,55 ± 0,42 0,68 ± 0,39
Linfócitos
2,40 ± 0,92
82,11 ± 28,58
* 1,52 ± 0,14 6,25 ± 1,47
Eosinófilos
NI
22,71 ± 13,67
* NI NI
Camundongos C57Bl/6 (n = 5 animais por grupo experimental) foram imunizados com duas
doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via
intranasal com as mesmas doses de antígeno e, no dia 23, o LBA foi recuperado para
contagem celular. A migração celular foi avaliada pela contagem total e diferencial de leucócitos
e o número de células expresso é multiplicado por 10
5
células/mL.
NI – não foi encontrada nenhuma célula nos campos observados.
(
*
) p< 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
()
p< 0,05 em relação ao grupo OVA
63
4.1.3 Determinação da atividade de EPO
Para investigar se PAS-1 seria capaz de interferir na quantidade de eosinófilos
efetores, foi determinada a presença da enzima peroxidase de eosinófilo (EPO) no LBA
e no homogenato pulmonar (HP) por uma reação colorimétrica usando H
2
O
2
como
substrato e OPD como agente cromógeno.
Como podemos observar pelos resultados apresentados na Figura 2, a
imunização com OVA aumentou significativamente a atividade de EPO, tanto no LBA
(Figura 2A) como no HP (Figura 2B). Quando os animais foram imunizados com OVA +
PAS-1, a atividade de EPO foi diminuída a níveis que não diferiram do controle (PBS),
indicando uma modulação negativa de PAS-1 nos eosinófilos recrutados por OVA para
os pulmões. Os animais imunizados apenas com PAS-1 não apresentaram níveis de
EPO significativamente diferentes do controle (PBS).
64
0 1 2 3 4 5
*
A
EPO
(absorbância a 492 nm)
Imunizão e desafio:
PBS
OVA
PAS-1
OVA + PAS-1
0 1 2 3 4
B
EPO
(absorbância a 492 nm)
*
Figura 2 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na atividade de EPO em
camundongos C57Bl/6.
A presença de EPO foi avaliada no lavado broncoalveolar (A) e no
homogenato pulmonar (B) de camundongos C57Bl/6 imunizados com duas
doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e
desafiados por via intranasal com as mesmas doses de antígeno. No dia 23
65
após o início da imunização, o LBA e o HP foram obtidos para pesquisa da
atividade de EPO. Os resultados foram expressos como média ± desvio-
padrão das absorbâncias medidas a 492 nm (n= 5 animais por grupo
experimental). O grupo controle consistiu de camundongos não
imunizados, que receberam apenas PBS.
( * ) p < 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
(
) p < 0,001 em relação ao grupo OVA.
4.1.4 Determinação do perfil de citocinas
Para verificar o efeito de PAS-1 na secreção de citocinas por células do sistema
imune, os níveis de IL-4, IL-5, IL-13, IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β e da quimiocina
eotaxina foram quantificadas por ensaio imunoenzimático (ELISA) no LBA e no HP.
Pelos resultados representados na tabela 2, observa-se que os animais
imunizados com OVA produziram elevados níveis de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina, tanto
no LBA quanto no HP, em relação ao controle (PBS). Em contrapartida, a imunização
com OVA não foi capaz de induzir a produção de IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β, nas
amostras testadas (LBA e HP).
66
Por outro lado, o inverso foi observado nos animais que receberam apenas PAS-
1. Nestes animais, os níveis de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina não diferiram dos animais
controle (PBS), entretanto, as citocinas IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β estavam
significantemente aumentadas, tanto no LBA quanto no HP.
Nos animais imunizados com ambos os antígenos (OVA+PAS-1), os valores de
IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina foram semelhantes àqueles obtidos no grupo controle (PBS),
demonstrando uma supressão total dos níveis destas citocinas quando comparado com
o grupo imunizado apenas com OVA. Por outro lado, nestes animais (grupo OVA +
PAS-1) foram detectados níveis elevados de IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β, tanto no LBA
como no homogenato pulmonar, comparado com o grupo controle. Estes resultados
indicam que, quando são administradas em conjunto, o efeito supresssivo de PAS-1 se
sobrepõe ao efeito alergênico de OVA na resposta inflamatória pulmonar.
Tabela 2 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na produção de citocinas e
quimiocinas por camundongos C57Bl/6 selvagens.
IL-4
LBA
HP
8,14 ± 0,81
8,34 ± 0,68
62,37 ± 18,33 *
39,88 ± 8,75 *
6,46 ± 1,22
7,08 ± 1,44
3,45 ± 2,45
7,15 ± 1,08
IL-5
LBA
HP
9,22 ± 0,51
8,55 ± 0,28
79,63 ± 15,31 *
45,83 ± 7,61 *
6,59 ± 2,67
8,80 ± 0,98
5,71 ± 2,24
7,58 ± 3,59
IL-13
LBA
HP
4,67 ± 1,89
2,91 ± 3,78
232,29 ± 132,11*
153,91 ± 10,67 *
5,32 ± 3,55
4,35 ± 2,28
5,03 ± 2,96
4,06 ± 2,23
PBS
OVA PAS-1 OVA + PAS-1
67
eotaxina
LBA
HP
2,49 ± 1,43
5,14 ± 3,19
505,56 ± 112,36 *
172,97 ± 75,65 *
4,32 ± 1,6
2,82 ± 2,13
2,76 ± 2,34
3,64 ± 3,09
IL-12
LBA
HP
3,47 ± 1,00
3,39 ± 1,46
4,29 ± 1,08
2,87 ± 0,56
72,74 ± 24,39 *
79,62 ± 16,02 *
79,55 ± 19,19 *
72,59 ± 17,20 *
IFN-γ
LBA
HP
3,96 ± 2,67
4,04 ± 2,15
2,22 ± 0,67
2,20 ± 0,49
187,17 ± 89,63 *
99,69 ± 11,71 *
237,40 ± 135,64 *
165,98 ± 77,21 *
68
IL-10
LBA
HP
2,16 ± 0,40
2,52 ± 2,71
2,95 ± 2,24
1,48 ± 0,33
336,60 ± 100,02 *
168,62 ± 63,68 *
369,58 ± 162,39 *
157,42 ± 49,66 *
TGF-β
LBA
HP
2,00 ± 0,19
3,32 ± 1,14
3,46 ± 1,19
3,13 ± 0,96
356,63 ± 98,69 *
189,66 ± 100,00 *
317,46 ± 79,63 *
158,45 ± 71,42 *
Perfil de citocinas e quimiocinas produzidas por células do lavado broncoalveolar (LBA) e do
homogenato pulmonar (HP) de camundongos C57Bl/6 imunizados com duas doses de OVA (50
µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas
doses de antígeno. No dia 23 após o início da imunização, o LBA e o HP foram obtidos para
dosagem das citocinas. Os resultados foram expressos como média + desvio-padrão em pg/mL
de citocina (n = 5 animais por grupo experimental).
O grupo controle consistiu de camundongos
não imunizados, que receberam apenas PBS.
69
(
*
) p < 0,01 em relação ao grupo controle (PBS)
() p < 0,01 em relação ao grupo OVA
4.1.5 Reatividade das vias aéreas
Para investigar o efeito de PAS-1 na reatividade das vias aéreas, os parâmetros
de mecânica ventilação pulmonar (condutância das vias aéreas (Grs) e complacência
do tecido pulmonar (Crs)) foram avaliados em camundongos C57BL/6 selvagens
imunizados e desafiados com OVA e/ou PAS-1, 48 horas após o último desafio
antigênico.
Os camundongos foram anestesiados, canulados e submetidos à ventilação
mecânica após acomodação em pletismógrafo de corpo inteiro. Os dados de pressão e
volume foram obtidos após infusão intravenosa com solução salina e concentrações
crescentes de metacolina e, em seguida, utilizados para os cálculos de condutância
(Grs) e complacência (Crs) do sistema respiratório.
A figura 3 representa o logaritmo da dose de metacolina necessária para reduzir
a condutância e a complacência pulmonar em 50% e 40%, respectivamente, em
relação aos valores basais (dados obtidos após infusão de solução salina). O
requerimento de doses diminuídas do broncoconstritor tem como conseqüência a
redução nos valores de condutância (ou aumento da resistência) ao fluxo aéreo. Da
mesma maneira, a redução nos valores de complacência (Crs) do sistema respiratório
(ou aumento da elastância do tecido pulmonar) pode ser entendida como resultado de
maior rigidez do tecido pulmonar, devido ao processo inflamatório.
70
Observa-se, então, na figura 3A, que o logaritmo da dose de metacolina
requerida por animais imunizados e desafiados com OVA + PAS-1 para diminuir a
condutância (Grs) em 50% foi significativamente maior em relação à dose requerida por
animais imunizados e desafiados com OVA (p < 0,001) e semelhante à dose requerida
pelos animais controle (PBS).
Em contrapartida, não foram encontradas diferenças entre as doses de
metacolina necessárias para que camundongos que receberam OVA + PAS-1
apresentasse diminuição de 40% da complacência do sistema respiratório (Crs) em
comparação com as doses necessárias por animais imunizados e desafiados com OVA
(Figura 3B).
Em conjunto, os resultados obtidos com relação à reatividade das vias aéreas
demonstram que PAS-1 aumentou a condutância do fluxo aéreo, que está diminuída
pela inflamação induzida por OVA. Entretanto, PAS-1 não apresentou nenhum efeito
sobre as propriedades elástica do tecido pulmonar.
71
0 1 2 3 4
*
A
Grs
ED50%
Imunizão e desafio:
PBS
OVA
PAS-1
OVA + PAS-1
0 1 2 3 4 5
B
*
*
Crs
ED40%
Figura 3 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na reatividade das vias
aéreas em camundongos C57Bl/6.
Os parâmetros condutância (Grs) aérea (A) e complacência (Crs) do tecido
pulmonar (B) foram medidos em camundongos C57Bl/6 imunizados com duas doses de
OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal
com as mesmas doses de antígeno (n= 5 animais por grupo experimental). No dia 23
após o início da imunização, os dados de volume e pressão traqueal foram medidos
após infusão de doses crescentes de metacolina. O gráfico apresenta a média dos
valores do logaritmo da dose de metacolina necessária para reduzir os valores basais
(obtidos após infusão de solução salina) de condutância (Grs) e complacência (Crs),
respectivamente, em 50% e 40%. O grupo controle consistiu de camundongos não
imunizados, que receberam apenas PBS.
(*) p < 0,001 em relação ao grupo controle (PBS).
72
4.2 Papel de IL-12, IFN-γ e IL-10 na ação modulatória de PAS-1
Como foi demonstrado anteriormente, PAS-1 promove a secreção de IL-12, IFN-γ
e IL-10 e apresenta um potente efeito imunomodulatório na inflamação alérgica
induzida por OVA. Assim, para verificar o papel destas citocinas na ação
imunossupressora de PAS-1, utilizamos camundongos deficientes destas citocinas.
A importância de IL-12, IFN-γ e IL-10 no efeito modulatório foi analisado em
animais imunizados e desafiados com OVA e/ou PAS-1, pela quantificação de
anticorpos IgG1 anti-OVA por ELISA e de anticorpos anafiláticos IgE e IgG1 anti-OVA
por PCA, pela contagem total e diferencial de células no LBA e no homogenato
pulmonar, pela determinação da presença de EPO e do perfil das citocinas IL-4, IL-5,
IL-13, IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β e de eotaxina no LBA e no homogenato pulmonar.
4.2.1 Resposta imune humoral
73
A resposta imune humoral foi avaliada pelos níveis de anticorpos IgG1 anti-OVA
e IgE total produzidos no soro de camundongos deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10
imunizados com OVA ou PAS-1 ou OVA + PAS-1. Também, foi investigada a produção
de anticorpos anafiláticos IgE e IgG1 anti-OVA no soro destes animais.
Os animais deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10 imunizados com OVA produziram
níveis estatisticamente significativos de IgG1 (Figura 4A) e IgE total (Figura 4B), IgG1
anafilática anti-OVA (Figura 4C) e também IgE anti-OVA (Figura 4D) em relação ao
grupo PBS (controle). Por outro lado, como era de se esperar, não foi observado
anticorpos IgG1 ou IgE anti-OVA nos animais que receberam apenas PAS-1. Além
disso, observamos que PAS-1 também não alterou os níveis séricos de imunoglobulinas
da classe IgE (Figura 4B e 4D), comparado com o grupo controle (PBS). Estes
resultados são muito semelhantes aos obtidos com camundongos C57BL6 selvagens
(Figura 1). A imunização simultânea com OVA e PAS-1 induziu diferentes efeitos com
relação à produção de anticorpos, nas linhagens utilizadas. Quanto aos animais IL-12
-/-
,
observamos uma supressão significativa (praticamente total) da produção destes
anticorpos, quando comparado com o grupo imunizado apenas com OVA (em níveis
praticamente iguais aos animais selvagens). Em contrapartida, nos animais deficientes
de IFN-γ e IL-10 os níveis de IgG1 anti-OVA e IgE total continuaram elevados não
diferindo do grupo OVA, apesar da imunização simultânea com PAS-1.
Em conjunto, estes dados sugerem que IFN-γ e IL-10, mas não IL-12, são
importantes nos mecanismos reguladores induzidos por PAS-1 na inflamação alérgica
pulmonar, no que se refere à produção de anticorpos.
74
75
0 1 2 3
pbs
IgG1 anti-OVA
(absorbância 492 nm)
A
*
*
*
*
Imunizão e desafio:
OVA +PAS-1
PAS-1
OVA
PBS
0 1 2 3
pbs
IgE total
(absorbância a 492 nm)
B
*
*
*
*
0 25 50 75 100
pbs
IgG1anti-OVA
(Título de PCA)
C
+
+
+
+
#
#
Imunização e desafio:
OVA +PAS-1
PAS-1
OVA
PBS
0 10 20 30 40
pbs
IgE anti-OVA
(Título de PCA)
D
#
+
+
+
+
#
Figura 4 –
Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na produção de anticorpos por
camundongos C57BL/6 deficientes de IL-12, IFN-
γ
e IL-10.
Os níveis séricos de IgG1 anti-OVA (A), IgE total (B) e anticorpos anafiláticos
IgG1 anti-OVA (C) e IgE anti-OVA (D) em amostras de soros de camundongos
selvagens ( ), IL-12
-/-
( ), IFN-γ
-/-
( ) e IL-10
-/-
( ) imunizados com duas doses de
OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal
com as mesmas doses de antígeno. No dia 23 após o início da imunização, o soro dos
animais foi obtido para pesquisa dos anticorpos. Os anticorpos IgG1 e IgE total foram
dosados por ensaio imunoenzimático (ELISA) e os resultados das absorbâncias
apresentadas nos gráficos foram expressos como média ± desvio padrão das
absorbâncias obtidas na diluição sérica de 1:20 (n= 5 animais por grupo experimental).
76
Os anticorpos anafiláticos IgG1 (C) e IgE (D) foram dosados por PCA em camundongos
ou ratos, respectivamente, em pool de soros por grupo experimental. O grupo controle
consistiu de camundongos não imunizados, que receberam apenas PBS.
(
*
) p < 0,001 em relação ao controle (PBS).
() p < 0,001 em relação ao grupo OVA.
(+) significativo em relação ao controle (PBS).
(#) significativo em relação ao grupo OVA.
77
4.2.2 Quantificação da celularidade no LBA
A quantificação da celularidade no LBA dos animais deficientes de IL-12, IFN-γ e
IL-10 está mostrada na tabela 3. Os camundongos imunizados com OVA apresentaram
intenso infiltrado inflamatório, composto principalmente por macrófagos, linfócitos e
eosinófilos, quando comparado ao grupo controle (PBS), independente das
características genéticas dos animais. Por outro lado, os animais IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e
IL-10
-/-
imunizados apenas com PAS-1 não apresentaram uma migração celular
pulmonar significativa, sendo o número de leucócitos encontrados no LBA destes
animais comparável ao grupo controle. Quando os animais deficientes de IL-12 foram
imunizados simultaneamente com OVA e PAS-1, houve uma redução intensa no
número de células no LBA, incluindo macrófagos (86,80%), neutrófilos (85,59%),
linfócitos (92,86%) e eosinófilos (94,35%), quando comparado com o grupo que
recebeu apenas OVA. Estes resultados são semelhantes aos obtidos com animais
selvagens (Tabela 1), sugerindo que IL-12 não desempenha papel significativo no efeito
supressivo de PAS-1 com relação à formação do infiltrado inflamatório pulmonar. Já nos
animais deficientes de IFN-γ e IL-10, imunizados e desafiados com OVA e PAS-1,
observamos uma intensa migração leucocitária, incluindo macrófagos, linfócitos e
eosinófilos, em quantidades comparáveis ao grupo OVA, ao contrário dos animais
selvagens (Tabela 1), nos quais a presença de PAS-1 suprimiu intensamente a
migração inflamatória pulmonar. Nestes animais deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10, o
recrutamento de neutrófilos não diferiu do grupo controle (PBS), mostrando que o
esquema de imunização utilizado não favorece a migração deste tipo celular.
78
Tabela 3 - Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na migração leucocitária no LBA de
camundongos C57Bl/6 IL-12
-/-
, IFN-
γ
-/-
e IL-10
-/-
.
PBS
OVA PAS-1 OVA + PAS-1
Células
totais
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-
γ
-/-
IL-10
-/-
6,17 ± 0,58
4,55 ± 3,59
8,32 ± 0,15
4,53 ± 1,45
160,19 ± 19 *
168,80 ± 78,27 *
125,81 ± 55,07 *
117,32 ± 78,27 *
5,01 ± 3,25
6,24 ± 4,55
5,08 ± 3,15
5,53 ± 2,55
14,40 ± 3,85
22,24 ± 4,11
107,60 ± 51,72
96,64 ± 2,37
Macrófagos
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-
γ
-/-
IL-10
-/-
3,63 ± 0,12
1,25 ± 1,25
1,89 ± 1,41
2,25 ± 1,21
64,44 ± 15,19 *
56,48 ± 23,03 *
38,54 ± 13,46 *
44,69 ± 18,31 *
2,93 ± 0,18
3,20 ± 1,74
2,47 ± 1,96
2,29 ± 1,47
7,22 ± 1,27
8,14 ± 2,16
41,62 ± 11,51
40,14 ± 21,69
Neutrófilos
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-
γ
-/-
IL-10
-/-
0,11 ± 0,04
0,18 ± 0,15
2,91 ± 1,56
0,17 ± 0,10
0,41 ± 0,23
1,85 ± 1,06
4,60 ± 3,56
1,84 ± 0,89
0,55 ± 0,42
0,21 ± 0,15
0,79 ± 1,37
0,37 ± 0,15
0,68 ± 0,39
0,97 ± 0,57
3,96 ± 3,66
2,98 ± 0,48
Linfócitos
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-
γ
-/-
IL-10
-/-
2,40 ± 0,92
3,12 ± 0,37
3,52 ± 0,55
2,11 ± 0,37
82,11 ± 28,58 *
91,70 ± 26,67 *
70,74 ± 17,30 *
60,10 ± 26,60 *
1,52 ± 0,14
2,83 ± 2,06
1,82 ± 22,79
2,87 ± 1,00
6,25 ± 1,47
6,54 ± 0,18
43,01 ± 20,31
36,96 ± 0,69
Eosinófilos
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-
γ
-/-
IL-10
-/-
NI
NI
NI
NI
22,71 ± 13,67 *
18,76 ± 4,91 *
11,93 ± 4,13 *
10,69 ± 0,96 *
NI
NI
NI
NI
NI
1,06 ± 0,29
19,00 ± 1,25
16,56 ± 9,58
Camundongos C57BL/6 selvagens, IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
(n = 5 animais por grupo
experimental) foram imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via
intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas doses de antígeno e, no dia 23,
o LBA foi recuperado para contagem celular. A migração celular foi avaliada pela contagem total
e diferencial de leucócitos e o número de células expresso é multiplicado por 10
5
células/mL.
NI – não foi encontrada nenhuma célula nos campos observados.
(
*
) p< 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
()
p< 0,05 em relação ao grupo OVA
79
4.2.2 Determinação da atividade de EPO
A presença de EPO foi investigada em amostras de LBA e de HP de animais
deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10, imunizados e desafiados com OVA, PAS-1 ou OVA
+ PAS-1.
Nos animais imunizados com OVA, a atividade de EPO foi significativamente
maior em relação ao controle (PBS), tanto no LBA quanto no HP (Figura 5). Os animais
imunizados com PAS-1 não apresentaram aumento da atividade de EPO, nem no LBA
nem no HP, mostrando que a proteína PAS-1 não induz a migração eosinofílica
pulmonar. Quando os animais deficientes de IL-12 receberam simultaneamente OVA e
PAS-1, foi observada uma acentuada diminuição da atividade de EPO em relação ao
grupo OVA, apresentando níveis semelhantes ao grupo controle (PBS). Estes
resultados foram também obtidos com animais selvagens (Figura 2), indicando que IL-
12 não desempenha papel relevante na atividade supressiva de PAS-1 em relação à
migração eosinofílica, tanto no tecido pulmonar quando no lavado broncoalveolar. Já
nos animais IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
, ao contrário dos animais selvagens (Figura 2) observamos
que a imunização simultânea com OVA e PAS-1 não alterou a atividade de EPO em
relação ao grupo OVA, mostrando que estas citocinas (IFN-γ e IL-10) desempenham
papel relevante na atividade imunomodulatória de PAS-1.
80
0 1 2 3 4 5
p
EPO
(absorbância a 492 nm)
*
*
*
*
A
Imunizão e desafio:
OVA +PAS-1
PAS-1
OVA
PBS
0 1 2 3 4
p
*
*
*
*
B
EPO
(absorbância a 492 nm)
Figura 5 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na atividade de EPO em
camundongos C57Bl/6 IL-12
-/-
, IFN-
γ
-/-
e IL-10
-/-
.
A presença de EPO foi avaliada no lavado broncoalveolar (A) e no
homogenato pulmonar (B) de camundongos C57BL/6 selvagens ( ) IL-12
-/-
( ), IFN-γ
-/-
( ) e IL-10
-/-
( ) imunizados com duas doses de OVA (50 µg)
e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal
com as mesmas doses de antígeno. No dia 23 após o início da imunização, o
LBA e o HP foram obtidos para pesquisa da atividade de EPO. Os resultados
foram expressos como média ± desvio-padrão das absorbâncias medidas a
492 nm (n= 5 animais por grupo experimental). O grupo controle consistiu de
camundongos não imunizados, que receberam apenas PBS.
( * ) p < 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
(
) p < 0,001 em relação ao grupo OVA.
81
4.2.3 Determinação do perfil de citocinas e quimiocinas
Para verificar a participação de IL-12, IFN-γ e IL-10 no efeito modulatório de
PAS-1 com relação à produção de citocinas, os níveis de IL-4, IL-5, IL-13, eotaxina,
IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β foram quantificados por ensaio imunenzimático (ELISA)
utilizando amostras de LBA e HP de animais deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10
imunizados com OVA, PAS-1 ou OVA+PAS-1.
Pelos resultados apresentados nas Tabelas 4 e 5, observamos que independente
das características genéticas dos animais, os níveis de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina
foram significativamente maiores nas amostras do LBA e no HP de animais imunizados
com OVA, comparados ao grupo controle. Por outro lado, não observamos a indução
da produção de IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β, cujas concentrações foram semelhantes ao
grupo controle (PBS), tanto no LBA (Tabela 4) quanto no HP (Tabela 5). Estes
resultados são muito semelhantes aos observados com animais selvagens (Tabela 2).
Nos animais deficientes de IL-12, imunizados com OVA e PAS-1, houve uma
supressão acentuada dos níveis de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina com relação ao grupo
OVA (chegando a níveis comparáveis ao grupo controle). Contudo, com relação à
82
produção de IFN-γ, IL-10 e TGF-β, observamos que a presença de PAS-1 induziu um
aumento significativo da concentração destas citocinas, tanto no LBA (Tabela 4) quanto
no HP (Tabela 5), comparando-se ao grupo OVA ou grupo controle (PBS), sendo estes
valores semelhantes ao grupo imunizado apenas com PAS-1. Estes resultados também
se assemelharam aos observados com animais selvagens (Tabela 2).
Nos animais deficientes de IFN-γ e IL-10, que foram imunizados com OVA +
PAS-1, os níveis de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina foram significativamente maiores em
comparação com o controle (PBS), não diferindo do grupo OVA. Entretanto, nos
animais IL-12
-/-
, estes valores foram significantemente inferiores comparados ao grupo
OVA e semelhantes aos grupos que receberam somente PAS-1 ou PBS. Com relação
às concentrações de IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β, observamos um aumento significativo
em relação ao controle ou ao grupo OVA (valores semelhantes ao grupo PAS-1), com
exceção das respectivas citocinas correspondentes à deficiência genética dos animais.
Estes resultados foram observados tanto no LBA (Tabela 4) quanto no HP (Tabela 5).
Em conjunto, estes dados indicam que o efeito modulador de PAS-1 na secreção
de IL-4, IL-5, IL-13, eotaxina deve ser mediado por IFN-γ e IL-10, mas depende de IL-
12. Os animais deficientes de IL-12, IFN-γ e IL-10, quando co-administrados com OVA +
PAS-1, apresentaram aumento na produção de IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β, exceto nos
animais deficientes destas citocinas, mostrando que PAS-1 age aumentando a
secreção destas citocinas, como observado nos animais selvagens.
83
Tabela 4 - Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na produção de citocinas no LBA
IL-4
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-γ
-/-
IL-10
-/-
8,14 ± 0,81
29,99 ± 6,11
2,87±4,11
8,32±0,83
62,37 ± 18,33*
212,08± 7,57 *
154,86 ± 21,56 *
79,69 ± 2,92 *
6,46 ± 1,22
2,31± 2,1
5,91± 2,96
7,18 ±1,50
3,45 ± 2,45
26,27 ± 31,18
139,38 ± 29,65
71,00 ± 16,92
IL-5
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-γ
-/-
IL-10
-/-
9,22 ± 0,51
5,37±0,71
6,66±1,00
9,50±0,32
79,63 ± 15,31*
131,37 ± 97,55 *
130,49 ± 18,03 *
95,54 ± 3,01 *
6,59 ± 2,67
5,6 ± 0,69
4,14 ± 1,93
9,68 ± 0,11
5,71 ± 2,24
5,4 ± 2,13
148,53 ± 21,92
93,42 ± 4,04
IL-13
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
4,67 ± 1,89
3,09±1,22
3,36±2,30
2,98±3,19
232,269 ± 132,11*
236,39 ±128,22 *
160,39 ± 11,43 *
127,91 ± 38,66 *
5,32 ± 3,55
2,99 ± 0,54
2,61 ± 0,70
4,46 ± 3,81
5,03 ± 2,96
3,66 ± 0,52
141,54 ± 19,79
126,22 ± 16,19
eotaxina
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
2,49 ± 1,43
2,61±0,64
1,45±0,42
6,77±3,98
505,56 ± 112,36*
183,59 ± 80,84 *
107,76 ± 37,81*
146,98 ± 30,12 *
4,32 ± 1,60
1,84 ± 0,73
4,04 ± 3,89
6,54 ± 3,78
2,76 ± 2,34
1,66 ± 0,94
83,19 ± 39,02
89,35 ± 42,53
IL-12
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
3,47 ± 1,00
< 3,19
3,21±3,29
2,49±0,76
4,29 ± 1,08
< 3,19
3,59 ± 2,19
6,67 ± 8,24
72,74 ± 24,39*
< 3,19
105,69 ±7,79 *
74,38 ± 23,04 *
79,55 ± 19,19
< 3,19
103,67 ± 6,03
99,56 ± 0,52
IFN-γ
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
3,96 ± 2,67
4,68±3,62
< 3,19
4,76±2,57
2,22 ± 0,67
6,22 ± 2,72
< 3,19
3,49 ± 2,27
187,17 ± 89,63
507,91 ± 313,93 *
< 3,19
199,37 ± 37,85 *
237,40 ± 135,64
356,23 ± 12,36
< 3,19
184,27 ± 48,06
IL-10
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
2,16 ± 0,40
3,51±0,56
3,89±0,54
< 3,19
2,95 ± 2,24
3,49 ± 0,15
3,82 ± 0,61
< 3,19
333,60 ±
100,02*
258,36 ±
31,88 *
263,67 ±
97,83 *
< 3,19
369,58 ±
162,39
189,63 ± 52,29
276,33 ± 139,23
< 3,19
TGF-β
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
2,00 ± 0,19
2,61±2,04
2,91±0,85
3,38±1,19
3,46 ± 1,19
2,81 ± 0,99
4,28 ± 3,89
6,18 ± 2,39
356,63 ±
98,69*
314,71 ±
173,73 *
148,37 ±
61,49 *
220,85 ±
317,46 ± 79,63
302,57 ± 113,80
141,06 ± 46,79
183,96 ± 22,39
PBS OVA PAS-1 OVA + PAS-1
84
44,86 *
de animais C57Bl/6 IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/
Perfil de citocinas e quimiocinas produzidas por células do lavado broncoalveolar (LBA)
e do homogenato pulmonar (HP) de camundongos C57Bl/6 selvagens, IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e
IL-10
-/-
imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via
intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas doses de antígeno. No
dia 23 após o início da imunização, o LBA e o HP foram obtidos para dosagem das
citocinas. Os resultados foram expressos como média + desvio-padrão em pg/mL de
citocina (n = 5 animais por grupo experimental). O grupo controle consistiu de
camundongos não imunizados, que receberam apenas PBS.
(*) p < 0,01 em relação ao grupo controle (PBS) e () p < 0,01 em relação ao grupo
OVA.
Tabela 5 - Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na produção de citocinas no
HP de animais C57Bl/6 IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
85
PBS OVA PAS-1 OVA + PAS-1
IL-4
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-γ
-/-
IL-10
-/-
8,34 ± 0,68
0,78 ± 0,53
1,14 ± 0,02
5,71 ± 2,78
39,88 ± 8,75*
10,24 ± 0,92 *
79,82 ± 24,84
*
73,32 ± 9,87 *
7,08 ± 1,44
0,78 ± 0,52
2,86 ± 2,78
8,03 ± 0,73
7,15 ± 1,08
0,92 ± 0,11
90,78 ± 0,27
80,42 ± 5,03
IL-5
Selvagem
IL-12
-/-
IFN-γ
-/-
IL-10
-/-
8,55 ± 0,28
2,03 ± 1,26
1,62 ± 0,17
9,13 ± 0,39
45,83 ± 7,61*
25,22 ± 11,14
*
91,32 ± 6,92 *
96,09 ± 1,72 *
8,80 ± 0,98
2,04 ± 0,54
2,76 ± 0,53
9,22 ± 0,44
7,58 ± 3,59
2,35 ± 0,38
82,63 ± 10,03
81,39 ± 18,85
IL-13
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
2,91 ± 3,78
6,27 ± 7,68
6,06 ± 1,25
4,79 ± 3,39
153,91 ±
10,67
156,38 ±
98,56 *
37,49 ± 16,56
*
120,94 ±
13,49 *
4,35 ± 2,28
2,99 ± 1,89
5,43 ± 0,11
4,75 ± 1,66
4,06 ± 2,23
4,17 ± 1,99
31,61 ± 16,34
99,75 ± 25,89
eotaxina
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
5,14 ± 3,19
3,33 ± 2,53
0,99 ± 0,73
3,22 ± 1,55
172,97 ±
75,65*
35,04 ± 18,28
*
44,41 ± 15,28
*
141,47 ±
28,89 *
2,82 ± 2,13
5,04 ± 3,69
3,45 ± 2,41
3,43 ± 3,29
3,64 ± 3,09
2,23 ± 1,10
56,04 ± 7,27
99,92 ± 53,67
IL-12
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
3,39 ± 1,46
< 3,19
3,56 ± 3,93
3,02 ± 0,14
2,87 ± 0,56
< 3,19
4,68 ± 3,39
3,83 ± 1,15
79,62 ±
16,02*
< 3,19
76,72 ± 25,44
*
57,43 ± 28,45
*
72,59 ±
17,20
< 3,19
94,41 ± 8,01
45,49 ± 8,92
IFN-γ
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
4,04 ± 2,15
2,82 ± 1,90
< 3,19
3,23 ± 3,46
2,20 ± 0,49
4,93 ± 4,14
< 3,19
4,60 ± 2,88
99,69 ± 11,71*
274,52 ±
68,45 *
< 3,19
171,18 ±
21,47 *
165,98 ±
77,21
258,78 ±
112,58
< 3,19
136,87 ±
33,83
IL-10
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
IL-10-/-
2,52 ± 2,71
2,88 ± 1,16
3,86 ± 0,69
< 3,19
1,48 ± 0,33
3,43 ± 0,73
4,13 ± 0,32
< 3,19
168,62 ±
63,68*
178,55 ±
82,09 *
164,40 ±
98,11 *
< 3,19
157,42 ±
49,66
248,79 ±
145,09
249,33 ±
125,92
< 3,19
TGF-β
Selvagem
IL-12-/-
IFN-γ-/-
3,32 ± 1,14
4,32 ± 0,99
1,49 ± 0,37
3,13 ± 0,96
3,47 ± 1,84
1,88 ± 1,37
189,66 ±
100,00*
270,83 ±
138 35 *
158,45 ±
71,42
236,07 ±
86
Perfil de citocinas e quimiocinas produzidas por células do lavado broncoalveolar (LBA)
e do homogenato pulmonar (HP) de camundongos C57Bl/6 selvagens, IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e
IL-10
-/-
imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via
intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas doses de antígeno. No
dia 23 após o início da imunização, o LBA e o HP foram obtidos para dosagem das
citocinas. Os resultados foram expressos como média + desvio-padrão em pg/mL de
citocina (n = 5 animais por grupo experimental). O grupo controle consistiu de
camundongos não imunizados, que receberam apenas PBS.
(*) p < 0,01 em relação ao grupo controle (PBS) e () p < 0,01 em relação ao grupo
OVA.
4.2.5 Reatividade das vias aéreas
Para verificar a participação de IL-12, IFN-γ e IL-10 no efeito modulatório de
PAS-1 referente aos parâmetros da reatividade das vias aéreas (condutância e
complacência), camundongos deficientes destas citocinas foram imunizados e
desafiados com OVA e/ou PAS-1. Os animais foram anestesiados, canulados e
submetidos à ventilação mecânica em um plestismógrafo. Os dados de volume e
pressão traqueal foram obtidos em diferentes períodos de tempo após a infusão das
doses de metacolina. Estes dados foram utilizados para calcular a condutância (Grs) e
a complacência (Crs).
Na figura 6, está representado o logaritmo da dose de metacolina necessária
para promover uma redução de 50% e 40% nos valores basais (obtidos após infusão de
solução salina) de condutância (Grs) e complacência (Crs), respectivamente.
Observa-se que o logaritmo da dose de metacolina que reduz em 50% dos
valores basais da condutância (Figura 6A) foi significativamente menor para o grupo
de animais deficientes de IL-12, imunizados e desafiados com OVA + PAS-1, em
comparação com os animais que receberam somente OVA (p < 0,001). Estes
resultados se assemelham àqueles referentes aos animais selvagens. Por outro lado,
87
o logaritmo da dose de broncoconstrictor capaz de reduzir os valores basais da
condutância nos animais deficientes de IFN-γ e IL-10, imunizados e desafiados com
OVA e/ou PAS-1 não diferiu dos animais imunizados com OVA.
Em relação à complacência, o logaritmo da dose de metacolina que reduz em
40% os valores da complacência (Crs) nos camundongos deficientes de IL-12, IFN-γ e
IL-10 que receberam OVA + PAS-1 não foi significativamente diferente dos valores da
dose de metacolina requerida pelos animais imunizados e desafiados com OVA.
Em conjunto, estes resultados referentes à reatividade das vias aéreas indicam
que PAS-1 foi capaz de aumentar a condutância das vias aéreas dos animais
deficientes de IL-12, diminuindo assim a resistência de condutividade do fluxo aéreo, o
que caracterizou os animais que receberam OVA. Entretanto, em relação aos animais
deficientes de IFN-γ e IL-10, a condutância do ar estava aumentada, indicando a
participação destas citocinas diminuição da resistência à passagem do ar nos
bronquíolos. Em relação à complacência, a proteína PAS-1 não interferiu nas
propriedades elásticas do tecido pulmonar em nenhum dos modelos animais utilizados
neste estudo.
88
0 1 2 3 4
p
*
*
*
*
A
Grs
ED50%
*
*
Imunizão e desafio:
OVA +PAS-1
PAS-1
OVA
PBS
0 1 2 3 4 5
p
*
*
*
*
B
Crs
ED40%
*
*
*
*
Figura 6 – Efeito da imunização com OVA e/ou PAS-1 na reatividade das vias
aéreas em camundongos C57BL/6 IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
.
Os parâmetros condutância (Grs) aérea (A) e complacência (Crs) do
tecido pulmonar (B) foram medidos em camundongos C57BL/6 selvagens (
), IL-12
-/-
( ), IFN-γ
-/-
( ) IL-10
-/-
( ) imunizados com duas doses de
89
OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg) por via intraperitoneal e desafiados por via
intranasal com as mesmas doses de antígeno (n= 5 animais por grupo
experimental). No dia 23 após o início da imunização, os dados de volume e
pressão traqueal foram medidos após infusão de doses crescentes de
metacolina. O gráfico apresenta a média dos valores do logaritmo da dose de
metacolina necessária para reduzir os valores basais (obtidos após infusão
de solução salina) de condutância (Grs) e complacência (Crs),
respectivamente, em 50% e 40%. O grupo controle consistiu de
camundongos não imunizados, que receberam apenas PBS.
(*) p < 0,001 em relação ao grupo controle (PBS).
4.3 Papel de células CD19+, B220+, CD3+, CD8+, CD4+, CD4+CD25- e
CD4+CD25+ (células T regulatórias) na ação modulatória de PAS-1
O papel de células CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD8
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
e CD4
+
CD25
+
(células T reguladoras) na ação modulatória de PAS-1 foi investigado em animais
C57BL/6 selvagem, previamente imunizados com OVA que receberam por transferência
adotiva, tipos diferentes de linfócitos isolados de órgãos linfóides de camundongos
imunizados com PAS-1. A participação destas células na modulação da resposta imune
foi avaliada pela produção sérica de anticorpos IgG1 anti-OVA, IgE total por ELISA e
IgG1 anafilático anti-OVA e IgE anti-OVA por PCA, contagem total e diferencial de
células (LBA), presença de EPO (LBA e HP), perfil das citocinas IL-4, IL-5, IL-13, IL-12,
IFN-γ, IL-10, TGF-β e da quimiocina eotaxina (LBA e do HP).
90
4.3.1 Resposta imune humoral
A resposta imune humoral foi investigada pela produção de anticorpos IgG1 anti-
OVA e IgE total por ELISA e de anticorpos anafiláticos IgG1 e IgE anti-OVA pela técnica
de PCA no soro de animais C57Bl/6 imunizados com OVA e que receberam por via
endovenosa, linfócitos purificados PAS-1-primados.
Pelos resultados apresentados na figura 7, observamos, como já relatado,
que animais imunizados e desafiados com OVA produzem quantidades
significativas, não apenas de anticorpos anti-OVA (IgE e IgG1), mas também há
um aumento substancial dos níveis séricos de imunoglobulinas da classe IgE (IgE
total).
Com relação à transferência de células PAS-1 primadas, observamos que
das células testadas somente os linfócitos CD8+ ou CD4+CD25+ foram capazes
de suprimir totalmente a produção dos anticorpos. Os animais que receberam os
demais tipos celulares (CD19+, B220+, CD3+, CD4+ ou CD4+CD25-) apresentaram
concentrações séricas de anticorpos anti-OVA (Figura 7A, C e D) e IgE total
(Figura 7B) estatisticamente significantes em relação ao controle (PBS), mas não
diferiram dos animais apenas imunizados com OVA.
91
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
*
*
*
*
*
*
A
IgG1 anti-OVA
(absorbância a 492 nm)
Imunização Transferência adotiva
PBS -
OVA -
OVA CD19
+
OVA B220
+
OVA CD3
+
OVA CD8
+
OVA CD4
+
OVA CD4
+
CD25
-
OVA CD4
+
CD25
+
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50
*
*
*
*
*
*
B
IgE total
(absorbância a 492 nm)
0 25 50 75 100
C
+
+
+
+
+
+
#
#
IgG1 anti-OVA
(Título de PCA)
Imunização Transferência adotiva
PBS -
OVA -
OVA CD19
+
OVA B220
+
OVA CD3
+
OVA CD8
+
OVA CD4
+
OVA CD4
+
CD25
-
OVA CD4
+
CD25
+
0 10 20 30 40 50
D
+
+
+
+
+
+
IgE anti-OVA
(Título de PCA)
#
#
92
Figura 5 – Efeito da transferência adotiva de células na produção de anticorpos
por camundongos C57BL/6 selvagens imunizados com OVA.
Os níveis séricos de IgG1 anti-OVA (A), IgE total (B) e anticorpos anafiláticos
IgG1 anti-OVA (C) e IgE anti-OVA (D) em soros de camundongos imunizados com OVA
(50 µg) que receberam diferentes clones de linfócitos PAS-1-primados (conforme
indicado na figura). No dia 23 após o início da imunização, o soro dos animais foi obtido
para pesquisa dos anticorpos. Os anticorpos IgG1 e IgE total foram dosados por ensaio
imunoenzimático (ELISA) e os resultados das absorbâncias apresentadas nos gráficos
foram expressos como média ± desvio padrão das absorbâncias obtidas na diluição
sérica de 1:20 (n= 5 animais por grupo experimental). Os anticorpos anafiláticos IgG1
(C) e IgE (D) foram dosados por PCA em camundongos ou ratos, respectivamente, em
pool de soros por grupo experimental. O grupo controle consistiu de camundongos não
imunizados, que receberam apenas PBS.
(*) p < 0,001 em relação ao controle (PBS).
() p < 0,001 em relação ao grupo OVA.
(+) significativo em relação ao controle (PBS).
(#) significativo em relação ao grupo OVA.
4.3.2 Quantificação da celularidade do LBA
O efeito de diferentes tipos celulares PAS-1-primados (CD19
+
, B220
+
, CD3
+
,
CD8
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
, CD4
+
CD25
+
) sobre a inflamação alérgica pulmonar
induzida por OVA foi analisada pela quantificação da migração celular
(quantitativa e qualitativa) no lavado broncoalveolar.
93
Os resultados apresentados na Tabela 6 mostram, como já demonstrado
anteriormente (Tabela 1), que a imunização com OVA induz uma intensa inflamação
alérgica pulmonar, caracterizada pelo acúmulo leucocitário no LBA, composto
principalmente de eosinófilos, linfócitos e macrófagos, mas não neutrófilos.
Com relação à participação dos diferentes tipos celulares na imunomodulação
induzida por PAS-1 observamos que, de todas as células testadas, apenas os linfócitos
TCD8
+
e TCD4
+
CD25
+
foram capazes de induzir uma significativa supressão (redução
de 87,42% e 86,31%, respectivamente) da migração celular comparado com o grupo
apenas imunizado com OVA (OVA / -). PAS-1 também suprimiu o influxo de
macrófagos, linfócitos e eosinófilos nos animais que receberam células T TCD8
+
(respectivamente, redução de 86,40%, 87,10% e 100%) e TCD4
+
CD25
+
(respectivamente, redução de 82,99%, 86,87%, 100%).
O número de células (com exceção de neutrófilos) no LBA de animais que
receberam transferência adotiva de linfócitos CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
foi significativamente maior que no grupo controle (PBS / -), mas não diferiu do grupo
OVA (OVA / -).
94
Tabela 6 - Efeito da transferência adotiva de células na migração leucocitária no
LBA de camundongos C57BL/6 selvagens imunizados com OVA
Células
totais
Macrófagos Neutrófilos Linfócitos Eosinófilos
PBS / -
9,02 ± 0,92 4,47± 0,17 0,06 ± 0,04 4,49 ± 2,32 NI
OVA / - 99,18 ± 6,85 * 41,11 ± 11,84 *
0,41 ± 0,23
47,37 ± 8,03 * 10,29 ± 2,37
OVA / CD19
+
100,09 ± 12,5 * 40,96 ± 1,55 * 0,23 ± 0,12 47,67 ± 14,74 * 11,23 ± 1,29
OVA / B220
+
83,82 ± 10,56 * 35,82 ± 8,79 * 0,57 ± 0,47 35,49 ± 5,75 * 11,94 ± 1,56
OVA / CD3
+
74,87 ± 0,54 * 35,16 ± 6,63 * 0,21 ± 0,18 29,76 ± 15,21 * 9,74 ± 1,75
OVA / CD8
+
12,47 ± 1,16 5,59 ± 2,34
0,77 ± 0,71
6,11 ± 2,46 NI
OVA / CD4
+
61,49 ± 7,45 * 30,23 ± 2,55 * 0,32 ± 0,16 20,89 ± 17,39 * 10,05 ± 1,03
OVA/
CD4
+
CD25
-
84,83 ± 0,75 * 41,49 ± 14,81 * 0,47 ± 0,37 31,72 ± 20,66 * 11,15 ± 1,22
OVA/
CD4
+
CD25
+
13,58 ± 1,58 6,99 ± 5,96
0,37 ± 0,42
6,22 ± 1,05 NI
Camundongos C57BL/6 (n = 5 animais por grupo experimental) foram imunizados com
duas doses de OVA (50 µg) por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal com a
mesma dose de antígeno. Os animais receberam por transferência adotiva, diferentes
tipos celulares obtidos de animais imunizados com PAS-1. No dia 23, o LBA foi
recuperado para contagem celular. A migração celular foi avaliada pela contagem total
e diferencial de leucócitos e o número de células expresso é multiplicado por 10
5
células/mL.
NI – não foi encontrada nenhuma célula nos campos observados.
(*) p< 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
()
p< 0,05 em relação ao grupo OVA
95
4.3.3 Investigação da presença de EPO
A presença de eosinófilos também foi verificada pela quantificação de EPO no
lavado broncoalveolar (Figura 8A) e no homogenato pulmonar (Figura 8B), através de
sua atividade enzimática. Observamos que a imunização com OVA induz um aumento
da atividade de EPO, tanto no LBA quanto no HP comprovando, de maneira indireta, a
presença de eosinófilos nestes dois compartimentos, como já demonstrado
anteriormente (Figura 2). Nos animais que receberam transferência adotiva de
linfócitos CD19+, B220+, CD3+, CD4+, CD4+CD25-, foi verificado um aumento na
quantidade de EPO em comparação com controle (PBS) (p < 0,001), mas não diferente
dos animais imunizados e desafiados com OVA (grupo OVA/-), tanto no LBA quanto no
homogenato pulmonar. Por outro lado, nos animais que receberam linfócitos TCD8+ ou
células T CD4+CD25+, a quantidade de EPO não foi diferente do controle (PBS/-), ou
seja, foi significantemente suprimida em relação ao grupo OVA.
96
0 1 2 3 4
A
*
*
*
*
*
*
EPO
(absorbância a 492 nm)
Imunização Transferência adotiva
PBS -
OVA -
OVA CD19
+
OVA B220
+
OVA CD3
+
OVA CD8
+
OVA CD4
+
OVA CD4
+
CD25
-
OVA CD4
+
CD25
+
0 1 2 3 4
B
*
*
*
*
*
*
EPO
(absorbância a 492 nm)
Figura 8 – Efeito da transferência adotiva na atividade de EPO em
camundongos C57BL/6 selvagens imunizados com OVA.
A presença de EPO foi avaliada no lavado broncoalveolar (A)
e no homogenato pulmonar (B) de camundongos C57BL/6
imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e por via
intraperitoneal e desafiados por via intranasal com a mesma
doses de antígeno. Os animais receberam por transferência
adotiva, diferentes tipos celulares obtidos de animais
imunizados com PAS-1. No dia 23 após o início da
imunização, o LBA e o HP foram obtidos para pesquisa da
atividade de EPO. Os resultados foram expressos como
média ± desvio-padrão das absorbâncias medidas a 492 nm
(n= 5 animais por grupo experimental). O grupo controle
consistiu de camundongos não imunizados, que receberam
apenas PBS.
( * ) p < 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
() p < 0,001 em relação ao grupo OVA.
97
4.3.4 Determinação do perfil de citocinas
A participação de diferentes tipos de linfócitos (CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD4
+
,
CD4
+
CD25
-
, CD8
+
, CD4
+
CD25
+
) na modulação induzida por PAS-1 sobre a reação
anafilática pulmonar foi também avaliada pelo perfil de citocinas e eotaxina
secretadas por células do LBA e HP de animais previamente imunizados com
OVA e transferidos com células PAS-1-primadas.
Pelos resultados apresentados na Tabela 7, observamos que os níveis de
IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina foram significativamente maiores tanto no LBA quanto
no HP dos animais que receberam transferência de linfócitos CD19
+
, B220
+
, CD3
+
,
CD4+, CD4
+
CD25
-
em comparação com o controle (PBS/-), valores estes que não
diferiram dos animais imunizados e desafiados com OVA, que não receberam
células (OVA/-). Estes resultados mostram que estes tipos celulares não
participam dos mecanismos modulatórios de PAS-1. Por outro lado, as células
TCD8
+
e TCD4
+
CD25
+
, provenientes de animais imunizados com PAS-1, induziram
uma acentuada supressão nos níveis de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina, tanto no LBA
quanto no HP, comparado com os animais também imunizados com OVA, mas
que não receberam células (grupo OVA/-), demonstrando a participação destas
células na imunomodulação induzida por PAS-1.
De uma maneira geral, os resultados encontrados no LBA e HP para um
mesmo grupo experimental, foram muito semelhantes, com exceção de IL-4 onde
alguns grupos apresentaram valores inferiores no HP quando comparado com
LBA (PBS/-; OVA/-; OVA/CD19
+
; OVA/CD3
+
; OVA/CD8
+
; OVA/CD4
+
CD45
-
e
OVA/CD4
+
CD45
+
).
98
Com relação às citocinas IL-12, IFN-, IL-10 e TGF-Tabela 8, observamos,
conforme já mostrado anteriormente (Tabela 2), que o protocolo de imunização
utilizado (OVA+hidróxido de alumínio) não favorece a produção e secreção destas
citocinas no LBA e HP, visto que os resultados encontrados no grupo OVA/- não
foram diferentes dos resultados encontrados no grupo controle (PBS/-) (Tabela 8).
O mesmo efeito foi observado nos animais imunizados com OVA que receberam
células CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
, ou seja, não foram encontradas
quantidades significativas de IL12, IFN-, IL-10 e TGF- no LBA e HP destes
animais. Em contrapartida, os animais que receberam linfócitos T CD8
+
apresentaram quantidades de IFN-, no LBA e HP, aproximadamente 10 vezes
superiores comparado com os demais grupos. A transferência de células T
reguladoras CD4+CD25+ de animais imunizados com PAS-1 para animais
imunizados com OVA levou a um aumento substancial na concentração de IL-10 e
TGF-, tanto no LBA quanto no HP, comparado com os demais grupos.
99
Tabela 7 – Importância de diferentes tipos celulares PAS-1-primados na
modulação da produção de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina no LBA e HP de
camundongos imunizados com OVA.
IL-4 IL-5 IL-13 eotaxina
PBS / -
LBA
HP
25,14 ± 11,43
3,74 ± 1,69
20,8 ± 10,71
17,28 ± 2,71
19,06 ± 11,47
18,58 ± 6,12
14,96 ± 9,11
25,6 ± 2,50
OVA / -
LBA
HP
1
42,37 ± 36,46*
79,03 ± 13,79 *
146,3 ± 49,16 *
145,83 ± 56,53 *
1
65,62 ± 54,35 *
1
90,58 ± 49,69 *
197,13 ± 44,40 *
152,33 ± 17,62 *
OVA / CD19
+
LBA
HP
1
60,21 ± 45,82*
82,66 ± 23,75 *
141,75 ± 2,63 *
145,77 ± 10,00 *
1
80,21 ± 53,75 *
185,33 ± 5,84 *
135,06 ± 8,84 *
128,67 ± 35,00 *
OVA / B220
+
LBA
HP
142,8 ± 46,48 *
92,11 ± 11,67 *
123,2 ± 23,10 *
135,43 ± 20,04 *
1
82,84 ± 19,67 *
1
62,24 ± 12,77 *
176,3 ± 50,39 *
139,56 ± 15,24 *
OVA / CD3
+
LBA
HP
140,8 ± 28,43 *
98,95 ± 1,87 *
128,00 ± 37,28 *
149,57 ± 5,93 *
180,80 ± 47,73 *
196,11 ± 5,88 *
106,99 ± 86,59 *
157,33 ± 45,53 *
OVA / CD8
+
LBA
HP
24,61 ± 8,44
1,79 ± 0,68
37,85 ± 55,49
19,29 ± 6,24
24,65 ± 12,71
22,03 ± 2,28
67,50 ± 90,53
20,19 ± 8,58
OVA / CD4
+
LBA
HP
1
75,97 ± 64,33 *
68,56 ± 18,59 *
139,92 ± 77,16 *
161,39 ± 15,61 *
1
55,97 ± 38,55 *
165,06 ± 21,38 *
183,85 ± 19,96 *
145,67 ± 37,54 *
O
VA
/
C
D4
+
CD25
-
LBA
HP
147,8 ± 24,22 *
82,03 ± 26,81 *
133,6 ± 53,34 *
135,43 ± 19,34 *
1
71,50 ± 58,63 *
175,06 ± 26,10 *
160,5 ± 97,19 *
126,33 ± 25,69 *
O
VA
/
C
D4
+
CD25
+
LBA
HP
37,13 ± 14,09
3,92 ± 1,49
42,60 ± 61,19
19,42 ± 4,04
17,36 ± 2,70
22,47 ± 2,83
14,73 ± 5,02
17,33 ± 6,81
Camundongos C57BL/6 selvagens, IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
(n = 5 animais por grupo
experimental) foram imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg)
por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas doses de
antígeno. Os animais receberam por transferência adotiva, diferentes tipos celulares
obtidos de animais imunizados com PAS-1. No dia 23, o LBA foi recuperado para
contagem celular. A migração celular foi avaliada pela contagem total e diferencial de
leucócitos e o número de células expresso é multiplicado por 10
5
células/mL.
100
NI – não foi encontrada nenhuma célula nos campos observados.
(*) p< 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
()
p< 0,05 em relação ao grupo OVA.
Tabela 8 Importância de diferentes tipos celulares PAS-1-primados na modulação da
produção de IL-12, IFN-, IL-10 e TGF- de animais imunizados com OVA.
IL-12
IFN-γ
IL-10
TGF-β
PBS / -
LBA
HP
21,57 ± 0,70
23,45 ± 2,49
28,33 ± 30,04
17,25 ± 5,82
12,18 ± 3,77
14,81 ± 4,7
10,39 ± 6,39
24,18 ± 1,28
OVA / -
LBA
HP
21,97 ± 2,3
19,25 ± 7,44
18,22 ± 13,52
23,56 ± 6,96
22,95 ± 2,24
15,53 ± 3,72
18,59 ± 2,87
19,73 ± 6,83
OVA / CD19
+
LBA
HP
18,69 ± 6,02
13,86 ± 3,12
21,25 ± 6,89
15,28 ± 0,97
16,13 ± 3,87
19,86 ± 6,04
17,06 ± 0,72
13,66 ± 2,25
OVA / B220
+
LBA
HP
12,79 ± 1,92
14,26 ± 0,26
18,19 ± 4,92
17,78 ± 6,76
24,40 ± 5,77
15,98 ± 8,19
9,48 ± 7,02
13,56 ± 2,18
OVA / CD3
+
LBA
HP
14,92 ± 4,47
13,48 ± 4,77
18,79 ± 5,15
17,35 ± 1,92
20,20 ± 6,26
16,12 ± 3,99
14,87 ± 14,16
11,91 ± 2,31
OVA / CD8
+
LBA
HP
14,34 ± 4,13
10,61 ± 3,52
171,8 ± 26,9
150,19 ± 2,51
19,12 ± 18,16
17,34 ± 5,79
12,03 ± 6,17
17,15 ± 5,40
OVA / CD4
+
LBA
HP
16,88 ± 3,07
11,13 ± 5,94
16,09 ± 2,19
26,54 ± 6,96
20,48 ± 6,09
19,96 ± 1,16
14,18 ± 3,71
14,02 ± 1,49
O
VA
/
C
D4
+
CD25
-
LBA
HP
13,93 ± 2,37
8,29 ± 2,34
14,40 ± 1,94
17,42 ± 6,96
21,60 ± 16,49
23,29 ± 2,69
20,94 ± 50,90
8,88 ± 3,69
O
VA
/
C
D4
+
CD25
+
LBA
HP
14,22 ± 1,76
15,32 ± 5,86
21,29 ± 5,23
22,85 ± 12,04
179,2 ±
58,93
141,46 ±
13,37
169,39 ±
42,19
162,30 ±
16,69
Camundongos C57BL/6 selvagens, IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
(n = 5 animais por grupo
experimental) foram imunizados com duas doses de OVA (50 µg) e/ou PAS-1 (300µg)
por via intraperitoneal e desafiados por via intranasal com as mesmas doses de
antígeno. Os animais receberam por transferência adotiva, diferentes tipos celulares
obtidos de animais imunizados com PAS-1. No dia 23, o LBA foi recuperado para
101
contagem celular. A migração celular foi avaliada pela contagem total e diferencial de
leucócitos e o número de células expresso é multiplicado por 10
5
células/mL.
NI – não foi encontrada nenhuma célula nos campos observados.
(*) p< 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
()
p< 0,05 em relação ao grupo OVA.
4.3.5 Reatividade das vias aéreas
Para investigar o efeito dos diferentes tipos celulares PAS-1 primados (CD19
+
,
B220
+
, CD3
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
, CD8
+
, CD4
+
CD25
+
) na reatividade das vias aéreas
induzida por OVA, animais que receberam transferência adotiva destas células foram
anestesiados, canulados e mantidos sob ventilação mecânica em um pletismográfo. Os
dados de volume e pressão traqueal foram obtidos após a infusão de metacolina e
foram em seguida usados para calcular a condutância (Grs) e a complacência (Crs).
Na figura 9, está representado o logaritmo da dose de metacolina necessária
para reduzir a 50% da condutância e 40% da complacência em relação aos valores
basais (obtidos após a infusão de solução salina).
O logaritmo da dose de metacolina capaz de reduzir 50% da condutância foi
significativamente maior nos animais que receberam transferência adotiva de células
CD8+ e CD4+CD25+ em relação aos animais que receberam PBS (OVA/-). Por outro
lado, o logaritmo da dose de metacolina que reduz 40% da complacência não diferiu em
nenhum dos grupos de animais estudados.
Desta maneira, estes resultados demonstram que somente as células T CD8+ e
CD4+CD25+ (células T reguladoras) PAS-1 primadas foram capazes de aumentar a
102
condutância do fluxo aéreo nos bronquíolos, mas não interferiram com a complacência
do tecido pulmonar.
0 1 2 3 4
*
*
*
*
*
*
A
Grs
ED50%
Imunização Transferência adotiva
PBS -
OVA -
OVA CD19
+
OVA B220
+
OVA CD3
+
OVA CD8
+
OVA CD4
+
OVA CD4
+
CD25
-
OVA CD4
+
CD25
+
0 1 2 3 4
*
*
*
*
*
*
*
*
B
Crs
ED40%
Figura 9 – Efeito da transferência adotiva de células PAS-primadas na
reatividade das vias aéreas em camundongos C57BL/6.
Os parâmetros condutância (Grs) aérea (A) e complacência (Crs) do tecido
pulmonar (B) foram medidos em camundongos C57BL/6 imunizados com
duas doses de OVA (50 µg) por via intraperitoneal e desafiados por via
intranasal com a mesma dose de antígeno (n= 5 animais por grupo
experimental). Os animais receberam por transferência adotiva, diferentes
tipos celulares obtidos de animais imunizados com PAS-1. No dia 23 após
o início da imunização, os dados de volume e pressão traqueal foram
103
medidos após infusão de doses crescentes de metacolina. O gráfico
apresenta a média dos valores do logaritmo da dose de metacolina
necessária para reduzir os valores basais (obtidos após infusão de solução
salina) de condutância (Grs) e complacência (Crs), respectivamente, em
50% e 40%. O grupo controle consistiu de camundongos não imunizados,
que receberam apenas PBS.
(*) p < 0,001 em relação ao grupo controle (PBS)
5 DISCUSSÃO
A asma alérgica é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por
hiperresponsividade das vias aéreas e broncoconstrição decorrentes de vários
estímulos (Bousquet et al., 1990). Por outro lado, infecções causadas por helmintos
podem modular a resposta imune, incluindo a inflamação alérgica pulmonar, pela ação
de fatores secretados por estes parasitas.
Em nosso laboratório tem-se estudado, desde o início da década de 80,
componentes do extrato bruto de Ascaris suum que modulam a resposta imune. Dentre
esses componentes, foram caracterizadas duas proteínas com atividade biológica sobre
o sistema imune do hospedeiro: a proteína alergênica APAS-3 (Pires et al., 2001), e a
proteína PAS-1 (Oshiro et al., 2005), que tem potente atividade imunossupressora,
inclusive sobre a inflamação alérgica pulmonar induzida por APAS-3 (Itami et al., 2005).
Neste trabalho, investigamos os mecanismos envolvidos na ação modulatória de
PAS-1, estabelecendo, inicialmente, o modelo de asma alérgica murina em
camundongos C57BL/6, utilizando o antígeno OVA, e o efeito da imunização simultânea
OVA+PAS-1 sobre os principais eventos da inflamação alérgica pulmonar.
104
Os resultados obtidos demonstraram que OVA induz uma elevada produção de
anticorpos anafiláticos anti-OVA (IgG1 e IgE), e leva à um aumento das concentrações
de imunoglobulinas da classe IgE circulantes (IgE total). Têm sido demonstrado por
vários autores, que a imunização de camundongos com OVA e hidróxido de alumínio
estimula uma resposta imune tipo Th2, com a produção de anticorpos,
preferencialmente das classes IgG1 e IgE anti-OVA, em torno do 10º dia, e no 14º dia
observa-se uma elevada produção de anticorpos IgE policlonais (Beck & Spiegelberg,
1989). Nossos resultados corroboram com estes, demonstrando a predominância de
uma resposta Th2, incluindo um aumento da concentração sérica de IgE.
Em contrapartida, nossos estudos demonstram também que PAS-1 suprime a
produção de IgG1 anti-OVA, IgE total e anticorpos anafiláticos (IgG1 e IgE), indicando
que PAS-1 é capaz de modular negativamente não apenas a produção de anticorpos
anti-OVA, mas também de IgE policlonal.
Na reação inflamatória que ocorre na asma, a contribuição de anticorpos está
diretamente associado com a capacidade deles desencadearem uma reação
anafilática. Pelos nossos resultados, OVA estimulou a produção de anticorpos
anafiláticos (IgG1 e IgE) (Figura 1), que foram detectados por anafilaxia cutânea
passiva (ACP). Esta técnica se fundamenta na capacidade de anticorpos se fixarem a
receptores do fragmento Fc dos anticorpos, que estão expressos em mastócitos e
basófilos, e degranularem estas células, após ligação cruzada dos receptores com o
antígeno, liberando mediadores que causam vasodilatação e extravasamento do
corante azul de Evans, que é preparado juntamente com a solução de antígeno. Foi
demonstrado, em trabalhos anteriores do nosso grupo, que a inibição da síntese de
anticorpos anafiláticos da classe IgE resultava em uma diminuição da intensidade da
105
inflamação alérgica pulmonar em camundongos (Itami et al., 2005). Corroborando com
estes dados, em nosso modelo experimental, PAS-1 foi capaz de inibir a síntese de
anticorpos anafiláticos IgE e IgG1 anti-OVA.
A capacidade de anticorpos IgE estimularem uma reação anafilática foi descrita
por Ishizaka et al (1966), quando o fator sérico chamado reagina foi identificado como
sendo uma nova classe de imunoglobulinas, então denominada IgE. Anticorpos da
classe IgE desencadeiam reação anafilática após se ligarem nos receptores FcεRI
presentes na superfície de mastócitos e basófilos (Dearon et al., 1980; Minard e Levy,
1972).
A capacidade de anticorpos IgG1 desencadear reação anafilática ocorre por
meio da ligação a receptores de baixa afinidade para IgG em camundongos (FcγRIII)
(Becker, 1971; Miyagima et al., 1997). A existência de atividades biológicas distintas
para anticorpos IgG1, dependente ou não de IL-4, foi constatada por Faquim-Mauro et
al. (1999), que demonstraram que IgG1 IL-4-dependentes apresentavam atividade
anafilática, enquanto que aqueles independentes de IL-4 não tinham nenhuma
capacidade anafilática.
Dentre os anticorpos anafiláticos murinos, IgE se distingue de IgG1 por serem
termolábeis, heterocitotrópicos e por permanecerem ligados aos receptores dos
mastócitos por mais tempo (Ishizaka et al., 1966; Nussenzweig et al., 1964). Em
contrapartida, IgG1 é homocitotrópico, se ligando somente à mastócitos murino para
desencadear a reação anafilática (Mota et al., 1968).
Portanto, em camundongos, os anticorpos IgE e IgG1 são fundamentais para o
desencadeamento de uma reação anafilática, e em nossos experimentos
106
demonstramos que PAS-1 inibe acentuadamente a produção destas duas classes de
anticorpos.
Com relação à migração leucocitária, a imunização com OVA aumenta a
migração de macrófagos, linfócitos e eosinófilos para vias aéreas (lúmen e tecido
pulmonar). Em contrapartida, PAS-1 inibe significativamente este infiltrado leucocitário,
principalmente com relação à eosinófilos, que teve uma redução de 100%, mostrando
que PAS-1 tem potente atividade supressora na formação do infiltrado inflamatório
característico dos processos asmáticos.
A importância do eosinófilo na asma tem sido descrita por vários autores. Seu
papel é devido, sobretudo, à ação efetora exercida por estas células, em particular, na
asma humana. A ação efetora envolve a participação de proteínas dos grânulos dos
eosinófilos, que tem efeito tóxico para o epitélio respiratório quando estão presentes
nas secreções pulmonares de pacientes asmáticos (Frigas et al., 1981). A toxicidade
destas proteínas promove descamação de células epiteliais, altera a ciliaridade e a
secreção epitelial (Gleich et al., 1979), podendo, ainda, induzir hiperreatividade das vias
aéreas (Gundel et al., 1990).
Um dos principais componentes dos grânulos dos eosinófilos é a peroxidase
endógena (EPO), uma proteína catiônica que representa aproximadamente 25% do
conteúdo total granular e que é específica para os eosinófilos (Carlson et al., 1985), de
modo que medir sua presença da atividade enzimática é uma forma indireta de se
avaliar a presença de eosinófilos. Nos resultados demonstraram que a proteína PAS-1
também é capaz de inibir significantemente as concentrações de EPO, tanto no tecido
pulmonar quanto no lavado broncoalveolar, indicando que PAS-1 impede a migração de
eosinófilos para o lúmen das vias aéreas bem como para o tecido pulmonar.
107
A produção de anticorpos, assim como a migração leucocitária, são eventos que
dependem de fatores secretados por células do sistema imune, como citocinas e
quimiocinas. Na asma, clones de células T predominantemente secretam citocinas Th2
(Kay, 1991). No nosso modelo de asma experimental, observamos OVA estimula
significativamente a produção de citocinas Th2 (IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina). Por outro
lado, PAS-1 diminui significativamente a secreção de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina
induzida por OVA. As citocinas IL-4, IL-5, IL-13 e IL-9 são preferencialmente produzidas
por linfócitos Th2, em oposição à secreção, por exemplo, de IL-12 e IFN-γ, que é
característica de linfócitos Th1 (Mossman et al., 1986). A diminuição da produção de IL-
5 por linfócitos Th2 no lavado broncoalveolar e nos pulmões está correlacionada com a
diminuição do acúmulo de eosinófilos (Collins et al., 1995). IL-5 tem papel importante no
recrutamento de eosinófilos para as vias aéreas, aumentando a inflamação eosinofílica
e promovendo o desenvolvimento da hipereatividade das vias aéreas superiores
(Foster, 1996; Hamelmann et al., 1999). O processo de maturação de eosinófilos na
medula óssea até a sua ativação no tecido infiltrado é dependente de IL-5 (Hogan et al.,
2000).
IL-4 promove a inflamação das vias aéreas por indução de resposta Th2
(Brussele et al., 1994; Colley et al., 1995). Apesar da intensa exposição ao alérgeno, na
ausência de IL-4, células Th2 não se desenvolvem nem podem sobreviver in vivo (Corry
et al., 1997). IL-4 é também criticamente importante para promover a sinalização de
células B para produção e secreção de IgE e IgG1 (Finkelman et al., 1988; Lebmann e
Coffman, 1988). IL-4 estimula a produção de anticorpos IgE, em combinação com a
ligação de CD40/CD40L, promovendo a transcrição da cadeia ε em células B (Vercelli,
108
1993; Vercelli e Geha, 1992). Em nossos experimentos, a diminuição da produção de
anticorpos IgE provavelmente está relacionada à capacidade de PAS-1 em suprimir a
síntese de IL-4.
IL-13, recentemente, emergiu como uma molécula efetora importante durante o
estabelecimento da inflamação alérgica. Foi demonstrada, em vários estudos, a
participação de IL-13 na expulsão de nematódeos no trato gastrointestinal. A
inflamação das vias aéreas é similar àquela observada no intestino. Contudo, enquanto
o intestino é contraído e o excesso de muco expulsa o parasita, sendo benéfico para o
hospedeiro, ocorrem várias alterações nos pulmões em resposta aos alérgenos, como
hiperreatividade das vias aéreas e superprodução de muco, que resultam na obstrução
das vias aéreas, prejudicando o hospedeiro. Estas respostas das vias aéreas são
amplamente determinadas por IL-13 (Grunig et al., 1998; Wills-Karp et al., 1998). IL-13
também participa da inflamação eosinofílica, aumentando o infiltrado de eosinófilos, em
combinação com IL-5 e IL-4 (Wynn, 2003).
A eotaxina, um membro das C-C quimiocinas, é um potente e rápido indutor do
recrutamento de eosinófilos para os pulmões (Rottenberg, 1999). É um fator estimulado
pela produção de IL-4 e IL-13, que apresenta ação na eosinofilopoese e quimiotaxia de
eosinofilos (Conroy e Williams, 2001). Níveis aumentados de eotaxina foram
observados no LBA de pacientes asmáticos (Lamkhioued et al., 1997) e no LBA e
pulmão de camundongos sensibilizados com OVA (Scheerens et al., 2002). A atividade
quimiotática de eotaxina sobre eosinófilos foi também observada em ensaios in vitro,
em que eosinófilos marcados com radiação migram para o sítio de inoculação
intradérmica com LBA de cobaias sensibilizadas e desafiadas com OVA. A separação
cromatográfica resultou no isolamento e identificação de eotaxina como fator
109
quimiotático (Griffiths- Johnson et al., 1993). Assim, a capacidade de PAS-1 em suprimir
intensamente a migração eosinofílica pulmonar, muito provavelmente é devido à
inibição da síntese e/ou secreção de IL-5 e eotaxina.
Em nossos estudos demonstramos que PAS-1, além de modular
negativamente a produção de IgE e IgG1, a eosinofilia pulmonar e a síntese de IL-4, IL-
5, IL-13 e eotaxina, estimula a produção e secreção de IL-12, IFN-γ, IL-10 e TGF-β.
A presença de IFN-γ ou IL-12 inibe a resposta Th2 (Maggi et al., 1992; Wang et
al., 1994). IL-12 induz a liberação de IFN-γ e atenua o fenótipo da asma, quando
administrada em camundongos com inflamação alérgica pulmonar (Gavett et al., 1995;
Kips et al., 1996). Certas seqüências de DNA derivadas de bactérias, motifs de CpG
não metilados, promovem a liberação de IL-12 endógena (Krieg e Kline, 2001) e
atenuam a asma experimental (Metzger e Nyce, 1999; Kline et al., 1998). A IL-12 foi
identificada como um fator solúvel que poderia estimular células NK a produzir IFN-γ
(Kobayashi et al., 1989); é também produzida por células dendríticas, macrófagos e
células B (Trinchieri e Gerosa, 1996).
IFN-γ é uma citocina crucial na diferenciação Th1. É responsável por
induzir/manter a expressão da cadeia β do receptor de IL-12 (IL-12Rβ2) pela ativação
de t-bet, caracterizando uma importante função de IFN-γ nos efeitos mediados por IL-12
(Mullen et al., 2001, Afkarian et al., 2002). Estudos com células T CD4+ de
camundongos C57BL/6 mostraram uma participação direta de IFN-γ como um indutor
da polarização Th1 por um mecanismo autócrino, independente de IL-12 (Bradley et al.,
1996). A produção deficiente de IFN-γ predispõe o indivíduo ao desenvolvimento de
doenças alérgicas e pacientes com asma severa apresentam quantidades
110
significativamente reduzidas de IFN-γ em resposta aos alérgenos quando comparadas
com indivíduos controle (Leonard et al., 1997). Além disso, a resolução das alergias
parece não estar relacionada com a redução da produção de citocinas Th2, mas com a
normalização dos níveis de IFN-γ (Smart et al., 2002). Foi descrito que existe uma
relação inversa entre as respostas imune mediadas por IFN-γ contra patógenos na
infância e a incidência de asma (Shirakawa et al., 1997). Estes resultados enfatizam o
caráter inibitório de IFN-γ na resposta contra os alérgenos.
O efeito supressor de IFN-γ nas doenças alérgicas é mediado por vários
mecanismos, tais como (1) a regulação da apresentação do alérgeno às células T,
bloqueio da capacidade de apresentação de antígenos por mastócitos (Frandji et al.,
1995); (2) a diferenciação de células T naïve para o fenótipo Th1 e/ou inibição do
recrutamento/diferenciação de células Th2; (3) a supressão das citocinas Th2 liberadas
das células T ativadas; (4) a inibição do recrutamento de células efetoras para o sítio de
inflamação, como os eosinófilos, por diminuir a expressão do receptor de eotaxina
(CCR3), que é um importante indutor da diferenciação de células progenitoras
hematopoéticas (Lamkhioued et al., 2003); (5) a indução de apoptose nas células T e
eosinófilos por mecanismos dependentes de caspase e CD95/Fas, respectivamente
(Luttman et al., 2000; Refaeli et al., 2002); (6) o bloqueio da mudança de isótipo nas
células B, que é um importante mediador de alergias induzido por citocinas Th2 (Boehm
et al., 1997) e (7) indução da produção de óxido nítrico, por induzir iNOS, uma enzima
óxido nítrico sintase (Boehm et al., 1997), que age como um broncodilatador (Högman
et al., 1993), inibe a proliferação e a síntese de DNA nas células musculares lisas e
diminui a hiperplasia e a hipertrofia das células musculares lisas (Patel et al., 1999).
111
O aumento de IL-10 induzido por PAS-1, assim como a produção de IL-12
e IFN-γ, funciona como um mecanismo de feed-back negativo, para controlar a
inflamação alérgica pulmonar. IL-10 foi originariamente descrita como uma citocina
produzida por células Th2 (Fiorentino et al., 1989). Contudo, esta citocina também é
produzida por outros tipos celulares como células Th1, macrófagos e células dendríticas
(Moore et al., 2001). Isto é surpreendente porque IL-10 é um inibidor da produção de
citocinas Th1, por meio de sua ação nas células dendríticas e macrófagos, que resulta
na inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias e IL-12 (Trinchieri et al., 2001;
Moore et al., 2001) e na inibição da expressão de moléculas de MHC de classe II e
moléculas co-estimulatórias (Moore et al., 2001; De Waal Malefyt, 1991). Contudo,
macrófagos e células dendríticas podem produzir IL-10 sob certas condições, como
ligação dos receptores Fc expressos na superfície destas células e estimulação com
produtos microbianos, tais como zimozan e hemaglutinina filamentosa de B. pertussis
(Edwards et al., 2002; McGuirk et al., 2002). Além disso, IL-10 tem importante função na
regulação da resposta alérgica (Akbari et al., 2002; Grunig et al., 1997).
IL-10 modula negativamente muitas células e funções efetoras que estão
associadas com doenças alérgicas, incluindo ativação de células Th2, função biológica
de mastócitos e eosinófilos e produção de IgE (Arock et al., 1996; Takanaski et al.,
1994; Jeannin et al, 1998), além de ter um papel importante na regulação homeostática
nos pulmões (Akbari et al., 2001). A transferência de IL-10 para os pulmões (Stampfi et
al., 1999) e a transferência adotiva de células transfectadas com IL-10 (Oh et al., 2002)
demonstra que esta citocina bloqueia a inflamação alérgica. Os estudos realizados por
Akbari et al. (2001; 2002) demonstraram que a tolerância, em um modelo de doença
112
alérgica, induzida pela exposição a elevadas doses de alérgeno injetado por via
intranasal inibiu o desenvolvimento da hiperreatividade aérea e estimulou células
dendríticas pulmonares a ativarem células T reguladoras secretoras de IL-10. Este
processo requereu a expressão de ICOS por células dendríticas e a produção de IL-10.
O efeito inibitório de IL-10 foi observado no recrutamento de eosinófilos para as vias
aéreas de camundongos sensibilizados que receberam IL-10 recombinante por via
intranasal ou intratraqueal, bem como sobre os níveis de IL-4, IL-5 e IFN-γ (Zuany-
Amorim et al., 1995; Van Scott et al., 2000). Além disso, IL-10 inibe a degranulação de
mastócitos (Royer et al., 2001), reduz a proliferação de células T antígeno-específicas
em infecções por helmintos (Doetze et al., 2000).
Em nossos experimentos demonstramos que PAS-1 aumenta a produção de IL-
12, IFN-γ e IL-10 e quando administrado juntamente com OVA suprime
acentuadamente a resposta alérgica pulmonar, em todos os parâmetros testados
(produção de anticorpos, citocinas Th2, migração leucocitária e atividade de EPO),
sugerindo que a atividade imunossupressora de PAS-1 seja mediada por um
mecanismo misto, que envolveria a presença de células supressoras (IL-10) e células
Th1 (IFN- e IL-12).
Para avaliar a papel de cada uma destas citocinas (IL-12, IFN-γ e IL-10) na
atividade modulatória de PAS-1, utilizamos camundongos IL-12
-/-
, IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
,
que
por manipulação gênica tornaram-se incapazes de produzir estas proteínas.
Os resultados obtidos demonstram que nos camundongos IL-12
-/-
, assim como
nos animais selvagens, PAS-1 suprime a secreção de anticorpos IgG1 e IgE, a
113
inflamação eosinofílica, a produção de EPO, a produção de IL-4 , IL-5, IL-13 e eotaxina,
mas estimula a secreção de IFN-γ, IL-10 e TGF-β.
Por outro lado, nos camundongos deficientes de IFN-γ e de IL-10, ao contrário
dos animais selvagens, PAS-1 não altera a produção de anticorpos, a migração
leucocitária pulmonar, a atividade de EPO, a secreção de IL-4, IL-5, IL-13 e eotaxina,
mas induz um aumento significativo da produção de IL-12, IFN-γ (exceto para
camundongos IFN-γ
-/-
), IL-10 (exceto para camundongos IL-10
-/-
) e TGF-β.
Estes resultados demonstram que o efeito inibitório de PAS-1 na inflamação
alérgica pulmonar é mediado por IFN-γ e IL-10, mas não por IL-12, uma vez que os
camundongos IFN-γ
-/-
e IL-10
-/-
, ao contrário dos animais IL-12
-/-
, não apresentaram a
supressão do quadro alérgico pulmonar. Uma vez definido que estas citocinas (IFN- e
IL-10) são as responsáveis pelo efeito modulatório de PAS-1, investigou-se quais os
tipos celulares envolvidos neste processo.
Experimentos realizados por Mangan et al. (2004) demonstraram que
células B secretoras de IL-10 protegem camundongos de reações anafiláticas.
Também, sabe-se que linfócitos TCD4
+
secretam IFN-, IL-10 e TGF-β e TCD8
+
produz IFN-. Assim, em nossos experimentos utilizamos linfócitos de animais
previamente imunizados com PAS-1, separados conforme os seguintes marcadores:
CD19
+
, B220
+
, CD3
+
, CD8
+
, CD4
+
, CD4
+
CD25
-
, CD4
+
CD25
+
(células T reguladoras).
Os resultados obtidos demonstram que somente células TCD8
+ 
(célula
citotóxica) e células T CD4
+
CD25
+
(células T reguladoras) participam do
imunossupressão induzida por PAS-1 (caracterizada pela diminuição da síntese de
114
anticorpos, do acúmulo de eosinófilos no lúmen alveolar, de EPO, da produção de IL-4,
IL-5, IL-13 e eotaxina).
Além da supressão da inflamação alérgica pulmonar, nossos resultados mostram
que nos animais transferidos com as células T CD8
+
houve um aumento de IFN-γ no
lavado broncoalveolar e homogenato pulmonar. Vários autores têm relatado o papel
das células T CD8
+
, produtoras de IFN-, como células supressoras em reações
alérgicas (Stock et al., 2004, Renz et al., 1994; McMenamin e Holt, 1993). Além disso,
a transferência de células T CD8+ de camundongos sensibilizados reduz a produção de
IgE alérgeno-específica e o desenvolvimento da hiperreatividade das vias aéreas
(Thomas et al., 2001). Hansen et al. (2000) demonstraram que Listeria morta pelo calor
tem efeito protetor mediado por células T CD8+, suprimindo o desenvolvimento da
inflamação das vias aéreas e a hiprreatividade após a sensibilização e o desafio com o
alérgeno. Em contraste, alguns autores mostram que linfócitos T CD8+ aumentam a
resposta imune mediada por alérgeno. A depleção de células T CD8+ antes da
sensibilização com o alérgeno previniu o desenvolvimento da inflamação eosinofílica e
a hiperreatividade in vitro por reduzir a produção de IL-5 por células dos linfonodos
peribronquiais (Hamelmann et al., 1996). Estes dados controversos são em parte
explicados pelo fato de células T CD8+ poderem ser divididas em duas subpopulações
de acordo com o perfil de citocinas secretado. Enquanto que a maioria das células T
CD8+ secreta IFN-γ (células Tc1), uma pequena fração da população produzem IL-4,
IL-5 e IL-10 (células Tc2) (Seder e Le Gros, 1995; Noble et al., 1995).
Além disso, células T CD8+ podem ser separadas em subpopulações, de
acordo com sua capacidade de migrar para determinados sítios (Weninger et al., 2001).
115
As células T CD8+ na presença de IL-15 parecem migrar, principalmente, para os
linfonodos e placas de Peyer e representam um fenótipo de memória. Em contraste, as
células T CD8+ na presença de IL-2 apresentam um fenótipo citotóxico e migram,
principalmente, para os sítios de inflamação.
Então, baseando-se nestes dados, as células T CD8+ induzidas por PAS-1, que
foram transferidas para camundongos imunizados com OVA são do tipo Tc1, pois há
elevada produção de IFN-γ nos camundongos que receberam estas células. Deste
modo, a produção significativa de IFN-γ nos camundongos que receberam PAS-1 é
decorrente de células T CD8+.
Além de células T CD8+, as células T CD4+CD25+ (células T reguladoras)
também são elementos importante no papel imunomodulatório de PAS-1 no modelo de
asma experimental. Pois, como demonstrado, a transferência adotiva de células T
CD4+CD25+ suprime o quadro alérgico pulmonar, aumentando a secreção de IL-10 e
TGF-β no lúmen dos alvéolos pulmonares (LBA) e para o parênquima pulmonar.
Recentes estudos têm enfocado que parte da população de células T
CD4+ expressa constitutivamente IL-2Rα (CD25). Estas células (CD4+CD25+)
compreendem aproximadamente 5 a 10% do total de células T da periferia e
apresentam propriedades imunossupressoras in vivo e in vitro. As células CD4+CD25+
são fontes importantes de IL-10. Como demonstrado recentemente, as células T
CD4+CD25+ deficientes de IL-10 não suprimem a inflamação intestinal induzida por
Helicobacter hepaticus (Kulberg et al., 2005) nem a imunidade anti-Leishmania (Belkaid
et al., 2002). Recentes estudos demonstraram que células T CD4+CD25+ naturais e
induzíveis e células T regulatórias secretoras de IL-10 tem um papel fisiológico na
116
proteção contra doenças alérgicas. Uma mutação rara no gene codificante de FOXP3
resulta em uma doença chamada IPEX, que é caracterizada por desregulação da
resposta imune. Indivíduos que sofrem desta doença várias doenças alérgicas
incluindo eczema, níveis séricos de IgE, eosinofilia e alergias à alimentos (Ramsdell,
2003; Maloy e Powrie, 2001). Células mononucleares do sangue periférico de pacientes
atópicos ou alérgicos geralmente proliferam mais e produzem mais citocinas Th2 em
resposta ao alérgeno do que células mononucleares de indivíduos não atópicos.
Quando as células T CD4+CD25+ são depletadas das culturas de células
mononucleares de indivíduos não atópicos, a resposta Th2 é significativamente
aumentada (Ling et al., 2004). Estes estudos, coletivamente, sugerem que a supressão
mediada por células T regulatórias ocorre também em indivíduos saudáveis.
Várias evidências mostram o papel fisiológico de células T reguladoras
secretoras de IL-10 na inflamação alérgica. Um recente estudo de Akdis et al. (2004)
mostrou que a freqüência de células T secretoras de IL-10, alérgeno específicas foi
significativamente aumentada em indivíduos não-atópicos comparados com os
indivíduos alérgicos, enquanto que estes pacientes alérgicos produziram quantidades
significativas de citocinas Th2.
Estudos conduzidos por Lewkowich et al. (2005) investigaram o impacto de
células T CD4+CD25+ na sensibilização com alérgenos em linhagens de camundongos
susceptíveis e resistentes ao desenvolvimento de alergias, mostrando que estas células
têm papel importante no controle do desenvolvimento da asma. Além disso, Kearley et
al. (2005) demonstraram que células T CD4+CD25+ transferidas para camundongos
sensibilizados com o alérgeno antes do desafio alergênico protegem os camundongos
do desenvolvimento da inflamação eosinofílica pulmonar e da hiperreatividade das vias
117
aéreas. Estes trabalhos mostram que células T regulatórias (CD4+CD25+) naturais
podem controlar a asma.
As células T CD4+CD25+ também secretam TGF-β. Recentes estudos
sugeriram que o efeito autócrina de TGF-β1 por células T reguladoras é essencial para
a manutenção de sua função supressora, pois células T CD4+CD25+ deficientes de
TGF-β1 não suprimem a colite quando são transferidas para os camundongos que
apresentam esta doença (Nakamura et al., 2004). TGF-β é importante para a geração e
ação de células T regulatórias CD4+ e CD8+ (Horwitz et al., 2002).
Com referência à reatividade das vias aéreas constatamos que, no modelo
experimental adotado, os animais imunizados apenas com OVA apresentaram uma
expressiva redução na complacência (Crs) e condutância pulmonar (Grs). Isso significa
que tanto a elasticidade do tecido pulmonar como o fluxo de ar pelas vias aéreas
desses animais foram comprometidos com as imunizações e desafios com OVA,
levando a um estado de hiperreatividade das vias aéreas.
A condutância pulmonar representa o inverso da resistência à passagem do ar,
sendo a diminuição da condutância do fluxo aéreo conseqüência de uma redução no
calibre das vias aéreas. O estreitamento das vias aéreas pode ser resultante de ação
de eosinófilos nos bronquíolos. A associação entre eosinófilos e hiperreatividade na
asma tem sido amplamente descrita (Bousquet et al. 1990; Foster et al. 1996,
Rosenberg et al., 2007). Os produtos secretados pelos eosinófilos podem ser os
elementos que contribuem com a hiperreatividade pulmonar, como por exemplo, a EPO,
cuja atividade estava aumentada, tanto no tecido pulmonar como no lavado
brônquioalveolar,no nosso modelo experimental. Foi demonstrado que a instilação de
118
EPO ou da proteína básica principal (MBP) na traquéia de primatas resulta em um
aumento da reatividade das vias aéreas de maneira dose-dependente (Gundel et al.
1991). Além disso, a neutralização de MBP endogenamente secretada utilizando
anticorpos anti-MBP previne a hiperreatividade das vias aéreas em cobaias
sensibilizadas e desafiadas com OVA (Lefort et al., 1996).
Além dos eosinófilos, outros fatores contribuem para o aumento da reatividade
pulmonar, como a citocina IL-13, que aumenta a produção de muco e portanto a
obstrução das vias aéreas. A deficiência do gene codificante de IL-13 em camundongos
interfere diminuindo o estado de hiperreatividade das vias aéreas, (Walter et al. 2001).
Além disso, a transferência de anticorpos IgE e IgG1 alérgeno-específicos também
induzem um estado de hiperreatividade das vias aéreas em camundongos, além de
estimular a hipersensibilidade imediata (Oshiba et al. 1996), de modo que a estimulação
destes anticorpos pela imunização com OVA em nosso modelo experimental pode ter
participado do aumento da reatividade pulmonar.
Com relação ao efeito da proteína PAS-1 sobre o estado de hiperreatividade das
vias aéreas induzido por OVA, observamos que apenas o parâmetro de condutância, (e
não a complacência) foi drasticamente afetado, chegando a valores próximos aos
basais (controle negativo – PBS). Observamos ainda, nos experimentos com animais
transgênicos, que este efeito inibitório de PAS-1 sobre a condutância pulmonar se deve
a mecanismos mediados por IFN-γ e IL-10. Estes dados foram comprovados nos
experimentos de transferência adotiva de linfócitos, uma vez que apenas os animais
que receberam células CD8+ (produtoras de IFN-) e CD4+CD25+ (produtoras de IL-
10), primadas com PAS-1, apresentaram uma diminuição do estado de hiperreatividade,
119
com relação ao parâmetro de condutância. Sendo a condutância pulmonar o inverso da
resistência, e portanto relacionada com o fluxo de ar pelas vias aéreas (pressão),
nossos resultados indicam que PAS-1 age nas vias aéreas distais, revertendo a
obstrução do fluxo aéreo induzida pela inflamação causada pela imunização com OVA.
Por outro lado, em relação à complacência do tecido pulmonar, PAS-1 não foi
capaz de aumentar a capacidade elástica do tecido, em nenhum dos grupos de animais
imunizados com OVA e PAS-1. A complacência pulmonar significa o inverso da
elastância, um parâmetro associado com a capacidade elástica do tecido pulmonar.
Portanto, a diminuição da complacência está diretamente associada à diminuição da
elasticidade, ou seja, a rigidez do tecido pulmonar (vias aéreas proximais). Alterações
na elasticidade do tecido pulmonar, assim como no diâmetro das vias aéreas, podem
ser resultantes do processo de remodelamento das vias aéreas, mas por mecanismos
distintos. O processo de remodelamento inclui espessamento das mucosas (James et
al., 1989) e do músculo liso (Carrol et al., 1993), implicando uma diminuição do calibre
das vias aéreas e, conseqüentemente, aumento na resistência pulmonar (ou diminuição
da condutância). Além disso, aumento da produção de muco estimulado pela secreção
de IL-13, tem também papel relevante na obstrução das vias aéreas. Por outro lado,
alterações na expressão de colágeno e elastina podem ter efeito na elasticidade do
tecido pulmonar, levando a uma redução na complacência pulmonar (Roche et al.,
1989; Stone et al.,1995).
Nossos resultados demonstraram que PAS-1 age em parâmetros que afetam as
vias aéreas distais (fluxo de ar), mas não nas vias aéreas proximais (relacionado à
elasticidade do tecido pulmonar). Neste sentido, é provável que PAS-1 não interfira com
a deposição de colágeno, o aumento da massa de músculo liso e/ou o acúmulo de
120
fibroblastos nas vias aéreas. Fouty et al. (2006) demonstraram que a estimulação de
cultura de fibroblastos de pacientes asmáticos com dexametasona, um tipo de
corticosteróide com atividade anti-inflamatória bem documentada, por 72 horas
aumenta a divisão celular e prolonga a fase S do ciclo celular, indicando que
dexametasona mesmo com um efeito anti-inflamatório estimula o acúmulo de
fibroblastos nas vias aéreas, que está associado com o processo de remodelamento
por expressar MMPs. Além disso, um estudo de biópsias de brônquios humanos
demonstrou que a deposição de colágeno III, o aumento da massa muscular lisa, o
acúmulo de fibroblastos e o aumento de glândulas de muco podem ser seletivamente
associados com a asma severa, e dissociados com a eosinofilia e o aumento da
membrana basal, que não se correlacionam com a asma severa (Benayoun et al.,
2003).
Em conjunto, nossos resultados demonstram que PAS-1 é um potente agente
imunomodulador, capaz de inibir os principais parâmetros da inflamação alérgica
pulmonar (migração leucocitária, influxo eosinofílico, atividade de EPO, produção de
anticorpos anfiláticos, produção de citocinas, secreção de quimiocinas e
hiperreatividade pulmonar), por estimular células T citotóxicas e regulatórias, que
secretam respectivamente IFN- e IL-10/TGF-, fatores estes responsáveis pelo efeito
supressor.
121
6 CONCLUSÕES
Em conjunto, os resultados apresentados nos permitem concluir que a atividade
imunossupressora da proteína PAS-1 sobre a inflamação alérgica pulmonar se
caracteriza por:
1) inibição da produção de anticorpos anafiláticos (IgG1 e IgE), de citocinas (IL-4,
IL-5, IL-13), de quimiocinas (eotaxina), do influxo eosinofílico (tanto nas vias
aéreas como no tecido pulmonar) e da hiperreatividade das vias aéreas distais
(condutância);
2) estimulação da produção de IL-12, IFN-, IL-10 e TGF-;
3) IL-10 e IFN-, mas não IL-12, têm papel relevante na atividade
imunossupressora de PAS-1 sobre os parâmetros de inflamação alérgica
pulmonar (produção de anticorpos anafiláticos, de citocinas, de quimiocinas,
infiltrado inflamatório eosinofílico e hiperreatividade das vias aéreas);
4) a atividade imunossupressora de PAS-1 está relacionada com a estimulação
de clones de células TCD8+ e TCD4+CD25+, produtoras de IFN- e de
citocinas reguladoras ( IL-10 e TGF-β), respectivamente.
122
REFERENCIAS
Aida Y, Pabst MJ. Removal of endotoxin from protein solutions by phase separation
using Triton X-114. J Immunol Methods. 1990;132 (2):191-195.
Afkarian M, Sedy JR, Yang J, Jacobson NG, Cereb N, Yang SY, Murphy TL, Murphy
KM. T-bet is a STAT-1-inducer regulator of IL-12R expression in naïve CD4+ T cells.
Nat Immunol. 2002;3(6):546-557.
Akbari O, DeKruyff KH, Umetsu DT. Pulmonary dendritic cells producing IL-10 mediate
tolerance induced by respiractory exposure to antigen. Nat Immunol. 2001;2(8):725-731.
Akbari O, Freeman GJ, Meyer EH, Greendfield EA, Chang TT, Sharpe AH, Berry G,
Dekruyff RH, Umetsu DT. Antigen-specific regulatory T cells develop via the ICOS-
ICOS-ligand pathway and inhibit allergen-induced airway hyperreactivity. Nat Med.
2002;8(9):1024-1032.
Akbari O, Stock P, Meyer E, Kronenberg M, Sidobre S, Nakayama T, Taniguchi M,
Grusby MJ, Dekruyff RH, Umetsu DT. Essential role of NKT cells producing IL-4 and IL-
13 in the development of allergen-induced airway hyperreactivity. Nat Med.
2003;9(5):582-588.
Akdis M, Trautmann A, Klunker S, Daigle I, Kucuksezer UC, Deglmann W, Disch R,
Blaser K, Akdis CA. T helper (Th) 2 predominance in atopic diseases is due to
preferential apoptosis of circulating memory effector Th1 cells. FASEB J.
2003;7(9):1026-1035.
123
Akdis M, Verhagen J, Taylor A, Karamloo F, Karagiannidis C, Crameri R, Thunberg S,
Deniz G, Valenta R, Fiebig H, Kegel C, Disch R, Schmidt-Weber CB, Blaser K, Akdis
CA. Immune responses in healthy and allergic individuals are characterized by a fine
balance between allergen-specific T regulatory 1 and T helper 2 cells. J Exp Med.
2004;199(1):1567-1575.
Akdis M, Blaser K, Akdis CA. T regulatory cells in allergy: novel concepts in the
pathogenesis, prevention, and treatment of allergic diseases. J Allergy Clin Immunol.
2005;116(5):961-968.
Allen R, Annitage R, Conley M, Rosenblatt H, Jekins NA, Copeland NG, Bedell MA,
Edelhoff S, Disteche CM, Simoneaux DK. CD40 ligand gene defects responsible for X-
linked hyper-IgM syndrome. Science. 1993; 259(5097):990-993.
1
Araujo MI, Hoppe B, Medeiros M Jr, Alcantara L, Almeida MC, Schriefer A, Oliveirra RR,
Kruschewsky R, Figueiredo JD, Cruz AA, Carvalho EM. Impaired T helper 2 response to
aeroallergen in helminth-infected patients with asthma. J Infec Dis. 2004;190(10):1797-
1803.
Arock M, Zuany-Amorim C, Singer M, Benhamour M, Pretolani M. Interleukin-10 inhibits
cytokine generation from mast cells. Eur J Immunol. 1996;26(1):166-170.
1
International Commitee of Medical Journal editors. Uniform requirements for manuscripts submitted to Biomedical
Journal: sample references. Available from: http://www.icmj.org [2004 May 06].
National library of medicine. List of journals indexed in Index Medicus,.2001.
Available from:,
www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/browser.cgi
www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html
124
Attochina O, Daly-Engel T, Piskorska D, McGuire E, Harn DA. A schistosome-expressed
immunomodulatory glycoconjugate expands peritoneal Gr1(+) macrophages tahta
suppress naïve CD4+ T cell proliferation via an IFN-gamma and nitric oxide-dependent
mechanism. J Immunol. 2001;167(8):4293-4302.
Beck L e Spiegelberg H. The policlonal and antigen-specific IgE and IgG subclass
response of mice injected with ovalbumin in alum or complete Freund´s adjuvant. Cell
Immunol. 1989;123(1):1-8.
Becker EL. Nature and classification of immediate-type allergic reactions. Adv Immunol.
1971;13:267-313.
Belkaid Y, Von Stebut E, Mendez S, Lira R, Caler E, Bertholet S, Udey MC, Sacks D.
CD8+ T cells are required for primary immunity in C57BL/6 mice following low-dose,
intradermal challenge with Leishmania major. J Immunol. 2002;168(8):3992-4000.
Benayoun L, Druilhe A, Dombret MC, Aubier M, Pretolani M. Airway structural
alterations selectively associated with severe asthma. Am J Respir Crit Care Med.
2003;167(10):1360-1368.
Boehm U, Klamp T, Groot M, Howard JC. Cellular responses to interferon-gamma. Ann
Rev Immunol. 1997;15:749-795.
Bousquet J, Chanez P, LaCoste JY, Barneon G, Ghavanina N, Enander I, Venge P,
Ahtstedt S, Simony-Lafontaine J, Godard P. Eosinophilic inflammation in asthma. N Engl
J Med. 1990;323(15):1033-1039.
125
Bradley LM, Dalton DK, Croft M. A direct role for IFN-gamma in regulation of Th1 cell
development. J Immunol. 1996;157(4):1350-1358.
Brusselle GG, Kips JC, Tavernier JH, van derHeyden JG, Cuvelier CA, Pauwels RA,
Bleuthman H. Attenuation of allergic airway inflammation in IL-4 deficient mice. Clin Exp
Med. 1994; 24(1):73-80.
Busse WW, Lemanske RF. Asthma. N Engl J Med. 2001;344(5):350-364.
Carlson MG, Peterson CG, Venge P. Human eosinophil peroxidase:purification and
characterization. J Immunol. 1985;134(3):1875-1879.
Carroll N, Elliot J, Morton A, James A. The structure and small airways in nonfatal
asthma and fatal asthma. Ann Rev Respir Dis. 1993;147:405-410.
Chatila TA. Role of regulatory T cells in human diseases. J Allergy Clin Immunol.
2005;116(5):949-959.
Cohn L, Homer RJ, Marinov A, Rankin J, Bottomly K. Induction of airway mucus
production by T helper (Th2) cells: a critical role for interleukin 4 in cell recruitment but
not mucus production. J Exp Med. 1997; 186:1737-1747.
Cohn L, Tepper JS, Bottomly K. IL-4-independent induction of airway
hyperresponsiveness by Th2, but not Th1 cells. J Immunol. 1998; 161:3813-3816.
Cohn L, Herrick C, Niu N, Homer R, Bottomly K. Il-4 promotes airway eosinophilia by
suppressing IFN-gamma production: defining a novel role for IFN-gamma in the
regulation of allergic airway inflammation. J Immunol. 2001; 166(4):2760-2767.
Colley AJ, Le Gros G, Bertrand C, Tsuyuki S, Heusser CH, Kopf M, Anderson GP.
Interleukin-4 is required for the induction of lung Th2 mucosal immunity. Am J Respir
Cell Mol Biol. 1995;13(1):54-59.
126
Collins PD, Marleau S, Griffiths-Johnson DA, Jose PJ, Williams TJ. Cooperation
between interleukin-5 and the chemokine eotaxin to induce eosinophil accumulation in
vivo. J Exp Med. 1995;182(4):1169-1174.
Conroy DM, Williams TJ. Eotaxin and the attraction of eosinophils to the asthmatic lung.
Respir Res. 2001;2(3):150-156.
Cookson W. The alliance of genes and environment in asthma and allergy. Nature.
1999; 402(Suppl B):B5-10.
Cooper E. The potential impact of early exposure to geohelminth infections on the
development of atopy. Clin Rev Allergy Immunol. 2004;26(1):5-14.
Cooper PJ, Espinel I, Paredes W, Guderian RH, Nutman TB. Impaired tetanus-specific
cellular and humoral responses following tetanus vaccination in human onchocerciasis:
a possible role for interleukin-10. J Infect Dis. 1998;178(4):1133-1138.
Cormican L, O´Sullivan S, Burke CM, Poulter LW. IFN-gamma but not IL-4 T cells of the
asthmatic bronchial wall show increased incidence of apoptosis. Clin Exp Allergy. 2001;
31(5):731-739.
Corrigan CJ, Hartnell A, Kay AB. T lymphocyte activaction in acute severe asthma.
Lancet. 1988;1:1129-1132.
Corry DB, Folkesson HG, Warnock ML, Erle DJ, Matthay MA, Wiener-Kronish JP,
Locksley RM. Interleukin 4, but not interleukin 5 or eosinophils, is required in a murine
model of acute airway hyperreactivity. J Exp Med. 1996;183(1):109-117. Erratum in: J
Exp Med.1997;185(9):1715.
Coyle AJ, Tsuyuki S, Bertrand C, Huang S, Aguet M, Alkan SS, Anderson GP. Mice
lacking the IFN-gamma receptor have impaired ability to resolve a ling eosinophilic
127
inflammatory response associated with a prolonged capacity of T cells to exhibit a Th2
cytokine profile. J Immunol. 1996; 156(8):2680-2685.
Dainichi T, Maekawa Y, Ishii K, Zhang T, Nashed BF, Sakai T, Takashima M, Himeno K.
Nippocystatin, a cysteine protease inhibitor from Nippostrongylus brasiliensis, inhibits
antigen processing and modulates antigen-specific immune response. Infect Immun.
2001;69(12);7380-7386.
Dearon M, Prouvost-Danon A, Voisin GA. Mast cell membrane antigens and Fc
receptors in anaphylaxis. II. Functionally distinct receptors for IgG and for IgE on mouse
mast cells. Cell Immunol. 1980;49(1):178-189.
Defrance T, Carayon P, Billian G, Guilemot JC, Minty A, Caput D, Ferrara P. Interleukin-
13 is a B cell stimulating factor. J Exp med. 1994; 179(1):135-143.
Dewson G, Walsh GM, Wardlaw AJ. Expression of Bcl-2 and its homologues in human
esoinophils. Modulation by interleukin-5. Am J Respir Cell Mol Biol. 1999; 20(4):720-
728.
De Waal Malefyt R, Haanern J, Spits A, Roncarolo MG, Te Velde A, Figdor C, Johnson
K, Kastelein R, Yssel H, De Vries JE. Interleukin 10 (IL-10) and viral IL-10 strongly
reduce antigen-specific human T cell proliferation by diminishing the antigen-presenting
capacity of monocytes via downregulation of class II major histocompatibility complex
expression. J Exp Med. 1991;174(4):915-924.
Dibbert B, Daigle I, Braun D, Schranz C, Weber M, Blaser K, Zangemeister-Wittke U,
Akbar An, Simon HU. Role for Bcl-xL in delayed esoinophil apaoptosis mediated by
granulocyte-macrophage colony-stimulating factor and interleukin-5. Blood.
1998;92(3):778-783.
128
Doetze A, Satoguina J, Burchard G, Rau T, Loliger C, Fleischer B, Hoerauf A. Antigen-
specific cellular hyporesponsiveness in a chronic human helminth infection is mediated
by T(h)3/T(r)1-type cytokines IL-10 and transforming growth factor-beta but not by a
T(h)1 to T(h)2 shift. Int Immunol. 2000;12(5):623-630.
Edwards AD, Manickasingham SP, Sporri R, Diebold SS, Schulz O, Sher A, Kaisho T,
Akira S, Reis e Sousa C. Microbial recognition via Toll-like receptor-depedent and –
independent pathways determines the cytokine response of murine dendritc cell subsets
to CD40 triggering. J Immunol. 2002;169(7):3652-3660.
Fahy JV, Corry DB, Boushey HA. Airway inflammation and remodeling in asthma. Curr
Opin Pulm Med. 2000; 6:15-20.
Falcone FH, Loukas A, Quinell RJ, Pritchard DI. The innate allergenicity of helmint
parasites. Clin Rev Allergy Immunol. 2004;26(1):61-72.
Faria AM, Weiner HL. Oral tolerance. Immunol Rev. 2005;206:232-259.
Faquim-Mauro EL, Coffman RL, Abrahamsohn IA, Macedo MS. Mouse IgG1 antibodies
comprise two functionally distinct types that are differentially regulated by IL-4 and IL-12.
J Immunol. 1999;163(7):3572-3576.
Ferreira AP, Faquim-Mauro ES, Abrahamsohn IA, Macedo MS. Immunization with
Ascaris suum extract impairs T cell functions in mice. Cell Immunol. 1995;162:202-210.
Finkelman FD, Katona IM, Urban JF Jr, Holmes J, Ohara J, Tung AS, Sample JV, Paul
WE. IL-4 is required to generate ans sustain in vivo IgE responses. J Immunol. 1988;
141(7):2335-2341.
Finotto S, Neurath MF, Glickman JN, Qin S, Lehr HA, Green FA, Ackerman K, Haley K,
Galle PR, Szabo SJ, Drazen JM, De Sanctis GT, Glimcher LH. Development of
129
spontaneous airway changes consistent with human asthma in mice lacking T-bet.
Science. 2002; 295(5553):336-338.
Fiorentino DF, Bond MW, Mosmann TR. Two types of mouse T helper cell. IV.Th2
clones secrete a factor that inhibits cytokine production by Th1 clones. J Exp Med.
1989;170(6):2081-2095.
Flores-Villanueva PO, Harris TS, Ricklan DE, Stadecker MJ. Macrophages from
schitosomal egg granulomas induce unresponsiveness in specific cloned Th1
lymphocytes in vitro and down-regulate schistosomal granulomatous disease in vivo. J
Immunol. 1994;152(4):1847-1855.
Foster PS, Hogan SP, Ramsey AJ, Matthaei KI, Young IG. Interleukin 5 deficiency
abolishes eosinophilia, airways hyperreactivity, and lung damge in a mouse asthma
model. J Exp med. 1996;183(1):195-201.
Fouty B, Moss T, Solodushko V, Kraff M. Dexamethasone can stimulate G1-S phase
transition in human airway fibroblasts in asthma. Eur Resp J. 2006; 27(6):160-7
Fox DA, Chiorazzi N, Katz DH. Hapten-specific IgE antibody response in mice. V.
Differential resistance of IgE and IgG B Lymphocytes to X-irradiation. J Immunol.
1976;177:1622-1628.
Fox JG, Beck P, Dangler CA, Whany MT, Wang TC, Shi HN, Nagler-Anderson C.
Concurrent enteric helminth infection modulates inflammation and gastric immune
responses and reduces helicobacter-induced gastric atrophy. Nat Med 2000;6(5):536-
542.
Frandji P, Tkaczy C, Oskeritzian C, Lapeyre J, Peronet R, David B, Guilet JG, Mecheri
S. Presentation of soluble antigens by mast cells: uperegulation by interleukin-4 and
130
granulocyte/macrophage colony-stimulating factor and downregulation by interferon-
gamma. Cell Immunol. 1995:163(1):37-46.
Fredberg JJ, Stamenovic D. On the imperfect elasticity of lung tissue. J Appl Physiol.
1989;67(6):2408-2419.
Frigas E, Loegening DA, Solley GO, Farrow GM, Gleich GJ. Elevated levels of the
eosinophil granule major basic protein in the sputum of patients with bronchial asthma.
Mayo Clin Proc. 1981;56(6):345-353.
Gavett SH, O´Hearn DJ, Li X, Huang SK, Findelman FD. Interleukin 12 inhibits antigen-
induced airway hyperresponsiveness, inflammation, and Th2 cytokine expression in
mice. J Exp Med. 1995; 182(5):1527-1536.
Geha R, Jabara H, Brodeur S. The regulation of immunoglobulin E class-switch
recombination. Nat Rev Immunol. 2003; 3(9):721-732.
Gershon RKA. A disquisition on suppressor T cells. Transplant Rev. 1975; 26:170-185.
Gleich GJ, Frigas E, Loegering DA, Wasson DL, Steinmuller D. Cytotoxic properties of
the eosinophil major basic protein. J Immunol. 1979;123(6):2925-2957.
Goodridge HS, Wilson EH, Harnett W, Campbell CC, Harnett MM, Liew FY. Modulation
of macrophage cytokine production by ES-62, a secreted product of the filarial
nematode Acanthocheilonema viteae. J Immunol. 2001;167(2):940-945.
Gordon S. Alternative activation of macrophages. Nat Rev Immunol. 2003;3(1):23-35.
Greene BM, Fanning MM, Ellner JJ. Nonspecific suppression of antigen-induced
lymphocyte blastogenesis in Onchocerca volvulus infection in man. Clin Exp Immunol.
1983;52(2):259-265.
131
Grogan JL, Kremser PG, Deedler AM, Yazdanbakhsh M. Antigen-specific proliferation
and interferon-gamma and interleukin-5 production are down-regulated during
Schistosoma haematobium infection. J Infect Dis. 1998;177(5):1433-1437.
Griffiths-Johnson DA, Collins PD, Rossi AG, Jose PJ, Williams TJ. The chemokine,
eotaxin, activates guinea pig eosinophils in vitro and causes their accumulation into the
lung in vivo. Bioch Biophys Res Commun. 1993;197(3):1167-1172.
Gundel RH, Gerritsen ME, Gleich GJ, Wegner CD. Repeated antigen inhalation results
in a prolonged airway esoinophilia and airway hyperesponsiveness in primates. J Appl
Phisiol. 1990;68:779-786.
Gundel RH, Letts LG, Gleich GJ. Human eosinophil major basic protein induces airway
constriction and airway hyperesponsiveness in primates. J Clin Invest. 1991;87(4):1470-
1473.
Grunig G, Corry DB, Leach MW, Seymour BW, Kurup VP, Rennick DM. Interleukin-10 is
a natural suppressor of cytokine production and inflammation in a murine model of
allergic bronchopulmonary aspergillosis. J Exp Med. 1997;185(6):1089-1099.
Grunig G, Warnock M, Wakil AE, Venkayya R, Brombacher F, Rennick DM, Sheppard
D, Mohrs M, Donaldson DD, Locksley RM, Corry DB. Requirement for IL-13
independently of IL-4 in experimental asthma. Science. 1998; 282(5397):2261-2263.
Hamelmann E, Oshiba A, Paluh J, Bradley K, Loader J, Potter TA, Larsen GL, Gelfrand
EW. Requeriment for CD8+ Tcells in the development of airway hyperesponsiveness in
a murine model of airway sensitization. J Exp Med. 1996;183(4):1719-1729.
Hamelmann E, Takeda K, Schwarze J, Vella AT, Irvin CG, Gelfand EW. Development of
eosinophilic airway inflammation and airway hyperresponsiveness requires interleukin-5
132
but nor immunoglobulin E or B lymphocytes. Am J Respir Cell Mol Biol. 1999;21(4):480-
489.
Hansen G, Young VP, Berry G, Umetsu DT, Dekruyff RH. Vaccination with heat-killed
Listeria as adjuvant reverses established allergen-induced airway hyperreactivity and
inflammation: role of CD8+ T cells and IL-18. J Immunol. 2000;164(1):223-230.
Hartmann S, Kyewski B, Sonneburg B, Lucius R. A filarial cysteine protease inhibitor
down-regulates T cell proliferation and enhances inerleukin-10 production. Eur J
Immunol. 1997;27(9):2253-2260.
Hawrylowicz CM. Regulatory T cells and IL-10 in allergic inflammation. J Exp Med.
2005;202(11):1459-1463.
Hawrylowicz CM, O´Garra A. Potential role of interleukin-10-secreting regulatory T cells
in allergy and asthma. Nat Rev. 2005;5(4):271-283.
Hisaeka H, Maekawa Y, Iwakawa D, Okada H, Himeno K, Kishihara K, Tsukumo S,
Yasutomo K. Escape of malaria parasites from host immunity requires CD4+CD25+
regulatory T cells. Nat Med. 2004;10(1):29-30.
Hogan MB, Piktel D, Landreth KS. IL-5 production by bone marrow stromal cells:
implications for eosinophilia associated with asthma. J Allergy Clin Immunol.
2000;106(2):329-336.
Hogman M, Frostell CG, Hedenstrom H, Hedenstierna G. Inhalation of nitric oxide
modulates adult human bronchial tone. Am Rev Respir Dis. 1993;148(6Pt1):1474-1478.
Homer RJ, Elias JA. Consequences of long-term inflammation. Airway remodeling. Clin
Chest Med. 2000;21(2):331-343.
133
Howarth PH, Durham SR, Kay AB, Holgate ST. The relationship between mast cell-
mediator release and bronchial reactivity in allergic asthma. J Allergy Clin Immunol.
1987; 80(5):703-711.
Horwitz DA, Gray JD, Zheng SG. The potential of human regulatory T cells generated ex
vivo as a treatment for lupus and other chronic inflammatory diseases. Arthritis Res.
2002;4(4):241-246.
Huang SK, Xiao HQ, Keline-Tebbe J, Pacciotti G, Marsh DG, Lichtenstein LM, Liu MC.
IL-13 expression at the sites of allergen challenge in patients with asthma. J Immunol.
1995; 155(5):2688-2694.
Ishizaka K, Ishizaka K, Ishizaka T, hornbrook MM. Physicochemical properties of
reaginic antibody. V. Correlation of reaginic activity with gamma-E-globulin antibody. J
Immunol. 1966;97:840-853.
Itami DM, Oshiro TM, Araujo CA, perini A, Martins MA, Macedo MS, Macedo-Soares
MF. Modulation of murine experimental asthma by Ascaris suum components. Clin Exp
Allergy. 2005;35(7):873-879.
James AL, Paré PD, Hogg JC. The mechanic of airway narrowing in asthma. Ann Rev
Respir Dis. 1989;139:242-246.
Jayaraman S, Castro M, O´Sullivan M, Bradgon MJ, Holtzman MJ. Resistance to Faz-
mediated T cell apoptosis in asthma. J Immunol. 1999; 162(3):1717-1722.
Jeannin P, Lecoanet S, Delneste Y, Gauchat JF, Bonnefoy JY. IgE versus IgG4
production can be differentially regulated by IL-10. J Immunol. 1998;160(7):3555-3561.
Kaminuma O, Fujimura H,Fushimi K, Nakata A, Sakai A, Chishima S, Ogawa K, Kikuchi
M, Kikkawa H, Akikkawa H, Akiyama K, Mori A. dynamics of antigen-specific helper T
134
cells at the initiation of airway eosinophilic inflammation. Eur J Immunol. 2001;
31(9):2669-2679.
Kawabe T, Naka T, Yoshida K, Tanaka T, Fujiwara H, Suematsu S, Yoshida N,
Kishimoto T, Kikutani H. The immune responses in CD40-deficient mice: impaired
immunoglobulin class switching and germinal center formation. Immunity.
1994;1(3):167-178.
Kay AB. Overview of allergy and allergic diseases: with a view to the future. Brit Med
Bull. 2000;56(4):843-864.
Kay AB. T lymphocytes and their products in atopic allergy and asthma. Int Arch Allergy
Appl Immunol. 1991;94(1-4):189-193.
Kearley J, Barker JE, Robinson DS, Lloyd CM. Resolution of airway inflammation and
hyperreactivity after in vivo transfer of CD4+CD25+ regulatory T cells is interleukin-10-
dependent. J Exp Med. 2005:202(11):1539-1547.
Kips JC, Bruselle GJ, Ojos GF, Peleman RA, Tavernier JA, Devos RR, pauwels RA.
Interleukin-12 inhibits antigen-induced airway hyperresponsiveness in mice. Am J Respir
Crit Care Med. 1996;153(2):535-539.
Kline JN, Waldschmidt TJ, Businga TR, Lenish JE, Weinstock JV, Thorne PS, Krieg AM.
Modulation of airway inflammatory by CpG oligodeoxynucleotides in a murine model of
asthma. J Immunol. 1998;160(6):2555-2559.
Krieg AM, Kline JN. From bugs to drungs: therapeutic immunomodulation with
oligodeoxynucleotides containg CpG sequences from bacterial DNA. Antisense Nucleic
Acid Drug Dev. 2001;11(3):181-188.
Kobayashi M, Fitz L, Ryan M, Hewick RM, Clarck SC, Chan SC, Loudon R, Sherman F,
Perussia B, Trinchieri G. Identification and purification of nautral killer cell stimulatory
135
factor (NKSF), a cytokine with mutiple biologic effects on human lymphocytes. J exp
Med. 1989;170(3):827-845.
Kullber MC, Hay V, Cheever AW, Mamura M, Sher A, Letterio JJ, Shevac EM, Piccirilo
CA. TGF-beta 1 production by CD4+CD25+ regulatory T cells is not essential for
suppression of intestinal inflammation. Eur J Immunol. 2005;35(10):2886-2895.
Lamkhioued B, Gounni AS, Aldebert D, Delaporte E, Prin L, Capron A, Capron M.
Increased expression of eotaxin in bronchoalveolar lavage and airway of asthmatics
contributes to the chemotaxis of eosinophils to the site of inflammation. J Immunol.
1997;159(9):4593-4601.
Lamkhioued B, Abdelilah SG, Hamid Q, Mansor N, Delespesse G, Renzi PM. The CCR3
receptor is involved in eosinophil differentiation and is up-regulated by Th2 cytokines in
CD34+ progenitor cells. J Immunol. 2003;170(1):537-547.
Lammie PJ, Katz SP. Immunoregulation in experimental filariasis. I. In vitro suppression
of mitogen-induced blastogenesis by adhrent cells from jirds chronically infected with
Brugia pahagi. J Immunol. 1983;130(3):1381-1385.
Lebman DA, Coffman RL. Interleukin-4 causes isotype switching to IgE in T cell-
stimulated clonal B cell cultures. J Exp Med. 1988;168(3):853-862.
Lee JJ, McGarry MP, Farmer SC, Denzler KL, Larson KA, Carringan PE, Brenneise IE,
Horton MA, Haczku A, Gelfand EW, Leikauf GD, Lee NA. Interleukin-5 expression in the
lung epithelium of transgenic mice leads to pulmonary changes pathognomonic of
asthma. J Exp Med. 1997; 185(12):2143-2156.
Lefort J, Nahori MA, Ruffie C, Vargafitg BB, Pretolani M. In vitro neutralization of
eosinophils-derived major basic protein inhibits antigen-induced bronchial
hyperreactivity in sensitized guinea pigs. J Clin Investig. 1996;97:1117-1121.
136
Lemanske RF, Brusse WW. Asthma. 2003; 111(2):S502-519.
Leonard C, Tormey V, Burke C, Poulter LW. Allergen-induced cytokine production in
atopic disease and its relationship to disease severity. Am J Respir Cell Mol Biol.
1997;17(3):368-375.
Lewkowich IP, Herman NS, Schleifer KW, Dance MP, Chen BL, Dienger KM, Sproles
AA, Shah JS, Kohl J, Belkaid Y, Wills-Karp M. CD4+CD25+ T cells protect agains
experimentally induced asthma and alter pulmonary dendritic cell phenotype and
function. J Exp Med. 2005;202(11):1549-1561.
Ling EM, Smith T, Nguyen XD, Pridgeon C, Dallman M, Arbery J, Carr VA, Robinson
DS. Relation of CD4+CD25+ regulatory T cell suppression of allergen-driven T-cell
activaction to atopic status and expression of allergic disease. Lancet.
2004;363(9409):608-615.
Liwski R, Zhou J, McAlister V, Lee TD. Prolongation of allograft survival by
Nippostrongylus braziliensis is associated with decreased allospecific cytotoxic T
lymphocyte activity and development of T cytotoxic cell type 2 cells. Transplantation.
2000;69(9):1912-1922.
Loke P, MacDonald AS, Robb A, Maizels RM, Allen JE. Alternatively activated
macrophages induced by nematode infection inhibit proliferation via cell to cell contact.
Eur J Immunol. 2000;30(9):2669-2678.
Loke P, Nair MG, Parkinson J, Guiliano D, Blaxter M, Allen JE. IL-4 dependent
alternatively activated macrophages have a distinct in vivo gene expression phenotype.
BMC Immunol. 2002;3:7-11.
137
Long TT, Nakazawa S, Onizuka S, Huaman MC, Kanbara H. Influence of CD4+CD25+ T
cells on Plasmodium berghei NK65 infection in BALB/c mice. Int J Parasitol.
2003;33(2):175-183.
Luttmann W, Dauer E, Schmidt S, Marx O, Hossfeld M, Matthys H, Virchow JC Jr.
Effects of interferon-gamma and tumour necrosis factor-alpha on CD95/Fas ligand-
mediated apoptosis in human blood eosinophils. Scand J Immunol. 2000;51(1):54-59.
Lynch NR, Lopez RI, Isturiz G. Allergic reactivity and helminthic infection in Ameridians
of the Amazon basin. Int Arch allergy Appl Immunol. 1983;72:369-372.
Lynch NR, Lopez RI, di Prisco-Fuenmayor MC. Allergic reactivity and socioeconomic
level in a tropical environment. Clin Allergy. 1987;17:199-207.
Lynch NR, Hagel I, Perez M, Di Prisco MC, Lopez R, Alvarez N. Effect of antihelminthic
treament on the allergic reactivity of children in a tropical slum. J Allelrgy Clin Immunol.
1993;92:404-411.
Macedo MS, Mota I. Antigenic competition in IgE antibody production: I. Establishment
of parameters involved in primary and secondary responses. Immunology. 1980;40:701-
708.
MacDonald AS, Maizels RM, Lawrence RA, Dransfield I, Allen JE. Requirement for in
vivo production of IL-4, but not IL-10, in the induction of proliferative suppression by
filarial parasites. J Immunol. 1998;160(8):4124-4132.
MacDonald AS, Straw AD, Bauman B, Pearce EJ. CD8-dendritic cell activation status
plays an integral role in influencing Th2 response development. J Immunol.
2001;167(4):1982-1988.
Maggi E, Parronchi P, Manetti R, Simonelli C, Piccinni MP, Pugigu FS, De Carli M, Ricci
M, Romagnani S. Reciprocal regulatory effects of IFN-gamma and IL-4 on the in vitro
development of human Th1 and Th2 clones. J Immunol. 1992;148(7):2142-2147.
138
Maizels RM, Balic A, Gomes-Escobar N, Nair M, Taylor MD, Allen JE. Helminth
regulation – masters of regulation. Immunol Rev. 2004;201:89-116.
Maloy KJ, Powrie F. regulatory T cells in the control of immune pathology. Nat Immunol.
2001;2(9):816-822.
Mangan NE, Fallon RE, Smith P, Van Rooijen N, McKenzie NA, Fallon PG. Helminth
infection protects mice from anaphylaxis via IL-10-producing B cells. J Immunol.
2004;173(10):6346-6356.
Mao XQ, Sun DJ, Miyoshi A. The link between helminthic infection and atopy. Parasitol
Today. 2000; 16:186-188.
Martin TR, Gerard NP, Galli SJ, Drazen JM. Pulmonary responses to bronchoconstrictor
agonistic in the mouse. J App Physiol. 1989;64:2318-2323.
Mattes J, Yang M, Siqueira A, Clark K, MacKenzie j, McKenzie AN, Webb DC, Matthaei
KI, Foster PS. IL-13 induces airways hyperreactivity independently of the IL-4R alpha
chain in the allergic lung. J Immunol. 2001;167(3):1683-1689.
Mattes J, Yang M, Mahalingam S, Kuehr J, Webb DC, Simson L, Hogan SP, Koskinen
A, Mckenzie AN, Dent LA, Rothenberg ME, Matthaei KI, Young IG, Foster PS. Intrinsec
defect in T cell production of interleukin (IL)-13 in the absence of both IL-5 and eotaxin
precludes the development of esoinophilia and airways hyperreactivity in experimental
asthma. J Exp Med. 2002;195(11):1433-1444.
McGuirk P, McCann C, Mills KH. Pathogen-specific T regulatory 1 cells induced in the
respiratory tract by a bacterial molecule that stimulates interleukin 10 production by
dendritic cells: a novel strategy for evasion of protective T helper type 1 responses by
Bordetella pertussis. J Exp Med. 2002;195(2):221-231.
139
McMenamin C, Holt PG. The natural immune response to inhaled soluble protein
antigens involves major histocompatibility (MHC) class I-restricted CD8+ T cell-mediated
but MHC class II-restricted CD4+ T cell-dependent immune deviation resulting in
selective suppression of immunoglobulin E production. J Exp Med. 1993;178(3):889-
899.
Metzger WJ, Nyce JM. Oligonucleotide therapy of allergic asthma. J Allergy Clin
Immunol. 1999;104(2Pt1):260-266.
Mills KH. Regulatory T cells: friend or foe in immunity to infection? Nat Rev Immunol.
2004;4(11):841-855.
Minard P, Levy DA. Reaginic antibody receptors on murine mastocytoma cells. J
Immunol. 1972;109(4):887-890.
Miyajima I, Dombrowicz D, Martin TR, Ravetch JV, Kinet JP, Galli SJ. Systemic
anaphylaxis in the mouse can be mediated largely through IgG1 and Fc gammaRII.
Assessment of the cardiopulmonary changes, mast cell degranulation, and death
associated with active or IgE- or IgG1-depedent passive anaphylaxis. J Clin Invest.
1997;99(5):901-914.
Moncayo AL, Copper PJ. Geohelminth infections: impact on allergic diseases. Int J
Bioch Cell Biol. 2005;11:1-5.
Moore KW, De Waal Malefyt R, Coffman RL, O´Garra A. Interleukin-10 and the
interleukin-10 receptor. Ann Rev Immunol. 2001;19:683-765.
Mosman TR, Cherwinski H, Bond MW, Giedlin MA, Coffman RL. Two types of murine
helper T cell clone. I.definition according to profiles of lymphokine activities and secreted
proteins. J Immunol. 1986;136(7):2348-2357.
140
Mota I, Wong D. Homologous and heterologous passive cutaneous anaphylactic activity
of mouse antisera during the course of immunization. Life Sci. 1969;8(16):813-820.
Mota I, Wong D, Sadun EH. Mouse homocytotropic antibodies. I. Specific differentiation
between mouse 7S gamma 1 and mouse regain-like antibodies. Life Sci.
1968;7(24):1289-1293.
Mullen AC, High FA, Hutchins AS, Lee HW, Villarino AV, Livingston DM, Kung AL,
Cereb N, Yao TP, Yang SY, reiner SL. Role of T-bet in commitment of Th1 cells before
IL-12-dependent selection. Science. 2001;292(5523):1907-1910.
Muramatsu M, Sankaranand VS, Anant S, Sugai M, Kinoshita K, Dareidson NO, Honjo
T. Specific expression of activation-induced cytidine deaminase (AID), a novel member
of the RNA-editing deaminase family in erminal center B cells. J Biol Chem. 1999;
274(26):18470-18476.
Muramatsu M, Kinoshita K, Fagarasan S, Yamada S, Jhinkai Y, Honjo T. Class switch
recombination and hypermutation require activation-induced cytidine deaminase (AID), a
potential RNA editing enzyme. Cell. 2000;102(5):553-563.
Nacher M, Singhasivanon P, Silachamroon U, Treeprasertsuk S, Vannaphan S, Traore
B, Gay F, Looareesuwan S. Helminth infections are associated with protection from
malaria-related acute renal failure and jaundice in Thailand. Am J Trop Med Hyg.
2001;65(6):834-836.
Nair MG, Cochrane DW, Allen JE. Macrophages in chronic type 2 inflammation have a
novel phenotype characterized by the abundant expression of Ym1 and Fizz1 that can
be partly replicated in vitro. Immunol Lett. 2003;85(2):173-180.
141
Nakajima H, Iwamoto I, Tomoe S, Matsurmara R, Tomioka H, Takatsu K, Yoshida S.
CD4+ T lymphocytes and interleukin-5 mediate antigen-induced eosinophil infiltration
into the mouse trachea. Am Rev Respir Dis. 1992; 146(2):374-377.
Nakamura Y, Ghaffar O, Olivenstein R, Taha RA, Soussi-Gounni A, Zhang DH, Ray A,
Hamid Q. Gene expression of the GATA-3 transcription factor is increased in atopic
asthma. J Allergy Clin Immunol. 1999; 103:215-222.
Nakamura K, Kitani A, Fuss I, Pedersen A, Harda N, Nawata H, Strober W. TGF-beta 1
plays an important role in the mechanism of CD4+CD25+ regulatory T cell activity in
both human and mice. J Immunol. 2004;172(2):834-842.
Noben-Trauth N, Lira R, Nagase H, Paul WE, Sacks DL. The relative contribuition of IL-
4 receptor signaling and IL-10 to susceptibility to Leishmania major. J Immunol.
2003;170(10):5152-5158.
Noble A, Macary PA, Kemeny DM. IFN-gamma and IL-4 regulate the growth and
differentiation of CD8+ T cells into subpopulations with distinct cytokine profiles. J
Immunol. 1995;155(6):2928-2937.
Nussenzweig RS, Merryman C, Benacerraf B. Eletrophoretic separation and properties
of mouse antihapten antibodies involved in passive cutaneous anaphylaxis and passive
hemolysis. J Exp Med. 1964;120:315-328.
Oh JW, Seroogy CM, Meyer EH, Akbari O, Berry G, Fathman CG, DeKruyff RH, Umetsu
DT. CD4 T-helper cells enginerred to produce IL-10 prevent allergen-induced airway
hyperreactivity and inflammation. J Allergy Clin Immunol. 2002;110(3):460-468.
Omer FM, De Sousa JB, Riley EM. Differential induction of TGF-beta regulates
proinflammatory cytokine production and determines the outcome of lethal and nonlethal
Plasmodium yoelii infections. J Immunol. 2003;171(10):5430-5436.
142
Orange RP. Immunopharmacological aspects of bronchial asthma. Clin Allergy. 1993;
3:Suppl:521-537.
Osborne J, Devaney E. Interleukin-10 and antigen-presenting cells actively suppress
Th1 cells in BALB/c mice infected with the filarial parasite Brugia pahangi. Infect Immun.
1999; 67(4):1599-1605.
Oshiba A, Hamelmann E, Takeda K, Bradley KL, Loader JE, Larsen GL, Gelfand EW.
Passive transfer of immediate hypersensitivity and airway hyperresponsiveness by
allergen-specific immunoglobulin (Ig) E and G1 in mice. J Clin Invest. 1996;97(6):1398-
1408.
Oshiro TM, Rafael A, Enobe CS, Fernandes I, Macedo-Soares MF. Comparison
between different monoclonal antibodies against Ascaris suum immunessupressive
components. Braz J Med Biol Res. 2004;37(2):223-226.
Oshiro TM, Macedo MS, Macedo-Soares MF. Anti-inflammatory activity of PAS-1, a
protein component of Ascaris suum. Inflamm Res. 2005;54(1):17-21.
Oshiro TM, Enobe CS, Araujo CA, Macedo MS, Macedo-Soares MF. PAS-1, a protein
affinity purified from Ascaris suum worms, maintains the ability to modulate the immune
response to a bystander antigen. Imunol Cell Biol. 2006;84(2):138-144.
Pastrana DV, Raghavan N, Fitzgerald P, Eisinger SW, Metz C, Bucala R, Schleimer RP,
Bickel C, Scott AL. Filarial nematode parasites secrete a homologue of the human
cytokine macrophage migration inhibitory factor. Infect Immun. 1998;66(12):5955-5963.
Patel HJ, Belvisi MG, Donnely LE, Yacoub MH, Chung KF, Mitchell JA. Constitutive
expression of type-I NOS in human airway smooth muscle cells: evidence for an anti-
proliferative role. FASEB J. 1999;13(13):1810-1816.
143
Peisong G, Yamassaki A, Mao XQ, Enomoto T, feng Z, Gloria-Bottini F, Bottini E,
Shirakawa T, Sun D, Hopkin JM. An asthma-associated genetic variant of STAT6
predicts low burden of Ascaris worm infestation. Genes and Immunity. 2004;5:58-62.
Pierre P, Mellaman I. Developmental regulation of invariant chain proteolysis controls
MHC class II trafficking in mouse dendritic cells. Cell. 1998;93(7):1135-1145.
Piessens WF, Ratiwayanto S, Tuti S, Palmieri JH, Piessens PW, Roiman I, Dennis DT.
Antigen-specific suppressor cells and suppressor factors in human filariasis with Brugia
malayi. N Engl J Med. 1980;302(15):833-837.
Pires RR, Oshiro TM, Itami DM, Fernandes I, Macedo-Soares MF. Production and
characterization of monoclonal antibody against an Ascaris suum allergenic component.
Braz J Med Biol Res. 2001;34(8):1033-1036.
Ramsdell F. Foxp3 and natural regulatory T cells: key to a cell lineage? Immunity.
2003;19(2):165-168.
Refaeli Y, van Parijs L, Alexander SI, Abbas AK. Interferon gamma is required for
activaction-induced death of T lymphocytes. J Exp Med. 2002; 196(7):999-1005.
Reis e Sousa C. Dendritic cells as sensors of infection. Immunity. 2001;14(5):495-498.
Renz H, Lack G, Saloga J, Schwinzer R, Bradley K, Loader J, Kupfer A, Larsen GL,
Gelfand EW. Inhibition of IgE production and normalization of airways responsiveness
by sensitized CD8 T cells in a mouse model of allergen-induced sensitization. J
Immunol. 1994;152(1):351-360.
Roche WR, Beasley R, Williams JH, Holgate ST. Subepitelial fibrosis in the bronchi of
asthmatics. Lancet. 1989;1:520-524.
Romagnani S. Immunologic influence on allergy and the Th1/Th2 balance. J Allergy Clin
Immunol. 2004; 113:395-400
.
144
Rosenberb HF, Phipps S, Foster PS. Eosinophil trafficking in allergy and asthma. J Allergy Clin Immunol. 2007;
Rothenberg ME. Eotaxin An essential mediator of eosinophil trafficking into mucosal
tissues. Am J Respir Cell Mol Biol. 1999;21(3)291-295.
Rothenberg ME. Esoinophilia N Engl J Med. 2001;338:1592-1600.
Royer B, Varadaradjalou S, Saar P, Guillosson JJ, Kantelep JP, Arock M. Inhibition of
IgE-induced activation of human mast cells by IL-10. Clin Exp Med. 2001;31(5):694-704.
Sabin EA, Araujo MI, Caralho EM, Pearce EJ. Impairment of tetanus toxoid-specific Th1-
like immune responses in humans infected with Schistosoma mansoni. J Infect Dis.
1996;173(1):269-272.
Sachs D, Noben-Trauth N. The immunology of susceptibility and resistance to
Leishmania major in mice. Nat Rev Immunol. 2002;2(11):845-858.
Satoguina J, Mempel M, larbi J, Badusche M, Loiger C, Adjei O, Gachelin G, Fleischer
B, Hoerauf A. Antigen-specific T regulatory-1 cells are associated with
immunosuppression in a chronic helmint infection (onchocerciasis). Microbes Infect.
2002; 4(13):1291-1300.
Sakaguchi S, Sakaguchi N, Asano M, Itoh M, Toda M. Immunologic self-tolerance
maintened by activated T cells expressing IL-2 receptor alpha-chains (CD25).
Breakdown of a single mechanism of self-tolerance causes various autoimmune
diseases. J Immunol. 1995;155(3):1151-1164.
Schamapain MP,Beherens BL, Larsen GL, Henson PM. An animal model of late
pulmonary responses to Alternaria challenge. Am Rev Respir Dis. 1982; 126(3):493-
498.
Scheerens J, Van Gessel SB, Nijkamp FP, Folkerts G. Eotaxin protein levels and airway
pathology in a mouse model for allergic asthma. Eur J Pharmacol. 2002;453(1):111-117.
145
Schonemeyer A, Lucius R, Sonnenburg B, Brattig N, Sabat R, Schiling K, Bradley J,
Hartmann S. Modulation of human T cell responses and macrophage functions by
onchocystatin, a secreted protein of the filarial nematode Onchocerca volvulus. J
Immunol. 2001;167(6):3207-3215.
Seder RA, LeGros GG. The functional role of CD8+ T helper type 2 cells. J Exp Med.
1995;181(1):5-7.
Shi HZ, Humbles A, Gerard C, Jin Z, Weller PF. Lymph node trafficking and antigen
presentation by endobronchial eosinophils. J Clin Invest. 2000; 105(7):945-953.
Shirakawa T, Enomoto T, Shimazu S, Hopkin JM. The inverse association between
tuberculin responses and atopic disorder. Science. 1997;275:77-79.
Silva SR, Jacysyn JF, Macedo MS, Faquim-Mauro EL. Immunosuppressive components
of Ascaris suum down-modulate expression of costimulatory molecules and function of
antigen-presenting cells via na IL-10-mediated mechanism. Eur J Immunol.
2006;36(12):3227-3237.
Smart JM, Horak E, Kemp AS, Robertson CF, Tang ML. Polycloanl and allergen-
induced cytokine responses in adults with asthma: resolution of asthma is associated
with normalization of IFN-gamma responses. J Allergy Clin Immunol. 2002;110(3):450-
456.
Soares MFM, Macedo MS, Mota I. Antigenic competition in IgE, IgG1 and IgG2 antibody
production in the mouse. Int Arch Allergy Appl Immunol. 1985;78(4):449-451.
Soares MF, Macedo MS, Perini A, Mota I. Antigenic competition of Th and B cells. Int
Arch Appl Immunol. 1986;79(2):196-201.
Soares MFM, Macedo MS, Mota I. Suppressive effect of an Ascaris suum extract on IgE
and IgG antibody responses in mice. Braz J Med Biol Res. 1987;20(2):203-211.
146
Soares MFM, oliveira EB, Mota I, macedo MS. Suppression of IgE antibody production
by Ascaris suum extract: characterization of suppressive components. Braz J Med Biol
Res. 1988;21(3):527-529.
Soares MFM, Perini A, Mota I, Macedo MS. Further characterization of Ascaris suum
component(s) with suppressive activity on the IgE antibody response. Braz J Med Biol
Res. 1989;23(6-7):589-592.
Soares MFM, Mota I, Macedo MS. Suppressive effect of X irradiation in IgE antibody
response. Braz. J Med Biol Res. 1991;24(6):587-590.
Soares MFM, Mota I, Macedo MS. Isolation of Ascaris suum components which
suppress IgE antibody responses. Int Arch Allergy Immunol. 1992;97(1):37-43.
Song Z, Casolaro V, Chen R, Georas SN, Monos D, Ono SJ. Polymorphic nucleotides
within the human IL-4 promoter that mediate overexpression of the gene. J Immunol.
1996; 26:2972-2980.
Spinozzi F, Fizzoti M, Agea E, Piattoni S, Droetto S, Russano A, Forenza N, Bassotti G,
Grignani F, Bertotto A. Defective expression of Fas messenger RNA and Fas receptor
on pulmonary T cells from patients with asthma. Ann Intern Med. 1998; 128(5):363-369.
Stampfi MR, Cwiartka M, Gajewska B, Alvarez D, Ritz SA, Inman MD, Xing Z, Jordana
M. Interleukin-10 gene transfer to the airway regulates allergic mucosal sensitization in
mice. Am J Respir Cell Mol Biol. 1999;21(5):586-596.
Stock P, Kallinich T, Akbari O, Quarcoo D, Gerhold K, Wahn U, Umetsu DT,
Hamelmann E. CD8+ T cells regulate immune responses in a murine model of allergen-
induced sensitization and airway inflammation. Eur J Immunol. 2004;34(7):1817-1827.
Stone PJ, Gottlieb DJ, O´Connor TD, Ciccolella DE, Breuer R, Bryan-Rhadfi J, Shaw
HH, Franzblau C, Snider GL. Elastin and collagen degradation products in urine of
147
smokers with and without chronic obstructive pulmonary disease. Am J Respir Crit Care
Med. 1995;151(4):952-959.
Strath M, Warren DJ, Sanderson CJ.Detection of esoinofphils using an eosinophil
peroxidase assay. Its use as an assay for eosinophil differentiation factors. J Immunol
Meth. 1985;83:209-215.
Takanaski S, Nonaka R, Xing Z, O´Byrne P, Dolovich J, Jordana M. Interleukin-10
inhibits lipopolysaccharide-induced survival and cytokine production by human
peripheral blood eosinophils. J Exp Med. 1994;180(2):711-715.
Teeman UA, Geha GP, rankin JA, Flavell RA. Expression of interleukin-9 in the lungs of
transgenic mice causes airway inflammation, mast cell hyperplasia, and bronchial
hyperresponsiveness. J Exp Med.1998;188(7):1307-1320.
Terrazas LI, Walsh KL, Piskorka D, McGuire E, Harn DA. The schistosome
oligosaccharide lacto-N-neotetraose expands Gr1(+) cells that secrete anti-inflammatory
cytokines and inhibit proliferation of naive CD4(+) cells: a potential mechanism for
immune polarization in helminth infections. J Immunol. 2001;167(9):5294-5303.
Thomas MJ, MacAry PA, Noble A, Askenase PW, Kemeny DM. T cytotoxic 1 and T
cytotoxic 1 CD8 T cells both inhibit IgE responses. Int Arch Allergy Immunol.
2001;124(1-3):187-189.
Trinchieri G, Gerosa F. Immunoregulation by interleukin-12. J Leukoc Biol.
1996;59(4):505-511.
Van den Biggelaar AH, van Ree R, Rodrigues LC, Lell B, Deelder AM, Kremsner PG,
Yazdanbakhsh M. decreased atopy in children infected with Schistosoma haematobium:
a role for parasite-induced interleukin 10. Lancet. 2000;356(9243):1723-1727.
148
Van den Biggelaar AHC, Rodrigues LC, Van Ree R, Van der Zee JS, Hoeksma-Kruizer
YCM, Souverijn JHM, Missinou MA, Borrman S, Kremsnu PG, Yazdanbakhsh M. Long-
term treatment of intestinal helminths increases mite skin-test reactivity in gabonese
school children. J Infect Dis. 2004;189:892-900.
Van der Kleij D, Latz E, Brouwers JF, Kruize YC, Schmitz M, Kurt-Jones EA, Espevik T,
De Jong EC, Kapsenberg ML, Golenbock DT, Tielens AG, Yazdanbakhsh M. A novel
host-parasite lipid cross-talk. Schistosomal lyso-phosphatidylserine activates toll-like
receptor 2 and affects immune polarization. J Biol Chem. 2002;277(50):48122-48129.
Van Eedewegh P, Little RD, Dupuis J, Del Mastro RG, Falls K, Simon J, Torrey D,
Pandit S, Mckenny J, Braunschweiger K, Walsh A, Liu Z, Hayward B, Folz C, Manning
SP, Bawa A, Saracino L, Thackston M, Benchekroun Y, Capparell N, Wang M, Adair R,
Feng Y, Dubois J, FitzGerald MG, Huang H, Gibson R, Allen KM, Pedan A, Danzig MR,
Umland SP, Egan RW, Cuss FM, Rorke S, Clough JB, Holloway JW, Holgate ST, Keith
TP. Association of the ADAM33 gene with asthma and bronchial hyperresponsiveness.
Nature. 2002; 418(6896):426-430.
Van Parijs L, Abbas AK. Homeostasis and self-tolerance in the immune system: turning
lymphocytes off. Science. 1998; 280(5361):243-248.
Van Scott MR, Justice JP, Bradfield JF, Enright E, Sigounas A, Sur S. IL-10 reduces
Th2 cytokine production and eosinophilia but augments airway reactivity in allergic mice.
Am J Physiol Lung Cell Mol Physiol. 2000;278(4):L667-L674.
Vella AT, Dow S, Potter TA, Kappler J, Marrack P. Cytokine-induced survival of
activated T cells in vitro and in vivo. Proc Natl Acad Sci USA. 1998; 5(7):3810-3815.
Vercelli D. Regulation of IgE síntesis. Allergy Proc. 1993;14(6):413-416.
149
Vercelli D, Geha RS. Regulation of isotype switching. Curr Opin Immunol.
1992;4(6):794-797.
Vercelli D, Jabara H, Arai K, Geha R. Induction of human IgE synthesis requires
interleukin 4 and T/B cell interactions involving the T cell receptor/CD3 complex and
MHC class II antigens. J Exp Med. 1989; 169(4):1295-1307.
Vignola AM, Kips J, Bousquet J. Tissue remodeling as a feature of persistent asthma. J
Allergy Clin Immunol. 2000; 105:1041-1053.
Walker C, Kaefi MK, Braun P, Blaser K. Activated T cells and eosinophilia in
bronchoalveolar lavages from subjects with asthma correlated with disease severity. J
Allergy Clin Immunol. 1991; 88:935-942.
Wang ZE, Zheng S, corry DB, Dalton DK, Seder RA, Reiner SL, Locksley RM. Interferon
gamma-independent effects of interleukin 12 administered during acute or established
infection due to Leishmania major. Proc Natl Acad Sci USA. 1994;91(26):12932-12936.
Walter DM, McIntire JJ, Berry G, McKenzie ANJ, Donaldson D, Dekruyff RH, Umetsu
DT. Critical role for IL-13 in the development of allergen-induced airway hypereactivity. J
Immunol. 2001;167(8):4668-4675.
Weninger W, Crowley MA, Manjunath N, Von Andrian UH. Migratory properties of naïve,
effector and memory CD8+ T cells. J Exp Med. 2001;194(7):953-966.
Williams JF, Soulsby EJL. Antigenic analysis of the developmental stages of Ascaris
suum. II. Host components. Exp Parasitol. 1970;27(3):362-367.
Wills-Karp M, Luyimbazi J, Xu X, Schofield B, Neben TY, Karp CL, Donaldson DD.
Interleukin-13: central mediator of allergic asthma. Science. 1998;282(5397):2258-2261.
Wills-Karp M. Immunologic basis of antigen-induced airway induced
hyperresponsiveness. Ann Rev Immunol. 1999; 17:255-281.
150
Wu CY, Kirman JR, Rotte MJ, Davey DF, Perfetto SP, Rhee EG, Freidag BL, Hill BJ,
Douek DC, Seder RA. Distinct lineages of Th1 cells have differential capacities for
memory cell generation in vivo. Nat Immunol. 2001; 3(9):852-858.
Wynn TA. IL-13 effector functions. Ann Rev Immunol. 2003;21:425-456.
Xu J, Foy T, Laman J, Elliott EA, Dunn JJ, Waldschmidt TJ, Elsemore J, Noelle RJ,
Flavell RA. Mice deficient for the CD40 ligand. Immunity. 1994;1(5):423-431.
Yazdanbakhsh M, Paxton WA, Kruize YC, Sartono E, Kurniawan A, Van der Wout A,
Selkirk ME, partono F, Maizels RM. T cell responsiveness correlates differentially with
antibody isotype levels in clinical and assymptomatic filariasis. J Infect Dis.
1993;167(4):925-931.
Zhang DH, Yang L, Cohn L, Parkyn L, Homer R, Ray P, Ray A. Inhibition of allergic
inflammation in a murine model of asthma by expression of a dominant-negative mutant
of GATA-3. Immunity. 1999; 11(4):473-482.
Zhu Z, Homer R, Wang Z, Chen Q, Geba Q, Wang J, Zhang Y, Elias JA. Pulmonary
expression of interleukin-13 causes inflammation, mucus hypersecretion, subepithelial
fibrosis, physiologic abnormalities, and eotaxin production. J Clin Invest. 1999;
103(6):779-788.
Zuany-Amorim C, Haile S, Leduc D, Dumarey C, Huerre M, Vargaftig BB, Pretolani M.
Interleukin-10 inhibits antigen-induced cellular recruitment into the airways of sensitized
mice. J Clin Invest. 1995;95(6):2644-2651.
151
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo