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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ESTUDO DA ESTABILIDADE A CAMPO DOS
PESTICIDAS CARBOFURANO E QUINCLORAQUE EM
ÁGUA DE LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO
EMPREGANDO SPE E HPLC-DAD
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Sandra Cadore Peixoto
Santa Maria - RS, Brasil
2007
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ii
ESTUDO DA ESTABILIDADE A CAMPO DOS
PESTICIDAS CARBOFURANO E QUINCLORAQUE EM
ÁGUA DE LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO
EMPREGANDO SPE E HPLC-DAD
por
Sandra Cadore Peixoto
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Química, Área de Concentração em Química Analítica, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito
parcial para obtenção do grau de
MESTRE EM QUÍMICA
Orientador: Prof. Dr. Renato Zanella
Santa Maria – RS, Brasil
2007
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iii
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Naturais e Exatas
Programa de Pós-Graduação em Química
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
ESTUDO DA ESTABILIDADE A CAMPO DOS PESTICIDAS
CARBOFURANO E QUINCLORAQUE EM ÁGUA DE LAVOURA
DE ARROZ IRRIGADO EMPREGANDO SPE E HPLC-DAD
elaborada por
Sandra Cadore Peixoto
como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Química
Comissão Examinadora
______________________
Prof. Dr. Renato Zanella
(Orientador – Presidente)
______________________________
Prof. Dr. Ednei Gilberto Primel (FURG)
______________________________
Prof. Dr. Sérgio Machado (UFSM)
Santa Maria, 24 de julho de 2007
iv
Aos meus pais, pelo apoio, pelo amor,
pela compreensão, por acreditar em
mim, suportando a saudade do dia-a-
dia e, principalmente, pela vida. Pai,
mãe, obrigado por vocês serem meus
pais. Amo vocês.
À Marcelo, pelo amor, pela
paciência e por incentivar sempre em
tudo que faço. Obrigado do fundo do
coração. Te amo.
v
Eu pedi força...
e Deus me deu dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi sabedoria...
e Deus me deu problemas para resolver.
Eu pedi favores...
e Deus me deu oportunidade
Eu não recebi nada do que pedi...
mas eu recebi tudo de que precisava.
Obrigado Deus por todas as bênçãos que me concendeu.
Autor desconhecido.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Renato Zanella, pela oportunidade, pela orientação, pela amizade,
e por acreditar na minha capacidade. Que Deus ilumine sempre teus caminhos.
Obrigado.
À Profª Drª. Martha Adaime pela sua dedicação em tudo que faz e por
incentivar sempre os trabalhos dos seus alunos.
Ao Prof. Dr. Ednei Primel pela participação na defesa da dissertação.
Ao Prof. Dr. Sérgio Luís de Oliveira Machado por proporcionar os estudos no
campus da UFSM. Obrigado pela sua disponibilidade.
Á UFSM pelo ensino de qualidade.
Aos professores da UFSM, que souberam ensinar e educar durante minha vida
acadêmica.
À coordenação de Pós-Graduação em Química pelo seu trabalho.
À secretária do LARP, Márcia Botega, pela sua disponibilidade em resolver
todos os probleminhas.
A todos os colegas do LARP pela convivência.
Às colegas Juliana e a Michele V. pela disposição sempre em me ajudar e pela
preocupação com os trabalhos realizados no LARP.
vii
À toda minha família que acreditou no meu trabalho e na minha capacidade.
À minha família Retore que me ensinou o valor de uma verdadeira amizade.
Aos meus irmãos, Diego e Jerry, que sempre me apoiaram e me ajudaram,
sabendo os momentos certos de dizer: calma mana.
À minha amiga Jana, pela amizade, pelo incentivo e por ter sido sempre
incansável em me ajudar. Obrigado.
À FATEC pelo apoio financeiro.
Agradeço à Deus por me dar a vida.
viii
Obrigado
Aos que me dão lugar no bonde
e que conheço não sei de onde,
aos que me dizem terno adeus
sem que lhes saiba os nomes seus,
aos que me chamam de deputado
quando nem mesmo sou jurado,
aos que, de bons, se babam: mestre!
inda se escrevo o que não preste,
aos que me julgam primo-irmão
do rei da fava ou do Hindustão,
aos que me pensam milionário
se pego aumento de salário
— e aos que me negam cumprimento
sem o mais mínimo argumento,
aos que não sabem que eu existo,
até mesmo quando os assisto.
aos que me trancam sua cara
de carinho alérgica e avara,
aos que me tacham de ultrabeócia
a pretensão de vir da Escócia,
aos que vomitam (sic) meus poemas
nos mais simples vendo problemas,
aos que, sabendo-me mais pobre,
me negariam pano ou cobre
— eu agradeço humildemente
gesto assim vário e divergente,
graças ao qual, em dois minutos,
tal como o fumo dos charutos,
já subo aos céus, já volvo ao chão,
pois tudo e nada são.
Extraído da antologia "Carlos Drummond de Andrade - Poesia completa",
Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 2002, pág. 313
ix
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Química
Universidade Federal de Santa Maria
ESTUDO DA ESTABILIDADE A CAMPO DOS PESTICIDAS
CARBOFURANO E QUINCLORAQUE EM ÁGUA DE LAVOURA DE ARROZ
IRRIGADO EMPREGANDO SPE E HPLC-DAD
AUTORA: SANDRA CADORE PEIXOTO
ORIENTADOR: PROF. DR. RENATO ZANELLA
Data e Local da defesa: Santa Maria, 24 de julho de 2007
O uso de pesticidas no controle de pragas,doenças e ervas daninhas
que prejudicam culturas de interesse agronômico visa o aumento da produção.
A degradação dos compostos aplicados ou sua conversão em outros produtos,
não significa necessariamente perda da atividade biológica, e muitas vezes,
essa conversão pode resultar em produtos ainda mais tóxicos e ativos. O
estudo da persistência dos pesticidas nas lavouras é de grande importância
para avaliar os riscos de contaminação ambiental.
Neste trabalho desenvolveu-se e validou-se um método analítico,
utilizando SPE e HPLC-DAD, para a determinação residual do inseticida
carbofurano e do herbicida quincloraque em água de lavoura de arroz irrigado.
O método consiste na pré-concentração das amostras de água em cartuchos
de SPE contendo 500 mg de C18 seguida da eluição com metanol. Os extratos
foram analisados por HPLC-DAD com coluna Gemini C18 e detecção em 220
nm para o carbofurano e 270 nm para o quincloraque.
Na validação do método avaliou-se LOD, LOQ, linearidade, precisão
(repetitividade e precisão intermediária) e exatidão, avaliada pela recuperação.
Os valores de LOQ para o método foram 2 µg L
-1
para o carbofurano e 0,6 µg
L
-1
para o quincloraque. As curvas analíticas apresentaram linearidade entre
0,5 e 10,0 mg L
-1
para o carbofurano e 0,05 e 10,0 mg L
-1
para o quincloraque,
com valores de coeficiente de determinação maiores que 0,995.
O método apresentou boa precisão, com valores de RSD inferiores a
17,1%, e boa exatidão, com recuperações entre 82 e 112%. A detecção por
arranjo de diodos permitiu a confirmação e a quantificação de forma adequada
dos pesticidas em estudo.
Após validado, o método foi aplicado para analisar amostras de água de
lavoura de arroz irrigado de um experimento realizado no Campus da UFSM,
onde foram aplicados separadamente os pesticidas carbofurano e
quincloraque, nas safras 2006/2007.
O herbicida quincloraque apresentou maior persistência, com tempo de
meia-vida de aproximadamente 12 dias, e foram encontrados resíduos até o
42º dia após aplicação. O inseticida carbofurano foi bem menos persistente,
observando-se resíduos apenas até 5 dias após aplicação. Para carbofurano
não foi possível determinar o tempo de meia-vida e o seu metabólito, 3-
hidroxicarbofurano, não foi encontrado nas amostras analisadas.
Palavras-chave: pesticidas; água; HPLC-DAD
x
ABSTRACT
Master Dissertation
Programa da Pós-Graduação em Química
Universidade Federal de Santa Maria
STUDY OF FIELD PESTICIDE STABILITY OF CARBOFURAN AND
QUINCLORAC IN THE WATER OF IRRIGATED RICE CROPS
USING SPE AND HPLC-DAD
AUTHOR: SANDRA CADORE PEIXOTO
ADVISOR: PROF. DR. RENATO ZANELLA
Date and Place of the defense: July 24
th
, 2007, Santa Maria
The use of pesticides to control pests, diseases and weeds in crops of
agricultural interest aims at the increase of production. The degradation of
applied compounds or their conversion into other products, does not necessarily
mean the loss of biological activity, and many times, this conversion can result
in even more toxic and active products. The study of the pesticides’ persistence
in crops is of great importance in order to evaluate the risks of environmental
contamination.
In this study, an analytical method for the residual determination of the
insecticide carbofuran and the herbicide quinclorac in the water of irrigated rice
farming, using SPE and HPLC-DAD, was developed and validated. The method
consists of the pre-concentration of the water samples in SPE cartridges with
500 mg of C18 followed by elution with methanol. The extracts were analyzed
by HPLC-DAD with a Gemini C18 column and detection at 220 nm for
carbofuran and 270 nm for quinclorac.
In the method validation, LOD, LOQ, linearity, precision (repeatability and
intermediate precision) and accuracy (from the recovery) were evaluated. The
LOQ values for the method were 2 µg L
-1
for carbofuran and 0.6 µg L
-1
for
quinclorac. The analytical curves presented linearity between 0.5 and 10.0 mg
L
-1
for carbofuran and 0.05 and 10.0 mg L
-1
for quinclorac, with coefficient of
determination values higher than 0.995.
The method presented good precision, with RSD values lower than
17.1%, and good accuracy, with recoveries between 82 and 112%. The
detection by diode array allowed an adequate confirmation and quantification of
the pesticides in study.
After validation, the method was applied to analyze samples of water
from irrigated rice crops from an experiment carried out at the Campus of the
UFSM, where the pesticides, carbofuran and quinclorac, were applied,
separately, in the 2006/2007 harvests.
The herbicide quinclorac presented greater persistence, with a half life
time of approximately 12 days, and residues were found up to 42 days after the
application. The insecticide carbofuran was well less persistent, observing
residues only up to 5 days after application. For carbofuran, it was not possible
to determine the half life time and its metabolite, 3-hydroxycarbofuran, was not
found in the samples analyzed.
Keywords: pesticides; water; HPLC-DAD
xi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.
FIGURA 2.
FIGURA 3.
FIGURA 4.
FIGURA 5.
FIGURA 6.
FIGURA 7.
FIGURA 8.
FIGURA 9.
FIGURA 10.
FIGURA 11.
FIGURA 12.
FIGURA 13.
Lavoura de arroz irrigado ..........................................................
Diagrama esquemático das vias de poluição ambiental por
pesticidas (BEYRUTH, 2003) ..................................................
Fórmula estrutural do carbofurano ............................................
Degradação e metabolismo do carbofurano (adaptado de
BARBOSA, 2004) ....................................................................
Fórmula estrutural do quincloraque ..........................................
Modelo do cartucho SPE ..........................................................
Etapas envolvidas na SPE (1: condicionamento, 2: percolação
da amostra, 3: lavagem e 4: eluição) .......................................
Foto do sistema SPE utilizado na pré-
concentração das
amostras de água ....................................................................
Diagrama demonstrando como foram estabelecidos o
s
valores de LOD e LOQ neste estudo
(R: ruído; S: sinal)
Cromatograma obtido por HPLC-DAD a 270 nm a pa
rtir da
solução analítica 5,0 mg L
-1
de carbofurano (t
R
: 7,9 min) e
quincloraque (t
R
: 9,5 min) ........................................................
Espectro de absorção molecular do carbofurano (10,0 mg L
-1
)
de 200 a 400 nm obtido por HPLC-
DAD a partir do seu sinal
cromatográfico (t
R
= 7,9 min) ...................................................
Espectro de absorção molecular do quincloraque (10,0 mg
L
-1
) de 200 a 400 nm obtido por HPLC-
DAD a partir do seu
sinal cromatográfico (t
R
= 9,5 min) ...........................................
Espectro de absorção molecular do 3-
hidroxicarbofurano
obtido por HPLC-
DAD a partir de uma solução analítica 10,0
mg L
-1
.......................................................................................
6
19
30
33
34
36
38
51
55
62
64
64
65
xii
FIGURA 14.
FIGURA 15.
FIGURA 16.
FIGURA 17.
FIGURA 18.
FIGURA 19.
FIGURA 20.
Curva analítica do herbicida quincloraque (HPLC-
DAD, 220
nm) obtida pelo programa Statgraphics
®
Plus 5.1 ...................
Curva analítica do inseticida carbofurano (HPLC-
DAD, 270
nm) obtida pelo programa Statgraphics
®
Plus 5.1 ...................
Cromatograma da solução analítica de carbofurano 5,0 mg L
-1
e quincloraque 1,5 mg L
-1
(em azul) e de uma amostra
fortificada no nível 3: carbofurano 20,0 µg L
-1
e quincloraque
6,0 µg L
-1
(em vermelho) .........................................................
Perfil de dissipação do pesticida carbofurano, nos canteiros
C1, C2 e C3, em amostras de água na safra de 2006
/2007
(C1, C2, C3 e média dos canteiros) ..............................
Cromatograma da amostra coletada no dia após a
aplicação do pesticida carbofurano (t
R
= 7,18 min) em
lavoura de arroz irrigado ..........................................................
Perfil de dissipação do pesticida quincloraque, nos canteiros
C4, C5 e C6, em amostras de água na safra de 2006/2007
(C4, C5, C6 e média dos canteiros) ..............................
Cromatograma da amostra coletada no dia após a
aplicação do pesticida quincloraque (t
R
= 9,5 min) em lavoura
de arroz irrigado
........................................................................
67
69
73
77
78
80
81
xiii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.
TABELA 2.
TABELA 3.
TABELA 4.
TABELA 5.
TABELA 6.
TABELA 7.
TABELA 8.
TABELA 9.
TABELA 10.
TABELA 11.
TABELA 12.
TABELA 13.
TABELA 14.
TABELA 15.
TABELA 16.
Herbicidas recomendados para a cult
ura do arroz irrigado no
Brasil ........................................................................................
Inseticidas recomendados para o controle das prin
cipais
pragas do arroz irrigado ...........................................................
Classificação dos agrotóxicos ...................................................
Pesticidas selecionados para este estudo ................................
Informações dos padrões sólidos .............................................
Condições cromatográficas otimizadas ....................................
Linearidade do método com detecção em 220 nm ...................
Linearidade do método com detecção em 270 nm ...................
V
alores estatísticos obtidos pela análise da regressão linear
para o quincloraque conforme o programa Statgraphics
®
Plus
5.1 ............................................................................................
Valo
res estatísticos obtidos pela análise da regressão linear
do carbofurano conforme o programa Statgraphics
®
Plus
5.1.............................................................................................
Resultados de LOD e LOQ
, do instrumento e do método, para
os pesticidas estudados ..........................................................
Resultados do RSD do instrumento .........................................
Resultados das recuperações dos analitos ..............................
Concentrações (em µg L
-1
) de carbofurano em amostras de
água de arroz irrigado ..............................................................
Concentrações (em µg L
-1
) de quincloraque em amo
stras de
água de arroz irrigado ..............................................................
Tempos de meia-vida do quincloraque .....................................
12
14
25
30
48
61
66
66
68
70
71
72
74
76
79
82
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
2,4-D - ácido 2,4-diclorofenoxiacético
a.C. - antes de Cristo
ACN - acetonitrila
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
C – canteiro parcial da lavoura de arroz
C18 - Sílica modificada com hidrocarboneto linear C18
C8 - Sílica modificada com hidrocarboneto linear C8
CAS - Chemical Abstracts Service
C-H - Carbono-Hidrogênio
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
d.i. - diâmetro interno
DAD - Detecção por Arranjo de Diodos, do inglês Diode Array Detection
DDT - Inseticida de nome químico -2,2 bis (p-clorofenil)-1,1,1-tricloroetano
DL
50
- dose letal para 50% das espécies testadas
ECD - Detecção por Captura de Elétrons, do inglês Electron-Capture Detection
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPA - Agência de Proteção Ambiental, do inglês Environmental Protection
Agency
FE - fase estacionária
FM - fase móvel
GC - Cromatografia Gasosa, do inglês Gas Chromatography
GC-MS - Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas
ha – hectare
GUS Índice de Vulnerabilidade de Águas Subterrâneas, do inglês
Groundwater Ubiquity Score
HPLC - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, do inglês High Performance
Liquid Chromatography
IDA - Índice Diário Aceitável
xv
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
IRGA - Instituto Riograndense do Arroz
IS - Índice de segurança
IUPAC - União Internacional de Química Pura e Aplicada, do inglês
International Union of Pure and Applied Chemistry
K - constante de velocidade
Koc - Coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo
Kow - Coeficiente de partição octanol-água
LARP - Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas
LLE - Extração Líquido-líquido, do inglês Liquid-Liquid Extraction
LMR - Limite Máximo de Resíduos
LOD - Limite de Detecção, do inglês Limit of Detection
LOQ - Limite de Quantificação, do inglês Limit of Quantification
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MeOH - metanol
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MS - Espectrometria de Massas, do inglês Mass Spectrometry
MSPD - Dispersão da Matriz em Fase Sólida, do inglês Matrix Solid Phase
Dispersion
n.d. - Não detectado
OCPs – Pesticida organoclorados
ODS - Octadecilsilano
pc - peso corporal
pH - Potencial hidrogenoiônico
pka - Constante de ionização ácida
r - Coeficiente de correlação
R - Recuperação
r
2
- Coeficiente de determinação
RP - Fase reversa, do inglês Reversed Phase
RSD - Desvio Padrão Relativo, do inglês Relative Standard Deviation
SBSE - Extração Sorptiva em Barras de Agitação, do inglês Stir Bar Sorptive
Extraction
SE - Extração com solvente, do inglês Solvent Extraction
xvi
FE - Extração com Fluído Supercrítico, do inglês Supercritical Fluid Extraction
SINDAG - Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Agrícolas
SPE - Extração em Fase Sólida, do inglês Solid-Phase Extraction
SPME - Microextração em Fase Sólida, do inglês Solid-Phase Microextraction
- tempo de meia-vida
TLC - Cromatografia em Camada Delgada, do inglês Thin Layer
Chromatography
TOC – análise de Carbono Orgânico Total
t
R
- tempo de retenção
UP - Ultra puro
UV - ultravioleta
UV-vis - Ultravioleta e visível
v/v - Volume por volume
λ - comprimento de onda
xvii
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A.
APÊNDICE B.
APÊNDICE C.
Comparação dos valores estatísticos obtidos por modelos
distintos de curvas ana
líticas, conforme o programa
Statgraphics
®
Plus 5.1 .........................................................
Foto da lavoura de arroz no Campus da UFSM ...................
Determinação dos tempos de meia-
vida do quincloraque e
do carbofurano .....................................................................
100
102
103
xviii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A.
ANEXO B.
ANEXO C.
Dados referentes às datas de coleta das amostras de água d
e
lavoura de arroz irrigado do Campus da UFSM .........................
Limites máximos de resíduos: ANVISA........................................
Limites máximos de resíduos: CONAMA – Águas doces............
105
107
108
xix
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................
2 REVISÃO BIBLIOGFICA ......................................................................
2.1 O arroz irrigado ...................................................................................
2.1.1 Principais espécies que prejudicam a produção do arroz irrigado.
2.1.2 Controle das pragas no arroz irrigado ...........................................
2.1.3 Pesticidas permitidos para o uso em arroz irrigado ......................
2.2 Os pesticidas ......................................................................................
2.2.1 História e legislação dos pesticidas ...............................................
2.2.2 Efeitos e perigos dos pesticidas ....................................................
2.2.3 Tipos de pesticidas ........................................................................
2.2.4 Toxicidade e classificação dos pesticidas .....................................
2.3 Determinação de pesticidas empregando métodos
cromatográficos .................................................................................
2.4 Pesticidas selecionados para este estudo .......................................
2.4.1 Carbofurano ...................................................................................
2.4.2 Quincloraque .................................................................................
2.5 Preparo de amostras para a determinação de resíduos de
pesticidas em água empregando Extração em Fase Sólida
(SPE) ..................................................................................................
2.5.1 Extração em Fase Sólida (SPE) ....................................................
2.5.2 Modos de operação na Extração em Fase Sólida (SPE) ..............
2.5.3 Etapas envolvidas na Extração em Fase Sólida (SPE) .................
2.6 Métodos
cromatográficos de determinação dos pesticidas
selecionados para este estudo .........................................................
2.7 Validação de métodos cromatográficos de análises ......................
2.7.1 Curva analítica e linearidade..........................................................
2.7.2 Exatidão..........................................................................................
2.7.3 Precisão.........................................................................................
1
4
4
7
8
9
10
16
18
23
24
25
29
30
34
35
35
37
37
39
40
41
42
43
xx
2.7.3.1 Repetitividade .......................................................................
2.7.3.2 Reprodutibilidade ..................................................................
2.7.4 Limite de Detecção e Limite de Quantificação ..............................
2.7.5 Sensibilidade .................................................................................
2.7.6 Seletividade ...................................................................................
2.7.7 Recuperação .................................................................................
2.7.8 Robustez .......................................................................................
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................
3.1 Instrumentação ...................................................................................
3.2 Reagentes, solventes e materiais utilizados ....................................
3.3 Preparo dos padrões analíticos utilizados .......................................
3.4 Otimização do sistema HPLC-DAD ...................................................
3.4.1 Preparo e escolha da fase móvel ..................................................
3.4.2 Escolha da vazão da fase móvel ...................................................
3.4.3 Escolha do comprimento de onda de máxima absorção ...............
3.5 Otimização do sistema SPE ...............................................................
3.5.1 Escolha do formato do cartucho ....................................................
3.5.2 Escolha do adsorvente ..................................................................
3.5.3 Escolha do solvente de condicionamento do cartucho .................
3.5.4 Escolha do solvente de eluição dos analitos de interesse ............
3.6 Validação do método para amostras aquosas ................................
3.6.1 Curva analítica e linearidade .........................................................
3.6.2 Limite de detecção e limite de quantificação .................................
3.6.3 Precisão .........................................................................................
3.6.4 Recuperação .................................................................................
3.7 Aplicação do todo desenvolvido em água de lavoura de arroz
irrigado ................................................................................................
3.7.1 Determinação dos pesticidas por SPE e HPLC-DAD.....................
3.7.2
Estudo da estabilidade dos pesticidas em lavouras de arroz
irrigado .................................................................................................
3.7.3 Determinação do tempo de meia-vida ...........................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................
43
44
44
45
45
45
46
47
47
47
48
49
49
50
50
50
51
52
52
52
53
53
54
55
56
57
58
58
59
61
xxi
4.1 Condições cromatográficas otimizadas para a determinação dos
pesticidas em estudo por HPLC-DAD ..............................................
4.2 Validação do método analítico ..........................................................
4.2.1 Espectros de absorção molecular .................................................
4.2.2 Curva analítica e linearidade do método analítico .........................
4.2.3 Limite de detecção e limite de quantificação .................................
4.2.4 Precisão .........................................................................................
4.2.5 Recuperação .................................................................................
4.3 Aplicação do método .........................................................................
4.3.1 Coleta das amostras ......................................................................
4.3.2 Recebimento das amostras ...........................................................
4.4 Estabilidade dos pesticidas em amostras de água de lavoura de
arroz irrigado ......................................................................................
4.4.1 Determinação dos tempos de meia-vida dos pesticidas
selecionados neste estudo .....................................................................
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................
TRATAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS ...............................................
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................
APÊNDICES....................................................................................................
ANEXOS.........................................................................................................
61
63
63
65
71
71
72
74
75
75
75
82
83
86
87
88
100
105
1
1 INTRODUÇÃO
A cultura do arroz irrigado destaca-se nos estados do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina pelo seu valor econômico e social, pois estima-se que
1,1 milhões de hectares são cultivados anualmente nesses estados.
Para a grande maioria da população da América Latina, o arroz
irrigado constitui-se no principal alimento, sendo responsável por 18% das
calorias e 12% das proteínas da dieta básica da população brasileira. Esta
cultura caracteriza-se também pelo uso intenso de agrotóxicos,
especialmente herbicidas e inseticidas, que associados ao manejo
inadequado da água de irrigação, pode resultar em carreamento destes
produtos para fora das lavouras, contaminando águas dos riachos, rios ou
lagoas.
A água é fundamental para o planeta. Nela, surgiram as primeiras
formas de vida, e a partir dessas, originaram-se as formas terrestres, as
quais somente conseguiram sobreviver na medida em que puderam
desenvolver mecanismos fisiológicos que lhes permitiram retirar água do
meio e retê-la em seus próprios organismos. A evolução dos seres vivos
sempre foi dependente da água.
Existe uma falsa idéia de que os recursos hídricos são infinitos.
Realmente muita água no planeta, mas menos de 3% da água do mundo
é doce, da qual mais de 99% apresenta-se congelada nas regiões polares
ou em rios e lagos subterrâneos, o que dificulta sua utilização pelo homem.
A água é o constituinte mais característico da terra, ingrediente
essencial da vida. É talvez o recurso mais importante que a terra fornece à
humanidade. Embora se observe pelos países do mundo inteiro tanta
negligência e tanta falta de visão em relação a este recurso, é de se esperar
que os seres humanos tenham pela água grande respeito, que procurem
manter seus reservatórios naturais e conservar sua pureza. De fato, o futuro
da espécie humana e de outras espécies pode ficar comprometido a menos
que haja uma melhora significativa na administração dos recursos hídricos
terrestres.
2
A qualidade da água potável e a não-contaminação dos alimentos
pode ser assegurada através de programas de monitoramento ambiental,
que minimizam o risco de poluição.
Com a crescente redução na disponibilidade de água potável para as
atividades humanas, o monitoramento de agrotóxicos no solo e na água
constitui um indicador importante para garantir que eles estejam sendo
utilizados de forma adequada e que não interfiram na qualidade das fontes
naturais de águas.
O uso de pesticidas, que são substâncias ou misturas que tem como
objetivo impedir, destruir, repelir ou mitigar qualquer praga na agricultura,
está muito difundido, pois são considerados essenciais para conseguir
melhores condições de cultivo e melhor produtividade.
Em arroz, os inseticidas e os herbicidas são normalmente aplicados,
pelo menos, em uma fase do desenvolvimento das plantas. O inseticida
carbofurano é muito utilizado na cultura de arroz irrigado para controlar as
pragas e o herbicida quincloraque para controlar as plantas daninhas que
prejudicam a produção do arroz.
A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos
aumenta, principalmente, quando a água é utilizada para o consumo
humano. A Comunidade Européia estabeleceu em 0,1 µg L
-1
a concentração
máxima admissível de qualquer pesticida em águas destinadas ao consumo
humano e em 0,5 µg L
-1
para o total de resíduos, sem deixar claro se deve-
se, ou não, considerar também produtos de transformação (CERDEIRA et
al., 2002).
O monitoramento dos pesticidas em água necessita de métodos para
a determinação e quantificação dos pesticidas na amostra. A Cromatografia
Gasosa (GC, do inglês Gas Chromatography) ou a Cromatografia Líquida
(LC, do inglês Liquid Chromatography), são métodos de separação dos
constituintes de uma matriz, cuja aplicação permite a análise qualitativa e
quantitativa de uma amostra.
Considerando a importância da água no mundo, bem como a sua
escassez, e a alta produtividade do arroz irrigado, este trabalho teve como
objetivos: (i) desenvolver e validar um método para a determinação de
3
carbofurano e quincloraque em amostras de água de lavoura de arroz,
utilizando SPE e HPLC-DAD; (ii) monitorar a estabilidade do inseticida
carbofurano e do herbicida quincloraque em água de lavoura de arroz
irrigado de um experimento a campo, realizado na área experimental do
Campus da Universidade Federal de Santa Maria, na safra de 2006/2007 (iii)
avaliar o tempo de persistência na água dos pesticidas selecionados neste
estudo.
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O arroz irrigado
O arroz é uma planta da família das gramíneas que alimenta mais da
metade da população humana do mundo (EMBRAPA, 2007). É uma
gramínea anual classificada no grupo de plantas C-3 adaptada a ambiente
aquático. Esta adaptação é devida à presença de aerênquima no colmo e
nas raízes da planta, que possibilita a passagem de oxigênio do ar para a
camada da rizosfera (IRGA, 2007).
Para a expansão de seu potencial produtivo, a cultura requer
temperatura ao redor de 24 a 30 °C e radiação solar elevada, uma vez que a
disponibilidade hídrica não é um fator limitante, devido ao fato da cultura ser
produzida em condões de solo inundado.
O Brasil está entre os dez principais produtores mundiais de arroz,
com cerca de 11 milhões de toneladas para um consumo de 11,7 milhões de
toneladas base casca. Essa produção é oriunda de dois sistemas de cultivo:
irrigado e de sequeiro (EMBRAPA, 2005).
A produção deste cereal no Brasil é originária, principalmente, das
lavouras irrigadas do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC) que, em
conjunto, respondem por quase 60% da produção nacional, sendo que
somente o RS contribui com cerca de 50%. A orizicultura gaúcha contribui
com 2,3% do produto interno bruto do Estado e 40% da produção de grãos
(IRGA, 2007).
Para poder ser cultivado com sucesso, o arroz necessita de água em
abundância e desenvolve-se bem mesmo em terrenos muito inclinados. É a
terceira maior cultura cerealífera do mundo, apenas ultrapassado pelo milho
e trigo.
Cerca de 150 milhões de hectares de arroz são cultivados anualmente
no mundo, produzindo 590 milhões de toneladas, sendo que mais de 75%
desta produção é oriunda do sistema de cultivo irrigado (EMBRAPA, 2005).
5
O arroz é um dos mais importantes grãos em termos de valor
econômico. É alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas e,
segundo estimativas, até 2050, haverá uma demanda para atender ao dobro
desta população (BARBOSA, 2004).
O arroz está presente à mesa de dois terços da população mundial,
constituindo-se no alimento mais cultivado e consumido em vários países. O
seu cultivo é tão antigo quanto à própria civilização.
O arroz é um dos componentes básicos na alimentação da maioria da
população brasileira e é um dos alimentos com melhor balanceamento
nutricional, fornecendo 20% da energia e 15% da proteína per capita
necessária ao homem e, sendo uma cultura extremamente versátil que se
adapta a diferentes condições de solo e clima, é considerado a espécie que
apresenta maior potencial para o combate à fome no mundo (EMBRAPA,
2005).
A América Latina ocupa o segundo lugar em produção e o terceiro em
consumo. Assim como na Ásia, o arroz é um produto importante na
economia de muitos dos países latino-americanos pelo fato de ser item
básico na dieta da população, como nos casos do Brasil, Colômbia e Peru,
ou por ser um produto importante no comércio internacional, como no de
Uruguai, Argentina e Guiana, como exportadores, e de Brasil, México e
Cuba, entre outros, como importadores.
As várzeas subtropicais estão presentes nos estados do Rio Grande
do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e Paraná (PR). No RS são encontrados
cerca de 5,4 milhões de hectares de várzeas e em SC aproximadamente
684 mil hectares. No PR, estima-se que existe cerca de 400 mil hectares, o
que totaliza uma área de cerca de 6,5 milhões de hectares de várzeas na
Região Sul do Brasil. Nessas várzeas, anualmente, são cultivados com arroz
irrigado cerca de 1,1 milhões de hectares, cuja produção supre mais de 50%
da demanda nacional (EMBRAPA, 2005).
O cultivo do arroz irrigado, por submersão do solo, necessita em torno
de 2000 L (2 m
3
) de água para produzir 1 kg de grãos com casca, estando
entre as culturas mais exigentes em termos de recursos hídricos (IRGA,
2007). Apesar desta alta exigência, a manutenção de uma lâmina de água
6
(Figura 1) sobre a superfície do solo traz uma série de vantagens para as
plantas do arroz.
Figura 1. Foto parcial da lavoura de arroz irrigado, mostrando a
submersão do solo em lâmina de água
A água necessária para a cultura do arroz irrigado deve ser captada
das fontes (rios, lagoas, barragens) de suprimento e conduzida até as fontes
consumidoras (lavouras). Estes procedimentos assumem um papel
importante, tanto para a garantia da produtividade, por meio de um correto
manejo da água, quanto para a composição dos custos de produção (IRGA,
2007).
A diferença de nível entre as duas fontes, em algumas condições
especiais, permite a distribuição da água por gravidade. Todavia, a situação
mais comum caracteriza-se por ser o nível da água inferior à cota da
localização da lavoura. Neste caso, a água a ser distribuída deve antes ser
elevada por meio mecânico (bombeamento).
7
2.1.1 Principais espécies que prejudicam a produção do arroz irrigado
Para alcançar os melhores rendimentos de grãos de arroz, as
lavouras devem crescer livres de pragas ou plantas daninhas. Esta
interferência é um dos principais fatores que limitam a produtividade e a
rentabilidade da cultura do arroz. As plantas daninhas são um dos principais
fatores limitantes da produtividade do arroz. Além dos efeitos diretos, através
da competição por nutrientes, água e luz, elas prejudicam a qualidade do
produto e servem como hospedeiras de pragas e doenças.
Dentre as espécies daninhas, o arroz vermelho merece um destaque
especial, por estar disseminado em quase toda a área cultivada com arroz
irrigado no Rio Grande do Sul. As plantas daninhas além de reduzir
significativamente o rendimento da lavoura de arroz irrigado e aumentar o
custo de produção diretamente, são responsáveis pelo aumento da umidade
dos grãos na colheita e pela redução no rendimento classificatório dos
grãos, bem como são hospedeiras de doenças e pragas (EMBRAPA, 2006).
No momento do estabelecimento da lavoura é onde maior
competição com a cultura por parte das plantas daninhas, que se aproveitam
do fertilizante e da luz assim como do CO
2
; por isto é necessário um bom
controle de ervas daninhas para se ter sucesso no empreendimento.
Entre as pragas que reduzem a economicidade da cultura do arroz
irrigado na região subtropical do Brasil destacam-se espécies de insetos,
moluscos e pássaros, que causam perdas de produtividade de 10 a 35%.
Associados à ocorrência de pragas ainda existem os riscos de
impacto ambiental, decorrentes do crescente uso irracional de inseticidas
químicos aplicados para controle. O sistema de implantação da cultura é um
dos fatores que mais influenciam nos níveis de danos. As principais
diferenças são detectadas entre lavouras implantadas em solo seco com
posterior inundação (plantio direto e convencional) e lavouras de arroz pré-
germinado, havendo tendência dessas últimas serem as mais prejudicadas.
As espécies de insetos mais prejudiciais ao arroz irrigado são: Spodoptera
frugiperda (lagarta-da-folha), Oryzophagus oryzae (gorgulho-aquático),
Tibraca limbativentris (percevejo-do-colmo) e Oebalus poecilus (percevejo-
8
do-grão). Pomacea canaliculata e Argelaius ruficapilus são, respectivamente,
as espécies de molusco e pássaro mais daninhos à cultura.
2.1.2 Controle das pragas no arroz irrigado
Para alcançar altos rendimentos, é fundamental que o produtor
maneje as formas de evitar as pragas do arroz irrigado. As recomendações
técnicas para o controle de pragas na cultura do arroz irrigado no Rio
Grande do Sul, visam o emprego de medidas integradas capazes de reduzir
os danos à cultura.
Os principais métodos de controle das pragas do arroz irrigado são
(EMBRAPA, 2005):
a) Método cultural de controle de pragas:
O uso de métodos alternativos de controle necessita ser intensificado,
visando especialmente à redução do custo de produção e a preservação
ambiental. Os métodos culturais recomendados para o controle de algumas
pragas estão descritos a seguir:
Uso de sementes certificadas, selecionadas para uma adequada
produção;
Rotação de culturas, intercalando o tipo de produção em diferentes
períodos;
Sucessão e integração com pecuária;
Sistema de plantio, como por exemplo, a semeadura direta e
convencional.
b) Método de controle manual:
No caso de baixa infestação, podem-se retirar manualmente as
plantas daninhas, prejudiciais à produção de arroz.
9
c) Método de controle químico:
Devido as suas características próprias, a cultura do arroz irrigado
forma um agroecossistema peculiar, sensível à interferência de fatores
negativos como o uso indiscriminado de inseticidas.
O uso de herbicidas na cultura de arroz irrigado no Brasil teve seu
início na década de 1940 com o descobrimento dos herbicidas organo-
sintéticos do grupo do 2,4-D vindo após, os inibidores de fotossíntese. O uso
de herbicidas deve ter sempre o acompanhamento de um cnico (IRGA,
2005).
No Rio Grande do Sul, o plantio de arroz irrigado inicia no período em
que as temperaturas se elevam, ou seja, no mês de outubro, a fim de facilitar
a germinação do grão. A aplicação de pesticidas na cultura do arroz procede
da seguinte maneira:
- Pré-emergente: Aplicado logo após a semeadura do arroz até o início da
emergência das plântulas. É fundamental ter umidade de solo no momento
ou após a aplicação do pesticida, com o início da irrigação ou ocorrência de
chuva.
- Pós-emergente: Aplicado após o surgimento das plantas daninhas. Pode-
se classificar como pós-emergência inicial, quando as plantas apresentarem
de 2 a 4 folhas e, pós-emergência tardia, quando as mesmas estiverem com
4 a 8 folhas, no geral com o surgimento de perfilhos, necessitando doses de
herbicidas maiores.
2.1.3 Pesticidas permitidos para o uso em arroz irrigado
Apesar de existir no mercado um grande número de compostos para
controle de plantas daninhas, insetos, fungos e outros organismos que
prejudicam a produção de lavouras de arroz, existe uma demanda crescente
de novos produtos para controlar esses organismos, que cada vez são mais
resistentes.
10
Na Região Sul do Brasil, a cultura do arroz irrigado é atacada por
várias pragas, cujo dano pode prejudicar a produtividade e a qualidade dos
grãos colhidos.
O uso de pesticidas é ainda a principal maneira utilizada no campo
para a prevenção e o controle de pragas. Estes compostos, porém, são
potencialmente tóxicos ao homem, e a presença de seus resíduos nos
alimentos pode significar risco para a saúde do consumidor.
Na Tabela 1, estão relacionados os herbicidas recomendados para a
cultura do arroz irrigado, levando-se em consideração os produtos
disponíveis no mercado e a suscetibilidade das diferentes espécies daninhas
aos diversos ingredientes ativos.
Os inseticidas para o controle dos principais insetos prejudiciais ao
arroz irrigado, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), estão listados na Tabela 2.
2.2 Os pesticidas
Literalmente, o termo praguicida tem o significado de produto com a
capacidade de destruir pragas. A denominação pesticida, muito difundida
entre os povos de língua portuguesa e usual naqueles de língua inglesa, tem
o significado literal de algo com poder de destruir pestes. O termo defensivo
tem o significado de algo que serve para defender ou resistir ao ataque de
um inimigo qualquer. Um outro termo também em uso é agrotóxico, que tem
o sentido geral de incluir todos os compostos químicos usados na agricultura
(FAO, 2005).
A Agência Nacional de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos
possui aproximadamente 900 produtos registrados como pesticidas. Desses,
em torno de 200 são produzidos em larga escala. Os 900 ingredientes ativos
incluem cerca de 250 herbicidas, 220 inseticidas, 175 fungicidas e
nematicidas e 45 rodenticidas (composto utilizado para matar roedores como
ratos), sendo os 210 restantes utilizados como desinfetantes ou para fins
diversos. Apesar de esses números variarem um pouco, uma vez que novos
11
produtos são sempre registrados e outros retirados do mercado, observa-se
nitidamente que os herbicidas, inseticidas, fungicidas e nematicidas
constituem a grande maioria dos compostos (EPA, 2007).
Os pesticidas ou praguicidas, são todas as substâncias ou misturas
que tem como objetivos impedir, destruir, repelir ou mitigar qualquer praga.
12
Tabela 1. Herbicidas recomendados para a cultura do arroz irrigado no Brasil
Nome Comum Nº CAS Grupo Químico IDA (mg kg
-1
pc)
Classe
Toxicológica*
2,4-D 94-75-7 ácido ariloxialcanóico 1 I
Azinsulfurom 120162-55-2
sulfoniluréia 0,1 III
Bentazona 25057-89-0 benzotiadiazinona 0,1 III
Bispiribaque-sódico 125401-92-5
ácido pirimidiniloxibenzóico 0,01 III
Carfentrazona-etílica 128639-02-1
triazolona 0,03 IV
Cialofope-butílico 122008-85-9
ácido ariloxifenoxipropiônico 0,003 III
Ciclossulfamurom 136849-15-5
sulfoniluréia 0,03 III
Clomazona 81777-89-1 isoxazolidinona 0,04 III
Dibrometo de diquate 85-00-7 bipiridílio 0,002 II
Dicloreto de paraquate 1910-42-5 bipiridílio 0,004 I
Etoxissulfurom 126801-58-9
sulfoniluréia 0,04 III
Glifosato 1071-83-6 glicina substituída 0,042 IV
Imazapique 104098-48-8
imidazolinona 0,5 II
Imazetapir 81335-77-5 imidazolinona 0,25 III
Metsulfurom-metílico 74223-64-6 sulfoniluréia 0,01 III
12
13
Molinato 2212-67-1 tiocarbamato 0,02 II
Oxadiazona 19666-30-9 oxadiazolona 0,005 III
Oxifluorfem 42874-03-3 éter difenílico 0,003 III
Pendimetalina 40487-42-1 dinitroanilina 0,1 III
Penoxsulam 219714-96-2
sulfonanilida triazolopirimidina 0,05 III
Picloram 1918-02-1 ácido piridinocarboxílico 0,07 III
Pirazossulfurom-etílico 93697-74-6 sulfoniluréia 0,006 III
Propanil 709-98-8 anilida 0,005 III
Quincloraque 84087-01-4 ácido quinolinocarboxílico 0,38 III
Sulfosato 81591-81-3 glicina substituída 0,03 III
Tiobencarbe 28249-77-6 tiocarbamato 0,01 III
Triclopir-butotílico
64700-56-7 ácido piridiniloxialcanóico 0,05 III
Trifluralina 1582-09-8 dinitroanilina 0,02 III
Fonte: AGROFIT, 2007
IDA = Ingestão Diária Aceitável
pc = peso corporal
* Classe toxicológica de acordo com a Tabela 3
12
13
14
Tabela 2. Inseticidas recomendados para o controle das principais pragas do arroz irrigado
Nome Comum Nº CAS Grupo Químico IDA (mg kg
-1
pc)
Classe
Toxicológica
Benfuracarbe 82560-54-1 metilcarbamato de benzofuranila 0,007 II
Beta-ciflutrina 68359-37-5 piretróide 0,02 II
Beta-cipermetrina 65731-84-2 piretróide 0,01 III
Bifentrina 82657-04-3 piretróide 0,02 II
Carbofurano 1563-66-2 metilcarbamato de benzofuranila 0,002 I
Carbosulfano 55285-14-8 metilcarbamato de benzofuranila 0,01 II
Ciflutrina 68359-37-5 piretróide 0,02 II
Cipermetrina 52315-07-8 piretróide 0,05 II
Deltametrina 52918-63-5 piretróide 0,01 III
Diflubenzurom 35367-38-5 benzoiluréia 0,02 IV
Esfenvalerato 66230-04-4 piretróide 0,02 II
Etiprole 181587-01-9 fenilpirazol 0,005 III
Fipronil 120068-37-3 pirazol 0,0002 II
Fosfeto de alumínio 20859-73-8 inorgânico precursor de fosfina 0,01 I
Fosfeto de Magnésio 12057-74-8 inorgânico precursor de fosfina 0,04 I
14
15
Fosfina 7803-51-2 inorgânico 0,01 I
Furatiocarbe 65907-30-4 metilcarbamato de benzofuranila 0,1 II
Imidacloprido 138261-41-3 neonicotinóide 0,05 III
Lambda-cialotrina 91465-08-6 piretróide 0,05 III
Malationa 121-75-5 organofosforado 0,3 III
Parationa-metílica 298-00-0 organofosforado 0,003 I
Permetrina 52645-53-1 piretróide 0,05 III
Pirimifós-metílico 29232-93-7 organofosforado 0,03 III
Terra diatomácea 14808-60-7 inorgânico 0,003 III
Tiametoxam 153719-23-4 neonicotinóide 0,02 III
Tiodicarbe 59669-26-0 metilcarbamato de oxima 0,03 II
Triclorfom 52-68-6 organofosforado 0,01 II
Zeta-cipermetrina 52315-07-8 piretróide 0,005 II
Fonte: AGROFIT, 2007
IDA = Ingestão Diária Aceitável
pc = peso corporal
* Classe toxicológica de acordo com a Tabela 3
15
16
Um pesticida pode ser uma substância química ou um agente
biológico que é lançado de encontro com as pragas que estiverem
destruindo uma plantação, disseminando doenças, incomodando pessoas,
etc. É utilizado no combate de diversas formas de seres vivos, tais como:
insetos, ervas daninhas, moluscos, pássaros, mamíferos, peixes,
nematelmintos e micróbios.
Não são necessariamente venenos, porém quase sempre são tóxicos.
Segundo SANCHES (2003), os pesticidas podem ser classificados
conforme a praga que eles combatem:
Acaricidas: para o controle de ácaros.
Bactericidas: para o controle de bactérias.
Fungicidas: para o controle de fungos.
Herbicidas: para o controle de plantas daninhas.
Inseticidas: para o controle de insetos.
Nematicidas: para o controle de nematóides.
Rodenticidas: para o controle de ratos e outros tipos de roedores.
Vermífugos: para o controle de vermes.
E também podem ser classificados em:
Orgânicos sintéticos: Carbamatos (nitrogenados), clorados, fosforados e
clorofosforados.
Inorgânicos: À base de arsênio, tálio, bário, nitrogênio, fósforo, cádmio,
ferro, selênio, chumbo, cobre, mercúrio e zinco.
Botânicos: À base de nicotina, piretrina, sabadina e rotenona.
2.2.1 História e legislação dos pesticidas
Os seres humanos têm usado pesticidas para impedir danos às suas
colheitas desde aproximadamente 500 a.C.. O primeiro pesticida conhecido
foi o enxofre. Por volta do século XV, começaram a ser utilizados elementos
químicos tóxicos como o arsênio e o mercúrio no combate a pragas em
colheitas. No século XVII, o sulfato de nicotina foi extraído das folhas de
tabaco para ser usado como pesticida. no século XIX, viu-se a introdução
17
de dois novos pesticidas: um derivado do Chrysanthemum Cinerariaefolium
da família asteraceae, e o rotenone que é derivado de raízes de legumes
tropicais (EMBRAPA, 2005).
Em 1939, Paul Müller descobriu que o DDT era um inseticida muito
eficaz. Transformou-se rapidamente no pesticida mais usado no mundo.
Entretanto, na década de 60, descobriu-se que o DDT provocava danos à
saúde de diversas espécies de aves, prejudicando sua reprodução e
oferecendo grandes riscos para biodiversidade. Rachel Carson escreveu o
livro best-seller Silent spring que criticava e alertava para o uso deste
pesticida.
Atualmente, o DDT é proibido em pelo menos 86 países (KAUSHIK,
2007). No entanto, ele continua sendo usado em algumas nações no
combate à malária e outras doenças tropicais, matando mosquitos e outros
insetos transmissores.
O uso de pesticidas dobrou desde a década de 1950, e cerca de 2,5
milhões de toneladas de pesticidas industriais são usados agora todos os
anos.
Na maior parte dos países, a venda ou uso de um pesticida deve ser
aprovada por uma agência do governo. Diversos estudos devem ser feitos
para indicar se o material é eficaz no combate as pragas.
Alguns pesticidas são considerados demasiadamente perigosos para
serem vendidos ao público geral. Somente pessoas ou organizações que
passaram por avaliações prévias podem comprar e supervisionar a
aplicação destes tipos de pesticida (TOMLIN, 2004).
A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos
aumenta, principalmente, quando a água é usada para o consumo humano.
A Comunidade Européia estabeleceu em 0,1 µg L
-1
a concentração máxima
admissível de qualquer pesticida em águas destinadas para o consumo
humano e em 0,5 µg L
-1
para o total de resíduos, sem deixar claro se deve-
se, ou não, considerar também os produtos de transformação.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e a
Organização Mundial da Saúde estabelecem níveis máximos para pesticidas
18
individuais em água destinada ao consumo humano, baseados em estudos
toxicológicos e epidemológicos.
No Brasil, a Resolução 357 / CONAMA, de 17/03/2005, estabelece
limites máximos de contaminantes em água dependendo do seu destino;
sendo que, dentre estes, estão alguns pesticidas organoclorados,
organofosforados e carbamatos. A Portaria nº 518 / ANVISA, de 25/03/2004,
do Ministério da Saúde (Padrão de Potabilidade da Água Destinada ao
Abastecimento da População Humana), estabelece limites de pesticidas em
águas destinadas ao consumo humano.
2.2.2 Efeitos e perigos dos pesticidas
O uso de agrotóxicos para minimizar com as pragas da agricultura
deve ser moderado e feito com alguns cuidados, senão, pode causar a
contaminação e desertificação do solo. O uso intenso de agrotóxicos pode
levar à degradação dos recursos naturais, em alguns casos de forma
irreversível, levando a desequilíbrios biológicos e ecológicos, entre eles a
contaminação dos lençóis freáticos e do próprio solo (EMBRAPA, 2007).
Os pesticidas podem apresentar perigo para os consumidores. Eles
oferecem ameaças também durante a manufatura, o transporte, durante
e/ou depois de seu uso.
O uso de pesticidas na agricultura, para o controle de pragas, também
pode oferecer riscos para as pessoas. Através do processo de seleção
natural, as pragas podem se tornar muito resistentes à ação do pesticida.
Os sistemas de produção intensivos elevam a necessidade de uso de
agroquímicos, os quais aumentam as concentrações residuais dos
agrotóxicos, ou de seus metabólitos que, por sua vez, podem comprometer a
qualidade de águas superficiais e subterrâneas. A deriva de agrotóxicos
ocorrida durante o processo de aplicação dos produtos, diminui a eficiência
da aplicação, além de comprometer a qualidade da flora e da fauna nativas,
assim como da água local e de outras regiões, sem falar da própria saúde do
trabalhador rural e de comunidades vizinhas. Se um produto fica mais tempo
19
no solo (alta adsorção) é maior sua possibilidade de degradar-se sem se
espalhar para outros ambientes através da lixiviação ou percolação das
substâncias, reduzindo o risco de contaminação (ALDER et al., 2006).
Além da degradação biológica, os pesticidas podem ser parcialmente
degradados através de processos químicos ou fotoquímicos, sendo
chamados de processos abióticos de degradação como oxidação, redução,
hidrólise e fotólise.
A Figura 2 mostra as várias formas de entrada dos agrotóxicos nos
compartimentos solo, água, bem como as vias de degradação e
deslocamento destes entre os diferentes ambientes.
Figura 2. Diagrama esquemático das vias de poluição ambiental por
pesticidas (BEYRUTH, 2003)
Assim, a água que chega aos nossos rios é produto do ciclo
hidrológico. A energia solar aquece a água, faz com que esta evapore, seja
Deriva
Escoamento
superficial
Volatilização
Sedimento
Agrotóxico
Chuva
Organismos
aquáticos
Água subterrânea
20
transportada pelo vento, condensada e precipitada. No solo, a ação da
gravidade leva esta água para os pontos mais baixos do terreno, achegar
aos rios e oceanos, sendo que, parte dessa água atinge os lençóis
subterrâneos por infiltração. No ciclo hidrológico, o processo de evaporação
e precipitação age como um gigantesco destilador. A partir da condensação
inicia-se o processo de contaminação com a dissolução de gases nas gotas
da chuva, e no solo a água dissolve uma série de substâncias presente
(GÁNDARA et al., 2003).
Desse modo, os pesticidas com maior ou menor rapidez podem ser
transportados dentro do próprio solo ou para fora deste ecossistema.
FERRACINI et al. (2001) apontam a facilidade de uso dos modelos
matemáticos apresentados como índices ou como intervalos matemáticos,
tais como o índice de GUS, os critérios da EPA e o Método de GOSS. Os
parâmetros de entrada desses modelos são: Koc (em mL g
-1
), t ½ solo (em
dias), solubilidade em água (em mg L
-1
) e Constante de Henry (em Pa m³
mol
-1
).
(a) Critérios da EPA
Em resumo, os critérios de screeningsugeridos pela EPA na análise
preliminar de riscos de contaminação de águas subterrâneas por pesticidas
são os seguintes:
- Solubilidade em água > 30 mg L
-1
. A solubilidade em água afeta o equilíbrio
da partição pelo controle das concentrações no meio difuso ar/água, como
também afeta as velocidades de processos de transferências como a
evaporação do agrotóxico que está presente no solo ou na água para o ar,
ou a adsorção do produto que está presente na água. Assim, ela é um
indicativo da facilidade do princípio ativo em lixiviar.
- Constante de adsorção à matéria orgânica do solo < 300-500. O Koc é
fator preditivo da biodisponibilidade do agrotóxico, uma vez que os produtos
hidrofóbicos (insolúveis em água) podem ligar-se reversivelmente ao
conjunto de carbono orgânico. O valor de Koc mede a tendência que um
composto químico tem de sofrer partição entre a fase sólida e a solução do
solo no sistema solo-água. Assim, como Koc mede a quantidade de carbono
21
orgânico adsorvido ao solo, é útil para estimar: a extensão em que um soluto
orgânico sofrerá partição no solo quando a água movimentar-se através do
perfil do solo; o grau em que os compostos químicos adsorverão na
superfície do solo; a partição durante o escoamento superficial do solo; a
partição em sedimentos aquosos.
- Constante da Lei de Henry < 10
-2
Pa m
3
mol
-1
- Meia-vida no solo > 2 - 3 semanas
- Meia-vida na água > 25 semanas. O é útil para a comparação da
persistência relativa de diferentes agrotóxicos no meio ambiente. Assim, são
importantes para o entendimento do potencial de impacto no solo ou na
água.
(b) “Ground water ubiquity score” – GUS
O índice de GUS (índice de vulnerabilidade de águas subterrâneas) é
calculado através dos valores de meia-vida do composto no solo e do
coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo, não levando em
consideração outras propriedades como solubilidade em água. As faixas de
classificação dos compostos de acordo com sua tendência à lixiviação são:
GUS < 1,8: não sofre lixiviação
1,8 < GUS < 2,8: faixa de transição
GUS > 2,8: provável lixiviação
(c) Método de Goss
Os critérios propostos para a avaliação do potencial de contaminação
de águas superficiais são:
- Alto potencial de transporte associado ao sedimento: meia-vida no solo
40 dias e Koc = 1000 ou meia-vida no solo 40 dias e Koc 500 e
solubilidade em água 0,5 mg L
-1
.
- Baixo potencial de transporte associado ao sedimento: meia-vida no solo <
1 dia ou meia-vida no solo 40 dias, Koc 500 e solubilidade em água 0,5
mg L
-1
ou meia-vida no solo 2 dias e Koc < 500 ou meia-vida no solo 4
dias e Koc 900 e solubilidade em água 0,5 mg L
-1
ou meia-vida no solo
40 dias e Koc
900 e solubilidade em água 2 mg L
-1
.
22
- Alto potencial de transporte dissolvido em água: meia-vida no solo: meia-
vida no solo > 35 dias, Koc < 1.000.000 e solubilidade em água 1 mg L
-1
ou Koc 700 e solubilidade em água entre 10 e 100 mg L
-1
.
- Baixo potencial de transporte dissolvido em água: Koc 1.000.000 ou
meia-vida no solo 1 dia e Koc 100 ou meia-vida no solo < 35 dias e
solubilidade em água < 0,5 mg L
-1
.
As substâncias que não se enquadram e nenhum dos critérios acima
são consideradas como tendo potencial dio para poluírem águas
superficiais.
A volatilidade, que é a facilidade com que se evapora, também
interfere no comportamento do pesticida no ambiente. Quanto mais volátil o
produto mais rapidamente ele atinge o compartimento atmosférico e
dependendo de sua persistência o produto pode se mover a longas
distâncias.
Considerando que a quantidade de tempo que um pesticida fica no
ambiente é o tempo de meia-vida do produto (t½), o tempo no qual
determinado princípio ativo atinge 50% de sua concentração original é útil
para a comparação da persistência relativa de diferentes agrotóxicos no
ambiente. Assim, é importante para o entendimento do potencial de impacto
no solo e na água.
Os agrotóxicos possuem diferentes estruturas e atividades biológicas,
que os tornam bastante diferenciados quanto a seus efeitos de ordem
fitossanitária. Estes, aliás, são os principais motivos pelos quais são
amplamente utilizados na agricultura. Devido ao fato de serem
potencialmente tóxicos aos organismos, o destino destes produtos no
ambiente deve ser investigado (QUEIROZ et al., 2005).
Programas de monitoramento ambiental, realizados por meio de
estudos de campo bem planejados, são considerados por diversos autores
como o melhor método de avaliação e de minimização da poluição da água
subterrânea (COHEN et al., 1995; ALBANIS et al., 1998; AZEVEDO et al.,
2000; FILIZOLA et al., 2002). Esses estudos podem ser realizados
analisando-se diretamente a água e/ou o solo, uma vez que o potencial de
contaminação da água subterrânea por pesticidas depende da sua
23
mobilidade no solo. Devido ao grande número de princípios ativos utilizados
na agricultura, as análises exigem métodos multirresíduos eficientes e
capazes de detectar limites ximos de resíduos (LMR) estabelecidos pela
legislação e concentrações consideradas de alerta para a saúde humana
(SABIK, JEANNOT & RONDEAU, 2000). Além disso, quando se trabalha
com água subterrânea ocorrem outras limitações na interpretação dos
resultados de monitoramento como fator de diluição e repetibilidade na
coleta das amostras no mesmo ponto.
2.2.3 Tipos de pesticidas
Os pesticidas podem ser classificados como (ANVISA, 2005):
Fungicida (de acordo com a etimologia: fungi, fungos, e cida matar): é um
pesticida que destrói ou inibe a ão dos fungos que geralmente atacam as
plantas. A utilização de fungicidas sintéticos é muito comum na agricultura
convencional, todavia, representa um sério risco ao homem e ao meio-
ambiente, por se tratar de um produto muito tóxico e perigoso. No caso da
agricultura alternativa, mais conhecida como agricultura orgânica, o controle
dos fungos é realizado com produtos naturais e com técnicas alternativas de
manejo.
Herbicida (de acordo com a etimologia: herbi, erva, e cida matar): é um
produto químico utilizado na agricultura para o controle de ervas
classificadas como daninhas. Os herbicidas constituem um tipo de pesticida.
As vantagens da utilização deste produto é a rapidez de ação, custo
reduzido, mínimo efeito residual e não revolvimento do solo. Os problemas
decorrentes da utilização de herbicidas são a contaminação ambiental e o
surgimento de ervas resistentes.
Todos os herbicidas são xicos para os seres humanos em alguma
medida. Existem também herbicidas naturais.
24
Inseticida (de acordo com a etimologia: inseti, insetos, e cida matar): é um
tipo de pesticida usado para exterminar insetos, destruindo ovos e larvas
principalmente. Os inseticidas têm usos: domésticos, na agricultura e na
indústria.
2.2.4 Toxicidade e classificação dos pesticidas
Em grau variável, todo o composto com atividade de praguicida é
potencialmente tóxico ao homem e aos organismos vivos relacionados com
o seu ecossistema (SANCHES et al., 2003).
É recomendado utilizar herbicidas devidamente registrados no
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e cadastrados
na Secretaria de Agricultura dos estados que adotem o procedimento de uso
para a espécie de planta daninha que se deseja controlar. O número do
registro consta no rótulo do produto.
Uma medida freqüentemente utilizada para avaliar a toxicidade aguda
de pesticidas e outras substâncias químicas é a Dose Letal 50% (DL
50
). A
DL
50
representa a quantidade (dose única) da substância necessária para
matar 50% dos animais testados nas condições experimentais utilizadas.
Nestes testes, emprega-se grande número de animais, uma vez que
mesmos indivíduos de uma mesma espécie podem exibir diferentes
respostas a determinado composto. Assim, alguns indivíduos podem ser
altamente resistentes ao composto testado, enquanto outros podem morrer
mesmo quando em contato com quantidades mínimas do produto
(SANCHES et al., 2003).
A toxicidade aguda dos pesticidas, medida pela DL
50
, varia muito
conforme o tipo de composto. Os inseticidas organofosforados e os
carbamatos são, em geral, muito tóxicos.
Conforme a legislação, os pesticidas estão agrupados em quatro
classes toxicológicas, em razão do perigo que eles podem apresentar para
os seres humanos, levando em consideração os valores de doses letais dos
25
produtos. De acordo com a Tabela 3, a identificação dos tulos desses
produtos é feita por meio de faixas coloridas.
Tabela 3. Classificação dos agrotóxicos
Classe
DL
50
Classificação
Cor da faixa no rótulo da
embalagem
I 0-50 Extremamente tóxico Vermelho vivo
II 50-500 Altamente tóxico Amarelo intenso
III 500-5000
Mediamente tóxico Azul intenso
IV >5000 Pouco tóxico Verde intenso
Fonte: ANVISA, 2005
Segundo a Portaria n° 007 de 13 de janeiro de 1981, do Ministério da
Agricultura, os produtos fitossanitários têm venda livre nas formulações
classificadas nas classes toxicológicas III, pouco tóxicos, e IV, praticamente
não tóxicos, e obrigatoriedade de venda controlada as formulações das
classes I, altamente tóxicos, e II, medianamente tóxicos, e aquelas com
características altamente poluentes que não tenham sido classificadas nas
classes I e II.
É obrigatório devolver as embalagens vazias (após a tríplice lavagem
das embalagens de produtos líquidos), no prazo de um ano após a compra
do produto, ao posto de recebimento indicado na nota fiscal de compra,
conforme legislação do MAPA (Lei 9.974 de 06/06/2000 e Decreto 4.074, de
04/01/2002).
2.3 Determinação de pesticidas empregando métodos cromatográficos
A utilização dos pesticidas em escala mundial possibilita sua detecção
em vários compartimentos ambientais. Como conseqüência, muitos deles
26
podem ser encontrados em baixas concentrações necessitando que
métodos analíticos, com alta sensibilidade e confiabilidade, sejam
desenvolvidas para aplicação nas mais diversas matrizes.
A cromatografia é preliminarmente uma ferramenta analítica para a
separação de misturas, combinada com análises qualitativas e quantitativas
das substâncias separadas. É uma poderosa e muito usada técnica de
separação dos componentes de uma amostra. Os componentes das
amostras são distribuídos entre duas fases, uma das quais permanece
estacionária, enquanto a outra elui entre os interstícios ou sobre a superfície
da fase estacionária. O movimento da fase móvel resulta numa migração
diferencial dos componentes da amostra. O mecanismo envolvido nesta
migração diferencial vai depender do tipo da fase móvel e estacionária
utilizado.
A fase móvel utilizada em HPLC deve possuir alto grau de pureza ou
ser de fácil purificação, dissolver a amostra sem decompor seus
componentes, não decompor ou dissolver a fase estacionária, ter baixa
viscosidade e ponto de ebulição, ser compatível com o detector utilizado, ter
miscibilidade completa em misturas e estar livre de oxigênio ou outros gases
dissolvidos, sendo filtradas e desgaseificadas antes do uso (COLLINS,
2006).
A cromatografia quando utiliza fases estacionárias apolares tem
inúmeras aplicações, tendo resolvido vários problemas, cujas soluções até
então eram consideradas muito difíceis. Algumas classes de compostos
facilmente separadas pela técnica de fase reversa o alcalóides, álcoois,
antibióticos, compostos aromáticos, barbitúricos, pesticidas e vitaminas.
Compostos fracamente iônicos (ácidos e bases) também podem ser
separados usando-se esta técnica, se a dissociação for suprimida pelo uso
de ácido, base ou solução-tampão, adicionado na fase móvel na escala de
pH 2-8 (COLLINS, 2006).
Para prevenir problemas de contaminação da água por agrotóxicos,
os países da Comunidade Européia adotam como concentração máxima
admissível 0,1 µg L
-1
por composto na água potável, sem no entanto,
ultrapassar 0,5
µg L
-1
ao considerar a soma de todos os compostos,
27
incluindo produtos de transformação tóxicos (EEC DRINKING WATER
DIRECTIVE, 1980; CERDEIRA et al., 2002). Para águas de superfície, o
limite ximo permitido é da ordem de 1 a 3 µg L
-1
(SLOBODNÍK et al.,
1997).
CAPELÓ et al. (2007) apresentaram uma revisão dos métodos
cromatográficos básicos para a determinação de pesticidas, assim como a
estabilidade dos pesticidas, o tratamento das amostras por SE, SFE, SPE,
MSPD, SPME e SBSE e as separações cromatográficas. Destacou que o
pH, os solventes de extração e as curvas de calibração são muito
importantes para a identificação e quantificação dos pesticidas.
MOREIRA et al. (2004) estudaram o monitoramento dos resíduos do
inseticida carbofurano e seu metabólito 3-hidroxicarbofurano em amostras
de água de tabuleiros de arroz irrigado, nas várzeas sistematizadas da
cultura, na desembocadura e no Rio Paraíba do Sul. O inseticida e seu
metabólito foram extraídos em cartuchos de octadecilsilano e analisados por
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detecção por fluorescência. O
nível máximo de resíduos de carbofurano encontrado foi de 20,0 µg L
-1
. Até
49 dias após a aplicação do inseticida foram observados resíduos na faixa
de 1,0 µg L
-1
. O 3-hidroxicarbofurano não foi detectado em nenhuma das
amostras analisadas. A persistência do carbofurano foi curta na água de
tabuleiros.
LI et al. (2004) elaboraram uma revisão da persistência do
carbofurano em água e areia do mar. As amostras foram coletadas em
Laysan Island onde uma pequena área foi contaminada pelo inseticida
carbofurano. A. persistência do carbofurano foi investigada em um forno a 30
°C e em água destilada, e as amostras foram expostas a uma fonte de luz
artificial com 300 nm e à luz do sol direta. Os estudos em laboratório
mostraram que o tempo de meia-vida do carbofurano é de aproximadamente
40 dias.
BEKLOVÁ et al. (2003) avaliaram a toxicidade do carbofurano em
organismos aquáticos e terrestres, considerando que o carbofurano é um
pesticida do grupo carbamato e comumente usado como um inseticida na
agricultura. Este estudo foi avaliado pelo efeito do produto comercial
28
Furadan 350 F contendo carbofurano na concentração de 360 g L
-1
em
organismos de diferentes ambientes aquáticos e terrestres.
GÁNDARA et al. (2002) estudaram a comparação da SPE e da SPME
para o composto carbofurano em amostras de água analisados por
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detecção por Arranjo de
Diodos (HPLC-DAD). Ambos os métodos de extração podem ser aplicados
em amostras reais e fornecem resultados adequados.
VIDAL et al. (1997) elaboraram uma revisão comparando a resolução
dos cromatogramas e dos espectros de absorção obtidos pelo HPLC-DAD.
Através do uso do HPLC–DAD a quantidade de dados das misturas de
analitos é maior, pois os dados avaliados não o somente tempo de
retenção e absorbância, mas também o comprimento de onda em cada
região. Em geral os cromatogramas mostram o comprimento de onda de
máxima absorção para maximizar a sensibilidade, porém os extratos podem
ter maiores informações quando se aplica os espectrogramas de cada
analito obtidos por HPLC–DAD.
NAVALÓN et al. (2001) desenvolveram um todo de determinação
de quantidades do inseticida fipronil utilizando SPME e Cromatografia
Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS). O método foi
aplicado para checar a existência eventual de fipronil em amostras limites de
água e solo em Granada, na Espanha, bem como em amostras de urina
humana.
MURUGESAN et al. (2007) investigaram a degradação fotocatalítica
do carbofurano em solução aquosa usando Degussa P-25 TiO
2
e ZnO como
fotocatálise. O processo de degradação foi monitorado usando análise TOC
(análise de carbono orgânico total), HPLC, GC-MS e Espectrofotômetro
Ultravioleta e visível (UV-vis).
JIMÉNEZ et al. (2007) compararam estudos de procedimentos de
preparo de amostras para determinar fipronil em polem por GC-MS GC-
ECD. O Detector por Captura de Elétrons é suficientemente sensível para
determinar fipronil em concentrações a nível traço, mas recomenda-se o
detector Espectrômetro de Massa para a identificação da presença de
fipronil em amostras de polem.
29
QUEIROZ et al. (2005) desenvolveram métodos de determinação dos
herbicidas hexanione e tebutiuron em amostras de água. A extração foi
realizada com diclorometano e a análise por Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência acoplada à Detecção no Ultravioleta (HPLC-UV). Este método foi
eficiente para a determinação dos herbicidas em amostras de água.
TOPUZ et al. (2005) avaliaram o método de determinação simultâneo
de quatro (04) pesticidas (folpet, clorotalonil, quinometionate, tetradifone) e
um (01) herbicida (trifluralina) em sucos de frutas. O método envolve a pré-
concentração de 25 g de amostras de suco de frutas em cartuchos de
extração em fase sólida C18. Os pesticidas foram separados e quantificados
por HPLC com fase reversa e Detector de Arranjo de Diodos (DAD) a 220
nm e 260 nm. Os limites de detecção dos pesticidas investigados estavam
entre 0,5 e 1,0 µg kg
-1
e as curvas de calibração mostraram uma linearidade
maior que 0,9988. Este estudo validou o método para pastas de frutas de
maçãs e pêssegos.
HUSSAIN et al. (2006), avaliaram a influência da temperatura,
umidade e atividade microbiológica na degradação e persistência dos
pesticidas carbosulfan, carbofurano, cialotrin, endosulfan e monocrotofós,
com a ajuda da incubação em laboratório e estudos em solo arenoso.
RODRIGUES-CUESTA et al. (2005), desenvolveram e validaram um
método de determinação de pesticidas em águas superficiais através de
curvas de resolução multivariadas e utilizando as informações geradas pelo
HPLC-DAD. Quatro dos pesticidas (vinclozolin, clorfenvinfós, tebuconazole
e paration-etílico) das amostras analisadas mostraram sobreposição dos
espectros, sendo difícil de quantificar. Os parâmetros das figuras de rito
(seletividade, precisão e limite de detecção) foram utilizados para a
validação.
2.4 Pesticidas selecionados para este estudo
Dentre os principais pesticidas empregados na agricultura brasileira,
foram escolhidos os pesticidas carbofurano e quincloraque, devido ao seu
30
grande emprego na cultura do arroz irrigado da região central do Rio Grande
do Sul, segundo pesquisas realizadas nas casas agrícolas da região.
Os pesticidas selecionados para este estudo e recomendados para
uso em arroz irrigado estão listados na Tabela 4.
Tabela 4. Pesticidas selecionados para este estudo
IDA pc LMR IS
Ingrediente
ativo
Grupo químico
(mg kg
-1
) (mg kg
-1
) (dia)
Carbofurano
metilcarbamato de
benzofuranila
0,002 0,2 30
Quincloraque
ácido
quinolinocarboxílico
0,38 0,05 90
Fonte: TOMLIN, 2000; GARP, 1999; USEPA, 2005
pc = peso corporal; IDA = Ingestão diária aceitável; LMR = Limite máximo de resíduos;
IS = Intervalo de segurança
2.4.1 Carbofurano
O
CH
3
CH
3
O
C
O
N
H
C
H
3
Figura 3. Fórmula estrutural do carbofurano
Nome comum: carbofurano
Grupo químico: carbamato
Nome químico (IUPAC): 2,3-dihidro-2,2-dimetilbenzofuran-7-metilcarbamato
Classe: inseticida, nematicida
31
Fórmula molecular: C
12
H
15
NO
3
Número no CAS: 1563-66
Massa molar: 221,3 g mol
-1
Classe toxicológica: I
K
OW
log P = 1,52 (20 ºC)
Pressão de vapor: 0,072 mPa (20 °C)
K
H
: 4,557 x 10
-5
Pa m
3
mol
-1
Solubilidade em água: 320 mg L
-1
(20 ºC), 351 mg L
-1
(25 ºC)
Intervalo de segurança: 30 dias
Nomes comerciais: Candor (Pesticides India), Curater (Bayer CropScience),
Diafuran (Hokko), Furan (Agrochem), Reider (Agricultura nacional), Yaltox
(Bayer CropScience).
O carbofurano é um sólido cristalino branco (ponto de fusão entre 153
e 154 °C), pouco solúvel em água. É um inseticida e nematicida, do grupo
dos carbamatos, que apresenta curta persistência no ambiente e pequeno
deslocamento para regiões adjacentes, sendo efetivo por contato, ingestão e
por ação sistêmica. As formulações de carbofurano são aplicadas no mundo
inteiro na agricultura e em 1995, mais que 20 (vinte) milhões de reais de
carbofurano foram aplicados nos Estados Unidos. O uso do carbofurano tem
sido assunto intensivo, não somente por ter duas possibilidades de uso, mas
também por ter uma toxidade oral muito alta.
O DL
50
para o carbofurano é de 11 mg kg
-1
de peso corporal em ratos.
O paration, que é um pesticida organofosforado extremamente tóxico, tem
um DL
50
de 8 mg kg
-1
(KATSUMATA et al., 2005).
O carbofurano é um composto relativamente solúvel em água e é de
fácil degradação no meio ambiente através da hidroxilação do anel
benzofuranil, com formação do 3-hidroxicarbofurano (MOREIRA, 2004).
O limite máximo de resíduos (LMR) do carbofurano em arroz é 0,20
mg kg
-1
e o intervalo de segurança (IS) para o carbofurano é de 30 dias
(AGROFIT, 2007).
O comportamento ambiental de um pesticida pode ser estimado pelas
suas características físico-químicas e pelos seus metabólitos ou produtos de
degradação formados. O principal metabólito do carbofurano é um produto
32
da oxidação, o 3-hidroxicarbofurano que também pode sofrer outras
transformações e ser eliminado por exsudação ou sofrer conjugações Este,
por sua vez, se oxida a 3-cetocarbofurano o qual por hidrólise produz o 3-
ceto-7-fenol. Os metabólitos 3-hidroxicarbofurano e o 3-cetocarbofurano têm
curta persistência no solo, o formados lentamente e apresentam baixa
toxicidade aguda para insetos (Figura 4).
No ambiente, a biodegradação do carbofurano é dependente da
temperatura, da umidade, do pH do solo, da biomassa disponível, assim
como da atividade degradativa da mesma. Aplicações periódicas de
cabofurano, no mesmo solo, aumentam a atividade degradativa do
composto, o que é devido ao maior crescimento de microorganismos
capazes de utilizá-los como fonte de carbono e nitrogênio (ALMEIDA et al.,
2001).
33
Figura 4. Degradação e metabolismo do carbofurano (adaptado de
BARBOSA, 2004)
Oxidação
Oxid
ação
Oxidação
Oxidação
Carbofurano
7-fenol
3-hidroxicarbofurano
3-hidroxi-7-fenol
Hidrólise
Hidrólise
3-cetocarbofurano
Hidrólise
3-ceto-7-fenol
Conjugados e
resíduos ligados
Conjugados e
resíduos ligados
Conjugados e
resíduos ligados
34
2.4.2 Quincloraque
N
C
l
C
O
2
H
C
l
Figura 5. Fórmula estrutural do quincloraque
Nome comum: quincloraque
Grupo químico: quinolinas
Nome químico (IUPAC): 3,7-dicloroquinoline-8-ácido carbóxiquinoline
Classe: herbicida
Fórmula molecular: C
10
H
5
Cl
2
NO
2
Número no CAS: 84087-01-4
Massa molar: 242,1 g mol
-1
Classe toxicológica: classe III
Kow: 0,07 a pH = 7
DL
50
oral - ratos: > 2610 mg kg
-1
Solubilidade em água: 0,062 mg L
-1
(pH = 7, 20 ºC)
Densidade: 0,5 g cm
-
³
pKa: 4,34 a 20 °C
Koc: 36 cm g
-1
log Kow: -1,15 (pH = 7,0)
Pressão de vapor: < 0,01 mPa (20 °C)
K
H
: < 3,72 x 10
-2
Pa m
3
mol
-1
Intervalo de segurança: 90 dias
Nomes comerciais: Drive (BASF), Accord (BASF), Faz-Nox (Crystal),
Propacet (+propanil) (Crystal), Facet (BASF)
O quincloraque é compatível com outros herbicidas usados na cultura
do arroz, como propanil, thiobencarbe e bentazona. É registrado, no Brasil,
para a cultura do arroz, para o controle de plantas daninhas em pós-
emergência.
35
2.5 Preparo de amostras para a determinação de resíduos de pesticidas
em água empregando Extração em Fase Sólida (SPE)
Uma questão fundamental para assegurar a qualidade das águas que
consumimos é o controle da sua qualidade, no que diz respeito aos resíduos
de agrotóxicos. Como se trata de quantidades muito pequenas de
contaminantes são necessárias técnicas muito sensíveis para detectar e
quantificar tais produtos (EMBRAPA, 2005).
Com a intensificação do uso da Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência, aumentou a necessidade de melhorias nas técnicas de pré-
concentração e extração dos pesticidas de interesse, visando alcançar os
limites de detecção exigidos pela legislação.
Durante a implementação de métodos cromatográficos, estão
associados diversas etapas prévias para preparação das amostras. Estas
etapas contemplam fundamentalmente a extração e/ou enriquecimento dos
analitos da matriz, mas também limpeza e/ou fracionamento, e em certos
casos derivatização.
Em meados da década de 1970, foi introduzida uma técnica muito
eficiente para concentração de analitos em amostras aquosas, a qual foi
denominada Extração em Fase Sólida (SPE). A SPE é uma técnica de
extração e pré-concentração mais freqüentemente usada para a extração e
enriquecimento de pesticidas presentes em amostras aquosas (LANÇAS,
2004).
2.5.1 Extração em Fase Sólida (SPE)
A preparação da amostra é a essência de todo método analítico.
Grande parte do tempo de uma análise é gasto no preparo da amostra. A
necessidade de técnicas de preparo de amostras que sejam mais simples,
mais rápidas e mais confiáveis, continua crescendo com o aumento da
procura por limites de detecção cada vez mais baixos em matrizes
complexas.
36
Na análise de contaminantes orgânicos tanto em amostras ambientais
como em alimentos, presença de substâncias que podem interferir na
determinação de algumas classes de contaminantes. Outro fator importante
é que o analito designado poderia estar presente em concentrações ao nível
de traços, fazendo com que a determinação quantitativa, assim como a
confirmação da identificação, se tornaria mais difícil. Também é comum que
o analito de interesse o esteja presente na matriz em uma forma química
apropriada para a sua determinação utilizando a cnica analítica desejada,
requerendo a conversão a uma forma química possível de ser detectada.
Para superar esses problemas, deve ser aplicado um método de
extração eficiente para isolar o analito de interesse da matriz, concentrar e
modificar para uma forma química ideal para a análise adicional
(HYOTYLAINEN, 2007).
A Extração em Fase Sólida é uma ferramenta muito empregada para
a extração e/ou pré-concentração de matrizes complexas.
Emprega adsorventes recheados em cartuchos de polipropileno
contendo cerca de 50 a 500 mg de adsorvente, com 46-60 µm de tamanho
de partículas, fixado no tubo através de dois filtros (Figura 6). Na SPE a
solução contendo o analito de interesse é colocada no topo de um cartucho
e aspirada com pequeno vácuo, percolando no cartucho. Depois de drenada
toda a fase líquida, o analito retido no cartucho é eluído com um pequeno
volume de solvente, que é injetado no cromatógrafo (LANÇAS, 2004).
Figura 6. Modelo do cartucho SPE
Reservatório
Disco de polietileno (20 µm)
Disco de polietileno (20 µm)
Adsorvente
Polipropileno
37
A SPE apresenta aceitação como uma ferramenta poderosa na
extração e enriquecimento de traços de pesticidas em soluções muito
diluídas como a de água de superfície, para obter concentração suficiente do
analito para detecção (CAPELÓ et al., 2007).
2.5.2 Modos de operação na Extração em Fase Sólida (SPE)
Dentre os principais modos de operação em SPE, destacam-se:
- Concentração dos analitos de interesse: os compostos de
interesse estão em concentrações muito baixas para permitir uma
concentração exata e precisa. A concentração em SPE permite o
enriquecimento de analitos sem a concentração de interferências. Um
grande volume de amostra é passado pelo cartucho a fim de concentrar os
analitos de interesse na fase estacionária contida no cartucho.
- Isolamento do analito de interesse (clean up): um grande volume
de amostra é percolado pelo cartucho e os analitos de interesse são isolados
dos interferentes da matriz.
2.5.3 Etapas envolvidas na Extração em Fase Sólida (SPE)
As principais etapas envolvidas na Extração em Fase Sólida podem
sofrer algumas variações, dependendo do modo de operação (LANÇAS,
2004).
- Condicionamento do cartucho: esta etapa destina-se a ativar o
material que está dentro do cartucho. A escolha do solvente depende da
fase estacionária do cartucho.
- Percolação da amostra: a adição da amostra no cartucho
geralmente é feita por meio de vácuo, de maneira lenta, com vazão inferior a
2,0 mL min
-1
. A substância a ser analisada concentra-se no adsorvente e os
componentes interferentes escoarão através do cartucho de extração para o
resíduo.
38
- Remoção dos interferentes: é uma etapa de lavagem com
solvente, a fim de eliminar os interferentes com um solvente que não possua
força suficiente para eliminar os analitos de interesse retidos no cartucho.
- Eluição dos analitos de interesse: A eluição dos analitos de
interesse é realizada por meio de uma pequena quantidade de solvente
(HYOTYLAINEN, 2007). Este solvente deve eluir os analitos e fazer com que
as impurezas retidas na fase estacionária permaneçam no cartucho.
A Figura 7 ilustra as etapas envolvidas na SPE.
Figura 7. Etapas envolvidas na SPE (1: condicionamento, 2: percolação
da amostra, 3: lavagem e 4: eluição)
A SPE tem crescente popularidade devido ao uso de uma variedade
de adsorventes sólidos como resinas poliméricas, polímeros como C8 e C18
e grupos amino ou ciano ligados ao suporte de sílica ou do carbono
grafitizado ou alumina (ANDREU et al., 2004).
O adsorvente mais comumente utilizado para determinação de
resíduos de pesticidas na extração em fase sólida, é do grupo octadecil,
denominado C18, ligado à sílica. A pré-concentração dos analitos se dá pelo
mecanismo de retenção denominado partição, devido às interações apolares
entre as ligações C-H do grupo C18 e C-H do analito.
1 2 3 4
Contaminantes
o
Compostos de interesse
39
Na extração em fase sólida empregando fase reversa, a fase móvel
apresentará maior polaridade do que a fase sólida e reterá os analitos
menos polares presentes em solventes polares. Posteriormente, esses
analitos retidos na fase sólida serão eluídos com um solvente pouco polar.
Uma vez que o aumento do tamanho da cadeia carbônica aumenta o caráter
apolar da fase, em muitos casos o uso de fases do tipo octadecil poderá
acarretar retenção dos analitos apolares maior que a desejada (LANÇAS,
2004).
2.6 Métodos cromatográficos de determinação dos pesticidas
selecionados para este estudo
Para executar o monitoramento e avaliação de resíduos de pesticidas
em amostras ambientais, como, por exemplo, água, é necessário definir
métodos de preparo e análise das amostras, adequadas para os baixos
níveis de resíduos impostos pela legislação.
Os limites para alto padrão de pureza da água potável, exigidos pelas
agências regulamentadoras, requerem o desenvolvimento de métodos
analíticos de sensibilidade, exatidão e precisão elevados, que permitam uma
determinação quantitativa de pesticidas compatíveis com os níveis de
exigência (RIBANI et al., 2004).
A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) é uma técnica
aplicada na análise de rotina em muitas áreas, como por exemplo:
farmacêutica, biológica, ambiental e análise de alimentos. Na maioria dos
casos é muito eficiente para a determinação dos compostos de interesse. A
aplicação de diferentes tipos de detectores, como o Arranjo de Diodos (DAD)
ou Espectrômetro de Massa (MS) auxilia na identificação e quantificação dos
compostos (POPPI et al., 2007).
PRIMEL (2003) desenvolveu e validou uma metodologia analítica para
a determinação dos herbicidas quincloraque, clomazone, bentazone, 2,4-D e
propanil em águas de superfície empregando SPE e HPLC-UV. O método foi
aplicado para análises de água de irrigação da lavoura de arroz, que
40
continha resíduos dos pesticidas, em região central do estado do Rio Grande
do Sul. Os limites de detecção e de quantificação obtidos permitiram analisar
amostras de água com concentrações de até 0,5 µg L
-1
de quincloraque e
bentazone e de até 0,1 µg L
-1
de 2,4-D, clomazone e propanil.
HIDALGO et al. (1997) utilizaram HPLC-UV e com coluna C18, para
determinar pesticidas em amostras de água de superfície. Os limites de
detecção (LOD) entre 0,02 e 0,05 µg L
-1
foram obtidos após pré-
concentração SPE.
BARCELÓ et al. (1998) desenvolveram um método baseado em
SPE–HPLC-DAD para determinar pesticidas em amostras aquosas contendo
várias amostras de substâncias micas, onde foi avaliada a influência
dessas substâncias na recuperação dos pesticidas tanto em meio ácido
como em meio neutro. O método foi aplicado às amostras de água de rios, e
o limite de detecção obtido para a amostra contendo 10,0 mg L
-1
de ácido
húmico foi entre 0,05 e 0,3 µg L
-1
.
ZANELLA et al. (2003) desenvolveram e validaram um todo
analítico baseado em SPE e HPLC-UV para determinar herbicidas em
diferentes matrizes aquosas.
2.7 Validação de métodos cromatográficos de análises
Após definidas as condições cromatográficas da análise, torna-se
necessário validar o método analítico, que envolve o processo de avaliação
estimando sua eficiência no laboratório. Este processo é denominado de
validação.
RIBANI et al. (2004) apresentou uma revisão sobre validação de um
método analítico contendo as características principais de um bom
desempenho do processo de validação, como por exemplo: especificidade,
exatidão, precisão, limite de detecção, limite de quantificação, linearidade e
robustez. Considerou que a validação é um processo dinâmico e constante
que começa nas fases de seleção, desenvolvimento e otimização do método
e na qualificação dos instrumentos, materiais e pessoal, e continua na fase
41
de experimentos e transferência do método. Um processo de validação bem
definido e documentado fornece evidência objetiva de que o sistema e o
método são adequados ao uso pretendido.
Validação é o ato ou efeito de validar, dar validade, tornar válido,
legítimo ou legal. Visa diminuir ou controlar os fatores que levam à
imprecisão ou inexatidão de um dado gerado. Os instrumentos e métodos
analíticos devem ser validados antes do uso de rotina, após manutenção e
em intervalos de tempos regulares (LANÇAS, 2004).
A validação de um método analítico define a eficiência, credibilidade,
precisão e exatidão do método analítico, e é parte exigida em um método
analítico, pois demonstra que o método é adequado ao uso pretendido. A
validação também é parte integrante de qualquer documentação submetida
às agências governamentais de regulamentação da Comunidade Européia,
Japão, EUA e outros países, quando se pretende obter o registro de
métodos usados para a quantificação de produtos.
É essencial para definir se os métodos desenvolvidos estão
completamente adequados aos objetivos a que se destinam, a fim de se
obter resultados confiáveis que possam ser satisfatoriamente interpretados.
Dessa forma, possibilita o conhecimento das limitações e da confiabilidade
nas medidas realizadas na análise.
2.7.1 Curva analítica e linearidade
A curva analítica pode ser construída preparando-se as soluções
analíticas padrões dos pesticidas, em solvente ou extrato da matriz. A curva
preparada com solvente relaciona o sinal do instrumento com a quantidade
do analito, sem considerar as interferências da matriz.
Para a maioria das técnicas analíticas cromatográficas, uma relação
linear (de primeira ordem) é observada entre a resposta do detector (y) e as
várias concentrações (x) preparadas do padrão analítico do composto de
interesse no estudo.
42
A curva analítica deve apresentar os dados estatísticos de
intersecção, da equação de regressão linear, o coeficiente de correlação (r)
ou de determinação (r²). É necessário o uso de um número suficiente de
soluções analíticas para definir adequadamente a relação entre a
concentração e a resposta. A equação da reta pode ser descrita pela
regressão linear conforme a Equação (2):
y = ax + b (2)
em que:
y = variável dependente
x = variável independente
a = é a inclinação do gráfico em relação aos eixos, coeficiente
angular
b = é a intersecção com o eixo y, coeficiente linear.
A linearidade refere-se à capacidade do método de gerar resultados
linearmente proporcionais à concentração do analito, enquadrados na faixa
analítica especifica. Este parâmetro pode ser demonstrado pelo coeficiente
de determinação (r
2
) do gráfico analítico.
2.7.2 Exatidão
A exatidão expressa a concordância entre o valor encontrado e o
valor aceito como verdadeiro ou aceito como referência (LANÇAS, 2004).
Geralmente a exatidão é determinada pelo uso de uma amostra
certificada, cuja concentração do analito de interesse é conhecida,
constituindo um ponto muito importante na validação.
Conforme a ANVISA, na Portaria 724 de maio de 2003, a exatidão
do método deve ser determinada após o estabelecimento da linearidade,
limite de detecção e da especificidade do mesmo, sendo verificada através
de, no mínimo, 9 (nove) determinações contemplando o limite de detecção
43
do método, ou seja, 3 (três) concentrações com 3 (três) réplicas cada. Os
ensaios devem ser realizados num mesmo dia e em dias diferentes.
A exatidão pode ser calculada pela Equação (1):
100
real valor
obtido valor - real valor
(%) Exatidão ×= (1)
2.7.3 Precisão
A precisão é a expressão da concordância entre vários resultados
analíticos obtidos para uma mesma amostra (LANÇAS, 2004).
A precisão pode ser determinada através da repetitividade, precisão
intermediária e reprodutibilidade, e avalia a proximidade entre várias
medidas efetuadas na mesma amostra. A precisão do todo analítico
fornece informações da semelhança dos resultados obtidos, ou seja, mede a
capacidade de repetir, reproduzir, o método analítico.
Em cromatografia a precisão pode ser determinada por meio da
injeção de padrões analíticos certificados.
2.7.3.1 Repetitividade
A repetitividade expressa a fidelidade obtida nas mesmas condições
operacionais (mesmo analista, mesmo equipamento, etc) aplicadas em um
curto intervalo de tempo (LANÇAS, 2004).
Os fatores mais importantes para identificar a repetitividade de um
método analítico são: tempo de retenção e a área ou altura do pico do
composto. O tempo de retenção de cada composto confirma a identidade do
composto e a área ou altura são parâmetros necessários pra a quantificação
do analito de interesse.
44
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no
uso de sua atribuição que lhe confere a Portaria 724 de maio de 2003,
sugere que a repetitividade seja verificada através de um mínimo de 9 (nove)
determinações cobrindo o limite especificado do método (ex: três níveis, nas
concentrações baixa, média e alta e três repetições cada um dos níveis), ou
a partir de um mínimo de seis determinações a uma concentração similar ao
valor esperado (RIBANI
et al.,
2004).
2.7.3.2 Reprodutibilidade
A reprodutibilidade designa a fidelidade entre laboratórios, geralmente
obtida em análises colaborativas (LANÇAS, 2004).
A reprodutibilidade tem como principal função identificar se o método
pode ser transferido para outro laboratório.
2.7.4 Limite de Detecção e Limite de Quantificação
O limite de detecção (LOD) corresponde à menor concentração de um
analito que pode ser detectada sob condições experimentais estabelecidas,
porém, não é necessariamente quantificada como um valor exato (LANÇAS,
2004). O limite de detecção, na prática, é determinado pela menor
concentração de analito que pode ser detectada, diferenciando do ruído do
sistema e pode ser determinado pela concentração do analito que gera um
sinal 3 vezes maior que o sinal do ruído.
O limite de quantificação (LOQ) é definido como a menor
concentração de um analito que pode ser quantificada na amostra, com
exatidão e com precisão aceitáveis (BRITO, 2003). O limite de quantificação
pode ser também definido em relação ao ruído, sendo 10 vezes maior o sinal
ruído.
De acordo com os métodos estatísticos utilizados para análise de
resíduos de pesticidas, o LOQ corresponde ao menor nível de fortificação
45
estudado. A recuperação pode variar entre 70 e 120%, com coeficiente de
variação de até 20% (RIBANI
et al
., 2004).
2.7.5 Sensibilidade
A sensibilidade de um método analítico indica sua capacidade de
discriminar, com uma fidelidade estabelecida, concentrações próximas de
um analito (LANÇAS, 2004).
A sensibilidade pode ser determinada pela inclinação da curva de
calibração. No caso de uma reta, quanto maior for o ângulo de inclinação da
reta, mais sensível se o método. Em métodos sensíveis, uma pequena
diferença de concentração do analito causa grande variação no valor do
sinal analítico medido.
2.7.6 Seletividade
A seletividade corresponde à capacidade de um método em
determinar o analito de maneira inequívoca na presença de outras
substâncias susceptíveis de interferirem na determinação analítica
(LANÇAS, 2004).
A seletividade é um parâmetro de grande importância na análise de
amostras complexas. No caso de multirresíduos, devem-se analisar várias
alíquotas diferentes da mesma matriz de forma a determinar os
componentes da matriz.
2.7.7 Recuperação
O ensaio de recuperação constitui o método mais utilizado para a
validação de métodos cromatográficos.
46
Recuperação é a medida da eficiência do processo de isolamento do
analito de interesse da matriz na qual se encontra presente (LANÇAS,
2004).
A recuperação está relacionada com a exatidão, pois é dependente
da concentração, refletindo a quantidade de determinado analito recuperado
no processo, por isso deve ser avaliada na faixa de concentração esperada
para a amostra.
O estudo da recuperação consiste na fortificação da amostra, ou seja,
adição de uma solução analítica com diferentes concentrações do analito de
interesse, seguida pela determinação da concentração do analito
adicionado.
A recuperação (R) é determinada pela relação expressa na Equação
(3):
100
real massa
obtida massa
(%) R ×= (3)
O processo de fortificação tenta simular condições reais, o
interferindo significativamente nas interações que ocorrem na própria
amostra (RIBANI
et al
., 2004).
2.7.8 Robustez
A robustez é uma medida da capacidade de um método de não sofrer
alterações em decorrência de pequenas variações, deliberadamente
introduzidas nos parâmetros do método (LANÇAS, 2004).
Para um procedimento completo de validação, a robustez deve ser
incluída durante a fase de desenvolvimento e depende do tipo de processo
em estudo, porque mede a confiabilidade do método analítico, assim como a
capacidade de permanecer inalterado sob pequenas variações nos
parâmetros do método.
47
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Instrumentação
Cromatógrafo a Líquido Varian (Palo Alto, CA, USA), composto por
bomba modelo 9010 com sistema de eluição gradiente, Detector por Arranjo
de Diodos (DAD) Pro Star 335, sistema de aquisição de dados Star
Workstation 6.0, coluna analítica Gemini 5 µ C18 (250
×
4,6 mm de d.i.; 4
µ
m) e pré-coluna do mesmo material (4
×
3 mm), ambas contendo sílica
modificada com octadecilsilano, (Phenomenex, Torrance, CA, USA);
Bomba à vácuo Tecnal TE-058 (Piracicaba, SP, Brasil);
Sistema de manifold SPE Varian (Palo Alto, CA, USA) para a pré-
concentração simultânea de 20 amostras;
pHmetro modelo pH 500 Series Cole Parmer equipado com eletrodo
de vidro combinado (Vernon Hills, IIIinois, EUA);
Ultra-som Bandelin Sonorex RK 510 (Morfelden-Walldorf, Alemanha);
Balança analítica de precisão modelo AG 245 (Metteler Toledo,
Greifensee, Suíça);
Micropipetadores automáticos com capacidade variável (Brand,
Alemanha e Eppendorf, Canadá);
Sistema de purificação de água Milli-Q Direct UV3 (Millipore, Bedford,
MA, USA).
3.2 Reagentes, solventes e materiais utilizados
Água purificada em sistema Milli-Q (resistividade de 18,2 M
cm);
Metanol grau HPLC (Mallinckrodt, NJ, USA);
Acetona grau HPLC (Mallinckrodt, NJ, USA);
Acetonitrila grau HPLC (Mallinckrodt, NJ, USA);
Hexano grau HPLC (Mallinckrodt, NJ, USA);
Ácido fosfórico p.a. 85% (Merck, Brasil);
48
Água destilada e água deionizada;
Extran neutro e Extran alcalino (Merck, Brasil);
Cartuchos para SPE Strata C18 500 mg / 3,0 mL;
Álcool etílico hidratado 92,8 °GL
3.3 Preparo dos padrões analíticos utilizados
Preparou-se, individualmente, 10,0 mL da solução estoque 1000,0 mg
L
-1
de cada pesticida, em metanol grau HPLC (quincloraque, carbofurano e
3-hidroxicarbofurano) partindo da dissolução do padrão sólido de referência,
armazenado em frasco âmbar e estocado à -18 ºC. Efetuou-se a correção
das pesagens, considerando a pureza dos padrões, conforme recomendado
na literatura (GARP, 1999).
As informações dos padrões analíticos utilizados estão listadas na
Tabela 5.
Tabela 5. Informações dos padrões sólidos
Princípio ativo Pureza (%) Fornecedor Lote Validade
Carbofurano 99,5 Dr. Ehrenstorfer 20312
03/2008
Quincloraque 97,6 Dr. Ehrenstorfer 30321
03/2009
3-hidroxicarbofurano 97,5 Dr. Ehrenstorfer 1030 12/2006
A partir das soluções estoques prepararam-se soluções analíticas de
concentrações 100,0 mg L
-1
, em metanol, de cada princípio ativo.
Posteriormente prepararam-se as soluções analíticas utilizadas para as
análises cromatográficas.
A partir da solução analítica de 100,0 e de 10,0 mg L
-1
, prepararam-se
as diluições de cada composto nas concentrações de 1,0; 2,5; 5,0; 7,5, 10,0
mg L
-1
e 0,05; 0,1; 0,25; 0,5 mg L
-1
, respectivamente. Estas soluções foram
49
empregadas para a obtenção da curva analítica. Todas as soluções
analíticas foram preparadas em metanol grau HPLC.
3.4 Otimização do sistema HPLC-DAD
A solubilidade do carbofurano e do quincloraque em sistemas polares
de fase orgânica-aquosa definiu a utilização do método cromatográfico de
fase reversa, desenvolvido por HPLC, no qual analitos de característica
pouco polares são analisados.
Para a otimização das condições cromatográficas foram injetadas,
individualmente, as soluções analíticas dos pesticidas selecionados para
este estudo, observando-se o tempo de retenção e o espectro de absorção
molecular de cada composto fornecido pelo detector DAD. Algumas
variáveis experimentais foram avaliadas, como por exemplo: composição e
vazão da fase móvel e comprimento de onda de máxima adsorção de cada
pesticida.
3.4.1 Preparo e escolha da fase móvel
Devido às características polares da maioria dos pesticidas, é
necessária a acidificação da fase móvel e da amostra, a fim de garantir uma
maior interação dos pesticidas com a fase estacionária. Em HPLC de fase
reversa, quanto mais hidrofóbico o analito, mais ele é retido. Quando o
analito se torna ionizado, fica menos hidrofóbico, e sua retenção diminui
(KURZ, 2007).
A fase vel foi preparada medindo-se quantidades de volumes de
metanol grau HPLC e de água Milli-Q, acidificada com solução aquosa de
ácido fosfórico (1:1, v/v) e desaerada em banho de ultra-som durante 15
minutos, à temperatura ambiente.
Para a análise por HPLC-DAD dos pesticidas carbofurano e
quincloraque testou-se a fase vel metanol / água (65:35; v/v), acidificada
50
a pH 3,0. Para a análise da mistura dos pesticidas, testou-se também a fase
móvel metanol / água (50:50; v/v) e a fase vel acetonitrila / água (40:60;
v/v), ambas acidificadas a pH 3,0.
Dessa forma o pH da fase móvel foi ajustada a pH 3,0 com solução
aquosa de ácido fosfórico (1:1, v/v) para garantir uma adsorção reprodutível
dos analitos na fase sólida e uma menor retenção dos compostos
interferentes na mesma, permitindo assim que os sítios ativos da C18
retessem com maior seletividade os analitos.
3.4.2 Escolha da vazão da fase móvel
A bomba deve proporcionar ao sistema vazão contínua com alta
reprodutibilidade, possibilitando a eluição de fase móvel a uma vazão
adequada. A escolha da vazão da fase móvel foi baseada na separação
cromatográfica das soluções padrões, testando-se as vazões de 0,5 e 0,8
mL min
-1
.
3.4.3 Escolha do comprimento de onda de máxima absorção
Para a escolha do comprimento de onda de máxima absorção de
cada pesticida, injetou-se no HPLC-DAD a solução padrão individual
contendo 10,0 mg L
-1
de cada pesticida e a partir do espectro de absorção
molecular entre 200 e 400 nm determinou-se o comprimento de onda de
máxima absorção dos pesticidas.
3.5 Otimização do sistema SPE
No sistema comercial utiliza-se um dispositivo manifold, que é um
sistema formado por uma caixa de vácuo (Figura 8), com espaço simultâneo
para 20 cartuchos SPE. Este sistema é muito conveniente para análise de
51
rotina, que várias amostras são extraídas ao mesmo tempo. As amostras,
colocadas em balões volumétricos, são transferidas para os cartuchos SPE
através de tubulações de politetrafluoretileno (PTFE). A transferência ocorre
por sucção em função do vácuo, controlado para cada cartucho através das
torneiras e válvulas, que é aplicado no sistema. Adotou-se uma vazão da
ordem de 5,0 mL min
-1
para a pré-concentração das amostras.
Para a etapa de otimização do sistema SPE utilizou-se amostras de
água Milli-Q.
Figura 8. Foto do sistema SPE utilizado na pré-concentração das
amostras de água
3.5.1 Escolha do formato do cartucho
A instrumentação básica empregada em extração em fase sólida é
extremamente simples, podendo ser sofisticada dependendo do problema a
ser resolvido e do grau de automação desejado.
A forma manual emprega cartuchos a serem eluídos individualmente
sob vácuo. A escolha do cartucho está baseada no tamanho e formato de
cada tipo de cartucho, que influencia na vazão durante a etapa de pré-
52
concentração. O formato mais popular em SPE é o cartucho com o corpo de
polipropileno, no qual o material de empacotamento fica retido entre dois
discos de polietileno (LANÇAS, 2004).
3.5.2 Escolha do adsorvente
Para a escolha do adsorvente que recheia o cartucho, necessitamos
considerar as informações do analito de interesse e a natureza da matriz,
bem como as suas capacidades de interação.
Nos cartuchos SPE, o material adsorvente utilizado foi Strata C18
contendo 500 mg do adsorvente (tamanho médio das partículas de 55 µm e
tamanho médio dos poros 70 Å) em tubos de 3 mL, adquiridos pela firma
Phenomenex.
3.5.3 Escolha do solvente de condicionamento do cartucho
O condicionamento dos cartuchos tem a função de ativar o material
adsorvente existente dentro do cartucho. O solvente a ser utilizado
dependerá do material contido no cartucho. Um dos fatores mais importantes
nesta etapa, para obter boa reprodutibilidade na extração, é não deixar que
todo o solvente seja eliminado. Dependendo do material utilizado como fase
móvel, a secagem do cartucho pode criar rios problemas, dentre os quais
a formação de caminhos preferenciais, comprometendo a separação.
3.5.4 Escolha do solvente de eluição dos analitos de interesse
O solvente de eluição deve eluir de forma eficiente os analitos de
interesse e permitir que os interferentes contidos na amostra permaneçam
retidos no cartucho. O ideal é eluir os analitos de interesse em um pequeno
53
volume de eluente, de forma que os analitos estejam em uma concentração
adequada para ser injetada no cromatógrafo.
A escolha do solvente de eluição depende da polaridade relativa do
solvente e da sua capacidade em remover os analitos da fase sólida
adsorvente. Para adsorventes menos polares como o C18 e C8, o solvente
de eluição precisa ter características bem polares, como por exemplo, o
metanol, a acetonitrila e o acetato de etila.
3.6 Validação do método para amostras aquosas
Definidas as melhores condições de separação para os pesticidas
estudados, a composição da fase móvel e o comprimento de onda, o passo
seguinte foi a validação do método analítico.
O processo de validação tem o objetivo de explicitar a repetitividade e
a precisão intermediária de um método, pela interpretação dos parâmetros
que definem a exatidão e a precisão do mesmo quando executado sob
condições controladas (RIBANI
et al
., 2004).
Para a etapa de validação do método, utilizou-se amostras de água
potável, coletadas em uma torneira de uma região supostamente livre da
contaminação por pesticidas, no Campus da UFSM. Foram realizadas
extrações utilizando-se essas amostras para avaliar a presença de
interferentes, analisando-se por HPLC-DAD.
Os parâmetros utilizados para a validação serão descritos a seguir.
3.6.1 Curva analítica e linearidade
A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer
resultados diretamente proporcionais à concentração da substância dentro
de uma determinada variação. Está normalmente relacionada com a
variação da inclinação da linha de regressão e é determinada através da
curva analítica do princípio ativo (VIEIRA & LIGHITIG, 2004).
54
A região de linearidade é uma faixa de concentração dentro da qual a
resposta do sistema de quantificação é uma função linear da concentração.
Como forma geral, não se devem quantificar amostras cuja concentração do
analito esteja abaixo dos limites de detecção e quantificação que foram
determinados experimentalmente durante o estudo do método.
Recomenda-se utilizar, no mínimo, 5 (cinco) concentrações diferentes
para a construção da curva analítica. Quando houver linearidade, os
resultados devem ser analisados por métodos estatísticos apropriados,
como por exemplo, o cálculo da regressão linear pelo método dos mínimos
quadrados. (ANVISA, Portaria n° 724 de março de 2002).
As curvas analíticas foram obtidas colocando-se os valores das
concentrações das soluções no eixo das abscissas (x) e os valores das
áreas no eixo das ordenadas (y), com o auxílio do programa Statgraphics
®
Plus 5.1, o qual forneceu o coeficiente de determinação (r²), o coeficiente
angular (a) e o coeficiente linear (b) da curva analítica.
O Statgraphics
®
Plus 5.1 é um programa designado a ajudar na
interpretação dos resultados de procedimentos estatísticos. Indica qual dos
resultados obtidos poderá prejudicar os dados do método. Utiliza todos os
valores de área e concentração obtidos para a construção da curva analítica,
diminuindo assim a probabilidade de erros comparado com o software
Microsoft
®
Excel 98, o qual utiliza as médias de todos os valores de áreas
obtidos.
Dessa forma, a linearidade do método foi avaliada pela análise de
soluções analíticas na faixa de 0,5 a 10,0 mg L
-1
para o carbofurano e 0,05 a
10,0 mg L
-1
para o quincloraque.
3.6.2 Limite de detecção e limite de quantificação
O limite de detecção é definido como a concentração do analito, que
resulta um sinal três vezes maior que o ruído da linha base, nas
proximidades do sinal do analito (LOD = 3S/R).
55
O limite de quantificação é a concentração do analito que resulta um
sinal dez vezes maior que o ruído da linha base (LOQ = 10S/R). A Figura 9
representa a forma de estabelecimento dos valores de LOD e LOQ para este
estudo. Para a medida do sinal foi utilizada a altura do pico, contabilizada a
partir da média da oscilação do ruído.
Figura 9. Diagrama demonstrando como foram estabelecidos os
valores de LOD e LOQ neste estudo (R: ruído; S: sinal)
3.6.3 Precisão
A precisão do instrumento (repetitividade ou desvio padrão relativo) foi
estudada efetuando-se 6 (seis) injeções de cada concentração das soluções
analíticas do carbofurano (0,5; 1,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 mg L
-1
) e do
quincloraque (0,05; 0,1; 0,25; 0,5; 1,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 mg L
-1
), no
sistema HPLC-DAD. A precisão do método analítico foi avaliada através da
extração e análise no HPLC-DAD das amostras fortificadas conforme item
3.6.4. Cada um dos 3 (três) níveis de fortificação foi extraído 6 (seis) vezes e
cada um dos extratos foi injetado 3 (três) vezes.
Tempo (min)
Resposta
Ruído
LOD
3 S/R
LOQ
10 S/R
56
A precisão intermediária indica o grau de concordância dos resultados
de testes obtidos para avaliar a precisão sobre uma mesma amostra ou
padrões, utilizando o mesmo método, o mesmo laboratório ou laboratórios
diferentes, no mesmo dia ou em dias diferentes, analistas iguais ou
diferentes.
Na escolha de uma destas condições a variar, para avaliar a precisão
intermediária, utilizaram-se dias diferentes para injeção dos padrões de
carbofurano e quincloraque, assim como injeção das amostras fortificadas.
A precisão normalmente é expressa através do desvio padrão relativo
(RSD) em um número significativo de amostras (RIBANI
et al.,
2004).
O valor numérico usado para avaliar a precisão, RSD, pode ser
calculado através da Equação (4) (GARP, 1999).
100
Xm
s
(%) RSD
×=
(4)
onde:
s = estimativa de desvio padrão absoluto
s ={
(x
i
– x
m
/ N – 1}
1/2
x
i
= valores individuais
x
m
= média das medidas em replicatas
N = número de medidas
3.6.4 Recuperação
Em teste de recuperação faz-se a adição do componente de interesse
à matriz, seguida da execução do método que está sendo avaliado.
A exatidão do método foi avaliada através da fortificação de 6 (seis)
amostras branco em 3 (três) níveis diferentes, totalizando 18 análises de
recuperação para os princípios ativos. A recuperação dos pesticidas foi
avaliada nos níveis de 1, 2 e 10 vezes o LOQ do método.
57
Nos ensaios de recuperação, fortificaram-se amostras de água
potável, coletada em uma torneira, livre da contaminação de pesticidas, com
uma quantidade conhecida da mistura da solução analítica dos pesticidas
em estudo. A adição da solução padrão em cada nível de fortificação, foi
realizada em um volume de 1,5 L e retirou-se alíquotas de 250 mL para pré-
concentrar por SPE.
Os valores de massa obtidos após a SPE e análise por HPLC-DAD
foram denominados de “massa obtida”, e a “massa real” foi aquele valor
adicionado na fortificação, conforme descrito no item 2.7.7.
3.7 Aplicação do método desenvolvido em água de lavoura de arroz
irrigado
Os métodos desenvolvidos neste estudo foram aplicados na avaliação
da estabilidade dos pesticidas carbofurano e quincloraque, em água de
lavoura de arroz irrigado de um experimento de campo localizado no
Campus da Universidade Federal de Santa Maria. O estudo foi realizado nos
anos agrícolas 2006/2007.
Foram estabelecidas unidades experimentais de 73,7 (9,7 x 7,6
m), com 3 (três) repetições para cada pesticida, nas quais se aplicaram, com
um pulverizador Costal propelido com CO
2
e vazão de 150 L ha
-1
, os
princípios ativos no estágio de início do perfilhamento do arroz sob lâmina de
água de 10 cm de altura. Utilizou-se o sistema convencional de plantio, com
semeadura no dia 24/10/2006. A umidade do solo é fundamental neste
sistema de preparo, que quando em excesso, as operações realizadas
poderão causar danos à estrutura do solo e, em condições de solo muito
seco, o número de operações aumentará. A tempetura ambiente no dia da
semeadura estava 23 °C e a umidade do ar 79%.
Seguindo as Boas Práticas Agrícolas (RODRIGUES & ALMEIDA,
1998), que são práticas para reduzir o risco do agrotóxico ser transportado
pela água e atingir o lençol freático, foram aplicadas as doses
recomendadas de pesticidas para a cultura de arroz irrigado. Empregaram-
58
se os seguintes produtos comerciais com as respectivas dosagens dos
princípios ativos: Diafuran
®
0,4 kg de carbofurano ha
-1
, Facet
®
PM 0,375 kg
de quincloraque ha
-1
, conforme descrito no item 3.7.1.
A aplicação dos pesticidas foi efetuada no dia 28/11/2006.
As coletas das amostras de água foram realizadas na superfície da
camada de água para evitar a amostragem excessiva do material sólido
presente no fundo da lâmina de água.
3.7.1 Determinação dos pesticidas por SPE e HPLC-DAD
As amostras coletadas foram pré-concentradas por SPE. Inicialmente
o sistema é condicionado passando-se 3 mL de metanol; 3 mL de água de
Milli-Q e 3 mL de água de Milli-Q pH 3,0. A solução (250 mL de água com
pH ajustado em 3,0 utilizando uma solução aquosa de ácido fosfórico (1:1,
v/v), previamente filtrada em sistema de filtração com membranas de nylon
de 47 mm de diâmetro e porosidade de 0,45 µm) contendo os analitos de
interesse é percolada através do adsorvente à uma vazão de 5,0 mL min
-1
,
sob vácuo de 20 mmHg. Após pré-concentração passou-se 3,0 mL de água
de Milli-Q (vácuo por 2 min) para minimizar substâncias interferentes
solúveis na mesma. Esta etapa melhora a extração mais homogênea e
diminuindo as interferências no sistema HPLC-DAD. Fez-se vácuo por mais
10 min. Na seqüência, fez-se a eluição do analito retido no adsorvente C18
utilizando-se 1,0 mL de metanol puro e, após isto, aplicou-se vácuo por 10
min. Recolheu-se a solução eluída para analisar por HPLC-DAD nas
condições cromatográficas otimizadas, conforme descrito na Tabela 6.
3.7.2 Estudo da estabilidade dos pesticidas em lavouras de arroz
irrigado
O método validado foi aplicado à análise de amostras de água de
lavoura de arroz, coletadas do experimento conduzido na várzea
59
experimental localizado no Campus da Universidade Federal de Santa
Maria.
A área experimental estudada foi dividida em 6 (seis) canteiros (C).
Nos canteiros C1, C2 e C3 aplicou-se o inseticida carbofurano na
concentração 400 µg L
-1
(3 réplicas) e nos canteiros C4, C5 e C6 aplicou-se
o herbicida quincloraque na concentração 375 µg
L
-1
(3 réplicas). As
amostragens foram feitas no 1º, 2º, 3º, 5º, 7º 10º, 14º, 21º, 28º, 35º, 42º, 49º,
56º, 63º, 70º dias após a aplicação dos pesticidas. As datas de coletas foram
escolhidas com base em estudos anteriores de degradação realizados com
outros compostos, sendo que nos primeiros dias foram mais freqüentes e,
após, a cada 7 (sete) dias.
3.7.3 Determinação do tempo de meia-vida
A longetividade de um pesticida no ambiente é geralmente expressa
em termos de meia-vida (t½)
do composto, que é o tempo necessário para
que a metade da concentração do pesticida desapareça independente de
sua concentração inicial. Quanto maior o valor de maior será o potencial
de contaminação de água subterrânea, afinal, maior será o tempo
necessário para degradação do pesticida no solo. Então, se fizermos um
gráfico de ln C em função de t (tempo) obteremos uma reta cujo coeficiente
angular (constante de velocidade) é –k, que é determinado pela natureza
dos reagentes e pela temperatura, e é um valor numérico característico de
cada reação (BARCELÓ & HENNION, 1997).
O conhecimento da meia-vida dos pesticidas é importante para prever
seu impacto potencial no ambiente. Se um produto é muito tóxico, mas tem
curta meia-vida ele tem baixo potencial de causar impacto no ambiente
porque sua degradação será rápida.
Para calcular o tempo de meia-vida na água de lavoura de arroz
irrigado de cada composto em estudo, utilizou-se a Equação (5); onde k é a
60
inclinação da reta (BARCELÓ & HENNION, 1997) e a cinética da reação é
de 1ª ordem.
= (ln 2) / k (5)
61
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Condições cromatográficas otimizadas para a determinação dos
pesticidas em estudo por HPLC-DAD
Para a otimização das condições cromatográficas utilizadas na
separação dos pesticidas selecionados neste estudo, foram preparadas
soluções analíticas contendo os princípios ativos dos pesticidas em estudo,
a fim de injetar no HPLC-DAD e observar o tempo de retenção e o espectro
de absorção molecular de cada composto. A Tabela 6 mostra as condições
cromatográficas otimizadas utilizadas na quantificação dos pesticidas
carbofurano e quincloraque.
Tabela 6. Condições cromatográficas otimizadas
Coluna analítica Gemini 5 µ C18
(250 x 4 mm, 5 µm, Phenomenex)
Fase móvel Metanol / água (65:35, v/v) ajustado a
pH 3,0 com H
3
PO
4
(1:1, v/v)
Vazão da fase móvel 0,8 mL min
-1
Alça de injeção 20 µL
Detector DAD
Comprimento de onda 220 e 270 nm
Para separação dos analitos de interesse nesse estudo, optou-se pela
fase vel metanol / água (65:35, v/v), acidificada até pH 3,0 com solução
aquosa de ácido fosfórico (1:1, v/v), na vazão 0,8 mL min
-1
, pois forneceu
melhor separação dos analitos e menos interferência na vazão escolhida.
Conforme revisão bibliográfica, o metanol é um solvente com
características polares, muito utilizado na extração e separação dos
62
pesticidas e, o ácido fosfórico utilizado para o ajuste do pH, o interfere na
detecção analítica.
Considerando os espectros de absorção molecular, pode-se
determinar o máximo de absorção para cada composto com menor
interferência da matriz. O máximo de absorção molecular do carbofurano
ocorre no comprimento de onda 270 nm e do quincloraque, 220 nm.
Nestas condições, o perfil de um cromatograma de separação dos
compostos em estudo pode ser observado na Figura 10, obtido com a
injeção de 20 µL de uma solução contendo 5,0 mg L
-1
de carbofurano e
quincloraque.
Figura 10. Cromatograma obtido por HPLC-DAD, nas condições
cromatográficas otimizadas a 270 nm, a partir da solução
analítica 5,0 mg L
-1
de carbofurano (t
R
: 7,9 min) e
quincloraque (t
R
: 9,5 min)
Àre
a
Carbofurano
Quincloraque
Tempo (min)
Área
63
Os picos e os respectivos princípios ativos foram identificados de
duas maneiras: primeiro injetando, separadamente, cada princípio ativo no
sistema HPLC-DAD sob mesmas condições cromatográficas e observando o
tempo de retenção e o espectro de absorção molecular de cada composto, e
segundo, fazendo uma adição de padrão em uma mistura dos dois
compostos e observando o aumento de sinal do respectivo pesticida.
4.2 Validação do método analítico
Para que as informações contidas nos dados analíticos possam ser
bem interpretadas é necessário garantir que as mesmas sejam exatas,
específicas, reprodutíveis e de qualidade, comprovando a confiabilidade. Um
processo experimental não confiável gera problemas tanto econômicos
como de credibilidade.
Dessa forma, depois de definidas as melhores condições de
separação para os pesticidas estudados, a composição da fase móvel e o
comprimento de onda, o passo seguinte foi a validação do método para
análise dos pesticidas, segundo os parâmetros que serão descritos a seguir.
4.2.1 Espectros de absorção molecular
Nas condições cromatográficas otimizadas, o perfil dos espectros de
absorção molecular dos pesticidas carbofurano e quincloraque, injetados
individualmente no sistema HPLC-DAD na concentração 10,0 mg L
-1
, pode
ser observado nas Figuras 11 e 12.
64
Figura 11. Espectro de absorção molecular do carbofurano (10,0 mg L
-1
)
de 200 a 400 nm obtido por HPLC-DAD a partir do seu sinal
cromatográfico (t
R
= 7,9 min)
Figura 12. Espectro de absorção molecular do quincloraque (10,0 mg
L
-1
) de 200 a 400 nm obtido por HPLC-DAD a partir do seu
sinal cromatográfico (t
R
= 9,5 min)
Comprimento de onda (nm)
Resposta (mAU)
276 nm
220 nm
Resposta (mAU)
Comprimento de onda (nm)
65
Resposta
Conforme os cromatogramas e os espectros de absorção molecular
de cada pesticida, optou-se pela quantificação nos comprimentos de onda
270 e 220 nm, para o carbofurano e quincloraque, respectivamente.
O perfil do espectro de absorção molecular do metabólito do inseticida
carbofurano, o 3-hidroxicarbofurano, pode ser observado na Figura 13.
Figura 13. Espectro de absorção do 3-hidroxicarbofurano obtido por
HPLC-DAD a partir de uma solução analítica 10,0 mg L
-1
4.2.2 Curva analítica e linearidade do método analítico
Para a análise da mistura das soluções padrões dos pesticidas,
utilizando a fase vel metanol / água (65:35, v/v), acidificada a pH 3,0, em
uma vazão 0,8 mL min
-1
, os compostos carbofurano e quincloraque se
separam.
A linearidade do método está demonstrada nas Tabelas 7 e 8, nos
comprimentos de onda de 220 e 270 nm, respectivamente, para os
compostos selecionados neste estudo.
Resposta (mAU)
Comprimento de onda (nm)
260 nm
66
Tabela 7. Linearidade do método com detecção em 220 nm
Pesticida Faixa linear (mg L
-1
) Equação da reta
Carbofurano 0,5 - 10,0 y = 44,396x - 31,608 0,9319
Quincloraque 0,15 - 10,0 y = 200,45x + 52,56 0,9928
Tabela 8. Linearidade do método com detecção em 270 nm
Pesticida Faixa linear (mg L
-1
) Equação da reta
Carbofurano 0,5 - 10,0 y = 17,196x + 5,09925 0,9975
Quincloraque 0,15 - 10,0 y = 3,5148x - 1,8488 0,9001
Conforme Tabelas 7 e 8 observa-se que o carbofurano no
comprimento de onda 270 nm e o quincloraque em 220 nm possuem >
0,99.
Definiu-se as condições cromatográficas otimizadas para determinar
os pesticidas selecionados neste estudo. Após, para a construção da curva
analítica injetou-se cada uma das soluções analíticas em ordem crescente
de concentração (0,05; 0,1; 0,25; 0,5; 1,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 mg L
-1
).
Através dos dados obtidos para a construção da curva analítica,
apresentados nas Figuras 14 e 15, analisou-se as equações das retas para
as curvas analíticas. Pode-se concluir que o modelo de regressão linear é
bastante adequado para as determinações analíticas em estudo, que os
coeficientes de determinação (r²) foram maiores que 0,99. Este modelo
explica 99% da variação total em torno da média.
A Figura 14 ilustra um modelo de gráfico da curva analítica do
herbicida quincloraque obtido através do programa Statgraphics
®
Plus 5.1,
utilizando todos os valores de áreas referentes às concentrações das
soluções analíticas injetadas no HPLC-DAD. A linha central do gráfico
67
delimita a linha de tendência. A partir da análise das linhas externas,
determina-se a faixa linear de trabalho.
Figura 14. Curva analítica do herbicida quincloraque (HPLC-DAD, 220
nm) obtida pelo programa Statgraphics
®
Plus 5.1
Concentração (mg L
1
)
Área (mAU)
68
A Tabela 9 mostra os valores estatísticos obtidos através do programa
Statgraphics
®
Plus 5.1 pelo modelo de regressão linear, para o composto
quincloraque.
Tabela 9. Valores estatísticos obtidos pela análise da regressão linear
para o quincloraque (a 220 nm) conforme o programa Statgraphics
®
Plus 5.1
Análise da regressão linear, modelo linear y = ax + b
Variável dependente: área
Variável independente: concentração
Coeficiente de correlação: 0,9964
Coeficiente de determinação: 0,9928
Equação da reta: área = 52,56 + 200,45 x concentração
Nível de confiança: 99%
Erro padrão: 60,8396
O coeficiente de correlação mede o grau da correlação entre as
variáveis dependentes e independentes. Este coeficiente assume valores
entre -1 e 1 (correlação perfeita). É uma medida da proporção da
variabilidade em uma variável que é explicativa pela variabilidade da outra.
O valor de precisa estar o mais próximo de 1 para ter-se uma relação
linear das variáveis.
Para o quincloraque existe uma relação estatística significativa entre
área e concentração para um nível de confiança de 99%. O coeficiente de
determinação (r²) indica que o modelo de regressão linear explica 99,283%
da variabilidade da área. O coeficiente de correlação (r) é igual a 0,9964,
indicando uma relação relativamente forte entre as variáveis. O erro padrão
mostra o desvio típico dos valores que é de 60,8396.
A Figura 15 ilustra o modelo de gráfico do inseticida carbofurano
obtido através do programa Statgraphics
®
Plus 5.1, utilizando todos os
69
valores de áreas referentes às concentrações das soluções analíticas
injetadas no HPLC-DAD.
Figura 15. Curva analítica do inseticida carbofurano (HPLC-DAD, 270
nm) obtida pelo programa Statgraphics
®
Plus 5.1
Concentração (mg L
1
)
Área (mAU)
70
A Tabela 10 mostra os valores estatísticos obtidos através do
programa Statgraphics
®
Plus 5.1 utilizando o modelo de regressão linear,
para o composto carbofurano.
Tabela 10. Valores estatísticos obtidos pela análise da regressão linear
do carbofurano (a 270 nm) conforme o programa Statgraphics
®
Plus 5.1
Análise da regressão linear, modelo linear y = ax + b
Variável dependente: área
Variável independente: concentração
Coeficiente de correlação: 0,987742
Coeficiente de determinação: 0,9975
Equação da reta: área = 5,09925 + 17,196 x concentração
Nível de confiança: 99%
Erro padrão: 7,64559
A equação da reta mostra os resultados do ajuste ao modelo linear
para descrever a relação entre área e concentração. Existe uma relação
estatística significativa entre área e concentração para um nível de confiança
de 99%.
O valor do coeficiente de determinação (r²) indica que o modelo
explica 97,56% da variabilidade em área. O valor do coeficiente de
correlação (r) é igual a 0,9877 indicando uma relação relativamente forte
entre as variáveis. O erro padrão mostra o desvio típico dos resíduos que é
de 7,64559.
Conforme a comparação dos modelos típicos de curva analítica do
inseticida carbofurano e do herbicida quincloraque, utilizando o programa
Statgraphics
®
Plus 5.1, a melhor linearidade obtida foi com o modelo de
regressão linear. A regressão linear é uma função para estimar um valor
esperado de uma variável y, dados os valores de algumas variáveis x.
71
Os resultados obtidos pelo programa Statgraphics
®
Plus 5.1 foram
confirmados pelo software Microsoft
®
Excel 98.
4.2.3 Limite de detecção e limite de quantificação
Na Tabela 11 estão listados os valores de limite de detecção e limite
de quantificação do instrumento e do método para os pesticidas
selecionados neste estudo. Para o pesticida carbofurano o LOQ do método
foi de 2,0
µ
g L
-1
e para o pesticida quincloraque foi de 0,6
µ
g L
-1
.
Tabela 11. Resultados de LOD e LOQ, do instrumento e do todo,
para os pesticidas estudados
Instrumento
Método
Pesticida LOD LOQ
LOD LOQ
mg L
-1
mg L
-1
µg L
-1
µg L
-1
Carbofurano 0,3 0,5
1,2 2
Quincloraque 0,05 0,15
0,2 0,6
4.2.4 Precisão
RIBANI
et al
. (2004), recomenda RSD
20% para ser aceitável na
precisão de métodos cromatográficos.
A precisão do método proposto foi verificada em termos de
repetitividade, considerando os resultados dos ensaios de fortificações que
estão listados na Tabela 13.
72
Os resultados para a precisão do instrumento obtidos através das
soluções padrões estão demonstrados na Tabela 12.
Tabela 12. Resultados do RSD do instrumento
Repetitividade (RSD%)
Precisão intermediária
(RSD%)
Pesticida Faixa de variação média
Faixa de variação média
Carbofurano 5,4 - 10,8 7,7
4,3 - 10,8 7,2
Quincloraque 0,0 - 27,5 10,5
2,4 - 47,5 14,5
Para o teste de precisão intermediária do instrumento empregou-se
dias diferentes na análise.
Conforme dados apresentados na Tabela 12, a repetitividade e a
precisão intermediária do instrumento estão dentro dos limites de valores
aceitáveis, considerando os valores de desvio padrão (RSD) que conforme
literatura consultada para o desenvolvimento deste estudo, precisa ter
valores
20% (RIBANI
et al
., 2004).
4.2.5 Recuperação
De acordo com a literatura para a validação de métodos
cromatográficos, as recuperações precisam estar entre 70 e 120% (BRITO
et al
., 2003). Todos os valores obtidos nos ensaios de fortificação
apresentaram valores dentro deste intervalo (Tabela 13), comprovando a
confiabilidade do método.
73
A Figura 16 ilustra cromatogramas obtido por HPLC-DAD, em 270 nm,
no nível 3 (três) de fortificação da amostra de água.
Figura 16. Cromatograma da solução analítica de carbofurano 5,0 mg
L
-1
e quincloraque 1,5 mg L
-1
(em azul) e de uma amostra
fortificada no nível 3: carbofurano 20,0 µg L
-1
e quincloraque
6,0 µg L
-1
(em vermelho)
Tempo (min)
mAU
74
A Tabela 13 apresenta os valores de recuperação e RSD obtidos para
as fortificações das amostras branco, nos níveis 1, 2 e 3, para os pesticidas
estudados.
Tabela 13. Resultados das recuperações dos analitos
Nível de Repetitividade
Precisão
Intermediária
fortificação
Recuperação
RSD
Recuperação
RSD
Pesticida µg L
-1
% %
% %
2,0 111,2 13,3
104,1 12,1
Carbofurano 4,0 102,5 2,8
97,2 14,2
20 119,3 4,2
104,8 15,3
0,6 99,3 10,2
109,9 14,8
Quincloraque 1,2 104,2 6,6
111 11,3
6,0 82,6 17,1
87,9 16,5
n = 6
4.3 Aplicação do método
O método desenvolvido foi aplicado à análise de água de lavoura de
arroz irrigado do experimento conduzido na várzea experimental do Campus
da Universidade Federal de Santa Maria.
A principal dificuldade de análise de amostras de água é a presença
de substâncias orgânicas, principalmente, substâncias húmicas e fúlvicas
(PRIMEL, 2003), Nos cromatogramas de amostras de água analisadas,
contendo carbofurano, foi observado um sinal de grande intensidade e com
tempo de retenção pequeno, mas este sinal não interfere na análise
qualitativa e quantitativa do inseticida estudado, pois não interfere na
integração do sinal do analito.
75
4.3.1 Coleta das amostras
As amostras de água de lavoura de arroz foram coletadas em frascos
de vidro âmbar, com capacidade de 1 (um) litro, nos ; 2º; 3º; 5º; 7º; 10º;
14º; 21º; 28º, 35º, 42º, 49º, 56º, 77º e 84º dias após a aplicação dos
pesticidas. Para que o houvesse contaminação, os frascos foram lavados
previamente com solução aquosa de Extran
®
alcalino 5% (v/v), enxaguando
com água corrente, água deionizada e álcool etílico comum, antes de serem
usados na coleta das amostras.
4.3.2 Recebimento das amostras
As amostras coletadas na área experimental do Campus da UFSM
foram entregues no Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas
(LARP) da UFSM, logo após a coleta.
4.4 Estabilidade dos pesticidas em amostras de água de lavoura de
arroz irrigado
MOREIRA
et al
. 2004, avaliaram a distribuição de carbofurano em
água de irrigação, provenientes de áreas de cultivo de arroz até a sua
descarga no Rio Paraíba do Sul, assim como a qualidade da água fornecida
para abastecimento em Taubaté. As amostras foram analisadas por
cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a um detector por
fluorescência. Na área de estudo monitorada seria esperada uma
concentração de carbofurano na água do tabuleiro de no máximo 100
µ
g L
-1
,
já que a lâmina de água usada nos tabuleiros foi de aproximadamente 15 cm
e a área do tabuleiro foi de 700 m
2
. Esta concentração seria encontrada na
condição de distribuição homogênea do produto comercial no tabuleiro e
sem considerar as perdas por processos de transporte, adsorção ao solo,
adsorção pela planta, volatilização e degradação.
76
No dia após a aplicação do inseticida foram detectados níveis de
resíduos da ordem de 10 a 20 mg L
-1
de carbofurano na água em todos os
pontos amostrados. Na coleta realizada 49 dias após a aplicação do
inseticida não foi detectado resíduo de carbofurano ou de seu metabólito na
amostra, indicando que a dissipação do carbofurano nas águas ocorre entre
49 e 71 dias após a aplicação do inseticida (MOREIRA
et al
., 2004).
Na área experimental monitorada neste estudo a concentração
esperada de carbofurano seria de 400 µg L
-1
do inseticida por canteiro. No 1º
dia após a aplicação do inseticida não foram detectados resíduos do
inseticida carbofurano e nem do seu principal metabólito, o 3-
hidroxicarbofurano. No dia após a aplicação do inseticida foram
encontrados resíduos na ordem de 20 a 50 µg L
-1
por canteiro, e a partir do
dia após a aplicação do carbofurano, o se encontra resíduos do
carbofurano e nem do seu principal metabólito.
Os resultados das concentrações de carbofurano no canteiro 1 (C1),
canteiro 2 (C2), canteiro 3 (C3), e do quincloraque no canteiro 4 (C4),
canteiro 5 (C5) e canteiro 6 (C6) nas amostras coletadas estão apresentados
nas Tabelas 14 e 15, respectivamente.
Tabela 14. Concentrações (em µg L
-1
) de carbofurano em amostras de
água de arroz irrigado
C1 C2 C3 C média
Concentração (µg L
-1
)
Dias após aplicação
400 * 400 * 400 * 400 *
1 nd nd nd nd
2 49,27 18,84 15,68 27,93
3 52,06 48,39 34,52 44,99
5 2,98 0,79 1,03 1,6
7 nd nd nd nd
10 nd nd nd nd
14 nd nd nd nd
* Valor teórico inicial (em µg L
-1
) considerando uma lâmina de água de 10 cm de altura
C1 = canteiro 1; C2 = canteiro 2; C3 = canteiro 3
nd = não detectado
77
Sabe-se que a concentração de pesticidas na água e no solo muda
rapidamente durante as primeiras 24 horas após a aplicação do produto,
devido à solubilização dos grânulos no sistema aquosos (MOREIRA
et al.,
2004).
Com isso, considerando as interações do carbofurano com a matéria
orgânica contida no sedimento e na água, no primeiro dia após a aplicação
do pesticida, o composto não é detectado. A partir do segundo dia após a
aplicação, pode-se monitorar a estabilidade do carbofurano na água de
superfície (Figura 17).
Dissipação do carbofurano
-10,00
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
1 5 9 13 17
Tem po (dias)
Concentração(µg L
-1
)
Figura 17. Perfil de dissipação do pesticida carbofurano, nos canteiros
C1, C2 e C3, em amostras de água na safra de 2006/2007
(C1,
C2, C3 e
média dos canteiros)
Na área experimental monitorada não foi observada a presença do
metabólito 3-hidroxicarbofurano, do inseticida carbofurano, nos pontos
amostrados da lavoura de arroz irrigado.
Conforme a Figura 17, no dia de aplicação do inseticida, tem-se a
detecção do carbofurano, e a partir do dia, não se encontra resíduo de
carbofurano.
78
A Figura 18 ilustra um cromatograma da amostra coletada no dia
após a aplicação do pesticida carbofurano na área experimental do
experimento monitorado.
Figura 18. Cromatograma da amostra coletada no dia após a
aplicação do pesticida carbofurano (t
R
= 7,18 min) em lavoura
de arroz irrigado
Na área experimental monitorada seria esperada uma concentração
de 375
µ
g L
-1
do herbicida quincloraque por canteiro. No dia após a
aplicação do herbicida foram encontrados resíduos na ordem de 200 a 330
µ
g L
-1
e no 42º dia após a aplicação do quincloraque na ordem de 30 a 50
µ
g
L
-1
. Após o 42º dia, não se encontra resíduos do herbicida quincloraque na
água da área monitorada.
Tempo (min)
Resposta
79
As concentrações do herbicida quincloraque em água da lavoura de
arroz irrigado coletadas em diferentes dias após a aplicação estão
demonstradas na Tabela 15.
Tabela 15. Concentrações (em µg L
-1
) de quincloraque em amostras de
água de arroz irrigado
C4 C5 C6 C média
Concentração (µg L
-1
)
Dias após aplicação
375 * 375 * 375 * 375 *
1 332,35 236,59 188,11 252,35
2 457,99 396,51 508 454,16
3 426,46 410,1 434,14 423,57
5 344,6 252,77 259,88 285,75
7 173,88 103,89 136,57 138,12
10 116,91 66,74 104,6 96,08
14 55,16 63,58 27,14 48,63
21
44,28 37,54 nd 40,91
28
75,34 46,12 49,32 56,93
35
62,98 31,81 31,5 42,1
42
28,74 53,16 42,75 41,55
49
nd
nd
nd
nd
56
nd
nd
nd
nd
77
nd
nd
nd
nd
84
nd
nd
nd
nd
*
Valor teórico inicial (em µg L
-1
)
considerando uma lâmina de água de 10 cm de altura
C4 = canteiro 4; C5 = canteiro 5; C6 = canteiro 6
nd = não detectado
80
O perfil da dissipação do herbicida quincloraque na safra 2006/2007,
em amostra de água de lavoura de arroz irrigado do experimento estudado,
está ilustrado na Figura 19.
Dissipação do quincloraque
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Tempo (dias)
Concentração (µg L
-1
)
Figura 19. Perfil de dissipação do pesticida quincloraque, nos canteiros
C4, C5 e C6, em amostras de água na safra de 2006/2007
(C4,
C5, C6 e
média dos canteiros)
As coletas das amostras de água foram realizadas em períodos pré-
estabelecidos e a suplementação da água foi feita após as coletas,
justificando o aumento da concentração das amostras coletadas no dia
seguinte à coleta.
81
A Figura 20 ilustra um cromatograma da amostra coletada no 2º dia
após a aplicação do pesticida quincloraque na área experimental do
experimento monitorado.
Figura 20. Cromatograma da amostra coletada no dia após a
aplicação do pesticida quincloraque (t
R
= 9,5 min) em lavoura
de arroz irrigado
Resposta
Tempo (min)
82
4.4.1 Determinação dos tempos de meia-vida dos pesticidas
selecionados neste estudo
O tempo de meia-vida do carbofurano em água a 22 °C é altamente
dependente do pH podendo ser de 1 ano a pH 4,0 até 31 horas a pH 9,0. Em
pH 7,0 a meia-vida é em torno de 121 dias (TOMLIN, 2000). O pH é,
portanto, um parâmetro importante a ser considerado quando se avalia a
permanência de resíduos de carbofurano em águas superficiais (MOREIRA
et al
., 2004).
A Tabela 16 apresenta os resultados obtidos para o tempo de meia-
vida (t½) do herbicida quincloraque neste estudo.
Tabela 16. Tempos de meia-vida do quincloraque
(dia)
Pesticida
C4 C5 C6 Média
Quincloraque 11,43 12,81 12,48 12,24
Conforme Tabela 16, o tempo de meia-vida do quincloraque foi de
aproximadamente 12 dias.
A alta radiação solar favorece a degradação dos pesticidas por
fotólise, o que pode reduzir a meia-vida dos princípios ativos no solo em
relação aos dados encontrados na literatura. Portanto, em um experimento a
campo, o carbofurano se dissipa muito rápido. Com isso, para determinar
com segurança o tempo de meia-vida deste inseticida, precisa-se coletar
maior número de amostras por dia, principalmente nos primeiros dias após a
aplicação (MOREIRA
et al.,
2004).
O principal metabólito do carbofurano, o 3-hidroxicarbofurano, não
estava presente nas amostras analisadas.
83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A necessidade de fornecer alimentos à população torna indispensável
o controle de doenças, pragas e plantas invasoras. O uso de pesticidas, que
se destaca como a principal forma de controle dos invasores que prejudicam
a produção, aumenta os níveis de resíduos dos mesmos ou de seus
metabólitos, podendo comprometer a qualidade das águas de superfície e
subterrâneas.
Muitos contaminantes orgânicos estão presentes na água em baixas
concentrações, com isso, tem crescido o interesse em desenvolver técnicas
de preparo de amostra que possibilitem pré-concentrar os analitos presentes
na matriz para adequação ao sistema de detecção.
A necessidade de se extrair analitos mais polares tornou a extração
em fase sólida (SPE) um dos principais métodos para análise de compostos
orgânicos em água, com boas recuperações, extração rápida, baixo
consumo de reagentes e boa seletividade. Neste estudo, a SPE com
cartucho contendo 500 mg do adsorvente C18 e a eluição dos analitos com
metanol mostrou-se adequado.
As condições cromatográficas otimizadas, com fase móvel
metanol:água (65:35, v/v) acidificada a pH 3,0 com solução aquosa de ácido
fosfórico (1:1, v/v), a uma vazão de 0,8 mL min
-1
, coluna Gemini 5
µ
C18
(250 x 4,6 mm) e pré-coluna com o mesmo recheio da coluna, comprimento
de onda 270 e 220 nm (carbofurano e quincloraque, respectivamente),
permitiram a separação, identificação e quantificação satisfatória dos
compostos em estudo.
O detector por arranjo de diodos (DAD) permitiu monitorar
simultaneamente diferentes comprimentos de onda, fornecendo o espectro
de absorção molecular de cada pesticida, tornando mais adequada a
identificação dos picos detectados.
A validação do todo desenvolvido apresentou bons resultados de
linearidade, com coeficientes de determinação maiores que 0,995 para
ambos os compostos estudados.
84
Os estudos de recuperação realizados no presente trabalho foram
feitos a fim de se avaliar a confiabilidade do método. De acordo com a
literatura para a validação de todos cromatográficos, as recuperações
precisam estar entre 70 e 120%. Todos os valores obtidos nos ensaios de
fortificação apresentaram valores entre 82 e 112%, comprovando a
confiabilidade do método desenvolvido.
Os valores de precisão obtidos ficaram entre 7,2 e 14,5%,
encontrando-se dentro dos limites aceitáveis (RSD < 20%).
Os valores de limite de quantificação de 2
µ
g L
-1
e 0,6
µ
g L
-1
,
respectivamente, para o carbofurano e quincloraque, permitem que sejam
determinados resíduos de pesticidas em águas de superfície, as quais
apresentam elevado conteúdo de compostos.
Depois de validado, o método foi aplicado em amostras de água de
lavoura de arroz irrigado originárias de experimentos com aplicação
controlada de pesticidas conduzido no Campus da Universidade Federal de
Santa Maria, monstrando-se bastante eficiente.
Analisando os resultados obtidos para as amostras de água de
lavoura de arroz irrigado, na safra em estudo, o carbofurano degrada-se
facilmente, porém não foi detectado na forma do seu principal metabólito, o
3-hidroxicarbofurano. No dia de coleta, ou seja, dentro das primeiras 24 h
após a aplicação do inseticida, o carbofurano apresentou baixa
disponibilidade, não sendo detectado nas amostras. No 2º, 3º e 5º dia após a
aplicação do inseticida, o carbofurano foi detectado nas amostras
analisadas, e a partir do 5º dia após a aplicação não se encontrou mais
resíduos do carbofurano, indicando que sua estabilidade em água é muito
baixa.
Como o experimento em estudo foi conduzido a campo, os fatores
naturais, como por exemplo, luminosidade, calor, vento, além dos compostos
orgânicos presentes na água e no solo, aumentam a possibilidade de
dissipação dos pesticidas. A dissipação do carbofurano foi muito rápida e
não foi possível calcular com segurança o tempo de meia-vida deste
pesticida na água. Para esta avaliação seria necessário coletar maior
85
número de amostras por dia, principalmente nos primeiros dias após a
aplicação.
O herbicida quincloraque foi encontrado a42 dias após a aplicação.
Após 42 dias da aplicação do quincloraque, não se encontra mais resíduo
deste pesticida nas amostras de água analisadas. Considerando estes
resultados obtidos pode-se determinar o tempo de meia-vida do
quincloraque na água de lavoura de arroz irrigado em 12 dias.
Através dos estudos de dissipação do carbofurano e do quincloraque,
pode-se determinar o período, após a aplicação destes pesticidas, quer é
necessário a retenção da água de irrigação na lavoura antes de liberar para
o meio ambiente.
86
TRATAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS
Os solventes utilizados no desenvolvimento deste estudo foram
recolhidos, colocados em recipientes, rotulados e encaminhados para o
almoxarifado responsável pelo tratamento final dos resíduos gerados no
Departamento de Química da UFSM.
O adsorvente contido nos cartuchos SPE foi descartado como resíduo
sólido, rotulado e encaminhado para o almoxarifado. Os cartuchos e seus
respectivos filtros foram guardados para serem utilizados em estudos
posteriores do grupo.
87
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
- Determinação dos metabólitos do carbofurano em amostras de água de
lavoura de arroz irrigado;
- Estudo a campo e no laboratório da estabilidade do inseticida carbofurano
e do herbicida quincloraque em amostras de água de lavoura de arroz
irrigado.
- Estudo da dissipação do carbofurano em água de arroz, com coletas das
amostras em três períodos por dia.
88
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100
APÊNDICES
APÊNDICE A Comparação dos valores estatísticos obtidos por
modelos distintos de curvas analíticas, conforme o programa
Statgraphics
®
Plus 5.1
Tabela 1. Comparação entre os valores estatísticos obtidos por
diferentes modelos de curvas analíticas para o herbicida
quincloraque
Comparação de Modelos Típicos
Modelo r r²
Linear 0,9964 .. 0,9928
Raiz quadrada-Y 0,9866 0,9734
Multiplicativo 0,9776 0,9556
Raiz quadrada-X 0,9684 0,9378
Exponencial 0,9377 0,8793
Inverso duplo 0,8729 0,7620
Logarítmo-X 0,8565 0,7336
Curva-S -0,7096 0,5035
Inverso-X -0,5157 0,2659
101
Tabela 2. Comparação entre os valores estatísticos obtidos por
diferentes modelos de curvas analíticas para o inseticida
carbofurano
Comparação de Modelos Alternativos
Modelo r r²
Linear 0,9877 0,9756
Raiz quadrada-Y 0,9754 0,9499
Multiplicativo 0,9692 0,9394
Raiz quadrada-X 0,9746 0,9514
Exponencial 0,9316 0,8678
Inverso duplo 0,9136 0,8347
Logarítmo-X 0,9337 0,8717
Curva-S -0,9047 0,8186
Inverso-X -0,7902 0,6245
102
APÊNDICE B – Foto da lavoura de arroz no Campus da UFSM
Figura 1. Lavoura de arroz irrigado no Campus da Universidade Federal
de Santa Maria onde foram realizados os experimentos de campo
103
APÊNDICE C – Determinação dos tempos de meia-vida do quincloraque
e do carbofurano
Tabela 1. Determinação dos tempos de meia-vida do carbofurano
C1 C2 C3
C
média
ln
C1
ln
C2
ln
C3 Média
µg L
-1
µg L
-1
µg L
-1
µg L
-1
Teórico (µg L
-1
) 400 400 400 400
Dias
1 dia nd nd nd
após a
2 dias 49,27
18,84 15,68
27,93 3,9 2,94
2,75
4,793
aplicação
3 dias 52,06
48,386
34,52
44,99 3,95
3,88
3,54
5,687
5 dias 2,98 0,79 1,03 1,60 1,09
0,23
0,03
0,443
7 dias nd nd nd
10 dias nd nd nd
14 dias nd nd nd
Tabela 2. Equações obtidas a partir dos dados de degradação no
campo, safra 2006/2007 para o carbofurano, para calcular o
tempo de meia-vida (em dias), a partir da equação t½
= ln2 / k
Canteiro Equação ln2
C1 y = -1,0059x + 6,3335 0,8822 0,693 0,68
C2 y = -1,1988x + 6,1905 0,723 0,693 0,57
C3 y = -1,0303x + 5,5408 0,7277 0,693 0,67
Média y = -1,6175x + 9,0324 0,7757 0,693 0,64
104
Tabela 3. Determinação dos tempos de meia-vida do quincloraque
C4 C5 C6
C
média
ln
C4
ln
C5
ln
C6
Média
µg L
-1
µg L
-1
µg L
-1
µg L
-1
Teórico (µg L
-1
) 375 375 375 375
1 dia 332,35
236,59
188,11
252,35
5,81
5,47
5,24
5,50
2 dias 457,99
396,51
408,00
420,83
6,13
5,98
6,01
6,04
Dias
3 dias 426,46
410,10
434,14
423,57
6,06
6,02
6,07
6,05
após a
5 dias 344,60
252,77
259,88
285,75
5,84
5,53
5,56
5,65
aplicação
7 dias 173,88
103,89
136,57
138,12
5,16
4,64
4,92
4,91
10 dias 116,91
66,74 104,60
96,08 4,76
4,20
4,65
4,54
14 dias 55,16 63,58 27,14 48,63 4,01
4,15
3,30
3,82
21 dias 44,28 37,54 40,91 3,79
3,63
3,71
28 dias 75,34 46,12 49,32 56,93 4,32
3,83
3,90
4,02
35 dias 62,98 31,81 31,50 42,10 4,14
3,46
3,45
3,68
42 dias 28,74 53,16 42,75 41,55 3,36
3,97
3,76
3,70
49 dias
nd nd nd nd
56 dias
nd nd nd nd
77 dias
nd nd nd nd
84 dias
nd nd nd nd
Tabela 4. Equações obtidas a partir dos dados de degradação no
campo, safra 2006/2007 para o quincloraque, para calcular o
tempo de meia-vida (em dias), a partir da equação t½= ln2 / k
Canteiro Equação ln2
C4 y = -0,0606x + 5,7782 0,7532 0,693 11,43
C5 y = -0,0541x + 5,4523 0,6521 0,693 12,81
C6 y = -0,0555x + 5,5006 0,6306 0,693 12,48
Média y = -0,0573x + 5,567 0,7041 0,693 12,24
105
ANEXOS
ANEXO A Dados referentes às datas de coleta das amostras de água
de lavoura de arroz irrigado do Campus da UFSM
Tabela 1. Datas das coletas de água dos experimentos com aplicação
do herbicida quincloraque
Coleta da água nas parcelas com herbicida
Dia Dias após o início
da irrigação
29/11/2006
30/11/2006
1/12/2006 3º
3/12/2006 5º
5/12/2006 7º
8/12/2006 10º
12/12/2006 14º
19/12/2006 21º
26/12/2006 28º
2/1/2007 35º
9/1/2007 42º
16/1/2007 49º
23/1/2007 56º
30/1/2007 63º
6/2/2007 70º
Aplicação do herbicida: 28/11/2006 (7h00min)
106
Tabela 2. Datas das coletas de água dos experimentos com aplicação
do inseticida carbofurano
Coleta da água nas parcelas com inseticida
Dia Dias após o início
da irrigação
29/11/2006
30/11/2006
1/12/2006
3/12/2006
5/12/2006
8/12/2006 10º
12/12/2006 14º
19/12/2006 21º
26/12/2006 28º
2/1/2007 35º
9/1/2007 42º
16/1/2007 49º
23/1/2007 56º
30/1/2007 63º
6/2/2007 70º
Aplicação do inseticida: 28/11/2006 (8h00min)
107
ANEXO B – Limites máximos de resíduos: ANVISA
Pesticida LMR (µg L
-
1
)
Alacloro 20
Aldrin e Dieldrin 0,03
Atrazina 2
Bentazona 300
2,4 -D 30
DDT 2
Endossulfan 20
Endrin 0,6
Glifosato 500
Hexaclorobenzeno 1
Lindano 2
Metacloro 10
Molinato 6
Pentaclorofenol 9
Permetrina 20
Propanil 20
Simazina 2
Trifluralina 20
108
ANEXO C – Limites máximos de resíduos: CONAMA – Águas doces
Classe 1* e 2**
Classe 3***
Pesticidas LMR (µg L
-1
) LMR (µg L
-1
)
Alacloro 20
Aldrin e Dieldrin 0,005 0,03
Atrazina 2 2
Carbaril 0,02 70
2,4 -D 4 30
DDT 0,002 1
Endossulfan 0,056 0,22
Endrin 0,004 0,2
Glifosato 65 280
Hexaclorobenzeno 0,0065
Lindano 0,02 2
Malation 0,1 100
Metacloro 10
Paration 0,04 35
Pentaclorofenol 0,009 0,009
Simazina 2
Trifluralina 0,2
* = águas que podem ser destinadas ao abastecimento humano, após tratamento simplificado;
** = águas que podem ser destinadas ao abastecimento humano após tratamento convencional;
*** = águas que podem ser destinadas à irrigação de culturas arbóveras, cerealíferas e forrageiras
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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Baixar livros de Literatura Infantil
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Baixar livros de Medicina Veterinária
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Baixar livros de Química
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Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
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