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CARACTERIZAÇÃO IMUNOLÓGICA E GENÉTICA DA
DEFICIÊNCIA DO COMPONENTE C5 DO SISTEMA
COMPLEMENTO HUMANO
PRISCILIA AGUILAR RAMIREZ
Dissertação de Teses apresentada ao
Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo para a obtenção
do título de Mestre em Imunologia.
São Paulo
2007
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CARACTERIZAÇÃO IMUNOLÓGICA E GENÉTICA DA
DEFICIÊNCIA DO COMPONENTE C5 DO SISTEMA
COMPLEMENTO HUMANO
PRISCILIA AGUILAR RAMIREZ
Dissertação de Teses apresentada ao
Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo para a obtenção
do título de Mestre em Imunologia.
Área de concentração: Imunologia
Orientadora: Professora Dra. Lourdes Isaac
São Paulo
2007
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A mis padres (Alicia y Alexander) por todo
su amor, cariño y apoyo incondicional em
todas las etapas de mi vida.
A mis hermanitos (Alicia, Peter y Nova) por
estar unidos a pesar de la distancia,
hermanitos yo los quiero mucho y siempre
voy a estar orgullosa de uds.
Al bebito Fabiam por devolver la ternura y
la alegria a mi hogar.
A Ricardo por ser el amor de mi vida
À falia deficiente de C5
pela boa vontade e
colaboração
"Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De
nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo
ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o
medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando
que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase
morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
Luis Fernando Vessimo
Agradecimentos:
À Dra. Lourdes Isaac pela sua qualidade humana, por ensinar fora e dentro do laboratório,
Lou obrigada por todo o que fez por mim, como orientadora, esteve comigo e com as minhas
folhas escritas e resultados até o último dia e como pessoa ajudando-me sempre que teve um
problema. Obrigada pela a sua paciência.
À Dra. Beatriz Costa de Carvalho do Departamento de Alergia, Imunologia Clínica e
Reumatologia, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), pelo acompanhamento médico da
família C5 deficiênte.
Aos antigos companheiros de laboratório: Rafael, Carol, Thiago e Vitão pelos sorrisos e
alegrias sem fim.
A Benício pela sua amizade e por me abrir as portas de seu lar, fazer com que a sua família
fora como a minha.
Aos companheiros do laboratório: Alda, Daysseane, Lorena, Fabio, José e Edimara pela
convivência agradável e bons momentos.
A Marlene, Mariane e Isabel pelos ensinos de vida que ofereceram para mim.
Aos: Drs. Antonio Condino, Denisse Tambourgi e Maria Moura, por todos os dias que se
tomaram corrigindo a minha qualificação, eu segui todos os seus conselhos, obrigada por isso.
Aos docentes do departamento de Imunologia: Ises de Almeida Abrahamsohn, Vera L. G.
Calich, José Alexandre M. Barbuto, Sonia Jancar Negro pelos equipamentos utilizados e todo
o material prestado sempre que eu precisse.
As secretarias do departamento de Imunologia: Eny, Jotelma e Valeria, pela ajuda brindada e
pela eficiência de seus servicios em todo momento.
A Ricardo por nuestro amor, por aguantar mis malos dias y ajudarme en la parte final del
trabajo, yo te amo.
A Marcos por ser um amigo y estar conmigo siempre que lo necesite.
A Marcos, Julio Cesar y Andres que junto com Ricardo formarom conmigo uma família neste
país.
A mis amigas del Peru: Carolina, Saby y Miriam por la fuerza desde lejos, chicas gracias por
sus pensamientos positivos, por sus consejos y su caro, las quiero mucho.
A sra. Maria, sr Joaquin e sr. Jair por nos adotar na nossa estância neste pais, vocês foram
como uns pais pra nos.............obrigada.
A Felipe e Zilda pela amizade e os optimos almoos no bandeião.
A todos os meus amigos villarrealinos y anexos: Glenda, Miguel, Miguelito, Paola, César,
Juan, Erica, Cesty, Eric y Dioguito.
A Arturo, Raul y Alexei por brindarme su sincera amistad.
A Marilu e Laércio pelas boas conversas entre experimento, pela amizade e pela ajuda
prestada em todo momento. A Gaby pela disposição desinteressada e pela amistade brindada.
A Renata e Simone pelas optimas traducções empre que eu necesite vocês ajudaron-me com
muita boa bontade.
A Jose Maria e Mario Julio pela sua ajuda desinteresada nos primeiros dias nesta
universidade.
A todos os funcionários de Instituto de Ciências Biomédicas pelo bom tratamento aos alunos.
A Renata, Jose Antonio, Ana Paula e a toda a gente da biblioteca que sempre me ajudarom
com muito carinho.
RESUMO
AGUILAR-RAMIREZ, P. Caracterização imunológica e molecular da deficiência do
componente C5 do sistema complemento humano. Disertação (Mestrado em Immunologia)
– Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, 2007.
A deficiência da proteína C5 do sistema complemento humano é rara. Há apenas cerca
de 38 casos relatados na literatura internacional. Esta deficiência é freqüentemente associada a
severas infecções recorrentes, provocadas por bactérias do gênero Neisseria. Os soros de
pacientes deficientes desta proteína possuem atividade bactericida reduzida e apresentam
níveis diminuídos de fatores quimiotáticos. Além disso, outras funções dependentes da
adequada ativação do sistema complemento podem estar comprometidas. Observamos a
ausência completa da protna C5 no soro de três irmãos (II:4, II:5 e II:9), pertencentes a uma
mesma família com história de consaninidade. Cinco integrantes pertencentes a esta família
já sofreram de episódios recorrentes de meningite e outras infecções. O objetivo principal
neste trabalho é caracterizar imunológica e geneticamente esta deficiência encontrada pela
primeira vez entre brasileiros. Empregando a técnica de imunodifusão dupla e imunodifusão
radial obtivemos níveis expressivos das proteínas C3, C4, C6, C7, C8, C9, Fator B, Fator H e
Fator I em todos os membros desta família avaliada, mas a proteína C5 não foi detectada no
soro dos três irmãos. Encontramos concentrações muito baixas da proteína C5 no soro destes
irmãos (0,9; 1,0; 1,3 µg/ml - concentração normal em indivíduos brasileiros saudáveis: 45-
190 µg/ml), quando avaliados por ELISA. Os soros dos probandos II:9, II:4 e II:5 não
apresentaram qualquer atividade hemolítica mediada pela via clássica ou pela via alternativa.
Enretando, quando a proteína C5 purificada foi adicionada ao soro do indivíduo deficiente
II:9, a atividade hemolítica mediada pela via alternativa atingiu níveis normais. O soro do pai
(I:2) apresentou apenas 25% da atividade hemolítica mediada pela via clássica, enquanto a
atividade hemotica mediada pela via alternativa esteve presente em níveis normais. Deve-se
ressaltar que o soro de I:2 apresentou concentrações relativamente normais da proteína C1s e
da proteína C4. Usando a técnica de RT-PCR, a partir de RNA total extraído dos fibroblastos
do indivíduo II:9, detectamos a substituição silenciosa de ACC
498
por ACT
498
no cDNA do
gene C5, ambos os códons são responsáveis pela codificação de Thr. Os indivíduos I:1, I:2,
II:4 e II:9 apresentaram uma deleção no cDNA do gene C5 localizada entre os nucleotídeos
3876 - 4029, correspondentes ao éxon 30. Estudos feitos no gene C5 mostraram que a delão
do éxon 30 deve-se à substituição de GAG
4028
por GAA
4028
no último nucleotídeo do éxon 30
o que leva a um erro no splicing deste mesmo éxon durante o processamento do RNAm de
C5. Este defeito foi responsável pela deficiência de C5 nesta família, provavelmente em
função da produção de uma proteína incompleta, instável e mais rapidamente degradada após
sua síntese.
Palavras Chaves: complemento, proteína C5, imunodeficiência, imunogenético, infecções
por bactérias do gênero Neisseria, sistema imune
ABSTRACT
AGUILAR-RAMIREZ, P. Immunological and genetic characterization of the deficiency
of the component C5 of the human complement system. Master thesis (Immunology)
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, 2007.
The deficiency of the C5 component of the complement system is rare. Only 38 described
cases were described in the literature. This deficiency is frequently associated with severe and
recurrent infections, especially caused by Neisseria. The deficient patients sera have less
bactericidal activity and reduced production of chemotactic factors. Moreover, their sera fail
to properly activate the complement system. We found complete absence of C5 in the serum
of 3 members (II:4, II:5 e II:9) of a family with history of consanguinity. Five members of
this family had suffered from recurrent episodes of meningitis, and other less severe
infections. Our general objective is to characterize immunologically and genetically this
deficiency, the first of its type described in the Brazilian population. Using double
immunodifusion and radial immunodifusion we noted that C3, C4, C6, C7, C8, C9, Factor B,
Factor H and Factor I have expressive levels in all the individuals of this family, C5 was
absent in individuals II:4, II:5 and II:9 serum. This siblings contained lowest concentrations
of C5 (0.9; 1.0; 1.3 µg/ml - normal concentration in health Brazilian: 45 – 190 µg/ml) when
evaluated by ELISA. The probands sera II:4, II:5 e II:9 were also unable to mediate the
hemolytic activity by the classical and alternative pathways. When purified C5 was added to
the deficient serum at approximately physiological level, hemolytic activity was restored to
close to normal levels. Furthermore, the father’s serum (I:2) presented only 25% of hemolytic
activity mediated by the classical pathway and followed normal activity mediated by the
alternative pathway. The I:2 sera presented normal levels of C1s and C4. Using RT-PCR of
mRNA C5 obtained from the fibroblasts one of deficient (II:9), we detected a silent mutation
of ACC
498
to ACT
498
, both codons are responsible for the codification of Thr. Individuals I:1,
I:2, II:4 and II:9 have a deletion in the C5 cDNA located between nucleotides 3876 - 4029,
correspondent to exon 30. Studies shown that this deleção is due to the substitution of
GAG
4028
for a GAA
4028
in the last codon of exon 30 that leads to exon 30 skiping during the
processing of the C5 RNAm. This defect was responsible for the deficiency of C5 in this
family, probably in function of the production of an incomplete, unstable protein and more
quickly degraded after its synthesis.
Key words: complement, protein C5, immunodeficiency, immunogenetics, disease for
bacteries of Neisseria sp.immune system
LISTA DE ABREVIATURAS:
aa: aminoácido
Ag: antígeno
Ac: anticorpo
C1 INH: inibidor da proteína C1
C1q: molécula C1q do sistema complemento
C1r: molécula C1r do sistema complemento
C1s: molécula C1s do sistema complemento
C2: proteína C2 do sistema complemento
C3: proteína C3 do sistema complemento
C3(H
2
0)Bb: primeira C3 convertase da via alternativa
C3bBb: segunda C3 convertase da via alternativa
C3bBb3b: C5 convertase da via alternativa
C4: proteína C4 do sistema complemento
C4b2a: C3 convertase da via clássica
C4b2a3b: C5 convertase da via clássica
C4BP: C4b binding protein
C5: proteína C5 do sistema complemento
C5D: indivíduo C5 deficiênte
C6: proteína C6 do sistema complemento
C7: proteína C7 do sistema complemento
C8: proteína C8 do sistema complemento
C9: proteína C9 do sistema complemento
CCPR: complement control protein repeat
CR1: receptor do complemento do tipo 1
CR2: receptor do complemento do tipo 2
CR3: receptor do complemento do tipo 3
CR4: receptor do complemento do tipo 4
DAF: decay accelerating factor
ESE: exonic splicing enhancers
fB: fator B
fD: fator D
fH: fator H
fI: fator I
FHN: fibroblasto de humano normal
GADS: síndrome de artrite e dermatite por gonococos
GAPDH: gliceraldeído fosfato desidrogenase
IFN: interferon
Ig: imunoglobulina
IL: interleucina
ICAM: molécula de adeão intercelular
LES: lúpus eritematoso sistêmico
LPS: lipopolissacarídeo de Escherichia coli
MAC: Complexo de Ataque à Membrana
MASP: serino protease associada à MBL
MBL: lectina que se liga à manose
MCP: membrane co-factor protein
PBS: salina tamponada com fosfato
VCAM: molécula de adesão das células vasculares.
LISTA DE AMINOACIDOS
Fenilalanina Phe F
Leucina Leu L
Isoleucina Ile I
Metionina Met M
Valina Val V
Serina Ser S
Prolina Pro P
Treonina Thr T
Alanina Ala A
Tirosina Tyr Y
Histidina His H
Glutamina Gln Q
Asparagina Asn N
Lisina Lys K
Ácido aspartico Asp D
Ácido glutâmico Glu E
Cisteina Cys C
Triptofano Trp W
Arginina Arg R
Glicina Gly G
don de parada (UAA, UAG,UGA)
INDICE
I. INTRODUCÇÃO...........................................................................................................01
1.1 VIA CLÁSSICA....................................................................................................01
1.2 VIA ALTERNATIVA...........................................................................................03
1.3 VIA DAS LECTINAS...........................................................................................05
1.4 COMPLEXO ATAQUE À MEMBRANA..........................................................07
1.5 COMPONENTE C5..............................................................................................11
1.5.1 Receptor para C5a.............................................................................................13
1.6 PROTEÍNAS REGULADORAS.........................................................................15
1.6.1 Reguladores Plasmáticos...................................................................................15
1.6.2. Reguladores associados à membrana celular....................................................17
1.7 FUNÇÕES BIOLÓGICAS DERIVADAS DA ATIVAÇÃO DO SISTEMA
COMPLEMENTO................................................................................................20
1.7.1 Formação do Complexo Ataque à Membrana...................................................20
1.7.2 Produção de Anafilatoxinas...............................................................................20
1.7.3 Opsonização......................................................................................................21
1.7.4 Função Quimiotática.........................................................................................23
1.7.5 Solubilização e Transporte de Imunocomplexos...............................................25
1.7.6 Remoção dos Imunocomplexos pelo fígado......................................................25
1.7.7 Ativação dos linfócitos B e geração de memória imunológica.........................26
1.7.8 Função Adjuvante..............................................................................................27
1.8 FUNÇÕES BIOLÓGICAS DERIVADAS DA PROTEÍNA
C5............................................................................................................................28
1.8.1 Formação do Complexo Ataque à Membrana...................................................28
1.8.2 Atividade Quimiotática.....................................................................................29
1.8.3 Aumento da Explosão Respiratória...................................................................30
1.8.4 Regeneração Tecidual.......................................................................................31
1.8.5 Ativação da Produção de Citocinas...................................................................31
1.8.6 Regeneração de Órgãos e Tecidos.....................................................................33
1.8.7 Ativação dos linfócitos T...................................................................................33
1.9 IMUNODÊFICIENCIAS PRIMÁRIAS.............................................................34
1.9.1 DEFICIÊNCIAS DAS PROTEÍNAS DE COMPLEMENTO....................39
1.9.1.1 Deficiências Das Proteínas Da Via Clássica.........................................41
1.9.1.2 Deficiências Das Proteínas Da Via Das Lectinas..................................43
1.9.1.3 Deficiências Das Proteínas Da Via Alternativa.....................................44
1.9.1.4 Deficiências Das Proteínas Da Via Terminal Comum..........................47
1.9.2 DEFICIÊNCIA DA PROTEÍNA C5.............................................................51
II. OBJETIVO.....................................................................................................................60
III. MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................................61
3.1 Pacientes..................................................................................................................61
3.2 Cultura de Fibroblastos...........................................................................................64
3.3 Imunodifusão Dupla................................................................................................64
3.4 Imunodifusão Radial...............................................................................................65
3.5 Ensaio Hemotico mediado pela Via Clássica........................................................66
3.6 Ensaio Hemotico mediado pela Via Alternativa...................................................66
3.7 Enzyme-linked Immunosorbent Assay (ELISA)......................................................67
3.8 Extração do RNA total............................................................................................68
3.9 Extração do DNA genômico...................................................................................69
3.10 Reverse Transcriptase – Polymerase Chain Reaction RT-PCR “One
Step”.........………………………………...............................................................69
3.11 RT-PCR “Two Step”..........…..…………................................................................70
3.12 Extração de DNA a partir do gel.............................................................................71
3.13 Sequênciamento de nucleotídeos.............................................................................72
3.14 Fluxograma do trabalho..........................................................................................75
3.14.1 Determinação da Atividade Hemotica Mediada pela Via Clássica e
Alternativa.........................................................................................................75
3.14.2 Determinação da Concentração sérica das proteínas de complemento nos
indivíduos I:1, I:2, II:4, II:5, II:9 e famliares....................................................75
3.14.3 Determinação das possíveis mutações presentes no material genético (DNA
gemico e RNA) dos indivíduos avaliados e confirmação da mutação
apresentada........................................................................................................76
IV. RESULTADOS...............................................................................................................81
4.1 Resultados experimentais........................................................................................81
4.2 Fluxograma dos resultados......................................................................................92
V. DISCUSSÃO...................................................................................................................93
VI. CONCLUSÕES............................................................................................................103
VII. BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................104
INDICE DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Via Clássica do Sistema Complemento Humano.....................................................03
Figura 2. Via Alternativa do Sistema Complemento Humano................................................04
Figura 3. Via Das Lectinas do Sistema Complemento Humano.............................................07
Figura 4. Estrutura de dois transcritos truncados no gene C5 humano....................................11
Figura 5. Componente C5........................................................................................................12
Figura 6. Receptor C5a............................................................................................................14
Figura 7. Proteínas Reguladoras do Sistema Complemento Humano.....................................19
Figura 8. Funções dependentes do Sistema Complemento......................................................24
Figura 9. Etapas a serem seguidas avalião de um indivíduo com suspeita de
imunodeficiência primária........................................................................................................35
Figura 10. Fatores que contribuem à falha da resposta imune contra meningococos em
indivíduos complemento suficiêntes e indivíduos LCCD.........................................................49
Figura 11. Expressão do gene C5 em fibroblastos de indivíduos normais..............................72
Figura 12. Heredograma da família brasileira deficiente de C5..............................................77
Figura 13. Imunodifusão dupla dos soros dos membros da família deficiente de C5.............79
Figura 14. Amplificação do DNA genômico da região que brange o éxon1...........................83
Figura 15. Avaliação comparativa dos produtos amplificados do cDNA C5 de vários
membros desta família..............................................................................................................85
Figura 16. Sequênciamento do éxon 4 do paciente II:9 ..........................................................86
Figura 17. Sequênciamento dos éxons 29, 30 e 31 do cDNA de C5 dos indivíduos I:1, I:2,
II:4 e II:9 e os respectivos cromatogramas...............................................................................87
Figura 18. Amplificação da região comprendida entre o éxon 29 ao éxon 31, incluindo os
introns proximos do DNA genómico dos indivíduos I:1, I:2 e II:9..........................................88
Figura 19. Seqüenciamento do éxon 30 do DNA genômico C5 e seu respeitivo intron nos
indivíduos I:1, I:2 e II:9............................................................................................................90
Figura 20. Seqüênciamento do intron 30 e o éxon 31 do gene C5 dos indivíduos I:1, I:2 e
II:9.............................................................................................................................................91
Figura 21. Freqüência de ocorrência (%) das bases próximas a junção éxon-íntron...............99
Figura 22. Mecanismo geral de splicing nuclear e de grupo II............................................. 100
Figura 23. Reconhecimentos dos sítios do splicing através do éxon ....................................101
LISTA DE TABELAS
Tabela. 1. Protnas do Sistema complemento...................................................................09-10
Tabela 2. Imunodeficiência combinada de linfócito T e/ou linfócito B..................................36
Tabela 3. Deficiências de imunoglobulinas.............................................................................37
Tabela 4. Outras imunodeficiências........................................................................................38
Tabela 5. Comparação da freqüência da ocorrência de infecções causadas por Neisseria sp.,
S. pneumoniae e H. influenzae em pacientes deficientes de complemento..............................39
Tabela 6. Deficncias de proteínas do sistema complemento.................................................40
Tabela 7. Comparação das doenças ocasionadas por meningococcos em indivíduos normais,
LCCD e indivíduos deficientes de properdina..........................................................................48
Tabela 8. Deficncias de C5..............................................................................................53-59
Tabela 9. Atividade hemolítica mediada pela via clássica e via alternativa dos pacientes
deficientes da proteína C5 (II:4, II:5 e II:9) e familiares..........................................................78
Tabela 10. Dosagens de proteínas do complemento do soro de pacientes deficientes da
proteína C5 (II:4, II:5 e II:9) e familiares.................................................................................81
Tabela 11. Atividade hemotica do soro do probando II:9, após reposição com proteína C5
humana purificada.....................................................................................................................82
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Concentração das classes de imunoglobulinas no soro do probando II:9..............62
Quadro 2. Contagem diferencial delulas sangüíneas no probando II:9..............................63
Quadro 3. Provas hematológicas realizadas com o probando II:9...........................................63
Quadro 4. Anticorpos produzidos pelo indivíduo II:9 de diferentes sorotipos contra
pneumococos.............................................................................................................................63
Quadro 5. Oligonucleotídeos utilizados na PCR, RT-PCR e seqnciamento.......................74
I. INTRODUÇÃO
O sistema complemento é composto por mais de 30 proteínas solúveis e de membrana,
as quais participam de sua ativação e regulação, bem como de propriedades biológicas
importantes que intervêm nos mecanismos de defesa inatos ou adquiridos. Este sistema é
ativado seqüencialmente por pelo menos três vias: clássica, alternativa e das lectinas.
1.1. VIA CLÁSSICA
O complexo C1 é o primeiro a participar da ativação desta via. Este complexo é
formado por uma molécula de C1q associada a duas moléculas de C1r e duas de C1s
dependente de cálcio (LEPOW et al., 1953). C1q, por sua vez, é formado por seis arranjos
moleculares, cada um deles formados por duas cadeias A; duas cadeias B e duas cadeias C
estruturalmente organizadasarranjadas como um “ramalhete de tulipa”.
A ativação desta via é iniciada principalmente pela ligação do C1q ao fragmento Fc
das imunoglobulinas IgM ou IgG principalmente das sub-classes IgG1 e IgG3 (Figura 1). As
outras classes de imunoglobulinas IgA, IgD e IgE e a subclasse IgG4 não ativam a via clássica
do complemento, enquanto a subclasse IgG2 é um ativador fraco de complemento. Para que
esta ativação aconteça, dois dos seis momeros da molécula de C1q deverão estar ligados à
região CH
3
da IgM ou CH
2
da IgG (MÜLLER-EBERHARD & LEPOW, 1965), as
imunoglobulinas que deverão estar ligadas especificamente a antígenos. Essa ligação provoca
modificações conformacionais que ativam C1r e C1s. Uma vez ativado, C1s exibe sítios
catalíticos que clivam C4 e C2.
Em 1954, LEPOW et al. mostraram que agregados solúveis de antígeno-anticorpo
ativavam o complexo C1 na presença de cálcio, além de inativar as moléculas C2 e C4 (hoje
sabemos que na verdade são clivadas). A proteína C1s ativada cliva a proteína C4, gerando
dois fragmentos C4a e C4b. O fragmento C4b tem a propriedade de se ligar covalentemente à
superfície de células do hospedeiro, de microorganismos ou a imunocomplexos pximos ao
lugar de ativação.
C4b ligado a uma molécula aceptora irá se ligar o componente C2, o qual também será
clivado pela proteína C1s, gerando dois fragmentos: C2a e C2b. O fragmento C2a permanece
ligado ao fragmento C4b formando o complexo C4bC2a que constitui a C3 convertase da via
clássica. WILLOUGHBY & MAYER (1965) demonstraram que a C3 convertase formada na
via clássica possui um sítio de ligação para a protna C3, podendo permanecer depositada na
superfície da célula alvo.
A C3 convertase é responsável pela clivagem da proteína C3. Estruturalmente, a
proteína C3 é formada pela ligação de duas cadeias: a cadeia "α" e a cadeia "β" unidas entre si
por ponte dissulfeto. A clivagem da cadeia α de C3 ocorre graças à existência de um sítio
catalítico no fragmento C2a da C3 convertase da via clássica (C4bC2a), gerando dois
fragmentos: C3a e C3b. O fragmento C3b também se liga ao complexo C4bC2a, gerando a
C4b2a3b chamada C5 convertase da via clássica, a qual por sua vez cliva a proteína C5,
gerando C5a e C5b. SHIN et al. (1971) demonstraram que o complexo formado por
fragmentos de C4, C2 e C3, hoje conhecido como C5-convertase da via clássica “C4b2a3b”,
ao clivar a proteína C5 libera os fragmentos C5a e C5b à fase fluida.
Figura 1. Via Clássica do Sistema Complemento Humano, ativada por complexos
antígeno-anticorpo solúveis ou fixados na superfície da célula. C4b2a: C3 convertase;
C4b2a3b: C5 convertase; S-C5b-9: complexo C5b-9 unido à proteína S e C5b-9: Complexo
de Ataque à Membrana (MAC).
1.2. VIA ALTERNATIVA
A via alternativa tem um importante papel no sistema imune inato por não depender da
presença de anticorpos específicos para ser ativada. É positivamente regulada pela properdina
(PILLEMER et al., 1954). A ativação desta via inicia-se com a clivagem de C3 em C3a e
C3b, via proteases presentes no soro ou pela hidrólise do grupo tiól-ester localizado na cadeia
C3α, gerando C3(H
2
O) (PANGBURN & MÜLLER-EBERHARD, 1980). Em seguida, o
Fator B, estrutural e funcionalmente semelhante a C2, liga-se a C3(H
2
O) formando
C3(H
2
O)B. Este Fator B ligado a C3(H
2
O) é clivado pelo Fator D, gerando os fragmentos Ba
e Bb. Este último participa da formação da primeira C3 convertase da via alternativa
C3(H
2
O)Bb (Figura 2), que cliva C3 por meio de um sítio catalítico presente no fragmento
C1q
C1r/C1s
Ac
Ag
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
C1q
C1r , C1s
C4
C4a
C4bC2
C4b2a
C4b2a3b
C3
C3a
C3b
C5
C6+C7+C8+C9
C5b-9
fase
fluida
S-C5b-9
C5a
C5b +
C2b
C1q
C1r/C1s
Ac
Ag
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
C1q
C1r , C1s
C4
C4a
C4bC2
C4b2a
C4b2a3b
C3
C3a
C3b
C5
C6+C7+C8+C9
C5b-9
fase
fluida
S-C5b-9
C5a
C5b +
C2b
C1r/C1s
Ac
Ag
C1r/C1s
Ac
Ag
C1r/C1s
Ac
Ag
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
C1q
C1r , C1s
C4
C4a
C4bC2
C4b2a
C4b2a3b
C3
C3a
C3b
C5
C6+C7+C8+C9
C5b-9
fase
fluida
S-C5b-9
fase
fluida
S-C5b-9
C5a
C5b +
C2b
Bb, gerando os fragmentos C3a e C3b. Este último fragmento liga-se covalentemente a
grupamentos hidroxilas encontrados em superfícies celulares ou aminas presentes em
proteínas. O fragmento C3b também apresenta sítio de ligação para o Fator B, o qual por sua
vez será clivado pelo Fator D, formando-se então o complexo C3bBb (MEDICIUS et al.,
1976) que atua como a segunda convertase da via alternativa clivando mais moléculas C3 em
C3a e C3b. Desta forma, há uma contínua clivagem e geração dos fragmentos C3b, os quais
participam diretamente da formação da C3-convertase, constituindo-se assim uma alça de
amplificação que precisa ser regulada, para evitar o consumo excessivo dos componentes de
complemento e a resposta inflamatória exagerada, por mecanismos que explicaremos mais
adiante. O fragmento C3b ao se ligar à C3bBb forma a C5 convertase (C3bBbC3b) capaz de
clivar a cadeia alfa de C5, liberando os fragmentos C5a e C5b.
Figura 2. Via Alternativa do Sistema Complemento Humano, iniciada pela hidlise
espontânea de C3 gerando C3(H
2
0). C3(H
2
0)Bb: primeira C3 convertase; C3bBb: segunda C3
convertase; C3bBb3b: C5 convertase; S-C5b-9: complexo C5b-9 unido à proteína S, MAC:
Complexo de Ataque à Membrana.
VIA
ALTERNATIVA
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
Ativação
Espontânea
C3(H2O)
fB + fD
C3 (H2O) B
C3(H2O)Bb
Ba
C3bB
C3bBb
C3bBb3b
C3
C3a C3b
C5
C6+C7+C8+C9
(1-1 8)
fase
fluida
C5b-9
S-C5b9
C5a C5b +
Alça de
Amplificação
+fB
+fD
VIA
ALTERNATIVA
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
Ativação
Espontânea
C3(H2O)
fB + fD
C3 (H2O) B
C3(H2O)Bb
Ba
C3bB
C3bBb
C3bBb3b
C3
C3a C3b
C5
C6+C7+C8+C9
(1-1 8)
fase
fluida
C5b-9
S-C5b9
C5a C5b +
Alça de
Amplificação
+fB
+fD
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
MAC
C8βα
C8γ
C5b
C6C7
Ativação
Espontânea
C3(H2O)
fB + fD
C3 (H2O) B
C3(H2O)Bb
Ba
C3bB
C3bBb
C3bBb3b
C3
C3a C3b
C5
C6+C7+C8+C9
(1-1 8)
fase
fluida
C5b-9
S-C5b9
C5a C5b +
Alça de
Amplificação
+fB
+fD
1.3. VIA DAS LECTINAS
A proteína ligante de manose (MBL - mannose-binding lectin) é uma lectina tipo C,
parecida estruturalmente à proteína C1q, capaz de se ligar na presença de íons cálcio a grupos
de manose ou N-acetilglucosamina (IHARA et al., 1982), presentes nas paredes celulares de
leveduras, bactérias gram-negativas e outras células. Diferentemente de C1q, a MBL pode ser
isolada em forma de dímeros, trímeros, tetrâmeros, pentâmeros e hexâmeros.
MATSUSHITA & FUJITA (1992) encontraram uma serino-protease distinta da
proteína C1s que se associava a MBL, à qual denominaram MASP (do inglês MBP -
associated serine protease), que induz a ligação e a clivagem das proteínas C4 e C2 (Figura
3). Esta serino-protease associada à MBL chamada MASP (na época apenas uma MASP
havia sido descrita) em condições não redutoras é formada por uma banda de 83 kDa,
semelhante à proteína C1s. Em condições redutoras, duas cadeias, uma pesada (66 kDa) e
uma leve (31 kDa) podem ser visualizadas após electroforese. Estes autores também
encontraram seqüências homólogas da região amino-terminal da cadeia leve da MASP com as
proteínas C1s e C1r.
THIEL et al. (1997) descreveram uma nova serino-protease associada à membrana à
qual denominaram MASP-2, que sob condições redutoras mostra-se formada por duas
cadeias: uma pesada de 52 kDa e uma leve de 32 kDa, unidas entre si por ponte dissulfeto. Ao
compararem as regiões amino-terminais das proteínas C1s, C1r, MASP-1 e MASP-2, estes
autores observaram que estas quatro proteínas possuem em comum três aminoácidos
essenciais (His
468
, Asp
517
e Ser
618
) para a formação de seu centro ativo. Estes autores também
observaram que a ativação da MASP-2, também se dá pela clivagem entre os resíduos Arg e
Ile, igualmente ao observado nas proteínas C1s, C1r e MASP-1, localizados entre o domínio
CCP e o donio serino-protease. Por se observar uma alta similaridade entre MASP-2 e C1s
(47%) e entre MASP-1 e C1r (52%) foi inferido e posteriormente constatado que MASP-2
poderia também ativar C4. MATSUSHITA et al. (2000), observaram que a forma ativa de
MASP-2 tem a capacidade de consumir C4, ativar C2 e clivar C3 em suas cadeias α e β. A
forma ativa de MASP-1 cliva a cadeia α de C3 gerando C3a e C3b.
Uma forma truncada da MASP-2, conhecida como uma pequena proteína não
enzimática associada a MBL (sMAP) ou conhecida como um peptídeo de 19 kDa ligado a
MBL (MAP-19) foi descoberta por TAKAHASHI et al. (1999). DAHL et al. (2001)
descreveram um novo tipo de MASP, hoje conhecida como MASP-3, que tem a capacidade
de ligar-se a MBL, mas ao se misturar rMASP-3 com plasma contendo complexos formados
por MBL-manose e C4, eles observaram uma forte inibição do consumo e ativação do C4.
Esta inibição também ocorreu quando MASP-3 competiu contra MASP-2 pela ligação com
MBL o que também inibe a ativação da via das lectinas.
ZUNDEL et al. (2004) constataram que MASP-3 não reage diretamente com o
inibidor de C1 (C1-INH), e nem se liga às proteínas C2, C4 e C3, somente cliva o substrato
N-carboxibenziloxiglicina-L-arginina tiobenzil ester. CORTESIO & JIANG (2006)
demonstraram que MASP-3 e MASP-1 derivam do mesmo gene, contendo as duas a mesma
cadeia “A” e uma cadeia “B” que só difere pela localização do centro catalítico.
Figura 3. Via Das Lectinas do Sistema Complemento Humano, ativada pela Lectina Ligante
de Manose (MBL) que in vivo se liga a manose e a resíduos de N-acetilglicosamina presentes
em abundância nas paredes celulares de bactérias. MASP: serino protease associada à MBL.
S-C5b-9: complexo C5b-9 unido à proteína S. Complexo de Ataque à Membrana (MAC).
MASP-3 liga-se à MBL, mas não ativa complemento.
1.4. COMPLEXO DE ATAQUE À MEMBRANA
Estas três vias convergem para uma via terminal comum que resulta na formação e
deposição do complexo de ataque à membrana (MAC), o qual se deposita sobre as supercies
de microorganismos patogênicos, membranas de células infectadas por alguns tipos de vírus e
células de certas linhagens de células tumorais.
A formação deste complexo citolítico é iniciada pela clivagem da proteína C5 em C5a
e C5b. Ao fragmento gerado C5b se liga a protna C6 (120 kDa) do sistema complemento.
Este complexo (C5b6) permite a ligação da proteína C7 (110 kDa). O componente C7 é uma
proteína de cadeia única, estruturalmente semelhante à proteína C6, e com sua ligação a C5b6,
MBL
MASPs
MAC
C8γ
C5b
C6C7
C4bC2
C4b2a
C4b2a3b
C3
C3a C3b
C5
C6+C7+C8+C9
fase
fluida
S-C5b-9
C5a
C5b +
VIA DAS
LECTINAS
C2b
C4
C4a
MASP
1,2,3
MBL
Carboidratos na superfície
da membrana
MBL
MASPs
MAC
C8γ
C5b
C6C7
C4bC2
C4b2a
C4b2a3b
C3
C3a C3b
C5
C6+C7+C8+C9
fase
fluida
S-C5b-9
C5a
C5b +
VIA DAS
LECTINAS
C2b
C4
C4a
MASP
1,2,3
MBL
MBL
MASPs
MAC
C8γ
C5b
C6C7
MAC
C8γ
C5b
C6C7
C4bC2
C4b2a
C4b2a3b
C3
C3a C3b
C5
C6+C7+C8+C9
fase
fluida
S-C5b-9
C5a
C5b +
VIA DAS
LECTINAS
C2b
C4
C4a
MASP
1,2,3
MBL
MASP
1,2,3
MBL
Carboidratos na superfície
da membrana
forma-se o complexo C5b67. Este complexo liga-se a uma superfície hidrofóbica, que pode
ser a membrana da célula alvo.
A próxima proteína que fará parte do MAC é C8 estruturalmente formada por três
cadeias α, β e γ. A cadeia α de 64 kDa e a cadeia γ de 22 kDa estão unidas entre si por ponte
dissulfeto e a cadeia β de 64 kDa une-se à subunidade C5b do complexo C5b67. O complexo
resultante C5b678 resulta na formão de pequenos poros, que podem causar lise da célula
alvo mesmo antes da inserção derios monômeros de C9. A inserção do primeiro monômero
de C9 ao complexo C5b678 é feita na cadeia α da protna C8 e as ligações seguintes desta
proteína (até 18 momeros de C9) ocorrem através de pontes dissulfetos entre os
monômeros. A união destes momeros permite a formão de cilindros ou poros intra-
citoplasmáticos, cujo diâmetro e estabilização dependerão do número de momeros de C9
ligados ao complexo C5b678 (WARE & KOLB, 1981). A formação deste complexo de
ataque à membrana C5b6789(n) permite a lise osmótica da célula alvo.
SHINKAY et al. (1988) mostraram que a molécula de C9 é homóloga à perforina. O
seqüenciamento dos cDNAs dos genes da perforina e do C9 em células de camundongo,
revelou que a região compreendida entre os resíduos 170-390 da perforina é homóloga à
região compreendida entre o resíduos 328-560 do gene C9, sendo ambas as moculas
responsáveis pela formação de canais intra-citoplasmáticos.
A ativação do sistema complemento culmina com a formação do MAC C5b-9(n)
inserido na bicamada lipídica da célula alvo ou com a produção de outra forma solúvel que se
apresenta citoliticamente inativa no soro, o complexo SC5b-9. A proteína S, também chamada
vitronectina, é um monômero solúvel de 83 kDa, que se liga ao complexo C5b-7, inibindo a
sua capacidade de associar-se à membrana. Analogamente à proteína S, outro monômero
chamado SP40 (clusterina) também inativa o complexo C5b-9(n).
Tabela 1. Proteínas do Sistema complemento (Morgan, 1990; Morley & Walport, 2000)
Concentração
no plasma
Componente
P
eso Molecular
(kDa)
Estrutura – subunidades
mg/L (µM)
C1q 460 18 cadeias: 6A (26kDa),
6B (26kDa), 6C (26kDa)
100-
180
0.15
C1r 83 Cadeia simples, ligada a
C1q
50 0.30
C1s 83 Em plasma formando o
complexo C1qC1r
2
C1s
2
50 0.30
C2 100 Cadeia simples 20 0.20
Via Clássica
C4 205 1 cadeia α (97 kDa)
1 cadeia β (75 kDa)
1 cadeia γ (33 kDa)
200-
600
3.0
MBL 32 2-6 trimeros 0-5
MASP-1 93 Cadeia pessada (66 kDa)
Cadeia leve (31 kDa)
6
MASP-2 76 Cadeia A (52 kDa)
Cadeia B (31 kDa)
Via das
Lectinas
MASP-3
Fator B 93 Cadeia simples 210 2.0
Fator D 24 Cadeia simples 2 0.05
Via
Alternativa
Properdina 220 4 subunidades identicas
(55kDa)
20-26 0.10
Comum
C3 185 1 cadeia α (110 kDa)
1 cadeia β (75 kDa)
1000-
1500
7.0
C5 190 1 cadeia α (115 kDa)
1 cadeia β (75 kDa)
70-160 0.4
C6 120 Cadeia simples 65 0.5
C7 110 Cadeia simples 55 0.5
C8 150 1 cadeia α (64 kDa)
1 cadeia β (64 kDa)
1 cadeia γ (22 kDa)
55 0.4
Via
Terminal
Comum
C9 69 Cadeia simples 60 0.8
C1-INH 110 Cadeia simples 200 1.8
C4bp 500 8 subunidades inticas
(70kDa)
250 0.5
Fator H 150 Cadeia simples 450 3.0
Fator I 80 1 cadeia α (50 kDa)
1 cadeia β (38 kDa)
35 0.4
Proteína S 83 Cadeia simples 500 6.0
Proteínas
Reguladoras
Solúveis
Sp-40, 40 70 2 subunidades (35 kDa) 50
CR1 160-250 Cadeia simples
DAF 70 Cadeia simples
MCP 45-70 Cadeia simples
Proteínas
Reguladoras
de
HRF/MIP 65 Cadeia simples
Componente Peso Molecular
(kDa)
Estrutura – subunidades Concentração
no plasma
mg/L M)
Membrana
CD59 20 Cadeia simples
CR2 146-148 Cadeia simples
CR3 255 2 cadeias α - CD11b (160
kDa)
1 cadeia β – CD 18 (95
kDa)
CR4 245 2 cadeias α - CD11c (150
kDa)
1 cadeia β – CD 18 (95 kDa)
C3Ar 54 Cadeia simples
Receptores
C5aR 43-55 Cadeia simples
I.5 PROTEÍNA C5
A proteína C5 é codificada por um gene de 79 kb, compreende 41 éxons com
tamanhos que variam de 58 (éxon 33) a 531 nucleotídeos (éxon 41) e possui íntrons com
tamanhos que variam de 116 a 5600 nucleotídeos (CARNEY et al., 1991). O gene C5 está
localizado no cromossomo 9 humano na posição q32-34 (WETSEL et al., 1988). A expressão
deste gene é responsável pela geração da forma precursora (Pró-C5) sintetizada como única
cadeia polipeptídica (190 kDa), a qual será processada antes de ser secretada como uma
proteína madura formada pelas cadeias β (75 kDa) e α (115 kDa) (TACK et al., 1979). A
cadeia β é codificada pelos éxons 1 - 16 e a cadeia α pelos éxons 16 – 41. A codificação de
C5a é feita pelos éxons 16 e 17. Dependendo do splicing alternativo do gene C5 em humanos,
formam-se três transcritos do gene C5, dos quais dois transcritos truncados são encontrados.
O transcrito completo (5800 bases) é explicado acima. O transcrito truncado pHC5A (Figura
4) é formado pelo splicing que liga o éxon 20 ao éxon poliadenilado 21a e compreende a
região que vai do éxon 1 ao éxon 21a (2946 aa). O transcrito pHC5B de 2071 aa compreende
a região que vai do éxon 1 ao éxon 16 (CARNEY et al., 1991).
Figura 4. Estrutura de dois transcritos truncados no gene C5 humano (CARNEY et al., 1991).
Os éxons estão indicados por caixas, os íntrons por linhas anguladas entre os exones // refere-
se aos éxons e íntron faltantes.
pHC5B
13 14 15 16
UT
POLY A
13 14 15 16 17 18 19 20 21a
UT
POLY A
pHC5A
pC5HG2
13 14 15 16 17 18 19 20 21b 41
UT
POLY A
pHC5B
13 14 15 16
UT
POLY A
13 14 15 16
UT
POLY A
UT
POLY A
13 14 15 16 17 18 19 20 21a
UT
POLY A
13 14 15 16 17 18 19 20 21a
UT
POLY A
UT
POLY A
pHC5A
pC5HG2
13 14 15 16 17 18 19 20 21b 41
UT
POLY A
13 14 15 16 17 18 19 20 21b 41
UT
POLY A
O componente C5 é uma glicoproteína plasmática de 1666 aa. Ele é formado por duas
cadeias polipeptídicas: uma de 115kDa (cadeia α) e outra de 75 kDa (cadeia β). Essas cadeias
estão ligadas entre si por uma ponte dissulfeto (Figura 5). Este componente participa da
ativão iniciada por qualquer uma das três vias de ativação e dele dependem diversas
funções biológicas importantes para a resposta imune inata e adquirida que serão comentadas
mais adiante.
C5 é sintetizado principalmente pelogado (COLTEN et al., 1972; GENG et al.,
1986) e está presente no plasma em concentração aproximada de 70 a 160 µg/mL (KOHLER
& MÜLLER-EBERHARD, 1967; PFARR et al., 2005). Sua síntese também foi observada no
pulmão (ROTHMAN et al., 1989; STRUNK et al., 1988), baço, intestino fetal (COLTEN,
1972), em células inflamatórias como monócitos (WHALEY, 1980; COLE et al., 1982) e
macrófagos humanos (COLE et al., 1982; COLE et al., 1983) e emlulas linfoblastóides T e
B nos humanos (REED et al., 1990).
As funções biológicas de C5 dependem da ação de seus fragmentos C5a e C5b,
gerados após clivagem de C5 por C5 convertases das vias clássica (SHIN et al., 1971), das
lectinas (C4b2a3b) e alternativa (C3bBb3b). Independentemente da origem das C5
convertases, a cadeia α (116 kDa) é clivada entre a Arg
751
e a Leu
752
, gerando o fragmento
C5a (11 kDa) e o fragmento C5b formado pela cadeia α’ (105 kDa) e cadeia β (75 kDa)
TACK et al. (1979).
Figura 5. O componente C5 (190 kDa) é uma glicoproteína composta por duas cadeias
polipeptídicas: α (115 kDa) e β (75 kDa), ligadas entre si por uma ponte dissulfeto.
Cadeia
α (115 kDa)
Cadeia
β (75 kDa)
,
-
Cadeia
α (115 kDa)
Cadeia
β (75 kDa)
,
-
Além das C5 convertases conhecidas há bastante tempo, outras enzimas que não
fazem parte do sistema complemento podem também igualmente gerar C5a e C5b. HUBER-
LANG et al. (2002) mostraram que neutfilos humanos ativados pela presença de C5
produzem uma serino protease, diferente das C5 convertases conhecidas, sendo, por tanto,
capazes de gerar C5a. Esse mesmo grupo de pesquisa no ano 2006 mostrou que a enzima
trombina do sistema da coagulação pode atuar de maneira similar às C5 convertases
tradicionais. Ao analisar a deposição de imunocomplexos no pulmão de camundongos C3
deficientes (C3
-/-
) e C3 suficientes (C3
+/+
), uma significante produção de C5a foi observada
em camundongos C3
-/-
. A produção de C5a em ambas as linhagens foi diminuída pela
presença de anti-trombina, sugerindo que a trombina seja responsável pela clivagem de C5 em
C5a e C5b HUBER-LANG et al. (2006).
1.5.1 RECEPTOR para C5a:
Muitas das funções específicas de C5 dependem da ligação do fragmento C5a ao seu
receptor (C5aR). C5aR é membro da superfamília dos receptores para rodopsina.
Estruturalmente é formado por sete domínios transmembrânicos (GERARD & GERARD,
1994). Sua região amino-terminal (1 a 20 aa) liga-se a uma primeira região transmembrânica
que por a sua vez liga-se a uma segunda e assim sucessivamente a outras cinco regiões
transmembrânicas através de ponte disulfeto (Figura 6), culminando com uma região carboxi
terminal (62 a 74 aa). A região amino-terminal contém 7 Asp localizadas nas posições 5, 10,
15, 16, 18 e 21. Anticorpos específicos para esta região bloqueiam a ligação de C5a com seu
receptor em diversas células, inibindo as atividades inflamatórias desencadeadas pela ligação
C5a-C5aR (MORGAN et al., 1993). O gene C5aR compreende dois éxons localizados no
cromossomo 19 posição q13.2 (GERARD et al., 1993).
O C5aR está localizado na membrana de neutfilos, mocitos, eosinófilos e
macrófagos, assim como naslulas do parênquima hepático, nas células vasculares que
irrigam os músculos da boca, naslulas do epitélio alveolar e bronquial, no pulmão e nas
células do sistema nervoso central (HAVILAND et al., 1995).
Figura 6. O receptor de C5a, estruturalmente é formado por sete donios transmembrana.
que estão ligadas entre si por seis pontes dissulfeto.
1.6. PROTEÍNAS REGULADORAS
A regulação da ativão do sistema complemento é importante para evitar o consumo
desnecessário dos componentes de complemento no soro durante o processo inflamatório o
que levaria à posterior incapacidade de ativação do sistema complemento no momento de
outra infecção. Além do mais, a regulação da ativação do sistema complemento em nossas
próprias células é necessária, caso contrário ocorreria a destruição destas pelo MAC e excesso
de mediadores inflamatórios.
1.6.1 REGULADORES PLASMÁTICOS
O inibidor de C1 esterase (C1-INH) é uma serinoprotease altamente glicosilada,
presente no soro na concentração de 150 µg/mL. Para a inativação de proteases (por ex: C1s
ou C1r), pelo inibidor de serinoprotease é necessário o reconhecimento e clivagem de um
centro reativo na superfície desse inibidor com a posterior ligação dos aminoácidos que
formam parte desse centro com as proteases. No momento da ligação, C1r e C1s clivam o C1-
INH na região Arg
444
-Thr
445
resultando na formação de um complexo estável formado pelo
C1s e C1r e C1-IHN (Figura 7) (SIM et al., 1979). Este fato limita o consumo de C2 e C4
pelo C1, regulando a ativação da via clássica. C1-INH também regula a ativação da via
alternativa mediante a sua ligação com C3b o que inibe a sua posterior ligação com o Fator B,
evitando a formação da C3 convertase da via alternativa (JIANG et al., 2001).
MATSUSHITA et al. (2000) confirmaram que C1-INH inibia proteoliticamente as formas
ativadas de MASP-1 e MASP-2, observando que a atividade proteolítica de MASP-1 contra
C3 e C2 eram inibidas de maneira dose-dependente na presença de C1-INH. O mesmo efeito
foi observado com MASP-2, onde a clivagem de C4 e C2 é inibida de modo dose dependente
na presença de C1-INH.
C4b binding protein (C4BP) é uma proteína plasmática composta por sete cadeias α
iguais (Tabela 1) unidas a um centro em comum correspondente à cadeia β, formando uma
estrutura aracnóide. As cadeias α possuem quatrotios de ligação para C4b, motivo pelo qual
esta protna apresenta alta afinidade para se ligar ao fragmento C4b na fase fluida. GIGLI et
al. (1979) isolaram do soro humano de indivíduos normais uma proteína capaz de ligar-se ao
fragmento C4b do sistema complemento, hoje conhecida como C4BP. C4BP também é capaz
de inibir a ligação de C4b com a proteína C2, suprimindo assim a formação da C3 convertase
da via clássica. C4BP ao atuar como co-fator de Fator I, induz a clivagem de C4b formando
iC4b, C4c e C4d (Figura 7) (FUJITA et al., 1978).
PILLEMER et al. (1954) mostraram pela primeira vez a existência de uma protna
(hoje conhecida como properdina) que atua conjuntamente com as proteínas do sistema
complemento na presea de Mg
+2
. MARCUS et al. (1971) indicaram que a properdina
ajudaria na clivagem de C3. MEDICIUS et al. (1976) provaram que a properdina é capaz de
se ligar a C3b, formando o complexo solúvel P-C3 convertase (este complexo inclui Fator B,
Fator D, C3 e Mg
+2
) na membrana dos eritcitos cobertos por C3b. A presença de properdina
aumenta a meia vida da C3- e C5- convertases da via alternativa (Figura 7).
O Fator H é um dos principais reguladores da via alternativa (HARRISON &
LACHMANN, 1980) uma vez que previne a formação e promove a dissociação da C3- e C5-
convertases (C3bBb e C3bBb3b) da via alternativa, mediante a dissociação do Fator B ou do
fragmento Bb da C3 convertase e da C5 convertase da via alternativa. O Fator H também atua
como co-fator do Fator I na clivagem de C3b e iC3b (Figura 7).
O Fator I é um dímero formado por duas cadeias: a cadeia α de 50 kDa e a cadeia β
de 38 kDa unidas por ponte dissulfeto. Funcionalmente é uma serino-protease que cliva a
cadeia α do fragmento C4b, em dois fragmentos: um maior chamado C4c e outro menor C4d.
Além disso, quando o Fator I usa como co-fatores o Fator H, MCP ou complement receptor -1
CR1, cliva a cadeia α' de C3b formando iC3b e C3f. Quando o Fator I utiliza como co-fator a
CR1, cliva a cadeia α' de C3b, formando C3c e C3dg (Figura 7). (MORLEY & WALPORT,
2000).
I.6.2 REGULADORES ASSOCIADOS À MEMBRANA CELULAR
A vitronectina (Proteína S) encontra-se no plasma assim como na supercie de
algumas células, tecido conjuntivo e plaquetas, modulando a regulação na formação do
complexo ataque à membrana, uma vez que ao se ligar aos complexos C5b-7, C5b-8 e C5b-9
interfere com a polimerização de C9 (Figura 7), inibindo assim a ligão destes complexos à
membrana da célula alvo (McLEOD et al., 1974; JENNE et al., 1985). TSCHOPP et al.
(1988) mostraram que a vitronectina inibe a formação do complexo de ataque a membrana
mediante interações através de ligações com a heparina. O domínio heparina da proteína S se
liga a uma região carregada negativamente de C9, inibindo a polimerização de C9.
O CR1 (CD35) localizado nas membranas de neutfilos, eritrócitos, lincitos B e
células dendríticas foliculares, liga-se a C3b, iC3b e C4b com baixa afinidade. Este receptor
na presença de Fator I permite a clivagem de C3b e iC3b (FEARON, 1979). Ao se ligar a C4b
gera C4c e C4d, acelerando o decaimento da C3 e da C5 convertase da via clássica (Figura 7)
(IIDA & NUSSENZWEIG, 1983). CR1 atua como receptor para imunocomplexos ou
microorganismos opsonizados por C3b e C4b, facilitando a endocitose por células fagocitárias
(ver em Remoção dos Imunocomplexos pelo Fígado). YAZDANBAKHSH et al. (2003)
avaliaram a habilidade de CR1 solúvel em inibir a lise de eritcitos humanos e observaram
que diversas formas recombinantes truncadas de CR1 (sCR1) têm a capacidade de se ligar a
fragmentos C3b e C4b, inibindo assim a formação da C3- e C5 convertase. Empregando um
modelo in vitro, estes autores mostraram que as moléculas sCR1 inibiam a formação do MAC
e deposição dos fragmentos C3b e C4b na superfície de eritcitos. Em um modelo in vivo, ao
utilizarem camundongos reativos a eritcitos humanos do grupo A, eles observaram que ao
receberem transfusão sangüinea deste tipo de eritrócitos a remoção destas células da corrente
sangüínea era mediada por anticorpos anti-A. Contudo, a administração de pequenas doses
(1,5 mg/kg) de CR1 prolongava a sobrevida desses eritcito, sugerindo assim que CR1
poderia funcionar como um inibidor de hemólise dependente de complemento.
Decay Accelerating Factor (CD55) é uma proteína que protege o tecido hospedeiro do
dano causado pela ativação do sistema complemento. Localizado nas membranas de
eritrócitos, leucitos,lulas epiteliais, mas não em células natural killer (NICHOLSON-
WELLER et al., 1986). Atua de maneira similar à C4BP da via clássica, mas não atua como
co-fator de Fator I. Ao se ligar a C4b, evita a ligação de C2 e com isso a formação da C3
convertase da via clássica e das lectinas. Ao evitar a formão da C3 convertase, também
inibe a formação da C5 convertase (Figura 7) e com isso a ativão da via terminal comum
que gera o MAC.
O CD59 pode ser encontrado no plasma, assim como ancorado na membrana de
algumas células como eritrócitos, leucócitos, células do endotélio vascular, brônquios, células
renais e na epidermes e no sinciciotrofoblasto da placenta. O CD59 liga-se à membrana da
lula via uma âncora de glicosilfosfatidilinositol (GPI), inibindo a formação do MAC
(Figura 7), impedindo a ligação de C9 ao complexo C5b-8 (MERI et al., 1990).
A Membrane Cofactor Protein (MCP) está expressa em todas as células circulatórias
como granucitos, linfócitos T, linfócitos B,lulas NK (natural killer) e monócitos
incluindo plaquetas, mas ausente em eritrócitos. Ao atuar com o Fator I induz a clivagem de
C3b e C4b na formação da C3 e da C5 convertases das vias de complemento (Figura 7). Ao
contrario do DAF, a MCP não acelera o decaimento das convertases.
9LWURQHFWLQD
Figura 7. Proteínas Reguladoras do sistema complemento, proteínas solúveis e proteínas de membrana celular
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I.7. FUNÇÕES BIOLÓGICAS DERIVADAS DA ATIVAÇÃO DO SISTEMA
COMPLEMENTO.
Várias funções biológicaso geradas após ativação do sistema complemento. Segue
abaixo algumas das mais importantes que participam dos mecanismos inatos e adquiridos da
resposta imune.
1.7.1. Formação do MAC
O MAC C5b-9
(1-18)
, é um dois mais importantes agentes citoticos do sistema imune
inato e adquirido. Este complexo ao inserir-se na bicamada lipídica de células-alvo permite a
passagem de água e íons para o interior da célula, causando a lise osmótica (ver Ativação da
Via Terminal Comum).
1.7.2. Produção de Anafilatoxinas
Na reação de anafilaxia os mastócitos liberam grânulos de histamina nos tecidos ou
órgãos adjacentes a estes. Sabe-se que os fragmentos C5a, C3a e C4a ao se unirem a seus
respectivos receptores na membrana dos mastócitos e basófilos, provocam a liberação de
histamina e de outros mediadores, causando o aumento da permeabilidade vascular.
GERARD & GERARD (1994) mostraram que esta molécula pode atuar como uma
potente anafilatoxina causando contração muscular, aumento da permeabilidade vascular,
desgranulação de mastócitos e basófilos. DAFFERN et al. (1995) mostraram que C5a induz a
polarização e ativação em eosifilos e neutfilos. A migração mediada por C5a é dez vezes
mais potente em eosinófilos do que em neutrófilos, enquanto o fragmento C3a somente ativa
eosinófilos. Na atividade enzimática, observou-se que C3a induz a liberação de eosinófilo-
peroxidase em eosinófilos e C5a induz a liberação de eosinófilo-peroxidase e de β-
glucuronidase em ambas as células. TAKABAYASHI et al. (1996) mostraram que os
fragmentos C3a e C3a
desARG
(C3a clivado pela enzima carboxipeptidase N) podem aumentar a
síntese de tumour necrosis factor-α (TNF-α) e interleukin-1β (IL-1β) por mocitos aderentes
em sítios inflamatórios e inibir a síntese das mesmas em células circulantes. Desta forma,
estes fragmentos poderiam ter um papel modulador na inflamação.
1.7.3. Opsonização
O processo de opsonização envolve o reconhecimento de partículas que cobrem
diversos organismos ou antígenos por receptores específicos presentes na célula fagocítica. A
formação desta ligação envolve mecanismos nesta célula, que culminam na ingestão e
digestão do antígeno que foi coberto. Moléculas que cobrem estes organismos e facilitam a
fagocitose são chamadas de opsoninas. As opsoninas formadas durante a ativação do sistema
complemento: C3b, iC3b e C4b, são reconhecidas pelos receptores CR1 (C3b e C4b) e CR3
(iC3b). EHLENBERGER & NUSSENZWEIG (1977) demonstraram pela primeira vez a
função de um receptor de complemento na fagocitose. Quando trataram eritrócitos com IgG
ou com C3 ou com IgG + C3 para empregarem em experimentos de fagocitose por células
polimorfonucleares (PMN), estes autores observaram que C3, por si só, não induzia a
ingestão. Para induzir uma boa ingestão por parte dos neutrófilos eram necessárias 60 000
unidades de IgG por eritrócito, mas na presença de C3 este número diminuiu para 6000.
Demostraram na ligação do receptor de C3b (CR1) presentes nos monócitos, neutrófilos e
outras células PMN com C3b na membrana dos eritcitos, a cooperação do FcγR ligado a
IgG na membrana dos eritrócitos é requerida para induzir a ingestão. Estabeleceram assim que
a função de C3 com seu receptor na opsonização é aumentar o contacto entre o fagócito e a
partícula a ser fagocitada. BAJTAI et al. (2004) encontraram que a célula dendrítica imatura
derivada de monócito (imMDC) expressa maior concentração das moléculas que constituem
parte do CR3 (CD11b e CD18), quando comparado com células dendriticas maduras.
Ao opzonizar particulas de HIV-1 com C3 e imunoglobulinas (IgG), observou-se que
a infecção de monócitos e macrófagos com HIV era facilitada pelo reconhecimento via CR3.
PRUENSTER et al. (2005) reafirmou este conceito. Os fragmentos de C3 (C3c e C3d), uma
vez formados, depositam-se sobre as cápsides das partículas de HIV recém-sintetizadas e
liberadas pelas células dendríticas hospedeiras. Em um experimento in vitro, mostrou-se que o
vírus HIV ao ser cultivado com C3c/C3d apresentava uma forte ligação comlulas
dendríticas imaturas via CR3. Esta ligação e posterior fagocitose provoca a infecção da célula
hospedeira. A infecção provocada nesta célula pelas partículas de HIV opsonizadas é duas
vezes maior se comparada com as partículas não opsonizadas. Se estas partículas de HIV
opsonizadas com C3 forem neutralizadas com anti-CR3, a ligação e posterior fagocitose do
vírus por parte das células dendríticas diminui em 50%, quando comparada com o vírus que
não foi neutralizado com anti-CR3.
Outras proteínas do complemento que tamm funcionam como opsoninas são C1q e
MBL (NAUTA et al., 2004). Ao se incubar células dendríticas imaturas comlulas
apoptóticas opsonizadas por C1q, estes autores observaram a presença de células duplo
positivas (células dendríticas que se ligam a lulas apoptóticas via C1q) de maneira tempo
dependente a 37ºC. Esta propriedade também foi observada em macrófagos que ingerem
células apoptóticas opsonizadas com MBL. A ingestão de células apoptóticas opsonizadas
pelas células dendríticas imaturas ou pelos macrófagos depende da concentração de C1q e de
MBL. As células dendríticas e os macrófagos expressam na sua superfície receptores para
C1q (C1qR). NAUTA et al. (2004) mostraram que a interação da células dendríticas com
C1q-célula apoptótica estimulava a síntese de IL-6, IL-10 e TNF e diminuía a síntese de IL-
12p70 pelas células dendríticas. Concluíram que a opsonização de células apoptóticas com
C1q e MBL favorece a fagocitose por parte das céuluas dendríticas, sendo esta função
importante para evitar o reconhecimento de auto-antígenos e desenvolvimento de resposta
auto-imune.
TAYLOR et al. (2004) determinaram in vivo pela primeira vez a contribuição das
proteínas C1q e C4 na ativação, recrutamento e fagocitose de células apoptóticas por
macrófagos murinos residentes ou inflamatórios. Recentemente, nosso grupo demonstrou que
células dendríticas originadas a partir de monócitos são capazes de expressar várias proteínas
como C3, C5, C9, Fator I, Fator H, Fator B, Fator D e properdina em níveis semelhantes aos
observados com macrófagos. O tratamento de células dendríticas com lipopolissacarídeo
promoveu um aumento na expreso de RNAm de C3 e de Fator I, entretanto diminuiu a
expressão do mensageiro de C5, enquanto os níveis de RNAms das proteínas acima não
foram afetados (REIS et al., 2006a). Nessa mesma linha, foi também observada a expressão
aumentada de C6, C7, C8, CR1 e C4BP (REIS et al., 2006b) por estes dois tipos celulares.
1.7.4. Função Quimiotática
A quimiotaxia é um processo pelo qual as lulas são induzidas a migrar em direção a
moléculas atrativas. Moléculas com esta qualidade são chamadas de fatores quimiotáticos. No
processo inflamatório, os neutrófilos possuem a habilidade de responder a estas moléculas
iniciando o influxo destaslulas ao foco inflamario, o que culmina com a resolução deste
processo. FERNANDEZ et al. (1978) foram os primeiros a demostar in vivo que o
componente C5a estimula a migração de neutrófilos (ver em Funções de Complemento
Mediadas por C5).
grupos de manose
N-acetilglucosamina
Macrófago
Figura 8. Funções dependentes do Sistema Complemento. MAC: formação do complexo ataque à membrana.
(d) Aumento da expreso de
CR1 e de moléculas de adesão
C1q
(b,h)
C1r C1s
MBL
(b)
MASP-1,2
fD fB P
C3
C4b
(b)
C2a
C3a
(f, g)
C5
C5a
(c,d,e,f)
C3b
(b,h)
C5b-C9
(a)
IgM/IgG-Ab
Hidrólise espontânea
de C3
(a) MAC:
lise de
bactérias
(c) Quimiotaxia
(e) Ativação do burst
respiratório em neutrófilos e
macrófagos
(b) Opsonização
(Fagocitose de
bactérias)
(f) Desgranulação de mastócitos
(histamina, leucotrieno e
prostaglandinas)
(h) Solubilização de
imunocomplexos
Remoção de
imunocomplexos
pelo fígado
(i) Função Adjuvante (C3d,
C3dg)
(j) Ativação do linfócito B
(C3d, C3dg/CD19/CR2)
Eosinófilo
Mastócito
Bafilo
Bactéria
Neutfilo
Bicamada
lipídica
(g) Aumento da permeabilidade
vascular
Contração de músculo liso
Via Alternativa
Via das Lectinas
Via Clássica
C4a
(f)
C3d, C3dg
(i,j)
grupos de manose
N-acetilglucosamina
Macrófago
Figura 8. Funções dependentes do Sistema Complemento. MAC: formação do complexo ataque à membrana.
(d) Aumento da expreso de
CR1 e de moléculas de adesão
C1q
(b,h)
C1r C1s
MBL
(b)
MASP-1,2
fD fB P
C3
C4b
(b)
C2a
C3a
(f, g)
C5
C5a
(c,d,e,f)
C3b
(b,h)
C5b-C9
(a)
IgM/IgG-Ab
Hidrólise espontânea
de C3
(a) MAC:
lise de
bactérias
(c) Quimiotaxia
(e) Ativação do burst
respiratório em neutrófilos e
macrófagos
(b) Opsonização
(Fagocitose de
bactérias)
(f) Desgranulação de mastócitos
(histamina, leucotrieno e
prostaglandinas)
(h) Solubilização de
imunocomplexos
Remoção de
imunocomplexos
pelo fígado
(i) Função Adjuvante (C3d,
C3dg)
(j) Ativação do linfócito B
(C3d, C3dg/CD19/CR2)
Eosinófilo
Mastócito
Bafilo
Bactéria
Neutfilo
Bicamada
lipídica
(g) Aumento da permeabilidade
vascular
Contração de músculo liso
Via Alternativa
Via das Lectinas
Via Clássica
C4a
(f)
C3d, C3dg
(i,j)
1.7.5. Solubilização e Transporte de Imunocomplexos
MILLER & NUSSENZWEIG (1975) mostraram que proteínas sericas eram capazes
de solubilizar imunocomplexos. Essa solubilização era dependente da concentração do soro,
presença de Ca
+2
e Mg
+2
e de C3, uma vez que ao utilizar anti-C3, formavam-se precipitados
de Ag-Ac. FUJITA et al. (1977) mostraram que as proteínas C1 e C3b interferiam na
formação da rede de antígeno-anticorpo, o que favorecia a sua solubilização e impedia seu
depósito como agregados insolúveis dentro dos tecidos. Isso é particularmente importante,
pois imunocomplexos circulantes são potencialmente danosos, já que ao depositarem nas
paredes vasculares, ativa o complemento e provoca reações inflamatórias que lesionam os
tecidos locais e circunjacentes.
1.7.6. Remoção dos Imunocomplexos pelo Fígado
Cerca de 90% das moléculas de CR1 na circulação estão presentes nos eritcitos e
complexos imunes cobertos por C3b são rapidamente ligados aos eritcitos via CR1,
prevenindo a sua precipitação. Eritrócitos transportam estas redes de imunocomplexos até o
fígado e baço, onde fagócitos residentes destes órgãos são encarregados da remoção destas
redes da supercie dos eritrócitos para a sua posterior internalização e fagocitose, antes de
voltarem a circular (MEDOF et al., 1983). Se não ocorrer esta remoção, estes agregados
insolúveis formados por antígenos próprios ligados a auto-anticorpos poderiam se depositar
em diversos tecidos, iniciando um forte processo inflamatório que culminaria com dano
tecidual.
HELMY et al. (2006) estudaram as propiedades de um novo receptor "CRIg"
expressado em monócitos (humanos) e nas células de Küpffer (humanas e murinas). Este
receptor tem a capacidade de ligar-se aos fragmentos iC3b e C3b ligados a superfície de
patógenos como Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus, favorecendo assim a
opsonização e a fagocitose. Em camundongos deficientes (CRIg
-/-
) infectados
intravenosamente com Listeria monocytogenes, observou-se uma falha na fagocitose destes
patógenos quando opsonizados por fragmentos de C3 na circulação, dos pulmões e dogado,
acompanhados pelo aumento da mortalidade. Os autores mostraram assim que CRIg presente
na membrana das células de pffer intervem na fagocitose e contribui para a rápida remoção
de patógenos circulantes.
1.7.7. Ativação dos linfócitos B e geração de memória imunológica
EDEN et al. (1973) mostraram que populações de linfócitos B possuem na sua
membrana receptores para os fragmentos C3b e C3d. PEPYS (1974) demonstrou que a
deplão de C3 em camundongos previamente sensibilizados por eritcitos de carneiro,
diminui a síntese de IgG específicos tanto na resposta primária quanto secundária timo-
dependente.
KLAUS & HUMPHREY (1977) observaram que camundongos timectomizados
imunizados com dinitrofenil haemocianina e logo depletados da protna C3 pelo tratamento
com CoF (cobra venom factor) falhavam no desenvolvimento de linfócitos B de memória,
quando comparados com camundongos que não sofreram de depleção da proteína C3. Estes
resultados demonstraram assim que a proteína C3 é necessária para a geração normal de
linfócitos B de memória. ERDEY et al. (1985) investigaram a ativão de linfócitos murinos
esplênicos em cultura com C3, encontrando que C3 assim como LPS induzia a proliferação e
a ativação (avaliado pela secreção de imunoglobulinas) dos linfócitos B. MELCHERS et al.
(1985) notaram que esta ativação era devida ao fragmento C3d que se ligava ao linfócito B.
KLAUS & HUMPHREY (1986) mostraram que ligação de CR2 com o fragmento C3dg,
previamente ligado ao antígeno apresentado pela célula dendrítica folicular, não somente
induzia a ativação e diferenciação dos linfócitos B, como também induzia o desenvolvimento
de centros germinativos. CARTER & FEARON (1992) mostraram que o complexo formado
pelas moléculas CD19/CR2, CD81 e IgM (BCR) presentes na membrana dos linfócitos B
reduzia em dez vezes a concentração de antígenos requeridos para a ativação dessas células.
AHEARN et al. (1996) mostraram que animais geneticamente modificados [cr2/cr1]
-/-
possuem níveis reduzidos de IgG2a, IgG2b e IgG3, que resulta em uma diminuição da
resposta humoral contra antígenos T-dependentes, levando a uma falha na formação de
centros germinativos.
1.7.8. Função Adjuvante
Os antígenos cobertos pelos fragmentos C3d e C3dg são mais imunogênicos. Antígeno
recoberto por C3d liga-se concomitantemente à IgM de superfície e aos receptores
CD21/CD35 expressos na supercie dos linfócitos B, desencadeando uma forte resposta
imune. DEMPSEY et al. (1996) empregaram uma protna recombinante HEL (lisozima do
ovo da galinha) sozinha ou ligada com uma, duas ou três unidades de C3d, quando
encontraram que quanto maior o número de fragmentos C3d ligados ao antígeno, maior é a
ativão dos linfócitos B e menor é o limiar de antígenos necessários para a produção de
anticorpos específicos. HAAS et al. (2004) encontraram que camundongos CD21/CD35
-/-
imunizados com estreptoavidina (SA) ligada a tetrâmeros de C3dg, mostravam uma forte
resposta humoral primária e secundária avaliadas pela síntese de IgG e IgM respectivamente
em mais de 10000 vezes comparada com camundongos CD21/CD35
-/-
que só foram
imunizados com SA. Em outro experimento, imunizaram camundongos CD21/CD35
-/-
com a
proteína gp120 de HIV ligada a trímeros de C3d, que acabaram por gerar uma forte resposta
humoral primária aumentando 150 vezes a produção de IgG comparada com camundongos
que só receberam a proteína gp120. Estes dados conjuntamente mostraram que C3dg e C3d
funcionam como uma molécula adjuvante já que a resposta primária e secundária foi
incrementada mesmo na ausência de CD21/CD35.
1.8 FUNÇÕES BIOLÓGICAS DERIVADAS DA PROTEÍNA C5
Com a clivagem de C5 em C5a e C5b, várias funções biológicas são geradas e serão
descritas a seguir:
1.8.1. Formação do MAC
O fragmento C5b apresenta característica hidrofóbica que lhe permite aderir a diversas
supercies celulares e a ele as demais proteínas da via terminal comum C6, C7, C8 e até 18
unidades de C9 se ligam seqüencialmente até formar o MAC, responsável pela lise celular
graças a um desbalanço osmótico responsável pelo aumento do volume celular e ruptura
celular.
SPRONG et al. (2003) avaliaram a atividade bactericida dependente de C5 em
infecção causada por Neisseria meningitidis. em pacientes defiecientes de C5.estes individuos
apresentam falha na lise de bactérias como Neisseria sp., S. pneumoniae e H. influenzae
evidenciando a importância de estúdos que avaliem a participação de C5b na formação do
MAC nestas bactérias. Suspensões de N. meningitidis do tipo H44/76 foram misturadas com
sangue tratado com anticoagulante ou com PBS, pré-incubando-se por 5 min a 37°C
(controle) ou com anticorpos (anti-C5 ou anti-C5a). Das alíquotas colectadas, observou-se que
quando as bactérias eram incubadas com anti-C5a e com PBS a atividade bactericida foi total.
Ao contrário, quando a amostra foi incubada com anti-C5, observou-se uma atividade
bactericida contra N. meningitidis inferior a 30%, o que reafirma a importância do fragmento
C5b na formação do MAC sob a supercie desta bactéria.
1.8.2. Atividade Quimiotática
O fragmento C5a apresenta propriedade quimiotática responsável pela atração ao foco
inflamatório de diferentes células polimorfonucleares. WARD & NEWMAN (1969) foram os
primeiros a demonstrar in vitro que neutrófilos de coelho mostravam uma forte resposta
migratória ao serem estimulados com C5 tratado com tripsina produzindo C5a e C5b, sendo
esta resposta dose e tempo dependentes. TAUBMANN et al. (1970) demonstraram que
enzimas lisossomais ao serem misturadas com C5 purificado também geravam atividade
quimiotática. NILSSON et al. (1975) mostraram que a tripsina, à semelhança da C5
convertase da via clássica, cliva a cadeia α da proteína C5 gerando C5a. SNYDERMAN et al.
(1975) demonstraram ausência de atividade quimiotática sobre macrófagos expostos a soro
C5 deficiente. FERNANDEZ et al. (1978) corroboraram os achados de WARD & NEWMAN
(1969), mas empregando desta vez C5a purificado, mostrando assim que este fragmento seria
capaz de atrair células para o foco inflamatório.
A atividade quimiotática de C5a o é somente observada na migração de monócitos,
eosinófilos e neutrófilos durante a inflamação, mas também induz a migração de linfócitos B
humanos. OTONELLO et al. (1999) mostraram que linfócitos B isolados de tonsilas de
camundongos apresentavam uma forte polarização e migração, quando expostos a diferentes
concentrações de rC5a emmara de Boyden. Ao dividir esta população de linfócitos B pelo
seu estado de maturidade, encontrou-se que os linfócitos B de memória migravam mais
quando expostos ao rC5a, em comparação com os linfócitos B virgens e os linfócitos B do
centro germinativo. Empregando citometria de fluxo, constatou-se que linfócitos B de
memória expressam 33-47% de C5aR na sua superfície, os linfócitos B virgens expressam de
10-14% e os linfócitos B do centro germinativo não exibem C5aR, o que sugere que a
migração deve-se à ligação de C5a ao seu receptor encontrado na superfície das diferentes
populações de linfócitos B.
GRANT et al. (2002) empregando um modelo inflamatório in vivo, induziram artrite
reumatóide nos joelhos de camundongos (BALB/c) após injeção de um coquetel composto
por quatro tipos de anticorpos específicos para o fragmento CB11 de colágeno tipo II.
Observaram que camundongos C5aR
-/-
não apresentavam danos ocasionados pela artrite,
quando comparados com os camundongos C5aR
+/+
que desenvolvem todos os processos da
artrite. Os joelhos dos camundongos C5aR
+/+
apresentam altíssimos níveis na expressão
(RNAm) de IL-1 beta, de metaloproteinase 3 (MMP-3), do ligante de osteoprotegerina que
estimula a diferenciação dos osteoclastos e dos marcadores CD4 e CD68 (marcadores
específicos de linfócitos T e de macrófagos respectivamente). Os joelhos dos camundongos
C5aR
-/-
não expressam RNAm da IL-1 beta, da proteína ativadora de neutrófilos no epitélio
(ENA-78), da proteína inflamatória do macrófago (MIP-1 alfa) e das proteínas VCAM-1 e E-
selectina. Motivo pelo qual nestes camundongos diminuem o rolamento e posterior influxo de
neutrófilos, a proliferação de fibroblastos e destruição de cartilagens e ossos neste modelo
inflamatório.
1.8.3. Aumento da Explosão Respiratória
O complemento medeia a ativação de diversas células polimorfonucleares, causando
nestas a ativação da explosão respiratória com a conseqüente liberação de espécies reativas de
oxigênio (H
2
O
2
e O
-2
), de citocinas, de enzimas lisosomais, de ácido araquinico e de
histamina. WYMANN et al. (1987) observaram que neutrófilos estimulados com antagonistas
de C5a produziam grandes quantidades de H
2
O
2
e que esta resposta não está relacionada com
o consumo de Ca
+2
intracelular nos neutrófilos, mas sim com a ligação de C5a com seu
receptor. EHRENGRUBER et al. (1994) ativaram neutrófilos humanos com os fragmentos
C3a e C5a, observando que C3a também ativa neutrófilos, mas esta resposta é passageira.
Comparando os dois fragmentos, encontraram que a resposta dos neutrófilos é 100 vezes mais
potentes, quando estimulados com C5a.
MOLNESS et al. (2002) estudaram o papel do complemento na indução da explosão
respiratória em granulócitos e monócitos durante a resposta inflamatória induzida com E. coli,
encontrando que a indução da explosão respiratória é três vezes maior em granulócitos que
em monócitos. Quando estas células foram incubadas com sangue humano, E. coli e
compstatina (aminoácidoclico que inibe a clivagem de C3 e portanto a geração de C5a) a
indução da explosão respiratória foi inibida. Mas ao utilizar anti-C5 humano ou anticorpo
monoclonal anti C5a no lugar de compstatina, estes autores observaram uma diminuição de
70% na explosão respiratória nos granulócitos e 50% nos monócitos. Antagonistas de C5aR
causaram o mesmo efeito nestes tipos celulares. Sendo a explosão respiratória e a fagocitose
dois eventos íntimos e contínuos nessas células, estes autores mostraram que a síntese de uma
das cadeias do receptor para C3 (CD11b) diminuía aproximadamente 2000 vezes, a explosão
respiratória em 3 vezes e a fagocitose em cerca de 600 vezes para granulócitos e 250 vezes
para monócitos, quando tratados com este antagonista de C5aR. Estes dados sugerem que C5a
exerça um papel importante na indução da explosão respiratória e fagocitose neste modelo
experimental.
1.8.4. Regeneração Tecidual
A proteína C5a ajuda no influxo e ativação de células polimorfonucleares as quais, por
sua vez, contribuem para uma forte resposta inflamatória que causa inicialmente lesão
tecidual em um primeiro momento e culmina com a recuperação deste mesmo tecido, após
eliminação do agente patogênico.
1.8.5. Ativação da Produção de Citocinas
A união de C5a com C5aR também ativa a síntese de IL-6, o que contribui ao
estabelecimento do processo inflamatório, conforme mostrado por RIEDEMANN et al.
(2003). Estes pesquisadores investigaram o papel de C5a na resposta inflamatória, mediante a
indução de um estado inflamatório por punctura e ligação de 2/3 do ceco (porção inicial do
intestino grosso) no abdome de camundongos da linhagem C57B6 e 1/3 do ceco em ratos
(Long Evans) nestas condões os autores observaram que a secreção in vitro de IL-6 por
neutrófilos isolados dos ratos controle aumentou 5,5 vezes ao serem estimulados por 4h com
LPS e C5a, quando comparada com neutrófilos estimulados somente por 2 h. Entretanto, os
ratos depletados de neutrófilos ou injetados com anti-C5a diminuíram 4 vezes a síntese de IL-
6. Em neutrófilos de ratos estimulados com LPS e C5a em presença de um inibidor para NF-
kβ, para MEK ½, e para p38, observou-se inibição da síntese de IL-6, sugerindo que na
transcrição de IL-6 há participação de uma via de sinalização dependente de NF-kβ, MEK1/2
e p38. A ligação de C5a com seu receptor (C5aR) e de LPS com (TLR-4) Toll like receptor 4
ativa as vias de sinalização dependentes de MEK1/2 e p38 respetivamente, que induzem a
transcrição e posterior síntese de IL-6 nos neutfilos.
Observou-se anteriormente (RIEDEMANN et al., 2003) que a resposta inflamatória
induzia uma grande síntese de citocinas (IL-1 beta, TNF-alfa e IL-6), as quais, por sua vez,
ativam diversas células como: neutrófilos, eosifilos e macrófagos a produzir outras
citocinas (TNF-alfa, IL-12), e diversas moléculas (VCAM, E-selectina, MMP-3, ENA-78,
MIP-alfa, EPO e beta-galactosidase) o que permite potencializar a resposta inflamatória.
C5 am de participar da resposta imune inata, pode também estar envolvido na
regulação da resposta imune adquirida, uma vez que HAWLISCH et al. (2005) mostraram que
C5a tem um efeito negativo na resposta imune induzida por TLR-4. Em macrófagos ativados
e estimulados com LPS e C5a observou-se a diminuição da síntese de todas as subunidades da
família de IL-12 (IL-12p70, IL-23 e IL-27), sendo esta diminuão dosedependente. Este
bloqueio da expressão de IL12p70 dá-se pela inibição do fator de transcrição ERK ½. A
citocina IL-12 induz ativação das células NK e síntese de IFN-gama por linfócitos CD8
+
. Esta
citocina ativa macrófagos e induz a polarização dos linfócitos T helper 0 a T helper 1,
mostrado experimentalmente in vitro e in vivo em animais infectados com Leishmania major,
já que camundongos C5 deficientes têm uma polarização diminuída dos linfócitos T helper 0
a linfócitos T helper 1, quando comparados com os camundongos C5 suficientes
(HAWLISCH et al., 2005).
1.8.6. Regeneração de Órgãos e Tecidos
STREY et al. (2003) mostraram que camundongos C3 suficientes e C5 suficientes que
haviam sido parcialmente hepatomizados (pHx) iniciavam a etapa de regeneração hepática
mediante o consumo de 5-bromo 2- deoxiuridina (“BrdU”, marcador corado que se deposita
no núcleo dos hepatócitos) 36 h depois da operação, contudo, camundongos C3
-/-
e C5
-/-
, após
cirurgia no fígado, apresentavam uma resposta regenerativa anormal, observando-se nos
cortes histológicos dogado destes camundongos, áreas necrosadas, assim como baixo
consumo de BrdU nos hepatócitos desses camundongos C3- e C5 deficientes (C3
-/-
e C5
-/-
),
indicando menor proliferação destas células comprovada pela diminuição na pesagem dos
fígados dos camundongos mortos 44 h depois da operação. Entretanto, a adição de C3a e C5a
reverteu o dano ocasionado ao tecido, aumentando significativamente a síntese de DNA por
hepatócitos, evidenciado pelo consumo de BrdU e regeneração do tecido hepático depois da
extração parcial dogado.
1.8.7. Ativação de Linfócitos T
KIM et al. (2004) mostraram que C5aR também induzia a geração e ativação de
linfócitos T CD8
+
, potencializando assim a atividade citotóxica em uma infecção viral in vivo.
Para isso, empregaram camundongos selvagens que foram infectados com o vírus da
influenza X31 (rus recombinante tipo A). Estes camundongos foram divididos em três
grupos: o primeiro foi tratado com um peptídeo antagonista de C5aR; o segundo foi tratado
com compstatina que ao se ligar a C3 falha na inibição e clivagem de C3 e por tanto inibe a
geração de C5a, e por último o terceiro grupo que não recebeu qualquer tratamento. Estes
autores observaram que os camundongos tratados com o antagonista de C5aR apresentavam
uma diminuição na expansão de linfócitos T CD8+ específicos para o peptídeo NP
366
-
374
do
vírus da influenza no pulmão, comparados com os outros tratamentos. Após análise por
citometria de fluxo, constatou-se que os linfócitos T CD8+ dos camundongos tratados com o
antagonista de C5aR, apresentavam menor síntese de interferom-gamma (3 vezes menor),
comparada com os camundongos do segundo e terceiro grupos. O IFN-gama é uma citocina
capaz de aumentar o potencial microbicida e expressão de moléculas de classe I e II do
complexo principal de histocompatibilidade em macrófagos. Também se demonstrou que C5a
ativa a capacidade citotica dos linfócitos T CD8+ sobre células infectadas com o peptídeo da
influenza (KIM et al., 2004).
1.9 IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS
As imunodeficiências primárias ou PIDs (do inglês - primary immunodeficiency
diseases) constituem um grupo de doenças causadas por algum defeito no sistema
imunológico responsável por maior susceptibilidade infecções graves e/ou desenvolvimento
de autoimunidade.
No ano de 1970 a Organização Mundial de Saúde convocou em Genebra a primeira
reunião para classificar as PIDs. Desde então a cada dois anos este comitê atualiza as
informações sobre as PIDs. Na última reunião da Organização Mundial da Saúde ocorrida em
Budapeste (Hungria) em 2006 mais de 120 PIDs foram. Nas Tabelas 2, 3 e 4 algumas delas
estão apresentadas (NOTARANGELO et al. 2005).
Figura 9. Etapas a serem seguidas na avaliação de um indivíduo com suspeita de
imunodeficiência primária (COOPER et al., 2003). HIV: vírus da imunodeficiência humana,
CBC: contagem total de células sangüíneas. PID imunodeficncia primária.
Um indiduo que sofre de:
•Inexplicáveis infecções recorrentes
•Infecções com patógenos oportunistas
•Falha no tratamento com antibióticos
é suspeito de sofrer PIDs
Estes indivíduos têm algum outro
motivo para sofrer destas infecções
como asma alergia, infecção pelo
HIV, fibrose cística ou outras
anormalidades?
A família tem história de PIDs
NÂO
SIM
SIM
Tratamento
correspondente
Testes para a detecção de PIDs: CBC, teste de hipersensibilidade,
avaliação da concentração de imunoglobulinas ( IgG, IgM e IgA),
teste de anticorpos específicos depois da vacinação, ensaio
hemolítico
O
Normal Abnormal
Diagnóstico de imunodeficiência primária ( PIDs):
Deficiência Imune Celular
: diminuição na população de linfócitos T e/ou B.
Deficiências de Anticorpos
: diminuição da população de linfócitos B com ou
sem diminuição dos níveis de IgG.
ndrome de Wiskott-
A
ldrich
: decréscimo de plaquetas.
Deficiências de Proteínas de Complemento
: falha na atividade hemolítica
Um indiduo que sofre de:
•Inexplicáveis infecções recorrentes
•Infecções com patógenos oportunistas
•Falha no tratamento com antibióticos
é suspeito de sofrer PIDs
Estes indivíduos têm algum outro
motivo para sofrer destas infecções
como asma alergia, infecção pelo
HIV, fibrose cística ou outras
anormalidades?
A família tem história de PIDs
NÂO
SIM
SIM
Tratamento
correspondente
Testes para a detecção de PIDs: CBC, teste de hipersensibilidade,
avaliação da concentração de imunoglobulinas ( IgG, IgM e IgA),
teste de anticorpos específicos depois da vacinação, ensaio
hemolítico
O
Normal Abnormal
Diagnóstico de imunodeficiência primária ( PIDs):
Deficiência Imune Celular
: diminuição na população de linfócitos T e/ou B.
Deficiências de Anticorpos
: diminuição da população de linfócitos B com ou
sem diminuição dos níveis de IgG.
ndrome de Wiskott-
A
ldrich
: decréscimo de plaquetas.
Deficiências de Proteínas de Complemento
: falha na atividade hemolítica
Tabela 2. Imunodeficncias combinadas de lincito T e/ou linfócito B (NOTORANGELO
et al., 2005)
Doença Linfócito T
circulante
Linfócito B
circulante
Ig sérica Características
associadas
Herança
T
-/-
B
+/+
SCID
γc
-/-
, JAK3
-/-
,
IL-7Rα
-/-
,
CD45
-/-
,
CD3δ/CD3ε
-/-
Reduzido Normal ou
incrementado
Reduzido Marcada diminuição de
células NK
Todos A. R.,
exceito γc
-/-
(X-L)
T
-/-
B
-/-
SCID
RAG ½
-/-
,
Ártemis
-/-
,
ADA
-/-
,
disgenesis
reticular.
Marcada
diminuição
Marcada
diminuição
Reduzido Defeito na recombinação
VDJ
A. R.
Síndrome de
Omenn
Presente Normal ou
diminuído
Reduzido,
exceto IgE
Eritroderma, eosinofília,
adenopatia,
hepatoslenomegalia.
A. R.
DNA ligase IV
Reduzido Reduzido Reduzido Microcefalia, distrofia
facial e sensibilidade à
radiação.
A. R.
CD40L
-/-
Normal Ausência de
IgA, IgG e
IgE.
IgM e IgD
presente em
concentrações
normais
Neutropenia,
trombocitopenia, anemia
hemolítica.
A. R.
PNP
-/-
Diminuição
progressiva
Normal Ligeira
diminuição
Anemia hemolítica
autoimune, danos
neurológicos.
A. R.
MHC-/-
Diminuição
de
linfócitos
CD4
+
Normal Normal A. R.
CD3γ
-/-
Reduzida
expressão de
TCR
Normal Normal A. R.
CD8
+/+
, ZAP-
70
-/-
, TAP ½
-/-
Diminuição
de linfócitos
CD8
+
,
expressão
normal de
linfócitos
CD4
+
Normal Normal A. R.
SCID: imunodeficiência combinada grave, A.R.: herança autossômica recessiva, X-L:
deficiência ligada ao cromossomo X, JAK: janus-associated kinase, IL-7R: receptor IL-7,
ZAP-70: zeta associada à proteína de 70kDa, TAP: transporter associated with antigen
processing.
Tabela 3. Deficiências de imunoglobulinas (NOTORANGELO et al., 2005)
Doença Número de
linfocitos B
Ig sérica Característica
associados
Herança
Auncia de linfócitos B,
redução de todas as Ig
séricas: Btk
-/-
, cadeia
pesada µ
-/-
, Igα
-/-
, BLNK
-/-
, thymona
-/-
Forte redução
ou ausência
Redução de todos
os isótipos.
Infecções graves
causadas por bactérias
Todas A. R.,
exceto Btk
(X-L)
Redução de ao menos 2
isótipos de Ig com baixo
número de linfócitos B:
ICOS
-/-
, CD19
-/-
, TACI
-/-
,
BAFF receptor
-/-
Normal ou
reduzido
Redução de IgG e
IgA e
concentrações
normais de IgM
Pode ter doenças
autoimunes, ou doenças
linfoproliferativas.
Todas A. R.,
exceto TACI
que pode ter
A.R. e A.D.
Redução de IgG e IgA
sérica e incremento de
IgM com quantidades
normais de linfócitos B:
AID
-/-
, UNG
-/-
.
Normal Redução de IgG e
IgA e incremento
de IgM
Aumento dos linfonodos
e do centro germinativo
A.R.
Deficiência da cadeia
leve com quantidades
normais de linfócitos B:
cadeia pesada
-/-
, cadeia k
-
/-
subclasses IgG
-/-
,
seletiva IgA
-/-
.
Normal Redução de uma
o mais subclasses
de IgG, IgA e IgE
Pode ser assintomático
ou ter infecções
recorrentes com ou sem
resposta de
imunoglobulinas a
carbohidratos
(antígenos), alergias ou
doenças autoimunes
Variável.
Deficiência de anticorpos
espeficos com
concentrações normais de
Ig e de linfócitos B
Normal Normal Inabilidade da síntese de
anticorpos específicos
Variável
A.R.: herança autossômica recessiva, A.D.: herança autossômica dominante, X-L: deficiência
ligada ao cromossomo X, BLNK: B-cell linker protein, ICOS: induzível coestimulador,
TACI: ativador de transmembrana modulador de Ca
+2
, BAFF: fator de ativação o linfócito B,
AID: ativação que induz uma citidina deminase, UNG: uracil DNA glicoilase.
Tabela 4. Outras imunodeficiências (NOTORANGELO et al., 2005)
Doença Linfócito T
circulante
Linfócito B
circulante
Ig sérica Características
associadas
H
erança
Síndrome de Wiskott-
Aldrich
Redução
progressiva
Normal Redução de
IgM,
aumento de
IgA e IgE
Trombocitopenia,
eczemas, linfomas,
infeções
bacterianas.
X-L
Dano no reparo do
DNA: telangiectasia,
síndrome like-ataxia,
síndrome de Nijmegen
breakage, síndrome de
Bloom
Reduzido Normal Redução de
IgA, IgE e
das
subclasses de
IgG,
incremento
de IgM
Ataxia,
sensibilidade aos
raios X e a outras
radiações.
A. R.
Defeitos tímicos,
síndrome de Di George
Reduzido ou
normal
Normal Reduzido ou
normal
Hipoparatiroidismo,
malformação
conotruncal,
defeitos em 90%
dos genes
envolvidos na
maturação do timo.
A. D.
Dislasia Imuno ósea
hipoplasia da
cartilagem, síndrome
Schimke.
Reduzido Normal Normal A. R.
Síndrome de
Hermansky-Pudlak
tipo2
Normal Normal Normal Albinismo
oculocutâneo,
neutropenia, defeito
na toxicidade do
linfócito T e de NK.
A. R.
Síndrome de Hiper IgE Normal Normal Normal ou
elevado IgE
Candidíase nas
fosas nasais,
assimetria facial,
osteoporose,
escoliose.
A. R.
Candidíase
mucocutânea
Normal Normal Normal Candidíase
mucocutânea,
sensibilidade à
Candida albicans.
A. R. e
A. D.
SCID: imunodeficiência combinada grave, A.R.: herança autossômica recessiva, X-L:
deficiência ligada ao cromossomo X, JAK: janus-associated kinase, IL-7R: receptor IL-7,
ZAP-70: zeta associada à proteína de 70kDa, TAP: transporter associated with antigen
processing.
1.9.1 DEFICIÊNCIAS DAS PROTEÍNAS DE COMPLEMENTO
Indivíduos deficientes de proteínas do sistema complemento geralmente apresentam
uma forte tendência para adquirir infecções piogênicas ocasionadas por bactérias
encapsuladas como Neisseria sp., Streptococcus sp. e H. influenzae. Cabe mencionar que
indivíduos deficientes de alguma das proteínas da via terminal comum são bastantes
suscetíveis a infecções ocasionadas por bactérias do gênero Neisseria. A ocorncia de
infecções causadas por este tipo de bactéria em indivíduos deficientes de complemento é
mostrado na Tabela 5. A deficiência de alguma destas proteínas ocasiona falha na
opsonização, fagocitose e formação do MAC (MORGAN & WALPORT, 1991; FIGUEROA
& DENSEN, 1991). A Tabela 6 mostra o tipo de herança, a caraterística e as doenças
associadas às deficiências complemento.
Tabela 5. Comparação da freqüência de ocorrência de infecções causadas por Neisseria sp.,
S. pneumoniae e H. influenzae em pacientes deficientes de complemento (FIGUEROA &
DENSEN, 1991)
N° de Pacientes (%) com Deficientes
(N° de Homozigotos)
Neisseria. sp. S. pneumoniae H. influenzae
T
otal (%)
a
C1, C4, C2 (161) 9 (5,6) 20 (12,4) 8 (5) 32 (20)
C3, fI, fH (46) 17 (37) 12 (26) 2 (4,4) 25 (54)
P, fD (57) 25 (44) 2 (3,5) 2 (3,5) 29 (51)
C5, C6, C7, C8, C9
(267)
151 (57) 2 (0,8) 0 (0) 150 (56)
Total (531) 202 (38) 36 (6,8) 12 (2,3) 236 (44)
a
total de pacientes com infecção causada por algum destes três tipos de organismos
encapsulados. Cada paciente foi contado só uma vez.
Tabela 6. Deficiências de proteínas do sistema complemento (MORGAN & WALPORT,
1991; WEN et al., 2004; NOTARANGELO et al., 2005; REIS et al., 2006)
casos
Herança
Característica Doença associada
C1q, 42
C1r/C1s 15
C2 >100
C4 24
A. R.
Ativação defeituosa da Via Clássica,
falhas na dissolucão de complexos
imunes e na remoção de células
apoptóticas (C1q
-/-
).
LES, infecções
piogênicas e
glomerulonefrite
C1-INH >100 A. D. Ativação contínua da Via Clássica
e das Lectinas com consumo de
C4/C2. O contato do sistema de
complemento com o sistema de
coagulação resulta na geração de
bradicinina.
Angioedema
heredirio e LES
MBL >30 A. R. e
L-X
Defeito no reconhecimento de
manose com conseqüente defeito
na ativação da Via das Lectinas
Defeito na
opsonização por
fungos
MASP-2 Ausência da atividade hemotica
mediada pela Via das Lectinas
LES e infecções
piogênicas
Fator D 1 A. R. Ativação defeituosa da Via
Alternativa
Infecções piogênicas
e por Neisseria sp.
C3 27 A. R.
Ativação defeituosa das três vias de
ativão, ausência do MAC, falha
na opsonização e fagocitose.
Infecções piogênicas
e glomerulonefrite
C5 38
C6 >50
C7 26
C8 32
C9 >50
A. R. Formação defeituosa do MAC,
ausência da atividade hemolítica
mediada por qualquer uma das três
vias.
Infecção por
Neisseria sp
Properdina >50 L-X Falha na ativação da Via
Alternativa
Infecções piogênicas
e por Neisseria sp.
Fator I 31 A. R. Ativação descontrolada da Via
Alternativa com consumo de C3,
aumento na formação da C3- e C5-
convertases das Vias Clássica e
Alternativa.
LES, infecções
piogênicas e
glomerulonefrite
Fator H 21 A. R. Espontânea ativação da via
alternativa com consumo de C3.
LES, infecções
piogênicas,
glomerulonefrite e
SHU.
A. R.: autossômica recesiva, A. D.: autossômica dominante, L-X: herança ligada ao
cromossomo X, LES: lúpus eritematoso sistêmico, SHU: síndrome hemotico-urêmica
1.9.1.1 DEFICIÊNCIAS DE PROTEÍNAS DA VIA CLÁSSICA
As defic iências de proteínas da via clássica de complemento (C1q, C1r, C1s, C2 e C4)
estão associadas a maior suscetibilidade a infecções graves e desenvolvimento de doenças
autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico (LES). A incidência de indivíduos deficientes
das protnas C1q, C2 ou C4 e que sofrem de LES é de 90%, ~15% e 75%, respectivamente
(PICKERING et al., 2000). Estas proteínas estão envolvidas com eliminação de
imunocomplexos, de produtos liberados por células apopticas que podem funcionar como
auto-antígenos (ver em Solubilização e Transporte de Imunocomplexos e Remoção dos
Imunocomplexos pelo Fígado). A eliminação de linfócitos B imaturos durante a vida
embrionária é dependente de C1q e C4, mas não de C3. (PRODEUS et al., 1998).
A deficiência de C1q é causada pela falha na síntese de C1q (60% dos casos) ou pela
síntese de C1q não funcional (40% dos casos). C1q, C1r e C1s são requeridos para formar o
complexo C1. A deficiência de algum destes três componentes inibe a formação do complexo
C1. Em geral, indiduos que apresentam a deficiência de C1s, também apresentam a
deficiência de C1r. Uma das explicações poderia ser a proximidade dos genes C1s e C1r no
cromossomo 12 localização 12p13. Indivíduos deficientes destas proteínas podem apresentar
pneumonias, tuberculose pulmonar, infecções por Staphylococcus, rash, vasculites,
glomerulonefrite, hematúria ou ainda serem assintomáticos. Na literatura apresentam-se três
estudos moleculares que explicam a deficiência de C1r e C1s. INOUE et al. (1998) estudaram
um caso de um homem japonês de 26 anos com deficiência total de C1s e deficiência parcial
de C1r, com deleção de 4 pb (TTTG) no éxon 10 do gene C1s. ENDO et al. (1999)
encontraram no alelo paterno de um menino japonês uma deleção de 4 pb (TTTG) no éxon 10
do gene C1s e no alelo materno uma substituição de uma G por uma T no éxon 12 do gene
C1s. DRAGON-DUREY et al. (2001) encontraram em uma menina caucasiana uma
substituição de uma C
534
por uma T no éxon 12 do gene C1s. As mutações apresentadas
nestes três casos geramdons de parada prematura, que ocasionam o bloqueio da tradução
da proteína C1s.
Em nosso laboratório, AMANO (2006) em seu trabalho de mestrado, descreveu a
deficiência total de C1s e parcial de C1r em quatro irmãos, pertencentes a uma família
brasileira com história de consangüinidade. Destes quatro irmãos, dois são assintomáticos,
enquanto que os outros dois sofrem de LES. Estes pacientes apresentam uma substituição de
uma C
938
G
o que gera umdon de parada prematura. O seqüenciamento do cDNA de C1r
não apontou a presença de alguma mutação que pudesse ser a causa da deficiência. Sugerindo
assim que a regulação de C1r pode ser possivelmente dependente da presença de C1s.
Os dois isotipos de C4 (C4A e C4B) são codificados por genes altamente polimórficos
situados na região da classe II do MHC no cromossomo 6. Tanto C4A como C4B, estão
presentes em igual concentração em 75% da população mundial. Uma pequena diferença
entre os aminoácidos de cada isótipo afeta a sua capacidade de ligar-se a outras proteínas
(C4A) ou de se ligar a resíduos de carboidratos em diversas superfícies celulares (C4B)
(WAN et al., 2004). A deficiência completa de C4 requer a herança de alelos defeituosos nos
4 loci. A deficiência heterozigota de C4 é mais freqüente, estima-se que apenas 60% da
população possua os 4 genes funcionais (MORGAN & WALPORT, 1991).
O angioedema hereditário (HAE) é uma doença caracterizada por edema nas mucosas
com duração de aproximadamente dois a três dias, com ausência de febre ou de outras
manifestações cnicas. Clinicamente, encontram-se três formas de HAE: o tipo I é
caracterizado por uma redução de 30% ou menos na concentração de C1-INH sérica. No HAE
tipo II os indivíduos secretam uma protna C1-INH disfuncional. No tipo III o padrão de
heramça genética é dominante, mas ligado ao cromossomo X (BORK et al., 2000).
1.9.1.2 DEFICIÊNCIAS DAS PROTEÍNAS DA VIA DAS LECTINAS
A deficiência de MBL é uma das mais freqüentes (5,3% da população da Finlândia),
onde uma grande proporção é assintomática (AITTONIEMI et al., 1996). Um estudo feito
com 9 crianças deficientes de MBL demonstrou que esta deficiência não se encontra isolada,
mas sim associada a outros tipos de imunodeficiências humorais. AITTONIEMI et al. (1998)
observaram que crianças com esta deficiência também possuem deficiência parcial ou total de
uns dos alótipos da imunoglobulina IgG (IgG
2
, IgG
3
ou IgG
4
) e a associação destes dois tipos
de deficiência causam falha na opsonização de bactérias. SUPER et. al. (1989) num ensaio in
vitro observaram que o soro deficiente de MBL apresenta falha na opsonização de leveduras
(S. cerevisiae). Esta opsonização é corrigida mediante a adição de MBL purificada (dose
dependente). Estes autores também observaram uma correlação entre a concentração de MBL
plasmática e a formação de C3b em indivíduos saudáveis. O mesmo grupo de pesquisa
encabeçado por SUMIYA et al. (2003) observou a falha na opsonização destes soros
deficiêntes deve-se à substituição de uma GG
230
C por uma GA
230
C no éxon 1 do gene MBL.
Esta troca produz a troca de glicina por ácido aspártico modificando a conformação
tridimensional da MBL e facilitando com isso sua posterior degradação. Em estudo feito com
crianças inglesas, encontrou-se que as crianças que apresentam mutações heterozigotas no
don 52,don 54 edon 57 do gene MBL sofriam com maior freqüência de osteomielites,
otitedia, infecções por Streptococcos, infecção no trato urinário, gastroenterites, celulites e
abscessos, febre de origem desconhecida, tonsilites, meningococemia e infecções no trato
respiratório. Entretanto, as crianças que apresentam mutações homozigotas nodon 54 e 57
do gene MBL apresentam maior risco de contrair infecções meningocócicas graves e inclusive
septicemia generalizada (SUMMERFIELD et al., 1997).
1.9.1.3 DEFICIÊNCIAS DAS PROTEÍNAS DA VIA ALTERNATIVA
A properdina estabiliza a C3- e C5-convertase e sua deficiência está associada ao
cromossomo X, portanto é descrita apenas em indivíduos do sexo masculino. Três tipos de
deficiência de properdina têm sido descritos. No primeiro tipo não se detecta a presença de
properdina, no segundo a properdina está ativa em apenas 10% dos níveis normais e no último
tipo produção de properdina não funcional. Estes pacientes apresentam infecções causadas
por bactérias do gênero Neisseria (MORGAN & WALPORT, 1991).
HIEMSTRA et al. (1989) descreveram o primeiro caso da deficiência completa de
Fator D em homem caucasiano. Este paciente sofreu três episódios infecciosos, onde primeiro
foi de meningite e os outros dois de septicemia generalizada, ocasionadas por Neisseria. Neste
paciente a opsonização e a fagocitose foram restauradas mediante adição de Fator D ao soro.
BIESMA et al. (2001) descreveram a deficiência de Fator D numa família
dinamarquesa com história de consangüinidade, onde uma das netas sofreu de sérias infecções
causadas por Neisseria meningitidis. Ao avaliar a atividade hemotica mediada pelo
complemento, observou-se que cinco integrantes desta família (pertencentes a três gerações
diferentes) não ativam a via alternativa, por conta de carência do Fator D no soro destes
pacientes. Observou-se também que nos soros deficientes de Fator D a opsonização e
fagocitoses de E. coli e N. meningitides e fagositose por neutrófilos encontrava-se
comprometida, mas foi restaurada ao se adicionar Fator D purificado. Ao estudar as causas
moleculares desta deficiência foi encontrada nestes deficiêntes uma subtituição de TC
125
G a
TA
125
G no éxon 2 que forma umdon de parada prematura.
FEDERMANN et al. (1980) estudaram a atividade hemotica de diferentes variantes
do Fator B mostrando que a variante BfFO5.5 não ativa a hemólise pela via alternativa. Esta
variante foi encontrada em três gerações (6 indivíduos) em associação com o haplótipo HLA-
A11 mostrando-se inativa em todos os membros desta família. Estes indivíduos possuem além
do alelo FO5.5 o alelo Bfs que determina a síntese do Fator B hemoticamente ativo. A
concentração de Fator B no soro é normal a moderadamente baixo. Este estudo constitui a
primeira descrição de uma anomalia genética de Fator B em humanos. Entretanto, ainda não
foi descrita em humanos a deficiência completa de Fator B.
A proteína C3 exerce um papel fundamental nas três vias de ativação do sistema
complemento. Os produtos de clivagem desta proteína participam de diversas funções
imunológicas como: formação da C3- e C5-convertase, produção de opsoninas, liberação de
mediadores inflamatórios, a ativação de linfócitos B com a conseqüente produção de
anticorpos, solubilização, remoção de imunocomplexos e, por último, propriedade adjuvante.
Em nosso laboratório ULBRICH et al. (2001) mostraram que soro C3 deficiente ativado com
LPS, assim como soro humano normal inativado a 56
o
C, induzia uma menor migração de
leucócitos. Em outra avaliação, constatou-se que a ingestão e morte de C. albicans por
fagócitos normais, ao serem opsonizadas por soro do probando, foram semelhantes à ingestão
e morte destes fungos quando tratados por soro inativado. Dessa maneira, a incapacidade de
exercer as funções imunológicas dependentes do complemento causadas pela ausência de C3
resultaria em maior suscetibilidade a infecções.
Em sua tese de mestrado REIS (2003) mostrou que a deficiência de C3 em dois
indivíduos brasileiros, deve-se a algumas mutações no cDNA do gene C3. O cDNA do
paciente 1 apresentou uma substituição de T
1001
por C
1001
no éxon 9 que resulta na troca de
uma L
314
por uma P
314
, uma substituição silenciosa de G
972
por A
972
que no momento a
tradução dá origem a uma R
304
e por último a substituição de uma G
1716
por A
1716
no éxon 13
que troca um resíduo de W
552
pela formação de um códon de parada prematura no gene C3. O
cDNA do paciente 2, estudado anteriormente por ULBRICH et al. (2001) ok apresentou a
substituição de T
1001
por C
1001
no éxon 9 que resulta na substituição polimorfica de uma L
314
por uma P
314
, a substituição silenciosa de T
1791
por C
1791
no éxon 14 que resultam na formação
de uma P
577
, uma segunda substituição silenciosa de C
2454
por T
2454
no éxon 19 que resultam
na formação de uma S
798
e uma terceira substituição silenciosa de uma C
4371
por T
4371
no éxon
35 que resulta na formação de uma A
1437
e por último a formação de umdon de parada
prematura devido a uma substituição C
2602
por T
2602
no éxon 20 do gene C3.
VYSE et al. (1994) relataram o caso de 3 famílias deficientes de Fator I onde dois
integrantes (irmãos) de uma destas famílias apresentaram esta deficiência. Indiduos
deficientes de Fator I apresentam concentrações reduzidas de C3 no plasma. Estes indivíduos
deficientes apresentam numerosos casos de infecções recidivantes causados por bactérias do
gênero Neisseria sp.
Nosso grupo de pesquisa (NAKED et al., 2000) descreveu o caso de uma chilena
proveniente de uma família com história de consangüinidade que morreu aos 4 anos de idade
despoies de ter desenvolvido múltiplas infecções bacterianas (meningite meningocócica,
pneumonia, epilepsia de origem bacteriana, otite média e piodermite).Ao avaliar a atividade
hemotica mediada por complemento, encontramos níveis reduzidos da ativação da via
clássica (30 % - valores normais 56 a 192 %) e nulos na via alternativa o que nos sugeriu a
deficiência de alguma proteína da via alternativa compartilhada pela via clássica. A
deficiência total de Fator I e parcial de Fator H (151 µg/ml – valores normais 228,51 a 829,17
µg/ml) foi encontrada no soro desta paciente. Isto leva a forte consumo de C3 (290 µg/ml –
valores normais 610 a 1410 µg/ml) devido à falha na regulação da ativação da alça de
amplificação da via alternativa.
Dois anos mais tarde (AMADEI et al., 2001) descrevemos também o caso duas irmãs
brasileiras com história de consangüinidade. A irmã mais velha desenvolveu lúpus
eritematoso sistêmico na sua infância, além de outras infecções de origem bacteriana. A ir
mais nova desenvolveu uma infecção gastro-intestinal e um grave síndrome de estresse
respiratório. Ao avaliar a atividade hemotica mediada por complemento, encontramos que o
soro de ambas as pacientes não tinhan qualquer atividade mediada pela via clássica ou
alternativa. A concentração de Fator I e Fator B encontraram-se abaixo do límite de
normalidade (64 a 13 µg/ml e 183-513 µg/ml, respectivamente), a concentração de Fator H
foi de 93 e 105 µg/ml, respectivamente – límite de normalidade 454 a 124 µg/ml. Semelhante
ao estudo feito por NAKED et al. (2000) a falha nestas protnas reguladoras causam um
consumo exagerado de C3 (127 e 259 µg/ml, respectivamente) devido à formação
descontrolada da C3-convertase.
Em nosso laboratório BARACHO (2002) ao estudar uma família brasileira com
história de consangüinidade encontrou que duas irs apresentavam deficiência do Fator I.
Tanto o seqüenciamento do cDNA do Fator I como o seqüenciamento do gene Fator I
revelaram a presença de uma inserção A
1204
T
1205
no éxon 11, a qual gera um códon de parada
prematura, que explicaria a deficiência desta proteína nas duas irmãs.
1.9.1.4 DEFICIÊNCIAS DAS PROTEÍNAS DA VIA TERMINAL COMUM
Indivíduos deficientes nas proteínas da via terminal comum (C5, C6, C7, C8 e C9),
sofrem um bloqueio na formação do MAC. O MAC por ter uma função importante na
neutralização de Neisseria, indivíduos deficientes de uma destas proteínas, apresentam
predisposição a infecções ocasionadas por meningococos e gonococos (MORGAN &
WALPORT, 1991).
O risco de uma doença por meningococcos em pessoas deficientes das proteínas da via
terminal comum (LCCD, do ings - late complement component deficient individuals) é de
7000 a 10000 vezes mais elevados que em indivíduos normais, e 60% de indivíduos LCCD há
tido pelo menos uma experiência de doença por meningococcos, dos quais aproximadamente
50% sofreram de uma experiência adicional da doença (Tabela 3) (FIGUEROA & DENSEN,
1991).
Tabela 7. Comparação das doenças ocasionadas por meningococos em indivíduos normais,
LCCD (complement component deficient individuals) e indivíduos deficientes de properdina
(FIGUEROA & DENSEN, 1991).
Indivíduos
Parâmetros Normal LCCD
P
roperdina
-/-
N° de homozigotos 267 54-70
N° de indivíduos com infecção por
meningococos
151 25-37
Freqüência da infecção (%) 0,0072 57 46-53
Proporção homem / mulher 1:3:1 2:2:1 21:0-37:1
Idade média do primeiro episódio 3 17 14-11,5
Recorrência (%) 0,34 41 2-1,4
Recaída (%) 0,6 7,6 0
Mortalidade / 100 episódios (%) 19 1,5 12-51,4
N° isolados 3184 67 16
% B 50 19,4 18,7
Sorogrupos infectantes
% Y 4,4 32,8 37,5
A resposta a meningococos em indivíduos LCCD é diferente da resposta encontrada
em indivíduos normais devido ao aumento da carga parasitária nos indivíduos LCCD durante
a infecção, à falha da formação do MAC sobre a bactéria (Figura 8), à prolongada
sobrevivência do meningococos dentro do fagócito, à apresentação de antígenos alterada e à
ligação de fragmentos C3b/iC3b na superfície destes organismos encapsulados que facilita a
fagocitose em neutrófilos (FIGUEROA & DENSEN, 1991) e à falta de quimioataxia por C5a
(Ver em Atividade Quimiotática Dependente de C5) (DENSEN, 1989) o que altera a
resposta imune contra este patógeno.
Figura 10. Fatores que contribuem à falha da resposta imune contra meningococos em
indiduos complemento suficiêntes (A) e indivíduos LCCD (B), modificado a partir de
FIGUEROA & DENSEN (1991).
A vacinação com polissacarídeos purificados destas bactérias capsuladas confere uma
proteção contra doenças causadas por diversos sorogrupos de meningococos. Anticorpos
específicos formados contra estes antígenos em indivíduos normais ativam a opsonização e a
fagocitose devido à formação e à deposição do fragmento C3b na supercie capsular e sub-
capsular o que promove juntamente com os anticorpos (IgG2) a remoção da bactéria
encapsulada do organismo pelos fagócitos. Em indivíduos LCCD esta resposta é similar com
exceção da formação do MAC. FIJEN et al. (2000) mostraram num ensaio in vitro que o
alótipo de IgG
2
, C3b e CR3 atuam sinergicamente na opsonização e fagocitose da N.
meningitidis W135, por células polimorfonucleares em indivíduos LCCD. Estudos feitos por
POTTER et al. (1990) mostraram que indivíduos LCCD durante uma infecção causada por
meningococos produzem 10 vezes mais anticorpos específicos tanto para a membrana externa
como para lipopolissacarídeos do que os indivíduos normais.
Morte por fagocitose
Atividade lítica do soro
Componentes da via alternativa
P, D, B, C3b
Componentes da via clássica
C1, C4 e C2
e da via das Lectinas
MBL, MASP 1,2,3
IgG
IgM
IgG
C3
Neutrófilos
Morte por fagocitose
Falta da atividade lítica do
soro
//
Componentes da via alternativa
P, D, B, C3b
Componentes da via clássica
C1, C4 e C2
e da via das Lectinas
MBL, MASP 1,2,3
IgG
IgM
IgG
Neutrófilos
C3
Componentes da via
terminal comum
C5, C6, C7, C8 e C9
A
B
Morte por fagocitose
Atividade lítica do soro
Componentes da via alternativa
P, D, B, C3b
Componentes da via clássica
C1, C4 e C2
e da via das Lectinas
MBL, MASP 1,2,3
IgG
IgM
IgG
C3
Neutrófilos
Morte por fagocitose
Falta da atividade lítica do
soro
//
Componentes da via alternativa
P, D, B, C3b
Componentes da via clássica
C1, C4 e C2
e da via das Lectinas
MBL, MASP 1,2,3
IgG
IgM
IgG
Neutrófilos
C3
Componentes da via
terminal comum
C5, C6, C7, C8 e C9
A
B
Componentes da via alternativa
P, D, B, C3b
Componentes da via clássica
C1, C4 e C2
e da via das Lectinas
MBL, MASP 1,2,3
IgG
IgM
IgG
C3
Neutrófilos
Morte por fagocitose
Falta da atividade lítica do
soro
//
Componentes da via alternativa
P, D, B, C3b
Componentes da via clássica
C1, C4 e C2
e da via das Lectinas
MBL, MASP 1,2,3
IgG
IgM
IgG
Neutrófilos
C3C3
Componentes da via
terminal comum
C5, C6, C7, C8 e C9
A
B
A deficiência de C6 é a teeira deficiência de complemento mais comum entre
caucasianos, com uma prevalência de 1: 60000 indivíduos, destes 25% dos casos, é formado
por indivíduos assintomáticos (MORGAN & WALPORT, 1991). Nas províncias de Western
Cape e Gauteng na África do Sul, infecções causadas por meningococos, têm uma incidência
de 20-100:100000 indivíduos por ano, onde a maioria de indivíduos afetados é C6 deficiente
(POTTER et al., 1990). Um total de 45 casos de indivíduos C6 deficientes que apresentaram
infecções ocasionadas por N. meningitidis B foi diagnosticado nesta área (ORREN &
POTTER, 2004).
Apesar do gene C6 se encontrar próximo do gene C7, a deficiência de C7 não é
comum entre caucasianos depois da deficiência de C9, a deficiência de C7 é a segunda
deficiência de complemento mais comum entre japoneses, com uma incidência de 1: 25000
(INAI et al., 1989).
Já que a protna C8, é composta por 3 cadeias (α, β e γ) e cada uma destas é
codificada por genes diferentes, a deficiência de C8 pode ser resultado de falha na síntese de
qualquer uma das três cadeias. Nesta proteína a cadeia α e γ estão covalentemente ligadas,
mas a cadeia β não está ligada covalentemente a αγ. A deficiência da C8β tem sido
encontrada somente em caucasianos, enquanto a deficiência de C8αγ tem sido encontrada em
japoneses e negros (INAI et al., 1989).
A deficiência de C9 é rara em caucasianos, ZOPPI et al. (1990) descreveram pela
primeira vez a deficiência de C9 em dois irmãos pertencentes a uma família suíça com
numerosos casos de infecções ocasionadas por bactérias do gênero Neisseria, e nestes
indivíduos a formação do MAC pode ser reconstituída mediante a adição de C9. Em outro
estudo com 145640 japoneses, observou-se que os soros de 139 japoneses (0,095%) não
ativavam nem a via clássica nem a via alternativa, sendo posteriormente demonstrado que
estes indivíduos eram deficientes de C9 (FUKUMORI et al., 1989).
1.9.2. DEFICIÊNCIA DA PROTEÍNA C5
A deficiência de C5 (C5D) é muito rara e não pode ser atribuída a uma raça, etnia ou
população ou mais prevalente em alguma região em particular. Até o momento, foram
relatados 38 casos de pacientes com deficiência completa deste componente do sistema
complemento (Tabela 5) distribuídos em 21 famílias.
Os avanços em Biologia Molecular vêm contribuindo para uma melhor identificação
da presença de possíveis mutações no gene C5. WANG et al. (1995) investigaram as causas
moleculares da deficiência da proteína C5 em 3 famílias. A primeira família já havia sido
estudada anteriormente por ROSENFELD et al. (1976), quando encontraram uma primeira
mutação C
4521
AG para T
4521
AG no éxon 36. A mutação acima mencionada forma no
momento da tradução umdon de parada prematura na cadeia α, no lugar da arginina
esperada em todos os indivíduos normais. WANG et al. (1995) estudando uma segunda
família C5D, caracterizada previamente por PETER et al. (1981) encontraram uma mutação
nonsense no éxon 1 de uma C
84
AG para TAG. Esta substituição localizada no códon que
codifica o primeiro aminoácido da cadeia β no momento da tradução troca uma glicina por
umdon de parada prematura. Além disso, este grupo observou que todos os indivíduos
estudados apresentavam uma condição heterozigota (deleção de 710 pb localizada no éxon 1,
com exceção de uma terceira família que apresentou uma deleção do 1010 pb localizada no
éxon 36.
DELGADO-CERVIÑO et al. (2005) encontraram uma deleção e substituição presente
no éxon 40 em três irmãos homozigotos, no outro irmão heterozigoto e no pai, membros de
uma família de origem espanhola (o triplete CCC na posição 4884-4886 foi trocado por GC)
que causa uma modificação no quadro de leitura no momento da transcrição com a
conseqüente produção de umdon de parada prematura neste mesmo éxon.
PFARR et al. (2005) mostraram que o gene C5 de um menino paquistanês apresentava
substituição no éxon 10 de uma A por uma G na posição 1115, o que prediz a substituição de
uma Lis por uma Arg no códon 372 no momento da tradução de RNA em protna. Esta
alteração foi encontrada em um dos alelos de todos os membros da família responsável pela
diminuição da concentração de C5 no soro destes familiares. No entanto, o indivíduo
deficiente apresentou esta alteração nos dois alelos o que anulava a presença de C5 no soro.
Quando avaliaram uma região de 540 pb compreendida entre o éxon 9 e éxon 12 de todos os
membros da família, observaram que esta região estava ausente no indivíduo C5D. Após
seqüenciamento do cDNA de C5 de toda a família, constatou-se um salto no éxon 10 (116
pb), causando uma mudança no quadro de leitura e a criação de umdon de parada
prematura, anulando a tradução tanto da cadeia α como da cadeia β da proteína C5 no
indivíduo deficiente. O seqüenciamento também provou que a substituição da A pela G,
localizada no final do éxon 10 dentro de uma região conhecida por exonic splicing enhancer
influenciava a exclusão do éxon 10 no momento da tradução.
Tabela 8. Deficiências de C5.
Família Nº de
paciente
N
ACIONALIDA
DE
SEXO INFECÇÕES e
AGENTE CAUSADOR
OUTRAS
DOENÇAS
TESTES FEITOS CAUSAS
MOLECULARES
REFERÊNCIAS
1 1 M: 7 meses Recorrentes infecções por bactérias
Gram (-)
C5 não funcional,
opsonização e fagocitose
deficiente.
Miller & Nilsson
(1970)
2
Caucasiano
H: 5 semanas
9 semanas
Diarréia, rash na pele.
Broncopneumonia, colites erosivas,
fibrose da glândula tiróide, involuçã
o
do timo.
Doença de
Leiner
2
3 Caucasiano H: 7 semanas
9 semanas
Diarréia, rash na pele.
Diarréia sangüinolenta, dermatite
seborréica subcutânea generalizada,
linfoadenopatia geral.
Doença de
Leiner
Opsonização deficiente de
levedura, atividade
quimiotática de PMN
normal, níveis normais de
C4 e C5 no soro. C5 não
funcional
Jacobs & Miller
(1972)
4 Afro-
americana
M: 11 anos Várias infecções na pele, ouvido, trato
respiratório superior e vagina.
Fadiga, perda de peso, dores d
e
garganta e boca. Apresentou
o
fenômeno de Raynaud e dores na
s
articulações edemaciadas.
Extremidades frias e pálidas, anemi
a
moderada e leucocitose.
Otites média e externa, alopecia,
monilíase, oral e vaginal, infecção
prolongada por herpes zoster.
Septicemia enterococal com
meningite, intolerância transitória à
glicose, vasculites cutâneas com
ulcerações, nefrite, tromboflebite com
formação de embolo pulmonar.
Episódio
de LES
com
poliartrite.
0% C5
C1, C2, C3 e C4 em níveis
normais, quimiotaxia
ausente e opsonização e
fagocitose normal só para
S. cerevisae,
C. albicans e S. aureus
Mutação no éxon 36
(C
4521
AG para
T
4521
GA) no momento
da tradução forma um
códon de parada na
cadeia α
Rosenfeld et. al.
(1976), estudo
molecular feito
por Wang et. al.
(1995)
3
5 Afro-
americana
M: 10 anos
Meia ir da
paciente 4
Infecções freqüentes do trato
respiratório superior, pneumonias,
vaginites.
CH50 (80 -160) com 1 –2
% da atividade funcional
de C5
6
Afro-
americana
M: 23 anos
Nove episódios de infecção
generalizada por gonococos.
Na primeira infecção por
gonococos, a paciente desenvolveu
febre, mialgia, tenosinovites do
pulso e do tendão de Aquiles, lesões
na pele. No terceiro e quarto
episódios de infecção por gonococos
apresentou inflamação pélvica e
lesões pustulares na pele, artralgia e
tendinite. No quinto episódio de
infecção por gonococos, a cultura
para N. gonorrhoeia foi positiva.
Nos episódios 5, 7 e 8 de infecção
por gonococcos, apresentou dor de
cabeça e mal-estar, lesões pustulares
na pele, arthralgia, tenosinovites nos
pulsos e no tendão de Aquiles. nono
episódio a cultura para N.
gonorrhoeae foi positiva.
Deficiência de C5 (6/0,5%)
a atividade hemolítica
dependente de
complemento foi de 0,5%,
quimiotaxia para PMN
nula.
A paciente apresentou
don de parada
prematura no éxon 1.
7
Afro-
americana
M: 23 anos
gêmea do
paciente 6
Excelente saúde, mas em algumas
ocasiões apresentou infecção por
gonococos, manifestada por febre,
tenosinovites e pústulas.
4
8 Afro-
americana
M: 33 anos
Irmã do
paciente 6
Excelente sde. Não apresentou
infecções causadas por gonococos.
Snyderman et. al.
(1979) , estudo
molecular feito
por Wang et. al.
(1995)
5 9 Paquistanês H: 25 anos
Meningites piogênicas, cultura para N.
meningitis do grupo C positiva. No
ano seguinte apresentou febre e
endurecimento do corpo e pescoço.
Síndrome
de Kernig
ou síndrome
das
meninges
CH
50
: zero.
Haeney et. al.
(1980)
10
Afro-
americano
H: 15 anos
Febre, endurecimento da nuca, lesões
purpúreas no corpo e nas quatro
extremidades, desenvolveu
meningococemia fulminante, cultura
para N. meningitidis grupo Y positiva.
Artrite no cotovelo esquerdo, necrose
e amputação de dois dedos no pé
esquerdo.
11
Afro-
americano
H: 18 anos
iro do
paciente 10
Desenvolveu meningococemia por N.
meningitidis grupo Y. Febre letargia,
dor de caba, vômito, endurecimento
da nuca. Aproximadamente dois anos
depois cultura para N. meningitidis
grupo Y positiva. Febre, dor de cabeça
e garganta,mito, endurecimento na
nuca.
12
Afro-
americano
H: 14 anos
iro do
paciente 10
Desenvolveu meningite
meningocócica por N. meningitidis do
grupo X, febre, mialgia, dor de
cabeça, endurecimento moderado da
nuca.
6
13 Afro-
americana
M: 20 anos
iro do
paciente 11
Erupções nas mãos e pés, artralgia nas
juntas dos joelhos, pulsos, cotovelos,
dedos e tornozelos. Apresentou febre
e cultura do líquido cervical para N.
gonorrhoeae positiva. Três meses
depois apresentou GADS pela
segunda vez junto com febre, artralgia
nas juntas, lees purpúreas na pele.
GADS
(síndrome
de artrite e
dermatite
por
gonococos)
Mutação no éxon 1
(C
84
AG para T
84
AG) no
momento da tradução
forma umdon de
parada premature
afetando o primeiro
aminoácido da cadeia β
Peter et. al.
(1981) , estudo
molecular feito
por Wang et. al.
(1995)
7 14 Espanhol H
(17 anos)
Entre dois e cinco anos de idade, el
e
teve três episódios de meningite po
r
meningococos.
Febre, calafrios, artralgias, cefaléias e
mitos. Petéquias no tronco e
extremidades.
CH50:o detectável
C5: não detectável
Ayensa, et. al.
(1985)
(18 anos) Febre, cefaléia, vômitos,
endurecimento na nuca, obnubilação
e erupção petequial. Cultura do
quido cervical para N. meningitidis
positiva.
8 15 Alemã M: 20 anos
Recorrentes episódios de
meningoencefalite por meningococos.
CH50: não detectável
C5: não detectável
atividade quimiotática,
atividade bactericida e
formação do MAC
indetectáveis
Hildenhagen &
Bitter-Suermann
(1985)
16
H: 23 anos
Aos 23 anos teve febre, cultura de
líquido cefalorraquideano positiva
para N. meningitidis.
Aos 14 e 19 anos apresentou lesões
purpúreas na pele.
CH50: zero
C5: zero
as demais proteínas de
complemento em níveis
normais.
9
17
Francesas
caucasianas
H: 18 anos
Irmão do
paciente 17
Aos 18 anos um episódio de síndrome
de meningite febril.
CH50: zero,
C5: zero, C4: 50%,
as demais proteínas de
complemento em níveis
normais.
Cesbron et. al.
(1985)
18
E
scandinava M: 19 anos
3/1977
6/1977
Episódios de meningite, sem lesões
purpúreas na pele.
Septicemia aguda, cultura para N.
meningitidis sorogrupo W-135
positiva.
C5: não detectável, sem
atividade hemolítica
10
19 M: 19 anos
4/1980
Septicemia aguda e lesões purpúreas
na pele. Isolamento de meningococo
sorogrupo B no sangue
C5: não detectável, sem
atividade hemolítica
Nielsen & Koch
(1987)
11 20 H: 12 anos
44 anos
3meses
depois
Meningite bacteriana
Febre moderada, uma semana depois,
dor de cabeça crônica, febre, fraqueza
muscular.
Dor de cabeça, dor nos ombros,
fraqueza muscular. Cultura do fluído
cérebro-espinal para N. meningitidis
sorogrupo W135 positiva
C5: não detectável,
CH
50
13%
aproximadamente
Rosen et. al.
(1988)
12 21 M: 20 anos Dois episódios de meningite por C5 indetecvel Fijen et. al.
No período
de seis meses
meningococos (diferentes sorogrupos) (1989)
22 M: 16 anos
C5 indetectável 13
23 M: 18 anos
N. meningitidis sorogrupo W135, B e
X, em ambos pacientes.
C5 indetectável
Fijen et. al.
(1989)
24 Suíça M: 15 anos
12/1986
Convulsões aos 4,5 anos. Aos 14 anos
sacroileíte com dor de costas.
Febre, vômito, dor de caba,
endurecimento da nuca, e lesões
purpúreas na pele. Cultura do sangue
e do fluido cerebroespinal para
Neisseria meningitidis tipo B positiva
C5 indetectável por RIA
Atividade hemolítica
indetectável
14
25 H: 20 anos Dor de cabeça, diarréia, vômito e
lesões purpúreas na pele das quatro
extremidades por dois dias. Cultura do
fluido cerebroespinal para Neisseria
meningitidis tipo C positiva.
C5 indetectável por RIA
Atividade hemolítica
indetectável
Gianella-
Borradori et. al.
(1990)
15
26 M: 1976
11/1984
(29 anos)
Artrite por gonococos
Alopecia, couro cabeludo com
diferentes hipopigmentações, com
cascas. Biópsia da pele mostrou
obstrução folicular, atrofia na
epiderme.
DLE C5 indetectável por RIA
Atividade hemolítica para
a via clássica: 18%
Asghar et. al.
(1991)
27 M: 10 anos
2/1989
Febre e sonolência, petéquias na área
ingüinal e nas costas, um episódio de
meningite e infecção por Herpes
simplex
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C5 indetectável
28 M: 10 anos
gêmea da
paciente 27
Visivelmente saudável com um
passado de recorrentes infecções
respiratórias e otite
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C5 indetectável.
16
29 M: 18 anos
6/1989. Ir
da paciente 27
.
Febre, vômito, dor de cabeça, lesões
purulentas na orelha e infecções por
meningococos aos 11 anos.
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C indetectável
Sanal, Ö et al.
(1992)
30 M: 16 anos.
Irmã da
paciente 27.
Visivelmente saudável com um
passado de recorrentes infecções no
trato respiratório e otite (perfurão
no tímpano direito)
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C5: 0,2% do normal.
31 H: 13 anos.
Irmão da
paciente 27.
o declarou infecção bacteriana
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C5: 0,2% do normal.
17 32 H: 18 anos
10/1982
02/1985
03/1987
08/1991
Um primeiro episódio de febre (acima
dos 40°C), irritação nas meninges e
lesões petecas na pele causada por
meningites bacteriana.
Febre, vômitos, dor de caba,
fotofobia, endurecimento da nuca.
Cultura do fluido cérebro-espinal
positiva para N. meningitidis grupo B
Episódio de febre (acima dos 40°C),
seguido por náusea e vômitos.
Desenvolvimento de sepsis,
taquicardia. Cultura do fluido cérebro-
espinal positiva para N. meningitidis
grupo Y.
Episódio de febre (acima dos 39,4°C),
dor de cabeça e malaise. Cultura do
sangue positivo para N. meningitidis
Síndrome d
e
Kernig e
Brudzinski.
C5 indetectável Atividade
hemolítica (CPH)
indetectável e redução da
atividade quimiotatica de
células granulosas
Bols et. al.
(1993)
18 33 F: 28 anos
Aos 15 anos, primeiro episódio de dor
de cabeça, febre, fotofobia e vômito
causados por N. meningitidis. Aos 22
anos segundo episódio de febre, dor
de cabeça, lesões purpúreas na pele do
braço, tronco e cara.
CPH 0% e APH 0%,
C5 indetectável por RIA
nem por ELISA
Chaudhuri et. al.
(1994)
19 34 Marroquina M: 28 anos Apresentou desidratação nos olhos e
na boca e fatiga grave. Ligeira
sinovite nos pulsos e nas juntas das
metacarpofalanges.
Síndrome
Primária de
Sjögren
Deficiência de C5.
CPH menor que 6%
Schoonbrood et.
al. (1995)
35,36 Espanha Dois irmãos
gêmeos (H)
Um dos dois irmãos sofreu episódio
de meningite aos quatro anos erios
episódios de pneumonia.
CPH menor 8%
APH menor 50%
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C5 indetectável
Deleção e substituição
do triplete CCC (4884-
4886) pelo par GC
20
37 M
Dois episódios de meningites
ocasionados por bactérias aos três e
aos sete anos, freqüente amidalite,
pneumonia e infecção por herpes.
CPH menor 8%
APH menor 50%
Atividade hemolítica
(CH
50
) indetectável
C5 indetectável
Deleção e substituição
do triplete CCC (4884-
4886) pelo par GC
Delgado Cerviño
et. al. (2005)
21 38 Turco M: 5 anos
11 anos
Dores de caba, febre, vômitos,
manchas cor púrpura no abmen,
teste positivo para N. meningitidis.
Dores de caba, febre, vômitos,
hipotensão. Seis meses depois o
paciente apresentou dor de cabeça e
endurecimento na nuca
A
tividade hemolítica mediad
a
pela via clássica e pela via
alternativa indetectável
Concentração de C5: 0,02%
Substituição de uma
adenina na posição
1115 por uma guanina,
o que prediz uma
substituição de uma
lisina por uma arginina
no códon 372
Pfarr et. al.
(2005)
DLE: lúpus eritematoso discóide,GADS: síndrome de artrite e dermatite por gonococos, CPH: via clássica de sistema complemento humano,
APH: via alternativa do sistema complemento humano, PMN:lulas polimorfonucleares. Mulher (M), homem (H).
II OBJETIVOS GERAIS
1. Caracterização genética e molecular da deficiência do componente C5 em uma família
brasileira, onde cinco de dezessete membros já sofreram de meningite.
2. Determinar o tipo de mutação apresentada pelos indivíduos deficientes da proteína C5
pertencentes a esta família responsável pela ausência de C5.
III MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Pacientes:
Os indivíduos deficientes (II.9, II:4 e II:5) são provenientes de uma família brasileira
bastante numerosa com história de consangüinidade (casamento entre primos-irmãos) (Figura
12) que têm sido acompanhados pela DRA. BEATRIZ COSTA CARVALHO do Departamento de
Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Após
consentimento informado e aprovação pela Comissão de Ética do ICB, amostras de sangue e
biópsias de pele foram obtidos por médico especializado.
A mãe (I:1) teve dois casamentos consangüíneos em segundo grau. No primeiro
casamento teve um casal de filhos, sendo que a filha teve duas meninas, a primeira que
faleceu de meningite tuberculosa aos sete anos de idade e a segunda menina (III:1)
desenvolveu um quadro de meningite. No seu segundo casamento ela teve duas filhas, cinco
filhos e três abortos com o indivíduo I:2 (Figura 12).
O indivíduo II:9 apresentou meningite aos três meses de idade, quando foi internado
por quatorze dias. Aos nove meses de idade apresentou um segundo quadro de meningite
iniciado por convulsões e febre, sendo novamente internado por 13 dias. Aos onze anos de
idade, o individuo II:9 apresentou seu terceiro caso de meningite sendo internado por 11 dias,
quando permaneceu um dia na unidade de terapia intensiva. Em todos os internamentos, o
paciente apresentou manchas pelo corpo e os médicos relataram ter sido causado por
meningite bacteriana. Em nenhum dos episódios de meningite, o agente etiológico foi isolado
e identificado. Este paciente apresentou também um episódio de otite e diversos quadros
virais sem complicações.
A concentração das classes de imunoglobulinas séricas aos treze anos de idade com
exceção da IgE encontrava-se em concentrações normais (Quadro 1) Nesta idade, a produção
de anticorpos: anti-tétano, anti-difteria e anti-sarampo foi 1,19; 1,0 e 0,68 mg/dl
respectivamente. A produção dos anticorpos para pneumococos pré- e pós-imunização
encontram-se no Quadro 4, onde o soro do indivíduo II:9 apresentou uma alta concentração
de anticorpos anti-pneumococos pré- e pós-imunização para o sorotipo 14. O soro do
indivíduo II:9 não foi reagente para HIV. O número de células sangüíneas (Quadro 2),
concentração de hemoglobina e a porcentagem de hematócrito (Quadro 3) para este
indivíduo encontravam-se dentro da normalidade.
O indivíduo II:4 (irmã do paciente II:9) teve meningite meningocócica aos 4 meses e
aos 27 anos de idade e também aqui desconhecemos qual foi o agente etiológico causador
destas meningites.
Quadro 1. Concentração das classes de imunoglobulinas no soro do probando II:9,
determinadas por imunodifusão radial.
Indivíduo II:9 Valores Normais*
IgG 1750 mg/dl 680 a 1601 mg/dl
IgA 190 mg/dl 60 a 336 mg/dl
IgM 384 mg/dl 88 a 378 mg/dl
IgE 19,4 UI/dl Traços
* valores normais para crianças brasileiras saudáveis com mais de 10 anos de idade. Dados
obtidos da tese de Maria Danisi Fujimura. Níveis séricos das subclasses da Imunoglobulina G
em crianças normais e nefróticas. 1991. Tese de Doutorado em Medicina (Pediatria)
Universidade de São Paulo. Testes realizados no Departamento de Alergia, Imunologia
Clínica e Reumatologia da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP.
Quadro 2. Contagem diferencial de células sangüíneas no probando II:9
Nº Total (mm
3
de sangue)
Tipo Celular Probando II:9 Valores Normaís*
Leucócitos 5900 6000 a 15000
Segmentados 3445
Eosinófilos 159 100 a 300
Basófilos 47 0 a 50
Linfócitos totais 1840 1500 a 4000
Monócitos 407 200 a 950
* Intervalo de normalidade, referente a adultos (THORN et al, 1977, com exceção dos
números totais de leucócitos que são referentes a crianças brasileiras de 4 a 7 anos
(CARVALHO 1994). Testes realizados no Departamento de Alergia, Imunologia Clínica e
Reumatologia da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP.
Quadro 3. Provas hematológicas realizadas com o probando II:9
Nº Total (mm
3
de sangue)
Probando II:9 Valores Normaís*
Hematócrito (%) 42 41,5 - 50,4
Hemoglobina (g/dL) 13,9 14 - 17,4
* Intervalo de normalidade para homens adultos (WINTROBE, 1988), (dados fornecidos pela
Dra. Beatriz Costa-Carvalho).
Quadro 4. Anticorpos produzidos pelo indivíduo II:9 de diferentes sorotipos contra
pneumococos (mg/ml).
Sorotipo 1 3 5 6 9 14
Pré-Imunização
0,71 0,32 2,4 1,7 0,54 23
Pós-Imunização
1,5 0,65 2,1 2,1 0,95 11,1
(dados fornecidos pela Dra. Beatriz Costa-Carvalho, UNIFESP).
3.2. Cultura de Fibroblastos
Os fibroblastos foram empregados como fonte de DNA e de RNAm e seu cultivo foi
feito a partir de biópsias de pele de aproximadamente 3 mm
2
retiradas dos probandos,
familiares e indiduos normais (controles). Os fragmentos da pele biopsiada foram cortados
em pedaços menores e transferidos para placas de seis maras contendo uma gota de meio
"DMEM" (Dulbbeco's Modified Eagle's Medium - Sigma) suplementado com L-glutamina a 2
mM, penicilina a 50 U/mL e 10 % de soro bovino fetal (SBF - Invitrogen) inativado a 56
o
C
por 30 min. Para facilitar a aderência das células à placa, empregou-se uma lamínula de vidro
sobre o fragmento de pele, pressionando-o suavemente. Sobre a lamínula colocamos 5 mL de
meio DMEM e as culturas foram mantidas a 37
o
C sob tensão de 5% de CO
2
, onde após
algumas semanas, os fibroblastos começaram a proliferar. Quando as células começaram a
ocupar todo o fundo da lamínula e placa, elas foram removidas com solução de tripsina 0,1%
e repicadas (as células podem ser utilizadas até o repique 12) ou congeladas. Os fibroblastos
foram congelados em 90% de SBF e 10% de dimetil sulxido (Sigma) e mantidos em
nitrogênio quido até o momento de utilização. Aslulas descongeladas foram cultivadas em
garrafa de cultura contendo 15 mL de meio DMEM suplementado com SBF (10 %) e
glutamina (1 %) a 37ºC, sob tensão de 5 % de CO
2
até proliferação e posterior extração do
RNA total ou repique.
3.3. Imunodifusão Dupla (OUCHTERLONY, 1978)
Esta técnica foi usada para determinação da presença de proteínas do sistema
complemento nos soros dos pacientes e seus familiares e posterior comparação com soros
controles. Numa primeira etapa, o sangue foi coletado e centrifugado a 350 g por 10 min a 4
ºC. O soro foi aliquotado e congelado a –80 ºC, até o momento de uso. Uma camada de gel de
agarose a 1 % foi previamente colocada sobre uma lâmina de vidro (10 cm x 4 cm) e, após
secagem, recebeu um segundo revestimento com gel de agarose a 1 % em solução salina
tamponada com fosfato (PBS) pH:7,2 (KH
2
PO
4
a 5 mM, K
2
HPO
4
a 1,2 mM e NaCl 150 mM).
Em oricios de ~3 mm de diâmetro, foram colocados 7,5 µL de soro puro anti-C5 humano
produzido em coelho (Calbiochem-Novabiochem) contra 7,5 µL de cada um dos soros de
interesse, sem diluir. A reação foi incubada em câmara úmida a 4 ºC por 48 h, para permitir a
difusão de proteínas séricas e precipitação de imunocomplexos. As lâminas foram lavadas
com excesso de PBS por 48 h, secadas e coradas com Coomassie blue.
3.4. Imunodifusão Radial
Este método (MANCINI et al., 1965), foi usado para a quantificação de proteínas do
sistema complemento (C3, C4, Fator H, Fator I e Fator B) nos soros dos pacientes e seus
familiares. Sobre uma superfície plana, uma lâmina de vidro (8 cm x 8 cm) foi revestida
primeiramente com 2 mL de agarose a 1 % em PBS e, após secagem, foi coberta com agarose
a 1% em PBS contendo 1% de anticorpos específicos (anti-C3, anti-C4, anti-Fator I, anti-
Fator H ou anti-Fator B). A seguir, colocamos dentro de poços de 3 mm de diâmetro 5 µL das
amostras de interesse (soros dos probandos e familiares). Para a construção da curva-padrão,
aplicamos 5 µL de uma mistura de 47 soros de pessoas saudáveis, pura (100 %) ou diluída a
50 %, 25 % e 12,5 %. As placas foram incubadas por 24-48 h emmara úmida mantida a 4
ºC para difusão e formação do halo de precipitação, seguido por lavagem com excesso de
PBS por 48 h, secagem e coloração com Coomassie Blue. Para a construção da curva padrão,
as diluições do soro correspondem aos valores de "x" e o diâmetro dos halos em mm foi
expressado nas ordenadas “y” Com a média destes dados, construímos a equação da reta y = a
x + b, para calcular a concentração das proteínas de complemento no soro dos pacientes e
familiares. Este ensaio foi realizado em triplicata conforme demonstrado na Tabela 10, onde
se mostra a média destes três experimentos.
3.5. Atividade hemolítica mediada pela Via Clássica
O volume de 4 mL de suspensão de hemácias de carneiro foi lavado 3 X com 10 mL
de tampão Complement Fixation Buffer "CFD" 1X (barbitona sódica a 4 mM, NaCl a 0,145
M, MgCl
2
a 0,83 mM e CaCl
2
a 0,25mM), centrifugando-se a 600 g. As hemácias foram
ressuspensas a 10% em tampão CFD e sensibilizadas a 4ºC por 30 min com soro de coelho
anti carneiro E (A) em dose sub-aglutinante. Após este período, a suspensão (EA) foi lavada
1X com tampão CFD.
As placas (8 cm X 8 cm) foram preparadas com 10 mL de agarose em tampão CFD a
1,2 %, contendo 500µL de EA. Poços de aproximadamente 3 mm de diâmetro foram
preparados e preenchidos com 7,5 µL de uma mistura não diluída de soros do 24 indivíduos
adultos saudáveis ou diluída em tampão CFD para a formação da curva padrão (100 %, 75 %,
50 % e 25 %), assim como 7,5 µL de cada soro de interesse (100 % e 50 %) mantidos a –70
ºC até o momento de uso. A placa foi então incubada por 18 h a 4ºC para difusão das
proteínas de complemento e por mais 2 h a 37 ºC para propiciar a lise mediada pela via
clássica.
Para a construção da curva padrão, consideramos a % de diluição do soro como "x" e o
diâmetro do halo de lise foi medido em mm (“y”) e com a média destes dados construímos a
equação da reta y = ax + b. As determinações sempre foram feitas com os soros dos pacientes
puros ou diluídos a 50 %, em duplicatas.
3.6. Atividade hemolítica mediada pela Via Alternativa
O volume de 5 mL do tampão GVB-EGTA-Mg
2+
pH 7,4 (2,5 mL a 0,2 M de MgCl
2
, 5
mL a 0,2 M de EGTA e 92,5 mL de 1X "GVB") foi aquecido e misturado a 4 mL de agarose a
2 % no mesmo tampão a 56 ºC em banho-maria. A preparação foi transferida para outro
banho-maria mantido a 45 ºC, quando foram adicionados 512 µL de hemácia de cobaia a 10
% no mesmo tampão GVB-EGTA-Mg
2+
, tendo sido previamente lavada por três vezes no
tampão acima. A mistura foi despejada sobre placa de vidro (8 cm X 8 cm), aguardando-se a
solidificação do gel. Para a construção da curva padrão, aplicamos 7,5 µL de uma mistura de
soros do 46 indivíduos adultos saudáveis, pura (100 %) e em diluições feitas em tampão
GVB/EGTA/Mg
2+
(75 %, 50 % e 25 %) dentro dos poços de 3 mm de diâmetro feitos sobre a
placa, assim como 7,5 µL dos soros de interesse. A placa foi então mantida em mara úmida
a 4 ºC para difusão das proteínas de complemento por 14 h e a 37 ºC por 2 h para que pudesse
acontecer a lise das hemácias pelas proteínas de complemento.
Em alguns experimentos a atividade hemotica mediada pela via clássica foi avaliada
em soros diluídos (1:2) com soro humano normal (SHN), soro deficiente de C1s (C1sD) ou
com soro deficiente de C2 (C2D). Além disso, em outros experimentos C5 humano purificado
(Calbiochem-Novabiochem) foi adicionado ao soro C5D nas concentrações de 266, 133, 66 e
33 µg/mL, e sua atividade hemotica foi avaliada tanto pela via alternativa quanto pela via
cssica, incubando-se as placas de helise por 18 h a 4°C, seguido por 2 h a 37°C.
3.7. Enzyme-linked Immunosorbent Assay (ELISA)
Anticorpos policlonais monoespecíficos anti-C5 humano (feitos em coelho,
Calbiochem- NovaBiochem) diluídos 1:4000 em tampão carbonato pH 9,6 (NaHCO
3
0,1M e
Na
2
CO
3
0,1M) foram incubados em placas de 96 poços por cerca de 14 h a 4°C. A remoção
dos anticorpos excedentes foi feita mediante a lavagem com PBS contendo Tween 20 (Tween
20 0,05%, NaN
3
0,02%, NaCl 0,15M, Na
2
PO
4
10 mM) seguido por bloqueio com leite (em
e desnatado) a 5% em PBS contendo Tween 20 a 0,05%, por 2 h à temperatura ambiente com
o intuito de diminuir as reações inespecíficas. As amostras de interesse como dos probandos e
familiares foram diluídas em leite desnatado 5% em PBS contendo Tween 20 (1/252 e 1/4,
respectivamente) e aplicadas à placa previamente sensibilizada com o anti-C5 (feito em
coelho, Calbiochem-Novabiochem), incubando-se por 2 h a 37°C. Após 5 lavagens,
adicionamos o segundo anticorpo, anti-C5 humano (feito em carneiro, The Binding Site)
quando a placa foi novamente incubada por mais 2 h a 37°C. Após novas lavagens, foi
adicionado o terceiro anticorpo (anti-IgG de carneiro conjugado à fosfatase alcalina,
Calbiochem-Novabiochem) diluído a 1:5000 em leite desnatado 5% em PBS contendo Tween
20 pelo mesmo período. Finalmente, a placa depois de lavada, recebeu a solução reveladora
[tampão para fosfatase alcalina pH: 8,0 (dietanolamina 10%, NaN
3
, MgCl
2
) e 0,1% de p-
nitrofenil fosfato disódico (PNPP) – Calbiochem-NovaBiochem)] por 30 min ao abrigo da
luz, lendo-se a absorbância a 405 nm. A construção da equação da reta y = a (lnx)+ b foi feita
empregando diversas diluições de C5. A concentração inicial de 300µg/ml de C5 purificado
foi diluída 1/128, 1/256, 1/512, 1/1024, 1/2048, 1/4096, 1/8192 e 1/16384 vezes em 5% de
leite desnatado em PBS contendo Tween 20 a 0,05%.
3.8. Extração do RNA total
Para a extração do RNA total, as células (aproximadamente 4 x 10
6
células/ml) foram
lavadas com PBS gelado pH:7,2 (KH
2
PO
4
a 5 mM, K
2
HPO
4
a 1,2 mM e NaCl 150 mM) e
lisadas com ajuda de um raspador em 500 µL de solução de desnaturação (citrato de sódio
pH:6,8 a 26 mM, N-lauril sarcosina 0,5%; β-mercaptoetanol a 0,125 M e tiocianato de
guanidina a 4 M). As células lisadas foram transferidas para microtubos de 1,5 ml nos quais
foram adicionados 50 µL de acetato de amônio 2M e 500 µl solução de fenol clorofórmio-
álcool isoamílico. Depois de 15 min a 0 °C, as células foram centrifugadas por 20 min a
12.000 g, a 4
o
C. O sobrenadante contendo RNA foi transferido para outro microtubo, onde o
mesmo volume de isopropanol foi adicionado para precipitão do RNA, incubando-se a -
20
o
C por 18 h. Após esse procedimento, o conteúdo foi centrifugado por 40 min a 15000 g a
4
o
C. O sobrenadante foi desprezado e o precipitado lavado com 1 mL de EtOH 75%, sob uma
nova centrifugação a 15000 g e a 4ºC, por 20 min. O EtOH foi desprezado e o precipitado
contendo RNA total foi ressuspenso em 10 µl de água estéril, livre de RNAse (Promega). Até
o momento de uso, as amostras de RNA foram mantidas a -20ºC. O RNA total extraído dos
fibroblastos foi quantificado, após absorbância lida em espectrofotômetro (260 nm),
aceitando-se a relação da D.O 260 nm/D.O 280 nm entre o 1,7 a 2,0.
3.9. Extração do DNA genômico
Para a extração do DNA genômico, os fibroblastos (aproximadamente 4 x 10
6
células/mL) foram removidos com solução de tripsina 0,1%, centrifugados (350 g por 10 min
a 4 ºC), posteriormente lavados com PBS gelado pH:7,2 (KH
2
PO
4
a 5 mM, K
2
HPO
4
a 1,2
mM e NaCl 150 mM). Para a lise e posterior precipitação do DNA, adicionou-se 0,5 mL de
DNAzol (INVITROGEN) e, depois de homogenizado, adicionou-se então 0,3 ml de etanol
(100%), centrifugando-se a 1000 g por 10 min a 4ºC. Retirou-se o sobrenadante e o
sobrenadante foi lavado com 1 mL de etanol (95%). Após secagem, o precipitado foi
ressuspenso em 200µL de tampão de eluição "TE" (10mM Tris-HCl- pH 8,0; 0,1mM EDTA).
3.10. Reverse Transcriptase - Polymerase Chain Reaction RT-PCR "One Step"
Após quantificação do RNA total, a RT-PCR foi iniciada da seguinte maneira, para 50
µL de reação final de RT-PCR foram utilizados reagentes nas seguintes concentrações finais:
25 µL de 2X Reaction Mix (Invitrogen); 10 µL de RNA total a 30 ng/µL, 2 µL de primers
específicos a uma concentração de 20 pmoles/µL (Tabela 1, primers C5 HU 1F, C5 HU 45F,
C5 HU 587R, C5 HU 3210F e C5 HU 4050R); 1 µl de SuperScript
II RT/ Platinum®Taq
Mix e 10 µl de água autoclavada livre de RNAse. As reações de amplificação ocorrerão nas
seguintes condições: 30 min a 50
o
C, para a síntese da fita de cDNA; 2 min a 94
o
C; 35 ciclos
de 30 s de desnaturação a 94
o
C, 30 s de anelamento a 55
o
C (vide Tabela 1) e 1 min para
extensão a 72
o
C; seguidos por mais 7 min de extensão a 72
o
C. Como controle positivo,
usamos na reação de amplificação oligonucleotídeos específicos para GAPDH (gliceraldeído
3-fosfato deshidrogenase) expressado constitutivamente pelas células. Para verificar se houve
alguma contaminação na etapa de preparação da reação, incluímos um controle negativo feito
com todos os reagentes citados no RT-PCR e PCR, porém sem a inclusão do cDNA.
3.11. RT-PCR “Two Steps” – Promega
Após quantificação do RNA, procedeu-se com a RT-PCR em dois passos: o primeiro
para a obtenção do cDNA e o segundo para amplificação do fragmento de cDNA desejado.
Na primeira etapa, foram misturados 2,5µL de RNA total a 600 ng/µl e 4µL de oligo d(T) a
500 ng/µl por 5 min a 70ºC, onde acontece a ligação do oligo d(T) à cauda de poli (A). Em
seguida, foram adicionados os reagentes nas concentrações iniciais de 5 µL de tampão 5X
para a enzima M-MLV transcriptase reversa (250mM Tris-HCl pH 8,3, 375 mM KCl, 15mM
MgCl
2
, 50 mM DTT da Promega); 1µL de inibidor de RNAse (GE Healthcare); 0,5 µL de
dNTP a 10mM; 0,7 µL de M-MLV transcriptase reversa 200 U/µl (Promega) e água
autoclavada, livre de DNAse e RNAse, até completar o volume final de 25 µl. Esta primeira
reação foi incubada por 1 h a 42 ºC para obtenção da primeira fita de cDNA. Para amplificar o
fragmento desejado, empregamos 2,5 µl do produto de cDNA; 2,5 µl de tampão 10X para a
enzima Taq DNA polimerase (200 mM Tris-HCl (pH 8.0) e 500 mM KCl); 0,75µL de MgCl a
50mM; 0,5µL de dNTPs a 10mM; primers específicos a uma concentração de 30 pmols cada
(Quadro 5); 0,5 µL de Taq DNA polimerase recombinante a 5 U/µL (Invitrogen) e água
autoclavada livre de DNAse e RNAse até se completar 25 µl de reação. Estas reações
aconteceram nas condições seguintes: 2 min a 95
o
C; 1 min a 94
o
C para a desnaturação inicial
e 36 ciclos de: 1 min de desnaturação a 94
o
C, 40 s a diversas temperaturas de anelamento
(Quadro 5) e 2 min de extensão a 72
o
C, seguidos por mais 7 min de extensão final a 72
o
C.
A Taq (Thermus aquaticus) DNA polimerase recombinante foi adicionada em dois tempos,
uma primeira metade no momento da preparação da reação de amplificação e a segunda
metade no ciclo número 20 na etapa de extensão.
Os resultados foram analisados após eletroforese em gel de agarose a 1% preparado
com TBE 1X pH 8,0 (ácido bórico a 100mM, Tris a 100mM e 0,4 % de EDTA - 2mM),
empregando-se marcadores para a estimativa do tamanho dos produtos de DNA amplificados.
A corrida eletroforética ocorreu a 60 V por 1 h. Em seguida, o gel foi corado com solução de
brometo de etídeo 10 mM, por 15 min, para revelar as bandas de cDNA de C5 (Figura 11).
Como controle positivo, empregamos oligonucleotídeos específicos do gene de
GAPDH (gliceraldeído 3-fosfato deshidrogenase) que por ser uma enzima expressada
constitutivamente nos humanos, é usado para assegurarmo-nos queo introduzimos artefatos
técnicos no experimento. Para verificar se acontecia alguma contaminação na etapa de
preparação de amostras, uma amostra contendo todos os reagentes citados no RT-PCR e PCR,
mas sem inclusão do cDNA (controle negativo).
3.12. Extração de DNA a partir do gel
O protocolo abaixo foi empregado para purificação e obtenção de regiões de cDNA
para posterior seqüenciamento de nucleotídeos. Os produtos amplificados pela RT-PCR (50
µL) foram separados eletroforeticamente em gel de agarose preparado a 1 % em TBE 1X
Como referência de tamanho, marcadores com tamanhos conhecidos de DNA foram
incluídos. As corrida eletroforética, o gel foi corado com solução de brometo de etídeo 10
mM, por 15 min, para revelar as bandas de DNA do gene C5. As bandas presentes foram
cortadas do gel e colocadas num tubo ao qual foram adicionados 10 µL de tamo da captura
(fornecido pelo fabricante- Invitrogen) para cada 0,01 g de gel, incubando-se por 15 min a 50
o
C em banho-maria. O conteúdo foi transferido para uma coluna de filtração, contendolica
para a captura de DNA. Descartamos o gel com o tampão, adicionando-se 500 µL de tampão
de lavagem à coluna, a fim de descartar restos do gel na membrana sílica e finalmente a
coluna de filtração foi transferida para outro tubo, onde foram adicionados 50 µL de tampão
de eluição "TE" (10mM Tris-HCl- pH 8,0; 0,1mM EDTA) aquecido a 60 ºC, seguido por 1
min de descanso. A amostra foi centrifugada e o produto de DNA foi guardado a -20ºC para
posterior seqüenciamento de nucleotídeos.
Semelhante procedimento foi adotado para obtenção de bandas de DNA genômico que
foram encaminhadas para o seqüenciamento de nucleotídeos.
Figura 11. Expressão do gene C5 em fibroblastos de indiduos normais. Foram empregados
os pares de oligonucleodeos 102F - 1380R (1278 pb), 1321F - 2710R (1389 pb), 2700F -
4050R (1350 pb) e 4021F - 5436R (1415 pb).
3.13. Seqüenciamento de nucleotídeos
Para a reação de seqüenciamento propriamente dita foram utilizados: 11 µL do DNA
purificado (300 ng/µL); para cada reação utilizou-se 1 µL de um dos primers (3 pmoles/µL);
6 µL de tampão de seqüenciamento (Tris-HCl a 200mM a pH=9, MgCl a 5mM) e 2 µL da
enzima Big Dye- Terminator V3.1 (Applied-Biosystem). A reação de seqüenciamento foi feita
nas seguintes condições: 10 s a 96
o
C, 5 s a 50
o
C e 4 min a 60
o
C por 40 ciclos. Em seguida,
o DNA foi precipitado com 80 µL de isopropanol a 75 %, durante 15 min à temperatura
ambiente e centrifugado 15 000 g por 20 min. O sobrenadante foi aspirado e o precipitado foi
102F 1032F 2700F 4021F
1380R 2710R 4050R 5436R
1375 pb
102F 1032F 2700F 4021F
1380R 2710R 4050R 5436R
1375 pb
lavado com 250 µL de isopropanol a 75 % e centrifugado por 5 min. O precipitado de DNA
foi secado e logo solubilizado para aplicação no gel de seqüenciamento. A corrida em gel de
seqüenciamento foi realizada no Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da
USP, com a colaboração do Dr. Shaker Chuck Farah.
As seqüências de nucleotídeos obtidas foram analisadas em nosso laborario,
utilizando o programa BLAST N (ALTSCHUL, et. al. 1997) com a referência
gi|179982|gb|M57729.1|HUMCCC5[179982] Homo sapiens complement component C5
mRNA atras do sítio http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast, e analisadas através do programa
Chromas 1.62/2.21.
Quadro 5. Oligonucleotídeos utilizados na PCR, RT-PCR e seqüenciamento, mostrando
temperatura de anelamento, sentido da amplificação e tamanho em pares de base (pb) dos
produtos amplificados do gene C5.
Temperatura (ºC) Nome dos
oligonucleotídeos
posição no cDNA
Seqüência de nucleotídeos para a
construção dos oligonucleotídeos
(5'- 3')
A
nelamento
U
tilizada
C5 HU 1F
C
TACCTCCAACCATGGGCC
62 55
C5 HU 45F
C
TTCCTGGGGAAACCCTGG
62 55
C5 HU 102F
A
TTCCGTGTTGGAGCATCTG
60 55
C5 HU 1321F
A
CTGATGCTCCAGATCTTCC
60 55
C5 HU 2281F
C
TGTTACCAGTAAGCAAGCC
60 55
C5 HU 2700F
G
ACATTCACTGTGCTTCC TC
60 53
C5 HU 3210F
C
AGTGTGTGGAAGGGTGG
58 53
C5 HU 3487F
C
ACTGCCAGCCCAGAGCA
60 55
C5 HU 4021F
C
CAGTAGAGGTGCTTCTAAA
58 53
C5 HU 291 F
C
CAGTCATCAAATGGCTATCA
60 55
C5 HU 303 F
C
CAGATCTGAGGCCACAC
58 53
C5 HU 315 F
G
AGGGCCTGACGGAATATTC
62 55
FORWARD
(F)
GAPDH F
T
CTCTGCTCCTCCTGTTCGAC
55
C5 HU 587R GCAGGAATCTTCAAGTCAGG 60
55
C5 HU 1380R TGCTATTGCTCGGTAACCTT 58
55
C5 HU 2710R CAGTGAATGTCACCAAGTGA 58
55
C5 HU 3421R CTTGAACAGGCAAGGTACCC 62
55
C5 HU 4050R GAGGTCATCATTGAGAAGCA 58
53
C5 HU 4249R CCCTGCTGGGCTTGTAGC 60
55
C5 HU 5436R ACTCAGGCTTTAATGATCAG 56
53
C5 HU 292 R GTGGAGAAGGAGCATCAGTA 60
55
C5 HU 4001 R GCCTCCCAAGGAAATTCTT 56
53
C5 HU 316 R CCTCCATCTTTCAGCCAGG 60
55
REVERSE
(R)
GAPDH-R GGTCTCGCTCCTGGAAGATG
55
3. 14 Fluxograma do trabalho
3.14.1 Determinação da Atividade Hemolítica mediada pela Via Clássica e Alternativa
3.14.2 Determinação da concentração sérica das proteínas do sistema complemento nos
indivíduos I:1, I:2, II:4, II:5, II:9 e famliares
Via Alternativa
Coleta dos soros dos indivíduos
problema e familiares
Determinação da Atividade hemolítica
Via clássica
Lâminas de vidro recobertas por gel
de agarose misturadas com:
eritrócitos de carneiro sensibilizadas
com IgG de coelho anti-carneiro
eritrócitos de cobaia
Avaliação da
Via clássica
Avaliação da
Via Alternativa
Medida dos halos de lise
Via Alternativa
Coleta dos soros dos indivíduos
problema e familiares
Determinação da Atividade hemolítica
Via clássica
Lâminas de vidro recobertas por gel
de agarose misturadas com:
eritrócitos de carneiro sensibilizadas
com IgG de coelho anti-carneiro
eritrócitos de cobaia
Avaliação da
Via clássica
Avaliação da
Via Alternativa
Medida dos halos de lise
Determinação da
concentração de C5
Determinação da
concentração de
C3,C4, fI, fB, fH
Amostra dos soros dos indivíduos
deficientes e familiares
Imunodifusão Radial
ELISA
Determinação da
concentração de C5
Determinação da
concentração de
C3,C4, fI, fB, fH
Amostra dos soros dos indivíduos
deficientes e familiares
Imunodifusão Radial
ELISA
Amostra dos soros dos indivíduos
deficientes e familiares
Imunodifusão Radial
ELISA
3.14.3 Determinação das possíveis mutações presentes no material genético (DNA
genômico e RNA) dos indivíduos avaliados e confirmação da mutação apresentada
Seqüenciamento dos nucleotídeos para
identificação de mutações presentes no cDNA
Isolamento de DNA total extraída dos
fibroblastos
Amplificação e seqüenciamento dos fragmentos
de DNA genômico para a confirmação da
presença de mutações em C5
Biópsia da pele dos indivíduos C5 deficientes e familiares
Cultura de fibroblastos
Isolamento de RNA total extraída
dos fibroblastos
Amplificação dos fragmentos de cDNA
Identificação do padrão de hereditariedade
após análise do DNA dos pais.
Seqüenciamento dos nucleotídeos para
identificação de mutações presentes no cDNA
Isolamento de DNA total extraída dos
fibroblastos
Amplificação e seqüenciamento dos fragmentos
de DNA genômico para a confirmação da
presença de mutações em C5
Biópsia da pele dos indivíduos C5 deficientes e familiares
Cultura de fibroblastos
Isolamento de RNA total extraída
dos fibroblastos
Amplificação dos fragmentos de cDNA
Identificação do padrão de hereditariedade
após análise do DNA dos pais.
IV. RESULTADOS
4.1. Resultados experimentais
Os indivíduos deficientes de C5 (II:4, II:5 e II:9) provêm de uma família brasileira
com história de consangüinidade resultantes de casamento entre primos-irmãos. Vários
episódios de meningite e infecções recidivantes foram relatados nesta família, sugestivos de
deficiência de proteínas da via terminal comum do sistema complemento. Os indivíduos que
sofreram de meningite estão indicados na Figura 12.
Figura 12. Heredograma da família brasileira deficiente de C5. Os indiduos deficientes e
seus familiares estão representados por números romanos os quais representam a geração à
qual pertencem e os números arábicos representam a sua posição na família. A concentração
de C5 de cada indivíduo da família está expressada em µg/ml (côr azul) e a setas vermelhas
indicam os indivíduos que tiveram episódios de meningite.
I:1 I:2
68 21
II:1 II:2 II:3 II:4 II:5 II:6 II:7 II:8 II:9
64 1,3 0,9 67 54 1
III:2 III:3 III:4 III:5 III:6
46 33 38 32 64
III:1
59
I:1 I:2
68 21
0RUWH
,QGLY¯GXRV1RUPDLV
,QGLY¯GXRVSUREOHP D
$ERUWR
,QGL Y¯GXRVKHWHUR]L JRWRV
I:1 I:2
68 21
II:1 II:2 II:3 II:4 II:5 II:6 II:7 II:8 II:9
64 1,3 0,9 67 54 1
III:2 III:3 III:4 III:5 III:6
46 33 38 32 64
III:1
59
I:1 I:2
68 21
0RUWH
,QGLY¯GXRV1RUPDLV
,QGLY¯GXRVSUREOHP D
$ERUWR
0RUWH0RUWH
,QGLY¯GXRV1RUPDLV
,QGLY¯GXRVSUREOHP D,QGLY¯GXRVSUREOHP D
$ERUWR$ERUWR
,QGL Y¯GXRVKHWHUR]L JRWRV
Ao avaliar a atividade hemotica desta família (Tabela 9), notamos que nenhum dos
soros dos probandos (II:4; II:5 e II:9) foi capaz de apresentar qualquer atividade hemotica,
seja ela mediada pela via clássica ou pela via alternativa.
Tabela 9. Atividade hemotica mediada pela via clássica e via alternativa dos pacientes
deficientes da proteína C5 (II:4, II:5 e II:9) e familiares
Atividade Hemolítica
Indivíduos APH (%) CPH (%)
I:1 173,3 107,0
I:2 155,8 < 25%
II:3 170,8 94,1
II:4 sem lise sem lise
II:5 sem lise sem lise
II:7 89,9 157,2
II:8 92,5 102,9
II:9 sem lise sem lise
III:1 141,6 108,9
III:2 78,4 106,2
III:3 69,4 102,9
III:4 52,9 93,1
III:5 74,2 101,2
III:6 n.a. 91,3
APH% e CPH% referem- se às porcentagens de hemólise mediadas respectivamente pelas
vias alternativa e clássica, considerando- se uma curva padrão determinada com uma mistura
de 42 soros de indivíduos normais pura (100%) ou nas diluições 75%, 50% e 25%. Indivíduo
não avaliado (n.a.)
Deve-se ressaltar também que o soro do pai (I:2) apresentou menos de 25 % (limite
mínimo do método) da atividade hemotica mediada pela via clássica e 155,8 % de lise
mediada pela via alternativa (Tabela 9). Isto sugere que o soro do pai apresenta concentração
reduzida de pelo menos um componente da via clássica (C1q, C1r ou C2), uma vez que as
concentrações de C1s (dados no mostrados) e de C4 (Tabela 10) são aparentemente normais.
Para inicialmente detectarmos a presença ou ausência de proteínas do
complemento (C5, C6, C7, C8 e C9) no soro, utilizamos o método de imunodifuo dupla
(OUCHTERLONY, 1978) em gel de agarose empregando anticorpos policlonais anti-C5,
anti-C6, anti-C7, anti-C8 ou anti-C9 humanos contra os soros puros e dildos (1/2; 1/4; 1/8;
1/16; 1/32) dos probandos e seus familiares. Como controle, foi empregada uma mistura de
130 soros de adultos saudáveis. Com esta técnica, não pudemos observar a formação de
imunocomplexos quando anti-C5 foi incubado na presença dos soros dos indivíduos II:4, II:5
e II:9 (Figura 13), enquanto as demais proteínas (C6, C7, C8 e C9) encontravam-se presentes
em níveis expressivos nos indivíduos avaliados (dados no mostrados).
Figura 13. Imunodifusão dupla dos soros dos membros da família deficiente de C5. Os soros
dos indivíduos II:4, II:5 e II:9 não formaram halo de precipitão para a proteína C5 (seta
verde). SHN: mistura de soros de 130 indivíduos adultos saudáveis. Soros dos indivíduos
avaliados foram usados puros e nas diluições: 1/2; 1/4; 1/8; 1/16; 1/32 (para todos os casos a
seta marca o início (puro) e o sentido horário). Anticorpo utilizado, anti-C5, humanos feitos
em coelho.
Para determinarmos as concentrações de proteínas do sistema complemento,
empregamos a técnica de imunodifusão radial (MANCINI, 1965), mediante esta técnica
observamos que as proteínas C3, C4, Fator H e Fator I encontravam-se presentes em
concentrações relativamente normais nos soros dos membros avaliados desta família (Tabela
aC5 aC5 aC5 aC5 aC5
aC5
aC5
SHNSHNSHN SHN
II:4I:2 II:9II:7
SHN
SHN
SHNSHN
I:1
II:3
II:8
II:5
aC5 aC5 aC5 aC5 aC5
aC5
aC5
SHNSHNSHN SHN
II:4I:2 II:9II:7
SHN
SHN
SHNSHN
I:1
II:3
II:8
II:5
aC5 aC5 aC5 aC5 aC5
aC5
aC5
aC5 aC5 aC5 aC5 aC5
aC5
aC5
SHNSHNSHN SHN
II:4I:2 II:9II:7
SHN
SHN
SHNSHN
I:1
II:3
II:8
II:5
SHN
SHN
SHNSHN
I:1
II:3
II:8
II:5
10). Estes resultados foram comparados com dados já existentes na literatura para indivíduos
brasileiros saudáveis (PFARR et al. 2005, FERREIRA DE PAULA et al. 2003 e FERRIANI
et al. 1999) e com uma mistura de soros de 42 pessoas saudáveis. Interessante notar que as
concentrões séricas de Fator B e da protna C3 dos pais e filhos (II:3, II:4 e II:5) estão
elevadas (Tabela 10) o que explicaria a elevada atividade hemotica nestes indivíduos
mediada pela via alternativa. Em outros integrantes desta família (II:7, II:8, III:2, III:3, III:4,
III:5 e III:6) as concentrações do Fator B estão em concentrações reduzidas (140, 183, 150,
125, 149, 111 e 134 µg/mL respectivamente), porém dentro ou próximas do intervalo de
normalidade para indivíduos de 10- 14 anos de idade (183-513 µg/mL - FERRIANI et al.,
1999). Estes resultados mostrados na Tabela 10 corroboram os resultados mostrados na
Tabela 9, onde os pacientes acima mencionados apresentam uma redução da atividade
hemotica mediada pela via alternativa.
A concentração de C5 presente nos soros de todos os indivíduos desta família foi
determinada por ELISA. Os soros dos pacientes II:4, II:5 e II:9 apresentaram concentração de
C5 de 1,3; 0,9 e 1,0 µg/ml respectivamente (intervalo de normalidade para adultos brasileiros:
45 – 190 µg/ml – média de 48 indivíduos saudáveis: 91 µg/ml), o que explica a ausência total
da atividade hemolítica mediada pela via clássica e a via alternativa nestes pacientes. Este
resultado é compatível com a ausência de C5, uma vez que este componente participa da via
terminal comum do sistema complemento. O soro do pai (I:2) apresentou concentrações
bastante reduzidas de C5 (21 µg/ml), enquanto a concentração da proteína C5 no soro da mãe
(68,3 µg/ml) encontra-se dentro do intervalo de normalidade mencionado acima (Tabela 10),
porém abaixo da média de 91 µg/ml. Os soros dos irmãos saudáveis dos deficientes: II:3, II:7,
II:8 e um dos netos III:6 (filho de II:5) apresentaram 64, 67, 54 e 64 µg/ml de proteína C5
respectivamente. Entretanto, os indivíduos da terceira geração desta família: III:2 (filha do
indivíduo deficiente II:4), III:3, III:4 e III:5 (filhos do indivíduo deficiente II:5) apresentaram
46, 33, 38 e 32 µg/ml da proteína C5 no soro respectivamente, indicativo de um padrão
heterozigoto da deficiência de C5.
Tabela 10. Dosagens de proteínas do complemento do soro de pacientes deficientes da
proteína C5 (II:4, II:5 e II:9) e familiares.
Proteínas de Complemento
Sexo Idade
(anos)
M
eningites C3
(
µ
g/ml)
C4
(
µ
g/ml)
C5
(
µ
g/ml)
F
ator
H
(
µ
g/ml)
F
ator
I
(
µ
g/ml
)
Fator B
(
µ
g/ml)
I:1 F 60 Não 3235 677 68 615 58 373
I:2 M 62 Sim 2142 782 21 588
7
0 313
II:3 M Não 1632 850 64 481 53 325
II:4 M 33 Sim 1879 511 1,3 534
6
0 391
II:5 F 32 Sim 2232 626 0,9 481
6
2 360
II:7 M 25 Não 680 396 67 480
n
.a. 140
II:8 M 22 Não 1343 478 54 756
n
.a. 183
II:9 M 16 Sim 1795 284 1,0 438
4
8 227
III:1 F 19 Sim 2553 568 59 434 50 259
III:2 F o 1249 219 46 423
n
.a. 150
III:3 F 13 o 1498 520 33 482
n
.a. 125
III:4 F 11 o 1511 679 38 482
n
.a. 149
III:5 F 10 o 978 706 32 756
n
.a. 111
III:6 M 8 o 1406 396 64 756
n
.a. 134
V
alores (6-13 anos)
Normais (adulto)
6
40-1470
1
000-1500
99 - 338
450 - 600
45-190
225-1636
242 -759
34 - 91
39 - 100
185-513*
200-210
Indivíduo não avaliado (n.a.). Intervalo de normalidade das proteínas de complemento encontra-
se em µg/ml. A concentração de C5 presente nos soros de todos os indivíduos desta família foi
determinada por ELISA (valores normais para adultos brasileiros: 45 – 190 µg/mlmédia de
48 indivíduos saudáveis: 91 µg/ml) Indivíduos deficientes de C5 são mostrados em negrita. A
concentração da proteína C3, C4, Fator B, Fator I e Fator H foram determinadas por
imunodifusão radial. Referências citadas para os valores normais de: Fator I e Fator H
(FERREIRA DE PAULA et al. 2003); e C3, C4 e Fator B (FERRIANI et al. 1999). *Estes
valores correspondem ao intervalo de normalidade para soros de indivíduos de 10 a 14 anos de
idade
Para confirmar que a falta de atividade hemotica é causada unicamente pela falta de
proteína C5 no soro, decidimos avaliar a via alternativa no probando II:9 após adição de
diferentes concentrações de C5 purificado (266, 133, 66 e 33 ng/µl - Tabela 11). Notamos
que à medida que aumentávamos a concentração de C5 também aumentava
proporcionalmente a atividade hemotica do soro C5D. Este resultado indica que das
proteínas do sistema complemento que participam da via alternativa apenas o componente C5
está ausente no soro do paciente II:9.
Tabela 11. Atividade hemotica do soro do probando II:9, após reposição com proteína C5
humana purificada.
Concentração final de C5
em ng/
µ
l
Atividade Hemolítica
APH (%)
Soro II:9 266 105,9
Soro II:9 133 86,8
Soro II:9 66 82,2
Soro II:9 33 sem lise
Soro II:9 0 sem lise
Concentração da protna C5 no soro normal: 45 - 190 µg/ml (intervalo de normalidade para
adultos brasileiros: 45 – 190 µg/ml – média de 48 indivíduos saudáveis: 91 µg/ml)
Na etapa seguinte, decidimos investigar quais alterações genéticas poderiam explicar a
ausência deste componente do sistema complemento. Para abordar esta questão, cultivamos
fibroblastos a partir de biópsias de pele de indiduos normais e dos probandos para servirem
como fonte de DNA e RNA. Empregamos PCR e RT-PCR para investigar a presença de
mutações no gene C5 e RNAm de C5 nestes deficientes.
As regiões do gene C5 foram amplificadas a partir do DNA gemico (Figura 14) e
do cDNA (Figura 15) dos indivíduos deficientes de C5 (II:4 e II:9) e seus familiares (I:1 e
I:2) e comparadas com o controle normal (fibroblasto humano normal – FHN). Devido à
dificultade para amplificar a região correspondente ao éxon 1 do cDNA de C5, decidimos
amplificar os íntrons próximos ao éxon 1 do DNA genômico, mas não encontramos qualquer
mutação (Figura 14) na região correspondente ao éxon 1 nos indivíduos avaliados (I:1, I:2 e
II:9).
Figura 14. Amplificação do DNA genômico da região que abrange o éxon 1. (A) Estrutura
do gene C5. (B) Amplificação do éxon 1 incluindo os íntrons próximos. No seenciamento
não se observou a presença de qualquer mutação nos indivíduos avaliados.
Conforme mostrado na Figura 15 (A) o gene C5 contem 41 éxons, com tamanhos
variando de 61 pb (éxon 16) a 531 pb (éxon 41). Na Figura 15 (A) encontra-se a distribuição
dos oligonucleotídeos usados na etapa de amplificação 45F-587R (542 pb); 64F- 587R (523
pb); 102F-1380R (1278 pb); 1321F-2710R (1389 pb); 2700F-4050R (1350 pb) e 4021F-
5436R (1415 pb). Na Figura 11 encontra-se a amplificação destas regiões em fibroblastos de
indivíduos normais para complemento.
FHN I:1 I:2 II:9
500pb
1 2 3 4 39 40 41
............................
1.0F 1.2R
A
B
FHN I:1 I:2 II:9
500pb
1 2 3 4 39 40 41
............................
1.0F 1.2R
FHN I:1 I:2 II:9
500pb
FHN I:1 I:2 II:9
500pb500pb
1 2 3 4 39 40 41
............................
1.0F 1.2R
1 2 3 4 39 40 41
............................
1.0F 1.2R
A
B
Constatamos que os produtos amplificados no cDNA de C5, correspondentes aos
fragmentos localizados entre 45-587 pb; 102-1380 pb; 1321-2710 pb; 2281-3421 pb e 4021-
5436 pb não apresentaram qualquer deleção visível (Figura 15) em todos os indiduos
avaliados. A região compreendida entre os nucleotídeos 45-587 (542 pb) apresenta dois
transcritos de 800 pb e 700 pb (descritos anteriormente por CARNEY et al., 1991). A região
comprendida entre os nucleotídeos 3210 - 4050 pb (840 pb), apresenta uma deleção de ~150
pb presente em todos os indivíduos deficientes de C5 avaliados (I:1, I:2, II:4 e II:9). A mãe
(I:2) apresentou um padrão heterozigoto, amplificando pelo menos dois produtos: um de 840
pb (produto expressado no indivíduo normal) e um produto de ~650 pb (produto presente nos
indivíduos deficientes de C5). Resaltamos que a banda de maiorr tamanho é de natureza
inespecífica, confirmada após seqüenciamento.
Figura 15. Avaliação comparativa dos produtos amplificados do cDNA de C5 de vários
membros desta família. (A) Esquema que representa o cDNA C5 (CARNEY, et. al., 1991),
incluindo os oligonucleotídeos utilizados. (B) Amplificação destes produtos em vários
membros da família. Observa-se uma deleção de ~150 nucleotídeos nestes indivíduos (em
vermelho). FHN: fibroblastos de humano normal. GAPDH: controle positivo. Os tamanhos
dos produtos indicados à esquerda da figura referem-se aos tamanhos esperados em
indivíduos normais. I:1: mãe; I:2: pai; II:4 e II:9: pacientes deficientes. Mix: controle técnico.
A
B
FHN I:1 I:2 II:4 II:9 mix
Oligonucleotídeo Tamanho
(nucleotídeos)
GAPDHF
GAPDHR
45F 542
587R
102F 1278
1380R
1321F 1389
2710R
2281F 1140
3421R
3210F 840
4050R
4021F 1415
5436R
1 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 39
40503210
3487 4279
Cadeia ?
Cadeia ?
4021 5436
45 587
64 587
102 1380
1321 2710
2281 3421
1 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 39
40503210
3487 4279
Cadeia ?
Cadeia ?
4021 5436
45 587
64 587
102 1380
1321 2710
2281 3421
A
B
FHN I:1 I:2 II:4 II:9 mix
Oligonucleotídeo Tamanho
(nucleotídeos)
GAPDHF
GAPDHR
45F 542
587R
102F 1278
1380R
1321F 1389
2710R
2281F 1140
3421R
3210F 840
4050R
4021F 1415
5436R
FHN I:1 I:2 II:4 II:9 mix
Oligonucleotídeo Tamanho
(nucleotídeos)
GAPDHF
GAPDHR
45F 542
587R
102F 1278
1380R
1321F 1389
2710R
2281F 1140
3421R
3210F 840
4050R
4021F 1415
5436R
1 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 39
40503210
3487 4279
Cadeia ?
Cadeia ?
4021 5436
45 587
64 587
102 1380
1321 2710
2281 3421
1 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 39
40503210
3487 4279
Cadeia ?
Cadeia ?
4021 5436
45 587
64 587
102 1380
1321 2710
2281 3421
1 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 39
40503210
3487 4279
Cadeia ?
Cadeia ?
4021 5436
45 587
64 587
102 1380
1321 2710
2281 3421
1 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 391 2 3 4 5 6 7 20 21a 21b 22 23 24 25 268 9 10 11 12 14 15 16 17 1813 19
31
27 28
30 34
3510684
40
41
29
32
33
38 39
40503210
3487 4279
Cadeia ?
Cadeia ?
4021 5436
45 587
64 587
102 1380
1321 2710
2281 3421
A análise do seqüenciamento do gene C5 do paciente II:9 revelou uma substituição
C
498
por uma T
498
(Figura 16), sendo que na etapa de tradução ambos os códons (ACC e
ACT) geram o aminoácido Thr, portanto esta substituição deve ser considerada como uma
mutação silenciosa.
Figura 16. Seqüenciamento do éxon 4 do paciente II:9. (A) DNA genômico C5. (B)
Cromatograma do éxon 4. (C) Seqüenciamento mostrando a substituição de um ACC
498
por
um ACT
498
(fita 5’-3’) no éxon do indivíduo II:9 (C5D).
Os indivíduos I:1, I:2, II:4 e II:9 apresentaram uma deleção de 153 nucleotídeos
(Figura 17) que corresponde ao éxon 30 em sua totalidade, esta delão inicia-se no
nucleotídeo G
3876
e culmina no nucleotídeo G
4029
. O experimento foi feito em duplicata no
sentido forward e reverso
498
Indivíduo II:9
3´ (forward)
1 2 3 4 5 38 39 40 41
............................
A
B
FHN GTC TTA ACC TTC ATA
II:9 GTC TTA ACT TTC ATA
aa Val Leu Thr Phe Ile
C
498498
Indivíduo II:9
3´ (forward)
3´ (forward)
1 2 3 4 5 38 39 40 41
............................
1 2 3 4 5 38 39 40 41
............................
A
B
FHN GTC TTA ACC TTC ATA
II:9 GTC TTA ACT TTC ATA
aa Val Leu Thr Phe Ile
C
Figura 17. Seqüenciamento dos éxons 29, 30 e 31 do cDNA de C5 dos indivíduos I:1, I:2,
II:4 e II:9 e os respectivos cromatogramas. (A) Amplificação do cDNA (nucleotídeos 3487 –
4249) mostra uma deleção de 153 nucleotídeos. O indivíduo I:1 (mãe) é heterozigoto e
apresenta os dois produtos amplificados: o normal (762 pb) e sem o éxon 30 (609 pb). (B)
cDNA de C5 mostrando do éxon 29 ao éxon 31. (C) O seqüenciamento e seu respectivo
cromatograma da região mostrada em B mostra a delão do éxon 30 em sua totalidade. FHN:
fibroblasto humano normal; I:1: mãe; I:2: pai; II:4 e II:9: pacientes deficientes
A
B
C
FHN:
TTATTCAACCCAGGACACCATCAAT....GAGGCCAGTAGAGGTGCTTCTCAATG
Indivíduos C5D:
TTATTCAACCCAG
3876 4030
GTGCTTCTCAATG
800 pb
FHN I:1 I:2 II:4 II:9 mix
Éxon 29 Éxon 30 Éxon 31
I:1
3876 4030
II:9
3876 4030 38764030
38764030
I:2
3876 4030 38764030
II:4
3876 4030
38764030
(forward)
(reverse)
A
B
C
FHN:
TTATTCAACCCAGGACACCATCAAT....GAGGCCAGTAGAGGTGCTTCTCAATG
Indivíduos C5D:
TTATTCAACCCAG
3876 4030
GTGCTTCTCAATG
800 pb
FHN I:1 I:2 II:4 II:9 mix
Éxon 29 Éxon 30 Éxon 31
I:1
3876 4030
II:9
3876 4030 38764030
38764030
I:2
3876 4030 38764030
II:4
3876 4030
38764030
I:1
3876 40303876 4030
II:9
3876 40303876 40303876 4030 38764030 38764030
38764030 38764030
I:2
3876 40303876 40303876 4030 38764030 38764030
II:4
3876 40303876 4030
38764030 38764030
(forward)
(reverse)
Para avaliar se estes indivíduos possuem um defeito de splicing no éxon 30 ou se
carecem deste éxon no gene C5 decidimos avaliar do éxon 29 ao éxon 31 incluindo os íntrons
próximos a eles, quando encontramos após amplificação que todos os indivíduos avaliados
possuem a região intrônica (Figura 18). Portanto, a causa desta deficiência é um erro no
“splicing” do RNAm de C5 nos indivíduos afetados.
Figura 18. Amplificação da região comprendida entre o éxon 29 ao éxon 31, incluindo os
íntrons próximos do DNA genômico dos indivíduos I:1, I:2 e II:9. (A) Estrutura do gene
C5. (B) Todos os indivíduos avaliados pertencentes à família deficiente de C5 apresentam a
região intrônica correspondente ao éxon 29 e 30. FHN: fibroblasto humano normal; I:1: mãe;
I:2: pai e II:9: pacientes deficientes
FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9
1959 pb
854 pb
627 pb
29-1F 30-1R
30-2F 30-3R
31-1F 4050R
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1819 20 21b
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
A
B
(2860 nucleotídeos) 1340 nucleotídeos
FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9
1959 pb
854 pb
627 pb
29-1F 30-1R
30-2F 30-3R
31-1F 4050R
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1819 20 21b
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
A
B
FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9
1959 pb
854 pb
627 pb
29-1F 30-1R
30-2F 30-3R
31-1F 4050R
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1819 20 21b
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9
1959 pb
854 pb
627 pb
FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9 FHN I:1 I:2 II:9
1959 pb
854 pb
627 pb
29-1F 30-1R
30-2F 30-3R
31-1F 4050R
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1819 20 21b
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
29-1F 30-1R29-1F 30-1R
30-2F 30-3R30-2F 30-3R
31-1F 4050R31-1F 4050R
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1819 20 21b
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
A
B
(2860 nucleotídeos) 1340 nucleotídeos
A partir do seqüenciamento destas regiões no gene C5 encontramos a substituição de
uma GAG por uma GAA na posição 31058262 (Figura 19), correspondente ao último
nucleotídeo do éxon 30 no cDNA dos indivíduos I:1, I:2 e II:9. O seqüenciamento dos
nucleotídeos do indivíduo I:1 confirma o padrão heterozigoto. Na Figura 20 se mostra outra
substituição na região intnica entre o éxon 30 e o éxon 31 de C por G na posição 31055723.
O indivíduo I:1 apresenta um padrão heterozigoto.
Figura 19. Seqüenciamento do éxon 30 e seu respectivo íntron nos indivíduos I:1, I:2 e II:9.
(A) Estrutura do gene C5. (B) Amplificação do éxon 30 e seus íntrons próximos. (C)
Cromatograma do éxon 30. Observa-se uma substituição de G por A (posição 31058262) do
último nucleotídeo do éxon 30 no gene C5 (seta preta). O indivíduo I:1 apresenta um padrão
heterozigoto. FHN: fibroblasto humano normal; I:1: mãe; I:2: pai; II:4 e II:9: pacientes
deficientes
854 pb
FHN I:1 I:2 II:9
1 2 3 4 27 28 29 30 31 32 33 40 41
.............
.............
302F 303R
I:1
3´ (forward)
(reverse)
FHN
Éxon 30 Éxon 30Íntron Íntron
II:9
I:2
A
B
C
854 pb
FHN I:1 I:2 II:9
854 pb
FHN I:1 I:2 II:9
1 2 3 4 27 28 29 30 31 32 33 40 41
.............
.............
302F 303R
1 2 3 4 27 28 29 30 31 32 33 40 41
.............
.............
302F 303R
I:1I:1
3´ (forward)
(reverse)
FHN
Éxon 30 Éxon 30Íntron Íntron
II:9II:9II:9
I:2I:2
A
B
C
Figura 20. Seqüenciamento do íntron 30 e o éxon 31 do gene C5 dos indivíduos I:1, I:2 e
II:9. (A) Estrutura do gene C5. (B) Amplificação do produto correspondente ao íntron 30 e
éxon 31. (C) Seqüenciamento e correspondente cromatograma. Nos indivíduos I:2 e II:9 se
observa na região intrônica entre o éxon 30 e o éxon 31 a substituição de C por G na posição
31055723. O indivíduo I:1 apresenta um padrão heterozigoto. FHN: fibroblasto humano
normal; I:1: mãe; I:2: pai; II:4 e II:9: pacientes deficientes
311F 312R
1 2 3 4 27 28 29 30 31 32 33 40 41
.............
.............
627 pb
FHN I:1 I:2 II:9
II:9
I:1
I:2
(forward)5´3´(reverse)
FHN
A
B
C
311F 312R
1 2 3 4 27 28 29 30 31 32 33 40 41
.............
.............
627 pb
FHN I:1 I:2 II:9
II:9
I:1
I:2
(forward)5´3´(reverse)
FHN
311F 312R311F 312R
1 2 3 4 27 28 29 30 31 32 33 40 41
.............
.............
627 pb
FHN I:1 I:2 II:9
627 pb
FHN I:1 I:2 II:9
II:9
I:1
I:2
(forward)5´3´(reverse)
FHN
II:9II:9
I:1I:1
I:2I:2
(forward)5´3´(reverse)
FHNFHN
A
B
C
4.2. Fluxograma dos resultados
Atividade hemolítica mediada pelas Via
Clássica e Via Alternativa ausente
Proteínas C1, C2, C3, C4,
C6, C7, C8, C9, fI, fH, fB
presentes no soro
C5 ausente no soro dos
indivíduos I;2, II:4, II:5 e II:9
Investigação da proteína ausente
mediante imunodifusão dupla,
imudifusão radial e ELISA
Isolamento do DNA genômico extraído
dos fibroblastos
Amplificação e seqüenciamento do gene C5:
substituição de GAG
31058262
por GAA
correspondente ao último nucleotídeo do éxon 30
Biópsia da pele dos indivíduos C5 deficientes e familiares
Cultura de fibroblastos e Isolamento de
RNA total extraído de fibroblastos
Amplificação e seqüenciamento do cDNA C5: deleção
de 153 nucleotídeos correspondentes ao éxon 30
Sugestão: defeito no splicing de C5 nos pacientes
Confirmação do padrão de herança autossômica
recessiva
Atividade hemolítica mediada pelas Via
Clássica e Via Alternativa ausente
Proteínas C1, C2, C3, C4,
C6, C7, C8, C9, fI, fH, fB
presentes no soro
C5 ausente no soro dos
indivíduos I;2, II:4, II:5 e II:9
Investigação da proteína ausente
mediante imunodifusão dupla,
imudifusão radial e ELISA
Isolamento do DNA genômico extraído
dos fibroblastos
Amplificação e seqüenciamento do gene C5:
substituição de GAG
31058262
por GAA
correspondente ao último nucleotídeo do éxon 30
Biópsia da pele dos indivíduos C5 deficientes e familiares
Cultura de fibroblastos e Isolamento de
RNA total extraído de fibroblastos
Amplificação e seqüenciamento do cDNA C5: deleção
de 153 nucleotídeos correspondentes ao éxon 30
Sugestão: defeito no splicing de C5 nos pacientes
Confirmação do padrão de herança autossômica
recessiva
V. DISCUSSÃO
A deficiência da proteína C5 (C5D) é rara e até hoje 38 casos distribuídos em
21 famílias foram relatados na literatura, dos quais quinze são homens e vinte três mulheres.
Esta deficiência não é exclusiva a uma ra em particular, caucasianos (espanhóis,
escandinavos, franceses, suíços, alemães, marroquinos e por último paquistaneses e turcos) e
afro-americanos podem ser C5D (Tabela 8).
Neste estudo, três (II:4, II:5 e II:9) de nove irmãos de uma família brasileira com
história de consangüinidade apresentaram vários episódios de meningite e infecções
repetitivas, o que sugere a possibilidade de se tratar de deficiência de alguma das proteínas da
via terminal comum do sistema complemento. ROSENFELD et al. (1976); HAENEY et al.
(1980); AYENSA et al. (1985); CESBRON et al. (1985); GIANELLA-BORRADORI et al.
(1990); ASGHAR et al. (1991); SANAL et al. (1992); BOLS et al. (1993); SCHOONBROOD
et al. (1995); DELGADO-CERVIÑO et al. (2005) e PFARR et al. (2005) já haviam
demonstrado que indivíduos deficientes de alguma proteína da via terminal comum falhavam
na indução da atividade hemotica mediada pela via clássica e pela via alternativa.
Indivíduos deficientes de alguma proteína pertencente à via terminal comum do
sistema complemento geralmente apresentam uma forte tendência a adquirir infecções
piogênicas ocasionadas por bactéria do gênero Neisseria (Tabela 5). Em nosso estudo, cinco
integrantes (I:2, II:4, II:5, II:9 e III:1) pertencentes a uma família com histórico de
consangüinidade sofreram de muitos episódios meningite. O probando II:9 apresentou
meningite em três ocasiões: aos três meses, aos nove meses de idade (internado por 13 dias) e
a os onze anos de idade (internado por 11 dias). Os outros quatro pacientes também sofreram
de meningites em diversas ocasiões.
Para saber as causas dos ataques de meningites nestes pacientes, decidimos por avaliar
a atividade hemotica mediado pelo sistema complemento em esta família. Os soros dos
pacientes II:4, II:5 e II:9 não foram capazes de ativar nenhuma das duas vias do sistema
complemento (via clássica e a via alternativa). O indivíduo I:2 só apresentou 25% de hemólise
na ativação mediada pela via clássica em quanto que a ativação mediada pela via alternativa
foi normal. O indivíduo III:1 apresenta uma boa ativação do sistema complemento apesar de
haver tido meningite em uma ocaso (APH: 141,6 e CPH: 108,9%), sugerindo que quadro de
meningites pode haver-se desenvolvido por outras causas não relacionadas ao sistema
complemento.
Para saber que proteína da via terminal comum esta faltando, decidimos pela técnica
de imunodifusão dupla, observando que as protnas (C5, C6, C7, C8 e C9) encontram-se
presentes em níveis expressivos em todos os membros da família, com exceção dos
indivíduos II:4, II:5 e II:9 que não expressam C5 no soro.
SNYDERMAN et al. (1979); HAENEY et al. (1980); PETER et al. (1981);
CESBRON et al. (1985); HILDENHAGEN & BITTER-SUERMANN (1985); NIELSEN &
KOCH (1987); ROSEN et al. (1988); FIJEN et al. (1989); GIANELLA-BORRADORI et al.
(1990); SANAL et al. 1992; BOLS et al. (1993); CHAUDHURI et al. (1994); PFARR et al.
(2005); DELGADO CERVIÑO et al. (2005) encontraram que os pacientes C5D apresentavam
maior suscetibilidade a infecções respiratórias, infecções na pele, otites, febre e vômito, além
das infecções redicivantes graves causadas por bactérias do gênero Neisseria, incluindo
Neisseria meningitidis e Neisseria gonorreia. Confirmando este achado o paciente II:9
apresentou também um episódio de otite e infecções por pneumococos.
Em alguns casos, esta deficiência está associada a outros sinais clínicos. ASGHAR et
al. (1991) avaliaram uma paciente de 29 anos C5D que apresentava alopecia,
hipopigmentação no couro cabeludo, crostas e eritema. As análise histopatológica,
observou-se atrofia da epiderme e lâmina basal, acompanhada por desenvolvimento de lúpus
eritematoso discoidal. Em outro trabalho, SCOONBROOD et al. (1995) relataram um
indivíduo homozigoto C5D que apresentava anti-SSA, (anticorpos específicos para a
síndrome primária de Sjögren), mas, como no caso anterior, faltam muitos estudos para
esclarecer se esta associação é casual ou não.
O grupo de pesquisa de GIANELLA-BORRADORI et al. (1990) mostrou pela
primeira vez a deficiência completa de C5 combinada com deficiência parcial de C4 em uma
família suíça. Os soros destes irmãos não apresentaram atividade dependente da via clássica
ou da via alternativa, mas ao adicionarem C5 purificado, a atividade mediada pela via
alternativa foi completamente restaurada.
Na avaliação das outras proteínas do sistema complemento, encontramos que as
proteínas C4, Fator H e Fator I estão presentes em concentrações relativamente normais nos
soros dos indivíduos avaliados desta família, com exceção do probando II:9 e do familiar III:2
que, comparando com o resto da família, apresentam concentrações reduzidas do componente
C4: 284 e 219 µg/mL respectivamente (limite de normalidade 450-600 µg/mL – FERRIANI
et al. 1999). Mesmo quando esta baixa concentração de C4 foi encontrada no indivíduo III:2
(129 µg/mL), ela foi suficiente para induzir uma adequada atividade hemotica mediada pela
via clássica (porcentagem de lise: 106,2).
As concentrações de Fator B nos indivíduos (II:7, II:8, III:2, III:3, III:4, III:5 e III:6)
estão em concentrações reduzidas: 140, 183, 150, 125, 149, 111 e 134 µg/mL respectivamente
(intervalo de normalidade em adultos 200-210 µg/mL e em crianças- 185-513 µg/mL-
FERRIANI et al., 1999) o que poderia explicar a baixa atividade hemotica mediada pela via
alternativa nestes pacientes foi de 89,9%; 92,5%; 78,4%; 69,4%; 52,9% e 74,2%
respectivamente, o indivíduo III:6 não foi avaliado (intervalo de normalidade ao rango de
95% para a ativação da via alternativa é de 71-171%). Estudos futuros deverão ser feitos para
melhor definir se estes pacientes apresentam deficiência parcial de Fator B. Uma
possibilidade a ser considerada é que esta diminuição na concentração desta proteína deve-se
a uma condição de heterozigose em um dos alelos do Fator B que precisaria ainda ser
confirmada.
A técnica de imunodifusão radial serve para determinar a concentração de proteínas
que se encontram em grandes quantidades no soro. Não podemos determinar a concentração
da proteína C5 por esta técnica, já que C5 encontra-se em concentrações bastante reduzidas no
soro de indivíduos brasileiros (45-190 µg/mL). Para solucionar este problema utilizamos uma
técnica de alta sensibilidade (ELISA), onde constatamos que o soro da mãe (I:1) e do pai (I:2)
apresentam respectivamente 21 e 68 µg/mL de C5 no soro. Os filhos II:4, II:5 e II:9 (pacientes
deficientes) apresentam uma concentração bastante reduzida do componente C5 no soro: 1,3;
0,9 e 1,0 µg/mL respectivamente.
O soro dos irmãos saudáveis dos probandos II:3, II:7 e II:8 apresentaram
concentrões da proteína C5 (64, 67 e 54 µg/mL) dentro do limite de normalidade para
indivíduos brasileros (45-190 µg/mL), sugestivo de um padrão heterozigoto. Os indivíduos da
terçera geração dessa família: III:2 (filha do probando II:4) e III:3, III:4, III:5 e III:6 (filhos do
probando II:5) apresentam baixa concentração de C5 sérica. Neste caso, estes indivíduos C5D
tiveram filhos com parceiros normais (C5 suficientes). A expressão de apenas ~50% da
proteína C5 no soro destes indivíduos é suficiente para establecer a atividade da via clássica e
alternativa em patamares próximos ao normal.
Como GARRED et al. (1990) mostraram pela primeira vez que fibroblastos humanos
produzem proteínas da via terminal comum do sistema complemento (C5, C6, C7, C8 e C9),
usamos estas células como fonte de RNA do gene C5, para estudar as causas moleculares
dessa deficiência. Mesmo considerando que os hepatócitos são o local principal de síntese de
C5 (COLTEN et al., 1972; GENG et al., 1986), a utilização de fibroblastos como fonte de C5
foi conveniente pela sua acessibilidade, já que seu isolamento (feito a partir de biópsias de
pele retiradas dos probandos, familiares e indivíduos normais usados como controle), cultivo
e manutenção dos repliques dessa célula é relativamente fácil.s corroboramos os estudos
feitos por GARRED et al. (1990), confirmando a síntese de C5 por estas células.
Até o momento, só três estudos moleculares da deficiência da proteína C5 foram
publicados. O primeiro caso descrito por WANG et al. (1995) estudou as causas moleculares
da deficiência da proteína C5 em 3 famílias. A primeira família previamente estudada por
ROSENFELD et al. (1976) descreveu uma substituição de C
4521
AG para T
4521
AG no éxon 36
que criava umdon de parada prematura na cadeia α, no lugar da Arg encontrada em
indivíduos normais. Na segunda família C5D, previamente estudada por PETER et al. (1981),
os autores encontraram uma substituição no éxon 1 de C
84
AG para T
84
AG. Esta substituição
também cria um códon de parada prematura. Além disso, observou que os todos os indiduos
estudados apresentavam uma condição heterozigota (deleção de 710 pb no éxon 1 na primeira
e segunda família e uma deleção do 1010 pb no éxon 36 na terceira família).
Num segundo estudo DELGADO-CERVIÑO et al. (2005) encontraram uma deleção e
substituição no éxon 40 de C
4884
C
-4885
C
-4886
por G
4884
C
4885
em uma família de origem
espanhola. Esta mutação também gerou umdon de parada prematura neste mesmo éxon.
PFARR et al. (2005) mostraram que o gene C5 de um menino pakistanês apresentava
substituição no éxon 10 de A
1115
a G
1115
que prediz a substituição de uma K
372
por uma R
372
.
Esta alteração (presente só em um dos dois alelos) provoca a diminuão da concentração de
C5 no soro dos familiares. Mas no indivíduo deficiente esta alteração encontra-se nos dois
alelos o que anula a presença de C5 no soro deste probando. Além disso, após
seqüenciamento do cDNA de C5 do probando se confirmou a ausência do éxon 10 (116 pb)
que causou uma mudança no quadro de leitura e a criação de umdon de parada prematura.
O seqüenciamento também provou que a substituição de A
1115
por G
1115
no final do éxon 10
encontra-se dentro de uma região ESE (exonic splicing enhancers) que influenciava a
exclusão do éxon 10 no momento da tradução.
Na Figura 15 observamos a presença de três transcritos de cDNA de C5 em todos os
membros da família localizados entre o nucleotídeo 45 ao nucleotídeo 587. CARNEY et al.
(1991) demostraram a presença de três transcritos do gene C5 em humanos que se formam
dependendo do splicing alternativo. O transcrito completo (Figura 5) de 5818 nucleotídeos
que dara origem à proteína C5 formada pelas duas cadeias α(115 kDa) β(75 kDa). O transcrito
truncado pHC5A (Figura 4) que compreende a região que vai do éxon 1 ao éxon 21a (2946
aa). O transcrito pHC5B (Figura 4) que compreende a região que vai do éxon 1 ao éxon 16
(2071 aa).
Numa primeira etapa, comparamos as seqüências do cDNA de C5 de nossos
indivíduos deficientes e familiares com as seqüências do cDNA de C5 depositadas no
genebank (www.ncbi.nlm.nih.gov) que corresponde à seqüencia de acesso: NM_001735,
versão: NM_001735.2 GI:38016946, definição: Homo sapiens complement component 5
(C5), mRNA. No seqüenciamento completo do cDNA C5 da família C5D, encontramos que o
pai (I:2) e os filhos (II:4, II:5 e II:9) não expressãm o éxon 30 (Figura 17). A mãe (I:1)
apresenta dois produtos, o primeiro que mostra o cDNA C5 completo mostrado por
HAVILAND et al. (1991) e o segundo que mostra o cDNA de C5 que carece do éxon 30
(Figura 17).
A falta do éxon 30 no cDNA dos indivíduos I:1, I:2 e II:9 gerou a seguinte pergunta: a
deficiência de C5 seria causada por exclusão do éxon 30 no gene C5 ou por mutações que
causariam os defeitos no splicing durante a formão do RNAm de C5?. Quando os éxon 29 –
31 e respectivos íntrons foram amplificados e seqüenciados partir do gene C5 dos indivíduos
deficiêntes, observamos a substituição de uma GAG
por uma GAA na posição 31058262,
correspondente ao último nucleotídeo do éxon 30 no cDNA. O seqüenciamento da mãe (I:1)
apresenta os dois transcritos (padrão heterozigoto) o GAG
encontrado no últimodon de
todos os indivíduos C5 suficientes e o GAA encontrado em todos os indivíduos avaliados
desta família C5 deficiente, confirmando que os indivíduos desta família C5D têm um
problema no splicing do RNAm de C5.
Existem seqüências consenso nos límites éxon - íntron nos pré-RNAm de eucariotes
(Figura 21). Os nucleotídeos mais conservados nos introns nucleares são os dois primeiros e
os dois últimos nucleotídeos da extremidade 5’ e 3’ (GU e AG respectivamente). No éxon as
regiões mais conservadas são G 3’ (55%) e A e G 5’ (67 e 77% respectivamente). CARNEY
et al. (1991) confirmaram esta regra no íntrons do gene C5. No caso dos éxons que forman
parte do gene C5 a freqüência de ocorrência é de G na extremidade 3’ (44%) a A e G na
extremidade 5’ ( 58,5 e 78%, respectivamente).
Figura 21. Freqüência de ocorrência (%) das bases próximas a junção éxon-íntron. As
posições mais conservadas (100%) são as extremidades 5’ e 3’ do íntron (regra GU-AG). Há
uma região de aproximadamente 15 nucleotídeos rica em pirimidinas (Py). A adenina (A)
conservada anterior à região rica em Py é o sitio de ramificação da estrutura do laço formada
após a excisão do íntron.
O processo químico do splicing consiste em duas transesterificações (Figura 22). A
primeira transesterificação ocurre quando o grupo hidroxila da A (punto de ramificação)
promove um ataque nucleofílico ao fosfato de ligação fosfodiéster entre o último nucleotídeo
do éxon 1 e o intron próximo, rompendo a ligação éxon – íntron e formando um laço (Figura
23 a), o grupo 3’ OH livre no éxon 1 (b) ataca o fosfato da ligação fosfodiéster entre o último
nucleotídeo do intron a ser excisado e o primeiro nucleotídeo do éxon 2, ligando-se os dois
éxons (segunda transesterificação), o íntron removido é degradado.
G U A A G U A Py ... Py N C A G A G GPy ... Py
67 77 100 100 60 74 84 50 100 63-91 78 100 100 55 %
éxon íntron éxon
3’ 5’ 3’ 5’
G U A A G U A Py ... Py N C A G A G GPy ... Py
67 77 100 100 60 74 84 50 100 63-91 78 100 100 55 %
G U A A G U A Py ... Py N C A G A G GPy ... Py
67 77 100 100 60 74 84 50 100 63-91 78 100 100 55 %
éxon íntron éxon
3’ 5’ 3’ 5’
Figura 22. Mecanismo geral de splicing nuclear e de grupo II. O splicing de éxons no pré-
RNAm ocurre através de duas reações de transesterificação (adaptado da tese de doutorado de
SAKABE, 2006).
Existem três tipos de introns: os íntron de splicing nuclear, os de grupo I e grupo II. Os
introns de grupo I e II são os chamados auto-catalíticos não requerem de nenhuma maquinaria
enzimática para a remoção dos intróns “spliceossomo” e os introns de splicing nucleares que
requerem do “spliceossomo” para a sua remoção. O spliceossomo é encontrado no nucleo das
células eucarióticas, processa os íntrons flanqueados por GT...AG. Este spliceossomo é
composto por cinco pequenas ribonucleoproteínas nucleares – snRNPs (U1, U2, U4, U5 e U6)
que se ligam a seqüências específicas no íntron. Embora o spliceossomo seja montado durante
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
íntron
Sítio de
splicing 5’
Sítio de
splicing 3’
Ponto de
ramificação
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon2
A GA
GT
Íntron excisado
éxon ligados
segunda transesterificação
c
b
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
primeira transesterificação
a
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
íntron
Sítio de
splicing 5’
Sítio de
splicing 3’
Ponto de
ramificação
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
íntron
Sítio de
splicing 5’
Sítio de
splicing 3’
Ponto de
ramificação
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon2
A GA
GT
Íntron excisado
éxon ligados
segunda transesterificação
c
b
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
primeira transesterificação
a
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon 2
OH
A GA
GT
éxon 1 éxon2
A GA
GT
Íntron excisado
éxon ligados
éxon 1 éxon2
A GA
GT
Íntron excisado
éxon ligados
segunda transesterificação
c
b
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
primeira transesterificação
a
éxon 1 éxon 2
G T
A GA
OH
primeira transesterificação
a
a síntese de RNA, geralmente o íntron não é removido até que a transcrição tenha acabado. O
spliceossomo impide que o éxon 1 afaste-se do éxon 2 após a primeira clivagem. Numa
primeira etapa U1 liga-se à região 5’ GU. O reconhecimento do sítio 3’ (ponte de ramificação
+ Py + AG) se da pela ligação U2AF e pela ligação U2 no ponto de ramificação. O próximo
passo é a ligação de U4/U6 e U5 ao complexo U1/U2, na seguinte etapa U1 desliga-se da
região 5’ GU, esta região interage com U6, desfazendo o pareamento U4/U6 e formando-se o
pareamento U6/U2. O complexo restante (U2/U5/U6) é responsável pelas transesterificações.
Pelo tamanho deste complexo um RNAm completamente processado deixa o núcleo. Segundo
SAKABE (2006), pg 40, o modelo descrito acima foi baseado em estudos realizados em
levadura ou em mini genes artificiales de metazoários contendo apenas um pequeno intron e
tios de splicing fortes [...]. Na maioria de eucariotos os íntronso maiores que os exons
sendo difícil uma comunicação U1/U2 e conseqüente formação do spliceossomo, por isso se
propõe-se que o reconhecimento dostios do splicing ocorra através do exon.
Figura 23. Reconhecimentos dos sítios do splicing através do éxon, proposto por
ROBBERSON et al. (1990). As setas curvadas indican interações entre U1 e U2
éxon 1 éxon2 éxon 3
éxon 1 éxon2 éxon 3
éxon 1 éxon2 éxon 3éxon 1 éxon2 éxon 3
éxon 1 éxon2 éxon 3éxon 1 éxon2 éxon 3
No gene C5 os íntrons são maiores que os éxons, o tamanho do íntron varia de 116 a
5600 nucleotídeos (íntron 35 e íntron 25 respectivamente) e o tamanho do éxon varia de 58 a
531 nucleotídeos (éxon 33 e éxon 41 respectivamente). Então o mecanismo de splicing dos
íntrons C5 cumpre os requisitos mencionados acima CARNEY et al. (1991).
De acordo com os resultados obtidos na imunodifussão dupla e no Western blot (dados
não mostrados) o pae deveria ter um mecanismo de degradação protéica de C5 diferente a do
observado nos filhos deficientes (II:4, II:5 e II:9). Sabe-se que toda a família contém a mesma
deleção (éxon 30), mas algo deve acontecer com o pai para que ele expresse C5 em níveis
séricos baixos, mas claramente superiores aos filhos deficientes.
Até o momento, a literatura reporta só três estudos moleculares da deficiência C5 e
nenhuma deles descreveu o tipo de mutação no gene C5 aqui relatado. A substituição deste
nucleotídeo no éxon 30 (GAA) a nosso entender é o responsável pela falha no splicing do
éxon 30 e conseqüente producção da proteína incompleta nestes pacientes. Nós apresentamos
o quarto estudo molecular da deficiência de C5 encontrada pela primeira vez em uma família
brasileira com histórico de consangüinidade. Os baixos níveis de C5 nos soros dos deficientes
estão associados a maior susceptibilidade a infecções, confirmada pelo elevado número de
episódios de meningite, descritos nesta família. Nossos resultados também reafirmam a
importância do componente C5 e da completa ativação do sistema complemento para a
eliminação de patógenos como Neisseria meningitidis.
VI CONCLUSÕES
1. Indivíduos deficientes da proteína C5 sofrem de infecções bacteriais causadas por
bactérias do gênero Neisseria sp.
2. A falta de atividade hemotica mediada pela via clássica e pela via alternativa nos
indivíduos II:4, II:5 e II:6 deve-se à ausência da proteína C5 no soro dos pacientes
deficientes.
3. No éxon 4 do cDNA do indivíduo II:9 a substituição silenciosa de uma ACC
498
por
uma ACT
498
foi encontrada.
4. O cDNA de C5 dos indivíduos I:1, I:2, II:4 e II:9 apresenta a deleção do éxon 30.
Causada pela substituição de GAG
4028
por GAA
4028
no último nucleotídeo deste éxon
no gene C5 que leva a um erro no splicing.
5. A mãe (I:2) apresentou um padrão heterozigoto.
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