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4. DISCUSSÃO
Este estudo demonstra que o ácido ascórbico exibe atividade antioxidante, ao invés de
pro-oxidante, in vivo, no sangue dos voluntários, na presença de sobrecarga de ferro. De fato,
estudos in vivo demonstram que o ácido ascórbico melhora a absorção do ferro, aumentando
seus níveis no organismo (Cook e Reddy, 2001, Hoppe et al., 2006). Isso demonstra que
mesmo na presença de altas doses de vitamina C, o equilíbrio do ferro está rigorosamente
regulado nas pessoas. No entanto, baixos níveis de vitamina C na dieta podem ser vantajosos
nos casos de sobrecarga de ferro, como no tratamento de hemocromatose e alguns tipos de
anemia como a -talassemia, devido ao potencial do ferro de induzir dano aos tecidos (Young
et al., 1994; Livrea et al., 1996). Além disso, indivíduos com sobrecarga de ferro geralmente
possuem baixos níveis de vitamina C plasmática, devido à possibilidade de interação com
altos níveis de ferro catalítico nesses indivíduos, e, além disso, a administração de vitamina C
tem sido evidenciada ser prejudicial nessas pessoas (Frei et al., 1990; Herbert, 1994). A
sobrecarga de ferro tem sido sugerida na aterosclerose, porém os dados ainda são conflitantes
e inconsistentes, além do mais, indivíduos com sobrecarga de ferro não sofrem de
aterosclerose prematura (Kiechl et al., 1997; Franco et al., 1998). Do mesmo modo, vários
estudos com suplementação de ferro e vitamina C, ambos em modelos animais e humanos,
indicam que a vitamina C possui uma redução maior que um aumento do dano oxidativo
quando associado com o ferro (Winterbourn, 1981; Minetti et al., 1992; Collis et al., 1996;
Berger et al., 1997; Collis et al., 1997; Rehman et al., 1998).
Contudo, dados na literatura sobre o potencial pró-oxidante do ácido ascórbico na
presença de ferro são controversos. Estudos in vitro sustentam o papel pró-oxidante do ácido
ascórbico na presença de ferro (Buettner e Jurkiewicz, 1996; Cai et al., 2001). Isto ocorre
como conseqüência da participação do ácido ascórbico na redução do Fe
+3
para Fe
+2
, através
da reação de Fenton, produzindo radicais hidroxila (OH
•
). Ao contrário de experimentos in
vitro, estudos in vivo que apóiam o efeito pro-oxidante do ácido ascórbico são escassos.
Baseado no efeito pro-oxidante da interação entre o ferro e ácido ascórbico in vivo, um
estudo demonstrou que a suplementação diária de 100mg de fumarato juntamente com 500mg
de ácido ascórbico durante o terceiro trimestre de gestação causou um aumento de 20% na
peroxidação lipídica plasmática (Lachilli et al., 2001). No estudo de Rehman e colaboradores
(1998), indivíduos saudáveis não-fumantes foram suplementados com 14mg/dia de sulfato
ferroso e 60 ou 260mg/dia de vitamina C. Os níveis de diferentes tipos de bases oxidadas
foram mensurados nos glóbulos brancos do sangue. Um grupo de voluntários teve uma média