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Segundo Santos (1999), em meados da década de 1970 a editora Moderna foi
reestruturada, porque os professores Setsuo e Carlos Magno saíram da sociedade. Em
1974, o professor Setsuo abandonou o magistério e mudou-se para os EUA, dedicando-
se a trabalhar com importação, e quanto ao professor Marmo, igualmente parou de
lecionar, tornando-se fazendeiro no Mato Grosso. Assim, o professor Feltre ficou
sozinho e assumiu totalmente o controle da Editora Moderna, tornando-se editor
conceituado e autor de livros de Química de grande sucesso. Santos ressalta que nessa
época a Moderna contava com apenas seis funcionários.
Nas palavras do professor Ricardo Feltre, assim foi criada a editora Moderna:
Formei-me como engenheiro químico. Cheguei a trabalhar por três anos na
indústria química e depois fui para o magistério, área em que permaneci
durante 40 anos. Lecionei em escola do ensino médio e depois em
faculdades e cursinhos. Como professor de cursinho, comecei, juntamente,
com alguns colegas, a escrever material para o curso. Foi quando tive
vontade de escrever algum livro para o ensino do segundo grau. Foi assim
que nasceu a idéia de criar a Editora Moderna. Começou com livros de
minha autoria, do professor Setsuo Yoshinaga e do professor Carlos Marmo.
Depois foram convidados outros professores deste cursinho para constituir o
primeiro catálogo de livros do 2° grau. Paulista, nasci na capital e sempre
morei na cidade. Sou de origem de italianos do norte, tanto da família do pai
como da mãe. Sempre preocupei-me em trabalhar com a classe editorial.
Durante muitos anos pertenci à diretoria da Câmara Brasileira do Livro de
São Paulo, e também do SNEL, do Rio, e formei uma boa amizade com
outros pares da indústria editorial brasileira. Desde o início, a Moderna foi
pautada por um comportamento sério, honesto, correto, procurando não só
melhorar a empresa como lutar pela classe como um todo. Acho que daí
surgiu esta grande amizade com outros editores, e talvez um respeito mútuo
que nós temos com eles, tanto do ponto de vista pessoal, como do ponto de
vista empresarial. A editora conserva um espírito jovem, dinâmico,
empreendedor. Hoje me sinto realizado como autor, editor e empresário de
modo geral. Prezo muito as minhas amizades, inclusive no campo de ex-
alunos que estão bem colocados no mercado como Dr. Ives Gandra da Silva,
Antonio Kandir e Rui Gonçalves (da Saraiva). (Entrevista com professor
Ricardo Feltre, apud Santos, 1999, p. 8).
No começo da década de 1980 a Moderna inaugurou sua primeira filial, no Rio
de Janeiro, e publicou seu primeiro título paradidático, Um dono para buscapé, de
Giselda Laporta Nicolelis. Apesar de todas as grandes editoras de didáticos publicarem
livros paradidáticos, a Editora Moderna conseguiu se destacar nesse segmento, ao lado
da Editora Ática, tanto pela variedade, quanto pela reconhecida qualidade dos catálogos
de livros de ficção e não-ficção que sempre apresentou.
Borelli (2004, p.5) ressalta que a consolidação do projeto editorial voltada para o
público escolar, de todas as editoras que estamos apresentando, nas últimas décadas do