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Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós
-
graduação em Administração de Empresas
Estudo sobre a estrutura de capital das empresas brasileiras no
período pós Plano Real (1995
-
2005)
Denis Forte
São Paulo
2007
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
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Unive
rsidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós
-
graduação em Administração de Empresas
Estudo sobre a estrutura de capital das empresas brasileiras no
período pós Plano Real (1995
-
2005)
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração de Empresas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie para a
obtenção do título de Doutor em
Administração de Empresas
Orientador: Professor Dr. Wilson Toshiro Nakamura
São Paulo
2007
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Reitoria da Univers
idade Presbiteriana Mackenzie
Professor Dr. Manassé
s Claudino Fontelis
Decano de Pesquisa e Pós
-graduação
Professora Dra. Sandra Maria Dotto Stump
Coordenadora do Programa de Pós
-Graduação em Administração de Empresas
Professora Dra. Eliane Pereira Zamit
h Brito
Dedico este trabalho à minha esposa Cristina que sempre me
apoiou de forma irrestrita em momentos de crise e de alegria, e à
minha filha Sophia, que veio coroar nossas existências.
Dedico também, aos que se foram, meus avós Betino e Sara Forte,
meu tio Henry Forte e meu pai, Solomon Raymond Forte,
imigrantes que me ensinaram acima de tudo a ser gente e à minha
mãe Léonie Forte, professora por 40 anos, pelo seu exemplo de
vida e determinação.
Acima de tudo agrade
ço a Deus por tudo que tenho realizado.
Vivons avec ce qui nous aiment
” (ANDRÉ MAUROIS, 1966).
Agradeço à familia, Ana Paula, Maria Teresa e Vera Lucia, Mário e
Maria Helena, Daniel e Iramaia, meus tios, tias, primos e primas, ao
Francisco e Wagner e aos amigos Carlos, Roberto e Victor, Roque e
Patrícia, Mário e Glauce, Jacques e Ivani pela convivência comigo
neste período de introspecção.
Agradeço ao meu orientador, Wilson Nakamura por ter acreditado
em meu projeto e dado oportunidade e a liberdade d
e realizá
-
lo.
Agradeço aos professores Hopp, Mazzuca e Gurgel em meu
mestrado, e ao corpo docente do Doutorado pela sua dedicação ao
programa de alta qualidade, em especial aos professores Diógenes
Bido, Diógenes Martins e Arilda Godoy, pelos sábios cons
elhos
técnicos e pela inspiração dos que têm paixão pelo que fazem.
Agradeço ao Alexandre Mendes pelo seu incansável auxílio na
montagem do Banco de Dados, e também ao pessoal da Biblioteca,
da administração e da secretaria.
Agradeço aos meus colegas professores titulados ou futuros, em
particular ao Derli, Nabil, Silvia e Thomaz, colegas desta jornada, e
ao caríssimo Carvalho, falecido, mas não esquecido, um especial
agradecimento pela convivência.
Aos executivos, Delce, Kerr, Miret, Pandolfi, Robic e Tadashi que
responderam o questionário compartilharam de sua experiência na
tese.
Agradeço aos Professores Reynaldo Marcondes e Eliane Brito o
apoio à realização do Doutorado.
Agradeço à Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Instituto
Presbiteriano
Mackenzie à oportunidade de realizar este doutorado.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13
1.1.
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................13
1.2.
ESTRUTURA DO TRABALHO ...........................................................................................14
2. PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS........................16
2.1.
CONSIDERAÇÕE
S INICIAIS ..............................................................................................16
2.2.
PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................................17
2.3.
JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................18
2.4.
OBJETIVO GERAL...............................................................................................................19
2.5.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................
.19
3. A TEORIA DA ESTRUTURA DE CAPITAL...................................................................... 19
3.1.
ESTUDOS FUNDAMENTAIS..............................................................................................19
3.1.1. Estrutura de capital antes de Modigliani e Miller................................................................28
3.1.2. O a
rtigo seminal de Modigliani e Miller (1958)..................................................................29
3.1.3. Primeiras reações na acadêmia ............................................................................................31
3.1.4. A incorporação do planejamento tri
butário
- Modigliani e Miller (1963)...........................32
3.2. A INCORPORAÇÃO DE ELEMENTOS COMPORTAMENTAIS.....................................35
3.2.1. Os custos de agência e a teor
ia do
Trade
-
off
-
Jensen e Meckling (1976) ..........................35
3.2.2. A assimetria de informação e a teoria do
pecking order
-
Myers e Majluf (1984)..............37
3.2.3. O
Equity Market Timing
( janela de oportunidade).............................................................39
3.3.
SÍNTESE DE ESTRUTURA DE CAPITAL ATÉ 1990
-
HARRIS E RAVIV (1991).........44
3.4. O ESTADO DA ARTE ATUAL............................................................................................48
3.4.1. A internacionalização dos estudos.......................................................................................48
3.4.2. As novas técnicas.................................................................................................................55
3.4.3. Contribuições brasileiras recentes.......................................................................................91
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................................97
4.1. CONHECIMENTO EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS..............................................97
4.2.
FLUXO METODOLÓGICO DO TRABALHO ....................................................................99
4.3.
FUNDAMENTAÇÃO PARA A ESCOLHA DO
MODELO ECONOMÉTRICO .............101
4.4.
PROCEDIMENTO QUANTITATIVO................................................................................103
4.5. PROCEDIMENTO QUALITATIVO...................................................................................104
4.5.1. A pesquisa de campo .........................................................................................................104
4.5.2. O referencial analítico e o instrumento de análise.............................................................105
4.5.3. Tratamento das entrevistas.................................................................................................106
5. O MODELO ECONOMÉTRICO........................................................................................107
5.1.
MODELO TESTADO..........................................................................................................107
5.2.
AS
PROXIES
E AS VARIÁVEIS REPRESENTADAS......................................................108
5.3.
BANCO DE DADOS, ANÁLISE FATORIAL E EQUAÇÃO ESTRUTURAL ................115
5.4.
RESULTADOS ECONOMÉTRICOS DAS REGRESSÕES ..............................................126
5.4.1. Estatística descritiva ..........................................................................................................126
5.4.2. Resultados do modelo de mínimos
quadrados (OLS) .......................................................128
5.4.3. O painel..............................................................................................................................132
5.4.3.1
Embasamento teórico da estimação em painel ................................................................132
5.4.3.2 O painel estático com efeitos fixos..................................................................................139
5.4.3.3
O painel estático com efeitos aleatórios...........................................................................141
5.4.3.4
O painel dinâmico............................................................................................................146
6. OPINIÃO DOS EXECUTIVOS...........................................................................................156
7. CONCLUSÃO........................................................................................................................164
7.1.
CONCLUSÃO GERAL DO TRABALHO..........................................................................164
7.2.
LIMITAÇÕES ......................................................................................................................170
7.2.1. Limitações do estudo quantitativo.....................................................................................170
7.2.2. Limitações do estudo qualitativo.......................................................................................170
7.3.
SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS ..........................................................................171
7.4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 171
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................172
9. APÊNDICES .......................................................................................................................... 179
9.1.
APÊNDICE A
-
QUESTIONÁRIO APLICADO ................................................................179
9.2.
APÊNDICE B
-
TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS...................................................181
9.3.
APÊ
NDICE C
-
TABELAS DE CORRELAÇÕES .............................................................195
9.4.
APÊNDICE D
-
ANÁLISE DE VALORES FALTANTES
MISSING VALUES...............196
9.5. APÊNDICE E -
RECORT
ES DA AMOSTRA....................................................................198
10. GLOSSÁRIO........................................................................................................................199
Lista de Tabelas
Tabela 1
-
Variável dependente
-
endividament
o........................................................................111
Tabela 2
-
Variáveis usadas em cálculos intermediários ................................ ............................... 112
Tabela 3
-
Variáveis independentes.............................................................................................112
Tabela 4
-
Relação entre fatores exógenos e endividamento.......................................................113
Tabela 5
-
Relação entre fatores endógenos e endividamento.....................................................114
Tabela 6
-
Variáveis de controle do modelo................................................................................114
Tabela 7
-
Quantidade de empresas por período analisado..........................................................117
Tabela 8
-
Análise fatorial por componentes
1999...................................................................119
Tabela 9
-
Análise fatorial por componentes
2000...................................................................119
Ta
bela 10
-
Análise fatorial por componentes
2001................................................................
.120
Tabela 11
-
Análise fatorial
-
as principais variáveis independentes e o endividamento ............121
Tabela 12
Causalidade entre as principais variáveis independentes e a endividamento .........122
Tabela 13
-
Estatística descritiva das
proxies
contábeis da variável dependente.......................126
Tabela 14
-
Estatística descritiva das
proxies
de mercado da variável dependente.....................126
Tabela 15
-
Estatística descritiva das
pro
xies
das variáveis independentes................................126
Tabela 16
-
Estatística descritiva das
proxies
das variáveis de controle.....................................127
Tabela 17
-
Regressão OLS sem considerar o fator temporal .....................................................128
Tabela 18
-
Regressão OLS sem considerar o fator temporal .....................................................129
Tabela 19
-
Regr
essão OLS com
dummies
temporais ................................................................
.129
Tabela 20
-
Regressão OLS com
dummies
temporais ................................................................
.129
Tabela 21
-
Diagnóstico de inflação de v
ariáveis do modelo com
dummies
temporais..............130
Tabela 22
-
Teste de Szroeter para homocedasticidade...............................................................131
Tabela 23
-
Especificação
dos estimadores .................................................................................138
Tabela 24
-
Modelo estático com efeitos fixos (
within) .............................................................. 139
Tabela 25
-
Resultados da regressão entre médias
(
between
)......................................................140
Tabela 26
-
Modelo Estático com efe
itos aleatórios
GLS ........................................................141
Tabela 27
-
Modelo estático com efeitos aleatórias
- ML ...........................................................143
Tabela 28
-
Estimativas Hausman Taylor de efeitos aleatórios...................................................144
Tabela 29
-
Comparação do modelo exploratório nos divers
os sub
-
períodos.............................148
Tabela 30
-
Comparação do modelo restrito nos diversos sub
-
períodos.....................................151
Tabela 31
-
Proxies
contábeis de end
ividamento selecionadas para as regressões .....................152
Tabela 32
-
Modelo restrito para as variáveis dependentes de endividamento contábeis ..........153
Tabela 33
-
Proxies
contábeis para o endividamento ..................................................................154
Tabela 34
-
Modelo restrito para as variáveis dependentes de endividamento de mercado........154
Tabela 35
-
Correlações entre va
riáveis independentes ..............................................................195
Tabela 36
– Tabela de
Missing Values
das variáveis dependentes..............................................196
Tabela 37
– Tabela de
Missing Values
das va
riáveis independentes...........................................196
Lista de Quadros
Quadro 1
Sumário das grandes contribuições teóricas
na teoria de
estrutura de capital............26
Quadro 2
-
Contribuições da década de oitenta ao estudo de estrutura de capital.........................44
Quadro 3
-
Categorização dos estudos sobre determinantes de capital.........................................44
Quadro 4
-
Relação entre fatores exógenos e endividamento........................................................45
Quad
ro 5
-
Relação entre fatores endógenos e endividamento......................................................46
Quadro 6
-
Relação entre eventos e endividamento.......................................................................47
Quadro 7
-
Determi
nantes de estrutura de capital por autores.......................................................47
Quadro 8
-
Contribuições da década de noventa ao estudo de estrutura de capital.......................49
Quadro 9
-
Resultados de artigos sobre endividamento na França e Alemanha............................54
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de capital ................................56
Quadro 11
-
Contribuições brasileiras ao estudo de estrutura de capital desde 1990....................92
Lista de Figuras
Figura 1
Abordagens teóricas d
e determinantes de capital sob a ótica histórica........................25
Figura 2
- Abordagem Tradicional de Estrutura de Capital...........................................................31
Figura 3
-
A seg
unda proposição de Modigliani e Miller
Representação Gráfica......................33
Figura 4
-
Valor da Empresa alavancada: Modigliani e Miller com impostos..............................34
Figura 5
Relação entre valor da empresa e nível de endividamento...........................................34
Figura 6
Endividamento de empresas considerando benefícios fiscais e custos de agência.......37
Figura 7
-
Fluxo de pesquisa e objetivo metodológico..................................................................99
Figura 8
-
Referencial analítico para elaboração do roteiro de entrevista. ..................................105
Figura 9
- Modelo estruturado de endividamento a partir dos atributos teóricos........................123
Figura 10
-
Modelo estruturado formativo e alavancagem
(ano base 2000) ...............................124
Figura 11
-
Modelo estrutural de causalidade temporal da alavancagem....................................125
Figura 12
-
Procedimento de análise
de dados em painel............................................................136
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi identificar os determinantes da estrutura de capital nas empresas
brasileiras de capital aberto, no período de 1995 a 2005. Após estabelecer o referencial anal
ítico a
partir da revisão bibliográfica, foram usados procedimentos quantitativos e qualitativos. Do ponto
de vista quantitativo, a técnica econométrica selecionada foi a de painel equilibrado,
adicionalmente ao uso de análise fatorial e do modelo de equações estruturais para confirmação
de um modelo sem omissão de variáveis. Para verificação de consistência de resultados, foram
rodadas regressões com diferentes alternativas de
proxies
de
endividamento
e em diferentes
subperíodos. Ao mesmo tempo foi feito um levantamento qualitativo junto a executivos de alto
nível, buscando entender o comportamento destes agentes. Os resultados econométricos obtidos
pela análise fatorial, equação estrutural e pela técnica de painel, determinaram como
significantes as variáveis ligadas ao desempenho financeiro (rentabilidade e lucratividade, tanto
no nível operacional como no geral) e à liquidez da empresa com correlação negativa com a
estrutura de endividamento da empresa. Esse resultado está em linha com boa parte dos tra
balhos
conduzidos no Brasil, reforçando a teoria do pecking order de hierarquia de escolha do
endividamento. Comportamento esse corroborado pelos gestores que optaram pela prioridade à
liquidez sobre a rentabilidade localmente. Além disso, o tamanho das empresas mostrou ser
significativo nas regressões do endividamento das empresas, dando vantagens às grandes
empresas em relação às menores. Também foi verificado um comportamento dinâmico de
ajustamento de endividamento em torno de um alvo, compatível com a teoria do
Trade
-
off
dinâmico, nesse caso de baixa velocidade. Custos de transação e taxas de juros reais
estratosféricas poderiam estar por trás desse comportamento, reforçando o fato de que a
maximização de resultados, embora fundamental, ficaria em seg
undo plano, em relação à liquidez
ou a outras variáveis estratégicas no Brasil.
Palavras
-
chave: estrutura de capital, dados em painel, determinantes.
ABSTRACT
The purpose of this work was to identify the determinants of the capital structure in Brazil
ian
listed companies, from 1995-2005. After establishing the analytical framework, quantitative and
qualitative procedures were used. From the quantitative point of view, the selected econometric
technique was a balanced panel, additionally to the use of factor analysis and of the structural
equation model to confirm a model without omitted variables. In order to check the consistency
of the results, many regressions with different alternative proxies for leverage and sub
periods
were calculated. At the same time, a qualitative survey was conducted with top executives in
order to understand the behavior of these agents. The econometric results obtained from the
component factor analysis, the structural equation model and the panel data pointed as significant
the variables linked with financial performance (profitability or turnover, either operational or
general) and linked with the liquidity of the firm, with negative correlation with the debt strcture
of the company. This result is in line with the majority of the works conducted in Brazil,
reinforcing the pecking order hierarchical choice of
leverage
. This behavior is corroborated by
the management that opted for liquidity over profitability locally. Additionally, the size of the
companies appears as significant on the
gearing
regressions, showing that larger companies
prevail over smaller ones. A dynamic adjustment behavior of the leverage into a target was also
verified, in line with a dynamic
Trade
-
off
theory, whereas in a slow speed. Transaction costs and
stratospherically real interest rate might be underneath this behavior, reinforcing the fact that
profit maximization, although fundamental, would be second against liquidity or to other
strategic variables in Brazil.
Key words: capital structure, pane
l data, determinants.
1.
INTRODUÇÃO
1.1.
APRESENTAÇÃO
De acordo com a Bovespa (2007), o ano de 2006 apresentou um número expressivo de 26 novas
aberturas de empresas no mercado de capital brasileiro, superando largamente os lançamentos de
anos anteriores. Situação legal e controle dos acionistas, informações dadas ao mercado e
distribuição de lucros, fusões e incorporações. Esses tópicos bem que poderiam ser chamadas de
qualquer encarte econômico de jornal atual, mas começaram a ser aprofundados a partir de B
erle
e Means em 1932.
Em que um evento tão distante no tempo como a separação entre controle e propriedade nas
empresas influencia o destaque econômico brasileiro de 2006?
A busca de recursos por parte de gestores de empresas para seu financiamento de
capital.
Atualmente as empresas possuem alternativas de endividamento financeira que vão de simples
empréstimos bancários a complexas operações de estruturação de dívida. Nesse contexto, quais
as variáveis que influenciam essa decisão no mercado aberto brasileiro? Essas variáveis são
equivalentes às variáveis pesquisadas globalmente? Alguma das teorias explica a relação entre
essas variáveis de endividamento no Brasil?
Este trabalho procurou responder a essas questões, de forma metodológica.
Para essa tarefa, foi realizada uma extensa pesquisa bibliográfica mundial, em que foram
destacadas as contribuições brasileiras. Dessa pesquisa bibliográfica, deprenderam
-
se as variáveis
de determinantes de estrutura de capital e as principais técnicas para sua análise. Opções
acadêmicas tiveram de ser feitas.
Excetuando
-se a teoria de janela de oportunidades que requer um tratamento diferenciado das
variáveis (eventos), foram testadas as variáveis determinantes da teoria de pecking order e da
14
teoria de Trade-
off
. Para fins confirmatórios da escolha dos determinantes a serem regredidos,
foram aplicadas técnicas, que nesse caso foram complementares, como análise fatorial e o
modelo de equações estruturais. Em seguida, optou-se pelo uso da técnica de painel, em sua
forma
estática e dinâmica, para a condução das regressões fundamentais deste trabalho. Os
resultados obtidos estão em linha com boa parte dos estudos de estrutura de capital no Brasil.
1.2.
ESTRUTURA DO TRABALHO
Inicialmente, foi destacada a importância do tema tanto do ponto de vista acadêmico como
prático no Brasil. Para sua realização, foi apresentada uma fundamentação teórica como suporte a
uma análise inicial, baseado em alguns dos principais estudos sobre determinantes de estrutura de
capital publicados. O procedimento econométrico tratou de trabalhar as variáveis financeiras
clássicas em um período de doze anos (1994-2005), em sub-períodos com dados equilibrados. O
ano de 1994 foi descartado, pois serviu apenas para calcular indicadores como taxa de
cresc
imento em relação ao ano anterior. Foram feitas análises fatoriais e de equações estruturais
para se verificar a qualidade das variáveis e dos modelos estudados. Foram rodadas regressões
em painel, estático e dinâmico para se verificar qual o modelo econométrico que poderia dar
explicação mais adequada no ambiente brasileiro. Complementarmente, foi realizada uma
pesquisa qualitativa junto a executivos de ponta para capturar elementos de explicação
comportamental.
A estrutura do trabalho compõe-se, assim, de sete capítulos, além das referências bibliográficas,
do apêndice e do glossário.
No capitulo dois, estão descritos: o problema de pesquisa, seus objetivos e a justificativa para este
trabalho.
15
No capítulo três, é apresentado o referencial teórico, mostrando a evolução das discussões
envolvendo aspectos da estrutura de capital. Dentre as diversas formas de sistematização de
conhecimento, optou-se pela cronológica, na qual se procurou destacar contribuições de aspectos
teóricos e técnicos na construção d
as diferentes teorias atualmente em discussão.
Da pesquisa bibliográfica, montou-se o quadro das variáveis estudadas e as técnicas
econométricas usadas posteriormente.
No capítulo quatro estão expostos os procedimentos metodológicos quantitativos e quali
tativos
utilizados neste trabalho.
O capítulo cinco trata dos procedimentos econométricos, desde o tratamento do banco de dados
até as regressões dinâmicas.
O capítulo seis sistematiza a opinião de uma amostra de executivos de nível de direção de
empresa
s em relação à tomada de decisão do processo de formação da estrutura de capital.
O capítulo sete apresenta a conclusão do trabalho.
Ao final do trabalho, seguem as referencias bibliográfico, o apêndice contendo o questionário, a
transcrição dos questi
onários e resultados parciais obtidos e o glossário.
16
2.
PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
2.1.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Que tipo de contribuição um pesquisador brasileiro pode trazer para um tema tão pesquisado no
mundo tanto tempo e sem consenso? Procurou-se contribuir basicamente de duas formas. A
primeira contribuição foi a sistematização a partir de um reexame da literatura mundial do
conhecimento de forma cronológica de contribuições no assunto, explorando a diversidade global
que o cerca. O advento da Internet apresenta uma vantagem real concreta em relação a estudos
anteriores, pois possibilitou o acesso à literatura internacional de qualidade, de forma rápida e
relativamente organizada. Isso não impediu as inúmeras visitas a algumas das principais
bibliotecas universitárias, principalmente à caça de material nacional, que merece estar nos
esforços desenvolvidos ao conhecimento do tema e na discussão de nossa realidade. Depreendeu
-
se assim mais responsabilidade na análise do material coletado, na sua compreensão e
classificação, pois uma quantidade de bons artigos coletados é condição necessária, mas não
suficiente para um bom resultado. A análise cronológica dos artigos mostrou-se a mais adequada
por permitir a contextualização junto aos progressos técnicos vindos das diversas áreas de
conhecimento (estatística, econometria, computação, além do maior acesso a banco de dados e
aos avanços da telecomunicação). A segunda contribuição deste trabalho é a proposta de um
modelo de análise de determinantes das empresas abertas brasileiras. O uso conjunto das técnicas
fatorial, de equações estruturais e, principalmente, de painel apresenta alguma contribuição do
ponto de vista metodológico. Alia-se nesse procedimento multi-método uma parte quali
tativa,
que auxilia na interpretação dos resultados obtidos.
17
2.2.
PROBLEMA DE PESQUISA
Notadamente, o Brasil ostenta as taxas de juros mais elevadas do mundo vários anos. Como
entender o comportamento dos agentes tomadores de decisão nesse ambiente, em relação ao
financiamento das empresas?
Esse tema, talvez seja um dos mais estudados na área de finanças pela sua riqueza de alternativas
e expõe a lógica da escolha das fontes de financiamento como componente de estratégia de
gestão.
A grande diversidade da discussão deve-se à complexidade envolvida nos fatores determinantes
dessa escolha e sua dinâmica no tempo. Modigliani e Miller (1958) surpreenderam com um artigo
que demonstrava que, sob certas premissas simplificadoras, havia independência entre a ge
ração
de valor da empresa e o modo como ela se financiava. Se fossem considerados apenas os
resultados deste artigo em um mercado financeiro perfeito, não haveria discussão sobre
determinantes, pois esses seriam arbitrários. Em 1963, em outro artigo seminal, ambos
complementaram sua visão ao incorporar o aspecto de planejamento tributário nesse contexto, o
que gerou alterações substanciais na teoria e uma avalanche de estudos nessa área. As
imperfeições de mercado como custos de falência, assimetria de informações problemas de
agência foram sendo apresentadas, e com isto, a questão de como as empresas contraem dívidas
passa a poder ter direcionadores, ou determinantes para esse processo.
Do ponto de vista de inserção econômica, o problema situa-se no campo da teoria de decisão da
firma inserido na teoria de mercado. Nesse aspecto, o mercado brasileiro tem como característica
uma forte concentração de setores e empresas. A própria quantidade reduzida de empresas no
mercado acionário é o reflexo dessa concentração além de outros fatores como problemas de
regulamentação e de volatilidade.
18
Nesse contexto, as decisões dos gestores brasileiros estão em linha com as teorias de estrutura de
capital? Esses determinantes são similares aos levantados internacionalmente? Para responder a
essas indagações, foi formulado o problema de pesquisa, a seguir.
A estrutura de capital das empresas abertas brasileiras é determinada por variáveis teóricas das
finanças corporativas?
Complementarmente à questão dos determinantes, fica a questão da estabilidade dessas variáveis
no tempo. Por se tratar de tema bastante explorado academicamente e com o objetivo de não
tornar a leitura maçante, optou-se por não se disporem uma a uma as hipóteses de cada um dos
determinantes, mas aprese
ntá
-
las apenas no estudo do modelo quantitativo.
2.3.
JUSTIFICATIVA
No nível microeconômico de empresas, o estudo do financiamento de projetos é fundamental na
escolha ou rejeição de projetos e, conseqüentemente, na estratégia de geração de valor e
competitiv
idade por parte das empresas. De acordo com Sauvé e Scheuer (1999), o estudo das
empresas como tomadoras de recursos de forma agregada é um pré-requisito para a análise de
políticas monetárias eficientes. Segundo Hackbarth, Miao e Morellec (2005), condiçõe
s
macroeconômicas diferentes alterarão o vel de risco de crédito, o que traz possibilidades a
empresas adaptativas de se beneficiarem no ajuste de suas posições de endividamento. Dessa
forma, o estudo do comportamento das empresas como agentes microeconômicos e sua tomada
de decisão é fundamental para a geração de políticas econômicas eficientes no nível
macroeconômico e um elemento de competitividade de empresas no vel microeconômico. Por
essa razão, foram levantados artigos de
journals
americanos e de congressos brasileiros, mas
também estudos realizados em organismos privados de interesse na área, como bancos nacionais
19
ou de bancos de investimento, com bagagem econométrica e com implicações dos resultados em
políticas de crédito e de fomento.
Além
disso, boa parte dos estudos feitos na área até alguns anos atrás se baseou em uma visão
estática do processo, em uma análise de corte (cross section), mesmo que comparando períodos
diferentes. Umm vez que as técnicas estatísticas e econométricas foram se sofisticando e sendo
incorporadas a
softwares
de aplicação bastante poderosos, permitiu
-
se analisar a própria dinâmica
do processo e verificar sua validade no tempo.
2.4.
OBJETIVO GERAL
Determinar a relação entre a estrutura de capital das empresas e as var
iáveis financeiras clássicas.
2.5.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Apresentar as principais contribuições à teoria de estrutura de capital, de forma cronológica
destacando as técnicas econométricas utilizadas, as variáveis estudadas e as principais conclusões
apres
entadas.
-
Apresentar resultados usando a análise fatorial e o modelo de equações estruturais.
-
Analisar os determinantes da estrutura de capital usando a técnica de painel.
- Verificar a opinião de alguns executivos de direção de empresas brasileiras em relação aos
determinantes de estrutura de capital.
3.
A TEORIA DA ESTRUTURA DE CAPITAL
3.1.
ESTUDOS FUNDAMENTAIS
Segundo Berle e Means (1987), a concentração dos ativos de empresas não bancárias nos Estados
Unidos veio aumentando progressivamente, saindo de 40%, em 1929, para 49% em 1962,
20
enquanto a proporção de ativos em capital líquido aumentou de 44% para 58% no mesmo
período. A separação entre propriedade e controle permitiu que se gerasse participação acionária
de novos investidores e alternativamente a concessão de empréstimos às empresas, dando maior
acesso à liquidez, através do uso de instrumentos de captação e planejamento da estrutura de
capital. Ao invés de tradicionais modelos de crescimento de empresas, a partir do financiamento
próprio, compras estratégicas de empresas e participações tornaram-se alternativas mais rápidas e
eficientes de assegurar crescimento de mercado e de lucros. Essa alteração da visão estratégica
das empresas fez com alternativas a modelos de mercado, como monopólios e oligopólios, se
ampliassem. Esse fenômeno alterou uma série de princípios, como, por exemplo, a relação de
formação de preços e, conseqüentemente, a inflação e o nível de emprego geral.
Microeconomicamente, a decisão da estrutura de capital passou de coadjuvante financeiro para
elemento primordial da estratégia empresarial, com conseqüências macroeconômicas
fundamentais.
Os avanços acadêmicos nesse campo de estudo não mais pararam. Em 1958, surge o que Stiglitz
(1988) considera um dos pilares da teoria moderna de finanças: o artigo de Modigliani e Miller
(1958) sobre estrutura de capital. Trata-se de um artigo seminal no desenvolvimento e prática da
teoria econômica. Afinal, foi desse artigo que surgiu o famoso paradigma, de que, na ausência de
efeitos fiscais, a estrutura de capital não influenciaria na determinação do valor das empresas, no
equilíbrio, o que ficou cunhado como “a irrelevância da estrutura de capital para a decisão de
investimento”. Em oposição, dadas as premissas do modelo de Modigliani e Miller (1958),
ganhos de arbitragens têm sido possíveis, segundo Matos (2001), graças a mecanismos de
alavancagem de empresas sobrevalorizadas ou desalavancagem de empresas subvalorizadas.
O processo de concentração de mercado e de empresas, aliado à necessidade cada vez maior de
gerar resultados aos acionistas, impulsionou a competição comercial mundo afora. Nesse
21
contexto, a atração de investimentos e a questão de financiamento de recursos por parte das
empresas passaram a ser extremamente relevantes. É natural, portanto, supor, que existe um
processo formal de análise de decisão em relação às fontes de financiamento a serem usadas
pelos gestores da empresa. Surgem, então, dúvidas referentes à quais seriam as variáveis
envolvidas nesse processo decisório. Um processo decisório pressupõe uma lógica
comportamental dos agentes envolvidos em um paradigma social designado. A fundamentação
teórica da estrutura de capital parte do paradigma neoclássico do homo economicus, cujas
decisões utilizam a lógica formal de maximização de resultados (pessoais ou corporativos).
Passa
-
se, assim, pela maximização de resultados empresariais, incorporação de custos de agência,
assimetria de informações, efeitos de concentração de mercado e efeitos de controle corporativo.
As contribuições e contradições teóricas que surgem derivam dos pressupostos de
comportamento de decisão e do próprio paradigma neoclássico posto em questão.
Ao incorporar a noção de diferenciação da ação do ser humano em oposição à padronizada do
homo
-
economicus
, altera-se a lógica da tomada de decisão. O comportamento dos agentes
decisórios pode, então, obedecer a uma miríade de outras regras que não apenas à de
maximização de lucros do acionista ou de riqueza da empresa. Uma possibilidade passa a ser a de
obten
ção de recursos financeiros de modo hierárquico (
pecking
-
order).
Nessa situação, o gestor
optaria, primeiramente, por usar os recursos internos, presentes à mão e disponíveis, e somente
depois, os recursos externos.
Outra possibilidade é a de um comportamento oportunista diante da oscilação de mercado (
equity
market timing
). O gestor aproveita
-
se da diferença entre o valor de mercado com o valor contábil,
emitindo ações em momentos de alta exagerada e recomprando ações em momentos de baixa
acentuada. Pode-se pensar, também, em se atingirem outras metas que não necessariamente
financeiras, como, por exemplo, a maximização de vendas na busca por participação de mercado
22
(
market
-
share
). Alternativamente, pode-se pensar também em um modelo que conjugue
indicador
es financeiros e não financeiros do tipo Balanced Scorecard de Kaplan e Norton,
alterando
-se o foco de acionista (
shareholder)
para agentes interessados no desempenho da
empresa (
stakeholders
). Ou, ainda, outra possibilidade seria ao invés de se maximizar o resultado
(visão interna da empresa), buscar superar a média de mercado (visão externa competitiva),
apresentando, assim, um conceito comparativo (relativo) em oposição a um conceito absoluto.
A maior parte dos estudos mundiais sobre determinantes de estrutura de capital aborda
basicamente essas questões. De forma geral, as teorias podem ser resumidas no que ficou
comumente denominado
Trade
-
off
, Pecking Order e o Equity Market Timing ou Windows of
Opportunity
(Janela de Oportunidades)
.
Sinteticamente, a teoria do
Trade
-
off
está baseada nas economias fiscais relacionadas ao uso de
dívidas e aos custos de falência esperados, buscando minimizar o custo total da dívida. Quando se
analisam conjuntamente os custos de agência que decorrem do excesso de conservadorismo no
uso de dívidas, pode-se considerar uma teoria do
Trade
-
off
expandida, somando-se a esses os
custos de falência como custos de dificuldades financeiras. Nesse caso, ganham importância as
variáveis que expressam a utilidade das dívidas para fins d
e economia fiscal, bem como variáveis
que expressam a magnitude dos custos de dificuldades financeiras esperados, tais como liquidez
corrente, custos de falência esperados, volatilidade dos retornos operacionais e potêncial de
crescimento da empresa. O estudo da economia em seus aspectos dinâmicos trouxe à tona o
questionamento de resultados dos estudos que verificaram o aspecto estático do processo
decisório, em contraste a um modelo dinâmico e adaptativo. A teoria do
Trade
-
off
, por exemplo,
foi estudada em sua versão estática (corte) e dinâmica (longitudinal), alterando-se a técnica de
econometria.
23
Outra das teorias importantes é a teoria do Pecking Order (ordem de escolha). Segundo Myers
(1977), empresas que tivessem oportunidades de crescimento poderiam ainda assim investir sub-
ótimamente levando os credores a serem mais relutantes em emprestar por períodos longos.
Existiria dessa forma, segundo Myers e Majluf (1984), uma hierarquia na ordem de preferências
em relação à escolha de obtenção de recursos externos e internos. Uma vez que os
administradores da empresa o mais bem informados do que os investidores em relação às
tendências dos negócios da empresa (relação de assimetria de informação), a escolha inicial
recairia no uso de recursos internos. Nessa lógica, empresas que geram mais caixa operacional e
sejam mais rentáveis operacionalmente tenderiam a ser menos endividadas. Os gestores
prefeririam, portanto utilizar na ordem, recursos gerados internamente, captar recursos por meio
de novas dívidas e, em último lugar, captar recursos por meio do lançamento de novas ações.
Essa hierarquia de escolha se constitui na base da teoria do pecking order. A fundamentação
teórica reside no fato de os recursos gerados internamente não apresentarem custos de transação
além do problema de sinalização ao mercado. Ao se reconhecer que os administradores possuem
melhores informações em relação aos investidores do mercado, dada a assimetria de informações,
sempre que os primeiros anunciarem uma nova captação de recursos, tal anúncio sinalizaria aos
investidores alguma informação que eles desconhecem (signalling theory ou teoria da
sinalização). Assim, enquanto toda nova emissão de vidas sinalizaria uma informação positiva
ao mercado, toda nova emissão de ações tend
eria a ter conteúdo negativo.
A terceira das alternativas de explicação é a das janelas de oportunidade (
Windows of opportunity
também chamada de Equity Market Timing). De acordo com Huang e Ritter (2005), essa
alternativa de explicação propõe que executivos das corporações emitam ações baseando-se na
relação custos de emissão de ações e dívida, sendo a estrutura de capital a resultante da somatória
das decisões periódicas. Em outras palavras, empresas optariam por utilizar capital próprio
24
quando seu custo relativo for baixo em relação à captação de divida, o que ocorre em momentos
de alta valorização bursátil.
Este trabalho considera as teorias convencionais de estrutura de capital, além das recentes
contribuições teóricas advindas de técnicas econométricas mais robustas, nos ambientes globais
diversos. Uma vez que nenhum dos modelos teóricos se mostrou generalista o suficiente para ser
identificado como superior aos outros, não opção por se testar um ou outro, mas sim analisar
as hipóteses de determina
ntes subjacentes a essas. Procura
-
se evitar um viés que poderia conduzir
a problema de especificação incorreta do modelo. Não será objeto desse trabalho, testar a teoria
da janela de oportunidade por se tratar de técnica de estudo de eventos, diferente das técnicas de
regressão usadas para a análise. No entanto, os elementos teóricos e as conclusões de alguns
estudos usados na bibliografia compõem o corpo analítico deste trabalho. A contextualização do
problema será discutida a seguir.
A preocupação de economistas com o comportamento de agentes a nível microeconômico e suas
conseqüências macroeconômicas, levou os pesquisadores a procurar entender as motivações dos
gestores das empresas. A dinâmica macroeconômica alterou-se segundo Berle e Means (1987), a
partir da distinção entre estrutura de propriedade e poder de gestão, que se deu através da
formalização de contrato entre partes. A figura 1 abaixo procura relacionar a decisão de
investimento com o período econômico que se encontrava, com a preocupação
econômica
daquele momento (fase), com o paradigma reinante (visão empresarial) e com o problema
econômico condutor da decisão do ponto de vista estratégico. Esta figura procura integrar a
decisão financeira ao seu momento histórico
-
cultural, pois estas dec
isões não são estanques.
25
Figura
1 –
Abordagens teóricas de determinantes de capital sob a ótica histórica
Fonte: o autor
Legenda:
VC: Venture Capital; PE: Private equity; IPO: Initial Public Offering
;
CEO:
C
hief Executive Officer; Black Box
: Caixa Preta
Período
Fase Econômica
Visão
Problema
Decisões de Investimento
Empresarial
Econômico
Industrial
inicial
oferta de bens
Empresas
"
Black box
"
Atender a demanda
crescente
Massificação da
produção
Crise da
Bolsa de
Nova York
Separação entre
Propriedade e
Gestão
Conselho de
Administração e
CEO
Escassez de
Recursos
Financeiros
Crise de Demanda
Controles e
Planejamento
Pós guerra
Recuperação
econômica
Novos produtos
Horizontalização de
empresas
Diversificação d
a
produção
Carteira
diversificada na
empresa
Anos 60
Crescimento
Econômico
Novos produtos
e novos
mercados
Verticalização de
empresas
Diversificação é
do investidor
Tecnologia e
marcas
Anos 70
Aberturas em Bolsa
Segmentação
d
o Consumidor
Integração
Fusões e
aquisições
Gestão de Carteiras
Uso de
Derivativos
Pulverização de
Investidores
Anos 80
Transnacionalização
acelerada
Fusões,
aquisições,
spin
-
offs
Internacionalização
Uso de
Derivativos
Megaempresas
IPO
´s
Pulverização de
Investidores
Anos 90
Internacionalização
de Investimentos
Disseminação
de
VC
´s e
PE
´s
Internacionalização
IPO
´s e
incorporações
globais
Fundos de
Investimento
Anos 2000
Crises e
preocupações de
sustentabili
dade
Reorganização
Empresarial
Controles Sarbannes
-
Oxley
VC
/
PE
internos
(visão
estratégica)
Governança
Responsabilidade
Social
Stakeholders
Alavancagem para atender à
demanda=>Maximização por volume
Endividamento à luz de custos de ca
pital
mais caros e escassos => Visão de lucros a
partir da decisão marginal de investimentos
Modelos CAPM, Black & Scholes. Alavancagem
através da otimização=> Hierarquia de escolha
de passivos por custo marginal menor
Efeito da alavancagem no Va
lor de Empresa
(Durand, M&M) e Efeitos Fiscais
Disseminação Modelos CAPM, Black & Scholes
e Teoria de agências
Assimetria de Informações e
sinalização.Teoria de
Pecking
-
order
=>
Escolha de recursos financeiros por ordem de
liquidez e facilidad
e de obtenção
Teoria da "Janela da Oportunidade" e
Finanças Comportamentais=> Identificação
de oportunidade de negócio a preço inferior
ao valor e captura do ganho pela adquirente
Captação de recursos e Monitoramento
individualizado (
Business pl
an
) =>
Maximização por projeto para maximizar o
todo
26
Nesse novo cenário, foi fundamental a análise da motivação dos gestores para seu
comportamento. O conceito inicial parte da linha econômica neoclássica de geração de valor,
levando os pesquisadores da época a focarem a maximização de valor da empresa. Um dos
fatores fundamentais no cálculo de valor está ligado à taxa de desconto do fluxo gerado pela
empresa, não importando se calculado a partir do custo médio de capital, do valor requerido pelo
acioni
sta calculado pelo modelo CAPM de Sharpe-
Lintner
-Mossin, ou, ainda, através do modelo
de opções. Os três modelos partilham de parâmetros como taxas de juros, tempo ou maturidade e
risco para serem calculados. E, por isso, a estrutura de capital passa a ser relevante, pois é parte
fundamental dessa equação. Segue, no quadro 1, o sumário das contribuições sobre estrutura de
capital, destacando-se o paradigma teórico e suas contribuições. No decorrer do trabalho, será
possível definir as variáveis escolhidas n
o modelo estudado e sua justificativa teórica.
Quadro
1 –
Sumário das grandes contribuições teóricas na teoria de estrutura de capital
-
continua
Autores e
ano
Paradigma
Contribuição
teórica
Síntese teórica
Modigliani
e Miller
(1958)
Neoclássico
Otimização da
utilidade (sob a
ótica da empresa)
Formulação da
equação de valor
da empresa
O valor mercado de qualquer empresa é independente de
sua estrutura de capital e é obtido pela capitalização de seu
retorno esperado na taxa
k
aprop
riada à sua classe.
Modigliani
e Miller
(1963)
Neoclássico
Otimização da
utilidade (sob a
ótica da empresa)
Flexibilização de
premissas, com
incorporação de
considerações de
benefícios fiscais
O valor da empresa em condições de alavancagem
financeira é au
mentado pelo produto da taxa de imposto e o
valor da dívida.
Jensen e
Meckling
(1976)
Neoclássico
Otimização da
utilidade (sob a
ótica do gestor)
Agency theory
ou
Teoria de
agência. Inclusão
de variáveis
comportamentais
dos agentes
tomadores de
decisão na
teoria.
O modelo de decisão de Jensen e Meckling (1976) agrupa o
custo de agência da empresa, o comportamento gerencial e
a estrutura de propriedade na teoria da firma.
A empresa é uma ficção legal que serve apenas como um
nexo de contratos entre gerentes
, acionistas,fornecedores,
consumidores e outras partes, que agem qual no seu
interesse próprio.
A Governança é o conjunto de mecanismos institucionais e
de mercado que induzem os Controladores a tomar
decisões que maximizem o valor.
Os mecanismos são divi
didos entre internos (conselho de
administração e estrutura patrimonial da empresa) e
externos (mercado de aquisições e sistema legal).
27
Quadro 1
Sumário das grandes contribuições teóricas na teoria de estrutura de capital
-
continuação
Autores e
ano
Paradigma
Contribuição
teórica
Síntese teórica
Modigliani
e Miller
(1963) +
Jensen e
Meckling
(1976)
Neoclássico
Otimização da
utilidade (sob a
ótica do gestor)
Teoria do
Trade
-
off
Otimização do
resultado, através
do uso de dívidas +
teoria de agência
Ex
iste a busca pela otimização do resultado, através da
minimização de custos, considerando
-
se os efeitos de custo de
falência e risco de dívida.
Busca
-
se em primeiro a fonte mais barata em sua máxima
proporção aumentando marginalmente as outras, até que o
c
usto marginal de captação de fundos ultrapasse o ganho
marginal gerado.
Leland e
Pyle(1977)
Neoclássico
Otimização da
utilidade (sob a
ótica do gestor)
Teoria da
sinalização
Incorporação de
efeitos no mercado.
O fato de o empreendedor ter conhecimento di
ferenciado
superior (assimétrico) da situação da empresa permite que ele
considere a porção que ele deseja reter de capital próprio e de
terceiros em proporção tal que maximize sua utilidade própria.
Esta proporção é interpretada pelo mercado, como
sinaliz
adora do futuro dos investimentos da empresa.
A emissão de novas dívidas sinalizaria informação positiva
sobre a empresa, ao passo que a emissão de novas ações ao
contrário, sinalizaria uma informação negativa, devido à
assimetria de informação do gestor e
m relação ao investidor.
Myers e
Majluf
(1984)
Neoclássico
Otimização da
utilidade (sob a
ótica do gestor)
Teoria do
Pecking
order
Incorporação da
assimetria de
informação no
modelo de decisão
de endividamento.
As empresas optam por recursos de forma hie
rárquica,
escolhendo primeiro as fontes internas, a seguir as externas de
maior facilidade e menor custo, para depois escolherem as
externas de maior dificuldade e custo (ações).
O fundamento se deve ao fato dos recursos gerados
internamente não terem cust
os de transação, além da
sinalização ao mercado.
Marsh
(1982)
Neoclássico
(otimização na
ótica do acionista
corrente)
Market timing
ou
windows of
opportunity
Incoporação dos
comportamentos de
gestores reagindo à
relação entre o
valor de mercado
valor
patr
imonial
das empresas.
A decisão da estrutura de capital da empresa segue as
condições de mercado, de forma oportunista.
Em momento de alta proporção entre o valor de mercado e
valor patrimonial contábil, emitem
-
se mais ações, enquanto
que em momento de bai
xa relação entre valor de mercado e
valor patrimonial, recompram
-
se ações.
A composição da estrutura de capital é a conseqüência
acumulada destas tomadas de decisão periódicas.
Brander e
Lewis
(1986)
Neoclássico
(otimização na
ótica de mercado
agregado)
O
rganização
Industrial
A decisão da estrutura de capital difere de acordo com o tipo
de mercado em que a empresa opere. Decisões de
endividamento dependem da estrutura concorrêncial e do grau
de monopólio de mercado em que a empresa está inserida.
Harris e
Raviv
(1988) e
Stulz
(1988)
Neoclássico
(otimização na
ótica do acionista
corrente)
Participação e
Controle
A decisão da estrutura de capital está sujeita à composição
acionária dos controladores. Existem diferenças na estrutura
de capital oriundas do tip
o de controle exercido, superando
motivações de maximização.
Rajan e
Zingales
(1995)
Neoclássico
(otimização na
ótica do acionista
corrente)
Internacionalização
do conceito
A decisão de estrutura de capital é similar internacionalmente.
Zwiebel
(1996)
Ne
oclássico
(otimização na
ótica do gestor)
Entrincheiramento
gerencial
A decisão de estrutura de capital é adaptativa aos movimentos
dos acionistas, gerando adequações por parte dos gestores às
novas restrições impostas pelos acionistas.
Fonte: o autor
28
3.1.1.
Es
trutura de capital antes de Modigliani e Miller
Durand (1952) escreve seu artigo procurando analisar a alegada falta de recursos destinados ao
capital próprio, enquanto as empresas estavam se financiando através de caixa retido e
empréstimos. O artigo ba
seou
-
se nas grandes perguntas teóricas sobre estrutura de capital. Como
os custos de financiamento por ações se comparam com custos de empréstimos ou de retenções,
em que momento, se de fato isso ocorre, os custos de financiamento desencorajam expansão de
negócios, e quando a estrutura de impostos possui qualquer efeito nos custos de financiamento?
O ponto de partida da discussão de Durand é o questionamento do princípio de que o gestor
buscaria apenas maximização de ganhos pecuniários em detrimento dos motivos não pecuniários.
O raciocínio de maximização do fluxo de caixa descontado dos ganhos futuros em oposição à
maximização dos ganhos, como princípio de tomada de decisão. Dessa forma, justifica que o
crescimento da empresa continuará até que a taxa marginal de retorno de capital se iguale à taxa
de juros.
A seguir, Durand (1952) elabora um raciocínio a partir do custo de oportunidade de uma
empresa, como mínimo requerido para novos investimentos. Há uma revisão de conceito na curva
de juros para curva de juros marginal, que passa a ser inclinada para cima a partir de certo
momento, refletindo o conceito de risco adicional refletido por novos empréstimos. Ao usar o
conceito desenvolvido acima, de fluxo descontado, com o de taxas de juros crescentes, encontra-
se o retorno total capitalizado da empresa.
Dessa forma, o problema de maximização de retorno pode ser descrito matematicamente pela
equação 1:
Equação
1:
dX
dC
RR
VI
em que:
29
RR = Taxa
de retorno exigida;
I = taxa marginal de juros;
V= valor do investimento;
e
dX
dC
= taxa de variação do percentual de capitalização conforme o índice de endividamento se
altera.
Desde esse estudo de 1952, Durand expõe os efeitos da taxas de juros na tomada de decisão de
financiamento e investimento, que serão incorporados no novo artigo de Modigliani e Miller
(1963). ”Uma vez que taxas de juros são despesas dedutíveis, a empresa pode obter certas
vantagens fiscais através de financiamen
to de dívida.”
3.1.2. O artigo seminal de Modigliani e Miller (1958)
Em seu artigo, Modigliani e Miller (1958) propõem conceitos relativos à incerteza dos fluxos
para classificar empresas em classes de riscos equivalentes. De acordo com sua primeira
proposição
, o valor da empresa não é afetado por sua estrutura de capital
, ou seja, nas palavras de
Modigliani e Miller (1958): “o valor mercado de qualquer empresa é independente de sua
estrutura de capital e é obtido pela capitalização de seu retorno esperado na taxa
k
apropriada à
sua classe”. Sendo assim, o custo de capital é determinado somente pela categoria de risco da
empresa e a natureza de suas operações. O endividamento não tem efeito no seu valor de
mercado.
Simbolicamente têm
-
se as equações 2 e 3:
Equa
ção
2
:
lu
VV
30
E para uma empresa sem crescimento não alavancada, sem investimentos ou impostos:
Equação
3
:
A
u
r
NOI
V
em que: NOI= fluxo de caixa perpétuo para proprietários (net operating income ou resultado
operacional líquido), nesse caso, dividendos e r
A
= taxa apropriada de descontos para a classe de
risco da empresa.
A conseqüência natural da primeira proposição
é que, desconsiderando efeitos de taxação, o custo
médio ponderado de capital (CMPC), mais conhecido como WACC, (Weighted Average Cost of
Capital
em inglês), não se altera com a alavancagem. Qualquer esforço para baixar o WACC,
através da inserção de dívidas, seria anulado na mesma proporção pelo aumento de risco gerado
por ele.
Sem taxas, o WACC pode ser descrito pela equação 4:
Equação
4:
EDA
r
E+D
E
r
E+D
D
r =
WACC
em que: D = Valor da Dívida
;
E = Valor do capital próprio;
r
D
= Custo da Dívida;
r
E
= Custo do capital próprio e
V = Valor Total (V = D+E).
Ao combinar a expressão acima e o valor da empresa, obtém
-
se a equação 5:
Equação
5:
E
V
r
V
D
rr
DE A
31
O custo do capital próprio é composto de dois componentes de risco naturalmente inerentes ao
negócio, r
A
X (V/E), e o risco adicionado pelo financiamento da dívida (risco financeiro), r
D
X
(D/E).
A figura 2 abaixo apresenta o comportamento do custo do capital próprio, da dívida e do custo
médio ponderado de capital nas empresas.
Figura
2 -
Abordagem Tradicional de Estrutura de Capital
Fonte: Shapiro e Balbirer: Modern Corporate Fin
ance: A Multidisciplinary Approach to Value Creation
,
cap
.
14.
3.1.3.
Primeiras reações na acadêmia
O artigo de Modigliani e Miller (1958) causou grande repercussão no meio acadêmico da época.
Durand (1959), entretanto recolocou algumas questões em discussão.
A crítica básica em relação ao mecanismo de arbitragem descrito por M&M na primeira
proposição por parte dos investidores foi incorporada nos estudos modernos de finanças.
Capital de
Terceiros
/
Patrimônio
Total
Retorno requerido
k
e
=
Custo
de
Patrimônio
Lí
quido
vel
ó
timo
de
endividamento
k
0
=
Custo
dio
Ponderado
de Capital
k
d
=
Custo
de
vida
32
Abaixo segue o paradoxo descrito por Durand:
“Enquanto alguns de nós que duvidam da existência de equilíbrio aconselham os
gerentes corporativos para permanecerem alertas explorando cada oportunidade para
reduzir seus custos de capital através um ajustamento da estrutura de capital, estaremos
ajudando o equilíbrio de M&M; enquanto isto, M&M ao garantir que tais oportunidades
não aparecem, estão sabotando seus próprios objetivos”. (DURAND, 1959)
Durand afirma, também, que em uma economia em expansão, na qual os preços de ações
desviam
-
se do valor contábil, a interação entre a taxa de cre
scimento e a razão entre preço e valor
contábil é um fator dinâmico importante em relação aos valores das securities e de seu custo de
capital. No levantamento das dificuldades empíricas do estudo de estrutura de capital, Durand
levanta a grande dificuldade em se trabalhar com amostras razoavelmente homogêneas em
diversos aspectos, e ainda que demonstrem alguma variação entre taxa de crescimento, estrutura
de capital e o fato de levantar essas diferenças. Modigliani e Miller (1959) responderam às
reações ao
seu artigo, concentrando
-
se basicamente em Durand, a partir do novo paradigma:
“... porque os prêmios temporários, derivados dos processos de ajustamento ao equilíbrio
toma tempo em mercados não perfeitos, e são de origem completamente diferente dos
prêmi
os permanentes sobre estruturas mistas ante puras, de capital próprio, que são
presumíveis que surjam, no ponto de vista tradicional, do fato do dinheiro de dívida
sempre ser “mais barato” do que o de capital próprio”.
(MODIGLIANI e MILLER, 1959)
3.1.4. A incorp
oração do planejamento tributário
-
Modigliani e Miller (1963)
A segunda proposição de Modigliani e Miller (1963) trabalha com a relação entre custo do capital
próprio e fatores dependentes. Da mesma forma que no artigo de 1958, o custo do capital própr
io
pode ser decomposto em duas partes, o risco inerente ao negócio r
U
=r
A
, e o risco adicionado pelo
financiamento de dívida [r
A
r
D
](1
T)(D/E), ajustado, dessa vez, para seu valor após efeito dos
33
impostos. Os autores afirmam que conforme a alavancagem aumenta o custo do capital próprio
deve crescer baseado em risco financeiro, o que é alterado na presença de impostos.
Pode-
se escrever, na equação 6:
Equação
6:
T(D/E))
1
)(
r-r(r
DAE
De acordo com Modigliani e Miller (1963), a incorporação dos efeitos de impostos levou à
alteração das suas conclusões. A dedutibilidade do imposto referente ao pagamento de juros leva
à conclusão de que a estrutura ótima de capital seria composta de 100% de dívida, conforme
figura
3 abaixo.
Figura
3 -
A segunda proposição de Modigliani e Miller
Representação Gráfica
Fonte: Shapiro e Balbirer:
Modern Corporate Finance: A Multidisciplinary Approach to Value Cr
eation
,
cap
.
14.
Simbolicamente, na equação 7:
Equação
7:
TD
VV
UL
Endividamento
Taxa Requerida de retorno
Custo Mé
dio
Ponderado
de Capital
Custo
de
Patrimônio
Lí
quido
Custo
de
vida
34
em que: T é a taxa de impostos da empresa e D é o valor de Mercado da dívida corporativa, ou
seja, o valor da empresa em condições de alavancagem financeira é aumentado pelo produto da
taxa de imposto e o valor da dívida, conforme a figura 4 abaixo.
Figura
4 -
Valor da Empresa alavancada: Modigliani e Miller com impostos
Fonte: Damo
daran, Aswath. Finanças Corporativas cap 18.
Devido ao efeito multiplicador dessa taxa, a empresa deveria adquirir dívida até completar todas
suas fontes de capital. Isso não ocorre na prática, pois não foram considerados nas premissas os
custos de dificuldades financeiras, que limitam o nível de endividamento ao nível ótimo,
conforme figura 5 abaixo.
Figura
5 –
Relação entre valor da empresa e nível de endividamento
Fonte: Shapiro e Balbirer:
Mo
dern Corporate Finance: A Multidisciplinary Approach to Value Creation
,
cap
.
14.
Legenda: Vp: Valor presente
Valor de mercado da empresa
vel
ó
timo
de
endividamento
Valor
da
empresa
com
endividamento
de
terceiros
Endividamento
Valor
da
empresa
apenas
com
endividamento
pr
ó
prio
VP dos
custos
de
dificuldades
financeiras
VP do
benef
í
cio
fiscal
Endividamento
V
L
= Valor
Alavancado
V
u
= Valor
Desalanvacado
TD =
Benef
í
cio
Fiscal
obtido
por
Alavancagem com
Capital de
Terceiros
Valor da empresa (V %)
35
3.2. A INCORPORAÇÃO DE ELEMENTOS COMPORTAMENTAIS
3.2.1.
Os custos de agência e a teoria do Trade
-
off
-
Jensen e Meckling (1976)
Antes de 1976, a firma era vista como uma caixa preta (black box) que processava insumos para
gerar produção e que respondia racionalmente a incentivos econômicos nos quais os gerentes
agiriam sempre com os melhores interesses dos acionistas. O modelo da teoria da firma de Jensen
e
Meckling (1976) incorpora fatores humanos comportamentais em um modelo de decisão,
agrupando custo de agência da empresa, comportamento gerencial e estrutura de propriedade. A
empresa nada mais é do que uma ficção legal que serve apenas como um nexo de contratos entre
gerentes, acionistas, fornecedores, consumidores e outras partes, que agem cada qual no seu
interesse próprio. Para seu gerenciamento estabelece-se a governança corporativa, que, de acordo
com o IBGC (2006) define como “o sistema pelo qual são
dirigidas e monitoradas, envolvendo os
relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria
independente e conselho fiscal. A boa prática de governança corporativa tem a finalidade de
aumentar o valor da sociedade, fa
cilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua perenidade.”.
Os mecanismos de governança podem ser divididos entre internos (conselho de administração e
estrutura patrimonial da empresa) e externos (mercado de aquisições e sistema legal).
O conselho de administração nos Estados Unidos tem por função principal contratar, demitir,
monitorar e compensar os gestores. Sua eficácia é discutível uma vez que incorpora os próprios
insiders
que supõe monitorar, sendo em geral, o Chief Executive Officer (
CEO)
o próprio
presidente desse Conselho. O mecanismo interno de controle dá-se a partir da separação entre
propriedade e controle, em que há uma constante disputa entre redução de conflitos de interesse e
efeitos de entrincheiramentos. Detentores de blocos de ações participam ativamente do controle,
36
o que pode gerar benefícios superiores aos dos minoritários, cuja atividade é dispendiosa e
desarticulada e não necessariamente maximizadora de resultados.
Um mecanismo externo regulador da eficiência da gestão dá-
se através de aquisições e fusões. Se
a diferença entre o valor de mercado e seu potencial for suficientemente ampla, pode ocorrer a
aquisição externa da empresa que funciona como regulação ao poder do presidente atual e de sua
diretoria. Se em parte é uma solução ao problema de agência, também representa seu lado
sombrio, na qual gestores fariam aquisições superavaliadas visando ampliar seus impérios ao
invés de maximizar o retorno de caixa aos investidores.
Por fim, o sistema legal em que se encontra a empresa, com leis de proteção ao investidor, se
apresenta como um indicador da governança corporativa dos países.
Então, uma relação de agência é um contrato pelo qual uma ou mais pessoas realizam o serviço
em nome das primeiras através da delegação de poder de decisão ao agente. Caso os dois sejam
maximizadores de utilidade, fortes razões para crer que o agente não atuará sempre no melhor
interesse dos proprietários. Ao custo zero, é praticamente impossível assegurar decisões ótimas
do agente. Os custos de agência são dados pela soma de gasto do monitoramento de despesas,
garantias contratuais, auditoria, malversação, limitações de poder (bonding costs) do agente e a
perda residual (redução da riqueza devido à escolha de uma opção não maximizadora de riq
ueza).
Um proprietário que detenha 100% das ações da empresa tomará decisões que maximizem sua
utilidade. Proprietários com participação parcial agirão até o ponto em que utilidade marginal de
sua decisão iguale a sua participação, antecipado na precificaç
ão da empresa.
Jensen e Meckling (1976) construíram um modelo para explicar a tomada de decisão
maximizadora de valor, à luz do comportamento diferenciado dos administradores.
A incorporação do conceito de custos de agência na relação entre acionistas e a
dministradores
altera o custo de financiamento, conforme representado na figura 6 a seguir.
37
Figura
6 –
Endividamento de empresas considerando benefícios fiscais e custos de agência
Fonte: Shapiro e Balbirer: Modern Corpora
te Finance: A Multidisciplinary Approach to Value Creation cap
.
14.
3.2.2.
A assimetria de informação e a teoria do pecking order
-
Myers e Majluf (1984)
Leland e Pyle (1977) têm como ponto de partida as curvas de utilidade e riqueza para demonstrar
que a decisão de investimento por parte do empreendedor, permite ao mercado exterior uma
análise da situação interna dos projetos. Em outras palavras, o fato de o empreendedor ter
conhecimento diferenciado superior (assimétrico), permite que ele considere a porção que deseja
reter de capital próprio e de terceiros em proporção tal que maximize sua utilidade própria. Essa
proporção é interpretada pelo mercado, gerando uma sinalização sobre o futuro dos investimentos
da empresa, e, por conseguinte, uma relação com a ger
ação futura de resultados.
Foi a partir dessa assimetria de informação,
considerando
que os administradores da empresa são
mais bem informados do que os investidores em relação às tendências dos negócios da empresa,
que foi desenvolvida no campo da estrutura de capital por Myers e Majluf (1984) a teoria
denominada de
pecking
order
.
Myers (1984) resume a teoria do
pecking order
da seguinte maneira:
1)
Empresas priorizam financiamento interno.
Custode Capital (%)
Endividamento
Custo
do Capital
Pr
ó
prio
Custo
Médio
Ponderado
de capital
Custo
do
Endividamento
Com
Dívida e
Benef
í
cio
Fiscal
Ponto
ó
timo
38
2)
Empresas adaptam suas taxas de pagamentos de dividendos a oportunidades de
investimentos, apesar da pouca elasticidade dos mesmos.
3)
Políticas de dividendos rígidas e flutuações não previsíveis na lucratividade indicam
que o fluxo de caixa pode ser maior ou menor do que as necessidades, e é ajustado
pela estrutura de capital
.
4)
Em caso de necessidade de financiamento externo, as empresas emitem segundo um
critério de segurança, hierarquizando dívida, híbridos como dívidas conversíveis, e
por último, ações, caso ainda seja necessário.
Essa ordem de preferência está fundamentada no fato de que recursos gerados internamente não
têm custos de transação e que a emissão de novas dívidas tende a sinalizar uma informação
positiva sobre a empresa, enquanto a emissão de novas ações tende, ao contrário, a sinalizar uma
informação negativa. Por definição, os administradores possuem melhores informações do que os
investidores do mercado e, então, ao anunciarem uma nova captação de recursos, tal anúncio
sinalizará aos investidores alguma informação que eles não possuem. Dessa forma, o mercado
reagirá ao anúncio da captação comprando ou vendendo ações, o que alterará conseqüentemente
seu preço de mercado.
Sunder e Myers (1994) definem o
pecking order
na equação 8 abaixo:
Equação
8: D
it
= a + b DEF
it
+ e
it
em que
D
EF
it
[DIV
t
+ X
t
+
W
t
+ R
t
-C
t
];
C
t
= Fluxo de caixa operacional, depois de impostos e juros;
DIV
t
= Pagamento de Dividendos;
X
t
= Gastos de Capital;
W
t
= Aumento liquido de capital de giro;
R
t
= Parcela corrente de dívida de longo prazo no início do pe
ríodo;
39
D
t
= Divida de longo prazo;
A
t
= Ativos circulantes líquidos, incluindo capital de giro líquido e
D
t
= D
t
/A
t
, ou seja, o índice de endividamento.
3.2.3. O
Equity Market Timing
( janela de oportunidade)
De acordo com Baker e Wurgler (2002), o conceito de
Eq
uity Market Timing refere-se à prática
de emitir ações quando as cotações estão consideradas de alto preço e recomprá-las quando
estiverem com baixo preço. Esse conceito pressupõe que os acionistas correntes se beneficiem
em relação aos novos e aos que saem, usando da prerrogativa que mercados são ineficientes ou
segmentados. Baker e Wurgler (2002) citam 4 razões básicas pelas quais se deve considerar o
market timing
como estratégia real dos executivos financeiros:
1. Empresas tendem a emitir ações ao invés de dívida quando o valor de mercado apresenta-
se alto em relação ao valor patrimonial contábil;
2. Empresas emitem ações quando seu custo está relativamente baixo e, analogamente,
recompram ações quando o custo está relativamente alto;
3.
Existe emissão de ações e
m momentos de euforia dos acionistas em relação a resultados;
4.
Quando perguntados anonimamente, administradores admitiram seguir o
market timing.
Baker e Wurgler (2002) consideram que a teoria de
Trade
-
off
prediz flutuações temporárias e o
pecking order explica relações com padrões passados de longo prazo. O entrincheiramento de
Zwiebel (1996) explicaria comportamentos fortuitos de gerentes em situações específicas de
mercado em alta, fazendo com que o market timing simplesmente resulte da sucessão de evento
s
acumulativos, das 4 situações supracitadas. Recuperando um pouco da história dos estudos que
incluíram as variáveis de mercado, chega
-
se ao início da década de 1980.
40
Marsh (1982), em seu estudo empírico sobre estrutura de capital, usando 748 companhias
britânicas entre 1959 e 1970, usando modelos de logit e probit, concluiu, na ordem de
importância, que: 1) as empresas estão submetidas às condições de mercado (market timing) e à
história recente do preço das ações; 2) elas utilizam um mecanismo de
Trade
-o
ff
e 3) existe
relação com tamanho,risco de falência e composição de ativos.
Jalilvand e Harris (1984) utilizaram dados de 108 empresas manufatureiras americanas entre
1963-1978, usando OLS (ordinary least square regression) e SUR (seemingly unrelated
regr
ession estimates) e concluíram, da mesma forma que Marsh (1982), que as empresas: 1)
aproximam
-
se do comportamento de
market timing
; 2) buscam ajustamento para um alvo (
target
)
e 3) variáveis como tamanho e taxa de juros influenciam essa dinâmica. Está implícita, neste
trabalho, a existência de imperfeições de mercado na busca desse alvo.
Myers (1984) analisa, teoricamente, o
static tradeoff
e o
pecking order
. Em sua opinião, dado que
o R
2
da regressão é muito baixo, o static tradeoff explica muito pouco da relação de
alavancagem. o pecking order modificado (com assimetria de informação e com custos de
falência) apresenta-se como razoável, se considerados elementos como política de dividendos
rígida e flexibilidade financeira como elemento de estratégia. Segundo o autor a visão dinâmica
permanecia como inexplorada.
Brander e Lewis (1986) acrescentam aos estudos teóricos de estrutura de capital o aspecto de
forma de mercados em que operam. Duas grandes contribuições podem ser exploradas. A noção
de expropriação entre detentores de dívida e de ações se apresenta, de forma implícita. E,
também, a relativização da alteração de estrutura de capital segundo o tipo de mercado que
operam. Estratégias de estrutura de capital de empresas que operem em condição de mo
nopólio
diferem das que operem em oligopólios ou em mercados perfeitos. Enquanto empresas em
41
monopólio ou mercados perfeitos buscariam estruturas de custo como solução maximizadora, não
usando dívida, não seria esse o caso em oligopólio.
Barton e Gordon (1988) utilizam a classificação de diversificação de Rumelt em um período
entre 1970-1974, para 279 empresas norte-americanas em uma regressão múltipla. A principal
contribuição o uso de variáveis estratégicas de diversificação para a análise da alavancagem
financeira. As variáveis estratégicas “singularidade”, “dominância”, “relacionada” e “não
relacionada” além da variável financeira “crescimento” aparecem todas como positivamente
relacionadas com a alavancagem. as variáveis financeiras “tamanho, lucratividade, intensidade
de capital e risco de lucro” aparecem inversamente relacionadas com o endividamento.
Brounen, Jong e Koedij (2004) realizaram uma pesquisa junto a 6.500 empresas, coletando 313
respostas de responsáveis financeiros de empresas européias, nos temas de orçamento de capital,
custo de capital, estrutura de capital e governança corporativa. No que se refere à estrutura de
capital, mediram a relevância das duas principais teorias, a teoria de
Trade
-
off
estática e a de
pecking order. Em termos de comparabilidade de níveis de endividamento, as amostras se
mostraram comparáveis a estudos americanos, com exceção das empresas francesas amostradas.
Enquanto nos Estados Unidos 83,2% das firmas apresentaram uma estrutura meta, na Holanda e
Alemanha fo
ram 75% e 71,2%, respectivamente. Apenas no Reino Unido com 60,3% e na França
com 42,6% os números foram inferiores (observação: os números apresentados por eles na tabela
do artigo mostram apenas 11,76% para a França, enquanto o texto reporta 42,6%). No q
uesito
tipo de meta, a resposta usual foi meta de estrutura de capital flexível, seguida por “algo estrita” e
estrita. Na pesquisa perguntaram quais os fatores determinantes de capital julgados como mais
importantes. Flexibilidade financeira surgiu em primeiro lugar, nos cinco países, o que foi
interpretado por eles como evidências a favor do modelo de pecking order de Myers e Majluf
(1984), de preferência a recursos internos sobre os externos e de dívida sobre capital próprio. As
42
vantagens tributárias aparecem como quarto lugar, depois de veis de crédito (credit rating), e
volatilidade de lucro. Efeitos de falência aparecem menos, com apenas 7,1% na Alemanha e
30,2% no Reino Unido. A relação positiva entre a volatilidade de lucros e a probabilidade de
falência com os custos esperados, aparece mais na Alemanha e no Reino Unido, e menos na
Holanda e França. A flexibilidade foi apontada significativamente e mais importante em
empresas com metas de alavancagem, o que, segundo os autores, sugere que ambas as teorias se
complementam na explicação. Na seqüência, os autores examinam a relação entre assimetria de
informação e desejo de flexibilidade. Esse tipo de análise se dá pelo uso de
proxies
como
tamanho e distribuição de dividendos. Empresas maiores e pagadoras de dividendos dariam
menor peso para flexibilidade (GRAHAM e HARVEY (2001) apud BROUNEN, JONG e
KOEDIJ (2004)). Entretanto, os autores verificaram o inverso. Além da constatação de que
empresas públicas davam mais importância à flexibilidade do que as privadas, interpretado como
maior nível de problemas de informação. Assim, existe um comportamento de desejo de
flexibilidade que corrobora a pecking order, mas esse não estaria ligado à assimetria de
informação. A seguir, os autores examinaram os fatores que motivam as empresas a estabelecer
estruturas metas, em uma visão de
Trade
-
off
estático. Incluindo características das empresas,
alavancagem, tamanho e distribuição de dividendos têm um impacto positivo com a
probabilidade de mirar um objetivo. Planejamento fiscal teve baixo escore, com o máximo de
21,1% na Alemanha. Custos de falência foram menos relevantes na Alemanha, por sua vez. Uma
comparação entre as variáveis de países e características das empresas demonstra que sim, países
contam, mas apenas
parcialmente, a partir da relevância do R
2
.
Segundo Titman e Wessels (1988), os atributos que podem afetar a escolha da estrutura de capital
são: a estrutura de ativos, non-tax debt shields (literalmente, escudos de taxas não ligados a
divida), crescimento, singularidade, classificação industrial, tamanho, volatilidade de lucros e
43
rentabilidade. Do ponto de vista de mensuração de estrutura de capital, os autores apresentam
seis medidas diferentes. São elas: divida de longo prazo, de curto prazo e conversível sobre valor
de mercado e sobre valor contábil. Através de um modelo de equação estrutural e usando o
Lisrel, os autores determinaram que singularidade é um determinante negativamente
correlacionado com alavancagem. Também foram levantadas evidências em relação ao custo de
transação, medida pela rentabilidade passada e níveis atuais de dívida, evidenciando um processo
de ajustamento (
pecking order
).
Friend e Lang (1988) realizam um estudo em que procuram analisar a relação entre a participação
acionária
externa e o interesse gerencial particular. Sua conclusão é de que a existência de um
grande acionista não presente na direção pode servir como elemento de alinhamento estratégico
refletido na alavancagem financeira.
Fisher, Heinkel e Zechner (1989) analisam a escolha da estrutura de capital a partir da presença
de custos de recapitalização em uma visão dinâmica. Ao invés de considerarem uma medida
específica (endividamento), utilizaram uma faixa de endividamento como política dinâmica
otimizadora. O estudo foi elaborado a partir de uma amostra de 999 empresas da base de dados
trimestral industrial da Compustat, de empresas norte
-
americanas, no período de 1977
-
III a 1985
-
IV. Suas conclusões foram que tamanho (com relação inversa), mais arriscadas, menos pa
gadoras
de impostos, com menor custo de falência, exibem maior volatilidade em seu endividamento no
tempo.
Podem
-
se resumir as principais contibuições dos anos oitenta no quadro 2 abaixo.
44
Quadro
2 -
Contribuições da década de o
itenta ao estudo de estrutura de capital
Autor
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis relevantes
Técnica
Econométrica
Marsh
(1982)
748 empresas
britânicas
(1959
-
1970)
Técnica
estatística e
confirmação na
prática
M
arket timing, Trade
-
off
, e tama
nho,
risco de falência e composição de
ativos
Probit e Logit
Jalivand
e Harris
(1984)
108 empresas
manufatureiras
americanas
(1963
-
1978)
Variável taxa de
Juros e técnica
SUR
Market timing
e
Trade
-
off em
processos simultâneos (dinâmicos).
Tamanho, taxas de
juros de curto prazo,
preço da ação
OLS (ordinary
least square) e
SUR (Seemingly
unrelated
Regression
estimates)
Barton
e
Gordon
(1988)
279 empresas
norte
-
americanas
diversificadas
Variáveis
estratégicas e
Regressão
Múltipla
Variáveis estratégicas (singu
laridade,
dominância,relacionada, não
relacionada) e taxa de crescimento são
positivamente relacionados enquanto
que financeiras (lucratividade,
tamanho, intensidade de capital, riscos
de lucros) são negativamente
relacionados.
Regressão
Múltipla e Anova.
Friend e
Lang
(1988)
984 empresas
norte
americanas
entre 1979
-
1983
Interesses de
Gestores
Participações acionárias externas
relevantes servem como balizadores de
interesses.
Regressões
Lineares
Fisher,
Heinkel
e
Zechner
(1989)
999 empresas
norte
-
americ
anas
industriais,
trimestralmente
Incorporação da
análise dinâmica,
e alteração de
alvo para faixa
de alvo como
medida de
endividamento
Menor tamanho, maior risco, menor
pagadora de impostos, menor custo de
falência elevam a volatilidade da
alavancagem
OLS
e WLS
Fonte: O autor
3.3.
SÍNTESE DE ESTRUTURA DE CAPITAL ATÉ 1990
- HARRIS E RAVIV (1991)
A partir das diversas concepções de estudos, Harris e Raviv (1991) propuseram uma
classificação
em quatro categorias dos determinantes da estrutura de capital, resumi
dos no quadro 3 abaixo:
Quadro
3 -
Categorização dos estudos sobre determinantes de capital
Categoria
Conflitos de
Interesse
Assimetria de
informação
Organização
Industrial
Participação e
controle
Autores de Base e
ano dos artig
os
Fama e Miller
(1972)
Jensen e Meckling
(1976)
Ross (1977) e
Leland e
Pyle (1977)
Brander e Lewis
(1986)
Harris e Raviv
(1988)
Stulz (1988)
Fonte:
O a
utor baseado em Harris e Raviv (1991)
45
A contribuição do artigo foi a categorização dos estudos sobre estrutura de capital a partir do
paradigma econômico
-
social dos autores. Essa categorização separou os estudos a partir dos que:
1. estudam os conflitos de interesse entre os diversos grupos interessados nos recursos da
empresa;
2.
se preocupam com informações as
simétricas ao mercado de capital;
3. estudam a relação de financiamento a partir da ótica industrial, diferenciando a natureza
dos insumos e produtos finais e sua arena competitiva;
4.
relacionam a participação de controle à tomada de decisão de financiamento.
A análise do relacionamento entre os diversos fatores permitiu uma subclassificação do tipo de
relação entre as variáveis a partir de sua origem no processo, separando as obtidas externamente
ao processo (exógenas) ou decorrente deles (endógenas) e análise sua relação com o
endividamento, conforme resumido nos quadros 4 e 5 abaixo.
Quadro
4 -
Relação entre fatores exógenos e endividamento
Fator
Modelo
Relação
Extensão da assimetria de Informação
Assimetria de informação
+
Rentabil
idade
Assimetria de informação
+
Rentabilidade
Agência
-
Extensão da interação estratégica no
mercado
Organização Industrial
+
Elasticidade da demanda do produto
Organização Industrial
+
Não especificidade e não necessidade de
serviço especializado
Org
anização Industrial
+
Pouca importância à reputação da
qualidade do produto
Organização Industrial
+
Trabalhadores sindicalizados ou
possuam habilidades transferíveis
Organização Industrial
+
Alvo de aquisição
Agência
+
Ganhos potenciais de aquisição
C
ontrole
+
Fração de fluxo de caixa não observável
Agência
+
Falta de oportunidades de crescimento e
regulação
Agência
+
Fluxo de Caixa
Agência
+
Fluxo de Caixa
Assimetria de Informação
-
Valor de Liquidação
Agência
+
Custos de Investigação
Agência
-
Reputação Gerencial
Agência
+
Fonte:
O autor baseado em
Harris e Raviv (1991)
46
Quadro
5 -
Relação entre fatores endógenos e endividamento
Fator
Modelo
Relação
Valor da empresa
Agência
+
Valor da empresa
Assimetria de Informaçõ
es
+
Valor da empresa
Controle
+
Probabilidade de
default
Agência
+
Probabilidade de
default
Assimetria de Informações
+
Extensão de controle de propriedade por
gerência
Assimetria de Informações
+
Extensão de controle de propriedade por
gerência
Cont
role
+
Prêmio Alvo
-
Target Premium
Controle
+
Prêmio Alvo
-
Target Premium
Controle
-
Probabilidade de Aquisição bem
sucedida
Controle
-
Índice de cobertura de Juros e
probabilidade de reorganização pós
default
Agência
-
Alvos de ofertas mal sucedidas
(mais
dívidas)
Controle
+
Alvos de brigas X Ofertas amigáveis
Controle
+
Fonte: O autor baseado em Harris e Raviv (1991)
Esses quadros são de suma importância na busca da explicação da relação entre fatores, pois
podem ocorrer divergências entre teorias mas deve-se sobressair alguma lógica interpretativa.
Assim, por exemplo, a relação entre fluxo de caixa e endividamento possui explicação teórica no
modelo de agência, sendo esperada uma relação positiva, ou no modelo de assimetria de
informação, com relação negativa. Analogamente, relações entre variáveis que possuam mesmo
sinal explicativo podem ter origem teórica diferente (como por exemplo, o valor de mercado da
empresa e endividamento, que possui explicação nas diferentes óticas teóricas sempre com sinal
positivo).
Embora a teoria da janela de oportunidades ainda não tivesse surgido, haviam sido estudadas
relações entre eventos e endividamento. Nesse caso, eventos específicos alteram a relação
esperada com o endividamento da empresa conforme apurado em Harris e Raviv (1991) e
resumido no quadro 6 a seguir.
47
Quadro
6 -
Relação entre eventos e endividamento
Eventos
Modelo
Relação
Anúncios de aumento de empréstimos,
dívida ou recompras de ações
Agência
+
Anúncios de aument
o de empréstimos,
dívida ou recompras de ações
Assimetria de Informações
+
Anúncios de aumento de empréstimos,
dívida ou recompras de ações
Controle
+
Anúncios de aumento de emissão de
ações
Agência
-
Anúncios de aumento de emissão de
ações
Assimetria d
e Informações
-
Anúncios de aumento de emissão de
ações
Controle
-
Maior a assimetria de informações
Assimetria de Informações
-
Maior o volume da emissão
Assimetria de Informações
-
Recompra de Dívida
Assimetria de Informações
+
Compra de dívida conv
ersível na troca
por ações
Assimetria de Informações
+
Fonte: O autor baseado em Harris e Raviv (1991)
No mesmo artigo, Harris e Raviv (1991) destacaram a seguir resultados de relações obtidas em
estudos anteriores, relacionando o endividamento com as v
ariáveis estudadas e o tipo de
correlação obtido. O quadro 7 abaixo resume as relações obtidas, por autores.
Quadro
7 -
Determinantes de estrutura de capital por autores
BJK
CN
FH/L
GLC
LM
Kest
KS
Mar
TW
Volatilidade
- - -
(*
) + -
(*)
Probabilidade de Falência
-
Ativos Fixos
+ + + +
+(*)
Benefícios fiscais
+ + - -
(*)
Propaganda
- -
P&D
- -
Rentabilidade
- -
(*)
+(*)
- -
Crescimento
-
(*)
+ - -
(*)
Tamanho
-
(*)
+(*)
-
(*)
-
(*)
+ -(
*)
Fluxo de Caixa Livre
-
Singularidade
-
Fonte:
Adaptado de
Harris e Raviv (1991)
Legenda: (
*) = não significante nos níveis estatísticos tradicionais
BJK para Bradley et all (1984); CN para Chaplisnsky e Niehaus (1990); FH/L para Frie
nd e Hasbrouk (1988) e
Friend e Lang (1988);GLC para Gonedes et all (1988);LM (Long e Malitz, 1985);Kest (Kester 1986);KS (Kim e
Sorensen,1986);Mar (Marsh 1982);TW (Titman e Wessels 1988).
48
Pode-se verificar que existem significativas diferenças nos resultados obtidos. Diversas razões
podem ser apontadas, entre outras, como o período de análise, o tipo de técnica utilizado,
eventuais diferenças de operacionalização das
proxies
das variáveis que se pretende medir e a
base de dados utilizada. Cada autor por sua vez contribuiu na discussão e na busca de uma
genneralização teórica, pois foram estudados diferentes casos e variáveis. A falta de consenso de
resultados gerou novas formulações teóricas e a aplicação de técnicas econométricas diferentes,
que permi
tiram o avanço na compreensão da relação estudada.
3.4.
O ESTADO DA ARTE ATUAL
3.4.1.
A internacionalização dos estudos
Os anos noventa trazem novas contribuições oriundas de ambientes culturais distintos do norte-
americano. Afinal, como se comportariam as teorias de endividamento em sociedades cujas
economias tivessem características diferentes da norte-
americana?
Ambientes legais, variáveis macroeconômicas e culturas diferentes, aliadas a avanços nas
técnicas de estudo levaram a discussão do processo de estrutura de capital a uma discussão mais
ampla do que obedece ou não à teoria de
pecking order
ou de
Trade
-
off.
O levantamento feito por Harris e Raviv (1991) demonstrou que não havia consenso teórico, e
que diferentes ambientes e técnicas aplicadas apresentavam resultados divergentes. Nesse
contexto, a questão do método usado passou a ser cada vez mais relevante. A evolução das
técnicas quantitativas, o uso de aparato computacional e a disseminação de conhecimentos
levaram os estudos a diversas partes do mundo e a novas descobertas e questionamentos.
No quadro 8, a seguir estão apresentadas algumas das principais contribuições da década de
1990.
49
Quadro
8 -
Contribuições da década de noventa ao estudo de estrutura de capital
Autor
Amos
tra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis relevantes
Técnica
Econométrica
Homaifar,
Zietz e
Benkato
(1994)
370 empresas
industriais entre
1978
-1988
Análise dinâmica
com uso de ADL
Impostos corporativos (positivo),tamanho
(positivo) e crescimento fu
turo (negativo),
condições de retorno de mercado (negativo)
OLS pooled,ADL
(autoregressive
distributed lagged
model)
Himmelberg e
Petersen
(1994)
3035 pequenas
empresas
manufatureiras
ao longo de 5
anos (1983
-
1987)
Técnica de painel
equilibrado com
GMM
e inclusão de
variáveis de
investimento de
pesquisa e
desenvolvimento
Relação forte entre investimento e
financiamento interno
Painel equilibrado
com GMM
Bond e
Meghir (1994)
626 empresas
britânicas abertas
manufatureiras
cotadas entre
1974
-
1986, com
pelo
menos 8
anos completos
Técnica de painel
desequilibrado com
GMM e modelo de
investimento
neoclássico
Hierarquia de investimentos procede, mas
existe um fator de liquidez importante para
empresas pequenas e de crédito restrito
Painel desequilibrado
usando
GMM.
Sunder e
Myers (1994)
157 empresas
com dados
contínuos entre
1971
-1989
Teste do poder
explanatório da
teoria, e não apenas
das variáveis
O
Pecking order
se mostrou uma teoria
com bom poder explicativo, principalmente
comparando
-
se com o
static Trade
-
off
OLS,simulações de
endividamentos
“alvos” e modelos de
adequação (
fitted
)
Rajan e
Zingales
(1995)
2583 empresas
manufatureiras
em 7 países entre
1987
-1991
Comparação inter
países (G7), dados
ajustados por
balanço
O grau de endividamento é relacionado
positivamente com a tangibilidade e
negativamente com valor mercado/contábil
tamanho e lucratividade
Regressão com Tobit
censura
Babu e Jain
(1998)
91 empresas
indianas
Pesquisa qualitativa
através de
questionários
Possibilidade de uma lógica de
pecki
ng
order
, priorizando financiamento interno ao
externo e com objetivos claros de longo
prazo.
Qualitativo e
estatística descritiva
(percentual e
ranking
)
Johnson
(1997)
716 empresas
Dados cruzados
entre banco de dados
e informações
obtidas por
relatórios
Empresas que possuem dívidas bancária
trabalham com endividamento 41%
superior às empresas que não possuem em
linha com a assimetria de informação.
OLS
Omer e
Terando
(1999)
95 empresas de
características
jurídicas
definidas
Forma jurídica da
empresa como
elemento de análise
de estrutura de
capital
A taxa de impostos conjugada com o tipo
jurídico de empresa e também nível de
risco das empresas (independentemente de
sua forma jurídica) interfere na estrutura de
capital .
OLS
Ghosh e Cai
(1999)
256 empres
as
sobreviventes da
Fortune 500 entre
1974
-1992
Comparação através
de análise de
convergência nos
segmentos
analisados
Grande número de empresas convergem
para um ótimo que seria a média dos
setores. Ambas as teorias,
pecking order
e
Trade-
off
coexistem.
Gama de Goodman
-
Kruskal
Sauvé e
Scheuer
(1999)
1300 Empresas
Alemãs e 2900
Empresas
Francesas entre
1987-1996
Estudo aprofundado
com dados primários
(balanços) entre 2
países, com técnica
dinâmica de painel
Paralelismo entre França e Alemanha.
Crescimento
e colaterais (teoria da
sinalização), lucro (pecking order
) mas
também risco (caso de endogeneidade)
Painel dinâmico com
GMM
Fonte: O autor
50
Homaifar, Zietz e Benkato (1994) testam sete atributos para determinar o grau de endividamento
de empresas: imp
ostos, estudo de não pagamento de impostos, tamanho, oportunidades futuras de
crescimento, condições de mercado de capitais, taxa de inflação e volatilidade de lucros. O
período analisado é de 1978-1988, em empresas industriais, resultando em uma amostra de 370
empresas. A técnica é um pooled cross section (ou corte longitudinal agregado), usando um
modelo auto-regressivo distribuído defasado (ADL ou Autoregressive distributed lagged model
).
Graças a essa técnica, identificação do equilíbrio de longo prazo dos parâmetros. Assim,
impostos corporativas possuem correlação positiva com o endividamento. Tamanho (positivo) e
crescimento futuro (negativo) também têm correlação alta com o endividamento. Retornos de
mercado e endividamento também se mostraram negativamente correlacionados, revelando que
empresas tendem a substituir capital próprio por dívida quando retornos são altos.
Himmelberg e Petersen (1994) analisaram o endividamento usando a técnica de painel com
GMM (Generalized Method of Moments ou método de momentos generalizado). Examinaram
uma amostra de 3.035 empresas manufatureiras ao longo de 5 anos (1983-1987). A escolha desse
limite se deveu à preservação de empresas pequenas para manter a análise em relação a
investimentos de investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Os resultados demonstram forte
conexão entre geração interna de fundos e investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas
pequenas empresas norte
-
americanas.
Bond e Meghir (1994) usam em seu estudo 626 empresas manufatureiras britânicas abertas
cotadas entre 1974-1986, com pelo menos 8 anos completos de observações em um painel
desequilibrado usando GMM. A conclusão inicial é de que a relação dinâmica entre o
investimento corrente e sua taxa anterior está em linha com o modelo de ajustamento de custos.
Existe um resultado consistente entre o investimento corrente e o fluxo de caixa defasado, mesmo
51
quando se controla mercado (competição imperfeita), e dividas (falência e custos de impostos).
Embora inconsistente em modelos de investimento tradicional, é razoável em empresas com
restrições de crédito e, portanto, de liquidez estrita.
Em seu artigo, Sunder e Myers (1994) testam o
pecking order
e a versão estática de
Trade
-
off
. O
modo de desenvolver o trabalho, a partir do poder explicativo das teorias é um diferencial do
artigo. As conclusões são, portanto constituídas em nível teórico e não apenas em relação às
variáveis. Como resultado, obtém a validação do pecking order como teoria descritiva do
comportamento financeiro corporativo. Nessa análise, demonstram também a intencionalidade,
comparando o curto com o longo prazo. Nas limitações do trabalho, entretanto, admitem a
necessidade de maior aprofundamento em modelos explicativos, incluindo o teste de hipóteses
possibilitando rejei
ção, o que se constituiu no maior desafio desde então.
Rajan e Zingales (1995) analisaram a estrutura de capital em 7 países desenvolvidos, de empresas
não financeiras, no período 1987-1991. Chegam, assim, a uma amostra de 2583 empresas,
apresentando certos problemas de homogeneidade entre países e práticas. Estudam tangibilidade
(ativo fixo / ativo total), valor de mercado / valor contábil, logaritmo de vendas e lucratividade.
Como conclusão, o grau de endividamento é relacionado positivamente com a tan
gibilidade
(diferentemente em países como o Japão), correlação negativa entre valor de mercado/contábil e
endividamento, tamanho e dívida inversamente relacionados, e lucratividade negativamente
correlacionada.
Zwiebel (1996) estuda, por sua vez, a estrutura de capital diante da possibilidade de
entrincheiramento gerencial, seguindo as teorias de Jensen e Meckling (1976). Suas análises
concluem que as tentativas de restrição de fundos dos proprietários como forma de redução de
problemas de agência, possuem respostas de ajustamento através da dinâmica da estrutura de
capital, eliminando essa tentativa. A proposta alternativa deste artigo é que se gere uma teoria de
52
estrutura de capital através da otimização na ótica do gestor e não do acionista. Sua contribu
ição
é feita ao nível teórico conceitual.
Leland (1998) retoma, por sua vez, o problema de agência. Dessa vez, o modelo de decisão surge
sob a ótica de minimização de credores (impostos, detentores de dívida e agentes externos). A
partir de uma análise de risco, é desenvolvido um modelo conceitual de otimização de estrutura
de capital.
Babu e Jain (1998) aplicam o teste de pecking order no mercado indiano. Além do fato de se
tentar entender um mercado internacional, a outra novidade é o tipo de colheita de informações,
dessa vez a partir de questionário. O método usado foi o qualitativo, uma vez que se buscou saber
a intenção do gestor. Das 4.187 empresas listadas na Índia, apenas 91 respostas foram
conseguidas em três etapas, o que demonstra a dificuldade de obtenção desse tipo de dados de
forma primária. A conclusão do trabalho é que existem quatro grandes objetivos das corporações
na Índia: a maximização de lucros por ação e de lucros acumulados, a maximização da riqueza
líquida por ação e a maximização da taxa de retorno do investimento em ativos. A análise dos
autores sugere que existe a lógica de pecking order, através da preferência de financiamento
interno ao financiamento externo.
Johnson (1997) examina a relação entre endividamento e divida bancária, para verificar o modo
de monitoramento estabelecido pelo banco, como redução de assimetria de informação, e seu
impacto na decisão de estrutura de capital. Uma amostra de 716 empresas, em 1989, foi
levantada, com inclusão manual de informações faltantes. Foram usadas diferenças de médias e
regressões em sua análise. Como resultado, o autor verifica que o endividamento de empresas
que utilizam o financiamento por dívidas bancárias era 41% maior do que as que não usavam.
Ainda como conclusão, o autor estabelece a relação do monitoramento bancário como redutor de
assimetria de informação entre tomadores de empréstimos e cessionários de crédito.
53
Omer e Terando (1999), posteriormente, procuraram estabelecer uma relação entre a estrutura de
capital e a forma jurídica corporativa da empresa. O estudo foi feito usando um modelo de
regressão linear múltiplo em uma amostra de 95 empresas de capital limitado. As variáveis
analisadas no estudo foram ativos, tamanho, depreciação, ebit e proporção de ativos fixos sobr
e
ativo total. O destaque desse trabalho foi em relação à ligação entre risco e incentivo fiscal com
alavancagem financeira. Uma das conclusões é de que o aumento de risco reduz os níveis de
endividamento, independentemente da forma jurídica da empresa. Outro resultado interessante é
que a explicação fiscal não é o único fator que diferencia o nível de dívida, mas sim a conjunção
com o tipo jurídico altera a estrutura de longo prazo.
Myers (1999) escreve outro artigo sobre estrutura de capital, mas dessa vez, sob outro ângulo de
análise. Ele explora no artigo o que ele chama de “arquitetura financeira”, que é o desenho
financeiro da empresa como um todo, incluindo a estrutura de acionistas e de
stakeholders
, a
forma legal, os incentivos, a captação e a alo
cação de risco.
Ghosh e Cai (1999) analisaram 256 empresas sobreviventes da Fortune entre os anos 1974-
1992,
sem que houvesse viés de análise. A comparação através do G de
Goodman
-Kruskal revelou que
a estrutura de capital converge em direção à média do setor da empresa. As análises dos autores
foram que ambas as teorias, de
pecking order
e de
Trade
-
off
, seriam consistentes.
Em 1999, surge um trabalho de grande relevância comparando a tomada de decisões corporativas
na França e na Alemanha. Escrito por Sauvé e Sheuer (1999), a partir de uma iniciativa de um
projeto conjunto entre o Deutsche Bank e o Banque de France esse trabalho apresenta algumas
contribuições diferenciadas. Por se tratar de um trabalho entre bancos nacionais, foi possível o
acesso a um grande número de observações primárias, montando uma base de dados a partir de
balanços de empres
as de diversos tamanhos e origens nos dois países.
54
O quadro 9 abaixo reproduz um sumário dos resultados empíricos dos estudos envovendo os dois
países até aquele momento.
Quadro
9 -
Resultados de artigos sobre endividamento na Fr
ança e Alemanha
Autores
Período
/País
Amostr
a
Variáveis
Dependen
tes
Proxie
de
Tamanho
Proxie
de
Crescimento
Proxie
de
Colaterais
Proxie
de
Lucros
Proxie
de
Risco
Outras
Proxie
s
Ferramenta
Econométrica
Bourdieu
/
Colin
-
Sedilot
(1993)
1968
-
1990
França
1
.309
Conceitos
diversos
Dummies
Investimento
Líquido /
Ativo Total
Ativos
tangíveis/
Ativo
Total
Lucro
Operacional/
Ativos
Tangíveis
na
Fluxo
de
Caixa/
Valor
adicion
ado
Painel
Equilibrado/
Análise de
covariância
idem
Crédito
total/
ativo total
- +
na
+ -
idem
div.l.p/
(div l.p+
fundos
próprios)
- + + -
(*)
-
Biais/
Hillion/
Malécot
(1995)
1987
-
1989/
França
2.718
(média
3 anos)
Conceitos
diversos
Dummies
na
Ativos
tangíveis/
Ativo
Total
Resultado
Operacional/
Ativos
Tangíveis
na
Sim
Equação
S
imultânea,
2SLS
idem
Crédito
bancário/
Ativo
total
Função de
U inversa
+ -
Schwiete
/
Weigand
(1997)
1967
-
1984/
Aleman
ha
230
Crédito
total/ativo
total
Log de
quantidad
e de
empregad
os
Crescimento
de vendas
na
Resultado
Operacional
/ Fundos
Próprios
Volatili
dade de
lucros
Sim
Painel
Equilibrado,
modelo de
efeitos fixos
idem
+ + + +
Regressores
Exógenos
idem
- - - -
Lucro
Endógeno
Rajan/
Zingales
(1995)
1987
-
1990
Média
de 4
anos
div.ajusta
da/(div.aj
ust+valor
contábil
da div
ajustada)
Log
vendas
Valor
Mercado /
valor
contábil
Ativos
tangíveis /
Ativos
totais
Resultado
operacional /
ativo total
na
na
Modelo de
Tobin
censurado
idem
Aleman
ha
175
- - +
+(*)
idem
França
117
+ - + -
(*)
Ramb
(1998)
7
Países
Europa
1993
Conceitos
diver
sos
Log
Vendas
Crescimento
de Vendas
Ativos
tangíveis /
Ativos
totais
Resultado
operacional /
ativo total
na
na
Cross
-
section
Análise de
Covariancia
idem
Aleman
ha/
publico
810
- + -
(*)
-
idem
Aleman
ha/
privado
1,059
-
(*)
+(*)
- -
idem
França/
blico
13,217
-
(*)
+ - -
idem
França/
privado
1,773
-
(*)
+ - -
Fonte:
O autor
adaptado de
Kremp, Stöss e Gerdesmeier (1999), cap 4.
Legenda: (*) = não significativo
55
O estudo de Kremp, Stoss e Gerdesmeier (1999) utilizou pequenas e médias empresas, o que é
bastante importante em relação ao tipo de inferência que se fez a partir desse fato. Afinal, trata
-
se
da grande maioria das empresas no terreno pesquisado. Como resultado final foram observadas
que as variáveis crescimento, colaterais, rentabilidade, custo financeiro e risco apresentaram
comportamento similar na França e na Alemanha, em relação ao endividamento. As grandes
diferenças ficaram por conta da influência do tempo e do tamanho em relação às decisões de
alavancagem. Uma das conclusões do trabalho é que não existe apenas uma única equação de
endividamento, pois as estimativas sempre dependerão de diversos fatores. Dentre as limitações
do estudo, destaca-se o uso de dados completos para o painel equilibrado, gernado problemas
devido ao curto espaço de tempo estudado. Para este problema os autores sugerem o uso no
futuro de painéis desequilibrados (verificando
-
se os efeitos de viés de sobrevivência e de seleção)
bem como novas sofisticações técnicas em relação ao modelo GMM, combinando equações em
níves e equações por diferença, melhorando a precisão dos estimadores. De toda forma, painéis
mais longos permitiriam melhores resultados.
3.4.2.
As novas técnicas
Se os anos noventa são responsáveis por trazer a questão de diversidade ambientes e seu impacto
na decisão de endividamento, a década seguinte explora esta diferença através da
internacionalização desses estudos, inclusive em países em desenvolvimento.
A grande mudança em relação aos estudos dos anos 2000 dá-se, basicamente, graças aos ava
nços
de técnicas econométricas, conforme se pode notar pelo quadro 10 a seguir.
56
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de capital
-
continua
Autores
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
rele
vantes
Técnica
Econométrica
Ghosh, Cai e Li
(2000)
362 Empresas norte
-
americanas
Análise em corte
em dois tempos,
inclusão de
variáveis como
propaganda e P&D
Crescimento de ativos, ativos
fixos, P&D e propaganda têm
relação significativa com
endividament
o. Risco tem relação
quadrática com endividamento.
Cross section
em 2
momentos
diferentes
Giner e Reverte
(2001)
599 empresas
Espanholas entre 1991
-
1997
Avaliação de
empresa como
variável
Relação entre dívida e valor de
empresa por parte de investidores
M
odelo de
avaliação de
Ohlson
Colombo (2001)
1100 Empresas
Húngaras entre 1992
-
1996
Visão de risco
bancário
Pecking order
e solicitação por
parte de bancos de colaterais na
alteração da estrutura de capital
Estimações em
cross
-
section
Yang, Davis e
Leatha
m (2001)
48 empresas com bases
trimestrais entre 1985 e
1995
Incorporação de
Swap
na análise de
estrutura de capital,
O uso de
Swap
altera a relação
entre tamanho da empresa e
endividamento.
SUR, teste de
hipótese
Ozkan (2001)
390 empresas, 4.132
observaç
ões entre
1984-
1996 em empresas
com pelo menos 5 anos
de dados
Critérios de
robustez
econométricas e
GMM em painel
dinâmico
Lucratividade, liquidez e
crescimento têm relação
significativa negativa, e tamanho
tem relação positiva com
endividamento
Painel dinâmico,
GMM e AH
Hovakimian,
Opler e Titman
(2001)
11.136 dados de ações e
7.366 de recompras no
período 1979
-
1997, para
empresas norte
-
americanas
Dados de recompra,
análise em dois
tempos de
ajustamento de
meta
Lucros passados são bons
preditores de endi
vidamento. Os
preços das ações são determinantes
na escolha da forma de se
financiar.
Regressões
univariadas,
multivariadas e
regressões logit
Jorge e Armada
(2001)
93 empresas portuguesas
com dados em todos os
anos entre 1990 e 1995
Sugerem pesquisa
qual
itativa para
entender melhor as
características do
mercado.
Dimensão, vantagens fiscais,
controle acionário e setor de
atividade não se mostraram
significativos. Lucratividade
parece determinar o endividamento
Painel
Frangouli
(2002)
40 empresas industria
is
gregas que investiram
em P&D em 7 anos,
entre 1990
-1996
Relação entre
estratégia com
estrutura de capital
e tipo de mercado
(oligopólio,
monopólio)
Relação inversa entre preço
-
custo
marginal e endividamento.
Assimetrias de informação entre
empresas e fo
rnecedores de
financiamento relacionam
-
se
através de gastos de P&D e
endividamento, negativamente
Painel
Bontempi
(2002)
Amostra de 29.012
empresas manufatureiras
italianas no período de
1982
-
1995, com 204.416
observações de balanços
e fluxos de caixa
Pa
inel
desequilibrado com
mecanismo de
correção de erros
em um grande
banco de dados.
Foram identificados
comportamentos ligados à teoria
de
pecking order
e de
Trade
-
off,
nas empresas italianas. Sugere
características da dependência das
empresas junto aos ba
ncos e à
restrição de crédito de modo geral
Painel
desequilibrado
Stenbacka e
Tomback (2002)
A amostra considera
3.119 empresas com
12.846 observações,
entre 1982 e 1992,
Ligação entre
estratégia de
política pública e
estrutura de capital
Políticas simul
tâneas de concessão
de crédito e de mercados de
capital, e não apenas em mercados
financeiros em para aperfeiçoar
mecanismos de competição
Equações
simultâneas em
estimação de
quadrados mínimos
em dois estágios.
Fonte: O autor
57
Quadro 10
-
Contribuições d
os anos 2000 ao estudo de estrutura de capital
-
continua
ção
Autores
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
relevantes
Técnica
Econométrica
Brailsford,
Oliver e Pua
(2002)
O período analisado é de
1989 a 1995, em
empresas norte
americanas da l
ista das
500 maiores. A amostra
final é de 49 empresas.
Introdução de
correção de White e
relacionamento
com participação
acionária.
Como resultado, consistente com a
teoria do entrincheiramento
gerencial obtém
-
se uma curva
U
invertida
não linear relacio
nando
o nível de propriedade gerencial de
ações e o endividamento, com um
ponto de máximo nos 49% de
propriedade dos diretores.
Matriz de
variância
-
covariancia de
consistência de
heterocedasticidade
de White, na
regressão linear
simples (OLS).
Baker e Wurgler
(2002)
Partem de uma
população de 2.839
empresas norte
americanas no primeiro
ano fiscal do estudo até
estabelecer uma amostra
de 715 observações no
último, de 1970 a 1999.
Estudam a relação
entre o
market
timing
e a estrutura
de capital usando
um si
stema de
regressões em um
conceito de eventos
(IPO)
A conclusão do estudo é que
empresas com baixo
endividamento tendem a captar
recursos quando sua avaliação está
alta, e vice
-
versa. Estas flutuações,
possuem efeitos persistentes no
tempo, consistente com
a teoria de
janelas de oportunidade.
Sistema de
regressões
Fama e French
(2002)
Empresas do Compustat
que tinham informações
referentes às variáveis do
ano anterior e posterior
entre 1965 e 1999.
O estudo foi feito
com a finalidade
preditiva em
relação
à
dividendos e ao
endividamento.
A capacidade preditiva do modelo
é boa pois considera situações de
Trade-
off e de pecking order
o que
dificulta estabelecer a casualidade
em relação à teorias dominantes.
Uso de médias das
curvas de (
cross
section
) e erros
padrões para
inferências
preditivas.
O´Brien (2003)
Empresas analisadas,
norte
-
americanas não
financeiras entre 1980 e
1999, foi de 16.358
empresas, gerando
91.000 observações.
A estrutura de capital é uma
estratégia empresarial que alterna
um comporta
mento de pecking
order e de flexibilidade financeira,
para obter bom desempenho em
uma provável relação dinâmica.
Regressão com
defasagens (OLS)
Kottaridi e
Siourounis
(2003)
Banco de dados de 15
países (avançados e em
desenvolvimento,
incluindo o Brasil
)
durante 13 anos (1988
-
2000), utilizando os
Estados Unidos como
país ancora.
Estudo de choque
de liquidez com a
volatilidade
específica do país,
em relação a
agregados
macroeconômicos
monetários e seus
efeitos na
composição de
fluxo de capitais
Pecking
order
na escolha de
investimentos internacionais
sujeita à eventualidade de
problemas monetários específicos
da empresa e do país. A assimetria
de informações está ligada à
volatilidade de agregados
monetários macroeconômicos,
alterando o deslocamento de a
ções
para títulos e investimentos
diretos.
O estudo foi feito
cruzando séries
temporais e inter
países.
Desai, Foley e
Hines Jr (2003)
O banco de dados do
Bureau of Economic
Analysis (BEA) de
empresas norte
-
americanas e suas filiais
em 1982,1989 e 1994.
Chegou
-
se a 3.680
dados de multinacionais
e 32.342 de filiais.
Icorporação da
análise entre
multinacionais e
suas filiais.
Filiais em países de mercados de
capital subdesenvolvidos e
proteções fracas de crédito
enfrentam taxas de juros superiores
de empr
éstimos que suas
congêneres. A resposta das
empresas às taxas de juros maiores
se faz através da redução de
empréstimos de fontes externas e
aumento nas matrizes.
Regressão
Fonte: O autor
58
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de
capital
-
continua
ção
Autores
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
relevantes
Técnica
Econométrica
Dessi e
Robertson
(2003)
Seu banco de dados
combina o
Cambridge/DTI
databank
e o London
Share Price Database. A
amostra final consiste em
557
empresas no período
entre 1967
-
1989, em um
painel equilibrado
Painel equilibrado
em análise
dinâmica com Q de
Tobin, usado no
estudo.
Resultados consistentes com a
hipótese de que as empresas
escolhem estruturas de capital
ótima. Entretanto, empresas de
baixo crescimento apresentam
menos dívida em sua estrutura de
capital, em oposição ao que se
esperaria em relação à hipótese de
fluxo de caixa livre de Jensen.
Empresas com maior volatilidade
de fluxo de caixa apresentam, por
sua vez, maior dívida.
O uso d
e painel
dinâmico e o
controle da
endogeneidade
mostrou
-
se
fundamental na
análise dinâmica.
Cai e Ghosh
(2003)
Usam para isto um banco
de dados da Fortune 500
de 2001.
Uso de
segmentação por
setor em suas
análises.
Empresas priorizam financiamento
inter
no confirmando a
pecking
order
ajustando sua estrutura de
capital em torno da média de sua
indústria quando estão acima da
média da indústria, o mesmo não
ocorrendo quando estão abaixo.
Regressões
Alonso (2003).
Sua amostra é de 480
empresas manufaturei
ras
espanholas em sua
amostra, no período
1991
-
1994.
Inserção da
Diversificação
como variável de
estudo
Risco, crescimento, tamanho, P&D
e lucro, não foram achadas
evidências de efeitos de co
-
seguro,
economia de custos de transação
ou de teoria de agên
cia para a
diversificação.
Regressões
Cassar e Holmes
(2003)
Pequenas e médias
empresas na Austrália.
Após os filtros a amostra
do estudo foi de 1.555
empresas, das 13.000
originariamente
pesquisadas.
Estudo de pequenas
e médias empresas
e não grandes
empresas listadas, e
que representam
grande parte da
mão de obra local.
Houve em menor grau, relação
com tamanho e risco. Estas
relações estariam em linha,
segundo o autor, com a teoria do
Trade-
off
estático.
O estudo foi
conduzido com
regressões e painel
.
Brio, Miguel e
Pindado (2003)
Painel desequilibrado de
dados de empresas
espanholas no período
1990
-
1997, composto
por 133 empresas não
financeiras.
Painel
desequilibrado com
GMM e estimador
de Arellano e
Bond(1991),
dinâmico
Existe uma relação inversa
entre
investimento e valor da empresa, e
uma reação positiva (ou negativa)
de mercado em relação ao anúncio
de investimento (ou
desinvestimento) que persiste ao
longo do tempo.
Técnica de Painel
desequilibrado com
(GMM) e Arellano
e Bond (1991)
Mao (200
3)
Empresas americanas
não financeiras ou de
construção civil, entre
1976 e 1995 que
dispusessem pelo menos
100 informações em
painel
Painel com GMM e
inclusão do calculo
da volatilidade
marginal do
investimento (MVI)
(alteração da
volatilidade do
fluxo d
e caixa
correspondendo à
mudança de escala
de investimento).
O custo total de agenciamento da
dívida não é monotonicamente
crescente com o endividamento.
Em empresas de crescimento, o
nível ótimo da dívida aumenta com
o aumento do MVI. Para empresas
de cre
scimento baixo, o nível
ótimo de endividamento sempre
diminui.Também foi testada a
capacidade preditiva do modelo
com bons resultados.
O uso da técnica de
painel com GMM.
Fonte: O autor
59
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de ca
pital
-
continua
ção
Autores
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
relevantes
Técnica
Econométrica
Sharma, Kamath
e Tuluca (2003)
A amostra do estudo
contemplou 18 anos,
entre 1973 e 1990, de
empresas norte
-
americanas.
Abordagem de
redes neura
is,
técnica não linear
de estimação.
Modelo melhor que OLS (erros
menores e melhor poder de
previsão). Benefícios fiscais e
lucratividade têm comportamento
não linear.
Regressão (OLS) e
o melhor modelo
de ajustamento
definido pelo
maior R
2
.
Benito (2003)
6.417 empresas
espanholas não
financeiras de 1985 a
2000, incluindo micros e
1.784 empresas inglesas
listadas de 1973 a 2000.
Trabalha em sua
pesquisa com dois
níveis de dados, em
dois países.
Endividamento mostrou
-
se
inversamente relacionados ao
fluxo de
caixa e à lucratividade, e
positivamente com investimento,
nas duas amostras, consistentes
com a teoria do
pecking order.
A técnica
econométrica
usada foi a de
Painel
desequilibrado.
Brounen, Jong e
Koedjik (2004)
313 questionários entre
Grã Bretanha, Ho
landa,
Alemanha e França.
Questionários entre
países.
A flexibilidade financeira, leia
-
se
pecking order
, aparece como fator
mais importante na determinação
do endividamento. Há evidências
de custos de falência e vantagens
fiscais, que corroboram a teoria d
e
Trade-
off
estático.
Não aplicado
Bancel e Mittoo
(2004)
Basearam
-
se em 16
países europeus, num
total de 720 empresas.
Também se tratou de
uma pesquisa tipo
survey
.
Análise entre
países, com
regressões e survey.
Políticas de financiamento nas
empresas eu
ropéias não diferem
das congêneres norte
-
americanas,.
A qualidade do sistema legal e o
custo de capital aparecem como
fatores, além de fatores específicos
das empresas, crescimento.
Regressão
Bhole e
Mahakud (2004)
330 empresas indianas
em três períodos
de
analise diferentes: 1984
-
85 a 1999
-
2000, 1984
-
1985 a 1991
-
1992 e
1992
-
1993 a 1999
-
2000,
após verificarem a
comparação com dados
de 1966
-
2000.
3 períodos
diferentes para
comparação
discriminando
empresas públicas e
privadas usando
LM e Hausman.
O
pecking
order
Indiano segue
diferenças com outros países,
tratando
-
se principalmente de
empréstimos, escambos,
patrimônio externo, reservas e
lucros acumulados. O custo de
empréstimo, do patrimônio, o
tamanho, os colaterais de ativos, a
liquidez e os benefícios f
iscais
foram significativos.
Uso de painel, na
Índia, além do uso
de testes
econométricos
robustos, como LM
e Hausman.
Voulgarius,
Asteriou e
Agiomirgianakis
(2004).
Amostra colhida
diretamente de dados de
balanços e demonstração
de resultados, com 143
em
presas pequenas e
médias e 75 empresas
grandes, gregas
manufatureiras
separadamente.
O setor bancário
grego teria um
grau de precaução
elevado em relação
às pequenas e
médias,
dificultando a
otimização da
estrutura de capital
Dívida e tamanho de empresas
e
crescimento são positivamente
correlacionadas; dívida e
lucratividade negativamente, como
na
pecking order
. Estoque, contas
a receber, tamanho de ativo fixo,
liquidez e produtividade de
empregado foram determinantes
para as pequenas e médias mas não
par
a as grandes. Maiores margens
geraram maior endividamento
apenas nas pequenas e médias.
Através de uma
equação não linear,
usaram o algoritmo
de Marquardt de
1963.
Fonte: O autor
60
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de capital
-
continua
ção
Autores
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
relevantes
Técnica
Econométrica
Keister (2004)
Amostra de 769
empresas Chinesas no
período entre 1980
-
1989.
Mercado ainda
pouco estudado,
como a China.
O uso de lucros retidos é
sinal
ização aos investidores de
independência de fundos
governamentais. As empresas
aumentam, e não diminuem, os
empréstimos com maior lucro
acumulado. Existe um
comportamento mimético onde
empresas imitam vizinhas
próximas. causando diferentes
padrões de comp
ortamento.
Uso de análise
multivariada de
alta dimensão de
probit e
optimal
matching
Welch (2004)
40.800 dados empresa
-
ano entre 1962
-
2000, de
empresas norte
-
americanas não
financeiras
Outra técnica de
regressão
Retornos de ações são
determinantes de prim
eira ordem,
e talvez sejam o único componente
mais bem compreendido na
dinâmica de estrutura de capital.
Técnica de
regressão de Fama
-
McBeth.
Fernandez
(2004)
64 empresas chilenas não
financeiras gerando
3.348 observações. entre
1990
-
2002, em um
painel e
quilibrado.
Painel sem censura,
usando o modelo de
Anderson (1986) e
Kim e Maddala
(1992) apud
Fernandez (2004)
Os resultados são mais próximos
ao
Trade
-
off
do que ao
pecking
order
, uma vez que as empresas
preferem emitir ações a proceder a
novas dívidas,
talvezdevido à
política monetária e fiscal chilena.
Painel equilibrado
Mayer e
Sussman (2004)
10.667 empresas norte
-
americanas não
financeiras no período
entre 1988
-
1998, com
pelo menos 5 anos
ininterruptos, através do
fluxo de fundos.
Filtragem dos
ev
entos de grandes
investimentos
realizados pelas
empresas.
A maior parte de recursos provem
de financiamento interno em
momentos comuns, inversamente
dos momentos de maior
investimento .O
pecking order
funciona relativamente bem no
curto prazo, sendo a dívi
da anterior
ao patrimônio na ordem. Há
reversão à posição anterior, após o
investimento, através da emissão
de ações sobrepondo
-
se à média de
longo
-
prazo, mesmo em empresas
distantes de insolvência.
Brierley e Bunn
(2005)
Empresas do Reino
Unido no perío
do entre
1999 e 2002.
Verificam o
impacto na
estabilidade
monetária e
financeira,
incluindo metas de
inflação, através
das variáveis de
endividamento a
nível agregado.
O baixo nível de taxas de juros em
um ambiente macroeconômico
estável permitiu alavanca
gens
relativamente altas, dados os
custos menores neste ambiente.O
ajustamento do grau de
endividamento se faz ao longo do
tempo, através da emissão de ações
e redução de pagamento de
dividendos.
Miguel, Pindado
e Torre (2005)
135 empresas espanholas
o financeiras entre os
anos 1990 e 1999, que
continham pelo menos 6
anos consecutivos de
informação.
Verificou-
se o uso de mecanismos
de controle (propriedade interna,
dívida e dividendos) como
proteção legal aos investidores.
Utilizaram um
painel com GMM
.
Fonte: O autor
61
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de capital
-
continua
ção
Autores
Amostra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
relevantes
Técnica
Econométrica
Du e Daí (2005)
1473 empresas para o
endividamento medida
a
mercado e 1484
empresas para o
endividamento medida
contabilmente, em nove
países asiáticos entre
1994
-
1996.
Estudo inter países
na Ásia.
As evidências deram suporte ao
aumento da alavancagem através
do entrincheiramento não diluído,
separando os direit
os sobre o fluxo
de caixa dos direitos de controle.
Esta estrutura de capital deriva de
mecanismos fracos de governança
corporativa, e contribuíram para as
perdas na crise asiática.
O estudo usou
regressões lineares.
French, Varson
e Moon (2005)
Empresas
entre 1989 e
1996, compostas
diariamente, levando a
40.251 dias ex
-
dividendos. É calculado
o retorno pós
-
distribuição.
Uso de técnica de
eventos no estudo
sobre Estrutura de
Capital
O montante da dívida aparece
como significativo com a relação
de preços p
ós
-
evento. A
implicação na estrutura de capital é
direta, pois separa empresas que
possuem endividamento e não e a
política de distribuição de lucros.
Modelo de
regressão
Bharat,
Pasquariello e
Wu (2005)
Dados contábeis entre
1973 e 2002, excluindo
-
se as
empresas
financeiras.
A assimetria foi
medida a partir do
uso de variáveis
desenvolvidas para
o mercado de
microestrutura.
A assimetria interfere na estrutura
de capital, quando as necessidades
financeiras são baixas e quando
não existem restrições de cr
édito
das empresas. Existe uma
variabilidade do grau de assimetria
de informação no tempo.
Leary e Roberts
(2005)
36.031 observações de
empresas ano, de
empresas não financeiras
norte
-
americanas no
período 1971
-
2001.
Novo modelo
empírico para testar
a
p
ecking order
e
sua aplicabilidade.
A hierarquia proposta de escolha
de instrumentos de endividamento
é freqüentemente violada pelas
empresas, comprometendo o poder
explanatório do
pecking order
.
Alonso,
Iturriaga, Sanz e
González (2005)
Empresas espanho
las
não financeiras entre
1991
-
1996, e levantou
706 observações
empresa
-
ano
Motivação das
empresas na busca
do endividamento
em relação ao que
se apresenta como
aceito na literatura
do assunto.
Empresas com oportunidades de
investimentos lucrativos evitam
o
endividamento bancário. O
tamanho foi relevante (forte
relacionamento bancário)
reduzindo custos e mantendo a
alternativa de endividamento
bancário versus mercado de
capitais. Empresas próximas ao
nível de falência estão fortemente
endividadas devido ao
fato que
haveria maior flexibilidade em
dividas bancárias, evitando a
liquidação da empresa.
Buferna,
Bengassa e
Hodgkinson
(2005)
55 empresas libias entre
1995 e 1999, a partir de
balanços e
demonstrações de
resultados entre públicas
e privadas.
Fazem
sua pesquisa
de determinantes na
Líbia, país pouco
aberto inclusive à
dados financeiros..
A lucratividade e o tamanho
apresentaram relação positiva
significativa. Resultados em linha
com a teoria do
Trade
-
off
e com a
teoria de agência. Boa parte do
endivid
amento local segue o curto
prazo, talvez minimizando
conflitos entre detentores de dívida
e de ações, difíceis de serem
emitidas localmente.
Fonte: O autor.
62
Quadro 10
-
Contribuições dos anos 2000 ao estudo de estrutura de capital
-
conclusão
Autores
Amo
stra
Contribuição
Teoria, Variável e Variáveis
relevantes
Técnica
Econométrica
Gangopadhyay,
Lensink e
Molen (2005)
684 empresas indianas,
sendo 455 ligadas a
grupos e 229 privadas,
no período entre 1989 a
1997.
GMM comparado
com a OLS comum
Empresas lig
adas a grupos
financeiros possuem melhor acesso
a fundos externos que empresas
independentes. Tamanho, idade e
endividamento apresentaram
diferenças nos dois subgrupos
estudados, e foram controladosA
estruturas de capital é diferenciada
segundo sua origem
legal.
GMM e OLS
Gaud et all
(2005)
Dados deflacionados
entre 1991
-
2000, de
empresas Suiças, a valor
de 1992 de empresas que
dispusessem de pelo
menos 6 informações
consecutivas no período
analisado, com 738
observações.
Considerações
sobre a dinâmica d
e
ajustamento no
endividamento
Suíço.
O tamanho e ativos tangíveis são
positivamente correlacionados, e o
crescimento e a lucratividade
corrente estão negativamente
correlacionados. A análise
dinâmica leva a crer que existe um
objetivo alvo. A lucratividad
e
defasada tem um impacto positivo
confirmando um
pecking order
,
com ajustamento lento.
Painel dinâmico
com variáveis
instrumentais e
GMM
Huang e Ritter
(2005)
Amostra de empresas
não financeiras ou de
cosntrução civil entre
1963 e 2001.
Inclusão de um
modelo
multinomial na
análise.
Ao controlar as variáveis sugeridas
pelo
Trade-
off e pelo pecking
order
, foram achadas evidências
em relação ao market timing nas
decisões de empresas norte
-
americanas em que taxas reais de
juros e taxa esperada de risco de
patrimônio são determinantes.
Regressões e
Modelo
multinomial
Huang e Song
(2005)
Banco de dados com
mais de 1000 empresas
listadas chinesas até o
ano 2000.
Do ponto de vista
de contribuições,
um mercado deste
tamanho e
potencial sendo
analisado
comparati
vamente
apresenta novas
possibilidades a
serem exploradas,
principalmente se
considerarmos o
novo papel da
China no mundo
atual, já entre as 5
maiores economias.
Empresas chinesas dependem
altamente do financiamento
externo, especialmente patrimônio
no nív
el agregado. O modelo
estático de
tradeoff
parece ter
melhor poder explicativo que o
pecking order. A estrutura de
propriedade afeta a estrutura de
capital na china. Endividamento
aumentou com tamanho,
tangibilidade e decresceu com
crescimento de oportuni
dades e
benefícios fiscais, em linha com o
Trade-
off
estático. Lucratividade
teve forte correlação negativa com
endividamento, também
confirmando o modelo. As
empresas listadas na bolsa chinesa
são as que mais apresentam
governança corporativa e seguem a
e
conomia de mercado.
Fonte: O autor
63
Os estudos dos anos 2000 caracterizaram
-se pela busca das respostas à questão de determinantes
através do uso das técnicas econométricas mais atualizadas em ambientes econômicos dos mais
diversos.
Ghosh, Cai e Li (2000) analisam 362 empresas de 19 segmentos, de um banco de dados entre
Fortune e Compustat, em um estudo do tipo cross section, capturando os anos entre 1982 e 1992.
Os resultados obtidos confirmaram a relação entre endividamento e crescimento de ativos, índi
ce
de ativo fixo, gastos com pesquisa e desenvolvimento e gastos com propaganda. A relação entre
risco e endividamento segue uma relação quadrática. Entretanto, o trabalho omite variáveis que
podem ser relevantes para a relação.
Krishnaswami e Subramaniam (2000) analisam a relação de alavancagem com o tipo de mercado
em que se encontra. A existência de imperfeição de mercado leva-os a estudar a teoria usando o
conceito de oligopólios de Cournot. A presença de endividamento crescente interfere na interação
entre a empresa e seus concorrentes. Em um mercado oligopolista, uma empresa pode incentivar
o aumento no número de fornecedores através da política financeira, o que não ocorre em
mercados nos quais há economia de escala, o que poderia baixar os custos c
ompetitivos.
Giner e Reverte (2001) estudam a implicação do modelo de avaliação na estrutura de capital,
através do uso do modelo de Ohlson. Assim, as hipóteses testadas são da igualdade dos
componentes de valor contábil (ativos e passivos) e também da independência de valor entre
custo de dívida e retorno sobre capital próprio. O estudo compreende 599 empresas listadas em
Madrid, no período 1991-1997. Os resultados mostram que o nível de endividamento é tomado
em consideração na avaliação dos investidores na formação de preço da ação, e que a relação
entre custo da dívida e retorno também é levada em conta. Os autores concluem pela validação da
teoria de sinalização dada pela composição da estrutura de capital.
64
Colombo (2001) estudou os determinantes de estrutura de capital na Hungria, usando
informações de balanços em 110 empresas, entre 1992 e 1996. Ele conclui pela existência de
pecking order, em presença de imperfeições de mercado na concessão de crédito por parte de
bancos que as impedem de otimizar a estrutura de capital. O autor aponta para avanços no setor
bancário da Hungria na redução da assimetria através da solicitação de colaterais reduzindo seu
risco.
Yang, Davis e Leatham (2001) analisaram o impacto do uso de um derivativo, as taxas de
swap
s
na composição da estrutura de capital. A amostra constituiu-se de 48 observações (24 empresas
em dois subperíodos) separando 18 trimestres entre 1985 e 1989 e 1991 e 1995. Foi
testado o modelo de estrutura de capital dinâmico de Fischer, usando o SUR (Seemingly
Unrelated Regression
). A conclusão básica do estudo é que empresas que usam
Swaps
aumentam
a relação de tamanho com o endividamento. Algumas alternativas importantes de análise foram
levantadas, principalmente no impacto do uso de derivativos (
Swap
, nesse caso) na avaliação de
ganhos fiscais, implicando em alterações da composição da estrutura de capital.
Ozkan (2001) realizou sua pesquisa na Inglaterra, coletando dados de empresas entre 1984-
1996,
de 390 empresas que tivessem pelo menos 5 anos contínuos de observações, totalizando 4.132
observações. Usou, para seu estudo, a técnica de painel dinâmico, com procedimentos GMM,
controlando efeitos específicos das empresas. Como contribuição na área, está a checagem da
robustez da análise feita com testes econométricos mais precisos. Como resultado, a
lucratividade, a liquidez e as oportunidades de crescimento exerceram efeito negativo na estrutura
de capital, enquanto o tamanho obteve relação positiva.
Hovakimian, Opler e Titman (2001) inovaram no estudo de estrutura de capital com alvo, ao
acrescentar a possibilidade desse alvo se alterar dadas as dificuldades ou mudanças de cenários.
Para adequar o modelo dinâmico a essa lógica, utilizam um procedimento de estágio duplo. Às
65
regressões univariadas, acrescentam regressões multivariadas e regressões logit. Quanto à
amostra, utilizam para o estudo nada menos que 37.387 dados de empresas norte-
americanas
cobrindo o período 1979-1997, para chegar em 11.136 dados de ações e 7.366 de recompras. O
resultado do trabalho sugere que lucros passados são determinantes de endividamento,
especialmente na recompra de dívidas, e minimamente na emissão de novas dívidas ou ações.
Também constataram que os preços das ações são determinantes na escolha da forma de se
financiar.
Goldstein, Ju e Leland (2001) propuseram modelos dinâmicos baseados no lucro antes de juros e
impostos como análise do endividamento. A comparação entre o modelo e observações empíricas
demonstra
-se bastante próxima no que consta a obtenção de crédito e a vantagem fiscal
decorrente. Como restrições importantes, ainda estão a assimetria de informações, as habilidades
de substituir ativos ou de forçar concessões em condições de reestruturação para baixo.
Jorge e Armada (2001) utilizam, em seu trabalho, dados do mercado português entre 1990 e
1995, em um estudo em painel. A amostra do estudo foi baseada nas 500 Melhores e Maiores que
permaneceram no ramo e tinham informações ao longo de todo o período, gerando, portanto, uma
amostra de 93 empresas. A conclusão do estudo foi que a variável crescimento apresentou-
se
positiva em relação ao endividamento. Tamanho, vantagens fiscais, controle acionário e setor de
atividade não se mostraram significativos. Lucratividade parece determinar o endivida
mento
global e a curto prazo. Sugerem pesquisa qualitativa para entender melhor as características do
mercado, como grau de desenvolvimento tecnológico, condições de acesso e desenvolvimento do
mercado português, incentivos à exportação e subsídios, entre
outros.
Após o prêmio Nobel dado a Akerlof, Spence e Stiglitz referente à assimetria de informações,
Klein, Obrien e Peters (2002) revisaram a literatura desse tópico em relação à estrutura de capital.
Sua conclusão é que, embora outros componentes como influência fiscal, problemas financeiros
66
(
distress
), custos de falência e problemas de agência sejam relevantes, a assimetria de
informações deve ser mais explorada. Apontam, por exemplo, efeitos de resposta de preços de
ações quando há oferta periódica de
ações, ou quando há alteração de composição da estrutura de
capital. Anúncios, também, possuem efeitos causando retornos anormais por certo período de
tempo. A conclusão dos autores é que embora existam elementos da teoria de sinalização, mais
pesquisa dev
e ser feita em relação ao tópico de assimetria de informação.
Titman (2002) surpreendeu em seu artigo apresentando o que ele chama de “evidências de
anedota”, A alegação de que condições de mercado são prioritárias sobre os outros efeitos é
analisada. O enfoque, em particular, faz-se no lado da oferta de crédito em um mercado
imperfeito. Seus pontos de vista partem da forma pela qual os tomadores de decisão financeira
distribuem seu tempo. Análises de escolha de economia fiscal são importantes, mas não se
alteram no dia-a-dia. condições de mercado são mutáveis no curto prazo, e são considerados.
Outras considerações de Titman (2002) se referiram a fatores exógenos que alteram o
fornecimento de crédito, como choques econômicos, por exemplo. A influência desse fator na
concessão de crédito é evidente em países como o Brasil. Basta lembrar os problemas recentes
das crises da Ásia, México, Argentina e do momento pré-eleição de Lula, ainda em 2002.
Choques de commodities, também, têm grande impacto em nossa economia, como os choques de
petróleo da década de 1970, e até o atual valor dessa
commodity
, em valores nominais recordes,
mesmo com menor impacto dado o atual nível de quase suficiência atingido. Titman (2002) cita
como elemento de exemplo a unificação da Europa e seu impacto na criação da moeda única,
gerando substancial aumento de liquidez para os países integrantes. Sua argumentação de análise
de comportamento dos agentes e mercado podem ser considerados como um elemento de
inovação a passar a ser cons
iderado nas novas pesquisas.
67
Fama e French (2002) acrescentaram à discussão de estrutura de capital, elementos de
atratividade a investidores potenciais. Especificamente, no tocante aos retornos de patrimônio
liquido, sua análise demonstra que houve substancial aumento nominal no retorno atual,
reduzindo a expectativa de retorno. Usando o modelo de crescimento de dividendos e estimativas
de crescimento de lucro, para o período 1872-1950, o retorno realizado médio e o premio real de
patrimônio geraram, respectivamente, 4,17% e 4,40%. Mas considerando o período 1950-
2000,
os modelos acima representaram apenas 2,55% e 4,32%, bem abaixo do retorno médio de 7,43%,
dado por efetivos ganhos superiores de capital. O recado desse estudo é que, para os próximos 50
anos, o premio pela escolha de capital próprio será provavelmente inferior ao premio realizado.
A contribuição de Hilberink e Rogers (2002) partiu do modelo de Leland (1998) de variação do
valor da empresa em relação à estrutura de capital, ou seja, descontinuidade no valor da
empresa dado pela alteração da estrutura de capital em seu tempo de maturidade e composição.
Assim, conforme se altera a maturidade da dívida, o valor da empresa é submetido a alterações
mais bruscas, o que pode constituir
-
se em
elemento de pesquisa futura.
Frangouli (2002) levanta uma amostra de 40 diferentes empresas gregas industriais no período
entre 1990-1996, verificando informações relativas a investimentos em pesquisa e
desenvolvimento e sua relação com o tipo de mercado em que se encontram, com reflexo na
estratégia de preço e diferenciação do produto. A assimetria de informação é refletida no gasto de
pesquisa e desenvolvimento em relação aos fornecedores de financiamento externo, com relação
negativa na alavancagem. A contribuição dá-se em relação ao enfoque estratégico (barreira à
entrada) e estrutura de capital.
Bontempi (2002) verificou a aplicação da pecking order modificada. Após levantamento da
amostra de 29.012 empresas italianas manufatureiras no período de 1982-1995, levantando
204.416 observações diretamente de balanços e fluxos de caixa, a autora rodou um painel
68
desequilibrado com mecanismo de correção de erros. Foram identificados comportamentos
ligados à teoria de pecking order e de
Trade
-
off,
nas empresas italianas. Isto se deve, segundo a
autora, a características da dependência das empresas junto aos bancos e à restrição de crédito de
modo geral.
Stenbacka e Tomback (2002) analisaram decisões financeiras e de investimento simultaneamente.
A amostra considera 3.119 empresas com 12.846 observações, entre 1982 e 1992, e a cnica
usada foi a de equações simultâneas em estimação de quadrados mínimos em dois estágios. As
conclusões dos autores referem-se à discussão de políticas simultâneas de concessão de crédito e
de mercados de capital, ao invés de se centrar apenas em mercados financeiros. Também amplia a
visão de maior uso estratégico de mecanismos de concessão de fundos para aperfeiçoar
mecanismos de competição.
Brailsford, Oliver e Pua (2002) analisaram, por sua vez, a relação entre estrutura de propriedade
de acionistas e a estrutura de capital. O período analisado é de 1989 a 1995, em empresas norte-
americanas da lista das 500 maiores. A amostra final é de 49 empresas. Dados sobre a
participação acionária dos dois principais acionistas, dos cinco principais, dos vinte principais e
dos diretores são colhidos, bem como a distribuição nas
holdings
. Para evitar problemas de
heterocedasticidade, os autores usam a matriz de variância-covariancia de consistência de
heterocedasticidade de White, na regressão linear simples. Como resultado, obtém-se uma curva
“U invertida” não linear relacionando o nível de propriedade gerencial de ações e o
endividamento, com um ponto de máximo nos 49% de propriedade dos diretores. Esse resultado
é consistente com a teoria do entrincheiramento gerencial. Quando blocos importantes
externos de acionistas, o monitoramento ocorre, existindo uma relação positiva entre
endividamento e participação. Isso não se verifica, entretanto, quando há forte participação
gerencial como acionistas.
69
Lambrecht (2001) estudou, do ponto de vista teórico, o impacto do financiamento da dívida na
entrada ou saída em condições de duopólios. A gica analisada é de que empresas
monopolisticas obtêm margens superiores e, por isso, é vantagem para empresas em oligopólios
sobreviverem, entrando na guerra duopolística com o objetivo de tornar-se monopolisticas. Em
sua análise, o autor verifica que maiores margens operacionais são bons substitutos para m
enores
pagamentos de dívida, dependendo de taxas de juros, crescimento de lucros e volatilidade. Outra
análise do autor refere-se à condição de quase perda total dos portadores de dívida, em que a
maior quantidade de concessões acontece, antes, portanto, da situação eminente de falência.
Assim, pagamentos de dívida podem ser mais facilmente reduzidos em condições de monopólio
ou altos custos de quebra. Também análise em relação à entrada de novos mercados, no que
tange ao financiamento. Empresas com maior endividamento apresentam-se mais agressivas nos
investimentos, em comparação aos seus rivais.
Baker e Wurgler (2002) estudaram a relação entre o market timing e a estrutura de capital. Para
formalizar esse estudo, partem de uma população de 2.839 empresas norte-americanas no
primeiro ano fiscal do estudo até estabelecer uma amostra de 715 observações no último, entre
1970 a 1999. A conclusão do estudo é que empresas com baixa alavancagem tendem a captar
recursos quando sua avaliação está alta. Inversamente, empresas com alta alavancagem tendem a
captar recursos quando suas avaliações estão baixas. Essas flutuações, ao contrário do que se
poderia imaginar, possuem efeitos persistentes no tempo, o que dificulta sua compreensão à luz
das atuais teorias de estrutura de capital. Dessa forma, os autores propõem que a estrutura de
capital de uma empresa é o efeito cumulativo de diversos processos derivados de decisões
financeiras de janelas de oportunidade, com bom poder explicativo.
Por sua vez, O´Brien (2003) estudou as implicações de uma estratégia de inovação na estrutura
de capital. Seu ponto de partida é o fato de que as empresas não podem mais ser vistas como
70
homogêneas, mas sim como heterogêneas. Essa visão, compartilhada por teorias como a
Resource Based view (PENROSE (1959) e BARNEY (1991) apud O`BIEN (2003)), fazia crer
que havia uma desconexão entre o endividamento e a análise do ambiente da empresa, como fator
diferencial de desempenho das empresas. A base de empresas analisadas, norte-americanas não-
financeiras, entre 1980 e 1999, foi de 16.358 empresas, gerando 91.000 observações. Usando
uma regressão linear simples com defasagens concluíram o seguinte: 1) a estrutura de capital não
é apenas função de fatores exógenos de indústria, regulamentação e mercado de produtos, mas
também uma estratégia da empresa e uma base de competição na indústria; 2) o uso ou o da
pecking order seria, portanto, uma estratégia de negócio da empresa; 3) flexibilidade financeira,
advinda da estrutura de capital, tem ligação com estratégia e, por sua vez, desempenho
empresarial; 4) é fortemente provável que exista uma relação dinâmica entre estratégia e estrutura
de capital, cada uma afetando a outra.
Em seu estudo, Kottaridi e Siourounis (2003) procuraram associar a formação da estrutura de
capital com o fluxo internacional de fundos. A visão dos autores é mais voltada à movimentação
entre países e, por isso, usaram um banco de dados de 15 países (avançados e em
desenvolvimento, incluindo o Brasil) durante 13 anos (1988-2000) ,utilizando os Estados Unidos
como país ancora, representando 72% da capitalização global. O estudo foi feito cruzando séries
temporais e entre países, separando o tipo de investimento feito por investidores internacionais
nas empresas (capital dívida ou fluxo direto de investimentos). A inovação do estudo foi a
associação de choque de liquidez com a volatilidade específica do país, em relação a agregados
macroeconômicos monetários e seus efeitos na composição de fluxo de capitais. A conclusão dos
autores é que existe uma pecking order internacional, na escolha de investimentos internacionais.
Quando crescimento de probabilidade de choque de liquidez, devido a problemas monetários
específicos da empresa e constrições monetárias do país, os agentes migram para ativos mais
71
seguros do que ações. A assimetria de informações está ligada, portanto, à volatilidade de
agregados monetários macroeconômicos, fazendo com que haja deslocamento de ações para
títulos e investimentos diretos.
Desai, Foley e Hines Jr (2003), também, estudaram o efeito de investimentos internacionais, mas
com o foco das multinacionais e o mercado de capital. Mais especificamente, o foco é dado às
taxas de imposto e condições de mercado. O banco de dados usado foi o Bureau of Economic
Analysis
(BEA) nas datas de 1982, 1989 e 1994, com empresas norte-americanas e suas filiais. A
somatória de dados dos 3 anos pesquisados chegou a 3.680 multinacionais e 32.342 filiais. Como
resultado da regressão aplicada, alguns padrões foram relatados.
Filiais em países de mercados de
capital subdesenvolvidos e proteções fracas de crédito enfrentam taxas de juros superiores de
empréstimos que suas congêneres em outros países. A resposta das empresas às taxas de juros
maiores faz-se através da redução de empréstimos de fontes externas e aumento em suas
matrizes. Assim, taxas de juros e condições de mercado de capital apresentam-se como
determinantes de estrutura de capital, constituindo-se em fator de influência entre financiamento
interno e externo das empresas. Uma vez que multinacionais possuem maior acesso a crédito em
seu país de origem com menores taxas, a captação de recursos é feita com taxas menores,
tornando
-se elemento de competitividade nas filiais no exterior, limitadas a mercados de capitais
m
ais superficiais e com menores garantias de crédito.
Dessi e Robertson (2003) analisaram os determinantes de estrutura de capital no Reino Unido.
Seu banco de dados combina o Cambridge
/DTI
databank
e o London Share Price Database. A
amostra final consiste em 557 empresas no período entre 1967-1989, em um painel equilibrado.
Vale notar que os autores precisaram cortar diversas empresas da amostra para obedecer aos
critérios de balanceamento e de informações usadas para o Q de Tobin, usado no estudo. Os
res
ultados são consistentes com a hipótese de que as empresas escolhem estruturas de capital
72
ótima, em linha com a abordagem de agência. Entretanto, empresas de baixo crescimento
apresentam menos dívida em sua estrutura de capital, em oposição ao que se esper
aria em relação
à hipótese de fluxo de caixa livre de Jensen. Empresas com maior volatilidade de fluxo de caixa
apresentam, por sua vez, maior dívida. O uso de painel dinâmico e o controle da endogeneidade
mostraram
-
se fundamentais no estudo, principalment
e quando comparado com modelos estáticos.
Dewatripont e Legros (2003) analisaram a Moral Hazard (comportamento tendencioso) e a
dinâmica de estrutura de capital. Por tratar-se de um estudo teórico, usam a teoria de jogos para
estimar o modelo de comportamento do empreendedor em face de investidor. As conclusões
teóricas são que, quando o empreendedor possui o poder de barganha de renegociação, dívidas e
seus equivalentes (conversíveis) são contratos ótimos. Empreendedores e investidores atuam
como avessos ao risco, mas o poder de renegociação possibilita ao empreendedor separar o
esforço da provisão de seguro. A lógica, portanto, é a seguinte: no início, a dívida serve como
incentivo ao esforço do empreendedor. A transformação da empresa passa a ser total
mente
publica no tempo, passando por um
IPO
, por exemplo. A premissa parte do fato de que o
empreendedor recebe participação acionária e não salário fixo, o que parece ser o comportamento
usual do capitalista de risco (venture capitalist). Essas premissas funcionam no caso que não
sejam permitidas entradas de terceiros, como rompedores de orçamento, que, nesse caso,
alterariam a dinâmica do capital. O problema de sinalização, também, é colocado, mas demanda
maior investigação científica.
Cai e Ghosh (2003) analisam a estrutura de capital a partir de uma abordagem binomial. Usam
para isso um banco de dados da Fortune 500 de 2001. As conclusões do estudo são que empresas
ajustam sua estrutura de capital em torno da média de sua indústria, quando elas estão acima da
média da indústria, o mesmo não ocorrendo quando estão abaixo. Isso indicaria que o grau de
endividamento não importa, desde que estejam abaixo da média da indústria. Assim, empresas
73
usariam financiamento interno em oposição ao externo, confirmando a pecking order. Uma
explicação possível para tal comportamento seria que a empresa, ao atingir certo nível de
endividamento, teria um alto custo de dívida associado, o que tornaria a tarefa de redução de
dívida uma necessidade. No caso de empresas com menor endividamento que a média, as
prioridades seriam outras, como condições de mercado ou disponibilidade de fundos.
Alonso (2003) incluiu em seu estudo sobre estrutura de capital, a estratégia de diversificação. Sua
amostra foi de 480 empresas manufatureiras espanholas em sua amostra, no período 1991-
1994.
Ao utilizar medidas como risco, crescimento, tamanho, pesquisa e desenvolvimento e lucro (essas
três últimas em relação com endividamento de curto prazo) não foram achadas evidências de
efeitos de co-seguro, economia de custos de transação ou de teoria de agência para a
diversificação.
Cassar e Holmes (2003) realizaram seu estudo com pequenas e médias empresas na Austrália.
Após os filtros (faturamento mínimos e máximos, quantidade de informações disponíveis, etc.), a
amostra do estudo foi de 1.555 empresas, das 13.000 originariamente pesquisadas. O estudo foi
conduzido com regressões e painel. Estrutura de ativos, lucratividade e crescimento tiveram
influência no financiamento e estrutura de capital das pequenas e médias empresas australianas.
Houve, em menor grau, relação com tamanho e risco. Essas relações estariam em linha, segundo
o autor, com a teoria do
Trade
-
off
estático. Como contribuição, o autor destaca a inovação ao se
estudar pequenas e médias empresas e não grandes empresas listadas, e que representam grande
parte da mão-
de
-
obra local.
Brio, Miguel e Pindado (2003) estabelecem seu estudo relacionando investimento e valor da
empresa, usando a técnica de painel. Diferentemente dos outros estudos, usam um painel
desequilibrado de dados de empresas espanholas no período 1990-1997, composto por 133
empresas não financeiras. Também usam o método de momentos generalizado (GMM). Usam o
74
estimador desenvolvido por Arellano e Bond (1991), de forma a poder incorporar a dinâmica em
seu estudo. Além disso, eliminam efeitos individuais, usando as primeiras diferenças. Suas
conclusões são que existe uma relação inversa entre investimento e valor da empresa, e que
uma reação positiva (ou negativa) de mercado em relação ao anúncio de investimento (ou
desinvestimento) que persiste ao longo do tempo. No longo prazo, porém, não diferença entre
empresas que investem ou não aos olhos do mercado. Empresas que possuam oportunidades de
investimentos valorosas geram mais valor que empresas sem esse tipo de oportunidade,
corroborando a teoria de geração de valor.
Mao (2003) estudou a interação entre problemas de Agência e estrutura ótima de capital. Para a
realização de sua pesquisa, a autora usou empresas americanas não financeiras ou de construção
civil, entre 1976 e 1995, que dispusessem de pelo menos 100 informações em painel para o EBIT
e o Capital, que permitisse dessa maneira o uso da técnica de painel com GMM. Uma das
descobertas de sua pesquisa é que se a volatilidade de fluxos de caixa de projeto aumenta com a
escala de investimentos, uma migração de risco de acionistas que mitigará o problema de sub-
investimento. Assim, o custo total de agenciamento da dívida não é monotonicamente crescente
com o endividamento.A inclusão do cálculo da volatilidade marginal do investimento (MVI)
(alteração da volatilidade do fluxo de caixa correspondendo à mudança de escala de
investimento) foi uma das contribuições relevantes do estudo. Uma das conclusões é que, em
emp
resas de crescimento, o nível ótimo da dívida aumenta com o aumento do MVI, mas declina
com a redução do MVI. Mas para empresas de crescimento baixo, o nível ótimo de
endividamento diminui para ambos os casos. Também foi testada a capacidade de previsão do
modelo com bons resultados, exceto para empresas de crescimento baixo e MVI negativo.
Sharma, Kamath e Tuluca (2003) inovam ao realizar o estudo usando uma abordagem de redes
neurais, técnica não linear de estimação. A amostra do estudo contemplou 18 anos, entre 1973 e
75
1990, de empresas norte-americanas. Foram selecionadas 14 variáveis, das quais 10 como
independentes e 4 dependentes. Foram usadas médias dos 18 anos das 151 empresas
selecionadas. A técnica de regressão (OLS) foi aplicada e o melhor modelo de ajustamento foi
definido pelo maior R
2
. A comparação dos resultados obtidos pela técnica de redes neurais indica
que a soma dos erros quadráticos foi significativamente inferior à OLS. Também foi testado
modelo para previsibilidade, que detectou maior qualidade do que a OLS. sugestão de que as
variáveis
non
-debt tax shield e lucratividade têm comportamento não linear, contrariando boa
parte dos estudos na área.
Benito (2003) trabalhou, em sua pesquisa, com dois níveis de dados. No primeiro, usa uma
amostra do Banco da Espanha e resulta em 6.417 empresas espanholas não financeiras entre 1985
e 2000, incluindo nessa amostra microempresas e excluindo-
se
outliers
representativos. O
segundo nível de dados é uma amostra de 1.784 empresas do Reino Unido, cotadas em Bolsa no
período entre 1973 e 2000. Em ambas as condições, foram estudadas apenas empresas que
contivessem pelo menos 5 observações nos anos pesquisados. A técnica econométrica usada foi a
de Painel desequilibrado. Como resultado do estudo, índices de endividamento mostraram-
se
inversamente relacionados ao fluxo de caixa e à lucratividade, e positivamente com investimento.
Esses resultados são consistentes com a teoria do pecking order, pois altos volumes de fluxo de
caixa ou lucratividade implicam que empresas estarão menos propensas a recorrer a fundos
externos mais caros, implicando em menor endividamento contábil. Esses resultados foram
obtidos nas duas amostras, o que, segundo o autor, pode representar certo grau de generalização
teórica. A relação negativa com a lucratividade é inconsistente com a teoria do
Trade
-
off
e a
argumentação dos custos de agência de Jensen. Uma vez que os custos de falência estariam
reduzidos, a solução ótima da empresa seria recorrer a maior endividamento. A relação
positiva
entre investimento e endividamento também é inconsistente com o pecking order, pois não se
76
aproveitam os benefícios fiscais ao máximo. Embora os sistemas econômicos espanhol e
britânico possuam características diversas, um baseado em banco e outro em mercado, houve
evidência de comportamento de pecking order em menor grau na Espanha (consistente com o
papel de monitoramento exercido pelo monitoramento de assimetria de informações). O estudo
revelou diferenças durante os anos, quando empresas captaram mais dívida ou ações, sugerindo
que deveria ser estudada a freqüência ou a temporalidade no futuro. A implicação
macroeconômica da aceitação da
pecking order
, é que, em presença de choques adversos, o efeito
na economia seria amplificado, pois haveria maior diferença entre custos de financiamento
internos e externos, levando as empresas a requererem maior taxa de retorno em seus projetos
futuros.
François e Morellec (2004) estudaram teoricamente, usando simulações de Monte Carlo, o efeito
da estrutura de capital e preços de ativos nos procedimentos de falência. Desenvolveram um
modelo de demandas contingênciais e verificaram seu impacto nas decisões de financiamento. A
conclusão do estudo é que, quando os devedores (credores) possuem a maior parte do poder de
barganha, é esperada uma redução (aumento) de endividamento, quanto maior a quantidade de
restrições colocadas na renegociação.
Bevan e Danbolt (2004) estudaram os determinantes de estrutura de capital em 1.054 empresas
britânicas não-financeiras no período entre 1991 e 1997. Ao usarem a técnica de painel com a
regressão linear (OLS), detectaram problemas de heterogeneidade, devido a efeitos específicos de
empresa, gerando vieses potenciais. Constataram, entretanto, a relação entre endividamento e
oportunidades de crescimento (negativo no curto prazo), tamanho de empresas (positivo),
lucratividade (negativo) e tangibilidade (positivo).
Brounen, Jong e Koedjik (2004) realizaram seu estudo com a aplicação de 313 questionários
entre Grã Bretanha, Holanda, Alemanha e França. A conclusão do estudo é que a flexibilidade
77
financeira, leia-
se
pecking order, aparece como fator mais importante na determinação do
montante de endividamento. O pecking order não se move, entretanto, devido a um
comportamento de assimetria de informação. evidências de custos de falência e vantagens
fiscais, que também corroboram a teoria de
Trade
-
off
estática.
Bancel e Mittoo (2004), também, realizaram seu estudo entre empresas européias. Basearam-
se
em 16 países, num total de 720 empresas. Também se tratou de uma pesquisa tipo survey. Suas
conclusões são que políticas de financiamento nas empresas européias o diferem das
congêneres norte-americanas, embora haja diferenças entre países europeus, principalmente
escandinavos e não escandinavos. A qualidade do sistema legal aparece como fator de
ordenamento entre os países, bem como o custo de capital. Fatores específicos das empresas,
como possibilidades de crescimento, são relevantes para a política de financiamento. Os autores
ac
atam como limitação de seu estudo a impossibilidade de lidar com as diferenças de
homogeneidade de empresas (para os resultados divergentes dos escandinavos, por exemplo) e
também o fato de se medirem crenças e não fatos concretos. Bhole e Mahakud (2004)
apresentaram, em seu estudo, uma análise de determinantes de capital com o uso de painel, na
Índia. Sua amostra foi de 330 empresas em três períodos de analise diferentes: 1984-85 a 1999-
2000, 1984-1985 a 1991-1992 e 1992-1993 a 1999-2000, após verificarem a comparação com
dados de 1966-2000. Conseguiram determinar a existência de uma tendência de crescimento na
relação de endividamento, quando utilizada a relação divida/capital próprio. Os autores
esclarecem que o pecking order Indiano segue diferenças com outros países, tratando-
se
principalmente de empréstimos, escambos, patrimônio externo, reservas e lucros acumulados. Do
ponto de vista econométrico, a conclusão é de que o custo de empréstimo, o custo do patrimônio,
o tamanho, o valor de colaterais de ativos, a liquidez e os non-debt tax shields foram
78
significativos. Outra contribuição foi a análise discriminando empresas públicas e privadas, além
do uso de testes econométricos robustos, como LM e Hausman.
Voulgaris, Asteriou e Agiomirgianakis (2004) estudaram, especificamente, o tamanho e os
determinantes da estrutura de capital em empresas manufatureiras gregas. Sua amostra foi colhida
diretamente de dados de balanços e demonstração de resultados, com 143 empresas pequenas e
médias e 75 empresas grandes, separadamente. A partir de uma equação não linear usaram o
algoritmo de Marquardt de 1963. As conclusões do estudo são, independentemente do tamanho
das empresas, que: dívida e tamanho de empresas são positivamente correlacionados; vida e
lucratividade (negativamente, como na pecking order), crescimento acresce a alavancagem. As
diferenças encontradas entre os dois grupos estudados foram: o estoque e as contas a receber
foram determinantes de endividamento para as pequenas e médias, mas não para as grandes, a
liquidez não afeta as grandes, em oposição às pequenas e médias; o tamanho de ativo fixo e a
produtividade de empregado não foram significativos nas grandes, em oposição às pequenas e
médias; maiores margens geraram maior endividamento apenas nas pequenas e médias. Outra
contribuição importante foi a ligação das conclusões com o comportamento do setor bancário
grego, que, aparentemente, teria um grau de precaução elevado em relação às pequenas e médias,
dificultando a otimização da estrutura de capital.
Cantillo (2004) estuda de forma teórica, usando um modelo de equilíbrio, a existência de
intermediários não bancários como fornecedores de fundos. Sua conclusão é de que bancos
também são empresas, e, portanto sofrem de
moral hazard
e de riscos de falê
ncia.
Keister (2004) faz uma análise da estrutura de capital na China. Sua amostra é de 769 empresas
no período entre 1980-1989, com o uso de análise multivariada de alta dimensão de probit e
optimal matching. O resultado evidencia o uso de lucros retidos como sinalização aos
investidores de independência de fundos governamentais. As empresas aumentam e o
79
diminuem os empréstimos enquanto possuem maior lucro acumulado. Existe um comportamento
mimético entre geografias, em que empresas imitam suas vizinhas próximas. Esse tipo de
comportamento é divergente, por geografias, da China, causando diferentes padrões de
comportamento. A maior inovação é o fato de procurar se entender a transição na economia
Chinesa, que tem seus efeitos agora ou ainda por vir.
Welch (2004) associa em seu estudo a estrutura de capital ao retorno de ações. Para isso, apura
uma amostra de 40.800 dados empresa-ano entre 1962-2000, de empresas norte-americanas não
financeiras. O uso diferenciado dos estudos anteriores é o uso da técnica de regressão de Fama-
McBeth. Suas conclusões são que, de fato, retornos de ações são determinantes de primeira
ordem e, talvez, seja o único componente mais bem compreendido na dinâmica de estrutura de
capital.
Fernandez (2004) realizou seu estudo com a técnica de painel sem censura, usando o modelo de
Anderson (1986) e Kim e Maddala (1992) apud Fernandez (2004). Foram consideradas, apenas,
empresas com dados no período todo, entre 1990-2002, em um painel equilibrado. Ficaram,
portanto, 64 empresas chilenas não financeiras gerando 3.348 observações. Os resultados obtidos
segundo a autora são mais congruentes com o
Trade
-
off
que com o pecking order, uma vez que
as empresas preferem emitir ações a proceder a novas dívidas. A explicação pode se dever à
polít
ica monetária e fiscal do Chile, segundo ela.
Mayer e Sussman (2004), em seu artigo, utilizaram 10.667 empresas norte-americanas não
financeiras no período entre 1988-1998, com pelo menos cinco anos ininterruptos, através do
fluxo de fundos. Os dados foram deflacionados pela taxa de inflação dos preços ao consumidor.
Uma inovação dá-se no tipo de estudo, pois o autor filtra os eventos de grandes investimentos
realizados pelas empresas. Algumas conclusões destacadas diferem de estudos anteriores, devido
ao
tipo de rastreamento de eventos realizado. Primeiramente, enquanto a maior parte de recursos
80
provém de financiamento interno em momentos comuns, esses possuem um papel relativamente
fraco em momentos de investimento superior. Segundo, o pecking order funciona relativamente
bem no curto prazo, sendo a dívida anterior ao patrimônio na ordem. O terceiro comentário é de
que as empresas revertem à posição anterior, após o investimento, através da emissão de ações
sobrepondo
-se à média de longo-prazo. Essa reversão ocorre mesmo em empresas distantes de
insolvência. E, por fim, os resultados encontrados (2 e 3) não podem ser interpretados como uma
tentativa das empresas de postergar a emissão de ações ao ponto em que atingem limites, pois não
houve evidência de qu
e a emissão de ações é não freqüente e capenga.
Bie e Hann (2004) fizeram seu estudo focando a teoria do equity market timing, em um mercado
menos estudado, o holandês. Sua amostra consiste em 135 empresas não financeiras listadas no
período entre 1983-1997. Adotaram a metodologia de Kayhan e Titman (2004), usando empresas
que realizaram
IPO
s (Inicial Public Offering, ou ofertas públicas primárias de ações). As
conclusões mostram diferenças de necessidades financeiras entre empresas que realizaram
IPO
s e
qu
e não. As primeiras mostram necessidade superior de caixa nos primeiros quatro anos. Elas
possuem mais oportunidade de crescimento e melhor desempenho operacional. Ambas usam
geração interna de caixa como seu fundo de recurso mais importante, seguido por dívida e
patrimônio externo. A conclusão é de que existe pouca evidência de efeitos de market timing nas
empresas holandesas, mas há sim fortes indícios das teorias de
pecking order
e de
Trade
-
off.
Brierley e Bunn (2005) realizaram seu estudo usando empresas do Reino Unido no período entre
1999 e 2002. Por estarem ligados às áreas de risco e estabilidade do Banco Macroprudential, suas
preocupações estão mais voltadas ao impacto na estabilidade monetária e financeira, incluindo
metas de inflação. Além desse enfoque, os autores analisam o desempenho das variáveis de
endividamento a nível agregado, à luz das teorias de
Trade
-
off,
pecking order. As conclusões do
estudo empírico a que se propuseram foi a de que as empresas atingiram um grau de
81
endividamento historicamente alto entre 1999 e 2002, mas não em razão do aumento no alvo,
mas sim por fatores externos como aquisição de licenças de telefonia móvel das empresas de
telefonia, por exemplo. O baixo nível de taxas de juros, em um ambiente macroeconômico
estáve
l, permitiu endividamentos relativamente altos, dados os custos menores nesse ambiente.
Segundo os autores, o ajustamento do grau de endividamento será dado ao longo do tempo,
através da emissão de ações e redução de pagamento de dividendos. Outro comentár
io relevante é
que o modelo agregado que eles usam o serve para testar as teorias envolvidas, uma vez que
nenhuma delas parece ter o poder explicativo total e elas não serem mutuamente excludentes.
Ross (2005) fez um artigo no qual procurou posicionar a teoria de estrutura de capital do
Trade
-
off
na teoria neoclássica. Conceitos como cálculo de custo de capital e tributação entre
contribuinte e empresa são tratados, além do uso de opções para dívida com risco. A contribuição
desse estudo faz-se na inclusão desses fatores na discussão da teoria, além da incorporação de
noções de restrição de responsabilidades legais (
covenants
), em um modelo teórico matemático
consistente, que deverão gerar maiores discussões sobre o tema na academia.
Miguel, Pindado e Torre (2005) buscaram definir a relação entre a estrutura de propriedade e o
desempenho, através do uso de diferentes sistemas de governança corporativa. Suas conclusões
revelam a importância de um sistema que contemple proteção ao investidor, desenvolvimento de
mercado de capitais, atividade de controle corporativo, eficiência no uso de conselho diretivo
facilitam a dispersão de controle acionário. Concentração de propriedade não se relaciona com
desempenho, mas propriedade por parte de gestores (
insider owne
rship
) é afetada por sistemas de
governança. Os fatores mais importantes aparentam estar contidos na forma legal e demandam
maiores estudos.
Miguel, Pindado e Torre (2005) estudaram, em outra pesquisa, o efeito de entrincheiramento nos
mecanismos de controle. Foi usada uma amostra de 135 empresas espanholas não financeiras
82
entre os anos 1990 e 1999, que continham pelo menos seis anos consecutivos de informação. Para
lidar com problemas de não linearidade, utilizaram um painel com GMM. O resultado é que
emp
resas espanholas usam mecanismos de controle (propriedade interna, dívida e dividendos)
complementarmente, em oposição ao sistema americano de mecanismos individuais de
governança corporativas como proteção legal aos investidores, mercados de capitais, mer
cado
para controle corporativo e conselho de administração. Esses mecanismos complementares
são observados em caso de convergência de interesse, mas não em casos em que
entrincheiramento e efeitos de expropriação ocorrem.
Ainda na linha de propriedade, Du e Daí (2005) estudaram a relação com a estrutura de capital
nas economias do leste asiático (nove). O período estudado compreendeu o período anterior à
crise asiática, entre 1994-1996, e o estudo usou regressões lineares. A amostra excluindo as
empres
as financeiras foi constituída de 1473 empresas para o endividamento medida a mercado e
1484 empresas para o endividamento medida contabilmente. Existiam três efeitos potenciais da
estrutura corporativa no endividamento: o efeito de não diluição de entrinc
heiramento, o efeito de
sinalização da dívida e o efeito espiral do redutor de dívida (fortunneling effect). As evidências
encontradas deram suporte ao aumento do endividamento através do entrincheiramento não
diluído, separando os direitos sobre o fluxo de caixa e pelos direitos de controle. Essa fraca
estrutura de capital deriva de mecanismos fracos de governança corporativa e contribuíram para
as pesadas perdas que se seguiram na crise asiática.
French, Varson e Moon (2005) estudaram, por sua vez a estrutura de capital a partir do
comportamento pós-evento, a distribuição de dividendos, usando um modelo de opções. A
amostra do trabalho foi constituída por empresas entre 1989 e 1996, compostas diariamente,
levando a 40.251 dias ex-dividendos. É calculado o retorno pós-distribuição. Em um mercado
perfeito, com custos de transação, a relação que deveria ser observada, dada a existência de
83
endividamento, é que haveria relação positiva entre endividamento financeira e retornos pós-
eventos. A constatação prática é que os preços das ações caem por volta de 77% do valor do
dividendo, pós-evento. Distinguindo o grupo dos “sem dívida” dos que possuem dívida de longo
prazo, o primeiro tem seu preço reduzido em 100% do dividendo, enquanto o segundo de 74%.
Em um modelo de regressão, considerando outros fatores além do evento distribuição de
dividendos, o montante da dívida aparece como significativo com a relação de preços pós
-
evento.
A implicação na estrutura de capital é direta, pois separa as empresas que possuem ou
não
endividamento e sua política de distribuição de lucros.
Bharat, Pasquariello e Wu (2005) procuraram estudar especificamente o efeito da assimetria de
informação na estrutura de capital. O estudo foi elaborado a partir de dados contábeis entre 1973
e 2
002, excluindo
-
se as empresas financeiras. A assimetria foi medida a partir do uso de variáveis
desenvolvidas para o mercado de microestrutura. A conclusão do estudo é que de fato a
assimetria interfere na estrutura de capital, quando as necessidades financeiras são baixas e
quando não existem restrições de crédito das empresas. Existe uma variabilidade do grau de
assimetria de informação no tempo e também na nas decisões de endividamento. Isso explica
porque a teoria de pecking order é apenas parcialmente bem sucedida na explicação de todas as
decisões de estrutura de capital
Miao (2005) analisou a estrutura de capital vis-a-vis à dinâmica da indústria. É proposto um
modelo competitivo de equilíbrio ligando decisões de entrada, saída, choques de tecnologia e são
analisados os impactos teóricos usando o referencial das teorias de
Trade
-
off
e pecking order. A
produtividade tecnológica entra como fator de heterogeneidade e é fator importante de análise.
Em equilíbrio, forma-se uma distribuição estacionária de empresas sobreviventes, com grande
variedade de estrutura de capital. as empresas mais eficientes estão menos sujeitas a sair e
possuem, portanto, custos de agência inferiores. O preço de equilíbrio possui um efeito retroativo
84
importante. Algumas conclusões levantadas em um ambiente de uma empresa com demandas
contingênciais não se verificam no equilíbrio do todo. Um dos fatores exógenos pode
simultaneamente explicar as descobertas empíricas prévias: a redução da velocidade da
tecnologia e a taxa de crescimento dada pela produtividade, a deterioração da distribuição de
entrada e /ou o aumento da taxa de imposto da empresa. Outras considerações do estudo foram
estabelecidas em relação à dinâmica da indústria. Indústrias com taxas de tecnologia crescentes
o
u distribuição acelerada possuem menos endividamento, menor índice de giro e maior produção.
Indústrias com tecnologias de risco possuem menor endividamento média, maior giro e maior
produção. Indústrias com maior custo de falência possuem menor endividamento média, menor
giro e menor produção. Indústrias com maior nível de custo operacional fixo têm menor
endividamento média, maior giro e menor produção. E, finalmente, indústrias com alto custo de
entrada têm maior índice de endividamento, menor giro e men
or produção.
Leary e Roberts (2005) estudam a estrutura de capital através da análise do pecking order, da
capacidade de endividamento e da assimetria de informação. A amostra pesquisada é de 36.031
observações de empresas ano, de empresas não financeiras norte-americanas no período 1971-
2001. A contribuição dos autores é feita na elaboração de um novo modelo empírico para testar a
pecking order e sua aplicabilidade. Em suas análises de resultado, a hierarquia proposta de
escolha de instrumentos de endividamento é freqüentemente violada pelas empresas,
comprometendo o poder explanatório do
pecking order
. Os autores constataram que essa violação
não se deve a problemas de capacidade de endividamento (através da análise de pares
equivalentes) ou de assimetria de informação. Algumas questões são colocadas pelos autores,
como, por exemplo, se os custos de agência e os impostos previstos na pecking order
correspondem aos que usualmente se observam nos dados e se a assimetria de informação
85
realmente possui alguma importância (pois se não se consegue verificar a assimetria através da
pecking order
, como se verificaria?).
Alonso, Iturriaga, Sanz e González (2005) estudam os determinantes da divida bancária nas
empresas espanholas. O estudo de empresas foca, freqüentemente, a Espanha por se tratar de um
país com base legal civil (
civil
-law country, e com forte uso de um sistema financeiro em
oposição a um país como o americano (
common law country
), focado em um sistema de mercado
de capitais. A amostra do estudo co
nstitui
-se de empresas não financeiras entre 1991-1996 e
levantou 706 observações empresa-ano. O objetivo do estudo foi o de examinar os determinantes
de dívida bancária na presença de assimetria de informações, o custo de agência e a eficiência nos
casos
de liquidação. Suas conclusões são de que empresas que detenham oportunidades de
investimentos lucrativos aparentam evitar o endividamento bancário, talvez para manterem a
flexibilidade requerida nas oportunidades de crescimento. O tamanho foi uma variável relevante
no estudo, pois empresas grandes tentariam manter forte relacionamento bancário, reduzindo
inclusive custos através de seu poder de barganha e mantendo a alternativa de endividamento
bancário mais atrativa que endividamento via mercado de capitais. Outra constatação do estudo
foi que empresas próximas ao nível de falência, fortemente endividadas estão com maior nível de
dívidas bancárias. Isso seria, segundo os autores, devido ao fato de que haveria maior
flexibilidade em dividas bancárias, evita
ndo a liquidação da empresa. A contribuição desse artigo
se faz na discussão da motivação das empresas na busca de endividamento em relação ao que se
apresenta como aceito na literatura do assunto.
Hackbarth, Miao e Morellec (2005) analisaram a dinâmica de estrutura de capital a partir de
variáveis macroeconômicas. Como principais contribuições, desenvolveram um modelo de
análise juntando variáveis macroeconômicas, condições de crédito e estrutura de capital
dinâmica. Suas conclusões sugerem algumas linhas investigativas futuras. Por exemplo, certas
86
políticas maximizadoras de resultado em certas condições macroeconômicas, se plicadas em
momentos de choque podem levar uma empresa à falência. (devido ao limite alterado ou a uma
mudança de valor em um choque agregado). Os índices de endividamento apresentam-se como
anticíclicos. As condições econômicas são determinantes do endividamento e dependem do ciclo
econômico para sua execução. A dinâmica de ajustamento da estrutura de capital, em termos de
velocidade e dimensão depende de condições econômicas correntes. Em particular, a velocidade
de ajustamento é maior quando o
spread
a termo é maior, ou seja, quando a perspectiva
econômica é positiva.
Demonstrando o caráter global da estrutura de capital, Buferna, Bengassa e Hodgkinson (2005)
fizeram sua pesquisa de determinantes na Líbia. Usando uma amostra de 55 empresas entre 1995
e 1999, a partir de balanços e demonstrações de resultados, os autores levantaram 257 casos que
foram “suavizados” pela média. Dessas, 32 empresas eram públicas e 33 privadas. Foram
testadas as variáveis de lucratividade, crescimento, tangibilidade e tamanho. Os resultados
ficaram em linha com a teoria do
Trade
-
off
e com a teoria de agência. Lucratividade e tamanho
apresentaram relação positiva significativa. A teoria de assimetria de informações o encontrou
respaldo no estudo. a teoria de agência pressupõe a relação negativa entre tamanho e
crescimento, confirmado no estudo. Com a ressalva de que grande parte do endividamento local
se
gue o curto prazo, talvez seja a explicação da minimização de conflitos entre detentores de
dívida e de ações. Embora a dificuldade de emitir ações, nesse mercado, possa exercer pressão na
gestão para expropriação de credores, por sua vez. O estudo em mercados globais e de difícil
acesso a informações e visibilidade permite uma maior compreensão dos fenômenos em uma
escala realmente mundial, sendo essa a principal contribuição desse estudo.
Gangopadhyay, Lensink e Molen (2005) fizeram seu estudo na Índia, focando a função de
afiliação a grupos no comportamento de investimento, usando um conjunto equilibrado de dados
87
de 684 empresas, sendo 455 ligados a grupos e 229 privadas, no período entre 1989 a 1997. A
contribuição do estudo segue o uso de técnicas eco
nométricas mais robustas, como o GMM e sua
comparação com a OLS comum, além de procurar identificar um fator determinante (afiliação)
no comportamento dos agentes. Dentre suas conclusões, está o fato de que empresas ligadas a
grupos financeiros possuem melhor acesso a fundos externos que empresas independentes.
Tamanho, idade e endividamento apresentaram diferenças nos dois subgrupos estudados e foram
controlados. O estudo sugere que estruturas de capital são diferenciadas dependendo, portanto, de
sua orige
m legal, mas não apresenta maiores discussões ligando à teoria de estrutura de capital.
Gaud et al. (2005) elaboraram seu estudo usando como base a Suíça. O período analisado foi
entre 1991
-
2000, com dados deflacionados a valor de 1992. Ao usar balanços
e demonstrações de
resultados, eliminaram empresas com valores negativos (com exceção de prejuízos). O período
escolhido sucedeu alterações de regulamentações contábeis. Para rodar o painel dinâmico, foram
usadas empresas que dispusessem de pelo menos 6 informações consecutivas no período
analisado. A amostra final ficou em 104 empresas com 946 observações, mas como o modelo é
em primeira diferença e com variáveis explanatórias defasadas, a amostra ficou reduzida a 738
observações. A combinação de painel com momentos generalizados e variáveis instrumentais
permitiu a checagem de endogeneidade de variáveis. O resultado foi que o tamanho de empresas
e ativos tangíveis estão positivamente correlacionados, enquanto crescimento e lucratividade
corrente estão negativamente correlacionados. A análise dinâmica leva a crer que existe um
objetivo
-alvo. A lucratividade defasada tem um impacto positivo confirmando um pecking order,
mas com velocidade de ajuste bastante lenta. Talvez se deva ao fato de não ser caro estar fora do
alvo na Suíça. A contribuição dos autores faz-se em relação ao uso do estudo com variáveis
instrumentais e GMM, mas também pelas considerações em relação à velocidade de ajuste e
considerações institucionais e ambientais da Suíça.
88
Huang e Ritter (2005) analisaram o ajustamento da teoria de estrutura de capital ao market
timing
, ou janela de oportunidades. Para esse estudo, a amostra foi constituída de empresas entre
1963 e 2001. Empresas de construção civil e empresas financeiras estão excluídas da amostra. O
tratamento de informações que faltam como pesquisa e desenvolvimento, investimentos de
capital e divida conversível foi sua substituição por zero. Ao controlar as variáveis sugeridas pelo
Trade
-
off
e pelo pecking order, foram encontradas evidências em relação ao market timing nas
decisões de empresas norte-americanas. Emissões de ações estão negativamente correlacionadas
com uma medida de risco de ações e com diversas medidas indiretas, e emissões de dívida estão
extremamente ligadas com taxas reais de juros, com efeitos persistentes. Outra conclusão do
trabalho, é que as empresas financiam boa parte de seus déficits com capital próprio externo
quando a taxa esperada de risco de capital próprio está baixa, o valor agregado da relação valor
de mercado Valor contábil e a média defasada de um dia de retorno de IPOs está alta, ou ainda,
quando realizações passadas de fatores contábil/mercado de Fama-French estão baixas ou futuras
realizações, altas. Outra consideração do trabalho foi que empresas pequenas de crescimento
contam quase que exclusivamente com financiamento externo através de dívida, e somente
recorrem à emissão de ações quando o custo está baixo, consistente com a teoria de janela de
oportunidades. Por fim, os autores estimaram um modelo multinomial de determinação conjunta
para emissão de ações. Sua conclusão é que a variável Q de Tobin e o retorno passado ajustado
do mercado são as variáveis mais importantes do modelo, e o custo de capital possui grande
poder explanatório. Outra importante contribuição se relaciona a considerações quanto à
velocidade do ajustamento, que também se mostrou lenta no trabalho, de modo similar ao estudo
Suíço.
89
Outro trabalho na linha de estudos globais é o artigo de Huang e Song (2005) sobre os
determinantes de estrutura de capital na China. Para a realização desse trabalho, os autores
utilizaram um banco de dados com mais de 1000 empresas listadas chinesas até o ano 2000. Uma
das conclusões do trabalho foi de que as empresas chinesas dependem altamente do
fin
anciamento externo, especialmente patrimônio no nível agregado. No nível microeconômico,
as grandes empresas chinesas contam principalmente com dívidas em relação à emissão de ações.
Empresas listadas, por sua vez, aparentam ter melhor acesso a empréstimos bancários ou títulos.
Na China, a assimetria de informação aparentou ter um efeito secundário, enquanto o custo de
agência pareceu de primeira ordem. Dessa forma, o modelo estático de
Trade
-
off
parece ter
melhor poder explicativo que o pecking order. Também se constata que a estrutura de
propriedade afeta a estrutura de capital na China. Endividamento aumentou com tamanho,
tangibilidade e decresceu com crescimento de oportunidades e non-debt tax shields, em linha
com o
Trade
-
off
estático. Lucratividade teve forte correlação negativa com endividamento,
também confirmando o modelo. Uma das explicações para o fato de um bom ajustamento teórico,
é que as empresas listadas na Bolsa chinesa são as que mais apresentam governança corporativa e
seguem a economia de mercado. Como diferencial foi levantado que as empresas chinesas
possuem menor endividamento de longo prazo, menos dívida total e maior proporção de capital
próprio que suas congêneres européias ou norte-americanas. São mais dependentes de
financiamento
externo. E a relação entre valor de mercado e contábil é extremamente maior que
em outros países. Uma das razões para a explicação do baixo comprometimento de longo prazo,
pode ser o fato das empresas esperarem acessar o mercado de capital com condições ma
is
favoráveis de preço. Do ponto de vista de contribuições, um mercado desse tamanho e potencial,
sendo analisado comparativamente, apresenta novas possibilidades a serem exploradas,
90
principalmente for considerado o novo papel da China no mundo atual, já entre as 5 maiores
economias.
Essa diversidade de estudos na área é importante, uma vez que diversos trabalhos apresentam
diferenças fundamentais entre os mercados financeiros e os sistemas. LaPorta, Lopez-de Silanes,
Shleifer e Vishny (1997,1998) apud Brounen, Jong e Koedik (2004), apontam diferenças entre
sistemas legais e o desenvolvimento dos mercados de capitais. Jong e Koedik (2004) apontam a
polarização dos sistemas financeiros: na Europa instituições de grande porte baseadas em
relacionamento, em contraste com os Estados Unidos, de atuação de mercado intensivas. Com a
importância crescente de nações como Índia e China, estudos acadêmicos robustos em outros
ambientes culturais também surgem com dados locais: Babu e Jain, (1998); Bhole e Mahakud,
(2004)
; Keister, (2004) e Du e Daí (2005).
Esses estudos trouxeram importantes contribuições em análises tópicas de relações entre os
determinantes de capital e o endividamento. Diferentes modalidades de estrutura de propriedade,
procedimentos de falência e amb
ientes legais diversos levantaram esses tipos de questão. Tópicos
tradicionais como problemas de agência (estrutura de propriedade, participação de alta gerência),
influência de impostos, retornos de ações, tamanho, lucratividade, sinalização, somam-se a n
ovos
como estratégia de diversificação (por exemplo em Alonso (2003)) e janela de oportunidade
ganham nova roupagem. Outra consideração importante, além do ambiente cultural, foi o da
própria conseqüência de estudos dos últimos 50 anos na área de finanças. Particularmente, a
premissa de mercados perfeitos foi relaxada, surgindo diversos trabalhos em condições de
concorrência imperfeita, como oligopólios (Krishnaswami e Subramanian (2000)), duopólios
(Lambrecht (2001)) e monopólios (Eriotis (2002) e Frangoul
i (2002)) com resultados diversos.
Como foi visto, aos estudos anteriores cujas análises são feitas basicamente em corte (
cross
-
section
), somam-se, agora, outras técnicas como análise binomial (Cai, Paterson e Ghosh (2003))
91
e painel. Essas técnicas surgem da necessidade de se considerar um ambiente dinâmico, em
oposição aos tradicionais estudos estáticos. A velocidade como a informática tem se
desenvolvido permitiu a rápida difusão e disseminação dessas técnicas e seu uso global, o que
tem contribuído para essa globalização da discussão em torno da estrutura de capital. A maior
facilidade de manuseio de bancos de dados em países com menor tradição também tem trazido
seus frutos. Problemas que eram levantados como limitações anteriormente, como considerações
de homogeneidade de empresas, de estabilidade de comportamento passam a fazer parte do
questionamento. Das especificidades e peculiaridades das empresas e de seu ambiente, surgem
estudos envolvendo a técnica de painel, que conseguem incorporar as idiossincrasias nos
modelos. Avanços, nesse campo, são feitos com incorporações crescentes de instrumentos às
análises, devido à contribuição do suporte teórico da matemática, facilitadas por inserções em
programas de computador. Deve-se proceder, entretanto com cautela, atentando-se para
interpretações teóricas consistentes ao seu alcance. Problemas de endogenia ainda o foram
totalmente controlados, devido à própria natureza da questão. Com isso, corre-se o risco de a
especificação do modelo não ser adequada, inv
iabilizando as conclusões.
Para evitar esse tipo de problema, estarão sendo incluídas algumas contribuições recentes, que
permitirão definir a construção do modelo a ser testado e considerar cuidados extras nos
procedimentos metodológicos que devem ser ob
servados.
3.4.3.
Contribuições brasileiras recentes
Como não poderia deixar de ser, o Brasil, também, oferece um ambiente de estudos bastante
ativo nesta área, com diversas contribuições ao longo do tempo, conforme de pode observar no
quadro 11 abaixo.
92
Quadro
11 -
Contribuições brasileiras ao estudo de estrutura de capital desde 1990
Autor
Variáveis relevantes e conclusões.
Nakamura (1992)
Ativos tangíveis, tamanho e grau de imobilização como positivos e rentabilidade
como negativo.
Eid Jr (1996)
Comportamento oportunistico de captação e hierarquia pré
-
determinada.
Famá e Kayo (1997)
Oportunidade de crescimento leva ao uso de capital próprio e baixo crescimento
leva a capital de terceiros.
Lucratividade inversamente relacionada com endividamento.
Famá e Perobelli
(2001)
Relações negativas entre crescimento de ativos, tamanho e lucratividade com o
grau de endividamento de curto prazo. Empresas com alto giro tendem a ser
menos endividadas no curto prazo que as empresas de baixo giro.
Gomes e Leal (2001)
Tangibilidade e risco apresentaram relação positiva enquanto rentabilidade,
crescimento e tamanho apresentaram relação inversa.
Terra (2001)
Apenas rentabilidade apresentou resultados consistentes na relação com
endividamento.
Santa
na e
Turolla (2002)
Concluíram que não havia superioridade entre nenhuma das duas teorias, em um
modelo estático
Nakamura e Mota
(2002)
Verificaram que empresas brasileiras seguiam o
pecking order
.
Calabrez (2003).
As variáveis relacionadas a tamanho,
grau de imobilização, variabilidade de
resultados possuem relação significativa com o endividamento. No caso de
diversificação, a relação foi significativa apenas em um dos métodos estatísticos e
não se confirmou sempre. Não foram concluídas relações teó
ricas significativas.
Brito e Silva (2003)
Verificaram que empresas mais lucrativas são menos endividadas, de acordo com
ambas as teorias.
Terra (2003).
Conclui que fatores específicos de empresas teriam maior importância do que
fatores macroeconômicos
como indicadores de estrutura de capital.
Mellone Jr (2003)
O artigo conclui pela não significância do beta para escolha da estrutura de
capital.
Basso, Mendes e Kayo
(2004)
Valorizações passadas de mercado exercem efeitos cumulativos e persistentes na
estrutura de capital das empresas.
Kayo, Teh e Basso
(2004)
Enquanto a quantidade de patentes se mostrou uma variável importante na
determinação da estrutura de capital, a quantidade de marcas não apresentou
significância. A propriedade de uma patente d
aria uma condição privilegiada de
monopólio temporário à empresa, gerando lucros acima do normal explicando o
baixo nível de endividamento.
Machado,Temoche e
Machado (2004)
As variáveis tamanho, risco, liquidez e a composição dos ativos foram
representa
tivas para a explicação da estrutura de capital.
Medeiros e Daher
(2004)
Sua conclusão é que a captação de recursos segue a
pecking order
, mas os autores
não conseguiram determinar qual foi a seqüência temporal adotada pelas
empresas.
Brito e Lima (2005
)
Concluíram em favor da teoria de
pecking order
nas relações entre tangibilidade,
crescimento e rentabilidade.
Silva e Brito (2005)
Lucratividade e endividamento têm relação negativa.
Moraes (2005)
Lucratividade (negativa), tamanho e concentração de me
rcado (positivos)
Martin et all (2005)
Liquidez corrente, tamanho, rentabilidade,valor de mercado, risco do negócio
apresentaram correlação negativa enquanto liquidez corrente defasada,
crescimento de vendas defasado, valor de mercado defasado e variáve
l
dependente de endividamento defasada apresentaram
-
se positivamente
correlacionadas. Houve consistência com as teorias de
Trade
-
Off
e
Pecking order
.
Fonte: O autor
93
Nakamura (1992) identificou ativos tangíveis, o tamanho e o grau de imobilização como
exp
licativos do endividamento geral da empresa, apresentando-se uma relação negativa entre
endividamento e rentabilidade, sendo importante o setor de atividade da empresa. a
volatilidade e liquidez não apresentaram correlação.
Eid Jr (1996) realizou um trabalho de campo para verificar o comportamento dos tomadores de
decisão em relação à estrutura de capital. Para isso, elaborou um questionário com questões
fechadas, do tipo múltiplo escolha ou classificatória. Das 1126 empresas que foram escolhidas,
apena
s 161 responderam, compondo-se de 24 setores básicos. Segundo o autor, as empresas
possuem comportamento oportunístico, aproveitando a condição de mercado. Destacou em sua
conclusão, também, que boa parte das empresas segue uma hierarquia de captação
prede
terminada. Outro objetivo do trabalho do autor se relacionava à técnica de cálculo usada
pelos gestores, que indicou o uso de TIR,
Payback
e VPL nessa ordem. Por fim, a análise de
fluxo de caixa mostrou-se mais relevante que a análise de risco para os gestores. O uso do custo
médio ponderado de capital é de fato avaliado pela maior parte das empresas, em conjunto com o
custo da fonte disponível.
Já, Famá e Kayo (1997) evidenciaram, por sua vez, que, em oportunidades de crescimento, as
empresas optam por uso de capital próprio, enquanto, em baixo crescimento, as empresas
utilizariam maior volume de capital de terceiros. A lucratividade apresentou uma relação inversa
com endividamento, significativamente, e o tamanho não foi significativo.
Famá e Perobelli (
2001) partiram do referencial teórico de Titman e Wessels (1988), usando entre
outros instrumentos uma análise fatorial. Foram encontradas relações negativas entre crescimento
de ativos, tamanho e lucratividade com o grau de endividamento de curto prazo. Também se
constatou que empresas, apresentando alto giro, tendem a ser menos endividadas no curto prazo
que empresas de baixo giro.
94
Gomes e Leal (2001) estudaram o período 1995 a 1997 e concluíram que fatores como
tangibilidade e risco apresentaram relação positiva contrapondo-se à rentabilidade, crescimento e
tamanho que apresentaram relação inversa.
Terra (2001) fez um estudo em painel tomando dados entre 1986 e 2000 em países da América
Latina. Apenas rentabilidade apresentou resultados consistentes na
relação com endividamento.
Santana e Turolla (2002) estudaram o setor petroquímico brasileiro no período de 1991 a 2000,
concluindo que não havia superioridade entre nenhuma das duas teorias, em um modelo estático.
Nakamura e Mota (2002) verificaram que
empresas brasileiras seguiriam o
pecking order.
Calabrez (2003) estudou o período 1994 a 2002, usando a regressão múltipla. A inclusão de
variáveis como Existência de Produtos exclusivos (
Uniqueness
) e Diversificação de negócios em
uma pesquisa através de questionário enviado por correio e o tratamento dessas como
dummies
na regressão foram a novidade do estudo. As variáveis relacionadas a tamanho, grau de
imobilização, variabilidade de resultados possuem relação significativa com o endividamento. No
caso
de diversificação, a relação foi significativa apenas em um dos métodos estatísticos e não se
confirmou sempre. Não foram concluídas relações teóricas significativas.
Brito e Lima (2003) concluíram em favor da teoria de pecking order nas relações entre
t
angibilidade, crescimento e rentabilidade.
Brito e Silva (2003) verificaram que empresas mais lucrativas são menos endividadas, de acordo
com ambas as teorias.
Terra (2003), usando o método de painel, analisou sete países latino-americanos no período ent
re
1986 e 2000, concluindo que fatores específicos de empresas teriam maior importância do que
fatores macroeconômicos como indicadores de estrutura de capital. Mellone Jr (2003) tomou uma
medida de corte em 2001 com 187 empresas e concluiu pela não significância do beta para
escolha da estrutura de capital.
95
Basso, Mendes e Kayo (2004) estudaram o equity market timing, que é a prática de emissão de
ações em momentos de preços altos e reaquisição em momentos baixos, no mercado brasileiro,
replicando estudo de Baker e Wurgler (2002). Essa prática foi estudada pelos autores a partir de
uma regressão múltipla, levando à conclusão que valorações passadas de mercado exerceriam
efeitos cumulativos e persistentes na estrutura de capital das empresas.
Kayo, Teh e Basso (2004) analisaram a relação entre o endividamento com os ativos intangíveis
de inovação (patentes) e de relacionamento com públicos estratégicos (marca). Enquanto a
quantidade de patentes mostrou-se uma variável importante na determinação da estrutura de
capital, a quantidade de marcas não apresentou significância. Segundo os autores, a propriedade
de uma patente daria uma condição privilegiada de monopólio temporário à empresa, gerando
lucros acima do normal explicando por sua vez o baixo nível de end
ividamento.
Machado, Temoche e Machado (2004) realizaram um trabalho de determinantes de estrutura de
capital em 20 empresas (13 pequenas e 7 médias) industriais da cidade de João Pessoa, na
Paraíba, entre 1998 e 2000. Foram analisadas as variáveis tradicionais, como tamanho,
crescimento, rentabilidade, risco, composição dos ativos e liquidez. Aplicando a análise de
regressão linear, a conclusão foi de que o tamanho, risco, liquidez e composição dos ativos foram
significativos para a explicação da estrutur
a de capital.
Medeiros e Daher (2004) realizaram um estudo em
cross
-
section
em 132 empresas de capital
aberto em 2001. Sua conclusão é de que a captação de recursos segue a pecking order, mas os
autores não conseguiram determinar qual foi a seqüência temp
oral adotada pelas empresas.
Silva e Brito (2005) replicaram o modelo de Fama e French (2002) para testar a previsão de
Trade
-
off
e pecking order sobre os dividendos no Brasil. Foram usadas 111 empresas brasileiras
não
-financeiras de capital aberto entre 1995 e 2001, com seus dados vindos da Economática e
corrigidas pela inflação (IGPDI FGV). Os critérios foram: dados completos e que pagaram
96
dividendos pelo menos uma vez no período estudado. A conclusão do trabalho é que a
lucratividade é o fator de maior importância para o pagamento de dividendos. Existiram
evidências em favor do modelo de
pecking order,
uma vez que foi observada um relação negativa
entre endividamento e lucratividade. Outra evidência deu-se no fato de que mudanças de curto
prazo na lucratividade foram absorvidas pelas vidas. Na opinião dos autores, rejeitaram a
hipótese de tendência de ajuste lento para uma meta (
Trade
-
off)
em favor da interpretação de
metas de atendimento de estrutura de capital secundárias.
Moraes (2005) estudou a estrutura de capital no período 1999-2002. Foram levantadas 181
empresas com 459 observações. A variável lucratividade mostrou-se negativamente
correlacionada com o endividamento. Tamanho e concentração de mercado apresentaram-
se
positivamente correlacionadas com a estrutura de capital. A contribuição deu-se na análise de
regressões usando variáveis como concentração de mercado, fugindo um pouco do usual.
Martin et al. (2005) estudaram os determinantes da estrutura de capital no período 1999
-
2003, em
91 empresas de capital aberto no Brasil, usando a técnica de painel dinâmico e o método de
momentos generalizados (GMM), comparado a Anderson Hsiao (AH). Os resultados, tanto para a
proxy
contábil como para a de mercado, demonstraram forte coeficiente positivo p
ara as variáveis
de endividamento instrumentais, revelando que a estrutura de capital obedece a um ajustamento
temporal. E ainda, as variáveis de liquidez corrente, tamanho, rentabilidade, valor de mercado,
risco de negócio apresentaram-se negativamente correlacionadas com as
proxies
utilizadas para
mensurar o endividamento, enquanto a variável crescimento de vendas defasada, valor de
mercado defasada, tamanho defasado e a
proxy
de endividamento defasada apresentaram-
se
positivamente correlacionadas. Ocorreram evidências a favor tanto do Pecking order como
também da teoria do
Trade
-
off
. A seguida alteração de sinal das variáveis defasadas comprovou
um comportamento de ajuste na estrutura de capital e nos seus determinantes.
97
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1. CO
NHECIMENTO EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
O método é, freqüentemente, descrito como caracterizado por uma investigação que parte do
particular para o geral em vez de partir do geral ou da generalização para uma aplicação dessa
generalização aos casos particulares. O desenvolvimento da ciência nos últimos quatro séculos é
evidência inequívoca da aplicabilidade e do sucesso do método, causou um fenômeno curioso
que alguns críticos têm chamado de cientificismo, isto é, a elevação do método indutivo e seus
resu
ltados à categoria de verdade absoluta.
É por essa razão que o processo metodológico deve estar bastante claro, pois é graças a ele que
será dado ao trabalho as características de credibilidade de um trabalho científico.
Convencionalmente e independentemente da área de atuação, os pesquisadores puseram quatro
perguntas que permitem que se obtenha a devida credibilidade:
1)
Valor da verdade: Como se estabelece confiabilidade na verdade sobre pesquisas em
determinados contextos? (Validade Interna)
2)
Aplicabilidade
: Como se determina a extensão dos achados em outros contextos e
respondentes? (Validade Externa)
3)
Consistência: Como determinar se os achados de uma pesquisa podem ser repetidos com
os mesmos respondentes em condições similares? (Confiabilidade)
4)
Neutralid
ade: Como determinar que os achados o os dos respondentes e o derivados
dos vieses e interesses do pesquisador? (Objetividade).
A validade interna pode ser definida como a extensão pela qual as variações na variável
dependente podem ser atribuídas à variável controlada independente. O propósito do desenho é,
portanto, o de controlar e tornar aleatórios os fatores externos que possam influenciar os
resultados. No caso econométrico em questão, segundo Stock e Watson (2004), a validação
98
interna ocorre se as inferências estatísticas sobre os efeitos causais forem válidas para a
população estudada.
Nas ciências sociais, segundo Campbell e Stanley apud Guba e Lincoln (1985), existem “oito
perigos” à validação interna que devem ser resolvidos:
1.
História: evento
s entre primeira e segunda mensuração;
2.
Maturação: processos no respondente durante o decorrer da passagem de tempo;
3.
Processo de teste: efeitos de se testar em um segundo teste;
4.
Instrumentação: mudanças na calibragem do instrumento de medida;
5. Regressão estatística: tendência de um movimento para a média na comparação de
grupos;
6.
Seleção diferencial: efeitos de comparação entre grupos não comparáveis;
7.
Mortalidade experimental: efeitos de perdas diferenciais para comparação de grupos;
8. Seleção, interação e maturação: efeitos de alguns desenhos de pesquisa que podem
introduzir erros na variável experimental.
A validade externa, por sua vez, pode ser definida como “a validade que pode ser inferida sobre o
relacionamento da causalidade poder ser generalizada para e entre tipos de pessoas, conjuntos e
tempos”. Segundo Stock e Watson (2004), a validade externa ocorre quando as inferências e
conclusões puderem ser generalizadas com base na população e no cenário estudados para outras
populações e cenários.
Como procedimento posterior, a confiabilidade é geralmente testada pela possibilidade de
replicação.
Finalmente, a objetividade é um consenso entre indivíduos, em que diversos
observadores podem concordar em um fenômeno através de julgamento coletivo. Os
procedimento
s metodológicos bastante detalhados do trabalho procuraram reduzir o risco dos oito
perigos.
99
4.2.
FLUXO METODOLÓGICO DO TRABALHO
À luz da constituição do conhecimento descrito anteriormente, foi estabelecido o seguinte
método, descrito na figura 7 abaixo.
Figura
7 -
Fluxo de pesquisa e objetivo metodológico
Fonte: O autor
1) Definição do problema de pesquisa.
2) Definição da questão de pesquisa e seu refinamento.
3) Levantamento de referencial teórico
atualizado nas áreas de Finanças (estrutura de capital),
Estatística (tratamento de banco de dados) e econométrica (técnicas econométricas de
regressão e técnica de
panel
).
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100
4) Escolha da amostra do trabalho na população alvo: empresas de capital aberto, c
om
negociações entre os anos de 1994-2005. Devido ao uso de variáveis defasadas como
crescimento, perde
-
se o ano inicial.
5) Discussão com especialistas e colegas para interpretação de referencial teórico de estrutura
de capital e de técnica de painel.
6) Configuração das variáveis em conexão com a teoria (
proxies
) visando à especificação
correta do problema do ponto de vista econométrico.
7) Planejamento da montagem de banco de dados inicial, estrutura do trabalho e escopo.
8) Coleta de dados e montagem
do banco de dados inicial.
9) Análise e tratamento de dados faltantes (
missing
).
10)Teste das variáveis: multicolinearidade, heteroscedasticidade, linearidade e eventual
transformação das variáveis.
11) Simulações diversas (defasagens, inserção de
dummie
s
, inserção de novos instrumentos).
12) Interpretação e refinamento consonantes com o referencial teórico.
13) Análise inicial. Submissão de artigos para críticas e contribuições além de discussão no
consórcio doutoral e qualificação no programa. Tudo isso funcionou como aprendizagem do
tema, da técnica envolvida e dos problemas a serem trabalhados.
14) Planejamento da montagem de banco de dados mais abrangente com inclusão de novas
variáveis.
15) Nova coleta de dados e montagem do banco de dados.
16) Anál
ise e tratamento de dados faltantes (
missing
).
17) Análise fatorial e análise por modelagem estrutural para ter sensibilidade em relação ao
modelo
cross
-
section
e o de equações simultâneas.
18) Análise de painel em suas diversas fases e sub
-amostras.
101
19)
Interpretação dos resultados à luz do referencial teórico mais amplo.
20) Avaliação dos instrumentos.
21) Entrevistas com executivos para verificar a percepção comportamental em relação às
variáveis estudadas.
22) Conclusões e limitações do trabalho.
Com
esse fluxo entende-se que se está obedecendo aos preceitos da geração de conhecimento em
ciências sociais.
4.3.
FUNDAMENTAÇÃO PARA A ESCOLHA DO MODELO ECONOMÉTRICO
A escolha de uma técnica que satisfaça o rigor metodológico da tese e o tipo de problema qu
e
tem características de corte e de tempo (longitudinal) implicou em uma escolha da técnica de
painel.
“Através da mistura das características de análise de corte e séries de
tempo, o panel data pode ser usado, por exemplo, pois:
1) expande o tamanho da a
mostra
2) permite a especificação de hipóteses comportamentais mais complexas;
3) captura variações de corte e comportamento dinâmico
4) reduz o problema de multicolinearidade
5)gera possibilidades para reduzir variáveis omitidas e vieses de
estimação
6) m
elhora a precisão dos parâmetros de estimação
7) obtém previsões mais acuradas de previsão individual
(HSIAO et al.
(2001))
De acordo com Bond (2002), o estudo de corte (
cross
-
section
) baseia-se apenas em um momento
no tempo e não fornece informações suficientes do passado para permitir a investigação de
relações dinâmicas. O estudo de séries de tempo, por sua vez, pode agregar vieses significativos
de modo agregado na análise. Já a técnica de painel trabalha simultaneamente com dados de corte
e longitudinais, com a vantagem de se poder estudar a heterogeneidade dos ajustes dinâmicos
entre os diferentes indivíduos da amostra. Segundo Bond (2002), o uso de dinâmica no processo
102
pode ser crucial para a obtenção de estimadores consistentes e outros parâmetros mesmo quando
coeficientes em variáveis dependentes defasadas não são de interesse direto.
Apesar das vantagens apresentadas, o uso dessa técnica, segundo Hsiao et al. (2001), pode levar a
um problema de dados iniciais e parâmetros incidentais de natureza bastante complexa, quando
existem dados com grande número de unidades de corte em pequeno espaço de tempo.
Seguindo as orientações de tratamento de modelos quantitativos de Wooldridge (2003), após
termos um modelo bem especificado, deve-se nos preocupar com os erros padrões. Por isso,
testa
-se a heteroscedasticidade. Caso seja necessário, proceder-
se
com a correção das variáveis
e testaremos novamente, para checar que a correção teve seu efeito. O teste de endogeneidade
será necessário, pois não se tem certeza em relação ao modelo especificado (que pode conter
relações espúrias). Segundo Stock e Watson (2004), para corrigir eventuais distorções geradas
por regressores endógenos problemáticos que podem estar correlacionados com o termo erros,
incluem
-se na regressão as chamadas variáveis instrumentais, de forma a obter-se um estimador
com características desejadas. De acordo com Seddighi, Lawler e Katos (2000), modelos
econométricos são desenvolvidos para fornecer explicações lógicas e coerentes de problema
s
econômicos. Assim, modelos econômicos derivam das formas teóricas que nada mais são do que
representações do complexo mundo real. Quanto à especificação do modelo, em geral as relações
entre as variáveis que se pretende relacionar são lineares ou log-
lin
eares. Essas relações podem
ser apresentadas sob forma de relação linear simples ou múltipla. Por se tratar de um problema
de natureza econométrica, o próprio processo de investigação e de inferência probabilística, nesse
caso, dará a dimensão da robustez das conclusões. De acordo com Greene (2000), a investigação
empírica fornece estimativas de parâmetros desconhecidos no modelo e, geralmente, visa medir a
validade da teoria ante o comportamento dos dados observáveis.
103
4.4.
PROCEDIMENTO QUANTITATIVO
O procedimento metodológico quantitativo que será adotado a seguir espelha-se nos diversos
estudos que compõem este trabalho. Dessa forma, seguem
-
se os passos:
1) Verificação e checagem do banco de dados. Tratamento de dados faltantes (
missing
) e
verificação da consistência da informação (
outliers
, padrões e informações duvidosas). Correção
de erros de captura de informação => Diagnóstico a partir de informações descritivas dos dados.
2) Testes nas variáveis (normalidade, linearidade, homocedasticidade, ausência de erros
correlatos...) => Necessidade de transformações de dados para atingir a normalidade e
homocedasticidade (log, por exemplo). A variável tamanho de faturamento, por exemplo, foi
transformada pelo seu logaritmo.
3) Busca da parcimônia do modelo, com o cuidado de não se cometer o erro inverso de
especificação (multicolinearidade, fatorial) => Redução do número de variáveis a serem testadas
no modelo.
4) Busca de confirmação da presença das variáveis fundamentais ao estudo, para evitar-se o
problema de especificação pobre, em que uma variável poderia estar omitida. A análise fatorial e
a modelagem estrutural apresentaram seus resultados, confirmando a presença das variáveis
principais.
5) Execução do procedimento de estudo em painel (estático, dinâmico e incluindo instrumentos)
=> Verificação de qual modelo se obtém melhor especificação técnica, através da análise de
resultados (robustez).
104
4.5.
PROCEDIMENTO QUALITATIVO
4.5.1.
A pesquisa de campo
O instrumento de pesquisa qualitativo obedeceu aos preceitos de i
senção de opinião e de conexão
com a realidade dos potenciais entrevistados, alicerçado pela fundamentação teórica do tema
bastante explorado. Elabourou-se assim um questionário (apêndice a), extremamente focado
levando ao uso mais eficiente do tempo. Esta opção permitiu a análise e comparação de
informações uma vez que todos os entrevistados tiveram a mesma seqüência de perguntas e
abertura para reflexão diferenciada de acordo com o perfil do entrevistado, levando ao
levantamento de eventuais diferenças importantes para a compreensão do processo estudado.
Dessa forma, atendeu-se ao objetivo de verificar a percepção dos executivos da área e de
repercutir os resultados do estudo, usando o referêncial teórico e os resultados observados.
Após as fases deno
minadas por Cooper e Schindler (2003) como planejamento de coleta de dados
e a definição da amostragem, foi realizada a composição do roteiro de entrevista. Uma vez que o
instrumento de análise não busca explorar uma questão desconhecida, mas avaliar sua
aplicabilidade no contexto brasileiro, foi dispensado o uso de piloto, passando-se diretamente à
sua aplicação junto aos executivos. Foram realizadas 6 pesquisas junto a executivos de alto vel
de direção. Devido às dificuldades de tempo por parte dos executivos, foram viabilizadas as
alternativas que melhor conviessem a eles, sendo aceitas respostas por telefone (2) por
email
(3) e
por entrevista presêncial (1). Após o término das entrevistas, foram feitas as transcrições
(apêndice b). Posteriormente, essas entrevistas foram impressas e analisadas, buscando-
se
identificar os elementos categorizados de acordo com o quadro analítico teórico preestabelecido.
As respostas permitiram que se verificasse a prática executiva efetiva em relação à questão de
estrutur
a de capital e sua relação de causalidade com outras variáveis.
105
4.5.2.
O referencial analítico e o instrumento de análise
O aspecto conceitual das questões buscou atender ao referencial analítico criado a partir do
referencial teórico (figura 8).
Figura
8 -
Referencial analítico para elaboração do roteiro de entrevista.
Fonte: O autor
O questionário (apêndice a) foi dividido em quatro partes, sendo a primeira a de caráter
descritivo, com questões em relação à caracterização dos entrevistados para qualificá-los como
respondentes potenciais. Características profissionais (tempo de experiência na área, função mais
alta alcançada, empresas e portes em que trabalhou) e pessoais (formação acadêmica) foram
rastreadas. Já as perguntas da segunda, terceira e quarta parte foram elaboradas a partir do
referencial teórico da área de estudo, com questões de decisão de aspectos da estrutura de capital
das empresas, usando o referencial teórico da tese e livros da área.
106
4.5.3.
Tratamento das entr
evistas
Segundo descreve Bardin (1977), na análise quantitativa, o que serve de informação é a
freqüência com que surgem certas características do conteúdo. Já na análise qualitativa é a
presença ou ausência de uma dada característica num determinado fragmento que é tomada em
consideração. Para o tratamento dos dados obtidos com as entrevistas realizadas, foi escolhido o
método de análise de conteúdo.
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações visando
obter, através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicativos (qualitativos ou não) que permitam inferir conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens
(BARDIN, apud
RICHARDSON, 1999
).
Segundo Bardin (1977), na análise de conteúdo está focado o estudo de documentos
disponíveis em mídia (escrita, voz, imagens) e aplica-se perfeitamente à análise do conteúdo de
entrevistas realizadas já com objetivos e hipóteses definidas previamente. A atitude interpretativa
é sustentada por processos técnicos de validação.
A categorização, embora nem sempre seja obrigatória, enriquece a análise de conteúdo. Bardin
(1977) definiu-a como: uma operação de classificação de elementos de um conjunto po
r
diferenciação e por reagrupamentos, segundo o gênero, com critérios definidos previamente. As
categorias são rubricas ou classes, que reúnem um grupo de elementos sobre um titulo genérico.
Vários são os critérios de categorização que podem ser utilizados na análise de conteúdo. Os
critérios descritos conforme Bardin (1977) são:
semântico, relacionada à categoria temática;
sintático, que se refere aos verbos, adjetivos e substantivos;
107
léxico, que é a classificação das palavras segundo seu sentido, empare
lhando
-as de acordo
com os sinônimos ou sentidos próximos, sendo essa a utilizada neste trabalho.
Devido ao tipo de procedimento adotado com as diversas possibilidades de meios de resposta,
procurou
-se identificar palavras, expressões ou frases, cujo significado se relacionasse com o
referencial teórico anteriormente abordado. Voltando-se ao quadro analítico, foi montada uma
estrutura de análise identificando as características essenciais que compõem a tomada de
decisão em relação à estrutura de capital. Vale ressaltar que o objetivo de realização de uma
análise qualitativa ao final do estudo não tinha como objetivo uma generalização (que
dependeria de instrumentos e foco que por si constituiriam-se em outro estudo), mas a
busca de relações causais e int
erpretações dos resultados obtidos.
5.
O MODELO ECONOMÉTRICO
5.1.
MODELO TESTADO
O procedimento econométrico da busca do modelo que melhor explique um fenômeno faz com
que diversos modelos sejam testados antes de se obter um com boa especificação. Como ainda
o se tem uma teoria unificada, foram testadas algumas possibilidades a partir dos estudos de
Ozkan (2001) e de Gaud
et al.
(2005) que embasaram um modelo inicial de pesquisa e tratamento
de dados, reproduzidos em um artigo de Martin et al. (2005).
O model
o testado está representado abaixo na equação 9:
Equação
9
:
Endividamento
=f(
crescvda,crescat,rentger,rentop,rentop2
,cobjuros,cobjuros2,lucger
,lucop,lucop
2,giroest,jurcred,pd,pd2,beta,liqcorr,mtb,pecf,tamfat,setor,ibovespa,cambio,s
elic,ano)
em que:
crescvda
= taxa de crescimento de vendas;
crescat
= taxa de crescimento de ativos;
108
rentger
= rentabilidade geral da empresa;
rentop e rentop2
= rentabilidade operacional da empresa;
cobjuros e cobjuros2 =
índice de cobertura de juros;
luger
=lucratividade geral da empresa;
lucop
e
lucop2
= lucratividade operacional da empresa;
giroest
=giro de estoque da empresa;
jurcred
=relação entre juros e créditos da empresa;
pd e pd2
= risco, medido pela volatilidade do lucro;
beta =risco sistemático d
a
empresa
, calculado pela fórmula do
CAPM
, dados levantados da
economática;
liqcorr
= índice de liquidez corrente da empresa;
mtb =potencial de crescimento da empresa;
pecf
= planejamento de economia de impostos;
tamfat
= tamanho da empresa, medido pelo fa
turamento;
setor
= setor da atividade principal da empresa, usada como variável de controle;
ibovespa
= índice da bolsa de valores de São Paulo;
cambio
= taxa de câmbio de venda do dólar comercial;
selic
= taxa de juros;
ano
= dummy do ano.
A descrição da
s variáveis e proxies
utilizadas está na seqüência do capitulo.
5.2.
AS
PROXIES
E AS VARIÁVEIS REPRESENTADAS
Seguindo conforme determinado pelo procedimento metodológico definido inicialmente, a partir
da estrutura levantada pela revisão bibliográfica, procur
ou
-se elaborar as variáveis a serem
109
estudadas buscando melhorar o modelo e isolar os efeitos que se procurava medir de melhor
forma possível. As inúmeras possibilidades geradas pela elevada quantidade de variáveis do
período estudado geraram a necessidade de se adotarem novos procedimentos metodológicos de
forma a reduzir o conjunto de alternativas a serem testadas. A relação teórica e a definição
operacional das
proxies
está resumida a seguir. A exemplo de Gaud et al. (2005) foram usadas
diversas
proxies
para medir o endividamento financeiro sendo as duas principais: o
endividamento contábil etc e a endividamento a mercado Etm e sua variante Etm2. O uso de duas
ou mais
proxies
visa tentar medir uma percepção diferente que, porventura, não estivesse
contemp
lada na outra medida. Também foram criadas variáveis que tentassem cercar
especificidades da estrutura de capital, como o prazo, sempre com suas alternativas contábil e de
mercado e suas variantes. Segundo Titman e Wessels (1988) esse procedimento permite o
controle de possíveis correlações espúrias entre a interpretação de endividamento e da prática
gerencial efetiva. É importante que se obtenha, portanto, o mesmo sinal nas variáveis
significativas.
Para medir o tamanho das empresas foi utilizado o logaritmo da receita operacional líquida,
conforme explicado anteriormente, na variável tamfat. Trata-se da
proxy
mais comumente
utilizada, em conformidade com Titman e Wessels (1988), Rajan e Zingales (1995) e Ozkan
(2001).
O desempenho da empresa é comumente citado como um determinante da estrutura de capital.
Por essa razão, foram criadas diversas
proxies
buscando medir algumas percepções diferentes de
desempenho. Para o desempenho financeiro foram estabelecidas as variáveis de rentabilidade
(rentger, rentop, rentop2), lucratividade (lucger,lucop,lucop2), habilidade de fazer frente a
compromissos financeiros (cobjuros, cobjuros 2). A concessão de crédito (jurcred) e o
110
planejamento fiscal (pecf) também foram considerados, como possíveis direcionadores de
dese
mpenho e, talvez por isso, adequados instrumentos para a regressão.
A característica da contabilidade brasileira estabelece que diversas medidas de lucro existam,
dificultando um pouco a comparação internacional. O uso de variantes, como lucro antes de
im
postos, lucro operacional e lucro líquido procurou permitir contemplar essas diferenças do que
se procurou medir como uma boa
proxy
econômica de geração de valor. O uso dessas variantes,
caso existissem, teriam relevância entre empresas de setores com práticas diferenciadas (por
exemplo, setores de bens de capital em relação a setores de comércio). Buscou-se, dessa forma,
capturar essas especificidades no modelo.
De forma consistente com Gaud et al. (2005), foi considerado, inicialmente, uma variável de
tangíveis usados como uma
proxy
para garantias colaterais. Ao invés de se testar a relação entre
os ativos tangíveis totais mais estoques e o total dos ativos, optou
-
se por testar o comportamento
individualizado dos ativos (crescat) e do estoque (giroest). Essa opção foi feita pois no trabalho
de Martin et al. (2005) a variável (tang) havia sido eliminada do painel devido a problemas de
multicolinearidade, podendo ter sido perdida valiosa informação.
As oportunidades de crescimento foram medidas sob os ângulos de venda (crescvda) e de ativos
(crescat). Como medida do risco foram usadas as variáveis pd e pd2 (medindo a variabilidade do
LAJIR (
Ebit
) dividido pela receita operacional). Foi acrescentada uma variável de controle
ligada ao risco de mercado da empresa, o beta. Embora a melhor medida tivesse de ser calculada,
optou
-
se por usar a informação presente no banco de dados, incorrendo em uma possível fonte de
erro complementar.
Com a finalidade de se obter mais segurança no modelo econométrico, foram acrescentadas
algumas variáveis exógenas de controle: o índice Bovespa (ibovespa), a cotação de venda do
111
dólar americano no fechamento do dia (câmbio) e a taxa de juros de referência (selic). Também
foi criada a variável
dummy
de ano, para se verificar s
e exerce ou não influência no modelo final.
Embora o modelo inicial apresentasse um excesso de variáveis, foi adotado esse procedimento
para que o próprio processo de depuração gerasse o modelo que mais representasse a questão
estudada, sendo que, naturalmente, pelo processo do painel, as variáveis não significativas ou
com problemas de colinearidade seriam expurgadas. O uso de diversos cortes temporais com
amostras diferentes também gerou a possibilidade de que variáveis que fossem eventualmente
importan
tes em um sub
-período deixassem de ser no outro, o que seria motivo de análise.
A constituição das
proxies
e de suas fórmulas está resumida abaixo. Na tabela 1 abaixo, estão as
proxies
de endividamento. Na tabela 2, estão as variáveis intermediárias de cáclulo e na tabela 3
as
proxies
para as variáveis independentes.
Tabela
1 -
Variável dependente
-
endividamento
Sigla
Variável de Pesquisa
Fórmula
Etm
Endividamento Total a Mercado
= (Passivo Circulante + ELP) / Ativo a Mercado
Etm2
Endividamento Total a Mercado 2
= (Passivo Circulante + ELP) / Ativo a Mercado 2
Etc
Endividamento Total Contábil
= (Passivo Circulante + Exigível LP)/Ativo Total
Ecpm
Endividamento de Curto Prazo a Mercado
= Passivo Circulante / Ativo a Mercado
E
cpm2
Endividamento de Curto Prazo a Mercado 2
= (Financiamento CP + Debêntures CP) / Ativo a
Mercado
Ecpm3
Endividamento de Curto Prazo a Mercado 3
= Passivo Circulante / Ativo a Mercado 2
Ecpm4
Endividamento de Curto Prazo a Mercado 4
= (Financiamento CP + Debêntures CP) / Ativo a
Mercado 2
Ecpc
Endividamento de Curto Prazo Contábil
= Passivo Circulante/Ativo Total
Ecpc2
Endividamento de Curto Prazo Contábil
= (Financiamento CP + Dentures de CP )/ Ativo
Total
Elpm
Endividamento de Longo Prazo a Mer
cado
= Exigível LP/ Ativo a Mercado
Elpm2
Endividamento de Longo Prazo a Mercado
= Exigível LP/ Ativo a Mercado 2
Elpc
Endividamento de Longo Prazo Contábil
= Exigível LP/Ativo Total
Efcp
Endividamento Financeiro de CP
= (Financiamento CP + Debêntures C
P)/Ativo Total
Eflp
Endividamento Financeiro de LP
= (Financiamento LP + Debêntures LP)/Ativo Total
Fonte: O autor
112
Tabela
2 -
Variáveis usadas em cálculos intermediários
Sigla
Variável de Pesquisa
Fórmula
Ano
Ano
Ano
MédiaE
BIT
Média EBIT
MEDIA EBIT
MédiaEBIT2
Média EBIT 2
MEDIA EBIT2
EBIT 2
Valor EBIT 2
(Lucro Operacional EBIT
Receitas Financeiras + Depesas Financeiras)
DesvpadEbit
Desvio
Padrão EBIT
DESVPAD EBIT
DesvpadEbit2
Desvio Padrão EBIT2
DESVPAD EBIT2
AtMer
c
Ativo a Mercado
= (nº Ações Ordinárias x Cotação de Ordinárias + de Ações
Preferenciais x Cotações de Preferenciais)
(PC+ELP)
AtMerc2
Ativo a Mercado 2
= (nº Ações Ordinárias x Cotação de Ordinárias + de Ações
Preferenciais x Cotações de Prefere
nciais) + AT
-
PL
Marketval
Valor da Empresa
= (nº Ações Ordinárias x Cotação de Ordinárias + de Ações
Preferenciais x Cotações de Preferenciais)
Fonte: O autor
Tabela
3 -
Variáveis independentes
-
continua
Indicadores
Va
riável da pesquisa
e nome
Aspecto
Teórico
Relação
Esperada
Fórmula Usada na
proxie
Crescimento
Crescimento
Faturamento/ crescvda
Ag/Ass
+
-
(Rec. Operac.
Liq. 1
Rec. Operac. Liq. 0) / Rec.
Operac. Liq 0
Crescimento de Ativo/
crescat
Ag/Ass
+
-
(Ati
vo Total 1
Ativo total 0) /
(Ativo Total 0)
Desempenho
Financeiro
Rentabilidade/ rentger
Ag/Ass -
+
Lucro Líquido / Ativos Totais
Rentabilidade/ rentop
Ag/Ass -
+
Lucro Operacional EBIT / Ativo Total
Rentabilidade/
rentop2
Ag/Ass -
+
(Lucro Operacional EBIT Receitas Financeiras+
Despesas Financeiras)/
Ativo Total
Lucratividade/
lucger
Ag/Ass -
+
Lucro Líquido / Receita Líquida Operacional
Lucratividade
/
lucop
Ag/Ass -
+
Lucro Operacional EBIT / Receita Líquida
Operacional
Lucratividade
/
lu
cop2
Ag/Ass -
+
(Lucro Operacional EBIT + Despesas Financeiras
Receitas Financeiras)/ Receita Líquida Operacional
Giro de Estoque/
giroest
Ag/Ass -
+
Estoques / Receita Líquida Operacional
Índice de cobertura de
Juros/ cobjuros
Ag/Ass -
+
Lucro Opera
cional EBIT/ Despesas Financeiras
=> Sempre positivo
Índice de cobertura de
Juros/ cobjuros2
Ag/Ass -
+
(Lucro Operacional EBIT + Despesas Financeiras
Receitas Financeiras)/ Despesas Financeiras
Juros em relação à
crédito/ jurcred
Ag/Ass -
+
Despesas
Financeiras/
(Financiamento de CP + Debêntures CP +
Financiamento LP+ Debêntures LP)
Planejamento Fiscal/
pecf
Neutro
+-
(Despesa de Depreciação + Amortização) /
EBITDA
Valor
Valor pelo investidor/
mtb
Ag/Ass
Controle
+
(Preço Ação Ordinária x Cotaçã
o da Ação
Ordinária + Preço da Ação Preferencial) / PL
Fonte: O autor
113
Tabela 3
-
Variáveis Independentes
-
continuação
Indicadores
Variável da pesquisa
e nome
Aspecto
Teórico
Relação
Esperada
Fórmula Usada na
proxie
Liquidez
Liquidez Corrente/
liqcorr
Ass
-
Ativo Circulante/ Passivo Circulante
Risco
Risco de Negócio/
pd
Ag/Ass +-
(Desvio padrão EBIT
Média EBIT)/Receita
Líquida Operacional
Risco de Negócio/
pd2
Ag/Ass +-
(Desvio padrão EBIT2
Média EBIT2)/Receita
Líquida Operacional
Risco Sistem
ático/
beta
CAPM
+
CAPM
Faturamento
Tamanho/ tamfat
Ass
+-
LN da Receita Operacional Líquida
Controle
Setor/ setor
Neutro
+-
Principal setor de atuação
Controle
Ibovespa/ Ibovespa
Neutro
+-
Pontos do Ibovespa
Controle
Cambio/ Cambio
Neutro
+-
Taxa de
câmbio
Controle
Selic/Selic
Neutro
+-
Taxa de juros SELIC
Controle
Ano/ anoXX
Neutro
+-
ano99 ao ano05
Fonte: O autor
Legenda: teoria de Agência = Ag; assimetria de informações = Ass.; Neutro = não tem teoria.
Para reduzir o número de simulações, evitando que o estudo se tornasse apenas exploratório, a
partir da revisão bibliográfica foram elaboradas as tabelas 4,5 e 6 abaixo.
A
proxy
mtb que mede a relaçao entre o valor da empresa no mercado e seu valor contábil, pode
ser interpretada de forma endóg
ena ou exógena, o que requer uma análise complementar.
Tabela
4 -
Relação entre fatores exógenos e endividamento
Fator
Modelo
Relação
Esperada
Proxies
Extensão da assimetria
de Informação
Assimetria de
informação
+
Mtb
Rentabili
dade
Assimetria de
informação
+
Rentger, rentop, rentop2,
lucger,lucop,lucop2
Rentabilidade
Agência
-
Rentger, rentop, rentop2,
lucger,lucop,lucop2
Elasticidade da
demanda do produto
Organização
Industrial
+
Giroest
Falta de oportunidades
de crescimento
e
regulação
Agência
+
Cresvda,crescat
Fração de fluxo de
caixa não observável
Agência
+
Jurcred,pecf,liqcorr
Fluxo de Caixa
Agência
+
Jurcred,pecf,liqcorr,
Fluxo de Caixa
Assimetria de
Informação
-
Jurcred,pecf,liqcorr,
Fonte: O autor adaptado de Har
ris e Raviv (1991
)
114
Tabela
5 -
Relação entre fatores endógenos e endividamento
Fator
Modelo
Relação
Esperada
Proxies
Valor da empresae
Prêmio Alvo
-
Target
Premium
Agência
+
mtb
Probabilidade de
default
Agência
+
pd, pd2, beta
Í
ndice de cobertura de
Juros e probabilidade
de reorganização pós
default
Agência
-
cobjuros, cobjuros2
Fonte: O autor adaptado de Harris e Raviv (1991)
Tabela
6 -
Variáveis de controle do modelo
Variável
Proxy
Tamanho da Empr
esa
Tamfat
Setor
Setor
Pontuação do indicador da
Bolsa de Valores brasileira
Ibovespa
Cotação do câmbio
Câmbio
Taxa de juros de referência
Selic
Dummies
ano X
i
Ano X
i
Fonte: O autor
Segundo Kremp, Stöss e Gerdesmeier
(1999)
o tamanho das empresas é um fator importante
como informação adicional e pode ser o diferencial de comportamento entre empresas no
processo de se tomarem empréstimos. Diversos estudos brasileiros destacaram o efeito da
variável tamanho no endividamento, como em Nakamura (1992), Fama e Perobelli (2001),
Calabrez (2003), Machado, Temoche e Machado (2004) e Martin et al. (2005). Optou-se também
por controlar o efeito do ano estudado como variável de controle, em linha com o procedimento
adotado por Ozkan (2001). Os resultados obtidos por Brierley e Bunn (2005) sobre o efeito do
câmbio, e de Huang e Ritter (2005) sobre taxas de juros e risco, fizeram com que fossem
colocadas as respectivas
proxies
de controle, câmbio e selic conforme a tabela 6 acima. Foram
incluídas as variáveis de controle setor seguindo Nakamura (1992) e Ibovespa caso houvesse
comportamento ligado à valorização acionária geral e não especifica das empresas estudadas.
115
5.3.
BANCO DE DADOS, ANÁLISE FATORIAL E EQUAÇÃO ESTRUTURAL
As bases de dados utilizadas para as análises provêm do banco de dados Economática Pro
®
, que
fornece tanto dados contábeis como de mercado. Foram levantadas companhias abertas de
diversos setores de atividade, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, com exceção de bancos,
companhias de seguro e holdings, no período de 1994 a 2005. Consistentemente com o
procedimento anterior, todos os dados das empresas com dados faltantes (
missing
) foram
eliminados, só permanecendo na análise as empresas que possuíam cinco anos seguidos de
observações (o ano de 1994 não foi utilizado devido à impossibilidade de cálculo das variáveis
ligadas a crescimento. Essa impossibilidade decorreu da indisponibilidade dos dados do ano de
1993, necessários à realização desse cálculo). Buscando aumentar o escopo do estudo, foram
selecionadas, inicialmente, 106 empresas com cinco anos de informações ou mais, ou seja, 1.272
observações de cada indicador estudado, o que foi conseguido através da busca de informações
cruzadas em outras fontes, como a própria Bovespa. Essa quantidade de dados está em linha com
o artigo de Gaud et al. (2005) que apresenta 104 empresas suíças num total de 946 observações
em seis anos, embora inferior ao artigo de Ozkan (2001) em um período de doze anos com 390
empresas e 4.132 observações. Nesse momento, o banco de dados apresentava 10
proxies
de
endividamento e 24 variáveis independentes, entre exógenas e endógenas, além de 8 valores de
cálculo intermediário, totalizando 173.544 informações planilhadas. As empresas constantes na
amostra estão indi
cadas, codificadas em números (apêndice e).
Foi adotado um procedimento de eliminação de empresas em linha com artigos internacionais,
como Kremp, Stöss e Gerdesmeier (1999) e Gaud et al. (2005) que usam apenas empresas que
possuem informações completas e adequadas (eliminação de
outliers
, eliminação de dados
incompletos, eliminação de dadoss negativos com exceção de prejuízos, etc.). Diferentemente de
116
Gaud et al. (2005), optou-se entretanto, pelo uso de informações não corrigidas pois o processo
de correção poderia causar elementos de perturbação não controláveis pelo modelo. Devido à
baixa quantidade de empresas com informações completas no período e com o objetivo de não se
prejudicar a conclusão do trabalho, procurou-se estudar diversos recortes temporais. Com esses
princípios em mente, foram adotados os seguintes procedimentos:
1.
Substituição de nome da empresa por número seqüencial.
2. Checagem visual dos dados na planilha para encontrar evidentes
outliers
=> correção
quando possível ou eliminação quando certo. Para que se mantivesse a integridade da
informação colhida, foram mantidas as planilhas originais de captura de informação e
transcrição. Foram geradas 64 intervenções centradas basicamente em erros
apontados em sinal (11) e em dimensão (53), em 5 variáveis (cobjuros, cobjuros2 e
cobjuros3, pd e pd2). Esse procedimento está em linha com a orientação de Hair et al.
(1999) de examinarem seus dados, principalmente aqueles de valor extremo.
3. Nesse passo, foram geradas diversas planilhas com recortes anuais, com a finalidade
de se perder o menor número de informações possíveis, em linha com o procedimento
desejado de painel equilibrado. Como norma foi adotada que seriam eliminados os
casos completos que apresentassem 3 ou mais dados faltantes em algum do
s
indicadores estabelecidos, independentemente se sequencialmente ou não. A
conseqüência foi a redução do número de empresas por planilha a ser estudada, como
segue abaixo.
Com o intuito de se preservar ao máximo a integridade das informações obtidas, nesse ponto
ainda não havia sido feito o tratamento de dados faltantes.
117
Tabela
7 -
Quantidade de empresas por período analisado
Corte temporal
1995-2005
1996-2006
1997-2006
1998-2006
1999-2006
Quantidade de Empresas
38
44
68
71
83
Fonte: O autor
Esse artifício possibilitou o estudo de 5 recortes temporais, sendo o mais longo de 11 anos e o
mais curto de 7 anos, para verificar se havia ou não consistência das análises no tempo.
Isso permitiu o aumento no número de empresas mesmo
que se tenha incluído um ano a mais.
De toda forma, o estudo longitudinal mais longo fica restrito apenas a 38 empresas, número
pequeno quando comparado aos estudos mundiais, mas bastante representativo quando
comparado aos estudos nacionais.
Algumas das planilhas apresentavam ainda, alguns dados faltantes (missing data
).
Hair et al.
(1999) apresentam algumas alternativas para tratamento de dados faltantes de forma aleatória: a
eliminação do caso, o método da inclusão, a substituição do dado faltante (por média, regressão,
múltipla ou dado constante (cold deck) e o tratamento baseado em algum modelo (anova, etc).
Optou-se, nesse caso, pela média dos casos existentes, uma vez que, no mínimo, representavam 5
números de 7, o que seria minimizador de erros. O novo estudo parte, então, das 5 planilhas,
relacionando de 38 a 90 empresas no período mais longo de 11 anos aos sub
-períodos de 7, 8, 9 e
10. Pôde-se perceber (apêndice d) que, excetuando-se a variável pecf, o número máximo de
dados faltantes em algum ano não ultrapassa 6,6%. Procurou-se analisar se havia algum padrão
específico para que ocorresse esse fenômeno, ou explicação, mas aparentemente não havia razão
para que ocorresse, levando a crer que se trata de um tipo de falta aleatória, e que, portanto, pôde
ser tratada como tal. Foi adotado o procedimento de subtsituição por média, nesse caso,
explicado mais à frente. Quanto à variável pecf foi adotado o mesmo procedimento de
118
substituição pela média, mas intuindo que provavelmente não seria um bom indicador, dado
seu altíssimo coeficiente de falta (de 13,2% a 24,2%).
4.
Resultados da análise fatorial
De acordo com Hair et al. (1999), a análise fatorial permite ao pesquisador que primeiramente ele
identifique as diferentes dimensões da estrutura e somente posteriormente determine qual a
extensão que cada variável é explicada em cada dimensão. Trata-se de uma técnica que pode ser
combinada com outras, como confirmatória, ou simplesmente exploratória. Hair et al.
(1999)
identifica dois modelos básicos de análise fatorial, baseados no cálculo de variâncias, a análise
fatorial de componentes e a análise fatorial de fator comum. A análise de fator comum
apresentaria, entretanto alguns problemas de indeterminação de fator, quando não existe apenas
uma única resposta. A análise fatorial por componentes busca o mínimo número de fatores que
seja responsável pelo máximo da variância dos dados originais.
Famá e Perobelli (2001) utilizaram um método derivado da análise fatorial, chamado modelagem
estrutural linear para estudar os determinantes da estrutura de capital no Brasil. Este modelo
replica o modelo usado por Titman e Wessels (1988) e visa estabelecer conjuntamente um
modelo de medida (que resolve o problema de atributos não observáveis) e um modelo estrut
ural
(no qual estabelece-se uma função entre variável dependente e seus atributos/fatores). Fama e
Perobelli (2001) concluíram que variáveis como tamanho e crescimento de ativos, e lucratividade
apresentaram
-
se negativamente relacionados com o endividamen
to de curto prazo.
Foram realizados 3 estudos de análises fatoriais por componentes, em anos diferentes para se
verificar se a relação esperada entre os atributos se verificaria estatisticamente.
119
Tabela
8 -
Análise fatorial por
componentes
1999
Componente
1 2 3 4 5 6
Comunalidade
Pd
0.958
-
0.044
-
0.106
-
0.063
0.092
0.000
0.943
Pd2
0.836
-
0.044
-
0.080
-
0.217
0.231
-
0.022
0.809
Lucger
-
0.790
-
0.036
0.367
-
0.054
0.180
-
0.061
0.799
Lucop 2
0.787
-
0.086
0.114
0.402
-
0.183
-
0.11
6
0.847
Cobjuros 3
0.029
0.967
0.136
-
0.084
-
0.015
-
0.022
0.962
Cobjuros
-
0.018
0.934
0.226
-
0.077
0.011
-
0.025
0.930
Cobjuros 2
-
0.102
0.810
0.015
0.337
0.074
-
0.040
0.788
Cresvda
-
0.052
0.167
0.773
0.092
0.032
0.048
0.640
Lucop
-
0.147
0.061
0.652
0.
544
-
0.024
-
0.224
0.798
Crescat
0.025
0.348
0.609
-
0.251
-
0.037
0.178
0.589
RentGer
-
0.300
0.019
0.566
-
0.024
0.520
-
0.009
0.682
Tam Fat
-
0.367
-
0.084
0.538
0.026
-
0.405
0.333
0.706
RentOp 2
-
0.040
0.064
-
0.042
0.880
-
0.119
0.147
0.818
RentOp
-
0.197
0
.287
0.402
0.711
0.248
0.038
0.852
Pecf
-
0.132
0.094
0.058
-
0.411
-
0.144
0.057
0.223
Liqcorr
-
0.211
0.340
-
0.034
-
0.048
0.681
-
0.213
0.673
Beta
-
0.128
0.053
0.178
-
0.175
-
0.674
-
0.312
0.632
Giroest
0.297
0.013
0.099
-
0.020
0.481
0.065
0.334
Jur Cred
-
0.056
-
0.088
0.057
0.092
0.480
-
0.231
0.306
Mtb
-
0.049
-
0.061
0.114
0.029
-
0.059
0.880
0.797
Eigenvalue
3.333
2.861
2.465
2.204
2.049
1.216
AVE
16.7%
14.3%
12.3%
11.0%
10.2%
6.1%
71%
Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Va
rimax with Kaiser
Normalization. Rotation converged in 7 iterations.
Fonte: O autor
Tabela
9 -
Análise fatorial por componentes
2000
-
continua
Componente
1 2 3 4 5 6 7
Comunalidade
Cobjuros 3
0.988
0.070
0.001
-
0.005
0.036
-
0.015
0.078
0.989
Cobjuros
0.983
0.101
-
0.013
-
0.029
0.053
-
0.013
0.078
0.987
Cobjuros 2
0.978
0.152
0.003
-
0.042
0.058
-
0.016
0.039
0.986
RentOp 2
0.135
0.888
0.085
-
0.112
0.029
-
0.123
0.015
0.843
RentOp
0.272
0.845
0.111
-
0.155
0.188
-
0.047
0.136
0.882
Mtb
-
0.079
0.527
0.015
-
0.001
-
0.192
0.394
-
0.163
0.502
Giroest
0.089
-
0.145
-
0.794
-
0.002
0.115
0.182
-
0.197
0.744
Tam Fat
-
0.020
0.328
0.676
-
0.317
0.157
0.097
-
0.128
0.715
Beta
0.147
-
0.134
0.657
-
0.197
-
0.041
0.187
-
0.246
0.608
Pd
-
0.034
-
0.112
-
0.136
0.941
-
0.147
-
0.009
-
0.067
0.944
Pd2
-
0.062
-
0.251
-
0.125
0.851
-
0.072
0.008
0.178
0.844
Lucop 2
0.054
0.289
-
0.075
0.535
0.297
0.033
-
0.524
0.742
Lucger
-
0.005
-
0.136
0.020
-
0.053
0.834
-
0.079
0.117
0.737
RentGer
0.109
0.249
-
0.443
-
0.054
0.745
0.100
0.057
0.842
Lucop
0.190
0.449
0.241
-
0.176
0.612
-
0.005
-
0.309
0.797
Crescat
0.018
-
0.048
0.055
0.102
0.185
0.840
-
0.002
0.756
Cresvda
-
0.039
0.186
0.570
0.108
-
0.099
0.657
0.288
0.897
Pecf
-
0.041
-
0.103
-
0.167
-
0.301
-
0.277
0.563
-
0.066
0.528
F
onte: O autor
120
Tabela 9
-
Análise fatorial por componentes
2000
-
continuação
Componente
1 2 3 4 5 6 7
Comunalidade
Jur Cred
0.053
0.143
-
0.147
0.021
-
0.003
-
0.018
0.736
0.587
Liqcorr
0.228
-
0.145
0.186
0.076
0.221
0.053
0.530
0.446
Eigenvalue
3.141
2.494
2.245
2.230
2.031
1.725
1.508
AVE
15.7%
12.5%
11.2%
11.1%
10.2%
8.6%
7.5%
77%
Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Rotation
converged in 8 iterations.
Fonte: O autor
Tabela 10
-
Análise fatorial por componentes
2001
Componente
1 2 3 4 5 6
Comunalidade
Cobjuros
0.945
0.055
0.127
-
0.037
-
0.054
0.024
0.916
Cobjuros 2
0.937
0.062
0.143
-
0.076
0.015
0.001
0.908
Cobjuros 3
0.869
0.100
0.185
-
0.057
-
0.015
0.052
0.
806
Lucger
0.039
0.939
0.017
-
0.054
-
0.027
0.009
0.887
Cresvda
0.030
-
0.827
0.008
0.373
0.007
-
0.002
0.824
Lucop
0.242
0.730
0.243
-
0.070
0.468
-
0.005
0.874
RentGer
0.277
0.559
0.450
0.038
-
0.213
0.139
0.657
RentOp
0.332
0.190
0.840
-
0.150
-
0.009
-
0.087
0.882
RentOp 2
0.152
0.035
0.832
-
0.207
0.084
-
0.254
0.831
Mtb
0.183
0.058
0.693
-
0.059
0.272
0.185
0.629
Jur Cred
-
0.063
-
0.020
0.579
0.160
-
0.371
-
0.099
0.512
Pd2
-
0.042
-
0.262
-
0.108
0.882
0.114
0.066
0.877
Pd
-
0.069
-
0.255
-
0.107
0.853
0.279
-0
.049
0.889
Tam Fat
0.160
0.004
0.176
-
0.624
0.395
0.336
0.715
Beta
0.306
-
0.017
-
0.409
-
0.498
0.282
0.011
0.589
Giroest
0.352
0.328
-
0.009
0.445
-
0.045
-
0.089
0.439
Lucop 2
0.036
0.282
0.077
0.348
0.770
-
0.140
0.821
Liqcorr
0.329
0.346
0.078
0.077
-
0.669
-
0.159
0.712
Crescat
0.099
0.194
-
0.035
0.090
0.074
0.813
0.723
Pecf
-
0.064
-
0.166
-
0.116
-
0.218
-
0.053
0.752
0.661
Eigenvalue
3.207
2.973
2.794
2.777
1.864
1.539
AVE
16.0%
14.9%
14.0%
13.9%
9.3%
7.7%
76%
Extraction Method: Principal Component An
alysis.
Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. Rotation converged in 10 iterations.
Fonte: O autor
Examinando
-se as tabelas 8, 9 e 10, verifica-se que, com exceção das
proxies
(cobjuros,
cobjuros2 e cobjuros3, pd e pd2) que traziam formação equivalente, todas as outras se alteravam
em sua aproximação por fatores. Esse resultado corrobora os resultados encontrados no artigo de
Famá e Perobelli (2001) e contradizem o resultado encontrado por Titman e Wessels (1988).
121
Depreende
-se desses resultados que, embora a inspiração teórica tenha servido para que se passe
do construto para a
proxy
, a sua mensuração efetiva acaba capturando efeitos diversos do que se
pretendia. E mais, estes efeitos variam no tempo e entre as
proxies
, o que dificultaria
a opção pela
eliminação pura e simples de determinadas
proxies
em detrimento de outras, pois, no tempo, suas
cargas fatoriais se alteram. Outro ponto que essa análise revela é que o percentual explicativo
acumulado das componentes varia de 71% a 77%, o que representa um número bastante
expressivo.
Para se verificar o quanto as principais variáveis teriam de poder explicativo e se essa relação se
manteria no tempo, foram rodadas algumas fatoriais.
O resultado segue na tabela 11 abaixo.
Tabela 11
-
Análise fatorial
-
as principais variáveis independentes e o endividamento
Ano
R
2
AVE
Composite
Reliability
Alfa de
Cronbach
1999
58.1%
56.0%
0.897
0.868
2000
44.5%
48.2%
0.861
0.807
2001
64.1%
55.4%
0.893
0.854
2002
83.5%
58.5%
0.
903
0.867
2003
44.6%
55.9%
0.897
0.870
2004
59.7%
52.7%
0.885
0.851
2005
63.5%
47.1%
0.858
0.826
Média
59.7%
53.4%
0.885
0.849
Fonte: O autor
Como se pode verificar, o coeficiente explicativo dado pelo R
2
varia entre 44,6% até 83,5%, com
média de 59,
7%, o que é bastante elevado.
A AVE que mede a variância média explicada se situou na faixa de 47,1% em 2005 à 58,5% em
2002, com média de 53,4%, o que é bastante adequado para estudos sociais.
122
A confiabilidade dada pelos indicadores Composite Reliability de 0,885 na média e do modelo
dado pelo Alfa de Cronbach com 0,849 na média, também certificam a boa escolha das variáveis
explicativas, em todos os cortes temporais.
A tabela 12 abaixo apresenta as
proxies
que entraram nas fatoriais rodadas e suas sign
ificâncias.
Tabela 12
Causalidade entre as principais variáveis independentes e a endividamento
Ano
R
2
crescat
cresvda
pecf
liqcorr
mtb
pd
rentger
rentop
tamfat
1999
58.1%
1.681
n.s.
n.s.
2.931
n.s.
n.s.
3.654
n.s.
n.s.
2000
44.5%
n.s.
n.s.
2.479
4.416
n.s.
n.s.
3.915
n.s.
n.s.
2001
64.1%
n.s.
n.s.
2.641
5.211
n.s.
n.s.
5.247
n.s.
n.s.
2002
83.5%
2.458
1.746
n.s.
3.409
n.s.
n.s.
9.611
n.s.
2.298
2003
44.6%
n.s.
n.s.
n.s.
5.069
n.s.
n.s.
1.758
n.s.
n.s.
2004
59.7%
2.085
n.
s.
n.s.
4.385
n.s.
n.s.
5.072
n.s.
n.s.
2005
63.5%
n.s.
n.s.
n.s.
2.500
n.s.
n.s.
4.517
2.210
n.s.
Média
59.7%
Fonte: O autor
Nota: Só estão informado
s os t´s significantes, sendo n.
s
os
não significantes.
Depreende
-se dessa análise que as p
roxies
crescat, crescvda, pecf, liqcorr,rentger, rentop e
tamfat, em algum dos cortes temporais, se apresentam significativas na relação de causalidade em
relação a endividamento.
5.
Resultados da modelagem de equação estrutural
De acordo com Smith e Smith (2004), a técnica de modelagem de equação estrutural permite ao
pesquisador a adoção de uma postura mais holísitica em relação à modelagem. Outro benefício
vem da mensuração do efeito dos erros das variáveis latentes, o que, nesse caso, é de extrema
relev
ância uma vez que existem diversos erros potenciais de construtos e medidas.
Nesse estudo foi realizada uma análise através do modelo de equação estrutural, usando o
softwar
e PLS®, com o objetivo de analisar não mais a relação de causalidade, mas a existê
ncia
de um modelo relacionando o endividamento e os determinantes levantados pela teoria. Ressalta-
123
se que o objetivo desta modelagem não é preditivo, mas explicativo, razão pela qual optou-
se
pelo PLS® e não pelo Lisrel®.
O modelo abaixo parte dos dados de 1999-2005, com 87 empresas. A modelagem segue o
referencial teórico do estudo, no qual os atributos usados para conceitualizar as
proxies
foram
retomados no modelo da figura 9 abaixo.
Figura
9 -
Modelo estruturado de endividamento a partir dos atributos teóricos
Fonte: O autor
A análise dos resultados revela alguns aspectos interessantes das relações entre as variáveis. A
constituição do endividamento em um modelo reflexivo demonstrou que as diversas
proxies
de
endividamento
possuem cargas altas, sendo, portanto, uma boa medida do que se espera seja o
endividamento. Da mesma forma, as componentes de crescimento (de ativos e de vendas) e
desempenho operacional(lucratividade, rentabilidade e tamanho). O valor, também, apresenta
124
cargas altas para o indice valor de mercado sobre contábil e beta, medida de risco. O modelo
como um todo, entretanto, não apresentou cargas que pudessem ser satisfatórias.
Foi rodado, em seguida, um modelo que conjugasse formativamente as principais variáveis do
ano de 2000 em relação ao endividamento do mesmo ano, conforme figura 10 que segue.
Figura
10
-
Modelo estruturado formativo e alavancagem (ano base 2000)
Fonte: O autor
Pode-
se perceber um
resultado bastante promissor, pois as cargas fatoriais são altas, com exceção
de pd e rentop, e a carga total é bastante expressiva, o que mostra ser um bom modelo
explicativo.
Como havia a presença evidente de efeito temporal, foi rodada, ainda, uma versão da equação
estrutural, relacionando as variáveis no tempo sequencialmente e, por fim, elas em relação ao
endividamento, na figura 11.
125
Figura
11
-
Modelo estrutural de causalidade temporal da alavancagem
Fonte: O autor
Um
dos resultados esperados pela própria natureza da formação das variáveis dependentes dada
pela autoregressão, é que os indicadores de um ano possuem fator alto em relação ao ano
seguinte. O que se testou, entretanto, foi o efeito defasado, estudado em corte, da variável do ano
em questão no endividamento de 2005. E um aspecto que surge no modelo é que indicadores de
2002 apresentaram carga alta no endividamento de 2005, perdendo para os próprios
indicadores de 2005. Isso reforça a noção da importância da
temporalidade no estudo realizado.
Os resultados obtidos pela análise fatorial e de equações estruturais permitiram a escolha das
variáveis fundamentais do modelo e a percepção da importância do fator temporal no modelo.
126
5.4. RESULTADOS ECONOMÉTRICOS DAS RE
GRESSÕES
5.4.1.
Estatística descritiva
Para estimar qual seria o melhor modelo aplicável, foi utilizada a variável dependente etc como
proxy
contábil do endividamento e o subperíodo 1999-2005, por conter o maior número de
empresas na observação. Seguem as tabe
las 13,14, 15 e 16 com os resultados das regressões.
Tabela 13
-
Estatística descritiva das
proxies
contábeis da variável dependente
Estat
\
Variável
etc
ecpc
ecpc2
elpc
efcp
eflp
Média
0.4744
0.2509
0.0889
0.2235
0.0889
0.1196
Mínimo
0.1206
0.0420
0.0004
0.0000
0.004
0.0000
Máximo
2.9001
1.1908
0.3960
2.2947
0.3960
0.5092
Coef.variação
0.2590
0.2791
0.7370
0.7593
0.7370
0.7729
Erro Médio
0.0118
0.0065
0.0030
0.0095
0.0037
0.0051
Assimetria
3.4627
1.9993
1.4200
3.8071
1.4200
0.9237
Desvio
-
Padrão
0.2414
0.1325
0.0763
0.1948
0.0763
0.1052
Curtose
30.611
10.839
4.7791
35.428
4.7791
3.2552
Fonte: O autor
Tabela 14
-
Estatística descritiva das
proxies
de mercado da variável dependente
Estat
\
Variável
e
tm2
ecpm3
ecpm4
elpm2
Média
0.5654
0.3052
0.1100
0.2602
Mínimo
0.1248
0.0578
0.0000
0.0000
Máximo
1.0000
0.9511
0.4940
0.7938
Coef.variação
0.1550
0.2673
0.7951
0.4880
Erro Médio
0.0109
0.0077
0.0048
0.0089
Assimetria
0.0678
1.0958
1.4927
0.6528
Des
vio
-
Padrão
0.2227
0.1578
0.0981
0.1818
Curtose
1.9954
4.1336
5.1657
2.7136
Fonte: O autor
Tabela 15
-
Estatística descritiva das
proxies
das variáveis independentes
Estat
\
Variável
crescat
lucger
lucop
lucop2
jurcred
giroest
Média
0.1338
0.0825
0.1430
0.1918
0.7259
0.1315
Mínimo
-
0.6964
-
5.097
-
0.2002
-
0.2273
0.000
0.0000
Máximo
3.8403
2.6725
1.000
1.1227
42.912
0.6878
Coef.variação
4.9257
20.849
0.9039
0.8990
12.552
0.6376
Erro Médio
0.0145
0.0184
0.0066
0.0089
0.1258
0.0
051
Assimetria
7.0606
-
5.736
1.6864
1.544
12.091
1.3181
Desvio
-
Padrão
0.2970
0.3769
0.1359
0.1818
2.5719
0.1050
Curtose
78.960
94.542
9.8796
7.4069
182.257
5.9290
Fonte: O autor
127
Tabela 16
-
Estatística descritiva das
proxies
das variáveis de controle
Estatística/Variável
ibovespa
cambio
selic
setor
Média
15218.63
1.9836
0.2463
n.a
Mínimo
4299
0.970
0.160
2
Máximo
33455.94
3.530
0.530
17
Coef.variação
0.3173
0.1667
0.1634
n.a
Erro Médio
419.35
0.0396
0.0049
n.a
Assimetria
0.7381
0.3136
1.9411
n.a
Desvio
-
Padrão
8573.67
0.8099
0.0996
n.a
Curtose
2.5733
1.9926
6.1451
n.a
Fonte: O autor
Inicialmente, foi feita a estatística descritiva das variáveis dependentes e independentes para se
checar a adequabilidade dos dados. A análise dos dados revela uma grande variação nos
indicadores quantitativos, tanto independentes como dependentes, de modo geral, dando sinais de
heterocedasticidade dos dados.
Alguns dados observados por essas tabelas põem em dúvida algumas variáveis, como as que têm
mínimos iguais a zero (elpm,elpc e eflp do lado das
proxies
da variável dependente e giroeste
jurcred no lado das dependentes). De acordo com Milone (2004), a medida de assimetria e a
medida de curtose dizem respeito à forma, arranjo e posição relativa de um ente qualquer. A
simetria é caracterizada e quantificada pelo sinal e pelo módulo em termos de momentos
centrados. A curtose por sua vez é o aplainamento da curva no conjunto de distribuição. Estas
medidas dão a noção da forma da distribuição das variáveis estudadas. As variáveis das tabelas
acima apresentam alguns prováveis problemas em relação à estas medidas, como, por exemplo, o
próprio etc com a curtose de 30, ou as variáveis crescat, lucger e jurcred com coeficientes de
assimetria alto
s (7 ;
-5,7 e 12) e curtoses altíssimas de 79, 94 e 182 respectivamente). Vários testes
foram realizados no âmbito do próprio procedimento de painel, que trabalharão com as
propriedades das distribuições estudadas.
128
5.4.2.
Resultados do modelo de mínimos quadra
dos (OLS)
Na seqüência do processo de análise do painel, foram testados os modelos de mínimos
quadrados ordinários (OLS, ordinary least regression, em inglês) sem as variáveis temporais
(tabelas 17 e 18) e com as variáveis temporais (tabela 19).
A regressão por OLS sem as
dummies
temporais (tabelas 17 e 18) apresentou alto grau
explicativo (R
2
ajustado de 61%), mas com um teste de Breusch Pagan com probabilidade = 0.
Dessa forma, de acordo com Verbeek (2001), rejeita-se a hipótese de homocedasticidade, tendo-
se que optar por modelos que aceitem heterocedasticidade dos dados.
Tabela 17
-
Regressão OLS sem considerar o fator temporal
Variável
Coef.
Std. Err.
t
P>|t|
rentger
-
0.6790
0.0806
-
8.4200
0.0000
rentop
-
1.9928
0.3812
-
5.2300
0.0000
rentop2
2.4305
0.3035
8.0100
0.0000
cresvda
0.0072
0.0335
0.2100
0.8310
mtb
0.0134
0.0104
1.2900
0.1980
pd
1.0121
0.2309
4.3800
0.0000
pd2
-
0.8505
0.1829
-
4.6500
0.0000
liqcorr
-
0.0713
0.0125
-
5.7000
0.0000
pecf
-
0.0067
0.0076
-
0.8800
0.3780
tamfat
-
0.0003
0.0070
-
0.0400
0.9710
cobjuros
0.0263
0.0074
3.5300
0.0000
cobjuros2
-
0.0342
0.0083
-
4.1500
0.0000
beta
0.1129
0.0274
4.1200
0.0000
crescat
0.0377
0.0346
1.0900
0.2770
lucger
0.1073
0.0372
2.8900
0.0040
lucop
0.4393
0.1773
2.4800
0.0140
lucop2
-
0.5439
0.1320
-
4.1200
0.0000
giroest
-
0.0086
0.0910
-
0.0900
0.9250
setor
-
0.0034
0.0022
-
1.5300
0.1270
jurcred
-
0.0019
0.0030
-
0.6100
0.5420
ibovespa
0.0000
0.0000
5.1500
0.0000
cambio
0.0434
0.0136
3.1900
0.0020
Selic
-
0.0261
0.1119
-
0.2300
0.8160
_cons
0.3375
0.1065
3.1700
0.0020
Fonte: O autor
Nota: (Etc = f ( todas variáveis independentes ))
, em negrito
as variáveis não significativas ao nível de 10%.
129
Tabela 18
-
Regressão OLS sem considerar o fator
temporal
Source
SS
df
MS
Number of obs
=
401
F( 23, 377)
=
28.56
Model
15.1252
23
0.6576
Prob > F
=
0.0000
Residual
8.67930
377
0.0230
R-
squared
=
0.6354
Adj R
-
squared
=
0.6131
Total
23.8045
400
0.0595
Root MSE
=
0.1517
Source
SS
df
MS
Nu
mber of obs
=
401
Breusch
-
Pagan /
Cook
-
Weisberg test for
heteroskedasticity
chi2(1) =
322.98
Prob > chi2 =
0.0000
Fonte: O autor
Nota:
(Etc = f ( todas variáveis independentes ))
A regressão linear simples OLS seguinte (tabelas 19 e 20), usando as dummies
temporais,
apresentou novamente alto R
2
ajustado de 62%, mas novamente com um valor do teste de
Breush
-Pagan de probabilidade nula, rejeitando a hipótese de homocedasticidade e, portanto, o
tipo de modelagem por regressão linear ordinária.
Tabela 19
-
Regressão OLS com
dummies
temporais
Source
SS
df
MS
Number of obs
=
401
F( 30, 370)
=
22.87
Model
15.4642
30
0.5154
Prob > F
=
0.0000
Residual
8.3403
370
0.0225
R-
squared
=
0.6496
Adj R
-
squared
=
0.6212
Total
23.8
045
400
0.0595
Root MSE
=
0.1501
Source
SS
df
MS
Number of obs
=
401
Breusch
-
Pagan /
Cook
-
Weisberg test for
heteroskedasticity
chi2(1) =
292.75
Prob > chi2 =
0.0000
Fonte: O autor
Tabela 20
-
Regressão OLS com
dummies
tempor
ais
-
continua
Coef.
Std. Err.
t
P>|t|
rentger
-
0.6738
0.0799
-
8.4300
0.0000
rentop
-
2.1910
0.3814
-
5.7500
0.0000
rentop2
2.6402
0.3079
8.5700
0.0000
cresvda
0.0142
0.0343
0.4100
0.6800
mtb
0.0089
0.0106
0.8400
0.4030
pd
0.9575
0.2298
4.1700
0.0000
pd2
-
0.8130
0.1827
-
4.4500
0.0000
Fonte: O autor
130
Tabela 20
-
Regressão OLS com
dummies
temporais
-
continuação
Coef.
Std. Err.
t
P>|t|
liqcorr
-
0.0696
0.0124
-
5.5900
0.0000
pecf
-
0.0069
0.0076
-
0.9100
0.3620
tamfat
0.0005
0.0069
0.0700
0.9420
cobju
ros
0.0298
0.0075
3.9900
0.0000
cobjuros2
-
0.0386
0.0083
-
4.6500
0.0000
beta
0.1046
0.0276
3.7900
0.0000
crescat
0.0411
0.0345
1.1900
0.2350
lucger
0.1109
0.0369
3.0000
0.0030
lucop
0.4154
0.1765
2.3500
0.0190
lucop2
-
0.5027
0.1322
-
3.8000
0.0000
gi
roest
0.0059
0.0906
0.0600
0.9480
setor
-
0.0034
0.0022
-
1.5600
0.1190
jurcred
-
0.0003
0.0031
-
0.1100
0.9120
ibovespa
0.0000
0.0000
-
0.0100
0.9880
cambio
0.2477
0.2077
1.1900
0.2340
selic
0.0078
0.2562
0.0300
0.9760
ano99
-
0.1757
0.1850
-
0.9500
0.3430
ano00
-
0.1332
0.1865
-
0.7100
0.4750
ano01
-
0.2313
0.2496
-
0.9300
0.3550
ano02
-
0.4915
0.4947
-
0.9900
0.3210
ano03
-
0.2863
0.4173
-
0.6900
0.4930
ano04
-
0.1688
0.3839
-
0.4400
0.6600
ano05
-
0.0819
0.3984
-
0.2100
0.8370
Fonte: O autor
Legenda: em negri
to as variáveis não significativas ao nível de 10%.
Tabela 21
-
Diagnóstico de inflação de variáveis do modelo com
dummies
temporais
Variável
VIF
1/VIF
Variável
VIF
1/VIF
Variável
VIF
1/VIF
cambio
495.39
0.0020
rentop2
12.97
0.077
1
tamfat
1.85
0.5420
ano02
373.43
0.0027
selic
11.3
0.0885
giroest
1.52
0.6588
ano03
265.73
0.0038
lucop
10.04
0.0996
beta
1.46
0.6859
ano05
242.2
0.0041
lucop2
9.97
0.1003
pecf
1.26
0.7917
ano04
224.87
0.0044
pd2
5.12
0.1955
setor
1.26
0.7920
ibovesp
a
172.37
0.0058
pd
4.39
0.2280
jurcred
1.14
0.8788
ano01
95.1
0.0105
rentger
3.93
0.2542
Média VIF
71.63
ano00
53.06
0.0188
lucger
3.55
0.2814
ano99
52.2
0.0192
cresvda
2
0.4990
cobjuros2
41.63
0.0240
liqcorr
1.97
0.5078
cobjuros
40.94
0.024
4
crescat
1.92
0.5214
rentop
14.48
0.0690
mtb
1.91
0.5239
Fonte: O autor
Legenda: em negrito as variáveis com VI >=9,97.
131
Na tabela 21 verifica-se, por sua vez, a presença de quantidade de variáveis no modelo, medido
pelo VIF decrescente, sugerindo que as variáveis de controle (cambio e ibovespa) e dummies
temporais estariam “inflacionando” a regressão. O teste de Ramsey-reset, com F(3, 367) = 19.58
e Prob > F = 0.0000 assegura que não há variáveis omitidas no modelo.
Os problemas de homocedasticidade nas variáveis lucger, setor, rentger, rentop,tamfat, ano02 e
ano03 com probabilidade superior a 10% são verificados no teste de Szroeter abaixo (tabela 22).
Tabela
22 -
Teste de Szroeter para homocedasticidade
Variável
Qui
2
df
p
Variável
Qui
2
df
p
etm2
46.89 1
0.0000
crescat
4.90 1
0.0269
etc
91.29 1
0.0000
lucger
0.69 1
0.4078
ecpm3
3.01 1
0.0827
lucop
19.71 1
0.0000
ecpm4
5.89 1
0.0152
lucop2
6.41 1
0.0113
ecpc
75.06 1
0.0000
giroest
35.63 1
0.0000
ecpc2
29.95 1
0.0000
setor
0.15 1
0.6976
elpm2
58.09 1
0.0000
jurcred
42.95 1
0.0000
elpc
75.65 1
0.0000
ibovespa
45.29 1
0.0000
efcp
29.95 1
0.0000
cambio
13.97 1
0.0002
eflp
8.83 1
0.0030
selic
8.77 1
0.0031
rentger
1.70 1
0.1921
ano99
5.16 1
0.0231
rentop
0.15 1
0.6974
ano00
5.09 1
0.0241
rentop2
3.26 1
0.0711
ano01
4.00 1
0.0455
cresvda
20.89 1
0.0000
ano02
1.13 1
0.2871
mtb
67.87 1
0.0000
ano03
0.07 1
0.7954
pd
17.50 1
0.0000
ano04
10.57 1
0.0011
pd2
4.54 1
0.0330
ano05
89.10 1
0.0000
liqcorr
62.07 1
0.0000
pecf
56.57 1
0.0000
tamfat
0.16 1
0.6871
cobjuros
47.10 1
0.0000
cobjuros2
57.33 1
0.0000
beta
27.09 1
0.0000
Fonte: O autor
Legenda: em negrito as variáveis não significativas ao nível de 10%.
132
A presença de diversas variáveis apresentando probabilidades acima de 10 %, grifadas em
negrito, indicam a rejeição da hipótese de sua homocedasticidade.
Justifica
-se, portanto, a seqüência do estudo, usando regressões com painel, como será visto
posteriormente.
5.4.3.
O painel
5.4.3.1
Embasamento teórico da estimação em painel
Estudos econômicos com conjuntos de dados combinando séries temporais e em corte são muito
comuns. Sua mode
lagem, entretanto, pede por especificações bastante complexas. De acordo com
Maddala (1993) apud Baltagi (2002), o painel de dados é um conjunto de dados do mesmo
individuo em vários períodos de tempo. Compreende análise longitudinal, na qual o foco
primár
io é na história individual. O Panel data é também usado para descrever a conjugação
(
pooling
) de observações de séries temporais entre uma variedade de unidades de corte. A maior
vantagem do uso desse tipo de técnica é um maior conjunto de dados com maior variabilidade e
menor colinearidade que em dados de corte ou que em séries temporais.
Outra grande vantagem, segundo Baltagi (2002), é a habilidade de controlar a heterogeneidade
individual. Afinal, não controlar esses efeitos não observados pode induzir a um viés nos
resultados estimados. Trata-se de ferramenta importante para estudar complexos problemas de
comportamento dinâmico. Segundo Halaby (2004), a estrutura fundamental do panel data
possibilita uma alavancagem analítica para atingir o ponto central de pesquisa quantitativa: a
estimação de causa e efeito. Em um quadro de painel, têm-se observações temporais em
entidades múltiplas. Denomina
-
se o tamanho da amostra de corte por N, e t=1,...,T , sendo que as
séries temporais cobrirão o mesmo período calendário Nesse caso, tem-se o que se denomina um
painel equilibrado. Caso alguns cortes iniciem antes ou terminem depois, tratar-
se
-
á de um painel
133
desequilibrado. De acordo com Baltagi (2002), painéis incompletos são mais comuns no
universo de estudo da economia. Conforme Kremp, Stöss e Gerdesmeier (1999), do ponto de
vista econométrico, deve-se tomar a decisão de trabalhar com um painel equilibrado ou não, e a
decisão de eliminar os
outliers
ou não. A opção de escolha de apenas empresas que possuam
in
formações em todos os anos em oposição a empresas que iniciaram mais tarde ou sumiram
deve ser bem avaliada, para que se entendam quais as conseqüências para o modelo e se
introdução ou não de um viés de sobrevicência nos dados. No caso em que houver ne
cessidade de
informações de empresas não abertas, existe inclusive o problema de se avaliar se a decisão de
algumas empresas em não participar da amostra altera a conclusão, o que ocorre, por sinal, em
qualquer tipo de pesquisa. No estudo citado, a quantidade de empresas francesas aumentou no
período analisado enquanto a quantidade de alemãs diminuiu. Nessa situação, o fato de se usar
um painel equilibrado privaria a análise de eventuais alterações ocorridas no tempo no grau de
generalização que se espera.
Segundo Kremp, Sauvé e Pernanque (1999) nos anos 80 e 90, houve
considerável aumento de estudos de painel, o que ocorre segundo Phillips e Sul (2003) tanto em
economia como em finanças internacionais. Houve enorme desenvolvimento de estudos dos
vieses incorporados pelo problema de sobrevivência em painéis equilibrados (GRILICHES
(1998) apud SAUVÉ E SCHEUER 1999). Ao mesmo tempo, houve grande desenvolvimento de
novas técnicas como a incorporação de variáveis instrumentais (IV) e o desenvolvimento do
método
generalizado dos momentos (GMM). Esses eventos, somados aos avanços
computacionais que permitem o uso de longas séries temporais permitiram também um avanço
dos estudos de painel desequilibrado. Essa análise foi baseada no painel equilibrado com
variáveis
instrumentais e GMM o que eliminou certos potenciais problemas de viés. Foram
analisadas as possibilidades de uso de painel equilibrado e não equilibrado. A opção foi feita em
relação ao uso do painel equilibrado, mesmo com seus eventuais problemas quanto ao viés de
134
sobrevivência ou de decisão de participação Kremp, Stöss e Gerdesmeier (1999). Foi feita uma
análise por sub-períodos, visando verificar eventuais efeitos. O uso do painel desequilibrado foi
descartado nesse momento, pois, no Brasil, existem grandes diferenças entre as empresas
excluídas que não apresentam dados iniciais ou finais, podendo por sua vez introduzir outros
tipos de viés. Um dos procedimentos, quando o painel é desequilibrado, é de eliminar as
equações faltantes (para indivíduos com dados incompletos) e substituir os valores por zero. Esse
procedimento poderá gerar alteração de variância no tempo e a estacionaridade. O uso do painel
equilibrado requer, entretanto, séries temporais longas, com pelo menos períodos de cinco anos e
dados
de oito anos, a menos que se imponha a restrição na análise do modelo. Conforme
Kremp,
Stöss e Gerdesmeier (1999), o uso do GMM (General Method of Moments) com variáveis
instrumentais auxilia o controle da heterocedasticidade entre empresas, correlação entre erros no
tempo e simultaneidade, além de erros de mensuração através do uso de condições de
ortogonalidade na matriz de variância
-
covariância. Quando rodados os diferentes modelos, houve
preocupação com o teste Sargan que indica se os instrumentos e os resíduos da equação são
independentes, requisito essencial para a validação dos instrumentos. De acordo com Gaud et al.
(2005) a análise dos momentos de primeira e segunda ordem demonstra o grau de correlação
serial do crescimento de resíduos e permite o uso das variáveis instrumentais. Uma preocupação
deste estudo, entretanto, está nas propriedades do GMM (General Method of Moments). Suas
propriedades estão condicionadas a amostras grandes e conclusões em amostras menores do que
100 empresas devem ser consideradas de forma cautelosa. Essa é a principal razão pela qual os
modelos desenvolvidos, neste trabalho, sempre partem do subperíodo contendo o maior número
de empresas, que é de 1999-2005, mesmo assim com menos do que 100 empresas. Poder-
se
-
ia
recorrer
a procedimentos estatísticos que gerassem novas amostras (como o
bootstrapping
, por
exemplo), mas uma vez que geraria novos problemas não controlados, optou-se por manter o
135
procedimento por GMM (General Method of Moments) com instrumentos, sabendo-se das
limitações das conclusões.
Conforme foi observado pelo resultado, usando o modelo de equação estruturais simultâneas,
tem
-se uma forte relação entre a variável dependente e algumas variáveis independentes,
deslocadas ou não no tempo. Isso pode gerar problemas de endogeneidade, que, de acordo com
Verbeek (2001), pode ser manuseada a partir de variáveis instrumentais, que é por definição, não
correlacionada com os erros do modelo, mas correlacionada com a variável endógena. Os
instrumentos são usualmente conhecidos como
GIVE
em inglês (Generalized Instrument
Variables Estimator) ou estimadores de variáveis com instrumento generalizado. Podem ser
também conhecidos como 2SLS (two-stage least square) ou minimo quadrado em dois
momentos. A solução do problema que toma a forma quadrática, chama-
se
GMM
(
General
Method of Moments
) ou Método Generalizado dos Momentos. Suas vantagens são que não requer
premissas de distribuição como normalidade e, neste caso, isso não seria um problema, mas
também permite que se trabalhe com heterocedasticidade em formas desconhecidas e pode
estimar parâmetros mesmo sem que se resolva a forma analítica para isso.
De acordo com Verbeek (2001), uma série de testes pode ser usada baseada no conceito de
máxima verossimilhança. São três os princípios: o de Wald, o de máxima verossimilhança e o
LM (Lagrange Multiplier) em inglês ou multiplicador de Lagrange. Cada um possui vantagens.
Enquanto o teste de Wald é aplicado, basicamente, para qualquer estimador que seja consistente e
normal assint
óticamente, o teste LR (
Likelihood Ratio
em inglês) ou de máxima verossimilhança,
possibilita a comparação de mais do que um modelo aninhado, e o multiplicador LM permite que
se verifique as restrições impostas pela estimação. Assim, ainda de acordo com Verbeek (2001),
o teste LM permite que se testem problemas de especificação em diversas direções, como
heterocedasticidade, não normalidade ou variáveis omitidas.
136
Embora possuam aspectos diferentes, são assintóticamente equivalentes (os testes estatísticos têm
a mesma distribuição assintótica, mesmo se houver violação da hipótese nula). O Teste de
Breusch
-
Pagan é um teste de LM, por exemplo.
As vantagens presentes pelo método do painel permitem que se trabalhe com as variáveis sem se
preocupar com premissas restritivas. O procedimento adotado, tanto na análise inicial como na
ampliada segue a figura 12 abaixo:
Figura
12
-
Procedimento de análise de dados em painel
Fonte: O autor
137
Os testes seguem essa ordem:
1.
Análise dos efeitos
fixos
A transformação interna (
within
)=> desvios em relação à própria média. No caso de variáveis
estritamente exógenas, elas não podem depender de erros passados, atuais ou futuros, o que
exclui o efeito defasado (
lagged
).
2.
Análise do modelo aleatório
Estuda
-se a matriz ponderada dos estimadores internos e externos (
between
e
within
), ignorando
as informações individuais. Assim, o GLS é a melhor estimativa entre o modelo
within
e o
between
, sendo por definição mais eficiente que a OLS comum.
3.
O teste de
Hausman testa se os efeitos fixos e aleatórios são significativamente diferentes.
4. Uso de variáveis instrumentais alternativas. No modelo ampliado, usando as
caracteristicas do Stata® foram rodadas diversas possibilidades com as variáveis
dependentes alte
rnativas, só sendo reportados os resultados importantes.
5.
Modelo de painel dinâmico. Após serem testadas as condições iniciais, elabora
-
se o painel
dinâmico em ambas as situações e recortes. A identificação das variáveis estritamente
exógenas, de acordo com Verbeek (2001), não correlacionadas com nenhum dos termos
erro e predeterminadas (atuais e defasadas não são correlacionadas com o termo erro)
altera o os instrumentos válidos e, por isso, devem ser verificadas.
Os problemas de painéis desequilibrados são diversos e, por isso, foram tratados os dados
faltantes, conforme procedimento anteriormente descrito. Está sendo adotando o que Verbeek
(2001) chamou de subpainéis equilibrados, o que pode estar gerando perda significativa de
informação e até erros de viés de seleção. O recorte feito em diversos períodos procurou verificar
o efeito dos subpainéis, alternativamente ao uso de painéis desequilibrados cujas conclusões
estatísticas sairiam da linha pesquisada.
138
Conforme Doornik e Hendrik (2001) apud Martin et al. (2005), tem-se a especificação dos
estimadores utilizados, conforme tabela 23 abaixo .
Tabela 23
-
Especificação dos estimadores
Estático (equação 10)
Dinâmico (equação 11)
OLS
1 passo
com instrumento
GMM
Dentro (
wi
thin
)
GLS (resíduo OLS)
e Arellano
-
Bond
Entre (
between
)
ML
Fonte: O
autor baseado
em Martin et al. (2005)
Seguem as equações 10 (painel estático) e 11 (painel dinâmico):
Equação 10
: Y
it
=
x’
i t
+
t
+
i
+
it
com
i = 1,…,N e t = 1,…,T.
Equação 11
: Y
it
=
P
K 1
k
. y
i,
-k
+
´(L).x
it
+
t
+
i
+
it
com i = 1,…,N e t = q+1, ..., T em que:
Y
it
= endividamento;
x
1it
= vetor das variáveis explicativas;
i
= het
erogeneidade devido ao fator empresa (corte transversal);
t
= heterogeneidade devido ao fator tempo (corte longitudinal);
L = operador defasagem;
q = defasagem máxima do modelo e
O = N . T.
Os subscritos i e t referem-se à empresa e ao tempo, respectivamente, e os s e os s são os
parâmetros da regressão. Se
i
for constante, obtém-se o modelo com efeito fixo. Por outro lado,
se
i
for variável, obtém
-
se o modelo com efeito aleatório.
Segue a análise dos resultados obtidos pelo painel estático.
139
5.4.3.2
O painel
estático com efeitos fixos
A análise seguinte refere-se ao modelo estático de dados em painel com efeitos fixos para a
variável dependente etc no periodo 1999-2005. Seguem abaixo as tabelas 24 e 25 e os resultados
da regressão do efeito fixo (
within
e
b
etween
).
Tabela 24
-
Modelo estático com efeitos fixos (
within)
etc
Coef.
Std. Err.
t
P>|t|
rentger
-
0.6927
0.0764
-
9.0600
0.0000
rentop
-
1.6211
0.4210
-
3.8500
0.0000
rentop2
1.9213
0.3105
6.1900
0.0000
cresvda
0.0356
0.0307
1
.1600
0.2460
mtb
0.0002
0.0115
0.0200
0.9870
pd
0.2489
0.3983
0.6200
0.5320
pd2
-
0.3141
0.3053
-
1.0300
0.3040
liqcorr
-
0.0524
0.0132
-
3.9700
0.0000
pecf
-
0.0064
0.0072
-
0.8900
0.3750
tamfat
0.0213
0.0208
1.0200
0.3060
cobjuros
0.0173
0.0068
2.5500
0
.0110
cobjuros2
-
0.0217
0.0076
-
2.8700
0.0040
beta
0.0895
0.0302
2.9700
0.0030
crescat
-
0.0092
0.0309
-
0.3000
0.7660
lucger
0.1433
0.0350
4.1000
0.0000
lucop
0.3927
0.1954
2.0100
0.0450
lucop2
-
0.4059
0.1410
-
2.8800
0.0040
giroest
-
0.0031
0.1976
-
0.0200
0.9880
setor
(dropped)
jurcred
-
0.0016
0.0029
-
0.5500
0.5800
ibovespa
0.0000
0.0000
4.0400
0.0000
cambio
0.0362
0.0127
2.8500
0.0050
selic
-
0.0565
0.0968
-
0.5800
0.5600
_cons
0.0532
0.2604
0.2000
0.8380
Number of obs
= 401
Number of groups
= 38
R-
sq:
within
= 0.5454 R
-
sq:
between
= 0.6632
R-
sq:
overall
= 0.5851 F(22,341) = 18.60
corr(u_i, Xb) = 0.2121 Prob > F = 0.0000
Fonte: O autor
Legenda: em negrito as variáveis não significativas ao nível de 10%.
Similarmente aos resultados obtidos pelas regressões de mínimos quadrados, os R
2
são elevados
(entre 54% e 66%). As evidências são contrárias ao efeito fixo (F
obs
=18,60). Para essa co
nclusão,
140
realizou
-se o teste F proposto por Greene (2000), no qual a hipótese nula se refere à significância
conjunta do efeito fixo, a seguir definido pela equação 12:
Equação 12
:
F (N
-
1, NT
-N-
K) =
)
/(
)1(
)1
/(
)(
2
22
KN
NT
R
NRR
w
pol
W
Algumas variáveis aparecem de forma significativas nesse modelo, como rentger, rentop,
rentop2, liqcorr, cobjuros, beta, lucger, lucop, lucop2, ibovespa e câmbio, o que pode ser
interpretado como indicadores de efeitos específicos das empresas.
A seguir, o
resultado do painel estático com efeito fixo, no seu efeito
between
:
Tabela 25
-
Resultados da regressão entre médias (
between
)
etc
Coef.
Std. Err.
t
P>|t|
rentger
-
0.8947
0.4566
-
1.9600
0.0700
rentop
-
2.0991
1.6920
-
1.2400
0.2350
rentop2
1.7423
1.3705
1.2700
0.2240
cresvda
-
0.9210
0.4037
-
2.2800
0.0390
mtb
0.1069
0.0506
2.1100
0.0530
pd
1.1732
0.8142
1.4400
0.1720
pd2
-
0.4539
0.7676
-
0.5900
0.5640
liqcorr
-
0.0195
0.0535
-
0.3600
0.7210
pecf
-
0.0169
0.0564
-
0.3000
0.7690
t
amfat
-
0.0168
0.0230
-
0.7300
0.4780
cobjuros
-
0.0430
0.0635
-
0.6800
0.5090
cobjuros2
0.0388
0.0687
0.5600
0.5810
beta
0.1229
0.0988
1.2400
0.2340
crescat
0.8291
0.3379
2.4500
0.0280
lucger
-
0.1645
0.2705
-
0.6100
0.5530
lucop
0.8714
0.7510
1.1600
0.2650
lucop2
-
0.5868
0.5194
-
1.1300
0.2780
giroest
-
0.1325
0.2984
-
0.4400
0.6640
setor
-
0.0018
0.0084
-
0.2200
0.8330
jurcred
-
0.0360
0.0176
-
2.0400
0.0600
ibovespa
-
0.0002
0.0003
-
0.5900
0.5670
cambio
2.1581
2.1397
1.0100
0.3300
selic
-
3.3316
5.6132
-0
.5900
0.5620
_cons -
0.2905
1.7146
-
0.1700
0.8680
Number of obs
= 401
Number of groups
= 38
R-
sq:
within
= 0.0385 R
-
sq:
between
= 0.9156
R-
sq:
overall
= 0.0419 F(23,14)
= 6.61
sd(u_i + avg(e_i.))= .0809745 Prob > F = 0.0003
Fonte: O autor
Legenda: em negrito as variáveis não significativas ao nível de 10%.
141
A principal consideração dessa tabela é a rejeição dada pelo F, com probabilidade nula. A
interpretação desse resultado, é que se rejeita a presença de efeitos fixos em prol de efeitos
aleatórios, razão pela qual se continua o estudo.
5.4.3.3
O painel estático com efeitos aleatórios
Dando seqüência ao estudo, procede-
se ao painel com efeitos aleatório
s (tabela 26).
Tabela 26
-
Modelo Estático com efeitos aleatórios
GLS
-
continua
etc
Coef.
Std. Err.
z
P>|z|
rentger
(0.6828)
0.0751
(9.0900)
0.0000
rentop
(1.7584)
0.3847
(4.5700)
0.0000
rentop2
2.1693
0.2949
7.3600
0.0000
c
resvda
0.0322
0.0298
1.0800
0.2810
mtb
0.0049
0.0107
0.4600
0.6440
pd
0.8099
0.2741
2.9500
0.0030
pd2
(0.6896)
0.2191
(3.1500)
0.0020
liqcorr
(0.0628)
0.0124
(5.0500)
0.0000
pecf
(0.0061)
0.0071
(0.8500)
0.3930
tamfat
0.0012
0.0096
0.1300
0.8970
cobjuros
0.0204
0.0067
3.0300
0.0020
cobjuros2
(0.0261)
0.0075
(3.4700)
0.0010
beta
0.0994
0.0282
3.5300
0.0000
crescat
0.0017
0.0310
0.0500
0.9570
lucger
0.1337
0.0344
3.8800
0.0000
lucop
0.4080
0.1796
2.2700
0.0230
lucop2
(0.4835)
0.1309
(3.7000)
0.0000
giroest
(0.0481)
0.1246
(0.3900)
0.7000
setor
(0.0041)
0.0036
(1.1400)
0.2560
jurcred
(0.0018)
0.0029
(0.6300)
0.5290
ibovespa
0.0000
0.0000
5.2000
0.0000
cambio
0.0418
0.0121
3.4700
0.0010
selic
(0.0379)
0.0977
(0.3900)
0.6980
_cons
0.3431
0.141
2
2.4300
0.0150
Number of obs
= 401
Number of groups
= 38
R-
sq:
within
= 0.5403 R
-
sq:
between
= 0.7619
R-
sq:
overall
= 0.6284
Random effects u
_i ~ Gaussian
Wald chi2(23) = 503.24
corr(u_i, X) = 0 (
assumed
) Prob > chi2 = 0.0000
sigma_u .07052789 sigma_e .12878765
rho .23070879 (
fraction of variance due to
u_i)
Breusch and Pagan Lagrangian multiplier test fo
r random
effects
:
etc[seq,t] = Xb + u[seq] + e[seq,t]
Fonte: O autor
142
Tabela 26
-
Modelo Estático com efeitos aleatórios
GLS
-
continuação
Estimated results
: Var sd = sqrt(Var)
etc | .0595115 .2439497
e | .0165863 .1287876
u | .0049742 .0705279
Test: Var(u) = 0 chi2(1) = 103.83
Prob > chi2 = 0.0000
Fonte: O autor
Legenda: em negrito as variáveis não significativas ao
nível de 10%.
O modelo estático de efeitos aleatórios GLS apresenta um R
2
entre 54 e 76%, o que é bastante
alto.
As variáveis ligadas à rentabilidade (rentger, rentop, rentop2), à lucratividade (lucger, lucop,
lucop2), ao risco (pd,pd2,beta),à cobertura de juros (cobjuros, cobjuros2), liquidez, bem como o
ibovespa e o câmbio apresentaram probabilidade z inferior a 5%, indicando que parte de seu
comportamento é adequada ao modelo de efeitos aleatórios GLS.
Consta na tabela 26 o resultado do teste Breusch-Pagan, no qual a hipótese nula se refere à não
autocorrelação dos resíduos (e) de acordo com a equação 13:
Equação 13
:
eeT
T
TN
LM
´
.
)1(2
.
2
O resultado obtido de 103,83 implica na rejeição da hipótese nula (não houve autocorrelação), ou
seja, há evidências a favor do efeito aleatório.
Em seguida, foi
calculado
o painel estático
com
efeitos aleatórios usando a máxima
verossimilhança.
Os resultados estão reportados abaixo, na tabela 27:
143
Tabela 27
-
Modelo estático com
efeitos
aleatórias
-
ML
etc
Coef.
Std. Err.
z
P>|z|
rentger
-
0.6838
0.0723
-
9.4600
0.0000
rentop
-
1.7263
0.3758
-
4.5900
0.0000
rentop2
2.1292
0.2873
7.4100
0.0000
cresvda
0.0342
0.0287
1.2000
0.2320
mtb
0.0038
0.0104
0.3600
0.7170
pd
0.7520
0.2803
2.6800
0.0070
pd2
-
0.6487
0.2239
-
2.9000
0.0040
liqcorr
-
0.0610
0.0122
-
5.0100
0.0000
pecf
-
0.0061
0.0068
-
0.8900
0.3730
tamfat
0.0023
0.0101
0.2200
0.8230
cobjuros
0.0198
0.0065
3.0400
0.0020
cobjuros2
-
0.0252
0.0073
-
3.460
0
0.0010
beta
0.0973
0.0274
3.5500
0.0000
crescat
-
0.0014
0.0298
-
0.0500
0.9640
lucger
0.1359
0.0332
4.1000
0.0000
lucop
0.4028
0.1750
2.3000
0.0210
lucop2
-
0.4726
0.1272
-
3.7100
0.0000
giroest
-
0.0466
0.1284
-
0.3600
0.7170
setor
-
0.0041
0.0039
-
1.0
400
0.2960
jurcred
-
0.0018
0.0027
-
0.6500
0.5150
ibovespa
0.0000
0.0000
5.3000
0.0000
cambio
0.0414
0.0116
3.5700
0.0000
selic
-
0.0403
0.0935
-
0.4300
0.6660
_cons
0.3318
0.1475
2.2500
0.0240
Number of obs
= 401
Number of groups
= 38
LR ch
i2(23) = 329.66
Log likelihood
= 230.92269
Prob >chi2 =0
LR test sigma
=0:chibar2(01)=62.
79
Prob>=chibar2 = 0.000
Fonte: O autor
O índice de verossimilhança indica probabilidade nula da aceitação da hipótese do modelo de
painel estático com efeitos aleatórios, confirmando a regressão anterior. Esses resultados apontam
para a presença de efeitos fixos no modelo. As mesmas variáveis identificadas anteriormente
apresentaram
-
se significativas em 5% nesse, indicando
evidências de comportamento aleatório.
Conforme havia sido estabelecido na figura 12, realizou-
se a seguir o teste de Hausman para se
verificar se havia predominância de um modelo sobre o outro.
144
Tabela 28
-
Estimativas Hausman
Taylor de efeitos aleatórios
etc
Coef.
Std. Err.
z
P>|z|
TVexogenous
rentger
-
0.6872
0.0739
-
9.3000
0.0000
rentop
-
1.6288
0.3900
-
4.1800
0.0000
rentop2
2.0919
0.2937
7.1200
0.0000
cresvda
0.0397
0.0293
1.3600
0.1750
mtb
0.0032
0.0108
0.3000
0.764
0
liqcorr
-
0.0575
0.0125
-
4.6100
0.0000
pecf
-
0.0073
0.0070
-
1.0300
0.3010
tamfat
-
0.0009
0.0120
-
0.0800
0.9370
crescat
-
0.0061
0.0303
-
0.2000
0.8410
lucger
0.1406
0.0339
4.1500
0.0000
lucop
0.3680
0.1819
2.0200
0.0430
lucop2
-
0.4699
0.1314
-
3.5800
0.0000
giroest
0.0046
0.1449
0.0300
0.9750
jurcred
-
0.0018
0.0028
-
0.6300
0.5260
ibovespa
0.0000
0.0000
5.0400
0.0000
cambio
0.0420
0.0119
3.5400
0.0000
selic
-
0.0429
0.0951
-
0.4500
0.6520
TVendogenous
pd
0.6399
0.3078
2.0800
0.0380
pd2
-
0.6090
0.2445
-
2.4900
0.0130
beta
0.0928
0.0291
3.1900
0.0010
cobjuros
0.0187
0.0066
2.8200
0.0050
cobjuros2
-
0.0236
0.0074
-
3.1900
0.0010
TIexogenous
setor
-
0.0037
0.0047
-
0.7900
0.4280
TIendogenous
seq
-
0.0037
0.0025
-
1.4700
0.1430
_cons
0.4327
0.1879
2.3000
0.0210
Number of obs
= 401
Number of groups
= 38
Random effects u_i ~ i.i.d.
Wald chi2(24) = 480.08
Prob > chi2 = 0.0000
Fonte: o autor
A análise do teste Hausman para efeitos aleatórios, na tabela 28, apresenta-se com probabilidade
nula, o que significa que se rejeita a hipótese do modelo aleatório em favor do modelo de efeito
fixo.
Variáveis
como mtb, crescvda, pecf, tamfat, giroest, jurcred e selic apresentam
probabilidade superior a 10%
, o que auxil
ia na rejeição do modelo de feito aleatório.
Essas análises com a principal
proxy
da variável dependente do modelo, etc, apresentou
resultados similares em regressões com as outras
proxies
, não reportados neste trabalho.
145
Esses resultados levam à conclusão de que as variáveis estudadas apresentam grau de
heterocedasticidade suficiente para que modelos estáticos de efeitos fixos e aleatórios não sejam
adequados do ponto de vista econométrico.
No contexto econométrico em questão, havia duas possibilidades de tratamento dessas questões:
a inserção de variáveis endógenas defasadas no painel de efeitos estáticos, ou o uso de
regressores exógenos.
A seqüência deste trabalho estará usando a equação de ajustamento parcial, em conformidade
com o estudo de Kremp,
Sauvé e Pernanque (1999), do modelo dinâmico a ser especificado
conforme equação 14 abaixo:
Equação 14
: y
it
=
ß
0
y
it
-1
+
ß
1
x
1
it
+
ß
2
x
2
it
+
ß
3
x
3
it
+
ß
4
x
4
it
+
ß
5
x
5
it
+
a
i
+
t
+ e
it
em que:
i = 1,2,…...,N e
t
= 1,2,….,T
Devido ao elevado número de regressões realizados, nos diversos sub-períodos, somente serão
reportadas aquelas que trouxeram alguma contribuição na condução do problema de pesquisa
levantado. Foi levantado o problema de interpretação da característica das variáveis estudadas.
Existe uma diferença de interpretação que precisou ser levada em conta, nas diversas simulações.
Os fatores
observados possuem, por suas características, seja uma natureza endógena ou exógena,
ou seja, elas são formadas internamente, mesmo que de forma independente, ou externamente.
Complementarmente, outro problema é a medida utilizada no modelo econométrico, a
proxy
que
busca capturar esse efeito. E segundo Kremp, Sauvé e Pernanque (1999), de que dados
levantados através de balanços dificilmente podem ser considerados como exógenos. Essa
diferença sutil entre as diversas interpretações interfere na modelagem do modelo e nas
propriedades das equações que o sustentam. A inserção de variáveis instrumentais e a
interpretação da exo endogeneidade das variáveis tem conseqüências principalmente na
146
validação dos resultados, mesmo que indicadores como Wald e Sargan tenham aceitação. O
segundo momento trabalha com essas restrições de modelo e, também, deve ser considerado na
escolha do modelo de melhor especificação. Os diversos modelos também foram rodados em sua
versão “estatística para pequenas amostras”, uma vez que havia a preocupação de que a
amostragem não atendesse ao requisito mínimo de 100 empresas. Durante as regressões, na
inclusão das diversas variáveis, também se deparou com problemas em relação à quantidade de
variáveis inseridas no modelo e sua simultaneidade. Algumas simulações não foram feitas
quando ocorria um maior número de variáveis do que equações simultâneas, o que impedia
matematicamente a resolução do problema.
Em resumo, foram realizadas as regressões de mínimos quadrados, de painel estático com efeitos
fixo e aleátorios. As análises indicaram problemas de heterocedasticidade dos dados,
inviabilizando as regressões de mínimos quadrados. O teste F realizado no painel com efeito fixo
e o teste de Breusch-Pagan da não auto-correlação de resíduos, indicaram evidências a favor do
efeito aleatório. Ao se realizar o teste Hausman que compara os estimadores de efeito fixo e
aleatório, constatou-se que os erros estão correlacionados com as variáveis explicativas. Conclui-
se que os estimadores são inconsistentes. Para resolver esse problema, utiliza-se o painel
dinâmico, no modelo
GMM
com variáveis instrumentadas.
5.4.3.4
O painel dinâmico
Diante dos resultados obtidos anteriormente, parte-se, então, para os estudos de modelos de
painel dinâmico. Conforme comentado anteriormente, é esperado um efeito de viés de
sobrevivência dado pela escolha do painel equilibrado. Procurou-se ter uma idéia inicial desse
impacto. Dessa forma, poder-
se
-ia entender até que ponto as conclusões seriam ou não
generalizáveis. Foram rodadas, portanto, modelos de painel dinâmicos em cada sub-período e
147
apontados as que tivessem maior poder explicativo, dado pela comparação durante o processo
dos modelos com suas versões anteriores retirando-se a variável não significativa de
probabilid
ade mais alta. Os resultados estão apontados nas tabelas abaixo, para a
proxy
contábil.
A tabela 29 sintetiza um modelo exploratório que, por isso mesmo, pode apresentar um problema
quando recolocado à luz do referencial teórico analisado. Problema esse que não ocorre na tabela
30, uma vez que o modelo é gerado pelas premissas teóricas estudadas.
Pode-se notar que as alterações de composição de amostras alteraram as equações de regressão,
não apenas nos pesos das diferentes variáveis, mas também na sua composição. Não houve
alteração substancial nas conclusões do modelo, entretanto.
O simples fato de se alterar a amostra analisada, passando de 83 empresas no recorte 1999-
2005
para apenas 38 empresas no recorte 1995-2005, gera problemas em relação ao próprio uso da
estatística aplicada, devido à comentada situação de amostras pequenas. Diversos outros
fatores estatísticos podem ser apontados para essa explicação, como alteração das variâncias das
empresas comparadas no tempo, mesmo se consideradas as mesmas empresas, pois as diferenças
de sub-períodos podem ter gerado alguma outra alteração nessa premissa fundamental da análise
longitudinal por painel. Afora as considerações estatísticas e suas conseqüências econométricas, o
fato de se ter alterado de forma tão significativa os resultados das regressões, existem portanto
evidências de que as variáveis determinantes da estrutura de capital no Brasil, alteram-
se
dependendo dos sub-períodos e amostras analisadas. Embora isso pareça ser um fato óbvio, pode
ser
daí a fonte de divergência de conclusões teóricas dos diversos estudos mundiais e brasileiros.
Colocam
-se em discussão, dessa forma, mesmo dado um elevado grau de robustez dos
instrumentos analíticos, o grau de generalização das eventuais conclusões de trabalhos. Pode ser
uma das razões pelas quais o estudo em painel desequilibrado vem crescendo. E à medida que
problemas derivados de estatística mais complexa inerentes ao procedimento longitudinal com
148
premissas mais frouxas como problemas de heterocedasticidade no corte (
cross
-
section
) e
variâncias não constantes no tempo forem incorporadas e tratadas não apenas nos programas de
computador mas também na análise teórica, mais e mais essa prática deverá ser incorporada aos
diversos campos científicos, inclusi
ve o de finanças.
A seguir, na tabela 29, é apresentado o resultado de um modelo gerado pelo recorte 1999-2005 e
aplicado nos outros anos, e seu efeito.
Tabela 29
-
Comparação do modelo exploratório nos diversos sub
-
períodos
Va
riável
\
Período
1995-2005 1996-2005 1997-2005 1998-2005 1999-2005
Etc
-1
0.9635
0.9474
0.9253
0.9947
0.9944
Etc
-2 -
0.4106
-
.03633
-
0.1369
-
0.2068
-
0.2279
Etc
-3 0.1384 xx
0.1438 z
0.2638
0.3106
0.3192
Rentger
-
0.9292
-
0.9349
-
0.8103
-
0.7941
-
0.6133
Rentop
-
0.5626 xx
-
0.3248 z
-
0.8857
-
1.0121
-
1.3659
Rentop2
0.7212
0.7484
1.0146
1.1334
1.2296
Pd2
0.0848 z
-
0.1090 z
0.5191 z
-
0.0954 xx
0.2956 x
Tamfat
0.0440
0.0298
0.0242 x
0.0284 x
0.0303 x
Lucger
0.2115
0.2195
0.1289
0.1210
0.0460
Lucop
0.1262 z
-0
.13089 z
0.0233 z
-
0.0128 xx
0.1565 x
Giroest
0.0315 z
0.1213 z
0.1834 xx 0.2484 xx
0.1892
Sargan (chi)
91.67
91.63
106.84
81.00
57.73
AB order 1 (p)
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
AB order 2 (p)
0.0050
0.0034
0.0012
0.0020
0.0096
Fonte: O autor
L
egenda:
Sem nada
p<1% ,
x
p>1% e <5% , xx
p>5% e <10%;
z
=> p>10% AB= Arellano
-
Bond
Essa tabela demonstra que o modelo mais apropriado para o subperíodo 1999
-
2005 também é um
modelo apropriado para os outros subperíodos, uma vez que os te
stes de Sargan, o Arellano
-
Bond
de ordem 1 e 2 aprovam todos eles com probabilidade inferior a 1%. Outra observação
importante é que não houve alteração de sinal em nenhum dos casos de variáveis relevantes, o
que implica que a explicação teórica apresenta
certa consistência. As variáveis mais relevantes do
modelo, dado pelo valor, persistem sendo as mais importantes. Vale notar que a constante foi
expurgada do modelo por apresentar significância baixa. Decerto, a parte fixa do modelo está
sendo capturada dispersadamente pelas outras variáveis no modelo. A variável instrumental
149
alavancagem contábil defasada (do ano anterior e de dois anos), sempre foi relevante. A defasada
em três períodos só não foi relevante nos dois subperíodos mais distantes. Uma conc
lusão que se
tira é de que existe um processo de ajustamento do grau de endividamento, medido
contabilmente, em relação aos períodos anteriores. O fato de alternar-se o sinal no perído
defasado em dois anos indicaria períodos de mudanças de direção em relação a um objetivo. As
variáveis de desempenho financeiro foram o destaque dessas regressões, mas devem ser
analisadas conjuntamente. As variáveis rentop e rentop2, por exemplo, possuem sinal invertido
mas quando somadas, reduzem significativamente seu peso
ao final.
A variável rentger, por sua vez, é consistentemente negativa e de valor alto, levando à
interpretação que rentabilidade passada alta altera a estrutra de capital negativamente, em
conformidade com as teorias de
Pecking order
e de
Trade
-
off
. As
variáveis de lucratividade geral
(lucger) e operacional (lucop) tiveram diferenças de comportamento e significância. A primeira
foi válida em todos os recortes, enquanto a segunda, apenas nos modelos mais recentes. A
lucratividade, entretanto, apresentou valores baixos, com exceção do modelo 1999-2005. Seria
um determinante mas deve também ser analisado conjuntamente com os indicadores de
desempenho financeiro.
Pd2, a variável que procura medir o risco, foi significativa ao nível de 5% no modelo 1999-
2005 e 10% no anterior, desaparecendo nos outros. Apresentou sinais contraditórios, e mesmo
assim, de pouco valor. Talvez a
proxy
não tenha conseguido medir o que se desejava ou ainda, o
efeito foi capturado por outras variáveis do modelo.
Por fim, a variável giroest significante com variações nos três últimos modelos, também não
apresentou coeficiente alto. Como disse um dos respondentes do questionário, talvez ela seja um
direcionador que compõe outros indicadores, e a parcela que lhe resta isolada seria representativa
de parte da amostra sensível à esse direcionador.
150
Como conclusão geral dessas estimativas, usando-se etc como instrumento e permitindo atrês
perídos de defasagem, as variáveis rentger, rentop,rentop2, lucger,lucop, giroest,pd2 e tamfat
são determinantes da estrutura de capital, além do maior efeito que é da variável instrumento etc
defasada de um dois e três períodos, demonstrando uma dinâmica de ajustamento.
O estudo dos diversos subperíodos fez com que as variáveis etc-3, rentop e lucop perdessem
significância. As alterações nos coeficientes foram capturadas por etc-2, rentop2, lucger pela
ordem. Também as variáveis pd2 e giroest perderam significância, tendo seu efeito dissipado no
modelo. A alteração dada por etc-3 deve-se, provavelmente, à perda de informações de períodos
anteriores a 1994 e, adicionalmente, à redução do número de empresas, implicando em uma baixa
qualidade dessa variável no início. Para as outras variáveis, não há evidências de nenhum
fenômeno que ligaria a sobrevivência ou o período ininterrupto de informações com o
endividamento, que possa explicar esse comportamento.
Prosseguiu
-se a partir do modelo usando as tabelas 4, 5 e 6, aos paineis que culminaram no
modelo para o corte 1999-2005.
O procedimento utilizado foi de eliminação da variável com menor significância, sempre se
observando os indicadores Sargan e AB de ordem 1 e 2, até que não houvesse mais variável
independente que não compusesse o modelo.
Aceitou
-se, porém, a variável defasada etc-2, embora não significante, pois não faria sentido
teórico eliminá
-
la mantendo a variável etc
-3.
Esse modelo foi testado com os diferentes cortes temporais, conforme tabela 30 a seguir.
151
Tabela 30
-
Comparação do modelo restrito nos diversos su
b-
períodos
Variável
\
Período
1995-2005 1996-2005 1997-2005 1998-2005 1999-2005
Etc
-1
0.6550
0.6214
0.7064
0.7426
0.7237
Etc
-2 -
0.1452 xx
-
0.0827 z
-
0.0108 z
-
0.0438 z
-
0.06070 z
Etc
-3
0.0784 z
0.0651 z
0.2588
0.2784
0.2448
Lucger
0.0890
0.0696
0.0825
0.0753
-
0.0102 z
Lucger
-1 -
0.1329
-
0.1516
-
0.1367
-
0.1411
-
0.0837
Rentger
-
0.6472
-
0.6057
-
0.7436
-
0.7374
-
0.4983
Liqcorr
-
.01721 xx
-
.01158 z
-
0.0237 x
-
0.025 x
-
0.0322 x
Rentop2
0.3880
0.4014
0.5913
0.6402
0.8904
Rentop
-
0.1738 z
-
0.2622 z
-
0.4621 x
-
0.5300
-
0.9409
Tamfat
0.04066
0.0249
0.0211 x
0.0252
0.030
Sargan (chi)
211.19 x
189.48 x
240.13
200.08
159.33
AB order 1 (p)
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
AB order 2 (p)
0.0077
0.0090
0.0342
0.0698
0.0011
Fonte: O autor
Legenda:
Sem nada
p<
1% ,
x
p>1% e <5% , xx
p>5% e <10%;
z
=> p>10%
Verifica
-
se que o modelo usado como regressão mantém
-
se coerente no tempo, pois os sinais não
se alteram. Algumas das variáveis intermediárias alteram seu comportamento, como, por
exemplo, as variáveis instrumentais etc-2 e etc-3. Com exceção do corte 1999-2005, os
coeficientes não apresentam alterações por demais significativas.
O modelo em questão revela que as variáveis etc-1, etc-3 e rentop2 apresentam correlação
positiva com o endividamento, sendo todas as outras uma relação negativa. Observando o quadro
de relações esperadas e de justificativas teóricas, verifica-se para as variáveis ligadas à
rentabilidade que correspondem a um comportamento de agência e para a variável liqcorr, seu
comp
ortamento está em linha com o modelo de assimetria de informação. Uma vez mais, pelas
inversões seguidas de sinal, verifica-se que existe um processo de ajustamento por parte do
endividamento. Pelo alto coeficiente, a variável etc-1 apresentou-se como uma das mais
importantes, quando se juntam as variáveis rentop com rentop2. Fica claro pela análise conjunta
das variáveis, que o bom desempenho financeiro anterior medido por variáveis de rentabilidade e
lucratividade tem comportamento inverso ao endividamento, coerente com a teoria do pecking
order
, em que os gestores utilizam, preferencialmente, os recursos gerados internamente.
152
O tamanho apresenta pequena parcela do coeficiente no modelo, demonstrando que, no Brasil,
existe diferenciação de processo de end
ividamento dependendo do tamanho da empresa, em linha
com Sauvé e Scheuer (1999). Esse resultado está em linha com a teoria de
Trade
-
off
, uma vez
que empresas maiores estariam mais imunes em relação à probabilidade de falência, além de
existirem menos conf
litos entre os diferentes agentes (credores e acionistas).
A liquidez corrente por sua vez apresentou pequeno coeficiente e negativo, indicando que nas
empresas existe busca por liquidez, em linha com a teoria do pecking order e contrariando a
maximizaç
ão imposta pela teoria do
Trade
-
off.
Foram selecionadas as
proxies
de endividamento contábil conforme tabela 31 abaixo.
Tabela 31
-
Proxies
contábeis de endividamento selecionadas para as regressões
Sigla
Variável de Pesquisa
Fórm
ula
Etc
Endividamento Total Contábil
(Passivo Circulante+Exigível LP)/Ativo Total
Ecpc
Endividamento de Curto Prazo Contábil
Passivo Circulante/Ativo Total
Ecpc2
Endividamento de Curto Prazo Contábil
(Financiamento CP + Debêntures de CP )/ Ativo Total
Elpc
Endividamento de Longo Prazo Contábil
Exigível LP/Ativo Total
Efcp
Endividamento Financeiro de CP
(Financiamento CP + Debêntures CP)/Ativo Total
Eflp
Endividamento Financeiro de LP
(Financiamento LP + Debêntures LP)/Ativo Total
Fonte: O autor
Lege
nda: LP: Longo Prazo; CP: Curto Prazo.
A seguir, foram calculadas as regressões em painel dinâmico com a especificação encontrada
para o sub
-
período entre 1999
-
2005, conforme tabela 32.
153
Tabela 32
-
Modelo restrito para as va
riáveis dependentes de endividamento contábeis
Variável
etc
ecpc
elpc
efcp
eflp
Dep
-1
0.7237
0.6069
0.5762
0.2382
0.2028
Dep
-2 -
0.0607 z
0.0575 z
0.2328
-
0.1458 z
0.2536
Dep
-3
0.2448
-
0.0438 z
0.1428 xx -
0.1054 z
-
0.0721 z
Lucger
-
0.0102 z
0.0114 z
-
0.
0413 x
0.0031 z
-
0.0091 z
Lucger
-1 -
0.0837
-
0.0106 z
-
0.0952
-
0.0034 z
-
0.0235 z
Rentger
-
0.4983
-
0.1273
-
0.3455
-
0.0455 z
-
0.1175 xx
Liqcorr
-
0.0322 x
-
0.0606
0.0264 xx -
0.0267
0.0065 z
Rentop2
0.8904
0.7768
-
0.0623 z
0.1592 xx -
0.5162
Rentop
-
0.940
9 -
0.76
-
0.0697 z
-
0.3179 x
0.4924 xx
Tamfat
0.030
0.0055 z
0.0223 x
0.0085 z
0.0081 z
Constante
z
0.0023 z
-
0.0080 z
-
0.0045 z
-
0.0161
Wald
8
187.55
330.8
62.95
77.35
Sargan (chi)
159.33
143.19
142.79
133.72
166.83
AB order 1 (p)
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
AB order 2 (p)
0.0011
0.0342
0.0000
0.2181
0.004
Fonte: O autor
Legenda:
Sem nada
p<1% ,
x
p>1% e <5% , xx
p>5% e <10%;
z
=> p>10%
Dos seis modelos rodados, cinco foram representativos (considerando-se os resultados obtido
s
pelos testes Wald, Sargan e AB) e estão reportados na tabela 32. Em todos os modelos a variável
defasada em um período é significante, o que não ocorre necessariamente com a defasagem em
dois ou três períodos. Em geral, os sinais das variáveis independentes se mantêm nas relações, o
que reforça a lógica do modelo. Evidentemente, variação nos coeficientes, mas a variável
defasada sempre apresenta um coeficiente relativamente importante, com exceção dos modelos
levantados como financiamento (de curto e longo prazo). A diferença de prazos não apareceu
como distinguindo os modelos, o que pode significar que as medidas usadas como
proxies
talvez
não tenham conseguido segregar corretamente a noção temporal. Os cinco modelos foram
altamente significativos , sendo quatro deles inclusive na regressão Arellano Bond de segunda
ordem (
AB order 2
), dando confiabilidade aos resultados obtidos em relação à
proxy
contábil.
154
Na seqüência, foram rodadas as regressões para as variáveis dependentes de endividamento de
merca
do, conforme as tabelas 33 e 34 abaixo.
Tabela 33
-
Proxies
contábeis para o endividamento
Sigla
Variável de Pesquisa
Fórmula
Etm
Endividamento Total a Mercado
(Passivo Circulante + ELP) /
Ativo a Mercado
Etm2
Endividamento Total
a Mercado 2
(Passivo Circulante + ELP) /
Ativo a Mercado 2
Ecpm
Endividamento CP Mercado
Passivo Circulante /
Ativo a Mercado
Ecpm2
Endividamento CP Mercado 2
(Financiamento CP + Debêntures de CP) /
Ativo a Mercado
Ecpm3
Endividamento de CP Mercado 3
P
assivo Circulante / Ativo a Mercado 2
Ecpm4
Endividamento CP Mercado 4
(Financiamento CP + Debêntures de CP) /
Ativo a Mercado 2
Elpm
Endividamento LP Mercado
ELP/ Ativo a Mercado
Elpm2
Endividamento LP Mercado
ELP/ Ativo a Mercado 2
Fonte: O autor
T
abela 34
-
Modelo restrito para as variáveis dependentes de endividamento de mercado
Variável
etm2
ecpm3
elpm2
Dep
-1
0.2738
0.0329
0.3718
Dep
-2 -
0,0545 z
0.0353 z
-
0.0350 z
Dep
-3
0,0641 z
-
0.0723 z
-
0.0560 z
Lucger
-
0.0286 xx
-
0.0012 z
-
0.0225 xx
Lucger
-1 -
0.0266 x
-
0.0045 z
-
0.0145 z
Rentger
0.0159 z
0.0012 z
0.0093 z
Liqcorr
-
0.0288 x
-
0.0564
0.0327
Rentop2
0.1317 x
0.0218 x
-
0.0858 z
Rentop
-
0.5940
-
0.0284 xx
-
0.2980 xx
Tamfat
0.0297 x
0.0081 z
0.0097 z
Constante
-
0.0
397
-
0.0147
-
0.0178
Wald
54.51
75.00
66.64
Sargan (chi)
162.14
122.78
119.28
AB order 1 (p)
0.0010
0.0000
0.0000
AB order 2 (p)
0.0006
0.2248
0.1268
Fonte: O autor
Legenda:
Sem nada
p<1% ,
x
p>1% e <5% , xx
p>5% e <10%;
z
=> p>10%
.
155
Das oito regressões rodadas, apenas três delas apresentaram resultados adequados, sendo que
somente uma, a da
proxy
de mercado geral, passou pelo crivo do indicador Arellano Bond na
segunda ordem. Os indicadores defasados apresentaram-se, na primeira defasagem, com
coeficientes bem menores do que os encontrados contabilmente, mas ainda significativos
estatisticamente. Algumas das variáveis apontadas como determinantes no modelo contábil não o
foram no modelo de mercado, como rentger, e as próprias variáveis defasadas em dois ou três
momentos. Isso pode indicar que a medida tomada do ponto de vista de mercado considera outros
fatores como determinantes, além dos rastreados pela regressão contábil. A percepção do lado do
mercado é diferente em relação às medi
das contábeis tradicionais.
De modo geral, diversos comentários podem ser feitos. As diferentes óticas (contábil e de
mercado, curto e longo prazo) permitem que se fale da relação da variável de endividamento em
seus diversos aspectos. O fato de se encont
rar, de modo robusto, diversas equações com variáveis
que alteram seus coeficientes dependendo da data de corte ou da
proxy
utilizada servem para
confirmar que não se está falando de uma equação explicativa, mas de várias. Esse fato reforça, e
não enfraquece, o fato de que as diversas compreensões do que seja o endividamento e dos
recortes de períodos diferenciados faz com que se tome mais cuidado no uso dessas equações
para inferências secas. Ao contrário, o fato de as variáveis aparecerem significativas nos diversos
modelos só reforça que são as variáveis determianntes da estrutura de capital, no mercado
brasileiro, o tema deste trabalho. Finalmente, a teoria do pecking order sai reforçada em relação
às conclusões contábeis, refletidas igualmente nas ou
tras
proxies
de endividamento, mesmo que
com coeficientes diferentes. A teoria do
Trade
-
off
aparece bem menos explicativa, embora um
certo padrão de dinamismo tenha sido percebido nos diversos modelos. que se verificar com
mais profundidade os diversos
efeitos de tempo e variáveis estudadas.
156
6.
OPINIÃO DOS EXECUTIVOS
As entrevistas com os executivos tiveram como objetivo retirar da experiência profissional
informações relativas a explicações de comportamento em relação às variáveis comumente
estudadas no tópico de estrutura de capital. Trata-se de um complemento ao objetivo geral do
trabalho, embora não tenha sido realizado um estudo exaustivo junto à comunidade, mas apenas
uma pequena amostra da reflexão desse grupo, que pode servir inclusive como elemento para
posteriores estudos. Por isso foram selecionados apenas executivos de alto vel de decisão, que
tenham tido experiência em empresas multinacionais, operando em território brasileiro. Foram
mandados individualmente os questionários para cada um e contatados por telefone. Dos 10
contatados, apenas 6 responderam.
I
-
Perfil
Os respondentes do questionário têm perfil executivo recente de alta decisão, sendo três ex
CEO
(
Chief Executive Officer
) de empresas estrangeiras, um Diretor, um Diretor de Con
troladoria para
América Latina e um Gerente Financeiro de multinacional.
Três dos entrevistados têm formação de Engenharia, um em Administração e dois em Economia.
Todos possuem cursos de pós-graduação. Um é especialista em Controladoria lato sensu, um
po
ssui um MBA em Administração, um mestrando, um mestre, um doutorando e um doutor.
Todos possuem larga experiência profissional, entre 18 e 31 anos de formado e trabalhando
executivamente. As áreas de atuação dos entrevistados são: área comercial e mercadologia, e
principalmente finanças e controladoria.
O perfil das empresas, também, é de grandes empresas, sendo a menor de faturamento anual de
R$ 3.000.000,00 e a maior de R$ 400.00.000,00. Considerando-se as matrizes responsáveis, o
157
faturamento da maior ultrapassa um bilhão de dólares. As áreas de atuação são diversas:
motores, construção civil, realocação executiva mundial, têxtil, software, serviços.
Trata
-se, portanto, de um perfil de alto nível executivo e acadêmico, com vivência profissional e
pess
oal diversificada e cujas empresas possuem dimensão e diversidade. Deve-se ressaltar que as
empresas são abertas no nível da mutlinacional e, portanto, não são empresas abertas da Bovespa.
II
- O processo de decisão do investimento
Os executivos citaram,
invariavelmente, as variáveis financeiras como decisivas no processo de
determinação da estrutura de capital das empresas. Foram citados nominalmente os tradicionais
cálculos financeiros de taxa interna de retorno(TIR), valor presente liquido (VPL) e tempo
de
retorno (
payback
). A maior parte das considerações em relação a aspectos não financeiros estava
ligada a características mercadológicas e estratégicas, como análise de mercado, oportunidades,
nichos de mercado e necessidades do consumidor. Variáveis
de qualidade, localização de
forncededores, clientes, e estrutura do país de análise, meio ambiente e produtividade também
surgiram como respostas. Três dos respondentes frisaram que o direcionamento da matriz era
importante no processo.
Em relação à tomada de decisão norteada pelo passado recente da empresa, influenciado pela
carteira anterior, todos os entrevistados citaram a importância do resultado dos investimentos
anteriores nas decisões de investimento futuros, com exceção de um deles. Um dos respondentes
até citou que : “se a região dava prejuízo, dificilmente ganharia novos recursos de expansão.”
Houve considerações gerais em relação à importância do histórico de investimentos na escolha de
novos projetos se houver ligação com os projetos futuro
s.
Quando indagados sobre situações anormais como de crescimento exagerado ou quase falência,
as respostas não auxiliaram muito. A situação de prejuízos consecutivos ou de situação pré-
falimentar não havia sido vivenciada por nenhum dos entrevistados. Um dos respondentes,
158
entretanto, citou a situação de crescimento elevado, em que realmente havia preocupação em
conseguir novos fundos para mantê-lo elevado. Outro dos entrevistados citou a importância de
processos de gestão como o Balanced Scorecard ou o Controle estatístico do processo para a
avaliação de problemas antecipadamente.
III
-
Variáveis fundamentais para a tomada de decisão de financiamento
Quando indagados à respeito de quais são as principais considerações na alteração da estrutura de
capital
nas suas empresas, os entrevistados citaram diversos tipos de indicadores e processos.
Pode-se decompô-las em 1) ligados a indicadores financeiros e de mercado: TIR,VPL,
payback
,
free cashflow, juros, valor investido, custo, volume de investimento, severidade dos colaterais,
risco,moeda funcional. 2) ligados à estratégia: questões estratégicas, competição, flexibilidade
temporal , local.
Nas empresas fechadas, a preocupação é informar a matriz em relação às oportunidades de
projetos ou necessidades, inclus
ive de capital de giro, pois os valores são “sempre inferiores à
taxa brasileira”.
No questionário constavam as variáveis tradicionais estudadas como determinantes da estrutura
de capital levantadas pelos teóricos brasileiros e globais.
O tamanho da empr
esa foi citado como importante por três dos cinco respondentes, sendo que
outro deles afirmou que “ a partir de certo tamanho, não conta”.
O setor da empresa, também, aparece como variável importante para os entrevistados,
notadamente devido à geração de
fluxo de caixa e à comparação concorrêncial. Um dos
entrevistados relativizou a importância do setor ligando
-
o a outros fatores, como regulamentação
estatal ou política cambial.
A variável risco percebido pelo investidor foi considerada por três dos entr
evistados como
importante na formação da estrutura de capital.
159
A variável crescimento de vendas foi apontada por três dos entrevistados como fundamental.
Segundo um deles: “. Alterava a opção de financiamento, se própria ou de longo prazo.” A
variável crescimento de ativos foi citada apenas por dois dos entrevistados. Um dos motivos dos
outros três foi o fato de se tratarem de experiências em serviços, sendo este indicador menos
relevante. Outro dos entrevistados foi enfático ao afirmar que “crescimento não significa
aumento de lucros”.
As variáveis lucratividade e rentabilidade foram apontada por todos os respondentes como
decisivas para a estrutura de capital das empresas, da mesma forma que a rentabilidade, feitas as
ressalvas que em empresas de serviç
o também esse indicador torna
-
se menos importante. Um dos
entrevistados cruzou a rentabilidade com outra das variáveis estudadas, a taxa de juros:
A
rentabilidade da empresa pode ser afetada pelos constantes juros altos de empréstimos tomados
para formar sua estrutura de capital, o que poderá afetar sua rentabilidade no curto prazo,
afetando e alterando a estrutura de capital, tendo menores taxas de liquidez”. Segundo um dos
entrevistados a avaliação do RONA (Return On Net Average Assets ou retorno sobre
ativos
líquidos) é fundamental, mas não é único.
A noção de geração de valor foi dada como importante por três dos entrevistados, embora não
tenham ações negociadas em Bolsas brasileiras. Foi destacada a importância de geração acima do
valor contábil: “.O valor do Patrimônio da empresa mede a empresa em seu valor histórico e não
é atualizado ao mercado, enquanto o calculo do valor de mercado mede de maneira muito mais
correta o valor real da empresa; logo, quanto maior esta diferença maior o ágio ou desá
gio
-
valor
real da empresa em relação ao valor patrimonial histórico dela.”
Outra unanimidade foi a variável liquidez, com importância geral para todos os entrevistados.
160
O indicador de giro de estoque foi apontado pelos entrevistados ligados à empresas
manufatureiras, mas, ainda assim, como direcionador dos outros indicadores, sendo mais
formador de lucratividade e rentabilidade do que elemento direto de endividamento.
A noção de geração de valor líquido, em relação ao custo financeiro não é unanimidade
sequer
nesse meio pesquisado. Apenas três dos entrevistados citaram que as empresas se preocupam
com essa medida, enquanto outros dois não o indicaram como importante.
A política de crédito da empresa pode alterar a sua estrutura de capital para três dos
respondentes,
uma vez que nas palavras de um deles: “ uma venda só se torna efetiva quando o valor de venda é
recebido”. Entretanto, a ressalva é que essa política altera mais o curto prazo do que o longo.
A gestão tributária altera para três dos respondentes a estrutura de capital. Um deles citou o uso
de prejuízos fiscais acumulados em sua decisão de investimento e captação. Em suas palavras:
avalia
-
se o aporte ou não comparando com o uso do beneficio fiscal, o IR sobre juros pagos.”.
Variáveis como mercado competitivo não foram citadas por quatro dos entrevistados. A
justificativa foi que a estrutura de capital era aquela necessária, e não dependia dos concorrentes.
As variáveis macroeconômicas mais citadas foram taxas de juros,selic, câmbio e risco
país,
mostrando que, no Brasil, a oscilação dessas variáveis pode alterar a estratégia de financiamento
de médio e longo prazo das empresas pesquisadas. Principalmente em empresas multinacionais,
em que foi citado o envio de capital para suprir caixa ou ainda para a compra de uma empresa
estratégica, ao invés de se optar por outra possibilidade de endividamento.
O ciclo de vida do produto foi citado por todos como de moderada a importante. Para um dos
entrevistados: “fundamental para o estabelecimento dos negócios, e por conseqüência, na decisão
da captação”. Com menos intensidade, a variável “ciclo de vida da empresa” também foi citada:
empresas centenárias como à que trabalho, com histórico, estabilidade de mercado, riscos dos
161
investidores menores, custos mais baixos. Empresas iniciantes, custos maiores e incertezas
também. A vantagem recai na estrutura de capital.”
Uma outra variável que surgiu foi a de controle acionário, que poderia influenciar a estrutura de
capital, além de indicadores como: corrupção, custos trabalhistas, indústria de reclamação, risco
páis e tributação.
O custo de capital é determinante para quatro dos entrevistados, enquanto apenas um frisou que a
atividade comercial supera o grau de importância desse fator. Os entrevistados ci
taram,
entretanto, fatores relacionados ao custo de capital, como custo para a matriz, para aquisição de
empresas, e a relação entre o custo, o risco e retorno do investimento realizado.
O lucro anterior aparece para três dos entrevistados como vital para o fluxo de caixa e com
conseqüências na estrutura de capital da empresa.
Possibilidades de financiamentos alternativos foram citados por todos como opções de
endividamento, embora fosse ressaltado que a maioria deles o tenha acesso a nenhuma dessas
p
ossibilidades.
A variável de preço das ações na Bolsa foi prejudicada por não existirem gestores de empresas
abertas na amostra escolhida. Entretanto, um deles citou que a variável é importante na matriz e
outro na gestão de tesouraria interna.
Outras variáveis importantes como estratégicas (aquisições de mercado para
market
-
share
) ou
conjunturais (como necessidade de se proceder a demissões) foram colocadas como possíveis
fatores de alteração da estrutura de capital das empresas.
162
IV
-
A conexão com a es
tratégia Empresarial
A estratégia da empresa é direcionadora da busca de recursos, quando necessidade, e de
acordo com a maioria dos entrevistados as decisões de
investimento
são frequentemente afetadas
por decisões estratégicas de competição e o critério de aceitação de um projeto não é
exclusivamente o critério de VPL. Dois dos entrevistados relataram que é fundamental que se
tenha geração de caixa liquida para fazer frente às necessidades estratégicas que surgem. Apenas
dois deles citaram um processo formal, similar ao Balanced Scorecard. Fatores como critérios
contábeis da matriz alteram, segundo um deles, a decisão de endividamento. Foi colocado o
exemplo de descasamento de moedas como problema eventual irreversível.
Um dos entrevistados ressaltou que o risco sempre é analisado em quaisquer situações, mesmo
que existam projetos estratégicamente necessários.
Todos os entrevistados ligaram decisões táticas à busca de recursos de curto prazo, que não
necessariamente alterariam a estrutura de capital de longo prazo. Um dos entrevistados frisou a
importância de ter uma boa programação junto à matriz, devido ao elevado custo dos recursos de
curto prazo no Brasil. O fluxo de caixa, nesse caso, é a mensuração escolhida para decisões
consideradas táticas.
As estratégias competitivas nem sempre estão integradas à questão do endividamento. Essa
questão dividiu os respondentes em dois grupos. O primeiro considerou que a estratégia é
predominante e, portanto, todo o fluxo de captação que é necessário será gerado para que essas
decisões sejam respeitadas. Segundo um deles “ o crescimento do negócio é prioridade”. Pode
-
se
considerar esse caso como um processo endógeno. Para o outro grupo, a formação de capital gera
uma reserva que permite a escolha de projetos e/ou a escolha por novos tipos de financiamentos
como junto aos acionistas. Nesse caso, poder-
se
-ia interpretar as respostas como exógenas, uma
163
vez que a busca de recursos se faz após a escolha ou não de projetos e de forma a identificar as
melhores alternativas.
Mas, será que existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)? Novamente houve divisão em relação a essa pergunta. Três dos cinco entrevistados
negaram a influência do tipo de estrutura de mercado na formação da estrutura de capital,
enquanto os outros dois afirmaram que tanto em situações de Monopólio como de novos
entrantes existe grande diferença no processo de endividamento.
Para um dos entrevistados, o processo de tomada de decisão de estrutura de capital não é formal,
mas é conseqüência: não há um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal, a
estrutura é conseqüência.” Dois dos entrevistados afirmaram que suas experiências foram em
empresas maximizadoras de resultado e de redução de WACC (Weighted Average Cost of
Capital,
ou custo médio ponderado de capital). Outro afirmou que existia um processo de busca
da liquidez em qualquer circunstância, o que levaria a um processo de hierárquia por liquidez.
Um deles afirmou que se trata de um processo consensual tomado ao nível do
Board
(comitê de
direção) da empresa.
164
7.
CONCLUSÃO
7.1.
CONCLUSÃO GERAL DO TRABALHO
O objetivo deste trabalho era desenvolver um estudo sobre os fatores determinantes da estrutura
de capital no Brasil. Para atingir esse objetivo procedeu-se, primeiramente, a uma análise
bibliográfica sobre o assunto. Verificou-se que os estudos mais modernos têm privi
legiado
técnicas que contempla
m
fatores dinâmicos, em oposição a estudos estáticos, adequados ao perfil
de problema est
udado.
Para certificar-se do encaminhamento do problema, foram feitos cálculos usando a análise
fatorial e o modelo de equação estrutural para se obter maiores informações sobre as variáveis
estudadas e seu comportamento conjunto, com bons resultados (um R
2
superior a 50%). Optou-
se, daí em diante, por trabalhar-se com a técnica de painel, que permitiria a inclusão de dinâmica
no modelo. Diante dos problemas estatísticos de amostra reduzida no período completo (1995-
2005) e das dúvidas em relação à validação teórica que se pudesse tirar, foram realizados
diversos recortes em sub-períodos, mantendo-se a característica de painel equilibrado, ou seja,
com todas as informações do período. Foram comparados resultados de painel dinâmico usando
o
método GMM (
Gener
al Method of Moments ou método dos momentos generalizados) com
instrumentos de Arellano
-
Bond.
Os resultados obtidos, do ponto de vista econométrico, comprovaram que havia boa estabilidade
dos coeficientes, com grau de robustez elevado
independentemente d
as sub
-amostras.
Na seqüencia foram selecionadas as variáveis com maior fator explicativo, a partir da pesquisa
bibliográfica, classificadas por suas características de endo ou exogeneidade. Os modelos foram
novamente comparados por sub-períodos usando o instrumento de Arellano-Bond, com
resultados satisfatórios.
Complementarmente
foi adotada uma pesquisa qualitativa junto a
165
executivos de multinacionais. O objetivo dessa parte era de avaliar a sensibilidade de gestores de
decisão em relação às variáveis cl
ássicas estudadas, em um ambiente como o brasileiro.
Para atingir este objetivo, foi elaborado um questionário baseado no referêncial análitico extraido
da pesquisa bibliográfica. Foram levantadas seis opiniões de dez potenciais entrevistados, sendo
três
CEOs (
Chief Executive Officer
)
, dois diretores e um gerente financeiro.
A conjugação dos resultados pelo processo quantitativo aliado ao processo qualitativo revelou-
se
enriquecedora. Nas regressões, as variáveis independentes escolhidas ligadas ao desem
penho
financeiro estavam presentes (rentabilidade e lucratividade) e
se
apresentaram negativamente
correlacionados com a estrutura de capital, reforçando a teoria de pecking order. Outras
variáveis independentes foram significativas no modelo, como o tamanho, o risco do negócio e o
giro de estoque, todas relacionadas. A interpretação desse resultado é de que no ambiente
brasileiro, empresas de maior porte possuem acesso um pouco diferenciado em relação à escolha
da estrutura de capital, em relação às menores empresas listadas. O fato de o risco apresentar-
se
positivamente correlacionado com o endividamento sugere a influência da redução de elementos
de assimetria de informação, em linha com a teoria de agência. Para a explicação da presença da
variável giro de estoque, pode-se usar opinião de um entrevistado, sugerindo que, em algumas
empresas, se trata de um direcionador bastante importante.
Nos paineis dinâmicos exploratórios, sempre houve presença da variável dependente
instrumentalizada
como significati
va
, com alteração de sinais nos momentos menos um e menos
dois. Essa alteração sugere um comportamento de ajuste no tempo, com alto coeficiente no
período justamente anterior, em consonância com a teoria do
Trade
-
Off
.
A análise de resultados dos modelos selecionados pela teoria foi ainda melhor do que a
exploratória, embora contasse com menos variáveis explicativas. Os indicadores de rentabilidade
e lucratividade continuaram apresentando-se como significativos e relevantes, como na
166
interpretação anterior. A novidade foi a presença da variável
lucratividade
defasada de um
período
com sinal inverso em relação à sua variável no período zero.
Interpreta
-
se
dessa forma, o
comportamento de ajuste temporal ligado ao lucro anterior da empresa, em uma clara conexão
com a teoria do
pecking order
, de uso de resultados anteriores como forma de financiamento.
A variável dependente instrumentalizada defasada também foi significativa nos diversos
modelos, apresentando comportamento de ajustamento da estrutura de capital
no tempo, em linha
com a teoria do
Trade
-
off
. As conclusões relativas ao modelo de endividamento para a
proxy
contábil, possuem eco no mundo executivo. O que se depreende de modo geral da estratégia
corporativa levantada pelas entrevistas é que existe uma preocupação constante com o modo de
se financiar internamente os projetos na empresa
, independentemente da busca pelo resultado.
As decisões estão ligadas a taxas de crescimento desejadas e
se
verificam os diversos fatores
pesquisados. bastante variação nos indicadores por setor ou por ciclo da empresa, mas os
indicadores financeiros e, principalmente, os ligados ao lucro efetivo anterior (como rentabilidade
e lucratividade) aparecem de forma unânime, ratificando os resultados do trabalho.
Preocupaçõe
s com variáveis macroeconômicas (como câmbio, nível de taxas de juros) aparecem
na pesquisa com os entrevistados, mas somem quando da realização da
modelagem
econométrica. Uma das razões possíveis é que ao se fazer uma análise de longo prazo, variações
mes
mo que importantes nesses indicadores macroeconômicos tendem a se dissipar. A presença
ou não de uma empresa em solo brasileiro é uma decisão estratégica que se sobrepõe a essa
oscilação conjuntural
de
duração limitada, o que faz com que investimentos
seja
m realizados
na
busca do crescimento
necessário à empresa.
Os entrevistados foram enfáticos quanto à importância da estratégia empresarial em relação à
qulquer
outro fator. A escolha de projetos pode
eventualmente
não obedecer ao critério de
167
maximização de valor, mas a opções dadas pela matriz, como crescimento de mercado,
atendimento a regulamentações ambientais ou outros fatores.
Nesse cenário, a teoria do
Trade
-
Off
per
de
poder explicativo, mesmo que a lógica
microeconômica da geração de valor ainda seja buscada. O próprio uso de ferramentas de gestão
com indicadores não financeiros reforçam a importância de outros elementos de decisão, às quais
está subordinada a estrutura de financiamento.
Em um país de taxas tão elevadas como nosso, supreende o fato de que não apareça a variável de
controle selic como significativa. De fato, a taxa de juros selic é uma taxa de curto prazo,
enquanto as decisões de investimento seguem horizontes maiores, o que explicaria também a
pouca influência da variável taxa de câmbio. O modelo econométrico que desponta como mais
relevante
nas regressões aponta a liquidez corrente como significativa, reforçando a explicação
teórica do pecking order no ambiente brasileiro. O tamanho das empresas em suas diferentes
escalas também influencia a composição de capital, o que também está incluso no modelo e
também foi levantado pelos executivos. As diferentes taxas de juros praticadas no mercado
seguem, provavelmente, a regra decrescente em relação ao tamanho e à necessidade,
ficando
como s
ignificativa no modelo e saindo a variável juros (selic).
Os
diversos
modelos
calculados
apresentaram alto coeficiente
positivo
para a variável dependente
defasada, demonstrando que existe um processo de ajustamento-alvo em conformidade com a
teoria do Tr
ade
-
off
. De acordo com Gaud et al. (1999), o coeficiente defasado de endividamento
é uma medida da velocidade do ajustamento, e é dado por 1-a. Ora, o coeficiente da vari
ável
defasada é muito próximo de um, em todos os casos, mesmo no modelo exploratório.
Isso revelaria uma velocidade muito lenta no processo de ajuste. Mesmo no modelo que usa três
defasagens, percebe
-
se que existe a influência da alvancagem passada na composição atual, mas a
velocidade da mudança é lenta. Isso pode demonstrar, claramente, o impacto do alto custo do
168
capital no país, na busca eficiente por recursos, que não permite agilidade na troca de posições.
Esse quadro pode estar começando a mudar, se for
considerada
a grande quantidade de
lançamento de novas empresas que ainda não compõem a amostra estudada. O fato de o estudo
ter sido baseado na técnica de painel equilibrado descartou empresas que sofreram
descontinuidades, seja por falências ou por fusões, que poderiam ter algum impacto forte nessa
conclusão. Existe, ainda, um universo gigantesco fora da amostragem, de pequenas e médias
empresas, que de forma alguma podem ser comparadas na estrutura com as empresas abertas
sobreviventes por mais de cinco a dez anos.
Em suma, o estudo demonstrou que a estrutura de capital das empresas abertas brasileiras
obedece a um modelo dinâmico de ajustamento, em oposição a um processo estático. Esse
modelo foi testado usando as diversas
proxies
de endividamento usuais, tanto contábeis como de
mercado, com resultados similares. Também foram testados diversos cortes temporais e
diferentes
proxies
para endividamento, com resultados globais semelhantes, principalmente na
presença das variáveis determinantes e nos sinais em relação ao endividamento.
Isso é
ainda
reforçado pela visão dos executivos quando citam a adequação constante à estratégia
da empresa, em seus direcionadores, sejam financeiros ou não. Esse modelo leva em conta
preferência pela liquidez, em oposição à busca de um modelo de maximização da relação custo-
benefício.
Esse processo pode ser compreendido no ambiente macroeconômico brasileiro de taxas de juros
reais mais altas do mundo no período estudado, em que qualquer necessidade anormal de caixa
teria impactos muito fortes nas variáveis financeiras. O executivo passa a ter um comportamento
mais conservador, preservando a empresa e a si próprio
, lembrando aspectos
da teoria de agência.
A existência do fenômeno de ajustamento em relação a períodos defasados demonstra que a
estratégia
tem um alvo e é corrigida no tempo. A velocidade de ajustamento da estrutura de
169
capital dessas empresas é extremamente baixa, o que decerto reduz a competitividade brasileira
no mundo.
Altos custos de mudança de posição financeira agravados por elevados
spreads
bancários
(diferenças entre juros de captação e empréstimos) podem ser elementos de explicação, além da
pouca opção por financiamentos diretos com agentes privados que não bancos. Corroborando
essa constatação, os executivos pesquisados no trabalho foram enfáticos no fato de que, quando
há necessidade de expansão forte, as matrizes buscam recursos externos e raramente internos par
a
o longo prazo. Isso demonstra, ainda, certa imperfeição de nosso mercado, que poderia prover
esse recurso através de mecanismos de arbitragem, o que, por sua vez, provavelmente reduziria a
estrutura de
spreads
das taxas de juros praticadas pelos diversos agentes, reduzindo o custo do
dinheiro localmente e, então, permitindo ajustes de estrutura de capital mais rápidos e eficientes.
Esta ineficiência é, por sua vez, repassada ao consumidor através da estrutura de preços e torna
-
se
estrutural economicamente, tornando o país menos competitivo globalmente. Não é à toa que um
prêmio Nobel de economia foi dado pela implantação do banco do povo, com microcrédito
reduzindo problemas sociais e alavancando micronegócios.
Enquanto
a inflação é perversa por
ser um imposto que sobretaxa os pobres em relação aos ricos, a imperfeição de mercados gera a
intermediação sem contrapartida de serviço de valor adicionado, que transfere o resultado da área
produtiva à área especulativa. A conseqüência é a concentração de renda e de perda de
competitividade na cadeia de valor.
Ao invés de se investir em inovação e tecnologia, atividades de maior
prazo
de maturação e risco,
os gestores priorizam a liquidez, importando produtos e tecnologia para atender à demanda mais
sofisticad
a sem correr o risco de descasamento temporal com o financiamento caro e de
eventuais
conseqüências dramáticas. Questões que merecem maior aprofundamento
na
esfera de
planejamento governamental.
170
7.2.
LIMITAÇÕES
7.2.1.
Limitações do estudo quantitativo
Estudar um tema não é esgotá-lo, principalmente quando sua natureza é de tal complexidade
como o estudo dos determinantes da estrutura de capital. A seqüência desse desafio é a limitação
atual, imposta pela pouca quantidade de dados em longo período, o que deve melho
rar
naturalmente com o passar do tempo. Além disso, segundo Kremp, Stoss e Gerdesmeier apud
Sauvé e Scheuer (1999) técnicas recentes como o GMM combinando equações em veis com
equações em diferenças, ou ainda o painel desequilibrado (e suas implicações de viés de
sobrevivência e de seleção) teriam possivelmente acrescentado elementos à análise desse
trabalho.
7.2.2.
Limitações do estudo qualitativo
O tratamento qualitativo dado à tese mereceria espaço maior neste estudo. O campo de estudo
brasileiro é muito específico em certas características, tendo tamanho e quantidade de empresas
para poder fazer um trabalho analítico mais aprofundado. O que se depreendeu de tão pequena
participação foi enriquecedor, pois trouxe a vivência por trás de números econométricos. Mas
trouxe a necesidade de se realizar um trabalho mais estruturado, com questionário testado, com
análise de segmentos diversos, com aprofundamento teórico devido, levando a análise qualitativa
do questionamento à sua real dimensão. A questão fundamental do processo de tomada de
decisão de financiamento deve abordar não empresas listadas em Bolsa, ou multinacionais,
mas também e principalmente pequenas e médias
empresa
s que constituem a maioria esmagadora
da força de trabalho e representatividade
brasileira. Fica para próximos candidatos ou projetos.
171
7.3.
SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS
O levantamento bibliográfico embora bastante exuastivo, não contemplou cada um dos estudos
com a profundidade merecida, pois nem era esse o objetivo. Por isso, diversas questões e
conclusões fundamentais surgidas nos artigos estudados, foram passadas sem que se olhassem as
filigranas, como as variáveis que não funcionaram em determinados locais, suas
proxies
e os
procedimentos metodológicos adotados. A restrição do uso do painel equilibrado com GMM,
apesar da pequena amostra pode ser suplantado por um trabalho de base, usando dados primários
de Bolsa de Valores e de outras fontes de informação para empresas fechadas. Como dito
anteriormente, um estudo de painel desequilibrado e com as novas técnicas pode trazer alguma
nova contribuição à área. Ou ainda, ampliar o estudo com as novas empresas que estão surgindo,
e as de capital fechado. Ficam esses temas como sugestões a pesquisadores que possam e
desejem aprofundar
-
se em
tão arenoso campo.
7.4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O campo teórico da estrutura de capital está longe de ser esgotado, em diversas vertentes ainda a
serem exploradas. Novos desafios aos que assim quiserem se aventurar.
O grande aprendizado que fica, no entanto, está no processo e não apenas no produto, que se leva
adiante, modificando e permitindo que se cresça como seres humanos.
172
8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Some eviden
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179
9.
APÊNDICES
9.1.
APÊNDICE A
-
QUESTIONÁRIO APLICADO
I Formação
I.1) Qual sua formação acadêmica?
I. 2) Experiência profissional do entrevistado.
I. 3) Qual o ma
ior cargo exercido e quando ?
I. 4) Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual o porte em
faturamento? Qual o perfil destas empresas?
II O processo de decisão do investimento
II.1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo investimento? (variáveis
financeiras e não financeiras)
II.2) Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de um novo projeto?
Qual?
II.3) O histórico de investimentos altera a escolha do novo investimento? De que forma
?
II.4) Quais os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré
-
falimentar, de crescimento elevado ou de prejuízos consecutivos?
III
O processo de financiamento
III.1) Quais as variáveis que são consideradas no proc
esso de financiamento?
III.2) Qual a influência das seguintes variáveis na estrutura de capital:
a)
Tamanho da empresa (faturamento e quantidade de pessoas)
b)
Setor de atuação
c)
Risco da empresa (percebido pelo investidor)
d)
Crescimento de vendas da empresa
180
e)
Cres
cimento de ativos da empresa
f)
Lucratividade da empresa
g)
Rentabilidade da empresa
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação ao seu
patrimônio
i)
Liquidez da empresa
j)
Gestão de estoque da empresa
k)
Geração de lucros em relação ao custo finan
ceiro
l)
Política de crédito da empresa
m)
Gestão tributária da empresa
n)
Mercado competitivo da empresa
o)
Variáveis macroeconômicas do país de origem (quais)?
p)
O ciclo de vida de produtos da empresa
q)
O ciclo de vida da empresa
r)
Outras variáveis considerada
s
III.3) Qu
anto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os efeitos do:
a)
O custo de capital dos recursos envolvidos.
b)
O lucro anterior.
c)
O acesso a fontes de financiamentos alternativos (Finame, BNDS, etc)
d)
Considerações sobre o preço da ação na bolsa (se
baixa ou alta em relação ao PL)
e)
Objetivos empresariais diversos (cite)
IV
A Ligação com a estratégia Empresarial
IV.1) Como se liga a decisão do financiamento com a estratégia da empresa? (BSC, etc)
IV.2) Como se incorporam alterações táticas na estratégia
de alavancagem?
181
IV.3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital?
IV.4) Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)? Qual?
IV.5) Existe um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal? Qual?
(hierárquico, ocasional ou otimizador).
9.2.
APÊNDICE B
-
TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
Os nomes foram
omitidos
p
or quest
ão de si
gilo.
1)
Data:
22/12/2006
I Formação
I.1) Qual sua formação acadêmica?
Engenheiro Civil e Administrador de Empresas
I.
2) Experiência
profissional do entrevistado. Diversas empresas listadas em um CV, não incluido
na resposta.
I.
3) Qual o maior cargo exercido e quando?
CEO da Jahu Ind.
e Com. Ltda. e CFO da Pesqm
ar
Pesquisas
Marítimas S.A.
I.
4) Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual o porte em
faturamento? Qual o perfil destas empresas?
. Escritório Técnico Arthur Luiz Pitta (ETALP).
Escritório de Projetos de Estruturas.
Jahu Ind. e
C
om. Ltda.
Indústria
, Comércio e Locação de Equipamentos para Construção Civil
.
Recap
Engenharia e Construções Ltda. Contrutora especializada em estruturas de concreto.
. Jahu Ind. e Com. Ltda. Indústria, Comércio e Locação de Equipamentos para Construção
Civil.
Faturamento de cerca de US$ 20.000.000,00 anuais
.
PesqmarPesquisas
Marítimas S.A. Empresa especializada na localização e recuperação de
navios naufragados.
. Engesite Telecom Ltda. Empresa especializada na prestação de serviços às empresas de
tele
fonia móvel, particularmente projeto, construção e instalação de estações rádio base de
telefonia celular. Faturamento de US$ 30.000.00,00 por ano.
.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
II O processo de decisão do investimento
II.
1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo investimento? (variáveis
financeiras e não financeiras)
.
Anualmente na reunião de preparação do orçamento do ano seguinte eram tomadas as decisões
de
investimento.
Um novo produto
competiria
por verbas com os produtos existentes,
questões
estratégicas tinham peso bem como questões de retorno.
II.
2) Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de um novo projeto?
Qual?
Sim.
A carteira de produtos existentes influenciava a decisão em relação a
um novo projeto.
182
II.
3) O histórico de investimentos altera a escolha do novo investimento? De que forma?
O histórico de investimentos anteriores
afetava a carteira de produtos existentes
e, de certa forma,
a decisão de investimento em um novo produto.
II.
4) Quais os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré
-
falimentar, de crescimento elevado ou de prejuízos
consecutivos?
Isto não aconteceu.
III
O processo de financiamento
III.1)
Quais as variáveis que são consideradas no processo de financiamento?
Questões estratégicas e
retorno financeiro.
III.
2) Qual a influência das seguintes variáveis na estrutura de capital:
a)
Tamanho da empresa (fatur
amento e quantidade de pessoas).
Não
é levado em consideração
b)
S
etor de atuação. Importante por ser relacionado ao risco.
c)
Risco da empr
esa (percebido pelo investidor).
Importante
d) Cr
escimento de vendas da
empresa.
Não é levado em consideração
e)
C
rescimento de ativos da empresa.
Não é diretamente levado em cons
ideração
f)
Lucratividade da empr
esa.
Importante.
g)
Rentabilidade da empresa.
Importante.
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação ao seu patrimônio.
Não
é importante.
i)
Liquidez da empresa.
Importante.
j)
Gestão de esto
que da empresa.
Não é importante.
k)
Geração de lucros
em relação ao custo financeiro.
Importante.
l)
Política de crédito da empresa.
Importante
m)
Gestão tributária da empresa.
Tem influência
n)
Mercado competitivo da empresa.
Importância
secundária.
o)
Variáveis
macroeconômicas do país de origem (quais)? Importante a estabilidade ou
instabilidade da economia e
a previsão de
crescimento do PIB.
p)
O ciclo
de vida de produtos da empresa.
Tem influência.
q)
O ciclo de vida da empresa.
Não é levado em
consideração
r)
Outras variáveis consideradas
. Não foram acrescentadas.
III. 3) Quanto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os efeitos do:
a)
O custo de capital dos recursos envolvidos. É importante pois afeta o WACC e
consequentemen
te
o
VPL do investimento.
b)
O lucro anterior.
Não é diretamente levando em consideração
c)
O acesso a fontes de financiamentos alternativos (Finame, BNDS, etc). São alternativas
sempre estudadas, pois geralmente tem custo
e condições melhores.
d)
Consi
derações sobre o preço da ação na bolsa (se baixa ou alta em relação ao PL). Não se
aplica, uma vez que as empresas não tinham capital aberto.
e)
Objetivos empresariais diversos (cite)
.
Não foram citados.
IV
A Ligação com a estratégia Empresarial
IV.1) Como se liga a decisão do financiamento com a estratégia da empresa? (BSC, etc.)
As decisões de
investimento
são frequentemente afetadas por decisões estratégicas de competição
e o critério de aceitação de um projeto não é exclusivamente o critério de VPL. A
ssim
, as
decisões
estratégicas influenciam as decisões de investimento.
IV.2)
Como se incorporam alterações táticas na estratégia de alavancagem?
Antecipando quitações
ou deixando de tomar
novos empréstimos ou
o oposto, se for o caso.
183
IV.3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital?
Decisões estratégicas competitivas afetam as decisões de investimento e consequentemente a
estrutura de capital.
.
IV.4) Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)? Qual?
Não grandes diferenças, talvez nos extremos apenas, geralmente o tipo de competição não é
diretamente levado em consideração nas decisões de investimento e consequentemente na
estrutura de capital.
IV.5) Em
sua
opinião, existe um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal?
Qual? (
hierárquico
, oportunista
ou otimizador)
Não um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal, a estrutura é
conseqüência.
2)
Data da Entrevista: 26
/12/2006
Processo: entrevista de 40 minutos ao vivo
I Formação
I.1) Qual sua formação acadêmica? Engenheiro
I.
2) Experiência profissional do entrevistado. 31 anos de formado
I.
3) Qual o maior cargo exercido e quando? Presidente (CEO) de subsidiária de empresa de
software americana (Mcafee)
I.
4) Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual o porte em
faturamento? Qual o perfil destas empresas?
.Network Associates, 600M US$ (20M
US
$ no Brasil) fabricante de software de gerenciamento e
segurança.
. NetSafe Informática Ltda, 3M US
$, empresa d
e serviços e vendas de software
.
Compusul Informática, 12M
US
$, empresa distribuidora de software.
II O processo de decisão do investim
ento
I
I.
1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo investimento? (variáveis
financeiras e não financeiras)
Basicamente norteio minhas decisões em relação às variáveis não financeiras, tal como analise de
mercado, perfil de nicho de oportunidade e concorrência. A busca de recursos de capital se faz a
partir da necessidade do investimento, mas se ele for adequado mercadologicamente, é um
detalhe de execução.
II.
2) Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de um novo projeto?
Qual? A carteira de produtos anteriores me define o perfil de negócio em que estou, sendo,
portanto fundamental para a definição dos novos negócios e, portanto no financiamento destes.
II.
3) O histórico de investimentos altera a escolha do no
vo investimento? De que forma? Não.
O resultado de cada projeto é analisado individualmente para que seja visto o que deu certo ou
errado. Entretanto, não altera a escolha do investimento futuro.
II.
4) Quais os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré
-
falimentar, de crescimento elevado ou de prejuízos consecutivos?
Não vivi nenhuma das situações acima. Entretanto, caso haja situações severidade de caixa como
pré
-falimentar, existe uma alteração do comportamento do mercado me relação aos novos
empréstimos. Existem alterações de tempos de resposta de mercado para ações corretivas, perfil
de custos internos, e conseqüentemente dos recursos captados.
III
O processo de financiamento
184
III.
1) Quais as variáveis que são consideradas no processo de financiamento? Custo do recurso,
tempo de retorno do recurso, flexibilidade nos ajustes de tempos, severidade dos colaterais.
III.
2) Qual a influência das seguintes variáveis na estrutura de capital:
a)
Tamanho da empresa (faturamento e quantidade de pessoas), quanto maior a empresa mais
facilidade para a obtenção de recursos.
b)
Setor de atuação. Deve alterar o perfil da estrutura de capital. Como trabalho em empresas de
serviço, vejo que são diferentes de empresas de bem de
capital ou manufatureira, por exemplo.
c)
Risco da empresa (percebido pelo investidor). Não entra.
d)
Crescimento de vendas da empresa. Importante, pois conforme aumenta a demanda e os custos
variáveis que vem junto, o caixa acompanha.
e)
Crescimento de
ativos da empresa. Não procede em empresas de serviço.
f)
Lucratividade da empresa. A lucratividade é importante como decisão de capital.
g)
Rentabilidade da empresa. A rentabilidade também, embora em meu caso os ativos pouco
representem sobre o total d
a empresa.
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação ao seu patrimônio. As
empresas em que trabalhei não usavam este fator como fundamental para a captação.
i)
Liquidez da empresa. Trata
-
se de item fundamental em meu mercado.
j
)
Gestão de estoque da empresa. Pouco representativo.
k)
Geração de lucros em relação ao custo financeiro. Não é o mais importante.
l)
Política de crédito da empresa. Influencia, mas não altera a decisão de financiamento.
m)
Gestão tributária da empresa.
Não procede em meu caso.
n)
Mercado competitivo da empresa. Não se considera.
o)
Variáveis
macroeconômicas do país de origem (quais)? Não são decisivas em meu caso.
p)
O ciclo de vida de produtos da empresa. Fundamental para o estabelecimento dos negócios, e
por conseqüência, na decisão da captação.
q)
O ciclo de vida da empresa. Também importa, mas depende.
r)
Outras variáveis consideradas. Não constam.
III. 3) Quanto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os efeitos do:
a)
O custo de capital dos recursos envolvidos. Ele influencia, mas apenas para controle, uma vez
que os resultados dependem da atividade comercial da venda.
b)
O lucro anterior. Fundamental par estabelecimento do caixa, usado para novos projetos,
negócios ou produtos.
c)
O acesso a fontes de financiamentos alternativos (Finame, BNDS, etc). Não é meu caso.
d)
Considerações sobre o preço da ação na bolsa (se baixa ou alta em relação ao PL ). Não é meu
caso.
e)
Objetivos empresariais diversos (cite). Caso eu tenha alteraçõ
es de rumo como estou passando,
com demissões e alterações do perfil da empresa, considerações de financiamento são
importantes.
IV
A Ligação com a estratégia Empresarial
IV.1) Como se liga a decisão do financiamento com a estratégia da empresa? (BSC, etc.). Em
meu caso, há independência entre ambos, desde que haja fluxo de caixa. Na falta de dinheiro, não
tem como, mas buscar recursos para pagar as contas.
IV.2) Como se incorporam alterações táticas na estratégia de alavancagem? As decisões
cotidianas são continuas e, portanto a única mensuração que faço é em relação ao fluxo de caixa
do negócio.
IV.3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital? Não tenho
considerações a respeito, uma vez que sempre que existem oportunidades proc
uro aproveitá
-
las.
185
IV.4) Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)? Qual? Não vejo diferenças.
IV.5) Em
sua
opinião, existe um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal?
Qual? (
hierárquico, oportunista
ou otimizador). Se tiver que escolher, diria que o acesso ao
dinheiro se faz priorizando a liquidez, independentemente do custo ou situação.
3)
Data: 29/12/06
I Formação
I.1) Qual sua formação acadêmica?
Engenheiro Agrônomo, mestre e doutor em administração.
I.
2) Experiência profissional do entrevistado
.
. Grupo Ipiranga:
Assessor de Vendas/ Coordenador de Vendas / Gerente de marketing
.
. Simonsen Associados: Gerente de proje
tos.
.
PlanoVerde Consulto
ria e Marketing na Agropecuária:
Diretor de Projetos
.
.
Factu
Assessoria Integrada SC Ltda.:
Diretor de marketing
.
IBModa
Instituto Brasileiro de Moda:
Diretor Executivo
.
I.
3) Qual o maior cargo exercido e quando?
Diretor Exe
cutivo Ibmoda.
I.
4) Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual o porte em
faturamento? Qual o perfil destas empresas?
. Grupo Ipiranga, na época maior grupo privado brasileiro, desconheço faturamento, grupo na
á
rea química.
. Simonsen Associados, empresa de consultoria em marketing de médio porte, área de prestação
de serviços.
. Ibmoda: desenvolvi a empresa, em fase de crescimento, faturamento atual em torno de R$
600.000,
com
previsão de faturamento para 2007:
R$ 3.000,000.
II O processo de decisão do investimento
II.
1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo investimento? (variáveis
financeiras e não financeiras)
Atratividade, medida pelo desempenho do mercado como um todo e pelas fraquezas e
potencialidades da empresa; disponibilidade de recursos humanos; disponibilidade de recursos
financeiros;
II.
2) Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de um novo projeto?
Qual?
Sim, procuramos desenvolver sempre projetos que tenham sinergia com nosso portfólio de
produtos e nossas competências.
II.
3) O histórico de investimentos altera a escolha do novo investimento? De que forma?
Não temos esse histórico formalizado a ponto de ser um item fundamental na análise, mas essa
va
riável é levada em conta de forma intuitiva.
II.
4) Quais os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré
-
falimentar, de crescimento elevado ou de prejuízos consecutivos?
Nos casos de situação pré-falimentar ocorrem falta de honra dos compromissos assumidos e
consequentemente
falta de direcionamento da administração.
Crescimento elevado: necessidade de capital e de recursos humanos
Prejuízos consecutivos: insatisfação dos investidores, falta de confiança do mercado.
186
III
O processo de financiamento
III.
1) Quais as variáveis que são consideradas no processo de financiamento?
Juros, disponibilidade de capital, retorno esperado, risco.
III.
2) Qual a influência das seguintes variáveis na estrutura de capital:
a)
Taman
ho da empresa (faturamento e quantidade de pessoas) : alta
b)
Setor de atuação:alto
c)
Risco da empresa (percebido pelo investidor) :alto
d)
Crescimento de vendas da empresa
:alto
e)
Crescimento de ativos da
empresa:
alto
f)
Lucratividade da
empresa:
al
to
g)
Rentabilidade da
empresa:
alto
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação ao seu
patrimônio:
médio
i)
Liquidez da
empresa:
alto
j)
Gestão de estoque da empresa: alto
k)
Geração de lucros em relação ao custo
financeiro:
médio
l)
Política de crédito da
empresa: alto
m)
Gestão tributária da
empresa:
médio
n)
Mercado competitivo da
empresa:
alto
o)
Variáveis
macroeconômicas do país de origem (quais)? : baixo
p)
O ciclo de vida de produtos da empresa: alto
q)
O ciclo de
vida da empresa : alto
r)
Outras variáveis considerada
s
. Não foram acrescentadas.
III.3) Quanto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os efeitos do:
a)
O custo de capital dos recursos
envolvidos:
alto
b)
O lucro
anterior:
médio
c)
O ac
esso a fontes de financiamentos alternativos (Finame, BNDS,
etc):
alto
d)
Considerações sobre o preço da ação na bolsa (se baixa ou alta em relação ao PL): alto
e)
Objetivos empresariais diversos (cite)
IV
A Ligação com a estratégia Empresarial
IV.
1) Como
se liga a decisão do financiamento com a estratégia da empresa? (BSC, etc.)
A empresa é pequena e não tem uma política definida para isso. Vai de acordo com as
possibilidades da empresa
.
IV.2) Como se incorporam alterações táticas na estratégia de alavanc
agem?
Não se aplica
.
IV.3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital? De acordo com a
disponibilidade de capital.
IV.4) Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)? Qual?
Não se aplic
a.
IV.5) Em sua opinião, existe um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal?
Qual? (
hierárquico
, oportunista
ou otimizador).
Não existe, mas pretendemos implantar em breve.
187
4)
Data: 29/12/06
I Formação
I.1
) Qual sua formação acadêmica?
Mestrado Administração Mackenzie
I.
2) Experiência profissional do entrevistado.
.
. Coats corrente:
Gerente de Finanças Brasil
Área financeira
durante
18 anos.
I.
3) Qual o maior cargo exerc
ido e quando?
O cargo na Coats.
I.
4) Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual o porte em
faturamento? Qual o perfil destas empresas?
Coats corrente
Faturamento +
-
400 milhões de reais.
Têxtil Multi
nacional de
capital fechad
o.
Aga
Sueca Química
Faturamento +
-
400 milhões
.
II O processo de decisão do investimento
II.
1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo investimento? (variáveis
financeiras e não financeiras)
Avaliação não financeira e depois financeira. Questão técnica do investimento, tecnicamente
serviço à cliente, meio ambiente, reposição de equipamento, qualidade, ou produtividade.
Financeira: programa valor investido,
maior
timing
levando a benefícios financeiros
e
consequentemente
melhoran
do o
payback, tir e vpl.
Segue a d
ecisão
de
seguir ou não.
No caso do
Payback, deve ser inferior a
3 anos,
e a tir superior a
25 %.
O
VPL
deve ser
positivo.
II.
2) Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de um novo projeto?
Qual?
Sim. Investimentos anteriores. Pós Capex review. Estudo de benefícios reais X anteriores.
No
caso de sucesso f
luem novos projetos.
Se houver s
eqüência de insucesso
s existirá um p
roblema.
II.
3) O histórico de investimentos altera a escolha do novo investi
mento? De que forma?
Similar à resposta anterior. Independentemente das
anteriores,
sobrepôe
-
se a
necessidade.
II.
4) Quais os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré
-
falimentar, de crescimento elevado ou de p
rejuízos consecutivos?
Em situação de crescimento existirá mais facilidade e disponibilidade. Situações diferentes, rigor
diferente, variáveis mais importantes do
que
as
não financeiras. seguiram com projetos o
financeir
os, mas por outros
objetivos...
(não atingem os indicadores financeiros, mas
os
não
financeiros,
sim
). Situação diferenciada, diferença seriam os
target
s
financeiros.
III O processo de financiamento
III.
1) Quais as variáveis que são consideradas no processo de financiamento?
Trata
-se de empresa de capital fechado. Não emitem debêntures. Ou o aumento de capital
é
realizado pela matriz ou através do aumento de capital de giro. Banco, diversos, empréstimos de
capital de giro, duplicatas, fornecedor, leasing, o que apresentar o
recurso ao m
enor custo.
III.
2) Qual a influência das seguintes variáveis na estrutura de capital:
a)
Tamanho da empresa (faturamento e quantidade de pessoas) Bastante significativa. Empresas
grandes recorrem diferenciadamente. Abertura de Capital, debêntures, tradi
cionais problema
s.
b)
Setor de atuação. Não percepção. Talvez em momentos econômicos, concorrência
espec
í
fica
,
timing
de competição.
c)
Risco da empresa (percebido pelo investidor). Com certeza. No caso de risco percebido bom
,
grande possibili
dade
de captação a custo baixo, o que representa um d
iferencial competitivo.
188
d)
Crescimento de vendas da empresa. Atrelado. A princípio sim, market share, influencia sim.
Recursos requerem estruturação diferenciada.
e)
Crescimento de ativos da empresa. Na mesma linha de raciocínio. Ativos mais ainda que o de
crescimento de
vendas.
O g
rau de
crescimento altera o grau de investimento.
f)
Lucrativi
dade da empresa. Bastante influê
ncia.
Conjuntamente c
om o
risco.
redução de
risco,
dividendo maior, maior interesse em colocar capital. Expressa mais pagamento de
dividendos. A l
ucratividade
é
mais importante
do
que
a
rentabilidade.
g)
Rentabilidade da empresa. Também é um dos principais parâmetros na busca por m
elhor
retorno.
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação ao seu patrimônio
médio. Calculam rentabilidade (TIR), começando o lculo do EVA. Acredito que seja algo que
o investidor percebendo isto haverá mais interesse na estruturação de capital.
i)
Liquidez da empresa. Empresa com dificuldade, no curto e no longo prazo terá mais
dificuldade pa
ra estruturar. Sim existe influê
ncia.
j)
Gestão de estoque da empresa. Relacionado com rentabilidade e liquidez, mais indireta.
Estoques mal administrados causam problemas, mas é mais in
direto.
Driver
, e não é olhado
diretamente pelo investidor.
k)
Geração de lucros em relação ao custo financeiro. Sim, com certeza completa o g ou f
compondo um EVA. É revelante.
l)
Política de crédito da empresa. Como gestão de estoque.
Driver.
Mais relevante que estoque.
Estrutura de capital tem que ser ligada, para ter capital de giro. Outros são mais evidentes. As
decisões
ligam
-
se
mais nos resultados.
m)
Gestão tributária da empresa. O mesmo.
Driver
tem influência. Prejuízos fiscais: avalia-se o
ap
orte ou não comparando
com o uso do beneficio fiscal, o
IR sobre
os
juros pagos.
n)
Mercado competitivo da empresa. Como o setor. Depende do momento. Enfrentando muita
competição, pode influenciar o capital, a obtenção como sendo fundamental para ela.
o)
Variáveis
macroeconômicas do país de origem (quais)? Existe. Risco país, juros, selic, etc...
As
a
quisições de concorrente
(V
icunha linhas)
consider
aram
aporte matriz, pois alta taxa de juros
local X internacional, mesmo com risco país, aporte, ela obtém rec
urso externos menos caro.
p)
O ciclo de vida de produtos da empresa. Também, mas com menos intensidade do que
produtos. A menos que a empresa esteja associada com um só produto.
q)
O ciclo de vida da empresa. Empresas centenárias como a Coats, com histórico, estabilidade
de mercado, riscos dos investidores menores, custos mais baixos. Empresas iniciantes, custos
maiores e incertezas também.
Vantagem na
estrutura de capital.
r)
Outras variáveis consideradas. Não me ocorrem outras.
189
III.
3) Quanto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os efeitos do:
a)
O custo de capital dos recursos envolvidos. Mais relevantes que o lucro. O retorno WACC é
mais buscado do que aproveitamento do lucro para investimento. É mais Sensível pelo retorno
maximiza
do do que maior
aproveitamento do recurso.
b)
O lucro anterior médio. Menos
importante
que o anterior.
c)
O acesso a fontes de financiamentos alternativos (Finame, BNDS, etc.). Mais ligado à a. Custo
mais compensador, traz melhor aproveitamento do recurs
o, reduzindo WACC.
d)
Considerações sobre o preço da ação na bolsa (se baixa ou alta em relação ao PL). Era aberta,
mas fechou capital, pelo LBO externo. Imagina
-
se que abra novamente. Sem experiência.
e)
Objetivos empresariais diversos (cite). Tem, mas
as anteriores são mais importantes.
IV A Ligação com a estratégia Empresarial
IV.1) Como se liga a decisão do financiamento com a estratégia da empresa? (BSC, etc.)
Estratégia de 5 anos revisada anualmente. Orçamento anual define o BSC. A decisão de
financiamento se liga com estratégia considera o crescimento. Estuda-se o melhor financiamento,
ligado à estratégia, ligado ao crescimento c e sua obtenção. De terceiros, de que forma...
IV.2) Como se incorporam alterações táticas na estratégia de alavancagem?
Neste caso, é mais resolvido pela resolução no capital de giro.
IV.
3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital?
No dia a dia, esta estratégia é repassada ao orçamento, busca-se comparar ambas, diário e
orçamento. Alavancagem, o se tem outra possibilidade, se necessidade busca-
se
alavancagem, principalmente pelo LBO, procura-se retirar o dividendo, e o o inverso, neste
momento.
IV.
4)
Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)?
Qual?
Competição mais acirrada requer mais esforços na diferença da estrutura de capital. Esforços
estratégicos diferenciados pela competição.
IV.5) Em sua opinião, existe um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal?
Qual? (hierárquico oportunista ou otimizador). As empresas que passei são mais otimizadoras,
buscando minimização.
5)
Data da Entrevista:
29/12/2006
I Formação
I.1) Qual sua formação acadêmica?
Superior em ciências econômicas e pós-graduação lato senso em controladoria.
I.2) Experiência profissional do entrevistado.
Em torno de 20 anos em finanças e controladoria em empresas nacionais e multinacionais.
I.
3) Qual o maior cargo exercido e quando?
Controller da América latina, atualmente.
I.4)
Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual o porte em
faturamento? Qual o perfil destas empresas?
. Mcafee ( US$ 12 milhões ao ano no Brasil ) software antivírus - trabalhei durante 6 anos e foi
uma grande experiência pessoal e empresarial
.
. Crown worldwide - ( US$ 6 milhões ao ano no Brasil ) - atual emprego - mudanças
internacionais e domésticas e repatriações de pessoas - grande aprendizado empresarial, com
ênfase em paises da Am
érica latina, legislação e parte contábil.
190
II O processo de decisão do investimento
II.
1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo investimento? (variáveis
financeiras e não financeiras)
.
Financeiras:
devemos ter em conta o payback do valor
investido,
com consideração da tir do
mesmo e o free cash-
flow
, onde determinamos o valor real alinhado da situação financeira da
empresa.
Não
-financeiras: expertise do pessoal técnico, estratégia e qualidade dos processos
II.
2) Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de um novo projeto?
Qual?
Sim, poder
-
se
-
ia dizer que a estrutura de custos seria a influência.
II.
3) O histórico de investimentos altera a escolha do novo investimento? De que forma?
Sim, pelos resultados anteriores podemos medir ou basearmos nos novos projetos.
II.
4) Quais os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré-falimentar, de crescimento elevado ou de prejuízos consecutivos?
Capital de giro negativo ( ou seja, necessidade de capital de giro alta ), baixo índice de "ebit" e
podemos analisar o índice de "Altman z_
score
", o que nos fornece uma idéia muito boa sobre a
situação da empresa.
IIIO processo de financiamento
III.1)
Quais as variáveis que são c
onsideradas no processo de financiamento?
Os juros, o
capital a ser investido e
o risco envolvido.
III.
2)
Qual a influência das seguintes variáveis na
estrutura de capital:
a)
Tamanho da empresa (faturamento e quantidade de pessoas)
Quanto menor for à empresa, menor deveria ser seu nível de investimento em capital de
terceiros, pois seu risco aumentaria.
b)
Setor de atuação
O setor de atuação de cada empresa deve ser comparado a de outras empresas do mesmo ramo,
para ter
-
se uma noção do que o mer
cado es
ta praticando.
c)
Risco da empresa (percebido pelo investidor)
O risco está diretamente ligado ao controle dos custos e planejamento, onde se poderia encontrar
o ponto ótimo de estrutura de investimento. A idéia do financiamento por capital de terceiros
se
ria uma alavancagem financeira para a empresa, mas temos que ter o cuidado na escolha do
volume de participação de capital de terceiros, pois pode haver um aumento da transferência do
controle da empresa por parte dos credores, o que deixa a situação de alavancagem com um
impacto negativo.
d)
Crescimento de vendas da empresa. O crescimento da vendas pode gerar mais recursos para a
empresa usar em seus investimentos, desde que obviamente, seus custos e despesas sejam
controlados.
e)
Crescimento
de ativos da
empresa. Mesmo que
a resposta
anterior.
f)
Lucratividade da empresa. Normalmente, quanto mais lucrativas são as empresas, menos
endividadas s
ão elas.
g)
Rentabilidade da empresa. A rentabilidade da empresa pode ser afetada pelos constantes juros
altos de empréstimos tomados para formar sua estrutura de capital, o que poderá afetar sua
rentabilidade no curto prazo, afetando e alterando a estrutura de capital, tendo menores taxas de
liquidez.
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação ao seu patrimônio
.
O valor do patrimônio da empresa é seu valor histórico e não atualizado ao valor de mercado.
Por sua vez, o valor de mercado mede de maneira muito mais correta o valor real da empresa.
191
Lo
go, quanto maior esta diferença maior o ágio ou deságio - valor real da empresa em relação ao
valor patrimonial histórico dela, o que é relevante e possue relação direta com a estrutura de
capital envolvida.
i)
Liquidez da empres
a.
Os índices de liquidez e
de
estrutura de capital da empresa medem o
risco da empresa. O índice de liquidez mede a capacidade da empresa
de
pagar suas dividas e
quanto maior, melhor será a situação financeira da empresas. Conseqüentemente , a estrutura de
capital se altera , diminuindo a necessidade de captar recursos de te
rceiros,
utilizando
-
se
maiores
recursos internos p
ara re
-
investimento.
j)
Gestão de estoque da empresa
Quanto melhor a gestão do estoque, melhor será o ganho econômico e financeiro da empresa, e
consequentemente, poder
-
se
-ia melhorar a estru
tura de capita
l dessa.
k)
Geração de lucros em relação ao custo financeiro
É inversamente proporcional, ou seja, quando o lucro é maior,
pode
-se alterar a estrutura de
capital, captando
-
se menos recursos e tendo
-
se um cus
to financeiro menor.
l)
Política de crédito da empresa. Através de uma boa política de crédito, fazendo-se analise
prévia dos clientes, limitando os faturamentos de risco para não gerar inadimplência,
pode
-
se
maximizar os recebimentos, evitando-se assim grande índice de "
aging
”,
levando a um resultado
de caixa maior e uma maior liquidez, o que afeta a estrutura de capitais, diminuindo-se a
necessidade de ir ao mercado para financiamento.
m)
Gestão tributária da empresa
Quanto melhor a eficiência da p
olít
ica tributária da empresa, maior se sua lucratividade e
menores perdas a empresa terá o que fará com que sua estrutura de capit
al possa ser alterada.
n)
Mercado
competitivo da empresa
. Não comentado.
o)
Variáveis
macroeconômicas do país de origem (quais)?
Taxas de Juros, Risco país são fatores que influenciam diretamente o CAPM e obviamente o
WAAC, onde se altera o valor do fluxo de caixa descontado da empresa e também sua estrutura
de capital é afetada diretamente
por estes cálculos.
p)
O ciclo de vida de produtos da empresa
A meu ver, quanto menor o ciclo de vida dos produtos da empresa mais a gestão de estoques
deve
ser
eficiê
nte,
com
um giro de estoques mais rápido para não haver perdas. O inverso gera mais
prejuízo para a empresa e menos lucratividade, menos liquidez, mais dívida, maior necessi
dade
de capital de giro e
assim sucessivamente.
q)
O ciclo de vida da empresa
É uma tendência que as empresas similares deveram convergir para uma estrutura de capital
semelhan
te ao longo do tempo.
r)
Outras variáveis considerada
s
Talvez o controle acionário possa ser um fator de decisão para a estrutura de capital.
III. 3) Quanto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os efeit
os do:
a)
O custo de capital dos recursos envolvidos.
O custo do capital (WACC) é o fator que é determinado pela
estrutura
de capital da empresa.
b)
O lucro anterior.
O lucro anterior pode não ter sido ajustado aos valores correntes da empresa, o que pod
e distorcer
a análise.
c)
O acesso a fontes de fi
nanciamentos alternativos (Finame
, BNDS, etc.)
O BNDES e FINAME fornecem credito e apoio financeiro as empresas, a tendendo as
necessidades de credito para financiamentos mais acessíveis as
empresas, o que pode ser uma boa
opção de redução de custo e alteração da estrutura de capital.
192
d)
Considerações sobre o preço da a
ção na bolsa (se baixa ou alta em relação ao PL)
A análise da ação de uma empresa nos
revela
a eficiência e a rentabilidade da empresa em suas
operações, tais como lucro, investimentos e projeções de lucro. A partir de um estudo de fluxo
de caixa descontado, pode-se chegar ao preço justo da ação e compará-lo com o preço corrente
desta e assim determinar se este está sobrevalorizado ou não, podendo-se tomar uma decisão
sobre o investimento.
e)
Objetivos empresariais diversos (cite)
Entre os objetivos da empresa, temos como o principal o de maximização dos resultados para o
acionista através de mecanismos financeiros de controles de diversos tipos aqui citados.
IV
A Ligação com a estratégia Empresarial
IV
.1) Como se liga a decisão do financiamento com a estra
tégia da empresa? (BSC, etc.)
Caso a empresa planeje uma alavancagem financeira, poderia escolher então pela opção de captar
recursos de terceiros para alavancar suas operações mais rapidamente, sempre tendo o controle
do risco.
IV
.2) Como se incorporam al
terações táticas na estratégia de alavancagem?
Buscando
-
se novas taxas de investimento com juros menores.
IV.
3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital?
Tendo-se uma estrutura de capital mais aberta a capital de terceiros, pode-se gerar uma
alvancagem financeira imediata maior, para investimentos na produção e crescimento, tornando a
empresa mais competitiva no mercado.
IV.
4)
Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio, oligopólio ou
competição)? Qual?
Sim, no monopólio temos uma situação de mercado onde somente um vendedor dos serviços
ou produtos que detêm a tecnologia de produção. No oligopólio há vários, e quanto à competição
tem um mercado aberto sem regras definidas, onde o preço e a qualidade dos produtos e serviços
e de entrega decidem a vantagem ao produtor. Estas diferenças têm influência na estrutura de
capital das empresas.
IV.5) Em
sua
opinião, existe um processo de tomada de decisão de estrutura de capital formal?
Qual? (
hierárquico, oportunista ou
otimizador)
Sim, em minha opinião a estrutura de capital tende a ser focada no fator de otimização dos
resultados e no
retorno máximo ao acionista / proprietário.
6)
Data da Entrevista: 02/01/2007
I Formação
I.1) Qual sua formação
acadêmica?
Bacharel em Economia e Mestrado em Economia (créditos concluidos e dissertação não
entregue)
I.
2) Experiência profissional do entrevistado.
Ex
periência nas áreas de Finanças Corporativas, Qualidade, Planejamento Estratégico, Recursos
Humanos,
C
ompras, Legal e Tecnologia da
Informação.
I.
3) Qual o maior cargo exercido e quando?
.Presidente da Cummins Japan Limit
ed
- Tokyo, Japão (entre 2000 e
2001).
.Presidente do Conselho de Administração da Prevcummins (desde
1991)
.
.Chief Financial Officer da
Cumm
ins Latin America (entre 1991 e
2004)
.
.
CFO & Latin America Regional Director
da
Cummins Business Services (desde 2004)
.
193
.
Univer
sidade Presbiteriana Mackenzie. Chefe do Departamento de Economia (1992 - 1994).
Prof. Adjunto da disciplina Teoria Econômica (1976 - 2003) e Prof. de Finanças Corporativas
do curso de MBA (2000
-
2003).
I.
4)
Que empresas trabalhou, por ordem de importância na carreira? Qual
o porte em faturamento?
Qual o perfil destas empresas?
.Cummins Latin America - US$ 1 bilhão (Latin
America)
- Fabrica
d
e motores
a
diesel e componentes
.
.Union Carbide do Brasil -
US$
200 m
- Empresa do Setor Quimico.
. Industrias Villares S.A. -
Siderurgia e Elevadores
.
II O processo de decisão do investimento
II.1) Qual a descrição do processo de decisão em relação a um novo
investimento? (variáveis financeiras e não financeiras)
As variáveis financeiras
que devem ser consideradas são
:
VPL/TIR/
Payback.
Além disso, quando se trata de uma empresa multinacional globalizada,
outros fatores como a base de fornecedores (fundições localizadas no país),
a
estratég
ia dos
principais clientes,
conju
ntura econômica (taxa cambial e a taxa de juros) e o custo Brasil (custo
dos impostos, indústria da reclamação trabalhista, encargos sociais, corrupção, etc.) são levadas
em
consideração na tomada de decisões sobre um novo investimento no país.
II.2)
Existe alguma influência na carteira anterior em relação à escolha de
um novo projeto? Qual?
Não, a não
ser
que seja uma expansão ou ino
vação tecnológica da capacidade
já inst
alada.
II.3) O histórico de investimentos altera a escolha do
novo investimento?
De que forma?
Não para uma empresa multinacional globalizada.
II.4)Quais
os fatores identificáveis em empresas com necessidades diferenciadas, como em
situação pré
-
falime
ntar,
de crescimento elevado ou
de prejuízos consecutivos?
Através da utilização do BSC
-
"
Balanc
ed Score Card
" e CEP
Controle Estatístico de Processo,
você consegue facilmente detectar a real situação financeira e econômica da empresa e concluir
sobre as pri
ncipais causas.
III O processo de financiamento
II
I
.1) Quais as variáveis que são consideradas no processo de financiamento?
As taxas de juros, tributações e beneficios fiscais (operações de
leasing
)
são variáveis
fundamentais no processo de decisão sobre o financiamento. Em caso de empresas
multinacionais, a moeda funcional utilizada pela empresa e a estratégia de hedging vão
determ
inar a moeda a ser utilizada no
financiamento. Como regra geral, uma empres
a com moeda
funcional dolar vai
tomar o financiamen
to em dolar, no entanto, se ela tiver uma situação d
e
ativo
em Reais maior do que o passivo em Reais no balanço patrimonial, ela deverá tomar o
financiamento em Reais, diminuindo o custo do hedge da empresa. Uma empresa, onde a moeda
fu
ncional seja o Real, então essa empresa, como regra geral, tomará o financiamento em Reais.
Se
essa empresa
exportar uma boa parte da sua produção, ent
ão poderá tomar o financiamento
em
dolar, pois terá como
hedge
natural, as exportações.
III.2) Qual a influência das seguint
es variáveis n
a estrutura de capital:
a)
Tamanho da empresa (faturamento e quantidade de pessoas).Pouca relevância. O importante é
analisar
a empresa como um todo.
b)
Setor de atuação. Influência moderada. Por exemplo, hoje os investidores fogem das empres
as
que atuam no setor agricola, com exceção do setor de açucar / alcool, em função da deterioração
do setor, em função da política cambial er
rada do
atual governo.
194
c)
Risco da empresa (percebido pelo investidor)
.
Os indicadores financeiros e o "Due Diligence
"
são fatores determinantes na
orientação do investidor quanto ao in
vestimento a ser feito.
d)
Crescimento de vendas da empresa Pouca influência, já que crescimento nas vendas não
significa garantia de
aumento do
lucro final da empresa.
e)
Crescimento de ativos da empresa A ROANA - "Return on Net Average Assets
"
da empresa
deverá ser levada em consideração. Analisar somente o crescimento de ativos da empresa é um
risco muito alto.
f)
Lucratividade da empresa. Grande influência. No entanto, que se
cons
iderar também a
situação do
capi
tal de giro da empresa.
g)
Rentabilidade da empresa. Grande influência.
Mesma resposta que no item anterior.
h)
Crescimento de diferença de valor de mercado da empresa em relação
ao seu patrimônio. Grande influência, principalmente se a transação é efetuada baseada no
valor
de mercado e esse valor estiver bem aquém
do valor patrimonial.
i)
Liquidez da empresa.
Sem dúvida uma variável muito importante.
j)
Gestão de estoque da empresa. Muito importante, pois uma administração do estoque po
de
comprometer a situação financeira da empresa, principalmente nos países onde as taxas de
juros são altas.
k)
Geração de lucros em relação ao custo finance
iro.
Muito importante.
l)
Política de crédito da empresa.
Variável muito importante,
pois uma venda s
ó se tornará efetiva
quando o
val
or da venda for recebido.
m)
Gestão tributária da empresa. Variável muito importante, que a lucratividade da empresa
pode estar mascarada pelo planejamento tributário, armando-se uma bomba relógio para o
s
resultados futuros.
n)
Mercado competitivo da em
presa.
Muito importante.
o)
Variáveis
macroeconôm
icas do país de origem (quais)?
Nenhuma importância. Eu acho que as
variá
veis macroeconômicas do país do
desti
no são mais relevantes.
p)
O ciclo de vida de
produtos da empresa.
Relevância moderada.
O retorno sobre o investimento
deverá estar alinhada
com o ciclo de vida
de produtos da empresa.
q)
O ciclo de vida da empresa. Importante, porém o retorno sobre o investimento deve estar
alinhado
com o
cic
lo de vi
da da empresa.
r)
Outras variáveis consideradas. Risco país, custo Brasil, indústria da reclamação trabalhista,
encargos s
ociais, tributação e corrupção.
III.3) Quanto à estratégia de estrutura de capital, como se consideram os
efeitos do:
a)
O custo de ca
pital dos recursos envolvidos.
A decisão tem que se basear no
EVA
-
"Economic
Value Added".
b)
O lucro anterior.
É importante que o Lucro Líquido seja positivo, cobrindo todo o custo de
financ
iamentos e empréstimos.
c)
O acesso a fontes de financiamentos
alternativos (Finame,
BNDS,
etc)
.
É importante, que o BNDES oferece financiamentos de custos mais
competitivos e de prazos
mais longos.
d)
Considerações sobre o preço da ação na bolsa (se baixa ou alta em
relação ao PL). Fundamental na Gestão de
Tesoura
ria das empresas.
e)
Objetivos empresariais diversos (cite)
.
A estrutura de capital (próprio ou de terceiros) terá que estar alinhada
com os objetivos traçados em relação ao ROANA - "Return on Average Net
195
Assets
".
IV
A Ligação com a estratégia Empresarial
IV.1) Como se liga a decisão do financiamento com a estratégia da empresa?
(BSC, etc). A decisão de financiamento tem que estar ligada não somente com a
estratégia da empresa, mas também com os principios contábeis dos paises de
origem (o FASB nos Estados Unidos como exemplo). Uma decisão errada na
efetivação do financiamento, causando um descasamento de moedas, pode levar
a empresa a uma situação financeira irreversível, em caso de uma crise
econômica do país.
IV.2) Como se incorporam alterações táticas na estratégia de alavancagem?
A estratégia de alavancagem deve estar alinhada com o planejamento
e
stratégico da empresa.
IV.3) Como se incorporam estratégias competitivas na estrutura de capital?
Os
administradores das empresas têm que estar atentos as mudanças no
mercado, ajustando rápidamente a
empresa para a nova realidade.
IV.4) Existem diferenças em relação ao tipo de competição (monopólio,
o
ligopólio ou competição)? Qual?
A princípio o processo sobre a decisão de investimento deve ser o mesmo em
qualque
r situação de competi
ção.
IV.5) Em
sua
opinião, existe um processo de tomada de decisão de estrutura
de capital formal? Qual? (hierárquico, oportunista ou otimizador)
O processo de tomada de decisão de estrutura de capital nas grandes
corporações é feita em nível do Board local da empresa, em conjunto com as
respectivas áreas corporativas da Matriz.
9.3.
APÊNDICE
C
- TABELAS DE CORRELAÇÕES
Tabela 35
-
Correlações entre variáveis independentes
-
continua
LD.
L2D.
L3D.
D.
D.
D.
D.
etc
etc
etc
crescat
lucger
lucop
lucop2
etc
LD
1.0000
L2D
-
0.6927
1.0000
L3D
0.3905
-
0.5893
1.0000
crescat
D1
0.0138
0.0077
0.0624
1.0000
lucger
D1
-
0.1252
-
0.0485
-
0.0641
-
0.2139
1.0000
lucop
D1
0.1338
-
0.1673
0.0053
-
0.0451
-0
.2403
1.0000
lucop2
D1
-
0.1140
0.1403
0.0167
0.0237
0.0746
-
0.5497
1.0000
giroest
D1
0.0487
-
0.0486
0.0267
-
0.0124
-
0.0440
0.2913
-
0.0450
jurcred
D1
0.0381
-
0.0189
0.0343
0.0103
0.0180
-
0.0488
-
0.0714
ibovespa
D1
-
0.0467
0.0617
-
0.0637
-
0.1354
0.0180
-
0.0518
-
0.1891
cambio
D1
-
0.0417
0.0620
-
0.0581
-
0.1794
0.0892
-
0.0007
-
0.3031
selic
D1
-
0.0666
0.0389
-
0.0489
0.0790
0.0374
0.1303
0.0892
_cons
-
0.0219
-
0.0783
-
0.0169
0.1587
0.0213
-
0.0143
0.2713
Fonte: o autor
196
Tabela 35
-
Correlações entre variá
veis independentes
-
continuação
D.
D.
D.
D.
D.
giroest
jurcred
ibovespa
cambio
selic
_cons
giroest
D1
1.0000
jurcred
D1
0.0163
1.0000
ibovespa
D1
-
0.0491
-
0.1494
1.0000
cambio
D1
0.0364
-
0.1064
0.7721
1.0000
selic
D1
0.1564
-
0.060
7 -
0.2026
-
0.0283
1.0000
_cons
0.0658
0.1268
-
0.9196
-
0.8290
0.3295
1.0000
Fonte: o autor
9.4.
APÊNDICE
D
- ANÁLISE DE VALORES FALTANTES –
MISSING VALUES
Tabela
36
Tabela de
Missing Values
das variáveis dependentes
Variável
Etm2
E
tc
Ecpm3
Ecpm4
Ecpc
Ecpc2
Elpm2
Elpc
Efcp
Eflp
MISSING 1999
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MISSING 2000
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MISSING 2001
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MISSING 2002
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MISSING 2003
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MISSING 2004
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MISS
ING 2005
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
% MISS 99
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 00
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 01
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 02
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 03
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 04
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 05
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
Fonte: o autor
Tabela
37
Tabela de
Missing Values
das variáveis independentes
-
continua
Variável
RentGer
RentOp
RentOp 2
Cresvda
Mtb
Pd
Pd2
Liqcorr
Pecf
MISSING 1999
0 0 0 4 0 3 3 0
14
MISSING 2000
0 0 0 3 0 4 4 0
14
MISSING 2001
0 0 0 4 0 4 4 0
12
MISSING 2002
0 0 0 4 0 5 5 0
14
MISSING 2003
0 0 0 5 0 5 5 0
19
MISSING 2004
0 0 0 5 0 5 5 0
15
MISSING 2005
0 0 0 5 0 6 6 0
22
% MISS 99
0.0%
0.0%
0.0%
4.4%
0.0%
3.3%
3.3%
0.0%
15.4%
% MISS 00
0.0%
0.0%
0.0%
3.3%
0.0%
4.4%
4.4%
0.0%
15.4%
% MISS 01
0.0%
0.0%
0.0%
4.4%
0.
0%
4.4%
4.4%
0.0%
13.2%
% MISS 02
0.0%
0.0%
0.0%
4.4%
0.0%
5.5%
5.5%
0.0%
15.4%
% MISS 03
0.0%
0.0%
0.0%
5.5%
0.0%
5.5%
5.5%
0.0%
20.9%
% MISS 04
0.0%
0.0%
0.0%
5.5%
0.0%
5.5%
5.5%
0.0%
16.5%
% MISS 05
0.0%
0.0%
0.0%
5.5%
0.0%
6.6%
6.6%
0.0%
24.2%
Fon
te: o autor
197
Tabela 37
Tabela de
Missing Values
das variáveis independentes
continuação
Variável
Tam Fat
Cobjuros
Cobjuros
2
Cobjuros
3
Beta
Crescat
Lucger
Lucop
MISSING 1999
3 1 1 0 0 0 3 3
MISSING 2000
4 0 0 0 0 0 4 4
MISSING 2001
4 0 0 0 0 0 4 4
MISSING 2002
5 0 0 0 0 0 5 5
MISSING 2003
5 0 0 0 0 0 5 5
MISSING 2004
5 0 0 0 0 0 5 5
MISSING 2005
6 1 1 1 0 0 6 6
% MISS 99
3.3%
1.1%
1.1%
0.0%
0.0%
0.0%
3.3%
3.3%
% MISS 00
4.4%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
4.4%
4.4%
% MISS 01
4.4%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
4.4%
4.4%
% MISS 02
5.5%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
5.5%
5.5%
% MISS 03
5.5%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
5.5%
5.5%
% MISS 04
5.5%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
5.5%
5.5%
% MISS 05
6.6%
1.1%
1.1%
1.1%
0.0%
0.0%
6.6%
6.6%
Fonte: o autor
Tabel
a 37
Tabela de
Missing Values
das variáveis independentes
conclusão
Variável
Lucop 2
Giroest
Setor
Jur Cred
Ibovespa
Cambio
Selic
MISSING 1999
3 3 0 0 0 0 0
MISSING 2000
4 4 0 0 0 0 0
MISSING 2001
4 4 0 2 0 0 0
MISSING 2002
5 5 0 2 0 0 0
MISSING 2
003
5 5 0 3 0 0 0
MISSING 2004
5 5 0 4 0 0 0
MISSING 2005
6 6 0 6 0 0 0
% MISS 99
3.3%
3.3%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 00
4.4%
4.4%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 01
4.4%
4.4%
0.0%
2.2%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 02
5.5%
5.5%
0.
0%
2.2%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 03
5.5%
5.5%
0.0%
3.3%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 04
5.5%
5.5%
0.0%
4.4%
0.0%
0.0%
0.0%
% MISS 05
6.6%
6.6%
0.0%
6.6%
0.0%
0.0%
0.0%
Fonte: o autor
198
9.5.
APÊNDICE
E
-
RECORTES DA AMOSTRA
Planilha 1999
-2005
=> 106
-
23 empresas:
(6,11,12,15,37,41,44,51,56,64,67,70,72,75,77,80,82,83,96,98,103,104,105).
Saldo de 83 empresas:
(1,2,3,4,5,7,8,9,10,13,14,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,32,33,34,35,36,38,39,40,42,
43,45,46,47,48,49,50,52,53,54,57,58,59,60,61,62,63,65,66,67,68,69,71,73,74,76,78,79,80,81,82,
83,84,85,86,87,88,89,90,91,92,93,94,95,96,97,98,99,100,101,102,105,106)
Planilha 1998
-2005
=>
-
8 exclusões extras:
(5,7,13,25,50,58,59,93). Saldo de 71 empresas.
(1,2,3,4,8,9,10,14,16,17,18,19,20,21,22,23,24,26,27,28,32,33,34,35,36,38,39,40,42,43,45,46,47,4
8,49,52,53,54,57,60,61,62,63,65,66,68,69,71,73,74,76,78,79,81,84,85,86,87,88,89,90,91,92,94,9
5,97,99,100,101,102,106).
Planilha 1997-2005 => 3 exclusões extras (53,60,81). Saldo de 68 empresas.
(1,2,3,4,8,9,10,14,16,17,18,19,20,21,22,23,24,26,27,28,32,33,34,35,36,38,39,40,42,43,45,46,47,4
8,49,52,54,57,61,62,63,65,66,68,69,71,73,74,76,78,79,84,85,86,87,88,89,90,91,92,94,95,97,99,1
00,101,102,106).
Planilha 1996
-2005
=>24 exclusões extras
(4,16,18,21,22,23,27,32,33,38,39,40,43,6
5,74,76,84,85,86,88,92,95,101,106) Saldo de 44
empresas.
(1,2,3,8,9,10,14,17,19,20,24,26,28,34,35,36,42,45,46,47,48,49,52,54,57,61,62,63,66,68,69,71,73,
78,79,87,89,90,91,94,97,99,100,102).
Planilha 1995 -2005
=>6 exclusões extras (24,34,49,52,87,102) saldo de 38 empresas
(1,2,3,8,9,10,14,17,19,20,26,28,35,36,42,45,46,47,48,54,57,61,62,63,66,68,69,71,73,78,79,89,90,
91,94,97,99,100).
199
10.
GLOSSÁRIO
(Transcrito de STOCK e WATSON (2004) e STATACORP (2005)
)
Assimetria
: ocorre quando a freqüência de distribuição é distinta em relação à seu centro. Na
assimetria os momentos de ordem impar maiores que um centrados na média são diferentes de
zero.
Assimetria negativa
: ocorre quando há assimetria em que predominam os valores menores que o
centro. Também chamada de ass
imetria à esquerda.
Assimetria positiva: ocorre quando assimetria em que predominam os valores maiores que o
centro. Também chamada de assimetria à direita.
Curtose
: aplainamento, afilamento ou achatamento da curva característica de distribuição. Pode
ser mesocúrtica (normalmente achatada), platicúrtica (mais achatada), leptocúrtica (menos
achatada)
Dados de corte
: dados coletados de entidades diferentes em um único período de tempo.
Dados de corte repetidos: uma reunião de bases de dados de corte, onde cada base corresponde
a um período de tempo diferente.
Dados de painel: dados para múltiplas entidades em que cada uma é observada em dois ou mais
períodos de tempo.
Dados de série temporal
: dados sobre a mesma entidade para períodos de tempo múltiplo
s.
Dados longitudinais
: dados em painel.
Defasagem
: valor de uma variável de série temporal em um período de tempo anterior.
Desvio padrão
: é a raiz quadrada da variância.
Efeito fixo: variáveis binárias que indicam a entidade ou o período de tempo em uma
regressão
de dados de painel.
Efeitos temporais: variáveis binárias que indicam o período de tempo em uma regressão de
dados de painel.
Erro de especificação da forma funcional: quando a forma da função da regressão estimada
não corresponde à forma da função da regressão da população. Por exemplo, quando uma
especificação linear é utilizada, mas a verdadeira função de regressão da população é quadrática.
Erro padrão de regressão : um estimador de desvio-
padrão do erro da regressão
µ.
Especificação da regre
ssão
: descrição de uma regressão que inclui o conjunto de regressores e
qualquer transformação não linear que tenha sido aplicada.
Estacionaridade:
quando a distribuição conjunta de uma variável de série temporal e seus
valores defasados não variam ao lon
go do tempo.
Estatística F: estatística utilizada para um teste de hipótese conjunta referente a mais de um dos
coeficientes da regressão.
Estatística t:
Estatística utilizada para testes de hipótese.
Estatisticamente não significante: a hipótese nula (em geral, de que um dos coeficientes da
regressão seja igual a zero) não pode ser rejeitada ao nível de significância.
Estatisticamente significante: a hipótese nula (em geral, de que um dos coeficientes da
regressão seja igual a zero) é rejeitada a um dado
nível de significância.
Estimador
: função de uma amostra de dados selecionada aleatoriamente de uma população. Um
estimador é um procedimento em que são utilizados dados da amostra a fim de calcular o
“melhor palpite” sobre o valor de um parâmetro da popul
ação.
Estimador consistente: estimador que converge em probabilidade para o parâmetro que se está
estimando.
200
Estimador de verossimilhança: estimador de parâmetros desconhecidos obtidos pela
maximização da função de verossimilhança.
Estimador de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO): estimador do intercepto e da(s)
declividade(s) da regressão que minimiza a soma dos quadrados dos resíduos.
Estimador de Mínimos Quadrados: estimador formado pela minimização da soma dos
quadrados dos resíduos. Estimador não vies
ado: estimador com um viés igual a zero.
Estimador Arellano Bond: é um estimador de momentos generalizados para modelos de dados
de painel dinâmico lineares que usam veis defasados das variáveis endógenas, além das
primeiras diferenças das variáveis exógenas como instrumentos. O estimador Arellano Bond
remove a heterogeneidade das especificidades do painel por equações de regressão de primeira
diferença.
Estimador
between
: Este estimador de dados em painel decorre da regressão linear simples das
médias das variáveis em painel. Este estimador usa apenas as variações entre painel nos dados
para identificar os parâmetros, ignorando as variações intra- painel (
within
). Para ser consistente
requer que a média dos regressores obtidos não seja correlacionada com termos específicos de
heterogeneidade do painel.
Estimador
within
: Trata-se de um estimador que remove a heterogeneidade específica do
painel, subtraindo as médias de cada variável e realizando uma regressão linear ordinária em cada
dado restante. É usad
o para verificar a adequação do modelo de efeito fixos em painel.
Estimativa
: valor numérico de um estimador calculado a partir dos dados de uma amostra
específica.
Estrutura de correlação
: tarta
-
se de um conjunto de premissas impostas no modelo de pai
nel, na
matriz de variância
-
covariância dos erros.
Exogeneidade estrita: requisito de que o erro da regressão tenha uma média igual a zero
condicional aos valores correntes, futuros e passados do regressor em um modelo de defasagem
distribuída.
Heterosced
asticidade ou Heterocedasticidade: situação em que a variância do termo erro da
regressão
µ
i
, condicional aos regressores é não constante.
Homoscedasticidade ou Homocedasticidade: situação em que a variância do termo erro da
regressão
µ
i
, condicional aos
regressores é constante.
Independência
: ocorre quando o conhecimento do valor de uma variável aleatória não fornece
nenhuma informação sobre o valor da outra variável aleatória. Duas variáveis aleatórias são
independentes se a sua distribuição conjunta é o
produto de suas distribuições marginais.
Instrumento
: uma variável que está correlacionada com um regressor endógeno (relevância do
instrumento), mas não com o erro da regressão (exogeneidade do instrumento).
Instrumento fraco
: variável instrumental que
possui baixa correlação com o regressor endógeno.
Intercepto: o valor de ß
0
no modelo de regressão linear.
Logaritmo
: função matemática definida para um argumento positivo.
Matriz de covariância: matriz composta de variâncias e covariâncias de um vetor de variáveis
aleatórias.
Melhor estimador linear não viesado: estimador que possui a menor variância de todos os
estimadores que são uma função linear dos valores da amostra Y e é não viesado.
Mínimos Quadrados Generalizados: é uma generalização da MQO apropriada quando os erros
de regressão possuem uma forma conhecida de heteroscedasticidade (caso em que o MQG
também é identificado como mínimos quadrados ponderados, ou MQP) ou uma forma conhecida
de correlação serial.
201
Mínimos Quadrados Ponderados (MPQ): alternativa ao MQO que pode ser utilizada quando o
erro da regressão é heteroscedastico e a forma da heteroscedasticidade é conhecida ou pode ser
estimada.
Modelo dinâmico: é um modelo onde valores passados ou termos de perturbação afetam o valor
corrente na
variável dependente.
Modelo de efeitos aleatórios: é um modelo de painel onde a heterogeneidade especifica do
grupo é introduzida pela premissa que cada grupo possui seu próprio vetor de parâmetros, que é
retirado da população comum de todos os painéis.
Modelo de regressão com efeitos fixos: regressão de dados em painel que inclui efeitos fixos de
entidade.
Modelo de regressão com efeitos fixos temporais e de entidade: regressão de dados em painel
que inclui tanto efeitos fixos de entidade quanto efeitos
fixos temporais.
Momentos de uma distribuição: valor esperado de uma variável aleatória elevada a potências
diferentes.
MQG factível: versão do estimador de mínimos quadrados generalizados que utiliza um
estimador de covariância condicional entre os erros
de regressão em observações diferentes.
Multicolinearidade
: condição em que dois ou mais regressores estão correlacionados.
Não correlacionadas: duas variáveis aleatórias são não correlacionadas se sua correlação é igual
a zero.
Nível de confiança: probabilidade fixada de que um intervalo (ou conjunto) de confiança
contenha o valor verdadeiro do parâmetro.
Painel desequilibrado
: banco de dados de painel em que faltam alguns dados.
Painel equilibrado: banco de dados de painel em que não faltam observações, isto é, em que as
variáveis são observadas para cada entidade em cada período de tempo.
Parâmetro
: uma constante que determina uma característica de uma distribuição de
probabilidade ou de uma função de regressão da população.
Processo autoregressivo: em processo de autoregressão, o valor corrente da variável é função
linear do seu valor passado e de um termo erro
de ruído branco.
Primeira diferença
: a primeira diferença de uma série temporal Y
t
é Y
t
-
Y
t-1
.
R
2
ajustado: versão modificada do R
2
que não aumenta necessariamente quando um novo
regressor é adicionado à regressão.
R
2
: em uma regressão é uma fração da variância da amostra da variável dependente que é
explicada pelos regressores.
Regressão de variáveis instrumentais (VI): uma forma de obter um estimador consistente dos
coeficientes desconhecidos da função de regressão da população quando o regressor, X está
correlacionado com o termo de erro,
µ.
Regressão do primeiro estágio: regressão de uma variável endógena incluída sobrea as variáveis
exógenas incluídas, se houver, e as variáveis instrumentais nos mínimos quadrados em dois
estágios.
Regressor
: variável que está no lado direito de uma regres
são, independente.
Resíduo
: diferença entre Y
i
e a reta de regressão.
Serialmente não correlacionados: variável de série temporal com todas as autocorrelações
iguais a zero.
Sobreidentificação
: quando o número de variáveis instrumentais é superior ao números de
regressores endógenos incluídos.
Subidentificação
: quando o número de variáveis instrumentais é menor que o número de
regressores endógenos incluídos.
202
Termo de erro
: diferença entre Y e a função de regressão da população,
µ.
Validade externa: as inferência e conclusões de um estudo estatístico são válidas externamente
se puderem ser generalizadas na população e do cenário estudados para outras populações e
cenários.
Validade interna: quando as inferências sobre os efeitos causais em um estudo estatístico são
válidos para a população estudada.
Variância
: valor esperado do quadrado da diferença entre uma variável aleatória e sua média.
Variáveis endógenas
: variável que está correlacionada com o termo erro.
Variáveis exógena
s
: variável que não está correlacionada com o termo erro..
Variável de controle: outro termo para um regressor; mais especificamente, um regressor que
controla um dos fatores que determinam a variável dependente.
Variável
dummy
: variável que é igual a zero ou um, de forma binária. Usa-se para identificar se
a característica existe (valor um ) ou não ( valor 0).
Variável instrumental: uma variável que está correlacionada com um regressor endógeno
(relevância do instrumento), mas não com o erro da regressão (
exogeneidade do instrumento).
Viés
: o valor esperado da diferença entre um estimador e o parâmetro que se está estimando.
Viés de equações simultâneas: quando além da relação causal de interesse de X para Y, existe
uma relação causal de Y para X. A causalidade simultânea faz com que X esteja correlacionado
com o termo de erro na regressão da população de interesse.
Viés de erros nas variáveis: viés em um estimador de um coeficiente de regressão que surge a
partir de erros de medida nos regressores.
Viés de omissão de variáveis: viés em um estimador que surge pelo fato de uma variável que é
determinante de Y e está correlacionada com regressor ter sido omitida da regressão.
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Faculdade
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Tese
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Final
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Dados de
aplicativos
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Microsoft
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Título:
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Assunto
:
Autor:
Denis Forte
Palavras
-
chave:
Comentários:
Data de criação:
28/01/2007 17:16:00
Número de alterações:
9
Última gravação:
29/01/2007 07:47:00
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