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ii
TACIANA GALBA DA SILVA TENÓRIO
ASPECTOS ZOONÓTICOS DA BRUCELOSE BOVINA NO
MUNICÍPIO DE CORRENTES, ESTADO DE PERNAMBUCO,
BRASIL
RECIFE - PE
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
TACIANA GALBA DA SILVA TENÓRIO
ASPECTOS ZOONÓTICOS DA BRUCELOSE BOVINA NO
MUNICÍPIO DE CORRENTES, ESTADO DE PERNAMBUCO,
BRASIL
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência Veterinária do Departamento de Medicina Veterinária
da Universidade Federal Rural de Pernambuco, como requisito
para obtenção do título de Doutor em Ciência Veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Lúcio Esmeraldo Honório de Melo
Co-orientador: Prof. Dr. Rinaldo Aparecido Mota
RECIFE - PE
2007
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Ficha Catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE
CDD 636. 208 969 3
1. Brucelose
2. Bovinos
3. Zoonose
4. Epidemiologia
5. Saúde pública
6. Correntes, PE
I. Melo, Lúcio Esmeraldo Honório de
II. Título
T312a Tenório, Taciana Galba da Silva
Aspectos zoonóticos da brucelose bovina no município
de Correntes, Estado de Pernambuco, Brasil / Taciana Galba
da Silva Tenório. -- 2007.
91 f. : il.
Orientador : Lúcio Esmeraldo Honório de Melo
Tese (Doutorado em Ciência Veterinária) – Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Medicina
Veterinária
Inclui bibliografia
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
ASPECTOS ZOONÓTICOS DA BRUCELOSE BOVINA NO
MUNICÍPIO DE CORRENTES, ESTADO DE PERNAMBUCO,
BRASIL
Tese de Doutorado elaborada e defendida por:
TACIANA GALBA DA SILVA TENÓRIO
Aprovada pela Banca Examinadora:
Orientador: ____________________________________________
Profº. Dr. Lúcio Esmeraldo H. de Melo (UFRPE)
Examinadores: ____________________________________________
Profº. Dr. José Soares Ferreira Neto (FMVZ-USP)
____________________________________________
Prof
o
. Dr. Rinaldo Aparecido Mota (DMV-UFRPE)
____________________________________________
Prof
o
. Dr. Jean Carlos Ramos da Silva (DMV-UFRPE)
____________________________________________
Prof
a
. Dra. Andréa Paiva B. L. de Moura (DMV-UFRPE)
____________________________________________
Prof
o
. Dr. Leonildo Bento Galiza da Silva (DMV-UFRPE)
RECIFE - PE
2007
Aos Meus Pais Nerivaldo (
Nerivaldo (Nerivaldo (
Nerivaldo (in memoriam
in memoriamin memoriam
in memoriam)
))
) e a
Maria Aparecida
Maria AparecidaMaria Aparecida
Maria Aparecida exemplos de vida e dedicação, e grandes
responsáveis por mais esta vitória, por todo seu grande amor
incondicional e carinho, palavras de incentivo e força, e por esta
sempre presente em todos os momentos, contribuindo com os meus
conhecimentos e méritos, e ensinado sempre a trilhar os caminhos
da vida com muita humildade, e nos momentos tristes e difíceis
nunca desistir, tendo sempre muita fé, perseverança e dedicação,
três atores fundamentais para a realização dos nossos objetivos, e
quem sabe um dia adquirir um pouco da sua sabedoria e dignidade
como ser humano.
“Muito Obrigada
Muito ObrigadaMuito Obrigada
Muito Obrigada” a Deus
DeusDeus
Deus por ter colocado na
minha vida essas pessoas tão Maravilhosas
MaravilhosasMaravilhosas
Maravilhosas! Que sem elas nada
disso seria possível!
Amo Vocês!
Amo Vocês!Amo Vocês!
Amo Vocês!
COM AMOR DEDICO.
COM AMOR DEDICO.COM AMOR DEDICO.
COM AMOR DEDICO.
Que Deus não permita que eu perca o ROMANTISMO,
mesmo sabendo que as rosas não falam...
Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo sabendo que o futuro que nos espera pode não ser tão alegre...
Que eu não perca a VONTADE DE VIVER, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...
Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo,
eles acabam indo embora de nossas vidas...
Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de
ver, reconhecer e retribuir, esta ajuda...
Que eu não perca o EQUILÍBRIO, mesmo sabendo que inúmeras
forças querem que eu caia...
Que eu não perca a VONTADE DE AMAR, mesmo sabendo que a
pessoa que eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento
por mim...
Que eu não perca a LUZ E O BRILHO NO OLHAR, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo
escurecerão meus olhos...
Que eu não perca a GARRA, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente
perigosos...
Que eu não perca a RAZÃO, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas...
Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIÇA, mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu...
Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos...
Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos
meus olhos e escorrerão por minha alma...
Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMÍLIA, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria
esforços incríveis para manter a sua harmonia...
Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, mesmo
sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...
Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, mesmo sabendo que o mundo é pequeno...
E acima de tudo...
Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente!
Que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer
coisa, pois...
A Vida é construída nos sonhos e concretizada no AMOR!
AMOR!AMOR!
AMOR!
Francisco Cândido Xavier
AGRADECIMENTOS
A Deus por estar sempre presente em minha vida, e dando força e luz para sempre
continuar, e iluminando os meus caminhos, e por mais difícil que seja a caminhada, nunca
desistir.
Ao Prof. Dr. Lúcio Esmeraldo Honório de Melo pela orientação, amizade,
ensinamentos transmitidos e confiança em mim depositada durante toda a realização do
curso.
Ao Prof. Dr. Rinaldo Aparecido Mota por sua amizade, atenção e contribuições na
realização deste trabalho.
Ao meu irmão Gustavo Tenório e cunhada Rosângela Morais pelo carinho,
constante apoio e torcida, além das contribuições de informática; e a minha sobrinha
Brunna Graziella por todo o seu carinho e luz que irradia.
À minha Tia Ildinha minha segunda mãe e primos Adriana, Juliana, Gustavo e
Augusto, pelo carinho, apoio e por sempre torcerem pelo meu sucesso.
À amiga Débora Rochelly Alves Ferreira, por toda nossa amizade, construída em
todos esses anos de convivência fraterna e seu constante apoio e incentivo dispensados,
principalmente nos momentos difíceis, e assim compartilhando as alegrias e as tristezas.
Ao Cláudio Henrique Clemente Fernandes por sua amizade, carinho,
companheirismo e atenção; a Taciana Ramalho, Silvio Romero e Michele Moreira pela
constante ajuda e apoio compartilhados nos momentos finais e estressantes.
As amigas, Maria do Carmo de Sousa Batista, Lenka Morais Lacerda, Valeska
Shelda Pessoa de Melo, Mônica Amorim da Costa Borba Gati pela amizade construída
durante todo esse período.
A amiga Ruth Rabelo por sua amizade e apoio constante, a Alberto Antônio,
Gláucia Azevedo e Cícero Rodrigo por toda ajuda durante a execução dos trabalhos de
campo.
Aos graduandos de medicina veterinária Luenda e Rodolfo Souto pela amizade e
grande ajuda durante a coleta de material.
A Sra. Maria da Conceição Azevedo (Neda) por todo o seu apoio em contata com
os proprietários para a realização da coleta de material.
Aos colegas da Secretaria Municipal de Saúde das Correntes Kalyna Darce, Lenice
Couto, Nivalda Dias, Ricardo Amaral, Jânio Silva, Antônio Marcos, Ila Carla, Anne
Carine, Juliana, Alba, Diego, Júnior, Adelmário Júnior, e demais, por sempre estarem
disposto a me ajudar, principalmente nos momentos que precisei esta ausente.
A Médica Veterinária e amiga Maria Dulcineide Guilherme da Rocha por sua
amizade, apoio e constante incentivo.
As amigas, Maria Dulce Tenório de Brito Andurand e Maria José Teles Furtado
por sua amizade, apoio e incentivo.
Aos amigos Anne Leila Lins e Sérgio Souto por toda a nossa longa amizade e por
sempre torcerem pelo meu sucesso, e a Marina Lins um amor de criança.
Aos colegas Emerson Mendes, Mauro Melo, Aurenice Vaz, Silvia Saldanha,
Érika Korinfsky, David, Artur, Edney, Felipe pela amizade e momentos que
compartilhamos juntos.
Aos colegas do Laboratório de Doenças Infecciosas, Wilton Júnior, Rodolfo,
Sérgio, Gileno, Renata pelas contribuições durante o processamento das amostras.
Aos Professores Evilda Rodrigues de Lima, Silvana Suely Assis Rabelo, Eneida
Willcox Rêgo, Roberto Soares de Castro, Leucio Câmara Alves, Marcos Antonio de
Oliveira Lemos, Jean Carlos Ramos da Silva, Leonildo Bento Galiza da Silva por suas
contribuições na vida profissional.
A Professora Roseana Tereza Diniz de Moura por sua amizade e contribuições nos
Abstract.
Aos colegas pós-graduação Andréa Paiva, Karen Mascaro, Silvana Medeiros,
Vanda Monteito, Lílian Sabrina, Mauro Melo, Maria da Conceição Lima, Ana Maria
Lima, Marilene Lima, Dimas Bandeira (in memorian), Ernesto Sallas, Geovania
Braga, Gileno Araújo, Whaubtyfram Teixeira, Hamilton Pereira, Ricardo Chioratto
pelos momentos bons e ruins compartilhado durante a realização do curso.
Aos Proprietários pela sua atenção na indicação e contato com os proprietários, a
estes por terem cedido gentilmente os animais para a colheita das amostras.
Às secretárias da pós-graduação Edna Izabel Chérias, Irene Lima e Vera Moura
por sua atenção em sempre me atender.
A Sra. Guiomar Almeida por toda a atenção sempre dispensada durante a realização
deste curso.
À bibliotecária Ana Catarina por sua atenção e empenho na procura e pedido de
artigos.
Aos Animais que sem estes o aprendizado não seria completo.
À CAPES pela concessão do apoio financeiro através da bolsa de doutorado.
Enfim, a TODOS que, mesmo os que não foram lembrados por algum esquecimento,
mas que de uma forma ou de outra contribuíram e colaboraram para a construção,
realização e finalização deste trabalho e assim cumprindo mais esta etapa, o meu MUITO
OBRIGADA!.
LISTA DE ABREVIATURAS
2-ME 2-Mercaptoetanol
AAT Antígeno acidificado tamponado
IC 95% Intervalo de confiança de 95%
LANAGRO Laboratório Nacional Agropecuário
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
mL Mililitro
MS Ministério da Saúde
N Número de ocorrências
OIE Organização Mundial de Saúde Animal
OMS Organização Mundial de Saúde
OR Razão de chances, do inglês odds ratio
P Prevalência
p Probabilidade de ocorrência ao acaso
PCR Reação em cadeia de polimerase
PNCEBT
Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose
PSF Programa de Saúde da Família
SAL Soroaglutinação lenta em tubos
SAS Statistical Analysis System
G Gravidade
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 1 Representação Esquemática dos ensaios sorológicos nas espécies
bovina e humana realizados no município de Correntes, Estado de
Pernambuco, Brasil. Recife – 2007..................................................
20
ENSAIO EXPERIMENTAL II
Figura 1 Mapa do Estado de Pernambuco, destacando o município de
Correntes. Recife -2007..................................................................
80
LISTA DE TABELAS
Pág.
ENSAIO EXPERIMENTAL I
Tabela 1 Distribuição de bovinos portadores de anticorpos anti-B.
abortus, segundo as propriedades estudadas, no município de
Correntes – PE, 2006......................................................................
62
Tabela 2 Prevalência da brucelose bovina, segundo a área de localização
das propriedades do município de Correntes – PE, 2006...............
63
Tabela 3 Distribuição da brucelose bovina nas áreas estudadas, segundo a
soropositividade dos rebanhos, no município de Correntes PE,
2006.................................................................................................
63
Tabela 4 Avaliação da ocorrência de brucelose segundo as variáveis:
número de ordenhas e tipo de ordenha das propriedades
estudadas no município de Correntes – PE, 2006.......................... 64
Tabela 5 Avaliação a ocorrência de brucelose segundo as variáveis:
procedência dos animais, venda animais para reprodução e
destino dos animais das propriedades estudadas no município de
Correntes – PE, 2006......................................................................
65
Tabela 6 Avaliação a ocorrência de brucelose segundo as variáveis: tipo
exploração e tipo de raça, das propriedades estudadas no
município de Correntes – PE, 2006................................................
65
Tabela 7 Avaliação a ocorrência de brucelose segundo a ocorrência de
inseminação artificial das propriedades estudadas no município
de Correntes – PE, 2006................................................................. 66
Tabela 8 Avaliação a ocorrência de brucelose segundo as variáveis
ocorrência de aborto e destino de feto/placenta das propriedades
estudadas no município de Correntes – PE, 2006.......................... 66
Tabela 9 Avaliação da ocorrência de brucelose segundo o exame da
brucelose das propriedades estudadas no município de Correntes
– PE, 2006...................................................................................... 67
Tabela 10 Avaliação a ocorrência de brucelose segundo a utilização de 67
piquetes de parição das propriedades estudadas no município de
Correntes – PE, 2006......................................................................
Tabela 11 Avaliação a ocorrência de brucelose segundo as variáveis: resfria
o leite e entrega de leite a granel das propriedades estudadas no
município de Correntes – PE, 2006................................................
68
Tabela 12 Avaliação de brucelose segundo a ocorrência de assistência
veterinária nas propriedades estudadas no município de
Correntes – PE, 2006......................................................................
68
ENSAIO EXPERIMENTAL II
Tabela 1 Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para
pesquisa de B. abortus, realizado pela técnica do antígeno
acidificado tamponado (AAT) no município de Correntes PE,
2006................................................................................................
82
Tabela 2 Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para
pesquisa de B. abortus, realizado pela técnica de soroaglutinação
lenta em tubos (SAL) no município de Correntes PE,
2006................................................................................................
82
Tabela 3 Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para
pesquisa de B. abortus, realizado pela técnica do 2-
Mercaptoetanol (2-ME) no município de Correntes PE,
2006................................................................................................ 82
Tabela 4 Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para
pesquisa de B. abortus, realizado pela técnica de fixação do
complemento (FC) no município de Correntes PE,
2006................................................................................................ 82
Tabela 5 Freqüência de rebanhos sororreagentes para pesquisa de B.
abortus, realizado pela técnica do antígeno acidificado
tamponado (AAT) no município de Correntes PE,
2006................................................................................................ 83
Tabela 6 Freqüência de bovinos sororreagentes para pesquisa de B.
abortus, realizado pela técnica do antígeno acidificado
tamponado (AAT) no município de Correntes PE,
2006................................................................................................
84
Tabela 7 Distribuição de humanos pesquisados segundo as variáveis:
consumo de leite cru, derivados do leite sem tratamento térmico,
contato com carnes, contato com vacina B19 e uso de luvas, em
propriedades rurais do município de Correntes - PE,
2006................................................................................................ 85
RESUMO
A brucelose é uma antropozoonose cosmopolita, de importância econômica e em saúde
pública, tendo o homem como hospedeiro acidental na cadeia epidemiológica. Diante do
exposto, o objetivo desta pesquisa foi estudar os aspectos epidemiológicos relacionados à
infecção por Brucella abortus em bovinos e humanos, com vistas à caracterização do
caráter zoonótico da brucelose bovina no Município de Correntes, Microrregião de
Garanhuns, Estado de Pernambuco. Ao todo foram examinadas 1.145 amostras séricas para
pesquisa de anticorpos anti-Brucella abortus, sendo 1.089 bovinas e 56 humanas, que
resultaram em 1.437 determinações sorológicas realizadas. As amostras de ambas as
espécies foram examinadas pelo teste do antígeno acidificado tamponado (AAT), sendo as
bovinas soropositivas (74), submetidas ao 2-mercaptoetanol (2-ME), e as humanas (56)
submetidas à soroaglutinação lenta em tubos (SAL) e ao 2-ME. Nos casos de reação ao
SAL e/ou 2-ME, para qualquer título, as amostras humanas foram examinadas pela técnica
de fixação do complemento. Com o intuito de caracterizar os fatores de risco associados
com a infecção em bovinos e entre as espécies bovina e humana, foi aplicado um
questionário em cada propriedade. Ao AAT a soroprevalência foi de 6,8% (74/1.089) para
bovinos e 1,8% (1/56) para humanos. Ao SAL foi observada positividade em 21,4%
(12/56) das amostras humanas, não havendo, entretanto, amostras reagentes ao 2-ME (0% -
0/12). Amostras humanas reagentes ao AAT (1) ou ao SAL (12) apresentaram
negatividade ao FC (0% - 0/12). Dos 28 rebanhos estudados 18 apresentaram pelos menos
um animal positivo, determinando uma prevalência de focos de 64,3% (18/28). Dentre os
fatores de risco analisados, as propriedades que praticavam ordenha manual e possuíam
trânsito de animais apresentaram associação significativa com a brucelose (p>0,05),
contrariamente àquelas que utilizavam ordenha mecânica e não vendiam animais. A
brucelose bovina, apesar dos esforços oficiais, se mantém nos rebanhos leiteiros do
município estudado, e como tal, caracteriza-se como um fator de risco à infecção para
humanos no Município de Correntes, Estado de Pernambuco, Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: brucelose, bovinos, humanos, zoonoses, Correntes, Pernambuco.
ABSTRACT
ZOONOTIC ASPECTS OF BOVINE BRUCELLOSIS IN CORRENTES TOWN,
PERNAMBUCO STATE, BRAZIL.
The brucellosis is a cosmopolitan anthropozoonosis of economical and in public healthy
importance, having the man as accidental host in the epidemiological chain. Front to the
exposed, the objective of this research was to study the epidemiological aspects related to
Brucella abortus infection in bovine and human, aiming the characterization of the
zoonotic character of bovine brucellosis in Correntes town, micro region of Garanhuns,
Pernambuco State. A total of 1.145 serum samples were examined to search for antibody
anti-Brucella abortus, being 1.089 bovines and 56 human, that resulted in 1.437 serum
determinations performed. Samples of both specie were examined by the tamponated
acidified antigen (TAA), being the bovine serum positive (74) submitted to the 2-
mercaptoetanol (2-ME), and the humans (56) submitted to the standard tube - agglutination
(STA) and to the 2-ME. In the cases of reaction to the STA and/or 2-ME, for any title, the
human samples were examined by the complement fixation test (CF). With the objective to
characterize the risk factors associated to the infection in bovine and among the bovine and
human specie, were carried out a questionnaire in each property. To the TAA the serum
prevalence was (74/1.089) for bovine and 1.8% (1/56) for human. To the STA was
observed positivity in 21.4% (12/56) of the human samples, having no, however, reagent
samples to the 2-ME (0% - 0/12). Human samples reagent to TAA (1) or to STA (12)
showed negativity to the FC (0% - 0/12). From the 28 studied herds, 18 showed at least
one positive animal, determining a prevalence of focus of 64.3% (18/28). Among the
analyzed risk factors, the properties that performed the manual milking and had flow of
animals exhibited significant association to the brucellosis (p>0,05), contrary to those that
practiced mechanical milking and did not sell animals. The bovine brucellosis, despite the
official efforts, is characterized as a risk factor to human infection in the town of
Correntes, State of Pernambuco, Brazil.
KEY WORDS: brucellosis, bovine, zoonoses, Correntes, Pernambuco
SUMÁRIO
Pág.
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................
18
2 OBJETIVOS ..............................................................................................
21
2.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 21
2.2 Objetivos Específicos ...............................................................................
21
3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................
22
3.1 Considerações Gerais ................................................................................
22
3.2 Aspectos históricos ...................................................................................
22
3.3 Etiopatogenia ............................................................................................
23
3.4 Aspectos Epidemiológicos ........................................................................
25
3.4.1 Brucelose Humana .................................................................................
25
3.4.2 Brucelose Bovina ...................................................................................
28
3.5 Aspectos Clínicos .....................................................................................
34
3.4.1 Espécie Humana ....................................................................................
34
3.4.2 Espécie Bovina ......................................................................................
35
3.6 Diagnóstico ...............................................................................................
36
3.7 Tratamento ................................................................................................
38
3.8 Controle e Prevenção ................................................................................
38
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................
40
4 ENSAIO EXPERIMENTAL I ..................................................................
55
4.1 SOROPREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À
BRUCELOSE BOVINA NO MUNICÍPIO DE CORRENTES
ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL ............................................
56
4.1.1 Resumo ..................................................................................................
56
4.1.2 Abstract ..................................................................................................
56
4.1.3 Introdução ..............................................................................................
57
4.1.4 Materiais e Métodos .............................................................................. 59
4.1.5 Resultados e Discussão ..........................................................................
61
4.1.5.1 Relacionados à Prevalência da Infecção .............................................
61
4.1.5.2 Relacionados aos Fatores de Risco .....................................................
63
4.1.6 Conclusão .............................................................................................. 68
4.1.7 Referências Bibliográficas .....................................................................
69
5 ENSAIO EXPERIMENTAL II ................................................................
75
5.1 PERCEPÇÃO DA BRUCELOSE BOVINA COMO UM FATOR
DE RISCO À BRUCELOSE HUMANA NO MUNICÍPIO DE
CORRENTES, ESTADO DE PERNAMBUCO,
BRASIL....................................................................................................
76
5.1.1 Resumo ..................................................................................................
76
5.1.2 Abstract ..................................................................................................
77
5.1.3 Introdução ..............................................................................................
78
5.1.4 Materiais e Métodos .............................................................................. 80
5.1.5 Resultados e Discussão ..........................................................................
82
5.1.6 Conclusão .............................................................................................. 85
5.1.7 Referências Bibliográficas .....................................................................
86
6 CONCLUSÕES ..........................................................................................
91
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
18
1 INTRODUÇÃO
A brucelose bovina é combatida oficialmente no país por meio de ações sanitárias
contidas no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose
PNCEBT, instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
(BRASIL, 2004), concebido com o propósito fundamental de baixar a prevalência e a
incidência da brucelose, e da tuberculose nas espécies bovina e bubalina.
Fundamentalmente, a brucelose é uma antropozoonose, isto é, embora o seu agente
etiológico seja mantido na natureza pelos animais é transmissível a humanos (CORRÊA;
CORRÊA, 1992; ACHA; SZIFRES, 2001; RADOSTITS, 2002).
A saúde animal e a humana, portanto, estão intrinsecamente ligadas, sendo a
brucelose de grande importância econômica e em saúde pública, que ocorre em todo o
mundo, especialmente em países do Mediterrâneo e Golfo Pérsico, Índia e Américas
(Norte, Central e do Sul) (MOREIRA; QUEIRÓS, 2003; PAPPAS et al., 2006).
Embora a susceptibilidade do homem ao agente etiológico seja inquestionável,
revestindo-se a doença como um problema mundial de saúde pública, sua incidência ainda
é relativamente pouco conhecida, provavelmente devido à subnotificação de casos
(LISGARIS, 2000; OMS, 2001; HINRICHSEN, 2005; PAPPAS et al., 2006).
Nesse sentido, a atualização de conhecimentos sobre a dinâmica da infecção nos
animais e a possibilidade, assim como as implicações, de sua conexão clínico-
epidemiológica com a espécie humana são componentes básicos para qualquer plano de
ação que vise o controle estratégico dessa silenciosa, mas insidiosa, doença em nosso país.
Com essa compreensão e com base na literatura compulsada, que inclui a infecção
por Brucella abortus (bovinos), e também a Brucella melitensis (caprinos), devida sua
maior patogenicidade, como principal elo da conexão clínico-epidemiológica entre animais
e humanos (SOBERÓN-MOBARAK et al., 2000; OCHOLI et al., 2004), deu-se ênfase a
realização de dois ensaios soroepidemiológicos concomitantes (Figura 1): o ensaio
experimental I, relacionado ao estabelecimento da magnitude da infecção em um conjunto
de rebanhos bovinos; e o ensaio experimental II, um rastreamento de pessoas que, por
conviverem no mesmo ambiente agropecuário, em meio a potenciais fatores de risco da
infecção, pudesse apresentar anticorpos séricos anti-Brucella abortus.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
19
Desta forma, m-se a expectativa de que este estudo sirva de alerta às autoridades
em saúde pública e que contribua para a caracterização do caráter zoonótico da brucelose
bovina.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
20
Figura 1 Representação Esquemática dos ensaios sorológicos nas espécies bovina e
humana realizados no município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil. Recife – 2007.
Aspectos Zoonóticos da Brucelose
Bovina no Município de
Correntes, Estado de
Pernambuco, Brasil.
Introdução
ENSAIO EXPERIMENTAL II:
Percepção da Brucelose Bovina
como um Fator de Risco à
Brucelose Humana no
Município
de Correntes Estado
de Pernambuco, Brasil.
ENSAIO EXPERIMENTAL I:
Soroprevalência e Fatores de
Risco associados à Brucelose
Bovina no Município de
Correntes Estado de
Pernambuco, Brasil.
Conclusões
Objetivos
Revisão de Literatura
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
21
2 OBJETIVO GERAL
Estudar aspectos epidemiológicos relacionados à infecção por Brucella abortus em
bovinos e humanos, com vistas à caracterização do caráter zoonótico da brucelose bovina
no Município de Correntes, Microrregião de Garanhuns, Estado de Pernambuco, Brasil.
2.1 Objetivos específicos
Detectar anticorpos e estimar a soroprevalência da infecção pela B. abortus em
rebanhos bovinos criados no município de Correntes-PE;
Investigar a presença de anticorpos anti-B. abortus em grupos ocupacionais que
conviviam no ambiente agropecuário estudado;
Identificar potenciais fatores de risco da infecção associados à infecção por B.
abortus em bovinos e em humanos nas propriedades estudadas.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
22
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Considerações Gerais
A brucelose é uma antropozoonose, isto é, o seu agente etiológico embora mantido na
natureza pelos animais é transmissível a humanos, demonstrando que a saúde animal e a
humana estão intrinsecamente ligadas (ACHA; SZIFES, 2001; MOREIRA; QUEIRÓS,
2003; THRUSFIELD, 2004; PAPPAS et al., 2006).
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) classifica a brucelose como uma
doença transmissível de importância socioeconômica e/ou de saúde pública e
conseqüências significativas no comércio internacional de animais e seus produtos
(OFFICE INTERNACIONAL DE EPIZONTIES, 2005), estando distribuída
mundialmente, na população animal e humana, principalmente nos países em
desenvolvimento, que geralmente não implementaram ou falharam nos programas de
erradicação (CORBEL, 1997; RADOSTITS, 2002).
Enquanto que a Brucelose Bovina é combatida oficialmente no país por meio de
ações sanitárias contidas no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose PNCEBT, instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento MAPA (BRASIL, 2004), a doença em humanos não se encontra entre
aquelas de notificação obrigatória, conforme legislação pertinente estabelecidas pelo
Ministério da Saúde (BRASIL, 2006).
3.2 Aspectos históricos
Historicamente, a brucelose teve sua gênese elucidada em 1886, na Ilha de Malta,
pelo pesquisador David Bruce ao isolar o Micrococos melitensis a partir do baço de
soldados ingleses acometidos pela chamada febre de Malta, estes que se alimentavam com
leite de cabras (NICOLETTI, 2002).
A descrição de uma doença com características similares a brucelose no homem foi
relatada por Hipócrates por volta de 450 a.C. Em 1895, o professor Benhard Bang,
patologista veterinário dinamarquês, descreveu um novo agente em bovinos, denominado
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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de Bacillus abortus. Posteriormente, por volta de 1920, Mayer e Shaw sugeriram a criação
do gênero Brucella, em homenagem a David Bruce, recebendo o microrganismo então o
nome de Brucella abortus. (GUERREIRO, 1984; FERREIRA NETTO, 1998;
NICOLETTI, 2002).
Um aspecto histórico relevante, relacionado à epidemiologia da doença, ocorreu em
1905, quando uma comissão constituída para combater a então febre mediterrânea que
acometia soldados ingleses sugeriu que as cabras desempenhavam papel importante na
cadeia de transmissão da doença. Em decorrência disso, em 1906, a Marinha Real
Britânica resolveu o problema retirando o leite da alimentação dos soldados, que
apresentavam febre e reumatismo. Mas, somente a partir da década de 30 houve o
reconhecimento do papel zoonótico da brucelose, fato que desencadeou a implantação em
alguns países de programas de controle (BEER, 1988; NICOLETTI, 2002).
3.3 Etiopatogenia
É causada por microrganismos do gênero Brucella, constituído por seis espécies:
Brucella melitensis, B. suis, B. ovis, B. canis, B. neotomae e B. abortus, sendo esta quase
sempre a responsável por infecções nos bovinos, associadas freqüentemente a problemas
reprodutivos (CORRÊA; CORRÊA, 1992; REBHUM, 2000; ACHA; SZIFRES, 2001;
RADOSTITS, 2002).
Atualmente, uma nova espécie de Brucella foi isolada de carcaças de mamíferos
marinhos (ROSS et al., 1994), sendo relatada por Corbel (1997) a infecção acidental em
humanos por esta nova espécie. Miller et al. (1999) descreveram seu o isolamento em feto
de golfinho e a sua transmissão para outros cetáceos em um mesmo recinto, com isto
atualmente, estão sendo propostas duas novas espécies B. cetaceae e B. pinnipediae
(CLOECKAER et al., 2003; VIZCAÍNO et al., 2004).
Dentre as espécies de Brucella, a B. melitensis tem sido considerada a mais
patogênica para o homem, embora alguns autores demonstrem que a B. suis produza
doença com intensidade semelhante (SOBERÓN-MOBARAK et al., 2000; OCHOLI et al.,
2004). Porém, as espécies de B. abortus e B. canis são reconhecidas como patogênicas para
humanos (YOUNG, 1995). Pode afetar grupos profissionais específicos, ocupa um lugar de
destaque em saúde ocupacional. Estão incluídos nestes grupos os médicos veterinários,
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
24
funcionários de frigoríficos e de granjas leiteiras, além de pessoas que trabalham em
laboratórios que manipulem materiais contaminados com este microrganismo (SALGADO
et al., 1995; METIN et al., 2001; POESTER et al., 2002).
As Brucellas são bactérias Gram-negativas, com formato de cocobacilos pequenos,
bastante resistentes quando em produtos de origem animal e em determinados ambientes,
sobrevivendo por períodos prolongados sob circunstâncias favoráveis, como umidade,
abrigo da luz solar e pH neutro (BIER, 1984; GRASSO; CARDOSO, 1998; REBHUM,
2000; HIRSH; ZEE, 2003).
Do ponto de vista de sua patogenia, a transmissão da infecção dos bovinos para
humanos se através da ingestão de produtos lácteos e cárneos contaminados, contato
direto de abrasões da pele com tecidos de animais contaminados e por via respiratória pela
inalação de aerossóis. As brucélas penetram no organismo do hospedeiro pelas mucosas do
trato digestório, sendo esta uma das portas de entrada mais importante no seu modo de
transmissão, seguidos por outras portas com menor destaque como a genital, nasal,
conjuntival ou por soluções de continuidade da pele, e em seguida as brucélas são
fagocitadas pelos neutrófilos e macrófagos, podendo ser destruídas, as que sobrevivem
multiplicam-se no interior destas células provocam bacteremia e invadem as células do
sistema reticuloendotelial dos linfonodos, baço, fígado, medula óssea e outros órgãos,
formando nódulos granulomatosos que podem evoluir para abscessos (CORRÊA;
CORRÊA, 1992; FERRAZ, 1999; HIRSH; ZEE, 2003; DOGANAY; AYGEN, 2003;
FRANZOLIN, 2005).
A localização intracitoplasmática da Brucella sp nas células do hospedeiro
contribui para o caráter crônico da doença. A sobrevivência no interior dos macrófagos
permite que a bactéria escape de mecanismos extracelulares de defesa do hospedeiro, como
complemento e anticorpos (FERRAZ, 1999; HIRSH; ZEE, 2003). Determinados fatores
como a gestação e desenvolvimento sexual podem tornar susceptíveis as fêmeas bovinas,
visto que a imaturidade sexual constitui fator de resistência a B. abortus (NICOLETTI,
1998).
Na espécie humana, é caracterizada pela produção inicial de anticorpos IgM e
produção de IgG e IgA durante a segunda semana da infecção. Posteriormente, os títulos
de IgM diminuem mesmo na doença não tratada, podendo, no entanto, manter títulos
significativos durante muitos anos (GAZAPO, 1989). Ao contrario da IgM, os títulos de
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
25
IgG, e em menor grau, de IgA podem persistir elevados durante muito tempo, por até 2 a 3
anos. A cura afere-se pela diminuição progressiva dos anticorpos da classe IgG, na recaída
há aumento destes, sem alteração apreciável das IgM (GAZAPO, 1989, ARIZA, 1992).
A infecção por Brucella sp induz nos animais susceptíveis uma resposta imune de
natureza humoral e celular, caracterizada pela presença de IgM, que atinge picos elevados
duas semanas pós-infecção; posteriormente há formação de IgG, que atinge altos níveis em
um a dois meses, tornando-se os principais anticorpos detectáveis (AGOTTANI;
GONÇALVES, 1994; RIBEIRO et al., 1997; MOLNAR et al., 1997).
3.4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
3.4.1 Brucelose Humana
Designações como febre ondulante, febre de Malta, febre do mediterrâneo, doença
das mil faces ou melitococia referem-se à brucelose, uma antropozoonose de caráter
ocupacional, cujos indivíduos mais expostos são os que trabalham diretamente com os
animais infectados ou manipulam produtos e/ou materiais de origem animal (COSTA,
2001; DOGANAY; AYGEN, 2003; BRASIL, 2006).
Depreende-se, pois, que a saúde humana e a saúde animal estão intrinsecamente
ligadas, sendo a brucelose de grande importância econômica e em saúde pública,
ocorrendo em todo o mundo, especialmente em países do Mediterrâneo e Golfo Pérsico,
Índia e Américas (Norte, Central e do Sul) (MOREIRA; QUEIRÓS, 2003; PAPPAS et al.,
2006).
Por outro lado, a incidência da doença na espécie humana é pouco conhecida
(CORBELL, 1997). Adicionalmente, a susceptibilidade do homem ao agente etiológico
tem relevante importância, estimando-se, segundo a Organização Mundial de Saúde
OMS, que a cada ano surgem 500 mil novos casos de brucelose humana, afetando
principalmente pessoas envolvidas com a bovinocultura (LISGARIS, 2000; OMS, 2001;
HINRICHSEN, 2005; PAPPAS et al., 2006). Por isso, continua sendo um problema
mundial de saúde pública, com cerca de 500.000 casos de infecção ao ano. É de grande
importância ressaltar que os casos de brucelose humana são subnotificados, com a
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
26
estimativa de que pelo menos 25 deles não sejam reconhecidos para cada caso
diagnosticado (KONEMAN, 1997).
A freqüência de casos de brucelose humana tem sido maior entre indivíduos do
sexo masculino, na proporção de cinco casos em homens para um caso em mulheres, o que
pode ser explicado pela sua maior exposição em matadouros e açougues. Quanto à idade,
existe uma predominância em adultos, entre 20 e 50 anos, possivelmente devido a grupo de
trabalho em idade produtiva, sendo excepcionalmente observada na infância
(VASCONCELLOS et al., 1987; BIGLER et al., 1997; AYGEN et al., 2002). A doença
apresenta alta morbidade e baixa mortalidade (ACHA; SZIFRES, 2001).
A doença atinge a população humana em muitos países, principalmente em
desenvolvimento, incluindo os do Oriente Médio, América Central e do Sul, onde a doença
é considerada endêmica (NIMRI, 2003, DOGANAY; AYGEN, 2003).
Os dados sobre a prevalência da doença na população humana de diversos países são
muito variados, sendo a espécie de B. abortus considerada a mais freqüente nos Estados
Unidos e Norte da Europa. Em algumas áreas, como Arábia Saudita, Peru e Kwait
possuem alta endemicidade, sendo reemergente nas cidades de Malta e Orman (MENISH
et al., 2000; MENISH, 2001; DOGANAY; AYGEN, 2003). A brucelose humana é
endêmica em vários países do Mediterrâneo, Oriente Médio, Ásia, África e América do
Sul, e alguns países da Europa como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e França (MAURIN,
2005).
Na Europa, a doença é registrada na Itália, Portugal e Espanha. Na Itália, Fiori et al.
(2000) relataram um surto agudo, de natureza acidental, de brucelose por Brucella abortus
biotipo um em 12 laboratoristas (31%), pela quebra de um tubo de centrífuga contendo
microorganismos vivos, com posterior disseminação das bactérias por aerossóis. Em
Portugal, Moreira; Queirós (2003) efetuaram um estudo de rastreamento de anticorpos
anti-Brucella, utilizando um ensaio imunoenzimático em uma população de 1966 doadores
de sangue, onde a prevalência encontrada foi de 0,356%. Feliciano; Catarino (1996)
realizaram um estudo em Portugal com o objetivo de conhecer a distribuição da Brucelose
Humana, observando uma elevada incidência, com cerca de 1000 casos por ano, sendo um
persistente problema de saúde pública neste país. Bouza et al. (2005) realizaram um estudo
retrospectivo em 1.240 indivíduos que trabalhavam em laboratórios de microbiologia na
Espanha, onde 75 deles (43 microbiologistas e 32 técnicos) tinham sofrido de brucelose
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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adquirida em laboratórios. Na Turquia, Cetinkaya et al. (2005), utilizando o teste do
antígeno acidificado tamponado, estimaram em 3,4% a soroprevalência em 1850 pessoas.
Nga et al. (2005) determinaram a presença de brucelose entre 406 pacientes com
doença febril aguda em Binh província de Thuan, Vietnã, com uma prevalência de 14,8%
examinados pelo teste do antígeno acidificado tamponado.
No Continente Africano, Kubuafor et al. (2000) investigaram a presença de
anticorpos anti-B. abortus em amostras humanas e bovinas. Em grupos de risco do distrito
de Akwapim-Sul, Gana, África, usando o antígeno acidificado tamponado, não encontrou
nenhuma amostra soropositiva. Entretanto, o exame de 183 amostras bovinas revelou
prevalência de 6,6%, havendo associação significante entre anticorpos contra Brucella e
histórico de abortos e retenção de placenta.
No Brasil, as informações são escassas, mas, estudos soroepidemiológicos
realizados dão conta da ocorrência da brucelose humana em diversas partes do país e em
diferentes grupos ocupacionais, como fazendeiros, vaqueiros, veterinários, estudantes de
medicina veterinária e funcionários de matadouro, constando, ainda, em alguns estudos
avaliações sobre os fatores de risco envolvidos.
Na Região Norte, Lopes (1999) realizou uma avaliação soro-epidemiológica para
brucelose em animais e humanos de alguns municípios do Estado do Pará, encontrando
32% (16/50) de pessoas, que contatavam com bovinos, sororreagentes ao ELISA.
Na Região Centro-Oeste, Umaki et al. (2006) realizaram um levantamento
sorológico na Aldeia Merúri, município de General Carneiro-MT, onde detectou 2,6%
(2/77) de indivíduos positivos para a pesquisa de anticorpos anti-B. abortus. Em um outro
estudo, SCHEIN (2006) avaliou os fatores de risco associados à ocorrência de brucelose
em 2,9% (5/189) de trabalhadores rurais do município de Araputanga – MT.
Na Região Sul, Garcia e Navarro (2001) ao avaliar sorologicamente, pela técnica de
soroaglutinação lenta em tubos, 115 pacientes da área rural do município de Guaraci,
Estado do Paraná, não encontrou nenhuma amostra sororpositiva Ainda neste Estado,
Gonçalves et al. (2006) observaram 0,66% (1/150) de indivíduos positivos para brucelose
em um frigorífico, utilizando as técnicas do antígeno acidificado tamponado e 2-
mercaptoetanol.
Na Região Sudeste, Vasconcelos (2003) realizou um estudo para conhecer o perfil
sorológico de estudantes, residentes e pós-graduandos de medicina veterinária, incluindo a
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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pesquisa de anticorpos anti-B. abortus, não identificando nenhuma amostra reagente na
população estudada, sendo utilizado o teste do antígeno acidificado tamponado como
triagem, e confirmados pelo 2-mercaptoetanol.
Na Região Nordeste, Lacerda et al. (2000) observaram 10,17% (6/59) de magarefes
em dois matadouros do município de São Luis MA. Em Pernambuco, no município de
Garanhuns, Mendonça (1997) encontrou 2,99% de indivíduos positivos, utilizando a
técnica do antígeno acidificado tamponado para pesquisa de B. abortus de vários grupos
ocupacionais, dentre eles trabalhadores de mercado de carne, pecuaristas, tratadores de
animais e estudantes de medicina veterinária.
3.4.2 Brucelose Bovina
O reconhecimento da dimensão da infecção nas criações de bovinos, pela
estimativa de sua prevalência, e a identificação dos fatores de risco associados são aspectos
fundamentais no estudo clínico-epidemiológico da brucelose nos bovinos.
A brucelose apresenta-se distribuída mundialmente sendo de maior importância
econômica nos países em desenvolvimento, especialmente aqueles que não implementaram
programas de erradicação (CORBEL, 1997; RADOSTITS, 2002).
A ampla disseminação da brucelose ocorre por duas razões principais. A primeira é
relacionada a uma característica da B. abortus, que pode permanecer no corpo do animal,
aparentemente sem causar dano maior. Esta circunstância faz com que a doença se
propague nos países pela compra e venda de animais infectados, mas aparentemente
sadios; a segunda razão se prende ao fato de que os países europeus no inicio do século XX
se tornaram grandes exportadores de bovinos selecionados para a produção de leite e
carne, dentre os quais se encontravam também animais portadores de B. abortus
(LANGENEGGER, 1995).
Diversos países da Europa e no Japão alcançaram considerável progresso no
combate à doença com programas sistemáticos de erradicação. Entretanto, outros países
como os Estados Unidos, devido a vigilância epidemiológica da doença, esta se mantém
bem controlada, e na França, devido a unificação da Europa na década de 50, uma
condiçao de homogeneização das condições sanitárias, entretanto, embora a doença
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
29
mantenha-se controlada, constitui risco aos profissionais da área médico-veterinária
(MOLNAR et al., 1997; CORBEL, 1997; REBHUM, 2000).
Blood e Radostits (1991) consideram que a movimentação desordenada de bovinos
em rebanhos ou áreas livres de brucelose é uma das causas dos fracassos em um programa
de erradicação. A prevalência da infecção varia consideravelmente entre os rebanhos, as
regiões e os países, sendo maior em rebanhos em que existem compras para reposição do
plantel do que naqueles em que o sistema de criação é fechado (NICOLETTI, 1998 e
RADOSTITS, 2002).
A brucelose bovina está praticamente erradicada em vários países dos continentes
Europeu, Americano e Oceania, no entanto, no resto do mundo, as taxas de prevalência são
muito variáveis, dependendo dos países e das diferentes regiões de um país, todavia, é
observada uma maior freqüência nos rebanhos leiteiros (ACHA; SZIFRES, 2001).
No Continente Asiático, Barman et al. (1989), na Índia, investigaram a ocorrência
da brucelose em rebanhos leiteiros com histórico de aborto, retenção de placenta, mastites,
inchaço nas articulações e repetição de cio, de 129 bovinos examinados houve 49,0 % de
reatores ao teste de soroaglutinação em tubos.
No Continente Africano, Egito, Abdel-Hafeez (1997) investigou a brucelose em
8.774 bovinos; as amostras foram testadas como triagem pelo antígeno acidificado em
placa e os casos positivos foram confirmados usando-se o teste de aglutinação em tubos. A
positividade observada foi de 0,87% com o antígeno acidificado e de 0,60 % pela
soroaglutinação em tubo. El-Gohary e Hattab (1992), neste mesmo país, pelos testes de
Rosa Bengala e soroaglutinação sérica em tubo, encontraram, respectivamente, 8,9 e 6,4%,
de reagentes positivos dentre 78 bovinos examinados. No Sudão, Agab (1997), ao estudar
sinais clínicos associados à brucelose em bovinos, ovinos, caprinos, eqüinos e dromedários
examinados em clínicas veterinárias, encontraram a freqüência de 13,3 % sororreagentes
ao teste de Rosa bengala em placa, em 916 amostras séricas. Na Nigéria, Ajogi et al.
(1996) investigaram a brucelose bovina empregando os testes de Rosa Bengala e
soroaglutinação em placa, e observaram respectivamente 16,2% e 13,3% de reatores
positivos em 267 animais examinados. Na Tanzânia, Jiwa et al. (1996) investigaram a
brucelose Bovina pelo teste de aglutinação sérica; de um total de 13.078 bovinos
examinados houve 10,8% de reatores positivos. Rahman et al. (1996) investigaram a
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
30
brucelose em 108 bovinos e encontraram pelo teste de soroaglutinação em tubos 11,1%
(5/45) e 14,3% (9/63) em duas regiões estudadas.
Na América Central, Estado de Guerrero, México, Salgado-G et al. (1995)
estudaram a brucelose em 323 bovinos e encontram 16,72% e 17,0% de positividade nos
testes de Rosa Bengala e soroaglutinação em tubo, respectivamente.
Na América do Sul, Balcarce, Argentina, Spath et al. (1997) realizaram um estudo
de soroprevalência de Brucelose bovina em 1.425 amostras séricas de vacas com mais de
três anos de idade distribuídas em 95 rebanhos, sendo 15 por rebanho. Foram utilizados os
testes do antígeno em placa, mercaptoetanol e soroaglutinação em tubos. A prevalência
média foi de 7,3%, com 45% dos rebanhos sororreagentes e 50% dos animais positivos
foram encontrados em somente 8,4% dos estudos soroepidemiológicos.
No Brasil, os levantamentos soroepidemiológicos realizados por diversos
pesquisadores demonstraram que a brucelose encontra-se presente nos rebanhos bovinos
brasileiros, com prevalências variáveis entre os Estados e regiões.
Na região Sul, devido a forte sugestão de baixas freqüências, podem existir estados
ou mesmo regiões homogêneas dentro dos estados que poderiam implementar diretamente
programas de erradicação, naturalmente após a confirmação dessa expectativa através da
realização de estudos de freqüência bem planejados (PAULIN; FERREIRA NETO, 2002).
No Estado do Paraná, Hiroki et al. (2002) avaliaram a ocorrência de B. abortus em
6.928 amostras séricas de bovinos adultos provenientes de 114 propriedades leiteiras da
região noroeste e identificaram 1,38% de anticorpos anti-B. abortus pela técnica do
antígeno acidificado tamponado. Polleto et al., (2004) realizaram um levantamento sobre a
prevalência da brucelose bovina e outras doenças infectocontagiosas no município de
Passo Fundo RS foram avaliados 2119 bovinos de 156 propriedades, distribuídas em 22
localidades, e obteve-se 1,22% de animais portadores de anticorpos contra B. abortus em 3
propriedades. Palmquist (2001) verificou a ocorrência de brucelose bovina em índices
relativamente altos, particularmente nas regiões norte e leste do estado, com 7,9% (63/797)
de animais positivos criados nos municípios de Curitiba e Castro, destacando-se esse
último com uma prevalência de 29,92% (41/137) do gado leiteiro criado de forma semi-
intensiva.
Na Região Sudeste, Samara et al. (1996), estudaram a situação sanitária da
Brucelose na pecuária leiteira da região do município de Pitangueiras, Estado de São
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
31
Paulo, as freqüências de animais sororreagentes a prova de soroaglutinação rápida nos anos
de 1990 a 1993 foram de 6,2 %, 13,8 %, 18,7% e 16,8 %, respectivamente, confirmando os
casos suspeitos e positivos pela prova de soroaglutinação lenta. Melo et al. (2000)
avaliaram o papel clínico-epidemiológico da brucelose na ocorrência de repetições de cio e
abortamentos em vacas de rebanhos com baixa produtividade, em 806 vacas de 22
rebanhos, distribuídos em Municípios do Estado de São Paulo foram examinados pela
técnica de soroaglutinação pida em placa e lenta em tubos apresentando uma freqüência
de 31,8% (7/22) nos rebanhos analisados. A prevalência total de vacas que reagiram para
Brucelose foi de 2,9% (26/801), variando de 0 % (0/79) a 22,6% (7/31).
Ainda no Estado de São Paulo, Linares et al. (2002), avaliaram a ocorrência de
aglutininas anti-Brucella em amostras séricas de 1676 bovinos provenientes da região
oeste do Estado de São Paulo, observaram 28,64 % de sororreagentes a prova de
soroaglutinação pida e 15,09 % a prova de soroaglutinação lenta. Pompei et al. (2002),
ao realizarem o levantamento soro-epidemiológico da brucelose bovina no Estado de São
Paulo, determinaram à positividade de 1,63 % nas provas de rosa bengala, 2-
mercaptoetanol e fixação de complemento. Murakami et al. (2002) encontram a
positividade de 3,15 % para brucelose em 1459 bovinos de 132 rebanhos dos municípios
de Altinópolis e Santo Antônio da Alegria, Estado de São Paulo, o antígeno empregado foi
o acidificado tamponado. Batista et al. (2002) avaliaram a ocorrência da Brucelose nas
regiões norte/noroeste fluminense, no período de 1995 a 2002, observaram uma variação
de 5,03 % a 85,0 % de positividade nas provas de soroaglutinação rápida e antígeno
acidificado tamponado. Kuroda et al. (2004) investigaram a prevalência da brucelose
bovina em rebanhos da microrregião da Serra de Botucatu, Estado de São Paulo com 3,6%
de animais reagentes e 42,7% dos rebanhos com pelos menos algum animal positivo.
No Estado de Minas Gerais, Ribeiro et al. (2002) ao testarem 472 amostras séricas
de bovinos na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba nos anos de 1998 e 1999,
encontraram 10,7 % de positividade para a brucelose. Seixas e Ribeiro (2002), ao
analisarem a prevalência da Brucelose em 201 amostras séricas de bovinos, provenientes
de propriedades rurais do Triângulo Mineiro, no período de julho a novembro de 1999,
observaram 15,90% de positividade pelo método de soroaglutinação rápida, e Konrad et
al. (2002) encontraram 0,53 % de animais sororeagentes para brucelose, através da técnica
do antígeno acidificado tamponado e confirmado pelo 2-Mercaptoetanol, em 1304
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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amostras séricas de fêmeas bovinas com e sem problemas reprodutivos, de 15 propriedades
do Estado de Minas Gerais.
Na Região Norte, Lopes (1999) verificou em alguns municípios do estado do Pará
28,76% (559/1943) de bovinos positivos para brucelose, utilizando a técnica de ELISA
indireto.
Na Região Centro-oeste, Maestrelo e Ribeiro (2002) estudaram a brucelose em 122
animais, no Distrito Federal, e o observaram nenhuma reação positiva ao teste de
soroaglutinação rápida. No município de Araputanga MT, Schein (2006) realizou um
estudo epidemiológico em 37 rebanhos bovinos de leite, totalizando 740 amostras, dentre
as quais 37 foram positivas através da prova do 2-mercaptoetanol.
Na Região Nordeste, no Estado de Alagoas, Nunes (2001) investigaram a presença
de anticorpos anti-Brucella em 700 amostras séricas de fêmeas bovinas, na microrregião de
Batalha, Estado de Alagoas, e encontrou 8,93 % de animais positivos ao antígeno
acidificado tamponado e 7,15 % para a soroaglutinação lenta e 2-mercaptoetanol. Nunes et
al. (2002a) no período de outubro a dezembro de 2000, verificaram a ocorrência da
brucelose em 329 animais de rebanhos bovinos leiteiros no município de Major Izidoro,
Estado de Alagoas, e encontraram o 3,04 % de positividade na prova de soroaglutinação
rápida, 9,12 % na prova do antígeno acidificado tamponado e 5,77 % no do 2-
mercaptoetanol. Nunes et al. (2002b), em levantamento sorológico da brucelose bovina no
município de Batalha AL examinaram em 219 animais e encontrara 6,85 %, 10,05 % e
10,50 %, de positividade, respectivamente aos testes de soroaglutinação rápida, do
antígeno acidificado tamponado e do 2-mercaptoetanol.
No município de Riachuelo, Estado do Rio Grande do Norte foi observado 22,88 %
(108/472) de animais reagentes a soroaglutinação rápida e 4,87 % (23/108) confirmados
pela prova de soroaglutinação lenta aplicada a brucelose (SOUZA et al., 1999), e no
Estado da Paraíba, Alves et al. (1991) investigando a situação da brucelose bovina em
Patos PB encontraram 0,4 % de animais positivos ao teste de soroaglutinação rápida
aplicada à brucelose em 1.275 animais examinados. Leite et al. (2003) realizaram um
estudo para a determinação da prevalência sorológica de brucelose bovina no Estado da
Paraíba em 18 municípios dos quais oito (44,44%) foram observados animais
sororreagentes a B. abortus em um total de 2.343 animais examinados e que a brucelose
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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encontra-se amplamente disseminada no estado embora com uma baixa prevalência
animal.
No Estado de Pernambuco, Almeida et al. (2000) verificaram a presença de
anticorpos anti-Brucella no município de Sanharó – PE, em 150 fêmeas bovinas, utilizando
a técnica de soroaglutinação pida, e observaram 19,3 % de animais sororreagentes. Silva
et al. (2000) examinaram 97 bovinos leiteiros no município de Gravatá PE, e
encontraram 2,06 % de positividade nos testes de soroaglutinação rápida em placa e com o
antígeno acidificado tamponado, e Silva (2003), também no neste município observou
2,9% de bovinos positivos para brucelose em 472 amostras analisadas, confirmadas pelo 2-
ME. Tenório et al., (2005) realizaram um estudo em de 16 rebanhos leiteiros de diversas
regiões de Pernambuco, totalizando 600 amostras de soro sanguíneo, apresentando um
percentual de 4,2% dos animais portadores de anticorpos anti-B. abortus.
A manutenção da brucelose bovina nos rebanhos brasileiros, conforme os diversos
ensaios soroepidemiológicos retromencionados, tem exigido do governo federal esforços
para combater a doença. Desta forma, em 1976, o então Ministério da Agricultura instituiu
a portaria nº23 contendo medidas regulamentadoras para a profilaxia da brucelose animal,
prevendo a notificação de focos, sugeria a eliminação dos positivos e a vacinação de
fêmeas entre três a oito meses de idade. No entanto, verificando a ineficácia das medidas
até então adotadas, somente em janeiro de 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), lançou o Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e Tuberculose - PNCEBT (BRASIL, 2001; PAULIN; FERREIRA NETO,
2002).
Desde a instituição do PNCEBT, 13 Estados foram envolvidos no estudo de
prevalência da brucelose bovina. Até julho de 2005, os Estados de Santa Catarina
(SIKUSAWA, 2004), Paraná (DIAS, 2003), São Paulo (DIAS, 2004), Goiás (ROCHA,
2003), Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia, Sergipe, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul, além do Distrito Federal, já haviam finalizado as atividades de campo e os
estudos de prevalência; no Estado da Bahia, as atividades de campo haviam sido
finalizadas e a compilação dos dados estava em andamento; nos Estados do Maranhão e
Pará, a amostra foi delineada e estabelecidos os preparativos para o início das atividades de
campo (AZEVEDO, 2006).
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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Em Santa Catarina (SIKUSAWA, 2004), verificou a situação epidemiológica da
brucelose em 1579 propriedades, totalizando 7.756 animais avaliados. O Estado foi
subdividido em cinco áreas, obtendo uma prevalência de focos e de animais soropositivos
de 0,02% e 0,06%, respectivamente. A maioria das propriedades das cinco áreas possuíam
criação extensiva e bovinos mestiços, utilizava ordenha manual e não utilizava
inseminação artificial.
No Estado de São Paulo, município de Pirassununga, Homem (2003), em um
estudo transversal, observou positividade em 18,6% dos rebanhos, sendo a prevalência da
brucelose estimada em 2,1%. Dentre os fatores de risco analisados, a presença de capivaras
(Hydrochaerus hydrochaeris) nas propriedades foi associado à ocorrência de brucelose.
Ainda no Estado de São Paulo, Dias (2004), ao estratificá-lo em sete circuitos
produtores de bovinos, selecionou 150 rebanhos de cada circuito, aplicou um questionário
epidemiológico e colheu 10 ou 15 amostras ricas de vacas de cada rebanho. Das 1.075
propriedades, 8.761 amostras séricas foram colhidas e examinadas pelo teste do antígeno
acidificado tamponado, como método de triagem, e pela fixação de complemento, como
método confirmatório. As prevalências de rebanhos e de bovinos soropositivos foram 9,7%
e 3,8%, respectivamente, sendo associados à brucelose os fatores de risco número de
bovinos (87 ou mais) e compra de reprodutores.
E no Estado do Espírito Santo Azevedo (2006) verificou que as prevalências de
focos de brucelose bovina e de animais soropositivos foram de 9,00% e 3,53%,
respectivamente, sendo a utilização de inseminação artificial e confinamento/semi-
confinamento dos animais os fatores de risco da infecção caracterizados.
3.5 ASPECTOS CLÍNICOS
3.5.1 Espécie Humana
O período de incubação da brucelose varia de uma a cinco semanas, podendo
prolongar-se por meses, sendo a doença septicêmica de início repentino ou insidioso
(HARTIGAN, 1997; DOGANAY; AYGEN, 2003).
De um modo geral, a manifestação da brucelose na fase aguda e os sinais clínicos
mais comuns são: febre contínua ou intermitente, sudorese noturna, mal-estar, calafrios,
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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dores musculares e abdominais, artrite, insônia, cefaléia, anorexia e astenia. Ainda são
relatados outros sinais, principalmente, na fase crônica, sendo observados freqüentemente
o comprometimento neuropsíquico, com irritabilidade, nervosismo e depressão. As
principais complicações incluem endocardite, miocardite, pericardite, meningite, artrite,
hepatite e abscessos viscerais, e nos exames clínicos complementares são observados
hepatomegalia, esplenomegalia e adenomegalia. Orquite e epididimite, também, têm sido
relatadas. (METIN et al., 2001; LECLERC et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2002; KO e
SPLITTER, 2003; DOGANAY; AYGEN, 2003).
Quadros subclínicos são freqüentes, bem como quadros crônicos de duração de
meses e até anos, se não tratados. Devido ao polimorfismo das manifestações e ao seu
curso insidioso, nem sempre se faz a suspeita diagnóstica. Muitos casos se enquadram na
síndrome de febre de origem obscura (FOO). Esta febre, na fase aguda e subaguda, em
95% dos casos é superior a 39°C. Complicações ósteo-articulares podem estar presentes
em cerca de 20 a 60% dos pacientes, sendo a articulação sacroilíaca a mais atingida
(BRASIL, 2006).
A principal forma que os humanos adquirem a brucelose é através do contato direto
com animais infectados, ou indiretamente, pela ingestão de produtos de origem animal,
principalmente leite cru. A transmissão por aerossóis também foi observada (DOGANAY;
AYGEN, 2003).
3.5.2 Espécie Bovina
Nos bovinos, a enfermidade evolui cronicamente, sendo comum em animais
prenhes que abortaram no terço final da gestação, podendo causar retenção de placenta,
metrite, além da queda na produção leiteira (DENNIS, 1980). As principais vias de
eliminação da B. abortus para o ambiente são placenta e envoltórios fetais (ACHA;
SZIFRES, 2001). Os machos infectados normalmente não transmitem a infecção de fêmeas
infectadas às não infectadas, mecanicamente, devido às barreiras naturais presentes na
vagina, entretanto, as brucelas podem ser transmitir através de sêmen não testado, o qual
através das cnicas de inseminação artificial o sêmen é depositado dentro do útero
(RADOSTITS, 2002).
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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A transmissão ocorre por contato de animais sadios com restos placentários ou
fetais contaminados, podendo ocorrer infecção por ingestão de material biológico
contaminado ou através de lesões teciduais. Posteriormente, os microrganismos
multiplicam-se nos linfonodos regionais, passando para a corrente sanguínea, e, antes que
o organismo consiga mobilizar seu sistema imunológico, alcança os cotilédones da vaca
em gestação, ou o úbere, além de outros órgãos como baço, fígado e genitais (LYRA,
1984; LANGENEGGER, 1988; CORRÊA; CORRÊA, 1992).
3.6 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico laboratorial da brucelose pode ser estabelecido por métodos diretos e
indiretos. Os diretos apresentam uma maior especificidade e menor sensibilidade, porém
são mais laboriosos e necessitam de equipamentos e estrutura mais sofisticada (GARCIA-
CARRILLO, 1984; CORTEZ, 1999). Dentre as técnicas, destacam-se as de biologia
molecular, como a reação em cadeia de polimerase – PCR, e imunohistoquímica (BRASIL,
2004). Particularmente nos humanos, o diagnóstico, embora baseado no quadro clínico,
cujos sintomas são inespecíficos, necessita do auxílio de exames sorológicos, podendo
ainda se utilizar a cultura bacteriológica para isolamento de Brucella (DOGANAY;
AYGEN, 2003; MAURIN, 2005; BRASIL, 2006).
Diante das dificuldades encontradas para o isolamento das Brucellas, havendo a
necessidade de estruturas laboratoriais mais complexas, as técnicas sorológicas são de
fundamental importância para o diagnóstico da brucelose. Os testes mais utilizados são: o
antígeno acidificado tamponado, a soroaglutinação lenta em tubos, o 2-Mercaptoetanol, a
fixação do complemento e o ELISA (MEGID et al., 2000, BRASIL, 2006).
Devido ao baixo custo e facilidade na execução, os testes de soroaglutinação têm
sido os mais utilizados, embora apresente falhas de especificidade e sensibilidade.
Entretanto, embora exigindo maior sofisticação e custo, testes com maior eficácia em
seus resultados, como o exame de fixação de complemento (ALTON et al., 1988;
NIELSEN, 1995).
O teste do antígeno acidificado tamponado (AAT), também conhecido como teste de
rosa bengala, consiste em uma cnica de aglutinação em placa, onde o antígeno é
tamponado em pH baixo (3,65). Esta acidificação reduz a atividade de IgM e torna a prova
seletiva para identificação de IgG1, sendo um exame qualitativo utilizado como teste
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
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triagem em rebanhos, pois revela ausência ou presença de imunoglobulinas do tipo
IgG1 (MEGID et al., 2000; NIELSEN, 2002; PAULIN; FERREIRA NETO, 2003;
BRASIL, 2004).
A técnica de soroaglutinação lenta em tubos, também conhecida como prova de
Wright, foi a primeira prova sorológica idealizada para o diagnóstico da brucelose. É
executada em pH neutro, com boa sensibilidade, detectando imunglobulinas da classe IgM.
Atualmente é utilizada em associação com o teste do 2-Mercaptoetanol para confirmar
resultados positivos em provas de rotina, identificando uma alta proporção de animais
infectados, porém, costuma apresentar resultados falso-negativos, especialmente nos casos
de infecção crônica. Em outras situações pode evidenciar títulos significativos em animais
não infectados por B. abortus em decorrência de reações cruzadas com outras bactérias
(MEGID et al., 2000; PAULIN, 2003; BRASIL, 2004).
O 2-Mercaptoetanol apresenta a sua especificidade aumentada por inibição da
atividade aglutinante mediante processo químico, que consiste no tratamento do soro com
o 2-mercaptoetanol Este tem a função de degradar a IgM em cinco unidades monoméricas
semelhantes não aglutinantes, por redução branda das pontes dissulfídicas,
desestabilizando o polímero ao degradá-lo em subunidades, que conservam suas
características de antigenicidade, mas deixam de compor o anticorpo plurivalente IgM e
não passam a se comportar como anticorpo plurivalente. A utilização do 2-ME impede a
ocorrência da maioria das reações inespecíficas e uma menor quantidade de resultados
falso-positivos, comparativamente as outras técnicas como o AAT e SAL (MEGID et al.,
2000; NIELSEN, 2002; PAULIN; FERREIRA NETO, 2003; BRASIL, 2004).
A técnica da reação de fixação do complemento é considerada a mais eficiente
técnica para confirmação da brucelose, sendo o teste de referência recomendada pela
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para o trânsito internacional de animais. Foi
sido bastante utilizada nos países que erradicaram a doença ou estão em fase de erradicá-la.
Entretanto, é um teste trabalhoso e complexo, que exige pessoal treinado e laboratório bem
equipado. Baseia-se na habilidade do complexo antígeno-anticorpo em ativar o sistema
complemento e, com isso, detectar precocemente imunoglobulinas da classe IgG
1
no soro,
em torno do 14
o
(MEGID et al., 2000; NIELSEN, 2002; PAULIN, 2003; PAULIN;
FERREIRA NETO, 2003; BRASIL, 2004).
Ainda, para o diagnóstico sorológico da brucelose, outras técnicas que
apresentam também bons resultados, como os testes imunoenzimáticos (ELISA), indireto e
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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competitivo, teste de polarização da fluorescência, mais utilizadas em países da Europa e
América do Norte e, finalmente, a prova do anel do leite, utilizada para detectar a infecção
em rebanhos através do leite, e a técnica do men plasma aglutinação (PAULIN, 2003;
PAULIN; FERREIRA NETO, 2003).
Recentemente (ABDOEL; SMITS, 2007) desenvolveram um ensaio de aglutinação
de látex para o diagnóstico sorológico da brucelose humana, sendo uma técnica de fácil
execução, com resultados obtidos em 30 segundos, após mistura da amostra com o
reagente do teste. A sensibilidade foi 89.1% e a especificidade de 98.2% para amostras de
soro de pacientes com brucelose confirmada por cultura, sendo ideal para uso em campo,
não necessitando de instalações mais exigentes para a sua execução.
3.7 TRATAMENTO
Na espécie bovina não se recomenda o tratamento, devendo os animais
soropositivos serem encaminhados ao abate sanitário em estabelecimentos com serviço de
inspeção de carcaças (BRASIL, 2004).
Em humanos, em geral, o tratamento é feito pela administração de uma associação de
antibióticos por até seis semanas, sendo o tempo de tratamento, condicionado a
sintomatologia. Os fármacos mais utilizados são as tetraciclinas, doxiciclina e rifampicina.
Convém salientar que em caso de infecção acidental com a amostra RB51, o uso da
rifampicina não é indicado (BRASIL, 2004). Os principais fármacos utilizados são as
combinações da doxiciclina associada à estreptomicina (DOGANAY; AYGEN, 2003;
MAURIN, 2005; PAPAAS et al., 2005; BRASIL, 2006).
3.8 CONTROLE E PREVENÇÃO
O controle de brucelose animal é muito importante para a prevenção de infecção
humana, em conexão com o uso de leite e derivados pasteurizados (DOGANAY; AYGEN,
2003). Estes produtos lácteos não pasteurizados constituem fatores de risco devidos à
eliminação de Brucella através do leite (BOTELHO at al., 2000; LANGONI et al., 2000).
O objetivo das medidas de controle e erradicação é interromper a transmissão da
doença por meio de ações sanitárias específicas voltadas à eliminação das fontes de
infecção, das vias de transmissão e de animais suscetíveis, além medidas que inibam a
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
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movimentação de animais e anulem possíveis reservatórios (PAULIN; FERREIRA NETO,
2003). Conforme preconiza o PNCEBT, o controle da brucelose bovina apoia-se
basicamente na vacinação massal de fêmeas entre 3-8 meses de idade, no sorodiagnóstico
da doença e no sacrifício dos animais positivos.
O uso da vacinas tem se apresentado como uma importante ferramenta no controle
da brucelose, sendo a B19 e a RB51, vacinas vivas atenuadas empregadas e recomendadas
pela OIE por serem boas indutoras de imunidade celular, as que efetivamente tem
apresentado resultados satisfatórios nos programas de controle e erradicação da brucelose
(BRASIL, 2004).
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
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55
ENSAIO EXPERIMENTAL I
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
56
4 EXPERIMENTO I
4.1 SOROPREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À
BRUCELOSE BOVINA NO MUNICÍPIO DE CORRENTES ESTADO DE
PERNAMBUCO, BRASIL
4.1.1 RESUMO
Objetivou-se com este estudo, estimar a prevalência e identificar os fatores de risco
associados à brucelose bovina em rebanhos leiteiros do município de Correntes, Estado de
Pernambuco. Foram colhidas 1.089 amostras ricas procedentes de 28 rebanhos e
submetidas a um protocolo de teste em série utilizando, como técnica de triagem, o teste do
antígeno acidificado tamponado (AAT), sendo as sororreagentes submetidas,
subsequentemente, a soroaglutinação lenta em tubos (SAL) e ao 2-mercaptoetanol (2-ME)
para confirmação de resultados. Das 1089 amostras, 84 reagiram ao AAT e 74
confirmaram resultados ao SAL e ao 2-ME, sendo a prevalência estimada de 6,8%
(74/1089). Dos 28 rebanhos estudados, 18 apresentaram pelos menos um animal positivo,
determinado uma prevalência de focos de 64,3% (18/28). Dentre os fatores de risco
analisados, as propriedades que praticavam ordenha manual (p>0,05 Odds ratio igual a
1,3) e vendiam animais para reprodução apresentaram associação com a brucelose (p>0,05
Odds ratio igual a 3,71). Os resultados obtidos sugerem alta prevalência de rebanhos
infectados por Brucella abortus sendo necessário que medidas de controle sejam
instituídas pelos órgãos oficiais relacionados, principalmente a combater os fatores de risco
detectados nesta região e que colocam em risco a sanidade dos rebanhos.
PALAVRAS-CHAVE: brucelose, bovinos, fatores de risco, Correntes, Pernambuco.
4.1.2 ABSTRACT
SERUMPREVALENCE AND RISK FACTORS ASSOCIATED TO BOVINE
BRUCELLOSIS IN THE TOWN OF CORRENTES IN PERNAMBUCO STATE,
BRAZIL
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
57
Aimed with this study to estimate the prevalence and to identify the risk factors
associated to bovine brucellosis in dairy herds in Correntes town, Pernambuco State. Were
collected 1.089 serum samples of 28 herds and submitted to a protocol of serial tests using,
as triage technique, the tamponated acidified antigen (AAT), being the serum reagents
submitted, subsequently, to standard tube agglutination (STA) and to 2-mercaptoetanol
(2-ME) for confirmation of results. From the 1.089 samples, 84 reacted to AAT and 74
confirmed the results to STA and to 2-ME, being the prevalence estimated in 6.8%
(74/1089). From the 28 studied herds, 18 showed at least one positive animal, determining
a prevalence of focus of 64.3% (18/28). Among the analyzed risk factors, the properties
that used manual milking (p>0.05 Odds ratio equal to 1.3) and sold animals for
reproduction showed association with brucellosis (p>0.05 Odds ratio equal to 3.71). The
achieved results suggest high prevalence of herds infected with Brucella abortus, being
necessary that control procedures should be implemented by the related official organs,
mainly to avoid the risk factors detected in this region and that put in risk the sanity of the
herds.
KEY Words: brucellosis, bovine, prevalence, risck factor, Correntes, Pernambuco
4.1.3 INTRODUÇÃO
A brucelose é uma antropozoonose de evolução geralmente crônica, caracterizada
pela infecção das células do sistema mononuclear fagocitário, provocada por uma bactéria
do gênero Brucella (CORRÊA; CORRÊA, 1992; REBHUM, 2000; ACHA; SZIFRES,
2001; RADOSTITS, 2002; PAULIN, 2003).
A espécie Brucella abortus é considerada a mais patogênica e freqüentemente
responsável por problemas reprodutivos em rebanhos bovinos, principalmente os leiteiros
(CORRÊA; CORRÊA, 1992; RADOSTITS et al., 2002; OCHOLI et al., 2004).
A doença é de notificação obrigatória em decorrência das implicações no comércio
internacional de animais e produtos de origem animal, aos prejuízos que causam à pecuária
bovina pelo comprometimento da performance reprodutiva dos rebanhos e à possibilidade
da transmissão dos seus agentes causais à espécie humana (OFFICE INTERNATIONAL
DES EPIZOOTIES, 2003).
Sua gênese encontra-se estreitamente associada ao manejo implementado nas
criações, ocorrendo com maior intensidade nos rebanhos leiteiros submetidos a constantes
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
58
renovações do plantel e com menor grau nos sistemas de criação fechados (NICOLETTI,
1998; RADOSTITS et al., 2002).
A ocorrência e a distribuição da brucelose bovina podem ser influenciadas por
vários fatores, principalmente a introdução de animais no rebanho (SALMAN; MEYER,
1984).
Embora sejam relativamente escassos os trabalhos internacionais conduzidos para a
determinação de fatores de risco para a brucelose bovina (AZEVEDO, 2006), no Brasil, no
período de 2001 a 2005, dentro das ações do Programa Nacional de Controle e Erradicação
da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) e em conexão com inquéritos
soroepidemiológicos, foram realizadas análises de fatores de risco vinculados à brucelose
bovina em vários estados: Paraná (DIAS, 2003), Goiás (ROCHA, 2003), Santa Catarina
(SIKUSAWA, 2004), São Paulo (DIAS, 2004) e Espírito Santo (AZEVEDO, 2006).
Diversos países da Europa e o Japão alcançaram considerável progresso no combate
à brucelose com programas sistemáticos de erradicação, porém, nos Estados Unidos e na
França, embora bastante controlada, a doença ainda constitui risco aos profissionais da área
médico-veterinária (CORBEL, 1997; MOLNAR et al., 1997; RADOSTITS et al., 2002).
No Brasil, a brucelose tem sido alvo de maior atenção na atualidade, tendo o país,
implementado medidas oficiais, com a implantação do PNCEBT Programa Nacional de
Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, criado em 2001, pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, com um conjunto de medidas sanitárias
muito mais rigorosas (BRASIL, 2001; PAULIN; FERREIRA NETO, 2002).
Apesar desses esforços oficiais, que resultaram de certa forma, no declínio de sua
prevalência no país, a brucelose manteve-se nos rebanhos nacionais, com destaque de sua
ocorrência em vários estados da Região Nordeste (ALVES et al., 1991; SOUZA et al.,
1999; NUNES, 2001), especialmente Pernambuco (ALMEIDA et al., 2000; SILVA et al.,
2000; SILVA, 2003).
A ocorrência da brucelose é mais expressiva na Região Sudeste, talvez pela aptidão
leiteira de seus rebanhos. Com base em algumas publicações relativas à brucelose nos
Estados de São Paulo (LINARES et al., 2002; MURAKAMI et al., 2002; POMPEI et al.,
2002), Minas Gerais (KONRAD et al., 2002; RIBEIRO et al., 2002; SEIXAS e RIBEIRO,
2002) e Rio de Janeiro (BATISTA et al., 2002), a intensidade média de sua prevalência
pode ser estimada em 11%.
Há registros da ocorrência da brucelose nas demais regiões do país, na Região Sul, no
Estado do Paraná (HIROKI et al., 2002); na Região Centro-oeste, no Estado do Mato
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
59
Grosso, (SCHEIN, 2006); e na Região Norte, as informações, embora escassas, dão conta
da ocorrência da brucelose no Estado do Pará (LOPES, 1999).
Na Região Nordeste, constatou-se positividade a brucelose em animais de vários
rebanhos através de estudos soroepimiológicos nos Estados de Alagoas (NUNES, 2001),
Rio Grande do Norte (SOUZA et al., 1999), Paraíba (ALVES et al., 1991, LEITE et al.,
2003) e em Pernambuco, a soroprevalência da doença foi registrada em diferentes
municípios por (ALMEIDA et al., 2000; SILVA et al., 2000; SILVA, 2003 e TENÓRIO et
al., 2005).
Depreende-se que a realização de ensaios soroepidemiológicos associados ao estudo
de fatores de risco é uma importante ferramenta de combate a brucelose, pois permitem a
atualização de dados, o redimensionamento da prevalência e criam as condições básicas
necessárias para o saneamento dos rebanhos em diferentes situações clínico-
epidemiológicas.
Diante do exposto, a pesquisa foi realizada com o objetivo de estimar a
soroprevalência e identificar os fatores de risco associados à brucelose em rebanhos
leiteiros do município de Correntes, Estado de Pernambuco.
4.1.4 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Correntes, que possui uma população de
17.044 habitantes e uma área de 339 Km
2
, localizando-se a 281 km de Recife, na
Microrregião de Garanhuns, Mesorregião do Agreste Pernambucano, sob as coordenadas
geográficas 09º07’44” latitude sul e 36º19’49” longitude oeste, e apresenta um efetivo
bovino de 25.216 cabeças e com uma produção leiteira de 5.286 mil litros de leite (IBGE,
2004).
O município tem sua economia baseada em atividades agropecuárias, onde
predominam a agricultura de subsistência e a pecuária voltada a pequenos e médios
produtores de leite. Os rebanhos encontram-se localizados em pequenas áreas, com grande
concentração, intenso fluxo e maior permanência dos animais na vida reprodutiva. O
sistema de produção predominante é o de exploração leiteira, onde os rebanhos são criados
de forma semi-intensiva. Uma pequena parcela dos rebanhos tem aptidão mista ou para
corte, sendo criados extensivamente. Em sua maioria os animais são submetidos a práticas
de manejos semelhantes, com limitados recursos técnicos e intensa rotatividade de animais.
Foram colhidas amostras sanguíneas de vacas com idade igual ou superior a 24
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
60
meses e em lactação, mais de 30 dias de paridas. As propriedades encontravam-se
distribuídas em cinco áreas de abrangência do Programa de Saúde da Família (PSF),
vinculado ao Ministério da Saúde, estabelecidas pela Secretaria Municipal de Saúde de
Correntes.
Para a determinação do número de amostras a serem testadas e da prevalência da
brucelose foram usados ensaios de amostragem relacionados ao estudo de prevalência de
enfermidades infecciosas crônicas preconizados por Astudillo (1979), em função de alguns
critérios epidemiológicos, como tipo de exploração, categoria animal e a área geográfica:
a) Número mínimo de amostras:
n' = p(100-p)g
2
(pα/100)
2
Onde: p = prevalência esperada da brucelose; g = fator determinante do grau de
confiança (1,962 4) e α = margem de erro admissível. Desta forma, n’ 1.076 amostras.
b) Prevalência da Brucelose Bovina:
Com base em resultados regionais (ALMEIDA et al., 2000, SILVA et al., 2000;
TENÓRIO et al., 2005) foi definido 8,5% como prevalência esperada para a brucelose
bovina, admitindo-se uma margem de erro de 20%, com um grau de confiança de 95%. A
prevalência da brucelose, globalizada e por rebanho, foi estabelecida pela fórmula:
Com o objetivo de melhor caracterizar a magnitude da infecção por B. abortus, as
taxas de prevalência estabelecidas em cada rebanho foram classificadas e agrupadas em
baixa (até 10%), média (entre 11 e 30%) e alta (maior do que 30%), conforme critérios
preconizados por SHETTIGARA et al. (1986).
As amostras de sangue foram colhidas e processadas por meio de técnicas
convencionais (BIRGEL et al., 1982; GARCIA-NAVARRO; PACHALY, 1994). Duas
alíquotas séricas do soro obtido foram identificadas e acondicionadas em tubos eppendorfs,
sendo mantidas sob refrigeração a −20°C até a realização dos exames sorológicos.
Com o objetivo de se identificar bovinos portadores de anticorpos anti-B. abortus
amostras séricas foram examinadas pelo teste do Antígeno Acidificado Tamponado
1
1
TECPAR – Lote: 002/05 – 003/05.
nr
p =
n’(ou n)
.100%
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
61
(AAT), como teste de triagem, utilizando-se antígeno produzido pelo Instituto de
Tecnologia do Paraná TECPAR, adquiridos na Superintendência Federal da Agricultura
no Estado de Pernambuco SFA-PE, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
- MAPA. Em seguida, as amostras soropositivas ao AAT foram submetidas ao 2-
Mercaptoetanol (2-ME) com titulação de 1:200 para leitura, sendo teste confirmatório. A
interpretação dos resultados foi realizada mediante a legislação em vigor (BRASIL, 2004).
Os fatores de risco e sua provável conexão clínico-epidemiológica com a infecção
por B. abortus foram analisados a partir da aplicação de um questionário e da inserção das
informações obtidas em um formulário eletrônico elaborado no programa Microsoft
Access
®
e Visual Basic
®
, para tabulação e posterior análise.
Os cálculos estatísticos foram obtidos através do programa SAS (Statistical
Analysis System), na versão 8.0, sendo os testes realizados com uma margem de erro de
5,0%. Nesta análise foram obtidas as distribuições absolutas e percentuais uni e bivariadas
(Técnicas de estatística descritiva) e utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson ou,
quando as condições para isso não foram possíveis, o teste Exato de Fisher, incluindo o
valor do Odds Ratio (OR) e um intervalo de confiança para este parâmetro (ALTMAN;
HALL, 1991; ZAR, 1999).
4.1.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.5.1 Relacionados à Prevalência da Infecção
Das 1089 amostras examinadas, 84 reagiram positivamente ao AAT e 74 foram
confirmadas ao 2-ME, sendo a prevalência da brucelose estimada em 6,8% (74/1089),
variando a um intervalo de 5,3% a 8,3% (Tabela 1).
Esse achado foi equivalente ao de levantamentos anteriores realizados em
Pernambuco (SILVA et al., 2000; SILVA, 2003; TENÓRIO et al., 2005), Alagoas
(NUNES, 2001), Rio Grande do Norte (SOUZA et al., 1999) e Paraíba (ALVES et al.,
1991; LEITE et al., 2003). Entretanto, foi inferior aos 19,3% de positividade detectados
por ALMEIDA et al. (2000) em 150 amostras procedentes de vacas do município de
Sanharó-PE. A brucelose bovina mantém-se nos rebanhos leiteiros de Pernambuco,
todavia, sua prevalência alta, ainda que recrudescente, deve-se aos efeitos negativos de um
conjunto de ações sanitárias oficiais implementadas ao longo das últimas décadas em
praticamente todas as regiões do país.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
62
Na seqüência, com o objetivo de melhor caracterizar a magnitude da infecção por
B. abortus e possibilitar uma intervenção sanitária mais eficaz, as taxas estabelecidas dos
rebanhos (Tabela 1) foram classificadas e agrupadas em baixa (71,4% - 20/28) e média
(28,6% - 8/28) conforme critérios preconizados por SHETTIGARA et al. (1986).
Tabela 1 – Distribuição de bovinos portadores de anticorpos anti-B. abortus, segundo as propriedades
estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Rebanhos Positivos (%)
Negativos (%) Total
R1 4 (23,5) 13 (76,5) 17
R2 1 (7,7) 12 (92,3) 13
R3 2 (7,1) 26 (92,9) 28
R4 0 (0,0) 42 (100,0) 42
R5 5 (4,5) 105 (95,5) 110
R6 0 (0,0) 20 (100,0) 20
R7 0 (0,0) 13 (100,0) 13
R8 6 (19,4) 25 (80,6) 31
R9 0 (0,0) 93 (100,0) 93
R10 1 (2,6) 38 (97,4) 39
R11 0 (0,0) 14 (100,0) 14
R12 0 (0,0) 23 (100,0) 23
R13 5 (8,0) 57 (92,0) 62
R14 1 (9,0) 10 (91,0) 11
R15 3 (15,0) 17 (85,0) 20
R16 0 (0,0) 13 (100,0) 13
R17 3 (21,4) 11 (78,6) 14
R18 3 (2,2) 133 (97,8) 136
R19 0 (0,0) 42 (100,0) 42
R20 0 (0,0) 19 (100,0) 19
R21 8 (16,0) 42 (84,0) 50
R22 7 (27,0) 19 (73,0) 26
R23 6 (14,6) 35 (85,4) 41
R24 2 (5,9) 32 (94,1) 34
R25 3 (6,0) 47 (94,0) 50
R26 16 (22,2) 56 (77,8) 72
R27 3 (6,0) 34 (00,0) 37
R28 0 (0,0) 15 (00,0) 15
TOTAL
74 (6,8)
1.015 (93,2) 1.089
Em relação às áreas de abrangência do estudo, a prevalência da brucelose variou de
4,6% (na área 2) até 9,1% (na área 5), entretanto não se comprovou associação
significativa entre a área e a ocorrência de brucelose (p>0,05; intervalos para o OR que
incluem o valor 1,00) (Tabela 2).
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
63
Tabela 2 Prevalência da brucelose bovina, segundo a área de localização das propriedades do município de
Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Área
Positivo Negativo TOTAL Valor de p OR e IC com 95,0%
N % N % n %
1
15 5,9 240 94,1 255 100,0 p
(1)
= 0,2601 1,00
2 12 4,6 249 95,4 261 100,0 0,77 (0,35 a 1,68)
3
14 8,8 146 91,2 160 100,0 1,53 (0,72 a 3,27)
4
11 6,5 159 93,5 170 100,0 1,11 (0,50 a 2,47)
5
22 9,1 221 90,9 243 100,0 1,60 (0,80 a 3,15)
Total
74 6,8 1015 93,2
1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Na Tabela 3, destaca-se a ocorrência da brucelose nas áreas estudadas de acordo
com a positividade dos rebanhos, determinado uma prevalência de focos de 64,3% (18/28)
apresentando pelo menos um bovinos soropositivos e 35,7% (10/28) soronegativos, sendo
a área 5 a que apresentou um maior número de rebanhos positivos para brucelose bovina.
Tabela 3 – Distribuição da brucelose bovina nas áreas estudadas, segundo a soropositividade dos rebanhos, no
município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Área Positiva Negativa TOTAL
n % n % N %
1 5 62,5 3 37,5 8 100,0
2 3 60,0 2 40,0 5 100,0
3 3 60,0 2 40,0 5 100,0
4 3 60,0 2 40,0 5 100,0
5 4 80,0 1 20,0 5 100,0
Total 18 64,3 10 35,7 28 100,0
4.1.5.2 Relacionados aos Fatores de Risco
Na análise dos fatores de risco, percebeu-se que apenas o tipo de ordenha (Tabela
4), trânsito de animais (Tabela 5) e tipo de exploração (Tabela 6) exerceram influência
significante na prevalência da brucelose. Todavia, os questionamentos realizados junto aos
proprietários sobre os demais fatores analisados - raça; uso de inseminação artificial;
ocorrência de abortos, destino de fetos e placenta; realização de exames de brucelose;
utilização de piquetes de parição; resfriamento e entrega leite a granel; e assistência
veterinária -, descritos nas tabelas 6 a 12, respectivamente, não apresentaram associação
significativa com a prevalência de anticorpos para brucelose.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
64
Na tabela 4, que se refere aos questionamentos e análise das respostas dos
proprietários sobre número e tipo de ordenha, percebeu-se uma associação significativa
entre a ocorrência de brucelose e o tipo de ordenha, ao nível de 5,0% (p>0,05, OR igual a
1,3).
Em relação à influência do trânsito de animais sobre as taxas de prevalência
(Tabela 5), destaca-se que a prevalência de brucelose foi significativamente mais elevada
nos animais de propriedades que vendiam animais para reprodução do que o vendiam
(19,7% x 5,8%) (p < 0,05, OR igual a 3,71).
Tabela 4 – Avaliação da ocorrência de brucelose, segundo as variáveis número de ordenhas e tipo de ordenha
das propriedades estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Variáveis
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
n % N % N %
Número de ordenhas
Uma ordenha 46 7,5 566 92,5 612 100,0 p
(1)
= 0,2841 1,30 (0,80 a 2,12)
Duas ordenhas 28 5,9 449 94,1 477 1000 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
Tipo de ordenha
Manual 69 7,8 817 92,2 886 100,0 p
(1)
= 0,0065* 3,35 (1,33 a 8,40)
Mecânica 5 2,5 198 97,5 203 100,0 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(*) – Associação significante ao nível de 5.0%.
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Ainda na tabela 5, percebeu-se que o destino dos animais interferiu
significativamente na prevalência da brucelose, sendo esta significativamente mais elevada
(p < 0,05) nas propriedades que destinavam animais para serem comercializados em
eventos como exposição e/ou feiras públicas (19,7%) em relação aquelas cujo gado era
comercializado tradicionalmente (6,7%) ou entre propriedades (5,5%).
Na tabela 6, destaca-se a ocorrência de brucelose de acordo com o tipo de
exploração, sendo maior (7,7%) a prevalência nas propriedades onde os animais eram
criados de forma mista, enquanto naquelas de produção de leite foi de 3,3%, havendo
associação significativa entre o tipo de exploração e a ocorrência de brucelose.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
65
Tabela 5 Avaliação da ocorrência de brucelose, segundo as variáveis procedência dos animais, venda
animais para reprodução e destino dos animais das propriedades, estudada no município de
Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Variáveis
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
n % N % N %
Procedência dos animais
Comerciantes de gado 31 8,7 324 91,3 355 100,0 p
(1)
= 0,0773 1,54 (0,95 a 2,48)
Outras propriedades 43 5,9 691 94,1 734 1000 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
Vende animais
para reprodução
Sim 15 19,7 61 80,3 76 100,0 p
(1)
< 0,0001* 3,98 (2,13 a 7,41)
Não 59 5,8 954 94,2 1013 100,0 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
Destino dos animais
Exposição/leilão/feira 15 19,7 61 80,3 76 100,0 p
(1)
< 0,0001* 4,26 (2,22 a 8,16)
Comerciantes de gado 20 6,7 279 93,3 299 100,0 1,24 (0,71 a 2,16)
Outras propriedades 39 5,5 675 94,5 714 100,0 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(*) – Associação significante ao nível de 5.0%.
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Quanto à raça, a freqüência foi maior nos rebanhos que tinham um maior
percentual de animais de raça pura (8,8%) em comparação aos rebanhos que tinham
animais mestiços (6,4%), não havendo associação significativa (p > 0,05) entre os tipos de
raças com a ocorrência da brucelose.
Tabela 6 Avaliação da ocorrência de brucelose, segundo as variáveis tipo de exploração e tipo de raça, das
propriedades estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Variáveis
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
n % n % N %
Tipo exploração
Leite 7 3,3 206 96,7 213 100,0 p
(1)
= 0,0233* 1,00
Mista 67 7,7 809 92,3 876 1000 2,44 (1,10 a 5,39)
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
Tipo de raça
Pura 15 8,8 154 91,2 169 100,0 p
(1)
= 0,2423 1,42 (0,79 a 2,60)
Mestiça 59 6,4 861 93,6 920 100,0 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(*)- Associação significante a 5,0%.
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Na Tabela 7 observa-se que o percentual de animais com brucelose foi de 7,5% nas
propriedades que não usavam inseminação artificial em relação as que usavam 5,9% essa
técnica de reprodução, entretanto, não houve associação significativa (p > 0,05) entre o uso
desta técnica e a ocorrência de brucelose.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
66
Tabela 7 – Avaliação da ocorrência de brucelose segundo a variável uso de inseminação artificial das
propriedades estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Inseminação artificial
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
n % N % N %
Sim 28 5,9 449 94,1 477 100,0 p
(1)
= 0,2841 1,00
Não 46 7,5 566 92,5 612 1000 1,30 (0,80 a 2,12)
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Na Tabela 8 destaca-se a ocorrência de abortos e o destino de fetos e placenta, onde
8,6% dos animais sororreagentes para B. abortus apresentaram abortamentos
comparativamente a 6,4% dos animais que não apresentaram, onde não houve associação
significativa (p > 0,05) entre a ocorrência de brucelose e abortos. Em relação ao destino
dos fetos 7,2% dos animais das propriedades que tinham algum destino, como enterrar,
jogar fora ou queimar, enquanto que foi de 6,3% a ocorrência de animais com brucelose
nas propriedades que não dava nenhum destino para esses materiais, assim, não havendo
associação significativa entre a ocorrência de brucelose e o destino de fetos e placentas.
Tabela 8 Avaliação da ocorrência de brucelose, segundo as variáveis ocorrência de aborto e destino do
feto/placenta das propriedades estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Variáveis
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
N % N % N %
Ocorrência de aborto
Sim 16 8,6 170 91,4 186 100,0 p
(1)
= 0,2822 1,37 (0,77 a 2,44)
Não 58 6,4 845 93,6 903 1000 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
Destino do feto/placenta
Enterra/joga/queima 45 7,2 581 92,8 626 100,0 p
(1)
= 0,5488 1,16 (0,71 a 1,88)
Não faz nada 29 6,3 434 93,7 463 100,0 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
O percentual de animais sororreagentes foi 7,0%, nas propriedades onde se
realizava exames de brucelose, e de 6,5% nas que o realizavam exames (Tabela 9), o
apresentando assim associação significativa (p > 0,05) entre a ocorrência de brucelose e a
realização de exames.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
67
Tabela 9 Avaliação da ocorrência de brucelose, segundo a variável exame da brucelose das propriedades
estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Exame da brucelose
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
N % n % N %
Sim 39 7,0 514 93,0 553 100,0 p
(1)
= 0,7319 1,09 (0,68 a 1,74)
Não 35 6,5 501 93,5 536 1000 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Da Tabela 10 destaca-se que o percentual de animais com brucelose foi 2,8% mais
elevada entre os animais de propriedades que utilizavam piquetes de parição do que as que
não utilizavam esse tipo de procedimento, entretanto a associação entre a utilização de
piquetes de parição e a ocorrência de brucelose o se mostra significativa ao nível de
5,0% (p > 0,05).
Tabela 10 Avaliação da ocorrência de brucelose, segundo a variável utilização de piquetes de parição das
propriedades estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Utiliza piquetes de
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
Parição
N % n % N %
Sim 31 8,7 324 91,3 355 100,0 p
(1)
= 0,0773 1,54 (0,95 a 2,48)
Não 43 5,9 691 94,1 734 1000 1,00
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Na Tabela 11 observa-se que o percentual de animais de propriedades que resfriavam o
leite e entregavam leite a granel, foi 2,2% menor a ocorrência de animais das propriedades que
não tinham resfriador e que entregavam o leite a granel, entretanto não existindo associação
significativa (p>0,05) entre a utilização desse recurso, a entrega de leite a granel e a ocorrência
de brucelose.
Quanto à assistência veterinária (Tabela 12) (2/28) e a ocorrência de brucelose observa-
se que nas propriedades com assistência o percentual de animais com infecção foi menor
(4,0%), comparativamente as propriedades que não tinham assistência (7,4%), entretanto a
associação entre a assistência veterinária e a ocorrência da brucelose não se mostrou
significativa ao nível de 5,0% (p>0,05).
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
68
Tabela 11 Avaliação da ocorrência de brucelose segundo as variáveis resfria o leite e entrega de leite a granel
das propriedades estudadas, no município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Variáveis
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
N % N % N %
Resfria o leite
Sim 13 5,1 240 94,9 253 100,0 p
(1)
= 0,2320 1,00
Não 61 7,3 775 92,7 836 1000 1,45 (0,78 a 2,69)
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
Entrega de leite a granel
Sim 13 5,1 240 94,9 253 100,0 p
(1)
= 0,2320 1,00
Não 61 7,3 775 92,7 836 100,0 1,45 (0,78 a 2,69)
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Tabela 12 Avaliação de brucelose, segundo a variável assistência veterinária nas propriedades estudadas, no
município de Correntes – PE, 2006.
Brucelose
Assistência veterinária
Positivo Negativo TOTAL
Valor de p OR e IC com 95,0%
N % n % N %
Sim 8 4,0 190 96,0 198 100,0 p
(1)
= 0,0886 1,00
Não 66 7,4 825 92,6 891 1000 1,90 (0,90 a 4,02)
Total
74 6,8 1015 93,2 1089 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
O fato de apenas três dos fatores de risco analisados, ter interferido de forma
significativa nas taxas de prevalência da brucelose não deve ser interpretado como um achado
favorável à sanidade dos rebanhos examinados e, por conseguinte, das pessoas. Sabe-se que o
trânsito de animais potencializa a transmissibilidade da infecção por B. abortus, sendo
analisado neste estudo como um dos fatores de risco que apresentaram associação significativa
com a prevalência da brucelose. Deve-se levar em consideração, ainda, que os estudos de
prevalência retratam um determinado momento da dinâmica da infecção pela B. abortus, sem
expressar sorologicamente as fases de evolução da resposta imune, portanto, sem caracterizar
efetivamente o estado imune atual dos bovinos.
Além disso, a homogeneidade do sistema de produção nivelou em patamares
semelhantes as taxas de prevalência nos rebanhos.
4.1.6 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos indicam que a brucelose bovina mantêm-se de forma
persistente nos rebanhos leiteiros do município de Correntes, Estado de Pernambuco,
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
69
admitindo-se que a situação é potencialmente crítica, uma vez que a manutenção
recrudescente da infecção nos rebanhos examinados, em um ambiente agropecuário
favorável, poderá desencadear uma disseminação do agente nas regiões estudadas.
4.1.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil.
75
ENSAIO EXPERIMENTAL II
II
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
76
5 EXPERIMENTO II
5.1 PERCEPÇÃO DA BRUCELOSE BOVINA COMO UM FATOR DE RISCO
À BRUCELOSE HUMANA NO MUNICÍPIO DE CORRENTES, ESTADO DE
PERNAMBUCO, BRASIL
5.1.1 RESUMO
A brucelose é uma antropozoonose de importância mundial, constituindo-se em um
sério problema de saúde pública. Este estudo teve como objetivo investigar a presença de
anticorpos anti-Brucella abortus em grupos ocupacionais envolvidos com a criação de
bovinos no município de Correntes, Estado de Pernambuco, avaliando-se os fatores de
risco associados à infecção em humanos, com ênfase na brucelose bovina. Para tanto,
amostras de sangue foram colhidas de 1089 bovinos adultos e de 56 pessoas e examinadas
pelo teste do antígeno acidificado tamponado (AAT). As amostras humanas foram
submetidas à soroaglutinação lenta em tubos (SAL) e ao 2-mercaptoetanol (2-ME) e,
quando reagentes a uma ou ambas as técnicas, para qualquer título, foram examinadas pela
técnica de fixação do complemento (FC). Adicionalmente, com o objetivo de caracterizar
os fatores de risco associados, pessoas submetidas à colheita de sangue foram solicitadas a
responder um questionário investigativo. A prevalência para bovinos foi de 6,8%
(74/1.089) e para humanos de 1,8% (1/56) ao AAT. Na SAL foi observada positividade em
21,4% (12/56) das amostras humanas, não havendo, entretanto, amostras reagentes ao 2-
ME (0% - 0/12) e ao FC (0% - 0/12). Os fatores de risco estudados, como consumo de leite
cru e seus derivados, contato com secreções, manipulação de carnes, uso de luvas e
transmissão iatrogênica na manipulação de vacina B19, não foram analisados
estatisticamente, pois não se detectou nenhum indivíduo positivo ao teste de FC. Os
resultados deste estudo sugerem que a população da zona rural do Município de Correntes-
PE, Brasil, encontra-se exposta à infecção por Brucella abortus, embora não se possa
inferir existência de intercorrência entre a infecção bovina e a humana. De qualquer forma
uma maior vigilância por parte das autoridades sanitárias deve ser implementada.
PALAVRAS-CHAVE: brucelose bovina; brucelose humana; fator de risco; Correntes;
Pernambuco.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
77
UNDERSTANDIG OF BOVINE BRUCELLOSIS AS A RISK FACTOR TO
HUMAN BRUCELLOSIS IN THE TOWN OF CORRENTES, STATE OF
PERNAMBUCO, BRAZIL
5.1.2 ABSTRACT
Brucellosis is an anthropozoonosis of world importance, being a serious problem of
public healthy. This study aimed to search for the presence of antibody anti-Brucella
abortus in work groups involved with bovine raising in Correntes town, State of
Pernambuco, evaluating the risk factors associated to the infection in human, with
emphasis on bovine brucellosis. For this purpose, blood samples were collected from 1.089
adult bovine and from 56 persons and examined by the tamponated acidified antigen
(TAA). The human samples were submitted to standard tube - agglutination (STA) and to
2-mercaptoetanol (2-ME) and when reacting to one or both techniques, to any title, were
examined by the complement fixation test (CFT). Additionally, with the objective to
characterize other risk factors correlated, people submitted to blood sample collection were
requested to answer to an investigative questionnaire. The bovine prevalence was 6.8%
(74/1.089) and humans 1.8% (1/56) to the TAA. Was observed to the STA a positivity in
21.4% (12/56) of human samples, having no, however, reacting samples to 2-ME (0% -
0/12) and to CFT (0% - 0/12). The studied risk factors such the consume of raw milk and
its derived; contact with secretions, meat manipulation, use of gloves and iatrogenic
transmission in the manipulation of B12 vaccine were not statistically analyzed, because
there were no detection of any person positive to the CFT. The results of this research
suggest that the population of the country side of Correntes town-PE, Brazil, has been
exposed to Brucella abortus infection, although it may not be inferred the existence of
intercurrence between the bovine and human infection. Anyway, a greater vigilance by the
sanitary authorities should be implemented.
KEY WORD: bovine brucellosis; human brucellosis; risk factor; Correntes; Pernambuco.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
78
5.1.3 INTRODUÇÃO
A brucelose ainda é uma das zoonoses mais importantes e difundidas no mundo de
acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO), a Organização Mundial de
Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) (POESTER et al., 2002).
O primeiro caso de brucelose humana foi descrito no Brasil em 1913 por Gonçalves
Carneiro (VERONESSI, 1976). Garcia-Carrilho (1987) descreveu um grande número de
publicações sobre a doença entre 1930 e 1950, sendo esses casos atribuídos a grupos
ocupacionais, principalmente, magarefes e trabalhadores envolvidos com o processamento
de carnes. Na espécie humana, a brucelose é considerada uma antropozoonose e uma
doença ocupacional (DOGANAY; AYGEN, 2003).
A incidência da doença no homem é pouco conhecida (CORBELL, 1997). Em
contrapartida, sua susceptibilidade ao agente etiológico tem relevante importância, pois a
Organização Mundial de SaúdeOMS estima que a cada ano surjam 500 mil novos casos,
afetando principalmente pessoas envolvidas com a bovinocultura (BRASIL, 2005;
PAPAAS et al., 2006).
Embora as espécies de Brucella suis e Brucella canis tenham uma relativa
importância clínico-epidemiológica, são as espécies Brucella melitensis e Brucella
abortus, que afetam caprinos e bovinos, respectivamente, consideradas as mais patogênicas
para humanos (YOUNG, 1995; CORBELL, 1997). A brucelose humana é endêmica em
vários países do Mediterrâneo, Oriente Médio, Ásia, África e América do Sul, e alguns
países da Europa como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e França (MAURIN, 2005).
No Brasil, as informações, embora escassas, dão conta da ocorrência da brucelose
em humanos, de acordo com estudos soroepidemiológicos realizados em diversas partes do
país e em diferentes grupos ocupacionais, como fazendeiros, vaqueiros, médicos
veterinários e funcionários de matadouro, constando ainda avaliações sobre os fatores de
risco envolvidos. Na Região Norte, Lopes (1999) realizou uma avaliação
soroepidemiológica para brucelose em animais e humanos de alguns municípios do Estado
do Pará, utilizando testes de ELISA com 32% (16/50) de humanos sororreagentes para
brucelose, onde estes mantinham contato com bovinos.
Na Região Centro-Oeste, em um estudo realizado com trabalhadores rurais do
município de Araputanga MT, avaliou-se os fatores de risco associados à ocorrência de
brucelose em 2,9% (5/189) de indivíduos reagentes para Brucella abortus (SCHEIN,
2006).
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
79
Na Região Sul, Gonçalves et al. (2006) observaram 0,66% (1/150) de indivíduos
positivos para brucelose em um frigorífico no Estado do Paraná.
Na Região Sudeste, Vasconcelos (2003) realizou um estudo para conhecer o perfil
sorológico de estudantes, residentes e pós-graduados de medicina veterinária, incluindo a
pesquisa de anticorpos anti-B. abortus, não identificando nenhuma amostra reagente na
população estudada.
Na Região Nordeste, Lacerda et al. (2000) observaram 10,17% (6/59) de magarefes
em dois matadouros do município de São Luis MA. Em Pernambuco, no município de
Garanhuns, Mendonça (1997) encontrou 2,99% de indivíduos positivos, utilizando a
técnica do antígeno acidificado tamponado para pesquisa de B. abortus de vários grupos
ocupacionais, dentre eles trabalhadores de mercado de carne, pecuaristas, tratadores de
animais e estudantes de medicina veterinária.
Portanto, em qualquer contexto clínico-epidemiológico o principal fator de risco da
brucelose humana é a ocorrência primária da doença nos animais, especialmente
envolvendo a espécie bovina. Sua gênese encontra-se estreitamente associada ao manejo
das criações, ocorrendo com maior proporção nos rebanhos leiteiros submetidos a
constantes renovações do plantel e com menor grau nos sistemas de criação fechados
(RADOSTITS et al., 2002).
Na Região Nordeste, constatou-se positividade à brucelose em bovinos de vários
rebanhos, dos Estados de Alagoas (NUNES, 2001), Rio Grande do Norte (SOUZA et al.,
1999), Paraíba (ALVES et al., 1991; LEITE et al., 2003) e Pernambuco (ALMEIDA et al.,
2000; SILVA et al., 2000; SILVA, 2003; TENÓRIO et al., 2005).
Em geral, a transmissão da infecção animal é potencializada para as pessoas em
decorrência da inobservância de normas adequadas no manejo sanitário das criações e de
práticas insalubres das pessoas na lida sistemática com o gado bovino. A maior dificuldade
de identificar e caracterizar a dinâmica da infecção em humanos é a inexistência de uma
técnica específica para esse fim, sendo, por isso, utilizados nos ensaios sorológicos
envolvendo pessoas, os mesmos testes de referência empregados para o diagnóstico da
brucelose bovina, contidos no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose
e Tuberculose - PNCEBT, implementado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA (BRASIL, 2004).
Diante do exposto, este estudo teve como objetivo investigar a presença de anticorpos
anti-Brucella abortus em grupos ocupacionais envolvidos com a criação de bovinos no
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
80
município de Correntes, Estado de Pernambuco, avaliando-se os fatores de risco
associados à infecção em humanos, com ênfase na brucelose bovina.
5.1.4 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Correntes que possui uma população de
17.044 habitantes e se localiza na Microrregião de Garanhuns, Mesorregião do Agreste
Pernambucano (Figura 1) (IBGE, 2000), nas seguintes coordenadas geográficas: 391m de
altitude, 09º07’44” latitude sul e 36º19’49” longitude oeste, apresentado uma área de 339
m
2
e distanciando-se 281 km de Recife.
Foram realizados ensaios de soroprevalência em amostras humanas e bovinas, em
um mesmo ambiente agropecuário. O número de amostras bovinas (1.076) foi definido em
função dos critérios preconizados por Astudillo (1979). O número de amostras humanas
(56), (49 – Vaqueiros; 02 – Administradores; 03 – Estudantes; 01 – Médico Veterinário; 01
- Pecuarista) colhidas por um técnico de enfermagem, sendo definido em função da
disponibilidade voluntária das pessoas em doar sangue, após prévia explicação sobre o
trabalho e o devido consentimento em 28 propriedades.
Figura 1
Mapa do Estado de Pernambuco, destacando o município de Correntes.
Recife -2007.
Paraíba
Correntes
Alagoas
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
81
De cada doador, animal ou humano foram colhidos 5,0 ml de sangue através de
venopunção com material descartável estéril, sendo esse material devidamente
identificado, acondicionado e encaminhado ao laboratório. Após a retração do coágulo em
temperatura ambiente, as amostras foram centrifugadas por 10 minutos com força real de
centrifugação igual a 5000G e em seguida o soro obtido foi acondicionado em tubos do
tipo eppendorf e armazenados a uma temperatura de – 18ºC para posterior análise.
As amostras de ambas as espécies foram examinadas pelo teste do antígeno
acidificado tamponado
2
(AAT) utilizando-se antígeno produzido pelo Instituto de
Tecnologia do Paraná TECPAR, adquiridos na Superintendência Federal da Agricultura
no Estado de Pernambuco SFA-PE, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
- MAPA, sendo as humanas submetidas, também, à soroaglutinação lenta em tubos (SAL)
e ao 2-mercaptoetanol (2-ME). Nos casos de reação ao SAL e/ou 2-ME, para qualquer
título, as amostras humanas foram examinadas pela técnica de fixação do complemento
(ALTON et al., 1988).
As análises sorológicas foram realizadas nos Laboratórios de Pesquisa em Clínica
de Grandes Animais e de Doenças Infecciosas do Departamento de Medicina Veterinária
da Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE e no Laboratório Nacional
Agropecuário Recife (LANAGRO PE), seguindo-se as normas técnicas contidas no
Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose - PNCEBT
(BRASIL, 2004).
Com o objetivo de caracterizar os fatores de risco associados a possível conexão da
infecção entre ambas as espécies, pessoas que haviam sido submetidas à colheita de sangue
foram solicitadas a responder ao questionário investigativo contendo perguntas fechadas e
aplicadas por uma única pessoa previamente treinada. Este foi dividido em três partes
distintas: identificação, aspectos clínicos e aspectos gerais: consumo de leite cru; consumo
de derivados de leite sem tratamento térmico (queijo coalho); contato com carne; contato
com secreções como descargas vaginais, fetos abortados e placentas); contato com a
vacina B19 e uso de luvas para manipulação dos animais de fetos e palpação retal.
As informações obtidas foram inseridas em um formulário eletrônico elaborado no
programa Microsoft Access
®
e Visual Basic
®
para posterior tabulação dos dados e análise.
O estudo dos fatores de risco não foi estatisticamente analisado, pois o se detectou
nenhuma pessoa positiva ao teste de fixação de complemento.
2
TECPAR – Lote: 002/05 – 003/05.
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
82
5.1.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 56 indivíduos examinados, 1/56 (1,8%) apresentou anticorpos anti-B. abortus,
ao teste do AAT (Tabela 1). Subseqüentemente, 21,4% (12/56) reagiram a SAL, com
títulos variando entre 1:25 e 1:50 e nenhum reagiu ao 2-ME (Tabelas 2 e 3), com destaque
para uma amostra que reagiu ao AAT e não apresentou reação de aglutinação ao SAL e ao
2-ME.
Tabela 1 – Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para pesquisa de B. abortus, realizado
pela técnica do antígeno acidificado tamponado (AAT) no município de Correntes – PE, 2006.
Resultado AAT Amostras Freqüência (%)
Reagente 01 1,8
Não Reagente 55 98,2
TOTAL 56 100
Tabela 2 – Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para pesquisa de B. abortus, realizado
pela técnica de soroaglutinação lenta em tubos (SAL) no município de Correntes – PE, 2006.
Resultado SAL Amostras Freqüência (%)
Reagente 12 21,4
Não Reagente 44 78,6
TOTAL 56 100
Tabela 3 – Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para pesquisa de B. abortus, realizado
pela técnica do 2-Mercaptoetanol (2-ME) no município de Correntes – PE, 2006.
Resultado 2-ME Amostras Freqüência (%)
Reagente 0 0,0
Não Reagente 56 100
TOTAL 56 100
Tabela 4 – Freqüência de humanos sororreagentes ao exame sorológico para pesquisa de B. abortus, realizado
pela técnica de fixação do complemento (FC) no município de Correntes – PE, 2006.
Resultado FC Amostras Freqüência (%)
Reagente 0 0,0
Não Reagente 12 100
TOTAL 12 100
As 13 amostras reagentes ao AAT (1) ou a SAL (12) foram submetidas à Fixação
do Complemento (Tabela 4), e não apresentaram positividade.
Apesar da provável ocorrência da infecção por B. abortus em humanos em algumas
regiões do Brasil - Norte (LOPES, 1999), Centro-Oeste (SCHEIN, 2006), Sul
(GONÇALVES et al., 2006) e Nordeste (MENDONÇA, 1997; LACERDA et al., 2000),
este estudo não ratificou positividade de amostras. Portanto, os achados foram compatíveis
com os obtidos na região Sudeste (VASCONCELOS, 2003), onde não se identificou
amostra reagente na população de estudantes, residentes e pós-graduados de medicina
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
83
veterinária. Entretanto, diferiu de outros ensaios sorológicos realizados no Nordeste, que
permitiram identificar em Pernambuco 2,99% (5/167) de prevalência entre trabalhadores
de mercado de carne, pecuaristas, tratadores de animais e estudantes de medicina
veterinária (MENDONÇA, 1997) e no Maranhão 10,17% (6/59) (LACERDA et al., 2000).
Em relação à discrepância de resultados entre os três testes realizados e com base
nos princípios técnico-científicos aplicados na interpretação de resultados relativos à
brucelose bovina (PAULIN; FERREIRA-NETO, 2003; BRASIL 2004), devido à falta de
técnicas específicas para a espécie humana, a positividade observada em 13 das amostras
examinadas pode ser interpretada de diferentes formas: na amostra positiva ao AAT, sem a
devida confirmação nos demais testes, o resultado deve ser interpretado como reação
inespecífica, pois a imunoglobulina G do tipo 1 (IgG1), supostamente detectada, deveria
obrigatoriamente ter sido identificada nos demais testes.
As reações observadas nas outras 12 amostras examinadas na SAL, negativas no
AAT, 2-ME e fixação de complemento, devem ser interpretadas, como resultados
negativos (BRASIL, 2004). Todavia, podem representar reações inespecíficas, ou ainda,
reações compatíveis com infecção incipiente por B. abortus (GAZAPO, 1989; ARIZA,
1992). Neste caso, deve-se ressaltar o fato da SAL ter a propriedade de detectar mais
imunoglobulina M (IgM) do que IgG, inclusive em títulos maiores do que o teste de
fixação de complemento.
Os resultados obtidos neste estudo não comprovaram o caráter zoonótico da
brucelose bovina reconhecido universalmente (ACHA; SZIFRES, 2001). Entretanto, a
evidente manutenção da brucelose bovina na população examinada, onde 64,3% (18/28)
das propriedades apresentarem animais positivos (Tabela 5), com uma prevalência da
infecção de 6,8% (74/1.089) (Tabela 6), além do seu recrudescimento, ao se comparar os
achados a trabalhos anteriores (TENÓRIO et al., 2005), cria uma situação potencialmente
crítica, com a coexistência de fatores que colocam em risco a saúde das pessoas que
convivem no ambiente agropecuário estudado.
Tabela 5 Freqüência de rebanhos sororreagentes para pesquisa de B. abortus, realizado pela técnica do
antígeno acidificado tamponado (AAT) no município de Correntes –PE, 2006.
Resultado ao AAT rebanhos Freqüência (%)
Reagente 18 64,3
Não Reagente 10 35,7
TOTAL 28 100
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
84
Tabela 6 Freqüência de bovinos sororreagentes para pesquisa de B. abortus, realizado pela técnica do
antígeno acidificado tamponado (AAT) no município de Correntes –PE, 2006.
Resultado AAT Amostras Freqüência (%)
Reagente 74 6,8
Não Reagente 1.015 93,2
TOTAL 1.089 100
Em relação à investigação dos possíveis fatores de risco da transmissão da
brucelose bovina para as pessoas envolvidas neste estudo, elencados na Tabela 7,
depreende-se que a maioria delas encontravam-se expostas ao agente etiológico da
brucelose bovina.
Neste sentido, 78,6% (44/56) das pessoas consumiam leite cru e 89,3% (50/56)
delas os seus derivados sem tratamento térmico, principalmente o queijo coalho (Tabela 7).
Esta é uma real exposição, uma vez que constitui uma via importante de transmissão de
Brucella sp (LANGONI et al., 2000; METIN et al, 2001). Deve-se destacar que Botelho et
al. (2000) isolaram B. abortus no leite de vacas infectadas na mesma região estudada.
Em relação ao contato com carne, 57,2% (32/56) das pessoas encontrava-se sob
este risco (Tabela 7), embora se saiba que é de menor magnitude, quer o contato ou a
ingestão de carnes, pela menor quantidade de brucélas encontradas nos linfonodos que
pode estar impregnados na musculatura, além das temperaturas elevadas que as carnes o
submetidas quando utilizadas na culinária tradicional (MARTINS, 1994).
Preocupante foi perceber que 73,2% (41/56) das pessoas mantinham, pela lida
diária com gado bovino, constante contato com secreções (descargas vaginais, fetos
abortados e placentas) (Tabela 7). Trata-se, certamente do mais importante fator de risco à
saúde das pessoas (VASCONCELOS, 2003), especialmente quando registro de
brucelose no rebanho bovino, dentre outras doenças da esfera reprodutiva.
As pessoas examinadas encontravam-se, quase sempre, em situações insalubres:
73,2% (41/56) delas (Tabela 7), não faziam uso do equipamento de proteção individual
(EPI), estando expostas à infecção, podendo o risco ser caracterizado pelo contato direto de
abrasões da pele com tecidos de animais infectados e por via respiratória pela inalação de
aerossóis (CARTER; CHENGAPPA, 1991; CORRÊA; CORRÊA, 1992; FERRAZ, 1999;
HIRSH; ZEE, 2003; DOGANAY; AYGEN, 2003; FRANZOLIN, 2005).
O contato com a vacina B19, embora se caracterize como um fator de risco
potencial da infecção para médicos veterinários ou manipuladores, que podem se infectar
acidentalmente ou através dos aerossóis (HIRSH; ZEE, 2003; DOGANAY; AYGEN,
2003; FRANZOLIN, 2005), neste estudo, como apenas dois profissionais foram
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
85
examinados e apenas um 1,8% (1/56) utilizava a vacina (Tabela 7) não sendo considerado
como um fator de risco.
Tabela 7 Distribuição de humanos pesquisados segundo as variáveis: consumo de leite cru, derivados do
leite sem tratamento térmico, contato com carnes, contato com vacina B19 e uso de luvas, em
propriedades rurais do município de Correntes-PE. Recife – 2007.
Variável n %
Consumo de Leite Cru
Consume 44 78,6
Não Consume 12 21,4
TOTAL 56 100
Consumo de derivados de leite sem tratamento térmico
Consume 50 89,3
Não Consume 06 10,7
TOTAL 56 100
Contato com carne
Com contato 32 57,2
Sem contato 24 42,8
TOTAL 56 100
Contato com Secreções
Com contato 41 73,2
Sem contato 15 26,8
TOTAL 56 100
Vacina B19
Com contato 01 1,8
Sem contato 55 98,2
TOTAL 56 100
Luvas
Usava 15 26,8
Não usava 41 73,2
TOTAL 56 100
5.1.6 CONCLUSÃO
A população da zona rural no Município de Correntes-PE, Brasil, com ênfase aos
grupos de risco estudados, encontra-se exposta à infecção por Brucella abortus, embora
não se possa inferir transmissibilidade da infecção entre as populações bovina e humana
TENÓRIO, T.G.S. Aspectos Zoonóticos da Brucelose Bovina no Município de Correntes, Estado de Pernambuco,
Brasil.
86
examinadas. De qualquer forma, uma maior vigilância por parte das autoridades sanitárias
deve ser implementada.
5.1.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Salud/Oficina Sanitária Panamericana/Oficina Regional de la Organización Mundial de la
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Brasil.
91
6 CONCLUSÕES
A análise dos resultados permitiram concluir que:
1
0
) A brucelose bovina, apesar dos esforços oficiais, mantém-se nos rebanhos
leiteiros do município de Correntes, Estado de Pernambuco, e como tal, caracteriza-se
como um fator de risco primário à infecção de humanos. Todavia, sua prevalência alta,
deve-se aos efeitos negativos de um conjunto de ações sanitárias oficiais implementadas ao
longo das últimas décadas em praticamente todas as regiões do país;
2
0
) A população da zona rural no Município de Correntes-PE, Brasil, com ênfase
aos grupos ocupacionais estudados, encontra-se exposta à infecção por Brucella abortus,
embora não se tenha inferido transmissibilidade da infecção entre as populações bovina e
humana examinadas.
3
O
) Os ensaios soroepidemiológicos são uma importante ferramenta de diagnóstico
de situação e controle da brucelose, pois, ao permitirem a atualização de dados e o
redimensionamento da magnitude da infecção, oferecem suporte necessário para o
saneamento dos rebanhos e, conseqüentemente, para a prevenção de infecção humana.
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