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ao tipo arquitetônico que ora surge. Mesmo assim, com todas essas dificuldades, conseguem-se
realizar trabalhos orientados à maneira moderna, com uma economia de 25% sobre o custo total,
apesar de serem executados com material de primeira ordem. A economia é resultante da quantidade
de material empregado, quantidade que é menor, pois a construção se faz cientificamente, pelo que
se consegue, também, a redução de mão-de-obra devido à organização inteligente do esforço dos
operários. Acresce que há a vantagem de erigir muitas casas juntas, o que, quando se emprega a
estandardização, é fator essencial de barateamento. Além disso, economiza-se eliminando-se as
coisas inúteis, ingenuamente necessárias em casas antiquadas, mas que, graças ao bom gosto e à
simplicidade da construção moderna, passam a ser perfeitamente dispensáveis, se não ridículas.”
87
E Warchavchik complementa a respeito do emprego de materiais de construção
adequados:
“O tijolo é um material arcaico. Precisamos de outro material mais volumoso, a fim de que se possa
levantar uma parede com maior rapidez. Sendo o tijolo um elemento de unidades cujas dimensões
são diminutas, ele requer, para se atingir uma altura preestabelecida, um esforço conjunto muito
maior do que o emprego de material mais volumoso. O tijolo, sem dúvida, já teve a sua razão de ser,
para a construção de cornijas elaboradas, e para certos tipos de prédios executados em material
visível obedecendo a desenhos especiais em sua colocação, como se usa no norte na Alemanha, na
Holanda, e na Inglaterra. Quando as paredes devem ser revestidas de argamassa, o material a
empregar-se poderá ser outro, desde que obedeça às leis da estática, que seja impermeável e
higiênico.
Os blocos de material manufaturado, que desejamos, já teriam os orifícios para a passagem dos
encanamentos, o que representaria uma grande vantagem econômica, porque, nas construções
modernas, os encanamentos ocupam um lugar de relevo. Por essa razão, devemos insistir na
necessidade de se preparar o material destinado às construções, nas usinas, material esse que
consistiria em partes componentes da construção geral, como sejam: células ou quartos já prontos e
paredes desmontáveis. As experiências européias e norte-americanas provam que isto é possível.
Seria, pois, de grande conveniência que os nossos grandes industriais, aos quais cabe o papel dos
Médici do século XIV, se interessassem por esse problema, patrocinando as experiências
necessárias, porque é deles, principalmente, que depende a solução dessa enorme interrogativa,
constituída de um assunto técnico e humanitário, concretizada na indústria de casas adequadas ao
homem do nosso século
.”.
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Desta forma, embora Warchavchik acompanhasse atentamente as experiências
arquitetônicas européias, sobretudo de Gropius e Le Corbusier, sua produção em terras
87
WARCHAVCHIK, Gregori. Arquitetura do século XX e outros escritos. São Paulo. Cosac Naify, 2006. p. 85,
86 e 87
88
Idem.