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Esse estilo, ao primeiro olhar, demonstra simplicidade, parece seguir
um padrão comum, usual, do dia-a-dia, porém, ao lado de suas colegas,
figurantes, que representam suas amigas de escola, convidando-a para uma
festa, nota-se a diferença de estilo. Suas amigas vestem calça jeans bem
justa ao corpo, regata decotada, busto, pernas e barriga aparentes. O
figurino desse pequeno grupo demonstra que Jade está fora do contexto
social carioca, que é confirmado pelo diálogo com sua mãe.
- Essas meninas brasileiras não dão sossego pra gente.
Jade responde:
- Por que a senhora disse que eu não podia sair por causa
da religião? Agora elas vão ficar rindo de mim, me gozando.
- Rindo, mas de que? Nós não rimos da religião delas. Por
que elas vão rir da nossa?
- Eu nunca posso nada. Nunca posso estudar na casa de
ninguém, dormir na casa de ninguém, ir à festa de ninguém.
- Faça a festa aqui em casa. Traga suas amigas aqui.
- Não tem nada demais uma discoteca mãe.
-Tassabur. Paciência.
- Elas são brasileiras e você não é. E discoteca é um lugar
de bebida, luxúria. É haran, pecado, não é o seu ambiente
Jade.
- Onde é que é meu ambiente então mãe? Eu cresci aqui,
eu moro aqui. Eu tô cansada de me sentir diferente, eu
quero ser igual a todo mundo.
- Você está aqui de passagem. Um dia nós voltamos.
Inshalah. Vamos procurar a família do seu pai em
Marrocos. Lá é nossa casa, nosso lugar.
Na cena seguinte, ela vai sozinha à praia do Rio de Janeiro, seu
figurino evidencia ainda mais a diferença cultural da personagem. Ela veste
maiô marrom sem decote, com a parte inferior na forma de um pequeno
short, uma peça muito recatada ao lado dos figurantes que usam biquíni fio