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CONSÓRCIO GRAMÍNEA x LEGUMINOSA E
ADUBAÇÃO NITROGENADA NO PLANTIO
DIRETO DO FEIJOEIRO
CÍCERO MONTI TEIXEIRA
2007
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CÍCERO MONTI TEIXEIRA
CONSÓRCIO GRAMÍNEA x LEGUMINOSA E ADUBAÇÃO
NITROGENADA NO PLANTIO DIRETO DO FEIJOEIRO
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-graduação em Agronomia, área de
concentração Fitotecnia, para a obtenção do
título de “Doutor”.
Orientador
Prof. Gabriel José de Carvalho
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de
Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Teixeira, Cícero Monti
Consórcio gramínea x leguminosa e adubação nitrogenada no plantio direto do
feijoeiro / Cícero Monti Teixeira
. – Lavras : UFLA, 2007.
152 p. : il.
Orientador:
Gabriel José de Carvalho
Tese (Doutorado) – UFLA.
Bibliografia.
1.Feijão. 2. Consórcio gramínea x leguminosa. 3. Plantio direto. 4. Decomposição. 5. Liberação de
nutrientes. 5. Fixação biológica de nitrogênio. 6. Adubação nitrogenada. I. Universidade Federal de Lavras. II.
Título.
CDD-635.652814
CÍCERO MONTI TEIXEIRA
CONSÓRCIO GRAMÍNEA x LEGUMINOSA E ADUBAÇÃO
NITROGENADA NO PLANTIO DIRETO DO FEIJOEIRO
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-graduação em Agronomia, área de
concentração Fitotecnia, para a obtenção do
título de “Doutor”.
APROVADA em 28 de maio de 2007
Prof. Dr. Antônio Eduardo Furtini Neto DCS/UFLA
Pesquisador Dr. José Mauro Valente Paes EPAMIG
Prof. Dr. Messias José Bastos de Andrade DAG/UFLA
Pesquisador. Dr. Moizés de Souza Reis EPAMIG
Prof. Dr. Gabriel José de Carvalho
DAG/UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
DEDICATÓRIA
A Deus, pela vida e pelas bênçãos
AGRADEÇO
A todos aqueles que, de forma socialmente justa e ambientalmente
responsável, retiram do solo o sustento da humanidade
OFEREÇO
À minha mãe, Maria Aparecida Monti Teixeira; ao meu pai, Zoroastro
Benício Teixeira e à minha irmã, Adriana Monti Teixeira, pelo apoio
fundamental em todos os momentos de minha vida
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Patrícia, pelo companheirismo e apoio em todas as horas.
Ao meu cunhado Gilberto Vilas Boas Magalhães, pela amizade e
incentivo.
À Universidade Federal de Lavras através do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia/Fitotecnia, pela oportunidade de realização
deste curso.
À CAPES e ao CNPq pela concessão das bolsas de estudos.
Ao Prof. Dr. Gabriel José de Carvalho, pela confiança e pela
orientação desde a iniciação científica.
Ao Prof. Dr. Messias José Bastos de Andrade e ao Prof. Dr. Carlos
Alberto Silva, pela co-orientação.
Aos colegas da Epamig Pesquisador Dr. José Mauro Valente Paes e
Pesquisador Dr. Moisés de Souza Reis, pela participação na banca de
defesa e pelas valiosas sugestões.
Aos Engenheiros Agrônomos Luís Gonzaga Carneiro e Luís Francisco
de Rosa Macêdo, pelo apoio e incentivo na carreira agronômica.
Aos funcionários do Departamento de Agricultura, Agnaldo,
Alessandro, Corrêa, Júlio, Mário (Manguinha), João Batista (Pila) e, de
forma especial, ao Sirlei, pela colaboração nos trabalhos a campo.
Aos colegas da pós-graduação que de uma forma ou de outra
contribuíram durante a caminhada, muitos se tornando grandes amigos.
Ao acadêmico do curso de agronomia Leonardo Umemura, pela
valiosa ajuda na realização dos trabalhos.
Aos funcionários e professores do Departamento de Agricultura.
Aos amigos de Lavras, Galvão, Rosa, Dona Agmar, Russo, Sônia,
Wagner, Agmarzinha, Márcio Fiorini, Sérgio Umemura, Suzan,
Guilherme e Taís.
E a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para esta
conquista,
MUITO OBRIGADO!
SUMÁRIO
Página
RESUMO GERAL ............................................................................................... i
GENERAL ABSTRACT.....................................................................................ii
I – CRESCIMENTO E RENDIMENTO DO FEIJOEIRO SOB
INFLUÊNCIA DE NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO
SOLTEIRO E CONSORCIADO COM FEIJÃO-DE-PORCO ............................. 1
Resumo .................................................................................................................. 1
Abstract.................................................................................................................. 2
1 Introdução........................................................................................................... 3
2 Material e métodos.............................................................................................. 6
3 Resultados e discussão...................................................................................... 10
4 Conclusões........................................................................................................ 20
5 Referências bibliográficas................................................................................. 21
II – DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE MACRONUTRIENTES
DAS PALHADAS DE MILHETO E MILHETO+FEIJÃO-DE-PORCO
NO PLANTIO DIRETO DO FEIJOEIRO .......................................................... 25
Resumo ................................................................................................................ 25
Abstract................................................................................................................ 26
1 Introdução......................................................................................................... 27
2 Material e métodos............................................................................................ 30
3 Resultados e discussão...................................................................................... 34
4 Conclusões........................................................................................................ 46
5 Referências bibliográficas................................................................................. 47
III – NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJOEIRO SOB INFLUÊNCIA DE
NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO SOLTEIRO E
CONSORCIADO COM FEIJÃO-DE-PORCO................................................... 49
Resumo ................................................................................................................ 49
Abstract................................................................................................................ 50
1 Introdução......................................................................................................... 51
2 Material e métodos............................................................................................ 54
3 Resultados e discussão...................................................................................... 58
4 Conclusões........................................................................................................ 70
5 Referências bibliográficas................................................................................. 71
IV – CRESCIMENTO E RENDIMENTO DO FEIJOEIRO SOB
INFLUÊNCIA DE NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO
SOLTEIRO E CONSORCIADO COM CROTALÁRIA .................................... 75
Resumo ................................................................................................................ 75
Abstract................................................................................................................ 76
1 Introdução......................................................................................................... 77
2 Material e métodos............................................................................................ 80
3 Resultados e discussão...................................................................................... 84
4 Conclusões........................................................................................................ 88
5 Referências bibliográficas................................................................................. 89
V – DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE MACRONUTRIENTES
DAS PALHADAS DE MILHETO E MILHETO+CROTALÁRIA NO
PLANTIO DIRETO DO FEIJOEIRO ................................................................. 93
Resumo ................................................................................................................ 93
Abstract................................................................................................................ 94
1 Introdução......................................................................................................... 95
2 Material e métodos............................................................................................ 98
3 Resultados e discussão.................................................................................... 102
4 Conclusões...................................................................................................... 114
5 Referências bibliográficas............................................................................... 115
VI – NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJOEIRO SOB INFLUÊNCIA DE
NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO SOLTEIRO E
CONSORCIADO COM CROTALÁRIA.......................................................... 117
Resumo .............................................................................................................. 117
Abstract.............................................................................................................. 118
1 Introdução....................................................................................................... 119
2 Material e métodos.......................................................................................... 122
3 Resultados e discussão.................................................................................... 126
4 Conclusões...................................................................................................... 132
5 Referências bibliográficas............................................................................... 133
ANEXOS ........................................................................................................... 137
LISTA DE ABREVIATURAS
SPD......................................................................................sistema plantio direto
M................................................................................................................milheto
FP...................................................................................................feijão-de-porco
C.............................................................................................................. crotalária
C/N...........................................................................................carbono/nitrogênio
DAE .................................................................................. dias após a emergência
DAS ....................................................................................dias após a semeadura
DAM........................................................................................dias após o manejo
FBN...................................................................... fixação biológica de nitrogênio
FV ............................................................................................. fontes de variação
GL.............................................................................................graus de liberdade
C.V. (%)............................................................................ coeficiente de variação
R
2
...............................................................................coeficiente de determinação
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA I1 Estandes inicial e final, produção de fitomassa, número de
vagens por planta, número de grãos por vagem, massa de
cem grãos e rendimento de grãos do feijoeiro, cultivar
BRS-MG Talismã, sob doses de nitrogênio na base e em
cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M
e M+FP no SPD......................................................................... 11
TABELA I2 Massa de cem grãos e rendimento de grãos, com e sem
inoculação + aplicação de Co e Mo no feijoeiro, cultivar
BRS-MG Talismã, em sucessão à adição ao solo das
palhadas de M e M+FP, no SPD.............................................. 19
TABELA II1 Acúmulos iniciais de fitomassa seca (Mg ha
-1
) e
macronutrientes (kg ha
-1
) e teores de macronutrientes (dag
kg
-1
) das palhadas de M e M+FP ............................................. 36
TABELA III1 Teores foliares de macro e micronutrientes do feijoeiro,
cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses de
nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição
ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD............................ 59
TABELA III2 Teores foliares de Cu do feijoeiro, cultivar BRS-MG
Talismã, sob diferentes doses de N na semeadura em
sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP, no
SPD.......................................................................................... 61
TABELA III3 Teores de N, K, Ca, Mg e Cu, com e sem inoculação e
aplicação de Co e Mo no feijoeiro, cultivar BRS-MG
Talismã, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e
M+FP, no SPD......................................................................... 68
TABELA IV1 Estandes inicial e final, produção de fitomassa, número de
vagens por planta, número de grãos por vagem, massa de
cem grãos e rendimento de grãos do feijoeiro, cultivar
BRS-MG Talismã, sob doses de nitrogênio na semeadura e
em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas
de M e M+C no SPD ............................................................... 85
TABELA V1 Acúmulos iniciais de fitomassa seca (Mg ha
-1
) e
macronutrientes (kg ha
-1
) e teores de macronutrientes (dag
kg
-1
) das palhadas de M e M+C............................................. 105
TABELA VI1 Teores foliares de macro e micronutrientes do feijoeiro,
cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses de
nitrogênio na semeadura e em cobertura, em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+C no SPD ................ 127
TABELA VI2 Teores de Ca e Cu, com e sem inoculação e aplicação de
Co e Mo no feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+C, no
SPD........................................................................................ 131
TABELA 1A Características químicas de amostras da camada de 0-20
cm de profundidade antes e após o cultivo de M solteiro e
consorciado com FP............................................................... 139
TABELA 2A Características químicas da camada de 0-20 cm antes e
após o cultivo de M solteiro e consorciado com C................ 140
TABELA 3A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
estandes inicial e final, produção de fitomassa da parte
aérea, rendimento de grãos e componentes primários do
feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de
nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição
ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD.......................... 141
TABELA 4A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais entre os
tratamentos com e sem inoculação e aplicação de Co e Mo
no feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+FP, no SPD.............. 142
TABELA 5A Resumo da análise de variância dos dados referentes à
decomposição e liberação de macronutrientes das palhadas
de M e M+FP......................................................................... 143
TABELA 6A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn
do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de
nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição
ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD.......................... 144
TABELA 7A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
acúmulos de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn do
feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de
nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição
ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD.......................... 145
TABELA 8A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais, para os
teores de macro e micronutrientes, entre os tratamentos
com e sem inoculação e aplicação de Co e Mo no feijoeiro,
cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à adição ao solo
das palhadas de M e M+FP, no SPD ..................................... 146
TABELA 9A Resumo da análise de variância dos dados referentes ao
estande e final, produção de fitomassa da parte aérea,
rendimento de grãos e componentes primários do feijoeiro,
cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de nitrogênio na
base e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das
palhadas de M e M+C no SPD .............................................. 147
TABELA 10A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais entre os
tratamentos com e sem inoculação e aplicação de Co e Mo
no feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+C, no SPD ............... 148
TABELA 11A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
acúmulos iniciais de fitomassa seca (F.S.) e
macronutrientes das palhadas de M e M+C........................... 149
TABELA 12A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn
do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes
doses de nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+C no SPD ................ 150
TABELA 13A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
acúmulos de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn do
feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses
de nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+C no SPD ................ 151
TABELA 14A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais, para os
teores de macro e micronutrientes, entre os tratamentos
com e sem inoculação e aplicação de Co e Mo no feijoeiro,
cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à adição ao solo
das palhadas de M e M+C, no SPD ....................................... 152
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA I1 Número de vagens por planta do feijoeiro, cultivar BRS-
MG Talismã, em diferentes doses de nitrogênio em
cobertura no SPD....................................................................... 13
FIGURA I2: Massa de cem grãos do feijoeiro, cultivar BRS-MG
Talismã, em diferentes doses de nitrogênio em cobertura e
em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP,
no SPD....................................................................................... 14
FIGURA I3: Produção de fitomassa da parte aérea do feijoeiro, cultivar
BRS-MG Talismã, em diferentes doses de nitrogênio na
base da semeadura e em cobertura no SPD ............................... 15
FIGURA I4: Rendimento de grãos do feijoeiro, cultivar BRS-MG
Talismã, em diferentes doses de nitrogênio na base da
semeadura e em cobertura no SPD ............................................ 17
FIGURA II1: Massa seca remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 35
FIGURA II2: Nitrogênio remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 37
FIGURA II3: Nitrogênio, NH
4
+
e NO
3
-
, no solo, sob as palhadas de M e
M+FP, sob a cultura do feijoeiro em SPD, até 72 DAM das
palhadas ..................................................................................... 39
FIGURA II4: Fósforo remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 40
FIGURA II5: Potássio remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 41
FIGURA II6: Cálcio remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 43
FIGURA II7: Magnésio remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 44
FIGURA II8: Enxofre remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................... 45
FIGURA III1: Teor de N do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD ................ 62
FIGURA III2: Teor de K do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD ................ 63
FIGURA III3: Teor de S do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD ................ 64
FIGURA III4: Teor de Ca do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio na semeadura e em
cobertura no SPD....................................................................... 65
FIGURA III5: Teor de Mg do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio, na semeadura e em
cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M
e M+FP, no SPD........................................................................ 67
FIGURA V1: Massa seca remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 104
FIGURA V2: Nitrogênio remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 106
FIGURA V3: Nitrogênio-NH
4
+
no solo, sob as palhadas de M e M+C,
sob a cultura do feijoeiro em SPD, até 72 DAM das
palhadas ................................................................................... 107
FIGURA V4: Fósforo remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 108
FIGURA V5: Potássio remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 110
FIGURA V6: Cálcio remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 111
FIGURA V7: Magnésio remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 112
FIGURA V8: Enxofre remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro,
até 72 DAM ............................................................................. 113
FIGURA VI1: Teor de N do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD .............. 129
FIGURA VI2: Teor de Mg do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD .............. 130
FIGURA 1A: Variações diárias da temperatura média, precipitação
pluviométrica, umidade relativa do ar e insolação, no
período de março de 2005 a maio de 2006.............................. 138
RESUMO
TEIXEIRA, Cícero Monti. Consórcio gramínea x leguminosa e
adubação nitrogenada no plantio direto do feijoeiro. Lavras: UFLA,
2007. 152 p. (Tese – Doutorado em Agronomia/Fitotecnia)
O objetivo foi avaliar a influência da adubação nitrogenada no
rendimento de grãos do feijoeiro e seus componentes primários e na
nutrição mineral da cultura sob palhada de milheto
(Pennisetum typhoides
(Burm.) Stapf) solteiro e consorciado com as leguminosas feijão-de-porco
(Canavalia ensiformes (L.) DC.) no inverno/primavera e crotalária (Crotalaria
juncea) no verão/outono, além da decomposição e liberação de nutrientes das
palhadas. O delineamento utilizado nos dois experimentos foi o de blocos
casualizados, com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As
parcelas foram constituídas pelas duas palhadas (milheto solteiro e consorciado)
e as subparcelas pelo fatorial (2 x 4) + 1, representado por duas doses de N na
semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro em cobertura (0, 40, 80 e 120 kg ha
-1
), mais
um tratamento adicional. O tratamento adicional foi constituído pela dose de 30
kg ha
-1
de N na semeadura, com inoculação das sementes do feijoeiro com
Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo. Nos estudos da decomposição
e da liberação de nutrientes das palhadas foi utilizado o método das “litter bags”,
em delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema de
parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas pelas duas palhadas e as
subparcelas pelas épocas de avaliação ao longo do cultivo do feijoeiro (0, 8, 16,
24, 40, 56 e 72 dias após a semeadura). No experimento de inverno/primavera a
resposta do feijoeiro às doses de N em cobertura para a massa de cem grãos foi
menor na palhada do consórcio, não se refletindo no rendimento. O feijoeiro sob
palhada de milheto+feijão-de-porco apresentou maior teor de N e Mg e menor
teor de Ca. No experimento de verão/outono o maior rendimento de grãos foi
obtido sob palhada de milheto, não havendo influência das palhadas na nutrição
do feijoeiro. Os consórcios apresentaram maior produção de fitomassa e maior
ciclagem de nutrientes em relação ao milheto solteiro.
Comitê orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
ABSTRACT
TEIXEIRA, Cícero Monti. Grassy x leguminous intercropping and
nitrogen fertilizer in bean no-till. Lavras: UFLA, 2007. 152 p. (Thesis –
Doctor’s degree in Agronomy/Crop science)
The objective was evaluate the nitrogen fertilization in bean grain yield
and its primary compounds and in the crop mineral nutrition under straws of
single millet (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) and millet plus jack bean
(Canavalia ensiformes (L.) DC.) intercropping in winter/spring epoch and millet
and millet plus Crotalaria juncea intercropping in summer/autumn epoch also
the decomposition and nutrient release of the straws. Two experiments were
carried out at Federal University of Lavras (Lavras, Minas Gerais state, Brazil)
in a randomized blocks design and four replications in split plot arrangement,
with the straws in the plots and nitrogen levels at sowing (30 e 60 kg ha
-1
) and at
topdressing (0, 40, 80 and 120 kg ha
-1
) in a factorial (2 x 4) + 1 in sub-plots, plus
an additional treatment with 30 kg ha
-1
at sowing and bean seeds inoculation by
Rhizobium tropici with Co and Mo foliar appliance. In straws decomposition and
nutrient release studies were utilized the litter bags method, in randomized
blocks design and four replications in split plot arrangement. The plots were
composed by the straws and the sub-plots by the evaluation epochs (0, 8, 16. 40,
56 e 72 days). In winter/spring experiment the hundred grain weight present the
minor values occurring on millet straws at minor nitrogen levels, but don’t
reflecting in the grain yield. Under intercropping straw the bean presented the
bigger N and Mg and minor Ca foliar contents. In summer/autumn experiment
the greatest grain yield was obtained under single millet straw, without straws
influence in bean mineral nutrition. The grass x leguminous intercroppings
presented the greatest biomass production and nutrients recycle compared with
single millet.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
I – CRESCIMENTO E RENDIMENTO DO FEIJOEIRO SOB
INFLUÊNCIA DE NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO
SOLTEIRO E CONSORCIADO COM FEIJÃO-DE-PORCO
(Preparado de acordo com as normas da revista “Pesquisa Agropecuária
Brasileira”)
Resumo – O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes doses de
nitrogênio no cultivo do feijoeiro de inverno/primavera, cultivado no SPD, em
seqüência à aplicação de palhadas de M (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e
M+FP (Canavalia ensiformes (L.) DC.). O estudo foi conduzido no campo
experimental do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de
Lavras, MG, Brasil, utilizando-se o delineamento de blocos casualizados, com
quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram
constituídas pelas duas palhadas (M e M+FP) e as subparcelas pelo fatorial (2 x
4) + 1, representado por duas doses de N na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro
em cobertura (0, 40, 80 e 120 kg ha
-1
), mais um tratamento adicional, constituído
pela dose de 30 kg ha
-1
de N na semeadura, com inoculação das sementes do
feijoeiro com Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo. Foram avaliados
os estandes inicial e final, a produção de fitomassa da parte aérea e o rendimento
de grãos do feijoeiro, bem como seus componentes primários. A palhada de
milheto proporcionou maior numero de grãos por vagem. A maior dose de N na
base reduziu os estandes inicial e final, aumentando o número de vagens por
planta e a massa de cem grãos. O número de vagens por planta aumentou de
forma quadrática com as doses de N em cobertura, até 116 kg ha
-1
, com a massa
de 100 grãos aumentando de forma linear em ambas as palhadas, tendo a
palhada exclusiva de M proporcionado menores massas nas menores doses de N.
A produção de fitomassa da parte aérea respondeu à aplicação de N em
cobertura apenas na dose de base de 30 kg ha
-1
, atingindo valor máximo na dose
de 75 kg ha
-1
de N em cobertura. A aplicação de N em cobertura proporcionou
aumentos lineares no rendimento de grãos e a resposta mais expressiva foi
obtida quando foram utilizados 30 kg ha
-1
de N na base. A inoculação e a
aplicação de Co e Mo aumentaram a massa de cem grãos e o rendimento em
ambas as palhadas.
Termos para indexação: Sistema plantio direto, consórcio gramínea x
leguminosa, adubação verde, fixação biológica de nitrogênio.
Comitê Orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
BEAN GROWTH AND GRAIN YIELD INFLUENCED BY NITROGEN
AND STRAWS OF MILLET AND MILLET PLUS JACK BEAN
INTERCROPPING
Abstract – This work aimed to evaluate different levels of nitrogen fertilization
on winter/spring bean no-till under straws from millet (Pennisetum typhoides
(Burm.) Stapf) and millet plus jack bean (Canavalia ensiformes (L.) DC.)
intercropping. The experiment was carried out at Federal University of Lavras
(Lavras, Minas Gerais state, Brazil) in a randomized blocks design and four
replications in split plot arrangement, with the straws in the plots and nitrogen
levels at sowing with (30 e 60 kg ha
-1
) and at topdressing (0, 40, 80 and 120 kg
ha
-1
) in a factorial (2 x 4) + 1 in sub-plots, plus an additional treatment with 30
kg ha
-1
at sowing and bean seeds inoculation by Rhizobium tropici with Co and
Mo foliar appliance. The initial and final stands, biomass production, grain yield
and its primary compounds was evaluated. The millet straw provide bigger
number of grain per pod. The largest nitrogen level at sowing reduced the initial
and final stands increasing the pod per plant and hundred grain weight. Pod per
plant was influenced also by the topdressing levels, increasing until 116 kg ha
-1
,
with hundred grain weight present a linear increase in two straws, with the minor
values occurring on millet straws at minor nitrogen levels. The biomass
production was affected by the topdressing levels only with 30 kg ha
-1
at sawing,
reaching the maximum value at 75 kg ha
-1
N topdressing. The topdressing
provided linear increases in the grain yield, with the bigger answer when was
applied 30 kg ha
-1
at sowing. The inoculation with Co and Mo pulverization
application increased the hundred grain weight and grain yield in two straws.
Index terms: No-till, grassy x leguminous intercropping, cover crops, nitrogen
biology fixation.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
1 INTRODUÇÃO
O sucesso na implantação e no estabelecimento do SPD está
intimamente relacionado com a alta produção de fitomassa nos sistemas de
rotação, sem a qual os objetivos e vantagens dessa forma de cultivo não são
alcançados. A quantidade de palha oriunda de restos vegetais da cultura
principal, mesmo daquelas culturas que retornam alta quantidade de matéria
orgânica ao solo, ainda é insuficiente para que a cobertura e a qualidade do solo
sejam aumentadas, havendo a necessidade de utilização de culturas destinadas à
produção de palha.
Silveira & Stone (2001), testando diferentes sistemas de cultivo durante
cinco anos, não verificaram aumento dos níveis de matéria orgânica no SPD, o
que foi atribuído à ausência de espécies produtoras de palha, associada às altas
temperaturas e à prática da irrigação, que favoreceram a decomposição da
matéria orgânica.
Em relação à persistência da palhada no solo, destaca-se como fator
fundamental a relação C/N do material depositado na superfície. Contudo, os
teores de lignina e celulose, a presença de fenóis e a carga de nutrientes
presentes nos resíduos influenciam, do mesmo modo, a taxa de decomposição do
material incorporado ao solo (Kogel-Knabner, 2002) e o balanço dos processos
de imobilização/mineralização. Materiais com maior relação C/N, como as
gramíneas, permanecem por mais tempo no solo. Porém, quando no início da
decomposição, há tendência de maior imobilização de nutrientes, já que a
quantidade dos mesmos na palha, principalmente N, não é adequada para a
microbiota decompositora, o que implica em imobilização e diminuição da
disponibilidade para as culturas. Por outro lado, a utilização de leguminosas para
produção de palha constitui um manejo favorável ao aumento do teor e da
disponibilidade de N nos solos, com o inconveniente da sua rápida
decomposição, o que propicia ao solo pouca cobertura.
Uma alternativa é a utilização do consórcio entre gramíneas e
leguminosas para a produção de palha no SPD. O consórcio entre gramíneas e
leguminosas produz uma palhada com relação C/N intermediária àquela dos
cultivos isolados, o que leva a menor taxa de decomposição em relação aos
resíduos de leguminosas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e
maior sincronização entre o fornecimento de N pela palhada e as fases de maior
demanda das culturas pelo nutriente. Além disso, a liberação de nutrientes é
mais rápida, devido à decomposição mais acelerada da fitomassa proveniente da
leguminosa, disponibilizando-os mais rapidamente para a cultura principal
(Giacomini et al., 2003). Conforme a quantidade de biomassa produzida e o
fornecimento de N pela leguminosa, a adição de palha antecedendo a cultura
principal pode ser suficiente para atender à exigência nutricional da cultura em
sucessão e isso implica, em alguns esquemas de rotação, em substituição parcial
ou total do N suprido pelo adubo mineral (Burle et al., 1997).
Oliveira et al. (2002) testaram a influencia das palhadas de M, sorgo,
milho, mucuna-preta, FP e dos consórcios das gramíneas com as leguminosas no
rendimento de grãos e seus componentes primários do feijoeiro. Os melhores
resultados foram obtidos sob palhada de M e as menores produções ocorreram
sob palhada exclusiva das leguminosas e nos consórcios de milho+FP e
sorgo+mucuna-preta. Nas demais palhadas, os rendimentos de grãos não foram
diferentes do M e também não diferiram dos menores valores. Já Teixeira et al.
(2005) encontraram maior produção de grãos do feijoeiro sob palhada de M+FP,
em comparação com palhadas produzidas pelas mesmas em cultivo solteiro,
viabilizando a utilização dos consórcios entre gramíneas e leguminosas para
produção de palha no SPD.
A cultura do feijão tem se mostrado bastante responsiva à aplicação de
nitrogênio, sendo necessário utilizar doses superiores a 100 kg ha
-1
para garantir
a extração do nutriente associada a altas produções (Oliveira et al., 1996).
Alguns autores encontraram respostas lineares a aplicações de doses de
nitrogênio superiores a 100 kg ha
-1
(Silva, 1988; Teixeira et al., 2000;
Rodrigues, 2001; Xavier, 2002; Carvalho et al., 2003 e Romanini Júnior et al.,
2005).
O cultivo do feijão no inverno/primavera, com semeadura em
julho/agosto, apesar de pouco difundida no Sul de Minas Gerais, mostra-se uma
ótima opção para os produtores que utilizam irrigação no SPD. Esta época
permite o aproveitamento do intervalo entre a semeadura das plantas de
cobertura, em março, e a da cultura de verão, em novembro, para exploração de
mais uma cultura, diluindo os custos fixos e aumentando, conseqüentemente, a
viabilidade econômica da atividade agrícola (Teixeira, 2004).
Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de
nitrogênio na base e em cobertura, no feijão de inverno/primavera cultivado em
seqüência à adição de palhadas de M e M+FP em Latossolo sob SPD.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área experimental localizada no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no
período de março a novembro de 2005. A área vinha sendo conduzida sob SPD
há quatro anos, alternando períodos de pousio com o cultivo de feijão. O solo foi
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico típico (EMBRAPA, 2000) e
seus atributos químicos são apresentados na Tabela 1A. O clima da região, de
acordo com a classificação de Köeppen, é do tipo Cwa, temperado úmido, com
verão quente e inverno seco (Vianello & Alves, 1991). A irrigação por aspersão
convencional foi controlada monitorando-se a umidade do solo por meio de três
tensiômetros instalados à profundidade de 15 cm, aplicando-se uma lâmina de
18 mm sempre que a tensão de água no solo atingia a faixa de 30 a 40 kPa
(Silveira & Stone, 2004). Os dados climáticos são apresentados na Figura 1A.
Na área sob pousio foram aplicados 2 L ha
-1
do herbicida glifosato, com
pulverizador tratorizado com 250 L ha
-1
de calda, visando dessecar a vegetação
existente. Posteriormente, procedeu-se ao sulcamento com semeadora adubadora
de plantio direto de três linhas, com tração mecanizada, e à semeadura manual
das plantas de cobertura, sem adubação, no dia 11 de março de 2005. O FP foi
semeado na densidade de 8 sementes por metro linear (Calegari et al., 1992) e o
M (cultivar ADR-500), na densidade de 15 kg ha
-1
(Pereira Filho et al., 2003). O
espaçamento utilizado foi de 0,5 m, com semeadura simultânea de linhas
alternadas no caso do consórcio.
O manejo químico das plantas de cobertura foi realizado no dia 1º de
agosto de 2005, quando o M se encontrava com grãos farináceos e o FP no final
da floração/início da frutificação. A dessecação foi realizada com glifosato,
aplicando-se 5 L ha
-1
com pulverizador costal, com volume de calda de 300 L
ha
-1
. Com esse manejo, toda a parte aérea do M foi dessecada, porém, algumas
plantas de FP permaneceram vivas e foram cortadas com roçadora costal
motorizada, às vésperas da semeadura do feijão. As produções de fitomassa seca
do M solteiro e do consórcio com FP foram de 2,364 e 4,182 Mg ha
-1
,
respectivamente, com o feijão de porco contribuindo com 72,9 % da produção
do consórcio.
A semeadura direta do feijoeiro foi realizada 15 dias após a dessecação
das plantas de cobertura. A área foi sulcada com a mesma semeadora adubadora
utilizada anteriormente para semeadura das plantas de cobertura. Após a
demarcação das parcelas experimentais, procedeu-se à distribuição manual dos
adubos e sementes. Aos 15 DAE, foi feita a contagem de todas as plantas da área
útil da parcela para determinação do estande inicial.
O delineamento estatístico foi o de blocos casualizados, com quatro
repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas
pelas palhadas de M (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e seu consórcio com
FP (Canavalia ensiformes (L.) DC.) e as subparcelas pelas combinações entre
duas doses de N na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro doses de N em
cobertura (0, 40, 80 e 120 kg ha
-1
). O tratamento adicional foi constituído pela
dose de base de 30 kg ha
-1
de N, sem cobertura, com inoculação das sementes do
feijoeiro com Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo.
A adubação de base constou da aplicação de 320 kg ha
-1
da fórmula
NPK 08-28-16, utilizando-se uréia para complementar as adubações
nitrogenadas de base para 30 e 60 kg ha
-1
, conforme os tratamentos. Para
adubação de cobertura também foi utilizada a uréia, em duas aplicações, aos 20
e 30 DAE, aplicando-se 12 mm de água após cada cobertura para incorporação.
Nos tratamentos adicionais, as sementes foram inoculadas com inoculante
turfoso preparado pelo Laboratório de Microbiologia do Solo do Departamento
de Ciência do Solo da UFLA. Para 10 kg de sementes foram utilizados 100 g do
inoculante com a estirpe UFLA 02-100 de Rhizobium tropici. As aplicações de
Co e Mo foram feitas com pulverizador costal, aplicando-se 60 g ha
-1
de Mo aos
20 DAE (Chagas et al., 1999) e 25 g ha
-1
de Co (Junqueira Netto et al., 2001),
divididos em duas aplicações, aos 20 e 30 DAE. Cada subparcela foi constituída
por cinco linhas de 5 m de comprimento, no espaçamento de 0,5 m, com 4,5 m
2
de área útil (três linhas de 3 m).
Aos 30 DAE, procedeu-se à aplicação de mistura comercial (1 L ha
-1
,
300 L ha
-1
de calda) dos herbicidas fomezafen e fluazifop p-butil, para controle
das plantas daninhas em pós-emergência.
A cultivar de feijoeiro foi a BRS-MG Talismã, desenvolvida pelo
convênio UFLA/UFV/Epamig/Embrapa e recomendada para Minas Gerais.
Apresenta grãos tipo carioca, crescimento indeterminado com guias longas (tipo
III), porte prostrado, ciclo médio de 85 dias, resistência à raça alfa Brasil
(patótipo 89) de antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) e ao mosaico
comum (VMCF) e resistência intermediária à mancha angular (Phaeoisariopsis
griseola) (CULTIVAR, 2002).
Quando 50% das plantas se encontravam com flores abertas, foram
coletadas aleatoriamente, dentro da área útil, cinco plantas por subparcela, as
quais foram secas em estufas de circulação forçada de ar, para a determinação da
produção de fitomassa seca, utilizando-se a massa média das cinco plantas
multiplicada pelo estande final.
A colheita foi realizada aos 97 DAS, avaliando-se o rendimento de grãos
e seus componentes primários (estande final, número de vagens por planta,
número de grãos por vagem e massa média de cem grãos). Determinou-se a
umidade corrigindo-se a massa de 100 grãos e o rendimento, considerando-se
13% de umidade nos grãos (Associação Brasileira de Ensino Agrícola Superior,
1987).
Os dados experimentais foram submetidos a testes de homogeneidade de
variância. Como os dados apresentaram variâncias homogêneas, procedeu-se à
análise de variância, sem necessidade de transformação. Os efeitos das palhadas
e doses de N na semeadura foram avaliados pelo teste de F, a 5% de
probabilidade. Os efeitos das doses de nitrogênio em cobertura foram estudados
por meio de análises de regressão e, nos casos em que a interação foi
significativa, procedeu-se ao desdobramento (Gomes, 2000) das doses em
cobertura dentro das palhadas e das doses de base. Quando necessário para
complementar a discussão, desdobraram-se as palhadas e doses de base dentro
das doses de cobertura. Os tratamentos adicionais foram comparados com os
tratamentos de doses correspondentes de N do fatorial, com o emprego de dois
contrastes ortogonais (Zimmermann, 2004), visando verificar o efeito da
inoculação e aplicação de Co e Mo em cada palhada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou efeitos significativos das palhadas sobre o
número de grãos por vagem e a massa de cem grãos e das doses de N na
semeadura sobre os estandes inicial e final, número de vagens por planta, massa
de cem grãos e rendimento (Tabela 3A). As doses de N em cobertura
influenciaram a produção de fitomassa, o número de vagens por planta, a massa
de cem grãos e o rendimento. A interação entre palhadas e doses de N em
cobertura mostrou-se significativa para a massa de 100 grãos, ao passo que a
interação entre as doses de N na base e em cobertura foi significativa para a
produção de fitomassa e o rendimento de grãos.
A palhada de milheto proporcionou maior número de vagens por planta
(Tabela I1). A maior dose de N na semeadura reduziu os estandes inicial e final,
na mesma magnitude (Tabela I1). Este fato, provavelmente, se deveu à
salinidade do fertilizante, a qual pode ter provocado mortalidade de plântulas,
não sendo a irrigação suficiente para evitá-la. Em ambas as doses, o estande
final ficou aquém do ideal que, segundo Silva (1996), é de cerca de 240 mil
plantas por hectare.
TABELA I1 Estandes inicial e final, produção de fitomassa, número de vagens por planta, número de grãos por vagem,
massa de cem grãos e rendimento de grãos do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de
nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2005
1
.
Estande inicial
(plantas ha
-1
)
Estande final
(plantas ha
-1
)
Fitomassa
(kg ha
-1
)
Vagens/planta Grãos/vagem Massa 100
grãos (g)
Rendimento
(kg ha
-1
)
M 223.195 176.181 985 12,2 4,3 a 23,64 1.804
M+FP 214.375 177.083 967 12,9 4,1 b 24,59 1.756
30 227.500 a 183.125 a 1002 11,1 b 4,3 23,77 b 1.705
60 210.069 b 170.139 b 951 14,1 a 4,2 24,47 a 1.854
0 222.500 176.389 822 8,8 4,2 22,98 1.293
40 213.472 179.722 1048 11,9 4,3 23,71 1.751
80 214.306 172.639 1014 15,0 4,3 24,63 1.929
120 224.861 177.778 1021 14,6 4,1 25,17 2.146
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
Apesar de ter reduzido o estande, a maior dose de N na semeadura
proporcionou aumento do número de vagens por planta (Tabela I1), o que pode
estar associado à menor competição intra-específica, devido à redução da
população. Teixeira et al. (2000), trabalhando com diferentes densidades de
semeadura e doses de N, verificaram que o número de vagens por planta foi
reduzido com o aumento da população, principalmente nas maiores doses de N,
o que se justifica pelo maior crescimento vegetativo das plantas com a aplicação
do nutriente.
De acordo com Oliveira et al. (1996), a deficiência de N reduz a
formação de ramos e o desenvolvimento de flores, reduzindo,
conseqüentemente, o número de vagens por planta. Verifica-se, na Figura I1,
que a aplicação de N em cobertura proporcionou acréscimo nesta variável até a
dose de 116 kg ha
-1
, passando de menos de 9 vagens por planta, sem aplicação
de N, para mais de 15. Este comportamento assemelha-se ao observado por
Guerra et al. (2000), segundo o qual houve aumento do número de vagens por
planta até doses próximas a 160 kg ha
-1
. Já Teixeira et al. (2000) encontraram
respostas lineares para aplicações totais de N até 150 kg ha
-1
( na semeadura),
verificando maior resposta na safra de inverno/primavera.
No presente estudo, o número máximo de vagens por planta pode ter
sido obtido com menor dose de N, devido ao fato de os estandes terem ficado
aquém do ideal, reduzindo a demanda por N da cultura e favorecendo o
crescimento e a produção individual de vagens das plantas.
Y = -*0,0005x
2
+ **0,1157x + 8,655
R
2
= 0,97
8
9
10
11
12
13
14
15
16
0 40 80 120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Vagens planta
-1
FIGURA I1: Número de vagens por planta do feijoeiro, cultivar BRS-MG
Talismã, em diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
A massa de cem grãos apresentou maior valor na dose de 60 kg ha
-1
(Tabela I1), o que também pode estar associado à menor competição intra-
específica, devido à redução da população. Andrade et al. (1998) não
verificaram efeito da adubação nitrogenada na base da semeadura (0, 20 e 40 kg
ha
-1
) sobre a massa de cem grãos. Segundo os autores, o nitrogênio está sujeito a
perdas no solo e o enchimento de grãos ocorre mais tardiamente, não sendo
influenciado pela dose de nitrogênio na semeadura.
Na Figura I2 observa-se que a massa de cem grãos também foi
influenciada pelas doses de nitrogênio em cobertura, respondendo linearmente às
doses crescentes de N em ambas as palhadas, porém, de forma distinta. Sob
M+FP, nas menores doses de N em cobertura (0 e 40 kg ha
-1
), a massa de cem
grãos foi superior ao cultivo sob palhada exclusiva de M. Os dados ainda
demonstram que, na palhada formada pelo consórcio, a massa de cem grãos, sem
aplicação de N, foi equivalente à obtida sob M na dose de 69 kg ha
-1
de N. Isso,
possivelmente, se deveu à maior ciclagem de N por meio da decomposição da
leguminosa presente no consórcio (Tabela II1), proporcionando maiores teores
de N no solo sob esta palhada (Figura II3).
a
a
b
b
a
a
a
a
Y
M+FP
= **0,012x + 23,874
R
2
= 0,94
Y
M
= **0,0254x + 22,119
R
2
= 0,98
22
22,5
23
23,5
24
24,5
25
25,5
04080120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Massa de 100 grãos (g)
Milheto+Feijão-de-porco Milheto
FIGURA I2: Massa de cem grãos do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura e em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+FP, no SPD. UFLA,
Lavras, MG, 2005.
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada dose de N em
cobertura, não diferem entre si pelo teste de F a 5% de
probabilidade.
O feijoeiro respondeu em produção de fitomassa da parte aérea à
aplicação de N em cobertura apenas na dose de base de 30 kg ha
-1
, atingindo
valor máximo na dose de 74,85 kg ha
-1
de N em cobertura (Figura I3). A
produção de fitomassa com a aplicação de 80 kg ha
-1
na menor dose de base foi
estatisticamente superior à obtida com a mesma dose em cobertura na maior
dose de base. A obtenção de maiores produções de fitomassa na menor dose de
N na base, provavelmente, se deva ao maior estande final. Farinelli et al. (2006)
verificaram resposta linear da produção de fitomassa da parte aérea à adubação
nitrogenada em cobertura até 160 kg ha
-1
, mas no seu trabalho a semeadura
ocorreu em dezembro, quando as maiores temperaturas favorecem o
crescimento.
a
a
a
a
a
ba
a
Y
30
= -**0,0714x
2
+ **10,689x + 760,45
R
2
= 0,99
Y
60
= 950,7575
n.s.
750,0
800,0
850,0
900,0
950,0
1000,0
1050,0
1100,0
1150,0
1200,0
04080120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Fitomassa (kg ha
-1
)
Base 30 Base 60
FIGURA I3: Produção de fitomassa da parte aérea do feijoeiro, cultivar BRS-
MG Talismã, em diferentes doses de nitrogênio na base da
semeadura e em cobertura no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada dose de N em
cobertura, não diferem entre si pelo teste de F a 5% de
probabilidade.
Apesar da influência da interação entre palhadas e doses de nitrogênio
em cobertura sobre a massa de cem grãos, este comportamento não refletiu no
rendimento de grãos, provavelmente em função do maior coeficiente de variação
(Tabela 3A). Já a interação entre doses de N na semeadura e doses de N em
cobertura foi significativa, com respostas lineares em rendimento de grãos à
aplicação de N em cobertura, em ambas as doses de N na semeadura (Figura I4).
Com a aplicação de 60 kg ha
-1
na base, obtiveram-se maiores produções, nas
menores doses de N em cobertura (0 e 40 gk ha
-1
). No entanto, as maiores
produções foram obtidas na maior dose de N em cobertura, não se diferindo
entre as doses de 30 e 60 kg ha
-1
na semeadura. Assim, pode-se afirmar que a
maior dose de N na semeadura não proporcionou incremento no rendimento de
grãos.
Farinelli et al. (2006), comparando a resposta do feijoeiro a cinco doses
de N em cobertura (0 a 160 kg ha
-1
) no SPD, em sucessão às gramíneas aveia
preta e milheto, e convencional, também verificaram resposta linear no SPD; no
sistema convencional, a resposta foi quadrática, indicando maior demanda por N
no SPD.
Com a evolução das cultivares e das técnicas de cultivo, o feijoeiro tem
se mostrado cada vez mais responsivo à aplicação de nitrogênio. Foram
verificados acréscimos no rendimento grãos com a utilização de doses totais
superiores a 120 kg ha
-1
no SPD (Carvalho et al., 2003; Meira et al., 2005), o que
está de acordo com os resultados obtidos no presente estudo.
b
b
a
a
a
a
a
a
Y
30
= **8,8294x + 1175,7
R
2
= 0,96
Y
60
= **4,8478x + 1563,5
R
2
= 0,90
0
500
1000
1500
2000
2500
04080120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Rendimento de grãos (kg ha
-1
)
Base 30 Base 60
FIGURA I4: Rendimento de grãos do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio na base da semeadura e em
cobertura no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada dose de N em
cobertura, não diferem entre si pelo teste de F a 5% de
probabilidade.
Na Tabela 4A observa-se que os contrastes entre médias dos tratamentos
adicionais (com inoculação e aplicação de Co e Mo) e as médias dos tratamentos
do fatorial com dose correspondente de N foram significativos nas duas
palhadas, em relação à massa de cem grãos e ao rendimento.
A inoculação + Co e Mo proporcionou acréscimos na massa de cem
grãos de 1,74 e 1,45 g, nas palhadas de M e M+FP, respectivamente (Tabela I2).
Andrade et al. (1998) também obtiveram acréscimos nessa característica com a
aplicação de Mo. Da mesma forma, o rendimento de grãos foi acrescido pela
inoculação e aplicação de Co e Mo, aumentando em 616 e 671 kg ha
-1
, nas
palhadas de M e M+FP, respectivamente, correspondendo a um acréscimo de
58,9% na produção (média das duas palhadas). Incrementos no rendimento de
grãos com aplicação de Mo também foram observados por Diniz et al. (1998),
Andrade et al. (1998), Amane et al. (1999) e Fullin et al. (1999). Entre esses, os
primeiros verificaram interação significativa entre aplicação de Mo e N em
cobertura, não havendo resposta à aplicação de 30 kg ha
-1
em cobertura com
aplicação de Mo. Barbosa Filho et al. (2005) não obtiveram resposta à aplicação
de N com doses até 120 kg ha
-1
em cobertura, quando foram aplicados 80 g ha
-1
de Mo. Zinato et al. (2005), em um experimento em casa de vegetação e três no
campo, com doses de Co até 20 g ha
-1
, não obtiveram resposta em nenhuma das
características avaliadas, relacionando o fato à possibilidade de a cultura
responder em doses superiores a 20 g ha
-1
e de não ter sido feita a inoculação das
sementes com Rhizobium.
Estes resultados indicam a necessidade de mais estudos para verificar a
interação entre o fornecimento de N pelo consórcio entre gramíneas e
leguminosas e a inoculação e aplicação de Co e Mo, visando à economia de
fertilizante nitrogenado na cultura. Ressalta-se ainda a importância da aplicação
de Mo sob SPD estabelecido, onde a forma nítrica de nitrogênio no solo é
favorecida pelo pH mais elevado. Sendo o Mo cofator da enzima redutase do
nitrato, sua aplicação pode proporcionar aumento da assimilação do N-NO
3
pelas plantas (Taiz & Zeiger, 2002), refletindo em maior produção.
TABELA I2 Massa de cem grãos e rendimento de grãos, com e sem inoculação
+ aplicação de Co e Mo no feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã,
em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP, no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2005
1
.
Tratamentos Massa de 100 grãos
(g)
Rendimento
(kg ha
-1
)
Com inoculação + Co + Mo 23,20 a 1.672 a
M
Sem inoculação 21,46 b 1.056 b
Com inoculação + Co + Mo 25,13 a 1.800 a
M+FP
Sem inoculação 23,68 b 1.129 b
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, para cada palhada, não diferem
significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÕES
1 – O aumento na dose de N na semeadura de 30 para 60 kg ha
-1
reduz
os estandes inicial e final e aumenta o número de vagens por planta e a massa de
cem grãos.
2 – O feijoeiro respondeu, em número de vagens por planta, às doses de
N em cobertura.
3 – As doses de N em cobertura promovem incrementos diferenciados
na massa de cem grãos, com menor magnitude e maiores valores nas menores
doses na palhada de M+FP.
4 – O rendimento de grãos do feijoeiro eleva-se linearmente com o
aumento da dose de N em cobertura e este efeito é maior na menor dose do
nutriente na semeadura.
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II – DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE MACRONUTRIENTES DAS
PALHADAS DE MILHETO E MILHETO + FEIJÃ0-DE-PORCO NO
PLANTIO DIRETO DO FEIJOEIRO
(Preparado de acordo com as normas da revista “Pesquisa Agropecuária
Brasileira”)
Resumo – Avaliaram-se a produção de fitomassa seca, o teor e o acúmulo de
macronutrientes e a decomposição e liberação de nutrientes das palhadas de M
solteiro e consorciado com FP, em ambiente de campo, sob a cultura do feijoeiro
de inverno/primavera, semeado em agosto. Para a determinação da
decomposição e da liberação de nutrientes, foram distribuídas bolsas
confeccionadas com telas de náilon, com malha de 1 mm, de dimensões 0,2 x
0,2 m, preenchidas com quantidades de palha proporcionais à área da bolsa. O
delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, em
esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas pelas duas
palhadas e as subparcelas pelas épocas de avaliação ao longo do cultivo do
feijoeiro (0, 8, 16, 24, 40, 56 e 72 DAS). Os resíduos coletados foram secos em
estufa de circulação forçada de ar, a 65ºC, até atingirem massa constante, para a
determinação da matéria seca remanescente (MSR), sendo posteriormente
moídos e encaminhados para a determinação dos teores de macronutrientes.
Com base nos teores e na MSR foram calculadas as quantidades remanescentes
dos macronutrientes (MR), sendo expressos em porcentagem do valor inicial. Os
valores foram ajustados a modelos não lineares, escolhendo-se os modelos com
melhor ajuste em cada situação. A palhada de M+FP apresentou maior
quantidade de fitomassa seca e maiores teores de N e Ca, ciclando maior
quantidade de todos os macronutrientes. As maiores velocidades de
decomposição e liberação de N, Ca e Mg foram observadas na palhada de
M+FP.
Termos para indexação: ciclagem de nutrientes, “litter-bags”, decomposição,
modelos não-lineares, consórcio gramínea leguminosa.
Comitê Orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
DECOMPOSITION AND MACRONUTRIENTS RELEASE OF MILLET
AND MILLET PLUS JACK-BEAN STRAWS ON BEAN NO-TILL
Abstract – It was evaluated the biomass production, macronutrients contents and
accumulation, decomposition and nutrient release from straws of millet
(Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) and millet plus jack bean (Canavalia
ensiformes (L.) DC.) intercropping, in field condition, under dry bean, sowed in
august (winter/spring). The decomposition and nutrient release was determined
with 1 mm mesh nylon bags of 0,2 x 0,2 m, fueled with straw quantities relative
to this area. The experimental design was randomized blocks with four
replications in split plot arrangement, with the straws in the plots and evaluation
periods in sub-plots (0, 8, 16, 24, 40, 56 e 72 days). The collected residues was
dried to determinate the remaining dry matter amounts and grind and send to
determinate the macronutrient contents. By the contents and remaining dry
matter amounts was determined the remaining nutrients amounts, expressing in
relative from initial amounts. Non-linear models were fit to the values, choosing
the better adjustment. The millet plus jack-bean intercropping presented the
greatest biomass quantity, N and Ca contents and nutrients quantities cycling.
The largest decomposition and nutrient release speeds was also observed in
millet plus jack-bean intercropping.
Index terms: nutrients recycle, litter bags, decomposition, non-linear models,
grass leguminous intercropping.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
1 INTRODUÇÃO
A produção e a manutenção de palhada sobre a superfície do solo
constituem o principal gargalo para o sucesso do SPD, principalmente em
regiões mais quentes, onde as altas temperaturas, aliadas à umidade
proporcionada pelo grande volume de chuvas no verão, aceleram a
decomposição da matéria orgânica. Além das condições ambientais, entre os
fatores intrínsecos do material depositado na superfície do solo, destaca-se a
relação carbono nitrogênio (C/N). Contudo, os teores de lignina e celulose, a
presença de fenóis e a carga de nutrientes presentes nos resíduos influenciam, do
mesmo modo, a taxa de decomposição do material incorporado ao solo (Kogel-
Knabner, 2002) e o balanço dos processos de imobilização/mineralização.
Materiais com maior relação C/N, como as gramíneas, permanecem por mais
tempo no solo. Porém, no início da decomposição, há tendência de maior
imobilização de nutrientes, já que a quantidade dos mesmos, principalmente de
N, disponíveis na palha, não é adequada para a microbiota decompositora, o que
implica em imobilização e diminuição da disponibilidade de alguns nutrientes
para as culturas. Por outro lado, a utilização de leguminosas para a produção de
palha constitui um manejo favorável ao aumento do teor e à disponibilidade de
N nos solos, com o inconveniente da sua rápida decomposição, o que propicia ao
solo pouca cobertura.
Além do aspecto quantidade, alguns esforços da pesquisa têm sido
direcionados à avaliação da qualidade da fitomassa proveniente das mais
diversas espécies. A capacidade de reciclagem de nutrientes, principalmente de
camadas mais profundas, a dinâmica de decomposição e de liberação de
nutrientes para a cultura comercial, bem como a capacidade de FBN, no caso
específico das espécies leguminosas, têm sido exploradas. Ressalta-se a
limitação da utilização de leguminosas em regiões mais quentes, pois a baixa
relação C/N favorece a decomposição e reduz a durabilidade do material,
deixando o solo exposto aos fatores de erosão.
Como alternativa, com bons avanços na região Sul do Brasil, destaca-se
a utilização de consórcios entre gramíneas e leguminosas. O cultivo das espécies
consorciadas resulta em material com relação C/N intermediária àquela das
espécies isoladas, com menor taxa de decomposição, se comparada à das
leguminosas isoladas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e
sincronia entre fornecimento e demanda de N pelas culturas. Cita-se, ainda, a
liberação mais rápida dos nutrientes dos resíduos da leguminosa,
disponibilizando-os mais rapidamente para a cultura principal (Giacomini et al.,
2003). Entretanto, para a utilização dos consórcios em regiões com temperaturas
mais elevadas, é necessária a adaptação da tecnologia por meio da identificação
de combinações entre espécies mais adaptadas, além do entendimento da
dinâmica de decomposição do material e da imobilização/mineralização de
nutrientes no solo.
Dentre as gramíneas utilizadas como cobertura destaca-se o M que, de
acordo com Bernardi et al. (2004), levou a um incremento significativo da
expansão do SPD na região dos cerrados. Atualmente, é a espécie mais utilizada
para a formação de palha nessas regiões, devido à sua adaptação a áreas de
maior déficit hídrico e à possibilidade de uso, tanto para cobertura do solo como
para pastejo. Como principais características da espécie os autores destacam a
alta capacidade de reciclagem de nutrientes (especialmente N e K); a supressão
de plantas daninhas através dos efeitos físicos e/ou alelopáticos; a possibilidade
de diminuir a incidência de nematóides, quando utilizado em rotação e a
formação de palhada mais duradoura em relação às leguminosas. Porém, além
das características intrínsecas da espécie, o ambiente constitui importante fator
na decomposição dos resíduos. Para Kliemann et al. (2006), apesar de o M
possuir relação C/N próxima a 30, quando manejadas nas fases de florescimento
e emborrachamento, as palhadas formadas pela cultura têm apresentado altas
taxas de decomposição nos cerrados, devido ao clima quente e chuvoso,
dificultando o acúmulo de palha.
O FP (Canavalia ensiformes (L.) DC.) é uma leguminosa muito rústica,
resistente a altas temperaturas e à seca e tolerante ao sombreamento parcial.
Adapta-se a praticamente todos os tipos de solos, inclusive aqueles pobres em P.
Pode ser semeado até março, em regiões isentas de geadas (Calegari et al.,
1992).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produção de fitomassa seca,
o teor e o acúmulo de macronutrientes e a decomposição e liberação de
nutrientes das palhadas de M solteiro e consorciado com FP, durante o ciclo da
cultura do feijoeiro de inverno/primavera em SPD.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área experimental localizada no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no
período de março a novembro de 2005. A área vinha sendo conduzida sob SPD
há quatro anos, alternando períodos de pousio com o cultivo de feijão. O solo foi
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico típico (EMBRAPA, 2000) e
seus atributos químicos são apresentados na Tabela 1A. O clima da região, de
acordo com a classificação de Köeppen, é do tipo Cwa, temperado úmido, com
verão quente e inverno seco (Vianello & Alves, 1991). Os dados climáticos são
apresentados na Figura 1A.
Na área sob pousio, foram aplicados 2 L ha
-1
do herbicida glifosato, com
pulverizador tratorizado com 250 L ha
-1
de calda, visando dessecar a vegetação
existente. Posteriormente, procedeu-se ao sulcamento com semeadora adubadora
de plantio direto de três linhas, com tração mecanizada e à semeadura manual
das plantas de cobertura, sem adubação, no dia 11 de março de 2005. As
palhadas foram formadas pelo M solteiro e consorciado com FP. Para semeadura
do M (cultivar ADR-300) foi utilizada uma densidade de 15 kg ha
-1
(Pereira
Filho et al., 2003). No FP foram distribuídas oito sementes por metro linear
(Calegari et al., 1992). O espaçamento utilizado foi de 0,5 m. No caso do
consórcio, a semeadura foi simultânea, em linhas alternadas da gramínea com a
leguminosa, reduzindo, conseqüentemente, a densidade do M pela metade.
O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro
repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas
pelas duas palhadas e as subparcelas pelas épocas de avaliação ao longo do
cultivo do feijoeiro (0, 8, 16, 24, 40, 56 e 72 DAS). O trabalho foi conduzido em
experimento com feijoeiro nas duas palhadas, sendo utilizadas as parcelas do
mesmo que não receberam adubação nitrogenada em cobertura, com dimensões
de 2,5 x 5 m. Como o número de linhas foi ímpar e o consórcio foi semeado em
linhas alternadas, foram utilizadas três linhas de feijão-de-porco para duas de M
em dois blocos e a proporção contrária nos outros dois, buscando uma
distribuição igual das duas espécies na média das repetições.
Para a caracterização inicial da produção de fitomassa e acúmulo de
macronutrientes, as amostragens foram feitas em quatro faixas transversais às
parcelas, distribuídas de forma homogênea ao longo das mesmas. Portanto, os
valores de cada parcela foram provenientes de quatro subamostras. Para tanto,
foram cortadas, rente ao solo, quatro linhas de dois metros (duas de cada espécie
no caso dos consórcios) e pesadas para determinação da fitomassa verde. Para
determinação do teor de matéria seca foram utilizados, aproximadamente, 500 g
e secos até estabilização da massa, permitindo o cálculo da produção de matéria
seca. As mesmas amostras foram moídas para a determinação dos teores de
macronutrientes. No consórcio, os teores foram determinados separadamente no
M e no FP, calculando-se o teor inicial da palhada por meio da proporção entre
as duas espécies.
O manejo químico das plantas de cobertura foi realizado no dia 1º de
agosto de 2005, quando o M se encontrava com grãos farináceos e o FP no final
da floração/início da frutificação. A dessecação foi realizada com glifosato,
aplicando-se 5 L ha
-1
com pulverizador costal, aplicando-se 300 L ha
-1
de calda.
Tal manejo dessecou o M totalmente, porém, algumas plantas de FP
permaneceram vivas e foram cortadas com roçadora costal motorizada, às
vésperas da semeadura do feijão.
A decomposição e a liberação de nutrientes foi determinada utilizando-
se o método das “litter bags”, o qual consiste na utilização de bolsas
confeccionadas com telas de náilon, com malha de 1 mm. As dimensões das
bolsas foram de 0,2 x 0,2 m, perfazendo 0,04 m
2
e foram preenchidas com
quantidades das palhadas, de acordo com a proporção entre a quantidade de
massa por hectare das mesmas e a área da bolsa. Para o preenchimento das
bolsas, as plantas passaram por pré-secagem ao ar, sendo completada em estufa
de circulação forçada. Foram realizadas seis coletas (uma bolsa por coleta), aos
8, 16, 24, 40, 56 e 72 DAS do feijoeiro.
A cada período de amostragem, os resíduos contidos nas bolsas foram
secos em estufa de circulação forçada de ar, a 65ºC, até atingirem massa
constante, para a determinação da matéria seca remanescente (MSR).
Posteriormente, os resíduos foram moídos em moinho tipo Wiley e
encaminhados para o Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas do
Departamento de Ciência do Solo da UFLA, para a determinação dos teores de
macronutrientes. Com base nos teores e na MSR, foram calculadas as
quantidades remanescentes dos macronutrientes (MR) e expressos em
porcentagem do valor inicial.
As taxas (constantes) de decomposição e de liberação de
macronutrientes das palhadas foram estimadas ajustando-se modelos de
regressão não lineares aos valores observados, conforme proposto por Wieder &
Lang (1982), citados por Aita & Giacomini (2003):
(1) MSR e MR = A e
-Kat
+ (100-A)
(2) MSR e MR = A e
-Kat
+ (100-A) e
-Kbt
Em que:
MSR: porcentagem de matéria seca remanescente;
MR: porcentagem de macronutrientes remanescentes;
Ka: constante de decomposição do compartimento mais facilmente
decomponível (A);
Kb: constante de decomposição do compartimento mais recalcitrante
(100-A);
t: tempo em dias.
Ambos os modelos consideram que a matéria seca e os nutrientes
contidos nas palhadas podem ser divididos em dois compartimentos, o primeiro
mais facilmente decomponível (A) e o segundo mais recalcitrante (100-A). No
modelo assintótico (1), são transformados apenas a matéria seca e os nutrientes
do compartimento mais facilmente decomponível, diminuindo
exponencialmente com o tempo, a uma taxa constante (Ka). O compartimento
mais recalcitrante não sofre transformação no período considerado. No modelo
exponencial duplo (2), a matéria seca e os nutrientes dos dois compartimentos
diminuem exponencialmente a taxas constantes, com a primeira fração
transformada a taxas mais elevadas (Ka) que a segunda (Kb), que é de mais
difícil decomposição (recalcitrante).
A escolha do tipo de modelo que melhor se ajustou a cada conjunto de
dados foi feita com base na significância dos parâmetros da equação e no
coeficiente de determinação (R
2
), o qual indica o grau de associação entre os
valores observados e o modelo ajustado.
Os dados experimentais foram submetidos a testes de homogeneidade de
variância. Como os dados apresentaram variâncias homogêneas, procedeu-se às
análises de variância, sem necessidade de transformação. Uma análise de
variância (Gomes, 2000) foi realizada visando verificar se houve interação entre
palhadas e tempos de amostragem, ou seja, se as palhadas apresentaram
comportamentos diferentes durante o período de amostragem com relação à
decomposição e liberação de nutrientes. Uma segunda análise de variância
(Gomes, 2000) comparou os acúmulos iniciais de matéria seca e nutrientes das
duas palhadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou interação significativa entre palhadas e
tempo para a MSR e N, Ca e Mg remanescentes (Tabela 5A), indicando que,
para estas variáveis, o comportamento das duas palhadas foi diferenciado. Em
todas as variáveis houve significância para o fator tempo, podendo-se afirmar
que, mesmo onde o comportamento das palhadas foi o mesmo, houve alteração
dos valores durante o período de avaliação, ou seja, liberação dos nutrientes com
a decomposição dos resíduos vegetais.
Tanto para a MSR quanto MR, os valores observados se ajustaram ao
modelo assintótico, com uma fase inicial rápida, correspondente ao
compartimento mais decomponível, seguida de outra mais lenta (recalcitrante).
As palhadas de M e M+FP se comportaram de forma diferente em
relação à decomposição dos resíduos vegetais (Figura II1), com a última se
decompondo de forma mais acelerada, o que, provavelmente, se deve à menor
relação C/N da leguminosa presente no consórcio, a qual contribuiu com quase
73% da fitomassa seca. Com relação aos parâmetros de decomposição, estimou-
se, por meio do modelo utilizado que, na palhada de M+FP, 53,7% dos resíduos
pertencem ao compartimento mais decomponível (Figura II1), contra apenas
30% no M solteiro.
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Matéria seca remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco Predito
FIGURA II1: Matéria seca remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72
DAM. UFLA, Lavras, MG, 2005.
A maior velocidade de decomposição da palhada formada pelo
consórcio foi compensada pela maior quantidade inicial de matéria seca, com
4,182 Mg ha
-1
contra 2,364 Mg ha
-1
do M solteiro (Tabela II1), o que fez com
que, ao final do período de avaliação, a MSR do consórcio ainda fosse superior a
do M. O modelo estimou que, aos 72 DAM, a MSR da palhada de M era de
72%, contra apenas 48% do M+FP (Figura II1). Todavia, em termos absolutos, a
MSR foi de 1,702 e 2,007 Mg ha
-1
, para M e M+FP, respectivamente. Dessa
forma, pode-se afirmar que, dentro do período de avaliação, o qual compreendeu
todo o ciclo do feijoeiro, a palhada produzida pelo consórcio proporcionou
melhor cobertura de solo.
A palhada de M+FP apresentou maiores acúmulos iniciais de todos os
macronutrientes (Tabela II1). Isso se deve, em grande parte, à maior produção
de fitomassa seca, cabendo ressaltar que, nos casos do N e do Ca, a participação
MSR
M
= 28,0282e
-
0
,
0983t
+ 71,9718
R
2
= 0,98
MSR
M+FP
= 53,1746e
-
0
,
0524t
+ 46,8254
R
2
= 0,98
da leguminosa no consórcio foi suficiente para elevar também os teores dos
mesmos (Tabela II1), contribuindo para a maior ciclagem destes nutrientes.
TABELA II1 Acúmulos iniciais de fitomassa seca (Mg ha
-1
) e macronutrientes
(kg ha
-1
) e teores de macronutrientes (dag kg
-1
) das palhadas de M
e M+FP. UFLA, Lavras, MG, 2005
1
.
Acúmulos
Palhada Fitomassa seca N P K
M 2,364 b 25,41 b 3,81 b 47,27 b
M+FP 4,182 a 100,89 a 7,47 a 72,18 a
C.V. (%) 5,88 15,79 16,76 7,43
Acúmulos
Palhada Ca Mg S
M 15,22 b 5,16 b 3,57 b
M+FP 63,29 a 10,18 a 6,91 a
C.V. (%) 9,05 13,65 19,22
Teores
Palhada N P K
M 1,07 b 0,16 a 2,00 a
M+FP 2,41 a 0,18 a 1,73 a
C.V. (%) 12,55 19,08 9,80
Teores
Ca Mg S
M 0,64 b 0,22 a 0,15 a
M+FP 1,51 a 0,24 a 0,17 a
C.V. (%) 10,34 12,53 23,30
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, para cada palhada, não diferem
significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
Aos oito DAM, a liberação de N estimada pelos modelos foi
praticamente a mesma nas duas palhadas, em torno de 70% de NR. Após este
ponto, as palhadas assumiram comportamento diferenciado em relação à
liberação de N. Entre as coletas aos 16 e 24 DAM, o NR da palhada de M se
estabilizou, ou seja, não houve mais liberação de N para o solo. Já a palhada do
consórcio continuou liberando N, ocorrendo estabilização do NR somente depois
dos 56 DAM (Figura II2).
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Nitrogênio remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco Predito
FIGURA II2: Nitrogênio remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72
DAM. UFLA, Lavras, MG, 2005.
A taxa de absorção de nitrogênio pelo feijoeiro varia durante o ciclo
cultural e a época de maior exigência ocorre nos primeiros 50 DAE, entre o
início do florescimento e a formação das vagens (Ferreira et al., 2004). De
acordo com a recomendação oficial do estado de Minas Gerais, a adubação
nitrogenada em cobertura, para o nível tecnológico mais alto, deve ser dividida
em duas aplicações, aos 20 e 30 DAE, totalizando 60 kg ha
-1
(Chagas et al.,
NR
M
= 38,2672e
-
0
,
1980t
+ 61,7328
R
2
= 0,97
NR
M+FP
= 68,8056e
-
0
,
0729t
+ 31,4944
R
2
= 0,97
1999). No presente estudo, a primeira adubação nitrogenada seria feita aos 35
dias após a distribuição das bolsas, período no qual, de acordo com o modelo, a
palhada de M havia liberado menos de 10 kg ha
-1
de N, contra 64 kg ha
-1
do
M+FP. Teoricamente, a liberação de N da palhada do consórcio aos 35 DAM
(20 DAE) seria suficiente para atender a toda a adubação de cobertura
recomendada, porém, o feijoeiro respondeu linearmente, em rendimento de
grãos, às doses de N em cobertura (Figura I4). Ressalta-se que o N foi liberado
pela palhada desde o manejo, estando sujeito a perdas durante este período, além
do fato de que o rendimento de grãos do feijoeiro tem respondido a doses de N
superiores à recomendada. Ao final do período de avaliação (72 dias), o M+FP
havia liberado 69 kg ha
-1
, contra menos de 10 kg ha
-1
do M (Figura II2).
O teor inicial de N-NH
4
+
no solo sob palhada de M+FP foi inferior ao
verificado sob M (Figura II3), o que se deveu à maior extração do elemento
devido à maior produção de fitomassa do consórcio. Com a maior liberação de N
pela palhada de M+FP, houve aumento dos teores de N-NH
4
+
, ao passo que o
teor sob M decresceu desde o início. Após o quadragésimo dia, os teores de N-
NH
4
+
sob M voltaram a ser superiores, o que pode estar relacionado ao maior
teor foliar de N no feijoeiro, sob palhada de M+FP (Tabela III1). Cabe lembrar
que as avaliações de N no solo foram feitas nas parcelas com menor dose de N
na base e sem cobertura nitrogenada.
Vieira (2006), em estudo visando descrever a marcha de absorção de
nutrientes da cultivar BRS-MG Talismã, sob SPD, no Sul de Minas, verificou
que a taxa de absorção de N aumenta até próximo aos 49 DAE, o que, no
presente estudo, corresponderia a 64 DAM, justificando a redução dos teores de
N-NH
4
+
e N-NO
3
-
até esta época.
Y
M
= **0,0077x
2
- **0,9831x + 39,34
R
2
= 0,80
Y
M+ FP
= **0,0005x
3
- **0,0494x
2
+ **0,8315x + 29,962
R
2
= 0,81
Y = **0,0003x
3
- **0,0426x
2
+ **1,2707x + 11,299
R
2
= 0,68
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias após o manejo
Teor de NH
4
+
e NO
3
-
(mg dm
-3
)
Amônio milheto
Amônio milheto+feijão-de-porco
Nitrato
FIGURA II3: Nitrogênio, NH
4
+
e NO
3
-
, no solo, sob as palhadas de M e M+FP,
sob a cultura do feijoeiro em SPD, até 72 DAM das palhadas.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
No caso do P, não houve interação entre palhadas e tempos (Tabela
5A), ou seja, o comportamento das duas palhadas foi muito semelhante com
relação à liberação do nutriente, conforme se pode observar na Figura II4. No
entanto, o acúmulo de P pela palhada de M+FP foi superior, com 7,47 contra
3,81 kg ha
-1
do M (Tabela II1), o que conferiu à palhada do consórcio maior
capacidade de liberação de P ao longo do estudo. Dados de Vieira (2006)
demonstram que a maior taxa de absorção de P da cultivar BRS-MG Talismã
ocorre aos 53 DAE, o que corresponde, neste estudo, aos 68 DAM, bem
próximo do final do período de avaliação. Neste momento, a palhada de M+FP
havia liberado 4,5 kg ha
-1
de P contra 2,0 kg ha
-1
do M. Essa diferença na
liberação de P pelas palhadas não foi suficiente para influenciar a nutrição
fosfatada do feijoeiro (Tabelas 1C e 2C). Este fato se explica pela pequena
quantidade ciclada, se comparada à recomendação de adubação para a cultura,
que, no caso de média disponibilidade de P no solo é de 90 kg ha
-1
de P
2
O
5
(Chagas et al., 1999), correspondendo a 39 kg ha
-1
de P. Citam-se ainda dados de
Vieira (2006), segundo os quais o feijoeiro acumulou, ao final do ciclo, 14,5 kg
ha
-1
de P, quantidade bem superior à ciclada pelas palhadas. Considerando ainda
que o P, após mineralizado, é altamente susceptível à fixação no solo, tornando-
se indisponível (Raij, 1991), pode-se afirmar que a quantidade de P ciclada pelas
plantas foi de pequena influência na nutrição da cultura neste estudo.
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Fósforo remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco
FIGURA II4: Fósforo remanescente das palhadas de M e M+FP, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
No caso do K, também não houve interação significativa entre
palhadas e tempo (Tabela 5A), podendo-se observar, na Figura II5, que as
curvas de liberação descritas pelo modelo são muito próximas. Este
comportamento pode ser explicado pelo fato de K ser facilmente extraído dos
PR
M
= 53,5802e
-
0
,
1091t
+ 46,4198
R
2
= 0,97
PR
M+FP
= 59,5882e
-
0
,
1604t
+ 40,4118
R
2
= 0,90
restos culturais, pois se encontra na forma iônica e não participa de nenhum
composto estável na planta (Pöttker, 1998). Dessa forma, a velocidade de
liberação de K das duas palhadas foi praticamente a mesma, independentemente
da decomposição diferenciada das palhadas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Potássio remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco
FIGURA II5: Potássio remanescente das palhadas de M e M+FP, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
A diferença, em termos de ciclagem de K pelas palhadas, está no
maior acúmulo inicial da palhada de M+FP, o que conferiu à mesma maior
liberação do elemento para o solo. Vieira (2006) verificou que a maior taxa de
absorção de K da cultivar BRS-MG Talismã ocorreu aos 43 DAE,
correspondente a 58 DAM no presente estudo, momento em que as palhadas de
M+FP e M haviam liberado 64,5 e 42,1 kg ha
-1
de K, respectivamente.
Ressalta-se que essas liberações de K são superiores à recomendação
de adubação para um solo com teor médio do elemento, de 40 kg ha
-1
de K
2
O,
ou 33 kg ha
-1
de K, o que se explica pelo fato de as plantas de cobertura
KR
M
= 89,2449e
-
0
,
1065t
+ 10,7551
R
2
= 0,99
KR
M+FP
= 89,4122e
-
0
,
129
1t
+ 10,5878
R
2
= 0,96
utilizadas possuírem sistemas radiculares agressivos e profundos, se comparados
ao do feijoeiro, extraindo o nutriente de camadas mais profundas do solo, as
quais não seriam exploradas pela cultura. Isto se confirma pelos teores de K do
solo na camada de 0-20 cm não terem sido bruscamente alterados após o cultivo
das plantas de cobertura (Tabela 1A). Nesse sentido, a liberação gradual do
elemento, ao longo do ciclo cultural do feijoeiro, pode aumentar a eficiência de
utilização, devido ao menor risco de perdas por lixiviação, se comparada à
aplicação de 40 kg ha
-1
de K
2
O na semeadura.
No caso do Ca, houve interação entre palhadas e tempo, ou seja, as
palhadas se comportaram de forma diferente em relação à liberação de Ca
(Tabela 5A). Em termos percentuais, a liberação do elemento pelas duas
palhadas foi semelhante até o oitavo dia, quando as palhadas de M e M+FP
ainda apresentavam 63% e 61% de CaR (Figura II6). Logo após este período, a
liberação de Ca do M se estabilizou, ao contrário da palhada de M+FP, a qual
continuou liberando o elemento para o solo até pouco depois dos 40 DAM. Na
Figura II6 observa-se que, de acordo com o modelo, 64,5% do Ca da palhada
formada pelo consórcio pertencem ao compartimento mais decomponível, contra
apenas 34,4% na palhada de M.
Além da liberação mais acelerada de Ca, a palhada de M+FP
apresentou maior acúmulo inicial do elemento, com 63,29 contra 15,22 kg ha
-1
do M (Tabela II1). Ao final do estudo, as palhadas de M+FP e M haviam
liberado 40,4 e 6,6 kg ha
-1
de Ca, respectivamente. Vieira (2006) verificou
acúmulo máximo de Ca pelo feijoeiro, mesma cultivar, de 45 kg ha
-1
, aos 65
DAE, o que, no presente estudo, corresponde a 80 DAM das palhadas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Cálcio remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco
FIGURA II6: Cálcio remanescente das palhadas de M e M+FP, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
Em relação ao Mg, também houve interação entre palhadas e tempo
(Tabela 5A), podendo-se verificar na Figura II7 que a liberação de Mg pelas
palhadas acompanhou a tendência apresentada pela decomposição da fitomassa
seca, ou seja, a palhada de M+FP disponibilizou o Mg de forma mais rápida para
o solo. De acordo com o modelo, 72,7 % do Mg contido na palhada de M+FP
pertence ao compartimento mais decomponível (Figura II7), contra apenas 46,3
% na palhada de M.
Ao final do estudo (72 DAM), as palhadas de M e M+FP haviam
liberado 2,3 e 7,3 kg ha
-1
de Mg, respectivamente. Vieira (2006) verificou
absorção máxima de pouco mais de 16 kg ha
-1
de Mg pelo feijoeiro, quantidade
bem superior às recicladas pelas palhadas. No entanto, a maior ciclagem pela
palhada formada pelo consórcio proporcionou melhor nutrição do feijoeiro em
Mg, sendo verificados teores superiores no cultivo sob ela (Figura III5).
CaR
M
= 43,2774e
-
0
,
2343t
+ 56,7226
R
2
= 0,81
CaR
M+FP
= 63,9110e
-
0
,
1150t
+ 36,0890
R
2
= 0,95
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Magnésio remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco
FIGURA II7: Magnésio remanescente das palhadas de M e M+FP, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72
DAM. UFLA, Lavras, MG, 2005.
No caso da liberação de S, o comportamento das duas palhadas foi
muito parecido (Figura II8), não havendo interação entre palhadas e tempo
(Tabela 5A). A diferença com relação à ciclagem do elemento ficou por conta do
maior acúmulo inicial do nutriente na palhada de M+FP, com 6,91 kg ha
-1
,
contra 3,57 kg ha
-1
do M (Tabela II1), tendo retornado ao solo, ao final do
estudo, 3,9 e 1,9 kg ha
-1
de S, respectivamente.
MgR
M
= 45,5822e
-
0
,
0881t
+ 54,4178
R
2
= 0,89
MgR
M+FP
= 71,8872e
-
0
,
0995t
+ 28,1128
R
2
= 0,91
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Enxofre remanescente (%)
Milheto Milheto+feijão-de-porco
FIGURA II8: Enxofre remanescente das palhadas de M e M+FP, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
SR
M
= 54,2730e
-
0
,
1597t
+ 45,7270
R
2
= 0,91
SR
M+FP
= 56,1789e
-
0
,
1827t
+ 43,8211
R
2
= 0,95
4 CONCLUSÕES
1 – O consórcio entre M e FP produziu maior quantidade de fitomassa
seca, chegando aos 72 dias após o manejo com maior quantidade de palha na
superfície do solo.
2 – Os maiores teores de N e Ca foram observados na palhada de
milheto+feijão-de-porco.
3 – A palhada de M+FP ciclou maior quantidade de todos os
macronutrientes.
4 – A palhada de M+FP apresentou maior velocidade de decomposição
e liberação de N, Ca e Mg.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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convencional. 2006. 145 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia)-Universidade
Federal de Lavras, Lavras.
III – NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJOEIRO SOB INFLUÊNCIA DE
NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO SOLTEIRO E
CONSORCIADO COM FEIJÃO-DE-PORCO
(Preparado de acordo com as normas da “Revista Brasileira de Ciência do
Solo”)
Resumo – O objetivo do estudo foi avaliar o efeito das palhadas de M
(Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e M+FP (Canavalia ensiformes (L.) DC.),
em combinação com diferentes doses de nitrogênio, sobre a nutrição mineral do
feijoeiro de inverno/primavera, cultivado sob SPD. O ensaio foi conduzido no
campo experimental do Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras, MG, Brasil. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados,
com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram
constituídas pelas duas palhadas (M e M+FP) e as subparcelas por um fatorial (2
x 4) + 1, representado por duas doses de N na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e
quatro doses de N em cobertura (0, 40, 80 e 120 kg ha
-1
), mais um tratamento
adicional com 30 kg ha
-1
de N na semeadura e inoculação das sementes com
Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo. Foram avaliados os teores
foliares de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn. A palhada de M+FP
proporcionou maiores teores foliares de N e Mg. A aplicação de N em cobertura
aumentou o teor foliar de N do feijoeiro até a dose de 116 kg ha
-1
,
proporcionando incrementos lineares nos teores de K e S e incrementos
diferenciados nos teores de Mg. A inoculação e a aplicação foliar de Co e Mo
aumentaram o teor de N apenas na palhada de M, os teores de K e Cu em ambas
as palhadas, e reduziu os teores de Ca e Mg nas palhadas de M e de M+FP,
respectivamente.
Termos para indexação: Plantas de cobertura, plantio direto, consórcio gramínea
x leguminosa, fixação biológica de nitrogênio.
Comitê Orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
BEAN MINERAL NUTRITION INFLUENCED BY NITROGEN AND
STRAWS OF MILLET AND MILLET PLUS JACK BEAN
INTERCROPPING
Abstract – This study was carried out in order to evaluate the effect of straws
from millet (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) and millet plus jack bean
(Canavalia ensiformes (L.) DC.) intercropping, in combination with nitrogen
fertilization levels on winter/spring bean mineral nutrition in no-till. The
experiment was carried out at Federal University of Lavras (Lavras, Minas
Gerais, Brazil) in a randomized blocks design and four replications in split plot
arrangement, with the straws in the plots and nitrogen levels at sowing with (30
e 60 kg ha
-1
) and at topdressing (0, 40, 80 and 120 kg ha
-1
) in a factorial (2 x 4) +
1 in sub-plots, plus an additional treatment with 30 kg ha
-1
at sowing and bean
seeds inoculation by Rhizobium tropici with Co and Mo foliar appliance. The
dry bean macro and micronutrients contents and accumulation was determined.
The millet plus jack bean straw provide largest N and Mg. The nitrogen
topdressing levels increased the nitrogen foliar content until 116 kg ha
-1
,
providing linear effect in K and S contents and differenced effects on Mg
contents, depending on a nitrogen level at sowing and straw combinations. The
inoculation and Mo and Co foliar appliance increase the N content only in millet
straw, the K and Cu in two straws and reduced the Ca and Mg contents under
millet and millet plus jack bean straws, respectively.
Index terms: Cover crops, no-till, grassy x leguminous intercropping, biology
nitrogen fixation.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o SPD é largamente utilizado em diversas regiões do Brasil,
abrangendo, na safra de 2003/2004, uma área de, aproximadamente, 22 milhões
de hectares (FEBRAPDP, 2007a). No início da década de 1990, o SPD rompeu
as fronteiras da região Sul ocupando, em 2000/2001, 4,9 milhões de hectares na
região dos cerrados, o que representou, naquele ano, aproximadamente 30% da
área manejada sob este sistema no Brasil (FEBRAPDP, 2007b).
A principal dificuldade encontrada para implantação do SPD em áreas
de menor latitude se refere à manutenção da palhada sobre a superfície do solo.
Isso ocorre devido às estações bem definidas, com precipitação concentrada na
primavera/verão, dificultando a produção de fitomassa na entressafra e com altas
temperaturas, acelerando a decomposição da palhada. A obtenção dos benefícios
dessa forma de cultivo está diretamente ligada à adição de fitomassa suficiente
para a proteção do solo pela palhada, conforme puderam comprovar José (2000)
e Silveira & Stone (2001), em cujos trabalhos os benefícios do SPD não se
manifestaram devido à não utilização de plantas de cobertura. Como a expansão
do SPD para diferentes regiões agrícolas do país é relativamente recente, os
resultados relativos às melhores plantas produtoras de palha e seus efeitos nas
culturas comerciais ainda são escassos.
As respostas do feijoeiro a doses de N dependem do histórico da área de
plantio, das doses de adubo nitrogenado aplicadas no plantio e em cobertura, do
teor e da composição da matéria orgânica do solo, da quantidade e do tipo de
palhada adicionada em antecedência à implantação da cultura, do esquema de
rotação de cultura e da classe de resposta do solo a nitrogênio que, segundo Raij
(1997), representa a interação dos fatores mencionados anteriormente. A cultura
do feijoeiro tem apresentado respostas a doses superiores a 100 kg ha
-1
de N.
Oliveira et al. (1996) afirmam que tais doses são necessárias para garantir a
extração do nutriente, associada a altas produções. Alguns autores encontraram
respostas lineares a aplicações de doses de nitrogênio superiores a 100 kg ha
-1
(Silva, 1988; Teixeira et al., 2000; Rodrigues, 2001; Xavier, 2002; Carvalho et
al., 2003 e Romanini Júnior et al., 2005). No SPD, principalmente nos primeiros
anos de implantação, a resposta do feijoeiro à aplicação de N pode ser ainda
maior, devido à imobilização do elemento por meio de sua incorporação pelos
microrganismos do solo que mediam a decomposição da palhada.
Os fertilizantes nitrogenados são fabricados utilizando-se a amônia
como matéria-prima, obtida do nitrogênio do ar pela combinação com
hidrogênio sob condições de alta pressão e temperatura na presença de
catalizador. O gás hidrogênio é obtido a partir de gás natural ou derivados do
petróleo. Conseqüentemente, a produção de adubos nitrogenados consome a
maior parte da energia utilizada na fabricação de fertilizantes (Raij, 1991).
Pesquisas visando minimizar o uso de fertilizantes nitrogenados estão associadas
à redução do consumo de combustíveis fósseis e da emissão de carbono para
atmosfera por meio de sua queima, a qual contribui para o efeito estufa e
aquecimento do planeta. Cita-se, ainda, o risco da lixiviação, principalmente da
forma nítrica, que pode ser provocada pelo uso indiscriminado dos fertilizantes
nitrogenados. Além do aspecto ambiental, cabe ressaltar que a quase metade dos
fertilizantes nitrogenados consumidos no Brasil é importada (Isherwood, 2000),
impactando negativamente na balança comercial.
Na região Sul, alguns trabalhos foram realizados, com leguminosas de
inverno como ervilhaca, ervilha forrageira, tremoço azul e chícharo e o
consórcio ervilhaca + aveia preta, com vistas à economia de N na cultura do
milho. Resultados promissores foram obtidos por Amado et al. (1999), Basso &
Ceretta (2000), Bortolini et al. (2000) e Aita et al. (2001), o que resultou na
introdução, por Amado et al. (2002), de uma recomendação de adubação
nitrogenada para a cultura do milho nos estados do RS e SC, baseada na
expectativa de produção, no teor de matéria orgânica do solo e na quantidade e
qualidade da palhada (exclusiva de leguminosa, consórcio gramínea x
leguminosa ou exclusiva de gramínea).
De acordo com Giacomini et al. (2003), o consórcio entre gramíneas e
leguminosas produz palhada com relação C/N intermediária àquela das espécies
em cultivos isolados, o que leva a menor taxa de decomposição em relação aos
resíduos de leguminosas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e
sincronização das etapas de fornecimento e maior demanda de N pelas culturas.
Cita-se, ainda, a liberação mais rápida dos nutrientes contidos na palhada da
leguminosa, disponibilizando-os mais rapidamente para a cultura principal. Isso
foi constatado por Teixeira (2004), em cujo trabalho a palhada produzida pelo
consórcio entre M e FP proporcionou melhor nutrição do feijoeiro e,
conseqüentemente, maior rendimento de grãos.
Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de doses
de nitrogênio, na semeadura e em cobertura, na nutrição do feijoeiro de
inverno/primavera, em sucessão à adição das palhadas de M e M+FP.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área experimental localizada no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no
período de março a novembro de 2005. A área vinha sendo conduzida sob SPD
há quatro anos, alternando períodos de pousio com o cultivo de feijão. O solo foi
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico típico (EMBRAPA, 2000) e
seus atributos químicos são apresentados na Tabela 1A. O clima da região, de
acordo com a classificação de Köeppen, é do tipo Cwa, temperado úmido, com
verão quente e inverno seco (Vianello & Alves, 1991). A irrigação por aspersão
convencional foi controlada monitorando-se a umidade do solo por meio de três
tensiômetros instalados à profundidade de 15 cm, aplicando-se uma lâmina de
18 mm sempre que a tensão de água no solo atingia a faixa de 30 a 40 kPa
(Silveira & Stone, 2004). Os dados climáticos são apresentados na Figura 1A.
Na área sob pousio foram aplicados 2 L ha
-1
do herbicida glifosato, com
pulverizador tratorizado com 250 L ha
-1
de calda, visando dessecar a vegetação
existente. Posteriormente, procedeu-se ao sulcamento com semeadora adubadora
de plantio direto de três linhas, com tração mecanizada e à semeadura manual
das plantas de cobertura, sem adubação, no dia 11 de março de 2005. O FP foi
semeado na densidade de 8 sementes por metro linear (Calegari et al., 1992) e o
M (cultivar ADR-500), na densidade de 15 kg ha
-1
(Pereira Filho et al., 2003). O
espaçamento utilizado foi de 0,5 m, com semeadura simultânea de linhas
alternadas no caso do consórcio.
O manejo químico das plantas de cobertura foi realizado no dia 1º de
agosto de 2005, quando o M se encontrava com grãos farináceos e o FP no final
da floração/início da frutificação. A dessecação foi realizada com glifosato,
aplicando-se 5 L ha
-1
com pulverizador costal, com volume de calda de 300 L
ha
-1
. Com esse manejo, toda parte aérea do M foi dessecada, porém, algumas
plantas de FP permaneceram vivas e foram cortadas com roçadora costal
motorizada, às vésperas da semeadura do feijão. As produções de fitomassa seca
do M solteiro e do consórcio com FP foram de 2,364 e 4,182 Mg ha
-1
,
respectivamente, com o feijão-de-porco, contribuindo com 72,9% da produção
do consórcio.
A semeadura direta do feijoeiro foi realizada 15 dias após a dessecação
das plantas de cobertura. A área foi sulcada com a mesma semeadora adubadora
utilizada anteriormente para semeadura das plantas de cobertura. Após a
demarcação das parcelas experimentais, procedeu-se à distribuição manual dos
adubos e sementes. Aos 15 DAE, foi feita a contagem de todas as plantas da área
útil da parcela para a determinação do estande inicial.
O delineamento estatístico foi o de blocos casualizados, com quatro
repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas
pelas palhadas de M (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e seu consórcio com
FP (Canavalia ensiformes (L.) DC.) e as subparcelas pelas combinações entre
duas doses de N na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro doses de N em
cobertura (0, 40, 80 e 120 kg ha
-1
). O tratamento adicional foi constituído pela
dose de base de 30 kg ha
-1
de N, sem cobertura, com inoculação das sementes do
feijoeiro com Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo.
A adubação de base constou da aplicação de 320 kg ha
-1
da fórmula
NPK 08-28-16, utilizando-se uréia para complementar as adubações
nitrogenadas de base para 30 e 60 kg ha
-1
, conforme os tratamentos. Para
adubação de cobertura, também foi utilizada a uréia, em duas aplicações, aos 20
e 30 DAE, aplicando-se 12 mm de água após cada cobertura, para incorporação.
Nos tratamentos adicionais, as sementes foram inoculadas com inoculante
turfoso preparado pelo Laboratório de Microbiologia do Solo do Departamento
de Ciência do Solo da UFLA. Para 10 kg de sementes foram utilizados 100 g do
inoculante com a estirpe UFLA 02-100 de Rhizobium tropici. As aplicações de
Co e Mo foram feitas com pulverizador costal, aplicando-se 60 g ha
-1
de Mo aos
20 DAE (Chagas et al., 1999) e 25 g ha
-1
de Co (Junqueira Netto et al., 2001),
dividido em duas aplicações, aos 20 e 30 DAE. Cada subparcela foi constituída
por cinco linhas de 5 m de comprimento, no espaçamento de 0,5 m, com 4,5 m
2
de área útil (três linhas de 3 m).
Aos 30 DAE, procedeu-se à aplicação de mistura comercial (1 L ha
-1
,
300 L ha
-1
de calda) dos herbicidas fomezafen e fluazifop p-butil, para controle
das plantas daninhas em pós-emergência.
A cultivar de feijoeiro utilizada foi a BRS-MG Talismã, desenvolvida
pelo convênio UFLA/UFV/Epamig/Embrapa e recomendada para Minas Gerais.
Apresenta grãos tipo carioca, crescimento indeterminado com guias longas (tipo
III), porte prostrado, ciclo médio de 85 dias, resistência à raça alfa Brasil
(patótipo 89) de antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) e ao mosaico
comum (VMCF) e resistência intermediária à mancha angular (Phaeoisariopsis
griseola) (CULTIVAR, 2002).
Quando 50% das plantas se encontravam com flores abertas, foram
coletadas, aleatoriamente, dentro da área útil, cinco plantas por subparcela, as
quais foram secas em estufas de circulação forçada de ar, para a determinação da
produção de fitomassa seca, utilizando-se a massa média das cinco plantas
multiplicada pelo estande final. Para determinação dos teores foliares de macro e
micronutrientes, foram coletadas folhas trifolioladas do terço médio de 20
plantas por subparcela. Após a coleta, as folhas foram lavadas em água,
passando as mesmas, após a lavagem, por água destilada e procedendo-se,
posteriormente, a secagem em estufa. As folhas secas foram moídas em moinho
tipo Wiley e encaminhadas ao Laboratório de Nutrição de Plantas do
Departamento de Solos da UFLA, onde foram determinados os teores de N, P,
K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn. Os teores de macro e micronutrientes foram
expressos em dag kg
-1
e mg kg
-1
, respectivamente.
Os acúmulos de macro e micronutrientes foram obtidos pela relação
entre os teores dos nutrientes em cada subparcela e a sua produção de fitomassa
seca, sendo expressos em kg ha
-1
e g ha
-1
, respectivamente.
Os dados experimentais foram submetidos a testes de homogeneidade de
variância. Como os dados apresentaram variâncias homogêneas, procedeu-se à
análise de variância, sem necessidade transformação. Os efeitos das palhadas e
doses de base foram avaliados pelo teste de F, a 5% de probabilidade. Os efeitos
das doses em cobertura foram estudados por meio de análises de regressão e, nos
casos em que a interação foi significativa, procedeu-se ao desdobramento
(Gomes, 2000) das doses em cobertura dentro das palhadas e das doses de base.
Quando necessário para complementar a discussão, desdobraram-se as palhadas
e doses de base dentro das doses de cobertura. O tratamento adicional foi
comparado com o tratamento de dose correspondente de N do fatorial. Para
tanto, foram feitos dois contrastes ortogonais (Zimmermann, 2004), visando
verificar o efeito da inoculação e da aplicação de Co e Mo em cada palhada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou efeito significativo das palhadas sobre os
teores de N, Mg e Cu (Tabela 6A). As doses de N na base influenciaram os
teores de Cu e Mn, enquanto as doses de cobertura influenciaram os teores de N,
K, Mg e S. Ocorreram interações significativas entre palhadas e doses de base,
para os teores de Cu, entre doses de base e doses de cobertura para os teores de
Ca e Mg, e interação tripla para os teores de Mg.
As doses de N em cobertura influenciaram os acúmulos dos
macronutrientes e do Cu, ocorrendo interação significativa entre doses de base e
doses de cobertura para o acúmulo de S e interação tripla para o acúmulo de P
(Tabela 7A).
A faixa de suficiência é definida como a faixa de concentração do
nutriente no tecido foliar, abaixo da qual a planta sofre carência nutricional e
acima da qual pode ocorrer toxicidade. Na Tabela III1 observa-se que os teores
de N se encontraram acima da faixa de suficiência proposta por Martinez et al.
(1999), de 3,00 a 3,50 dag kg
-1
, dentro daquela proposta por Oliveira et al.
(1998), de 2,80 a 6,00 dag kg
-1
com os valores médios sob a palhada de M+FP,
na maior dose de N na semeadura e com aplicação de N em cobertura
ultrapassando a faixa proposta por Malavolta et al. (1997), que é de 3,00 a 5,00
dag kg
-1
.
De acordo com as faixas de suficiência propostas por Martinez et al.
(1999), os teores médios de P, K, Ca, B e Mn, em todos os tratamentos, e o teor
médio de Fe na dose de 40 kg ha
-1
de N em cobertura (Tabela III1) são
deficientes, enquanto os teores médios de S e Cu, em todos os tratamentos, e os
teores médios de Zn sob M+FP e sem aplicação de N em cobertura são
considerados tóxicos.
TABELA III1 Teores foliares de macro e micronutrientes do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses
de nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2005
1
.
Macronutrientes (dag kg
-1
) Micronutrientes (mg kg
-1
)
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
M 4,91 b 0,35 2,06 2,45 0,41 0,35 46,97 13,08 358,62 133,60 51,34
M+FP 5,26 a 0,39 2,13 2,30 0,48 0,35 47,42 14,05 349,22 121,55 56,44
30 4,99 0,36 2,08 2,35 0,44 0,34 47,27 13,15 385,66 113,14 b 53,24
60 5,17 0,38 2,12 2,40 0,45 0,36 47,11 13,98 322,17 142,01 a 54,54
0 4,27 0,37 1,92 2,37 0,38 0,31 49,17 12,96 355,40 143,07 57,12
40 5,06 0,36 2,07 2,42 0,45 0,35 49,19 13,79 291,93 120,89 50,57
80 5,41 0,37 2,20 2,42 0,48 0,36 44,70 13,82 351,89 127,79 53,88
120 5,59 0,38 2,21 2,29 0,47 0,38 45,71 13,69 416,45 118,57 53,99
1
Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
Tomando-se como referência as faixas de suficiência propostas por
Malavolta et al. (1997), os teores médios de S em todos os tratamentos e os
teores médios de K e Mg são considerados deficientes, sendo que os teores de P
e Ca se enquadram acima das faixas de suficiência, sendo considerados tóxicos.
Todos os teores médios dos micronutrientes são considerados adequados. Já a
faixa proposta por Oliveira et al. (1996), bem mais ampla, considera os teores
médios de todos os nutrientes em todos os tratamentos como suficientes.
O feijoeiro cultivado sob palhada de M+FP apresentou maior teor foliar
de N (Tabela III1), ao contrário do que observou Teixeira (2004), que não
encontrou diferença significativa entre os teores de N do feijoeiro sob as
palhadas de M, FP, guandu-anão e dos consórcios das gramíneas com as
leguminosas. Já Arf et al. (1999) observaram acréscimos nos teores de N do
feijoeiro, incorporando-se leguminosas antes da semeadura, no plantio
convencional (PC). Os maiores teores de N foram obtidos após mucuna-preta,
seguida do lab-lab, com os consórcios entre as leguminosas e o milho
proporcionando os menores teores. Ressalta-se que, nos dois trabalhos, a época
de semeadura também foi a de inverno/primavera.
Este comportamento pode ser explicado pela maior disponibilidade de N
no solo sob a palhada de M+FP (Figura II3), o que está relacionado ao maior
acúmulo pela leguminosa por meio da FBN (Tabela II1) e à maior
disponibilização pela decomposição mais rápida. Além desses fatores, a menor
relação C/N desta palhada resulta em maior disponibilidade de N para os
microrganismos, reduzindo a imobilização do elemento no solo durante o
processo de decomposição.
A maior dose de N na semeadura (60 kg ha
-1
) proporcionou maior teor
de Mn (Tabela III1), o que pode ser explicado pela menor competição intra-
específica, devido ao menor estande (Tabela I1). Acrescenta-se que, sob a menor
dose de N na semeadura (30 kg ha
-1
), houve resposta à aplicação de N em
cobertura (Figura I3). Assim, a quantidade de nutrientes, em relação à fitomassa
seca, ficou reduzida (efeito de diluição), o que se confirma pelo fato do acúmulo
desse nutrientes não ter sido influenciado pelas doses de base (Tabela 7A).
Os teores de Cu foram influenciados pelas doses de base de forma
diferenciada nas duas palhadas. Na palhada de M, a maior dose de base
proporcionou maior teor do elemento nas folhas do feijoeiro (Tabela III2),
enquanto que, na palhada de M+FP, os teores obtidos em ambas as doses de
base não diferiram.
TABELA III2 Teores foliares de Cu do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã,
sob diferentes doses de N na semeadura em sucessão à adição
ao solo das palhadas de M e M+FP, no SPD. UFLA, Lavras,
MG, 2005
1
.
Teor de Cu (mg kg
-1
) Dose de N
(kg ha
-1
)
M M+FP
60 13,91 a 14,04 a
30 12,24 b 14,07 a
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente,
pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
Assim como para o S e o Mn, o efeito de diluição promovido pelo maior
crescimento pode explicar o menor teor de Cu, na menor dose de N na
semeadura, já que não ocorreu diferença significativa entre os acúmulos do
nutriente (Tabela 7A).
Apesar de o teor foliar de N ter sido maior sob a palhada de M+FP
(Tabela III1), não houve resposta diferenciada às doses em cobertura nas duas
palhadas. Doses de N em cobertura de até 116 kg ha
-1
promoveram incrementos
nos teores foliares do elemento, os quais variaram de 4,28 a 5,57 dag kg
-1
(Figura III1). Este resultado está de acordo com o obtido por Carvalho et al.
(2003), sob palhada de milho, em que o maior teor foi observado na dose de 108
kg ha
-1
de N. Silva (1988), Rodrigues (2001) e Nascimento et al. (2004)
verificaram respostas lineares dos teores N a aplicações de doses até 100, 120 e
90 kg ha
-1
, respectivamente, indicando que os teores máximos seriam alcançados
com doses ainda maiores. Farinelli et al. (2006), em dois anos de estudo,
obtiveram resposta linear, no primeiro ano, até a dose de 160 kg ha
-1
, e
quadrática no segundo, alcançando valor máximo na dose de 122,8 kg ha
-1
de N.
Y = -*0,0001x
2
+ **0,0222x + 4,2831
R
2
= 0,99
4
4,25
4,5
4,75
5
5,25
5,5
5,75
6
0 40 80 120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de N (dag kg
-1
)
FIGURA III1: Teor de N do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD. UFLA,
Lavras, MG, 2005.
Verifica-se, na Figura I4, que houve respostas à aplicação de N em
cobertura para o rendimento de grãos, ou seja, a produção de grãos foi superior
em teores foliares de N que seriam classificados como tóxicos. Farinelli et al.
(2006), trabalhando com doses de N em cobertura de 0 a 160 kg ha
-1
, em dois
anos, encontraram teores de N variando de 3,23 a 4,21 dag kg
-1
, os quais seriam
considerados suficientes ou até mesmo tóxicos, dependendo da faixa de
suficiência utilizada. No entanto, os autores verificaram que a produção de grãos
respondeu de forma quadrática até a dose de 78,12 kg ha
-1
de N no primeiro ano
do estudo, com rendimento máximo de 1.870 kg ha
-1
, e linear no segundo ano,
alcançando uma produção de 3.114 kg ha
-1
de grãos.
Esses resultados indicam que altos rendimentos de grãos no feijoeiro
estão associados a teores foliares de N superiores àqueles considerados como
suficientes pela literatura. Por esta razão, as faixas de suficiência propostas por
Oliveira et al. (1996) e Malavolta et al. (1997) parecem mais adequadas, já que,
na faixa proposta por Martinez et al. (1999), os teores em todas as doses de N
em cobertura seriam considerados tóxicos.
Observa-se, na Figura III2, que a aplicação de N em cobertura
proporcionou incremento linear nos teores de K, o que pode estar associado ao
maior crescimento das plantas e, conseqüentemente do sistema radicular,
explorado maior volume de solo.
Y = **0,0025x + 1,9484
R
2
= 0,90
1,8
1,9
2
2,1
2,2
2,3
2,4
0 40 80 120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de K (dag kg
-1
)
FIGURA III2: Teor de K do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD. UFLA,
Lavras, MG, 2005.
O teor de S nas folhas do feijoeiro também aumentou linearmente com o
aumento das doses de N em cobertura, variando de 0,32 dag kg
-1
, sem aplicação
a 0,39 dag kg
-1
na maior dose aplicada. Teixeira et al. (2000) também
verificaram aumento nos teores de S com doses crescentes de N.
Y = **0,0006x + 0,3164
R
2
= 0,88
0,3
0,325
0,35
0,375
0,4
0 40 80 120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de S (dag kg
-1
)
FIGURA III3: Teor de S do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em diferentes
doses de nitrogênio em cobertura no SPD. UFLA, Lavras, MG,
2005.
O teor foliar de Ca foi influenciado pela aplicação de N em cobertura
apenas na maior dose de N na semeadura, aumentando até a dose de 56 kg ha
-1
(Figura III4), após a qual houve uma redução significativa dos teores do
elemento, provavelmente devido ao efeito de diluição provocado pelo maior
crescimento. Teixeira et al. (2000) verificaram que, com o aumento das doses de
N, ocorreu redução linear dos teores de Ca, o que também foi atribuído à
diluição.
O comportamento diferencial nas duas doses de N na semeadura pode
ser atribuído ao fato de que, na menor dose, o feijoeiro respondeu em produção
de fitomassa à adubação de cobertura (Figura I3), atingindo valores superiores.
Dessa forma, pode-se inferir que o aumento na absorção de Ca não se
manifestou no teor do elemento na menor dose de N na semeadura, devido ao
efeito de diluição provocado pelo aumento da fitomassa da cultura. Deve ser
mencionado ainda que, para o acúmulo de Ca, não houve interação significativa
entre doses de N na semeadura e em cobertura (Tabela 7A), indicando que o
feijoeiro teve o mesmo comportamento nas duas doses de N na semeadura.
Y
30
= 2,34581
n.s.
Y
60
= -**0,00007x
2
+ **0,0079x + 2,3405
R
2
= 0,97
2,2
2,25
2,3
2,35
2,4
2,45
2,5
2,55
2,6
04080120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de Ca (dag kg
-1
)
Base 30 Base 60
FIGURA III4: Teor de Ca do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio na semeadura e em cobertura no
SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
As doses de N em cobertura alteraram o comportamento dos teores
foliares de Mg no feijoeiro de forma diferenciada nas palhadas e nas doses de N
na semeadura (Figura III5). Em ambas as palhadas, houve aumento do teor de
Mg com aplicação de N em cobertura, semelhante aos dados observados por
Teixeira et al. (2000), que verificaram aumento dos teores do elemento com
aumento das doses de N. A palhada de M+FP proporcionou maiores teores de
Mg, o que se deve à maior ciclagem (Tabela II1) e à liberação mais rápida do
nutriente por esta palhada (Figura II7). Na palhada de M, os teores de Mg
responderam às doses de N em cobertura de forma linear em ambas as doses de
N na semeadura. Verifica-se, pelas equações, que essas respostas foram da
mesma magnitude, porém, com teores inferiores na menor dose de N na
semeadura. Isso pode estar relacionado ao efeito de diluição, já que o feijoeiro
respondeu em produção de fitomassa à adubação de cobertura sob tal dose de N
na semeadura.
Na palhada de M+FP, foram observados maiores teores de Mg sob a
maior dose de N na semeadura, com exceção das doses inferiores a 18 e
superiores a 103 kg ha
-1
de N em cobertura, em que ocorreram teores inferiores
aos obtidos com as mesmas doses em cobertura na menor dose de N na
semeadura.
Y
MDb30
= **0,0007x + 0,3562
R
2
= 0,75
Y
MDb60
= **0,0007x + 0,3816
R
2
= 0,87
Y
M+FPDb30
= **0,0008x + 0,4318
R
2
= 0,91
Y
M+FPDb60
= -**0,00003x
2
+ **0,0042x + 0,3808
R
2
= 0,89
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
0,55
0,6
04080120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de Mg (dag kg
-1
)
Milheto Db 30 Milheto Db 60
Milheto+Feijão-de-porco Db 30 Milheto+Feijão-de-porco Db 60
FIGURA III5: Teor de Mg do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio, na semeadura e em cobertura, em
sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP, no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2005.
Pelos dados da Tabela 8A verifica-se que os contrastes das médias dos
tratamentos adicionais, com inoculação e aplicação de Co e Mo, com as médias
dos tratamentos com doses correspondentes de N do fatorial foram significativos
para os teores de N e Ca na palhada de M, de Mg na palhada de M+FP e de K e
Cu, em ambas as palhadas.
O teor de N aumentou com a inoculação + Co e Mo apenas na palhada
de M, passando de 3,67 para 4,70 mg kg
-1
(Tabela III3). Isso se deve ao fato de
que o teor de N no solo sob palhada de M+FP foi superior ao observado sob M
(Figura II3), aumentando os teores foliares do elemento no feijoeiro (Tabela
4A). Assim, a FBN não foi suficiente para aumentar os teores foliares de N, o
que pode estar associado ao fato de que o processo é inibido quando há grande
disponibilidade do nutriente.
Em todas as situações, os teores de N estiveram dentro da faixa de
suficiência proposta por Malavolta et al. (1997) e acima daquela proposta por
Martinez et al. (1999). No entanto, mesmo não contribuindo para o aumento dos
teores de N na palhada de M+FP, a inoculação e a aplicação de Co e Mo
proporcionaram acréscimos na massa de cem grãos e no rendimento em ambas
as palhadas (Tabela 4A). Estas respostas podem estar relacionadas ao melhor
aproveitamento do N absorvido na forma nítrica, com a aplicação de Mo, visto
que este elemento participa como cofator na atividade da enzima redutase do
nitrato (Taiz & Zeiger, 2002).
TABELA III3 Teores de N, K, Ca, Mg e Cu, com e sem inoculação e aplicação
de Co e Mo no feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP, no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2005
1
.
Tratamentos dag kg
-1
mg kg
-1
N K Ca Mg Cu
Inoc. + Co e Mo 4,70 a 2,95 a 1,93 b 0,29 a 16,91 a
M
Sem inoculação 3,67 b 1,83 b 2,51 a 0,34 a 11,74 b
Inoc. + Co e Mo 4,33 a 2,93 a 2,02 a 0,35 b 19,23 a
M+FP
Sem inoculação 4,85 a 1,93 b 2,31 a 0,43 a 13,09 b
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, para cada palhada, não diferem
significativamente, pelo teste, de F, a 5% de probabilidade.
Assim como para o N, o teor de Ca também foi influenciado pela
inoculação + Co e Mo apenas na palhada de M, porém, de forma inversa, ou
seja, ocorreu redução dos teores de Ca com a inoculação e a aplicação dos
nutrientes (Tabela III3). Os teores apresentados em todas as situações estiveram
abaixo da faixa de suficiência proposta por Martinez et al. (1999), estando o
menor teor dentro daquela proposta por Malavolta et al. (1997) e os demais
acima da mesma.
Ao contrário do Ca, o teor de Mg foi influenciado pela inoculação + Co
e Mo apenas na palhada de M+FP (Tabela III3) e foi superior no tratamento sem
inoculação. Apenas o teor sob M no tratamento adicional ficou abaixo da faixa
de suficiência proposta por Martinez et al. (1999), estando o teor sob a palhada
do consórcio, sem inoculação, dentro daquela proposta por Malavolta et al.
(1997).
Com relação aos teores de K e Cu, o efeito da inoculação + Co e Mo foi
positivo, aumentando os valores em ambas as palhadas. No caso do K, o efeito
da inoculação permitiu que os teores se inserissem na faixa de suficiência
proposta por Martinez et al. (1999) e ultrapassassem aquela proposta por
Malavolta et al. (1997). Em ambas as faixas, o teor de K sem inoculação é
classificado como deficiente. Os teores de Cu verificados estão acima da faixa
de suficiência proposta por Martinez et al. (1999) e dentro daquela proposta por
Malavolta et al. (1997).
4 CONCLUSÕES
1 – A palhada de M+FP proporcionou maiores teores foliares de N e Mg
no feijoeiro.
2 – A aplicação de N em cobertura aumentou o teor foliar de N do
feijoeiro até a dose de 116 kg ha
-1
.
3 – A aplicação de N em cobertura promoveu incrementos nos teores de
K, S e Mg.
4 – A inoculação e aplicação de Co e Mo aumentou o teor de N apenas
na palhada de M e os teores de K e Cu, em ambas as palhadas, reduzindo o teor
de Ca e Mg nas palhadas de M e de M+FP, respectivamente.
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IV – CRESCIMENTO E RENDIMENTO DO FEIJOEIRO, SOB
INFLUÊNCIA DE NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO
SOLTEIRO E CONSORCIADO COM CROTALÁRIA
(Preparado de acordo com as normas da revista “Scientia Agricola”)
Resumo – O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes doses de
nitrogênio no cultivo do feijoeiro de verão/outono, cultivado no SPD, em
seqüência à aplicação de palhadas de M (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e
M+C (Crotalaria juncea). O estudo foi conduzido no campo experimental do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, MG, Brasil,
utilizando-se o delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições, em
esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas pelas duas
palhadas (M e M+C) e as subparcelas pelo fatorial (2 x 4) + 1, representado por
duas doses de N na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro em cobertura (0, 40, 80
e 120 kg ha
-1
), mais um tratamento adicional, constituído pela dose de 30 kg ha
-1
de N na semeadura, com inoculação das sementes do feijoeiro com Rhizobium
tropici e aplicação foliar de Co e Mo. Foram avaliados os estandes inicial e final,
a produção de fitomassa da parte aérea e o rendimento de grãos do feijoeiro,
bem como seus componentes primários. As doses de N na semeadura da
semeadura e em cobertura não influenciaram o rendimento de grãos do feijoeiro
e seus componentes em nenhuma das palhadas. O maior rendimento de grãos foi
obtido sob palhada de M.
Termos para indexação: Sistema plantio direto, consórcio gramínea x
leguminosa, adubação verde, fixação biológica de nitrogênio.
Comitê Orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
BEAN GROWTH AND GRAIN YIELD INFLUENCED BY NITROGEN
AND STRAWS OF MILLET AND MILLET PLUS Crotalaria juncea
INTERCROPPING
Abstract – This work aimed to evaluate the nitrogen fertilization levels on
summer/autumn bean no-till under straws from millet (Pennisetum typhoides
(Burm.) Stapf) and millet plus (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) and millet
plus Crotalaria juncea intercropping. The experiment was carried out at Federal
University of Lavras (Lavras, Minas Gerais, Brazil) in a randomized blocks
design and four replications in split plot arrangement, with the straws in the plots
and nitrogen levels at sowing with (30 e 60 kg ha
-1
) and at topdressing (0, 40, 80
and 120 kg ha
-1
) in a factorial (2 x 4) + 1 in sub-plots, plus an additional
treatment with 30 kg ha
-1
at sowing and bean seeds inoculation by Rhizobium
tropici with Co and Mo foliar appliance. The initial and final stand, biomass
production, grain yield and its primary compounds was evaluated. The nitrogen
levels, at sowing and at topdressing, do not influence the grain yield and its
compounds in neither straw. The largest grain yield was obtained under millet
straw.
Index terms: No-till, grassy x leguminous intercropping, cover crops, nitrogen
biology fixation.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
1 INTRODUÇÃO
A produção e a manutenção de fitomassa no SPD (SPD) podem ser
consideradas fatores chave para se atingir o máximo aproveitamento dos
benefícios dessa forma de cultivo. Para tanto, devem ser observados aspectos
regionais, tanto aqueles relacionados ao clima, quanto aos esquemas de
rotação/sucessão de culturas e espécies de plantas de cobertura adaptadas.
Mesmo em sistemas de rotação que incluam culturas com alto retorno de matéria
orgânica ao solo, como o milho, é necessária a utilização de plantas com a
finalidade principal de produção de palha.
Nesse sentido, José (2000) observou menores teores de matéria orgânica
na camada superficial (0-5 cm) e menor estabilidade de agregados no SPD,
quando comparado ao sistema convencional, não havendo diferenças
significativas para a retenção de água no solo. O autor atribuiu este fato ao
manejo da área, o qual não incluía nenhum tipo de planta de cobertura (plantio
direto no mato), o que não permitiu que fossem alcançados os benefícios do
sistema, mesmo após seis anos de adoção.
Com relação à escolha da espécie, pode ser considerada como fator
principal a relação C/N da fitomassa produzida, a qual está diretamente
relacionada à durabilidade do material sobre a superfície do solo. Contudo, o
teor de lignina e celulose, a presença de fenóis, a carga de nutrientes presentes
nos resíduos influenciam, do mesmo modo, a taxa de decomposição do material
incorporado ao solo (Kogel-Knabner, 2002) e o balanço dos processos de
imobilização/mineralização. Materiais com maior relação C/N, como as
gramíneas, permanecem por mais tempo no solo, porém, no início da
decomposição, há uma tendência de maior imobilização de nutrientes, já que a
quantidade dos mesmos, principalmente de N, disponível na palha, não é
adequada para a microbiota decompositora, o que implica em imobilização
líquida e diminuição da disponibilidade de alguns nutrientes para as culturas.
Giacomini et al. (2003) afirmam que o consórcio entre gramíneas e
leguminosas produz palhada com relação C/N intermediária àquela das espécies
em cultivos isolados, o que leva a menor taxa de decomposição em relação aos
resíduos de leguminosas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e
sincronia entre fornecimento e demanda de N pelas culturas.
De acordo com Lopes et al. (2004), os fatores anos de adoção do plantio
direto, teor de matéria orgânica, estoque de N acumulado, textura do solo,
intensidade pluviométrica, tipos de rotação e ou sucessão de culturas, tipos e
quantidade de resteva presente, dentre outros e, sobretudo, a existência de
pequeno número de experimentos de campo de longa duração, envolvendo
adubação nitrogenada no SPD, à exceção da região Sul do Brasil, não permitem
a adoção de regras gerais aplicáveis às diversas situações de solos, clima e
culturas onde esse sistema é praticado. Nesse sentido, Barbosa Filho et al.
(2005) verificaram menor resposta do feijoeiro ao N em cobertura após soja,
quando comparado ao cultivo em sucessão a arroz. Lopes (1999) já sugeria, no
SPD, após adubação verde com leguminosas de verão, diminuição de até 50% da
dose de N.
A cultura do feijão tem se mostrado bastante responsiva à aplicação de
nitrogênio, sendo necessário o uso de doses superiores a 100 kg ha
-1
para
garantir a extração do nutriente associada a altas produções (Oliveira et al.,
1996). Alguns autores encontraram respostas lineares a aplicações de doses de
nitrogênio superiores a 100 kg ha
-1
(Silva, 1988; Teixeira et al., 2000;
Rodrigues, 2001; Xavier, 2002; Carvalho et al., 2003 e Romanini Júnior et al.,
2005).
Os trabalhos já realizados com o feijoeiro sob SPD atestam algumas
vantagens, como a redução do “déficit” hídrico, proporcionando maior estande
final e rendimento de grãos (Silva, 1994), melhorias na estruturação do solo,
aumento da microporosidade, maior retenção de água e redução da evaporação,
aumentando, conseqüentemente, a umidade e a disponibilidade de água para as
plantas, refletindo em aumento no número de vagens por planta e grãos por
vagem (Urchei, 1996) e maior produção de grãos (Carvalho, 2000); (Urchei,
1996). Por outro lado, Ribeiro (2000) observou menor rendimento de grãos no
SPD em relação ao sistema de cultivo com aração profunda, atribuindo o fato à
maior incidência de Rhizoctonia solani p.v. phaseoli e Fusarium solani p.v.
phaseoli no início do desenvolvimento da cultura.
Este fato reforça a necessidade da rotação/sucessão de culturas, sendo
este um dos preceitos básicos do sistema.
Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de
nitrogênio na base e em cobertura, no feijão de verão/outono cultivado em
seqüência à adição de palhadas de M e M+C, em Latossolo sob SPD.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área experimental localizada no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no
período de outubro de 2005 a maio de 2006. A área vinha sendo conduzida sob
SPD há oito anos, inicialmente coberta por Brachiaria decumbens, alternando
períodos de pousio com o cultivo de milho. O solo foi classificado como
Latossolo Vermelho distroférrico típico (EMBRAPA, 2000) e seus atributos
químicos são apresentados na Tabela 2A. O clima da região, de acordo com a
classificação de Köeppen, é do tipo Cwa, temperado úmido, com verão quente e
inverno seco (Vianello & Alves, 1991). Os dados climáticos são apresentados na
Figura 1A. Foi utilizada irrigação, com aplicação de duas lâminas de 12 mm,
visando à incorporação da uréia nas duas adubações de cobertura.
Na área com resteva de milho, foram aplicados 2 L ha
-1
do herbicida
glifosato, com pulverizador tratorizado com 250 L ha
-1
de calda, visando
dessecar a vegetação existente. Posteriormente, procedeu-se ao sulcamento com
semeadora adubadora de plantio direto de três linhas, com tração mecanizada e à
semeadura manual das plantas de cobertura, sem adubação, no dia 3 de outubro
de 2006. A C foi semeada na densidade de 50 sementes por metro linear
(Calegari et al., 1992) e o M (cultivar ADR-500) na densidade de 15 kg ha
-1
(Pereira Filho et al., 2003). O espaçamento utilizado foi de 0,5 m, com
semeadura simultânea de linhas alternadas no caso do consórcio.
O manejo das plantas de cobertura foi realizado 128 DAS. Como o
crescimento alcançado pelas plantas de cobertura impossibilitou a aplicação do
herbicida, procedeu-se, anteriormente, a um manejo mecânico, utilizando-se
uma grade leve suspensa, apenas para derrubar as plantas, não havendo nenhum
contato do implemento com o solo, de forma que não houve nenhuma
incorporação. Após esta operação, foi aplicada uma dose de 5 L ha
-1
de glifosato
com pulverizador costal, utilizando 300 L ha
-1
de calda, para dessecação das
plantas. O M já apresentava sementes viáveis e a C se encontrava no início da
frutificação, com sementes ainda verdes. As produções de fitomassa seca do M
solteiro e do consórcio com C foram de 6,900 e 12,449 Mg ha
-1
,
respectivamente, com a C contribuindo com 73,1% do material do consórcio.
A semeadura direta do feijoeiro foi realizada mecanicamente, 15 dias
após a dessecação das plantas de cobertura, no dia 23 de fevereiro de 2006,
utilizando-se a mesma semeadora adubadora utilizada para semeadura das
plantas de cobertura. Optou-se por um número maior de sementes por metro
linear, sendo realizado desbaste aos 15 DAE, reduzindo para 12 plantas por
metro. Ainda sim, algumas parcelas ficaram com estande aquém do planejado,
sendo feita a contagem do estande inicial e submetida à análise de variância.
O delineamento estatístico foi o de blocos casualizados, com quatro
repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas
pelas palhadas de M (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e seu consórcio com
C (Crotalaria juncea) e as subparcelas pelas combinações entre duas doses de N
na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro doses de N em cobertura (0, 40, 80 e
120 kg ha
-1
). O tratamento adicional foi constituído pela dose de base de 30 kg
ha
-1
de N, sem cobertura, com inoculação das sementes do feijoeiro com
Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo.
A adubação de base constou da aplicação de 320 kg ha
-1
da fórmula
NPK 08-28-16, utilizando-se uréia para complementar as adubações
nitrogenadas de base para 30 e 60 kg ha
-1
, conforme os tratamentos. Para
adubação de cobertura também foi utilizada a uréia, em duas aplicações, aos 20
e 30 DAE, aplicando-se 12 mm de água após cada cobertura para incorporação,
por meio de aspersão convencional. Nos tratamentos adicionais, a inoculação
foi feita no sulco de semeadura, com inoculante na forma líquida, preparado pelo
Laboratório de Microbiologia do Solo do Departamento de Ciência do Solo da
UFLA, quando as plantas se apresentavam no estádio fenológico V
1
(primeiro
trifólio desdobrado). A estirpe de Rhizobium tropici utilizada foi a UFLA 02-
100. As aplicações de Co e Mo foram feitas com pulverizador costal, aplicando-
se 60 g ha
-1
de Mo aos 20 DAE (Chagas et al., 1999) e 25 g ha
-1
de Co, divididos
em duas aplicações, aos 20 e 30 DAE (Junqueira Netto et al., 2001). Cada
subparcela foi constituída por cinco linhas de 5 m de comprimento, no
espaçamento de 0,5 m, com 4,5 m
2
de área útil (três linhas de 3 m).
Aos 30 DAE, procedeu-se à aplicação de mistura comercial (1 L ha
-1
,
300 L ha
-1
de calda) dos herbicidas fomezafen e fluazifop p-butil, para controle
das plantas daninhas em pós-emergência.
A cultivar de feijoeiro foi a BRS-MG Talismã, desenvolvida pelo
convênio UFLA/UFV/Epamig/Embrapa e recomendada para Minas Gerais.
Apresenta grãos tipo carioca, crescimento indeterminado com guias longas (tipo
III), porte prostrado, ciclo médio de 85 dias, resistência à raça alfa Brasil
(patótipo 89) de antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) e ao mosaico
comum (VMCF) e resistência intermediária à mancha angular (Phaeoisariopsis
griseola) (CULTIVAR, 2002).
Quando 50% das plantas estavam com flores abertas, foram coletadas
cinco plantas por parcela, as quais foram secas em estufas de circulação forçada
de ar, para a determinação da produção de fitomassa seca. Utilizou-se, para isso,
a massa média das cinco plantas multiplicada pelo estande final.
A colheita foi realizada 88 DAS, sendo avaliado o rendimento de grãos
com seus componentes primários (estande final, número de vagens por planta,
número de grãos por vagem e massa média de cem grãos). Determinou-se a
umidade, corrigindo-se a massa de 100 grãos e o rendimento para 13%
(Associação Brasileira de Ensino Agrícola Superior, 1987).
Os dados experimentais foram submetidos a testes de homogeneidade de
variância. Como os dados apresentaram variâncias homogêneas, procedeu-se à
análise de variância, sem necessidade de transformação. Os efeitos das palhadas
e doses de N na semeadura foram avaliados pelo teste de F, a 5% de
probabilidade. Os efeitos das doses de nitrogênio em cobertura foram estudados
por meio de análises de regressão e, nos casos em que a interação foi
significativa, procedeu-se ao desdobramento (Gomes, 2000) das doses em
cobertura dentro das palhadas e das doses de base. Quando necessário para
complementar a discussão, desdobraram-se as palhadas e doses de base dentro
das doses de cobertura. Os tratamentos adicionais foram comparados com os
tratamentos de doses correspondentes de N do fatorial, com o emprego de dois
contrastes ortogonais (Zimmermann, 2004), visando verificar o efeito da
inoculação e aplicação de Co e Mo em cada palhada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou efeito significativo apenas das palhadas
no rendimento de grãos (Tabela 9A). O maior rendimento de grãos foi obtido na
palhada formada pelo cultivo exclusivo de M, com 1.766 kg ha
-1
(Tabela IV1).
Valério et al. (2003), no mesmo local, com a cultivar pérola e semeadura em
dezembro, obtiveram, aproximadamente, 2.000 kg ha
-1
, com 80 kg ha
-1
de N na
semeadura. Na média de três épocas, o autor observou que, em patamares de
rendimento próximos ao obtido no presente trabalho, aplicando-se 120 kg ha
-1
na
semeadura, não houve resposta à adubação de cobertura. Cabe ressaltar que se
tratava de cultivo convencional, em solo com 2,2 dag kg
-1
de matéria orgânica
(MO).
O presente trabalho foi realizado em área sob SPD há mais de oito anos
de adoção do sistema, com 3,0 dag kg
-1
de MO em média, o que pode ter
conferido maiores teores de N no solo, anulando a resposta à adubação
nitrogenada. Além desse fator, as palhadas ciclaram altas quantidades de N
(Tabela V1) que foram liberadas rapidamente para a cultura (Figura V2). Apesar
de o feijoeiro não ter respondido à adubação nitrogenada na semeadura e em
cobertura, as produções obtidas nas duas palhadas foram superiores à média
nacional, no ano de 2005, de 806 kg ha
-1
(Brasil, 2006), estando próximas à
obtida por Silva et al. (1994), de 2.038 kg ha
-1
, com semeadura em dezembro.
TABELA IV1 Estandes inicial e final, produção de fitomassa, número de vagens por planta, número de grãos por
vagem, massa de cem grãos e rendimento de grãos do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses
de nitrogênio na semeadura e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+C no
SPD. UFLA, Lavras, MG, 2006
1
.
Estande inicial
(plantas ha
-1
)
Estande final
(plantas ha
-1
)
Fitomassa
(kg ha
-1
)
Vagens/planta Grãos/vagem Massa 100
grãos (g)
Rendimento
(kg ha
-1
)
M 233.299 235.208 2.758 10,4 4,7 21,72 1.766 a
M+C 243.750 225.035 2.790 9,3 4,6 21,55 1.571 b
30 240.382 230.729 2.733 10,1 4,7 21,72 1.672
60 236.667 229.514 2.814 9,6 4,6 21,55 1.665
0 233.055 223.055 2.525 9,8 4,8 21,50 1.641
40 243.889 236.944 2.805 9,6 4,6 21,11 1.589
80 235.833 226.944 2.810 9,8 4,7 21,54 1.696
120 241.319 233.542 2.956 10,1 4,6 22,38 1.749
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
Pela Tabela IV1 observa-se que o feijoeiro apresentou alto crescimento
vegetativo, acumulando, em média, 2.774 kg ha
-1
de fitomassa seca na parte
aérea, por ocasião do florescimento. Apesar de não ter ocorrido resposta a
aplicação de N, a produção de fitomassa média verificada neste trabalho foi
próxima do valor obtido com a cultivar pérola, sob SPD, por Farinelli et al.
(2006) em duas safras, com semeadura em dezembro e aplicação de 12 + 120 kg
ha
-1
de N (semeadura + cobertura), quando o feijoeiro respondeu linearmente em
produção de fitomassa e rendimento de grãos até doses em torno de 120 kg ha
-1
.
É comum que, em condições de maior temperatura, ocorra maior
desenvolvimento vegetativo do feijoeiro. A título de comparação, cita-se o
trabalho de Pereira et al. (2004), no qual a cultivar Pérola, semeada em maio,
apresentou produção média de fitomassa seca muito inferior, de 4,59 g planta
-1
contra 12,13 g planta
-1
, em média, no presente estudo. Dessa maneira, pode-se
afirmar que houve crescimento normal do feijoeiro, mesmo nas menores doses
de N.
Com relação aos componentes de produção, os valores verificados para
o número de vagens por planta foram superiores aos obtidos por Diniz et al.
(1998), Andrade et al. (1998) e Teixeira et al. (2000). Os valores para o número
de grãos por vagem foram próximos aos verificados por Andrade et al. (1998) e
um pouco inferiores aos observados por Diniz et al. (1998) e Teixeira et al.
(2000), de cinco grãos por vagem. No entanto, estes autores encontraram
rendimentos semelhantes aos obtidos no presente trabalho. Em situações de
maior rendimento de grãos, verifica-se que o número de vagens por planta é
superior, como no de Teixeira et al. (2005) e Farinelli et al. (2006), com 12,76 e
12,5 vagens por planta, respectivamente, podendo-se afirmar que o componente
participou como fator limitante para a obtenção de maiores rendimentos.
Assim como o feijoeiro não respondeu às doses de N na semeadura e em
cobertura, a inoculação também não proporcionou acréscimo em nenhum dos
componentes de produção. Isso pode ser verificado na Tabela 10A, em que os
contrastes das médias dos tratamentos adicionais, com inoculação e aplicação de
Co e Mo, com as médias dos tratamentos com menores doses de N do fatorial
não foram significativos, em ambas as palhadas.
4 CONCLUSÕES
O feijoeiro não respondeu, em rendimento de grãos, às doses de N na
semeadura e em cobertura em nenhuma das palhadas.
O maior rendimento de grãos foi obtido sob palhada de M.
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V – DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE MACRONUTRIENTES DAS
PALHADAS DE MILHETO E MILHETO+CROTALÁRIA NO PLANTIO
DIRETO DO FEIJOEIRO
(Preparado de acordo com as normas da “Revista Brasileira de Ciência do
Solo”)
Resumo – Avaliaram-se a produção de fitomassa seca, o teor e o acúmulo de
macronutrientes e a decomposição e liberação de nutrientes das palhadas de M
solteiro e consorciado com Crotalaria juncea, em ambiente de campo, sob a
cultura do feijoeiro de verão/outono, semeado em fevereiro. Para a determinação
da decomposição e da liberação de nutrientes foram distribuídas bolsas
confeccionadas com telas de náilon, com malha de 1 mm, de dimensões 0,2 x
0,2 m, preenchidas com quantidades de palha proporcionais à área da bolsa. O
delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, em
esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas pelas duas
palhadas e as subparcelas pelas épocas de avaliação ao longo do cultivo do
feijoeiro (0, 8, 16, 24, 40, 56 e 72 dias). Os resíduos coletados foram secos em
estufa de circulação forçada de ar, a 65ºC, até atingirem massa constante, para a
determinação da matéria seca remanescente (MSR), sendo posteriormente
moídos e encaminhados para laboratório, para a determinação dos teores de
macronutrientes. Com base nos teores e na MSR, foram calculadas as
quantidades remanescentes dos macronutrientes (MR), sendo expressos em
porcentagem do valor inicial. Os valores foram ajustados a modelos não
lineares, escolhendo-se os modelos com melhor ajuste em cada situação. O
consórcio entre M e C produziu maior quantidade de fitomassa seca. Os maiores
teores de Ca e Mg foram observados na palhada de M+C, com os maiores teores
de K e S sendo encontrados no M solteiro. A palhada de M+C liberou maior
quantidade de todos os macronutrientes, à exceção do S. A palhada de M
apresentou maior velocidade de liberação de N.
Termos para indexação: ciclagem de nutrientes, “litter-bags”, decomposição,
modelos não-lineares, consórcio gramínea x leguminosa.
Comitê Orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
DECOMPOSITION AND MACRONUTRIENTS RELEASE OF MILLET
AND MILLET PLUS Crotalaria juncea STRAWS ON BEAN NO-TILL
Abstract – It was evaluated the biomass production, macronutrients contents and
accumulation, decomposition and nutrient release from straws of millet
(Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) and millet plus C (Crotalaria jucea)
intercropping, in field condition, under dry bean, sowed in february
(summer/autumn). The decomposition and nutrient release was determined with
1 mm mesh nylon bags of 0,2 x 0,2 m, fueled with straw quantities relative to
this area. The experimental design was randomized blocks with four replications
in split plot arrangement, with the straws in the plots and evaluation periods in
sub-plots (0, 8, 16, 24, 40, 56 e 72 days). The collected residues was dried to
determinate the remaining dry matter amounts and grind and send to laboratory
to determinate the macronutrient contents. By the contents and remaining dry
matter amounts was determined the remaining nutrients amounts, expressing in
relative from initial amounts. Non-linear models were fit to the values, choosing
the better adjustment. The millet plus jack-bean intercropping provide the largest
biomass production. The greatest Ca and Mg contents were also observed in
intercropping with the greatest K and S contents in single millet. The straw from
intercropping release the bigger quantities of all the macronutrients, excepting S.
The single millet present the bigger nitrogen speed release.
Index terms: nutrients recycle, litter bags, decomposition, non-linear models,
grass x leguminous intercropping.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
1 INTRODUÇÃO
A produção e a manutenção de palhada sobre a superfície do solo
constituem os principais gargalos para o sucesso do SPD, principalmente em
regiões mais quentes, onde as altas temperaturas, aliadas à umidade
proporcionada pelo grande volume de chuvas no verão, aceleram a
decomposição da matéria orgânica.
Além das condições ambientais, entre os fatores intrínsecos do material
depositado na superfície do solo, destaca-se a relação carbono nitrogênio (C/N).
Contudo, os teores de lignina e celulose, a presença de fenóis e a carga de
nutrientes presentes nos resíduos influenciam, do mesmo modo, a taxa de
decomposição do material incorporado ao solo (Kogel-Knabner, 2002) e o
balanço dos processos de imobilização/mineralização. Materiais com maior
relação C/N, como as gramíneas, permanecem por mais tempo no solo. Porém,
no início da decomposição, há tendência de maior imobilização de nutrientes, já
que a quantidade dos mesmos, principalmente de N, disponíveis na palha, não é
adequada para a microbiota decompositora, o que implica em imobilização e
diminuição da disponibilidade de alguns nutrientes para as culturas.
Por outro lado, a utilização de leguminosas para a produção de palha
constitui um manejo favorável ao aumento do teor e disponibilidade de N nos
solos, com o inconveniente da sua rápida decomposição, o que propicia ao solo
pouca cobertura.
Além do aspecto quantidade, alguns esforços da pesquisa têm sido
direcionados à avaliação da qualidade da fitomassa proveniente das mais
diversas espécies. A capacidade de reciclagem de nutrientes, principalmente de
camadas mais profundas, a dinâmica de decomposição e liberação de nutrientes
para a cultura comercial, bem como a capacidade de FBN, no caso específico
das espécies leguminosas, têm sido exploradas. Ressalta-se a limitação da
utilização de leguminosas em regiões mais quentes, pois a baixa relação C/N
favorece a decomposição e reduz a durabilidade do material, deixando o solo
exposto aos fatores de erosão.
Como alternativa, com bons avanços na região Sul do Brasil, destaca-se
a utilização de consórcios entre gramíneas e leguminosas. O cultivo das espécies
consorciadas resulta em material com relação C/N intermediária àquela das
espécies isoladas, com menor taxa de decomposição, se comparada à das
leguminosas isoladas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e
sincronia entre fornecimento e demanda de N pelas culturas. Cita-se, ainda, a
liberação mais rápida dos nutrientes dos resíduos da leguminosa,
disponibilizando-os mais rapidamente para a cultura principal (Giacomini et al.,
2003). Entretanto, para a utilização dos consórcios em regiões com temperaturas
mais elevadas, é necessária a adaptação da tecnologia por meio da identificação
de combinações entre espécies mais adaptadas, além do entendimento da
dinâmica de decomposição do material e da imobilização/mineralização de
nutrientes no solo.
Dentre as gramíneas utilizadas como cobertura, destaca-se o M que, de
acordo com Bernardi et al. (2004), levou a um incremento significativo da
expansão do SPD na região dos cerrados. Atualmente, é a espécie mais utilizada
para a formação de palha nessas regiões, devido à sua adaptação a áreas de
maior déficit hídrico e à possibilidade de uso tanto para cobertura do solo como
para pastejo. Como principais características da espécie, os autores destacam a
alta capacidade de reciclagem de nutrientes (especialmente N e K), a supressão
de plantas daninhas por meio dos efeitos físicos e ou alelopáticos, a
possibilidade de diminuir a incidência de nematóides, quando utilizado em
rotação e a formação de palhada mais duradoura em relação às leguminosas.
Porém, além das características intrínsecas da espécie, o ambiente
constitui importante fator na decomposição dos resíduos. Para Kliemann et al.
(2006), apesar de o M possuir relação C/N próxima a 30, quando manejadas nas
fases de florescimento e emborrachamento, as palhadas formadas pela cultura
têm apresentado altas taxas de decomposição nos cerrados, devido ao clima
quente e chuvoso, dificultando o acúmulo de palha.
Dentre as principais características de interesse da Crotalaria juncea
cita-se a alta produção de fitomassa e a fixação de nitrogênio, além do potencial
de controle de nematóides (Calegari et al., 1992). De acordo com Wutke (1993),
a Crotalaria juncea pode fixar de 150 a 165 kg ha
-1
de N, podendo chegar a 450
kg ha
-1
em certas situações, produzindo de 10 a 15 Mg ha
-1
de matéria seca
ciclando 41 e 217 kg ha
-1
de P
2
O
5
e K
2
O, respectivamente. Aos 130 dias, pode
apresentar raízes até 4,5 m de profundidade.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produção de fitomassa seca,
o teor e o acúmulo de macronutrientes e a decomposição e a liberação de
nutrientes das palhadas de M solteiro e consorciado com C, durante o ciclo da
cultura do feijoeiro de verão/outono, em SPD.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área experimental que vinha sendo
cultivada com milho no SPD há 8 anos, ocupada anteriormente por pastagem de
Brachiaria decumbens, localizada no Departamento de Agricultura da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), no período de outubro de 2005 a maio
de 2006. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico típico
(EMBRAPA, 2000) e seus atributos químicos, durante o período experimental,
são apresentados na Tabela 2A. O clima da região, de acordo com a
classificação de Köeppen, é do tipo Cwa, temperado úmido, com verão quente e
inverno seco (Vianello & Alves, 1991). Os dados climáticos são apresentados na
Figura 1A.
Na resteva do milho foi aplicado herbicida glifosato, na dose de 2 L ha
-1
,
com pulverizador tratorizado com 250 L ha
-1
de calda, visando dessecar as
plantas daninhas existentes. Posteriormente, procedeu-se ao sulcamento com
semeadora adubadora de plantio direto de três linhas, com tração mecanizada e a
semeadura manual das plantas de cobertura, sem adubação, no dia 3 de outubro
de 2005. As palhadas foram formadas pelo M solteiro e consorciado com C.
Para semeadura do M (cultivar ADR-300), foi utilizada uma densidade de 15 kg
ha
-1
(Pereira Filho, 2003). Para a C, foram distribuídas 50 sementes por metro
linear (Calegari et al., 1992). O espaçamento utilizado foi de 0,5 m. No caso do
consórcio, a semeadura foi simultânea, em linhas alternadas da gramínea com a
leguminosa, reduzindo, conseqüentemente, a densidade do M pela metade.
O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro
repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas
pelas duas palhadas e as subparcelas pelas épocas de avaliação ao longo do
cultivo do feijoeiro (0, 8, 16, 24, 40, 56 e 72 DAS). O trabalho foi conduzido em
experimento com feijoeiro nas duas palhadas, sendo utilizadas as parcelas do
mesmo que não receberam adubação nitrogenada em cobertura, com dimensões
de 2,5 x 5 m. Como o número de linhas foi ímpar e o consórcio foi semeado em
linhas alternadas, foram utilizadas três linhas de feijão-de-porco para duas de M
em dois blocos e a proporção contrária nos outros dois, buscando uma
distribuição igual das duas espécies na média das repetições.
Para a caracterização inicial da produção de fitomassa e acúmulo de
macronutrientes, as amostragens foram feitas em quatro faixas transversais às
parcelas, distribuídas de forma homogênea ao longo das mesmas. Portanto, os
valores de cada parcela foram provenientes de quatro subamostras. Para tanto,
foram cortadas, rente ao solo, quatro linhas de dois metros (duas de cada espécie
no caso dos consórcios) e pesadas para a determinação da fitomassa verde. Para
a determinação do teor de matéria seca foram utilizados, aproximadamente, 500
g e secos até a estabilização da massa, permitindo o cálculo da produção de
matéria seca. As mesmas amostras foram moídas para a determinação dos teores
de macronutrientes. No consórcio, os teores foram determinados separadamente
no M e na C, calculando-se o teor inicial da palhada por meio da proporção entre
as duas espécies.
O manejo das plantas de cobertura foi realizado 128 DAS. Como o
crescimento alcançado pelas plantas de cobertura impossibilitou a aplicação do
herbicida, procedeu-se, anteriormente, a um manejo mecânico, utilizando-se
uma grade leve suspensa, apenas para derrubar as plantas, não havendo nenhum
contato do implemento com o solo, de forma que não houve nenhuma
incorporação. Após esta operação, foi aplicada uma dose de 5 L ha
-1
de
glifosato, para a dessecação das plantas. O M já apresentava sementes viáveis e
a C se encontrava no início da frutificação, com sementes ainda verdes.
A decomposição e a liberação de nutrientes foram determinadas
utilizando-se o método das “litter bags”, o qual consiste na utilização de bolsas
confeccionadas com telas de náilon, com malha de 1 mm. As dimensões das
bolsas foram de 0,2 x 0,2 m, perfazendo 0,04 m
2
e foram preenchidas com
quantidades das palhadas, de acordo com a proporção entre a quantidade de
massa por hectare das mesmas e a área da bolsa. Para o preenchimento das
bolsas, as plantas passaram por pré-secagem ao ar, sendo completada em estufa
de circulação forçada. Foram realizadas seis coletas (uma bolsa por coleta), aos
8, 16, 24, 40, 56 e 72 DAS do feijoeiro.
A cada período de amostragem, os resíduos contidos nas bolsas foram
secos em estufa de circulação forçada de ar a 65ºC, até atingirem massa
constante, para a determinação da matéria seca remanescente (MSR).
Posteriormente, os resíduos foram moídos em moinho tipo Wiley e
encaminhados para o Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas do
Departamento de Ciência do Solo da UFLA, para a determinação dos teores de
macronutrientes. Com base nos teores e na MSR, foram calculadas as
quantidades remanescentes dos macronutrientes (MR) e expressos em
porcentagem do valor inicial.
As taxas (constantes) de decomposição e de liberação de
macronutrientes das palhadas foram estimadas ajustando-se modelos de
regressão não lineares aos valores observados, conforme proposto por Wieder &
Lang (1982), citados por Aita & Giacomini (2003):
(1) MSR e MR = A e
-Kat
+ (100-A)
(2) MSR e MR = A e
-Kat
+ (100-A) e
-Kbt
Em que:
MSR: porcentagem de matéria seca remanescente;
MR: porcentagem de macronutrientes remanescentes;
Ka: constante de decomposição do compartimento mais facilmente
decomponível (A);
Kb: constante de decomposição do compartimento mais recalcitrante
(100-A);
t: tempo, em dias.
Ambos os modelos consideram que a matéria seca e os nutrientes
contidos nas palhadas podem ser divididos em dois compartimentos, o primeiro
mais facilmente decomponível (A) e o segundo mais recalcitrante (100-A). No
modelo assintótico (1), são transformados apenas a matéria seca e os nutrientes
do compartimento mais facilmente decomponível, diminuindo
exponencialmente com o tempo, a uma taxa constante (Ka). O compartimento
mais recalcitrante não sofre transformação no período considerado. No modelo
exponencial duplo (2), a matéria seca e os nutrientes dos dois compartimentos
diminuem exponencialmente a taxas constantes, com a primeira fração
transformada a taxas mais elevadas (Ka) que a segunda (Kb), que é de mais
difícil decomposição (recalcitrante).
A escolha do tipo de modelo que melhor se ajustou a cada conjunto de
dados foi feita com base na significância dos parâmetros da equação e no
coeficiente de determinação (R
2
), o qual indica o grau de associação entre os
valores observados e o modelo ajustado.
Os dados experimentais foram submetidos a testes de homogeneidade de
variância. Como os dados apresentaram variâncias homogêneas, procedeu-se às
análises de variância, sem necessidade de transformação. Uma análise de
variância (Gomes, 2000) foi realizada visando verificar se houve interação entre
palhadas e tempos de amostragem, ou seja, se as palhadas apresentaram
comportamentos diferentes durante o período de amostragem com relação à
decomposição e à liberação de nutrientes. Uma segunda análise de variância
(Gomes, 2000) comparou os acúmulos iniciais de matéria seca e de nutrientes,
das duas palhadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou interação significativa entre palhadas e
tempo somente para o N remanescente (Tabela 11A), ou seja, as palhadas se
comportaram de forma diferenciada somente para liberação de N. Em todas as
variáveis houve significância para o fator tempo, podendo-se afirmar que, para
todas as variáveis, houve alteração dos valores durante o período de avaliação,
ou seja, liberação dos nutrientes com a decomposição dos resíduos vegetais.
Tanto para a MSR quanto para MR, os valores observados se ajustaram
ao modelo assintótico, com uma fase inicial rápida correspondente ao
compartimento mais decomponível, seguida de outra mais lenta (recalcitrante).
A velocidade de decomposição das duas palhadas não foi
estatisticamente diferente (Tabela 11A), podendo-se observar, na Figura V1, que
as curvas ajustadas pelo modelo são bem próximas. À época do manejo,
observou-se que os caules da C se apresentavam bastante fibrosos, podendo-se
inferir que, devido ao ciclo bastante adiantado (130 dias), as plantas acumularam
quantidades relativamente grandes de celulose. Assim, este acúmulo de celulose
pode ter reduzido a velocidade de decomposição da C, já que, além da relação
C/N e do teor de lignina, o teor de celulose também é determinante nos
processos de decomposição (Kogel-Knabner, 2002).
O diferencial entre as palhadas foi determinado pela matéria seca
inicial, podendo-se afirmar que o consórcio proporcionou melhor cobertura de
solo, já que sua produção de fitomassa seca foi de 12,450 Mg ha
-1
, contra 6,900
Mg ha
-1
do M solteiro (Tabela V1). Dessa forma, ao final do estudo (72 DAM),
ainda havia 7,103 Mg ha
-1
da palhada de M+C contra 4,280 Mg ha
-1
do M.
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Matéria seca remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V1: Matéria seca remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até
72 DAM. UFLA, Lavras, MG, 2006.
A palhada de M+C apresentou maiores acúmulos iniciais de todos os
macronutrientes, com exceção do S (Tabela V1). Isso se deve, em grande parte,
à maior produção de fitomassa seca, exceto nos casos do Ca e Mg, em que a
palhada de M+C apresentou maiores teores, contribuindo, dessa forma, para que
a mesma apresentasse maiores acúmulos destes elementos (Tabela V1).
Observa-se, na Tabela 11A, que ocorreu interação significativa entre
palhadas e tempos para a liberação de N, podendo-se afirmar que o
comportamento das duas palhadas foi diferenciado. Assim, a palhada de M
apresentou maior velocidade de liberação em relação ao seu consórcio com C
(Figura V2). O fato de a palhada de M+C ter apresentado menor velocidade de
liberação de N, em relação ao M solteiro, está relacionado com seu menor
acúmulo do nutriente, praticamente a metade (Tabela V1). Como as velocidades
de decomposição da matéria seca foram semelhantes e a liberação dos
MSR
M
= 38,0492e
-
0
,
0844t
+ 61,9508
R
2
= 0,98
MSR
M+FP
= 44,1788e
-
0
,
0497t
+ 55,8212
R
2
= 0,99
nutrientes, à exceção do K, tende a acompanhar a decomposição do material, a
velocidade de liberação de N do M, em termos relativos, foi superior.
TABELA V1
Acúmulos iniciais de fitomassa seca (Mg ha
-1
) e macronutrientes
(kg ha
-1
) e teores de macronutrientes (dag kg
-1
) das palhadas de
M e M+C. UFLA, Lavras, MG, 2006
1
.
Acúmulos
Palhada Fitomassa seca N P K
M 6,900 b 131,10 b 18,23 b 161,25 b
M+C 12,450 a 252,11 a 30,67 a 210,45 a
C.V. (%) 8,29 20,37 11,13 5,21
Acúmulos
Palhada Ca Mg S
M 36,19 b 10,27 b 18,63 a
M+C 127,60 a 30,72 a 22,18 a
C.V. (%) 21,11 18,78 9,41
Teores
Palhada N P K
M 1,90 a 0,26 a 2,34 a
M+C 2,03 a 0,25 a 1,69 b
C.V. (%) 22,65 9,49 6,50
Teores
Ca Mg S
M 0,49 b 0,15 b 0,27 a
M+C 1,03 a 0,25 a 0,18 b
C.V. (%) 21,84 17,45 13,24
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, para cada palhada, não diferem
significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
O acúmulo inicial de N da palhada de M+C foi de 252,11 kg ha
-1
,
acumulando o M solteiro 131,10 kg ha
-1
(Tabela V1). Apesar da maior
velocidade de decomposição da palhada de M, em termos absolutos, o M+C
liberou maior quantidade de N para o solo. De acordo com a recomendação
oficial do estado de Minas Gerais, a adubação nitrogenada em cobertura, para o
nível tecnológico mais alto, deve ser dividida em duas aplicações, aos 20 e 30
DAE, totalizando 60 kg ha
-1
(Chagas et al., 1999). Aos 20 DAE, as palhadas de
M e M+C já haviam liberado 102,7 e 170,6 kg ha
-1
de N, sendo suficiente para
suprir a demanda de N da cultura Isso porque, em ambas as palhadas, não houve
resposta às doses de N aplicadas na semeadura e em cobertura para o rendimento
de grãos e seus componentes primários (Tabela 9A).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Nitrogênio remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V2: Nitrogênio remanescente das palhadas de M e M+C, em
avaliações realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72
DAM. UFLA, Lavras, MG, 2006.
NR
M
= 78,4327e
-
0
,
02774t
+ 21,5673
R
2
= 0,99
NR
M+FP
= 69,0541e
-
0
,
1561t
+ 30,9459
R
2
= 0,99
A maior liberação de N da palhada de M+C proporcionou maiores
teores de N-NH
4
+
no solo (Figura V3), lembrando que as avaliações de N no
solo foram feitas nas parcelas com menor dose de N na semeadura e sem
cobertura nitrogenada.
Y
M+ C
= -*0,0002x
3
+ *0,0205x
2
- **0,8684x + 42,621
R
2
= 0,81
Y
M
= -**0,0002x
3
+ **0,0297x
2
- **1,1016x + 39,996
R
2
= 0,83
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias após o manejo
Teor de NH
4
+
(mg dm
-3
)
Milheto+crotalária Milheto
FIGURA V3: Nitrogênio-NH
4
+
no solo, sob as palhadas de M e M+C, sob a
cultura do feijoeiro em SPD, até 72 DAM das palhadas. UFLA,
Lavras, MG, 2006.
Para os demais nutrientes não houve interação entre palhadas e tempos
(Tabela 11A), ou seja, o comportamento das duas palhadas foi muito
semelhante. Para o P observa-se, na Figura V4, que as curvas são bastante
próximas. Por outro lado, observa-se, pelos dados da Tabela V1, que o acúmulo
de P pela palhada de M+C foi superior, com 30,67 contra 18,23 kg ha
-1
do M, o
que permitiu que a palhada formada pelo consórcio liberasse maior quantidade
de P ao longo do estudo. Vieira (2006) verificou que a maior taxa de absorção de
P da cultivar BRS-MG Talismã ocorre aos 53 DAE, o que corresponde, neste
estudo, aos 58 DAM, quando a palhada de M+C havia liberado 23,2 kg ha
-1
de P
contra 8,1 kg ha
-1
do M. Porém, a diferença na liberação pelas palhadas não
influenciou a nutrição do feijoeiro em P (Tabelas 1F e 2F), provavelmente
devido à aplicação de 90 kg ha
-1
de P
2
O
5
na semeadura. Cabe ressaltar que
Vieira (2006) verificou acúmulo, ao final do ciclo do feijoeiro, de 14,5 kg ha
-1
de
P, quantidade inferior àquela ciclada pela palhada formada pelo consórcio.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Fósforo remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V4: Fósforo remanescente das palhadas de M e M+C, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2006.
Na Tabela 11A verifica-se que não houve interação significativa entre
palhadas e tempo para o K. Na Figura V5 pode-se observar que as curvas de
liberação descritas pelo modelo são muito próximas. Dessa forma, o diferencial,
em termos de ciclagem de K pelas palhadas, está no maior acúmulo inicial da
palhada de M+C, o que conferiu à mesma maior liberação do elemento para o
solo.
PR
M
= 79,2676e
-
0
,
1633t
+ 21,7324
R
2
= 0,99
PR
M+FP
= 75,8764e
-
0
,
0979t
+ 24,1236
R
2
= 0,99
Vieira (2006) verificou que a maior taxa de absorção de K da cultivar
BRS-MG Talismã ocorreu aos 43 DAE, correspondente a 48 DAM no presente
estudo, quando as palhadas de M+C e M haviam liberado 153,7 e 105,6 kg ha
-1
de K, respectivamente. Essas liberações de K são superiores à recomendação de
adubação para solo com teor médio do elemento, de 40 kg ha
-1
de K
2
O, que
correspondem a 33 kg ha
-1
de K. O K reciclado pelas plantas de cobertura já
estava presente no solo, não havendo adição do elemento. As plantas de
cobertura utilizadas possuem sistemas radiculares agressivos e profundos, se
comparados ao do feijoeiro (Pereira Filho, 2003; Wutke, 1993), extraindo os
nutrientes de camadas mais profundas do solo, as quais não seriam exploradas
pela cultura.
Ressalta-se que a liberação gradual do elemento, ao longo do ciclo
cultural do feijoeiro, pode aumentar a eficiência de utilização devido ao menor
risco de perdas por lixiviação, se comparada à aplicação de 40 kg ha
-1
de K
2
O,
na semeadura.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Potássio remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V5: Potássio remanescente das palhadas de M e M+C, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2006.
Apesar de não ter ocorrido interação significativa entre palhadas e
tempos para o Ca (Tabela 11A), observa-se, na Figura V6, que as curvas de
liberação do elemento pelas palhadas são um pouco distintas. De acordo com o
modelo utilizado, 71,1% do Ca da palhada de M+C é liberado de forma mais
rápida, contra 55,5% do M. Além da liberação mais rápida, a palhada de M+C
acumulou quantidade de Ca 3,5 vezes maior que a de M, sendo os valores
encontrados de 127,6 e 36,19 kg ha
-1
(Tabela V1).
Vieira (2006) verificou acúmulo máximo de Ca pelo feijoeiro (mesma
cultivar) de 45 kg ha
-1
aos 65 DAE, o que, no presente estudo, corresponde a 70
DAM das palhadas. Nesse momento, as palhadas de M e M+C já haviam
liberado 90,3 e 17,5 kg ha
-1
, porém, esta diferença não foi suficiente para
influenciar os teores de Ca do feijoeiro cultivado sob as palhadas, o que pode ser
explicado pelos teores de Ca do solo (Tabela 2A), os quais são considerados
bons (Alvarez V. et al., 1999).
KR
M
= 65,5471e
-
0
,
1598t
+ 34,4529
R
2
= 0,97
KR
M+FP
= 73,1936e
-
0
,
1281t
+ 26,8064
R
2
= 0,99
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Cálcio remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V6: Cálcio remanescente das palhadas de M e M+C, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2006.
Apesar das curvas de liberação de Mg descritas pelo modelo não
serem tão próximas (Figura V7), não houve interação significativa entre
palhadas e tempos para a liberação do nutriente (Tabela 11A). No entanto,
devido ao maior acúmulo inicial de Mg da palhada formada pelo consórcio
(Tabela V1), que foi de 30,72 contra 10,27 kg ha
-1
do M solteiro, esta foi mais
eficiente na ciclagem do elemento, tendo, ao final do estudo, liberado 23,1 kg
ha
-1
de Mg, contra 8,6 kg ha
-1
do M.
CaR
M
= 48,3118e
-
0
,
1837t
+ 51,6882
R
2
= 0,87
CaR
M+FP
= 70,7848e
-
0
,
1711t
+ 29,2152
R
2
= 0,99
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Magnésio remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V7: Magnésio remanescente das palhadas de M e M+C, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2006.
Para a liberação de S, o comportamento das duas palhadas foi muito
parecido (Figura V8), não havendo interação entre palhadas e tempo (Tabela
11A). Ao contrário dos demais nutrientes, os acúmulos de S das duas palhadas
não foram significativamente diferentes (Tabela V1). Ao final do estudo, as
palhadas haviam ciclado, em média, 10,1 kg ha
-1
de S.
MgR
M
= 83,6924e
-
0
,
1922t
+ 16,3076
R
2
= 0,99
MgR
M+FP
= 75,2412e
-
0
,
1421t
+ 24,7588
R
2
= 0,99
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72
Dias
Enxofre remanescente (%)
Milheto Milheto+crotalária
FIGURA V8: Enxofre remanescente das palhadas de M e M+C, em avaliações
realizadas no campo, sob a cultura do feijoeiro, até 72 DAM.
UFLA, Lavras, MG, 2006.
SR
M
= 48,5616e
-
0
,
3345t
+ 51,4384
R
2
= 0,99
SR
M+FP
= 50,4011e
-
0
,
1456t
+ 49,5989
R
2
= 0,99
4 CONCLUSÕES
1 – O consórcio entre M e C produziu maior quantidade de fitomassa
seca.
2 – Os maiores teores de Ca e Mg foram observados na palhada de M+C
e os maiores teores de K e S no M solteiro.
3 – A palhada de M+C liberou maior quantidade de todos os
macronutrientes, à exceção do S.
4 – A palhada de M apresentou maior velocidade de liberação de N.
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RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Ed.).
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VI – NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJOEIRO SOB INFLUÊNCIA DE
NITROGÊNIO E PALHADAS DE MILHETO SOLTEIRO E
CONSORCIADO COM CROTALÁRIA
(Preparado de acordo com as normas da revista “Acta Scientiarum”)
Resumo – O objetivo foi avaliar o efeito das palhadas de M (Pennisetum
typhoides (Burm.) Stapf) e M+C (Crotalaria juncea (L.) DC.). em combinação
com diferentes doses de nitrogênio, sobre a nutrição mineral do feijoeiro de
verão/outono, cultivado sob SPD. O ensaio foi conduzido no campo
experimental do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de
Lavras, MG, Brasil. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com
quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram
constituídas pelas duas palhadas (M e M+C) e as subparcelas por um fatorial (2
x 4) + 1, representado por duas doses de N na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e
quatro doses de N em cobertura (0, 40, 80 e 120 kg ha
-1
), mais um tratamento
adicional com 30 kg ha
-1
de N na semeadura e inoculação das sementes com
Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo. Foram avaliados os teores
foliares de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn. A aplicação de N em
cobertura promoveu incrementos lineares nos teores de N e Mg. A inoculação e
a aplicação de Co e Mo reduziu o teor de Ca na palhada de M+C e aumentou o
teor de Cu na palhada de M.
Termos para indexação: Plantas de cobertura, plantio direto, consórcio gramínea
x leguminosa, fixação biológica de nitrogênio.
Comitê Orientador: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Orientador), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
BEAN MINERAL NUTRITION INFLUENCED BY NITROGEN AND
STRAWS OF MILLET AND MILLET PLUS Crotalaria juncea
INTERCROPPING
Abstract – This study objective was to evaluate the millet (Pennisetum typhoides
(Burm.) Stapf) and millet plus Crotalaria juncea (L.) DC. intercropping, in
combination with nitrogen fertilization levels on summer/autumn bean mineral
nutrition in no-till. The experiment was carried out at Federal University of
Lavras (Lavras, Minas Gerais state, Brazil) in a randomized blocks design and
four replications in split plot arrangement, with the straws in the plots and
nitrogen levels at sowing with (30 e 60 kg ha
-1
) and at topdressing (0, 40, 80 and
120 kg ha
-1
) in a factorial (2 x 4) + 1 in sub-plots, plus an additional treatment
with 30 kg ha
-1
at sowing and bean seeds inoculation by Rhizobium tropici with
Co and Mo foliar appliance. The dry bean macro and micronutrients contents
and accumulation was determined. The nitrogen topdressing levels increased the
N and Mg foliar contents. The inoculation and Mo and Co foliar appliance
reduced the Ca content at millet plus Crotalaria juncea intercropping straw and
increase the Cu content in millet straw.
Index terms: Cover crops, no-till, grassy x leguminous intercropping, biology
nitrogen fixation.
Guidance committee: Gabriel José de Carvalho – UFLA (Adviser), Carlos Alberto
Silva – UFLA e Messias José Bastos de Andrade – UFLA.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o SPD é largamente utilizado em diversas regiões do Brasil,
abrangendo, na safra de 2003/2004, uma área de, aproximadamente, 22 milhões
de hectares (FEBRAPDP, 2007a). No início da década de 1990, o SPD rompeu
as fronteiras da região Sul, ocupando, em 2000/2001, 4,9 milhões de hectares na
região dos cerrados, o que representou, naquele ano, cerca de 30% da área
manejada sob este sistema no Brasil (FEBRAPDP, 2007b).
A principal dificuldade encontrada para implantação do SPD em áreas
de menor latitude se refere à manutenção da palhada sobre a superfície do solo.
Isso ocorre devido às estações bem definidas, com precipitação concentrada na
primavera/verão, dificultando a produção de fitomassa na entressafra e com altas
temperaturas, acelerando a decomposição da palhada. A obtenção dos benefícios
dessa forma de cultivo está diretamente ligada à adição de fitomassa suficiente
para a proteção do solo pela palhada, conforme puderam comprovar José (2000)
e Silveira & Stone (2001), segundo os quais os benefícios do SPD não se
manifestaram devido a não utilização de plantas de cobertura. Como a expansão
do SPD para diferentes regiões agrícolas do país é relativamente recente, os
resultados relativos às melhores plantas produtoras de palha e seus efeitos nas
culturas comerciais ainda são escassos.
As respostas do feijoeiro a doses de N dependem do histórico da área de
plantio, das doses de adubo nitrogenado aplicadas no plantio e em cobertura, do
teor e composição da matéria orgânica do solo, da quantidade e tipo de palhada
adicionada em antecedência à implantação da cultura, do esquema de rotação de
cultura e da classe de resposta do solo a nitrogênio que, segundo Raij (1997),
representa a interação dos fatores mencionados anteriormente. A cultura do
feijoeiro tem apresentado respostas a doses superiores a 100 kg ha
-1
de N.
Oliveira et al. (1996) afirmam que tais doses são necessárias para garantir a
extração do nutriente, associada a altas produções. Alguns autores encontraram
respostas lineares a aplicações de doses de nitrogênio superiores a 100 kg ha
-1
(Silva, 1988; Teixeira et al., 2000; Rodrigues, 2001; Xavier, 2002; Carvalho et
al., 2003 e Romanini Júnior et al., 2005). No SPD, principalmente nos primeiros
anos de implantação, a resposta do feijoeiro à aplicação de N pode ser ainda
maior, devido à imobilização do elemento por meio de sua incorporação pelos
microrganismos do solo que mediam a decomposição da palhada.
Os fertilizantes nitrogenados são fabricados utilizando-se a amônia
como matéria-prima, obtida do nitrogênio do ar pela combinação com
hidrogênio sob condições de alta pressão e temperatura na presença de
catalizador. O gás hidrogênio é obtido a partir de gás natural ou de derivados do
petróleo. Conseqüentemente, a produção de adubos nitrogenados consome a
maior parte da energia utilizada na fabricação de fertilizantes (Raij, 1991).
Pesquisas visando minimizar o uso de fertilizantes nitrogenados estão associadas
à redução do consumo de combustíveis fósseis e da emissão de carbono para
atmosfera por meio de sua queima, a qual contribui para o efeito estufa e o
aquecimento do planeta. Cita-se, ainda, o risco da lixiviação, principalmente da
forma nítrica, que pode ser provocada pelo uso indiscriminado dos fertilizantes
nitrogenados. Além do aspecto ambiental, cabe ressaltar que a quase metade dos
fertilizantes nitrogenados consumidos no Brasil é importada (Isherwood, 2000),
impactando negativamente na balança comercial.
Na região Sul, alguns trabalhos foram realizados, com leguminosas de
inverno como ervilhaca, ervilha forrageira, tremoço azul e chícharo e o
consórcio ervilhaca+aveia preta, com vistas à economia de N na cultura do
milho. Resultados promissores foram obtidos por Amado et al. (1999), Basso &
Ceretta (2000), Bortolini et al. (2000) e Aita et al. (2001), o que resultou na
recomendação, por Amado et al. (2002), de adubação nitrogenada para a cultura
do milho nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseada na
expectativa de produção, no teor de matéria orgânica do solo e na quantidade e
qualidade da palhada (exclusiva de leguminosa, consórcio gramínea x
leguminosa ou exclusiva de gramínea).
De acordo com Giacomini et al. (2003), o consórcio entre gramíneas e
leguminosas produz palhada com relação C/N intermediária àquela das espécies
em cultivos isolados, o que leva à menor taxa de decomposição em relação aos
resíduos de leguminosas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e
sincronização das etapas de fornecimento e maior demanda de N pelas culturas.
Cita-se, ainda, a liberação mais rápida dos nutrientes contidos na palhada da
leguminosa, disponibilizando-os mais rapidamente para a cultura principal.
Oliveira et al. (2002), estudando o efeito no feijoeiro das palhadas de
milheto, sorgo, milho, feijão-de-porco, mucuna-preta, bem como dos consórcios
das gramíneas com as leguminosas, encontraram maiores valores para número
de vagens por planta e rendimento de grãos sob palhada de M. Os autores
atribuíram o fato à maior quantidade de fitomassa, associada ao elevado
acúmulo de macro e micronutrientes.
Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de doses
de nitrogênio, na semeadura e em cobertura, na nutrição do feijoeiro de
verão/outono, em sucessão à adição das palhadas de M e M+C.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área experimental localizada no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no
período de outubro de 2005 a maio de 2006. A área vinha sendo conduzida sob
SPD há oito anos, inicialmente coberta por Brachiaria decumbens, alternando
períodos de pousio com o cultivo de milho. O solo foi classificado como
Latossolo Vermelho distroférrico típico (EMBRAPA, 2000) e seus atributos
químicos são apresentados na Tabela 2A. O clima da região, de acordo com a
classificação de Köeppen, é do tipo Cwa, temperado úmido, com verão quente e
inverno seco (Vianello & Alves, 1991). Os dados climáticos são apresentados na
Figura 1A. Foi utilizada irrigação, com aplicação de duas lâminas de 12 mm,
visando à incorporação da uréia nas duas adubações de cobertura.
Na área com resteva de milho, foram aplicados 2 L ha
-1
do herbicida
glifosato, com pulverizador tratorizado com 250 L ha
-1
de calda, visando
dessecar a vegetação existente. Posteriormente, procedeu-se ao sulcamento com
semeadora adubadora de plantio direto de três linhas, com tração mecanizada e à
semeadura manual das plantas de cobertura, sem adubação, no dia 3 de outubro
de 2006. A C foi semeada na densidade de 50 sementes por metro linear
(Calegari et al., 1992) e o M (cultivar ADR-500) na densidade de 15 kg ha
-1
(Pereira Filho et al., 2003). O espaçamento utilizado foi de 0,5 m, com
semeadura simultânea de linhas alternadas no caso do consórcio.
O manejo das plantas de cobertura foi realizado 128 DAS. Como o
crescimento alcançado pelas plantas de cobertura impossibilitou a aplicação do
herbicida, procedeu-se, anteriormente, a um manejo mecânico, utilizando-se
uma grade leve suspensa, apenas para derrubar as plantas, não havendo nenhum
contato do implemento com o solo, de forma que não houve nenhuma
incorporação. Após esta operação, foi aplicada uma dose de 5 L ha
-1
de glifosato
com pulverizador costal, utilizando-se 300 L ha
-1
de calda, para dessecação das
plantas. O M já apresentava sementes viáveis e a C se encontrava no início da
frutificação, com sementes ainda verdes. As produções de fitomassa seca do M
solteiro e do consórcio com C foram de 6,900 e 12,449 Mg ha
-1
,
respectivamente, com a C contribuindo com 73,1% do material do consórcio.
A semeadura direta do feijoeiro foi realizada mecanicamente, 15 dias
após a dessecação das plantas de cobertura, no dia 23 de fevereiro de 2006,
utilizando-se a mesma semeadora adubadora utilizada para semeadura das
plantas de cobertura. Optou-se por um número maior de sementes por metro
linear, sendo realizado desbaste aos 15 DAE, reduzindo para 12 plantas por
metro. Ainda sim, algumas parcelas ficaram com estande aquém do planejado,
sendo feita a contagem do estande inicial e submetida à análise de variância.
O delineamento estatístico foi o de blocos casualizados, com quatro
repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas foram constituídas
pelas palhadas de M (Pennisetum typhoides (Burm.) Stapf) e seu consórcio com
C (Crotalaria juncea) e as subparcelas pelas combinações entre duas doses de N
na semeadura (30 e 60 kg ha
-1
) e quatro doses de N em cobertura (0, 40, 80 e
120 kg ha
-1
). O tratamento adicional foi constituído pela dose de base de 30 kg
ha
-1
de N, sem cobertura, com inoculação das sementes do feijoeiro com
Rhizobium tropici e aplicação foliar de Co e Mo.
A adubação de base constou da aplicação de 320 kg ha
-1
da fórmula
NPK 08-28-16, utilizando-se uréia para complementar as adubações
nitrogenadas de base para 30 e 60 kg ha
-1
, conforme os tratamentos. Para
adubação de cobertura também foi utilizada a uréia, em duas aplicações, aos 20
e 30 DAE, aplicando-se 12 mm de água, após cada cobertura, para incorporação,
por meio de aspersão convencional. Nos tratamentos adicionais, a inoculação
foi feita no sulco de semeadura, com inoculante na forma líquida, preparado pelo
Laboratório de Microbiologia do Solo do Departamento de Ciência do Solo da
UFLA, quando as plantas se apresentavam no estádio fenológico V
1
(primeiro
trifólio desdobrado). A estirpe de Rhizobium tropici utilizada foi a UFLA 02-
100. As aplicações de Co e Mo foram feitas com pulverizador costal, aplicando-
se 60 g ha
-1
de Mo aos 20 DAE (Chagas et al., 1999) e 25 g ha
-1
de Co, divididos
em duas aplicações, aos 20 e 30 DAE (Junqueira Netto et al., 2001). Cada
subparcela foi constituída por cinco linhas de 5 m de comprimento, no
espaçamento de 0,5 m, com 4,5 m
2
de área útil (três linhas de 3 m).
Aos 30 DAE, procedeu-se à aplicação de mistura comercial (1 L ha
-1
,
300 L ha
-1
de calda) dos herbicidas fomezafen e fluazifop p-butil, para controle
das plantas daninhas em pós-emergência.
A cultivar de feijoeiro foi a BRS-MG Talismã, desenvolvida pelo
convênio UFLA/UFV/Epamig/Embrapa e recomendada para Minas Gerais.
Apresenta grãos tipo carioca, crescimento indeterminado com guias longas (tipo
III), porte prostrado, ciclo médio de 85 dias, resistência à raça alfa Brasil
(patótipo 89) de antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) e ao mosaico
comum (VMCF) e resistência intermediária à mancha-angular (Phaeoisariopsis
griseola) (CULTIVAR, 2002).
Quando 50% das plantas se encontravam com flores abertas foram
coletadas aleatoriamente, dentro da área útil, cinco plantas por subparcela, as
quais foram secas em estufas de circulação forçada de ar, para a determinação da
produção de fitomassa seca, utilizando-se a massa média das cinco plantas
multiplicada pelo estande final. Para determinação dos teores foliares de macro e
micronutrientes, foram coletadas folhas trifolioladas do terço médio de 20
plantas por subparcela. Após a coleta, as folhas foram lavadas em água,
passando as mesmas, após a lavagem, por água destilada e procedendo-se,
posteriormente, à secagem em estufa. As folhas secas foram moídas em moinho
tipo Wiley e encaminhadas ao Laboratório de Nutrição de Plantas do
Departamento de Solos da UFLA, onde foram determinados os teores de N, P,
K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn. Os teores de macro e micronutrientes foram
expressos em dag kg
-1
e mg kg
-1
, respectivamente.
Os acúmulos de macro e micronutrientes foram obtidos pela relação
entre os teores dos nutrientes em cada subparcela e a sua produção de fitomassa
seca, sendo expressos em kg ha
-1
e g ha
-1
, respectivamente.
Os dados experimentais foram submetidos a testes de homogeneidade de
variância. Como os dados apresentaram variâncias homogêneas, procedeu-se à
análise de variância, sem necessidade transformação. Os efeitos das palhadas e
doses de base foram avaliados pelo teste de F, a 5% de probabilidade. Os efeitos
das doses em cobertura foram estudados por meio de análises de regressão e, nos
casos em que a interação foi significativa, procedeu-se ao desdobramento
(Gomes, 2000) das doses em cobertura dentro das palhadas e das doses de base.
Quando necessário para complementar a discussão, desdobraram-se as palhadas
e doses de base dentro das doses de cobertura. O tratamento adicional foi
comparado com o tratamento de dose correspondente de N do fatorial. Para
tanto, foram feitos dois contrastes ortogonais (Zimmermann, 2004), visando
verificar o efeito da inoculação e aplicação de Co e Mo em cada palhada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou efeitos significativos das doses de N na
semeadura nos teores de Ca (Tabela 12A), enquanto as doses de cobertura
influenciaram os teores de N e Mg. As doses palhadas influenciaram os
acúmulos de Mn e as doses de N em cobertura os acúmulos de N e Mg (Tabela
13A).
A faixa de suficiência é definida como a faixa de concentração do
nutriente no tecido foliar, abaixo da qual a planta sofre carência nutricional e
acima da qual pode ocorrer toxicidade. De acordo com as faixas de suficiência
propostas por Martinez et al. (1999), os teores médios de K, Ca, B e Mn, em
todos os tratamentos, são considerados deficientes, enquanto os teores de N, S,
Cu e Zn, em todos os tratamentos, estão acima de suas respectivas faixas e são
considerados tóxicos (Tabela VI1).
Tomando-se como referência as faixas de suficiência propostas por
Malavolta et al. (1997), os teores médios de S, em todos os tratamentos, são
considerados deficientes, assim como os teores K na palhada de M+C, de Mg na
palhada de M, de K e Mg, na maior e na menor dose de N na semeadura,
respectivamente. Também se enquadram como deficientes, nas faixas propostas
pelo autor, os teores de K e Mg nas duas menores doses de N em cobertura e de
B sem aplicação de N em cobertura (Tabela VI1).
As faixas de suficiência propostas por Oliveira et al. (1996) são mais
amplas, e classificam apenas o teor médio de B, sem aplicação de N em
cobertura, como deficiente. Os teores médios de Fe em ambas as palhadas, na
menor dose de N na semeadura e nas doses intermediárias de N em cobertura
são considerados tóxicos (Tabela VI1).
TABELA VI1 Teores foliares de macro e micronutrientes do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses
de nitrogênio na semeadura e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+C no
SPD. UFLA, Lavras, MG, 2006
1
.
Macronutrientes (dag kg
-1
) Micronutrientes (mg kg
-1
)
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
M 5,33 0,46 2,03 2,44 0,39 0,41 31,56 13,32 452,61 100,51 58,97
M+C 5,47 0,47 1,93 2,27 0,40 0,41 31,91 14,01 488,15 107,98 59,95
30 5,44 0,47 2,00 2,28 b 0,39 0,41 31,06 13,77 537,08 96,92 57,95
60 5,36 0,46 1,95 2,43 a 0,40 0,41 32,41 13,57 403,69 111,57 60,97
0 4,98 0,46 1,92 2,40 0,33 0,40 29,56 12,64 375,31 113,59 60,93
40 5,21 0,46 1,97 2,42 0,39 0,41 33,25 14,45 638,22 115,64 60,13
80 5,53 0,48 2,01 2,29 0,42 0,41 31,73 14,34 505,54 98,45 59,85
120 5,87 0,45 2,00 2,30 0,43 0,41 32,39 13,24 362,46 89,31 56,92
1
Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
A maior dose de N na semeadura proporcionou maior teor foliar de Ca
no feijoeiro (Tabela VI1). As doses de N em cobertura promoveram incremento
linear no teor foliar de N do feijoeiro (Figura VI1). Apesar desse aumento, os
teores apresentados em todas as doses se encontraram acima das faixas de
suficiência propostas por Malavolta et al. (1997) e Martinez et al. (1999), de
3,00 a 3,50 e 3,00 a 5,00 dag kg
-1
, respectivamente, estando dentro daquela
proposta por Oliveira et al. (1996), de 2,80 a 6,00 dag kg
-1
. O fato de terem sido
encontrados altos teores foliares de N no feijoeiro, mesmo sem aplicação de N
em cobertura, pode ser explicado pelo teor de matéria orgânica do solo (3,0 dag
kg
-1
em média), que vinha sendo manejado sob SPD há oito anos. Assim, a
aplicação de N em cobertura não promoveu incrementos significativos no
rendimento de grãos (Tabela IV1).
Esse comportamento se assemelha aos obtidos por Silva (1988),
Rodrigues (2001) e Nascimento et al. (2004), os quais obtiveram respostas
lineares dos teores N a aplicações de doses até 100, 120 e 90 kg ha
-1
,
respectivamente, indicando que os teores máximos seriam alcançados com doses
ainda maiores. Farinelli et al. (2006), em dois anos de estudo, obtiveram resposta
linear, no primeiro ano, até a dose de 160 kg ha
-1
, e quadrática no segundo,
alcançando valor máximo na dose de 122,8 kg ha
-1
de N.
Y = **0,0074x + 4,9506
R
2
= 0,99
4
4,25
4,5
4,75
5
5,25
5,5
5,75
6
0 40 80 120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de N (dag kg
-1
)
FIGURA VI1: Teor de N do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD. UFLA,
Lavras, MG, 2006.
Outro elemento que teve seus teores foliares influenciados pela
aplicação de N em cobertura foi o Mg (Figura VI2). Este comportamento pode
estar associado à mineralização mais rápida das palhadas, promovida pela
aplicação de N, disponibilizando mais Mg para os feijoeiros.
Y = **0,0008x + 0,3481
R
2
= 0,87
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 40 80 120
Dose de N em cobertura (kg ha
-1
)
Teor de Mg (dag kg
-1
)
FIGURA VI2: Teor de Mg do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em
diferentes doses de nitrogênio em cobertura no SPD. UFLA,
Lavras, MG, 2006.
Na Tabela 14A verifica-se que os contrastes das médias dos tratamentos
adicionais, com inoculação e aplicação de Co e Mo, com as médias dos
tratamentos com doses correspondentes de N do fatorial foram significativos
para os teores de Ca, na palhada de M+C e, de Cu, na palhada de M. Na palhada
formada pelo consórcio, o teor de Ca foi superior sem inoculação, ao contrário
do Cu, que teve seu teor aumentado pela inoculação na palhada de M (Tabela
VI2).
Os teores de Ca se encontraram dentro das faixas de suficiência
propostas por Oliveira et al. (1996) e Malavolta et al. (1997), de 0,80 a 3,00 e
1,50 a 2,00 dag kg
-1
, respectivamente, com exceção do teor de Ca com
inoculação, na palhada de M+C, que ficou abaixo da última. Já para a faixa de
suficiência proposta por Martinez et al. (1999), de 2,50 a 3,50 dag kg
-1
, todos os
teores de Ca são considerados deficientes. Já os teores de Cu são considerados
adequados para as faixas de suficiência propostas por Oliveira et al. (1996) e
Malavolta et al. (1997), de 10 a 20 mg kg
-1
, sendo considerados tóxicos
tomando-se como referência a faixa de suficiência proposta por Martinez et al.
(1999), de 8 a 10 mg kg
-1
.
TABELA VI2 Teores de Ca e Cu, com e sem inoculação e aplicação de Co e
Mo no feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à
adição ao solo das palhadas de M e M+C, no SPD. UFLA,
Lavras, MG, 2006
1
.
Tratamentos Ca
(dag kg
-1
)
Cu
(mg kg
-1
)
Inoculação + Co e Mo 2,07 15,87 a
M
Sem inoculação 2,29 12,13 b
Inoculação + Co e Mo 1,88 b 11,47
M+C
Sem inoculação 2,28 a 13,07
1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, para cada palhada, não diferem
significativamente, pelo teste de F, a 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÕES
1 – A aplicação de N em cobertura promoveu incrementos lineares nos
teores de N e Mg.
2 – A inoculação reduziu o teor de Ca na palhada de M+C e aumentou o
teor de Cu na palhada de M.
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ANEXOS
15
20
25
30
35
Temperatura máxima (º C)
mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Precipitação (mm)
mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Umidade relativa (%
)
mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
0
3
6
9
12
15
18
21
24
Insolação (horas dia
-1
)
mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
FIGURA 1A: Variações diárias da temperatura média, precipitação
pluviométrica, umidade relativa do ar e insolação, no
período de março de 2005 a maio de 2006 (Dados
fornecidos pela Estação Climatológica Principal de
Lavras, MG, em convênio com o Instituto Nacional de
Meteorolo
g
ia – Inmet
)
.
TABELA 1A Características químicas de amostras da camada de 0-20 cm de
profundidade antes e após o cultivo de M solteiro e consorciado
com FP. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Inicial Após plantas de cobertura
M M+FP
pH H
2
O (1:2,5) 5,6 5,4 5,4
P (mg dm
-3
) 8,1 8,5 8,2
K (mg dm
-3
) 79 75 70
Ca (cmol
c
dm
-3
) 2,1 2,7 2,8
Mg (cmol
c
dm
-3
) 0,5 1,0 0,7
S (mg dm
-3
) 6,5 37,2 35,3
Al (cmol
c
dm
-3
) 0,2 0,2 0,2
SB (cmol
c
dm
-3
) 2,9 3,9 3,7
t (cmol
c
dm
-3
) 3,1 4,1 3,9
T (cmol
c
dm
-3
) 5,2 7,5 7,3
V (%) 54,9 51,9 50,5
MO (dag kg
-1
) 2,7 2,6 2,9
Zn (mg dm
-3
) 11,3 7,0 6,1
Fe (mg dm
-3
) 25,2 24,8 23,5
Mn (mg dm
-3
) 53,7 35,6 33,1
Cu (mg dm
-3
) 3,1 2,3 2,0
B (mg dm
-3
) 0,4 0,3 0,3
Atributos analisados de acordo com CFSEMG (1999).
TABELA 2A Características químicas da camada de 0-20 cm antes e após o
cultivo de M solteiro e consorciado com C. UFLA, Lavras, MG,
2006.
Inicial* Após plantas de cobertura
M M+C
Ph H
2
O (1:2,5) 6,2 5,6 5,5
P (mg dm
-3
) 5,7 8,5 8,2
K (mg dm
-3
) 111 106 72
Ca (cmol
c
dm
-3
) 4,2 3,4 2,5
Mg (cmol
c
dm
-3
) 1,1 1,5 0,8
S (mg dm
-3
) 10,9 16,0 34,4
Al (cmol
c
dm
-3
) 0,1 0,0 0,2
SB (cmol
c
dm
-3
) 5,5 5,2 3,5
t (cmol
c
dm
-3
) 5,7 5,2 3,7
T (cmol
c
dm
-3
) 8,2 7,8 7,1
V (%) 66,8 66,5 49,2
MO (dag kg
-1
) 3,3 2,7 3,1
Zn (mg dm
-3
) - 1,3 7,1
Fe (mg dm
-3
) - 28,3 21,5
Mn (mg dm
-3
) - 14,1 32,7
Cu (mg dm
-3
) - 1,8 2,1
B (mg dm
-3
) - 0,3 0,3
*A amostragem inicial foi feita no ano anterior antes do cultivo de milho.
Atributos analisados de acordo com CFSEMG (1999).
TABELA 3A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos estandes inicial e final, produção de fitomassa da
parte aérea, rendimento de grãos e componentes primários do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob
doses de nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP no
SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Probabilidade de Fc > Ft FV GL
Estande
inicial
Estande
final
Fitomassa Vagens/planta Grãos/Vagem Massa 100 grãos Rendimento
Palhada (P) 1 0,5366 0,8758 0,6912 0,1783
0,0421 0,0387
0,8835
Blocos 3 0,2201 0,4006 0,6644
0,0370
0,2943 0,0637 0,6218
Erro A 3
Dose Base (DB) 1
0,0016 0,0151
0,2199
0,0003
0,2692
0,0028 0,0279
Dose Cob (DC) 3 0,3160 0,7986
0,0009 0,0000
0,4313
0,0000 0,0000
P x DB 1 0,6820 0,4152 0,3213 0,7763 0,9195 0,5760 0,5496
P x DC 3 0,4554 0,7601 0,2569 0,8757 0,6117
0,0509
0,4837
DB x DC 3 0,1541 0,1776
0,0155
0,9685 0,9083 0,3062
0,0580
P x DB x DC 3 0,8511 0,3251 0,4005 0,9802 0,4212 0,4831 0,9032
Adic. vs. Fatorial 1
0,0008
0,1115
0,0046 0,0044
0,2887 0,8870 0,6579
Adicional vs. P 1 0,1537 0,6846 0,1197 0,4645 0,7278 0,1494 0,3802
Erro B 48
CV 1 (%) 17,30 22,49 42,36 11,03 7,03 5,29 42,27
CV 2 (%) 9,41 11,58 17,11 25,09 8,72 3,70 14,81
TABELA 4A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais entre os
tratamentos com e sem inoculação e aplicação de Co e Mo no
feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à adição ao solo
das palhadas de M e M+FP, no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Variável analisada Fc M Fc M+FP
Estande inicial 0,519153 4,138896
Estande final 0,120566 0,610368
Vagens/planta 2,45799 0,341478
Grãos/vagem 0,293345 0,003622
Massa de cem grãos 7,282642* 5,03729*
Fitomassa 1,198593 0,696126
Rendimento 5,76559* 6,818181*
Ft = 4,54 (5% de probabilidade).
TABELA 5A Resumo da análise de variância dos dados referentes à
decomposição e liberação de macronutrientes das palhadas de M e
M+FP. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Probabilidade de Fc>Ft
F.V. G.L. MS N P K
Palhadas (P) 1
0,0048
0,0815 0,3234 0,1977
Blocos 3 0,2369 0,3390 0,6179 0,4164
Erro A 3
Tempos (T) 6
0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
P x T 6
0,0000 0,0026
0,1240 0,1774
Erro B 36
C.V. 1 (%) 8,85 40,16 41,13 16,27
C.V. 2 (%) 6,27 16,12 17,50 20,07
Probabilidade de Fc > Ft
F.V. G.L. Ca Mg S
Palhadas (P) 1 0,1317
0,0183
0,7525
Blocos 3 0,7456 0,3991 0,3780
Erro A 3
Tempos (T) 6
0,0000 0,0000 0,0000
P x T 6
0,0008 0,0024
0,2951
Erro B 36
C.V. 1 (%) 63,9 29,65 44,25
C.V. 2 (%) 16,22 13,12 23,05
TABELA 6A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe,
Mn e Zn do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de nitrogênio na base e em cobertura, em
sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Probabilidade de Fc > Ft FV GL
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
Palhada (P) 1
0,0278
0,1581 0,3352 0,0715
0,0349
0,8891 0,8223
0,0202
0,8836 0,6795 0,2905
Blocos 3
0,0247
0,3245
0,0010 0,0184
0,2404 0,5501 0,6233
0,0104
0,1833 0,4363 0,6474
Erro A 3
Dose Base (DB) 1 0,1251 0,1411 0,5224 0,3050 0,2843 0,0560 0,9139
0,0283
0,3191
0,0098
0,6750
Dose Cob (DC) 3
0,0000
0,7519
0,0049
0,3350
0,0000 0,0003
0,0701 0,3009 0,5867 0,3754 0,5280
P x DB 1 0,0657 0,1514 0,6028 0,4251 0,0938 0,2721 0,5385
0,0227
0,7226 0,4590 0,9278
P x DC 3 0,2224 0,9753 0,9948 0,1622 0,6004 0,1783 0,3461 0,8543 0,3404 0,0889 0,7894
DB x DC 3 0,7848 0,8381 0,6563
0,0427
0,0926 0,3185 0,5844 0,5734 0,1042 0,9075 0,1291
P x DB x DC 3 0,1370 0,3209 0,8632 0,3609
0,0318
0,9260 0,2522 0,8998 0,2363 0,5651 0,8262
Adic. vs. Fatorial 1
0,0020
0,2493
0,0000 0,0000 0,0000 0,0225
0,3194
0,0000
0,1739 0,5965
0,0030
Adicional vs. P 1
0,0428
0,1465 0,5954 0,1700 0,8005 0,9582 0,8731 0,2245 0,9409 0,3493 0,6735
Erro B 48
CV 1 (%) 5,68 22,92 9,84 7,74 17,47 26,97 19,24 7,52 61,45 63,70 35,05
CV 2 (%) 9,26 8,83 11,26 9,42 8,11 13,05 12,42 10,33 74,32 33,91 23,64
TABELA 7A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos acúmulos de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn
e Zn do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses de nitrogênio na base e em cobertura, em
sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+FP no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Probabilidade de Fc > Ft FV GL
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
Palhada (P) 1 0,8957 0,3366 0,6746 0,3920 0,1952 0,6287 0,7569 0,7140 0,7179 0,6572 0,4668
Blocos 3 0,2835 0,2565
0,0199
0,9681 0,9602 0,1928 0,7685 0,1491 0,3732 0,8239 0,8538
Erro A 3
Dose Base (DB) 1 0,4672 0,3659 0,4219 0,4368 0,3687 0,9602 0,2583 0,9751 0,2638 0,1281 0,7207
Dose Cob (DC) 3
0,0000 0,0110 0,0036 0,0461 0,0000 0,0001
0,1044
0,0195
0,3443 0,9582 0,5382
P x DB 1 0,1809 0,1899 0,4570 0,5007 0,2023 0,2962 0,4502 0,1220 0,7670 0,3805 0,6713
P x DC 3 0,1234 0,3217 0,5674 0,2254 0,3380 0,0852 0,9139 0,6240 0,4974 0,1247 0,4962
DB x DC 3 0,0976 0,1623 0,3183 0,3437 0,1942
0,0309
0,2887 0,3242 0,2608 0,9696 0,9631
P x DB x DC 3 0,4150
0,0380
0,2641 0,3353 0,2652 0,4966 0,8594 0,4005 0,3854 0,7813 0,4581
Adic. vs. Fatorial 1
0,0223
0,1534
0,0026 0,0118 0,0000 0,0335
0,9674
0,0079
0,1298 0,4896
0,0056
Adicional vs. P 1 0,2932 0,3605 0,7852 0,6581 0,8489 0,8703 0,9977 0,7824 0,8817 0,5496 0,7843
Erro B 48
CV 1 (%) 34,45 26,24 34,92 31,69 30,99 21,77 36,81 34,35 74,92 81,48 32,83
CV 2 (%) 18,68 18,02 23,65 21,73 19,08 21,34 23,66 23,07 71,42 42,50 29,08
TABELA 8A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais, para os teores
de macro e micronutrientes, entre os tratamentos com e sem
inoculação e aplicação de Co e Mo no feijoeiro, cultivar BRS-MG
Talismã, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e
M+FP, no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Variável analisada Fc M Fc M+FP
N 7,94* 2,08
P 0,00 0,24
K 36,95* 28,69*
Ca 11,12* 2,85
Mg 1,83 5,76*
S 1,53 0,09
B 0,00 0,00
Cu 22,51* 31,83*
Fe 0,14 1,71
Mn 2,79 0,13
Zn 2,19 2,49
Ft = 4,54 (5% de probabilidade).
TABELA 9A Resumo da análise de variância dos dados referentes ao estande e final, produção de fitomassa da parte
aérea, rendimento de grãos e componentes primários do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob doses
de nitrogênio na base e em cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+C no SPD.
UFLA, Lavras, MG, 2006.
Probabilidade de Fc > Ft FV GL
Estande Inic. Estande fin. Fitomassa Vagens/Pl. Grãos/Vagem Massa 100 Gr. Rendimento
Palhada (P) 1 0,0573 0,0583 0,6611 0,1126 0,9288 0,5053
0,0040
Blocos 3 0,1338 0,1920 0,0623 0,6234 0,6855 0,4538 0,0726
Erro A 3
Dose Base (DB) 1 0,4667 0,8106 0,6355 0,3607 0,3046 0,6155 0,9178
Dose Cob (DC) 3 0,4200 0,2139 0,3555 0,9196 0,5867 0,0613 0,3632
P x DB 1 0,1398 0,1065 0,4481 0,0812 0,6063 0,1467 0,2916
P x DC 3 0,2749 0,4021 0,7315 0,2632 0,3361 0,3584 0,2064
DB x DC 3 0,7716 0,6450 0,9077 0,1775 0,9083 0,0735 0,9421
P x DB x DC 3 0,2958 0,5256 0,5108 0,1805 0,9641 0,4865 0,9434
Adic. vs. Fatorial 1 0,9233 0,1430 0,3856 0,7895
0,0267
0,0558 0,1961
Adicional vs. P 1 0,9269 0,9618 0,4657 0,7099
0,0398
0,8936 0,3783
Erro B 48
CV 1 (%) 6,27 6,20 22,95 21,15 13,14 4,27 6,73
CV 2 (%) 8,49 8,72 24,51 21,54 9,39 6,13 15,74
TABELA 10A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais entre os
tratamentos com e sem inoculação e aplicação de Co e Mo no
feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, em sucessão à adição ao
solo das palhadas de M e M+C, no SPD. UFLA, Lavras, MG,
2006.
Variável analisada Fc M Fc M+C
Estande inicial 3,7880 0,3927
Estande final 1,8075 1,2099
Vagens/planta 0,0007 0,0964
Grãos/vagem 4,2144 1,0073
Massa de cem grãos 0,7441 0,5399
Fitomassa 0,2168 2,4587
Rendimento 0,7490 1,3475
Ft = 4,54 (5% de probabilidade).
TABELA 11A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos
acúmulos iniciais de fitomassa seca (F.S.) e macronutrientes das
palhadas de M e M+C. UFLA, Lavras, MG, 2006
1
.
Probabilidade de Fc>Ft
F.V. G.L. F.S. N P K
Palhadas (P) 1 0,9642 0,1565 0,1327 0,6777
Blocos 3 0,7549 0,4825 0,6868 0,2975
Erro A 3
Tempos (T) 6
0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
P x T 6 0,2619
0,0291
0,2719 0,6484
Erro B 36
C.V. 1 (%) 6,82 53,03 33,08 82,16
C.V. 2 (%) 7,88 15,69 19,36 24,24
Probabilidade de Fc>Ft
F.V. G.L. Ca Mg S
Palhadas (P) 1
0,0114 0,0419
0,8925
Blocos 3 0,5294 0,1982 0,4195
Erro A 3
Tempos (T) 6
0,0000 0,0000 0,0000
P x T 6 0,2339 0,1306 0,8270
Erro B 36
C.V. 1 (%) 19,77 27,17 45,62
C.V. 2 (%) 18,94 14,88 13,82
TABELA 12A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu,
Fe, Mn e Zn do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses de nitrogênio na base e em
cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+C no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2006.
Probabilidade de Fc > Ft FV GL
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
Palhada (P) 1 0,2938 0,5962 0,2312 0,3236 0,2072 0,9783 0,6930 0,9211 0,8383 0,4986 0,7728
Blocos 3 0,0775 0,2478 0,5913 0,9555
0,0271
0,1904 0,9182 0,5434 0,0938 0,1157 0,3183
Erro A 3
Dose Base (DB) 1 0,4838 0,6933 0,3359
0,0139
0,3991 0,8546 0,3039 0,8019 0,3670 0,0792 0,2031
Dose Cob (DC) 3
0,0000
0,2001 0,6443 0,2451
0,0000
0,3066 0,2320 0,2911 0,5120 0,0823 0,6445
P x DB 1 1,0000 0,6509 0,8076 0,5886 0,5437 0,8470 0,8807 0,7570 0,2957 0,6765 0,4151
P x DC 3 0,5111 0,1510 0,9111 0,3360 0,6189 0,4367 0,6779 0,3591 0,1417 0,7783 0,5980
DB x DC 3 0,1620 0,7000 0,3505 0,5040 0,0682 0,4243 0,8569 0,9916 0,5857 0,3025 0,7039
P x DB x DC 3 0,7268 0,4010 0,3549 0,9527 0,9498 0,0857 0,1824 0,9745 0,4089 0,4516 0,2793
Adic. vs. Fatorial 1 0,8713 0,4672 0,3695
0,0000 0,0000
0,4286 0,2361 0,9973 0,9912 0,2654 0,5878
Adicional vs. P 1 0,5898 0,5310 0,5727 0,8905 0,9944 0,3768 0,7470
0,0329
0,2336 0,6230 0,5829
Erro B 48
CV 1 (%) 7,22 13,86 13,42 26,44 11,69 11,72 15,38 37,02 94,83 32,96 32,22
CV 2 (%) 8,23 8,32 10,55 9,69 9,82 6,31 16,51 22,66 124,64 31,81 15,81
TABELA 13A Resumo da análise de variância dos dados referentes aos acúmulos de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe,
Mn e Zn do feijoeiro, cultivar BRS-MG Talismã, sob diferentes doses de nitrogênio na base e em
cobertura, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e M+C no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2006.
Probabilidade de Fc > Ft FV GL
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
Palhada (P) 1 0,5172 0,5435 0,8538 0,1472 0,3251 0,6939 0,6455 0,5274 0,8167
0,0335
0,5734
Blocos 3 0,1131 0,1402 0,1062
0,0048 0,0346
0,1727 0,1889
0,0425
0,1759
0,0007
0,2288
Erro A 3
Dose Base (DB) 1 0,6739 0,7540 0,8403 0,2057 0,5159 0,6819 0,2893 0,9616 0,3295 0,1877 0,5667
Dose Cob (DC) 3
0,0135
0,5636 0,4707 0,6190
0,0036
0,2385 0,1238 0,2757 0,4088 0,4548 0,9022
P x DB 1 0,5137 0,6410 0,5382 0,3375 0,3114 0,4824 0,3647 0,3949 0,4059 0,8912 0,6468
P x DC 3 0,4655 0,9134 0,8752 0,8378 0,7344 0,8048 0,7223 0,4413 0,2092 0,4826 0,8988
DB x DC 3 0,7625 0,9323 0,9242 0,7561 0,8889 0,9528 0,8188 0,8238 0,5635 0,4546 0,8130
P x DB x DC 3 0,4571 0,7862 0,4268 0,6338 0,6590 0,2091 0,2010 0,7365 0,6288 0,3908 0,5413
Adic. vs. Fatorial 1 0,2134 0,3170 0,1873 0,5336 0,1073 0,1351 0,8034 0,4112 0,8904 0,7318 0,4436
Adicional vs. P 1 0,3294 0,4065 0,2560 0,4521 0,5461 0,3448 0,2426 0,3453 0,3649 0,7421 0,2430
Erro B 48
CV 1 (%) 32,54 36,48 34,60 10,58 30,01 39,40 40,12 31,24 116,40 9,69 42,22
CV 2 (%) 24,84 26,66 28,05 27,92 28,82 24,90 29,14 33,69 127,19 40,46 30,40
TABELA 14A Valores de F calculado dos contrastes ortogonais, para os teores
de macro e micronutrientes, entre os tratamentos com e sem
inoculação e aplicação de Co e Mo no feijoeiro, cultivar BRS-
MG Talismã, em sucessão à adição ao solo das palhadas de M e
M+C, no SPD. UFLA, Lavras, MG, 2006.
Variável analisada Fc M Fc M+C
N 1,53 0,04
P 0,01 1,35
K 0,01 0,03
Ca 1,66 5,49*
Mg 2,61 1,99
S 0,18 0,00
B 0,09 0,01
Cu 11,83* 2,16
Fe 4,26 1,13
Mn 1,59 0,27
Zn 0,03 0,05
Ft = 4,54 (5% de probabilidade).
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