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Campus de Ilha Solteira
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
“Analise numérica do comportamento não-
linear de prismas de alvenaria estrutural
submetidos a ações verticais utilizando o
elemento finito prismático regular
linear”
DOMICIO MOREIRA DA SILVA JÚNIOR
Orientador: Prof. Dr. Rogério de Oliveira Rodrigues
Dissertação apresentada à
Faculdade de Engenharia - UNESP
– Campus de Ilha Solteira, para
obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.
Área de Conhecimento: Estruturas
Ilha Solteira – SP
Setembro/2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.
Silva Júnior, Domício Moreira da
S586a Análise numérica do comportamento não-linear de prismas de alvenaria
estrutural
submetidos a ações verticais utilizando o elemento finito prismático regular
linear /
Domício Moreira da Silva Júnior. -- Ilha Solteira : [s.n.], 2007
86 p. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Engenharia
de Ilha Solteira. Área de conhecimento: Estruturas, 2007
Orientador: Rogério de Oliveira Rodrigues
Bibliografia: p. 82-86
1. Alvenaria estrutural. 2. Método dos elementos finitos. 3.
Comportamento estru-
tural não-linear.
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Dedico este trabalho a meus pais, avós e
irmã por todo apoio, dedicação e incentivo
durante essa caminhada...
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por sempre estar ao meu lado, ajudando-
me a vencer todos os obstáculos que surgem na minha vida.
Ao Prof. Dr. Rogério de Oliveira Rodrigues, pela
paciência e esclarecimento, de forma clara e objetiva, de
todas as dúvidas que apareceram, pela compreensão e incentivo
durante todas as etapas deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Jefferson S. Camacho, pelas valiosas
contribuições.
Ao Prof. Dr. Jorge Luis Akasaki, pela confiança.
Aos meus amigos e grandes incentivadores, desde os tempos
da graduação, Prof. Msc. Roberto Racanicchi e Prof. Msc. Edson
Florentino de Souza.
Aos meus pais, avós e irmã, que cada um de seu jeito,
deu-me forças para continuar meus estudos.
A todos os amigos que fiz nesses anos de convivência no
mestrado, em especial: Marcela, Bárbara, Guido, Mauro e
Danilo.
Aos professores e funcionários do Departamento de
Engenharia Civil, por contribuírem direta ou indiretamente na
minha formação acadêmica.
Aos meus colegas de trabalho, que sempre me apoiaram e me
ajudaram quando estava ausente, em especial ao Sr. Walter José
Trindade, por todo apoio que me deu desde o dia de início das
minhas atividades na SAEV (Superintendência de Água e Esgotos
de Votuporanga).
À Andrezza, pela revisão ortográfica, e ao meu amigo
Leonei, pelas dicas a respeito da linguagem Visual Basic.
A todos os meus amigos (vocês sabem quem são de verdade)
por me ajudarem nos momentos difíceis.
i
RESUMO
SILVA JUNIOR, D.M., Análise numérica do comportamento não-linear de
prismas de alvenaria estrutural submetidos a ações verticais
utilizando o elemento finito prismático regular linear, 98 p.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia
de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira,
2007.
Atualmente, o Engenheiro Estrutural necessita incorporar a
análise numérica como uma ferramenta de trabalho usual, de modo a
manter a qualidade e a competitividade de seu trabalho,
principalmente quando da análise de projetos de alvenaria
estrutural, em que a discretização do sistema estrutural ainda é
feita de forma bastante simples.
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo principal a
simulação numérica do comportamento não-linear de prismas de
alvenaria estrutural submetidos a ações verticais. A discretização
estrutural é feita por meio do Método dos Elementos Finitos,
utilizando elementos prismáticos com oito nós, simulando as partes
do bloco de concreto (14 x 19 x 29cm) e as juntas de argamassa,
permitindo assim a modulação tridimensional dos prismas, bem como a
introdução separada do módulo de elasticidade do concreto e da
argamassa.
Para isso, foram elaboradas sub-rotinas, em Visual Basic, que
fazem parte integrante do código computacional FEISdec - Finite
Element for Idealization of Structures: development and execution by
computer, software institucional em desenvolvimento na Faculdade de
Engenharia, Campus de Ilha Solteira, Departamento de Engenharia
Civil. Tal código foi utilizado para a simulação de dois ensaios
realizados no NEPAE - Núcleo de Estudo e Pesquisa da Alvenaria
Estrutural, sendo que por meio da comparação entre os dados
experimentais e numéricos foram obtidos bons resultados.
Palavras-chave: Alvenaria Estrutural; Método dos Elementos
Finitos; Comportamento estrutural não-linear.
ii
ABSTRACT
SILVA JUNIOR, D.M., Numerical analysis of nonlinear behavior of
structural masonry prisms submitted to vertical actions using the
linear regular prismatic finite element, 98 p. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2007.
Currently, the structural engineer needs to assimilate the
numerical analysis as a tool of frequent work, in this way he keeps
the quality and the competitiveness in his work especially by the
analysis of structural masonry projects, where the structural system
discretization is still made in a simple way.
In this context, this work aims the numerical simulation of
nonlinear behavior of structural masonry prisms submitted to
vertical actions. The structural discretization is made through the
Finite Element Method, using the prismatic elements with eight
joints, simulating the concrete block parts (14 x 19 x 29 cm) and
the mortar meeting, allowing the tridimentional modulation of
prisms, as well as the separated introduction of concrete and mortar
elasticity module.
Subroutines have been developed, in Visual Basic, and they are
integrant parts of computer code FEISdec – Finite Element for
Idealization of Structures: development and execution by computer,
institutional software in development at Engineering College, Ilha
Solteira Campus, Department of Civil Engineering. The code was used
to simulate two laboratory tests realized at NEPAENúcleo de
Estudo e Pesquisa da Alvenaria Estrutural, through the comparison
between the experiment and numerical data were good results had been
obtained.
Key words: Structural masonry; Finite Element Method; nonlinear
structural behavior.
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1- Exemplos de blocos de diferentes materiais:
cerâmico, sílico-calcários e concreto ..................... 06
Figura 2.2- Mecanismos de ruptura: (a) Fissuras nas juntas;
(b) Escorregamento; (c) Fissuração das unidades; (d)
Fissura diagonal; (e) Fendilhamento ....................... 09
Figura 2.3- Estado de tensão na alvenaria .................... 10
Figura 3.1- Exemplo de paredes de contraventamento e
resistente ................................................ 15
Figura 3.2- Parede enrijecida por colunas de alvenaria ....... 15
Figura 3.3- Parede e coluna em alvenaria ..................... 16
Figura 3.4- Dimensões reais e dimensões nominais dos blocos .. 19
Figura 3.5- Dimensões reais entre faces de blocos ............ 20
Figura 3.6- Modulação de piso a teto – com e sem bloco “J” ... 21
Figura 3.7- Modulação de piso a piso ......................... 21
Figura 3.8- Modulação das paredes ............................ 22
Figura 3.9- Detalhe da primeira e segunda fiadas e elevação
da parede ................................................. 22
Figura 3.10- Formas usuais de blocos ......................... 23
Figura 3.11- Ensaio dos prismas .............................. 25
Figura 3.12- Esquema utilizado para execução de ensaios em
painéis ................................................... 26
Figura 4.1- Detalhe do capeador metálico e capeamento dos
blocos .................................................... 28
Figura 4.2- Colocação dos relógios comparadores .............. 29
Figura 4.3- Posicionamento dos extensômetros elétricos ....... 29
Figura 4.4- Posicionamento da célula de carga e sistema de
aquisição ................................................. 30
Figura 4.5- Modo de ruptura dos blocos ....................... 30
Figura 4.6- Etapas de confecção dos prismas .................. 32
Figura 4.7- Posicionamento dos LVTD´s ........................ 33
Figura 4.8- Posicionamento dos extensômetros ................. 33
iv
Figura 4.9- Esquema do ensaio ................................ 34
Figura 4.10- Modo de ruptura dos prismas vazios .............. 34
Figura 5.1- Configuração dos blocos e juntas de argamassa
vistas em planta .......................................... 40
Figura 5.2- Vista do bloco e da junta de argamassa em
perspectiva ............................................... 40
Figura 5.3- Dimensões isoladas dos elementos de bloco e de
argamassa do prisma ....................................... 41
Figura 5.4- Esquema do prisma discretizado ................... 41
Figura 5.5- Fluxograma geral de cálculo ...................... 44
Figura 6.1- Elemento finito prismático retangular com oito
nós ....................................................... 58
Figura 6.2- Tetraedro de Pascal .............................. 59
Figura 7.1- Critério de Mohr-Coulomb ......................... 62
Figura 7.2- Representação gráfica da superfície de ruptura
do critério no espaço das tensões principais .............. 64
Figura 7.3- Representação gráfica da superfície de ruptura
no plano desviador ........................................ 65
Figura 7.4- Módulo de elasticidade instantâneo para o
concreto comprimido ....................................... 68
Figura 8.1- Disposição dos elementos e dos nós para
discretização dos prismas ................................. 71
Figura 8.2- Discretização do ensaio dos prismas .............. 72
Figura 8.3- Deslocamentos, na direção z, nó 141, força de
180kN ..................................................... 73
Figura 8.4- Gráfico força x deslocamento ..................... 74
Figura 8.5- Gráfico força x deslocamento, nó 141, na
direção z ................................................. 74
Figura 8.6- Número de cada elemento rompido no incremento
38 ........................................................ 75
Figura 8.7- Deslocamentos, na direção z, nó 141, força de
262,5kN ................................................... 76
Figura 8.8- Gráfico força x deslocamento ..................... 77
Figura 8.9- Gráfico força x deslocamento, nó 141, na
v
direção z ................................................. 77
Figura 8.10- Número de cada elemento rompido no incremento
36 ........................................................ 78
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1- Blocos e modulações mais comuns ................. 23
Tabela 4.1- Média dos resultados dos blocos B1 .............. 35
Tabela 4.2- Resultados individuais dos blocos B1 ............ 36
Tabela 4.3- Média dos resultados dos blocos B2 .............. 36
Tabela 4.4- Resultados individuais dos blocos B2 ............ 37
Tabela 4.5- Média dos resultados dos prismas - blocos B1 .... 37
Tabela 4.6- Resultados individuais dos prismas - blocos B1 .. 38
Tabela 4.7- Média dos resultados dos prismas - blocos B2 .... 38
Tabela 4.8- Resultados individuais dos prismas - blocos B2 .. 38
Tabela 4.9- Resultados das argamassas ....................... 39
Tabela 8.1- Força e respectivos deslocamentos do nó 141 ..... 73
Tabela 8.2- Força e respectivos deslocamentos do nó 141 ..... 76
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ...................................... 1
1.1- Tema, motivação e justificativa ....................... 1
1.2- Objetivos do trabalho ................................. 2
1.3- Metodologia ........................................... 3
1.4- Apresentação .......................................... 3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................... 5
2.1- Alvenaria estrutural .................................. 5
2.1.1- O projeto em alvenaria estrutural .................... 6
2.1.2- Análise estrutural ................................... 7
2.1.3- Capacidade resistente dos elementos .................. 7
2.1.4- Mecanismos de ruptura ................................ 8
2.1- Método dos elementos finitos ......................... 11
2.2.1- Origem do método .................................... 11
2.2.2- Elementos tridimensionais ........................... 11
CAPÍTULO 3 - ALVENARIA ESTRUTURAL ........................... 13
3.1- Definição ............................................ 13
3.2- Considerações gerais ................................. 13
3.3- Vantagens do sistema ................................. 16
3.4- Desvantagens do sistema .............................. 17
3.5- Técnica de projeto (coordenação modular) ............. 18
3.5.1- Modulação horizontal ................................ 18
3.5.2- Modulação vertical .................................. 20
3.5.3- Alguns detalhes sobre modulação ..................... 21
3.5.4- Tipo dos blocos ..................................... 23
3.6- Ensaios de caracterização da alvenaria estrutural .... 23
3.6.1- Ensaios em materiais e unidades ..................... 24
3.6.2- Ensaios em prismas .................................. 24
3.6.3- Ensaios em painéis ou paredes em escala real ........ 25
CAPÍTULO 4 - DADOS EXPERIMENTAIS ............................ 27
4.1- Ensaio das unidades (blocos) ......................... 27
4.1.1- Capeamento dos blocos ............................... 27
4.1.2- Ensaio de resistência à compressão .................. 28
4.2- Ensaio dos prismas vazios ............................ 31
4.2.1- Execução dos prismas vazios ......................... 31
4.2.2- Instrumentação dos prismas .......................... 32
4.3- Resultados experimentais ............................. 35
4.3.1- Resultados obtidos por LOGULLO (2006) ............... 35
CAPÍTULO 5 – ANÁLISE NUMÉRICA E ASPECTOS COMPUTACIONAIS ..... 40
5.1- Análise numérica ..................................... 40
5.2- Aspectos computacionais .............................. 42
5.2.1- Rotinas para discretização da alvenaria ............. 42
5.2.2- Fluxograma geral de cálculo ......................... 43
CAPÍTULO 6 - ELEMENTO FINITO PRISMÁTICO REGULAR LINEAR ...... 48
6.1- Tipos de elementos existentes ........................ 48
6.2- Formulação variacional ............................... 49
6.3- Princípio da Energia Potencial Estacionária .......... 51
6.4- Formulação do Método dos Elementos Finitos ........... 52
6.5- Vetor de forças nodais equivalentes .................. 57
6.6- Elemento finito prismático regular linear ............ 57
CAPÍTULO 7 – MODELOS FÍSICOS NÃO-LINEARES ................... 61
7.1- Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb .................. 61
7.2- Determinação do módulo de elasticidade instantâneo ... 66
7.2.1- Módulo de elasticidade do concreto na compressão .... 67
7.2.2- Módulo de elasticidade do prisma .................... 68
CAPÍTULO 8 – ANÁLISE COMPARATIVA ............................ 70
8.1- Exemplo 1 ............................................ 72
8.2- Exemplo 2 ............................................ 75
CAPÍTULO 9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................... 79
9.1- Discussão dos resultados ............................. 79
9.2- Conclusão ............................................ 80
9.3- Proposta para desenvolvimento futuro ................. 81
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................... 82
REFERÊNCIAS ................................................. 83
1
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1- Tema, motivação e justificativa
Segundo Faglioni (2006), a análise estrutural estática
objetiva a determinação da intensidade e da forma de
distribuição dos esforços em um determinado sistema
estrutural, quando ele é submetido a carregamentos quaisquer,
sem que estes variem ao longo do tempo. Assim, o campo de
tensões calculado deve apresentar um equilíbrio entre as
forças internas e externas, bem como deslocamentos contínuos.
De acordo com o tipo de comportamento estrutural que se
deseja estudar, a análise pode ser linear ou não-linear. No
caso de análise linear, deve-se levar em consideração a
manutenção da geometria inicial (linearidade geométrica) e das
propriedades físicas (linearidade física) específicas do
material como referência no equilíbrio do sistema; já no caso
da análise não-linear, considera-se a alteração da geometria
(não-linearidade geométrica) ou das propriedades físicas do
material (não-linearidade física) ou, ainda, a alteração
geométrica e física (dupla não-linearidade).
Uma vez que os sistemas estruturais são, geralmente,
admitidos como meios contínuos, a maior dificuldade encontrada
na análise estrutural está no fato de que as equações
consistentes de equilíbrio que governam esses sistemas são
equações diferenciais parciais e devem satisfazer suas
condições de contorno. Cabe ressaltar que os sistemas
estruturais contínuos possuem um número infinito de graus de
liberdade, em função dessa continuidade, fato esse que
dificulta a resolução do problema.
2
Para transposição de tal dificuldade, com o advento dos
computadores, foram desenvolvidos métodos numéricos, capazes
de transformar o sistema estrutural contínuo em um sistema
estrutural discreto, com um número finito de graus de
liberdade, dando uma boa resposta no que diz respeito ao
comportamento real da estrutura. Dentre esses métodos, pode-se
citar o Método dos Elementos Finitos (MEF), o Método das
Diferenças Finitas e o Método dos Elementos de Contorno, entre
outros.
O MEF tem por premissa a discretização dos sistemas
estruturais por meio da divisão de seus componentes em
pequenas regiões, chamadas elementos finitos, que conectados
entre si formam o conjunto estrutural discreto.
Para problemas estáticos, a discretização utilizando o
MEF resulta num sistema de equações algébricas que são
facilmente resolvidas, aplicando-se técnicas computacionais
adequadas. De posse do sistema de equações citado, é possível
resolver o problema estrutural desejado, uma vez que, para
tais sistemas, é fácil a imposição das condições de contorno
da estrutura. No entanto, a solução obtida por esse método é
uma aproximação da resposta do problema real, e para que essa
aproximação seja mais refinada, é necessária a escolha ideal
das quantidades de elementos finitos e dispô-los de maneira
adequada, de forma a simular o mais próximo possível o caso
real.
1.2- Objetivos do trabalho
Este trabalho tem por objetivo:
¾ discretizar prismas de alvenaria estrutural compostos
por blocos de concreto (14x19x29cm), utilizando o
elemento finito prismático regular linear de oitos nós;
¾ elaborar sub-rotinas que farão parte do programa
3
computacional FEISdec - Finite Element for Idealization
of Structures: development and execution by computer,
de modo a simular o comportamento não-linear da
alvenaria estrutural;
¾ validar o modelo discreto, por meio de análise
comparativa com resultados obtidos por ensaios
realizados em laboratório.
1.3- Metodologia
Pretende-se fazer uma análise tridimensional não-linear
do comportamento estático de prismas de alvenaria estrutural
submetidos a ações verticais.
Para isso, a discretização estrutural será feita
empregando o Método dos Elementos Finitos, utilizando o
elemento prismático com oito nós, desenvolvido por Faglioni
(2006), simulando as partes do bloco de concreto (14x19x29cm)
e as juntas de argamassa, permitindo assim a modulação
tridimensional dos prismas, bem como a introdução dos módulos
de elasticidade do concreto e da argamassa.
Assim, serão elaboradas sub-rotinas, em Visual Basic, que
farão parte integrante do programa computacional FEISdec,
iniciado por Rodrigues (1997), tratando-se de um software
institucional para análise estática e dinâmica de estruturas.
Inicialmente, tais sub-rotinas servirão para simulação do
ensaio de prismas, por meio de um gerador de malhas para
modulação de blocos, permitindo a visualização e quantificação
das forças e deslocamentos nodais, bem como as forças de
ruptura.
1.4- Apresentação
Neste primeiro capítulo, procurou-se mostrar uma visão
geral do trabalho a ser desenvolvido, descrevendo-se, para
4
tanto, tema e motivação, objetivos do trabalho, a metodologia
a ser utilizada e, finalizando, uma apresentação sucinta dos
capítulos subseqüentes.
No segundo capítulo, será realizada uma revisão
bibliográfica sobre os principais temas abordados neste
trabalho.
No terceiro capítulo, serão definidos alguns conceitos
referentes à alvenaria estrutural e seus componentes.
No quarto capítulo, serão apresentados os procedimentos
laboratoriais relativos aos ensaios de prismas, realizados por
Logullo (2006), bem como apresentar os resultados obtidos.
No quinto capítulo, serão apresentadas as formas de
discretização dos blocos para modelagem dos prismas, e os
aspectos computacionais para funcionamento do programa.
No sexto capítulo, serão mostradas algumas definições e
formulações básicas do MEF, bem como os procedimentos adotados
por Faglioni (2006) para obtenção da matriz de rigidez do
elemento prismático com oito nós.
No sétimo capítulo, será exposto de forma sucinta o
Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb, já implantado no
programa.
No oitavo capítulo, serão apresentados os exemplos
experimentais e numéricos utilizados para validação do modelo
discreto.
No nono capítulo, serão apresentadas as conclusões do
trabalho e algumas propostas para melhoria do programa.
Por fim, a bibliografia consultada e as referências serão
listadas.
5
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1- Alvenaria estrutural
Segundo Camacho (1995), até o final do século XIX, a
alvenaria era um dos principais materiais utilizados na
construção e as obras eram executadas segundo regras
“puramente empíricas”, seguindo apenas conhecimentos
adquiridos ao longo dos anos. Com o advento de novos
materiais, como o aço e o concreto, a alvenaria ficou
“esquecida” como elemento estrutural, servindo apenas como
elemento de fechamento.
Em meados do século XX, a indústria da construção civil
sentiu a necessidade de buscar novas técnicas de construção, e
as obras de alvenaria voltaram, mas desta feita, sendo
acompanhadas por pesquisas realizadas em vários países,
possibilitando o surgimento de vários critérios de
dimensionamento, utilizando-se métodos racionais. A partir de
então, esse processo construtivo passou a chamar-se alvenaria
estrutural.
Conforme Camacho (2001), nos Estados Unidos e na Europa,
as pesquisas em relação à alvenaria estão bastante avançadas,
possibilitando a elaboração de normas modernas, que permitem
que a alvenaria concorra com os outros sistemas construtivos
existentes. Porém, essa realidade não se verifica no Brasil,
em que a técnica ainda é pouco difundida, sendo aplicada em
larga escala somente nos grandes centros.
No Brasil, segundo Capuzzo Neto (2000), a alvenaria
estrutural possui apenas uma norma de dimensionamento, a NBR-
10837:1989, que trata apenas de blocos vazados de concreto,
6
sendo que, para as outras unidades empregadas na alvenaria
estrutural, blocos cerâmicos, blocos sílico-calcáricos e
blocos de concreto celular autoclavado, não existem
normatizações. Cabe ressaltar que a norma para dimensionamento
de alvenaria estrutural utilizando blocos cerâmicos está em
fase de aprovação.
Figura 2.1– Exemplos de blocos de diferentes materiais: cerâmico, sílico-
calcário e concreto
2.1.1- O projeto em alvenaria estrutural
De acordo com Racanicchi (2001), em projetos de alvenaria
estrutural deve existir uma forte ligação entre os vários
projetos que compõem a obra, pois agora a parede, além de ser
o elemento de vedação, também exerce função estrutural, e
ainda deve permitir a passagem dos elementos hidráulicos e
elétricos.
O fato de a unidade básica possuir dimensões conhecidas e
pouco variáveis, ela viabiliza a aplicação da técnica da
coordenação modular, que, resumidamente, conforme Razente
(2004), consiste em aplicar as dimensões da unidade para se
chegar às dimensões dos ambientes, fazendo assim com que todas
as paredes tenham medidas múltiplas, tanto em planta quanto em
pé-direito, das dimensões da unidade.
7
2.1.2- Análise estrutural
Segundo Corrêa et al (1998), citado por Racanicchi
(2001), para a verificação das resistências de cálculo dos
elementos estruturais, a distribuição das ações verticais
entre as paredes constitui um dos problemas mais importantes a
ser enfrentado durante o desenvolvimento de um projeto em
alvenaria estrutural. Um fato importante é a tendência de
uniformização das ações verticais ao longo da altura do
edifício, uma vez que existe a interação das diferentes
paredes que compõem a estrutura do edifício, reduzindo assim
as tensões máximas do projeto. Entretanto, esse fato nem
sempre é considerado pelos projetistas.
2.1.3- Capacidade resistente dos elementos
O termo “paredes resistentes”, segundo Racanicchi (2001),
refere-se às paredes de um edifício de alvenaria estrutural,
que, além das funções de definição de espaços geométricos e de
vedação, desempenham também a função estrutural, ou seja, tais
paredes têm a função de resistir aos diversos esforços a que
está sujeita uma estrutura.
Para determinação da resistência dos elementos, são
realizados alguns ensaios de caracterização dos materiais que
compõem a estrutura.
Segundo Camacho (2001), são três os ensaios básicos para
caracterizar a resistência da alvenaria: ensaio de unidade,
ensaio de prisma e ensaio de painéis, sendo o primeiro o mais
rápido e mais barato, com o inconveniente de conduzir a
coeficientes de segurança maiores, uma vez que a resistência
das unidades (blocos ou tijolos) varia muito, mesmo sendo
todas do mesmo lote. Já o último ensaio é o que simularia
melhor a realidade, mas os custos e tempo relativos a esse
ensaio são muito altos, não sendo viável para acompanhamento
8
de obras, utilizado apenas em laboratórios, para comprovação
de teorias. Portanto, a resistência de projeto da alvenaria
estrutural provém da resistência média dos prismas, que são
pequenos corpos-de-prova de alvenaria utilizados para estudar
o comportamento da alvenaria quando submetida à tensão de
compressão.
Vale lembrar que, conforme Camacho (1987), citado por
Maurício (2005), carregamentos excêntricos influenciam na
resistência final da alvenaria.
2.1.4- Mecanismos de ruptura
Conforme Peleteiro (2002), a fissuração é a causa mais
freqüente da ruptura no comportamento da alvenaria; impedi-la
torna-se, então, uma preocupação constante. Ela é produzida
por deformações excessivas induzidas por esforços à tração
muito elevados. A deformação pode ser causada por forças
aplicadas ou por restrição à variação volumétrica do material.
A aplicação do método dos elementos finitos para a análise de
estruturas em alvenaria requer um modelo numérico apropriado
para o material, lembrando que o objetivo principal deste
trabalho é desenvolver um modelo discreto para simular prismas
de alvenaria.
De acordo com Lourenço e Rots (1997a), citado por
Peleteiro (2002), um modelo preciso para análise de estruturas
em alvenaria deve contemplar os mecanismos básicos de ruptura
que caracterizam o material, conforme ilustra a Figura 2.2.
9
Figura 2.2– Mecanismos de ruptura: (a) Fissuras nas juntas; (b)
Escorregamento; (c) Fissuração das unidades; (d) Fissura diagonal; (e)
Fendilhamento (fonte: PELETEIRO (2002))
Com relação aos mecanismos de ruptura mostrados na Figura
2.2, pode-se, ainda, destacar:
a) ocorrência de fissuração nas juntas;
b) escorregamento ao longo de uma junta horizontal ou
vertical, com valores baixos de tensão normal;
c) fissuração das unidades de alvenaria na direção da
tração;
d) fissura diagonal à tração nas unidades de alvenaria,
com valores de tensão normal suficientes para
desenvolver atrito nas juntas;
e) fendilhamento das unidades à tração, como resultado da
dilatação da argamassa, com valores altos de tensão
normal de compressão.
10
Pela descrição dos fenômenos, pode-se observar que [a,b]
são mecanismos das juntas, [c] é um mecanismo da unidade, e
[d,e] são mecanismos dos dois materiais combinados.
O mecanismo de ruptura dos componentes (unidade e
argamassa) submetidos a esforços de tração e compressão é
essencialmente o mesmo, ou seja, crescimento das fissuras a
nível micro do material, até sua ruptura por completo.
Camacho (1995) faz uma suposição que, quando a alvenaria
é submetida a tensões de compressão, a argamassa, que possui
um módulo de deformação menor, apresenta uma deformação
transversal maior. Como ela encontra-se confinada entre as
unidades, essa deformação transversal fica restrita,
introduzindo assim um estado triaxial tensão, conforme ilustra
a Figura 2.3.
Figura 2.3– Estado de tensão na alvenaria
Assim, Hilsdorf (1969), citado por Camacho (1995),
desenvolveu um equacionamento para a resistência da alvenaria
à compressão e, para isso, levou em consideração alguns
fatores:
11
as unidades são maciças e existe uma perfeita aderência
entre suas faces e a argamassa;
a distribuição de tensões verticais e transversais é
uniforme;
a alvenaria se comporta segundo um critério de ruptura
semelhante ao de Mohr-Coulomb.
Sendo assim, é possível a validação do critério de
ruptura escolhido como base deste trabalho.
2.1- Método dos elementos finitos
2.2.1- Origem do método
Segundo Soriano e Lima (2003), o Método dos Elementos
Finitos surgiu em 1955, com a evolução da Análise Matricial de
modelos reticulados (concebida no início da década de 30 na
indústria aeronáutica britânica), com a disponibilidade de
computadores digitais. Os primeiros elementos foram concebidos
por engenheiros aeronáuticos, para análise da distribuição de
tensões em asas dos aviões. Sua formulação foi tratada
primeiramente por Argyris e Kelsey (1955) e por Turner,
Glough, Martin e Topp (1956). Assim, o computador digital e a
engenharia aeronáutica são os responsáveis pelo surgimento do
MEF.
2.2.2- Elementos tridimensionais
Conforme Savassi (1996), à primeira vista poderia ser
afirmado que esse tipo de elemento finito deveria ser o mais
utilizado em qualquer tipo de estrutura, uma vez que todas as
estruturas são tridimensionais. Mas uma grande quantidade de
estruturas pode ter seu comportamento muito bem descrito
apenas com o que acorre ao longo de seu eixo (caso de
12
estruturas reticulares – utilizando-se elementos finitos
unidimensionais), ou em sua superfície (no caso de placas e
chapas – utilizando-se elementos finitos bidimensionais). Isso
se deve ao fato de que, para formulação matemática e posterior
implementação computacional, a dispensa de elementos
tridimensionais facilita a tarefa.
Mas quando se trata do estudo do comportamento de
estruturas em que nenhuma das dimensões seja pequena em
relação às demais, ou nas quais não sejam respeitadas as
teorias simplificadas, deve-se utilizar o tratamento
tridimensional.
13
CAPÍTULO 3 - ALVENARIA ESTRUTURAL
3.1- Definição
Alvenaria estrutural é o sistema construtivo cujos
elementos que desempenham a função estrutural são os mesmos
que fazem a vedação, ou seja, a alvenaria. Assim, esse sistema
transforma duas etapas da construção (estrutura e fechamento)
em apenas uma, reduzindo o tempo de execução da obra.
Sua maior vantagem é a integração dos conceitos de
racionalização, produtividade e qualidade, produzindo
edificações com bom desempenho tecnológico, aliado ainda a
baixos custos.
3.2- Considerações gerais
Em função das exigências estruturais, a alvenaria
estrutural pode ser classificada, de acordo com a NBR-
10837:1989, em:
Alvenaria estrutural armada: quando toda parede é armada,
respeitando-se as taxas mínimas de armaduras, as quais
servem para resistir às tensões de tração e,
parcialmente, de compressão. As armaduras são dispostas
nas aberturas dos blocos e, posteriormente, preenchidas
com graute (micro-concreto);
Alvenaria estrutural não armada: quando não se utiliza
armadura com função estrutural, apenas construtiva, para
prevenir e corrigir problemas patológicos como fissuras,
14
concentração de tensões em pontos localizados, dentre
outros;
Alvenaria estrutural parcialmente armada: quando alguns
elementos resistentes são projetados como armados e
outros como não armados;
Alvenaria estrutural protendida: quando é inserida
armadura ativa (segundo Parsekian e Franco (2000?), são
formadas por barras de aço com rosca em uma das pontas e
um fixador na outra extremidade, sendo a protensão
aplicada por meio de um torquímetro) aumentando as
tensões de compressão nas paredes, e também a resistência
dos elementos à tração.
Já em relação aos elementos componentes da estrutura,
conforme ilustram as Figuras de 3.1 a 3.3, a alvenaria
estrutural divide-se em:
Parede resistente: dimensionada “criteriosamente” para
resistir, além do seu peso próprio, às cargas verticais,
funcionando também como elemento de vedação;
Parede de fechamento: tem a função de resistir apenas ao
seu próprio peso, fazendo papel de vedação e de divisão
de ambientes;
Parede de contraventamento: projetada para resistir, além
das ações verticais, às ações horizontais que possam
estar atuando na estrutura. São elas que garantem a
estabilidade lateral da obra, transmitindo para a
fundação as forças provocadas pela ação dos ventos ao
longo da estrutura. As paredes que formarem ângulos de
90º com o vetor de ação do vento só poderão ser
15
consideradas de contraventamento se estiverem unidas a
outra(s) parede(s), formando seções compostas: T, L, I,
U, etc.;
Parede enrijecedora: tem como função básica enrijecer as
paredes resistentes contra flambagem. Podem trabalhar,
também, como elementos resistentes ou de
contraventamento;
Colunas ou pilares: usadas para resistirem às ações
verticais (de compressão), desde que sua largura não
ultrapasse cinco vezes sua espessura.
Figura 3.1- Exemplo de paredes de contraventamento e resistente
Figura 3.2- Parede enrijecida por colunas de alvenaria
16
Figura 3.3- Parede e coluna em alvenaria
3.3- Vantagens do sistema
Baseado nos trabalhos de Camacho (2001), Parsekian e
Furlan Junior (2003) e Ramalho e Corrêa (2003), as principais
vantagens desse sistema construtivo são:
Economia: redução de 20 a 30% do custo da obra, devido à
menor diversidade de materiais e mão-de-obra empregados
durante a execução;
Rapidez: por ser de simples execução e por transformar
duas etapas construtivas em apenas uma, o tempo total da
obra é menor;
Racionalização: como todos os projetos estão
interligados, durante as instalações complementares todos
os pontos de passagem já estão devidamente instalados,
evitando-se improvisos e cortes nas paredes, apresentando
também um canteiro de obras bem limpo;
Flexibilidade no ritmo de execução da obra: se as lajes
forem pré-moldadas, o ritmo da obra estará desvinculado
do tempo de cura, que deve ser respeitado no caso de
peças em concreto armado.
17
3.4- Desvantagens do sistema
Baseado nos trabalhos de Camacho (2001), Parsekian e
Furlan Junior (2003) e Ramalho e Corrêa (2003), observou-se
alguns cuidados necessários durante a execução de qualquer
obra em alvenaria estrutural e, dentre eles, podem ser
citados:
Mão-de-obra: precisa-se de um bom treinamento, tendo em
vista que a fase de assentamento dos blocos é uma das
mais importantes da obra, pois serão eles que resistirão
às ações da estrutura, além de desempenharem também as
funções de vedação;
Acompanhamento técnico: maior rigor na fiscalização (já
que a fase de levantamento das paredes deve ser mais
cuidadosa);
Interação dos projetistas: os projetos devem ser
executados concomitantemente, uma vez que qualquer
alteração em algum deles, seja ele arquitetônico,
estrutural, elétrico ou hidráulico, pode influenciar
diretamente no outro.
Entretanto, tais cuidados só podem ser considerados como
desvantagem se olhados com descaso, porque quanto mais
qualificada for a mão-de-obra, mais rigorosa for a
fiscalização e melhor a comunicação entre os projetistas,
maior será a economia e a confiabilidade da obra, seja ela em
alvenaria estrutural ou em qualquer outro tipo de sistema
construtivo.
O grande ponto realmente negativo da alvenaria é que ela
não permite projeto arquitetônico muito arrojado, e dificulta
adaptação do projeto depois de pronto, uma vez que a parede
18
faz parte da estrutura.
3.5- Técnica de projeto (coordenação modular)
Como a unidade básica, neste caso enfatizando o bloco
vazado de concreto, possui dimensões conhecidas e pouco
variáveis, permitindo estabilidade dimensional, segundo
Racanicchi (2001), é de suma importância que seja aplicada a
técnica de coordenação modular que consiste no uso de uma base
de volume ou comprimento como referência dimensional, em que
se pode determinar várias relações proporcionais a ela. No
caso da alvenaria estrutural, serão definidas, em função do
tamanho do bloco, as dimensões em planta e do pé-direito da
edificação, com a finalidade de reduzir ao máximo os cortes ou
os ajustes na hora da execução da parede. A modulação é de
fundamental importância para que a obra se torne econômica e
racional.
As principais vantagens da modulação são: estabilidade e
precisão dimensional, racionalização de projeto e execução,
incentivo à interação dos projetistas, padronização e
contribuição para melhoria do desempenho e qualidade da obra.
Para se chegar à modulação adequada, é importante
considerar a medida dos blocos para a concepção dos espaços.
As dimensões do projeto arquitetônico devem seguir o estudo
prévio de concepção espacial e, posteriormente, considerar os
aspectos estruturais, definindo onde serão posicionadas as
paredes estruturais e as de vedação (em função de apoios para
laje, existência de pilotis, etc.), para assim chegar à
modulação definitiva.
3.5.1- Modulação horizontal
Segundo Ramalho e Corrêa (2003), quando se adota um
módulo, aqui chamado de M, esse módulo refere-se ao
19
comprimento real do meio bloco mais a espessura de uma junta
de argamassa, chamada de J.
Assim, o comprimento real de um bloco inteiro será 2M-J e
o comprimento real de meio bloco será M-J, conforme ilustra a
Figura 3.4. Sabendo-se que as juntas mais comuns possuem 1cm
de espessura, tem-se que os comprimentos reais dos blocos
serão seus comprimentos nominais (ou modulares) diminuídos de
1cm. Por exemplo: para um bloco de comprimento nominal de
30cm, seu comprimento real será de 29cm.
Figura 3.4- Dimensões reais e dimensões nominais dos blocos (Fonte: RAMALHO
e CORRÊA (2003))
Então, as dimensões reais de uma edificação entre faces
dos blocos, ou seja, sem considerar o revestimento, serão
sempre determinadas pelo número de módulos e juntas que se
fizerem presentes no intervalo. Dependendo do caso, pode-se
ter (n x M), (n x M - J) ou (n x M + J), conforme mostra a
Figura 3.5.
20
Figura 3.5- Dimensões reais entre faces de blocos (Fonte: RAMALHO e CORRÊA
(2003))
3.5.2- Modulação vertical
Ainda segundo Ramalho e Corrêa (2003), a modulação
vertical não influencia significativamente no arranjo
arquitetônico. Assim, existem duas formas básicas para se
fazer a modulação vertical; uma delas, conforme ilustra a
Figura 3.6, consiste na aplicação da dimensão modular de piso
a teto, sendo que a última fiada pode terminar em blocos no
formato de “J” ou em blocos canaletas simples, lembrando que,
nesta segunda opção, seria necessária a utilização de fôrmas
auxiliares para concretagem das lajes.
A segunda forma de modulação vertical seria aplicar a
dimensão modular de piso a piso. Dessa maneira as paredes
externas terminariam com bloco “J” (tendo uma de suas laterais
com altura menor que a convencional para acomodar a espessura
da laje) e as paredes internas terminariam com um bloco
compensador para permitir o ajuste da distância entre o piso e
o teto, que não estará modulado. A Figura 3.7 ilustra esta
modulação.
21
Figura 3.6– Modulação de piso a teto – com e sem bloco “J” (Fonte: RAMALHO
e CORRÊA (2003))
Figura 3.7– Modulação de piso a piso (Fonte: RAMALHO e CORRÊA (2003))
3.5.3- Alguns detalhes sobre modulação
A Figura 3.8 mostra a execução da primeira fiada de um
edifício em alvenaria estrutural e a Figura 3.9 mostra os
detalhes da primeira e da segunda fiada, bem como a elevação
das paredes. Assim, pode-se entender na prática como funciona
a modulação dos blocos.
22
Figura 3.8- Modulação das paredes (fonte: www.nepae.feis.unesp.br)
Figura 3.9– Detalhe da primeira e segunda fiadas e elevação da parede
(Fonte: RAMALHO e CORRÊA (2003))
A Tabela 3.1 apresenta as dimensões e os materiais dos
blocos mais utilizados no Brasil. O comprimento e a espessura
do bloco definem seu módulo horizontal (em planta), e sua
altura, o módulo vertical (elevação).
23
Tabela 3.1- Blocos e modulações mais comuns (fonte: PARSEKIAN e FURLAN
JUNIOR (2003))
Dimensão modular Dimensão nominal Material
15 x 30 14 x 29 Cerâmica e concreto
12,5 x 25 11,5 x 24 Cerâmica/sílico-calcário
20 x 40 19 x 39 Concreto
15 x 40 14 x 39 Concreto
3.5.4- Tipo dos blocos
As formas mais comuns de blocos estruturais encontradas
no mercado são as mostradas na Figura 3.10.
Figura 3.10- Formas usuais de blocos (fonte: RACANICCHI (2001))
3.6- Ensaios de caracterização da alvenaria estrutural
Conforme Camacho (2001), os ensaios são utilizados para
determinar a resistência unitária dos blocos e das argamassas,
podendo assim estimar a resistência final da parede. Para
escolha do tipo de ensaio, dentre os três normalizados, deve-
se levar em consideração qual a finalidade da sua realização,
a precisão exigida, os equipamentos disponíveis, o tempo para
execução e o custo/benefício.
Os tipos de ensaios padronizados são os seguintes:
ensaio em materiais e unidades (blocos ou tijolos);
ensaio em prismas;
ensaio em painéis ou paredes em escala real.
24
A seguir, baseado no trabalho de Camacho (2001), serão
descritos os tipos de ensaios.
3.6.1- Ensaios em materiais e unidades
São os ensaios realizados nos blocos para a obtenção da
resistência característica do bloco (f
b
) e da argamassa (f
a
),
proporcionando um resultado aceitável, comparado com a
resistência final da alvenaria, acrescidos da vantagem de
serem de fácil execução e de utilizarem equipamentos mais
simples, levando assim a maior rapidez na obtenção de
resultados com baixo custo.
Em contrapartida, esse tipo de ensaio é o que conduz a
uma menor resistência da alvenaria, pois os blocos analisados
isoladamente apresentam grande índice de variação de
resistência, quando comparados com a alvenaria pronta. Por
isso, em seus resultados, devem ser utilizados coeficientes de
segurança maiores.
3.6.2- Ensaios em prismas
Os prismas de alvenaria são corpos-de-prova usados para
prever as propriedades básicas dos elementos a serem
empregados efetivamente na obra, como resistência à
compressão, ao cisalhamento, à tração, etc., sendo que as
dimensões do prisma variam em função da norma utilizada para o
ensaio.
O valor básico especificado pelas normas para a
resistência do prisma é um valor médio obtido por meio de uma
série de ensaios. Portanto, ao contrário dos blocos, quando se
trata de resistência do prisma (f
p
), não se fala em resistência
característica e, sim, em resistência média.
Nesse ensaio, pode-se estudar também o comportamento do
graute, uma vez que o ensaio pode ser realizado com prisma
25
cheio ou vazio. Ele também fornece resultado mais preciso do
que o ensaio com bloco isolado, fornecendo um valor maior para
a resistência final da alvenaria (f’
m
), quando comparado com
aquele.
A norma brasileira, NBR-10837:1989, recomenda que devam
ser rompidos 12 prismas, aos 28 dias, segundo as recomendações
da NBR-8215:1983, para assim prever a resistência média da
parede. Essa norma prevê dois métodos de ensaios, denominados
Método A e Método B, para laboratório e obras,
respectivamente, sendo que para controle da obra, o Método B
prevê a utilização dos mesmos blocos, argamassa, condições e
mão-de-obra que serão efetivamente utilizadas na obra.
A Figura 3.11 mostra como é feito o ensaio nos prismas.
Figura 3.11- Ensaio dos prismas (fonte: CAMACHO e RODRIGUES (1999))
3.6.3- Ensaios em painéis ou paredes em escala real
O ensaio em grandes painéis de alvenaria, em escala real,
tem um custo mais elevado. Assim, não é muito utilizado na
determinação da resistência para fins de projeto, a não ser em
casos especiais.
Por se tratar de um ensaio bastante caro, limita-se a
26
utilização em centros de pesquisa, para a verificação de
métodos analíticos e para a obtenção de uma relação entre as
unidades (blocos) e os prismas.
Esse tipo de ensaio é padronizado pela norma inglesa BS-
5628 e pela NBR-8949:1985, conforme ilustra a Figura 3.12.
Figura 3.12– Esquema utilizado para execução de ensaios em painéis (fonte:
NBR-8949:1985)
27
CAPÍTULO 4 - DADOS EXPERIMENTAIS
Neste capítulo serão descritos todos os procedimentos
adotados por Logullo (2006), para realização dos ensaios de
caracterização dos componentes da alvenaria estrutural,
contemplando os ensaios de unidades e prismas.
Também serão apresentados os resultados de resistência à
compressão, deformações e tensão de ruptura de prismas, para
posterior comparação desses dados com os obtidos pela análise
numérica.
4.1- Ensaio das unidades (blocos)
Segundo Franco (1987) citado por Maurício (2005), os
blocos representam a maior parte do volume total da alvenaria,
na ordem de 80% a 95%, sendo esse o elemento determinante de
suas características. Portanto, é de grande importância o
conhecimento de suas características físicas, para que se
possa entender o comportamento da alvenaria estrutural como um
todo.
Após a aquisição, a classificação e a pesagem, as etapas
para caracterização das unidades são:
capeamento;
ensaio à compressão axial.
4.1.1- Capeamento dos blocos
Segundo Logullo (2006), o capeamento dos blocos é
necessário para garantir o paralelismo entre as faces. A NBR-
28
7184:1992 indica que o capeamento deve ser feito com
argamassas à base de gesso, enxofre, cimento, pozolana ou
outro material, não podendo exceder a espessura média de 3mm.
Para a realização dos ensaios, Logullo adotou gesso como
material para executar o capeamento e, para a regularização
dos blocos capeados, utilizou um capeador metálico, visando
garantir horizontalidade e verticalidade para camada de
regularização, proporcionando assim faces paralelas. A Figura
4.1 ilustra a execução do capeamento dos blocos. O
procedimento básico de execução é primeiramente untar com óleo
o capeador, para facilitar o desprendimento após o capeamento,
e molhar as faces do bloco, para não absorverem água da
argamassa de gesso, o que aceleraria o processo de secagem do
gesso, atrapalhando o capeamento.
Figura 4.1– Detalhe do capeador metálico e capeamento dos blocos (fonte:
LOGULLO (2006))
4.1.2- Ensaio de resistência à compressão
Para determinação da resistência à compressão, segundo
Logullo (2006), foram utilizados os procedimentos descritos
pela NBR-7184:1992. Foram fixados relógios comparadores nos
blocos, por meio de gabaritos colados nestes. Esses gabaritos
são formados por cantoneiras metálicas coladas a uma distância
de 9cm, sendo localizadas em faces diagonalmente opostas e
entre o septo lateral e o septo central dos blocos. Para tal
29
posicionamento, foram utilizados gabaritos para colagem dessas
cantoneiras, como mostrado na Figura 4.2.
Figura 4.2– Colocação dos relógios comparadores (fonte: LOGULLO (2006))
Em alguns ensaios, Logullo utilizou extensômetros
elétricos à meia altura e no centro dos blocos, sendo que
nesses blocos também foram instalados relógios comparadores,
conforme ilustra a Figura 4.3.
Figura 4.3– Posicionamento dos extensômetros elétricos (fonte: ANDOLFATO
(2002))
Para a realização dos ensaios, conforme Logullo (2006),
foi instalada uma célula de carga de 1000 kN, posicionada
entre a prensa universal e o perfil metálico. Todos os ensaios
foram realizados com auxílio de um sistema de aquisição de
30
dados (DASY LAB 6.0), em que todos os equipamentos foram
ligados para aquisição instantânea da leitura dos relógios
comparadores, extensômetros e célula de carga. A Figura 4.4
ilustra esse sistema.
Figura 4.4 – Posicionamento da célula de carga e sistema de aquisição de
dado (fonte: LOGULLO (2006))
Após a realização dos ensaios, a forma de ruptura dos
blocos é mostrada na Figura 4.5.
Figura 4.5– Modo de ruptura dos blocos (fonte: LOGULLO (2006))
31
4.2- Ensaio dos prismas vazios
Conforme Maurício (2005), esse tipo de ensaio é adotado
por alguns códigos e normas, incluindo a norma brasileira,
como base para o cálculo da resistência da alvenaria
estrutural à compressão.
A NBR-8215:1983, no seu item 3.1, define prisma oco (ou
prisma vazio) como “conjunto composto pela justaposição de
dois blocos de concreto unidos por junta de argamassa,
destinado ao ensaio de compressão axial”, porém, no trabalho
de Logullo (2006), foi adotada a confecção de prismas formados
por três blocos. Essa decisão foi tomada porque, conforme o
autor, em recentes estudos, pesquisadores têm demonstrado
melhores resultados nos elementos desse tipo e, também, pelas
especificações da norma americana ASTM C 1314 – 03b (2004),
citada por Logullo (2006), recomendando que a razão
altura/espessura deve estar entre 1,3 e 5,0, sendo que nos
prismas com três blocos, essa razão é de 4,21.
Essa relação é importante para minimizar os efeitos do
prato da prensa, possibilitando apresentar valores mais
precisos de resistência da alvenaria à compressão.
4.2.1- Execução dos prismas vazios
Segundo Logullo (2006), os prismas foram executados
conforme a norma recomenda, apenas com a alteração da altura,
e assentados à temperatura ambiente.
A argamassa deve ser colocada em toda superfície superior
do bloco, em quantidade suficiente, de modo a resultar em
superfícies convexas e sem falhas. Essas juntas não devem
ultrapassar a espessura de 10 ± 3mm. As faces dos blocos foram
molhadas antes do assentamento. Após a montagem dos prismas,
eles foram cobertos com sacos plásticos, em que foram
colocadas estopas molhadas para garantir ambiente úmido para
32
sua cura. Aos 14 dias foram retirados, e ensaiados aos 28
dias.
Foi utilizado capeamento de gesso, assim como, no ensaio
das unidades, foram utilizados gabaritos laterais e nível de
bolha, para garantir verticalidade e paralelismo entre as
faces, respectivamente. A Figura 4.6 ilustra a montagem dos
prismas.
Figura 4.6– Etapas de confecção dos prismas (fonte: MAURICIO (2005) e
LOGULLO (2006))
Para assentamento, Logullo utilizou uma argamassa
preparada no laboratório, com traço 1:0,5:4,5 (cimento, cal e
areia) e relação água/cimento 1,27. Esse traço foi escolhido
porque é utilizado comumente em obras de alvenaria, além de
possuir boa resistência à compressão, garantindo assim que a
argamassa não influencie nos resultados dos prismas. Os
resultados obtidos nos ensaios da argamassa serão mostrados a
seguir.
4.2.2- Instrumentação dos prismas
Para execução dos ensaios, os prismas foram
instrumentados com medidores de deslocamentos (LVTD), para
determinar o encurtamento da alvenaria, conforme os acréscimos
de carga.
Foram utilizados também extensômetros elétricos
instalados no segundo bloco, entre os septos e em faces
diagonalmente opostas. Também foi utilizada uma célula de
33
carga, com capacidade de 1000 kN, instalada entre a prensa e a
viga metálica, do mesmo modo feito nos ensaios dos blocos. E
para aquisição dos dados, novamente foi utilizado o sistema
DASY LAB 6.0, que recebia automaticamente os dados dos LVTD´s,
dos extensômetros e da célula de carga. As figuras seguintes
mostram os procedimentos desses ensaios.
Figura 4.7– Posicionamento dos LVTD´s (fonte: LOGULLO (2006))
Figura 4.8– Posicionamento dos extensômetros (fonte: LOGULLO (2006))
34
Figura 4.9– Esquema do ensaio (fonte: LOGULLO (2006))
Após a realização dos ensaios, a forma de ruptura dos
prismas é mostrada na Figura 4.10.
Figura 4.10– Modo de ruptura dos prismas vazios (fonte: LOGULLO (2006))
35
4.3- Resultados experimentais
Serão apresentados, agora, os resultados obtidos por
Logullo (2006), sendo tais dados utilizados para se fazer a
análise comparativa com os resultados numéricos a serem
apresentados futuramente.
4.3.1- Resultados obtidos por LOGULLO (2006)
a) Unidades (blocos)
Em seu trabalho, Logullo (2006) dispunha de dois tipos de
blocos diferentes, designados B1 e B2.
Para realização dos ensaios de caracterização das
propriedades mecânicas, foram ensaiadas sete amostras do bloco
tipo B1 e nove amostras do bloco tipo B2.
Os resultados de resistência média dos blocos tipo B1, na
tensão de ruptura, estão organizados na Tabela 4.1, e os
valores individuais estão apresentados na Tabela 4.2.
E conforme análise de seus resultados, o valor do módulo
da deformação na ruptura dos blocos tipo B1, feita pela
leitura dos extensômetros, é de 3,3.
Tabela 4.1– Média dos resultados dos blocos B1
CP
Carga
(kN)
Resistência
(A. Bruta)
(MPa)
Resistência
(A.Líquida)
(MPa)
Média 357,86 8,64 15,39
Desv. Pad. 26,44 0,64 1,14
Coef. Var. 7,39% 7,39% 7,39%
36
Tabela 4.2– Resultados individuais dos blocos B1
CP
Carga
(kN)
Resistência
(MPa)
1 335,00 8,09
2 360,00 8,69
3 375,00 9,06
4 365,00 8,81
5 385,00 9,30
6 310,00 7,49
7 375,00 9,06
Média 357,86 8,64
Desv. Pad. 26,44 0,64
Coef. Var. 7,39% 7,39%
Os resultados de resistência média dos blocos tipo B2, na
tensão de ruptura, estão organizados na Tabela 4.3, e os
valores individuais estão apresentados na Tabela 4.4.
E conforme análise de seus resultados, o valor do módulo
da deformação na ruptura dos blocos tipo B2, feita pela
leitura dos extensômetros, é de 1,6.
Tabela 4.3– Média dos resultados dos blocos B2
CP
Carga
(kN)
Resistência
(A. Bruta)
(MPa)
Resistência
(A.Líquida)
(MPa)
Média 652,78 15,76 22,09
Desv. Pad. 57,95 1,40 1,96
Coef. Var 8,88% 8,88% 8,88%
37
Tabela 4.4– Resultados individuais dos blocos B2
CP
Carga
(kN)
Resistência
(MPa)
1 620,00 14,97
2 630,00 15,21
3 615,00 14,85
4 655,00 15,82
5 600,00 14,49
6 590,00 14,25
7 687,50 16,60
8 715,00 17,27
9 762,50 18,41
Média 652,78 15,76
Desv. Pad. 57,95 1,40
Coef. Var 8,88% 8,88%
b) Prismas vazios
Também foram utilizadas duas classes diferentes de blocos
(B1 e B2), dos quais foram confeccionados três prismas com
cada tipo de bloco.
Para os prismas feitos com os blocos B1, suas
características estão relacionadas nas Tabelas 4.5 e 4.6, e o
módulo da deformação, correspondente à tensão de ruptura, foi
de aproximadamente 1,97.
Já para prismas feitos com os blocos B2, estão
relacionadas nas Tabelas 4.7 e 4.8, e o módulo da deformação,
correspondente à tensão de ruptura, foi de aproximadamente
1,9.
Tabela 4.5– Média dos resultados dos prismas - blocos B1
CP
Carga de
Fissuração
(kN)
Carga de
Ruptura
(kN)
Resistência
(MPa)
(A. Líquida)
Resistência
(MPa) (A.
Bruta)
Média 223,33 233,33 10,04 5,63
Desv. Pad. 5,77 14,43 0,62 0,35
Coef. Var. 2,59% 6,19% 6,19% 6,19%
38
Tabela 4.6– Resultados individuais dos prismas - blocos B1
CP
Carga de
Fissuração
(kN)
Carga de
Ruptura
(kN)
Resistência
(A.
Líquida)
(MPa)
Resistência
(A. Bruta)
(MPa)
B1-Vazio 220 225,00 9,68 5,43
B1-Vazio 230 250,00 10,75 6,04
B1-Vazio 220 225,00 9,68 5,43
Média 223,33 233,33 10,04 5,63
Desv. Pad. 5,77 14,43 0,62 0,35
Coef. Var. 2,59% 6,19% 6,19% 6,19%
Tabela 4.7– Média dos resultados dos prismas - blocos B2
CP
Carga de
Fissuração
(kN)
Carga de
Ruptura
(kN)
Resistência
(MPa) A.
bruta
Resistência
(MPa) A.
Líquida
Média 296,67 321,67 7,77 10,89
Desv. Pad. 28,87 12,58 0,30 0,43
Coef. Var. 9,73% 3,91% 3,91% 3,91%
Tabela 4.8– Resultados individuais dos prismas - blocos B2
CP
Carga de
Fissuração
(kN)
Carga de
Ruptura
(kN)
Resistência
(A. Bruta)
(MPa)
Resistência
(A. Líquida)
(MPa)
B2-Vazio 280 320,00 7,73 10,83
B2-Vazio 280 310,00 7,49 10,49
B2-Vazio 330 335,00 8,09 11,34
Média 296,67 321,67 7,77 10,89
Desv. Pad. 28,87 12,58 0,30 0,43
Coef. Var. 9,73% 3,91% 3,91% 3,91%
c) Argamassa
Como já foi dito anteriormente, a argamassa utilizada por
Logullo (2006) para assentamento dos prismas foi amassada no
próprio laboratório, com o traço 1 : 0,5 : 4,5 (cimento : cal
: areia), e relação água/cimento igual a 1,27. Durante a
moldagem dos prismas e das paredes, foram moldados corpos-de-
39
prova cilíndricos 5x10cm (diâmetro x altura) e, aos 28 dias,
foram ensaiados conforme especifica a NBR-7215:1991. A Tabela
4.9 mostra todos os ensaios e seus respectivos resultados.
Tabela 4.9– Resultados das argamassas
Mistura CP Carga (kN)
Resistência
(MPa)
A1
1 14,50 7,24
2 12,40 6,19
A2
3 15,80 7,89
4 13,30 6,64
A3
5 10,80 5,39
6 12,00 5,99
A4
7 14,60 7,29
8 15,00 7,49
Média 13,55 6,77
Desv. Pad. 1,71 0,85
Coef. Var. 12,64% 12,64%
40
CAPÍTULO 5 – ANÁLISE NUMÉRICA E ASPECTOS
COMPUTACIONAIS
5.1- Análise numérica
Para realizar a análise numérica estática do
comportamento não-linear de prismas de alvenaria estrutural,
primeiramente, foi desenvolvido um gerador de malhas, por meio
de sub-rotinas, que discretizarão o bloco e a argamassa,
deixando os elementos com as configurações ilustradas pelas
figuras de 5.1 a 5.4.
Figura 5.1- Configuração dos blocos e juntas de argamassa vistas em planta
Figura 5.2– Vista do bloco e da junta de argamassa em perspectiva
41
Figura 5.3– Dimensões isoladas dos elementos de bloco e de argamassa do
prisma
Figura 5.4– Esquema do prisma discretizado
42
O gerador de malhas fará a discretização dos prismas que
foram ensaiados por Logullo (2006), no NEPAE/FEIS/UNESP –
Núcleo de Estudo e Pesquisa da Alvenaria Estrutural, da
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, da Universidade
Estadual Paulista.
Após a discretização dos prismas, a análise numérica foi
realizada por meio do Método dos Elementos Finitos, utilizando
o elemento prismático regular linear, desenvolvido por
Faglioni (2006), e já implementado no programa FEISdec,
juntamente com o modelo de ruptura do concreto.
Assim, o programa terá condição de verificar o
comportamento do prisma, tendo como resposta as forças
atuantes e os deslocamentos em cada nó dos elementos, bem como
a determinação do ponto de ruptura dos blocos, utilizando os
critérios descritos no Capítulo 7 deste trabalho.
5.2- Aspectos computacionais
Agora, será abordada de forma sucinta a documentação
básica para implementação dos códigos de cálculo utilizados
pelo programa, em que será dada maior atenção às rotinas
relativas à discretização da alvenaria e à análise do seu
comportamento.
As rotinas de entrada e de saída de dados não serão
descritas aqui.
5.2.1- Rotinas para discretização da alvenaria
a) Sub-rotina GERA PRISMA
Foi desenvolvida com o objetivo de gerar as coordenadas
nodais para simulação numérica dos ensaios de prismas, levando
em consideração o tamanho dos elementos, conforme ilustrado
nas Figuras de 5.1 a 5.4, para possibilitar a modulação
43
tridimensional dos prismas, e, também, para permitir que se
utilizem os módulos de elasticidade do concreto e da
argamassa.
b) Sub-rotina GERA ELEMENTO
Essa sub-rotina organiza as coordenadas nodais de cada
elemento, seguindo a ordenação imposta pelo desenvolvimento
matemático do elemento prismático de oito nós, associando, a
cada elemento, oito coordenadas nodais.
5.2.2- Fluxograma geral de cálculo
O fluxograma referente ao esquema geral de cálculo é
ilustrado na Figura 5.5, sendo que cada bloco contém o nome de
uma sub-rotina específica, cuja função é descrita nos itens
subseqüentes. O procedimento incremental aqui adotado consiste
na subdivisão do carregamento em um número conhecido de
incrementos, aplicados de forma acumulativa. À medida que a
força vai sendo incrementada, efetua-se o cálculo dos
deslocamentos, com conseqüente cálculo das deformações e das
tensões em cada elemento, para posterior aplicação do critério
de ruptura e correção do módulo de elasticidade instantâneo do
material. Caso seja verificada a ruptura do elemento, é feita
uma redução total do módulo de elasticidade, de forma
individual, para posterior armazenamento dos deslocamentos
nodais.
44
Figura 5.5- Fluxograma geral de cálculo
45
a) Sub-rotina INICIA VARIÁVEIS CÁLCULO
Essa sub-rotina tem a função de atribuir valores iniciais
às variáveis utilizadas no cálculo.
b) Sub-rotina MONTAGEM DO VETOR IPOS
A técnica de armazenamento da matriz de rigidez utilizada
no programa FEISdec é denominada de altura efetiva de coluna
ou skyline. Essa técnica corresponde ao armazenamento, dentro
de um vetor de trabalho principal, das colunas da parte
triangular superior da matriz e dos elementos da diagonal
principal, a partir do primeiro elemento não nulo de cada
coluna. Esse armazenamento é realizado em forma seqüencial por
coluna, de cima para baixo.
Para esse tipo de armazenamento, é necessária ainda a
construção de um vetor auxiliar que indique, dentro do vetor
de trabalho principal, as posições dos elementos da diagonal
principal da matriz de rigidez, sendo tal vetor auxiliar
denominado de vetor (IPOS).
c) Sub-rotina INCREMENTAR FORÇA
Essa sub-rotina tem a função de atualizar o valor das
forças externas (F
E
) para cada incremento de carregamento.
d) Sub-rotina FORÇAS RESTAURADORAS
Calcula o valor das forças restauradoras por meio do
produto matricial (K.D), após montagem da matriz de rigidez
secante da estrutura. Cabe ressaltar que, por se tratar de
análise linear geométrica, a matriz secante é igual à matriz
de rigidez tangente.
46
e) Sub-rotina CÁLCULO DO RESÍDUO
Calcula o valor do resíduo das forças estáticas não
equilibradas. Caso o resíduo seja maior que a tolerância
imposta pelo usuário, dá-se continuidade ao processo de
cálculo, caso contrário, incrementa-se novamente a força
aplicada.
f) Sub-rotina MATRIZ GLOBAL DA ESTRUTURA
Monta a matriz global da estrutura, a partir da matriz
tangente de cada elemento, conforme será visto no Capítulo 6,
utilizando-se a técnica de expansão e acumulação.
g) RESOLUÇÃO DO SISTEMA
A resolução do sistema é feita utilizando-se o Método de
Cholesky, que decompõe o sistema em duas matrizes
triangulares, uma superior e outra inferior, possibilitando a
substituição e a retro-substituição do sistema para obtenção
dos acréscimos dos deslocamentos requeridos para cada
incremento de carregamento.
h) Sub-rotina CORRETOR DESLOCAMENTOS
Realiza a correção dos deslocamentos (D), por meio da soma
acumulativa de todos os deslocamentos obtidos para cada
incremento de carregamento.
i) Sub-rotina STRAIN-STRESS ELEMENTO
Calcula os valores das deformações e das tensões de cada
elemento.
47
j) Sub-rotina CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB
Depois de calculadas as tensões de cada elemento de
concreto, são calculadas as tensões principais, para aplicação
do Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb, conforme será descrito
no Capítulo 7 deste trabalho. Caso seja verificada a ruptura
do elemento, é feita uma redução total do módulo de
elasticidade, de forma individual, para posterior
armazenamento dos deslocamentos nodais. Caso isso não ocorra,
efetua-se uma redução parcial do módulo de elasticidade, em
função da deformação principal de compressão de cada elemento.
k) Sub-rotina ARMAZENA RESULTADOS FINAIS
Essa sub-rotina tem a função de armazenar os resultados
obtidos ao final da aplicação de cada incremento de
carregamento.
48
CAPÍTULO 6 - ELEMENTO FINITO PRISMÁTICO REGULAR
LINEAR
6.1- Tipos de elementos existentes
Segundo Rodrigues (1999), a definição do tipo apropriado
de elemento finito é dada em função do sistema estrutural que
se deseja analisar. Para isso, os elementos finitos são
classificados em: elementos lineares, elementos laminares e
elementos sólidos.
Ö
elementos lineares: também conhecidos como elementos de
barras, são elementos em que uma dimensão é muito maior do
que as outras duas. Esses são subdivididos em elementos de
pórticos planos e espaciais, de treliças planas e
espaciais, de vigas e de grelhas;
Ö
elementos laminares: são elementos em que uma dimensão é
muito menor do que as outras duas, e são subdivididos em
elementos de placa, de chapa e de casca;
Ö
elementos sólidos: são elementos em que as três dimensões
têm a mesma ordem de grandeza, e permitem obter uma
distribuição qualquer de tensões na estrutura.
Conforme Rodrigues (1999), para que esses elementos
possam se relacionar uns com os outros, é necessário que sejam
interconectados por meio de pontos inseridos no contorno,
chamados de pontos nodais, ou simplesmente nós. Assim, o
49
comportamento estrutural de cada elemento pode ser dado em
função apenas das variáveis nodais, tais como: coordenadas,
deslocamentos e carregamentos, permitindo a montagem do
sistema de equações governantes do sistema estrutural em
estudo.
Para a formulação do Método dos Elementos Finitos,
segundo Faglioni (2006), torna-se necessário, primeiramente, a
formulação da equação de equilíbrio do sistema estrutural.
Para tanto, pode-se utilizar o Princípio da Energia Potencial
Estacionária.
6.2- Formulação variacional
De acordo com Faglioni (2006), um sistema estrutural é
dito ser conservativo quando “o trabalho dos esforços internos
e dos esforços externos independem do caminho percorrido pela
estrutura”, quando da passagem de sua configuração de
equilíbrio inicial para outra qualquer.
Para sistemas estruturais conservativos, em que a sua
configuração final satisfaça a compatibilidade interna e as
condições essenciais de contorno do sistema, a energia
potencial total (
p
Π
) pode ser expressa como:
p
UΠ= +
(6.1)
em que (U) é a energia de deformação, também chamada de
energia potencial interna, e (
), a energia potencial dos
esforços externos atuantes.
Para um sistema estrutural discretizado em um número
finito de elementos, a energia potencial total do sistema é a
soma da energia potencial de cada elemento, sendo:
1
e
n
ppe
e =
Π= Π
(6.2)
50
sendo (
e
n
) o número de elementos finitos que compõem o sistema
estrutural.
A energia potencial de cada elemento (
pe
Π
) é dada por:
pe e e
UΠ= +
(6.3)
em que (
e
U
) é a energia de deformação acumulada pelo elemento
e (
e
) é a energia potencial dos esforços externos na
configuração deformada do elemento.
Admitindo-se que o carregamento do sistema seja aplicado
nos nós estruturais, a energia potencial dos esforços externos
de cada elemento é dada por:
T
eE
fdΩ=
%
%
(6.4)
em que ( E
f
%
) é o vetor das forças nodais equivalentes do
elemento e (
d
%
) é o vetor das componentes dos deslocamentos
genéricos, para cada nó do elemento.
A energia de deformação de cada elemento é definida por:
0
d
e
ee
V
UV
µ
=
(6.5)
sendo (
0
µ
) a energia de deformação específica, dada pela
equação (6.6), e, na forma matricial, pela equação (6.7).
{}
0
1
2
x x y y z z xy xy xz xz yz yz
µ
εσ εσ εσ γ τ γ τ γ τ
=+++++
(6.6)
0
1
2
T
µ
εσ
=
%%
%
(6.7)
51
6.3- Princípio da Energia Potencial Estacionária
Ainda segundo Faglioni (2006), para o equilíbrio de um
sistema estrutural, a função da energia potencial total (
p
Π
)
deve ser estacionária, ou seja, a sua variação deve ser zero,
como mostra a equação (6.8).
0
p
δ
Π=
(6.8)
Em termos de funções ordinárias, existe uma condição em
que a derivada de uma função em relação a uma variável
independente é nula, e a função em si tem um máximo, um mínimo
ou um valor constante. Se a condição de estacionaridade
fornece um valor mínimo, então, de acordo com o Teorema de
Lagrange, o estado de equilíbrio é estável.
Aplicando-se tal conceito para o funcional de cada
elemento, e admitindo-se que a energia de deformação seja
obtida em termos de deslocamentos nodais, com o auxílio de
funções interpoladoras conhecidas, então o funcional (
pe
Π
)
passa a ser uma função, tendo como variáveis independentes os
deslocamentos
d
%
, e a sua variação torna-se igual ao seu
diferencial, ou seja, (
d
pe pe
δ
Π
). Desse modo, como o
funcional está escrito em função das variáveis independentes,
tem-se:
12
12
.......
pe pe pe
pe n
n
dd d
dd d
δ
δδ δ
∂Π ∂Π ∂Π
Π= + + +
∂∂
(6.9)
mas como
1122
d ; d ;....; d e d
n n pe pe
dddd dd
δ
δδδ
=
==Π=Π
, obtém-
se a relação dada pela equação (6.10).
12
12
d d d ....... d
pe pe pe
pe n
n
dd d
dd d
∂Π ∂Π ∂Π
Π= + + +
∂∂
(6.10)
52
Como os deslocamentos são simultaneamente não nulos,
pode-se aplicar o Princípio da Energia Potencial Estacionária,
resultando na equação (6.11).
0 para 1,2,3,...,
pe
j
jn
d
∂Π
==
(6.11)
6.4- Formulação do Método dos Elementos Finitos
O primeiro passo na aplicação do MEF, segundo Faglioni
(2006), é dividir a estrutura em um número adequado de
elementos com tamanho apropriado. Os deslocamentos dos pontos
nodais dos elementos são, então, generalizados em função das
coordenadas da estrutura. Desse modo, os deslocamentos (
u
%
) do
elemento finito podem ser expressos em função dos
deslocamentos nodais (
d
%
), por meio da utilização de funções de
forma apropriadas. Essa relação é definida pela equação
(6.12):
~~
~
ud
φ
=
(6.12)
sendo (
~
φ
) é a matriz que contém as funções de forma e
relaciona os deslocamentos que ocorrem ao longo do eixo
longitudinal com os deslocamentos nodais do elemento.
A energia de deformação de um elemento, de acordo com a
definição da energia de deformação específica dada pela
equação (6.7), pode ser escrita como mostra a equação (6.13).
1
d
2
e
T
ee
v
UV
εσ
=
%%
(6.13)
As relações constitutivas, que são as equações que
interligam as tensões com as deformações, são formuladas com
53
base na observação do comportamento na experimentação dos
materiais submetidos às ações externas. Admitindo-se que o
material possua um comportamento elástico-linear, as relações
constitutivas demonstradas por Rodrigues (1999) e Faglioni
(2006), organizadas nas equações de (6.14) a (6.19),
originárias da Lei de Hooke generalizada, podem ser
reorganizadas na forma matricial e definidas pela equação
(6.20), em que (E) e (
υ) são o Módulo de Elasticidade e o
Coeficiente de Poisson, respectivamente.
()
1
xxyz
E
εσυσσ
⎡⎤
=−+
⎣⎦
(6.14)
()
1
yyxz
E
εσυσσ
⎡⎤
=−+
⎣⎦
(6.15)
()
1
zzxy
E
εσυσσ
⎡⎤
=−+
⎣⎦
(6.16)
()
21
xy xy
E
υ
γ
τ
+
=
(6.17)
()
21
xz xz
E
υ
γ
τ
+
=
(6.18)
()
21
yz yz
E
υ
γ
τ
+
=
(6.19)
E
σ
ε
=
%
%%
(6.20)
sendo (
E
%
) a matriz que contém os coeficientes elásticos do
material estrutural, representada pela equação (6.21).
54
()( )
()
()
1- 0 0 0
1- 0 0 0
1- 0 0 0
1-2
0 0 0 0 0
2
112
1-2
0 0 0 0 0
2
1-
0 0 0 0 0
E
E
υ
υυ
υυυ
υυ υ
υ
υυ
υ
=
+−
%
()
2
2
υ
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
(6.21)
Reorganizando-se as equações (6.4), (6.13) e (6.20) na
equação (6.3), a energia de deformação total do elemento pode
ser reescrita de acordo com a equação (6.22).
1
d
2
e
TT
pe e E
V
EV fd
εε
Π=
%%
%% %
(6.22)
As relações diferenciais entre deformações e
deslocamentos, dadas pelas equações (6.23) a (6.28),
x
u
x
ε
=
(6.23)
y
v
y
ε
=
(6.24)
z
w
z
ε
=
(6.25)
xy
uv
yx
γ
∂∂
=+
∂∂
(6.26)
xz
uw
zx
γ
∂∂
=+
∂∂
(6.27)
55
yz
vw
zy
γ
∂∂
=+
∂∂
(6.28)
que organizadas na forma matricial, ficam definidas pela
equação (6.29),
Lu
ε
=
%
%%
(6.29)
na qual a matriz (
L
%
) contém os operadores de derivação, dada
pela equação (6.30).
00
00
00
0
0
0
~
x
y
z
L
yx
zx
zy
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
∂∂
⎢⎥
∂∂
⎢⎥
⎢⎥
∂∂
⎢⎥
∂∂
⎢⎥
⎢⎥
∂∂
⎢⎥
∂∂
⎢⎥
⎣⎦
(6.30)
Substituindo-se a equação (6.12) em (6.30), obtém-se:
Ld
ε
φ
=
%
%%
%
(6.31)
ou
Bd
ε
=
%
%%
(6.32)
em que
BL
φ
=
%%
%
(6.33)
56
Substituindo-se agora a equação (6.32) na equação (6.22),
e sabendo-se que (
TTT
dB
ε
=
%
%%
), obtém-se:
1
()d
2
e
TT T
pe e E
V
dBEBd V f dΠ=
%%% %
%% %
(6.34)
ou, simplesmente,
()
pe e E
Ud fdΠ=
%
%%
(6.35)
Aplicando-se, finalmente a equação (6.11) na equação
(6.35), encontra-se:
(
)
0
e
E
j
Ud
f
d
−=
%
%
(6.36)
Cada uma das expressões do tipo (6.36) fornecerá uma
equação algébrica, que organizada na forma matricial
resultará:
sE
kd f=
%%
%
(6.37)
em que (
s
k
%
) é a matriz de rigidez secante do elemento.
Para todo o sistema estrutural, a partir das
contribuições de todos os elementos, pode-se utilizar o
processo de expansão e acumulação, encontrando-se o sistema de
equações fornecido pela relação (6.38).
sE
KD F=
%% %
(6.38)
Com a obtenção dos deslocamentos nodais do sistema
estrutural, as funções deslocamento ficam determinadas,
57
podendo-se, então, calcular o valor da deformação do elemento
utilizando-se a equação (6.32) ou (6.33) e, com isso, calcular
o valor da tensão do elemento, utilizando-se a equação (6.20),
finalizando o processo de cálculo.
6.5- Vetor de forças nodais equivalentes
De acordo com Rodrigues (1999), como todos os parâmetros
referentes às características da estrutura estão sempre em
função dos pontos nodais, todos os esforços têm que ser
transformados em esforços equivalentes, para que eles sejam
aplicados apenas nos nós do elemento. Dessa forma, os esforços
volumétricos, superficiais e concentrados são formados pelo
vetor de forças nodais equivalentes, conforme indicam às
expressões (6.39) a (6.41) mostradas na seqüência.
Ö
Para esforços distribuídos no volume do elemento.
d
e
e
Tn
EpeV
V
fVp
φφ
=
%
%
%%
(6.39)
Ö
Para esforços distribuídos na superfície do elemento.
d
e
e
Tn
EpeS
S
fSp
φφ
=
%
%
%%
(6.40)
Ö
Para esforços concentrados em qualquer ponto da estrutura.
T
EC
fp
φ
=
%
%
%
(6.41)
6.6- Elemento finito prismático regular linear
O elemento finito prismático regular linear, desenvolvido
por Faglioni (2006), possui oito nós, de lados 2a, 2b e 2c, e
58
origem do sistema de coordenadas no centróide do elemento,
conforme mostrado na Figura 6.1.
Figura 6.1– Elemento finito prismático retangular com oito nós
As funções aproximadoras desse elemento contêm oito
monômios obtidos a partir do tetraedro de Pascal.
y, v
2a
2b
2c
5
1
2 3
4
6 7
8
z, w
x, u
59
Figura 6.2- Tetraedro de Pascal (Fonte: RAO (1999))
Para garantir a continuidade com os deslocamentos dos
elementos adjacentes, como neste caso, a função deslocamento
deve variar linearmente ao longo dos lados (ZIENKIEWICZ e
CHEUNG, 1967). Sendo assim, para um sistema de coordenadas
adimensionais com origem no centróide do elemento, têm-se:
;
xy z
e
ab c
ξη ζ
== =
(6.42)
As funções interpoladoras para os deslocamentos u, v e w
são dadas pelas equações (6.43), (6.44) e (6.45),
respectivamente.
ξ
ηζ
α
η
ζ
α
ξ
ζ
α
ξη
α
ζ
α
η
α
ξ
α
α
ζ
η
ξ
76543210
),,(
+
+
+
+
+++=u
(6.43)
ξ
ηζ
β
η
ζ
β
ξ
ζ
β
ξη
β
ζ
β
η
β
ξ
β
β
ζ
η
ξ
76543210
),,(
+
+
+
+
+++=v
(6.44)
60
ξ
ηζ
γ
η
ζ
γ
ξ
ζ
γ
ξη
γ
ζ
γ
η
γ
ξ
γ
γ
ζ
η
ξ
76543210
),,(
+
+
+
+
+++=w
(6.45)
A partir do polinômio interpolador é possível encontrar
as funções de forma dos deslocamentos, conforme ilustra a
equação a seguir:
=
87654321
87654321
87654321
~
N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0
0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0
0 0
N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N 0 0 N
8
1
φ
(6.46)
com:
)1)(1)(1(1N
1
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
+
+
=
+
++
+
+++=
;
)1)(1)(1(1N
2
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
+
=
+
++=
;
)1)(1)(1(1N
3
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
=
+
+
+=
;
)1)(1)(1(1N
4
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
+
=
+
++=
;
)1)(1)(1(1N
5
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
+
=
+
++=
;
)1)(1)(1(1N
6
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
=
+
+
+=
;
)1)(1)(1(1N
7
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
=
++
+
=
;
)1)(1)(1(1N
8
ζ
η
ξ
ξ
ηζ
η
ζ
ξ
ζ
ξη
ζ
η
ξ
+
=
+
+
+=
.
Assim, para o elemento finito prismático retangular
regular linear, em termos das coordenadas adimensionais, a
matriz de rigidez pode ser escrita da seguinte forma:
(
)
111
111
ddd
T
s
k abc B EB
ξ
η
ζ
−−−
⎡⎤
=
⎣⎦
∫∫∫
%%%%
(6.47)
sendo que a matriz (
~
B
) é obtida conforme equação 6.33.
61
CAPÍTULO 7 – MODELOS FÍSICOS NÃO-LINEARES
Neste capítulo serão apresentados os modelos físicos não-
lineares, para o concreto e a argamassa.
7.1- Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb
O Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb, adotado e
implementado no programa FEISdec por Faglioni (2006), é uma
generalização da equação de ruptura proposta por Coulomb, e
definida por:
tanc
τ
σφ
=−
(7.1)
sendo:
τ
tensão de cisalhamento;
σ
tensão normal;
c
coesão;
φ
ângulo de atrito interno do material.
Graficamente, o critério é representado por uma reta
tangente ao maior círculo formado pelas tensões principais,
conforme ilustra a Figura 7.1.
62
Figura 7.1– Critério de Mohr-Coulomb
Pela Figura 7.1, quando o par de tensões
(-σ,|τ|) atuantes em
um ponto qualquer do material situarem-se sobre tal reta,
ocorrerá a ruptura do material.
Ainda utilizando-se da Figura 7.1 e considerando-se
(σ
1
σ
2
σ
3
), a equação (7.1) pode ser escrita em função das
tensões principais, em que a distância entre os
pontos (O) e
(B) é dada por:
13 13
sen
22
OB OE EB
σ
σσσ
φ
+−
=−=
(7.2)
Substituindo-se (7.2) em (7.1), obtém-se:
13 13 13
cos sen tan
222
c
σσ σσ σσ
φ
φφ
−+
⎛⎞
=− +
⎜⎟
⎝⎠
(7.3)
Simplificando-se a equação (7.3), chega-se a:
()()
13
1sen 1sen
1
2cos 2coscc
σ
φσ φ
φφ
+−
−=
(7.4)
O critério também pode ser escrito em função dos
invariantes (I
1
,J
2
,θ) ou (ξ,ρ,θ), conforme descrito por Faglioni
(2006). Assim, utilizando-se das relações de σ
1
e σ
3
apresentadas na equação (7.5), e substituindo-se na equação
63
(7.4), tem-se o critério escrito em função dos parâmetros
(I
1
,J
2
,θ), como mostra a equação (7.6).
()
()
1
1
22
3
cos
1
23
1 cos 120
33
1
cos 120
I
J
θ
σ
σθ
σ
θ
⎧⎫
⎧⎫
⎪⎪
⎪⎪
=+ °
⎨⎬
⎪⎪
+
°
⎩⎭
⎩⎭
(7.5)
() ()
()
1
22
12
3
sen sen 60 sen cos 60 cos 0
33
,, 0
I
JJc
fI J
φθ φθ φ
θ
++°+ +°=
=
(7.6)
Com o auxílio das relações descritas por Faglioni (2006),
dadas pelas equações (7.7), (7.8) e (7.9), a equação (7.6)
pode ser reescrita em função de (ξ,ρ,θ), conforme a mostra a
equação (7.10).
1
1
3
oct
I
σ
=
(7.7)
222
33
oct
ppp p
ξξ σ
===++= =ON n
(7.8)
2
23
oct
J
ρτ
=== =NP s
(7.9)
() ()
()
2 sen 3 sen 60 sen cos 60 6 cos 0
,, 0
c
f
ξφ ρ θ ρφ θ φ
ξρθ
++°+ +°=
=
(7.10)
De acordo com Faglioni (2006), no espaço das tensões
principais, o critério é representado por uma pirâmide
hexagonal irregular, em que seu contorno define a superfície
de ruptura do material, conforme mostra a Figura 7.2.
64
Figura 7.2– Representação gráfica da superfície de ruptura do critério no
espaço das tensões principais
Os comprimentos característicos da superfície de ruptura,
relativos aos meridianos de tração e de compressão, podem ser
obtidos com auxílio da equação (7.10). Assim, substituindo-se
os seguintes valores (θ=0º,ξ=0,ρ=ρ
t0
) e (θ=60º,ξ=0,ρ=ρ
c0
), na
equação (7.10), têm-se os comprimentos definidos pelas
equações (7.11) e (7.12), para tração e compressão,
respectivamente.
0
26 cos
3sen
T
c
φ
ρ
φ
=
+
(7.11)
0
26 cos
3sen
C
c
φ
ρ
φ
=
(7.12)
Ainda utilizando-se da equação (7.10), conforme Faglioni
(2006), pode-se encontrar o módulo do vetor hidrostático (ξ),
fazendo-se a consideração de que o módulo do vetor desviador
seja nulo (ρ=0), resultando assim na equação (7.13).
3cotc
ξ
φ
=
(7.13)
65
Assim, se for considerado o plano desviador, a superfície
de ruptura fica representada por um hexágono irregular,
mostrado na Figura 7.3.
Figura 7.3– Representação gráfica da superfície de ruptura no plano
desviador
De acordo com Faglioni (2006), quando da aplicação do
critério para o concreto, os parâmetros (
c) e (ø) podem ser
definidos a partir das resistências do material à tração (f
t
) e
compressão (f
c
), obtidas por meio de ensaios de laboratório.
Assim, no caso de compressão simples, os valores das
tensões principais são dados por (
σ
1
=σ
2
=0) e (σ
3
=f
c
), e na
tração simples tem-se: (
σ
2
=σ
3
=0) e (σ
1
=f
t
). Substituindo-se
essas relações na equação (7.4), chega-se nas equações (7.14)
e (7.15).
2cos
1 sen
c
c
f
φ
φ
=−
(7.14)
2 cos
1sen
t
c
f
φ
φ
=+
+
(7.15)
Resolvendo-se o sistema de equações formado por (7.14) e
(7.15), é possível definir, em função das resistências à
tração e à compressão, os parâmetros (
ø) e (c), que
66
representam o ângulo de atrito interno e a coesão do material,
respectivamente, conforme descrito pelas equações (7.16) e
(7.17).
-1
sen
ct
ct
ff
ff
φ
⎛⎞
+
=
⎜⎟
⎝⎠
(7.16)
()()
1 sen 1 sen
2cos 2cos
ct
ff
c
φ
φ
φφ
−+
=− =+
(7.17)
Desta maneira, de posse dos valores das resistências à
tração e à compressão, bem como das tensões atuantes no
elemento, é possível verificar se a equação (7.6) ou a (7.10)
é satisfeita. Caso qualquer uma das duas seja satisfeita,
ocorrerá a ruptura do material.
7.2- Determinação do módulo de elasticidade instantâneo
Como é sabido, o concreto é um material considerado
isotrópico, mas, para determinados níveis de tensão, apresenta
um comportamento não-linear, por isso deve ser levado em
consideração a alteração do módulo de elasticidade em função
da variação das tensões, porém considerado instantaneamente
linear.
Na formulação do MEF, a equação básica de equilíbrio
estático (K.D=F) tem por hipótese o fato de o sistema ser
considerado linear. Assim, para o equacionamento da matriz de
rigidez do elemento prismático, tomou-se por premissa esse
fato ser verdadeiro, considerando-se o comportamento linear do
material. Para contornar esse problema, na simulação numérica
será utilizado o processo incremental de forças, sendo que,
após cada incremento, o módulo de elasticidade será corrigido
em função da menor deformação principal de cada elemento,
conforme a equação (7.18), função dos respectivos
67
deslocamentos nodais.
()
[]
2133
1
σσνσε
+=
E
(7.18)
7.2.1- Módulo de elasticidade do concreto na compressão
De acordo com a NBR-6118:2003, a relação tensão x
deformação para o concreto é dada pela equação (7.19), para
uma deformação de até 2
‰. A partir dessa deformação, considera-
se que a tensão seja constante e igual ao valor do f
ck
.
=
2
2
11
ε
σ
ckc
f
(7.19)
Reescrevendo-se a equação (7.19), tem-se (7.20):
ckc
f+= )1000000.250(
2
εεσ
(7.20)
Dividindo-se (7.20) por (
ε), obtém-se a equação (7.21),
que relaciona o módulo de elasticidade secante (E
inst
) com a
deformação de cada elemento, sendo que a Figura 7.4 ilustra
tal relação.
ckckinst
ffE
+
= 1000000.250
ε
(7.21)
68
Figura 7.4– Módulo de elasticidade instantâneo para o concreto comprimido
(Fonte: NBR-6118:2003)
7.2.2- Módulo de elasticidade do prisma
Com a modulação tridimensional dos prismas, pode-se
introduzir separadamente o módulo de elasticidade do concreto
utilizado no bloco e da argamassa.
Analisando-se a equação (7.21) que define o valor do
módulo de elasticidade do concreto, percebe-se que ela
contempla o valor do módulo de elasticidade inicial, dado pela
segunda parcela, e um redutor, dado pela primeira.
Conforme Capuzzo Neto (2000), uma relação estabelecida por
Hilsdorf (1969) apresenta o módulo de deformação da argamassa
definido pela equação (7.22), função da resistência da
argamassa à compressão. Dessa forma, percebe-se que a segunda
parcela pode ser considerada como uma constante válida para os
materiais em estudo.
caa
fE = 1000
(7.22)
Em função do exposto, e como o concreto utilizado na
69
confecção do bloco difere de modo significativo do concreto
convencional, optou-se pela adoção de redutores diferenciados
para os valores dos módulos de elasticidade dos materiais que
compõem o prisma, apresentados nas equações (7.23) e (7.24),
respectivamente para o concreto do bloco e para a argamassa.
cbcbbinst
ffE += 100085,010.5
312
,
ε
(7.23)
cacaainst
ffE += 100085,010.2
311
,
ε
(7.24)
Cabe ressaltar que tais redutores foram obtidos ajustando-
se os resultados numéricos calculados com os resultados
experimentais já mencionados, com o intuito de sua validação.
70
CAPÍTULO 8 – ANÁLISE COMPARATIVA
Neste capítulo, serão apresentados dois exemplos que
contemplam a análise estática de prismas de alvenaria
estrutural, considerando o comportamento não-linear dos
materiais, utilizando o elemento finito prismático de oito
nós, desenvolvido por Faglioni (2006).
Tais exemplos apresentam os resultados dos ensaios de
prismas realizados por Logullo (2006), conforme descrito no
Capítulo 4, bem como os resultados das simulações numéricas,
na tentativa de validar por comparação o modelo de ruptura de
Mohr-Coulomb e os redutores dos módulos de elasticidade dos
materiais, descritos no Capítulo anterior.
Para resolução numérica, foi utilizado o programa
computacional
FEISdec, sendo que a resistência à compressão
dos elementos foi extraída do trabalho de Logullo (2006).
Tanto para a argamassa, quanto para o concreto dos blocos, por
falta de dados experimentais, considerou-se a resistência à
tração com sendo 10% da resistência à compressão. Os módulos
iniciais de elasticidade do concreto e da argamassa foram
calculados conforme as relações apresentadas no Capítulo 7.
Vale a pena também destacar a numeração dos nós e dos
elementos dos prismas modelados discretamente, conforme a
Figura 8.1, sendo que os elementos 5, 11, 20, 26, 35, 41, 50,
56, 65 e 71 representam vazios (septo dos blocos). Dessa
forma, a força total aplicada em cada prisma, por meio do
perfil metálico mostrado pela Figura 4.9, foi aplicada de
forma concentrada nos nós superiores dos últimos elementos,
com intensidade diretamente proporcional a área de influência
de cada nó, conforme ilustrado pela Figura 8.2.
71
Figura 8.1- Disposição dos elementos e dos nós para discretização dos
prismas
72
Figura 8.2- Discretização do ensaio dos prismas
8.1- Exemplo 1
Neste exemplo será feita a comparação entre os resultados
dos ensaios de prismas, utilizando o bloco B1, com os
resultados numéricos.
As características físicas dos materiais utilizados são:
Ö Concreto dos blocos:
f
cb
= 15,39 MPa
f
tb
= 1,54 MPa
E
inic,b
= 1000 . fcb
Ö Argamassa:
f
ca
= 6,77 MPa
f
ta
= 0,677 MPa
E
inic,a
= 1000 . fca
A Figura 8.3 mostra os resultados finais dos
deslocamentos, na direção z, do nó 141, obtidos pelo programa
após a execução do exemplo, correspondente ao incremento 36,
equivalente a uma força total de 180 kN. Já a Tabela 8.1
73
mostra a relação entre forças e deslocamentos para o nó 141,
na direção z.
Figura 8.3- Deslocamentos, na direção z, nó 141, força de 180 kN
Tabela 8.1- Forças e respectivos deslocamentos do nó 141
INCREMENTO
FORÇA
(kN)
DESLOCAMENTO
Z (mm)
INCREMENTO
FORÇA
(kN)
DESLOCAMENTO
Z (mm)
1 5 0,0080530 20 100 0,1639290
2 10 0,0161060 21 105 0,1726610
3 15 0,0241600 22 110 0,1815190
4 20 0,0322150 23 115 0,1905250
5 25 0,0402730 24 120 0,1997010
6 30 0,0483360 25 125 0,2090760
7 35 0,0564050 26 130 0,2186870
8 40 0,0644840 27 135 0,2285770
9 45 0,0725750 28 140 0,2388030
10 50 0,0806830 29 145 0,2494380
11 55 0,0888110 30 150 0,2605820
12 60 0,0969650 31 155 0,2723760
13 65 0,1051490 32 160 0,2850320
14 70 0,1133710 33 165 0,2988930
15 75 0,1216360 34 170 0,3145840
16 80 0,1299530 35 175 0,3335030
17 85 0,1383300 36 180 0,3604310
18 90 0,1467770 37 185 0,4621070
19 95 0,1553060 38 190 0,5780310
O gráfico ilustrado pela Figura 8.4 mostra a relação entre
forças e deslocamentos obtidos nos três ensaios, realizados
por Logullo (2006), e os resultados numéricos apresentados na
74
Tabela 8.1. Já a Figura 8.5 apresenta os mesmos resultados
numéricos, agora fornecidos pelo programa computacional
FEISdec.
Figura 8.4- Gráfico força x deslocamento.
Figura 8.5- Gráfico força x deslocamento, nó 141, direção z.
A Figura 8.6 mostra a numeração dos elementos que sofreram
ruptura, com uma força total aplicada de 190 kN, destacando-se
que tais elementos constituem o bloco superior do prisma.
ruptura
75
Figura 8.6- Número de cada elemento rompido no incremento 38
8.2- Exemplo 2
Neste exemplo será feita a comparação entre os resultados
dos ensaios de prismas, utilizando o bloco B2, com os
resultados numéricos.
As características físicas dos materiais utilizados são:
Ö Concreto dos blocos:
f
cb
= 22,09 MPa
f
tb
= 2,21 MPa
E
inic,b
= 1000 . fcb
Ö Argamassa:
f
ca
= 6,77 MPa
f
ta
= 0,677 MPa
E
inic,a
= 1000 . fca
A Figura 8.7 mostra os resultados finais dos
deslocamentos, na direção z, do nó 141, obtidos pelo programa
após a execução do exemplo, correspondente ao incremento 35,
equivalente a uma força total de 262,5 kN. Já a Tabela 8.2
mostra a relação entre forças e deslocamentos para o nó 141,
na direção z.
76
Figura 8.7- Deslocamentos, na direção z, nó 141, força de 262,5 kN
Tabela 8.2- Força x Deslocamento do nó 141
INCREMENTO
FORÇA
(kN)
DESLOCAMENTO
Z (mm)
INCREMENTO
FORÇA
(kN)
DESLOCAMENTO
Z (mm)
1 7,5 0,008666 19 142,5 0,16682
2 15,0 0,017332 20 150,0 0,17602
3 22,5 0,025999 21 157,5 0,185321
4 30,0 0,034667 22 165,0 0,194739
5 37,5 0,043337 23 172,5 0,20429
6 45,0 0,052012 24 180,0 0,213996
7 52,5 0,060693 25 187,5 0,223882
8 60,0 0,069383 26 195,0 0,233978
9 67,5 0,078085 27 202,5 0,244322
10 75,0 0,086803 28 210,0 0,254961
11 82,5 0,09554 29 217,5 0,265959
12 90,0 0,104302 30 225,0 0,277402
13 97,5 0,113092 31 232,5 0,289424
14 105,0 0,121917 32 240,0 0,302264
15 112,5 0,130784 33 247,5 0,316563
16 120,0 0,139699 34 255,0 0,336143
17 127,5 0,14867 35 262,5 0,356753
18 135,0 0,157707 36 270,0 0,378826
O gráfico ilustrado pela Figura 8.8 mostra a relação entre
forças e deslocamentos obtidos nos três ensaios, realizados
por Logullo (2006), e os resultados numéricos apresentados na
Tabela 8.2. Já a Figura 8.9 apresenta os mesmos resultados
numéricos, agora fornecidos pelo programa computacional
FEISdec.
77
Figura 8.8- Gráfico força x deslocamento.
Figura 8.9- Gráfico força x deslocamento, nó 141, direção z.
A Figura 8.10 mostra a numeração dos elementos que
sofreram ruptura, com uma força total aplicada de 270 kN,
destacando-se que tal elemento constitui a parede central do
bloco intermediário do prisma.
ruptura
78
Figura 8.10- Número de cada elemento rompido no incremento 36
79
CAPÍTULO 9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
9.1- Discussão dos resultados
O presente trabalho teve como objetivo principal a análise
numérica do comportamento não-linear físico dos materiais que
compõem prismas de alvenaria estrutural, por meio da
discretização de todas as partes do conjunto. Para tanto, foi
utilizado o Critério de Mohr-Coulomb para prever a ruptura dos
elementos, e também foi proposto um equacionamento para prever
a redução do módulo de elasticidade do concreto utilizado no
bloco e da argamassa. Posteriormente, buscou-se a validação do
modelo discreto, por meio da comparação com resultados obtidos
experimentalmente.
Neste contexto, em uma primeira etapa, procurou-se abordar
todos os procedimentos para realização dos ensaios feitos por
Logullo (2006) e a discretização dos prismas de alvenaria
estrutural, indicando as dimensões e a disposição dos
elementos finitos prismáticos regulares lineares utilizados.
Posteriormente, foi feita uma breve descrição a respeito do
Método dos Elementos Finitos, enfatizando o desenvolvimento
matemático adotado por Faglioni (2006) para elaboração da
matriz de rigidez do elemento finito em questão. Por fim, foi
apresentado o Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb e o
equacionamento proposto para descrever o comportamento do
módulo de elasticidade dos materiais do prisma, conforme o
aumento de suas deformações.
Posteriormente, foram elaborados dois exemplos que
simularam numericamente os dois ensaios realizados em
laboratório, para validação por comparação do procedimento
80
numérico adotado.
Analisando-se os resultados das curvas força x
deslocamento do modelo numérico, pode-se dizer que elas são
compatíveis com as curvas obtidas por meio dos ensaios
realizados por Logullo (2006). Nesse caso, o equacionamento
proposto para redução dos módulos de elasticidade dos
materiais componentes (concreto do bloco e argamassa) mostrou-
se ser satisfatório. Cabe ressaltar que os valores iniciais
dos módulos de elasticidade dos materiais não foram obtidos
experimentalmente, bem como da resistência à tração, sendo
eles essenciais para uma análise mais refinada.
Com relação à ruptura dos prismas, a adoção do Critério de
Mohr-Coulomb foi capaz de prever a localização dos elementos
que romperam inicialmente, sendo basicamente a mesma em
relação à ruptura experimental encontrada. No primeiro
exemplo, a ruptura ocorreu em todos os elementos do bloco
superior, enquanto que, no segundo exemplo, ocorreu
inicialmente a ruptura da parede central do bloco
intermediário.
Com relação à força numérica de ruptura dos prismas, foi
observado que os valores ficaram inferiores aos resultados
encontrados experimentalmente, uma vez que o Critério de Mohr-
Coulomb não contempla o principal mecanismo de ruptura da
alvenaria, conforme descrito por Peleteiro (2002), dado pela
fissuração em nível micro dos materiais componentes.
9.2- Conclusão
A partir do exposto no item anterior, pode-se concluir que
o procedimento numérico adotado, composto pela discretização
dos prismas e introdução incremental do carregamento associado
ao Critério de Mohr-Coulomb com redutor de rigidez, foi
implementado com êxito, mostrando-se ser aplicável para
análise da alvenaria estrutural.
81
9.3- Proposta para desenvolvimento futuro
Como o comportamento estrutural dos prismas de alvenaria,
utilizando o elemento finito prismático regular linear,
mostrou-se ser bastante eficaz, sugere-se, para trabalhos
futuros, a discretização de paredes, inclusive simulando os
encontros dessas paredes, para um estudo mais aprofundado da
transferência de tensões internas.
Com relação ao modelo de ruptura adotado, sugere-se um
estudo mais abrangente, para que se consiga desenvolver um
equacionamento matemático capaz de verificar todos os
mecanismos de ruptura apresentados no Capítulo 2 deste
trabalho, enfatizando o surgimento de fissuras, em nível micro
dos materiais antes, que ocorra a ruptura total do material.
82
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