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AVALIAÇÃO DE RESÍDUOS DE
ETILENOTIOURÉIA (ETU) EM FRUTAS
COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE SÃO
PAULO
VERA REGINA ROSSI LEMES
Tese de Doutorado apresentada
ao Departamento de
Saúde Ambiental da Faculdade de
Saúde Pública da Universidade
de São Paulo para obtenção do
Grau de Doutor.
Área de concentração:
Saúde Ambiental
ORIENTADOR: PROF. DR.
SÉRGIO COLACIOPPO
São Paulo
2007
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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou
parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores.
Assinatura:
Data:
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Sérgio Colacioppo, pela confiança e orientação.
Ao Diretor do Instituto Adolfo Lutz, Carlos Adalberto de Camargo Sannazaro, ao
Diretor da Divisão de Bromatologia e Química, Dr. Odair Zenebon, ao Diretor do
Serviço de Química Aplicada, Paulo Tiglea e à Heloisa Helena Barretto de Toledo,
Chefe da Seção de Aditivos e Pesticidas Residuais do Instituto Adolfo Lutz, por
autorizarem a minha participação no curso de pós-graduação e a realização da parte
experimental no Instituto Adolfo Lutz, e pelo apoio, confiança e incentivo.
Ao Hélio Alves Martins Júnior, químico e mestre em Ciências dos Materiais, da
Applied Biosystems do Brasil, pela colaboração nas determinações no LC/MS/MS,
apoio e amizade.
À Applied Biosystems do Brasil pelo apoio no suporte instrumental (LC/MS/MS).
À Scheilla Vitorino C. de Souza, doutora em Ciência dos Alimentos, Universidade
Federal de Minas Gerais, pela colaboração no procedimento de avaliação da linearidade
e pela atenção.
Ao Reinaldo Amauri Ribeiro, técnico de apoio à pesquisa do Instituto Adolfo Lutz, pela
colaboração na realização das análises e pela amizade.
À Antonia de Lima Silva, auxiliar de serviço do Instituto Adolfo Lutz, pela colaboração
na lavagem de vidrarias e pela amizade.
À minha mãe, Apparecida Eyde Rossi Lemes, pela colaboração nas compras das
amostras.
Aos colegas do Laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Adolfo Lutz, pela
compreensão.
À minha família e amigos, pelo carinho e paciência.
RESUMO
Lemes, V.R.R. Avaliação de resíduos de etilenotiouréia (ETU) em frutas
comercializadas na cidade de São Paulo. São Paulo, 2007 [Tese de Doutorado
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo].
Etilenotiouréia (ETU) é uma substância tóxica, formada pela degradação e/ou
biotransformação dos fungicidas etilenobisditiocarbamatos (EBDC). Seus resíduos
podem ser encontrados em plantas e no ambiente, após o uso de EBDC na agricultura,
ou em animais e no ser humano, quando expostos a esses produtos. Comprovadamente,
a ETU tem a capacidade de induzir tumor na tireóide de roedores e no fígado de
camundongo, apresentando evidência suficiente para carcinogenicidade em animais e
evidência inadequada para carcinogenicidade em seres humanos. Os objetivos deste
estudo foram: validar método analítico para determinação de resíduos de ETU nas
matrizes estudadas; verificar a presença de resíduos de ETU em amostras de frutas
(mamão, maçã e morango), coletadas em diferentes pontos de comercialização da
cidade de São Paulo; avaliar os resultados e a contribuição de risco à saúde da
população consumidora. Foram analisadas 90 amostras, sendo 30 de cada fruta (maçã,
mamão e morango), adquiridas em diferentes pontos de comercialização da cidade São
Paulo, no período de dezembro de 2005 a dezembro de 2006, distribuídas nas diferentes
regiões do referido município e durante as estações do ano. Os parâmetros de validação
avaliados foram: seletividade, linearidade, limite de quantificação, limite de detecção,
exatidão e precisão. Os estudos de recuperação foram realizados com fortificações em
três níveis (1, 2 e 10 LQ) em amostras controle. A determinação de resíduos de ETU foi
feita por cromatografia a líquido de alto desempenho, com detector de absorção no
ultravioleta (HPLC-UV) e cromatografia a líquido acoplada à espectrometria de massas
em tandem (LC/MS/MS). Como todos os resultados obtidos por HPLC-UV
apresentaram níveis de ETU abaixo do LQ limite de quantificação (10,0µg/kg), as
quantificações foram realizadas no LC/MS/MS, com limite de quantificação e de
detecção respectivamente de 1,0µg/kg e 0,5µg/kg. O método por LC/MS/MS mostrou-
se adequado para análise de ETU nos veis de a2,0µg/kg para maçã e morango e de
até 10,0 µg/kg para mamão, com recuperações médias de 75 a 110% e coeficientes de
variação de 6 a 17%. Foram encontrados resíduos de ETU em 10 (33%) das amostras de
maçã, em níveis que variaram de 1,0 a 3,7 µg/kg (ppb); em 20 (67%) das amostras de
mamão, de 1,0 a 5, 3µg/kg; em 2 (7%) das amostras de morango, de 1,0 a 1,4 µg/kg.
Estes valores estão abaixo do limite de 50µg/kg, estabelecido na União Européia. A
estimativa da ingestão de resíduos de ETU pelo consumo das frutas estudadas,
considerando o maior nível encontrado nesta pesquisa e dados fornecidos pelo IBGE,
representam respectivamente 0,05 e 0,20 % da IDA (Ingestão Diária Aceitável,
estabelecida pelo Codex Alimentarius), para a população em geral e crianças. A
estimativa da ingestão de resíduos de EBDC pelo consumo dos alimentos (maçã,
tomate, mamão, alface, morango, banana, laranja, cenoura), monitorados pelo PARA no
período de 2001 a 2004, considerando os maiores níveis encontrados e 100% dos
resíduos de ditiocarbamatos (CS
2
) como sendo originários do uso de EBDC, foi de 7,2%
para a população em geral e de 28,9 % para crianças. Dados de ETU e EBDC em outros
alimentos, incluindo os industrializados, em água de consumo e em amostras
ambientais, além de dados mais refinados de consumo alimentar para subgrupos mais
sensíveis (como crianças e mulheres grávidas), são necessários para se avaliar o risco de
maneira mais global e condizente com a realidade, em prol da Saúde Pública.
.
Descritores: Etilenotiouréia, Etilenobisditiocarbamatos, Mancozebe, Ditiocarbamatos,
Agrotóxicos, Contaminantes em alimentos, Frutas, Saúde Pública, Meio Ambiente.
ABSTRACT
Lemes, V.R.R. Evaluation of ethylene thiourea (ETU) in fruits traded in the city of
São Paulo. São Paulo, 2007. [Doctoral thesis, Faculty of Public Health of the
University of São Paulo].
Ethylene thiourea (ETU) is a toxic substance generated by the degradation and/or
biotransformation of ethylenebisdithiocarbamates (EBDC) fungicides. Their residues
may be found in plants and in the environment after EBDC’s use in agriculture or in
animals and humans when exposed to such products. ETU is confirmedly able to induce
tumors in rodents’ thyroids and in mouse’s liver, showing enough evidence of
carcinogenicity in animals and inadequate evidence of carcinogenicity in humans. The
aims of this study were validating an analytical method for determining ETU residues in
the studied sources, verifying the presence of ETU residues in fruit samples (papaya,
apple and strawberry) collected from different commercial centers in the city of São
Paulo; evaluating the results and their contribution as a risk to the consumers’ health.
Ninety fruit samples (30 samples of each fruit papaya, apple and strawberry) were
analyzed. The samples were purchased at different commercial centers in different
regions of the city of o Paulo and over all seasons during December 2005 through
December 2006. The validation parameters used were selectivity, linearity, accuracy
and precision. Recovery studies were carried out with fortifications in 3 levels (1, 2 and
10 times the Limit of Quantification, LQ) in control samples. The determination of ETU
residues was carried out by high performance liquid chromatography, ultra-violet
absorption detector (HPLC/UV) and liquid chromatography coupled on tandem mass
spectrophotometry (LC/MS/MS). Since all results obtained through HPLC/UV showed
levels of ETU below the LQ (10.0 µg/kg), quantification were carried out through
LC/MS/MS with quantification and detection limits of 1.0µg/kg and 0.5 µg/kg,
respectively. The LC/MS/MS method proved adequate for analyzing quantities of ETU
as low as 2.0 µg/kg in apple and strawberry and 10.0 µg/kg in papaya, with average
recovery of 75 to 110 % and variation coefficients of 6 to 17 %. ETU residues were
found in 10 (33%) apple samples with levels ranging from 1.0 to 3.7 µg/kg (ppb); in 20
(67%) of papaya samples with levels ranging from 1.0 to 5.3 µg/kg (ppb); and in 2 (7%)
strawberry samples with levels ranging from 1.0 to 1.4 µg/kg (ppb). These values are
below the limit established in European Community (50 µg/kg). The assessment of ETU
intake, considering the consumption informed by IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, the Brazilian Institute for Geography and Statistics) and the
highest level observed in total fruit samples in this research, represent 0.05 % and 0.20
% ADI (Acceptable Daily Intake, established by the Codex Alimentarius) for geral
population and children, respectively. The assessment of EBDC intake, considering the
consumption informed by IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, the
Brazilian Institute for Geography and Statistics) and the highest level observed in food
samples (apple, tomato, papaya, lettuce, strawberry, banana, orange, carrot), monitoring
from 2001 through 2004 year in the PARA (Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos, Program Monitoring of Pesticide Residues in Food, Brazil),
and that 100% of dithiocarbamate (CS
2
) residues from EBDC’s use, represent 7.2% and
28.9% ADI for geral population and children, respectively. ETU and EBDC data in
other foods (including industrialized foods), water and environment samples, together
with more refined food consumption data considering more sensitive population
subgroups (as children and pregnants) are necessary to evaluate the risk in a more global
and realistic way in favor of Public Health.
Keywords: Ethylene thiourea, Ethylenebisditiocarbamates, Mancozeb,
Dithiocarbamates, Pesticides, Contaminants in foods, Fruits, Public Health,
Environment
8
ÍNDICE
1.
INTRODUÇÃO 1
1.1. Resíduos de agrotóxicos em alimentos 4
1.1.1 Legislação e normas referentes aos Limites Máximos de Resíduos
(LMR) de agrotóxicos nos alimentos 5
1.2. Ditiocarbamatos 6
1.2.1. Dimetilditiocarbamatos 7
1.2.2. Etilenobisditiocarbamatos (EBDC) 7
1.2.3. Outros ditiocarbamatos 8
1.2.4. Limites Máximos de Resíduos (LMR) de ditiocarbamatos
nos alimentos 8
1.3. Degradação dos etilenobisditiocarbamatos (EBDC) 12
1.4. Etilenotiouréia (ETU) 14
1.4.1. Formação de ETU na fabricação e durante o armazenamento 14
1.4.2. Resíduos remanescentes de EBDC e ETU após a aplicação 15
1.4.3. Formação de ETU no preparo e/ou industrialização de alimentos 16
1.4.4. Métodos para minimizar ou remover os resíduos de EBDC e ETU 17
1.5. Toxicidade de EBDC 18
1.6 Toxicidade da ETU 19
1.7. Níveis de EBDC e ETU administrados em mamíferos para alguns
efeitos adversos à saúde 27
1.8 Estudos relacionados à exposição humana a EBDC e/ou à ETU 28
1.9. Prováveis riscos ao meio ambiente 30
9
1.9.1 Degradação de ETU no meio ambiente 32
1.9.2 Estudos de toxicidade de EBDC e ETU no ambiente 34
1.9.3. Estudos de ETU em amostras ambientais 36
1.9.4. Doses de referência de EBDC e ETU 36
1.9.5. Risco pela exposição combinada a substâncias químicas 37
1.9.6. Risco pela exposição crônica agregada à ETU 38
1.9.7. Risco pela exposição aguda à ETU 39
1.10. Frutas 40
1.10.1. Mercado mundial de frutas 40
1.10.2. Escolha das matrizes de estudo – Frutas 44
1.10.3. Hábitos de consumo relativos às frutas estudadas 47
1.10.4 A cultura de maçã (Malus Silvestris Mill.) 48
1.10.5 A cultura de mamão 50
1.10.6 A cultura de morango (Fragaria Vesca L.) 53
1.11. Doenças nas culturas 56
1.11.1. Principais doenças que afetam a cultura de maçã 56
1.11.2. Principais doenças que afetam a cultura de mamão 58
1.11.3. Principais doenças que afetam a cultura de morango 59
1.12. Uso de agrotóxicos em frutas 62
1.13. Medidas para redução dos níveis de resíduos de agrotóxicos
Nas frutas 63
1.13.1. Uso correto e seguro de agrotóxicos 64
1.13.2 Produção Integrada de Frutas no Brasil 65
10
1.14. Principais estudos de monitoramento de resíduos
de agrotóxicos em alimentos 68
1.14.1. Principais estudos de resíduos de ditiocarbamatos em frutas 70
1.14.2. Alguns estudos de ditiocarbamatos em outros vegetais (exceto frutas) 72
1.14.3. Estudos de resíduos de ETU em alimentos 73
1.15. Estimativas para avaliar o risco de exposição pela ingestão de alimentos
com resíduos de agrotóxicos 74
1.15.1. Estimativas da ingestão diária de agrotóxicos a longo prazo
(ou crônica) 75
1.15.2. Estimativa da ingestão diária a curto prazo (ou aguda) 78
2. OBJETIVOS 79
2.1. Objetivo Geral 79
2.2. Objetivos específicos 79
3. METODOLOGIA 80
3.1. Matriz de estudo – Frutas 80
3.1.1. Critérios para escolha das frutas 80
3.1.2 Planejamento da amostragem 80
3.1.3. Preparação das amostras (de laboratório) 86
3.2. Material e Métodos 86
3.2.1. Material 86
3.2.2. Método para determinação de resíduos de etilenotiouréia (ETU) 89
3.3. Validação de método analítico para determinação de
etilenotiouréia em frutas 91
11
3.3.1. Número de amostras para os ensaios de validação do método 92
3.3.2. Seletividade 93
3.3.3. Estudo da faixa de linearidade de resposta do detector 93
3.3.4 Construção da curva analítica 95
3.3.5 Limite de Quantificação (LQ) 96
3.3.6. Limite de Detecção (LD) 96
3.3.7. Exatidão 97
3.3.8. Precisão 98
3.4. Avaliação de risco de exposição à ETU através da ingestão de frutas 99
3.4.1 Estimativa de risco pela ingestão de maçã, mamão e morango 99
3.4.2 Estimativa do risco de exposição a EBDC pelos resultados obtidos
nos alimentos analisados pelo PARA (2001-2004)
99
3.4.3. Estimativa do risco de exposição a ETU (calculada) pelos
resultados obtidos nos alimentos analisados pelo PARA (2001-2004) 100
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 101
4.1. Otimização das condições analíticas 102
4.2. Parâmetros avaliados para validação do método analítico:
seletividade, linearidade, intervalo de trabalho, exatidão e
precisão, limite de detecção e de quantificação 106
4.3. Resíduos de etilenotiouréia (ETU) em frutas comercializadas na
cidade de São Paulo 119
4.4. Avaliação de risco de exposição à ETU pela ingestão
de frutas 127
12
5. CONCLUSÕES 139
6. RECOMENDAÇÕES 141
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
143
ANEXOS
Anexo 1 Ingredientes ativos de agrotóxicos registrados para uso em maçã, mamão
e morango
Anexo 2 Redes de supermercados onde foram adquiridas as amostras
Anexo 3 Resultado das amostras de maçã, de acordo com o local, zona, estação
do ano
Anexo 4 Resultado das amostras de mamão (Papaya carica L), de acordo com
o local, zona, estação do ano
Anexo 5 Resultado das amostras de morango, de acordo com o local, zona,
estação do ano
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características físico-químicas dos dimetilditiocarbamatos 7
Tabela 2 Características físico-químicas dos etilenobisditiocarbamatos
autorizados para uso no Brasil 8
Tabela 3 Características físico-químicas do metam sódico e do propinebe 9
Tabela 4 Limites Máximos de Resíduos de ditiocarbamatos permitidos
no Brasil e os estabelecidos pelo Codex Alimentarius em
culturas de frutas 10
Tabela 5 Limites Máximos de Resíduos de ditiocarbamatos permitidos
no Brasil e os estabelecidos pelo Codex Alimentarius em
culturas de vegetais 11
13
Tabela 6 Limites Máximos de Resíduos de ditiocarbamatos permitidos
no Brasil e os estabelecidos pelo Codex Alimentarius em culturas
de cereais e outras 12
Tabela 7 Ensaios que evidenciam efeitos carcinogênicos
em animais de experimentação expostos à ETU 21
Tabela 8 Efeitos mutagênicos em ensaios in vitro e em animais
de experimentação expostos à ETU 22
Tabela 9 Efeitos teratogênicos em animais de experimentação associados
à exposição à ETU 24
Tabela 10 Efeitos adversos à saúde observados em animais expostos à ETU 26
Tabela 11 Doses de EBDC e ETU para alguns efeitos críticos estudados
em mamíferos 27
Tabela 12 Estudos de toxicidade de etilenobisditiocarbamatos e de ETU
e EU em peixe, crustáceos, algas e bactérias 35
Tabela 13 Doses de referência de ETU 37
Tabela 14 Classificação das principais frutas produzidas no
Brasil em ordem decrescente e comparação com a produção
mundial 43
Tabela 15 Composição da parte comestível das frutas estudadas:
calorias, nutrimentos, minerais, vitaminas, aminoácidos e
porcentagem de resíduo 46
Tabela 16 Consumo e custo de agrotóxicos das principais classes de
princípios ativos utilizados nas culturas de frutas em relação ao
total utilizado no Brasil em 2000 62
14
Tabela 17 Número de amostras para realização dos ensaios de
validação 92
Tabela 18 Parâmetros otimizados para a ETU no modo MRM 105
Tabela 19 Estatísticas da análise de variância da regressão,
incluindo teste de desvio da linearidade, para curva
de ETU (1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL) em solventes 112
Tabela 20 Distribuição dos resultados das recuperações
de ETU, desvio-padrão e coeficiente de variação (n=6),
de acordo com o nível de fortificação por HPLC-UV e
LC/MS/MS 116
Tabela 21 Número (N) e porcentagem (%) de amostras com resíduos de ETU,
mediana, média, desvio-padrão, coeficiente de variação, média
geométrica e valores mínimos e máximos por LC-MS/MS 121
Tabela 22 Estimativa da ingestão de ETU pelo consumo de maçã,
Mamão, morango, em % da IDA e da dose oral crônica
de efeito não carcinogênico (Drf) 129
Tabela 23 Avaliação de risco de exposição a EBDC pelos
resultados obtidos nos alimentos analisados pelo PARA
(2001- 2004) 133
Tabela 24 Avaliaçao risco de exposição à ETU (calculada) pelos
resultados obtidos nos alimentos analisados no período
de 2001 a 2004 no PARA (ANVISA 2005) 134
15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Degradação dos EBDC e formação de ETU 13
Figura 2 Produtos de reações de ETU em sistemas biológicos e não biológicos 34
Figura 3 Principais produtores mundiais de maçã, mamão, morango em
porcentagem relativa 41
Figura 4 Macieira 49
Figura 5 Frutos da macieira 49
Figura 6 Flores da macieira 49
Figura 7 Ramos em flor da macieira 49
Figura 8 Maçãs 50
Figura 9 Cultura de mamão 51
Figura 10 Frutos do mamoeiro 51
Figura 11 Mamões C.Papaya L 52
Figura 12 Plantação de morango 53
Figura 13 Plantação de morangos – com proteção aérea 54
Figura 14 Morangos 56
Figura 15 Distribuição dos locais de amostragem de acordo com o
bairro da cidade de São Paulo, no período de 21/12/2005 a
19/12/2006 82
Figura 16 Número de amostras coletadas de acordo com a estação do ano,
no período de 21 de dezembro de 2005 a 19 de dezembro de 2006,
(n=90) 83
Figura 17 Número de Amostras coletadas de acordo com a região da
cidade de São Paulo-SP, no período de 21 dezembro de 2005 a
19 de dezembro de 2006, (n= 90) 84
16
Figura 18 Distribuição dos locais de amostragem de acordo com
a região (zona) da cidade de São Paulo no período de
21/12/2005 a 19/12/2006 (n= 90) 85
Figura 19 Fluxograma das etapas do procedimento analítico para
determinação de resíduos de ETU (LEMES 2003,
com adaptações) 90
Figura 20 Cromatograma referente ao padrão de ETU
na concentração de 20,0ng/mL por HPLC-UV 103
Figura 21 Espectro de massas MS da molécula protonada [M + H]
+
da ETU obtido em ionização por electrospray no modo de
íons positivos 104
Figura 22 Espectro de massas MS/MS da ETU obtido com o
rampeamento da energia de colisão de 5 a 130 eV 105
Figura 23 Espectros de massas do padrão de ETU à concentração
de 25,0 ng/mL obtido em modo MRM 106
Figura 24 Cromatogramas do padrão de ETU e das amostras controle
por HPLC-UV nas condições cromatográficas descritas no
item 4.1. 107
Figura 25 Cromatograma do branco do procedimento completo por
LC/MS/MS, nas condições descritas no item 4.1. 108
Figura 26 Cromatograma do padrão de ETU na concentração de
1,0 ng/mL (ppb), LD (0,5µg/kg) por LC/MS/MS, nas
condições descritas no item 4.1. 108
17
Figura 27 Cromatograma da amostra controle de maçã por LC/MS/MS,
nas condições descritas no item 4.1. 109
Figura 28 Cromatograma da amostra controle de morango, nas
condições descritas no item 4.1. 109
Figura 29 Cromatograma da amostra controle de mamão por
LC/MS/MS, nas condições descritas no item 4.1. 110
Figura 30 Gráfico exploratório dos resíduos da regressão da
curva de ETU (1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL) em solventes,
com indicação dos respectivos outliers diagnosticados
pelo teste de resíduos padronizados Jacknife 110
Figura 31 Gráfico de probabilidade normal da curva de ETU
(1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL) em solventes e matrizes 111
Figura 32 Gráfico de Durbin-Watson da curva de ETU
(1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL) em solventes 112
Figura 33 Curva analítica de ETU (transição de quantificação:
103,1> 44,0), na faixa de 1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL, com
respectivas equações e coeficientes de determinação 113
Figura 34 Curva da Transição de Confirmação da ETU
por LC/MS/MS: 103.1 > 86.0 113
Figura 35 Curva da 2.a Transição de Confirmação da ETU
por LC/MS/MS: 103.1 > 60.0
114
Figura 36 Curva analítica de ETU por HPLC-UV,
10,0 a 250,0 ng/mL 114
18
Figura 37 Cromatograma do padrão de ETU na concentraçã de 2,0 ng/mL,
(ppb), LD (1,0 µg/kg) por LC/MS/MS, nas condições descritas
no item 4.1. 118
Figura 38 Cromatograma da amostra de maçã com 3,7 µg/kg
de ETU (anexo 3), analisada por LC/MS/MS 120
Figura 39 Cromatograma da amostra de morango com
1,4 µg/kg de ETU (anexo 5), analisada por LC/MS/MS 120
Figura 40 Distribuição dos níveis de ETU (µg/kg) por LC/MS/MS,
encontrados nas amostras de maçã 122
Figura 41 Distribuição dos níveis de ETU (µg/kg) por LC/MS/MS,
encontrados nas amostras de mamão 122
Figura 42 Distribuição dos níveis de ETU (µg/kg) por LC/MS/MS,
encontrados nas amostras de morango 123
Figura 43 Amostras (%) com níveis de ETU > LQ de acordo com
a estação do ano, no período de 21/12/2005 a
19/12/2006 124
Figura 44 Amostras (%) com níveis de ETU de acordo com a região da
cidade de São Paulo-SP, no período de 21/12/2005 a
19/12/2006 125
Figura 45 Estimativas de risco de exposição à ETU e a EBDC em % IDA,
obtidas pelo resultado deste estudo e pelos obtidos nos alimentos
monitorados pelo PARA 135
19
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANDEF-Associação Nacional de Defesa Vegetal Boa Prática Agrícola.
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
API – Ionização à Pressão Atmosférica
ARfD - Refecence Dose for Acute Oral Exposure (Dose de Referência Oral Aguda)
BfR - Federal Institute for Risk Assessment (Instituto Federal para Avaliação de
Risco, Inglaterra)
BPA - Boas Práticas Agrícolas
CCPR - Comissão do Codex Alimentarius para Resíduos de Pesticidas
CG/MS Gas Chromatography/ Mass Spectrometry (Cromatografia a gás /
Espectrometria de Massas (CG/MS).
CE - Concentração Efetiva de Exposição
CE - Energia de Colisão
CL - Concentração Letal
CEAGESP – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
CEASA - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais Sociedade Anômina
CL – Concentração Letal
CS
2
- Dissulfeto de Carbono
CV - Coeficiente de Variação
CXP - Potencial de Saída da Cela de Colisão
DIDT - Etileno bistiouram dissulfeto
DL – Dose Letal
DMDC - Dimetilditiocarbamatos
20
DP - Potencial do Orifício
Drf - Dose Oral Crônica ou RfD - Reference Dose for Chronic Oral Exposure
(Dose Oral de Referência Crônica)
EBDC - Etilenobisditiocarbamatos
ECD - Detector de Captura de Elétrons
EDA – Etileno diamina
EDI – Etileno diisocianato
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Ambiental
ENDEF - Estudo Nacional da Despesa Familiar
EPA- Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental)
EPI – Equipamento de Proteção Individual
ETU - Etilenotiouréia
EU - Etilenouréia
FAO/WHO - Food and Agriculture Organization of United Nations/World Health
Organization (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação da Organização Mundial da Saúde)
FDA - Administração de Drogas e Alimentos
GARP - Associação Grupo de Analistas de Resíduos de Pesticidas
GEMS/FOOD - Global Environment Monitoring System/Food Contamination and
Assessment Program/ Alimentos (Sistema de Monitorameto do Meio
Ambiente/ Programa de Avaliação da Contaminação de Alimentos)
HPLC – High Performance Liquid Chromatography (Cromatografia a Líquido de
Alto Desempenho)
HPLC-UV - High Performance Liquid Chromatography with Ultra Violet Detector
21
(cromatografia a líquido de alto desempenho com detector ultravioleta)
H
2
S – Sulfeto e Hidrogênio
IARC - International Agency for Research on Cancer (Agência Internacional de
Pesquisa com câncer)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICH – International Conference on Harmonization of Technical Requirements for
Registration of Pharmaceuticals for Human Use (Conferência Internacional
para Harmonização de Requerimentos Técnicos para Registro de Produtos
Farmacêuticos para Uso Humano).
IDA - Ingestão Diária Aceitável
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.
IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry (União Internacioanl
de Química Pura e Aplicada)
JMPR Joint Meeting of the FAO Panel of Experts on Pesticide Residues in Food
(Grupo de Trabalho de Especialistas em Resíduos de Pesticidas em Alimentos da
FAO)
JNCI - Journal of the National Cancer Institute (Jornal do Instituto Nacional do
Câncer)
LC/MS/MS – Liquid Chromatography coupled tandem Mass Spectrometry
technique (Cromatografia a Líquido acoplada à espectrometria de massas em
tandem)
LD – Limite de Detecção
LMR - Limite Máximo de Resíduo
22
LOAEL - Lowest OBserved Adverse Effect Level (Menor Nível de Efeito Adverso
Observado)
LOEL or LEL - Lowest OBserved Effect Level (Menor Nível de Efeito Observado)
LQ – Limite de Quantificação
MAFF - Ministry of Agriculture, Fisheries & Food. Advisory Committee (Ministério
da Agricultura, Pesca e Alimentos- Comitê Consultivo)
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MEDI - Maximum Estimated Daily Intake (Ingestão Diária Máxima Estimada)
MIP - Manejo Integrado de Pragas
MMQO - Método dos Mínimos Quadrados Ordinários
MRM - Monitoramento de Reações Múltiplas
MS - Ministério da Saúde
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
m/z = relação massa/carga
NEDI - National Estimated Daily Intake (Ingestão Diária Estimada Nacional)
NESTI - National Estimates of Short-Term Intake (Estimativa da ingestão diária a
curto prazo ou aguda)
NFPA - Associação Nacional dos Alimentos Processados
NIOSH
/RTECS - Registry of Toxic Effects of Chemical Substances (Registro de
Substâncias Químicas com Efeitos Tóxicos)
NOAEL – Highest Level of no Observed Adverse Effect (Maior Nível no qual não se
Observa o Efeito Adverso)
NOEL - Highest Level of no Observed Effect (Maior Nível no qual não se Observa o
Efeito)
NPD - Detector de Nitrogênio e Fósforo
23
NTIS - National Technical Information Service (Serviço Nacional de Informações
Técnicas)
NTP-TR - National Toxicology Program Technical Report Series (Programa
Nacional de Toxicologia- Relatório Técnico)
PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
PIF - Produção Integrada de Frutas
PIM - Produção Integrada de Maçã
PP - Programa Paulista de Análise Fiscal de Alimentos
PP0304 - Programa Paulista de Análise Fiscal de Alimentos Biênio 2003-2004
PSD - Pesticide Safety Directorate (Reino Unido) (Diretoria de Segurança de
Pesticidas)
PTFE - Politetrafluoretileno
PTU - Propilenotiouréia
Q - Quadrupolo
R
- Coeficiente de Determinação
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada
RE - Resolução
SEAGRI - Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia.
SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática
SINDAG - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola
SRJUNDIAÍ - Sindicato Rural de Jundiaí
TMDI - Theorical Maximum Daily Intake (Ingestão Diária Máxima Teórica)
T3 - Triiodotironina, hormônio da tireóide
T4 – Tiroxina, hormônio da tireóide
24
TSH - Hormônio Estimulador da Tireóide
USA United States of América (Estados Unidos da América)
USDA - United States Department of Agriculture (USA) (Departamento da
Agricultura dos Estados Unidos da América)
WHO - World Health Organization (Organização Mundial da Saúde)
1. INTRODUÇÃO
A saúde é um direito humano fundamental, definida pela Organização
Mundial da Saúde (WHO) como “um estado de completo bem estar físico, mental e
social do indivíduo e não apenas a ausência de doença”. É o maior recurso para o
desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como importante dimensão da
qualidade de vida. Assim, a qualidade dos alimentos e a dieta e a qualidade do meio
ambiente, são elementos essenciais, entre outros, para compreender a saúde pública
num contexto amplo. O consumo de alimentos é essencial à preservação da vida e o
consumo de frutas traz inúmeros benefícios à saúde, pois são ricas em vitaminas e
minerais, entre outros componentes (DECLARAÇÃO DE ADELAIDE 1988;
DECLARAÇÃO DE SUNDSVALL 1991 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE 2001).
Por outro lado, o alimento é a principal fonte de exposição da população a
produtos químicos e a vigilância dos resíduos de agrotóxicos nos alimentos constitue
um dos métodos mais importantes para estimar os riscos conseqüentes para a saúde
humana. Quando o nível observado é inaceitável, medidas apropriadas devem ser
tomadas para identificar a causa e promover ações que minimizem a exposição da
população em geral.
As políticas públicas devem garantir acesso universal a quantidades de
alimentos de boa qualidade e que respeitem as peculiaridades culturais de cada
região. Políticas de alimentação e nutrição que integrem harmonicamente a
agricultura, a economia e o meio ambiente devem ser prioridades de todos os
governos para obter o melhor impacto na saúde nacional e internacional. Desde
1986, a Carta de Ottawa tem servido como fonte orientadora e inspiradora para a
promoção da saúde. Conferências e reuniões internacionais subseqüentes têm
25
deixado clara a relevância das principais estratégias em promoção da saúde,
incluindo políticas públicas positivas e meio ambiente favoráveis. (DECLARAÇÃO
DE ADELAIDE 1988; DECLARAÇÃO DE SUNDSVALL 1991 apud
MINISTÉRIO DA SAÚDE 2001).
A presença de pragas nas culturas pode comprometer significativamente a
produção de alimentos e sua qualidade, tanto no campo quanto durante o transporte e
armazenamento (GEMS/FOOD/WHO 1997).
Peres, em estudo realizado em 2005, afirma que a produtividade agrícola
atual é suficiente para suprir as demandas mundiais de alimento e que a fome não é
um problema de produção e sim um problema de distribuição de riquezas. Relata
que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação da
Organização Mundial da Saúde (FAO/WHO), foram produzidas em 2001
aproximadamente nove trilhões de toneladas de produtos agrícolas, provenientes de
lavouras primárias (sem beneficiamento) (FAO/WHO 2003 apud PERES 2005) e,
considerando apenas 5% deste montante, correspondentes a aproximadamente 450
milhões de toneladas/ano, resultaria em aproximadamente 200 kg de alimento
disponível por habitante por dia, levando em conta uma população de pouco mais
que seis bilhões de pessoas. (PERES 2005).
O Brasil ocupa a terceira posição mundial no consumo de agrotóxicos, depois
dos Estados Unidos e do Japão e o oitavo lugar em uso por área cultivada (3,2 kg/ha
de agrotóxicos). De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para
Defesa Agrícola (SINDAG), em 2003 existiam no Brasil 600 produtos em linha de
comercialização, sendo 19% da classe toxicológica I (extremamente tóxicos), 26%
da classe toxicologógica II (altamente tóxicos), 32% da classe toxicológica III
(moderadamente tóxicos), e 23% da classe toxicológica IV (pouco tóxicos).
Comparando os dados de 2003 com os de 1992, observa-se que os produtos das
classes toxicológicas IV, III e II tiveram aumento em número de 72, 49 e 13,
respectivamente, e os da classe toxicológica I diminuíram em mero de 13
(SINDAG 2007).
O uso generalizado e intensivo de agrotóxicos pode ocasionar a resistência de
espécies combatidas às substâncias empregadas e danos em espécies não visadas. O
26
desequilíbrio ecológico pode agravar o surgimento e proliferação de pragas e
doenças e, conseqüentemente, aumentar a necessidade de uso de agrotóxicos
(GARCIA 2001).
O impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana é um problema que
tem merecido atenção da comunidade científica em todo o mundo. Eles podem
causar efeitos tóxicos em humanos, nos animais domésticos e silvestres, nos
organismos aquáticos e ao ambiente. Os trabalhadores que manipulam esses produtos
nas indústrias, os aplicadores que manuseiam e aplicam formulações de agrotóxicos
nas lavouras ou em campanhas de saúde pública e a população rural vizinha de
plantações onde esses produtos são utilizados ou produzidos são os principais grupos
de risco de exposição aguda.
As políticas agrícolas devem não apenas priorizar critérios de produção mas,
também, a proteção da saúde dos trabalhadores rurais, da população em geral e do
meio ambiente. Além disso, os custos com a saúde e com a recuperação do meio
ambiente não são freqüentemente levados em consideração. Pingali e col. (1994),
por exemplo, avaliaram o benefício líquido do uso de inseticidas e herbicidas na
produção de arroz nas Filipinas, tendo verificado que com a aplicação de duas doses
recomendadas de inseticidas, o lucro aumentaria em 492 pesos. Em contrapartida, o
custo com a saúde aumentaria em 765 pesos, gerando, assim, uma perda líquida de
273 pesos (PINGALI e col. 1994 apud SOARES e col. 2003). Soares, em 2001,
estimou o custo social do uso dos agrotóxicos em Minas Gerais e concluiu que o
custo da intoxicação do trabalhador rural representou cerca de 40%, 25% e 24% do
benefício do uso de organofosforados e carbamatos nas culturas de abobrinha, milho
e feijão, respectivamente (SOARES e col. 2003).
No cenário internacional, é cada vez mais valorizado o aspecto qualitativo e o
respeito ao meio ambiente, na produção de qualquer produto. São necessários: o
aperfeiçoamento dos mercados, a mudança de hábitos e a produção de alimentos
seguros. Normas européias têm pressionado exportadores de frutas e hortaliças para
o estabelecimento de regras de produção que levem em consideração os resíduos de
agroquímicos, o meio ambiente e as condições de trabalho e de higiene (EMBRAPA
2005c).
27
O crescimento da cadeia produtiva de frutas do país no mercado mundial foi
impulsionado pela implantação do programa de Produção Integrada de Frutas (PIF)
(MAPA 2007e).
O aumento da produção de frutas representa uma responsabilidade maior com
a qualidade e sanidade das mesmas, uma vez que irá atingir maior número de
consumidores.
Apesar da melhora, nos últimos anos, das informações sobre resíduos de
agrotóxicos nos alimentos, por intermédio de programas de monitoramento, faltam
dados de consumo de subgrupos de risco importantes, como crianças e bebês. A
carência de dados mais completos sobre os resíduos de agrotóxicos nos alimentos e
sobre o consumo não permite estimar o risco à saúde em relação aos resíduos de
agrotóxicos de uma maneira mais condizente com a realidade.
1.1. Resíduos de agrotóxicos em alimentos
A presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos preocupa o consumidor e
as autoridades de saúde, que são substâncias tóxicas e podem oferecer riscos à
saúde humana e ambiental. Fatores como: clima, densidade de pragas nas diferentes
culturas, técnicas de aplicação e ou utilização, características físico-químicas de cada
princípio ativo, características toxicológicas como: toxicocinética (polaridade,
metabolismo, persistência), toxicodinâmica (ação tóxica sistêmica ou local) e
condições ambientais, podem influenciar na ocorrência e nos teores dos referidos
resíduos.
Resíduo de agrotóxico é qualquer substância no alimento, produto agrícola ou
alimento de origem animal resultante do uso de um princípio ativo (produto
formulado). O termo inclui quaisquer derivados de um agrotóxico, tais como
produtos de conversão, metabólitos e impurezas que devem ser considerados quando
apresentam importância toxicológica (GEMS/FOOD/WHO 1997).
Entre os fungicidas mais utilizados tem-se, como exemplo: o oxicloreto de
cobre, da primeira geração; os ditiocarbamatos, da segunda geração; e vários
fungicidas sistêmicos como benomil, carbendazim, tiabendazol, pirazofós e
propiconazole, da terceira geração.
28
O etilenobisditiocarbamato, mancozebe, está entre os 12 agrotóxicos mais
vendidos no Brasil.
Os alimentos com resíduos acima dos Limites Máximos de Resíduos (LMR)
estabelecidos pelos órgãos governamentais indicam que a aplicação do agrotóxico
não foi realizada de acordo com as Boas Práticas Agrícolas.
Entende-se por LMR a quantidade máxima de resíduo de um agrotóxico ou
afim oficialmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa
fase específica, desde sua produção até o consumo. Expressa-se o LMR em ppm,
partes do agrotóxico, afim ou seus resíduos, por milhão de partes de alimento (ppm
ou mg/kg) (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2003).
Os consumidores de alimentos, se ingerirem uma dose de qualquer princípio
ativo de agrotóxico acima da Ingestão Diária Aceitável (IDA), por longo prazo,
estariam sob risco de apresentarem algum efeito adverso à saúde.
Nos últimos cinco anos, houve aumento do monitoramento de resíduos de
agrotóxicos no Brasil. Destaca-se o Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos (PARA) e o Programa Paulista de Análise Fiscal de
Alimentos (PP) (ANVISA 2003, 2005; SÃO PAULO 2005).
Em relação a resíduos de ETU, há pesquisas na literatura intenacional, porém,
no Brasil, existem poucos trabalhos em frutas, conforme mencionados no ítem
1.14.3. É importante o conhecimento dos níveis de EBDC e de ETU presentes nas
frutas, para fornecer subsídios sobre a qualidade das frutas consumidas pela
população e dados para avaliação de risco à saúde e ao meio ambiente.
1.1.1 Legislação e normas referentes aos Limites Máximos de Resíduos
(LMR) de agrotóxicos nos alimentos
De maneira a controlar o uso adequado de agrotóxicos no campo e o nível de
resíduos desses compostos nos alimentos, órgãos internacionais e nacionais
estabelecem o Limite Máximo de Resíduo (LMR) para cada binômio
agrotóxico/cultura, tomando por base os estudos de campo. Nestes estudos, os
produtos formulados são aplicados numa determinada cultura de acordo com as Boas
29
Práticas Agrícolas, e são determinados os níveis de resíduos remanescentes nos
alimentos.
No Brasil, a Resolução RE 165, de 29 de agosto de 2003, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA/MS), publicada
no Diário Oficial da União de 2 de setembro de 2003, estabeleceu os respectivos
LMR para cada agrotóxico/cultura (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2003).
Também, no âmbito internacional, cada país estabelece seus LMR durante o
processo de registro do produto.
A fim de facilitar o comércio comum de produtos agrícolas, organizações
como a União Européia, o Mercosul, a Comissão do Codex Alimentarius para
Resíduos de Pesticidas (CCPR) da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação da Organização Mundial da Saúde (FAO/WHO), entre
outras, têm buscado harmonizações de alguns LMR.
A CCPR, seguindo recomendações do Grupo de Peritos em Resíduos de
Pesticidas (JMPR) da FAO/WHO, estabelece os LMR de acordo com as Boas
Práticas Agrícolas (BPA), visando preservar a saúde humana e garantir o comércio
internacional de alimentos.
1.2. Ditiocarbamatos
Ditiocarbamatos são compostos derivados do ácido ditiocarbâmico. São
caracterizados por monoaminas secundárias que reagem com dissulfeto de carbono,
obtendo-se dialquil ditiocarbamatos: dimetilditiocarbamatos (DMDC), como ferbam,
ziram e tiram, e os etilenobisditiocarbamatos (EBDC), como mancozebe, manebe,
zinebe e metiram. Todos os ditiocarbamatos citados, com exceção do tiram, são
derivados organometálicos (WHO 1988). Nesta classe de substâncias podem ser
ainda citados o monometildimetilcarbamato: metam sódico e o propilenobisditio-
carbamato: propinebe.
Os ditiocarbamatos são usados há décadas como fungicidas na agricultura e
também no cultivo de plantas ornamentais, de grama e no tratamento do solo. Na
indústria, são usados como antimicrobianos em sistemas de refrigeração de água
(torres e lavadores de gases), em maquinário de perfuração de petróleo e em moinhos
30
de polpa, papel e açúcar, como aceleradores da vulcanização e antioxidantes na
produção da borracha, como quelantes de metais no tratamento de efluentes e na
medicina humana, por exemplo, em caso de intoxicação por níquel (WHO 1988).
Entre os fungicidas, os ditiocarbamatos são os que detêm registro para
praticamente todas as frutas e hortaliças.
1.2.1. Dimetilditiocarbamatos
Os dimetilditiocarbamatos são produzidos pela reação de dissulfeto de
carbono (CS
2
) com uma amina em condições alcalinas, podendo ocorrer, em seguida,
oxidação para formar dissulfetos (por exemplo: tiram) ou precipitação, como um sal
de metal pesado de composição química definida (por exemplo: ziram). Algumas
características físico-químicas dos dimetilditiocarbamatos encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1 - Características físico-químicas dos dimetilditiocarbamatos
Ditio-
carbamato
Nome
químico
Fórmula estrutural
(Massa molecular)
Solubilidade
Ziram
Dimetilditio-
carbamato de
zinco
S
[(CH
3
)
2
– NH
2
– C ] Zn
\
2
S -
(305,81)
65mg/L água/ a 25ºC; relativa-
mente solúvel em benzeno e
acetona; solúvel em clorofórmio
e sulfeto de carbono.
Ferbam
Dimetilditio-
carbamato
férrico
S
[ (CH
3
)
2
– NH
2
- C ] Fe
\
3
S -
(416,51)
130mg/L /água a 25ºC; solúvel
em acetona e clorofórmio.
Tiram
Bissulfeto de
tetrametil-
tiouram
H
3
C CH
3
\
N – C – S – C –N
׀׀ ׀׀ \
H
3
C S S CH
3
(240,44)
30mg/L /água a 25ºC; pouco
solúvel em etanol, éter etílico e
acetona.
Fonte: WHO 1988; LARINI 1999; TOMLIN 1995.
1.2.2. Etilenobisditiocarbamatos (EBDC)
Os EBDC são sais orgânicos de manganês, zinco ou zinco e sódio (Tabela 2).
São insolúveis em água e em solventes orgânicos (MESTRES e MESTRES 1991).
São produzidos pela reação de dissulfeto de carbono (CS
2
) com uma amina em
31
condições alcalinas, podendo ocorrer precipitação com sal de metal pesado de
natureza polimérica e definição incompleta, especialmente na presença de alguns
íons metálicos (por exemplo: mancozebe). São fungicidas usados no mundo todo.
Possuem amplo espectro de ação no controle de moléstias que atacam diversos
cultivos, tais como cereais, frutas e legumes.
Na América Latina, mais de 50% de todos os fungicidas utilizados são do
grupo dos EBDC e, no Brasil, o volume de fungicidas EBDC supera os 40% do total
utilizado no país, representando o principal produto contra fungos. Na Tabela 2
encontram-se algumas características físico-químicas dos EBDC.
Tabela 2 - Características físico-químicas dos etilenobisditiocarbamatos
autorizados para uso no Brasil
Nome
comum
Nome químico Fórmula estrutural (Massa molecular)
Solubilidade
Mancozebe
Etilenobisditio-
carbamato de
manganês e
zinco complexo
polimérico)
S
׀׀
CH
2
– NH – C – S
-
[ ׀ ] Mn
2+
/
Zn
2+
CH
2
– NH – C – S
-
׀׀ (Mn: Zn, 9:1)
S
(Variável)
Insolúvel em água a
25ºC e em solventes
apolares.
Manebe
Etilenobis-
ditiocarbamato
de manganês
S
׀׀
CH
2
– NH – C – S
\
׀ Mn
CH
2
– NH – C – S
׀׀
S
(265,29)
Insolúvel em água a
25ºC e na maioria
dos solventes
orgânicos.
Metiram
Complexo de
amônia com
zinebe e polieti-
leno tiouram
dissulfeto
S S
׀׀ ׀׀
[(-S.C.NH.CH
2
. CH
2.
NH.C.S- )
2-
Zn(NH
3
)
2
2+
]
3
[ (-S.C.NH.CH
2
. CH
2.
NH.C.S-) ]
x
׀׀ ׀׀
S S
(Variável)
Insolúvel em água a
25ºC.
Fonte: WHO, 1988; LARINI 1999; TOMLIN 1995.
1.2.3. Outros ditiocarbamatos
32
Ainda há o metam sódico, que é um monometilditiocarbamato, e o propinebe
(Tabela 3). O propinebe é insolúvel em água e em solventes não polares, não é
metabolizado a etilenotiouréia (ETU), mas sim em propilenotiouréia (PTU) (WHO
1988).
Tabela 3 - Características físico-químicas do metam sódico e do propinebe
Ditiocarbamato
(grupo químico)
Fórmula estrutural (Massa molecular)
Solubilidade
Metam-sódico
(Monometilditiocar
bamato)
H
3
C
\
[ NH – C – S
-
] Na
+
׀׀
S
(129,18)
722 mg/L/ água a 20ºC
Propinebe
(Alquilenobisditioc
arbamato)
S S
׀׀
׀׀
[ – S – C – NHCH
2
CH – NH – C – S – Zn – ]
x
׀
CH
3
(289,90)
Insolúvel em água a 25ºC
Fonte: WHO, 1988; LARINI 1999; TOMLIN 1995.
1.2.4. Limites Máximos de Resíduos (LMR) de ditiocarbamatos nos
alimentos
Os LMR dos ditiocarbamatos são estabelecidos para CS
2
(mg/kg) em função
do uso dos ingredientes ativos da classe dos EBDC: mancozebe, manebe, metiram,
além de outros ditiocarbamatos, como o propinebe e o tiram (MINISTÉRIO DA
SAÚDE 2003), conforme Tabelas 4, 5 e 6.
A Comissão do Codex Alimentarius para Resíduos de Pesticidas (CCPR) da
FAO/WHO estabelece LMR para: mancozebe, manebe, metiram, zinebe, propinebe,
tiram, ziram, ferbam, com valores expressos em CS
2
total (Tabelas 4, 5 e 6).
33
Os Limites Máximos de Resíduos (LMR) permitidos pela legislação
brasileira para cada ditiocarbamato/cultura e os estabelecidos pelo Codex
Alimentarius encontram-se explicitados nas Tabelas 4, 5 e 6.
A legislação brasileira não estabelece Limite Máximo de Resíduo (LMR) de
ETU em alimentos.
Tabela 4 - Limites Máximos de Resíduos de ditiocarbamatos permitidos no
Brasil e os estabelecidos pelo Codex Alimentarius em culturas de frutas.
Ditiocarbamatos
(CS
2
)
Resolução 165 ANVISA/MS*
BRASIL
Codex Alimentarius**
FAO/WHO
Cultura
(frutas)
LMR
(mg/kg)
Ingrediente
ativo
LMR
(mg/kg)
Ingrediente
ativo
Banana
1,0 Mancozebe 2,0 Mancozebe
Citros
2,0 Mancozebe 2,0 Mancozebe
Maçã
2,0 Metiram e Mancozebe
2,0 Propinebe
Mamão
3,0 Mancozebe
5,0 Mancozebe
Manga
1,0 Mancozebe 2,0 Mancozebe
Melancia
0,3 Mancozebe 1,0 Mancozebe e Manebe
Melão
1,0 Mancozebe 0,5 Mancozebe
Morango
a
0,2 Metam sódico
Pêra
3,0 Mancozebe
Pêssego
2,0 Mancozebe
Uva
3,0 Mancozebe 5,0 Propinebe
a=0,2 mg/kg de Metam sódico pelo Ministério da Saúde, 2003.
Fonte: * MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003) **FAO/WHO (2007).
34
Tabela 5 - Limites Máximos de Resíduos de ditiocarbamatos permitidos no
Brasil e os estabelecidos pelo Codex Alimentarius em culturas de vegetais
Ditiocarbamatos
(CS
2
)
Resolução 165 ANVISA/MS*
BRASIL
Codex Alimentarius**
FAO/WHO
Cultura
(vegetais)
LMR
(mg/kg
)
Ingrediente
ativo
LMR
(mg/kg)
Ingrediente ativo
Alface
6,0 Manebe 10,0 Mancozebe, Manebe e
Metiram
Batata
b
0,3 Propinebe 0,2 Mancozebe e Manebe
Berinjela
0,5 Mancozebe
Beterraba
0,3 Mancozebe
Brócolis
0,5 Mancozebe
Cenoura
0,3 Mancozebe 1,0 Mancozebe
Couve
1,0 Mancozebe Mancozebe
Couve-flor
0,5 Mancozebe Mancozebe e Manebe
Milho
0,3 Tiram
Pepino
0,3 Mancozebe 2,0 Mancozebe e Manebe
Pimentão
1,0 Mancozebe 2,0 Mancozebe, Manebe e
Propinebe
Repolho
1,0 Mancozebe 5,0 Manebe
Tomate
2,0 Mancozebe 5,0 Manebe
Fonte: * MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003) **FAO/WHO (2007).
35
Tabela 6 - Limites Máximos de Resíduos de ditiocarbamatos permitidos no
Brasil e os estabelecidos pelo Codex Alimentarius em culturas de cereais e
outras.
Ditiocarbamatos
(CS
2
)
Resolução nº 165 29/08/03*
ANVISA/MS
BRASIL
Codex Alimentarius**
FAO/WHO
Cultura
(cereais e
outras)
LMR
(mg/kg
)
Ingrediente
ativo
LMR
(mg/kg)
Ingrediente
ativo
Abóbora
1,0 Mancozebe 0,2 Mancozebe
Aipo
0,5 Manebe
Algodão
0,3 Tiram
Alho
0,1 Mancozebe 0,5 Mancozebe
Amendoim
0,3 Tiram 0,1 Mancozebe
Arroz
3,0 Mancozebe
Aveia
0,3 Tiram
Café
0,3 Mancozebe
Cebola
0,5 Propinebe 0,5 Mancozebe
Cevada
1,0 Mancozebe 1,0 Mancozebe
Ervilha
0,3 Mancozebe e Tiram
Feijão
0,3 Mancozebe e Tiram
Feijão-vagem
0,3 Mancozebe
Soja
0,3 Tiram
Trigo
1,0 Mancozebe 1,0 Manebe
Fonte: * MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003) **FAO/WHO (2007).
1.3. Degradação dos etilenobisditiocarbamatos (EBDC)
Etilenobisditiocarbamatos geralmente são instáveis em meio alcalino ou
ácido, na presença de oxigênio, bem como em sistemas biológicos, e decompõem-se
rapidamente em água. Em meio alcalino ou ácido, decompõem-se em dissulfeto de
carbono ou sulfeto de hidrogênio. A decomposição em sulfeto de hidrogênio depende
36
da presença do grupo N-H. A liberação do dissulfeto de carbono depende do meio
onde ocorre a hidrólise. A quantidade de CS
2
formada é pequena em ácido acético, e
de aproximadamente 100% em ácido sulfúrico. Produtos secundários são formados
pela degradação oxidativa dos EBDC (WHO 1988).
A degradação dos EBDC pode ocorrer durante a manufatura ou o
armazenamento do produto formulado, na cultura após o tratamento e,
principalmente, durante o processamento do alimento.
Microorganismos rapidamente formam ETU a partir de etileno bistiouram
dissulfeto (DIDT), um produto de decomposição espontânea dos EBDC. Essa
conversão ocorre após adição de compostos de redução como cisteína, glutationa ou
ácido ascórbico. Consiste na redução da ligação S-S do DIDT, com a subseqüente
ligação com o dissulfeto de carbono para formar ETU (WHO 1988).
A decomposição metabólica dos EBDC é complexa e resulta na formação de
dissulfeto de carbono (CS
2
), sulfeto de hidrogênio (H
2
S), etileno diamina (EDA),
etileno bistiouram dissulfeto (DIDT), etileno diisocianato (EDI), etilenotiouréia
(ETU), etilenouréia (EU) e 2-imidazolina (SEIDLER e col. 1970; LYMAN 1971
apud WHO 1988), conforme ilustrada na Figura 1 (WHO 1988).
CO
2
CH
2
NH
2
CS
2
CH
2
NH
2
EDA
o
x
i
d
a
ç
ã
o
CH
2
NH
C
C
S
S
S
S
SCNHCH
2
metal
EBDC
CH
2
NH
CH
2
N
CH
2 - imidazolina
CH
2
CH
2
NH
NH
O
NH
NH
CH
2
CH
2
C
EU
ETU
EDI (instável)
CS
2
,
H
2
S
CH
2
N
C
S
S
S
C
N
CH
2
DIDT
calor
CH
2
NH C S
SCNHCH
2
CH
2
NH C
S
S
S
SCNHCH
2
ETD
CO
2
CH
2
NH
2
CS
2
CH
2
NH
2
EDA
o
x
i
d
a
ç
ã
o
CH
2
NH
C
C
S
S
S
S
SCNHCH
2
metal
EBDC
CH
2
NH
CH
2
N
CH
2 - imidazolina
CH
2
CH
2
NH
NH
O
NH
NH
CH
2
CH
2
C
EU
ETU
EDI (instável)
CS
2
,
H
2
S
CH
2
N
C
S
S
S
C
N
CH
2
DIDT
calor
CH
2
NH C S
SCNHCH
2
CH
2
NH C
S
S
S
SCNHCH
2
ETD
37
Figura 1 – Degradação dos EBDC e formação de ETU
Fonte: WHO 1988
Estudos realizados por Nelson, em 1986, demonstraram que 23% de 100
mg/kg de mancozebe foram convertidos a ETU em ratos. Didonato, em 1986,
concluiu que 6,4% de 100 mg/kg de mancozebe, 13,6% de 25 mg/kg de manebe,
9,5% de 5mg/kg de metiram foram transformados em ETU em plasma de rato.
Porém, estes resultados foram calculados em C
14
total, sem considerar os respectivos
pesos moleculares. Considerando a máxima conversão in vivo nos estudos citados
(23% de mancozebe e 13,6% de manebe) e os pesos moleculares, 8,7% de
mancozebe e 5,2% de manebe foram transformados em ETU (NELSON 1986 e
DIDONATO 1986 apud MAFF 1990).
1.4. Etilenotiouréia (ETU)
Etilenotiouréia ou 2-imidazoledinona (ETU) tem como fórmula molecular:
C
3
H
6
N
2
S, massa molecular: 102,16. É uma substância formada pela degradação e/ou
biotransformação dos fungicidas etilenobisditiocarbamatos (EBDC), solúvel em
água, em etanol e em metanol e medianamente estável em água. Resíduos de ETU
podem ser encontrados em plantas e no ambiente, seguidos do uso na agricultura de
EBDC, ou em animais e no ser humano, quando expostos a esses produtos (WHO
1988).
Durante estocagem, processamento e cozimento de alimentos, a quantidade do
produto principal (EBDC) decresce enquanto a quantidade de ETU aumenta.
ETU pode também ser liberada em fumaça de cigarro contendo altos resíduos
de EBDC (LENTZA 1990).
1.4.1. Formação de ETU na fabricação de EBDC e durante o
armazenamento
ETU pode ser formada durante a manufatura de EBDC. Sua degradação
durante a estocagem depende do tempo, da umidade e da temperatura (MESTRES e
38
MESTRES 1991). Foram analisadas 85 amostras de formulações comerciais e 3
(3,5%) excederam o limite de 0,5%, estabelecido pela legislação italiana para ETU
(CAMONI e col. 1988).
A importância da qualidade da formulação aplicada às culturas levou vários
países a impor limites para a ETU nas formulações comerciais de EBDC. A
tolerância deste contaminante nas formulações comerciais foi estabelecida pela FAO
em 0,5% (FAY e col. 2007).
A ETU presente nas culturas, imediatamente após a aplicação de EBDC, é
provavelmente aquela presente na formulação do fungicida. Pequenas quantidades de
ETU também podem ser formadas durante a preparação da calda de aplicação e uma
terceira fonte de formação de ETU pode ser devida à degradação dos EBDC
depositados nas superfícies das culturas tratadas com estes fungicidas. Essas
degradações são influenciadas pelas condições climáticas de temperaturas elevadas e
alta umidade (FAY e col. 2007).
1.4.2. Resíduos remanescentes de EBDC e ETU após a aplicação
Kaushik, em 2005, analisou os resíduos remanescentes de mancozebe e
ETU aplicados 4 vezes a intervalos de 15 dias na dose recomendada e no dobro
desta, em bagos de uva (Vitis Vinifera L.). A meia vida de mancozebe foi de 8,1 dias
na dose recomendada e 5,7 dias na dose dupla. ETU foi detectada na colheita após
quatro aplicações de mancozebe na dose recomendada. Contudo, com o tratamento
na dose dupla, os resíduos de ETU foram detectados após 3 aplicações de
mancozebe. O intervalo proposto de pré-colheita (carência) para mancozebe foi de
12 e 17 dias, respectivamante, para as doses recomendada e dupla.
Com o objetivo de estudar a degradação de manebe e zinebe a ETU e a
persistência de ETU em tomates cultivados em estufa, Knio e col., em 2000,
realizaram uma pesquisa com C
14
e verificaram que este decresceu de 0,08 mg/kg no
dia para 0,02 mg/kg e 0,05 mg/kg no 20º dia, para zinebe e manebe,
respectivamente. Uma acentuada redução do conteúdo de ETU foi observada nas
primeiras 24 horas após o tratamento, seguida de lento declínio nos cinco dias
seguintes. O conteúdo de ETU foi reduzido para aproximadamente 80% depois de 20
39
dias da aplicação do fungicida, e a concentração de EU, o maior produto de
degradação de ETU, dobrou durante o mesmo período.
1.4.3. Formação de ETU no preparo e/ou industrialização de alimentos
Muitas das frutas e hortaliças que são produzidas com utilização de EBDC,
são consumidas in natura e também na forma processada e pasteurizada, como
sucos, purês, polpas, massas etc. Durante esses processamentos pode ocorrer
conversão do EBDC à ETU (FAY e col. 2007).
Estudo realizado por Newsome e Laver (1973) demonstrou que o cozimento
de alimentos produz decomposição dos EBDC à ETU. Ankumah e Marshall (1984)
concluíram que a adição de ETU é bastante estável em molho de tomate, de 76 a
91% foram encontrados após 12 semanas, ressaltando que o tempo de espera para
comercialização não garante a inexistência desse resíduo.
Em amostras fortificadas com mancozebe e cozidas na temperatura 92-97
o
C
por 25 minutos houve aumento de ETU de 45,6% em berinjela, 20% em espinafre e
34% em maçã (KUMAR e AGARWAL 1991).
Lentza (1990) estudou espinafre, pêra, uva, tomate e trigo, tratados com
diferentes EBDC e verificaram que, após cozimento, a conversão à ETU variou de 3
a 30%.
Estudo realizado por Knio e col., em 2000, com tomates fortificados com
0,006 mg/kg de ETU marcada com C
14
, antes do processo de formação da pasta de
tomate, apresentou perda de 70% com lavagem do tomate em água. Menores perdas
de ETU ocorreram com aquecimento do suco (6%) e estocagem da pasta de tomate
por um período de 3 semanas (3%).
O efeito da estocagem a C e o processamento térmico pelo cozimento a
100ºC e esterilização a 121º C por 15 minutos em tomate homogeinizado com
resíduos de manebe foram investigados por Kontou e Tsipi (2004). Resíduos
remanescentes de manebe e de ETU foram determinados após cada tratamento. Não
foram observadas perdas significativas de manebe com a estocagem a 5ºC por 6
semanas, levando-se em conta a variabilidade analítica. Entretanto, com o tratamento
40
térmico resultou em degradação do manebe, com extensiva conversão à ETU. Após
cozimento, somente 26 ± 1% (n = 8) do resíduo inicial de manebe remanesceram nas
amostras e a conversão para ETU foi 28 ± 1% (mol /mol) (n = 4). A esterilização
eliminou o composto principal subindo a conversão para ETU acima de 32 ± 1%
(mol mol -1) (n = 4).
Em estudo realizado por Hajslová e col., em 1986, foi avaliada a conversão
térmica de mancozebe para ETU durante o processamento de maçã e verificou-se
que a formação de ETU foi reduzida em valores baixos de pH. A presença de ácido
ascórbico ou cisteína diminuiu signficativamente os valores produzidos de ETU após
aquecimento, mas inibiu sua subseqüente decomposição. Foi constatada também que
a proporção de formação de ETU não correponde ao desaparecimento relativamente
rápido do composto precursor. Foram avaliados os níveis de resíduos de ETU em
alimento infantil enlatado, originário de maçãs contaminadas, após 9 meses de
estocagem. A redução da quantidade de ETU variou de 26 a 70% .
1.4.4. Métodos para minimizar ou remover os resíduos de EBDC e ETU
Alguns procedimentos para remoção de resíduos de EBDC e ETU foram
estudados por alguns pesquisadores.
Onley e col. (1977) descreveram que uma simples lavagem com sabão e água
reduz o resíduo de EBDC em 70%.
Estudos realizados por Hwang e col (2001) foram conduzidos em solução
contendo mancozebe para determinar o efeito do ozônio e do ácido peróxido acético
na degradação de seus resíduos, nas concentrações de 1ppm e 3 ppm e de 5ppm e
50ppm, respectivamente. Resíduos de ETU foram monitorados durante 60 minutos
em pH 4,6, 7,0 e 10,7 e nas temperaturas de 10 e 21 º C. Verificou-se que os veis
de ETU aumentaram durante os 15 minutos de reação e depois decresceram, para
todos os pH estudados. Após 15 minutos do tempo de reação com 3 ppm de ozônio,
não foi detectado resíduo de ETU em nenhum dos pH estudados. a degradação de
ETU pelo ácido peróxido acético foi mais eficiente em pH 4,6, e não foram
encontrados resíduos de ETU após 5 minutos nas amostras tratadas nos níveis de
5ppm e de 50 ppm. Os resultados demonstraram que o ozônio e o ácido peróxido
41
acético são excelentes para degradação desses resíduos, dependendo do pH e
temperatura, e indicaram o potencial de uso para a remoção de resíduos de
mancozebe e ETU em frutas e produtos processados.
Hipoclorito de cálcio (Ca(ClO)
2
) e dióxido de cloro (ClO
2
), potentes agentes
oxidantes usados na indústria de alimentos, foram estudados para degradação de
mancozebe e ETU em diferentes concentrações e pH. Não foram encontrados
resíduos de ETU em pH 4,6 nas temperaturas de 10 e 21ºC. Os resultados
demonstraram que dióxido de cloro é eficiente para baixas concentrações desses
resíduos (HWANG e col. 2002).
Visando obter maior segurança alimentar de frutas e hortaliças consumidas in
natura e como produtos processados, foi avaliada uma estratégia de remoção de
ditiocarbamato e ETU. Utilizou-se uma unidade experimental (obtenção de polpa de
maçã), na qual as frutas foram submetidas à lavagem, moagem e pasteurização.
Foram comparados o sistema de lavagem padrão e esse mesmo sistema acrescido de
lavagem em um tanque adicional com hipoclorito de sódio na concentração de 5ppm,
no qual as maçãs permaneceram por 10 minutos, possibilitando, desta forma, a
oxidação dos ditiocarbamatos. Os dados obtidos de cada sistema foram analisados
comparativamente, havendo aumento do teor de ETU após a moagem e
pasteurização, indicando que resíduos remanescentes de EBDC nos frutos foram
convertidos à ETU pelo aquecimento na pasteurização. Entretanto, no processo com
o tanque adicional, verificou-se a redução em 50% do teor de ETU em relação à
lavagem convencional. Esse resultado é indicativo da eficácia da lavagem adicional
com hipoclorito de sódio na remoção de EBDC do fruto e pode ser recomendado
tanto para maçã quanto para outras frutas que utilizam ditiocarbamatos em sua cadeia
produtiva, embora haja necessidade de maior número de experimentos (FAY e col.
2007).
1.5. Toxicidade de EBDC
O mancozebe e o manebe são classificados na classe toxicológica III como
moderadamente tóxicos.
EBDC podem ser absorvidos pelo organismo através da pele, das mucosas e
do trato respiratório e gastrointestinal (WHO 1988). Os ditiocarbamatos e seus
42
produtos de metabolização foram encontrados em certos órgãos, como fígado, rins, e,
especialmente, na glândula tireóide em animais de experimentação.
Há evidência suficiente que estes três EBDC (mancozebe, manebe e metiram)
podem induzir o câncer de tireóide pela formação do metabólito ETU (EPA 2001).
1.6 Toxicidade da ETU
ETU tem baixa toxicidade aguda, mas possui atividade carcinogênica,
goiterogênica, teratogênica e mutagênica em animais de experimentação. O aspecto
mais importante de sua toxicologia é a ação na glândula da tireóide, que causa
hiperplasia e diminuição dos níveis de seus hormônios. O potencial teratogênico de
ETU é específico para rato, enquanto que para fêmeas prenhes de camundongo,
hamster, suíno e gato causa efeito limitado ou ausência de teratogenicidade, exceto
em níveis muito elevados. A mutagenicidade de ETU não está claramente
estabelecida, embora alguns dados existentes indiquem que de fato tem potencial
mutagênico (LENTZA 1990).
Comprovadamente, a ETU tem a capacidade de induzir tumor na tiróide de
roedores e no fígado de camundongo (ELIA e col. 1995; TRIVERDI e col. 1993;
YOSHIDA e col. 1993 1994).
Pelos estudos de revisão, realizados pela International Agency for Research
on Cancer (IARC), a ETU foi classificada no grupo 3, apresentando evidência
suficiente de carcinogenicidade em estudos de animais de experimentação e
evidência inadequada em seres humanos (IARC 2000).
Grisolia (1995) fez uma revisão sobre os aspectos da genotoxicidade,
carcinogenicidade e teratogenicidade dos EBDC e da ETU. Os testes de
carcinogênese experimental em roedores apresentaram resultados positivos para a
tireóide, mas, epidemiologicamente, os dados foram inconclusivos. Tanto os
fungicidas EBDC como a ETU apresentam resultados positivos de teratogênese em
roedores. Quanto à mutagenicidade, observou-se uma série de resultados positivos e
alguns negativos em sistemas biológicos.
43
Alguns estudos sobre efeitos adversos à saúde: carcinogênicos, mutagênicos,
teratogênicos e outros em animais de experimentação e organismos in vitro
encontram-se nas Tabelas 7, 8, 9 e 10, respectivamente.
O tumor de tireóide em ratos tem sido relatado em vários estudos e a menor
dose oral que causou este efeito, entre os estudos apresentados na Tabela 7, foi de
11,466 mg/kg em exposição por 78 semanas. Observa-se que em camundongo é
necessária uma dose muito mais elevada para causar o mesmo efeito. Porém, em
camundongo foi também evidenciado a presença de tumor no fígado (Tabela 7).
Segundo IARC (1987), JMPR-FAO/WHO (1994), a ETU não é um agente
genotóxico para mamíferos.
Dearfield (1994), em trabalho de revisão sobre a genotoxidade da ETU,
concluiu que esta é uma substância fracamente genotóxica, porém, sugeriu a
necessidade de novos estudos para a elucidação deste seu potencial.
Elia e col. (1995), ao estudarem os possíveis efeitos mutagênicos da ETU,
não observaram efeito genotóxico em mamíferos, o que sugere que a ETU induz
tumor hepático em camundongo por outro mecanismo. Porém, o papel da ETU na
indução do tumor de fígado ainda não foi elucidado.
Na literatura têm sido relatados vários estudos sobre efeitos mutagênicos em
diversos organismos expostos à ETU, como Drosophia melanogaster, Aspergillus
nidulans, Escherichia coli e alguns em mamíferos (Tabela 8)
.
Os sistemas estudados
têm sido bastante diversos. Dentre eles tem-se a conversão do gene, a recombinação
miótica e o dano no DNA
(
Tabela 8
).
44
Tabela 7 Ensaios que evidenciam efeitos carcinogênicos em animais de
experimentação expostos à ETU
Organismo Dose
oral
Duração
Efeito Referência
Rato 9,012
mg/kg
103
semanas
Tumor na tireóide
- Carcinogênico *
NATIONAL TECHNICAL
INFORMATION SERVICE
(NTIS) PB92-191618 1992
apud NIOSH/RTECS* 2007
Rato 10,815
mg/kg
103
semanas
Tumor na tireóide
- Carcinogênico *
NATIONAL TECHNICAL
INFORMATION SERVICE
(NTIS) PB92-191618 1992
apud NIOSH/RTECS* 2007
Rato 10,920
mg/kg
2 anos Tumor na tireóide
- Carcinogênico *
National Toxicology
Program Technical Report
Series (NTP-TR) NTP-TR -
388, 1992 apud
NIOSH/RTECS* 2007
Rato 11,466
mg/kg
78
semanas
Tumor na tireóide
- Carcinogênico *
Journal of the National
Cancer Institute (JNCI)
1981 apud
NIOSH/RTECS** 2007
Camundongo 87,360
mg/kg
2 anos Tumor no fígado e
na tireóide
Carcinogênico *
National Toxicology
Program Technical Report
Series (NTP-TR) NTP-TR-
388 1992 apud
NIOSH/RTECS* 2007
*
classificado de acordo com os critérios da ** NIOSH /RTECS
45
Fonte: NIOSH /RTECS – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH /REGISTRY OF TOXIC EFFECTS OF CHEMICAL SUBSTANCES 2007.
Tabela 8 - Efeitos mutagênicos em ensaios in vitro e em animais de
experimentação expostos à ETU
Organismo Dose
Sistema Teste Referência
Drosophia
melanogaster
1 mmol/L
48 horas
oral
Conversão gene
e recombinação
miótica
MUTATION RESEARCH
2002 apud NIOSH/RTECS*
2007
Drosophia
melanogaster
múltipla
500 µmol/L Teste local MUTATION RESEARCH
1997 apud NIOSH/RTECS*
2007
Camundongo 2mg/kg
intraperitoneal
Dano no DNA MUTATION RESEARCH
1997 apud NIOSH/RTECS*
2007
Aspergillus
nidulans
39,200 µmol/L Perda e não
disjunção no
cromossomo
sexual
MUTATION RESEARCH
1986 apud NIOSH/RTECS*
2007
Escherichia
coli
200 mg/L
(ponto ativação
enzimática)
Mutação nos
microorganismos
PROGRESS IN
MUTATION RESEARCH.
1981 apud NIOSH/RTECS*
2007
Fonte: NIOSH /RTECS – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH /REGISTRY OF TOXIC EFFECTS OF CHEMICAL SUBSTANCES 2007.
Alguns estudos de efeitos teratogênicos em animais de experimentação têm
sido relatados em diferentes doses administradas via oral, dérmica ou intra-
peritoneal. Observa-se, pelos estudos apresentados na Tabela 9, que uma dose de
46
2mg/kg de ETU, administrada em fêmea de camundongo prenhe, bem menor do que
as utilizadas em estudo para fêmea de rato prenhe, causou anormalidade no sistema
esquelético-muscular dos recém-nascidos. Nota-se também que dose bem mais
elevada (2800mg/kg), administrada em pele de mea de rato, causou efeito também
nos recém-nascidos.
Oliveira (2005a), em sua tese de doutorado, estudou a redução da inervação
motora e entérica da musculatura da pelve e das alterações sacrais em fetos de ratos
com anomalia anorretal induzida, sendo 43 (controle) e 118 (portadores da
anomalia), gerados por 60 meas. Constatou que houve redução da inervação
motora da musculatura pélvica em fetos de ratos com e sem anomalia anorretal
induzida pela ETU.
Em estudos reprodutivos em ratos, o maior vel no qual não se observa
efeito adverso
(
NOAEL) materna sistêmica para mancozebe foi de 1,5 mg/kg/dia,
baseada no aumento do peso do fígado em fêmeas. Não estudos de reprodução
adequados em rato para ETU (EPA 2007b).
A EPA recomenda o uso da NOAEL materna de 30 mg/kg/dia para
mancozebe, baseada em estudo de toxicidade para mancozebe em coelhos, no qual os
efeitos observados foram morte, ataxia e aborto (EPA 2007b).
Com relação à ETU, não existe um estudo toxicológico em coelhos
adequado para avaliação. Em rato, a NOAEL oral foi 5 mg/kg/dia, baseada no valor
encontrado no atraso da ossificação na estrutura do esqueleto fetal (EPA 2007b).
Para a avaliação de risco no desenvolvimento e toxicidade reprodutiva, a
EPA recomenda usar um fator adicional de segurança (mínimo de 1.000), para
proteção dos subgrupos da população (mulheres com mais de 13 anos de idade)
(EPA 2007b).
47
Tabela 9 - Efeitos teratogênicos em animais de experimentação associados
à exposição à ETU
Organismo Dose Sistema Teste Referência
Rato 84 mg/kg (oral)
11-14 dias da
gestação
Efeito no embrião ou feto.
Fetotoxidade, ex. atrofia
do feto, exceto morte.
JOURNAL OF HEALTH
SCIENCE 1999 apud
NIOSH/RTECS* 2007
Rato 2800 mg/kg
(pele)
7 dias antes da
copulação (1-21
dias da gestação)
Efeito no parto, nos
recém-nascidos, nos
ainda vivos e na estatística
de crescimento dos recém-
nascidos (ex. redução do
ganho de peso).
TOXICOLOGIST 1992
apud NIOSH/RTECS* 2007
Rato 30 mg/kg (intra
peritoneal)
12 dias de
gestação
Desenvolvimento anormal
específico no sistema
nervoso central e efeitos
nos recém-nascido, índice
de viabilidade de
sobrevivência.
CONGENITAL
ANOMALIES 1990 apud
NIOSH/RTECS* 2007
Camundongo 2 mg/kg
12 dias da
gestação
oral
Efeitos na fertilidade, no
embrião ou feto, inclusive
morte e anormalidades no
sistema esquelético-
muscular.
TERATOLOGY THE
INTERNATIONAL
JOURNAL OF
ABNORMAL
DEVELOPMENT 1983
apud NIOSH/RTECS* 2007
48
Rato 60 mg/kg
13 dias da
gestação oral
Desenvolvimento anormal
crânio-facial (incluindo
nariz e língua)
FOOD AND CHEMICAL
TOXICOLOGY 1982 apud
NIOSH/RTECS* 2007
Fonte: NIOSH /RTECS – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH /REGISTRY OF TOXIC EFFECTS OF CHEMICAL SUBSTANCES 2007.
De uma maneira geral, nos estudos com animais de experimentação as doses
são muito variadas e os efeitos observados não são os mesmos e, muitas vezes não
permitem avaliar diferenças nos efeitos adversos encontrados em diferentes animais.
Entretanto, o efeito adverso à saúde mais observado para rato e camundongo é a
hipofunção da tireóide, sendo que a menor dose em rato causa o mesmo efeito
(Tabela 10).
Os efeitos adversos à saúde mais freqüentemente observados têm sido os da
tireóide, incluindo a alteração nos hormônios triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e
estimulador da tireóide (TSH).
A mudança dos níveis de hormônios tireoideanos em roedores, induzida pela
ETU, é típica de agentes goitrogênicos, nos quais a exposição pela administração
crônica interrompe a axis pituitária-tireóide, inibindo a peroxidase tireóidica, com
conseqüente diminuição na circulação dos níveis de hormônio da tireóide e aumento
compensatório de secreção pela pituitária do hormônio estimulador da tireóide (TSH)
(ELIA e col. 1995). Contudo, pelas condições de deficiência crônica e falha no
mecanismo para restabelecimento do balanço hormonal, as duas glândulas continuam
a responder aos seus respectivos sinais e entram em estado de hipertrofia e
hiperplasia. A pituitária continua a secretar TSH e a tireóide não pode enviar sinal de
TSH interrompido por causa de sua incapacidade de secretar o hormônio da tireóide.
Eventualmente, dessa interação resulta o desequilíbrio hormonal que pode induzir à
neoplasia de células foliculares na glândula tireóide e, freqüentemente, neoplasia da
glândula pituitária (VETORAZZI e col. 1995).
Kurttio e col (1986) estudaram os efeitos na função e morfologia da tireóide
de fêmeas de rato “Wistar”, após ingestão de água de consumo contendo ETU
durante 28 dias, e concluíram que, na dosagem de 10,6 a 23,4mg/kg de peso
corpóreo/dia, houve diminuição dos níveis dos hormônios triiodotironina (T3) e
tiroxina (T4) e aumento do nível do hormônio estimulador da tireóide (TSH). A
49
ingestão de ETU induziu as variações ultraestruturais, como dilatação do retículo
endoplasmático rugoso e aumento da vacuolização nas células epiteliais de folículos
da tireóide.
Amaral e col. (1985) estudaram os efeitos da ETU e da etilenouréia (EU)
sobre os níveis de lipoperoxidação hepática em ratos e concluiram que a
etilenotiouréia exerce efeito protetor contra a peroxidação de lipídios hepáticos,
medido pela produção de malonildialdeído, enquanto que a EU não altera a
peroxidação de lípídios em fígado.
Tabela 10 - Efeitos adversos à saúde observados em animais expostos à ETU
Fonte: NIOSH /RTECS – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH /REGISTRY OF TOXIC EFFECTS OF CHEMICAL SUBSTANCES 2007.
Animal Dose Efeito Referência
Camundongo 277,2 mg/kg
oral
7 dias contínuos
Variação do peso do fígado
Evidência de hipofunção da
tireóide
ENVIRONMENTAL
HEALTH
PERSPECTIVES 2002
apud NIOSH/RTECS*
2007
Rato 29,05 mg/kg
oral
7 dias contínuos
Evidência de hipofunção da
tireóide
ENVIRONMENTAL
HEALTH
PERSPECTIVES 2002
apud NIOSH/RTECS*
2007
Camundongo 840 mg/kg
oral
7 dias contínuos
Variação no peso do fígado;
evidência de hipofunção da
tireóide e efeitos
bioquímicos: inibição de
enzima, ou variação no
sangue ou níveis nos tecidos:
oxidases citocromo
(incluindo fosfirilação
oxidativa)
ENVIRONMENTAL
HEALTH
PERSPECTIVES 2002
apud NIOSH/RTECS*
2007.
Rato 297 mg/kg
oral
28 dias contínuos
Variação na composição do
soro sangüíneo (ex. TP,
bilirubina, colesterol)
ARCHIVES OF
TOXICOLOGY 1986
apud NIOSH/RTECS*
2007.
50
1.7. Níveis de EBDC e ETU administrados em mamíferos para alguns
efeitos adversos à saúde
A Tabela 11 apresenta algumas doses utilizadas em estudos com mamíferos
para alguns efeitos críticos. Foram estudados efeitos adversos na tireóde de rato,
macaco e camundongoe no fígado de camundongo.
Tabela 11 – Doses de EBDC e ETU para alguns efeitos críticos estudados
em mamíferos
Composto Animal Efeito Crítico
Dose (mg/kg/dia)
Autor, ano
Mancozebe
Rato
(2 anos)
Alteração dos
hormônios da
tireóide, aumento
de peso
NOAEL: 4,8 FAO/WHO 1993
apud VETORAZZI
e col. 1995 p. 326
Manebe
Macaco
(6 meses)
Aumento de peso
da tireóide
NOEL*: 5 ROHM AND HASS
CO,1977;MANEB
TASK FORCE, 1986
apud EPA 2007a.
ETU
Rato
(1 ano)
Hiperplasia da
tireóide
LOAEL***: 0,25
GRAHAN e col.,
1975 apud (EPA
2007a)
ETU
Camundongo
(3 meses)
Aumento de peso
da tireóide e
fígado
5 O’ HARA, 1985
apud MESTRES
e MESTRES, 1991.
ETU
Rato
(3meses)
Alteração dos
hormônios da
tireóide
NOAEL**: 6 GOLDMAN, 1986
apud MESTRES e
MESTRES, 1991.
* NOEL - Nível no qual não se observa o efeito - nível de exposição no qual não existe estatisticamente ou
biologicamente aumento significante na freqüência ou severidade de efeito entre a população exposta e seu
controle apropriado ;**NOAEL Maior nível no qual não se observa efeito adverso - o nível mais alto de
exposição no qual o existe estatisticamente ou biologicamente aumento significante na freqüência ou
severidade do efeito adverso entre a população exposta e seu controle apropriado; ***LOAEL – Menor nível no
qual se observa efeito adverso estatisticamente ou biologicamente significante na população exposta comparada
com o seu controle apropriado.
Fonte: EPA (2007a)
51
1.8 Estudos relacionados à exposição humana a EBDC e/ou à ETU
Durante a exposição ocupacional, tanto os EBDC como a ETU podem ser
absorvidos pelos pulmões, trato gastrointestinal e pele.
Kurttio e col. (1990) avaliaram a quantidade de EBDC e ETU na formulação
utilizada, suas respectivas concentrações no ambiente de trabalho durante a aplicação
e os níveis de ETU na urina dos trabalhadores durante 22 dias após a exposição. A
estimativa da dose inalada de ETU e EBDC durante a média de 4 horas de aplicação
por período foi de 0,07 e 1,8 µg/kg, respectivamente. A concentração de ETU na
urina, 24 horas após a exposição a EBDC, foi de 0,1 - 2,5 µg/nmol de creatinina. A
meia-vida estimada para eliminação de ETU através da urina foi de10 horas. Os
resultados demonstraram que a determinação de ETU urinária é um indicador
biológico adequado para estudo de exposição a EBDC.
Valores de referência de etilenotiouréia urinária da população geral (167
pessoas) de quatro regiões da Itália (Veneto, Lombardia, Piemonte e Trentino Alto
Adige) foram comparados com os obtidos da população (97 pessoas) de Rovescala,
cidade produtora de vinho a alguns quilômetros de Pavia, onde os EBDC são
pulverizados por helicóptero. Foi encontrada ETU acima do limite estabelecido (1,0
µg/L) em 24% da população de referência e em 37% da população exposta. Os
valores de ETU encontrados variaram de 0,8 a 8,3 µg/L, para a população geral das 4
regiões, e de 0,9 a 61,4 µg/L, para a população de Rovescala. Fumantes e
consumidores de vinho apresentaram variação estatisticamente significante dos
níveis de ETU na urina (APREA e col. 1996).
Aprea e col. (1997) monitoraram a excreção urinária de ETU durante oito
dias em um grupo de cinco voluntários, do sexo masculino e não fumantes,
submetidos a uma dieta com alimentos também analisados, para determinação de
ETU e ditiocarbamatos (como CS
2
). Os resultados das concentrações de ETU nos
alimentos ingeridos pelos voluntários foram geralmente inferiores ao limite de
detecção enquanto que no vinho foi de 8,8 µg/L. Os níveis de CS
2
em amostras de
consumo diário alimentar variaram de 0,03 a 0,17 mg/kg. A média de consumo
diário de ETU no vinho foi 3,5 ± 0,2 µg/kg e o aceitável (IDA) seria 0,07 µg/kg peso
corpóreo. Durante oito dias de estudo, uma média de 48% de ETU ingerida no vinho
foi excretada inalterada pela urina. A correlação entre a excreção urinária de ETU em
52
24 horas e a ingestão diária de ETU foi 0,768 e, pelos níveis de CS
2
encontrados nos
alimentos, a correlação foi de 0,414.
Aprea e col., em 1998, avaliaram a exposição à mancozebe e ETU em uma
indústria de formulação, pela análise de amostras ambientais e de monitoramento
biológico dos empregados. As concentrações no ar em µg/m
3
variaram de 0,2 a 1,3
para ETU e de 139,9 a 949,0 para mancozebe. A concentração urinária de ETU
apresentou correlação significativa com a exposição ambiental à mancozebe (r2=
0,971) e à ETU (r2=0,858). A dose potencial respiratória de ETU foi 7% do total e a
absorção estimada não excedeu a IDA para ETU ou mancozebe.
Em 1984 foi apresentado um estudo no British Journal of Industrial
Medicine, com evidência de hipofunção da tireóide pela exposição ocupacional
humana pela inalação de 10 µg/m
3
por 10 anos intermitentes (BRITISH JOURNAL
OF INDUSTRIAL MEDICINE 1984 apud NIOSH/RTECS 2007).
Os aplicadores de agrotóxicos estão sujeitos à exposição a vários princípios
ativos. Os comprometimentos à saúde com o contato continuado aos agrotóxicos
podem variar intensamente, dependendo de características do indivíduo, como, por
exemplo, estado nutricional, idade e sexo. Sintomas como fraqueza, vômitos,
náuseas, convulsões, contrações musculares, dores de cabeça, dificuldade
respiratória, sangramento nasal, desmaio podem ser atribuídos à intoxicação aguda;
já, lesões renais e hepáticas, efeitos neurotóxicos são geralmente atribuídos à
intoxicação crônica (WILSON e OTSUKI 2004).
No Brasil,
cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fiscalizar a
segurança e saúde no trabalho, ou seja, os ambientes e as condições de uso dos
agrotóxicos. Todavia, na prática cotidiana, segundo Araújo e col. (2000), em estudo
realizado em Pernambuco, foi reconhecida cobertura apenas parcial do universo de
trabalhadores rurais pelo MTE, devido às limitações metodológicas, de materiais e de
pessoal que culminam com baixa eficácia das ações fiscalizatórias (ARAÚJO e col.
2000).
No Brasil, o estabelecimento da relação entre o surgimento de câncer entre os
trabalhadores rurais e o manuseio de agrotóxicos é dificultado pelo desconhecimento
da duração do tempo de exposição e dos produtos utilizados, ausência de registro de
53
base populacional rural nacional e situações outras, como as migrações e exposições
ambientais ao sol e à fumaça de queimadas (STOPELLI 2005).
Um aspecto relevante no trabalho rural brasileiro diz respeito à participação
de crianças e adolescentes nas atividades agropecuárias. O Censo Agropecuário
(1996) constatou a existência de 2.435.678 trabalhadores menores de 14 anos de
idade atuando neste setor, ou seja, 18,6% da população trabalhadora rural. Essa faixa
da população é especialmente afetada pelo trabalho precoce, tanto pelos aspectos
técnicos dos processos de trabalho (exposição aos agrotóxicos, às radiações solares,
ao ruído, à vibração etc.), como também aqueles ligados à organização do trabalho
(jornada, ritmo, conteúdo das tarefas etc.). Além disso, é preciso considerar o
comprometimento do processo de socialização infantil e da escolarização (SILVA e
col. 2005).
Os EBDC raramente causam reações de toxicidade aguda, mas têm severo efeito
tóxico após longo prazo. Doze casos reportados pelo Bordeaux Anti-Poison Center
no período de 10 anos exibiram sintomas neurológicos de severidade variável. Casos
de intoxicação aguda, reportados na literatura, têm envolvido vários sinais
neurológicos, incluindo dor de cabeça, vertigem e confusão, além de alguns casos de
ataques, todos rapidamente reversíveis. Exposição a longo prazo tem sido associada
com parkinsonismo e estudos epidemiológicos têm demonstrado aumento de risco de
deteriorização neurocognitiva associada com exposição aos agrotóxicos em geral e a
EBDC, especificamente. Exposição acidental ou ocupacional a EBDC e sua
conseqüência após longo prazo requerem estudos adequados com relação ao
mecanismo, epidemiologia e prevenção (DEBBARH 2002).
1.9. Prováveis riscos ao meio ambiente
A erosão do solo e as águas de enxurradas transferem resíduos de agrotóxicos
de áreas tratadas para áreas não tratadas e para rios e lagos. Entre outras causas,
concorrem para isso, o descarte de embalagens vazias próximas às lavouras, a
aplicação de agrotóxicos a menos de 30m dos cursos de água, além da lavagem de
equipamentos junto à lavoura. Do total dos agricultores e trabalhadores investigados
por Freitas e col. (1994), em Teresópolis-RJ, 36,6% aplicam agrotóxicos a menos de
30 m das residências e 34,2% aplicam esses produtos a menos de 30m de corpos de
54
água, 62,2% lavam os equipamentos na lavoura e 79,3% descartam as águas de
lavagens na lavoura, 56,1% enterram as embalagens vazias e 36,6% as queimam.
Descarte das Embalagens de Agrotóxicos Vazias
Praticamente todos os agrotóxicos são capazes de contaminar rios e lagos com
graves impactos ambientais; alguns efluentes, entretanto, são fortes contaminantes do
lençol subterrâneo d’água, ampliando o espectro de contaminação, via ingestão de
água contaminada (EPA 1992).
O abandono das embalagens, quase sempre com restos dos agrotóxicos, é um
fator agravante do problema da contaminação ambiental, o qual, se não pode ser
totalmente evitado, é passível de ser minimizado.
Nos Estados Unidos da América (USA) e no Japão, a característica poluidora
das embalagens vazias já vem sendo tratada há várias décadas, mediante leis e
normas sobre o assunto que obrigam ou induzem as entidades que atuam no meio
rural, bem como os fabricantes, a procurarem soluções de modo a reduzir ao máximo
os danos diretos ao ser humano e ao meio ambiente.
Pela legislação brasileira é obrigatória realizar a tríplice lavagem nas
embalagens vazias de agrotóxicos antes do descarte, após a utilização dos produtos e,
após devem ser destinadas a uma central de recolhimento para reciclagem, e as
embalagens com restos de produtos químicos e prazos de validade vencidos devem
ser devolvidas pelo produtor, no prazo de até um ano após a compra, aos
estabelecimentos onde os produtos foram adquiridos, a quem cabe as providências. O
agricultor que não devolver as embalagens ou não prepará-las adequadamente poderá
ser multado, além de ser enquadrado na Lei de Crimes Ambientais.
A informações sobre o uso correto e seguro dos agroquímicos é assunto
regulamentado pela Lei federal no 7.802, de 11 de julho de 1989 e Decreto 4.074,
de 4 de janeiro de 2002, e dispõem sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos
resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e estabelece as empresas
produtoras e comercializadoras de agrotóxicos, seus componentes e afins, devem
55
implementar com o Poder Público, programas educativos e mecanismos de controle e
estímulo à devolução das embalagens vazias por parte dos usuários; e também
determina penalidade para os que descumprirem as exigências estabelecidas
(BRASIL 2003)
.
No Estado de São Paulo, desde 1993, projetos sobre a destinação das
embalagens vazias com a participação de todas as áreas diretamente afetadas, desde o
fabricante de agrotóxicos até as indústrias de reciclagem, passando por órgãos
técnicos ligados à produção agrícola e ao meio ambiente.
1.9.3 Degradação de ETU no meio ambiente
ETU é uma substância razoavelmente estável em relação a reações
hidrolíticas, mas é facilmente oxidada a etilenouréia (EU). A oxidação para EU
ocorre primordialmente em sistemas biológicos e por reação fotolítica, especialmente
na presença de fotossensibilizadores. De acordo com Ross e Grosby (1973), a ETU
demonstrou ser estável à luz solar em solução aquosa (0,5-50 ppm), mas é
rapidamente fotoxidada em presença de oxigênio dissolvido e acetona ou riboflavina.
Eles concluíram que fotossensibilizadores naturais podem representar uma
importante parcela na transformação de ETU no meio ambiente.
Após irradiação ultravioleta de ETU em sílica gel, Cruickshank e Jarrow
(1973) encontraram nove produtos de reações secundárias. 2-imidazolidinona foi
identificado como o principal produto de degradação e, em menores quantidades, o
composto denominado como “base de Jaffe” (Figura 2). Ross e Crosby (1973)
relataram outros produtos de reação secundária de fotooxidação de ETU, como 2-
imidazolina e glicina (WHO1988).
A mobilidade de EBDC no solo varia consideravelmente, dependendo da
solubilidade de cada princípio ativo em água e do tipo de solo. Segundo Lyman e
Lancoste (1974), citados por ARAÚJO (1998 p. 9), a meia-vida, no solo, de
mancozebe nas concentrações de 20 mg/kg e 10mg/kg foram, respectivamente, 50 e
90 dias.
Johannesen e col. (1996) estudaram a degradação 0,07 mg/kg de ETU
marcada com C
14
em superfície e subsuperfície de solo de areia grossa. A degradação
56
de ETU foi rápida na superfície e lenta na subsuperfície, o que implica em risco de
contaminação das águas subterrâneas.
ETU, absorvida pelas raízes das plantas, é translocada e metabolizada,
formando etilenouréia (EU) e derivados como imadazole, diisocianatos, diaminas,
dissulfetos e outros metabólitos ainda não conhecidos.
ETU é rapidamente fotooxidada a EU na presença de fotossensibilizadores,
como acetona e riboflavina. Etilenouréia (EU) é considerada mais estável que ETU e
é o maior produto de degradação de ETU. Pode também ser oxidada
fotoquimicamente, na presença de catalisador, resultando glicina e dióxido de
carbono, ou microbiologicamente em solo, resultando em CO
2
.
A distribuição de ETU no organismo de animais de experimentação é
bastante uniforme, com exceção da relativa acumulação na tiróide e no fígado (WHO
1988; NEBBIA e col 1991).
Estudos com administração de mancozebe em animais de experimentação
revelaram que a maior parte da dose ingerida é eliminada inalterada pelas fezes e
15,5% é biotransformada e eliminada na urina na forma de ETU e N-
acetilenodiamina. Em virtude da biotransformação dos EBDC no organismo, a ETU
urinária tem sido mencionada como indicador da exposição de seres humanos a essa
classe de fungicidas (KURTTIO e col. 1990; CANOSSA e col. 1993).
Os principais produtos de degradação e/ou biotransformação de ETU ocorrem
por fotodecomposição ou oxidação química em plantas, animais e solo. Por
fotodecomposição formação de etilenouréia (EU), 2-imidazolina, hidantoína,
glicina e “base de Jaffe” e por oxidação química EU, CO
2
e outros metabólitos. Por
biotransfomação uréia, etilenodiamina (EDA), ácido oxálico, entre outros (Figura
2).
A Figura 2 apresenta produtos de reações de ETU em animais, nas plantas e
no solo.
57
Obs: a= fotodecomposição; b= oxidação química; c= plantas; d= animais; e=solo
Fonte: WHO1988, com modificação
.
Figura 2 - Produtos de reações de ETU em sistemas biológicos e não biológicos.
1.9.2. Estudos de toxicidade de EBDC e ETU no ambiente
A toxicidade aguda de EBDC é alta para algumas espécies de peixe,
crustáceos, algas e bactérias. Os EBDC (mancozebe e manebe) estão classificados
em relação ao risco de periculosidade ambiental como classificação ambiental II,
considerados como produtos perigosos.
CH
2
NH
2
CH
2
NH
2
EDA
Metabólitos não
conhecidos
Substâncias naturais
(proteínas, gordura)
a
c, (d)
(d)
e
(d)
COOH
COOHCO
2
NH
2
a (d)
ácido, oxálico glicina
“base de Jaffe”
CH
2
NH
CH
2
NH CH
2
CH
2
C N NH
C
S
NH
hidantoína
(d)
urea
O C C O
NHCH
2
a
CH
2
NH
EU
a
2-imidazolina
NHCH
2
NHCH
2
CH
2
CH
2
NH
C O
H
2
N C NH
2
O
H
2
N C NH
2
O
CH
2
COOHCH
2
COOH
b
b
c
d
e
e
a e
ETU
CH
2
NH
CH
2
NH
C S
CH
2
NH
CH
2
NH
C S
b
c
d
e
c
(d)
58
Pesquisas demonstram que os microorganismos do solo são capazes de
metabolizar os ditiocarbamatos. Os produtos formados podem afetar atividades
enzimáticas, respiração e nitrificação em níveis de dose da ordem de 10 mg/kg ou
mais em solo seco.
Conforme pode-se observar na Tabela 12, para algumas espécies de peixes,
crustáceos e algas, os etilenobisditiocarbamatos (mancozebe, manebe e zinebe) o
mais tóxicos do que a ETU. Para mancozebe, por exemplo, a concentração letal
(CL
50
) para peixe foi de 2,6 mg/L e para ETU foi de 7.500 mg/L (VAN LEEUWEN
1985a, 1985b; WHO 1988).
Tabela 12 - Estudos de toxicidade de etilenobisditiocarbamatos e de ETU e EU
em peixe, crustáceos, algas e bactérias.
Composto Peixe crustáceo Algas bactérias
Poecilia
reticulata
CL
50
-
96h
(mg/L)
Daphnia
magna
CL
50
-
48h
(mg/L)
Chorella
pyremoidosa
CE
50
96h
(mg/L)
Phytobacterium
phosphoreum
CE
50
-
15min.
(mg/L)
Nitrosomonas
e Nitrobacter
CMI –
3h (mg/L)
Mancozebe
2,6 1,3 1,1 0,08 32
Manebe
3,7 1,0 3,2 1,2 56
Zinebe
7,2 0,97 1,8 6,2 18
ETU
7.500 26,4 6.600 2.100 1
EU
13.000 5.600 16.000 3.300 1.000
Fonte: VAN LEEUWEN (1985a , 1985b); WHO (1988), com modificação.
CL = Concentração Letal; CE= Concentração efetiva (de exposição)
Os resultados de estudos de toxicidade por via oral com mancozebe
revelaram que patos selvagens e marrecos japoneses apresentaram DL
50
superiores a
6.400 e 3.200 mg/kg, respectivamente. A concentração letal (CL
50
) avaliada por 48
horas em peixes variou de 4,0 a 9,0 mg/L, dependendo da espécie estudada. Em
abelhas, a CL
50
(48h) foi de 0,19 mg/abelha (TOMLIN 1995).
Formatado: Cor da fonte:
Preto, Inglês (EUA)
59
1.9.3. Estudos de ETU em amostras ambientais
Alguns pesquisadores têm demonstrado preocupação com a possibilidade de
ocorrência de ETU em água subterrânea, em rios, água de consumo humano,
principalmente em áreas agrícolas onde os EBDC são utilizados, devido à relativa
estabilidade e alta polaridade da ETU (HOGENDOORN e col 1991; VAN DER
POLL e col 1993). A ETU foi encontrada em água de poço após seis meses da
última aplicação de mancozebe (NEIL e WILLIAMS 1990).
Calumpang e col. (1993), com o objetivo de avaliar o potencial de
contaminação de lençóis freáticos, estudaram o deslocamento de mancozebe e de
seus produtos de degradação no solo. Concluíram que o mancozebe, se aplicado
dentro das Boas Práticas Agrícolas (BPA), não contamina águas subterrâneas com
resíduos remanescentes de mancozebe ou de ETU. Porém, a degradação dos EBDC
depende das condições de aplicação, descarte de embalangens vazias, condições
físico-químicas e de microorganismos presentes no solo, entre outras.
Frakes (1988), baseado em efeitos adversos à saúde derivados de estudos
experimentais em animais, como alterações na função da tireóide, sugere o limite de
3 µg/L (ppb) de ETU para água de consumo.
1.9.4. Doses de referência de EBDC e ETU
Ingestão Diária Aceitável (IDA)
A Ingestão Diária Aceitável para os EBDC (mancozebe, manebe, metiram e
zinebe) estabelecida pelo MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003, é de 30µg//kg pc /dia
de CS
2
e a de ETU é de 2 µg /kg pc /dia, estabelecida pelo Joint Meeting of the FAO
Panel of Experts on Pesticide Residues in Food (JMPR), grupo assessor do Codex
Alimentarius (FAO/WHO 1994).
Dose oral crônica de efeito não carcinogênico para ETU
Baseada no valor de LOAEL mais baixo (GRAHAN e col. 1975 apud EPA
2007a), obtido pelo estudo de aumento de incidência de hiperplasia da tireóide, a
EPA propõe uma dose oral crônica de efeito não carcinogênico para ETU de 0,08
µg/kg/dia, tendo sido utilizado um fator de incerteza de 100, por conta da diferença
inter e intra espécies, um fator de 3 usado pelo limitado conhecimento do efeito
60
toxicológico, por existirem muitos dados diferentes. Além disso, um adicional fator
de 10 foi usado pela referência ter sido a LOAEL ao invés da NOAEL, totalizando
um fator de 3.000 (EPA 2007a).
A EPA tem avaliado dados de toxicidade e considerado sua validadade,
inconclusão e confiabilidade, bem como relação dos resultados dos estudos com o
risco humano, e considerado a avaliação da informação em relação à variabilidade de
sensibilidade dos maiores subgrupos identificáveis de consumidores, incluindo bebês
e crianças (EPA 2007b).
Tabela 13 - Doses de referência de ETU
População Doses de
Referência
Valores
em
µg/kg/dia
Estudo Efeito
observado
Referência
População,
incluindo
subgrupos
sensíveis
Oral crônica
de efeito não
carcinogênico
0,08 Rato (1
ano)
LOAEL:
0,25
(5ppm
oral)
Aumento
da
incidência
de
hiperplasia
da tireóide
GRAHAN e
col. 1975
apud EPA
2007a
População
em geral
Ingestão
Diária
Aceitável
2 Rato (1
ano)
LOAEL:
0,25
(5ppm
oral)
Aumento
da
incidência
de
hiperplasia
da tireóide
Codex
Alimentarius
(FAO/WHO
1994)
Fonte: EPA 2007a; FAO/WHO 1994.
1.9.5. Risco pela exposição combinada a substâncias químicas
A maioria dos estudos não considera a interação que os diversos compostos
químicos podem estabelecer entre si e nos sistemas biológicos orgânicos.
61
Este é um aspecto extremamente importante em relação à análise dos riscos e
danos à saúde da população exposta e ao meio ambiente, tendo em vista que são
muitos os agrotóxicos utilizados, além de ocorrerem misturas de produtos no campo
e também porque várias formulações de agrotóxicos se apresentam na forma de
misturas.
A exposição combinada a substâncias químicas pode causar três tipos de
efeitos sobre a saúde humana: independentes, sinérgicos (aditivos ou
potencializados) e antagônicos. Alguns trabalhos demonstram que a resposta do
organismo humano diante das exposições combinadas pode ser influenciada por
algumas características pessoais, tais como tabagismo, alcoolismo e estado
nutricional (SILVA e col 2005).
A Portaria 777, de 28 de abril de 2004, do Ministério da Saúde, define, entre
outros pontos, que as intoxicações exógenas, dentre elas aquelas causadas por
agrotóxicos, são de notificação compulsória no Brasil. Esta obrigatoriedade de
notificação em todos os níveis de atenção à saúde do SUS pode ampliar a cobertura
de notificação, com conseqüente melhoria na identificação dos agravos à saúde e nos
estudos e pesquisas.
1.9.6. Risco pela exposição crônica agregada à ETU
A EPA considera como risco para a saúde humana a exposição crônica
agregada. Portanto, deve-se considerar o potencial pela exposição ao mancozebe e à
ETU em água para consumo humano, a exposição pela dieta alimentar e a exposição
residencial ou ambiental. A exposição agregada deve levar em conta o background
do nível encontrado em alimentos da dieta alimentar, em água de consumo e no meio
ambiente e não deve exceder 100% da dose de referência - RfD (EPA 2007b).
Resíduos de ETU são estabelecidos em 50µg/kg (ppb) para alimentos pela
União Européia (FAY e col. 2007).
A EPA tem considerado o risco carcinogênico de g/L (ppb) para ETU
em água de consumo, sendo que o risco agregado estimado de ETU não deve exceder
este nível (1ppb) (EPA 2007b).
62
Estabeleceu-se na União Européia o valor de 0,g/L como concentração
máxima permitida de qualquer agrotóxico em águas destinadas ao consumo humano
independente de sua toxicidade (VEIGA 2006).
A Comissão do International Union of Pure and Applied Chemistry
(IUPAC) recomenda que este cálculo deva seguir o sistema da OMS, ou seja,
reservar de 1 a 10% da IDA para a presença de resíduos de agrotóxicos na água
ingerida (HAMILTON 2003 apud PEREIRA 2005).
A legislação brasileira não prevê resíduos de ditiocarbamatos, mancozebe
ou ETU em água de consumo.
O risco de câncer pelo mancozebe é baseado na ETU. Mancozebe tem sido
classificado no Grupo B2, provavelmente carcinogênico para humanos, pelo Cancer
Peer Review Committee and Science Advisory Panel, baseado na evidência de tumor
da tireóide em camundongo (EPA 2007b).
Stoppelli (2005), levantando dados sobre o uso de agrotóxicos na região
central paulista e mapeando casos de câncer entre trabalhadores rurais do município
de Bariri, segunda base hospitalar de referência no país, encontrou um Risco
Relativo de 1.6, indicando quase duas vezes mais chances de desenvolver câncer em
trabalhadores rurais quando comparado com outras profissões locais, para o grupo e
período estudados.
1.9.7.
Risco pela exposição aguda à ETU
O cálculo do risco da ingestão de resíduos de agrotóxicos com potencial de
risco agudo elevado é muito importante, principalmente, para a proteção da saúde de
crianças e bebês.
A avaliação do risco de exposição aguda é feita pelo uso do agrotóxico no
alimento quando estudos toxicológicos indicam a possibilidade de um efeito ocorrer
como resultado de 1 dia de exposição. Para avaliação de risco agudo pela ingestão
de ETU, a EPA recomenda o uso da NOAEL oral de 5 mg/kg/dia, obtido de estudo
toxicológico realizado em rato, no qual o efeito observado foi o aumento de
ossificação no esqueleto do feto (EPA 2007b). Este estudo também é usado nos
Estados Unidas da América para avaliação de risco agudo para bebês e crianças
(EPA 2007b).
63
1.10. Frutas
1.10.1. Mercado mundial de frutas
Em 2004, a produção mundial de frutas foi de 675,1 milhões de toneladas. A
China ocupou o primeiro lugar no “ranking”, com 161 milhões de toneladas, seguida
da Índia com 58 milhões de toneladas. O Brasil ficou com a terceira colocação,
produzindo 39 milhões de toneladas, representada principalmente pelas culturas de
banana, laranja, abacaxi, mamão, castanha-de-caju e castanha-do-Pará. O mercado
interno absorveu 21 milhões de toneladas/ano e o excedente exportável foi cerca de
17 milhões de toneladas no ano de 2004 (MAPA 2007e).
Como pode-se observar na Figura 3, os maiores produtores mundiais de maçã
são: China (37%), Turquia (4%), Itália (3%) e Brasil (2%); de mamão são: Brasil
(25%), México (15%), Índia (11%) e Indonésia (10%) e de morango: EUA (27%),
Espanha (9%), Itália e México (5%) (OLIVEIRA 2005b). No período de 2002 a
2006, as exportações de produtos agropecuários brasileiros tiveram aumento de 99%,
saltando de US$ 24,8 bilhões para US$ 49,4 bilhões, segundo dados do MAPA. As
frutas, incluindo nozes e castanhas, ficaram no lugar, com aumento de 91% nas
vendas, expandindo de US$ 400 milhões para US$ 702 milhões (MAPA 2007b).
Países da Comunidade Européia são os maiores importadores de frutas frescas
brasileiras, representando 63% do total das exportações (SEAGRI 2005).
Foram exportadas 153.043 toneladas de maçãs frescas, correspondentes a
72.550.000 dólares, para Holanda, Reino Unido, Alemanha, Suécia, e 2 toneladas de
maçãs secas, equivalentes a 6.000 dólares, para o Chile, e importadas 42.478
toneladas (17.641.000 dólares) de maçãs frescas da Argentina, Chile, Uruguai e
França e 28 toneladas (86.000 dólares) de maçãs secas da Argentina, em 2004
(MAPA 2007d).
O crescimento da cadeia produtiva de frutas no mercado mundial foi
impulsionado pelo programa de Produção Integrada de Frutas (PIF), com redução
dos índices de aplicação de substâncias agroquímicas nos pomares, oferecendo aos
consumidores frutas mais saudáveis e seguras, além de contribuir para a preservação
ambiental e para a saúde do trabalhor (MAPA 2007b).
64
Figura 3 – Principais produtores mundiais de maçã, mamão, morango em porcentagem relativa.
37,2
2,53
0,4
0,27
10,7
0
1,6
24,6
3,2
0,77
0,32
26,9
0
10
0
0
1,2
0,0
1
0
9,1
3,4
0
4,8
0,9
14,7
4,8
4,2
0
4,6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
China Índia Brasil EUA Indonésia Filipinas Espanha Itália México Turquia
Maçã
Mamão
Morango
65
Desde que foi implantado, a PIF permitiu redução de 63% no uso de
agrotóxicos nos pomares de manga; de 50% nos de mamão; de 32% nos de uva; e de
30% nos de maçã (MAPA 2007e).
Dentre as principais frutas produzidas no Brasil, citadas na Tabela 14, destaca-
se a laranja, que ocupa o lugar, e o caju, produzido quase que exclusivamente no
país, representando 96% da produção mundial.
O Brasil é um dos maiores los mundiais de produção de sucos de frutas.
Em 2003, as exportações do setor alcançaram 1.250.000.000 dólares. Do total, 95%
correspondem a suco de laranja, do qual o país é o maior produtor e exportador. Os
principais destinos foram Bélgica, Países Baixos, Estados Unidos e Japão (MAPA
2007e).
O mamão encontra-se em lugar na produção nacional de frutas, com 1.600
mil toneladas (Tabela 14), sendo que a Bahia é responsável por 55% desta produção,
dos quais 80% saem do extremo sul do Estado. O mamão é exportado para vários
países europeus, como Inglaterra, França, Alemanha e Portugal (SEAGRI 2005).
Apesar do Brasil ser o maior produtor de mamão do mundo (Figura 3), sua
participação no mercado mundial (25%) é ainda pequena, sendo que previsões de
crescimento nas exportações (Tabela 14).
A industrialização de produtos como purê pode ser o grande suporte ao
desenvolvimento da cultura do mamoeiro, principalmente na forma de polpa
congelada destinada à industrialização para compor iogurtes e sorvetes (SILVA
1999).
A maçã está no lugar entre as frutas de maior produção no Brasil, com 977
mil toneladas (Tabela 14). A maçã se encontra entre as culturas que possuem
zoneamento agrícola no Brasil (algodão, arroz, banana, café, caju, cevada, feijão,
feijão caupi, mamona, mandioca, maçã, milho, soja, sorgo, trigo e uva).
66
Tabela 14 Classificação das principais frutas produzidas no Brasil em
ordem decrescente e comparação com a produção mundial
Classificação
no
Brasil
Produção
no
Brasil
(mil ton.)
Produção
no
Mundo
(mil ton).
Comparação
da produção
no Brasil
x Mundo
(%)
Laranja 18.262 63.039 29
Banana 6.593 103.297 6
Coco 2.959 53.473 5
Caju 1.608 1.671 96
Mamão 1.600 6.504 25
Abacaxi 1.435 15.287 9
Uva 1.279 65.486 2
Tangerina 1.263 22.198 6
Maçã 977 59.059 2
Limão/lima 10º 950 12.126 8
Manga 11º 845 26.286 3
Melancia 12º 620 93.481 1
Pêssego 13º 215 15.561 1
Abacate 14º 173 3.187 5
Melão 15º 155 27.371 1
Morango 16º 100* 3.113 3
Toranja/pomelo 17º 67 4.874 1
Caqui 18º 66 2.454 3
Figo 19º 24 1.089 2
Pêra 20º 20 17.909 <1 (0,7)
Fonte: Adaptado de (FAO 2005 apud OLIVEIRA 2005b); * (EMBRAPA 2005a)
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático, coordenado pela Secretaria de
Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), cresceu 85% de 2003 a 2006. O mero de zoneamentos aumentou de 118
67
para 220 e já beneficia 16 culturas em praticamente todos os estados brasileiros. O
instrumento é considerado de fundamental importância para promover o sucesso da
atividade agrícola no Brasil, pois indica as localidades e períodos mais propícios para
o plantio das culturas contempladas com o estudo de diversas espécies (MAPA
2007a).
O rendimento médio da produção de maçã no Brasil em 2005 foi de 23.522
kg/ha. Os Estados que mais contribuíram (em ordem decrescente) foram Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, com área colhida de 19, 15, 2 e <1
mil hectares, respectivamente (MAPA 2005).
O Brasil não figura entre os maiores produtores de morango, estando em
torno de 100 mil toneladas ao ano, concentradas principalmente nas Regiões Sudeste
e Sul, sendo que Minas Gerais produz mais de 30 mil toneladas; São Paulo 29 mil
toneladas e Rio Grande do Sul 11 mil toneladas, representando, juntos, mais de 80%
da produção nacional (EMBRAPA 2005a).
Em São Paulo, as plantações de morango estão concentradas em Campinas,
Jundiaí e Atibaia, sendo que esta última representa 60% da área cultivada
(EMBRAPA 2005a).
1.10.2. Escolha das matrizes de estudo - Frutas
A escolha por trabalhar com frutas deve-se ao fato de serem ingeridas in
natura, por existir a possibilidade de conter resíduos de etilenotiouréia, pois os
etilenobisditiocarbamatos são autorizados para uso para praticamente todas as frutas,
e pelo seu consumo ser expressivo na dieta do brasileiro.
Entre os produtos de origem vegetal, segundo pesquisa de Orçamentos
Familiares no município de São Paulo, as frutas apresentaram consumo alimentar per
capita anual de 28,486 kg; as hortaliças de 30,084 kg ; os cereais e leguminosas de
33,126 kg, os cocos de 0,232 kg e as castanhas e nozes de 0,058 kg (IBGE 2005).
As frutas que apresentaram maior consumo na cidade de São Paulo em ordem
decrescente de consumo alimentar per capita anual foram: laranja (8,206 Kg),
banana (7,520 kg), melancia (2,874 kg), mamão (2,127 kg), maçã (2,009 kg), manga
(1,054 kg), uva (0,699 kg) e outras de clima temperado, incluindo o morango (0,134
kg) (IBGE 2005).
68
Apesar da laranja e da banana apresentarem maiores consumos, dados de
monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos, realizados no Brasil, não
revelaram índices consideráveis de resíduos de ditiocarbamatos nas amostras
analisadas (ANVISA 2003), sendo, portanto, menos provável encontrar resíduos de
ETU nessas matrizes do que em outras que apresentaram maiores índices de
contaminação por esses resíduos, como mamão, maçã e morango.
Foi dada preferência para os frutos que geralmente são consumidos com casca.
No caso, a maçã e o morango se enquadram nesse critério. Ficaram excluídos por
este critério: laranja, banana, mamão, melância, manga. Porém, o mamão, além de
estar em lugar em consumo, depois da laranja e banana, tem apresentado resíduos
de ditiocarbamatos e ETU em estudos anteriores. Além disso, algumas receitas
caseiras incluem a casca no consumo.
Apesar do consumo per capita anual da uva ser maior do que o do morango
(IBGE 2005), de poder ser consumida com e sem a casca e de possuir autorização
para uso de EBDC nas culturas, foi dada preferêcia para o morango pelos motivos
descritos a seguir.
O morango é muito apreciado pela população e, em especial as crianças, e
está freqüentemente presente em inúmeras receitas de bolos, tortas, sucos, iogurtes
entre outras. Tem apresentado índices de contaminação por ditiocarbamatos.
Crianças também apreciam e consomem doces e massas com morango. Além disso,
houve alteração na legislação, que a partir de 02/09/2003 estabeleceu o uso do
metam sódico e desautorizou o uso de manebe (EBDC) em cultura de morango.
Portanto, foi considerado importante verificar se a medida trouxe alguma repercussão
para a saúde pública, com diminuição dos resíduos no morango.
Resíduos de ditiocarbamatos têm sido encontrados em amostras de maçã,
mamão e morango em estudos realizados no Brasil (descritos na Discussão).
Existem poucos trabalhos relacionados ao monitoramento de ETU em frutas
no Brasil.
O consumo de frutas traz inúmeros benefícios à saúde, pois são ricas em
vitaminas e minerais, entre outros componentes, conforme pode ser observado na
Tabela 15.
69
Tabela 15 - Composição da parte comestível das frutas estudadas:
calorias, nutrimentos, minerais, vitaminas, aminoácidos e porcentagem de
resíduo.
Composição Frutas
Componentes Unidade maçã mamão morango
Calorias
(kcal/100g)
58 32 36
Umidade
(g/100g)
84,0 90,7 90,0
Proteínas
(g/100g)
0,3 0,5 0,8
Lipídeos
(g/100g)
0,3 0,1 0,3
Glicídeos
(g/100g)
15,2 8,3 8,5
Fibra
(g/100g)
0,7 0,6 1,3
Cinzas
(g/100g)
0,2 0,4 0,4
Cálcio
(mg/100g)
6 20 29
Fósforo
(mg/100g)
10 13 29
Ferro
(mg/100g)
0,4 0,4 1,0
Retinol equivalente
(mmg)
3 37 3
Vitamina B1
(mg/100g)
0,03 0,03 0,03
Vitamina B2
(mg/100g)
0,05 0,04 0,04
Niacina
(mg/100g)
0,2 0,3 0,4
Vitamina C
(mg/100g)
6 46 70
Lisina
(mg/g de N)
370 316 250
Metionina/Cistina
(mg/g de N)
133 178 65
Treonina
(mg/g de N)
230 219 190
Triptofano
(mg/g de N)
58 57 72
Parte não comestível
(%)
12 29,1 10,8
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) /Estudo
Nacional da Despesa Familiar (ENDEF) (IBGE/ENDEF 1985).
70
1.10.3. Hábitos de consumo relativos às frutas estudadas
Os principais hábitos de consumo no Brasil estão descritos a seguir.
Maçã
A maçã é consumida in natura e em produtos industrializados como sucos,
vinagre, bebidas alcoólicas, geléias, compotas, doces e também em grande variedade
de receitas caseiras.
Devido ao alto teor de potássio de aproximadamente 120mg por 100g ( e por
apresentar boa qualidade de fibras, a maçã é indicada para a manutenção da saúde,
para prevenção de doenças cardíacas, para diminuir o excesso de colesterol no
sangue e para dietas alimentares de emagrecimento.
Mamão
Consumido in natura ou na forma de doces.
Apesar de serem geralmente desprezadas, as sementes são comestíveis e
constam alguns usos medicinais, tais como vermífugos ou como auxiliar no
funcionamento da digestão (SILVA 1999).
Receitas que utilizam o mamão verde podem incluir a casca para consumo. Pode-
se consumir o mamão verde em doces e pratos salgados, cortado em pedaços
pequenos e refogado, em sopas e ensopados de carne.
O fruto maduro é utilizado para fabricar mamão desidratado, doce em calda e
outros produtos industrializados, como iogurtes e sorvetes.
A papaína que se encontra especialmente no mamão verde é uma substância de
muitos usos medicinais e industriais, sendo que, na medicina caseira, foi utilizada
para extirpar verrugas e, na culinária, como amaciante de carnes (SILVA 1999).
Morango
O morango é consumido in natura ou por meio de múltiplas maneiras de
processamento ou receitas caseiras, como bolos, tortas, doces. Existem muitos
produtos industrializados: sucos, geléias, iogurtes, doces, compotas, sorvetes, licores,
entre outros.
Deve-se considerar que bebês e crianças consomem frutas in natura e legumes
cozidos e industrializados desde os primeiros meses de vida e, por apresentarem
menor peso corpóreo, o risco de ingestão de ETU ou de outro contaminante pelo
consumo de alimento é maior do que no adulto (LEMES 2003). Bebês e crianças
71
possuem capacidade metabólica reduzida na eliminação de produtos tóxicos e são
mais susceptíveis a toxicantes que atuam no sistema nervoso central (PEREIRA
2005), sendo importante o conhecimento de dados de resíduos em produtos
consumidos por estas faixas etárias.
1.10.4 A cultura de maçã (Malus Silvestris Mill.)
Acredita-se que a evolução da macieira iniciou 25 milhões de anos. Não se
sabe ao certo qual ou quais foram as espécies silvestres que deram origem à maçã
contemporânea, cujas variedades são atualmente conhecidas. Pode ser, por exemplo,
a Malus prinifolia, originária na região entre o Cáucaso e o Leste da China, ou a
Malus sylvestris, originária da Europa. As espécies de macieiras atualmente
conhecidas se desenvolveram 20 mil anos, após o final da última era glacial
(SRJUNDIAI - SINDICATO RURAL DE JUNDIAÍ 2005a). Nas regiões
temperadas, a macieira é cultivada há muitos milênios.
A macieira é uma das frutíferas que dispõe de grande número de cultivares.
Atualmente, são descritas mais de 7.000, porém comercialmente são poucas as que se
destacam. No Brasil, a produção de maçã está concentrada em duas cultivares, Gala e
Fuji, que representam em torno de 90% da área plantada. As demais cultivares
incluem a Eva, a Golden Delicious, a Brasil, a Anna, a Condesa, a Catarina e a
Granny Smith (ABPM 2003c apud IHA 2006).
Muito bem adaptada aos climas regionais brasileiros, provém especialmente do
Sul e do Sudeste do país, nos quais os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
São Paulo e Paraná são responsáveis pela quase totalidade de volume produzido.
(SRJUNDIAI 2005a).
As árvores chegam a 10 metros de altura com tronco de casca lisa e copa
arredondada e flores brancas ou róseas, aromáticas.
72
Figura 4 - Macieira Figura 5 – Frutos da macieira
Figura 6 – Flores da macieira Figura 7 - Ramos em flor da macieira
Os meses mais indicados para o plantio da macieira são os de julho-agosto
(inverno), com uso de mudas enxertadas de raízes nuas. As mudas são plantadas em
covas com as dimensões de 60m x 60cm x 60cm, com espaçamento de 6m por 5m
entre as plantas. necessidade de poda de formação, limpeza e frutificação para
que a planta seja corretamente formada e produza frutos de boa qualidade. As
capinas devem ser feitas periodicamente para manter a cultura limpa. A irrigação é
indispensável no período de brotação (após a poda) nos meses de agosto, setembro e
outubro em virtude da baixa precipitação pluviométrica (SRJUNDIAÍ 2005a).
Além das necessidades básicas de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio,
magnésio e enxofre, a macieira necessita de boro e zinco como micronutrientes que
ocorrem em teores insuficientes na maioria dos solos do Estado de São Paulo
(SRJUNDIAÍ 2005a)
Geralmente são usados agrotóxicos para controle de pragas e moléstias das
macieiras e o uso dos mesmos deve ser feito de acordo com as Boas Práticas
Agrícolas. Por exemplo, durante o período vegetativo, faz-se pulverizações com
73
fungicidas como zinebe, captana, mancozebe, etc, além de inseticidas (SRJUNDIAÍ
2005a).
No Estado de São Paulo, em virtude do clima mais quente do que na região
sul do Brasil, a colheita se inícia no mês de dezembro, terminando em fevereiro do
ano seguinte (SRJUNDIAÍ 2005a).
Em pomares comerciais a produção esperada é de 20 a 30 toneladas de frutos
por hectare (SRJUNDIAÍ 2005a).
Características do fruto
A maçã é um fruto globoso com uma profunda depressão no ponto de
inserção da haste que o prende aos ramos. De coloração vermelha ou verde, podendo
apresentar pequenas manchas esverdeadas ou amareladas. Frutifica de fevereiro a
abril.
As variedades mais cultivadas de maçã no Brasil são: gala, fuji e golden
delicious. As maçãs podem ser classificadas e agrupadas pela qualidade, sabor,
tamanho, forma, aparência, consistência da polpa e da casca e utilidade.
Figura 8 – Maçãs
1.10.5 A cultura de mamão
Presume-se que o mamão tenha nascido na América tropical, onde se
encontram ainda todas as espécies descritas para o gênero Carica, estando a maioria
delas espalhadas ao pé dos Andes, na Colômbia, Equador e Peru. Dali, das encostas
ensolaradas dos Andes, a fruta teria rapidamente se espalhado por todo o continente,
74
devido à velocidade de seu ciclo vital, à facilidade com que a planta se propaga e se
multiplica e à rapidez com que nascem seus frutos (SILVA 1999).
O mamoeiro cresce rápido e produz bastante, florescendo e frutificando
muitas vezes ao mesmo tempo e durante o ano todo, de preferência em regiões de
clima quente e úmido. Alcança de três a seis metros de altura. O caule herbáceo
lenhoso, oco, cilíndrico e simples é, às vezes, ramificado com ápice, coroado por um
topo de folhas grandes digitilobadas, com grandes pecíolos. As flores são
esbranquiçadas ou amareladas fragrantes e unissexuais.
Distinguem-se duas plantas: o mamoeiro fêmea e o macho, com diferença
apenas nas inflorescências e conseqüentemente nos frutos. No mamoeiro mea, as
flores são exclusivamente femininas, grandes, campanuladas, subsésseis, solitárias
ou em inflorescências axilares pouco numerosas e os frutos são bagas arredondadas.
No mamoeiro macho, as flores são agrupadas em longos pedúnculos paniculados, a
corda é tubulosa. Na extremidade, os frutos pequenos surgem com flores
hermafroditas que dão origem a frutos pequenos, compridos ou ovais. Os frutos
provenientes de flores hermafroditas são alongados, com polpa mais espessa e,
conseqüentemente, com cavidade central menor, por isso preferidas comercialmente.
A cor da polpa é outra característica importante, sendo preferidos os frutos que
apresentam coloração vermelha ou vermelho-rosado.
Figura 9 - Cultura de mamão Figura 10 – Frutos do mamoeiro
75
Até o final da década de 1970, no Brasil, predominavam plantios de
mamoeiro dióico ou comum, com produção destinada exclusivamente ao mercado
interno, destacando-se o Estado de São Paulo como principal produtor. Porém, a
ocorrência do vírus do mosaico provocou redução dos pomares e migração dessa
caricacea para outros Estados (RUGGIERO 1980).
Na década de 1970 foi introduzida no mercado uma nova variedade de
mamão (Carica Papaya L.), menor e mais doce do que o mamão comum.
A espécie Carica Papaya L. é o mamoeiro mais cultivado do mundo, com
origem provável na Bacia Amazônica Superior, noroeste da América do Sul. No
Brasil foi produzida inicialmente no Pará, tendo seu cultivo difundido para várias
regiões tropicais do país. Segundo dados do IBGE, as maiores produções são
oriundas do Nordeste, especialmente das regiões irrigadas do Vale do Rio São
Francisco, nos Estados da Bahia e de Pernambuco; do Espírito Santo; do Pará, no
norte do país (TRINDADE 1999; SILVA 1999).
Características do Mamão (Carica Papaya L.)
O mamão Carica Papaya L. é também conhecido popularmente como mamão-
do-amazonas ou mamãozinho.
A fruta tomou conta do mercado rapidamente em virtude de seu sabor, sempre
doce, e de seu tamanho, ideal para o consumo individual (SILVA 1999).
Os frutos são pequenos, ovais, têm casca lisa, fina e resistente, verde-escura
que se tornam amareladas ou alaranjadas com o amadurecimento. A polpa é doce,
alaranjada ou avermelhada, suculenta e aromática. O fruto é oco com numerosas
sementes pretas revestidas por uma excrescência mucilaginosa de sabor levemente
picante.
Figura 11 - Mamões C.Papaya L
76
1.10. 6 A cultura de morango (Fragaria Vesca L.)
O morangueiro é uma espécie olerícola, produzida por erva rasteira, originária
da Europa, possui inúmeras variedades naturais e híbridas e exige grande
disponibilidade hídrica (aspersão ou gotejamento) e cobertura do solo para atingir
altas produções, que deve ser feita após o plantio das mudas para evitar o contato dos
frutos com o mesmo, impedir a proliferação de fungos, a invasão de ervas daninhas,
manter a umidade e evitar a morte das raízes superficiais (EMBRAPA 2005a;
SRJUNDIAÍ 2005b).
O cultivo de morango no Brasil começou expandir-se a partir de 1960 nos
Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, e desenvolveu-se também
em regiões de diferentes solos e climas, como Goiás, Santa Catarina, Espírito Santo e
Distrito Federal (EMBRAPA 2005a).
A época de colheita compreende o período de agosto a dezembro, em regiões
mais frias, como o Sul do Brasil, e se inicia entre 60 e 80 dias após o plantio das
mudas, podendo se prolongar por 4 a 6 meses, dependendo da disponibilidade de
água e luz. A colheita é realizada manualmente, colhendo-se os frutos maduros, para
fins industriais, e de ½ a ¾ maduros para comercialização in natura (EMBRAPA
2005a).
É uma das poucas frutas na qual a colheita no campo, a seleção, a
classificação e a embalagem são realizadas pela mesma pessoa.
Figura 12 – Plantação de morango
77
Figura 13 - Plantação de morangos – com proteção aérea
Cultivares do morango
As cultivares apresentam características diferentes, dependendo da região onde
são plantadas. Elas encontram-se divididas segundo uso na indústria ou para
consumo in natura. As principais cultivares com destino ao consumo in natura são:
Campinas, Oso Grande, Tudla, Selva e Seascape. Com destino à indústria são: Santa
Clara, Burlkey, Dover. Ainda há os que podem se destinar às duas finalidades, como
o Chandker (EMBRAPA 2005a; SRJUNDIAÍ 2005a).
A ampla zona de produção do morango (regiões Sudeste e Sul) implica
variações endafoclimáticas que influem na fertilidade do solo e no comportamento
vegetativo dos cultivares (EMBRAPA 2005a).
Campinas - Apresenta produção boa e precoce, com frutificação fora da área
das folhas, o que facilita a colheita. Os frutos são grandes, alongados, de formato
cônico e com haste regularmente firme, o cálice destaca-se facilmente do fruto.
(EMBRAPA 2005a; SRJUNDIAÍ 2005b). Apresenta boa tolerância à mancha
angular, porém é susceptível à antracnose e à murcha de verticilium (EMBRAPA
2005a).
Oso Grande - Cultivar de grande adaptabilidade; planta vigorosa com folhas
grandes e de coloração verde escura; ciclo mediano e de elevada capacidade
produtiva. Frutos de tamanho grande, polpa de textura firme no início da produção e
mediana no final da colheita, de coloração vermelha aromática; epiderme vermelha
clara; sabor subácido, próprio para consumo in natura. É tolerante ao mofo cinzento
e susceptível à micosfarela e à antracnose (EMBRAPA 2005a).
Tudla Milsey - Planta vigorosa com folhas grandes de coloração verde
escura; ciclo tardio e com grande capacidade produtiva. Frutos de formato cônico ou
78
de cunha alongada, de tamanho grande, polpa de textura firme e de coloração
vermelha; epiderme vermelha; sabor subácido (EMBRAPA 2005a). É tolerante ao
mofo cinzento e susceptível à mancha de micosfarela e à antracnose (EMBRAPA
2005a).
Santa Clara - Planta de alto vigor, boa densidade de folhas que recobrem os
frutos. Frutos de tamanho médio, formato irregular, epiderme vermelha escura; polpa
de textura média e cor vermelha uniforme (EMBRAPA 2005a). Resistente à mancha
de micosfarela, à diplocarpon e à mancha de dendrofoma, tolerante à antracnose
(EMBRAPA 2005a).
Bürkley - Planta de alto vigor; folhas grandes e de coloração verde escura;
muito alta capacidade de produção e ciclo precoce. Frutos grandes, polpa de textura
média e de coloração vermelha clara, sabor ácido próprio para a industrialização.
Resistente à micosfarela, à murcha de verticillium e à murcha de dendrofona,
tolerante à murcha de diplocorpon e à antracnose e susceptível ao mofo cinzento
(EMBRAPA 2005a).
Dover - Planta de vigor médio, coroa grossa, produção inicial precoce,
produtividade alta, fruto grande de formato cônico-alongado, epiderme e polpa
firmes de coloração vermelho-intenso, pouco ácido e de aroma pouco evidenciado
(SRJUNDIAÍ 2005b).
Chandler - Planta de alto vigor, densidade de folha média, coroa grossa,
produção inicial tardia, produtividade alta. O formato do fruto é grande, cônico e
alongado. A epiderme e a polpa são de coloração vermelho escuro, com sabor
subácido e aroma ativo. Suas frutas primárias e secundárias são grandes e as
terciárias e quaternárias são pequenas. Pode ser utilizado para consumo e para
indústria (SRJUNDIAÍ 2005b).
Características do morango
O morango é um fruto de clima temperado, vermelho (quando maduro),
carnoso e aromático, apresenta textura suculenta, aspecto, sabor e odor agradáveis,
sendo muito apreciado e valorizado. Porém, é altamente perecível e pode ser
estocado apenas por pequenos períodos. O congelamento é uma alternativa para
79
ampliar sua disponibilidade, pois proporciona menos danos aos frutos, tanto do ponto
de vista nutricional como sensorial (SRJUNDIAÍ 2005b; EMBRAPA 2005a).
Figura 14 – Morangos
1.11. Doenças nas culturas
1.11.1. Principais doenças que afetam a cultura de maçã
A maior produção brasileira de maçã é na região Sul, com cultivares
importadas, onde as temperaturas e o regime de chuvas são elevados durante o verão
e favorecem o desenvolvimento de doenças, como a podridão amarga.
A podridão amarga, causada pelo fungo Glomerella cingulata, é uma das
mais importantes doenças de verão, podendo ocasionar perdas muito elevadas, sendo
susceptíveis os cultivares gala, fuji e “golden delicious”. Embora o fungo possa
atacar frutos intactos, a agressividade parece ser maior e a evolução da doença mais
rápida em frutos com ferimentos, sendo mais suscetíveis no ponto de consumo.
Portanto, deve-se manter os frutos bem protegidos do ataque de insetos, notadamente
a mosca-das-frutas, Anastrepha fraterculus, pois baixa incidência de lesões de
podridão amarga na ausência de ferimentos. De acordo com Camilo e Denardi
(2001), existe possibilidade de segregação genética para resistência a G. cingulata
em macieira, tornando viável o desenvolvimento de cultivares resistentes, mesmo a
partir de cruzamentos entre alguns conhecidos como susceptíveis (CAMILO E
DENARDI 2001).
Denardi e col. (2005) realizaram um estudo de resistência genética à podridão
amarga em maçãs, comparando taxas de desenvolvimento da doença em frutos com e
sem ferimentos, e concluíram que o estabelecimento e desenvolvimento da doença
mostraram-se muito mais rápido através de ferimentos. As seleções M-6/00 e M-
80
13/00 estudadas manifestaram maiores resistências do que nas cultivares gala, fuji,
golden delicious, e também na melrose, indicada como resistente em outros estudos.
Ácaro-vermelho Pamonychus ulmi Koch (Acari; Tetranychidae)
considerado praga-chave da macieira no Sul do Brasil. O controle biológico é uma
das estratégias para o controle deste ácaro.
Com o objetivo de definir uma estratégia de controle do ácaro vermelho da
macieira, associando o controle biológico com o controle químico, por meio da
multiplicação e de liberação inundativa de Neoseiulus califormnicus MacGregor e da
seleção de inseticidas menos tóxicos aos ácaros predadores, Monteiro (2002) realizou
um estudo de manejo integrado de pragas em macieira no Rio Grande do Sul e
obteve os seguintes resultados: no primeiro ano foi utilizada a associação de
acaricidas com ácaros predadores e houve reduzido número de ovos de inverno do
ácaro-vermelho; no segundo ano, 58% das macieiras não foram pulverizadas com
acaricidas e, nos dois anos subseqüentes, o controle do ácaro-vermelho foi realizado
exclusivamente com ácaros predadores. N. californicus passou o inverno nas ervas
daninhas do pomar e migrou espontaneamente para a copa das macieiras nos anos
subseqüentes a sua introdução.
A Bonagota cranaodes (Meyrick) (Lepidóptera; Tortricidae) é uma
importante praga na cultura da macieira, causando perdas anuais de 3% a 5% da
produção. Os danos são causados pelas lagartas que raspam a casca das maçãs,
provocando a depreciação do fruto. As posturas são realizadas na parte adaxial das
folhas em forma de uma massa, contendo, em média, 40 ovos por postura. O controle
de B. cranaodes com inseticidas não tem proporcionado resultados satisfatórios
O controle biológico poderia ser uma alternativa ao químico, entretanto poucos são
os estudos e registros de inimigos naturais associados à praga. Monteiro e col (2004)
identificaram parasitóides de ovos de B. cranaodes em pomares comerciais de
macieira no Brasil que foram identificados como Trichogramma pretiosum Riley,
sendo o primeiro registro de ocorrência no Brasil (MONTEIRO e col 2004).
Camilo e Denardi (2001) estudaram o efeito do carbaril sobre o “russeting”
da maçã (Malus domestica BORKH) nos cultivares gala, fuji e golden delicious. O
“russeting” da maçã caracteriza-se por uma camada de cortiça formada entre as
células da epiderme e que um aspecto de rugosidade à superfície do fruto,
81
depreciando-o para a comercialização. O raleio de frutos é uma prática cultural
bastante difundida entre os produtores de maçã. Pode ser efetuado manualmente,
quimicamente ou pela associação de ambos. Concluíram que o uso da formulação
concentrada de carbaril acentuou o “russeting” em golden delicious e, neste caso,
sugeriram a utilização de formulação na forma de pó molhável; entretanto, não houve
alteração nas demais cultivares avaliadas.
Pesquisas que visam o melhoramento genético da macieira m sido
realizadas e têm demonstrado avanços significativos no desenvolvimento de
cultivares e seleções resistentes a importantes doenças, como a sarna (Venturia
inaequalis) e a mancha foliar de Glomerella (C.gloeosporioides), nos últimos anos.
A incorporação de resistência simultânea a estas duas doenças e à podridão amarga,
principais doenças da macieira no sul do Brasil, poderá reduzir o uso de fungicidas
em mais de 80%. Isto terá efeitos imediatos, não apenas na redução dos custos de
produção, mas também na proteção do produtor, na saúde do consumidor e na
preservação do meio ambiente (DENARDI e col 2005).
1.11.2. Principais doenças que afetam a cultura de mamão
O mamoeiro é muito sensível às variações climáticas e ambientais
principalmente quando ainda jovem. Pode ser afetado por grande mero de viroses
e doenças fúngicas.
As viroses mais importantes são a mancha anelar, o amarelo letal e a meleira.
As principais doenças fúngicas são estiolamento ou tombamento das mudas,
podridões de Phytophttora, antracnose, varíola ou pinta preta e podridão de Phoma.
Está sujeito também ao ataque de ácaros e insetos. O ácaro branco ou do ponteiro e o
ácaro rajado merecem destaque pela maior ocorrência nas regiões produtoras. Vários
gêneros de nematóides foram encontrados em rizosfera de mamoeiro. Porém, os
formadores dos galhos e o nematóide reniforme são considerados os de maior
importância econômica (TRINDADE 1999).
A antracnose é considerada a principal doença dos frutos do mamoeiro,
podendo afetar o fruto em qualquer estágio de desenvolvimento e ocorrendo com
maior intensidade nos frutos maduros, tornando-os inadequados para a
comercialização e consumo. Ainda que os frutos colhidos não apresentem sinais da
82
doença, ela pode se manifestar nas fases de embalagem, de transporte, de
amadurecimento e de comercialização, causando grandes percentagens de perdas
(TRINDADE 2000).
Para controle da antracnose são utilizadas pulverizações quinzenais, com
produtos à base de cobre, benzimidazol associado a clorotalonil ou EBDC.
Uma outra doença muito comum no mamoeiro é a varíola, caracterizada por
pintas pretas ou bexigas nas superfícies dos frutos e, apesar de não ocasionem sérios
prejuízos, como em outras podridões, resultam em grande desvalorização comercial
da fruta.
O controle da varíola é feito com os mesmos fungicidas recomendados para o
controle da antracnose, com pulverizações quando a lesão é ainda inicial. Outras
doenças fúngicas provocam a podridão terminal do caule do mamoeiro bem como as
podridões do pedúnculo e dos frutos durante o período de armazenamento e
maturação. O controle de podridões externas é realizado ainda no campo na mesma
época em que se controla a antracnose, com a aplicação dos fungicidas citados.
Após são realizados tratamentos pós-colheita, antes da embalagem, com o objetivo
de evitar a podridão interna dos frutos (TRINDADE 2000).
1.11.3. Principais doenças que afetam a cultura de morango
Um dos principais problemas na cultura do morango é a incidência de
doenças, que podem aparecer em várias fases do ciclo da cultura, atacando desde a
muda recém plantada até os frutos na fase final da produção (EMBRAPA 2005a).
Destacam-se a antracnose, as manchas foliares, as murchas e as podridões dos
fungos, dentre as doenças fúngicas.
A mais importante das manchas foliares (mancha-de-micosferela, mancha-de-
dipocarpon, mancha-de-dentrofoma) é a mancha-de-micosferela.
No grupo das murchas e podridões do rizoma e das raízes encontram-se vários
fungos que normalmente habitam o solo e atacam as plantas, causando podridões no
rizoma, sendo que as folhas mais velhas murcham e evoluem para crestamento e
morte.
Dentre os principais fungos causadores das podridões encontram-se:
Verticillium albo-atrum, Phytophhora sp, Fusarium sp, Rhizoctonia solani, Pythium
sp, etc.
83
Alguns fungos causadores das podridões podem afetar diretamente o morango,
no campo ou durante o processo de comercialização, sendo que danos mecânicos e
aquecimento provocado pela cobertura plástica podem favorecer a ação fúngica. Os
principais fungos causadores dessas podridões são Botrytis cinérea, que causam o
mofo-cinzento; Colletotrichum sp; Phytophthora sp e Rhizoctonia solani
(SRJUNDIAÍ 2005b).
Ocorrem diferentes tipos de viroses, como o mosqueado, que é o tipo mais
comum, clorose marginal, encrespamento e faixa das nervuras (SRJUNDIAÍ 2005b).
As principais medidas de controle de doenças em cultura de morango são:
evitar áreas de plantio com histórico de doença anterior, utilizar mudas sadias,
eliminar as plantas com suspeita de contaminação, realizar o plantio em áreas bem
drenadas e utilizar cultivares mais tolerantes às principais doenças.
A seguir estão detalhadas algumas das principais doenças da cultura do
morango.
Antracnose
Causada por fungo (Colletotrichum gloreosporioidis, C. acutatum e C.
fragariaae). Existem duas formas de efeitos: a conhecida por chocolate, causada pelo
fungo Colletotrichum fragariae, que pode atingir o rizoma, os frutos, os pecíolos e
outras partes da planta em qualquer idade, responsável por danos causados durante o
transplante, e a flor-preta (Colletotrichum acutatum), que atinge mais comumente os
pedúnculos, as flores e os frutos pequenos e em desenvolvimento, produzindo
necrose nos ramos florais; os frutos novos e em desenvolvimento tornam-se escuros
e secos. Em frutos desenvolvidos podem aparecer manchas marrons, profundas e
firmes. A podridão é mais comum em frutos maduros, mas, em surtos severos, os
verdes também são atacados (EMBRAPA 2005a; SRJUNDIAÍ 2005b).
Micosfarela ou mancha de micosfarela
Causada pelo fungo Mycosphaerella fragariae tem ocorrência bastante
generalizada em quase todas as áreas de cultivo. A doença ocasiona lesões nas
folhas, estalões, pecíolos e cálices. No início, surgem pequenas manchas circulares
de coloração púrpura, que, quando desenvolvidas, atingem de 3-6 mm de diâmetro, o
centro torna-se marrom, evolui para cinza e finalmente branco (EMBRAPA 2005a;
SRJUNDIAÍ 2005b).
84
Mofo cinzento
Causado pelo fungo Botrytis cinérea, causa podridão dos frutos e ataca
também as folhas, pecíolos, caule, botões florais e pétalas. A podridão pode iniciar
em qualquer ponto da superfície do fruto, mas geralmente começa no lado do fruto
em contato com o solo. O tecido infectado é marrom claro, mas posteriormente
desenvolve abundante massa de micélio e esporos de aspecto cotonoso (EMBRAPA
2005a).
A doença é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade, que é o fator
mais importante. Chuvas freqüentes induzem ataques severos. O fungo pode
sobreviver ao inverno em restos de culturas (EMBRAPA 2005a).
Mancha angular
Doenças causadas pela bactéria Xanthomonas fragariae. Incide nas folhas
causando manchas angulares, com aspecto de encharcamento, colapso dos pecíolos e
morte das plantas. As condições favoráveis são temperatura de 20º C e alta umidade
relativa do ar (EMBRAPA 2005a).
Mosqueado
É o tipo mais comum de doença causada por vírus. O sistema de
multiplicação da cultura de morango é vegetativo, permitindo a perpetuação da
infecção, quando ocorrência de afídeos eles se encarregam da transmissão dessas
viroses (SRJUNDIAI 2005b).
Além das principais medidas de controle já citadas deve-se controlar os
insetos vetores (pulgões) (SRJUNDIAI 2005b).
Doenças causadas por nematóides
O Aphelenchoides besseyi é parasita da parte aérea e o Meloidogyne hapla e
Pratylenchus vulnus são parasitas das raízes. Os danos causados são: lesões nas
raízes e redução do sistema radicular ativo da planta que leva ao aparecimento de
sintomas, como murchamento, amarelecimento, subdesenvolvimento e redução da
produção. As lesões podem ainda facilitar a penetração futura de fungos de solo
(SRJUNDIAI 2005b).
Para o controle recomenda-se além dos gerais, citados, o revolvimento do
solo em períodos quentes do dia (SRJUNDIAI 2005b).
85
1.12. Uso de agrotóxicos em frutas
A agricultura brasileira destaca-se no consumo de agrotóxicos, posicionando-
se em lugar, precedida pelos Estados Unidos e Japão, e ocupa o lugar em
relação ao volume consumido de princípio ativo por hectare (3,2kg/ha). Em 2000, os
gastos com agrotóxicos no Brasil foram de US$ 2,50 bilhões e, de acordo com dados
fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria Química, foi de US$ 4,2 bilhões
em 2004 (SINDAG 2007a).
Tabela 16 Consumo e custo de agrotóxicos das principais classes de
princípios ativos utilizados nas culuras de frutas em relação ao total
utilizado no Brasil em 2000
Classe Consumo Custo
Total
(1.000 ton)
Frutas
(1.000 ton
)
Frutas
(%)
Total
(mil US$)
Frutas
(mil US$)
Frutas
(%)
Acaricidas
8.935 8.615
96
65,560 60,361
92
Fungicidas
19.072 3.961
21
380,418 37,929
10
Herbicidas
81.862 1.982 2 1.300,515 20,415 2
Inseticidas
19.447 1.295 7 689,953 19,855 3
Outros*
11.107 2.203 20 63,512 6,176 10
*Outros: reguladores de crescimento, antibrotantes, óleo mineral e espalhante
adesivo
Fonte: Elaborada a partir de dados do SINDAG (2007a).
Verifica-se que os consumos de acaricidas e fungicidas são expressivos na
fruticultura brasileira, representando 96% de acaricidas e 21 % de fungicidas (Tabela
16).
Segundo Neves e col (2002), a demanda derivada de agrotóxicos (kg do
princípio ativo/hectare) é maior nas frutas do que em outras culturas (soja, milho,
cana-de-açúcar e café), por ex. a demanda relativa de princípio ativo foi de 48,99
kg/ha para a maçã.
Em 2005 foram importados 128.490.997 kg/L de defensivos agrícolas (MAPA
2007).
86
Oliveira, em 2005, fez uma revisão sobre a segurança de agentes
microbiológicos para o controle de pragas e destacou as vantagens de se ter
regulamentos específicos para este tipo de produto, proporcionando o uso mais fácil
e seguro dos mesmos e facilitando o gerenciamento de questões relacionadas à
manutenção da saúde humana e do meio ambiente (OLIVEIRA 2005b).
Muitos princípios ativos de agrotóxicos, de diferentes grupos químicos, são
registrados para uso em culturas de maçã, mamão e morango, como fungicidas,
inseticidas, acaricidas, herbicidas, entre outros (MAPA/AGROFIT 2005), conforme
apresentado no Anexo 1.
No Anexo 1 encontram-se os ingredientes ativos de agrotóxicos registrados
para uso nas culturas de maçã, mamão e morango.
Em relação aos ditiocarbamatos é autorizado o uso de mancozebe e metiram
em maçã, de mancozebe em mamão e de metam sódico em morango com LMR de
ditiocarbamatos (CS
2
) de 3,0; 2,0 e 0,2 mg/kg, respectivamente, conforme
mencionado no item 1.2.4. (Tabela 4), dentre outros alimentos vegetais (Tabelas 4,5
e 6).
1.13 Medidas para redução dos níveis de resíduos de agrotóxicos nas
frutas
Frutas com resíduos acima dos LMR estabelecidos não são desejáveis pelos
consumidores internos e externos, por representarem risco à saúde.
Além disso, o mercado mundial, consumidor de frutas in natura ou
processadas, tem demandado procedimentos fitossanitários rigorosos para a
aquisição desses produtos, o que tem gerado ações diferenciadas para a produção
dessas no país, priorizando a qualidade, o estudo e a utilização de métodos
alternativos de combate às pragas e doenças, como o manejo integrado de pragas. A
minimização do uso de agrotóxicos também favorece o meio ambiente. Apesar de
terem sido os motivos econômicos, ou seja, pela exigência dos países exportadores,
os causadores da tomada dessas medidas, elas favorecem também os consumidores
brasileiros, pois parcela da produção se destina ao mercado interno.
87
1.13.1. O uso correto e seguro de agrotóxicos
O uso correto dos agrotóxicos inclue:
Adquirir produtos apenas sob receituário agronômico; usar apenas produtos
fitossanitários registrados para a cultura. Usar doses recomendadas na rotulagem;
respeitar os períodos de carência (intervalo de segurança); utilizar os equipamentos
de proteção individual; calibrar adequadamente os equipamentos aplicadores,
descartar corretamete as embalagens de agrotóxicos, de acordo com a legislação
vigente (ANDEF 2003b).
Os tratamentos com agrotóxicos devem ser feitos somente com produtos
registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e
recomendados por instituições de pesquisa, atendendo as indicações do rótulo e o
prazo de carência dos produtos, na quantidade mínima exigida e somente quando
tecnicamente justificado. Os equipamentos utilizados para aplicação dos agrotóxicos
precisam ser seguros e eficientes e estar sempre devidamente calibrados. Além disso,
a aplicação dos produtos fitossanitários deve ser feita no momento certo, com o
operador devidamente treinado e usando todos os equipamentos de proteção
individual (EPI) (EMBRAPA 2005b).
O sistema de produção adotado pelo produtor deve priorizar a utilização de
métodos naturais, agronômicos, biológicos e biotecnológicos de controle de pragas e
doenças, minimizando o uso de produtos químicos. Assim, as Boas Práticas
Agrícolas (BPA), no contexto do Manejo Integrado de Pragas (MIP), são aliadas do
uso tecnificado de agrotóxicos (EMBRAPA 2005b).
Boa Prática Agrícola
A Boa Prática Agrícola (BPA) é o conjunto de medidas adotadas pelo
agricultor com o objetivo de produzir economicamente fibras e alimentos saudáveis,
com qualidade e de forma a preservar a saúde humana e o meio ambiente. A boa
prática agrícola é considerada um dos alicerces da agricultura sustentável, pois
através dela os agricultores podem preservar os recursos naturais para as gerações
futuras. Exemplos de práticas importantes são o manejo e conservação de solo para
evitar erosões; manejo integrado de pragas, manejo integrado de culturas,
88
preservação das matas ciliares, preservação dos recursos hídricos e uso correto e
seguro de agrotóxicos (ANDEF 2003b).
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
É definido pelo Código Internacional de Conduta, Distribuição e Uso de
Pesticidas da FAO/WHO como um sistema de gerenciamento que, num contexto
associado de meio ambiente e de dinâmica de pragas, utiliza todas as técnicas e
métodos disponíveis de forma compatível e possível para manter as concentrações
das populações de pragas abaixo daquelas que possam resultar em níveis inaceitáveis
de danos ou perdas nas culturas (ANDEF 2003b).
Os produtores devem conservar os recursos naturais do solo, água, matas
nativas e vida selvagem no entorno de sua plantação ou pomar, que não devem ser
alterados de modo danoso, eliminados ou contaminados. As diversidades de espécies
vegetais, animais e microorganismos do solo favorecem o equilíbrio ecológico,
minimizando a necessidade de agrotóxicos e o emprego de fertilizantes químicos.
Desta forma, os riscos e os níveis de poluição decorrentes, nas águas superficiais e
subterrâneas, especialmente de nitratos e herbicidas, serão minimizados ou
eliminados.
1.13.2 Produção Integrada de Frutas no Brasil
O cenário internacional sinaliza que é cada vez mais valorizado o aspecto
qualitativo e o respeito ao meio ambiente, na produção de qualquer produto. Para
tanto, são necessários o aperfeiçoamento dos mercados, a mudança de hábitos e a
produção de alimentos seguros. Normas européias m pressionado exportadores de
frutas e hortaliças para o estabelecimento de regras de produção que levem em
consideração os resíduos de agroquímicos, o meio ambiente e as condições de
trabalho e higiene (EMBRAPA 2005c).
No Brasil, o MAPA tem dado apoio contínuo, com o objetivo principal de
elevar os padrões de qualidade e competividade da fruticultura brasileira, com bases
voltadas para o sistema integrado de produção, sustentabilidade do processo,
expansão da produção e emprego e renda (EMBRAPA 2005c).
89
Na América do Sul, a Argentina foi a primeira a implantar o PIF, em 1997, e,
no mesmo ano, o Uruguai e o Chile também adotaram o sistema. No Brasil, as
atividades foram iniciadas em 1998. É um sistema de produção orientada e de livre
adesão por parte dos produtores e empacotadores (EMBRAPA 2005c).
O PIF apresenta quatro pilares de sustentação: organização da base produtiva,
sustentabilidade, monitoramento do sistema de informação e dos componentes que
consolidam o processo: manejo integrado de pragas, de nutrientes, de solo e de água,
da cultura, da colheita e pós-colheita e monitoramento do sistema e ambiental, com
sustentabilidade. O MAPA fechou parceria com o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) para implantar o sistema
informatizado para cadastro nacional, o regulamento de avaliação de conformidade,
os organismos de avaliação de conformidade e o selo de conformidade (EMBRAPA
2005c).
Os selos de conformidade, contendo códigos numéricos, são colocados nas
embalagens, possibilitando a qualquer pessoa obter informações sobre procedência
dos produtos, procedimentos técnicos operacionais adotados, produtos utilizados no
processo produtivo, dando transparência ao sistema e maior confiabilidade ao
consumidor. As frutas podem ser identificadas desde a fonte de produção até o seu
destino final (EMBRAPA 2005c).
As normas técnicas específicas para maçã, uva de mesa, manga, mamão, caju
e melão já foram concluídas e publicadas pelo MAPA.
Na Produção Integrada de Maçã (PIM) são preconizadas ações que visam a
conservar os inimigos naturais das pragas, entre elas o uso de agrotóxicos seletivos.
Segundo Kovaleski e col. (2000), é provável que após algumas safras com menor
volume de aplicações de agrotóxicos, as áreas de PIM venham a exibir maiores
populações de organismos benéficos, e que seja favorecido o controle biológico
natural.
Benefícios da Produção Integrada de Frutas (PIF) no Brasil
O PIF proporciona aos consumidores a garantia de frutas de alta qualidade;
índice de resíduos de acordo com padrões brasileiros e internacionais e
sustentabilidade do processo de produção (EMBRAPA 2005c).
90
Em 2002, a diminuição da freqüência de aplicação do ditiocarbamato em
8,660ha de cultura de maçã com redução de 600t, ao custo de R$15,00kg,
representou a economia de R$ 9,0 milhões, sem considerar os efeitos relacionados a
preservação de recursos naturais, como ar, água, solo e biodiversidade (EMBRAPA
2005c).
Dias (2005), coordenador da pesquisa realizada no Norte de Minas Gerais
“Estudo de cultivares em morangueiro em sistema orgânico de produção”, afirma
que as variedades estudadas são as destinadas tanto para o consumo in natura como
para produção de polpa e são bastante suscetíveis a pragas e doenças típicas, como os
fungos Colletotrichum acutatum e Colletotrichum fragarie, que necessitam de baixa
temperatura e alta umidade para se desenvolverem. O estudo apresentou um
resultado interessante: a pequena incidência de doenças nas plantações na região,
conhecida pelas elevadas temperaturas, levando à alta produção sem uso de
agrotóxicos. Este estudo teve por objetivo avaliar o comportamento de cultivares,
definir o método mais eficiente de irrigação para o sistema e testar produtos naturais
no combate a pragas e doenças. Um desses produtos é o Nim, vegetal de origem
indiana com propriedades fungicidas. Outras formas de combate, como os quebra-
ventos, que impedem a disseminação de esporos pelo ar e as barreiras naturais. Outro
dado promissor é que enquanto no sul do país o pico de produção acontece nos meses
de agosto e setembro, no norte do Estado de Minas Gerais ocorre entre os meses de
setembro e outubro, abrindo uma valiosa possibilidade comercial.
O cultivo de morangueiros em sistemas hidropônicos abre algumas
possibilidades para combinar o cultivo em ambientes protegidos com a eliminação do
uso de produtos destinados à desinfecção do solo. Entretanto, é necessário que o real
potencial das técnicas de cultivo sem solo seja avaliado no que diz respeito à
produtividade e ao manejo fitotécnico. É importante, também, que se gerem e se
adaptem técnicas de cultivo hidropônico do morangueiro para as condições tropicais
e subtropicais (FURLANI e FERNANDES 1999).
91
1.14. Principais estudos de monitoramento de resíduos de agrotóxicos em
alimentos
Amostras de frutas e vegetais foram analisadas pelo United States Department
of Agriculture (USDA), em 2003, e 200 dessas estavam em desacordo com a
legislação. Destas, 35 apresentaram resíduos acima do LMR permitido, 170
continham 1 resíduo de agrotóxico e 13 com 2 resíduos de agrotóxicos com
tolerância não estabelecida, sendo que 5 dentre essas estavam insatisfatórias pelos
dois motivos.
Diversos países têm implantado programas de análise de resíduos nos
alimentos. Nos Estados Unidos, numerosos programas de análises de resíduos têm
sido implantados, podendo-se destacar o programa do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA), o programa da Associação Nacional dos Alimentos
Processados (NFPA) e o programa da Administração de Drogas e Alimentos (FDA).
O último relatório da FDA, referente ao ano de 2002, analisou 6.766 amostras de
leite, grãos, carnes, ovos, frutas e outros vegetais, produzidos no mercado interno e
amostras importadas (FDA, 2002). Dos grupos de amostras analisadas vindas do
mercado interno, todos continham resíduos de agrotóxicos, porém apenas os grupos
de amostras de origem vegetal (grãos, frutas e vegetais) continham resíduos de
agrotóxicos acima do nível tolerado. Já as amostras vindas do mercado externo
apresentaram índices de contaminação acima do tolerado em amostras do grupo de
vegetais e também em amostras de origem animal (peixe).
No ano de 2002, na União Européia, foram analisadas 4.600 amostras, em 15
países membros, quanto à presença de 170 tipos de agrotóxicos. Os resultados
obtidos mostraram que 54% das amostras estavam livres de agrotóxicos, enquanto
37% apresentaram níveis residuais abaixo do limite tolerável. Cerca de 6% das
amostras acusaram a presença de resíduos de agrotóxicos acima do nível permitido,
sendo a maior incidência em frutas e verduras. O nível de resíduos detectados no
último ano foi o maior se comparado com os índices de contaminação dos seis anos
anteriores. Cerca de 21% das amostras contaminadas continham mais de um tipo de
agrotóxico (EUROPEAN COMMISSION 2004; STOPELLI 2005).
No Brasil, no Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA), foram analisadas 4.345 amostras, sendo 487 de alface, 418 de
92
banana, 555 de batata, 452 de cenoura, 531 de laranja, 395 de maçã, 474 de mamão,
474 de morango e 564 de tomate, no período compreendido entre junho de 2001 e
dezembro de 2004, em redes de supermercados das cidades de Belém, Belo
Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Palmas, Porto Alegre,
Recife, Rio de Janeiro, Rio Branco, São Paulo e Vitória. 931 (28%) delas
apresentaram resultados em desacordo com a legislação vigente, sendo que, dessas,
776 (83%) apresentaram resíduos de uso não autorizado para a cultura e 17% com
concentrações acima dos LMR (ANVISA 2005)
Foram analisadas 125 amostras de hortifrutícolas, de setembro de 2003 a
fevereiro de 2004, no Subprograma de Resíduos de Agrotóxicos do Programa
Paulista de Análise Fiscal de Alimentos Biênio 2003-2004 (PP0304), sendo que 30
(24%) dessas foram consideradas insatisfatórias, 28 (22%) por apresentarem resíduos
acima do LMR e 18 (14%) por conterem agrotóxicos de uso indevido para a cultura
(SÃO PAULO 2005).
No período de janeiro de 1994 a abril de 2005 foram monitoradas, em
relação a resíduos de agrotóxicos, 3.082 amostras de 52 produtos hortifrutícolas
originários de centenas de municípios brasileiros e comercializados na CEAGESP.
Os resultados desses 11 anos revelaram a ausência de resíduos de agrotóxicos em
cerca de 70% das frutas e hortaliças analisadas. Nas 916 amostras que, representam
os 30% restantes, foram detectadas 1.068 ocorrências de resíduos, das quais 50%
estavam abaixo da tolerância, 4% acima e 45 % delas continham agrotóxicos não
registrados para as culturas nas quais foram detectados resíduos
(GOREINSTEIN e GUTIERREZ 2006).
Looser e col. (2006) avaliaram 593 amostras de morango comercializadas
no Estado de Banden-Württemberg, na Alemanha. Foram encontrados resíduos de
pesticidas em 98% das frutas originárias da Alemanha, Espanha, Itália e Marrocos,
sendo que 93% delas continham múltiplos resíduos de pesticidas na mesma amostra.
Os LMR da Alemanha ou da União Européia harmonizados foram excedidos em 9%
das amostras de morango. A soma da concentração de todos os pesticidas
encontrados por amostra foi em média 0,41 m/kg, sendo que os produtos da Itália
continham as mais altas e os da Alemanha as mais baixas concentrações. Fungicidas
foram mais freqüentemente detectados do que inseticidas e herbicidas. Os compostos
93
mais detectados foram: ciprodinila, fludioxonila, fenhexamida, tolifluanida e
azoxistrobina, responsáveis por mais de 50% do total das detecções.
Kautter (2006) avaliou oito produtos: pêra, uva, pêssego, nectarina, alface,
tomate, pepino e pimentão, num total de 658 amostras compradas em supermercados
da Alemanha, Áustria e Suíça. Foram pesquisados 300 princípios ativos e foram
encontrados 113, sendo que 10 deles foram responsáveis por 66% dos valores em
excesso. Foram encontradas em média 3,5 substâncias por amostra. A dose de
referência aguda (ARfD), definida pelo Federal Institute for Risk Assessment (BfR) e
WHO para crianças de 2 a 5 anos (16,15 kg de peso corpóreo), foi também
examinada com base na quantidade de consumo publicada pelo BfR. A ARfD foi
excedida de 3,5 a 7 vezes, dependendo do produto, em 4% das amostras. Contudo,
em 17 dos valores que excederam a ARfD, os LMR não foram excedidos. Isto ilustra
que a ARfD e, conseqüentemente, o potencial de risco de efeito agudo adverso à
saúde, causado pela ingestão de resíduos de agrotóxicos, não tem sido
freqüentemente levado em conta no estabelecimento dos LMR.
Araújo e col., no período de outubro de 1999 a março de 2001 , participaram
de um programa de certificação da qualidade nas frutas exportadas do vale do São
Francisco, onde foram analisadas 383 amostras, sendo 232 de uva e 151 de manga.
Foram encontrados resíduos de agrotóxicos em 24% dessas, porém apenas 3,9%
apresentaram resíduos estavam acima dos LMR estabelecidos pelas legislações dos
países importadores (ARAÚJO 2001).
1.14.1. Principais estudos de resíduos de ditiocarbamatos em frutas
De 196 amostras de morango analisadas na Holanda, em 1998, 179 (91 %)
apresentaram resíduos de ditiocarbamatos em níveis que variaram de 0,1 a 0,6
mg/kg, porém, todas dentro do LMR permitido, que é de 3 mg/kg; 9 amostras de
laranja não apresentaram resíduos de ditiocarbamatos no LD de 0,05 mg/kg e de 22
amostras de uva, 15 (68%) tinham resíduos em concentrações que variaram de 0,2 a
0,4 mg/kg, porém, abaixo do LMR, que é de 3 mg/kg (DE KOK 1999).
Segundo dados obtidos por um laboratório na Holanda, foram encontrados
ditiocarbamatos acima do LMR em 5 (100 %) amostras de mamão Papaya Carica L.
originário do Brasil, em níveis que variaram de 0,3 a 0,6 mg/kg, em 1 amostra de uva
94
na concentração de 0,6 mg/kg e em 1 amostra de “kumquat” (pequena laranja) na
concentração de 0,4 mg/kg, no período de 1995 a 1998. Em amostras originárias do
Chile foram encontrados ditiocarbamatos em 3 amostras de framboesa e em 1
amostra de amora, na concentração de 0,1 mg/kg cada. Nas amostras originárias da
Argentina não foram encontrados ditiocarbamatos (DE KOK 1999).
Maçãs, alfaces e batatas, dentre as 404 amostras pesquisadas na Eslovênia,
foram analisadas para resíduos de agrotóxicos (período de 2001 a 2004) e, dois ou
mais princípios ativos foram encontrados em 73 amostras de maçã (48%), das quais
apenas 3 (2%) excederam o LMR, com valores que variaram de 0,3 a 2,0 mg/kg
(fosalona e tolilfluanida). Resíduos de ditiocarbamatos foram os mais
freqüentemente encontrados, ou seja, em 66 (44%) amostras de maçã, em 30 (31%)
das amostras de alface e em 38 (24%) das amostras de batata (CESNIK 2006).
Em Belo Horizonte-MG, resíduos de ditiocarbamatos foram determinados em
87 amostras de frutas e 11 de hortaliças. Foi constatada a presença de
ditiocarbamatos em CS
2
em 24 (48%) das 98 amostras, tendo sido mais freqüente em
frutas como pêssego (100%), ameixa (60%), nectarina (50%) e morango (37%)
(PEREIRA 1988).
Oliveira e Toledo (1995) estudaram resíduos de agrotóxicos em amostras de
morango coletadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais Sociedade
Anômina (CEASA) de Campinas, sendo que 27% apresentaram endosulfam e
clorotalonil, proibidos pela legislação, e 23% resíduos de captana dentro do LMR
estabelecido. Não foram detectados níveis de mancozebe no limite de quantificação
do método (0,5mg/kg).
No Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
PARA (período de 2001-2002) foram encontrados resíduos de ditiocarbamatos,
em 68 (69%) das 99 amostras de maçã, em níveis que variaram de 0,04 a 2,10
mg/kg; em 58 (40 %) das 144 amostras de mamão, de 0,10 a 2,14 mg/kg); em 85
(60%) das 141 amostras de morango, de 0,10 a 1,03 mg/kg; em 1 (1%) das 92
amostras de banana (0,01) e em 1 (1%) das 141 amostras de laranja. Foram também
encontrados resíduos de ditiocarbamatos em 100 (52%) das 189 amostras de tomate,
em níveis que variaram de 0,07 a 1,50 mg/kg; em 57 (35%) das 162 amostras de
alface, em níveis que variaram de 0,10 a 3,50 mg/kg; e em nenhuma das 176
95
amostras de batata e em nenhuma das 134 amostras de cenoura (ANVISA 2003). Em
2003 foram encontrados resíduos de ditiocarbamatos em 35 (32%) das 109 amostras
de maçã, em níveis que variaram de 0,08 a 1,48 mg/kg; em 30 (21%) das 143
amostras de mamão, de 0,09 a 1,2 mg/kg); em 25 (17%) das 143 amostras de
morango, de 0,09 a 1,10 mg/kg. Em 2004 foram encontrados resíduos de
ditiocarbamatos, em 135 (84%) das 161 amostras de maçã, em veis que variaram
de 0,2 a 2,0 mg/kg; em 124 (77,5%) das 160 amostras de mamão, de 0,2 a 3,97
mg/kg) e em 9 (6%) das 151 amostras de morango, de 0,1 a 1,4 mg/kg (ANVISA
2005).
Caldas e col. (2004) analisaram resíduos de ditiocarbamatos (em CS
2
) em
amostras de alimentos coletadas em supermercados do Distrito Federal entre 1999 e
2000 e encontraram níveis de até 1,9 mg/kg em 37(95%) das amostras de maçã; 1,3
mg/kg em 38 (50%) das amostras de polpa de banana; 1,2 mg/kg em 33 (58%) das
amostras de laranja; 1,9 mg/kg em 35 (63%) das amostras de polpa de
mamão+semente e de até 3,8 mg/kg em 47 (55%) das amostras de morango.
No Programa Paulista de Análise Fiscal de Alimentos (PP0304) foram
encontrados ditiocarbamatos em 13(54%) amostras de morango e em 4(13%) de
pimentão ( SÃO PAULO 2005).
1.14.2. Alguns estudos de ditiocarbamatos em outros vegetais (exceto
frutas)
Rodriguez e Lamoth (1994) analisaram 229 amostras de alimentos cultivados
no Panamá e 22% das amostras continham resíduos de agrotóxicos, sendo que,
destas, 10% apresentaram níveis em desacordo com normas internacionais, incluindo
os ditiocarbamatos.
Bolanos e col. (1997) estudaram os níveis de resíduos de agrotóxicos em
Cuba (no período de 1990 a 1995) e encontraram níveis de ditiocarbamatos em
amostras de tomate, cebola, batata (papa), com níveis de a7,2; 6,5; 5,0 mg/kg,
respectivamente. Em 13% das 216 amostras de batata analisadas, o LMR foi
excedido. Alertaram sobre a necessidade de limitações de uso dos mesmos,
principalmente por motivos relacionados à saúde humana.
96
Hanborg e col. (2006) monitoraram resíduos de agrotóxicos em 6.956
amostras de frutas e vegetais comercializadas no período de 1998 2003, e em 7%
delas foram encontrados ditiocarbamatos. Desse modo, os ditiocarbamatos ficaram
entre os seis ativos que mais contribuíram para a ingestão diária de resíduos de
agrotóxicos no estudo.
No Brasil, um trabalho realizado no Estado de Minas Gerais, mostra que 19%
das hortaliças e 17% das frutas analisadas apresentaram resíduos de ditocarbamatos
em níveis de até 1,7 mg/kg (SOARES e col. 1987).
Reis e Caldas (1991) estudaram resíduos de ditiocarbamatos em 466 amostras
de vegetais e frutas comercializadas na cidade do Rio de Janeiro. Observou-se que
63% das amostras apresentaram resíduos de ditiocarbamatos, sendo que 24% delas
com concentrações superiores ao limite máximo permitido por lei. Alface, cenoura e
tomate foram os produtos que apresentaram os maiores níveis de resíduos, com 50%,
47% e 38% das amostras acima do LMR, respectivamente.
Conceição (2002) analisou resíduos de ditiocarbamatos em 80 amostras de
tomate do Distrito Federal e 59% apresentaram resíduos em níveis que variaram de
0,2 a 1,2 mg/kg de CS
2
.
1.14.3. Estudos de resíduos de ETU em alimentos
Encontram-se na literatura internacional alguns trabalhos de análise de
resíduos de ETU em alimento in natura, desde a década de 70. Em várias amostras
de maçã foram encontrados níveis de ETU que variaram de 0,018 a 0,044 ppm
(NEWSOME 1972), Onley e col. (1977) reportaram que de 6 maçãs comerciais,
somente uma apresentou resíduos de EBDC, contendo 0,01 ppm de ETU. Ripley e
Cox (1978) detectaram ETU em veis abaixo de 0,05 ppm em tomates e acima de
0,17 ppm em suco de tomates.
DUBEY e col. 1997 monitoraram amostras do comércio para determinação de
ditiocarbamatos e ETU e em 4 (20%) das 20 amostras positivas para ditiocarbamatos
( 0,20 a 0,80 ppm) foram encontrados resíduos de ETU em veis que variaram de
0,01 a 0,37 ppm. Dessas 3 amostras eram de pêra (0,05 a 0,20 ppm).
Em estudo realizado na Itália, por Aprea e col., em 1997, foram encontrados
8,8 µg de ETU/Litro de vinho. Para frutas e vegetais a concentração de ETU estava
97
abaixo do limite de detecção (3-20µg/kg), com exceção de uma amostra composta
por massa com brócolis, mistura de vegetais, pêra e água (almoço), que apresentou
3µg/kg.
Blasco e col. (2004) estudaram método para determinação de ditiocarbamatos e
metabólitos em plantas por cromatografia líquida espectrometria de massa (modo
SIM), o qual foi utilizado para determinação de resíduos de fungicidas em 10
amostras de vegetais adquiridas em diferentes supermercados de Valência, Espanha,
sendo que ETU foi detectada em duas amostras de arroz em níveis de até 0,32 mg/kg.
e em uma de tomate (0,36 mg/kg).
Araujo, em 1998, analisou amostras de tomate, sendo a ETU detectada em 25
(78%) das 32 amostras de tomate de mesa e em 15 (55%) das 27 amostras de tomate
industrial. Porém, 3 (11%) das amostras de tomate industrial e apenas 1 (3%)
apresentou resultado acima do limite de quantificação do método proposto, que foi
de 0,025mg/kg.
1.15. Estimativas para avaliar o risco de exposição pela ingestão de
alimentos com resíduos de agrotóxicos
Para concluir a respeito do risco de exposição a agrotóxicos pela ingestão de
alimentos, do ponto de vista de saúde pública, é necessário estimar a ingestão de
resíduos de um agrotóxico e compará-la com a Ingestão Diária Aceitável (IDA)
estabelecida.
Ingestão de resíduo de agrotóxico
A ingestão de resíduo de agrotóxico de um determinado alimento é obtida
multiplicando-se o nível de resíduos no alimento pela quantidade consumida daquele
alimento. Os valores disponíveis de resíduos são combinados com as informações da
ingestão dos alimentos, para se obter um prognóstico da ingestão dos resíduos pelos
consumidores. A ingestão diária total de resíduo de agrotóxico é obtida somando-se
as ingestões de todos os alimentos contendo o resíduo. A exposição ao resíduo de
agrotóxico presente, ou provavelmente presente, em água potável, ou em alimento
para o qual não foi estabelecido o LMR, deve ser levada em consideração, quando tal
informação estiver disponível. A ingestão diária estimada dos resíduos de
agrotóxicos resultante da aplicação de um agrotóxico ou de outras fontes deve ser
98
menor do que a sua IDA estabelecida ou dose aguda de referência (GEMS/FOOD
1997).
1.15.1. Estimativas da ingestão diária de agrotóxicos a longo prazo (ou
crônica)
O JMPR procura prever a ingestão de resíduos de agrotóxicos com base nos
dados disponíveis. Em nível internacional, a Ingestão Diária Máxima Teórica
(TMDI) é usada como uma ferramenta para avaliar a ingestão diária de resíduos de
agrotóxicos. A Ingestão Diária Máxima Teórica em nível nacional pode ser usada
para propósitos similares. Os dados em vel nacional podem ser mais precisos e
culturalmente relevantes, como no caso das porções comestíveis, processamento e
práticas de cocção.
Ingestão Diária Máxima Teórica (Theorical Maximum Daily Intake-
TMDI)
Tomando-se o LMR como limite de resíduo e utilizando os padrões de dieta
para a quantidade de alimento consumido, chega-se à Ingestão Diária Máxima
Teórica (Theorical Maximum Daily Intake-TMDI) (GEMS/FOOD 1997).
A TMDI é uma superestimativa da ingestão real de resíduos de agrotóxicos,
principalmente porque o LMR se aplica ao vegetal inteiro e in natura, que quase
sempre inclui uma porção não comestível, como por ex. a casca. Porém, se a TMDI
não exceder a IDA, é altamente improvável que seja excedida na prática, desde que
os LMR sejam estabelecidos para os principais usos do agrotóxico e de que sejam
utilizadas as Boas Práticas Agrícolas. Neste caso, não são necessárias estimativas
mais precisas para a ingestão de resíduos (GEMS/FOOD 1997).
TMDI utilizada no Reino Unido pelo Pesticide Safety Directorate (PSD)
A estimativa da ingestão de agrotóxicos pelo PSD considera que a utilização
do dado de maior consumo é melhor do que o de consumo dio, para proteger toda
a população. O PSD utiliza 97,5% para definir o maior consumo (PSD 2004).
O PSD utiliza os pesos médios dos consumidores das pesquisas de consumo
como padrão nos cálculos da ingestão aguda e crônica de 70,1 kg para adultos (16 a
64 aos), de 43,6 kg para estudantes (10 a 15 anos), de 14,5 kg para crianças (1 ½ a 4
½ anos) e de 8,7 kg para bebês (6 a 12 meses) (PSD 2004).
99
Quando informação disponível, a Ingestão Diária Estimada Internacional
(International Estimated Daily Intake - IEDI). É usada para se obter melhor
estimativa da ingestão diária crônica de resíduos de agrotóxicos, com base na
mediana dos resíduos provenientes dos campos supervisionados, considerando o
resíduo existente nas partes comestíveis, os componentes definidos como resíduos
pelo JMPR (princípio ativo, metabólitos e produtos de degradação de importância
toxicológica) e as alterações dos resíduos provenientes do preparo, cozimento ou
processamento industrial (GEMS/FOOD 1997). Quando disponíveis, podem ser
usados dados sobre monitoramento, vigilância ou estudos de dieta total
(GEMS/FOOD 1997).
Ingestão Diária Máxima Estimada (Maximum Estimated Daily Intake -
MEDI)
A Ingestão Diária Máxima Estimada (MEDI) é uma estimativa mais realista
da ingestão de resíduos. É calculada usando dados da porção comestível do vegetal e
leva em consideração os efeitos na preparação, no processamento e no cozimento do
alimento. O consumo médio de alimentos pode ser derivado de uma dieta hipotética
mundial ou nacional. Quando a MEDI exceder a IDA é necessário refinar o cálculo
para estimar a verdadeira ingestão (GEMS/FOOD/WHO 1997).
Ingestão Diária Estimada Nacional (National Estimated Daily Intake-
NEDI)
O cálculo da NEDI leva em consideração fatores como: os dados de consumo
alimentar, inclusive os correspondentes a subgrupos da população; os usos
conhecidos do agrotóxico em questão; os níveis de resíduos conhecidos; a
porcentagem da cultura que foi tratada; a relação entre a quantidade do produto de
origem nacional e a quantidade importada; a redução ou aumento do nível de resíduo
durante o armazenamento, o processamento e o cozimento. As estimativas da NEDI
podem ser feitas no âmbito nacional, quando essas informações estiverem
disponíveis (GEMS/FOOD/WHO 1997).
A caracterização do risco para ambos os casos é baseada em um adulto médio
com valor do peso corpóreo de 60 kg, adotado pelo JMPR para a população em geral,
e é expressa em mg de resíduo por kg de peso corpóreo. O valor do peso corpóreo
100
para crianças com idade de até 6 anos, adotado pelo JMPR, é de 15 kg
(GEMS/FOOD/WHO 1997).
Fatores para o refinamento das estimativas dos níveis de resíduos para a
previsão da ingestão diária
Os principais fatores para o refinamento das estimativas dos níveis de
resíduos para a previsão da ingestão diária em longo prazo dos agrotóxicos em nível
nacional são: níveis de resíduos medianos dos experimentos supervisionados,
incluindo a definição de resíduos; resíduos em porções comestíveis; efeitos do
processamento e cozimento nos níveis de resíduos; outras utilizações conhecidas do
agrotóxico; proporção da colheita ou produto produzido domesticamente e
importado; dados do monitoramento e da fiscalização; estudos da dieta total (cesta de
mercado); dados sobre o consumo alimentar, incluindo os subgrupos da população.
Para estimativas mais refinadas, deve-se levar em conta os resíduos após o
processamento. Geralmente informação disponível sobre a conversão de um
composto para um metabólito ou produto de degradação durante o processamento.
As estimativas da ingestão diária podem ser feitas em nível nacional, com base na
informação sobre o consumo dos produtos processados, porém esta abordagem é
útil quando existe uma IDA para a substância em questão (GEMS/FOOD/WHO
1997).
No projeto de estudo de avaliação do risco, para todas as estimativas, deve ser
considerado o potencial para a produção de metabólito ou produtos de degradação de
interesse toxicológico. Os LMR geralmente não são estabelecidos para tais
substâncias, mas as IDA separadas devem ser estabelecidas para metabólitos e
produtos de degradação potencialmente tóxicos (GEMS/FOOD/WHO 1997). A
etilenotiouréia pode ser produzida ou persistir em alimentos processados tratados ou
contaminados por EBDC, conforme mencionado, e principalmente por ser
potencialmente tóxica, apresenta a IDA para ETU, estabelecida pela FAO/WHO
(1994).
101
1.15.2. Estimativa da ingestão diária a curto prazo (ou aguda)
Quando determinado agrotóxico possuí efeitos tóxicos agudos, deve-se
considerar a quantidade máxima que pode ocorrer em um dado alimento a ser
consumido durante um curto período. O PSD estima a ingestão diária aguda para
os agrotóxicos (PSD 2004).
Estimativa da ingestão diária a curto prazo (ou aguda) NESTI (National
Estimates of Short-Term Intake)
A estimativa da ingestão diária a curto prazo (ou aguda) é chamada de NESTI
(National Estimates of Short-Term Intake). É calculada multiplicando-se o dado de
consumo para uma unidade do alimento com o maior nível de resíduo detectado no
alimento ou na parte comestível, dividido pelo peso corpóreo médio (PSD 2004).
Os fatores que devem ser considerados para refinar a estimativa da ingestão
aguda diária são: efeitos nos limites de resíduo devido ao armazenamento,
processamento ou preparo; dados de resíduo na parte comestível; resíduos que se
encontram no Limite de Quantificação (LQ) ou inferiores; dados de consumo
alimentar incluindo os subgrupos populacionais; considerar como resíduo os
metabólitos e produtos de transformação de importância toxicológica (PEREIRA
2005).
102
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Avaliar os níveis de resíduos de etilenotiouréia em frutas comercializadas na
cidade de São Paulo.
2.2. Objetivos específicos
Validar método analítico por HPLC-UV e LC/MS/MS para determinação de
resíduos de etilenotiouréia em maçã, mamão e morango;
Verificar a presença de resíduos de etilenotiouréia (ETU) em amostras de
frutas (mamão, maçã e morango), comercializadas na cidade de São Paulo,
amostradas de forma a representar as quatro estações do ano e as cinco
regiões do município;
Avaliar os resultados e a contribuição de risco à saúde da população
consumidora.
103
3. METODOLOGIA
Foi realizado estudo de caso analítico, no qual a hipótese é a presença de
resíduos de etilenotiouréia em frutas comercializadas na cidade de São Paulo.
A parte experimental analítica foi realizada no Laboratório de Resíduos de
Pesticidas da Diretoria do Serviço de Química Aplicada da Divisão de Bromatologia
e Química do Instituto Adolfo Lutz – Central.
3.1. Matriz de estudo – Frutas
A escolha por trabalhar com frutas deveu-se ao fato de serem ingeridas in
natura, pelo seu expressivo consumo na dieta do brasileiro e por existir a
possibilidade de conter resíduos de etilenotiouréia, pois os etilenobisditiocarbamatos
são autorizados para uso em, praticamente, todas as frutas.
3.1.1. Critérios para escolha das frutas
Frutas de maior consumo pela população da cidade de São Paulo;
Possibilidade de apresentarem resíduos de ETU: autorização de uso de
EBDC;
Presença de resíduos de ditiocarbamatos em estudos anteriores;
Hábitos no consumo das frutas, principalmente a ingestão com casca;
Consumo por subgrupos de interesse para avaliação de risco à saúde, como
crianças, mulheres grávidas e pessoas que consomem vegetais
(vegetarianos).
Os critérios descritos acima foram considerados em conjunto para a escolha
das matrizes de estudo e as informações foram detalhadas no item 1.10.2.
3.1.2. Planejamento da amostragem
O todo de amostragem utilizado foi aleatório. Os locais de compra foram
escolhidos ao acaso de forma a representar o consumo nas cinco regiões da cidade de
São Paulo (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro). As frutas foram adquiridas pela autora
em supermercados durante o período de 21/12/2005 a 19/12/2006, em datas
planejadas de maneira que representassem as diferentes estações do ano, levando em
104
conta a época das frutas em estudo.
As variedades de maçã amostradas foram gala (14), fuji (13) e red (3),
adquiridas de acordo com a disponibilidade e menor preço.
Coleta das amostras
Foram adquiridas amostras de mamão e maçã compostas por 12 frutos cada,
de acordo com a recomendação do Codex Alimentarius (TOLEDO e col. 2002 p. 70),
com variação de massa de 2,5 a 4,8 kg para o mamão e de 1,0 a 2,3 kg para a maçã.
As 24 redes de supermercados onde foram adquiridas as amostras encontram- se
relacionadas no Anexo 2.
O morango é, freqüentemente, vendido em bandejas com peso aproximado
de 300 ou 350g. Foram adquiridas 3 bandejas, com peso médio de 0,321kg cada,
onde todos os frutos foram inclusos para compor cada amostra..
As amostras foram embaladas em saco de polietileno, devidamente
identificadas e transportadas.
Locais de coleta das amostras
Noventa amostras foram adquiridas em trinta e cinco diferentes bairros da
Cidade de São Paulo, assim distribuídos, de acordo com as respectivas regiões:
Norte: Jardim São Paulo, Parada Inglesa, Vila Maria, Santana, Tucuruvi, Vila
Guilherme; Sul: Vila Mariana, Jabaquara, Jaçanã, Mirandópolis, Vila Clementino,
Santo Amaro, Saúde; Leste: Aricanduva, Belém, Itaquera, Parque do Carmo, Penha,
São Mateus, Vila Carrão, Vila Matilde, Tatuapé; Oeste: Alto de Pinheiros, Barra
Funda, Butantã, Cerqueira Cesar, Jardim Paulista (Jardim América), Perdizes,
Pinheiros, Vila Pompéia e Centro: Bela Vista, Bom Retiro, Consolação, Liberdade,
Santa Cecília (Figura 15).
105
Figura 15 - Distribuição dos locais de amostragem de acordo com o bairro
da cidade de São Paulo, no período de 21/12/2005 a 19/12/2006
Anhanguera
Perus
Jaraguá
São
Domingos
Pirituba
Brasilândia
Cachoeirinha
Mandaqui
Tremembé
Tucuruvi
Vila Medeiros
Jaçanã
Vila Maria
Vila
Guilherme
Santana
Casa
Verde
Limão
F.
do Ó
Lapa
Vila
Leopoldina
Jaguaré
Jaguara
Perdizes
B.
Funda
Bom
Retiro
Sta
Cecília
Pari
Brás
República
Liberdade
B.
Vista
Consolação
Butantã
Alto de
Pinheiros
R. Pequeno
R. Tavares
Vila Sônia
Morumbi
Pinheiros
J.
Paulista
Itaim
Bibi
Moema
Ana Rosa
Saúde
Jabaquara
Santo
Amaro
V.
Andrade
Campo
Limpo
Capão
Redondo
Jardim
São Luís
Socorro
Campo
Belo
Campo
Grande
Cidade
Ademar
Pedreira
Cidade
Dutra
Grajaú
Parelheiros
Marsilac
Jardim
Angela
Cursino
Sacomã
Vila
Prudente
Ipiranga
São
Lucas
Sapopemba
Aricanduva
Cidade
Lider
São
Mateus
São
Rafael
Iguatemi
Cidade
Tiradentes
José
Bonifácio
Guaianases
Parque
do
Carmo
Itaquera
Lajeado
Vila
Curuça
Itaim
Paulista
Jardim Helena
São
Miguel
Vila
Jacuí
Ermelino
Matarazzo
Cangaíba
Ponte Rasa
Penha
Vila Matilde
Artur
Alvim
Carrão
Tatuapé
Água
Rasa
V.
Formosa
Moóca
Belém
Cambucci
Norte
Oeste
Centro
Leste
Sul
V.
Clementino
Mirandópolis
Vila
Madalena
Cerq.
César
Parada
Inglesa
Jd. S. Paulo
Maçã
Mamão (Papaya carica L)
Morango
Anhanguera
Perus
Jaraguá
São
Domingos
Pirituba
Brasilândia
Cachoeirinha
Mandaqui
Tremembé
Tucuruvi
Vila Medeiros
Jaçanã
Vila Maria
Vila
Guilherme
Santana
Casa
Verde
Limão
F.
do Ó
Lapa
Vila
Leopoldina
Jaguaré
Jaguara
Perdizes
B.
Funda
Bom
Retiro
Sta
Cecília
Pari
Brás
República
Liberdade
B.
Vista
Consolação
Butantã
Alto de
Pinheiros
R. Pequeno
R. Tavares
Vila Sônia
Morumbi
Pinheiros
J.
Paulista
Itaim
Bibi
Moema
Ana Rosa
Saúde
Jabaquara
Santo
Amaro
V.
Andrade
Campo
Limpo
Capão
Redondo
Jardim
São Luís
Socorro
Campo
Belo
Campo
Grande
Cidade
Ademar
Pedreira
Cidade
Dutra
Grajaú
Parelheiros
Marsilac
Jardim
Angela
Cursino
Sacomã
Vila
Prudente
Ipiranga
São
Lucas
Sapopemba
Aricanduva
Cidade
Lider
São
Mateus
São
Rafael
Iguatemi
Cidade
Tiradentes
José
Bonifácio
Guaianases
Parque
do
Carmo
Itaquera
Lajeado
Vila
Curuça
Itaim
Paulista
Jardim Helena
São
Miguel
Vila
Jacuí
Ermelino
Matarazzo
Cangaíba
Ponte Rasa
Penha
Vila Matilde
Artur
Alvim
Carrão
Tatuapé
Água
Rasa
V.
Formosa
Moóca
Belém
Cambucci
Norte
Oeste
Centro
Leste
Sul
V.
Clementino
Mirandópolis
Vila
Madalena
Cerq.
César
Parada
Inglesa
Jd. S. Paulo
Maçã
Mamão (Papaya carica L)
Morango
106
Número de amostras
Para avaliação dos níveis de ETU em frutas, foram compradas 30 amostras de
cada matriz (mamão, maçã e morango), totalizando 90 amostras comercializadas na
cidade de São Paulo, sendo que as amostras de mamão e maçã foram adquiridas
durante as quatro estações do ano, no período de 21 de dezembro de 2005 a 19 de
dezembro de 2006, e as de morango no outono, inverno e primavera de 2006,
distribuídas conforme ilustra a Figura 16. Procurou-se, ainda, amostrar de forma a
representar todas as regiões da cidade de São Paulo (Figura 17).
Figura 16 - Número de amostras coletadas de acordo com a estação do
ano, no período de 21 de dezembro de 2005 a 19 de dezembro de 2006,
(n=90)
Mamão 33,3% (30)
Maçã 33,3% (30)
Morango 33,3% (30)
Maçã
30%
(8)
Mamão
26%
(7)
Morango
44%
(12)
Morango
Mamão
50%
(7)
Maçã
50%
(7)
Maçã
30%
(8)
Mamão
33%
(9)
Morango
37%
(10)
Maçã
32%
(7)
Morango
36%
(8)
Mamão
32%
(7)
Inverno
24%
(22)
Outono
30%
(27)
Verão
16%
(14)
Primavera
30%
(27)
Mamão 33,3% (30)
Maçã 33,3% (30)
Morango 33,3% (30)
Maçã
30%
(8)
Mamão
26%
(7)
Morango
44%
(12)
Morango
Mamão
50%
(7)
Maçã
50%
(7)
Maçã
30%
(8)
Mamão
33%
(9)
Morango
37%
(10)
Maçã
32%
(7)
Morango
36%
(8)
Mamão
32%
(7)
Inverno
24%
(22)
Outono
30%
(27)
Verão
16%
(14)
Primavera
30%
(27)
107
Figura 17 -Número de Amostras coletadas de acordo com a região da
cidade de São Paulo-SP, no período de 21 dezembro de 2005 a 19 de
dezembro de 2006, (n= 90)
A distribuição dos locais de amostragem de acordo com a região da cidade de
São Paulo encontram-se na Figura 18.
Mamão 33,3% (30)
Maçã 33,3% (30)
Morango 33,3% (30)
Oeste
21%
(19)
Leste
23%
(21)
Sul
22%
(20)
Norte
16%
(14)
Centro
18%
(16)
Maçã
36,%
(5)
Mamão
36%
(5)
Morango
28%
(4)
Morango
37,5%
(6)
Maçã
37,5%
(6)
Mamão
25%
(4)
Maçã
26%
(5)
Mamão
32%
(6)
Morango
42%
(8)
Maçã
35%
(7)
Mamão
35%
(7)
Morango
30%
(6)
Maçã
33%
(7)
Mamão
38%
(8)
Morango
29%
(6)
Mamão 33,3% (30)
Maçã 33,3% (30)
Morango 33,3% (30)
Oeste
21%
(19)
Leste
23%
(21)
Sul
22%
(20)
Norte
16%
(14)
Centro
18%
(16)
Maçã
36,%
(5)
Mamão
36%
(5)
Morango
28%
(4)
Morango
37,5%
(6)
Maçã
37,5%
(6)
Mamão
25%
(4)
Maçã
26%
(5)
Mamão
32%
(6)
Morango
42%
(8)
Maçã
35%
(7)
Mamão
35%
(7)
Morango
30%
(6)
Maçã
33%
(7)
Mamão
38%
(8)
Morango
29%
(6)
108
Anhanguera
Perus
Jaraguá
São
Domingos
Pirituba
Brasilândia
Cachoeirinha
Mandaqui
Tremembé
Tucuruvi
Vila Medeiros
Jaçanã
Vila Maria
Vila
Guilherme
Santana
Casa
Verde
Limão
F.
do Ó
Lapa
Vila
Leopoldina
Jaguaré
Jaguara
Perdizes
B.
Funda
Bom
Retiro
Sta
Cecília
Pari
Brás
República
Liberdade
B.
Vista
Consolação
Butantã
Alto de
Pinheiros
R. Pequeno
R. Tavares
Vila Sônia
Morumbi
Pinheiros
J.
Paulista
Itaim
Bibi
Moema
Ana Rosa
Saúde
Jabaquara
Santo
Amaro
V.
Andrade
Campo
Limpo
Capão
Redondo
Jardim
São Luís
Socorro
Campo
Belo
Campo
Grande
Cidade
Ademar
Pedreira
Cidade
Dutra
Grajaú
Parelheiros
Marsilac
Jardim
Angela
Cursino
Sacomã
Vila
Prudente
Ipiranga
São
Lucas
Sapopemba
Aricanduva
Cidade
Lider
São
Mateus
São
Rafael
Iguatemi
Cidade
Tiradentes
José
Bonifácio
Guaianases
Parque
do
Carmo
Itaquera
Lajeado
Vila
Curuça
Itaim
Paulista
Jardim Helena
São
Miguel
Vila
Jacuí
Ermelino
Matarazzo
Cangaíba
Ponte Rasa
Penha
Vila Matilde
Artur
Alvim
Carrão
Tatuapé
Água
Rasa
V.
Formosa
Moóca
Belém
Cambucci
NorteNorte
OesteOeste
CentroCentro
Leste Leste
SulSul
V.
Clementino
Mirandópolis
Vila
Madalena
Cerq.
César
Parada
Inglesa
Jd. S. Paulo
18%
23%
16%
21%
22%
35% (7)
35% (7)
30% (6)
38% (8)
33% (7)
29% (6)
36% (5)
36% (5)
28% (4)
32% (6)
26% (5)
42% (8)
25% (4)
37,5% (6)
37,5% (6)
Total
Mamão 33,3% (30)
Maçã 33,3% (30)
Morango 33,3% (30)
109
Figura 18 - Distribuição dos locais de amostragem de acordo com a região
(zona) da cidade de São Paulo no período de 21/12/2005 a 19/12/2006
(n= 90)
3.1.3. Preparação das amostras (de laboratório)
Cada amostra coletada era muito maior do que a quantidade necessária para
análise laboratorial. Os frutos de cada amostra foram quarteados, rejeitados os
quartos opostos, cortados em pequenos pedaços, misturados, reduzidos para
aproximadamente 200g, homogeinizados em liquidificador e transferidos para sacos
de polietileno com zíper, de primeiro uso. As amostras foram preparadas no mesmo
dia em que foram adquiridas e estocadas congeladas em freezer à temperatura de
aproximadamene -20ºC, até o início das análises no laboratório.
3.2. Material e Métodos
3.2.1. Material
a) Equipamentos para detecção de ETU
- Cromatógrafo a Líquido de Alto Desempenho (HPLC) HP1100 com detector
UV, bomba quaternária, amostrador automático, microcomputador com
Chemstation;
- Cromatografo a Líquido acoplado a Espectrômetro de Massas - LC/MS/MS,
amostrador automático com controle de temperatura e forno de coluna
termostatizado em um cromatógrafo líquido de alto desempenho Agilent 1100 Séries
(Agilent Technmologies, Waldbronn, Alemanha) equipado com bomba quaternária,
sistema degaseificador;
-Espectrômetro de massas triploquadrupolo API 5000
TM
(Applied
Biosystems/MDS Sciex, Concord, Canadá), fonte de íons Turbo V
TM
;
- Balança analítica;
- Balança semi-analítica;
- Bomba de vácuo;
- Estufa;
- Homogeinizador;
- Rotaevaporador;
110
- Sistema de purificação de água para HPLC;
b) Vidrarias e outros materiais:
- Frascos de nalgene com tampa rosqueável de 300 mL;
- Balões de 300 mL para rotavapor,
- Balões volumétricos de diferentes capacidades;
- Colunas de extrelut;
- Filtros de membranas de celulose regenerada de 0,45 µm;
- Frascos de vidro de 3 mL, com tampa e septo de politetrafluoretileno (PTFE),
para amostrador automático;
- Funis de Büchener com diâmetro de 9 cm;
- Funil de placa porosa para filtração de solventes e água para uso no HPLC;
- kitassato de 1.000 mL;
- Papel de filtro;
- Papel indicador de pH universal;
- Pipetas de nalgene e de vidro (Pasteur);
- Microsseringas de vidro de 10 mL;
- Pipetador automático de diferentes capacidades;
- Provetas graduadas com tampa de 100 mL;
- Provetas graduadas de 200 mL;
- Tubos graduados com tampa de l0 mL.
c) Solventes, reagentes e outros materiais
- Acetonitrila grau HPLC;
- Água purificada para HPLC, filtrada pelo sistema Milli Q com resistividade >
18 e, posteriormente, em sistema de filtração com placa porosa de 0,45 µm;
- Álcool metílico grau HPLC;
- Coluna de extração (Extrelut NT20 da Merck)
- Diclorometano grau HPLC;
- Filtro de papel qualitativo;
- Filtro de PTFE 0,45µm
- Hidróxido de sódio p.a.
111
Preparo dos reagentes
- Solução de Hidróxido de dio 10 %: foram pesados 10,0 g de NaOH em
balança semi-analítica, dissolvidos e avolumados em 100 mL de água;
-Solução de Hidróxido de Sódio 1 %: foi pesado 1,0 g de NaOH em balança
semi-analítica, dissolvida e avolumada em 100 mL de água.
d) Padrão analítico de ETU e preparo das soluções
- Padrão de eilenotiouréia (ETU), produzido pela “Riedel-de Haën”, com 99,9 %
de pureza, de acordo com certificado de análise emitido pelo laboratorio de
controle de qualidade da “Sigma-Aldrich”.
Preparo da solução estoque - 1.000 µg/mL
Foi pesado, em balança analítica, 0,100 g do padrão de ETU, em quer de
10 mL e dissolvido em álcool metílico. A solução foi transferida quantitativamente
para um balão volumétrico de 100 mL, completando o volume e, posteriormente,
transferida para um frasco de vidro com tampa e septo de PTFE, devidamente
identificada e armazenada em freezer. A partir dessa solução foram preparadas as
soluções intermediárias.
Preparo da solução intermediária - 10 ng/µL
A partir da solução estoque, foram transferidos, com pipetador automático,
100 µL para um balão volumétrico de 10 mL, completando o volume com a fase
móvel (2% de acetonitrila em 98% de água purificada para HPLC). A partir desta
solução foram preparadas as soluções de trabalho.
Preparo das soluções de trabalho
A partir da solução intermediária (10 ng/µL), foram transferidos, com
pipetador automático, diferentes volumes para os respectivos balões volumétricos de
10 mL, completando o volume com a fase móvel. As soluções foram transferidas
para os respectivos frascos de PTFE com tampa rosqueável e, posteriormente, para
os frascos do injetor automático com tampa rosqueável e septo de PTFE,
devidamente identificados.
112
Para o preparo das curvas analíticas foram utilizadas soluções-padrão de
trabalho de ETU em diferentes concentrações, dentro da faixa de linearidade do
detector, avaliada no item 3.3.
3.2.2. Método para determinação de resíduos de etilenotiouréia (ETU)
O método utilizado para determinação de resíduos de ETU nas amostras de
maçã, mamão e morango foi o descrito por Diserens (1991), com modificações
(LEMES 2003).
Princípio do método
A ETU é extraída da amostra de fruta devidamente homogeneizada com
álcool metílico. O extrato orgânico é concentrado e, após ajuste do pH, é feita uma
purificação em coluna de Extrelut. O eluato é concentrado e filtrado. A determinação
é feita por cromatografia a líquido de alto desempenho com detector ultravioleta
(HPLC-UV) (LEMES 2003).
Extração e purificação
Uma alíquota de 20,0 g da amostra homogeneizada foi pesada em um frasco com
tampa rosqueável de nalgene. A extração foi feita com 100 mL de álcool metílico sob
agitação (agitador automático) por 30 minutos e após, foi filtrada a vácuo. A
etilenotiouréia foi reextraída com mais 50 mL de álcool metílico. Os filtrados foram
transferidos para um balão de fundo chato e boca esmerilhada e concentrados em
rotavapor, sob temperatura de 50º C, até visualização de uma única fase. O extrato
foi resfriado até temperatura ambiente e o pH ajustado a 8,5, com uma solução de
hidróxido de sódio 10%. Transferiu-se o extrato (10mL) para uma coluna de Extrelut
seca, com o auxílio de uma pipeta Pasteur, lavando o balão para transferência
quantitativa, com água em pH 8,5. Após 20 minutos, foi eluída com 200 mL de
diclorometano, recolhendo o eluato em balão de fundo chato contendo 5 mL de água
purificada para HPLC. O elutato foi concentrado em rotavapor a 50ºC até a
visualização de uma única fase. Após resfriamento à temperatura ambiente, foi
transferido quantitativamente para um frasco de vidro graduado com tampa de 10 mL
e avolumado com água purificada para HPLC. Após a filtração em membrana de
PTFE de 0,45 µm, com o auxílio de uma seringa de vidro de 10 mL, realizou-se a
transferência do filtrado para um frasco de vidro com tampa rosqueável e batoque de
113
PTFE e, posteriormente, para o frasco de vidro com tampa rosqueável e batoque de
PTFE do amostrador automático e foi injetada 50 µL no HPLC-UV e 20 µL no LC-
MS/MS. A Figura 19 apresenta o fluxograma com o resumo das etapas desse
procedimento.
Figura 19 - Fluxograma das etapas do procedimento analítico para
determinação de resíduos de ETU (LEMES 2003 com adaptações)
20 g amostra +100 mL álcool metílico
-
Agitar 30 min.
- Filtrar a vácuo
______________________
Remanescente +50 mL álcool metilico
Filtrado 1
- Agitar 30 min.
-Filtrar a vácuo
_______________
Remanescente
Desprezar
Concentrar os filtrados 1 + 2 a 10 mL em
Rotaevaporador, vácuo parcial, 55º C;
Ajustar em pH 8,5
Purificar o extrato em coluna de extrelut + 200 mL de Diclorometano
+ 5mL H
2
O, concentrar em rotaevaporador,
45ºC, vácuo parcial,
completar o volume a 10 mL
Filtrar PTFE (0,45 µm)
____________________________
HPLC-UV ( 240nm )
LC-MS/MS
Filtrado 2
114
Análise qualitativa e quantitativa
A determinação foi feita por padronização externa, pela comparação dos
cromatogramas das amostras com o tempo de retenção de ETU e a quantificação por
comparação com a curva analítica, construída dentro da faixa de linearidade do
detector, com valores de concentração x área (descrito no ítem 3.3.).
Cálculos
A análise quantitativa foi feita por meio da curva analítica, avaliada e
construída conforme descrito no item 3.3. por comparação de área. A concentração
de ETU foi determinada, levando em consideração o fator de diluição e a quantidade
de amostra, pela equação:
R
ETU
= C x V x f,
P
Onde:
R
ETU
= resíduo de ETU na amostra g/kg); C = concentração de ETU na
solução final extraída da amostra (g/mL); V = volume da solução extraída (mL);
P = peso equivalente da amostra extraída (g); f = fator de diluição.
O resultado foi expresso em micrograma de etilenotiouréia por quilograma da
amostra (µg/kg).
3.3. Validação de método analítico para determinação de
etilenotiouréia em frutas
Os métodos devem conduzir a resultados confiáveis e adequados à qualidade
pretendida. A validação consiste na comprovação, por intermédio do fornecimento
de evidência objetiva, de que os requisitos para uma aplicação ou usos específicos
pretendidos foram atendidos.
Inicialmente foi feita a otimização das condições cromatográficas. Os
parâmetros de validação avaliados foram: efeito da matriz, seletividade, linearidade,
intervalo de trabalho, limite de detecção, limite de quantificação do método,
exatidão, precisão. A avaliação desses parâmetros foi realizada para cada matriz para
115
verificar a confiabilidade e aplicabilidade do método (FAO/WHO 1993; INMETRO
2003).
3.3.1. Número de amostras para os ensaios de validação do método
Foram utilizadas amostras controle de maçã, mamão e morango, analisadas
com 6 repetições e em três níveis de fortificação cada, totalizando 72, para realização
dos ensaios de validação (Tabela 17).
Tabela 17 - Número de amostras para realização dos ensaios de validação
Técnica Amostra
Matriz
Nível
(µg/kg)
N
amostra
s
HPLC-UV LC-MS/MS
Controle
Maçã
Mamão
Morango
Sem
adição
6
6
6
x
x
x
x
x
x
Fortificada
Nível 1
Maçã
Mamão
Morango
1
6
6
6
x
x
x
Fortificada
Nível 2
Maçã
Mamão
Morango
2
6
6
6
x
x
x
Fortificada
Nível 3
Maçã
Mamão
Morango
10
6
6
6
x
x
x
x
x
x
Total de cada
matriz de
estudo
Maçã
Mamão
Morango
24
24
24
12
12
12
24
24
24
Total
72
36 72
N= número de replicatas
a) Amostra controle
A amostra controle, utilizada para realizar a validação do método analítico,
corresponde à matriz da mesma espécie, previamente analisada, e que não apresentou
116
o analito de interesse.
Para realização dos estudos de validação do método foram adquiridas, em
supermercados da cidade de São Paulo (Anexo 2), amostras de maçã e morango de
produção orgânica, sem uso de agrotóxicos, para representarem as amostras controle.
No caso do mamão, foi utilizada uma amostra na qual não foi detectado resíduo de
ETU.
b) Amostra fortificada
A amostra fortificada, utilizada para avaliar o método corresponde a uma
amostra controle, na qual foi adicionada determinada concentração do analito a ser
determinado.
3.3.2 Seletividade
Os métodos devem ser capazes de determinar os analitos na presença da
matriz a ser analisada (INMETRO 2003).
Análise em branco do método
Foi realizada a análise em branco do método, em triplicata, conforme
procedimento analítico, descrito no item 3.2, sem a presença da amostra e de ETU
para verificar a ausência de interferentes na região de estudo, provenientes de
solventes, vidraria, reagentes e outros.
Análise da amostra controle
Amostras-controle das matrizes de estudo foram analisadas, com seis
repetições, de acordo com o procedimento descrito no item 3.2, para verificar a
existência ou não de interferentes na análise.
3.3.3 Estudo da faixa de linearidade de resposta do detector
Linearidade - é a habilidade de um método analítico em produzir resultados
que sejam diretamente proporcionais às concentrações do analito em amostras
(INMETRO 2003). Deve ser checada pela construção de uma curva analítica com
pontos cobrindo a faixa de concentração esperada e os resultados devem ser
avaliados por métodos estatísticos apropriados; por exemplo, por cálculo da
regressão linear utilizando o método dos mínimos quadrados (ICH - International
117
Conference on Harmonization of Technical Requirements for Registration of
Pharmaceuticals for Human Use, 1997).
Avaliação da linearidade foi conduzida conforme procedimentos propostos
por Souza e Junqueira (2005) e Souza (2007). O protocolo detalhado para avaliação
da linearidade por regressão simples incluí etapas de tratamento de outliers,
checagem de premissas dos erros da regressão (normalidade, homoscedasticidade e
independência) e avaliação do ajuste ao modelo.
Outliers – observações divergentes.
Normalidade a distribuição normal é uma distribuição de variável aleatória
comum, que surge em muitas situações onde valores extremos são menos
prováveis do que valores moderados.
Homoscedasticidade ou homogeneidade de variâncias quando as dispersões
respectivas são equivalentes, ou seja, quando as diferenças observadas entre
suas variâncias não são estatisticamente significativas.
Independência no modelo da regressão assume-se que todos os erros são
independentes. Porém, quando um valor positivo do erro de um período tem
maior chance de ser seguido por outro valor positivo no período seguinte, os
erros não são independentes.
A adequação para uso do método foi determinada com base nos resultados dos
parâmetros estabelecidos (linearidade, efeitos de matriz, seletividade, exatidão,
precisão, limites de detecção e de quantificação), considerando os critérios de
aceitabilidade determinados. O nível de significância adotado nos testes de hipóteses
foi
α
= 0,05.
Uma curva analítica foi preparada, com 7 níveis de concentração 1,0, 2,0, 5,0,
10,0, 15,0, 20,0 e 25,0 ng/mL, sendo três replicatas independentes de cada nível. As
soluções foram analisadas em ordem aleatória. Brancos foram preparados, também
em triplicata, para avaliação do ruído, mas não foram incluídos nos cálculos.
O método dos mínimos quadrados ordinários (MMQO) foi aplicado aos dados
da curva para estimativa dos parâmetros da regressão. Outliers foram investigados
pelo teste de resíduos padronizados Jacknife, o qual foi aplicado sucessivamente até
que novos outliers não fossem detectados ou até uma exclusão máxima de 22,2% no
118
número original de resultados. Violações das premissas relacionadas ao MMQO
foram avaliadas: normalidade (teste de Ryan-Joiner), homoscedasticidade (teste de
Brown-Forsythe) e independência dos resíduos da regressão (teste de Durbin-
Watson). Testes de F foram conduzidos para verificar o ajuste ao modelo linear por
meio da avaliação das significâncias da regressão e do desvio da linearidade.
Faixa Linear de Trabalho ou intervalo de trabalho
A faixa linear de trabalho de um método de ensaio é o intervalo entre os
níveis inferior e superior de concentração do analito no qual foi demonstrado ser
possível a determinação com exatidão, precisão e linearidade exigidas, sob as
condições experimentais utilizadas. A faixa de trabalho deve cobrir a faixa de
aplicação para a qual o ensaio vai ser usado. Os valores medidos obtidos têm que
estar linearmente correlacionados às concentrações. Isso requer que os valores
medidos próximos ao limite inferior da faixa de trabalho possam ser distinguidos dos
brancos dos métodos. Em geral, serão necessários vários pontos de calibração, de
preferência mais que seis, para determinar a faixa de trabalho (INMETRO 2003).
Foi realizada a análise em branco do método e das amostras controle de
maçã, mamão e morango.
O intervalo da faixa de linearidade do detector deve ser obtido pela
determinação da resposta do detector com soluções-padrão de ETU em diferentes
concentrações.
Foi verificada a existência de pontos dispersos, sendo excluídos os valores
dispersos e aplicados os procedimentos descritos por Souza e Junqueira (2005) e
Souza (2007), conforme já citado,
para confirmar a linearidade.
3.3.4. Construção da curva analítica
Resíduos de ETU foram determinados por padronização externa pela
comparação de área com curvas analíticas construídas em sete veis de
concentração.
Neste estudo foram utilizadas soluções-padrão de ETU em 7 diferentes
concentrações: 1/2LQ, 1,0LQ, 2,5LQ, 5,0LQ, 7,5LQ, 10,0LQ e 12,5LQ,
correspondentes a 10,0, 20,0 (LQ), 50,0, 100,0, 150,0, 200,0 e 250ng/mL, para
119
construção da curva analítica para determinação no HPLC/UV, e de 1,0, 2,0 (LQ),
5,0, 10,0, 15,0, 20,0, 25,0 ng/mL para quantificação no LC/MS/MS.
3.3.5 Limite de Quantificação (LQ)
O limite de quantificação do método é definido como a menor concentração
do analito em uma amostra que se pode determinar com precisão aceitável
(EUROPEAN COMISSION 2000a). O intervalo de aceitabilidade para os valores
individuais de recuperação para cada nível de fortificação é de 70 a 110% e o
coeficiente de variação porcentual (CV%) em relação à média para cada nível
estudado deve ser igual ou menor que 15% (EUROPEAN COMMISSION 2000b;
FAO/WHO 1993). A EPA (1996) considera valores de recuperações entre 70 e 120%
para aceitabilidade de métodos.
O limite de quantificação, após ser determinado pela curva e análise da
matriz, foi testado com adição de ETU às amostras de frutas controle na
concentração do LQ. As análises foram realizadas com seis repetições, segundo o
procedimento descrito. Foram calculadas as recuperações em porcentagem, médias,
desvios padrão e coeficientes de variação para verificação da aceitabilidade dos
resultados.
3.3.6. Limite de Detecção (LD)
Limite de detecção é definido como a menor quantidade do analito presente
em uma amostra que pode ser detectado, porém não necesariamente quantificado,
sob as condições experimentais estabelecidas. Estabelecido por meio de análises de
concentrações conhecidas e decrescentes do analito ao menor nível detectável.
Pode ser feita utilizando a relação 3 vezes o ruído da linha de base (ANVISA 2006).
Segundo ICH (1997), o cálculo do limite de detecção pode ainda ser calculado
em 3,3 vezes o slope da curva de calibração.
Neste estudo, o limite de detecção foi calculado pelas duas maneiras: 3 vezes o
ruído da linha de base e 3,3 vezes o slope da curva de calibração, sendo considerado
o maior valor deles. Além disso foi feita avaliação visual dos cromatogramas da
amostra do branco, com três repetições e das matrizes de maçã, mamão e morango
120
(amostras controle), realizadas com seis repetições cada, considerando o maior sinal
ruído observado.
3.3.7. Exatidão
Exatidão do método é definida como sendo a concordância entre o resultado
de um ensaio e o valor de referência aceito como convencionalmente verdadeiro.
Quando aplicada a uma série de resultados de ensaio, implica numa combinação de
componentes de erros aleatórios e sistemáticos (tendência) (INMETRO 2003).
Os procedimentos normalmente utilizados para avaliar a exatidão de um
método são: uso de materiais de referência, participação em ensaios interlaboratoriais
e realização de ensaios de recuperação, em três níveis com 7 repetições cada
(INMETRO 2003). A ANVISA, em 2006, estabeleceu um mínimo de 2 níveis com 5
repetições nos estudos de recuperação e validação de todos de resíduos de
agrotóxicos em alimentos.
Neste estudo, a tendência foi determinada com base nos resultados de
recuperação analítica (%) (valor observado/valor esperado), realizada em três veis
de concentrações, com seis repetições cada.
O intervalo de aceitabilidade para os valores individuais de recuperação é de
70 a 110% (FAO/WHO 1993; EUROPEAN COMISSION 2000b). A EPA (1996) e
RDC 216 (ANVISA2006) consideram valores de variabilidade para determinação da
aceitabilidade de métodos recuperações entre 70 e 120%.
Recuperações não demonstram, por si, exatidão ou tendências de resultados,
o analista deve participar de programas de controle de qualidade interlaboratorial,
quando disponíveis e acessíveis. O laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto
Adolfo Lutz participa em testes interlaboratoriais de proficiência de ditiocarbamatos,
pois os de ETU não estão disponíveis e acessíveis no momento.
Estudos de recuperação
Para os estudos de recuperação de ETU, foram preparadas, com seis
repetições, amostras controle de cada fruta, pela adição de 1 mL de cada solução-
padrão na concentração de 0,2 ng/mL a 20,0 g de amostra controle, para obter
121
concentração de 10,0 µg/kg e, em seguida, analisadas em HPLC/UV, segundo o
procedimento descrito. Foi ainda adicionado 1 mL de cada solução-padrão nas
concentrações de 0,02 ng/mL e de 0,04 ng/mL, respectivamente, a 20,0 g de amostra
controle, com seis repetições, para obter concentrações de 1,0 µg /kg e 2,0 µg /kg.
A relação entre a concentração encontrada e adicionada para cada amostra
fortificada, foi calculada em porcentagem, isto é, as recuperações, a média, o desvio-
padrão e o coeficiente de variação para cada nível estudado.
3.3.8. Precisão
Precisão é um termo geral para avaliar a dispersão de resultado entre ensaios
independentes, repetidos de uma mesma amostra, em condições experimentais
definidas. É normalmente determinada para circunstâncias específicas de medição e
as duas formas mais comuns de expressá-la são por meio da repetitividade e da
reprodutibilidade, sendo usualmente expressa como desvio padrão ou desvio padrão
relativo (INMETRO 2003). Em análise de resíduos, a precisão é determinada por
desvios padrão relativos ou coeficientes de variação porcentual em relação à média,
obtidos nos experimentos de recuperação em cada nível estudado.
O coeficiente de variação porcentual (CV%) em relação à média deve ser
15%, de acordo com EUROPEAN COMMISSION (2000b), e de 20% conforme
estabelecido pela ANVISA (2006).
Repetitividade
Repetitividade é o grau de concordância entre os resultados de medições
sucessivas de um mesmo analito, efetuadas sob as mesmas condições, chamadas de
condições de repetitividade, ou seja, é a dispersão dos resultados de recuperação,
usando o mesmo método, a mesma matriz, em um único laboratório, dentro de um
curto período, no qual não ocorram diferenças em materiais e equipamentos usados
e/ou analistas envolvidos (INMETRO 2003).
O coeficiente de variação porcentual (CV%) em relação à média para cada
nível de fortificação deve ser 15% (EUROPEAN COMMISSION 2000b).
Reprodutibilidade interna
122
Foi avaliada ainda a reprodutibilidade interna com dados obtidos no laboratório,
pelo mesmo analista, por HPLC-UV, com algumas alterações, como mudança de
coluna (fase estacionária) e fluxo da fase móvel comparados com os resultados de
um estudo anterior realizado pela autora (LEMES 2003).
Robustez
Em relação à robustez, estudos de recuperações foram realizados em diferentes
matrizes de frutas (mamão e morango), no presente estudo, com algumas
modificações, como mudança da coluna e equipamento para quantificação. Deve-se
destacar que quanto maior for a robustez de um método, maior será a confiança desse
relacionado à sua precisão (INMETRO 2003).
3.4. Avaliação de risco de exposição à ETU pela ingestão de frutas
3.4.1. Estimativa de risco pela ingestão de maçã, mamão e morango
Com os valores de resíduos de ETU, encontrados nas amostras de frutas
(maçã, mamão e morango), considerando os maiores valores, foi verificada a
contribuição do risco, pelo consumo das mesmas. Foi calculada multiplicando-se a
média de consumo alimentar per capita para a cidade de São Paulo (IBGE 2005)
pelos maiores valores encontrados nas amostras de maçã, mamão e morango neste
estudo, supondo que todas as frutas consumidas continham esses níveis. Após foi
comparada com IDA para ETU, estabelecida pelo Codex Alimentarius (FAO/WHO
1994), para população em geral e com a dose oral crônica de efeito não
carcinogênico (Drf), incluindo subgrupos sensíveis da população (como crianças,
gestantes), estabelecida pelo EPA (2007a) e foi expressa em porcentagem relativa.
3.4.2 Estimativa do risco de exposição a EBDC pelos resultados obtidos
nos alimentos analisados pelo PARA (2001-2004)
Foram utilizados dados obtidos em estudo de monitoramento realizado no
Brasil no período de 2001 a 2004 (ANVISA 2005). A estimativa do risco de
exposição à EBDC foi calculada pela média de consumo alimentar per capita para a
cidade de São Paulo (IBGE 2005), supondo que todas as frutas consumidas
123
apresentassem os maiores níveis de ditiocarbamatos encontrados no PARA de 0,03
mg/kg/dia de CS
2
para população em geral. Após, foi comparada com IDA para
EBDC (mancozebe, manebe, metiram), estabelecida para cada princípio ou em
qualquer combinação de acordo o estabelecido na legislação (MINISTÉRIO DA
SAÚDE 2003), e foi expressa em porcentagem relativa.
3.4.3. Estimativa do risco de exposição a ETU (calculada) pelos resultados
obtidos nos alimentos analisados pelo PARA (2001-2004)
A estimativa do risco de exposição à ETU foi calculada pela média de
consumo alimentar per capita para a cidade de São Paulo (IBGE 2005), supondo que
todas as frutas consumidas apresentassem os maiores níveis de ditiocarbamatos
encontrados no PARA e, como não existem dados de resíduos de ETU para a maioria
dos alimentos, foi estimado o risco de exposição à ETU, baseado em estudos de
conversão de EBDC à ETU (ref) e considerando que os dititocarbamatos em CS
2
,
encontrados no PARA (2001-2004) eram provenientes do uso de EBDC. Após foi
comparada com IDA para ETU, estabelecida pelo Codex Alimentarius (FAO/WHO
1994), para população em geral e com a dose oral crônica de efeito não
carcinogênico (Drf), incluindo subgrupos sensíveis da população (como crianças,
gestantes), estabelecida pelo EPA (2007a) e foi expressa em porcentagem relativa.
124
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A determinação de resíduos de ETU pode ser feita pela análise direta por
cromatografia a líquido de alto desempenho com detector UV ou após derivatização
para formação de outros compostos mais estáveis para determinação pela
cromatografia a gás com vários sistemas de detecção, tais como Detector de Captura
de Elétrons (ECD), de Nitrogênio e Fósforo (NPD), ou Cromatografia a gás /
Espectrometria de Massas (CG/MS). Em estudo realizado anteriormente pela autora,
foi feita uma revisão e avaliação de métodos descritos na literatura para análise de
ETU (LEMES 2003). Atualmente, também, a ETU tem sido determinada por
Cromatografia a Líquido acoplada à Espectrometria de Massas em tandem
(LC/MS/MS).
A análise de ETU por cromatografia a gás por derivatização, devido ao fato dos
produtos formados serem muito voláteis, exige muito cuidado durante o
procedimento analítico, principalmente na etapa de concentração do extrato,
requerendo maior tempo de análise e uso de reagentes muito tóxicos.
Em altas temperaturas, resíduos de ETU podem ser degradados, e este é o
principal motivo pela escolha de se trabalhar com Cromatografia a Líquido de Alto
Desempenho (HPLC), ao invés de CG, pois permite trabalhar em temperatura baixa
(30º C) e determinar ETU diretamente, sem necessidade de derivatização, requerendo
ainda menor tempo de análise e utilizando menos reagentes. A escolha e uso da fase
estacionária, 5µ de Metalasil AQ C18 120 A, neste estudo foi devido ao fato de ser
possível trabalhar com alto teor de água na fase móvel, o que, no caso da análise de
ETU, é muito interessente, pois, além da ETU ser altamente solúvel em água,
permite a diminuição do uso de solventes tóxicos.
A espectrometria de massas em tandem MS/MS analisa os íons produtos
formados por ativação (usualmente por uma ou mais colisões) de um íon precursor,
previamente selecionado. A dessolvatação dos íons na técnica de ionização por
electrospray ocorre a baixas temperaturas e de forma gradual, com pequena ou
nenhuma fragmentação dos íons presentes na solução. Este tipo de mecanismo
permite que a estrutura dos íons observados na fase gasosa tenha a mesma estrutura
125
dos íons presentes na fase líquida, podendo ser aplicado para análise de espécies não
voláteis e termolábeis (MARTINS 2005). Como ETU degrada em altas temperaturas,
esta foi a técnica escolhida para avaliar este analito em frutas nesta pesquisa.
A técnica utilizando pressão atmosférica ionizante na espectrometria de massa
proporciona grande sensibilidade e seletividade. Técnicas com equipamentos em
seqüência, como espectrometria de massa acoplada à ionização com eletrospray, têm
demonstrado serem úteis na determinação de diferentes agrotóxicos (SANNINO e
col. 2004).
Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em
tandem
com ionização por
electrospray
foi empregada na etapa
experimental desta pesquisa devido à alta sensibilidade da técnica (dez
vezes maior do que no HPLC-UV), e por dar resposta inequívoca da
identidade de ETU.4.1. Otimização das condições analíticas ialmente
foi feita a otimização das condições cromatográficas.
Foram injetadas soluções padrão de ETU no HPLC-UV e LC-MS/MS.
HPLC-UV
Após as condições cromatográficas serem otimizadas de modo a se obter um
cromatograma com boa resolução para o pico de interesse (ETU), as amostras foram
injetadas no HPLC-UV. Essas condições, descritas por Diserens (1991), foram
estudadas em amostra de mamão e obtidas em estudo anterior realizado pela autora
(LEMES 2003). No presente estudo, foram feitas algumas modificações: troca da
fase estacionária por 5µm de Metalasil AQ C18 120ª e o fluxo da fase móvel
utilizado foi de 1 mL/min.
O equipamento utilizado foi um Cromatógrafo a Líquido de Alto Desempenho
(HP 1100), com detector de UV, bomba quaternária, sistema degaseificador,
amostrador automático, com controle de temperatura e forno de coluna
termostatizado, microcomputador com Workstation; detector UV (comprimento de
onda = 240 nm); coluna com pré-coluna de aço inox, (250 mm x 4,6 mm), fase
estacionária: 5µ de Metalasil AQ C18 120A; fase móvel: 2% de acetonitrila em 98%
de água purificada para HPLC; fluxo da fase móvel: 1 mL/min.; temperatura do
forno: 30
o
C; volume injetado: 50 µL.
126
Obteve-se boa resolução para o pico de ETU, conforme pode ser observado no
cromatograma (a) da figura 20.
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5.071 - ETU
a
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5.071 - ETU
a
Figura 20 - Cromatograma referente ao padrão de ETU na concentração
de 20,0ng/mL por HPLC-UV
Cromatografia a Líquido acoplada à Espectrometria de Massas -
LC/MS/MS
Foi utilizado um HPLC Agilent 1100 Séries (Agilent Technmologies,
Waldbronn, Alemanha) equipado com bomba quaternária, sistema degaseificador,
amostrador automático com controle de temperatura e forno de coluna
termostatizado, coluna (100 mm x 2,1 mm), fase estacionária: 3,5µm de Symetry
C18; temperatura do forno: 25
o
C; volume injetado: 20µL. A fase móvel consistiu de
solução aquosa de acetato de amônio na concentração de 5,0 mmol/L (Fase A) e uma
solução contendo metanol/água (95/5, v/v) (Fase B). As amostras foram injetadas em
sistema isocrático de eluição contendo 30% da fase A e 70% da fase B.
Cromatografia a líquido acoplada à espectrometria de massas
As determinações foram feitas em um espectrômetro de massas triploquadrupolo
API 5000
TM
(Applied Biosystems/MDS Sciex). A técnica de electrospray no modo
de íons positivos foi utilizada para a ionização da ETU. O capilar do electrospray foi
mantido em 5.500 V. Nitrogênio foi utilizado como cortina de gás de dessolvatação à
pressão de 10 psi na fonte de íons, e como gás de colisão na célula (Q2), à pressão de
6 u.a. (unidades arbitrárias). Ar sintético ultrapuro foi utilizado como gás
nebulizante e como gás secante na fonte de ionização, ambos à pressão de 50 psi.
127
Todas as análises foram realizadas em modo de Monitoramento de Reações
Múltiplas (MRM), selecionando 3 transições de massa/carga (m/z) para o analito. Um
dwell time de 300 ms foi empregado para monitoramento das transições do analito
com tempo de pausa entre transições de 5 ms. O primeiro (Q1) e o terceiro (Q3) dos
quadrupolos (Q0, Q1, Q2 e Q3) foram operados em resolução unitária (0,7 +/- 0,1
u.m.a.) e o potencial de entrada do Q0 foi de 10 V durante toda a otimização e
análises. As aquisições e o tratamento dos dados foram realizados utilizando o
software Analyst versão 1.4.1.
Figura 21 - Espectro de massas MS da molécula protonada [M + H]
+
da
ETU obtido em ionização por electrospray no modo de íons positivos
128
Figura 22 - Espectro de massas MS/MS da ETU obtido com o
rampeamento da energia de colisão de 5 a 130 eV
A Tabela 18 apresenta os parâmetros otimizados para cada transição de m/z
do analito. Estes parâmetros são: o potencial do orifício (DP), a energia de colisão
(CE) e o potencial de saída da cela de colisão (CXP).
Tabela 18 - Parâmetros otimizados para a ETU no modo MRM
Analyte
Transition
(m/z)
DP
(V)
CE
(eV)
CXP
(V)
103.1>44.0 41 33 18
ETU 103.1>86.0 41 29 32
103.1>60.0 41 45 22
Foram monitoradas três transições de m/z para determinação de ETU no
LC/MS/MS. A Figura 23 apresenta um cromatograma obtido para o composto nas
três transições de m/z monitoradas. A cor azul corresponde à transição de m/z
103.1>44.0, a cor vermelha à transição de m/z 103.1>86.0 e a cor verde à transição
de m/z 103.1>60.0.
129
Figura 23 - Espectros de massas do padrão de ETU à concentração de
25,0 ng/mL obtidos em modo MRM
4.2 Parâmetros avaliados para validação do método analítico:
seletividade, linearidade, intervalo de trabalho, exatidão, precisão, limite
de detecção e de quantificação
Seletividade
O branco de solventes e reagentes, realizado sem a presença de matriz, não
apresentou interferentes no tempo de retenção da ETU por HPLC-UV, conforme
pode ser observado no cromatograma (b) da Figura 24.
Não foram encontrados resíduos de ETU nas amostras controle de maçã,
mamão e morango no HPLC-UV, no limite de quantificação do método de
10,0µg/kg. O limite de detecção foi de 5,0 µg/kg.
A análise do branco do procedimento completo por LC/MS/MS não revelou a
presença de ETU no limite de detecção do método de 0,5 µg/kg. Os cromatogramas
da análise e do padrão de ETU no nível correspondente LD do método estão
ilustrados abaixo para comparação dos mesmos (Figuras 25 e 26).
Não foram encontrados resíduos de ETU nas amostras controle de maçã,
mamão e morango (Figuras 27, 28 e 29).
Transições:
103.1 > 44.0
103.1 > 86.0
103.1 > 60.0
130
(a) padrão de ETU (20ng/mL; (b) branco do método; (c) amostra de maçã (controle);
(d) amostra de morango (controle)
Figura 24 - Cromatogramas do padrão de ETU e das amostras controle
por HPLC-UV nas condições cromatográficas descritas no item 4.1.
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5.071 - ETU
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5.071 - ETU
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2.425
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4.707
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6.884
7.692
8.398
9.894
6
8
10
d
131
Figura 25 – Cromatograma do branco do procedimento completo por
LC/MS/MS, nas condições descritas no item 4.1.
Figura 26 – Cromatograma do padrão de ETU na concentração de 1,0
ng/mL (ppb), LD (0,5µg/kg) por LC/MS/MS, nas condições descritas no
item 4.1.
132
Figura 27 – Cromatograma da amostra controle de maçã por LC/MS/MS,
nas condições descritas no item 4.1.
Figura 28 – Cromatograma da amostra controle de morango, nas
condições descritas no item 4.1
133
Figura 29 – Cromatograma da amostra controle de mamão por
LC/MS/MS, nas condições descritas no item 4.1.
Linearidade
Os quatro outliers diagnosticados pelo teste de resíduos padronizados
Jacknife foram excluídos. A Figura 30 ilustra os gráficos exploratórios dos resíduos
da regressão com indicação dos outliers tratados.
i
e
= resíduo da regressão, = outlier, - - - - =
(1 /2; 2)
n res
t s
α
±
Figura 30 - Gráfico exploratório dos resíduos da regressão da curva de
ETU (1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL) em solventes, com indicação dos
respectivos outliers diagnosticados pelo teste de resíduos padronizados
Jacknife
-5000
-2500
0
2500
5000
0 5 10 15 20 25
ETU (ng/mL)
e
i
134
O gráfico de Ryan-Joiner ilustrado na Figura 31 indica correlação significativa
entre os resíduos da regressão obtidos para a curva e os valores normais teoricamente
esperados, demonstrando que o desvio da distribuição normal não foi significativo,
com coeficiente de correlação de 0,9747 (
p
> 0,10).
i
e
= resíduo da regressão,
i
q
= valor normal esperado,
R
= coeficiente de correlação de
Ryan-Joiner,
p
= significância.
Figura 31 - Gráfico de probabilidade normal da curva de ETU (1,0 ng/mL
a 25,0 ng/mL) em solventes e matrizes
A premissa de homoscedasticidade dos resíduos da regressão foi confirmada.
A estatística t de Levene, estimada em -1,043, não foi significativa (
p
> 0,05).
Houve independência dos resíduos da regressão. A estatística de Durbin-
Watson calculada, 2,056 (
p
> 0,10), sugeriu que não houve autocorrelação (Figura
32).
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
-2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 2000
e
i
qi
R = 0,9747
p > 0,10
135
i
e
= resíduo da regressão,
d
= estatística de Durbin-Watson,
p
= significância.
Figura 32 - Gráfico de Durbin-Watson da curva de ETU (1,0 ng/mL a
25,0 ng/mL) em solventes
A confirmação das três premissas indicou a possibilidade de uso de testes de
hipóteses para análise dos dados obtidos e sugeriu a estimativa dos parâmetros da
regressão pelo MMQO, sem necessidade de ponderações.
A regressão apresentou-se altamente significativa (
p
< 0,001) enquanto o
desvio de linearidade não foi significativo (
p
> 0,05) (Tabela 19), indicando
linearidade na faixa estudada de 1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL. A curva de calibração com
a respectiva equação e coeficiente de determinação está ilustrada na Figura 33.
Tabela 19 - Estatísticas da análise de variância da regressão, incluindo
teste de desvio da linearidade, para curva de ETU (1,0 ng/mL a
25,0 ng/mL) em solventes
F.V. G.L. S.Q. Q.M. F p Significância
Regressão 1 2,94E+10 2,94E+10
3,199E+04
2,18E-26
p < 0,001
Resíduo 15 1,38E+07 9,20E+05
FaltaAjuste 6 7,77E+06 1,30E+06
1,933
0,18
p > 0,05
Erro puro 9 6,03E+06 6,70E+05
Total 16 2,94E+10
F.V.= fonte de variação; G.L.= grau de liberdade; S.Q.= soma dos quadrados; Q.M.=
quadrado médio. F= razão entre as variâncias; p= significância.
e
i-1
e
i
2000
-2000
2000-2000
d = 2,056
p > 0,10
136
Intervalo linear de trabalho no LC/MS/MS
y
= resposta,
x
= concentração de ETU em ng/mL,
R
= coeficiente de determinação
Figura 33 - Curva analítica de ETU (transição de quantificação: 103,1>
44,0), na faixa de 1,0 ng/mL a 25,0 ng/mL, com respectivas equações e
coeficientes de determinação
A curva obtida na Figura 33 foi utilizada para quantificação de resíduos de
ETU.
As demais curvas (Figuras 34 e 35) são transições confirmatórias da ETU por
LC/MS/MS.
Figura 34 - Curva da Transição de Confirmação da ETU por LC/MS/MS:
103.1 > 86.0
y = 4743,68x + 1962,69
R
2
= 0,9995
0
40000
80000
120000
0 5 10 15 20 25
ETU (ng/mL)
Área
137
Figura 35 - Curva da 2.a Transição de Confirmação da ETU por
LC/MS/MS: 103.1 > 60.0
Intervalo de trabalho no HPLC-UV
A faixa de trabalho da curva de calibração de ETU para determinação
de resíduos na análise por HPLC-UV foi de 10,0 a 250,0 ng/mL e a
equação da reta (y= 0,31633 x + 787780), conforme ilustra a Figura 36. O
coeficiente de correlação foi de 0,99962, acima do valor estabelecido
( 0,995) para análise de resíduos de agrotóxicos, conforme descrito no
Manual de Resíduos e Pesticidas em Alimentos (GARP 1999).
Figura 36 – Curva analítica de ETU por HPLC-UV, 10,0 a 250,0 ng/mL.
1
2
3
4
5
6
7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 100 200
Concentração (ng/mL)
Área
90
138
Exatidão e Precisão
O método para determinação de resíduos de ETU por LC/MS/MS em amostras
de maçã, mamão e morango apresentou exatidão e precisão adequadas nos níveis de
fortificação 1 e 2, com recuperações médias de 75 a 110% e coeficientes de variação
de 13 e 17%; 15 e 5 % e 17 e 6%, respectivamente para cada tipo de fruta estudada,
conforme pode ser observado na Tabela 20.
O todo de determinação de resíduos da ETU, por cromatografia a líquido
acoplada à espectrometria de massas (LC/MS/MS), desenvolvido e adaptado para
matrizes estudadas, mostrou-se adequado para análise de ETU nos níveis de até 2,0
µg/kg para maçã e morango e de até 10,0 µg/kg para mamão, com recuperações
médias de 75 e 110 % e coeficientes de variação de 6 a 17%. s médias das
recuperações da fortificação 1, realizadas no nível do limite de quantificação do
método (LQ de 1,0 µg/kg), e na fortificação 2, duas vezes o LQ (2,0µg/kg) por
LC/MSMS, variaram de 75 a 110% para as matrizes estudas (Tabela 20).
Estudos de recuperação
Os resultados da análise estatística das recuperações de ETU, dia, desvio-
padrão e coeficiente de variação para cada nível de fortificação por HPLC-UV e
LC/MS/MS encontram-se na Tabela 20.
Pode-se constatar que a determinação de ETU por HPLC-UV e por
LC/MS/MS, apresentou precisão adequada para todas as matrizes estudadas, uma vez
que os valores dos coeficientes de variação foram menores que 20%, dentro dos
limites aceitáveis, estabelecidos pela ANVISA (2006).
Os limites de quantificação e de detecção de ETU por LC/MS/MS, foram
respectivamente, 1,0 µg/kg e 0,5 µg/kg.
Como se pode observar nas três matrizes estudadas por LC/MS/MS, o
coeficiente de variação e a recuperação garantem a precisão e a exatidão necessárias
para que o limite de quantificação (1,0 µg/kg) seja considerado aceitável e, portanto,
todos os resultados das amostras adquiridas na cidade de São Paulo, neste estudo,
foram quantificados por LC/MS/MS.
139
Tabela 20 - Distribuição dos resultados das recuperações de ETU, desvio-
padrão e coeficiente de variação (n=6) de acordo com o nível de
fortificação por HPLC e LC/MS/MS
Recuperação Amostra
Fortificada
Matriz
Intervalo
(%)
Média
µ
µµ
µg/kg (%)
Desvio
Padrão
CV
(%)
Nível 1
1 µ
µµ
µg/kg
(LC/MS/MS)
Maçã
Mamão
Morango
70-100
73-104
75-128
0,8 (84%)
0,9 (92%)
1,0 (100%)
0,15
0,14
0,17
13
15
17
Nível 2
2 µ
µµ
µg/kg
(LC/MS/MS)
Maçã
Mamão
Morango
80-125
103-117
68-80
2,0 (100%)
2,2 (110%)
1,5 (75%)
0,34
0,11
0,09
17
5
6
Nível 3
10 µ
µµ
µg/kg
(HPLC-UV)
Maçã
Mamão
Morango
NR
68-93
75-98
-
8,2 (82%)
8,7 (87%)
-
1,04
0,82
-
13
9
Nível 3
10 µ
µµ
µg/kg
(LC/MS/MS)
Maçã
Mamão
49-58
89-125
5,3 (53%)
9,8 (98%)
0,36
1,35
7
14
n= número de replicatas; NR (não recuperada) = recuperação <LD por HPLC-UV
(5,0 µg/kg); LQ no HPLC-UV= 10,0 µg/kg; LQ no LC/MS/MS= 1,0 µg/kg
As médias das recuperações em mamão para os três veis estudados (1, 2 e
10 LQ), por LC/MS/MS, variaram de 92 a 110%, com coeficientes de variação
aceitáveis, entre 5 e 15%.
O método para determinação de resíduos de ETU em amostras de mamão e
morango por HPLC-UV, no nível de 10,0 µg/kg, apresentou recuperações médias de
82 e 87 %, com ecoeficiente de variação de 9 e 13%, respectivamente, conforme
140
pode ser observado na Tabela 20. As amostras fortificadas de maçã não apresentaram
recuperação no vel de 10,0 µg/kg, não sendo considerado, portanto, como LQ para
esta matriz. Este valor foi considerado apenas para análise qualitativa.
Reprodutibilidade interna
O método para determinação de ETU apresentou uma boa reprodutibilidade
interna, verificada por comparação com estudos de recuperação de ETU em mamão
realizados em estudo anterior, em 3 níveis de fortificação (1, 2 e 10 vezes LQ), 3
repetições cada, com recuperações médias de 80 e 110 % e coeficientes de variação
de 4 a 13 %, dentro dos limites aceitáveis (LEMES 2003).
Reprodutibilidade externa
Em relação à reprodutibilidade externa, não são conhecidos programas
interlaboratorias de análise de ETU, apenas de ditiocarbamatos, incluindo os EBDC.
O laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Adolfo Lutz participa do
Programa Interlaboratorial de Análise de ditiocarbamatos (incluindo os EBDC) e os
resultados encontrados têm sido satisfatórios e comparáveis com os resultados de
outros laboratórios.
Robustez
O método para determinação de ETU por HPLC-UV, utilizado neste estudo,
com algumas alterações nas condições de análise, como mudança de fase
estacionária e diferentes sistemas de detecção, demonstrou boa robustez,
apresentando exatidão e precisão satisfatórias e média de recuperações no nível de 10
µg/kg nas matrizes de mamão e de morango, entre 82 e 87 % (Tabela 20).
Entretanto, as recuperações realizadas em maçã, no nível de 10 µg/kg no
LC/MS/MS, variaram de 49 a 58% com CV de 7%, evidenciando diminuição média
de 47% do valor de ETU adicionado. Outros autores têm reportado níveis baixos de
recuperação de ETU em algumas amostras de frutas, como Blasco e col. (2004) que
estudaram método para determinação de ditiocarbamatos e metabólitos em laranja,
por cromatografia a líquido espectrometria de massa (modo SIM), e obtiveram a
média e o desvio padrão da recuperação de ETU no vel de 0,25 mg/kg de 52,5% e
10 %, respectivamente.
141
É necessário um estudo mais aprofundado para avaliar se a perda nos estudos
de recuperação ao nível de 10 µg/kg se deve à interação dos resíduos de EBDC e da
ETU ou de outro componente utilizado no tratamento da fruta com a matriz (maçã)
ou devido à condições ambientais como temperatura, por exemplo. O ideal seria
estudar simultaneamente os EBDC e ETU para melhor avaliação do que ocorre.
Limites de detecção e de quantificação
O limite de detecção no LC/MS/MS foi de 0,5 µg/kg e o de quantificação foi
de 1,0 µg/kg para as três matrizes estudadas (maçã, mamão e morango) no
LC/MS/MS. Na Figura 37 encontra-se um cromatograma de padrão de ETU na
concentração de 2,0 ng/mL, correspondente ao LQ (1,0 µg/kg) do método.
Figura 37 Cromatograma do padrão de ETU na concentração de 2,0
ng/mL (ppb), LD (1,0 µg/kg) por LC/MS/MS, nas condições descritas no
item 4.1
142
4.3 Resíduos de etilenotiouréia (ETU) em frutas comercializadas na
cidade de São Paulo
A determinação de ETU foi feita por HPLC-UV e LC/MS/MS, após execussão
do procedimento experimental proposto por Diserens (1991), com adaptações
(LEMES 2003), conforme descrito no item 3.2.
Determinação por HPLC-UV
Foi constatada a presença de resíduos de ETU em 27 (30%) das 90 amostras de
frutas analisadas no HPLC-UV, porém em níveis abaixo do LQ (10,0 µg/kg) do
método. Foram detectados níveis de ETU em 9 (30%) das amostras de maçã, em 18
(60%) de mamão e em nenhuma das amostras de morango.
Como os resultados das amostras adquiridas na cidade de São Paulo analisadas
por HPLC-UV estavam abaixo do LQ ou do LD do método, as quantificações foram
realizadas no LC/MS/MS que apresentou limite de quantificação dez vezes menor
(1,0µg/kg) para as matrizes estudadas. Todos os resultados individuais por local e
estação encontram-se nos anexos 1, 2, 3.
Determinação por LC/MS/MS
Foram encontrados resíduos de ETU em 32 (35%) das 90 amostras de frutas
analisadas, sendo 10 (33%) das amostras de maçã em níveis que variaram de 1,0 a
3,7 µg/kg (ppb); em 20 (67%) das amostras de mamão, de 1,0 a 5, 3µg/kg e em 2
(7%) das amostras de morango, de 1,0 a 1,4 µg/kg, conforme pode ser observado na
Tabela 21.
Nas Figuras 38 e 39 estão apresentados exemplos de cromatogramas de
amostras nas quais foram encontrados resíduos de ETU.
143
Figura 38 – Cromatograma da amostra de maçã com 3,7 µg/kg de ETU
(anexo 3), analisada por LC/MS/MS
Figura 39 – Cromatograma da amostra de morango com 1,4 µg/kg de ETU
(anexo 5), analisada por LC/MS/MS
144
Tabela 21 Número (N) e porcentagem (%) de amostras com resíduos de ETU,
mediana, média, desvio-padrão (DP), média geométrica e valores mínimos e
máximos por LC/MS/MS
Amostras Resíduos de ETU
< LQ
N
(%)
> LQ
N
(%)
Mediana
g/kg)
Média
g/kg)
DP CV
(%)
Media
geométric
a
g/kg)
mínimo
máximo
g/kg)
Maçã
(n=30)
20
(67%)
10
(33%)
0,5 1,0
0,9
90
0,8 1,0 - 3,7
Mamão
(n=30)
10
(33%)
20
(67%)
1,6
1,3
1,2
92 1,2 1,0 - 5,3
Morango
(n=30)
28
(93%)
2
(7%)
0,5
0,5
0,2
40
0,5 1,0 - 1,4
Total
(n=90)
58
(65%)
32
(35%)
0,5
0,8
1,0
125
0,8 1,0 - 5,3
OBs.: Para os cálculos estatísticos, as amostras não quantificadas foram consideradas
com valores iguais ao limite de detecção do método de 0,5 µg/kg.
Menor freqüência e menores valores de resíduos de ETU foram encontrados
nas amostras de morango. Uma possível explicação para esta observação,
fundamenta-se na alteração que houve do uso de ditiocarbamatos em cultura de
morango. O uso do manebe foi substituído pelo metam sódico com LMR de 0,2
mg/kg.
As medianas de resíduos de ETU encontrados em maçã e morango foram
iguais (0,5µg/kg). O mamão apresentou uma mediana maior de 1,6 µg/kg (Tabela
21).
145
A distribuição de todos os valores encontrados nas amostras de maçã, mamão
e morango encontram-se, nas Figuras 40, 41 e 42, respectivamente.
Figura 40 - Distribuição dos níveis de ETU (µg/kg) determinados por
LC/MS/MS, encontrados nas amostras de maçã
Figura 41 - Distribuição dos níveis de ETU (µg/kg) determinados por
LC/MS/MS, encontrados nas amostras de mamão
Distribuão Lognormal Idealizada
Distribuão Lognormal IdealizadaDistribuão Lognormal Idealizada
Distribuão Lognormal Idealizada
MA
il 95%
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 1 2 3 4
Concentração
ConcentraçãoConcentração
Concentração
Distribuição Lognormal Idealizada
Distribuição Lognormal IdealizadaDistribuão Lognormal Idealizada
Distribuição Lognormal Idealizada
MA
il 95%
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 2 4 6 8 10 12
Concentração
ConcentraçãoConcentração
Concentração
146
Figura 42 - Distribuição dos níveis de ETU g/kg) determinados por
LC/MS/MS, encontrados nas amostras de morango
Os maiores valores de ETU, em freqüência e quantidade, foram os do mamão,
o que era esperado, pois em estudo anterior, foram encontrados resíduos de
etilenotiouréia em todas as amostras de mamão tratado com o
etilenobisditiocarbamato (mancozebe) na dose normal de uso em níveis bem mais
elevados, que variaram de 0,01 a 0,09 mg/kg (LEMES 2003).
O Brasil é um dos maiores produtores de frutas do mundo. As exigências de
países importadores incluem a aquisição de alimentos com baixos níveis de resíduos
de agrotóxicos e que a sua produção leve em consideração o meio ambiente e a saúde
do trabalhor, fatores que têm gerado uma mudança de comportamento dos produtores
e na política para exportação de alimentos. Desde que foi implantado o programa de
Produção Integrada de Frutas
(
PIF), com a diminuição dos índices de aplicação de
substâncias agroquímicas nos pomares, houve redução de 63% no uso de agrotóxicos
nos pomares de manga; de 50% nos de mamão; de 32% nos de uva; e de 30% nos de
maçã (MAPA 2007e). Esta mudança de comportamento, explica, parcialmente, a
diminuição dos veis de ETU em relação aos estudos já realizados.
Na Figura 43 encontram-se os resultados em número e porcentagem de
ocorrência de resíduos de ETU, nas amostras coletadas
no período de 21 dezembro
de 2005 a 19 de dezembro de 2006,
de acordo com as estações do ano
.
Distribuição Lognormal Idealizada
Distribuição Lognormal IdealizadaDistribuição Lognormal Idealizada
Distribuição Lognormal Idealizada
MA
il 95%
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 1 2 3 4 5
Concentração
ConcentraçãoConcentração
Concentração
147
Figura 43 - Amostras (%) com níveis de ETU > LQ de acordo com a
estação do ano, no período de 21/12/2005 a 19/12/2006
De uma maneira geral, as amostras de maçã e de mamão coletadas no verão e
outono apresentaram a maior porcentagem de ocorrência de resíduos de ETU do que
no inverno e primavera, sendo maiores no outono (Figura 43). No período de chuvas,
com maiores possibilidades de proliferação de doenças, principalmente as ngicas,
os agrotóxicos, geralmente, são aplicados com maior freqüência. Am disso, o
aumento da temperatura facilita a formação de ETU. Um indicativo de comprovação
do efeito da temperatura é que, para todas as matrizes analisadas, as coletadas no
inverno foram as que apresentaram menor ocorrência de resíduos de ETU.
Considerando o total de amostras, as regiões que apresentaram maior
freqüência de resíduos de ETU, em ordem decrescente, foram: leste (48%); oeste
(37%); centro (31%), sul (30%) e norte (28%). A maior freqüência de resíduos de
ETU em maçã foi na região leste (57%), mamão foi na região norte (80%), e
morango no centro (17%), conforme pode-se observar na figura 44.
43%
(3)
71%
(5)
57%
(8)
50%
(4)
78%
(7)
41%
(11)
14%
(1)
57%
(4)
0%
23%
(5)
25%
(2)
57%
(4)
17%
(2)
30%
(8)
33%
(10)
67%
(20)
7%
(2)
35%
(32)
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Verão Outono Inverno Primavera Total
Maça
Mamão
Morango
Total
0%0%
148
Figura 44 - Amostras (%) com níveis de ETU de acordo com a região da
cidade de São Paulo-SP, no período de 21/12/2005 a 19/12/2006
De uma maneira geral, pode-se dizer que não há diferença na freqüencia de
resíduos de ETU encontrados no total das amostras adquiridas nas regiões oeste,
centro, sul e norte, considerando uma variação de até 20%. Somente a zona leste
apresentou maior porcentagem de dados positivos. Essa independência da região
onde foram adquiridas as amostras poderia ser um indicativo de que estão
distribuídas de maneira razoavelmente uniforme.
Porém, quando se observa cada matriz separadamente (Figura 44), nota-se
que o indicativo de maior freqüência difere de região dependendo da fruta analisada.
A maior freqüência de resíduos de ETU em maçã foi encontrada na região leste
(57%); em mamão foi na região norte (80%), e morango no centro (17%) e, não
foram encontrados resíduos de ETU nas amostras de maçã coletadas na zona norte e
também nas de morango, adquiridas nas zonas norte, sul e leste, no limite de
quantificação do todo (1,0
µ
g/kg). Essas diferenças podem ser atribuídas a alguns
fatores, como: diferentes procedências das frutas, condições de transporte,
armazenamento e tempo de prateleira, custo, disponibilidade. Porém essas
0%
80%
(4)
0%
28%
(4)
43%
(3)
43%
(3)
0%
30%
(6)
57%
(4)
75%
(6)
0%
48%
(10)
40%
(2)
67%
(4)
12%
(1)
37%
(7)
17%
(1)
75%
(3)
17%
(1)
31%
(5)
33%
(10)
67%
(20)
7%
(2)
35%
(32)
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Norte Sul Leste Oeste Centro Total
Maça
Mamão
Morango
Total
149
afirmações são especulatórias, só um estudo mais detalhado, incluindo a
rastreabilidade, poderá fornecer uma resposta conclusiva.
Em São Paulo as frutas são geralmente adquiridas da CEAGESP, porém,
grandes redes de supermercados podem ter o fornecimento direto de produtores ou
distribuidores, e esta pode ser uma explicação do porquê das diferenças nos
resultados entre regiões da cidade.
O tempo da aplicação até o consumo pode também gerar diferenças nos
níveis encontrados. Knio e col., em 2000, com o objetivo de estudar a degradação de
manebe e zinebe à ETU e a persistência de ETU em tomates cultivados em estufa,
realizaram uma pesquisa com C
14
e verificaram que decresceu de 0,0082 mg/kg no 1º
dia para 0,023 mg/kg e 0,05 mg/kg no 2 dia, para zinebe e manebe,
respectivamente. Acentuada redução do conteúdo de ETU foi observada nas
primeiras 24 horas após o tratamento, seguida de lento declínio nos cinco dias
seguintes. O conteúdo de ETU foi reduzido para aproximadamente 80% depois de 20
dias da aplicação do fungicida, dobrando a concentração de EU, o maior produto de
degradação de ETU.
No caso do morango, menor freqüência e resultados menores são um
indicativo de que a mudança da legislação que cancelou o uso do manebe e autorizou
o uso de metam sódico com LMR de 0,2 mg/kg (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2003)
repercutiu apenas recentemente em alteração em uso de princípio ativo, pois no
Programa Paulista de Análise Fiscal de Alimentos- PP0304, realizado em 2003 e
2004, foram encontrados ditiocarbamatos em 13 (54%) das 24 amostras de
morango
analisadas, com valores acima do LMR (SÃO PAULO 2005).
Entretanto, o metam sódico também causa a inibição da colinesterase.
In
vivo
a liberação de CS
2
é importante, porque sua presença é associada a neuropatias e
pode ser o agente de efeitos neuropáticos causados por alguns ditiocarbamatos (EPA
2001). O JMPR e o governo brasileiro não têm ainda estabelecida a IDA para o
metam. Uma IDA de 1g/kgpc/dia foi estabelecida na Alemanha (BvVV 2001
apud
CALDAS e col. 2006).
150
4.4. Avaliação de risco de exposição à ETU pela ingestão de frutas
Os valores encontrados neste estudo estão abaixo do valor estabelecido para
alimentos pela União Européia, de 50µg/kg (FAY 2007).
A ETU presente nas culturas, imediatamente após a aplicação de EBDC, é
provavelmente aquela presente na formulação do fungicida. Pequenas quantidades de
ETU também podem ser formadas durante a preparação da calda de aplicação e uma
terceira fonte de formação de ETU pode ser devido à degradação dos EBDC
depositados nas superfícies das culturas tratadas com estes fungicidas.
Encontram-se na literatura internacional alguns trabalhos de análise de resíduos
de ETU em alimento
in natura.
Em várias amostras de
maçã
foram encontrados
níveis de ETU que variaram de 0,018 a 0,044 ppm (NEWSOME 1972). Onley e col.
(1977) reportaram que de 6
maçãs
comerciais, somente uma apresentou resíduos de
EBDC, contendo 0,01 ppm de ETU. Ripley e Cox (1978) detectaram ETU em níveis
abaixo de 0,05 ppm em tomates e acima de 0,17 ppm em suco de tomates.
Dubey e col. 1997 monitoraram amostras do comércio para determinação de
ditiocarbamatos e ETU e em 4 (20%) das 20 amostras positivas para ditiocarbamatos
( 0,20 a 0,80 ppm) foram encontrados resíduos de ETU em níveis que variaram de
0,01 a 0,37 ppm, sendo que 3 amostras eram de pêra (0,05 a 0,20 ppm).
Em estudo realizado na Itália, por Aprea e col., em 1997, foram encontrados
8,8
µ
g de ETU/Litro de vinho. Para frutas e vegetais a concentração de ETU estava
abaixo do limite de detecção (3-20
µ
g/kg), com exceção de uma amostra composta
por massa com brócolis, mistura de vegetais, pêra e água (almoço), que apresentou
3
µ
g/kg.
Blasco e col. (2004) estudaram resíduos de fungicidas em 10 amostras de
vegetais adquiridas em diferentes supermercados de Valência, Espanha, sendo que
ETU foi detectada em duas amostras de arroz em veis de até 0,32 mg/kg e em uma
de tomate (0,36 mg/kg).
Araujo, em 1998, detectou resíduos de ETU em 25 (78%) das 32 amostras de
tomate de mesa e em 15 (55%) das 27 amostras de tomate industrial, sendo que 3
(11%) amostras de tomate industrial e apenas 1 (3%) apresentaram resultados acima
do limite de quantificação do método de 0,025mg/kg
151
De uma maneira geral, os resutados desse estudo estão bem abaixo dos
encontrados em estudos anteriores e, também, do esperado pelos dados de estudos de
resíduos de ditiocarbamatos da literatura.
Os processos de degradação de EBDC à ETU são influenciados pelas
condições climáticas (temperaturas elevadas e alta umidade) (FAY e col. 2007).
A conversão de EBDC à ETU pode ocorrer também pela adição de compostos
redutores como cisteína, glutationa ou ácido ascórbico (Hajslo e col. 1986). O
DIDT é um produto de decomposição espontânea dos EBDC e a presença de
compostos de redução favorece este processo. E, portanto, supõe-se que variações
nas quantidades de EBDC e ETU devem ser esperadas em produtos com resíduos de
EBDC e com quantidades variadas de compostos de redução, e dependendo das
condições de temperatura, pH e umidade, mais ou menos rápida é a transformação de
EBDC para ETU e, conseqüentemente, mais ou menos rápida pode ser a
decomposição de ETU à EU.
As frutas estudadas que contêm maiores quantidades de Vitamina C em ordem
decrescente são: morango (70 mg/100g), mamão (46 mg/100g) e maçã (6mg/100g),
conforme pode ser observado na Tabela 15. Maiores quantidades de antioxidantes
desfavorem a conversão de ETU à EU, maior produto de degradação, a qual é
facilmente oxidada.
Menor quantidade de composto de redução pode não favorecer a redução
quantitativa de EBDC na amostra e, sendo assim, os resíduos permaneceriam
inalterados por mais tempo. Porém, esses podem, ainda, serem metabolizados no
organismo.
A exposição da população à ETU pelo consumo de alimentos apresenta
vários componentes: os resíduos de ETU formados antes de serem ingeridos, nas
condições de industrialização ou no campo; os remanescentes da aplicação de EBDC
nas culturas; os formados pelo processamento ou pelo preparo e cozimento de
alimentos com resíduos de EBDC e/ou os metabolizados no organismo, após
ingestão.
Sendo assim, na avaliação de risco à saúde relacionado à ETU, devem ser
considerados os resíduos de EBDC e de ETU nos alimentos.
A estimativa da ingestão de resíduos de ETU, considerando os dados de
consumo fornecido pelo IBGE (2005) e os maiores valores encontrados, nesta
152
pesquisa, em maçã, mamão, morango, representam 0,02, 0,03 e <0,01% da IDA,
estabelecida pelo
Codex Alimentarius
(Tabela 22), respectivamente para cada uma
das matrizes estudadas.
Considerando a dose oral crônica de efeito não carcinogênico, incluindo
subgrupos mais sensíveis da população, estabelecida pelo EPA, a ingestão estimada
de resíduos de ETU foi de 0,42, 0,64 e 0,01%, respectivamente, para maçã, mamão e
morango (Tabela 22).
Tabela 22 Estimativa da ingestão de ETU pelo consumo de maçã, mamão e
morango, em % da IDA (2 µg/kg pc /dia), e da dose oral crônica de efeito não
carcinogênico - Drf (0,08 µg/kg pc /dia)
Fruta ETU
valor
máximo
(µg/kg)
Consumoa
(g/pessoa/dia)
Estimativa
Ingestão de
ETU
b
(µg/pessoa
/dia)
Estimativa
Ingestão de
ETU
b
(µg/kg pc
/dia)
Risco
% IDA
c
% Drf
d
(Adulto)
Risco
% IDA
c
% Drf
d
(Criança)
Maçã 3,7 5,504 0,0204 0,00034 0,02
0,42
0,08
1,68
Mamão
5,3 5,827 0,0309 0,00051 0,03
0,64
0,12
2,56
Morango
1,4 0,367 0,0005 0,000008 0,0004
0,01
0,0016
0,04
Total 0,05
1,07
0,20
4,28
Fonte: (FAO/WHO 1994); (EPA 2007a); IBGE (2005).
a= baseado na média de consumo alimentar per capita anual para a cidade de São Paulo, de
acordo com dados do IBGE (2005); b=supondo que todas as frutas estudadas apresentassem
os maiores níveis encontrados; c=Ingestão Diária Aceitável (IDA) para população em geral,
de acordo com Codex Alimentarius (FAO/WHO 1994); d = Drf - Dose oral crônica de efeito
não carcinogênico, incluindo subgrupos sensíveis da população (EPA 2007a) como crianças,
gestantes.
153
As somas das estimativas para as frutas estudadas representaram 0,05% da
IDA de ETU (
Codex Alimentarius
) e 1,07 % da dose oral de referência estabelecida
pelo EPA, conforme pode ser observado na Tabela 22.
Como não existem dados de monitoramento de resíduos para todas as culturas
nas quais é permitido o uso de EBDC, foi feita uma
estimativa de ingestão pelo
cálculo da Ingestão Diária Máxima Teórica nacional, considerando o consumo médio
per capita
de cada alimento para a cidade de São Paulo e o LMR
j
como sendo o nível
de resíduo em cada alimento, em pesquisa anterior realizada por LEMES e col.
(2005).
A TMDI para EBDC representou 47% da IDA. Como não são estabelecidos
LMR para ETU na legislação brasileira, foi estimada a TMDI para ETU, pelos dados
obtidos da conversão de EBDC à ETU, baseada em estudos realizados com animais
de experimentação. A TMDI estimada para ETU representou 108% da IDA. Se a
população estivesse ingerindo todos os alimentos com níveis iguais aos LMR
permitidos poderia aumentar o risco de efeito adverso à saúde pela ingestão de ETU,
uma vez que o valor da IDMT de EBDC ultrapassou a IDA (LEMES e col. 2005).
Porém, a TMDI é uma superestimativa porque supõe que todos os alimentos para os
quais é permitido o uso do agrotóxico possuem resíduos iguais ao LMR
estabelecidos e não se baseia em dados reais de monitoramento. Neste caso, são
necessárias estimativas mais precisas para avaliar o risco à saúde pela ingestão de
resíduos de ETU pelo consumo de alimentos.
No Brasil, os LMR dos ditiocarbamatos são estabelecidos para CS
2
(mg/kg)
em função do uso dos ingredientes ativos para cada cultura. É autorizado o uso de
mancozebe e metiram para maçã, de mancozebe para mamão e de metam sódico para
morango. Os LMR para maçã, mamão e morango são respectivamente de 2,0; 3,0 e
0,2 mg/kg, conforme Tabela 4 (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2003).
Vários autores do Brasil e do mundo, têm pesquisado resíduos de
ditiocarbamatos como CS
2
e têm encontrado resíduos em amostras de maçã, mamão
e morango, sendo alguns deles descritos a seguir.
Segundo dados obtidos por um laboratório na Holanda, foram encontrados
ditiocarbamatos acima do LMR em 5 (100%) amostras de
mamão
Papaya carica L.
originário do Brasil, em níveis que variaram de
0,3 a 0,6 mg/kg
(DE KOK 1999).
154
Caldas e col (2004) analisaram resíduos de ditiocarbamatos (em CS
2
) em
amostras de alimentos coletadas em supermercados do Distrito Federal entre 1999 e
2000 e encontraram níveis de até 1,9 mg/kg em 37(95%) das amostras de
maçã
; 1,9
mg/kg em 35 (63%) das amostras de
polpa de
mamão+semente
e de a3,8 mg/kg
em 47 (55%) das amostras de
morango.
Resíduos de ditiocarbamatos foram encontrados em 66 (44%) das amostras
de
maçã
de um estudo realizado na Eslovênia (2001-2004), porém abaixo do LMR
(CESNIK 2006).
De 196 amostras de
morango
analisadas na Holanda, em 1998, 179 (91 %)
apresentaram resíduos de ditiocarbamatos em níveis que variaram de 0,1 a 0,6
mg/kg, porém, todas dentro do LMR permitido, que é de 3 mg/kg (DE KOK 1999).
Oliveira e Toledo (1995) não detectaram veis de mancozebe no limite de
quantificação do método
(0,5mg/kg)
em amostras de morango coletadas na CEASA
de Campinas.
Em Belo Horizonte-MG, resíduos de ditiocarbamatos foram determinados em
87 amostras de frutas e foi constatata a presença de ditiocarbamatos em CS
2
em 37 %
das amostras de
morango
(37%) (PEREIRA 1988).
De uma maneira geral, os níveis de ditiocarbamatos em morango, no Brasil,
têm sido menores do que em mamão e maçã.
No Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
PARA (período de 2001-2002) foram
encontrados resíduos de ditiocarbamatos,
em 68 (69%) das 99 amostras de
maçã
, em níveis que variaram de 0,04 a 2,10
mg/kg; em 58 (40%) das 144 amostras de
mamão
, de 0,10 a 2,14 mg/kg); em 85
(60%) das 141 amostras de
morango
, de 0,10 a 1,03 mg/kg; em 1 (1%) das 92
amostras de banana (0,01) e em 1 (1%) das 141 amostras de laranja. Foram também
encontrados resíduos de ditiocarbamatos em 100 (52 %) das 189 amostras de tomate,
em níveis que variaram de 0,07 a 1,50 mg/kg; em 57 (35%) das 162 amostras de
alface, em níveis que variaram de 0,10 a 3,50 mg/kg; e em nenhuma das 176
amostras de batata e em nenhuma das 134 amostras de cenoura (ANVISA 2003). Em
2003 foram
encontrados resíduos de ditiocarbamatos em 35 (32%) das 109 amostras
de
maçã
, em níveis que variaram de 0,08 a 1,48 mg/kg; em 30 (21%) das 143
amostras de
mamão
, de 0,09 a 1,2 mg/kg; em 25 (17%) das 143 amostras de
155
morango
, de 0,09 a 1,10 mg/kg. Em 2004 foram
encontrados resíduos de
ditiocarbamatos, em 135 (84%) das 161 amostras de
maçã
, em níveis que variaram
de 0,2 a 2,0 mg/kg; em 124 (77,5%) das 160 amostras de
mamão
, de 0,2 a 3,97
mg/kg) e em 9 (6%) das 151 amostras de
morango
, de 0,1 a 1,4 mg/kg (ANVISA
2005).
Os ditiocarbamatos m sido encontrados também em outras frutas destinadas
à exportação. Em monitoramento de resíduos de agrotóxicos realizada por Araújo e
col. (2001), os ditiocarbamatos (CS
2
) foram encontrados em 5% das amostras de
manga e em 27% das de uva, em níveis de 0,06 a 0,07 mg/kg e de 0,06 a 0,90 mg/kg,
respectivamente. Os valores detectados nas mangas, quando comparados com a
legislação brasileira e o
Codex Alimentarius
(Tabela 4), estão dentro do LMR, porém
em desacordo com LMR estabelecido pela União Européia de 0,05 mg/kg.
Entretanto, para as uvas os valores encontrados estão abaixo dos LMR estabelecidos
pelos maiores países importadores que variam entre 2 e 5 mg/kg de (CS
2
), e também
do LMR estabelecido no Brasil de 3,0 mg/kg de (CS
2
).
A IDA para a classe dos EBDC (mancozebe, manebe, metiram e zinebe), para
cada princípio ou em qualquer combinação, estabelecida pelo JMPR, grupo assessor
do Codex Alimentarius e, também, pela legislação brasileira, é de 0,03 mg/kg/dia de
CS
2
(MINISTÉRIO DA SAÚDE 2003), e a de ETU é de 0,002 mg/kg/dia
(FAO/WHO 1994). Como apenas a partir de EBDC pode-se formar a ETU, limites
totais de ditiocarbamatos, em CS
2
não permitem avaliação em relação aos níveis de
ETU, pois o uso de qualquer ditiocarbamato gera CS
2
pelo todo analítico. Porém,
quase a totalidade dos princípios ativos, com autorização de uso em frutas, é da
classe dos EBDC, o que permite traçar um indicativo dos resultados encontrados nos
estudos de monitoramento realizados nos últimos anos no Brasil.
Na Tabela 23 encontra-se a avaliação de risco de exposição a EBDC pelos
resultados obtidos nos alimentos (maçã, mamão, morango, alface, banana, cenoura,
laranja, tomate), analisados pelo PARA (2001-2004) (ANVISA 2005).
A Tabela 24 apresenta a estimativa do risco de exposição à ETU (calculada)
pelos resultados obtidos nos alimentos (maçã, mamão, morango, alface, banana,
cenoura, laranja, tomate), analisados no período de 2001 a 2004 no PARA (ANVISA
2005).
156
Tabela 23 – Avaliação de risco de exposição a EBDC pelos resultados obtidos nos alimentos analisados pelo PARA (2001-
2004)
a = baseado na média de consumo alimentar per capita anual para a cidade de São Paulo, de acordo com dados do IBGE (2005); b = supondo que todas
as frutas consumidas apresentassem os maiores níveis encontrados no período de 2001 a 2004 no PARA (ANVISA 2005); c = supondo que os
resultados de ditiocarbamatos (CS2) são provenientes do uso de EBDC; d= IDA de 30 µg/kgpc/dia
(MINISTÉRIO DA SAÚDE 2003)
.
Fruta Consumo
a
(g/pessoa/dia)
Ditiocarbamato
maior valor
PARA(2001-2004)
(mg/kg)
Estimativa
b
Ingestão de
Ditiocarbamato
(mg/pessoa/dia)
Estimativa
c
Ingestão de
EBDC (CS
2
)
(µg/kgpc/dia)
Risco
%
IDA
d
Aduto
(60kg)
Risco
%
IDA
d
Criança
(15kg)
Maçã 5,5 2,10 0,01155 0,19 0,64 2,56
Mamão 5,9 3,97 0,02342 0,20 0,68 2,72
Morango 0,4 1,4 0,00056 0,01 0,03 0,12
Sub total 0,40 1,35 5,40
Alface 2,3 1,72 0,00396 0,06 0,22 0,88
Banana 20,6 1,95 0,04017 0,67 2,23 8,92
Cenoura 5,4 2,16 0,01166 0,19 0,65 2,60
Laranja 16,0 0,82 0,01312 0,22 0,73 2,92
Tomate 16,9 2,17 0,03667 0,61 2,04 8,16
Total 2,16 7,22 28,88
157
Tabela 24 - Estimativa do risco de exposição à ETU (calculada) pelos resultados obtidos nos alimentos analisados no período de
2001 a 2004 no PARA (ANVISA 2005)
Fruta Consumoa
(g/pessoa/dia)
Ditiocarbamato
(> valor) PARA
(2001-2004)
(mg/kg)
Estimativa
Ingestão de
EBDC
b,c
(mg/pessoa/dia)
Estimativa da
ingestão de ETU
d
(µg/kgpc dia)
Risco
(%) IDA
e
Adulto
(60kg)
Risco
(%)IDA
e
Criança
(15kg)
Maçã 5,5 2,10 0,01155 0,0167 0,83 3,32
Mamão 5,9 3,97 0,02342 0,0177 0,89 3,56
Morango 0,4 1,4 0,00056 0,0005 0,02 0,08
Sub total 0,0349 1,74 6,96
Alface 2,3 1,72 0,00396 0,0034 0,17 0,68
Banana 20,6 1,95 0,04017 0,0582 2,91 11,64
Cenoura 5,4 2,16 0,01166 0,0169 0,85 3,40
Laranja 16,0 0,82 0,01312 0,0190 0,95 3,80
Tomate 16,9 2,17 0,03667 0,0532 2,66 10,64
Total 0,1857 9,28 37,12
a= baseado na média de consumo alimentar per capita anual para a cidade de São Paulo, de acordo com dados do IBGE (2005); b=supondo que todas as
frutas consumidas apresentassem os maiores níveis encontrados; c = supondo que os resultados de ditiocarbamatos (CS
2
) são provenientes do uso de
EBDC; d=calculada por estudos de metabolização de EBDC à ETU (MAFF 1990); e = IDA de ETU de 2
µg/kgpc dia
(FAO/WHO 1994).
158
A Figura 45 ilustra as estimativas de risco de exposição à ETU e a EBDC em
% IDA, considerando os valores totais para as frutas estudadas, obtidos nas Tabelas
22 (ETU estudo), 23 (EBDC pelos resultados em alimentos analisados pelo PARA
no período de 2001-2004 e 24 (risco de exposição à ETU, calculado pela conversão
de EBDC, pelos resultados obtidos nos alimentos analisados pelo PARA (2001
2004).
Figura 45 - Estimativas de risco de exposição à ETU e a EBDC em %
IDA, obtidas pelo resultado deste estudo e pelos obtidos nos alimentos
monitorados pelo PARA
Apesar da melhora, nos últimos anos, das informações sobre resíduos de
agrotóxicos nos alimentos, por meio de programas de monitoramento, ainda faltam
dados de consumo de subgrupos de risco importantes, como os vegetarianos, bebês e
as mulheres grávidas.
Deve-se considerar que crianças consomem frutas
in natura
e legumes
cozidos e industrializados desde os primeiros meses de vida e, por apresentarem
menor peso corpóreo, o risco de ingestão de ETU ou de outro contaminante, pelo
consumo de alimento, é maior do que no adulto (LEMES 2003). Além disso, bebês e
crianças possuem capacidade metabólica reduzida na eliminação de produtos xicos
e são mais susceptíveis a substâncias que atuam no sistema nervoso central
0,05
0,2
1,35
5,4
7,22
28,88
1,74
6,96
9,28
37,12
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ETU-estudo EBDC-PARA ETU-conversão PARA
Frutas estudadas (população geral) Frutas estudadas (crianças)
Alimentos PARA (população geral) Alimentos PARA (crianças)
159
(PEREIRA 2005), sendo importante o conhecimento de dados de consumo de
alimentos por estas faixas etárias.
No estudo realizado por Caldas e col., em 2006, foi estimado o risco de
ingestão de resíduos EBDC, em % IDA, para a população geral e crianças acima de 6
anos, considerando que 100% dos resíduos de ditiocarbamatos (CS
2
) como sendo
originários do uso de EBDC, e considerando como 30% dessses resíduos do uso de
propinebe. Neste estudo, maçã e tomate foram os produtos que apresentaram
concentrações médias de ditiocarbamatos mais elevadas, sendo que o tomate
contribuiu com 24,6% do total da ingestão diária, seguido pelo arroz (20,1%), maçã
(19,2%), alface (8,8%) e feijão (8%). O morango foi o que menos contribuiu (0,3%
da IDA). Pela Tabela 23, considerando 8 produtos analisados (maçã, tomate, mamão,
alface, morango, banana, laranja, cenoura), a estimativa da ingestão de resíduos de
EBDC pelo consumo dos alimentos monitorados pelo PARA, foi de 7,2% para a
população em geral e de 28,9 % para crianças
e no estudo realizado por Caldas e col.,
2006, considerando o pior cenário entre as regiões brasileiras, em onze produtos
(maçã, tomate, mamão, alface, morango, banana, laranja, cenoura, batata, feijão,
arroz), com dados de dois monitoramentos (PARA e Distrito Federal), foi de 11,9%
para a população geral e 31,1% para crianças. Porém, nestes estudos foram
comtemplados apenas alguns vegetais, sendo que mais 28 possuem registros
autorizados para o uso de ditiocarbamatos (Tabelas 4,5 e 6).
O risco de exposição à ETU, calculado pela conversão de EBDC à ETU,
considerando que todos os resíduos de ditiocarbamatos encontrados no PARA (2001-
2004) são originários do uso de EBDC, representa 9,3% da IDA para a população
geral e 37,1% para crianças (Tabela 24 e Figura 45)
O valor limite de tolerância para resíduos de ETU de 50
µ
g/kg, estabelecido
pela Comunidade Européia é alto, frente a uma IDA de 2
µ
g/kg p.c/dia (FAO/WHO
1994) e, considerando os estudos de ingestão realizados, os dados de monitoramento
e que no Brasil os EBDC são muito utilizados e têm autorização de uso para uma
grande variedade de vegetais, propõe-se a avaliação deste valor para estabelecimento
de um limite de resíduos de ETU nos alimentos mais compatível com a IDA
estabelecida.
160
A maior preocupação deve ser considerada com alimentos consumidos
cozidos e industrializados, pois os processos de preparo e de manufatura podem
favorecer a decomposição dos EBDC à ETU, ocasionando o aumento dos níveis de
ETU nestes produtos. Bolzoni e col. (1993) analisaram 100 amostras de produtos
industrializados de tomate e encontraram etilenotiouréia em apenas 7 amostras, em
níveis que variaram de 3 a 26 µg/kg. Pesquisadores encontraram resíduos de ETU em
amostras de alimentos infantis, sendo em 38 (12 %) das 310 amostras à base de
frutas ou suco de frutas; em 11 (6%) das 167 amostras originárias de vegetais, em 6
(9%) de 65 amostras de cereais e em 9 (13%) das 70 amostras de sobremesas (YESS
e col. 1993 citado por RICHARDSON 1998 p. 21). Casanova e Guichon (1988)
encontraram resíduos de ETU em 22% das amostras de cerveja e em 7% das
amostras de vinho em níveis de 0,01 a 0,1 mg/kg.
Porém, estudos demonstram que pessoas estão expostas a EBDC e/ou à ETU,
pois a ETU têm sido detectada em urina de pessoas da população em geral, expostas
ocupacionalmente ou ao meio ambiente, conforme pode ser observado nos estudos
citados a seguir.
Em estudo realizado na Itália por Aprea e col. (1996) em urina foram
encontrados resíduos de ETU acima do limite de tolerância estabelecido de 1,0
µ
g/L
em 24% da população de referência (167 pessoas não expostas) e em 37% da
população exposta (97 pessoas de Rovescala, onde os EBDC são pulverizados por
via aérea - helicóptero). Os valores de ETU encontrados na urina variaram de 0,8 a
8,3
µ
g/L, para a população de referência, e de 0,9 a 61,4
µ
g/L, para a população
exposta, sendo que fumantes e consumidores de vinho apresentaram variação
estatisticamente significante dos níveis de ETU.
Em amostras de uva e vinho também m sido detectados resíduos de ETU,
inclusive em urina de consumidores de vinho. Aprea e col. (1997) monitoraram a
excreção urinária de ETU durante oito dias em voluntários, do sexo masculino e não
fumantes, submetidos a uma dieta com alimentos previamente analisados para
determinação dos teores de ETU e de ditiocarbamatos (como CS
2
). A concentração
de ETU no vinho, foi de 8,8
µ
g/L e nos alimentos ingeridos pelos voluntários foi
inferior ao limite de detecção do método utilizado. Os níveis de CS
2
em amostras de
consumo diário alimentar variaram de 0,03 a 0,17 mg/kg. Uma média de 48,3% de
161
ETU ingerida pelo consumo de vinho foi excretada inalterada pela urina. A
correlação entre a excreção urinária de ETU em 24 horas e a ingestão diária de ETU
foi de 0,768, e com os níveis de CS
2
encontrados nos alimentos a correlação foi de
0,414.
Como o consumo médio diário de água é de 2L por pessoa, deve-se
considerar também esses dados, quando disponíveis. A EPA tem considerado o risco
carcinogênico de g/L para ETU em água de consumo, sendo que o risco agregado
estimado de ETU não deve exceder este nível. (EPA 2007b).
Comparando os critérios brasileiros de avaliação de risco de resíduos de
agrotóxicos nos alimentos com os critérios utilizados nos Estados Unidos, no Reino
Unido e pelo
Codex Alimentarius
, nota-se a necessidade de um grande volume de
dados e informações que ainda são incipientes no Brasil.
Além de que, levando em consideração que o risco à saúde humana se deve a
exposição não apenas pela dieta alimentar, mas também pelo consumo de água e
originária do ambiente, portanto, o risco real de exposição à ETU é a somatória de
todas essas fontes.
A falta de conhecimento, no Brasil, de dados mais completos de resíduos de
agrotóxicos nos alimentos, na água e no meio ambiente, e sobre o consumo dos
alimentos, não permite estimar o risco à saúde dos consumidores de alimentos em
relação aos resíduos de agrotóxicos de uma maneira mais condizente com a
realidade.
Estimativa mais realista poderá ser feita quando essas informações
estiverem disponíveis.
Para prevenção de risco de exposição a EBDC e à ETU, bem como a outros
princípios ativos, destaca-se que é extremamente importante o monitoramento dos
alimentos e da água, para conhecimento dos níveis de contaminação por agrotóxicos
nos produtos destinados ao consumo e para promover ações que minimizem a
exposição em benefício da Saúde Pública.
162
5.
CONCLUSÕES
Este trabalho apresenta a determinação dos níveis de resíduos de ETU em
maçã, mamão e morango, e representa uma contribuição indicativa importante para
estimar o risco à saúde da população consumidora destas frutas, pela aplicação de
uma metodologia desenvolvida e validada para os seguintes parâmetros: seletividade,
linearidade, exatidão, precisão, limite de quantificação, limite de detecção, robustez.
O todo de determinação de resíduos da ETU, por cromatografia a líquido
acoplada à espectrometria de massas (LC/MS/MS), desenvolvido e adaptado para
matrizes estudadas, mostrou-se adequado para análise de ETU nos níveis de até 2,0
µg/kg para maçã e morango e de a 10,0 µg/kg para mamão, com recuperações
médias de 75 e 110 % e coeficientes de variação de 6 a 17%. Permitiu a realização
desse estudo, contribuiu com a literatura e possibilita também a realização de novas
pesquisas para avaliação de contaminação ambiental, uma vez que permite a
quantificação no nível de 1,0 µg/kg e/ou que se trabalhe com menores quantidades de
amostra, no caso dos alimentos, com menor tempo de análise e diminuição do uso de
solventes tóxicos.
Foi verificada a presença de resíduos de ETU em 10 (33%) das amostras de
maçã, em níveis que variaram de 1,0 a 3,7 µg/kg (ppb); em 20 (67%) das amostras de
mamão
Carica Papaya L
. com casca, de 1,0 a 5,3 µg/kg; em 2 (7%) das amostras de
morango, de 1,0 a 1,4 µg/kg. Estes valores estão abaixo do limite de 50 µg/kg,
estabelecido na União Européia.
A estimativa da ingestão de resíduos de ETU pela ingestão das frutas
estudadas, considerando o consumo fornecido pelo IBGE e o maior nível encontrado
nesta pesquisa, representam respectivamente 0,05 e 0,20 % da IDA (estabelecida
pelo
Codex Alimentarius
), para a população em geral e crianças.
163
A estimativa da ingestão de resíduos de EBDC pelo consumo dos alimentos
(maçã, tomate, mamão, alface, morango, banana, laranja, cenoura), monitorados pelo
PARA no período de 2001 a 2004, considerando os maiores níveis encontrados e
100% dos resíduos de ditiocarbamatos (CS
2
) como sendo originários do uso de
EBDC, foi de 7,2% para a população em geral e de 28,9 % para crianças.
No Brasil, a carência de dados mais completos de resíduos de agrotóxicos
nos alimentos, na água e no meio ambiente e também com relação ao consumo de
alimentos, não permite de uma maneira mais condizente com a realidade, estimar o
risco à saúde dos consumidores. Estimativa mais realista poderá ser feita quando
essas informações estiverem disponíveis. Portanto, destaca-se que é importante o
conhecimento dos níveis de resíduos de EBDC e ETU em alimentos e em água para
promover ações que minimizem a exposição, em benefício da Saúde Pública.
164
6. RECOMENDAÇÕES
Pesquisas
Esta pesquisa é uma contribuição importante para avaliação do risco à Saúde
Pública de exposição à ETU. Porém, ainda carência de muitos dados que pode ser
sugerida:
Estudos de resíduos de ETU em outros produtos
in natura
que compõem a
dieta do brasileiro para avaliar o potencial de risco à saúde da população
consumidora;
Pesquisa de produtos de origem vegetal industrializados, pois o preparo de
alimentos e os processos de fabricação podem favorecer a decomposição dos EBDC
à ETU
;
Avaliação de resíduos de EBDC e ETU em água de consumo e em outras
amostras do meio ambiente (água, solo, organismos aquáticos, sedimento);
Identificação dos níveis de exposição ocupacional a EBDC e à ETU,
analisando a urina de trabalhadores, principalmente dos aplicadores de agrotóxicos
da classe dos ditiocarbamatos, incluindo os EBDC;
Pesquisa dos níveis de EBDC e de ETU na mesma matriz, para isso deve-se
estudar e utilizar um método capaz de determinar, simultaneamente, os EBDC e a
ETU;
165
Sugestões de medidas para redução da contaminação por EBDC
e/ou por ETU
Estabelecer medidas para a minimização de resíduos de EBDC e/ou de ETU
antes do processamento industrial e preparo dos alimentos, para evitar formação de
maiores níveis de ETU no produto final. Os consumidores de frutas, verduras e
outros vegetais, principalmente quando ingeridos
in natura
, devem lavá-los com
água clorada antes do consumo;
Dar preferência a métodos alternativos de controle de pragas, quando
possível;
Usar somente agrotóxicos de uso autorizado para a cultura, apenas quando
necessário, dando preferência aos menos tóxicos, e utilizá-los de acordo com a Boa
Prática Agrícola (BPA);
Não aplicar os EBDC na presença de ventos fortes ou nas horas quentes do
dia, ou próximos a cursos d’água e em lugares com muito declive, por causa do
possível arraste para rios e lagos e conseqüente contaminação dos recursos hídricos e
dispersão aérea;
Descartar corretamente as embalagens, de acordo com a legislação vigente;
P
articipar de ações preventivas que levem em conta a saúde do consumidor, o
meio ambiente e, principalmente, a de trabalhadores expostos;
E, principalmente, monitorar os resíduos de agrotóxicos nos alimentos
in
natura
e industrializados para conhecimento e promoção de ações de prevenção à
Saúdeblica.
166
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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186
Anexo 1 - Ingredientes ativos de agrotóxicos registrados para uso em maçã, mamão e morango
Registrado para uso (X) Nome comum Grupo Químico Classe
maçã mamão morango
Abamectina avemectina Acaricidas/inseticidas x x x
Acetato de (E,Z)-3,5
dodecadienila
Acetato insaturado Feromônio sintético x
Acetato de (E)-8-dodecenila Acetato insaturado Feromônio sintético x
Acetato de (Z)-8-dodecenila Acetato insaturado Feromônio sintético x
Acetato de (Z)-9-dodecenila Acetato insaturado Feromônio sintético x
Álcool laurílico Álcool sintético Feromônio sintético x
Amitraz Bis(arilformamidina) Acaricidas/inseticidas x
Azociclotina Organoestânico Acaricidas x
Azoxistrobina estrobilurina Fungicidas x x
Bitertanol triazol Fungicidas x
Brometo de metila Alifático halogenado Formicidas/fungicidas/herbici
das/inseticidas//nematicidas
x x x
Captana dicarboximida Fungicidas x
Carbaril Metilcarbamato de naftila Inseticidas/reguladores de
crescimento
x
187
Registrado para uso (X) Nome comum Grupo Químico Classe
maçã mamão morango
Carbosulfano Metilcarbamato de benzofuranila Acaricidas/inseticidas/nemati
cidas
x
Cihexatina organoestânico Acaricidas x x
Ciproconazol triazol Fungicidas x
Ciprodinil anilinopirimidina Fungicidas x
Clofentezina tetrazina Acaricidas x x x
Clorotalonil isoftalonitrila Fungicidas x x
Clortaldimetílico Ácido benzeno dicarboxilico substituído Herbicidas x
Clorfenapir Análogo de pirazol Acaricidas/inseticidas x
Codlelure Álcool polinsaturado Feromônio sintético x
Cresoxim-metílico estrobilurina Fungicidas x
Deltametrina piretróide Inseticidas x
Diazinona Organofosforado Acaricidas/inseticidas x
Dicofol organoclorado Acaricidas x
Dimetoato Organofosforado Acaricidas/inseticidas x
Difeconazol triazol Fungicidas x x x
Dinocape dinitrofenol Acaricidas/fungicidas x
188
Registrado para uso (X) Nome comum Grupo Químico Classe
maçã mamão morango
Ditianona quinona Fungicidas x
Dodina guanidina Fungicidas x
Enxofre inorgânico Acaricidas/fungicidas x x x
Espirodiclofeno cetoenol Acaricidas x
Etiona organofosforado Acaricidas/inseticidas x
Famoxadona oxazolidinadiona Fungicidas x
Fenpiroximato pirazol Acaricidas x x
Fenpropatrina piretróide Acaricidas/inseticidas x x
Fentiona organofosforado Acaricidas/cupinicidas/formic
idas/inseticidas
x
Fluazinam fenilpiridinilamina Acaricidas/fungicidas x
Hidróxido de cobre inorgânico Bactericidas/fungicidas x x
Glifosato Glicina substituída Herbicidas x
Glifosato sal de isopropilamina Glicina substituída Herbicidas x
189
Registrado para uso (X) Nome comum Grupo Químico Classe
maçã mamão morango
Glufosinato-sal de amônio Homoalamina substituída Herbicidas/reguladores de
crescimento
x
Imazalil imidazol Fungicidas x
Imibenconazol triazol Fungicidas x
Iprodione dicarboximida Fungicidas x
Malationa Organofosforado Acaricidas/inseticidas x
Mancozebe Alquilenobis(ditiocarbamato) Acaricidas/fungicidas x
Manebe Alquilenobis(ditiocarbamato)
Fungicidas x
Metam-sódico Isotiocianato de metila (precursor de) Formicidas/fungicidas/herbici
das/inseticidas//nematicidas
x
Mevinfós Organofosforado Acaricidas/inseticidas x
Oxicloreto de cobre inorgânico Bactericitas/fungicidas x x
Oxicloreto de paraquat bipiridilio Herbicidas x
Òxido cuproso Inorgânico Bactericitas/fungicidas x x
Propargito Sulfito de alquila Acaricidas x
Simazina triazina Herbicidas x
190
Registrado para uso (X) Nome comum Grupo Químico Classe
maçã mamão morango
Tetradifona clorodifenilsulfona Acaricidas x
Tiacloprido neonicotinóide Inseticidas x
Tiametoxan neonicotinóide inseticidas x x
Trimedure Ésteres saturados Feromônio sintético x
(Z|)-8-dodecenol Álcool insaturado Feromônio sintético x
Fonte: MAPA/AGROFIT (2005)
191
Anexo 2 - Redes de supermercados onde foram adquiridas as amostras.
Armazém Hirota Ltda;
Casa Santa Luzia Importação Ltda;
Carrefour Consensus Comércio Varejista de Produtos Alimentícios Ltda;
Compre Bem (Cia. Brasileira de Distribuição);
Dia Brasil Sociedade Ltda;
Dias Pastorinho S.A. Com. e Ind., Econ Distribuição S.A.;
Eldorado S.A., Extra (Cia. Brasileira de Distribuição);
Futurama Supermercado Ltda;
Hipermercado Bergamini;
Luzita Ind. e Com. Ltda.;
Mercado Monte Alverne Ltda.;
Pão de Açúcar (Cia Brasileira de Distribuição);
Portal Com. e Ind. Ltda.;
Sé Supermercados Ltda.;
Sam’s Club Wal-Mart Brasil Ltda.;
Sonda Supermercados Exp. e Imp.Ltda.;
Supermercado Higa & Filhos Ltda.;
Supermercado do Carmo Ltda;
Supermercado Fluminense Ltda.;
Supermercado K-Tem Ltda.;
Supermercado Líder do Carrão Ltda.
192
Anexo 3 - Resultado das amostras de maçã de acordo com local, zona,
estação do ano
variedade Local Zona Estação Resultado
LC/UV
Resultado
LC/MS/MS
(µg/kg)
Controle Vila Clementino Sul outono <LD <LD
Red Pinheiros Oeste Verão <LD <LQ
Fuji Vila Carrão Leste Verão <LD
0.97
Red. Tatuapé Leste Verão <LD <LQ
Red Santana Norte Verão <LD <LQ
Gala Tucuruvi Norte Verão <LD <LQ
Gala Saúde Sul Verão <LD
1,01
Gala Vila Clementino Sul Verão <LQ
1,47
Gala Sta Cecília Centro Outono <LQ 1,46
Gala Perdizes Oeste Outono <LQ
2,65
Fuji Aricanduva Leste Outono <LQ
1,09
Gala São Mateus Leste Outono <LD <LQ
Gala Mirandópolis Sul Outono <LD <LQ
Gala Vila Mariana Sul Outono <LQ
1,57
Gala Bela Vista Centro Outono <LQ <LQ
Fuji Liberdade Centro Outono <LD <LQ
Fuji Vila Guilherme Norte Outono <LD <LQ
Fuji Jabaquara Sul Inverno <LD <LQ
Fuji Belém Leste Inverno <LQ <LQ
Gala Barra Funda Oeste Inverno <LD <LQ
Gala Consolação Centro Inverno <LD <LQ
Gala Parada Inglesa Norte Inverno <LD <LQ
Fuji Alto de
Pinheiros
Oeste Inverno <LD <LQ
Gala Vila Matilde Leste Inverno <LQ
2,77
Fuji Butantã Oeste Primavera
<LQ
3,68
193
Continuação do Anexo 3 – Resultado das amostras de maçã de acordo com
local, zona, estação do ano
Variedade Local Zona Estação Resultado
LC/UV
Resultado
LC/MS/MS
(µg/kg)
Gala Jardim São Paulo Norte Primavera <LD <LD
28 (Fuji) Bela Vista Centro Primavera <LD <LQ
30 (Gala) Santa Cecília Centro Primavera
<LD
<LQ
31 (Fuji) Santo Amaro Sul Primavera
<LD
<LQ
32 (Fuji) Jaçanã Sul Primavera
<LD
<LQ
33 (Fuji) Penha Leste Primavera
<LD
<LQ
34 (Fuji) Parque do Carmo Leste Primavera
<LD
3,04
194
Anexo 4 - Resultado das amostras de mamão (Papaya carica L)
,
de acordo com
local, zona, estação do ano
Local Zona Estação Resultado
LC/UV
Resultado
LC/MS/MS
(µg/kg)
Jardim Paulista Oeste Verão
<LQ 1,01
Vila Carrão Leste Verão
<LD <LQ
Tatuapé Leste Verão
<LQ 2,71
Santana Norte Verão
<LQ 1,69
Tucuruvi Norte Verão
<LD <LQ
Saúde Sul Verão
<LQ 1,37
Vila Clementino Sul Verão
<LQ 1,49
Santa Cecília Centro
Outono
<LD 1,32
Perdizes Oeste Outono
<LD <LD
Aricanduva Leste Outono
<LQ 1,05
São Mateus Leste Outono
<LD 1,24
Mirandópolis Sul Outono
<LD 1,41
Vila Mariana Sul Outono
<LQ <LQ
Pinheiros Oeste Outono
<LD 1,59
Liberdade Centro
Outono
<LQ 1,23
Vila Guilherme Norte Outono
<LQ 1,38
Jabaquara Sul Inverno
<LD <LQ
Belém Leste Inverno
<LQ 4,21
Barra Funda Oeste Inverno
<LD <LQ
Consolação Centro
Inverno
<LQ 2,74
Parada Inglesa Norte Inverno
<LQ 3,13
Alto de Pinheiros
Oeste Inverno
<LQ 1,99
Vila Matilde Leste Inverno
<LD <LQ
Butantã Oeste Primavera
<LQ 1,83
Jardim
São Paulo
Norte Primavera
<LQ 3,94
195
Continuação do Anexo 4 – Resultado das amostras mamão
(Papaya carica L)
,
de acordo com local, zona, estação do ano
Local Zona Estação Resultado
LC/UV
Resultado
LC/MS/MS
(µg/kg)
Bela Vista Centro Primavera
<LD <LQ
Santo Amaro Sul Primavera
<LD <LQ
Jaçanã Sul Primavera
<LQ <LQ
Penha Leste Primavera
<LQ 5,35
Parque do Carmo Leste Primavera
<LQ 1,54
196
Anexo 5 - Resultado das amostras de morango de acordo com local, zona,
estação do ano
Local Zona Estação Resultado
LC/UV
Resultado
LC/MS/MS
(ng/g)
Vila Clementino
(controle)
Sul outono <LD <LD
Bela Vista Centro Outono
<LD
<LQ
Vila Clementino Sul Outono
<LD
<LQ
Jardim São
Paulo
Norte Outono
<LD
<LQ
Santa Cecília Centro Outono
<LD
<LQ
Saúde Sul Outono
<LD
<LQ
Perdizes Oeste Outono
<LD
<LQ
Pinheiros Oeste Outono
<LD
<LQ
Vila Guilherme Norte Outono
<LD
<LQ
Aricanduva Leste Outono
<LD
<LQ
São Mateus Leste Outono
<LD
<LQ
Jabaquara Sul Inverno
<LD
<LD
Belém Leste Inverno
<LD
<LQ
Barra Funda Oeste Inverno
<LD
<LQ
Consolação Centro Inverno
<LD
<LQ
Bom Retiro Centro Inverno
<LD
<LQ
Alto de
Pinheiros
Oeste Inverno
<LD
<LQ
Mirandópolis Sul Inverno
<LD
<LQ
Itaquera Leste Inverno
<LD
<LQ
Butantã Oeste Primavera
<LD
1,42
Santana Norte Primavera
<LD
<LQ
Santa Cecília Centro Primavera
<LD
<LQ
197
Anexo 5 - Resultado das amostras de morango de acordo com
local, zona, estação do ano
Local Zona Estação Resultado
LC/UV
Resultado
LC/MS/MS
(ng/g)
Santo Amaro Sul Primavera
<LD
<LD
Jaçanã Sul Primavera
<LD
<LD
Vila Maria Norte Primavera
<LD
<LD
Vila Pompéia Oeste Primavera
<LD
<LQ
Tatuapé Leste Primavera
<LD
<LQ
Vila Carrão Leste Primavera
<LD
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