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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PPGEP
REGINA NEGRI PAGANI
ANÁLISE DA AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DO
SETOR DE MÓVEIS DE METAL E SISTEMAS DE
ARMAZENAGEM E LOGÍSTICA DE
PONTA GROSSA – PR
PONTA GROSSA
NOVEMBRO - 2006
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REGINA NEGRI PAGANI
ANÁLISE DA AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DO
SETOR DE MÓVEIS DE METAL E SISTEMAS DE
ARMAZENAGEM E LOGÍSTICA DE
PONTA GROSSA – PR.
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
de Produção, do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, Área de
Concentração: Gestão Industrial, do
Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação,
do Campus Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Prof. Luis Mauricio Resende, Dr.
PONTA GROSSA
NOVEMBRO - 2006
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
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PPGEP – Gestão Industrial (2006)
TERMO DE APROVAÇÃO
REGINA NEGRI PAGANI
ANÁLISE DA AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DO
SETOR DE MÓVEIS DE METAL E SISTEMAS DE
ARMAZENAGEM E LOGÍSTICA DE
PONTA GROSSA – PR.
Dissertação de Mestrado aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de
Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção, Área de Concentração: Gestão Industrial, do
Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus Ponta Grossa, da
UTFPR, pela seguinte banca examinadora:
Orientador: Prof. Luis Mauricio Resende, Dr.
Departamento de Pós-graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Tecnológica Federal Campus Ponta Grossa.
Membros da Banca:
Prof. Nelson Casarotto Filho, Dr.
Departamento de Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Décio Estevão do Nascimento, Dr.
Departamento de Pós-graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Tecnológica Federal Campus Ponta Grossa.
Profª. Magda Lauri Gomes Leite, Drª.
Departamento de Pós-graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Tecnológica Federal Campus Ponta Grossa.
Ponta Grossa, 01 de novembro de 2006.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
A Deus,
Aos Meus Pais,
Ao Meu Esposo Jeferson,
E aos Meus Filhos “Vitors”
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me capacitar e fortalecer...
Ao Professor Luis Mauricio Resende, não apenas orientador, mas amigo, pelo
trabalho árduo, pela confiança e compreensão...
A minha amada família, razão da minha vida, pela compreensão nas horas de
separação...
A todos os professores e colaboradores da UTFPR, que muito colaboraram para o
meu crescimento intelectual e pessoal...
Aos meus colegas de Mestrado pela amizade e pela aprendizagem conjunta...
Aos colegas da UEPG, em especial o Professor Ezequiel e Alexander pelo trabalho
de pesquisa conjunto...
Aos empresários do setor, que possibilitaram a realização da pesquisa...
Em especial a minha querida amiga Patrícia pela amizade, compreensão e imenso
apoio...
E ao meu amigo Lindomar, pela amizade incondicional...
Aos meus amigos, pais e familiares, que de forma direta ou indireta me apoiaram
neste trabalho, toda minha gratidão!
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
“Don't say you don't have enough time.
You have exactly the same number of hours per day that were given to Helen Keller,
Pasteur, Michelangelo, Mother Teresa, Leonardo da Vinci, Thomas Jefferson, and
Albert Einstein.”
H. Jackson Brown
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
RESUMO
Esse estudo objetivou analisar o grau de maturidade e competitividade do
aglomerado do setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística
de Ponta Grossa, ponderando sobre as perspectivas para a estruturação de um
Arranjo Produtivo Local (APL), segundo os conceitos e definições apresentados
pelos diversos autores no referencial teórico. Para tanto, foi feito um estudo
detalhado e aprofundado sobre aglomerações produtivas; verificou-se a organização
da produção do setor, bem como sua capacidade produtiva e faturamento estimado;
propôs-se um modelo para a avaliação de competitividade da aglomeração; traçou-
se o perfil dos sócios-proprietários, assim como o tipo de gestão adotado pelas
empresas; avaliou-se a qualificação de mão-de-obra da aglomeração; avaliou-se o
nível de interação atualmente existente entre as empresas e entre as empresas e os
agentes locais e, por fim, buscou-se caracterizar o setor segundo as tipologias
apresentadas na literatura. Foi realizada uma pesquisa exploratória através de um
estudo de caso no setor. Das 17 empresas existentes, 15 foram contatadas, sendo a
pesquisa realizada através de abordagem quantitativa com recursos qualitativos
complementares, através de formulários e entrevistas com cada um dos sócios e/ou
proprietários das empresas. A partir dos dados coletados, construiu-se a análise,
baseada nos objetivos pretendidos. A análise dos dados coletados na pesquisa de
campo, e confrontados com o referencial teórico, aponta que o referido setor se trata
de aglomeração de empresas em seu estágio embrionário de interação com grande
potencial de tornar-se um APL. Os argumentos para tal afirmação têm suporte nas
teorias apresentadas no estudo.
Palavras-chave: Aglomerações de Empresas, Arranjos Produtivos Locais, Móveis
de Metal, Armazenagem e Logística.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
ABSTRACT
The purpose of this study was to analyze the level of maturity and competitiveness of
the sector of Steel Furniture and Storage and Logistics Systems in Ponta Grossa,
PR, pondering on the perspectives of structuring a Local Productive Arrangement
(LPA), according to the concepts and definitions presented by several authors in the
literature. For this matter, a detailed and exhaustive study on productive
agglomerations was done; it was studied the production organization of the sector, as
well as its productive capacity and estimated profit; it was proposed a model to
evaluate the competitiveness of agglomeration; the profile of the partner owners was
traced, as well as the type of management adopted by the companies; it was
evaluated the qualification of the workforce in the agglomeration; it was verified the
level of interaction presently existent among the companies of the agglomerations
and among the companies and local agents and, finally, the sector was characterized
according to the typology of productive agglomerations presented in the literature. An
exploratory research was accomplished through a case study in the sector, and from
the 17 companies in the agglomeration, 15 were researched through a quantitative
approach with qualitative complementary resources. The instruments used were
questionnaires and interviews with partners and / or owners of each company. From
the collected data the analysis was built, based on the objectives of the study. The
analysis of the data collected in the field research, and confronted with the theoretical
review, shows that the studied sector is an agglomeration of companies in its
embrionary stage concerning the interaction among the companies, with great
potential to become an LPA. The arguing for such statement is supported by the
theories presented in this study.
Keywords: Agglomerations of Companies, Local Productive Arrangements, Steel
Furniture, Storage and Logistics.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Interação e aprendizado nas aglomerações de empresas – uma
tipologia..............................................................................................................35
FIGURA 2 – O sistema sociotécnico.........................................................................40
FIGURA 3 – Tipologia de SLPs segundo sua importância e complexidade..............55
FIGURA 4 – O aglomerado de empresas sob o enfoque sistêmico-sociotécnico.....57
FIGURA 5 – As fontes de vantagens competitivas da localização: o “diamante” de
Porter .................................................................................................................60
FIGURA 6 – Mapa do estado do Paraná mostrando a cidade de Ponta Grossa e sua
localização no Brasil ..........................................................................................70
FIGURA 7 – Nível de escolaridade do sócio fundador quando da fundação da
empresa .............................................................................................................80
FIGURA 8 – Treinamento e/ou qualificação e capacitação da mão de obra, segundo
o porte das empresas ........................................................................................81
FIGURA 9 – Atividades atualmente desenvolvidas de forma cooperativa /
compartilhada.....................................................................................................83
FIGURA 10 – Relação extra-comercial com fornecedor ...........................................87
FIGURA 11 – Localização dos clientes potenciais / destino principal das vendas em
2005 ...................................................................................................................89
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Forças que afetam a concentração geográfica...................................30
QUADRO 2 – Cooperação em uma aglomeração produtiva.....................................38
QUADRO 3 – Características enfáticas das abordagens de aglomerações territoriais
...........................................................................................................................43
QUADRO 4 – Os sete elementos-chave das aglomerações produtivas ...................44
QUADRO 5 – Tipologia das aglomerações produtivas segundo o nível de
desenvolvimento ................................................................................................59
QUADRO 6 – Instituições de apoio envolvidas com o setor e os serviços atualmente
prestados ...........................................................................................................93
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Porte da empresa, ano da fundação e número médio de funcionários
...........................................................................................................................76
TABELA 2 – Atividades de partilhamento e cooperação pretendidas pelos
empresários do setor..........................................................................................84
TABELA 3 – Interação social entre os empresários ...............................................86
TABELA 4 – Canais de comercialização utilizados pelas EPP, EMP e sua
representatividade no total das vendas do setor................................................88
TABELA 5 – Fatores decisivos no processo de comercialização para EPPs..........90
TABELA 6 – Fatores decisivos no processo de comercialização para EMPs .........91
TABELA 7 – Fatores decisivos no processo de comercialização do setor ..............92
TABELA 8 – Sistemas de gestão de qualidade, certificação e testes realizados
pelas empresas..................................................................................................96
TABELA 9 – Capacidade produtiva, índice de produção não-conforme..................97
TABELA 10 – Produção em 2005 e nível de utilização da capacidade ...................98
Obs.: Todas as figuras, tabelas e quadros deste trabalho que não estão referenciados foram
elaborados pelo autor com fonte de dados oriundas da pesquisa.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APL - Arranjo Produtivo Local
BNDS - Banco Nacional de Desenvolvimento Social
E - Embrião
EGP - Empresa de Grande Porte
EMP - Empresa de Médio Porte
EPP - Empresa de Pequeno Porte
GL - Gini Locacional
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MPE - Micro e Pequenas Empresas
MTE - Ministério do Trabalho e do Emprego
NDSR - Núcleo de Desenvolvimento Setorial-Regional
QL - Quociente Locacional
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEFA - Secretaria Estadual da Fazenda
SEL - Sistema Econômico Local
SEPL - Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral
SLP - Sistema Local de Produção
SPIL - Sistema Produtivo e Inovativo Local
SPL - Sistema Produtivo Local
VA - Vetor Avançado
VDL - Vetor de Desenvolvimento Local
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 16
1.1 TEMA ................................................................................................................................... 16
1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................... 18
1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA E OBJETO DE ESTUDO .......................................................... 19
1.3.1 Limitação geográfica e temporal ..................................................................................... 20
1.4 OBJETIVOS......................................................................................................................... 20
1.4.1 Objetivo geral................................................................................................................... 20
1.4.2 Objetivos específicos....................................................................................................... 20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................ 21
2 AS ABORDAGENS SOBRE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE EMPRESAS: HISTÓRICO,
CONCEITOS E DEFINIÇÕES............................................................................................................... 22
2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 22
2.1.2 Economias externas Marshallianas................................................................................. 23
2.1.3 A Nova Geografia Econômica ......................................................................................... 27
2.1.4 A abordagem da economia das empresas...................................................................... 31
2.1.5 A economia da inovação ................................................................................................. 32
2.1.6 As ações conjuntas e a eficiência coletiva ...................................................................... 36
2.1.7 A abordagem sistêmica ................................................................................................... 39
2.1.8 Considerações sobre as principais abordagens estudadas............................................ 41
2.1.9 Elementos essenciais das aglomerações produtivas...................................................... 44
2.3 TIPOLOGIA DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE EMPRESAS ................................ 45
2.3.1 Distritos industriais........................................................................................................... 46
2.3.2 Clusters industriais .......................................................................................................... 49
2.3.3 Arranjos Produtivos Locais.............................................................................................. 51
2.3.4 Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ........................................................................ 52
2.3.5 Sistemas Econômicos Locais.......................................................................................... 53
2.3.6 Sistemas Locais de Produção ......................................................................................... 54
2.3.6.1 Embrião de Arranjo Produtivo................................................................................. 55
2.3.6.2 Vetor de Desenvolvimento Local............................................................................. 55
2.3.6.3 Vetores Avançados................................................................................................. 56
2.3.6.4 Núcleo de Desenvolvimento Setorial-Regional....................................................... 56
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
2.3.7 As aglomerações produtivas e o modelo sociotécnico de Tavistock.............................. 56
2.3.8 Convergência das tipologias ........................................................................................... 57
2.4 FATORES E MODELOS DE ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE....................................... 59
2.4.1 Outras considerações......................................................................................................64
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................................... 66
3.1 MÉTODO DA ABORDAGEM............................................................................................... 66
3.1.1 Método indutivo ............................................................................................................... 25
3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA....................................................................................... 25
3.2.1 Do ponto de vista de sua natureza.................................................................................. 25
3.2.2 Do ponto de vista da forma de abordagem ..................................................................... 69
3.2.3 Do ponto de vista de seus objetivos................................................................................ 69
3.3 MÉTODO DE PROCEDIMENTO......................................................................................... 69
3.4 A POPULAÇÃO ................................................................................................................... 70
3.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ......................................................................... 70
3.5.1 A coleta de dados............................................................................................................ 71
3.6 MODELO PROPOSTO PARA ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DE UMA
AGLOMERAÇÃO EMBRIONÁRIA........................................................................................................ 71
4 O SETOR DE MÓVEIS DE METAL E SISTEMAS DE ARMAZENAGEM E LOGÍSTICA DE
PONTA GROSSA ................................................................................................................................. 74
4.1 O MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA .................................................................................. 74
4.2 ORIGEM E CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DO SETOR ....................................... 76
4.2.1 Estrutura e organização da produção ............................................................................. 77
4.3 FATORES DE COMPETITIVIDADE NO SETOR................................................................ 79
4.3.1 Capital Humano............................................................................................................... 79
4.3.1.1 Perfil do sócio-fundador.......................................................................................... 79
4.3.1.2 Tipo de gestão.........................................................................................................80
4.3.1.3 Mão de obra e qualificação..................................................................................... 80
4.3.2 Governança ..................................................................................................................... 81
4.3.3 Infra-estrutura logística.................................................................................................... 81
4.3.4 Eficiência coletiva ............................................................................................................ 82
4.3.4.1 Relações interempresariais e cooperação multilateral existente............................ 82
4.3.4.2 Intenção de cooperação e partilhamento entre as empresas do setor................... 83
4.3.4.3 Interação com os fornecedores............................................................................... 86
4.3.4.4 Aspectos de comercialização.................................................................................. 87
4.3.4.5 Instituições locais.................................................................................................... 92
4.3.4.6 Interação das empresas com as instituições locais................................................ 94
4.3.5 Inovação tecnológica....................................................................................................... 95
4.3.5.1 Pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor 95
4.3.6 Qualidade ........................................................................................................................ 95
4.3.6.1 O controle de qualidade nas empresas do setor 95
4.3.7 Produtividade................................................................................................................... 97
4.3.7.1 Capacidade produtiva e faturamento...................................................................... 97
4.3.8 Políticas de apoio adequadas ......................................................................................... 98
5 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 76
5.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 76
5.2 ASPECTOS DA ORIGEM DAS EMPRESAS E PORTE ATUAL......................................... 76
5.3 FATORES DE COMPETITIVIDADE.................................................................................... 76
5.3.1 Capital humano................................................................................................................ 76
5.3.1.1 Tipo de gestão.........................................................................................................76
5.3.1.2 Mão-de-obra e qualificação................................................................................... 99
5.3.2 Governança ................................................................................................................... 100
5.3.3 Infra-estrutura logística.................................................................................................. 100
5.3.4 Eficiência coletiva .......................................................................................................... 100
5.3.4.1 Relações interempresariais e cooperação multilateral..........................................101
5.3.4.2 Intenção de cooperação e partilhamento entre as empresas do setor................. 101
5.3.4.3 Interação com os fornecedores............................................................................. 102
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
5.3.4.4 Aspectos de comercialização................................................................................ 103
5.3.4.5 Instituições locais.................................................................................................. 106
5.4 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA............................................................................................. 108
5.5 QUALIDADE ...................................................................................................................... 109
5.6 PRODUTIVIDADE.............................................................................................................. 109
5.7 POLÍTICAS DE APOIO ADEQUADAS .............................................................................. 110
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................................... 111
6.1 CONCLUSÕES.................................................................................................................. 111
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................ 116
APÊNDICE A – TRABALHOS REFERENTES À DISSERTAÇÃO PUBLICADOS NO DECORRER
DA PESQUISA.................................................................................................................................... 124
APENDICE B – CODIFICAÇÃO DAS EMPRESAS POR SEGMENTO ............................................ 125
APÊNDICE C – RELAÇÃO DAS EMPRESAS QUE PARTICIPARAM DA PESQUISA DE CAMPO
126
ANEXO A – QUESTIONÁRIO 1 APLICADO AOS EMPRESÁRIOS................................................. 127
ANEXO B – QUESTIONÁRIO 2 FORMAS DE COMPARTILHAMENTO GERAIS EM UM APL .... 141
ANEXO C - ROTEIRO DE QUESTÕES PARA VISITAS A INSTITUIÇÕES..................................... 144
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema
A importância das aglomerações de empresas para a compreensão do
desenvolvimento industrial foi primeiramente discutida pelo economista inglês Alfred
Marshall no final do século dezenove. No entanto, este tópico foi ignorado pelos
estudiosos, tendo em vista que o conceito dominante não era, então, o de
economias externas – que são fatores que explicam a vantagem de um aglomerado
de empresas – mas o de economias de escala. Autores como Chandler enfatizavam
as vantagens das grandes corporações, verticalmente integradas, que podiam
alcançar economias de escala e escopo. A idéia vigente era a de que uma empresa
seria excelente se ela fosse grande (MEYER-STAMMER e HARMES-LIEDTKE,
2005).
Porém, este conceito foi se transformando aos poucos. Vários foram os fatores
que contribuíram para que a idéia de que pequenas empresas podem ser mais
competitivas do que as grandes empresas com economias de escala. O que talvez
seja considerado um renascimento da importância das empresas de pequeno porte
tem origem na década de 1970, quando o modelo fordista de produção entra em
crise. A saturação do modelo de produção em massa, representado pelas empresas
verticalmente integradas, contribuiu para a emergência de novos formatos
organizacionais mais flexíveis, período também marcado por intensas mudanças
tecnológicas e organizacionais (LIMA, 2006).
As grandes corporações, altamente burocráticas e com um quadro extenso de
funcionários, movimentando-se lentamente com pouca agilidade diante da
necessidade de respostas rápidas um mercado altamente competitivo. As micro e
pequenas empresas, por sua vez, são capazes de alternar seu tipo de produção e
especialidade com facilidade, agilidade e eficiência maior, tendo condições de
alcançar índices mais satisfatórios de lançamento de novos produtos no mercado,
bem como de atender a nichos de mercado.
Por volta de 1980, observadores externos começaram a perceber que o
desenvolvimento industrial italiano não se enquadrava na perspectiva Chandleriana
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 1 Introdução 17
de economia de escala. As políticas dos distritos industriais italianos tinham
estimulado a criação de grandes empresas. Porém, à sua sombra, sem o suporte de
política governamental, um setor de pequenas e médias empresas surgia. A terceira
Itália (na considerada primeira Itália figuravam corporações como a Fiat, na
segunda, grandes empresas governamentais) brilhava em um estudo publicado em
1984, pelos sociólogos americanos Michael Piore e Charles Sabel. Na visão destes
autores, a alternativa emergente era a especialização flexível, baseada na intensa
interação entre pequenas e médias empresas dinâmicas nos distritos industriais
(MEYER-STAMMER & HARMES-LIEDTKE, 2005).
A discussão sobre clusters e distritos industriais adquiriu maior seriedade após
a publicação de “A vantagem competitiva das nações” (PORTER, 1990). Porter
enfatizou a importância dos clusters para a competitividade industrial, e a década de
90 tornou-se uma década de intenso trabalho com clusters, não apenas visto pelo
ângulo acadêmico, mas também pelo ângulo de desenvolvimento econômico.
A ênfase, tanto na discussão acadêmica quanto na política de abordagem, era
baseada na cooperação interempresarial. A pesquisa em distritos industriais na Itália
trazia este aspecto como um elemento essencial para explicar a competitividade das
pequenas e médias empresas e sua presença no mercado internacional (PORTER,
1990).
Não há como falar destas aglomerações produtivas e mencionar apenas o fato
de que se tratava de pequenas empresas trabalhando em sistema associativista e
cooperativo. O fator geográfico e espacial tem papel relevante nas aglomerações,
uma vez que não é possível tratar de aglomeração se as empresas não estiverem
geograficamente próximas umas das outras. Por um determinado período, a questão
da localização foi relegada a um segundo plano, uma vez que o pensamento da
globalização levava a acreditar que os mercados no mundo todo estariam
interligados e mais próximos uns dos outros. Com o passar do tempo, no entanto, o
fator geográfico provou ser um quesito fundamental na redução de custos logísticos.
Devido a isto, o tema passou a ser tratado sob os aspectos da cooperação e
localização geográfica das empresas participantes de uma aglomeração produtiva
de empresas.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 1 Introdução 18
Para Porter (1998), estas aglomerações produtivas trazem muitas vantagens
para as empresas delas participantes, tais como: aumento na produtividade das
empresas localizadas na aglomeração, devido ao melhor acesso a mão-de-obra
qualificada e fornecedores, acesso a informações especializadas,
complementaridades de produtos e serviços, maior e melhor acesso a instituições e
serviços públicos, motivação maior e uma melhor avaliação da concorrência local,
inovação, formação de novos negócios e novas empresas, e outros.
Desde o surgimento dessas aglomerações, como uma nova perspectiva para o
desenvolvimento econômico, autores e pesquisadores de várias partes do mundo
voltaram suas atenções a este tema, como Schmitz (1997) e o conceito de eficiência
coletiva; Krugman (1998a, 1998b), e a geografia econômica; Audrestch (1998), e a
economia da inovação, entre outros importantes autores. No Brasil, Casarotto e
Pires (2001), estudando o modelo Italiano; Suzigan (2000), com os Sistemas
Produtivos e Inovativos Locais; Cassiolato e Lastres (2003), e os Arranjos Produtivos
e Inovativos Locais e o foco na aprendizagem e inovação, entre outros autores.
Para uma melhor compreensão e identificação de fatores que beneficiem o
crescimento econômico local, necessário se faz que estas aglomerações sejam
identificadas e diagnosticadas para que, tanto na esfera pública quanto na privada,
possa haver iniciativas de apoio aos empresários, visando o desenvolvimento não
somente regional, mas também nacional que estes arranjos podem proporcionar.
1.2 Justificativa
O cenário globalizado e competitivo tornou as condições de sobrevivência das
pequenas e médias empresas extremamente difícil, fazendo com que estas
buscassem formas alternativas de se manterem no mercado. Estas encontraram nas
alianças interempresariais a melhor estratégia para buscar novas formas de
aumentar sua produtividade e buscar novos mercados, ampliando suas chances não
só de permanência no mercado, mas também de ampliar sua fatia de participação e
de lucratividade.
As aglomerações geográficas e setoriais de empresas têm sido objeto de
estudo tanto no Brasil como em outros países. O Governo do Estado do Paraná,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 1 Introdução 19
através do Termo de Cooperação Técnico-Financeira firmado entre a Secretaria de
Estado do Planejamento e Coordenação Geral (SEPL) e o Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) iniciou em 2005 um trabalho de
pesquisa para mapear e identificar estatisticamente as aglomerações de empresas
existentes no Estado do Paraná. Para isto, contratou uma consultoria para prestar
suporte metodológico aos técnicos das duas instituições a fim de que fosse
elaborado o relatório para Identificação, Caracterização, Construção de Tipologia e
Apoio na Formulação de Políticas para os Arranjos Produtivos Locais (APLs) do
estado do Paraná (SEPL e IPARDES, 2006).
A pesquisa da SEPL e IPARDES detectou no município de Ponta Grossa a
existência de uma aglomeração produtiva de empresas no setor de Móveis de Metal
e Sistemas de Armazenagem e Logística. Esta aglomeração, segundo a metodologia
citada, configura-se como uma aglomeração que se destaca duplamente: quer pela
sua importância para uma região, quer pela sua importância para o setor de
atividade econômica no Estado.
O diagnóstico do setor poderá servir como guia para nortear ações, quer seja
na esfera pública ou privada, que busquem formas para organizá-lo, provendo
alternativas para aumentar o desempenho do setor, culminando em maior
produtividade e lucratividade.
1.3 Delimitação do tema e objeto de estudo
O trabalho versará sobre o tema de aglomerações produtivas de empresas. O
ramo de atividade a que se refere o estudo é o de “Fabricação de Móveis de Metal
com predominância de metais” e “Fabricação de outros produtos elaborados de
metal”, que se refere aos Sistemas de Armazenagem e Logística. O objeto de estudo
será a aglomeração produtiva de empresas do Setor de Móveis de Metal e Sistemas
de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, composto por dezessete empresas
de pequeno e médio porte.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 1 Introdução 20
1.3.1
1.4.1
1.4.2
Limitação geográfica e temporal
A aglomeração produtiva de empresas, objeto de estudo, localiza-se no
município de Ponta Grossa, região dos Campos Gerais, no Estado do Paraná. O
trabalho de pesquisa constituiu-se de uma investigação prévia (PAGANI et al.,
2006a), e de uma pesquisa de campo, realizada nos meses de março a maio de
2006.
1.4 Objetivos
Partindo-se do princípio que o setor de Móveis de Metal e Sistemas de
Armazenagem e Logística foi identificado como uma aglomeração potencial, lança-
se a seguinte pergunta problema: seria esta aglomeração realmente um APL em
potencial? Para responder esta pergunta, foram estabelecidos os seguintes
objetivos:
Objetivo geral
Analisar o grau de maturidade e competitividade do aglomerado do setor de
Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística.
Objetivos específicos
Caracterizar o referido setor em termos de número de empresas, a origem
destas, estrutura produtiva e organização da produção no setor.
Propor um modelo para avaliar a competitividade da aglomeração, considerando
como fatores de competitividade: o capital humano (gestão e mão-de-obra
capacitada); a infra-estrutura logística; as relações de cooperação horizontal e
vertical (eficiência coletiva) atualmente existentes, bem como o nível de interesse
das empresas em trabalhar em sistema de cooperação; o grau de inovação
tecnológica; o nível de qualidade nas empresas; e a produtividade das empresas.
Caracterizar a aglomeração produtiva, segundo as tipologias apresentadas na
literatura.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 1 Introdução 21
1.5 Estrutura do trabalho
O presente trabalho está organizado em sete capítulos. No capítulo 1 são
apresentados os objetivos, a justificativa do trabalho e o tema a que se refere, bem
como sua delimitação geográfica e temporal. No capítulo 2 é apresentado o
referencial teórico que traz as principais abordagens sobre aglomerações produtivas,
as tipologias, conceitos e definições. No capítulo 3 são apresentados os
procedimentos metodológicos utilizados para a realização da pesquisa. Nele estão
descritas as estratégias utilizadas no estudo de caso, bem como as características
predominantes da pesquisa. O capítulo 4 traz o estudo de caso, apresentando os
dados coletados na pesquisa de campo. No capítulo 5, os dados coletados são
analisados e comparados com os resultados da pesquisa teórica. No capítulo 6 são
apresentadas as conclusões do trabalho obtidas através da confrontação da
realidade teórica e da empírica. São, também, sugeridos trabalhos futuros para o
tema, bem como para a continuidade das atividades do setor.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
2 AS ABORDAGENS SOBRE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE
EMPRESAS: HISTÓRICO, CONCEITOS E DEFINIÇÕES
2.1 Introdução
A literatura aponta várias abordagens sobre aglomerações produtivas de
empresas e desenvolvimento regional (CASAROTTO e PIRES, 2001; CASSIOLATO
e LASTRES, 2003; SUZIGAN, 2000, 2003; GARCIA, 2001 e 2006; SANTOS, 2005).
Analisar essas abordagens é relevante para a compreensão do desenvolvimento
econômico regional, bem como para elaborar políticas que venham alavancar estas
economias e melhorar o nível tanto sócio quanto econômico de uma região.
Este capítulo traz um resgate histórico-teórico destas abordagens, segundo
seus principais expoentes, bem como as principais tipologias de aglomerações
produtivas de empresas, seus conceitos e definições. Serão apresentadas as
seguintes abordagens, vistas como as mais relevantes no estudo e compreensão
das aglomerações produtivas:
a) A teoria Marshalliana, por ser o pano de fundo para todos os trabalhos dos
autores e estudiosos da área de aglomerações produtivas. Marshall (1920) é o
ponto de partida para todos os estudos relacionados a aglomerações de
empresas que se seguiram.
b)
c)
d)
A nova geografia econômica, que tem Krugman (1991, 1998a, 1998b) como
principal expoente, e cuja linha de pesquisa está relacionada à teoria clássica de
localização, tendo como precursores von Thünen (1826) e Weber (1909) (apud
ROLIM, 1998).
A abordagem da economia das empresas, que tem Porter (1990, 1998, 1999,
2001) como principal expoente será abordada na seqüência. Porter descreve
estratégia e competitividade obtidas através das aglomerações de empresas,
destacando a importância dos vínculos e fluxos de conhecimentos que emergem
das relações entre agentes locais na conquista de vantagens competitivas.
A abordagem da economia da inovação, que tem como foco o desenvolvimento
tecnológico e a formação de sistemas de inovação decorrentes da interação das
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
2
3
empresas e outras organizações. Busca-se entender qual o papel da mudança
tecnológica no desempenho econômico das firmas e o impacto dos fluxos de
inovação no desenvolvimento regional e nacional.
e)
f)
2.1.2
O conceito de eficiência coletiva, obtida através do estreito relacionamento entre
as empresas de uma aglomeração produtiva, que é defendido por Schmitz (1997,
1998).
Abordagem sistêmica: a abordagem sistêmica (MAXIMIANO, 2004;
CHIAVENATO, 2004), cujo principal expoente é Ludwig von Bertalanfy, não está
diretamente vinculada às abordagens de aglomerações de empresas. Seu foco é
explicar o comportamento de uma empresa como um sistema dentro de um
macro sistema, que é o ambiente onde a empresa atua. Porém, esta abordagem
é essencial para a compreensão da natureza sistêmica das aglomerações
produtivas de empresa.
Independente da abordagem a ser seguida, é importante ter em mente que, em
se tratando de aglomerações produtivas, o conceito de trabalho em grupo e para o
grupo sempre se faz presente. No pensamento de Elias (2006), a convivência
conjunta, em uma área relativamente pacificada com um número relativamente
grande de pessoas, demanda um alto equilíbrio, estabilidade e variedade de
autocontrole adquirido. Para o autor, é a maior diversidade, extensão e variedade de
elos de interdependência entre os indivíduos que criam as questões importantes no
curso dos acontecimentos. As chances de que essas aglomerações produtivas,
constituídas de sociedades humanas, venham a lograr êxito depende grande parte
de como esses indivíduos irão se relacionar. Paralelamente ao conceito de
civilização dado por Elias, essencial também ao sucesso de uma aglomeração
produtiva é o autocontrole crescente e equilibrado dos participantes, que aumentará
as chances de alcançarem os objetivos individuais e do grupo.
Economias externas Marshallianas
Marshall foi o pioneiro a divulgar pensamentos sobre aglomerações de
empresas. A ele, portanto, cabe a visão de que as pequenas empresas podem ter
uma função mais importante dentro do sistema econômico do que outras teorias,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
2
4
como a Chandleriana, costumavam atribuir. Ele observou que as pequenas
empresas poderiam beneficiar-se de economias externas se estas se agrupassem, e
introduziu o conceito de economias externas para explicar porque e como a
localização geográfica das indústrias é importante, e porque e como pequenas
empresas podem ser eficientes (MEYER-STAMER e HARMES-LIEDTKE, 2005).
Por conta disto, discussões sobre a importância da concentração geográfica e
espacial para o desenvolvimento econômico das empresas costumam remeter o
leitor para os estudos deste autor. Ele observou os distritos industriais na Grã-
Bretanha, no final do século XIX, e verificou que a presença concentrada de firmas
em uma mesma região pode prover ao conjunto dos produtores, vantagens
competitivas que não seriam verificadas se eles estivessem trabalhando de forma
isolada. Nestes distritos da Grã-bretanha, foram identificados excelentes resultados
econômicos decorrentes da concentração de atividades espacialmente localizadas
(SANTOS, 2005; GARCIA, 2006).
Para Marshall, há dois sistemas de produção eficientes: um formado por
grandes unidades de produção verticalmente integradas e o outro baseado na
existência de pequenas empresas concentradas territorialmente produzindo através
de um sistema de complementaridade (BELUSSI, 2004 apud SANTOS, 2005).
As grandes corporações apresentam vantagens tais como: produção em larga
escala; livre escolha de sua localização, não precisando se preocupar com
distâncias entre as fontes de matéria prima ou de consumo final; economia de
habilidades, uma vez que dispõem de maquinários que executam boa parte das
tarefas, enquanto as pequenas empresas dependem da habilidade de seus
trabalhadores; uma grande empresa compra em grande quantidade e,
conseqüentemente, consegue fazer uma negociação melhor nos preços, gasta
menos com fretes pequenos e economiza em transportes de várias maneiras.
Freqüentemente também vende em grandes quantidades, evitando assim problemas
com várias negociações de menor vulto. Ao mesmo tempo, pode oferecer preço
mais acessível ao cliente por ter custos menores de produção; sua reputação lhe
garante espaço no mercado consumidor, bem como também consegue os melhores
e mais habilidosos trabalhadores, que procuram a empresa, atraídos pela reputação
do estabelecimento (MARSHALL, 1920).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
2
5
Mas, por outro lado, estas grandes empresas apresentam algumas
desvantagens, uma vez que no mercado despontam grandes variedades de
máquinas e equipamentos, caros para serem adquiridos ou trocados com grande
freqüência. As máquinas de que dispõe a empresa normalmente servem para
propósitos simples e específicos, e não oferecem a oportunidade de introduzir
inovações na manufatura. Outra desvantagem é o fato de que o grande empresário
normalmente está envolvido em muitos negócios de grande vulto, e fica
impossibilitado de acompanhar de perto a evolução dos pequenos detalhes no
negócio, enquanto que em uma pequena empresa isso ocorre com mais facilidade.
A mais simples estrutura organizacional pode evitar o vai e vem de papéis,
documentos e ordens entre departamentos, muitas vezes causando desencontro de
informações (MARSHALL, 1920).
As pequenas empresas possuem uma grande flexibilidade, podendo se
expandir ilimitadamente quando o trabalho para o qual se propuseram oferece um
largo escopo. Estas empresas estão ganhando terreno em todas as direções. As
mesmas economias que beneficiavam as grandes empresas poderiam ser
incorporadas pelas pequenas empresas concentradas geograficamente. Portanto,
várias são as causas que levam a localização das indústrias em determinadas
regiões. Essas foram por ele denominadas de “economias externas” (MARSHALL,
1920).
Entender o conceito de economias externas é fundamental para entender as
vantagens que as empresas alcançam uma vez aglomeradas (SANTOS, 2005). Para
Marshall (1920), as principais economias externas são as de condições físicas e
climáticas, tais como a qualidade do solo e do clima, a existência de minas de
carvão e de ferro na vizinhança ou o fácil acesso a estas, via terra ou água. Por esta
razão, as indústrias metalúrgicas normalmente se instalavam próximas às minas ou
onde o combustível era barato.
Outro fator que justifica a localização das indústrias é o estímulo ao surgimento
de um mercado de trabalho robusto e constante de trabalhadores especializados.
Segundo Marshall (apud SANTOS, 2005), os patrões estão sempre dispostos a
recorrer a qualquer lugar onde se possam encontrar trabalhadores habilidosos; por
sua vez, todo indivíduo naturalmente busca lugares onde há oferta de empregos e
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
2
6
onde suas habilidades serão facilmente aproveitadas. Isto faz com que as
habilidades sejam melhoradas e os trabalhadores fiquem cada vez mais
especializados. Desta forma, as vantagens derivadas da concentração geográfica
estão associadas não apenas ao aumento de volume de produção, mas também aos
ganhos de organização e desenvolvimento decorrentes da maior integração entre os
agentes.
Para Schmitz (1998), a característica principal de um efeito externo é que o
efeito produzido não é uma criação deliberada, mas uma atividade incidental, não
intencional. As economias externas são, então, serviços que um produto proporciona
a outro sem qualquer compensação, ou seja, são economias incidentais.
Para Lemos (2003), a noção de economias externas designa os efeitos das
atividades de outras empresas na produção e as vantagens que o ambiente pode
trazer para a empresa. O ambiente aqui mencionado é constituído de aspectos
físico, social, cultural, político e econômico. As economias externas dependem do
desenvolvimento geral do segmento em questão e do progresso geral do ambiente
industrial.
Machado (2003) classifica as economias externas em três grandes grupos:
a) Economias externas tecnológicas: abrangem as condições físicas e custos de
transporte; os spillovers, ou transbordamentos, tecnológicos. Essas economias
são aquelas que têm impactos na função de produção e dizem respeito aos
padrões tecnológicos adotados.
A teoria clássica da localização enfatiza a importância dos custos de
transportes, da oferta de matérias-primas e insumos básicos, e a relação entre
custos de matéria-prima e mão-de-obra como determinantes da decisão de se
localizar próximo a outras empresas. As matérias-primas e insumos básicos
utilizados, por sua vez, são determinados pelas trajetórias tecnológicas adotadas
(MACHADO, 2003).
b) Economias externas de mercado: incluem as variações espaciais da demanda e
centralidade do produto e as condições de demanda. Estas economias de
mercado são frutos de decisões ou fenômenos externos às empresas e são
mediadas por mecanismos de mercado. A elasticidade da demanda ao preço,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
2
7
combinada com as economias de escala das trajetórias tecnológicas adotadas,
determina os retornos crescentes de escala e têm impactos na função lucro das
empresas individuais.
c) Economias de organização (social e da produção): são aquelas determinadas
pelas características da população local e que se refletem na forma como os
trabalhadores, empresários e empresas se estruturam localmente.
Marshall observou duas formas de economias de organização da produção: a
formação de um contingente de mão-de-obra especializada e a criação de indústrias
produtoras de insumos e máquinas especializadas. Na visão do autor, as economias
externas dependem do desenvolvimento geral da indústria e podem freqüentemente
ser conseguidas pela concentração de muitas pequenas empresas similares em
determinadas localidades (SANTOS, 2005).
Portanto, o conceito Marshalliano de economias externas busca explicar como
e por que a localização geográfica de indústrias é importante, e como e por que
pequenas empresas podem ser eficientes e competitivas.
2.1.3 A Nova Geografia Econômica
Até os anos 80, a análise regional desenvolvia-se sobre dois eixos principais: a
teoria da localização e as teorias do crescimento/desenvolvimento regional: uma
seguindo as tradições da teoria da produção dentro da análise microeconômica, e
outra dentro da tradição Keynesiana (ROLIM, 1998).
A partir dos anos 80, dois fatos interligados obrigaram uma revisão das
análises econômicas e particularmente da análise espacial: a reestruturação
tecnológica e a globalização, obrigando a um reenquadramento e expansão dos dois
eixos tradicionais da análise.
Desta forma, o ponto de partida da análise espacial está na Economia Política
Clássica, particularmente em David Ricardo e, em um grau mais reduzido, em von
Thünen (1826) para a evolução da teoria da localização. A teoria da localização, por
sua vez, tem elementos vindos de von Thünen, mas o seu grande autor na verdade
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
28
é Weber (1909), depois dele Losch (1954), sendo este diretamente influenciado por
Isard (1956) (ROLIM, 1998).
Então, os pontos comuns a esses autores estão na consideração da
importância fundamental dos custos de transporte para a determinação da
localização ótima da firma (sempre considerada como sinônimo de empresa e
geralmente produzindo um único produto). Essa importância é contrabalançada
pelos custos de mão-de-obra e por um outro elemento meio misterioso denominado
fator aglomerativo, que passou a ser conhecido na literatura como as economias de
aglomeração (ROLIM, 1998).
Para Cavalcante (apud SANTOS, 2005), a teoria clássica da localização
enfatizava de forma geral as decisões do ponto de vista individual que procurava
determinar a melhor localização para seus negócios, considerando os custos com
transporte relacionados às economias externas; as externalidades decorrentes da
aglomeração de atividades numa região eram desprezadas. Ainda, a teoria clássica
da localização acabava não conseguindo lidar com o trade-off, que tenderia a
dispersar espacialmente as atividades de produção ao admitir estruturas de mercado
pulverizadas e não lidar com a questão da estrutura de mercado e dos retornos
crescentes.
A abordagem da Nova Geografia Econômica (NGE), mesmo originada da teoria
clássica que busca explicar a natureza da aglomeração, destaca a importância das
externalidades Marshallianas, tais como mercados de trabalho especializados,
fatores históricos e geográficos e a localização de indústrias de serviço.
O principal expoente da NGE é Krugman (1991, 1998a, 1998b). Seguindo os
passos de Marshall, ele resgata as principais idéias sobre o desenvolvimento
econômico regional e afirma que quase todas as idéias interessantes na teoria da
localização repousam implícita ou explicitamente na concepção de que há
importantes economias de escala impulsionando a concentração geográfica de
algumas atividades. Krugman (1998a) salienta a importância das economias
externas locais que, para ele, têm caráter incidental e operam forças de atração e
repulsão de empreendimentos para determinada aglomeração de empresas.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
29
Para Krugman (apud GARCIA, 2001), localização da produção industrial pode
ser explicada através de três razões principais:
a) O surgimento de um mercado de trabalho com habilidades e especialidades,
o que beneficia ambos, empresa e trabalhador.
b) Grande facilidade de atração de fornecedores de insumos e serviços
especializados, pois a soma das demandas individuais de cada empresa
demanda também uma grande ocupação desses fornecedores; e,
c) Transbordamentos, ou spillovers, tecnológicos: seriam os transbordamentos
de conhecimento e tecnologia. A proximidade geográfica facilitaria o processo
de circulação das informações e dos conhecimentos, por meio da construção
de canais próprios de comunicação e de fontes especializadas. O exemplo
mais famoso de spillover seria o do Vale do Silício e o de Boston, que são
arranjos produtores de alta tecnologia.
A NGE pode ser mais bem explicada ou descrita como um gênero ou estilo de
análise econômica usando certas técnicas para produzir modelos no qual há
retornos crescentes e mercados caracterizados por competição imperfeita. Um dos
elementos fundamentais que explicam as vantagens competitivas das firmas é
justamente a capacidade de se apropriar de ganhos advindos da aglomeração de
empresas, através das externalidades positivas (KRUGMAN, 1998b).
Na abordagem da NGE (KRUGMAN, 1998b), são duas as forças que
conduzem à concentração, como retorno crescente e crescimento dos monopólios, e
as aglomerações são afetadas por duas forças: as forças centrípetas, que tendem a
promover a aglomeração geográfica, e as forças centrífugas, que tendem a sufocá-
la. Estas estão ilustradas no Quadro 1.
As forças centrípetas são as três fontes marshallianas clássicas de economias
externas que induzem a concentração espacial. Uma concentração industrial tende
a consumir mais matéria-prima e produtos componentes do que se a empresas
estivessem espacialmente isoladas. Esta também suporta um denso mercado de
trabalho local, especialmente para habilidades especiais, tanto que os
empregadores acham os trabalhadores de uma forma mais acessível, e vice-versa.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
3
0
E ainda, uma concentração de atividade econômica pode criar economias externas
puras através de transbordamentos de conhecimento (KRUGMAN, 1998b).
Forças centrípetas Forças centrífugas
Linkages ( de fornecedores de produtos
intermediários).
Fatores imobiliários
Denso Mercado de trabalho Preços de aluguel
Economias externas puras ( spillovers tecnológicos) Deseconomias externas puras
Fonte: adaptado de Krugman, 1998b.
QUADRO 1 - Forças que afetam a concentração geográfica
As forças centrífugas, por sua vez, são representadas por fatores imóveis,
como a terra e os recursos naturais e, em um contexto internacional, as pessoas,
que militam contra a concentração da produção, ambos do lado do suprimento (uma
parte da produção deve ir onde os trabalhadores estão) e do lado da demanda
(fatores dispersos criam mercados dispersos e uma parte da produção terá um
incentivo para localizar-se perto dos consumidores). Concentrações de economia
geram um aumento de demanda local por espaço geográfico, elevando os preços de
aluguel e terrenos e desestimulando um aumento de concentração. Então,
concentrações de atividade podem gerar mais ou menos deseconomias externas
puras, tais como o congestionamento (KRUGMAN, 1998b).
Então, a existência de condições favoráveis, em termos de retornos crescentes
de escala, é capaz de intensificar e reforçar a concentração de empresas, nas quais
as forças centrípetas apresentam-se com grande intensidade. Isso tende a aumentar
a concentração local de empresas e a competitividade do sistema, pois as condições
que geram os retornos crescentes também irão se intensificar (KRUGMAN, 1998b).
As economias externas locais, representadas pelas forças centrípetas, podem
ser contrabalançadas, a partir de certo ponto no tempo, por deseconomias externas
decorrentes de limites de recursos naturais, restrições institucionais,
congestionamento entre outros fatores. Assim, é natural perceber que a dinâmica do
processo de aglomeração dependerá do embate dessas forças centrípetas (de
atração) e forças centrífugas (de repulsão) presentes no local (KRUGMAN, 1998b).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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2.1.4 A abordagem da economia das empresas
Essa abordagem, cujo principal expoente é Porter (1990, 1998, 1999, 2001),
busca explicar as fontes de prosperidade das nações modernas na economia global.
Para ele estas fontes estão estribadas na economia das empresas, e o mapa
econômico mundial é dominado por aquilo que ele chama de clusters: massas
críticas de aglomerações produtivas de empresas localizadas em uma região com
um sucesso competitivo em áreas específicas.
Para Porter (apud SCHMITZ, 1997), um cluster é uma concentração geográfica
e setorial de empresas que pode ser uma referência bem mais abrangente referindo-
se a um grupo de empresas existentes em um país, com fortes ligações verticais,
não estando necessariamente localizadas em uma mesma região geográfica. Esta
abordagem implica principalmente em competitividade entre as empresas
participantes do cluster, já que desenvolvem atividades similares. A visão de
cooperação entre as empresas do cluster não é um aspecto vislumbrado neste
primeiro momento. Em uma visão posterior (PORTER, 1998), essas concentrações
geográficas de empresas e instituições estão interligadas em uma área setorial mais
específica e menos abrangente. Estas empresas e entidades incluem, por exemplo,
fornecedores de suprimentos especializados e freqüentemente estendem seu fluxo
tanto para canais e consumidores quanto para fabricantes de produtos
complementares e para indústrias ligadas pelas mesmas especialidades,
tecnologias, ou suprimentos. Ali estão também as instituições governamentais e
outras, tais como universidades, consultorias, agências de treinamento, associações
comerciais. As ações existentes são as de competição e também de cooperação,
porém a um nível mais verticalizado e em diferentes dimensões. O autor vê nessas
aglomerações de empresas a melhor solução para buscar a competitividade de uma
nação. Nesse sentido, o conceito de vantagem competitiva das nações é
apresentado como resultante dos atributos nacionais que impulsionam a vantagem
competitiva das empresas.
Para o economista David Ricardo (apud SANTOS, 2005), o importante são as
dotações de recursos como trabalho, capital e recursos naturais. Para Porter (1989),
a teoria da vantagem comparativa continua sendo mais relevante para os setores
que se baseiam em recursos naturais e trabalho sem qualificação. Segundo este
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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autor, boa parte das vantagens competitivas das nações se situa fora de
determinada empresa ou setor, residindo estas na localização das unidades de
negócio. A empresa passa a ter um interesse específico na criação de um ambiente
de negócio que permite o uso produtivo dos recursos e seu crescimento.
Portanto, Porter (1989) acredita que a localização geográfica de uma atividade
pode afetar seu custo de várias maneiras. As localizações diferem nos custos da
mão-de-obra, da administração, do pessoal científico, das matérias primas, energia e
outros fatores. Quanto aos níveis salariais e impostos, estes variam de acordo com
país, região dentro de uns país e cidade. O custo da infra-estrutura de uma empresa
pode ser afetado em função de infra-estrutura atual existente no local. As condições
climáticas normas culturais e gostos também diferem na localização, pois afetam
não só as necessidades de produtos, mas também a maneira que uma empresa
executa suas atividades. Finalmente, os custos logísticos dependem potencialmente
da localização, pois a localização relativa a fornecedores constitui-se num importante
fator no custo logístico interno, enquanto que a compra afeta o custo logístico
externo.
2.1.5 A economia da inovação
Para Cassiolato e Lastres (2003a), inovação e conhecimento configuram-se
cada vez mais como elementos centrais da dinâmica e do crescimento de
organizações, de regiões e nações. A inovação e o aprendizado são fortemente
influenciados por contextos econômicos, sociais e políticos específicos, e são vistos
por estes autores como processos dependentes de interações. Estas interações
ocorrem principalmente por meio do estabelecimento de códigos comuns de
comunicação e coordenação.
Lastres e Cassiolato (2003b) falam sobre os novos padrões de acumulação de
capital, onde as tecnologias de informação e comunicação exercem papel
fundamental na forma como o ser humano aprende, estuda, pesquisa, trabalha e
consome os bens produzidos. Juntamente com este novo padrão de vida, surgem
também diferentes padrões de produção, onde a tecnologia está fortemente
incorporada, alavancando um conjunto de inovações técnico-científicas,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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3
organizacionais, sociais e institucionais, gerando novas possibilidades de retorno
econômico.
Para Santos (2005), a abordagem da economia de inovação é baseada nos
trabalhos pioneiros de Schumpeter e pelo enfoque neo-schumpeteriano sobre
sistemas de inovação. Segundo a concepção neoclássica tradicional, a tecnologia é
desenvolvida previamente à sua incorporação na esfera produtiva, contemplando o
modelo linear de inovação. Segundo Reis (2004), este modelo pressupõe que a
aparição de uma nova tecnologia cumpre uma seqüência definida, que começa com
atividades de P&D, passando em seguida por uma fase de desenvolvimento, depois
por etapas de produção e, finalmente, sua comercialização.
A abordagem neo-schumpeteriana refuta o modelo linear de inovação tendo
por base três razões: a ciência não precisa necessariamente preceder a tecnologia;
a ciência não é pura ou exógena à economia, existindo invenções induzidas por
investimentos em P&D orientadas para o mercado; as oportunidades tecnológicas
não provêm unicamente de avanços discretos ou descobertas da pesquisa. O
aumento na eficiência e as baixas na razão preço/desempenho de determinado
produto são resultado da acumulação de pequenas melhoras, derivadas da
experiência obtida na produção, bem como das repetidas interações entre usuários
e produtores (SANTOS, 2005).
Outras constatações de que o modelo de inovação se dá pela interação foram
providas por Price, que desafiou o modelo linear e reafirmou que a acumulação da
ciência e a da tecnologia interagia historicamente, embora de maneira não tão
intensa. As provas necessárias para essa visão de Price foram fornecidas por
Gibbons e Johnston, com o estudo do surgimento do transistor, que para eles
poderia ser muito melhor descrita como um desenvolvimento tecnológico do que
como um desenvolvimento da ciência (REIS, 2004).
Considerando que o conceito de inovação tecnológica é a introdução no
mercado de novos produtos ou processos de produção, bem como sua difusão na
sociedade, conclui-se que tais inovações implicam em uma série de atividades
científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Diante desta
perspectiva, a inovação tecnológica é um fenômeno cujos principais agentes
responsáveis são as empresas (REIS, 2004).
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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4
Breschi e Malerba (apud GARCIA, 2001) analisaram as trajetórias tecnológicas
setoriais tomando por base quatro atributos básicos: as condições de oportunidade,
de apropriabilidade, o grau de cumulatividade e as características da base
tecnológica. Desta maneira, quanto mais complexa, sistêmica, e quanto maior o
conteúdo tácito específico da base de conhecimento, maior deverá ser a interação
entre os agentes. A partir desta investigação, eles apresentam o conceito de
“sistemas setoriais de inovação” e, a partir da taxonomia de Pavitt, apontaram que o
grau de importância dos processos de aprendizado interativo no âmbito local pode
variar significativamente de acordo com as características técnicas inerentes ao seu
setor de atividade.
Portanto, é importante lembrar que, no caso de setores em que a base técnica
é relativamente simplificada, como nos chamados setores tradicionais (vestuário,
calçados, móveis, e algumas etapas do sistema de armazenagem), as habilidades
são transferidas de maneira natural, ou seja, as capacitações são formadas e
reproduzidas no próprio local de trabalho, configurando-se no que alguns autores
chamam de processo de aprendizado do tipo “learning-by-doing”. Neste processo,
os trabalhadores “aprendem fazendo”, o que dispensa gastos maiores com
treinamento ou qualificação da mão-de-obra utilizada pelas empresas do setor
(GARCIA, 2006).
Isto, porém, não significa que cursos e treinamento de capacitação sejam
totalmente dispensáveis. Há que se considerar que trabalhadores experientes têm
muitas habilidades adquiridas com o passar do tempo, habilidades estas que só são
apreendidas e aprimoradas com a prática de longo tempo. Muitos possuem, junto
com sua vasta experiência, determinados “vícios” de sua atividade, que podem
desviar o trabalhador iniciante de uma condição ótima ou ideal de desempenho de
tarefas.
Bellussi e Arcangeli (apud GARCIA, 2001) apresentam três formas de
organização das aglomerações produtivas quanto ao processo de aprendizado
interativo. A tipologia apresentada por estes autores, conforme Figura 1, está
referenciada a formas e a intensidade das interações que os agentes mantém entre
si.
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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5
A primeira forma de organização são as redes “steady-state”, que se
caracterizam pela existência de processos tímidos de aprendizado entre as
empresas da aglomeração produtiva, resultando em baixo dinamismo da região.
A segunda forma são as redes retráteis e reversíveis, que apresentam uma
estrutura com alta flexibilidade das empresas no que tange à incorporação de novos
conhecimentos. Nesses casos, as relações entre as empresas apresentam um
caráter mais dinâmico, e são capazes de se adaptar segundo as exigências da
demanda.
Redes
evolucionárias
Criativo
Formas de aprendizado
Redes retráteis e
reversíveis
Ada
p
tativo
Redes
steady-state
Estático
Freqüência das trocas de informação e realocação das atividades.
Fonte: Belussi e Arcangeli (apud GARCIA, 2001).
FIGURA 1- Interação e aprendizado nas aglomerações de empresas – uma tipologia
A terceira forma são as redes evolucionárias, onde a elevada flexibilidade das
estruturas organizacionais é combinada com um extenso processo de aprendizado
interativo e de acumulação de habilidades entre os produtores. A tipologia de Belussi
e Arcangeli ressalta o reconhecimento da importância das relações entre os agentes
para o incremento do processo de aprendizado interativo local. Nessa perspectiva, é
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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6
importante destacar que a característica decisiva dos sistemas de inovação locais é
o desenvolvimento de inovações através do aprender fazendo, aprender usando e
aprender interagindo.
Desta maneira, as instituições exercem papel fundamental nesse processo,
através da promoção de uma maior interação social, estimulando bem como
regulando, a difusão tecnológica, elaborando sistemas educacionais apropriados à
realidade da região, bem como todas as outras e quaisquer atividades que
influenciem a geração, o desenvolvimento, a transferência e a utilização de
tecnologias (SANTOS, 2005). Neste contexto, e seguindo o pensamento de Porter
(1998), fica claro que a proximidade geográfica entre os produtores representa um
elemento importante para incrementar o processo de aprendizado interativo que
ocorre no âmbito local da aglomeração produtiva, elevando a capacidade de
competitividade das empresas, da aglomeração como um todo e da região por
conseqüência.
Portanto, as inovações são produto da ciência e da tecnologia, e uma inovação
tecnológica, seja de processo ou de produto, é essencial para o aumento da
competitividade de uma empresa. Quando o contexto desta inovação é um
aglomerado de empresas, e desde que o conhecimento seja compartilhado entre as
empresas, de maneira tácita ou codificada, o resultado é a sinergia, e o retorno para
os participantes é consequentemente maior.
2.1.6 As ações conjuntas e a eficiência coletiva
Um dos fatores que reforçam a capacidade competitiva dos produtores
aglomerados é a maior possibilidade de estabelecimento de ações conjuntas entre
eles. Para que estas ações conjuntas ocorram, é necessário que haja perfeito
entrosamento entre os atores. Neste sentido, o processo de descentralização
ocorrido na Itália tinha como objetivo uma maior flexibilidade produtiva, valorizando
as potencialidades então disponíveis. Este modelo de desenvolvimento alternativo
foi espontâneo e baseou-se na pequena empresa (GAROFOLI, 1993 apud ILHA,
2006).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
3
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Há que se considerar que a Itália possui densas relações sociais por ter uma
tradição democrática decorrente de instituições republicanas. No contexto destas
relações, predominam ligações horizontais favorecendo a participação, a
colaboração e o associativismo, que formaram uma base social na qual se
desenvolveram os distritos industriais da Terceira Itália (PUTNAN, 1996; GALVÃO,
2000 apud ILHA, 2006).
Semelhantemente, na visão de Botelho (1998 apud ILHA, 2006), um fator que
se mostrou determinante para o desenvolvimento deste modelo de produção foram
as relações sociais, que ocorrem tanto entre as firmas como entre o governo,
abrangendo a sociedade em geral. Especialmente na região de Emília Romagna, a
influencia dos partidos de esquerda proporcionou o fortalecimento do associativismo
e a formação de empresários potenciais, o que foi de grande importância para o
desenvolvimento dos distritos industriais (GALVÃO, 2000 apud ILHA, 2006).
Desta forma, o desenvolvimento regional da Terceira Itália foi buscado em nível
local, tendo em vista que este propiciava um acréscimo na produção de bens de
maior valor agregado. A característica predominante dos distritos industriais, do
ponto de vista do desenvolvimento regional, fica então pautada no surgimento e
crescimento de uma rede de pequenas empresas especializadas por etapas do
processo produtivo, integradas entre si através de intensa cooperação e ações
conjuntas deliberadas.
Para Schmitz (1997), essas ações conjuntas podem ocorrer de duas formas:
a) Cooperação horizontal: ocorre entre as empresas competidoras. Pequenas e
médias empresas podem beneficiar-se conjuntamente junto a fornecedores, e no
uso comum de equipamentos, já que utilizam os mesmos para o seu processo de
produção. Para que isto ocorra, outros fatores devem ser desenvolvidos pelas
lideranças das empresas participantes como, por exemplo, o espírito de
partilhamento, compartilhamento e cooperação.
a) Cooperação vertical: ocorre entre as empresas e fornecedores, entre as
empresas e compradores atacadistas (wholesalers). As iniciativas devem partir
de acordos entre produtores individuais e produtores ajudando-se mutuamente a
aumentar a eficiência e a qualidade, e prosseguir nas alianças entre as varais
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
38
associais, buscando superar diferenças internas e promovendo uma abordagem
estratégica frente aos competidores externos à aglomeração.
A dimensão da cooperação está resumida no Quadro 2.
Bilateral Multilateral
Horizontal
e.g. Compartilhamento de equipamentos e
troca de informações
e.g. Associações de produtores
Vertical
e.g. Associação de fornecedores e usuários
para melhoria de componentes usuários
e.g. Alianças na cadeia de valores
Fonte: Adaptado de Schmitz, 1997.
QUADRO 2 – Cooperação em uma aglomeração produtiva
Meyer-Stamer e Harmes- Liedtke (2005), propõe outras formas de cooperação,
que podem ser denominadas de:
(i) Contrato relacional, ou contrato de relações: são freqüentemente baseados na
confiança e podem ocorrer tanto a nível vertical (interação com fornecedores)
como a nível horizontal (interação com outras empresas do distrito industrial).
(ii) Troca de informações: as formas típicas de troca de informações entre
empresas incluem a troca informal de informações entre empresas e seus
fornecedores (o fornecedor pode dar assistência a seus clientes quanto a
especificação da matéria prima, especificações etc); trocas de informação
formais e informais entre empresas em associações comerciais; troca de
informações entre os empregados das empresas através de associações
profissionais em conferências, seminários, entre outros.
(iii) Ações coletivas: manifestadas através da provisão de serviços por associações
comerciais; viagens em grupo, stands conjuntos em feiras de negócios;
compras conjuntas, vendas conjuntas, consórcio de exportação; instituições
de apoio provendo treinamento para os empregados das empresas do cluster
etc.
É a combinação destes dois fatores, o das economias externas locais
espontâneas e das ações conjuntas deliberadas das empresas e do setor público
produz a vantagem competitiva denominada por Schmitz (1997) de eficiência
coletiva.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
39
Em 1996, dois institutos internacionais da Itália fizeram um estudo em Santa
Catarina onde foi constatado que a falta de associativismo e cooperação entre as
empresas era a principal causa da baixa produtividade não somente no estado, mas
em todo o Brasil (CASAROTTO e PIRES, 2001). Portanto, a ausência de
cooperação entre as empresas leva a conseqüente ausência de eficiência coletiva e
falta de competitividade nas empresas.
Para que um grupo de empresas consiga se associar de forma homogênea é
necessário que haja um espírito de associativismo e cooperativismo, e pré-
disposição em partilhar idéias. O individualismo acentuado, fruto de um capitalismo
acirrado, é uma grande barreira que impede que as associações de empresas
nasçam e tenham êxito. A Introdução desse sistema de associação e cooperação no
Brasil está ocorrendo aos poucos. Este é um processo de mudança cultural que
envolve a população, empresários, políticos e governantes. Parece ser esta a
grande saída para a crise (CASAROTTO e PIRES, 2001).
2.1.7 A abordagem sistêmica
A abordagem sistêmica possui uma relação direta com as abordagens de
aglomerações de empresas, dada a natureza sistêmica de tais aglomerações.
A essência do pensamento sistêmico, proposta por Ludwig von Bertalanffy no
final dos anos 30, é a idéia de um conjunto de elementos interdependentes e
interagentes ou um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado
para realizar objetivos, cujo resultado final é maior do que a soma dos resultados
que esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada - sinergia
(CHIAVENATO, 2004).
Qualquer entendimento da idéia de sistema compreende: um conjunto de
entidades chamadas partes, elementos ou componentes; alguma espécie de relação
ou interação entre as partes; a visão de uma entidade nova e distinta, criada por
essa relação (MAXIMIANO, 2004).
Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser abertos ou fechados. Os
sistemas fechados não apresentam nenhum intercâmbio com o meio ambiente que
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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os circunda e, portanto, não recebem influência do macro-ambiente e também não o
influencia (CHIAVENATO, 2004).
Os sistemas abertos, como são as aglomerações produtivas, são aqueles que
apresentam relações de intercâmbio com o ambiente. Estas relações se dão através
de entradas e saídas, possibilitando a troca de matéria e energia regularmente com
o meio ambiente que os circunda. São adaptativos, tendo que se reajustar
constantemente às condições do meio, mantendo com este um jogo recíproco. Sua
estrutura é otimizada quando o conjunto de elementos do sistema se organiza de
forma adaptativa, e sua adaptabilidade é um contínuo processo de aprendizagem e
auto-organizacão. Desta maneira, como o ambiente está em constantemente
mudança, o processo de adaptação do sistema deve ser dinâmico e sensitivo, a fim
de que este atinja e mantenha a negentropia (CHIAVENATO, 2004).
O modelo sociotécnico de Tavistock (CHIAVENATO, 2004), ilustrado na Figura
2, é um sistema estruturado sobre dois sub-sistemas: o subsistema técnico, que
compreende as instalações físicas, máquinas e equipamentos, tecnologia; e
subsistema social, que compreende as pessoas, as relações sociais, habilidades e
capacidades, necessidades e aspirações.
Subsistema
Técnico
Subsistema
Social
Instalações físicas
Maquinas e equipamentos
Tecnologia
Exigências das tarefas
Pessoas
Relações sociais
Habilidades e capacidades
Necessidades e aspirações
Eficiência
Potencial
SISTEMA SOCIOTÉCNICO
Eficiência
Real
Fonte: Chiavenato, 2004.
FIGURA 2 – O sistema sociotécnico
As aglomerações produtivas são compostas por elementos interagentes,
buscando alcançar um objetivo comum - aumento na competitividade e
produtividade. Estas aglomerações subsistem em um ambiente maior, o macro-
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
41
sistema, com quem realizam as atividades de importação de matéria-prima,
processamento de produtos e suas saídas, e recebem o feedback dos consumidores
finais.
As aglomerações devem buscar a adaptabilidade ao meio ambiente, através do
aumento de sua competitividade face à concorrência no macro-sistema. Desta
maneira, ela estará buscando a entropia negativa, que é sua sobrevivência no
mundo globalizado e competitivo.
Podemos, então, olhar para as aglomerações produtivas como sistemas
sociotécnicos, uma vez que os elementos essenciais das aglomerações podem ser
traduzidos nas instalações, equipamentos e tecnologia, bem como no elemento
humano que as movem.
2.1.8 Considerações sobre as principais abordagens estudadas
Marshall via as aglomerações como essencialmente resultantes de forças
naturais da localização geográfica e as externalidades como incidentais; a ação
conjunta não tinha um papel tão importante em sua análise dos distritos industriais
(WILKINSON e YOU, 1992 apud SCHMITZ, 1997).
Krugman (1998a,1998b) analisa a relação das economias internas (retornos
crescentes de escala) com as economias externas Marshallianas. Para o autor, as
aglomerações de empresas surgem a partir de um “acidente” histórico, e as
economias externas têm um caráter exclusivamente incidental. Dependendo de
certas circunstâncias, pequenas intervenções políticas poderão oferecer grandes e
duradouros efeitos benéficos. Desde que os processos cumulativos de
concentração tendem a produzir vencedores, bem como perdedores, quando a
questão está principalmente relacionada à nacionalidade, deve-se ter o cuidado,
através de políticas de apoio e promoção, de que sua nação esteja entre os
vencedores. Porém, tendo em vista que os fatores geográficos são cruciais para o
desenvolvimento, para o autor as políticas de apoio a tais aglomerações merecem
um estudo bem mais aprofundado.
A principal vulnerabilidade da abordagem da NGE é considerar que as
aglomerações são meros produtos de acidentes históricos e que, diante disso,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
4
2
pouco ou quase nada pode ser feito em termos de políticas de apoio por parte das
instituições pública.
Na visão de Porter (1990), o mundo real, globalizado, está dominado por
condições dinâmicas, onde a concorrência é maior do que encontrada em âmbito
nacional. Assim sendo, a concorrência direta entre as empresas impulsiona estas a
trabalhar para aumentar sua produtividade, bem como sua capacidade inovativa,
visando assim fazer frente aos concorrentes que já não são mais os locais, mas
localizados globalmente.
A abordagem da inovação tecnológica preocupa-se demasiadamente com as
economias externas baseadas nos transbordamentos, ou spillovers, tecnológicos. A
crítica que é feita ao sistema local de inovação, portanto, é que essa abordagem dá
demasiada ênfase aos processos inovativos de caráter puramente tecnológico.
Assim o fazendo, acaba por subestimar melhorias que ocorrem na gestão dos
processos de produção. Para os setores tradicionais, em que a base técnica é
relativamente simples, as formas de aprendizado interativo ocorrem de modo mais
importante em outras áreas que não na adoção de inovações de caráter puramente
tecnológico.
Há que se considerar, então, dois tipos básicos de grupos de empresas: o de
pequenas empresas, como as localizadas nos distritos indústrias da Terceira Itália, e
outro composto também por pequenas empresas localizadas no Vale do Silício nos
EUA. Nas primeiras, atuantes em segmentos tradicionais da indústria, que não
requer uma tecnologia tão avançada, é possível o aprendizado do tipo “learning-by-
doing”. No segundo tipo, pequenas empresas que atuam como produtoras de bens
de consumo em áreas de tecnologia madura, não é possível este mesmo tipo de
aprendizado. Este tipo de aglomeração prevê o uso de mão-de-obra mais
especializada, requerendo um aprendizado mais explicito mais codificado.
Portanto, a quantidade de conhecimento tácito e codificado (explícito)
necessário aos participantes do cluster do Vale do Silício, que produz equipamento
de informática, sob este aspecto, é infinitamente maior que no caso dos distritos
industriais italianos, em sua maioria, formados por indústrias atuantes em setores
mais tradicionais.
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No que tange às políticas de apoio de origem governamental, Schmitz (1998)
admite que o apoio governamental possa ocorrer para auxiliar as aglomerações
quando ocorrem falhas ou imperfeições no mercado. Mas ele observa também que a
ação conjunta privada tem sido mais proeminente do que a intervenção
governamental no auxílio às aglomerações. Ainda, para ele, a ação ou intervenção
governamental se torna mais eficaz quando esta ocorre através ou conduzida por
ações conjuntas privadas.
Marshall e Krugmam dão ênfase aos fatores já existentes em nível local, como
recursos naturais e características regionais. Porter também valoriza os fatores
referentes à localização. Mas para ele, o foco deve estar na competição. Quanto
mais concentrados, maior é a rivalidade. E quanto mais rivalidade, mais vitalidade
ganha a aglomeração produtiva.
No Quadro 3 estão sintetizadas as abordagens aqui apresentadas e suas
características enfáticas.
Abordagens Ênfase
1. Economias Externas
Marshallianos (Marshall)
Enfatiza a importância da localização geográfica; interação
entre as pequenas empresas propicia que estas se
apropriem de economias de escala; pequenas empresas
são mais ágeis e eficientes do que grandes corporações.
2. Nova Geografia Econômica
(Krugman)
Externalidades, forças centrípetas e centrífugas;
aglomerações são produtos de “acidentes” históricos.
3. Abordagem da economia das
empresas (Porter).
Ênfase na rivalidade como fator de competitividade,
cooperação verticalizada.
4. Economia da Inovação
(Lastres e Cassiolato)
Ênfase no aprendizado interativo e na inovação.
5. Ações conjuntas e eficiência
coletiva (Schmitz)
Enfatiza a eficiência coletiva, que é o produto das econômicas
externas incidentais e ação conjunta deliberada entre os
vários atores da aglomeração (cooperação horizontal e
vertical).
6. Abordagem Sistêmica
(Chiavenatto e Maximiano)
Enfatiza a idéia de um conjunto de elementos interagentes
entre si, buscando através da sinergia a negentropia no
macro-ambiente.
Fonte: elaborado pelo autor.
QUADRO 3 - Características enfáticas das abordagens de aglomerações territoriais
Schmitz compartilha da idéia de que as economias externas são importantes
para uma aglomeração. Mas sua visão está mais voltada para o fator da cooperação
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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através de ações conjuntas que irão produzir a eficiência coletiva. Segundo ele, uma
aglomeração será mais fortalecida quanto mais seus agentes estiverem trabalhando
de forma coletiva em busca do mesmo objetivo. Esta cooperação ocorre tanto
verticalmente quanto horizontalmente.
2.1.9 Elementos essenciais das aglomerações produtivas
Segundo Anderson et al. (apud ENRICO e GRANDI, 2005), aglomerações
produtivas são inerentemente idiossincráticos em natureza, com diferentes
aplicações de conceito de acordo com os vários contextos. No entanto, coletando as
contribuições dos vários autores, sete elementos podem ser adotados como chave
para as noções gerais, conforme o Quadro 4.
Fatores Características
1. Concentrações geográficas
Empresas se localizam em proximidade geográfica devido a
fatores importantes, tais como economias externas de escala,
bem como fatores mais amenos tais como capital social e
processos de atividades.
2. Especialização
As aglomerações estão no centro de atividades principais as
quais todos os agentes estão ligados
3. Agentes Múltiplos
As aglomerações e as suas iniciativas não consistem apenas em
empresas, mas também envolvem autoridades públicas,
instituições de ensino e de colaboração, e instituições do setor
financeiro.
4. Competição e cooperação
Esta combinação caracteriza as relações entre os agentes
interligados.
5. Massas críticas É requerida para alcançar dinamismo interno.
6. O ciclo de vida de uma
aglomeração
As aglomerações e suas iniciativas não são fenômenos
temporários de curta duração, mas são progressivos com
perspectivas de longa duração.
7. Inovação
Empresas aglomeradas são envolvidas em processo de
mudanças tecnológicas, comerciais e/ou organizacionais.
Fonte: elaborado a partir de Enrico e Grandi (2005).
QUADRO 4 – Os sete elementos-chave das aglomerações produtivas
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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Porém, Enrico e Grandi (2005) observam que o fator cultura não aparece
nesta lista dos sete aspectos chave. Para estes autores, a cultura é não somente um
elemento chave, como também um bem de grande valor para o desenvolvimento
das dinâmicas de uma aglomeração. Segundo eles, esta questão tem sido
amplamente reconhecida na literatura, porém não é seriamente considerada quando
da criação de políticas de desenvolvimento de uma aglomeração. Os elementos
mais significativos dos Distritos Industriais Italianos estão embebidos na estrutura
social, e o conceito de Distrito Industrial abrange principalmente aspectos
sociológicos, não somente econômicos. Assim sendo, as pesquisas focadas nos
distritos industriais deveriam levar em conta de maneira unânime aspectos
econômicos, sociais e culturais.
2.3 Tipologia de aglomerações produtivas de empresas
A literatura apresenta uma variada tipologia de aglomerações produtivas de
empresas, bem como seus conceitos e definições. A definição para cada tipo de
aglomeração tem como base as abordagens sobre o tema que cada autor
proponente focalizou. Portanto, ao estudar uma aglomeração, é importante lembrar
que sua caracterização irá variar segundo seu estágio de desenvolvimento e
também de acordo com o foco que será dado à aglomeração produtiva. Portanto,
não é possível dizer que esta ou aquela definição esteja mais correta que outra, pois
vários fatores podem contribuir para o surgimento e desenvolvimento de uma
aglomeração produtiva em uma região. Isto, no entanto, não implica que haja
qualquer ligação ou interação formal entre as empresas participantes da
aglomeração produtiva.
Assim sendo, uma aglomeração produtiva de empresas pode surgir em
função de economias externas Marshallianas puras e, independente de seu tamanho
ou tempo de existência, não necessariamente deve ser classificada como um arranjo
ou distrito industrial. A simples coexistência destas empresas em um mesmo espaço
geográfico não lhes confere o caráter de arranjo produtivo ou distrito industrial dentro
da visão abordada neste trabalho, que pressupõe interação entre diversos agentes.
A concentração geográfica é um fator facilitador para inúmeros pontos que irão
favorecer o desenvolvimento do setor, como: a divisão do trabalho e a
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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especialização entre as pequenas empresas; a emergência de fornecedores de
matéria-prima e/ou componentes, de maquinários novos ou usados, bem como de
peças; o surgimento de serviços técnicos especializados; a criação de agência de
exportação, ou de vendas para o mercado interno distante; o surgimento de um
banco de trabalhadores especializados no trabalho deste setor específico; ações
conjuntas dos empresários locais sejam de empresas individuais colaborando umas
com as outras, ou ainda de um grupo de empresas, no formato de associações ou
consórcios de empresas.
A seguir, são apresentados os principais tipos de aglomerações e suas
definições encontradas na literatura.
2.3.1 Distritos industriais
No Brasil, distritos industriais referem-se particularmente a uma área
especialmente designada para o desenvolvimento de atividades industriais diversas,
não havendo entre as empresas deles participantes qualquer vínculo, seja por
afinidade de segmento ou por complementaridade de processos ou produtos. No
entanto, isto não significa que não possa haver mais de uma empresa atuante no
mesmo segmento instaladas no mesmo distrito, o que no caso caracterizar-se-ia por
mera coincidência dentro do foco aqui colocado. Mas este fato até então não é pré-
requisito para a criação e continuidade de existência de um distrito industrial. Os
terrenos que fazem parte desta área são geralmente doados pelo Estado, e visam
apoiar as atividades industriais buscando aquecer a economia local. Outros
benefícios podem ser concedidos, como isenção por tempo determinado de tributos
fiscais de âmbito municipal e até mesmo estadual, dependendo da negociação junto
ao governo de estado.
Os primeiros relatos sobre distritos industriais são de Marshall (1920), tendo
como base os distritos industriais da Inglaterra no final do século XIX. O conceito de
distrito industrial deriva de um padrão de organização comum à Inglaterra deste
período, onde as firmas especializadas na manufatura de produtos específicos
aglomeravam-se em centros produtores (REDESIST, 2005). Os Distritos Industriais
Marshallianos referem-se a regiões com uma estrutura econômica onde predominam
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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pequenas empresas, nas quais as economias de escala são pouco significativas,
limitando o tamanho do negócio; o encadeamento e cooperação com outras
empresas fora do distrito são praticamente inexistentes (MARKUSEN, 1995).
A reutilização do conceito de distritos industriais, a partir dos Distritos
Industriais Marshallianos, ocorreu primeiramente a partir da análise que enfocava os
aspectos relativos ao desenvolvimento comum da Terceira Itália, que apresentava
concentração de pequenas empresas, baseadas em uma indústria ou segmento
específico, como o têxtil, de calçados, cerâmicas etc., com uma intensa divisão de
trabalho e cooperação interempresarial. Estes distritos, chamados de Distritos
Industriais Italianos, e que são os mais citados na literatura, são fundamentalmente
determinados pelo processo histórico e pelas características da região, levando em
conta as relações sociais de uma maneira mais informal (LEMOS, 2003; ILHA et al.,
2006).
Sousa (apud ILHA, 2006) verificou as formas de organização que favoreceram
a flexibilidade no uso de recursos observada nesses distritos e distinguiu três tipos
de sistemas: o Municipalismo, que constituía a forma predominante no caso de
pequenas unidades de produção; o Capitalismo do bem estar ou Paternalismo, cujo
caráter estava voltado mais para as melhorias sociais, e o sistema familiar ou
“Sistema Motte”, pré-determinado por uma organização de produtores, tendo como
base a aliança informal. Estes foram os antecedentes mais próximos dos distritos
industriais, podendo ser entendidos como a gênese dos distritos industriais (ILHA,
2006).
Segundo Schmitz (1997), distrito industrial e clusters são algumas vezes
intercambiáveis. Porém, um distrito industrial é sempre um cluster, mas o inverso
não é verdadeiro. O conceito de distrito industrial implica em uma profunda divisão
do trabalho e na existência de cooperação. Os distritos industriais estão
fundamentalmente determinados pelo processo histórico e pelas características da
região, levando em conta as relações sociais de uma maneira mais informal. O
termo cluster refere-se apenas a uma concentração, aglomeração ou agrupamento
setorial e geográfico de empresas.
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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Segundo Casarotto e Pires (2001), em substituição ao termo distrito industrial,
pode-se também usar a denominação de “villagio produttivo”, tendo em vista que a
Vila Produtiva apresenta uma visão holística por ter as seguintes características:
Integração entre zonas habitacionais e produtivas;
Integração entre pequenas, médias e grandes empresas;
Integração intersetorial (área industrial, comercial, serviços, logística);
Integração da cadeia produtiva (produtores, fornecedores de insumos,
equipamentos, tecnologia, empresas de transporte etc.);
Nível significativo de autoconsumo;
Vínculos de solidariedade e caráter comunitário;
Cultura de profissões integradas.
Segundo Frigero (2006), a tipologia atual dos sistemas produtivos locais na
Itália subdivide-se em cinco níveis diferentes, segundo o seu processo evolutivo,
começando pelo tipo que se encontra em seu estágio mais inicial, embrionário, e
terminando com o tipo em um estágio de desenvolvimento máximo. São eles:
a) Agregações Produtivas Menores: são aquelas aglomerações formadas por
pequenas ou micro empresas. Estas aglomerações possuem modestos níveis de
industrialização e alta intensidade de mão de obra na fabricação dos produtos,
que em geral possuem um baixo valor agregado. A influência destas
aglomerações é somente local.
b) Sistemas Produtivos Locais: são áreas caracterizadas por elevada concentração
de empresas, mas não necessariamente com produção industrial especializada.
Possui uma modesta presença de atividade de informação, e estes tipos de
sistema tem suporte e subsídio por parte de instituições e assistência
tecnológica.
c) Distritos Industriais: Tem uma identificação geográfica firme e clara, expressa
através da concentração territorial. Existe uma forte especialização produtiva,
tanto tecnológica como de mercado. A produção é verticalizada, abrangendo
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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cotas significativas de mercado. Estes distritos têm um caráter sistêmico, com
uma forte interação e interdependência cooperativa e de competências entre os
atores, o que o possibilita absorver rapidamente as mudanças, tanto de mercado
quanto de produto. Este sistema, para ser considerado um distrito, deve exportar
mais de 50% de toda a sua produção, sem o que não poderá ser considerado um
Distrito Industrial. A Região Lombardia, em Milano, possui dezesseis distritos
industriais.
d) Cadeia “Filiera”: este tipo ocupa uma espacialidade em âmbito regional. Possui
uma elevada especialização, e uma forte presença de uma empresa líder. O
processo de inovação desenvolve-se em rede. Essas empresas são conectadas
virtualmente, e parte de seu processo produtivo é realizado de maneira
terceirizada. Como exemplo, Frigero (2006) cita o caso dos sapatos na Itália
Central.
e) Meta Distritos: visto a nível espacial, é o desenvolvimento de distrito numa visão
globalizada. São áreas de excelência, onde há uma integração estreita entre os
agentes, com fortes vínculos de cooperação com o mundo da investigação e
inovação e, portanto interação no desenvolvimento de atividades de P&D. Estes
Meta Distritos, extremamente desenvolvidos, hoje são núcleos que cuja força
está firmemente estribada no capital intelectual, o principal elemento para a
implementação da dinâmica de um Distrito. Como exemplo, o autor cita o caso da
Região Lombardia, em Milano.
Clusters industriais 2.3.2
Segundo a REDESIST (2005), ao longo da década de oitenta, desenvolveu-se
o conceito de cluster, centrado na análise das formas de relações interempresariais,
vinculadas à existência de alguns aglomerados industriais regionais de sucesso em
termos mundiais. Este termo é comumente utilizado para denominar as
aglomerações de empresas. O termo associa-se à tradição anglo-americana e
refere-se a aglomerados de empresas que desenvolvem atividades similares.
Para Porter (1998), clusters são concentrações geográficas de empresas e
instituições interligadas em uma área setorial específica, onde está harmonizado um
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
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grande número de indústrias ligadas umas às outras, bem como outras entidades,
importantes para a competição. Estas empresas e entidades incluem, por exemplo,
fornecedores de suprimentos especializados e freqüentemente estendem seu fluxo
tanto para canais e consumidores quanto para fabricantes de produtos
complementares e para indústrias ligadas pelas mesmas especialidades,
tecnologias, ou suprimentos. Muitos clusters incluem instituições governamentais e
outras, tais como universidades, consultorias, agências de treinamento, associações
comerciais – que provêm treinamento especializado, educação, informação,
pesquisa e suporte técnico. Na visão do autor, a rivalidade é o principal ingrediente
da competitividade, e o fator que evita o fracasso em um cluster. A visão do autor,
em um primeiro momento, era o de uma rivalidade mais acirrada. Em sua visão
posterior, ele admite a cooperação, mas em nível verticalizado.
Para Suzigan (2000), as características mais importantes de um cluster
resumem-se em: interação das empresas por meio de interconexões de produção,
comércio e distribuição, cooperação em marketing, promoção de exportações,
compra de insumo e atividades de P & D. É necessário, também, verificar a
presença de economias externas, concentração de mão-de-obra especializada,
transbordamentos (spillovers) tecnológicos, entre outros, fatores que favorecem a
especialização.
Para Eurada (apud CASAROTTO e PIRES, 2001), clusters são concentrações
geográficas de empresas e instituições interconectadas num campo particular,
envolvendo fornecedores, maquinaria, equipamentos, serviços e infra-estrutura. São
massas críticas de informações, qualificações, relacionamentos e infra-estrutura em
dado setor. As empresas e instituições deles participantes são ligadas por relações
comerciais, clientelas, sociedades.
Segundo Casarotto e Pires (2001, p. 69), “o cluster desenvolve-se sobre a
vocação regional e pode conter empresas produtoras de produtos finais, verticalizar-
se a jusante (serviços) ou a montante (fornecedores), além de incluir associações de
suporte privadas ou ligadas ao governo”. Desta forma, Clusters ou aglomerações
não podem ser criados. Estes normalmente surgem de forma espontânea em virtude
da presença de economias externas e outras condições locais favoráveis. Por isso,
sua criação não pode ser objeto de políticas (SUZIGAN, 2001).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
51
Para Altenburg e Meyer-Stammer (2005), clusters, em sentido amplo, apenas
retratam concentrações locais de certas atividades econômicas. Os padrões de
interação em um cluster são complexos, tornando-se impossível formular uma
definição precisa de cluster ou estabelecer uma separação clara entre aglomerações
puras e clusters complexos. Mesmo assim, a definição de cluster para estes autores
é uma aglomeração de tamanho considerável de firmas numa área espacialmente
delimitada com claro perfil de especialização e na qual o comércio e a
especialização interfirmas são substanciais.
2.3.3 Arranjos Produtivos Locais
O que deu origem ao termo Arranjo Produtivo Local (APL) foram os exemplos
ocorridos nos distritos industriais Italianos da chamada Terceira Itália e no Vale do
Silício, Califórnia. Os Arranjos Produtivos Locais são aqueles casos onde as
empresas participantes ainda não estão tão fortemente vinculadas e articuladas
(BNDS, 2005; REDESIST, 2005).
Segundo Cassiolato e Lastres (2003, p. 5) Arranjos Produtivos Locais são
aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com
foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam
vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a
interação de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e
serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras
de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas
variadas formas de representação e associação. Incluem, também, diversas
outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e
capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades);
pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e
financiamento.
Para o BNDS (2005), a característica principal dos APLs é a presença de
pequenas e médias empresas concentradas espacialmente em alguns dos elos de
uma cadeia produtiva e o alto índice de cooperação entre as empresas.
Os arranjos produtivos são aglomerações de empresas localizadas em um
mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo
de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com atores locais
como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
2
O que caracteriza um APL é a existência de aglomeração de um número significativo
de empresas que atuam em torno de uma atividade principal (SEBRAE, 2006).
No Termo de Referência, elaborado pelo Grupo de Trabalho Permanente para
Arranjos Produtivos Locais (MIDC, 2006), um APL deve ter um número significativo
de empresas individuais na região, atuando em torno da mesma atividade produtiva
predominante, e partilhando formas percebidas de cooperação e alguns
mecanismos de governança. Pode incluir empresas de pequeno, médio e grande
porte.
2.3.4 Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
A abordagem sistêmica apresentada no capítulo anterior é a base para as
definições das aglomerações produtivas dentro de um enfoque sistêmico. O conceito
de sistemas de inovação trata de questões referentes à diversidade e ao papel dos
investimentos intangíveis em atividades de aprendizado interativo, envolvendo não
apenas a empresa, mas também instituições de ensino e pesquisa, apoio, serviços,
financiamento, governo etc.
O foco deste conceito são as ligações entre instituições e suas estruturas de
incentivos e capacitações. A busca por maior competitividade passa a depender da
criação e renovação das vantagens competitivas associadas ao aprendizado, à
qualidade e produtividade dos recursos humanos e à capacitação produtiva e
inovadora das empresas (CASSIOLATO, 2000 apud LEMOS, 2003).
A REDESIST (2005, p.10) adota a definição de Sistemas Produtivos Locais
como
aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um
mesmo território, que apresentam vínculos consistentes de articulação,
interação, cooperação e aprendizagem. Incluem, não apenas empresas -
produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e
equipamentos, prestadoras de serviços, comercializados, clientes etc. e
suas variadas formas de representação e associação – mas também outras
instituições públicas e privadas voltadas à formação e treinamento de
recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento engenharia, promoção e
financiamento.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
3
Para Cassiolato e Lastres (2003, p.03), o conceito principal, a partir do qual se
propõe caracterizar arranjos e sistemas produtivos locais, é o de sistemas de
inovação. Segundo estes autores,
um sistema de inovação pode ser definido como um conjunto de instituições
distintas que conjuntamente e individualmente contribuem para o
desenvolvimento e difusão de tecnologias. Em termos gerais, tal sistema é
constituído por elementos (e relações entre elementos) onde diferenças
básicas em experiências históricas, culturais e de língua refletem-se em
idiossincrasias em termos de: organização interna das empresas,
articulações entre elas e outras organizações, características sociais,
econômicas e políticas do ambiente local, papel das agências e políticas
públicas e privadas, do setor financeiro etc.
Analisando esta definição pelo enfoque sistêmico, esta capacidade de gerar
inovações pode ser visualizada como a adaptabilidade do sistema, que depende
desta capacidade inovativa para manter-se em equilíbrio com o meio ambiente.
Ainda, tendo em vista que a capacidade de gerar inovações é o fator chave na
competitividade sustentada de empresas e nações, estes mesmos autores propõem
o conceito de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPILs) como sendo aqueles
“arranjos produtivos em que a interdependência, a articulação e os vínculos
consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de
gerar o incremento da capacidade inovativa endógena da competitividade e do
desenvolvimento local (CASSIOLATO e LASTRES, 2003). Para esses autores, os
SPILs representam um estágio mais avançado e amadurecido dos APLs.
2.3.5 Sistemas Econômicos Locais
Para Casarotto e Pires (2001), um Sistema Econômico Local (SEL), ou Sistema
Produtivo Local (SPL), pode ser definido como um sistema microregional competitivo
que se relaciona de forma aberta com o mundo e com forte concentração dos
interesses sociais.
Para Eurada (apud CASAROTTO e PIRES, 2001), esses sistemas são redes
cooperativas de negócios caracterizadas pela concentração territorial, por
especialização em torno de um produto básico e por ativa solidariedade entre os
vários atores. Podem, ainda, ser definidos como ”uma configuração de pequenas e
médias empresas agrupadas em determinada área ao redor de uma profissão ou
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
4
negócio, em contato e interagindo como um grupo com o ambiente social e cultural
local, e não somente negócios” (p. 84-85). É fruto de um planejamento regional em
que se busca ter aglomerações econômicas competitivas, com o adicional do fator
social comunitário. O ambiente sócio cultural, bem como a solidariedade, são os
elementos que diferenciam os Sistemas Produtivos Locais dos clusters.
Enquanto em um cluster o objetivo fim é melhorar sua competitividade, em um
Sistema Econômico ou Produtivo Local seu objetivo fim é melhorar a qualidade de
vida dos habitantes da região. Segundo estes autores, pouco adianta intervir para
melhorar a competitividade da cadeia ou das empresas se persistirem na região uma
má distribuição de renda, baixa renda per capita e alta taxa de desemprego
(CASAROTTO e PIRES, 2001).
2.3.6 Sistemas Locais de Produção
Suzigan (2003) apresenta quatro estágios destes sistemas. No entanto, há de
se considerar que estes estágios não se referem necessariamente a aglomerações
em estágio de serem consideradas arranjos produtivos, ou sistemas inovativos, ou
outra definição que se aplique a uma aglomeração em estágio de interação entre os
atores. As definições propostas por este autor referem-se ao estágio de
desenvolvimento econômico das aglomerações, bem como à sua importância
econômica para a região ou para o setor. Não se trata, portanto, de classificá-los
como arranjos produtivos em estágio inicial, intermediário ou avançado, mas sim o
quanto o aglomerado de empresas influencia a local, regional ou nacional.
Para Suzigan et al (2003), um sistema local de produção comporta um
conjunto de empresas com capacidades relacionadas ou afins, de portes variados.
Mas em geral, é caracterizado por um conjunto expressivo de pequenas e médias
empresas que não estão integradas verticalmente. Este autor classifica os SLPs em
quatro tipos básicos, em função de dois fatores: de sua importância local e de sua
importância econômica para o setor. Na Figura 3 é apresentado um esquema
representativo da tipologia de SLPs, de acordo com sua importância.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
5
Fonte: Adaptado de Suzigan, 2003.
3
Vetores avançados
Importantes para o setor,
mas o desenvolvimento
regional não depende deles
de forma tão expressiva.
4
Núcleos de desenvolvimento
setorial-regional
Destacam-se duplamente: pela
sua enorme importância para
uma região e para o setor de
atividade econômica
1
Embrião de arranjo
produtivo
Pouca importância para o
seu setor.
2
Vetor de desenvolvimento
local
São importantes para uma
região, mas possuem pouca
importância para o setor.
IMPORTANCIA PARA O SETOR
IMPORTÂNCIA LOCAL
FIGURA 3 – Tipologia de SLPs segundo sua importância e complexidade
2.3.6.1 Embrião de Arranjo Produtivo
Pode ser caracterizado como aquele que possui pouca importância para o seu
setor e convive, na região, com outras atividades econômicas. Representa a
categoria mais numerosa de SLPs. O pacote de política industrial para estes
embriões deveria estar associado a um conjunto de etapas, cada qual com diretrizes
locais claras, tanto em termos de recursos quanto em termos de comprometimento.
2.3.6.2 Vetor de Desenvolvimento Local
São importantes para uma região, embora não possuam uma contribuição
decisiva para o setor principal a que estão vinculados – exatamente o oposto dos
vetores avançados. São aqueles para as quais a política de desenvolvimento está
mais habilitada. Estes arranjos já superaram o estágio embrionário, tendo sua
importância local reconhecida. Mas têm ainda que desbravar terrenos e corrigir
trajetórias, sendo possível evitar os mesmos erros cometidos pelos SLPs em
estágios já mais avançados.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
6
2.3.6.3 Vetores Avançados
Possuem enorme importância para o setor - devido a sua participação na
produção e no emprego - mas estão diluídos em um tecido econômico muito maior e
mais diversificado: eles são importantes para o setor, mas o desenvolvimento
regional não depende deles de forma tão expressiva. Pode dizer, então, que a
região é importante para o setor, mas o setor não tem uma representatividade tão
grande para a região. É dito daqueles SLPs localizados em uma grande região
metropolitana. Estes dificilmente podem ter as suas políticas assimiladas a uma
dimensão predominante de desenvolvimento regional, tendo em vista que
representam um peso mínimo em regiões normalmente já bem desenvolvidas e com
tecido econômico diversificado e integrado. Não significa, no entanto, que sistemas
deste tipo não estejam, ou não possam estar, bem estruturados e concretos.
2.3.6.4 Núcleo de Desenvolvimento Setorial-Regional
Estes tipos de SLPs se destacam duplamente: pela sua enorme importância
para uma região e para o setor de atividade econômica em torno do qual as suas
atividades estão nucleadas. Desenvolveram-se de forma vigorosa e ao longo do
tempo. Possuem uma função industrial produtiva hiper desenvolvida relativamente
às suas duas funções principais: a industrial e a comercial. Estas funções estão
voltadas para a superação de dependência nos canais e nas formas de
comercialização e para o desenvolvimento de produtos, fixação de marcas, registro
de patentes, design e qualidade.
2.3.7 As aglomerações produtivas e o modelo sociotécnico de Tavistock
Considerando as aglomerações produtivas sob o enfoque do modelo sistêmico
sociotécnico de Tavistock, podemos ter a concepção de que toda aglomeração,
quando começa a mover-se para um estágio mais desenvolvido, pode ser expressa
como na Figura 4.
Para tanto, como partes componentes do subsistema técnico, tem-se as
instalações físicas das empresas, maquinas e equipamentos, tecnologia, e atividade
da aglomeração (como reuniões, treinamentos conjuntos e outros).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
5
7
Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2000.
Eficiência Real Eficiência Potencial
Pessoas (proprietários, colaboradores, dirigentes dos
diversos agentes locais). Relações sociais (interação
entre os dirigentes das empresas, e entre
os dirigentes
das empresas e os agentes locais). Habilidades e
capacidades (know-how de cada empresa).
Necessidades (de compra de matéria prima e insumos,
de treinamento, entre outras) e aspirações (objetivos
comuns a serem atingidos pelas empresas da
aglomeração).
Instalações físicas (das empresas participantes da
aglomeração)
Maquinas e equipamentos
Tecnologia
Exigências da atividade da aglomeração.
Subsistema Social Subsistema Técnico
SISTEMA SOCIOTÉCNICO
FIGURA 4 – O aglomerado de empresas sob o enfoque sistêmico-sociotécnico
O subsistema social é composto por pessoas, suas relações (cooperação,
compartilhamento, interação entre os dirigentes das empresas, e entre os dirigentes
das empresas e os agentes locais), habilidades e capacidades de cada empresa e
de seus respectivos quadros de pessoal, e aspirações, que se traduzem nos
objetivos comuns a serem atingidos pelas empresas da aglomeração.
Assim, o modelo sociotécnico resume os dois aspectos mais importantes de
uma aglomeração produtiva: o técnico e o social. Os dois são interdependentes e
essenciais uns ao outro. A existência e razão de ser do aspecto social são
totalmente voltadas aos objetivos materiais do sistema. É em torno da busca de seu
crescimento material que o subsistema social se reúne e coordena todas as partes.
A aglomeração estará em perfeito equilíbrio quando forem harmonizados estes dois
subsistemas.
2.3.8 Convergência das tipologias
As tipologias, seus conceitos e definições propostos na literatura, embora
concordem ou discordem em alguns pontos, convergem para um mesmo ângulo, o
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
58
de que estas empresas, de uma maneira ou de outra, possuem uma forte ligação
entre si. Então, deve se considerar uma aglomeração produtiva como o estágio
inicial e pré-requisito para a formação ou constituição de um Arranjo Produtivo Local
ou Sistemas Produtivos Locais.
As aglomerações, quando definidas em seu estágio inicial, podem ser
referidas como simples embriões (SUZIGAN, 2003), ou como agregações produtivas
menores (FRIGERO, 2006). A segunda categoria de aglomerações produtivas,
segundo Suzigan (2003), é o Vetor de Desenvolvimento Local (VDL). Mas esta
definição está mais relacionada com o seu potencial econômico em relação a uma
região ou setor do que com sua estrutura organizacional e cultural ou interação
existente entre as empresas participantes do aglomerado. O mesmo acontece com a
terceira categoria de aglomeração, que Suzigan (2003) denominou de Vetor
Avançado (VA).
Desta forma, consideremos o grau mais avançado de aglomeração como
sendo o NDRS (SUZIGAN, 2003). A este, podemos equiparar o conceito de SPILs, o
que implica que seus elementos participantes estão perfeitamente engajados em
busca de um objetivo comum, interagindo de forma sistêmica. Assim, considerando
o conceito de sistema no enfoque da TGS (CHIAVENATO, 2000) infere-se que este
último conceito relativo a aglomerado produtivo trata-se de seu estágio mais
avançado de uma aglomeração produtiva, dotada de órgãos que a regulem como,
por exemplo, uma governança bem estruturada e amadurecida, que seja capaz de
conduzir seus elementos participantes em busca do alvo coletivo.
As tipologias aqui estudadas convergem para aglomerações em estágio de
interação entre os atores. O que diverge é o ponto de vista de cada autor que as
analisa segundo seu enfoque ou interesse principal, seja este o de inovação, ou
segundo o número de PMEs, ou segundo o número de trabalhos que gera em uma
região, ou ainda segundo o contingente de mão-de-obra específica que esta lança
no mercado onde atua.
Ao analisar as várias tipologias de aglomerações produtivas, é importante
lembrar que estas não são adaptáveis a todos os territórios e variedades de
aglomerações indiscriminadamente, e que cada aglomeração ou governança local
poderá escolher o conceito que mais lhe agradar. Deve-se observar o contexto
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
59
histórico-cultural da região e o foco que os atores participantes pretendem buscar.
Para Lemos (2003), cada aglomeração é resultante geralmente da superposição de
normas e afinidades sociais e econômicas. A região é uma escala intermediária
entre o local e o nacional, o que torna difícil a caracterização uniforme de cada
aglomeração.
O Quadro 5 apresenta um esquema representativo da tipologia das
aglomerações produtivas, segundo o seu estágio de desenvolvimento, proposto a
partir das definições encontradas na literatura.
5
Meta Distritos
4
Cadeia "Filiera"
3
Distritos Industriais
Núcleo de Desenvolvimento
Setorial-Regional
Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais
2
Sistemas Produtivos
Locais
Vetores Avançados
Sistemas Produtivos
Locais
1
Agregações Produtivas
Menores
Vetor Desenvolvimento
Local
Arranjo Produtivo Local
NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO
Frigero (2006) Suzigan (2003)
Lastres e Cassiolato
(2003)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2006.
QUADRO 5 – Tipologia das aglomerações produtivas segundo o nível de desenvolvimento
2.4 Fatores e modelos de análise da competitividade
Vários são os fatores que proporcionam competitividade, tanto a empresas
individualmente quanto coletivamente. Para Campos (2004), ser competitivo é ter a
maior produtividade entre seus concorrentes. Segundo as análises tradicionais sobre
competitividade, a vantagem competitiva das empresas depende de uma liderança
nos custos de produção e localização, o que garante preços mais competitivos no
mercado.
Slack (1993) apresenta uma análise clássica da competitividade, composta por
cinco elementos básicos: a) Qualidade: entendida pelo autor como a ausência de
erros no processo produtivo e no produto; b) Velocidade: redução do lead time;
c) Confiabilidade: manutenção dos prazos de entrega prometidos; d) Flexibilidade:
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
6
0
capacidade da manufatura de migrar de uma configuração para outra, adaptando a
operação às alterações requisitadas pelo mercado consumidor; e e) Custos: oferecer
produtos mais baratos do que o concorrente, através da otimização do processo
produtivo e aquisição de matérias-primas a preços mais acessíveis.
Para Schmitz (1992; 1997), a competitividade de um distrito industrial se
traduz não somente pelas economias externas, mas também em termos da ação
conjuntas e dos vínculos existentes entre estes agentes, o que ele denomina
eficiência coletiva, evitando, portanto, análise individual das firmas. Este conceito
busca associar a eficiência coletiva tanto aos efeitos incidentais das externalidades,
como àqueles efeitos que emergem a partir da ação deliberada de cooperação entre
os agentes locais.
Para Porter (1990, 1998, 2001), são quatro as fontes de vantagens
competitivas de aglomerações de empresas. Ele coloca estas quatro fontes de
vantagens em quatro vértices de uma estrutura que ele chama de “diamante”,
expresso na Figura 5. Este esquema apresentado por Porter (1990) busca
representar a interdependência entre os quatro vértices que determinam a vantagem
competitiva nacional. Estes vértices são:
Contexto para a
estratégia e
rivalidade das
empresas
Condições de
demanda
Condições dos
fatores (insumos)
Setores correlatos
e de apoio
Fonte: adaptado de Porter, 2001
FIGURA 5 - As fontes de vantagens competitivas da localização: o “diamante” de Porter
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
61
a)
b)
c)
d)
As condições de fatores disponíveis aos produtores: esta fonte de
vantagens inclui os ativos tangíveis e intangíveis, tais como: disponibilidade
de mão-de-obra qualificada, especializada e experiente nas atividades
inerentes ao cluster, o que reduz os custos com treinamento e qualificação
da mão-de-obra; infra-estrutura física adequada, como um melhor sistema
de malha viária de acesso à região do cluster; sistema legal e um ajuste da
carga tributária em decorrência de solicitações coletivas, que são mais
efetivas do que as solicitações isoladas; instituições de ensino e pesquisa a
que recorrem às empresas.
As condições de demanda: a presença de uma base de clientes locais
sofisticados e contestadores, cujas necessidades antecipam a procura
externa, pressionam as empresas a melhorarem constantemente suas
vantagens competitivas, através de produtos inovadores, com crescente
aumento de qualidade. As condições de demanda do mercado interno
dependem, portanto, da evolução das empresas que passam de uma fase
de simples imitação de produtos e serviços de qualidade para o processo
competitivo com base na diferenciação.
Contexto para estratégia e rivalidade da empresa: para Porter (1998), uma
característica compartilhada pelas economias competitivas consiste na forte
concorrência entre as empresas nacionais. De forma semelhante, sem uma
vigorosa competição, um cluster tende a falir. A competição pode coexistir
junto à cooperação, uma vez que estas ocorrem em dimensões diferentes e
entre diferentes agentes. A cooperação é vista pelo autor como sendo em
sua maior parte vertical, envolvendo companhias e indústrias correlatas e
instituições locais.
Existência de setores correlatos e de apoio: a presença de indústrias
correlatas e de apoio é uma das externalidades mais importantes
verificadas nas aglomerações produtivas. Os serviços especializados
podem ser listados em diversas categorias, podendo estar relacionados
com a manutenção de máquinas e equipamentos; fornecimento e provisão
de informações técnicas e de mercado; serviços na área de normatização e
certificação de qualidade; escritório de exportação; ou etapas no processo
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
6
2
de produção. Tendo em vista que as indústrias correlatas e de apoio irão
atender um número maior de clientes, aquelas poderão praticar preços mais
baixos.
Considerando estes fatores apresentados, é importante lembrar que o
fornecimento local minimiza a necessidade de estoque, restringe o comportamento
oportunista dos fornecedores, facilita a comunicação e a prestação de serviços
auxiliares ou de apoio. A existência de um aglomerado de empresas trabalhando na
mesma atividade confere à localidade uma boa reputação relacionada àquela
atividade, fazendo com que os compradores se sintam mais confiantes em adquirir
produtos daquela região, sendo este um fator decisivo no momento da opção de
compra (SANTOS, 2005).
Porter (1998) vê a localização como fundamental para a competitividade de
uma empresa, porém ressalta também que a competição no mundo atual é muito
mais dinâmica e a vantagem competitiva consiste num aproveitamento muito mais
produtivo dos fatores de insumo, o que requer inovação contínua. Segundo o autor,
a abundância de alguns fatores, como mão-de-obra e matéria-prima, por exemplo,
podem levar as empresas a uma situação de conforto e não buscarem alternativas
inovadoras. Por outro lado, quando esses e/ou outros fatores se tornam escassos,
as empresas se vêem em situação de buscar alternativas para solucionar os
problemas decorrentes da escassez dos fatores, o que as leva a se tornarem
inovadoras e mais dinâmicas.
Muller (1995 apud FUINI, 2006), ressalta que a competitividade baseada no
objetivo de conquistar, manter e ampliar a participação no mercado fundamenta-se
em uma complexidade de caminhos e opções de ordem econômica, sócio-política e
cultural. Isto propõe o estudo da competitividade por meio de vários caminhos
possíveis.
Para Matesco e Hasenclever (2000), os principais eixos da competitividade e
da estratégia empresarial são:
Estratégias de exportação;
Acesso a novas tecnologias e difusão de inovações;
Parcerias e cooperação externa;
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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3
Qualificação da mão-de-obra;
Qualidade da administração e gestão.
Considerando estes eixos, Fuini (2006) propõe dez fatores básicos
determinantes da competitividade, oriundos das análises da economia industrial,
acrescendo a estes elementos de ordem política, social e cultural. São eles:
(i) Produtividade: elemento básico de competitividade, calculado pela razão
produto/unidade de trabalho/tempo, ou pela divisão do valor adicionado e
agregado de uma determinada atividade pelo número de empregados na
mesma, considerando-se o uso de maquinários modernos e as habilidades da
mão-de-obra.
(ii) Inovação: consideram-se aqui os investimentos em: equipamentos
tecnológicos; métodos e procedimentos gerenciais, administrativos e
produtivos; no acabamento e diversidade do produto, e a disponibilidade de
centros de pesquisa e de controle de qualidade local.
(iii) Estratégias comerciais e condições de demanda (comércio interno e externo):
formas pelas quais os produtores divulgam seu produto e realizam as vendas.
(iv) Redes de serviços e indústrias correlatas e de apoio: incluem-se aqui as
indústrias fornecedoras de insumo local, empresas de prestação de serviços,
entre outras ligadas à aglomeração.
(v) Infra-estrutura logística: estradas e portos, bem como rede informacionais,
que permitem a escoação da produção e agregação de valor ao produto na
cadeia via intercambio de conhecimentos e informações.
(vi) Mercado de trabalho local: centros educacionais e de treinamento visando a
qualificação e especialização da mão-de-obra.
(vii) Agências de financiamento e crédito
(viii) Cooperação entre atores: identificação do tipo de relação estabelecida entre
as empresas locais e destas com as entidades representativas, instituições
locais e o poder público, avaliando-se o objetivo de tais parcerias, os
benefícios obtidos com as mesmas e as razões da possível precariedade de
tais laços.
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
6
4
(ix) Governança da aglomeração: é a estrutura organizacional do aglomerado
produtivo, a qual define as principais estratégias coletivas do arranjo e a
forma como estas serão implementadas.
(x) Recursos naturais: atributos geográficos que propiciem o desenvolvimento de
uma atividade específica como, por exemplo, argila de boa qualidade para
indústrias cerâmicas.
Para Fuini (2006), estes são elementos básicos direcionadores da
competitividade. Mas, certamente, dependendo da atividade básica principal, nem
todos serão relevantes. Por exemplo, no caso específico do setor de Móveis de
Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística, o último fator – recursos naturais –
não é relevante para a competitividade, uma vez que não são utilizados recursos
naturais no processo de produção, exceto a água. Mas este recurso não é utilizado
em quantidade crítica.
2.4.1 Outras considerações
Segundo o relatório do SEBRAE (2005), a competitividade da indústria
brasileira se ampliou no início desta década como resultado dos esforços
empreendidos pelas industriais que buscam elevar a qualidade no seu processo de
produção e, consequentemente, de seus produtos. Esta, porém, não é uma
realidade que alcança todas as empresas. Em especial as Micro e Pequenas
Empresas ainda carecem de atenção e seus níveis de competitividade mantém-se
aquém do desejado. Diante destas e outras considerações, é importante avaliar a
competitividade das aglomerações produtivas.
Segundo Porter (1998), a capacidade competitiva gerada por essas
concentrações geográficas de empresas e instituições, interconectadas em uma
área específica, é um paradoxo para um mundo globalizado, pois as vantagens
necessárias em uma economia global são crescentemente vinculadas a aspectos
locais como conhecimento, relacionamento e motivação. E é essa capacidade de
gerar mecanismos informais e não planejados de comunicação que a proximidade
geográfica entre empresas permite desenvolver. Porém, independentemente de sua
estrutura e origem, essas regiões têm em comum a capacidade de mobilizar capital
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Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
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5
social de maneira integrada e objetiva. A idéia de capital social, embora possa
abranger vários aspectos, aqui se refere principalmente a três fatores: confiança
mútua, legislação e relacionamento (BOARI e PRESUTTI, 2004).
Os dois primeiros aspectos constroem-se ao longo do tempo, através de
interações e mobilizações de recursos entre os interessados, e ambos atuam como
limitadores a ações com cunho eminentemente individuais. Devem atuar com a
finalidade de provocar os indivíduos a agirem de maneira interativa, ao invés de
oportunística e individualmente. O terceiro aspecto, de relacionamento, envolve o
relacionamento interno (entre clientes, fornecedores, concorrentes), o
relacionamento com o ambiente externo (governo, universidades, institutos de
pesquisa), e ainda a troca de informações (feiras, encontros, publicações, patentes)
(BOARI e PRESUTTI, 2004).
Como conseqüência do desenvolvimento desse capital social, essas
aglomerações apresentam características que as tornam extremamente competitivas
como: acesso a informações especializadas, complementariedades entre empresas,
produtividade melhorada, acesso facilitado a fornecedores e a empregados
especializados, contato mais efetivo com instituições de apoio, facilidade de acesso
a recursos públicos, facilidade em realizar benchmarking, e maiores oportunidades
de gerar inovação (PORTER, 1998).
Quanto à constituição e elaboração de políticas de apoio, para Porter (1990),
o setor privado deve ter o papel de líder na constituição do cluster. Ao governo, cabe
o papel de formular políticas que possam induzir o desenvolvimento dos clusters
existentes. O autor é contrário a políticas tradicionais, como as que concedem
subsídios e proteção contra a concorrência externa. Isto se deve ao fato de que as
preocupações do autor estão concentradas nas vantagens competitivas das nações
em uma economia globalizada. Para ele, o fenômeno dos clusters é de difícil
entendimento fora do contexto de uma teoria mais ampla da concorrência e da
influência da localização na economia global.
Porter enfatiza sua análise de aglomerações à existência de forças de
rivalidade entre as empresas locais, que por sua vez são movidas por meio da
interação entre as condições competitivas expressas no “diamante”. E é notório que
a intensa cooperação entre os agentes é uma das molas propulsoras para o sucesso
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 2 As abordagens sobre aglomerações produtivas de empresas: Histórico, conceitos e definições
6
6
de uma aglomeração, principalmente quando se volta a atenção aos distritos
industriais Italianos. Porter (1998), mesmo admitindo a existência de importância da
cooperação entre as empresas, ele restringe as possibilidades em alguns campos
específicos, tais como no treinamento da mão de obra e nas relações usuário
produtor. As relações cooperativas de longo prazo que são estabelecidas entre os
agentes, que se constituem em elementos importantes de dinamismo da
aglomeração produtiva, acabam sendo subestimadas. A manutenção dessas
relações de longo prazo é capaz de criar laços mais sólidos entre os agentes e
fomentar projetos conjugados de investimento.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Método da abordagem
Define-se como método científico o conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos adotados para se atingir o conhecimento (GIL, 1999).
Para Lakatos e Marconi (2001), o método é o conjunto de atividades
sistemáticas e racionais que permite alcançar o objetivo a que se propõe o
pesquisador ou cientista, traçando o caminho a ser seguido. Caracteriza-se por uma
abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da
natureza e da sociedade.
É denominado método de abordagem, que engloba o indutivo, o dedutivo, o
hipotético-dedutivo e o dialético (LAKATOS e MARCONI, 2001).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
3.1.1
3.2.1
Método indutivo
O método indutivo, proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume,
parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho
de coleta de dados particulares. Indução é um processo mental por intermédio do
qual, partindo de dados particulares constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas (LAKATOS e MARCONI, 2001).
Para os empiristas, o conhecimento é fundamentado exclusivamente na
experiência, sem levar em consideração princípios pré-estabelecidos. Nesse
método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam
conhecer. Em seguida, busca-se compará-los objetivando descobrir as relações
entre eles.
Por fim, procede-se à generalização, baseada em relação verificada entre os
fatos ou fenômenos. O objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo
conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.
Assim como o método dedutivo, também o indutivo fundamenta-se em premissas.
Mas, se nos dedutivos, premissas verdadeiras levam inevitavelmente à conclusão
verdadeira, nos indutivos, conduzem apenas a conclusões prováveis (GIL, 1999;
LAKATOS e MARCONI, 2001).
Logo, para atingir o objetivo proposto neste trabalho, foi utilizado como método
científico o indutivo, por ser considerado o método mais adequado para este tipo de
investigação.
3.2 Classificação da pesquisa
A pesquisa pode ser classificada da seguinte forma:
Do ponto de vista de sua natureza
A pesquisa objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à
solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais.
Portanto, do ponto de vista da sua natureza, trata-se de pesquisa aplicada (SILVA,
2001).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 3 Procedimentos metodológicos
69
3.2.2
3.2.3
Do ponto de vista da forma de abordagem
Em função dos seus objetivos, a pesquisa é basicamente quantitativa, pois esta
abordagem considera que tudo pode ser quantificável, traduzindo em números
opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (SILVA, 2001).
Ainda com relação à abordagem, para cumprir outros objetivos da pesquisa,
aplica-se também procedimentos qualitativos complementares. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são básicos no processo deste tipo de
abordagem. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados sendo o
pesquisador o instrumento-chave. É descritiva, e o processo e seu significado são os
focos principais de abordagem (SILVA, 2001).
Do ponto de vista de seus objetivos
Trata-se de pesquisa descritiva, visando descrever as características das
empresas do setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística de
Ponta Grossa.
3.3 Método de procedimento
Esta pesquisa buscou levantar questões do tipo “quem”, “o que”, “onde” e
“quantos” (YIN, 2001), para que se pudesse conhecer o objeto de estudo:
Quem: as empresas;
O que: a relação existente entre estas;
Onde: no setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística de
Ponta Grossa;
Quantos: o número de empresas a serem pesquisadas.
Estas questões e, conseqüentemente, suas respostas foram necessárias para
analisar as empresas que fazem parte do referido setor. Portanto, uma das
estratégias apropriadas foi o levantamento (survey). Este tipo de procedimento se
caracteriza pela interrogação direta das pessoas (SILVA e MENEZES, 2001), no
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 3 Procedimentos metodológicos
7
0
caso os empresários das EPPs e EMPs do setor de Móveis de Metal e Sistema de
Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, cujo comportamento se buscou
conhecer.
Porém, uma vez que o propósito da pesquisa foi explorar a situação da vida
real cujos limites não estavam claramente definidos e descrever a situação do
contexto em que estava sendo feita a investigação para que pudesse ser estudado
muito detalhadamente o objeto da presente pesquisa, pode-se dizer que este
levantamento apresentou uma característica predominante de estudo de caso (GIL,
1999; YIN, 2001).
3.4 A população
A população que compõe o referido setor é formada por dezessete empresas,
cuja atividade econômica é predominantemente a de número 3612-9, “Fabricação de
móveis com predominância de metal”, e com menor predominância a de número
2899-1 “Fabricação de outros produtos elaborados de metal”, segundo a CNAE
(IBGE, 2004).
Inicialmente, optou-se por realizar um senso do setor. Porém, duas das
dezessete empresas não responderam à entrevista, mesmo depois várias tentativas
de agendamento por telefone, via e-mail, e visitas pessoais no local da empresa. A
amostra, portanto, configurou-se como não probabilística, por acessibilidade.
Incluem-se também no escopo da pesquisa as instituições de ensino, pesquisa
e apoio. Segundo informações obtidas junto aos empresários, as instituições
apontadas como relativas ao setor são onze, e foram todas visitadas e entrevistadas.
Nestas instituições, que estão ligadas ao referido setor, foi realizado o plano de
amostragem censitária.
3.5 Instrumento de coleta de dados
A técnica utilizada para a coleta de dados nas empresas (LAKATOS e
MARCONI, 2001) constituiu-se do Questionário 1, conforme Anexo A, e Questionário
2, conforme Anexo B. Os questionários continham questões fechadas e abertas.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 3 Procedimentos metodológicos
71
Para as visitas às instituições, foi utilizado um roteiro, conforme Anexo C, para
entrevista semi-estruturada, com questões abertas.
3.5.1 A coleta de dados
O procedimento constituiu-se de visitas a cada uma das quinze empresas
individualmente, onde as informações foram solicitadas e colhidas junto ao sócio-
majoritário ou sócio-proprietário de cada empresa.
Foram visitadas também individualmente as instituições de apoio, e a coleta de
dados foi realizada por meio de entrevista cedida pelos responsáveis pela instituição
ou responsáveis pelo departamento pertinente de cada uma das instituições.
Em seguida, mediante análise quantitativa, foram obtidas as conclusões
correspondentes aos dados coletados junto às empresas. As informações
complementares referentes às empresas foram obtidas através de procedimentos
qualitativos complementares, tais como observação assistemática de informações
anotadas durante as entrevistas.
3.6 Modelo proposto para análise da competitividade de uma aglomeração
embrionária
Fundamentando-se nos modelos de competitividade encontrados na literatura
(PORTER, 1989; MATESCO e HASENCLEVER, 2000; FUINI, 2006), propõe-se a
seguir um modelo de competitividade, que será utilizado para avaliação da
aglomeração produtiva objeto de estudo. Neste modelo, são propostos oito fatores
considerados essenciais para a competitividade de um aglomerado em fase
embrionária. Os fatores, e suas justificativas, são:
(i) Capital Humano (gestão profissionalizada e mão-de-obra capacitada): as
empresas precisam, independentemente de estarem vinculadas a uma
aglomeração ou não, buscar maneiras de profissionalizar a gestão. Em uma
pesquisa realizada pelo SEBRAE (2004), uma das principais causas da
mortalidade das pequenas e médias empresas é a falta de conhecimentos
gerenciais. Esta dificuldade pode acarretar outras, como dificuldade de
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 3 Procedimentos metodológicos
7
2
administração da empresa em geral, baixa qualidade nos processos e
produtos. A qualificação da mão-de-obra é fator imperativo se as empresas
querem se manter no mercado de maneira competitiva.
(ii) Governança: viabiliza e articula as ações da aglomeração de forma unificada
e coesa, além de ser um dos aspectos mais relevantes em um APL (FIRJAN,
2004; CAVALCANTE, 2004; PAGANI et al., 2005). Para Suzigan (2004) a
constituição de uma governança não é fator obrigatório. Porém, a governança
contribui para que as ações conjuntas sejam articuladas de forma mais
definida e coesa. A governança poderá ter formas variadas (SUZIGAN,
2004), não necessariamente devendo ter uma constituição rígida e prioritária
às outras ações do APL. Porém, se a intenção é que o APL tenha uma
identidade jurídica, é necessário que haja a prévia constituição da
Governança.
(iii) Infra-estrutura logística: vias terrestres (rodovias, ferrovias), fluviais e/ou
marítimas são as responsáveis pelo escoamento da produção. Quanto mais
estratégica for a localização da aglomeração em relação e estes fatores,
menos custos com logística terá, aumentando a competitividade da
aglomeração (FUINI, 2006).
(iv) Eficiência coletiva: alcançada por meio da combinação das economias
externas locais espontâneas e das ações conjuntas deliberadas das
empresas e do setor público (cooperação vertical e horizontal) (SCHMITZ,
1997). Incluem-se neste fator todas as ações que possam ser realizada de
forma cooperativa e compartilhada, tais como compra de insumos e matéria-
prima; ações de marketing e vendas, entre outras.
(v) Inovação Tecnológica: a inovação tecnológica, seja de processo ou de
produto, é essencial para o aumento da competitividade de uma empresa,
uma vez que possibilita o aumento de retornos econômicos (LASTRES e
CASSIOLATO, 2003B). Ela é uma das conseqüências da eficiência coletiva.
(vi) Qualidade: a globalização abriu as portas dos mercados internacionais, e
torna-se impossível a inserção nestes mercados sem a adequação dos
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 3 Procedimentos metodológicos
7
3
produtos às normas internacionais de qualidade. O mercado interno, em
função da diversidade de marcas, vai se tornando cada vez mais exigente e
infiel (MAXIMIANO, 2004; SEBRAE, 2005; PAGANI et al. 2006b).
(vii) Produtividade: é o objetivo maior tanto das empresas individuais quanto deve
ser o da aglomeração produtiva (FUINI, 2006). Em termos de nível de
importância, este fator em primeiro lugar; porém, este fator será alcançado
quando os anteriores tiverem sido atingidos.
(viii) Políticas de apoio adequadas: Embora alguns autores não sejam partidários
de políticas governamentais tradicionais de apoio, como protecioniscmo,
(PORTER, 1990; SCHMITZ, 1997), estes concordam cabe ao governo o
papel de formular políticas que possam induzir o desenvolvimento dos
clusters existentes. As políticas cooperam com a produtividade da
aglomeração. Portanto, eles deveriam figurar previamente à produtividade
nesta relação de fatores. No entanto, deve-se considerar que nem sempre
será possível a criação de políticas públicas de apoio; e nem sempre as
políticas criadas serão totalmente efetivas.
É importante ressaltar que os fatores foram apresentados considerando uma
aglomeração em seu estágio embrionário. Aglomerações em estágios mais
avançados de desenvolvimento certamente devem levar em conta outros tipos de
fatores, como por exemplo, um alto índice de exportação. Não significa que as
exportações não devam ocorrer nas aglomerações embrionárias, mas acredita-se
que as aglomerações neste estágio de desenvolvimento precisam ainda superar
outras dificuldades, como as questões relacionadas à qualidade, o alcance do
mercado interno, para depois buscar outros patamares de mercado. Mas a busca
pelo mercado externo deve acontecer quando a aglomeração estiver fortalecida e
amadurecida em termos de articulação das ações através da cooperação entre os
atores. Se as exportações forem buscadas de forma conjunta sem estes requisitos,
corre-se o risco de não serem bem sucedidas, acarretando prejuízos para todas as
empresas, enfraquecendo as relações entre elas.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 3 Procedimentos metodológicos
7
4
4 O SETOR DE MÓVEIS DE METAL E SISTEMAS DE
ARMAZENAGEM E LOGÍSTICA DE PONTA GROSSA
4.1 O município de Ponta Grossa
O município de Ponta Grossa, conforme ilustrado na Figura 6, localiza-se no
centro do Estado do Paraná, distante 130 km da capital Curitiba, em uma região
conhecida como Campos Gerais do Paraná. Com uma população de pouco mais de
300 mil habitantes e com o maior parque industrial do interior do estado, seu PIB é
de R$ 3,2 bilhões em 2003, sendo a terceira maior arrecadação de ICMS do Estado
(DIÁRIO DOS CAMPOS, 2006).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Fonte: Wikipédia, 2006.
FIGURA 6 - Mapa do estado do Paraná mostrando a cidade de Ponta Grossa e sua localização
no Brasil
Devido à localização geográfica, no século XVIII tornou-se caminho obrigatório
bem como parada para pouso das tropas, movimento que representou os recursos
de transporte e o forte do comércio entre Viamão e Sorocaba. Ainda hoje é o
principal centro tronco rodo-ferroviário do estado, contando com estradas para todas
as regiões.
A economia do município obteve um grande salto no começo dos anos 90
quando começaram a se instalar grandes empresas nacionais do setor logístico. Nos
últimos dez anos, segundo o Diário dos Campos (2006), o ICMS do setor industrial
cresceu 1.172%.O setor da indústria que se destaca, é o baseado na extração de
talco, na pecuária, na agroindústria - principalmente a indústria da soja, madeireiras,
metalúrgicas, metal-mecânico e alimentícias. Na última década Ponta Grossa
vivenciou um processo de industrialização em ritmo acelerado, impulsionado pela
boa infra-estrutura de transporte e posição geográfica estratégica. O município está
próximo dos principais mercados consumidores do país, São Paulo e Curitiba, e é
ponto de passagem para a exportação de produtos pelo Porto de Paranaguá. É a
principal cidade exportadora paranaense, em especial, para o Japão e Europa.
(WIKIPÉDIA, 2006).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
7
6
4.2 Origem e caracterização das empresas do setor
A pesquisa de campo detectou que o aglomerado de empresas do setor de
Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística atualmente existente na
cidade de Ponta, conforme Apêndices B e C, derivou-se da empresa “1EMP”, com a
produção de móveis de metal.
A primeira empresa iniciou suas atividades em 1973. Em 1974, a empresa
“1EMP” já produzia prateleiras montadas com parafusos, para fins de armazenagem.
No entanto, a grande inovação tecnológica ocorreu em 1975, com o início da
produção de prateleiras para armazenagem que utilizava o sistema de encaixes para
sua montagem, sendo desnecessário o uso de parafusos.
A partir da década de 1980, a empresa teve um novo direcionamento. Com a
divisão da sociedade, surgiu a Clark, hoje com outro nome fantasia e outra razão
social, que ficou com a produção de móveis de metal. A empresa “1EMP”, então,
passou a dedicar-se exclusivamente à produção de sistemas de armazenagem.
Tinha início o desmembramento das duas atividades: Móveis de Metal e Sistemas
de Armazenagem e Logística.
Mas foi na década de 1990 que a maior parte das empresas foi fundada, tendo
sido abertas nove novas empresas. Então, o período desde o início do setor até a
década de 1990 foi exatamente o tempo necessário para que fosse formada a mão-
de-obra e, em seguida, uma parte desta mão-de-obra fosse desligada das empresas
pioneiras e desse início a novos empreendimentos. Esta situação explica o fato de
que as empresas do setor são resultantes de mão-de-obra advinda das empresas
“1EMP” e “2EMP”.
Atualmente o setor é composto por quinze empresas, sendo dez empresas de
pequeno porte (EPP), e cinco empresas de médio porte (EMP). O número médio de
funcionários em 2006 é de trinta e quatro entre as EPPs e de duzentos e quarenta e
cinco entre as EMPs, conforme ilustrado na Tabela 1.
TABELA 1 - Porte da empresa, ano da fundação e número médio de funcionários
Classificação Qtd.
Ano de fundação
Nº.de funcionários
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
7
7
(Porte)
1973 – 1980 1981 – 1990 1991 - 2000 2000 - 2005
(Média)
EPP 10 - - 8 2 34
EMP 5 1 3 1 - 244
Total 15 -
A definição do porte das empresas normalmente é feita por meio de dois
critérios: segundo o número de empregados e segundo o faturamento bruto anual.
Segundo o número de pessoas ocupadas, temos a seguinte classificação
(SEBRAE, 2006) utilizada para estabelecimentos indústrias:
Microempresa: até 19 pessoas ocupadas;
Empresa de Pequeno Porte: de 20 a 99 pessoas ocupadas;
Empresa de Médio Porte: de 100 a 499 pessoas ocupadas.
Neste trabalho, o porte das empresas foi estabelecido em função do nível de
faturamento. Esta definição foi subsidiada pelos critérios adotados pela SEFA-PR e
pelo BNDES, principais fontes para classificação de empresas por
faturamento. No caso da SEFA, utilizou-se o Decreto 4.222/2005, que
estabelece o porte de micro e pequenas empresas para fins fiscais. Os
portes empresariais médio e grande foram definidos em função das classes
de faturamento utilizadas pelo BNDES para concessão de financiamentos, o que
resultou na seguinte classificação:
Micro empresa: até R$ 216.000,00 (Duzentos e dezesseis mil reais);
Empresa de Pequeno Porte: de R$ 216.001,00 (Duzentos e dezesseis mil e um
real) até R$ 10.500.000,00 (Dez milhões e quinhentos mil reais);
Empresa de Médio Porte: de R$ 10.500.001,00 (Dez milhões e quinhentos mil
e um reais) até R$ 60.000.000,00 (Sessenta milhões).
4.2.1 Estrutura e organização da produção
Ao realizar a produção de móveis de aço, a empresa “1EMP” começou a
formar mão-de-obra com conhecimento tácito e específico neste segmento. Esta
mão-de-obra especializada foi se expandindo e os colaboradores, ao saírem da
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
78
empresa de origem, passavam a fundar outras empresas no mesmo segmento
produtivo: móveis de metal e produtos afins, tais como cofres, móveis de madeira
com estruturas metálicas, sistemas de armazenagem e outros. Então, a similaridade
no processo de produção destes diversos produtos tem como causa a origem
comum das novas empresas, as quais passaram a atuar no segmento de sistemas
de armazenagem e logística. Todas essas atividades, bem como as empresas que
as praticam, foram originadas da empresa “1EMP”, conforme depoimento dos
próprios empresários atuantes no setor.
Portanto, a produção, tanto de móveis de metal como de sistemas de
armazenagem e logística, utiliza processos e equipamentos similares. A mão-de-
obra também possui conhecimentos e habilidades similares. A principal matéria-
prima utilizada, o aço, é a mesma para todas as empresas, sendo este fornecido em
formato de chapas, barras ou perfilados, dependendo do produto final. A diferença
ocorre no detalhamento do processo de produção.
O projeto, desenvolvimento e produção, seja de um armário ou de um cofre,
que possui processo mais elaborado de produção, envolvem o processamento das
chapas de aço, seu corte, a junção das mesmas, o desenvolvimento de fechaduras,
sistemas de encaixe e dobradiças. No caso dos cofres mais sofisticados, os
sistemas mecânicos e eletrônicos de trava exigem também conhecimento e
equipamento especializado.
Os sistemas de armazenagem utilizam o aço não somente na forma de
chapas, mas também na forma de barras e hastes, nas quais são manufaturados
encaixes que permitem a montagem de prateleiras. Cada cliente especifica o
tamanho, forma, nível de resistência, sistemas de encaixe, entre outras
especificações que deseja, e as empresas produzem os sistemas de armazenagem
e transporte sob projeto para cada tipo de cliente.
O mesmo ocorre na produção de móveis de metal e de cofres. Apesar de o
processo de produção de sistemas de armazenagem e transporte parecer, de início,
mais simples, ele envolve várias etapas de processamento das peças, que inclui,
inclusive, sistemas automatizados na produção.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
79
Uma vez que os processos de produção, apesar de similares, possuem
diferenças nos detalhes e resultam em produtos diferentes voltados a públicos
consumidores distintos, neste aglomerado produtivo torna-se possível identificar dois
segmentos distintos: um segmento voltado à produção de móveis de metal e cofres,
e outro voltado à produção de sistemas de armazenagem.
4.3 Fatores de competitividade no setor
A seguir, são apresentados os dados segundo os fatores básicos de
competitividade constantes no modelo proposto.
4.3.1 Capital Humano
O capital humano engloba o perfil do sócio-fundador, seu nível de escolaridade,
bem como o tipo de gestão utilizado nas empresas. Apresenta também os aspectos
da mão-de-obra, como treinamento e qualificação.
4.3.1.1 Perfil do sócio-fundador
Dos quinze empresários fundadores das empresas do setor, 60% são ex-
funcionários de empresas do setor; 27% são filhos de empresários de empresas
correlatas (ferramentaria e metalurgia) e 13% filhos de empresários do setor.
Quando da fundação das EPP, conforme ilustrado na Figura 7, 10% de seus
fundadores tinham ensino fundamental completo, 30% tinham o ensino médio
completo, 30% o ensino superior incompleto e 30% ensino superior completo.
Quando da fundação das EMPs, 40% dos fundadores tinham o ensino fundamental
completo, 40% tinham o ensino médio completo, e 20% o ensino superior
incompleto.
É interessante observar que 60% dos empresários fundadores das EPP
possuíam ensino superior completo ou incompleto, contrastando com os
empresários fundadores das EMPs, onde apenas 20% possuíam o ensino superior
completo.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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0
FIGURA 7 - Nível de escolaridade do sócio fundador quando da fundação da empresa
4.3.1.2 Tipo de gestão
No que concerne ao tipo de gestão, é interessante notar que a totalidade das
EMPs têm gestão familiar. Dentre as dez EPPs, 60% utilizam a gestão do tipo
familiar e 30% destas tem gestão profissionalizada.
4.3.1.3 Mão de obra e qualificação
A capacitação profissional dos trabalhadores nas empresas em geral ocorre
durante o período de trabalho, conforme pode ser observado na Figura 8. Nesta
questão, os entrevistados poderiam escolher mais de um item como resposta. Então,
90% das EPPs e 80% das EMPs declararam realizar treinamento em serviço na
empresa. Os colaboradores são contratados e imediatamente colocados em suas
funções, e quando nada sabem sobre sua função, nos primeiros dias observam os
colegas e vão aos poucos sendo inseridos em suas atividades.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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FIGURA 8 -Treinamento e/ou qualificação e capacitação da mão de obra, segundo o porte das
empresas
Quando já possuem algum conhecimento prévio, são diretamente
encaminhados para seus postos, e quando estes têm alguma dúvida questionam
direto ao supervisor ou chefe de produção, o que se caracteriza na técnica de
transferência interna de conhecimento “aprender-fazendo” (learning-by-doing),
predominando no setor com uma média de 85%. 15% das empresas do setor
realizam o treinamento em atividades específicas destinadas para este fim; apenas
15% das empresas realizam o treinamento fora da empresa, em cursos específicos;
e 15% não realizam nenhum tipo de treinamento.
4.3.2
4.3.3
Governança
A aglomeração produtiva ainda não constituiu sua governança, tendo em vista
que este estudo busca avaliar o potencial desta aglomeração como um possível
Arranjo Produtivo Local.
Infra-estrutura logística
Ponta Grossa está localizada em posição geográfica estratégica, sendo o
principal tronco rodo-ferroviário do estado com estradas para todas as regiões, e boa
infra-estrutura de transporte. Isto coloca o município em proximidade com os
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
8
2
principais mercados consumidores do país, São Paulo e Curitiba. É ponto de
passagem para a exportação de produtos pelo Porto de Paranaguá, que está a
apenas 209 quilômetros de distância da cidade (GUIA QUATRO RODAS, 2005;
WIKIPÉDIA, 2006).
4.3.4 Eficiência coletiva
Este subitem apresenta as relações de cooperação horizontal atualmente
existente, bem como as intenções de cooperação e partilhamento futuras.
Apresenta também as relações existentes com os fornecedores, com as instituições
locais, bem como os aspectos da comercialização.
4.3.4.1 Relações interempresariais e cooperação multilateral existente
Segundo a pesquisa, 80% das EPPs declararam praticar alguma atividade
cooperativa com outras empresas do setor. Entre as EMPs, a cooperação existente
cai para 60%.
As atividades atualmente desenvolvidas de forma cooperativa, bem como sua
freqüência, estão ilustradas na Figura 9. Observa-se que 66% da forma de
cooperação trata-se de troca e/ou empréstimo de materiais, tais como chapas,
componentes e tintas.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
8
3
FIGURA 9 - Atividades atualmente desenvolvidas de forma cooperativa / compartilhada
Um dos entrevistados declarou que, em determinada ocasião, até mesmo
produtos acabados foi objeto de empréstimo. Uma das empresas estava
participando de uma licitação, mas não dispunha de toda a produção exigida na
negociação. O material que faltava foi emprestado por outro empresário para que a
empresa tomadora pudesse ser capaz de concorrer e vencer a licitação. Este
depoimento foi dado pelo empresário tomador do empréstimo, e confirmado depois
pelo empresário que cedeu o empréstimo.
4.3.4.2 Intenção de cooperação e partilhamento entre as empresas do setor
Além de investigar qual o grau de interação e cooperação comercial atualmente
existente entre as empresas, foi também investigado qual a pretensão dos
empresários de futuramente trabalharem de forma cooperativa, caso um APL venha
a se estruturar no setor.
As formas de compartilhamento gerais, apresentadas na Tabela 9, contemplam
aspectos administrativos, comerciais e organizacionais. Estas formas de cooperação
foram apresentadas aos entrevistados, os quais deveriam expressar sua opinião
quanto à concordância ou discordância de ocorrência futura de cada uma das
formas de cooperação entre as empresas do setor.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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4
Em função dos resultados obtidos terem sido praticamente os mesmos entre
as EPPs e as EMPs, optou-se por apresentar somente o resultado geral do setor,
ilustrado na Tabela 2.
TABELA 2 – Atividades de partilhamento e cooperação pretendidas pelos empresários do
setor
Ação
CT CP ND D DT Total
Manutenção de escritório de vendas
para o mercado externo
93% 7% - - - 100%
Contratação e treinamento de
pessoal
66% 20% - 13,3% - 100%
Compra compartilhada de insumos e
matéria-prima
66% 20% - 7% 7% 100%
Desenvolvimento conjunto de novas
tecnologias
53% 20% - 20% 7% 100%
Compartilhamento de publicidade de
produtos
40% 13,3% 13,3% 13,3% 20% 100%
Fabricação de peças idênticas para
produtos finais diferentes
27% 20% 13,3% 40% - 100%
Compartilhamento de instalações
27% 13,3% 60% 100%
Compartilhamento de promoção de
novos produtos
13,3% 7% - 53% 27% 100%
Total
58 16 4 24 18 120
Freqüência
48,3% 13,3% 3,3% 20% 15% 100%
Legenda: CT: concorda totalmente CP: concorda parcialmente
ND: não sabe dizer D: discorda
DT: discorda totalmente
Fonte: Adaptado de Pagani et al., 2006a.
As atividades que são de maior interesse de serem trabalhadas de forma
cooperativa foram, em ordem de importância, a manutenção de um escritório para
exportação, com 100% de concordância; com 86% de concordância ficou a
contratação e treinamento de pessoal e a compra compartilhada de insumos e
matéria prima; e o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias, com 73%.
Quanto ao compartilhamento de publicidade de produtos, a concordância
ficou em 53,3%. A fabricação de peças idênticas obteve apenas 47% de
concordância. As duas últimas formas de compartilhamento por ordem de interesse
são o compartilhamento de instalações, com 27% de concordância, e o
compartilhamento de promoção de novos produtos, com 20% de concordância entre
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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os entrevistados. Estes resultados demonstram o desinteresse por parte da maioria
nestas formas de compartilhamento.
O interesse na manutenção compartilhada de um escritório conjunto para
exportação, segundo os entrevistados, deve-se ao fato de que os custos com um
despachante idôneo e eficaz, e que proporcione clientes igualmente idôneos, tem
um custo elevado para ser arcado por uma única empresa. O trabalho conjunto
beneficiaria a todos e as empresas seriam capazes de manter um serviço de alta
qualidade e com retornos garantidos, o que não é possível alcançar de forma
isolada.
No que se refere à contratação e treinamento de pessoal, a segunda atividade
de maior interesse, os favoráveis expressaram a opinião de que a contratação e o
treinamento devem ocorrer apenas em níveis básicos, para as atividades ou funções
que são comuns a todas as empresas do setor. Para as funções estratégicas, eles
acreditam que o treinamento deve ser realizado pela própria empresa, já que
normalmente cada empresa possui sua especialidade que se constitui no seu
diferencial de negócio, e isto eles não gostariam de partilhar.
Alguns empresários já realizam cursos e treinamentos na própria empresa,
como por exemplo, o de solda e pintura. Eles manifestaram o desejo de que estes
cursos fossem organizados por algum órgão de apoio, e que contassem com a
participação de mais empresas do setor, reduzindo, assim, os custos para todos os
participantes.
No que se refere à compra compartilhada de insumos e matéria-prima, os
entrevistados manifestaram interesse em realizar esta atividade de forma conjunta,
visando obter melhores formas de pagamento e preços mais acessíveis. No entanto,
todos concordam que esta forma de compartilhamento deve ser amadurecida, e
ocorrer de forma pré-estabelecida e pactuada em contrato. Eles temem que possa
se repetir o ocorrido, quando um dos empresários realizou uma compra em nome de
um grupo, que deveria ser partilhada, e acabou tendo que arcar sozinho com os
pagamentos e com o uso da matéria-prima. Este pareceu ser um dos grandes
anseios, e ao mesmo tempo uma das maiores preocupações do setor.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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6
Quanto ao desenvolvimento de novas tecnologias, verificou-se uma situação
semelhante à contração e treinamento de pessoal. Na opinião dos entrevistados,
algumas tecnologias não podem ser compartilhadas, principalmente àquelas que se
referem a produtos finais, como no caso de sistemas de armazenagem.
A pesquisa também investigou a interação social atualmente existente entre
os empresários, conforme Tabela 3. Os resultados obtidos no setor mostram que
aproximadamente metade dos empresários, 55%, declarou não ter nenhum
relacionamento social com os demais empresários do setor. Quanto aos demais,
estes disseram manter algum tipo esporádico de interação social com alguns dos
empresários do setor, em atividades diversas tais como jogos de futebol e outras
atividades esportivas (30%), em atividades culturais (20%), em atividades religiosas
tais como missas, cultos etc (10%), e em encontros informais de vizinhanças ou
contatos sobre concorrência (5% para cada atividade).
TABELA 3 - Interação social entre os empresários
Categoria
EPP
% de
participação
EMP
% de
participação
Total
% de
participação
Não tem interação social 50 60 55
Em atividades culturais 20 20 20
Em atividades recreativas e esportivas 20 40 30
Em igrejas 20 - 10
Em encontros informais de vizinhança 10 - 5
Contatos sobre concorrência 10 - 5
4.3.4.3 Interação com os fornecedores
Outro aspecto abordado na pesquisa foi a interação com os fornecedores.
Segundo Porter (1990), empresas correlatas e de apoio configuram num importante
fator para aumentar a competitividade das empresas locais. Conforme ilustrado na
Figura 10, observa-se que em torno de um terço das empresas do setor (35%)
declararam não manter nenhum tipo de interação ou atividades de cooperação com
os fornecedores, o que revela um relacionamento distanciado entre estas partes.
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Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
8
7
FIGURA 10 - Relação extra-comercial com fornecedor
As demais empresas do setor disseram manter algum tipo de interação e
cooperação. Esta interação e cooperação ocorrem das seguintes maneiras: o
fornecedor apóia de alguma maneira o empresário na medida em que oferece
informações e explicações sobre as peculiaridades do produto que esta
comercializando, tais como maneira mais adequada de manuseá-lo ou processá-lo
durante a industrialização dos produtos; solicita sugestões quanto às características
do produto comercializado, se este apresenta alguma dificuldade de utilização, entre
outros.
A pesquisa de campo revelou que este relacionamento é incipiente e distante,
e que a interação está um pouco longe do que se espera para se dizer que existe
uma colaboração densa entre cliente e fornecedor. As empresas mais favorecidas
são as EMPs, que recebem mais orientações do que as EPPs, mas mesmo os
empresários das EMPs não se mostraram tão entusiasmados ao relator o nível de
relacionamento com os fornecedores.
4.3.4.4 Aspectos de comercialização
Na Tabela 4 são apontados os canais mais utilizados pelas empresas, e a
questão permitiu múltipla escolha. Na coluna “Nº de empresas” é apresentado o
número de empresas do setor que utilizam o canal apontado, e na coluna “(%) média
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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de utilização” é apresentado o percentual médio de utilização que o canal apontado
representa no total das vendas, primeiramente para as EPPs e para as EMPs e
depois para o setor todo.
TABELA 4 - Canais de comercialização utilizados pelas EPP, EMP e sua representatividade no
total das vendas do setor
EPP EMP TOTAL
Canais de
comercialização
Nº de
empresas
(%) Média
de
utilização
Nº de
empresas
(%) Média
de
utilização
Nº de
empresas
(%) Média
de
utilização
Representante
comercial
5 43,5% 3 23% 8 36,7%
Licitação 3 18,5% 2 29% 5 22%
Venda direta ao
cliente
4 23% 2 21% 6 22,3%
Lojas da fábrica 1 1,0% 2 9% 3 3,7%
Vendedores próprios 3 14% 2 18% 5 15,3%
Total 100% 100% 100,0%
Os canais de comercialização da produção mais utilizados pelas EPPs são: a
Representação Comercial, com 43,5%; a Venda Direta ao Cliente que representa
23% da comercialização total, e em terceiro lugar a Licitação, com 18,5%.
Os canais de comercialização mais utilizados pelas EMPs são: a Licitação, com
29%; a Representação Comercial, com 23%, e Venda Direta ao Cliente, com 21%.
Durante a pesquisa, foi observado que algumas empresas chegam a utilizar 90% da
Licitação como canal de comercialização.
Ao analisar os canais de comercialização do setor como um todo, pode-se
verificar que os canais mais utilizados são: Representação Comercial, com 36,7%;
Venda Direta ao Cliente, com 22,3% e Licitação, com 22%. Cabe salientar que a
Venda Direta ao Cliente ocorre em função dos clientes já terem conhecimento das
empresas e acabam por procurá-la através de indicações de outros clientes.
O restante da venda do setor é comercializado através de vendedores próprios,
com 15,3% das vendas totais do setor, que fazem visitas a clientes e novos clientes,
e 3,7% das vendas é comercializado em lojas de fábrica.
Não existe um acordo entre as empresas no que se refere às exposições em
feiras, ou marketing conjunto em publicações especializadas. Foi observado que, no
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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tocante à comercialização, as empresas trabalham exclusivamente de forma
individualizada.
Quanto aos clientes potenciais das empresas do setor, a pesquisa revela que
80% deles se localizam em outros estados, conforme ilustrado na Figura 11. No
estado do Paraná as EPPs têm uma porcentagem maior de clientes, representando
21% de suas vendas. Para as EMPs a venda no estado representa apenas 8,8% de
suas vendas totais.
Outro fato interessante comentado por alguns dos empresários é que seus
produtos, praticamente não são comercializados na região da aglomeração. No
entanto, os produtos do APLs são adquiridos em São Paulo por empresas da região,
que desconhecem a origem do produto. Muitos clientes da região vêm saber
somente depois de seu recebimento que o produto é produzido por suas vizinhas de
Ponta Grossa.
FIGURA 11 - Localização dos clientes potenciais / destino principal das vendas em 2005
O índice de exportação do aglomerado é baixo (4%) em função de diversos
fatores. Os enumerados pelos empresários, são, entre outros, a dificuldade em
atender a demanda externa em termos de quantidade, o preço atual do câmbio e as
questões de conformidade dos produtos, como certificação de qualidade, e um
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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sistema adequado, com um bom despachante para realizar a tramitação de todo o
processo.
Ainda com relação à comercialização, foram questionados os principais fatores
que são decisivos no processo de comercialização para as EPP, conforme Tabela 5.
O principal fator decisivo é o preço que, segundo eles, é o que acaba levando os
clientes a optarem por seus produtos. O segundo fator considerado mais importante
é a confiabilidade nos prazos de entrega dos produtos. Em terceiro, apontado por
sete das pequenas empresas, é a marca do produto e tradição da empresa.
TABELA 5 - Fatores decisivos no processo de comercialização para EPPs
Ordem de importância
Fatores
Preço do produto 6 1 1
Marca do produto e tradição da empresa 1 2 7
Serviço pós-venda - 1 2
Promoções e propaganda - - -
Prazos e confiabilidade nos prazos 2 5 -
Outros fatores
Qualidade 1 1 -
Assistência técnica - - -
Produto diferenciado - - -
Atendimento personalizado - - -
Quanto aos principais fatores que são decisivos no processo de
comercialização para as EMPs, ilustrados na Tabela 6, o preço do produto é o mais
decisivo na hora da comercialização. O fator marca do produto e tradição da
empresa, apesar de ter sido mencionado uma única vez, fica em segundo lugar na
ordem de importância, segundo o depoimento dos entrevistados.
Os dados completos do setor como um todo, apresentados na Tabela 7,
confirmam que o elemento preço é o principal fator de decisão na hora da
comercialização dos produtos. Há que se considerar que 22% das empresas
comercializam seus produtos através de licitações
1
.
1
Os tipos de Licitação estão previstos no art.45, § 1º e são denominados: De menor preço (inciso I), melhor técnica (Inciso II)
e técnica e preço (Inciso III). O tipo menor preço é quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a
administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital
ou convite e ofertar o menor preço. Estas são a maioria das licitações realizadas nos órgãos.
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Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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TABELA 6 - Fatores decisivos no processo de comercialização para EMPs
Ordem de importância
Fatores
Preço do produto 2 1
Marca do produto e tradição da empresa 1 1 1
Serviço pós-venda 1
Promoções e propaganda 1
Prazos e confiabilidade nos prazos 1 1
Outros fatores
Qualidade 1 1
Assistência técnica 1
Produto diferenciado 1
Atendimento personalizado 1
Segundo depoimento dos empresários, poucos órgãos optam pela qualidade
dos produtos. A maioria baseia-se nas vantagens de custo representadas pelos
preços dos produtos. Isto explica a adoção do preço do produto como principal fator
de decisão na hora da comercialização.
Outro fator significativo para as empresas do setor é a confiabilidade nos
prazos de entrega, que acaba sendo o segundo fator decisivo para a
comercialização. A marca do produto e tradição da empresa figura em terceira
posição como fatores decisivos no processo de comercialização.
Os outros fatores apontados livremente pelos entrevistados são a qualidade, a
oferta de um produto diferenciado e um atendimento personalizado. Esses fatores
são especialmente relevantes para empresas que produzem sistemas de
armazenagem, tendo em vista que cada projeto é único não tendo como replicá-lo. E
a oferta de soluções de armazenagem que venham não apenas atender as
expectativas do cliente, mas superá-las, fazem com que os fabricantes fidelizem
seus clientes e ganhem outros em função do depoimento positivo de outros clientes.
A de melhor técnica é baseada nas características técnicas do objeto a ser licitado e uma pontuação previamente estabelecida.
A de técnica e preço é uma conjugação dos dois tipos descritos acima.
Os tipos de licitação melhor técnica ou técnica e preço serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza
predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de
engenharia consultiva em geral, e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e
executivos, conforme o que dispõe o art. 46.
No caso de aquisição de equipamentos de informática definidos no Dec. Lei nº 1070, cuja modalidade de licitação esteja
enquadrada em Tomada de Preços ou Concorrência Pública, o tipo de licitação a ser utilizado é técnica e preço. (FIOCRUZ,
2006).
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TABELA 7 - Fatores decisivos no processo de comercialização do setor
Ordem de importância
Fatores
Preço do produto 8 1 1
Marca do produto e tradição da empresa 2 3 8
Serviço pós-venda 2 2
Promoções e propaganda 1
Prazos e confiabilidade nos prazos 2 6 1
Outros fatores
Qualidade 2 1 1
Assistência técnica 1
Produto diferenciado 1
Atendimento personalizado 1
4.3.4.5 Instituições locais
As instituições que figuram como envolvidas nas atividades do setor são
apresentadas no Quadro 6. Percebe-se que existe uma profusão de entidades,
muitas delas realizando basicamente as mesmas atividades de apoio, o que pode se
dizer até que algumas destas instituições concorrem entre si no atendimento às
necessidades do setor, principalmente no que diz respeito à oferta de atividades de
consultoria e/ou assessoria às empresas. Neste caso, foram detectadas várias
instituições que oferecem este tipo de serviço em diversas categorias: assessoria
para assuntos relacionados à exportação, legislação tributária, auxílio à certificação
de produtos e serviços, prospecção de mercados entre outros.
As instituições dispõem de profissionais habilitados a atuar nos mais diversos
ramos de atividades. São advogados, contadores, engenheiros de diversas
especialidades, médicos de diversas áreas, dentistas, enfermeiras, entre outros
profissionais, cada qual atuando na instituição e nos campos de atividades
pertinentes.
Em diversas instituições, quando estas não dispõem de profissionais para
atender determinadas áreas específicas, estas recrutam seus profissionais que
atuam em outras regiões, ou mesmo contratam de forma terceirizada visando
atender a demanda temporária específica. Nenhuma área fica desatendida ou
descoberta por falta de profissionais habilitados, pois as instituições buscam em
outras regiões.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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3
QUADRO 6 - Instituições de apoio envolvidas com o setor e os serviços atualmente prestados
INSTITUIÇÕES DE APOIO
SERVIÇOS PRESTADOS
1.Sindimetal
2.Secretaria da Indústria e do Comércio
3.ACIPG
4. SEBRAE
5.Sistema FIEP - SENAI
6.Sistema FIEP - SESI
7.Sistema FIEP - IEL
8.Secretaria da Qualificação Profissional
9.TECPAR
10.UTFPR Campus Ponta Grossa
11.UEPG
Treinamentos empresariais
x x x
Treinamentos para chão de fábrica
x x
Programas de convênios para Estágio
x x x x
Orientação sobre legislação trabalhista patronal
x
Orientações empresariais gerais
x x x
Assessorias Diversas
x x x
Consultorias Diversas
x x x x x x
Aconselhamentos diversos
x x x x x
Serviços de Assistência Médica e Laboratorial
x
Serviços de Assistência a Saúde ocupacional,
Higiene e Segurança no Trabalho.
x
Cursos Profissionalizantes
x
Cursos Técnicos
x x
Cursos de aprendizagem industrial gratuitos
Cursos de curta duração de aperfeiçoamento
aos empresários
x x x x x x
Organização de eventos e feiras
x x x x
Boletins Informativos
x x
Incentivos fiscais municipais temporários a
novas empresas
x
Cursos de Pós-graduação
x x x
Laboratórios para pesos e medidas oficiais
x
Incubadora e Hotel Tecnológico
x
Palestras e programas sobre qualidade de vida
x
Palestras sobre clima organizacional
x x
Programas de incentivo a alfabetização
x
Fonte: Elaborado a partir da pesquisa de campo, 2006.
Quanto à educação geral e qualificação profissional, existem instituições que
oferecem cursos de média duração nas mais diversas áreas: gestão, informática,
qualidade, segurança no trabalho, mecânica entre outros. Os cursos básicos
necessários ao chão de fábrica das empresas, também são programados de acordo
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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4
com a demanda. Entre esses cursos pode-se mencionar: solda, pintura, torneiro
entre outros.
Quanto à oferta de estagiários para as empresas, observa-se que a cidade
dispõe de uma grande oferta de instituições de apoio. Principalmente em nível
técnico, tanto as instituições quanto as empresas demonstraram que a demanda tem
sido atendida.
Algumas empresas que demandam cargos cuja qualificação seja de ensino
superior, relativos à engenharia de produção acabam tendo que recrutar fora, tendo
em vista que a cidade ainda não oferece formação nesta área. Esta informação foi
obtida junto ao responsável pelo IEL, que é uma das instituições que oferecem
programas de convênio para estagiários.
No que se refere à qualificação do chão de fábrica, com cursos de solda e
pintura, por exemplo, mesmo existindo esta oferta de qualificação na cidade, a mão-
de-obra ainda carece de realizar estes cursos, tendo em vista que a maioria aprende
o oficio através do chamado “learning-by-doing”.
4.3.4.6 Interação das empresas com as instituições locais
A pesquisa de campo revelou um baixo nível de interação entre as instituições
e as empresas. A queixa geral dos empresários é de que muito do que se é
discursado não acontece na prática. As reclamações são diversas, em diversos
aspectos. Chega-se mesmo a vislumbrar certo descaso por parte das instituições.
Quando, no entanto, a pesquisa de campo foi coletar informações junto às
instituições de apoio, ouve-se uma reclamação contrária, de que na maioria das
vezes o empresário não se dispõe a receber os representantes das instituições para
ouvir as propostas; de que existe um baixo nível de comparecimento às reuniões e
encontros marcados pelas instituições de uma maneira geral; e que as empresas na
maioria das vezes não estão dispostas a se mobilizar em busca de uma melhoria
conjunta.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
9
5
4.3.5
4.3.6
Inovação tecnológica
4.3.5.1 Pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor
As principais fontes de informação para inovação de processo, tanto para
maquinário, quanto para a organização da produção, mencionadas pelos
entrevistados são: funcionários que trabalharam em outras empresas, vendedores,
clientes, publicações especializadas, fornecedores de maquinário, feiras e exibições,
e visitas a outras empresas da região.
Nenhuma das empresas do setor possui um departamento interno específico
para o desenvolvimento de produtos. E as empresas também não têm pessoal
específico para desenvolver atividades de P&D&I. As pessoas que desempenham
estas atividades têm outras funções na empresa, geralmente sendo técnicos da
produção, ou os próprios sócios-proprietários que, com a experiência trazida de
outras empresas, desenvolvem os modelos de produtos.
As principais fontes de informação para a concepção e desenvolvimento de
produtos são: especificações de clientes; imitação de produtos de concorrentes
externos ao setor; catálogos, revistas e sites especializados na Internet; visitas a
feiras em outras regiões do país, e imitação de produtos de concorrentes locais.
Qualidade
4.3.6.1 O controle de qualidade nas empresas do setor
Levantamentos iniciais (PAGANI et al., 2006b) revelaram que não existe, na
grande maioria das empresas, um controle formal de qualidade. O controle revelou
ser feito de maneira informal, pelos próprios encarregados de produção, através de
controle visual dos produtos quando ao final da linha de produção.
Apenas uma das empresas declarou utilizar um sistema formal de gestão de
qualidade, o Controle Estatístico de Processos (CEP). As demais declararam não
utilizar nenhum sistema formal, sendo este um fator de dificuldade na certificação de
seus produtos. Igualmente, apenas uma das empresas declarou ter a certificação
ISO 9001/2000. Porém, esta empresa se enquadra entre aquelas que não utilizam
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
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sistema formal de gestão da qualidade. As demais empresas não têm certificação de
seus produtos. Os dados do setor estão compilados na Tabela 8.
Com relação à realização de testes de produtos, 86,67% das empresas
declararam realizar um ou mais testes. As empresas em geral realizam os testes de
funcionamento e resistência ou capacidade de carga em se tratando de produto
novo, que está sendo lançado no mercado. Quando se trata de produto já vendido
anteriormente, estes se submetem ocasionalmente aos testes de corrosão. Estes
testes, em sua grande maioria, são realizados dentro da própria indústria. Apenas
duas empresas declararam já haver realizado algum tipo de teste por instituição
credenciada.
TABELA 8 - Sistemas de gestão de qualidade, certificação e testes realizados pelas empresas
Empresa Qualidade Certificação Testes
1EMP ISO 9001/2000 -
2EMP
Resistência / utilização (em caso de produto novo),
corrosão.
3EMP CEP Oleosidade (micrometro)
4EMP Resistência
5EPP Ensaio de impacto
6EPP Resistência
7EPP Resistência / Corrosão (semanalmente)
8EMP -
9EPP Qualidade / tonalidade da pintura
10EPP Funcionamento e resistência
11EPP Qualidade da tinta, capacidade de carga.
12EPP Resistência
13EPP Resistência
14EPP Resistência (CIENTEC / TECPAR)
15EPP Resistência da tinta, resistência física (ocasional)
Utilizam 6,66% 6,66% 86,67%
Não
utilizam
93,34% 93,34% 13,33%
Fonte: Pagani et al. (2006b).
A pesquisa também investigou o percentual de não-conformes em relação ao
total produzido, conforme Tabela 9. De uma produção total anual estimada de
61.188 toneladas, apurou-se uma média de 2.123 toneladas de não-conformes,
correspondendo a 3,47% de índice médio de não conformidade entre as empresas,
com desvio padrão de 5,47%. O desvio padrão pode ser explicado em função de
três empresas apresentarem resultados discrepantes em relação às demais, ou seja,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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7
seus índices de não conformidades são bem mais altos que os das demais
indústrias.
TABELA 9 - Capacidade produtiva, índice de produção não-conforme
Indústrias Produção (t) 2005 Não-Conformes (%)
1EMP 33.600 4
2EMP 3.110 1
3EMP 1.574 -
4EMP 10.600 10
5EPP 1.800 0,5
6EPP 3.480 3
7EPP 105 -
8EMP 208 10
9EPP 1.200 20
10EPP 1.500 1
11EPP 683 1
12EPP 1.024 0,03
13EPP 1.800 0,5
14EPP 240 0,5
15EPP 264 0,5
Total 61.188 52,03
Média 4.079,20 3,47
Desv. Padrão 8.277,88 5,47
Fonte: Pagani et al. (2006b)
4.3.7 Produtividade
4.3.7.1 Capacidade produtiva e faturamento
As EPPs operam com uma média de apenas 57,2% de sua capacidade
produtiva instalada, trabalhando apenas um turno, enquanto as EMPs utilizam em
média 80% de sua capacidade. Uma das EMP trabalha com 100% de sua
capacidade, operando em dois turnos; e outra empresa mesmo operando com 50%
da capacidade, acaba funcionando em dois turnos diários. Isto se deve ao fato de
que a capacidade atual foi recém implantada e a empresa preferiu não alterar os
turnos que já vinham sendo trabalhados.
O faturamento anual médio estimado em 2005 foi de R$ 211.000.000,00
(duzentos e onze milhões de reais). Na Tabela 10 estão descritos a produção do
setor em 2005, assim como o nível de utilização da capacidade instalada.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 4 O setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa
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TABELA 10 - Produção em 2005 e nível de utilização da capacidade
Produção em 2005
Empresas
Toneladas % no setor
Nível de utilização
da Capacidade
instalada (%)
Pequeno porte 12.096 19,76% 57,2%
Médio porte 49.092 80,24% 80%
Total / Média 61.188 100% 68,6%
4.3.8 Políticas de apoio adequadas
A Rede APL PR trouxe ao Paraná – Curitiba e Ponta Grossa – no mês de
outubro um Curso de Formação de Agentes em Política Industrial. O curso visa à
capacitação de Agentes em Política Industrial transmitindo-lhes conceitos,
metodologias e experiências capazes de torná-los aliados da iniciativa pelo
Desenvolvimento e Inovação. Estes Agentes passarão a compor um Sistema de
Informações, formando uma Rede de Agentes em Política Industrial, com
intercâmbio de experiências e constante atualização das iniciativas governamentais,
mantendo-se atualizados sobre os diversos recursos e instrumentos de apoio,
podendo assim contribuir de forma objetiva com os Projetos locais, além de propor
novas formas de atuação e cooperação com as instituições de sua localidade.
Além do curso, a aglomeração já conta com incentivos materializados em
recursos financeiros para o investimento em inovação tecnológica. Estes recursos
são acessíveis via edital da FINEP.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
5 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO
5.1 Introdução
Os dados coletados na pesquisa de campo e apresentados no capitulo anterior
serão agora analisados e discutidos a partir de uma confrontação com o conteúdo
encontrado na literatura.
5.2 Aspectos da origem das empresas e porte atual
As empresas atualmente existentes foram geradas a partir da primeira
empresa formada na aglomeração. Os colaboradores foram se desligando da
primeira empresa e montando seu próprio negócio, principalmente ao longo da
década de 90. Atualmente, 60% dos proprietários e sócio-majoritários são ex-
funcionários de empresas do setor.
Quanto ao número de postos de trabalha, as quinze empresas geram um total
de 1.561 empregos formais diretos. A média de trabalhadores nas EPPs é de 33
funcionários, e nas EMPs é de 244 trabalhadores.
5.3 Fatores de competitividade
5.3.1 Capital humano
5.3.1.1 Tipo de gestão
Quanto ao tipo de gestão nas empresas, a observação assistemática realizada
durante a pesquisa de campo revelou que, embora as EMPs tenham gestão familiar,
seus dirigentes estão sempre em busca de melhorias no processo de gestão das
empresas, o que as torna mais eficientes. Porém, nem todas as EMPs se
encontram em situação de igualdade, e algumas precisam buscar a melhoria no
processo de gestão, o que poderá ocorrer através dos diversos cursos de
treinamento e capacitação oferecidos pelas instituições de apoio.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
99
5.3.1.2 Mão-de-obra e qualificação
Este fator consiste em um dos principais elementos de competitividade
(PORTER, 2001). As demandas de mão-de-obra para os níveis técnicos são
supridas na região através da contração de estagiários que, se bem sucedidos nos
estágios, tornam-se efetivos. O mesmo não acontece com as vagas de
engenheiros, que precisam ser contratados fora da região, tendo em vista não existir
formação específica na cidade. Esta demanda, no entanto, não é tão critica.
A maior criticidade verificada foi quanto à mão-de-obra empregada nas
atividades de chão de fábrica, tendo em vista a não existência na região de grande
oferta de mão-de-obra qualificada para as funções mais elementares comuns à
todas as empresas do setor, como soldadores, pintores, entre outras. A maioria das
empresas do setor utiliza a técnica de transferência interna de conhecimento
“aprender-fazendo” (learning-by-doing). Assim sendo, quando existe vaga nas
empresas, os colaboradores são contratados e imediatamente colocados em suas
funções; quando nada sabem sobre sua função, estes trabalhadores nos primeiros
dias observam os colegas e vão aos poucos sendo inseridos em suas atividades.
Quando já possuem algum conhecimento prévio, são diretamente encaminhados
para seus postos e, em caso de dúvida quanto à execução de suas tarefas,
questionam direto ao supervisor ou chefe de produção.
Não foi constatada uma densa presença de um contingente de mão-de-obra
especializada e habilidades específicas. Os empresários observaram o fato de terem
dificuldades para a contratação de colaboradores experientes e bem preparados.
Quando aparece algum candidato a vaga com experiência, imediatamente este é
contratado.
Verificou-se a necessidade de investir em treinamento e qualificação de na
mão-de-obra do setor, bem como o treinamento para os supervisores do chão de
fábrica, que poderiam orientar melhor e cobrar dos trabalhadores mais eficiência,
reduzindo o desperdício tanto de material quanto de tempo ocioso e retrabalho,
aumentando a produtividade.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
10
0
5.3.2
5.3.3
5.3.4
Governança
Não existe uma governança mesmo que informal estabelecida no setor.
Algumas reuniões foram organizadas com o intuito de reunir os empresários. A
participação de todos foi até consistente na primeira reunião organizada pelo
Sindimetal. Porém, nas demais reuniões, não houve um índice tão expressivo de
comparecimentos. Diante disto, não foi possível delinear quais empresas e
instituições poderiam estar à frente da Governança, no caso de estruturação do APL.
Em outros APLs do Estado do Paraná, como o de Metais Sanitários de Loanda, o de
Moda Bebe de Terra Roxa (REDE APL PR, 2006), não houve esta dificuldade. Com
apenas alguns meses de reuniões, a Governança destes APLs já estava constituída
inclusive como pessoa jurídica de fato, o que acelerou o processo de liberação de
recursos para os APLs com extrema facilidade e rapidez. A literatura apresenta que,
embora não seja estritamente necessária a constituição de uma governança no APL
esta contribui sobremaneira para a instalação e estruturação de um APL. A
constituição da governança, portanto, é fator de competitividade para uma
aglomeração.
Infra-estrutura logística
A localização estratégica da cidade de Ponta Grossa, que dá acesso aos
principais centros consumidores do país e proximidade ao Porto de Paranaguá,
contribui enormemente para a competitividade da aglomeração, favorecendo o
escoamento da produção da aglomeração.
Eficiência coletiva
Este subitem apresenta as relações de cooperação horizontal atualmente
existente, bem como as intenções de cooperação e partilhamento futuras.
Apresenta também as relações existentes com os fornecedores, com as instituições
locais, bem como os aspectos da comercialização.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
101
5.3.4.1 Relações interempresariais e cooperação multilateral
Para Porter (1998), clusters promovem competição e cooperação. A
cooperação, em sua maior parte vertical, envolve companhias e indústrias correlatas
e instituições locais. Para ele, a competição pode coexistir paralelamente à
cooperação, pois estas ocorrem em dimensões diferentes e entre diferentes
agentes.
Para Schmitz (1997), Casarotto e Pires (2001), Ilha (2006), Frigero (2006),
entre outros autores, o principal elemento para o sucesso de uma aglomeração
produtiva é a cooperação. É em torno deste elemento que muitos outros giram, pois
a cooperação afeta diretamente a produtividade do setor, seu potencial de inovação,
e sua capacidade de enfrentar concorrentes externos ao setor, através da união dos
esforços que, se conjuntos, produzem sinergia. E é dentro de uma visão holística
que uma aglomeração deve estar focada, pois seu objetivo deve ser aquele de
atingir em conjunto o que não seria possível de maneira individual e isolada.
Quanto à cooperação horizontal, 73,33% dos entrevistados declaram praticar
alguma atividade cooperativa com outras empresas do setor. Verificou-se que 66,7%
das empresas cooperam na troca / empréstimo de materiais, como chapas,
componentes e mesmo tintas. Um dos empresários já chegou inclusive a fazer
empréstimo de produto acabado para que outra empresa do setor pudesse vencer
uma concorrência em uma licitação. Isto denota um grande potencial de cooperação
entre estas duas empresas.
Porém, foi verificado que aproximadamente metade dos empresários,
declarou não ter nenhum relacionamento social com os demais empresários do
setor. Os demais disseram manter algum tipo esporádico de interação social com
alguns dos empresários do setor, em atividades diversas tais como jogos de futebol
e outras atividades esportivas, em atividades culturais, em igrejas, e em encontros
informais de vizinhanças ou contatos sobre concorrência.
5.3.4.2 Intenção de cooperação e partilhamento entre as empresas do setor
Outro aspecto investigado foi quanto à pretensão dos empresários em
trabalharem no futuro de forma cooperativa, caso um APL venha a se estruturar no
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
10
2
setor. A freqüência acumulada de concordância total de partilhamento de algumas
atividades foi de 43,75% na empresas de pequeno porte, e de 57,5% nas empresas
de médio porte. As atividades de maior interesse em serem trabalhadas de forma
cooperativa foram, em ordem de importância, a manutenção de um escritório para
exportação, a contração e treinamento de pessoal, a compra compartilhada de
insumos e matéria prima e o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias, tendo
sido este o mesmo resultado nos dois grupos de empresa.
5.3.4.3 Interação com os fornecedores
Quanto à cooperação vertical, um terço das empresas do setor declararam não
manter nenhum tipo de interação ou atividades de cooperação com os fornecedores,
o que revela um relacionamento distanciado entre estas partes. As demais empresas
do setor disseram manter algum tipo de interação e cooperação, que ocorrem das
seguintes maneiras: o fornecedor oferece informações sobre as peculiaridades do
produto que está comercializando, tais como maneira mais adequada de manuseá-lo
ou processá-lo durante a industrialização dos produtos; solicita sugestões quanto as
características do produto comercializado, se este apresenta alguma dificuldade de
utilização, entre outros. Mas percebeu-se que este relacionamento em geral é
incipiente e distante, e que a interação está um pouco longe do que se espera para
se dizer que existe uma colaboração vertical intensa entre cliente e fornecedor.
Para Garcia (2001), a presença de indústrias correlatas e de apoio é uma das
externalidades mais importantes verificadas nas aglomerações produtivas. Esses
agentes incrementam a competitividade das empresas aglomeradas através do
fornecimento de máquinas e equipamentos, matéria-prima, componentes, serviços
especializados, como a manutenção de máquinas e equipamentos comum às
empresas da aglomeração; fornecimento e provisão de informações técnicas e de
mercado; serviços na área de normatização e certificação de qualidade; escritório de
exportação; ou etapas no processo de produção. Tendo em vista que as indústrias
correlatas e de apoio irão atender um número maior de clientes, aquelas poderão
praticar preços mais baixos, devido à quantidade de escalas negociadas na mesma
região.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
10
3
Foi observado que a presença de indústrias correlatas e de apoio não é tão
intensa na região da aglomeração. Existem fornecedores na região, mas muitas das
compras são realizadas com fornecedores externos à região da aglomeração.
5.3.4.4 Aspectos de comercialização
Analisando os aspectos da comercialização, verifica-se que o canal mais
utilizado no setor é o de Representação Comercial, com 36,7% no setor. O segundo
canal de comercialização mais utilizado no setor são as vendas diretas aos clientes,
quase no mesmo patamar que as vendas através de licitações, que atingem 22,3%.
A concorrência entre as empresas pode em parte ser explicada pelo fato de estas
utilizarem à licitação como um dos principais canais de comercialização.
Analisando esta questão, para Porter (2003 apud SANTOS, 2005) uma das
condições dos fatores favoráveis à aglomeração de empresas é o marketing
conjunto. A existência de um aglomerado de empresas trabalhando na mesma
atividade confere a localidade uma boa reputação relacionada àquela atividade,
fazendo com que os compradores se sintam mais confiantes em adquirir produtos
daquela região, sendo este um fator decisivo na hora da opção de compra.
Verificando ainda a cadeia de valores de Porter (apud CASAROTTO, 2001),
as funções finais da cadeia de valores são o Marketing e a Logística, duas funções
complexas que normalmente não podem ser bem desempenhadas por pequenas
empresas atuando isoladamente. A realização conjunta das atividades de Marketing
busca obter uma melhor imagem do produto, uma melhor cobertura de mercado,
bem como a abertura de novos canais, o que, conseqüentemente, leva a explorar
novas oportunidades e novos mercados.
Mas para isto, é necessário que haja cooperação das empresas na
propaganda e no marketing conjunto, na combinação de recursos de vendas bem
como combinação de produtos, tudo isto através da realização de experiências
conjuntas entre as empresas.
Quanto aos clientes principais, 80% localizam-se em outros estados,
enquanto apenas 14,9% são do próprio estado. Para Frigero (2006), uma
aglomeração é considerada um distrito industrial quando exporta mais de 50% de
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
10
4
sua produção. No caso do setor em estudo, as exportações não ultrapassam 4% do
total da produção do setor.
Este baixo índice de exportação deve-se a vários fatores. Um deles seria a
taxa de câmbio atual, que não se apresenta muito atrativa para exportações. Porém,
mesmo em épocas em que a taxa de câmbio era propícia e um fator de atração, as
exportações não ocorriam em grandes índices, e isto pode ser atribuído ao alto custo
que a manutenção de um despachante idôneo e altamente eficaz significa para uma
única empresa arcar sozinha. Em caso de partilhamento desta atividade, certamente
os custos seriam reduzidos para as empresas que viessem a participar, por
exemplo, de um consórcio de exportação. Outros fatores também podem ser
relacionados, como a necessidade das adequações às normas de qualidade
exigidas para exportação. Sem o cumprimento destas normas, as empresas ficam
impedidas de terem seus produtos certificados e consequentemente não podem
exportar seus produtos. Então, observa-se que, muito mais que a taxa de câmbio,
estas situações de adequações às normas de padronização internacional, bem
como as exigências de manutenção de um sistema de exportação articulado, são os
principais fatores que dificultam a exportação por parte das empresas.
Porém, em função da concorrência entre as empresas, em grande parte
atribuída à forma de comercialização através de licitação pública, não existe no setor
um acordo entre as empresas no que se refere às exposições em feiras, ou
marketing conjunto em publicações especializadas. Esta atividade pode
perfeitamente ser partilhada, agregando valor ao produto, que ganha um respaldo
maior no mercado, e também reduzindo os custos com a divulgação e formas de
comercialização.
Com relação às condições de demanda, o elemento “preço” demonstra ser o
principal fator de decisão na hora da compra. Os fatores “confiabilidade nos prazos
de entrega” “marca do produto” e “tradição da empresa” são importantes, mas não
superam o fator “preço”. Isto não significa, no entanto, que se trata de um mercado
não muito exigente com a qualidade; mas trata-se de um mercado onde o fator preço
ainda fala mais alto. Certamente, uma boa qualidade nos produtos não é
dispensável quando esta vem acompanhada de preços atraentes.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
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5
Segundo a literatura (PORTER, 1990), o que impulsiona as empresas a
lançarem inovações e a melhorarem cada vez mais seus produtos é uma base de
clientes sofisticados e cada vez mais exigentes, não somente quanto à qualidade,
mas também quanto ao preço. A existência de um mercado exigente quanto ao
padrão de um produto estimula as empresas a buscarem continuamente um
ambiente que esteja voltado à pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Quando uma concorrência está baseada apenas no preço, cria-se uma
situação que tende a puxar para baixo a qualidade dos produtos, bem como a
importância de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Com o tempo,
aumenta a tendência de que as empresas fiquem desatualizadas e que seus
produtos percam competitividade para outras empresas que estão continuamente
preocupadas com pesquisa, desenvolvimento e inovação. Percebe-se, em algumas
empresas, que a competitividade não está localizada no quesito inovação ou
qualidade.
Por outro lado, a pesquisa revela que os clientes, mesmo estando preocupados
com o preço, consideram também a questão da tradição da empresa e marca dos
produtos como importantes fatores de decisão na hora da compra. No caso das
EMPs, este é o fator mais importante verificado na pesquisa. Isto denota que,
mesmo que estejam preocupados com o preço, eles também acreditam que estão
consumindo um produto que tem a tradição de boa qualidade que eles já conhecem.
Estes clientes, com o passar do tempo, podem vir a adquirir os produtos de outros
fabricantes, por considerar que a qualidade do fabricante anterior já está
ultrapassada em comparação com um outro que esteja no mercado investindo em
melhoria do produto.
Infere-se, portanto, que as empresas não devem pautar-se na exigência dos
clientes para buscar inovações em seus produtos, uma vez que o mercado
apresenta-se passivo, aceitando a qualidade que tem sido oferecida, desde que com
preço razoável. No entanto, deve-se haver ciência por parte dos empresários que
esta situação de passividade pode durar tão somente até o momento em que um
novo produto, com preço tão acessível quanto o presente, e com qualidade superior,
apresentar-se no mercado.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
10
6
5.3.4.5 Instituições locais
Para Krugman (1998b), uma das forças centrípetas das aglomerações são os
spillovers ou transbordamentos de conhecimento e tecnologia. Estes
transbordamentos são possíveis devido à proximidade geográfica, que facilita o
processo de circulação das informações e dos conhecimentos entre as empresas. A
forte presença da concentração de empresas atrai também um grande número
instituições de ensino e pesquisa, que lançam no mercado profissionais qualificados
e especializados na área específica da aglomeração produtiva. Nesta mesma linha
de pensamento, as instituições de ensino, pesquisa e de apoio também fazem parte
das condições dos fatores apresentadas no diamante de Porter (2001), e são a elas
que as empresas devem recorrer.
Dentro deste contexto teórico, a pesquisa de campo investigou estes fatores e
apontou a existência de uma profusão de entidades, muitas delas realizando
basicamente as mesmas atividades de apoio, o que pode se dizer até que algumas
destas instituições concorrem entre si no atendimento às necessidades do setor.
No que diz respeito à oferta de atividades de consultoria e/ou assessoria às
empresas, foram detectadas várias instituições que oferecem este tipo de serviço em
diversas categorias: assessoria para assuntos relacionados a exportação, legislação
tributária, auxílio à certificação de produtos e serviços, prospecção de mercados
entre outros. Mesmo assim, algumas dessas consultorias não são contratadas com
muita freqüência, embora as instituições que as oferecem dispõem de profissionais
habilitados a atuar nos mais diversos ramos de atividades. São advogados,
contadores, engenheiros de diversas especialidades, médicos de diversas áreas,
dentistas, enfermeiras, entre outros profissionais. No entanto, apesar de todo este
aparato institucional, verificou-se no geral um baixo índice de procura por estes
serviços, embora pode se perceber uma grande necessidade em várias áreas em
muitas das empresas.
Quanto à educação geral e qualificação profissional, existem instituições que
oferecem cursos de curta e média duração nas mais diversas áreas: gestão,
informática, qualidade, segurança no trabalho, mecânica entre outros. Os cursos
básicos necessários ao chão de fábrica das empresas, também são programados de
acordo com a demanda. Entre esses cursos pode-se mencionar: solda, pintura,
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
10
7
torneiro entre outros. Poucas empresas encaminham os trabalhadores para este tipo
de qualificação, algumas até por receio de exceder a carga horária trabalhada e isto
acabar incidindo sobre o salário como horas-extras, o que elevaria os custos
sobremaneira. Esta, no entanto, é questão de cunho jurídico que precisa ser melhor
esclarecida.
Quanto à oferta de estagiários para as empresas, observa-se positivamente
que a cidade dispõe de uma grande oferta de instituições de apoio. No entanto,
conforme reclamado por estas instituições, a oferta de uma mão de obra de
qualidade, estagiários com alto grau de aproveitamento acadêmico e
comprometimento, ainda é insuficiente. Mesmo a procura sendo realizada junto a
instituições de ensino superior, ainda se questiona o nível de conhecimento e
aproveitamento acadêmico dos que buscam por programas de estágio nessas
instituições. Estas instituições acabam, por vezes, tendo que recrutar mão-de-obra
externa que não seja em nível de estágio para suprir a demanda das empresas, por
não existir no local profissionais e acadêmicos com o nível solicitado pelas
empresas. Segundo os empresários, e até mesmo as instituições que oferecem os
estágios, os alunos precisam se preparar melhor para o campo de trabalho.
Numa visão geral do setor, fica o questionamento da existência destas forças
centrípetas relacionadas ao setor em estudo. Não foi constatada a presença maciça
de fornecedores na região, e muitos se localizam nos estados do sul e sudeste. Os
que aqui estão, segundo depoimento dos empresários, não buscam manter um
relacionamento mais próximo, essencial à cooperação vertical que estimularia a
inovação.
Por sua vez, a baixa interação entre as empresas, e destas com as instituições
de apoio, não traz à existência os transbordamentos tecnológicos, relevantes para o
crescimento da aglomeração e fundamentais para o aumento da capacidade
inovadora, sem a qual a aglomeração perde consideravelmente sua competitividade
frente a outros concorrentes. Muitas das inovações que existem no setor foram
sempre trazidas de fora, copiadas de outras regiões onde as empresas lá
localizadas provavelmente investem mais em pesquisas de mercado e de novos
produtos. Mas tanto um lado, o das empresas, quanto o outro – o das instituições de
apoio – manifestaram algum tipo de queixa contra o outro, deixando transparente
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
108
que a situação atual de interação não contenta nem a um lado e nem a outro. Com
raríssimas exceções, de uma ou duas empresas, não foram ouvidas queixas mais
latentes.
A literatura aponta grande necessidade de interação entre as instituições de
apoio e as empresas, a fim de que se consolidem os objetivos comuns da região
como um todo, que é o seu crescimento econômico e social. Sem esta interação,
torna-se difícil que estes objetivos comuns e globais da aglomeração sejam
atingidos. A interação atualmente existente se restringe apenas àquelas atividades
onde a participação de ambas as partes se faz estritamente necessária. Tanto o
setor, como as empresas, possuem um grande potencial de crescimento. Mas este
potencial fica restrito a ações muito conservadoras.
5.4 Inovação tecnológica
A literatura aponta grande necessidade de interação entre as instituições de
apoio e as empresas, a fim de que se consolidem os objetivos comuns da região
como um todo, que é o seu crescimento econômico e social. A baixa interação entre
as empresas, e destas com as instituições de apoio, não traz à existência os
transbordamentos tecnológicos, relevantes para o crescimento da aglomeração e
fundamentais para o aumento da capacidade inovadora, sem a qual a aglomeração
perde consideravelmente sua competitividade frente a outros concorrentes. Tanto as
empresas quanto as instituições de apoio demonstraram uma aparente situação de
ausência de interatividade que venha a fomentar um ambiente favorável à inovação
tecnológica da aglomeração. Muitas das inovações que existem Na aglomeração
objetivo de estudo foram trazidas de fora, copiadas de outras empresas localizadas
em outras regiões.
As empresas investem pouco em P&D. Além disto, suas vendas baseiam-se
em concorrência de preços, tendo o argumento por parte dos empresários de que o
cliente interessa-se apenas pelo preço e não pela qualidade. Esta busca pelo preço
deve-se ao fato de que boa parte das vendas é concretizada através de licitações
públicas. Porém, foi admitido também que as empresas compradores, apesar de
estarem preocupadas com o preço, acabam adquirindo o produto em função da
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
109
tradição e qualidade do produto, o que de certa forma contradiz a afirmação sobre
os preços. Estas constatações levam as empresas a manter o tipo de produção,
investindo pouco em inovação tecnológica.
5.5 Qualidade
Quanto ao controle de qualidade, verificou-se que na grande maioria das empresas,
o controle é feito informalmente, pelos próprios encarregados de produção, através
de controle visual dos produtos quando ao final da linha de produção. Apenas uma
das empresas utiliza um sistema formal de gestão de qualidade, o Controle
Estatístico de Processos (CEP), e apenas outra empresa tem a certificação ISO
9001/2000.
O reflexo desta situação acontece no percentual de não-conformidade da
produção, que corresponde a 3,47% de índice médio de não conformidade entre
todas as empresas do setor, num montante de 2.123 toneladas de produção não
conforme. A estas toneladas de produção não conformes deve-se adicionar os
custos de produção, tais como a mão-de-obra, energia, entre outros. Algumas
empresas chegam mesmo a apresentar um elevadíssimo percentual de 20% de
produção não conforme, outras 10%, o que é considerado inaceitável para o bom
andamento dos negócios.
Diante desta constatação, pode-se inferir que a “qualidade do ambiente de
negócio” ainda não é favorável a inovações, com exceção de algumas empresas
que buscam esta base de comparação em concorrentes de fora do setor.
5.6 Produtividade
As empresas ainda não possuem um sistema estruturado para o controle de
qualidade, o que eleva a quantidade de produtos não-conformes em muitas das
empresas. Das 61.188 toneladas produzidas, estima-se que 52,03 sejam não-
conformes, o que dá uma média de 2,47 toneladas por empresa e um percentual
médio de 3,47%. Em uma EPP foi observado que este índice de não conformidade
chega a 20% do total da produção, e em outras duas EMP o índice de não
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo5 Análise dos dados e discussão
11
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conformidade é de 10%. Este alto índice de produção não-conforme reduz
consideravelmente a produtividade das empresas. Cabe salientar que estes dados
são apenas estimados, uma vez que o controle não é realizado de maneira
estruturada. Portanto, estes índices podem ser até mesmo maiores que os
estimados. Desta maneira, as empresas não têm como suportar os custos e as
despesas e ainda investir em estrutura e tecnologia, comprometendo o futuro.
5.7 Políticas de apoio adequadas
Verifica-se um trabalho de em busca da criação de políticas de apoio aos APLs
no Paraná. A literatura, no entanto, é um tanto cautelosa quanto a criação de tais
políticas (PORTER, 1990; SCHMITZ, 1998; KRUGMAN, 1998a,1998b). Ainda assim,
estes autores consideram que se políticas podem ser criadas para impulsionar a
economia local visando fazer face à concorrência, estas devem ser criadas, no
entanto com critério e cautela e estudo prévio aprofundado, a fim de não gerarem
efeitos protecionistas o que produziria efeito contrario, reduzindo a competitividade
das empresas.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 CONCLUSÕES
Este trabalho buscou elaborar um vasto referencial teórico quanto às
abordagens sobre aglomerações produtivas existentes na literatura. O estudo sobre
as abordagens serviu de base para a construção do referencial teórico, que buscou
conceituar e definir estas aglomerações produtivas. Os conceitos e definições têm
sua origem nas diversas abordagens, e cada autor apresenta sua definição segundo
o foco que lhe é mais importante ao estudar determinada aglomeração. Todo o
embasamento teórico do trabalho, tanto das abordagens quanto dos conceitos e
definições, teve como objetivo dar suporte à pesquisa de campo realizada na
aglomeração produtiva do Setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e
Logística de Ponta Grossa.
A pesquisa teve como principal objetivo Analisar o grau de maturidade e
competitividade do aglomerado do setor de Móveis de Metal e Sistemas de
Armazenagem e Logística. Para atingir este objetivo, foram determinados os
objetivos específicos, que nortearam a pesquisa de campo e a estruturação do
trabalho.
Após a análise dos dados coletados na pesquisa de campo, é possível
alcançar as seguintes conclusões, que responde aos objetivos estabelecidos no
trabalho:
Caracterizar o referido setor em termos de número de empresas, a origem
destas, estrutura produtiva e organização da produção no setor: as empresas
que hoje compõem a aglomeração foram formadas por mão-de-obra oriunda da
primeira empresa da aglomeração. Os processos produtivos, bem como a
matéria-prima utilizada, são similares entre as empresas do setor.
Propor um modelo para avaliar a competitividade da aglomeração: o modelo
proposto para avaliar a competitividade leva em conta o estágio embrionário em
que se encontra a aglomeração, em termos de desenvolvimento e maturidade e
não em termos de contribuição econômica para a cidade e região.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 6 Conclusões e Recomendações 112
O capital humano nas empresas (gestão e chão-de-fábrica): a análise dos
fatores de competitividade atual da aglomeração mostra que o capital
humano precisa de atenção por parte da maioria das empresas, tanto a
forma de gestão quanto a mão-de-obra e qualificação do chão-de-fábrica. A
forma de gestão precisa de qualificação profissional, visando absorver
novas técnicas que trariam uma grande melhoria nos processos
administrativos e produtivos, refletindo diretamente na qualidade da
produção. Esta qualificação poderia ser realizada a baixo custo através de
cursos de aperfeiçoamento oferecido pelas instituições de apoio. O
treinamento para o chão-de-fábrica é realizado em serviço, caracterizando-
se no estilo “learning-by-doing”. Foi observado um baixo índice de
satisfação com esta mão-de-obra, segundo o depoimento dos empresários
A sugestão é que as empresas poderiam se reunir e solicitar cursos e
treinamentos por meio das instituições de apoio. O treinamento em conjunto
acarretaria em menor custo para todas as empresas e o custo benefício
seria refletido diretamente através da melhoria dos processos produtivos, na
redução de desperdício de materiais e energia e redução de produção não-
conforme, que ocorre em função da imperícia dos trabalhadores.
Quanto à governança, a aglomeração ainda não apresenta indícios de uma
liderança estabelecida ainda que de maneira informal, ou a indicação de um
empresário que pudesse significar uma força representativa e aceitável para
os demais empresários. Tendo já visto a importância da governança para
uma aglomeração produtiva, conclui-se que este não é fator de
competitividade para aglomeração atualmente.
A infra-estrutura logística é favorável às empresas, e fator positivo para a
competitividade da aglomeração.
Quanto à eficiência coletiva, as relações de cooperação horizontal ocorrem
apesar de os empresários negarem sua existência. Por outro lado, a
cooperação vertical deixa muito a desejar, como foi observado na pesquisa.
As pretensões de cooperação futura e partilhamento das atividades foram
identificadas como desejáveis, indicando que se pode atingir um nível
satisfatório de eficiência coletiva no setor. Estas relações de cooperação
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 6 Conclusões e Recomendações 113
são vitais para a existência, crescimento e maturidade de uma aglomeração
produtiva em qualquer estágio de desenvolvimento.
Grau de inovação tecnológica: as empresas não fazem investimentos em
inovação tecnológica. Em sua maioria, as inovações que ocorrem são
trazidas de outras localidades, configurando-se em cópia de produtos.
Nível de qualidade nas empresas: as empresas ainda precisam buscar
melhoria na qualidade, tanto de gestão quanto de processos e produtos.
Esta ausência de controle de qualidade eleva as perdas na produção e
reduzem a produtividade, consequentemente diminuindo a competitividade
das empresas individual e coletivamente.
Políticas de apoio: o governo do estado está buscando a elaboração de
políticas de apoio às aglomerações detectadas como importantes para uma
região. Portanto, este é um fator que apresenta competitividade para a
aglomeração, desde que esta se enquadre nos requisitos necessários para
beneficiar-se do apoio governamental.
Portanto, analisando o nível de competitividade da aglomeração, conclui-se que
os fatores positivos residem principalmente na infra-estrutura logística. Em segundo
lugar, pode ser mencionada a eficiência coletiva, que apresenta boas perspectivas
de compartilhamento futuro, essencial para um Arranjo Produtivo Local, e também
as políticas de apoio. As políticas de apoio não são colocadas como um dos
principais fatores pois a aglomeração deverá enquadrar-se dentro dos requisitos. É
um esforço, portanto bilateral. Os demais fatores ainda não estão em nível de
grande competitividade, quais sejam estes: o capital humano, a inovação
tecnológica, a governança, a qualidade e a produtividade.
Caracterizar a aglomeração produtiva segundo as tipologias apresentadas na
literatura: a aglomeração de empresas objeto de estudo, segundo os conceitos e
definições estudadas (FRIGERO, 2006), trata-se de aglomeração de empresa
menor, com grande potencial de tornar-se um Arranjo Produtivo Local. Os
argumentos para tal afirmação têm suporte nas seguintes teorias:
Para o SEBRAE (2006), os arranjos produtivos são aglomerações de um
número significativo de empresas localizadas em um mesmo território com a
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 6 Conclusões e Recomendações 114
mesma especialização produtiva e algum vínculo de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem entre si e com atores locais como governo,
associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
Para o MIDC (2006), um APL pode incluir empresas de pequeno, médio e
grande porte.
Baseando-se na teoria de Lastres et al. (2003), a aglomeração poderia ser
definida como um APL, que são aglomerações territoriais de agentes
econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de
atividades econômicas e que apresentam vínculos mesmo que incipientes.
Apesar de tratar-se de um NDSR, que é o estágio mais avançado de uma
aglomeração produtiva na metodologia de Suzigan (2003), este estágio refere-se tão
somente à importância econômica da aglomeração para o seu setor bem como para
toda a região. Porém, em termos de processo evolutivo, a aglomeração está em seu
estágio embrionário, tendo em vista que a cooperação existente entre as empresas
do setor ainda não é significativa.
A aglomeração produtiva não pode, neste momento, ser definida como:
Distrito industrial, tendo em vista a definição de Frigero (2006), que afirma que,
para ser considerado um distrito, deve exportar mais de 50% de toda a sua
produção;
Cluster industrial, pois segundo Eurada (apud CASAROTO e PIRES, 2001) e
Porter (1998), clusters são concentrações geográficas de empresas e
instituições interconectadas num campo particular, envolvendo fornecedores,
maquinaria, equipamentos, serviços e infra-estrutura. São, ainda, massas
críticas de informações, qualificações, relacionamentos e infra-estrutura em dado
setor. As empresas e instituições deles participantes são ligadas por relações
comerciais, clientelas, sociedades. Tendo em vista que esta situação de ligação
e intensa cooperação entre as empresas ainda é incipiente no setor, a definição
dada por estes autores não se adequou a situação da aglomeração;
Sistema de inovação, pois segundo Lastres et al. (2003) o conceito principal, a
partir do qual se propõe caracterizar arranjos e sistemas produtivos locais, pode
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 6 Conclusões e Recomendações 115
ser definido como um conjunto de instituições distintas que conjuntamente e
individualmente contribuem para o desenvolvimento e difusão de tecnologias.
Esta difusão tecnológica ainda não ocorre na aglomeração objeto de estudo, o
que não permite que a definição de sistema não lhe seja adequada.
Outras considerações devem ser feitas, visando também contribuir com a
aglomeração estudada. Observa-se que a questão de formulação de políticas de
apoio são um pouco controversas na literatura. Alguns autores defendem sua
elaboração e aplicação, enquanto outros preferem restringir-se um pouco mais.
Porter, Schmitz e Krugman olham para tais políticas de forma cautelosa, por
considerar que estas, se aplicadas de forma indiscriminada, podem não auxiliar uma
aglomeração e, ao contrário, protegê-la demais da concorrência levando-as a
perderem sua competitividade. Neste sentido, a visão de Porter (1990) quanto ao
apoio governamental para uma nação deve ser o de fomentar a educação e elevar o
nível de conhecimento, mas não o de financiar certos investimentos da iniciativa
privada, podendo neste caso a nação, correr o risco de perder sua competitividade
frente aos concorrentes internacionais. Esta situação pode perfeitamente ser trazida
para o âmbito regional, e para as políticas praticadas a nível local. Portanto, para o
autor, a influência do governo sobre a vantagem competitiva é inevitavelmente
parcial, e políticas governamentais indiscriminadas podem ser contraproducentes e
impedir que uma aglomeração se torne competitiva pelo excesso de protecionismo
governamental.
Na visão de Schmitz (1997), diante de algumas falhas de mercado decorrente
de deseconomias, a intervenção governamental não é a única e nem sempre a mais
típica forma de resolver o problema. Para o autor, onde avanços nos serviços
coletivos foram obtidos, tais iniciativas de resolução partiram sempre da iniciativa
privada, raramente vindo de iniciativa governamental. Onde o apoio governamental
estava envolvido, as iniciativas foram sempre derivadas das ações conjuntas das
empresas. Portanto, as ações conjuntas parecem as mais comuns formas de
solução. Na visão do autor, o governo deve ser o ator principal somente quando a
iniciativa privada foi incapaz de trazer soluções a problemas emergidos na
aglomeração, cabendo ao estado dar o respaldo, mas não agir de forma
paternalista.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 6 Conclusões e Recomendações 116
Krugman (1998b), por acreditar que as aglomerações são muito mais
acidentais do que deliberadas, prefere que tais políticas sejam objetos de estudo.
Portanto, independentemente do conceito que seja dado a aglomeração
produtiva do setor estudado, é importante que esteja claro que o sucesso da
aglomeração estará pautado na iniciativa privada, no trabalho conjunto dos
empresários do setor. O amadurecimento e evolução da aglomeração como APL
depende de como as ações sejam desenvolvidas, de forma cooperativa e
compartilhadas, e as iniciativas devem ser do setor privado. Em coletividade, é
possível fazer reivindicações, com probabilidade maior de serem atendidas como se
espera. Por outro lado, as reivindicações feitas de forma isolada têm uma grande
probabilidade de que não sejam atendidas quando e da forma como se espera.
Ainda com relação ao pensamento coletivo, não pode ser esquecido que a
globalização dos mercados abriu estes para outros possíveis consumidores, mas
também os abriu para novos concorrentes. E a maior e mais forte concorrência não
é aquela que se consegue enxergar todos os dias, mas é justamente aquela que é
desconhecida, e cujo potencial não se pode medir. Esta concorrência só é possível
de ser vencida quando forças são unidas, todas em torno de um interesse comum.
E os maiores interessados em fazer o setor prosperar, não poderão ser outros
senão as próprias empresas que compõem o setor.
Vale, então, ressaltar, que o sucesso do setor como uma aglomeração
produtiva efetiva somente ocorrerá se as ações de cooperação, manifestas como
desejáveis na pesquisa de campo, de fato ocorrerem. Para tanto, cabe aos agentes
locais, mas principalmente aos empresários, organizarem-se no sentido de que a
aglomeração venha a contemplar também outras características pertinentes aos
APLs, e em seguida aos SPILs, atingindo a plenitude do conceito do sistema
sociotécnico de Tavistok, que contempla aspectos técnicos e sociais, objetivando
atingir o estado de negentropia através de visão holística e sinérgica.
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Vários são os trabalhos que devem ser desenvolvidos na seqüência. O trabalho
mais urgente é um estudo que aborde os aspectos da governança do APL, tendo em
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Capítulo 6 Conclusões e Recomendações 117
vista ser este um dos pontos críticos de uma aglomeração, conforme Pagani et al.
(2005). Não há como uma aglomeração avançar sem o estabelecimento de objetivos
e metas para as empresas do setor como um todo. A esse respeito, encontra-se
uma sugestão do passo inicial a ser tomado no trabalho de Resende et al. (2006).
Uma outra questão que deve ser cuidadosamente estudada é a que trata da
formulação de políticas públicas de apoio ao APLs. Tais políticas tem sido assunto
controverso entre os vários autores, tais como Krugman (1998b), Porter (1990),
Schmitz (1997), Garcia (2001), Suzigan (2000) entre outros e, portanto, devem ser
criteriosamente analisadas.
Vários outros estudos voltados para Gestão podem ser desenvolvidos, tais
como: marketing conjunto; sistema de planejamento para a implantação da gestão
da qualidade nas empresas; planejamento e gestão estratégica do APL; prospecção
de novos mercados no Brasil e no exterior; entre outros. Estudos também voltados
para abordagens tecnológicas, incluindo melhorias no processo e no produto podem
ser realizados pelos cursos de Engenharia de Materiais da UEPG e Mecânica da
UTFPR.
Finalmente, em discussões informais, foi levantada a hipótese de ser o setor
metalmecânico a atividade que mais revela a vocação da cidade de Ponta Grossa.
Um estudo futuro pode buscar indicadores que apontem com precisão maior qual
seria a maior vocação da região.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
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PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Apêndices 124
APÊNDICE A – TRABALHOS REFERENTES À DISSERTAÇÃO
PUBLICADOS NO DECORRER DA PESQUISA
Produção bibliográfica:
Trabalhos completos em eventos:
1. PAGANI, Regina N.; BETIM, Leozenir M.; RESENDE, Luis. M.; STADLER, Carlos. C.Arranjos
Produtivos Locais – APLs e suas abordagens análogas: o estado da arte segundo anais do
ENEGEP. I Encontro Estadual de Engenharia da Produção e I Simpósio de Gestão Industrial –
Ponta Grossa, PR, 26 a 30/set/2005.
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PDCA method in the structuring of na LPA in Ponta Grossa, PR, Brazil. 17th ISPIM Annual
Conference. Atenas, Grécia: Junho, 2006.
3. PAGANI, Regina N.; SOUZA, Luiz .F.; RESENDE, Luis . M.; CASAROTTO Fº, N. Móveis de
metal e sistemas de armazenagem e logística: uma análise prévia do setor para a estruturação
do APL da Região dos Campos Gerais, PR. XXVI ENEGEP. Anais... Fortaleza. Brasil. Outubro de
2006.
4. PAGANI, Regina N.; RESENDE, Luis M.; GUERREIRO, Eziquiel; HIGACHI, Hermes Y. Uma
análise do controle de qualidade utilizado pelas empresas do setor de Móveis de Metal e
Sistemas de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, PR. XXVI ENEGEP. Anais...
Fortaleza. Brasil. Outubro de 2006.
5. PAGANI, Regina N.; RESENDE, Luis M.; MARÇAL, RUI F. O Método de melhorias PDCA:
sugestão de aplicação para estruturar o APL de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e
Logística de Ponta Grossa. ADM2006. 19° Congresso Internacional de Administração. Anais...
Ponta Grossa: Setembro, 2006.
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Apêndices 125
APENDICE B – CODIFICAÇÃO DAS EMPRESAS POR SEGMENTO
Empresa Codificação
1 Águia Sistemas de Armazenagem S.A 1EMP
2 Scheffer Tecnologia em Móveis de Aço 2EMP
3 W3 Ind Metalúrgica Ltda 3EMP
4 Inca Ind Metalúrgica Ltda 4EMP
5 Pontasul Ind Metalúrgica Ltda 5EPP
6 Imsulpar Ind Metal Sul PR Ltda 6EPP
7 Micromóveis 7EPP
8 Scheffer Logística e Automação Ltda 8EMP
9 Metal2 Ltda 9EPP
10 Da Rocha Instal Com Ltda 10EPP
11 GGL Ind Móveis de Aço Ltda 11EPP
12 Metalsistem do Brasil 12EPP
13 Edwirges Ind e Com Móveis Ltda 13EPP
14 Camaqui - Aquino & Barbosa Ltda 14EPP
15 MOVAG – Ind Comerc Móveis em Aço Ltda 15EPP
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Apêndices 126
APÊNDICE C – RELAÇÃO DAS EMPRESAS QUE PARTICIPARAM
DA PESQUISA DE CAMPO
Empresa
Ano de
Fundação
1 Águia Sistemas de Armazenagem S.A 1973
2 Scheffer Tecnologia em Móveis de Aço 1988
3 W3 Ind Metalúrgica Ltda 1989
4 Inca Ind Metalúrgica Ltda 1989
5 Pontasul Ind Metalúrgica Ltda 1991
6 Imsulpar Ind Metal Sul PR Ltda 1993
7 Micromóveis 1993
8 Scheffer Logística e Automação Ltda 1995
9 Metal2 Ltda 1995
10 Da Rocha Instal Com Ltda 1996
11 GGL Ind Móveis de Aço Ltda 1999
12 Metalsistem do Brasil 1999
13 Edwirges Ind e Com Móveis Ltda 1999
14 Camaqui - Aquino & Barbosa Ltda 2001
15 MOVAG – Ind Comerc Móveis em Aço Ltda 2004
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 127
ANEXO A – QUESTIONÁRIO 1 APLICADO AOS EMPRESÁRIOS
SEPL
SECRETARIA DE
ESTADO DO
PLANEJAMENTO
E
PROJETO IDENTIFICAÇÃO,
CARACTERIZAÇÃO, CONSTRUÇÃO DE
TIPOLOGIA E APOIO NA FORMULAÇÃO
DE POLÍTICAS PARA OS ARRANJOS
IPARDES
INSTITUTO
PARANAENSE DE
DESENVOLVIMENTO
ECONOMICO E
SOCIAL
FORMULÁRIO DA EMPRESA
Entrevistador (a)__________________________________________________
Telefone ( ) ________________________E-mail_______________________
Cidade__________________________ Data da entrevista________________
BLOCO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
1. Nome da empresa:
2. Razão social:
3. Endereço:
4. Município : 5. CEP:
6. Telefone: ( ) 7. Fax: ( )
8. Home page: 9. E-mail:
10. Nome do entrevistado:
11. Cargo / função:
12. Ano de fundação
13. Código de atividade da empresa (segundo código da CNAE)
14. Origem do capital (%)
Nacional: Estrangeiro:
15: Tipo de sociedade: 16. Número de sócios:
17. Escolaridade atual do proprietário ou do sócio majoritário:
18. Tipo de gestão:
( ) Familiar ( ) Profissional ( ) Outro (descreva)
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 128
BLOCO 2 – PERFIL DO PRINCIPAL SÓCIO-FUNDADOR
19. Nome do sócio:
20. Sexo:
21. Idade quando criou a empresa:
22. Escolaridade quando criou a empresa:
23. Os pais do principal sócio fundador eram empresários, antes da criação da
empresa?
( )Sim ( )Não
24. Qual o ramo de atuação?________________________________________
25. Identifique a principal ocupação / atividade que o principal sócio fundador exercia
antes de criar a empresa:
1. ( ) Estudante universitário
2. ( ) Estudante de escola técnica
3. ( ) Empregado de empresa local na atividade do APL
4. ( ) Empregado de empresa local / outra atividade
5. ( ) Empregado de empresa de fora do APL / na atividade do APL
6. ( ) Empregado de empresa de fora do APL / outra atividade
7. ( ) Funcionário de instituição local (pública ou privada). Qual?
___________________
8. ( ) Empresário de fora / na atividade do APL
9. ( ) Empresário em outra atividade
10. ( ) Outro (descreva).
______________________________________________
BLOCO 3 – MÃO-DE-OBRA
26. Número de empregado na empresa:
Número de empregados
Empregados
Ao final de 2005 Atual (2006)
Formais
Informais
Total
27. Perfil da mão-de-obra:
Setor
Cargo/
função
Número de
empregados
Idade média
Escolaridade
requerida
Produção
Administração
Técnicos
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 129
28. A empresa realiza atividade de qualificação e/ou capacitação da mão-de-obra?
1. ( ) Não realiza
2. ( ) Realiza na empresa, em serviço
3. ( ) Realiza na empresa, em atividade específica de treinamento (curso)
4. ( ) Realiza fora da empresa
29. Indique a instituição ou o agente realizados da qualificação e/ou capacitação da
mão-de-obra. _______________________________________
BLOCO 4 – RELAÇÕES DE SUBCONTRATAÇÃO
30. A empresa atua como subcontratada ou subcontratante de outras empresas,
através de contrato ou acordo de fornecimento regular e continuado de peças,
componentes, materiais ou serviços como fabricante de produto final associado a
uma rede de produção?
1. ( ) Não tem relações de subcontratação
2. ( ) Sim, é apenas subcontratante
3. ( ) Sim, é apenas subcontratada
4. ( ) Sim, é subcontratante e subcontratada.
31. Indique o número de empresas subcontratadas segundo o seu porte:
Empresa
subcontratante
0 a 19 20 a 99 100 a 249 250 a 499 Total de empresas
subcontratadas
De empresa local
De empresa localizada
fora do APL
32. Para empresa subcontratante, marcar com X a atividade contratada por
localização da empresa subcontratada.
Localização da
subcontratante
Tipo de atividade contratada pela subcontratante
dentro do APL fora do APL
Fornecimento de insumos e componentes
Etapas do processo produtivo (montagem, embalagem, etc.)
Serviços especializados na produção ( laboratoriais,
engenharia, manutenção, certificação, etc.)
Administrativas (gestão, processamento de dados,
contabilidade, recursos humanos)
Desenvolvimento de produto (design, projeto, etc.)
Comercialização
Serviços gerais (limpeza, refeições, transporte, etc.)
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 130
33. Indique o número de empresas subcontratantes segundo o seu porte:
Empresa
subcontratada
0 a 19 20 a 99 100 a 249 250 a 499 Total de empresas
subcontratantes
De empresa local
De empresa localizada
fora do APL
34. Para empresa subcontratada, marcar com X a atividade contratada por
localização da empresa subcontratante.
Localização da
subcontratante
Tipo de atividade contratada pela subcontratada
dentro do APL fora do APL
Fornecimento de insumos e componentes
Etapas do processo produtivo (montagem, embalagem, etc.)
Serviços especializados na produção ( laboratoriais,
engenharia, manutenção, certificação, etc.)
Administrativas (gestão, processamento de dados,
contabilidade, recursos humanos)
Desenvolvimento de produto (design, projeto, etc.)
Comercialização
Serviços gerais (limpeza, refeições, transporte, etc.)
BLOCO 5 – ESTRUTURA PRODUTIVA E DE COMERCIALIZAÇÃO
35. Descreva, em ordem de importância, os principais produtos fabricados e/ou
serviços industriais prestados, as unidades de medida, as quantidades produzidas,
os valores de venda e a participação nas vendas totais de cada produtos.
Produção
Principais
produtos
Unid.
Medida
Quant. Prod.
2005
Quant. Estim.
2006
Preço
unit. R$
Participação % no
total vendas 2005.
1.
2.
3.
4.
5.
36. Informe a capacidade instalada da empresa.
1. Capacidade de produção anual (em volume): _______________________________
2. Nível atual de utilização da capacidade instalada (%):
__________________________
3. Número de turnos trabalhados:
________________________________________
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 131
37. Marcar com X a sazonalidade da produção da empresa:
Sazonalidade Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pico
Baixa
38. Quais são as formas de comercialização utilizadas pela empresa e quanto
representam, percentualmente, no total das vendas.
Formas de comercialização Participação no total das vendas (%)
Representante comercial
Licitação
Venda direta ao cliente
Lojas da fábrica
Vendedores próprios
Escritório de exportação
Outros (descreva)
39. Indique o destino das vendas totais da empresa, 2005, por regiões de mercado.
Mercados Percentual das vendas totais em 2005 (%)
Na região do APL
No Paraná
Em outros estados
No exterior
Total 100%
40. A empresa exporta seus produtos?
( )Sim ( )Não
41. Indique os dados abaixo.
Principais produtos
exportados
Paises de destino
Canais de
comercialização
Participação % da
exportação no valor das
vendas totais do produto
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 132
42. Assinale em ordem de importância, até três elementos decisivos no processo de
comercialização.
Elementos Ordem de importância
Preço do produto
Marca do produto e tradição da empresa
Serviço pós-venda
Promoções e propaganda
Prazos e confiabilidade nos prazos
Outros fatores (descrever)
43. Indique a faixa de faturamento bruto anual de 2005.
Faixa de faturamento da empresa (R$) Porte da empresa
Até 108.000,00 Micro
De 108.001,00 a 216.000,00
De 216.001,00 a 576.000,00
De 576.001,00 a 1.200.000,00
De 1.200.001,00 a 1.440.000,00 Pequena
De 1.440.001,00 a 1.800.000,00
De 1.800.001,00 a 10.500.000,00
De 10.500.001,00 a 60.000.000,00 Média
Acima de 60.000.001,00 Grande
BLOCO 6 – RELAÇÕES INTEREMPRESARIAIS
As questões 44 até 48 tratam da relação entre a empresa e outros fabricantes de produtos finais similares no APL.
As questões 49 e 50 tratam da relação entre a empresa e fornecedores de bens e serviços especializados
.
44. A empresa coopera com outros fabricantes de produtos finais similares no APL?
1. ( ) Não coopera
2. ( ) No arrendamento de maquinário
3. ( ) No desenvolvimento de produtos
4. ( ) No marketing
5. ( ) No treinamento de mão-de-obra
6. ( ) Na compra de matéria-prima
7. ( ) Na troca / empréstimo de materiais
8. ( ) Outros (descreva): ______________________________________________
45. A empresa troca idéias ou discute dificuldades e estratégias com outros
fabricantes de produtos finais similares no APL?
1. ( ) Nunca (Não)
2. ( ) Ocasionalmente
3. ( ) Frequentemente (Sim)
46. A empresa visita outros fabricantes de produtos finais similares no APL?
1. ( ) Nunca (Não)
2. ( ) Ocasionalmente
3. ( ) Frequentemente (Sim)
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 133
47. A empresa abre seu local de trabalho para outros fabricantes de produtos finais
similares no APL?
1. ( ) Nunca (Não)
2. ( ) Ocasionalmente
3. ( ) Frequentemente (Sim)
48. Além das relações comerciais, o empresário mantém algum tipo de interação
social com outros fabricantes de produtos finais similares no APL?
1. ( ) Não mantém interação social
2. ( ) Em atividades culturais
3. ( ) Em atividades recreativas e esportivas
4. ( ) Em igrejas
5. ( ) Em partidos políticos
6. ( ) Em reuniões familiares
7. ( ) Em encontros informais de vizinhança
8. ( ) Outros (descreva): ______________________________________________
49. Localização e avaliação dos três principais fornecedores de bens e serviços
especializados.
Localização
Bens e serviços
Nome do
fornecedor
Município UF
Dificuldade no fornecimento
Matéria-prima 1.
2.
3.
Componentes 1.
2.
3.
Maquinário 1.
2.
3.
Serviços
especializados
1.
2.
3.
50. Além do fornecimento de bens e serviços especializados, seus fornecedores
mantém algum outro tipo de cooperação e/ou interação com a empresa?
1. ( ) Não existe cooperação / interação
2. ( ) Oferece apoio / colaboração para solução de problemas decorrentes de produtos / insumos
fornecidos
3. ( ) Solicita sugestões de como melhorar os produtos / insumos fornecidos
4. ( ) Explica as características dos produtos / insumos fornecidos
5. ( ) Outros (descreva):
______________________________________________
BLOCO 7 – COOPERAÇÃO MULTILATERAL
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 134
51. A empresa é associada a alguma entidade de classe (sindicato, associação
setorial, ou outra instituição local relevante para o APL)?
( ) Sim ( ) Não
52. À qual(is) entidade(s) de classe a empresa é associada?
_______________________________________________________________
53. A empresa participa de iniciativas coletivas inter-empresariais (consórcios de
exportação, cooperativas de credito, centros de tecnologia, centros de treinamento
de mão-de-obra, fóruns de discussão ou outras)?
( ) Sim ( ) Não
54. Descreva a iniciativa e, quando ocorrer apoio institucional, indique quem apóia:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
55. A empresa participa de programas de apoio coordenadas por entidades locais ou
por instituições de apoio (Governo Estadual, TECPAR, Sistema FIEP, SEBRAE,
BRDE ou outra)?
( ) Sim ( ) Não
56. Qual(is) programa(s)?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
57. A empresa já se beneficiou dos resultados desses programas de apoio?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
58. De que forma a empresa se beneficiou dos resultados desses programas de
apoio?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 135
59. Marque com um X como a sua empresa avalia a importância da contribuição de
sindicatos, associações, cooperativas locais no tocante às seguintes atividades:
Importância
Tipo de contribuição
Alta Média Baixa Nula
Auxílio na definição de objetivos comuns para o APL
Auxílio na definição de ações estratégicas (planejamento)
Disponibilização de informações sobre matérias-primas,
equipamento, assistência técnica, consultoria, etc.
Identificação de fontes e formas de financiamento
Abertura de canais de comercialização (mercado interno)
Abertura de canais de comercialização (mercado externo)
Prospecção sobre tendências de mercados e produtos
Apresentação de reivindicações comuns
Criação de fóruns e ambientes para discussão
Promoção de ações dirigidas à capacitação tecnológica de
empresas
stímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa social
Organização de eventos técnicos e comerciais na região
Outros (descreva):
BLOCO 8 – PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO (P&D&I)
60. Marcar com X o grau de utilização das fontes de informação para inovação de
processo, tanto para maquinário quanto para a organização da produção.
Grau de utilização
Fontes de informação
Frequente Ocasional Nunca
Ocasiões sociais
Vendedores
Fornecedor de maquinário
Feiras e exibições
Workshops de produtores
Clientes
Publicações especializadas
Visitas a outras empresas da região
Visitas a outras empresas de fora da região
Funcionários que trabalharam em outras empresas
Consultas especializadas da região
Consultores especializados de outras regiões
Bibliotecas ou serviços de informação
Outro (descreva):
61. A empresa possui departamento interno de desenvolvimento de produto
(P&D&I)?
( ) Sim ( ) Não
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 136
62. Qual é o % do faturamento anual investido em P&D&I?
_______________________________________________________________
63. Quantas pessoas estão envolvidas com o trabalho em P&D&I?
_______________________________________________________________
64. Número e qualificação do pessoal envolvido em atividade de P&D&I?
Número de funcionários
por tempo de dedicação
Nível de
qualificação
Formação
profissional
Função
Número
total de
funcionários
Integral Parcial
Superior
Técnico
Operacional
65. Marque com X a importância das principais fontes de informação para a
concepção e desenvolvimento de produtos.
Importância
Fontes de informação
Alta Média Baixa Nula
Visitas a feiras na regiãoVisitas a feiras em outras regiões do pais
Visitas a feiras no exterior
Catálogos, revistas e sitios especializados da Internet
Especializações de clientes
Imitação de produtos de concorrentes locais
Imitação de produtos de concorrentes externos ao APL
Contratação de especialistas em design
Universidades / centros de pesquisa
Outros (descreva):
66. Seus projetos e design de produtos são:
1. ( ) Desenvolvidos internamente
2. ( ) Desenvolvidos por terceiros
3. ( ) Oferecidos por terceiros
4. ( ) Cópia / imitação
5. ( ) Outros (descreva):
______________________________________________
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 137
67. Qual é o papel dos canais de comercialização (representantes, lojistas,
franqueados, gerentes e promotores de venda, etc. ) na concepção e
desenvolvimento de seus produtos?
1. ( ) Irrelevantes
2. ( ) Pouco importante
3. ( ) Importante
4. ( ) Muito importante
BLOCO 9 - CONTROLE DA QUALIDADE
68. Utiliza algum sistema forma de gestão da qualidade?
1. ( ) Não utiliza
2. ( ) 5S
3. ( ) Controle Estatístico de Processo (CEP)
4. ( ) Controle de qualidade total - TQC
5. ( ) Outros (descreva):
______________________________________________
69. Possui certificação da qualidade (ISO ou outra)?
1. ( ) Não possui certificação da qualidade
2. ( ) ISO 9001/2000
3. ( ) ISO 14000
4. ( ) Outros (descreva):
______________________________________________
70. Realiza testes de qualidade de produto?
( ) Sim ( ) Não
71. Preencha as informações abaixo:
Local da realização do teste
Tipo de teste (descrição) Freqüência
Na empresa Em outra instituição
1.
2.
3.
4.
72. Qual é o percentual de não-conformes (defeitos) em relação ao total produzido?
_______________________________________________________________
73. Qual é o percentual de retrabalho sobre a produção não-conforme?
_______________________________________________________________
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 138
74. Utiliza algum procedimento para segurança e qualidade do ambiente de
trabalho?
1. ( ) Não utiliza
2. ( ) Mapeamento de áreas de risco
3. ( ) Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
4. ( ) Programas de ergonomia
5. ( ) Climatização
6. ( ) Iluminação
7. ( ) Sinalização (por meio de linhas, painéis e luzes)
8. ( ) Outros (descreva): ______________________________________________
BLOCO 10 – MEIO AMBIENTE
75. Utiliza algum material poluente?
( ) Sim ( ) Não
76. Qual o material utilizado?
_______________________________________________________________
77. Adota procedimentos para preservação do meio ambiente?
1. ( ) Não adota
2. ( ) Tratamento dos resíduos
3. ( ) Otimização do consumo de recursos no processo produtivo
4. ( ) Controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas da atividade industrial
5. ( ) Controle de ruídos e vibrações
6. ( ) Disposição adequada de resíduos sólidos (lixo) da atividade industrial
7. ( ) Mudanças nos procedimentos de estocagem, transporte, manuseio, distribuição e disposição
final dos produtos ou materiais perigosos e suas embalagens
8. ( )Cursos ou treinamento da mão-de-obra para prática dos procedimentos relacionados
9. ( )Dar preferência a fornecedores e distribuidores que não tem uma imagem ambiental negativa
10. ( ) Outros (descreva):
_____________________________________________
78. Qual é o percentual do faturamento anual utilizado na adoção destes
procedimentos?
___________________________________________________________________
79. A empresa realizou investimento para a expansão e/ou modernização da
capacidade produtiva nos últimos cinco anos?
( ) Sim ( ) Não
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 139
80. Como a empresa financiou a expansão e/ou modernização da capacidade
produtiva?
1. ( ) Capital próprio (empresa e/ou sócios)
2. ( ) Empréstimo familiar
3. ( ) Bancos e agências de desenvolvimento (BNDS, brde, Agência de Fomento)
4. ( ) Bancos comerciais públicos, (BB, CEF, Bancos estaduais)
5. ( ) Bancos comerciais privados
6. ( ) Cooperativas de crédito
7. ( ) Sistema financeiro internacional
8. ( ) Outros (descreva): _____________________________________________
81. Como a empresa financia o capital de giro?
1. ( ) Capital próprio (empresa e/ou sócios)
2. ( ) Empréstimo familiar
3. ( ) Bancos e agências de desenvolvimento (BNDS, BRDE, Agência de Fomento)
4. ( ) Bancos comerciais públicos, (BB, CEF, Bancos estaduais)
5. ( ) Bancos comerciais privados
6. ( ) Cooperativas de crédito
7. ( ) Sistema financeiro internacional
8. ( ) Outros (descreva): _____________________________________________
82. Existem demandas específicas da empresa visando o financiamento para
desenvolvimento de produtos e outras atividades tecnológicas?
( ) Sim ( ) Não
83. Quais são as demandas da empresa?
_______________________________________________________________
84. A empresa conhece as linhas de financiamento de fontes públicas, disponíveis
para apoio tecnológico?
1. ( ) Não conhece
2. ( ) BNDS
3. ( ) BRDE
4. ( ) FINEP
5. ( ) Outros (descreva):
_____________________________________________
85. A empresa já utilizou algumas das linhas de financiamento conhecidas para
desenvolvimento de produtos e outras atividades tecnológicas?
( ) Sim ( ) Não
86. Qual foi a fonte e a linha de financiamento utilizada?
_______________________________________________________________
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 140
87. Teve dificuldades para acesso aos mecanismos de financiamento?
1. ( ) Nunca procurou financiamento
2. ( ) Não teve dificuldades para obter financiamento
3. ( ) Por inadequação dos prazos
4. ( ) Por inadequação das taxas de juros
5. ( ) Por exigências de garantias
6. ( ) Por excesso de burocracia
7. ( ) Por exigências dos bancos repassadores
8. ( ) Outros (descreva): _____________________________________________
88. A empresa utilizou benefícios fiscais de infra-estrutura ou outro para sua
instalação no município?
( ) Sim ( ) Não
89. Que benefícios fiscais utilizou?
_______________________________________________________________
BLOCO 12 – QUESTÕES GERAIS
90. Quais são as dificuldades do APL que a empresa considera relevantes para
compor a agenda das políticas governamentais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
________________________________________________________________
______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 141
ANEXO B – QUESTIONÁRIO 2 FORMAS DE COMPARTILHAMENTO
GERAIS EM UM APL
REGINA NEGRI PAGANI - UTFPR CAMPUS PONTA GROSSA
PROF. LUIS MAURICIO RESENDE - UTFPR CAMPUS PONTA GROSSA
Entrevistador (a):
Data da entrevista:
BLOCO 1 – DADOS DA EMPRESA
01 Nome da empresa
:
02 Razão social
:
03 Endereço
:
04 Município: 05 CEP
06 Telefone ( ): 07 Fax ( ):
08 Home page: 09 E-mail:
10 Nome do entrevistado:
11 Cargo / função:
12 Ano de fundação 13 Código de atividade da empresa
(segundocódigo da CNAE)
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 142
BLOCO 2 – FORMAS DE PARTILHAMENTO PRETENDIDAS PELAS EMPRESAS
DA AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA
Usar tabela de código (TC1) abaixo
01. Cplena - Concordo plenamente
02. Cparcial - Concordo parcialmente
03. Nsopinar - Não sei opinar
04. D - Discordo
05. Dtotal - Discordo totalmente
06. Mimp - Muito importante
07. Pimp - Pouco importante
08. Nimp - Não é importante
09. Nsopinar - Não sei opinar
13. Contratação e treinamento de pessoal: esta atividade pode ocorrer de forma
cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
14. Desenvolvimento conjunto de novas tecnologias: esta atividade pode ocorrer de
forma cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
15. Fabricação de peças idênticas para produtos diferentes: esta atividade pode
ocorrer de forma cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
16. Compartilhamento de instalações: esta atividade pode ocorrer de forma
cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
17. Compartilhamento de publicidade de produtos: esta atividade pode ocorrer de
forma cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
18. Compartilhamento de promoção de novos produtos: esta atividade pode ocorrer
de forma cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 143
19. Manutenção de um escritório de vendas para o mercado externo: esta atividade
pode ocorrer de forma cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
20. Compra compartilhada de suprimentos e matérias-primas: esta atividade pode
ocorrer de forma cooperativa entre empresas similares:
[ ] Cplena [ ] Cparcial [ ] Nsopinar [ ] D [ ]Dtotal
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 144
ANEXO C - ROTEIRO DE QUESTÕES PARA VISITAS A
INSTITUIÇÕES
INSTITUIÇÃO:_________________________________DATA:____/____/2006
ENDEREÇO:_____________________________________________________
HOMEPAGE:_____________________________E_MAIL__________________
TELEFONES:_____________________________________________________
RESPONSÁVEL:__________________________________________________
1. Tempo em que opera no local:
2. Recursos de que dispõe
2.1 Orçamentários:
2.2 Número de pessoas empregadas e respectivas qualificações:
3 Serviços que presta às empresas locais
3.1 Treinamento: cursos técnicos, profissionalizantes, superiores.
3.2
Ensaios e testes laboratoriais, assistência técnica, serviços
especializados (prospecção de mercados e produtos, projetos,
modelagem, design)
3.3
Promoção de feiras e eventos, assessoria empresarial,
financiamentos, serviços gerais (assistência jurídica, registros de
marcas e patentes, proteção ao crédito, etc).
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Anexos 145
4 Interações com as empresas locais:
4.1 Quantas empresas utilizam os serviços da instituição:
4.2 Quais os serviços mais utilizados
4.3
Problemas de oferta de serviços ou de demanda por parte das
empresas
4.4
Relação dos serviços prestados com o produto ou atividade
principal do APL
PPGEP – Gestão Industrial (2006)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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Baixar livros de Astronomia
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Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
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Baixar Monografias e TCC
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Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo