Trabalho, “ao qual os sindicatos deveriam enviar os seus estatutos e relação dos seus
associados” (CARVALHO, 2002, p.117)
Após o Estado Novo, os direitos políticos e civis voltaram com a Constituição de
1946. Os direitos sociais - garantidos na era Vargas - foram contemplados na nova carta e,
nesta época, houve um avanço significativo da democracia, estendendo-se até 1964. Deste
modo, ocorreram uma intensa mobilização política, liberdade de imprensa e eleições em todas
as esferas do Estado (CARVALHO, 2002).
Nos anos de 1950, Vargas voltou à cena política pelo voto. Seu estilo populista e
nacionalista teve apoio junto aos trabalhadores sindicalizados e de alguns nacionalistas do
Exército. O período entre 1956 e 1961, segundo Pereira (1983), foi marcado com um intenso
desenvolvimento econômico no país. O governo de Juscelino Kubstchek orquestrou tal
desenvolvimento, pelo motivo de que - além de ter apoio político - estava assessorado por
técnicos formados no exterior que ajudaram a criar, com o planejamento, condições para o
desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil. Segundo Pereira (1983),
Neste período o fenômeno econômico fundamental foi a implantação de
uma poderosa indústria automobilística no Brasil. Partindo praticamente da
estaca zero em 55, o Brasil em 60 já produzia 133.078 veículos, com um
índice de nacionalização superior a 90% A importância dessa indústria é
fundamental na explicação de seu desenvolvimento brasileiro nesse
período... (PEREIRA, 1983, p.48)
Foi nesta ótica que se elaborou o Plano de Metas, em que os objetivos fundamentais
eram investimentos maciços do Estado no aparato infra-estutural, aumentando a dívida
externa e estimulando investimentos nacionais e estrangeiros. Nesta época, anos 1950-1960,
começaram a acontecer as primeiras migrações
2
do campo para as cidades, eclodindo os
primórdios dos problemas ocasionados pelo processo de industrialização – urbanização.
2
Convém lembrar, que o êxodo rural se acentua após a ditadura militar, iniciada em 1964, visto que há uma
gama de fatores para que isto ocorra: 1.intensificação do desenvolvimento capitalista no campo; 2. apoio do
Estado aos grandes proprietários rurais, através dos subsídios; 3. aumento da concentração fundiária; 4. repressão
aos sindicatos e entidades organizadas, que defendiam os interesses dos trabalhadores rurais; aprovação do
Estatuto do Trabalhador Rural (ETR) e o Estatuto da Terra (ET) em 1964 - pelos governos militares – que não
lesam os interesses dos latifundiários, entre outros. (FIGUEIREDO, 1984). Segundo Silveira (2003), o Estatuto
do Trabalhador Rural (ETR) “é um conjunto sistematizado de normas para a proteção jurídica ao rurícola que
trabalha a terra de terceiros, na qualidade de empregado ou outras formas reconhecidas de assalariado pelo
Direito Brasileiro” (SILVEIRA, 2003, pp 23-24). Ademais, de acordo com o referido autor, grosso modo, “esse
estatuto apresentou-se como uma vitória do trabalhador rural, até então praticamente sem proteção” (SILVEIRA,
1003, p.25). Todavia, “frente às inúmeras manifestações dos trabalhadores do campo, os empregadores reagiram
violentamente ao ETR: negaram as novas obrigações patronais, expulsaram os trabalhadores das propriedades
rurais onde trabalhavam e moravam, aumentando, desta maneira a problemática social na cidade” (SILVEIRA,
1003, p.26). Concernente ao Estatuto da Terra (ET), para Silveira (2003), a sua elaboração está profundamente
atrelada aos interesses das classes dominantes, que são defendidos e representadas pelos governos militares.
Assim, o Estatuto da Terra, “não visava só a reforma agrária, mas, sobretudo a modernização da política agrícola
do país; por isso é um projeto de desenvolvimento rural” (SILVEIRA, 2003, p.35).