3
apatia política; o desinteresse pelas questões coletivas
2
; a desmoralização da
política e dos políticos
3
; a desconfiança em relação ao sistema partidário, a
infidelidade partidária, a diminuição do número de filiações partidárias
4
e os
crescentes protestos contra a nova ordem globalizada.
A descrença nos mecanismos de representação política levou os
estudiosos a falar em uma verdadeira “crise de representatividade”. Segundo esses
estudiosos, há uma desconfiança da sociedade em relação aos atores políticos
tradicionais
5
, pois estes não têm se mostrado eficazes na intermediação dos
interesses sociais junto ao Estado. Esta crise acaba por afetar os partidos
6
; os
métodos de escolha dos representantes políticos e até mesmo o próprio vínculo de
2
SADER, Emir. Para outras democracias. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org).
Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro, 2002, p. 653. BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. (trad: Marcus Penchel) Rio de
Janeiro, Jorge Zahar, 2000, p. 21.
3
SÁNCHES, Enrique Venegas. Movimientos sociales y nuevas estrategias de poder
civil en la era de la globalización. In: GÓMEZ, Julio Alguacil (ed.). Ciudadanía, ciudadanos y
democracia participativa. Fundación César, Manrique, Madrid, p.109.
4
PNUD, ob. cit., SÁNCHES, Enrique Venegas. ob. cit., p.109.
5
Os partidos políticos já desempenharam um importante papel na luta contra o
autoritarismo político, sobretudo nos períodos de ditadura. Hoje, no entanto, encontram-se bastante
desacreditados e até mesmo desmoralizados perante a opinião pública. Os diferentes segmentos da
sociedade não mais reconhecem neles um porta-voz de seus interesses. Para manter sua
competitividade eleitoral, os partidos foram, cada vez mais, se profissionalizando e ao se burocratizar
acabaram por se distanciar dos interesses da sociedade. Discursos e programas pausterizados,
campanhas eleitorais milionárias e conchavos políticos motivados, em regra, por interesses pessoais
e particulares, demonstram a despreocupação dos partidos em interceder como interlocutor da
sociedade. Neste sentido: Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNDU). La
democracia en la América Latina: hacia una democracia de ciudadanas y ciudadanos, 2.ª ed. Buenos
Aires, Aguilar, Altea, Taurus, Alfaguara, 2004, p. 27) Na mesma linha: VILLEGAS, Mauricio García.
Los límites de la democracia participativa. In LONDOÑO. Juan Fernando. Sociedad Civil, Control
Social y Democracia Participativa. Bogotá, Fescol, 1997; p. 40. Segundo Evelina DAGNINO; Alberto J
OLVERA e Aldo PANFICHI “As regras do sistema político condicionam os partidos, mesmo os mais
inovadores”. DAGNINO, Evelina; OLVERA, Alberto J e PANFICHI, Aldo. ob. cit., p.7. Sobre a lógica
mercantilista que permeia a competição eleitoral e as cifras milionárias das campanhas presidenciais
nos Estados Unidos, conferir PNUD, Relatório do Desenvolvimento Humano de 2002, p. 5 e SADER,
Emir ob. cit., p. 655.
6
Os partidos políticos aparecem na modernidade como a mola propulsora do sistema
representativo. A partir deles os diferentes setores da sociedade buscam intermediar seus interesses
junto ao Estado. Cada partido apresenta em seus programas o projeto político e o modelo de
sociedade que pretende construir. No período de eleições a população é chamada a escolher, entre
os distintos projetos, qual deles melhor representa os seus interesses. (DAGNINO, Evelina; OLVERA,
Alberto J e PANFICHI, Aldo. ob. cit., p. 36).