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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Avaliação e armazenamento de híbridos de milho verde visando à
produção de pamonha
Ana Carolina Leme
Dissertação apresentada para obtenção do título
de Mestre em Ciências. Área de concentração:
Ciência e Tecnologia de Alimentos
Piracicaba
2007
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Ana Carolina Leme
Engenheiro Agrônomo
Avaliação e armazenamento de híbridos de milho verde visando à produção de
pamonha
Orientadora:
Profª. Dra.
SILENE BRUDER SILVEIRA SARMENTO
Dissertação apresentada para obtenção do título
de Mestre em Ciências. Área de concentração:
Ciência e Tecnologia de Alimentos
Piracicaba
2007
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Leme, Ana Carolina
Avaliação e armazenamento de híbridos de milho verde visando à produção de
pamonha / Ana Carolina Leme. - - Piracicaba, 2007.
123 p. : il.
Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007.
Bibliografia.
1. Milho verde – Propriedade físico-químicas 2. Pamonha – Propriedade físico-químicas
3. Qualidade dos alimentos I. Título
CDD 664.725
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
DEDICO
Aos meus pais José Américo
José AméricoJosé Américo
José Américo e Azize
AzizeAzize
Azize, exemplos de vida e luta, por estarem sempre
presentes incentivando e apoiando a minha caminhada, dando-me muito AMOR,
carinho e compreensão, pois sem a presença e esforço deles eu nada seria.
Aos meus irmãos Rodrigo
RodrigoRodrigo
Rodrigo e Fábio
FábioFábio
Fábio,
pelo carinho e incentivo.
Ao meu namorado Ricardo
RicardoRicardo
Ricardo, que nos momentos finais esteve ao meu lado disposto
a ajudar-me com paciência, carinho, alegria e AMOR.
A Carlota
Carlota Carlota
Carlota que em todos os momentos esteve ao meu lado, me ajudando,
incentivando e apoiando. Serei eternamente grata por sua dedicação,
ensinamentos e amizade.
4
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
À Deus
DeusDeus
Deus, pelo dom da vida e sabedoria e por estar sempre ao meu lado, me iluminando e dando forças.
Aos meus pais, pela educação oferecida, que permitiram a realização de mais essa etapa nos meus estudos e por
acreditarem no meu trabalho.
Ao meu irmão Rodrigo, pelo auxílio prestado na transcrição do resumo para o inglês.
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”(ESALQ/USP) em especial ao Departamento de
Agroindústria, Alimentos e Nutrição, pela oportunidade de realização deste trabalho.
À minha orientadora Prof.ª Drª Silene Bruder Silveira Sarmento pela orientação, ensinamentos, apoio e
confiança.
À professora Dra.Marta Helena Fillet Spoto, pelo apoio e orientação.
Aos professores Ernani Porto e Gilma Lucazechi Sturion, pelo apoio nas análises microbiológicas e orientação.
Ao Prof. Dr. Carlos Tadeu dos Santos Dias, pelo auxílio na realização da análise estatística.
Ao Prof. Dr. Eduardo Micotti da Gloria, pelo empréstimo do laboratório, equipamentos e sugestões.
À Carlota Boralli dos Anjos pela grande e indispensável ajuda na realização de todas as análises.
À Savianne pela ajuda durante o desenvolvimento desse trabalho e pela amizade e companheirismo.
Aos meus amigos de laboratório Maria Flávia, Manoel e Natália pelo companheirismo e pela força.
Às minhas amigas de pós-graduação, Luciana Fontes, Aline Zanão, Vanessa Groppo, Alessandra Romero,
Mariana Danelon, pela amizade, força e ajuda nos momentos difíceis.
5
À minha grande amiga Tatiana Jacob, por sua inestimável presença em todos os momentos da minha vida, serei
eternamente grata pelo amor, carinho, paciência e ensinamentos que foram e são primordiais para meu
crescimento.
Aos amigos, César, Sueli e Limerci, pela auxilio prestado no transporte das pamonhas até Campinas.
A todos os meus amigos, pela amizade, apoio e pelos momentos de alegria.
A toda equipe de microbiologia, pela ajuda prestada durante a realização do processamento e análises
microbiológicas.
A equipe de funcionários e estagiárias do laboratório de processamento de frutas e hortaliças, pelo auxílio na
realização das análises de laboratório.
A todos os provadores da análise sensorial, pela paciência e dedicação, pois sem vocês a execução de parte deste
trabalho não seria possível.
Ao Gleuber Teixeira (Mandaí) pela grande ajuda na escolha dos híbridos e condução da cultura no campo.
Ao Antonio Benedetti Júnior, pelo fornecimento da matéria-prima.
Aos funcionários do departamento Luis, Rubens, Beatriz e Midiam pelo apoio e atenção.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
pela concessão da bolsa de estudo.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
O MEU MUITO OBRIGADA!!!
O MEU MUITO OBRIGADA!!!O MEU MUITO OBRIGADA!!!
O MEU MUITO OBRIGADA!!!
6
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................... 9
ABSTRACT ...................................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 14
2.1 O milho como matéria-prima ......................................................................
14
2.2 Aspectos fisiológicos da cultura ................................................................. 17
2.3 Pós-colheita do milho verde .......................................................................
19
2.4 A pamonha .................................................................................................
22
2.4.1 Amido ...................................................................................................... 23
2.4.2 Fibras ...................................................................................................... 24
2.4.3 Água ........................................................................................................
25
2.4.4 Textura .................................................................................................... 25
2.4.5 Cor .......................................................................................................... 27
2.4.6 Sabor ...................................................................................................... 27
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 29
3.1 Material ...................................................................................................... 29
3.2 Métodos ..................................................................................................... 30
3.2.1 Produção das pamonhas ........................................................................ 31
3.2.2 Aspecto geral das espigas ......................................................................
34
3.2.3 Porcentagem em massa ......................................................................... 34
3.2.4 Determinações física e físico-químicas .................................................. 34
3.2.4.1 Umidade ...............................................................................................
34
3.2.4.2 Textura dos grãos de milho ................................................................. 35
3.2.4.3 pH......................................................................................................... 35
3.2.4.4 Acidez total titulável............................................................................. 35
3.2.4.5 Teor de sólidos solúveis totais.............................................................. 35
3.2.4.6 Teor de amido....................................................................................... 36
3.2.4.7 Carboidratos solúveis totais..................................................................
36
3.2.4.8 Fibras.................................................................................................... 36
7
3.2.4.9 Cor........................................................................................................ 36
3.2.4.10 Propriedades de pasta da polpa......................................................... 36
3.2.4.11 Textura das pamonhas....................................................................... 37
3.2.5 Análise sensorial das pamonhas ............................................................ 37
3.2.5.1 Padronização das características sensoriais .......................................
38
3.2.5.2 Treinamento e desenvolvimento da terminologia descritiva ................ 39
3.2.6 Análise microbiológica ............................................................................ 44
3.2.6.1 Coleta e preparo das amostras ............................................................
44
3.2.6.2 Contagem de coliformes totais ............................................................ 44
3.2.6.3 Contagem de Bacillus cereus ..............................................................
45
3.2.6.4 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva ...............................
45
3.2.6.5 Detecção de Salmonella ......................................................................
45
3.2.7 Análise estatística ................................................................................... 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 48
4.1 Avaliação dos híbridos de milho verde e das pamonhas produzidas........ 48
4.1.1 Características físicas e físico-químicas dos grãos dos diferentes
híbridos ............................................................................................................
48
4.1.2 Porcentagem em massa ......................................................................... 51
4.1.3 Propriedades de pasta da polpa ............................................................. 52
4.1.4 Características físicas e físico-químicas das pamonhas obtidas com os
diferentes híbridos de milho .............................................................................
53
4.1.5 Análise sensorial ..................................................................................... 58
4.2 Avaliação do armazenamento dos híbridos de milho verde sob diferentes
condições e dos efeitos deste sobre as pamonhas .........................................
61
4.2.1 Avaliação das espigas de milho verde durante armazenamento............ 61
4.2.1.1 Aspecto geral das espigas de milho .................................................... 61
4.2.1.2 Porcentagem em massa....................................................................... 65
4.2.1.3 Textura dos grãos de milho.................................................................. 66
4.2.1.4 pH e acidez titulável ............................................................................. 68
4.2.1.5 Umidade................................................................................................
70
4.2.1.6 Teores de amido e carboidratos solúveis totais ...................................
72
8
4.2.1.7 Fibras ................................................................................................... 74
4.2.1.8 Cor ....................................................................................................... 75
4.2.1.9 Propriedades de pasta da polpa .......................................................... 77
4.2.2 Avaliação das pamonhas processadas com as matérias-primas
durante o armazenamento ...............................................................................
80
4.2.2.1 pH e acidez titulável ............................................................................. 80
4.2.2.2 Umidade ...............................................................................................
82
4.2.2.3 Teores de amido e de carboidratos solúveis totais ..............................
83
4.2.2.4 Fibras ................................................................................................... 84
4.2.2.5 Textura das pamonhas ........................................................................ 86
4.2.2.6 Cor ....................................................................................................... 91
4.2.2.7 Análise microbiológica ......................................................................... 92
4.2.2.8 Análise sensorial ..................................................................................
93
4.2.2.8.1 Aparência ..........................................................................................
93
4.2.2.8.2 Odor .................................................................................................. 95
4.2.2.8.3 Sabor ................................................................................................ 97
4.2.2.8.4 Textura .............................................................................................. 102
4.2.2.8.5 Impressão global ...............................................................................
105
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 107
6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 112
REFERÊNCIAS.................................................................................................
113
ANEXOS........................................................................................................... 122
9
RESUMO
Avaliação e armazenamento de híbridos de milho verde
visando à produção de pamonha
As características físicas e físico-químicas dos híbridos de milho verde para a
produção de pamonha e ainda o efeito do armazenamento da matéria-prima sobre
as características de qualidade do produto final são ainda pouco conhecidas, mas
de grande importância para se implantar agroindústrias melhor estruturadas. Os
objetivos do presente trabalho foram avaliar híbridos de milho para a produção de
pamonhas e também avaliar o efeito do armazenamento (condições ambientes e de
refrigeração) desses híbridos sobre as características físicas, físico-químicas e
sensoriais das pamonhas produzidas. Os híbridos avaliados foram o AG1051,
BM3061 e DOW8003. Para a caracterização dos mesmos foram utilizadas espigas
recém-colhidas, que foram avaliadas (análises físicas, físico-químicas, porcentagem
de massa) e processadas em pamonhas que foram avaliadas mediante análises
físicas, físico-químicas e análise sensorial (ADQ). Os grãos dos três híbridos
avaliados apresentaram semelhanças quanto à composição (teor de umidade de
67,4% e de fibras solúveis de 0,3%), cor (luminosidade 72, croma a* -0,8 e croma b*
de 33). Nas demais características, os híbridos apresentaram diferenças estatísticas
(p<0,05) entre si, com teores de amido (11,4 a 12,8%), carboidratos solúveis (0,8 a
1,6%) e fibras insolúveis (2,2 a 2,8%). Nas propriedades de pasta (RVA)
apresentaram valores mais amplos, variando a viscosidade máxima entre 202 e
314RVU e tendência à retrogradação entre 94 e 164RVU. As pamonhas elaboradas
com estes híbridos apresentaram composição mais variável, com pH entre 7,1 e 7,5,
umidade (63,6 a 65,9%), amido (5,0 a 5,4%), carboidratos solúveis totais (18,9 a
21,8%), fibras solúveis (0,3 a 1,0%), fibras insolúveis (1,1 a 1,5%). Os parâmetros
de cor foram luminosidade (54,8 a 59,8%), croma a* (-4,6 a -5,1) e croma b* (20,5 a
29,6). A firmeza em texturômetro entre 804 e 1584N. Na avaliação sensorial as
notas variaram para cor amarela de 5,7 a 6,3, textura cremosa (4,2 a 5,8), fibrosa
(5,4 a 6,1), firme (6,0 a 7,1) e impressão global (6,4 a 7,5). O efeito do
armazenamento dos híbridos na palha em condições ambientes (25ºC e 80%UR) e
sob refrigeração (7ºC e 98%UR) sobre a qualidade dos grãos e das pamonhas foi
avaliado aos zero, 3 e 6 dias após a colheita. É recomendado o armazenamento na
condição de refrigeração (7ºC) das espigas de milho verde para elaboração de
pamonha, pois foi mais eficiente em manter as características físicas e físico-
químicas do milho e alterar menos as características das pamonhas. Os produtos
dos três híbridos armazenados ao ambiente e sob refrigeração receberam, no geral,
boas notas pelos provadores, porém, observa-se tendência das pamonhas obtidas
com matérias-primas armazenadas por 6 dias, de apresentarem-se mais firmes e
fibrosas, menos cremosas e com sabor de fermentado. Pode-se concluir que, além
das variações decorrentes do armazenamento, ocorre também variabilidade dentro
dos híbridos e deve haver interferência do processamento nas características destes
produtos, principalmente nas etapas de formulação e cocção em água, além do tipo
de embalagem requisitada.
10
Palavras-chave: Milho verde; Armazenamento; Pamonha
11
ABSTRACT
Evaluation and storage of green corn hybrids for the production of pamonha
The physicochemical characteristics of the hybrids of green corn for the production of
pamonha and the effect of the raw materials storage on the quality of the final
product are still not well known, but of great importance to the development of the
agro-industry. The objectives of the present study were to evaluate hybrids of corn
for the production of pamonha and the effects of the storage (ambient conditions and
refrigeration) of these hybrids on the physical, physicochemical and sensory
characteristics of pamonha. The hybrids evaluated were the AG1051, BM3061 and
DOW8003. Newly harvested corn-cobs have been used to characterize the hybrids.
They were evaluated with regard to physical and physicochemical characteristics and
mass percentage. The processed pamonhas were also analysed regarding their
physical, physicochemical and sensory characteristics (DQA). The grains of the three
hybrids presented similarities with regard to composition (moisture content of 67.4%
and soluble fibers of 0.3%) and color (luminosity 72, chroma a* -0.8 and chroma b*
33). The hybrids were statistically different (p<0.05) with regard to starch content
(11.4 a 12.8%), soluble carbohydrates (0.8 a 1.6%) and insoluble fibers (2.2 a 2.8%).
With regard to the pasting properties (RVA), the results presented wider differences:
the peak viscosity varied between 202 and 314RVU and the setback, between 94
and 164RVU. The pamonhas prepared with the hybrids presented more variable
composition, with pH between 7.1 and 7.5, moisture content between 63.6 and
65.9%, starch content between 5.0 and 5.4%, total soluble carbohydrates between
18.9 and 21.8%, soluble fibers between 0.3 and 1.0%, and insoluble fibers between
1.1 and 1.5%. The parameters of color were Luminosity (54.8 to 59.8%), chroma a*
(-4.6 to -5.1) e chroma b* (20.5 to 29.6). The hardness (texture analyzer) varied
between 804 and 1584N. In the sensory analysis, the grades varied from 5.7 to 6.3
for the yellow color, 4.2 to 5.8 for the creamy texture, 5.4 to 6.1 for the fibrous
texture, 6.0 to 7.1 for the firmness and the general impression varied from 6.4 to 7.5.
The effects of the storage of the hybrids with husks, at room temperature (25
o
C and
80% UR) and under refrigeration (7
o
C and 98% UR), on the quality of the grains and
pamonhas were assessed at 0, 3 and 6 days after the harvest. It is recommended
the storage of the corn cobs for the production of pamonha under refrigeration (7
o
C)
because this condition results in better maintenance of the physical and
physicochemical characteristics of the corn and pamonhas. The products of the three
hybrids stored at room temperature and under refrigeration received, in general,
good grades by the provers, however, it was observed that the pamonhas produced
with raw materials stored for 6 days were firmer and more fibrous, less creamy and
with some yeasty flavour. It can be concluded that, apart from the variations due to
the storage, there is variability within the hybrids and there must be interference of
the processing in the characteristics of the products, mainly in the steps of
formulation and boiling into water, besides of the type of packaging required.
Key-words: Green corn; Storage; Pamonha
12
1 INTRODUÇÃO
O consumo do milho no estado verde e seus derivados sempre foi uma tradição
no Brasil. Seu uso à mesa é feito sob a forma direta, como grãos cozidos, refogados ou
assados na espiga, ou ainda podem ser transformados em sucos, sopas, bolos, curau e
pamonhas. Essas preparações eram, até pouco tempo, sazonais e de fabricação
caseira. Atualmente, com a facilidade de transporte no interior do país e o
desenvolvimento de técnicas agrícolas, pode-se obter milho verde o ano todo. A
matéria-prima deixou de ser sazonal, o que permite desenvolver uma nova atividade,
que é o seu processamento em escala agroindustrial, bem estruturada.
A pamonha é um produto a base de milho verde, cujos grãos são triturados e
peneirados para retenção parcial de fibras (variável com os gostos regionais). A seguir
é estabelecida a formulação ajustando-se os teores de água e de açúcar ou sal,
podendo ser incrementada com outros ingredientes. O material é envasado na própria
palha do milho (embalagem) e então cozido. O produto final consiste em um material
geleificado devido aos processos de gelatinização e retrogradação do amido presente,
de consistência firme e macia.
Aspectos como a seleção de híbridos e o período de vida útil do milho verde na
palha ainda são características pouco conhecidas no processamento da pamonha. O
milho verde é colhido entre os estádios de grão leitoso a pastoso, sendo então
altamente perecível devido ao elevado teor de umidade. A intensa atividade metabólica
apresentada por órgãos colhidos ainda imaturos, pode acarretar alterações físicas e
físico-químicas no período de pós-colheita. A adoção de técnicas de armazenamento e
de híbridos adequados pode reduzir essas alterações, permitindo maiores períodos de
utilização desta matéria-prima pela indústria de pamonhas.
A literatura registra raríssimos estudos na área de produção de derivados
artesanais do milho verde, o que concorre para que estes produtos permaneçam sem
padrões tecnológicos e sensoriais bem definidos. Estudos correlacionando as
características da matéria-prima com as propriedades do produto final podem contribuir
para o desenvolvimento de tecnologias que, ao serem aplicadas, podem gerar produtos
com características previamente concebidas. O estudo dessas características pode
13
colaborar na definição de um padrão de qualidade para a pamonha, proporcionando um
avanço no mercado e na comercialização deste produto.
Ante o exposto, o presente trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar as
características físico-químicas e físicas de três híbridos de milho verde, bem como as
características físico-químicas, físicas e sensoriais da pamonha obtidas com os
mesmos. Outro objetivo foi avaliar o efeito do armazenamento de híbridos de milho
verde sob condições ambientes e de refrigeração sobre a qualidade das pamonhas
produzidas.
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O milho como matéria-prima
No Brasil, o milho é cultivado em todas as unidades da federação, sendo o
terceiro produtor mundial após os Estados Unidos e a China (FNP CONSULTORIA &
COMÉRCIO, 2005). Do total produzido, cerca de 70% são destinados à alimentação
animal, utilizados principalmente para a fabricação de rações. Deve-se considerar,
contudo, o milho que é utilizado na alimentação humana, o qual pode ser obtido no
estágio verde de maturação e consumido diretamente como espiga cozida, assada, ou
a partir da confecção de pratos tradicionalmente utilizados na culinária brasileira como
pamonha, curau, sorvete, bolo, creme, sopa, entre outros (SAWAZAKI; POMMER;
ISHIMURA, 1979). Pode ainda ser industrializado sob as formas de produtos enlatados
e desidratados.
Somente cerca de 15% da produção nacional de milho se destina ao consumo
humano e isso se deve principalmente à falta de informação sobre suas possibilidades
de uso e uma maior divulgação de suas qualidades nutricionais. O milho verde é rico
em carboidratos, sendo assim, um alimento energético. Também é fonte de óleos e
fibras e fornece pequenas quantidades de vitaminas B1, B2 e E (ABIMILHO, 2007).
Anualmente a Embrapa Milho e Sorgo realiza uma avaliação das cultivares de
milho disponíveis no mercado. Para a safra de 2005/06, foram listadas 237 cultivares de
milho. Essas cultivares foram classificadas com relação a parâmetros como tipo, ciclo,
uso e cor do grão. Além da produção de milho para grãos maduros ou secos, existem
cultivares indicadas para silagem e para a produção de milho no estado verde. Um
mercado específico de milho verde vem se definindo, sendo que cerca de dez cultivares
podem ser atualmente recomendadas (CRUZ; PEREIRA FILHO, 2005).
A escolha da cultivar é uma tarefa complexa para o agricultor, que deve levar em
consideração todas as informações que conseguir junto às empresas produtoras de
semente, assistência técnica e pesquisa, de forma a ajustar a semente escolhida ao
15
seu sistema de produção, principalmente levando em consideração que novas
cultivares são lançadas todos os anos.
No mercado de milho verde tem sido observada muita desuniformidade,
mostrando que o produtor ainda necessita de informações a respeito de cultivares
apropriadas para esse segmento, cada vez mais promissor e exigente. Ainda é grande
o número de agricultores que vêm utilizando para esse fim os mesmos milhos
destinados à produção de grãos. Entretanto, esse tipo de milho não satisfaz as
exigências do mercado comprador de milho verde com palha e do comercializado em
bandeja protegida com filme plástico transparente. Também é comum a utilização de
cultivares de milho recomendada para a produção de silagem, porque geralmente têm
as mesmas características de grãos e espigas exigidas pelos consumidores de milho
verde in natura (PEREIRA FILHO; CRUZ, 2003).
O cultivo de milho no Brasil para consumo in natura no estágio de grão leitoso e
pastoso (milho verde) tem sido feito quase sempre com cultivares comuns, de
endosperma normal, com grãos de textura dentada e coloração amarela (SAWAZAKI;
POMMER; ISHIMURA, 1979; ISHIMURA et al., 1986). O estádio leitoso e pastoso
geralmente ocorre em 20 a 25 dias após a polinização (BRAZ, 2002; FORNASIERI
FILHO; CASTELLANE; CIPOLLI, 1988; PAIVA JUNIOR, 1999). O teor de umidade dos
grãos neste estádio está em torno de 70 a 80% (SAWAZAKI; POMMER; ISHIMURA,
1979).
O milho verde colhido é altamente perecível devido ao seu elevado teor de
umidade, o que torna seu período de comercialização bastante restrito (SILVA;
BARRETO; SANTO, 1997) exigindo precisão do produtor na colheita, rapidez na
comercialização e, para a indústria, curto tempo de utilização das espigas.
Fatores como o rápido processo de maturação do grão e a alta perecibilidade do
produto colhido fazem com que o milho verde tenha seu consumo in natura restrito às
mediações das regiões produtoras e em curto intervalo de tempo, normalmente três a
quatro meses por ano (ROSENTHAL, 1988). Isso eleva os preços do produto nas
demais épocas do ano.
16
Na literatura não existem recomendações específicas de cultivares de milho
verde para produção de derivados, como é o caso da pamonha. Sendo assim, o
produtor ou a indústria que trabalha com este produto comumente selecionam, dentre
as cultivares indicadas para a produção de milho verde e silagem, as que apresentam
melhor rendimento de polpa, capacidade de gelificação, rendimento e qualidade de
palha.
Informações de caráter tecnológico complementam as informações agrícolas
acerca das cultivares mais apropriadas para a produção específica de pamonhas. Para
a produção de pamonha é utilizado milho verde com grãos de coloração amarela mais
intensa e com maior teor de amido, pela necessidade de gelificação do produto. O
ponto de colheita do milho para a produção de pamonha é depois do ponto de milho
verde para enlatamento ou cozimento. Ikuta e Paterniani (1970) citam em trabalho
pioneiro sobre a obtenção de cultivares para a produção de milho verde que, além dos
aspectos relativos ao tamanho e aspectos da espiga, é necessário as cultivares
permanecerem no ponto de colheita por um maior período de tempo. Segundo esses
autores, inúmeras indicações no sentido de que endospermas mais duros, do tipo
flint, passam mais rapidamente do ponto de milho verde, enquanto que os endospermas
mais moles, tipo dente, e o amiláceo, duram mais tempo nesse estado.
De acordo com Pereira Filho e Cruz (2003), as características normalmente
exigidas pelo mercado para milho verde são grãos dentados amarelos, espigas grandes
e cilíndricas, sabugo branco, boa granação, pericarpo delicado e bom empalhado.
Bottini, Tshunechiro e Costa (1995), além de alguns dos citados, consideram
importante o porte médio da planta; planta resistente ao acamamento; pedúnculo firme;
sabugo grosso e cilíndrico; grãos grandes e uniformes; grãos com equilíbrio entre os
teores de açúcar e amido para a confecção de guloseimas de milho verde; permanência
do ponto de colheita das espigas por longo período. Esta última característica é
reforçada por Tomazela (2002) e CATI (2003), que citam a importância da maturação
desuniforme, alongando o período de colheita. Estes autores também enfatizam a
necessidade de palha flexível o suficiente para a devida embalagem da massa e grãos
que confiram qualidades culinárias importantes como sabor, odor e quantidade de fibra
adequada, resultando em bom rendimento. Com relação ao rendimento, Alves et al.
17
(2004) afirma ser necessário considerar, além da produtividade (peso de espigas com
palha e sem palha), uma alta capacidade de produção de massa e uma baixa produção
de quirera (bagaço).
A permanência das espigas no ponto de colheita de milho verde por um longo
período é um dos critérios na escolha da cultivar para a produção de milho verde, pois
essa característica facilita o planejamento das atividades da propriedade. O período de
colheita é determinado pelo número de dias decorridos entre o estádio leitoso dos grãos
(inicio do ponto de milho verde) e o estádio pastoso dos grãos (final do ponto de milho
verde). Albuquerque (2005), estudando o desempenho de híbridos de milho verde na
região de Minas Gerais, constatou que o momento da colheita das espigas, assim como
o tempo de permanência no campo na fase de grãos leitosos aptos para colheita variou
com a cultivar. O período de colheita no ponto de milho verde para a cultivar AG 1051
foi em média de 9 dias.
2.2 Aspectos fisiológicos da cultura
Conhecendo-se a fisiologia do vegetal e sua suscetibilidade a mudanças na s-
colheita, é possível sua manipulação de forma a preservar, ou incrementar, sua
qualidade para uso posterior como matéria-prima dentro da indústria.
A planta de milho apresenta quatro estádios de desenvolvimento dos grãos
(FANCELLI; DOURADO NETO, 2000; MAGALHÃES et al., 2002):
1. Estádio de grão leitoso: normalmente ocorre de 12 a 15 dias após a
polinização (aparecimento dos “cabelos”), caracterizando-se pelo início do processo de
acumulação do amido no endosperma dos grãos, contribuindo assim para o incremento
de seu peso seco. Apresentam cerca de 80% de umidade. O crescimento a partir daí é
devido à expansão e ao enchimento das lulas do endosperma com amido. Sob
pressão dos dedos (unha), rompe-se o tegumento dos grãos, que liberam grande
quantidade de sólidos solúveis (leite).
2. Estádio de grão pastoso: neste estádio, 20 a 25 dias após a emissão do estilo-
estigma, os grãos continuam se desenvolvendo rapidamente. A deposição de amido é
bastante acentuada, caracterizando desta forma um período exclusivamente destinado
18
ao ganho de peso por parte do grão. No campo, tal etapa de desenvolvimento é
prontamente reconhecida, pois, quando os grãos presentes neste estádio são
submetidos à pressão imposta pelos dedos, mostram-se relativamente consistentes
apresentando pequena quantidade de sólidos solúveis. Os grãos encontram-se com
cerca de 70% de umidade.
3. Estádio de início da formação de dentes: este período coincide normalmente
com 36 dias após o aparecimento dos “cabelos”, sendo caracterizado pelo início da
formação dos “dentes” na parte superior dos grãos, que, encontrando-se em fase de
transição do estado pastoso para farináceo, tornam-se cada vez mais endurecidos. Os
grãos, nesse estádio, apresentam-se com cerca de 55% de umidade.
4. Estádio de maturidade fisiológica: esse é o estádio em que todos os grãos na
espiga alcançam o máximo de acúmulo de peso seco e vigor; ocorre cerca de 50 a 60
dias após a polinização. A linha do amido avançou até a espiga. Neste estádio
acontece a paralisação total do acúmulo de matéria seca nos grãos. Os grãos
encontram-se com 38 a 30% de umidade. Este estádio é reconhecido pela presença da
camada negra, formada no ponto de inserção do grão com o sabugo.
O milho verde é colhido entre os estádios de desenvolvimento de grão leitoso e
pastoso.
A planta de milho pode ser agrupada de acordo com o seu ciclo em super-
precoce, precoce, semi-precoce e normal, sendo o ciclo da cultura, determinado em
número de dias da semeadura até a colheita do milho (CRUZ et al., 2005). De acordo
com Bottini, Tsunechiro e Costa (1995) o milho verde é mais precoce que o seco (milho
normal), podendo ser colhido aos 90 dias, enquanto o outro fica no ponto aos 150
dias, nos cultivos de verão. no inverno o ciclo do milho verde pode durar 110 a 150
dias.
As cultivares de milhos comuns podem ser agrupadas de acordo com a textura
do grão em dentados ou moles, semi-dentados, semi-duros e duros ou cristalinos. Nos
dentados os grânulos de amido são densamente arranjados nas laterais dos grãos,
formando um cilindro aberto que envolve parcialmente o embrião. Na parte central
desses grãos, os grânulos de amido são menos densamente dispostos e farináceos. O
19
grão é caracterizado pela depressão ou “dente” na sua parte superior, resultado da
rápida secagem e contração do amido mole. Os grãos duros ou cristalinos são aqueles
que apresentam reduzida proporção de endosperma amiláceo em seu interior. A textura
dura é devido ao denso arranjo dos grânulos de amido com proteína. Grãos semi-duros
são os que apresentam características intermediárias (CRUZ et al., 2005).
Segundo Ikuta e Paterniani (1970) haveria inúmeras indicações no sentido de
que endospermas mais duros passam mais rapidamente do ponto de milho verde (tipo
leitoso), enquanto que os endospermas mais moles, tipo dente, e o amiláceo, duram
mais tempo nesse estado.
De acordo com Cruz et al. (2005) e com a Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI, 2003) os grãos do tipo dentados são freqüentemente procurados para
produção de milho verde.
2.3 Pós-colheita do milho verde
Os parâmetros de qualidade pós-colheita do milho verde como matéria-prima
visando o abastecimento da agroindústria de pamonha são basicamente: a manutenção
das características adequadas como umidade, teor de amido, carboidratos e fibras
durante armazenamento dos grãos para se obter um produto de qualidade; também a
não fermentação do milho durante armazenamento e a boa conservação das palhas
para posterior confecção das embalagens.
Os parâmetros utilizados na avaliação da vida útil de alimentos o os
fisiológicos, os nutricionais e os sensoriais como cor, sabor e textura ou consistência. A
diminuição da qualidade ou redução da vida útil pode ser conseqüência de alterações
em uma ou mais destas propriedades. A perda de qualidade pode advir da atividade de
microrganismos tais como bactérias e leveduras, infestação por parasitas, reações
enzimáticas, reações químicas não enzimáticas e alterações físicas (PFEIFFER et al.,
1999). Os fatores que influenciam a velocidade dessas reações de transformação são
vários: temperatura, umidade, atividade de água, acidez, teor de oxigênio, estado da
matriz sólida e outros (MOURA; GERMER, 2004).
20
Os produtos vegetais in natura, por serem estruturas vivas, tendem a senescer
naturalmente e nenhuma tecnologia disponível e economicamente viável é capaz de
frear por completo esse processo. Isto significa dizer que a deterioração dos produtos é
uma questão de tempo e, portanto, existe uma perda continua de qualidade. De modo
geral, as causas mais comuns de deterioração são a perda de água, mudanças
metabólicas, estresses fisiológicos e o ataque microbiológico (HONÓRIO; ABRAHÃO,
1999).
A perda de água devido à transpiração dos produtos vegetais provoca a perda de
peso, textura e de aparência, e, logo, essas deteriorações serão mais ou menos
intensas de acordo com as condições de umidade absoluta do ambiente. Em geral, o
produto ainda imaturo, tem muita água em seus tecidos e, se armazenado em ambiente
cuja pressão de vapor de água é inferior à pressão de vapor de água do produto, este
perderá água para o ambiente (HONÓRIO; ABRAHÃO, 1999).
O nível ximo de perda de peso aceitável para produtos hortícolas varia em
função da espécie e do nível de exigência do mercado consumidor. Para a maioria dos
produtos hortícolas frescos, a perda de peso máxima observada, sem o aparecimento
de murcha e enrugamento da superfície, oscila entre 5% e 10% (FINGER; VIEIRA,
1997). A perda máxima de peso permitida para o milho doce comercializado em
bandeja é de 7% (KAYS, 1991).
No campo, o milho híbrido passa do ponto muito rapidamente (IKUTA;
PARTERNIANI, 1970), apresentando um período útil de colheita (tempo de
permanência em fase de milho verde) de aproximadamente quatro a cinco dias,
exigindo precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização.
Após colhido, por apresentar elevado teor de umidade, o milho verde é
considerado altamente perecível, o que torna seu período de comercialização bastante
restrito. E neste sentido, Alves et al. (2004), alertam que pouca atenção tem sido dada à
pesquisa em pós-colheita de milho verde. Para a indústria isto significa curto tempo de
utilização das espigas para processamento, como na fabricação da pamonha.
O híbrido AG 1051 apresenta período de colheita de quatro dias e tempo s-
colheita de três dias (AGROCERES, 2006).
21
Nas condições climáticas do Brasil, dispondo de tecnologia de irrigação e com
material genético adequado, existe a possibilidade de se ofertar o produto na condição
in natura durante todo o ano, sendo primordial o desenvolvimento de tecnologia pós-
colheita para a manutenção das características desejáveis (MARCOS et al., 1999).
Enquanto o milho (seco) desidrata em 12 horas, o verde mantém-se suculento
por até quatro ou cinco dias. São variedades desenvolvidas para reter mais a água,
demorando mais para desidratar (BOTTINI; TSUNECHIRO; COSTA, 1995). De acordo
com Paiva Junior (1999) as espigas de milho verde colhidas e armazenadas sob
temperatura ambiente, sem palha, duram de dois a cinco dias, entretanto, segundo
Calbo e Moretti (2003), as espigas recobertas de folhas têm melhor proteção contra a
perda de água.
Em estudos realizados com embalagens de diferentes filmes plásticos para a
conservação do milho verde despalhado, Marcos et al. (1999) verificaram menores
perdas de teores de amido quando em condições de refrigeração e, conseqüentemente,
melhor conservação do produto para a comercialização.
Na avaliação da conservação pós-colheita de espigas de milho verde
Albuquerque (2005) observou que o tempo de comercialização das espigas
empalhadas variou de 1,5 a 5,5 dias. Resultados semelhantes foram obtidos por Henz,
Nojosa e Mendonça (1996) que observaram tempo de comercialização das espigas
empalhadas variando de 3 a 4 dias, quando as mesmas foram mantidas em
temperatura ambiente.
Albuquerque (2005) explica que as cultivares que apresentam maior tempo de
comercialização na palha, possivelmente, possuem melhor empalhamento favorecendo
a manutenção da umidade dos grãos e a melhor conservação.
As espigas de milho verde destinadas à produção de pamonha devem
apresentar um certo grau de qualidade (textura, teor de água, cor) e também palhas
suficientemente macias para confecção das embalagens. Não existe na literatura a
definição do tempo de conservação das espigas de milho verde empalhadas que serão
utilizadas para produção de pamonha.
Tendo em vista a importância de se atender as necessidades das indústrias de
pamonhas com matéria-prima de qualidade e em quantidade suficiente para garantir o
22
fluxo de produção, vê-se a necessidade do armazenamento refrigerado do milho verde
com palha com o objetivo de aumentar sua vida útil.
A temperatura é o mais importante fator do ambiente a afetar a vida pós-colheita
de vegetais por causa de seu efetivo efeito sobre as reações metabólicas, incluindo a
respiração (VILAS BOAS, 2002). Efeitos desejáveis das baixas temperaturas, além da
redução da respiração são o retardamento da maturação e o abaixamento da taxa de
incidência de doenças pós-colheita (CORTEZ; HONÓRIO; MORETTI, 2002).
A UR do ar da câmara também é um fator a se considerar, pois afeta diretamente
a qualidade dos produtos nela armazenados. Se for muito baixa, menor que 80%, o
murchamento e o enrugamento ocorrerão. Se for muito alta (maior que 95%), fornece o
crescimento de fungos e bactérias, causando a deterioração dos produtos (CORTEZ;
HONÓRIO; MORETTI, 2002). O elevado teor de umidade também propicia um alto teor
de água livre, que é veículo das reações endocelulares, facilitando as reações
metabólicas que levam ao envelhecimento ou senescência e culminam com a perda de
qualidade do produto (VILAS BOAS, 2002).
A umidade relativa recomendada, portanto, para a maioria dos produtos
perecíveis em câmaras de armazenamento é de 85 a 95%. Em geral, esses níveis de
UR evitam o murchamento e o desenvolvimento de microrganismos.
2.4 A pamonha
A pamonha é um alimento preparado que apresenta em sua composição
elevados teores de umidade (63%), de carboidratos solúveis totais (20%), amido
(11,8%) e fibras (2,0%). O amido é o polissacarídeo que promove a gelificação da polpa
líquida do milho verde envasada nas palhas na elaboração de pamonhas (LEME et al.,
2004).
Dentre as características qualitativas (odor, textura, sabor) e quantitativas (teores
de carboidratos, proteínas, lipídeos, fibras, cinzas, amido) que podem ser estudadas
tanto na matéria-prima como na pamonha, as mais importantes são os teores de amido,
fibras e umidade, bem como a textura, a cor e o sabor.
23
2.4.1 Amido
O amido presente nos vegetais influencia grandemente a textura dos produtos
devido à sua capacidade de gelificar na presença de água e calor (GALVANI;
CAMARGO; CIACCO, 1994).
Quando os amidos são submetidos a altas temperaturas, geralmente maiores
que 50ºC na presença de água, os grânulos absorvem água inchando e rompendo as
ligações das moléculas de amilopectina e amilose. Este evento é conhecido como
gelatinização, que são acompanhados por um considerado aumento na viscosidade dos
grânulos e sua ruptura (YANG; RAO, 1998). Quando o amido gelatinizado é
armazenado, principalmente a baixas temperaturas ocorre a retrogradação do mesmo,
devido à recristalização das cadeias de amilose e amilopectina (JANG; PYUN, 1997). O
processo de retrogradação provoca um aumento da firmeza e opacidade do produto,
além da exsudação de parte da água absorvida na gelatinização (sinérese) (GALVANI;
CAMARGO; CIACCO, 1994).
A gelatinização e a retrogradação do amido são influenciadas pela composição e
estrutura do amido (FREDRIKSSON; SILVERO; ANDERSSON; ELISSON; AMAN,
1998), pelo conteúdo de água presente durante o processo de gelatinização
(DONAVAN, 1979; ELIASSION, 1980; SVENSSON; ELISSON, 1995) e pelo tempo e
condições de armazenamento (JANG; PYUN, 1997; LIU; THOMPSON, 1998). Os
efeitos da retrogradação em produtos a base de amido podem ser desejáveis ou não.
Tanto a composição da matéria-prima quanto os ingredientes adicionados
durante a formulação da pamonha irão influenciar nos processos de gelatinização e
retrogradação do amido.
Os lipídios são responsáveis pela inibição da retrogradação dos géis de amido,
os carboidratos retardam seu processo de gelatinização e alteram as características de
retrogradação, os ácidos influem na viscosidade do amido e os sais alteram também os
processos de gelatinização e retrogradação (GALVANI; CAMARGO; CIACCO, 1994).
Os açúcares também têm mostrado efeitos significativos nas propriedades
reológicas de pastas de amido. Yoo e Yoo (2005) mostraram que as propriedades
reológicas da composição amido-açúcar dependem do tipo de açúcar, concentração do
24
açúcar e da natureza do amido. Segundo Spies e Hoseney (1982), as moléculas de
açúcar podem formar pontes entre as cadeias de amido, estabilizando as regiões
amorfas do grânulo, o que causaria aumento na temperatura de gelatinização. Já
Derby, Miller e Trimbo (1975) sugeriram existir uma competição entre amido e sacarose
pela água disponível.
2.4.2 Fibras
O grão de milho é constituído de pericarpo, endosperma e germem e, como
ocorre no caso dos demais cereais, os nutrientes estão distribuídos de forma
heterogênea entre as diferentes estruturas morfológicas do grão. No pericarpo está a
maior parte da fibra. No germem esta quase a totalidade da gordura. Os minerais estão
mais concentrados na camada de aleurona, situada logo abaixo do pericarpo. O
endosperma é rico em carboidratos disponíveis e contém também proteínas. A
composição dos produtos derivados do milho, portanto, dependem de quais partes do
grão estes produtos incluem (JOHNSON, 2000).
As fibras são constituídas basicamente por compostos da parede celular. A
parede celular é um intricado amálgama entre carboidratos (celulose, hemicelulose e
substâncias pécticas), lignina, proteínas, minerais e substâncias incrustantes, como
cutina e suberina. Os polissacarídeos da parede celular, principalmente as substâncias
pécticas, têm sido os compostos mais associados às modificações texturais de vegetais
(VILAS BOAS, 2002).
A presença de fibra alimentar nos alimentos é de grande interesse na área da
saúde, que têm sido relatados numerosos estudos que relacionam o papel da fibra
alimentar com a prevenção de certas enfermidades. Por outro lado, para o presente
estudo é importante também conhecer o tipo e teor de fibra presente no alimento, pois
na produção da pamonha parte das fibras do milho, que não são retidas na etapa da
peneiragem, vão interferir na textura do produto final. Segundo Leme (2004), o teor de
fibra bruta encontrado no milho verde AG 4051 foi de 3,3% e na pamonha de 1,3%.
25
2.4.3 Água
A porcentagem de umidade dos grãos de milho verde é um importante parâmetro
no processamento da pamonha. Conforme os grãos perdem água os componentes
sólidos são concentrados e se tornam mais duros. Durante o processamento a
despolpadeira não consegue desintegrar totalmente esses grãos e a polpa obtida
apresentar-se-á cada vez mais seca e com pequenas partículas duras que são de difícil
desintegração durante o processo, podendo estar presente no produto final, diminuindo
sua qualidade e alterando sua textura.
Deve-se prestar atenção também ao efeito plasticizante da água em sistemas
amido-açúcar–água, que pode gerar, conforme a proporção dos componentes,
diferentes comportamentos reológicos em sistemas viscoelásticos (SIKORA et al.,
1999). Segundo estes autores, sob baixos teores de água os componentes do alimento
competem pelas moléculas de água. Essa competição pode alterar os processos de
gelatinização e retrogradação do amido alterando a textura do produto final.
2.4.4 Textura
A textura é considerada um dos quatro fatores de qualidade dos produtos
alimentares, sendo os outros três o sabor, a aparência e o valor nutricional (MESSENS
et al., 2000). As propriedades de textura dos alimentos têm efeito substancial na
percepção do sabor, sendo dada atenção particular ao efeito da viscosidade. Muitos
estudos acerca da importância de diferentes modalidades sensoriais para a
aceitabilidade do consumidor levam à conclusão de que o sabor é a modalidade mais
importante, seguido pela textura e aparência. Tais conclusões não consideram o
enorme esforço que as indústrias de alimentos emprega para desenvolver
características de textura favoráveis e mantê-las durante a vida útil (ROSENTHAL,
1999).
A textura pode ser considerada uma manifestação das propriedades reológicas
de um alimento e várias são as razões para se conhecer tais propriedades reológicas,
dentre elas: a) efetuar o controle de qualidade de matérias-primas, de processos de
26
fabricação e de produtos finais; b) estudar a influência de componentes de formulação e
relacionar a estrutura dos produtos com as suas características reológicas (aplicações
de engenharia); e c) correlacionar os dados reológicos com as avaliações
organolépticas (CAMPOS, 1989).
Os testes instrumentais de textura são geralmente baseados em força de
compressão, com a função de simular a mastigação entre os molares (FOX et al, 2000).
Durante os ciclos de mastigação, vários tipos de características de textura são
percebidos, como a natureza das partículas, consistência e adesão ao palato. A taxa de
quebra aplicada na boca depende da viscosidade do alimento, variando de um para
outro, assim alimentos com alta viscosidade tendem a ter uma taxa de quebra menor, e
vice-versa (ROSENTHAL, 1999). No teste de dupla compressão a amostra é submetida
a duas corridas (duas “mordidas”), que simulam o ato de mastigação. Quando o pistão
deforma a amostra, o movimento do suporte é detectado e uma curva força-
compressão é traçada. A partir dessa curva, obtêm-se os parâmetros primários
(firmeza, coesividade, adesividade, elasticidade) e os secundários (fraturabilidade,
mastigabilidade e gomosidade), que compõem as características do produto (FOX et
al., 2000).
A firmeza ou dureza é a força necessária para produzir uma certa deformação no
produto; a coesividade é a extensão a que um material pode ser deformado antes da
ruptura; a elasticidade fornece a velocidade na qual um material volta à condição não
deformada, depois que a força de deformação é removida; a adesividade é a energia
necessária para superar as forças atrativas entre a superfície do alimento e a de outros
materiais com o qual o alimento está em contato; a fraturabilidade é a força na qual o
material fratura um produto com alto grau de dureza e baixa coesividade; a
mastigabilidade é a energia requerida para mastigar um alimento até a deglutição, que
é o produto da dureza x coesividade x elasticidade e a gomosidade é a energia
requerida para desintegrar um alimento semi-sólido até estar pronto para deglutição,
que é o produto de baixo grau de dureza x alto grau de coesividade.
A textura está associada de modo mais direto com a composição dos alimentos
em amido, água e fibras. No caso da pamonha, outros ingredientes além da matéria-
prima, podem ser acrescentados na formulação. É o caso do açúcar (sacarose), sal,
27
lipídios e condimentos, que também podem influenciar em maior ou menor intensidade
a textura, pois alteram as propriedades de gelificação do amido. O tipo de
processamento, como o envase, os tempos e temperaturas de cocção diferenciadas,
podem também afetar este parâmetro.
2.4.5 Cor
A cor representa, freqüentemente, o mais importante determinante da aparência
em produtos alimentícios, frescos ou processados. Indubitavelmente, a coloração impõe
a presença de um produto no mercado, por ser um indicativo de seu frescor, ou de sua
qualidade, em termos de outros atributos, bem como pela própria tradição do mercado
(VILAS BOAS, 2002).
Os primeiros parâmetros para se avaliar um alimento são a cor e seu aspecto. A
cor tem grande importância na preferência por ser a qualidade que mais facilmente
desperta a atenção do consumidor. Porém, o odor e o sabor também passam a ser
importantes na aceitação do produto (BOBBIO e BOBBIO, 2001).
Durante o armazenamento de alimentos pode ocorrer oxidação de pigmentos,
que causam perdas na cor, assim como reações enzímicas e não enzímicas, que
podem escurecer o alimento (MOURA; GERMER, 2004).
O milho é o principal ingrediente que confere a pamonha sua cor característica,
portanto, qualquer mudança ocorrida na cor desta matéria-prima pode alterar a
qualidade do produto final. A cor tradicionalmente exigida pelo consumidor para este
produto é a amarela.
2.4.6 Sabor
As alterações de sabor e odor de produtos termicamente processados são muito
comuns, porém, difíceis de serem quantificadas. A análise instrumental para se avaliar
tais alterações é muito complexa. Particularmente, a avaliação de sabor e odor de
alimentos naturais, é bastante complexa, pois estes atributos compreendem centenas
de constituintes químicos, muitos presentes em quantidades extremamente baixas. O
28
modo mais indicado para estes tipos de determinações ainda é o sentido dos humanos,
devendo se utilizar cnicas de análise sensorial controladas cuidadosamente,
complementando-se quando for o caso, com análises analíticas ou instrumentais (MAN;
JONES, 1996).
Com o aumento da competição no setor alimentício, cada vez mais empresas
têm buscado qualidade em seus produtos para atender uma demanda mais exigente
por parte dos consumidores. Aquelas que utilizam análise sensorial para avaliar o
desenvolvimento de seus produtos e também no controle de qualidade dos mesmos,
têm inúmeras vantagens neste segmento por poder comparar, precisamente, mudanças
efetuadas na linha de produção (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE
ALIMENTOS - ABEA, 2004).
O sabor é principalmente uma resposta integrada às sensações do gosto e do
odor. O gosto é atribuído aos compostos não voláteis presentes nos alimentos, tais
como açúcar, sais e ácidos (FRANCO, 2003). Várias são as causa de alteração no
sabor de produtos, entre elas está a reformulação de produtos existentes,
identificação de alterações causadas por métodos de processamento e a armazenagem
e uso de novas matérias-primas, sendo a identificação e mensuração dessas alterações
detectadas pela análise sensorial do produto (FERREIRA et al., 2000).
A deterioração de alimentos que ocorre progressivamente durante seu
armazenamento pode resultar de alterações físicas e químicas do próprio alimento ou
da atividade de microrganismos que se desenvolvem no produto ou em volta do
mesmo. Eventualmente o efeito acumulado das alterações atinge um ponto no qual o
consumidor rejeita o produto. A rejeição é baseada em expectativas e percepções
sensoriais do consumidor. Estas alterações podem ser visuais, como a perda de cor ou
aparecimento de colônias de microrganismos, como também podem estar
correlacionadas com a sensação de sabor e odor ao se detectar níveis de metabólitos
associados com a deterioração. O nível no qual a rejeição ocorre dependerá da
percepção do consumidor do produto (MCMEEKIN; ROSS, 1996).
29
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
Foram utilizados os híbridos de milho (Zea mays) AG 1051, da Monsanto, DOW
8003, da Dow Agrosciences, e o BM 3061, da Biomatrix. Suas características principais
estão descritas no Quadro 1.
Híbrido Tipo
1
Ciclo
2
Indicação de uso Cor do grão Textura do grão
AG 1051 HD SMP Milho verde amarelo dentado
BM 3061 HT P Milho verde e silagem
amarelo dentado
DOW 8003
HS P Milho verde e silagem
amarelo-alaranjado
semi-dentado
1
(HS = híbrido simples; HD = híbrido duplo; HT = híbrido triplo)
2
(SMP = semi-precoce, P = precoce)
Fonte: Agroceres (2006); Biomatrix (2006); Dow Agrosciences (2006)
Quadro 1 - Características dos híbridos destinados à produção de pamonha
Os híbridos foram plantados em agosto de 2006 e o ponto de colheita de cada
um foi definido através de testes manuais (método prático utilizado pelos colhedores de
milho verde) e pela quantidade de energia térmica exigida pela cultura do milho
(unidades de calor ou graus-dia) necessária para atingir o florescimento no local de
produção. Os graus-dia (GD) foram calculados segundo a soma das unidades diárias
de calor, a partir da emergência, dada pela fórmula (1):
GD = [(temperatura máxima + temperatura mínima) /2] –10 (1)
As colheitas foram realizadas manualmente, quando os grãos estavam com 103,
105 e 115 dias após a semeadura, respectivamente para os híbridos BM 3061, AG
1051 e DOW 8003, apresentando somatória de graus-dia entre 1100 e 1200. Estes
períodos ocorreram durante os meses de novembro e dezembro de 2006.
30
3.2 Métodos
O milho recém colhido foi armazenado em caixas plásticas vazadas, de 55x35cm
e imediatamente transportado ao Laboratório de Tecnologia de Produtos Amiláceos do
Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, da ESALQ/ USP.
Para cada híbrido estudado foram utilizadas 400 espigas (com palha), sendo 200
delas armazenadas sob condições ambientes (sala climatizada) e 200 delas em câmara
fria. Nas condições ambientes a temperatura média foi de 25,4ºC e sua variação de
±2ºC e a umidade relativa média foi de 80,5%. Na câmara fria, marca Fricon, modelo
CV1P-55, a temperatura foi de 7ºC ±2 e umidade relativa média de 98,4%.
Para cada dia de análise eram coletadas, de modo aleatório, 66 espigas de cada
condição de armazenamento. Dessas, 26 espigas foram divididas em dois lotes de 13
para avaliação das características físicas e físico-químicas dos grãos. Parte desses
grãos foi desidratada em estufa com circulação de ar a 40°C por 48 horas, moídas em
moinho de rotor e martelos fixos, marca Marconi, modelo MA 090 e peneiradas em
granulometria de 0,250mm. As amostras foram armazenadas para análises posteriores
quanto à composição (teor de amido, carboidratos e fibras). As demais espigas (40)
eram encaminhadas à planta piloto de processamento para produção de pamonha.
As amostras de milho recém colhidos e suas respectivas pamonhas foram
utilizadas tanto para o estudo de caracterização de híbridos como para o dia zero do
estudo de armazenamento dos híbridos.
As avaliações físicas e físico-químicas dos grãos armazenados na condição
ambiente e sob refrigeração (7ºC) nos tempos zero, 3 e 6 dias, foram textura, pH,
acidez titulável, cor, umidade, teores de amido, de carboidratos e de fibras. Foram
avaliadas as propriedades de pasta dos grãos desintegrados e peneirados para
produção das pamonhas. Também foi calculado o rendimento em massa das espigas
de milho e realizada a análise visual dos aspectos gerais dos grãos. A análise de teor
de sólidos solúveis totais (ºBrix) dos grãos foi realizada somente no dia zero para o
estudo de caracterização dos híbridos.
Nas pamonhas produzidas com a matéria-prima armazenada sob condição
ambiente e sob refrigeração (7ºC) nos tempos zero, 3 e 6 dias foram realizadas as
31
determinações físicas e físico-químicas de textura, pH, acidez titulável, cor, umidade,
teores de amido, de carboidratos e de fibras e também as avaliações sensoriais e
microbiológicas.
3.2.1 Produção das pamonhas
O processamento seguiu as normas de Boas Praticas de Fabricação (BPF)
recomendada pela Portaria SVS/MS nº326, de 30 de julho de 1997 (BRASIL, 1997).
As pamonhas foram processadas segundo o fluxograma descrito na Figura 1. O
processamento deste produto ficou assim estabelecido após a realização de diversos
testes prévios para acerto de formulação, estabelecimento de condições de processo
tecnológico e de higienização do produto (LEME, 2006). Á reestruturação das etapas do
fluxograma visou também obter produto com condições microbiológicas satisfatórias
para a análise sensorial, de acordo com o estabelecido pelo Comitê de Ética em
Pesquisa para fins de análise sensorial do produto.
32
Figura 1 - Fluxograma do Processo de Obtenção de Pamonha
Resfriamento e armazenamento
Envase
Embalagem
Formulação
350g açúcar/L de caldo
Recepção da matéria-prima
Higienização das espigas (10ppm de cloro por 15min.)
Palha
Higienização
(10ppm de cloro por 15 min.)
Costura da palha
Homogeneização
(2min. e 30 seg.) 400mL de H
2
O/L de polpa
Peneiragem
(6 mesh)
Despolpamento
Retirada do ponteiro, palha e cabelo da espiga
Cocção (45 min)
33
A recepção das espigas foi realizada na área suja da planta de processamento
onde as espigas de milho foram cortadas nas duas extremidades (ponteiro e base) para
a retirada das palhas e cabelos. Neste momento, houve a seleção das palhas que
seriam utilizadas como embalagens para as pamonhas que, pelo padrão de maturação,
são as que situam-se na segunda e terceira camadas da espiga, de fora para dentro.
Estas são as palhas que aliam certo grau de limpeza com melhor condição de costura,
ou seja, menor incidência de quebra ou rasgo.
Tanto as palhas selecionadas quanto as espigas foram limpas com o auxilio de
uma escova de cerdas de nylon em água corrente e seguiram para a higienização. Os
produtos foram imersos em recipientes plásticos por cerca de 15 minutos numa solução
com 10 ppm de cloro ativo (5g de Sumaveg/ 15L de água), conforme proposto pelo
Programa Alimento Seguro (PAS) do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial) para desinfecção de vegetais que são destinados a processos térmicos, a
exemplo do milho verde em conserva (GUIA, 2000).
As palhas foram costuradas duas a duas para confecção da embalagem em
máquina de costura marca Singer, utilizando-se um molde pré-estabelecido para que
todas as embalagens ficassem com o mesmo tamanho assegurando a uniformidade do
produto e processo.
As espigas higienizadas seguiram para a quina de despolpamento, onde se
efetua a separação entre sabugo e polpa. A partir do volume de polpa obtido foram
adicionados 400mL de água para cada litro de polpa. Este material foi homogeneizado
em liquidificador industrial (marca Siemsen), de capacidade de 10L, em porções de 2L,
por cerca de 2 minutos e 30 segundos. O material homogenizado passou
posteriormente por peneira vibratória de malha de 6 mesh (abertura de 3,4mm), para
retenção de parte do bagaço. Ao caldo peneirado foi adicionado açúcar na proporção
de 350g/ L. O material formulado foi então envasado nas palhas com auxílio de dosador
(150mL) e funil de inox. Para fechamento das embalagens foi utilizado barbante.
O produto embalado seguiu para cocção em caldeirão de inox (capacidade
100L), a gás, por 45 minutos. A proporção pamonha/ água utilizada no caldeirão foi de 2
pamonhas/ litro.
34
Após a cocção, as pamonhas eram resfriadas sob condições ambientes até
atingirem 55ºC e logo após, eram levadas até à câmara fria para resfriamento até
temperatura de 5ºC. Nesta temperatura, o produto permaneceu em refrigerador por 20
horas até o momento da análise sensorial. O objetivo deste período de armazenamento
antes das analises foi o de aguardar o processo de gelificação da pamonha.
3.2.2 Aspecto geral das espigas
O aspecto geral das espigas de milho verde foram avaliados nos três híbridos,
nos dia 0, 3 e 6 após armazenamento, para ambas as condições de temperatura.
Foram tiradas fotos, com câmera digital marca Olympus, modelo D-395 de 3.2
megapixel. Como existe variabilidade entre espigas, foram fotografadas juntas os
extremos de turgidez/ murchamento dos grãos.
3.2.3 Porcentagem em massa
Durante a elaboração da pamonha foi avaliado a porcentagem em massa dos
três híbridos de milho verde, nos dias 0, 3 e 6 após armazenamento nas duas
condições de temperatura. A porcentagem em massa foi obtida pesando-se em balança
analítica toda a massa de grãos das 40 espigas que compunham o lote destinado à
produção de pamonha e que passou pela despolpadeira. A porcentagem em massa foi
determinada pela relação entre o peso da massa de grãos e o peso da espiga
despalhada dada pela fórmula (2):
%massa= (peso da massa de grãos após despolpamento / (2)
peso das espigas despalhadas) x 100
3.2.4 Determinações físicas e físico-químicas
3.2.4.1 Umidade
O teor de umidade foi determinado por gravimetria, de acordo com Pregnolatto e
Pregnolatto (1985), utilizando-se estufa a 105ºC com circulação de ar, até peso
constante.
35
3.2.4.2 Textura dos grãos de milho
Na determinação da textura dos grãos de milho foi utilizado o “Texture Testing
System” modelo TP-1, acoplado a um registrador automático de variações de força,
operando com célula-padrão de cisalhamento e compressão CS-1, com 10 lâminas de
1/8 polegadas de espessura e ângulos de 90º. O instrumento atuou com o anel de
prova de 1000lbf, e a velocidade de descida do pistão foi de 20cm/min. Os grãos foram
retirados das espigas com auxílio de uma faca de aço inox, sendo então pesados (50g
de amostra para cada leitura) e colocados uniformemente de tal forma que ocupassem
todo o fundo da célula de teste de cisalhamento e compressão.
3.2.4.3 pH
O pH das amostras foi medido em potenciômetro (marca Tecnopon, modelo
MPA-210), a partir do material liquefeito (20mL de amostra triturada em processador de
alimentos (marca Walita) com 100mL de água), segundo metodologia ditada pela
Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 1995).
3.2.4.4 Acidez total titulável
A acidez titulável foi determinada como o volume (mililitros) de NaOH 0,1mol/L
requerido para titular 20g de amostra desintegrada em processador de alimentos
(marca Walita) com 100mL de água, de acordo com Pregnolatto e Pregnolatto (1985). A
acidez foi expressa em mL de NaOH 0,1mol/L por 100g da amostra.
3.2.4.5 Teor de sólidos solúveis totais (SST)
O teor de sólidos solúveis das amostras foi avaliado utilizando-se refratômetro de
bancada, marca Atago (modelo PR-101), com correção automática de temperatura para
20ºC. A leitura foi feita do caldo resultante dos grãos de milho triturados em
processador de alimentos (marca Walita) e peneirados em peneira de 20 mesh.
36
3.2.4.6 Teor de amido
O teor de amido foi determinado de acordo com Rickard e Behn (1987),
utilizando-se hidrólise enzimática da amostra com posterior dosagem do teor de
açúcares redutores pelo método de Somogy e Nelson (SOMOGY, 1945).
3.2.4.7 Carboidratos solúveis totais
Os carboidratos solúveis totais foram avaliados pelo método de extração de
Yoshida et al. (1972), seguido da dosagem dos açúcares redutores de acordo com
Somogy e Nelson (SOMOGY, 1945).
3.2.4.8 Fibras
Os teores de fibras solúveis e insolúveis foram determinados pelo método
enzímico de Asp et al. (1983). As fibras totais foram obtidas pela somatória das frações
solúveis e insolúveis.
3.2.4.9 Cor
A cor das amostras foi avaliada utilizando-se colorímetro marca Minolta, modelo
Chroma Meter CR-200b. Foram utilizadas 3 espigas por tratamento, realizando-se 3
leituras por espiga. Para avaliação da cor da pamonha foram utilizadas 3 amostras,
realizando-se 3 leituras por pamonha. A avaliação de cor foi efetuada pelo sistema L a*
e b*, por refletância, no qual os valores de L* (luminosidade ou brilho) variam de zero
(preto) a 100 (branco), no eixo a ocorre a variação de -a* (verde) até +a* (vermelho) e
no eixo b a variação de -b* (azul) até +b* (amarelo) (BIBLE; SINGHA, 1993).
3.2.4.10 Propriedades de pasta da polpa
Os perfis de viscosidade das amostras de milho foram avaliados em Rapid Visco
Analyser (RVA Super 4), da Newport Scientific, série S4A. Foi utilizada a programação
Standard 1, do software Thermocline for Windows, versão 5, com a seguinte
programação tempo/ temperatura: 50ºC por 1 minuto, aquecimento de 50 a 95ºC a uma
taxa de 6ºC/min, manutenção da pasta a 95ºC por 5 minutos e resfriamento de 95ºC a
50ºC a uma taxa de 6ºC/minuto. A duração do teste é de 13 minutos. As amostras de
37
grãos de milho desintegrados (polpa) foram avaliadas diluindo-se 9g do material em
18mL de água. Os pontos críticos extraídos dos perfis de viscosidade foram
temperatura de pasta (ponto da curva de empastamento onde a viscosidade apresenta
elevação inicial), viscosidade máxima (ponto onde ocorre um máximo (pico) de
viscosidade), quebra de viscosidade (diferença entre a viscosidade máxima e da pasta
mantida a 95ºC por 5 min.), viscosidade final, tendência a retrogradação (diferença
entre as viscosidades final e da pasta a 50ºC por 5min.) e tempo para ocorrência de
pico. A unidade do aparelho para viscosidade foi RVU (rapid visco units).
3.2.4.11 Textura das pamonhas
Para avaliação da textura das pamonhas utilizou-se o Texturômetro Stable Micro
Systems (UK), modelo TAX-T2i, com carga máxima de 50Kg e probe cilíndrico de
acrílico com 25mm de diâmetro e 10mm de altura conectado a uma haste longa de
metal. Foram realizadas dez medidas de cada amostra no centro de cada pamonha em
temperatura ambiente nas seguintes condições: Velocidade pré-teste 1,0mm/s,
velocidade do teste 1,0mm/s, velocidade pós-teste 1,0mm/s, distância 20%, tempo 5seg
e força de 0,10N. Foram avaliados os seguintes parâmetros de textura: dureza, medida
em Newton (N), coesividade, elasticidade, adesividade (Ns) e gomosidade (N).
3.2.5 Análise sensorial das pamonhas
O projeto foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba (UNICAMP/FOP), sendo aprovado por estar de acordo com
a Resolução CNS 196-96 do Conselho Nacional de Saúde (Anexo A).
O teste sensorial aplicado foi a Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) do produto
segundo Stone et al. (1974) e Stone (1992), utilizando-se provadores selecionados e
treinados. Os atributos avaliados foram aparência, odor, sabor e textura. Os resultados
obtidos foram submetidos à análise de variância pelo Teste F e comparação das
médias pelo Teste de Tukey (5%) ajustado para comparações múltiplas, utilizando-se o
sistema estatístico SAS (Statistical Analysis System, 1989).
38
3.2.5.1 Padronização das características sensoriais
A análise sensorial foi conduzida aplicando-se métodos analíticos de diferença
para a seleção de provadores e todo descritivo para medir a qualidade do produto. A
equipe de provadores composta de 3 homens e 8 mulheres, constituiu-se de
pesquisadores, técnicos e estagiários do Departamento de Agroindústria, Alimentos e
Nutrição, da ESALQ/USP.
A seleção dos provadores foi realizada em 3 etapas distintas:
Etapa - Recrutamento: etapa na qual se fez o primeiro contato com os
provadores, obtendo-se informações sobre interesse, disponibilidade de tempo e
afinidade pelo produto.
Foram entrevistados 17 provadores e recrutados 13 para a segunda fase da
seleção. Dois provadores foram reprovados devido à indisponibilidade de tempo.
Etapa - Teste de reconhecimento de gostos básicos: para essa fase do teste,
utilizou-se como material, soluções quimicamente puras dos gostos sicos: doce
(0,14% de sacarose), ácido (0,07% de ácido cítrico), salgado (0,5% de cloreto de sódio)
e amargo (0,07% de cafeína) e água mineral. Foram oferecidos 25 ml de cada solução
aos provadores em copos plásticos descartáveis, codificados com números aleatórios
de 3 algarismos. O reconhecimento dos gostos básicos foi conduzido em sala com
temperatura ambiente, estando os provadores individualizados em cabines, contendo
bandejas com as amostras, fichas de avaliação, conforme Figura 2, e copos com água
para lavagem da boca entre as avaliações. Todos os provadores apresentaram 100%
de acertos.
Etapa - Teste de sensitividade para gosto: foi realizado mediante a utilização
do teste triangular, para o gosto básico doce, com seis repetições, segundo o método
seqüencial de Wald (1947). O modelo da ficha entregue aos provadores encontra-se na
Figura 3. Os testes foram realizados nas mesmas condições dos testes para gostos
básicos.
39
Nome:___________________________________________ Data:_______________
Por favor, prove as amostras, da esquerda para a direita, identificando os gostos básicos (ácido,
doce, salgado e amargo).
CÓDIGO GOSTO
__________ __________
__________ __________
__________ __________
__________ __________
Figura 2 - Modelo da ficha de reconhecimento de gostos básicos
Nome:___________________________________________________________
Data:_______________
Destas três amostras, duas são iguais e uma é diferente. Por favor, prove da esquerda
para a direita com intervalo de 20 segundos entre as amostras e identifique a amostra
diferente, fazendo um círculo ao redor do código.
1) __________ __________ __________
2) __________ __________ __________
3) __________ __________ __________
Figura 3 - Modelo da ficha do teste de sensitividade para gosto
3.2.5.2 Treinamento e desenvolvimento da terminologia descritiva
A fase de treinamento da Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) constou de uma
preleção aos provadores pelo supervisor, objetivando desenvolver a terminologia na
identificação dos atributos sensoriais referentes a pamonha. O desenvolvimento da
terminologia descritiva das amostras de pamonha foi realizado baseando-se no método
40
tradicional (STONE et al., 1974; STONE, 1992). As amostras foram apresentadas em
pratos de porcelana, cobertos com filmes de polietileno, à temperatura ambiente,
codificados com números de 3 algarismos. Foi solicitado aos provadores que
descrevessem as características de aparência, odor, sabor e textura, na ficha de
levantamento de atributos (Figura 4).
Produto:___________________________________ Data:______________
Nome: ____________________________________
Por favor, avalie cada uma das amostras quanto à aparência, odor, sabor e textura e
desenvolva termos que melhor descrevem as amostras com relação a cada um desses
atributos sensoriais.
Aparência:
Odor:
Sabor:
Textura:
Figura 4 - Modelo da ficha de levantamento de atributos
Foram realizadas 4 sessões nessa fase, sendo posteriormente realizado o
agrupamento dos termos descritivos semelhantes; os discrepantes foram eliminados,
chegando-se aos termos mais apropriados, que realmente caracterizassem as amostras
(Quadro 2). Em seguida, foi elaborada a ficha de avaliação sensorial (Figura 5). Para a
medida da intensidade de cada atributo foi usada uma escala não estruturada de 10 cm,
variando de nada (nota 0) a muito (nota 10) (SPOTO, 1988).
41
ODOR
Cozido: milho cozido (8), fumaça (2);
Fermentado: fermentado (9), azedo (8), cheiro de álcool (1), ácido (3), vinagre (1);
SABOR
Gosto doce: doce (24), milho doce (1), aguado (7), faltando açúcar (12), sonso (2);
Cozido: milho cozido (2), milho cru (2);
Fermentado: milho fermentado (1), azedo (3), sabor alterado (3);
Fresco: fresco (1);
TEXTURA
Cremosa: cremosa (11), sem cremosidade (2), não muito cremosa (2), parecida
com curau (2);
Fibrosa: presença de fibras (10), fibrosa (5), com textura de bagaço (1), com
bagaço (2);
Firme: firme (6), tenra (3), cortando com facilidade (1), estabilidade ao corte (1),
ponto de corte (1), mole (5), pouco firme (3), seca (2), compacta (1), boa
consistência (1), pouco consistente (1), muito consistente (1);
APARÊNCIA
Cor amarela: claro (5), forte (5), escuro (6), esbranquiçado (2), opaco (3);
Consistente: cremosa (6), firme (2), leitosa (1), dura (1), mole(6), sem
cremosidade (2), gelatinosa (1), pudim (1), consistente (2), lisa (1), angu (1), creme
(1), massuda (1), compacta no centro (1), pegajosa (1)
Quadro 2 - Agrupamento dos termos descritivos das análises sensoriais
42
Nome: ________________________________________ Data: _____________
Você está recebendo 3 amostras de pamonha, prove e avalie anotando na escala
abaixo a intensidade de cada atributo.
ODOR:
Cozido: ___|___________________________________|___
pouco muito
Fermentado: ___|___________________________________|___
pouco muito
SABOR:
Gosto doce: ___|___________________________________|___
pouco muito
Cozido: ___|___________________________________|___
pouco muito
Fermentado: ___|___________________________________|___
pouco muito
Fresco: ___|___________________________________|___
pouco muito
TEXTURA:
Cremosa: ___|___________________________________|___
pouco muito
Fibrosa: ___|___________________________________|___
pouco muito
Firme: ___|___________________________________|___
pouco muito
APARÊNCIA:
Cor amarela: ___|___________________________________|___
pouco muito
Consistente: ___|___________________________________|___
pouco muito
Impressão Global: ___|___________________________________|___
pouco muito
Figura 5 - Modelo da ficha de avaliação sensorial da pamonha
Com os atributos selecionados, foram preparadas as referências para a
determinação dos extremos da escala de avaliação sensorial e treinamento dos
provadores (Quadro 3).
43
ATRIBUTO DEFINIÇÃO REFERÊNCIAS
ODOR:
Cozido
Característico de produto submetido
ao tratamento térmico.
Pouco: pamonha cozida por 20`.
Muito: pamonha cozida por 90`.
Fermentado
Característico de milho fermentado.
Pouco: pamonha fresca.
Muito: pamonha armazenada por um
dia a 37ºC.
SABOR:
Gosto doce
Característico de soluções
açucaradas.
Pouco: pamonha feita sem adição de
sacarose.
Muito: pamonha feita adicionando-se
50% de sacarose.
Cozido
Característico de produto submetido
ao tratamento térmico.
Pouco: pamonha cozida por 20`.
Muito: pamonha cozida por 90`.
Fermentado
Característico do produto fermentado.
Pouco: pamonha não fermentada,
fresca.
Muito: pamonha armazenada por um
dia a 37ºC.
Fresco
Sabor característico do produto sem
apresentar qualquer alteração devido
armazenagem.
Pouco: pamonha armazenada por 7 a
15 dias sob refrigeração.
Muito: pamonha recém processada.
TEXTURA:
Cremosa
Característica da amostra que se
espalha na boca.
Pouco: pamonha cozida por 90`.
Muito: pamonha cozida por 20`.
Fibrosa
Característico da amostra que não é
lisa apresentando fibras.
Pouco: pamonha feita com milho
moído peneirado (peneira fina), sem
bagaço.
Muito: pamonha feita com milho moído
sem peneirar, com bagaço.
Firme
Característico da amostra que impõe
resistência ao corte.
Pouco: pamonha cozida por 20`.
Muito: pamonha cozida por 90`.
APARÊNCIA:
Cor amarela
Cor característica de pamonha ou
curau.
Fraco: pamonha feita com 40% de
leite.
Forte: cor da pamonha cozida por 90`.
Consistente
Característica da amostra que tem
forma definida, firme, compacta.
Pouco: pamonha cozida por 20`.
Muito: pamonha cozida por 90`.
IMPRESSÃO GLOBAL: qualidade geral que influencia na memória do provador sobre o produto.
Quadro 3 - Definição dos descritores e referências dos extremos das escalas de
intensidade na ADQ da pamonha
44
Caracterização sensorial das amostras de pamonha: os provadores receberam
amostras em pedaços de 2 x 3cm, à temperatura ambiente. As amostras foram servidas
em recipientes plásticos fechados com tampa, codificados com algarismos de três
dígitos. Os atributos de sabor, odor e textura foram avaliados sob luz vermelha, e os de
aparência sob luz fria; um copo com água foi oferecido para a lavagem do palato.
3.2.6 Análise microbiológica
3.2.6.1 Coleta e preparo das amostras
Para a análise microbiológica 2 amostras de pamonhas produzidas de cada
condição de armazenamento da matéria-prima, foram coletadas em recipiente
previamente higienizado com álcool 70º imediatamente após o resfriamento.
As pamonhas foram abertas com tesoura higienizadas com álcool 70º e
recolhidas separadamente alíquotas de 25g de cada amostra, que foram
homogeneizadas em homogeneizador stomacher em saco plástico estéril com 225 mL
de H
2
O sp, sendo essa a diluição 10
-1
da qual foram feitas as demais diluições até 10
-3
.
As pamonhas foram analisadas quanto à presença de coliformes totais,
Staphylococcus coagulase positivo (ECP), Bacillus cereus e Salmonella. Os todos
analíticos empregados descritos a seguir constam no Compendium of Methods for the
Microbiological Examination of Foods (COUSIN; JAY; VASAVADA, 2001). As análises
foram realizadas em duplicata.
3.2.6.2 Contagem de coliformes totais
A técnica utilizada foi a dos tubos múltiplos, série de 3 tubos. Foi inoculado 1,0
mL das diluições, em tubos contendo caldo LST MUG (Lauril Sulfato Triptose
modificado com MUG- 4-metil-umbeliferil-β-D-glucuronídeo, Merck) com tubos de
Durham invertidos. O material foi incubado a 35ºC/ 24-48 horas. Para a confirmação de
coliformes totais, o conteúdo dos tubos suspeitos (turvação e formação de gás) foi
inoculado através de alça microbiológica em tubos de caldo verde brilhante (VB) com
tubos de Durham invertidos e incubados a 35ºC por 24/48 horas. Foram considerados
positivos os tubos que apresentaram crescimento e produção de gás. A determinação
45
do número mais provável (NMP)/mL foi feita por leitura em um tabela de NMP
apropriada às diluições inoculadas (KORNACKI; JOHNSON, 2001).
3.2.6.3 Contagem de Bacillus cereus
Foi utilizada a cnica de espalhamento em superfície inoculando 1,0 mL das
diluições, subdividido em 4 alíquotas, em placas de ágar Manitol Gema de Ovo
Polimixina (MYP), previamente preparadas e secas; sendo 3 placas com 0,3 mL e uma
com 0,1mL; espalhando-se o inóculo com uma alça de Drigalski. As placas foram
incubadas invertidas a 30ºC por 24/48 horas, para se realizar a contagem das colônias
típicas: grandes, rodeadas por um grande halo de precipitação e com a região ao redor
rósea. As colônias suspeitas foram transferidas para ágar nutriente inclinado com alça
microbiológica e incubadas 35ºC por 24h, sendo realizada coloração de Gram e testes
bioquímicos confirmativos, os quais foram: fermentação da glicose, motilidade,
decomposição da tirosina, crescimento rizóide, redução de nitrato, hidrólise da gelatina,
teste de Voges-Porskauer (BENNETT; BELAY, 2001).
3.2.6.4 Contagem de Staphylococcus coagulase positivo (ECP)
Foi inoculado 1,0 mL da amostra, distribuído por 4 placas de ágar Baird-Parker
(BP), adicionado de solução de gema de ovo e telurito de potássio, previamente
preparadas e secas; sendo 3 com 0,3mL e uma com 0,1mL; espalhando-se o inóculo
com uma alça de Drigalski. As placas foram incubadas invertidas a 35ºC por 48 horas,
para se realizar a contagem das colônias típicas: pretas, com um halo translúcido claro.
Foram feitos testes bioquímicos confirmativos coagulase, catalase e coloração de Gram
(LANCETTE; BENNETT, 2001).
3.2.6.5 Detecção de Salmonella
Primeiramente foi feito um pré-enriquecimento de 25g da amostra em caldo
lactosado, para a recuperação de células injuriadas. Este meio de pré-enriquecimento
foi incubado a 35ºC durante 24horas. Após incubação, com alça microbiológica foram
inoculados tubos de ensaio com caldos Tetrationato (TT) e Selenito Cistina (SC),
incubados a 35ºC/24h e posteriormente feito a tentativa de isolamento de colônias
46
típicas de Salmonella em ágar Bismuto Sulfito (BS), ágar Xilose Lisina Desoxicolato
(XLD) e ágar Entérico de Hectoen (HE), realizado por estrias em superfície com alça
microbiológica a partir dos tubos incubados de TT e SC. Todas as placas foram
incubadas invertidas a 35ºC por 24h/48 horas.
Em ágar BS, as colônias típicas de Salmonella são marrons ou pretas, com ou
sem brilho metálico. Em ágar XLD as colônias são transparentes, cor de rosa escuro,
com ou sem centro preto. Já em ágar HE, as colônias são transparentes, verde-
azuladas, com ou sem centro preto.
As colônias típicas de Salmonella foram inoculadas por picada e estria na rampa
em ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI) e Lisina Ferro (LIA), e incubadas a 35ºC por 24
horas. Os tubos de TSI e LIA que se mostraram com características suspeitas para
Salmonella foram submetidos a testes bioquímicos e sorológicos somático polivalente.
O resultado foi expresso como presença ou ausência em 25g/mL de amostra
(ANDREWS et al., 2001).
3.2.7 Análise estatística
Na caracterização de híbridos e de seus produtos, os resultados obtidos foram
submetidos à análise de variância pelo Teste F e comparação das médias pelo Teste
de Tukey (5%) ajustado para comparações múltiplas, utilizando-se o sistema estatístico
SAS (Statistical Analysis System, 1989). Nas análises físicas e físico-químicas foram
utilizadas 8 repetições para cada tratamento, exceto para textura das pamonhas que
foram utilizadas 20 repetições e para cor da pamonha e milho que foram utilizadas 12
repetições.
Para o estudo do armazenamento das espigas de milho dos diferentes híbridos e
seu efeito sobre o produto final, o delineamento experimental utilizado foi inteiramente
aleatorizado em esquema fatorial 3x2x3, sendo 3 híbridos (AG 1051, BM 3061 e DOW
8003), 2 temperaturas de armazenamento (ambiente e refrigerada) e 3 períodos de
avaliação (0, 3 e 6 dias de armazenamento). Nas análises física e físico-químicas foram
utilizadas 4 repetições para cada tratamento, exceto para textura da pamonha que
foram efetuadas 10 repetições e para cor do milho e pamonha que foram utilizadas 6
repetições.
47
Os resultados obtidos das avaliações físicas e físico-químicas do milho verde e
pamonha e a análise sensorial foram primeiramente submetidos à análise exploratória
para a verificação de pontos discrepantes, homogeneidade de variância, problema de
escala e tamanho da amostra e posteriormente foram feitas a análise de variância pelo
Teste F e comparação das médias pelo Teste de Tukey (5%) ajustado para
comparações múltiplas, utilizando-se o sistema estatístico SAS (Statistical Analysis
System, 1989).
48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Avaliação dos híbridos de milho verde e das pamonhas produzidas
4.1.1 Características físicas e físico-químicas dos grãos dos diferentes híbridos
Os grãos de milho no estado verde, recém colhidos, dos híbridos AG 1051, BM
3061 e DOW 8003 apresentaram as características físico-químicas mostradas na
Tabela 1.
Tabela 1 - Características físico-químicas dos grãos de milho verde dos diferentes
híbridos
Híbridos Características
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Acidez
pH 7,0 ± 1,0
1 A 2
7,1 ± 0,0
A
7,0 ± 0,0
A
Acidez titulável
(mL de NaOH 0,1mol/L por 100g)
0,22 ± 0,0
A
0,10± 0,0
B
0,10 ± 0,0
B
Sólidos solúveis totais (ºBrix) 13,4 ± 0,9
A
12,3 ± 0,6
B
11,3 ± 0,2
C
Composição (%)
Umidade 66,90 ± 3,1
A
66,91± 1,8
A
68,29 ± 2,5
A
Amido 12,75 ± 1,2
A
11,66 ± 0,6
AB
11,36 ± 1,1
B
Carboidratos 0,82 ± 0,0
B
0,80 ±0,0
B
1,64 ± 0,1
A
Fibras solúveis 0,28 ± 0,1
A
0,28 ± 0,1
A
0,27 ± 0,1
A
Fibras insolúveis 2,74 ± 0,5
A
2,21 ± 0,2
B
2,34 ± 0,3
AB
Fibras totais 3,02 ± 0,6
A
2,49 ± 0,2
B
2,61 ±0,2
AB
1
Média ± Desvio Padrão.
2
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
Não foram detectadas diferenças significativas entre os híbridos quanto aos
valores médios de pH, que se apresentaram próximos da normalidade. O milho verde é,
portanto, classificado dentro dos alimentos pouco ácidos, devendo ser submetido a um
49
processamento térmico intenso visando o controle de microorganismos patológicos e
deterioradores.
Quanto à acidez titulável, o híbrido AG 1051 apresentou valor mais elevado que
os demais híbridos, que não diferiram entre si.
Os maiores teores de sólidos solúveis Brix) foram encontrados para o híbrido
AG 1051, seguido do híbrido BM 3061 e por fim, o híbrido DOW 8003.
A composição dos grãos de milho deve ser avaliada para definição do ponto de
colheita quando as espigas são destinadas à elaboração de pamonhas, principalmente
em função do amido, principal componente envolvido no mecanismo de formação de
gel. A redução do teor de umidade e acúmulo de amido é algo dinâmico durante o
desenvolvimento da cultura. O período de colheita é bastante estreito e é determinado
entre o estádio leitoso e o pastoso dos grãos. De acordo com Fancelli e Dourado Neto
(2000) e Magalhães et al. (2002), no estádio leitoso os grãos iniciam o processo de
acumulação do amido no endosperma dos grãos, sendo incrementado o seu peso seco.
O crescimento, a partir daí, é devido à expansão e ao enchimento das lulas do
endosperma com amido. No estádio pastoso a deposição de amido é acentuada,
caracterizando um período exclusivamente destinado ao ganho de peso. Os grãos
encontram-se com cerca de 70% de umidade.
Os milhos híbridos estudados não diferiram significativamente entre si quanto à
umidade presente nos grãos no dia da colheita, estando entre 68,3 e 66,9%,
correspondendo ao estádio de maturação citado anteriormente como adequado.
O milho AG 1051 apresentou maiores teores de amido que o híbrido DOW. O
milho BM 3061 não diferiu dos demais.
O milho DOW 8003 apresentou o dobro dos teores de carboidratos solúveis
totais dos demais híbridos, que não diferiram entre si. É, portanto, um pouco mais doce
que os demais.
Os teores de fibras solúveis dos grãos dos diferentes híbridos não diferiram entre
si, entretanto, o milho AG 1051 apresentou mais fibras insolúveis e totais que o BM
3061. A quantidade de fibras presente nos grãos pode interferir no rendimento de
produção das pamonhas, pois parte destas fibras é retida no processo de peneiração
da polpa e, então, descartada.
50
As características físicas dos grãos de milho verde dos diferentes híbridos são
apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2 - Características físicas dos grãos de milho dos diferentes híbridos
Híbridos Características
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Textura
Firmeza (lbf/g) 1,66 ± 0,1
1 A 2
1,41 ± 0,1
B
1,26 ± 0,2
B
Cor
Luminosidade 71,84 ± 2,4
A
71,49 ± 2,2
A
73,37 ± 2,8
A
Croma a* -0,99 ± 1,6
A
-0,47 ± 1,0
A
-0,84 ± 1,9
A
Croma b* 33,52 ± 2,2
A
31,19 ± 2,7
A
33,75 ± 2,7
A
1
Média ± Desvio Padrão.
2
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
Os grãos de milho do híbrido AG 1051 apresentaram a maior dia de firmeza.
Possivelmente os maiores teores de fibras totais sejam os responsáveis por esta média
maior, uma vez que o teor de umidade não diferiu dos demais híbridos.
A cor é um importante parâmetro de qualidade dos alimentos. A cor desejada
para a pamonha é a amarela, razão pela qual este é um requisito importante nesta
matéria-prima. A cor das espigas de milho verde foi avaliada em função das variáveis L,
a* e b*. A variável L* indica luminosidade, diferenciando cores claras de escuras. Seu
valor varia de zero para cores escuras (preto) e 100 para cores claras (branco). O
croma a* indica a intensidade das cores, variando do verde (-60) ao vermelho (+60) e o
croma b* indica intensidade das cores variando do azul (-60) ao amarelo (+60) (BIBLE;
SINGHA, 1993).
Os grãos de milho dos híbridos não se diferenciaram quanto aos parâmetros
estudados para cor e se caracterizaram por apresentar alta luminosidade, valores de
croma a* próximos ao eixo de valores onde as cores se misturam tendendo para o
marrom e valores de croma b*, que caracterizam a predominância da cor amarela.
Não existem na literatura dados sobre os exatos valores das diversas
características físicas e físico-químicas dos grãos de milho que seriam desejáveis para
51
a produção de pamonha. Dentre os três híbridos estudados, o AG 1051 já é consagrado
na utilização para produção de pamonha, e os outros dois são híbridos novos no
mercado. De um modo geral os híbridos BM 3061 e DOW 8003 apresentaram teores de
amido e de fibras totais um pouco inferiores ao AG 1051.
4.1.2 Porcentagem em massa
A porcentagem em massa está associada ao rendimento de grãos na espiga.
Assim, quanto maior esse valor, maior será a quantidade de grãos em relação à espiga,
que é a parte consumida e utilizada principalmente na elaboração de pratos tradicionais
da culinária, como, por exemplo, curau e pamonha (PAIVA JUNIOR, 1999). Esta é uma
característica genética, mas também pode receber influência do ambiente, estádio de
maturação e composição dos grãos.
A porcentagem em massa obtida para os híbridos estudados mostrou ser
idêntica para o AG 1051 e BM 3061, que apresentaram 67,8% em massa. O híbrido
DOW 8003 apresentou 6,7 pontos percentuais menos que os demais.
No estudo de Paiva Junior (1999) o híbrido AG 1051 recém-colhido produziu
51% de massa, percentual inferior ao encontrado para esse mesmo híbrido no presente
estudo.
Este rendimento em massa pode estar associado a fatores como o tipo de
equipamento (despolpadeira) utilizado e o estádio de maturação dos grãos, que afeta
sua composição. Considerando a composição, o teor de umidade não diferiu
significativamente entre os híbridos. O milho DOW 8003, de menor percentual de
massa foi o que apresentou menor teor de amido, maior de carboidratos e não diferiu
das demais quanto às fibras insolúveis. Além da composição, a adesão dos grãos ao
sabugo (retendo por vezes as fibras), o tamanho, a anatomia e a disposição dos grãos
na espiga, também possam atuar neste parâmetro.
4.1.3 Propriedades de pasta da polpa
Os pontos críticos extraídos das curvas de viscosidade da polpa (massa extraída
das espigas de milho verde e desintegrada) dos híbridos AG 1051, BM 3061 e DOW
8003 são apresentados na Tabela 3.
52
Tabela 3 - Valores médios dos pontos críticos de viscosidade da polpa dos diferentes
híbridos
Híbridos
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Viscosidade máxima (RVU)
265 ± 81,5
1 AB 2
202 ± 51,8
B
314 ± 71,1
A
Quebra na viscosidade (RVU)
138 ± 50,4
A
62 ± 21,6
B
152 ± 49,6
A
Viscosidade final (RVU)
291 ± 99,7
A
234 ± 62,5
A
305 ± 60,4
A
Tendência a retrogradação (RVU)
164 ± 66,3
A
94 ± 31,4
B
144 ± 38,3
AB
Temperatura de pasta (ºC)
79,0 ± 1,3
A
79,5 ± 0,4
A
76,8 ± 0,7
B
1
Média ± Desvio Padrão.
2
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
Na polpa obtida dos grãos de milho vários componentes influenciam a produção
de viscosidade (espessamento), mas principalmente o amido, a água e as fibras. O
híbrido AG 1051 apresentou os maiores teores, tanto de amido quanto de fibras,
contudo, não foi observada diferença significativa entre este e o híbrido DOW 8003
(menor teor de amido) quanto aos parâmetros de viscosidade máxima, quebra de
viscosidade, viscosidade final e tendência a retrogradação. O híbrido DOW 8003
apresentou a menor temperatura de pasta.
O híbrido BM 3061 tendeu a apresentar valores mais baixos de propriedades de
pasta que os demais. Entretanto, as viscosidades de todos os híbridos se igualaram ao
final do viscograma.
A retrogradação é o mecanismo pelo qual ocorre a formação do gel de amidos e
posteriormente, responsável pela sinérese ou liberação de água pelo produto
armazenado sob baixas temperaturas. O híbrido AG 1051 apresentou tendência maior
que o BM 3061 para retrogradar. Esta e outras propriedades de pasta, sendo distintas
para os diferentes híbridos, podem gerar certa diferenciação quanto à textura dos
produtos finais e também quanto à exsudação de água em produtos armazenados.
53
4.1.4 Características físicas e físico-químicas das pamonhas obtidas com os
diferentes híbridos de milho
As pamonhas produzidas com os grãos de milho verde dos híbridos AG 1051,
BM 3061 e DOW 8003 recém colhidos, apresentaram as características físico-químicas
mostradas na Tabela 4.
Tabela 4 - Características físico-químicas das pamonhas produzidas pelos diferentes
híbridos
Matéria-prima Características
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Acidez
pH 7,1 ± 0,0
1 C 2
7,5 ± 0,0
A
7,2 ± 0,0
B
Acidez titulável
(mL NaOH 0,1mol/L por 100g)
0,06 ± 0,0
A
0,03 ± 0,0
C
0,04 ± 0,0
B
Composição (%)
Umidade 63,58 ± 0,33
B
63,93 ± 0,58
B
65,88± 0,86
A
Amido 5,43 ± 1,19
A
5,00 ± 0,12
A
5,12 ± 0,21
A
Carboidratos 18,90 ± 0,27
B
21,78 ± 0,53
A
21,75 ± 2,09
A
Fibras solúveis 1,00 ± 0,23
A
0,85 ± 0,17
A
0,28 ± 0,20
B
Fibras insolúveis 1,42 ± 0,12
A
1,11 ± 0,26
B
1,46 ± 0,22
A
Fibras totais 2,42 ± 0,16
A
1,95 ± 0,14
B
1,74 ± 0,18
B
1
Média ± Desvio Padrão.
2
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
As pamonhas, assim como os grãos utilizados como matéria-prima,
apresentaram valores de pH próximos da neutralidade. As pamonhas processadas com
os híbridos estudados apresentaram diferenças de pH e de acidez titulável entre si,
sendo as do AG 1051 as mais ácidas e as do BM 3061 as menos ácidas. Houve
correspondência deste com os grãos apenas para o AG 1051, que também evidenciou
maior acidez titulável que os demais híbridos.
As pamonhas dos híbridos AG 1051 e BM 3061 não apresentaram diferença
significativa quanto aos teores de umidade, entretanto, o híbrido DOW apresentou em
média maior umidade.
54
Leme et al. (2004) encontraram um teor de umidade de 63% nas pamonhas
elaboradas com o híbrido AG 4051, valor semelhante aos teores encontrados nos
produtos dos híbridos estudados no presente trabalho.
Os teores de amido das pamonhas dos três híbridos não diferiram
significativamente entre si. Não houve correspondência destes com os teores de amido
encontrados nos grãos, pois o teor de amido dos grãos híbridos da DOW foi menor que
o dos grãos AG.
Os teores médios de carboidratos das pamonhas dos híbridos BM 3061 (21,8%)
e DOW 8003 (21,8%) foram maiores que os encontrados para as pamonhas do híbrido
AG 1051 (18,9%). Leme et al. (2004) estudando pamonhas elaboradas com o híbrido
AG 4051 encontraram valor semelhante de carboidratos (20%).
Apesar de os teores de fibras solúveis nos grãos dos híbridos não diferirem
significativamente entre si, nas pamonhas elaboradas com os grãos DOW 8003 foram
observados menores teores deste componente.
Os teores de fibras insolúveis das pamonhas apresentaram relação com esses
teores na matéria-prima para os híbridos AG 1051 (maiores teores) e BM 3061
(menores teores).
No processamento da pamonha a etapa de peneiragem retém certo percentual
de fibra insolúvel em função da malha selecionada. Esse procedimento pode influenciar
a relação fibras nos grãos/ fibras no produto final. Como os teores de fibras insolúveis
nas pamonhas podem ser explicados pelos teores presentes nos grãos, não é preciso
considerar a dureza do material fibroso que compõe o pericarpo dos grãos de milho.
Este parâmetro poderia influenciar o tamanho dos fragmentos gerados pela
homogeneização da polpa, os quais seriam mais ou menos selecionados na peneira.
Os grãos AG 1051 apresentaram-se mais duros que os demais grãos híbridos, que não
se diferenciaram entre si e esta dureza se relacionou com maior teor de fibras.
Os parâmetros de cor das pamonhas produzidas com os grãos de milho dos
diferentes híbridos são apresentados na Tabela 5.
55
Tabela 5 - Parâmetros de cor das pamonhas produzidas com os grãos de milho dos
diferentes híbridos
Híbridos Características
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Cor
Luminosidade 59,76 ± 1,1
1
A 2
56,71 ± 1,9
B
54,77 ± 2,8
B
Croma a* -5,16 ± 0,3
A
-5,03 ± 0,2
A
-4,63 ± 0,2
B
Croma b* 29,57 ± 4,4
A
20,51 ± 2,0
C
25,32 ± 1,4
B
1
Média ± Desvio Padrão.
2
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
As pamonhas do híbrido AG 1051, em média, apresentaram maior luminosidade
e coloração amarela mais intensa. Em relação aos valores de croma a* das pamonhas,
comparando-se com os valores encontrados nos grãos, que tendiam ao marrom, nota-
se que as pamonhas apresentam maior tendência para a coloração verde. Isso
provavelmente seja decorrente do cozimento do produto envasado em palha.
Os atributos que definem textura das pamonhas são apresentados na Tabela 6.
Alguns dos parâmetros do teste de dupla compressão obtidos pela Análise do Perfil de
Textura, como fraturabilidade e mastigabilidade não se aplicam a este tipo de produto.
Tabela 6 - Parâmetros de textura das pamonhas produzidas com os diferentes híbridos
Híbridos
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Firmeza (N) 1134,4 ± 262,7
1B 2
804,4 ± 117,4
C
1583,6 ± 312,7
A
Adesividade (Ns) -113,2 ± 234,4
A
-6,7 ± 5,68
B
-15,0 ± 25,9
AB
Elasticidade 0,79 ± 0,13
A
0,87 ± 0,1
A
0,83 ± 0,1
A
Coesividade 0,62 ± 0,0
B
0,71 ± 0,0
A
0,66 ± 0,0
AB
Gomosidade (N)
711,7 ± 197,0
B
574,0 ± 102,1
B
1064,0 ± 273,8
A
1
Média ± Desvio Padrão.
2
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
56
A firmeza é a força necessária para realizar uma determinada deformação,
podendo ser definida também como a força requerida para comprimir o alimento entre
os dentes molares ou entre a língua e o palato (SZCZESNIAK, 1998).
As pamonhas produzidas com o híbrido DOW mostraram maior firmeza que as
dos demais híbridos e as elaboradas com o BM mostraram valores inferiores. Dentre os
fatores que poderiam contribuir com este parâmetro está o teor de amido, porém as
pamonhas dos três híbridos não apresentarem diferença significativa entres os teores
de amido.
As pamonhas produzidas pelo híbrido DOW 8003 ficaram mais firmes que as
demais. Este híbrido foi o que apresentou o menor percentual de massa extraída das
espigas e suas pamonhas, menor teor de fibras solúveis e maiores de fibras insolúveis
(juntamente com as do AG).
A composição das pamonhas em teores de amido e fibras presentes não parece
justificar totalmente a variação da firmeza das mesmas. Estas diferenças talvez possam
advir de outros fatores como a composição macromolecular destes polissacarídeos
(tanto amido como fibras), que pode variar com a fonte vegetal. Maiores teores de
amilose no amido dos diferentes híbridos, por exemplo, poderiam elevar a tendência à
retrogradação e aumentar a firmeza do produto final. A tendência a retrogradação do
híbrido da DOW, contudo, não se diferenciou significativamente da dos demais híbridos.
O tipo de pectina presente também poderia influenciar no processo de gelificação.
A adesividade é definida como o trabalho necessário para superar as forças
atrativas entre a superfície do alimento e outras superfícies em que o alimento entra em
contato, ou ainda, a força requerida para remover o alimento que aderiu ao palato,
lábios e dentes durante a mastigação (SZCZESNIAK, 1998). O parâmetro adesividade
mostrou valores muito variáveis nas pamonhas dos diferentes híbridos. Nenhum dos
componentes das pamonhas parece estar associado à esta variação.
A elasticidade é a razão na qual um material deformado volta à sua condição não
deformada após remoção da força de deformação. A coesividade é a resistência das
ligações internas, ou seja, a quantidade de deformação que o alimento sofre antes de
sua ruptura quando comprimido com os molares (SZCZESNIAK, 1998).
57
As pamonhas, de um modo geral, se caracterizam por apresentar baixa
coesividade e elasticidade. Os valores de elasticidade e coesividade encontrados para
as pamonhas são semelhantes aos encontrados por Corrêa (2006) em manjares
(formulados com 4% de amido de milho) que apresentaram elasticidade média de 0,83
e coesividade de 0,51. Apesar das diferenças entre híbridos serem estatisticamente
significativas para coesividade, não foram muito diferentes numericamente.
A gomosidade é definida como o trabalho requerido para desintegrar um
alimento semi-sólido, sendo o produto da firmeza pela coesividade (SZCZESNIAK,
1998). As diferenças entre os híbridos quanto aos valores de gomosidade foram
significativas, sendo que as pamonhas do híbrido DOW 8003 apresentaram os maiores
valores.
Os resultados observados para gomosidade de pamonhas foram muito diferentes
dos encontrados por Sandhu e Singh (2007) para géis de amido de diferentes
variedades de milho, que variaram entre 15,8 e 8,9. Um outro estudo, com manjares de
amido de milho, o maior valor encontrado para gomosidade foi de 91,52gF (CORRÊA,
2006).
Em resumo, a pamonha do híbrido DOW se apresentou mais firme e gomosa,
enquanto que a do híbrido AG apresentou maior adesividade e menor coesividade. As
pamonhas do híbrido BM mostraram menor firmeza e adesividade, além de maior
coesividade.
Esta desuniformidade dos parâmetros de textura pode decorrer dos teores
variáveis dos componentes e também de problemas relacionados com o processo de
cocção do produto. O amido tende a se acumular na base ou fundo da embalagem,
conforme a posição do produto no cozedor, que apresenta densidade mais elevada
que a água e que ocorre um intervalo de tempo entre a adição do produto na água
fervente e a gelatinização do amido. Já as fibras tendem a se concentrar mais ao centro
do produto. Além disto, algumas vezes, pode ocorrer penetração de água no interior do
produto em função da costura, fechamento da embalagem e certa porosidade da palha.
O produto final acaba por apresentar uma fase mais líquida externamente (entre palha e
gel). Estas variáveis foram consideradas no processamento dos produtos neste trabalho
visando minimizar os problemas citados. A costura das palhas se deu com ponto
58
menor, foi efetuado um melhor fechamento da embalagem e também realizada a
agitação do produto envasado antes de entrar para a cocção em água fervente. Embora
tenha se tentado uma melhor padronização no preparo do produto e, posteriormente, na
amostragem do material a ser avaliado no texturômetro, alguma variação nos
parâmetros do APT pode ter decorrido destes fatos.
4.1.5 Análise sensorial
Os provadores avaliaram a intensidade dos atributos relacionados com
aparência, odor, sabor, textura e impressão global do produto elaborado com diferentes
híbridos, sendo os resultados apresentados na Tabela 7 e Figura 6.
Tabela 7 - Notas médias atribuídas para aparência, odor, sabor, textura e impressão
global das pamonhas elaboradas com os diferentes híbridos
Matéria-prima Atributos
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Aparência
Cor amarela 5,7 B 5,9 B 6,3 A
Consistente 6,7 A 6,9 A 6,4 B
Odor
Cozido 7,5 A 7,3 A 5,3 B
Sabor
Doce 5,4 A 5,6 A 5,8 A
Cozido 6,4 A 6,3 A 5,8 B
Textura
Cremosa 4,2 C 5,8 A 5,4 B
Fibrosa 5,4 B 5,5 B 6,1 A
Firme 6,0 C 7,1 A 6,7 B
Impressão Global
7,5 A 7,2 A 6,4 B
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey
em nível de 5% de probabilidade.
59
0
2
4
6
8
Cor amarela
Aparência consistente
Odor cozido
Sabor doce
Sabor cozidoTextura cremosa
Textura fibrosa
Textura firme
Impressão Global
AG 1051 BM 3061 DOW 8003
Figura 6 - Gráfico aranha representando a média dos atributos sensoriais das
pamonhas elaboradas com diferentes híbridos de milho
As pamonhas elaboradas com os diferentes híbridos apresentaram diferenças
significativas entre si para todos os atributos sensoriais avaliados, exceto sabor doce.
De maneira geral as pamonhas encontradas no comércio tendem a apresentar
cor amarelo forte e aparência consistente, firme. As diferenças observadas pelos
provadores na cor das pamonhas dos três híbridos foram significativas se destacando a
do híbrido DOW 8003 quanto a este atributo, pois apresentou a maior média, ou seja,
pamonhas de amarelo mais intenso.
Não houve correspondência entre a medida instrumental e a sensorial para este
parâmetro de cor. No método instrumental de grãos e de pamonhas a maior intensidade
da cor amarela foi apresentada pelo híbrido AG 1051. Talvez essa diferença entre o
método instrumental e a percepção dos provadores possa ser explicada pela variação
na cor. A coloração amarela mais para o laranja, é um atributo descrito para o híbrido
DOW, conforme informações dos produtores desta semente (Dow Agroscience, 2006).
Considerando que o instrumento faz esta medida no eixo do croma b* e o laranja seria
detectado pelo ângulo hue, que não foi calculado neste trabalho. Possivelmente os
provadores tenham detectado essa coloração amarelo-alaranjada como amarelo mais
intenso para este híbrido.
60
As pamonhas do híbrido DOW apresentaram aparência menos consistente que
as dos demais híbridos. A aparência visual da consistência do produto não se relaciona
com a firmeza do mesmo avaliada subjetivamente.
A etapa de cocção da pamonha deve ser completada em tempo correto, pois se
o tempo de cozimento é insuficiente, os provadores detectam sabor de milho cru no
produto final e se ocorre cozimento demasiado, o produto fica com sabor de queimado,
sendo ambas características indesejáveis. Apesar de serem detectadas diferenças
significativas entre as pamonhas dos três híbridos de milho verde, foi observado que a
maioria das notas atribuídas foram intermediárias (próximas de 6,0), evidenciando que
o tempo de cozimento no processamento das pamonhas foi adequado.
A pamonha do híbrido DOW 8003 apresentou as notas significativamente
menores para odor cozido. Como o tempo de cocção das pamonhas foi padronizado
para todos os híbridos, essa diferença de odor detectada possivelmente decorra do fato
de o milho desse híbrido apresentar mais compostos de odor de milho verde, o qual
pode ter sido confundido pelos provadores como odor de milho cru ou mal cozido.
Quanto à textura, as pamonhas dos três híbridos se mostraram mais firmes
(notas de 6,0 a 7,1) que cremosas (notas de 4,2 a 5,8).
As pamonhas do híbrido AG 1051 apresentaram-se na análise sensorial menos
firmes, menos cremosas e menos fibrosas que as dos demais híbridos. Sua firmeza
objetiva (texturômetro), entretanto, foi intermediária à dos demais híbridos.
Considerando que as pamonhas deste híbrido não diferiram significativamente das
demais quanto ao teor de amido, mas apresentaram altos teores de fibras, pode-se
dizer que não houve correspondência clara entre estes teores e a textura do produto
final elaborado com este híbrido.
As pamonhas do híbrido BM 3061 se apresentaram mais firmes, mais cremosas
e pouco fibrosas na avaliação sensorial e menos firmes na determinação de firmeza
objetiva. Estas não se diferenciaram das demais com relação ao teor de amido, mas
apresentaram os menores teores de fibras.
As pamonhas do híbrido DOW 8003 foram as mais fibrosas na sensorial e que
apresentaram os maiores teores de fibras, juntamente com as do híbrido AG. As
pamonhas do híbrido BM, que receberam as maiores notas para firmeza e cremosidade
61
subjetiva, apresentaram a menor firmeza objetiva.
Contudo, considerando as médias de notas atribuídas pelos provadores para a
maioria dos atributos, nota-se que a diferença entre as médias mais baixas com as
médias mais altas não chega a 1,5. Num produto não tão homogêneo como a pamonha
uma variação tão pequena de notas, que é detectada como diferente pela estatística,
talvez não seja para o provador. Isto evidencia certa uniformidade entre os híbridos.
As pamonhas que causaram uma melhor impressão global aos provadores foram
as dos híbridos AG 1051 e BM 3061. As pamonhas do híbrido DOW 8003
possivelmente tenham recebido menores notas quanto à impressão global devido
principalmente aos atributos de textura consistente, odor e sabor de cozido, que
receberam notas mais baixas que para o produto dos outros híbridos.
4.2 Avaliação do armazenamento dos híbridos de milho verde sob diferentes
condições e dos efeitos deste sobre as pamonhas
4.2.1 Avaliação das espigas de milho verde durante armazenamento
4.2.1.1 Aspecto geral das espigas de milho
O armazenamento de vegetais pode resultar em diversas alterações visuais
como a perda de cor ou a ocorrência de danos biológicos. A rejeição do produto pode
estar também correlacionada com a sensação de sabor e odor ao se detectar níveis de
metabólitos associados com a deterioração (McMEEKIN; ROSS, 1996). Além destes
aspectos, também constituem alterações freqüentemente citadas na literatura a perda
de água, com conseqüente murchamento (ALVES et al., 2004).
O aspecto dos grãos de milho dos híbridos AG 1051, BM 3061 e DOW 8003,
durante o período de armazenamento sob condições ambientes e de refrigeração pode
ser observado pelas Figuras 7, 8 e 9 respectivamente.
62
Recém colhido (dia 0)
3º dia na condição ambiente 3º dia sob refrigeração
6º dia na condição ambiente 6º dia sob refrigeração
Figura 7 - Aspecto dos grãos do híbrido de milho verde AG 1051 em função do tempo e
condição de armazenamento
63
Recém colhida (dia 0)
6º dia na condição ambiente 6º dia sob refrigeração
Figura 8 - Aspecto dos grãos do híbrido de milho verde BM 3061 em função do tempo e
condição de armazenamento
3º dia na condição ambiente 3º dia sob refrigeração
64
Recém colhida (dia 0)
3º dia na condição ambiente 3º dia sob refrigeração
6º dia na condição ambiente 6º dia sob refrigeração
Figura 9 - Aspecto dos grãos do híbrido de milho verde DOW 8003 em função do tempo
e condição de armazenamento
65
Considerando o aspecto visual dos bridos armazenados, o que mais fica
evidenciado é a perda de umidade. As espigas recém colhidas apresentaram grãos
túrgidos, entretanto, ao longo do período de armazenamento os híbridos mostraram
variabilidade quanto à conservação da umidade, podendo ser encontradas espigas com
grãos mais túrgidos e outros mais desidratados, dentro de cada tratamento e tempo. A
perda de água resultou em depressões (dentes) no topo dos grãos, com aspecto de
endurecimento. Estes fenômenos se mostraram mais severos nas espigas
armazenadas sob condições ambientes. Em contraste, a refrigeração retardou a perda
de água, como percebida pela maior turgidez e presença de grãos de aspecto mais
uniforme.
4.2.1.2 Porcentagem em massa
As alterações da porcentagem em massa de cada híbrido utilizado para
produção de pamonha durante o armazenamento sob condições ambientes e de
refrigeração são mostradas na Tabela 8.
Tabela 8 - Porcentagem em massa das espigas de milho dos diferentes híbridos em
função do tempo e condição de armazenamento
Tempo de armazenamento (dias) Híbrido Condição de
armazenamento
0 3 6
Ambiente
68,8 61,1 61,8
AG 1051
Refrigerado
66,7 63,4 65,4
Ambiente
67,7 60,4 59,8
BM 3061
Refrigerado
67,9 52,5 52,4
Ambiente
60,6 59,8 55,3
DOW 8003
Refrigerado
61,5 61,5 59,8
Embora sem estatística, pode se observar que os três híbridos apresentaram
comportamento semelhante tendo a porcentagem em massa diminuída no decorrer do
período em ambas as condições de armazenamento. Para o AG 1051 as perdas de
66
porcentagem de massa na condição ambiente foram de 11,2% e 10,2% e sob
refrigeração foram de 4,9% e 1,9%, respectivamente após o e dias de
armazenamento. O híbrido BM 3061 mantido na condição ambiente perdeu 10,7% e
11,6%, no 3º e dia de armazenamento, respectivamente, e sob refrigeração 22,7%
após três dias e 22,8% após seis dias, apresentando as maiores quedas na
porcentagem de massa. O híbrido DOW 8003 foi o que apresentou a menor queda na
porcentagem de massa após três (1,3% no ambiente e 0,0% sob refrigeração) e seis
dias de armazenamento (8,7% no ambiente e 2,8% no refrigerado). Para os híbridos AG
e BM a maior queda de rendimento em massa ocorreu no dia, pois entre o e
dias essa queda praticamente se manteve. Para o híbrido DOW um maior decréscimo
no rendimento em massa somente foi observado no sexto dia.
Alves et al. (2004), avaliando o híbrido AG 1051 para o processamento de
pamonhas, observaram que o peso de massa (peso referente à massa do milho ralado
em ralador de aço inoxidável e passado por peneira de malha 3,0mm) apresentou uma
redução de aproximadamente 44% e 46% quando armazenado por sete dias, na
condição ambiente e sob refrigeração, respectivamente. O autor conclui ainda, que de
modo geral os cultivares avaliados produziram mais massa quando armazenados sob
condições ambientes do que sob refrigeração.
A porcentagem de massa extraída das espigas pode diminuir no decorrer do
tempo de armazenamento principalmente em função da perda de água dos grãos,
ocorrendo elevação de teor de lidos. Considerando que a adição de água na
formulação do produto antes da cocção se faz em função da quantidade de massa
obtida, esta perda em massa pode resultar em aumento de concentração dos lidos
totais nos produtos finais e alteração de textura dos mesmos.
4.2.1.3 Textura dos grãos de milho
A textura é um dos principais atributos de qualidade em vegetais e as
propriedades mecânicas de resistência dos tecidos se correlacionam com as
propriedades estruturais do conglomerado celular e estas são dependentes da
coesividade, do tamanho, da forma e da turgidez das células que compõem o tecido
(AWAD, 1993).
67
No caso do milho verde como matéria-prima para agroindústria de pamonha a
avaliação da textura dos grãos foi incluída para averiguação do potencial da mesma em
influenciar o despolpamento ou a extração dos grãos da espiga. Esta etapa operacional
poderia alterar o rendimento e a qualidade da polpa obtida, pois grãos mais duros,
gerados pela perda de água ou ainda, pelo endurecimento do pericarpo, podem ser
mais ou menos facilmente destacados da espiga e produzem polpa mais seca.
Pode-se observar pela Tabela 9 que a condição de armazenamento interferiu na
textura dos grãos de milho dos diferentes híbridos. No sistema de estocagem
refrigerada não houve variação desse parâmetro ao longo do tempo para nenhum dos
híbridos estudados, entretanto, houve diferença entre as condições de armazenamento
após 3 ou 6 dias de estocagem, devido ao aumento de dureza dos grãos sob condições
ambientes.
Tabela 9 - Valores médios de dureza (lbf/g) dos grãos de milho dos diferentes híbridos
em função da condição e tempo de armazenamento
Condição de armazenamento Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
0 1,66 bA 1,66 aA
3 3,28 aA 1,58 aB
AG 1051
6 2,14 abA 1,62 aA
0 1,36 bA 1,45 aA
3 1,83 aA 1,48 aA
BM 3061
6 2,40 aA 1,54 aB
0 1,24 bA 1,27 aA
3 2,40 aA 1,39 aB
DOW 8003
6 3,52 aA 1,63 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
68
O acréscimo nos valores de dureza dos grãos durante o armazenamento
ambiente, possivelmente, seja acarretado pela perda de água ocorrida entre o primeiro
e sexto dia de armazenamento e também pela possibilidade de estar ocorrendo um
espessamento ou endurecimento do pericarpo do grão. Segundo Chitarra (2000), além
das modificações na lamela média e parede celular, as alterações de firmeza da polpa
de frutos são devidas à perda excessiva de água dos tecidos, a qual causa a diminuição
da pressão de turgor (murchamento).
As perdas de água pelos grãos de milho armazenados no ambiente no caso do
presente estudo foram consideráveis, sendo na maioria dos casos acima de 10%.
Segundo Chitarra (2000), perdas de água acima de 7% podem ser consideradas
suficientes para alterar a textura dos grãos.
Sasaki (2005) associou o aumento da dureza de abóboras minimamente
processadas, cortadas em cubos e acondicionadas em PET, à elevada perda de água
(12%), a qual induziu o murchamento dos tecidos.
4.2.1.4 pH e acidez titulável
Considerando as condições de armazenamento, os híbridos AG 1051 e BM 3061
nas condições ambientes ao dia apresentaram valores de pH menores que o
equivalente na condição refrigerada. Para o híbrido DOW 8003 essa diferença foi
observada somente no dia. Ficando evidente que a temperatura de refrigeração foi
mais eficiente na conservação dos três híbridos (Tabela 10).
Considerando o tempo de armazenamento, ao se avaliar a tendência dos valores
de pH dos milhos nas condições ambientes para armazenamento do milho, os híbridos
BM e DOW apresentaram acidificação crescente. Para o AG 1051 não foi observada a
mesma tendência definida de acidificação dos demais híbridos. Nas condições de
refrigeração foi observado que para os mesmos híbridos houve também esta
acidificação, embora com menor intensidade.
69
Tabela 10 - Valores médios de pH e de acidez titulável (mL de NaOH 0,1mol/L por
100g) dos grãos de milho dos diferentes híbridos em função da condição e
tempo de armazenamento
pH Acidez titulável Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada Ambiente Refrigerada
0 6,59 aA 6,64 bA 0,25 aA 0,19 aA
3 6,11 bB 6,91 aA 0,26 aA 0,13 bB
AG 1051
6 6,58 aB 7,01 aA 0,23 aA 0,12 bB
0 7,11 aA 7,09 aA 0,10 bA 0,10 bA
3 6,66 bB 6,97 abA 0,16 bA 0,11 abB
BM 3061
6 6,31 cB 6,85 bA 0,20 aA 0,14 aB
0 7,04 aA 6,97 aA 0,10 cA 0,11 bA
3 6,74 bA 6,87 abA 0,15 bA 0,12 bA
DOW 8003
6 6,01 cB 6,71 bA 0,28 aA 0,18 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si (dentro do mesmo parâmetro) pelo Teste de Tukey em nível de 5%
de probabilidade.
Dentro da condição ambiente os grãos do híbrido DOW 8003 apresentaram
acidez titulável crescente com o tempo de armazenamento. para o híbrido BM 3061,
esse acréscimo somente foi observado no dia. Na condição de refrigeração os grãos
do híbrido BM 3061 apresentaram acidificação crescente. A diferença na acidez para o
híbrido DOW 8003 só foi observada no 6º dia. O híbrido AG apresentou valores
menores de acidez a partir do terceiro dia.
Considerando-se as condições de armazenamento, para os três grãos híbridos o
armazenamento refrigerado foi mais eficiente na conservação. Os híbridos AG 1051 e
BM 3061 apresentaram na condição de refrigeração a partir do dia menor acidez que
na condição ambiente. Para o híbrido DOW 8003 essa diferença foi detectada somente
no 6º dia.
70
4.2.1.5 Umidade
A umidade de um vegetal pode ser definida como a quantidade de água presente
no mesmo em sua totalidade, sob diferentes formas (livre e ligada). A perda de água
nos vegetais relaciona-se principalmente ao processo de transpiração, respiração e ao
tempo de armazenamento e resulta em enrugamento, amolecimento dos tecidos e
perda de brilho, tornando os frutos mais susceptíveis às deteriorações. Também pode
ocasionar alterações na cor e sabor dos mesmos (KADER, 1992).
O milho verde colhido é altamente perecível devido principalmente ao seu
elevado teor de umidade, o que torna seu período de comercialização bastante restrito.
No caso específico do milho, há que se considerar que a umidade é um importante fator
na manutenção do milho no seu estádio verde. Cabe também ressaltar que as palhas
apresentam boa proteção contra a perda de água durante o armazenamento das
espigas (CALBO; MORETTI, 2003).
A Tabela 11 mostra o efeito da condição e do tempo de estocagem sobre a
umidade dos grãos de milho dos diferentes híbridos.
Ao se considerar a condição de armazenamento, a refrigeração foi mais eficaz
em manter os teores de umidade dos grãos de milho dos diferentes híbridos ao longo
do tempo. O armazenamento nas condições de refrigeração afeta os híbridos de modos
diferentes. Os grãos de milho do híbrido AG 1051 e DOW 8003 armazenados ao
ambiente apresentaram teores de umidade inferiores aos grãos das espigas mantidas
sob refrigeração após o sexto dia, enquanto que para o híbrido BM 3061 esta
diferenciação de umidade ocorreu já a partir do terceiro dia.
Nas fotos das espigas armazenadas são visualizados os extremos de
turgidez/murchamento dos grãos dentro de um mesmo lote. Na média dos teores de
umidade dos grãos armazenados, entretanto, a variação não se mostrou acentuada
para a condição de refrigeração.
Avaliando a perda de peso pós-colheita de espigas de milho verde dos híbridos
AG 1051 e DINA 170 sob diferentes formas de acondicionamento, Braz et al. (2006)
observaram que a refrigeração (5ºC) foi um fator significativo na conservação das
espigas e que, as espigas com palha do híbrido AG 1051 apresentaram perde de peso
71
de aproximadamente 10,0% após 7 dias de armazenamento a 5ºC, e 22,0% após 6 dias
no ambiente.
Tabela 11 - Teores médios de umidade (%) dos grãos de milho dos diferentes híbridos
em função do tempo e condição de armazenamento
Condição de armazenamento Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
0 67,26 aA 66,54 aA
3 60,16 bA 64,77 aA
AG 1051
6 56,19 bB 62,89 aA
0 66,70 aA 67,13 aA
3 63,42 aB 69,28 aA
BM 3061
6 55,07 bB 70,54 aA
0 70,33 aA 66,25 aA
3 67,88 aA 67,31 aA
DOW 8003
6 53,46 bB 68,27 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
O tempo de armazenamento não alterou significativamente a umidade dos grãos
dos três híbridos armazenados sob refrigeração. Sob condições ambientes, o híbrido
AG 1051 perdeu teores significativos de umidade a partir do dia de estocagem,
enquanto os demais híbridos a partir do dia. O híbrido AG 1051 sob condições
ambientes iniciou a perda de umidade mais rapidamente que os outros dois, entretanto,
os maiores percentuais de perda após 6 dias de armazenamento foram das espigas do
híbrido DOW. Pela aparência visual, as palhas dos híbridos BM 3061 e DOW 8003
apresentavam maior espessura que as do AG 1051, contudo, no híbrido DOW a maior
espessura da palha não foi suficiente para impedir a perda de água pelos grãos.
Foi observada correspondência entre a perda de umidade e as perdas na
porcentagem de massa somente na condição ambiente. Nesta condição para o híbrido
72
AG a maior queda de rendimento e também de umidade ocorreram no dia, pois entre
o e dias essas quedas praticamente se mantiveram. Para o híbrido DOW um
maior decréscimo no rendimento e também na umidade foi observado no sexto dia. Sob
refrigeração, os três híbridos apresentaram perdas percentuais de massa no tempo,
porém no teor de umidade dos grãos não foi detectada diferença significativa. O híbrido
BM chegou a apresentar as maiores quedas da porcentagem de massa nesta mesma
condição.
4.2.1.6 Teores de amido e de carboidratos solúveis totais
Os teores médios de amido e carboidratos dos grãos de milho dos diferentes
híbridos em função do tempo e condição de armazenamento são apresentados na
Tabela 12.
Tabela 12 - Teores médios de amido e de carboidratos solúveis totais dos grãos de
milho dos diferentes híbridos em função da condição de armazenamento
Amido (%) Carboidratos solúveis (%) Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada Ambiente Refrigerada
0 12,62 bA 12,89 aA 0,82 aA 0,82 aA
3 15,98 aA 14,26 aA 0,73 abA 0,74 aA
AG 1051
6 17,98 aA 14,24 aB 0,58 bB 0,77 aA
0 11,72 bA 11,60 aA 0,79 aA 0,81 aA
3 13,09 bA 11,43 aA 0,66 abB 0,82 aA
BM 3061
6 15,96 aA 10,62 aB 0,55 bB 0,88 aA
0 10,38 bA 12,34 aA 1,78 aA 1,50 aA
3 11,43 bA 12,00 aA 0,82 bB 1,08 bA
DOW 8003
6 16,66 aA 11,29 aB 0,60 cB 0,78 cA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si (dentro do mesmo parâmetro) pelo Teste de Tukey em nível de 5%
de probabilidade.
73
O teor de amido dos híbridos de milho não se alterou durante o período de
armazenamento refrigerado, entretanto, dentro do armazenamento sob condições
ambientes, os três híbridos tenderam a apresentar aumento da concentração de amido.
Este aumento provavelmente decorre da perda significativa de umidade pelos grãos de
milho armazenados sob condições ambientes, que concentra a matéria seca, entre eles
o amido, principal componente.
A elevação de teores de amido nos grãos durante o armazenamento sob
condições ambientes evidenciou a diferença entre as condições de armazenamento,
manifestada significativamente no sexto dia.
A influência do resfriamento do ambiente de armazenamento e da embalagem
sobre o comportamento pós-colheita do milho verde foi estudada por Marcos et al.
(1999), que verificaram que após dois dias o ambiente de armazenamento implicou em
diferenças no teor de amido, indicando que alterou o metabolismo do milho verde. As
médias dos teores de amido nos grãos foram de 15,9% para armazenamento ambiente
(27ºC) e 13,9% para armazenamento refrigerado (10ºC). O mesmo autor recomenda o
armazenamento refrigerado para redução do processo metabólico.
Ao se avaliar condição de armazenamento, no dia, os grãos de milho dos
híbridos BM e DOW no ambiente apresentaram menores porcentagens de carboidratos
que os armazenados sob refrigeração. o milho AG apresentou a mesma diferença
somente ao dia. Os menores valores de carboidratos se devem, provavelmente ao
fato de, na condição ambiente, o vegetal respirar mais, consumindo uma maior
quantidade de substrato.
Considerando o comportamento dos híbridos durante o tempo de
armazenamento sob condições ambientes, todos os grãos perderam carboidratos e sob
condições refrigeradas, apenas os do híbrido DOW perdeu carboidratos solúveis. Os
milhos AG 1051 e BM 3061 tenderam a apresentar teores mais estáveis no tempo
durante a refrigeração.
Considerando que houve redução da umidade com o tempo de armazenamento
para os grãos ao ambiente, deveria haver elevação dos teores de carboidratos,
entretanto, estes teores foram reduzidos nesta condição. Possivelmente, estes
74
componentes tenham sido utilizados pelos microorganismos, o que pode ser
comprovado pelo abaixamento do pH.
Sob refrigeração, os grãos não apresentaram variação de umidade no tempo, o
teor de carboidratos também se manteve (menos para o híbrido DOW que teve teores
reduzidos com o tempo) e o pH apresentou redução, porém menos intensa.
4.2.1.7 Fibras
Os teores de fibras solúveis e insolúveis dos milhos híbridos armazenados sob
diferentes condições e tempos são apresentados na Tabela 13.
Tabela 13 - Teores médios de fibras solúveis e insolúveis dos diferentes híbridos em
função do tempo e condição de armazenamento
Fibras solúveis (%) Fibras insolúveis (%) Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada Ambiente Refrigerada
0 0,22 bA 0,34 aA 2,29 bB 3,18 aA
3 0,44 abA 0,29 aA 3,57 aA 2,45 aB
AG 1051
6 0,51 aA 0,39 aA 3,42 aA 2,68 aA
0 0,37 aA 0,20 aA 2,32 bA 2,09 aA
3 0,44 aA 0,28 aA 2,35 bA 2,09 aA
BM 3061
6 0,55 aA 0,27 aB 3,59 aA 2,21 aB
0 0,23 bA 0,30 aA 2,31 bA 2,38 aA
3 0,32 abA 0,32 aA 2,40 bA 2,37 aA
DOW 8003
6 0,54 aA 0,45 aA 3,72 aA 2,36 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si (dentro do mesmo parâmetro) pelo Teste de Tukey em nível de 5%
de probabilidade.
Os teores crescentes de fibras solúveis, mais significativamente para os híbridos
AG 1051 e DOW 8003, com o tempo de armazenamento sob condições ambientes
75
resultam, provavelmente da redução de umidade dos grãos nas mesmas condições.
Sob refrigeração, assim como não houve variação para teor de umidade, não houve
para fibras solúveis nos grãos.
Foi observado, contudo, que a condição de armazenamento não apresentou
diferença entre si para nenhum híbrido ou tempo de estocagem, exceto para os grãos
BM no 6º dia.
Assim como para fibras solúveis, o tempo de armazenamento ao ambiente
aumentou o teor de fibras insolúveis para os três híbridos, o que sob refrigeração não
foi observado.
O armazenamento ambiente apresentou comportamento diferenciado do
refrigerado para os teores de fibras insolúveis dos híbridos BM 3061 e DOW 8003
somente no dia. O híbrido AG 1051 apresentou diferença significativa no dia da
colheita, evidenciando a heterogeneidade entre as espigas de um mesmo híbrido e no
dia, apresentando as espigas da condição ambiente maiores teores de fibras
insolúveis que as refrigeradas.
4.2.1.8 Cor
Os valores dios de luminosidade dos grãos de milho dos diferentes híbridos
em função do tempo e condição de armazenamento são apresentados na Tabela 14.
O híbrido de milho AG 1051, ao longo do período de armazenamento refrigerado
e ambiente, apresentou aumento dos valores de luminosidade. Os maiores valores de L
(grãos mais claros) para este híbrido podem evidenciar uma possível oxidação dos
pigmentos amarelos dos grãos. Segundo Kader (1992) a perda de água nos vegetais
relaciona-se também com alterações na cor causando perda de brilho nos mesmos.
Para os demais híbridos, o tempo e condição de armazenamento não alteraram
significativamente os valores de L dos grãos de milho.
76
Tabela 14 - Luminosidade média dos grãos de milho dos diferentes híbridos em função
do tempo e condição de armazenamento
Condição de armazenamento Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
0 70,24 bA 73,53 bA
3 76,62 aA 80,46 aA
AG 1051
6 76,87 aA 78,47 aA
0 71,52 aA 71,46 aA
3 72,93 aA 72,97 aA
BM 3061
6 71,37 aA 69,72 aA
0 72,69 aA 74,04 aA
3 70,83 aA 73,46 aA
DOW 8003
6 69,69 aA 72,69 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Os valores médios de croma a* e croma b* para os diferentes híbridos estudados
em função do tempo e condição de armazenamento são apresentados na Tabela 15.
A perda de umidade pelos grãos durante o armazenamento ambiente poderia ter
concentrado a matéria seca dos grãos, podendo assim ter intensificado a cor dos
mesmos. Entretanto, somente para o híbrido AG 1051 nesse armazenamento o efeito
do tempo foi significativo, mostrando um crescente aumento no croma a*.
De modo geral, para os três híbridos em ambas condições de armazenamento,
pode-se observar valores indo do negativo para o positivo com o tempo de
armazenamento, muito embora sempre próximos ao eixo central. Neste ponto todas as
cores se misturam e tendem a uma coloração levemente marrom.
Os valores do croma b* das espigas de milho apresentaram-se positivos, como
esperado, tendendo ao amarelo. Para a produção da pamonha é utilizado milho verde
que apresentem coloração amarela forte, pois está da ao produto final a cor
adequada e exigida pelo consumidor.
77
Ficou muito evidenciado a variação do croma b* para os grãos do híbrido AG
com o tempo de armazenamento em ambas as condições. Este aumento de
intensidade indica coloração amarela mais intensa. Os grãos deste híbrido, na condição
ambiente foram os que mais perderam umidade.
Tabela 15 - Valores médios de croma a* e croma b* dos grãos de milho dos diferentes
híbridos em função do tempo e condição de armazenamento
.
Croma a* Croma b* Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
Ambiente Refrigerada
0 -0,74 bA -1,24 aA 32,57 bA 34,47 bA
3 1,77 abA -0,99 aA 55,02 aA 51,02 aA
AG 1051
6 2,32 aA 0,91 aA 56,28 aA 51,72 aA
0 -0,61 aA -0,32 aA 30,47 aA 31,90 aA
3 0,41 aA 0,67 aA 33,60 aA 32,50 aA
BM 3061
6 1,04 aA -0,15 aA 34,37 aA 29,95 aA
0 -0,29 aA -1,38 aA 33,82 aA 33,68 aA
3 0,02 aA -0,39 aA 34,35 aA 34,45 aA
DOW 8003
6 2,22 aA 0,44 aA 35,66 aA 35,45 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si (dentro do mesmo parâmetro) pelo Teste de Tukey em nível de 5%
de probabilidade.
4.2.1.9 Propriedades de pasta da polpa
Os valores médios dos pontos críticos de viscosidade do híbrido AG 1051 em
função da condição de armazenamento nos três períodos estudados são apresentados
na Tabela 16.
A temperatura de pasta não apresentou modificação significativa nas diferentes
condições de armazenamento dentro de cada dia estudado. A maioria das propriedades
de viscosidade da polpa do híbrido estudado, entretanto, apresentou diferenças. A
condição ambiente geralmente promoveu valores inferiores aos da condição
78
refrigerada. Este foi o caso, por exemplo, da tendência à retrogradação das amostras
do milho armazenado na condição ambiente. Estes menores valores justificariam a
formação de géis menos firmes e menor sinérese quando frios.
Tabela 16 - Valores médios dos pontos críticos de viscosidade do híbrido AG 1051 em
função do tempo e condição de armazenamento
Tempo de armazenamento (dias) Condição de
armazenamento
0 3 6
Viscosidade máxima (RVU)
Ambiente 212 aB 397 aA 206 bB
Refrigerada 318 aA 404 aA 420 aA
Quebra na viscosidade (RVU)
Ambiente 113 aA 113 bA 145 aA
Refrigerada 162 aA 237 aA 196 aA
Viscosidade Final (RVU)
Ambiente 202 bB 555 aA 122 bB
Refrigerada 380 aA 348 bA 477 aA
Tendência retrogradação (RVU)
Ambiente 103 bB 271 aA 61 bB
Refrigerada 224 aA 181 aA 253 aA
Temperatura de pasta (ºC)
Ambiente 78,6 aA 79,1 aA 77,9 aA
Refrigerada 79,6 aA 76,7 aB 77,8 aAB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
parâmetro, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
O tempo de armazenamento alterou algumas das características de viscosidade
da polpa de milhos armazenados na condição ambiente, principalmente no terceiro dia,
onde as amostras apresentaram valores maiores que nos outros dias. Esta alteração
poderia ser justificada pelo aumento da concentração de matéria seca nos grãos caso
no 6º dia este acréscimo de valores se mantivesse ou aumentasse ainda mais em
função da maior concentração de matéria seca.
O híbrido armazenado sob refrigeração não apresentou modificação significativa
das propriedades de pasta com o tempo, exceto para temperatura de pasta, que foi
mais baixa no terceiro dia de armazenamento.
O híbrido BM 3061, avaliando-se pela Tabela 17, mostrou comportamento
uniforme para propriedades de pasta nas variadas condições e tempos de
79
armazenamento, ou seja, nem a condição e nem o período de armazenamento alteram
significativamente os valores mostrados no produto recém colhido.
Tabela 17 - Valores médios dos pontos críticos de viscosidade do híbrido BM 3061 em
função do tempo e condição de armazenamento
Tempo de armazenamento (dias) Condição de
armazenamento
0 3 6
Viscosidade máxima (RVU)
Ambiente 226 aA 278 aA 295 aA
Refrigerada 178 aA 257 aA 188 aA
Quebra na viscosidade (RVU)
Ambiente 71 aA 121 aA 150 aA
Refrigerada 52 aA 120 aA 86 aA
Viscosidade final (RVU)
Ambiente 267 aA 298 aA 264 aA
Refrigerada 204 aA 250 aA 169 aA
Tendência retrogradação (RVU)
Ambiente 109 aA 141 aA 119 aA
Refrigerada 79 aA 113 aA 67 aA
Temperatura de pasta (ºC)
Ambiente 79,5 aA 79,3 aA 79,7 aA
Refrigerada 79,6 aA 78,3 aA 78,7 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
parâmetro, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Os valores médios dos pontos críticos de viscosidade do híbrido DOW 8003 em
função da condição de armazenamento nos diferentes períodos são apresentados na
Tabela 18.
Avaliando-se as condições de armazenamento, observa-se que no dia foram
significativas as variações da viscosidade máxima, quebra de viscosidade e viscosidade
final das polpas dos grãos de milho, sendo a condição de refrigeração a responsável
pelos maiores valores observados. Ao dia somente a quebra de viscosidade diferiu
para condição de armazenamento, sendo observado menor valor para a condição de
refrigeração, ou seja, esta amostra mostrou-se mais estável com o cisalhamento a
quente das pastas.
O tempo de armazenamento alterou a maioria das características de viscosidade
da polpa das espigas armazenadas na condição ambiente, não sendo observado,
80
entretanto, uma tendência definida de variação. Na condição de refrigeração menos
parâmetros (quebra e temperatura de pasta) apresentaram alteração no tempo.
Tabela 18 - Valores médios dos pontos críticos de viscosidade do híbrido DOW 8003
em função do tempo e condição de armazenamento
Tempo de armazenamento (dias) Condição de
armazenamento
0 3 6
Viscosidade máxima (RVU)
Ambiente 269 aA 77 bB 288 aA
Refrigerada 358 aA 241 aA 197 aA
Quebra na viscosidade (RVU)
Ambiente 121 aA 28 bB 161 aA
Refrigerada 183 aA 121 aAB 61 bB
Viscosidade final (RVU)
Ambiente 269 aA 101 bB 228 aA
Refrigerada 342 aA 215 aA 275 aA
Tendência retrogradação (RVU)
Ambiente 121 aA 53 aB 101 aAB
Refrigerada 166 aA 95 aA 138 aA
Temperatura de pasta (ºC)
Ambiente 76,9 aB 79,8 aA 77,5 aAB
Refrigerada 76,7 aB 77,5 aAB 80,0 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
parâmetro, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
4.2.2 Avaliação das pamonhas processadas com as matérias-primas durante
armazenamento
4.2.2.1 pH e acidez titulável
Os valores de pH e de acidez titulável das pamonhas em função dos híbridos
utilizados e do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são
apresentados na Tabela 19.
81
Tabela 19 - Valores médios de pH e de acidez titulável (mL de NaOH 0,1mol/L por
100g) das pamonhas dos diferentes híbridos em função da condição e
tempo de armazenamento da matéria-prima
pH Acidez titulável Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
Ambiente Refrigerada
0 7,11 aA 7,13 aA 0,06 cA 0,06 cA
3 6,64 bB 6,93 bA 0,10 bA 0,07 bB
AG 1051
6 6,25 cB 6,69 cA 0,11 aA 0,09 aB
0 7,47 aA 7,48 aA 0,03 cA 0,03 bA
3 6,90 bB 7,30 bA 0,06 bA 0,04 bB
BM 3061
6 6,52 cB 7,03 cA 0,09 aA 0,06 aB
0 7,22 aA 7,26 aA 0,04 cA 0,04 bA
3 6,73 bB 7,18 bA 0,07 bA 0,05 aB
DOW 8003
6 6,38 cB 7,08 cA 0,10 aA 0,05 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha (dentro de cada parâmetro) e minúscula na
coluna dentro de cada brido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
As pamonhas produzidas com matéria-prima mantida sob condições de
refrigeração, assim como avaliado para grãos armazenados nesta condição,
apresentaram aos 3 e 6 dias seus valores de pH sempre superiores às pamonhas
obtidas com matérias-primas mantidas sob condições ambientes. Houve
correspondência entre o comportamento de pH e de acidez titulável das amostras.
A variação de pH no tempo de armazenamento dentro de condições ambientes e
refrigeradas mostrou decréscimo crescente de valores, mais acentuados para a
condição ambiente. Este desenvolvimento de acidez pode decorrer de processos
fermentativos ou da formação de compostos intermediários de outras reações químicas
no vegetal. De um modo geral, o que foi constatado na matéria-prima para este
parâmetro afetou também o produto final.
82
4.2.2.2 Umidade
O período e condição de armazenamento dos híbridos não afetaram de modo
significativo o teor de umidade das pamonhas (Tabela 20).
Tabela 20 - Teores médios de umidade das pamonhas dos diferentes híbridos em
função da condição e tempo de armazenamento da matéria-prima
Condição de armazenamento Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
0 63,51 aA 63,65 aA
3 63,73 aA 64,10 aA
AG 1051
6 63,43 aA 63,82 aA
0 63,86 aA 63,99 aA
3 65,08 aA 63,91 aA
BM 3061
6 64,83 aA 64,70 aA
0 66,14 aA 65,62 aA
3 63,27 bA 64,30 aA
DOW 8003
6 65,50 aA 64,84 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
No armazenamento da matéria prima sob condições ambientes foram
observados decréscimos significativos na umidade nos grãos, entretanto, isto não
afetou significativamente os teores de umidade das pamonhas produzidas com estas
matérias-primas. Isto pode decorrer do fato que elevada quantidade de água (1:1 em
polpa/água) é adicionada na formulação deste produto e ainda, durante a etapa de
cocção pode ocorrer entrada de certa quantidade de água para o interior do produto.
Este tipo de alteração na matéria-prima armazenada, portanto, não afeta a qualidade do
produto final quanto ao teor de umidade do mesmo e quanto aos parâmetros que são
influenciados por este teor, como textura, aspecto geral e outros.
83
4.2.2.3 Teores de amido e de carboidratos solúveis totais
Os teores médios de amido e de carboidratos solúveis totais das pamonhas
obtidas com os diferentes híbridos em função da condição e tempo de armazenamento
da matéria-prima são mostrados na Tabela 21.
Tabela 21 - Teores médios de amido (%) e de carboidratos solúveis totais (%) das
pamonhas dos diferentes híbridos em função da condição e tempo de
armazenamento da matéria-prima
Amido Carboidratos solúveis Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
Ambiente Refrigerada
0 4,31 bB 6,55 bA 18,94 aA 18,86 aA
3 6,43 aA 6,19 bA 17,66 bA 17,89 abA
AG 1051
6 6,58 aB 7,02 aA 17,04 bA 17,19 bA
0 5,04 aA 4,96 aA 22,18 aA 21,38 aA
3 5,02 aA 4,80 aA 20,96 abA 19,22 bB
BM 3061
6 4,72 aA 4,39 aA 20,58 bA 19,19 bB
0 5,26 aA 4,99 aA 23,64 aA 19,87 aB
3 4,42 bA 4,70 aA 20,44 cA 20,68 aA
DOW 8003
6 4,40 bB 5,07 aA 21,93 bA 19,76 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha (dentro de cada parâmetro) e minúscula na
coluna, dentro de cada híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
As pamonhas elaboradas com os híbridos estudados apresentaram teores de
amido inferiores ao observado por Leme et al. (2004) para pamonha elaborada com o
híbrido AG 4051 recém-colhido, que foi de 11%.
As pamonhas apresentaram teores de amido que se elevaram durante o
armazenamento em ambas as condições quando elaboradas com o híbrido AG. Na
condição ambiente, os grãos AG também haviam concentrado o amido devido à perda
de umidade durante o armazenamento. Já as pamonhas dos demais híbridos não
84
apresentaram variação deste componente com o decorrer do tempo de armazenamento
da matéria prima em ambas as condições (BM) ou na refrigeração (DOW).
Pamonhas do híbrido DOW apresentaram diminuição destes teores com o tempo de
estocagem (ambiente).
A quantidade de amido presente em um sistema alimentício é um dos fatores
responsáveis pela firmeza do produto. Uma maior concentração deste polissacarídeo
aumenta a viscosidade do produto e a possibilidade de formar géis mais firmes.
O teor de carboidratos solúveis totais nas pamonhas refere-se aos úcares da
matéria-prima somados à sacarose adicionada na formulação.
As pamonhas obtidas com os diversos híbridos e condições de armazenamento
tenderam a apresentar teores de carboidratos decrescentes com o tempo, exceção feita
ao híbrido DOW sob refrigeração. Esses produtos tenderam a apresentar também
decréscimo de pH conforme aumentou o tempo de armazenamento da matéria-prima.
Provavelmente o açúcar tenha sido utilizado e ácidos orgânicos produzidos. Esse
comportamento já havia sido reportado para os grãos híbridos armazenados.
Pamonhas dos híbridos BM e DOW mostraram comportamento diferenciado nos
diferentes modos de armazenamento da matéria-prima, na condição ambiente
apresentando geralmente os valores mais elevados de carboidratos que os da
refrigeração.
4.2.2.4 Fibras
bastante variação quanto à proporção de fibras solúveis e insolúveis entre os
diferentes cereais e mesmo entre variedades diferentes de um mesmo cereal
(MENEZES; CARUSO; LAJOLO, 2001 e SANGRONIS; REBOLLEDO, 1993).
As fibras solúveis e insolúveis podem contribuir, assim como o amido, com a
textura característica da pamonha. Pamonhas com alto teor de amido e fibras se
apresentam mais firmes e fibrosas e vice e versa.
A pamonha é produzida com a polpa do grão integral do milho peneirado em
malha de abertura 6 mesh, o que permite a passagem de parte do material fibroso.
85
que se esperar, portanto, que os teores de fibra total encontrado na pamonha sejam
elevados.
Os teores de fibra solúvel e insolúvel das pamonhas em função do tempo de
armazenamento da matéria-prima mantida na condição ambiente e refrigerada são
apresentados na Tabela 21.
Tabela 21 - Teores médios (%) de fibras solúveis e insolúveis das pamonhas dos
diferentes híbridos em função da condição e tempo de armazenamento da
matéria-prima
Fibra solúvel Fibra insolúvel Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
Ambiente Refrigerada
0 1,11 aA 0,88 aA 1,33 aA 1,50 aA
3 0,95 aA 0,88 aA 1,38 aA 1,35 aA
AG 1051
6 0,85 aA 1,04 aA 1,79 aA 1,59 aA
0 0,78 aA 0,91 aA 0,96 aA 1,26 aA
3 0,86 aA 0,58 aA 1,25 aA 1,56 aA
BM 3061
6 0,71 aA 0,86 aA 1,36 aA 1,34 aA
0 0,22 aA 0,35 aA 1,47 aA 1,43 aA
3 0,41 aA 0,56 aA 1,24 aA 1,20 aA
DOW 8003
6 0,61 aA 0,49 aA 1,07 aA 1,42 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha (dentro de cada parâmetro) e minúscula na
coluna, dentro de cada híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
As condições e tempos de armazenamento da matéria-prima não afetaram
significativamente os teores de fibras solúveis e insolúveis das pamonhas de nenhum
dos híbridos.
Segundo Callegaro et al. (2005) os produtos a base de milho podem contribuir
significativamente para o aporte de fibra na dieta. De um modo geral, do teor de fibra
total encontrado nas pamonhas, assim como na matéria-prima, a grande porcentagem
se deve às fibras insolúveis e, em menor proporção, as fibras solúveis. Estes resultados
86
estão de acordo com os de Blanco-Metzler, Montero-Campos e Fernandez-Piedra
(2000), que encontraram predominância da fração insolúvel em produtos a base de
milho.
4.2.2.5 Textura das pamonhas
Os perfis de textura das pamonhas produzidas com a matéria-prima armazenada
em diferentes tempos e condições podem ser avaliados pelas Figuras 10, 11 e 12 e
Tabelas 23, 24 e 25.
Os perfis evidenciam alterações diferenciadas nas pamonhas para condição e
tempo de armazenamento do milho no caso dos três híbridos, para alguns mais, para
outros menos intensas.
Figura 10 - Curva de APT (análise do perfil de textura) das pamonhas produzidas com o
híbrido AG 1051 armazenado sob diferentes condições. A) ambiente e B)
refrigerado
A
B
87
Figura 11 - Curva de APT (análise do perfil de textura) das pamonhas produzidas com o
híbrido BM 3061 armazenado sob diferentes condições. A) ambiente e B)
refrigerado
Figura 12 - Curva de APT (análise do perfil de textura) das pamonhas produzidas com o
híbrido DOW 8003 armazenado sob diferentes condições. A) ambiente e B)
refrigerado
A
B
A
B
88
Tabela 23 - Parâmetros de textura das pamonhas produzidas com o híbrido AG 1051
armazenado sob diferentes condições e tempos
Tempo de armazenamento (dias)
Condição de
armazenamento
0 3 6
Firmeza (N)
Ambiente 1212 aAB 1423 aA 900 bB
Refrigerada 1056 aB 1045 bB 1532 aA
Elasticidade
Ambiente 0,84 aA 0,85 aA 0,84 aA
Refrigerada 0,75 aA 0,77 aA 0,83 aA
Adesividade (Ns)
Ambiente -86 aA -426 aA -136 aA
Refrigerada -140 aA -7 bA -26 aA
Coesividade
Ambiente 0,61 aA 0,58 aA 0,54 aA
Refrigerada 0,63 aA 0,59 aA 0,59 aA
Gomosidade (N)
Ambiente 757 aAB 826 aA 485 bB
Refrigerada 665 aA 622 aA 908 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
parâmetro, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Tabela 24 - Parâmetros de textura das pamonhas produzidas com o híbrido BM 3061
armazenado sob diferentes condições e tempos
Tempo de armazenamento (dias)
Condição de
armazenamento
0 3 6
Firmeza (N)
Ambiente
745 aB 1381 aA 1043 bAB
Refrigerada
863 aB 1043 aB 1694 aA
Elasticidade
Ambiente
0,86 aA 0,88 aA 0,91 aA
Refrigerada
0,89 aA 0,86 aA 0,89 aA
Adesividade (Ns)
Ambiente
-4 aB -130 aAB -195 aA
Refrigerada
-8 aA -2 aA -7 bA
Coesividade
Ambiente
0,70 aA 0,61 aA 0,57 aA
Refrigerada
0,72 aA 0,65 aA 0,63 aA
Gomosidade (N)
Ambiente
524 aA 820 aA 596 bA
Refrigerada
623 aB 671 aB 1083 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
parâmetro, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
89
Tabela 25 - Parâmetros de textura das pamonhas produzidas com o híbrido DOW 8003
armazenado sob diferentes condições e tempos
Tempo de armazenamento (dias)
Condição de
armazenamento
0 3 6
Firmeza (N)
Ambiente
1744 aA 899 aB 669 aB
Refrigerada
1423 aA 967 aA 964 aA
Elasticidade
Ambiente
0,83 aA 0,75 aA 0,84 aA
Refrigerada
0,82 aA 0,77 aA 0,83 aA
Adesividade (Ns)
Ambiente
-20 aA -45 aA -220 aA
Refrigerada
-9 aA -40 aA -74 aA
Coesividade
Ambiente
0,67 aA 0,62 aA 0,58 aA
Refrigerada
0,65 aA 0,64 aA 0,64 aA
Gomosidade (N)
Ambiente
1195 aA 561 aB 394 aB
Refrigerada
932 aA 624 aAB 604 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
parâmetro, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Os parâmetros elasticidade e coesividade das pamonhas não apresentaram
alteração significativa para os três híbridos armazenados em diferentes condições e
tempos de armazenamento.
A adesividade das pamonhas dos três híbridos mostrou variação ampla de
valores. Uma maior variabilidade também aconteceu para outros parâmetros de textura
como a gomosidade, apesar do número de repetições efetuadas. Esta avaliação
instrumental de textura evidencia certa desuniformidade do produto principalmente na
superfície do mesmo, onde as medidas são tomadas. O produto pode apresentar fases
distintas em função de suas características como tipo de embalagem e de cocção. A
cocção favorece uma distribuição desuniforme das fibras e amido no interior da
embalagem e a penetração de água no interior do produto.
A firmeza do produto dos híbridos AG 1051 (condição de refrigeração) e BM
3061 (ambas as condições) aumentou durante o tempo de armazenamento dos
mesmos. Considerando que houve elevação do teor de amido nas pamonhas com
matérias primas AG ao longo do tempo de armazenamento sob ambas as condições,
esta variação pode justificar o aumento de firmeza. Contudo, não explica a elevação de
90
firmeza do híbrido BM, o qual o apresentou aumento de teores de amido com o
tempo. O teor de umidade e de fibras (solúveis e insolúveis) também não variou nas
pamonhas dos diferentes híbridos com a condição e tempo de armazenamento. O teor
de carboidratos solúveis totais das pamonhas, que também podem interferir no
processo de gelificação do amido, no geral, foi reduzido com o tempo de
armazenamento dos três híbridos.
Verbeken et al. (2004) citam que uma mudança na quantidade de água ou
açúcar no produto pode afetar a quantidade de água disponível e assim ter efeito nas
propriedades texturais do produto.
O efeito da variação de firmeza desse tipo de produto pode ser resultante da
atuação conjunta de diversos fatores. Diferenças na textura também podem existir em
função da composição macromolecular do amido, onde maiores teores de amilose no
amido dos diferentes híbridos poderiam aumentar a firmeza do produto final, como
discutido no item 4.1.4.
Características como a tendência à retrogradação dos amidos também podem
evidenciar a tendência dos produtos ao endurecimento. Este parâmetro, contudo, não
justifica o ocorrido para firmeza dos produtos, pois se forem tomados como base
apenas os três híbridos sob condição de refrigeração, a tendência à recristalização das
moléculas desses amidos não variou significativamente.
O produto elaborado com o híbrido DOW 8003 armazenado na condição
ambiente apresentou perda de firmeza com o tempo de armazenamento, diferindo da
matéria-prima armazenada sob refrigeração, que manteve estável a firmeza de seus
respectivos produtos. Tais alterações correspondem, em parte, à composição em
amido, uma vez que este híbrido na condição ambiente proporcionou pamonhas com
menores teores de amido no tempo de armazenamento e os armazenados sob
refrigeração se manteve estável.
Quanto ao parâmetro gomosidade, considerando-se o tempo, em ambas
condições de armazenamento da materia-prima, para o híbrido DOW 8003 foram
obtidas pamonhas com menor gomosidade no tempo. O aumento do tempo de
armazenamento sob refrigeração dos híbridos AG 1051 e BM 3061 proporcionou
produtos com tendência definida de elevação de gomosidade.
91
4.2.2.6 Cor
Tanto o tempo quanto a condição de armazenamento das espigas não alteraram
significativamente os parâmetros de cor estudados, tanto nas espigas quanto nas
pamonhas provenientes das mesmas.
A menor luminosidade das pamonhas dos híbridos AG e BM no dia da
condição refrigerada poderiam ser explicadas pelas diferenças de tipo e condições de
armazenamento da matéria-prima que concentram o teor de matéria seca podendo
escurecer o produto, se elas se mantivessem baixas ou decrescessem ainda mais no
sexto dia (Tabela 26).
Tabela 26 - Luminosidade média das pamonhas em função do tempo de
armazenamento da matéria-prima
Condição de armazenamento Híbrido Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
0 59,51bA 60,01 aA
3 66,54 aA 61,73 aB
AG 1051
6 63,80 aA 62,37 aA
0 56,69 aA 56,73 aA
3 59,35 aA 55,29 aB
BM 3061
6 60,37 aA 58,70 aA
0 53,77 aA 54,47 aA
3 56,66 aA 54,18 aA
DOW 8003
6 57,21 aA 55,25 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
As médias dos valores de croma a* e b* das pamonhas em função do tempo e
condição de armazenamento do milho são apresentados na Tabela 27.
Os valores do croma a* das pamonhas obtidas com milho armazenado durante
todo o período e nas duas condições de armazenamento foram negativos e, como
discutido durante a caracterização da cor das pamonhas (item 4.1.4), os valores tendem
92
mais para coloração verde se comparado com os valores encontrados para os grãos,
que tendiam ao marrom.
Apesar do híbrido AG 1051 apresentar coloração dos grãos de milho amarelo
mais intensa (croma b*) com o tempo de armazenamento, nas pamonhas obtidas deste
híbrido não foi observada esta diferença.
Tabela 27 - Croma a* médio e croma b* dio das pamonhas em função do tempo e
condição de armazenamento da matéria-prima
Croma a* Croma b* Híbrido
Tempo
(dias)
Ambiente Refrigerada
Ambiente Refrigerada
0 -5,17 aA -5,15 aA 29,79 aA 29,35 aA
3 -4,74 aA -5,28 aA 33,26 aA 32,56 aA
AG 1051
6 -4,87 aA -4,46 aA 33,08 aA 34,76 aA
0 -5,03 aA -5,03 aA 21,23 aA 19,79 aA
3 -4,51 aA -4,68 aA 21,99 aA 20,24 aA
BM 3061
6 -4,72 aA -5,08 aA 23,84 aA 21,25 aA
0 -4,66 aA -4,60 aA 25,27 aA 25,37 aA
3 -4,27 aA -4,89 aA 26,34 aA 24,47 aA
DOW 8003
6 -3,69 aA -4,11 aA 25,89 aA 25,40 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha (dentro de cada parâmetro) e minúscula na
coluna, dentro de cada híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
4.2.2.7 Análise microbiológica
As contagens de microrganismos nas pamonhas dos três híbridos estudados
foram, em sua maioria, menor que 1,0 x 10 para Coliformes fecais, Staphylococcus
coagulase positivo (ECP) e B. cereus. As exceções foram as pamonhas do híbrido AG
1051, que apresentaram contagem de 1,0 x 10 para B. cereus no dia 6 e as pamonhas
do híbrido DOW 8003 no dia 3, que apresentou contagem de 1,9 x 10 para ECP.
93
Para Salmonella foi detectada ausência em 25g de alimento em todas as
amostras confirmando as boas práticas utilizadas durante o processamento.
Constatou-se que as condições de higiene utilizadas para a manipulação do
produto durante o processamento (binômios concentração/ tempo do sanitizante
utilizado para higienização da matéria-prima e embalagem, tempo/ temperatura de
cocção da pamonha, higiene dos equipamentos e manipuladores) e posteriormente,
durante o armazenamento do milho, provavelmente elevando a carga microbiana inicial
para o processamento térmico foram eficientes para a manutenção da contagem
microbiana em níveis extremamente baixos.
4.2.2.8 Análise sensorial
4.2.2.8.1 Aparência
Os provadores detectaram poucas alterações de cor amarela nas amostras de
pamonha dos três híbridos ao se comparar as diferentes condições (Tabela 28). No dia
zero as diferenças entre as pamonhas mostraram certa heterogeneidade dentro do
próprio híbrido ou decorrente de mudanças não intencionais do processamento. No 3º
dia foi detectada diferença na intensidade da cor amarela somente para o híbrido AG
1051, sendo as espigas armazenadas na condição ambiente as de amarelo mais
intenso.
O tempo de armazenamento das espigas de milho tendeu a aumentar a
intensidade da cor amarela de seus produtos em alguns dos tratamentos, o que é
desejável, porém pelo teste instrumental de cor (croma b*) não foi observada esta
diferença nas pamonhas dos três híbridos.
No geral, as notas atribuídas ficaram acima da média (5,0) tendendo para o
amarelo mais escuro, que é a cor característica e apreciada pelo consumidor deste
produto.
94
Tabela 28 - Médias das notas atribuídas para cor amarela das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
5,6 aB 8,1 aA 6,1 aB
AG 1051
Refrigerado
5,7 aC 7,3 bA 6,4 aB
Ambiente
6,5 aA 6,0 aA 6,0 aA
BM 3061
Refrigerado
5,3 bB 6,0 aAB 6,0 aA
Ambiente
6,0 bA 5,9 aA 6,4 aA
DOW 8003
Refrigerado
6,6 aA 5,6 aB 6,8 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
As médias das notas atribuídas para a aparência de produto consistente em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima o apresentadas na
Tabela 29.
No geral as notas de aparência referentes à consistência do produto foram altas.
Esta análise confirma a alta firmeza revelada pelo texturômetro para as pamonhas dos
três híbridos.
As pamonhas obtidas da matéria-prima da condição ambiente receberam notas
menores que as produzidas com espigas armazenadas sob refrigeração para os
híbridos BM e DOW.
Com o decorrer do período de armazenamento da matéria-prima dos três
híbridos as pamonhas produzidas apresentaram-se, de modo geral, mais consistentes.
As amostras dos híbridos DOW e BM (ambiente) no dia apresentaram-se menos
consistentes que as do dia zero.
95
Tabela 29 - Médias das notas atribuídas para aparência consistente das pamonhas em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
6,8 aB 8,1 aA 8,2 aA
AG 1051
Refrigerado
6,7 aC 7,5 aB 8,2 aA
Ambiente
7,0 aB 7,7 aA 6,7 bB
BM 3061
Refrigerado
6,9 aB 7,7 aA 7,8 aA
Ambiente
6,1 aB 6,7 bA 4,9 bC
DOW 8003
Refrigerado
6,6 aB 7,6 aA 7,0 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
O período de armazenamento e a condição de refrigeração do milho verde foram
responsáveis por aumentar as notas de aparência consistente da pamonha o que, de
certa forma é desejável, pois significa que o produto apresentou forma definida, sem
separação de fases. Entretanto, que se considerar que um produto muito
consistente, com elevada tendência a retrogradação pode levar a sinérese durante o
armazenamento, principalmente se as pamonhas forem armazenadas sob refrigeração
para comercialização.
4.2.2.8.2 Odor
As médias das notas atribuídas para odor cozido das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
30.
96
Tabela 30 - dias das notas atribuídas para odor cozido das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
7,2 bA 6,6 bA 6,7 aA
AG 1051
Refrigerado
7,9 aA 7,9 aA 7,3 aB
Ambiente
7,5 aA 7,6 aA 6,6 aB
BM 3061
Refrigerado
7,1 aAB 7,5 aA 6,8 aB
Ambiente
4,9 bC 7,1 aA 5,8 bB
DOW 8003
Refrigerado
5,9 aC 7,5 aA 6,6 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
A condição de armazenamento da matéria-prima teve influência nas pamonhas
dos híbridos AG 1051 e DOW 8003, sendo a condição ambiente a responsável pelos
menores valores de odor cozido, ou seja, os provadores detectaram menos intensidade
de odor de cozido.
Para o híbrido BM 3061 não foi detectada diferença significativa entre
armazenamento refrigerado ou ambiente, ou seja, a variação de notas foi uniforme,
independentemente da condição.
Quanto ao tempo de armazenamento, as pamonhas dos híbridos apresentaram
diminuição significativa do odor cozido no dia sob refrigeração (AG e DOW) e no
ambiente (BM e DOW). O que pode ter ocorrido é que com o armazenamento,
principalmente na condição ambiente, o odor de milho verde se intensifica, ficando mais
forte. O provador confunde então odor forte de milho com odor de milho cru.
Não foi observada pelos provadores diferença significativa entre as notas médias
de odor fermentado da pamonha elaborada com híbridos sob diferentes condições de
armazenamento em cada tempo estudado (Tabela 31).
97
Tabela 31 - Médias das notas atribuídas para odor fermentado das pamonhas em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
0,7 aA 0,7 aA 1,3 aA
AG 1051
Refrigerado
0,6 aB 0,3 aB 1,2 aA
Ambiente
0,4 aA 0,0 aA 0,4 aA
BM 3061
Refrigerado
0,2 aA 0,0 aA 0,4 aA
Ambiente
0,7 aA 1,0 aA 1,2 aA
DOW 8003
Refrigerado
0,3 aB 1,3 aA 0,8 aAB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
As notas de odor fermentado nas pamonhas foram variáveis de 0,0 a 1,3,
podendo ser baixas, mas perceptíveis. Os provadores detectaram aumentou do odor de
fermentado das pamonhas dos híbridos DOW 8003 e AG 1051 sob refrigeração,
respectivamente no 3º e 6º dia de armazenamento.
O desenvolvimento de acidez (abaixamento do pH) evidenciado nas pamonhas
de híbridos armazenados principalmente ao ambiente, mas também sob refrigeração,
foi mais perceptível sensorialmente para a condição de refrigeração.
4.2.2.8.3 Sabor
As diferenças detectadas entre as pamonhas de um mesmo híbrido no dia da
colheita (zero) são explicadas pela heterogeneidade observada dentro de lotes.
Comparando-se os dados da Tabela 32, somente as pamonhas do híbrido AG
1051 mantido ao ambiente foram significativamente menos doces que as elaboradas
com o milho sob refrigeração.
98
Tabela 32 - Médias das notas atribuídas ao parâmetro sabor doce das pamonhas em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
4,4 bB 5,5 bA 5,9 bA
AG 1051
Refrigerado
6,3 aB 7,6 aA 6,8 aB
Ambiente
5,5 bA 5,6 aA 6,0 aA
BM 3061
Refrigerado
5,9 aA 5,9 aA 5,7 aA
Ambiente
5,9 aA 5,8 aA 5,7 aA
DOW 8003
Refrigerado
5,2 bB 6,2 aA 5,6 aAB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Quanto ao tempo de armazenamento da matéria-prima, as notas de sabor doce
das pamonhas do híbrido AG 1051 e DOW 8003 armazenados sob refrigeração
aumentaram no dia, voltando a diminuir ou manter a doçura após o sexto dia. Sob
condições ambientes o híbrido AG tendeu a apresentar notas maiores com o tempo.
O decréscimo dos teores de carboidratos das pamonhas com o tempo de
armazenamento da matéria-prima não foi percebido sensorialmente.
As diferenças observadas pelos provadores no sabor doce das pamonhas se
devem mais ao fato de ocorrer entrada de água dentro da pamonha durante o
cozimento e esta diluir o produto alterando o seu teor de açúcar, do que as possíveis
alterações no teor de açúcar que possam ocorrer na matéria-prima durante os
diferentes tempos e temperaturas de armazenamento das mesmas.
As médias das notas atribuídas as pamonhas quanto ao sabor de cozido são
apresentadas na Tabela 33.
99
Tabela 33 - Médias das notas atribuídas para sabor cozido das pamonhas em função
do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
5,8 bA 5,7 bA 4,0 bB
AG 1051
Refrigerado
7,0 aA 7,4 aA 6,1 aB
Ambiente
5,9 bB 6,0 bB 6,9 aA
BM 3061
Refrigerado
6,6 aB 7,5 aA 6,2 bB
Ambiente
6,0 aA 6,1 aA 5,8 bA
DOW 8003
Refrigerado
5,6 aB 6,7 aA 6,6 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Para a maioria dos híbridos as pamonhas produzidas com matéria-prima
armazenada na temperatura ambiente apresentaram notas mais baixas que as
mantidas sob refrigeração.
O armazenamento da matéria-prima interferiu no sabor cozido das pamonhas
dos diferentes híbridos, entretanto, sem uma tendência definida no tempo.
As médias das notas atribuídas para sabor fermentado das pamonhas em função
do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
34.
As diferenças observadas nas pamonhas entre as temperaturas de
armazenamento para híbridos no dia zero se devem à grande variabilidade encontrada
entre os produtos de um mesmo híbrido.
Após o dia zero, a influência da condição de armazenamento do milho foi
significativa no sexto dia, sendo a estocagem ao ambiente responsável pelos maiores
notas de sabor fermentado nas pamonhas do híbrido BM e a refrigeração no caso do
híbrido DOW.
100
Tabela 34 - Médias das notas atribuídas para sabor fermentado das pamonhas em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
0,9 bB 1,3 aAB 1,7 aA
AG 1051
Refrigerado
1,7 aA 0,8 aB 1,1 aAB
Ambiente
0,2 aA 0,0 aA 0,4 bA
BM 3061
Refrigerado
0,4 aB 0,0 aB 1,3 aA
Ambiente
1,2 aA 1,4 aA 1,4 aA
DOW 8003
Refrigerado
0,5 bB 1,6 aA 0,2 bB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
O tempo de armazenamento em alguns casos elevou as notas de sabor de
fermentado para produtos dos híbridos AG ao ambiente e BM sob refrigeração.
As notas de sabor fermentado (0 a 1,7), assim como para odor de fermentado,
foram perceptíveis, mas não muito elevadas. Isto mostra que o processo fermentativo
da matéria-prima nas condições do experimento refletiu no produto final. Os híbridos
AG (ambiente) e BM (refrigerado) após 6 dias de armazenamento apresentaram
aumento significativo do sabor de fermentado. Isto considerando que o processamento
foi realizado mediante a aplicação das Boas Práticas de Processamento, não havendo
interferência deste no desenvolvimento de acidez.
As médias das notas atribuídas para sabor fresco das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
35.
101
Tabela 35 - dias das notas atribuídas para sabor fresco das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
5,7 bB 6,5 bA 3,1 bC
AG 1051
Refrigerado
8,1 aA 8,2 aA 6,9 aB
Ambiente
6,7 bB 8,3 aA 8,4 aA
BM 3061
Refrigerado
8,5 aA 8,4 aA 8,2 aA
Ambiente
6,0 aB 7,9 aA 6,1 bB
DOW 8003
Refrigerado
6,7 aA 6,7 bA 7,4 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Não se observa correspondência (notas opostas) entre o comportamento de
sabor fresco e o sabor fermentado das pamonhas elaboradas com híbridos
armazenados em diferentes tempos e condições.
O efeito da temperatura de armazenamento do milho foi detectado pelos
provadores para sabor fresco nas pamonhas do híbrido AG 1051, sendo a condição
ambiente responsável pelas menores notas. O menor frescor observados nas
pamonhas produzidas com a matéria-prima da condição ambiente talvez se deva ao
fato de nesta condição o milho senescer mais rapidamente do que quando armazenada
sob refrigeração, alterando seu sabor.
Os provadores observaram maior influência do período de armazenamento para
o híbrido AG 1051, que no sexto dia apresentou pamonhas com nota muito baixa para
sabor de fresco. para os híbridos BM 3061 e DOW 8003 os provadores quase não
observaram alteração deste atributo, estando por vezes as pamonhas com maior sabor
de fresco após o armazenamento da matéria-prima do que no dia zero.
102
No geral as notas atribuídas aos atributos de sabor (sabor doce, fresco, cozido e
fermentado) foram melhores quando a matéria-prima utilizada foi armazenada sob
refrigeração. Deve-se prestar atenção quanto à extensão do tempo de armazenamento
do milho verde no que se refere ao sabor fresco e fermentado, pois existe uma
tendência das pamonhas apresentarem maior sabor de fermentado e menor sabor de
fresco com o período de armazenamento.
4.2.2.8.4 Textura
As médias das notas atribuídas para textura fibrosa das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
36.
Tabela 36 - Médias das notas de textura fibrosa das pamonhas em função do tempo e
condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
5,8 aB 4,7 bC 7,0 aA
AG 1051
Refrigerado
4,9 bB 5,8 aA 5,9 bA
Ambiente
5,1 bB 5,9 aA 5,9 aA
BM 3061
Refrigerado
5,8 aA 5,2 bA 5,6 aA
Ambiente
6,6 aAB 6,1 aB 6,8 aA
DOW 8003
Refrigerado
5,7 bB 6,5 aA 5,7 bB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Quanto à condição de armazenamento da matéria-prima, as pamonhas
produzidas com os híbridos estudados não apresentaram comportamento definido em
cada um dos três tempos de armazenamento estudados.
103
A maioria dos tratamentos tendeu a elevar a fibrosidade das pamonhas dos três
híbridos armazenados com o tempo.
Apesar de não terem sido detectadas diferenças significativas nos teores de
fibras nas pamonhas produzidas com matérias-primas ao longo do armazenamento, os
provadores detectaram diferenças quanto à textura fibrosa dos produtos elaborados.
As médias das notas atribuídas para textura cremosa das pamonhas em função
do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
37.
Tabela 37 - Médias das notas atribuídas para textura cremosa das pamonhas em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
3,5 bAB 3,7 bA 3,0 bB
AG 1051
Refrigerado
4,8 aB 7,4 aA 4,8 aB
Ambiente
5,9 aA 4,6 aB 4,9 aB
BM 3061
Refrigerado
5,8 aA 3,9 bC 4,8 aB
Ambiente
5,8 aA 5,4 aAB 5,0 aB
DOW 8003
Refrigerado
4,9 bB 5,5 aA 4,9 aB
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
A diferença entre as condições de armazenamento da matéria-prima foi
significativa para as pamonhas do híbrido AG 1051, que na condição ambiente
apresentou produtos menos cremosos nos 3º e 6º dias de armazenamento estudados.
Uma maior cremosidade pode advir mais da entrada de água no interior da
embalagem, o que dilui a massa destas pamonhas, do que da influência da condição de
armazenamento da matéria-prima.
Com o tempo de armazenamento pode-se observar uma tendência de no dia
de armazenamento da matéria-prima as pamonhas produzidas se apresentarem menos
104
cremosas.
As médias das notas atribuídas para textura firme das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
38.
Tabela 38 - Médias das notas atribuídas para textura firme das pamonhas em função do
tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
5,82 aC 6,96 aB 8,30 aA
AG 1051
Refrigerado
6,22 aA 5,51 bB 6,70 bA
Ambiente
7,53 aA 6,66 bB 6,83 aB
BM 3061
Refrigerado
6,68 bB 7,51 aA 7,08 aA
Ambiente
6,76 aA 6,58 aA 6,21 aA
DOW 8003
Refrigerado
6,60 aB 6,75 aB 7,59 bA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
As pamonhas produzidas com a matéria-prima armazenada na condição
ambiente dos híbridos AG (e 6º dias) e DOW (6º dia) apresentaram-se mais firmes
que as amostras produzidas com o milho sob refrigeração. Para pamonhas do híbrido
BM no 3º dia de armazenamento sob condição ambiente se apresentaram menos
firmes que as da matéria-prima mantida na condição refrigerada.
Na maioria dos tratamentos o tempo de armazenamento do milho concorreu para
um acréscimo na firmeza da pamonha dos três híbridos. Somente as pamonhas
produzidas com o híbrido BM 3061 da condição ambiente tiveram sua firmeza diminuída
com o período de armazenamento.
O aumento da firmeza das pamonhas, observado pelos provadores, pode ser
explicado pelo fato da combinação tempo de armazenamento e condição ambiente
105
propiciarem maior perda de água pelos grãos que endurecem e quando passados pelo
despolpador geram uma massa mais seca e mais concentrada em amido, resultando
em pamonhas mais firmes.
Dentre os três atributos de textura estudados (textura fibrosa, cremosa e firme),
pode-se observar que com o tempo de armazenamento da matéria-prima sob condição
ambiente as pamonhas obtidas tenderam a se apresentar mais fibrosas e firmes e
menos cremosas.
4.2.2.8.5 Impressão Global
As médias das notas atribuídas para impressão global das pamonhas em função
do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima são apresentadas na Tabela
39.
Tabela 39 - Médias das notas atribuídas para impressão global das pamonhas em
função do tempo e condição de armazenamento da matéria-prima
Tempo de armazenamento da matéria-prima
(dias)
Híbrido Tratamento
0 3 6
Ambiente
6,7 bA 4,3 bB 4,0 bB
AG 1051
Refrigerado
8,2 aA 7,5 aB 6,9 aB
Ambiente
6,9 aB 7,7 aA 8,0 aA
BM 3061
Refrigerado
7,4 aB 8,3 aA 7,7 aAB
Ambiente
6,0 bB 8,0 aA 5,1 bC
DOW 8003
Refrigerado
6,9 aA 7,3 bA 6,8 aA
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, dentro de cada
híbrido, não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Para os híbridos AG 1051 (3º e dias) e DOW 8003 (6º dia) as pamonhas
obtiveram as maiores notas de impressão global quando utilizada matéria-prima
refrigerada.
106
O armazenamento da matéria-prima pelo período estudado alterou
negativamente a impressão global do produto final, para o híbrido AG 1051 após o e
dia de armazenamento e para o híbrido DOW 8003 após o dia da condição
ambiente. para o híbrido BM 3061 a impressão global do produto foi melhor no
decorrer do período.
Quanto à impressão global do produto, o armazenamento refrigerado do milho
verde se mostrou mais adequado, pois os provadores tenderam a atribuir as maiores
notas para as pamonhas produzidas com estas matérias-primas.
107
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação dos híbridos de milho verde (AG 1051, BM 3061 e DOW 8003) e das
pamonhas produzidas permitiu as seguintes considerações:
Os grãos de milho dos híbridos apresentaram teores de umidade semelhantes
(média de 67,36%), evidenciando que a definição do ponto de colheita com base
na somatória de graus-dias permite a obtenção de uma matéria-prima uniforme
quanto a este teor.
Na composição dos grãos, os híbridos mostraram semelhanças também para o
pH (média de 7,0) e teor de fibras solúveis (média de 0,27%). As cores dos
grãos também foram semelhantes para todos os híbridos, apresentando
luminosidade média de 72,23, croma a* médio de -0,76, próximos do eixo onde
as cores se misturam tendendo para o marrom e croma b* médio de 32,82,
correspondendo ao amarelo intenso.
Na composição, o híbrido AG 1051 se diferenciou apenas do híbrido DOW 8003
pelo maior teor de amido nos grãos. O teor de fibras insolúveis nesses grãos foi
superior ao apresentado pelo híbrido BM 3061. Esses grãos também mostraram
maior dureza que os demais, podendo esta característica estar associada ao
maior teor de fibras insolúveis dos mesmos. Seu rendimento em massa foi
próximo de 68%. Nas propriedades de pasta, este híbrido se destacou por
apresentar maior tendência à retrogradação, podendo esta característica estar
associada a um maior teor de amilose (não determinado). As pamonhas deste
híbrido, juntamente com as do híbrido BM apresentaram menor umidade e maior
teor de fibras solúveis. Juntamente com as pamonhas do híbrido DOW
apresentaram os maiores teores de fibras insolúveis. Apresentaram os menores
teores de carboidratos solúveis. A coloração desse produto foi mais clara (maior
luminosidade) e mais amarela que a dos demais híbridos. Na análise do perfil de
textura das pamonhas observou-se que as pamonhas deste híbrido
apresentaram firmeza intermediária, maior adesividade e, juntamente com as do
híbrido BM, menor coesividade. Na análise sensorial as pamonhas deste híbrido
se destacaram por apresentar textura menos cremosa e menos firme.
Juntamente com as do híbrido BM, apresentaram também cor menos amarela e
108
aparência mais consistente, mais odor e sabor de cozido, textura menos fibrosa
e maior impressão global.
O híbrido BM 3061 se assemelhou ao AG 1051 em maiores teores de amido e
em menores teores de carboidratos solúveis totais nos grãos, quando
comparados com os respectivos valores na composição do híbrido DOW 8003.
Juntamente com o híbrido DOW 8003 apresentaram menores teores de fibras
insolúveis que os grãos do híbrido AG 1051. Apresentou um rendimento próximo
de 68% em massa. Nas propriedades de pasta, se destacou por apresentar
menor viscosidade máxima, menor quebra de viscosidade e menor tendência à
retrogradação. As pamonhas deste híbrido apresentaram menor umidade e
teores mais elevados de fibra solúvel (juntamente com as do híbrido AG). Os
teores de fibras insolúveis destes produtos foram os menores. Quanto à
coloração, apresentaram menores valores de croma b* (amarelo menos intenso).
Na análise do perfil de textura das pamonhas observou-se que as deste híbrido
se caracterizaram por apresentar menor firmeza que a dos demais, além de
menor adesividade e maior coesividade que as do AG. Apresentaram as maiores
notas para textura cremosa e firme na análise sensorial.
O híbrido DOW 8003 se destacou por apresentar menor teor de amido nos grãos
que o AG 1051. Também apresentou o maior teor de carboidratos solúveis totais
nos grãos (mais doces). Apresentou um rendimento próximo de 61% em massa.
Nas propriedades de pasta, se destacou por apresentar maior viscosidade
máxima e menor temperatura de pasta. As pamonhas deste híbrido
apresentaram-se mais úmidas e com baixos teores de fibras solúveis. Na análise
do perfil de textura das pamonhas observou-se que as elaboradas com este
híbrido apresentaram maior firmeza e gomosidade. Na análise sensorial, a
pamonha deste híbrido apresentou os atributos cor mais amarela, aparência
menos consistente, menos odor e sabor de cozido, textura cremosa e firme
intermediárias, textura fibrosa maior e menor impressão global.
Não houve relação entre as características físicas (cor) e físico-químicas (acidez
e composição) dos grãos com as características físicas e físico-químicas
correspondentes das pamonhas dos diferentes híbridos. O teor de fibras foi o
109
que apresentou diferenciação estatística mais parecida com aquela para este
mesmo teor no produto final. Além da variabilidade observada dentro do mesmo
híbrido, outras variáveis, mais ligadas ao tipo de embalagem e processamento
destes produtos, por exemplo, podem estar interferindo nas características do
produto final.
Considerando os principais parâmetros que poderiam ser determinantes da
maior ou menor firmeza do produto final (texturômetro), que são tendência a
retrogradação (avaliada na polpa) e composição da pamonha (amido,
carboidratos solúveis totais, fibras solúveis e insolúveis), encontra-se a menor
tendência a retrogradação e o menor teor de fibras insolúveis do híbrido BM
3061, que apresentou a menor firmeza Instrumental.
No processamento, os grãos dos híbridos AG 1051 e BM 3061 se caracterizaram
por apresentarem maior porcentagem em massa.
Na avaliação sensorial, considerando-se que a maior diferença entre as dias
de notas dos atributos das pamonhas dos diferentes híbridos foi 1,6, isto permite
dizer que, embora estatisticamente significativas estas diferenças, muitos dos
atributos não estão muito distantes entre si.
Nas pamonhas dos diferentes híbridos não houve correspondência entre firmeza
instrumental com textura firme avaliada subjetivamente. E nem entre croma b* e
aparência de cor amarela (sensorial).
A avaliação do armazenamento dos híbridos de milho verde sob diferentes condições e
dos efeitos deste sobre as pamonhas permitiu as seguintes considerações:
Diferentemente do milho verde AG 1051, os híbridos BM 3061 e DOW 8003
apresentaram redução de pH nos grãos com o tempo de armazenamento, mais
acentuadamente nas condições ambientes. Esse abaixamento do pH é
concordante com a perda de carboidratos solúveis dos grãos. As pamonhas
elaboradas com os híbridos de pH alterados refletiram a acidificação dos grãos,
ou seja, o tempo e condição de armazenamento podem alterar a acidez do
produto final e gerar conseqüências nas características físicas, físico-químicas e
sensoriais do produto final.
110
A refrigeração manteve a umidade dos grãos durante o armazenamento.
Entretanto, houve perda de umidade dos grãos durante o armazenamento sob
condições ambientes. O híbrido que mais perdeu umidade nesta condição foi o
DOW 8003. As pamonhas produzidas com os grãos dos 3 híbridos,
independente dos mesmos terem perdido umidade durante o armazenamento,
apresentaram teores de umidade inalterados no tempo.
O teor de amido, principal componente na matéria seca dos grãos, se elevou
com o tempo de armazenamento nas condições ambientes e não se alterou nas
condições de refrigeração, sendo esta variação reflexo daquela apresentada pelo
teor de umidade dos grãos. Na condição ambiente apenas a pamonha do híbrido
DOW 8003 refletiu a perda de umidade apresentada pelos grãos. Pamonhas
elaboradas com híbridos armazenados sob refrigeração tenderam a apresentar
também teores mais estáveis de amido no tempo.
Também acompanhando a perda de umidade nos grãos, os teores de fibras
solúveis e insolúveis dos mesmos se apresentaram crescentes sob condições
ambientes e inalteradas sob refrigeração. Tais alterações nos teores da matéria-
prima não causaram modificação nos teores desses componentes no produto
final.
Somente os grãos do híbrido AG 1051 apresentaram aumento de luminosidade
(mais claras) e de cromas a* (maior tendência a cor marrom) e b* (amarelo mais
intenso) com o tempo de armazenamento dos mesmos sob condições
ambientes. Esse aumento de luminosidade dos grãos acarretou aumento nos
valores de L nas pamonhas igualmente.
Embora tenha sido observado aumento da concentração de amido nos grãos
armazenados sob condições ambientes, isto não refletiu em acréscimo de
viscosidade das polpas dos híbridos. A variação de acidez pode ter interferido
nestes parâmetros. A condição refrigerada propiciou menor variação de
viscosidade nos híbridos AG 1051 e DOW 8003. Para o híbrido BM 3061 as
propriedades de pasta se mantiveram mais estáveis durante o armazenamento
dos grãos.
111
A firmeza avaliada no texturômetro nos produtos elaborados com o híbrido AG
1051 armazenado sob condições ambientes não apresentou comportamento
definido. A firmeza do produto tendeu a aumentar com o tempo de
armazenamento ambiente para o híbrido BM e a diminuir para o híbrido DOW. A
firmeza aumentou para AG 1051 e BM 3061 e diminuiu para o híbrido DOW 8003
no tempo de armazenamento sob condições refrigeradas. A tendência de
variação, portanto, não é uniforme no tempo para os diferentes híbridos e
condições de armazenamento.
Na análise sensorial das pamonhas elaboradas com matérias-primas
armazenadas, as notas para odor e sabor de fermentado evidenciaram
comportamento não uniforme dos híbridos com a condição e tempo de
armazenamento. O odor de fermentado foi percebido como crescente nos
produtos dos híbridos AG 1051 e DOW 8003 sob refrigeração. O sabor de
fermentado aumentou apenas para o produto do híbrido AG 1051 ao ambiente e
do BM 3061 sob refrigeração.
As notas para os atributos de textura avaliados por provadores dos produtos
elaborados com matéria-prima armazenada não mostraram tendência bem
definida no tempo para nenhum dos híbridos ou condições de armazenamento.
Os produtos elaborados com os três híbridos de milho verde armazenados sob
diferentes condições apresentaram tendência variável no tempo para impressão
global do produto pela análise descritiva quantitativa. As pamonhas elaboradas
com a matéria-prima armazenada sob refrigeração, no geral, tiveram melhores
notas em relação à impressão global.
112
6 CONCLUSÃO
Os híbridos de milho verde apresentaram semelhanças e peculiaridades, o que
permitiu se obter pamonhas que, por sua vez também apresentaram características
semelhantes e diferenciadas. Contudo, nem sempre se observou correspondência entre
as características dos grãos e as características do produto final.
Não se pode tecer considerações sobre qual híbrido seria mais indicado para a
produção de pamonha, uma vez que a análise sensorial realizada permite apenas uma
descrição do produto final e não uma análise de aceitação ou de preferência.
Considerando-se que também os consumidores apresentam requisitos diferenciados
para este produto, pode se escolher, dentre os híbridos avaliados aqueles que mais
correspondam aos atributos solicitados.
Considerando-se o teste de armazenamento do milho sob diferentes condições e
os efeitos deste sobre as pamonhas, ficou evidenciado que o armazenamento sob
refrigeração (7ºC) foi mais eficiente em manter as características físicas e físico-
químicas do milho e alterar menos as características físicas e físico-químicas das
pamonhas.
As alterações na composição e características físicas dos grãos e das pamonhas
refletem por fim, nas características sensoriais do produto elaborado. Os três híbridos
sob condições ambientes e de refrigeração apresentaram, no geral, boas notas pelos
provadores ao longo do armazenamento, porém observa-se nas pamonhas obtidas com
a matéria-prima armazenada por 6 dias, uma tendência de apresentarem-se mais
firmes e fibrosas, menos cremosas e com sabor de fermentado.
Várias das diferenças detectadas na composição e características físicas e
sensoriais das pamonhas decorrem de alterações na matéria-prima durante seu
armazenamento, entretanto, outras são difíceis de explicar. Pode-se concluir que além
da variabilidade dentro dos híbridos, deve haver interferências do processamento nas
características destes produtos, principalmente nas etapas de formulação e cocção em
água, além do tipo de embalagem requisitada.
113
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