A Bioexpressão passou por grandes transformações ao longo destes quatro anos de
Doutorado, que me proporcionaram muitos conhecimentos e experiências significativos,
não só profissionais, mas, sobretudo, pessoais. Primeiramente, trocou de nome, deixou de
se chamar Bioexpansão, sendo batizada de Bioexpressão, nome sugerido por um de seus
“padrinhos”, meu orientador, com plena aprovação, após algumas resistências iniciais, por
sua “mãe”. Ganhou mais forma, consistência, leveza, força, flexibilidade, enfim, mais
cores em seus múltiplos e variados matizes. Os estudos teóricos me trouxeram segurança
para encaminhá-la, para perceber suas potencialidades e fragilidades, para traçar seus
contornos, dosar expectativas, colocar os pés no chão, sem abrir mão dos sonhos, desejos,
projetos criativos e intuitivos. A pesquisa de campo me propiciou possibilidades férteis de
experienciar, de observar, de criar, de concretizar, experimentar possibilidades, fazer
trocas, aprender, construir, desconstruir e reconstruir, de integrar novos conhecimentos, de
lidar com desafios, de testar minha capacidade de ser flexível e estar aberta para o
inesperado. Enfim, uma grande e valiosa aprendizagem, que, naturalmente repercutiu no
desenvolvimento da proposta e nos participantes da pesquisa.
À medida que o tempo de contato com os educadores foi passando, e que as
respostas não chegavam da forma esperada por mim, foi necessário que eu avaliasse o que
estava ocorrendo e modificasse minha maneira de analisar o contexto, e reavaliasse
também a minha própria expectativa, propondo novas possibilidades como descrevi nos
capítulos anteriores. Resistências mostram alguma coisa, mostram que há um processo
acontecendo e “incomodando”. Fazer essa leitura também foi um exercício necessário para
mim. Também estava aprendendo muito com os retornos que recebia dos participantes da
pesquisa. Se estavam acontecendo mudanças em seus corpos, que se tornavam
gradualmente mais livres e expressivos como eu podia claramente observar; nas suas
relações afetuosas e espontâneas com o grupo; em suas salas de aula e fora dela, na forma
de verem e ouvirem seus educandos e familiares, algo estava se transformando. Eu precisei
relembrar que cada ser humano responde dentro da sua possibilidade e do seu tempo. Não
podia querer que as coisas acontecessem de acordo com meu desejo. Para mim também foi
um exercício de observação atenta, acolhimento, estímulo, paciência e respeito.
Aproprio-me das palavras de Ivani Fazenda: “escrever sobre a própria prática é um
ato de ousadia (...) É um momento em que você se desvela e vai adquirindo liberdade e
permitindo a outros que entendam um pouco do trabalho que você faz. Para mim, fazer
pesquisa é também isso” (1992, p. 134). Esta é a percepção que me acompanhou durante a