compõem grupo de implicados com o fenômeno avaliado. O avaliador deve, também,
zelar pelo cuidado na relação com as pessoas envolvidas com o objeto avaliado,
marcadamente no momento em que comunica os seus resultados.
“Um segundo papel é o de mediador de conflitos e de facilitador da construção
de diálogo. Um processo de avaliação que reconhece que está lidando com
atores que muitas vezes tem interesses distintos, ou tem razões distintas a
respeito de um problema, ou atores que entram numa situação de assimetria
num processo de diálogo. Estamos sempre diante de situações de potencial
conflito ao provocar a avaliação. Uma das funções do avaliador é contribuir
para que as partes consigam explicitar a sua visão a respeito de um problema, o
seu interesse em relação a uma determinada questão. Além de mediador do
conflito tem que ser facilitador de diálogo. Tem que possibilitar que essas
partes reconheçam legitimidade nos outros e que se busque os graus possíveis
de consenso. Porque a mudança de prática de uma organização, ou de um
coletivo de pessoas, supõe a construção de algum nível de consenso sobre a
avaliação de um problema”. (PEDRO PONTUAL, 2007).
“No meio do processo precisa estar preparado para lidar com conflitos, no
momento em que começam a aparecer as verdades inconvenientes tem que ter
habilidade de lidar com conflito. Às vezes se coloca a culpa no método, ou no
avaliador, como você lida com isso? São conflitos de interesses orientados por
alguma coisa que está aparecendo e incomoda”.(EDUARDO MARINO, 2007).
“Pela minha experiência o avaliador tem que ser um cara extremamente
negociador. Empático de cara com quem está contratando ele para avaliação.
Porque ele precisa garantir, ele precisa transmitir confiabilidade e ganhar
confiabilidade. Porque avaliação é sempre alguma coisa que gera resistência,
gera defensividade. Se não souber trabalhar essa defensividade, essa
resistência, ele não retira da ação aquilo que precisa retirar: conhecimento.
Outra coisa é um certo cuidado, diria respeito não demagógico, com a equipe
do projeto social, enfim, usuários, equipes gestores, executores do projeto.
Porque normalmente os avaliadores ficam muito pernósticos e adoram fazer
críticas, como entrar no julgamento do mérito é acabar com projeto de uma
forma ou de outra. Ou dispersar a questão que é outro jeito horroroso, ele
dispersa a questão. Eu acho que a avaliação hoje exige alta competência, tanto
negociadora, de gerar confiabilidade, mas uma alta competência para traduzir
aquilo que vai descobrindo numa linguagem que não agrida o outro, mas que
permita o outro aceitar aquela crítica. Tem uma arte de comunicar os resultados
da avaliação”. (M.CARMO BRANT, 2007).
O julgamento, ato cerne da avaliação, deve ser realizado pelo grupo de pessoas
envolvidas com o objeto avaliado, ou seja, é uma tarefa coletiva, interna ao grupo que
opera o projeto ou programa. Esta concepção esvazia a idéia de que o próprio avaliador
é o juiz que decidirá, isoladamente, sobre o mérito, eficiência, eficácia ou efetividade
daquilo que está em questão. A responsabilidade do avaliador está em criar as condições
adequadas para que esta situação possa se desenvolver.
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