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assim venha a atender às necessidades da sociedade onde estão inseridos, na
busca de reorientá-la ou transformá-la.
Freire (1987, p.78) explica que o diálogo é uma necessidade existencial:
A existência humana não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco
pode nutrir-se de falsas palavras, mas de pessoas verdadeiras, com
que os homens transformam o mundo. Existir, humanamente, é
pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua
vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir
deles novo pronunciar. Não é no silêncio que os homens se fazem,
mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
Ainda em Freire (1996, p.76):
A capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar, mas
sobretudo para transformar a realidade para nela intervir, recriando-
a, fala de nossa educabilidade a um nível distinto do nível de
adestramento dos outros animais ou do cultivo das plantas
.
Inicialmente esses focos foram considerados obstacularizadores, mas
resultaram num ganho para o desenvolvimento e crescimento dos docentes,
principalmente pela intervenção no processo.
A formação continuada, como reflexão da própria prática profissional numa
perspectiva de revê-la e reelaborá-la, emergiu das necessidades e solicitação dos
docentes, indo ao encontro do objetivo da pesquisadora, de uma educação
permanente institucional/curso.
É possível deprender que a formação continuada dos professores no
processo foi a atividade a que se dispensou grande atenção e redobrado esforço,
proporcionando resultados evidentes e mudanças significativas. A avaliação
realizada na perspectiva do desenvolvimento do profissional é fundamental para que
docentes aumentem a sua eficácia, revendo e realimentando suas ações.
Segundo Garcia apud Junqueira (2000, p.21-22), em relação à formação e à
prática reflexiva, três atitudes são fundamentais:
Mentalidade aberta, que se define como ausência de preconceitos,
de parcialidades, de melindres – fatores impeditivos de considerar
novas situações problemáticas e de assumir novas idéias,
reconhecendo a possibilidade do erro; a responsabilidade que se
refere, sobretudo, à responsabilidade intelectual, considerando as
conseqüências de um passo projetado e assumindo essas
conseqüências; e o entusiasmo, definido como a predisposição para
enfrentar a situação com curiosidade, energia, prazer, capacidade de
renovação, ruptura com a rotina.