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alguém ‘abra a janela’, em certas condições, essa pessoa a abra. E até, se eu
for um velho lorde inglês que lê seu jornal no fim de semana, posso contentar-
me em dizer ‘John, não acha que está um pouco frio’? e John fecha a janela.
Em outras palavras, como é que as palavras produzem efeitos? Isso é
uma coisa completamente espantosa quando refletimos sobre ela. Trata-
se pura e simplesmente de magia: e para dar conta dessa ação à
distância, sem contato físico, é preciso, como no caso da magia, segundo
Marcel Mauss, reconstruir todo o espaço social em que são geradas as
disposições e as crenças que tornam possível a eficácia mágica. (grifo
nosso)
O sociólogo considera que o poder simbólico que circunda o mundo social
é um poder econômico, político, cultural, dentre outros, “que está em
condições de se fazer reconhecer, de obter o reconhecimento, ou seja, de se
fazer ignorar em sua verdade de poder, de violência arbitrária. A eficácia
própria desse poder exerce-se não no plano da força física mas, sim, no plano
do sentido e do conhecimento.” (BOURDIEU, 2000, p. 60).
Compreende-se, como Bourdieu, que o vocabulário da dominação está
cheio de metáforas, mas, deve-se procurar nas palavras o princípio do poder
que elas em certos casos detêm. Como ele diz, as palavras exercem um poder
tipicamente mágico ao fazer ver, fazer crer, fazer agir. No entanto, como na
magia, é preciso perguntar onde reside o princípio dessa ação. “O poder das
palavras só se exerce sobre aqueles que estão dispostos a ouvi-las e a escutá-
las, em suma, a crer nelas (...) Se o trabalho político é, quanto ao essencial, um
trabalho sobre as palavras, é porque as palavras ajudam a fazer o mundo
social”. (Bourdieu, 2000, p. 61).
Sob este aspecto é que se considera que as palavras contidas nos
noticiários cotidianos referentes à escola Complementar de Piracicaba na