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colonizadoras, que primeiro exploravam a madeira para só depois
venderem a terra aos colonos (HASS, 1997, p.51)
Em relação às origens do processo de desenvolvimento da região, vale destacar
ainda que as empresas colonizadoras, de uma forma geral em todo o Oeste, “[...] além da
colonização, que era sua atividade principal”, promoveram o dinamismo econômico local
com “[...] a instalação de diversas indústrias: serrarias, cerâmica, moinhos de trigo, energia
elétrica, frigorífico, imprimindo os primeiros passos ao processo de industrialização”
(ROSSETTO, 1989, apud HASS, 1997,p.52).
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Neste sentido, os colonos, imigrantes europeus, junto aos mandatários locais, donos
das colonizadoras e representantes da ordem religiosa estabelecida, submetem os grupos de
caboclos e indígenas, reduzindo-os ao silêncio, ao papel de subalternos, auto-denominando-
se pioneiros
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ou desbravadores do Oeste ( RENK, 2004). Segundo a autora, “No Brasil, o
trabalho do colono foi tomado com sinônimo de liberdade e também símbolo do progresso
e do pioneirismo. As trajetórias familiares, quando narradas, apontam o despojamento
inicial, contando unicamente com um capital: o trabalho” (RENK, 2004, p. 32).
É importante destacarmos, nesse contexto, a atuação da Empresa Colonizadora
Bertaso
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, que não só desencadeou o processo de colonização como projetou o comércio e a
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Rossetto refere-se especialmente à Empresa Colonizadora Bertaso e Maia que, em face do ‘pioneirismo’ já
mencionado por Renk (2004), a empresa organiza o espaço territorial, agindo como poder local.
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“A representação do pioneirismo é a face pública da história, conhecida e reconhecida enquanto história
oficial e utilitária dos de origem. Está próxima à sociodicéia, pela constante explicitação do lugar que ocupa,
na qualidade de construtor do progresso. A idéia do pioneirismo está acoplada à de conquistador, de
desbravador, aquele que venceu a natureza inóspita e com seu trabalho plantou o progresso, que só pode ser
associado aos de origem, como uma de suas virtudes étnicas. A narrativa do pioneirismo é multifacetada e
apresenta gradações. É associada à organização inata dos de origem, representada na construção dos
equipamentos comunitários, tais como escolas, igrejas, hospitais e clubes. O sentimento de auto-
enaltecimento se faz presente”. (RENK,2004, p.33-34).
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Um breve histórico da empresa: A Empresa Bertaso, Maia e Cia., fundada a 18 de setembro de 1918, pelo
coronel Agilberto maia, então prefeito do município de Guaporé, seu irmão coronel Manoel dos passos Maia
e o coronel Ernesto Francisco Bertaso, teve sua primeira sede na cidade de passo Fundo, no Rio Grande do
Sul [...]. Em junho de 9120, por concessão do estado de Santa Catarina, a empresa obteve posse da Fazenda
Chapecó (atual Quilombo). [...] Em 11 de fevereiro de 1922 após o cel Manoela dos passos maia ser eleito
Superintendente do município de Chapecó, a Empresa Colonizadora Bertaso, maia e Cia transferiu sua sede
para um lugar denominado Passo dos Índios (atual Chapecó), passagem obrigatória entre Passo Bormann e
Xanxerê [...] Em novembro de 1923 a empresa é dissolvida e o coronel Bertaso forma uma nova firma
denominada Empresa Colonizadora Ernesto Francisco Bertaso. No final de 1948, ela foi alterada para
Empresa Colonizadora e Industrial Ernesto F. Bertaso S.A, tendo como diretores, o coronel, seus filhos
Serafim e Jaime e seu cunhado Paulo Pasqualli. Nesta ocasião a empresa dedicava-se á colonização, extração