ela é vergonhosa e feita para escravos e – o que seria aceito, se se tratasse de outra
época – verdadeiramente injuriosa; depois, se uma criança tiver o espírito tão
desprovido de nobreza que não se corrija com uma reprimenda, se apanhar, ela se
obstinará como os piores escravos; enfim, não haverá necessidade dessa punição, se
ao lado da criança estiver um vigilante assíduo de seus estudos [...] Enfim, se
coagimos as crianças pequenas, batendo nelas, que fazer com o jovem, com o qual
não podemos usar essa forma de intimidação, e que deve adquirir conhecimentos
mais importantes? [...] Seja-me suficiente dizer, em relação a essa idade, que é fraca
exposta ao ultraje, que não se deve conceder a ninguém muita liberdade”
(QUINTILIANO apud COMBY, 1987, p. 76).
Encontra-se, ainda, na Sátira XIV, disposições a respeito do aprendizado das
crianças através dos exemplos dos pais e mães, pois “o veneno moral mais ativo e
mais rápido são os maus exemplos domésticos, porque eles se insinuam na alma
sob a influência de autoridades respeitáveis” (JUVENAL apud COMBY, 1988, p. 73).
Na mesma linha, “os métodos pedagógicos de Quintiliano” (DANA, 1990, p.
149), que também viveu nos fins do séc. I dC, diz que “a escola não é responsável
pelos maus costumes”, mas que esses são aprendidos em casa e dela levam para
as escolas (apud COMBY, 1988, p. 75). Desses m étodos de formação, à criança é
“devido o maior respeito, lembra-te disso, se pensas em fazer ação vergonhosa; não
desprezes a jovem idade de teu filho, e que, no momento de cair, o pensar em teu
filho no berço te retenha. Porque, se um dia ele merecer a cólera do censor e, já
parecendo-se contigo no corpo e na aparência, ele for filho dos teus costumes e
capaz de ir mais longe no mal do que tu [...] Mereces reconhecimento por teres dado
um cidadão à pátria, ao povo, sim, mereces, contanto que o tornes capaz de servir à
pátria, de ser homem útil aos campos, útil nos trabalhos da guerra e nos da paz. O
mais importante será saber que princípios e que formação tu lhe dás” (JUVENAL
apud COMBY, 1988, p. 74).
Quintiliano (apud COMBY, 1988, p. 75) relata que deseja “uma criança que
sinta-se estimulada com o louvor, que se compraza com a glória, que chore quando
fracassar”. Ora, seria um bom exemplo de que as exceções existem em todo tempo
na história, e nas diversas culturas. Visto que, ainda hoje, lutamos contra uma