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ESTUDO COMPARATIVO DE VARIAÇÕES ESPACIAIS E TEMPORAIS NAS
“FORÇANTES METEOROLÓGICAS” EM UM MODELO DE ONDAS DE
TERCEIRA GERAÇÃO NO OCEANO ATLÂNTICO SUL
Leonardo Maturo Marques da Cruz
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVÍL.
Aprovada por:
Prof. Luiz Landau, D.Sc.
Prof. Carlos Eduardo Parente, D.Sc.
Dr. Valdir Innocentini, Ph.D.
Dr. Nelson Violante de Carvalho, Ph. D.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
ABRIL DE 2004
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ii
MARQUES DA CRUZ, LEONARDO
MATURO
Estudo Comparativo de Variações
Espaciais e Temporais nas “Forçantes
Meteorológicas” em um Modelo de Ondas de
Terceira Geração no Oceano Atlântico Sul [Rio
de Janeiro] 2004
XI, 66p. 27,9 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civíl, 2004)
Tese – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE.
1. Modelagem de Ondas
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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iii
...Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!...
Trecho da música “Testamento”
Vinícius de Moraes e Toquinho
iv
Em memória de:
José Egydio Prista Maturo e
Niza Camargo Marques da Cruz
v
AGRADECIMENTOS
Se mesmo com muita ajuda este trabalho custou tanto a ser finalizado, o que seria
dele e de seu autor sem as pessoas aqui mencionadas?
Gostaria de agradecer sinceramente:
- Ao Professor Luiz Landau pela confiança e incentivo para a realização desse
trabalho;
- Ao Audálio pela orientação e incentivo na realização deste estudo e em minha
formação acadêmica;
- A Márcia e ao Paulo Egydio por me proporcionarem os momentos de alegria tão
necessários durante esse período de minha vida;
- Aos meus pais e minha família pelo apoio nas dificuldades enfrentadas;
- Ao Maurício e ao Chico, grandes amigos que dispensam maiores comentários;
- A Marta e ao Luciano, pela ajuda “computacional” e;
- Por fim, gostaria de fazer um agradecimento muito especial ao responsável não
só pela minha motivação em realizar essa dissertação, mas sim por toda a minha carreira
profissional e principalmente pela amizade e respeito que tenho por ele. Muito obrigado
Rogério!
vi
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ESTUDO COMPARATIVO DE VARIAÇÕES ESPACIAIS E TEMPORAIS NAS
“FORÇANTES METEOROLÓGICAS” EM UM MODELO DE ONDAS DE
TERCEIRA GERAÇÃO NO OCEANO ATLÂNTICO SUL
Leonardo Maturo Marques da Cruz
Abril/2004
Orientador: Luiz Landau.
Programa: Engenharia Civíl
No presente trabalho um estudo de caso de geração e propagação de ondas
superficiais de gravidade no Oceano Atlântico Sul é realizado através de modelagem
numérica, com objetivo de avaliar o comportamento do modelo sob a influência de
diferentes condições de contorno.
O modelo de ondas utilizado, WAVEWATCH-III, foi forçado com os campos de
vento das Reanálises do National Centers for Environmental Prediction (NCEP) e com as
Análises do modelo Aviation Forecast (AVN /NCEP).
Para comparação dos resultados foi utilizado o ondógrafo direcional do Instituto
de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), fundeado em Arraial do Cabo, no
Rio de Janeiro. As comparações foram realizadas em termos de altura significativa,
período de pico, período médio e direção média.
Os resultados obtidos mostraram que de maneira geral o modelo apresentou
desempenho satisfatório na representação do swell que atinge a região, embora algumas
importantes deficiências tenham sido identificadas.
vii
Abstract of the Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
STUDY OF THE SPATIAL AND TEMPORAL METEOROLOGICAL DATA INPUT
VARIATIONS APPLIED IN A THIRD GENERATION WAVE MODEL FOR THE
SOUTH ATLANTIC OCEAN
Leonardo Maturo Marques da Cruz
April/2004
Advisor: Luiz Landau.
Department: Civil Engineering
In the present work a case study of generation and propagation of wind waves in
the South Atlantic Ocean is carried out through numerical modeling. The main purpose is
to evaluate the behavior of the model driven by different boundary conditions.
The WAVEWATCH-III model is forced with the wind fields obtained from the
National Centers for Environmental Prediction (NCEP) Reanalysis and from the Aviation
Forecast (AVN/NCEP) analysis.
In order to evaluate the model results, data from the directional waverider of the
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), located in Arraial do
Cabo, Rio de Janeiro is used. The comparisons are carried out in terms of significant
wave height, peak period, average period and mean wave direction.
The results show that the model performance is satisfactory in the representation
of the swell that reaches the region, although some important deficiencies are identified.
viii
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS V
RESUMO VI
ABSTRACT VII
LISTA DE SÍMBOLOS IX
LISTA DE FIGURAS X
LISTA DE TABELAS XII
I Introdução ____________________________________________________________1
II Objetivos ____________________________________________________________2
III Área de Estudo _______________________________________________________2
IV Modelagem de Ondas__________________________________________________3
V Processos Atmosféricos_________________________________________________5
VI A Modelagem Atmosférica _____________________________________________7
VII O Modelo WAVEWATCH-III __________________________________________8
VII.1 Termos Fonte ___________________________________________________12
VII.1.1 Interações Não Lineares _______________________________________12
VII.1.2 Fonte e Dissipação de Energia __________________________________13
VIII Dados de Vento ____________________________________________________15
VIII.1 As Reanálises do NCEP __________________________________________15
VIII.2 O Modelo AVN (Análises)________________________________________17
VIII.3 Aspectos Importantes ____________________________________________17
IX Descrição dos Experimentos ___________________________________________20
X Resultados e Discussão ________________________________________________21
X.1 Dados de Vento___________________________________________________21
X.2 Resultados do Modelo de Ondas______________________________________35
XI Conclusões _________________________________________________________48
XII Referências Bibliográficas ____________________________________________50
ix
LISTA DE SÍMBOLOS
f Freqüência da onda (Hz)
θ
Direção da onda (º)
F
Energia (
12
smkg )
S Termo de fontes e sumidouros de energia
in
S
Termo de entrada de energia
nl
S Termo de interações não-lineares onda-onda
ds
S
Termo de dissipação de energia
bot
S Termo de dissipação pelo atrito com o fundo
k Número de onda
σ
Freqüência intrínseca
A
Densidade de ação (
12
smkg )
g
Aceleração da gravidade (
1
sm
)
d Profundidade (metros)
ω
Freqüência absoluta
c
g
Vetor velocidade de grupo
s Coordenada na direção
θ
m Coordenada perpendicular a s
λ
Longitude
Latitude
R Raio da Terra
U Vetor velocidade de corrente
k
Vetor número de onda
HS Altura significativa
TP Período de pico
TM Período médio
DIR Direção média
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Observações disponíveis para o Atlântico Norte em 10/11/2003 - 06GMT___18
Figura 2: Observações disponíveis para o Atlântico Sul em 10/11/2003 - 06GMT ____19
Figura 3: Campo de energia média obtida com os dados da Reanálise para os meses de
abril, maio e junho de 1997. __________________________________________22
Figura 4: Campo de energia média obtida com os dados do AVN para os meses de abril,
maio e junho de 1997. _______________________________________________22
Figura 5: Energia média integrada meridionalmente para os meses de abril, maio e junho
de 1997. __________________________________________________________23
Figura 6: Campo de diferença na energia média obtida com os dados da Reanálise
subtraído dos dados do AVN para os meses de abril, maio e junho de 1997. _____24
Figura 7: Campo de variância da energia calculado com os dados da Reanálise para todo
os meses de abril, maio e junho de 1997. ________________________________25
Figura 8: Campo de variância da energia calculado com os dados do AVN para todo os
meses de abril, maio e junho de 1997.___________________________________25
Figura 9: Variância da energia integrada meridionalmente para os meses de abril, maio e
junho de 1997. _____________________________________________________26
Figura 10: Representação esquemática dos setores analisados.____________________27
Figura 11: Evolução temporal da energia integrada para o setor 1._________________28
Figura 12: Evolução temporal da energia integrada para o setor 3._________________29
Figura 13: Evolução temporal da energia integrada para o setor 6._________________30
Figura 14: Diferença na energia integrada por setor (A1, A2, A3 e A4) para os meses de
abril, maio e junho de 1997. __________________________________________32
Figura 15: Diferença na energia integrada por setor (A5, A6, A7 e A8) para os meses de
abril, maio e junho de 1997. __________________________________________33
Figura 16: Energia integrada no tempo para os setores analisados _________________35
Figura 17: Evolução temporal de HS para todo o período simulado, comparação entre os
resultados do modelo e a medição do ondógrafo. __________________________36
Figura 18: Dispersão entre os valores de TM calculado pelo modelo com os dados da
Reanálise e os dados do ondógrafo._____________________________________37
xi
Figura 19: Dispersão entre os valores de TM calculado pelo modelo com os dados do
AVN e os dados do ondógrafo. ________________________________________37
Figura 20: Dispersão entre os valores de TP calculado pelo modelo com os dados da
Reanálise e os dados do ondógrafo._____________________________________38
Figura 21: Dispersão entre os valores de TP calculado pelo modelo com os dados do
AVN e os dados do ondógrafo. ________________________________________38
Figura 22: Diferença entre os parâmetros calculados pelo modelo com os dados da
Reanálise e os dados medidos pelo ondógrafo para todo o período de simulação. _40
Figura 23: Diferença entre os parâmetros calculados pelo modelo com os dados do AVN
e os dados medidos pelo ondógrafo para todo o período de simulação. _________42
Figura 24: Evolução temporal da direção para todo o período simulado, comparação entre
os resultados do modelo e a medição do ondógrafo. ________________________43
Figura 25: Evolução temporal de HS, entre os dias 3 e 15 de junho de 1997, comparação
entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.____________________44
Figura 26: Evolução temporal da direção, entre os dias 3 e 15 de junho de 1997,
comparação entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo. _________44
Figura 27: Evolução temporal de TP, entre os dias 3 e 15 de junho de 1997, comparação
entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.____________________45
Figura 28: Campo de vento a 10 metros da Reanálise para o dia 29/05/1997 as 06Z.___46
Figura 29: Campo de vento a 10 metros do AVN para o dia 29/05/1997 as 06Z ______46
Figura 30: Campo de vento a 10 metros da Reanálise para o dia 31/05/1997 as 06Z.___47
Figura 31: Campo de vento a 10 metros do AVN para o dia 31/05/1997 as 06Z. ______47
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Balanço de Energia nos Setores Analisados __________________________34
Tabela 2: Correlação entre os resultados do modelo, utilizando os dados da Reanálise
(WW3/Reanálise) e utilizando os dados do AVN (WW3/AVN) e os dados medidos
pelo ondógrafo_____________________________________________________39
Tabela 3: RMS entre os resultados do modelo, utilizando os dados da Reanálise
(WW3/Reanálise) e utilizando os dados do AVN (WW3/AVN) e os dados medidos
pelo ondógrafo_____________________________________________________39
1
I Introdução
As ondas superficiais de gravidade oceânicas são um dos principais, senão o
principal agente físico que intervêm na dinâmica de ambientes costeiros. Elas
representam a principal e mais constante fonte de energia mecânica para esses ambientes.
Toda e qualquer estrutura costeira está sujeita a ação de ondas e, por conseqüência
disso, faz-se necessário o desenvolvimento e aprimoramento de ferramentas através das
quais seja possível a previsão e o entendimento do comportamento das mesmas.
Até a década de 40, o único modo de descrever o estado do mar era a escala de
Beaufort, criada em 1805. Com ela era possível relacionar a intensidade do vento com a
força do mar (WMO, 1998).
A primeira tentativa de desenvolvimento de um modelo de previsão de ondas
surgiu na década de 50, sendo baseado no princípio de conservação de energia. Desde
então vêm sendo desenvolvidos modelos com o intuito de prever a propagação das ondas
desde a zona de geração até as regiões costeiras, podendo-se estudar eventos passados,
simulando-os com dados atmosféricos pretéritos (hindcasting), tanto quanto prever
situações futuras, forçando os modelos com condições previstas por análises e previsões
(forecasting).
Com o aprimoramento da física dos modelos de geração e propagação de onda,
seus resultados ficaram cada vez mais dependentes das condições de contorno utilizadas
nas simulações, principalmente do campo de vento que atua como principal “forçante”
para esses modelos.
A Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, é atualmente a região com mais
intensa atividade petrolífera na costa do Brasil, o que vem gerando um grande interesse
por parte da comunidade científica no entendimento de seus processos meteorológicos e
oceanográficos. Algumas coletas de dados e uma série de análises vêm sendo
desenvolvidas para a caracterização das condições de onda nessa região, buscando
relacionar eventos onde se detecta a presença de ondulações de diferentes origens, como
por exemplo, a presença de
swell e mar local, com as condições atmosféricas vigentes no
oceano Atlântico Sul.
2
A implementação de um modelo de ondas utilizando condições de contorno que
melhor representem os fenômenos atmosféricos caracteriza-se como uma ferramenta de
simulação bastante importante para o estudo da física das ondas.
II Objetivos
Através da comparação dos resultados do modelo de ondas WAVEWATCH-III –
NOAA (
National Oceanic and Atmospheric Administration) / NCEP (National Centers
for Environmental Prediction
), utilizando os campos de vento a 10 metros obtidos das
Reanálises do NCEP e do Modelo Atmosférico AVN (
Aviation Forecast) - Análises
(NOAA/NCEP), com o ondógrafo direcional (
Directional Waverider – Mark II) do
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) da Marinha do Brasil,
localizado em Arraial do Cabo – Rio de Janeiro, obter qual dessas bases de dados
atmosféricos melhor representa as condições de mar ocorrentes no oceano Atlântico Sul.
III Área de Estudo
A área de interesse deste trabalho compreende todo o Oceano Atlântico Sul,
embora o enfoque principal seja o litoral sudeste do país, mais precisamente a região do
Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro.
Violante de Carvalho (1998) fez um estudo, com dados de ondas coletados na
Bacia de Campos, sobre o clima de ondas nessa região e sua associação aos eventos
meteorológicos geradores, caracterizando as ondulações de acordo com duas feições
meteorológicas distintas, a Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e os ciclones
extratropicais gerados em altas latitudes.
Essas feições geram ondulações com características muito diferentes em termos
de altura significativa, direção e período de pico, o que faz com que o estado do mar
nessa região seja bastante complexo.
Do ponto de vista espectral essa complexidade é representada por espectros bi, tri
e até mesmo poli modais como apresentado por Parente (1997), Seixas (1997) e mais
recentemente por Pinho (2003).
3
Segundo Innocentini
et al. (2000), o litoral do Rio de Janeiro, devido à orientação
de sua linha de costa, recebe diretamente as ondas provenientes dos ciclones gerados em
altas latitudes, ficando exposto a enormes pistas, com ventos apresentando velocidades
acima de 18m/s capazes de gerar ondas com altura significativa de 5 a 6 m.
Segundo Candella (1997), as principais ondas presentes no Atlântico Sul são as
geradas nas médias e altas latitudes, por tempestades originadas nos ciclones
extratropicais associados à frentes frias. O deslocamento desses ciclones ocorre de oeste
para leste, no Atlântico Sul, gerando ventos de Sudoeste a Sudeste.
As ondas de nordeste e leste estão diretamente associadas à circulação imposta
pelo ASAS, sendo predominantes, em termos de persistência, na região do Cabo Frio. Os
ventos gerados pelo ASAS chegam a atingir 10m/s durante vários dias consecutivos
(Candella, 1997).
IV Modelagem de Ondas
O conhecimento dos mecanismos de geração, interações e decaimento das ondas
superficiais de gravidade oceânicas vêm sendo desenvolvidos durante os últimos 80 anos.
No entanto, apenas nos últimos 50 anos pôde-se obter uma melhor compreensão dos
processos dinâmicos envolvidos em tais fenômenos. Desde a Segunda Grande Guerra, os
estudos sobre previsão de ondas começaram a ser desenvolvidos, visando sua
implementação e utilização operacionais(WMO, 1998).
Os modelos de onda, além de serem utilizados para previsão, podem também
auxiliar em estudos relacionados a processos sedimentares costeiros e a projetos em
estruturas costeiras e oceânicas, relacionadas, por exemplo, a atividades ligadas à
exploração de petróleo.
Nos primeiros experimentos de modelagem e previsão de ondas os ventos eram
obtidos de cartas sinóticas de pressão em superfície, que, por sua vez, era calculado como
sendo o vento geostrófico com uma regra de correção empírica. Essa abordagem,
entretanto, passou a ser menos utilizada com a sofisticação dos modelos de geração e
4
propagação de ondas, e, principalmente, com o advento da previsão numérica do tempo e
o desenvolvimento dos modelos gerais de circulação atmosférica. Dessa forma, tópicos
como a relação entre a velocidade do vento e o fluxo vertical de quantidade de
movimento próximo à superfície do mar, assim como os efeitos da rugosidade nessa
relação despertam cada vez mais interesse (Komen
et. al., 1994).
Atualmente, os pontos principais das teorias e, por conseguinte, dos modelos de
geração de ondas, são as flutuações de pressão em alta resolução temporal e variações de
fluxo vertical de quantidade de movimento na superfície do oceano, associadas aos
deslocamentos de ar sobre as ondas (Massel, 1996).
O estado da arte da modelagem de ondas encontra-se nos modelos chamados de
Terceira Geração. Neste tipo de modelo, o estado do mar é determinado através do
espectro de energia
),(
θ
fF
que descreve a distribuição da energia ao longo da
freqüência
f e da direção de propagação
θ
. A evolução desse espectro no espaço e no
tempo é resolvida pela equação básica de transporte aplicada para energia:
....+++==
dsnlin
SSSS
Dt
DF
(IV.1)
onde:
S
- fontes e sumidouros de energia;
in
S - termo de fonte de energia;
nl
S
- termo de interações não-lineares;
ds
S - termo de dissipação.
A grande evolução dos modelos de Terceira Geração, no entanto, está nas trocas
de energia entre atmosfera e oceano e entre as próprias ondas, que são parametrizadas
sem nenhum tipo de restrição quanto à formas espectrais pré-determinadas, possibilitando
melhor representação de situações de mudanças bruscas de direção de vento, bem como a
interação entre vagas e marulhos (wind-sea e swell) (Tolman et. al., 2002).
O primeiro modelo de ondas de Terceira Geração desenvolvido e
operacionalizado foi o WAM (WAMDI Group, 1988), implementado e mantido
5
operacional em grandes centros de previsão do mundo a partir de 1994 (Tolman et. al.,
2002).
O modelo, no entanto, apresenta algumas deficiências, dentre elas, o esquema de
propagação de primeira ordem, que pode influenciar de maneira adversa à propagação de
swell; um passo de tempo fixo e longo demais para integração dos termos fonte, o que faz
com que possam ocorrer erros na forma do espectro, principalmente em situações de
mudanças rápidas nas condições de ondas; e a subestimação de condições extremas de
mar e a superestimação de situações de mar muito pequeno (Tolman et. al., 2002). Estas
duas últimas considerações, entretanto, também são creditadas à qualidade dos campos de
vento utilizados como forçantes para o modelo. Uma descrição mais completa deste
modelo é apresentada no capítulo VII.
Para suprir essas carências, foi desenvolvido pelo NCEP um novo modelo de
Terceira Geração, o WAVEWATCH-III (WW3), visto que a arquitetura computacional
do modelo WAM praticamente inviabilizava seu aprimoramento (Tolman et. al., 2002).
O desenvolvimento do WW3 teve início em 1993, sendo testado e validado até ser
implementado no NCEP em março de 2000 e mantido operacional até os dias de hoje.
Atualmente, o modelo WW3 está em caráter operacional em praticamente todos
os grandes centros de previsão mundiais, sendo aplicado para diversas regiões, em várias
escalas temporais e espaciais.
V Processos Atmosféricos
Uma boa previsão das ondas superficiais de gravidade oceânicas está intimamente
ligada ao grau de conhecimento que se tem do campo de vento sobre o oceano (Komen
et. al., 1994), ou seja, dos processos dinâmicos que ocorrem na atmosfera.
Assim como no oceano, esses processos podem ser descritos através de um
conjunto de equações diferenciais bastante complexo. Os modelos atmosféricos,
utilizados para uma melhor compreensão dessa dinâmica, são desenvolvidos através da
6
utilização de simplificações desse sistema de equações para situações particulares, onde
determinados fenômenos são considerados, em detrimento de outros.
Para o desenvolvimento desses modelos, faz-se necessária uma criteriosa análise
das escalas espaciais e temporais dos processos físicos envolvidos.
De maneira geral pode-se dividir as escalas de movimento atmosférico em três
classes distintas: escala sinótica, meso-escala e micro-escala, sendo que inúmeras
subdivisões foram e vêm sendo elaboradas e empregadas em cada uma dessas três
grandes classes, o que gera grande controvérsia quanto aos limites espaciais e temporais
por parte de seus autores (Thunis e Bornstein, 1996). Orlanski (1975), por exemplo,
subdividiu as três grandes classes em oito subdivisões distintas, em função da gama de
fenômenos envolvidos em cada uma delas.
Stull (1988) apud Thunis e Bornstein (1996) aborda o problema segmentando
menos as transições entre as escalas, principalmente na transição entre as micro e meso
escalas. Em sua definição, na micro-escala estariam fenômenos como a turbulência,
ondas acústicas, plumas e pequenos redemoinhos, abrangendo variações espaciais de
milímetros até pouco mais de 10 km e variações temporais de segundos a 1 hora.
Na meso-escala, estariam fenômenos variando de 200 m a 200 km, abrangendo
escalas de tempo de 30 min a 1 dia. Fica clara a interseção entre as micro e meso escalas,
estando nuvens do tipo cumulus, tornados, turbulência de céu claro e tempestades como
feições comuns às duas classes. Na meso-escala estariam, ainda, fenômenos como jatos
em baixos níveis, grupos de tempestades, brisa marinha e circulações forçadas por
obstáculos urbanos.
Finalmente, na escala sinótica (macro) estariam as frentes, furacões, ciclones
extratropicais, a circulação geral e as ondas longas, abrangendo escalas espaciais a partir
de 1 dia de duração e escalas espaciais com mais de 200 km de extensão.
7
VI A Modelagem Atmosférica
Atualmente, diversos centros de pesquisa vêm desenvolvendo e mantendo
modelos atmosféricos e de ondas aplicados nas mais variadas escalas espaciais.
Instituições como o European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF),
o Fleet Numerical Meteorology and Oceanography Center (FNMOC), a National
Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) e, mais recentemente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
vêm se destacando na previsão atmosférica e de ondas nos últimos anos.
Uma das aplicações dos modelos atmosféricos é a utilização de seus resultados
como condição de contorno para os modelos de ondas, que os utilizam na solução da
equação (IV.1). Esses resultados são conhecidos no meio meteorológico como as análises
globais, sendo disponibilizados ao público diariamente pelas instituições anteriormente
citadas.
Bidlot et al. (2002) compararam os prognósticos de onda de todos os grandes
centros estrangeiros acima. Seus resultados comprovaram que em todas as
implementações dos modelos globais, há uma tendência à subestimação das alturas de
ondas. Nas áreas de geração de ondas, no entanto, na maioria dos casos ocorre
superestimação e, quando existe subestimação, esta é um pouco menor do que nas demais
regiões. Ainda segundo Bidlot et al. (2002), dentre os dados dos centros de pesquisa
analisados, aquele com menor índice de erros nas previsões de vento, também obteve o
menor erro na previsão de ondas.
De uma maneira geral, o sistema de previsão do ECMWF obteve os melhores
resultados, apesar de apresentar algumas diferenças regionais, como deficiências na
representação das condições de vento e ondas nas bordas oeste das bacias oceânicas
(Bidlot et al., 2002).
Parte dessas diferenças pode ser creditada a erros de assimilação de dados de
vento nos modelos atmosféricos, em virtude das diferenças nas alturas dos anemômetros,
situados em bóias e navios, por exemplo. Dessa forma, a assimilação estaria introduzindo
uma tendência sistemática nos dados de vento, o que por conseqüência, geraria erros nas
previsões de ondas (Bidlot et al., 2002).
8
Uma discussão sobre a qualidade dos campos de vento será apresentada no
capítulo VIII, quando forem apresentados os dados da Reanálise do NCEP (National
Centers for the Environmental Prediction).
Além dos problemas intrínsecos à geração dos campos de vento, a modelagem de
ondas ainda apresenta algumas outras deficiências, como, por exemplo, a resolução
espacial daqueles campos.
A evolução da computação de alto desempenho vem permitindo simulações cada
vez mais complexas e técnicas de aninhamento de grades em modelagem de ondas, nas
quais se transferem condições de contorno de simulações em grandes áreas com baixa
resolução, para grades com melhor resolução e para áreas cada vez menores, têm se
tornado cada vez mais freqüentes.
Na modelagem de ondas, o avanço da dinâmica de fluidos computacional tem
tornado possível resolver espacialmente cada vez melhor a propagação das ondas. Em
contra-partida, os processos físicos da atmosfera, que regem a geração de ondas em
escalas espaciais menores, não são bem resolvidos pelos modelos atmosféricos globais e
resultados de modelos de escalas espaciais menores não são gerados para todas as regiões
do globo, o que faz com que os aninhamentos de grade nos modelos de onda melhorem
apenas em parte os resultados dos mesmos.
VII O Modelo WAVEWATCH-III
O modelo utilizado nesse trabalho será o WAVEWATCH-III (WW3),
desenvolvido no Marine Modeling and Analysis Branch (MMAB) of the Environmental
Modeling Center (EMC) of the National Centers for Environmental Prediction (NCEP),
baseado em seus antecessores: WAVEWATCH-I, desenvolvido na Delft University of
Tecnology e WAVEWATCH-II, desenvolvido na NASA Goddard Space Flight Center
(Tolman, 2002).
9
Sua versão atual é a 2.22, porém, a aqui utilizada é a 1.18, sendo a principal
diferença entre elas o fato de a primeira ser desenvolvida em FORTRAN 90.
O modelo resolve a equação linear de balanço do espectro de energia de ação em
função do número de onda
k e da direção θ. Essa equação é similar à equação (IV.1),
com a assunção implícita de que as variações das escalas espaciais e temporais das
componentes do espectro são muito menores do que as respectivas escalas de mudanças
do espectro, da profundidade e da velocidade das correntes. Em outras palavras, é
assumido que as variações de profundidade e de correntes são lentas, implicando numa
batimetria de grande escala, o que faz com que difração possa ser negligenciada.
Na presença de correntes, a energia das componentes espectrais não é conservada,
devido ao trabalho realizado por aquelas. Nos casos onde não ocorre tal influência, a
energia das componentes é conservada. Como a densidade de ação (A
F/σ) é
conservada, utiliza-se, para os cálculos, o espectro de densidade de ação A(k,
θ) F(k,
θ)/σ.
Assim, a propagação das ondas é descrita por:
σ
S
Dt
DA
= (VII.1)
onde:
D/Dt representa a derivada total;
σ
S
S
= , representa as fontes e sumidouros de energia e;
σ é a freqüência intrínseca, relacionada ao comprimento de onda pela relação de
dispersão obtida da Teoria Linear:
kdgk
tanh
2
=
σ
(VII.2)
onde d é a profundidade média.
10
A freqüência intrínseca é relacionada à freqüência absoluta (
ω) pela equação de
Doppler:
Uk
+
=
σ
ω
(VII.3)
onde
U é o vetor velocidade de corrente médio, tanto no tempo quanto em profundidade.
Em todas as aplicações do modelo nesse trabalho não foram utilizados valores de
velocidade de corrente como condições de contorno para o modelo. Dessa forma
ω = σ (VII.4)
O desenvolvimento num sistema euleriano, utilizado no WAVEWATCH, da
equação de balanço (VII.1) para o espectro A(k,
θ; x, t) é dado por:
σ
θ
θ
S
AAk
k
A
t
A
x
=
+
++
&
&
&
x
(VII.5)
onde:
Ucx
g
+
=
&
, (VII.6)
ss
d
d
k
=
U
k
σ
&
, (VII.7)
=
mm
d
dk
U
k
σ
θ
1
&
, (VII.8)
onde c
g
é o vetor velocidade de grupo e é dado por c
g
e θ, s é uma coordenada na direção
θ e m é uma coordenada perpendicular a s.
A equação (VII.5) é válida para coordenadas planas. Para aplicações em larga
escala, em coordenadas esféricas definidas em latitude e longitude temos:
11
σ
θ
θ
λ
λ
φφ
φφ
S
AAk
k
AA
t
A
g
=
+
+
+
+
&
&
&&
cos
cos
1
(VII.9)
onde:
R
Uc
g
φ
θ
φ
+
=
cos
&
, (VII.10)
φ
θ
λ
φ
cos
sin
R
Uc
g
+
=
&
, (VII.11)
R
c
g
g
θ
θθ
costan
=
&&
, (VII.12)
onde R é o raio da Terra e U
φ
e U
λ
são as componentes da corrente. A equação (VII.12)
inclui um termo de correção para propagação ao longo de grandes círculos, usando uma
definição cartesiana de θ, onde θ = 0 corresponde à ondas se propagando no sentido W-E.
No modelo a equação (VII.9) é divida em partes, para então serem resolvidas a
propagação espacial, propagação intra-espectral e os termos fonte. As propagações
espacial e intra-espectral são resolvidas utilizando o esquema “QUICKEST” (Leonard,
1979), combinado com o limitador “ULTIMATE TVD (total variance diminishing)”
(Leonard, 1991 apud Tolman et al., 2002). Esse esquema é suficientemente livre de
difusão numérica, porém implica numa descontinuação do campo de ondas em virtude da
discretização do espectro. Para evitar tal fenômeno, são utilizadas, na propagação
espacial, as equações modificadas propostas por Booij e Holthuijsen (1987), onde para
cada freqüência do modelo, um passo de tempo de propagação máximo é definido,
satisfazendo o critério de Courant-Friedrichs-Lewy (CFL) (Tolman et al., 2002).
Na propagação intra-espectral, o modelo permite que se ajuste passos de tempo
menores do que os da propagação espacial, evitando o problema de transição entre águas
12
profundas e águas intermediárias para ondas de longo comprimento de maneira eficiente
e econômica do ponto de vista físico e computacional (Tolman, 2002).
VII.1 Termos Fonte
O termo fonte S geralmente é dividido em três partes, um termo de fonte de
energia do vento S
in
, um termo de interação não linear S
nl
e um termo de dissipação de
energia (‘whitecapping’) S
ds
. Para águas rasas, pode-se ainda adicionar um quarto termo
que considera as interações da onda com o fundo S
bot
. Dessa forma, o termo geral de
fonte do WWATCH pode ser representado por:
botdsnlin
SSSSS
+
+
+
= (VII.13)
O esquema numérico utilizado nos termos fonte do WW3 é um esquema semi-
implícito, adaptado do esquema utilizado no modelo WAM (WAMDI Group, 1988).
VII.1.1 Interações Não Lineares
Na região do espectro próxima ao pico de energia, o ganho de energia é maior que
a dissipação. A energia em excesso é transferida pelas interações não-lineares às altas e
baixas freqüências. Nas altas, a energia é dissipada, pois essas ondas possuem curto
período e pequeno comprimento, o que leva a um aumento da esbeltez e ao
encapelamento do mar (‘whitecapping’). A energia transferida para as baixas freqüências
leva ao crescimento de novas componentes de onda no espectro, resultando numa
migração do pico de energia nessa direção (WMO, 1998).
13
O papel dos termos de interação não-linear é estabilizar o espectro, suavizando
continuamente as perturbações locais e forçando-o a retornar a uma forma ‘preferida’
(Young e Van Vledder, 1993).
O tratamento das interações não-lineares define um modelo de Terceira Geração.
No WW3 versão 1.18 utiliza-se a DIA (‘discrete interaction aproximation’),
parametrização que representa as interações não-lineares entre 4 ondas (Hasselmann e
Hasselmann, 1985).
VII.1.2 Fonte e Dissipação de Energia
Estão implementadas no modelo, duas parametrizações para os termos de fonte e
dissipação de energia, a utilizada no WAM-3 e a parametrização baseada nos estudos de
Chalikov e Belevich (1993) e Chalikov (1995).
No modelo WAM, dois pontos básicos são considerados: a parametrização exata
da fonte de transferência não-linear com o mesmo número de graus de liberdade do
espectro e a especificação de uma função representativa da dissipação de energia que
feche o balanço de energia (WAMDI Group, 1988).
Segundo Banner e Young (1994), uma das principais fontes de erro em modelos
de onda, mesmo os de Terceira Geração, é a parametrização dos termos de fonte e
dissipação de energia. No WAM ciclo 3, ela é baseada na relação empírica de Snyder et
al. (1981).
A parametrização utilizada no WAVEWATCH apresentada por Tolman e
Chalikov (1996) diverge da relação de Snyder et al. (1981) em três pontos principais:
I) O termo de fonte pode tornar-se negativo, ou seja, sumidouro de energia, para situações
de grandes ângulos entre as direções da onda e do vento, ou no caso das ondas se
propagarem mais rápidas que o vento; a perda de energia das ondas para o vento pode
resultar num espectro mais estreito e essa "fonte negativa" é esperada como resposta a
mudanças na direção do vento.
II) Resulta em uma entrada de energia total 2 ou 3 vezes menor para mares plenamente
desenvolvidos. Isto se explica em parte pelo “crescimento negativo” ou decréscimo das
14
componentes de onda que se desenvolveram além do limite de saturação do espectro e
pelo pequeno crescimento das componentes próximas ao completo desenvolvimento; a
perda de energia nas baixas freqüências pode diminuir a velocidade de crescimento das
componentes para espectros bem desenvolvidos, contribuindo para que haja um equilíbrio
entre os termos. Tal possibilidade pode, ainda, em caso de espectros suficientemente
desenvolvidos, levar a sua suavização.
III) Resulta em uma maior entrada de energia nas freqüências mais altas que na relação
de Snyder et al. (1981). Dessa forma, a diferença na entrada total de energia entre essa
parametrização e a relação de Snyder et al. (1981) é menor para ondas mais jovens,
aumentando com o desenvolvimento do espectro
.
O termo de dissipação de energia considera as perdas por encapelamento
("whitecapping") e por turbulência. É, segundo Tolman e Chalikov (1996), o termo
menos conhecido, sendo normalmente usado como um ajuste, balanceando o termo de
fonte.
Para representar o termo de dissipação, em geral, é aplicada uma única
parametrização para todo o espectro. Embora essa formulação seja bastante representativa
para as freqüências próximas e abaixo da freqüência de pico, há uma incompatibilidade
entre as escalas de tempo nos processos de dissipação nas baixas e altas freqüências,
fazendo com que o termo necessite ser dividido em, pelo menos, duas constituintes
(Tolman e Chalikov, 1996).
Por razões numéricas, aplica-se, no WAM, uma cauda paramétrica para as altas
freqüências, embora esse artifício apenas fixe a forma do espectro, sem levar em
consideração o nível de energia.
A dissipação nas altas freqüências influencia a forma de dissipação nas baixas
freqüências, sendo necessário uma descrição explícita da dissipação nas altas freqüências
para evitar que ocorra essa contaminação (Tolman e Chalikov, 1996).
Assim, para a representação dos termos de dissipação, são utilizadas no WW3
duas parametrizações, uma para as freqüências próximas e abaixo da de pico, assumindo
que a forma de dissipação de energia nessa região do espectro é similar à dissipação por
turbulência viscosa na camada limite oceânica; e a outra, puramente diagnóstica, para as
15
altas freqüências, formulada para ser consistente com a forma exponencial do espectro de
equilíbrio (Tolman e Chalikov, 1996).
VIII Dados de Vento
VIII.1 As Reanálises do NCEP
A base de dados conhecida como Reanálises do NCEP foi originada de uma
cooperação entre o próprio NCEP e o National Center for Atmospheric Research
(NCAR), com intuito de produzir inicialmente uma rede de 40 anos de dados
meteorológicos globais com base nas análises dos campos atmosféricos (Kalnay et al.,
1996). Posteriormente, esse projeto foi ampliado para uma janela de tempo de 50 anos
(Kistler et al., 2001), mantendo-se até hoje.
A Reanálise do NCEP usa o estado da arte em sistemas de assimilação de dados e
um banco de dados mais completo possível, abrangendo informações meteorológicas
primárias das mais diversas fontes associadas aos dados do modelo atmosférico global do
NCEP (Kistler et al., 2001).
Os dados primários utilizados pelo NCEP para produzir as Reanálises são de
diferentes origens, como dados globais obtidos através de radiossondas, que passaram a
ser válidos a partir de março de 1962 e foram recebidos diretamente de alguns países
como África do Sul, Austrália, Canadá, Argentina, Brasil, Reino Unido, França e Estados
Unidos da América, sendo que entre 1989 a 1991 houve uma grande queda no seu
fornecimento; dados da superfície marinha, originados de observações de navios, bóias
fixas, bóias móveis, estações oceânicas próximas à superfície, entre outros, obtidos em
sua grande maioria através do projeto COADS (Comprehensive Ocean-Atmosphere Data
Set), no período de 1983 a 1996; dados aéreos, originados de observações feitas por
16
aeronaves em todo o globo, geralmente associados a projetos, tais como GARP (Global
Atmospheric Research Program) e GATE (Global Atlantic Tropical Experiment), por
exemplo. Esses dados começaram a ser processados a partir de março de 1962; dados de
superfície terrestre, processados a partir de 1967, obtidos através das forças aéreas ou dos
arquivos do NCEP; dados de satélites, que começaram a ser obtidos em 1967, seguindo
vários programas diferentes.
Atualmente, o NCEP/NCAR utiliza dados fornecidos pelo projeto “Operational
Vertical Sounder System“ (TOVS) com resolução espacial de 2,5º e variáveis em três
dimensões; dados de vento em superfície, em adição aos dados de superfície, os ventos
são obtidos com o sensor espacial “Microwave/Imager” (SSM/I) que fornece os dados
desde 1987; dados de cobertura de nuvem, obtidos de estimativas dos dados de Satélites
Meteorológicos Geoestacionários (SMG), sendo estes disponíveis desde 1978.
Todos os dados obtidos são submetidos ao tratamento feito pela rede neural de
KRANSNOPOLSKY et al. (1995), apud KALNAY et al. (1996), antes de serem
interpolados para as resoluções de armazenamento.
Todos os dados utilizados nas Reanálises passam por um rigoroso controle de
qualidade, sendo que, como existem várias formas de obtenção, cada uma merece um
tratamento diferencial.
Como exposto anteriormente os dados, obtidos de várias fontes, são assimilados
pelo modelo global do NCEP. Essa assimilação faz com que a qualidade dos parâmetros
das Reanálises seja variável em função do grau de dependência das mesmas com o
modelo e com a quantidade de informações disponíveis.
De maneira geral os parâmetros meteorológicos disponíveis nas Reanálises são
classificados em três classes de variáveis, tipos A, B e C, sendo essa classificação
diretamente relacionada ao grau de dependência das mesmas com o modelo e as
observações. As variáveis do tipo A são extremamente dependentes dos dados coletados,
podendo ser consideradas as mais confiáveis (Kistler et al., 2001). As variáveis do tipo B
são influenciadas tanto pelo modelo como pelas observações, podendo ser consideradas
como menos confiáveis do que as anteriores. Nesse grupo está o vento a 10 metros,
utilizado freqüentemente como condição de contorno para modelagem oceânica. As
17
últimas, tipo C, são inteiramente determinadas pelo resultado de modelo, sendo
influenciadas pela assimilação das outras duas classes no modelo.
VIII.2 O Modelo AVN (Análises)
O sistema de previsão numérica do tempo no NCEP, nos anos oitenta, era
composto de dois tipos de previsão, o AVN (Aviation) com 3 dias de previsão, 2
inicializações (análises) diárias (00Z e 12Z) e previsões a cada 3 horas, e o MRF
(Medium-Range Forecast), com previsão de 10 dias, uma inicialização (00Z) e
informações a cada 6 horas.
No período de interesse deste trabalho, o sistema era ainda composto desses dois
tipos de previsão. No entanto, o AVN já era inicializado 4 vezes por dia (00Z, 06Z, 12Z e
18Z), com dados tratados pelo sistema de assimilação GDAS (Global Data Assimilation
System), idêntico ao utilizado nas Reanálises, e com a previsão do modelo utilizada como
first-guess. A resolução do modelo era T126 com 28 níveis na vertical (Caplan et al.,
1997)
Atualmente, esses produtos foram integrados no chamado GFS (Global
Forecasting System), mesclando as características dos dois sistemas anteriores com
algumas melhorias computacionais que possibilitaram principalmente a melhor resolução
espacial do modelo.
VIII.3 Aspectos Importantes
Como foi discutido no capítulo VI, a qualidade da informação de vento é
primordial para que se obtenha um bom resultado na modelagem de geração e
propagação de ondas. Nesse sentido, alguns estudos discutindo aspectos temporais e
18
espaciais dos modelos de onda, bem como a qualidade dos campos de vento foram
realizados, entre eles Cardone et al. (1995) e Graber et al. (1995).
Embora a resolução tanto temporal quanto espacial dos dados de vento seja
determinante para uma boa simulação de onda, outro importante fator a ser discutido é a
inicialização dos modelos atmosféricos, mais especificamente os dados assimilados pelo
modelo. Existe uma grande diferença quantitativa entre o número de observações
assimiladas nos dois hemisférios, o que faz com que no hemisfério norte o sistema de
assimilação seja mais eficiente, em função do maior volume de dados observados e
assimilados.
Exemplos dessa diferença, escolhidos aleatoriamente, são apresentados nas
Figuras 1 e 2.
Figura 1: Observações disponíveis para o Atlântico Norte em 10/11/2003 - 06GMT
(FONTE: www.oceanweather.com, acessado em 2003)
19
Figura 2: Observações disponíveis para o Atlântico Sul em 10/11/2003 - 06GMT
(FONTE: www.oceanweather.com, acessado em 2003)
Quando esses dados são reassimilados para geração das Reanálises do NCEP,
algumas outras fontes são introduzidas, como descrito em KALNAY et al. (1996) e
Kistler et al. (2001). Em contrapartida, os dados têm menor resolução espacial e temporal
comparados aos das análises (modelo), os quais são duas vezes superiores em resolução.
Segundo Swail & Cox (2000), os campos de vento a 10 metros obtidos das
Reanálises são, no mínimo, tão bons quanto os obtidos das análises. Entretanto, a
resolução com que esses dados são disponibilizados pelos grandes centros
meteorológicos mundiais pode trazer algumas deficiências para sua utilização em
modelagem de ondas.
20
IX Descrição dos Experimentos
Com o objetivo de avaliar as respostas do modelo às variações das condições de
contorno, foram realizados experimentos abrangendo toda a região do oceano Atlântico
Sul, sendo ajustada uma grade com um grau de resolução espacial, entre os paralelos de
80º sul até o Equador e entre os meridianos de 100º oeste e 20º leste, utilizando as
informações de topografia de fundo da base de dados ETOPO5
(www.ngdc.noaa.gov/mgg/global/seltopo.html
).
A grade espectral do modelo foi discretizada com 24 direções e 25 freqüências,
iniciando em 0.042 Hz, com incremento dado na forma de progressão geométrica de
razão 1.124.
Foram realizadas duas simulações, utilizando os campos de vento das Reanálises,
atualizados a cada seis horas, e das Análises (AVN), atualizados a cada três horas, sendo
ambos interpolados linearmente pelo modelo ao longo dos intervalos de atualização. Os
arquivos de resultados do modelo foram gerados a cada 3 horas durante o período
simulado.
Os dados de vento utilizados foram interpolados linearmente para a resolução do
modelo com auxílio da UDF (user defined function) REGRID2 do Software GrADS
(Doty, 1995).
A simulação abrangeu os meses de abril, maio e junho de 1997 e os resultados
foram comparados em termos de altura significativa, período de pico, período médio e
direção principal, com os dados do ondógrafo direcional (Directional Waverider – Mark
II, fabricado pela Datawell – www.datawell.nl
) do Instituto de Estudos do Mar Almirante
Paulo Moreira IEAPM da Marinha do Brasil, em Arraial do Cabo – Rio de Janeiro. O
ponto de grade do modelo utilizado para a comparação, em função da discretização
utilizada, está localizado na mesma longitude e aproximadamente 1º de latitude a sul da
localização do ondógrafo.
21
X Resultados e Discussão
Serão apresentados a seguir os resultados das simulações realizadas com o modelo
de ondas, bem como uma análise das diferenças dos campos de vento utilizados como
condições de contorno para as simulações.
X.1 Dados de Vento
Nessa seção serão apresentadas as características dos campos de vento utilizados
nas simulações, bem como uma discussão de suas diferenças.
Nas Figuras 3 e 4 podem ser observados os campos de energia média do vento
calculados com os dados da Reanálise e com os dados do AVN, respectivamente, para
todo o período simulado.
Pode-se observar que, de maneira geral, os campos são similares, apresentando
aproximadamente a mesma distribuição da energia no espaço. Vale, entretanto, ressaltar
que no calculo da média temporal, a variabilidade temporal e algumas características
transientes dos campos de vento são perdidas e serão discutidas mais tarde.
22
Figura 3: Campo de energia média obtida com os dados da Reanálise para os meses
de abril, maio e junho de 1997.
Figura 4: Campo de energia média obtida com os dados do AVN para os meses de
abril, maio e junho de 1997.
23
Na Figura 5 pode ser observada a variação da energia média do modelo AVN e da
Reanálise integrada meridionalmente para todo o período simulado.
Figura 5: Energia média integrada meridionalmente para os meses de abril, maio e
junho de 1997.
Pode se notar que os valores de energia crescem substancialmente, em ambas as
bases de dados, na faixa entre os paralelos de 40º e 60º S. Essa região é caracterizada por
uma dinâmica muito intensa, como pode ser comprovada pelos dados apresentados,
associada a fenômenos de ciclogênese e frontogênese.
Embora haja grande semelhança entre os campos médios de energia, na Figura 6
pode ser observada a diferença entre eles. Valores positivos representam maior energia no
cálculo com os dados da Reanálise em relação ao cálculo com os dados do AVN,
enquanto que valores negativos representam o contrário.
Pode-se observar um domínio energético dos dados da Reanálise na região
próxima a costa de toda a América do Sul, além de um cinturão bem marcado entre as
24
latitudes de 10º e 20º S. No extremo sul do Atlântico Sul ocorre também o máximo
positivo da diferença, correspondente aos dados das Reanálises, região de formação e
intensificação de ciclones extratropicais.
No interior da Bacia do Atlântico e nas proximidades do Equador, ocorrem as
diferenças negativas, referentes a maior quantidade de energia presente nos dados do
modelo AVN.
Figura 6: Campo de diferença na energia média obtida com os dados da Reanálise
subtraído dos dados do AVN para os meses de abril, maio e junho de 1997.
Nas Figuras 7 e 8 são apresentados os campos de variância da energia para todo o
período simulado. Mais uma vez nota-se uma distribuição bastante similar entre as duas
bases de dados. Observa-se, entretanto que o cinturão de maior variação da energia é
mais largo no cálculo com os dados do AVN, entre 30º e 70º S, enquanto que na
Reanálise varia entre 40º e 60º S.
25
Figura 7: Campo de variância da energia calculado com os dados da Reanálise para
todo os meses de abril, maio e junho de 1997.
Figura 8: Campo de variância da energia calculado com os dados do AVN para todo
os meses de abril, maio e junho de 1997.
26
Na Figura 9 é apresentada a variância integrada meridionalmente para o período
de simulação. Pode-se observar o alargamento da faixa de maior variância da energia
integrada, principalmente para sul, nos dados do modelo AVN.
Outro fator importante a ser destacado é a coincidência entre a região de maior
variabilidade da energia com a região de maior energia apresentada anteriormente. Nessa
área ocorre a geração das maiores ondulações encontradas no Atlântico Sul, associadas
aos ciclones ali gerados ou intensificados.
Alguns estudos, como por exemplo, Covey et al. (1999) mostram que é também a
partir desses paralelos que são encontradas as maiores diferenças entre os resultados dos
modelos atmosféricos operacionais nos grandes centros mundiais.
Figura 9: Variância da energia integrada meridionalmente para os meses de abril,
maio e junho de 1997.
27
Com objetivo de melhor caracterizar os campos de vento e suas diferenças,
principalmente na região de maior energia mencionada anteriormente, foi estabelecida
uma metodologia de análise baseada em setores de 10º por 10º de latitude e longitude,
como podem ser observados na Figura 10.
Figura 10: Representação esquemática dos setores analisados.
Foram analisadas as evoluções temporais da energia integrada espacialmente para
cada setor representado na Figura 10. Esta análise mostrou diferenças entre as duas bases
de dados, como pode ser observado nas Figuras 11, 12 e 13, referentes aos setores 1, 3 e
6, respectivamente.
28
1-A
pr
3-A
p
r5-A
p
r7-A
p
r9-A
pr
11-A
p
r13-A
p
r15-A
p
r 17-A
pr
19-A
p
r21-A
p
r 23-A
p
r25-A
p
r 27-A
pr
29-A
p
r1-Ma
y
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
1-Ma
y
3-Ma
y
5-Ma
y
7-Ma
y
9-Ma
y
11-Ma
y
13-Ma
y
15-Ma
y
17-Ma
y
19-Ma
y
21-Ma
y
23-Ma
y
25-Ma
y
27-Ma
y
29-Ma
y
31-Ma
y
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
31-May 2-Jun 4-Jun 6-Jun 8-Jun 10-Jun 12-Jun 14-Jun 16-Jun 18-Jun 20-Jun 22-Jun 24-Jun 26-Jun 28-Jun 30-Jun
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
Figura 11: Evolução temporal da energia integrada para o setor 1.
29
3-A
p
r5-A
p
r7-A
p
r9-A
p
r 11-A
pr
13-A
pr
15-A
pr
17-A
pr
19-A
pr
21-A
p
r23-A
p
r25-A
p
r27-A
p
r29-A
p
r1-Ma
y
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
1-Ma
y
3-Ma
y
5-Ma
y
7-Ma
y
9-Ma
y
11-Ma
y
13-Ma
y
15-Ma
y
17-Ma
y
19-Ma
y
21-Ma
y
23-Ma
y
25-Ma
y
27-Ma
y
29-Ma
y
31-Ma
y
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
31-Ma
y
2-Jun 4-Jun 6-Jun 8-Jun 10-Jun 12-Jun 14-Jun 16-Jun 18-Jun 20-Jun 22-Jun 24-Jun 26-Jun 28-Jun 30-Jun
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
AVN
Reanálises
Figura 12: Evolução temporal da energia integrada para o setor 3.
30
1-A
pr
3-A
p
r5-A
p
r7-A
p
r9-A
pr
11-A
p
r13-A
p
r15-A
p
r 17-A
pr
19-A
p
r21-A
p
r 23-A
p
r25-A
p
r 27-A
pr
29-A
p
r1-Ma
y
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
1-Ma
y
3-Ma
y
5-Ma
y
7-Ma
y
9-Ma
y
11-Ma
y
13-Ma
y
15-Ma
y
17-Ma
y
19-Ma
y
21-Ma
y
23-Ma
y
25-Ma
y
27-Ma
y
29-Ma
y
31-Ma
y
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
31-Ma
y
2-Jun 4-Jun 6-Jun 8-Jun 10-Jun 12-Jun 14-Jun 16-Jun 18-Jun 20-Jun 22-Jun 24-Jun 26-Jun 28-Jun 30-Jun
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Energia (J)
AVN
Reanálises
Figura 13: Evolução temporal da energia integrada para o setor 6.
31
Pode-se observar uma defasagem entre alguns eventos representados pela
Reanálise em relação ao mesmo evento representado AVN. Essa defasagem ocorre
principalmente em situações de maior energia associada, como se percebe na Figura 11
entre os dias 16 a 21 de abril, Figura 12 no dia 11 de maio e Figura 13 entre os dias 20 e
26 de maio.
Ocorrem ainda eventos onde ora a quantidade de energia é maior no calculo com
a Reanálise e ora é maior no cálculo com o AVN, como pode ser observado na Figura 11,
próximo ao dia 1 de junho, na Figura 12, próximo ao dia 11 de maio e na Figura 13,
próximo ao dia 26 de maio.
Ainda a respeito das diferenças entre as energias integradas nos setores,
encontram-se eventos divergentes entre as duas bases de dados, como pode ser observado
na Figura 12, entre os dias 1 e 6 de maio e na Figura 13, próximo ao dia 16 de junho.
Nas Figuras 14 e 15 são apresentadas as diferenças entre a energia integrada por
setor, calculadas com os dados da Reanálise, subtraído dos valores calculados como os
dados do AVN. Valores positivos representam maior energia calculada com os dados da
Reanálise, enquanto que valores negativos representam maior energia associada aos
dados do AVN.
32
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A1
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A2
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A3
AVN com maior energia
Reanálise com maior energia
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A4
Figura 14: Diferença na energia integrada por setor (A1, A2, A3 e A4) para os
meses de abril, maio e junho de 1997.
33
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A5
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A6
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
A7
1-Apr 7-Apr 13-Apr 19-Apr 25-Apr 1-May 7-May 13-May 19-May 25-May 31-May 6-Jun 12-Jun 18-Jun 24-Jun 30-Jun
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Energia (J)
AVN com maior energia
Reanálise com maior energia
A8
Figura 15: Diferença na energia integrada por setor (A5, A6, A7 e A8) para os
meses de abril, maio e junho de 1997.
34
Integrando as áreas das diferenças positivas e negativas das Figuras 14 e 15,
quantifica-se o balanço de energia entre as duas bases de dados, ou seja, o total dos
eventos onde há maior quantidade de energia presente nos dados da Reanálise, diferenças
positivas, e o total de eventos onde há maior quantidade de energia presente nos dados do
AVN, diferenças negativas. Esses resultados são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Balanço de Energia nos Setores Analisados
Diferenças Positivas Integradas (J) Diferenças Negativas Integradas (J)
Setor A1 1278.9 1907.3
Setor A2 926.4 2814.3
Setor A3 1836.3 1583.8
Setor A4 1695.9 2208
Setor A5 1539.1 2381
Setor A6 2470.9 2400.3
Setor A7 2124.5 2377.7
Setor A8 2032 2571.2
Total 13904 18244
Os valores apresentados na Tabela 1 mostram uma predominância de maiores
valores de energia presente nos dados do AVN, com exceção dos setores A3 e A6, onde
os valores de energia da Reanálise são ligeiramente superiores. Analisando o total das
diferenças, percebe-se que ao longo da simulação os dados do AVN apresentam, de
maneira geral, maior quantidade de energia nos setores analisados.
Na Figura 16 é apresentada a variação da diferença da energia integrada no tempo
para os setores analisados, na forma de mapa.
Pode-se perceber que no extremo sul dos setores analisados a energia presente nos
dados da Reanálise é superior a dos dados do AVN, entretanto em todas as outras regiões
o inverso acontece. Vale ainda ressaltar a gradação de cor presente na figura entre o
domínio energético dos dados do AVN, nordeste da região, e o domínio da Reanálise, no
35
sudoeste da área analisada (diagonal A2 – A6). Outro fator a ser destacado é a maior
ordem de grandeza das diferenças negativas, ou seja, quando a diferença ocorre em
decorrência da maior energia presente nos dados do AVN (diferença A2), essa é pelo
menos uma ordem de grandeza maior do que a diferença positiva (diferença A6) .
Figura 16: Diferença da energia integrada no tempo para os setores analisados
Valores positivos indicam mais energia presente nos dados da Reanálise em relação
aos dados do AVN.
X.2 Resultados do Modelo de Ondas
A seguir serão apresentados os resultados do modelo de ondas para o período
simulado. É importante ressaltar que a posição de fundeio do ondógrafo durante o
período simulado impedia que o mesmo registrasse ondas de nordeste, impondo um filtro
natural aos dados medidos.
36
As ondas de nordeste e leste nessa região estão associadas a situações de bom
tempo, sendo geradas pela ação da ASAS (Candella, 1997). Dessa forma, a comparação
presente nesse trabalho restringe-se aquelas situações onde há presença de swell, gerado
em mais altas latitudes, na região de estudo.
Na Figura 17 é apresentada a evolução temporal da altura significativa (HS)
calculada pelo modelo com os ventos da Reanálise e do AVN, comparados como os
dados medidos pelo ondógrafo. É possível identificar eventos onde há uma subestimação
do modelo com ambos os dados em relação à medição do ondógrafo, como por exemplo,
no período próximo ao dia 30 de abril.
Nota-se que em determinados eventos essa subestimação é reduzida, ora com os
dados da Reanálise, ora com os dados do AVN, como pode ser observado nos períodos
próximos a 20 de abril e 30 de abril, respectivamente.
1-Ap
r
8-Apr 15-Ap
r
22-Ap
r
29-Ap
r
6-Ma
y
13-Ma
y
20-Ma
y
27-Ma
y
3-Jun 10-Jun 17-Jun 24-Jun 1-Jul 8-Jul
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
7.00
HS (m)
Figura 17: Evolução temporal de HS para todo o período simulado, comparação
entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.
Nas Figuras 18, 19, 20 e 21 são apresentados gráficos de dispersão entre os
resultados do modelo de período médio e período de pico com os dados do ondógrafo.
Observa-se que de uma maneira geral o modelo apresenta, nas duas simulações,
uma boa correlação com os dados medidos, principalmente para HS e período médio
(TM) como pode ser observado na Tabela 2.
37
Figura 18: Dispersão entre os valores de TM calculado pelo modelo com os dados da
Reanálise e os dados do ondógrafo.
Figura 19: Dispersão entre os valores de TM calculado pelo modelo com os dados do
AVN e os dados do ondógrafo.
38
Figura 20: Dispersão entre os valores de TP calculado pelo modelo com os dados da
Reanálise e os dados do ondógrafo.
Figura 21: Dispersão entre os valores de TP calculado pelo modelo com os dados do
AVN e os dados do ondógrafo.
39
Tabela 2: Correlação entre os resultados do modelo, utilizando os dados da
Reanálise (WW3/Reanálise) e utilizando os dados do AVN (WW3/AVN) e os dados
medidos pelo ondógrafo
HS TP TM DIR
WW3/Reanálise 0.86 0.46 0.76 0.63
WW3/AVN 0.82 0.55 0.77 0.67
Na Tabela 3, são apresentados os valores de erro médio quadrático (RMS) entre
os resultados de modelo e os dados do ondógrafo.
Tabela 3: RMS entre os resultados do modelo, utilizando os dados da Reanálise
(WW3/Reanálise) e utilizando os dados do AVN (WW3/AVN) e os dados medidos
pelo ondógrafo
HS (m) TP (s) TM (s) DIR (º)
WW3/Reanálise 0.73 2.58 1.25 33.65
WW3/AVN 0.74 2.46 1.34 31.55
Os resultados de RMS entre as simulações e os dados medidos mostraram-se
muito próximos em todos os parâmetros analisados, principalmente para HS. Em relação
ao período de pico os resultados do modelo forçado como os dados do AVN foram
ligeiramente melhores, embora para o período médio a situação seja inversa. Para a
direção média obteve-se valores de RMS em torno de 30º, como pode ser observado na
Tabela 3. Este valor pode ser, em parte, explicado pela não representação de eventos de
nordeste nos dados do ondógrafo, como descrito no início desta seção.
Embora o valor de RMS calculado para direção média tenha sido relativamente
alto, os mesmos valores para os outros parâmetros mostram que os resultados das duas
simulações, de maneira geral, foram satisfatórios, ficando as maiores diferenças
localizadas nos eventos isolados, como pode ser observado nas Figuras 22 e 23.
40
-1
0
1
2
3
HS (m)
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
Período de Pico (s)
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Período Médio (s)
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-100
-50
0
50
100
150
Direção Média (º)
Figura 22: Diferença entre os parâmetros calculados pelo modelo com os dados da
Reanálise e os dados medidos pelo ondógrafo para todo o período de simulação.
41
As Figuras 22 e 23 ilustram a diferença entre medição do ondógrafo e modelo, ou
seja, valores positivos de diferença representam subestimação do modelo, enquanto que
valores negativos, superestimação do mesmo.
Pode-se observar que os valores de HS e TP estão quase sempre subestimados
pelo modelo, principalmente em eventos com altos valores de HS, freqüentemente
relacionados às tempestades extratropicais. Essa tendência de subestimação para altos
valores de HS é também encontrada por Bidlot et al. (2002) e por Swail & Cox (2000),
sendo que este último a atribui à subestimação desses fenômenos nos modelos
atmosféricos.
Nota-se que os valores de superestimação do modelo são bem menores do que os
valores subestimados. Isto ocorre, pois os resultados superestimados estão associados a
eventos de baixos valores de HS, relacionados a eventos locais de geração de ondas.
Esses eventos, no entanto apresentam direções leste e nordeste, ficando sua análise
comprometida em função da deficiência dos dados do ondógrafo na representação dessas
situações.
Na Figura 24 é apresentada a evolução temporal da direção, pode-se notar
claramente que o valor mínimo de direção medido pelo ondógrafo foi maior que 100º, ou
seja, não há presença de ondulações de leste e nordeste nos dados.
42
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-1
0
1
2
3
HS (m)
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
Período de Pico (s)
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Período Médio (s)
1-Apr 9-Apr 17-Apr 25-Apr 3-May 11-May 19-May 27-May 4-Jun 12-Jun 20-Jun 28-Jun 6-Jul
-100
-50
0
50
100
150
200
Direção Média (º)
Figura 23: Diferença entre os parâmetros calculados pelo modelo com os dados do
AVN e os dados medidos pelo ondógrafo para todo o período de simulação.
43
1-Apr 8-Apr 15-Apr 22-Apr 29-Apr 6-May 13-May 20-May 27-May 3-Jun 10-Jun 17-Jun 24-Jun 1-Jul 8-Jul
0.0
22.5
45.0
67.5
90.0
112.5
135.0
157.5
180.0
202.5
225.0
247.5
270.0
292.5
315.0
337.5
360.0
Direção (graus)
Figura 24: Evolução temporal da direção para todo o período simulado,
comparação entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.
Nas Figuras 25, 26 e 27, são apresentadas as evoluções temporais de HS, direção
e TP, respectivamente, para o período entre 3 e 15 de junho de 1997, em função das
diferenças encontradas nas simulações nesse período. Nota-se que ocorre uma
subestimação de HS e TP dos dados modelados no período entre os dias 3 e 8 de junho,
com a simulação utilizando o AVN sendo menos subestimada, seguindo o padrão de toda
a simulação.
Entre os dias 9 e 11 de junho, os resultados do modelo mostram valores de HS
superiores e valores de TP inferiores aos do ondógrafo. Analisando a direção para o
mesmo período percebe-se que se trata de um evento de direção leste e nordeste, faixa
não representada pelos dados do ondógrafo.
Posteriormente, entre os dias 11 e 14 de junho os resultados do modelo
novamente subestimam os valores medidos pela bóia, sugerindo que os dados de vento
não representaram esse evento meteorológico.
44
3-Jun 4-Jun 5-Jun 6-Jun 7-Jun 8-Jun 9-Jun 10-Jun 11-Jun 12-Jun 13-Jun 14-Jun 15-Jun 16-Jun 17-Jun
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
HS (m)
Ondógrafo
WW3/AVN
WW3/Reanálises
Figura 25: Evolução temporal de HS, entre os dias 3 e 15 de junho de 1997,
comparação entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.
3-Jun 4-Jun 5-Jun 6-Jun 7-Jun 8-Jun 9-Jun 10-Jun 11-Jun 12-Jun 13-Jun 14-Jun 15-Jun 16-Jun 17-Jun
45
90
135
180
225
Direção Média (º)
Ondógrafo
WW3/AVN
WW3/Reanálise
Figura 26: Evolução temporal da direção, entre os dias 3 e 15 de junho de 1997,
comparação entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.
45
3-Jun 4-Jun 5-Jun 6-Jun 7-Jun 8-Jun 9-Jun 10-Jun 11-Jun 12-Jun 13-Jun 14-Jun 15-Jun 16-Jun 17-Jun
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
10.0
11.0
12.0
13.0
14.0
15.0
16.0
Período de Pico (s)
Ondógrafo
WW3/AVN
WW3/Reanálise
Figura 27: Evolução temporal de TP, entre os dias 3 e 15 de junho de 1997,
comparação entre os resultados do modelo e a medição do ondógrafo.
Particularmente para esse evento do dia 13 de junho, pode-se perceber que
embora os valores de direção média e TP calculados pelo modelo tenham seguido a
tendência dos dados do ondógrafo, os valores de HS mostram que a energia contida nos
modelos era inferior àquela medida.
Além da subestimação dos modelos de onda em situações de tempestades
extratropicais, segundo Swail & Cox (2000) ciclones tropicais também são mal
representados pelos campos de vento, principalmente das Reanálises, os quais, além da
baixa resolução espacial, ainda apresentam uma subestimação da energia.
Estudos sobre a qualidade dos campos de vento para simulações com modelos de
onda são extensivamente realizados no hemisfério norte, identificando as deficiências
aqui descritas dessas fontes de dados.
Essas deficiências somadas ao baixo número de observações in situ, disponíveis
no hemisfério sul (ver seção VIII.3 Aspectos Importantes), faz com que hajam
discrepâncias nos campos de vento disponíveis para esta região.
Observando as Figuras 28, 29, 30 e 31 pode-se perceber claramente essas
diferenças. Embora os valores de intensidade do vento estejam próximos, a localização
do centro do ciclone está totalmente diferente, corroborando e exemplificando as
46
diferenças de intensidade e defasagens temporais encontradas na análise da energética
dos campos de vento apresentada anteriormente.
Figura 28: Campo de vento a 10 metros da Reanálise para o dia 29/05/1997 as 06Z.
Figura 29: Campo de vento a 10 metros do AVN para o dia 29/05/1997 as 06Z
47
Figura 30: Campo de vento a 10 metros da Reanálise para o dia 31/05/1997 as 06Z.
Figura 31: Campo de vento a 10 metros do AVN para o dia 31/05/1997 as 06Z.
48
Analisando a evolução desse ciclone com os dados do AVN, observa-se que além
de mais intenso, a atuação dos ventos associados no modelo de ondas representou melhor
a geração da ondulação presente nos dados do ondógrafo, como pôde ser observado nas
Figuras 25, 26 e 27.
XI Conclusões
Pode-se concluir que de maneira geral o modelo de ondas apresentou um
desempenho satisfatório na representação das condições de swell, tanto com os dados das
Reanálises como com os dados do AVN, como pôde ser observado nos valores de
correlação e de RMS, para altura significativa e período médio.
O posicionamento do ondógrafo durante o período de simulação impediu que
fosse possível uma discussão mais abrangente sobre as deficiências dos dados de ventos
para situações de ondulações de nordeste e leste, associadas ao mar local. Isso explica,
em parte, os piores índices de correlação e de RMS para direção e período de pico.
Essas deficiências na representação de mar local, entretanto são fato conhecido no
meio cientifico, e são freqüentemente associadas a pouca resolução desses dados para
representar fenômenos de mesoescala atmosféricos (Swail & Cox, 2000). Em
contrapartida sua utilização para representação de swell era tida como satisfatória, a
menos da subestimação de tempestades geradas em altas latitudes.
A análise dos campos de vento utilizados nesse estudo, no entanto, mostrou
diferenças entre as bases de dados aqui discutidas, sendo estas variáveis em função do
setor analisado. Como a geração do swell que atinge o litoral sudeste do Brasil varia,
geralmente, entre as latitudes de 35º e 55º S (Candella, 1997), coincidindo com a
localização dos setores analisados, as diferenças entre os setores sugerem que a
representação desses eventos seja diferenciada de acordo com sua localização. Dessa
maneira, pode-se concluir que o melhor desempenho de uma ou outra base de dados para
situações de geração de swell será variável em função da localização do evento
meteorológico responsável pela geração das ondas.
49
Como pôde ser observado, em determinadas situações, a subestimação é menor
quando da utilização dos dados do AVN, que possuem melhor resolução espacial. Esse
resultado vai contra a afirmativa apresentada por Swail & Cox (2000) de que os dados da
Reanálise são tão bons ou melhores do que o melhor produto disponível nas análises
(AVN).
Essa diferença entre o presente trabalho e os resultados de Swail & Cox (2000)
pode ser explicada pelo maior número de observações (dados in situ), disponíveis no
hemisfério norte e assimiladas nas Reanálises. No hemisfério sul os valores de vento a 10
metros das Reanálises ficam mais dependentes do modelo e a melhor resolução dos dados
do AVN gera melhores resultados nos modelos de ondas.
É importante destacar que em alguns casos nenhuma das bases de dados
conseguiu representar bem a ondulação presente nos dados do ondógrafo, sugerindo que
embora satisfatória para representação de swell, a utilização desses dados com esse
propósito deve ser realizada com cautela.
Como meta futura, sugere-se uma avaliação nos mesmos moldes da aqui
apresentada, para situações de mar local, além de um estudo mais longo comparando
outras bases, como por exemplo, as Reanálises do ECMWF, além de uma análise
setorizada da energética associada a essas bases de dados para todo o oceano Atlântico
Sul.
50
XII Referências Bibliográficas
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