Download PDF
ads:
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
Núcleo de Doenças Infecciosas
Mestrado em Doenças Infecciosas
Ana Daniela Izoton de Sadovsky
AGENTES INFECCIOSOS ASSOCIADOS À DIARRÉIA AGUDA EM
CRIANÇAS ATÉ TRÊS ANOS DE IDADE: ESTUDO EM UM
HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA – ES”
Vitória - Espírito Santo
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ana Daniela Izoton de Sadovsky
“AGENTES INFECCIOSOS ASSOCIADOS À DIARRÉIA AGUDA EM
CRIANÇAS ATÉ TRÊS ANOS DE IDADE: ESTUDO EM UM
HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA – ES”
Dissertação apresentada ao programa de
Pós- Graduação em Doenças Infecciosas do
Núcleo de Doenças Infecciosas da
Universidade Federal do Espírito Santo,
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Doenças Infecciosas.
Orientadora : Prof. Dra. Liliana Cruz Spano
Co-Orientador: Prof. Dr. Fausto Edmundo
Lima Pereira
Vitória – Espírito Santo
2005
ads:
Sadovsky, Ana Daniela Izoton de
Agentes infecciosos associados à diarréia aguda em crianças até três anos de
idade: estudo em um hospital de referência no município de Vitória – ES.
Ana Daniela Izoton de Sadovsky. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo,
Núcleo de Doenças Infecciosas – Centro Biomédico, 2005.
137 f.
Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Doenças Infecciosas do Núcleo de Doenças Infecciosas - NDI.
1.Gastroenterite infantil 2.Diarréia Aguda Infecciosa 3. Enterobactérias 4.Rotavírus
I. Universidade Federal do Estado do Espírito Santo. II. Centro Biomédico. Núcleo
de Doenças Infecciosas. III. Título
Ao meu querido Esteban, minhas
filhas Isabella e Carolina e meu filho
Gabriel, razões de minha felicidade
diária.
Aos meus pais Olívio e Lena, razões
de minha existência e dedicação aos
estudos.
Aos meus sogros Oscar e Martha,
razões para meu intenso
questionamento e curiosidade.
A todas as mulheres que amam sua
profissão e que são mães....
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Liliana Cruz Spano, incansável pesquisadora, pela
paciência e confiança, além do principal incentivo de meu desenvolvimento nesta
área apaixonante da Virologia;
Ao meu co-orientador e coordenador do Mestrado em Doenças Infecciosas, Dr.
Fausto Edmundo Lima Pereira, admirável exemplo desde minha graduação, pelo
seu carinho de mestre e oportunidade de aprender a realizar pesquisa;
Ao Dr. José Paulo Gagliardi Leite, pela viabilização da pesquisa de Rotavirus
pelo treinamento em seu laboratório da metodologia EIERA, por todo apoio científico
e disponibilização de recursos para finalização do estudo viral;
À Dra. Sônia Maria de Souza Kitagawa, pela disponibilização de seu material que
possibilitou a realização do estudo, além do enriquecimento da discussão sobre os
enteropatógenos bacterianos;
Ao Dr. Reynaldo Dietze, coordenador do Núcleo de Doenças Infecciosas.
Ao Dr Mauro Batista de Morais, pelos conhecimentos e apoio desde minha
residência médico e, sobretudo, incentivo acerca do tema da minha tese.
À Dra. Isabel C A. Scaletsky, Universidade Federal do Estado de São Paulo
(UNIFESP), pela realização dos testes de hibridização nas amostras enviadas.
À Dra. Dália dos Prazeres Rodrigues, Laboratório de Enterobactérias da
Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ RJ, pela determinação dos sorotipos de
Salmonella;
Ao Sr. Alexandre Madi Fialho, pelos ensinamentos na realização da eletroforese
em gel de poliacrilamida na pesquisa do ácido nucléico viral;
Dra Maria da Penha Herkenhorf, laboratório de Microbiologia do LACEN, por
reencaminhar kit de Biomanguinhos para detecção de ags de RV e de Ad.
À Dra. Elizabeth Gobbi, diretora clínica HINSG pelo consentimento da pesquisa;
Ao Laboratório de Análises Clínicas Quintão Ltda., na pessoa da Dra. Wânia
Quintão Coimbra, Unidade do HINSG, que gentilmente auxiliou na obtenção de
amostras fecais de pacientes assintomáticos;
As minhas amigas de trabalho (e de coração) farmacêuticas Ketene W. Saick e
Paula N. Segui, sem as quais eu não teria um trabalho tão completo e enriquecedor;
As minhas queridas técnicas de laboratório Heloisa, Erica e Lia, pela dedicação à
minha pesquisa;
A todos os plantonistas do Pronto socorro do HINSG, que apesar de todo
cansaço imposto por um dia exaustivo de trabalho, recebiam-me com sorrisos e boa
vontade para que eu continuasse minha pesquisa;
A todos os funcionários (enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem, e
outros), sempre dispostos a me auxiliar no Pronto Socorro do HINSG;
Aos meus pequenos pacientes e seus pais, que possibilitaram a pesquisa;
Aos meus colegas de mestrado, professores e funcionários do NDI pela torcida;
À Sra. Fátima Aparecida Pereira, amiga e fiel secretária do Curso de Pós-
Graduação em Doenças infecciosas, pelos inúmeros auxílios;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
COLAB/MS e FIOCRUZ pelo suporte financeiro deste trabalho;
Aos meus amigos que, mesmo não tendo sido mencionados, foram importantes
pela amizade e incansável apoio;
A minha irmã, meus cunhados e cunhadas, aos meus sobrinhos e sobrinha e
familiares pelo cuidado com meus filhos quando minha presença não era possível;
Aos meus pais e sogros, por todos os inúmeros auxílios e sobretudo, pelo amor
fraternal e incentivo, tornando possível finalizar mais esta etapa de minha vida;
Ao meu marido, pela paciência, amor e companheirismo que tornaram minha
tarefa um pouco menos cansativa;
Aos meus filhos, pelo amor, pelo aprendizado diário que me concedem sob todos
os aspectos e pela aceitação de minhas incontáveis ausências ao seu lado;
Ao Senhor, infinitamente bondoso e sábio, que sempre me conduziu durante
todos os dias de minha Vida e à Maria, mãe do Céu, que me fez encontrar forças
iguais às minhas tarefas.
RESUMO
A diarréia aguda é uma causa importante de mortalidade infantil, nos países em
desenvolvimento (OMS). A prevalência de rotavírus (RV), adenovírus (Ad),
categorias diarreiogênicas de E. coli (DEC), Salmonella, Shigella,
Cryptosporidium spp., Entamoeba histolytica e Giardia lamblia, foi pesquisada em
crianças até 3 anos de idade. De fevereiro de 2003 a junho de 2004, foram
obtidas 253 amostras fecais de crianças com diarréia aguda e 78 sem diarréia,
atendidas no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), Vitória ES. O
estudo das bactérias foi feito em 241 amostras fecais (12 excluídas por uso de
antimicrobiano) com isolamento de colônias caracterizadas bioquimicamente
como E.coli em 219 e 68 casos com diarréia e sem diarréia, respectivamente.
Estes casos foram submetidos à sorologia com anti-soros polivalentes (EPEC e
EIEC) e testes de hibridização (Hibr) para pesquisa de genes de virulência para
detecção de EPEC, ETEC, EIEC, EHEC, EAEC e DAEC. RV foram pesquisados
em 147 casos por ensaio imunoenzimático (EIERA) e em 230, através da
eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA), e Ad em 147 casos, por ensaio
imunoenzimático (EIERA). Os protozoários foram pesquisados 88 amostras por
ensaio Imunoenzimático (EIE). As crianças com diarréia foram divididas em:
Grupo I (88 casos = todos os agentes pesquisados), Grupo II (147 casos =
bactérias, RV e Ad - EIERA) e Grupo III (230 casos = bactérias e RV - EGPA) e
as crianças sem diarréia compuseram o Grupo IV (78 casos = bactérias e RV -
EGPA). Mais de 60% das amostras colhidas de crianças com diarréia aguda
foram positivas para enteropatógenos, sendo as bactérias, os mais prevalentes,
seguidos pelos vírus. DEC foram detectadas em 41,1% dos casos de diarréia
aguda: EPEC em 3,6% (sorologia) e 9,1% (Hibr); EPEC pica (0,9 %); EPEC
atípica (8,2%); EAEC (9,1%); DAEC (20,6%); EIEC (0,9%); ETEC (4,2%). Nas
crianças sem diarréia, detectou-se EPEC (10,3%); EAEC (20,6%); DAEC
(16,2%); ETEC (1,5%). EHEC não foi detectada. Nas crianças com diarréia
aguda foram detectados Shigella (4,6%), Salmonella (2,9%), RV em 35,2%
(EGPA) e 50% (EIERA); Ad (8,2%) e E. histolytica (8%), Cryptosporidium spp.
(11,4%) e G. lamblia (14,8%). Concluindo, EPEC típica, EIEC e ETEC foram
detectadas apenas ou predominantemente nas crianças com diarréia. EPEC
atípica, EAEC e DAEC não estiveram relacionadas com diarréia aguda, exceto
EAEC nas crianças acima dos dois anos de idade (p = 0,026). RV foi agente
infeccioso mais prevalente considerando somente DEC classicamente patógenas
(EPEC típica, ETEC, EIEC, Shigella e Salmonella), nos menores de 18 meses de
vida e nos meses de março a setembro de 2003. As associações entre
enteropatógenos foram freqüentes, sendo os protozoários, o grupo de
enterópatógenos com o maior número de associações. Dos protozoários
avaliados, apenas G. lamblia parece ser agente etiológico isolado de diarréia
aguda.
ABSTRACT
Acute diarrhea is one of the main causes of infantile mortality worldwide (WHO),
mainly in developing countries. In the present work, the prevalence of Rotavirus
(RV), adenovirus (Ad), diarrheogenic E. coli (EPEC, ETEC, EIEC, EHEC, EAEC,
DAEC), Salmonella, Shigella, Cryptosporidium spp., Entamoeba histolytica and
Giardia lamblia was studied among children up to 3 years old with acute diarrhea.
From February 2003 to June 2004, stools samples were obtained prospectly from
253 children with acute diarrhea and 78 without diarrhea attending to the
emergency room in a pediatric hospital - Hospital Infantil Nossa Senhora da
Glória (HINSG), in Vitória Espírito Santo state, Brazil. Bacterial detection was
done in 241 stools samples (12 were excluded because were in use of
antimicrobian drugs) and E. coli were isolated in 219 and 68 cases with and
without diarrhea, respectively. These cases were submited to serology with
policlonal anti-seros (EPEC e EIEC) and hybridization tests (Hybr) to detect
virulence genes of EPEC, ETEC, EIEC, EHEC, EAEC e DAEC. RV were studied
in 147 cases for immune enzymatic assay (EIARA) and in 230 cases by
poliacrylamide gel electrophoresis (PAGE) and Ad, only in 147 cases for immune
enzymatic assay (EIARA). Protozoan infection was studied in 88 cases for
immune enzymatic assay (EIA). Children with diarrhea were divided in Group I
(88 cases = all enteropathogens studied), Group II (147 cases = bacterias, RV e
Ad - EIARA) and Group III (230 cases = bacterias and RV - PAGE) and children
without diarrhea were Group IV (78 cases = bactérias and RV - PAGE).
Enteropathogens were detected in more than 60% in children with acute diarrhea
and bacterial infection was the most prevalent: DEC were detected in 41,1%;
EPEC in 3,6% (serology) e 9,1% (Hybr); Typical EPEC (0,9%); Atypical EPEC
(8,2%); EAEC (9,1%); DAEC (20,6%); EIEC (0,9%); ETEC (4,2%). In stools
samples from children without diarrhea, we found Atypical EPEC (10,3%); EAEC
(20,6%); DAEC (16,2%); ETEC (1,5%). EHEC was not detected in the studied
population. Shigella and Salmonella were detected in 4,6% e 2,9%, respectively,
only in children with acute diarrhea. RV were detected in 35,2% (GEPA) and 50%
(EIARA); Ad, in 8,2% and E. histolytica, Cryptosporidium spp. and G. lamblia in
8%, 11,4% and 14,8% of cases with diarrhea, respectively. In conclusion, Typical
EPEC, EIEC and ETEC were detected only or predominantly in children with
acute diarrhea. Atypical EPEC, EAEC and DAEC were not causes of acute
diarrhea, except for EAEC in children more than two years old (p = 0,026). RV
was the most prevalent agent when the classic enteropathogen DEC (Tipical
EPEC, ETEC, EIEC and Shigella e Salmonella) was considered in this study. RV
was more frequent in children below 18 months of life and in a period of March,
2003 up September, 2003. Associations among enteropathogens were frequent
in the studied population and protozoa were the most of them. Comparing all of
protozoa detected, only G. lamblia suggesting being a cause of acute diarrhea,
isolately.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XI
Listas de Abreviaturas
Ac – Anticorpos
Ad – Adenovirus
Ag - Antígenos
BFP - bundle-forming pilus
BM - banho Maria
DAEC - E. coli de adesão difusa
DEC –E. coli diarreiogênica
DO - densidade ótica
EAEC - E. coli enteroagregativa
EAF - EPEC Adherence Factor
EGPA - Eletroforese em Gel de Poliacrilamida
EHEC - E. coli enterohemorrágica
EIEC - E. coli enteroinvasora
EIERA - Ensaio Imunoenzimático para RV e Ad
EPEC - Escherichia coli enteropatogênica clássica
ETEC - E. coli enterotoxigênica
HINSG - Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória
IV – Intravenosa
LEE – locus enterocyte effacement
LT - enterotoxina termolábil
min. - minutos
OMS - Organização Mundial da Saúde/WHO – World Health Organization
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
PS - Pronto Socorro
RNA df – RNA de dupla fita
RV – Rotavírus
s. - segundos
SHU – Síndrome Hemolítica Urêmica
ST - enterotoxina termoestável
TA - temperatura ambiente
TMB - cromógeno tetrametilbenzidina
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XII
LISTA DE DIAGRAMAS, FIGURAS, GRÁFICOS, TABELAS E QUADROS
Diagramas:
Página
Diagrama 1: Associação inter e intracategorias de patógenos detectados em
88 amostras fecais de diarréia aguda (Grupo I)
71
Diagrama 2: Associação entre bactérias, RV e Ad detectados em 147
amostras fecais de diarréia aguda (Grupo II)
72
Diagrama 3: Associação entre bactérias e RV detectados em 230 amostras
fecais de diarréia aguda (Grupo III)
73
Figuras:
Figura 1: Distribuição das 331 amostras fecais colhidas de acordo com seu
fracionamento para detecção dos enteropatógenos
42
Figura 2: Sumário dos procedimentos realizados para detecção bacteriana nas
331 amostras colhidas
43
Figura 3: Distribuição dos casos de diarréia aguda e sem diarréia de acordo
com a pesquisa simultânea de enteropatógenos
50
Figura 4: Mapa da região metropolitana da Grande Vitória demonstrando a
localização dos municípios que a compõem: Vitória, Vila Velha, Serra,
Cariacica e Viana com o respectivo número de amostras colhidas
52
Figura 5: A) Agar McConkey com col. Lac (+) e Lac (-) de E. coli; B)
Transferência das colônias Lac (+) e Lac (-) para membrana de nitrocelulose;
C) Membrana de nitrocelulose com amostras positivas e negativas para
fermentação de lactose. Sequência superior e inferior correspondem,
respectivamente, a filtros não tratados e tratados com solução de lise
bacteriana; D) Hibridização em membrana após revelação. Resultado positivo
com sonda genética para o plasmídio EAF (EPEC típica) pode ser observado
em duas amostras no disco central inferior. Controle positivo e negativo para a
referida sonda se encontra no quadrado central. Fotos obtidas no Laboratório
de Microbiologia da Dra. Isabel C. Scaletsky (UNIFESP)
60
Figura 6: Eletroferotipos de RNAdf do RV após EGPA corado pela
impregnação pela prata. Colunas 1-3 e 6: padrão 4-2-3-2; Coluna 4: amostra
67
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XIII
negativa; Coluna 5: genoma com rearranjo 5-1-3-2
Gráficos:
Gráfico 1: Número total de consultas por gastrenterite aguda e de amostras
fecais obtidas de crianças menores de três anos atendidas no Pronto Socorro
do HINSG no período de 2003 a 2004
40
Gráfico 2: Distribuição da idade das crianças com diarréia aguda estudadas.
Estão representados os percentis 25 (6 meses) e 75 (18 meses) e a mediana
de 11 meses
53
Gráfico 3: Tempo de aleitamento materno exclusivo nas crianças com diarréia
aguda
54
Gráfico 4: Época de introdução de outros alimentos (leites e alimentos sólidos)
nos primeiros seis meses de vida das crianças com diarréia aguda
55
Gráfico 5: Amostras positivas e negativas para diversas categorias de DEC
pesquisadas em crianças com e sem diarréia aguda
63
Gráfico 6: Correlação das amostras positivas para RV, Salmonella, Shigella,
ETEC, EIEC e EPEC típica com as estações dos anos de 2003 e de 2004
65
Gráfico 7 – Distribuição dos casos positivos para RV (EIERA e EGPA) e de
diarréia aguda nos menores de três anos conforme meses do período
estudado
66
Gráfico 8: Distribuição do número total de amostras colhidas e de amostras
positivas para RV de acordo com os municípios
68
Gráfico 9: Distribuição mensal dos casos de diarréia aguda positivos para RV
e variações da temperatura média, número de dias de chuva, no período de
fevereiro de 2003 a junho de 2004
69
Gráfico 10: Número total de amostras positivas para Cryptosporidium, E.
histolytica e G.lamblia e suas associações com bactérias e vírus (RV e Ad)
identificados nas amostras fecais de crianças com diarréia aguda
71
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XIV
Tabelas:
Tabela 1a: Prevalência de enteropatógenos por grupos, identificados
isoladamente ou associados, em crianças com diarréia aguda, de acordo
com algumas variáveis relacionadas com a idade, hábitos e condições de
vida, alguns sinais e sintomas e terapia de hidratação IV. Grupo I os três
agentes pesquisados
56
Tabela 1b: Prevalência de enteropatógenos por grupos, identificados
isoladamente ou associados, em crianças com diarréia aguda, de acordo
com algumas variáveis relacionadas com a idade, hábitos e condições de
vida, alguns sinais e sintomas e terapia de hidratação IV. Grupo II
bactérias, RV e Ad (EIERA) pesquisados
57
Tabela 1c: Prevalência de enteropatógenos por grupos, identificados
isoladamente ou associados, em crianças com diarréia aguda, de acordo
com algumas variáveis relacionadas com a idade, hábitos e condições de
vida, alguns sinais e sintomas e terapia de hidratação IV. a - Grupo I os
três agentes pesquisados; b - Grupo II – bactérias, RV e Ad (EIERA)
pesquisados; c -
58
Tabela 2: Agentes patógenos e possivelmente patógenos bacterianos em
amostras fecais de crianças com e sem diarréia aguda
62
Tabela 3: Distribuição de categorias de Escherichia coli (EPEC atípica e
típica, ETEC, EAEC e DAEC) de acordo com a estratificação de idade em
crianças com e sem diarréia aguda
63
Tabela 4: Identificação de amostras positivas para Salmonella e Shigella
correlacionadas com a faixa etária de 241 crianças com diarréia aguda
64
Tabela 5: Agentes enteropatogênicos virais detectados em amostras fecais
de crianças com diarréia aguda
65
Tabela 6: Distribuição das amostras positivas para RV e Ad por EIERA
(Grupo II) e para RV por EGPA (Grupo III) de acordo com faixa etária das
crianças com diarréia aguda
68
Tabela 7: Antígenos de protozoários detectados em 88 amostras fecais de
crianças com diarréia aguda (Grupo I) através do EIE para G. lamblia,
70
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XV
E.histolytica e Cryptosporidium spp.
Tabela 8: Amostras positivas para protozoários de acordo com a faixa
etária das 88 crianças com diarréia aguda (Grupo I)
70
Tabela 9: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda 74
Tabela 10: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda em
amostras positivas para Shigella, Salmonella e DEC
76
Tabela 11: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda nas
amostras positivas com RV (EGPA e EIERA), Ad (EIERA) e associação de
ambos (EIERA)
77
Tabela 12: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda em
amostras positivas para Cryptosporidium ou E. histolytica ou G. lamblia
78
Quadros
Quadro 1. Anti-soros utilizados na confirmação e/ou triagem de bactérias
patógenas intestinais
45
Quadro 2. Sondas genéticas específicas para as categorias de DEC
45
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XVI
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO 18
2. REVISÃO DA LITERATURA 22
2.1. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE DIARRÉIA E PRINCIPAIS FATORES
DE RISCO
23
2.2. ETIOLOGIA INFECCIOSA DAS DIARRÉIAS
24
3. OBJETIVOS 37
3.1. OBJETIVOS GERAIS
38
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
38
4. MATERIAL E MÉTODOS 39
4.1. TIPO DE ESTUDO E LOCAL
40
4.2. AMOSTRAGEM
41
4.3. COLETA DOS DADOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
41
4.4. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
42
4.5. COLETA, ARMAZENAMENTO E PROCESSAMENTO DAS FEZES
42
4.5.1. Detecção de bactérias
43
4.5.1.1. Caracterização bioquímica e identificação de enterobactérias
44
4.5.1.1.1. Escherichia coli
44
4.5.1.1.2. Shigella e Salmonella
46
4.5.2. Detecção de vírus
46
4.5.2.1. Preparo de suspensões fecais
46
4.5.2.2. Ensaio Imunoenzimático para Rotavírus e Adenovírus (EIERA) 47
4.5.2.3. Extração de RNA 47
4.5.2.4. Eletroforese em Gel de Poliacrilamida (EGPA) 48
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XVII
4.5.3. Detecção de protozoários 48
4.5.3.1. Ensaio Imunoenzimático para Cryptosporidium spp.,
Entamoeba histolytica e Giardia lamblia (EIE)
49
4.5.4 Detecção de mais de um enteropatógeno nas amostras fecais
49
4.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA
50
5. RESULTADOS 51
5.1. DADOS DEMOGRÁFICOS
52
5.2. AGENTES INFECCIOSOS NA AMOSTRA ESTUDADA
58
5.2.1. Bactérias
59
5.2.1.1. E. coli diarreiogênica (DEC) 59
5.2.1.1.1. Sorologia para DEC 59
5.2.1.1.2. Testes de Hibridização para pesquisa de genes de
virulência de DEC
60
5.2.1.2. Shigella e Salmonella
64
5.2.2. Vírus
65
5.2.2.1 EIERA
65
5.2.2.2 EGPA 66
5.2.3. Protozoários 70
5.2.4. Associações entre bactérias, vírus e protozoários
71
5.2.5. Quadro clínico das crianças com diarréia e associação com
dados sócio-demográficos
74
6. DISCUSSÃO 79
6.1. CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA ESTUDADA 80
6.2. ENTEROPATÓGENOS DETECTADOS 81
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
XVIII
6.3. BACTÉRIAS 82
6.4. VÍRUS 89
6.5. PROTOZOÁRIOS 94
7. CONCLUSÕES 98
8. PERSPECTIVAS 101
9. TRABALHOS APRESENTADOS 103
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105
11. ANEXOS 126
Anexo 1: Carta de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro
Biomédico - UFES
127
Anexo 2: Ficha de dados clínico-epidemiológicos 128
Anexo 3: Termo de consentimento livre e esclarecido 129
Anexo 4: Procedimentos realizados nas amostras fecais colhidas em Vitória
– ES
130
Anexo 5: Meios de Cultura e Soluções usadas: 131
1. Meios de cultura para isolamento e caracterização bioquímica das
bactérias
131
2. Soluções e reagentes utilizados para detecção dos RV 133
Anexo 6: Organograma resumindo o destino das amostras fecais após coleta
136
1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O trato gastrintestinal, com sua grande superfície, representa um importante alvo
para agentes infecciosos que, uma vez conseguindo suplantar as condições
adversas à sua colonização, desenvolverão um processo infeccioso que pode se
traduzir em uma diarréia (Tomar, 2001).
As doenças diarréicas são comuns na infância e se encontram associadas à
importante morbidade e mortalidade, sobretudo nos menores de três anos de idade.
As diarréias apresentam diversas causas, mas as de natureza infecciosa são as
mais freqüentes, principalmente nos países em desenvolvimento (Snyder & Merson,
1982; Guandalini, 2000; Carré et al., 2001; Casburn-Jones et al., 2004). Estima-se
que ocorram 1,5 bilhões de episódios de diarréia por ano em crianças menores de
cinco anos e que destes, resultem de 1,7 a 3 milhões de mortes a cada ano, no
mundo (Parashar et al., 2003 a, b).
O Brasil ocupa o sexto lugar em números de mortes infantis em menores de cinco
anos com índices de 42 mortes/1000 nascidos vivos (OMS, 2002), sendo as doenças
diarréicas responsáveis pelo segundo lugar quando relacionadas a causas
específicas de mortalidade infantil (OPAS, 2002). Em 1997, Szwarcwald et al.
demonstraram diferença significativa de coeficientes de mortalidade infantil e de
mortalidade proporcional por diarréia em diferentes regiões brasileiras com variações
de 5,1% no Rio Grande do Sul até 27,6% no Ceará relacionados ao coeficiente de
mortalidade proporcional por diarréia de acordo com indicadores de saúde por
unidade de federação (1991). Esta diferença poderia ainda ser maior, decorrente de
índices subestimados nas áreas com grandes percentuais de mortes por causas não
definidas. Estados considerados com maior nível de desenvolvimento, como Santa
Catarina e Paraná, ainda apresentaram altas proporções de óbitos por diarréia, de
9,2% e 13,7, respectivamente. No Espírito Santo, o coeficiente de mortalidade
proporcional por diarréia nos menores de cinco anos apresentou queda importante
de 8,67% (1990) para 2,36% (2000), chegando atualmente a 2,71 % (2002)
(DATASUS, 2004).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
21
Nos diversos estados brasileiros, a diarréia é uma queixa freqüente em consultas
nos pronto-socorros e ambulatórios da rede de saúde pública municipal e estadual. A
desidratação é responsável por um grande número de internações hospitalares e de
alto custo para o município ou para o estado (Ribeiro, 2000). Sabe-se que a
população que usufrui da rede do Sistema Único de Saúde, de baixo nível sócio-
econômico, tem um maior risco de adoecimento por diarréia com conseqüentes
agravos nutricionais e morte, sobretudo, crianças oriundas de famílias que vivem em
situação de pobreza e miséria (Toporovski et al., 1999; Souza et al., 2002).
Com relação à etiologia infecciosa da diarréia, é descrita uma importante associação
de pobreza e de higiene precária com presença de agentes infecciosos, agravada
pela introdução precoce de alimentos administrados através de mamadeiras em
detrimento ao leite materno (Elegbe et al., 1982; Feachem, 1984; Esrey et al., 1985;
Tomasi et al., 1994). No Brasil, vários relatos descrevem a Escherichia coli
enteropatogênica clássica (EPEC) como o mais importante agente bacteriano
causador de diarréia aguda, em especial nos menores de um ano de idade,
causando transtornos nutricionais e morte nos menores de seis meses (Guerrant et
al., 1983; Scaletsky et al., 1984,1999; Trabulsi et al., 1988, 2002; Kitagawa et al.,
1989; Andrade et al., 1999; Fagundes-Neto & Andrade, 1999; Fagundes-Neto &
Scaletsky, 2000; Souza et al., 2002). O agente infeccioso viral mais importante é o
rotavírus (RV) (Linhares et al., 1977, 1994; Toporovski et al., 1999; Fernandes et al.,
2000; Linhares, 2000; da Rosa e Silva et al., 2001; Souza et al., 2002, Cardoso et al.,
2003) sabidamente associado com diarréia grave e com altas taxas de internação
hospitalar (Kapikian et al., 2001; Parashar et al., 2003 a, b). Os protozoários mais
envolvidos com diarréias em crianças são: i) Cryptosporidium spp., ii) Giardia lamblia
e iii) Entamoeba histolytica, sendo os dois últimos mais implicados com diarréia
persistente (Cordell & Addiss, 1994; Gennari-Cardoso et al., 1996; Marshall et al.,
1997; Newman et al., 1999, 2001; Toporovski et al., 1999; Orlandi et al., 2001;
Scaletsky et al., 2001; Souza et al., 2002).
Estudos regionais sobre a etiologia das diarréias são importantes para o
planejamento de ões preventivas e terapêuticas. No Espírito Santo não
publicações sobre a etiologia das diarréias infantis, especialmente as de causa
infecciosa. Então, o objetivo desta pesquisa foi investigar, durante 17 meses, os
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
22
diversos agentes infecciosos de natureza bacteriana, viral e parasitária, nas
amostras fecais de crianças de até três anos de idade, atendidos com queixa de
diarréia aguda em um hospital de referência, que atende à população de baixa
renda, na região metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
23
2. REVISÃO DA LITERATURA
___________________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
24
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE DIARRÉIA E PRINCIPAIS FATORES DE
RISCO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua “diarréia" como uma alteração de
hábito intestinal caracterizada por aumento do número de evacuações e/ou
diminuição da consistência das fezes devido à presença de água e eletrólitos. Sob o
ponto de vista clínico, ela pode ser classificada em: i) “diarréia aguda”, de início
abrupto e duração máxima de 14 dias, potencialmente autolimitada; ii) “diarréia
persistente”, que ultrapassa 15 dias de duração, freqüente em lactentes com
desnutrição e; iii) “diarréia crônica”, com duração superior a 30 dias; iv) “disenteria”,
com presença de sangue associado a muco e/ou pus.
Os principais fatores de risco para ocorrência das diarréias são:
a) Ausência de Amamentação: o risco de óbito por diarréia para crianças
desmamadas é 14,2 vezes maior do que o de crianças em aleitamento materno sem
outros suplementos lácteos. A simples introdução de água e chás está associada a
um aumento significativo na morbidade e mortalidade de lactentes (Victora et al.,
1987). Escuder et al. (2003) demonstraram que a amamentação foi um dos
principais fatores de redução significativa das principais causas de óbito em São
Paulo, como a pneumonia e a diarréia. Também foi observado em crianças menores
de três meses, com aleitamento misto ou em uso exclusivo de leite de vaca, risco de
adoecimento por diarréia 4,1 e 15,1 vezes maior, respectivamente, do que nas com
aleitamento materno exclusivo. Além da proteção contra a infecção, crianças em
aleitamento materno exclusivo, que apresentam diarréia aguda, têm uma
probabilidade de 16,7 vezes menor de evoluir para diarréia persistente, evitando os
agravos nutricionais conseqüentes deste processo (Victora et al., 1987; Sazawal et
al., 1992; Long et al., 1999; Betrán et al., 2001; Fuchs & Victora, 2002; Escuder et
al., 2003; Vieira et al., 2003; Newburg et al., 2005)
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
25
b) Ausência de água tratada, de saneamento ou higiene: os hábitos de higiene
doméstica e pessoal estão intimamente ligados à disponibilidade de água potável,
correspondendo a uma redução de 20% a 30% na morbidade e mortalidade por
diarréia (Feachem, 1984; Esrey et al., 1985). A lavagem das mãos é o componente
de higiene pessoal que mantém maior relação com a redução da incidência de
diarréia (Feachem, 1984; Esrey et al., 1985; Barros et al., 1999 a, b; Vazquez et al.,
1999; Lins & Silva, 2000; Curtis, 2001; Leclerc et al., 2002);
c) Prematuridade e ausência de realização de pré-natal: as crianças nascidas
antes de 37 semanas de gestação (prematuras) têm risco duas vezes maior de
apresentarem episódios de diarréia do que aquelas nascidas a termo. Além disso,
em São Paulo, Waldman et al. (1997) encontraram um risco três vezes maior e a
incidência mais alta de gastrenterites no grupo de filhos de mães que não fizeram o
pré-natal, apesar do nascimento a termo. Neste grupo, a mortalidade infantil por
diarréia também foi duas vezes maior, mesmo após levar em conta as diferenças
sócio-econômicas da população estudada (Waldman et al., 1997; Fuchs & Victora,
2002);
d) Desnutrição proteico-energética: a relação entre estado nutricional e diarréia é
complexa, mas a incidência de diarréia é maior, os episódios são mais graves nas
crianças desnutridas, com maior letalidade e repercussão importante no seu
desenvolvimento (Black et al., 1987; Fagundes-Neto & Andrade, 1999; Lins & Silva,
2000; Moore et al., 2001).
2.2 ETIOLOGIA INFECCIOSA DAS DIARRÉIAS
Nos últimos anos, avanços foram alcançados no reconhecimento de novos agentes
etiológicos causadores de diarréia aguda, assim como na elucidação dos
mecanismos pelos quais as infecções entéricas produzem efeitos disabsortivos. O
emprego de técnicas laboratoriais biomoleculares de detecção rápida, como a
soroaglutinação em látex e o ensaio imunoenzimático, resultaram na identificação de
patógenos intestinais em até 84% dos casos de crianças e adultos com doença
diarréica aguda (Guerrant et al., 1985; Gomes et al., 1989, 1991; Prado & O’Ryan,
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
26
1994; Scaletsky et al. 1999, 2002 a, b; Trabulsi et al., 2002). O conhecimento da
etiologia da diarréia infecciosa pode levar a intervenção terapêutica precoce,
prevenindo a desidratação (Larrosa-Haro et al., 2001).
2.2.1 Bactérias
Uma ampla variedade de patógenos é descrita como causa de diarréia, sendo eles
de natureza bacteriana, viral ou parasitária. Dentre os patógenos intestinais
bacterianos mais importantes temos: i) Categorias diarreiogênicas de Escherichia
coli (DEC); ii) Shigella; iii) Salmonella; iv) Campylobacter; v) Yersinia enterocolitica;
vi) Vibrio; vii) Aeromonas.
As E. coli são os microrganismos anaeróbios facultativos predominantes na
microbiota colônica humana. Esta bactéria coloniza o trato gastrintestinal do lactente
em poucas horas após o nascimento e mantém uma relação de benefício mútuo com
o seu hospedeiro. Algumas cepas estão envolvidas com infecções extra-intestinais, e
outras, comumente não associadas à microbiota normal, no próprio trato
gastrintestinal. As três principais síndromes clínicas resultantes de infecções
produzidas por E. coli o: i) infecção do trato urinário, ii) sepse ou meningite e iii)
doença diarréica.
As E. coli que acometem o trato gastrintestinal são de particular importância em
saúde pública e são denominadas E. coli diarreiogênicas (DEC). São descritas seis
categorias de DEC: i) E. coli enteropatogênica (EPEC), ii) E. coli enterotoxigênica
(ETEC), iii) E. coli enterohemorrágica (EHEC), iv) E. coli enteroinvasora (EIEC), v) E.
coli enteroagregativa (EAEC) e vi) E. coli de adesão difusa (DAEC) (Nataro & Kaper,
1998).
A EPEC é uma categoria diarreiogênica importante nos países em desenvolvimento,
com maior prevalência em crianças de até dois anos, sobretudo nos menores de 12
meses (Guerrant et al., 1983, 1986; Gomes et al., 1991; Prado & O’Ryan, 1994;
Kaper, 1996; Fagundes-Neto & Scaletsky, 2000; Torres et al., 2001).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
27
No Brasil, a EPEC é o mais importante agente bacteriano causador de diarréia
aguda nas crianças menores de cinco anos e detectadas em 20 a 40% dos casos,
com tendência à redução de sua prevalência nos últimos anos. É um enteropatógeno
implicado como um fator de risco importante para diarréia de maior duração (diarréia
persistente), com maiores índices de hospitalização e de mortes Fagundes-Neto &
Scaletsky (2000) relataram 42% de EPEC numa população constituída na sua
maioria por pacientes menores de 12 meses e hospitalizados. (Guerrant et al., 1983;
Queiroz et al., 1987; Trabulsi et al., 1988, 2002; Gomes et al., 1989, 1991; Kitagawa
et al., 1989; Stewien et al., 1993; Scaletsky et al., 1999, 2002
b; Oliva et al., 1997;
Andrade et al., 1999; Fagundes–Neto & Andrade, 1999 Toporovski et al.,1999;
Fagundes-Neto & Scaletsky, 2000; Medeiros et al., 2001; Souza et al., 2002; Orlandi
et al., 2003).
Com relação ao mecanismo de patogenicidade da EPEC, Donnenberg & Kaper
(1992) propuseram um modelo que consiste em três etapas: i) aderência localizada,
(ii) transdução de sinal e (iii) aderência íntima. Elas promovem uma lesão conhecida
como A/E (attaching and effacing), com achatamento das microvilosidades
intestinais, aderência íntima das bactérias ao epitélio intestinal e agregação
polarizada de actina, com conseqüente comprometimento da capacidade absortiva e
digestiva (Nataro & Kaper, 1998).
A EPEC pode ser classificada em “típica” e “atípica”, de acordo com a presença ou
ausência do plasmídio EAF (EPEC Adherence Factor), respectivamente. A EPEC
típica apresenta um padrão de colonização, em cultura de células HEp-2,
denominado de “aderência localizada”, determinada pela presença de uma fímbria
denominada BFP (bundle-forming pilus), codificada pelo referido plasmídio. Esta
EPEC é classicamente descrita associada à doença diarréica em crianças menores
de um ano, sobretudo nos países em desenvolvimento (Cravioto et al., 1990; Nataro
& Kaper, 1998; Scaletsky et al. 1999; Trabulsi et al., 2002; Dulguer et al., 2003).
EPEC atípica, reconhecida como categoria em 1995 no Segundo Simpósio
Internacional sobre EPEC (Kaper, 1996; Nataro & Kaper, 1998), é caracterizada pela
ausência do plasmídeo que codifica a fímbria BFP e por apresentar um padrão de
aderência semelhante à localizada. Tanto a EPEC típica quanto a atípica,
apresentam a ilha de patogenicidade cromossômica LEE (Locus enterocyte
effacement), responsável pela transdução de sinais e achatamento de vilosidades
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
28
intestinais. Após a década de 90, a EPEC atípica tem sido demonstrada com maior
freqüência nas fezes diarréicas de crianças em países desenvolvidos, em relação à
EPEC típica (Scotland et al., 1996; Afset et al., 2003; Beutin et al., 2003; Robins-
Browne et al., 2004). No Brasil, o papel desta categoria de EPEC na diarréia aguda
ainda não está bem estabelecido (Scaletsky et al. 1999; Trabulsi et al., 2002;
Campos et al., 2004; Gomes et al., 2004).
As ETEC caracterizam-se pela expressão de fatores de colonização, coletivamente
denominados de CFs, que permitem sua aderência em epitélio do intestino delgado,
e pela produção de enterotoxinas termoestável (ST) e/ou termolábil (LT) que
estimulam intensa secreção intestinal. São agentes etiológicos de diarréia aguda em
crianças e adultos, sendo os principais responsáveis pela diarréia dos viajantes
(Nataro & Kaper, 1998). No Brasil, sua prevalência variou de zero a 27,4% de
amostras diarréicas em crianças (Guerrant et al., 1983; Queiroz et al., 1987; Leal et
al., 1988; Kitagawa et al., 1989; Gomes et al., 1991; Mangia et al., 1993; Stewien et
al., 1993; Guth et al., 1994; Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Fagundes
Neto & Scaletsky, 2000; Orlandi et al., 2001; Scaletsky et al., 2002 b, c; Souza et al.,
2002). Apesar de serem importantes agentes infecciosos intestinais em países em
desenvolvimento, como o Brasil, não são pesquisadas em laboratório de rotina
diagnóstica.
As EHEC foram descritas em 1983, após um surto de colite hemorrágica nos EUA
com isolamento da E. coli sorotipo O157:H7 (Riley et al., 1983; Wells et al., 1983) e,
concomitantemente, como agente etiológico da Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU)
em crianças (Karmali et al., 1983). A citotoxicidade provocada nos enterócitos
humanos por este patógeno, também foi demonstrada em culturas de células Vero
justificada pela presença da citotoxina denominada Stx1 e Stx2 (Shiga-like toxin),
homóloga à produzida pela espécie Shigella dysenteriae. A lesão A/E também é
observada nas EHEC, que assim como a EPEC, também apresenta a região
cromossômica LEE (Nataro & Kaper, 1998).
As EIEC são caracterizadas, dentre outros critérios, pela invasão de células epiteliais
colônicas. Produzem enterotoxina denominada EIET, que é responsável pela diarréia
aquosa inicial precedendo a evolução clássica para disenteria (Nataro & Kaper,
1998).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
29
A EHEC e EIEC são pouco freqüentes no Brasil, sendo encontradas em menos de
2% dos casos de diarréia aguda em crianças (Gomes et al., 1991; Stewien et al.,
1993; Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Fagundes-neto & Scaletsky,
2000; Medeiros et al., 2001; Orlandi et al., 2001; Souza et al., 2002; Régua - Mangia
et al., 2004).
A observação de diferentes padrões de aderência em culturas de células HEp-2 ou
HeLa das EPEC serviu como base para o reconhecimento de duas outras categorias
de E. coli diarreogênicas: EAEC e DAEC (Cravioto et al., 1979). As EAEC
apresentam um padrão denominado de aderência agregativa, caracterizado pela
disposição de células bacterianas como “tijolos empilhados”, enquanto que as
DAEC, pelo padrão de aderência difuso, caracterizado pela dispersão das bactérias
sobre toda a superfície epitelial (Cravioto et al., 1979; Scaletsky et al., 1984; Nataro
et al., 1985; Nataro & Kaper, 1998).
O estudo da EAEC em modelos animais demonstra uma aderência aos enterócitos
associada a um aumento na produção de muco seguida de dano celular pela
produção de uma citotoxina (EAST). Classicamente, EAEC é associada a quadros
de diarréia persistente, mas também tem sido identificada em crianças com diarréia
aguda (Lima et al., 1992; Fang et al., 1995; Bardhan et al., 1998; Nataro & Kaper,
1998; Scaletsky et al., 1999; Andrade et al., 2000; Fagundes-Neto et al., 2000;
Scaletsky et al., 2001, 2002c). A DAEC, por outro lado, foi identificada tanto em
fezes de crianças assintomáticas quanto naquelas com diarréia aguda (Albert et al.,
1999; Scaletsky et al., 2001). Mas, uma susceptibilidade idade-dependente tem sido
observada, sendo a DAEC mais prevalente em crianças acima de 2 anos do que em
lactentes com diarréia aguda (Gomes et al., 1989; Gunzburg et al., 1993; Levine et
al., 1993; Nataro & Kaper, 1998; Scaletsky et al., 1999, 2002 b). Ainda que
identificada nestes casos, a DAEC necessita de maiores estudos para a definição de
sua importância como agente etiológico de diarréia infantil, assim como para
elucidação de sua patogênese. Tanto EAEC como DAEC, não são detectadas pelos
procedimentos de rotina em laboratórios de análises clínicas.
O gênero Shigella é constituído por quatro espécies, todas patógenas intestinais: S.
flexneri, S. boydii, S. sonnei e S. dysenteriae. Causam a disenteria bacilar,
caracterizada por diarréia muco-piossanguinolenta com intensa resposta
inflamatória, proveniente da invasão e destruição da camada epitelial da mucosa do
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
30
intestino grosso. São importantes patógenos pela gravidade do quadro intestinal e
por apresentarem dose infecciosa muito baixa (Goosney et al., 1999; Campos,
2004). No Brasil, a espécie predominante é a S. flexneri seguida pela S. sonnei
(Kitagawa et al., 1989; Gomes et al., 1991; Stewien et al., 1993; Santos et al., 1997;
Orlandi et al., 2001; Souza et al., 2002).
O gênero Salmonella é constituído por duas espécies: S. enterica, dividida em seis
subespécies, e S. bongori. Existem atualmente mais de 2500 sorotipos de
Samonella; 1478 pertencentes à S. enterica subespécie I que corresponde a 99,5%
dos sorotipos mais comumente isolados. Alguns sorotipos são mais restritos a seus
hospedeiros, enquanto outros são capazes de infectar diversos animais (Campos,
2004). A S. Typhi é adaptada e restrita ao ser humano, enquanto a S. Typhimurium
causa gastrenterite ou septicemia no homem, diarréia letal em bovinos, ou ainda,
uma doença sistêmica em camundongos geneticamente susceptíveis (Campos,
2004). A patogenicidade varia de acordo com o tipo sorológico, idade e condições de
saúde do hospedeiro podendo causar gastrenterite aguda, bacteremia e/ou febres
entéricas, quadros graves com disseminação e abscessos, osteomielite, meningite e
ainda, estado de portador (Pickering & Cleary, 1992). A sua identificação está
normalmente restrita às provas bioquímicas e sorológicas e a diferenciação dos
sorotipos é limitada a laboratórios especializados.
No Brasil, a Shigella e a Salmonella têm sido detectadas de 0,5 a 21% e de 0 a
10,6%, respectivamente, em crianças menores de 5 anos com diarréia aguda
(Guerrant et al., 1983; Kitagawa et al., 1989; Leal et al., 1987, 1988 a, b; Gomes et
al., 1991; Mangia et al., 1993; Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999;
Fagundes Neto & Scaletsky, 2000; Medeiros et al., 2001; Orlandi et al., 2001;
Scaletsky et al., 2002 b; Souza et al., 2002).
O gênero Campylobacter compreende as espécies C. jejuni, C. coli, C. laridis, C.
hyointestinalis e C. upsaliensis, sendo as duas primeiras, as principais causadoras
de doença em humanos. Sabe-se que um dos seus maiores reservatórios naturais é
o frango. O quadro clínico é muito semelhante ao da shigelose (Pickering & Cleary,
1992). Na América do Sul, o Campylobacter foi identificado de 10 a 35% de
amostras de crianças com diarréia ou assintomáticas (Fernandez, 2004). Estudos
brasileiros recentes têm demonstrado uma prevalência em crianças entre 0 e 11 %
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
31
dos casos de diarréia aguda (Almeida et al., 1998; Fagundes Neto & Scaletsky,
2000; Medeiros et al., 2001; Orlandi et al., 2001; Souza et al., 2002).
O gênero Yersinia tem 10 espécies, sendo três patogênicas: Y. pestis, Y
enterocolitica e Y. pseudotuberculosis. A Y. enterocolitica tem sido relatada como
causa freqüente de diarréia, de maior ocorrência em crianças e em países de clima
frio (Pickering & Cleary, 1992; Trabulsi & Martinez, 2004). No Brasil, foi relatada pela
primeira vez no fim da década de 70 com uma incidência de 5,6% (Stumpf et al.,
1978). Outras pesquisas demonstraram-na em menos de 1% nos casos de diarréia
aguda em crianças em diferentes localidades brasileiras, como Rondônia (Orlandi et
al., 2001), Ribeirão Preto (Medeiros et al., 2001), São José do Rio Preto (Almeida et
al., 1998), São Paulo (Souza et al., 2002), Belo Horizonte (Queiroz et al., 1987) e
Pernambuco (Leal et al., 1988).
Os vibriões o microorganismos abundantes no meio aquático, detectados em uma
variedade enorme de animais, tais como no zooplâncton e moluscos, e também nas
algas (Thompson et al., 2004). As espécies de maior importância para os humanos
são Vibrio cholerae, V. parahaemolyticus, V. vulnificus (Powell et al., 1999). Estes
agentes são causadores de gastroenterites devido ao consumo de água, mariscos
ou alimentos contaminados. V. cholerae é o agente bacteriano responsável por
importantes surtos e epidemias de diarréia profusa em adultos e crianças,
principalmente nos países em desenvolvimento (Glass & Kilgore, 1997; Faruque et
al., 1998, 2002; Sharma et al., 2003; Sack et al., 2004). É endêmico em partes da
Ásia e África e causa grandes perdas hidreletrolíticas, sobretudo em crianças (Niyogi
et al., 1994; Faruque et al., 1998, 2002) através da produção de uma enterotoxina
toxina colérica (Ctx) - que é considerada 10 vezes mais potente do que a toxina
termolábil (LT) da ETEC (Glass & Kilgore, 1997).
As espécies do gênero Aeromonas têm sido estudadas nas últimas décadas como
agentes etiológicos de diarréia infecciosa em crianças e adultos, sendo A. sobria, A.
hydrophyla e A. caviae, as mais freqüentes (Watson et al., 1985; Gluskin et al., 1992;
Niyogi et al., 1994; Gracey, 1996; Glass & Kilgore, 1997; Lee et al., 2001). As mais
prováveis fontes de infecção são a água, crustáceos e peixes contaminados. Estas
bactérias, ao invadirem o epitélio colônico, liberam toxinas responsáveis pelos
sintomas (Burke et al., 1984; Watson et al., 1985; Glass & Kilgore, 1997). No mundo
tem sido demonstrada de 0,5 até 12,2% e no Brasil, em 1,4 a 2% de amostras fecais
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
32
de crianças com diarréia aguda (Black et al., 1987; Almeida et al., 1998; Albert et al.,
1999; Essers et al., 2000). Em pessoas saudáveis, foi identificada em taxas iguais ou
menores que 1% (Almeida et al., 1998; Lee et al., 2001).
2.2.2 Vírus
Os agentes infecciosos virais associados às diarréias agudas em crianças são
rotavírus (RV), adenovírus (Ad), calicivírus e astrovírus (Glass & Kilgore, 1997;
Waters et al., 2000). Os RV são os mais freqüentes em todas as partes do mundo
(Prado & O’Ryan, 1994; Horwitz, 2001; Kapikian et al., 2001; Parashar et al., 2003 a,
b).
Os RV pertencem à família Reoviridae e tem o genoma segmentado, constituído de
11 moléculas de RNA de dupla fita (RNAdf) e foi descrito em 1973 por Bishop et al..
O padrão de migração em eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA) permite
diferenciar os RV em sete grupos distintos nomeados de A-G (Kapikian et al., 2001).
O RV do grupo A apresenta um perfil eletroforético denominado 4-2-3-2: quatro
segmentos de maior peso molecular, seguidos de dois grupos de peso molecular
intermediário e finalizando com dois segmentos de menor peso molecular. Estes dois
últimos segmentos também são utilizados para classificar os RV do grupo A de perfil
super curto, curto e longo.
Os RV dos grupos A, B e C são descritos em humanos e em animais e os demais,
apenas em animais (Glass & Kilgore, 1997). O RV do grupo A causa diarréia na
infância, os dos grupos B e C causam surtos de diarréias em adultos e em crianças
(Prado & O’Ryan, 1994; Glass & Kilgore, 1997; Kapikian et al., 2001; Parashar et al.,
2003 a, b). Os RV são ainda divididos em subgrupos e sorotipos ou genotipos,
determinados por proteínas e/ou por genes que codificam as proteínas estruturais
VP4 e VP7. O virion apresenta seis proteínas estruturais VP1, VP2, VP3, VP4, VP6 e
VP7 e outras seis proteínas não estruturais NSP1, NSP2, NSP3, NSP4, NSP5 e
NSP6. A proteína VP6, a mais prevalente do virion, é altamente antigênica e permite
a identificação dos RV em grupos (A G). VP4 e VP7 contêm epítopos
neutralizantes que definem os sorotipos/genotipos P (protease) e G (glicoproteína),
respectivamente. No grupo A, foram identificados 14 sorotipos/genotipos G, dez
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
33
acometendo a espécie humana (G1-G6, G8-G10 e G12) enquanto que foram
descritos 25 genotipos P, quatro deles acometendo a espécie humana (P[4],P[6],P[8]
e P[9]) (Rahman et al., 2005). Logo, a tipagem dos RV obedece a um sistema binário
de classificação conforme os tipos P e G (Estes, 1996; Parashar et al.,1998;
Kapikian et al., 2001).
Cerca de 90% das crianças tanto nos países desenvolvidos, quanto em
desenvolvimento, adquirem a infecção por RV durante os três primeiros anos de
vida, sendo considerado um dos principais agentes etiológicos de gastrenterite viral
aguda na população infantil e responsável por um alto número de internações (Cook
et al., 1990; Glass et al., 2001; Kapikian et al., 2001; Parashar et al., 2003 a, b;
Widdowson et al., 2005). Estima-se que ocorram 1.560.000 mortes no mundo pela
doença diarréica e que os RV sejam responsáveis por até 39% dos casos (Parashar
et al., 2003).
Com relação ao quadro clínico, os pacientes infectados com RV desenvolvem
vômitos e diarréia de caráter súbito, após um período de incubação de 48 h a 96 h,
podendo apresentar febre em 30 a 50% dos casos. A diarréia é de caráter explosivo,
com inúmeras evacuações aquosas, amareladas e com muco em 25% dos casos. A
duração média da doença é de 5 a 8 dias, com perdas fecais mais graves e
prognóstico pior do que as diarréias não associadas ao RV, podendo evoluir para
desidratação e internação hospitalar (Prado & O’Ryan, 1994; Linhares, 2000;
Kapikian et al., 2001; Mota-Hernandez et al.; 2001; Clark & Mc Kendrick, 2004). Em
lactentes e desnutridos graves podem prolongar a duração da diarréia (Oliveira &
Linhares, 1999; Kapikian et al., 2001).
Desde o primeiro relato de RV no Brasil (Linhares et al., 1977), diversos estudos têm
demonstrado a importância destes vírus, com uma prevalência estimada em crianças
com diarréia aguda variando de 1,1 até 40% (Cardoso et al., 1989, 1992, 2003;
Linhares et al., 1989, 1993; Gomes et al., 1991; Mangia et al., 1993; Pereira et al.,
1993; Stewien et al., 1993; Timenetsky et al., 1994; Leite et al., 1996; Mascarenhas
et al., 1998; Teixeira et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Fagundes Neto &
Scaletsky, 2000; Fernandes et al., 2000; Orlandi et al., 2001; da Rosa e Silva et al.,
2001; Scaletsky et al., 2001; Soares et al., 2002; Souza et al., 2002; Schnack et al.,
2003; Carmona et al., 2004; Costa et al., 2004 a). No Espírito Santo, dois estudos de
corte transversal relataram prevalência de 7 (2004) e 17,9% (2003) de RV em
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
34
crianças com diarréia atendidas em Unidade Básica de Saúde Municipal (Vicentini et
al., 2003 e 2004 a).
A infecção pelos RV predomina nos meses secos e frios do ano (Linhares, 2000;
Kapikian et al., 2001; Coluchi et al., 2002). No Brasil, foi relatado com freqüência
maior entre maio e setembro em Goiânia e no Rio de Janeiro (Gomes et al., 1991;
Cardoso et al., 1992; Pereira et al., 1993), entre março e setembro, com pico em
junho, em Minas Gerais (da Rosa e Silva et al., 2001), entre julho e setembro em
Natal (Fernandes et al., 2000) e de maio a julho no Espírito Santo (Vicentini, 2004 b).
O RV é um vírus estável nas condições ambientais e pequena quantidade pode
contaminar o ambiente. Como a quantidade de vírus eliminado pelo paciente é
grande e a dose infecciosa estimada é baixa (Graham et al., 1987), nima
contaminação ambiental é suficiente para transmitir a infecção, que se por
contato oro-fecal direto e por fômites (Butz et al., 1993; Glass & Kilgore, 1997).
Os Ad, embora fossem freqüentemente encontrados em espécimes fecais, eles não
eram associados à doença do trato gastrointestinal. Em meados de 1980, dois Ad
fecais, previamente não cultivados, foram adaptados em cultura e foram
denominados de sorotipos 40 e 41, formando a espécie F de Ad entéricos humanos
(Wadell et al., 1989). Outro sorotipo implicado em diarréia em crianças é o 31 (Glass
& Kilgore, 1997). Os Ad estão tipicamente associados com doença mais branda do
que a causada por RV, mas com curso mais prolongado (em média de 10,8 dias
contra 5,9 dias para RV), febre e vômito de menor intensidade e ausência de
sazonalidade. O período de incubação pode variar de três a dez dias. A doença
incide mais em crianças menores de dois anos e pode estabelecer o estado de
portador prolongado, tornando as fezes da criança uma fonte comum durante a
infecção aguda e após remissão dos sintomas, sendo de grave repercussão em
pacientes imunossuprimidos (Horwitz, 2001; Clark & Mc Kendrick, 2004).
Diversos estudos demonstram que os Ad correspondem à segunda causa de diarréia
viral em crianças no Brasil e no mundo, com prevalência variando de 1 a 10% dos
casos (Cardoso et al., 1992; Mangia et al., 1993; Pereira et al., 1993; Stewien et al.,
1993; Timenetsky et al., 1993; Glass & Kilgore, 1997, Soares et al., 2002; Subekti et
al., 2002; Pereira Filho, 2004).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
35
Dentre os protozoários causadores de diarréia, em regiões tropicais, os mais
importantes são a Entamoeba histolytica, a Giardia lamblia e o Cryptosporidium spp.
(Brunser et al., 1997; Procop, 2001). A maioria dos trabalhos descreve a giárdia e a
ameba envolvidas com diarréia persistente e a ameba, geralmente associada à
disenteria (Newman et al., 2001; Abd-Alla & Ravdin, 2002).
A E. histolytica tem sido descrita em fezes de indivíduos assintomáticos e naqueles
com diarréia aguda. No entanto, não se sabe ainda se as estirpes encontradas em
indivíduos assintomáticos são as mesmas dos casos que apresentam diarréia
aguda, que foram demonstradas características morfologicamente distintas em
ambas (Haque et al., 2003). Alguns autores consideram o encontro de trofozoítas
com hemáceas fagocitadas como um critério de doença invasiva (Garcia &
Brunckner, 1996; Brunser et al., 1997). Sua prevalência, em adultos e crianças,
dependendo da região geográfica estudada, variou de 0,6 a 45,1% (Braga et al.,
1998, 2001; Albert et al., 1999; Abd-Alla & Ravdin, 2002; Haque et al., 2003). No
Brasil, a E. histolytica foi encontrada numa freqüência de zero a 16% dos casos de
diarréia aguda em crianças em diferentes regiões (Guerrant et al., 1983; Gennari-
Cardoso et al., 1996; Toporovski et al., 1999; Fagundes Neto & Scaletsky, 2000;
Braga et al., 1998, 2001; Orlandi et al., 2001; Scaletsky et al., 2001; Souza et al.,
2002).
discussão sobre o real impacto da giardíase em diarréias agudas, sobretudo nos
países em desenvolvimento, visto que este parasita foi freqüentemente associado a
quadros de diarréia persistente, mas também detectado em crianças assintomáticas
(Albert et al., 1999; Black et al., 1999; Saldiva et al., 1999; Rivera et al., 2002). Os
estudos brasileiros demonstram detecção do protozoário de 0,7 a 14,6% das fezes
de crianças com diarréia aguda (Guerrant et al., 1983; Stewien et al., 1993; Gennari-
Cardoso et al., 1996; Toporovski et al., 1999; Fagundes Neto & Scaletsky, 2000;
Orlandi et al., 2001; Scaletsky et al., 2002; Souza et al., 2002). Num estudo
prospectivo em Fortaleza, Newman et al. (2001) demonstraram a presença de G.
lamblia em fezes de crianças sem diarréia numa proporção semelhante àquelas com
diarréia aguda (8,8%), mas com uma diferença estatisticamente significativa quando
analisada em crianças com diarréia persistente (20,6%). Saldiva et al. (1999)
evidenciaram uma alta prevalência de giárdia (44%) em crianças de 1 a 12 anos, na
zona rural do estado de São Paulo, sem relato de associação com diarréia.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
36
A infecção pelo Cryptosporidium spp. está classicamente associada à diarréia aguda
em pacientes imunocomprometidos (Pickering & Cleary, 1992; Brunser et al., 1997;
Juranek, 2000; Ferreira & Borges, 2002). Nos pacientes sem comprometimento do
sistema imunológico, acomete determinadas faixas etárias, especialmente nos
primeiros anos de vida. Este protozoário causa diarréia de caráter aquoso profuso,
com febre, náuseas e vômitos, mas assim como a giárdia e a ameba, este agente
está mais associado à diarréia persistente (Pickering & Cleary, 1992; Juranek, 2000;
Hlavsa et al., 2005). A forma mais comum de infecção é através da ingestão de
alimentos ou água contaminados por oocistos contendo o parasita, sobretudo em
áreas de recreação, tais como piscinas, lagos e riachos. A prevalência mundial
relatada em indivíduos com diarréia variou de 2,1% em países desenvolvidos a 8,5
até 27,8% em países em desenvolvimento (Crawford & Vermund, 1988; Haque et al.,
2003; Nuñez et al., 2003; Adjei et al., 2004; Simango et al., 2004; Abdel-Messih et
al., 2005; Hlavsa et al., 2005). No Brasil, a prevalência variou entre três e 17,4%
(Mangini et al., 1992; Stewien et al., 1993; Gennari-Cardoso et al., 1996; Franco &
Cordeiro, 1996; Newman et al., 1999; Oshiro et al., 2000; Medeiros et al., 2001; Silva
et al., 2003). A freqüência de positividade para o Cryptosporidium foi diretamente
proporcional à faixa etária estudada (Mangini et al., 1992; Stewien et al., 1993;
Gennari-Cardoso et al., 1996; Franco & Cordeiro, 1996; Oshiro et al., 2000; Medeiros
et al., 2001). Porém, Newman et al. (1999) e Silva et al. (2003) observaram uma
correlação inversa em relação à idade.
Schnack et al. (2003) relataram E. histolytica e Cryptosporidium em 56,4 e 85,1%,
respectivamente, em crianças menores de cinco anos, com diarréia aguda, na
cidade de Criciúma, mas não descrição se o período de estudo coincidiu com um
surto de infecção por estes protozoários neste local.
Os patógenos entéricos bacterianos, virais ou parasitários são muitas vezes
detectados simultaneamente nos pacientes com doença diarréica aguda, dificultando
a interpretação da participação de cada agente infeccioso na doença. Além do
possível somatório de lesões pela coinfecção é provável que a superposição com um
estado de nutrição inadequado contribua para a gravidade da diarréia nos países em
desenvolvimento, onde as infecções múltiplas têm um maior risco de acontecer.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
37
A freqüência de identificação concomitante de múltiplos enteropatógenos intestinais
em alguns estudos brasileiros variou de 4 a 78% (Stewien et al., 1993; Mangia et al.,
1993; Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Medeiros et al., 2001; Orlandi et
al., 2001; Souza et al., 2002), mas uma notável parte dos estudos busca a
identificação de um agente infeccioso isolamente nas crianças menores de cinco
anos com diarréia aguda.
No estudo dos doentes, uma informação relevante constitui a determinação do
enteropatógeno que está mais freqüentemente associado à necessidade de terapia
de hidratação intravenosa e/ou internação, pela gravidade do episódio clínico ou por
falha ou resposta inadequada à terapia de reidratação oral. Este dado é fundamental
visto que, por exemplo, o RV é um agente associado à transmissão nosocomial,
prolongando o tempo de internação dos contatos (Bishop, 1994; Gusmão et al.,
1995; Kapikian et al., 2001). Portanto, o conhecimento da etiologia da diarréia aguda,
no paciente que necessita de internação, possibilitará medidas preventivas seguras
a serem tomadas nas enfermarias, para minimizar o risco da transmissão e os
custos das internações.
Na medida em que a doença diarréica se torna menos freqüente em comunidades
com melhores condições de higiene e de saneamento básico, a prevalência dos
agentes infecciosos bacterianos e dos protozoários reduz, passando a predominar
as diarréias associadas aos vírus (Feachem, 1984; Esrey et al., 1985, O’Ryan, Prado
& Pickering). Então, a determinação da freqüência dos patógenos intestinais
encontrados num primeiro momento poderá servir como indicador de qualidade
sanitária da região de onde provém o caso, para planejamento e medidas de
intervenção mais eficazes no combate à doença diarréica.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
38
3. OBJETIVOS
___________________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
39
3. OBJETIVOS
3.1. GERAL
Detectar agentes infecciosos (bactérias, vírus e protozoários) associados à diarréia
aguda em crianças de até três anos de idade, atendidas no PS do Hospital Infantil
Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória ES, e investigar aspectos clínico-
epidemiológicos associados.
3.2. ESPECÍFICOS
3.2.1. Detectar a presença dos agentes bacterianos patógenos ou possivelmente
patógenos associados à diarréia aguda: Escherichia coli enteropatogênica típica e
atípica (EPEC), enterotoxigênica (ETEC), enteroinvasora (EIEC), enteroagregativa
(EAEC), de adesão difusa (DAEC) e enterohemorrágica (EHEC); Shigella (S.
flexneri, S. boydii, S. sonnei e S. dysenteriae) e Salmonella spp;
3.2.2. Detectar antígenos de RV em suspensão fecal por ensaio imunoenzimático e
seu ácido nucleico por eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA) e antígenos de
Ad em suspensão fecal por ensaio imunoenzimático;
3.2.3. Detectar antígenos de Giardia lamblia, de Entamoeba histolytica e de
Cryptosporidium spp. em suspensão fecal por ensaio imunoenzimático;
3.2.4. Investigar os principais sinais e sintomas e fatores sócio-demográficos
associados aos diferentes grupos dos patógenos intestinais encontrados.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
40
4. MATERIAL E MÉTODOS
___________________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
41
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. TIPO DE ESTUDO E LOCAL
Foi feito um estudo descritivo dos casos de diarréia aguda em crianças até três anos
de idade atendidos durante 17 meses consecutivos no Pronto Socorro (PS) do
hospital pediátrico, Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), situado em
Vitória ES. O HINSG é um hospital de referência da rede estadual do Serviço
Único de Saúde (SUS), que alberga uma residência médica em Pediatria, atendendo
aos municípios da Grande Vitória, assim como a outros municípios do Estado do
Espírito Santo, do Sul da Bahia e do Sudeste de Minas Gerais. Todas as crianças
são atendidas no Setor de Triagem do PS do referido hospital e, quando necessário,
encaminhadas aos diferentes serviços para observação ou esclarecimento
diagnóstico. No período do estudo, foi realizada uma média de 7200 atendimentos
mensais e o diagnóstico de diarréia aguda, associada ou não a vômitos, variou de
118 a 670 casos mensais, nos menores de três anos (Gráfico 1).
Gráfico 1: Número total de consultas por gastrenterite aguda e de amostras fecais obtidas de
crianças menores de três anos atendidas no Pronto Socorro do HINSG no período de 2003 a
2004
0
100
200
300
400
500
600
700
800
jan/03
fev/03
mar/03
a
br/03
m
a
i/03
jun/03
jul/
0
3
ago/03
set/03
ou
t
/
03
nov/03
de
z
/03
jan/04
fev/04
m
a
r/
0
4
abr
/04
mai/04
jun/04
n de crianças < 3 anos
0
5
10
15
20
25
n de amostras colhidas
Diarréia Aguda amostras colhidas
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
42
4.2. AMOSTRAGEM
Durante quatro dias da semana, em períodos alternados de quatro horas (matutinos
e vespertinos), as crianças triadas que apresentavam como queixa principal a
diarréia, eram direcionadas para entrevista e coleta das fezes, após consentimento
livre e esclarecido. A obtenção de todas as informações sócio-demográficas e o
procedimento da coleta foram realizados pela investigadora.
O estudo foi feito no período entre fevereiro de 2003 e junho de 2004. Foram usados
os seguintes critérios de inclusão: crianças de ambos os sexos, com idade
compreendida entre zero e três anos, acometidas de diarréia e/ou disenteria por um
período inferior a 15 dias. Foram excluídas aquelas com diarréia persistente ou
crônica. Não foram colhidas amostras de pacientes internados. Nos casos em que a
criança fazia uso de antimicrobiano, a pesquisa de patógenos bacterianos foi
excluída. Foram selecionados 253 casos sendo 11 destes, crianças entre 36 a 48
meses.
Foram obtidas 78 amostras de crianças sem diarréia, selecionadas como controles,
colhidas neste mesmo hospital sendo colhidas um total de 331 amostras. Esse grupo
controle foi utilizado especialmente para avaliar a ocorrência de algumas categorias
de E. coli supostamente diarreiogênicas (EPEC atípica, EAEC e DAEC) (Figura 1).
4.3. COLETA DOS DADOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Após explicação dos objetivos da pesquisa ao responsável pela criança e a obtenção
da autorização assinada para a coleta do material e dos dados clínico-
epidemiológicos, foi feito o preenchimento de uma ficha com informações sócio-
demográficas e uma anamnese direcionada para fatores de risco para diarréia, sinais
e sintomas associados à diarréia e a terapêutica inicial após seu atendimento (Anexo
2).
Das 253 crianças estudadas, em 20 casos não foi possível ter esta ficha preenchida.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
43
4.4. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, do Centro Biomédico,
Universidade Federal do Espírito Santo, em 23 de maio de 2003 (Anexo 1).
Este estudo possibilitou um trabalho de orientação aos familiares das crianças
participantes sobre higiene na alimentação e de utensílios oferecidos à criança, bem
como o reconhecimento precoce de sinais de desidratação, uso de soro de
reidratação oral e tipo de alimentação a ser oferecida durante o quadro de diarréia
aguda, segundo recomendações da OMS (OMS, 2002).
4.5. COLETA, ARMAZENAMENTO E PROCESSAMENTO DAS FEZES
As amostras fecais foram colhidas após eliminação espontânea imediata ou por
estímulo com sonda retal de polivinil de números seis a dez, fracionando o material
conforme se segue: i) fezes in natura” em recipiente plástico apropriado com tampa
de rosca, para a pesquisa de vírus e de protozoários; ii) em meio de transporte Cary-
Blair para isolamento de enteropatógenos bacterianos (E. coli, Shigella, Salmonella);
iii) em caldo de enriquecimento selenito para enteropatógenos Shigella e Salmonella.
Estes dois últimos foram mantidos à temperatura ambiente (TA), enquanto a primeira
fração permanecia em recipiente térmico mantido a 4ºC, até seu congelamento a -
20º C (Figura 1). As amostras fracionadas foram levadas ao laboratório ao final do
período de coleta e preparadas para as análises microbiológicas e parasitológicas
(Figura 2, Anexo 6). Os meios de cultura e soluções usadas estão descritas no
Anexo 5.
Figura 1: Distribuição das 331 amostras fecais colhidas de acordo com seu fracionamento
para detecção dos enteropatógenos
3
3
3
3
1
1
a
a
m
m
o
o
s
s
t
t
r
r
a
a
s
s
f
f
e
e
c
c
a
a
i
i
s
s
c
c
o
o
l
l
h
h
i
i
d
d
a
a
s
s
n
n
o
o
P
P
S
S
d
d
o
o
H
H
I
I
N
N
S
S
G
G
F
F
r
r
a
a
s
s
c
c
o
o
c
c
o
o
m
m
r
r
o
o
s
s
c
c
a
a
(
(
4
4
º
º
C
C
)
)
d
d
e
e
t
t
e
e
c
c
ç
ç
ã
ã
o
o
v
v
i
i
r
r
a
a
l
l
/
/
p
p
r
r
o
o
t
t
o
o
z
z
o
o
á
á
r
r
i
i
o
o
s
s
C
C
a
a
r
r
y
y
-
-
B
B
l
l
a
a
i
i
r
r
(
(
T
T
A
A
)
)
d
d
e
e
t
t
e
e
c
c
ç
ç
ã
ã
o
o
d
d
e
e
b
b
a
a
c
c
t
t
é
é
r
r
i
i
a
a
s
s
C
C
a
a
l
l
d
d
o
o
S
S
e
e
l
l
e
e
n
n
i
i
t
t
o
o
(
(
T
T
A
A
)
)
d
d
e
e
t
t
e
e
c
c
ç
ç
ã
ã
o
o
d
d
e
e
b
b
a
a
c
c
t
t
é
é
r
r
i
i
a
a
s
s
2
2
5
5
3
3
a
a
m
m
o
o
s
s
t
t
r
r
a
a
s
s
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
a
a
g
g
u
u
d
d
a
a
7
7
8
8
a
a
m
m
o
o
s
s
t
t
r
r
a
a
s
s
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
44
4.5.1. Detecção de Bactérias
A amostra fecal foi processada no laboratório em um período sempre inferior a oito
horas após a coleta em 253 casos de crianças com diarréia aguda e 78 casos sem
diarréia. Foram excluídas 12 amostras das crianças com diarréia aguda para
pesquisa de bactérias por estarem em uso de antimicrobiano (Figura 2).
A amostra preservada em meio de transporte Cary-Blair foi semeada em meios de
cultura diferenciais de baixa seletividade (Ágar MacConkey) para isolamento de E.
coli, e de dia seletividade (Ágar SS) para isolamento de Shigella e de Salmonella.
O caldo de enriquecimento selenito foi incubado por 12 a 18 h à 37ºC para favorecer
o isolamento de Salmonella spp e Shigella spp e, posteriormente, semeado em Ágar
SS ou em XLD (Xilose-Lisina-Desoxicolato), seletivos e diferenciais. As placas foram
incubadas por 24 a 48 h a 37ºC. Todos os procedimentos de incubação foram
realizados em incubadora bacteriológica.
Figura 2: Sumário dos procedimentos realizados para detecção bacteriana nas 331 amostras
colhidas
C
C
a
a
r
r
y
y
-
-
b
b
l
l
a
a
i
i
r
r
L
L
a
a
c
c
(
(
+
+
)
)
/
/
L
L
a
a
c
c
(
(
-
-
)
)
H
H
2
2
S
S
(
(
+
+
)
)
o
o
u
u
(
(
-
-
)
)
C
C
a
a
l
l
d
d
o
o
S
S
e
e
l
l
e
e
n
n
i
i
t
t
o
o
2
2
5
5
3
3
c
c
o
o
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
a
a
g
g
u
u
d
d
a
a
e
e
7
7
8
8
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
-
-
1
1
2
2
e
e
m
m
u
u
s
s
o
o
d
d
e
e
a
a
n
n
t
t
i
i
m
m
i
i
c
c
r
r
o
o
b
b
i
i
a
a
n
n
o
o
P
P
r
r
o
o
v
v
a
a
s
s
b
b
i
i
o
o
q
q
u
u
í
í
m
m
i
i
c
c
a
a
s
s
2
2
4
4
1
1
c
c
o
o
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
a
a
g
g
u
u
d
d
a
a
e
e
7
7
8
8
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
E
E
.
.
c
c
o
o
l
l
i
i
S
S
a
a
l
l
m
m
o
o
n
n
e
e
l
l
l
l
a
a
e
e
S
S
h
h
i
i
g
g
e
e
l
l
l
l
a
a
L
L
a
a
c
c
(
(
-
-
)
)
H
H
2
2
S
S
(
(
+
+
)
)
A
A
g
g
a
a
r
r
S
S
S
S
e
e
/
/
o
o
u
u
X
X
L
L
D
D
A
A
g
g
a
a
r
r
M
M
c
c
C
C
o
o
n
n
k
k
e
e
y
y
S
S
S
S
o
o
u
u
X
X
L
L
D
D
3
3
7
7
°
°
C
C
-
-
2
2
4
4
h
h
3
3
7
7
°
°
C
C
(
(
1
1
2
2
-
-
1
1
8
8
h
h
)
)
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
45
4.5.1.1. Caracterização bioquímica e identificação de enterobactérias
4.5.1.1.1. E. coli
Colônias lactose positivas (Lac +), sugestivas de E. coli, e lactose negativas (Lac -)
com ou sem H
2
S, sugestivas de EIEC, de Shigella ou de Salmonella, foram
selecionadas de cada amostra para identificação bioquímica presuntiva dos gêneros
bacterianos, através dos testes de motilidade, produção de indol, descarboxilação de
lisina, metabolização de citrato, desaminação de fenilalanina, fermentação de
dextrose, lactose e/ou sacarose, produção de gás a partir de glicose e produção de
H
2
S.
Quando necessário, testes bioquímicos complementares como a descarboxilação
dos aminoácidos arginina e ornitina foram utilizados na elucidação do gênero
bacteriano.
E. coli Lac + e Lac foram caracterizadas bioquimicamente como do grupo
enteropatogênica clássica (EPEC) ou enteroinvasora (EIEC), respectivamente,
através de anti-soros polivalentes (PROBAC do Brasil) de acordo com instruções do
fabricante, descritas a seguir: suspensão bacteriana foi realizada em solução salina
(turvação compatível com a escala nº. 2 de Mac Farland, aproximadamente 6 x 10
8
UFC/mL) e fervida por uma hora. Vinte e cinco microlitros da suspensão fervida
foram homogeneizados em lâmina, separadamente, com 25 µl de anti-soros
polivalentes A, B e C para EPEC (colônias Lac +) ou polivalentes A e B para EIEC
(colônias Lac -) (Quadro 1). Reação de aglutinação foi observada com 30 s. a um
min. Controle negativo da reação foi realizado omitindo-se o anti-soro e adicionando-
se igual volume de salina. Reação era considerada positiva quando a aglutinação na
lâmina era positiva com algum dos anti-soros e não com a salina.
Cinco colônias Lac + e duas Lac - de E. coli foram preservadas em ágar nutriente
para posterior caracterização de todos os tipos diarreiogênicos através dos testes de
hibridização com sondas genéticas radioativas para detecção de genes de virulência
de EPEC, ETEC, EHEC, EAEC, EIEC e DAEC no Laboratório de Microbiologia
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) pela Dra. Isabel Cristina Scaletsky
(Quadro 2 e Anexo 6).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
46
Quadro 1. Anti-soros utilizados na confirmação e/ou triagem de bactérias patógenas
intestinais
GÊNERO E / OU
ESPÉCIE
SOROGRUPOS / SOROTIPOS ANTI-SOROS
O26, O55, O111, O119 Polivalente A
O114, O125, O142, O158 Polivalente B
E. coli (EPEC)
Polivalente C
E. coli (EIEC)
O86, O126, O127, O128
O28ac, O29, O136, O144, O152
O112ac, O124, O143, O164, O167
Polivalente A
Polivalente B
Shigella
S. flexneri
1, 2, 3, 4, 5, 6 e variantes X e Y
Polivalente
S. boydii 1, 2, 3, 4, 5, 6, e 14
8, 9, 10, e 11
7, 12, 13 e 15
Polivalente 1
Polivalente 2
Polivalente 3
S.sonnei I e II Polivalente
S. dysenteriae
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
8ab, 8ac, 9 e 10
Polivalente 1
Polivalente 2
Salmonella A, B, C1, C2, D, E1, E2, E3, E4, Vi Polivalente O
Quadro 2. Sondas genéticas específicas para as categorias de DEC
Patotipo de E. coli Especificidade da sonda
EPEC Plasmídio EAF*; Gene eaeA*
DAEC Gene daaC
#
EAEC EAEC (pAA)
**
EHEC
EHEC (Adesão)
; Stx1
; Stx2
ETEC LT***; STp
¥
; STh
¥
EIEC Inv
§
*EAF = Fator de adesão da EPEC; eaeA = gene responsável pela codificação da intimina,
proteína de membrana relacionada à lesão attaching and effacing (A/E) promovida pela EPEC.
#
daaC = gene associado à biogênese da F1845, adesina fimbrial da adesão difusa;
**
pAA = plasmídio relacionado à adesão agregativa;
Adesão = plasmídio pO157, onde está
localizado o gene responsável pela síntese da enterohemolisina de EHEC;
Stx = citotoxina
Shiga-like toxin”; ***LT toxina termolábil;
¥
STp e STh toxinas termoestável de porco e
humana, respectivamente;
§
Inv fragmento isolado do plasmídio de invasão da EIEC (pInv).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
47
4.5.1.1.2. Shigella e Salmonella
Nos casos de suspeita do isolamento de Shigella ou de Salmonella através das
provas bioquímicas descritas anteriormente, a confirmação do gênero foi obtida
através do uso de anti-soros polivalentes (PROBAC do Brasil) (Quadro 1). No caso
da Shigella, além de confirmação do gênero, foi também possível a determinação da
espécie isolada: S. sonnei, S. flexneri, S. boydii e S. dysenteriae. Nos casos de
suspeita de Salmonella, era utilizado o anti-soro polivalente para antígeno somático
O (PROBAC do Brasil) (Quadro 1). A reação sorológica foi realizada como a
anteriormente descrita, porém, nestes casos, a suspensão bacteriana não foi fervida.
As amostras identificadas como Salmonella foram enviadas para o Laboratório do
Centro de Referência de Enterobactérias da Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ
RJ, sob a chefia de Dra. Dália dos Prazeres Rodrigues, para determinação do
sorotipo.
4.5.2. Detecção de vírus
As fezes in natura foram preservadas à temperatura de 20
o
C para detecção dos
agentes infecciosos virais RV e Ad.
4.5.2.1. Preparo de suspensões fecais
Foram preparadas suspensões fecais a 10% em tampão Tris/Cálcio (0.01M/0,015M),
centrifugadas a 2000 xg a 4ºC por 20 min. O sobrenadante foi coletado e
armazenado à temperatura de – 20ºC até realização dos procedimentos de detecção
antígenos virais pelo Ensaio Imunoenzimático para RV e Ad (EIERA,
Biomanguinhos, FIOCRUZ) e de extração de RNA para EGPA para identificação de
RV. Todas as soluções utilizadas estão descritas no Anexo 5.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
48
4.5.2.2. Ensaio Imunoenzimático para RV e Ad (EIERA)
Foram submetidas 147 amostras fecais à detecção de antígenos de RV e de Ad.
Os antígenos virais (RV e Ad) na suspensão fecal preparada conforme descrito
anteriormente, foram detectados através do kit EIERA, desenvolvido por
Biomanguinhos, FIOCRUZ-RJ, conforme instruções do fabricante. Este ensaio
imunoenzimático consiste no método de sanduíche duplo de Anticorpos (Ac), em que
os antígenos são capturados em fase sólida por Ac contra Rv ou Ad de soros
hiperimunes de cabras. A detecção da reação se faz através da adição de conjugado
anti-imunoglobulina contra RV ou Ad (de cobaia) marcado com peroxidase, que é
evidenciada com o cromógeno tetrametilbenzidina (TMB). O composto de coloração
azul turquesa se torna amarelo após a adição do ácido sulfúrico, quando os
antígenos virais estão presentes. Portanto, amostras negativas para RV e Ad não
apresentam coloração amarela e as amostras positivas, coloração amarela
nitidamente intensa, na diluição ¼ ou ainda densidade ótica (DO) significativamente
2X mais elevada do que a dos controles. As amostras identificadas como negativas
através da DO apresentam menos que 0,05 do valor zerado (após subtração do
valor da DO do controle negativo) e, as positivas com DO maior ou igual a 0,05 do
valor zerado (após subtração do valor da DO do controle negativo).
4.5.2.3. Extração de RNA
As suspensões fecais foram submetidas ao método de extração de ácido nucleico
descrito por Boom et al. (1990), com algumas modificações, conforme descrito a
seguir: em 200 µL da suspensão fecal foram adicionados 800 µL de tampão L6,
homogeneizados e incubados à temperatura ambiente (TA) para lise celular e
dissociação da nucleoproteína viral. A seguir, foram acrescentados 10 µL de sílica,
homogeneizados e centrifugados a 12000xg/30 s. e os sobrenadantes descartados
em NaOH 10 M (para neutralizar o isotiocianato de guanidina presente no tampão
L6). Adicionou-se então (1) 500 µL de tampão L2 seguido de homogeneização e
centrifugação (12000xg/30 s.); (2) 500 µL de etanol 70% (gelado) seguido de
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
49
homogeneização e centrifugação (12000xg/30 s.); (3) 500 µL de acetona P.A.
(gelada) e seguido de homogeneização e centrifugação (12000 xg/30 s.). O
sobrenadante foi descartado após cada centrifugação. A seguir, incubou-se em
banho Maria (BM) a 56ºC por 5 min. para evaporação completa da acetona. Foram
adicionados 50 µL de H
2
O Milli Q, homogeneizados e incubados em banho-maria
56ºC por 15 min. para eluição do RNA de dupla fita. As suspensões foram
homogeneizadas e centrifugadas (12000xg/3 min.). Aproximadamente 40 µL do
sobrenadante foi coletado e estocado a 20ºC até ser utilizado no procedimento
seguinte.
4.5.2.4. Eletroforese em Gel de Poliacrilamida (EGPA)
A detecção de RV e a determinação de seus eletroferotipos foram realizadas
conforme descrito na literatura (Pereira et al., 1983) em 230 amostras fecais (Grupo
III). O RNAdf extraído foi submetido a uma eletroforese vertical em gel de
poliacrilamida composto por um gel concentrador (4%) e um separador (7,5%). Após
a eletroforese, o gel foi corado pelo método de impregnação pela prata e o perfil
eletroforético visualizado em negatoscópio, de acordo com Herring et al. (1982).
4.5.3. Detecção de protozoários
As fezes in natura foram preservadas a 20
o
C para detecção de antígenos dos
protozoários Cryptosporidium, E. histolytica e G. lamblia, que foi realizado em 88
amostras fecais (Grupo I).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
50
4.5.3.1. Ensaio Imunoenzimático para Cryptosporidium, E. histolytica e G. lamblia
(EIE)
O método imunoenzimático para detecção de antígenos destes protozoários foi
aplicado em 88 amostras fecais de crianças com diarréia aguda, escolhidas
aleatoriamente dentre as 147 que foram submetidas à pesquisa de RV e Ad (Grupo
II), com o kit comercial ProSpecT Ensaio Imunoenzimático para E. histolytica,
Cryptosporidium e G. lamblia em Microplaca (Alexon Inc.- Biobrás diagnósticos)
segundo as instruções do fabricante. Este ensaio consiste no método de sanduíche
duplo de Ac, com detecção qualitativa de antígenos específicos da E. histolytica; do
Cryptosporidium (CSA) e da Giardia (GSA 65), respectivamente. As suspensões
fecais, adequadamente diluídas, foram colocadas em unidades da microplacas
contendo os anticorpos de captura do antígeno (soro hiperimune de cabra) dos
respectivos protozoários. A reação completa-se através da adição de conjugado anti-
imunoglobulinas de cobaia marcado com peroxidase, evidenciada com o TMB. O
composto formado, de coloração azul turquesa, se torna amarelo após a adição do
ácido sulfúrico se os antígenos virais estiverem presentes. As amostras identificadas
como negativas apresentam DO menor que 0,05 do valor zerado (após subtração do
valor da DO do controle negativo) e positivas com DO maior ou igual a 0,05 do valor
zerado (após subtração do valor da DO do controle negativo).
4.5.4 Detecção de mais de um enteropatógeno nas amostras fecais
Para análise das diferentes categorias de enteropatógenos e suas associações, as
amostras foram distribuídas em quatro grupos conforme agente etiológico
pesquisado e metodologia (Figura 3):
i) Grupo I = 88 amostras fecais nas quais foi realizada pesquisa de bactérias,
de antígenos virais (RV e Ad) e de protozoários;
ii) Grupo II = 147 amostras fecais nas quais foi realizada pesquisa de
bactérias e de antígenos virais de RV e Ad;
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
51
iii) Grupo III = 230 amostras nas quais foi realizada a detecção de bactérias e
detecção do ácido nucléico do RV;
iv) Grupo IV = 78 amostras controles, crianças sem diarréia nas quais foram
detectadas bactérias e ácido nucléico do RV.
Os Grupos I e II correspondem a subgrupos do Grupo III e são constituídos de
material clínico obtido no período de fevereiro a setembro de 2003.
Figura 3: Distribuição dos casos de diarréia aguda e sem diarréia de acordo com a pesquisa
simultânea de enteropatógenos
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todos os dados foram inseridos no programa estatístico SPSS 10.0. A estatística
descritiva foi realizada das variáveis quantitativas representadas por média, desvio
padrão, mediana, valores mínimo e máximo. As variáveis qualitativas foram
estudadas pela freqüência absoluta e frequência relativa (%) e, quando necessário,
realizadas comparações de freqüências pelos testes de Qui - quadrado (x
2
) ou exato
de Fisher. Todas as estatísticas foram expressas com os respectivos intervalos de
confiança a 95%.
G
G
R
R
U
U
P
P
O
O
I
I
B
B
A
A
C
C
T
T
É
É
R
R
I
I
A
A
S
S
,
,
V
V
Í
Í
R
R
U
U
S
S
e
e
P
P
R
R
O
O
T
T
O
O
Z
Z
O
O
Á
Á
R
R
I
I
O
O
S
S
n
n
=
=
8
8
8
8
G
G
R
R
U
U
P
P
O
O
I
I
I
I
B
B
A
A
C
C
T
T
É
É
R
R
I
I
A
A
S
S
,
,
R
R
V
V
e
e
A
A
d
d
n
n
=
=
1
1
4
4
7
7
G
G
R
R
U
U
P
P
O
O
I
I
I
I
I
I
B
B
A
A
C
C
T
T
É
É
R
R
I
I
A
A
S
S
e
e
R
R
V
V
n
n
=
=
2
2
3
3
0
0
G
G
R
R
U
U
P
P
O
O
I
I
V
V
B
B
A
A
C
C
T
T
É
É
R
R
I
I
A
A
S
S
e
e
R
R
V
V
n
n
=
=
7
7
8
8
7
7
8
8
c
c
a
a
s
s
o
o
s
s
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
2
2
4
4
1
1
c
c
a
a
s
s
o
o
s
s
d
d
e
e
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
a
a
g
g
u
u
d
d
a
a
p
p
e
e
s
s
q
q
u
u
i
i
s
s
a
a
d
d
o
o
s
s
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
52
5. RESULTADOS
__________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
53
5. RESULTADOS:
5.1. DADOS DEMOGRÁFICOS DA AMOSTRA ESTUDADA
As crianças atendidas no PS do HINSG, que fizeram parte deste estudo, procediam
predominantemente de três municípios que formam a região Metropolitana de
Vitória: Serra (37%), Vitória (26,9%) e Cariacica (21,4%). Os demais casos (14,6%)
foram provenientes de outros municípios deste estado ou de estados adjacentes
(Figura 4).
* Outros municípios ou estados
Figura 4: Mapa da região metropolitana da Grande Vitória demonstrando a localização dos
municípios que a compõem: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana com o respectivo
número de amostras colhidas
= 88
= 11
= 51
= 64
Outros*= 18
= 6
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
54
Das 253 crianças estudadas, 153 eram do sexo masculino (60,5%) e 100, do sexo
feminino (39,5%). A média de idade foi de 13,6 meses (DP: 10,7 m), mediana de 11
meses. A estratificação das idades mostrou que 76,7% tinham menos que 18 meses
de idade (Gráfico 2).
Gráfico 2: Distribuição da idade das crianças com diarréia aguda estudadas. Estão
representados os percentis 25 (6 meses) e 75 (18 meses) e a mediana de 11 meses
253N =
crianças com diarréia aguda
SIM
idade em meses
60
50
40
30
20
10
0
-10
16624025318234
156
164
182128
41
140
179
94225
57
180
A média de idade paterna foi de 30,1 anos (DP= 12,3) e a materna, 24,8 anos (DP=
5,9). Quanto à instrução, 69% (126/183) dos pais e 60,2% (132/219) das mães têm
ensino fundamental completo ou parcialmente completo. Com relação à moradia,
86,5% dos entrevistados residiam em casas de alvenaria e quase todos tinham
acesso à água potável (97,8%). Havia relato de rede de esgoto nas casas de 69%
(158/229) dos entrevistados e 40,7% não tinham filtro. Cento e dois entrevistados
possuíam pelo menos um animal doméstico (44,7%) cuja maior freqüência foi de
cão, isoladamente (17,8%) ou associado a outros animais (26,5%).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
55
A grande maioria das mães (222/230) realizou pré-natal durante a gestação das
crianças estudadas, com relato de 13% (30/230) de prematuridade. Vinte e oito
casos (12,3%) tiveram peso de nascimento menor que 2500 g. Não houve diferença
estatisticamente significante comparando às crianças prematuras com as nascidas a
termo e aquelas com peso menor ou igual a 2500g, comparando-as com peso
superior a 2500 g quando relacionamos a presença ou ausência de diarréia (p = 0,17
e p = 0,06, respectivamente).
Em 50,6% (118/233) das crianças foi o primeiro relato de diarréia enquanto que
49,4% tinham apresentado dois ou mais episódios anteriores. Outras doenças, que
não a diarréia, ocorreram em 26,1% dos casos, sendo pneumonia e refluxo
gastresofágico, as mais freqüentes. Apenas 18,8% das crianças com diarréia
freqüentavam creches.
Com relação à história alimentar, 37,1% (62/167) das crianças com idade superior a
seis meses realizaram aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida. Do
total de crianças estudadas, 56% (128/229) receberam outros leites (exclusivamente
ou associados ao leite materno) ou alimentos complementares após três meses de
idade. O leite materno não foi oferecido em 14,8% (34/229) (Gráficos 3 e 4).
Com relação a hábitos específicos, 67,8% (156/230) utilizavam a mamadeira para
oferecimento de outros alimentos (suco, chás, água ou leite). O uso de chupetas foi
referido em 42,8% das crianças. O preparo dos alimentos foi imediato em 89,9% dos
casos.
Gráfico 3: Tempo de aleitamento materno exclusivo nas crianças com diarréia aguda
15%
41%
41%
3%
Não houve 0 a 3 m 4 a 6 m > 6 m
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
56
Gráfico 4: Época de introdução de outros alimentos (leites e alimentos sólidos) nos primeiros
seis meses de vida das crianças com diarréia aguda
0,8
40,9
43
15,2
30,6
26,6
36,7
6,1
0 10 20 30 40 50
< 3 m
3 - 6 m
> 6 m
Não houve
Época da Introdução de outros alimentos
(meses)
% do total
lidos
Outros leites
A procura de atendimento médico ocorreu em dia de 3,6 dias (DP: 3,1 dias) após
o início da diarréia. Cerca de 90% dos pacientes compareceram ao PS nos primeiros
sete dias da doença.
Evacuações líquidas ocorreram em 83,8% (201/240) dos casos, relato da presença
de sangue em 14,6% (35/239) e de muco em 55,2% (132/239) (Tabela 1). Apenas
12,6% referiram contactantes com sintomas semelhantes. Diagnóstico de
desidratação ocorreu em 42,4% (101/238) dos casos, embora terapia de reposição
hidreletrolítica intravenosa (IV) tivesse sido realizada em 55,5% (106/238), em
decorrência da associação com vômitos incoercíveis.
A Tabela 1 mostra bactérias, vírus e protozoários identificados conforme o grupo
pesquisado, sua frequência isolada ou em associação, de acordo com a faixa etária,
alguns fatores de risco para doença diarréica, os principais sintomas e número de
crianças que evoluiram para terapia de hidratação IV.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
57
Tabela 1a: Prevalência de enteropatógenos por grupos, identificados isoladamente ou
associados, em crianças com diarréia aguda, de acordo com algumas variáveis relacionadas
com a idade, hábitos e condições de vida, alguns sinais e sintomas e terapia de hidratação
intravenosa (IV). Grupo I – os três agentes pesquisados
Grupos de enteropatógenos identificados
Variáveis
Grupo I (n = 88)
n (%)
B RV e Ad P B+V+P
< de 1 ano 21 (60) 28 (55) 9 (34,6) 16 (50)
Prematuridade 6 (17,1) 8 (15,7) 5 (20) 6 (18,8)
Não recebeu LM * 4 (11,4) 8 (15,7) 3 (11,5) 6 (18,8)
Saneamento básico 35 (100) 50 (98) 17 (68) 32 (100)
Presença de filtro 27 (77,1) 28 (55) 10 (45,5) 21 (65,6)
Febre 28 (80) 41 (80) 20 (76,9) 25 (78,1)
Vômitos 30 (85) 50 (98) 23 (88,5) 31 (97)
Sintomas respiratórios 20 (57,1) 31 (60,8) 13 (50) 20 (62,5)
Sangue nas fezes 6 (17,1) 7 (13,7) 4 (15,4) 5 (15,6)
Desidratação 16 (45,7) 23 (45,1) 13 (50) 16 (50)
Terapia IV 17 (48,6) 27 (52,9) 12 (46,2) 16 (50)
N total de casos 35 (39,8) 51 (58) 26 (10,3) 32 (36,4)
* LM = leite materno ; B = bactérias V = vírus P = protozoários;
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
58
Tabela 1b: Prevalência de enteropatógenos por grupos, identificados isoladamente ou
associados, em crianças com diarréia aguda, de acordo com algumas variáveis relacionadas
com a idade, hábitos e condições de vida, alguns sinais e sintomas e terapia de hidratação
intravenosa (IV). Grupo II – bactérias, RV e Ad (EIERA) pesquisados
Grupos de enteropatógenos identificados
Variáveis
Grupo II (n = 147)
n (%)
B RV Ad B + V
< de 1 ano 33 (54,1) 44 (59,5) 5 (41,7) 18 (54,5)
Prematuridade 12 (19,7) 12 (16,2) 2 (16,7) 9 (27,3)
Não recebeu LM * 9 (14,8) 10 (13,5) 0 (0) 6 (18,2)
Saneamento básico 59 (96,7) 71 (96) 12 (100) 32 (97)
Presença de filtro 39 (63,9) 42 (56,8) 7 (58,3) 26 (78,8)
Febre 45 (73,8) 54 (73) 7 (58,3) 24 (72,7)
Vômitos 54 (88,5) 73 (98,6) 12 (100) 32 (97)
Sintomas respiratórios 31 (50,8) 38 (51,4) 4 (33,3) 16 (48,5)
Sangue nas fezes 9 (14,8) 9 (12,2) 1 (8,3) 4 (12,1)
Desidratação 24 (72,7) 34 (46) 4 (33,3) 13 (39,4)
Terapia IV 25 (40,9) 36 (48,6) 4 (33,3) 14 (42,4)
N total de casos 61 (41,4) 74 (50,3) 12 (8,2) 33 (22,5)
* LM = leite materno ; B = bactérias V = vírus P = protozoários;
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
59
Tabela 1c: Prevalência de enteropatógenos por grupos, identificados isoladamente ou
associados, em crianças com diarréia aguda, de acordo com algumas variáveis relacionadas
com a idade, hábitos e condições de vida, alguns sinais e sintomas e terapia de hidratação
intravenosa (IV). Grupo III – Bactérias e RV (GEPA) pesquisados
Grupos de enteropatógenos identificados
Grupo III (n= 230)
n (%)
Variáveis
B RV B + RV
< de 1 ano 44 (50) 46 (56,8) 16 (51,6)
Prematuridade 17 (19,3) 10 (12,4) 8 (25,8)
Não recebeu LM * 17 (19,3) 15 (18,5) 6 (19,4)
Saneamento básico 82 (93,2) 77 (95,1) 29 (93,5)
Presença de filtro 65 (73,9) 46 (56,8) 25 (80,6)
Febre 62 (70,5) 61 (75,3) 22 (71)
Vômitos 76 (86,4) 78 (96,3) 30 (96,8)
Sintomas respiratórios 46 (52,3) 45 (55,6) 17 (54,8)
Sangue nas fezes 12 (13,6) 8 (9,9) 3 (9,7)
Desidratação 35 (40) 40 (49,4) 13 (42)
Terapia IV 36 (41) 41 (50,6) 14 (45,2)
N total de casos 88 (38,2) 81 (35,2) 31 (13,5)
* LM = leite materno ; B = bactérias V = vírus P = protozoários;
5.2. AGENTES INFECCIOSOS PESQUISADOS NA AMOSTRA ESTUDADA
Bactérias patógenas (EPEC típica, ETEC, EHEC, EIEC, Shigella ou Salmonella) ou
possivelmente patógenas (EPEC atípica, EAEC e DAEC), vírus ou protozoários
foram encontrados em 83% dos casos pesquisados (73/88) com diarréia aguda que
fazem parte do Grupo I; enquanto que, foram encontrados em 72,1% dos casos do
Grupo II (106/147) e em 60% do Grupo III (138/230).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
60
5.2.1. Bactérias
Dos 253 casos de diarréia aguda, foram excluídos 12 para pesquisa de bactérias
porque as crianças estavam em uso de antibiótico e/ou quimioterápico (Figura 2,
Anexo 4). As bactérias patógenas ou possivelmente patógenas, foram detectadas
em 41,5% (100/241). Excluindo as categorias de DEC ainda controversas como
agentes etiológicos de diarréia aguda (EPEC atípica, EAEC e DAEC), as bactérias
foram detectadas em 10% (24/241) dos casos (Tabela 1).
5.2.1.1. E. coli diarreiogênica (DEC)
E. coli foi isolada em 219 dos 241 casos de diarréia aguda estudados para bactérias.
Uma a cinco colônias com testes bioquímicos compatíveis com E. coli foram
submetidas à reação sorológica para determinação dos sorogrupos e a testes de
hibridização para pesquisa de genes de virulência.
5.2.1.1.1. Sorologia para DEC
A reação sorológica utilizando anti-soro policlonal para EPEC detectou nove casos
positivos dos 219 em que a E. coli foi isolada (4,1%), representando 3,7% do total de
casos estudados (Tabela 2). Um caso aglutinou com o anti-soro polivalente A (O26,
O55, O111 e O119), oito com o anti-soro polivalente B (sorogrupos O114, O125,
O142 e O158), e nenhum com anti-soro polivalente C (O86, O126, O127, O128).
A pesquisa de EIEC, realizada nas colônias Lac (-) que foram negativas para
Shigella, foram também negativas para esta categoria de E. coli (Tabela 2).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
61
Os sorogrupos de DEC, pesquisados com uso de anti-soros monoclonais para
determinação do antígeno somático O, revelaram dez casos positivos para seis
sorogrupos de E. coli assim distribuidos: O26 e O142 (um caso de cada) e O55,
O119, O125, O128 (dois casos de cada). Dentre estes sorogrupos encontrados,
apenas uma amostra O55 e uma O142 apresentaram positividade na pesquisa com
anti-soros policlonais.
5.2.1.1.2. Testes de Hibridização para pesquisa de genes de virulência de DEC
Os testes de hibridização para pesquisa de genes de virulência de DEC de colônias
Lac (+) e/ou Lac (–) (Figura 5
A-D) foram realizados em 219 casos de crianças com
diarréia aguda, sendo detectadas em 90 destes (41,1%) (Anexo 4, Tabela 2). Houve
amostras fecais em que mais de uma DEC foi detectada.
Figura 5: A) Agar McConkey com col. Lac(+) e Lac (-) de E. coli; B) Transferência das
colônias Lac (+) e Lac (-) para membrana de nitrocelulose; C) Membrana de nitrocelulose
com amostras positivas e negativas para fermentação de lactose. Sequência superior e
inferior correspondem, respectivamente, a filtros não tratados e tratados com solução de lise
bacteriana; D) Hibridização em membrana após revelação. Resultado positivo com sonda
genética para o plasmídio EAF (EPEC típica) pode ser observado em duas amostras no
disco central inferior. Controle positivo e negativo para a referida sonda se encontra no
quadrado central. Fotos obtidas no Laboratório de Microbiologia da Dra. Isabel C. Scaletsky
(UNIFESP).
A
B
C
D
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
62
Foram detectados 20 casos positivos para EPEC (9,1%) através de testes de
hibridização para genes de virulência. A presença dos genes eae (intimina) e bfp
(plamídio EAF), identificados em dois casos de EPEC, caracterizou a EPEC típica
(0,9%) (Figura 5C); enquanto que os demais casos foram caracterizados como
EPEC atípicas (8,2%) pela ausência do plasmídio EAF (Tabela 2).
Dos dez casos em que os sorogrupos de DEC foram determinados com anti-soros
monoclonais (descritos anteriormente), genes de virulência foram detectados em
sete casos. Dos dois casos de O55, um foi caracterizado como EPEC típica e outro
como EPEC atípica. Dois casos de O119, assim como um de O26 e um de O142,
foram identificados como EPEC atípica; enquanto um caso, dos dois do sorogrupo
O128, foi caracterizado como DAEC. Nos demais sorogrupos (um caso de O128 e
dois de O125) não foram detectados genes de virulência.
Não foram encontradas cepas de EHEC, que são caracterizadas pela presença do
gene eae e de genes para STx1 e/ou Stx2 (Tabela 2).
A EIEC foi identificada em dois casos (0,9%) através da detecção do gene inv
(Tabela 2).
A ETEC foi caracterizada em 4,1% dos pacientes (9/219) com diarréia aguda, todas
as cepas contendo genes para a produção da toxina LT e uma, também o gene para
a toxina ST (Tabela 2). Houve associação da ETEC com outros grupos de agentes
infecciosos em seis casos: três com o RV (um destes também com Salmonella), dois
com G. lamblia e um com S. sonnei.
As DEC caracterizadas como DAEC e EAEC de crianças com diarréia aguda
estiveram presentes em 20,6% e 9,1%, respectivamente, e estavam em associação
com dois ou mais enteropatógenos em 48,9% (22/45) e 50% (10/20)
respectivamente.
De 78 crianças sem diarréia (Grupo IV), a E. coli foi caracterizada bioquimicamente
em 68 amostras fecais, que foram submetidas à pesquisa de genes de virulência
através de hibridização. Trinta e uma (45,6%) DEC foram encontradas, assim
distribuídas: EPEC atípica em 10,3%, ETEC em 1,5%, EAEC em 20,6% e DAEC em
16,2%. Não foram detectadas EPEC típica, EHEC ou EIEC em nenhum destes
casos (Tabela 2 e Gráfico 5). Houve uma associação de EPEC atípica com DAEC.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
63
Tabela 2: Agentes patógenos e possivelmente patógenos bacterianos em amostras fecais de
crianças com e sem diarréia aguda e significância estatística
Agente etiológico
Diarréia aguda
% (n encontrado/total)
Sem diarréia
% (n encontrado/total)
p
Escherichia coli:
EPEC*
EPEC Típica**
EPEC Atípica**
ETEC**
EHEC**
EIEC**
EAEC**
DAEC**
3,7% (9/241)
0,9% (2/219)
8,2% (18/219)
4,1% (9/219)
0
0,9% (2/219)
9,1% (20/219)
20,6% (45/219)
0
0
10,3% (7/68)
1,5% (1/68)
0
0
20,6% (14/68)
16,2% (11/68)
0,08
0,27
0,019
0,53
Shigella sp
S. flexneri
S.sonnei
4,6% (11/241)
7
4
0
0
Salmonella sp. 2,9% (7/241) 0
*Aglutinação em lâmina com soro polivalente
**Ensaio de hibridização para genes de virulência
Não foi observada diferença estatisticamente significante entre bactérias
possivelmente patógenas como EPEC atípica (p = 0,08), e DAEC (p = 0,53) nas
crianças com e sem diarréia. A EAEC foi observada em número estatisticamente
significante nas crianças sem diarréia (p = 0,019).
EPEC típica e EIEC só foram encontradas nas crianças com diarréia.
Analisando a distribuição de DEC nas diferentes faixas etárias, observou-se na
detecção de EAEC uma diferença estatisticamente significante em crianças maiores
de 24 meses, com diarréia aguda (p = 0,026) em relação às sem diarréia. Nas
crianças com DAEC, nenhuma diferença estatisticamente significante (p = 0,41) foi
observada na estratificação das idades das crianças com e sem diarréia, assim
como nas outras categorias de DEC (Tabela 3 e Gráfico 5).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
64
Gráfico 5: Amostras positivas e negativas para diversas categorias de DEC pesquisadas em
crianças com e sem diarréia aguda
Tabela 3: Distribuição de categorias de Escherichia coli (EPEC atípica e típica, ETEC, EAEC
e DAEC) de acordo com a estratificação de idade em crianças com e sem diarréia aguda
Faixa etária (meses)
Categoria de E. coli
0 – 12 13 - 24 > 25 Total
Diarréia Aguda
EPEC típica
EPEC atípica
ETEC
EAEC
DAEC
1
11
2
11
26
1
4
4
2
14
0
3
3
7*
5
2
18
9
20
45
Sem Diarréia
EPEC típica
EPEC atípica
ETEC
EAEC
DAEC
0
5
1
8
8
0
2
0
6
1
0
0
0
0*
2
0
7
1
14
11
* p = 0,009
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
65
5.2.1.2. Shigella e Salmonella
Através de reações sorológicas, Shigella e Salmonella foram detectadas em 4,6%
(11/241) e em 2,9% (7/241) dos casos, respectivamente. Nestes casos, quando
colônias Lac+ compatíveis bioquimicamente com E. coli estavam presentes (dez das
onze amostras positivas para Shigella e cinco das sete para Salmonella), as
amostras também foram submetidas à pesquisa de DEC por testes de hibridização e
todas, à pesquisa de vírus.
A Shigella foi detectada como agente etiológico único em seis casos; em dois,
associada com EPEC atípica (um destes também com DAEC), em dois, com RV (um
com EAEC) e em um, com ETEC. As espécies identificadas foram S. flexneri (7) e S.
sonnei (4) (Tabela 2 e 9).
Dos sete casos onde Salmonella foi detectada, cinco tinham coinfecção: três com RV
(cada um associada à E. histolytica ou à ETEC ou à EAEC e Ad), um com DAEC e
um com EAEC. Três dessas amostras foram sorotipadas no laboratório de
Enterobactérias da FIOCRUZ, como pertencentes à espécie S. enterica, sorotipos S.
Typhimurium, S. Derby e S. enterica subspécie enterica.
Na distribuição por idade dos casos de Shigella e de Salmonella verificou-se que
82% (9/11) dos casos de shigelose ocorreram nas crianças acima de 12 meses (p=
0,006), enquanto que em 42,9% (3/7) dos casos de Salmonella, em menores de seis
meses (Tabela 4). As amostras positivas para Shigella ocorreram no verão e outono,
enquanto aquelas com Salmonella, somente no outono (Gráfico 6).
Tabela 4: Identificação de amostras positivas para Salmonella e Shigella correlacionadas
com a faixa etária de 241 crianças com diarréia aguda
Faixa Etária Shigella Salmonella
0 – 6 m 1 3
6 – 1 ano 1 1
13 a 18 m 1 0
19 a 24 m 4 1
> 25 m 4 2
Total 11 7
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
66
Gráfico 6: Correlação das amostras positivas para RV, Salmonella, Shigella, ETEC, EIEC e
EPEC típica com as estações dos anos de 2003 e de 2004
6 7
52
17
17
4
6
0
0
10
20
30
40
50
60
VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA
RV Salmonella + Shigella + ETEC+ EIEC e EPEC típica
5.2.2. Vírus
Antígenos de RV e de Ad foram pesquisados nas fezes de 148 e de 147 crianças
com diarréia aguda (Grupo II), respectivamente, e o ácido nucléico de RV em 230
amostras (Grupo III) (Anexo 4).
5.2.2.1. EIERA
EIERA para detecção de antígenos de RV e de Ad resultou em 50% e em 8,2% de
positividade, respectivamente. Das 12 amostras que foram positivas para Ad, nove
também foram positivas para RV (Tabela 5).
Tabela 5: Agentes enteropatogênicos virais detectados em amostras fecais de crianças com
diarréia aguda
Agente etiológico % (n /total)
Rotavírus
EIERA*
EGPA
Adenovírus*
50 (74/148)
35,2 (81/230)
8,2 (12/147)
* Ensaio imunoenzimático para RV e Ad (EIERA)
Eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA)
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
67
As amostras submetidas ao EIERA foram coletadas de fevereiro a setembro de
2003, onde o número de diarréia aguda foi muito alto no HINSG (Gráfico 7).
Gráfico 7 Distribuição dos casos positivos para RV (EIERA e EGPA) e de diarréia aguda
nos menores de três anos conforme meses do período estudado
0
100
200
300
400
500
600
700
f
e
v/03
mar/03
a
br/
0
3
mai/03
j
un/
0
3
j
u
l/
0
3
ago/03
set
/
0
3
o
u
t
/
0
3
nov/
0
3
d
ez/
0
3
j
an/04
f
e
v
/04
mar/
0
4
abr/04
mai/04
ju
n
/04
n de crianças < 3 anos
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
n de amostras
diagnóstico de diarréia aguda
RV EIERA
RV EGPA
5.2.2.2. EGPA
Duzentas e trinta amostras de crianças com diarréia aguda foram submetidas à
extração de RNA viral, conforme descrito anteriormente, para detecção de RV por
EGPA. O genoma viral foi encontrado em 35,2% (81/230) dos casos (Tabela 5). O
RV foi caracterizado como sendo do grupo A em 81 casos, através do padrão de
migração dos 11 segmentos de RNAdf em EGPA (4-2-3-2). Uma amostra que
apresentou um perfil de bandeamento atípico: a banda cinco desapareceu e migrou
entre as bandas dois e três, apresentando o perfil 5-1-3-2 (Figura 6). Esta cepa foi
caracterizada como do sorogrupo A no Laboratório de Referência em pesquisa de
Rotavírus, da FIOCRUZ-RJ. Os 81 casos detectados apresentaram perfil de
migração longo.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
68
Figura 6: Eletroferotipos de RNAdf do RV após EGPA corado pela impregnação pela prata.
Colunas 1-3, 6: padrão 4-2-3-2; Col.4: amostra negativa; Col. 5: genoma com reestruturação
(5-1-3-2)
Das 78 amostras obtidas de crianças sem diarréia, 72 foram submetidas a EGPA e
uma foi positiva para RV.
O maior número de casos positivos para RV ocorreu nos municípios da Serra e de
Vitória, com 38,3% e 34,6% dos casos, respectivamente, seguidos por Cariacica,
com 16,1% (Gráfico 8).
Dos casos positivos para RV, 91,4% (74/81) foram detectados em pacientes
menores de dois anos, dos quais 56,8% (46/81) tinham menos de 12 meses de vida.
Dos 18 casos positivos em crianças menores de seis meses, um terço estava abaixo
dos três meses. Os Ad não foram encontrados acima dos 24 meses, sem correlação
estatisticamente significante (p = 0,23) (Tabela 6).
1 2 3 4 5 6
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
69
Gráfico 8: Distribuição do número total de amostras colhidas com diarréia aguda e de
amostras positivas para RV de acordo com os municípios.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
n de amostras e
% de RV positivo
S
e
rra
Vitória
V
ila
Ve
l
ha
Cariacica
Vian
a
O
u
tr
o
s
munipios
Total % de amostras positivas para RV
Tabela 6: Distribuição das amostras positivas para RV e Ad por EIERA (Grupo II) e para RV
por EGPA (Grupo III) de acordo com faixa etária das crianças com diarréia aguda
Vírus
EIERA EGPA
Faixa Etária
Ad
n (%)
RV
n (%)
RV
n (%)
0 – 6 m 2 (16,7) 17 (23) 18 (22,2)
7 – 12 m 3 (25) 27 (36,4) 28 (34,6)
21 (26) 13 a 18 m
19 a 24 m
6 (50)
1 (8,3)
16 (21,6)
7 (9,5) 7 (8,6)
>25 m 0 7 (9,5) 7 (8,6)
Positivos/Total 12/147 (8,2) 74/148 (50) 81/230 (35,2)
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
70
O número de casos positivos para RV foi maior durante os meses de março a
setembro de 2003 (64/81) e foi proporcional ao daqueles que apresentaram
diagnóstico de gastrenterite aguda (vômitos associado à diarréia aguda) nos
mesmos meses (Gráfico 7).
Correlação entre alterações climáticas (temperatura e umidade) e a detecção de RV
não foi observada. Após uma redução significativa dos índices pluviométricos,
verificada nos meses de fevereiro de 2003 e 2004, ocorreu um aumento na
positividade destes vírus nas amostras fecais (Gráfico 9).
Gráfico 9: Distribuição mensal dos casos de diarréia aguda positivos para RV e variações da
temperatura média, número de dias de chuva, no período de fevereiro de 2003 a junho de
2004
0
5
10
15
20
25
30
jan-03
fev-03
ma
r
-03
a
b
r-03
mai
-0
3
j
u
n-0
3
j
ul-03
ago-03
s
et-
0
3
o
u
t
-
03
nov-03
dez-03
j
an-
0
4
fev-04
mar-
04
a
b
r-04
mai-
0
4
j
un-
0
4
meses do ano
temperatura (o.C)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
número de dias de chuva e de
amostras positivas
Dias de chuva Temperatura média RV
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
71
5.2.3. Protozoários
Das 88 amostras fecais submetidas ao ensaio imunoenzimático para detecção de
antígenos de Cryptosporidium spp., E. histolytica e G. lamblia (Grupo I), 26 (29,6%)
foram positivas. Em três amostras, dois ou três protozoários foram detectados
(Tabela 7). Protozoário foi identificado como único agente infeccioso em 9,1% dos
casos (8/88) e a G. lamblia, estava presente em seis destes. Os demais casos foram
encontrados em associação com outros grupos de patógenos (vírus e/ou bactérias)
(Gráfico 10).
Tabela 7: Antígenos de protozoários detectados em 88 amostras fecais de crianças com
diarréia aguda (Grupo I) através do EIE para G. lamblia, E.histolytica e Cryptosporidium spp.
Agente etiológico % (n /total)
Cryptosporidium spp.
Entamoeba histolytica
Giardia lamblia
11,4% (10/88)
8% (7/88)
14,8% (13/88)
A freqüência de Cryptosporidium e E. histolytica foi semelhante nas diferentes faixas
etárias, enquanto que a G. lamblia apresentou uma freqüência estatisticamente
significante (p = 0,021) em crianças maiores de 12 meses (11/13) (Tabela 8).
As associações dos protozoários encontradas com outras categorias de patógenos
intestinais estão descritas a seguir (Gráfico 10).
Tabela 8: Amostras positivas para protozoários de acordo com a faixa etária das 88 crianças
com diarréia aguda (Grupo I)
Faixa Etária
G. lamblia
n = 13
E. histolytica
n = 7
Cryptosporidium
n = 10
0 – 12 m 2 4 4
13 a 24 m 7 2 4
25 a 36 m 3 1 2
> 36 m 1 0 0
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
72
Gráfico 10: Número total de amostras positivas para Cryptosporidium, E. histolytica e
G.lamblia e suas associações com bactérias e vírus (RV e Ad) detectadas nas amostras
fecais de crianças com diarréia aguda
3
2 2
13
5
0
1
7
4
0
4
10
0
2
4
6
8
10
12
14
n de amostras positivas
G. lamblia E. histolytica Cryptosporidium
Associado à Vírus Associado à Bactérias
Associado aos dois Total de Casos positivos
5.2.4. Associações entre bactérias, vírus e protozoários
No Grupo I (n = 88), em que foram pesquisados vírus, bactérias patógenas ou
possivelmente patógenas e protozoários, foram encontradas 32 associações entre
as diferentes categorias de enteropatógenos: 43,8% de bactérias com vírus (14/32),
28,1% de protozoários com vírus (9/32), 21,9% com as três categorias (7/32) e 6,3%
de bactérias com protozoários (2/32) Das 35 bactérias identificadas, nove eram
agentes clássicos de diarréia (EPEC pica, ETEC, Shigella, Salmonella) (Diagrama
1).
Diagrama 1: Associação inter e intracategorias de patógenos detectados em 88 amostras
fecais de diarréia aguda (Grupo I)
Bactéria
12
Vírus
21
14
7
9 2
Protozoário
8
15
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
73
Das 32 associações entre as diferentes categorias, os vírus estiveram presentes em
30 casos (93,8%), seguidos pelas bactérias em 23 (71,9%) e pelos protozoários em
18 (25%). Correlacionando o número de associações e o número total de amostras
positivas por categoria encontradas nas 88 amostras, o maior número de
associações observadas ocorreu nas amostras positivas para protozoários (18/26),
seguidos pelas bactérias (23/35) e pelos vírus (30/52) (Diagrama 1).
Foram observadas 18 associações de protozoários com vírus ou bactérias: sete de
13 casos positivos para G. lamblia, cinco destes associados a agentes virais (quatro
com RV e um com Ad); seis de sete casos de E. histolytica (cinco com RV e um com
Salmonella); oito de dez casos Cryptosporidium, todos com RV. O protozoário que
apresentou maior prevalência isoladamente foi G. lamblia (Gráfico 10).
Associações entre bactérias e vírus (RV e Ad)
No Grupo II, onde RV, Ad e bactérias foram pesquisados, foram encontradas 32
(21,8%) associações entre vírus e bactérias. A maior frequência das associações
encontrada entre bactérias e RV (74,3 %), seguido de bactérias e RV e Ad (14,3%) e
entre RV e Ad (8,6%) (Diagrama 2).
Diagrama 2: Associação entre bactérias, RV e Ad detectados em 147 amostras fecais de
diarréia aguda (Grupo II)
Bactéria
29
RV
39
26
5
4 1
Ad
2
41
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
74
As associações encontradas representam 24,5% (36/147) do total de amostras
fecais positivas com enteropatógeno classicamente descritos como agentes
etiológicos de diarréia aguda em crianças (RV, Ad, EPEC típica, ETEC, Salmonella e
Shigella) ou não (EPEC atípica, EAEC e DAEC).
No grupo III, 230 amostras fecais foram submetidas a EGPA para detecção do RNA
viral, assim como a detecção de bactérias por métodos sorológicos ou
biomoleculares. Dos 138 casos positivos para qualquer dos patógenos pesquisados,
houve associação em 26,1% (36/138) de bactérias patógenas ou possivelmente
patógenas com RV (EGPA) ou entre si. Considerando categorias patógenas e
possivelmente patógenas de DEC, 5,8% (8/138) e 18,1% (25/138), respectivamente,
estiveram associadas ao RV (Diagrama 3).
Diagrama 3: Associação entre bactérias e RV detectados em 230 amostras fecais de diarréia
aguda (Grupo III)
EPEC
típica
ETEC
EIEC
Salmonella
Shigella
11
RV
50
6
2
23
EPEC
atípica
DAEC
EAEC
41
92
5
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
75
5.2.5. Quadro clínico das crianças com diarréia e associação com dados sócio-
demográficos
Dentre os sinais e sintomas observados nas crianças com diarréia aguda, vômitos,
evacuações com aspecto líquido e febre foram os mais encontrados (Tabela 9).
Tabela 9: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda
Sinais e Sintomas % (n / total)
Febre 70,6 (168/238)
Vômitos 87 (208/239)
Anorexia 67,8 (162/239)
Dor abdominal (> 6 m) 10,7 (20/187)
Coriza ou tosse 54,6 (130/238)
Evacuações líquidas 83,8 (201/240)
Sangue nas fezes 14,6 (35/239)
Muco nas fezes 55,2 (132/239)
Desidratação 42,4 (101/238)
Nos casos onde as DEC foram detectadas, as principais queixas foram as
evacuações líquidas e os vômitos, seguidos de febre e dor abdominal, que
ocorreram em mais de um terço dos casos. A desidratação foi identificada em 38
casos (43,7%). Considerando somente as categorias detectadas e classicamente
aceitas como patógenas (EPEC típica, ETEC e EIEC), os sinais e sintomas mais
freqüentes foram vômitos, anorexia, dor abdominal e presença de muco nas fezes,
além de uma menor taxa de desidratação (11%) em relação a outros grupos de
enteropatógenos (Tabela 10, Diagrama 3).
Sangue nas evacuações não foi encontrado nos casos de EIEC (Tabela 10).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
76
Nos casos em que Shigella foi isolada, os sintomas mais comuns foram anorexia
(90%) seguida de dor abdominal, febre e vômitos. A procura de atendimento médico
nestes casos ocorreu de um a sete dias do estabelecimento de sintomas. O relato ou
observação de sangue nas fezes ocorreu em três casos (27,3%) nos quais as
crianças estavam no quarto dia do início da diarréia. A desidratação ocorreu em dois
pacientes e evolução para reposição hidreletrolítica intravenosa, em três casos. A
média de idade foi de 27 meses (variou de 6 m até 48 m). Apenas um destes relatou
contato com indivíduo com sintomas semelhantes, apesar de 36,4% destes (4/11)
freqüentarem creches. Todos dispunham de água potável e saneamento básico e
em 54,5% (6/11) destas casas havia filtro. Não houve associação da presença da
bactéria com ausência de aleitamento materno e utilização de mamadeiras e
chupetas.
Os sinais e sintomas mais freqüentes referidos nas crianças onde Salmonella foi
detectada foram vômitos e febre; sangue esteve presente em 42,9% das amostras
fecais. Evolução para desidratação ou hidratação intravenosa ocorreu em três
pacientes (42,9%) sendo um deles em associação com o RV. Estas crianças tinham
de cinco a 36 meses de vida (média 16,6 meses), não havia relato de contato com
indivíduo com sintomas semelhantes e, apenas uma destas, freqüentava creche.
Acesso à água potável e ao saneamento básico ocorreu em 71,4% (5/7) das casas
destes indivíduos e a presença de filtro, em 42,9% (3/7). Dos três casos onde a
Salmonella foi isolada nas crianças com menos de seis meses de vida, todas
haviam interrompido o aleitamento materno, com introdução precoce de outros leites
e/ou alimentos.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
77
Tabela 10: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda em amostras
positivas para Shigella, Salmonella e DEC
Sinais e Sintomas
Shigella
n (%)
Salmonella
n (%)
ETEC, EIEC e
EPEC
típica
n (%)
Febre 8 (72,7) 5 (71,4) 6 (46,1)
Vômitos 8 (72,7) 6 (85,7) 10 (76,9)
Anorexia 10 (90,8) 3 (42,9) 9 (69,2)
Dor abdominal (* > 6 m) 9 (81,8) 1 (25) 8 (61,5)
Coriza ou tosse 7 (70) 2 (28,6) 4 (30,8)
Evacuações líquidas 8 (72,7) 6 (85,7) 7 (53,8)
Sangue nas fezes 3 (27,3) 3 (42,9) 1 (7,7)
Muco nas fezes 6 (54,6) 4 (57,1) 9 (69,2)
Desidratação 2 (18,2) 3 (42,9) 3 (11)
Total de casos 11 7 13
*n positivo pesquisado > 6 m = Shigella 11, Salmonella 4, DEC 71, ETEC e EPEC
típica
13.
Dos 95 pacientes com RV, detectados em amostras submetidas à EGPA e/ou
EIERA, vômito esteve presente em 96,8%, febre em 74,7% e sintomas respiratórios
em 54,7% dos casos. Fezes aquosas ocorreram em 90% dos casos, associadas
com muco em 52,6% e com sangue em 9,5% (9/95). Dos casos onde houve relato
ou visualização de sangue nas fezes, sete (87,5%) apresentavam associação com
outros enteropatógenos: um com EPEC típica e G. lamblia, dois com DAEC, um com
DAEC e Cryptosporidium, um com Ad, um com E. histolytica e um com
Cryptosporidium. Foram encaminhadas 48 crianças (50,5%) para hidratação
intravenosa por desidratação (46) e dois, por vômitos incoercíveis (Tabela 11). O
relato de contactantes com os mesmos sintomas ocorreu em 13 pacientes (13,7%).
De todas as crianças com amostras positivas para o RV, 20,7% não haviam recebido
leite materno e 56,5% tiveram o aleitamento materno exclusivo interrompido no
terceiro mês de vida; enquanto que naquelas com menos de seis meses, este fato
ocorreu em 30,4% e 87%, respectivamente. A ausência de aleitamento materno
exclusivo teve uma correlação estatisticamente significante com a positividade para
o RV (p = 0,0007).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
78
Ausência de água potável e/ou de rede de saneamento básico ocorreu em 1,1%
dos casos. Sessenta e dois por cento tinham filtro em casa.
Tabela 11: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda nas amostras
positivas com RV (EGPA e EIERA), Ad (EIERA) e associação de ambos (EIERA)
Sinais e Sintomas
RV
n (%)
Ad
n (%)
RV e Ad
n (%)
Febre 71 (74,7) 7 (58,3) 5 (55,6)
Vômitos 92 (96,8) 12 (100) 9 (100)
Anorexia 64 (67,4) 9 (75) 6 (66,7)
Dor abdominal (* > 6 m) 49 (63,6) 8 (66,7) 5 (55,6)
Coriza ou tosse 52 (54,7) 4 (33,3) 2 (22,2)
Evacuações líquidas 85 (89,5) 11 (91,7) 8 (88,9)
Sangue nas evacuações 9 (9,5) 1 (8,3) 1 (11,1)
Presença de muco nas evacuações 50 (52,6) 2 (16,7) 2 (22,2)
Desidratação 46 (48,4) 8 (66,7) 5 (55,6)
Total de casos identificados 95 12 9
*N TOTAL = RV = 77, Ad = 10 e Associação = 7
Nos pacientes onde o Ad foi detectado, todos tinham vômito e 91,7%, evacuações
líquidas. Sintomas respiratórios foram observados em quatro pacientes (33,3%) e
sangue nas fezes, em apenas um; este último em associação com RV, E. histolytica
e Cryptosporidium.
Os principais sinais e sintomas observados nas crianças nas quais antígenos de
protozoários foram detectados nas amostras fecais estão resumidos na Tabela 12.
A média de idade de acometimento foi 21,7 e 16,7 meses para G. lamblia e
Cryptosporidium, respectivamente, e a E. histolytica teve uma média etária menor
(14 meses).
As associações de Cryptosporidium e E. histolytica com outros enteropatógenos
foram maiores do que cada um isoladamente (duas e uma respectivamente),
portanto estes sinais e sintomas descritos são de dois ou mais enteropatógenos
pesquisados presentes na mesma amostra fecal.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
79
Dos dois casos positivos para G. lamblia com relato de sangue nas fezes, um
apresentou EPEC típica e RV associado e referiu 14 dias de tempo de diarréia. Os
sintomas respiratórios aconteceram em cinco crianças, com três destas associadas
ao RV e uma ao Ad. Febre, assim como mitos, também ocorreu em cinco casos
de G. lamblia, todos associados aos agentes virais.
Tabela 12: Sinais e sintomas clínicos das crianças com diarréia aguda em amostras
positivas para Cryptosporidium ou E. histolytica ou G. lamblia :
Sinais e Sintomas
Cryptosporidium
n (%)
E. histolytica
n (%)
Giardia lamblia
n (%)
Febre 8 (80) 6 (85,7) 9 (69,2)
Vômitos 8 (80) 7 (100) 12 (92,3)
Anorexia 9 (90) 6 (85,7) 13 (100)
Dor abdominal (* > 6 m) 8 (80) 5 (71,4) 10 (76,9)
Coriza ou tosse 7 (70) 4 (57,1) 5 (38,5)
Evacuações líquidas 10 (100) 7 (100) 11 (84,2)
Sangue nas evacuações 2 (20) 1 (14,3) 2 (15,4)
Muco nas evacuações 6 (60) 5 (71,4) 8 (61,5)
Desidratação 5 (50) 4 (57,1) 7 (53,8)
Total 10 7 13
*n total = 75 pacientes
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
80
6. DISCUSSÃO
___________________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
81
6. DISCUSSÃO
6.1. CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA ESTUDADA
Este estudo evidenciou causas infecciosas de diarréia aguda em crianças até três
anos de idade, de baixo nível sócio-econômico, aspectos clínicos da doença e dados
sócio-demográficos desta população.
Foram estudadas crianças com gastrenterite atendidas no HINSG, hospital terciário
da rede pública estadual, referência no atendimento pediátrico dos municípios da
Grande Vitória, do interior do Estado do ES ou de outros estados, pertencentes a
famílias de renda baixa e, em sua maioria, suprida com acesso à água tratada e
saneamento básico. Não houve diferença significativa com relação ao número de
crianças do sexo masculino e feminino. Estes pacientes, provindos de seu domicílio
ou encaminhadas de unidades básicas de saúde apresentavam um espectro de
doença variando da forma leve à grave.
As amostras fecais colhidas de crianças sem diarréia foram obtidas em número
adequado para verificar associação de determinadas categorias de DEC (EPEC
atípica, EAEC e DAEC) com a etiologia da doença diarréica. Cuidados foram
observados na coleta das amostras e metodologia, de acordo com o agente a ser
pesquisado, como a utilização de meios seletivos e com separação de mais de uma
colônia de E.coli para pesquisa de seus genes de virulência. As crianças foram
atendidas no PS, em sua maioria, nas primeiras 72 horas de doença, o que poderia
favorecer uma maior probabilidade de identificação dos enteropatógenos
pesquisados.
Neste estudo, a grande maioria das crianças selecionadas tinha menos de dois anos
de idade (85,8%, média - 13,6 e mediana - 11 meses). Características desta faixa
etária, como uma proporção maior de quidos (70 a 75% do peso corporal) em
comparação aos adultos (60%), faz com que suas necessidades hídricas sejam
maiores. Perdas através do trato gastrointestinal, superiores a percentuais de 3 a
10% da água ingerida, favorecem a evolução rápida para a desidratação associada à
necessidade de reposição intravenosa de quidos (Nelson et al., 2002). Uma perda
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
82
estimada de 5 a 10 % do peso destas crianças pode contribuir para uma alta taxa de
internação e progressão para complicações como o choque hipovolêmico, sobretudo
quando a reposição é inadequada ou não supera as perdas. Além disso, a
disseminação sistêmica de agentes infecciosos com agravo no estado
hemodinâmico dos pacientes, associada à desnutrição, culmina com altas taxas de
mortalidade infantil por diarréia nos países em desenvolvimento (OMS; OPAS,
2002).
A taxa de mortalidade infantil de 16,07 (2002) no Estado do Espírito Santo é
considerada uma das mais baixas do Brasil, mas a taxa de mortalidade proporcional
por doença diarréica de 2,7% (2002) e de hospitalização por desidratação de 9,1%,
ainda são altas se comparadas a outras cidades da região Sul e Sudeste, apesar de
inferior às relatadas de outras regiões brasileiras (DATASUS, 2004). Logo, este
estudo apresenta sua relevância não para elucidação da etiologia infecciosa, mas
também para a avaliação de dados clínicos e epidemiológicos da diarréia infantil no
Espírito Santo.
6.2. ENTEROPATÓGENOS DETECTADOS
No presente estudo, foram pesquisadas bactérias (DEC, Salmonella e Shigella), RV,
Ad e protozoários (Cryptosporidium spp., E. histolytica e G. lamblia) em 88 casos
(Grupo I), enquanto bactérias, RV e Ad foram pesquisados em 147 (Grupo II) e
bactérias e RV em 230 (Grupo III). A detecção de enteropatógenos classicamente
descritos ou possíveis agentes etiológicos de diarréia na população estudada foi de
83, 72,1 e 60% nos grupos I, II e III, respectivamente. Este achado é compatível com
diversos estudos prévios que relataram detecção em 64 até 78% dos casos (Stewien
et al., 1993; Toporovski et al., 1999; Scaletsky et al., 2001; Souza et al., 2002).
Deve ser levado em consideração que os agentes pesquisados, relatados nas
diferentes publicações, não foram exatamenete os mesmos. Além disso, esta
pesquisa não incluiu agentes bacterianos dos gêneros Campylobacter, Yersinia,
Vibrio e Aeromonas, assim como outros agentes virais como os calicivírus e
astrovírus, que poderiam ser responsáveis pelo quadro clínico destas crianças nas
quais o resultado foi negativo. Logo, outros estudos devem ser conduzidos
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
83
ampliando o número de agentes causais, na elucidação da etiologia de diarréia
aguda infecciosa na população da Grande Vitória.
O perfil etiológico da doença diarréica tem se alterado mediante três principais
fatores: i) nível de desenvolvimento com uso de medidas higiênico-sanitárias; ii)
conhecimento dos mecanismos de patogenicidade; iii) novas metodologias de
diagnóstico molecular possibilitando discriminação das categorias distintas de E. coli.
A prevalência de enteropatógenos bacterianos clássicos (EPEC típica, ETEC, EIEC,
Shigella e Salmonella) isoladamente, corresponde a menos de 11%, enquanto que
os enteropatógenos virais foram detectados em percentuais maiores do que 21%,
sem associação, nas amostras avaliadas. Isto evidencia que o RV se caracterizou
como a causa mais importante de diarréia aguda na população estudada, fato que
ocorre em países desenvolvidos com condições sanitárias adequadas (Kapikian,
2001; Parashar et al., 2003 a, b).
6.3. BACTÉRIAS
Na caracterização da E. coli nas fezes de uma criança com diarréia aguda, a
aglutinação com anti-soros polivalentes é o teste empregado na rotina de diagnóstico
em laboratório de análise clínicas, após os testes bioquímicos da cultura, para a
pesquisa de sorogrupos de EPEC, EIEC e do sorogrupo protótipo de EHEC. Desta
forma, as outras categorias de DEC como ETEC, EAEC, DAEC e outros sorogrupos
de EHEC não são identificados usualmente. A EPEC típica, classicamente envolvida
na etiologia de diarréia aguda nos países em desenvolvimento (Scaletsky et al.,
1999, 2001, 2002 a, b; Trabulsi, 2002; Piva et al., 2003; Régua-Mangia et al., 2004),
também não pode ser diferenciada, através da sorologia, das EPEC atípicas que tem
seu papel inferido nas diarréias agudas dos países desenvolvidos (Kaper, 1996;
Scotland et al., 1996; Afset et al., 2003; Beutin et al., 2003; Robins-Browne et al.,
2004).
Neste estudo, também foram usados métodos diagnósticos que detectam os genes
de virulência característicos de cada categoria de DEC, permitindo a detecção
destes enteropatógenos.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
84
Dentre os enteropatógenos bacterianos pesquisados, as DEC foram os agentes
detectados em maior número nas amostras fecais de diarréia aguda. As categorias
mais prevalentes foram a DAEC seguida pela EAEC e EPEC atípica.
A EPEC é uma categoria diarreiogênica importante nos países em desenvolvimento
em menores de dois anos (Guerrant et al., 1983, 1986; Black et al., 1989; Gomes et
al., 1991; Prado & O’Ryan, 1994; Kaper, 1996; Fagundes-Neto & Scaletsky, 2000;
Torres et al., 2001). Em pesquisas conduzidas na região sudeste do Brasil, foram
evidenciadas EPEC em 8 a 16,2% de crianças com diarréia aguda, não internadas
(Gomes et al., 1991; Stewien et al., 1993; Mangia et al., 1993; Almeida et al., 1998;
Toporovski et al., 1999; Scaletsky et al.,1999, 2002; Fagundes-Neto & Scaletsky,
2000; Medeiros et al., 2001; Souza et al., 2002; Régua-Mangia et al., 2004). A
pesquisa dos genes de virulência bfp e eae de todos os casos isolados de E.coli
evidenciou EPEC típica em 0,9% dos casos de diarréia aguda. Estes casos
ocorreram em duas crianças aos 12 e 15 meses de vida, ambos em associação com
RV e um também com giárdia. Este achado foi significantemente inferior aos
referidos anteriormente, porém, muitos destes não discriminam se a EPEC isolada
foi caracterizada como típica ou atípica. Por outro lado, redução na prevalência da
EPEC típica vem sendo descrita em outras partes do mundo. No Brasil, alguns
relatos também têm evidenciado esta redução (Kaper, 1996; Scotland et al., 1996;
Scaletsky et al., 1999; Trabulsi et al., 2002; Afset et al., 2003; Beutin et al., 2003;
Campos et al., 2004; Robins-Browne et al., 2004). A baixa prevalência neste estudo
pode ser resultado de fácil acesso à água tratada e saneamento básico nos
municípios da Grande Vitória.
No presente estudo, a sorologia com anti-soros polivalentes detectou menor número
de EPEC do que a pesquisa de genes de virulência. Das nove amostras positivas
pela sorologia para EPEC, a pesquisa dos genes de virulência permitiu discriminá-
las em quatro casos: EPEC atípica em dois (um associado à DAEC), EAEC em um e
DAEC em outro, possíveis patógenos da diarréia. Isto demonstra que o uso de anti-
soros polivalentes para EPEC não discriminam diferentes categorias de DEC.
Recentemente, Campos et al. (2004) correlacionaram diferentes sorogrupos de E.
coli que são compartilhados com distintas categorias, inclusive com cepas
reconhecidamente patógenas (EPEC típica, EHEC, e ETEC), cepas nas quais o
potencial de virulência é controverso (EPEC atípica, DAEC e EAEC) e ainda, cepas
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
85
não consideradas patógenas. Portanto, a determinação da EPEC baseada somente
em sorologia para detecção do antígeno O, pode erroneamente induzir à etiologia da
diarréia pela EPEC.
A EPEC atípica, definida como categoria diarreiogênica no II Simpósio Internacional
sobre EPEC em 1995 (Kaper, 1996; Nataro & Kaper, 1998), teve sua participação
descrita em casos de diarréia em adultos e crianças, nos países desenvolvidos como
na Inglaterra, Austrália, Alemanha e Noruega (Kaper, 1996; Scotland et al., 1996;
Afset et al., 2003; Beutin et al., 2003; Robins-Browne et al., 2004).
A investigação dos pacientes sem diarréia evidenciou uma freqüência maior da
EPEC atípica (10,3%) em relação aos pacientes com diarréia aguda (8,2%),
estatisticamente não significante, demonstrando que não se constituem agentes de
diarréia aguda na população estudada na Grande Vitória. Da mesma forma, em
outros estudos realizados do Brasil, esta categoria não tem sido associada à diarréia
aguda em crianças, por ter sido identificada em número igual ou maior em pacientes
sem diarréia (Gomes et al., 1991; Almeida et al., 1998; Scaletsky et al., 2001; Nunes
et al., 2003, Régua -Mangia et al., 2004). Entretanto, Campos et al. (2004)
demonstraram a participação da EPEC atípica na diarréia aguda em crianças
paulistanas, onde anteriormente havia predomínio das EPEC típicas. Portanto,
estudos continuados em diferentes áreas geográficas são necessários para avaliar a
participação da EPEC atípica na etiologia da diarréia aguda.
EAEC está descrita classicamente como agente etiológico de diarréia persistente em
crianças (Lima et al., 1992; Fang et al., 1995; Bardhan et al., 1998; Andrade et al.,
2000) e alguns autores sugerem sua relação com etiologia de diarréia aguda (Nataro
& Kaper, 1998; Scaletsky et al., 1999; Fagundes-Neto et al., 2000, Piva et al., 2003;
Huang & DuPont, 2004; Regua-Mangia et al., 2004). Neste estudo, a EAEC foi
identificada em menor número nos casos de diarréia aguda do que nas crianças sem
diarréia, estatisticamente significante, o que demonstra que não se encontra
associada à diarréia aguda na população estudada. Entretanto, a distribuição da
EAEC com relação à idade das crianças evidenciou uma diferença estatisticamente
significante nas crianças com diarréia aguda após o segundo ano de vida quando
comparada às crianças sem diarréia (p = 0,026). Esta distribuição evidencia EAEC
como agente etiológico de diarréia aguda nas crianças acima dos dois anos. Por
outro lado, Scaletsky et al. (2002) relatou que a EAEC foi quase duas vezes mais
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
86
frequente em crianças menores de cinco meses de vida com diarréia, apesar de
prevalências iguais de EAEC nas crianças com ou sem diarréia, observada em todas
as faixas etárias.
Metade dos casos onde EAEC foi detectada em crianças com diarréia (10/20),
estava associada com um ou mais agentes infecciosos, em sua maioria em menores
de dois anos de idade. Rodrigues et al. (2002) descreveram a EAEC em 20,4% de
54 crianças com diarréia aguda como agente único e em 41% quando outros
enteropatógenos estavam associados, questionando a possibilidade desta categoria
estar colonizando o trato gastrintestinal em determinada idade, sem provocar
doença. No entanto, outros relatos brasileiros mostraram uma prevalência de EAEC
em crianças com diarréia aguda, sem discriminação de faixas etárias, que variou de
3,1 a 19,4% e com prevalências menores nos pacientes sem diarréia sugerindo seu
envolvimento como agente causal de diarréia (Almeida et al., 1998; Scaletsky et al.,
1999, 2001; Souza et al., 2001; Piva et al., 2003; Régua-Mangia et al., 2004).
A DAEC, descrita inicialmente através de testes de adesão em cultura de célula por
Cravioto et al. (1979), vêm sendo investigada como possível agente etiológico de
diarréia aguda em crianças. Esta categoria de DEC foi detectada no Brasil em
crianças com diarréia aguda, com prevalência variando de 14,3 a 20,7% (Scaletsky
et al., 1999, 2001, 2002 b, c; Fagundes-Neto & Scaletsky, 2001; Souza et al., 2002;
Piva et al., 2003). O presente estudo detectou DAEC em 20,6% dos casos de
diarréia aguda e, em mais da metade destes, associada a outros enteropatógenos.
Nas crianças sem diarréia, foi encontrada em 16,2% dos casos, diferença
estaticamente não significante (p = 0,53). Logo, estes resultados demonstram que a
DAEC, assim como a EPEC atípica e EAEC não estiveram associadas à diarréia
aguda, na população estudada.
Neste estudo, não houve correlação estatística de DAEC entre as diferentes faixas
etárias das crianças com diarréia aguda (p = 0,53), embora tenha sido relatado ser
mais prevalente em crianças acima de dois anos com diarréia aguda (Gomes et al.,
1989; Gunzburg et al., 1993; Levine et al., 1993; Nataro & Kaper, 1998; Scaletsky et
al., 1999, 2002 b). Portanto, estudos mais amplos, do tipo caso controle, são
necessários para avaliação do possível envolvimento da DAEC com diarréia aguda
em diferentes faixas etárias.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
87
A EIEC e a EHEC são responsáveis por disenteria e colite hemorrárica,
respectivamente, sendo esta última também implicada como agente etiológico da
SHU. Na amostra estudada, EIEC foi detectada em duas crianças com diarréia
aguda, constituindo 0,9% dos casos. Embora tenha sido realizada a pesquisa por
sorologia convencional, a EIEC foi evidenciada através da pesquisa do gene Inv.
Esta frequência condiz com outros trabalhos brasileiros que evidenciaram esta
categoria em menos de 2% dos casos (Gomes et al., 1991; Stewien et al., 1993;
Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Fagundes-Neto & Scaletsky, 2000;
Medeiros et al., 2001; Orlandi et al., 2001; Souza et al., 2002; gua-Mangia et al.,
2004).
O patotipo EHEC não foi encontrado nas amostras examinadas. Este achado está de
acordo com os achados da literatura, que revelam ser baixa a prevalência desta
categoria no Brasil (Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Medeiros et al.,
2001; Orlandi et al., 2001; Guth et al., 2002 a, b; Souza et al., 2002; Régua-Mangia
et al., 2004). De acordo com trabalhos realizados no estado de São Paulo, a EHEC
foi encontrada em um caso de 100 amostras (Toporovski et al., 1999) e em três,
de 505 casos de diarréia aguda (Guth et al., 2002 a). Nenhuma destas EHEC
pertencia ao sorotipo 0157:H7, contemplado pelo anti-soro disponível no mercado.
Portanto, sua identificação foi feita através de pesquisas de genes de virulência.
Importante ressaltar que apesar da baixa prevalência de EHEC no Brasil, em outros
países, como a Argentina e o Chile ela se constitui na causa mais importante de
insuficiência renal aguda em crianças (Prado et al., 1997; Spizzirri et al., 1997).
A ETEC, importante agente de diarréia aguda em crianças nos países em
desenvolvimento, foi detectada em 4,1% (9/219) dos casos de diarréia aguda. Este
índice está de acordo com relatos publicados de alguns estados brasileiros, que
encontraram ETEC em 2,6 a 6% dos casos (Almeida et al., 1998; Toporovski et al.,
1999; Fagundes-Neto et al., 2000; Orlandi et al., 2001; Scaletsky et al., 2002
a;
Regua-Mangia et al., 2004). Por outro lado, um estudo realizado no estado de São
Paulo por Souza et al., (2002) revelou a presença de ETEC em 12,3%, compatível
com estudos brasileiros anteriores que apresentavam taxas mais altas de detecção,
que variaram de 10,2 a 23,5% (Guerrant et al., 1983; Queiroz et al., 1987; Kitagawa
et al., 1989; Mangia et al., 1993; Sarinho et al., 1993).
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
88
A ETEC também foi detectada em uma criança assintomática (1,5%), de seis meses
de idade, provinda de Rondônia, que não tinha filtro, acesso à água potável e rede
de esgoto na sua moradia. Esta criança não teve seguimento para avaliar possível
evolução para o quadro diarréico. Sabe-se que, em regiões endêmicas como países
em desenvolvimento, a maioria das infecções ocorre até os três anos de vida, com
desenvolvimento de anticorpos para fatores de colonização (CFs) e para a toxina LT
da bactéria, afetando sua colonização na mucosa intestinal e neutralizando atividade
da toxina (Nataro & Kaper, 1998; Guth, 2000). Portanto este caso também poderia
corresponder a infecção subclínica pela ETEC, levando em consideração a origem
da criança e suas condições de vida, o que sugere exposição prévia à ETEC. Esta
criança já havia apresentado outros episódios de diarréia.
De todas as cepas isoladas mundialmente, cerca de 35% expressam genes para
toxinas LT e ST, enquanto 35%, apenas para ST e o restante, para LT (Gaastra et
al., 1996). Neste estudo, genes para a produção da toxina LT foram detectados em
todas as amostras positivas para ETEC e em uma, também o gene para a toxina ST.
Este achado sugere que se trata de primoinfecção com cepa produtora de LT, pois
esta toxina induz a formação de Ac neutralizante. Outros relatos brasileiros já
demonstraram uma freqüência maior de cepas produtoras de LT nas crianças com
diarréia aguda (Sarinho et al., 1993; Toporovski et al., 1999).
Das nove amostras positivas, sete eram de crianças maiores do que um ano,
indicando a aquisição desta categoria de DEC após o primeiro ano de vida, através
de melhoria dos cuidados materno - infantis, sobretudo na higene ambiental e
alimentar nesta faixa etária, fato que contribui para redução na sua freqüência,
associado aos anticorpos protetores veiculados através da ingestão de leite materno,
sobretudo naqueles agentes de veiculação por água e alimentos contaminados
(Curtis, 2001; Leclerck et al., 2002).
É descrita uma redução da freqüência das DEC, sobretudo da EPEC, relacionada à
melhoria do padrão higiênico-sanitário das populações com conseqüente
repercussão na morbi-mortalidade infantil (Guerrant et al., 1983; Feachem, 1984;
Scaletsky et al., 1984, 1999; Esrey et al., 1985; Trabulsi et al., 1988, 2002; Tomasi et
al., 1994; Waldman et al., 1997; Nataro & Kaper, 1998). Uma baixa freqüência para
patógenos clássicos como a EPEC, EIEC e ETEC, em relação à pesquisas prévias
pode refletir melhoria das condições de sanitárias de uma população (Guerrant et al.,
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
89
1983; Trabulsi et al., 1988, 2002; Gomes et al., 1989, 1991; Kitagawa et al., 1989;
Mangia et al., 1993; Stewien et al., 1993; Almeida et al., 1998; Scaletsky et al.,
1999). Isto se reflete pelos dados de acesso à água potável (97,8%) associado ao
saneamento básico (69%) nas famílias das crianças estudadas.
Os resultados obtidos neste estudo revelam a importância da implantação de
estudos biomoleculares a fim de evidenciar adequadamente as DEC e alterações
nos seus padrões epidemiológicos em cada região.
As bactérias do gênero Shigella, agentes infecciosos mais comuns de disenteria,
foram isoladas em 4,6% dos casos, resultado semelhante a outros estudos
brasileiros (Gomes et al., 1991; Stewien et al., 1993) embora percentuais maiores de
6,2 até 21%, tenham sido relatados (Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999;
Fagundes-Neto & Scaletsky, 2000; Medeiros et al., 2001; Scaletsky et al., 2001;
Souza et al., 2002; Orlandi et al., 2003). A espécie identificada em maior mero de
amostras foi a S. flexneri (7/11), que corresponde à que tem sido descrita na
literatura em países em desenvolvimento e na população de baixo nível sócio-
econômico, enquanto que nos países desenvolvidos, a S. sonnei é a espécie mais
isolada (Niyogi, 2005).
Neste estudo, houve maior incidência de casos de Shigella acima de um ano de vida
(8/11 casos) (p = 0,006), descrição clássica de literatura que relata predomínio em
crianças de um a cinco anos (Sears & Kaper, 1996; Nataro & Kaper, 1998; Niyogi,
2005).
A apresentação clínica de disenteria ocorre em 30 a 50% dos casos de Shigelose
(Sears & Kaper, 1996), Durante a infeccção, a Shigella coloniza o intestino grosso,
invade as células M ou enterócitos através do plasmídeo de invasividade IpaD,
rompe a vesícula de endocitose e se dissemina movida por um rearranjo de actina
no pólo das células (Sears & Kaper, 1996). A lise das células invadidas, onde a
Shigella prolifera, com quimiotaxia de polimorfonucleares e ulcerações da mucosa,
caracterizam o quadro disentérico. Porém, no início da infecção, as fezes
apresentam-se com a consistência diminuída pela produção da toxina e sem sangue.
Três dos onze casos (27%) positivos para Shigella apresentaram sangue nas fezes
nas amostras deste estudo. Estes casos correspondem àqueles que buscaram
atendimento médico no quarto dia de diarréia enquanto que dos casos restantes,
quatro foram conduzidos ao PS no primeiro dia e os demais quatro, de 3 a 7 dias do
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
90
estabelecimento do quadro clínico. O tempo médio de diarréia à consulta, justificaria
o encontro de sangue em pequeno número dos casos positivos para Shigella
estudados (Sears & Kaper, 1996; Niyogi, 2005).
A Salmonella pode ser responsável por quadros de diarréia leve até quadros graves
dependendo do sorotipo, da idade e das condições de saúde do hospedeiro
(Pickering & Cleary, 1997). No presente estudo, foi detectada uma prevalência de
2,9% de Salmonella nas crianças com diarréia, de acordo com outros relatos
brasileiros que a detectaram de um até 6,9% dos casos (Mangia et al., 1993;
Stewien et al., 1993; Almeida et al., 1998; Toporovski et al., 1999; Fagundes-Neto &
Scaletsky, 2000; Medeiros et al., 2001; Orlandi et al., 2001; Scaletsky et al., 2001,
2002 b, c; Souza et al., 2002).
Dos sete casos positivos, a Salmonella foi detectada em cinco nas crianças abaixo
dos dois anos, sendo três casos abaixo dos seis meses de vida, fato também
observado em outros trabalhos (Almeida et al., 1998; Medeiros et al., 2001).
Houve identificação da Shigella e Salmonella somente nos meses de outono e verão
condizente com a literatura que demonstra a disseminação destes enteropatógenos
nas estações mais quentes do ano (Pickering & Cleary, 1997; Niyogi, 2005).
O quadro clínico das crianças com amostras positivas para categorias de DEC
classicamente descritas como agentes etiológicos de diarréia (EPEC típica, ETEC e
EIEC), cursou com vômitos, febre e sintomas respiratórios em menor prevalência
comparados aos de outros enteropatógenos. Nestes casos, a evolução do quadro
diarréico para desidratação ocorreu em apenas 11% dos casos, significativamente
menor do que 50% dos casos de RV. Uma menor taxa de desidratação também foi
observada nos casos positivos para Shigella ou Salmonella, o que corrobora com
dados de literatura (Pickering & Cleary, 1992; Brunser et al., 1997; Campos, 2004).
6.4. VÍRUS
Os RV representam uma causa importante de diarréia no mundo (Parashar et al.,
2003 a e b). No Brasil, sua freqüência foi relatada variando de 4,1 a 41% (Gomes et
al., 1991; Mangia et al., 1993; Stewien et al., 1993; Timenetsky et al., 1993; Gusmão
et al., 1999; Toporovski et al., 1999; Fagundes-Neto & Scaletsky, 2000; Fernandes et
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
91
al., 2000; Da Rosa e Silva et al., 2001; Meneghetti et al., 2001; Scaletsky et al., 2001;
Orlandi et al., 2001; Rodrigues et al., 2002; Soares et al., 2002; Souza et al., 2002;
Da Silva et al., 2003; Carmona et al., 2004; Costa et al., 2004).
Na amostra estudada, os RV foram os enteropatógenos detectados em maior
número como agentes únicos ou em associação, encontrados em 35,2% do total de
casos pesquisados, semelhante a outros relatos brasileiros (Cardoso et al., 1992,
2003; Teixeira et al., 1998; Rodrigues et al., 2002; Souza et al., 2002; Carmona et
al., 2004; Costa et al., 2004).
O RV apresenta características de sazonalidade, com sua freqüência aumentando
nos meses mais frios e secos do ano (Kapikian, 2001). O período de março a
setembro de 2003 foi o de maior positividade para RV nas amostras colhidas nos 17
meses deste estudo, coincidindo com o relato em outras localidades brasileiras tais
como Minas Gerais, no mesmo período (Da Rosa e Silva et al., 2001) e em São
Paulo, Goiânia e Rio de Janeiro, de maio a setembro (Gomes et al., 1991; Cardoso
et al., 1992; Pereira et al., 1993). Foi descrita uma estabilidade maior nas partículas
do RV em ambientes com baixa umidade (Kapikian, 2001). A região metropolitana de
Vitória não apresenta estações do ano tão bem definidas como em outras regiões do
país e possui uma alta porcentagem de umidade relativa do ar por ser uma cidade
litorânea. Neste estudo, a correlação de maior positividade das amostras para RV
com menores índices de pluviosidade ou com temperaturas mais baixas não foi
evidenciada. Entretanto, houve uma diminuição de pluviosidade em fevereiro de
2003 que coincidiu com o aumento expressivo de casos de diarréia em crianças e
amostras positivas para RV nos meses consecutivos, o que poderia ser explicado
pela maior disseminação de partículas virais a partir daquele momento.
Nas mesmas amostras de fezes em que o RV foi pesquisado através da detecção de
antígenos (EIERA) e de ácido nucleico viral (EGPA), uma positividade de 50%
(74/147) e de 41,2% (61/148) foi encontrada, respectivamente. Sessenta casos
foram positivos para ambos métodos gerando uma concordância de 90% entre os
dois métodos diagnósticos, considerados de boa sensibilidade e especificidade
(Wilhelmi et al., 2001; Altindis et al., 2004).
Portanto, o método de EIERA, aparentemente detectou um número maior de casos
positivos para RV do que EGPA. Entretanto, deve ser considerado que no início da
infecção viral, um grande número de antígenos do RV pode ser detectado, período
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
92
em que a quantidade de ácido nucléico pode não ser suficiente para ser evidenciado
por método de detecção direta sem amplificação do genoma viral, gerando
resultados divergentes de acordo com a metodologia utilizada. A técnica de RT-PCR
para a detecção de ácido nucléico do RV foi realizada nestas amostras positivas por
EIERA e negativas por EGPA, com resultado negativo em todas. A não detecção do
ácido nucléico do RV pode se dever à degradação do mesmo ou ainda, ao fato da
infecção não ter sido causada pelo RV. Neste caso, a reação obtida pelo EIERA
seria falso-positiva. Resultados falso positivos podem ocorrer pela presença de
fatores como proteína A de Staphylococcus, fator reumatóide ou peroxidase nas
amostras fecais, conforme o fabricante deste teste. Para avaliar estes casos que
foram positivos para ambos, testes confirmatórios deveriam ser realizados, mas não
tivemos mais Kits para sua realização.
Os RV dos grupos A, B e C estão associados a infecções humanas no mundo,
sendo o RV do grupo A (RVA) o mais prevalente, sobretudo em crianças (Kapikian et
al., 2001; Parashar et al., 2003 a, b). O perfil eletroforético pela EGPA revelou 81
amostras fecais positivas para o RV pertenciam ao grupo A. Nenhum RV do grupo B
ou C foi encontrado nestas amostras, apesar de alguns relatos de infecções em
crianças e adultos com diarréia aguda no Brasil (Souza et al., 1998; Gabbay et al.,
1999; Araújo et al., 2004).
Os RVA apresentam, caracteristicamente, o perfil eletroforético 4-2-3-2. Uma
amostra apresentou o perfil eletroforético 5-1-3-2, sugerindo um possível rearranjo
viral, que tem sido descrito para o RV, evento que pode ser observado em vírus cujo
genoma é de natureza segmentada. Os rearranjos mais comumente encontrados
ocorrem nos segmentos 5 e 11, sendo que no 11 confere vantagens para o RV na
sua replicação e na estabilidade das partículas virais, sendo mais freqüente em
pacientes imunossuprimidos (Kapikian, 2001).
Houve uma amostra positiva para o RV (EGPA) em paciente de 11 meses de vida
que fazia parte do grupo controle. Existem relatos de infecção sub-clínica por RV na
dependência de fatores, como a virulência da cepa, determinados alelos de VP4
(Ramig, 2004). Há possibilidade de que este paciente estivesse no período de
incubação da doença diarréica, visto que a sintomatologia à consulta médica foi de
anorexia e febre, sem quadro clínico de diarréia, mas com modificação da
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
93
consistência das fezes verificada durante a coleta. Entretanto, a evolução clínica
desta criança não foi avaliada.
Kapikian et al. (2001) e Clark & Mc Kendrick (2004) relataram que 90% das crianças
até os três anos de idade apresentam pelo menos uma infecção por RV. Neste
estudo, a maior prevalência de amostras positivas para o RV foi verificada em
crianças menores de 18 meses de idade (82,7%), sendo pouco mais da metade
abaixo de um ano de idade.
Para que haja infecção produtiva de enterócitos pelo RV, a proteína VP4 necessita
ser previamente clivada por proteases intestinais. A imaturidade do trato
gastrintestinal com menor expressão de proteases intestinais, nos neonatos,
contribuiria para restrição nesta infecção ou ainda, manifestações clínicas ausentes
ou brandas (Ramig, 2004). No entanto, das 28 crianças estudadas com menos de
três meses de vida, cinco foram positivas para RV. Todas estas cinco crianças
estavam sem aleitamento materno. É relatada a importância dos fatores
antiinfecciosos do leite materno para redução de doenças diarréicas, sobretudo em
países em desenvolvimento, assim como sua proteção na diarréia por RV (Parashar,
et al., 1998; Kapikian, 2001). Além da manutenção de uma nutrição protéico-calórica
adequada que fornece condições adequadas a um bom funcionamento do sistema
imunológico do lactente, a presença de fatores pré-bióticos, imunoglobulinas,
lisozima, lactaderina, interferon e leucócitos no leite materno favorecem a proteção
contra diarréia aguda infecciosa (Betrán et al., 2001, 2004; Fuchs & Victora, 2002;
Escuder et al., 2003; Vieira et al., 2003; Carratala Munuera et al., 2005; Newburg et
al., 2004, 2005).
O Aleitamento materno exclusivo até os primeiros 30 dias ocorre em 55,3% das
crianças capixabas e este percentual cai para 10,8% dos casos, quando observado
até o mês de vida (DATASUS, 2004). Obtivemos uma correlação estatisticamente
significante da infecção por RV nas crianças sem aleitamento materno ou com
introduçao precoce de alimentos em detrimento do leite materno, o que demonstra a
importância do incentivo do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida
para proteção dos lactentes.
O quadro clínico decorrente da infecção por RV cursa com vômitos em 50 a 60% dos
casos e de muco em 25% das evacuações diarréicas, sem referência de
sangramento (Kapikian, 2001). Neste estudo, nas crianças em que houve detecção
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
94
do RV foi observada uma proporção significativa de mitos (96,3%) e de muco nas
evacuações (53,1%). A presença de sangue ocorreu em quase 10% dos casos,
embora não seja característica da patogênese do RV. Sete de oito casos de
sangramento estavam em associação com outros patógenos, mas apenas um deles
com característica clássica de possível invasão de mucosa intestinal (E. histolytica).
Toporovsky et al. (1999) e Souza et al. (2002) também verificaram sangue em uma
de 21 e duas de 33 amostras fecais positivas para RV, respectivamente. É
importante ressaltar que outros patógenos que podem apresentar fezes com sangue,
tais como Campylobacter sp ou Yersinia enterocolitica, não foram pesquisados.
Mais da metade dos casos positivos para RV evoluiu para a hidratação intravenosa,
enquanto que outros autores relataram esta evolução em 23 a 27% dos casos
(Timenetsky et al., 1993; Souza et al., 2002). Vômitos, ocorridos em quase totalidade
dos casos, poderia justificar uma maior perda hidreletrolítica com desidratação e
dificuldades da reidratação por via oral. Fatores intrínsecos ao RV, tais como cepas
mais virulentas, ou ao seu hospedeiro, como a desnutrição protéico-calórica,
poderiam ser responsáveis pela exacerbação dos sintomas (Ramig, 2004). Deve ser
levado em consideração que os pacientes atendidos no PS hospitalar podem ser
selecionados dentre aqueles que não obtiveram melhora com a administração do
soro de reidratação industrializado ou de manipulação caseira por orientação
ambulatorial ou mesmo cultural, conseqüentemente com pior quadro clínico,
requerendo hidratação intravenosa. Carmona et al. (2004), verificaram uma maior
prevalência de RV em pacientes com diarréia aguda grave que necessitavam de
internação contra os que não necessitavam. A evolução completa dos casos
encaminhados para a terapia de reidratação IV não pôde ser inferida devido a falta
de seguimento destes. Outros estudos se fazem necessários para que seja realizada
uma correlação com o tipo de cepa circulante no período, a idade com maior
susceptibilidade para reidratação IV e a evolução clínica.
Alguns sorotipos de Ad, denominados adenovírus entéricos, estão relacionados à
diarréia aguda infantil (Glass & Kilgore, 1997; Horwitz, 2001). Antígenos do Ad foram
encontrados em 8,2% das amostras fecais diarréicas estudadas, todas com idade
inferior aos dois anos de vida. Esta prevalência foi maior comparada a outros relatos
brasileiros cuja identificação variou de 1,5 a 3,1% em amostras fecais de crianças
atendidas ambulatorialmente (Timenetsky et al., 1987; Cardoso et al., 1992; Mangia
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
95
et al., 1993; Pereira et al., 1993; Soares et al., 2002). Deve ser levado em
consideração que os anticorpos de captura do teste utilizado para detecção deste
patógeno não discrimina entre cepas entéricas e o-entéricas. Soares et al. (2002)
detectaram Ag deste vírus em 4,9% de 1420 amostras diarréicas de diversas
cidades brasileiras, através de ensaio imunoenzimático. Porém, o isolamento viral e
a pesquisa com Ac monoclonais detectaram 1,55% de Ad entéricos. Pereira et al.
(2004), através da pesquisa por reação em cadeia pela polimerase (PCR) para o
gene da fibra de Ad, em amostras fecais positivas para Ag de Ad (EIERA), revelou
que 65% destas correspondiam ao gênero F (entérica). Logo, estudos
complementares seriam úteis na discriminação das espécies entéricas de Ad.
O Ad foi encontrado associado ao RV em nove de 12 casos estudados (75%). O RV
e Ad foram encontrados infectando um mesmo indivíduo em diversos relatos (Waters
et al., 2000; Giordano et al., 2001; Román et al., 2003). O teste positivo pode conter
antígenos de RV e Ad, mas resultado falso positivo pode ocorrer pela presença
dos mesmos fatores citados anteriormente para o RV. Da mesma forma, teste
confirmatório segundo seus fabricantes, seria necessário.
No quadro clínico apresentado pelas crianças com Ad, vômito, anorexia e dor
abdominal foram os sintomas mais prevalentes. Sangue nas fezes foi encontrado em
uma amostra com coinfecção com RV e E. hystolitica. A interpretação adequada do
quadro clínico destas amostras positivas para Ad, fica prejudicada devido ao grande
número de associações com outros agentes, principalmente RV e a ausência de
metodologia, neste estudo, que diferencie cepas de Ad entéricos dos não entéricos.
6.5. PROTOZOÁRIOS
Os protozoários foram detectados através da pesquisa de seus antígenos
específicos no ensaio imunoenzimático (Prospect em microplaca – Alexon – Biobrás)
considerado de alta sensibilidade e especificidade (Garcia & Shimizu, 1997; Aldeen
et al., 1998; Boone et al., 1999)
A amebíase é uma das doenças responsáveis por uma alta morbimortalidade
mundial com estimativas de 40 mil mortes/ano (OMS) e cursa com apresentação
clínica de disenteria. A detecção de 8% (7/88) de E. histolytica nas fezes desta
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
96
amostragem está de acordo com a maioria de trabalhos brasileiros publicados
(Guerrant et al., 1983; Gennari-Cardoso et al., 1996; Toporovski et al., 1999;
Fagundes Neto & Scaletsky, 2000; Orlandi et al., 2001; Scaletsky et al., 2002 b;
Souza et al., 2002). Apenas Schnack et al. (2003), utilizando mesmo método
imunoenzimático, encontraram a E. histolytica em 56,4% dos casos de diarréia
aguda em menores de cinco anos, com maior prevalência nos maiores de 12 meses
e importante associação (53%) com outros enteropatógenos, inclusive com a
detecção de Cryptosporidium em 85% dos casos. Nas amostras estudadas, o grande
número de associações observadas com o RV (6/7), compromete a interpretação de
sua correlação etiológica na diarréia aguda. Estudos pareados com controles
também seriam úteis na determinação das estirpes de E. histolytica que teriam forma
clínica de doença invasiva, com apresentação sob forma de complicações extra-
intestinais, de alta morbi-mortalidade daquelas que não o são.
Cryptosporidium spp., agente etiológico de diarréia em pacientes imunossuprimidos
e também em crianças, foi detectado em 11,4% (10/88) em crianças estudadas. Esta
freqüência foi maior do que a encontrada por outros autores brasileiros que variou de
0,5 A 8,4% dos casos (Stewien et al., 1993; Gennari-Cardoso et al., 1996; Saredi &
Bava, 1998; Newman et al., 1999; Toporovski et al., 1999; Medeiros et al., 2001;
Silva et al., 2003). Entretanto, outros estudos em países em desenvolvimento
apresentaram números iguais ou superiores aos encontrados em crianças menores
de cinco anos (Mangini et al., 1992; Nuñez et al., 2003; Schnack et al., 2003; Adjei et
al., 2004; Simango et al., 2004; Abdel-Messih et al., 2005). A associação deste
agente com outros protozoários e com o RV em oito das dez amostras não permite
inferir seu real papel na diarréia aguda.
G. lamblia esteve presente em 14,8% (13/88), em seis casos isoladamente e em
sete em associação com RV, Ad, Cryptosporidium, EPEC típica ou ETEC. As
crianças maiores de um ano com amostras positivas para G. lamblia apresentaram
correlação estatisticamente significante quando comparadas às maiores de um ano.
É sabido que a G. lamblia acomete todas as faixas etárias, mas alguns relatos
também encontraram-na em crianças maiores com diarréia aguda, sobretudo em
desnutridos (Pickering & Cleary, 1997; Toporovski et al., 1999; Newman et al., 2001)
Apesar de ter sido identificada em amostras fecais de pacientes assintomáticos e
com diarréia persistente (Saldiva et al., 1999, Newman et al., 2001; Tashima &
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
97
Simões, 2004), prevalência semelhante ou até maior à encontrada no presente
estudo já foi descrita (Gennari-Cardoso et al., 1996; Orlandi et al., 2001). No entanto,
se considerarmos apenas as seis amostras positivas que não estiveram em
associação com outros enteropatógenos, a prevalência da G. lamblia em diarréia
aguda seria de 6,8%, compatível com estudos anteriores brasileiros que
encontraram em porcentagem inferior a 8% nas fezes de crianças com diarréia
aguda (Guerrant et al., 1983; Stewien et al., 1993; Toporovski et al., 1999; Fagundes
Neto & Scaletsky, 2000; Scaletsky et al., 2002 b; Souza et al., 2002; Schnack et al.,
2003). Portando, dos protozoários estudados, apenas G. lamblia apresentou
correlação com a diarréia aguda.
No quadro clínico da giardíase, os sintomas principais foram anorexia, vômitos e dor
abdominal, esta última descrita com freqüência em escolares, de causa recorrente,
associada ou não à síndrome de mal-absorção por sua patogênese de
“atapetamento” da mucosa intestinal (Pickering & Cleary, 1997; Nelson et al., 2004).
Todas as crianças com amostra fecal positiva para um protozoário, associado ou não
a outros enteropatógenos apresentaram uma alta freqüência de relato de vômitos,
anorexia, dor abdominal e febre. O sangramento nas fezes foi evidenciado em quatro
amostras; em três em associação de bactéria, rus e protozoário (uma destas com
E. histolytica).
Diversas co-infecções foram observadas nos grupos pesquisados, onde dois ou mais
agentes infecciosos foram detectados numa mesma amostra: 36,4, 24,5 e 15,7% nos
grupos I, II e III, respectivamente. O somatório de fatores patogênicos poderia
contribuir para agravar o quadro de sintomas e um pior prognóstico clínico. Porém, a
correlação com a evolução clínica e a associação entre patógenos e/ou patógenos
únicos não foi realizada na presente investigação por não ser o foco desta pesquisa.
No quadro clínico dos diferentes grupos de patógenos foi difícil a correlação dos
sinais e sintomas com uma etiologia específica da diarréia aguda, visto que nenhum
destes estava predominantemente associado com um determinado patógeno. A
febre, sinal caracteristicamente associado às doenças bacterianas, ocorreu em
menos da metade dos casos das crianças com amostras positivas para bactérias
classicamente patógenas de diarréia aguda, enquanto naquelas com positividade
para RV e protozoários, foi demonstrado em mais de 70% dos casos.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
98
O vômito foi o sintoma predominante associado às evacuações líquidas, ocorrendo
em 87% de todas as amostras com positividade para qualquer agente infeccioso, o
que justifica a utilização do termo gastrenterite aguda como sinônimo do quadro
clínico desenvolvido por uma criança com diarréia aguda. O vômito associado à
diarréia se constitui em um agravante durante o tratamento destas crianças, pois
pode dificultar a hidratação oral e aumentar os índices de internação (Ribeiro, 2000).
Isto pode cursar com aumento dos custos do Estado e sobrecarregar o sistema de
saúde (Ribeiro, 2000). Por outro lado, crianças que apresentam resolução
espontânea através de administração de soro de reidratação oral, não recorrendo ao
atendimento médico não são computadas epidemiologicamente e muito menos
investigadas do ponto de vista etiológico. Estes dois motivos reforçam a necessidade
de estudos ambulatoriais e hospitalares objetivando a prevalência dos agentes
infecciosos da doença diarréica, evolução clínica e custos para nossa população
usuária do sistema único de saúde (SUS). Comparações das crianças com diarréia
aguda com grupos controle promoveriam a identificação dos fatores de risco e, seu
seguimento, avaliação da repercussão clínica e laboratorial de acordo com a faixa
etária para cada enteropatógeno. A partir destes dados, a proposição de soluções
e/ou estratégias específicas seria fundamental para o planejamento do destino de
verbas na saúde, beneficiando as populações de baixo nível sócio-econômico que
buscam o sistema de saúde municipal ou estadual. Investimentos na prevenção, tais
como vacinação para o RV, educação populacional para conhecimento da doença e
divulgação das principais etiologias para os profissionais que trabalham nos locais
de atendimento destas crianças, seriam importantes fatores para redução da
morbidade e mortalidade infantil.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
99
7. CONCLUSÕES
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
100
7. CONCLUSÕES
Enteropatógenos foram detectados em mais de 60% de cada grupo
pesquisado de crianças com diarréia; sendo o grupo das bactérias (todas as
categorias de DEC, Salmonella e Shigella) foram mais prevalentes (41,5%) do
que os outros grupos de enteropatógenos (vírus e protozoários);
Excluindo-se as bactérias possivelmente patógenas (EPEC atípica, EAEC e
DAEC), os RV foram mais prevalentes nas crianças com diarréia aguda do
que as bactérias classicamente patógenas (EPEC típica, ETEC, EIEC,
Salmonella e Shigella);
Das bactérias, o grupo de maior prevalência foi o das DEC, seguida por
Shigella e finalmente pela Salmonella;
EPEC típica e EIEC foram detectadas somente nas crianças com diarréia
aguda e em baixa prevalência na população estudada;
ETEC foi detectada, predominantemente, nas crianças com diarréia aguda;
EPEC atípica, DAEC e EAEC não estão associadas nas crianças com diarréia
aguda na população estudada, devido à alta prevalência em crianças com e
sem diarréia aguda;
A EAEC esteve relacionada com a diarréia aguda somente nas crianças
acima dos dois anos de idade;
Anti-soros comercialmente usados na rotina diagnóstica das E. coli, não são
adequados para discriminação de cepas patógenas de DEC;
O uso de técnicas moleculares, como a hibridização para determinação dos
genes de virulência, é importante para evidenciar todas as categorias de E.
coli;
O RV apresenta alta prevalência na população estudada (35,2%),
predominantemente nos menores de 18 meses de vida, com o maior número
de casos ocorrendo de março a setembro de 2003;
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
101
A detecção do Ad em alta percentagem com o RV e a não discriminação das
espécies entéricas não permite inferir sua participação na diarréia aguda;
As associações entre enteropatógenos foram freqüentes nas amostras
estudadas, sendo os protozoários, o grupo de enterópatógenos com o maior
número de associações;
Dos protozoários avaliados, apenas G. lamblia parece ser agente etiológico
isolados de diarréia aguda;
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
102
8. PERSPECTIVAS
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
103
8. PERSPECTIVAS
Este estudo foi o primeiro realizado no Espírito Santo para esclarecimento da
etiologia infecciosa da diarréia aguda infantil, unindo achados laboratoriais com o
quadro clínico destas crianças. Mas a prevalência de outros enteropatógenos como
Campylobacter, Yersinia, Aeromonas, Astrovirus, Calicivirus e Strongyloides não foi
pesquisada, o que poderia aumentar ainda mais o percentual de positividade destas
amostras. Portanto, neste mesmo material obtido, é importante que sejam
evidenciados ácidos nucléicos de astrovírus e de calicivírus, assim como a
discriminação das espécies entéricas de Ad através de PCR, como seqüência
determinação da etiologia infecciosa.
Este pode ser o primeiro passo para conscientização dos profissionais que lidam
com estas crianças e através destes resultados, despertar o interesse pelo estudo
aprofundado das diarréias infantis, possibilitando a capacitação de recursos
humanos no atendimento e de laboratórios no diagnóstico da diarréia.
Estudos posteriores com o conhecimento de genótipos circulantes de RV,
determinação das espécies de Ad completariam o raciocínio epidemiológico para
investimentos em medidas profiláticas para o controle das diarréias infantis, causa
importante de mortalidade infantil.
A conduta adotada no tratamento imediato da criança com doença diarréica aguda
provavelmente não sofrerá mudanças pela determinação do agente etiológico, mas
posturas deverão ser tomadas na Saúde pública, com intuito de minimizar custos,
taxas de morbi-mortalidade infantil e monitorização indireta das condições de
saneamento básico da população. A implantação de programas educacionais ou
continuação daqueles com enfoque nos fatores de risco para doença diarréica, tais
como a manutenção do aleitamento materno exclusivo por seis meses e sua
manutenção até o segundo ano de vida, além de programas de vigilância dos
agentes etiológicos, permitiria a precisa indicação de medidas preventivas como a
vacina, no caso dos RV.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
104
9. TRABALHOS APRESENTADOS
___________________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
105
9. TRABALHOS APRESENTADOS
9.1. Tema livre do XVIII Congresso Espiritossantense de Pediatria e V Encontro
Minas, Goiás e Espírito Santo de Nutrição:
Diarréias agudas em crianças residentes na Região Metropolitana de Vitória:
pesquisa de Rotavirus e Adenovirus no período de nove meses.
9.2. Poster apresentado no 6
th
International Rotavirus Symposium Cidade do
México – 2004:
Rearrangements of rotavirus gene segments detected in children with acute
gastroenteritis in Rio de Janeiro and Vitória, Southeast Region, Brazil
9.3. Tema livre na XIV Jornada de Iniciação Científica da UFES - 2004:
Rotavírus e Adenovírus : detecção imunoenzimática e molecular em casos de
Diarréia Aguda
9.4. Poster no XV National Meeting of Virology, 2004:
Rotavirus IN ACUTE DIARRHEA IN Vitória, ESPÍRITO SANTO STATE.
9.5. Poster do XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e do I
Encontro de Medicina Tropical do Cone Sul, 2005.
OCORRÊNCIA DE ANTÍGENOS FECAIS DE Entamoeba histolytica,
Cryptosporidium spp. e Giardia lamblia EM AMOSTRAS FECAIS DE CRIANÇAS
MENORES DE TRÊS ANOS DE IDADE PORTADORAS DE DIARRÉIA EM
VITÓRIA – ES
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
106
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
107
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abd-Alla MD & Ravdin JI. Diagnosis of amoebic colitis by antigen capture EIE in
patients presenting with acute diarrhea in Cairo, Egypt. Trop Med Int Health 2002;
7(4): 365-70.
Abdel-Messih IA, Wierzba TF, Abu-Elyazeed R, Ibrahim AF, Ahmed SF, Kamal K,
Sanders J, Frenck R. Diarrhea Associated with Cryptosporidium parvum among
Young Children of the Nile River Delta in Egypt. J Trop Pediatr 2005; 51 (3): 154-9.
Adjei AA, Armah H, Rodrigues O, Renner L, Borketey P, Ayeh-Kumi P, Adiku T, Sifah
E, Lartey M. Cryptosporidium spp., a frequent cause of diarrhea among children at
the Korle-Bu Teaching Hospital, Accra, Ghana. Jpn J Infect Dis 2004; 57 (5): 216-9.
Afset JE, Bergh K, Bevanger L. High prevalence of atypical enteropathogenic
Escherichia coli (EPEC) in Norwegian children with diarrhoea. J Med Microbiol 2003;
52 (11): 1015-9.
Albert MJ, Faruque AS, Faruque SM, Sack RB, Mahalanabis D. Case-control study of
enteropathogens associated with childhood diarrhea in Dhaka, Bangladesh. J Clin
Microbiol 1999; 37: 3458-3464.
Aldeen WE, Carroll K, Robison A, Morrison M, Hale D. Comparison of nine
commercially available enzyme-linked immunosorbent assays for detection of Giardia
lamblia in fecal specimens. J Clin Microbiol 1998; 36 (5): 1338-40.
Almeida MTG, Silva RM, Donaire LM, Moreira LE, Martinez MB. Enteropatógenos
associados com diarréia aguda em crianças. J pediatr (Rio J) 1998; 74 (4): 291-298.
Altindis M, Yavru S, Simsek A, Ozkul A, Ceri A, Koc H. Rotavirus infection in children
with acute diarrhea as detected by latex agglutination, ELISA and polyacrylamide gel
electrophoresis. Indian Pediatr 2004; 41 (6): 590-4.
Andrade JAB, Oliveira JOT, Fagundes-Neto U. Letalidade em crianças
hospitalizadas com diarréia aguda fatores de risco associados ao óbito. Rev Ass
Med Brasil 1999; 45 (2): 121-7.
Andrade JA, Moreira C, Fagundes Neto U. Persistent diarrhea. J Pediatr (Rio J)
2000; 76 (1): S119-26.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
108
Anonymus. Atención integrada a las enfermedades prevalentes de la infancia (AIEPI)
en las Americas. Boletín Epidemiológico - Organización Panamericana de la Salud
1998; 19: 1-9.
Anonymus. Persistent diarrhea in developing countries. Memorandum from OMS
meeting. Bull WHO 1988; 66 (6): 709-17.
Araujo IT, Assis RMS, Fialho AM, Monteiro AIC, Kmetzsch CI, Barreto M, Leite JPG.
Group C Rotavírus infection in children with diarrhea in Rio de Janeiro, Bahia and Rio
Grande do Sul. Virus Reviews and Research 2004; 9 (1): 214.
Bardhan PK, Albert MJ, Alam NH, Faruque SM, Neogi PKB, Malahanabis D. Small
bowell and fecal microbiology in children suffering from persistent diarrhea in
Bangladesh. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1998; 26: 9-15.
Barros AJ, Ross DA, Fonseca WV, Williams LA, Moreira-Filho DC. Preventing acute
respiratory infections and diarrhea in child care centers. Acta Paediatrica 1999; 88:
1113-1138.
Barros AJ. Child-care attendance and common morbidity: evidence of association in
the literature and questions of design. Rev Saude Publica 1999; 33 (1): 98-106.
Betran AP, De Onis M, Lauer JA, Villar J. Ecological study of effect of breastfeeding
on infant mortality in Latin America. BMJ 2001; 323: 1188.
Beutin L, Marches O, Bettelheim KA, Gleier K, Zimmermann S, Schmidt H, Oswald E.
HEp-2 cell adherence, actin aggregation, and intimin types of attaching and effacing
Escherichia coli strains isolated from healthy infants in Germany and Australia. Infect
Immun 2003; 71 (7): 3995-4002.
Bishop RF, Davidson GP, Holmes IH, Ruck BJ. Virus particles in epithelial cells of
duodenal mucosa from children with acute non-bacterial gastroenteritis. Lancet.
1973; 8, 2 (7841):1281-3.
Bishop R. Natural history of human rotavirus infections. In: Kapikian AZ, ed. Viral
Infections of the Gastrointestinal Tract. New York: Marcel Dekker; 1994: 131–168.
Black RE, Lopez de Romaña GL, Brown KH, Bravo N, Balazar OG, Kanashiro HC.
Incidence and etiology of infantile diarrhea and major routes of transmission in
Huascar, Peru. Am J Epidemiol 1989; 129 (4): 785-99.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
109
Boom R, Sol CJA, Salimans MMM, Jansen CL, Wertheim-Van Dillen PME, Van Der
Noordaa J. Rapid and simple method for purification of nucleic acids. J Clin Microbiol
1990; 28 (3): 495-503.
Boone JH, Wilkins TD, Nash TE, Brandon JE, Macias EA, Jerris RC, Lyerly DM.
TechLab and alexon Giardia enzyme-linked immunosorbent assay kits detect cyst
wall protein 1. J Clin Microbiol 1999; 37 (3): 611-4.
Braga LL, Mendonca Y, Paiva CA, Sales A, Cavalcante AL, Mann BJ. Seropositivity
for and intestinal colonization with Entamoeba histolytica and entamoeba dispar in
individuals in northeastern Brazil. J Clin Microbiol 1998; 36 (10): 3044–3045.
Braga LL, Gomes ML, Silva MW, Paiva C, Sales A, Mann BJ. Entamoeba histolytica
and Entamoeba dispar infections as detected by monoclonal antibody in an urban
slum in Fortaleza, Northeastern Brazil. Am J Trop Med Hyg 2001; 65 (4): 268-71.
Brunser O, Espinoza J & Brunser AM. Etiology of Diarrhea: Bacteria and parasites.
In: Gracey M & Walker-Smith JA. Diarrheal disease. Nestlé Nutrition workshop series
1997; 38: 13-37.
Burke V, Robinson J, Gracey M, Peterson D, Meyer N, Haley V. Isolation of
Aeromonas spp. from an unchlorinated domestic water supply. Appl Environ
Microbiol 1984; 48 (2): 367-70.
Butz AM, Fosarelli P, Dick J, Cusak T, Yolken R. Prevalence of rotavirus on high-risk
fomites in day-care facilities. Pediatrics 1993; 92 (2): 202-205.
Campos LC. Shigella. Salmonella In: Trabulsi LR & Alterthum F. Microbiologia. 4ª.
ed. Brasil. Atheneu, 2004. cap 42 e 43.
Campos LC, Franzolin MR, Trabulsi LR. Diarrheagenic Escherichia coli Categories
among the traditional Enteropathogenic E. coli O Serogroups A Review. Mem Inst
Oswaldo Cruz 2004; 99 (6): 545-552.
Carratala Munuera MC, Gascon Perez E, Raga Ortega M. Is breast-feeding a
protective factor for infectious diseases? A case-control study. Aten Primaria 2005
28; 35 (3): 140-5.
Cardoso DD, De Brito WM, Martins RM, Kitajima EW, Souza MP, Barbosa AJ, De
Oliveira AS, Rascopi SB. Presence of rotavirus and adenovirus in fecal samples of
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
110
children with gastroenteritis, in the city of Goyania. Rev Soc Bras Med Trop 1989; 22
(2): 67-71.
Cardoso DD, Martins RMB, Kitajima EW, Barbosa AJ, Camarota SCT, Azevedo
MSP. Rotavirus and adenovirus em crianças de 0-5 anos hospitalizadas com ou sem
gastroenterite em Goiania GO, Brasil. Rev Inst Med Trop São Paulo 1992; 34 (5):
433-439.
Cardoso DD, Soares CM, Dias e Souza MB, De Azevedo MS, Martins RM, Queiroz
DA, De Brito WM, Munford V, Racz ML. Epidemiological features of rotavirus
infection in Goiânia, Goiás, Brazil, from 1986 to 2000. Mem Inst Oswaldo Cruz 2003;
98 (1): 25-9.
Carre D, Coton T, Delpy R, Guisset M, Debonne JM. Acute Infectious Diarrhea:
current treatment and perspectives. Med Trop 2001; 61 (6): 521-8.
Carmona RC, Timenetsky MDO C, Da Silva FF, Granato CF. Characterization of
rotavirus strains from hospitalized and outpatient children with acute diarrhoea in Sao
Paulo, Brazil. J Med Virol 2004; 74 (1): 166-72.
Casburn-Jones AC & Farthing MJ. Management of infectious diarrhoea. Gut 2004;
53 (2): 296-305.
Clark B, Mckendrick M. A review of viral gastroenteritis. Curr Opin Infect Dis 2004; 17
(5): 461-9.
Coluchi N, Munford V, Manzur J, Vazquez C, Escobar M, Weber E, Marmol P, Racz
ML. Detection, subgroup specificity, and genotype diversity of rotavirus strains in
children with acute diarrhea in Paraguay. J Clin Microbiol 2002; 40 (5): 1709-14.
Cook SM, Glass RI, Lebaron CN, Ho MS. Global seasonality of rotavirus infections.
Bull World Health Org 1990; 68 (2): 171-177.
Cordell RL, Addiss DG. Cryptosporidiosis in child care settings: a review of the
literature and recommendations for prevention and control. Pediatric Infect Dis J
1994; 13 (4): 310-317.
Costa FAC. Diarréia aguda por rotavírus com desidratação grave: aspectos
epidemiológicos, clínicos e laboratoriais em dois hospitais públicos do Rio de
Janeiro. 2004. 146 f. Dissertação de Mestrado - Curso de Pós- Graduação em
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
111
Medicina Tropical do Insituto Oswaldo Cruz FIOCRUZ Departamento de
Virologia, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2004.
Cravioto A, Gross RJ, Scotlan SM, Rowe B. An Adhesive factor found in strains of
Escherichia coli belonging to the traditional infantile enteropathogenic serotypes. Curr
Microbiol 1979; 3: 95-99.
Cravioto A, Reyes RE, Trujillo F, Uribe F, Navarro A, De La Roca JM, Hernandez JM,
Perez G, Vasquez V. Risk of diarrhea during the first year of life associated with initial
and subsequent colonization by specific enteropathogens. Am J epidemiol 1990; 131
(5): 886-904.
Crawford FG & Vermund SH. Human Cryptosporidiosis. CRC Crit Rev Microbiol
1988; 16 (2): 113-59.
Curtis V. Hygiene: How Myths, Monsters, and Mothers-in-law can promote behaviour
change. Journal of Infection 2001; 43 (1): 75-79.
Da Rosa e Silva ML; Naveca, FG & Carvalho, IP. Epidemiological Aspects of
Rotavírus Infections in Minas Gerais, Brazil. Braz J Infect Dis 2001; 5 (4): 215-22.
Dulguer MV, Fabricotti SH, Bando SY, Moreira-Filho CA, Fagundes-Neto U,
Scaletsky ICA. Atypical Enteropathogenic Escherichia coli strains: Phenotypic and
Genetic profiling reveals a strong association between Enteroaggregative E. Coli
Heat-Stable Enterotoxin and Diarrhea. J Infect Dis 2003; 188 (11): 1685-94.
Elegbe IA, Ojofeitimi EO, Elegbe I, Akinola MO. Pathogenic bacteria isolated from
Infant feeding Teats. Am J Dis Child 1982; 136 (8): 672-674.
Escuder MM, Venâncio SI, Pereira JC. Impact estimates of breastfeeding over infant
mortality. Rev Saude Publica 2003; 37 (3): 319-25.
Esrey SA, Feachem RG & Hughes JM. Interventions for the control of diarrheal
diseases among young children: improving water supplies and excreta disposal
facilities. Bull WHO 1985; 63 (4): 757-772.
Essers B, Burnens AP, Lanfranchini FM, Somaruga SGE, Von Vigier RO, Schaad
UB, Aebi C, Bianchetti MG. Acute Community – Acquired Diarrhea Requiring Hospital
Admission in Swiss Children. Clin Infect Dis 2000; 30 (1): 192-6.
Estes MK. Advances in molecular biology: impact on rotavirus vaccine development.
J Infect Dis 1996; 174 (1): S37-46.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
112
Fagundes-Neto U, Andrade JAB. Acute Diarrhea and Malnutrition: Lethality Risk in
Hospitalized Infants. J Am Coll Nutr 1999, 18 (4): 303-308.
Fagundes-Neto U, Scaletsky ICA. The gut at war: the consequences of
enteropathogenic Escherichia coli infection as a factor of diarrhea and malnutrition.
São Paulo Medical Journal 2000; 118 (1): 21-29.
Fagundes-Neto U, De Martini-Costa S, Pedroso MZ, Scaletsky IC. Studies of the
small bowel surface by scanning electron microscopy in infants with persistent
diarrhea. Braz J Med Biol Res 2000; 33 (12): 1437-1442.
Fang GD, Lima AAM, Martins CV, Nataro JP, Guerrant RL. Etiology and
epidemiology of persistent diarrhea in Northeastern Brazil: a hospital based,
prospective, case-control study. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1995; 21 (2): 137-144.
Faruque SM, Albert MJ, Mekalanos JJ. Epidemiology, genetics, and ecology of
toxigenic Vibrio cholerae. Microbiol Mol Biol Rev 1998; 62 (4): 1301-14.
Faruque SM, Nair GB. Molecular ecology of toxigenic Vibrio cholerae. Microbiol
Immunol 2002; 46 (2): 59-66.
Feachem RG. Interventions for the control of diarrheal diseases among young
children: promotion of personal and domestic hygiene. Bull WHO 1984; 62 (2): 467-
476.
Fernandes JV, Fonseca SM, Azevedo JC, Maranhão H de S, Fonseca MH, Dantas
MT, Meissner RV. Rotavirus detection in feces of children with acute diarrhea. J
Pediatr (Rio J) 2000; 76 (4): 300-4.
Fernandez H. Campylobacter. In: Trabulsi LR & Alterthum F. Microbiologia. 4ª. ed.
Atheneu, 2004. cap 45.
Ferreira, MS & Borges, AS. Some Aspects of Protozoan Infections in
Immunocompromised Patients: A Review. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 2002; 97 (4):
443-457.
Franco RM, Cordeiro N da S. Giardiasis and cryptosporidiosis in day-care centers in
the municipality Campinas SP. Rev Soc Bras Med Trop 1996; 29 (6): 585-91.
Fuchs SC & Victora CG. Risk and prognostic factors for diarrheal disease in Brazilian
infants: a special case- control design application. Cad. Saúde Pública 2002; 18 (3):
773-782.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
113
Gabbay YB, Jiang B, Oliveira CS, Mascarenhas JD, Leite JP, Glass RI, Linhares AC.
An outbreak of group C rotavirus gastroenteritis among children attending a day-care
centre in Belem, Brazil. J Diarrhoeal Dis Res 1999; 17 (2): 69-74.
Garcia LS, Bruckner DA. Diagnostic Medical Parasitology. 3rd ed New York, Elsevier,
1996.
Garcia LS, Shimizu RY. Evaluation of nine immunoassay kits (enzyme immunoassay
and direct fluorescence) for detection of Giardia lamblia and Cryptosporidium parvum
in human fecal specimens. J Clin Microbiol 1997; 35 (6): 1526-9.
Gaastra W, Svennerholm AM. Colonization factors of human enterotoxigenic
Escherichia coli (ETEC). Trends Microbiol 1996; 4 (11): 444-52.
Gennari-Cardoso ML, Costa-Cruz JM, De Castro E, Lima LM, Prudente DV.
Cryptosporidium spp. in children suffering from acute diarrhea at Uberlandia City,
State of Minas Gerais, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 1996; 91 (5): 551-4.
Glass RI & Kilgore PE. Etiology of Acute Viral Gastroenteritis. In: Gracey M & Walker-
Smith JA. Diarrheal disease. Nestlé Nutrition workshop series 1997; 38: 39-54.
Glass RI, Bresee J, Jiang B, Gentsch J, Ando T, Fankhauser R, Noel J, Parashar U,
Rosen B, Monroe SS. Gastroenteritis viruses: an overview. Novartis Found Symp
2001; 238: 5-19.
Gluskin I, Batash D, Shoseyov D, Mor A, Kazak R, Azizi E, Boldur I. A 15-year study
of the role of Aeromonas sp. in gastroenteritis in hospitalised children. J Med
Microbiol 1992; 37 (5): 315-8.
Gomes TAT, Blake PA, Trabulsi LR .Prevalence of Escherichia coli strains with
localizated, diffuse, and aggregative adherence to HeLa cells in infants with diarrhea
and matched controls. J.Clin Microbiol 1989; 27 (2): 266-9.
Gomes TA, Rassi V, Macdonald KL, Ramos SR, Trabulsi LR, Vieira MA, Guth BE,
Candeias JÁ, Ivey C, Toledo MR. Et al. Enteropathogens associated with acute
diarrheal disease in urban infants in São Paulo, Brazil. J Infect Dis 1991; 164 (2):
331-337.
Gomes TA, Irino K, Girao DM, Girao VB, Guth BE, Vaz TM, Moreira FC, Chinarelli
SH, Vieira MA. Emerging enteropathogenic Escherichia coli strains? Emerg Infect Dis
2004; 10 (10): 1851-5.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
114
Goosney DL, Knoechel DG, Finlay BB. Enteropathogenic E. coli, Salmonella, and
Shigella: masters of host cell cytoskeletal exploitation. Emerg Infect Dis 1999; 5 (2):
216-23.
Gracey M. Diarrhea and malnutrition: a challenge for pediatricians. J Pediatr
Gastroenterol Nutr 1996; 22 (1): 6-16.
Graham DY, Dufour GR, Estes MK. Minimal infective dose of rotavirus. Arch Virol
1987; 92 (3-4): 261-271.
Guandalini S. Treatment of Acute Diarrhea in the New Millennium. J Pediatr
Gastroenterol Nut 2000; 30 (5): 522-527.
Guerrant RL, Kirchhoff LV, Shields DS, Nations MK, Leslie J , Sousa MA, Araujo JG,
Correia LL, Sauer KT, MC Clelland KE, Trowbridge FL, Hughes JM. Prospective
study of Diarrheal Illnesses in Northeastern Brazil: Patterns of Disease, Nutritional
Impact, Etiologies, and Risk Factors. J Infect Dis 1983; 148 (6): 986-997.
Guerrant RL, Shields DS, Thorson SM, Shorling JB, Groschel DHM. Evaluation
diagnosis of acute infectious diarrhea. Am J Med 1985; 78 (6B): 91-8.
Guerrant RL, Lohr JA, Williams EK. Acute Infectious Diarrhea. I. Epidemiology,
Etiology and pathogenesis. Ped Infect Dis 1986; 5 (3): 353-359.
Gunzburg ST, Chang BJ, Elliott SJ, Burke V, Gracey M. Diffuse and
enteroaggregative patterns of adherence of enteric Escherichia coli isolated from
aboriginal children from the Kimberley region of Western Australia. J Infect Dis 1993;
167 (3): 755-8.
Gusmão RH, Mascarenhas JD, Gabbay YB, Lins-Lainson Z, Ramos FL, Monteiro TA,
Valente SA, Linhares AC. Rotaviruses as a cause of nosocomial, infantile diarrhoea
in northern Brazil: pilot study. Mem Inst Oswaldo Cruz 1995; 90 (6): 743-9.
Guth BEC, Aguiar EG, Griffin PM, Ramos SRT, Gomes TAT. Prevalence of
colonization factor antigens (CFAs) and adherence to HeLa cells in enterotoxigenic
Escherichia coli isolated from feces of children in São Paulo. Microbiol Immunol
1994; 38 (9): 695-701.
Guth BEC. Enterotoxigenic Escherichia coli An Overview. Mem Inst Oswaldo Cruz
2000; 95 (1): 95-97.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
115
Guth BE, Souza RL, Vaz TMI, Irino, K. First Shiga Toxin-producing Escherichia coli
isolate from a patient with Hemolytic Uremic Syndrome, Brazil. Emerg Infect Dis
2002; 8 (5): 535-6.
Guth BE, Ramos SR, Cerqueira AM, Andrade JR, Gomes TA. Phenotypic and
genotypic characteristics of shiga toxin-producing Escherichia coli strains isolated
from children in Sao Paulo, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 2002; 97 (8): 1085-9.
Haque R, Mondal D, Kirkpatrick BD, Akther S, Farr BM, Sack RB, Petri JR WA.
Epidemiologic and Clinical Characteristics of acute diarrhea with emphasis on
Entamoeba histolytica infections in preschool children in a urban slum of Dhaka,
Bangladesh. Am J Trop Med Hyg 2003; 69 (4): 398-405.
Hlavsa MC, Watson JC, Beach MJ. Cryptosporidiosis surveillance--United States
1999-2002. MMWR Surveill Summ 2005; 54 (1): 1-8.
Horwitz MS. Adenovirus. In: Fields BN, Knipe DM, Howley PM, et al., eds. Fields
Virology, ed. 4. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2001; cap 68, CD-room.
Huang DB & DuPont HL. Enteroaggregative Escherichia coli: An Emerging Pathogen
in Children. Semin Pediatric Infect Dis 15 (4): 266-271.
Juranek DD. Cryptosporidiosis. In G T Strickland ed. Hunter’s Tropical Medicine and
Emerging Infectious Diseases. 8
th
ed. Saunders, Philadelphia, 2000; 594-600.
Kaper JB. Defining EPEC. Rev. Microbiol 1996, 27: 130-133.
Kapikian AZ, Hoshino Y, Chanok RM. Rotavirus. In: Fields BN, Knipe DM, Howley
PM, et al., eds. Fields Virology, ed. 4. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins,
2001; cap 55, CD-room.
Karmali MA, Steele BT, Petric M, Lim C. Sporadic cases of haemolytic-uraemic
syndrome associated with faecal cytotoxin and cytotoxin-producing Escherichia coli in
stools. Lancet 1983; 19 (8325): 619-20.
Kitagawa SM, Toledo MRF, Trabulsi LR, Ramos Srts, Murahovschi J, Fagundes-Neto
U, Candeias JA. Etiologia da diarréia infecciosa endêmica da criança de baixo nível
sócio-econômico em São Paulo. Rev. Paul. Pediatr 1989; 7 (24): 16-25.
Larrosa-Haro A, Ruiz-Perez M, Aguilar-Benavides S. Utilidad del estudio de las
heces para el diagnóstico y manejo de lactantes y preescolares con diarrea aguda.
Salud Publica Mex 2002; 44 (4): 328-334.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
116
Leal NC, SÁ AT, Solari CA, Silva SJ, Hofer E. Sorotipos de Salmonella isolados de
processos entéricos humanos em Recife Pernambuco, durante o triênio 1978-
1980. Mem Inst Oswaldo Cruz 1987; 82 (1): 153-159.
Leal NC, Cavalcanti TI, Rodrigues DP, Hofer E. Enteropathogenic bacteria detected
in healthy children from three low income communities, in Recife, Pernambuco State,
Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 1988; 83 (2): 153-159.
Leal NC, Cavalcanti TI, Jesuita M, Da Silva B, Dos Reis EM, Solari CA, Hofer E.
Frequency of pathogenic enterobacteria in infantile diarrheic processes in the city of
Recife, Pernambuco, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 1988; 83 (4): 475-9.
Leclerc H, Schwartzbrod L, Dei-Cas E. Microbial Agents Associated with waterborne
Diseases. Critical Reviews in Microbiol 2002; 28 (4): 371-409.
Lee WS, Puthucheary SD. Retrospective study of Aeromonas infection in a
Malaysian urban area: a 10-year experience. Singapore Med J 2001; 42 (2): 57-60.
Levine MM, Ferreccio C, Prado V, Cayazzo M, Abrego P, Martinez J, Maggi L,
Baldini MM, Martin W, Maneval D, et al. Epidemiologic studies of Escherichia coli
diarrheal infections in a low socioeconomic level peri-urban community in Santiago,
Chile. Am J Epidemiol 1993; 138 (10): 849-69.
Lima AA, Guerrant RL. Persistent diarrhea in children: epidemiology, risk factors,
pathophysiology, nutritional impact, and management. Epidemiol Rev 1992; 14: 222-
42.
Linhares AC, Pinheiro FP, Schmetz C, et al. Duovirus (rotavirus) em Belém do Para.
Rev Inst Med Trop 1977; 19 (4): 278-279.
Linhares AC, Gabbay YB, Freitas RB et al. Longitudinal study of rotavirus infections
among children from Belém, Brazil. Epidemiol Infect 1989; 102 (1): 129-145.
Linhares AC, Moura JM, Gabbay YB, Mendes PS, Mascarenhas JD, De Azevedo
RC. Rotavirus serotypes and electrophoretypes among children attending three
paediatric hospitals in Belem, Brazil. J Trop Pediatr 1993; 39 (3): 137-41.
Linhares AC, Gabbay YB, Mascarenhas JD, De Freitas RE, Oliveira CS, Bellesi N,
Monteiro TF, Lins-Lainson Z, Ramos FL, Valente SA. Prospective study of rotavirus
infections in Belem, Para, Brazil: clinical and epidemiological features. J Pediatr (Rio
J) 1994; 70 (4): 220-5.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
117
Linhares AC. Rotavirus infection in Brazil: epidemiology and challenges for its control.
Cad Saude Publica 2000; 16 (3): 629-46.
Lins MGM & Silva GAP. Doença diarréica em crianças hospitalizadas importância
da diarréia persistente. J Pediatr (Rio J) 2000; 76 (1): 37-43.
Long K, Vasquez-Garibay E, Mathewson J, De La Cabada J, Dupont H. The impact
of infant feeding patterns on infection and diarrheal disease due to enterotoxigenic
Escherichia coli. Salud Pública de Mexico 1999; 41 (4): 263-270.
Mangia AH, Duarte NA, Duarte R, Silva LA, Bravo VL, Leal MC. Aetiology of acute
diarrhoea in hospitalized children in Rio de Janeiro city, Brazil. J Trop Pediatr 1993;
39 (6): 365-367.
Mangini AC, Dias RM, Grisi SJ, Escobar AM, Torres DM, Zuba LP, Quadros Chieffi
PP Cryptosporidium parasitism in children with acute diarrhea. Rev Inst Med Trop
Sao Paulo 1992; 34(4): 341-5.
Marshall MM, Naumovitz D, Ortega Y, Sterling CH. Waterborne protozoan
pathogens. Clinical Microbiology Reviews 1997; 10 (1): 67 – 85.
Mascarenhas JDP, Paiva FL, Barardi CRM et al. Rotavirus G and P types in children
from Belém, Northern Brazil, as determined by RT-PCR: Occurrence of mixed P type
infections. J Diarrhoeal Dis Res 1998; 16 (1): 8-14.
Medeiros MI, Neme SN, Silva P, Capuano DM Errera MC Fernandes AS Do Valle
GR, De Avila FA. Etiology of acute diarrhea among children in Ribeirão Preto-SP0
Brazil. Rev Inst Med Trop São Paulo 2001; 43 (1): 21-24.
Moore SR, Lima AA, Conaway MR, Schorling JB, Soares AM, Guerrant RL. Early
childhood diarrhoea and helminthiases associate with long-term linear growth
faltering. Int J Epidemiol 2001; 30 (6): 1457-1464.
Mota-Hernandez F, Gutierrez-Camacho C, Villa-Contreras S, Calva-Mercado J, Arias
CF, Padilla-Noriega L, Guiscafre-Gallardo H. Prognosis of rotavirus diarrhea. Salud
Publica Mex 2001; 43 (6): 524-528.
Nataro JP, Scaletsky IC, Kaper JB, Levine MM, Trabulsi LR. Plasmid-mediated
factors conferring diffuse and localized adherence of enteropathogenic Escherichia
coli. Infect Immun 1985; 48 (2): 378-83.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
118
Nataro J & Kaper JB. Diarrheagenic Escherichia Coli. Clin Microbiol Rev 1998; 11
(1): 142-201.
Nelson, WE; Behrman, RE; Kliegman, RM; Jenson, HB. Tratado de Pediatria, Vol 1,
cap 2 e 3.16a. Ed. Guanabara Koogan, 2002.
Newburg DS, Ruiz-Palacios GM, Morrow AL. Human milk glycans protect infants
against enteric pathogens. Annu Rev Nutr 2005; 25: 37-58.
Newburg DS, Ruiz-Palacios GM, Altaye M, Chaturvedi P, Meinzen-Derr J, Guerrero
Mde L, Morrow AL. Innate protection conferred by fucosylated oligosaccharides of
human milk against diarrhea in breastfed infants. Glycobiology 2004; 14 (3): 253-63.
Newman RD, Sears CL, Moore SR, Nataro JP, Wuhib T, Agnew DA, Guerrant RL,
Lima AA. Longitudinal study of Cryptosporidium Infection in children in Northeastern
Brazil. J Infect Dis 1999; 180 (1): 167-175.
Newman RD, Moore SR, Lima AA, Nataro JP, Guerrant RL, Sears CL. A longitudinal
study of Giardia lamblia infection in North-east Brazilian children. Trop Med Int Health
2001; 6 (8): 624-634.
Niyogi SK, Saha MR, De SP. Enteropathogens associated with acute diarrhoeal
diseases. Indian J Public Health 1994; 38 (2): 29-32.
Niyogi SK. Shigellosis. J Microbiol 2005; 43 (2): 133-43.
Nunes EB, Saridakis HO, Irino K, Pelayo JS. Genotypic and phenotypic
characterization of attaching and effacing Escherichia coli (AEEC) isolated from
children with and without diarrhoea in Londrina, Brazil. J Med Microbiol 2003; 52 (6):
499-504
Nuñez FA, Gonzalez OM, Gonzalez I, Escobedo AA, Cordovi RA. Intestinal coccidia
in Cuban pediatric patients with diarrhea. Mem Inst Oswaldo Cruz 2003; 98 (4): 539-
42.
O'Ryan M, Prado V, Pickering LK. A millennium update on pediatric diarrheal illness
in the developing world. Semin Pediatr Infect Dis 2005; 16 (2): 125-36.
Oliva CAG, Scaletsky IC, Morais MB, Fagundes-Neto U. Diarréia Aguda grave
associada à Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC): características
clínicas e perdas fecais em lactentes hospitalizados. Rev Ass Med Brasil 1997; 43
(4): 283-9.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
119
Oliveira CS, Linhares AC. Rotavirus: clinical features and prevention. J Pediatr (Rio
J) 1999; 75 (1): S91-S102.
Orlandi PP, Silva T, Magalhães GF Alves F, De Almeida Cunha RP, Durlacher R, Da
Silva LH. Enteropathogens associated with diarrheal disease in infants of poor urban
areas of Porto Velho, Rondônia: a preliminary study. Mem Inst Oswaldo Cruz 2001;
96 (5): 621-625.
Oshiro, E T, Dorval, M E C, Nunes, V L B Et al. Prevalence of Cryptosporidium
parvum among children of less than 5 years of age in the urban zone of Campo
Grande, Mato Grosso do Sul State, Brazil, 1996. Rev Soc Bras Med Trop 2000; 33
(3), 277-280.
Parashar UD, Bresee JS, Gentsch JR, Glass RI. Rotavirus. Emerg Infect Dis 1998; 4
(4): 561-70.
Parashar UD, Bresee JS, Glass RI. The global burden of diarrhoeal disease in
children. Bull World Health Organ 2003; 81 (4): 236.
Parashar UD, Hummelman EG, Bresee JS, Miller MA, Glass RI. Global illness and
deaths caused by rotavirus disease in children. Emerg Infect Dis 2003; 9 (5): 565-72.
Pereira HG, Linhares AC, Candeias , Glass RI. National laboratory surveillance of
viral agents of gastroenteritis in Brazil. Bull Pan Am Health Organ 1993; 27 (3): 224-
233.
Pereira, Edson Filho. Caracterização Molecular de Adenovírus Humanos Associados
a Casos de Gastrenterite Infantil Aguda. 2004. 118 f. Dissertação de Mestrado -
Curso de s-Graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz
– Departamento de Virologia, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2004.
Pickering LK & Cleary TG. Approach to patients with gastrointestinal tract infections
and food poisoning. Gastrointestinal Infections. In: Feigin RD & Cherry JD. Textbook
of Pediatric Infectious Diseases, Part II, Infection of Specific Organ System. 3
a.
ed.
WB Saunders Company, 1992. p. 565-596.
Piva IC, Pereira AL, Ferraz LR, Silva RS, Vieira AC, Blanco JE, Blanco M, Blanco J,
Giugliano LG. Virulence markers of Enteroaggregative Escherichia coli isolated from
children and adults with diarrhea in Brasilia, Brazil. J Clin Microbiol 2003; 41 (5):
1827-32.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
120
Powell JL. Vibrio species. Clin Lab Med 1999; 19 (3): 537-52.
Prado VE, O’Ryan ML. Acute gastroenteritis in Latin America. Infect Dis Clin North
Am 1994; 8 (1): 77-106.
Prado V, Martinez J, Arellano C, Levine MM. Temporal variation of genotypes and
serotypes of enterohemorrhagic E Coli isolated from Chilean children with intestinal
infections or hemolytic uremic syndrome. Rev Med Chil 1997; 125 (3): 291-7.
Procop GW. Gastrointestinal Infections. Infect Dis Clin North Am 2001; 15 (4): 1073-
108.
Queiroz DM, Mendes EM, Penna FJ, Peret-Filho LA, De Figueiredo-Filho PP, Duarte
MA, Peres JN. Research on enteropathogenic bacteria from children with acute
diarrhea, in Belo Horizonte, MG. Arq Gastroenterol 1987; 24 (1): 46-50.
Rahman M, Banik S, Faruque AS, Taniguchi K, Sack DA, Van Ranst M, Azim T.
Detection and characterization of human group C rotaviruses in Bangladesh. J Clin
Microbiol 2005; 43 (9): 4460-5.
Ramig RF. Pathogenesis of Intestinal and Systemic Rotavirus Infection. J Virol 2004;
78 (19): 10213–10220.
Regua-Mangia AH, Gomes TA, Vieira MA, Andrade JR, Irino K, Teixeira LM.
Frequency and characteristics of diarrhoeagenic Escherichia coli strains isolated from
children with and without diarrhoea in Rio de Janeiro, Brazil. J Infect 2004; 48 (2):
161-7.
Ribeiro H Jr. Diarrheal Disease in a developing nation. American Journal of
Gastroenterology 2000; 95: 14-15.
Riley LW, Remis RS, Helgerson SD, Mcgee HB, Wells JG, Davis BR, Hebert RJ,
Olcott ES, Johnson LM, Hargrett NT, Blake PA, Cohen ML. Hemorrhagic colitis
associated with a rare Escherichia coli serotype. N Engl J Med 1983; 308 (12): 681-5.
Rivera M, de la Parte MA, Hurtado P, Magaldi L, Collazo M. Intestinal giardiasis.
Mini-review. Invest Clin 2002; 43 (2): 119-28.
Robins-Browne RM, Bordun AM, Tauschek M, Bennett-Wood VR, Russell J,
Oppedisano F, Lister NA, Bettelheim KA, Fairley CK, Sinclair ML, Hellard ME.
Escherichia coli and community-acquired gastroenteritis, Melbourne, Australia.
Emerg Infect Dis 2004; 10 (10): 1797-805.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
121
Rodrigues J, Acosta VC, Candeias JM, Souza LO, Filho FJ. Prevalence of
diarrheogenic Escherichia coli and rotavirus among children from Botucatu, Sao
Paulo State, Brazil. Braz J Med Biol Res 2002; 35 (11): 1311-8.
Sack DA, Sack RB Nair GB, Siddique AK. Cholera. Lancet 2004; 363 (9404): 223-33.
Saldiva SR, Silveira AS, Philippi ST, Torres DM, Mangini AC, Dias RM, Da Silva RM,
Buratini MN, Massad E. Ascaris-Trichuris association and malnutrition in Brazilian
children. Paediatr Perinat Epidemiol 1999; 13 (1): 89-98.
Saredi N & Bava J. Cryptosporidiosis in pediatric patients. Rev Inst Med Trop Sao
Paulo 1998; 40 (3): 197-200.
Sarinho SW, Silva GAP, Magalhães M, Carvalho MRC. A study of the importance of
the Enterotoxigenic E. coli in children with Acute Diarrhoea in Recife, Brazil. J Trop
Ped 1993; 39 (5): 304-306.
Sazawal S, Bhan MK, Bhandari N. Type of milk feeding acute diarrhea and the risk of
persistent diarrhoea. Acta Paediatrica 1992; 381: 93-97.
Scaletsky ICA, Silva NLM, Trabulsi LR. Distinctive patterns of adherence of
enteropathogenic Escherichia coli to HeLa cells. Infect Immun 1984; 45 (2): 534-536.
Scaletsky IC, Pedroso MZ, Oliva CA, Carvalho RL, Morais MB, Fagundes-Neto U. A
localized adherence-like pattern as a second pattern of adherence of classic
enteropathogenic Escherichia coli to HEp-2 cells that is associated with infantile
diarrhea. Infect Immun 1999; 67 (7): 3410-5.
Scaletsky IC, Fabbricotti SH, Carvalho RL, Nunes CR, Maranhão HS, Morais MB,
Riley L, Fagundes-Neto U. Diffuse and entero aggregative patterns of adherence of
Escherichia coli isolated from stools of children in Northeast Brazil. Brazil Journal of
Microbiol 2001; 32: 313-319.
Scaletsky IC, Fabbricotti SH, Aranda KR, Morais MB, Fagundes-Neto U. Comparison
of DNA hybridization and PCR assays for detection of putative pathogenic
enteroadherent Escherichia coli. J Clin Microbiol 2002; 40 (4): 1254-8.
Scaletsky IC, Fabbricotti SH, Carvalho RL, Nunes CR, Maranhão, Morais MB,
Fagundes-Neto U. Diffusely adherent Escherichia Coli as a cause of acute diarrhea
in young children in Northeast Brazil: a case-control study. J Clin Microbiol 2002; 40
(2): 645-648.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
122
Scaletsky IC, Fabbricotti SH, Silva SOC, Morais MB, Fagundes-Neto U. Hep-2-
Adherent Escherichia coli strains associated with acute infantile diarrhea, São Paulo,
Brazil. Emerg Infect Dis 2002; 8 (8): 855-858.
Scotland SM, Smith HR, Cheasty T, Said B, Willshaw GA, Stokes N, Rowe B. Use of
gene probes and adhesion tests to characterise Escherichia coli belonging to
enteropathogenic serogroups isolated in the United Kingdom. J Med Microbiol 1996;
44 (6): 438-43.
Schnack FJ, Fontana LM, Barbosa PR, Silva LSM, Baillargeon CMM, Barichello T,
Póvoa MM, Cavasini CE, Machado RLD. Enteropatógenos associados com diarréia
infantil (< 5 anos de idade) em amostra da população da área metropolitana de
Criciúma, Santa Catarina, Brasil. Cad. Saúde Pública 2003; 19 (4): 1205-1208.
Sears CL, Kaper JB. Enteric bacterial toxins: mechanisms of action and linkage to
intestinal secretion. Microbiol Rev 1996; 60 (1): 167-215.
Sharma S, Sachdeva P, Virdi JS. Emerging water-borne pathogens. Appl Microbiol
Biotechnol 2003; 61 (5-6): 424-8.
Silva S DA, Silva SP DA, Gouveia YDE S, Silva N De O DA, Melo-Me, Moura H,
Neves RH, Bello AR, Machado-Silva JR. Occurrence of Cryptosporidium spp. in fecal
samples of children less than 10 years old with clinical indication of Rotavirus. Rev
Soc Bras Med Trop 2003; 36 (3): 421-3.
Simango C, Mutikani S. Cryptosporidiosis in Harare, Zimbabwe. Cent Afr J Med
2004; 50 (5-6): 52-4.
Snyder JD & Merson MH. The magnitude of global problem of acute diarrheal
disease: a review of active surveillance data. Bull WHO 1982; 60 (4): 605-613.
Soares CC, Volotao EM, Albuquerque MC, Da Silva FM, De Carvalho TR, Nozawa
CM, Linhares RE, Santos N. Prevalence of enteric adenoviruses among children with
diarrhea in four Brazilian cities. J Clin Virol 2002; 23 (3): 171-7.
Souza DF, Kisielius JJ, Ueda M, Gabbay YB, Carmona RC, ST Timenetsky MDO C,
Mascarenhas JD, Takimoto S, Tanaka H. An outbreak of group C rotavirus
gastroenteritis among adults living in Valentim Gentil, Sao Paulo State, Brazil. J
Diarrhoeal Dis Res 1998; 16 (2): 59-65.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
123
Souza EC, Martinez MB, Taddei CR, Mukai L, Gilio AE, Racz ML, Silva L, Ejzenberg
B, Okay Y. Perfil Etiológico das diarréias agudas de crianças atendidas em São
Paulo. J Pediatr (Rio J) 2002: 78 (1): 31-38.
Spizzirri FD, Rahman RC, Biblioni N, Ruscasso JD, Amoreo OR. Childhood hemolytic
uremic syndrome in Argentina: long-term follow-up and prognostic features. Pediatr
Nephrol 1997; 11 (2): 156-160.
Stewien KE, Mos EN, Yanaguita RM, Jerez JA, Durigon EL, Harsi CM, Tanaka H,
Moraes RM, Silva LA, Santos MA et al. Viral, bacterial and parasitic pathogens
associated with severe diarrhea in the city of São Paulo, Brazil. J Diarrhoeal Dis Res
1993; 11 (3): 148-152.
Stumpf M, Ricciardi ID, Oliveira N, Sabra A, Bernhoeft M. Yersinia enterocolitica as a
cause of infantile diarrhoea in Rio de Janeiro, Brazil. Rev Bras Pesqui Med Biol 1978;
11 (6): 383-4.
Subekti D, Lesmana M, Tjaniadi P, Safari N, Frazier E, Simanjuntak C, Komalarini S,
Taslim J, Campbell Jr, Oyofo BA. Incidence of Norwalk-like viruses, rotavirus and
adenovirus infection in patients with acute gastroenteritis in Jakarta, Indonesia.
FEMS Immunol Med Microbiol 2002; 33 (1): 27-33.
Szwarcwald CL, Leal MC, Castilho A, Andrade CLT. Infant mortality rate in Brazil:
Belgium-India or Bulgaria? Cad. Saúde Pública 1997; 13 (3): 503-516.
Tashima NT, Simoes MJ. Enteroparasitic occurrence in fecal samples analyzed at
the University of Western Sao Paulo-UNOESTE Clinical Laboratory, Presidente
Prudente, Sao Paulo State, Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 2004; 46 (5): 243-8.
Teixeira JM, Camara GN, Pimentel PF, Ferreira MN, Ferreira MS, Alfieri AA, Gentsch
JR, Leite JP. Human group C rotavirus in children with diarrhea in the Federal
District, Brazil. Braz J Med Biol Res 1998; 31 (11): 1397-1403.
Thompson FL, Lida T, Swings J. Biodiversity of vibrios. Microbiol Mol Biol Rev. 2004;
68 (3): 403-31.
Timenetsky MDO C, Kisielius JJ, Grisi SJ, Escobar AM, Ueda M, Tanaka H.
Rotavirus, adenovirus, astrovirus, calicivirus and small round virus particles in feces
of children with and without acute diarrhea, from 1987 to 1988, in the greater Sao
Paulo. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 1993; 35 (3): 275-80.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
124
Timenetsky MC, Santos N, Gouvea V. Survey of rotavirus G and P types associated
with human gastroenteritis in São Paulo, Brazil, from 1986 to 1992. J Clin Microbiol
1994; 32: 2622-2624.
Tomar BS. Intestinal infections. Indian J Pediatr 2001; 68: S8-18.
Tomasi E, Victora CG, Post PR, Olinto MTA, Béhague D. Uso de chupeta em
crianças : contaminação fecal e associação com diarréia. Rev. Saúde Pública 1994;
28 (5): 373-379.
Toporovski MS, Mimica IM, Chieffi PP, Paschoalotti MA, Dias AMG, Silva CB.
Diarréia aguda em crianças menores de 3 anos de idade: recuperação de
enteropatógenos nas amostras fecais de pacientes comparada à de grupo controle. J
Pediatr 1999; 75 (2): 97-104.
Torres ME, Pirez MC, Schelotto F, Varela G, Parodi V, Allende F, Falconi E,
Dell’acqua L, Gaione P, Mendez MV, Ferrari AM, Montano A, Zaneta E, Acuña AM,
Chiparelli H, Ingold E. Etiology of children’s Diarrhea in Montevideo, Uruguay:
Associated Pathogens and unusual Isolates. J Clin Microbiol 2001; 39 (6): 2134-
2139.
Trabulsi LR, Kitagawa SMS, Toledo MRF, Candeias JAN. Diarrheal disease in
children in São Paulo. J Jap Assoc Infect Dis 1988; 62: 97-104.
Trabulsi LR, Keller R, Gomes TAT. Typical and atypical enteropathogenic
Escherichia coli. Emerg Infect Dis 2002; 8 (5): 508-513.
Trabulsi LR & Martinez MB. Yersinia. In: Trabulsi LR & Alterthum F. Microbiologia. 4ª.
ed. Atheneu, 2004. cap 44.
Vasquez ML, Mosquera M, Cuevas LE, Gonzalez ES, Veras ICL, Luz EO, Batista
Filho M, Gurgel RQ. Incidência e fatores de risco de diarréia e infecções respiratórias
agudas em comunidades urbanas de Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Publica 1999;
15 (1): 163-171.
Vicentini F, Cuquetto Sc, Fonseca KL, Lorenção M, Teixeira L, Fragoso RP, Kitoko
PM. Detection of dsRNA of Rotavirus in diarrheic stools of children from the outskirts
of Vitória, Espírito Santo state. Virus Reviews and Research, 2003; 8: 231.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
125
Vicentini F, Cuquetto Sc, Nunes JM, Rocha GC, Teixeira L, Santos DB, Fragoso RP,
Kitoko PM. Community diarrhoea by group a Rotavirus, in Vitória, Espirito Santo state
in the 2003. Virus Reviews and Research, 2004; 9: 218.
Vicentini F, Cuquetto Sc, Nunes JM, Rocha GC, Teixeira L, Santos DB, Kitoko PM.
Seasonality of Community Rotavirus infection in Vitória, Espirito Santo state. Virus
Reviews and Research, 2004; 9: 218.
Victora CG, Vaughan JP, Lombardi C, Fuchs SMC, Gigante LP, Smith PG et l.
Evidence for protection by breastfeeding against infant deaths from infectious
diseases in Brazil. Lancet 1987; 2 (8554): 319-322.
Vieira GO, Silva LR, Vieira TO. Alimentação Infantil e morbidade por diarréia. J
Pediatr (Rio J) 2003; 79 (5): 449-54.
Waldman EA, Barata RCB, Moraes JC de, Guibu LA, Timenetsky MCST.
Gastrenterites e infecções respiratórias agudas em crianças menores de 5 anos, em
área da região sudeste do Brasil, 1986-1987. II Diarréias*. Saúde Pública 1997; 31
(1): 62-70.
Waters V, Ford-Jones EL, Petric M, Fearon M, Corey P, Moineddein R. Etiology of
community-acquired pediatric viral diarrhea: a prospective longitudinal study in
hospitals, emergency departments, pediatric practices and child care centers during
the winter rotavirus outbreak, 1997 to 1998. The Pediatric Rotavirus Epidemiology
Study for Immunization Study Group. Pediatr Infect Dis J 2000; 19 (9): 843-8.
Watson IM, Robinson JO, Burke V, Gracey M. Invasiveness of Aeromonas spp. in
relation to biotype, virulence factors, and clinical features. J Clin Microbiol 1985; 22
(1): 48-51.
Wells JG, Davis BR, Wachsmuth IK, Riley LW, Remis RS, Sokolow R, Morris GK.
Laboratory investigation of hemorrhagic colitis outbreaks associated with a rare
Escherichia coli serotype. J Clin Microbiol 1983; 18 (3): 512–520.
Widdowson MA, Bresee JS, Gentsch JR, Glass RI. Rotavirus disease and its
prevention. Curr Opin Gastroenterol 2005; 21 (1): 26-31.
Zamboni A, Fabricotti SH, Fagundes-Neto U, Scaletsky IC. Enteroaggregative
Escherichia coli virulence factors are found to be associated with infantile diarrhea in
Brazil. J Clin Microbiol 2004; 42 (3): 1058-63.
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
126
Internet : sites consultados
(http://www3.who.int/whosis/country/indicators.cfm?country=bra) - Último acesso
03/10/2004
(www. paho.org/English/AD/DPC/CD/diarrhea.htm)
http//tabnet.datasus.gov.Br/cgi/idb2003 – ultimo acesso 13/10/2005.
http://www.opas.org.br/prevencao/site/UploadArq/reunião_rotavirus.doc - último
acesso em 06/10/2004
http://www.cdc.gov/ncidod/dpd/parasites/cryptosporidiosis/factsht_cryptosporidiosis.h
tm.
http://www.datasus.gov.br/ último acesso -01/09/2005
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
127
11. ANEXOS
___________________________________________________________________
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
128
Anexo 1: Carta de aprovação pelo Comitê de Ética da UFES - Vitória - ES
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
129
2: Ficha de dados clínico – epidemiológicos:
NOME COMPLETO:
IDADE: (em meses) = DATA: hora coleta:
Dn: / / SEXO: COR:
Nome do Pai:
Idade:
Instrução :
Nome da Mãe:
Idade:
Instrução :
Endereço: Bairro:
Cidade: Estado: Renda familiar:
Telefone de contato:
Antecedentes pessoais :
Nºde gestações = Nascidos vivos= Filhos vivos = Pré–natal gestacional
Sim Não
Intercorrências
Ameaça aborto Infecção congênita Anemia outros
Tipo de Parto
Normal Cesárea
Tempo no hospital (Em dias) =
Peso nascimento = g
Altura nasc. = cm
Intercorrências neonatais
Prematuridade Sepse ou infecção congênita outros ____________________________
Doenças Anteriores:
Diarréia:(quantos episódios?): Internações por diarréias:
Não SIM Quantas vezes?
Outras doenças;
Baixo peso RGE Cardiopatia pneumonia outras
Alimentação :
Leite Materno até (em meses) = ______ Exclusivo _________ Introdução de suco ou chá : _____
Início do Aleitamento Misto (LM + LV): nasc. ____m
Só Outros Leites: LV soja cabra Quando? desde nasc.
______meses
Introdução de alimentos: Frutas aos _________m Comida de sal aos __________m
Forma de Administrar: mamadeira colher
Preparo: imediato . Até 2 h > de 2 h antes
Uso de chupeta Chupa dedo
Ambiente:
Casa de Alvenaria madeira Água encanada e tratada água de poço Outra fonte
Rede de esgoto Fossa Sanitária Filtro
Número de cômodos: até 2 de 2 a 4 4 a 6 > 6
Número de habitantes ________adultos _______crianças
Animal em casa: Sim Não Qual?_____________________________
Frequenta creche: Sim Não
Contato em creche ou casa com pessoas com mesmos sintomas? não sim .Quem? ____________________
Clínica :
Medicações em uso = sim não ANTIBIÓTICO? Qual? _____________________ Anti-helmíntico?____________________-
Diarréia duração: ________ em dias .
Número de evacuações/dia : <5 de 5 a 10 X de 10 a 15 X > de 15 X
Vômitos: Sim Não Febre: Sim Não
Sintomas respiratórios (tosse ou coriza) : Sim Não
Anorexia: Sim Não
Dor abdominal: Sim Não
Presença de: Sangue Sim Não Muco Sim Não Pus Sim Não
Aspecto : líquidas semi-líquida semi-pastosa pastosas endurecidas
Exame Físico: Hidratado desidratado
Encaminhado: TRO SNG ou EV
Peso: _____________ Estatura: _________
Se desidrat., após hidratação Peso: _______Foi internado? sim não . Onde _________________________________________
Laboratório de Micro :
1) material Bact sim não Resultados ____________________________________________________________( / / )
2) material vírus sim não Resultados____________________________________________________________( / / )
3) material Parasito sim não Resultados ________________________________________________________( / / )
4) suspeita clínica ?________________________________________________________
5) Outros dados relevantes (hemograma, evolução, etc..)
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
130
Anexo 3: Termo de consentimento livre e esclarecido
Termo de Consentimento
Eu, ________________________________________(nome completo
do pai, da mãe ou responsável pela criança) responsável por
_______________________________________ (nome da criança)
autorizo a coleta das fezes para o estudo sobre diarréia aguda em
crianças.
Vitória ,_______/__________/2004
______________________________________________
Nome e Assinatura do responsável
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
131
Anexo 4: Procedimentos realizados nas amostras fecais colhidas em Vitória – ES
Origem das amostras fecais
Diarréia aguda (n = 253) Sem diarréia (n = 78)
Método diagnóstico
N
o
amostras
processadas
N
o
positivas
N
o
amostras
processadas
N
o
positivas
Cultura* 241 219 78 68
Sorologia (Aglutinação)*
a) Anti-soro policlonal
EPEC 219 9 78 0
EIEC 28 0 78 0
Shigella 49 11 78 0
Salmonella 14 7 78 0
b) Anti-soro monoclonal
219 90 68 31
EIERA*
a) RV
b) Ad
148
147
74
12
14
13
0
0
EGPA* 230 81 72 1
EIE para protozoários* 88 30 4 2
Local de realização* NDI
UNIFESP
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
132
Anexo 5: Meios de Cultura e Soluções usadas:
1. Meios para isolamento e identificação das bactérias
I) Meios comerciais (preparados segundo instruções do fabricante e adquiridos do
comércio ou preparados em nosso laboratório)
a) Cary-Blair (Bencton Dickinson)
b) Caldo Selenito (Merck)
c) Ágar MacConkey (Merck e Difco)
d) Ágar SS (Merck e Vetec)
e) Ágar XLD (Diagnostics Pasteur)
f) Fenilalanina (Bencton Dickinson)
g) TSI (Merck)
h) Citrato (Merck)
i) SIM (Biobrás)
j) Ágar nutriente (Vetec)
II) Outros Meios
a) MiLi
Extrato de levedura 0,6 g
Peptona 2,0 g
Triptona 2,0 g
L-lisina 2,0 g
Glicose 0,2 g
Ágar-ágar 0,4 g
Púrpura de bromocresol 0,004 g
Água destilada 200 ml
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
133
b) Caldo peptonado
NaCl 1 g
Peptona 4 g
Água destilada 200 ml
c) Caldo VMVP:
Peptona 5 g
K
2
HPO
4
5 g
Glicose 5 g
Água destilada 1000 ml
III) Soluções:
a) Reativo de Kovacs :
Álcool isoamílico 30 ml
p-dimetilaminobenzaldeído 2 g
HCl concentrado 10 ml
b) FeCl
3
10% :
FeCl
3
10 g
Água destilada 100 ml
c) Vermelho de Metila :
Vermelho de metila 0,1 g
Álcool 95% 300 ml
Água destilada 500ml
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
134
2 Soluções e reagentes utilizados para identificação dos RV
a) Sílica:
Dióxido de Sílica (SigmaChemical Company)
60 g
Água destilada q.s.p.
500 mL
b) Tampão L2:
Isotiocianato de guanidina (Gibco BRL.)
120 g
Tris-HCl 0,1 M, pH 6,4 (Gibco BRL)
100 mL
c) Tampão L6:
Triton X-100
2,6 g
Isotiocianato de guanidina (Gibco BRL)
120 g
EDTA 0,2M pH8,0 (Sigma Chemical Company)
22 mL
Tris-HCl 0,1 M, pH 6,4 (Gibco BRL.)
100 mL
d) TampãoTris-Ca
++
pH 7,2:
Tris base 0,01M (Gibco BRL)
1,21 g
Cloreto de cálcio 0,0015M (Vetec Química Fina Ltda.)
0,22 g
Água Milli-Q q.s.p.
1000 mL
e) Tampão Lower-tris 4X pH 8,8:
Tris base (Gibco BRL)
36,34 g
Água Milli-Q q.s.p.
200 mL
f) Tampão Upper-tris 4X pH 6,8:
Tris base (Gibco BRL)
12,12 g
Água Milli-Q q.s.p.
200 mL
g) Persulfato de amônia a 10%:
Persulfato de amônia*
1 g
Água Milli-Q q.s.p.
10 mL
*Sigma Chemical Company
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
135
h) Acrilamida/Bisacrilamida 50/1,3%:
N’ N’ Metileno-Bisacrilamida*
1,3 g
Acrilamida (Sigma Chemical Company)
50 g
Água Milli-Q q.s.p.
100 mL
i) Gel separador 7,5%:
Água destilada 11,4 mL
Tampão Lower-tris pH 8,8 5,0 mL
Acrilamida / bisacrilamida 50/1,5% 3,0 mL
Solução persulfato de amônio 2%* 0,6 mL
TEMED (Sigma Chemical Company)
10 µL
j) Gel concentrador 4%:
Água destilada
3,05 mL
Tampão Upper-tris pH 6,8
1,25 mL
Acrilamida/bisacrilamida 50/1,5%*
0,4 mL
Solução persulfato de amônio 2%*
0,3 mL
TEMED (Sigma Chemical Company)
7,5 µL
k) Solução fixadora:
Etanol (Merck)
20 mL
Ácido Acético (Grupo Química)
1 mL
Água destilada q.s.p.
200 mL
l) Solução de nitrato de prata 0,001M:
Nitrato de prata (Sigma Chemical Company) 0,185 g
Água destilada q.s.p. 100 mL
m. Solução reveladora:
NaOH (Merk) 6 g
Formaldeído (Química Moderna) 1,5 mL
Borohidreto de sódio (Sigma Chemical Company) * 40 mg
Água destilada q.s.p. 200 mL
Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
___________________________________________________________________________
136
n. Solução de ácido acético 5%:
Ácido acético (Grupo Química) 10 mL
Água destilada q.s.p. 200 mL
o. Solução de etanol 10%:
Etanol (Merck) 20 mL
Água destilada q.s.p. 200 mL
p. Solução para conservar o gel (desidratante):
Metanol (Merk) 130 mL
Glicerina (Isofar) 1 mL
Água destilada q.s.p. 200 mL
q. Tampão Tris-Glicina 4X pH 8,2:
Tris base (Gibco BRL) 12 g
Glicina (Sigma Chemical Company) 57,68 g
Água destilada q.s.p. 1000 mL
Obs. :A solução foi diluída 1X para uso.
Anexo 6: Organograma resumindo o destino das amostras fecais após coleta
F
F
r
r
a
a
s
s
c
c
o
o
c
c
o
o
m
m
r
r
o
o
s
s
c
c
a
a
-
-
T
T
e
e
m
m
p
p
.
.
4
4
º
º
C
C
F
F
r
r
e
e
e
e
z
z
e
e
r
r
-
-
T
T
e
e
m
m
p
p
2
2
0
0
º
º
C
C
S
S
u
u
s
s
p
p
e
e
n
n
s
s
ã
ã
o
o
f
f
e
e
c
c
a
a
l
l
1
1
0
0
a
a
2
2
0
0
%
%
D
D
E
E
T
T
E
E
C
C
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
V
V
I
I
R
R
A
A
L
L
E
E
D
D
E
E
P
P
R
R
O
O
T
T
O
O
Z
Z
O
O
Á
Á
R
R
I
I
O
O
S
S
2
2
5
5
3
3
c
c
o
o
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
a
a
g
g
u
u
d
d
a
a
*
*
7
7
8
8
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
*
*
D
D
e
e
t
t
e
e
c
c
ç
ç
ã
ã
o
o
v
v
i
i
r
r
a
a
l
l
D
D
e
e
t
t
e
e
c
c
ç
ç
ã
ã
o
o
d
d
e
e
P
P
r
r
o
o
t
t
o
o
z
z
o
o
á
á
r
r
i
i
o
o
s
s
E
E
I
I
E
E
R
R
A
A
R
R
V
V
e
e
A
A
d
d
n
n
=
=
1
1
4
4
7
7
E
E
G
G
P
P
A
A
R
R
V
V
n
n
=
=
2
2
3
3
0
0
E
E
I
I
E
E
p
p
a
a
r
r
a
a
E
E
.
.
h
h
i
i
s
s
t
t
o
o
l
l
y
y
t
t
i
i
c
c
a
a
,
,
C
C
r
r
y
y
p
p
t
t
o
o
s
s
p
p
o
o
r
r
i
i
d
d
i
i
u
u
m
m
s
s
p
p
p
p
e
e
G
G
.
.
l
l
a
a
m
m
b
b
l
l
i
i
a
a
.
.
n
n
=
=
8
8
8
8
S
S
a
a
l
l
m
m
o
o
n
n
e
e
l
l
l
l
a
a
?
?
o
o
u
u
S
S
h
h
i
i
g
g
e
e
l
l
l
l
a
a
?
?
S
S
o
o
r
r
o
o
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
E
E
P
P
E
E
C
C
e
e
E
E
I
I
E
E
C
C
5
5
L
L
a
a
c
c
(
(
+
+
)
)
2
2
L
L
a
a
c
c
(
(
-
-
)
)
S
S
o
o
r
r
o
o
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
d
d
e
e
t
t
e
e
r
r
m
m
i
i
n
n
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
e
e
s
s
p
p
é
é
c
c
i
i
e
e
S
S
h
h
i
i
g
g
e
e
l
l
l
l
a
a
S
S
o
o
r
r
o
o
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
S
S
a
a
l
l
m
m
o
o
n
n
e
e
l
l
l
l
a
a
A
A
g
g
O
O
A
A
g
g
a
a
r
r
N
N
u
u
t
t
r
r
i
i
e
e
n
n
t
t
e
e
(
(
S
S
o
o
r
r
o
o
t
t
i
i
p
p
a
a
g
g
e
e
m
m
)
)
F
F
I
I
O
O
C
C
R
R
U
U
Z
Z
A
A
g
g
a
a
r
r
N
N
u
u
t
t
r
r
i
i
e
e
n
n
t
t
e
e
(
(
P
P
e
e
s
s
q
q
u
u
i
i
s
s
a
a
d
d
e
e
g
g
e
e
n
n
e
e
s
s
d
d
e
e
v
v
i
i
r
r
u
u
l
l
ê
ê
n
n
c
c
i
i
a
a
)
)
U
U
N
N
I
I
F
F
E
E
S
S
P
P
E
E
.
.
c
c
o
o
l
l
i
i
C
C
a
a
r
r
y
y
-
-
b
b
l
l
a
a
i
i
r
r
A
A
g
g
a
a
r
r
M
M
c
c
C
C
o
o
n
n
k
k
e
e
y
y
S
S
S
S
o
o
u
u
X
X
L
L
D
D
3
3
7
7
°
°
C
C
-
-
2
2
4
4
h
h
L
L
a
a
c
c
(
(
+
+
)
)
/
/
L
L
a
a
c
c
(
(
-
-
)
)
H
H
2
2
S
S
(
(
+
+
)
)
o
o
u
u
(
(
-
-
)
)
S
S
e
e
l
l
e
e
n
n
i
i
t
t
o
o
D
D
E
E
T
T
E
E
C
C
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
B
B
A
A
C
C
T
T
E
E
R
R
I
I
A
A
N
N
A
A
2
2
5
5
3
3
c
c
o
o
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
a
a
g
g
u
u
d
d
a
a
*
*
e
e
7
7
8
8
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
*
*
2
2
4
4
1
1
c
c
o
o
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
7
7
8
8
s
s
e
e
m
m
d
d
i
i
a
a
r
r
r
r
é
é
i
i
a
a
3
3
7
7
°
°
C
C
8
8
-
-
1
1
2
2
h
h
A
A
g
g
a
a
r
r
S
S
S
S
e
e
/
/
o
o
u
u
X
X
L
L
D
D
L
L
a
a
c
c
(
(
-
-
)
)
H
H
2
2
S
S
(
(
+
+
)
)
Exclusão 12 casos*
P
P
r
r
o
o
v
v
a
a
s
s
b
b
i
i
o
o
q
q
u
u
í
í
m
m
i
i
c
c
a
a
s
s
* Fo
ram colhidas 331 amostras:
253 de
crianças
com diarréia aguda e 78 sem diarréia para
detecção dos 3 grupos de agent
es, mas 12
amostras foram excluídas
na pesquisa bacteriana
(crianças em uso de anti-microbiano)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo