Diarréia Aguda Infecciosa em Crianças
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dos casos de diarréia aguda (Almeida et al., 1998; Fagundes Neto & Scaletsky,
2000; Medeiros et al., 2001; Orlandi et al., 2001; Souza et al., 2002).
O gênero Yersinia tem 10 espécies, sendo três patogênicas: Y. pestis, Y
enterocolitica e Y. pseudotuberculosis. A Y. enterocolitica tem sido relatada como
causa freqüente de diarréia, de maior ocorrência em crianças e em países de clima
frio (Pickering & Cleary, 1992; Trabulsi & Martinez, 2004). No Brasil, foi relatada pela
primeira vez no fim da década de 70 com uma incidência de 5,6% (Stumpf et al.,
1978). Outras pesquisas demonstraram-na em menos de 1% nos casos de diarréia
aguda em crianças em diferentes localidades brasileiras, como Rondônia (Orlandi et
al., 2001), Ribeirão Preto (Medeiros et al., 2001), São José do Rio Preto (Almeida et
al., 1998), São Paulo (Souza et al., 2002), Belo Horizonte (Queiroz et al., 1987) e
Pernambuco (Leal et al., 1988).
Os vibriões são microorganismos abundantes no meio aquático, detectados em uma
variedade enorme de animais, tais como no zooplâncton e moluscos, e também nas
algas (Thompson et al., 2004). As espécies de maior importância para os humanos
são Vibrio cholerae, V. parahaemolyticus, V. vulnificus (Powell et al., 1999). Estes
agentes são causadores de gastroenterites devido ao consumo de água, mariscos
ou alimentos contaminados. V. cholerae é o agente bacteriano responsável por
importantes surtos e epidemias de diarréia profusa em adultos e crianças,
principalmente nos países em desenvolvimento (Glass & Kilgore, 1997; Faruque et
al., 1998, 2002; Sharma et al., 2003; Sack et al., 2004). É endêmico em partes da
Ásia e África e causa grandes perdas hidreletrolíticas, sobretudo em crianças (Niyogi
et al., 1994; Faruque et al., 1998, 2002) através da produção de uma enterotoxina –
toxina colérica (Ctx) - que é considerada 10 vezes mais potente do que a toxina
termolábil (LT) da ETEC (Glass & Kilgore, 1997).
As espécies do gênero Aeromonas têm sido estudadas nas últimas décadas como
agentes etiológicos de diarréia infecciosa em crianças e adultos, sendo A. sobria, A.
hydrophyla e A. caviae, as mais freqüentes (Watson et al., 1985; Gluskin et al., 1992;
Niyogi et al., 1994; Gracey, 1996; Glass & Kilgore, 1997; Lee et al., 2001). As mais
prováveis fontes de infecção são a água, crustáceos e peixes contaminados. Estas
bactérias, ao invadirem o epitélio colônico, liberam toxinas responsáveis pelos
sintomas (Burke et al., 1984; Watson et al., 1985; Glass & Kilgore, 1997). No mundo
tem sido demonstrada de 0,5 até 12,2% e no Brasil, em 1,4 a 2% de amostras fecais