exigida pelo modelo capitalista do século XIX, por exemplo, era, sobretudo,
desenvolver atitudes adequadas à nova forma de produzir criada pela Revolução
Industrial. O operário aprendia conforme o ritmo da indústria. A profissionalização
era feita no próprio trabalho. Por isso, a “fábrica foi nos anos de consolidação do
capitalismo, a escola profissionalizante por excelência” (PATTO, 1993, p. 24).
Atualmente, o modelo capitalista está implantando uma nova fase: a chamada
globalização
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, cuja economia é a de mercado, dentro do sistema político neoliberal.
Essa configuração do capitalismo torna esses jovens e adultos estudantes cada vez
mais excluídos do mercado de trabalho, visto que este exige mão-de-obra cada vez
mais qualificada, capaz de operacionalizar máquinas e tecnologias mais sofisticadas
como a informática e a eletrônica. Resumindo: o mercado de trabalho está cada vez
mais exigente e seletivo.
Nesse novo contexto, a escola noturna não oferece aos alunos essas
condições de formação exigida pelo mercado. E este aluno é tão empobrecido que
está longe de ter acesso a essa nova tecnologia. Em certo sentido, os alunos
também já não esperam da escola mudanças em suas vidas, no que se refere à
profissionalização. Quem quer se qualificar melhor busca fazer cursos particulares
ou pertencer a uma empresa que invista em seus empregados. A grande maioria
dos alunos da escola noturna é de subempregados, ou de trabalhadores informais,
como pedreiros, diaristas, descarregadores de cargas no Ceasa, domésticas, babás.
Portanto, eles não vêem possibilidades de mudanças e são descartados deste
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Globalização, em duas palavras, é a absolutização do econômico em detrimento do social. Segundo
Frigotto (1998, p. 41), “o conceito de globalização se caracteriza por ser um processo heterogêneo no
desenvolvimento do capitalismo e da história das sociedades modernas. Essas grandes mudanças na
composição internacional, como a internacionalização do capital, a economia aberta e a
competitividade, a intensificação de grandes empresas globais e grandes blocos econômicos Nafta,
Alca, Mercosul trazem conseqüências muitas vezes desastrosas aos trabalhadores e ao mercado de
trabalho. Algumas de suas características marcantes são a obsolescência ocupacional, o
desemprego que atinge mais a mão-de-obra desqualificada e leva à informalidade e à precarização
Essa globalização está baseada na terceira revolução industrial, marcada por uma nova base
tecnológica e por novas modalidades de organização e gestão da produção”.