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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
CÂMPUS DE ARARAQUARA
ESTUDO DE Staphylococcus aureus RESISTENTES À METICILINA
(MRSA) POR TÉCNICAS GENOTÍPICAS E FENOTÍPICAS
ALEXANDRE BRAOIOS
ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Carlos Pizzolitto
Araraquara - SP
2005
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
CÂMPUS DE ARARAQUARA
ESTUDO DE Staphylococcus aureus RESISTENTES À METICILINA
(MRSA) POR TÉCNICAS GENOTÍPICAS E FENOTÍPICAS
ALEXANDRE BRAOIOS
TESE PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR EM ANÁLISES CLÍNICAS,
ÁREA DE ANÁLISES CLÍNICAS.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Carlos Pizzolitto
Araraquara - SP
2005
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CAPES: 40300005
Ficha Catalográfica
Elaborada Pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
UNESP – Campus de Araraquara
Braoios, Alexandre
B821e Estudo de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) por
técnicas genotípicas e fenotípicas / Alexandre Braoios . – Araraquara, 2005.
102 f.
Tese (Doutorado)
Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita
Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós Graduação
em Análises Clínicas.
Orientador: Antonio Carlos Pizzolitto
. 1.Staphylococcus aureus. 2.MRSA. 3. Tipagem molecular. 4.PCR
multiplex. I. Pizzolitto, Antonio Carlos , orient. II. Título.
CDD: 576
D e d i c a t ó r i a
D e d i c a t ó r i aD e d i c a t ó r i a
D e d i c a t ó r i a
Por não acreditar que a vitória seja um mérito individual, dedico
meu trabalho a todos vocês que me deram força quando eu
fraquejei, me confortaram quando estive cansado, me esperaram
quando me demorei, me ampararam quando precisei e me amaram
sempre. A vocês ofereço cada página, cada frase e cada palavra
aqui escrita. Sem vocês tudo teria sido mais difícil:
Minha Mãe
Meu Pai
Meus Irmãos
Meus Sobrinhos
Meus Amigos
Meu Amor :
"Nosso maior de
"Nosso maior de"Nosso maior de
"Nosso maior desejo na vida é encontrar alguém
sejo na vida é encontrar alguémsejo na vida é encontrar alguém
sejo na vida é encontrar alguém
q
qq
que nos faça fazer o melhor que pudermos"
ue nos faça fazer o melhor que pudermos"ue nos faça fazer o melhor que pudermos"
ue nos faça fazer o melhor que pudermos"
Ralph Waldo Emerson (1803-1882)
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Antonio Carlos Pizzolitto, que desde o início
confiou em mim e, com humildade e sabedoria, soube me guiar e ensinar.
Ao Prof. Dr. Antonio Fluminhan Júnior e Profa. Ana Cláudia Ambiel, cuja ajuda foi
inestimável.
Aos queridos companheiros de trabalho, Ana Paula Ramos, Sueli Schadeck,
Nádia Miguel, Regina Stilac Rocha, José Giometti, Ana Cristina Messas e
Ageane Monteiro Oliveira pelo companheirismo que demonstraram desde o
início.
Aos diretores das faculdades de Farmácia e Enfermagem da UNOESTE, Dr.
Leandro Lopes Haidamus e Dra. Nilva Galli, por permitirem minhas ausências e
por confiarem em mim.
Aos técnicos Romério Andrade, Hélcio Kuplans, Luciana Guaberto e Vânia
Vicente, por sempre tentarem facilitar o meu trabalho.
Às funcionárias da secretaria da pós-graduação da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Araraquara, Sônia, Laura e Cláudia, por sempre estarem
dispostas a me ajudar.
À Dra. Márcia Giambiagi-Demarval por ter cedido a cepa JJ1 e por ter ajudado à
distância.
À Ana Carolina Malaspina, Lilian e Dra. Clarice Queico Fujimura Leite pela ajuda
com o dendrograma.
À Profa. Dra. Eliana Varanda e Profa. Dra. Taís Maria Bauab que, com enorme
simpatia, ajudaram nas correções deste trabalho.
À Dra. Maria de Lourdes Corradi Custódio da Silva por ter permitido a utilização
do espectrofotômetro.
Ao Prof. Luiz Carlos Wruck e Prof. Dr. rgio do Nascimento Kronka, pela ajuda
com a análise estatística.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina”.
Cora Coralina (1889-1985)
RESUMO
Staphylococcus aureus é um dos principais agentes de infecção
humana, especialmente em indivíduos hospitalizados. Cepas MRSA (Methicillin
Resistant Staphylococcus aureus) constituem um grave problema em hospitais de
todo o mundo, aumentando a morbidade e mortalidade de indivíduos infectados. A
vancomicina é uma das únicas opções terapêuticas. No entanto, o uso excessivo
desse antibiótico pode selecionar cepas resistentes, agravando ainda mais o
problema. Trabalhadores hospitalares podem carrear S. aureus nas narinas
anteriores e pele e, assim, constituem um importante elo na epidemiologia das
infecções nosocomiais. Nesse trabalho foram coletadas amostras das mãos e
narinas de 100 trabalhadores do Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo
Cerávolo” da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, em Presidente Prudente
(SP). Desse total, 68% não eram portadores de S. aureus, 27% carreavam S. aureus
sensível a meticilina, 4% carreavam MRSA e 1% carreava BORSA (Borderline
Oxacillin Resistant Staphylococcus aureus). No mesmo período (julho a dezembro
de 2002), 54,3% das infecções estafilocócicas em pacientes internados nessa
Instituição tinham como agente MRSA. A técnica da PCR (Polymerase Chain
Reaction) Multiplex para a detecção do gene femA (gene espécie-específico), mecA
(resistência à meticilina) e ileS-2 (resistência à mupirocina) foi comparada com o
método da difusão com discos e provas convencionais de identificação. Os
resultados da PCR Multiplex apresentaram completa concordância com os
resultados obtidos com os testes fenotípicos convencionais. Para verificar a relação
genética entre as 30 cepas MRSA, 5 isoladas de trabalhadores e 25 de pacientes,
foram realizadas a antibiotipagem e tipagem molecular através da técnica RAPD
(Random Amplified Polymorphic DNA). Pela antibiotipagem as cepas MRSA foram
agrupadas em 4 antibiotipos (A a D), sendo que 87% pertenciam ao antibiotipo A.
Após a análise do padrão de bandas gerado pelo RAPD, 8 grupos (I a VIII) foram
definidos por apresentarem 100% de similaridade. Apenas 2 cepas não foram
consideradas geneticamente relacionadas pelo RAPD, e apresentaram maior perfil
de sensibilidade aos antimicrobianos (antibiotipo B). Por outro lado, 90% das cepas
MRSA puderam ser consideradas fortemente relacionadas por apresentarem 90%
ou mais de similaridade entre si. Os dados obtidos nesse estudo mostram que no
hospital pesquisado existem cepas MRSA com grande similaridade genética,
podendo ser isoladas em alguns trabalhadores hospitalares e provocando doença
em pacientes. Nessa instituição, MRSA parece ser endêmico uma vez que, desde
sua inauguração, uma alta incidência de infecções por essas cepas. De acordo
com a literatura, a medida mais eficaz em diminuir o número de infecções por MRSA
em ambientes endêmicos é o isolamento do paciente. Todos os microrganismos
isolados nesse estudo apresentaram sensibilidade a mupirocina. O uso de
mupirocina pode ser uma medida profilática importante para erradicação nasal de
MRSA em portadores assintomáticos, no entanto, a literatura relata experiências
sem sucesso em instituições onde alta incidência de infecções por MRSA e, além
disso, pode ocorrer seleção de cepas resistentes a mupirocina. O perfil de
sensibilidade aos antimicrobianos, apresentado pela maioria das cepas isoladas
nesse estudo, é semelhante àquele encontrado no clone multi-resistente brasileiro
presente em diversos hospitais do país. Entretanto, somente a aplicação de técnicas
de tipagem com maior poder discriminatório poderia confirmar essa hipótese.
Palavras-chave: MRSA; tipagem molecular; RAPD; epidemiologia molecular; S.
aureus
ABSTRACT
Staphylococcus aureus is considered as a major infeccious disease
agent in human, especially in hospitalized people. Methicillin-resistant strains
(MRSA) constitute a serious problem in hospitals around the world, increasing the
morbity and mortality rate of infected people. Usually, vancomycin is the only
therapeutic choice for the treatment of MRSA infections. However, excessive use of
this antibiotic can select resistant strains, aggravating the problem. Health workers
can carry S. aureus in the anterior nares and skin, constituting an important link for
the epidemiology of nosocomial infections. In this study, samples of the hands and
nares of one hundred workers from the University Hospital “Dr. Domingos Leonardo
Cerávolo”, at Presidente Prudente, SP, Brazil, were assessed. Among the one
hundred workers, 68% did not carry S. aureus, methicillin-susceptible S. aureus was
found in 27/100 (27%) of those people; MRSA in 4/100 (4%) and BORSA (Borderline
Resistant Staphylococcus aureus) was found in 1 (1%) health worker. In the same
period (July to December of 2002), 54,3% of the staphylococcal infections in
hospitalized patients were caused by MRSA. Multiplex PCR assay for the detection
of femA (species-specific gene), mecA (methicillin resistance gene) and ileS-2
(mupirocin resistance gene) was compared to the disk diffusion susceptibility test and
conventional identification test methods. The Multiplex PCR technic results were in
complete agreement with the results obtained from conventional methods. Genetic
relationship among the 30 MRSA strains, five isolated from workers and twenty five
from patients, was established by antibiotyping and molecular typing by RAPD. On
the basis of the antibiotyping, the 30 strains were grouped into four clusters (A to D),
of a which 87% were grouped into antibiotype A. According to the profile of RAPD,
eight clusters (I to VIII) were defined as exhibiting 100% of similarity. Only two
isolates exhibited low genetic relationship. Those isolates have showed a larger
susceptible pattern to antimicrobials (antibiotype B). On the other hand, 90% of the
MRSA isolates could to be considered strongly related, showing 90% or more of
similarity among themselve. The data obtained in the present study shows that, there
is a MRSA strain presenting great genetic relationship in this hospital, colonizing
some health workers and causing disease in patients. It was found that, In this
hospital, MRSA appear to be endemic, because there is a high incidence of diseases
for this strain. As described previously, the best measure to decreasing the amount of
MRSA diseases is the isolation of infected patients. All S. aureus isolated in this
study were mupirocin-suceptible. The use of mupirocin can be an important
prevention measure for nasal erradication of MRSA in assymptomathics carriers.
However, there are several reports on experiences relating failures in hospitals with
the occurrence of a high incidence of MRSA and, futhermore, it might occur selection
of mupirocin-resistant strains. In this study, the greater number of MRSA isolates
have showed antibiotic susceptibility profile like those found in the Brazilian clone
presented in various hospitals of the country. However, only the application of typing
methods with best discriminatory power may confirm this hypothesis.
Keywords: MRSA; molecular typing; RAPD; molecular epidemiology; S. aureus
SUMÁRIO
1- Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------9
2- Revisão Bibliográfica -----------------------------------------------------------------------------12
2.1- Staphylococcus aureus ------------------ -------------------------------------------------12
2.2- Resistência de S. aureus aos antimicrobianos --------------------------------------13
2.3- Bases genéticas da resistência de S. aureus aos β-lactâmicos ----------------16
2.4- Epidemiologia das infecções por MRSA ----------------------------------------------22
2.5- Detecção de Resistência -----------------------------------------------------------------24
2.6- Tipagem de S. aureus ---------------------------------------------------------------------27
3- Objetivos --------------------------------------------------------------------------------------------31
4- Material e Métodos--------------------------------------------------------------------------------33
4.1- Amostra populacional ----------------------------------------------------------------------33
4.2- Coleta e manutenção das amostras ---------------------------------------------------34
4.3- Identificação das cepas isoladas -------------------------------------------------------35
4.4- Teste de sensibilidade aos antimicrobianos ou antibiotipagem ----------------35
4.5- Confirmação de resistência à oxacilina com screen agar -----------------------36
4.6- Determinação da Concentração Inibitória Mínima para oxacilina -------------37
4.7- Teste de produção de beta-lactamase -----------------------------------------------37
4.8- PCR Multiplex -------------------------------------------------------------------------------37
4.9- Tipagem molecular (RAPD) -------------------------------------------------------------41
5- Resultados -------- --------------------------------------------------------------------------------44
5.1- Freqüência de portadores sadios de MSSA, MRSA e BORSA ----------------44
5.2- Freqüência de MSSA, MRSA e BORSA em pacientes --------------------------47
5.3- Determinação da CIM para oxacilina -------------------------------------------------51
5.4- Antibiotipagem ------------------------------------------------------------------------------51
5.5- PCR Multiplex -------------------------------------------------------------------------------55
5.6- Tipagem Molecular (RAPD) -------------------------------------------------------------59
6- Discussão -------------------------------------------------------------------------------------------65
7- Conclusões -----------------------------------------------------------------------------------------81
8- Referências Bibliográficas ----------------------------------------------------------------------83
Anexos -----------------------------------------------------------------------------------------------95
9
1- Introdução
Certamente, um dos microrganismos mais amplamente estudados
seja Staphylococcus aureus. Isso se deve ao fato de que essa bactéria faz parte da
microbiota e, portanto, sempre esteve envolvida em diversos processos infecciosos,
atingindo homens e animais desde suas origens. Como patógeno humano, sempre
foi responsável por grande morbidade e mortalidade. Outro aspecto que desperta
grande interesse na comunidade científica é a capacidade deste microrganismo de
desenvolver resistência aos antimicrobianos.
A descoberta da penicilina representou uma revolução na Medicina.
Doenças infecciosas passaram a ser passíveis de cura e, a partir desta descoberta,
novas drogas antimicrobianas foram desenvolvidas, evitando muitas seqüelas e
mortes. No entanto, os microrganismos apresentaram uma enorme capacidade de
adaptação e as “balas mágicas”, capazes de salvar milhares de vidas, exerciam
também uma pressão sobre os microrganismos, selecionando aqueles mais
resistentes.
Na atualidade, cepas multi-resistentes são responsáveis por
diversos surtos em todo o mundo. O arsenal terapêutico tem ficado cada vez mais
limitado e novas pesquisas tentam descobrir drogas mais potentes capazes de
vencer a guerra contra os inimigos microscópicos. Ao tratar doenças infecciosas
causadas por Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) ou oxacilina
(ORSA), os médicos dispõem de poucas alternativas terapêuticas. Uma destas
alternativas são os glicopeptídeos, como a vancomicina, um antimicrobiano caro e,
sua utilização já selecionou cepas resistentes a ela.
10
Como o tratamento dessas doenças infecciosas tem se tornado cada
dia mais difícil, é necessário conhecer profundamente sua epidemiologia a fim de
podermos estabelecer planos de controle e prevenção. Cepas MRSA são mais
comuns em instituições de saúde, onde a pressão antibiótica é maior. Diversos
surtos o relatados a cada ano e a descoberta da fonte propagadora do
microrganismo é de importância fundamental para o controle. Staphylococcus
aureus, tanto os sensíveis como os resistentes à meticilina, podem habitar as
narinas anteriores das pessoas, especialmente aquelas que convivem diariamente
com indivíduos infectados, como enfermeiros e médicos.
Com o surgimento deste problema, novos campos de pesquisa se
abriram na tentativa de comprovar a relação entre microrganismos causadores de
surtos e microrganismos isolados do ambiente ou de portadores sadios. Técnicas de
tipagem foram desenvolvidas com a finalidade de identificar clones de uma espécie
bacteriana e que poderiam confirmar que determinado surto estaria ocorrendo
devido a uma cepa em particular que teria se originado e disseminado a partir de
uma fonte específica. Técnicas fenotípicas, como a fagotipagem, biotipagem,
sorotipagem e antibiotipagem foram usadas com este propósito. No entanto, o baixo
poder discriminatório e a baixa reprodutibilidade eram obstáculos, já que estas
técnicas utilizam produtos da expressão gênica que podem variar de acordo com as
condições de cultivo, fases de crescimento e ocorrência de possíveis mutações.
Como alternativa, foram desenvolvidas técnicas de tipagem genotípicas que
analisam diretamente o material genético do microrganismo e que, portanto, são
menos variáveis ou influenciadas por fatores ambientais.
Em Presidente Prudente (SP), a realidade das infecções
nosocomiais ainda não é bem estudada. Cepas MRSA são isoladas freqüentemente,
11
constituindo um grave problema para a saúde de pessoas hospitalizadas. No
entanto, nenhum trabalho foi realizado visando o conhecimento do perfil de
sensibilidade e da relação genética das cepas isoladas nos hospitais dessa cidade.
No presente estudo, foi pesquisado Staphylococcus aureus nas
narinas e mãos de trabalhadores do Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo
Cerávolo”, da Universidade do Oeste Paulista UNOESTE, em Presidente Prudente
(SP), no período de julho a dezembro de 2002. Cepas de S. aureus que foram
isoladas de amostras biológicas de pacientes apresentando sintomas de processo
infeccioso, no mesmo período, também foram selecionadas para o estudo.
Foram avaliados e comparados os perfis de sensibilidade aos
antimicrobianos das cepas isoladas de trabalhadores e pacientes. A técnica RAPD
(Random Amplified Polymorphic DNA) foi utilizada com o objetivo de avaliar a
relação, ou similaridade genética das cepas de S. aureus resistentes à
meticilina/oxacilina (cepas MRSA).
O conhecimento do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos e a
avaliação da relação genética existente entre as cepas MRSA isoladas nesse
hospital, podem fornecer valiosos dados para a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH) local.
12
2- Revisão Bibliográfica
2.1- Staphylococcus aureus
O gênero Staphylococcus é composto por microrganismos esféricos,
produtores da enzima catalase, tolerantes a altas concentrações de NaCl e ao
ressecamento, imóveis e não o capazes de produzir esporos. Estes
microrganismos são ubiquitários e podem ser comumente encontrados na pele,
glândulas da pele e membranas mucosas de aves e mamíferos, em geral
relacionando-se simbioticamente com seus hospedeiros. O nome “Staphylococcus”
(staphylé cacho de uva) foi introduzido por Ogston em 1883, descrevendo um
grupo de micrococos causadores de inflamação e supuração (KLOOS &
BANNERMAN, 1994).
Tradicionalmente os estafilococos são divididos em dois grupos de
acordo com a capacidade de produção da enzima coagulase: os estafilococos
coagulase-positivo e estafilococos coagulase-negativo. Pertencente ao primeiro
grupo, S. aureus é considerado um dos principais patógenos humanos. Essa
bactéria é responsável por processos infecciosos agudos, como furúnculos,
hordéolos e abscessos, e pode ainda produzir toxinas responsáveis por sérias
patologias, tais como: Síndrome do Choque Tóxico, intoxicações alimentares,
Doença de Ritter entre outras (KLOOS & BANNERMAN, 1994).
Staphylococcus aureus é um dos organismos mais bem
documentados como patógeno oportunista humano. A colonização assintomática é
mais comum do que a ocorrência de processos infecciosos. Este organismo pode
ser encontrado na nasofaringe, períneo e pele (CHAMBERS, 2001). O caráter
oportunista faz do S. aureus um dos mais importantes agentes de infecção
13
nosocomial, aumentando severamente a morbidade e mortalidade de indivíduos
hospitalizados (KLOOS & BANNERMAN, 1994).
2.2- Resistência de S. aureus aos agentes antimicrobianos
Em 1928 Alexander Fleming anunciou a descoberta de uma
substância produzida pelo fungo Penicillium notatum que apresentava efeito
inibitório sobre algumas bactérias. Assim, o tratamento das doenças infecciosas
ganhava novas perspectivas. A partir desse fato a indústria farmacêutica recebeu
grandes investimentos e promoveu a expansão da pesquisa de novos antibióticos.
Até o final da década de 1960 muitos antibióticos foram introduzidos no mercado,
geralmente com pequenas modificações nas moléculas das drogas conhecidas.
Porém, quase tão rápido quanto as descobertas dos antibióticos, verificou-se o
aparecimento de cepas bacterianas resistentes aos mesmos, principalmente devido
ao seu uso indiscriminado e inadequado (MANRIQUE & GALVÃO, 1997).
Staphylococcus aureus sempre foi um dos maiores agentes de
doença infecciosa especialmente em hospitais. Antes da descoberta dos
antibióticos, a mortalidade entre pessoas com bacteremia estafilocócica chegava a
80% e a introdução da penicilina G mudou drasticamente esta situação (BRAKSTAD
& MAELAND, 1997). Com o uso excessivo de antibióticos, especialmente penicilina
G, algumas cepas resistentes a essa droga começaram a se tornar um grave
problema dentro dos hospitais. No início da década de 1970, médicos de todo
mundo foram forçados a abandonar a crença de que todas as infecções bacterianas
eram tratáveis, tendo em vista a grande quantidade de agentes antimicrobianos
disponíveis. O otimismo foi abalado pela emergência de microrganismos
apresentando múltipla resistência. Aos poucos a multi-resistência deixou de ser
14
exceção para se tornar uma regra entre determinados microrganismos, tais como
estafilococos, enterococos e pneumococos (LOWY, 2003)
Na década de 1980, a mortalidade por bacteremia estafilocócica
permanecia entre 20 a 40% apesar do grande número de agentes antimicrobianos
disponíveis (MYLOTTE et al., 1987).
A resistência à penicilina G e a outros β-lactâmicos se
principalmente pela produção de enzimas denominadas β-lactamases que inativam o
antibiótico pela quebra do anel β-lactâmico. Jack & Richmond propuseram, em 1970,
o primeiro esquema de classificação das β-lactamases, que foi expandida três anos
depois por Richmond & Sykes (LIVERMORE, 1995). Ambler, em 1980, classificou as
β-lactamases em quatro classes (A a D) de acordo com suas estruturas moleculares
(LIVERMORE, 1995). Bush et al. (1995) propuseram uma classificação de acordo
com o substrato preferencial da enzima e sua susceptibilidade à inibição por
clavulanato. Assim as β-lactamases estafilocócicas pertencem ao grupo funcional 2a
de Bush e à classe estrutural A de Ambler. Kirby (1944) (apud CHAMBERS, 2001)
relatou pela primeira vez a existência de cepas de S. aureus produtoras de β-
lactamase apenas dois anos após a introdução da penicilina. No entanto, esta
resistência não era freqüentemente relatada e ocorria quase exclusivamente em
cepas hospitalares. Segundo o autor, as cepas isoladas da comunidade
permaneciam sensíveis à penicilina G. Seis anos depois, 25% das cepas isoladas
em hospitais apresentavam tal resistência, e em mais uma a duas décadas, a
mesma porcentagem de cepas resistentes à penicilina G era isolada da comunidade
(CHAMBERS, 2001).
Em 1959 foi introduzida a primeira penicilina semi-sintética
resistente às β-lactamases, a meticilina, para resolver o problema do aumento da
15
prevalência de S. aureus produtores dessas enzimas. Algum tempo depois, com o
surgimento das isoxazolilpenicilinas (oxacilina, dicloxacilina, cloxacilina e
flucloxacilina) que o estáveis em pH ácido e apresentam alto índice de ligação às
proteínas plasmáticas (80%), a meticilina deixou de ser comercializada em muitos
locais, inclusive no Brasil (AMATO NETO et al., 2000). No entanto, em 1961, foi
reportado o primeiro caso de resistência à meticilina, e 25 a 30 anos depois, 25%
das cepas hospitalares eram resistentes a esta droga (LIVERMORE, 2000;
ENRIGHT et al., 2002). Baseado na experiência com as cepas resistentes à
penicilina G, Chambers (2001), projetou para 2006 a 2010 a prevalência de 25% de
cepas MRSA isoladas da comunidade. Apesar da oxacilina ser usada no Brasil, e
não a meticilina, continua sendo empregada a expressão “meticilina-resistente” ou a
sigla MRSA (do inglês Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus) para designar as
cepas de S. aureus que o respondem ao tratamento com meticilina e, por
extensão, com as demais isoxazolilpenicilinas (AMATO NETO et al., 2000).
Os antimicrobianos β-lactâmicos, tais como: cefalosporinas,
oxacilinas, meticilina e outras penicilinas agem na etapa final da síntese do
peptidoglicano, ligando-se às transpeptidases e impedindo a formação da parede
bacteriana. Estes antimicrobianos apresentam excelente toxicidade seletiva, uma
vez que as lulas humanas não possuem parede celular, como as bactérias. Por
essa razão são os antibióticos de escolha, especialmente para gestantes (SEFTON,
2002).
O crescente isolamento de cepas de Staphylococcus aureus
resistentes à meticilina levou ao uso cada vez maior dos glicopeptídeos, como a
vancomicina, para o tratamento. Este fato criou, mais uma vez, forte pressão seletiva
e assim, cepas de Enterococcus e Staphylococcus vancomicina-resistentes têm sido
16
isoladas (LOWY, 2003). Este fato, mais o risco de transferência de genes de
resistência via plasmídios, tem apontado para a necessidade de uma redução
drástica no uso de vancomicina (VANNUFFEL et al., 1995). Além do risco de
seleção, o uso de vancomicina aumenta significativamente os custos do tratamento
(NICOLA et al., 2000).
Além dos glicopeptídeos, outras drogas, tais como gentamicina,
sulfazotrim e rifampicina, podem ser efetivas no tratamento de infecções por MRSA.
No entanto, é comum estas cepas apresentarem multi-resistência e demonstrarem
sensibilidade apenas à vancomicina (MULLIGAN et al., 1993; WITTE, 1999).
A resistência adquirida pode ser conseqüência de uma mutação ou
aquisição de DNA extrínseco, via transformação, transdução ou mais comumente,
pela conjugação (SEFTON, 2002).
2.3- Bases genéticas da resistência de S. aureus aos β
ββ
β-lactâmicos e
mupirocina
A resistência de S. aureus à penicilina G é mediada pelo gene
plasmidial blaZ que codifica a β-lactamase. Esta enzima é sintetizada quando a
bactéria é exposta ao antibiótico (resistência induzível) e age hidrolizando o anel β-
lactâmico. O gene blaZ é regulado por dois outros genes, o anti-repressor blaR1 e o
repressor blaI. O gene blaR1 codifica uma proteína relacionada com a transdução de
sinais, e blaI codifica uma proteína repressora que se liga ao sítio operador
impedindo a RNA-polimerase de se ligar e transcrever os genes blaZ e blaR1
(HACKBARTH & CHAMBERS, 1993; LOWY, 2003).
A proteína transmembrana de transdução de sinal BlaR1 possui um
sítio extracelular de ligação à penicilina e um sinalizador intracelular. A ligação da
17
penicilina ao sítio de ligação extracelular estimula, intracelularmente, a ativação
autocatalítica dessa proteína. Cada molécula de BlaR1 ativada cliva, direta ou
indiretamente (uma vez que outra proteína, BlaR2, também pode participar), a
proteína BlaI em fragmentos inativos permitindo assim a transcrição de blaZ e blaR1
com conseqüente síntese da β-lactamase. Portanto, na ausência de penicilina a β-
lactamase é expressa em baixos níveis, uma vez que BlaI o sofre clivagem e
consegue se ligar impedindo a transcrição (LOWY, 2003).
Alto nível de resistência de S. aureus à meticilina/oxacilina é
reconhecido como um exemplo típico de resistência mediada por cromossomo. Este
tipo de resistência é chamado de resistência intrínseca uma vez que não é devido à
destruição do antibiótico por β-lactamases e sim por modificações na estrutura-alvo
do antimicrobiano (MONTANARI et al., 1990).
As PBPs (Penicillin-binding protein) possuem função de
peptidoglicano-transpeptidases e funcionam como ligases na reação pentaglicil
transpeptidação, ou seja, atuam na “montagem” final do peptidoglicano da parede
bacteriana. As PBPs têm alta afinidade por antibióticos β-lactâmicos, aos quais se
ligam covalentemente inibindo a transpeptidação, resultando assim na inibição da
etapa final da síntese do peptidoglicano. Cepas de Staphylococcus spp. sensíveis à
meticilina apresentam cinco PBPs: PBP1, PBP2, PBP3, PBP3’ e PBP4, com pesos
moleculares entre 41 a 87 Kda (BRAKSTAD & MAELAND, 1997). Alguns autores
consideram apenas as quatro principais PBPs, excluindo PBP3’ (BERGER-BÄCHI,
1999).
A base molecular da resistência à meticilina é a síntese de uma PBP
adicional, referida como PBP2a ou PBP2’, e que é caracterizada pela baixa
afinidade à maioria dos antibióticos β-lactâmicos. A síntese de PBP2a pode ser
18
afetada por condições de cultivo. Assim, o expressão de PBP2a em pH 5,2 e
em temperatura de 42°C (BRAKSTAD & MAELAND, 1997). A PBP2a é codificada
cromossomicamente pelo gene mecA que está localizado em um elemento de 32 a
60 Kb, o elemento mec, que não tem equivalente alélico em cepas sensíveis à
meticilina. Estudos epidemiológicos e genéticos sugerem que cepas MRSA
adquirem o elemento mec de estafilococos coagulase-negativos. Entretanto, o modo
de transferência não está totalmente esclarecido (BERGER-BÄCHI, 1999; PETINAKI
et al., 2001).
A regulação da expressão de resistência à meticilina/oxacilina ocorre
de maneira semelhante à regulação da resistência à penicilina G. Os antibióticos β-
lactâmicos, exceto meticilina e oxacilina, induzem a expressão de PBP2a. A indução
ocorre pela ligação do antibiótico à proteína MecR1 resultando em sua ativação, que
por sua vez cliva MecI permitindo a transcrição de mecA (LOWY, 2003). Os
segmentos plasmidiais blaI-blaR1 apresentam 61% e 34% de analogia com os
genes cromossômicos mecI e mecR1 respectivamente. Isso sugere que a função
regulatória e/ou a origem do elemento mecR são similares aos elementos bla. Assim
como a β-lactamase, a ntese de PBP2a também é induzida por antibióticos β-
lactâmicos em cepas que possuem plasmídio codificador da enzima (HACKBARTH
& CHAMBERS, 1993; HIRAMATSU et al., 2001).
Thornsberry et al., (1986) (apud VARALDO, 1993) comprovaram que
baixo nível de resistência à meticilina pode ser de caráter extrínseco, ou seja,
mediada por β-lactamase em cepas de S. aureus com sensibilidade intermediária
(ou resistência diminuída). Segundo o mesmo autor, as cepas de S. aureus com esta
característica de resistência são chamadas de “borderline” resistentes, “borderline”
19
sensíveis ou simplesmente BORSA (Borderline Oxacillin Resistant Staphylococcus
aureus).
O mecanismo de resistência “borderline” ainda não está totalmente
esclarecido. Alguns estudos demonstraram a presença de PBP2a em cepas
BORSA, e outros demonstraram somente a hiperprodução de β-lactamase
(MONTANARI et al.,1990; MULLIGAN et al., 1993; VARALDO, 1993; BRAKSTAD &
MAELAND, 1997). Barg et al., em 1991 (apud BRAKSTAD & MAELAND, 1997)
demonstraram que a hiperprodução de β-lactamase não é a única causa da
resistência “borderline”. Quando o plasmídio codificador da enzima foi transferido
para duas cepas não produtoras, somente uma delas apresentou resistência
“borderline”, consistente com a suposição que tanto a hiperprodução da enzima
como um pequeno aumento na resistência intrínseca é requerido para a emergência
de resistência “borderline”. Cepas BORSA são caracterizadas por Concentração
Inibitória Mínima (CIM) de oxacilina próximas do ponto de corte de sensibilidade, de
2 a 4 µg/mL (NICOLA et al., 2000).
Em resumo, a resistência de S. aureus à meticilina pode ser
mediada pelo gene cromossômico mecA, que codifica a PBP2a com baixa afinidade
aos antibióticos β-lactâmicos e expressa resistência a altos níveis da droga. A
expressão deste gene é constitutiva ou induzível por algum antibiótico β-lactâmico,
mas não por meticilina e oxacilina. Pode ainda ser conseqüência da hiperprodução
de β-lactamase, ou resistência mec-independente, que em grande quantidade seria
capaz de hidrolisar tanto a penicilina G como a meticilina e oxacilina, expressando
baixos níveis de resistência a essas drogas. Isso implica que, infecções por cepas
com resistência mec-independente podem ser tratadas com inibidores de β-
20
lactamases, uma vez que se tornam amplamente sensíveis na presença de
clavulanato, um inibidor desta enzima (VARALDO, 1993; FLUIT et al., 2001). Por
outro lado, cepas resistentes devido à produção de PBP2a (mecA
+
) quase sempre
são tratadas com glicopeptídeos, implicando em maior custo e favorecendo a
seleção de cepas resistentes a esse grupo de antimicrobianos. Deste modo, a
diferenciação laboratorial destes dois mecanismos de resistência é extremamente
importante para orientar o tratamento das infecções provocadas por S. aureus.
Além dos genes diretamente envolvidos na expressão de resistência
à meticilina/oxacilina (mec) outros genes que regulam a síntese e degradação do
peptidoglicano participam indiretamente dessa resistência. Qualquer modificação
estrutural do precursor do peptidoglicano ou a redução de sua síntese resulta em
diminuição da resistência (BERGER-BÄCHI, 1999). A expressão de resistência
somente ocorre em cepas que produzem uma cadeia muropeptídica que é
caracterizada pela adição seqüencial de resíduos de glicina, sob o controle de
proteínas designadas fatores essenciais para resistência à meticilina (Fem). Essas
proteínas são codificadas pelos genes femA, femB, femC, femD e femE
(LABISCHINSKI et al., 1998; HADDADIN et al., 2002). Estudos revelaram que a
inativação do gene femA resulta em diminuição da resistência à meticilina
(MAIDHOF et al., 1991). Independente da presença do gene mecA, mutantes femA
-
apresentam significante redução de glicina no peptidoglicano, e uma das
conseqüências dessa redução é o aumento da sensibilidade aos β-lactâmicos
(MAIDHOF et al., 1991). Apesar do envolvimento na resistência à meticilina, o gene
femA está presente tanto em cepas sensíveis como em cepas resistentes
(VANNUFFEL et al., 1999).
21
Um gene femA homólogo também foi caracterizado em S.
epidermidis, S. simulans, S. saprophyticus e S. hominis. A organização genômica de
todos esses genes é altamente conservada, com alternância de regiões homólogas
e variáveis. Essas variações inter-espécies foram exploradas para definir estratégias
para identificação espécie-específica (VANNUFFEL et al., 1999).
A mupirocina é um antibiótico produzido por Pseudomonas
fluorescens e foi introduzida no mercado em 1985. Esse antibiótico age ligando-se
competitivamente à enzima isoleucil RNAt-sintetase (IRS), inibindo assim a síntese
protéica (HUGES & MELLOWS, 1980 apud NUNES et al., 1999).
De acordo com Gilbart et al. (1993) (apud NUNES et al., 1999),
cepas resistentes à mupirocina podem ser divididas em dois grupos de acordo com o
nível de resistência. Cepas com baixo nível de resistência (CIM 8 a 256 g/mL)
produzem uma enzima IRS modificada com baixa afinidade pela mupirocina. Essa
modificação ocorre devido a mutação no gene cromossômico ileS que codifica a
isoleucil RNAt-sintetase. O mecanismo da baixa resistência à mupirocina ainda não
está completamente esclarecido. Cepas com alto nível de resistência (CIM 512
g/mL) apresentam um gene adicional (ileS-2) localizado em um plasmídio
conjugativo. Alguns estudos demonstraram a presença de uma cópia cromossômica
do gene ileS-2 codificando baixo-nível de resistência, assim os autores sugerem que
o baixo-nível de resistência difere da resistência de alto-nível somente pela
localização e/ou número de cópias do gene ileS-2 (NUNES et al., 1999; RAMSEY et
al., 1996). Esse gene codifica uma enzima que não apresenta afinidade com
mupirocina. Essa IRS apresenta somente 30% de similaridade na seqüência de
22
aminoácidos com a IRS endógena de S. aureus (LESKI et al., 1999; PÉREZ-ROTH
et al., 2001; YUN et al., 2003).
Nas cepas com alto-nível de resistência, a localização plasmidial do
gene ileS-2, pode ter como conseqüência a transferência desse plasmídio a outros
microrganismos, constituindo um grande problema hospitalar. O uso de mupirocina
pode servir para erradicação de cepas com baixo vel de resistência, mas não para
aquelas com alto nível (MEHTAR, 1998; HARBARTH et al., 1999).
2.4- Epidemiologia das Infecções por MRSA
Herold et al. (1998) (apud CHAMBERS, 2001), relataram o
isolamento de cepas MRSA em crianças da comunidade, e isso têm levado à
especulação de que a epidemiologia do MRSA está se modificando gradativamente,
uma vez que as infecções por MRSA têm sido adquiridas quase exclusivamente em
hospitais. Humanos são os reservatórios naturais de S. aureus e a transmissão
ocorre por contato direto com um hospedeiro colonizado. A colonização pode ser
transitória ou persistente e pode durar anos (KLUYTMANS et al., 1997).
De acordo com Boyce (1998) (apud CHAMBERS, 2001), os
principais fatores de risco para colonização ou infecção por MRSA são (i) exposição
a antibióticos; (ii) internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI); (iii) cirurgia e
(iv) exposição a um indivíduo colonizado. Pessoas da comunidade com infecção por
MRSA geralmente têm um histórico de hospitalização recente; contato íntimo com
uma pessoa que foi hospitalizada ou outros fatores de risco, como o uso prévio de
antibióticos (CHAMBERS, 2001). Em outro estudo é relatada a seleção de S. aureus
com altos níveis de resistência a oxacilina após exposição a fluoroquinolonas in vitro,
23
sugerindo que os mecanismos de resistência a oxacilina e a fluoroquinolonas podem
estar associados (VENEZIA et al., 2001).
A prevalência de cepas de MRSA pode variar em diferentes regiões,
entretanto os números tendem a se elevar cada vez mais. Nos Estados Unidos, as
infecções por MRSA passaram de 5%, na década de 1980, para 29% em 1991
(KLUYTMANS et al., 1997). Voss et al. (1994 apud BRAKSTAD & MAELAND, 1997)
relataram que a prevalência de MRSA na Espanha, França e Itália, em 1994 estava
em torno de 30%. No Japão, mais de 60% dos isolados de Staphylococcus aureus
eram resistentes à meticilina/oxacilina (KIMURA et al., 1992 apud WITTE, 1999). No
Brasil esta prevalência era de 56% (TEIXEIRA et al., 1995). Trabalhos mais recentes
indicam uma prevalência de 29 a 35% de MRSA nos Estados Unidos e Europa
(HADDADIN et al., 2002).
A colonização por S. aureus precede a infecção e os maiores
reservatórios deste organismo são as narinas anteriores. Geralmente estas cepas
são introduzidas em uma instituição por meio de um paciente colonizado ou um
indivíduo da equipe hospitalar e o principal modo de transmissão se através das
mãos destes trabalhadores (MULLIGAN et al., 1993). A taxa média de colonização
da equipe hospitalar por S. aureus é de 27%, podendo variar de 16 a 56%
(KLUYTMANS et al., 1997). Por outro lado, a taxa de colonização por MRSA pode
variar de 2 a 56% (MULLIGAN et al., 1993). Além da transmissão por contato direto,
os equipamentos e utensílios manipulados por pessoas colonizadas podem
desempenhar importante papel na epidemiologia das infecções por MRSA (DIAS et
al., 1997). Existem três padrões de carreamento de S. aureus: (i) 20% das pessoas
são carreadores persistentes, ou seja, sempre carream uma mesma cepa; (ii) cerca
de 60% das pessoas abrigam S. aureus intermitentemente e, em geral, as cepas não
24
são as mesmas e (iii) cerca de 20% não carream a bactéria. Os carreadores
persistentes parecem estar protegidos da aquisição de outras cepas. No entanto,
essa proteção é diminuída quando ocorre o uso de antibióticos (KLUYTMANS et al.,
1997). VandenBergh et al. (1999) pesquisaram S. aureus em 91 funcionários de uma
universidade holandesa e encontraram 47% de não carreadores; 17% de
carreadores intermitentes e 36% de carreadores persistentes.
Usando técnicas de fenotipagem ou genotipagem é possível
determinar a origem da cepa causadora de surtos hospitalares. Alguns estudos
utilizando estas técnicas comprovaram a transmissão de cepas MRSA, carreadas
pela equipe hospitalar para pacientes (BYUN et al., 1997; AHMED et al., 1998;
SOUSA et al., 2000).
A erradicação de S. aureus, incluindo MRSA, com mupirocina (ácido
pseudomônico A) tem sido efetivo em prevenir infecções pós-operatórias em
pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, em pacientes submetidos à hemodiálise
e queimados (FUCHS et al., 1990; MEHTAR, 1998; KRISHMAN et al., 2002). Além
disso, alguns autores relataram sucesso na erradicação nasal de S. aureus (FUCHS
et al., 1990; HARBARTH et al., 1999; LESKI et al., 1999). Por outro lado, o uso
indiscriminado de mupirocina pode favorecer a seleção de cepas resistentes e
assim, a utilização ou não desse antibiótico, para esse propósito, é controverso
(HARBARTH et al., 1999; KRISHMAN et al., 2002; PÉREZ-ROTH et al., 2002).
2.5- Detecção de Resistência
A expressão fenotípica de resistência à meticilina é freqüentemente
heterogênea e os métodos fenotípicos podem falhar na detecção desta resistência,
uma vez que, a expressão fenotípica pode ser influenciada pelas condições de
cultivo, como temperatura, pH e concentração de NaCl do meio. Como
25
conseqüência, cepas com baixos níveis de resistência podem não ser detectadas,
uma vez que duas subpopulações podem co-existir na mesma cultura e nem todas
as células, apesar de possuírem a informação genética, expressam in vitro o
fenótipo de resistência (MURAKAMI et al., 1991). A distinção entre cepas
hiperprodutoras de penicilinase e cepas verdadeiramente resistentes à meticilina
(mecA
+
) é problemática (BROWN, 2001).
A técnica da difusão em ágar com discos de oxacilina é a mais
usada em laboratórios. Porém, a expressão fenotípica de resistência pode variar e
isso pode afetar a reprodutibilidade e sensibilidade do método (MARTINEAU et al.,
2000b). O NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standards)
recomenda a utilização do ágar Mueller-Hinton suplementado com 4% de NaCl e
6µg/mL de oxacilina, o screen agar, para confirmação de resistência à meticilina
(NCCLS M2-A7, 2000). Alguns pesquisadores relatam a dificuldade de detecção de
cepas com resistência “borderline” usando o screen agar e sugerem a realização do
teste de difusão em ágar, utilizando duas temperaturas de incubação: 35 e 42°C,
uma vez que PBP2a o é expressa a 42°C (NICOLA et al., 2000). Em suma, a
utilização do screen agar tem grande valor na confirmação de altos níveis de
resistência, ou seja, para detecção de cepas que possuem o gene mecA codificando
a resistência por meio da produção de PBP2a. Entretanto, cepas com baixos níveis
de resistência (BORSA) e cepas hetero-resistentes, onde em uma população
bacteriana co-existem sub-populações expressando diferentes níveis de resistência,
podem não ser detectadas por estas técnicas.
Cepas com baixos níveis de resistência (BORSA), hiperprodutoras
de β-lactamase, podem ser detectadas através do teste que utiliza uma
cafalosporina cromogênica, o teste do Nitrocefin (BIGNARDI et al., 1996). A
26
positividade do teste Nitrocefin mais a sensibilidade a amoxacilina/ácido clavulânico
(halo 20 mm) servem como critério para a caracterização de cepas hiperprodutoras
de β-lactamase e que não apresentam o gene mecA (GEHA et al., 1994;
MARTINEAU et al., 2000a; PETINAKI et al., 2001).
Atualmente, a técnica considerada “padrão ouro”, para detecção de
resistência à meticilina é a amplificação do gene mecA através da técnica da PCR.
No entanto, cepas com baixos níveis de resistência não podem ser detectadas
utilizando este marcador molecular, uma vez que esta resistência não é mediada
pelo gene mecA (MARTINEAU et al., 2000a; BROWN, 2001; FLUIT et al., 2001;
GRADELSKI et al., 2001; PÉREZ-ROTH et al., 2001).
Variações na técnica da PCR têm sido propostas com a intenção de
amplificar e detectar mais de um gene em uma mesma reação. Os genes alvos
podem ser genes de resistência a diferentes antimicrobianos, genes de virulência
e/ou genes espécie-específicos para identificação bacteriana. Assim, em uma
mesma reação é possível identificar o microrganismo e avaliar sua resistência e
virulência. Essas técnicas recebem o nome de PCR Multiplex e têm sido
amplamente usadas com diferentes propósitos (MASON et al., 2001;
MARKOULATOS et al., 2002). Vannuffel et al. (1995), realizaram a técnica de PCR
Multiplex para a amplificação simultânea dos genes mecA e femA. Martineau et al.
(2000a) realizaram simultaneamente sete ensaios de PCR Multiplex, sendo que
cada ensaio continha primers espécie-específicos para S. aureus e S. epidermidis e
mais um par de primers para amplificação de um dos seguintes genes de
resistência: aac(6’)-aph(2’’) (gentamicina), ermA, ermB, ermC e msrA (eritromicina),
blaZ (penicilina) e mecA (oxacilina). Pérez-Roth et al., em 2001, realizaram a técnica
utilizando primers para detecção dos genes mecA, ileS-2 e femB.
27
Vários parâmetros devem ser criteriosamente avaliados para que a
técnica da PCR Multiplex forneça resultados consistentes. Especialmente
importantes são a concentração de primers, concentração de tampão, temperatura
dos ciclos e proporção de cloreto de magnésio e dNTP (MARKOULATOS et al.,
2002). A realização de PCR Multiplex com o objetivo de amplificar vários
fragmentos-alvo com tamanhos muito diferentes, freqüentemente favorece a
amplificação do fragmento-alvo mais curto, resultando em diferentes quantidades do
produto amplificado (BEJ et al., 1990).
2.6- Tipagem de Staphylococcus aureus
Geralmente o agente etiológico causador de um surto é derivado de
uma única célula, e seus descendentes o geneticamente idênticos ou fortemente
relacionados. Em termos epidemiológicos, os organismos envolvidos no surto são
clonalmente relacionados, pois têm uma origem comum. Porém, existe suficiente
diversidade nas espécies, e organismos isolados de diferentes fontes, períodos e
regiões geográficas podem ser diferenciados ou classificados em subtipos ou cepas
(OLIVE & BEAN, 1999).
Maslow et al., em 1993 (apud TENOVER et al., 1994) caracterizaram
os sistemas de tipagem usando cinco critérios: (i) Tipabilidade, que é a habilidade da
técnica em produzir um resultado não ambíguo para cada isolado examinado.
Portanto, isolados não tipáveis são aqueles que produzem resultados nulos ou
ambíguos; (ii) Reprodutibilidade, que é a habilidade da técnica em produzir o mesmo
resultado quando o isolado é testado repetidamente; (iii) Poder discriminatório, que é
a habilidade da técnica em discriminar isolados não relacionados; (iv) Facilidade de
interpretação e (v) Facilidade de execução.
28
Em princípio, todos os organismos de uma mesma espécie devem
ser tipáveis pela técnica utilizada, ou seja, a característica analisada deve estar
presente em todos os membros da espécie. Por exemplo, a fagotipagem
freqüentemente é aplicada para caracterização de S. aureus, mas existem isolados
dessa espécie que não apresentam receptores para bacteriófagos, assim não
podem ser fagotipados (TAMBIC et al., 1997).
Além da fagotipagem outras técnicas fenotípicas são usadas na
caracterização de microrganismos. A biotipagem utiliza características bioquímicas
do microrganismo para classificá-lo. Entretanto essa técnica apresenta baixa
reprodutibilidade e baixo poder discriminatório, uma vez que a expressão fenotípica
dessa característica pode variar. O padrão de sensibilidade aos antimicrobianos tem
baixo poder discriminatório, pois os microrganismos podem modificar seu padrão de
sensibilidade por meio de mutações e aquisição ou perda de plasmídios de
resistência. Assim, por envolverem produtos de expressão gênica, essas
características tendem a variar de acordo com fatores ambientais, fases de
crescimento e mutações espontâneas (TENOVER et al., 1997).
Técnicas de tipagem genotípicas são baseadas na análise da
estrutura genética de um organismo. Estas técnicas estão menos sujeitas a
variações naturais, porém podem ser afetadas por inserções ou deleções gênicas
(TENOVER et al.,1997). De acordo com Swaminathan & Matar (1993), a habilidade
dos sistemas de tipagem molecular em distinguir epidemiologicamente isolados
bacterianos é um reflexo da variação genética existente no DNA cromossômico das
espécies. Os organismos mais comumente associados com infecções, em geral, são
subgrupos de algumas cepas mais virulentas. Por conseqüência, esse subgrupo
pode exibir pouca diversidade genética e isso pode dificultar a diferenciação entre as
29
cepas. Cepas MRSA são um exemplo desse fenômeno, pois muitas dessas cepas
isoladas de pacientes o derivadas de relativamente um pequeno número de
clones (TENOVER et al., 1997).
Diversas cnicas moleculares têm sido usadas para a tipagem de
S.aureus. Dentre elas, o Pulsed-Field Gel Electrophoresis (PFGE) e Random
Amplified Polymorphic DNA (RAPD) são as mais utilizadas. PFGE é considerado por
muitos autores a técnica “padrão ouro”. No entanto, esta técnica requer
equipamentos sofisticados, software para interpretação e sua padronização inter-
laboratórios pode falhar (WELLER, 2000). Outros autores defendem a utilização do
RAPD para tipagem molecular de S. aureus, relatando boa correlação entre esta
técnica e o PFGE, além de ser uma técnica mais rápida, não exigir equipamentos
sofisticados e que também produz resultados satisfatórios (VAN BELKUN et al.,
1995; OLMOS et al., 1998; DAUTLE et al., 2002; KONDOH et al., 2002).
O RAPD, também referido como Arbitrarily Primed-Polymerase
Chain Reaction (AP-PCR), é uma variação da técnica da PCR e descrito
primeiramente por Williams et al. (1990) e Welsh & McClelland (1990) (apud OLIVE
& BEAN, 1999). Esta técnica é baseada no uso de primers de seqüências curtas,
geralmente de 10 bases, e escolhidas aleatoriamente (randomicamente), ou seja, a
seqüência alvo não é determinada. Deste modo, a seqüência compreendida entre
dois primers hibridizados é amplificada arbitrariamente. Em outras palavras, os
produtos da PCR terão o tamanho correspondente à distância entre dois primers. O
número e localização destas seqüências variam em diferentes cepas de uma
espécie bacteriana. Após a separação eletroforética dos produtos amplificados, um
padrão de bandas (fingerprint) é gerado e que, teoricamente, é característico de uma
cepa bacteriana em particular. O padrão de bandas gerado pode ser visualizado sob
30
iluminação ultravioleta após adição de brometo de etídio. Uma única substituição de
bases, inserção ou deleção pode alterar o anelamento do primer, tendo como
conseqüência padrões de bandas diferentes (POWER, 1996; TENOVER et al., 1997;
OLIVE & BEAN, 1999).
Uma das vantagens do RAPD é a pouca quantidade de DNA
necessária para sua realização, uma vez que partes deste DNA serão amplificadas
por PCR, ao contrário do PFGE onde não amplificação e grande quantidade e
pureza do DNA são exigidas. Este fato é especialmente importante quando se
trabalha com bactérias Gram positivas, uma vez que a composição de suas paredes
dificulta a extração e purificação do DNA (DAUTLE et al., 2002).
O poder discriminatório da técnica RAPD aplicada a MRSA é menor
do que PFGE, entretanto, para avaliações epidemiológicas de pequenos surtos, o
RAPD é considerado uma valiosa ferramenta para caracterização inicial das cepas
envolvidas no surto. Alguns trabalhos relatam completa correlação entre os
resultados do PFGE e RAPD (OLMOS et al., 1998; CETINKAYA et al., 2000;
STRANDEN et al., 2003). Com a intenção de aumentar o poder discriminatório pode-
se combinar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos (antibiotipagem) com a
técnica RAPD (BARTZAVALI-LOUKI et al., 2003).
Diversos primers podem ser utilizados na reação do RAPD. A
combinação de dois ou mais primers, em geral, resulta em um número maior de
bandas o que conseqüentemente pode melhorar o poder discriminatório da técnica.
Pode-se também combinar os resultados obtidos pela utilização de um único primer
com os resultados da utilização de combinações de primers (FUNG et al., 2001).
31
3- Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo geral estudar as cepas
de Staphylococcus aureus isoladas de pacientes e trabalhadores do Hospital
Universitário “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo”, em Presidente Prudente (SP), com
a finalidade de conhecer o perfil de resistência desses microrganismos que, desde a
inauguração do referido hospital, são responsáveis por grande parte das doenças
infecciosas que acometem os pacientes. O estudo visa também conhecer a relação
genética existente entre as cepas MRSA isoladas no período de julho a dezembro
de 2002, bem como padronizar a técnica PCR Multiplex para identificação e
avaliação de resistência de S. aureus, com a finalidade de oferecer uma opção mais
rápida para diagnóstico laboratorial dessas infecções. Assim, o presente estudo tem
como objetivos específicos:
Avaliar a presença de MRSA nas narinas anteriores e mãos da equipe de
trabalhadores do Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo” da
Universidade do Oeste Paulista UNOESTE, em Presidente Prudente-SP, no
período de julho a dezembro de 2002.
Comparar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos destas cepas com
aquelas isoladas de pacientes que apresentavam infecção por MRSA durante o
mesmo período, tentando estabelecer uma correlação inicial entre eles, de
acordo com a semelhança de seus perfis de sensibilidade.
Comparar os resultados da PCR Multiplex para a amplificação de fragmentos
correspondentes aos genes de resistência à meticilina/oxacilina e à mupirocina,
mecA e ileS-2 respectivamente, ao fenótipo de resistência. Comparar também a
amplificação do fragmento correspondente ao gene espécie-específico femA,
32
presente na espécie S. aureus independente de sua resistência ou sensibilidade
à meticilina/oxacilina, e a identificação feita com provas fenotípicas.
Comparar e combinar os resultados da tipagem fenotípica dos isolados, por meio
da antibiotipagem feita com 12 antimicrobianos, com a tipagem molecular por
meio do RAPD, usando os primers OPA05, OPA11 e MecA2.
Determinar, por meio do RAPD combinado à antibiotipagem, uma possível
relação genética entre as cepas MRSA isoladas das narinas e mãos da equipe
de trabalhadores desse hospital, com os isolados das infecções de pacientes.
33
4- Material e Métodos
4.1- Amostra populacional
No total, cem (100) trabalhadores hospitalares aceitaram participar
voluntariamente deste estudo. Esse grupo foi constituído de 79 auxiliares de
enfermagem, 14 enfermeiros, 3 médicos, 2 fisioterapeutas e 2 estudantes do curso
de graduação em Enfermagem. Esses indivíduos trabalhavam nos respectivos
setores do Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo” da Universidade
do Oeste Paulista - UNOESTE: UTI (25); Clínica Médica (18); Clínica Cirúrgica (16);
Pediatria (12): Emergência (11); Ginecologia e Obstetrícia (07); Berçário (06);
Moléstias Infecto-Contagiosas (03), e os dois estudantes do curso de graduação em
Enfermagem estagiavam na Clínica Médica.
Foram coletadas amostras das mãos e narinas destes
trabalhadores. Antes da coleta os voluntários foram comunicados verbalmente e por
escrito sobre a pesquisa e seus objetivos. Ao concordarem em participar como
voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo I).
No presente estudo, todos os trabalhadores hospitalares que
apresentaram MRSA nas narinas e/ou mãos foram submetidos a uma nova coleta,
realizada três meses após a primeira, com a finalidade de observar a persistência no
carreamento de cepas MRSA.
No período de estudo, 40 pacientes (21 homens e 19 mulheres) que
apresentaram processo infeccioso por S. aureus consentiram a participação no
presente trabalho. Aos pacientes que apresentaram infecção por MRSA, durante o
mesmo período de coleta das amostras na equipe de enfermagem, também foi
solicitada uma autorização por escrito, e foram incluídos no trabalho após
34
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Se o paciente estivesse
impossibilitado de assinar ou fosse menor de idade, um responsável assinou o
termo. foram incluídas no trabalho amostras recebidas rotineiramente no
Laboratório de Microbiologia Clínica da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da
UNOESTE. O paciente ou responsável foi procurado para assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido apenas nos casos em que houve isolamento de S.
aureus nas amostras clínicas dos mesmos. Deste modo, nenhum procedimento
adicional envolvendo o paciente, além do que constava no pedido de exames do
médico, foi realizado.
O presente estudo foi devidamente autorizado pela Direção Clínica
do referido hospital (Anexo II) e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do
Oeste Paulista – UNOESTE (Anexos III e IV).
4.2- Coleta e manutenção das amostras
As amostras das narinas anteriores foram coletadas pelos próprios
trabalhadores hospitalares sob supervisão, após terem recebido instrução para tal.
Um swab estéril embebido em solução fisiológica estéril foi introduzido em cada
narina até que não recebesse mais resistência mecânica, e movimentos rotatórios
foram aplicados. Após a retirada, o swab foi imediatamente semeado em uma placa
de ágar manitol-sal (Britania). Em seguida, com o auxílio de alça bacteriológica,
foram feitas estrias a fim de se obter o isolamento das colônias. Tanto a semeadura
inicial feita com o próprio swab, como as estrias para isolamento foram executadas
próximas a uma lâmpada a álcool, para evitar contaminação do meio de cultura. As
placas semeadas foram enviadas imediatamente para o Laboratório de Microbiologia
35
Clínica da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UNOESTE e incubadas a 35-
37
O
C por 18 a 24 horas em aerobiose.
Um outro swab embebido em solução fisiológica estéril foi
friccionado nas palmas das mãos, dorso, ponta dos dedos e região interdigital do
indivíduo. Estas amostras foram semeadas em placas de ágar manitol-sal, estriadas
e incubadas como descrito anteriormente.
As cepas de S. aureus recuperadas de amostras clínicas de
pacientes atendidos no referido hospital e aquelas recuperadas das amostras nasais
e das mãos de trabalhadores hospitalares foram repicadas para TSB (Tryptic Soy
Broth - Difco) e após crescimento em aerobiose (18 horas a 35°C) foram aliquotadas
e mantidas a –20
O
C.
4.3- Identificação das cepas isoladas
Os isolados constituídos por cocos Gram-positivos foram submetidos
ao teste da catalase em lâmina. Os isolados catalase-positiva foram identificados por
meio dos testes da coagulase em tubo, fermentação do manitol (Oxoid) e DNAse
(Oxoid). A diferenciação de S. aureus de outras espécies coagulase positivas foi
feita pelo teste de produção de ácido a partir de maltose e trealose (KLOOS &
BANNERMAN, 1999; KONEMAN et al., 2001).
4.4- Teste de sensibilidade aos antimicrobianos ou antibiotipagem
Cultivos de 18-24 horas foram ensaiados frente a 12
antimicrobianos: tetraciclina (30 g), gentamicina (10 g), sulfametoxazol-trimetoprim
(23,75/25 g), penicilina G (10 U), vancomicina (30 g), oxacilina (1 g),
cloranfenicol (30 g), eritromicina (15 g), mupirocina (5 g), amoxacilina+ácido
clavulânico (20/10
g), clindamicina (2 g) e ciprofloxacina (5 g) através do método
36
de difusão em ágar. O ensaio foi realizado em ágar Mueller-Hinton (Oxoid),
preparado de acordo com as especificações do fabricante, com inóculo padronizado
de 10
8
organismos/mL, equivalente ao padrão 0,5 da escala de MacFarland, como
recomendado pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS
M2-A7, 2000). Como controle da técnica da difusão foram utilizadas as cepas de S.
aureus ATCC 29213 e ATCC 43300.
Os antibiotipos foram definidos de acordo com o resultado da leitura
dos halos de inibição de crescimento observado no ágar Muller-Hinton. Assim, a
diferença de sensibilidade ou resistência para apenas um antimicrobiano testado foi
suficiente para definição de um antibiotipo distinto.
4.5- Confirmação de resistência a oxacilina com screen agar
Seguindo as recomendações do NCCLS (M2-A7, 2000), todos os
isolados (90) de S. aureus foram confirmados quanto a resistência à oxacilina
usando-se o screen agar. O meio de cultura usado foi o ágar Mueller-Hinton (Oxoid)
acrescido de 4% de NaCl e 6µg/mL de oxacilina (Sigma). O inóculo foi preparado da
mesma maneira como referido para o teste de sensibilidade aos antimicrobianos. A
semeadura foi feita por ponto ou spot, técnica que consiste em tocar a superfície do
ágar com swab estéril previamente mergulhado na suspensão bacteriana (referente
à escala 0,5 de MacFarland) em solução fisiológica. Em seguida, as placas foram
invertidas e incubadas em estufa bacteriológica (35°C) em aerobiose, por
exatamente 24 horas.
Após incubação as placas foram examinadas com lupa, com luz
transmitida, visando a observação de crescimento bacteriano. A presença de uma só
colônia foi suficiente para confirmar a resistência à oxacilina.
37
4.6- Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) para Oxacilina
A Concentração Inibitória Mínima (CIM) para oxacilina foi
determinada por meio da técnica da macrodiluição em caldo Muller-Hinton (MH)
suplementado com 2% de NaCl. Foram utilizadas diluições seriadas de oxacilina
(Sigma), cujas concentrações finais variavam de 0,12 g/mL a 128 g/mL. Foi
utilizada uma suspensão bacteriana em caldo MH suplementado com NaCl 2%
equivalente ao padrão 0,5 da escala de MacFarland (NCCLS M7-A5, 2000). A CIM
foi determinada como a menor diluição de oxacilina capaz de inibir o crescimento
bacteriano no caldo, evidenciado com a turvação visível do meio líquido após 18-24
horas de incubação a 35°C (ANDREWS, 2001). Foram consideradas cepas MRSA
amostras que apresentaram CIM 4 g/mL para oxacilina, cepas com CIM < 2
g/mL foram consideradas MSSA (MERLINO et al., 2002).
4.7- Teste de produção de beta-lactamase
A produção de beta-lactamase foi avaliada por meio do teste do
Nitrocefin (Glaxo). A técnica consiste em adicionar uma colônia de S. aureus a uma
lâmina contendo algumas gotas de cefalosporina cromogênica. O resultado positivo
é evidenciado pela coloração avermelhada observada em lâmina. A mudança de
cor, de amarelo para vermelho, ocorre quando o amido ligado ao anel β-lactâmico da
cefalosporina cromogênica é hidrolizado pela β-lactamase (Livermore, 1995).
4.8- PCR Multiplex
A cnica da PCR Multiplex foi realizada com o objetivo de amplificar
fragmentos correspondentes aos genes femA (espécie-específico), mecA
(resistência à meticilina/oxacilina) e ileS-2 (resistência à mupirocina). Os resultados
38
obtidos pela PCR Multiplex foram comparados aos resultados da identificação
fenotípica convencional e também com os resultados da cnica da difusão em ágar
para avaliação da sensibilidade à oxacilina e mupirocina.
4.8.1- Extração e quantificação do DNA: A extração do DNA bacteriano foi
realizada no Laboratório de Genética Molecular da UNOESTE, utilizando o Kit
GFX Genomic Blood® (Amersham Biosciences), que contem uma solução de
lise, solução de extração, solução de lavagem e colunas GFX de purificação,
além de ter sido feito um pré-tratamento com lisozima. Os componentes e
protocolo de extração encontram-se detalhados no Anexo V e VI. A
quantificação do DNA bacteriano foi realizada no Laboratório de Bioquímica
da UNESP Campus de Presidente Prudente, através de leitura em
espectrofotômetro (Shimadzu UV1601) nos comprimentos de onda 260nm e
280nm, visando a quantificação e avaliação da pureza respectivamente. Para
a quantificação, o DNA bacteriano foi diluído 1:100 em tampão TE pH 8,0. A
concentração (g/mL) de DNA bacteriano foi determinada aplicando a
seguinte rmula:
[
OD
260
x 50/OD
260
x fator da diluição]. Após a leitura nos
comprimentos de onda citados, a razão OD
260
/OD
280
foi calculada. Se esta
razão for de aproximadamente 1.8, indica que o DNA apresenta um bom
estado de pureza. Todas as amostras de DNA bacteriano utilizadas nesse
estudo apresentaram essa característica. Após a quantificação foram
preparadas soluções-trabalho de DNA, de maneira que todas as amostras
apresentassem concentrações semelhantes.
4.8.2- Primers: Para amplificar a seqüência de nucleotídeos correspondente
ao gene mecA, foram usados o primer MecA1 (5’-GTA GAA ATG ACT GAA
CGT CCG ATA A-3’) e o primer MecA2 (5’-CCA ATT CCA CAT TGT TTC
39
GGT CTA A-3’), que resultam em um produto da PCR de 310 pb (PÉREZ-
ROTH et al., 2001). Para amplificar a seqüência de nucleotídeos pertencentes
ao gene femA presente somente na espécie S. aureus, foram usados os
primers F1 (217-[5’]CTT ACT TAC TGG CTG TAC CTG-237) e F2 (902-
[5’]ATG TCG CTT GTT ATG TGC-884) que resultam em um fragmento de 686
pb (VANNUFFEL et al., 1995). Para a amplificação da seqüência de
nucleotídeos correspondente ao gene ileS-2, que codifica resistência a
mupirocina foram usados os primers MupA (5’-TAT ATT ATG CGA TGG AAG
GTT GG-3’) e MupB (5’-AAT AAA ATC AGC TGG AAA GTG TTG-3’) que
resultam em um fragmento de 456 pb (PÉREZ-ROTH et al., 2001).
4.8.3- Reação de amplificação: após a extração e quantificação do DNA, 5
µL da solução-trabalho de DNA (template) foram adicionados a 20 µL do mix
da PCR, de maneira que fosse obtida a concentração final de DNA em torno
de 50ng/25µL. O mix da PCR consistia de tampão
[
(Tris-HCl 20 mM; KCl 50
mM (pH 8.4)]; 0.2 mM de cada um dos quatro deoxiribonucleotídeo trifosfato
(dATP, dCTP, dTTP e dGTP) (Gibco); MgCl
2
3 mM, 25 pmol dos primers
MecA1, MecA2, MupA e MupB e 50 pmol dos primers F1 e F2 (BEJ et al.,
1990), e 1.25 U de Taq polimerase (Gibco). Para reduzir a formação de
produtos inespecíficos, os tubos somente foram colocados no termociclador
quando a temperatura de denaturação foi alcançada (94
o
C). Todas as
amplificações por PCR foram realizadas com o termociclador PTC-100 da MJ
Research, no Laboratório de Genética Molecular da UNOESTE. Em adição,
todas as amplificações foram feitas com um controle negativo, contendo todos
os reagentes, mas sem amostra de DNA bacteriano. Cada reação de
40
amplificação envolveu uma etapa inicial de denaturação a 94
o
C por 5 minutos,
seguido de 10 ciclos de amplificação (denaturação a 94
o
C por 30 segundos,
anelamento a 64
o
C por 30 segundos e extensão a 72
o
C por 45 segundos), em
seguida 25 ciclos de amplificação (denaturação a 94
o
C por 45 segundos,
anelamento a 50
o
C por 45 segundos e extensão a 72
o
C por 1 minuto) e
finalizando com uma etapa de extensão a 72
o
C por 10 minutos. Após a
reação de amplificação, 5 µL do produto final foi submetido à eletroforese em
gel de agarose 2% a 100 V por 45 minutos. Para estimar o peso molecular
dos produtos amplificados foi usado comparativamente um marcador
molecular de 100 pb (Gibco). O gel foi corado com brometo de etídio (Gibco),
e os produtos da amplificação foram observados usando radiação UV
(PÉREZ-ROTH et al., 2001). As imagens foram capturadas com uma câmera
CCD acoplada sobre o transiluminador, operada com o programa
ChemiImager 4000 (Alpha Innatech 2000). Após a verificação do peso
molecular dos produtos amplificados, através do referido software, as
imagens foram armazenadas como arquivos em computador pessoal na
estação de trabalho do referido Laboratório.
4.8.4- Cepas padrão: foram utilizadas as cepas ATCC 43300 (MRSA), ATCC
29213 (S.aureus sensível à meticilina e mupirocina) e cepa JJ1 (cepa
transconjugante RN8411 contendo plasmídio pMG1, resistente a mupirocina),
fornecida pelo Departamento de Microbiologia Médica do Instituto de
Microbiologia Dr. Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), como controles positivos da reação da PCR Multiplex.
41
4.9- Tipagem Molecular (RAPD)
A padronização da técnica RAPD foi realizada utilizando-se diversas
concentrações dos primers, dNTPs, Taq polimerase, cloreto de magnésio e DNA
bacteriano. Também foram avaliados três diferentes protocolos de amplificação, com
diferentes temperaturas de anelamento e quantidade de ciclos de amplificação.
Todos os S. aureus resistentes à meticilina/oxacilina, confirmados
pela amplificação do fragmento de 310 pb presente no gene mecA, foram
selecionadas para a tipagem através da técnica do RAPD, com o objetivo de avaliar
a relação genética existente entre elas. A técnica foi aplicada individualmente para
os isolados de um mesmo paciente (1-2P, 7-10P, 14-15P e 23-24P).
No experimento piloto, foram selecionadas aleatoriamente duas
cepas pertencentes ao antibiotipo A e as duas cepas pertencentes ao antibiotipo B,
com a finalidade de observar se a utilização dos primers OPA5, OPA11 e MecA2
forneceria padrão de bandas suficiente para diferenciar MRSA com perfis de
sensibilidade tão distintos. Além disso, para avaliação da capacidade discriminatória
da técnica RAPD, foi utilizada uma cepa MRSA resistente apenas aos β-lactâmicos e
que foi isolada de um paciente da comunidade. A foto contendo os fragmentos
amplificados pela técnica RAPD e o dendrograma gerado, com a inclusão dessa
cepa comunitária podem ser observados nos Anexos VII e VIII, respectivamente.
4.9.1- Extração e quantificação do DNA: a extração e quantificação do DNA
bacteriano foram feitas como descritos anteriormente no item 4.8.1.
4.9.2- Amplificação: após a extração e quantificação do DNA, 5 µL desta
suspensão (template) foram adicionados a 20 µL do mix da PCR (2ng/µL),
42
consistindo de tampão [10 mM Tris-HCl ; KCl 30 mM (pH 8.4)]; 0.4 mM de
cada um dos quatro deoxiribonucleotídeo trifosfato (dATP, dCTP, dTTP e
dGTP) (Gibco); MgCl
2
3 mM, 50 pmol de cada primer e 1.25 U de Taq
polimerase (Invitrogen). Para cada amostra foi feita uma reação contendo os
primers OPA05, OPA11 e MecA2 (Invitrogen), descritos adiante. As reações
do RAPD também foram realizadas no termociclador PTC-100 da MJ
Research, como descrito nos itens anteriores. Todas as amplificações foram
feitas com um controle negativo, contendo todos os reagentes, mas sem
amostra de DNA bacteriano. Cada reação de amplificação foi composta de
uma etapa inicial de denaturação a 94
o
C por 5 minutos seguida por 50 ciclos
consistindo de 1 minuto a 94
o
C; 2 minutos a 35
o
C e 2 minutos a 72
o
C e
finalizando com 72°C por 10 minutos. Em seguida foi procedida a eletroforese
em gel de agarose 1,5% a 100 V (45 mA) por 1 hora e 30 minutos e coloração
com 10 µL de brometo de etídio (10mg/mL) em 300 mL de tampão (KONDOH
et al., 2002). Foi utilizado para comparação o marcador de peso molecular de
1kb (Gibco). As imagens foram capturadas, analisadas e armazenadas como
descrito anteriormente, no item 4.8.3. Com a finalidade de avaliar a
reprodutibilidade, a reação de amplificação foi realizada duas vezes, em dias
distintos, para todas as amostras.
4.9.3- Primers: Foram selecionados para a realização da técnica RAPD os
primers OPA11 (5’-CAA TCG TCC GT-3’); MecA2 (5’- CCA ATT CCA CAT
TGT TTC GGT CTA A 3’) e OPA05 (5’-AGG GGT CTT G-3’) (Invitrogen),
por terem apresentado maior poder discriminatório quando utilizados em
conjunto. Para a escolha dos primers também foram consideradas
experiências bem-sucedidas relatadas por outros pesquisadores (BYUN et al.,
43
1997; OLMOS et al., 1998; BARTZAVALI-LOUKI et al., 2003). No entanto, o
uso combinado destes primers não foi relatado na literatura consultada.
4.9.4- Análise dos produtos de amplificação gerados por RAPD das
cepas MRSA isoladas: foi realizada no Departamento de Ciências Biológicas
da Faculdade de Ciências Farmacêuticas do Campus de Araraquara
(Universidade Estadual Paulista UNESP) por meio da geração de
dendrograma utilizando o programa GelCompar II (Applied Maths), que utiliza
o Coeficiente de Dice de similaridade e UPGMA (Unweighted Pair Group
Method with Arithmetic Mean) de agrupamento. Foi utilizada uma tolerância
de 2% na posição das bandas para comparação dos padrões RAPD. Para a
análise do RAPD, não foram consideradas diferenças na intensidade das
bandas.
44
5- Resultados
5.1- Freqüência de portadores sadios de MSSA, MRSA e BORSA
No total, cem (100) trabalhadores hospitalares aceitaram participar
voluntariamente deste estudo. Esse grupo foi constituído por diversos profissionais,
como descrito em Material e Métodos (item 4.1). Foram isolados 40 Staphylococcus
aureus das mãos e/ou narinas de 32 (32%) trabalhadores, sendo que 4 albergavam
MRSA, 27 albergavam Staphylococcus aureus meticilina-sensível (MSSA) e 1
indivíduo albergava S. aureus “borderline” resistente (BORSA) (Figura 1). Os
portadores de MRSA pertenciam aos setores UTI (02) e Clínica Médica (02) e as
cepas foram isoladas das mãos de um indivíduo e das narinas de 3 outros deles.
Do total de 32 portadores, 22 (68,8%) apresentaram S. aureus
somente nas narinas; 6 (18,7%) apresentaram somente nas mãos. Em 4 (12,5%)
trabalhadores hospitalares foram isolados S. aureus simultaneamente nas narinas e
mãos. Ao comparar os perfis de sensibilidade destas cepas isoladas das narinas e
mãos do mesmo trabalhador hospitalar, constatou-se que, em três destes indivíduos,
os perfis de sensibilidade dos S. aureus isolados eram diferentes entre si (Tabela 1).
Em um destes trabalhadores hospitalares (CRSM) foi isolado MRSA (19E) e, após
três meses desse isolamento, nova coleta foi realizada. Entretanto, nessa nova
coleta, não foi isolado MRSA. Somente foram isoladas cepas MSSA nas mãos (35E)
e narina (36E) desse indivíduo (Tabela 1).
Todas as cepas de S. aureus isoladas foram testadas quanto à
produção de beta-lactamase por meio do teste do Nitrocefin (Glaxo). Das 40 cepas
isoladas das mãos e narinas anteriores de 32 trabalhadores hospitalares, 22 (55%)
apresentaram resultado positivo para o teste.
45
As cepas ainda foram semeadas em screen agar para confirmação
fenotípica de resistência à oxacilina. Todas as cepas (5) consideradas resistentes à
oxacilina pelo método da difusão com disco cresceram no meio contendo oxacilina, e
assim, puderam ser consideradas definitivamente como MRSA. Por outro lado,
nenhuma amostra considerada sensível pelo primeiro método cresceu neste meio,
obtendo assim correspondência de 100% nos resultados comparativos entre os dois
métodos.
Entre as 40 cepas isoladas dos 32 trabalhadores hospitalares, 33
(82,5%) apresentaram sensibilidade à oxacilina (MSSA); 5 cepas (12,5%)
apresentaram resistência à meticilina/oxacilina (MRSA), sendo que 4 dessas cepas
foram isoladas na primeira coleta de amostras e 1 cepa foi isolada em coleta
realizada três meses depois. Essa nova coleta de amostras foi realizada em todos os
portadores de cepas MRSA, com o objetivo de avaliar a persistência do estado de
portador nasal de MRSA. Apenas em um trabalhador hospitalar foram isoladas
cepas MRSA (6E e 34E) nas duas coletas realizadas. A similaridade genética entre
essas cepas foi de 93%.
Somente duas cepas (5%) foram consideradas BORSA por terem
apresentado resultado positivo para o teste Nitrocefin, sensibilidade para Amoxicilina
+ Ácido Clavulânico (halo > 20mm) e sensibilidade intermediária à oxacilina (halo
entre 11 – 12 mm), além de apresentar CIM de oxacilina de 2 g/mL.
Com exceção de vancomicina e mupirocina, aos quais, todas as
cepas apresentaram sensibilidade, os antimicrobianos que apresentaram maior
poder inibitório foram oxacilina, amoxicilina + ácido clavulânico e cloranfenicol. O
percentual de cepas resistentes aos diferentes antimicrobianos utilizados no teste de
sensibilidade pode ser observado na Figura 2.
46
Figura 1:
Distribuição percentual dos 100 trabalhadores hospitalares de
acordo com o isolamento de S. aureus
entre julho e dezembro de 2002.
Presidente Prudente - SP.
68%
1% 4%
27%
Não Portadores
Portadores de MSSA
Portadores de MRSA
Portadores de BORSA
Tabela 1: Perfis de sensibilidade das amostras de S. aureus isoladas de indivíduos com colonização
concomitante das mãos e narinas. Presidente Prudente – SP, julho a dezembro de 2002.
Portador
Nº da
Cepa
Amostra
Coletada
Resistência*
JGC
09E
10E
Narina
Mão
PEN
PEN
23E Mão PEN, SUT
EAS
25E Narina PEN
28E Mão PEN, SUT, CIP, CLI, ERI
MPSR
29E Narina PEN, CLI, ERI
CRSM
19E
35E
36E
Narina
Mão
Narina
PEN,CLO,CIP,CLI,AMC,ERI,GEN,OXA,SUT,TET
PEN,CIP,CLI,ERI,GEN,SUT,TET
PEN,CIP,CLI,ERI,GEN,SUT,TET
*AMC (Amoxicilina + Ácido Clavulânico); CLO (Cloranfenicol); CIP (Ciprofloxacina); CLI
(Clindamicina); ERI (Eritromicina); GEN (Gentamicina); OXA (Oxacilina); PEN (Penicilina); SUT
(Sulfametoxazol + Trimetoprim); TET (Tetraciclina).
47
5.2- Freqüência de MRSA, MSSA e BORSA nos pacientes hospitalizados.
No período estudado, 40 pacientes que apresentaram processos
infecciosos por S. aureus, consentiram a participação no presente estudo. Em 32
destes pacientes foi coletada apenas uma amostra biológica; de 6 pacientes foram
coletadas 2 amostras biológicas diferentes e em 2 pacientes foram realizadas 3
coletas de amostras diferentes. De cada uma dessas amostras biológicas foi isolado
um S. aureus.
Em quatro, dos oito pacientes com mais de uma amostra biológica
coletada, foram isolados dez S. aureus com perfis de sensibilidade diferentes entre
si e, portanto, foram consideradas cepas distintas. Nos outros quatro pacientes,
foram isolados oito S. aureus resistentes à meticilina/oxacilina (dois de cada
paciente) com perfis de sensibilidade idênticos. Assim, por se tratar de um estudo
epidemiológico, os S. aureus isolados de um mesmo paciente e apresentando o
mesmo perfil de sensibilidade foram considerados como uma única cepa. Essas
cepas foram aqui referidas por dois números seguidos da letra “P”. Assim, do
paciente MIO foi isolada a cepa 1-2P; do paciente ERS foi isoladas a cepa 7-10P; do
paciente WBS foi isolada a cepa 14-15P e do paciente ARB foi isolada a cepa 23-
24P. Portanto, o total de cepas isoladas de pacientes, no presente estudo, foi de 46.
O percentual de cepas resistentes a cada antimicrobiano utilizado na
técnica da difusão em ágar pode ser observado na Figura 2. Do total de 46 cepas de
S. aureus, 25 (54,3%) apresentaram resistência à meticilina/oxacilina (MRSA) e 20
(43,5%) foram consideradas MSSA. Apenas uma cepa (2,2%) foi considerada
BORSA, de acordo com os critérios mencionados anteriormente (Figura 3). As
cepas MRSA foram isoladas de diversas amostras clínicas, com predomínio de
ponta de cateter e sangue (Figura 4).
48
Todas as 46 cepas foram testadas quanto à produção de beta-
lactamase, 38 (83%) eram produtoras e 8 (17%) não-produtoras da enzima. Entre as
38 cepas que apresentaram resultado positivo para o teste do Nitrocefin, estão
incluídas todas as 25 cepas MRSA e a única cepa BORSA isolada de um paciente.
Assim como observado nas cepas isoladas de trabalhadores
hospitalares, os resultados do crescimento em ágar contendo oxacilina tiveram
100% de correspondência com os resultados do método da difusão, ou seja, as 25
cepas MRSA cresceram no screen agar. Por outro lado, não houve crescimento de
nenhuma das 20 cepas MSSA no screen agar, assim como não foi observado
crescimento quando este ágar foi semeado com a única cepa BORSA isolada de
pacientes.
49
AMC
CLO
CIP
CLI
ERI
GEN
OXA
PEN
SUT
TET
Antimicrobianos
PACIENTES TRABALHADORES
Figura
2
: Percentual de cepas de S. aureus isoladas de tr
abalhadores
hospitalares (40) e pacientes (46) que apresentaram resistência
aos
diferentes antimicrobianos utilizados no todo da difusão em ágar.
Presidente Prudente
-
SP, julho a dezembro de 2002.
Cepas de S. aureus (%)
0 20 40 60 80 100
50
Figura 3:
Distribuição percentual das 46 cepas de S. aureus isoladas de
pacientes segundo sua característica de resistência a oxacilina. Presidente
Prudente - SP, julho a dezembro de 2002.
54,3%
43,5%
2,2%
MRSA
MSSA
BORSA
Figura 4:
Distribuição percentual das amostras biológicas dos quais foram
isoladas cepas MRSA em pacientes atendidos no Hospital Universitário
Domingos Leonardo Cevolo - UNOESTE, no peodo de julho a dezembro de
2002.
34%
28%
14%
7%
17%
Ponta de Cateter
Sangue
Incisão Cirúrgica
Secreção Pulmonar
Outros
51
5.3- Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) para oxacilina
A CIM de oxacilina foi determinada para as 86 cepas, 40 isoladas de
trabalhadores hospitalares e 46 cepas isoladas de pacientes que apresentaram
processo infeccioso.
As 40 cepas isoladas dos trabalhadores hospitalares puderam ser
divididas de acordo com a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de oxacilina. Assim,
70% (28) apresentaram CIM de 0,12 g/mL; 7,5% (3) CIM de 0,25 g/mL; 5% (2)
CIM de 0,5 g/mL; 5% (2) CIM de 2 g/mL (cepas BORSA); 2,5% (1) apresentou
CIM 32 g/mL e 10% (4) apresentaram CIM de 64 g/mL. Estes dois últimos grupos
são constituídos pelas cepas MRSA isoladas dos trabalhadores hospitalares.
As Concentrações Inibitórias nimas de oxacilina para as 46 cepas
isoladas de pacientes foram assim distribuídas: 11% (5) apresentaram CIM de 0,12
g/mL; 4% (2) CIM de 0,25 g/mL; 17% (8) CIM de 0,5 g/mL; 11% (5) CIM de 1
g/mL; 2% (1) CIM de 2 g/mL (cepa BORSA); 2% (1) CIM de 32 g/mL; 40% (18)
CIM de 64 g/mL e 13% (6) apresentaram CIM de oxacilina de 128 g/mL.
5.4- Antibiotipagem
O perfil de sensibilidade aos antimicrobianos foi utilizado como
triagem inicial para posterior tipagem genotípica. Para a antibiotipagem foram
excluídos os resultados dos antimicrobianos amoxicilina+ácido clavulânico,
penicilina, oxacilina, vancomicina e mupirocina uma vez que todas as cepas
apresentaram resultados idênticos (resistência para os 3 primeiros e sensibilidade
para os 2 últimos). Deste modo, as 30 cepas consideradas MRSA (5 isoladas de
trabalhadores e 25 de pacientes), confirmadas pelo crescimento em screen agar,
52
puderam ser agrupadas em 4 antibiotipos designados pelas letras maiúsculas A, B,
C e D, sendo que o antibiotipo A foi o mais freqüentemente encontrado (Tabela 2).
Foi possível observar a predominância de cada antibiotipo de acordo
com o setor hospitalar ao qual o portador ou paciente de onde foi isolada a cepa
pertencia. Assim, os antibiotipos das amostras isoladas dos trabalhadores
hospitalares apresentaram semelhanças com os antibiotipos encontrados nos
pacientes atendidos nos setores aos quais pertenciam estes trabalhadores, podendo
sugerir um elo epidemiológico entre estas cepas. Os dados referentes à distribuição
de cada antibiotipo nos diferentes setores do hospital podem ser observados na
Tabela 3.
53
Tabela 2: Freqüência dos antibiotipos encontrados entre as 30 amostras de MRSA. Presidente
Prudente – SP, julho a dezembro de 2002.
Perfil de Sensibilidade*
Antibiotipo
CLO CIP CLI ERI GEN SUT TET
Nº de Cepas (%)
A R R R R R R R 26 (87%)
B S S S S S S S 2 (7%)
C S R R R R S R 1 (3%)
D R R R R R R S 1 (3%)
*CLO (Cloranfenicol); CIP (Ciprofloxacina); CLI (Clindamicina); ERI (Eritromicina); GEN
(Gentamicina); SUT (Sulfametoxazol + Trimetoprim); TET (Tetraciclina).
Tabela 3: Distribuição de cada antibiotipo de MRSA isolados de pacientes e trabalhadores
hospitalares de acordo com o setor hospitalar. Presidente Prudente – SP. Julho a dezembro de 2002.
Trabalhadores
Pacientes
Antibiotipo
UTI CM
UTI CM CC MI HEM
Total
A 02 01 09 06 06 01 01 26
B - 01 01 - - - - 02
C - - 01 - - - - 01
D 01 - - - - - - 01
Total 03 02 11 06 06 01 01 30
*UTI (Unidade de Terapia Intensiva); CM (Clínica Médica); CC (Clínica Cirúrgica); MI (Moléstias
Infecto-contagiosas); HEM (Hemodiálise).
54
5.5- PCR Multiplex
A padronização da técnica PCR Multiplex foi feita utilizando as
cepas-padrão citadas no item 4.8.4 de Material e Métodos.
Na Figura 5 podem ser observados os fragmentos amplificados
correspondentes aos genes femA, mecA e ileS-2. Na canaleta 1 observa-se um
fragmento de 686 pb correspondente ao gene femA, espécie-específico. Nas
canaletas 2 e 3 pode-se observar, respectivamente, o fragmento de 310 pb
correspondente ao gene mecA e o fragmento amplificado de 456 pb correspondente
ao gene ileS-2, além do fragmento de 686 pb.
Figura 5: Cepas utilizadas para padronização da técnica da
PCR Multiplex. Marcador de peso molecular de 100 pb (M);
ATCC 29213 (1); ATCC 43300 (2) e JJ1 (3)
800 pb
200 pb
100 pb
M 1
2 3 M
686 pb
310 pb
456 pb
55
A detecção molecular dos marcadores para os genes femA, mecA e
ileS-2 através de PCR Multiplex foi realizada para todos os 86 S. aureus, sendo 40
isolados de trabalhadores hospitalares e 46 isolados de pacientes. Os S. aureus
isolados de amostras biológicas de um mesmo paciente e que foram considerados
como uma única cepa (1-2P; 7-10P; 14-15P e 23-24P), foram avaliadas
individualmente nesta técnica. Assim, as cepas isoladas de pacientes totalizam 50
amostras.
Os resultados da identificação fenotípica por meio dos testes
convencionais descritos anteriormente foram totalmente compatíveis com os
resultados da amplificação do fragmento de 686 pb do gene femA espécie-
específico. Todas as amostras apresentaram sensibilidade à mupirocina pelo teste
da difusão em ágar com discos do antibiótico, o que foi confirmado pela ausência de
amplificação do fragmento de 456 pb do gene ileS-2. As 30 cepas MRSA,
confirmadas fenotipicamente pelo crescimento em screen agar, apresentaram
amplificação do fragmento de 310 pb do gene mecA. Por outro lado, as cepas que
apresentaram sensibilidade no teste da difusão e confirmadas pela ausência de
crescimento em screen agar não apresentaram amplificação desse fragmento,
assim como as cepas BORSA.
Os resultados da PCR Multiplex de todas as cepas de S. aureus
isoladas de trabalhadores hospitalares são mostrados nas Figuras 6 e 7, onde se
pode observar a amplificação do fragmento de 686 pb, correspondente ao gene
femA, em todas as cepas analisadas. A amplificação do fragmento de 310 pb
correspondente ao gene mecA que codifica resistência à meticilina/oxacilina pode
ser observada em apenas 5 cepas isoladas de trabalhadores hospitalares (2E, 6E,
19E, 24E e 34E).
56
Nas Figuras 8, 9 e 10 podem ser observados os fragmentos de 686
pb em todas as cepas isoladas de pacientes e também a amplificação do fragmento
de 310 pb em grande parte dessas cepas.
De acordo com o estatístico consultado, Prof. Dr. Sérgio do
Nascimento Kronka da Universidade Estadual Paulista UNESP campus de
Jaboticabal, devido ao fato dos resultados terem sido exatamente iguais para os
métodos utilizados na identificação e avaliação de resistência à meticilina/oxacilina,
um teste χ
2
mostraria não significância e, portanto, não se comprovaria diferença
estatística entre esses métodos.
57
M 1E 2E 3E 4E 5E 6E 7E 8E 9E 10E 11E 12E 13E 14E 15E 16E 17E 18E 19E 20E M
800
300
100
310
pb
686
pb
M 21E 22E 23E 24E 25E 26E 27E 28E 29E 30E 31E 32E 33E 34E 35E 36E 37E 38E 39E 40E M
800
300
100
Figuras 6 e 7: PCR Multiplex para os genes femA (686 pb), mecA (310 pb) e ileS-2
(456
pb) de cepas de S. aureus isoladas de trabalhadores hospitalares. M
: Marcador de peso
molecular de 100 p
b.
6
7
58
M 41P 42P 43P 44P 45P 46P 47P 48P 49P 50P
800
300
100
Figuras 8, 9 e 10: PCR Multiplex para os genes femA (686 pb), mecA (310 pb
) e
ileS-2 (456 pb) de cepas de S. aureus isoladas de pacientes. M: Marca
dor de peso
molecular de 100 pb.
800
300
100
M 21P 22P 23P 24P 25P 26P 27P 28P 29P 30P 31P 32P 33P 34P 35P 36P 37P 38P 39P 40P M
800
300
100
M 1P 2P 3P 4P 5P 6P 7P 8P 9P 10P 11P 12P 13P 14P 15P 16P 17P 18P 19P 20P M
686 pb
310 pb
8
9
10
59
5.6- Tipagem molecular (RAPD)
O método RAPD foi realizado para todas as cepas MRSA (5 isoladas
de trabalhadores hospitalares e 25 de pacientes) utilizando os primers OPA05,
OPA11 e MecA2, descritos em Material e Métodos, incluindo as cepas isoladas de
um mesmo paciente (1-2P; 7-10P; 14-15P e 23-24P), que foram avaliadas
individualmente. A utilização desses 3 primers em uma mesma reação de PCR
produziu de 4 a 16 fragmentos com pesos moleculares que variaram de 760 a mais
de 3054 pb (Figura 11).
O dendrograma foi construído por meio do programa GelCompar II
que utiliza o coeficiente de Dice de similaridade e UPGMA (Unweighted Pair
Group Method with Arithmetic Mean) de agrupamento (Figura 12). Diferenças na
intensidade das bandas não foram consideradas.
Por meio do RAPD, as 30 cepas MRSA puderam ser agrupadas em
8 grupos designados por algarismos romanos (I-VIII). Os grupos genotípicos I e IV
abrangeram o maior número de cepas, 09 (30%) e 13 (43%) respectivamente. Todas
as 09 cepas pertencentes ao grupo I apresentaram o mesmo antibiotipo (A). Entre as
cepas incluídas no grupo IV, 12 apresentaram o antibiotipo A e apenas uma cepa
(21P) apresentou antibiotipo C (sensibilidade ao sulfametoxazol + trimetoprim e
cloranfenicol). A similaridade genética entre esses dois grupos genotípicos foi de
90%, sugerindo uma forte relação genética entre eles.
O grupo genotípico V, composto por três cepas (2E, 6E e 3P),
apresentou 93% de similaridade genética com o grupo IV e, assim, apresentou
também cerca de 90% de similaridade com o grupo I.
Os grupos II, III, VI, VII e VIII incluem apenas uma cepa cada. Os
grupos genotípicos II e III apresentaram cerca de 93% de similaridade genética com
60
as cepas pertencentes ao grupo genotípico I e, com os grupo genotípicos IV e V a
similaridade genética foi de cerca de 90%. Assim, das 30 cepas analisadas, 27
(90%) que compõem os grupos genotípicos I, II, III. IV e V apresentaram 90% ou
mais de similaridade genética entre si.
A cepa 36P (grupo genotípico VI) apresentou pouco mais de 80% de
similaridade genética com os grupos citados anteriormente, podendo representar
uma moderada similaridade genética.
As cepas 28P (grupo genotípico VII) e 24E (grupo genotípico VIII)
apresentaram o perfil de sensibilidade mais amplo entre as cepas MRSA estudadas,
ou seja, resistência somente aos β-lactâmicos (antibiotipo B). A similaridade genética
entre esses dois grupos e os demais foi de 50% e 40% respectivamente, revelando
maior distância genética entre as cepas analisadas nesse estudo.
As cepas 6E e 34E foram isoladas do mesmo trabalhador hospitalar,
em coletas realizadas com um intervalo de tempo de três meses. Essas cepas fazem
parte dos grupos genotípicos V e IV, respectivamente. Esses dois grupos
apresentam 93% de similaridade entre si e foram considerados grupos
geneticamente relacionados.
A combinação dos resultados obtidos pela genotipagem com os
resultados da antibiotipagem pode ajudar na diferenciação de subgrupos. Dessa
forma, o grupo genotípico IV, contendo 13 cepas, poderia ser dividido em dois
subgrupos: IV-A, para as 12 cepas que apresentaram antibiotipo A e subgrupo IV-C
para uma cepa que apresentou antibiotipo C. Por esse mesmo critério, o grupo V
(composto por três cepas) poderia ser dividido em dois subgrupos: V-A (2 cepas) e
V-D (1 cepa).
61
Os dados referentes aos grupos genotípicos definidos pelo RAPD,
antibiotipo, CIM de oxacilina, unidade ou setor hospitalar e tipo de amostra biológica
referentes às 30 cepas MRSA podem ser observados na Tabela 4.
62
Figura
11
:
Fragmentos gerados pela técnica RAPD utilizando os primers
OPA05,
OPA11
e MecA2 em DNA cromossômico de amostras MRSA isoladas de portadores
sadios (nº E) e pacientes (n°P); M: Marcador de peso molecular de 1Kb.
M 2E 6E 19E 24E 34E 1P 2P 3P 4P M M 5P 7P 10P 13P 14P 15P 18P 20P 21P M
3054
2036
1636
1018
506
M 22P 23P 24P 25P 28P 29P 35P 36P M M 37P 38P 40P 41P 43P 47P 49P 50P M
3054
2036
1636
1018
506
63
Figura
12
:
Dendrograma construído com base no coeficiente de
similaridade de
Dice ilustrando a relação das cepas MRSA isoladas de trabalhadores hospitalares
(nºE) e pacientes hospitalizados (nºP) no período de julho a dezembro de 2002.
Dice (Opt:1.00%) (Tol 2.0%-2.0%) (H>0.0% S>0.0%) [0.0%-100.0%]
RAPD
100
80
60
40
24P
23
-
24P
23P
23
-
24P
35P
37P
40P
43P
49P
47P
29P
20P
25P
19E
34E
1P
1
-
2P
4P
7P
7
-
10P
5P
13P
15P
14
-
15P
14P
14
-
15P
10P
7
-
10P
22P
21P
41P
38P
18P
6E
3P
36P
28P
24E
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
UTI
UTI
Cl Med
Cl Med
Cl Cir
UTI
UTI
Cl Med
Cl Cir
UTI
UTI
Cl Cir
Cl Med
UTI
Cl Med
Cl Med
MI
UTI
UTI
Cl Med
UTI
UTI
UTI
UTI
UTI
Cl Cir
Cl Cir
Cl Cir
UTI
UTI
Cl Med
Hemo
UTI
Cl Med
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
C
A
A
A
D
A
A
A
B
B
50P
Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Grupo V
Grupo VI
Grupo VII
Grupo VIII
64
Tabela 4: Dados referentes às 30 cepas MRSA isoladas de portadores e pacientes utilizadas em
estudo epidemiológico no período de julho a dezembro de 2002. Hospital Universitário “Dr. Domingos
Leonardo Cerávolo”, Presidente Prudente (SP).
Padrão
RAPD
da
Cepa
Antibiotipo
CIM de
oxacilina
(g/mL)
Unidade
Hospitalar
Iniciais Amostra
Biológica**
Data da
Coleta
23-24P* A 64 UTI ARB P-PC 17/09-20/09
35P A 64 CL. MÉD. LGP PC 19/10
37P A 128 CL. MÉD. JRM SG 27/10
40P A 64 CL. CIR. ABM PC 07/11
43P A 64 UTI JRO IC 23/11
49P A 64 UTI RCS LA 10/12
50P A 128 CL. MÉD. JBM PC 22/12
47P A 64 CL. CIR. MEL IC 02/12
I
29P A 128 UTI WLA PC 01/10
II 20P A 128 UTI JPS IC 13/09
III 25P A 128 C. CIR. EE IC 20/09
19E A 64 CL. MÉD. CRSM FN 11/09
34E’ A 64 UTI EAB FN 04/11
1-2P* A 64 CL. MÉD. MIO PC-SG 04/07-04/07
4P A 64 MI VCP SG 18/07
7-10P* A 64 UTI ERS PD-SG 06/08-09/08
5P A 64 UTI RCS SO 21/07
13P A 64 CL. MÉD. AR SG 09/07
14-15P* A 64 UTI WBS PC-SG 24/08-25/08
22P A 64 UTI VA P 16/09
21P C 64 UTI JFC PC 13/09
41P A 64 CL. CIR. EPSM PC 07/11
38P A 64 CL. CIR. HGP PC 01/11
IV
18P A 64 CL. CIR. JRCJ A 08/09
2E D 64 UTI TWN FN 05/08
6E’ A 64 UTI EAB FN 05/08
V
3P A 64 CL. MÉD. FMM PC 09/07
VI 36P A 128 HEM. AGM SG 22/10
VII 28P B 32 UTI DOF SG 01/10
VIII 24E B 32 CL. MÉD. JCP M 16/10
‘Mesmo trabalhador hospitalar. *Amostras diferentes do mesmo paciente. **FN (Fossas Nasais); IC
(Incisão Cirúrgica); LA (Líquido Ascítico); M (Mão); PC (Ponta de Cateter); PD (Ponta de Dreno); A
(Amostra Abdominal); SG (Sangue); SO (Secreção Ocular); P (Amostra Pulmonar).
65
6- Discussão
A meticilina foi introduzida em 1959 para tratar doenças infecciosas
causadas por S. aureus resistentes à penicilina G. O primeiro isolamento de uma
cepa resistente à meticilina foi relatado no Reino Unido em 1961 por Jevons, em
seguida foram relatados isolamentos de MRSA em outros países da Europa, Japão,
Austrália e Estados Unidos (apud ENRIGHT et al., 2002). Hoje, infecções
provocadas por MRSA ocorrem em hospitais de todo o mundo e têm ocorrido
também na comunidade. Cepas MRSA se adaptaram bem à pressão seletiva
exercida pelo uso de antimicrobianos. Assim, cepas MRSA geralmente apresentam
múltipla resistência e podem apresentar sensibilidade somente aos glicopeptídeos
(HIRAMATSU et al., 2001).
O Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo” da
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, em Presidente Prudente (SP), está em
funcionamento desde 1997. No entanto, nenhum estudo foi realizado visando
conhecer melhor os principais agentes de processos infecciosos, sua epidemiologia
e perfis de sensibilidade aos antimicrobianos. Os dados referentes às infecções por
MRSA somente agora, com o desenvolvimento do presente trabalho, começam a ser
estudados.
De acordo com Rodrigues (1997), é recomendável que cada
instituição tenha seu mapa de agentes etiológicos, bem como o perfil de
sensibilidade aos antimicrobianos. Segundo o mesmo autor, esse conhecimento tem
fundamental importância para orientação na terapêutica assistencial, tornando
menos empírica possível a utilização de antibióticos de amplo espectro em situações
66
emergenciais. Contribuindo, desse modo, para a redução da pressão seletiva
exercida sobre os microrganismos.
Desde o primeiro ano de funcionamento, a freqüência de cepas de
S. aureus resistentes à meticilina no Hospital Universitário pesquisado nesse
trabalho, passou de 40,5% para 60,3% em 2002*. No período de julho a dezembro
de 2002, 54,3% das cepas de S. aureus isoladas de pacientes atendidos nessa
Instituição de Saúde apresentaram resistência à meticilina. Tavares (2000), em
artigo de revisão, relata que 30 a 100% dos S. aureus isolados em diferentes regiões
do Brasil são resistentes à meticilina. Teixeira et al. (1995), encontraram uma média
de 56% de cepas resistentes à meticilina em estudo abrangendo hospitais de várias
regiões do Brasil.
A incidência de MRSA pode variar entre diferentes hospitais, no
entanto, é certo que na maioria dessas instituições a prevalência aumentou
gradativamente. Em estudo realizado entre 1990 e 1997 foi observado um aumento
de 260% na incidência de MRSA em diversos hospitais participantes de um
programa de monitoramento (BARLETT et al., 2000 apud GRAFFUNDER &
VENEZIA, 2002). O conhecimento dos fatores que podem contribuir para o
desenvolvimento de processos infecciosos por MRSA é objeto de estudo em
diversos centros de pesquisa. Graffunder & Venezia (2002), destacaram como
principais fatores para o desenvolvimento dessas infecções a hospitalização prévia;
internações prolongadas; cirurgia; nutrição parenteral e o uso de quinolonas, em
especial levofloxacina.
Cepas MRSA, em geral, são introduzidas em um hospital por meio
de um paciente colonizado ou um indivíduo da equipe de trabalhadores hospitalares
(MULLIGAN et al., 1993). As narinas anteriores são o principal reservatório de S.
67
aureus e a transmissão ocorre principalmente através de contato direto e também
por equipamentos e utensílios contaminados, uma vez que, essa bactéria possui boa
resistência às condições ambientais. Dessa forma, uma vez introduzida e
disseminada em um hospital, dificilmente é erradicada desse ambiente (DIAS et al.,
1997). Wagenvoort et al. (2000) encontraram cepas MRSA em 26% dos teclados de
computadores e 15% das torneiras dentro de uma UTI, demonstrando ampla
contaminação ambiental.
No Hospital Universitário, ora estudado, 68% dos trabalhadores
hospitalares não carreavam S. aureus. Por outro lado, 27% carreavam S. aureus
sensível à meticilina (MSSA); 4% carreavam MRSA e 1% carreava BORSA. Do total
de 32% de trabalhadores hospitalares portadores de S. aureus, em 12,5% dos
portadores foram isolados S. aureus das mãos e narinas, sendo que, em três desses
indivíduos os microrganismos isolados apresentaram sensibilidade à meticilina
(MSSA) e em um trabalhador os isolados foram identificados como BORSA.
Segundo Kluytmans et al. (1997), a taxa de colonização da equipe
hospitalar por S. aureus pode variar de 16 a 56%. Assim, a taxa de portadores
encontrada no Hospital Universitário (32%), encontra-se próxima da média
encontrada por esses autores. Por outro lado, Mulligan et al. (1993) relataram que a
taxa de colonização por MRSA possui um intervalo maior, entre 2 e 56%. No
presente estudo, a taxa de 4% de colonização da equipe hospitalar por MRSA
encontra-se próxima ao limite mínimo citado por esse autor.
As cepas 6E e 34E foram isoladas do mesmo trabalhador hospitalar
com um intervalo de três meses entre as coletas das amostras. O perfil de
sensibilidade aos antimicrobianos das duas cepas é idêntico (antibiotipo A). No
entanto, através da análise do padrão de bandas gerados pela técnica RAPD, as
68
duas cepas não estão incluídas no mesmo grupo genotípico. A cepa 6E faz parte do
grupo genotípico V, e a cepa 34E pertence ao grupo genotípico predominante (grupo
IV). Entretanto, a similaridade genética entre esses dois grupos genotípicos foi de
93%, demonstrando grande relação genética.
Nesse estudo, apenas os portadores de cepas MRSA foram
submetidos a uma nova coleta de amostra, diferentemente de outros autores que
determinaram a persistência do carreamento em portadores de S. aureus
independentemente de sua sensibilidade à oxacilina. Kluytmans et al. (1997),
demonstraram que 20% dos trabalhadores hospitalares eram carreadores
persistentes de S. aureus, enquanto, VandenBergh et al. (1999) encontraram 36%
de indivíduos carreando de modo persistente esse microrganismo.
O perfil de sensibilidade mais amplo, apresentado pela maioria das
cepas isoladas dos trabalhadores hospitalares (Figura 2) pode indicar que esses
indivíduos foram colonizados por cepas extra-hospitalares. De acordo com
Chambers (2001), ao contrário de cepas hospitalares que apresentam resistência a
múltiplos antimicrobianos, cepas isoladas da comunidade tendem a apresentar
resistência somente aos β-lactâmicos. Isso porque a pressão seletiva exercida pelo
uso de antibióticos é muito menor na comunidade do que em hospitais.
O teste do Nitrocefin não detectou a enzima β-lactamase em todas
as cepas de S. aureus que apresentaram resistência à penicilina, avaliada pelo
método da difusão em ágar. Trinta e seis (90%) S. aureus isolados de trabalhadores
hospitalares apresentaram resistência à penicilina e, dentre esses, apenas 61% (22)
apresentaram resultado positivo no teste do Nitrocefin. Por outro lado, 45 (97,8%) S.
aureus isolados de pacientes eram resistentes à penicilina, mas apenas 84,5% (38)
69
destes, apresentaram resultado positivo para o teste do Nitrocefin. De acordo com
Livermore (1995), os testes para detecção de β-lactamase, que utilizam
cefalosporinas cromogênicas, podem fornecer resultado falso-negativo para
estafilococos que produzem baixos níveis da enzima. Desse modo, a pouca
quantidade de enzima seria insuficiente para produzir uma mudança de cor (de
amarelo para vermelho) adequadamente visível.
Os resultados da amplificação de seqüências marcadoras dos genes
femA (686 pb), ileS-2 (456 pb) e mecA (310 pb) apresentaram 100% de
concordância com os testes de sensibilidade (método da difusão e screen agar) e
também com os testes de identificação bacteriana convencionais. Outros autores
também relatam boa correlação entre métodos fenotípicos e genotípicos de
identificação e avaliação de resistência. Sakoulas et al. (2001) compararam a
amplificação do gene mecA com o teste de aglutinação MRSA-screen Latex (Denka
Seiken) para detecção de PBP2a e encontrou 99,7% de concordância entre os dois
métodos. rez-Roth et al. (2002) obtiveram 100% de concordância entre a PCR
Multiplex para amplificação de fragmentos dos genes femB, mecA e ileS-2 e testes
convencionais de identificação e também com a técnica da difusão para avaliação
da sensibilidade à oxacilina e mupirocina.
Embora S. aureus seja uma bactéria de fácil crescimento e os testes
de identificação sejam de cil execução, a identificação e detecção de resistência
de forma rápida são muito importantes para o diagnóstico e pronto tratamento de
processos infecciosos e também para o controle de infecções hospitalares, uma vez
que o paciente afetado por cepas multi-resistentes pode ser mais rapidamente
70
tratado e isolado, se necessário. Nesse sentido, a utilização de técnicas mais
rápidas, como a PCR Multiplex é uma valiosa ferramenta para esse fim.
Nas técnicas convencionais, desde o isolamento primário até a
leitura e interpretação do antibiograma decorrem cerca de 48 a 72 horas, enquanto
que para a técnica da PCR Multiplex, cerca de 6 a 8 horas após o isolamento do
patógeno são suficientes para o diagnóstico. cnicas de extração de DNA mais
simples e rápidas podem ser adotadas tornando o diagnóstico ainda mais rápido.
Nunes et al. (1999) e rez-Roth et al (2001) utilizaram aquecimento a 100°C no
protocolo de extração de DNA, reduzindo custo e tempo para o diagnóstico. Mason
et al. (2001) propuseram uma técnica de extração a ser aplicada no próprio
espécime clínico. Nesse estudo, os autores desenvolveram uma técnica de extração
aplicada diretamente em amostras retiradas do frasco de hemocultura, sem a
necessidade de isolamento do patógeno, conseguindo, desse modo, um diagnóstico
mais rápido.
A utilização de vários primers destinados à amplificação de
fragmentos de diferentes genes de resistência e genes espécie-específicos é uma
alternativa bastante atraente. Assim, em uma única reação de amplificação pode-se
obter a identificação e análise da resistência do agente infeccioso. No entanto, a
amplificação simultânea de fragmentos-alvo, com diferentes tamanhos, pode ser
dificultada, uma vez que a amplificação de fragmentos menores é favorecida e isso
resulta em quantidades diferentes dos produtos amplificados. Bej et al. (1990)
recomendam a utilização de diferentes concentrações de primers, assim, primers
direcionados à amplificação de fragmentos maiores devem estar em maior
concentração para que a quantidade dos produtos da amplificação seja semelhante.
71
Nenhuma cepa utilizada no presente trabalho possuía
simultaneamente os três genes pesquisados. Nunes et al. (1999) relataram a
dificuldade em amplificar simultaneamente esses mesmos genes. Esses autores
realizaram a amplificação de fragmentos dos genes femA, mecA e ileS-2 em duas
reações de amplificação, uma reação para o gene femA e outra reação para os
outros dois genes. No presente estudo, a amplificação simultânea dos fragmentos
correspondentes aos genes femA e ileS-2, presentes na cepa JJ1 cedida por uma
das pesquisadoras participantes do referido trabalho, foi possível graças à utilização
de quantidades duas vezes maiores (50 pmol) dos primers F1 e F2.
Apesar de fornecer resultados mais rápidos e de ser considerada a
técnica padrão-ouro para detecção de resistência, a técnica da PCR ainda é
inacessível para a maioria dos laboratórios de análises clínicas, uma vez que, são
necessários equipamentos e reagentes caros.
A PCR auxilia ainda a diferenciação entre cepas MRSA e cepas
BORSA. De acordo com Tomasz et al. (1989 apud NICOLA et al., 2000), cepas
BORSA podem ser hiper-produtoras de β-lactamase ou apresentar modificações nas
PBP regulares, tendo como conseqüência baixa afinidade dessas PBP com os β-
lactâmicos. Cepas com essa última característica são raramente isoladas e foram
designadas pelos autores como MODSA (Modified PBP Staphylococcus aureus).
A resistência borderline, ou resistência mec-independente, é
chamada de falsa resistência, uma vez que, infecções provocadas por essas cepas
podem ser tratadas com antibióticos β-lactâmicos associados a um inibidor de β-
lactamase (FLUIT et al., 2001). Por outro lado, as infecções provocadas por cepas
MRSA devem ser tratadas com outro grupo antimicrobiano, geralmente um
72
glicopeptídeo. Assim, a diferenciação entre cepas MRSA e cepas BORSA pode
minimizar o uso de vancomicina e, dessa maneira, evitar a seleção de cepas de S.
aureus e Enterococcus spp. resistentes a esse antimicrobiano, além de diminuir os
custos do tratamento (LOWY, 2003).
De acordo com os critérios mais aceitos atualmente, cepas BORSA
podem ser caracterizadas pela positividade do teste do nitrocefin, sensibilidade à
amoxicilina + ácido clavulânico (halo 20mm), CIM de oxacilina de 2 a 4 g/mL e
ausência do gene mecA (VARALDO, 1993; MARTINEAU et al., 2000b; NICOLA et
al., 2000; FLUIT et al., 2001).
No presente estudo, foram isoladas 3 cepas BORSA, duas (35E e
36E) foram isoladas da mão e narina de um trabalhador hospitalar e uma cepa foi
isolada de secreção de mama de uma paciente (39P). Em nenhuma delas houve
amplificação do fragmento de 310 pb referente ao gene mecA (Figuras 3 e 5).
A mupirocina, empregada na eliminação de MRSA em portadores
sadios, é uma alternativa no tratamento de infecções por S. aureus, incluindo MRSA.
No entanto, a utilização de mupirocina no tratamento de processos infecciosos é
bastante limitada, uma vez que é um antimicrobiano de uso tópico.
Todas as 86 cepas de S. aureus isoladas nesse estudo
apresentaram sensibilidade a mupirocina, tanto no teste de sensibilidade aos
antimicrobianos convencional como na reação da PCR Multiplex (ileS-2
-
). A
incidência de cepas resistentes à mupirocina é bastante variada (KRISHMAN et al.,
2002; PÉREZ-ROTH et al., 2002; YUN et al., 2003). No Brasil, Nunes et al. (1999)
analisaram 50 cepas e encontraram 34% com alto nível de resistência e 34% com
baixo nível de resistência à mupirocina em um hospital do Rio de Janeiro.
73
De acordo com Eltringham (1997 apud MEHTAR 1998), baixo nível
de resistência à mupirocina não está relacionado com o uso excessivo de
mupirocina, ao contrário da resistência em alto nível. Esse tipo de resistência à
mupirocina não tem grande significado clínico uma vez que essas cepas podem ser
eliminadas aumentando-se a concentração do antibiótico. No entanto, cepas com
alto nível de resistência não podem ser erradicadas com mupirocina (HARBARTH et
al., 1999).
Existem relatos de sucesso na erradicação nasal de MRSA em
pequenos surtos (MEIER et al., 1996 apud MEHTAR, 1998). Nessa situação, a
primeira meta é identificar todos os portadores, incluindo pacientes e trabalhadores e
depois determinar a relação epidemiológica, por meio de testes de tipagem, desses
isolados. Em seguida, a erradicação pode ser feita nesses indivíduos associando-a a
outras medidas de controle de infecção (KLUYTMANS et al., 1997; HADDADIN et
al., 2002). Kotilainen et al. (2003) tiveram sucesso na eliminação de MRSA
epidêmico em um hospital finlandês. Nos países escandinavos menos de 1% dos S.
aureus isolados em pacientes hospitalizados apresentam resistência à meticilina.
Assim, os autores enfatizam a necessidade de adoção permanente de medidas
rígidas para a prevenção de infecções por cepas MRSA, tais como a educação
contínua dos trabalhadores hospitalares, o isolamento de pacientes infectados por
MRSA, acompanhamento de pacientes e trabalhadores expostos a indivíduos
infectados, eliminação das cepas em portadores entre outras medidas.
Em suma, o uso de mupirocina como tratamento profilático e
também para erradicação nasal de portadores é um assunto controverso. Existem
relatos descrevendo a emergência de cepas com alto nível de resistência
relacionada ao uso indiscriminado de mupirocina (MILLER et al., 1996).
74
Em uma revisão da literatura, Cooper et al. (2004) analisaram 46
trabalhos publicados relatando medidas de controle para infecções por MRSA e
concluíram que a medida mais efetiva em prevenir a transmissão de MRSA em
ambientes endêmicos é o isolamento do paciente. Landman et al. (2003) relataram
que medidas de controle e prevenção conseguiram diminuir a incidência de
infecções por uma cepa MRSA recentemente introduzida em um hospital americano,
no entanto, as medidas adotadas o produziram os mesmos resultados para
infecções provocadas pela cepa MRSA endêmica presente nessa mesma instituição.
De acordo com os dados obtidos no presente estudo, o uso de
mupirocina não seria indicado para erradicação de MRSA nos portadores, uma vez
que a incidência de infecções por esse microrganismo é alta desde a inauguração
desse hospital (40,5%). Além disso, deve-se considerar o risco de colonização por
outros microrganismos e o risco de seleção de cepas resistentes à mupirocina.
Das cepas MRSA isoladas no presente estudo, 26 (87%)
apresentam resistência ao cloranfenicol, clindamicina, ciprofloxacina, gentamicina,
sulfametoxazol + trimetoprim, tetraciclina e eritromicina (antibiotipo A), sendo que 3
foram isoladas de trabalhadores dos setores Clínica Médica (1) e UTI (2), e 23 cepas
foram isoladas de pacientes internados nos setores: UTI (9), Clínica Médica (6),
Clínica Cirúrgica (6), Hemodiálise (1) e no Setor de Moléstias Infecto-contagiosas
(1). Esse perfil de resistência é semelhante ao encontrado nas cepas mais
freqüentemente isoladas nos hospitais brasileiros. Esse clone, designado clone
multi-resistente brasileiro, é relatado nos hospitais do país desde 1990 e também
tem sido isolado na Argentina, Chile e Uruguai (TEIXEIRA et al., 1995; AIRES DE
SOUSA et al., 2001).
75
A aplicação da técnica PFGE poderia confirmar se as cepas isoladas
nesse estudo pertencem ao clone endêmico brasileiro predominante. De acordo com
a literatura, essa é a melhor técnica para tipagem de S. aureus pelo seu alto poder
discriminatório.
O RAPD é considerado uma boa alternativa para a caracterização
inicial de cepas de S. aureus isoladas em uma determinada Instituição,
apresentando poder discriminatório razoavelmente bom, rapidez e menor custo.
Tenover et al. (1997), salientam que a técnica PFGE é o todo de referência para
tipagem de S. aureus. No entanto, o mesmo autor recomenda a utilização do RAPD
como técnica alternativa, quando a técnica de referência (PFGE) não está disponível
ou quando se tem como objetivo a discriminação de um grupo de isolados.
Uma outra vantagem do RAPD, ao contrário do PFGE, é a pouca
quantidade de DNA exigida para realização da técnica, uma vez que ocorrerá
amplificação de fragmentos do genoma bacteriano. Isso é especialmente importante
quando se trabalha com bactérias Gram-positivas que apresentam maior dificuldade
para a extração do DNA. Além disso, a técnica pode ser usada satisfatoriamente
para tipagem de outros microrganismos, tais como Candida albicans, Proteus
mirabilis, Acinetobacter baumanii, Pseudomonas sp., Streptococcus mutans entre
outros, o que faz a técnica especialmente atraente para ser implementada no
laboratório de rotina (TAMBIC et al., 1997; DAUTLE et al., 2002).
A técnica RAPD não é indicada para estudos mais amplos, quando
se deseja comparar cepas isoladas em diferentes regiões. Cepas MRSA apresentam
pouca variação genética e, a maioria das cepas são derivadas de poucos clones.
Dessa maneira, é necessário que seja aplicada uma técnica de tipagem com alto
76
poder discriminatório capaz de revelar pequenas alterações genéticas (TENOVER et
al., 1997). Provavelmente a maior desvantagem da técnica RAPD seja a dificuldade
de padronização inter-laboratórios, pois diversos primers podem ser utilizados e,
além disso, a utilização de diferentes termocicladores, marcas de reagentes,
temperaturas de anelamento, métodos de extração e purificação do DNA podem
afetar o resultado final (POWER, 1996; DASSANAYAKE & SAMARANAYAKE,
2003).
Vários autores obtiveram bons resultados utilizando a técnica RAPD
em estudos epidemiológicos. Alguns estudos apresentaram resultados similares na
tipagem de MRSA utilizando PFGE e RAPD (TAMBIC et al., 1997; OLMOS et al.,
1998; FUNG et al., 2001; KONDOH et al., 2002).
Lee (2003), aplicou a técnica RAPD com dois primers para avaliar a
relação genética existente entre cepas MRSA isoladas de animais e sua potencial
transferência para humanos. Bartzavali-Louki et al. (2003) utilizaram a combinação
da antibiotipagem e RAPD para avaliar a relação clonal entre 57 cepas MRSA
isoladas durante dois anos em um hospital grego. Segundo esses mesmos autores,
apesar da técnica RAPD apresentar menor poder discriminatório, comparando-se
com PFGE, a combinação de diferentes primers pode determinar adequadamente a
clonalidade de cepas MRSA. Al-Thawadi et al. (2003), compararam os resultados de
três técnicas genotípicas, entre elas PFGE e RAPD, e obtiveram resultados
semelhantes na avaliação da relação genética existente entre as cepas analisadas.
No presente trabalho, foram utilizadas para tipagem as técnicas da
antibiotipagem e RAPD. A escolha desses métodos foi feita levando-se em
consideração a disponibilidade de equipamentos no Hospital Universitário da
77
UNOESTE e a possibilidade de aplicação futura dessas cnicas para tipagem de
outros microrganismos. A antibiotipagem possui fácil execução, é acessível a
qualquer laboratório de rotina e fornece resultados rápidos. A maior desvantagem é
o baixo poder discriminatório e a reprodutibilidade; entretanto, pode ser usado como
triagem inicial para determinar a relação entre os isolados (TENOVER et al., 1994;
WELLER, 2000).
Para a realização da técnica RAPD foram utilizados três primers
(OPA05, OPA11 e MecA2) que geraram de 4 a 16 fragmentos. A utilização desses
primers, em conjunto, o foi relatada na literatura consultada. O uso de um único
primer na reação do RAPD pode não fornecer número de bandas suficiente para
uma boa discriminação das cepas. Melhores resultados da técnica podem ser
conseguidos usando dois ou mais primers na reação. Byun et al. (1997),
compararam os resultados da técnica RAPD utilizando dois e cinco primers, na
primeira reação obtiveram seis grupos e na segunda, dez grupos.
Foi possível observar que, no Hospital Universitário pesquisado,
predominância de cepas MRSA dos grupos genotípicos I (composto por 9 cepas) e
IV (composto por 13 cepas). Esses dois grupos compreendem 73,3% das cepas
MRSA isoladas.
As 30 cepas MRSA isoladas nesse estudo foram agrupadas em 4
antibiotipos e, pela técnica RAPD, em 8 grupos. Com a combinação dos dois
métodos de tipagem foi possível dividir alguns grupos em subgrupos. Assim, as
cepas pertencentes ao grupo genotípico IV (13 cepas) puderam ser divididas nos
subgrupos IV-A (12) e IV-C (1). As três cepas do grupo genotípico V puderam ser
divididas nos subgrupos V-A (2) e V-D (1). Todas as 26 cepas pertencentes ao
78
antibiotipo A apresentaram grande similaridade genética entre si (90%), com
exceção da cepa 36P que apresentou 80% de similaridade com as demais.
As cepas 21P (grupo genotípico IV-C) e 2E (grupo genotípico V-D)
apresentaram perfis de sensibilidade distintos: a primeira com sensibilidade ao
cloranfenicol e sulfametoxazol + trimetoprim (antibiotipo C), e a segunda com
sensibilidade apenas à tetraciclina (antibiotipo D). Apesar da diferença observada no
perfil de resistência dessas cepas e as pertencentes ao antibiotipo A, todas elas
apresentaram grande similaridade genética entre si. Os genes que codificam multi-
resistência em MRSA estão localizados em plasmídios e transposons, incluindo os
genes que codificam resistência à tetraciclina e trimetoprim (WITTE, 1999). De
acordo com Weller (2000), o perfil de sensibilidade pode ser influenciado por fatores
ambientais. Assim, é possível que os antibiogramas de dois isolados pertencentes a
um mesmo clone possam diferir devido à aquisição ou perda de plasmídios
carreando genes de resistência.
A cepa 24E apresentou o maior perfil de sensibilidade entre as
cepas MRSA estudadas (antibiotipo B), juntamente com a cepa 28P. Essas duas
cepas apresentaram resistência somente aos β-lactâmicos e foram as únicas que
apresentaram CIM de 32 g/mL para oxacilina. Essas cepas demonstraram maior
distância genética entre todas as cepas MRSA através da análise do padrão de
bandas gerado pela técnica RAPD. Apesar de apresentarem o mesmo perfil de
sensibilidade, as duas cepas apresentam baixa similaridade genética entre si e com
as demais.
De quatro pacientes (MIO, ERS, WBS e ARB) foram coletados 2
amostras biológicas para análise e, em cada uma dessas amostras foi isolado MRSA
79
com o mesmo perfil de sensibilidade. Em estudos epidemiológicos, isolados
bacterianos provenientes de um mesmo paciente devem ser considerados como
uma única cepa. Isso foi confirmado pela similaridade genética de 100% encontrada
entre estes isolados (1-2P; 7-10P; 14-15P e 23-24P).
No grupo genotípico IV estão incluídas a cepa 34E, isolada de
amostras nasal de um auxiliar de enfermagem da UTI, e as cepas 7-10P, 5P, 14-
15P, 21P e 22P, isoladas de pacientes internados também na UTI. O fato de ter sido
isolada uma cepa MRSA desse auxiliar de enfermagem com o mesmo perfil
genotípico das cepas isoladas de pacientes, atendidos nessa mesma unidade
hospitalar, pode sugerir a participação, direta ou indireta, desse portador na
epidemiologia das infecções por MRSA na UTI do hospital. Fato semelhante foi
observado com as cepas 19E, 1-2P e 13P, a primeira isolada de um trabalhador da
Clínica Médica e as duas últimas de pacientes internados nesse mesmo setor.
A Concentração Inibitória Mínima (CIM) de oxacilina foi idêntica (64
g/mL) para todas as 16 cepas pertencentes aos grupos IV e V. Por outro lado, no
grupo genotípico I, seis cepas apresentaram esse mesmo valor e três cepas
apresentaram CIM de 128 g/mL (Tabela 4). Todos esse grupos apresentaram
grande similaridade genética e, as CIMs mais elevadas podem indicar maior indução
na expressão da resistência, uma vez que a expressão de resistência de S. aureus à
meticilina/oxacilina pode ser induzida por antibióticos β-lactâmicos, com exceção de
meticilina e oxacilina (FLUIT et al., 2001). Outros fatores também podem estar
envolvidos na expressão de resistência. De acordo com Berger-Bächi (1999), am
da produção de PBP2a, outros fatores codificados cromossomicamente estão
envolvidos na síntese e degradação do peptidoglicano e, portanto, podem influenciar
80
a expressão de resistência. O mesmo autor afirma que a presença de plasmídios
contendo os genes que regulam a produção de β-lactamase também influenciam a
expressão do gene mecA.
Como não foram realizadas coletas de amostras ambientais, não foi
possível certificar a presença de MRSA no ambiente. No entanto, os dados obtidos
sugerem que no Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo”, em
Presidente Prudente - SP, existem duas cepas predominantes (I e IV), com alta
similaridade genética entre si, que estão disseminadas por diversos setores do
hospital pesquisado, colonizando alguns trabalhadores hospitalares e provocando
doença infecciosa nos pacientes atendidos.
81
7- Conclusões
Entre os 100 trabalhadores do Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo
Cerávolo” da Universidade do Oeste Paulista UNOESTE, em Presidente
Prudente (SP), que aceitaram participar desse estudo, 68 (68%) não eram
portadores de S. aureus, 27 (27%) eram portadores de S. aureus sensível à
meticilina/oxacilina (MSSA), 4 (4%) eram portadores de S. aureus resistente à
meticilina/oxacilina (MRSA) e apenas 1 (1%) era portador de S. aureus
”borderline” resistente (BORSA).
No período estudado (julho a dezembro de 2002), 54,3% (25) das cepas de S.
aureus isolados de pacientes internados no referido Hospital e que aceitaram
participar do estudo, apresentaram resistência à oxacilina, dado semelhante
aos encontrados em outros hospitais brasileiros. Por meio da antibiotipagem
foi possível estabelecer uma correlação inicial entre as cepas MRSA isoladas
de trabalhadores hospitalares (5) e de pacientes (25). Assim, 26 (87%) das
cepas MRSA foram agrupadas no antibiotipo A, sendo que 3 foram isoladas
de trabalhadores hospitalares e 23 de pacientes.
Houve 100% de concordância entre os resultados das cnicas fenotípicas e
genotípica (PCR Multiplex) para identificação de S. aureus e para avaliar sua
resistência ou sensibilidade à oxacilina e mupirocina. A utilização da PCR
Multiplex é uma importante ferramenta no diagnóstico e controle de infecções
hospitalares, possibilitando mais rapidamente o isolamento e a orientação
terapêutica. A utilização de concentrações diferentes de primers possibilitou a
amplificação simultânea de fragmentos presentes nos genes femA e ileS-2.
82
Por meio da antibiotipagem foi possível dividir os 30 MRSA isolados em 4
antibiotipos, sendo que o mais freqüente foi o antibiotipo A (87%). Por outro
lado, a genotipagem utilizando a técnica RAPD agrupou esses 30 isolados em
8 grupos (I a VIII). Das 26 cepas MRSA pertencentes ao antibiotipo A, 25
foram distribuídas em cinco grupos genotípicos e esses grupos apresentaram
similaridade genética de 90% ou mais. Apesar do menor poder discriminatório
apresentado pela antibiotipagem, com a combinação dos resultados dos dois
métodos de tipagem aqui empregados, foi possível dividir alguns grupos
genotípicos em subgrupos, aumentando assim a discriminação das cepas
isoladas nesse estudo.
Apenas dois isolados (28P e 24E) apresentaram baixa similaridade genética
em relação às demais cepas, e possuíam também perfis de sensibilidade
(antibiotipo B) bastante distintos. Assim, pode-se concluir que, no Hospital
“Dr. Domingos Leonardo Cerávolo” – UNOESTE, em Presidente Prudente
(SP), existem duas cepas MRSA predominantes (grupos genotípicos I e IV), e
que apresentam alta similaridade genética entre si. Essas cepas
predominantes foram isoladas tanto de pacientes internados como de
trabalhadores hospitalares. Esses dados podem sugerir a importante
participação de trabalhadores hospitalares na epidemiologia das infecções
provocas por MRSA nesse hospital.
A padronização da técnica RAPD no Hospital Universitário “Dr. Domingos
Leonardo Cerávolo” é de grande importância, uma vez que a técnica poderá
ser utilizada sistematicamente no estudo de tipagem epidemiológica de
agentes de infecção hospitalar.
83
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95
Anexos
Anexo I- Modelo do Termo de Consentimento
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu, _____________________________________________________,
possuidor do RG ___________________________ concordo em participar
voluntariamente do projeto de pesquisa “Detecção molecular de resistência e
caracterização genotípica de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina
(MRSA)”. Estou ciente de que minha identidade será mantida em sigilo e que os
dados obtidos no estudo não poderão ser usados sem minha autorização. Fui
esclarecido verbalmente e por escrito dos objetivos desse trabalho e, por aceitar os
termos autorizo minha participação.
Responsável pelo projeto: Alexandre Braoios
Telefone para contato: (18) 2291083 e 2291084
Presidente Prudente, ______ de ______________ de 2002
Assinatura
96
Anexo II – Autorização para realização do trabalho no Hospital Universitário da
UNOESTE.
97
Anexo III – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste
Paulista
98
Anexo IV – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste
Paulista
99
Anexo V – Composição do Kit GFX Genomic Blood (Amersham Biosciences)
para extração do DNA bacteriano
COMPOSIÇÃO DO KIT GFX GENOMIC BLOOD (Amersham Biosciences)
Solução de lise: 10 mM KHCO
3
; 155 mM HH
4
Cl; 0,1 mM EDTA
Solução de extração: tampão contendo agente caotrópico e detergente.
Solução de lavagem: Tampão Tris-EDTA.
Colunas GFX: Colunas MicroSpin
TM
contendo uma matriz de fibra de vidro.
Tubos: microtubos com capacidade para 2 mL
REAGENTES NÃO FORNECIDOS PELO KIT:
RNAse A (Qiagen): 20 mg/mL
Tampão TE: 10 mM Tris-HCl, 1 mM EDTA, pH 8.0.
Lisozima (Calbiochem®): 10 mg/mL em 10 mM Tris-HCl, pH 8.0
Tampão lisozima: 0.1 M NaCl, 10 mM Tris pH 8.0, 1 mM EDTA, 5% Triton X-
100)
Proteinase K (GIBCO®): 20 mg/mL em 10 mM Tris-HCl pH 8.0.
100
Anexo VI – Protocolo de extração do DNA bacteriano
Centrifugar 1,5mL de cultura em caldo (35°C 18 hs), por 30 segundos a
14.000 rpm
Desprezar o sobrenadante
Adicionar 40 uL de tampão lisozima (agitar em vortex imediatamente até o
total desprendimento)
Adicionar 10 uL de lisozima e agitar em vortex
Deixar o tubo por 15min em T° ambiente (agitar ocasionalmente)
Adicionar 10L Proteinase K e agitar. Incubar a 55° por 15 min.
Adicionar 5 uL RNAse A, agitar e deixar por 15min em temperatura ambiente.
Adicionar 500 L da solução de extração, agitar, deixar por 10 min em
temperatura ambiente agitando ocasionalmente.
Transferir toda a mistura para a coluna GFX encaixada em um microtubo
Centrifugar a 8000 rpm por 1 minuto.
Descartar o líquido do tubo e colocar 500 L de sol de extração na coluna
(Centrifugar 8000 rpm 1 min).
Descartar novamente o líquido depositado no tubo.
Adicionar 500 L de solução de lavagem na coluna GFX.
Centrifugar a velocidade máxima – 12 a 16000 rpm por 3 minutos.
Descartar o líquido do tubo e transferir a coluna para um novo tubo de 1,5 mL
Adicionar 200 l de tampão TE pré-aquecido a 70°C na coluna encaixada no
novo tubo e deixar por 1 minuto em temperatura ambiente.
Centrifugar a 8000 rpm por 1 minuto.
Manter o microtubo coletor a -20°C até o momento do uso.
101
Anexo VII – Fragmentos gerados pela técnica RAPD utilizando os primers
OPA5, OPA11 e MecA2 na amostra comunitária utilizada para avaliação da
capacidade discriminatória:
M: Peso molecular de 1 Kb
B: Branco (todos os reagentes sem amostra de DNA)
CC: Cepa comunitária
M B CC M
3054
506
1018
1636
2036
102
Anexo VIII Dendrograma gerado pelo programa GelCompar II utilizando a
amostra comunitária para avaliação da capacidade discriminatória da cnica
RAPD
A
A
C
A
A
A
D
A
A
A
B
50
40
60
80
90
100
Dice (Opt:1.00%) (Tol 2.0%-2.0%) (H>0.0% S>0.0%) [0.0%-100.0%]
RAPD
70
Cepa comunitária
28P
24P
23P
35P
37P
40P
43P
49P
50P
47P
29P
20P
25P
19E
34E
2P
1P
4P
7P
5P
13P
15P
14P
10P
22P
21P
41P
38P
18P
2E
6E
3P
36P
24E
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
UTI
UTI
UTI
Cl Med
Cl Med
Cl Cir
UTI
UTI
Cl Med
Cl Cir
UTI
UTI
Cl Cir
Cl Med
UTI
Cl Med
Cl Med
MI
UTI
UTI
Cl Med
UTI
UTI
UTI
UTI
UTI
Cl Cir
Cl Cir
Cl Cir
UTI
UTI
Cl Med
Hemo
Cl Med
B
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
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