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os valores e as crenças comunitárias, também, uma preocupação com a cultura.
O comportamento e os processos de trabalho, preocupação de Davenport, são os
equacionadores da situação, posto que só a abordagem administrativa com a
perspectiva de negócios não determinará a Sociedade da Informação, quando
muito o mundo dos negócios da Informação.
A parafernália tecnológica, surgida e implantada em nossa época,
como fruto da maior e mais veloz revolução técnico-científica, não
veio exatamente nos ajudar a decifrar os enigmas e a explorar
nossos potenciais de criatividade e lucidez. Veio, bem mais, nos
entreter, amansar, resignar, enquadrar, simplificar, amesquinhar,
entulhando-nos de mesmice, mau gosto, brutalidade,
mediocridade, pobreza intelectual, incapacidade de pensar o
abstrato, emoções e instintos primitivos, num avassalador
supermercado de desumanidades e enganosas quinquilharias”
(MONSERRAT FILHO, 1994, p .97).
Neste sentido, os discursos e as práticas da informação no contexto da
modernidade, vislumbram uma divisão de classes operada no poder econômico.
Assim, os que possuem capital têm acesso à cultura oficial, e os que não têm
capital, os excluídos, não possuem os meios e os canais de expressões e
disseminação das suas concepções de mundo (MARTELETO, 1994).
Para Marteleto, a informação possui um caráter normativo, um valor de
referência cultural, sendo assim,
[...] a informação representa o elemento mediador das práticas,
das representações e das relações entre os agentes sociais, por
um lado. Por outro lado, ela constitui hoje mais uma maneira de
lidar com a realidade, do que propriamente um elemento estanque,
ou registro da tradição (MARTELETO, 1994, p. 133).
A expansão do capitalismo, a organização mínima de Estado e o progresso
científico e tecnológico vão criar uma idéia de informação que assume um caráter
público. Entretanto, o que se esperava do avanço tecnológico (através da
modernização e da aplicação da racionalidade instrumental) e do nivelamento da
informação (pela abrangência do setor educacional, modernização e ampliação
dos meios de comunicação – sobretudo a imprensa), responsáveis pelo progresso
e pela paz, não se realiza (MARTELETO, 1994).