Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
AVALIAÇÃO DOS VALORES SÉRICOS E HEPÁTICOS DE ELEMENTOS
MINERAIS EM NOVILHAS MESTIÇAS NELORE, CRIADAS
EXTENSIVAMENTE, SUPLEMENTADAS COM MISTURA MINERAL
COMERCIAL
FRANCISCO CÉSAR DE MOURA E SILVA
BOTUCATU - SP
Janeiro - 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
AVALIAÇÃO DOS VALORES SÉRICOS E HEPÁTICOS DE ELEMENTOS
MINERAIS EM NOVILHAS MESTIÇAS NELORE, CRIADAS
EXTENSIVAMENTE, SUPLEMENTADAS COM MISTURA MINERAL
COMERCIAL
FRANCISCO CÉSAR DE MOURA E SILVA
Dissertação apresentada junto ao Programa de
Pós-gradação em Medicina Veterinária para
obtenção do título de Mestre
Orientador: Prof. Ass. Dr. Alexandre Secorun Borges
BOTUCATU - SP
Janeiro - 2007
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. E TRAT. DA INFORMAÇÃO
DIVIO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE
Moura e Silva, Francisco César de.
Avaliação dos valores séricos e hepáticos de elementos minerais em
novilhas nelore, criadas extensivamente, suplementadas com mistura mineral
comercial / Francisco César de Moura e Silva – Botucatu : [s.n.], 2006.
Dissertação (mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2006.
Orientador: Prof. Ass. Dr. Alexandre Secorun Borges
Assunto CAPES: 50500007
1. Bovino de corte – Alimentação e rações. 2. Nelore (Zebu). 3. Novilho.
CDD 636.21
Palavras chave: Deficiência mineral; Gado de corte; Macroelementos;
Microelementos; Suplementação mineral.
À minha esposa Carmen e meus filhos, João Francisco e
Pedro, que foram privados de minha presença em vários
momentos durante a realização deste trabalho e a meus
avós, Agenor e Orlinda (in memorian), que sempre me
apoiaram nos momentos importantes de minha vida.
Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof. Ass. Dr. Alexandre Secorun Borges pelas
sugestões e orientações que forneceu durante todo o período de realização deste
trabalho.
Aos proprietários da Fazenda Esperança e Santa Fé, na pessoa do Sr.
Alberto Pacheco Fay, que possibilitou a realização deste trabalho, fornecendo os
animais e o pasto utilizado, os quais ficaram aproximadamente 18 meses à
disposição do experimento.
Ao administrador da Fazenda Esperança e Santa , Luis Henrique
Lopes e aos funcionários da Fazenda Esperança e Santa Fé, Edward Ferreira de
Albuquerque (João), Sidmar Ferreira de Albuquerque e Daniel de Campos,
responsáveis pela observação diária dos animais e abastecimento do cocho com sal
mineral, quando era necessário.
À Fundação para o Desenvolvimento da UNESP (FUNDUNESP), que
financiou as análises dos elementos minerais no fígado e no soro dos animais.
Ao Sr. Marcelo Antônio Morgano, do Instituto de Tecnologia de Alimentos
(ITAL), que realizou as análises dos elementos minerais no tecido hepático e soro
sangüíneo dos animais.
Às bibliotecárias Luciana, Rose e Selma, da biblioteca da Unesp
Campus de Botucatu por atender minhas solicitações tão prontamente e em
curtíssimo tempo.
A todos que direta ou indiretamente auxiliaram de alguma maneira na
realização deste trabalho.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 3
2.2 Macroelementos............................................................................................... 8
2.2.1 Cálcio.............................................................................................................. 8
2.2.2 Fósforo............................................................................................................ 16
2.2.3 Magnésio........................................................................................................ 23
2.2.4 Potássio ........................................................................................................ 27
2.3 Microelementos .............................................................................................. 30
2.3.1 Cobalto ......................................................................................................... 30
2.3.2 Cobre e molibdênio .................................................................................... 36
2.3.3 Ferro............................................................................................................. 49
2.3.4 Manganês ................................................................................................... 51
2.3.5 Selênio......................................................................................................... 58
2.3.6 Zinco............................................................................................................ 62
3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 71
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 77
4.1 Teores de minerais no tecido hepático........................................................ 84
4.1.1 Cobalto......................................................................................................... 84
4.1.2 Cobre............................................................................................................ 88
4.1.3 Manganês..................................................................................................... 93
4.1.4 Molibênio...................................................................................................... 97
4.1.5 Selênio......................................................................................................... 101
4.1.6 Zinco............................................................................................................ 104
4.2 Teores de minerais no soro.......................................................................... 108
4.2.1 Cálcio........................................................................................................... 108
4.2.2 Fósforo........................................................................................................ 112
4.2.3 Potássio....................................................................................................... 115
4.2.4 Magnésio..................................................................................................... 118
4.2.5 Cobre........................................................................................................... 121
4.2.6 Ferro............................................................................................................. 124
4.2.7 Selênio......................................................................................................... 127
4.2.8 Zinco............................................................................................................ 130
5. CONCLUSÕES................................................................................................ 133
6. BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 134
MOURA E SILVA, F.C.Avaliação dos valores séricos e hepáticos de elementos
minerais em novilhas mestiças Nelore, criadas extensivamente, suplementadas
com mistura mineral comercial”. Botucatu, 2006. 151 p. Dissertação ( Mestrado
em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus
de Botucatu.2006. Universidade Estadual Paulista ”Júlio de Mesquita Filho”.
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo determinar os elementos minerais
no soro sangüíneo (magnésio, cobre, selênio, zinco, fósforo, cálcio, potássio, ferro) e
no tecido hepático (cobalto, cobre, selênio, manganês, molibdênio e zinco) em seis
diferentes momentos durante um período de dezesseis meses e verificar se houve
variação entre eles. Foram utilizadas 25 novilhas mestiças Nelore, com idade média
de 18 meses, que permaneceram durante todo o tempo do experimento no mesmo
pasto de Brachiaria brizantha. Os animais ainda receberam mistura mineral
comercial em cocho coberto e água à vontade e foram submetidos à coleta de
fragmentos hepáticos e sangue para obtenção de soro. Análises da pastagem
também foram realizadas nos mesmos momentos em que foram colhidas as
amostras de soro e fígado (exceto em fevereiro 2003). A água e o sal mineral
também foram analisadas. Os níveis médios dos elementos no tecido hepático
foram, respectivamente para as seis diferentes colheitas: Co 0,27;0,27; 0,23;0,21;
0,23 e 0,24 ppm; Mn 9,07; 8,55; 8,67; 8,40; 7,90 e 7,25 ppm; Mo 4,18; 3,85; 3,68;
3,32; 3,54; 3,19 ppm; Zn 113,4; 101,94; 97,91; 92,46; 88,29 e 81,74 ppm; Cu 40,76;
36,33; 24,50; 24,70; 77,75 e 128,03 ppm e Se 0,86; 1,09; 0,72; 1,21; 0,91 e 0,75
ppm. Destes, os níveis de Co, Mn, Mo, Se e Zn foram considerados adequados para
bovinos. Os níveis médios dos elementos no soro foram, para as quatro diferentes
colheitas: Ca 118,72; 129,36; 125,19; 112,90; 96,76; 85,37 mg/L; P 109,28; 106,30;
117,03; 103,39; 115,78 e 107,75 mg/L; Mg 19,75; 23,62; 26,54; 20,96; 20,80 e 23,12
mg/L; K 139,64; 134,85; 114,19; 131,65; 130,57 e 116,60 mg/L; Cu 0,52; 0,73; 0,41;
0,59; 0,60 e 0,73 mg/L; Zn 1,19; 1,87; 1,38; 1,13;1,28 e 1,37 mg/L; Fe 2,52; 3,44;
2,21; 3,08; 3,00 e 2,89 mg/L e Se 1,19; 1,87; 0,19; 0,44, 0,40 e 0,51 mg/L. No soro,
Ca, P, Mg, Zn, Fe e Se apresentaram em níveis considerados adequados para
bovinos. Houve baixa correlação entre os teores hepáticos e séricos de Cu, o que
não aconteceu nos casos do Se e Zn. Houve variação entre os teores médios dos
elementos minerais no soro e no tecido hepático ao longo do ano, exceto para o
cobalto hepático. Os animais apresentaram severa deficiência de cobre, com níveis
normais no tecido hepático na última colheita. A suplementação mineral inconstante
antes da realização do experimento, bem como a grande quantidade de ferro na
forrageira e no sal mineral podem ter contribuído para esse fato.
Palavras chaves: macroelementos, microelementos, deficiência mineral, gado de
corte, suplementação mineral
MOURA E SILVA, F.C. Liver and serum mineral levels evaluation in cross-bred
Nelore heifers, grazing forages and supplemented with commercial mineral
mixture”. Botucatu, 2006. 151 p. Dissertação ( Mestrado em Medicina Veterinária)
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu.2006.
Universidade Estadual Paulista ”Júlio de Mesquita Filho”.
Abstract
The objective of the present work was to determinate the mineral levels in
beef cattle blood serum (magnesium, copper, selenium, zinc, phosphorus, calcium,
potassium, iron) and liver (cobalt, copper, selenium, manganese, molibdenium and
zinc) at six different moments throughout sixteen months, to verify the occurrence of
variation among them. Twenty-five half-breed nelore heifers, all of them about 18
months old, stayed during the experiment in the same Brachiaria brizantha pasture.
They also received commercial mineral mixture in appropriate feeders and free acess
to water. Pasture were also analised at the same moments we did for serum and
liver (except february 2003). Water and mineral mixture were analised as well. The
average levels of the elements in the liver, respectively for the six different moments:
Co 0.27,0.27, 0.23, 0.21, 0.23 and 0.24 ppm; Mn 9.07, 8.55, 8.67, 8.40, 7.90 and
7.25 ppm; Mo 4.18, 3.85, 3.68, 3.32, 3.54, 3.19 ppm; Zn 113.4, 101.94, 97.91, 92.46,
88.29 and 81.74 ppm; Cu 40.76, 36.33, 24.50, 24.70, 77.75 and 128.03 ppm and Se
0.86, 1.09, 0.72, 1.21, 0.91 and 0.75 ppm. The levels of Co, Mn, Mo, Se and Zn
were considered appropriate for cattle. The average levels of the elements in the
serum were, for the six different moments: Ca 118.72, 129.36, 125.19, 112.90, 96.76,
85.37 mg/L; P 109.28, 106.30, 117.03, 103.39, 115.78 and 107.75 mg/L; Mg 19.75,
23.62, 26.54, 20.96, 20.80 and 23.12 mg/L; K 139.64, 134.85, 114.19, 131.65,
130.57 and 116.60 mg/L; Cu 0.52, 0.73, 0.41, 0.59, 0.60 and 0,73 mg/L; Fe 2,52;
3,44; 2,21; 3,08; 3,00 and 2,89 mg/L; Se 1.19, 1.87, 0.19, 0.44, 0.40 and 0.51 mg/L
and Zn 1.19, 1.87, 1.38, 1.13,1.28 and 1.37 mg/L. In the serum, Ca, P, Mg, Zn, Fe
and Se levels were considered appropriate for beef cattle. There was correlation
between the hepatic and serum levels of Cu. No correlation was found between the
hepatic and serum levels of Se and Zn. There was variation among the medium
levels of the mineral elements in the serum and in the liver along the year, except for
the hepatic cobalt. The animals presented severe copper deficiency, with normal
levels in the liver at the end of the experiment. The lack of a constant mineral
supplementation before the beginning of the study, as well the high iron levels in the
forage and the mineral mixture, might be responsible for such copper deficiency.
Key Words: macroelements , trace elements, mineral deficiency, beef cattle, mineral
supplementation.
1
1. Introdução
A pecuária de corte brasileira recentemente ganhou grande destaque
devido ao fato de ser baseada principalmente à pasto, e portanto praticamente livre
da encefalopatia espongiforme bovina. Por outro lado, devido a essa mesma
característica, ela sofre com fatores que limitam o seu completo desenvolvimento.
Fatores como a baixa produtividade dos pastos e doenças infecciosas,
influenciam diretamente o desenvolvimento e ganho de peso dos animais,
entretanto, outro fator é importantíssimo para o bom desenvolvimento da atividade
pecuária. Trata-se da nutrição mineral.
Os animais dependem dos elementos minerais para manter a integridade
funcional e estrutural do organismo, mantendo inalterados o crescimento, a saúde e
a reprodução (Moraes, 2001).
Grande número de animais ao redor do mundo consome dietas que não
correspondem a suas necessidades em minerais, com teores baixos dos minerais ou
em proporções desequilibradas entre si (Tokarnia et al., 2000).
A introdução no Brasil durante os anos 70, de gramíneas pouco exigentes
em termos de fertilidade do solo, como as Braquiárias, coincide com o aparecimento
de doenças carenciais em bovinos sob pastejo (Santiago et al., 1993). A falta de
proteína e energia é, responsáveis por níveis produtivos subótimos. Todavia,
numerosos investigadores têm obervdo que o gado deteriora apesar da abundância
de material forrageiro (McDowell, 1999).
A determinação dos níveis dos minerais na forragem não é suficiente para
se determinar a qualidade nutricional da dieta, uma vez que interações entre os
minerais podem ocorrer, causando desbalanço. Além disso, o teor de minerais nas
forrageiras varia muito dependendo da época do ano e da precipitação pluviométrica
(Santiago et al., 1993; Tokarnia et al., 2000).
a determinação dos níveis de minerais nos tecidos animais pode
fornecer informações importantes para se conhecer a condição nutricional de um
rebanho. Essas informações podem fornecer subsídios para a instituição de
suplementação mineral, corrigindo as deficiências geradas pela ingestão de
forrageiras apresentando níveis inadequados de determinado elemento.
Devido a esses problemas que normalmente encontramos em condições
de criação de bovinos a pasto e a uma certa negligência na suplementação mineral
dos rebanhos, essa pesquisa foi realizada com os seguintes objetivos:
2
1) Determinar a concentração dos níveis séricos e hepáticos de macro (cálcio,
fósforo, potássio e magnésio) e micro elementos (cobalto, ferro, cobre, manganês,
molibdênio, selênio e zinco) em novilhas mestiças nelores durante 16 meses.
2) Observar a ocorrência de prováveis deficiências minerais existentes.
3) Verificar a existência de correlação entre os níveis séricos e hepáticos dos
elementos que foram analisados.
4) Verificar se a suplementação mineral e a mudança de manejo acarretaram
alteração nos níveis séricos e hepáticos dos elementos de minerais.
3
2. Revisão de Literatura
A criação de bovinos no Brasil tem se tornado a cada ano que passa mais
importante na economia nacional, sendo uma das grandes responsáveis pelo saldo
positivo nas exportações do país. Para que se obtenha adequados índices de
produção, a criação depende de fatores genéticos, sanitários e nutricionais para se
conseguir que os animais alcancem seu potencial máximo de produção,
determinando assim o retorno econômico do criador.
A nutrição, com adequado suprimento de nutrientes é um fator
determinante para o bom desempenho produtivo e reprodutivo dos rebanhos.
Muita ênfase é dada no balanceamento de proteína e carboidrato da dieta, porém
pouca atenção tem sido dispensada com as especificações minerais, especialmente
na fração dos microminerais e suas relações com a resistência a doenças (Johnson
& Socha, 1998). Em muitas partes do mundo, um número muito grande de animais
consomem dietas que não correspondem às suas exigências minerais, limitando
assim a produtividade dos rebanhos. Isso acontece pois os alimentos utilizados no
arraçoamento dos animais geralmente apresentam quantidades pequenas ou
excessiva de determinado elemento ou ainda apresentam proporções
desequilibradas entre si (Tokarnia et al., 2000).
Em países tropicais, na maioria das vezes o gado sob pastejo não recebe
suplementação mineral a não ser o sal (NaCl). Desse modo, passa a depender
quase que exclusivamente das forrageiras para satisfazer os seus requerimentos
nutricionais. No entanto, raramente as forrageiras tropicais conseguem suprir todos
os requerimentos minerais de bovinos. (McDowell, 1999).
A água não é uma fonte importante de minerais para os bovinos, embora
todos os elementos essenciais possam ocorrer em alguma concentração nela
(Shirley & Carvalho, 1976).
Os ruminantes ao pastar podem ingerir acidentalmente certa quantidade
de solo (Mendes et al.,1981; Tokarnia et al., 1988). A ingestão acidental de terra
pode chegar a 20% da matéria seca na dieta, que é favorecida quando os solos têm
estrutura fraca, elevada lotação animal ou durante os meses em que o crescimento
dos pastos é pequeno. A grande desvantagem de uma grande consumo de solo é o
risco de ingestão de elementos ou substâncias tóxicas (McDowell, 1999). O
consumo sucessivo de grandes quantidades de solo é indicativo de deficiência
mineral (McDowell & Conrad, 1977).
4
Apesar disso, dentre as deficiências nutricionais, a de minerais é a mais
fácil de ser corrigida a custos relativamente baixos. Em algumas ocasiões, o
fornecimento de um único elemento deficiente na dieta do animal pode trazer mais
benefícios que a suplementação de energia ou proteína (Sousa et al., 1983).
McDowell & Conrad (1977), afirmam que a suplementação de minerais a animais é
imprescindível para o aumento da produtividade. Associa-se ainda, o maior
requerimento apresentado pelos animais, resultante de seleção genética
programada para maior ganho de peso em menor tempo.
Os minerais são divididos em macro e microminerais, de acordo com as
quantidades presentes no organismo animal ou requeridas na dieta (Dayrel,1986).
Os macrominerais são: lcio (Ca), fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), cloro (Cl),
magnésio (Mg) e enxofre (S). Os microminerais são cobre (Cu), cobalto (Co), selênio
(Se), zinco (Zn), ferro (Fe), iodo (I), manganês (Mn) e molibdênio (Mo) (Blood &
Radostits, 1989). Esses minerais são considerados essenciais, pois se removidos
da dieta, vão interferir com a habilidade do organismo em sobreviver e reproduzir
(Graham, 1991). Além destes elementos, o arsênico (As), boro (B), cádmio (Cd),
crômio (Cr), chumbo (Pb), flúor (F), lítio (Li), níquel (Ni), sílica (Si) estanho (Sn) e
vanádio (V) também são considerados essenciais, embora não se demonstrou
ainda seu efeito prático sobre a nutrição de animais domésticos (Underwood &
Suttle, 2001).
Segundo Corah & Ives (1991), ruminantes mantidos em dietas de
forrageiras podem apresentar deficiências de microminerais, associadas à
deficiência de fósforo, a mais freqüente no território nacional. Em geral, as
deficiências severas destes elementos determinam quadros clínicos relativamente
característicos, porém deficiências marginais não são facilmente diagnosticadas,
pois apresentam sintomas inespecíficos como baixa produção de leite, infertilidade,
baixo rendimento de carcaça. Os ruminantes são mais susceptíveis às deficiências
de cálcio, fósforo, magnésio, sódio, iodo, ferro, cobre, zinco, cobalto, manganês e
selênio (Dayrell,1986).
As deficiências minerais estão ligadas a certas áreas geográficas,
tornando-se fatores limitantes para o desenvolvimento das mesmas, quando a
população depende muito da criação de bovinos. Mesmo deficiências leves ou
moderadas podem causar graves prejuízos econômicos, ao causar redução da
produtividade dos animais (Tokarnia et al.,2000). Essas deficiências moderadas
5
são muito importantes, pois ocorrem em extensas áreas e afetam grande número
de animais, estando geralmente associadas a transtornos metabólicos, infestações
parasitárias, infeccções bacterianas, virais ou até por protozoários, tornando difícil o
diagnóstico (Underwood, 1983).
O exame do rebanho, com observação do histórico, exame clínicos,
necropsias e exames histopatológicos podem ajudar no diagnóstico, como no caso
de deficiência de fósforo. Entretanto, na maioria dos casos, principalmente quando
as deficiências não são acentuadas, esses métodos não são suficientes (Tokarnia et
al., 1988).
Torna-se necessário então a utilização de outros métodos para se chegar
a um diagnóstico final. Segundo McDowell (1999), a suplementação específica é o
método mais confiável para se confirmar algumas deficiências minerais, mas, por
ser um método demorado e dispendioso geralmente não é a primeira opção.
O diagnóstico definitivo de deficiências minerais, principalmente as
marginais ou leves é conseguido através da realização de análises químicas de
tecidos animais, amostras de forragem e solo (Lopes et al.,1980; Mendes et
al.,1981; Underwood,1983; Tokarnia et al.,1988; McDowell, 1999; Morais et al.,
2000).
A utilização de análises de solo para se determinar a existência de
deficiências minerais em rebanhos é pouco confiável e de difícil interpretação, uma
vez que existe pouca ou nenhuma correlação entre os teores de minerais do solo,
plantas e tecidos animais (McDowell, 1999). Ainda, fatores como pH do solo, forma
química do elemento no solo podem interferir com a absorção do mineral pela planta
(Tokarnia et al., 2000).
A composição mineral das forrageiras consumidas pelos animais sob
pastejo é muito importante para a determinação da condição mineral do rebanho,
desde que as forrageiras colhidas realmente representem o dieta dos animais. Fick
et al. (1979), atentam para esse fato e recomendam que deve-se observar muito
bem o padrão de pastejo do gado e somente depois proceder a coleta do material,
evitando touceiras que obviamente foram rejeitadas pelo gado.
Ainda, a dificuldade em se estimar o consumo de forrageiras, a variação
na biodisponibilidade dos minerais nas forrageiras e a possível contaminação das
amostras com solo o também desvantagens quanto a utilização de forrageiras
para se diagnosticar deficiências minerais (McDowell, 1999).
6
Apesar de tudo, as análises de solo e forrageiras têm grande valor no
auxílio do diagnóstico de deficiências minerais em bovinos, associadas às análises
de tecidos ou fluídos animais, como demonstraram vários autores (Camargo et
al.,1980; Sousa & Darsie,1986; Brum et al., 1987 a; Sousa et al.,1987; Sousa et al.,
1989).
Cada mineral apresenta um tecido preferencial que deve ser analisado
para se determinar seu “status”. Utiliza-se o tecido hepático para se determinar os
níveis de cobalto, cobre e selênio (Corah & Ives,1991). Pode-se utilizar também o
tecido hepático para a determinação dos valores de manganês, mas não é um
indicador seguro de deficiência, a não ser que seja severa (Underwood, 1983).
Tokarnia et al. (2000) afirmam ser possível utilizar também análises de fígado para
se determinar o “status” de zinco. A determinação dos níveis de molibdênio no tecido
hepático também é importante para se determinar não deficiência, mas toxicidade
deste elemento. MENDES et al (1982), determinaram satisfatoriamente em amostras
de fígado, através de biópsia ou após o abate, teores de ferro, cobre, zinco,
manganês, cobalto e molibdênio. Esses mesmos autores consideram o período das
águas a melhor época para se realizar a colheita, das amostras, quando os animais
são mais produtivos, devido à elevada disponibilidade de energia e proteína no
pasto, dando condições para que eles façam maior uso dos minerais armazenados
no fígado.
O sangue total, soro ou plasma são largamente utilizados em estudos de
nutrição animal. Entretanto, vários fatores podem interferir no resultado final. A
hemólise vai causar aumento dos valores de ferro, zinco magnésio, potássio e
fósforo ( Fick et al, 1999).
O plasma pode ser utilizado para se determinar os níveis de cálcio,
cobre, magnésio, zinco e fósforo (Underwood, 1983). Segundo Graham (1991),
pode-se determinar as concentrações de ferro e selênio também se utilizando
plasma.
Teores séricos de potássio e enxofre podem ser utilizados para
diagnosticar deficiências em bovinos, mas os níveis de potássio sérico podem estar
diminuídos em casos de nutrição, perdas gastrintestinais, balanço de nitrogênio
negativo e alterações endócrinas, assim como o sulfato sérico pode ser de origem
endógena,não sendo portanto fontes totalmente confiáveis para se determinar o
“status” destes elementos (McDowell, 1992).
7
Além de tecido hepático e sangue, plasma ou soro sanguíneo podem ser
utlizados biópsias ósseas para se dosar cálcio e fósforo e amostras de pêlo, porém
neste último caso muitos fatores podem interferir no seu conteúdo mineral. Os
níveis de Ca, P e Cu não são afetados pelos minerais presentes na dieta, enquanto
os de Zn e Se podem refletir os níveis dietéticos.
Como as análises minerais o caras e complicadas, torna-se importante
selecionar e analisar o menor número de amostras de plantas e tecidos animais que
indiquem a condição mineral dos animais (McDowell, 1999).
8
2.2. Macroelementos
2.2.1. Cálcio
Apesar do raquitismo em seres humanos e animais ser conhecido desde
a antiguidade, a sua relação com o cálcio, o fósforo e a vitamina D só ficou
conhecida mais recentemente (McDowell, 1992). Algumas desordens em animais
domésticos foram rapidamente ligadas à deficiência de lcio, uma vez que estas
eram induzidas em galinhas poedeiras e leitões alimentados com dietas pobres em
cálcio e previnidas em bezerros que recebiam dietas ricas em cálcio (Underwood &
Suttle, 2001).
É o mineral mais abundante do corpo. Aproximadamente 98% funciona
como componente estrutural de ossos e dentes. Os 2 % restantes estão distribuídos
no fluído extracelular e tecidos moles e desempenha funções vitais como a
coagulação sanguínea, permeabilidade de membranas, contração muscular,
transmissão de impulsos nervosos, regulação cardíaca, secreção de certos
hormônios e ativação e estabilização de algumas enzimas (NRC,2000).
A absorção do cálcio ocorre no duodeno, tanto passivamente (por
difusão), como ativamente, sendo que essa forma de absorção é a principal quando
o Ca da dieta se apresenta baixo (McDowell, 1992).
O nível de Ca no soro varia de 9 a 12 mg/100 ml, e é mantido constante
através de um mecanismo homeostático complexo, envolvendo o hormônio da
paratireóide (PTH), o hormônio da tireóide (calcitonina) e vitamina D3
metabolicamente ativa. Quando o nível sérico de cálcio decresce, há um aumento de
secreção do PTH, aumentando a reabsorção óssea do elemento. Ao mesmo tempo
um aumento na síntese de 1 alfa, 25 dihidroxi-Vit D3, que por sua vez, estimula a
síntese da proteína cálcio-ligadora, aumentando assim a absorção do elemento
ingerido. Quando o nível de cálcio sérico aumenta, ocorre a diminuição da secreção
de PTH e um aumento da secreção de calcitonina, fazendo com que o cálcio seja
retirado mais rapidamente do sangue para o osso. Ao memso tempo, diminui a
absorção do cálcio ingerido, através da diminuição da síntese de 1 alfa, 25 dihidroxi-
Vit D3 (Dayrell, 1986).
A absorção, utilização e o metabolismo de cálcio podem sofrer interferência
de vários fatores. A relação Ca:P é muito importante, sendo recomendadas relações
entre 1:1 e 2:1, mas ruminantes toleram uma ampla variação nesta relação, desde
9
que a vitamina D esteja presente em abundância (Underwood, 1983). O excesso de
magnésio, gorduras, ácidos graxos e ácido oxálico na dieta também interferem na
absorção de cálcio (Dayrell, 1986). Os níveis do elemento na dieta também
influenciam a sua absorção, sendo menor quando a ingestão excede as
necessidades do animal (NRC, 2000).
A excreção de Ca se principalmente através das fezes. As perdas através
da urina são mínimas, devido a uma reabsorção eficiente pelos rins (McDowell,
1992).
Os requerimentos de cálcio variam muito de acordo com a idade, aptidão e
estado fisiológico dos animais, sendo maiores para animais em gestação e
amamentando (McDowell, 1999).
O Ca está presente em quantidade variáveis em quase todos os alimentos.
Os grãos (milho, sorgo), geralmente apresentam níveis baixos do elemento,
enquanto a maioria das forragens verdes são abundantes em cálcio, assim como as
leguminosas (McDowell, 1992). As concentrações de minerais e conseqüentemente
de Ca nas plantas varia com o tipo de solo, espécie da planta, estágio vegetativo,
clima e solo; porém o teor de cálcio não diminui muito a medida que a planta
amadurece (Underwood, 1983).
A deficiência de cálcio ocorre em animais que se alimentam de concentrados,
ricos em P, como suínos e aves, e que também necessitam de mais Ca na dieta que
os bovinos. Porém a deficiência de Ca pode ocorrer em bovinos que recebem
alimentação abundante em concentrados; nos animais submetidos a regime de
campo não constitui problema (Tokarnia et al., 2000).
Os sinais clínicos são difíceis de detectar quando as deficiências são
marginais (McDowell, 1999). O esqueleto apresenta uma grande reserva de cálcio
que pode ser utilizada para manter a concentração de cálcio sangüíneo em níveis
toleráveis e dependendo da idade do animal, o animal pode receber uma dieta com
baixo teor de cálcio por longos períodos sem desenvolver sinais de deficiência
desde que o animal tenha recebido antes uma dieta adequada em Ca (NRC, 2000).
Uma ingestão insuficiente de Ca pode causar fragilidade óssea, crescimento lento,
baixa produção de leite e tetania (convulsões) quando a deficiência é severa
(McDowell, 1999).
Os casos mais comuns de carência de cálcio são o raquitismo em animais
jovens e a osteomalácia em animais adultos. No raquitismo, cálcio e fósforo não são
10
depositados na matriz cartilaginosa orgânica em quantidades suficientes para
formar um osso forte e denso (Barcelos, 1992). Seus sinais são: ossos fracos,
curvos; articulações aumentadas, aumento da porção final dos ossos; enrijecimento
das pernas e desenvolvimento do “rosário raquítico” nas costelas (McDowell, 1992).
A osteomalácia ocorre quando uma desmineralização dos ossos de
animais adultos. Devido à característica dinâmica do Ca e P presente nos ossos,
grandes demandas de cálcio e fósforo que ocorrem durante a gestação e a lactação,
podem desencadear a osteomalácia, que se caracteriza por ossos fracos e
quebradiços que podem se quebrar com facilidade (NRC, 2000).
O diagnóstico definitivo de deficiência de Ca deve utilizar métodos como
análise dos níveis de Ca na dieta dos animais e da composição e resistência óssea,
uma vez que os níveis séricos de cálcio são mantidos constantes pelo mecanismo
de homeostase (McDowell, 1999).
No Brasil, vários autores pesquisaram níveis de Ca tanto no soro como no
tecido ósseo. Fernandes & Camargo (1976), trabalhando na região amazônica,
encontraram teores séricos de Ca variando entre 7,29 e 11,44 mg/100 mL,
dependendo da região estudada , durante o período da seca e nas forragens
variaram de 0,17 a 0,44 g/100g.
Sousa et al. (1979), traballhando em 6 fazendas do norte do Mato Grosso,
pesquisaram teores de cálcio em amostras de solo, plantas forrageiras e tecido
animal, coletados na estação da seca e chuvosa. Os teores de cálcio no solo (832
ppm na seca e 917 ppm na estação chuvosa), na forragem (0,67 % na seca e 0,34
na estação chuvosa) e no tecido ósseo 37,7% na seca e 37,6 % na estação
chuvosa) foram considerados normais. houve diferença significativa entre as
épocas do ano no caso das forragens.
Em um trabalho também realizado na Amazônia, Camargo et al. (1980)
encontrou teores médios de Ca sérico de 10,5mg/100 mL nas águas e 10,3 mg/100
mL no período seco. Quatro empresas pesquisadas pelos autores apresentaram Ca
sérico inferior a 9,0 mg/ 100 mL. Tanto no solo como nas forrageiras os níveis de
cálcio se apresentavam normais.
Realizando um trabalho nas planícies orientais da Colômbia
Lebdosoekojo et al. (1980), encontraram valores médios de Ca sérico em vacas de
corte, variando entre 10,23 mg/100 mL no início do período chuvoso, 9,70 mg/100
mL no final do período chuvoso e 9,48 mg/ 100 mL no período da seca. Estes
11
resultados foram obtidos nos animais que receberam apenas NaCl como
suplementação mineral. os animais que receberam mistura mineral como
suplementação, apresentaram valores médios de Ca sérico variando entre 9,99 mg/
100 mL no início do período chuvoso, 9,34 mg/ 100 mL no final do período chuvoso
e 9,34 mg/ 100 mL no período seco. Os resultados encontrados foram
significativamente maiores no início das chuvas que nos dois outros períodos. Não
existiu diferença significativa entre os dois tratamentos. Esses autores ainda
analisaram o conteúdo mineral de ossos do metacarpo de jovens touros e
encontraram teores dios de Ca significativamente menores durante o período
seco, porém sem diferenças entre os dois tratamentos.
Em Goiás, Lopes et al. (1980 b), trabalharam analisando amostras de
solo, forragem e tecido animal e encontraram valores médios de Ca sérico variando
entre 9,06 e 9,40 mg/100 mL nas vacas; entre 9,07 e 9,68 mg/100 mL nos novilhos
e entre 9,80 e 10, 21 nos bezerros. No osso, os teores médios de cálcio encontrados
variaram entre 37,38 e 39,99%, sendo o intervalo considerado normal pelos autores.
Tanto solo e forragens apresentaram teores normais de cálcio.
Barros et al. (1981) conduziram experimento nas terras firmes do
Amazonas e encontraram teores dios de Ca sangüíneo de 11,20 mg/100 mL,
variando entre 7,00 e 14,00 mg/100 mL. Os autores afirmam que apesar da média
dos teores de Ca sérico se encontrar dentro do intervalo considerado normal, grande
parte dos animais apresentava níveis baixos de cálcio sérico. Os níveis do elemento
no solo e nas forragens também foram considerados baixo pelos autores.
Camargo et al. (1985) também trabalhando na Amazônia encontraram
valores de Ca nas forrageiras (0,54 a 0,61% na seca; 0,30 a 0,55 % nas águas),
suficientes para suprir as necessidades de bovinos de corte, sendo maiores no
período da seca No solo os níveis de Ca e Mg foram considerados insuficientes para
as necessidades das plantas. No sangue, variou entre 10,74 e 14, 73 mg/100 mL na
seca e entre 10,17 e 14,16 mg/100 mL nas águas.
Sousa et al. (1986), realizando experimento em Roraima, encontraram
deficiência de Ca no solo e nas forrageiras de cinco das seis regiões estudadas. Os
teores de Ca sérico foram considerados normais em todas as regiões, nas duas
épocas do ano e nas duas categorias estudadas (vacas em lactação e bezerros
entre 1 e 2 anos), embora os teores de Ca nos ossos das vacas se encontravam
próximos do limite da deficiência em três das regiões e abaixo desse limite nas
12
outras. Nos bezerros os níveis de Ca ósseo se encontravam baixos em todas as
regiões.
Brum et al. (1987 a), realizaram experimento em que levantaram as
deficiências de cálcio, sforo e magnésio no solo, forrageiras e soro sangüíneo e
tecido ósseo dos animais, em quatro épocas do ano na sub-região do Paiaguás no
Pantanal Mato-grossense. O Ca no solo se apresentou baixo em todas as épocas do
ano e em todas as unidades geomórficas estudadas (0,057 a 0,170 mEq/100 g solo).
As forrageiras apresentaram teores de lcio variando entre 0,13 e 0,24 % e no
tecido ósseo variou entre 33,67 e 36,68 % (não foi analisado o Ca no soro
sangüíneo). As plantas forrageiras foram capazes de suprir as necessidades do
elemento apenas na época de agosto. Apesar disso, os animais estiveram
deficientes em Ca em maio, sugerindo que nas outras épocas em que o houve
deficiências, as necessidades foram supridas com outras forrageiras que não as
estudadas. Os autores concluíram que a região estudada é deficiente em cálcio.
Pott et al. (1987) também trabalhando no Pantanal Mato-grossense, mas
na parte central da sub-região da Nhecolândia, estudaram os macronutrientes
presentes no solo, na água, nas forrageiras e tecido animal em quatro épocas do
ano e em cinco unidades de paisagem. O Ca no solo variou entre 7 ppm e 350
ppm, sendo que os níveis mais altos ocorreram no solo da mata. O Ca na água não
alcançou importância nutricional. Nas gramíneas, o cálcio variou entre 0,11 e 0,33%;
no soro sangüíneo variou de 7,3 a 11,2 mg/100 mL e no osso em novembro o nível
de Ca foi de 31,2%. Com os resultados encontrados, os autores sugerem a
existência de deficiência de Ca na região estudada.
Pott et al. (1989 d), ainda trabalhando no Pantanal Mato-grossense, mas
agora na sub-região de Aquidauana, encontraram teores de Ca no solo variando
entre 104 e 322 ppm. Nas forrageiras o Ca variou de 0,16 a 0,28%. No soro
sangüíneo, os teores médios de Ca foram em maio de 9,4 mg/100 mL e em
novembro 8,4 mg/100 mL. No osso, o Ca variou de 35,4 a 38,6%.Os solos foram
considerados deficientes em cálcio. No tecido animal, ocorreram níveis indicativos
de deficiência de Ca.
Pott et al. (1989 c), também realizaram levantamento de macronutrientes
na sub região do Baixo Piquiri e encontraram teores médios de Ca no solo de 142
ppm. Nas forrageiras o teor médio de Ca foi de 0,21 % e no osso em maio, foi de
39,3%.Esses resultados não evidenciaram deficiências graves.
13
Guimarães et al. (1991) estudaram a variação sazonal de Vitamina A,
macro e microelementos no capim, plasma e fígado de novilhas nelore, criadas em
pastagens de Brachiaria decumbens e não encontraram deficiência de Ca na área
estudada (município de Igarapé –MG).
Lisbôa et al. (1996) em um estudo sobre botulismo, encontraram valor
médio de cálcio rico de 7,89 mg/100 mL . O teor médio de Ca no tecido ósseo foi
de 39,5 %. Os autores concluíram existir hipocalcemia e teores normais do elemento
no tecido ósseo.
Morais et al. (2000), acompanharam por 13 meses as mudanças sazonais
de eletrólitos e entre eles o Ca no sangue de 20 vacas aneloradas em pastejo
contínuo de Brachiaria decumbens com alta lotação. Os animais se apresentaram
hipocalcêmicas praticamente durante todo o ano. As médias do Ca rico no solo
arenoso e argiloso foram respctivamente: 8,39 e 8,53 mg/100 mL. Não houve
variação significativa entre os tipos de solo estudados. Os autores não forneceram
os resultados do teor de Ca na forrageira.
No Rio grande do Sul, Prestes et al. (2003), analisaram níveis plasmáticos
e ósseos de Ca e P em vacas de corte em lactação e mantidas em campos nativos.
Os animais foram divididos em dois grupos: os que recebiam suplementação mineral
(S) e os que não recebiam suplementação mineral (NS). Os veis médios de Ca
plasmáticos no grupo S foram de 2,04 mmol/L (8,18 mg/100mL), variando de 1,9 a
2,,2 mmol/L (7,61 a 8,81 mg/100mL). nos animais do grupo NS, os níveis médios
de Ca plasmático também foram de 2,04 mmol/L (8,18 mg/100mL), variando de 1,9
a 2, 10 mmmol/L (7,61 a 8,41 mg/100mL). Os níveis ósseos de Ca estiveram dentro
do intervalo fisiológico nos dois grupos estudados. Os autores concluíram que nas
condições do experimento não havia deficiência de Ca.
Também no Rio Grande do Sul, Valle et al. (2003), trabalhando na região
da Depressão Central do Rio Grande do Sul, executaram experimento para detectar
prováveis deficiências minerais em vacas de corte, analisando tecidos animais e
forrageiras. Os animais foram analisados em quatro diferentes momentos do ciclo
reprodutivo: serviço (inseminação artificial), repasse por touros, final da gestação e
início da gestação. Os valores médios de Ca plasmático variaram de 1,86 a 2,43
mmol/L (7,45 a 9,74 mg/100 mL), sendo menores no período de lactação e maiores
no período de serviço. houve diferença significativa entre os valores no período
de serviço. Os valores médios de Ca encontrados na pastagem variaram de 0,55 a
14
0,66% e foram considerados capazes de suprir as necessidades de cálcio dos
animais e mesmo assim foram encontrados valores baixos no plasma dos animais.
Os autores consideraram esse fato ser devido ao baixo nível protéico da pastagem.
Prestes et al. (2004), trabalhando na região centro-oeste do Rio Grande
do Sul, analisaram os níveis plasmáticos de Ca e outros elementos em vacas de
corte primíparas e multíparas, mantidas em campo nativo e recebendo mistura
mineral comercial completa. As amostras foram colhidas em três diferentes períodos:
final de gestação (FG), pico da lactação (PL) e entoure (E). Os teores de Ca
plasmático variaram entre 2,02 e 2,06 mmol/L (8,1 e 8,94 mg/100 mL), nas
primíparas e 1,98 a 2,14 mmol/L ( 7,93 a 8,58 mg/100 mL), nas multíparas,
considerados normais pelos autores. Em ambos os grupos os maiores teores foram
observados na época do entouramento.
15
Quadro 1 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores de cálcio nos animais e nas forrageiras.
Autor Região/Estado Animais Valores Séricos
(mg/100 mL)
Valores Forrageiras
(%)
Teores
Ósseos (%)
Suplementação
mineral
Fernandes & Camargo
(1976)
AM; PA; MT Não informado 7,29 -11,44 (seca) 0,17 – 0,44 (seca) - Não informada
Sousa et al. (1979) MT Vacas em lactação - 0,67 (seca)
0,34 (águas)
37,7 (seca)
37,6 (águas)
Não informada
Camargo et al. (1980) AM; PA; MT Bovinos à pasto 10,3 (seca)
10,5 (águas)
- - Não informada
Lopes et al. (1980 b) GO Vacas, novilhos e
bezerros
9,06 – 9,40 (vacas)
9,07 – 9,68 (novilhos)
9,80 – 10,21 (bezerros)
- 37,38 – 39,99
Irregular, não
informada
Barros et al. (1981) AM Não informado 7,00 – 14,00 - - 54% criadores
suplementavam
Camargo et al. (1985) Amazônia Não informado 10,74 – 14,73 (seca)
10,17 – 14,16 (águas)
0,54 – 0,61 (seca)
0,30 a 0,55 (águas)
- Não informada
Sousa et al. (1986) RR Não informado Vacas – 10,4 - 11,2
Jovens – 10,6 -11,3
0,041 – 0,18 Vacas – 33,0 -
36,7
Jovens – 30,5-
34,8
Não informada
Brum et al. (1987 a) MT Vacas em lactação - 0,13 – 0,24 33,67 – 36,68
Não informada
Pott et al. (1987) MT Não informado 7,3 – 11,2 0,11 – 0,33 31,2 Não Informada
Pott et al. (1989 d) MT Não informado 9,4 (maio) – 8,4
(novembro)
0,16 – 0,28 35,4 – 38,6 Não Informada
Pott et al. (1989 c) MT Vacas em lactação - 0,21 39,3 Não Informada
Lisbôa et al. (1996) SP Vacas nelore 7,89 - 39,5 Suspeita
botulismo
Moraes et al. (2000) MG Vacas aneloradas Solo arenoso – 8,39
Solo argiloso – 8,53
- - Não informada
Prestes et al. (2003) RS Vacas adultas Mineral – 7,61 - 8,81
Sem mineral – 7,61-8,41
- - Mistura mineral
completa
Valle et al. (2003) RS Vacas 7,45 – 9,74 0,55 -0,66 - Não informada
Prestes et al. (2004) RS vacas Primíparas – 8,1 -8,84
Multíparas – 7,93 – 8,58
- - Não informada
16
2.2.2. Fósforo
Uma das primeiras indicações que a falta de fósforo poderia ter sérias
conseqüências sobre a produção de animais domésticos veio dos estudos pioneiros
de Sir Arnold Theiler, no início do século XX, quando estudou doenças debilitantes
de bovinos e ovinos criados à pasto na África do Sul, que eram caracterizadas por
alta mortalidade, baixo crescimento e fertilidade, ossos frágeis e um apetite pelos
ossos dos animais que já morreram. Através de vários estudos, foram desenvolvidas
medidas bem sucedidas para se prevenir o problema (Underwood & Suttle, 2001).
O fósforo é o segundo elemento mais abundante no organismo animal,
depois do cálcio. Juntamente com o cálcio somam setenta por cento do conteúdo
mineral dos animais e oitenta por cento do seu total está localizado nos ossos,
enquanto os 20% restantes estão distribuídos em todas as células do corpo,
envolvidos em quase todas as reações metabólicas do organismo (Dayrell, 1986).
As principais funções do fósforo são formar e manter o tecido ósseo; manter o
metabolismo e a saúde da microbiota ruminal; participar em vários aspectos do
metabolismo energético; ajudar na absorção de carbohidratos através da mucosa
intestinal e transporte de fosfolipídeos (Barcelos, 1992). Ainda são citadas como
funções do fósforo a secreção normal do leite; formação do tecido muscular e
utilização eficiente dos alimentos (Dayrell, 1986).
A absorção, utilização e metabolismo do fósforo pelo organismo são
influenciados por vários fatores, incluindo a relação entre este elemento e o cálcio,
como foi visto na seção sobre o cálcio. Como no caso do Ca, a absorção do P
acontece tanto passiva quanto ativamente no duodeno e é influenciada pela fonte de
fósforo, pH do intestino, idade do animal e o conteúdo na dieta de vários outros
minerais, incluindo o cálcio, ferro (Fe), alumínio (Al), manganês (Mn), potássio (K) e
magnésio (Mg). Grandes quantidades de Fe, Al e Mg, na dieta interferem com a
absorção de sforo, através da formação de compostos insolúveis (McDowell,
1992).
A excreção de fósforo se dá principalmente pela via fecal e consiste
basicamente do P salivar que não é absorvido. Um importante mecanismo
homeostático para controlar o sforo em bovinos é a variação da excreção nas
fezes do P endógeno. A concentração de P na saliva depende da sua concentração
no plasma, que por sua vez depende da ingestão do elemento e de fatores que
17
podem interferir no fluxo salivar, como a ingestão de matéria seca e a o
comprimento das fibras das forragens (NRC, 2000).
Os requerimentos de fósforo são muito variáveis e dependem principalmente
do estado fisiológico dos animais e do ganho de peso pretendido. Por exemplo, as
necessidades para vacas no primeiro mês de lactação são de 22 g de fósforo por
dia, enquanto que animais em crescimento e terminação, dependendo do peso vivo
e o ganho de peso diário varia de 11 a 26 g de fósforo por dia (McDowell, 1999).
A deficiência de fósforo é a mais comum entre animais criados a pasto,
principalmente gado bovino (McDowell, 1992). As grandes áreas ao redor do mundo
que apresentam a deficiência de sforo, aparecem devido a uma combinação de
efeitos climáticos e do solo pobre sobre a concentração de fósforo na forragem
(Underwood, 1983). O fósforo, nestas áreas vai se apresentar baixo nas plantas na
maior parte do ano e não na época de maturação da forragem. Além disso, altas
concentrações de alumínio e ferro nos solos podem tornar indisponível o fósforo
para absorção pelas plantas (McDowell, 1999).
Os sinais clínicos da deficiência de fósforo, se prolongada ou severa, levam a
anormalidades ósseas e dentárias, crescimento retardado, diminuição da produção
leiteira e de ovos, apetite diminuído (anorexia), baixa eficiência alimentar, apetite
depravado (pica) e pode acontecer infertilidade (Underwood & Suttle, 2001).
O diagnóstico definitivo da deficiência de sforo é conseguido através da
associação de análises químicas do tecido animal, de amostras de pastagens e solo
(Tokarnia et al.,2000).
A análise dos teores de fósforo nas forrageiras, comparando seus
resultados às necessidades dos animais, são úteis para se determinar a condição
nutricional dos mesmos (McDowell, 1999).
Os tecidos mais utilizados para a determinação da condição de fósforo
inorgânico nos animais o o soro ou plasma e o osso. O plasma ou soro são muito
utilizados para essa determinação, pois os teores caem rapidamente quando a dieta
é inadequada em fósforo (Nicodemo et al., 2000). Os valores de P sérico podem
sofrer alterações causadas por fatores como estresse e lactação, baixando os níveis
de fósforo no soro, e alimentação recente, aumentando os níveis do elemento
(Underwood & Suttle, 2001). Ainda podem ocorrer alterações nas concentrações de
P dependendo do tipo da amostra utilizada (plasma, soro, sangue total) e outras
variáveis como temperatura e tempo de separação do soro após a coleta,
18
temperatura e tempo de conservação do soro, hemólise também podem influir no
valor real do fósforo inorgânico (Dayrell et al., 1973). Além do soro ou plasma,
podemos utilizar o conteúdo de P no quido ruminal e nas fezes para se determinar
a ocorrência de deficiências deste elemento (Vitti et al., 1988).
A análise da composição e resistência óssea são os métodos mais
adequados para o diagnóstico de deficiência de P, embora em alguns casos os
valores utilizados na avaliação dos índices ósseos muitas vezes não são capazes
em detectar deficiências, em virtude do grau de esgotamento das reservas ósseas
necessário para aparecerem diferenças significativas (Nicodemo et al., 2000).
No Brasil, a deficiência de fósforo não só é a mais comum entre as
deficiências minerais que acometem animais em regime de pasto, como também é a
mais importante economicamente (Tokarnia et al., 2000).
Fernandes & Camargo (1976), em um experimento na região amazônica
encontraram níveis baixos de fósforo tanto no capim quanto no soro dos animais,
variando de 0,04 a 0,23% no capim e de 4,9 a 10,9 mg/100mL no soro dos animais.
Das dezenove regiões pesquisadas, na maioria delas os animais apresentaram
níveis baixos de fósforo sérico.
Sousa et al. (1979), em trabalho realizado no norte do Mato Grosso,
encontraram deficiência de fósforo em todas as seis fazendas estudadas, com
teores médios de P no solo variando de 10,5 ppm na seca a 9,6 ppm na estação
chuvosa. Na forragem, os níveis médios do elemento foram de 0,08 % na seca e
0,20 % na estação chuvosa. No osso, os níveis dios encontrados na estação
seca foram de 15,5% e na estação chuvosa foram de 15,0%. Houve diferença
significativa entre as épocas estudadas tanto para as forrageiras como para o tecido
ósseo. Os autores concluíram que pelos dados levantados as necessidades de
fósforo são maiores durante a estação chuvosa, uma vez que a forragem
apresentava mais fósforo durante esta estação e mesmo assim os teores ósseos se
apresentavam mais baixos que na estação seca.
Camargo et al. (1980), também trabalhando na Amazônia, encontraram
níveis baixos de fósforo no solo, na forragem e no soro sanguíneo dos animais, tanto
na época das águas como na seca.
Trabalhando na micro região Mato-Grosso de Goiás, no estado de Goiás,
Lopes et al. (1980 b), analisaram solo, forragens, fígado, ossos e soro sanguíneo
de vacas em lactação, novilhas e bezerras em cinco municípios e encontraram
19
grande número dos animais, principalmente as vacas em lactação com
concentrações ricas de fósforo abaixo do normal, o mesmo acontecendo com as
análises de solo e forragens.
Lebdosoekojo et al. (1980), executando experimento na Colômbia,
trabalharam com dois tipos de suplementação mineral (NaCl e mistura mineral),
encontraram níveis maiores de fósforo no soro sangüíneo dos animais que
receberam suplemento mineral. Quanto a época do ano, os valores séricos de P
foram menores nas vacas dos dois tratamentos, durante o início da estação
chuvosa, quando estavam ganhando peso e foram maiores durante a estação seca,
quando estavam perdendo peso. Os valores médios de fósforo no soro variaram de
3,27 mg/100 mL no início da estação chuvosa a 5,63 mg/100 mL no período seco
para os animais que receberam NaCl e nos animais que receberam mistura mineral
a variação foi de 4,44 mg/100 mL no início do período chuvoso e 6,14 mg/100mL no
período seco.
Em mais um trabalho realizado na Amazônia, Barros et al. (1981)
encontraram valores médios de fósforo sérico de 5,8 mg/100mL variando entre 3,00
e 8,00 mg/ 100 mL. Os níveis de P na pastagem também estavam abaixo das
necessidades doas animais, com média de 0,12% e variando entre 0,06 e 0,15%.
Sousa et al.(1983), analisando os efeitos da suplementação mineral
sobre o desempenho dos animais em pasto de capim colonião, encontraram valores
baixos de sforo no tecido ósseo em todos os quatro tratamentos realizados no
experimento. Os animais que receberam NaCl + P + micro apresentaram teores
médios de P no osso menores no início e maiores no final do experimento
(respectivamente 13,7 e 14,0 %). Nos animais submetidos à mistura mineral também
apresentaram P ósseo maior no final (13,6 % no início e 14,8 % no final). os
animais que receberam apenas NaCl + P e os que receberam apenas NaCl
apresentaram níveis de fósforo no tecido ósseo maiores no início do experimento
(NaCl + P inicial 13,3 %, NaCl + P final 11,9%; NaCl inicial 13,6%, NaCl final-
12,6%). Os níveis plasmáticos de fósforo inorgânico variaram entre 4,6 e 5,7
mg/100mL e os autores consideraram esses níveis normais. Os níveis de P na
forragem e no solo estavam baixos.
Camargo et al. (1985) trabalhando na região da Polamazônia, encontrou
teores baixos de P tanto no solo (1,4 a 6,10 ppm no período da seca e 2,62 a 12,66
ppm nas águas), como nas forragens (0,019 a 0,17 % na seca e 0,06 a 0,16 % nas
20
águas). No soro sanguíneo (3,16 a 6,14 mg/100mL na seca e 4,8 a 7,54 mg/100mL
nas águas), os teores de P foram considerados marginais pelos autores.
Sousa et al. (1985) , em outro estudo no Mato Grosso do Sul, estudaram
os possíveis efeitos da suplementação mineral sobre o ganho de peso de novilhos
anelorados em pastagens de capim colonião. Os níveis de P no tecido ósseo
variaram entre 13,2 e 15,0 %, entre os quatro tratamentos, não havendo diferença
significativa entre eles. No plasma sangüíneo, os níveis médios de P foram
considerados normais, variando entre 4,9 e 5,5 mg/100ml. Não houve diferença
significativa entre os tratamentos. Os níveis de P na forragem variaram entre 0,148
e 0,172% entre os pastos, sendo considerados marginais pelos autores.
Sousa et al. (1986), analisaram amostras de solo, forrageira e tecido
animal (sangue e osso) de seis regiões de Roraima e encontraram valores baixos de
P no solo, variando entre 2, 1 e 4,3 ppm entre as regiões. Nas forrageiras, os níveis
de P foram considerados deficientes em cinco das seis regiões (0,041 a 0,18%). No
soro, os níveis médios de P nas vacas em lactação foi de 3,1 mg/100 mL no período
da seca e 3,4 mg/100 mL no período chuvoso. Os animais jovens apresentaram
níveis médios de P plasmático de 4,1 mg/100 mL na seca e 4,2 mg/100 mL na
estação chuvosa. Tanto as vacas como os animais jovens foram considerados
deficientes pelos autores. Os teores de P no tecido ósseo também foram
considerados baixos em ambas as épocas do ano para as duas categorias (Vacas:
seca -12,0 %, chuvas- 10,6 %; Bezerros: seca- 11,3%, chuvas – 10,5%).
Brum et al. (1987), no pantanal Mato-grossense, encontraram valores de
P no solo de 1,6 a 5,16 ppm. Nas forrageiras, o P variou entre 0,07 e 0,15%. No soro
os valores variaram entre 2,59 e 4,38 mg/100mL e no tecido ósseo, o P variou entre
14,12 e 16,64 %. As concentrações encontradas no solo, forrageiras e tecidos
animais indicaram deficiência de fósforo nos quatro períodos estudados.
Pott et al. (1987 e 1989d), encontraram também deficiências de P , com
valores baixos de fósforo sérico nos animais, e nas análises de tecido vegetal e no
solo.
Guimarães et al. (1991), trabalhando em Minas Gerais, encontraram
valores médios de P na pastagem variando entre 0,12 % na estação chuvosa e
0,05% na estação seca. No soro, os valores médios de P variaram entre 5,5 mg/100
mL na estação chuvosa e 7,34 mg/100 mL na estação seca, variando de 4,0 a
9,7 mg/100 mL, ao longo do ano. Os valores foram considerados normais pelos
21
autores, embora o conteúdo de sforo na forrageira o fosse capaz de suprir as
necessidades dos animais.
Em um trabalho sobre o botulismo, Lisbôaa et al. (1996) encontraram
valores médios de fósforo sérico baixos (3,62 mg/100 mL), sugerindo deficiência de
fósforo.
Morais et al. (2000), ao acompanharem as mudanças sazonais de
eletrólitos no sangue de vacas aneloradas sob pastejo contínuo de Brachiaria
decumbens degradadas encontraram valores baixos para fósforo sérico (4,50
mg/100mL em solos arenosos e 3,95 mg/100mL em solos argilosos).
Prestes et al. (2003), trabalhando no Rio Grande do Sul, encontraram
teores médios de fósforo inorgânico no plasma de animais que não recebiam
suplementação mineral de 1,33 mmol/L (40,3 g/L), com variação entre 0,7 e 2,10
mmol/L (21,2 a 63,6 g/L) e de 1,47 mmol/l (45,5 g/L) com variação entre 0,6 e 2,7
mmol/L (18,2 a 81,8 g/L) nos animais que recebiam suplementação mineral. Os
teores médios de fósforo no tecido ósseo estiveram dentro dos limites fisiológicos.
Valle et al. (2003), realizaram experimento no Rio Grande do Sul e
analisaram fósforo no sangue total e pastagem de vacas em quatro períodos
distintos: período de serviço (inseminação artificial), período de repasse de touros,
final de gestação, e início da lactação. Os valores médios do fósforo inorgânico
variaram de 1,32 a 1,87 mmmol/L ( 40,0 a 56,7 g/L), sendo maiores no período de
serviço e menores no período de lactação. Houve diferença significativa somente no
período de serviço. Os resultados mostraram deficiência marginal de fósforo em
todos os períodos estudados, exceto no período de inseminação artificial. Os
resultados de P na pastagem variaram de 0,13 a 0,16 % e foram considerados
incapazes de fornecer os requerimentos necessários aos animais.
Prestes et al. (2004), em trabalho realizado na região centro-oeste do Rio
Grande do Sul, encontrou valores médios de fósforo inorgânico no soro variando
entre 1,36 e 1,56 mmol/L ( 41,2 a 47,2 g/L) em vacas primíparas e entre 1,53 e 1,63
(46,4 a 49,4 g/L) nas vacas multíparas. Apesar de considerados baixos, os valores
de fósforo plasmático se encontravam dentro do intervalo considerado normal, com
exceção dos valores nas vacas primíparas no período do entoure.
22
Quadro 2 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores de fósforo nos animais e nas forrageiras.
Autor Região/Estado
Animais Valores Séricos
(mg/100 mL)
Valores
Forrageiras (%)
Teores
Ósseos
(%)
Suplementação mineral
Fernandes &
Camargo (1976)
AM; PA; MT Não informado 4,9 – 10,9 0,04 a 0,23 - Não informada
Sousa et al. (1979) MT Vacas em
lactação
- 0,08 (seca)
0,20 (águas)
15,5 (seca)
15,0 (águas)
Não informada
Barros et al. (1981) AM Não informado 3,00 – 8,00 0,06 – 0,15 - 54% criadores suplementavam
Sousa et al. (1983) MS Novilhos
anelorados
4,6 – 5,6 - - Comercial; NaCl; NaCl + P; NaCl + P
+ microelementos
Camargo et al.
(1985)
Amazônia Não informado 10,74 – 14,73 seca)
10,17 – 14,16 (águas)
0,019 – 0,17
(seca)
0,06 – 0,16
(águas)
- Não informada
Sousa et al. (1985) MS Novilhos
anelorados
4,9 – 5,5 0,148 – 0,172 13,2 – 15,0 Sem minerais; NaCl; NaCl + P; NaCl
+ P + microelementos
Sousa et al. (1986) RR Não informado Vacas - 3,1 (seca)
3,4 (chuvas)
Jovens – 4,1 (seca)–
4,2 (chuvas)
0,041 – 0,18 Vacas – 10,6
– 12,0
Jovens – 10,5
– 11,0
Não informado
Brum et al. (1987 a) MT Vacas em
lactação
2,59 – 4,38 0,07 – 0,15 14,12 – 16,64
Não informada
Guimarães et al.
(1992)
MG Novilhas nelore 4,0 – 9,7 0,05 (seca )
0,12 (águas)
- Mistura mineral comercial
Lisbôa et al. (1996) SP Vacas nelore 3,65 - - Suspeita botulismo
Morais et al. (2000) MG Vacas
aneloradas
Solo arenoso – 4,50
Solo argiloso – 3,95
- - Não informada
Prestes et al. (2003) RS Vacas Adultas Mineral – 1,82 -8,18
Sem mineral – 2,12 –
6,36
- - Mistura mineral completa
Valle et al. (2003) RS Vacas 4,0 – 5,67 0,13 – 0,16 - Não informada
Prestes et al. (2004) RS vacas Primíparas – 4,12 –
4,72
Multíparas – 4,64 –
49,9
- - Não informada
23
2.2.3. Magnésio
É macroelemento essencial à nutrição de ruminantes e está presente em
grande quantidade na maioria dos alimentos utilizados para esses animais. Cerca
de 60% do magnésio presente no organismo animal, está localizado nos ossos e o
restante nos tecidos moles (Barcelos, 1992). É o segundo tion mais abundante
nos fluídos intracelulares, depois do potássio (McDowell, 1992).
Entre suas funções destacam-se sua importância no metabolismo de
carbohidratos e lipídeos como catalisador de grande número de enzimas que
necessitam do mineral para seu melhor funcionamento (Underwood, 1983). Está
também envolvido na síntese de proteínas, através de sua ação na agregação do
ribossoma, seu papel na ligação do RNA mensageiro aos ribossomas 70S e na
síntese e degradação do DNA e desempenha função na transmissão e atividade
neuromuscular (McDowell, 1999). Ainda, é importante para a síntese de gordura do
leite e manutenção da capacidade tampão do rúmen (Barcelos, 1992).
O magnésio é absorvido ao longo do trato digestivo, sendo que nos
ruminantes a maior parte do magnésio é absorvida no rúmen-retículo, sendo maior
nos animais jovens que nos adultos. Além disso, com níveis de magnésio maiores
na dieta, a absorção diminui (McDowell, 1992).
Os níveis de cálcio, fósforo e provavelmente potássio, influenciam a
absorção de magnésio, diminuindo-a (Underwood, 1983). Outros fatores que
interferem com a absorção de magnésio são a fonte de proteínas e o teor de
gorduras dos alimentos. Quando as pastagens são tenras, seu baixo teor em fibras
aumenta a velocidade de trânsito intestinal e diminui a absorção do elemento
(McDowell, 1992).
Os requerimentos de magnésio para bovinos de corte variam entre 0,10 e
0,20% da matéria seca, de acordo com estado fisiológico do animal (NRC, 2000).
Os sinais clínicos da tetania hipomagnesêmica pode ocorrer em animais
adultos a pasto como em bezerros que mamam por muito tempo sem receber outro
tipo de alimento, sendo que a susceptibilidade à tetania aumenta com a idade pelo
fato dos ruminantes mais velhos não conseguirem mobilizar Mg do osso com tanta
eficiência (McDowell, 1999).
Barcelos (1992), cita como sintomas de deficiência de magnésio tremores
e olhar perdido, andar lento e inseguro, excitação e convulsões; quedas sobre o
24
costado; pedalar de membros anteriores, ranger de dentes; salivação e espuma no
focinho.
Os níveis séricos normais de Mg para ruminantes estão entre 18 e 31
µg/ mL (1,8 a 3,1 mg/100mL), enquanto os níveis hepáticos variam de 400 a 600
µg/g (Fick, 1977). McDowell, (1992) considera valores de magnésio sérico entre 1,2
a 1,8 mg/100 mL hipomagnesemia leve e abaixo de 1,2 mg/100 mL considera-se
hipomagnesemia severa .
Até 1976, não havia sido diagnosticada deficiência de magnésio no Brasil
(Tokarnia, 2000).
Lopes et al. (1980 b), em seu trabalho na região de Mato-Grosso de
Goiás, encontraram teores médios de magnésio sérico variando de 3,36 a 4,23
mg/100 mL (33,6 a 42,3 mg/L) para as vacas; entre 3,24 a 5,46 mg/100 mL (32,4 a
54,6 mg/L) para os novilhos e entre 3,45 e 3,88 mg/100 mL (34,5 e 38,8 mg/L) para
os bezerros. Na forragem os teores médios do elemento variaram entre 0,173 e
0,230 % MS. Os valores encontrados foram considerados normais pelos autores
tanto no tecido animal como no tecido vegetal.
Lebdosoekojo et al. (1980), trabalhando na Colômbia, encontraram
valores de magnésio rico variando entre 2,21 e 2,49 mg/100 mL (22,1 e 24,9
mg/L) nos animais suplementados apenas com NaCl e 2,17 e 2,72 mg/100 mL (21,7
e 27,2 mg/L) nos animais que receberam mistura mineral. Em ambos os
tratamentos, houve diferença significativa entre as épocas do ano, sendo maior no
período seco. Na forrageira, o teor médio de Mg variou entre 0,131 e 0,189 %, sendo
significativamente maio no início do período chuvoso.
Barros et al. (1981), em trabalho realizado na Amazônia, encontrou níveis
médios de Mg no sangue de 2,8 mg/100 mL (28,0 mg/L), variando entre 1,5 e 4,0
mg/100 mL (15,0 e 40,0 mg/L). Nas pastagens o teor médio do elemento foi de 0,18
% MS, variando entre 0,08 e 0,39 % MS. Os autores consideraram os valores
encontrados dentro da normalidade.
Sousa et al. (1983), analisando possíveis deficiências minerais em
bovinos, encontraram níveis de Mg nos ossos variando entre 0,61 e 0,63% (inicial) e
0,64 a 0,66 % ( final), sendo considerados normais pelos autores. No plasma, os
teores médios no final do experimento variaram entre 2,0 e 2,5 mg/100 mL (20,0 e
25,0 mg/L) também sendo considerados normais pelos autores, bem como os
valores encontrados nas forrageiras, os teores médios de Mg variaram entre 0,16 %
25
no início do experimento e 0,20 % no final do experimento, que foram considerados
adequados para bovinos de corte.
Em outro trabalho, Sousa et al. (1985) encontraram níveis médios de
magnésio no plasma variando entre 2,1 e 2,2 mg/ 100 mL (21,0 e 22,0 mg/L), sem
variação significativa entre os tratamentos. Quanto aos teores médios de Mg nos
ossos variaram entre 0,5 e 0,6 %, sendo considerados normais pelos autores. Nas
forrageiras, os teores médios de magnésio variaram entre 0,104 e 0,126 %, sem
diferença significativa entre os pastos analisados, sendo considerados adequados
para bovinos de corte os teores de Mg.
Brum et al. (1987 a), trabalhando na sub-região de Paiaguás no pantanal
mato-grossense, encontraram níveis de magnésio nas forrageiras variando entre
0,07 e 0,12%; no soro sangüíneo variou entre 1,35 e 2,86 mg/100 mL (13,5 e 28,6
mg/L) e no osso variou entre 0,42 e 0,55 %. Os autores consideraram a região
estudada deficiente em magnésio em três das quatro épocas estudadas ao longo do
ano.
Também no pantanal Mato-Grossense, porém na região da Nhecolândia,
Pott et al. (1987) analisaram amostras de solo, gramíneas e tecidos animais. Nas
forrageiras o Mg variou entre 0,09 e 0,21 %; no soro sanguíneo variou entre 1,9 e
3,3mg/100 mL (19,0 e 33,0 mg/L). No osso, o teor dio do elemento foi de 0,41%.
Os autores sugeriram a possibilidade de ocorrência de deficiência de magnésio em
algumas épocas do ano, sendo necessária a suplementação.
Ainda no pantanal Mato-Grossense, mas na sub-região de Aquidauana,
Pott et al (1989 d) encontraram o magnésio nas forrageiras variando entre 0,12 e
0,25%. No soro sangüíneo, Mg variou entre 2,9 e 3,1 mg/100 mL (29,0 e 31,0 mg/L)
e no osso entre 0,58 e 0,62 %.
Guimarães et al (1991), encontraram valores médios de magnésio que
foram considerados normais, tanto nas forrageiras quanto no fígado e no soro
sangüíneo, não havendo diferença significativa ao longo do ano.
Lisbôa et al (1996), em seu estudo sobre botulismo, encontraram valor
médio de Mg de 2,59 mg/100 mL (25,9 mg/L). No osso, o teor médio de Mg foi de
0,50 %. Os autores consideraram normais esses resultados.
26
Quadro 3 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores de magnésio nos animais e nas forrageiras.
Autor Região/Estado Animais Valores Séricos
(mg/100mL)
Valores
Forrageiras (%)
Teores Ósseos Suplementação
mineral
Lopes et al. (1980 b) GO Vacas, novilhos
e bezerros
3,36 – 4,23 (vacas)
3,24 – 5,46 (novilhos)
3,45 – 3,88 (bezerros)
0,173 – 0,230 % - Irregular, não informada
Barros et al. (1981) AM Não informado 1,5 – 4,0 0,08 – 0,39 % - 54% criadores
suplementavam
Sousa et al. (1983) Novilhos
anelorados
2,0 – 2,5 0,16 - 0,20 % 0,61 – 0,66 % Comercial; NaCl; NaCl +
P; NaCl + P +
microelementos
Sousa et al. (1985) MS 2,1 – 2,2 0,104 -0,126 % 0,5 – 0,6 % Sem minerais; NaCl;
NaCl + P; NaCl + P +
microelementos
Brum et al. (1987 a) MT Vacas em
lactação
1,35 – 2,86 0,07 – 0,12 % 0,42 – 0,5 % Não informada
Pott et al. (1987) MT Não informado 1,2 – 3,3 0,09- 0,21 % 0,41 % Não informada
Pott et al. (1989 d) MT Não informado 2,9 – 3,1 0,12 – 0,25 % 0,58 – 0,62 % Não informada
Lisbôa et al. (1996) SP Vacas nelore 7,89 - 39,5 % Suspeita botulismo
27
2.2.4. Potássio
É o terceiro elemento mais abundante no organismo animal, depois do
cálcio e fósforo e é o principal cátion do fluído intracelular (NRC, 2000). Os estudos
sobre o potássio no passado não eram muitos, pois os alimentos de origem vegetal
geralmente apresentam níveis adequados do elemento. Entretanto, com a
descoberta que os níveis de potássio em determinados alimentos são menores do
que se supunha e que as necessidades do elemento podem ser maiores, os
pesquisadores se sentiram estimulados a realizar mais pesquisas (McDowell,1992).
O potássio é importante no equilíbrio acido-base, no equilíbrio osmótico,
no balanço hídrico, nas contrações musculares, na transmissão do impulso nervoso
e em certas reações enzimáticas (McDowell, 1999; NRC, 2000).
Sua absorção acontece no intestino delgado e nos ruminantes ocorre
principalmente no rúmen (Underwood & Suttle, 2001). Diarréias, estresse térmico,
podem interferir com a absorção do elemento e conseqüentemente aumentar as
quantidades requeridas de K (McDowell, 1992).
Forragens verdes geralmente são ótimas fontes de potássio, porém a
medida que estas amadurecem, as concentrações do elemento na planta
decrescem. Os grãos são pobres em K, causando a necessidade de maior
suplementação quando os animais recebem grandes quantidades de concentrados
na dieta, como no caso das vacas de leite (NRC, 2000). O K deve estar presente na
dieta animal diariamente, pois não apresenta grandes reservas no organismo
animal, a não ser nos músculos e nervos onde é importantíssimo para o bom
funcionamento das células ( Barcelos, 1992).
A deficiência natural de potássio é rara, segundo Blood & Radostitis
(1989). Entretanto esses mesmos autores afirma que bezerros que recebem
alimentos grosseiros, produzidos em solos pobres em potássio ou com baixa
disponibilidade do elemento, podem desenvolver síndrome clínica de crescimento
insuficiente, anemia e diarréia.
Underwood (1983), afirma que deficiência de potássio é observada
inequivocamente em animais que recebem dietas concentradas, cujo primeiro sinal
da deficiência é a redução do apetite, observa-se também crescimento lento e
debilidade muscular, andar rígido.
É mais provável que ocorra ingestão de quantidades insuficientes de
potássio, do que deficiências e embora o elemento seja tóxico em quantidades muito
28
grandes, os ruminantes são capazes de metabolizar as quantidades encontradas em
condições naturais (Blood & Radostitis, 1989).
Níveis séricos de potássio de 200 mg/L (5,11 mmol/L) são considerados
normais por Fick et al. (1979), porém vários fatores além da baixa ingestão na dieta,
podem interferir em seus valores, como fome, balanço nitrogenado negativo, perdas
gastrintestinais e até desordens endócrinas. Desta maneira, a melhor forma para se
determinar o “status” de K do rebanho é a análise do mineral na dieta (McDowell,
1992).
No Brasil, vários autores analisaram as concentrações de K nas forragens
e nos tecidos animais.
Lopes et al (1980 b), em trabalho realizado no estado de Goiás,
encontraram valores dios de K nas forragens variando entre 1,29 e 1,45 % MS.
No soro dos animais o elemento variou entre 4,64 e 6,43 mEq/L (181,42 e 251,41
mg/L) nas vacas; entre 4,98 e 8,03 mEq/L (194,51 e 313,97 mg/L) nos novilhos e
entre 4,19 e 7,05 mEq/L (163,83 e 275,65 mg/L) nos bezerros. Os autores
consideraram estes valores normais e concluíram que o potássio não constituía
problema na região estudada.
Lisboa et al (1996), realizando estudo sobre botulismo encontraram valor
médio de potássio sérico de 4,18 mEq/L (163,44 mg/L), considerado normal pelos
autores.
Morais et al (2000), estudando a variação sazonal de eletrólitos no
sangue de vacas aneloradas sob pastejo de contínuo de Brachiaria decumbens,
conseguiram resultados médios de K sérico variando entre 4,49 mEq/L (175,56
mg/L) nos solos arenosos e 4,29 mEq/L (167,73 mg/L) nos solos argilosos, existindo
diferença significativa entre os tratamentos.
Outros autores analisaram apenas potássio no solo e nas forrageiras,
apesar de analisar outros elementos também nos tecidos animais.
Sousa et al (1982), em levantamento de deficiências minerais no norte de
Mato Grosso, constataram a ocorrência de níveis dios de potássio que supriam
as exigências nutricionais de bovinos.
Trabalhando em Roraima, Sousa et al. (1987), encontraram níveis
deficientes de potássio nas forrageiras em todas as regiões estudadas.
29
Pott et al (1987), trabalhando na sub-região da Nhecolândia (MT),
concluíram que as os níveis de K eram adequados para bovinos em todas as épocas
estudadas e em todas as unidades de paisagem.
Ainda no Mato Grosso, porém agora na sub-região do Baixo Piquiri, Pott
et al (1989 c), concluíram não existir deficiência de K nas forrageiras. na sub-
região de Aquidauana, Pott et al (1989 d) encontraram deficiência de potássio no
solo e não nas forrageiras.
30
2.3. Microelementos
2.3.1. Cobalto
É essencial na dieta de ruminantes a pasto, pois é armazenado em
pequenas quantidades no organismo e não em todos os tecidos. Sua única função
conhecida no ruminante adulto é participar da síntese de vitamina B12, cuja
necessidade é muito maior que nos monogástricos (Blood & Radostitis, 1989),
provavelmente por causa de seu envolvimento no metabolismo do ácido propriônico,
Que é uma importante fonte de energia, produzida pelos microorganismos do rúmen
(Houser et al, 1976). A principal fonte de energia para os ruminantes (ácido
propiônico, ácido acético e ácido butírico), não pode ser utilizada quando existe
deficiência de vitamina B12 (Corah & Ives, 1991).
A absorção de cobalto pelos ruminantes é pouco eficiente, se comparada
com a absorção pelos monogástricos, com 3% apenas do cobalto convertido em
vitamina B12 (McDowell, 1992). Apesar de ser amplamente distribuído pelo corpo,
não um tecido onde ocorra acúmulo excessivo de cobalto, sendo que as maiores
concentrações do elemento se encontram no fígado, rins e ossos (Houser et al.,
1976).
O cobalto está presente em quantidades suficientes em vários alimentos,
mas apesar disso, ele é deficiente em forrragens ao redor do mundo
(McDowell,1992). A concentração deste mineral nas plantas varia com a espécie,
com o pH do solo e com o clima. As leguminosas o mais ricas em Co que as
gramíneas e a maior concentração se nas folhas (Houser et al., 1976). O pH
mais alto do solo diminui a disponibilidade do cobalto para as plantas,
conseqüentemente diminuindo a concentração deste elemento nelas (NRC, 2000).
Altas concentrações de ferro podem causar diminuição da absorção de
Co e deficiência de ferro aumenta absorção de cobalto ( Kaneko, 1989).
Os requerimentos de cobalto para bovinos de corte são de 0,10 mg/Kg de
M.S., sendo que níveis abaixo de 0,06 mg/Kg de M. S. são deficientes (NRC, 2000).
A deficiência de cobalto ocorre com maior freqüência em ruminantes sob
pastejo e está amplamente disseminada em grandes áreas dos países tropicais,
rivalizando em importância com deficiências de Na, P e Cu como um dos fatores
limitantes da produção de ruminantes à pasto (McDowell, 1999). Os animais criados
em pastagens deficientes em cobalto podem demorar semanas a meses até
31
apresentarem sintomas, dependendo da idade e histórico prévio dos animais e o
conteúdo do Co na dieta (Underwood, 1983).
Em regiões com deficiência severa de cobalto, são acometidos animais
de todos os tipos e idades em qualquer época do ano, ocorrendo grandes perdas
econômicas e mortalidade. Em áreas de deficiência marginal, apenas os animais
mais susceptíveis são acometidos (jovens) ou então os animais são acometidos
apenas durante uma época ou estação do ano (Underwood, 1983).
Os sinais clínicos da deficiência não são específicos, sendo semelhantes
ao quadro de subnutrição ou protéica. Inicialmente ocorre perda de apetite e à
medida que o quadro se agrava ocorre parada do crescimento ou perda de peso,
seguidos de extrema inapetência, perda de massa muscular, apetite depravado,
anemia severa e morte (McDowell, 1999). Nos casos de deficiência marginal, os
sinais não são fáceis de diagnosticar e podem ser confundidos com os efeitos de
parasitismo ou desnutrição (Underwood, 1983).
Concentrações abaixo de 0,05 ppm de Co no fígado caracterizam
deficiência severa; concentrações entre 0,05 e 0,12 ppm caracterizam deficiências
marginais e acima de 0,12 ppm são adequadas. (Tokarnia et al, 1971).
Nos bovinos, os sintomas de deficiência de cobalto incluem a diminuição
de apetite, perda de peso, crescimento retardado, produção de leite diminuída,
anemia e inanição (Dayrell, 1986).
Corah & Ives (1991), em seu trabalho de revisão sobre microminerais e
reprodução em gado de corte, citam como sintomas de deficiência de cobalto,
anestro, aborto, e nascimento de bezerros fracos.
No Brasil o cobalto, juntamente com o cobre, é o microelemento que mais
está envolvido em problemas de deficiência mineral nos bovinos (Tokarnia et al.,
2000).
Tokarnia et al. (1971) em levantamento realizado em vários estados do
Brasil (RJ, ES, SC, MT, PI, AP) e em regiões suspeitas de apresentarem deficiência
de minerais em animais, encontraram deficiência de cobalto no norte do Espírito
Santo e no município de Macapá (AP). No ES ela é responsável pela doença
chamada “toca ou “toque”, que se caracteriza por diminuição do apetite e
emagrecimento. A recuperação ocorre rapidamente se o animal for transferido para
pastagens sem deficiência de cobalto. Os autores também encontraram valores
deficientes e subdeficientes nos estado do RJ e SC.
32
Fernandes & Camargo (1976), em sua pesquisa de minerais em
ruminantes na região amazônica encontro teores entre 0,06 e 0,2 ppm de cobalto
no tecido hepático, com 11 das 18 regiões pesquisadas apresentando teores abaixo
de 0,12 ppm, caracterizando deficiência moderada.
Camargo et al. (1980), encontraram teores hepáticos de cobalto mais
altos na época das águas (0,135 ppm) que na seca (0,125 ppm) e em uma das
fazendas foram encontrados valores médios de cobalto no fígado de 0,07 ppm, com
sinais clínicos de deficiência. Esses autores também encontraram em oito das
fazendas pesquisadas, níveis de cobalto no capim abaixo das necessidades dos
bovinos em regime de pasto.
Lebdosoekojo et al. (1980), trabalhando na Colômbia, encontraram níveis
hepáticos médios de cobalto em tourinhos jovens variando entre 0,13 ppm na
estação seca e 0,23 ppm na estação chuvosa para os animais que receberam
apenas NaCl e entre 0,30 ppm na estação seca e 0,37 ppm na estação chuvosa
para os animais que receberam mistura mineral, existindo diferença estatística entre
os tratamentos. A suplementação mineral causou elevação dos níveis hepáticos de
cobalto.
Barros et al. (1981), também trabalhando na região amazônica
encontraram teores hepáticos de cobalto entre 0,06 e 0,22 ppm (média 0,12 ppm).
Os teores do mineral nas plantas eram insuficiente para suprir as necessidades de
bovinos criados a pasto e na região estudada a suplementação dos rebanhos não
era regular.
Em um trabalho realizado no Mato Grosso, Sousa et al. (1981), obtiveram
como resultados concentrações satisfatórias de Co no solo apenas em três das seis
propriedades pesquisadas e, apenas as propriedades que apresentaram teores
adequados do elemento no solo apresentaram teores adequados nas forrageiras.
Apesar desses resultados, em todas as fazendas os animais apresentaram níveis
adequados de Co, sendo que as médias do mineral no fígado foram maiores na
estação seca que na época das águas (respectivamente, 0,31 e 0,24 ppm), não
havendo, entretanto, diferença significativa entre as épocas do ano.
Mendes et al. (1981), em estudo no Mato Grosso, encontraram teores
médios de cobalto no tecido hepático dos animais de 0,247 ppm na época das
chuvas e de 0,309 ppm na seca, com diferença significativa entre as épocas. Não
foram analisados solo e forrageiras.
33
Sousa et al. (1983), verificando a existência de deficiências minerais em
novilhos nelorados em pastagens de colonião no Mato Grosso do Sul encontraram
níveis deficientes de cobalto no solo e nas pastagens, porém não no tecido hepático
dos animais, variando entre 0,47 e 0,91 ppm no início do experimento e 0,76 e 1,76
ppm no final do experimento. Em outro trabalho, estudando os efeitos da
suplementação mineral sobre o ganho de peso não foram encontrados deficiências
de cobalto nos animais, com os teores hepáticos do elemento variando entre 1,1 e
1,2 ppm sem variação significativa entre os tratamentos realizados (Sousa et al.,
1985).
Trabalhando na Amazônia, Camargo et al. (1985) encontraram níveis
hepáticos de cobalto satisfatórios, com médias variando entre 0,12 e 0,17 ppm na
seca e de 0,075 e 0,25 ppm nas águas, com apenas uma região apresentando
níveis abaixo de 0,12 ppm. Nas forrageiras a situação foi semelhante, com apenas
quatro regiões apresentando teores de cobalto não satisfatórios.
Sousa & Darsie (1985), investigando deficiências minerais em bovinos de
Roraima, analisaram amostras de solo, forrageiras e tecido hepático de vacas em
lactação e em animais jovens. No solo, os teores médios de Co foram maiores na
época da seca, havendo diferença significativa entre as épocas. Nas forrageiras, o
teor médio de cobalto foi de 0,12 ppm no período seco e 0,02 ppm no período
chuvoso, com diferença significativa entre as épocas. No fígado, os autores
encontraram teores médios de cobalto variando entre 0,32 ppm na época chuvosa e
1,15 ppm na época seca nas vacas e variando entre 0,33 e 1,11 nos animais jovens.
Nas duas categorias animais houve diferença significativa entre épocas. Os autores
concluíram não haver deficiência de cobalto na região estudada.
Pott et al. (1989 a), na região da Nhecolândia, no estado de Mato Grosso,
dosaram o cobalto hepático dos animais apenas no mês de novembro e variaram
entre 0,6 e 1,8 ppm, com média de 1,1 ppm. Os autores consideraram esses valores
muito acima dos considerados normais.
Moraes et al. (1994), trabalhando com animais com “cara inchada”,
analisaram vários microelementos no tecido hepático e nas forrageiras, encontraram
níveis hepáticos de cobalto satisfatórios em todas as regiões pesquisadas, com
alguns animais de algumas regiões apresentando teores hepáticos deficientes ou
subdeficentes em cobalto. Não se analisou as forragens para cobalto.
34
Lisboa et al. (1996), em um trabalho sobre botulismo dosaram
microelementos no fígado de animais acometidos por essa doença e encontraram
teor médio de cobalto de 0,226 ppm, considerado satisfatório.
Moraes et al. (1999), analisando tecido hepático de animais em vários
estados do Brasil chegaram a conclusão que existe deficiência de cobalto no MT,
AM, PA, SP, RJ e SC.
35
Quadro 4 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores cobalto nos animais e nas forrageiras.
Autores Região/Estado Animais Valores Hepáticos
(ppm)
Tipo colheita Valores Forrageiras
(ppm)
Suplementação
Mineral
Tokarnia et al. (1971) RJ; ES; SC;
MT; PI;AP;
Acima de 9
meses
0,063 – 0,922 necropsia - Não informada
Fernandes & Camargo
(1976)
AM; PA; MT Não informado 0,06 – 0,20 necropsia 0,06 – 0,1 Não informada
Camargo et al. (1980) AM; PA; MT Bovinos à
pasto
0,125 (seca)
0,135 (águas)
necropsia 0,085 (seca) – 0,093
(águas)
Não informada
Barros et al. (1981) AM Não informado 0,06 – 0,22 não
informada
0,01 – 0,21 54% criadores
suplementavam
Sousa et al. (1981) MT Não informado 0,24 (águas)
0,31 (seca)
não
informada
0,08 (seca)
0,17 (águas)
Suplemento mineral
comercial
Mendes et al. (1981) MT Mestiços zebu 0,247 (águas) – 0,309
(seca)
biopsia - Suplem. minerais
comerciais
Sousa et al. (1983) MS Novilhos
nelorados,
2 anos
0,47-0,91 (início)
0,76 – 1,76 (final)
biopsia 0,09 (início)
0,36 (final)
NaCl + P + micro
Comercial
NaCl + P e NaCl
Sousa et al. (1985) MS Novilhos
nelorados, 18
meses
1,1 -1,2 biopsia 0,22 – 0,29 Sem minerais; NaCL;
NaCl + P e
NaCl + P + micro
Camargo et al. (1985) Amazônia Não informado 0,12 – 0,17 (seca)
0,075–0,25 (águas)
Não
informada
0,07 – 0,19 (seca)
0,08 – 0,16 (seca)
Não informada
Sousa & Darsie (1985) Brasil Vacas lactação
Novilhos 1 a 2
anos
Vacas:0,32 (águas)
1,15(seca)
Jovens:0,33(águas)
1,11 (seca)
biopsia 0,02 (águas)
0,12 (seca)
Não informada
Pott et al. (1989 a) MT Não informado 0,6 – 1,8 biopsia -
Moraes et al. (1994) MS 0,054 -2,502 - regiões onde há “cara
inchada”
Lisbôa et al. (1996) SP vacas nelore 0,226 necropsia - Suspeita botulismo
36
2.3.2. Cobre e Molibdênio
Esses elementos serão discutidos em conjunto devido a grande interação
nutricional e bioquímica existente entre eles. Em condições naturais, ruminantes sob
pastejo podem apresentar deficiência de cobre e/ou excesso de molibidênio. O
cobre é necessário para a respiração celular, formação óssea, função cardíaca
normal, desenvolvimento do tecido conjuntivo, mielinização da medula espinhal,
queratinização e pigmentação dos tecidos, sendo componente essencial de várias
metaloenzimas importantes, como a citocromo oxidase, lisil oxidase, superóxido
dismutase, dopamina-beta-hidroxilase e tirosinase (McDowell, 1992).
O interesse inicial sobre o molibdênio na nutrição animal se devia aos
efeitos que o elemento exerce sobre o metabolismo do cobre (Underwood, 1977).
Posteriormente, descobriu-se que o Mo é componente de seis enzimas, entre as
quais a xantino oxidase, a aldeído oxidase e sulfito oxidase, estando envolvidas no
metabolismo de purinas, pirimidinas, pteridinas e aldeídos e também na oxidação de
sulfitos (McDowell,1999).
O cobre é absorvido em todos os segmentos do trato gastro intestinal e
na maioria das espécies a absorção acontece mais na porção anterior do intestino
delgado (Kaneko, 1989). A absorção do Cu em ruminantes é baixa, (entre 1 - 10%),
devido às complexas interações que ocorrem no ambiente do rúmen (Spears, 2003).
Na maioria das espécies, os níveis hepáticos de cobre o mais altos nos animais
jovens que nos adultos, enquanto que nos ruminantes as concentrações são
praticamente iguais (Kaneko, 1989).
O molibdênio é rapidamente absorvido dos alimentos e dos suplementos
utilizados (Underwood & Suttle 2001). A porcentagem de absorção do molibdênio
ingerido na dieta varia de acordo com a espécie, idade do animal, nível de Mo na
dieta mas gira em torno de 20 a 30 % (McDowell, 1992). A absorção do molibdênio é
altamente influenciada pelos níveis de cobre e enxofre na dieta, mas também sofre
interferência das vitaminas C e E, zinco, ferro, tungstênio e proteínas (Kaneko,
1989).
Após a absorção pelo intestino, o cobre é transportado ligado à albumina
até o fígado onde vai ser encaminhado para a produção de ceruloplasmina,
secreções através da bile e armazenamento (Underwood & Suttle, 2001). O
armazenamento de molibdênio é pequeno, sendo que a excreção do elemento nos
ruminantes se dá principalmente pela urina, bile e leite (McDowell, 1992).
37
As concentrações de cobre e molibdênio nos alimentos variam muito
dependendo da região geográfica, do tipo de solo da espécie da planta, estado
vegetativo clima e pH do solo, sendo que solos alcalinos ou neutros combinados
com matéria orgânica abundante, favorecem a absorção do elemento pelas plantas
(McDowell, 1992).
A utilização de fertilizantes contendo cobre aumenta a disponibilidade de
cobre no solo e conseqüentemente para as plantas (Underwood, 1983). As
leguminosas geralmente apresentam teores de cobre mais elevados que as
gramíneas (NRC, 2000). Segundo McDowell (1992), os teores médios de Cu nas
gramíneas são de 5 ppm, enquanto nas leguminosas a média do teor de Cu é de 15
ppm.
Os requerimentos em Cu para ruminantes criados à pasto dependem dos
teores do próprio elemento e dos teores de Mo e S (McDowell, 1999). De acordo
com o NRC (2000), as necessidades de cobre podem variar de 4 até mais de 15
mg/Kg, dependendo das concentrações de molibdênio e enxofre da dieta. As
necessidades diárias de molibdênio não foram bem estabelecidas, mas
provavelmente são inferiores a 2 ppm da dieta (NRC,2000). Estimativas mais
acuradas das necessidades de Mo não são possíveis devido as suas interações com
Cu e S.
Não evidências da existência de deficiência de molibdênio em
ruminantes sob condições naturais, mas em alguns casos este elemento pode
aumentar a atividade microbiana no rúmen (NRC,2000). A grande importância do
molibdênio diz respeito a sua interação com o cobre e também enxofre, causando
redução na absorção do Cu, na síntese de ceruloplasmina e aumentando as
necessidades diárias dos animais (McDowell, 1992). A ação do molibdênio e do
enxofre se pela formação de tiomolibdatos, através da reação do molibdato com
sulfitos presentes no rúmen, que por sua vez são produzidos pelos microorganismos
através da redução de sulfatos e também pela degradação de amino ácidos
sulfurados (Spears, 2003). Os tiomolibdatos se ligam ao cobre formando complexos
insolúveis, que são pouco absorvíveis (McDowell, 1992).
Ward et al. (1993), encontraram diminuição dos teores séricos de cobre
em novilhas quando essas receberam 5 ppm de Mo e 0,20% de S na dieta.
Outro fator que interfere com a absorção de Cu é a quantidade de ferro
presente na dieta. Em uma revisão sobre a biodisponibilidade de micro elementos
38
para ruminantes, Spears (2003) cita que teores de ferro entre 250 e 1200 ppm na
dieta causam severa redução dos teores de cobre em bovinos e ovinos. O NRC
(2000), cita que a quantidade máxima tolerável para ruminantes é de 1000 mg/kg na
dieta e que teores entre 200 e 500 mg/kg de Fe na dieta podem causar diminuição
dos teores de Cu em bovinos. Graham (1991), em um trabalho também de revisão
cita que o ferro tem o mesmo efeito sobre os teores de cobre que o molibdênio,
reduzindo os teores hepáticos do Cu a níveis semelhantes nos dois casos.
Bailey et al. (2001), observaram diminuição dos teores hepáticos de
cobre em novilhas que receberam 500 mg de ferro, 10 mg de molibdênio e 2.900 mg
de enxofre/kg Ms na dieta. O teor de cobre na dieta era de 6 mg/kg MS.
Os sinais de deficiência de cobre incluem anemia, crescimento retardado,
formação óssea, desordens nervosas, diarréia, pêlos despigmentados e
infertilidade (Underwood, 1983; Barcellos, 1992; McDowell, 1999). Entretanto, as
deficiências marginais ou subclínicas estão disseminadas por rias áreas e são
provavelmente de maior importância econômica que as facilmente reconhecíveis
(McDowell, 1999). Nas deficiências marginais, os animais podem apresentar mau
aspecto, reduzida produção de leite, crescimento retardado e baixa eficiências, sem
sinais característicos de deficiência (Underwood, 1977).
O diagnóstico de deficiências de cobre não pode ser baseado apenas nas
quantidades do elemento na dieta, devido às suas interações com outros elementos,
principalmente o molibdênio, enxofre e ferro (Underwood, 1983). Se a concentração
de Mo na forragem exceder 3 mg/kg, com Cu abaixo de 5ppm, ocorre interferência
na absorção do cobre, com desenvolvimento de deficiência deste elemento.
(McDowell, 1999).
As concentrações de cobre no sangue ou plasma e no fígado são mais
utilizadas para diagnóstico de deficiências deste elemento (Tokarnia, 1988). Os
níveis de cobre no soro, plasma ou sangue total refletem o nível de Cu na dieta,
porém as variações são mais amplas, sendo que as concentrações entre 0,6 e 1,5
mg/L são consideradas normais para bovinos, ovinos e caprinos (Underwood,
1983).
Concentrações hepáticas de cobre entre 100 e 400 ppm em base seca
são considerados normais para bovinos e ovinos saudáveis e concentrações entre
25 e 75 ppm no fígado de ruminantes devem ser utilizadas para diferenciar animais
deficientes dos normais (McDowell, 1992).
39
Depois do fósforo, o cobre é o principal fator limitante da produtividade de
ruminantes criados a pasto ao redor do mundo (McDowell, 1999) e segundo Moraes
et al. (1999), é a deficiência de microelementos mais comum no Brasil, juntamente
com o cobalto. Por essa razão, vários levantamentos foram realizados para se
determinar a existência de deficiências ou estados carências de cobre em diversas
regiões do Brasil.
Em trabalho realizado em várias regiões do Brasil, Tokarnia et al. (1971)
investigaram doenças possivelmente causadas pro deficiências minerais e
encontraram deficiência no litoral de Campos, no estado do Rio de Janeiro; em
Santa Catarina; no município de Jaciara, no estado do Mato Grosso; no Piauí e em
Macapá no Amapá. Os autores consideraram como valores de referencia 0 a 50
ppm indicando deficiência; de 50 a 100 ppm indicando subdeficiência e acima de
100 ppm de cobre no tecido hepático indicando níveis adequados.
Fernandes & Camargo (1976), trabalhando na Amazônia, encontraram
níveis médios adequados de cobre hepático em todas as regiões estudadas, exceto
uma, variando entre 31 e 291 ppm. Os níveis médios séricos de cobre variaram
entre 0,05 mg/100 ml e 0,12 mg/100 ml, com apenas uma das regiões com valor
médio abaixo de 0,06 mg/100 ml. Nas forragens, os teores médios de cobre
variaram entre 2,5 e 8,0 ppm. Os autores ainda analisaram a rebrota das forrageiras
nativas após a prática da queimada e encontraram níveis alto de molibdênio ( acima
de 25 ppm) e baixos de cobre (4 - 4,5 ppm). Esses resultados obtidos correspondem
apenas a análises executadas no período da seca.
Camargo et al. (1980), também trabalhando na região Amazônica,
analisaram amostras de fígado, soro e forrageiras em 20 propriedades. Os teores
de cobre médios encontrados nas forrageiras variaram entre 3,22 e 12,09 ppm nas
águas e entre 2,3 e 6,85 ppm no período da seca. no tecido animal os toeres
médios de cobre no tecido hepático variaram entre 48 e 410 ppm no período das
águas e entre 31 e 255 ppm na seca. No soro sangüíneo, os teores médios de cobre
no período das águas variaram entre 0,057 e 0,13 mg/% e na seca variaram entre
0,046 e 0,13 mg/%. O molibdênio foi analisado apenas nas forrageiras e durante o
período das águas, variando entre 0,05 e 1,27 ppm. Os autores consideraram os
níveis médios de cobre sérico abaixo do normal no período das águas e os níveis de
cobre hepático acima da média tanto no período das águas quanto na seca. O cobre
nas forrageiras foi considerado baixo, apresentando níveis adequados em apenas
40
seis das empresas estudadas. Quanto ao molibdênio das forrageiras, os teores
foram considerados baixos.
Lopes et al. (1980 b), trabalhando na micro região de Mato Grosso de
Goiás, analisaram os teores de cobre em amostras de solo, forrageiras e tecido
animal em cinco municípios durante a estação chuvosa. Os teores de cobre nas
forrageiras variaram entre 5,39 e 9,17 ppm, com todos os municípios estudados
apresentando mais de 27% das amostras analisadas com teores de cobre abaixo de
4 ppm na matéra seca. Os teores médios de cobre hepático variaram entre 129,3 e
205,9 ppm, sendo considerados normais pelos autores. O fato da maioria dos
animais apresentarem teores hepáticos de cobre normais apesar das forrageiras se
apresentarem deficientes é explicado pela suplementação mineral que os animais
utilizados na pesquisa receberam.
Também autores estrangeiros, como Lebdosoekojo et al. (1980),
trabalhando na Colômbia, analisaram teores de cobre e molibdênio em forrageiras e
soro de vacas zebu, divididas em dois grupos, um recebendo somente sal como
suplementação e outro recebendo mistura mineral completa. As amostras foram
colhidas na época chuvosa e também na seca. O teor médio de cobre nas
forrageiras foi de 1,58 ppm no início do período chuvoso, 1,52 ppm no final do
período chuvoso e 2,04 ppm no período da seca, com diferença significativa entre
eles. Os teores médios de Cu sérico foram analisados apenas no final da estação
chuvosa e na estação seca. As vacas que receberam apenas NaCl apresentaram
teor médio de cobre sérico de 82,4 µg/100 ml no período chuvoso e 64,7 µg/100 ml
no período seco, sendo estes valores significativamente diferentes. Os animais que
receberam a mistura mineral apresentaram teor médio de cobre sérico de 99,8
µg/100 ml no período chuvoso e 59,2 µg/100 ml no período seco. Estes valores
também foram considerados significativamente diferentes. O fornecimento de
mistura mineral resultou em aumento nos teores séricos de cobre apenas no período
das chuvas, sem efeito significativo durante a seca. Os níveis de Mo foram
analisados apenas nas forrageiras e foram de 0,54 ppm no início das chuvas, 0,50
ppm no final das chuvas e 0,62 ppm no período da seca, não havendo diferença
significativa. Os autores ainda analisaram tecido hepático de bovinos machos jovens
e encontraram teores de cobre variando entre 146 ppm nas chuvas e 316 ppm na
seca nos animais que receberam apenas NaCl e entre 253 ppm nas chuvas e 430
41
ppm na seca nos animais que receberam mistura mineral. O molibdênio no tecido
hepático variou entre 4,67 ppm no período chuvoso e 4,24 ppm
no período seco para os animais que receberam somente NaCl e entre 3,74 ppm
nas chuvas e 4,04 ppm na seca para os animais que receberam mistura mineral.
Houve diferença significativa entre tratamentos tanto nas chuvas quanto na seca. A
suplementação mineral causou decréscimo nos níveis de Mo hepático.
Sousa et al. (1980) em trabalho realizado no Norte de Mato Grosso,
analisaram amostras de solo, forrageiras e tecido animal de seis fazendas nos
períodos seco e chuvoso. As concentrações médias de Cu nas forrageiras variou
entre 2,5 ppm na seca e 5,4 ppm nas chuvas, sem diferença significativa entre as
épocas. O teor médio de Cu hepático variou entre 250 ppm na seca e 196 nas
chuvas, existindo diferença significativa. O molibdênio nas forrageiras variou entre
1,6 ppm na seca e 2,3 ppm nas chuvas, sem diferença significativa. No fígado, o
molibdênio foi 2,5 ppm na seca e 2,7 ppm nas chuvas, sem diferença significativa.
Os teores médios de cobre nas forrageiras foram baixos em quatro das seis
fazendas estudadas. Os níveis hepáticos de cobre eram normais, mesmo com níveis
deficientes nas forragens devido à suplementação mineral. O Mo nas forragens foi
considerado normal em cinco das seis fazendas, mas mesmo na fazenda com níveis
tóxicos, os níveis hepáticos de Mo se encontravam normais.
Barros et al (1981), em trabalho realizado no Amazonas, analisaram
amostras de solo, pastagem e tecido animal (soro e fígado) de bovinos durante a
estação chuvosa. O teor médio de cobre na pastagem foi de 4 ppm , variando entre
2,20 e 8,80 ppm. Nos tecido animais, o cobre foi analisado apenas no fígado dos
animais, com média de 129 ppm e variando entre 26,40 e 225,30 ppm. Os autores
consideraram a região estudada deficiente em cobre. Não foram analisados os
teores de molibdênio.
Mendes et al. (1981), no Mato Grosso, analisaram amostras de fígado
coletadas por biópsia de 420 animais agrupados por idade e estado fisiológico e
encontraram níveis médios de cobre variando entre 199,4 ppm nas chuvas e 251,1
ppm na seca. Os níveis médios de molibdênio variaram entre 2,65 ppm nas chuvas
e 2,48 ppm na seca. Houve diferença significativa entre as épocas do ano tanto para
o Cu quanto para o Mo.
Sousa et al. (1983), estudando a resposta de novilhos nelorados à
suplementação mineral em pastagens de capim-colonião, dividiram os animais em
42
quatro grupos: A) NaCl +P+ microelementos; B) Mistura mineral Comercial; C) NaCl
+ P e D) NaCl. A forrageira foi analisada no início e no final do experimento e as
médias de cobre encontradas variaram entre 3,9 ppm no início e 9,4 ppm no final do
experimento. O Mo variou entre 0,25 ppm e 0,26 ppm no final do experimento. No
fígado, o cobre variou entre 184 e 210 ppm no início do experimento, sendo maior
nos animais que receberam apenas NaCl e menor nos animais que receberam NaCl
+ P + microelementos. No final do experimento o cobre variou entre 328 e 655 ppm,
sendo maior nos animais que receberam Nacl + P + microelementos e menor nos
animais que receberam mistura mineral comercial. Quanto ao molibidênio no fígado,
as médias variaram entre 1,8 e 3,6 ppm no início do experimento, sendo que foi
maior nos animais que receberam NaCl e menores nos animais que receberam NaCl
+ P. No final do experimento, o Mo hepático variou entre 1,0 e 2,1, sendo maior nos
animais que receberam NaCl + P + microelementos e menor nos animais que
receberam mistura mineral comercial.
Trabalhando na Amazônia, Camargo et al. (1985), analisaram amostras
de solo, forragens, soro sangüíneo e fígado em 13 empresas agropecuárias. Não foi
analisado molibdênio, apenas cobre. O teor médio de cobre nas forragens variou
entre 0,72 ppm e 9,06 ppm na seca e 4,94 ppm e 8,59 ppm nas chuvas, com 40%
das empresas apresentando forrageiras com níveis marginais ou deficientes de
cobre em qualquer época do ano estudada. O Cu sérico variou entre 0,05 e 0,08mg
na seca e entre 0,06 e 0,09 mg nas águas. No fígado o teor médio de cobre variou
entre 72,50 e 209 ppm na seca e 70,50 e 210 ppm nas águas. Apenas duas
propriedades estudadas apresentaram níveis médios de cobre hepático
inadequados.
Sousa et al. (1985), novamente avaliando a suplementação mineral de
novilhos de corte em pastagens de capim colonião, realizaram análises da forrageira
e de ossos, fígado e soro sangüíneo. O cobre e o molibdênio foram analisados nos
tecidos vegetais e no tecido hepático dos animais. Os animais foram distribuídos em
quatro tratamentos: A) sem suplementação mineral; B) NaCl; C) NaCl + P e D) NaCl
+ P + microelementos. Nas forrageiras, o teor médio de Cu variou entre 4,8 e 6,3
ppm, sem diferença significativa entre os pastos estudados. No caso do molibdênio,
os teores médios variaram entre 0,37 e 0,78 ppm, havendo diferença significativa
entre eles. No fígado, o teor médio de cobre variou entre 128 e 168 ppm, sendo o
menor nos animais que receberam NaCl e NaCl + P e o maior nos animais que
43
receberam NaCl + P + microelementos. Houve diferença significativa entre estes
valores. Quanto ao molibdênio, os teores médios no fígado variaram entre 2,1 e 2,4
ppm, sendo que não diferença significativa entre eles.
Brum et al. (1987 b), analisaram os níveis de cobre no solo, forrageiras e
fígado e vacas de corte em lactação na sub-região dos Paiaguás no Pantanal Mato-
grossense e encontraram teores de cobre variando entre 2,0 e 3,1 ppm nas
forrageiras e entre 155,3 e 236,7 ppm no tecido hepático, cm diferença significativa
entre as épocas do ano estudadas. Os autores explicam o fato dos animais
apresentarem níveis adequados de cobre hepático mesmo com as forrageiras
estudadas não apresentando níveis adequados de cobre para suprir as
necessidades dos animais com a possibilidade dos animais suprirem as suas
necessidades com outras espécies que não as estudadas, dada a grande variedade
de espécies forrageiras existentes na região estudada.
Pott et al. (1989 a), investigando a nutrição mineral de bovinos de corte na
região da Nhecolândia no Pantanal Mato-grossense, analisaram amostras de solo,
forragens e fígado bovino em quatro épocas do ano (novembro, fevereiro, maio e
agosto). Nas gramíneas, o Cu variou entre 1,0 e 14,9 ppm. No tecido hepático o
cobre variou entre 68 e 700 ppm. O molibdênio foi dosado apenas em uma época do
ano e variou entre 1,2 e 3,1 ppm, com média de 2,2 ppm. Os autores também
explicam níveis médios de cobre hepático satisfatórios com níveis deficientes de
cobre nas forrageiras atraés da possibilidade de consumo pelos animais de outras
forrageiras que não aquelas estudadas.
Pott et al. (1989 b), ainda no Pantanal Mato-grossense, mas na região do
Baixo-Piquiri, analisando amostras de solo, forrageiras e fígado em quatro épocas
do ano encontraram teores médios de cobre nas forrageiras variando entre 6,1 ppm
em agosto e 5,7 ppm em novembro. No fígado, os teores dios de cobre variaram
entre 129 ppm em novembro e 278 ppm em fevereiro, com diferenças significativas
entre as épocas do ano. Entretanto nas quatro épocas estudas os níveis médios de
cobre eram satisfatórios. Quanto a amplitude de concentração de Cu, em novembro
e fevereiro, 37 e 6 % dos animais apresentavam teores hepáticos de cobre abaixo
de 100 ppm, respectivamente.
Pott et al. (1989 e), agora na sub-região de Aquidauana no Pantanal
Mato-grossense, analisaram amostras de solo, plantas e fígado e cacas neloradas
em lactação nos meses de novembro, maio e agosto. Os teores médios de Cu nas
44
forrageiras variaram por época do ano entre 3,8 e 6,1 ppm e no fígado variaram
entre 228 e 284 ppm. Nas forrageiras, houve diferença significativa entre as épocas,
sendo maior em agosto e menor em novembro. No tecido hepático, não houve
diferença significativa entre as épocas estudadas.
Sousa et al. (1989), trabalhando em Roraima, analisaram amostras de
solo, forragens e tecido hepático durante a época seca e chuvosa e encontraram
níveis médios de molibdênio nas forrageiras variando entre 0,51 e 0,54 ppm. No
fígado, os teores médios de Mo variaram entre 2,11 na época chuvosa e 2,60 na
época seca, existindo diferença significativa entre elas. Quanto ao cobre, nas
forrageiras os teores dios variaram entre 1,5 e 3,6 ppm e no fígado variaram
entre 200 ppm nas chuvas e 205 ppm na seca, não havendo diferença significativa
entre eles.
Moraes et al. (1994), ao investigarem a relação de microelementos
minerais com a “cara inchada” dos bovinos, analisaram teores de cobre e
molibdênio em amostras de pastagens e fígado de animais em fazendas onde
ocorre a “cara inchada” na região Centro-Oeste e Norte do Brasil. Tanto os animais
doentes ou os sadios apresentaram alto índice de deficiência de cobre, com 43%
dos animais com cara inchada e 62% dos animais sadios apresentando deficientes.
Apenas 34% dos animais com cara inchada e 25% dos sadios apresentavam teores
normais de Cu hepático. O Mo hepático apresentou-se dentro dos limites normais ou
elevados, mas os autores não consideraram isso grande problema, uma vez que os
teores do elemento nas forrageiras se apresentou dentro dos limites adequados,
tanto nos pastos onde ocorria a cara inchada (0,796 ppm) como também nos pastos
onde não ocorria a cara inchada (2,062 ppm). Os autores não correlacionaram a
cara inchada com a deficiência de cobre, e sim que nas regiões estudadas, havia
severa deficiência de cobre.
Lisbôa et al. (1996), em trabalho sobre botulismo realizado no estado de
São Paulo, encontraram níveis hepáticos médios de cobre de 229,21 ppm, dentro
dos limites da normalidade.
Moraes et al. (1999), em trabalho realizado em várias regiões do Brasil,
encontraram deficiência de cobre nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Morais et al. (2000), estudando a variação sazonal de eletrólitos no
sangue de vacas aneloradas sob pastejo contínuo de Brachiarias decumbens,
45
encontraram teores séricos médios de cobre variando entre 0,51 e 1,07 µg/ml, com
média de 0,79 µg/ml em solo arenoso e entre 0,61 e 0,97 µg/ ml, com média de 0,81
µg/ml em solo argiloso. Apesar dos teores de Cu se apresentarem dentro da faixa de
normalidade durante todo o experimento, os valores mais elevados foram
observados nos meses de maior precipitação pluviométrica ( março) e os menores
nos meses de inverno (agosto) e início da primavera (outubro).
Em um trabalho realizado por Hoff et al. (2001) no Canadá, foram
colhidas amostras de fígado e soro de 55 vacas no abatedouro e a média de Mo
hepático encontrada pelos autores foi de 3,59 ppm.
Marques et al. (2003), trabalhando no Rio Grande do Sul, investigaram
mortes súbitas associadas à deficiência de cobre. Foram encontrados teores médios
de cobre hepático muito baixos (3,6 + 1,6 ppm), suspeitando de deficiência de cobre.
Os teores médios de Mo foram de 6,5 + 1,3 ppm. Coletaram também amostras de
pasto no local das mortes, encontrando valores normais de cobre ( 8,4 + 0,8 ppm) e
enxofre (0,2 % + 0,03), porém altos teores de ferro (522 + 122 ppm). Foi realizado
um experimento na propriedade onde ocorreram as mortes as mortes citadas
anteriormente. Foram utilizadas 20 novilhas, das quais 10 foram suplementadas com
cobre subcutâneo e as outras 10 fêmeas foram deixadas como grupo controle.
Análises dos teores séricos de Cu, S, Fe, Mo e ceruloplasmina foram realizadas a
cada dois meses, durante um ano, assim como análise de forragens para Cu, Mo, S,
Fe e proteína. Os teores médios de cobre variaram entre 1,76 e 10,34 µmol/l no
grupo controle e entre 3,86 e 10,61 nos animais suplementados e foram
significativamente maiores no grupo suplementado, porém a maioria dos animais
dos dois grupos apresentou teores abaixo do normal. Os teores médios de Fe sérico
(40,09 a 78,48 µmol/l) estiveram acima do normal em ambos os grupos. Na
forragem, os teores médios de cobre variaram entre 1,36 + 0,56 a 4,76 + 1,15ppm,
estando abaixo dos requerimentos. os toeres de Mo, estavam dentro da
normalidade (0,17 + 0,06 a 0,96 + 0,47 ppm). Os valores médios de S (0,21 + 0,04 a
0,5 + 0,17 ppm) e Fe (172,92 + 62,64 a 437 + 205,55), ocasionalmente alcançaram
níveis xicos. No final do experimento, quando os campos estavam inundados,
foram analisados a água e o pasto e encontrou-se níveis altos de Fe (169,23 + 83,49
ppm) e S (0,06 + 0,03 %) na água. No pasto submerso, os teores de Fe e S foram
respectivamente 469, 5 +
218,28 e 0,19 + 0,05 %. Os autores concluíram que as
mortes realmente foram causadas pela deficiência de cobre e que a principal causa
46
desta deficiência parece ser o alto teor de Fe nas pastagens e na água, porém ainda
os baixos teores de Cobre nas pastagens podem ter contribuído para a etiologia da
doença. Os autores ainda relacionaram a possibilidade da interação do cobre com
os altos teores de S presentes na água e ocasionalmente encontrados nas
pastagens.
Também no Rio Grande do Sul, Valle et al. (2003), trabalhando na região
da Depressão Central do Rio Grande do Sul, executaram experimento para detectar
prováveis deficiências minerais em vacas de corte, analisando tecidos animais e
forrageiras. Os animais foram analisados em quatro diferentes momentos do ciclo
reprodutivo: serviço (inseminação artificial), repasse por touros, final da gestação e
início da gestação. Os valores médios de Cu plasmático variaram de 9,06 a 12,06
mmol/L (0,57 e 0,77 mg/L), sendo menores no final da gestação e maiores no
período de repasse por touros. houve diferença significativa entre os valores no
final de gestação. Os valores médios de Cu encontrados na pastagem variaram de
6,50 a 9,00 ppm e foram considerados capazes de suprir as necessidades de cobre
dos animais, porém na gestação os animais podem sofrer deficiência devido as
maiores exigências nesse período. Os níveis médios de Mo nas pastagens foram de
0,15 ppm, considerados normais pelos autores. Ainda os autores aventam a
possibilidade de ocorrência de deficiências marginais de cobre devido aos altos
toeres médios de Fe nas pastagens ( 722 ppm).
Prestes et al. (2004), também trabalhando no Rio Grande do Sul,porém
na região centro-oeste deste estado, analisaram os níveis plasmáticos de Cu e outro
elementos em vacas de corte primíparas e multíparas, mantidas em campo nativo e
recebendo mistura mineral comercial completa. As amostras foram colhidas em três
diferentes períodos: final de gestação (FG), pico da lactação (PL) e entoure (E). Os
teores de Cu plasmático variaram entre 10,71 e 13,61 mmol/L (0,68 e 0,86 mg/L),
nas primíparas e 8,74 a 10,22 mmol/L (0,55 e 0,65 mg/L), nas multíparas,
considerados normais pelos autores, porém próximos ao níveis mínimos.Os níveis
plasmáticos individuais de Cu em 10% dos animais analisados estiveram abaixo dos
valores normais. Em ambos os grupos os maiores teores foram observados na
época do entouramento.
47
Quadro 5 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores de cobre nos animais e nas forrageiras
Autores Região/ Estado Animais Valores Hepáticos
(ppm)
Tipo Colheita Valores Séricos
mg/100 mL
Valores Forrageiras
(ppm)
Suplementação
Tokarnia et al.
(1971)
RJ; ES; SC; MT;
PI;AP;
Acima de 9 meses 3,2 -642 necropsia - - Não informada
Fernandes &
Camargo (1976)
AM; PA; MT Não informado 31 -291 necropsia 0,05 -0,12 2,5 - 8,0 Não informada
Camargo et al.
(1980)
AM; PA; MT Bovinos à pasto 48 – 410 (águas)
31 -255 (seca)
necropsia 0,057 – 0,13 (águas)
0,043 – 0,13
(seca)
3,22 -12,09 Não informada
Lopes et al. (1980 a) GO Vacas, novilhos e
bezerros
129,3 - 205,9 necropsia - 5,39 -9,17 Irregular, não
informada
Sousa et al. (1980) MT Não informada 196 (chuvas)
250 (chuvas)
Não inoformada - 2,5 – 5,4 Não informada
Barros et al. (1981) AM o informado 26,40 -225,40 não informada - 2,2 – 8,80 54% criadores
suplementavam
Mendes et al. (1981) MT Mestiços zebu 199,4 (chuvas)
251 (secas)
biopsia - - Suplem. minerais
comerciais
Sousa et al. (1983) MS Novilhos nelorados,
2 anos
184 – 210 (início)
328 – 655 (final)
biopsia - 3,9 (início)
4,9 (final)
NaCl + P + micro
Comercial
NaCl + P e NaCl
Camargo et al.
(1985)
Amazônia Não informado 72,50 - 209 (seca)
70,50 – 210 (águas)
Não informada 0,05 -0,08 (seca)
0,06 – 0,09 (águas)
0,72 – 9,06 (seca)
4,94 -8,59 (chuvas)
Não informada
Sousa et al. (1985) MS Novilhos nelorados,
18 meses
128 - 168 biopsia - 4,8 -6,3 Sem minerais;
NaCL; NaCl + P e
NaCl + P + micro
Brum et al. (1987) MT Vacas em lactação 155,3 -236,7 Não informada - 2,0 -3,1 Não informada
Pott et al. (1989a) MT Não informado 68 - 700 biopsia - 1,0 -14,9 Não Informada
Pott et al. (1989b) MT Não informado 129 -278 biopsia - 5,7 -6,1 Não Informada
Pott et al. (1989c) MT Vacas em lactação 228 -284 biopsia - 3,8-6,1 Não Informada
Sousa et al. (1989) RR Vacas em lactação 200 (chuvas)
205 (seca)
biopsia - 1,5 - 3,6 Não informada
Moraes et al. (1994) MS Não informada Deficiência de cobre
(sadios e cara
inchada)
necropsia - 7,90 -8,11 regiões onde há
“cara inchada”
Lisbôa et al. (1996) SP Vacas nelore 229,21 necropsia - - Suspeita botulismo
Morais et al. (2000) MG Vacas neloradas - - 0,79 (solo arenoso)
0,81 (solo argiloso)
Não informado Não informado
Marques et al.
(2003)
RS Novilhas 3,6 necropsia 0,11–0,65 (controle)
0,24-0,66
(suplementados)
8,4 Suspeita deficiência
de cobre
Valle et al. (2003) RS Vacas - - 0,57 – 0,77 6,5 -9,0 Não informado
Prestes et al. (2004) RS vacas - - 0,68 -0,86
(primíparas)
0,55 -0,65
(multíparas)
- Não informado
48
Quadro 6 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores de molibdênio nos animais e nas forrageiras.
Autores Região/ Estado Animais Valores
Hepáticos (ppm)
Tipo Colheita Valores
Forrageiras
(ppm)
Suplementação
Fernandes &
Camargo (1976)
AM; PA; MT Não informado - - 25 Não informada
Camargo et al.
(1980)
AM; PA; MT Bovinos à pasto - - 0,05 -1,27 Não informada
Sousa et al.
(1980)
MT Não informada 2,5 (seca)
2,7 (chuvas)
Não inoformada 1,6 (seca)
2,3 (chuvas)
Não informada
Mendes et al.
(1981)
MT Mestiços zebu 2,65 (chuvas)
2,48 (seca)
biopsia - Suplem. minerais comerciais
Sousa et al.
(1983)
MS Novilhos
nelorados,
2 anos
1,8 e 3,6 (início)
10 e 2,1 (final)
biopsia 0,25 (início)
0,26 (final)
NaCl + P + micro
Comercial
NaCl + P e NaCl
Sousa et al.
(1985)
MS Novilhos
nelorados, 18
meses
2,1 - 2,4 biopsia 0,37 e 0,78 Sem minerais; NaCL; NaCl + P e
NaCl + P + micro
Pott et al.
(1989a)
MT Não informado 1,2 – 3,1 biopsia - Não Informada
Sousa et al.
(1989)
RR Vacas em
lactação
2,11
(chuvas)
2,60 (seca)
biopsia 0,51 - 0,54 Não informada
Moraes et al.
(1994)
MS Não informada Elevados ou
normais
necropsia 0,076 – 2,06 regiões onde há “cara inchada”
Marques et al.
(2003)
RS Novilhas 6,5 necropsia 8,4 Suspeita deficiência de cobre
Valle et al.
(2003)
RS Vacas - - 0,15 Não informado
49
2.2.3. Ferro
É o microelemento mais abundante no organismo animal e seu valor
como constituinte da dieta é conhecido 2000 anos (Underwood & Suttle, 2001).
O ferro existe no corpo animal principalmente sob forma de complexos ligados à
proteína (hemoproteína), como compostos heme (hemoglobina e mioglobina), como
heme enzimas (citocromos mitocondrial e microssomial, catalase e peroxidase) e
como compostos não heme (enzimas flavina-Fe, transferrina e ferritina) (McDowell,
1999). Mais de 50% do ferro no organismo animal está presente na molécula de
hemoglobina (Barcellos, 1992).
O ferro está presente em todo organismo vivo, variando seu conteúdo do
nascimento até a maturidade e a maior parte do ferro no organismo animal está
ligado a proteínas (McDowell, 1992) e seus requerimentos para os animais
domésticos são influenciados pela idade, taxa de crescimento e disponibilidade na
dieta (Kaneko, 1989).
A absorção de ferro é maior em animais jovens que em adultos e também
maior em animais deficientes que em animais suficientes em ferro, e sua absorção
acontece por todo o trato gastrintestinal, sendo o principal local o duodeno
(Underwood, 1983). A redução do ferro em estado férrico para ferroso favorece a
absorção, que é favorecida em pH ácido. Portanto, o pH do abomaso, ácido
ascórbico, outros ácidos orgânicos e vários aminoácidos vão aumentar o transporte
do ferro através da mucosa (Graham, 1991). Por outro lado, a ingestão de altas
quantidades de zinco, cobre, cobalto, cádmio, manganês e fósforo podem causar
diminuição da absorção de ferro e aumentam suas necessidades, pois competem
pelos mesmos locais de absorção na mucosa intestinal (Underwood, 1983;
Graham,1991; McDowell, 1992).
Após ser absorvido, o ferro é estocado no fígado e não é rapidamente
excretado pelo organismo, o que torna difícil o aparecimento de deficiências em
bovinos adultos a não ser em casos de altas infestações por ecto e endoparasitas
hematófagos, hemorragias ou doenças (Barcellos, 1992). Outro fator que contribui
para a baixa incidência de deficiência de ferro em bovinos adultos é a presença de
concentrações adequadas do elemento nas forrageiras e pela contaminação das
mesmas por partículas de solo ricas em ferro. (McDowell, 1999).
50
A possibilidade de deficiência de ferro aumenta em animais jovens que
recebem dietas exclusivas de leite ou suscedâneos ou que são confinados e
recebem quantidades mínimas de ferro ( Underwood & Suttle , 2001).
Os sinais de deficiência de ferro são anemia microcítica hipocrômica,
crescimento lento, letargia, palidez das mucosas visíveis, aumento dos rítmos
cardíacos e respiratório, redução da resistência à infecções e em casos severos, alta
mortalidade ( Underwood, 1977).
Segundo o NRC (2000), as necessidades de ferro para bovinos de corte
são de aproximadamente 50 mg/kg da dieta. Provavelmente as necessidades das
categorias mais velhas sejam menores, uma vez que existe a reciclagem do ferro
quando ocorre a destruição das hemácias velhas (Underwood, 1977).
O diagnóstico das deficiências de ferro em rebanhos pode ser feito
utilizando-se os níveis de ferro no soro, capacidade total de ligação com o ferro, o
valor percentual de saturação da transferrina, os valores da hemoglobina e o
hematócrito (McDowell, 1999).
Não ocorrem grandes problemas com intoxicação, mas grandes
quantidades na dieta ou na água podem ser prejudiciais (McDowell, 1992). Os níveis
máximos tolerados por bovinos, segundo o NRC (2000), são de 1000 mg/kg na
dieta. Speers (2003), em sua revisão sobre biodisponibilidade de microminerais em
ruminantes, afirma que a adição entre 250 e 1200 mg de ferro na dieta causa
grande redução dos níveis de cobre em bovinos.
Mullis et al. (2003), em estudo para determinar o efeito da raça e fontes
de cobre e zinco sobre os níveis de minerais de garrotes recebendo altos níveis de
ferro na dieta, concluíram que 1.000 mg de ferro / kg da dieta apresentam efeito
deletério sobre os níveis de cobre de bovinos. Ambas as fontes de cobre testadas
não foram capazes de neutralizar os efeitos adversos do ferro em excesso sobre os
teores de cobre no organismo dos animais. ealizado
No Brasil, Guimarães et al. (1992), em experimento realizado em Minas
Gerais, encontraram teores médios de Fe sérico variando entre 2,23 no período
chuvoso e 2,13 no período seco. Nas forrageiras, o ferro variou entre 3783,33 na
época das chuvas e 2066,67 no período seco. Os teores médios de cobre sérico
foram de 0,03 ppm e no fígado variaram entre 45 (chuvas) e 43,33 (seca), entretanto
os autores não relacionaram os baixos teores de cobre com altos teores de ferro na
dieta
51
2.3.4 Manganês
O Manganês é essencial para as plantas e animais e foi reconhecido pela
primeira vez como mineral indispensável para o crescimento e reprodução em ratos
em 1931, porém somente em 1951 demonstrou-se a deficiência de manganês em
ruminantes (Underwood & Suttle, 2001).
A absorção ocorre por toda a extensão do intestino delgado e é
influenciada por outros elementos como o cálcio, fósforo e ferro (McDowell, 1992;
Barcellos, 1992). A absorção deste elemento é maior no abomaso que no rúmen,
levando à interpretação de que pode haver influencia do pH na dissociação dos
complexos de manganês (Graham, 1991). Em sua revisão sobre biodisponibilidade
de micronutrientes em ruminante, Spears (2003) cita que a absorção de manganês
da dieta é baixa em ruminantes (1%) e que pode sofrer interferência de altas
concentrações de fósforo e cálcio na dieta.
A absorção e a retenção de manganês o influenciadas pela idade dos
animais e pela concentração do elemento na dieta, sendo maior em animais recém
nascidos que em adultos (Graham,1991).
O transporte do manganês absorvido no intestino delgado é feito pela
transferrina até o fígado, onde o excesso é excretado parcialmente via bile. A
medida que aumentam as quantidades de manganês absorvido, aumentam também
as quantidade do elemento excretados via fezes ( Underwood & Suttle, 2001).
O manganês é amplamente distribuído pelo organismo, sendo encontrado
em concentrações mais elevadas nos ossos, fígado, rins e pâncreas que nos outros
órgãos. Por outro lado, o músculo esquelético é o tecido que apresenta a menor
concentração deste elemento (Underwood, 1977).
O manganês atua como ativador de glicotransferases, as quais são
necessárias para a síntese de mucopolissacrarídeos nas matrizes cartilaginosas e
ósseas. Também está presente na piruvato carboxilase, metaloenzima envolvida no
metabolismo de carboidratos (Corah & Ives, 1991).
Segundo o NRC (2000), os requerimentos de manganês para gado de
corte em crescimento ou terminação são de 20 mg/kg da dieta, enquanto que para a
reprodução os requerimentos são de 40 mg/kg.
A maioria dos alimentos apresenta concentrações adequadas de Mn e em
condições de pastejo, o Mn depois do Ferro é o elemento que menos necessita de
cuidados com sua suplementação (McDowell, 1999).
52
Apesar das deficiências de manganês não serem muito comuns em
ruminantes em condições a pasto, pastagens com baixas concentrações de
manganês são encontradas na Argentina, Brasil, Costa Rica e Panamá (McDowell &
Conrad, 1977). Tokarnia et al. (2000), em um trabalho de revisão citaram a
ocorrência de deficiência de Mn em todas as regiões do Brasil (Sul, Sudeste,
Nordeste, Centro-Oeste e Norte).
Os níveis teciduais e sangüíneos de manganês não são bons indicadores
da condição do elemento no organismo, devido a sua grande variação, não pela
variação entre indivíduos e até a cnica utilizada para a dosagem do elemento
(Corah & Ives, 1991). Além disso, as concentrações de Mn no sangue, ossos, pelos
e fígado pouco diminuem em animais com deficiência deste elemento (Underwood &
Suttle, 2001). O diagnóstico definitivo é dado associando-se os dados dos teores de
manganês no tecido animal, na dieta e ainda a resposta ao tratamento.
Teores hepáticos de Mn abaixo de 6 ppm, associados a níveis na dieta
menores que 20 ppm caracterizam deficiência de manganês (McDowell, 1992).
Fernandes & Camargo (1976), em trabalho realizado em nove regiões da
Amazônia, no período da seca, encontraram valores médios de manganês no
fígado entre 5,71 a 99 ppm, com a maioria das médias encontradas nas várias
regiões estudadas entre 8,0 e 20 ppm, e no capim entre 60 e 173 ppm.
Lebdosoekojo et al. (1980), trabalhando nas planícies da Colômbia,
encontraram em touros jovens recebendo suplementação mineral, teores médios de
Mn hepático de 9,3 + 0,2 ppm na estação chuvosa e 11,2 + 0,9 ppm na estação
seca. Já os animais que receberam apenas sal comum apresentaram teores médios
de Mn hepático de 10,4 + 0,5 ppm nas chuvas e 11,3 + 0,7 ppm no período seco.
Nem a suplementação mineral, nem a época do ano causaram variação significativa
nos teores médios de Mn hepático. Nas forragens, os teores médios de manganês
foram maiores na estação seca (217,0 + 13,0 ppm) em comparação com o início do
período chuvoso (158,0 + 7,0 ppm) e o final do período chuvoso (157 + 13,0 ppm).
Camargo et al. (1980) em estudo sobre minerais de interesse para a
pecuária em várias regiões da Amazônia Legal analisaram amostra de solo,
forrageiras, soro e fígado não encontraram deficiência de manganês nas regiões
estudadas. Os níveis de Mn hepático variaram entre 5,5 e 20 ppm tanto no período
das águas quanto no período seco. Nas forrageiras, os níveis de Mn foram menores
53
no período das águas (média aritmética das 20 empresas = 74 ppm) que no período
da seca (média aritmética = 149 ppm).
Em outro trabalho, Sousa et al. (1981), estudaram seis fazendas no norte
do estado do Mato Grosso e analisaram amostras de solo, forrageiras e tecido
animal nas estações seca e chuvosa. Os níveis de Mn nas forrageiras das seis
fazendas estudadas atendiam às exigências dos bovinos nas duas épocas
estudadas (seca - 204 + 51 ppm; chuvas-87 + 53 ppm). Entretanto, cinco das seis
propriedades apresentaram níveis de Mn hepático deficientes, piorando na época
das chuvas (seca 8 + 2 ppm; chuvas- 4 + 2ppm). Os autores concluíram que este
fato se devia a uma alta concentração de ferro nas forrageiras e de uma grande
suplementação com cobalto, o que provoca efeitos tóxicos na absorção e utilização
de manganês.
Mendes et al. (1981), trabalhando em seis propriedades no Mato Grosso
também encontraram teores hepáticos de Mn menores no período das chuvas (4,20
+ 0,137 ppm) que no período seco (8,16 + 0,115 ppm), com deficiência em todas as
fazendas estudadas no período chuvoso e deficiência em 3 fazendas no período
seco.
Barros et al. (1981), coletaram nos municípios de Manaus, Itacoatiara e
Parintins, no Estado do Amazonas, amostras de solo, forragens, sangue e fígado
para determinação dos principais minerais de interesse na nutrição de bovinos,
durante a época chuvosa. Os teores dios de Mn tanto nas forragens (94 ppm)
quanto no fígado (12 ppm) foram considerados normais. Os teores de manganês na
forragem variaram entre 26,60 a 172 ppm, enquanto os teores hepáticos do
elemento variaram entre 5,4 e 20,40 ppm.
No estudo de Sousa et al. (1983), para se determinar possíveis
deficiências minerais em novilhos nelorados em pastagem de capim colonião no
Mato Grosso, os níveis hepáticos de Mn tanto iniciais como finais dos 4 tratamentos
realizados foram considerados adequados, variando de 13 + 5,4 ppm a 22 + 9,5 ppm
no início do experimento e de 19 + 4,9 ppm a 27 + 2,3 ppm no final do experimento.
Nas forrageiras, os níveis médios de manganês tanto no início (88 +- 37 ppm), como
o final do experimento (123 +- 25 ppm) foram considerados adequados.
Em outro estudo de Sousa et al. (1985), para se avaliar possíveis efeitos
da suplementação mineral sobre ganho de peso de novilhos nelorados em
pastagens de capim colonião adubadas, os níveis hepáticos de Mn não
54
apresentaram diferenças significativas entre os quatro tratamentos realizados e não
se apresentaram deficientes (21 + 09 ppm a 24 + 12 ppm). Nas forrageiras os teores
médios de Mn nos pastos do experimento também se apresentaram adequados (115
+ 0,78 a 130 + 1,10 ppm).
Em um estudo realizado em seis regiões de Roraima, Sousa & Darsie
(1986), buscaram determinar deficiências minerais em bovinos. Foram coletadas
amostras de solo, forrageira e fígado de vacas em lactação e bezerros entre 1 e 2
anos, em duas estações (seca e chuvosa). Os níveis dios de Mn nas forrageiras
foram maiores na seca ( 116 + 91 ppm) que na estação chuvosa (94 + 42 ppm). No
tecido hepático os níveis médios de Mn tanto dos jovens como das vacas o
apresentaram diferença significativa entre as estações seca e chuvosa (Vacas:
seca- 27 + 10 ppm; chuvas – 23 + 11 ppm / Jovens: Seca- 26 + 11 ppm; chuvas – 23
+ 10 ppm). Tanto os teores médios de Mn do fígado como das forrageiras foram
considerados satisfatórios.
No trabalho de Brum et al. (1987 b), os níveis médios de manganês nas
forrageiras (272 a 477 ppm) e no tecido hepático (31,5 a 35,2 ppm) foram
considerados normais em todas as quatro épocas estudadas (agosto, novembro,
fevereiro e maio).
Pott et al. (1989 a), em seu trabalho na região da Nhecolândia no Mato
Grosso, encontraram níveis hepáticos médios mais baixos em novembro (22 + 8
ppm) que nas outras épocas estudadas (54 + 26 a 63 + 36 ppm). Nas forrageiras, os
níveis de Mn variaram entre 76 e 1638 ppm em novembro; 82 a 2563 ppm em maio
e 119 a 2111 ppm em agosto. Em maio e agosto, respctivamente 26 e 14 % das
amostras apresentaram mais de 1000 ppm de Mn. Os autores pressupõem a
ocorrência de toxidez de manganês pelo menos no final da época chuvosa (maio),
tanto por efeito direto como indireto, pela interrelação com outros nutrientes.
Em trabalho semelhante, porém na região do Baixo Piquiri, Pott et al.
(1989b) os níveis de Mn variaram de 51 a 631 ppm em agosto e de 30 a 546 ppm
em novembro, não havendo diferença significativa entre as épocas embora os níveis
fossem mais elevados em agosto. Os níveis hepáticos do elemento em vacas
também não apresentaram variação significativa entre as épocas estudadas, embora
havia tendência para ser maior em maio que, segundo os autores, devido ao
alagamento os animais consomem plantas com concentrações maiores de
manganês.
55
Na região de Aquidauana, Pott et al. (1989 e), encontraram níveis
hepáticos de Mn, por época, variando de 25 a 35 ppm, sendo significativamente
maior em novembro. Os níveis de Mn nas forrageiras foram considerados altos, com
55 % das amostras apresentando teores entre 100e 400 ppm. Não houve diferenças
significativas entre as épocas estudadas, tanto no fígado quanto nas forragens.
Em seu estudo sobre “cara inchada” dos bovinos e microelementos
minerais, Moraes et al. (1994), encontraram valores de Mn hepático variando de 2,5
a 14,4 ppm nos animais com cara inchada e de 3,7 a 14,9 ppm nos animais sadios,
sendo que a maioria dos animais nos dois grupos apresentou valores hepáticos do
elemento dentro da normalidade. Quatro animais que foram curados e transferidos
para propriedades livres de cara inchada, apresentaram níveis normais de Mn no
fígado (10,7 a 11,7). As forrageiras analisadas apresentaram níveis de manganês
elevados, e tanto nos pastos positivos para cara inchada (168,24 ppm) como os
pastos negativos para cara inchada (170,76 ppm).
Lisbôa et al. (1996), em seu trabalho sobre botulismo no estado de São
Paulo, encontraram níveis médios normais de manganês no tecido hepático (10,66
ppm).
Moraes et al. (1998), em estudo sobre doenças de bovinos e ovinos que
pudessem ser causadas por deficiências minerais em diversas regiões do Brasil,
encontraram níveis de manganês no fígado abaixo do normal (6,2 a 12 ppm) em
mais da metade dos animais estudados nos estados do Amapá, Ceará (município de
Pacatuba). Ainda foram encontrados valores baixo de manganês em pouco menos
da metade das amostras analisadas no município de Aracati, CE; no estado do
Espírito Santo e no sul do Rio de Janeiro.
Em seu estudo sobre deficiências e desequilíbrios de microelementos em
bovinos e ovinos, Moraes et al. (1999) encontraram teores hepáticos de Mn dentro
da normalidade na maioria das regiões estudadas. Valores baixos de Mn hepático
foram encontrados no nordeste de Minas Gerais e em animais diagnosticados com
a “doença do peito inchado”. valores elevados foram encontrados no Rio Grande
do Sul (até 73,2 ppm).
Hoff et al. (2001) realizaram determinação de valores de microminerais e
vitamina E em vacas de corte em Ontário e encontraram valores hepáticos de
manganês entre 5,3 e 13 ppm (média de 8,55 ppm), com 18% dos animais
56
deficientes em manganês. As amostras de tecido foram coletadas após o abate dos
animais.
Aholla et al. (2004), em seu estudo para avaliar o efeito de suplementação
de microminerais sobre a reprodução, o “status” mineral e desempenho de gado de
corte, encontraram valores hepáticos de Mn dentro da normalidade entre os três
tratamentos (6,7 a 9,2 ppm). No final do primeiro ano, o grupo controle apresentou
teores hepáticos de manganês menores que nos grupos que receberam
suplementação. no final do segundo ano, os animais de grupo controle
apresentaram resultados maiores que os grupos que receberam suplementação
mineral. Não houve diferença significativa entre o tratamento com fontes orgânicas
de minerais e aquele apenas com fontes inorgânicas.
57
Quadro 7 - Trabalhos realizados no Brasil que analisaram teores de manganês nos animais e nas forrageiras.
Autores Região/
Estado
Animais Valores Hepáticos
(ppm)
Tipo Colheita Valores
Forrageiras
(ppm)
Suplementação
Fernandes &
Camargo (1976)
AM; PA; MT Não informado 5,71 - 99 necropsia 60 - 173 Não informada
Camargo et al.
(1980)
AM; PA; MT Bovinos à pasto 5,5 -20 necropsia 74 (águas)
149 (seca)
Não informada
Sousa et al. (1981) MT Não informada 87 (chuvas)
204 (seca)
Não
inoformada
4,0 (chuvas)
8,0 (seca)
Não informada
Barros et al. (1981) AM Não informado 5,4 -20,4 não informada 26,60 - 172 54% criadores suplementavam
Mendes et al. (1981) MT Mestiços zebu 4,20 (chuvas)
8,16 (secas)
biopsia - Suplem. minerais comerciais
Sousa et al. (1983) MS Novilhos
nelorados,
2 anos
13 a 22 (início)
19 a 27 (final)
biopsia 88 (início)
123 (final)
NaCl + P + micro
Comercial
NaCl + P e NaCl
Camargo et al.
(1985)
Amazônia Não informado 72,50 - 209 (seca)
70,50 – 210
(águas)
Não
informada
0,72 – 9,06
(seca)
4,94 -8,59
(chuvas)
Não informada
Sousa et al. (1985) MS Novilhos
nelorados, 18
meses
21 - 24 biopsia 115 -130 Sem minerais; NaCL; NaCl + P e
NaCl + P + micro
Sousa & Darsie
(1986)
Vacas em
lactação
Bezerros 1-2
anos
Vacas: 27 (seca) e
23 (chuvas)
Jovens: 26 (seca)
e 23 (chuvas)
biopsia 116 (seca)
94 (chuvas)
nãoinformada
Brum et al. (1987) MT Vacas em
lactação
31,5 a 35,2 Não informada 277 - 477 Não informada
Pott et al. (1989 a) MT Não informado 22 a 63 biopsia 76 a 2563 Não Informada
Pott et al. (1989 b) MT Não informado 29 a 43 biopsia 30 a 631 Não Informada
Pott et al. (1989 e) MT Vacas em
lactação
25 a 35 biopsia 100 - 400 o Informada
Moraes et al. (1994) MS Não informada 2,5 a 14,4
(cara inchada)
3,7 a 14,9 (sadios)
necropsia 168,24 - 170,76 regiões onde há “cara inchada”
Lisbôa et al. (1996) SP Vacas nelore 10,66 necropsia - Suspeita botulismo
58
2.3.5. Selênio
Durante muito tempo o interesse sobre o selênio se limitou a seus efeitos
tóxicos sobre os animais. A partir de 1957, evidências sobre a necessidade da
presença deste elemento nas dietas foram encontradas. Neste ano, Swartz e Foltz
demonstraram que a necrose hepática que se desenvolve em ratos submetidos a
certas dietas poderia ser prevenida com suplementação de selênio (Underwood &
Suttle, 2001). A partir desta descoberta, os pesquisadores rapidamente voltaram seu
interesse sobre o selênio, seu metabolismo e sua relação com a vitamina E. O Se
passou a ser considerado como elemento essencial para ruminantes quando este
elemento mostrou prevenir a distrofia muscular de origem nutricional, conhecida
como doença do músculo branco (Barcellos, 1992).
A absorção do Se nos ruminantes ocorre principalmente no duodeno e no
ceco, sendo menor nestes animais que nos monogástricos (McDowell, 1992). Nos
ruminantes, a taxa de absorção do elemento é cerca de 40% do Se da dieta,
provavelmente pela redução deste a formas insolúveis no rúmen (Graham, 1991).
No plasma, o selênio absorvido é transportado associado a proteínas, até
penetrar nos tecidos (McDowell, 1992), e está presente em todos os tecidos do
organismo animal em concentrações que variam de acordo como o tipo do tecido, o
nível e a forma química do Se presente na dieta (Underwood, 1977). Segundo
Graham (1991), em sua revisão sobre deficiências de microminerais em bovinos, as
formas orgânicas de selênio são melhores absorvidas que as formas inorgânicas.
Os tecidos que apresentam maior concentração de Se o o fígado e os
rins, com concentrações bem menores nos músculos, ossos e sangue, com os
menores níveis no tecido adiposo (Underwood, 1977).
A excreção do selênio se pela urina, fezes, e respiração, sendo que a
rota de eliminação depende de vários fatores como a forma do Se administrado,
níveis ingeridos, composição da dieta, incluindo antagonistas (McDowell, 1992).
A via principal para excreção do Se é a urinária e um mecanismo de limiar
parece controlar concentrações excessivas de selênio no plasma (Graham, 1991).
Nos ruminantes, a secreção do elemento é dependente do método de
administração, sendo maior pelas fezes quando fornecida por via oral e maior pela
urina quando injetada (McDowell, 1992). A excreção por via respiratória é
aumentada quando a ingestão do Se é elevada, embora essas perdas são
consideradas mínimas na maioria das circunstâncias (Kaneko,1989).
59
O selênio é necessário para o crescimento e fertilidade dos animais e
para a prevenção de várias doenças, que apresentam respostas variáveis à vitamina
E (Underwood & Suttle, 2001).
A função básica do selênio no organismo animal é ativar a enzima
glutationa peroxidase, cuja função é destruir os peróxidos de hidrogênio e lipídeos,
função esta de grande importância para a manutenção das membranas celulares.
Esta enzima é amplamente distribuída nos órgãos tecidos e fluídos corporais. A
vitamina E está relacionada com o selênio nesta função, evitando a formação de
peróxidos, mas, uma vez formados, só podem ser destruídos pelo selênio (Barcelos,
1992).
Os requerimentos de selênio para gado de corte o de 0,1 mg/Kg na
dieta, sendo a concentração máxima tolerável de 2,0 mg/kg (NRC, 2000).
As concentrações de selênio nas plantas variam muito com a espécie e
os teores do elemento no solo. O consumo de forragens apresentando teores
menores que 0,1 ppm de Se podem desencadear deficiência, da mesma maneira
que concentrações mais elevadas (maiores que 5,0 ppm) podem causar intoxicação
(McDowell & Conrad, 1977). Existe uma interrelação complexa entre o Se e a
vitamina E, uma vez que um pode alterar ou reduzir o requerimento do outro, sem
serem capazes de se substituir (McDowell, 1999).
São descritas em animais criados a pasto três diferentes tipos de
síndromes de deficiência de selênio: “doença do sculo branco” em cordeiros e
bezerros jovens ou recém nascidos; crescimento retardado, que pode acontecer
sem que se consiga relaciona-lo com qualquer outra doença e infertilidade
(McDowell & Conrad, 1977).
Ortolani (1989), em seu trabalho de revisão sobre deficiência de selênio
nos animais domésticos do Brasil, cita que a retenção de placenta em vacas de
corte pode ser prevenida com a suplementação de selênio.
Apesar de poucos estudos sobre deficiência de selênio no Brasil,
Tokarnia et al. (2000), citam a ocorrência de deficiência deste elemento em todas as
regiões do Brasil, exceto a região Nordeste.
No Brasil, em um trabalho realizado por Lucci et al. (1984 b), foram
estudadas 12 regiões do estado de São Paulo e apenas uma delas (Vale do
Ribeira) apresentava níveis satisfatórios de Se para ruminantes (acima de 0, 1 ppm)
60
e em todas as regiões estudadas as concentrações de Se foram maiores na estação
chuvosa que na seca.
Tanto as deficiências quanto as intoxicações de Se, podem ser
determinadas através da dosagem do elemento no tecido hepático e no soro
sangüíneo (Tokarnia, 2000). A dosagem da glutationa peroxidase no sangue, da
qual o selênio é componente essencial, também é freqüentemente utilizada com fins
diagnósticos (McDowell, 1992).
Corah & Ives (1991), citam que para um diagnostico correto, deve-se
utilizar os sinais clínicos, análises de solo, forragens, sangue, tecidos e a resposta
ao tratamento. Estes mesmos autores citam ainda o fígado como o melhor tecido
para se determinar o “status” de Se e consideram os valores entre 0,25 e 0,50 ppm
adequados e níveis abaixo de 0,20 ppm como deficientes.
No Brasil, existe uma insuficiência de dados para se saber a importância
da deficiência de selênio em bovinos no Brasil, com poucos levantamentos à base
de análises de amostras de fígado e soro (Tokarnia et al., 1999).
Em um trabalho realizado em várias regiões do estado de São Paulo,
Lucci et al. (1984 a), analisando níveis de selênio no soro sangüíneo, constataram
deficiência em 78% das vacas amostradas em 80 rebanhos leiteiros, com exceção
de uma região , no vale do Ribeira. As médias de cada região estudada (12 no total),
variaram entre 0,018 e 0,059 ppm. Quanto ao período de colheita, não houve
diferença significativa, com média de selênio sérico variando entre 0,029 ppm nas
chuvas e 0,028 ppm na estiagem.
Moraes et al. (1995), com o intuito de avaliar a sensibilidade da técnica de
geração de hidretos para a determinação de teores de selênio em fígado de bovinos,
encontraram teores médios do elemento variando entre 0,28 e 0,65 µg/g (ppm).
Moraes et al. (1999), analisando amostras de fígado em várias regiões do
Brasil com o intuito de determinar a ocorrência de deficiências e desequilíbrios de
microelementos em bovinos e ovinos, encontraram deficiência de selênio no estado
Mato Grosso do Sul, no município de Corumbá, com teores variando entre 0,02 e
0,03 ppm. Nos demais municípios, variou entre 0,02 e 0,88 ppm, com apenas três
amostras consideradas deficientes pelos autores. Em Roraima, o selênio foi
considerado alto, variando entre 0,38 e e 2,05 ppm. No Amazonas e no Pará, variou
entre 0,13 e 1,25 ppm. No Rio de Janeiro, o Se hepático variou entre 0,44 e 0,65
ppm e no Rio Grande do Sul variou entre 0,05 e 0,56 ppm.
61
Hoff et al. (2001), trabalhando em abatedouros em Ontario encontraram
valores de selênio no tecido hepático, entre 0,3 e 1,40 ppm, com 0,81 ppm de
média, enquanto os níveis de Se encontrados no sangue variaram de 0,02 a 0,18
ppm, com média de 0,09 ppm. As médias encontradas pelos autores foram
consideradas abaixo do intervalo considerado normal (0,17 a 1,2 ppm no soro e 0,9
a 3,5 ppm no fígado). Por essa razão consideraram a existência de deficiência de
selênio na região de Ontário, no Canadá.
Gil et al. (2004), em trabalho realizado na Argentina, analisaram níveis de
selênio no solo, forrageiras e plasma de bovinos de uma fazenda de gado de corte.
Os teores de Se nas amostras de solo foram consideradas altas (entre 3,4 e µg/g
MS), acima do intervalo considerado normal (0,02 a 2,50 µg/g MS). Os níveis do
elemento na forragem se apresentaram extremamente baixos (menores que 0,05
µg/g MS). No plasma dos animais, os teores médios de Se encontrados foram de
30,1 + 4,6 ng/ml (0,031 mg/L), considerados baixos pelos autores.
62
2.3.6. Zinco
O grande interesse sobre esse elemento é devido ao seu envolvimento no
metabolismo de carboidratos, lipídeos, proteínas e ácido nucléico. Além de participar
como componente catalisador ou estabilisador das metaloenzimas como a
superoxido desmutase, anidrase carbônica, álcool desidrogenase, carboxipeptidase,
fosfatase alcalina e RNA polimerase, também é necessário como estabilizador da
célula ( Graham, 1991).
O zinco é absorvido pelo intestino delgado nos animais monogástricos.
Nos ruminantes cerca de um terço é absorvido no abomaso, com o restante também
sendo absorvido no intestino delgado (Underwood, 1977).
Uma vez no plasma, o Zn é transportado no sistema porta fracamente
ligado à albumina plasmática, somando aproximadamente dois terços do zinco
plasmático; o restante está ligado a alfa-2-macroglobulina e como vestígios de
metalotioneína (Underwood & Suttle, 2001). O zinco ligado à albumina é
prontamente tomado pelos tecidos e cerca de 30 a 40% deste elemento que entra
no suprimento venoso hepático é extraído pelo fígado e depois é liberado no
sangue. O Zn circulante é incorporado a diferentes taxas aos diferentes tecidos extra
hepáticos e o acúmulo mais rápido de zinco ocorre no pâncreas, fígado, rins e baço
( McDowell, 1992).
O zinco é largamente distribuído pelo organismo, entretanto os animais
tem uma capacidade limitada para estocar zinco numa forma que pode ser
mobilizada rapidamente para previnir deficiência de zinco (Underwood, 1977). No
geral, as reservas que podem ser acessadas rapidamente são pequenas e se
refletem na diminuição dos valores plasmáticos de Zn 24 horas após ocorrer
diminuição dos teores de zinco na dieta (McDowell, 1992). Por isso, ao receber
dietas pobres em zinco os animais podem desenvolver rapidamente sinais de
deficiência de Zn.
Os requerimentos de zinco para gado de corte são de 30 mg/kg de zinco
na dieta (NRC, 2000). Spears (2003), em um trabalho de revisão sobre
biodisponibilidade de microminerais em ruminantes cita que a porcentagem de zinco
absorvido diminui a medida que as quantidades de zinco na dieta aumentam.
Entretanto os fatores dietéticos que interferem com a biodisponibilidade do zinco em
ruminantes não estão bem estabelecidas. Apesar da presença de grandes
quantidades de fitatos na dieta poder causar deficiência de Zn em não ruminantes
63
com baixa disponibilidade do elemento na dieta (Kaneko, 1989), isso não ocorre em
ruminantes com o rúmen totalmente funcional (NRC, 2000).
O teor de zinco dos vegetais varia consideravelmente, sendo que
leguminosas geralmente apresentam teores maiores do elemento que gramíneas.
Fatores como drenagem deficiente do solo aumentam o conteúdo de Zn das
forragens e outros fatores como elevação do pH do solo causam diminuição da
absorção de Zn pelas plantas (McDowell, 1992). De maneira geral, o teor de zinco
diminui à medida que a planta amadurece, caindo pela metade (Corah & Ives, 1991).
Baixos teores de zinco no solo, plantas e tecidos animais têm sido
relatados em muitas regiões tropicais do mundo (McDowell, 1999).
A deficiência de zinco se caracteriza em todas as espécies por
inapetência, atraso ou interrupção do crescimento e lesões de pele, pelo e
(Underwood, 1983). Nos ruminantes, os sinais de deficiência de zinco incluem
paraqueratose e alopecia, atingindo cerca de 40% da pele, sendo mais acentuadas
no focinho, vulva, ânus, parte superior da cauda, orelhas, membros posteriores,
joelho, flanco e pescoço (Blood & Radostits, 1989). Nos machos, ocorrem efeitos
adversos sobre a espermatogênese e diminuição do tamanho dos testículos
(Underwood, 1983). Nas vacas, ocorre diminuição da fertilidade e comportamento
anormal durante o cio (Corah &Ives, 1991).
Os métodos para determinação da condição mineral de zinco em animais
são relativamente pouco sensíveis (McDowell, 1999). As deficiências severas são
facilmente diagnosticadas pela combinação de sinais clínicos e alterações
bioquímicas ou patológicas (Underwood, 1983). Entretanto as deficiências mais
brandas ou em estágios iniciais são mais difíceis de diagnosticar. Os níveis
plasmáticos de zinco são de grande valor para o diagnóstico de deficiência, com os
níveis normais variando entre 0,8 e 1,2 mg/ L (Blood & Radostits,1989). Entretanto,
existem muitos fatores além do zinco da dieta que podem causar alteração dos
teores de Zn sérico, como a hemólise, que aumenta o zinco sérico e o estresse, que
o diminui (Corah & Ives, 1991). Tokarnia et al. (2000), aceitam ser possível utilizar
os teores hepáticos de zinco para se diagnosticar deficiência deste elemento,
entretanto Graham (1991) não considera este método um bom indicador da
condição do zinco no organismo, a não ser quando este está muito baixo.
64
No Brasil, a deficiência de zinco ocorre frequentemente (Tokarnia et al.
1988) e vários autores vêm realizando trabalhos para identificar essas áreas onde
ela ocorre.
Fernandes & Camargo (1976), em trabalho realizado na Amazônia,
encontraram teores médios de zinco variando entre 15 e 126,5 ppm nas forrageiras,
com a maioria dos resultados (9 de 17) acima de 30 ppm e entre 9,0 e 160 ppm no
tecido hepático, com a maioria dos resultados (12 em 18) dentro do intervalo
considerado normal. Os autores consideraram esses resultados “surpreendentes” e
“inesperados”. Essas amostras foram colhidas na época da seca.
Lopes et al. (1980 a), em Goiás, encontraram teores médios de zinco nas
forrageiras variando entre 16,75 e 21,16 ppm, com a maioria das amostras coletadas
apresentando níveis de Zn insuficientes para preencher os requerimentos dos
animais. As concentrações médias de zinco no fígado variaram entre 139,2 e 166,4
ppm e foram considerados normais. As amostras foram colhidas na época das
águas. Os autores consideraram a suplementação com sal mineral que os animais
receberam a responsável pelo fato da grande maioria das amostras coletadas
apresentarem níveis normais de zinco. Os autores consideraram a região estudada
deficiente em zinco e consideram necessária a suplementação de zinco aos animais.
Camargo et al. (1980), na Amazônia, realizando colheitas de amostras de
solo, forrageiras, soro e fígado na época das águas e da seca, encontraram teores
médios de Zn nas forrageiras de 22,8 ppm nas águas e de 27,8 ppm na seca, com
diferença significativa entre as épocas. Apenas duas das empresas estudadas
apresentaram níveis de Zn nas forrageiras acima de 30 ppm, capazes de suprir as
necessidades de bovinos em desenvolvimento. No fígado, os teores médios de zinco
variaram entre 135 ppm na época das águas e 111 ppm na época da seca, com
diferença significativa entre as épocas. Os autores consideraram existir deficiência
de Zn nas regiões estudadas.
Lebdosoekojo et al. (1980), na Colômbia encontraram teores de zinco na
forrageira variando entre 9,48 ppm no final das chuvas, 13,8 ppm no período da
seca e 15,3 ppm no início das chuvas, com diferença significativa no final do
período das chuvas. No soro, as amostras foram colhidas apenas no final do período
chuvoso e no período seco, variando entre 82,4 µg/100 ml (0,82 mg/L), nas águas e
64,7 µg/100 ml (0,65 mg/L) na seca nos animais que receberam somente NaCl como
suplementação e entre 99,8 µg/100 ml (0,99 mg/L) nas águas e 59,2 µg/100 ml (0,59
65
mg/L) na seca nos animais que receberam mistura mineral completa. Nos dois
tratamentos existiu diferença significativa entre os tratamentos. No tecido hepático,
os teores de Zn foram de 154 ppm tanto na seca como nas águas , nos animais que
recebiam NaCl e 155 ppm nas águas e 122 ppm nas secas, nos animais que
receberam mistura mineral completa. Não houve diferença estatística entre os
tratamentos. Os resultados encontrados nos tecidos animais foram considerados
dentro da normalidade.
Barros et al. (1981), na Amazônia, encontraram teor médio de Zn nas
forrageiras na época das águas de 23 ppm , com variação entre 11,0 e 73,0 ppm e
no fígado de 130 ppm, com variação entre 94,40 e 178,60 ppm. Os autores
consideraram existir deficiência de Zn para as vacas em lactação e recomendam a
suplementação mineral em cocho coberto á vontade para suprir as deficiências.
Mendes et al. (1981), no Mato Grosso, encontraram teores médios de Zn
no fígado variando entre 68,5 ppm nas chuvas e 113,0 ppm na seca, com variação
significativa entre as épocas. Nas águas, apenas uma das fazendas estudadas
apresentava níveis de Zn hepático considerados normais, porém no limite inferior.
Na seca, todas as fazendas apresentavam teores normais de Zn hepático. Os
autores também analisaram as misturas minerais fornecidas e observaram que estas
não supriam as necessidades do elemento, em ambas as épocas do ano.
Sousa et al. (1983), no Mato Grosso do Sul, estudando a resposta de
novilhos nelorados à suplementação mineral em pastagens de capim colonião,
encontraram na pastagem, teores médios de Zn deficientes (11 ppm no início do
experimento e 21 ppm no final do experimento) enquanto no fígado os teores médios
de Zn o se apresentaram deficientes no final do experimento apenas nos animais
que receberam NaCl + P + microelementos (tratamento A). Apenas os animais deste
tratamento apresentaram aumento dos teores médios de Zn após o início do
tratamento. Dos outros grupos (Mistura Mineral Comercial; NaCl + P; NaCl), apenas
os animais que receberam NaCl + P (tratamento C) e NaCl (tratamento D)
apresentavam níveis dios hepáticos de Zn acima de 125 ppm (142 e 150 ppm,
respectivamente).
Camargo et al. (1985), na Amazônia, analisaram amostras de solo,
forragem, fígado e soro, na estação da seca e das águas e encontraram nas
forrageiras, teores médios de Zn variando entre 15,12 e 60,31 ppm na época da
seca e 13,09 e 52,86 ppm na época das águas. Nas 13 empresas pesquisadas,
66
apenas quatro delas apresentaram teores médios de Zn nas forrageiras
considerados inadequados para bovinos. No fígado, os teores dios de Zn
variaram entre 42,30 e 153,80 na época da seca e 122,00 e 200,00 ppm na época
das chuvas. Apenas uma das empresas apresentou teores médios de Zn hepático
considerados marginais.
Sousa & Darsie (1985), em Roraima, analisaram amostras de solo,
forrageiras e fígado, nas estações seca e chuvosa e encontraram teores médios de
zinco nas forrageiras, variando entre 2,6 ppm na estação seca e 6,2 ppm na estação
chuvosa. No fígado, os teores médios do elemento variaram entre 79 ppm na
estação chuvosa e 108 ppm na estação seca nas vacas e entre 76 ppm nas chuvas
e 115 na seca para animais entre 1 e 2 anos. Os autores concluíram deficiência nos
animais em ambos os períodos estudados, sendo maior no período das águas.
Sousa et al. (1985), no Mato Grosso do Sul, avaliaram a suplementação
mineral de novilhos nelorados em pastagens de capim-colonião e encontraram
teores médios de Zn variando entre 9,4 e 10,6 ppm, sem diferença significativa entre
os pastos analisados. As pastagens foram consideradas deficientes em zinco. No
fígado dos animais, o teor médio de zinco variou ente 103 e 141 ppm, não havendo
diferença significativa entre os quatro tratamentos (Sem mineral; NaCl; NaCl + P;
NaCl + P + micro).
Brum et al. (1987 b), no Pantanal Mato-grossense, na sub-região do
Paiaguás, analisaram amostras de solo, forrageiras e fígado de vacas de corte em
lactação em quatro épocas do ano (agosto, novembro, fevereiro, maio) e
encontraram níveis de zinco nas forrageiras variando entre 4,0 e 5,0 ppm, sem
variação significativa entre as épocas do ano. No fígado, o teor médio de Zn variou
entre 44,5 e 233,8 ppm, com o maior valor no mês de novembro e o menor valor no
mês de agosto. Houve diferença significativa entre o mês de novembro e os meses
de agosto, fevereiro e maio, porém não houve diferença significativa entre os meses
de fevereiro e maio (106, 1 e 107,3 ppm respectivamente) e estes foram
estatisticamente diferentes do mês de agosto. Embora as plantas forrageiras
analisadas não foram capazes de suprir as necessidades de Zn dos animais, esses
apresentaram níveis normais de Zn hepático o que os autores explicaram pela
presença de alguma forrageira que não foi colhida e que seja acumuladora de
zinco, o que supriu as necessidades dos animais no mês de novembro.
67
Pott et al. (1989 a), na região da Nhecolândia, no Pantanal Mato-
grossense, analisou amostras de solo, água e forrageiras em 3 épocas do ano
(novembro, maio e agosto) e fígado em 4 épocas do ano (novembro, fevereiro, maio
e agosto) e encontraram teores médios de zinco nas forrageiras variando entre 3 e
24 ppm. No tecido hepático os teores médios de Zn variaram entre 68 e 186 ppm,
existindo diferença significativa entre as épocas do ano. O teor mais baixo ocorreu
em novembro, porém este não apresentou diferença significativa dos níveis de
fevereiro e maio. Os níveis médios de novembro e fevereiro foram considerados
deficientes pelos autores. Os autores recomendaram suplementação com Zn na
região estudada.
Pott et al. (1989 b), também no Pantanal Mato-Grossense, porém na
região Baixo Piquiri, analisaram amostras de solo, forrageiras em duas épocas
(agosto e novembro) e fígado em quatro épocas ( agosto, novembro, fevereiro e
maio) e encontraram teores médios de Zn nas forrageiras de 14 ppm, com a
totalidade das amostras apresentando teores de zinco abaixo dos 20 ppm em agosto
e 98 % das amostras coletadas em novembro apresentando teores de Zn abaixo de
20 ppm. No fígado o teor médio de Zn variou entre 75 ppm em agosto e 153 ppm
em novembro. Existiu diferença significativa apenas entre os teores dos meses de
agosto e novembro e os autores consideraram o teor de zinco do s de agosto
deficiente.
Pott et al. (1989 e), ainda no Pantanal Mato-grossense, porém na Região
de Aquidauana, realizaram análises de solo, forrageiras e fígado em três épocas do
ano (novembro, maio e agosto) e obtiveram como resultado nas forrageiras, teores
médios de zinco entre 12 e 16 ppm não existindo diferença significativa entre as
épocas do ano. No tecido hepático, os teores médios de Zn variaram entre 117 e
130 ppm, também não existindo diferença estatística entre as épocas estudadas.
Apesar das médias se apresentarem dentro do nível normal, 75% das amostras de
novembro e agosto apresentaram teores entre 80 e 125 ppm, e em maio 40% das
amostras situaram-se nesse intervalo. Esses teores foram considerados pelos
autores deficiência subclínica.
Guimarães et al. (1992), em Minas Gerais, avaliando a variação sazonal
de vitamina A, macro e microelementos no capim, plasma e fígado de novilhas
nelore criadas em pastagens de Brachiaria decumbens durante um ano,
encontraram teores médios de zinco variando entre 10 e 20 ppm, com média de
68
11,67 ppm na estação das chuvas e 13,33 ppm na estação da seca, não havendo
diferença significativa entre as épocas do ano. No plasma, o Zn variou entre 0,94 e
4,00 ppm (mg/L), com média de 1,76 ppm na estação chuvosa e 2,81 ppm na
estação seca, não havendo diferença significativa entre as épocas do ano. No
fígado, os teores de Zn variaram entre 30 e 130 ppm, com média de 65,0 ppm na
estação chuvosa e 51,65 na estação seca e foram considerados deficientes por
estarem abaixo de 100 ppm. Os autores consideraram haver deficiência marginal de
Zn.
Moraes et al. (1994), trabalhando em propriedades das regiões Norte e
Centro-Oeste, dosaram teores de microelementos em amostras de fígado de
animais afetados pela cara inchada, animais sadios e curados. Amostras de
pastagens onde ocorria a cara inchada e de pastos onde não ocorria a cara inchada
também foram coletadas. As forrageiras apresentaram teores médios de zinco
variando entre 26,90 ppm nas pastagens onde ocorreu a cara inchada (positivo CI)
e 27,37 ppm nos pastos onde não ocorreu a doença (negativo CI) , sem diferença
significativa. Nos pastos positivo CI, 42,8% das amostras apresentaram teores de Zn
abaixo dos requisitos mínimos, enquanto que nos pastos negativos CI a proporção
foi de 41,6% com esses resultados os autores sugeriram deficiência marginal de
zinco em alguns pastos. No fígado dos animais, os teores de Zn variaram entre 95,5
e 1088,8 ppm, com muitos animais acometidos pela cara inchada apresentando
teores de Zn hepático elevados tanto na região de Rondonópolis como nas outras
regiões estudadas (65,2 e 68,4 %) Já os animais que não apresentaram cara
inchada ou foram curados na sua maioria apresentaram níveis normais de Zn
hepático (75,0% na região de Rondonópolis e 77,8% nas outras regiões). Os
autores explicam este grande número de amostras de fígado apresentando teores
elevados de Zn como resultado do mau estado nutricional dos animais.
Lisbôa et al. (1996), no estado de São Paulo, realizaram estudo sobre
botulismo e dosaram elementos minerais em amostras de fígado de animais
acometidos pela doença e encontraram teores médios de zinco de 150,30 ppm,
considerados normais pelos autores.
Moraes (1998), avaliou concentrações de zinco no fígado de bovinos e
ovinos em várias regiões de Brasil e encontraram teores do elemento abaixo do
normal em mais da metade das amostras nos estados do Ceará (região litorânea),
no interior do Piauí e no norte do Rio de Janeiro.
69
Moraes et al. (1999), analisaram amostras de fígado de animais de
diversas regiões do Brasil e encontraram deficiência de zinco apenas no município
de Seropédica – RJ, com quase um terço das amostras apresentando valores baixos
de zinco.
Morais et al. (2000), no Mato Grosso do Sul, analisaram a variação
sazonal de eletrólitos no sangue de vacas aneloradas sob pastejo de B. decumbens
que foram divididas em dois grupos, um mantido em pasto de solo argiloso e o outro
mantido em pasto de solo arenoso. Os teores médios de zinco séricos variaram
entre 1,43 µg/ml no solo arenoso e 1,33 µg/ml no solo argiloso, com diferença
significativa entre os tipos de pastagem utilizados.
Valle et al. (2003), no Rio Grande do Sul analisaram amostras de
pastagens e soro de vacas de corte para detecção de possíveis deficiências
minerais. As amostras de soro foram colhidas em quatro diferentes tempos (período
de serviço; período de repasse de touros; final de gestação e início da lactação). Os
teores médios de zinco na pastagem variaram entre 20,00 e 22,00 ppm, sendo maior
no período de repasse e menor no final da gestação. No soro, os teores médios de
zinco variaram entre 14,21 e 18,96 mmol/L ( 0,93 e 1,24 mg/L) , sendo maior no
período de serviço e menor no final da gestação. Os teores de zinco plasmático
foram considerados normais, apesar da pastagem não suprir as necessidades de
zinco dos animais.
Prestes et al. (2004), também no Rio Grande do Sul, analisaram níveis
plasmáticos de minerais em vacas primíparas e multíparas em três períodos distintos
(final da gestação, pico da lactação e entoure). Os animais recebiam mistura mineral
comercial como suplementação. Os níveis plasmáticos médios de zinco variaram
entre 10,71 e 13,61 mmol/L (0,7 e 0,89 mg/L) nas primíparas e 9,47 e 10,22 (0,62 e
0,66 mg/L) nas multíparas. Os níveis de zn plasmático foram significativamente
menores no período de lactação em ambos os grupos e não houve diferença
significativa entre eles. O s autores consideraram os níveis de Zn plasmático dentro
da faixa de normalidade.
70
Quadro 8 - Trabalhos realizados no Brasil que analizaram teores de zinco nos animais e nas forrageiras.
Autores Região/ Estado Animais Valores Hepáticos
(ppm)
Tipo Colheita Valores Séricos
mg/L
Valores Forrageiras
(ppm)
Suplementação
Fernandes &
Camargo (1976)
AM; PA; MT Não informado 9,0 – 160,0 necropsia - 15,0 – 126,0 Não informada
Camargo et al.
(1980)
AM; PA; MT Bovinos à pasto 135,0 (águas)
111,0 (seca)
necropsia - 22,8 (águas)
27,8 (seca)
Não informada
Lopes et al. (1980 a) GO Vacas, novilhos e
bezerros
139,2 - 166,4 necropsia - 16,75 - 21,16 Irregular, não
informada
Barros et al. (1981) AM o informado 94,0 – 178,0 não informada - 11,0 - 73,0 54% criadores
suplementavam
Mendes et al. (1981) MT Mestiços zebu 68,5 (chuvas)
113,0 (secas)
biopsia - - Suplem. minerais
comerciais
Sousa et al. (1983) MS Novilhos nelorados,
2 anos
95,0 – 150,0 (início)
53,0 – 178,0 (final)
biopsia - 11 (início)
21 (final)
NaCl + P + micro
Comercial
NaCl + P e NaCl
Camargo et al.
(1985)
Amazônia Não informado 42,30-153,80 (seca)
122,0-200,0 (águas)
Não informada 0,05 -0,08 (seca)
0,06 – 0,09 (águas)
15,12 – 60,31 (seca)
13,9–52,86 (chuvas)
Não informada
Sousa et al. (1985) MS Novilhos nelorados,
18 meses
103,0 – 141,0 biopsia - 9,4 -10,6 Sem minerais;
NaCL; NaCl + P e
NaCl + P + micro
Brum et al. (1987 b) MT Vacas em lactação 45,8 - 233,8 Não informada - 4,0 – 5,0 Não informada
Pott et al. (1989 a) MT Não informado 68,0 – 700,0 biopsia - 3,0 – 24,0 Não Informada
Pott et al. (1989 b) MT Não informado 75,0 -153,0 biopsia - 14,0 Não Informada
Pott et al. (1989 e) MT Vacas em lactação 117,0 – 130,0 biopsia - 12,0 – 16,0 Não Informada
Guimarães et al.
(1992)
MG Novilhas nelore 30,0 – 160,0 biopsia 0,94 – 4,00 10 - 20 Não informada
Moraes et al. (1994) MS Não informada 95,5 – 1088,0 necropsia - 26,90 -27,37 regiões onde há
“cara inchada”
Lisbôa et al. (1996) SP Vacas nelore 229,21 necropsia 150,30 - Suspeita botulismo
Morais et al. (2000) MG Vacas neloradas - - 1,43 (solo arenoso)
1,33 (solo argiloso)
Não informado Não informado
Valle et al. (2003) RS Vacas - - 0,93 – 1,24 20,0 – 22,0 Não informado
Prestes et al. (2004) RS vacas - - 0,7 -0,89
(primíparas)
0,62 -0,66
(multíparas)
- Não informado
71
3. Material e Métodos
O experimento foi executado na Fazenda Esperança, no município de
Itapeva no período de fevereiro de 2003 a maio de 2004. A localização da fazenda é
23° 51’ latitude sul e 48°49’ longitude oeste.
Os animais foram alojados em uma área de 24,77 alqueires (59,94
hectares), onde permaneceram durante todo o tempo de execução do experimento.
A precipitação média anual da região é de 1467,5 mm/ano e a estação
seca se extende pelos meses de abril até setembro. (dados obtidos na Casa da
Agricultura do Município de Itapeva).
A precipitação de chuvas em cada mês de realização do experimento
também foi obtida na Casa da Agricultura de Itapeva.
3.1. Animais
Foram utilizadas 25 novilhas mestiças Nelore, com idade média de 18
meses, nascidas na fazenda, desmamadas por volta dos sete meses de idade, com
bom desempenho corpóreo e peso vivo aproximado de 200 kg. Os animais foram
identificados por brinco na orelha direita (001 a 025) e marcados com ferro
incandescente no membro pélvico esquerdo. Antes do início do experimento,
estavam em pastagem de Brachiaria brizantha, com outros animais da mesma idade
e submetidos a lotação variável da pastagem.
3.2. Nutrição
Permaneceram em pasto de Brachiaria brizanta durante toda a realização
do experimento. Além do pasto e água, foi fornecida aos animais mistura mineral
comercial (Fosbovi Pronto Tortuga) em cocho coberto, que vinha sendo
fornecido ao gado à pelo menos um ano em cocho descoberto, que não era
abastecido quando chovia ( suplementação irregular).
72
3.3. Controle sanitário do rebanho
Os animais receberam antes do início do experimento uma dose de
vacina contra clostridioses
1
(vacina polivalente contra o carbúnculo sintomático,
gangrena gasosa, enterotoxemias, morte súbita por clostrídeos, tétano,
hemoglobinúria bacilar, doença do rim polposo e hepatite necrótica) e uma dose de
reforço 30 dias após. Receberam também doses de vacina contra Febre Aftosa
2
e
Raiva
3
de acordo com a recomendação da Agência de Defesa Agropecuária do
Estado de São Paulo. O controle dos parasitos gastrintestinais foi feito com
ivermectina a 1% a cada três meses, durante a realização do experimento.
Moscas do chifre (Haematobia irritans irritans) e bernes (Dermatobia
hominis) foram controladas mensalmente de acordo com o manejo executado na
fazenda.
3.4. Colheita das amostras
Foram colhidas biópsias hepáticas de todos os animais. A primeira foi
realizada em fevereiro de 2003, logo após a entrada dos animais no piquete e as
posteriores a cada três meses, num total de seis colheitas. Entretanto, as duas
primeiras (fevereiro e maio de 2003), foram realizadas sem lotação fixa e cobertura
no cocho de sal e tiveram o objetivo de se acessar a condição mineral dos animais
antes do início do experimento. As quatro colheitas restantes foram realizadas nos
meses de agosto de 2003, novembro de 2003, fevereiro de 2004 e maio de 2004. O
procedimento foi realizado segundo técnicas descritas por Champman et al. (1963),
Fick et al. (1979) Pearson & Craig, (1980) e Amorim et al. (2003). Com esta
finalidade foi confeccionada agulha de biópsia com trocarte em aço inoxidável
segundo as dimensões de Fick et al. (1979), pelo setor de manutenção da FMVZ
Unesp Botucatu. Este instrumento é composto por duas partes: cânula de 25
centímetros de comprimento e diâmetro interno de 0,70 centímetros e trocarte com
23 centímetros de comprimento, adaptando-se perfeitamente à cânula. As agulhas
1
Sintoxan
®
9th - Merial
2
Aftobov
®
- Merial
3
Alurabiffa
®
- Merial
73
são previamente embaladas e esterilizadas em estufa durante 2 horas, antes de
serem transportadas até a fazenda.
O procedimento foi realizado com as seguintes etapas: contenção dos
animais em brete, de forma a evitar ao máximo a movimentação e deixando o local
de biópsia livre para a manipulação. Tricotomia da região que seria biopsiada (terço
superior direito das três últimas costelas), anti-sepsia (iodo povidine e álcool) e
anestesia local infiltrativa de subcutâneo com lidocaína. Incisão de 1 cm com lâmina
de bisturi na pele paralelamente à costela, aproximadamente no cruzamento da linha
imaginária traçada no meio da fossa paralombar com o 11
º
espaço intercostal.
Introdução da agulha de biópsia neste local a atingir a cavidade abdominal, em
seguida o mandril foi imediatamente retirado e a cânula direcionada cranialmente e
ventralmente na direção da articulação úmero-radio-ulnar do membro esquerdo,
sendo introduzida com movimentos giratórios no parênquima hepático. Após a sua
introdução no parênquima, a cânula foi retirada, tendo-se o dedo polegar
posicionado sobre o orifício de saída, bloqueando-o e criando uma pressão negativa
e evitando-se assim, a perda do fragmento. Após sua retirada, o fragmento de fígado
foi imediatamente colocado em papel filtro para retirar o excesso de sangue e
colocado em tubo plástico tipo eppendorf para congelamento. As amostras colhidas
foram identificadas. Como as biópsias foram realizadas em seqüência, as agulhas
eram lavadas em solução fisiológica e posteriormente mergulhadas em solução anti-
séptica (Kilol-L Química Natural Brasileira) e lavadas abundantemente em água
destilada estéril. Esta solução anti-séptica foi analisada e não foram encontrados
elementos minerais que pudessem alterar o valor determinado nas biópsias.
Foram colhidos 10 ml de sangue em tubo de colheita à vácuo (Becton
Dickinson Ind. Cirúrgicas Ltda, Brasil) de 16X125 mm, sem anticoagulante, com
tampa plástica sem contaminação por minerais, da veia jugular, com agulha calibre
25X8 mm. Logo após a colheita e até a sua manipulação, o sangue foi mantido sob
refrigeração em caixa de isopor. Após a retração do coágulo, os tubos foram
centrifugados para obtenção do soro. Este procedimento foi realizado no local de
colheita, para evitar a hemólise. Em seguida, o soro foi separado por aspiração,
dividido em duas alíquotas, mantido sob refrigeração, no máximo por seis horas e
congelado a -20
o
C, para a posterior análise.
74
Foram colhidas amostras da forrageira nos mesmos momentos da
colheita das amostras dos animais, exceto em fevereiro de 2003. Os teores de
diferentes elementos minerais foram determinados para ajudar na interpretação de
possíveis variações presentes nos animais. A colheita do capim foi realizada
modificando-se o método descrito por Fernandes & Camargo, 1976.
Em cada momento foram coletadas 20 (vinte) sub-amostras por todo o
piquete, com canivete de mina de aço inoxidável, a 5 cm do solo, agitando-se a
planta para retirar resíduos de terra e depois recolhidas em sacos de papel.
As amostras foram secas ao ar seguindo cnicas de fenação e enviadas
ao laboratório para análise.
O sal mineral fornecido ao longo do período de realização do experimento
também foi analisado para determinação dos valores mínimos garantidos no rótulo.
Os teores dos elementos minerais no sal também ajudaram na interpretação dos
resultados encontrados nos animais.
As análises da pastagem, água e partidas do sal mineral foram realizadas
no laboratório Instituto Campineiro de Análise de Solo e Adubo (ICASA) em
Campinas-SP.
As análises das amostras de fígado e soro foram realizadas no Instituto
de Tecnologia de Alimentos (ITAL) em Campinas-SP.
3.5. Processamento das amostras
Após a sua retirada, o fragmento hepático foi colocado em papel filtro,
para retirada do excesso de sangue, sendo acondicionado em recipiente identificado
e colocado sob resfriamento, até o congelamento, que foi feito após todas as
amostras colhidas. As análises foram realizadas após a colheita de todas as
biópsias.
O soro foi obtido a partir das amostras de sangue colhidas da veia jugular,
através de centrifugação a 3500 rpm por 5 minutos. O soro foi congelado para
análise posterior. O descongelamento das amostras foi feito em banho-maria a 37º
C, sendo então submetidas à dosagem dos minerais.
A quantificação dos minerais presentes nas amostras de fígado e soro
bovino foi realizada empregando-se um espectrômetro de emissão ótica com fonte
de plasma de argônio induzido (ICP OES). O equipamento utilizado foi um ICP OES
75
simultâneo, com visão axial VISTA MPX, VARIAN (Mulgrave, Australia). Para a
nebulização das soluções foi empregado um nebulizador concêntrico (see spray)
acoplado a uma câmara ciclônica. As condições ótimas para determinação
multielementar foram estabelecidas para o elemento manganês, conforme
recomendação do fabricante.
A preparação das amostras de soro foi adaptada de Subramarian (1996):
após homogeneização da amostra foram pipetados 0,5 mL para béquer limpo e seco
de 50 mL. Adicionaram-se 15 mL de ácido nítrico concentrado (HNO
3
) e cobriu-se o
béquer com vidro de relógio. Em seguida, a amostra foi digerida em chapa elétrica,
com aquecimento, por 3 horas. Após esfriar, transferiu-se quantitativamente para
balão volumétrico de 25 mL e avolumou-se o balão volumétrico com solução de
ácido clorídrico a 5% (v/v).
Para a quantificação dos elementos minerais foram preparadas curvas
analíticas pela diluição de solução (Merck) 1.000 mg L
-1
em solução de ácido
clorídrico 5% (v/v) para concentração final de 0,005 a 1,0 mg L
-1
para Cu, Fe, Mg, Se
e Zn; de 0,5 a 20,0 mg L
-1
para K e Ca; de 0,1 a 20 mg L
-1
para
S; de 0,02 a 10 mg
L
-1
para P.
As amostras de fígado foram secas na placa de petri em estufa ä 105
0
C
por 8 horas, e posteriormente foram pesados em torno de 0,2 à 0,5g de amostra
para quer limpo e seco de 50 mL. Foram adicionados 15 mL de ácido nítrico
concentrado (HNO
3
) e cobriu-se o béquer com vidro de relógio. Em seguida, a
amostra foi digerida em chapa elétrica, com aquecimento de no máximo 200
0
C, por
3 horas. Após resfriar, as amostras foram transferidas quantitativamente para balão
volumétrico de 25 mL, avolumando-se o balão volumétrico com solução de ácido
clorídrico a 5% (v/v).
Para a quantificação dos elementos minerais foram preparadas curvas
analíticas pela diluição de solução (Merck) 1.000 mg L
-1
em solução de ácido
clorídrico 5% (v/v) para concentração final de 0,004 a 5,0 mg L
-1
para Co, Cu, Mn,
Mo, Se e Zn.
76
3.6. Análise Estatística
As colheitas foram analisadas para verificar se havia diferença estatística
entre os diferentes momentos. Quando as amostras eram consideradas com
distribuição normal e todos os momentos estavam presentes durante o experimento
realizou-se o teste de ANOVA com medidas repetidas. Quando as amostras não
apresentavam uma distribuição normal utilizou-se o teste de Friedman ou o teste de
Kruskal-Walis, respectivamente para análises com a repetição dos dados ou sem
repetição dos dados. A correlação entre os valores hepáticos e séricos dos
elementos estudados foi realizada utilizando-se a correlação de Pearson. A análise
estatística foi executada utilizando-se o programa Graphpad Insat®. Os gráficos
representando os elementos minerais foram realizados utlizando–se o programa
KaleidaGraph®.
77
4. Resultados e Discussão
A tabela 1 apresenta a precipitação pluviométrica nos meses de
realização do experimento.
A tabela 2 apresenta os teores dos minerais encontrados na forrageira
em cada momento da coleta das amostras de soro e fígado.
Nas tabelas 3 e 4 encontramos os valores mínimos garantidos de cada
elemento no sal mineral e os teores de minerais encontrados na água fornecida aos
animais.
O consumo médio de sal mineral dos animais foi de 38,48g por cabeça ao
longo de todo o experimento. As médias mensais de consumo de sal se encontram
na tabela 5.
A tabelas 6 e 7 apresentam a dia e desvio padrão para cada elemento
mineral estudado, respectivamente no tecido hepático e soro. Estes elementos
minerais se encontram representados nas figuras 1 a 16.
As tabelas 8 a 16 apresentam os valores dos minerais analisados nas
amostras de fígado e soro coletadas ao longo de 12 meses de experimento, com
suas respectivas médias, desvios padrão e medianas.
A forrageira utilizada no experimento apresentou níveis para satisfazer as
necessidades nutricionais dos seguintes elementos: cálcio, fósforo, magnésio,
enxofre, potássio, manganês, molibdênio, selênio e zinco. Apresentou também
níveis muito altos de ferro. Segundo o NRC (2000), o nível máximo tolerável de ferro
é de 1000 mg/kg de MS.
78
TABELA 1 – Precipitação pluviométrica ao longo do período de realização do
experimento
Mês/Ano Precipitação
Janeiro 2003 254,90 mm
Fevereiro 2003 159,10 mm
Março 2003 185,60 mm
Abril 2003 87,20 mm
Maio 2003 45,90 mm
Junho 2003 112,00 mm
Julho 2003 101,00 mm
Agosto 2003 36,00 mm
Setembro 2003 78,00 mm
Outubro 2003 67,90 mm
Novembro 2003 266,80 mm
Dezembro 2003 178,60 mm
Janeiro 2004 399,40 mm
Fevereiro 2004 135,50 mm
Março 2004 132,30 mm
Abril 2004 95,90 mm
Maio 2004 161,20 mm
Junho 2004 103,10 mm
Julho 2004 102,30 mm
Agosto 2004 1,50 mm
Setembro 2004 25,40 mm
Outubro 2004 181,20 mm
Novembro 2004 134,20 mm
Dezembro 2004 121,00 mm
79
TABELA 2 – Teores de Minerais Encontrados na Forragem.
Mineral Fevereiro
2003
Maio
2003
Agosto
2003
Novembro
2003
Fevereiro
2004
Maio
2004
Fósforo (%) - 0,26 0,27 0,28 0,28 0,22
Cálcio (%) - 0,34 0,45 0,64 0,48 0,69
Magnésio (%) - 0,31 0,32 0,41 0,35 0,50
Potássio(%) - 1,14 1,00 1,00 1,74 0,74
Enxofre (%) - 0,17 0,21 0,20 0,12 0,12
Ferro (ppm) - 538,00 841,50 1670,00 286,00 318,00
Cobre(ppm) - 8,00 14,00 7,90 3,70 13,10
Zinco (ppm) - 35,00 42,80 32,20 33,40 26,40
Cobalto(ppm) - < 0,01 0,10 0,05 < 0,01 --
Molibdênio(ppm) - 3,00 < 0,01 < 0,01 0,80 0,62
Selênio(ppm) - 0,40 0,06 0,36 0,06 0,23
Manganês(ppm) - 88,00 82,00 68,00 96,20 132,00
TABELA 3 – Valores mínimos garantidos por quilograma de produto pelo fabricante
do sal mineral (Fosbovi Pronto – Tortuga).
Elemento Teor Mínimo Garantido
Cálcio 60 g
Fósforo 45 g
Enxofre 4,12 g
Ferro 1300 mg
Manganês 1000 mg
Cobre 1050 mg
Zinco 2520 mg
Sódio 152 g
Cobalto 38,90 mg
80
TABELA 4 – Resultado da análise da água fornecida aos animais.
Elemento Unidade Resultado
Cálcio ppm 169,00
Potássio ppm 0,40
Sódio ppm 0,90
TABELA 5 – Consumo médio diário por cabeça mês a mês de sal mineral.
Mês Consumo
Junho 2003 35,28 g
Julho 2003 35,29 g
Agosto 2003 37,50 g
Setembro 2003 37,50 g
Outubro 2003 37,50 g
Novembro 2003 44,44 g
Dezembro 2003 41,0 g
Janeiro 2004 36,0 g
Fevereiro 2004 40,0 g
Março 2004 41,37 g
Abril 2004 38,7 g
Maio 2004 37,50 g
Média Geral 38,48 g
81
Tabela 6: Média, desvio padrão e análise estatística para os elementos minerais
avaliados no tecido hepático em seis diferentes colheitas.
Fev 2003 Mai 2003 Ago 2003 Nov 2003 Fev 2004 Maio 2004
Cobalto
0,27 + 0,06a 0,27 + 0,06a 0,24±0,03a 0,26± 0,11a 0,22±0,02a 0,23±0,01a
Cobre
40,76 + 28,40a 36,22 + 28,00af 24,50±20,78bf 24,70±17,82bcf 77,75±33,52d 128,04±44,75e
Manganês
9,07 + 0,85a
8,55 + 1,88ab 8,67±1,15a 8,40±1,29ab 7,90±0,76bc 7,26±0,75c
Molibdênio
4,18 + 0,27a 3,85 + 0,76b 3,68±0,34bc 3,32±0,32d 3,55±0,40cde 3,19±0,34df
Selênio
0,86 + 0,34a 1,09 +0,42abc 0,73±0,24abd 1,10±0,51abe 0,92±0,36ab 0,75±0,33a
Zinco
113,40 + 13,05a
101,94 + 21,37b
97,91±7,00bc 92,46±7,50cd 88,29±8,45de 81,78±8,95ef
Obs: letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística entre as
colheitas (p<0,05).
Tabela 7: Média, desvio padrão e análise estatística para os elementos minerais
avaliados no soro sanguíneo em seis diferentes colheitas.
Fev 2003 Mai 2003 Ago 2003 Nov 2003 Fev 2004 Maio 2004
Cálcio
118,72 + 25,30a
129,36+30,02ad
125,19±25,72ade 112,90±19,13abde
96,76±22,98bf 85,33±4,84cf
Fósforo
109,28+14,49a 106,30+17,72ab
117,03±15,77ac
103,39±13,93ab
115,78±11,89acde 107,95±15,16abe
Magnésio
19,75 + 1,84a 23,62 + 2,33b 26,54±3,44c 20,96±2,09ae 20,80±2,50aef 23,12±2,26bd
Potássio
139,64 + 23,32a
134,85+19,97ad
114,19±13,75b 131,65±14,84ad
130,57±13,13ad
116,60±19,44bce
Cobre
0,52 + 0,14a 0,73
+ 0,16b 0,41±0,16c 0,59±0,12ad 0,60±0,11d 0,73±0,14be
Ferro
2,52 + 0,60a 3,44 + 1,52b 2,21±0,98a 3,09±0,53abc 3,00±0,76abc 2,90±0,90abc
Selênio
0,27 + 0,08a 0,22 + 0,08ae 0,21±0,09ae 0,44±0,16b 0,40±0,12bc 0,51±0,18bd
Zinco
1,19 + 0,48a 1,87 + 0,69b 1,39±0,56a 1,13±0,32a 1,28±0,29a 1,37±0,72a
Obs: letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística entre as
colheitas (p<0,05).
82
Figura 1 - Variação dos teores médios dos elementos dosados no fígado ao longo do
experimento *
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04
mg/kg
Cobalto Cobre Manganês Molibdênio Selênio Zinco
* Os valores dios do cobre e do zinco devem ser multiplicados por 10²,
manganês e molibdênio por 10¹.
83
Figura 2 - Variação dos teores médios dos elementos dosados no soro sangüíneo ao
longo do experimento *
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04
mg/L
Cálcio Fósforo Magnésio Potássio Cobre Ferro Selênio Zinco
Os valores médios de cálcio, fósforo e potássio devem ser multiplicados por 10²;
magnésio por 10¹.
84
4.1 Teores de Minerais No Tecido Hepático
4.1.1 Cobalto
O valor médio do cobalto hepático nas seis colheitas foi respectivamente
0,27; 0,27; 0,24; 0,26; 0,22 e 0,23 mg/kg MS. Tokarnia et al. (1971) consideram que
valores abaixo de 0,05 ppm de cobalto no fígado indicam deficiência; entre 0,05 e
0,12 ppm subdeficiência e acima de 0,12 ppm são adequados. Underwood (1983),
considera como valores normais entre 0,2 e 0,3 ppm de cobalto no tecido hepático.
Os teores médios encontrados, portanto, se encontram dentro da normalidade.
Esses valores foram maiores que os encontrados por Fernandes & Camargo (1976);
Camargo et al. (1980); Barros et al. (1981) e Moraes et al. (1994); menores que os
encontrados por Lebdosoekojo et al. (1980), Mendes et al. (1981), Sousa et al.
(1981), Mendes et al. (1983), Sousa et al. (1983), Sousa & Darsie (1985), Pott et al.
(1989 a) e semelhantes aos resultados encontrados por Lisbôa et al. (1996).
Apesar dos teores médios de cobalto se apresentarem dentro da
normalidade, vários animais apresentaram teores hepáticos abaixo do nível de
detecção do equipamento e método utilizados, que é de 0,19 mg/kg, variando entre
11 animais em fevereiro de 2003 e 19 animais em maio de 2004. Apenas três
animais apresentaram valores hepáticos de cobalto abaixo de 0,19 mg/kg em todas
as colheitas (animais 4, 5 e 12). Não é possível afirmar, entretanto, que todos esses
animais apresentaram valores deficientes de cobalto hepático.
Segundo o NRC (2000), as necessidades diárias de cobalto para bovinos
de corte são de 10 ppm /kg MS. A forrageira utilizada no experimento não foi capaz
de fornecer as necessidades diárias de cobalto aos animais em todas as épocas
analisadas, exceto em agosto de 2003. Na última colheita (maio 2004), a forrageira
apresentou apenas traços do elemento. O sal mineral forneceu em média 1,5 mg de
cobalto aos animais (consumo médio do sal mineral de 38,48 g), que não foi
suficiente para suprir as necessidades diárias dos animais. Mesmo não recebendo
na dieta o suficiente para suprir suas necessidades diárias em cobalto, os animais
não apresentaram teores deficientes de cobalto no fígado em nenhum momento.
Ao longo do ano, não houve variação significativa das médias dos
valores hepáticos de cobalto, diferentemente dos resultados de Mendes et al. (1981)
e Sousa & Darsie (1985), que encontraram valores maiores no período da seca.
85
Sousa et al. (1981), não encontraram diferença significativa entre as épocas
estudadas.
Os níveis normais de cobalto no fígado mesmo com dieta deficiente no
elemento podem ser explicados por uma dieta com níveis sufientes de cobalto antes
da entrada dos animais no experimento ou ainda através da ingestão de solo que
por ventura contamine a forragem como afirmado por Underwood & Suttle, 2001.
86
TABELA 8 – Valores, Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Cobalto
Hepático em 25 novilhas em seis diferentes momentos. Resultado em Base Seca
(mg/kg)
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 0,22 0,34 < 0,19 0,19 < 0,19 < 0,19
2 0,24 0,27 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,25
3 < 0,19 < 0,19 0,25 0,34 < 0,19 0,22
4 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
5 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
6 < 0,19 0,22 0,22 0,24 0,21 < 0,19
7 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
8 0,29 0,25 0,27 0,23 0,20 0,24
9 0,22 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
10 0,23 < 0,19 0,23 < 0,19 0,24 < 0,19
11 < 0,19 < 0,19 0,22 < 0,19 < 0,19 < 0,19
12 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
13 < 0,19 0,23 < 0,19 < 0,19 0,26 0,22
14 0,36 0,22 0,28 < 0,19 < 0,19 < 0,19
15 0,20 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
16 0,32 0,27 < 0,19 < 0,19 0,22 < 0,19
17 0,33 0,44 0,24 0,21 0,23 < 0,19
18 0,25 < 0,19 < 0,19 0,56 0,20 < 0,19
19 < 0,19 0,24 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
20 0,36 0,25 0,21 0,23 < 0,19 < 0,19
21 < 0,19 < 0,19 0,24 0,21 < 0,19 0,24
22 < 0,19 < 0,19 0,20 0,20 < 0,19 < 0,19
23 0,27 0,24 0,27 0,23 0,23 0,24
24 0,20 < 0,19 < 0,19 0,20 < 0,19 < 0,19
25 0,31 0,24 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
Média 0,27 0,27 0,23 0,21 0,23 0,24
S 0,06 0,06 0,03 0,10 0,02 0,01
Mediana
0,26 0,24 0,24 0,23 0,22 0,24
87
FIGURA 3 - Representação gráfica do cobalto hepático em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
88
4.1.2. Cobre
Os teores médios de cobre hepático foram respectivamente 40,76; 36,22;
24,50; 24,70; 77,75 e 128,03 mg/kg MS. Houve diferença significativa entre as
colheitas (p<0,05), com a maior média ocorrendo em maio 2004 e a menor em
agosto 2003. Não houve diferença significativa, entretanto, entre as médias de
fevereiro 2003 e maio 2003; entre maio 2003, agosto 2003 e novembro 2003.
Underwood (1977), cita como normais teores de cobre hepático acima de
100 mg/kg MS e valores abaixo de 50 mg/kg MS como sinais de deficiência. Com
base nessa informação podemos afirmar que os animais apresentavam-se
deficientes em cobre.
Na forrageira, os teores de cobre foram 8,00 ppm em maio 2003; 14,00
ppm em agosto 2003; 7,90 ppm em novembro 2003; 3,7 ppm em fevereiro 2004 e
13,10 em maio 2004. O NRC (2000) preconiza níveis de cobre na faixa de 10 mg/kg
do elemento na dieta, se os níveis de Mo e S não ultrapassarem 2 mg/kg e 0,25%
respectivamente.
A forrageira não apresentava níveis adequados para suprir as
necessidades de Cu em maio 2003, novembro 2003 e em fevereiro 2004. O sal
mineral forneceu em média, 40,4 ppm (consumo médio diário de 38,48 g por
animal), o que seria suficiente para suprir as necessidades em cobre dos animais.
Em nenhum momento os teores de enxofre foram superiores a 0,25% e o molibdênio
em maio 2003 apresentava teor de 3,00 ppm na forragem, acima dos limites
preconizado pelo NRC (2000).
Nossos resultados foram menores que os encontrados por Camargo et al.
(1980, 1985); Lopes et al. (1980 a); Lebdosoekojo et al. (1980); Sousa et al.
(1980,1983, 1985, 1989); Mendes et al. (1981); Brum et al. (1987 b); Pott et al.
(1987 a, 1987 b; 1987 e) e Lisbôa et al. (1996). Todos os autores que também
analisaram as forrageiras encontraram baixos teores de cobre, não suficientes para
fornecer as necessidades diárias dos animais em cobre e mesmo assim o cobre
hepático se encontrava dentro da faixa considerada normal. Fernandes &
Camargo (1976), Barros et al. (1981) e Moraes et al. (1994, 1999) encontraram
teores deficientes de cobre no tecido hepático, porém ainda maiores que os nossos.
Em nosso experimento, os níveis hepáticos médios de cobre se
mantiveram baixos ao longo de todo o período de realização, porém no último
momento de colheita, a média de Cu hepático se encontrava dentro da faixa de
89
normalidade, embora ainda baixa, próxima do limite mínimo. A suplementação
mineral na propriedade era realizada em cocho descoberto e não continuada, pois
quando chovia o sal não era fornecido. Associado a isso, temos que considerar a
dificuldade de acesso destes animais ao cocho de sal antes da realização do
experimento devido a competição com o gado adulto.
Os baixos teores de cobre na forrageira, associados à suplementação
mineral irregular podem explicar teores baixos de cobre no fígado no início do
experimento e a medida que estes animais foram separados do resto do rebanho em
pasto suficiente e receberam suplementação mineral constante, os teores hepáticos
de Cu sofreram elevação até se tornarem normais, embora ainda no limite inferior,
no final do experimento. Entretanto, como o sal mineral fornecia cobre suficiente
para cobrir as necessidades dos animais, esse aumento no teor de cobre hepático
poderia ser mais rápido.
Além dos níveis de S e Mo na dieta, a absorção de cobre pelos animais
pode sofrer diminuição com a presença de altas concentrações de ferro na dieta,
refletindo no teor hepático do elemento. O NRC (2000), considera que teores de
ferro na dieta entre 250 e 500 mg/Kg de ferro podem causar diminuição do teor de
cobre em bovinos e teores de Fe acima de 1000 mg/Kg na dieta são tóxicos.
Os teores de ferro na forrageira nunca foram inferiores a 250 mg/kg,
sendo que o menor teor dosado ocorreu em fevereiro 2004 (284 mg/kg). Em
novembro 2003, o ferro na forrageira era de 1670,00 mg/Kg , superior ao nível
considerado tóxico.
Guimarães et al. (1992), encontraram teores de cobre hepático tão baixos
quanto os nossos, porém sem variação significativa das médias do elemento nas
época do ano. Esses autores, encontraram altos níveis de ferro na forrageira, como
também foi encontrado em nosso experimento.
Marques et al. (2003), estudando mortes súbitas no Rio Grande do Sul,
encontraram teores hepáticos de cobre extremamente baixos e nas forrageiras os
teores de cobre estavam normais, ainda que marginais e os níveis de ferro estavam
altos.
Em nosso experimento, quando os teores de ferro na forrageira
diminuíram (fevereiro 2004 e maio 2004), os teores de Cu hepático aumentaram,
porém ainda considerados baixos. Nota-se que praticamente todos os animais
apresentaram aumento dos teores hepáticos de cobre quando houve diminuição dos
90
teores de ferro no capim. A grande variação da concentração de Cu no fígado entre
os animais em cada coleta provavelmente se explica pela diferença individual entre
cada um e não pela origem, uma vez que todas as novilhas o nascidas na
propriedade e criadas da mesma forma até o início do experimento.
Portanto, apesar do aumento gradativo dos níveis hepáticos de cobre ao
longo do experimento pode ser creditado a uma melhora na suplementação mineral
dos animais, os altos teores de ferro na forrageira e na mistura mineral podem
também, ser responsáveis pelos teores baixos de cobre hepático e sua lenta
recuperação ao longo do tempo.
91
TABELA 9 – Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Cobre
Hepático em 25 novilhas em seis diferentes momentos. Resultado em Base Seca
(mg/kg)
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 34,08 42,96 16,73 19,83 77,84 139,36
2 24,03 19,53 8,11 16,65 60,54 119,40
3 94,68 108,50 67,74 80,87 130,68 206,20
4 19,91 10,08 6,21 12,40 47,36 91,39
5 12,22 10,28 7,61 19,42 73,46 89,32
6 36,51 33,69 24,74 22,52 137,61 161,32
7 66,57 56,01 27,63 31,53 97,86 161,82
8 10,18 18,83 9,06 16,22 81,71 133,61
9 68,40 49,56 55,71 51,77 70,56 135,19
10 30,02 14,46 19,98 26,94 100,93 139,84
11 13,75 4,05 8,25 13,94 36,16 60,00
12 107,10 92,24 49,26 45,23 95,79 132,34
13 47,01 55,29 35,28 33,64 139,29 215,74
14 76,03 48,91 37,82 37,88 98,97 137,87
15 31,15 39,96 13,21 17,32 56,24 101,45
16 59,95 63,08 32,29 22,18 86,72 129,88
17 14,19 10,35 5,81 6,99 37,59 93,51
18 42,19 23,66 11,01 11,03 56,36 154,64
19 69,61 59,57 71,78 43,41 142,59 224,38
20 17,64 13,75 8,80 9,51 41,08 84,19
21 65,58 67,10 53,40 42,94 77,84 162,73
22 7,34 5,69 4,32 6,01 46,26 72,21
23 8,34 6,46 4,45 6,57 55,49 93,92
24 46,58 37,20 25,68 15,73 64,19 88,66
25 15,94 14,33 7,70 6,99 30,74 71,92
Média 40,76 36,22 24,50 24,70 77,75 128,04
S 28,40 28,00 20,36 17,46 32,84 43,84
Mediana
34,08 33,69 16,73 19,42 73,46 132,34
92
FIGURA 4 - Representação gráfica do cobre hepático em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento
93
4.1.3. Manganês
As médias do manganês no tecido hepático nas seis colheitas foram
respectivamente 9,07; 8,50; 8,67; 8,40; 7,90 e 7,25 mg/kg de MS. Houve variação
significativa entre as épocas de colheita, com o maior teor médio de Mn ocorrendo
em fevereiro 2003 e o menor em maio 2004. Não houve diferença significativa entre
as quatro primeiras colheitas, sendo essas estatisticamente maiores que as duas
últimas (p < 0,05). Underwood (1977), considera como normal teores hepáticos de
manganês variando entre 6,1 e 12 ppm. De acordo com esses valores, os teores
médios de Mn no fígado por nós encontrados se apresentam dentro da normalidade.
A grande maioria dos animais apresentou teores de manganês hepático
dentro do intervalo considerado normal ou acima disso, com apenas poucos animais
apresentando Mn no fígado abaixo de 6,0 mg/kg (dois em maio 2003 e um em
novembro 2003; fevereiro 2004 e maio 2004).
Fernandes & Camargo (1976) também encontraram teores médios de Mn
dentro da normalidade, porém maiores que os encontrados em nosso experimento.
Lebdosoekojo et al. (1980), encontraram também teores hepáticos de Mn
dentro da normalidade, porém um pouco mais elevados que os nossos resultados.
Esses autores não constataram variação significativa entre as épocas do ano
(chuvas e seca) ou entre os tipos de suplementação mineral ( mistura mineral ou
NaCl).
Camargo et al. (1980), Sousa et al. (1981), Mendes et al. (1981),
encontraram resultados de manganês hepático mais baixos que os nossos; além
disso, esses autores encontraram teores de Mn no fígado mais elevados no período
seco, diferentemente de nossos resultados, que foram maiores no período chuvoso.
Sousa et al. (1983, 1985), Sousa & Darsie (1986), Brum et al. (1987),
encontraram teores de manganês no fígado superiores aos por s encontrados,
porém não apresentaram diferença significativa entre as épocas do ano (chuvosa e
seca), diferentemente de nossos resultados, que apresentaram teores
significativamente maiores no período chuvoso.
Pott et al. (1989 a, 1989 b e 1989 e) também encontraram teores
hepáticos de Mn maiores que nossos resultados, entretanto na Nhecolândia (1989 a)
os maiores teores hepáticos do elemento foram observados nos meses com menor
precipitação pluviométrica (agosto e maio), enquanto nossos maiores resultados
foram encontrados nos meses de fevereiro de 2003 e maio 2003. No Baixo Piquiri
94
(1989 b), porém não houve diferença significativa entre as épocas do ano.
Finalmente na sub-região de Aquidauana (1989 e), os resultados foram semelhantes
aos nossos, com os maiores teores no período chuvoso (novembro) e os menores
no período seco (maio e agosto).
Também os trabalhos de Moraes et al. (1994, 1999), Lisbôa et al. (1996),
Hoff et al. (2001) e Aholla et al. (2004) apresentaram resultados semelhantes aos
nossos, com teores hepáticos de manganês dentro da normalidade.
Moraes et al. (1998), encontraram teores de manganês hepático menores
que os encontrados por nós em mais da metade das amostras analisadas nos
Estados do Amapá e Ceará.
O NRC (2000) determina que a necessidade de manganês para bovinos
de corte é de 20 mg/kg de MS. A forragem foi capaz de fornecer esses valores em
todos os momentos em que foi analisada. Os teores de manganês variaram entre 68
e 132 ppm . O sal mineral forneceu em média 38,48 mg de manganês por dia
(38,48 g de consumo médio diário de sal). Mesmo com teores de manganês na
forragem elevados, mais o sal mineral, vários animais apresentaram teores
marginais de Mn e mesmo as médias das últimas duas colheitas (fevereiro e maio de
2004) se apresentaram próximos do limite inferior do intervalo de normalidade. Isso
pode ser explicado pelo aumento das necessidades absolutas em manganês dos
animais, uma vez que este ganharam peso ao longo do experimento.
95
TABELA 10 Valores, Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Manganês
Hepático em 25 novilhas em seis diferentes momentos. Resultado em Base Seca
(mg/kg)
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 8,79 13,66 8,79 7,23 7,19 6,32
2 9,06 7,47 9,87 5,78 7,35 6,97
3 8,90 8,71 9,57 9,12 8,02 8,91
4 9,34 8,79 9,08 8,86 7,39 7,91
5 8,45 8,17 9,03 7,68 7,94 6,30
6 8,43 8,10 7,38 7,70 7,27 6,72
7 8,25 10,50 8,35 8,17 7,74 6,65
8 10,41 9,54 9,91 9,36 7,27 7,81
9 9,59 8,88 8,66 8,26 7,53 7,15
10 10,99 5,03 10,02 8,43 9,46 8,01
11 8,97 3,11 0,09 7,99 6,88 7,43
12 8,87 8,61 9,07 9,98 8,86 7,64
13 9,00 8,31 8,55 7,16 7,73 6,91
14 8,83 7,60 9,16 6,13 7,42 6,59
15 8,69 9,96 8,61 7,82 9,30 7,12
16 9,10 9,34 9,79 9,19 9,30 7,78
17 8,89 9,28 9,81 9,00 8,71 8,45
18 8,75 8,31 9,20 11,80 8,53 6,62
19 9,94 8,61 8,61 8,02 7,53 7,03
20 10,55 8,66 9,41 8,36 8,26 7,58
21 9,25 9,91 10,19 9,87 7,60 8,13
22 8,11 9,52 8,51 9,13 7,47 6,84
23 9,22 8,23 8,54 9,16 7,51 6,72
24 7,90 6,79 7,31 6,77 6,83 5,79
25 8,45 8,67 9,18 9,15 8,44 8,07
Média 9,07 8,55 8,67 8,40 7,90 7,26
S 0,75 1,88 1,89 1,26 0,74 0,74
Mediana
8,90 8,66 9,07 8,36 7,60 7,12
96
FIGURA 5 - Representação gráfica do manganês hepático em 6 diferentes colheitas
no decorrer do experimento.
97
4.1.4 Molibdênio
A média dos teores do molibdênio dosado no fígado nas seis colheitas foi
respectivamente de 4,18; 3,85; 3,68; 3,32; 3,54 e 3,19 mg/kg de MS. Os níveis de
Mo no fígado em fevereiro de 2003 foram significativamente maiores que em todas
as outras épocas de colheita (p < 0,05). Entretanto, não houve diferença significativa
entre as médias dos teores de molibdênio hepático colhidos em maio 2003 e agosto
2003; entre agosto 2003 e fevereiro 2004 e entre novembro 2003, fevereiro 2004 e
maio 2004. O teor de molibdênio no fígado de animais recebendo dietas normais
varia entre 2 e 4 ppm (mg/kg) em base de matéria seca (Underwood, 1977). De
acordo com esses parâmetros nossos resultados estão dentro da normalidade,
sendo que em fevereiro 2003 a média foi ligeiramente superior. Dezenove animais
apresentaram níveis hepáticos de Mo acima de 4 ppm em fevereiro 2003,
diminuindo ao longo das colheitas, chegando a nenhum na última colheita.
Não havia molibdênio na formulação de sal mineral utilizado no
experimento, portanto o capim foi a única fonte de molibdênio que os animais
receberam.
A forragem apresentou teores baixos de molibdênio em todos os
momentos de colheita (entre menos de 0,01 ppm e 0,82 ppm), exceto em maio
2003, quando apresentou 3 ppm, o limite a partir do qual o molibdênio pode causar
deficiência de cobre, se este se apresentar abaixo de 5 ppm na dieta (McDowell,
1999). Underwood (1977) afirma que bovinos podem reter altos teores de Mo no
fígado enquanto receberem grandes quantidades do elemento na dieta, diminuindo
assim que os teores do elemento na dieta também diminuírem.
Nossos resultados são consistentes com tal afirmação, uma vez que os
teores de Mo no fígado tendem a diminuir a medida que os teores de Mo na
forragem também diminuem. Apesar de não existir a análise dos teores de minerais
na forrageira em fevereiro 2003, podemos supor que o teor de Mo seria alto.
Os resultados encontrados para o Mo hepático em nosso experimento
foram maiores que os encontrados por Sousa et al. (1980, 1983, 1885, 1989),
Mendes et al. (1981), Pott et al. (1989 a), Moraes et al. (1994). Ao mesmo tempo,
foram semelhantes aos resultados de Lebdosoekojo et al. (1980) e Hoff et al. (2004).
Apesar da variação, em todos os trabalhos os níveis de molibdênio hepático se
encontravam dentro da normalidade.
98
Marques et al. (2003), encontraram teores de Mo hepático maiores que os
nossos, porém, investigavam a suspeita de deficiência de cobre como a causa da
mortalidade, que se confirmou no final do experimento.
99
TABELA 11 – Valores, Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Molibdênio
Hepático em 25 novilhas em seis diferentes momentos. Resultado em Base Seca
(mg/kg)
Animal
Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 4,09 5,35 3,45 3,19 3,35 3,05
2 4,34 3,98 3,73 2,95 3,74 3,80
3 4,30 4,05 3,91 3,43 3,43 3,27
4 4,23 3,94 3,86 3,36 3,73 3,46
5 3,98 3,80 3,41 3,48 3,66 3,19
6 4,48 4,08 3,88 3,64 3,70 3,26
7 3,91 4,31 3,86 3,43 3,51 3,28
8 3,81 4,39 3,71 3,33 3,63 3,29
9 4,59 4,37 4,16 3,86 3,70 3,62
10 4,20 2,48 3,61 3,39 3,04 3,01
11 3,95 1,22 3,45 3,15 3,29 2,82
12 4,06 3,54 3,53 3,25 3,41 2,75
13 4,31 3,85 3,89 3,52 4,07 3,60
14 3,80 3,29 3,21 2,65 2,81 2,47
15 4,07 3,69 3,21 2,74 2,94 3,02
16 4,13 3,96 3,55 3,30 3,39 2,71
17 4,04 3,94 3,65 3,31 4,06 3,59
18 4,16 3,91 3,50 3,07 3,34 2,69
19 4,26 4,13 4,16 3,60 3,99 3,28
20 4,44 3,60 3,62 3,09 3,66 3,24
21 4,62 4,36 4,36 3,66 3,18 3,39
22 3,53 3,34 2,93 2,83 3,07 2,89
23 4,18 3,59 3,43 3,41 3,40 3,11
24 4,46 4,39 4,17 3,99 4,35 3,67
25 4,49 4,59 3,81 3,50 4,22 3,32
Média 4,18 3,85 3,68 3,32 3,55 3,19
S 0,27 0,76 0,33 0,32 0,39 0,34
Mediana
4,18 3,94 3,65 3,36 3,51 3,26
100
FIGURA 6 - Representação gráfica do molibdênio hepático em 6 diferentes
colheitas no decorrer do experimento.
101
4.1.5 Selênio
As médias de selênio hepático nas seis colheitas foram respectivamente
0,86; 1,09; 0,73; 1,10; 0,92 e 0,75 mg/kg MS, com diferença significativa entre as
épocas de colheita (p < 0,05). A maior média de selênio hepático aconteceu em
novembro de 2003 e a menor em agosto de 2003. Corah & Ives (1991) adotam um
intervalo entre 0,25 e 0,50 ppm de selênio no tecido hepático como satisfatório e
teores abaixo de 0,20 ppm são considerados sinais de deficiência. Os teoresdios
de Se no fígado se encontram elevados, acima do intervalo considerado normal. A
maioria dos animais apresentou teores de selênio hepático acima de 0,50 ppm (21
em fevereiro de 2003; 24 em maio de 2003; 22 em agosto de 2003; 23 em novembro
de 2003; 21 em fevereiro de 2004 e 19 em maio de 2004).
Esses resultados foram compatíveis com os encontrados por Moraes et
al. (1999), que obtiveram teores de Se hepático dentro do intervalo de normalidade
ou acima dele na maioria das regiões estudadas, com deficiência apenas em
Corumbá MS. Os resultados também foram semelhantes com os encontrados por
Hoff et al. (2001), no Canadá, que obtiveram média de 0,81 ppm, variando entre 0,3
e 1,40 ppm.
As necessidades diárias de selênio são atingidas com 0,1 mg /kg da dieta
(NRC, 2000). A forragem não foi capaz de supri-las em dois dos cinco momentos
analisados (agosto 2003 e fevereiro 2004), porém em nenhum momento os teores
médios de Se no fígado se apresentaram baixos. O sal mineral utilizado não
apresentava selênio em sua composição, sendo que a única fonte do mineral para
os animais foi a forragem.
O capim quando foi capaz de fornecer as necessidades diárias de selênio
para os animais, apresentava pelo menos o dobro do necessário para supri-las. As
concentrações de selênio nos tecidos, entre eles o muscular e o hepático, refletem
o conteúdo do elemento na dieta, dependendo da duração da privação (Underwood
& Suttle, 2001). Com concentrações adequadas do elemento na dieta, os teores de
Se no fígado se apresentaram normais ou aumentados e quando houve diminuição
deste na dieta, a duração desta ocorrência não foi suficiente para se observar
depleção acentuada nos teores hepáticos de Se. Entretanto, nota-se que quando o
selênio se apresentava baixo na dieta, também se apresentava mais baixo no fígado
(agosto 2003 e fevereiro 2004).
102
TABELA 12 Valores, Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Selênio
Hepático em 25 novilhas em seis diferentes momentos. Resultado em Base Seca
(mg/kg)
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 0,92 1,67 0,69 1,56 1,13 1,13
2 1,35 1,90 0,49 0,36 < 0,19 0,95
3 1,26 1,74 1,33 0,91 0,97 0,63
4 0,58 0,79 0,81 0,84 1,29 0,47
5 0,64 0,22 0,65 0,92 1,07 0,72
6 1,50 0,95 0,70 1,11 1,36 0,76
7 0,92 1,69 0,62 1,95 0,48 1,05
8 1,11 1,09 1,25 1,05 0,81 0,87
9 0,65 1,23 0,73 1,15 1,00 0,75
10 0,43 0,66 0,80 1,64 1,82 0,49
11 1,12 0,91 0,55 0,58 0,44 0,88
12 0,92 0,74 < 0,19 0,91 0,96 0,21
13 1,21 0,59 1,10 0,66 0,52 0,79
14 0,47 0,74 1,01 0,55 0,36 < 0,19
15 0,27 1,07 0,69 1,35 1,01 0,34
16 0,90 0,53 < 0,19 < 0,19 0,29 0,43
17 0,96 1,75 0,84 0,89 1,00 1,82
18 0,39 1,05 0,38 2,72 1,01 0,69
19 0,78 0,95 0,94 1,60 1,43 0,78
20 0,77 1,34 1,00 0,96 1,05 0,62
21 1,12 1,12 0,87 1,15 0,80 0,79
22 1,15 1,07 0,50 0,90 0,82 0,47
23 0,68 1,12 0,65 1,04 0,73 0,62
24 1,13 1,39 0,52 0,90 0,82 0,52
25 0,23 0,99 0,83 0,74 1,01 1,23
Média 0,86 1,09 0,73 1,21 0,91 0,75
S 0,34 0,42 0,24 0,50 0,35 0,33
Mediana
0,92 1,07 0,73 0,94 0,98 0,73
103
Figura 7 - Representação gráfica do selênio hepático em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
104
4.1.6 Zinco
A média dos teores de zinco dosados no fígado ao longo das seis
colheitas foi respectivamente 113,40; 101,94; 97,91; 92,46; 88,29 e 81,74 mg/kg MS.
Em fevereiro 2003 a média do zinco hepático foi estatisticamente maior a todos os
outros momentos e a menor em maio 2004. Entretanto não houve diferença
significativa das médias do Zn no tecido hepático entre os meses maio 2003 e
agosto 2003; entre agosto 2003 e novembro 2003; entre novembro 2003 e fevereiro
2004 e entre fevereiro 2004 e maio 2004.
Fick (1979), considera o intervalo entre 84 e 132 µg/g (mg/kg) MS de
zinco no fígado como normal. Baseado nestes parâmetros, apenas a média do
elemento no tecido hepático na última colheita (maio 2004) estava baixa. Neste
momento de colheita, catorze animais apresentaram teores hepáticos de zinco
deficientes (abaixo de 84 mg/kg), enquanto nas outras colheitas houve animais
deficientes nos meses de maio 2003 (três animais), novembro 2003 (quatro animais)
e fevereiro 2004 (10 animais).
Resultados semelhantes aos nossos, com médias de zinco hepático
normais ou marginais e bom número de animais apresentando níveis baixos do
elemento no fígado foram observados nos trabalhos de Fernandes & Camargo
(1976), Mendes et al. (1981), Sousa & Darsie (1985), Camargo et al. (1985), Pott et
al. ( 1989 a, 1989 b e 1989 c), Guimarães et al. (1991), Moraes (1998), Moraes et
al. (1999). Por outro lado, nossos resultados foram menores que os encontrados
por Moraes et al. (1994), Lisbôa et al. (1996)
As necessidades de zinco que são de 30 mg/kg da dieta (NRC, 2000). As
concentrações do elemento na forragem foram 35,0; 42,8; 32,2; 33,4 e 26,4 ppm,
respectivamente. O sal mineral forneceu em média 98,10 mg de zinco (consumo
médio de 38,90 g/dia de sal mineral). O zinco presente na forrageira, mais a
suplementação mineral supriam as necessidades diárias de Zn dos animais.
Entretanto, vários animais apresentavam baixos teores do elemento no tecido
hepático. Sousa & Darsie (1985), Pott et al. (1989 a, 1989 b e 1989 e), Guimarães
et al. (1992) também encontraram teores baixos de zinco no fígado, porém haviam
encontrado baixos teores do elemento na forrageira, o que não aconteceu no nosso
caso. Já Lopes et al. (1980 a), Lebdosekojo et al. (1980), Barros et al. (1981), Sousa
et al. (1983, 1985), Brum et al. (1987), encontraram teores normais de zinco
hepático com baixos teores do elemento na forrageira e creditaram esse resultado a
105
suplementação mineral ou ao consumo de plantas com alta concentração de zinco
que não foram analisadas pelos autores.
Em nosso experimento, nenhum dos animais apresentou teores
deficientes de zinco no fígado em todos os momentos de colheita e a grande maioria
destes apresentou teores de zinco hepático muito próximos do limite inferior do
intervalo de normalidade. Na sua grande maioria, os animais que apresentaram
teores deficientes de zinco no fígado o fizeram nos momentos de colheita quando o
teor de zinco no capim se apresentava mais baixo ou mesmo deficiente (novembro
2003, fevereiro 2004 e maio 2004). Por esses resultados não podemos afirmar que
exista deficiência severa de zinco, uma vez que a análise do tecido hepático não é a
forma mais segura de se determinar a condição do zinco nos animais (Graham,
1991). É preferível a utilização de teores plasmáticos do elemento para a
determinação da deficiência de zinco (McDowell, 1999). A interação do zinco com
outros elementos poderia ser implicada como causa destes resultados baixos
mesmo com os animais tendo as necessidades diárias de zinco supridas, mas estas
prováveis interações ainda não estão muito bem definidas e entendidas (SPEARS,
2003).
Além disso, o aumento de peso dos animais ao longo do período de
realização do experimento pode ter levado ao aumento das necessidades absolutas
de zinco, causando uma depleção dos níveis hepáticos do elemento nos animais ao
longo do experimento.
106
TABELA 13 – Valores, Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Zinco
Hepático em 25 novilhas em seis diferentes momentos. Resultado em Base Seca
(mg/kg)
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 105,95 143,04 96,94 83,61 82,46 84,60
2 138,00 144,00 95,19 99,00 73,67 88,61
3 99,73 100,05 96,83 90,37 77,88 90,68
4 126,43 95,24 108,26 90,44 91,71 96,14
5 94,63 80,70 91,01 83,73 82,19 69,20
6 109,16 97,26 94,83 87,04 91,42 80,04
7 105,76 130,18 107,09 97,65 82,45 90,66
8 125,12 113,61 94,73 87,87 81,77 85,56
9 113,82 103,98 100,77 85,53 84,38 86,08
10 112,23 76,44 95,84 105,61 95,08 71,34
11 110,70 36,93 103,23 104,90 88,19 80,28
12 103,16 98,70 95,84 104,73 85,93 67,75
13 102,14 89,27 94,96 82,12 89,94 75,15
14 109,87 100,43 100,68 83,80 81,10 82,55
15 107,63 92,62 84,24 78,74 84,35 99,45
16 111,96 113,06 98,34 100,34 103,26 74,12
17 118,51 112,83 105,92 89,35 98,02 91,87
18 105,12 99,91 96,44 96,08 87,37 73,56
19 109,27 101,61 94,68 94,20 90,28 75,29
20 155,17 101,40 100,16 91,02 94,31 75,47
21 119,54 117,08 117,89 95,12 81,90 93,16
22 107,01 95,73 85,85 95,30 81,28 88,07
23 127,10 90,88 98,32 96,45 96,49 79,13
24 103,66 96,26 92,14 89,61 89,70 71,74
25 113,36 117,26 97,62 98,97 112,20 74,03
Média 113,40 101,94 97,91 92,46 88,29 81,78
S 13,05 21,37 6,86 7,35 8,29 8,77
Mediana
109,87 100,05 96,83 91,02 87,37 80,28
107
Figura 8 - Representação gráfica do zinco hepático em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
108
4.2 Teores de Minerais no Soro
4.2.1 Cálcio
Os teores dios de Ca no soro foram respectivamente 118,72; 119,36;
125,19; 112,90; 96,76 e 85,37 mg/L. Houve diferença significativa entre as épocas
de colheita (p<0,05), com a maior dia de cálcio sérico registrada em maio 2003 e
a menor em maio 2004. Não houve diferença significativa entre as médias do Ca
sérico de maio 2003, fevereiro 2003, agosto 2003 e novembro 2003. Entretanto,
foram significantemente maiores que as médias registradas em fevereiro 2004 e
maio 2004, essas não difereriram entre si. McDowell (1992), considera o intervalo de
90 a 110 mg/L normal e o limite de 80 mg/L como crítico. Por esses parâmetros
consideramos nossos resultados dentro da normalidade.
Esses resultados são compatíveis com os encontrados por Fernandes &
Camargo (1976), Lebdosoekojo et al. (1980), Lopes et al. (1980 b), Camargo et al.
(1980), Barros et al. (1981), Sousa et al. (1981), Camargo et al. (1985), Sousa et al.
(1986), Pott et al. (1987 e 1989d), Lisbôa et al. (1996), Morais et al. (2000), Prestes
et al. (2003), Valle et al. (2004) e Prestes et al. (2004). Isso era esperado, uma vez
que o nível de Ca sérico é mantido constante por longos períodos utilizando as
reservas de cálcio presentes nos ossos.
As necessidades para manutenção de gado de corte segundo o NRC
(2000) são de 15,4 mg/kg de peso vivo. Como os animais apresentavam peso médio
de 200 kg no início do experimento, os animais requeriam em média 3,09g de cálcio
por dia. A forrageira apresentava teores suficientes para suprir essas necessidades
(0,34; 0,45; 0,64; 0,48 e 0,69%). O sal mineral forneceu em média 2,31 g de cálcio
por dia ( consumo médio diário por cabeça de 38,49 g). Ainda a água fornecia 160
mg/L. Todas essas fontes de cálcio foram suficientes para suprir as necessidades do
elemento dos animais. Apesar disso, nos dois últimos momentos de colheita
(fevereiro e maio 2004), os níveis médios de cálcio sérico se apresentaram próximos
do limite mínimo considerado normal.
As necessidades absolutas em cálcio aumentaram consideravelmente,
podendo a ter dobrado, uma vez que os animais apresentaram bom
desenvolvimento e ganho de peso ao longo do experimento. Além disso, o NRC
(2000) considera a absorção real de Ca de 50%, isto é, apenas metade do Ca
presente na dieta é realmente absorvido pelos animais. Isso explicaria o fato dos
109
teores séricos de cálcio se apresentaram marginais ou mesmo deficientes em vários
animais nas últimas duas colheitas, mesmo com o Ca presente na dieta sendo
capaz aparentemente de suprir as necessidades dos animais. poderíamos
confirmar essa suspeita através de outras análises, como dosagem do teor de cálcio
nos ossos, que confirmaria a existência de deficiência de Ca.
110
TABELA 14 Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Cálcio
Sérico em 25 novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 141,53
137,75
137,38
105,82
89,69
83,07
2 125,78
76,05
148,33
95,42
76,42
80,82
3 112,79
102,13
123,92
102,26
80,12
82,71
4 100,93
140,38
197,55
109,11
78,09
84,80
5 109,66
125,70
121,07
131,13
114,41
81,95
6 103,72
118,49
104,25
135,55
87,22
91,47
7 115,21
110,24
103,33
113,65
76,36
99,54
8 140,50
145,00
147,92
91,03
102,01
83,16
9 97,66
222,24
175,74
111,25
81,05
85,14
10 99,50
112,88
102,89
102,35
91,33
75,64
11 99,79
105,68
168,54
105,91
89,81
85,19
12 106,79
137,44
149,31
154,89
88,52
80,67
13 152,10
194,27
105,46
95,96
111,33
80,53
14 91,74
132,36
106,61
115,66
106,34
81,69
15 78,34
152,65
105,53
107,21
101,38
80,67
16 135,81
126,74
120,76
111,75
112,49
88,28
17 109,42
119,71
117,46
100,53
88,78
87,89
18 182,44
118,07
115,02
171,29
154,73
85,20
19 116,94
126,42
126,31
111,23
86,52
84,94
20 125,53
147,57
109,24
132,28
163,07
89,86
21 105,72
134,27
103,86
101,39
87,93
87,06
22 107,96
107,98
109,69
89,60
83,89
86,68
23 182,11
104,98
115,01
102,68
76,52
84,84
24 111,82
138,65
106,72
110,78
71,11
91,42
25 114,33
96,30
107,78
113,79
119,80
89,95
Média 118,72 129,36 125,19 112,90 96,76 85,33
S 25,30 30,02 25,21 18,75 22,51 4,74
Mediana 111,82 126,42 115,02 109,11 88,78 84,94
111
FIGURA 9 - Representação gráfica do cálcio sérico em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
112
4.2.2 Fósforo
McDowell (1992), considera o intervalo entre 45 e 80 mg/L de P no soro
como normal. As médias dos teores de fósforo sérico encontrados foram
respectivamente 109,28; 106,30; 117,03; 103,39; 115,78 e 107,79 mg/L. Houve
variação significativa do sforo sérico entre as épocas de colheitas (p< 0,05), sendo
maior em agosto 2003 e menor em novembro 2003. Por esses parâmetros, as
médias do fósforo sérico se encontram dentro do intervalo de normalidade e
nenhum animal apresentou valores considerados deficientes.
Na forrageira, os teores de P foram 0,26; 0,27; 0,28; 0,28 e 0,22% MS,
respectivamente. Esses teores eram suficientes para suprir as necessidades de
fósforo dos animais, que segundo o NRC (2000) é de 16 mg P/kg de peso vivo.
Como a média de peso vivo inicial era de 200 kg, as necessidades diárias em
fósforo dos animais eram em torno de 3,2g de fósforo. O consumo médio de MS
para bovinos é de 4% do peso vivo, portanto a forragem fornecia nos momentos de
colheita, respectivamente, 20,8 g; 21,6 g; 22,4 g; 22,4 g; 17,6 g. Além do sforo
contido na forragem, o sal mineral forneceu em média 1,73 g de P por dia aos
animais (consumo médio diário de sal mineral de 38,50 g).
Nossos resultados foram maiores que os encontrados por Fernandes &
Camargo (1976), Camargo et al. (1980), Lebdosoekojo et al. (1980), Lopes et al.
(1980 b), Barros et al. (1981), Sousa et al. (1985, 1986), Camargo et al. (1985), Pott
et al. (1987, 1989 d), Brum et al. (1987 a), Lisbôa et al. (1996), Morais et al. (2000),
Valle et al. (2003); Prestes et al. (2003, 2004) que encontraram deficiência de
fósforo com baixos teores de P no soro dos animais e nas forragens.
Guimarães et al. (1992), também apresentaram teores séricos de P
menores que os nossos, entretanto esses estavam dentro da normalidade, apesar
da forrageira não ser capaz de suprir as necessidades de fósforo dos animais.
É sabido que a deficiência de fósforo é a mais comum no Brasil em
animais submetidos a regime de pasto, entretanto nossos resultados não
corroboram essa afirmação. A explicação provável para esse fato deve-se ao fato da
pastagem utilizada para o experimento ter sido formada após plantio de batata, que
necessita de forte adubação para seu sucesso. A permanência de alguma
quantidade de nutrientes, no caso o fósforo, ainda no solo mesmo depois da colheita
da batata, pode ter refletido no teor de fósforo da forragem.
113
TABELA 15 Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Fósforo
Sérico em 25 novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1
129,87 110,72 127,86 95,26 115,47 110,58
2
106,33 89,35 101,39 104,33 125,56 115,72
3
104,20 99,62 103,38 96,89 99,53 87,61
4
99,54 89,99 115,25 80,13 108,58 105,88
5
126,43 109,90 136,38 104,91 122,74 106,17
6
128,52 142,67 149,84 120,64 139,13 122,74
7
136,52 143,76 150,03 112,69 122,07 134,43
8
104,24 101,42 108,28 93,25 108,73 110,03
9
121,16 114,32 129,50 95,98 119,99 115,07
10
87,55 101,44 96,67 88,15 115,24 62,37
11
99,87 92,64 97,24 86,68 93,69 87,85
12
99,81 94,73 92,54 113,36 118,73 98,00
13
121,66 105,14 123,59 104,92 106,67 96,79
14
101,05 107,85 118,10 105,19 117,18 110,77
15
109,02 105,47 110,82 112,87 125,91 103,24
16
99,70 91,20 118,18 104,23 115,40 111,03
17
108,88 98,79 131,27 110,33 139,90 119,58
18
117,81 104,85 97,90 103,48 107,35 116,02
19
111,12 116,65 111,60 139,79 132,87 108,73
20
136,72 151,18 136,74 128,50 118,48 134,91
21
108,88 114,45 121,26 100,33 120,05 112,96
22
94,47 99,24 117,08 94,79 112,04 101,77
23
97,99 95,63 113,09 112,94 110,32 120,09
24
95,60 103,43 110,01 81,43 94,59 95,20
25
85,01 73,13 107,85 93,69 104,21 111,24
Média 109,28 106,30 117,03 103,39 115,78 107,95
S 14,49 17,72 15,45 13,65 11,65 14,86
Mediana
106,33 103,43 115,25 104,23 115,47 110,58
114
Figura 10 - Representação gráfica do sforo sérico em 4 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
115
4.2.3 Potássio
Fick et al. (1979), considera normais níveis de potássio sérico iguais ou
superiores a 200 mg/L (5,11 mmol/L). Os níveis dios de potássio sérico foram
respectivamente, nas seis colheitas 139,64; 134,85;
114,19; 131,647; 130,57 e
116,60 mg/L, existindo variação significativa das médias de K sérico entre as épocas
de colheita (p< 0,05), sendo que a maior média ocorreu em fevereiro 2003 e a menor
em maio 2004. Não houve diferença significativa entre as médias de fevereiro 2003,
maio 2003, novembro 2003 e fevereiro 2004. Entre agosto 2003 e maio 2004
também não houve diferença estatística. Nossos resultados foram menores que os
encontrados por Lopes et al. (1980), Lisbôa et al. (1996) e Morais et al. (2000).
O capim apresentou teores de potássio (1,14; 1,00; 1,00; 1,74 e 0,74 %,
respectivamente) capazes de fornecer as necessidades do elemento para gado de
corte preconizadas pelo NRC (2000) que são de 0,60 % da dieta. Entretanto,
nenhum dos animais apresentou K rico igual ou acima do limite considerado
normal por FICK (1979).
Underwood & Suttle (2001) citam que condições incomuns como
estresse, acidose e diarréias podem levar a diminuição do potássio. Esses mesmos
autores sugerem a ocorrência de deficiência severa quando os níveis ricos de K
sejam menores que 2,5 mmol/L (97,75 mg/L) e que o teor de potássio na dieta seja
menor que 8 g/kg na MS , o que aconteceu apenas em maio 2004. Poucos animais
apresentaram teores séricos de K abaixo do limite de 97,75 mg/L. No primeiro
momento de colheita (fevereiro 2003), apenas um animal apresentou K sérico abaixo
deste limite e em maio 2004, três animais. Em todos os outros momentos, nenhum
animal apresentou potássio sérico abaixo de 97,75 mg/L.
Como não existe um método confiável baseado nas análises de tecidos
para determinação de deficiência de potássio, as concentrações de K na dieta
parecem ser o melhor indicador da verdadeira condição do elemento no organismo
animal ( McDowell, 1992).
Baseados nestas informações, não podemos caracterizar os resultados
encontrados como deficiência de potássio.
116
TABELA 16 – Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Potássio
Sérico de novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1
172,91 134,34 112,43 119,06 139,93 104,12
2
154,84 143,94 112,04 144,71 144,49 155,06
3
134,05 113,12 103,06 131,32 135,29 89,46
4
118,26 105,69 136,81 112,06 125,45 126,94
5
128,63 135,67 131,71 115,05 136,79 87,60
6
124,47 141,38 103,83 130,72 135,35 110,57
7
159,78 131,14 109,82 122,72 116,54 148,72
8
131,69 104,78 102,55 147,92 128,49 112,13
9
182,84 145,66 144,52 120,62 129,06 128,00
10
111,21 121,00 100,76 144,30 130,68 75,13
11
114,49 105,00 102,40 128,24 111,57 133,72
12
140,32 157,67 133,45 125,79 143,32 111,53
13
134,41 134,17 105,41 140,88 112,32 101,96
14
93,10 127,03 112,71 151,25 126,13 106,55
15
165,34 120,49 105,96 120,12 134,39 108,04
16
166,84 114,34 101,96 121,06 114,69 102,56
17
139,85 128,44 110,54 117,91 154,28 110,74
18
183,74 144,22 103,77 125,45 128,81 123,37
19
142,12 186,00 128,39 174,89 160,20 153,08
20
115,84 167,51 111,17 127,07 131,71 114,73
21
114,75 149,79 137,04 134,71 138,57 128,94
22
125,13 159,95 111,01 141,74 136,47 132,67
23
151,20 126,27 107,10 118,40 109,59 115,40
24
140,96 132,03 97,11 122,93 110,23 110,68
25
144,14 141,66 129,31 152,32 129,96 123,26
Média 139,64 134,85 114,19 131,65 130,57 116,60
S 23,32
19,97 13,50 14,54 12,86 19,04
Mediana
139,85
134,17 110,54 127,07 130,68 112,13
117
FIGURA 11 - Representação gráfica do potássio rico em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
118
4.2.4 Magnésio
Fick (1979), considera valores entre 18 e 31 µg/ml (mg/L) de Mg no soro
normais. Com base nesses dados, os níveis médios de magnésio foram
considerados normais nas seis colheitas (19,75; 23,62; 26,54; 20,96; 20,80 e 23,12
mg/L, respectivamente). Houve variação significativa entre as médias (p<0,05),
sendo maior em agosto 2003 e menor em fevereiro 2003, não havendo diferença
significativa entre fevereiro 2003, novembro 2003 e fevereiro 2004. Também não
houve diferença estatística entre maio 2003 e maio 2004, bem como entre fevereiro
2004 e maio 2004.
Os níveis de magnésio na forrageira (0,31; 0,32; 0,41; 0,35 e 0,50%,
respectivamente) foram suficientes para suprir a necessidade do elemento para
bovinos de corte em crescimento ou terminação que segundo o NRC (2000) é de
0,10% da MS. Os níveis de Mg encontrados na forragem superam em pelo menos
três vezes esses valores. O sal mineral não apresentava magnésio em sua
composição, sendo o capim a única fonte do elemento para os animais.
Nossos resultados foram semelhantes aos encontrados por Lebdosoekojo
et al. (1980), Barros et al. (1981), Sousa et al. (1983, 1985), Pott et al. (1987, 1989
d), sem deficiência de magnésio, embora os teores de Mg na forrageira encontrados
por esses autores foram menores que os por nós encontrados.
Guimarães et al. (1992), também não encontraram deficiência de
magnésio, entretanto tanto o teor de magnésio no plasma, quanto nas forrageiras
foram menores que os nossos.
Brum et al. (1987 a), encontraram teores de magnésio menores tanto nas
forrageiras quanto no plasma sanguíneo e estes baixos teores caracterizaram
deficiência na área estudada (Pantanal Mato-grossense, sub-região dos Paiaguás).
Os teores de magnésio rico encontrados em nosso experimento foram
menores que os encontrados por Lopes et al. (1980 b), entretanto esses autores
obtiveram níveis menores de Mg na forrageira. Lisbôa et al. (1996)., também
encontraram teores de magnésio no plasma maiores que os nossos, porém em seu
trabalho não foram analisadas forrageiras.
119
TABELA 17 – Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Magnésio
Sérico em 25 novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1
21,10 24,50 24,40 19,98 21,85 25,85
2
22,10 20,41 28,43 22,60 24,01 26,51
3
21,70 26,41 29,35 21,14 20,34 19,93
4
20,08 23,45 27,78 18,47 21,41 24,26
5
21,87 25,25 30,73 22,77 28,15 22,33
6
20,24 24,57 25,43 21,09 17,73 23,82
7
22,52 27,22 27,35 21,32 20,86 24,58
8
16,96 21,76 23,22 17,96 17,69 18,87
9
20,25 26,35 36,45 20,52 20,49 22,32
10
17,62 21,88 23,60 19,87 21,44 22,70
11
21,33 25,19 25,74 22,78 22,47 23,98
12
21,90 25,94 31,94 23,01 23,92 27,05
13
21,98 23,72 28,54 21,76 19,64 23,23
14
17,48 26,12 29,48 24,16 23,16 27,77
15
18,26 21,94 20,74 20,80 19,76 21,01
16
17,32 21,59 21,69 21,31 19,28 20,31
17
18,24 20,76 26,35 19,60 22,43 23,40
18
20,54 20,90 23,61 17,77 20,06 22,61
19
20,45 23,75 25,47 25,82 23,04 23,16
20
19,33 24,64 25,02 22,68 17,63 23,95
21
17,72 23,65 26,30 19,50 20,47 20,71
22
16,90 21,71 23,71 16,48 18,23 20,24
23
19,59 20,41 27,97 19,95 17,40 23,59
24
17,99 27,93 23,92 20,76 19,55 24,47
25
20,41 20,42 26,36 21,92 19,05 21,42
Média 19,75 23,62 26,54 20,96 20,80 23,12
S 1,84 2,33 3,37 2,05 2,45 2,22
Mediana
20,24 23,72 26,30 21,09 20,47 23,23
120
FIGURA 12 - Representação gráfica do magnésio sérico em 6 diferentes colheitas
no decorrer do experimento.
121
4.2.5 Cobre
McDowell (1992), considera os valores entre 0,6 e 1,5 mg/L de Cu no soro
como normais. Com base nesses parâmetros as médias nas quatro colheitas (0,52;
0,73; 0,40; 0,50; 0,60 e 0,73 mg/L, respectivamente) foram baixas, com alguns
momentos de colheita apresentando teores de cobre normais, mas ainda próximos
dos níveis mínimos. Houve diferença significativa entre os momentos de colheita
(p<0,05), com as maiores médias em maio 2003 e maio 2004 e a menor em agosto
2003. Não houve diferença significativa entre as médias de cobre sérico entre
fevereiro 2003 e fevereiro 2004; entre maio 2003 e maio 2004 e entre novembro
2003 e fevereiro 2004.
Esses resultados foram menores que os encontrados por Fernandes &
Camargo (1976); Camargo et al. (1980, 1985); Lebdosoekojo et al. (1980); Morais et
al. (2000) e Prestes et al. (2004), que não observaram deficiência de cobre.
Guimarães et al. (1992) e Marques et al. (2003), obtiveram resultados
semelhantes aos nossos, com teores baixos de cobre no soro e nas forrageiras.
Como no caso do tecido hepático, os níveis de cobre sérico também
foram baixos, porém mais próximos do intervalo de normalidade que os teores de Cu
no fígado. Houve baixa correlação entre os níveis hepáticos e os níveis ricos de
cobre (r=0,31), diferentemente dos resultados encontrado por Fichtner et al. (1988).
Esses autores encontraram valores de cobre hepático normais e séricos deficientes,
enquanto nossos resultados apresentaram teores deficientes em ambos os casos.
122
TABELA 18 – Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Cobre
Sérico de 25 Novilhas em seis diferentes momentos (mg/L)
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1 0,57
0,97 0,34 0,44 0,55
0,59
2 0,48
0,72 0,24 0,74 0,66
0,73
3 0,64
0,84 0,52 0,57 0,62
0,66
4 0,53
0,53 0,07 0,49 0,62
0,75
5 0,53
0,89 0,53 0,72 0,76
0,81
6 0,59
0,59 0,46 0,61 0,50
0,74
7 0,53
0,66 0,56 0,60 0,47
0,66
8 0,68
0,77 0,58 0,75 0,77
0,94
9 0,64
0,81 0,58 0,72 0,72
0,85
10 0,42
0,59 0,43 0,60 0,49
0,96
11 0,47
0,71 0,38 0,55 0,66
0,67
12 0,46
0,70 0,41 0,56 0,59
0,60
13 0,38
0,60 0,40 0,39 0,40
0,54
14 0,72
1,03 0,66 0,87 0,78
0,98
15 0,71
0,78 0,47 0,65 0,62
0,90
16 0,53
0,79 0,45 0,51 0,61
0,59
17 0,54
0,78 0,35 0,58 0,82
0,88
18 0,55
1,07 0,45 0,68 0,52
0,79
19 0,39
0,72 0,45 0,64 0,57
0,63
20 0,72
0,83 0,61 0,63 0,63
0,85
21 0,60
0,77 0,43 0,56 0,63
0,63
22 0,21
0,46 0,11 0,43 0,53
0,70
23 0,32
0,44 0,24 0,43 0,50
0,62
24 0,28
0,67 0,27 0,45 0,40
0,51
25 0,42
0,64 0,16 0,48 0,63
0,68
Média 0,52 0,73 0,41 0,59 0,60 0,73
S 0,14 0,16 0,15 0,12 0,11 0,13
Mediana
0,53 0,72 0,43 0,58 0,62 0,70
123
FIGURA 13 - Representação gráfica do cobre rico em 4 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
124
4.2.6 Ferro
Os teores médios de ferro sérico encontrados nas seis colheitas foram
respectivamente 2,52; 3,44; 2,21; 3,08; 3,0 e 2,89 mg/L. Houve variação significativa
do teor dio de ferro sérico entre os momentos de colheita (p< 0,05), com o maior
em maio 2003 e o menor em agosto 2003. Entretanto, entre fevereiro 2003, agosto
2003, novembro 2003, fevereiro 2004 e maio 2004 não houve diferença estatística.
Teores abaixo de 1,1 mg/L caracterizam deficiência de ferro (McDowell, 1992).
Segundo esse critério, nenhum animal apresentou-se deficiente em ferro em
nenhuma colheita.
Na forrageira, os teores de Fe foram 538; 841,5; 1670,0; 286.0; 318,0
mg/kg (ppm), respectivamente. Além disso, o sal mineral forneceu em média 50 mg
de ferro por dia (consumo médio de sal 38,48 g por animal). As necessidades de
ferro para bovinos de corte são de 50mg/kg da dieta, portanto, o sal mineral
isoladamente era capaz de suprir essas necessidades. Os teores de ferro presentes
na forrageira foram extremamente altos, se apresentando acima do valor
considerado tóxico em novembro 2003. Isso se refletiu também nos teores séricos
do elemento, pois em todos os momentos de colheita estes se apresentaram altos.
Underwood & Suttle (2001), consideram valores de 32.2 µmol/L (1,80 mg/L) de ferro
no soro indicativos de excesso do elemento na dieta. A grande maioria dos animais
apresentou valores séricos de ferro acima deste valor.
Nossos resultados foram consistentes com os encontrados por Guimarães
et al. (1992), que encontrou médias semelhantes (2,23 mg/L nas chuvas e 2,13 mg/L
na seca) com altas concentrações de ferro na forragem. Além do alto teor de ferro.
Entretanto, estes autores não encontraram diferença significativa entre as épocas do
ano. Em nosso experimento, como relatado, houve diferença entre as épocas de
colheita.
125
TABELA 19 Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Ferro
Sérico de 25 novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1
3,41 7,80 6,30 2,88 3,33 3,37
2
2,60 3,40 1,72 2,88 2,80 2,36
3
3,23 2,18 2,59 3,42 3,20 2,02
4
2,19 1,90 1,39 2,12 2,57 2,63
5
3,27 3,94 2,14 3,41 3,07 1,96
6
2,18 1,89 1,62 3,19 5,53 2,39
7
2,87 1,50 1,54 3,55 2,49 2,14
8
3,07 2,89 3,49 3,01 2,80 2,92
9
3,07 2,64 2,56 3,04 2,79 2,05
10
2,87 2,68 2,22 3,17 3,50 4,80
11
2,70 3,12 1,83 3,87 3,35 1,90
12
1,80 3,33 1,80 2,66 2,90 1,80
13
1,98 2,95 2,43 2,71 3,50 2,67
14
2,14 2,04 2,17 3,40 2,62 2,65
15
3,66 5,23 1,77 3,26 3,99 2,28
16
1,89 3,98 2,41 3,08 2,78 3,43
17
2,40 3,59 1,67 2,07 2,31 3,16
18
2,46 3,60 2,13 2,68 3,58 4,16
19
1,95 7,70 1,30 3,47 2,90 3,00
20
2,42 3,79 2,30 4,18 3,34 3,23
21
1,70 3,34 1,50 3,03 2,87 3,33
22
1,32 3,35 1,70 3,32 2,73 1,95
23
2,63 3,12 2,52 3,74 2,84 4,17
24
3,03 2,90 1,70 1,97 1,42 2,94
25
2,08 3,26 2,46 3,05 1,88 5,07
Média 2,52 3,44 2,21 3,09 3,00 2,89
S 0,60 1,52 0,96 0,52 0,74 0,89
Mediana 2,46 3,26 2,13 3,08 2,87 2,67
126
FIGURA 14 - Representação gráfica do ferro rico em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
127
4.2.7 Selênio
As médias dos teores de Se séricos nas seis colheitas foram 0,27; 0,22;
0,21; 0,44; 0,40 e 0,51 mg/L, respectivamente. Houve diferença significativa entre as
épocas de colheita (p<0,05), com a maior média em maio 2004 e a menor em agosto
2003. Não houve diferença significativa entre fevereiro 2003, maio 2003 e agosto
2003, bem como entre novembro 2003 e fevereiro 2004.
McDowell (1992), considera valores abaixo de 0,03 mg/L de Se no soro
críticos para bovinos. Portanto de acordo com esse parâmetro os teores médios de
Se séricos encontrados estão elevados.
Nossos resultados foram maiores que os encontrados por Lucci et al.
(1984 b), Hoff et al. (2001) e Gil et al. (2004). Além disso, esses autores não
encontraram diferença significativa entre as épocas do ano (chuvas e seca). Em
nosso experimento, tanto a maior média (maio 2004), quanto a menor média (agosto
2003), ocorreram durante o período seco.
Conforme visto quando discutimos os resultados do selênio hepático, o
teor de Se no capim não foi capaz de fornecer as necessidades diárias do elemento
aos animais em dois dos momentos de colheita (agosto 2003 e fevereiro 2004) e
como no tecido hepático, o teor médio de Se no plasma foi menor em agosto 2003.
Voltou a subir em novembro 2003 e diminuiu em fevereiro 2004, embora não
apresentando diferença estatística de novembro 2003, voltando a subir em maio
2004. Os trabalhos que realizaram análise da forragem (Lucci et al.,1984 a; Gil et al.,
2004), encontraram teores de Se deficientes em todos os momentos de colheita, o
que não ocorreu em nosso experimento. Provavelmente, as reservas armazenadas
quando a forragem apresentava teores de selênio suficientes para suprir as
necessidades dos animais foram capazes de manter os níveis plasmáticos de Se
dos animais dentro da normalidade quando o teor do elemento na forragem estava
baixo. É importante ainda frisar que o sal mineral utilizado no experimento não
continha selênio, sendo o capim a única fonte do elemento para os animais.
Não houve correlação entre os teores hepáticos e séricos de selênio
(r = - 0,04).
128
TABELA 20 Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Selênio
Sérico de 25 novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1
0,19 0,33
< 0,1
0,36 0,58 0,84
2
0,27 0,19
< 0,1
0,44 0,40 0,37
3
0,20 0,30 0,20 0,46 0,25 0,33
4
0,28 0,22 0,17 0,35 0,42 0,40
5
0,20 0,12 0,16 0,41 0,41 0,51
6
0,20 0,13 0,12 0,34 0,66 0,63
7
0,15 0,42 0,11 0,31 0,31 0,66
8
0,34 0,11 0,18 0,39 0,56 0,42
9
0,32 0,21 0,39 0,34 0,63 0,28
10
0,21 0,23 0,40 0,19 0,29 0,62
11
0,30 0,17 < 0,1 0,62 0,26 0,29
12
0,30 0,17 0,19 0,53 0,50 0,75
13
0,32 0,27 0,12 0,47 0,48 0,35
14
< 0,1 0,14 0,19 0,75 0,42 0,32
15
0,19 0,14
< 0,1
0,68 0,46 0,83
16
0,32 0,29
< 0,1
0,51 0,28 0,46
17
0,38 0,24
< 0,1
0,80 0,31 0,46
18
0,12 0,24 0,13 0,46 0,40 0,25
19
0,19 0,22 0,27 0,63 0,27 0,74
20
0,42 0,30 0,33 0,40 0,28 0,41
21
0,25 0,21
< 0,1
0,26 0,43 0,60
22
0,26 0,12
< 0,1
0,31 0,41 0,55
23
0,30 0,21 0,24 0,40 0,27 0,42
24
0,24 0,27 0,19 0,31 0,40 0,65
25
0,36 0,32 0,13 0,27 0,44 0,71
Média 0,27 0,22 0,19 0,44 0,40 0,51
S 0,08 0,08 0,05 0,15 0,12 0,17
Mediana
0,27 0,22 0,19 0,40 0,41 0,46
129
Figura 15 - Representação gráfica do selênio sérico em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
130
4.2.8 Zinco
As médias do teor de Zn sérico nas seis colheitas foram respectivamente,
1,19; 1,87; 1,39; 1,13; 1,28 e 1,37 mg/L. Houve diferença significativa entre as
épocas de colheita (p < 0,05), com a maior dia ocorrendo em maio 2003 e a
menor em novembro 2003. Não houve, entretanto, variação significativa entre as
outras épocas de colheita.
Esses resultados estão em conformidade com o intervalo considerado
normal por Fick et al. (1979), que vai de 0,5 a 1,2 mg/L.
Lebdosoekojo et al. (1980) e Prestes et al. (2004), encontraram resultados
menores que os nossos; Guimarães et al. (1992) e Morais et al. (2000)
encontraram resultados maiores; e Valle et al. (2003) encontraram teores
semelhantes aos nossos. Apesar disso, todos os autores encontraram teores de
zinco dentro do intervalo de normalidade.
Os teores médios de zinco no fígado estavam mais próximos do limite
inferior, porém mesmo assim os teores de zinco rico estavam dentro da
normalidade. Guimarães et al. (1992) encontraram resultados semelhantes, com
zinco sérico normal; zinco hepático baixo e sem diferença significativa entre as
épocas do ano. Esses autores consideraram existir deficiência marginal de zinco.
Não houve correlação entre os teores hepáticos e séricos de zinco
(r = -0,01).
131
TABELA 21 Valores de Média, Desvio Padrão e Mediana dos Níveis de Zinco
Sérico de 25 novilhas em seis diferentes momentos (mg/L).
Animal Fev
2003
Mai
2003
Ago
2003
Nov
2003
Fev
2004
Mai
2004
1
1,88 1,48 1,35 1,72 1,09 0,88
2
1,26 0,78 1,07 1,04 0,92 1,20
3
0,95 1,12 1,41 1,09 1,03 1,57
4
0,78 1,72 3,31 0,52 1,31 1,06
5
0,83 1,65 1,26 1,36 1,78 0,68
6
0,63 1,60 0,91 1,38 1,55 3,48
7
1,00 1,34 0,85 1,19 1,23 1,66
8
1,56 1,21 1,03 0,82 1,80 2,92
9
0,79 3,04 1,83 1,13 1,00 1,29
10
0,69 1,83 0,99 0,94 0,99 2,73
11
0,57 1,48 1,34 0,76 1,05 0,87
12
0,83 2,63 2,26 1,32 1,05 0,62
13
1,28 3,28 1,25 0,81 1,69 0,96
14
0,78 2,28 0,80 1,09 1,16 0,83
15
2,30 3,74 0,82 0,92 1,65 0,77
16
1,41 1,29 1,67 1,09 1,05 1,00
17
1,00 1,96 1,53 0,88 1,26 0,89
18
2,33 1,71 1,40 1,66 1,15 1,12
19
1,11 2,36 1,90 1,42 1,41 1,78
20
1,19 1,68 0,99 1,79 1,74 1,31
21
1,26 1,85 1,80 0,92 1,24 1,00
22
0,96 1,41 1,00 0,94 1,19 1,17
23
1,63 1,93 1,78 0,86 1,47 1,83
24
1,73 1,79 0,94 1,18 0,69 1,40
25
0,97 1,68 1,13 1,55 1,45 1,24
Média 1,19 1,87 1,39 1,13 1,28 1,37
S 0,48 0,69 0,55 0,32 0,29 0,70
Mediana
1,00 1,71 1,26 1,09 1,23 1,17
132
Figura 16 - Representação gráfica do zinco sérico em 6 diferentes colheitas no
decorrer do experimento.
133
5. Conclusões
1. Houve variação nos teores dos elementos minerais dosados no tecido hepático e
soro ao longo do ano exceto para o cobalto hepático.
2. O cobre apresentou-se deficiente no tecido hepático e no soro, mesmo com a
forrageira e o sal mineral fornecendo as necessidades diárias dos animais. Isso
pode ter ocorrido devido a uma deficiência em cobre pré–existente, uma vez que a
forrageira sozinha o fornecia totalmente as necessidades de cobre dos animais e
o fornecimento de sal mineral não era constante e regular.
3. Houve baixa correlação entre os níveis hepáticos e séricos de cobre. No caso do
selênio e zinco não existiu correlação.
4. A suplementação mineral adequada e a mudança do manejo, acarretaram um
aumento nas médias dos níveis hepáticos e séricos de cobre.
134
6. Bibliografia
AHOLA, J.K.; BAKER, D.S; BURNS, P.D.; MORTIMER, R.G.; ENNS,R.M.;
WHITTIER, J.C.; GEARY,T.W.; ENGLE T.E. Effect of copper, zinc and manganese
supplementation on reproduction, mineral status and performance in grazing beef
cattle over a two year period. Journal of Animal Science, v. 82, p. 2375-2383,
2004.
AMORIM, R.M; BORGES, A.S; KUCHEMBUCK, M.R.G; TOKARNIA, R.K.;
ALENCAR,N.X. Bioquímica sérica e hemograma de bovines antes e após a técnica
de biópsia hepática. Ciência Rural, v.33, n.3, p 519-523, 2003.
BAILEY,J.D.,ANSOTEGUI,R.P., PATERSON,J.A.,SWNSON,C.K., JOHNSON,A.B.
Effects of supplementing combinations of inorganic and complexed copper on
performance and liver mineral status of beef heifers consuming antagonists.
Journal of Animal Science, v. 79, p.2926-2934, 2001.
BARCELOS, A.F. Minerais na Nutrição de Ruminantes. Informe Agropecrio, v.
16, n. 175, p.16-23, 1992.
BARROS, N.N.; TEIXEIRA, L.B.; MORAES, E.; CANTO,A.C.; ITALIANO, E.C.
Teores de minerais no complexo solo planta animal de áreas de terras firmes
do Amazonas. Manaus: EMBRAPA/UEPAE, 1981. 3p. (Comunicado Técnico, 16
/81).
BLOOD, D.C.; RADOSTITS, O. M.; Clínica Veterinária, ed, Editora Guanabara
Koogan, 1989.
BRUM, P. A. R.;SOUZA, J. C.; FILHO, J. A.; ALMEIDA, I. L. Deficiências minerais
de bovinos na sub-região dos Paiaguas, no Pantanal Matogrossense. I. cálcio,
fósforo e magnésio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.22, n. 9/10, p. 1039-
1048, 1987a.
BRUM, P. A. R.;SOUZA, J. C.; FILHO, J. A.; ALMEIDA, I. L. Deficiências minerais
de bovinos na sub-região dos Paiaguas, no Pantanal Matogrossense. II. cobre,
zinco, manganês e ferro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.22, n. 9/10, p.1049-
1060, 1987b.
CAMARGO,W.V.A.;FERNANDES,N.S.;SANTIAGO,A.M.H. Estudos de elementos
minerais de interesse pecuário em regiões da amazônia legal. Arquivos do
Instituto Biológico, v. 47, n.4, p.83-111, 1980.
135
CAMARGO, W.V.A.; SANTIAGO, A.M.H.; NAZÁRIO, W. Teores de minerais de
interesse pecuário em regiões da Polamazônia. Revista Brasileira de Medicina
Veterinária, v. 7, n. 4, p. 118-124, 1985.
CHAMPMAN JUNIOR, H. L.; COX, D. H.; HAINES, C. H.; DAVIES, G. K. Evaluation
of the liver biopsy technique for mineral nutrition studies with beef cattle. Journal of
Animal Science, v. 22, n. 3, p. 733-7, 1963.
CORAH, L. H.; IVES, S. The effects of essential trace minerals on reproduction in
beef cattle. Veterinary Clinics of North America, Food Animal Practice, Beef Cattle
Nutrition, v. 7, n. 1, p. 41-57, 1991.
DAYRELL, M. S. Teores de minerais nos tecidos animal, plantas e solos do Brasil.
Documentos, n.24, Abril, 1986, Embrapa, 37 p.
DAYRELL, M. S.; LOPES, H. O. S.; SAMPAIO, I. B. M.; DÖBEREINER, J. Fatores a
serem considerados na interpretação de valores analíticos de fósforo inorgânico no
soro sanguíneo de bovinos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 8, p. 43-7, 1973.
FERNANDES, N. S.; SANTIAGO, A. M. H. Níveis de cobre em pastagens do Estado
do Mato Grosso. O Biológico, v. 38, p. 358-60, 1972.
FERNANDES,N.S.; CAMARGO,W.V.A. Projetos de pesquisa de minerais em
ruminantes em projetos agropecuários na região da Amazônia. In: SIMPÓSIO
LATINO AMERICANO SOBRE PESQUISA DE NUTRIÇÃO MINERAL DE
RUMINANTES EM PASTAGENS, 1976, Belo Horizonte. Proceedings..., 1976. p.
309-324.
FICHTNER, S.S; JARDIM, E.C.; LOPES, H.O.S.; VIANA FILHO, A. Interrelação do
cobre hepático e sérico em bovinos. Anais Escola de Agronomia e Veterinária,
v.18, n.1, p.117-120, 1988.
FICK, K. R.; McDOWELL, L. R.; MILES, P. H.; WILKINSON, N. S.; FUNK, J. D.;
CONRAD, J. H. Methods of mineral analysis for plant and animal tissues. 2
nd
ed. Gainesville: University of Florida, 1979. 90p.
GIL, S.; HEVIA, S.; DALLORSO, M.; RESNISKY, S. Selenium in bovine plasma, soil
and forage measured by neutron activation analysis. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, n.2, p.264-266, 2004.
GUIMARÃES, A. M.; SALIBA, E. O. S; RODRIGUEZ, N.M.; MOREIRA, P. K.
Variação sazonal de vitamina A, macro e microelementos no capim , fígado de
136
novilhas Nelore, criadas em pastagens de capim braquiária (Brachiaria decumbens).
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v 44(1), p 57-66, 1992.
GRAHAM, T.W. Trace elements deficiencies in cattle. Veterinary Clinics of North
America, v.7, n.1, 1991.
HOFF, B.; SCHRIER,N.; BOERMANS, H.; FAULKNER, H.; HUSSEIN, A.
Assessment of trace mineral and vitamin E status beef cows in Ontario. Canadian
Veterinary Journal, v.42, p. 384- 385, 2001.
HOUSER,R.H; FICK, K.R.; McDOWELL, L.R. O cobalto na nutrição de ruminantes.
In: SIMPÓSIO LATINO AMERICANO SOBRE PESQUISA EM NUTRIÇÃO MINERAL
DE RUMINANTES EM PASTAGENS, 1976, Belo Horizonte. Anais.... Escola de
Veterinária da UFMG, 1976. p.193-201.
JOHNSON, A. B.; SOCHA, M. T. Effects of trace minerals in ruminants. In:
CONGRESSO DE MEDICINA BOVINA, 5, 1998, Stiges. Anais... , 1998. p.137-63.
KANEKO,J.J. Clinical biochemestry of domestical animals. 4° edition, San Diego,
Academic Press, 1989, 932 p.
LEBDOSOEKOJO, S.; AMMERMAN, C. B.; RAUN, N. S.; GOMEZ, J.; LITTELL, R.
C. Mineral nutrition of beef cattle grazing native pastures on the eastern plains of
Colombia. Jornal of Animal Science, v. 51, n. 6, p.1249-60, 1980.
LISBOA, J. A. N., KUCHEMBUCK M.R.G., KOHAYAGAWA A., BONFIM S.R. M.;
SANTIAGO A. M. H.; DUTRA I. S. Resultados de Patologia Clínica e Dosagens de
Elementos Minerais em Bovinos Acometidos pelo Botulismo Epizoótico no Estado de
São Paulo. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.16, n.4, p.91-97, 1996.
LOPES, H.O.S; FICHTNER,S.S.;JARDIM,E.C.;COSTA,C.P.; MARTINS,W. Teores
de cobre e zinco em amostras de solos, forrageiras e tecido animal da micro-região
Mato Grosso de Goiás. Arquivos da Escola de Veterinária da UFMG, v.32, n.2,
p.151-169, 1980 a.
LOPES, H.O.S; FICHTNER, S.S.; JARDIM, E.C.; COSTA, C.P.; MARTINS, W.
Composição mineral de amostras de solo, forragem e tecido animal da micro região
Mato Grosso de Goiás – I. cálcio, fósforo, magnésio e potássio. Arquivos da Escola
de Veterinária da UFMG, v.32,n.2, p.161-174, 1980 b.
LUCCI, C.A.; MOXON. A.L.; ZANETTI, M. A.; FUKUSHIMA,R.S., SCHALCH,E. &
PETTINATI,R.L. Selênio em bovinos leiteiros no Estado de são Paulo. I. Níveis de
selênio em soros sangüíneos. Revista Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia. USP, v 21, n.1, p. 65-70, 1984 a.
137
LUCCI, C. S. ; MEXON, A. L. ; ZANETTI, M. A. et al. Selenio Em Bovinos Leiteiros
do Estado de Sao Paulo. II. Niveis Selenio em Forragens e Concentrados
.
Brazilian
Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 21, n. 1, p. 71-76, 1984 b.
MARQUES,A.P.;RIETCORREA,F.;SOARES,M.P.;ORTOLANI,E.L.;GIULIODORI,M.J.
Mortes súbitas em bovinos associadas à carência de cobre. Pesquisa Veterinária
Brasileira, v.23, n.1, p.21-32, 2003.
MCDOWELL, L. R.; CONRAD I. H. Trace mineral nutrition in Latin America. World
Animal Review, n. 24, p. 24-33, 1977.
MCDOWELL, L. R.; Minerals in animal and human nutrition. academic Press, San
Diego: 1992, 424 p.
MCDOWELL, L. R. Minerais para ruminantes sob pastejo em regiões tropicais,
enfatizando o Brasil, 3ª ed., 1999, 92 p.
MENDES, M.O.; CONRAD, J.H.; AMMERMAN, C.B.; Teores de minerais em bovinos
de corte do estado de Mato Grosso. Revista Brasileira de Medicina Veterinária,
v.4, n.3, p.25 -30,1981.
MENDES, M.O.; CONRADE, J.H; HOUSER, R.H; McDOWELL, L.R. Viabilidade da
Técnica de Biópsia na determinação dos teores de certos minerais em bovinos.
Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,v.5,n.1,p.55-60,1982.
MORAES, S.S.; SILVA, G.N.; DÖBEREINER, J. Microelementos minerais e a “Cara
inchada” dos Bovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.14, n.1, p. 25-33, 1994.
MORAES, S.S.; SINN, H.R.; HABERMEHL, G.; TERNES, W.; CAMPOS, R.C.
Determinação de selênio em fígado bovino pela técnica de geração de hidretos
espectrofotometria de absorção atômica. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.30, n.11, p.1347-1353, 1995.
MORAES, S.S. Avaliação das concentrações de zinco, manganês e ferro no fígado
de bovinos e ovinos de várias regiões do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira,
v.18, n.3-4,1998.
MORAES, S.S.; TOKARNIA,C.H.; DÖBEREINER,J.; Deficiências e desiquilíbrios de
microelementos em bovinos e ovinos em algumas regiões do Brasil. Pesquisa
Veterinária Brasileira, v.19, n.1, p.19-33, 1999.
MORAES, S.S. Importância da Suplementação Mineral para Bovinos de Corte.
Documentos, n.114, dezembro, 2001, Embrapa, 26 p.
MORAIS, M.G.; GONÇALVES, L.C.; LOPES, H.O.S.; COSTA, M.V.F; NUNES, A.B.
Variação Sazonal de Eletrólitos no sangue de vacas aneloradas sob pastejo
138
contínuo de Brachiaria decumbens. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia. v. 52, n.2, p.105 -111, 2000.
MULLIS, L. A., SPEARS, J.W., McCRAW. R.L. Effects of breed (Angus vs
Simmental) and copper and zinc source on mineral status of steers fed high dietary
iron. Journal of Animal Science, v.81, p. 318-322, 2003.
NICODEMO, M.L.F.; MORAES, S.S.; ROSA, I.V.; MACEDO, M.C.M.; THIAGO,
L.R.L.S; ANJOS,C.R. Uso de Parâmetros Ósseos, Plasmáticos e Fecais na
determinação da Deficiência de sforo em Bovinos. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.29, n.3, p.840-847, 2000.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL Nutrient Requirements of Beef Cattle:
Seventh Revised Edition: Update 2000, National Academy Press, 2000. 276 p.
ORTOLANI, E.L. A deficiência de selênio nos animais domésticos do Brasil. A Hora
Veterinária. v.9, n. 52, p. 14-18, 1989.
PEARSON, E.G.; CRAIG, A.M. The diagnosis of Liver Disease in Equine and Food
Animals. Modern Veterinary Practice, v. 63, n. 3, p. 233-237, 1980
PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. Minerais para ruminantes. SIMPÓSIO
SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 3., 1985, Piracicaba. Anais...FEALQ,1985.145p.
POTT, E. B.; BRUM, A.R.P.; ALMEIDA,I.L.; COMASTRI,J. A. DYNIA,J.F. Nutrição
Mineral de Bovinos de Corte no Pantanal Mato-grossense. I. Levantamento de
macronutrientes na nhecolândia (Parte Central). Pesquisa Agropecuária
Brasileira, 22, n.9/10, p. 1093-1109, 1987.
POTT, E. B.; POTT, A. Níveis de nutrientes em plantas não gramíneas pastejadas
por bovinos na sub região dos Paiaguás, do Pantanal Mato-Grossense. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 22, n. 11/12, p. 1293-1299, 1987.
POTT, E. B.; ALMEIDA, I. L.; BRUM, P.A.R.; FILHO, J. A. C.; POTT, A.; DYNIA, J. F.
Nutrição mineral de bovinos de corte no pantanal Mato-grossense: 2. Micronutrientes
na Nhecolândia (Parte Central). Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.24, n.1, p.
109-26, 1989
a .
POTT, E. B.; BRUM, P. A. R.; POTT. A; ALMEIDA. I. L.; FILHO. J. A . C.; TULLIO,
R.R. Nutrição mineral de bovinos de corte no pantanal Mato-grossense. IV.
Levantamento de micronutrientes no Baixo Piquiri. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 24, n.1, p 1369-80, 1989 b.
139
POTT, E. B.; BRUM, P. A. R.; POTT, A; ALMEIDA, I. L.; FILHO, J. A . C.; TULLIO,
R.R. Nutrição mineral de bovinos de corte no pantanal Mato-grossense. IV.
Levantamento de macronutrientes no Baixo Piquiri. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 24, n.1, p 1361-68, 1989 c.
POTT, E.B.; BRUM, P.A.R.; ALMEIDA, I.L.; COMASTRI, J.A.; POTT, A. Nutrição
mineral de bovinos de corte no pantanal Mato-grossense. V. Levantamento de
macronutrientes na sub-região de Aquidauana. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v.24, n.11,p.1381-1395, 1989d.
POTT, E.B.; COMASTRI, J.A.; ALMEIDA, I.L; BRUM,P.A.R.; POTT, A. Nutrição
mineral de bovinos de corte no pantanal Mato-grossense. VI. Levantamento de
micronutrientes na sub-região de aquidauana. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
vol 24, n.11, p1397-1411, 1989 e.
PRESTES, D.S.; FILLAPI, A.R.; FINAMOR, L.F.; BARCELLOS,A.R.; CECIM, M.
Níveis Plasmáticos e ósseos de cálcio e fósforo em vacas de corte suplementadas e
não suplementadas com minerais. Archives of Veterinary Science, v.8, n.1, p. 49-
53, 2003.
PRESTES, D.S.; FILLAPI, A.R.; CECIM,M. Estado mineral de bovinos de corte em
rebanhos suplementados no centro-oeste do Rio Grande do Sul. Archives of
Veterinary Science, v.9, n.1, p. 17-21, 2004.
SANTIAGO, A.M.H; CARVALHO, P.R.; FERRARI, C.I.L.; MAZIERO, D.S.; ALVES,
M.I.F. Níveis minerais em gramíneas utilizadas por bovinos de corte na região de
Araçatuba, Estado de São Paulo Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v.60,
n.1/2, p.13-28, 1993.
SHIRLEY, R.L.; CARVALHO, J.H. A água como fonte de minerais. In: SIMPÓSIO
LATINO AMERICANO SOBRE PESQUISA EM NUTRIÇÃO MINERAL DE
RUMINANTES EM PASTAGENS, 1976, Belo Horizonte. Anais.... Escola de
Veterinária da UFMG, p. 34-50, 1976.
SOUSA, J.C.; CONRAD, J.H.; BLUE, W.G.; McDOWELL, L.R.; Inter-relações entre
minerais no solo, forrageiras e tecido animal.1. Cálcio e fósforo Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.14, n.4, p.387-395, 1979.
SOUSA, J.C.; CONRAD, J.H.; McDOWELL, L.R.; AMMERMAN, C.B.; BLUE, W.G.
Inter-relações entre minerais no solo, forrageiras e tecido animal.2. Cobre e
molibdênio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.15, n.3, p.335-341, 1980.
140
SOUSA, J.C.; CONRAD, J.H.; MCDOWELL, L. R.; AMNERMAN, C.B.; BLUE, W.G.
Inter-relações entre minerais no solo, plantas forrageiras e tecido animal. 3.
Manganês, Ferro e Cobalto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.16, n.5, p. 739-
746, 1981.
SOUSA, J. C.; CONRAD, J.H.;MOTT,G.O; MCDOWELL, L. R.; AMNERMAN, C.B.;
BLUE, W.G.; Inter-relações entre minerais no solo, plantas forrageiras e tecido
animal. 4. Zinco, magnésio, sódio e potássio. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v. 17, n.1, p. 11-20, 1982.
SOUSA, J. C.; GOMES, R. F.C.; REZENDE, A. M.; ROSA, I. V. CARDOSO,
E. G.; GOMES, A.; COSTA. F.P.; OLIVEIRA, A. R. COELHO NETO, L.; CURVO, J.
B. E. Resposta de novilhos nelorados à suplementação mineral em pastagens de
capim colonião. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.18, n.3, p 311-8, 1983.
SOUSA, J. C.; DARSIE, G. Deficiências minerais em bovinos de Roraima, Brasil. I.
Zinco e cobalto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 20, n. 11, p. 1309 -1316,
1985.
SOUSA, J.C., GOMES,R.F.C;SILVA,J.M.;EUCLIDES,V.P.B. Suplementação mineral
de novilhos de corte em pastagens adubadas de capim colonião. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.20, n.2, p.259-269,1985.
SOUSA J. C.; DARSIE, G. Deficiências minerais em bovinos de Roraima, Brasil. II.
Ferro e Manganês. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 21, n. 7, p. 763-769,
1986.
SOUSA, J.C.; GONÇALVES, E.M.; VIANA,J.A.C.; DARSIE,G. Deficiências minerais
em bovinos de Roraima, Brasil. III - Cálcio e Fósforo. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.21, n.12 p.1327-1336, 1986.
SOUSA, J.C.; GONÇALVES, E.M.; VIANA, J.A.C.; DARSIE, G.Deficiências minerais
em bovinos de Roraima, Brasil. IV Magnésio, sódio e potássio. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.22, n.1 p.89-98, 1987.
SOUSA, J. C.; NICODEMO, M. L. F.; DARSIE, G. Deficiências minerais em bovinos
de Roraima, Brasil. V. Cobre e Molibdenio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.
24, n. 12, p. 1547-54, 1989.
SPEARS,J.W. Trace Mineral Bioavailability in Ruminants. The Journal of
Nutrition, 133, p. 1506S -1509S, 2003.
141
SUBRAMANIAN, K.S. Determination of metals in biofluids and tissues: sample
preparation methods for atomic spectroscopic techniques. Spectrochimica Acta,
part B 51, 291-319, 1996.
TOKARNIA, C.H.; GUIMARÃES, J.A.; CNELLA, C.F.C., DÖBEREINER, J.
Deficiências de cobre e cobalto em algumas regiões do Brasil. Pesquisa
Agropecuária Brasileira Série Veterinária, v.6, p.61-77, 1971.
TOKARNIA, C. H.; DÖBEREINER, J.; MORAES, S. Situação atual e perspectivas da
investigação sobre nutrição mineral em bovinos no Brasil. Pesquisa Veterinária
Brasileira, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1/2, p. 1-16, 1988.
TOKARNIA, C.H.; DÖBEREINER, J.; MORAES, S.S.; PEIXOTO, P.V. Deficiências e
desequilíbrios minerais em bovinos e ovinos revisão dos estudos realizados no
Brasil de 1987 a 1998. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.19, n.2, p.47-62, 1999.
TOKARNIA, C. H.; DÖBEREINER, J.; PEIXOTO, P. V. Deficiências minerais em
animais de fazenda, principalmente bovinos em regime de campo. Pesquisa
Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 127-38, 2000.
UNDERWOOD, E. J. Trace elements in human and animal nutrition. 4ed. New
York: Academy Press, 1977. 545 p.
UNDERWOOD, E. J. Los minerales en la nutrición del ganado. ed. Zaragoza:
Editorial Acribia,1983, 210 p.
UNDERWOOD, E. J.; SUTTLE, N. F. The Mineral Nutrition of Livestock. 3
rd
ed.
CABI Publishing, 2001, 614 p.
VALLE, S.F.; GONZÁLES, F.D.; ROCHA,D.; SCALZILLI, H.B.; CAMPO, R.;
LAROSA,V. L. Brasilian Journal of Veterinary Research and Animal Science.
v.40, suplemento 1, p. 47-53, 2003.
VITTI, D. M. S. S.; ABDALLA, A. L.; SILVA FILHO, J. C. S.; AMBROSANO, E. J.
Métodos para o diagnóstico da deficiência de fósforo em ruminantes. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.23, n.6, p. 645-651, 1988.
WARD, J.D.; SPEARS, J.W.; KEGLEYE, B. Effect of Copper Level and Source
(Copper Lysine vs Copper Sulfate on Copper Status, Performance, and Immune
Response in Growing Steers Fed Diets With or Without Supplemental Molybdenum
and Sulfur. Journal of Animal Science, v.71, p. 2748-2755, 1993.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo