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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JULIO DE MESQUITA FILHO"
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
MPUS DE ARARAQUARA
ESTUDO DA ESTABILIDADE QUÍMICA, FÍSICA E LIBERAÇÃO IN VITRO DA
ERITROMICINA VEICULADA EM SISTEMAS LÍQUIDO-CRISTALINOS PARA
TRATAMENTO DA ACNE VULGARIS
KAREN ROSSIT SOTIRO
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Virgínia Scarpa
Araraquara-SP
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JULIO DE MESQUITA FILHO"
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
MPUS DE ARARAQUARA
ESTUDO DA ESTABILIDADE QUÍMICA, FÍSICA E LIBERAÇÃO IN VITRO DA
ERITROMICINA VEICULADA EM SISTEMAS LÍQUIDO-CRISTALINOS PARA
TRATAMENTO DA ACNE VULGARIS
KAREN ROSSIT SOTIRO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas, Área de
Concentração em Pesquisa e Desenvolvimento de
Fármacos e Medicamentos, Faculdade de
Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Mestre em
Ciências Farmacêuticas.
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Virgínia Scarpa
Araraquara-SP
2007
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Dedico aos meus pais
Carlos Roberto e Maria Aparecida
e a meu irmão André.
Por todo amor, compreensão e apoio.
“Procure ser uma pessoa de valor, em vez de procurar ser uma pessoa
de sucesso. O sucesso é conseqüência.”
Albert Einstein
AGRADECIMENTOS
Ao término deste trabalho gostaria de agradecer às pessoas que contribuíram de
diferentes formas para a sua realização.
À professora Maria Virgínia Scarpa pela oportunidade concedida, pela
orientação e incentivo.
Ao professor Dr. Celso Santilli e ao Dr. Vitor Hugo Sarmento do Departamento
de Físico Química do Instituto de Química da UNESP, pela colaboração nas análises
de reologia.
A Dra. Leila A. Chiavacci pela amizade e ajuda nas análises de SAXS.
A todos os professores do Departamento de Fármacos e Medicamentos da
UNESP, que contribuíram para minha formação, em especial aos professores Drs.
Anselmo Gomes de Oliveira, Raul César Evangelista, Luis Vitor Silva do Sacramento e
as professoras Dras. Hérida Salgado, Maria Palmira Daflon Gremião e Ana Dóris de
Castro, pela amizade e incentivo.
Ás funcionárias da seção de Pós Graduação; Cláudia, Laura e Sônia, pelo
auxílio e atenção em todos os momentos.
Aos técnicos do Departamento de rmacos e Medicamentos da UNESP, em
particular Fátima e Margareth pela amizade, companheirismo e profissionalismo.
A todos os funcionários da biblioteca de FCFar - UNESP, especialmente Moacir,
Max, Irani, Lucas e Ana Cristina pela atenção e seriedade com que desempenham seu
trabalho.
A CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.
Aos amigos que encontrei e pude conviver durante esse tempo: Maria Carolina,
Rubiana, Traudi, Cristina, Helen, Luana, Danielle, Daniela, Nelson, Andréia, Arnóbio,
Ketylin, Gisele, Thiago, Gustavo, Priscileila, Fabrício, Priscila, Juliane, Thais, Vanessa,
Suzana, Marlus, Celso, Gabriela, Tina, Thalita, Kelle, Cristiane, Flávia , Velma e Ednir.
As minhas amigas de república Gabriela, Maria Carolina, Traudi, Mariana,
Alianda, Priscila e Nicole, obrigada por carinho e pela paciência.
A minha família maravilhosa e ao meu namorado Jair, pelo companheirismo e
paciência durante todo tempo.
A amiga Ana Cristina, pela nossa amizade.
A Deus, por tudo e por mais esta oportunidade,
Muito obrigada !!
ÍNDICE
Resumo ..............................................................................................................................i
Abstract............................................................................................................................iii
Lista de abreviaturas.........................................................................................................iv
Lista de figuras.................................................................................................................vi
Lista de tabelas ...............................................................................................................xii
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
2. OBJETIVOS................................................................................................................29
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1.1 Material................................................................................................................30
3.1.2 Equipamentos......................................................................................................31
3.2 Métodos..................................................................................................................32
3.2.1 Caracterização da eritromicina.........................................................................32
3.2.1.1 Espectroscopia de infravermelho............................................................32
3.2.2. Construção do diagrama de fases....................................................................32
3.2.3 Formulações escolhidas....................................................................................33
3.2.4 Incorporação da ER nos sistemas.....................................................................34
3.2.5 Caracterização física.........................................................................................34
3.2.5.1 Índice de refração ....................................................................................35
3.2.5.2 Condutividade eletrolítica........................................................................35
3.2.5.3 Microscopia de luz polarizada.................................................................35
3.2.5.4 Reologia...................................................................................................36
3.2.5.5 Espalhamento de raios-X a baixo ângulo................................................37
3.2.6 Estabilidade física..............................................................................................37
3.2.6.1 Teste de prateleira e Estabilidade preliminar das formulações...............37
3.2.7. Metodologia analítica para CLAE.........................................................................38
3.2.7.1 Condições cromatográficas......................................................................38
3.2.7.2 Validação da metodologia.......................................................................38
3.2.7.3 Curva analítica.........................................................................................41
3.2.8 Estabilidade da química da eritromicina no sistema..............................................42
3.2.9 Coeficiente de partição...........................................................................................42
3.2.10 Variação do tempo de retenção da ER.................................................................43
3.2.10.1 Fase móvel ............................................................................................43
3.2.10.2 Constante dielétrica...............................................................................43
3.32.11 Liberação in vitro.............................................................................................44
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização da eritromicina................................................................................47
4.1.1 Espectroscopia de infravermelho...............................................................47
4.2 Construção do diagrama de fases............................................................................49
4.3 Incorporação da ER nos sistemas............................................................................53
4.4 Caracterização física................................................................................................54
4.4.1 Índice de refração .......................................................................................54
4.4.2 Condutividade eletrolítica...........................................................................55
4.4.3 Reologia......................................................................................................57
4.4.4 Microscopia de luz polarizada....................................................................64
4.4.5 Espalhamento de raios-X a baixo ângulo...................................................67
4.5 Estabilidade física..................................................................................................72
4.5.1 Teste de prateleira e Estabilidade preliminar das formulações..................72
4.6 Metodologia analítica para CLAE..........................................................................87
4.6.1 Variação do tempo de retenção..................................................................87
4.6.2 Constante dielétrica ...................................................................................88
4.6.3 Validação da metodologia.........................................................................89
4.7 Estabilidade da eritromicina nos sistemas.................................................................93
4.8 Coeficiente de partição..............................................................................................97
4.9 Perfil de solubilidade da ER......................................................................................98
4.9.1 Perfil de liberação da ER in vitro................................................................98
5. CONCLUSÕES.........................................................................................................101
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................103
i
RESUMO
A acne é uma patologia que acomete a pele e ocorre da metade ao final da
adolescência, afetando ambos os sexos. Acredita-se que a acne vulgaris ocorra em
adolescentes em decorrência das variações hormonais fisiológicas e das alterações na
maturação dos folículos pilosos. A eritromicina é indicada como fármaco de primeira
escolha no tratamento da acne e outras doenças infecciosas que afetam a pele. O
objetivo desse trabalho foi desenvolver formulações alternativas para a administração
cutânea de eritromicina (ER), formadas através da mistura de adipato de butila, álcool
etoxilado e propoxilado e água, que fossem agradáveis no momento do uso e o menos
irritante possível para a pele. Obtiveram-se sistemas de diferentes formas de
estruturação, como emulsão, microemulsão, sistemas de transição de fase e sistemas
líquido - cristalinos. Esse último escolhido para um estudo mais completo por
apresentar menor quantidade de fase oleosa e por ser um sistema dotado de propriedade
tixotrópica e boa aderência a pele, que se deforma durante a aplicação e recuperam a
viscosidade inicial no momento em que se encerra a aplicação, evitando que o produto
escorra. Os sistema foram caracterizados pelo estudo reológico, medidas de índice de
refração, condutividade, microscopia de luz polarizada e espalhamento de raio-X a
baixo ângulo, que revelaram, sucessivamente sistemas plásticos com tixotropia, com
domínio polar e estruturação interna do tipo hexagonal relacionada a interação das três
fases constituintes. A estabilidade do fármaco no sistema escolhido deu-se através de
exposição das formulações as temperaturas de 25 e 60°C, onde apresentaram
diminuição de aproximadamente 6,25% e 81,25% de ER respectivamente, nos primeiros
29 dias. O ensaio de liberação, in vitro, realizado para verificar se os sistemas
ii
prolongam o tempo de liberação da eritromicina, demonstrou um perfil mais lento de
liberação do fármaco contido nos cristais-líquidos, quando comparado ao fármaco livre.
iii
ABSTRACT
The acne is a pathology that affects the skin and occurs in the half to the end of the
adolescence, affecting both the sexs. One gives credit that the vulgar acne occurs in
adolescents in result of the physiological hormonal variations and of the alterations in
the maturation of the pilosos foliculus. The erythromycin is indicated as drug of first
choice in the treatment of the acne and other illnesses that affect the skin. The objective
of this work was to develop alternative formulations for the cutaneous administration of
erythromycin (ER), formed through the mixture of butil adipate, propoxyl and ethoxyl
cethyl alcohols and water, that was pleasant at the moment of the use and possible, less
irritating to skin. Systems of different forms of structured had been gotten, like
emulsion, microemulsion, systems of phase transition and liquid - crystalline systems.
This last one chosen for containing least amount of oily phase, being thus, less greasy
and for this systems being that, if deform during the application and recovery initial
viscosity at the moment where stop the application, preventing that the product drains.
The system was characterized by the rheological study, measures of refractive index,
conductivity, microscopy of polarized light and small-angle X-ray scattering, that had
discovered, successively plastic systems with thixotropy, with polar domain and
hexagonal internal structured related the interaction of the three constituent phases. The
stability of the drug in the chosen system gave through exposition of the formulations at
2 different temperatures, environment and 60 °C, they had presented reduction of 6.25%
and 81.25% of ER approximately respectively, in first the 29 days.
The in vitro release assay was realized to verify if these systems are able to prolong the
time release of the erythromycin. They demonstrated a slower profile of the drug
contained in the liquid crystals, when compared with the free drug.
iv
ABREVIATURAS
SMT / SLC – Sistema microestruturado/ sistema líquido-cristalino
SME– Sistema microemulsionado
STF – Sistema de transição de fase
SE – Sistema emulsionado
SF – Separação de fases
ER – Eritromicina
CV – Coeficiente de variação
IR – Índice de refração
F1- Formulação 1
F2 – Formulação 2
F3 – Formulação 3
F4 – Formulação 4
RVL – Região viscoelastica linear
G – Módulo de rigidez de sólidos
J – Compliância
CL - Cristal líquido
q- Vetor de espalhamento
U.A. –Unidades arbitrárias
LNLS - Laboratório Nacional de Luz Sincroton
ACN - Acetonitrila
K- Coeficiente de partição
ε
εε
ε - Constante dielétrica
BOH - Álcool butílico terciário
v
FM - Fase móvel
RCF – força centrifuga relativa
LD - Limite de detecção
LQ - Limite de quantificação
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Anatomia da pele.............................................................................................2
Figura 2: Adaptação de esquema de ilustração dos caminho
s da permeação de fármacos
através do estrato córneo..................................................................................................3
Figura 3: Evolução do processo de inflamatório do folículo pilo-sebáceo; a) folículo
normal; b) ceratina ocluindo a glândula, comedão; c) início da inflamação; d) processo
inflamatório em grau elevado e e) rompimento da parede folicular................................6
Figura 4: Fórmula estrutural da eritromicina.................................................................10
Figura 5: Fórmula do PPG-5-Ceteth-2...........................................................................13
Figura 6: Fórmula estrutural do adipato de dibutila.......................................................13
Figura 7: A) micela normal e reversa; B) microemulsão O/A; C) fase lamelar; D) fase
hexagonal e hexagonal reversa e E) fase cúbica..............................................................18
Figura 8: Texturas líquido-cristalinas típicas, observadas em um microscópio óptico de
luz polarizada. A- nemática; B- colestérica; C- esmética................................................21
Figura 9: Vários tipos de comportamento de fluxo........................................................25
Figura 10: Perfis de curvas reológicas para líquidos newtonianos, sólidos hookeanos e
materiais viscoelásticos...................................................................................................27
Figura 11: Gráfico de fluência e relaxação. Dentre os corpos viscoelasticos, eles podem
ser classificados durante a recuperação em: mais elásticos (ou seja, sólido viscoelastico)
ou mais viscosos (líquidos viscoelasticos)......................................................................28
vii
Figura 12: Diagrama de fases referente as formulações iniciais de onde partiram as
adições de água purificada. As linhas (...) representam à fase aquosa, as linhas (__) a
fase oleosa e as linhas (---) a fase tensoativa...................................................................33
Figura 13: Esquema de célula de difusão (à esquerda), adaptada ao equipamento de
dissolução (a direita). (a) dispositivo de agitação do meio receptor, (b) abertura para
coleta e reposição do meio, (c) orifício de colocação do tubo com a membrana............46
Figura 14: Espectro da eritromicina na região do infravermelho. Os números referem-
se a bandas não encontradas no espectro de referência, e as letras, referem-se às bandas
indexadas em comum entre os espectros.........................................................................48
Figura 15: Espectro de infravermelho de referência da eritromicina. As letras das
bandas indexadas estão referidas entre parênteses no texto. ..........................................49
Figura 16: Diagrama de fases com as regiões de cada sistema. SME- sistema
microemulsionado, SMT- sistema microestruturado, STF- sistema de transição de fases,
SE- sistema emulsionado, SF- separação de fases..........................................................51
Figura 17: A- separação de fases, B- microemulsão, C- sistema microestruturado
(liquido - cristalino), D- sistema de transição de fases e E- emulsão..............................52
Figura 18: Separação de fases após repouso.................................................................52
Figura 19: Sistema emulsionado após repouso..............................................................52
Figura 20: Diagrama com as formulações selecionadas................................................53
Figura 21: Representação gráfica do índice de refração................................................55
Figura 22: Efeito da variação da fase aquosa nos valores de condutividade.................56
Figura 23: Representação gráfica da relação entre tensão de cisalhamento e velocidade
de cisalhamento do sistema F2 a 25 e 37° C..................................................................58
viii
Figura 24: Representação gráfica da relação entre tensão de cisalhamento em função da
velocidade de cisalhamento do sistema F3 a 25 e 37° C...............................................58
Figura 25: Representação gráfica da relação entre tensão de cisalhamento e velocidade
de cisalhamento do sistema F4 a 25 e 37° C..................................................................59
Figura 26: Representação gráfica da relação entre viscosidade e velocidade de
cisalhamento do sistema F2 a 25 °C (A) e 37° C (B), respectivamente..........................60
Figura 27: Representação gráfica da relação entre viscosidade e velocidade de
cisalhamento do sistema F2 a 25 °C (A) e 37° C (B), respectivamente..........................60
Figura 28: Representação gráfica da relação entre viscosidade e velocidade de
cisalhamento do sistema F2 a 25 °C (A) e 37° C (B), respectivamente..........................61
Figura 29: Viscosidade comparativa entre as formulações F2, F3 e F4, a 25 e
37°C.................................................................................................................................62
Figura 30: Curvas de fluência e relaxação das formulações F2, F3 e F4.......................63
Figura 31: Fotomicrografias do sistema F1 em aumento de 20 X, as setas indicam
aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) fase hexagonal em sistema contendo
ER....................................................................................................................................65
Figura 32: Fotomicrografias do sistema F2 em aumento de 20 X, as setas indicam
aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) mistura de fases lamelar e hexagonal em
sistema contendo ER.......................................................................................................66
Figura 33: Fotomicrografias do sistema F3 em aumento de 20 X, as setas indicam
aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) fase hexagonal em sistema contendo
ER....................................................................................................................................66
ix
Figura 34: Fotomicrografias do sistema F4 em aumento de 20 X e 10 X
respectivamente, as setas indicam aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) fase
hexagonal em sistema contendo ER................................................................................67
Figura 35: Comparação estrutural entre as formulações F2, F3 e F4............................69
Figura 36: Evolução estrutural das formulações F2 e F2 com ER.................................70
Figura 37: Evolução estrutural das formulações F3 e F3 com ER.................................70
Figura 38: Evolução estrutural das formulações F4 e F4 com ER.................................71
Figura 39: Relação entre tensão de cisalhamento e a velocidade de cisalhamento após
45 dias em estufa sob diferentes temperaturas (25 °C e 60 °C) para as formulações F2
(A), F3 (B) e F4 (C).........................................................................................................76
Figura 40: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 sem o fármaco após 45
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.........................76
Figura 41: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 sem o fármaco após 45
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.........................77
Figura 42: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 sem o fármaco após 45
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.........................77
Figura 43: Relação entre tensão de cisalhamento e a velocidade de cisalhamento após
90 dias em estufa sob diferentes temperaturas (25 °C e 60 °C) para as formulações F2
(A), F3 (B) e F4 (C).........................................................................................................78
Figura 44: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 sem o fármaco após 90
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.........................78
Figura 45: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 sem o fármaco após 90
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.........................79
x
Figura 46: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 sem o fármaco após 90
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.........................79
Figura 47: Reogramas de escoamento e, fluência e relaxação da formulação F2
contendo o fármaco após o preparo sob temperatura ambiente (25 °C)..........................80
Figura 48: Reogramas de escoamento e, fluência e relaxação da formulação F3
contendo o fármaco após o preparo sob temperatura ambiente (25 °C)..........................80
Figura 49: Reogramas de escoamento e, fluência e relaxação da formulação F4
contendo o fármaco após o preparo sob temperatura ambiente (25 °C)..........................81
Figura 50: Reogramas de escoamento da formulação F2, F3 e F4 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C...............................81
Figura 51: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C...............................82
Figura 52: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de25 ° (ambiente) e 60 °C................................82
Figura 53: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de25 ° (ambiente) e 60 °C................................83
Figura 54: Reogramas de escoamento da formulação F2, F3 e F4 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C...............................83
Figura 55: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C...............................84
Figura 56: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C...............................84
xi
Figura 57: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25° (ambiente) e 60 °C................................85
Figura 58: Fotomicrografia do campo escuro característico de isotropia......................86
Figura 59: Tempo de retenção da eritromicina (em minutos) em função da proporção
de álcool butílico terciário presente na solução A da fase móvel...................................88
Figura 60: Curva analítica da eritromicina obtida em 215 nm, em fase móvel:
acetonitrila álcool butílico terciário e fase aquosa (3:20:77)..........................................90
Figura 61: (A) cromatograma da fase móvel (variação: acetonitrila 3%, álcool butílico
terciário 20% e fase aquosa 77%), (B) cromatograma do sistema micro estruturado sem
o fármaco.........................................................................................................................91
Figura 62: Cromatograma da solução padrão de eritromicina.......................................92
Figura 63: Gráfico referente à estabilidade da ER nas formulações F2, submetida à
temperatura de 25 °C e 60 °C.........................................................................................95
Figura 64: Gráfico referente à estabilidade da ER nas formulações F3, submetida à
temperatura de 25 °C e 60 °C.........................................................................................95
Figura 65: Gráfico referente à estabilidade da ER nas formulações F4, submetida à
temperatura de 25 °C e 60 °C.........................................................................................96
Figura 66: Mudança de coloração dos sistemas após exposição à temperatura constante
de 60ºC. ..........................................................................................................................97
Figura 67: Curva analítica da ER em tampão fosfato pH 6,8........................................98
Figura 68: Perfil de liberação in vitro dos CL contendo ER........................................100
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tipos de acne e seu grau de identificação......................................................8
Tabela 2: Formulações selecionadas e suas respectivas porcentagens de cada
componente da formulação e classificações...................................................................34
Tabela 3: Constantes dielétrica dos solventes utilizados...............................................44
Tabela 4: Valores médios do índice de refração de cada formulação, em triplicata a
20°C...............................................................................................................................55
Tabela 5: Valores dos parâmetros obtidos a partir das curvas de SAXS......................71
Tabela 6: Valores de pH das amostras sob as temperaturas; 25, 45 e a 60°C,
respectivamente...............................................................................................................74
Tabela 7: Valores da constante dielétrica e temperatura do estudo................................89
Tabela 8: Relação das concentrações de ER em fase móvel e área do pico obtida .......90
Tabela 9: Valores de recuperação encontrados..............................................................93
Karen Rossit Sotiro
1
1. INTRODUÇÃO
Muitos trabalhos têm sido realizados no sentido de esclarecer cada vez mais a
permeabilidade cutânea das substâncias ativas. Devido à estrutura e composição lipídica da
epiderme, mais especificamente do estrato córneo, existe uma grande dificuldade na difusão
dos fármacos através da pele, principalmente daqueles com natureza hidrofílica.
Para que se possa desenvolver adequadamente um produto de uso tópico bem como
compreender sua permeabilidade cutânea é preciso, primeiramente, conhecer muito bem a
pele humana (LEONARDI, 2004).
A pele cobre uma área de aproximadamente 2m² e promove o contato entre o corpo e o
ambiente externo impedindo a perda de água por evaporação e o ingresso de materiais
estranhos e atritos, agindo como uma barreira dupla (JUNQUEIRA et al. 1999, SUHONEN et
al., 1999; HARDGRAFT, 2001). Essencialmente composta por duas camadas, uma camada
epitelial de origem ectodérmica mais externa e não vascularizada chamada epiderme (epitélio
estratificado pavimentoso queratinizado) e outra mais interna de origem mesodérmica, a
derme, que possui um rico suplemento de capilares, glândulas sudoríparas e sebáceas, além de
folículos pilosos (SUHONEN et al., 1999). Em continuidade com a derme esta a hipoderme,
que, embora tenha a mesma origem da derme, não faz parte da pele, servindo de suporte e
união com os órgãos subjacentes (figura 1). Através das suas terminações nervosas, a pele
esta em comunicação constante com o ambiente e por meio de seus vasos, glândulas e tecido
adiposo, colaboram na termorregulação do corpo (SUHONEN et al., 1999; LEONARDI,
2004).
A camada superficial da epiderme, o estrato córneo, é formada por diversas camadas
de células mortas (queratinócitos) firmadas em uma matriz lipídica (SUHONEN et al., 1999).
Karen Rossit Sotiro
2
Durante a passagem da camada basal para o estrato córneo, as células sofrem
queratinização, transformando células epiteliais em células mortas através desidratação
celular com decomposição do citoplasma e núcleo, dando origem aos lipídios (LEONARDI,
2004). Esses lipídios conferem ao estrato córneo permeabilidade à água 1000 vezes menor
que a maioria das membranas biológicas (SUHONEN et al., 1999). Essa impermeabilidade é
considerada um problema, pois se estima que apenas uma pequena porcentagem de material
ativo penetra através da pele quando aplicado topicamente (HARDGRAFT, 2001).
Essas células sofrem esfoliação, ocorrendo dessa forma um deslocamento permanente
e repetido de células, que da camada basal atingem gradualmente a superfície epidérmica,
para se desprenderem mortas. Essa diferenciação ocorre em torno de duas semanas para
jovens e em torno de 37 dias para pessoas com mais de 50 anos (LEONARDI, 2004).
Figura 1: Anatomia da pele (www.cnrs.fr)
Poros
Pêlo
Camada córnea
Músculo pilo eretor
Músculo
Papila
dérmica
Derme
Epiderme
Hipoderme
Glândula sebácea
Veia
Artéria
Gordura subcutânea
Vasos sanguíneos
Karen Rossit Sotiro
3
Depois que uma molécula ativa atravessa o estrato córneo (espessura de 75 a 150 µm),
não outra barreira à difusão nas outras camadas da pele se a molécula não ficar retida ou
metabolizada no caminho.
A permeação de substâncias através da pele pode ocorrer por difusão da substância
ativa através da epiderme intacta ou através dos apêndices da pele, como: folículos pilosos e
glândulas sudoríparas. Esses caminhos pelos quais as moléculas podem atravessar o estrato
córneo são: intercelular ou intracelular, transcelular e apendical ou transanexal, como pode ser
observado na Figura 2 (ANSEL et al., 2000; HARDGRAFT, 2001). O caminho intercelular é
o maior responsável pela permeação da maioria dos fármacos (SUHONEN et al., 1999), pois
a substância ativa não tem que atravessar os queratinócitos, apenas difunde-se pelo meio
intercelular, enquanto que o transcelular, a substância ativa não apenas difunde-se entre os
lipídios como também atravessa os queratinócitos (LEONARDI, 2004). Enquanto que a via
apendical, é rápida e direta, e o fármaco penetra cutaneamente pelo folículo pilosebáceo e
poros (ABRAHAM et al.; 1995).
Figura 2: Adaptação de esquema de ilustração dos caminhos da permeação de fármacos
através do estrato córneo (ABRAHAM et al., 1995).
Karen Rossit Sotiro
4
Melhoras na penetração cutânea se dão por agentes específicos chamados de
promotores de penetração, que interagem com o estrato córneo, alterando sua resistência
natural. São exemplos, dimetil-sufóxido (DMSO), ácido lático, ácido oléico, ácido salicílico,
uréia, solventes orgânicos (etanol, metanol e acetona) e os tensoativos (SUHONEN et al.,
1999; LEONARDI, 2004), os quais são farmacologicamente inativos, mas podem interagir
com o estrato córneo quando incorporados em formulações de uso tópico, reduzindo a
resistência da pele para a difusão do fármaco. Desse modo, a água, de natureza polar, interage
com as cabeças polares do tensoativo na bicamada lipídica, permitindo a entrada de
substâncias polares, devido ao intumescimento dessas cabeças, induzindo alterações na
estrutura do estrato córneo, através da hidratação. A presença do álcool também induz
modificações na região de grupos de cabeças polares das bicamadas lipídicas (SUHONEN et
al., 1999).
A penetração através da pele e permeação do fármaco após aplicação tópica, depende
também das propriedades físico-químicas de suas moléculas, como também da função da pele
como uma barreira de transporte que pode ser influenciada pela aplicação da formulação
(MÜLLER et al., 2003).
O veículo empregado no transporte do rmaco interfere de maneira bastante
significativa na penetração cutânea, pois controla a liberação da substância ativa, que é
modulada pela interação físico-química do veículo com o fármaco, o qual deve ser
primeiramente liberado para então permear a pele. Desse modo o fármaco deve apresentar
maior atração físico-química com a pele do que com o veículo no qual é apresentado (ANSEL
et al., 2000; LEONARDI, 2004).
Outros meios para se aumentar à liberação do fármaco através da pele são
modificações químicas, que transportam o fármaco como inativo (pró–fármaco), o qual
Karen Rossit Sotiro
5
penetra sem dificuldade pela pele através de meios elétricos como iontoforese, eletroforese e
aplicação de ultra-som (SUHONEN et al., 1999; ROMÁN et al., 2004).
Uma das patologias a qual se pode aplicar veículos, capazes de permanecer em contato
com a pele por mais tempo, é a Acne vulgaris.
Patologia que acomete a pele, a acne é praticamente universal da metade ao final da
adolescência, afeta ambos os sexos na puberdade, embora o sexo masculino tenha tendência a
apresentar uma doença mais grave (SAMPAIO, 2001, DEGITZ et al.; 2007), devido à
produção de testosterona, hormônio responsável pelo crescimento de pêlos pelo corpo, tanto
em homens como em mulheres, aumentado rapidamente na idade da puberdade, entre 10 a 13
anos e regredindo em torno dos 20-25 anos. Em alguns pacientes a acne persiste na quarta ou
quinta década da vida, chamada de acne persistente (GUYTON et al., 1997, DEGITZ et al.;
2007). A testosterona também é responsável pelo aumento da espessura da pele e aumento da
taxa de secreção de sebo pelas glândulas sebáceas (GUYTON et al., 1997; ZOUBOULIS,
2004).
Acredita-se que a acne vulgaris ocorra em adolescentes em decorrência dessas
variações hormonais fisiológicas e das alterações na maturação dos folículos pilosos,
localizando-se principalmente na face e nas costas, onde a maioria das glândulas sebáceas são
encontradas, isto é, regiões onde a acne ocorre preferencialmente. A característica desses
folículos é ter uma glândula sebácea hipertrofiada e um pêlo fino-rudimentar (SAMPAIO,
2001, DEGITZ et al.; 2007). Conforme ilustrado na figura 3;
A acne é observada em todas as raças, porém é tida como mais discreta em pessoas de
origem asiática.
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6
Figura 3: Evolução do processo inflamatório do folículo pilo-sebáceo; a) folículo normal; b)
ceratina ocluindo a glândula, comedão; c) início da inflamação; d) processo inflamatório em
grau elevado e e) rompimento da parede folicular (adaptado de DEGITZ et al.; 2007;
www.sante-naturelle.info/acne).
O conceito atual é que a acne resulta da interação de diversos fatores patogênicos.
Entre estes a elevada produção hormonal determinando a seborréia, comedões foliculares
(fechados e abertos) da hiperqueratose, mudanças na flora microbiana e processos de
inflamação imunológica (DEGITZ et al.; 2007). Assim, a acne é uma patologia que afeta o
folículo pilo-sebáceo, na qual participam concomitantemente fatores genéticos,
hiperqueratinização folicular, presença da bactéria Propionibacterium acnes e aumento da
produção sebácea, influenciada por fatores hormonais. Pode ser classificada em acne primária
(vulgar) ou secundária (cosmética, medicamentosa, solar, etc). No primeiro caso, trata-se da
acne de adolescentes e adultos jovens, onde a predisposição genética, estimulada pelo início
da produção hormonal, favorece o desenvolvimento das lesões na pele. No caso da acne
secundária, certos medicamentos como corticóides e vitaminas do complexo B têm como
Karen Rossit Sotiro
7
efeito colateral, o aparecimento da acne. Em relação à acne cosmética, matérias primas
adicionadas aos produtos com tendência comedogênica (como exemplos: óleo mineral,
manteiga de cacau, miristato de isopropila) são as responsáveis (LEONARDI, 2004). As
manifestações clínicas da acne podem ser induzidas ou exacerbadas por fármacos
(corticosteróides, hormônio adrenocorticotrópico, testosterona, gonadotropinas,
anticoncepcionais orais, trimetadiona, iodetos e brometos), contatos ocupacionais (óleos,
hidrocarbonetos clorados e alcatrões) e condições oclusivas, como o uso de roupas pesadas
em climas tropicais. Algumas famílias parecem ser particularmente afetadas pela acne,
sugerindo também um fator hereditário (ROBBINS, 2000). Este fator inclui o gene citocromo
P-450-1A1 e a hidroxilase do esteroide 21, que influenciam a produção do androgênio na
glândula adrenal (DEGITZ et al.; 2007).
Tanto a acne primária, como a secundária podem ser subdivididas em 2 tipos; não
inflamatório e inflamatório, embora ambas possam coexistir. O primeiro consiste em
comedões abertos e fechados. Os comedões abertos (lesão inicial) são pequenas pápulas
foliculares contendo uma rolha central preta de ceratina. Essa cor resulta da oxidação do
pigmento melanina. Os comedões fechados são pápulas foliculares sem rolha central visível.
Como a rolha de ceratina é retida abaixo da superfície epidérmica, essas lesões constituem
fontes potenciais de ruptura folicular e inflamação. A acne inflamatória caracteriza-se por
pápulas eritematosas, nódulos e pústulas. As variantes graves resultam em formação de
edemas fistulosos e cicatrizes, além dos problemas emocionais decorrentes das lesões
(ROBBINS, 2000).
O quadro clínico é polimorfo, caracterizado por comedões, pápulas, pústulas, nódulos
e abscessos localizados na face, ombros e porção superior do tórax, geralmente associado com
seborréia. Consoante ao número e ao tipo de lesões, define-se as formas clínicas ou graus de
Acne vulgar (SAMPAIO, 2001); conforme tabela 1;
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8
Tabela 1: Tipos de acne e seu grau de identificação (SAMPAIO, 2001).
TIPO DE ACNE IDENTIFICAÇÃO
Acne não-inflamatória
Acne comedônica ou Acne grau I
Acne inflamatória
Acne pápulo-pustulosa ou Acne grau II
Acne nódulo-abscedente ou Acne grau III
Acne conglobata ou Acne grau IV
Acne fulminante ou Acne grau V
A Propionibacterium acnes pertence ao grupo de bactérias da flora resistente da pele
humana, sendo predominante nos folículos pilosos, preferindo assim condições anaeróbicas e
colonizando regiões preferencialmente com grande produção de sebo. A seborréia e a
hiperqueratose folicular promovem obviamente a proliferação da propionibactéria, tornando-
se um ambiente propício. Uma grande concentração dessa bactéria é encontrada em
indivíduos entre 11 e 20 anos de idade acometidos pela acne em relação aos indivíduos com a
mesma idade sem a doença. O papel da propionibactéria na acne é decorrente a sua intensa
proliferação, resultando no aumento do metabolismo bacteriano com ação inflamatória,
decorrente de ácidos graxos livres liberados através da ação de lípases bacterianas (DEGITZ
et al.; 2007).
O tratamento tópico da acne consiste na combinação de uma série de fármacos, entre
eles, os antibióticos, que diminuem o Propionibacterium acnes; como a eritromicina (2 4
%) (LEONARDI, 2004).
A terapia antimicrobiana com agentes tópicos e sistêmicos é utilizada muitos anos
como tratamento da acne. Os antibióticos de uso tópico são geralmente indicados para
pacientes que apresentam quadros de acne inflamatória de leve a moderada. Dentre os
Karen Rossit Sotiro
9
antibióticos de escolha estão os macrolídeos, em especial a eritromicina (LANGNER et al..
2007).
A eritromicina é um antibiótico eficaz descoberto em 1952 por McGuire. Oriunda da
cepa de Streptomyces erythreus é eficaz em infecções por cocos gram–positivos. Denominada
como antibiótico macrolídeo porque contém um anel lactônico grande ao qual se ligam um ou
mais açúcares desóxi, conforme Figura 4; (GOODMAN, 1996; SCHEINFELD et al, 2003;
RESENDE, 2004). Tem seu mecanismo de ação interferindo com a síntese protéica dos
microrganismos susceptíveis, ligando-se reversivelmente à subunidade 50S dos ribossomos
dessa bactéria, bloqueando as reações de transpeptidase e inibindo a síntese protéica, portanto
o crescimento celular (SCHEINFELD at al, 2003; MARTINDALE, 1999; RESENDE, 2004;
BRITISH PHARM., 2001; REMINGTON, 2000; TAVARES, 1996).
Desse modo, pode-se dizer que a eritromicina é bacteriostática, ou seja, inibe o
crescimento do microrganismo, mas também demonstrou-se bactericida, promovendo em
concentrações elevadas a morte de diversos microrganismos sensíveis. O antibiótico é mais
eficaz in vitro contra cocos gram-positivos aeróbicos e bacilos, apresenta espectro de ação
relativamente amplo, sendo ativo também contra alguns gram-negativos, actinomicetos,
micoplasmas, espiriquetas, clamídias, riquétsias e certas micobactérias atípicas
(MARTINDALE, 1999; KOROLKOVAS, 2001; RESENDE, 2004; REMINGTON, 2000).
(GOODMAN, 1996).
A eritromicina consiste em mistura que contém não menos de 90% de eritromicina A,
cerca de 10% de eritromicina B e traços de eritromicina C. A somatória das porcentagens de
eritromicina A, B e C não é menor que 90% e não é maior que 100,5% da base anidra
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA,1988; TAVARES, 1996; USP 24, 2000; BRITISH
PHARM., 2001).
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10
Devendo ser usada topicamente ou oralmente no tratamento da acne, é usada como
tratamento de primeira escolha para acne de primeiro grau e conjuntamente com outros
fármacos no tratamento da acne severa (MARTINDALE, 1999).
A eritromicina tem espectro de ação relativamente amplo, sendo ativa contra a maioria
dos germes gram-positivos e alguns gram-negativos, actinomicetos, micoplasmas,
espiriquetas, clamídias, riquétsias e certas micobactérias atípicas (MARTINDALE, 1999;
KOROLKOVAS, 2001; RESENDE, 2004; REMINGTON, 2000).
Sua ação é aumentada em pH neutro para moderadamente alcalino (7,5 a 10,5)
principalmente contra espécies gram–negativas (MARTINDALE, 1999; RESENDE, 2004).
A eritromicina é empregada como base livre ou na forma de sal (estearato) ou ésteres
(estolato e etilsuccinato). Estearato e etilsuccinato são formas latentes da eritromicina. A base
é extremamente amarga e pouco solúvel em água, mas é solúvel em metanol, clorofórmio,
éter e álcool (USP 24, 2000; MARTINDALE, 1999; BRITISH PHARM., 2001; TAVARES,
1996; FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988).
Figura 4: Fórmula estrutural da eritromicina (GOODMAN, 1996).
Karen Rossit Sotiro
11
Pacientes intolerantes a uma forma de eritromicina podem ser intolerantes também as
outras formas. A eritromicina é o antibiótico indicado no tratamento de infecções por
clamídias, de ferimentos por queimadura, oculares da pele e do tecido mole, do trato
geniturinário, tratamento da Acne vulgaris, profilaxia de conjuntivite neonatal, difteria,
endocardite bacteriana, febre reumática, oftalmia do recém–nascido, e preparação pré–
operatória do intestino (KOROLKOVAS, 2001).
A proposta desse projeto é veicular a eritromicina base, indicada como fármaco de
primeira escolha no tratamento da acne, em sistemas formados por álcool cetílico etoxilado 20
OE e propoxilado 5 OP.
Em virtude do seu poder de diminuir tensões superficiais, moléculas anfifílicas
também são chamadas de tensoativos. Em sua estrutura, compostos anfifílicos são
caracterizados por possuírem na mesma molécula dois grupos que diferem grandemente em
suas propriedades de solubilidade. Uma parte da molécula é hidrofílica, altamente solúvel em
água ou outros solventes polares; enquanto que a outra parte é hidrofóbica, altamente solúvel
em hidrocarbonetos ou solventes não-polares, com uma região polar chamada de cabeça polar
e outro grupo, formado por uma cadeia de moléculas lipofílicas, chamada de cauda apolar
(hidrofóbica) (BECHTOLD, 2005).
Os tensoativos permitem incorporação de fármacos hidrofílicos em sua região polar e
fármacos lipofílicos em sua região apolar (LAWRENCE e REES, 2000). Esse comportamento
das moléculas está diretamente relacionado ao meio em que elas se encontram. Se estiverem
em meio polar, tendem a se associar em agregados que maximizem o contato da cabeça polar
e o meio e minimizem o contato entre a parte hidrofóbica e o meio. Em solventes polares, as
moléculas anfifílicas posicionam as cabeças polares para a parte mais externa do agregado e
direcionam a cadeia apolar para a região interna. A este sistema dá-se o nome de micelas. Se
as mesmas moléculas estão em um meio apolar, surge a formação de micelas reversas, nas
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12
quais as cabeças polares se posicionam na parte interna da micela e as cadeias apolares
tendem a maximizar o contato com o solvente apolar (MACIAN et al., 1996 apud LONGO).
Os tensoativos são classificados de acordo com a carga do grupo polar, podendo ser:
catiônicos, quando possuem carga positiva; aniônicos, quando a carga é negativa; neutros ou
não iônicos, quando não possuem carga; e zwiteriônicos, quando a carga líquida é nula em
virtude de possuírem dois grupos na cabeça polar, um positivo e outro negativo
(LAWRENCE e REES, 2000).
Sistemas de liberação de fármacos estabilizados com tensoativos não-iônicos são,
geralmente, menos afetados pela presença de aditivos (tampão, eletrólitos e conservantes) e
mudanças de pH que os tensoativos iônicos, além de serem mais seguros e menos susceptíveis
em causar irritação (URBAN, 2004).
Tensoativos não iônicos, como a classe dos polioxietileno n-alquil éteres, são capazes
de formar sistemas estáveis sem a necessidade da adição de co-tensoativo, isso é importante,
pois reduzem a complexidade dos sistemas e a possibilidade de toxicidade (LAWRENCE e
REES, 2000).
Produzido pela reação entre álcool cetílico com a mistura de óxido de etileno e óxido
de propileno, o PPG-5-Ceteth-2, Figura 5, pode ser encontrado na literatura com o nome de
álcool cetílico etoxilado 20 OE e propoxilado 5 OP ou nome comercial PROCETYL AWS
®
.
Apresenta-se como um líquido claro a levemente turvo, estável à variações de pH,
hidrossolúvel e solúvel em álcool e não irritante. Possui um EHL 16 e em solução aquosa 3%
um pH na faixa de 5,5-7,5 (CRODA DO BRASIL, 1994).
Sua composição proporciona multifuncionalidades, assim é comumente empregado
como tensoativo, emoliente, solubilizante de essências, umectantes, plastificantes e como
agente molhante (WENNINGER, 1997; CRODA DO BRASIL, 1994).
Karen Rossit Sotiro
13
Figura 5. rmula do PPG-5-Ceteth-2 (WENNINGER, 1997). Sendo, x em média 5 e y em
média 20.
Em formas farmacêuticas, a fase oleosa é um componente importante, quando se
pretende incorporar fármacos lipofílicos. Em adição, favorecem a formação de sistemas
estáveis como, microemulsionados e microestruturados, associando-se e penetrando nas
moléculas do tensoativo, ou seja, no filme interfacial. Dependendo da natureza do óleo, em
particular seu tamanho em relação à cadeia hidrofóbica do tensoativo, o óleo pode penetrar
em extensões variadas nas caudas apolares do tensoativo na monocamada interfacial
(LAWRENCE e REES, 2000; KREILGAARD, 2002; URBAN, 2004).
O adipato de dibutila é um diéster de álcool butílico e ácido adípico, que apresenta a
fórmula molecular C
14
H
26
O
4
e fórmula estrutural ilustrada na Figura 6.
Figura 6: Fórmula estrutural do adipato de dibutila (LONGO, 2006).
O maior desafio para formulações tópicas é promover um aumento suficiente de
permeação do fármaco na pele e determinar o caminho preciso pelo quais os compostos
penetram através dela, e como isso pode ser afetado por formulações. (HARDGRAFT, 2001;
KREILGAARD, 2002).
Karen Rossit Sotiro
14
Segundo Hadgraft e Somers, a máxima permeação ocorre quando o medicamento
combina solubilidade em lipídios e moderada solubilidade em água.
Formas farmacêuticas convencionais quando usadas para veicular fármacos,
geralmente não conseguem disponibilizar o fármaco em concentrações terapêuticas para o
tecido alvo do organismo, uma vez que, entre o local onde deve exercer seu efeito
farmacológico e o local da aplicação, existem tecidos normais do organismo que podem sofrer
efeito potencialmente tóxico do fármaco (OLIVEIRA et al., 2004).
Novos sistemas de liberação de fármacos vêem sendo muito estudados na área
farmacêutica, porque podem proporcionar alternativas terapêuticas modernas á partir de
fármacos existentes, reduzindo efeitos colaterais e sendo mais eficientes
farmacologicamente. Alem disso, esses sistemas podem proteger o fármaco da decomposição
ou aceleração desses processos, bem como direcionar o fármaco para tecidos ou células
específicas do organismo por se apresentarem como sistemas de liberação para fármacos do
tipo reservatório (OLIVEIRA et al., 2004).
Ao se misturar moléculas de tensoativo, seja em água ou óleo, formam-se soluções
isotrópicas de agregados micelares que se auto-organizam, sem uma ordem orientacional,
chamadas de microemulsões e emulsões. Com o aumento de uma das fases, pode-se formar
uma variedade de tipos de sistemas, inclusive aqueles que se caracterizam principalmente pela
presença de ordem orientacional e diferentes geometrias como os cristais líquidos (HYDE,
2001; EZRAHI et al.,1999).
Sistemas microestruturados, sejam eles, microemulsões ou cristais líquidos, podem
aumentar significantemente a solubilidade de antibióticos, funcionando como sistema
reservatório que proporciona atividade terapêutica mais intensa e por tempo prolongado, além
de um excelente meio de solubilização de compostos polares e apolares, suportando altas
concentrações de fármaco nas fases aquosas e oleosas (OLIVEIRA et al., 2004; FORMARIZ
Karen Rossit Sotiro
15
et al., 2004). De acordo com esses pesquisadores a liberação de substâncias ativas dissolvidas
na fase interna desses sistemas é mais lenta em relação ao fármaco livre, mostrando a
habilidade desse tipo de agregado como sistema reservatório que pode promover efeito
prolongado, proporcionando liberação constante e regular numa faixa de tempo mais ampla,
quando comparada ao controle.
Um diagrama de fases descreve em que, condição experimental, é possível obter as
microemulsões, regiões limites de transição de fases entre emulsão, fases separadas e
microemulsões A/O e O/A (OLIVEIRA et al., 2004), além de outros tipos de sistemas
microestruturados como os cristais líquidos. Portanto, uma variedade de fases internas com
potencial para serem usadas como sistemas de liberação de fármacos, podem se formar
quando se estrutura combinações de tensoativo, água e óleo em escala microscópica. Como
ilustrado na figura 7;
Formulações microestruturadas têm se mostrado superiores para ambas, liberação
transdermal e dermal de compostos particularmente lipofílicos, mas também compostos
hidrofílicos parecem beneficiar-se pela aplicação em sistemas microestruturados comparado a
veículos convencionais como hidrogéis, emulsões e lipossomas (KREILGAARD, 2002).
Hoar e Schulman, em 1945, definiram microemulsões, como formulações espontâneas
translúcidas que ocorrem quando misturado óleo, água e tensoativo, combinado ou não com
um co-tensoativo, geralmente um álcool de cadeia média. O tipo de emulsão produzida
depende das propriedades do óleo, dos agentes tensoativos utilizados (ANSEL et al., 2000;
SOLANS at al., 1997; KUMAR at al., 1999; MOULIK, et al., 1998) e da adição de um álcool
de cadeia média, em proporções corretas, tornando o sistema transparente. (KUMAR et
al.,1999).
Desse modo, microemulsões são misturas isotrópicas, termodinamicamente estáveis e
opticamente transparentes, um sistema bifásico de óleo em água, estabilizados em uma única
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16
fase macroscopicamente homogênea e microscopicamente heterogênea com tensoativos
(ANSEL et al.,2000; KUMAR et al., 1999; SOLANS et al.,1997; LAWRENCE et al.,2000;
MOULIK et al.,1998). Portanto, os componentes tensoativos (diminuem a tensão interfacial
ou superficial) encontram seu papel fundamental na estabilidade farmacotécnica de emulsões
e microemulsões (OLIVEIRA e SCARPA, 2001).
A formação da microemulsão geralmente envolve a combinação de 3 a 5
componentes, tais como; tensoativo, fase aquosa, fase oleosa, e quando necessário, o co-
tensoativo, sendo que a orientação para sistemas O/A e A/O é dependente das propriedades
físico–químicas do tensoativo, traduzidas principalmente pelo seu EHL (OLIVEIRA et al.,
2004).
Sabe-se qualitativamente que outros fatores determinam quando o sistema formado, é
O/A ou A/O. Sendo muito comum que a fase com menor volume forme as gotículas e a de
maior volume, a fase contínua. (LAWRENCE et al, 2000).
As microemulsões diferem das emulsões comuns por serem opticamente
transparentes, e principalmente pela estabilidade termodinâmica, pois, o sistema forma-se
espontaneamente, quando a energia remanescente da interface é muito próxima a zero
(OLIVEIRA e SCARPA, 2001).
O equilíbrio hidrofílico-lipofílico (EHL) é usado para se conhecer a contribuição
relativa dos fragmentos hidrofílicos e lipofílicos das moléculas do tensoativo. Geralmente
tensoativos com EHL baixo (3-6) formam microemulsões A/O e tensoativos com EHL alto
(8-18) formam microemulsões O/A. Tensoativos iônicos com EHL maior que 20,
freqüentemente precisam de um co-tensoativo, para reduzir seu valor de EHL (LAWRENCE
et al., 2000).
As vantagens normalmente citadas para o uso de microemulsões na administração de
medicamentos são: absorção oral mais rápida e eficiente do que as formas farmacêuticas
Karen Rossit Sotiro
17
sólidas, melhor absorção transdérmica por maior difusão da substância ativa na pele,
inigualável potencial de aplicação no desenvolvimento de eritrócitos artificiais e no
direcionamento de medicamentos citotóxicos para células cancerosas (ANSEL et al., 2000).
Outro sistema que tem merecido destaque na liberação de fármacos são os cristais
líquidos.
Os cristais líquidos são caracterizados por apresentarem um grau de ordem molecular
intermediário, entre a ordem orientacional e posicional de longo alcance dos sólidos
cristalinos e a desordem de longo alcance dos líquidos isotrópicos e gases (BECHTOLD,
2005). São substâncias que escoam como quidos viscosos, mas suas moléculas ficam em um
arranjo moderadamente ordenado, semelhante ao de um cristal
(ATKINS e JONES, 2006), ou
seja, um estágio intermediário da matéria. Por estarem classificados entre sólidos cristalinos e
líquidos, também são chamados de mesofases, o prefixo meso significa intermediário (HYDE,
2001).
O fato das suas moléculas estarem ordenadas torna os cristais líquidos anisotrópicos
(ATKINS e JONES, 2006). Alguns cristais líquidos, como os de organização lamelar e
hexagonal, apresentam anisotropias em suas propriedades ópticas, elétricas e magnéticas,
semelhantes às de sólido cristalino anisotrópico, e propriedades mecânicas semelhantes aos
líquidos, o que caracteriza sua fluidez. São classificados em mesofases essencialmente por
causa de sua simetria e grau de ordenamento. Dessa forma, as mesofases líquido-cristalinas
são caracterizadas pelos graus de liberdade que a molécula de cristal líquido apresenta,
através de simetria de rotação e translação (BECHTOLD, 2005).
As mesofases liotrópicas podem ser consideradas um arranjo molecular de micelas
ordenadas, caracterizadas por domínios hidrofóbicos e hidrofílicos alternadamente. Conforme
o aumento da concentração do tensoativo, diferentes formas líquido-cristalinas podem se
formar, como hexagonais, lamelares e cúbicas (GABBOUN et al., 2001).
Karen Rossit Sotiro
18
A forma lamelar (L
α
) é formada por camadas paralelas e planares de bicamadas de
tensoativo, alternadas por camadas de água, formando uma rede unidimensional. Enquanto
que na forma hexagonal (H
I
ou H
α
) ou hexagonal reversa (H
II
) os constituintes da formulação
arranjam-se em formato de extensos cilindros, formando estruturas bidimensionais (WANG et
al., 2006; EZRAHI et al., 1999; AMARAL et al., 1992). As formas cúbicas (I
1
) apresentam
estruturas mais organizadas e de difícil visualização através do microscópio óptico de luz
polarizada, em relação as demais formas (WANG et al., 2006).
Figura 7:
A
-
micela normal e reversa;
B
-
microemulsão O/A;
C
-
fase lamelar;
D
-
fase
hexagonal e hexagonal reversa e E- fase cúbica (EZRAHI et al., 1999).
Karen Rossit Sotiro
19
Os materiais que apresentam mesofases líquido-cristalinas se dividem em duas
grandes categorias, de acordo com os parâmetros mais relevantes nas transições de fases; os
termotrópicos e os liotrópicos (BECHTOLD, 2005).
Os cristais líquidos (CLs) termotrópicos são constituídos por substâncias orgânicas,
compostas por substâncias anisométricas (BECHTOLD, 2005). Ao serem aquecidos acima de
uma temperatura característica tornam-se líquidos isotrópicos, porque as moléculas adquirem
energia suficiente para vencer as atrações que restringem seus movimentos (ATKINS e
JONES, 2006). Sua importância não está apenas nos aspectos de pesquisa básica, mas
também por suas aplicações tecnológicas. Podem ser caracterizados pelo grau de desordem
que sofrem com o aumento da temperatura (BECHTOLD, 2005).
As primeiras observações de CLs liotrópicos foram feitas por Elliott e Ambrose em
1950, quando observaram a formação de uma fase líquida birrefringente. Estes CLs são
sistemas químicos compostos por dois ou mais constituintes. São misturas de compostos
anfifílicos em um solvente, em geral a água (BECHTOLD, 2005). Formam estruturas em
camadas que resultam da ação de um solvente sobre um sólido ou um líquido, como soluções
de detergentes e lipídeos em água (ATKINS e JONES, 2006).
Nessa mistura liotrópica de moléculas anfifílicas, acima de uma concentração chamada
concentração micelar crítica (CMC), formam-se aglomerados de moléculas que podem
assumir formas e dimensões diferentes, chamadas micelas. Nas micelas, as cabeças
hidrofóbicas estão localizadas em permanente contato com a água, enquanto que as caudas
hidrofóbicas são mantidas no interior da micela sem contato com o solvente, e mesmo após o
aparecimento de micelas, continua havendo moléculas anfifílicas dispersas na solução. Se
utilizarmos solventes não-polares, serão formadas micelas reversas, onde a cauda fica na
parte externa da micela em contato com o solvente e a cabeça polar no interior (BECHTOLD,
2005).
Karen Rossit Sotiro
20
Investiga-se a estrutura micelar das fases liotrópicas e a sua similaridade com a
membrana celular e estruturas do interior da célula (BECHTOLD, 2005), devido folhas
espontaneamente formadas por tensoativo e água, nas quais as moléculas estão alinhadas em
fila formando uma camada dupla (ATKINS e JONES, 2006).
A classificação das mesofases, feita por Friedel em 1922 (Figura 8), de acordo com
suas propriedades estruturais e ordem molecular, propôs a divisão em três classes tanto para
liotrópicos como para termotrópicos; mesofase nemáticas, as moléculas ficam juntas, todas na
mesma direção, mas não alinhadas. Do ponto de vista da estrutura molecular, possuem ordem
orientacional de longo alcance onde as moléculas se orientam paralelas entre si; mesofase
colestérica, as molécuals formam camadas ordenadas porem as camadas vizinhas tem
moléculas em ângulos diferentes. A estrutura líquido-cristalina é formada por moléculas
quirais. Mesofase esmética, as moléculas se alinham e formam camadas paralelas, apresentam
ordem posicional ao longo de uma dimensão, onde as moléculas estão organizadas em
camadas periódicas com ordem bem definida no interior das camadas, conforme Figura 8.
Além destas fases líquido-cristalinas existem muitas outras como: colunares, cúbicas,
hexagonais, etc. (BECHTOLD, 2005; ATKINS e JONES, 2006).
Karen Rossit Sotiro
21
Figura 8: Texturas líquido-cristalinas típicas, observadas em um microscópio óptico de luz
polarizada. A- nemática; B- colestérica; C- esmética (BECHTOLD, 2005).
A microscopia de luz polarizada é uma técnica muito usada, que permite estudar
estruturas designadas por anisotrópicas e birrefringentes. Fundamenta-se em um campo
elétrico de raio luminoso polarizado que uma substância birrefringente é capaz de provocar
(RESENDE, 2004).
O microscópio de luz polarizada é um microscópio óptico comum, onde junto ao
condensador se coloca um polarizador, que orienta as ondas luminosas provenientes da fonte
de luz em uma só direção, em um plano. As alterações que uma substância birrefringente
provoca na direção da propagação da luz, em um equipamento desse tipo, são feitas graças ao
analisador, um segundo sistema de polarização, junto a ocular. O máximo de luz é obtido
quando o polarizador e analisador estão com eixos em paralelo e, ao contrário, a luz extingue
quando são perpendiculares (ABRAMOWITZ et al, 2005).
O fenômeno de difração é importante para o conhecimento sobre a estrutura cristalina
dos sólidos, através de interferência entre ondas que surge quando existe um objeto em seu
A B C
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22
caminho. A difração ocorre quando o comprimento de onda da radiação é comparável aos
espaçamentos característicos do objeto que causa a difração (ATKINS e JONES, 2006).
Os raios-X são gerados na aceleração de elétrons até velocidades muito altas. Na
difração de raios-X que utiliza a radiação intensa de uma fonte, na qual os elétrons são
acelerados em um círculo por campos eletromagnéticos (ATKINS e JONES, 2006).
Luz síncrotron é a intensa radiação eletromagnética produzida por elétrons de alta
energia num acelerador de partículas. A luz síncrotron abrange uma ampla faixa do espectro
eletromagnético, tais como: Raios-X, Luz Ultravioleta e Infravermelha, além da Luz Visível,
que sensibiliza o olho humano, são emitidas pela fonte. Essa luz é utilizada na descoberta de
novas propriedades físicas, químicas e biológicas existentes em átomos e moléculas, os
componentes básicos de todos os materiais (www.lnls.br).
A irradiação ocorre através de uma amostra relativamente fina, colocada
perpendicularmente a um feixe monocromático (luz visível, raios-X, nêutrons, elétrons), onde
pode-se observar, na vizinhança angular próxima ao feixe transmitido, o espalhamento de
suas partículas a baixos ângulos (URBAN, 2004).
Em análises semi-quantitativas de valores de espalhamento, o parâmetro estrutural d,
corresponde à distância média entre as partículas, dada pela equação:
d = 2
π / q max (Eq. 1)
Na qual; q é o vetor de espalhamento e q max correspondente à intensidade de
espalhamento máxima.
Esta equação é usada em sistemas ordenados, pois a distância média depende em
particular do tipo do arranjo encontrado em cada partícula do sistema (CRAIEVICH, 2001).
Através das curvas de SAXS, podem se obter informações sobre o tamanho, forma,
quantidade e o arranjo dos objetos espalhadores dos raios-X no sistema estudado.
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23
A técnica de SAXS é utilizada na caracterização de sistemas e confirmação de dados
semelhantes aos obtidos por outras técnicas de caracterização, alem de possibilitar determinar
o tamanho médio das partículas espalhadoras e a distância entre elas (URBAN, 2004).
No âmbito das ciências biológicas e farmacêuticas, a reologia ou caracterização
reológica é indispensável para o entendimento de diferentes fenômenos, muitos deles
essenciais a vida, eficácia dos medicamentos e dos processos tecnológicos. As características
reológicas de um produto estão associadas a aspectos de absorção e biodisponibilidade de um
fármaco, bem como a escolha correta dos equipamentos a serem usados na sua produção
(NERTZ e ORTEGA, 2002).
A instabilidade física das formulações pode ser detectada, em alguns casos, por uma
mudança na aparência como, por exemplo, na textura. O estudo científico desse tipo de
estabilidade vem sendo feito principalmente através da reologia (LEONARDI, 2004).
O termo reologia, do grego rheo (fluxo) e logos (ciência) foram sugeridos para
descrever as deformações de sólidos e a fluidez de líquidos. Viscosidade é uma expressão de
resistência do fluído ao fluxo: quanto maior a viscosidade, maior a resistência ao fluxo
(NERTZ e ORTEGA, 2002; ALMEIDA, et al. 2003; LEONARDI, 2004; WOOD, 2001).
A reologia descreve as deformações de um corpo sob a influência de tensão. Sólidos
ideais se deformam elasticamente, assim, a energia requerida para a deformação é
completamente recuperada quando a tensão é removida, enquanto que os líquidos ideais, tais
como, líquidos e gases, deformam-se irreversivelmente, fluem. A energia requerida para a
deformação é dissipada sob forma de calor e não pode ser recuperada pela remoção da tensão
(SCHRAMM, 2006).
A reologia tem sido assunto de grande e crescente importância para a indústria
farmacêutica e cosmética, tendo em vista que a consistência e o espalhamento dos produtos
devem ser reproduzidos de lote para lote, assegurando a qualidade tecnológica do produto
Karen Rossit Sotiro
24
acabado. Além disso, a aceitação de produtos por parte do consumidor depende,
principalmente, da eficácia e das qualidades sensoriais do produto, ambas influenciadas pela
reologia (LEONARDI, 2004).
Nos estudos de reologia, existem os sistemas denominados newtonianos e os não
newtonianos. O fluxo newtoniano caracteriza-se por viscosidade constante, independente da
tensão de cisalhamento aplicada. Os fluidos newtonianos apresentam baixa interligação
molecular (alguns líquidos e gases de baixa densidade, como a água).
A viscosidade em sistemas não-newtonianos não é constante e depende, além da
temperatura, que a diminui através da redução da atração entre as moléculas (WOOD, 2001),
de outros fatores tais como: forma de preparação, manuseio e tempo de repouso, bem como,
dispersões heterogeneas, sólidas e líquidas, como dispersões coloidais, emulsões, suspensões
líquidas, assim como pomadas e ungüentos (NERTZ e ORTEGA, 2002).
A viscosidade (
η), representada pela equação 2, é um expressão de resistência ao fluxo
(deformação ou escoamento). Quanto maior a viscosidade, maior a resistência, e esta é dada
pela razão entre a tensão de cisalhamento aplicada (τ) e o gradiente de cisalhamento (γ), sendo
diretamente proporcional a temperatura (WOOD, 2001).
η = τ / γ
(Eq. 2)
Na qual:
η é a viscosidade
τ = tensão de cisalhamento
γ = gradiente de cisalhamento
O fluxo não-newtoniano caracteriza-se por mudança de viscosidade com o aumento
da tensão de cisalhamento e é representado por três tipos de curvas de consistência (Figura 9);
fluido plástico, também conhecido como fluido de Bingham, que começa a escoar a partir
Karen Rossit Sotiro
25
de uma determinada tensão aplicada, logo, este precisa de uma tensão inicial mínima; fluido
pseudoplástico, apresenta maior resistência ao escoamento no início, ou seja, com baixa
tensão de cisalhamento; representado por uma curva tendo como origem o zero, ao contrário
do fluido dilatante que apresenta baixa viscosidade (pouca resistência) frente à baixa tensão
de cisalhamento (SCHOTT, 1995; ANSEL et al., 2000; NERTZ e ORTEGA, 2002;
ALMEIDA, et al. 2003; LEONARDI, 2004).
Figura 9: Vários tipos de comportamento de fluxo (SCHRAMM, 2006).
Considerando aspectos de estrutura molecular, observa-se que a maioria das
substâncias geradoras de sistemas pseudoplásticos é composta por cadeias poliméricas
lineares, que, quando hidratadas ou solvatadas, tendem a estruturar-se de acordo com o
sentido da força de cisalhamento aplicada e isso se manifesta como uma diminuição da
viscosidade a medida que aumenta a força ou a tensão de cisalhamento (NERTZ e ORTEGA,
2002; SCHRAMM, 2006).
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26
Para obter os reogramas fazem-se, inicialmente, as medidas de velocidade de
cisalhamento aumentando-se a tensão de cisalhamento progressivamente a fim de se obter a
curva ascendente e depois se repete o procedimento ao contrário, ou seja, vai diminuindo-se a
tensão de cisalhamento, para obtenção da curva descendente (LEONARDI, 2004).
Os reogramas podem apresentar-se com as curvas ascendente e descendente
sobreponíveis (sem tixotropia) ou não sobreponíveis (com tixotropia). As curvas não
sobreponíveis resultam numa área conhecida como área de histerese. A área entre as curvas
representa a medida de tixotropia, ou seja, quanto maior a área, maior a tixotropia
(LEONARDI, 2004). O fluxo tixotrópico é uma transformação gel-sol reversível (ANSEL et
al., 2000; SCHRAMM, 2006).
Tixotropia é uma propriedade importante em formas farmacêuticas líquidas e semi-
sólidas que caracteriza um medicamento mais consistente quando em repouso, mas de elevada
fluidez quando agitado pelo paciente. Logo, esse fenômeno esta associado a uma recuperação
lenta da consistência do material, perdida pelo cisalhamento através do retorno das ligações
quebradas, redefinindo sua estrutura (WOOD, 2001) e desenhado pela curva de histerese
(NERTZ e ORTEGA, 2002). A obtenção de formulações com caráter tixotrópico é bastante
interessante, pois como elas se deformam durante a aplicação tornando-se mais fluidas e
facilitam assim, o espalhamento e recuperam a viscosidade inicial no momento em que se
encerra a aplicação, o que evita que o produto escorra. Além disso, o produto tixotrópico
tende a ter maior vida de prateleira (“shelf-life”), pois durante o armazenamento, como
apresenta viscosidade constante, dificulta a separação dos constituintes da formulação
(LEONARDI, 2004; WOOD, 2001).
A determinação da viscosidade e do comportamento reológico de produtos semi-
sólidos assumem cada vez mais importância, pois, permitem compreender melhor a natureza
físico-química do veículo, controlam a qualidade de matérias-primas e produtos acabados, e
Karen Rossit Sotiro
27
ainda, através desses estudos pode-se verificar o efeito da consistência do produto na
liberação e penetração cutânea de substâncias ativas (LEONARDI, 2004).
O comportamento reológico de corpos reais que não se comportam nem como sólidos
ideais e nem como fluidos ideais podem ser analisados através de medidas de fluência e
relaxamento. A grande maioria dos líquidos classifica-se em uma região entre líquidos e os
sólidos: eles são elásticos e viscosos e, por isso, podem ser chamados de viscoelásticos
(SCHRAMM, 2006). Conforme pode ser observado no esquema apresentado na Figura 10;
Figura 10: Perfis de curvas reológicas para líquidos newtonianos, sólidos hookeanos e
materiais viscoelásticos.
O termo viscoelasticidade é usado para descrever comportamento de materiais, os
quais apresentam comportamento intermediário entre os elásticos clássicos extremos, que são
chamados de sólidos hookeanos e líquidos newtonianos. Materiais viscoelásticos têm
simultaneamente propriedades elástica e viscosa (KORHONEN, 2003). É possível saber se
um material é mais elástico ou viscoso através dos valores de compliância que o mesmo
Karen Rossit Sotiro
28
apresenta. Dessa forma, quanto maior a compliância durante a recuperação, mais viscoso é o
material, como representado na figura 11;
Figura 11: Gráfico de fluência e relaxação. Dentre os corpos viscoelasticos, eles podem ser
classificados durante a recuperação em: mais elásticos (ou seja, sólido viscoelastico) ou mais
viscosos (líquidos viscoelasticos).
Fonte: dp-UNION-TS instruments.
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29
2. OBJETIVOS
Obtenção e caracterização do sistema, utilizando tensoativo não-iônico, água e fase
oleosa.
Determinar a região de existência de sistemas líquido-cristalinos, através da construção do
diagrama pseudoternário de fases.
Caracterização física do sistema de interesse
Estudo da estabilidade física desse sistema
Estudo da estabilidade química e física do fármaco no sistema;
Estudo da liberação in vitro do fármaco no sistema.
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30
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Material
3.1.2 Reagentes e Solventes
Água purificada
Milli-Q
Polymol ADB (adipato de dibutila)-Polytechno/Brasil
Procetyl AWS (álcool cetílico propoxilado e etoxilado)- Volp indústria e
comercio LTDA.
Eritromicina base (grau farmacêutico) - Galena
Fosfato de potássio monobásico (KH
2
O
4
) - MILLINCKRODT AR
Fosfato de potássio dibásico P.A. anidro (K
2
HPO
4
) – Vetec química fina LTDA
Acetonitrila (CH3CN) grau HPLC – J.T.BAKER
Ácido fosfórico P.A. – B. HERZOG Comércio e indústria S.A.
Hidróxido de sódio (Synth)
Álcool butílico terciário P.A. (C
4
H
10
O)- Vetec química fina LTDA
Metanol grau HPLC – J.T.BAKER.
Octanol (Sigma –Aldrich) grau HPLC (99%)
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31
3.1.3 Equipamentos
Agitador Magnético SELECTA
, mod. MULTIMATIC 9S
Balança analítica - OHAUS
, mod. AP250D
Purificador de água MILLIPORE – mod. Milli-Q Plus
Refratômetro Carl Zeiss Jena
Microscópio óptico Lio Serum (aumento 10X)
Microscópio óptico Leica Leitz DMRXE de luz polarizada
Reômetro modelo Carri–Med CLS rheometer – DP union
Lavadora ultra-sônica-(ultrasonic cleaner UNIQUE)
Estufas de secagem e esterilização FANEM mod. 315SE e SOC.FABBE
Infravermelho com transformada de Fourier – SHIMADZU
, mod.FTIR 8300
Centrifuga Sorvall mod. TC
Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência - SHIMADZU mod. LC-9A acoplado
a detector espectrofotométrico UV-VIS mod. SPD-6AV- SHIMADZU.
Bomba de vácuo
Coluna 250 x 4,6 mm- VARIAN- mod. Hypersil 5 ODS de fase reversa.
Sistema filtrante (membrana de 0,45 µm de acetato de celulose)
Condutivímetro - conductivity meter 441 - CORNING
Dissolutor – Dissolution Hanson Research
®
- mod. SR8 Plus
Célula dedifusão, membrana de acetate de cellulose (MILLI-Q)
Karen Rossit Sotiro
32
3.2 Métodos
3.2.1 Caracterização da eritromicina
3.2.1.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de
Fourier
Com a finalidade de identificar algumas funções químicas características, a
espectroscopia de absorção na região do infravermelho foi realizada. A amostra foi misturada
em brometo de potássio (KBr) e compactada para obtenção de pastilhas de KBr mais fármaco.
O espectro de infravermelho foi obtido através do aparelho SHIMADZU FRTI-8300, na
região entre 400 e 4.000cm
-1
, através de modos vibracionais dos grupos funcionais gerados ao
absorverem radiação.
3.2.2 Construção do Diagrama de Fases
A construção do diagrama de fases partiu da preparação de formulações iniciais, com
determinadas proporções de tensoativo não-iônico (álcool cetílico etoxilado 20 OD e
propoxilado 5 OP), fase oleosa (adipato de dibutila) e água purificada, como ilustrado na
Figura 12. Cada uma dessas formulações foi preparada por pesagem dos três constituintes,
seguidos de homogeneização.
Diariamente foi adicionado 0,1 mL de água a essas formulações iniciais, as quais
foram agitadas manualmente, seguidas de aquecimento em banho-maria, também sob agitação
manual, num intervalo de 1 à 2 minutos à 50°C, suficientes para solubilizar todos os
componentes. As formulações foram deixadas em repouso por 24 horas a temperatura
ambiente para que os sistemas se estabilizassem e para que o ar incorporado fosse
Karen Rossit Sotiro
33
espontaneamente eliminado. Decorridas as 24 horas as formulações foram observadas e
classificadas em diferentes sistemas. A adição de água foi realizada até que se completasse
99% de fase aquosa.
óleo
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tensoativo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Água
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
formulações iniciais
Figura 12: Diagrama de fases referente as formulações iniciais de onde partiram as adições de
água purificada. As linhas (...) representam à fase aquosa, as linhas (__) a fase oleosa e as
linhas (---) a fase tensoativa.
3.2.3 Formulações Escolhidas
Um sistema de liberação destinado à aplicação facial da eritromicina para o tratamento
da acne, deve possuir viscosidade considerável para que a formulação possa ter aplicação em
uma área definida, fase oleosa e tensoativa mínimas com o intuito de tornar o sistema menos
irritante e mais agradável ao toque e o menos engordurante possível, uma vez que o veículo
destina-se a pessoas com problemas muitas vezes relacionados à oleosidade excessiva da pele,
fator esse, causador e agravador da acne. Assim, as formulações da Tabela 2 foram
Karen Rossit Sotiro
34
selecionadas para serem caracterizadas e estudas como veículo para administração cutânea da
ER.
Tabela 2: Formulações selecionadas e respectivas porcentagens de cada componente da
formulação e classificações
AMOSTRAS
PROCETYL (%)
ADIPATO (%)
ÁGUA (%)
CLASSIFICAÇÃO
F1 45 5 50 SMT
F2 50 5 45 SMT
F3 55 5 40 SMT
F4 60 5 35 SMT
SMT (sistema microestruturado)
3.2.4 Incorporação da eritromicina nos Sistemas
A incorporação de 2% (p/p) do fármaco nos sistemas foi realizada a 25°C triturando a
eritromicina com um pistilo em um gral, onde foi acrescentado individualmente e lentamente
cada formulação, homogeneizando. Ao término da incorporação, cada sistema foi observado a
olho buscando alguma alteração na transparência do sistema, como turvação e também em
microscópio óptico (Lio Serum), aumento de 10 vezes, para observar se houve total dissolução
dos cristais de ER. Realizou-se também um controle negativo, ou seja, cada sistema
microestruturado sem o fármaco, foi igualmente observado para possíveis comparações
(REZENDE, 2004).
Karen Rossit Sotiro
35
3.2.5 Caracterização Física
3.2.5.1 Índice de Refração
A determinação do índice de refração das amostras foi realizada utilizando-se um
refratômetro Carl Zeiss Jena, em sala climatizada a 20°C, usando água destilada como quido
padrão, cujo índice de refração a 20°C é de 1,3330 (KOROLKOVAS, 1988).
Conforme metodologia descrita na farmacopéia brasileira (1997), as leituras foram
realizadas em triplicata, colocando-se quantidade suficiente de cada amostra individualmente
para cobrir a face do prisma (KOROLKOVAS, 1988). A leitura foi efetuada um dia após a
preparação das amostras.
3.2.5.2 Condutividade Eletrolítica
Os ensaios no condutivímetro CORNING foram realizados em triplicata, conforme
metodologia da Farmacopéia Britânica, 2001.
3.2.5.3. Microscopia de Luz Polarizada
As amostras com e sem ER, foram observadas em microscópio de luz polarizada Leica
Leitz DMRXE, com auxílio de lâmina e lamínula, um dia após a mistura das fases, como
descrito anteriormente.
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36
3.2.5.4. Reologia
O comportamento reológico das amostras foi determinado em reômetro modelo CSL
CARRI-MED a 25ºC e 37°C.
Os parâmetros do processo encontram-se relatados abaixo:
Medida de escoamento: Fluxo
Temperatura: 25 ºC e a 37 °C
Distância entre as placas: 200 µm
Diâmetro da placa utilizada: 2 cm
Gradiente de Velocidade crescente: 0 a 300 1/s;
Gradiente de Velocidade decrescente: de 300 a 0 1/s.
Além das medidas de escoamento de fluxo, foi realizada a reologia com medidas de
fluência e relaxação, com o intuito de estudar a viscoelasticidade dos sistemas.
Os parâmetros para determinação da região viscoelastica linear (RVL) foram: bn
Medida de escoamento: Fluência e relaxação
Temperatura: 25 ºC
Distância entre as placas: 200 µm
Freqüência: 1 Hz
Região de fluência utilizada: 50 Pa.
Valor inicial: 0,1 Pa.
Valor final: 100,0 Pa.
Diâmetro do cone utilizado: 2 cm
Tempo: 180 segundos.
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37
3.2.5.5 Espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS)
A análise estrutural das formulações em função do teor das fases tensoativa e aquosa,
foi realizada por SAXS. Os resultados foram coletados no Laboratório Nacional de Luz
Sincroton (LNLS) em Campinas, na estação de medidas D11-A SAS, a qual é equipada com
um monocromador do tipo Si (111), com comprimento de onda de 1,608 Å.
O espalhamento de partículas existentes no sistema sem amostra foi subtraído da
intensidade total da amostra.
3.2.6 Estabilidade Física dos Sistemas
3.2.6.1 Teste de Prateleira e Estabilidade Preliminar das Formulações
O teste de prateleira é realizado a temperatura ambiente (25° C), enquanto que o
estudo de estabilidade preliminar é realizado a temperaturas superiores a esta, em estufas por
90 dias. Dessa forma, as formulações foram acondicionadas em frascos de vidro transparente
com tampa garantindo a vedação e colocadas em estufas com temperaturas controladas de 25
+/- C, 45 +/- C e 60 +/- C (GUIA DE ESTABILIDADE DE PRODUTOS
COSMÉTICOS, 2004)
A avaliação da estabilidade física dessas formulações frente à centrifugação, deu-se
por 30 minutos a 3.000 rpm RCF = 2.550,717 x g, a 25° C, em centrifuga Sorvall mod. TC,
utilizando 3g de cada formulação com e sem o fármaco, avaliadas em intervalos de tempo,
T:0, T:45 e T:90 (dias) (GUIA DE ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS,
2004). O mesmo se deu para os ensaios de pH, viscosidade e estruturação interna através
Karen Rossit Sotiro
38
microscopia de luz polarizada, bem como os organolépticos; tato, cor, aspecto e odor,
avaliados nesses mesmos intervalos.
3.2.7 Metodologia Analítica para Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)
3.2.7.1 Condições Cromatográficas
As condições cromatográficas experimentais encontram-se na Farmacopéia Americana
(2006). Porém, houve necessidade de serem feitas algumas adaptações durante as análises.
Coluna cromatográfica: Hypersil C18 de fase reversa, Varian
Composição da fase móvel: solução A: acetonitrila: água (5:2:1), a: solução A é
composta por 77% de fase aquosa (tampão fosfato e água) 20% álcool butílico
terciário e 3% acetonitrila .
Vazão da fase móvel: 1,0 ml/min.
Comprimento de onda: 215nm
Volume de injeção: 20µL
Temperatura da coluna: 65° C
Detector espectrofotométrico: UV-VIS
A fase móvel foi previamente filtrada em membrana de acetato de celulose 0,45µm e
em seguida, deaerada através de banho de ultra-som, por 30minutos.
3.2.7.2 Validação da metodologia analítica
Para garantir que um novo método analítico gere informações confiáveis e
interpretáveis sobre a amostra, ele deve sofrer uma validação. Independente da originalidade
do método analítico empregado no controle de medicamentos, todos devem ser previamente
Karen Rossit Sotiro
39
validados. A validação é uma documentação exigida pela legislação para comprovação de que
determinado processo ou método é adequado e confiável (GIL, et al., 2005).
Exatidão
A exatidão foi determinada pela recuperação, adicionando-se quantidades pré-
estabelecidas do padrão a amostra. O experimento foi realizado em triplicata e o resultado foi
determinado pela razão do valor encontrado na análise da amostra simulada pela quantidade
real adicionada do padrão, multiplicada por 100 (ICH, 1996).
A exatidão é expressa pela equação:
Exatidão = concentração média experimental
x 100 (Eq. 3)
concentração teórica
A exatidão depende e esta relacionada com a seletividade, linearidade do método,
validação dos padrões utilizados, calibração da instrumentação e condições de recuperação.
Precisão
Precisão é definida pelo grau de repetibilidade entre os valores obtidos. Dessa forma
relacionou-se a repetibilidade dos resultados obtidos em uma mesma análise, ou
reprodutibilidade do método quando executado em diferentes condições. É estabelecida
durante o estágio de desenvolvimento do produto (GIL, et al., 2005).
A precisão é expressa pela fórmula:
CV% = desvio-padrão x 100 (Eq. 4)
Média
Karen Rossit Sotiro
40
Robustez e Resistência
Relacionam-se á precisão a vulnerabilidade que o método tem de ser afetado por
pequenas variações das condições de ensaio, ambientais ou operacionais, tais como;
temperatura, pH, grau de pureza dos reagentes e até iluminação ambiente (GIL, et al., 2005).
A robustez foi estabelecida durante todo o desenvolvimento do ensaio.
Especificidade ou Seletividade
A capacidade que o método teve de avaliar de forma inequívoca a ER em uma mistura
de água purificada, adipato dibutila e tensoativo, foi determinada através do exame da solução
padrão do fármaco e amostra, ou o padrão na presença de componentes que possam interferir
na sua determinação (GIL, et al., 2005). É expressa pela concordância entre resultados obtidos
para solução-padrão e amostra.
A especificidade é expressa pela equação:
% concordância (C%) = teor de solução-padrão
x 100 (Eq.5)
teor de solução-amostra
Sensibilidade
Definida como a capacidade que o método tem de avaliar baixas concentrações de um
determinado analito (GIL, et al., 2005).
Limite de detecção (LD) é a mais baixa concentração detectável pelo método (semi-
quantitativo). (equação 6).
Karen Rossit Sotiro
41
Limite de quantificação (LQ) é a menor concentração que pode ser determinada
quantitativamente por um método. (equação 7).
LD = desvio-padrão médio
x 3 (Eq.6)
inclinação da reta
LQ = desvio-padrão médio x 10 (Eq. 7)
inclinação da reta
Linearidade
A linearidade do método foi determinada através da curva analítica da ER. Preparou-se
uma solução padrão em fase móvel na concentração de 4000µg/mL. Em seguida, foram
obtidas as diluições de 2000 µg/mL, 1000 µg/mL, 500 µg/mL, 250 µg/mL, 125 µg/mL, 62,5
µg/mL e 31,25 µg/mL. Essas soluções foram filtradas em membrana de acetato de celulose
(0,22 µm) e analisadas por CLAE.
Para cada concentração foram realizadas 3 determinações. Os resultados foram
utilizados para o cálculo de regressão linear (ICH, 1996).
3.2.7.3 Curva Analítica
Para a quantificação da eritromicina, foi construída curva analítica em fase móvel
composta por solução A: acetonitrila: água (5:2:1), a: solução A é composta por 77% de fase
aquosa (tampão fosfato e água) 20% álcool butílico terciário e 3% acetonitrila. Partiu-se de
uma solução padrão (estoque) de ER, na concentração de 4000µg/mL. Foram preparadas
diluições a partir dessa solução; 2000µg/mL, 1000µg/mL, 500µg/mL, 250µg/mL, 12g/mL,
Karen Rossit Sotiro
42
62,5 µg/mL, as quais foram filtradas em membrana 0,22µm de poro. As análises foram
realizadas em triplicata. A média das áreas dos picos obtidos foram relacionada diretamente
com as suas respectivas concentrações e colocadas em gráfico, e a equação de reta calculada.
3.2.8 Estabilidade Química da Eritromicina no Sistema
Alíquotas de 0,5g das formulações mantidas em estufas a temperaturas 25 e 60 °C,
foram tomadas e solubilizadas primeiramente em 5mL de acetonitrila, e em seguida,
completado o volume para 25 mL em balão volumétrico com fase móvel. Essas amostras
foram filtradas em membrana com poros de 0,22 µm e submetidas à análise por CLAE, em
intervalos de sete dias, num total de 13 semanas. A estabilidade da ER frente à alta
temperatura foi calculada, através da curva analítica, utilizando as áreas encontradas para cada
concentração.
3.2.9 Coeficiente de Partição óleo/água
Com o objetivo de traçar um perfil de penetração cutaneamente da ER, determinou-se
o coeficiente de partição octanol/água do fármaco, preparando uma solução aquosa de
eritromicina a 20%, a qual foi submetida à agitação constante por 12 horas. Posteriormente
essa solução foi filtrada em membrana de acetato de celulose 0,22µm.
Uma alíquota (3mL) dessa solução foi misturada em octanol 1:1 (v/v) e submetida a
agitação em funil de separação, por 30 minutos.
Após esse período, essa mistura foi deixada em repouso para a separação das fases. A
fase aquosa foi retirada e submetida à centrifugação por 30 minutos a 3800 rpm, cuja RCF
(Relative Centrifugal Force) é 2.550,717 x g ou G, para separação do sobrenadante orgânico.
Karen Rossit Sotiro
43
A solução aquosa resultante foi submetida a análise por CLAE e comparada com uma amostra
da mesma solução aquosa de ER, antes da mistura com octanol e submetida a mesma análise.
O coeficiente de partição foi calculado através da equação;
K
o/a
= (C
1
– C
2
)
/ C
2
(Eq. 8)
Na qual: C
1
é a concentração de ER na fase aquosa antes da partilha com o octanol;
C
2
é a concentração da ER na fase aquosa depois da partilha com o octanol.
3.2.10 Variação do Tempo de Retenção (TR) da ER
3.2.10.1 Fase Móvel
Realizou-se o estudo da variação do tempo de retenção em relação à constituição da
fase móvel. Desse modo, manteve-se fixa a porcentagem de acetonitrila, variando-se somente
a porcentagem de álcool butílico terciário (B OH) e consequentemente a fase aquosa da
solução A da fase móvel (solução A é composta por 77% de fase aquosa (tampão fosfato e
água) 20% álcool butílico terciário e 3% acetonitrila) (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2001).
1. variação 1 : acetonitrila 3%, B OH12%, fase aquosa 85%
2. variação 2: acetonitrila 3%, B OH 14%, fase aquosa 83%
3. variação 3: acetonitrila 3%, B OH 16,5%, fase aquosa 80,5%
4. variação 4: acetonitrila 3%, B OH 18%, fase aquosa 79%
5. variação 5: acetonitrila 3%, B OH 20%, fase aquosa 77%
6. variação 6: acetonitrila 3%, B OH 25%, fase aquosa 72%
3.2.10.2 Constante de dielétrica
Karen Rossit Sotiro
44
A variação do tempo de retenção em relação a constante dielétrica da fase móvel
também foi estudada. Esse estudo teve como objetivo principal, observar a influência da
variação da constante dielétrica em função da constituição da fase móvel.
As constantes dielétrica de cada variação do eluente foi calculada utilizando a equação
9 abaixo:
ε = (ε fase aquosa . % fase aquosa) + (ε ACN . %ACN) + (ε BOH . %BOH) (Eq. 9)
100
Na tabela 3, encontram-se os valores de ε :
Tabela 3: Constantes dielétrica dos solventes utilizados (DEAN, 1992).
solvente Constante dielétrica (ε)
Temperatura (° C)
água 88,75 25
acetonitrila 37,5 25
Álcool butílico terciário
10,9 25
3.2.11 Perfil de liberação da ER in vitro
Para o ensaio de liberação in vitro foi utilizado um modelo de célula de difusão
adaptada ao equipamento de dissolução (Dissolution SRO Plus).
A célula de difusão (Figura 13) é composta por uma tampa removível com três
aberturas; uma para a coleta e reposição do meio receptor, outra para a passagem da haste que
mantém o meio receptor sob constante agitação e uma terceira na qual é adaptado um tubo de
Karen Rossit Sotiro
45
ensaio de 1,24 cm de diâmetro, onde foi colocada com auxílio de anel de borracha uma
membrana de acetato de celulose, previamente hidratada através de sua submersão pernoite
em água destilada.;
Pesou-se uma quantidade 0,3g de Cristal líquido contendo 6.048 mg de ER, suficiente
para se estabelecer as condições sink de ensaio. Essa amostra foi distribuída sobre a
membrana, homogeneamente, evitando a formação de bolhas. O tubo foi acoplado a célula de
difusão entrando em contato com o meio receptor.
O mesmo procedimento foi realizado com a ER livre a fim de determinar o perfil de
dissolução da mesma.
A simulação das condições sink normalmente é obtida, usando-se um grande volume
de meio receptor, ou usando-se mecanismos pelos os quais o meio de dissolução é
constantemente reposto, de modo que a concentração do soluto não alcance mais do que 10 a
15% da sua solubilidade máxima (MAINARDES, 2004).
A liberação do fármaco foi determinada por CLAE. Através de coleta de 50µL de
amostra retirada do meio de dissolução, e em seguida, o mesmo volume foi reconstituído pela
adição do meio receptor recentemente preparado, corrigindo-se, dessa maneira, o volume. O
ensaio foi realizado em triplicata.
O equipamento de dissolução foi utilizado para se manter condições de temperatura e
agitação, e as leituras foram realizadas em intervalos pré-determinados, partindo-se de
intervalos de 5 minutos até 60 minutos, sendo o tempo total do ensaio 24 horas. Os ensaios
foram realizados em triplicata para cada amostra. Assim, a média das áreas dos picos obtidos,
foi lançada na equação da reta da curva analítica em solução tampão pH 6.8 0,05 M, e a
concentração de ER calculada.
Temperatura 37 °C
Membrana de acetato de celulose (0,22µm)
Karen Rossit Sotiro
46
Agitação constante (200 rpm)
Meio de liberação: tampão fosfato pH 6,8 0,05M (USP, 2004).
Volume do meio receptor: 16 mL.
Figura 13: Esquema de célula de difusão (à esquerda), adaptada ao equipamento de
dissolução (a direita). (a) dispositivo de agitação do meio receptor, (b) abertura para coleta e
reposição do meio, (c) orifício de colocação do tubo com a membrana.
(a)
(b)
(c)
Karen Rossit Sotiro
47
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização da eritromicina
4.1.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de
Fourier
A espectroscopia de absorção na região do infravermelho, é uma das técnicas mais
utilizadas na identificação das funções químicas. Através dos diferentes modos vibracionais
gerados por grupos funcionais ao absorverem radiação na região do infravermelho em
comprimentos de onda característicos, é possível determinar o grupo funcional existente no
composto (SILVERSTEIN, et al. 1994).
Uma amostra de eritromicina, grau farmacêutico, foi utilizada para a realização da
espectroscopia de absorção na região do infravermelho, que se situa entre 400 e 4.000 cm
-1
.
O espectro obtido nesse trabalho esta ilustrado na figura 14 juntamente com o espectro de
referência da ER na figura 15. Os números e letras das bandas indexadas estão referidos entre
parênteses no texto.
A eritromicina foi caracterizada por duas banda de absorção na região de 1700 a 1735
cm
-1
referentes a bandas de deformação (MOFFAT, et al., 1986) do grupo cetona não
conjugada (a), porém nessa região encontra-se também a deformação do grupo éster de 1200 a
1720 cm
-1
(difícil de diferenciar das cetonas, pois não apresenta banda característica) (b). A
seguir, estão as bandas de deformação angular simétrica no plano de CH
2
e CH
3
em 1300 a
1480 cm
-1
(c). E finalmente na região de 1000 a 1200 cm
-1
observa-se as bandas de
deformação do grupo éter (d) (MOFFAT, et al., 1986; SILVERSTEIN, et al.1994).
Através da comparação entre os espectros, pode se dizer que a amostra analisada
apresenta o mesmo espectro de absorção na região do infravermelho que a ER. A banda de
Karen Rossit Sotiro
48
número 1 refere-se a provável hidratação da amostra no momento do preparo, enquanto que as
bandas 2 e 3, referem-se as bandas de ligações C-H
3
dos alcanos e da ligação C-OH do álcool,
que aparecem antes de 2000 cm
-1
.
Figura 14: Espectro da eritromicina comercial na região do infravermelho.
Os números referem-se
a bandas não encontradas no espectro de referência, e as letras, referem-se às bandas
indexadas em comum entre os espectros.
Karen Rossit Sotiro
49
Figura 15: Espectro de infravermelho de referência da eritromicina (BRITISH
PHARMACOPOEIA, 2001). As letras das bandas indexadas estão referidas entre parênteses
no texto.
4.2 Construção do Diagrama de Fases
Através das titulações de 0,1mL de água foram obtidas formulações relacionadas às
variadas porcentagens de cada uma das três fases. Essas formulações sofreram transições,
como separação de fases, formação de sistemas semi-transparentes (sistemas de transição de
fases), sistemas emulsionados (opacos), sistemas microemulsionados (transparentes e
líquidos) e sistemas microestruturados (transparentes e viscosos). Essas mudanças,
ocasionadas pelas diferentes proporções de água, óleo e tensoativo, foram plotadas no
diagrama ternário de fases como pode ser observado na figura 16;
O diagrama de fases ternário, representado pelo triângulo eqüilátero cujos vértices
correspondem a 100% de cada fase, segue orientação horária.
Karen Rossit Sotiro
50
Dessa forma é possível observar no diagrama da Figura 16, uma ampla área de
microemulsão (SME), cuja área de domínio mínima de tensoativo é 30% e máximas de 35%
de água e 70% de óleo.
A região de sistema microestruturado, apresenta área limite com concentração mínima
de 40% de tensoativo e máximas de 65% em uma faixa de 35 a 60% de água e de 0 a 15% de
óleo. O sistema semi-transparente (STF) limita-se a concentrações de aproximadamente 30-
55% de tensoativo, aproximadamente 30-70% de água e 0-40% de óleo.
A região de separação de fase (SF) é bastante ampla, ocupando toda a parte inferior do
diagrama, desde o vértice aquoso até o oleoso, com porcentagens de 0-100% de água, 0-100%
de fase oleosa, fazendo limite com a região de microemulsão, apresentando cerca de 30% de
tensoativo. Sistemas emulsionados apresentam-se em menor quantidade, com concentrações
de 15-30% de tensoativo, 50-85% de água e 0-20% de fase oleosa.
Realizou-se a construção do diagrama de fases, identificando as reges de cada
diferente sistema em: SME- para sistemas líquidos e transparentes, SMT- para sistemas
transparentes e com alta viscosidade, STF- para sistemas translúcidos, SE- para sistemas
opacos e SF- para separação de fases (duas fases distintas).
Nota-se que a formação de sistemas líquidos está ligada a pequenas concentrações de
fases aquosa e oleosa e grande proporção de tensoativo. Enquanto, sistemas viscosos
transparentes apresentam quantidade de fase oleosa muito pequena em relação as demais
fases, geralmente cerca de 10% . Nota-se também que, quanto mais água é adicionada à
região de SME e SMT, maior sua viscosidade. Fato esse que sugere um aumento de
hidratação das cabeças polares do tensoativo, ligado ao arranjo, que apresentam alta hidrofilia.
Karen Rossit Sotiro
51
Figura 16: Diagrama de fases com as regiões de cada sistema. SME- sistema
microemulsionado, SMT- sistema microestruturado, STF- sistema de transição de fases, SE-
sistema emulsionado, SF- separação de fases.
As características visuais das regiões citadas anteriormente podem ser observadas nas
Figuras de 17 a 19.
Karen Rossit Sotiro
52
Figura 17: A- separação de fases, B- microemulsão, C- sistema microestruturado (liquido - cristalino),
D- sistema de transição de fases e E- emulsão.
.
Com a construção do diagrama de fases, foi possível delimitar as regiões de formação
das diferentes fases formadas pela mistura de diferentes proporções de tensoativo, água e fase
oleosa, permitindo escolher a região de interesse e as formulações a serem estudadas.
Essas formulações foram escolhidas partindo-se do propósito de se veicular ER para o
tratamento da pele acneica, sendo assim, foi dada atenção às formulações da região
classificada como SMT, uma vez que essa região apresenta formulações com viscosidade
considerável permitindo aplicação em uma área definida sem que a mesma escorra após sua
aplicação e que apresentassem a menor quantidade de óleo possível para esses sistemas se
A B C D E
Figura 18:
Separação de fases após
repouso
Figura 19:
sistema emulsionado após
repouso
Karen Rossit Sotiro
53
formarem, como representado na figura 20. As formulações selecionadas foram denominadas
F1, F2, F3 e F4.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
tensoativo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
água
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
delimitações das regiões
formulações estudadas
F4
F3
F2
F1
Figura 20: Diagrama com as formulações selecionadas
4.3 Incorporação da eritromicina no sistema
As amostras observadas tanto a olho como em microscópio óptico com aumento de
10 vezes apresentaram-se transparentes, após a incorporação, assim como no controle
negativo (sem o fármaco), não havendo aparecimento de cristais, sugerindo uma solubilização
total do fármaco.
Karen Rossit Sotiro
54
4.4 Caracterização Física
4.4.1 Índice de Refração
O índice de refração é uma constante física freqüentemente usada na determinação da
identidade e pureza de fármacos e produtos alimentícios. Pode ser usado para determinar
quantitativamente a força e a pureza das soluções ou as proporções em que certos líquidos são
misturados (KOROLKOVAS, 1988).
O índice de refração de uma substância, representado por (n), é a relação entre
velocidade da luz no vácuo e sua velocidade ao atravessar a substância. Ele varia com o
comprimento de onda da luz empregada e com a temperatura. Portanto, é necessário
especificar estas condições na prática, pois em geral é conveniente medir a refração em
relação ao ar e a substância, em lugar de medir em relação ao vácuo e a substância, visto que
para fins farmacopeicos, isso não apresenta influência significativa nos valores observados
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1997). Também pode ser definido como a relação entre o
seno do ângulo de incidência e o seno do ângulo de refração da luz. Os índices de refração são
geralmente determinados em função da incidência da luz de uma lâmpada de sódio de
comprimento de onda de 589,3 nm, à temperatura de 20 °C +
0,5 °C (FARMACOPÉIA
BRASILEIRA, 1997).
Na tabela 4 encontram-se os valores médios do índice de refração das amostras
determinados em triplicata, a figura 21 é a representação gráfica desses valores.
Karen Rossit Sotiro
55
Tabela 4: Valores médios do índice de refração de cada formulação, em triplicata a 20 °C.
Amostras
Procetyl
(%)
Adipato
(%)
Água
(%)
Índice de refração
Encontrado
(água = 1,331)
F1 45 5 50 1,402
F2 50 5 45 1,411
F3 55 5 40 1,417
F4 60 5 35 1,425
Figura 21: Representação gráfica do índice de refração
Os resultados obtidos sugerem que, com o aumento da quantidade de fase aquosa nas
formulações, ocorre uma diminuição do índice de refração, tornado-o mais próximo do índice
de refração da água.
4.4.2 Condutividade Eletrolítica
Karen Rossit Sotiro
56
O gráfico da Figura 22 mostra os valores, realizados em triplicata, de condutividade
em µS/cm das formulações selecionadas.
Os valores encontrados para condutividade, sugerem que o sistema apresenta maior
quantidade de água como fase externa (contínua) nos sistemas estudados.
Os mecanismos sugeridos para a condução na água, conforme proposta de AGMON
(1995), é que transferência de próton entre duas moléculas de água vizinhas quando uma
molécula tem posição que permite que uma ligação de hidrogênio O-H
....
O se transforma em
uma ligação H
.....
H-O.
Nos resultados obtidos observa-se que, quanto maior a quantidade de água presente na
formulação, maior a condutividade, que sugere que a água encontra-se como fase contínua
nesses sistemas.
quantidade de água na formulação (%)
34 36 38 40 42 44 46
condutividade(µ S/cm)
4
6
8
10
12
14
Figura 22: Efeito da variação da fase aquosa nos valores de condutividade
F4
F3
F2
Karen Rossit Sotiro
57
Devido a alta viscosidade apresentada por F1, não foi possível a realização dos ensaios
de condutividade, assim como os ensaios reológicos.
4.4.3 Reologia
Os dados obtidos na análise de escoamento foram utilizados na construção de
reogramas, nos quais é possível observar a relação entre tensão de cisalhamento (
σ) e
velocidade de cisalhamento (γ). Nas figuras 23 a 25, pode-se observar a relação entre σ e γ
para os sistemas F2, F3 e F4, respectivamente. De acordo com os reogramas todos os sistemas
apresentaram comportamento não-newtoniano com escoamento plástico, pois comportaram-se
resistentes ao escoamento inicialmente, formando uma alça de histerese, caracterizando sua
tixotropia a 25 e 37° C. O perfil das formulações continuou o mesmo com o aumento da
temperatura para 37 °C. Todas as formulações apresentaram também, uma resistência inicial
ao escoamento, que pode ser observada em todos os reogramas através da deformação que
ocorre por volta 6000 Pa de tensão de cisalhamento para F2, 2500 Pa para F3 e 1400 Pa para
F4, provavelmente devido à organização interna desses sistemas, constituídos pela presença
de uma rede estrutural que aumenta sua viscosidade e impede que o mesmo flua normalmente.
Ao atingir uma tensão crítica a rede é quebrada e o sistema flui normalmente.
Para o sistema F1, não foi possível sua análise pelo equipamento devido a alta
viscosidade apresentada.
Karen Rossit Sotiro
58
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
25° C
25° C
37° C
37° C
tensão de cisalhamento (Pa)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Figura 23: Representação gráfica da relação entre tensão de cisalhamento e velocidade de
cisalhamento do sistema F2 a 25 e 37° C.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
500
1000
1500
2000
2500
25° C
25° C
37° C
37° C
tensão de cisalhamento (Pa)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Figura 24: Representação gráfica da relação entre tensão de cisalhamento em função da
velocidade de cisalhamento do sistema F3 a 25 e 37° C.
Karen Rossit Sotiro
59
Figura 25: Representação gráfica da relação entre tensão de cisalhamento e velocidade de
cisalhamento do sistema F4 a 25 e 37° C.
Os sistemas com comportamento plástico apresentam uma diminuição na viscosidade
logo no início do cisalhamento, tendendo a se tornar constante após esta diminuição.
Nas figuras de 26 a 29 pode-se observar o comportamento da viscosidade em função
da velocidade de cisalhamento para os sistemas F2, F3 e F4, respectivamente. Nota-se que a
viscosidade diminuiu com o aumento da velocidade de cisalhamento, confirmando que esses
sistemas se comportam como fluidos plásticos.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
25° C
25 °C
37° C
37° C
tensão de cisalhamento (Pa)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Karen Rossit Sotiro
60
Figura 26: Representação gráfica da relação entre viscosidade e velocidade de cisalhamento
do sistema F2 a 25 °C (A) e 37° C (B), respectivamente.
Figura 27: Representação gráfica da relação entre viscosidade e velocidade de cisalhamento
do sistema F2 a 25 °C (A) e 37° C (B), respectivamente.
0 50 100 150 200 250 300
10
100
1000
(A)
viscosidade (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
10
100
1000
(B)
viscosidade (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
1000
10000
100000
(A)
viscosidade (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
10
100
1000
(B)
viscosidade (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Karen Rossit Sotiro
61
Figura 28: Representação gráfica da relação entre viscosidade e velocidade de cisalhamento
do sistema F2 a 25 °C (A) e 37° C (B), respectivamente.
Quanto aos valores de viscosidade encontrados a 25 e a 37°C, observou-se que a
formulação F2 tornou-se cerca de 98% menos viscosa em relação ao seu comportamento a
25°C, enquanto que a formulação F4 perdeu cerca de 81% de sua viscosidade. Para a
formulação F3, os resultados foram perda de 43% aproximadamente em relação a suas
medidas a 25 °C, menos da metade do comportamento apresentado pelas outras duas
formulações. A formulação F2 possui maior quantidade de água na sua constituição em
relação a F3 e F4, o que possivelmente torna os agregados mais densos e rígidos na presença
do tensoativo.
Essa rede que se forma entre os constituintes da formulação, torna-se mais organizada
à medida que a proporção de água aumenta em relação ao tensoativo, o que faz com que a
viscosidade do sistema aumente, tornando possível a formação de domínios cristalinos através
do tipo de rede formada. A orientação e organização dessa rede podem ser identificadas pelas
técnicas de espalhamento de raios-X abaixo ângulo e microscopia de luz polarizada.
0 50 100 150 200 250 300 350
10
100
1000
(A)
viscosidade (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300
1
10
100
(B)
viscosidade (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Karen Rossit Sotiro
62
Figura 29: Viscosidade comparativa entre as formulações F2, F3 e F4, a 25 e 37° C.
O ensaio de fluência e relaxação mede as propriedades viscoelásticas dos sistemas
através da aplicação de uma tensão constante de cisalhamento (fluência), e a deformação é
determinada em função de tempo (relaxação). Com isso, pode-se obter a compliância que é
definida pela razão de deformação pela tensão. Quanto maior a compliância menor é a
componente elástica do sistema e consequentemente a viscosidade é mais baixa. A
viscoelasticidade é usada para descrever comportamento de materiais, os quais apresentam
comportamento intermediário entre os elásticos clássicos extremos, que são chamados de
sólidos hookeanos e líquidos newtonianos. Materiais viscoelásticos têm simultaneamente
propriedades elástica e viscosa (KORHONEN, 2003).
Este ensaio permite diferenciar de forma bastante satisfatória as respostas elásticas das
respostas viscosas. E introduz um parâmetro adicional de tempo de resposta para o
comportamento viscoso e elástico de sólidos e fluídos (SCHRAMM, 2006).
formulações
F2 F3 S4
viscosidade (Pa.s)
0,0
2,0e+4
4,0e+4
6,0e+4
8,0e+4
1,0e+5
1,2e+5
25° C
37° C
Karen Rossit Sotiro
63
A Figura 30 representa a evolução das curvas de fluência e relaxação para os sistemas
F2, F3 e F4. As curvas de fluência e relaxação confirmam a natureza viscoelastica destes
sistemas.
A formulação F4, que apresenta maior quantidade de fase tensoativa, em relação a F2
e F3, exibiu maiores valores de compliância, indicando que esta formulação tem um caráter
mais fluido quando comparada com as outras formulações. A formulação F2 apresenta valores
de compliância bem inferiores, caracterizando uma formulação com componente elástica
maior devido à existência de uma rede estrutural consolidada o que faz aumentar a
viscosidade e a tensão crítica para o escoamento. Estes resultados corroboram com os
resultados das análises de escoamento.
Figura 30: Curvas de fluência e relaxação das formulações F2, F3 e F4.
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
F2
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
F3
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
F4
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
64
O comportamento viscoelásticos das formulações é coerente com os resultados
encontrados nas medidas de escoamento e com a constituição das amostras, podendo-se
observar a relação entre o aumento da fase aquosa na formulação, que a torna mais viscosa,
ou seja, mais organizada e com o aumento da componente elástica encontrada para essas
formulações. Sugere-se então, que ao se aumentar o vértice aquoso, a água organiza-se de
maneira a saturar a parte de natureza hidrofílica do tensoativo, formando mesofases
cristalinas, o que justifica o aumento na viscoelasticidade apresentada por essas formulações.
4.4.4 Microscopia de Luz Polarizada
Através da técnica de microscopia óptica de luz polarizada, foi possível a observação
de estruturas internas nos diferentes sistemas, observadas nas fotomicrografias obtidas por
esse método de visualização; em aumento de 10 000 e 20 000 (CONSTANTINIDES e
SCALART, 1997).
Regiões mesofásicas, tais como fase lamelar que ao desviarem a luz polarizada
revelam estruturas parecidas com cruzes de malta e fase hexagonal as quais apresenta
estruturas que se assemelham com estrias, podem ser classificadas através da microscopia
como anisotrópicos, ou seja, sistemas que desviam o plano da luz polarizada.
Os resultados obtidos por fotomicrografias revelaram dois tipos de regiões
anisotrópicas, uma contendo uma possível fase lamelar e outra contendo fase hexagonal,
segundo Constantinides e Scalart, 1997, ambas as fases são características de sistemas
mesofásicos.
Como pode ser observado nas figuras de 31 a 34, a organização interna desses
sistemas, no caso hexagonal, pode estar relacionado com o arranjo ocorrido entre as três fases
constituintes das formulações, principalmente entre a água e o tensoativo. Com o aumento da
Karen Rossit Sotiro
65
quantidade da água e conseqüente diminuição do tensoativo, a disposição da água em torno
das cabeças polares do tensoativo pode se rearranjar para outras formas. As cabeças polares
do tensoativo (oxido de etileno) na presença de aumento de fase aquosa estariam sendo
hidratadas pela água devido a alta hidrofília desses grupos promovendo organizações mais
rígidas e mais complexas.
Em análises realizadas com formulações com o fármaco, a incorporação da ER não
alterou a estruturação interna hexagonal das formulações F2 e F3, sugerindo dessa forma que
o fármaco não influiu na estabilidade física dessas formulações. Na formulação F4 a
incorporação de 2% p/p de ER fez com que o arranjo interno passasse de hexagonal para
lamelar.
Figura 31: Fotomicrografias do sistema F1 em aumento de 20 X, as setas indicam
aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) fase hexagonal em sistema contendo ER.
(A) (B)
Karen Rossit Sotiro
66
Figura 32: Fotomicrografias do sistema F2 em aumento de 20 X, as setas indicam
aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) mistura de fases lamelar e hexagonal em
sistema contendo ER.
Figura 33: Fotomicrografias do sistema F3 em aumento de 20 X, as setas indicam
aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) fase hexagonal em sistema contendo ER.
(A) (B)
(A) (B)
Karen Rossit Sotiro
67
Figura 34: Fotomicrografias do sistema F4 em aumento de 20 X e 10 X respectivamente, as
setas indicam aparecimento de estrias; A) fase hexagonal, B) fase hexagonal em sistema
contendo ER.
4.4.5 Espalhamento de raios -X a baixo ângulo (SAXS)
As formas anisotrópicas de sistemas microestruturados como, hexagonal e lamelar
apresentam características de consistência que podem ser observados diretamente através da
composição entre as fases da formulação e da análise por SAXS. A técnica de espalhamento
de raios-X a baixo ângulo, é usada para confirmar os resultados das diferentes regiões
encontradas através da construção de um diagrama de fases e os resultados através da
visualização por microscopia óptica de luz polarizada, além de identificar onde diferentes
tipos de fases que podem coexistir (MEZZENGA et al., 2005).
As curvas de SAXS exibem picos, cujo número e a distância média entre eles,
permitem associar com estruturas da matriz.
(A)
(B)
Karen Rossit Sotiro
68
A posição dos picos apresentados pelas curvas de SAXS no eixo q, revelam o tipo de
estrutura cristalina e sua orientação, se um número suficiente de picos, necessários para sua
identificação, é observado, é possível revelar inequivocamente a periodicidade da estrutura.
Através do numero de picos e a razão da distância média entre eles, pode-se observar a
existência de mesofases ordenadas como fase lamelar, a qual é composta por micelas planares
ou lamelas com solvente entre elas, representada por dois picos, cuja razão da distância média
entre eles deve ser 2, enquanto que a fase composta por organização hexagonal de agregados
cilíndricos observada pela existência de três picos, deve apresentar valores de distancia média
entre partículas de 1,73 e 2, respectivamente, ver tabela 5.
Podemos calcular uma distância média, d, entre partículas vizinhas (ou dois planos
paralelos) a partir do valor de posição máximo (q max), empregado a relação;
d = 2
Π
q
max
Os resultados das medidas de SAXS estão coerentes com os resultados obtidos por
microscopia óptica de luz polarizada dessas formulações, identificando fase hexagonal para
todos os sistemas (F2, F3 e F4), através do aparecimento de estrias ao desviarem o plano da
luz polarizada.
Ao correlacionar os dados de SAXS com os dados obtidos pelo comportamento
reológico, nota-se que a redensificação formada pelos constituintes da formulação é
proporcional a sua tixotropia. Observou-se também que apenas as formulações mais viscosas,
F2 e F3, apresentaram integridade quanto sua estruturação ao incorporar a eritromicina, de
acordo com as figuras 36 e 37.
O resultado da amostra F4 revelou forma hexagonal no sistema inerte e possível
rearranjo observado claramente pelo alargamento do pico, sugerindo desestruturação para
Karen Rossit Sotiro
69
forma lamelar na mesma formulação incorporada com o fármaco, como pode ser observado
na figura 38.
Conclui-se que a estruturação dessas formulações é dependente da relação
tensoativo/água, que torna o sistema mais redensificado à medida que se aumenta a água em
relação ao tensoativo.
Para as concentrações de tensoativo nesses sistemas (F2, F3 e F4), observa-se maior
estruturação, quanto menor a quantidade de tensoativo presente, e conseqüente aumento da
fase aquosa. As moléculas do tensoativo agregam-se com água e formam pequenos domínios
cristalinos orientados aleatoriamente. Os parâmetros de intensidade I(q) do SAXS, produzidos
por esses materiais, exibem picos, para valores diferentes de módulos do vetor de
espalhamento q.
As curvas de intensidade de espalhamento em função do vetor de espalhamento (q) das
formulações F2, F3 e F4, podem ser observadas nas figuras 35 a38:
0,2 0,4
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
F2
F3
F4
I (q) / (u.a.)
q (Å)
-1
Figura 35: Comparação estrutural entre as formulações F2, F3 e F4.
Karen Rossit Sotiro
70
0,2
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
F2
F2c/ER
I (q) / (u.a.)
q (Å)
-1
Figura 36: Evolução estrutural das formulações F2 e F2 com ER.
0,2
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
F3
F3c/ER
I(q) / (u.a.)
q (Å)
-1
Figura 37: Evolução estrutural das formulações F3 e F3 com ER.
Karen Rossit Sotiro
71
0,2
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
F4
F4c/ER
I(q) / (u.a.)
q (Å)
-1
Figura 38: Evolução estrutural das formulações F4 e F4 com ER
Tabela 5: Valores dos parâmetros obtidos a partir das curvas de SAXS.
Formulações qmax 1 qmax 2 qmax 3 d2/ d1 d3/ d1 Tipo de
estrutura
F2
0,0774 0,1353 0,1557 1,748 2,011 hexagonal
F3
0,0812 0,1405 0,1614 1,730 1,987 hexagonal
F4
0,0843 0,1462 0,1691 1,734 2,003 hexagonal
F2 c/ ER
0,0800 0,1392 0,1605 1,739 2,006 hexagonal
F3 c/ ER
0,0842 0,1450 0,1675 1,722 2,162 hexagonal
F4 c/ ER
0,0842 0,1670 __ 1,983 __ lamelar
q = vetor de espalhamento
d = distância média entre os picos
Karen Rossit Sotiro
72
A combinação de diferentes métodos como, espalhamento de raio-X a baixo ângulo
(SAXS) e técnica de microscopia de luz polarizada, são bastante usadas como
complementação uma da outra, no estudo de cristais líquidos. (MEZZENGA et al., 2005).
4.5 Estabilidade Física dos Sistemas
4.5.1 Teste de Prateleira e Estabilidade Preliminar das Formulações
A estabilidade de formas plásticas depende, praticamente, da natureza da base
empregada na formulação e do fármaco que se pretende veicular. Assim, estudos de
compatibilidade são primordiais no desenvolvimento de formulações semi-sólidas (GIL, et
al.,2005).
Entre os principais problemas envolvidos está, além da decomposição química, a
perda de consistência e endurecimento. Por sua vez, as formas sólidas são em geral, bastante
estáveis, mas merecem cuidados, quanto à formulação e estocagem (GIL, et al.,2005).
Avaliação física das formulações F2, F3 e F4 inertes e incorporadas c/ ER foram
submetidas a centrifugação após exposição a temperaturas de 25, 45 e 60 °C por períodos de
1, 45 e 90 dias e logo após a preparação das mesmas. As formulações permaneceram estáveis
a qualquer sinal de instabilidade quanto à separação de fases, podendo ser submetidas aos
demais testes de estabilidade.
Karen Rossit Sotiro
73
O estudo de estabilidade preliminar consiste na realização do teste na fase inicial
do desenvolvimento do produto, utilizando-se diferentes formulações de laboratório e
com duração reduzida. Emprega condições extremas de temperatura com o objetivo de
acelerar possíveis reações entre seus componentes e o surgimento de sinais que devem
ser observados e analisados conforme as características específicas de cada tipo de
produto. Devido às condições que é conduzido, este estudo não tem a finalidade de
estimar a vida útil do produto, mas sim de auxiliar na triagem de formulações (GUIA
DE ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS, 2004).
Durante o estudo da estabilidade preliminar, o potencial hidrogeniônico (pH) das
formulações foi medido nas amostras com e sem a presença do fármaco. Esse parâmetro
é importante quando se veicula fármacos que apresentam atividade pH dependente
(BRISAERT et al., 2000). Visto que a eritromicina é um antibiótico que apresenta sua
atividade terapêutica essencialmente em faixa de pH 7 e é relativamente estável em
faixa de pH de 4 a 10 (DIETRICH et al., 1998), realizou-se a medida desse parâmetro
durante 90 dias, com o intuito de observar possíveis variações de pH no decorrer do
estudo.
A eritromicina quando exposta a valores de pH maiores que 10 e especialmente
iguais ou menores que 3, apresenta grande quantidade de produto de degradação
(DIETRICH et al., 1998).
De acordo com os resultados apresentados na tabela 6, apesar das formulações
inertes apresentarem valores de pH abaixo dos valores adequados para que o fármaco
exerça sua atividade antimicrobiana, ainda encontram-se numa faixa de pH
relativamente estável para a ER. Observou-se que após a incorporação da ER, essas
formulações apresentaram valores de pH estáveis na faixa da neutralidade, mesmo após
Karen Rossit Sotiro
74
o período de 90 dias tanto em temperatura de 25 °C, quanto em temperatura de 45 °C,
tornando o sistema um veículo interessante para transporte desse fármaco.
Tabela 6: Valores de pH das amostras sob as temperaturas; 25, 45 e a 60°C,
respectivamente.
amostras
pH
(25°C)
pH
(45°C)
pH
(60°C)
dias dias dias
T:0
T:45
T:90
T:0
T:45
T:90
T:0
T:45
T:90
F2 5,0 4,0 4,0 5,0 4,0 4,0 5,0 4,0 3,0
F3 5,0 4,0 4,0 5,0 4,0 4,0 5,0 4,0 3,0
F4 5,0 4,0 4,0 5,0 4,0 4,0 5,0 4,0 4,0
F2 c/ ER
7,0 7,0 6,0 7,0 6,0 5,0 7,0 5,0 4,0
F3 c/ ER
7,0 6,0 6,0 6,0 6,0 5,0 6,0 5,0 4,0
F4 c/ ER
7,0 6,0 7,0 7,0 6,0 5,0 7,0 5,0 4,0
A instabilidade física das formulações também pode ser detectada, em alguns
casos, por uma mudança na aparência como, por exemplo, na textura e consistência. O
estudo científico desse tipo de estabilidade vem sendo feito principalmente através da
reologia (LEONARDI, 2004).
Realizou-se o estudo reológico das formulações F2, F3 e F4 com e sem ER, a
partir de ensaios de escoamento e de fluência-relaxação sob diferentes condições de
tempo e temperatura. As figuras 39 a 57 mostram a relação entre tensão e a velocidade
de cisalhamento nos ensaios de escoamento e tempo e compliância nos ensaios de
fluência e relaxação.
Karen Rossit Sotiro
75
Através desses ensaios foi possível observar que tanto as formulações contendo
ER quanto as que não a continham, quando expostas à temperatura de 25°C por 90 dias,
mantiveram o mesmo perfil reológico, com característica de fluidos plásticos com uma
tensão limite para escoamento com diminuição na tixotropia (figuras 39, 43, 47 a 50 e
54) e apresentaram ainda propriedades elásticas representadas pelas figuras 40 a 42, 44,
45, 47 a 49, 51 a 53, 55 a 57, onde se pode observar o perfil viscoelástico e medir a
elasticidade da amostra de acordo com os valores de compliância conseguidos. Assim
pode-se afirmar que quanto menor a compliância na região de relaxação, mais elástico é
o sistema.
O mesmo resultado de escoamento foi observado para todas as formulações
quando expostas a 60°C por 45 dias, exceto F2 e F4 com ER, que apresentaram-se como
líquidos (figura 39 e 50), entretanto o deslocamento da curva para valores inferiores de
tensão de cisalhamento, sugerem que as formulações nestas condições são menos
viscosas, indicando uma nova organização dos três constituintes presentes no sistema.
De acordo com os gráficos, a incorporação de 2% de ER nas formulações F2,
F3 e F4, não alterou consideravelmente o comportamento dessas formulações em
relação as mesmas formulações inertes, exceto aquelas expostas a 60° C.
Quanto a elasticidade, todas as formulações quando expostas a 60°C perderam
sua característica elástica, apresentando perfil de líquidos newtonianos, porém com
diferenças de viscosidade representadas pelos valores de compliância (figura 40 a 42, 44
a 46, 51 a 53, 55 a 57).
Decorridos os 90 dias a temperatura de 25°C, todas as formulações exceto F4
inerte, mantiveram comportamento viscoelastico.
Karen Rossit Sotiro
76
Figura 39: Relação entre tensão de cisalhamento e a velocidade de cisalhamento após
45 dias em estufa sob diferentes temperaturas (25 °C e 60 °C) para as formulações F2
(A), F3 (B) e F4 (C).
Figura 40: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 sem o fármaco após 45
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
F2 curva ascendente 25 °C
F2 curva ascendente 60 °C
(A)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
500
1000
1500
2000
F3 curva ascendente 25 °C
F3 curva ascendente 60 °C
(B)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
F4 curva ascendente 25 °C
F4 curva ascendente 60 °C
(C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Karen Rossit Sotiro
77
Figura 41: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 sem o fármaco após 45
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.
Figura 42: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 sem o fármaco após 45
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
F4 (25 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
F4 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
200
400
600
800
F3 s/ER 60 °C - 45 dias
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
F3 s/ ER 25 °C - 45 dias
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
78
Figura 43: Relação entre tensão de cisalhamento e a velocidade de cisalhamento após
90 dias em estufa sob diferentes temperaturas (25 °C e 60 °C) para as formulações F2
(A), F3 (B) e F4 (C).
Figura 44: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 sem o fármaco após 90
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
(B)
F3 (25° C)
F3 (60° C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
(A)
F2 (25° C)
F2 (60° C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300
0
100
200
300
400
500
(C)
F4 (25° C)
F4 (60° C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,0000
0,0005
0,0010
0,0015
0,0020
F2 (25° C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
200
400
600
800
1000
1200
F2 (60° C)
compliância (1/Pa)
tempo(s)
Karen Rossit Sotiro
79
Figura 45: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 sem o fármaco após 90
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.
Figura 46: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 sem o fármaco após 90
dias em estufas sob diferentes temperaturas, ambiente (25 °C) e 60 °C.
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
F3 (25° C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
200
400
600
800
1000
F3 (60° C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
1
2
3
4
F4 (25° C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
F4 (60° C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
80
Figura 47: Reogramas de escoamento e, fluência e relaxação da formulação F2
contendo o fármaco após o preparo sob temperatura ambiente (25 °C).
Figura 48: Reogramas de escoamento e, fluência e relaxação da formulação F3
contendo o fármaco após o preparo sob temperatura ambiente (25 °C).
0 50 100 150 200 250 300 350
0
500
1000
1500
2000
F2
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento(1/s)
0 60 120 180 240 300 360
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
F2 c/ ER
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 60 120 180 240 300 360
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
F3 c/ ER
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
F3
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Karen Rossit Sotiro
81
Figura 49: Reogramas de escoamento e, fluência e relaxação da formulação F4
contendo o fármaco após o preparo sob temperatura ambiente (25 °C).
Figura 50: Reogramas de escoamento da formulação F2, F3 e F4 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
F4
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 60 120 180 240 300 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
F4 c/ ER
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
F2 (25 °C)
F2 (60 °C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
500
1000
1500
2000
F3 (25 °C)
F3 (60 °C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
F4 (25 °C)
F4 (60 °C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
Karen Rossit Sotiro
82
Figura 51: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C.
Figura 52: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de25 ° (ambiente) e 60 °C.
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
F2 (25 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
100
200
300
400
500
600
700
F2 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
F3 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
F3 (25 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
83
Figura 53: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 contendo o fármaco
após 45 dias em estufas à temperaturas de25 ° (ambiente) e 60 °C.
Figura 54: Reogramas de escoamento da formulação F2, F3 e F4 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
F3 (25 °C)
F3 (60 °C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
500
1000
1500
2000
F2 (25 °C)
F2 (60 °C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhameno (1/s)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
F4 (25 °C)
F4 (60 °C)
tensão de cisalhamento (Pa.s)
velocidade de cisalhamento (1/s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
F4 (25 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
100
200
300
400
500
600
F4 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
84
Figura 55: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F2 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C.
Figura 56: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F3 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25 ° (ambiente) e 60 °C.
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
F3 (25°C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
F2 (25 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
50
100
150
200
250
300
F2 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
100
200
300
400
500
600
700
800
F3 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
85
Figura 57: Reogramas de fluência e relaxação da formulação F4 contendo o fármaco
após 90 dias em estufas à temperaturas de 25° (ambiente) e 60 °C.
As características organolépticas desses sistemas contendo ou não a ER, também
foram estudadas e permaneceram estáveis decorridos 90 dias à temperatura de 25°C, ou
seja, apresentaram-se transparentes e incolores, com odor característico do tensoativo e
agradáveis ao toque. Enquanto que decorrido 90 dias a 45 e 60°C as formulações sem
fármaco apresentaram amarelamento leve em relação às formulações contendo a ER,
que se tornaram moderadamente amareladas após 45 dias, e muito amareladas após 90
dias sob temperatura de 45°C. As formulações expostas a 60°C tornaram-se muito
amareladas decorrido os primeiros 45 dias e apresentaram ainda, forte odor de óleo
oxidado. Ao término dos 90 dias essas formulações tornaram-se líquidas, ou seja,
perderam sua elasticidade inicial, decorrente da desestruturação da rede que se forma e
torna o sistema estável.
Quanto ao estudo de microscopia de luz polarizada, todas as formulações
incorporadas ou não com ER, apresentaram estruturas estriadas ao desviarem o plano da
luz. Porem aquelas que se tornaram líquidas decorrente a exposição a alta temperatura,
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
F4 (25 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
0
100
200
300
400
500
600
F4 (60 °C)
compliância (1/Pa)
tempo (s)
Karen Rossit Sotiro
86
mesmo após a retirada do calor, apresentaram isotropia, caracterizada pelo campo
escuro como pode ser observado na Figura 58;
Figura 58: Fotomicrografia do campo escuro característico de isotropia.
A mudança de estrias pra campo escuro observada na fotomicrografia (Fig. 58),
confirma os resultados encontrados nos parâmetros reológicos do estudo da estabilidade
preliminar.
O Teste de Prateleira ou Estabilidade de Longa Duração ou ainda Shelf life, tem
como objetivo validar os limites de estabilidade do produto e comprovar o prazo de
validade estimado. Consiste em um estudo realizado no período de tempo equivalente
ao prazo de validade e utilizado para avaliar o comportamento do produto em condições
normais de armazenamento, ou seja, condições ambientais (GUIA DE
ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS, 2004).
Esse teste foi realizado para as formulações F2, F3 e F4, com e sem ER, e
obteve-se resultado favorável, ou seja, as formulações apresentaram características
como, transparência, permaneceram incolores, com odor característico do tensoativo e
Karen Rossit Sotiro
87
agradáveis ao tato. Ao término do estudo ainda apresentaram comportamento plástico
com tixotropia e fase hexagonal como forma de estruturação do sistema. O pH como
descrito anteriormente (ver tabela 6), manteve-se na faixa da neutralidade, necessária
para a preservação do fármaco.
4.6 Metodologia analítica
4.6.1 Variação do Tempo de Retenção (tr)
Segundo a Farmacopéia Britânica (2001), o tempo de retenção da eritromicina
pode ser manipulado com a modificação da concentração de álcool butílico terciário na
constituição da fase móvel.
Dessa forma, foi construído um gráfico, relacionando-se tempo de retenção da
eritromicina em função da variação da porcentagem de álcool butílico terciário na
solução A da fase móvel.
De acordo com a Figura 59, pode se relacionar à diminuição no tempo de
retenção da ER, com variação causada na constante dielétrica da fase móvel à medida
que se aumenta a proporção do álcool butílico terciário na constituição da FM. Sugere-
se que o aumento do álcool cause diminuição na constante dielétrica da fase eluente,
permitindo que o fármaco fique por menos tempo retido pela fase estacionária.
Karen Rossit Sotiro
88
proporção de álcool butílico terciário
100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
tempo de retenção (min.)
0
10
20
30
40
Figura 59: Tempo de retenção da eritromicina (em minutos) em função da proporção
de álcool butílico terciário presente na solução A da fase móvel.
4.6.2 Constante dielétrica
Analisou-se a constante dielétrica da fase móvel a 25°C com cada uma das seis
variações da solução A, relacionando-as com as proporções de álcool butílico terciário
presente em cada uma delas, de acordo com a tabela 7.
Assim como Silva (2004), o estudo apresentou diferentes tr para ER. O aumento
do álcool causou diminuição na constante dielétrica e diminuição no tempo que o
fármaco ficou retido pela fase estacionária.
Como a ER é hidrofóbica e muito pouco hidrofílica, tem assim, maior afinidade
por solventes apolares do que polares, dessa forma, é arrastada mais facilmente por eles.
A medida que a concentração do álcool butílico terciário aumenta na fase móvel, menor
Karen Rossit Sotiro
89
é a constante dielétrica. Sugere-se que o aumento do álcool butílico terciário na fase
móvel, torne a fase móvel mais apolar.
A solubilidade de uma substância está diretamente relacionada com a natureza
do solvente. A constante dielétrica (
ε) pode ter efeito significativo sobre a intensidade
das interações dos íons em solução (ATKINS, 1999), uma vez que essas interação
ocorrem de maneira mais intensa quando há semelhança entre as polaridades.
Tabela 7: Valores da constante dielétrica e temperatura do estudo
Fase móvel Constante dielétrica (ε)
% de álcool butílico terciário
Variação de FM 1
69,1378 12
Variação de FM 2
68,1647 14
Variação de FM 3
66,9482 16
Variação de FM 4
66,2184 18
Variação de FM 5
65,2453 20
Variação de FM 6
62,8125 25
4.6.3 Validação da metodologia analítica
A validação de um método analítico pode ser definida como um processo
formal, com o objetivo de se obter documentação e análise de dados. A linearidade do
método de quantificação da ER foi analisada por CLAE.
A tabela 8 apresenta os valores obtidos para a curva analítica da ER (figura 60).
A curva analítica foi construída com base na variação das áreas dos picos,
característicos da ER. (tr
médio
= 10,985 min.).
Karen Rossit Sotiro
90
Tabela 8: Relação das concentrações de ER em fase móvel e área do pico obtida
ER (µg/mL)
Média das áreas dos picos (mV/s)*
Coeficiente de variação (%)
4000 2778,69 1,88
2000 1280,20 4,71
1000 626,64 13,89
500 296,09 0,52
250 149,57 1,01
125 42,67 16,53
62,5 15,64 18,34
(*n=3)
concentração de ER (µg/mL)
0 1000 2000 3000 4000 5000
área do pico (mV/s)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
y = a x + b
y = 0,6981355564 x + (-50,2741398467)
r ² = 0,9987898479
Figura 60: Curva analítica da eritromicina obtida em 215 nm, em fase móvel:
acetonitrila álcool butílico terciário e fase aquosa (3:20:77).
Karen Rossit Sotiro
91
Com a construção da curva analítica da ER em fase móvel (acetonitrila 3%,
álcool butílico terciário 20% e fase aquosa 77%) (figura 60), foi possível separar o pico
do fármaco dos demais picos presentes no eluente e no veículo proposto.
Quando o procedimento foi realizado com a fase móvel (acetonitrila 3%, álcool
butílico terciário 16,5 % e fase aquosa 80,5%) proposta pela USP (2006), o pico da ER,
apresentava tempo de retenção muito grande, o que dificultava os demais estudos. As
figuras 61 e 62, mostram os cromatogramas do eluente e da formulação sem a ER e com
ER com os respectivos tempos de retenção, refletindo em um cromatograma aceitável.
Figura 61: (A) cromatograma da fase móvel (variação: acetonitrila 3%, álcool butílico
terciário 20% e fase aquosa 77%), (B) cromatograma do sistema micro estruturado sem
o fármaco.
(A)
(B)
Karen Rossit Sotiro
92
Figura 62: Cromatograma da solução padrão de eritromicina.
O método de CLAE no comprimento de onda 215 nm utilizado mostrou-se
bastante efetivo e seletivo na determinação da eritromicina, pois nenhum componente
da amostra interferiu na sua detecção.
O LD, dado como a menor concentração da substância na amostra que pode ser
detectada, mas não necessariamente quantificada foi de 31,25 µg/ mL.
A menor quantidade de ER na amostra que pode ser quantificada (LQ) com precisão e
exatidão foi de 62,5 µg/ mL.
A seletividade do método foi avaliada através da análise dos cromatogramas, os
quais apresentaram boa resolução dos picos, indicando que o método proposto pode ser
aplicado na quantificação e controle da ER.
A amostra preparada contendo uma quantidade conhecida de ER determinou a
exatidão do método através de ensaios de recuperação.
ER
Karen Rossit Sotiro
93
A valores encontrados da recuperação da ER adicionada encontram-se na tabela
9. São resultados referentes à média de 3 determinações e estão de acordo com os
valores de referência, de 80 – 120% (ICH, 1996, ANVISA).
Tabela 9: Valores de recuperação encontrados
Soluções
(amostras)
Concentração lida,
encontrada através das áreas.
Recuperação %
2000 µg/ mL.
1905,7666 95,2883
500 µg/ mL. 496,1355 99,2271
125 µg/ mL. 133,1366 106,5093
4.7 Estabilidade da Eritromicina no Sistema
Os fármacos estão sujeitos a alguma forma de decomposição química ou física.
Condições externas envolvidas na deterioração de fármacos e medicamentos são tidas
como fatores extrínsecos ou ambientais, afetando a estabilidade física de medicamentos
e acelerando processos de decomposição química do fármaco (GIL, et al.,2005).
A eritromicina é um antibiótico que pode ser administrado tanto por via oral
como por via tópica. O fato de ser frequentemente veiculada em formas farmacêuticas
de uso tópico, como géis e cremes para o tratamento da acne, torna muito importante o
conhecimento de sua estabilidade em diferentes veículos. Muitas formulações não
trazem um prazo de validade oficial, sugerindo que se faça uso da medicação em um
prazo de aproximadamente 3 meses (PAESEN et al., 1998; VERMEULEN et al., 1999).
Karen Rossit Sotiro
94
Sabe-se que a eritromicina não é muito estável, principalmente em solução ou
em formulações com considerável constituição de fase aquosa (BRISAERT et al.,2000).
A degradação da eritromicina é caracterizada por picos de metabólitos formados a partir
da eritromicina A e detectados em analises por CLAE (PAESEN et al., 1998). Uma das
principais causas da instabilidade da ER é a variação no pH, o que torna sua estabilidade
pH dependente (BRISAERT et al.,2000).
Sendo assim, estudou-se a estabilidade da ER incorporada em matrizes liquido -
cristalinas a 25 e 60° C por 90 dias.
Como pode ser observado na figura 63, o método analítico foi capaz de
identificar a degradação da ER na formulação F2 até o qüinquagésimo sétimo dia, após
esse período, nota-se que o método não foi eficiente em separar o pico correspondente
da ER, com seu possível metabólito de degradação formado. Esse fato é identificado por
uma queda brusca na concentração encontrada do fármaco após cerca de 9 semanas
(65dias) exposto a 25° C. Enquanto que, a 60° C , a ER pode ser identificada e
quantificada com certeza, ate vigésimo segundo dia, nas três formulações (figuras 64 e
65), apresentando também uma queda brusca de concentração encontrada a partir da
quarta semana (29dias).
Quanto a ER veiculada na formulação F3 e F4 a 25° C, pode se observar
seletividade do método para a quantificação até qüinquagésimo dia e trigésimo sexto,
respectivamente. Na figura 65, é possível ainda identificar um segundo metabólito
depois de decorridos 71 dias. Isso significa que apesar da formulação F2 apresentar
maior proporção de fase aquosa, é a formulação em que a ER apresenta maior
estabilidade.
Karen Rossit Sotiro
95
dias
15° 22° 29° 36° 43° 50° 57° 64° 71° 78°
concentração de ER (µg/mL)
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
Curva 1: SMT 2 (25 °C)
Curva 2: SMT 2 (60° C)
Figura 63: Gráfico referente à estabilidade da ER nas formulações F2, submetida à
temperatura de 25 °C e 60 °C.
dias
15° 22° 29° 36° 43° 50° 57° 64° 71° 78°
concentração de ER (µg/mL)
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
Curva 1: SMT 3 (25 °C)
Curva 2: SMT 3 (60°C)
Figura 64: Gráfico referente à estabilidade da ER nas formulações F3, submetida à
temperatura de 25 °C e 60 °C.
Karen Rossit Sotiro
96
dias
15° 22° 29° 36° 43° 50° 57° 64° 71° 78°
concentração de ER (µg/mL)
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
Curva 2: SMT 4 (60°C)
Curva 1: SMT 4 (25 °C)
Figura 65: Gráfico referente à estabilidade da ER nas formulações F4, submetida à
temperatura de 25 °C e 60 °C.
Podemos relacionar a formação de produtos de degradação da ER tanto a 25°
como a 60° C, com a diminuição nos valores de pH apresentado pelas mesmas no
decorrer dos 3 meses.
Alterações na coloração das formulações também foram constatadas, e podem
ser relacionadas com produtos de degradação formados, uma vez que os decréscimos de
concentração aparecem concomitantemente com o amarelamento das formulações,
Figura 66.
Karen Rossit Sotiro
97
Figura 66: Mudança de coloração dos sistemas após exposição à temperatura constante
de 60ºC.
4.8 Coeficiente de Partição óleo/água
Estudos sobre distribuição de solutos em sistemas líquidos bifásicos tornou-se
um campo de estudo essencial desde o culo XIX. O sistema de distribuição de soluto,
octanol/água, é uma propriedade fisico-química aceitável, considerando a
hidrofobicidade de substâncias químicas (BERTHOD, et al.; 2004).
Após o equilíbrio e centrifugação, a concentração relativa em cada fase foi
determinada utilizando-se a técnica de CLAE (BERTHOD, et al.; 2004).
As concentrações antes da partilha (C
1
) e após a partilha (C
2
) foram calculadas a
partir da equação da reta da curva analítica, (figura 67).
Os valores de concentração da ER antes (C1) e após a partilha (C2) com octanol.
K
octanol/água
encontrado para eritromicina, foram respectivamente: 639,12 e 234,03
µg/mL
O valor obtido no estudo foi de 1,73. Segundo Urban 2004, para uma penetração
eficaz de fármacos na pele é necessário que o coeficiente de partição seja igual ou maior
que 1 (URBAN,2004).
(A) (B)
Karen Rossit Sotiro
98
4.9 Perfil de solubilidade in vitro da ER
A farmacopéia Norte-Americana (USP, 2004), prescreve como meio de
dissolução para ER veiculada em comprimidos, tampão fosfato 0,05M pH 6,8.
Foi realizado o estudo da solubilidade máxima da ER no meio de dissolução,
para que o ensaio de liberação in vitro pudesse ser realizado sob as condições sink. A
solubilidade máxima da ER a temperatura ambiente foi determinada através da curva
analítica em tampão fosfato 0,05M pH 6,8, e obteve-se como resultado 2560 µg/mL.
concentração de ER (µg/mL)
0 1000 2000 3000 4000 5000
área do pico (mV/s)
0
500
1000
1500
2000
2500
y = ax + b
b = -23,6026590038
a = 0,5067045392
r ² = 0,9976492374
Figura 67: Curva analítica da ER em tampão fosfato pH 6,8
4.9.1 Perfil de liberação in vitro da ER
Karen Rossit Sotiro
99
Para a realização do ensaio de liberação in vitro foi necessária a adaptação do
sistema da célula de difusão ao dissolutor. A agitação constante foi mantida durante
todo o experimento, para evitar à formação de camada estagnante de fármaco próxima à
membrana difusora. Em intervalos de tempo pré-determinados, 50µL de amostra forma
coletados e analisados por CLAE em comprimento de onde de 215 nm. A média dos
valores da área do pico obtida foi aplicada na equação da reta, a fim de obter-se a
quantidade de ER liberada. Os perfis de liberação das preparações foram determinados
pelas concentrações de ER liberadas em função do tempo. O resultado encontra-se na
figura 68, respectivamente.
Os resultados do ensaio de liberação demonstraram que em todos os casos
estudados houve um pronunciado prolongamento de tempo de liberação do fármaco
contido nos CLs em relação ao fármaco livre. Enquanto que 100% de ER livre
encontrava-se em solução em aproximadamente 15 minutos de ensaio, para a
formulação F3 e F4 ocorreu à liberação completa do fármaco após 7 horas de ensaio. A
formulação F2 apresentou tempo de retenção da ER muito maior que as formulações F3
e F4, pouco mais da metade do total do fármaco incorporado foi dissolvido nesse
mesmo tempo.
As características de liberação de fármacos contidos em CLs são importantes,
devido o propósito de sua aplicação como sistema de liberação controlada de fármacos.
Alguns fatores podem afetar a taxa de liberação do fármaco incorporado em CL.
Em relação à organização da matriz líquido–cristalina, os domínios cristalinos
tendem a reter o fármaco, por apresentarem uma rede consolidada dificultando a
migração do fármaco, causando um aumento no tempo de liberação da ER.
Karen Rossit Sotiro
100
tempo (h)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
concentração de ER (
µ
g/mL)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
F2
F3
F4
ER livre
Figura 68: Perfil de liberação in vitro dos CL contendo ER.
Karen Rossit Sotiro
101
5. Conclusões
Quanto à reação de identificação, o fármaco analisado foi considerado como
eritromicina.
Com a construção do diagrama ternário de fases, foi possível identificar as
regiões de formação dos diferentes sistemas, em função da variação da quantidade de
procetyl e água na fórmula.
Nos estudos de reologia, o sistema líquido cristalino apresentou comportamento
não newtoniano do tipo plástico com tixotropia, e viscoelasticidade.
O sistema líquido-cristalino foi capaz de veicular mais do que 2% de ER.
As técnicas de microscopia de luz polarizada e SAXS, permitiram evidenciar a
organização interna dos sistemas e classifica-lo como cristal líquido com fase
hexagonal.
O coeficiente de partição apresentou-se propício à penetração da ER através da
pele.
O método usado na análise por CLAE foi bastante efetivo e parcialmente
seletivo na determinação quantitativa da ER.
A constante dielétrica interfere no tempo de retenção da ER, porque reflete na
polaridade do eluente.
A ER é estável em faixa de pH próxima da neutralidade
Os cristais quidos prolongam a liberação de 100% da ER em no mínimo 7
horas.
Dentre as formulações usadas para o ensaio do perfil da liberaçao in vitro da ER,
F3 foi considerada a melhor formulação, pois apresentou liberação rápida na primeira
hora em relação a F4 e que se manteve por um total de sete horas. A formulação F2
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102
apresentou retenção muito grande do fármaco, que começou a ser liberado somente após
4 horas de ensaio.
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103
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