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CONTRIBUIÇÃO DE UM SISTEMA DE DADOS GEOREFERENCIADOS
BASEADO EM GEOMORFOLOGIA E PEDOLOGIA AO ESTUDO DE
FUNDAÇÕES NA CIDADE DE RIO BRANCO, ACRE.
Marcelo de Vasconcelos Borges
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS
ENGENHARIA CIVIL.
Aprovada por:
______________________________________________
Prof. Francisco de Rezende Lopes, Ph.D.
______________________________________________
Prof. André de Souza Avelar, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Franklin dos Santos Antunes, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Paulo Eduardo Lima de Santa Maria, Ph.D.
______________________________________________
Prof. João Barbosa de Souza Neto, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
SETEMBRO DE 2007
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ii
BORGES, MARCELO DE VASCONCELOS
Contribuição de um Sistema de Dados
Georeferenciados Baseado em
Geomorfologia e Pedologia para o Estudo de
Fundações na Cidade de Rio Branco, Acre
[Rio de Janeiro] 2007.
VIII, 138p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
M.Sc., Engenharia Civil, 2007)
Dissertação Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE
1. MAPEAMENTO GEOTÉCNICO
2. GEOMORFOLOGIA
3. PEDOLOGIA
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )
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iii
“Portanto todo aquele que ouve estas
minhas palavras e as pratica, será semelhante ao
homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha.
Desceu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram contra aquela casa;
contudo, ela não caiu, porque estava edificada
sobre a rocha.
Aquele que ouve estas minhas palavras,
mas não as cumpre, será comparado ao homem
insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
Desceu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos, e deram contra aquela casa, e
ela caiu, e foi grande a sua queda”.
Mateus 7: 24-27
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e saúde para cumprir essa
importante etapa da minha vida.
Aos meus pais Rufino e Claudete, que sempre acreditaram incondicionalmente
na minha capacidade.
As minhas irmãs Vanelly e Danielly e meu sobrinho Pedro pelo amor e carinho.
Aos meus sogros Almendane e Elita pelas palavras de motivação.
Aos meus cunhados Edilene e Jadson e meu sobrinho Kauã pela amizade.
A minha amada esposa Eliana pelo amor, carinho, cuidado, dedicação e
cumplicidade em todos os dias da nossa vida.
Aos meus amigos do curso de mestrado Silvio Heleno, Jorge Henrique, Felipe,
Marcelo Rios, Janaina, Renilson, Jeferson, Wagner e Carlos Alberto pelo
companheirismo.
As pessoas que contribuíram de forma direta para a realização dos
levantamentos de dados e trabalhos de pesquisa: Otávio Pinto (Universidade Federal do
Acre), Ricardo Ribeiro (Prefeitura Municipal de Rio Branco - Plano Diretor), Roberto
Feres (Universidade Federal do Acre), Lúcio Carmo (Prefeitura Municipal de Rio
Branco - Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco).
As empresas Ômega Engenharia Projetos e Consultoria e Albuquerque
Engenharia Ltda.
Ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Acre pelas
colaborações para realização deste trabalho.
Aos meus orientadores Francisco Lopes e André Avelar pela amizade,
ensinamentos, paciência e compreensão.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
CONTRIBUIÇÃO DE UM SISTEMA DE DADOS GEOREFERENCIADOS
BASEADO EM GEOMORFOLOGIA E PEDOLOGIA AO ESTUDO DE
FUNDAÇÕES NA CIDADE DE RIO BRANCO, ACRE.
Marcelo de Vasconcelos Borges
Setembro/2007
Orientadores: Francisco de Rezende Lopes
André de Souza Avelar
Programa: Engenharia Civil
O presente trabalho apresenta um mapeamento geotécnico baseado em banco
de dados de sondagens, manipulado em um Sistema de Informações Geográficas (SIG),
e que considera o ambiente pedológico e geomorfológico da cidade de Rio Branco,
Acre. Pretende-se que este mapeamento seja um elemento auxiliar no planejamento da
ocupação urbana na área mais adensada de Rio Branco, denominada no Plano Diretor
como Macrozona de Consolidação Urbana (MZCU). Este mapeamento serviria,
também, para orientar e ajudar a interpretar investigações geotécnicas executadas
visando a escolha do tipo de fundação para obras de Engenharia. A caracterização
geotécnica da área estudada compreendeu: mapeamento das bacias hidrográficas
inseridas na MZCU; mapeamento da superfície freática e sua variação ao longo do ano;
levantamento e mapeamento das principais classes pedológicas dos solos da área de
estudo; levantamento e mapeamento das feições geomorfológicas da área de estudo;
mapeamento do índice N
SPT
para diferentes faixas de profundidades. O trabalho inclui,
ainda, uma discussão das principais soluções de fundação utilizadas em Rio Branco,
através de dois estudos de casos.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
CONTRIBUTION OF A GEOREFERENTED DATA SYSTEM BASED ON
GEOMORPHOLOGY AND PEDOLOGY TO THE STUDY OF FOUNDATIONS IN
RIO BRANCO, STATE OF ACRE
Marcelo de Vasconcelos Borges
September/2007
Advisor: Francisco de Rezende Lopes
André de Souza Avelar
Department: Civil Engineering
The present dissertation presents a set of Geotechnical Maps based on a Data
Base of subsoil investigation by SPT, managed in Geographical Information System
(GIS). These maps take into account the pedologic and the geomorphologic
environment of Rio Branco city, capital of the State of Acre. This mapping is intend to
be an auxiliary tool in urban planning, in particular for the most developed part of Rio
Branco, called Urban Consolidation Macrozone. These maps could help in planning and
interpreting the soil investigation for new buildings. The production of these maps
followed the steps: surface water mapping of the town planning; mapping of the
subsurface water table and its variation along the year; characterization of the main
pedologic soil types through field study; survey and mapping of geomorphologic
aspects through field study; mapping of soil quality (via N
SPT
) at different depth levels.
The work includes a description of two buildings in which the main foundation
solutions used in Rio Branco can be seen.
vii
ÍNDICE ANALÍTICO
1.
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................1
1.1
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS.................................................................................................1
1.2
OBJETIVOS..............................................................................................................................2
1.3
ORGANIZAÇÃO
E
ESTRUTURA
DA
DISSERTAÇÃO........................................................3
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................5
2.1
HISTÓRICO
DA
EVOLUÇÃO
URBANA
DA
CIDADE
DE
RIO
BRANCO..........................5
2.2 DIRETRIZES
DO
ATUAL
PLANO
DIRETOR
FRENTE
AO
USO
DO
SOLO
E
OCUPAÇÃO
URBANA .........................................................................................................15
2.3
SISTEMA
DE
INFORMAÇÃO
GEOGRÁFICA
(SIG)..........................................................18
2.3.1
Definição e conceito de um SIG .........................................................................................19
2.3.2
Aplicações de um SIG.........................................................................................................21
2.4 IMPORTÂNCIA
DA
PEDOLOGIA
E
GEOMORFOLOGIA
NA
IMPLANTAÇÃO
DAS
EDIFICAÇÕES.......................................................................................................................23
2.5
LEVANTAMENTO
PEDOLÓGICO......................................................................................24
2.6
LEVANTAMENTO
GEOMORFOLÓGICO..........................................................................26
2.7
INVESTIGAÇÃO
POR
SONDAGENS
SPT..........................................................................28
2.7.1
Considerações Iniciais .......................................................................................................28
2.7.2
Breve Histórico do SPT......................................................................................................29
2.7.3
Equipamentos e procedimentos de execução de sondagens de simples reconhecimento com SPT
...30
2.7.4
Fatores influentes na medida de N
SPT
.................................................................................31
2.7.5
Aplicação do SPT na engenharia de fundações .................................................................33
2.7.6
Engenharia de fundações ...................................................................................................35
3.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.........................................................................42
3.1
LOCALIZAÇÃO
DA
ÁREA
DE
ESTUDO............................................................................42
3.2
ASPECTOS
CLIMÁTICOS
E
HIDROLÓGICOS..................................................................44
3.2.1
Clima ..................................................................................................................................44
3.2.2
Hidrografia.........................................................................................................................45
3.2.3
Hidrogeologia.....................................................................................................................46
3.3
GEOMORFOLOGIA..............................................................................................................49
3.4
GEOLOGIA ............................................................................................................................51
3.4.1
Formação Solimões............................................................................................................54
3.4.2
Unidade Panorama.............................................................................................................58
3.4.3
Terraços Quaternários do Rio Acre ...................................................................................59
3.4.4
Aluviões ..............................................................................................................................60
3.5
PEDOLOGIA..........................................................................................................................61
viii
4.
DADOS E MÉTODOS ...................................................................................................................62
4.1
MAPEAMENTO
DA
REDE
HIDROGRÁFICA ....................................................................62
4.2
LEVANTAMENTO
E
MAPEAMENTO
DAS
UNIDADES
PEDOLÓGICAS......................64
4.2.1
Coleta de solos e caracterização física ..............................................................................65
4.3
MAPEAMENTO
DAS
UNIDADES
GEOMORFOLÓGICAS...............................................67
4.4
BANCO
DE
DADOS
DE
SONDAGENS
(SPT).....................................................................68
4.5
MAPEAMENTO
DA
SUPERFÍCIE
FREÁTICA...................................................................73
5.
ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................................75
5.1
MAPA
DA
REDE
HIDROGRÁFICA
E
SUPERFÍCIE
FREÁTICA ......................................75
5.2
MAPA
DAS
UNIDADES
PEDOLÓGICAS...........................................................................80
5.3
MAPA
DAS
UNIDADES
GEOMORFOLÓGICAS ...............................................................84
5.4 MAPAS
DO
N
SPT
PARA
DIFERENTES
FAIXAS
DE
PROFUNDIDADES
E
ESTUDO
DE
CASO
DE
FUNDAÇÕES .......................................................................................................87
5.5 ESTUDO
DE
CASO
DE
DUAS
OBRAS
LOCALIZADAS
NA
MACROZONA
DE
CONSOLIDAÇÃO
URBANA................................................................................................95
5.5.1
Edifício Mirante do Parque: quatorze pavimentos e fundações profundas........................97
5.5.2
Edifício comercial V.L.G.: três pavimentos e fundações superficiais ..............................100
6.
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS..........................................103
6.1
CONCLUSÕES.....................................................................................................................103
6.2
SUGESTÕES
PARA
PESQUISAS
FUTURAS....................................................................105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................106
APÊNDICE 1..........................................................................................................................................115
APÊNDICE 2..........................................................................................................................................122
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde que o homem começou a construir sua moradia, vem utilizando o solo
como elemento de suporte das fundações e, consequentemente, das suas construções.
As informações geotécnicas do subsolo de determinada região podem
proporcionar dados importantes para as obras de Engenharia. São inúmeras as questões
que surgem com o decorrer da implantação de obras que solicitam mecanicamente os
solos.
Os conhecimentos científicos adquiridos ao longo dos séculos sobre o
comportamento dos solos, os métodos racionais, as relações empíricas, mostram a
preocupação em busca de soluções precisas e gerais para fundações.
Os métodos de exploração do subsolo vêm evoluindo para técnicas mais
modernas. Entretanto, destes métodos, o mais utilizado no Brasil é o método de
sondagem que utiliza percussão e circulação d`água, e que inclui um ensaio padronizado
de penetração de um amostrador padrão, conhecido simplesmente por SPT (Standard
Penetration Test).
Fazendo-se um cadastro das informações de sondagens SPT e, localizando-as
em Mapa Geotécnico, pode-se tirar um proveito ainda maior deste recurso, permitindo
uma análise espacial de uma área.
Um grande problema para o planejamento das cidades, hoje em dia, é a forma
de ocupação do espaço urbano. Este trabalho de planejamento, em desenvolvimento
para o município de Rio Branco, se propõe a utilizar o mapeamento geotécnico baseado
num banco de dados de sondagens SPT, manipulado através de um Sistema de
Informações Geográficas (SIG). Este mapeamento, além de auxiliar no planejamento da
ocupação urbana, serve como informação adicional no planejamento e complementação
da investigação para escolha do tipo de fundação das obras de Engenharia, na área mais
adensada da cidade, denominada no Plano Diretor como Macrozona de Consolidação
Urbana (MZCU).
A metodologia proposta neste trabalho para definir as unidades geotécnicas
considera também o ambiente pedológico e geomorfológico para caracterizar o subsolo
da região estudada.
2
1.2 OBJETIVOS
1) Objetivo Geral:
Avaliar um procedimento metodológico para a obtenção de um
mapeamento geotécnico, baseado em Banco de Dados de sondagens
SPT, em classificação pedológica e em avaliação geomorfológica, e
fazendo uso de Sistema de Informações Geográficas (SIG). Este
procedimento é aplicado na Macrozona de Consolidação Urbana
(MZCU) de Rio Branco.
2) Objetivos Específicos:
Mapear as bacias hidrográficas inseridas na Macrozona de Consolidação
Urbana;
Mapear a superfície freática e sua variação altimétrica ao longo do ano, a
partir do Banco de Dados das sondagens georeferenciadas;
Realizar o levantamento e mapeamento das principais classes
pedológicas dos solos da área de estudo;
Realizar o levantamento e mapeamento das feições geomorfológicas da
área de estudo;
Realizar o mapeamento da consistência/compacidade dos solos,
utilizando como indicador o N
SPT
, para diferentes faixas de
profundidades, com cruzamento das informações dos mapas
Geomorfológico e Pedológico para Macrozona de Consolidação Urbana;
Mostrar as principais soluções de fundações utilizadas em Rio Branco,
através de dois estudos de casos.
3
1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No CAPÍTULO 2 Revisão Bibliográfica constam as seguintes nteses
expositivas: um breve histórico da evolução urbana da cidade de Rio Branco
deste sua criação até os dias atuais; diretrizes do plano diretor vigente frente ao
uso do solo e ocupação do espaço urbano da cidade de Rio Branco; aplicações
do Sistema de Informação Geográfica (SIG) nas diferentes ciências e áreas do
conhecimento; importância da Geomorfologia e Pedologia nos estudos de
implantação de edificações; principais procedimentos metodológicos para
levantamentos geomorfológicos e pedológicos; uso do Standard Penetration
Test (SPT), incluindo descrição de equipamentos, procedimentos de execução do
ensaio e fatores influentes nos valores de N
SPT
; e, por ultimo, os principais tipos
de fundações superficiais e profundas com ênfase nas aplicações na cidade de
Rio Branco.
No CAPÍTULO 3 Caracterização da Área de Estudo a localização da área
de estudo, os aspectos climáticos, hidrológicos, geomorfológicos, geológicos e
pedológicos são brevemente relatados.
No CAPÍTULO 4 Materiais e Métodos são listados os dados (bases
cartográficas, relatórios de sondagem, fotos aéreas e equipamentos) e os
programas utilizados na execução do trabalho; se expõe a estratégia de
levantamentos de dados, a organização e gerenciamento destes através de um
Banco de Dados elaborado no aplicativo Microsoft Excel e como este forneceu
as bases de dados utilizadas em Sistema de Informações Geográficas (SIG) para
montagem dos mapas.
No CAPÍTULO 5 Análises dos Resultados é constituído pelos produtos das
análises empreendidas e pela discussão das informações e produtos cartográficos
gerados. São apresentados: as bacias hidrográficas do Igarapé Fundo e do
Igarapé Maternidade; a previsão da superfície freática a partir das análises do
Banco de Dados de sondagens, mostrando a variação do nível freático ao longo
do ano; a visualização espacial das principais classes de solos da área de estudo;
as feições geomorfológicas classificadas em três unidades distintas; os mapas do
4
N
SPT
para diferentes faixas de profundidade. Ao final, apresenta-se o estudo de
dois casos, sendo um de fundações profundas e outro de fundações superficiais,
em obras localizadas na Macrozona de Consolidação Urbana.
O CAPÍTULO 6 Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras contém as
considerações finais concernentes aos objetivos propostos inicialmente e aos
resultados alcançados, bem como sugestões para trabalhos futuros na linha de
estudo e aplicação do SIG ao mapeamento geotécnico.
5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE RIO BRANCO
A escolha do sítio desse núcleo urbano foi, como na maioria das cidades
brasileiras, obra do acaso. Do desenvolvimento natural de uma concentração de
população que cresceu espontaneamente a partir da fundação do Seringal Empresa em
1882, nasceu a cidade.
As primeiras instalações da atual cidade de Rio Branco surgiram no Seringal
Empresa, fundado na margem direita do Rio Acre, em 28 de dezembro de 1882, pelo
cearense Neutel Maia, porém a futura cidade começaria a se desenvolver na margem
oposta. O Seringal Empresa diferenciava-se dos outros seringais da região ao se tornar
um porto muito freqüentado pelos vapores que transitavam pelo rio durante a época das
cheias. Neutel Maia criou em 1884 uma casa comercial denominada Nemaia e Cia. para
atender aos vapores, pequenos seringais e realizar a intermediação de gado boliviano
para o abastecimento da região. Portanto, espontaneamente, o Seringal Empresa deixou
de ser um seringal como todos os outros do Acre para se tornar um povoado, local
conhecido na época como “Volta da Empresa”. Em outros termos, muito cedo a Volta
da Empresa deixou de ser um espaço privado de domínio exclusivo do seringalista
para se tornar um espaço público, onde outros comerciantes ou indivíduos podiam atuar
ou se fixar. Por isso, além de se tornar a principal referência comercial do médio Rio
Acre, o povoado da Volta da Empresa foi palco preferencial de diversos movimentos da
guerra entre acreanos e bolivianos que abalou a região no final do século XIX e
princípio do XX (PMRB, 2005).
Em relação à configuração espacial de Rio Branco, durante todo este período a
área urbana da cidade se restringiu a uma estreita faixa de terra na margem direita do
Rio Acre, que correspondia a uma parte da área pertencente à Neutel Maia. Inicialmente
foi a Casa Nemaia e Cia., situada diante da enorme gameleira que assinalava o porto da
Volta da Empresa, que serviu como referência para a construção de uma série de outros
prédios seguindo o traçado da margem do rio. Formou-se, assim, um primeiro
arruamento onde se estabeleceram hotéis, restaurantes, casas comerciais e residenciais
construídos com madeira que era abundante nos arredores dessa primeira rua do
povoado, atualmente chamada de Rua Eduardo Assmar, Figura 2.1 (PMRB, 2005).
6
Figura 2.1 – Primeira rua do povoado da “Volta da Empresa” (IBGE, 2007)
Em 1903, após a assinatura do tratado de Petrópolis com a Bolívia, verificou-se
a instalação do 15º Batalhão de Infantaria, comandado pelo cel. Olímpio da Silveira,
então governador militar do Acre Setentrional. Houve o desenvolvimento de grande
número de Bodegas (casas de comércio) as quais se concentravam na margem direita do
rio. Somente no ano seguinte, 1904, deu-se a divisão das terras que constituem hoje o
território do Acre em três prefeituras; sendo no povoado “Volta da Empresa” instalada a
prefeitura do Alto Acre em 28 de agosto de 1904. Passou então a ter o nome de “Villa”
Rio Branco, em homenagem ao articulador do Tratado de limites que tornaram o Acre
parte do Brasil. Até 1909, verificou-se um desenvolvimento muito lento na construção
das habitações, sendo todas feitas na margem direita do Rio Acre (GUERRA, 1996).
Em 1909, em meio a um conturbado contexto político, o Prefeito Departamental
do Alto Acre, Cel. Gabino Besouro, decide tomar uma parte das terras do Seringal
Empresa, situado à margem esquerda do Rio Acre e frontal à Vila Rio Branco. Aquela
autoridade definiu um novo arruamento, começando na margem do Rio Acre seguindo
até o limite da atual avenida Ceará. Nas terras altas da margem esquerda Gabino
Besouro funda uma nova cidade, chamada Penápolis, em homenagem ao presidente
Afonso Pena, que passa a se constituir na nova sede da Prefeitura Departamental do
Alto Acre (Figura 2.2). Desde então se estabelece, ainda que lentamente, uma infra-
estrutura oficial em Penápolis que logo passa a se chamar Distrito, por oposição ao
lado velho da cidade, conhecido como Distrito. Em outras palavras, uma cidade
dividida entre o lado oficial e o lado comercial (PMRB, 2005).
7
Fígura 2.2 - Planta funcional da cidade de Rio Branco em meados dos anos 50
(GUERRA, 1996).
Na morfologia urbana, vê-se que as primeiras construções eram na totalidade de
madeira, chamadas regionalmente de “chalet” cujo telhado era em forma de V invertido
com coberturas de folhas de palmeiras, cavacos (pedaços de madeira justapostos) e etc.
(Figura 2.3). O uso imediato desse material está em função do fato de a cidade ser uma
verdadeira clareira no meio da mata às margens do Rio Acre, e naturalmente os
primeiros povoadores procuraram lançar mão do material mais fácil de ser encontrado.
É, portanto, natural que se encontre certo predomínio das construções de madeira em
relação às de alvenaria (GUERRA, 1996).
8
Figura 2.3 – Residências típicas de Rio Branco na década de 30 (IBGE, 2007)
Entretanto, no final da Fase deste período, entre 1927 e 1930, a cidade de Rio
Branco conheceria uma época de grandes mudanças urbanas. O Governo Hugo Carneiro
implementou um programa de construção de grandes prédios de alvenaria que mudou a
paisagem da cidade. Sob o signo da modernização foram erguidos o Mercado Municipal
à margem do rio (Figura 2.4), o Palácio Rio Branco (Figura 2.5), o Quartel da Polícia
(Figura 2.6), a Penitenciária onde é a atual Prefeitura Municipal (Figura 2.7) e o
“Stadium” do Rio Branco Futebol Clube no limite da cidade, ou seja, na atual avenida
Ceará (GUERRA, 1996).
Figura 2.4 Mercado municipal na margem do Rio Acre construído no final da década
de 30 (IBGE, 2007)
9
Figura 2.5 – Palácio Rio Branco construído no final da década de 30 (IBGE, 2007)
Figura 2.6 – Quartel da policia construído no final da década de 30 (IBGE, 2007)
Figura 2.7 Penitenciaria construída no final da década de 30, atualmente sede da
Prefeitura Municipal de Rio Branco (IBGE, 2007)
10
As primeiras construções, utilizando-se de tijolos e de madeira, para as
esquadrias, assoalhos e teto, causavam certa apreensão na população da cidade. Havia
no pensamento do povo um conceito perfeitamente arraigado de que os terrenos da
cidade não podiam suportar construções pesadas, pois na época das chuvas cederiam ou
mesmo afundariam. Esse pensamento do caboclo pôde ser modificado decorridos
vários anos de inverno, depois da verificação da solidez das construções de alvenaria
existentes (GUERRA, 1996).
Até 1938, haviam poucas construções de alvenaria, porém, a partir desse ano até
1941, registrou-se forte desenvolvimento, graças à instalação de algumas olarias. Dessa
última data até 1945, novamente entra em declínio esse tipo de construção devido às
dificuldades na obtenção de cimento. A partir de 1945, a iniciativa oficial se fez
novamente sentir, criando-se um forte entusiasmo pelas construções de alvenaria na
parte central da cidade. Guiomard Santos foi responsável por um grande programa de
obras públicas que alterou mais uma vez a paisagem de Rio Branco. O Aeroporto
Salgado Filho (Aeroporto Velho), a Maternidade Bárbara Heliodora (Figura 2.8), o
Colégio Eurico Dutra, foram algumas das novas construções de Guiomard Santos, além
da conclusão das obras do Palácio Rio Branco e da reforma do prédio da antiga
penitenciária que foi transformado no Hotel Chuí, Figura 2.7 (GUERRA, 1996).
Figura 2.8 – Maternidade Bárbara Heliodora construída na década de 50 (IBGE, 2007)
A isso tudo se somava a implantação de infra-estrutura voltada para a produção,
como a Cerâmica oficial que produzia telhas, tijolos e pisos para a construção civil, a
Estação Experimental, que produzia mudas e repassava técnicas de cultivo, o Aviário
que produzia e distribuía aves, suínos e até abelhas para os colonos (GUERRA, 1996).
11
Foi nesse período, portanto, que Rio Branco alcançou algumas das principais
características que viria a desenvolver em décadas posteriores. Os equipamentos
instalados pelo governo territorial e as colônias agrícolas serviram como novos pontos
de atração e fixação urbana. A Cerâmica, o Aviário, a Estação Experimental, o
Aeroporto Velho, a colônia São Francisco, a Fazenda Sobral, a colônia Apolônio Sales,
entre outros, deram origem a alguns dos atuais bairros da cidade, revelando boa parte
dos fluxos e processos sociais a que a cidade esteve submetida desde então. Ao mesmo
tempo em que, em relação à vida da cidade, do ponto de vista da sua organicidade,
ficam claros os motivos que levaram o Distrito a ser finalmente superado em
importância pelo 1º Distrito (PMRB, 2005).
A partir de 1970, o Governador Vanderley Dantas decidido a modificar o eixo
de desenvolvimento econômico regional estimulou a vinda de grandes empresas,
fazendeiros e especuladores de terras para o Acre, em sintonia com a nova política
proposta pelo regime militar. Os seringalistas falidos e sem crédito não têm como
resistir e acabam por vender enormes áreas por preços muito baixos. Em poucos anos
um terço de todas as terras acreanas muda de mãos. Os novos donos da terra,
conhecidos regionalmente como “paulistas”, fazem parte da frente de expansão da
fronteira agrícola que atingiu os estados do centro-oeste antes de atingir Rondônia e o
Acre através do programa Pólo-noroeste e que previa, entre outras coisas, a abertura da
BR-364. Esta frente se compõe não só por fazendeiros e grandes empresas, mas também
por grileiros de terras, madeireiros e trabalhadores rurais do sul do país (PMRB, 2005).
Ao atingir o Acre essa frente de expansão causou uma verdadeira implosão da
estrutura social acreana na área florestal. O desmatamento promovido pelas madeireiras
e a transformação dos seringais em fazendas levam ao êxodo milhares de famílias que
décadas habitavam a floresta, dela dependendo para o seu sustento. Esse novo fluxo
migratório campo-cidade promove uma verdadeira explosão das cidades acreanas, em
especial de Rio Branco que por sua condição de capital atrai a maioria dos seringueiros,
castanheiros e ribeirinhos expulsos de suas “colocações” em todo o estado (PMRB,
2005).
Nesse contexto não é de estranhar que o quadro geral das cidades acreanas e de
Rio Branco, em especial, tenha sido de degradação das condições de vida em todos os
setores. Neste período Rio Branco não cresceu, explodiu. Se ao longo de 90 anos de sua
história as dinâmicas geradas na cidade tinham dado origem a pouco mais de uma
dezena de bairros, entre 1970 e 1999 esse número passaria de 150. Novos bairros
12
originados de invasões desordenadas sem a mínima infra-estrutura de água, saneamento,
luz e acesso, além de por vezes estar situados em locais alagáveis ou impróprios, como
nas novas áreas ocupadas no Distrito (Cidade Nova, Taquari, Santa Terezinha /
“bostal”, etc), ou mesmo a partir de loteamentos clandestinos e conjuntos residenciais
mal projetados e/ou implantados. Uma realidade, enfim, que estabeleceu enormes
desafios a serem enfrentados para a recuperação/construção da qualidade de vida dos
cidadãos de Rio Branco (PMRB, 2005).
Em 1986 na tentativa de mudar esse cenário caótico do crescimento urbano é
elaborado o Plano Diretor da Cidade de Rio Branco, que apresentava como inovação,
uma maior participação da comunidade no redimensionamento da cidade, dando
esperança de um crescimento ordenado.
Em 1999, dá-se inicio à realização de diversas intervenções na cidade de Rio
Branco. As obras nas principais vias urbanas modificaram e melhoraram os fluxos
internos da cidade, bem como o acesso aos bairros mais distantes do centro, destacando-
se o alargamento da rua Antônio da Rocha Viana, via que faz ligação com a AC-10
(acesso ao Município de Porto Acre), urbanização do principal acesso a cidade –
Rodovia AC-01 posteriormente, denominada Via Chico Mendes, Rodovia AC-40
(acesso aos municípios de Senador Guiomard, Plácido de Castro, entre outros),
construção da Via de acesso ao Novo Aeroporto Internacional de Rio Branco,
alargamento da Av. Ceará/Estrada Dias Martins, Rua Valdomiro Lopes, e em especial, a
construção do Anel Viário/3ª Ponte, desafogando o trânsito pesado no centro da cidade.
Destaca-se também obras de revitalização do centro antigo da cidade, construção
da passarela de ciclista e pedestres ligando o e Distrito, recuperação de prédios
públicos e implantação de equipamentos nas margens de “igarapés” que cortam a cidade
como o Parque da Maternidade e Parque Tucumã (Figura 2.9)
Na industria da construção civil também nota-se um crescimento acelerado e
inovador no novo modo de morar em Rio Branco, com a construções de prédios
residenciais e comerciais de 4 a 10 pavimentos que impulsionam o crescimento vertical
da cidade (Figura 2.10).
Na Figura 2.11 é mostrado o crescimento da mancha urbana desde 1948 até
2006.
13
Figura 2.9 – Parque da Maternidade, as margens do Igarapé Maternidade, construído em
2003
Figura 2.10 – Prédios residenciais construídos a partir de 2004
14
15
2.2 DIRETRIZES DO ATUAL PLANO DIRETOR FRENTE AO USO DO
SOLO E OCUPAÇÃO URBANA
O atual Plano Diretor do município de Rio Branco foi elaborado em 2006. Neste
Plano Diretor, o território do município foi dividido em Macrozonas, conforme as
respectivas características de uso e ocupação do solo, de recursos ambientais e de infra-
estrutura nelas existentes, a saber:
Macrozona de Consolidação Urbana (MZCU);
Macrozona de Urbanização Especifica (MZUE);
Macrozona de Expansão Urbana (MZEU);
Macrozona Rural.
A Macrozona de Consolidação Urbana corresponde à porção de território
urbanizado, com infra-estrutura de água e esgoto melhor instalada, apresentando
concentração de população. Segundo o PLANO DIRETOR (2006), são objetivos para
esta macrozona:
Estimular a ocupação das áreas efetivamente urbanizadas e não edificadas;
Promover a melhoria das condições das áreas ocupadas através da
complementação da infra-estrutura.
A Macrozona de Consolidação Urbana - MZCU está subdividida em duas zonas:
Zona de Ocupação Prioritária - ZOP;
Zona de Preservação Histórico Cultural – ZPHC.
A ZOP corresponde a principal concentração de moradia, comércio,
equipamentos e serviços da cidade com melhores condições de infra-estrutura, contendo
ao mesmo tempo vazios urbanos. A ZPHC corresponde ao território com edificações e
ambiências de valor histórico e áreas com elevado valor cultural, sistema viário
característico da ocupação original, com baixa capacidade de tráfego.
A Macrozona de Consolidação Urbana (MZCU) é a área de estudo da presente
pesquisa e, abrange total ou parcialmente os seguintes bairros: Abraão Alab, Aviário,
Baixada da Colina, Base, Bosque, Cadeia Velha, Capoeira, Centro, Cerâmica, Conjunto
Bela Vista, Conjunto Castelo Branco, Conjunto Eletra, Conjunto Jardim Tropical,
Conjunto São Francisco, Conquista, Dom Giocondo, Estação Experimental, Flor de
Maio, Geraldo Fleming, Guiomard Santos, Habitasa, Horto Florestal, Ipase, Isaura
Parente, Ivete Vargas, Jardim América/Boa Esperança, Jardim Manoel Julião, Jardim
16
Nazle, Loteamento dos Engenheiros, Loteamento Isaura Parente, Loteamento São José,
Manoel Julião, Mascarenhas de Morais, Morada do Sol, Nova Estação, Papoco, Parque
das Palmeiras, Preventório, Procom Solar, Residencial Iolanda, Residencial Paulo C. de
Oliveira, Santa Quitéria, São Francisco (margem direita do Igarapé São Francisco),
Tangará, V. W. Marciel, Volta Seca, 6 de Agosto ( Centro Histórico da Gameleira) e
BEC.
A Macrozona de Urbanização Específica corresponde ao território pouco
urbanizado, com infra-estrutura incipiente, desconexo ou não da mancha urbana
consolidada; com características peculiares de estruturação urbana e paisagística;
exigindo um tratamento urbanístico específico. É subdividida nas seguintes zonas:
Zona de Urbanização Qualificada - ZUQ;
Zona de Ocupação Controlada - ZOC.
A ZUQ corresponde a área com predominância de uso residencial, carente de
equipamentos urbanos e infra-estrutura parcialmente instalada, sistema viário
caracterizado pela descontinuidade, capacidade de tráfego reduzida em razão da
precariedade das vias e vulnerabilidade ambiental, restringindo as possibilidades de
ocupação dos vazios urbanos existentes.
A ZOC corresponde a área urbana ocupada com pouca infra-estrutura,
restringindo as possibilidades de ocupação dos vazios urbanos existentes.
A Macrozona de Expansão Urbana corresponde à porção do território do
município onde predominam glebas que deixaram de ser utilizadas para fins rurais, sem
que tenham adquirido condições para a instalação de usos urbanos.
A Macrozona Rural compreende as áreas localizadas fora do perímetro urbano,
caracterizada pela baixa densidade populacional e ocupação dispersa, destinadas aos
usos da agricultura, pecuária, agroflorestal, extrativismo, silvicultura, mineração,
agroindústrias e a conservação e preservação dos recursos naturais.
Na Figura 2.12 são apresentadas as Macrozonas que compõem o território do
Município de Rio Branco.
17
18
2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)
Com o avanço da computação nas décadas de 40 e 50 a cartografia começou a se
informatizar, principalmente no final da década de 50. No início pelos cálculos
geodésicos e depois, cerca de 10 anos mais tarde, com estágios em laboratório, começou
a parte de desenho. Na década de 70, as informações contidas nos mapas foram
registradas sob a forma numérica. Então a cartografia informatizada tornou-se um
verdadeiro sistema, reunindo seu próprio banco de dados. Com isso o tempo de
produção de um mapa diminui bastante (MORAES, 1991).
O sistema de informação geográfica (SIG) surgiu da necessidade de rapidez,
melhor desempenho, e maior precisão na elaboração dos mapas. Hoje, existem vários
tipos de SIG
para diversas aplicações, tornando-se uma importante ferramenta.
Desenvolvido em 1964, o Canadian Geographic Information Systems (CGIS) é
o primeiro sistema considerado como SIG, utilizado para análise de dados de
inventários de terra no Canadá (TEIXEIRA et al., 1995a).
No Brasil, as primeiras iniciativas para utilização da tecnologia do SIG,
iniciaram nacada de 60, com a criação, em 1961, da Comissão de Atividades
Espaciais, a qual mais tarde se transformou no IMPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais). Os primeiros trabalhos voltaram seus interesses eminentemente para a
técnica de sensoriamento remoto (BASTOS, 1996).
Atualmente, Rio Branco é uma cidade que apresenta uma das melhores bases de
dados geográficos e cadastrais sistematizada num Sistema de Informação Geográfica.
Esta base de dados consiste num amplo conjunto de documentos cartográficos atrelados
a uma diversificada rede de informações. Com isso, Rio Branco apresenta-se em
situação privilegiada no que concerne ações públicas de planejamento e ferramentas de
ordenamento e gestão territorial.
Segundo CARMO (2006), a geração das informações desta ampla base de
dados, em relação a cidade, teve início a partir do ano de 2002, quando a prefeitura
municipal de Rio Branco celebrou uma parceria com o Núcleo de Estudos e
Planejamento de Uso da Terra (NEPUT) do Departamento de Solos da Universidade
Federal de Viçosa, para a elaboração do Cadastro Multifinalitário do município de Rio
Branco com o uso de tecnologias de sistemas de informações geográficas. Esse cadastro
19
contou com um amplo levantamento de características físicas, socioeconômicas e
habitacionais da área urbana e periurbana da capital acreana.
De acordo com LANI (2005) apud CARMO (2006), a metodologia utilizada
para a elaboração das aerofotos, vem sendo desenvolvida mais de uma década pelo
NEPUT e outros parceiros, levando esse órgão a deter o domínio de todo o processo
desde a obtenção das aerofotos com o uso de um avião até a revelação da mesma e sua
impressão em papel fotográfico com a possibilidade de confecção de mosaicos e a
realização de estereoscopia, gerando como produto final, aerofotos verticais, não
convencionais em cores, tamanho 22x22cm, na escala do 1:5.000, com recobrimento
longitudinal de 60% e lateral de 40%, além de uma resolução espacial de 0,34m. As
aerofotos são obtidas por uma câmera fotográfica modelo Hasselblad, com lente de 80
mm de distância focal e filme de 70 mm.
2.3.1 Definição e conceito de um SIG
São várias as definições designadas ao SIG, as quais normalmente tomam dois
tipos de aspecto, o primeiro que o trata apenas como um software, uma tecnologia e o
segundo mais abrangente que o integra com elementos outros, tais como pessoal,
instituição, que indiretamente influenciam no desenvolvimento de um SIG. Sob este
aspecto pode-se então discutir algumas definições dadas ao tema.
Define-se SIG como um sistema com capacidade para aquisição,
armazenamento, tratamento, integração, processamento, recuperação, transformação,
manipulação, modelagem, atualização, análise e exibição de informações digitais
georreferenciadas, topologicamente estruturadas, associadas ou não a um banco de
dados alfanuméricos (ROCHA, 2000).
De acordo com MEIRA e CALIJURI (1995), pode-se definir sistema de
informação geográfica como uma coletânea organizada de hardware, software, dados
geográficos e pessoal (usuário), idealizado para, eficientemente, capturar, armazenar,
atualizar, manipular, analisar todas as informações georeferenciadas. Nesta definição
existe uma preocupação além do aspecto tecnológico, com o usuário que o utiliza.
SOUZA (1994) apresenta uma série de definições de SIG, de outros autores, as
quais exibem tanto o enfoque do SIG como uma tecnologia, bem como aquelas que
20
levam em conta aspectos outros que envolvem o ambiente de utilização de um SIG.
Dentre elas podem-se destacar:
É um sistema para a captura, armazenamento, checagem, manipulação, análise e
exposição de dados os quais são espacialmente georreferenciados à Terra.
São os procedimentos manuais ou computacionais usados para armazenar e
manipular dados, georeferenciados.
Uma tecnologia de informação a qual armazena, analisa e exibe dados espaciais e
não espaciais.
Um caso espacial de sistema de informação onde o banco de dados consiste de
observação de feições distribuídas espacialmente, atividades, ou eventos, que são
definidos no espaço como, pontos, linhas ou áreas. Um SIG manipula dados desses
pontos, linhas e áreas e recupera dados por consulta direta de perguntas ou por análise.
Uma seleção de poderosas ferramentas para realizar coleta, armazenamento,
recuperação, segundo interesse do usuário, transformando e expondo dados espaciais do
mundo real.
Em TEIXEIRA et al. (1995a) faz-se a mesma discussão, considerando o SIG
como apenas uma tecnologia e sob um aspecto mais amplo. Para tanto destacam-se duas
definições que retratam esta dualidade, sendo as seguinte:
O SIG é um sistema voltado para a coleta, armazenamento, recuperação,
manipulação e apresentação de informação sobre entidades de expressão espacial,
fazendo uso da computação.
Um SIG é uma coletânea integrada de hardware, software, dados e pessoal
qualificado, os quais operam em um contexto institucional.
21
Para finalizar, TEIXERA et al. (1995b), chegam a uma definição na qual tentam
sintetizar a discussão deste tema, sendo ela a seguinte: Um SIG é um conjunto de
programas, equipamentos, metodologias, dados e pessoas (usuários), perfeitamente
integrados, de forma a tornar possível a coleta, o armazenamento, processamento e a
análise de dados georeferenciados, bem como a produção de informação.
2.3.2 Aplicações de um SIG
Compreender a distribuição espacial de fenômenos naturais constitui hoje um
desafio para a elucidação de questões centrais em diversas áreas do conhecimento,
como em saúde, estudos ambientais, urbanos, agronômicos, econômicos, entre tantos
outros (CARMO, 2006).
A tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), dada sua capacidade
em armazenar, gerenciar e analisar diversos tipos de dados espacialmente referenciados,
mostra-se como importante instrumento na realização de consultas e análises, gerando
novas informações e permitindo uma melhor visualização da distribuição espacial de
fenômenos demográficos, sociais, econômicos e ambientais (CATÃO e SARTOR,
2001).
De acordo com SANTANA (1999), OLIVEIRA et al. (2000) e BOHRER et al.
(2001), a incorporação dos conceitos de manipulação e análise dos dados à reprodução
do mundo real consolidou os Sistemas de Informações Geográficas como instrumentos
poderosos em estudos ambientais. Sua importância se destaca no armazenamento e
manipulação de dados sobre áreas de risco, áreas potenciais à exploração, tipos de uso
da terra, evolução temporal do crescimento urbano e monitoramento da ocupação do
solo. Assim, a análise integrada de informações georeferenciadas gera parâmetros
importantes para a análise espacial das atividades humanas, apoiando o processo de
tomada de decisão.
Os espaços urbanos se configuram por uma diversidade de usos relacionados
entre si. São nesses espaços que convergem a maior parte dos produtos e das
informações, além de, no caso do Brasil, concentrar a maior parte da população e das
relações sociais. Devido a grande concentração de pessoas, serviços e atividades, as
cidades, por excelência, apresentam-se como espaços marcados por relações
conflituosas, tanto no aspecto socioeconômico como no socioambiental. Amenizar esses
22
conflitos não tem sido tarefa fácil para as administrações públicas, e essa temática
mostra-se cada vez mais presente nas esferas política e científica.
Os órgãos públicos competentes pelo planejamento e gestão urbana, estão cada
vez mais utilizando a tecnologia de geoprocessamento em suas ações. Esse uso tem sido
cada vez mais difundido e diversificado, tendo sua aplicação nas áreas de saúde,
educação, engenharias, tráfego, segurança, análises de riscos (naturais, sociais e
tecnológicos), saneamento, abastecimento de água, coleta de lixo, dentre muitos outros
setores e serviços que apóiam a gestão urbana de forma decisiva em suas estratégias de
ação.
Para concluir PAREDES (1994) apresenta um esquema que resume as principais
aplicações da tecnologia dos SIG
S
(Figura 2.13).
Figura 2.13 – Principais aplicações do SIG (modificado – PAREDES, 1994)
23
2.4 IMPORTÂNCIA DA PEDOLOGIA E GEOMORFOLOGIA NA
IMPLANTAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, amplas possibilidades de se
fundamentar o crescimento econômico no potencial de uso do solo, sendo, para isso,
imprescindível o conhecimento de sua aptidão para os diversos tipos de exploração
agropecuária e florestal, preservação, expansão de áreas urbanas, locação de rodovias,
segundo planejamento ideal de ocupação, em harmonia com o meio ambiente
(EMBRAPA, 1995).
O conhecimento das características dos solos constitui fator fundamental para o
planejamento adequado do uso da terra, bem como de seu manejo racional (IBGE,
1995a).
Os pedólogos, através dos levantamentos de solos, compreendidos os mapas e
os boletins descritivos, informam a distribuição espacial desses volumes na paisagem.
Esses documentos constituem, portanto, peças vitais a todos aqueles que utilizam a terra
e, por conseguinte, os solos nela compreendidos, sob o ponto de vista agrícola ou não,
como, por exemplo, para fins de Engenharia Civil, Engenharia Sanitária, Engenharia do
Meio Ambiente etc. (OLIVEIRA, J. B., 2005).
Historicamente, no Brasil, o estudo do solo aplicado à construção vem sendo
desenvolvido a partir de 1937, quando foi montado o primeiro núcleo de pesquisa
(formado no IPT, Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo). Esse
estudo foi evoluindo à medida que passou a ser útil no estudo da mineração e impactos
ambientais. Graças a esse estudo, a interação entre o homem e o solo, pode-se evitar
tristes surpresas nas construções.
Várias investigações vêm sendo geradas nos últimos tempos, no intuito de
relacionar a Geotécnica com áreas de conhecimentos diversos à Construção Civil, tais
como a Estatística (analisa o fator de segurança), a Matemática (com o uso da
modelagem numérica), Pedologia e a Geomorfologia, além de outros.
Tratando-se da Pedologia, como ciências que visa o estudo do solo sendo um
sistema em constante modificação; aliado paralelamente a fatores geomorfológicos, a
Geotécnica contribui, essencialmente, a maior quantidade e qualidade dos dados em
relação à estratigrafia do solo, como também no melhoramento nos aspectos
microestruturais relacionados com as características físicas e químicas contidos nas
observações pedológicas (PEREIRA et al., 2004).
24
As informações contidas em um levantamento pedológico são essenciais para a
avaliação do potencial ou das limitações de uma área, constituindo fonte de dados para
estudos de viabilidade técnica e econômica de projetos de uso, manejo e conservação de
solos (IBGE, 1995a).
A análise da caracterização geotécnica com o uso de diversos mapas de solos,
associados aos fatores geomorfológicos podem nos esclarecer sobre o comportamento
do solo a favor da construção civil. É importante enfatizar que, numa mesma classe
pedológica o comportamento do solo pode variar de acordo com os fatores
geomorfológicos a exemplo do clima. Sabendo que a Pedologia é utilizada para fins
agrícolas, convém destacar que a mesma pode vir a nos esclarecer diversos pontos que
trazem vidas quando tratamos, principalmente, de grandes obras de engenharia
(estradas, barragens, canais,...).
Segundo DIAS (1987) o estudo de implantação de edificações pode beneficiar-
se dos levantamentos pedológicos para o enquadramento dos solos em unidades
geotécnicas.
2.5 LEVANTAMENTO PEDOLÓGICO
A Pedologia é a ciência que estuda a origem, morfologia, mapeamento,
classificação e distribuição de solos (FONTES e FONTES, 1982). Tradicionalmente a
pedologia é desenvolvida pelos agrônomos. Os geotécnicos, em geral, apesar de
também trabalharem com os solos, não utilizam a pedologia como uma ferramenta
adicional que pode fornecer uma série de informações.
Os solos como atualmente se apresentam e que recobrem a superfície da Terra
são, em última análise, resultantes de uma fonte primária: as rochas existentes na
litosfera. São elas que, ao se decompor, fornecem o material do qual os solos se
originarão (OLIVEIRA, J. B., 2005).
A superfície da Terra apresenta uma enorme quantidade de solos diferentes com
relação a cor, espessura, textura, constituição química e mineralógica, porém cada um
deles é resultante de um conjunto de ações a que esteve submetido determinado material
de origem. É a partir de um material de origem que se inicia a história de formação do
solo tal como o vemos na atualidade. A partir de um “tempo zero”(recente ou
extremamente antigo), esse material fica sujeito à ação de vários outros fatores de
25
formação: clima, relevo, organismos, que em conjunto atuarão ao longo de sua história,
promovendo ou acentuando fenômenos físicos e químicos, resultante em diferentes
solos que recobrirão a superfície da Terra (OLIVEIRA, J. B., 2005).
São cinco os fatores de formação do solo: clima, relevo, seres vivos, material de
origem e tempo (JENNY, H., 1941 apud OLIVEIRA, J. B., 2005).
“Um levantamento pedológico é um prognóstico da distribuição geográfica dos
solos como corpos naturais, determinados por um conjunto de relações e propriedades
observáveis na natureza. O levantamento identifica solos que possam ser reconhecidos
como unidades naturais, prevê e delineia suas áreas nos mapas, em termos de classes
definidas de solos.
Estas unidades geográficas básicas possuem uma função única no levantamento
de solos. Elas estabelecem o vínculo entre a realidade física dos solos na natureza e o
conceito mental de classe taxonômica. O elo entre a classificação de solos e o
levantamento fica estabelecido no momento em que solos semelhantes são reunidos em
classes, que, por sua vez, combinadas com informações e relações do meio ambiente,
constituem a base fundamental para composição de unidades de mapeamento, cuja
distribuição espacial, extensão e limites são mostrados em mapas” (EMBRAPA, 1995).
O propósito fundamental de um levantamento pedológico consiste no
fornecimento de informações relacionadas à natureza do solo, suas propriedades,
distribuição geográfica e extensão territorial. É, em última análise, subdividir áreas
heterogêneas em parcelas mais homogêneas, que apresentem a menor variabilidade
possível, em função dos parâmetros de classificação a das características utilizadas para
distinção dos solos (IBGE, 1995a).
“O nível categórico de um sistema de classificação de solos é um conjunto de
classes definidas segundo atributos diagnósticos em um mesmo nível de generalização
ou abstração e inclui todos os solos que satisfazerem a essa definição.
Os níveis categóricos aplicados para o Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos são seis: nível categórico (ordens), nível categórico (subordens), vel
categórico (grandes grupos), nível categórico (subgrupos), nível categórico
(famílias) e 6º nível categórico (séries)” (EMBRAPA, 2006).
26
2.6 LEVANTAMENTO GEOMORFOLÓGICO
A Geomorfologia é a ciência que estuda as formas de relevo, tendo em vista a
origem, estrutura, natureza das rochas, o clima da região e as diferentes forças
endógenas e exógenas que, de modo geral, entram como fatores construtores e
destruidores do relevo terrestre (GUERRA e GUERRA, 2006).
“O relevo sempre foi notado pelo homem no conjunto de componentes da
natureza pela sua beleza, imponência ou forma. Também, é atingida a convivência do
homem com o relevo, no sentido de lhe conferir grande importância em muitas
situações do seu dia-a-dia, como para assentar moradia, estabelecer melhores caminhos
de locomoção, localizar seus cultivos, criar seus rebanhos ou definir os limites dos seus
domínios. A capacidade de raciocínio humano e suas observações tornaram possível
estabelecer relações entre as formas de relevo e seus processos geradores. Em
fenômenos que causam grandes impactos, é comum restarem na paisagem significativas
marcas de sua ocorrência, facilitando a identificação dessas relações.
A evolução do conhecimento humano na direção da Geomorfologia, entretanto,
não se restringiu, apenas, a procurar reconhecer tipos de relevo e os processos a eles
relacionados. Tem procurado ir sempre mais além, buscando encontrar respostas para
muitas questões que pudessem explicar, por exemplo, como os processos se articulam
entre si; como evoluem os grandes conjuntos de relevo; como interferir ou controlar o
funcionamento dos processos geomorfológicos; como projetar (no espaço e no tempo) o
comportamento dos processos e as formas de relevo resultantes.
Esses interesses não foram fortuitos. Os relevos constituem os pisos sobre os
quais se fixam as populações humanas e são desenvolvidas suas atividades, derivando
daí valores econômicos e sociais que lhes são atribuídos. Em função de suas
características e dos processos que sobre eles atuam, oferecem, para as populações,
tipos e níveis de benefícios ou riscos dos mais variados. Suas maiores ou menores
estabilidades decorrem, ainda, de suas tendências evolutivas e das interferências que
podem sofrer dos demais componentes ambientais, ou da ação do homem. O
reconhecimento da importância do relevo pode ser inferido pela atenção que é dada ao
seu estudo na elaboração de planos e projetos que necessitam, cada vez mais, explicar
os possíveis impactos que serão decorrentes de sua implantação” (GUERRA e CUNHA,
2007).
27
Nesse sentido, a Geomorfologia vem se ajustando à moderna tecnologia, a fim
de acompanhar os avanços da informática, viabilizando interfaces com a cartografia
computadorizada e com a utilização do Sistema de Informação Geográfica. A
cartografia temática pode ser entendida como um produto que caracteriza a distribuição
espacial de fenômenos que são observados na superfície terrestre e, para tal, necessita
do conhecimento da essência destes fenômenos que estão sendo representados e do
suporte das ciências que os estudam. Os mapas temáticos são ferramentas que servem
de apoio à Geomorfologia, na medida em que favorecem a leitura de cartas e a
interpretação de fenômenos, e viabilizam a análise em diferentes escalas de tratamento
(CUNHA e GUERRA, 2002).
“O levantamento geomorfológico tem como base a ordenação dos fatos
geomorfológicos mapeados em uma taxonomia que os hierarquiza. O princípio de
grupamentos sucessivos de subconjuntos constituem as Regiões Geomorfológicas, cujo
grupamento, por suas vez, constitui os Domínios. As ordens de grandeza que foram
adotadas na taxomonia são diferenciadas entre si de acordo com a prevalência de
causalidade e predominância de formas de relevo.
A hierarquização da taxonomia dos fatos geomorfológicos são em quatro níveis:
1. Domínios Morfoestruturais grandes conjuntos, que geram arranjos regionais
de relevo, guardando relação de causa entre si;
2. Regiões Geomorfológicas grupamentos de unidades geomorfológicas que
apresentam semelhanças resultantes da convergência de fatores de sua evolução;
3. Unidades Geomorfológicas associação de formas de relevo recorrentes,
geradas de uma evolução comum;
4. Tipos de Modelados constitui grupamentos de formas de relevo que
apresentam similitude de definição geométrica em função de uma gênese
comum e da generalização dos processos morfogenéticos atuantes, resultando na
recorrência dos materiais correlativos superficiais” (IBGE, 1995b).
28
2.7 INVESTIGAÇÃO POR SONDAGENS SPT
2.7.1 Considerações Iniciais
Uma investigação adequada do terreno é uma atividade preliminar essencial à
execução de um projeto de engenharia civil. Devem ser obtidas informações suficientes
para permitir que seja elaborado um projeto seguro e econômico e para evitar todas as
dificuldades que surgem durante a construção (CRAIG, 2007).
A sondagem com Standard Penetration Test (SPT) é reconhecidamente a mais
popular, rotineira e econômica ferramenta de investigação em praticamente todo mundo,
permitindo uma indicação da compacidade/consistência dos solos e mesmo de rochas
brandas. Métodos rotineiros de projeto de fundações diretas e profundas usam
sistematicamente os resultados de SPT, especialmente no Brasil (SCHNAID, 2000).
As sondagens de simples reconhecimento se constituem de instrumento básico
de investigação dos solos em Geologia de Engenharia e em Engenharia de Fundações.
Sua simplicidade de execução e baixo custo associado são os principais atrativos para
sua ampla utilização por parte de empresas de Geotecnia no Brasil, assim com em
trabalhos acadêmicos. Neste tipo de sondagem é possível se obter uma caracterização
expedita dos solos amostrados por exames táctil-visual; uma caracterização da
compacidade/consistência dos solos; um perfil estratigráfico; a profundidade do nível
freático no momento da execução da sondagem e; amostras para análises (QUARESMA
et al., 1998).
O SPT ou ensaio de penetração padronizado é caracterizado pela cravação
dinâmica de um amostrador com ponta em sapata cortante. O ensaio normalmente é
executado concomitantemente ao avanço por trado ou trépano a cada metro perfurado.
Foi desenvolvido para aquisição em campo de uma medida local de
resistência/compacidade do solo (N
SPT
). Além da tomada desta medida, amostras podem
ser coletadas. Conforme a norma NBR 6484 (2001), a amostragem deve ser realizada a
cada metro, bem como anotação do N
SPT
. Eventualmente, o ensaio pode ser realizado
em um intervalo menor ou maior, ficando a critério das necessidades do executante.
29
2.7.2 Breve Histórico do SPT
Segundo CAVALCANTE (2002), os métodos usados para fazer a identificação
do tipo de solo, até o século XIX, baseavam-se no reconhecimento de detritos
resultantes da perfuração com circulação d’água, bem como através da abertura de
poços de grande diâmetro e escavações em grande escala, provocando a
descaracterização na estrutura natural do solo, conduzindo a uma pobre identificação do
tipo de solo e de suas propriedades.
O início da obtenção das amostras através de processos dinâmicos de cravação,
foi introduzido por volta de 1902 pelo engenheiro CHARLES R. GOW, nos Estados
Unidos (FLETCHER, 1965; BROMS e FLODIM, 1988; TEIXERA, 1974,1977; apud
CAVALCANTE, 2002), passando por rias mudanças no equipamento e
procedimentos, até 1970, quando surgiram as primeiras tentativas oficiais de
normartização e a preocupação com a questão dos fatores que afetam o SPT
(PALACIOS, 1977; SCHMERTMAN, 1978; SCHMERTMAN e PALACIOS, 1979;
apud CAVALCANTE, 2002).
De acordo com TEXEIRA (1977) apud BELICANTA e CINTRA (1998), o
critério de cravação inicial de 15 cm do comprimento do amostrador do tipo
“Raymond” e de contagem do número de golpes passou a ser utilizado como um índice
de resistência à penetração dinâmica. O procedimento de cravação do amostrador,
considerando o martelo de 65 kg caindo de uma altura de 75 cm, é descrito por
TERZAGHI e PECK (1980) como um processo padrão (standard). Com esta
apresentação do ensaio de penetração dinâmica, o mesmo ficou conhecido, na literatura
da língua inglesa, como o Standard Penetration Test (CAVALCANTE, 2002).
No Brasil, o ensaio, foi introduzido a partir de 1939, através da “Seção de
Estruturas e Fundações” do IPT (BELICANTA, 1998).
Na norma NBR 6484 (2001), o amostrador adotado é do tipo Raymond” e
considera como procedimentos executivos das sondagens de simples reconhecimento: a
perfuração a trado, o avanço por lavagem e a realização do SPT.
BELICANTA (1998) apresenta um relato histórico detalhado do
desenvolvimento de equipamento e procedimentos do SPT, bem como a evolução dos
esforços de padronização e normatizações internacional e brasileira.
30
2.7.3 Equipamentos e procedimentos de execução de sondagens de simples
reconhecimento com SPT
Conforme a norma NBR 6484 (2001) e recomendações da ABEF (1999), os
equipamentos utilizados para a execução de sondagens de simples reconhecimento com
SPT são: tripé com roldana, tubos de revestimento, sapata de revestimento, hastes de
lavagem e penetração, amostrador padrão, martelo padronizado para cravação (65 kg),
cabeças de bater dos tubos de revestimento e das hastes de cravação, haste-guia do
martelo, baldinho com válvula de pé, bomba d’água, trépano de lavagem, trados concha
e helicoidal, medidor do nível d’água, fita métrica ou trena, recipiente para amostras e
martelo de sacatubos (Figura 2.14)
Figura 2.14– Esquema ilustrativo do aparato de realização do SPT (SCHNAID, 2000).
Adicionalmente, ferramentas de oficina mecânica fazem parte do conjunto e são
necessárias para a operação dos equipamentos. Especificações de medidas e materiais
dos tubos, hastes e dos trados constam na referida norma.
Segundo ABEF (1999), o material ensaiado será considerado impenetrável ao
SPT, quando a penetração do amostrador for inferior a 5 cm após 10 golpes
consecutivos, sem computar os cinco golpes iniciais, ou quando o número for superior a
50 num mesmo ensaio.
31
O SPT poderá ser dado como encerrado, quando atingido o impenetrável ou
atingida a cota estabelecida pelo contratante do serviço. Caso o mesmo envolva
sondagem rotativa, o SPT poderá ser empregado posteriormente durante e após o
avanço pela sonda rotativa, considerando as necessidades do projeto.
O ensaio por lavagem é realizado quando interesse em dar prosseguimento à
sondagem após atingir o impenetrável à percussão. O ensaio consiste na penetração do
amostrador padrão junto ao avanço ao trepano de lavagem, por 30 mim, anotando-se os
avanços obtidos a cada 10 mim. Por recomendação de ABEF (1999), o material é
considerado impenetrável ao trepano de lavagem quando o avanço do amostrador for
inferior a 5 cm / 10 mim nos três períodos consecutivos.
2.7.4 Fatores influentes na medida de N
SPT
Nas últimas décadas, tem sido crescente a preocupação da comunidade cientifica
ligada a pesquisa na área de Geotecnia, especificamente na sub-área de ensaios “in
situ”, com o desempenho do SPT. Como qualquer outro tipo de ensaio de campo ou
mesmo de laboratório, o SPT sofre a influência de diversos fatores. São basicamente de
três ordens: material, representado pelo equipamento e; humana, ou seja, as ações
empreendidas pelos operadores do equipamento e por fim, os fatores ligados ao solo. A
seguir é apresentado um resumo dos fatores que interferem na medida do SPT (Tabela
2.1 e 2.2).
As pesquisas têm evoluído nas últimas décadas, incorporando novos
conhecimentos sobre o SPT em termos de identificação e avaliação dos fatores que
influenciam na parcela de energia efetiva que realmente atinge o amostrador. Como se
sabe, essa energia é efetivamente responsável pelo número de golpes (N
SPT
) medido
para um determinado solo. O número de golpes, por sua vez, é diretamente usado de
forma empírica ou semi-empírica como parâmetro chave no cálculo da capacidade de
carga e recalques das fundações, representando o fator de maior importância no projeto,
responsável pelo sucesso (inclusive o financeiro) do empreendimento. De nada adianta a
utilização dos melhores recursos da microeletrônica e dos sofisticados programas para
cálculo da capacidade de carga e dos recalques das fundações, se os dados de entrada
forem obtidos de maneira grosseira e sem nenhum controle (VELLOSO, 2004).
32
Conhecida as limitações do ensaio, causados por fatores que influenciam os
resultados e não estão relacionados às características dos solos, é possível avaliar as
metodologias empregadas na aplicação de valores de N
SPT
em problemas geotécnicos.
Devendo-se levar em consideração que a energia nominal transmitida ao amostrador, no
processo de cravação, não é a energia de queda livre teórica transmitida pelo martelo.
Para esta finalidade, as abordagens, modernas recomendam a correção do valor medido
de N
SPT
, considerando o efeito da energia de cravação e do nível de tensões (SCHNAID,
2000).
No Brasil é comum o uso de sistemas manuais para a liberação de queda do
martelo que aplica uma energia de 70% da energia teórica. Em comparação, nos E.U.A.
e Europa o sistema é mecanizado e a energia liberada é de aproximadamente 60%.
Atualmente, a prática internacional sugere normalizar o número de golpes com base no
padrão americano de N
60
; assim, previamente ao uso de uma correlação formulada nos
E.U.A deve-se majorar o valor medido de N
SPT
obtido em uma sondagem brasileira em
10 a 20 % (VELLOSO e LOPES, 2002).
Tabela 2.1 Resumo dos fatores ligados ao solo e sua influência no N
SPT
(adaptado de
SKEMPTON, 1986; DÉCOURT, 1989; BELICANTA, 1998, apud CAVALCANTE,
2002).
FATOR Variante
EFEITO no N
SPT
Índices de vazios diminuição aumenta
areias graduadas - aumentado-se o
tamanho médio dos grãos
aumenta
Tamanho médio dos grãos
areias uniformes - aumentado-se o
tamanho médio dos grãos
pouco sensível
Uniformidade das areias uniformes/graduadas diminui / aumenta
Pressão neutra negativa/positiva aumenta / diminui
Forma dos grãos
angulosidade e rugosidade
acentuadas
aumenta
Cimentação ocorrendo cimentação aumenta
Nível de tensões
Aumento de tensão vertical ou
horizontal
aumenta
Pré-carga ocorrendo pré-carga pouco sensível
Pré-adensamento ocorrendo pré-adensamento aumenta
Envelhecimento aumento da idade do depósito aumenta
33
Tabela 2.2 Resumo dos fatores associados ao equipamento e procedimentos e sua
influências no N do SPT (adaptado de DÉCOURT, 1989 apud CALVACANTE, 2002)
FATOR
EFEITO no N
SPT
Sistema de martelo aumenta/diminui
Variações de altura exata (76 cm) aumenta/diminui
Uso de cabo de aço em vez de corda aumenta
Falta de lubrificação da roldana aumenta
Atitude dos operadores aumenta/diminui
Peso incorreto do martelo aumenta/diminui
Excentricidade da cabeça de bater aumenta
Não utilização de haste-guia aumenta
Leitura imprecisa do número de golpes aumenta/diminui
Limpeza mal feita do furo diminui
Falta de cuidado com o nível da lama/água no furo diminui
Diâmetro do furo acima do recomendado (65-150 mm) diminui
Dimensionamento da bomba aumenta/diminui
Estabilização apenas com lama ao invés de revestimento (em areias) aumenta
Comprimento da haste aumenta
Peso da haste aumenta/diminui
Amostrador deformado ou dentro do revestimento aumenta
Peso da cabeça-de-bater aumenta
Pedregulhos "engasgando" o amostrador aumenta
Frequência dos golpes:
se 30 -
40 golpes/mim
se N
1
60 < 20, 10 - 20 golpes/mim
se N160 > 20, 10 - 20 golpes/mim
não influi
aumenta
diminui
Coxim:
sem usar
novo
velho
não altera
aumenta
diminui
Intervalo de penetração:
0-30 cm ao invés de 15-45 cm
30-60 cm ao invés de 15-45 cm
diminui
aumenta
Diâmetro do amostrador aumenta
Não utilização do "liner" no amostrador diminui
2.7.5 Aplicação do SPT na engenharia de fundações
O baixo custo operacional e a relativa facilidade de execução, caracterizaram o
SPT como um dos ensaios de campo mais utilizados na definição de parâmetros
geotécnicos em projeto de fundações (MILITITSKY e SCHNAID, 1995). A despeito de
todo o “ceticismo”, válido, relacionado aos fatores influentes na execução do ensaio,
correlações empíricas de N
SPT
com os mais diversos parâmetros geotécnicos vêm sendo
34
publicadas, acompanhadas pelas advertências explicitas de seus autores, alertando à
aplicação restrita à área física ou à situação em que foram obtidas.
A primeira aplicação atribuída ao SPT consiste na simples determinação do
perfil de subsolo e identificação táctil-visual das diferentes camadas a partir do material
recolhido no amostrador-padrão. A classificação do material é normalmente obtida
combinando a descrição do testemunho de sondagem com as medidas de resistência à
penetração. O sistema de classificação apresentado na Tabela 2.3, amplamente utilizado
no Brasil e recomendado pela NBR 7250 (1982), é baseado em medidas do índice de
resistência à penetração.
Tabela 2.3 - Classificação de solos (NBR 7250, 1982)
Solo Índice de resistência à penetração Designação
< 4 Fofa
5 – 8 Pouco compacta
9 -18 Medianamente compacta
19 – 40 Compacta
Areia e Silte arenoso
> 40 Muito compacta
< 2 Muito mole
3 – 5 Mole
6 – 10 Média
11 – 19 Rija
Argila e Silte argiloso
> 19 Dura
Os dados de N
SPT
geralmente são tratados sob a óptica de duas classes de
métodos: os indiretos e diretos (SCHNAID, 2000). Os métodos indiretos utilizam os
dados na previsão de parâmetros construtivos, representativos do comportamento do
solo obtidos por correlação em resultados de ensaios de campo e/ou laboratório.
Nos métodos diretos, os dados o aplicados em formulações empíricas e/ou
semi-empíricas com o intuito de prever um valor de tensão admissível ou o recalque de
um elemento de fundação.
De acordo com a NBR 6122 (1996), são considerados métodos semi-empíricos
aqueles em que as propriedades dos materiais, estimadas com base em correlações, são
usadas em teorias adaptadas da Mecânica dos Solos.
É o caso típico do método de AOKI e VELLOSO (1975), proposto para
fundações por estacas. Assumindo que a carga admissível, para um elemento isolado, é
representada pela soma das parcelas de resistência de ponta e da resistência lateral ao
longo do fuste da fundação. Neste método, leva-se em consideração: os solos do perfil
estratigráfico, índice de penetração N para as resistências de ponta (R
p
) e lateral (R
l
)
35
(obtidos por correlação com CPT) e coeficientes de correção relacionados ao tipo de
elemento estrutural envolvido no cálculo.
Para a calibração destes coeficientes, CINTRA e AOKI (1999) comentam que os
referidos autores utilizaram dados de 73 provas de carga provenientes de diversos
Estados do Brasil, visando a aplicação em estacas Franki, metálicas e pré-moldadas.
Outros métodos de estimativa de capacidade de carga e recalques de fundação são
descritos e discutidos por ALONSO (1991), CINTRA, AOKI e ALBIERO (2003) e
SCHNAID (2000).
Do ponto de vista da prática de engenharia de fundações, os valores médios de
penetração podem servir de indicação qualitativa à previsão de problemas; por exemplo,
N
SPT
superiores a 30 indicam em geral solos resistentes e estáveis sem necessidade de
estudos geotécnicos mais elaborados para a solução de casos correntes. Solos com N
SPT
inferiores a 5 são compressíveis e poucos resistentes, e não devem ter a solução
produzida com base única nestes ensaios, mesmo porque nesta faixa de variação (0 5)
os mesmos não são representativos (SCHNAID, 2000).
2.7.6 Engenharia de fundações
Em geral, a parte inferior de uma estrutura é denominada “fundação”, e sua
função é transferir a carga da estrutura para o solo sobre o qual ela está apoiada. Uma
fundação projetada de modo correto transfere a carga pelo solo sem provocar recalques
excessivos (que venham a prejudicar a estabilidade e uso da obra) ou rupturas por
cisalhamento no solo.
Um dos primeiros cuidados de um projetista de fundações deve ser o emprego
da terminologia correta. As fundações são convencionalmente separadas em 2 grandes
grupos:
Fundações superficiais (ou “diretas” ou rasas);
Fundações profundas
A distinção entre estes dois tipos é feita segundo o critério (arbitrário) de que
uma fundação profunda é aquela que teria seu mecanismo de ruptura de base que não
surgisse na superfície do terreno. Como os mecanismo de ruptura de base atingem,
acima da mesma, tipicamente 2 vezes sua menor dimensão, a norma NBR 6122 (1996)
adotou que fundações profundas são aquelas cujas bases estão implantadas a uma
profundidade superior a 2 vezes sua menor dimensão, e pelo menos 3m de
profundidade, Figura 2.15 (VELLOSO, D. A. e LOPES, F. R, 2004).
36
Figura 2.15 Mecanismo de ruptura de base das fundações superficiais e profundas
(VELLOSO, D. A. e LOPES, F. R, 2004).
Segundo a norma NBR 6122 (1996), na fundação superficial a carga é
transmitida ao solo, predominantemente pelas tensões distribuídas sob a base do
elemento estrutural de fundação (CINTRA J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H., 2003).
Quanto aos tipos de fundações superficiais (VELLOSO, D. A. e LOPES, F.
R, 2004):
Bloco elemento de fundação de concreto simples, dimensionado de
maneira que as tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas
pelo concreto, sem necessidade de armadura;
Sapata elemento de fundação superficial de concreto armado,
dimensionado de tal modo que as tensões de tração sejam resistidas por
armadura (por isso a sapata tem menor altura que o bloco);
Sapata corrida – sapata sujeita a carga distribuída ( às vezes chamadas de
baldrames);
Viga de fundação elemento de fundação superficial comum a vários
pilares, cujos centros, em planta, estão situados num mesmo
alinhamento;
Grelha – elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que
se cruzam nos pilares;
37
Sapata associada elemento de fundação que recebe parte dos pilares da
obra, o que a difere do radier, pilares estes não alinhados, o que a difere
da viga de fundação;
Radier – elemento de fundação que recebe todos os pilares da obra.
Dependendo da estrutura e do tipo de solo, vários tipos de fundação são
utilizados. Uma sapata é simplesmente uma extensão de parede estrutural ou pilar, que
possibilita a distribuição da carga da estrutura em uma área maior do solo. Em um solo
com baixa capacidade de carga, as dimensões das sapatas requeridas o excessivas e
inviáveis. Nesse caso, é mais econômico construir toda a estrutura sobre uma base de
concreto denominada radier (DAS, 2007). Na Figura 2.16 são apresentados os
principais tipos de fundações superficiais.
38
Bloco Sapata
Viga de fundação tipo bloco Viga de fundação tipo sapata
Grelha Radier
Figura 2.16 – Principais tipos de fundações superficiais (VELLOSO, D. A. e LOPES, F.
R, 2004).
39
as fundações profundas são separadas em três grupos (VELLOSO, D. A. e
LOPES, F. R, 2004):
Estaca elemento de fundação profunda executado por ferramentas
ou equipamentos, execução esta que pode ser por cravação a
percussão ou prensagem, ou por escavação, ou ainda, mista;
Tubulão elemento de fundação profunda de forma cilíndrica que,
pelos menos na sua fase final de execução, tem a descida de operário
(o tubulão não difere da estaca por suas dimensões, mas pelo
processo executivo, que envolve a descida de operário);
Caixão elemento de fundação profunda de forma prismática,
concretado na superfície e instalado por escavação interna.
As fundações sobre estacas e as fundações sobre tubulões são empregadas na
construção de estruturas mais pesadas, para as quais grande profundidade é necessária
para suportar a carga. As estacas são componentes estruturais feitos de madeira,
concreto ou aço que transmitem a carga da superestrutura paras as camadas inferiores
dos solo (DAS, 2007). Na Figura 2.17 são apresentados os principais tipos de fundações
profundas.
Estaca Tubulão Caixão
Figura 2.17 Principais tipos de fundações profundas (VELLOSO, D. A. e LOPES, F.
R, 2004).
40
Existem, ainda, as fundações mistas, que combinam soluções de fundação
superficial com profunda (VELLOSO, D. A. e LOPES, F. R, 2004). Na Figura 5.18 são
apresentados alguns exemplos.
Sapata associada a estaca (chamada “estaca T”)
Sapata associada a estaca com material compressível entre elas (chamada “estapata”)
Radier associado com estacas e com tubulões, respectivamente
Figura 2.18 Alguns tipos de fundações mistas (VELLOSO, D. A. e LOPES, F. R,
2004).
41
Segundo VELLOSO, D. A. e LOPES, F. R, (2004), os elementos necessários
para o desenvolvimento de um projeto de fundações são:
1. Topografia da área
Levantamento topográfico (planimétrico e altimétrico);
Dados sobre taludes e encostas no terreno (ou que possam atingir
o terreno;
Dados sobre erosões (ou evoluções preocupantes na
geomorfologia).
2. Dados Geológico-Geotécnicos
Investigação do subsolo (às vezes em 2 etapas: preliminar e
complementar);
Outros dados geológicos e geotécnicos (mapas, fotos aéreas e
levantamentos aerofotogramétricos, artigos sobre experiências
anteriores na área, publicações da CPRM, etc.).
3. Dados da estrutura a construir
Tipo e uso que terá a nova obra;
Sistema estrutural (hiperestaticidade, flexibilidade, etc.);
Cargas (ações nas fundações).
4. Dados sobre construções vizinhas
Número de pavimentos, carga média por pavimento;
Tipo de estrutura e fundações;
Desempenho das fundações;
Existência de subsolo;
Possíveis conseqüências de escavações e vibrações provocadas pela
nova obra.
42
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O estado do acre está situado na região norte do país, na porção sudoeste da
Amazônia, entre 07’ S e 11° 08’ S, 66° 30’ W e 74° W, fazendo fronteiras
internacionais com o Peru e a Bolívia, e nacionais com os estados de Rondônia e
Amazonas, ocupando uma área territorial de 153.149,9 km² (Figura 3.1), o que
corresponde a uma área de 3,9% da área da Amazônia brasileira e a 1,8% do território
nacional (IBGE, 1991). Possui 22 municípios, sendo que estas terras pertenceram à
Bolívia até 1903, ano em que foi assinado o tratado de Petrópolis e o território do Acre
foi anexado ao Brasil.
Figura 3.1 – Estado do Acre em relação ao território brasileiro (ZEE, 2000)
Localizado na porção leste do Estado do Acre, o município de Rio Branco,
limita-se territorialmente, ao norte, com os municípios do Bujari e Porto Acre, ao sul,
com os municípios de Xapuri e Capixaba, a leste com os municípios de Senador
Guignard e Plácido de Castro e, a oeste, com o município de Sena Madureira (Figura
3.2). A sede do município de Rio Branco localiza-se às margens do Rio Acre afluente
da margem direita do Rio Purus, o qual percorre uma extensão de 287 km do município,
atravessando a cidade e dividindo-a em dois distritos (Figura 3.3), sendo o localizado
à margem esquerda, onde a cidade se expandiu rapidamente e o à margem direita,
43
sede do antigo Seringal Empresa que deu origem à cidade (ZEE, 2000). O município
possui área terrestre de 14.294,0 km², representando 9.3 % do território acreano (IBGE,
1991).
Figura 3.2 – Município de Rio Branco em relação ao território acreano (ZEE, 2000)
Figura 3.3 - Cidade de Rio Branco em relação ao território municipal (ZEE, 2000)
A Macrozona de Consolidação Urbana (MZCU) localizada no Distrito da
cidade de Rio Branco, na margem esquerda do Rio Acre, visualizada na Figura 2.12, é a
área de estudo da presente pesquisa.
44
3.2 ASPECTOS CLIMÁTICOS E HIDROLÓGICOS
3.2.1 Clima
O clima do município de Rio Branco, assim como em todo estado, é quente e
úmido, possuindo uma curta estação seca e altos índices pluviométricos (GUERRA,
1996).
Basicamente, o clima de Rio Branco é regido pela Massa Equatorial Continental,
a qual origina-se na Amazônia Ocidental, apresentando altas temperaturas e altos níveis
de umidade (ZEE, 2000).
Este clima quente e úmido apresenta duas estações distintas:
Estação seca (Estiagem) chamada regionalmente de “verão”, ocorre entre os
meses de maio a outubro. Nesta estação, a Massa de Ar Polar Atlântica
impulsiona a Frente Polar que avança pela planície do Chaco e chega à
Amazônia Ocidental, gerando quedas abruptas nas temperaturas, podendo atingir
a marca de 10c.º, com curto período de duração, de dois a três dias, este
fenômeno é conhecido regionalmente como “friagem”.
Estação chuvosa ou úmida denominada regionalmente de “inverno”,
caracteriza-se por apresentar intensas precipitações, geralmente entre os meses
de novembro a abril. Nesta estação, oportunidade em que ocorre o
enfraquecimento da Massa Polar Atlântica, a Massa Equatorial Continental que
atua durante todo o ano na região, avança para o interior do país, provocando as
conhecidas chuvas de verão”, e gerando a instabilidade e altas temperaturas no
estado do Acre.
A cidade de Rio Branco tem uma média pluviométrica anual de 1.917,5 mm
(Estação Metereológica do Campus da UFAC), considerando o período 1971 a 1993,
com o trimestre mais chuvoso entre janeiro e março e o trimestre mais seco entre junho
e agosto, respectivamente, coincidindo com o período de águas altas e baixas para a
bacia do Rio Acre (NASCIMENTO, 1995). Na Figura 3.4 é apresentado o gráfico da
precipitação média mensal entre os anos de 1961 a 1990 no município de Rio Branco.
45
Figura 3.4 Valores da precipitação média mensal entre os anos de 1961 a 1990 no
município de Rio Branco (INMET, 2006)
3.2.2 Hidrografia
O município de Rio Branco está instalado na bacia hidrográfica do Rio Acre, o
principal curso de sua rede de drenagem, sendo composta por sub-bacias de
características dentríticas e de morfometria distinta quanto à densidade de drenagem e
ao comprimento total dos canais (SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, 1999).
Dada à formação geológica e geomorfológica da região, o Rio Acre e seus
tributários são rios de águas barrentas (considerados rios brancos) e de traçados muito
sinuosos (predomínio do percurso meandrante) característicos de regiões de baixada. A
dinâmica geomorfológica comum é o deslizamento de margens, fenômeno conhecido
como “terras caídas”, ligado diretamente à natureza geológica do terreno e ao regime
das precipitações pluviométricas com a variação do regime fluvial de cheias e vazantes
(NASCIMENTO, 1995).
Pertencente a bacia do Rio Acre, o Igarapé São Francisco, é de grande
importância para o sítio urbano, uma vez que, após o Rio Acre, é o principal coletor da
cidade nesta bacia hidrográfica. De fato o Igarapé São Francisco é um importante
manancial d`água, afluente da margem esquerda do Rio Acre, que corta o primeiro
distrito da cidade no sentido noroeste-sudeste, possuindo uma extensão
aproximadamente de 20 km inseridos no perímetro urbano, curso repleto de meandros e,
46
uma vazão variando de 10 m³/s a 100 m³/s, de acordo com os períodos secos e chuvosos
respectivamente (HID, 2000)
A bacia do Igarapé São Francisco com área de 456,64 km² e comprimento de
50,875 km, compõe a macro-drenagem principal da cidade de Rio Branco, sendo
responsável por 70 % da drenagem natural. A expansão do perímetro urbano da cidade
acompanha o curso deste igarapé no sentido de sua montante e predominantemente em
sua bacia, abrangendo em seu percurso 17 bairros da cidade, sendo que 45.000
moradores fazem parte de sua área de influência (SEMEIA, 1997).
3.2.3 Hidrogeologia
Segundo estudos realizados por MELO JR. e MARMOS (2006), no Distrito
da cidade de Rio Branco está localizado um aqüífero que se iniciou com a deposição das
areias e argilas, em um sistema fluvial meandrante, sobre os argilitos da Formação
Solimões, com a migração do canal principal do Rio Acre de SE para NW, marcada
pela presença de meandros abandonados na planície de inundação do Rio Acre.
O aqüífero Rio Branco é um aqüífero do tipo confinado drenante, ou seja, a
camada que se encontra acima dos sedimentos arenosos é semi-permeável, constituída
por argila, argila siltosa e argila silto-arenosa, conferindo um caráter de baixa
capacidade de infiltração direta da água precipitada na superfície, mas que não é
totalmente impermeável como a camada localizada abaixo do aqüífero, constituída
pelos sedimentos argilosos da Formação Solimões. Desta forma, a recarga se de
forma direta sobre a área de ocorrência do aqüífero Rio Branco. Igualmente, verifica-se
um predomínio dos sedimentos argilosos em relação aos arenosos (aqüífero), Figura 3.5
e 3.6.
Os sedimentos que compõem o aqüífero Rio Branco possuem predominância de
areia fina a média, ocorrendo nestas algumas vezes materiais siltosos, clastos
milimétricos de laterita e grãos de argila rica em matéria orgânica.
A extensão espacial deste aqüífero abrange uma área de cerca de 122.460.000
m², ocorrendo entre 2 a 10 metros de profundidade com espessura variando entre 1 a 8
metros, onde se localiza a planície de inundação do Rio Acre (Figura 3.7). Estas
dimensões permitiram ponderar os volumes de armazenamento máximo e mínimo em
979.680 e 122.460 m³, respectivamente, com média de 551.070 m³. Acredita-se que
o aqüífero sendo gerenciado da forma correta, sem super-exploração ou
47
comprometimento de sua qualidade através de qualquer tipo de atividade antrópica,
possa abastecer apesar de sua pequena extensão espacial tanto vertical como horizontal
cerca de 100.000 a 150.000 habitantes (MELO JR. e MARMOS, 2006).
Figura 3.5 - Identificação do aqüífero Rio Branco no anel viário da capital acreana, onde
estão ilustradas as camadas aqüífera e aqüífuga do sistema avaliado (MELO JR. e
MARMOS, 2006)
Figura 3.6 - Detalhe das camadas aqüífera e aqüífuga (MELO JR. e MARMOS, 2006)
48
Figura 3.7 - Área de ocorrência do aqüífero Rio Branco (MELO JR. e MARMOS,
2006)
49
3.3 GEOMORFOLOGIA
O município de Rio Branco ainda não apresenta um levantamento sistemático da
geomorfologia em escala de detalhe. Geomorfologicamente a região está enquadrada
dentro do que Projeto RADAMBRASIL (1976) denominou de Depressão Rio Acre
Rio Javari em contato com o Planalto Rebaixado da Amazônia Ocidental. Em seu Mapa
Geomorfológico, em escala 1:1.000.000, classifica toda a área de estudo na unidade
C11, composta por colinas, relevos de topo pouco convexo, com a intensidade de
aprofundamento das drenagens muito fraca. A ampliação para a escala 1:400.000
produzida por NASCIMENTO (1995), da carta de Geomorfologia da bacia de drenagem
do Rio Acre não permite a diferenciação de unidades para a área de estudo, mantendo-
se a mesma classificação apresentada por RADAMBRASIL (1976).
Em geral, o município de Rio Branco encontra-se, quase em sua totalidade,
sobre a forma de Colinas, que são relevos de topo aplainado, pouco convexo, com
diferentes ordens de grandeza e de aprofundamento de drenagem, separados geralmente
por vales em “V” e eventualmente por vales de fundo plano. No extremo norte e
principalmente no extremo sul da cidade de Rio Branco observa-se relevos ondulados e
pouco mais dissecados, com rede drenagem mais incisiva. que se destacar a
importância do controle estrutural para a instalação da drenagem atual que, em muitos
lugares é controlado por falhas e/ou fraturas a exemplo do Igarapé São Francisco,
Figura 3.8, (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
Figura 3.8 - Igarapé São Francisco. Bairro Aragão, Rio Branco AC (OLIVEIRA e
FERREIRA, 2006)
50
Uma pequena parte do município, mais próxima do Rio Acre, encontra-se na
unidade geomorfológica de planícies e terraços fluviais, que constituem áreas de
sedimentação, planas, resultantes de acumulação fluvial e, geralmente, sujeitas a
inundações periódicas. Comportam meandros abandonados, eventualmente alagados, e
depressões unidas com ou sem ruptura de declive, a patamares mais elevados, que
também podem comportar meandros abandonados (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
LATRUBESSE (1996) apud FERES (1998) registra, em carta elaborada na
escala 1:40.000, a existência de três níveis de terraço fluvial acontecendo na margem
direita do Rio Acre, um dos quais compreendendo parte da área de estudo deste
trabalho. A título ilustrativo, a Figura 3.9 registra um trecho da área mapeada por
LATRUBESSE (1996) paralelamente ao mesmo trecho de fotografia aérea antiga
(SACS, 1960), de época em que a região era pouco urbanizada.
Figura 3.9 - Terraços quaternários do Rio Acre (adaptado de LATRUBESSE, 1996 e
SACS, 1960 apud FERES, 1998)
51
3.4 GEOLOGIA
O substrato da região do Estado do Acre é constituído por rochas sedimentares,
essencialmente argilosas reunidas na Formação Solimões, que ocupa extensa área na
porção ocidental da Bacia Amazônica. Recobrindo localmente esta unidade ocorrem
depósitos de sedimentos inconsolidados associados à planície de inundação do Rio
Acre, individualizados em mapa como terraços fluviais para aqueles depósitos
aluvionares mais antigos, identificados em imagem pela presença de vários paleocanais
e meandros abandonados, e os aluviões recentes que se depositam às margens dos rios e
igarapés (ZEE, 2000).
Ocorre sobre a Formação Solimões um pacote de sedimentos argilosos, por
vezes mosqueado de cor vermelha a cinza esverdeado, distribuídos em uma delgada
cobertura (5 a 16 m de espessura), recobrindo em discordância as rochas sotopostas. Sua
área de ocorrência vai desde as encostas da margem esquerda do Rio Acre até os topos
das colinas na parte central da cidade. No contato entre os sedimentos argilosos com a
Formação Solimões ocorrem inúmeros fósseis de vertebrados, além de concreções
carbonáticas, fosfato de cálcio e gipsita, minerais diagnósticos para a identificação desta
cobertura (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
No perfil regional, a partir de Rio Branco até a cidade de Sena Madureira,
encontra-se uma seqüência de arenitos finos intercalados por camadas argilosas, de
coloração esbranquiçada a avermelhada, com presença de estratificação cruzada
acanalada, estruturas de corte/preenchimento e sigmóides, indicativos de ambiente
deposicional de delta, progradando para norte/nordeste, conforme a disposição dos
lobos deltáicos (Figura 3.10).
Na cidade de Sena Madureira, junto ao Rio Yaco, ocorre associação de siltito
castanho, argilito amarelo esbranquiçado a esverdeado com intercalações de delgadas
camadas de arenito fino, com concreções carbonáticas, veios de brushita, finos níveis de
matéria orgânica, correlatas às seqüências de barras distais da Formação Solimões
encontradas no Rio Acre junto à foz do Igarapé São Francisco, na cidade de Rio Branco
(Figura 3.11).
52
Figura 3.10 - Corte de estrada próximo a cidade de Sena Madureira.
Arenitos finos com estratificação cruzada, ambiente de lobos
deltáicos, posicionados sobre os argilitos da Formação Solimões
(OLIVEIRA e FERREIRA, 2006)
Figura 3.11 – Pacote de sedimentos finos da Formação Solimões
aflorantes na margem do Rio Yaco, Sena Madureira (OLIVEIRA e
FERREIRA, 2006)
53
A seqüência de lobos deltáicos encontra-se entre as cotas 200 a 250 m,
sobrepostas, portanto a seqüência síltico-argilosa da Formação Solimões, encontrada em
Rio Branco e Sena Madureira na cota de 135 m. Caracteriza provavelmente a migração
da frente deltáica de SW para NE. O Projeto RADAMBRASIL (1976) também descreve
essa seqüência de arenitos finos, interpretando como interdigitações entre arenitos e
argilitos, comuns em ambiente fluvial da Formação Solimões, Figura 3.12, (OLIVEIRA
e FERREIRA, 2006).
Figura 3.12 - Imagem de Radar mostrando em vermelho as regiões mais elevadas,
caracterizadas por arenitos finos, ambiente de lobos deltáicos (OLIVEIRA e
FERREIRA, 2006)
O mapa geológico confeccionado pelo Serviço Geológico do Brasil destaca um
extenso pacote de siltito e argilitos da Formação Solimões, sobrepostos em parte por
terrraços fluviais e aluviões recentes do Rio Acre. Existe também uma cobertura
residual sobreposta a o pacote da Formação Solimões não caracterizada no mapa e
definida como Unidade Panorama, localidade situada a jusante da cidade de Rio Branco,
próximo a foz do Igarapé São Francisco (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
Lobos Deltáicos
54
3.4.1 Formação Solimões
As rochas da Formação Solimões ocorrem em diversas exposições
principalmente ao longo do Rio Acre, próximo à estação de captação de água – ETA de
Rio Branco, também no trecho do Rio Acre entre a terceira ponte e 2 km acima da foz
do Rio Rola. Descendo o Rio Acre a partir do porto, encontram-se importantes
afloramentos na foz do Igarapé São Francisco. São observados também em corte de
estrada ao longo da construção do anel viário (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006). Na
Figura 3.13 é apresentado um mapa geológico simplificado da região.
Caracteriza-se por um relevo ondulado, medianamente dissecado, sendo que em
direção ao Rio Acre a dissecação fica mais intensa. É constituída predominantemente
por argilitos laminados e/ou maciços de cor variando de castanho amarronzado,
avermelhado a cinza escuro, por vezes ocorrendo intercalações de camadas siltosas e
arenosas (Figura 3.14).
Na Proximidade da foz do Rio Rola ocorrem argilitos cinza escuro contendo
restos de vegetais e espessura de 1,5m, intercalados com arenitos finos com laminações
cruzadas, configurando pacotes acamadados subhorizontais. Seu ambiente deposicional
é fluvio-lacustre, em um sistema deltaico de barras distais. Sua idade, baseada em
fósseis e linhitos, vai do Mioceno ao Pleistoceno (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
No contato do argilito de cor castanha da Formação Solimões com material
argiloso cinza, bastante plástico da Unidade Panorama são encontrados diversos fósseis
de vertebrados e de concreções carbonáticas, sugerindo importante marcador do contato
entre a Formação Solimões e o pacote de argila cinza sobreposta.
Em termos estruturais, em alguns afloramentos é observado conspícuo padrão de
fraturamento (Figura 3.15), dando evidências de esforços tectônicos sofrido por estas
rochas, possivelmente refletindo os padrões regionais de falhas e fraturas vistas nas
imagens de radar, nos lineamentos estruturais representados por trechos retilíneos de
igarapés e rios, com direção NE-SW. Notável é o alinhamento do Igarapé São
Francisco, na direção E-W, formando uma escarpa de falha com desnível de mais de 30
m, separando um bloco estrutural alto a norte do igarapé do bloco baixo, a sul, onde se
situa a cidade de Rio Branco (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
55
Legenda
Estações_campo
Falhas ou fraturas
Drenagem_simples
Dr_margem_dupla
Geologia
CLASSE
ALUVIÕES
TERRAÇOS FLUVIAIS
FORMAÇÃO SOLIMÕES
0 1 2 3 40.5
km
67°56'0"W
67°56'0"W
67°52'0"W
67°52'0"W
67°48'0"W
67°48'0"W
67°44'0"W
67°44'0"W
67°40'0"W
67°40'0"W
10°4'0"S 10°4'0"S
10°0'0"S 10°0'0"S
56'0"S 56'0"S
52'0"S 52'0"S
Figura 3.13 - Mapa Geológico simplificado da região de Rio Branco-AC (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006)
56
Figura 3.15
- Contato entre
siltito castanho amarelado e
argilito cinza em corte de
estrada próximo da terceira
ponte, destacando padrão de
fraturamento (OLIVEIRA e
FERREIRA, 2006)
Figura 3.14 - Afloramento de
siltito castanho claro intercalado
por camadas centimétrica de
areia fina. Detalhe da presença
de matéria orgânica
(OLIVEIRA e FERREIRA,
2006)
57
Outras exposições importantes da Formação Solimões se fazem no Rio Acre à
jusante da terceira ponte e acima da foz do Rio Rola (Figura 3.16 e 3.17). São argilitos
de cor castanho, estratificados, apresentando leve mergulho para nordeste, destacando a
presença de restos vegetais, por vezes com níveis de matéria orgânica (OLIVEIRA e
FERREIRA, 2006).
Figura 3.16 - Afloramento de argilito castanho estratificado da Formação Solimões
(OLIVEIRA e FERREIRA, 2006)
Figura 3.17 - Detalhe de argilito com níveis escuros de matéria orgânica (OLIVEIRA e
FERREIRA, 2006)
58
3.4.2 Unidade Panorama
Segundo relatório elaborado por OLIVEIRA e FERREIRA (2006) esta unidade
é caracterizada por apresentar material argiloso de cor, em geral, cinza a marrom
esverdeado, bastante plástico, sobreposto a Formação Solimões em discordância angular
(Figura 3.18), observado principalmente nos afloramentos ao longo do Rio Acre. Esta
argila cinza evolui nas posições mais superiores do perfil de solo para argilas
mosqueadas vermelhas a castanho claro. Intercalações com camadas siltosas e arenosas
finas, também são observados em afloramentos junto ao anel viário, onde se tem
estrutura de preenchimento de canal por siltito em meio a um pacote de areia fina/silte.
Neste pacote é comum à ocorrência de mineral incolor, dureza baixa, brilho
vítreo, hábito hexagonal, em forma de pequenos veios irregulares em meio ao pacote de
argila cinza, geralmente acima do nível de fósseis. Foi amostrado um fóssil onde se
observa crescimento mineral em clara evidência de substituição. Nos trabalhos
anteriores na região, conforme apresentado em RADAMBRASIL (1976), este mineral
fora descrito como gipsita (sulfato de cálcio). Análise de difração de Raios-X realizada
no laboratório do Departamento de Geociências da UFAM revelou tratar-se de brushite
(Fosfato de Cálcio), mineral comum em associação com depósitos fósseis, Figura 3.19
(OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
Figura 3.18 - Afloramento no Rio Acre onde pode ser observado extratos da Formação
Solimões na base recoberto pela Unidade Panorama argiloso vermelho a acinzentado,
em discordância angular (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006)
59
Figura 3.19 - Argila cinza com veios de brushite (material branco no topo) sobreposto
ao argilitos laminados da Formação Solimões no Rio Acre. (OLIVEIRA e FERREIRA,
2006)
3.4.3 Terraços Quaternários do Rio Acre
Segundo OLIVEIRA e FERREIRA (2006) esses terraços ocorrem
principalmente na região do segundo distrito. Caracterizam-se por terrenos planos com
algumas colinas isoladas, marcados pela presença de meandros abandonados de idades
distintas, representando áreas emersas na planície de inundação do Rio Acre, mesmo
durante as cheias. A partir de analises de imagens aéreas da cidade de Rio Branco,
denota-se que a migração do leito fluvial evoluiu de SE para NW. Hoje o sistema fluvial
apresenta-se encaixado com pouca migração lateral.
Sua composição é dada pela alternância de pacotes argilosos e arenosos
estratificados, recobertos por uma fina camada de argila cinza produto este do
recobrimento pela deposição de finos na planície de inundação em épocas de cheias no
sistema fluvial.
Na região da estrada do Amapá foi observado afloramento onde, na base, tem-se
um pacote espesso de areia fina, com cerca de 3 m aflorante, sobreposto por um pacote
de argila avermelhada e siltito com 2,5 m de espessura. Este material evolui para uma
camada de latossolo avermelhado (Figura 3.20).
60
Este terreno constitui a principal reserva de água subterrânea da cidade de Rio
Branco. O aqüífero localiza-se nas camadas arenosas entre 6 a 8 metros de profundidade
(OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
Figura 3.20 - Pacote de areia de granulação fina a média encontrada a margem do anel
viário, localidade do Amapá (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006)
3.4.4 Aluviões
Ocorre em uma estreita faixa ao longo do Rio Acre influenciada pela deposição
de material trazido pelas cheias, junto à calha principal do Rio Acre e na sua planície de
inundação. Recobrem os argilitos da Formação Solimões e são compostos por
sedimentos finos formado por areias, silte e argilas inconsolidadas, muitas vezes de
difícil distinção dos terraços fluviais mais antigos. É comum a presença de bancos de
areia ao longo da calha do Rio Acre, Figura 3.21 (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006).
Figura 3.21 - Banco de areia depositado na calha do Rio Acre junto à ponte no centro da
cidade de Rio Branco (OLIVEIRA e FERREIRA, 2006)
61
3.5 PEDOLOGIA
O município de Rio Branco ainda não apresenta um levantamento sistemático de
solos em escala de detalhe para todo seu território. O Estado do Acre possui vários
levantamentos de solos em vel exploratório que englobam toda sua extensão, porém
devido a escala desses levantamentos, não se tem informações precisas sobre as
variações pedológicas na região de estudo. Estes levantamentos têm servido de base
para outros trabalhos e estudos nas mais diversas áreas do conhecimento.
O projeto RADAMBRASIL (1976) foi um desses projetos de levantamento de
solos do estado do Acre e, de acordo com o mapa desse projeto, a cidade de Rio Branco
encontra-se sobre Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico.
Segundo observações de campo feitas por CARMO (2006), Rio Branco possui
solos eutróficos, com predomínio de Argissolos nas partes mais altas, Plintossolos ou
Argissolos Plínticos na média e baixa encosta, e Neossolos Flúvicos e Gleissolos nas
partes inferiores inundáveis, compreendendo o leito maior do Rio Acre e dos igarapés
afluentes.
Nestes horizontes pedológicos há existência de solos expansíveis (FERES,
1998). A expansibilidade é muito ligada ao tipo de mineral argila presente no solo e
quando pequenas construções são feitas em solos expansivos, o efeito da
impermeabilização do terreno pela própria construção pode provocar uma elevação do
teor de umidade podendo causar expansões que danificam as construções, provocando
danos a estrutura (PINTO, 2002).
62
4. DADOS E MÉTODOS
4.1 MAPEAMENTO DA REDE HIDROGRÁFICA
A Macrozona de Consolidação Urbana está inserida nas bacias hidrográficas do
Igarapé Fundo e do Igarapé Maternidade, principais afluentes do Igarapé São Francisco
e do Rio Acre, respectivamente. Todos os canais de drenagem, pertencentes a essas
bacias hidrográficas, e outros tributários menores sem denominação cartográfica, foram
delimitados.
Os traçados das bacias hidrográficas e dos canais de drenagem foram feitos com
base nas informações cartográficas disponibilizadas pela Prefeitura Municipal de Rio
Branco em meio digital e georeferenciadas no sistema UTM com DATUM SAD 69.
Tais imagens foram trabalhadas em ambiente de Sistema de Informação Geográfica
(SIG), utilizando o software ArcGIS 9.0 no módulo de operações ArcMap.
As principais componentes cartográficas utilizadas no mapeamento dos canais
de drenagem e das bacias hidrográficas foram as curva de nível com eqüidistância de 5
metros, os logradouros, o mosaico digital de fotografia aéreas de 2003 desenvolvidos
pelo Núcleo de Estudos e Planejamento de Uso da Terra (NEPUT) do Departamento de
Solos da Universidade Federal de Viçosa, obtidas por uma câmera fotográfica modelo
Hasselblad, com lente de 80 mm de distância focal e filme de 70 mm, e fotografias
aéreas de 1981, em papel, da empresa TERRAFOTO, obra 431, na escala 1:8.000.
Foi utilizado estereoscópio de espelho e os pares das fotografias aéreas,
conforme a Figura 4.1, para interpretação detalhada dos traçados dos canais de
drenagem, em transparências sobrepostas às fotografias aéreas. Consideraram-se as
feições geomorfológicas fluviais e a morfologia das encostas com auxílio da topografia.
Após este trabalho, foi impresso o mapa topográfico na escala 1:8.000 (mesma
escala das fotografias aéreas) contendo a área da Macrozona de Consolidação Urbana,
as curva de nível com eqüidistância de 5 metros, os logradouros, e a rede hidrográfica
disponível (curso principal do Igarapé São Francisco e Rio Acre).
As transparências com os canais de drenagem interpretados, foram sobrepostas
sobre o mapa impresso na escala 1.8000, permitindo a visualização e o desenho destes
canais de drenagem diretamente no mapa impresso, ajustando-se sempre que necessário
o traçado destes canais às curvas de nível.
63
Em meio digital foi copiado do mapa topográfico impresso o traçado dos canais
de drenagem através da vetorização (digitalização) de linhas diretamente na tela, na
escala de 1:5.000 (escala de trabalho), podendo ser aumentada (Zoom) para conferir
supostos erros, que podiam ser visualizados graças à comparação das linhas que
representam os canais de drenagem com as localizações dos canais de drenagem no
mosaico de fotografias aéreas desenvolvido pelo NEPUT/UFV.
Após as delimitações dos canais de drenagem e das bacias hidrográficas, foram
geradas as legendas e o layout dos mapas.
Figura 4.1 – Estereoscópio de espelho e pares de fotografias aéreas
64
4.2 LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DAS UNIDADES
PEDOLÓGICAS
O mapeamento de solos na Macrozona de Consolidação Urbana teve como
objetivo geral agregar unidades pedológicas diversificadas em parcelas mais
homogêneas, que representem menor variabilidade, em função dos parâmetros de
classificação e das características utilizadas para distinção dos solos. De forma mais
específica, serviu para qualificar, quantificar e especializar as variações dos solos e de
suas características pedológicas.
Inicialmente, para o reconhecimento geral das classes de solo foram realizadas,
em campo, observações amplas da região e um estudo prévio dos padrões fotográficos e
interpretação preliminar das relações solo-paisagem, com o objetivo de detectar
diferentes aspectos fisiográficos.
As bases cartográficas utilizadas como apoio na elaboração do mapa de solo,
foram disponibilizadas pela Prefeitura Municipal de Rio Branco em meio digital e
georeferenciadas no sistema UTM com DATUM SAD 69. Tais imagens foram
trabalhadas em ambiente de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), utilizando o
software ArcGIS 9.0 no módulo de operações ArcMap, para a realização da
qualificação, quantificação e espacialização das classes de solo na área de estudo.
O mapeamento foi elaborado em bases cartográficas 1: 5.000. As principais
componentes cartográficas utilizadas no mapeamento de solos foram: curva de nível
com eqüidistância de 5 metros, hidrografia, limite político da Macrozona de
Consolidação Urbana (Figura 2.12), altimetria, hillshade e o Modelo Digital do
Terreno.
O Modelo Digital do Terreno (MDT) foi gerado a partir das curvas de nível, e
através deste gerou-se o hillshade, que é um modelo de sombreamento que realça as
variações altimétricas existentes no terreno (Figura 4.2). A junção do MDT com o
hillshade auxiliou a delimitação das unidades de mapeamento.
Os pontos de amostragem na Macrozona de Consolidação Urbana foram
escolhidos respeitando as variações topográficas, em toposseqüência, dentro do sítio
urbano de Rio Branco. Segundo RESENDE et al. (2002), dentro de uma escala regional,
a posição em que o solo se encontra na paisagem é fundamental para estratificação das
classes. Ou seja, partiu-se do principio que a seqüência dos solos que ocorrem na área
de estudo, se diferem um do outro em função da posição topográfica que cada um
65
ocupa. Com isso, levando em consideração as variações altimétricas, foram definidos
cinco pontos dentro da Macrozona de Consolidação Urbana, Figura 4.2, para a abertura
de trincheiras e posterior descrição de perfis e classificação pedológica.
A delimitação das unidades pedológicas foi realizada em meio digital, através de
vetorização em tela de polígonos irregulares, em base cartográfica 1:5.000 (escala de
trabalho), podendo ser aumentada (Zoom) em casos de dúvidas ou no final das
vetorizações para conferir supostos erros.
Após as delimitações das unidades de mapeamento, foram geradas as legendas e
o layout dos mapas. A definição das classes e elaboração das legendas e do layout dos
mapas foram definidas a partir de critérios apresentados em EMBRAPA (1995; 2006) e
IBGE (1995a).
4.2.1 Coleta de solos e caracterização física
Após escavação das trincheiras e definição pedológica, foram realizadas as
coletas de solos, em profundidades variadas, tendo-se a preocupação de selecionar áreas
com menor grau de alteração antrópica (Tabela 4.1), conforme descrito em LEMOS e
SANTOS (1996).
Tabela 4.1 – Localização e profundidade de coleta de amostras
Identificação
Coordenadas Geográficas
(UTM)
Altitude
(metros)
Profundidade de coleta
(cm)
PM-01 628378,261 8898049,712 159,956 0 – 10
10 - 50 50 - 70 70 - 120 120 - 200+
PM-02 631043,819 8898435,225 142,923 0 – 20
20 - 40 40 - 100+
PM-03 632521,813 8899028,677 129,230 0 – 15
15 - 40 40 - 100+
PM-04 628831,221 8898383,066 152,182 0 – 10
10 - 45 45 - 110+
PM-05 630592,438 8896712,964 124,125 0 – 15
15 - 120+
As amostras coletadas nos perfis pedológicos foram encaminhadas ao
Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. A composição granulométrica foi
determinada segundo a metodologia da ABNT.
As cores dos horizontes pedológicos foram determinadas, em campo, com base
na caderneta de MUNSELL (1994), a partir de amostras com umidade natural.
66
67
4.3 MAPEAMENTO DAS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS
Inicialmente foram realizadas incursões a campo com observações na paisagem
da área urbana e arredores para reconhecimento geral da geomorfologia e dos elementos
morfológicos.
As bases cartográficas utilizadas como apoio na elaboração do mapa de unidades
geomorfológicas foram disponibilizadas pela Prefeitura Municipal de Rio Branco em
meio digital e georreferenciadas no sistema UTM com DATUM SAD 69. Tais imagens
foram trabalhadas em ambiente de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), utilizando
o software ArcGIS 9.0 no módulo de operações ArcMap.
As principais componentes cartográficas utilizadas no mapeamento das unidades
geomorfológicas foram as curvas de nível com eqüidistância de 5 metros, os
logradouros, o mosaico digital de fotografia aéreas desenvolvido pelo NEPUT/UFV e as
fotografias aéreas, em papel, da empresa TERRAFOTO, na escala 1:8.000.
Foi utilizado estereoscópio de espelho e os pares das fotografias aéreas,
conforme a Figura 4.1, para interpretação e delimitação das feições geomorfológicas
(terraços e fundo de vale) em transparências sobrepostas às fotografias aéreas. Levou-se
em consideração a fisiografia, a topografia da região e a hidrografia.
Conforme feito no mapeamento da Rede Hidrográfica, foi impresso o mapa
topográfico na escala 1:8.000 (mesma escala das fotografias aéreas) contendo a área da
Macrozona de Consolidação Urbana, as curvas de nível com eqüidistância de 5 metros,
os logradouros, e a rede hidrográfica.
As feições geomorfológicas desenhadas nas transparências, sobrepostas sobre o
mapa topográfico (Escala 1:8000), permitiu a visualização e desenho destas no mapa
impresso, ajustando sempre que necessário o limite das feições aos canais de drenagem
e as curvas de nível. Em seguida as feições geomorfológicas foram copiadas para meio
digital, através de vetorização em tela de polígonos irregulares na base cartográfica
1:5.000, podendo ser aumentada (
Zoom
) em casos de dúvidas ou no final das
vetorizações para conferir supostos erros.
Após as delimitações das unidades de mapeamento, foram geradas as legendas e
o
layout
do mapa geomorfológico, conforme IBGE (1995b) e CUNHA e GUERRA
(2002).
68
4.4 BANCO DE DADOS DE SONDAGENS (SPT)
Os dados das sondagens SPT utilizados na presente dissertação foram extraídos
dos boletins cedidos pela empresa O. P. Engenharia Técnica Ltda., com sede em Rio
Branco. Foram consultados 687 boletim de sondagem SPT, nos quais constavam as
seguintes informações:
Posicionamento das sondagens no terreno (croquis);
Endereço dos terrenos;
Data de execução (entre 1996 a 2006);
Perfil estratigráfico do solo;
Descrição tátil-visual das amostras recolhidas e caracterização
geotécnica das camadas sondadas;
Medidas de profundidade de topo e base das camadas;
Resultados do SPT para cada metro (N
SPT
);
Medida da profundidade do nível freático inicial e final (24 horas após a
primeira leitura) e datas respectivas.
Limite da sondagem (profundidade de alcance).
Houve necessidade de integrar os dados das sondagens com o Modelo Digital do
Terreno (MDT), pois em muitos boletins não havia registro da cota do terreno. As cotas
foram extraídas a partir do MDT, disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Rio
Branco, na Figura 4.3 são mostradas as localizações das sondagens.
A escolha dos boletins de sondagens no acervo da empresa O. P. Engenharia
Técnica Ltda. obedeceu aos seguintes critérios: conter um croqui de locação dos furos
no terreno e estar dentro do perímetro urbano da cidade de Rio Branco. Um total de 305
sondagens estavam localizadas dentro da Macrozona de Consolidação Urbana.
Após a etapa de seleção e coleta dos boletins de sondagem, foi necessária a
elaboração de um Banco de Dados em meio digital para o devido armazenamento dos
dados extraídos, visando fornecer as bases de dados necessárias para a realização das
análises deste trabalho. O programa selecionado como sistema gerenciador de Banco de
Dados foi o
Microsoft Office Excel 2003
, uma vez que este programa possui interface e
recursos adequados às rotinas de análises processadas no Sistema de Informação
69
Geográfica. O Banco de Dados de Sondagens SPT é composto por várias tabelas que
armazenam os dados presentes nos boletins de sondagens selecionados.
A alimentação do banco de dados se deu via formulário (Figura 4.4) que é uma
estrutura que concatena as tabelas através de relacionamentos. Posteriormente, todos os
dados, desses formulários, foram armazenados em uma única tabela (Figura 4.5). Deste
modo, foi possível a organização de todos os dados que, sequencialmente alimentaram o
Sistema de Informação Geográfica (SIG), utilizando o software ArcGIS 9.0 no módulo
de operações “ArcMap”. Com o Banco de Dados alimentado completamente, iniciaram-
se as pesquisas, com as quais se obteve as bases das análises empreendidas.
70
71
Figura 4.4 – Interface gráfica no Microsoft Excel 2003 do Banco de Dados de Sondagens SPT.
72
Figura 4.5 – Banco de Dados de Sondagens SPT no Microsoft Excel 2003
73
4.5 MAPEAMENTO DA SUPERFÍCIE FREÁTICA
A superfície freática foi obtida a partir de 327 dados de altitude do nível freático,
localizados conforme mostra a Figura 4.6. A partir do valor da profundidade do nível
freático que constava no boletim de sondagem e da altitude da boca do furo obtida a
partir do Modelo Digital do Terreno calculou-se a altitude do nível freático para cada
furo de sondagem.
Uma informação muito importante fornecida pela sondagem são as condições da
água subterrânea. Inicialmente se perfura o terreno com trado até que se encontre água,
para uma determinação da profundidade do nível freático não influenciado pela
sondagem, (“leitura inicial”). Terminada a sondagem, o nível d’água é observado até
que se estabilize, ou num período mínimo de 24 horas (“leitura final”). Os primeiros
186 dados foram obtidos dos boletins de sondagens, significando que nem sempre,
quando na realização das sondagens, o nível freático era alcançado ou observado. Além
destes, também foram obtidos 141 dados através do Modelo Digital do Terreno,
correspondentes à altitude dos pontos localizados nos canais principais dos Igarapés
Fundo, Maternidade, São Francisco e Rio Acre (Figura 4.6).
Afim de produzir o presente trabalho, nas etapas de análises e mapeamento da
superfície freática utilizou-se os seguintes aplicativos computacionais:
Sufer 8 da
Goldem Software Inc.
aplicativo que tem disponível o Método da Krigagem utilizado
na modelagem dos dados de altitude de nível freático;
Microsoft Office Excel 2003
, por
possuir interface e recursos adequados às rotinas de análises processadas no software
ArcGIS 9.0 no módulo de operações ArcMap, que foi utilizado para confeccionar o
mapa de superfície freática.
74
75
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 MAPA DA REDE HIDROGRÁFICA E SUPERFÍCIE FREÁTICA
O Igarapé Fundo e o Igarapé Maternidade são importantes canais naturais de
drenagem na cidade de Rio Branco e são, respectivamente, os principais afluentes do
Igarapé São Francisco e do Rio Acre. Suas bacias hidrográficas abrangem a maior parte
da Macrozona de Consolidação Urbana.
O Igarapé Fundo corta a cidade no sentido sudoeste-nordeste, passando por 20
bairros; seu canal principal tem 6 km de comprimento e sua bacia hidrográfica possui
área de 7 km² e perímetro de 14 km. A maior parte da margem do seu curso d`água está
ocupada por edifícios e vias urbanas, e os bairros banhados por este são: Floresta Sul,
Mauro Bittar, LBA, Vila Betel, José Furtado, Nova Esperança, Conjunto Esperança,
Doca Furtado, Flor de Maio, Conjunto Tangará, Estação Experimental, Loteamento
Isaura Parente, Nova Estação, Manoel Julião, Isaura Parente, Sétimo BEC, Manoel
Julião, Boa Esperança, Jardim América, Loteamento São José, V. W. Maciel e Bosque.
Segundo estudos realizados por BORGES e SILVA (2002) a bacia hidrográfica
do Igarapé Fundo sofreu um processo desordenado de ocupação, ocasionando a
poluição dessas águas.
O leito do Igarapé Maternidade foi retificado em 2003, e nas suas margens
foram instaladas importantes vias de acesso ao centro da cidade. A bacia hidrográfica
deste igarapé possui uma área de 4,5 km² e perímetro de 13 km e seu canal principal
tem comprimento de 5 km, cortando no sentido sudoeste-nordeste 16 bairros até chegar
ao Rio Acre no centro da cidade. Os bairros cortados por este igarapé são: João Eduardo
I, Novo Horizonte, Castelo Branco, Bela Vista, Ivete Vargas, Abraão Alab, Jardim
Nazle, Sétimo BEC, Mascarenhas de Moraes, Conjunto Esperança, Dom Giocondo,
Bosque, Ipase, José Augusto, Capoeira e Centro.
Na Figura 5.1 é apresentada a rede hidrográfica contendo as bacias do Igarapé
Fundo e do Igarapé Maternidade.
As maiores inundações ocorrem entre fevereiro e março, segundo estudos
realizados por OLIVEIRA e FERREIRA (2006). O Igarapé São Francisco e o Rio Acre
são os cursos d’água que mais sofrem alterações no período das cheias, não implicando
maiores variações nos Igarapés Fundo e Maternidade. Na Figura 5.2 é mostrado a
76
projeção de inundação para altitude de 135 m como cota de segurança abaixo da qual
não se recomenda a ocupação, conforme estabelece o Plano Diretor do município de Rio
Branco.
As análises realizadas a partir do Bancos de Dados de sondagens, possibilitaram
o mapeamento da superfície freática. As curvas de nível freático estão representadas no
mapa da Figura 5.1 através de linhas tracejadas. Na parte mais elevada da Macrozona de
Consolidação Urbana o nível freático se situa em torno de 5 m de profundidade,
aproximando-se da superfície à medida que se caminha para os canais de drenagem.
Existe variação altimétrica da superfície freática no período entre a “Estação Chuvosa”,
denominada regionalmente de “Inverno”, caracterizada por apresentar intensas
precipitações, geralmente entre novembro e abril e a “Estação Seca”, no período de
estiagem, chamada regionalmente de “Verão”, que ocorre entre maio e outubro. Essa
constatação vem da observação na variação do vel freático no Rio Acre e Igarapé São
Francisco, especialmente nos meses de fevereiro e março, quando ocorre as cheias, e de
comparações do nível freático de dois grupos de sondagens realizadas nas duas estações
do ano em locais próximos, visualizados na Figura 5.2, descritos a seguir:
As sondagens dos grupos 42SP e 45SP, distantes 100 m entre si, estão
localizadas ao Norte da área em estudo, próximas à foz do Igarapé Fundo, entre
as curvas de nível freático com isovalores de 135 m e 140 m e cota topográfica
em torno de 141 m. Foram realizadas, respectivamente, nos meses de abril e
julho de 2001. A profundidade do nível freático do primeiro grupo foi 0,6 m,
enquanto que o segundo grupo, no mês de intensa estiagem, apresentou 5,5 m de
profundidade do nível freático.
As sondagens dos grupos 20SP e 15SP, distantes 40 m entre si, estão
localizadas ao Sul da área de estudo, próximas à foz do Igarapé Maternidade,
entre as curvas de nível freático com isovalores de 130 m e 135 m e cota
topográfica em torno de 134 m. Foram realizadas, respectivamente, nos meses
de setembro de 1998 e abril de 1999. A profundidade do nível freático do
primeiro grupo, no período das cheias do Rio Acre, foi 0,2 m, enquanto que o
segundo grupo apresentou 5,5 m de profundidade do nível freático no período de
estiagem.
77
A variação do vel freático, ao longo do ano, no Rio Acre, chega em torno de
12 m entre a “Estação Chuvosa” e a “Estação Seca”, interferindo no nível freático nos
locais próximos às suas margens. A superfície freática abaixo da curva com isovalor
140 m sofre maior variação altimétrica. Esse mecanismo não é observado em locais
mais a Oeste da área de estudo, isso se deve ao fato de que o Igarapé Fundo e o
Maternidade não sofrem um reflexo considerável das cheias do Rio Acre. A seguir dois
grupos de sondagens, visualizados na Figura 5.2, são analisados:
As sondagens dos grupos 108SP e 128SP, distantes 200 m entre si, estão
localizadas a Oeste da área de estudo, entre a curva de nível freático com
isovalor de 155 m e cota topográfica em torno de 157 m. Foram realizadas,
respectivamente, nos meses de abril de 2004 (Estação Chuvosa) e outubro de
2004 (Estação Seca). Ambos os grupos de sondagens apresentaram o mesmo
nível freático, em torno de 1 m de profundidade.
78
79
80
5.2 MAPA DAS UNIDADES PEDOLÓGICAS
As variações altimétricas, altura do lençol freático e proximidade da rede de
drenagem, foram os principais fatores que influenciaram na diferenciação e distribuição
das classes de solo.
A Macrozona de Consolidação Urbana apresentou, no nível categórico, três
classes de solo, delineadas pela sua posição na paisagem. Como apresentado na Figura
4.2 no item 4.2, essa região apresenta significativa variação altimétrica, além de ser
cortada por diversos canais de drenagem. Esses fatores influenciaram marcadamente a
distribuição dos solos.
Na Tabela 5.1 têm-se as áreas em hectares e porcentagem, das Unidades
Pedológicas na Macrozona de Consolidação Urbana.
Tabela 5.1 - Área das Unidades Pedológicas na Macrozona de Consolidação Urbana
Unidades Pedológicas km² %
Neossolo Flúvico 0,10
0,79
Plintossolo Argilúvico 3,15
24,14
Argissolo Vermelho-Amarelo 9,82
75,07
Total 13,07
100,00
A classe “Neossolo Flúvico” ocupa a menor área, 0,79 % da Macrozona de
Consolidação Urbana. São solos aluviais e jovens, influenciados pelo regime de
sedimentação do Rio Acre. Estão localizados na parte mais baixa da região mapeada,
junto à calha do Rio Acre, e formam diques aluviais desse rio, área constantemente
atingida pela variação fluvial. A análise granulométrica por peneiramento e
sedimentação mostra que estes solos são formados predominantemente pela fração areia
fina e média (Figuras e Tabelas A1.11 e A1.12 do Apêndice 1).
A classe “Plintossolo Argilúvico” apresentou a segunda maior área, 24,14 %,
distribuída ao longo da faixa marginal ao Igarapé São Francisco, abaixo da altitude 140
m, constantemente atingida pela variação freática decorrentes das cheias ou vazantes
fluviais, responsável pelo processo de plintização. A análise granulométrica por
81
peneiramento e sedimentação mostra que estes solos são formados predominantemente
pela fração argila e silte (Figuras e Tabelas A1.8, A1.9 e A1.10 do Apêndice 1).
A classe “Argissolo Vermelho-Amarelo”, apresentou a maior área, 75,07 %,
compreendendo a região mais elevada da Macrozona de Consolidação Urbana. Mesmo
nessa posição da paisagem, onde a expressão do intemperismo é maior e o gradiente
textural ocorre, o solo ainda sofre influência da variação fluvial do lençol freático,
apresentando porcentagem de plintita, Figura 5.2, suficiente para ser classificada como
Argissolo Plíntico, em alguns pontos amostrais. A análise granulométrica por
peneiramento e sedimentação mostra que estes solos são formados predominantemente
pela fração areia e silte a Oeste, e silte e argila ao Leste da área da MZCU, Figura 4.2
ponto 1 e 2 (Figuras e Tabelas A1.1, A1.2, A1.3, A1.4, A1.5 A1.6 e A1.7 do Apêndice
1).
Nas Figuras 5.3 e 5.4 são apresentados o perfis das classes de solos existentes na
Macrozona de Consolidação Urbana. A localização dos perfis (trincheiras) pode ser
observada na Figura 4.2 no item 4.2. É importante ressaltar que embora nenhum dos
perfis mostre a presença de gleissolos, os mesmos existem, em pacotes delgados, juntos
as calhas dos Igarapés Fundo, Maternidade e São Francisco. Tal afirmação se deve ao
fato de registros desses solos, nos boletins de sondagens SPT, em locais muito próximos
a calha desses igarapés.
Na Figura 5.5 é apresentado o mapa de unidades pedológicas da Macrozona de
Consolidação Urbana.
82
Figura 5.3 Neossolo Flúvico e Plintossolo Argilúvico, perfil PM -05 e PM-03
respectivamente.
Figura 5.4 Argissolo Vermelho-Amarelo, perfil PM-01, PM-02 e PM-04
respectivamente.
83
84
5.3 MAPA DAS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS
A paisagem ondulada da Macrozona de Consolidação Urbana foi modelada
principalmente pelo aprofundamento do Rio Acre, cujo encaixe acentuado divide a
cidade em duas margens, distintas do ponto de vista do relevo. Segundo OLIVEIRA e
FERREIRA (2006), se destaca a importância do controle estrutural para a instalação da
drenagem atual que, em muitos lugares é controlado por falhas e/ou fraturas a exemplo
do Igarapé São Francisco.
As feições geomorfológicas mapeadas são talhadas em sedimentos da Formação
Solimões, ocorrendo sob essa um pacote de sedimentos argilosos, por vezes mosqueado
de cor vermelha a cinza esverdeado, distribuídos em uma delgada cobertura (5 a 16 m
de espessura), recobrindo em discordância as rochas sotopostas, onde se desenvolveu a
floresta amazônica. A paisagem foi trabalhada pelos agentes erosivos, e segundo
RADAMBRASIL (1976) a drenagem tem intensidade de aprofundamento muito fraco a
fraco.
As feições geomorfológicas mapeadas, foram classificadas em três unidades. Na
Tabela 5.2 têm-se as áreas das Unidades Geomorfológicas na Macrozona de
Consolidação Urbana.
Tabela 5.2 - Área das Unidades Geomorfológicas na Macrozona de Consolidação
Urbana.
Unidades Geomorfológicas km² %
Domínio dos Terraços Dissecados 3,95
30,23
Domínio dos Fundos de Vale nos Terraços Dissecados 5,86
44,84
Domínio da Planície de Inundação 3,26
24,93
Total 13,07
100,00
A unidade geomorfológica denominada de Domínio dos Terraços Dissecados
encontra-se, quase em sua totalidade, sobre a forma de Colinas, que são relevos de topo
aplainado, pouco convexo e compreendem a parte mais elevada da área de estudo, entre
as cotas altimétricas 145 m a 160 m. Os solos predominantes nessa área são os
Argissolos Vermelho-Amarelos. O nível freático varia em torno de 5 m de profundidade
85
podendo chegar até 20 m, em alguns locais, como ao Sul da Macrozona de
Consolidação Urbana.
A unidade geomorfológica denominada de Domínio dos Fundos de Vales nos
Terraços Dissecados tem intensidade de aprofundamento das drenagens muito fraca,
separados geralmente por vales em “V” e eventualmente por vales de fundo plano. Os
solos predominantes nessa área são os Argissolos Vermelho-Amarelos, desenvolvendo-
se também, junto a calha dos igarapés, em camadas delgadas, bolsões de solos argilosos,
ricos em matéria orgânica, denominados Gleissolos. Nesta unidade geomorfológica o
nível freático se aproxima da superfície a medida que intercepta os canais de drenagem.
A unidade geomorfológica denominada de Domínio da Planície de Inundação
constitui áreas de sedimentação, planas, resultantes de acumulação fluvial, e geralmente
sujeitas as inundações periódicas do Rio Acre e Igarapé São Francisco, estando abaixo
da cota altimétrica 140 m. Comportam meandros abandonados, eventualmente alagados,
e patamares mais elevados, que também podem comportar meandros abandonados. Os
solos predominantes nessa área são os Plintossolos Argilúvicos, encontrando-se também
bolsões de Gleissolos em camadas delgadas (3 a 6 m) junto a calha do Igarapé São
Francisco e Neossolos Flúvicos que são depósitos de material trazidos pelas cheias,
formando uma estreita faixa de sedimentos finos formado por areias, silte e argilas
inconsolidadas ao longo da calha do Rio Acre.
Na Figura 5.6 é apresentado o mapa das Unidades Geomorfológicas da
Macrozona de Consolidação Urbana.
86
87
5.4 MAPAS DO N
SPT
PARA DIFERENTES FAIXAS DE PROFUNDIDADES
E ESTUDO DE CASO DE FUNDAÇÕES
Uma fundação projetada de modo correto transfere carga da estrutura ao solo de
forma a provocar apenas deformações aceitáveis pela estrutura (além de apresentar
segurança ao colapso). Desse modo, deve-se avaliar a capacidade de carga dos solos.
Como visto no capítulo 2, dependendo da estrutura e do tipo de solo, diferentes tipos de
fundações superficiais ou profundas são utilizadas. A sondagem com o ensaio de
penetração dinâmica SPT é o primeiro passo para uma investigação adequada do
subsolo. Em geral solos que apresentam N
SPT
menor que 5 golpes indicam baixa
capacidade de carga para fundações, e poderiam apoiar fundações superficiais apenas
para edificações “leves”. Por outro lado, solos que apresentam N
SPT
maior que 20
golpes, são solos com boa capacidade de suporte, podendo apoiar fundações superficiais
de edificações mais pesadas ou mais altas. A posição do nível d’água no subsolo deve
ser levada em consideração, no cálculo da capacidade de carga dos solos para fundações
superficiais, caso o nível d’água esteja próximo das mesmas.
Um estudo da capacidade de carga dos solos da Macrozona de Consolidação
Urbana é possível pelo cruzamento de informações obtidas do Banco de
Dados de Sondagens (com SPT), da superfície do nível freático, e das unidades
geomorfológicas e pedológicas.
A partir do Banco de Dados de Sondagens, foi realizada uma análise da
compacidade/consistência dos solos através do N
SPT
, para as camadas de 0 a 3 m, 3 a 6
m, 6 a 9 m, 9 a 12 m e 12 a 25 m de profundidade. As profundidades atingidas pelas
sondagens dependeram do porte das obras a serem edificadas e consequentemente das
cargas transmitidas ao terreno. Na Figura 5.7 é mostrado o percentual de valores para as
profundidades de alcance das sondagens.
88
100 100
96
89
26
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 a 3 3 a 6 6 a 9 9 a 12 12 a 25
Profundidade de alcance das sondagens (metros)
Percentual (%)
Figura 5.7 – Gráfico de percentual da profundidade das sondagens.
Nas Figuras 5.8 a 5.12 estão representadas por cores a média aritmética do valor
N
SPT
para cada faixa de profundidade, lançadas em mapas das unidades
geomorfológicas, unidades pedológicas e superfície freática. A cor vermelha indica
solos com baixa compacidade/consistência (N
SPT
5), a cor amarela indica solos com
média compacidade/consistência (6
N
SPT
19) e a cor verde indica solos com alta
compacidade/consistência (N
SPT
20). A partir das análises desses mapas e do Banco
de Dados das Sondagens no SIG, pode-se tirar as seguintes conclusões:
A unidade geomorfológica denominada de Domínio dos Terraços Dissecados,
formado por Argissolos Vermelho-Amerelos, apresenta em geral valores de N
SPT
acima de 5 golpes, para todas as faixas de valores de profundidades analisadas, o
que indica uma capacidade de carga razoável para fundações. O nível freático se
encontra distante da superfície, em torno de 5 m de profundidade e, portanto,
não interferindo nas fundações superficiais.
89
As unidades geomorfológicas denominadas de Domínio dos Fundos de Vales
nos Terraços Dissecados e Domínio da Planície de Inundação apresentam, até a
profundidade de 6 m, valores de N
SPT
menores que 5 golpes, indicando que
nessas áreas solos compressíveis, com baixa capacidade de carga para
fundações superficiais. Nessas áreas predomínio dos solos classificados
pedologicamente como Plintossolos Argilúvicos, Gleissolos e Neossolos
Flúvicos, juntos às calhas dos igarapés e Rio Acre. Outro fator importante,
especialmente na unidade geomorfológica denominada de Domínio da Planície
de Inundação, é a variação do nível freático ao longo do ano, que pode chegar a
até 5 m, devendo ser considerado nas obras de fundações superficiais
implantadas nessa área.
A Formação Solimões, constituída por argilitos com siltitos e arenitos
intercalados, é descrita nos boletins de sondagens como argila, silte argiloso ou
silte arenoso de cor marrom e/ou cinza, com consistência dura no ensaio de
penetração dinâmica SPT. É conhecida na linguagem do sondador e da
população em geral como “salão”, sendo alcançada a partir de 9 m de
profundidade, e apresentando N
SPT
acima de 20 golpes. É escolhida para base de
fundações profundas empregadas nas estruturas mais pesadas.
Acima dos argilitos da Formação Solimões, ocorre um pacote de argila arenosa
e/ou siltosa, classificados pedologicamente como Argissolos Vermelho-
Amarelos e Plintossolos Argilúvicos, conhecido como Unidade Panorama em
estudos realizados por OLIVEIRA e FERREIRA (2006). Na sua composição
existem argilo-minerais como a caulinita e ilita, subordinadamente de argilas do
grupo das montmonrilonitas que são expansivas, de cores que variam entre
vermelho e amarelo passando por cinza e marrom. Intercaladas a seqüência
argilosa têm-se lentes de areia fina amarela esbranquiçada em pacotes de até 3 m
de espessura em profundidades que vão até 9 m verificadas na parte Leste, Sul e
Noroeste da Macrozona de Consolidação Urbana.
90
91
92
93
94
95
5.5 ESTUDO DE CASO DE DUAS OBRAS LOCALIZADAS NA
MACROZONA DE CONSOLIDAÇÃO URBANA
Até a década de 90, a maioria dos prédios construídos em Rio Branco
limitavam-se a apenas três ou quatro pavimentos. Os projetos de fundações e o
conhecimento da capacidade de carga dos solos baseavam-se na experiência dos
construtores. Esta experiência indicava que fundações superficiais podiam ser
dimensionadas com uma tensão admissível em torno de 2 kgf/cm². As fundações
utilizadas nos prédios, na época, eram na grande maioria do tipo sapata (apenas pontes
da cidade tinham fundações profundas).
A partir de 2000, com o aumento da pressão pela ocupação do meio físico,
iniciou-se a construção de edificações com 10 pavimentos. O desenvolvimento da
cidade e a demanda por imóveis, principalmente na Macrozona de Consolidação
Urbana, elevaram o preço do metro quadrado dos terrenos, o que motivou a construção
de prédios com 10 ou mais pavimentos.
Para estes prédios mais altos, as empresas construtoras e projetistas passaram a
optar por fundações profundas, geralmente tubulões com bases assentes em torno de 9
m de profundidade. Os projetos de fundações passaram a se basear em formulações
semi-empíricas que usam resultados de sondagens com SPT.
A seguir, para exemplificar as soluções de fundações mais usuais em Rio
Branco, serão expostos dois casos de obras construídas na Macrozona de Consolidação
Urbana, que utilizaram os dois tipos fundação: superficial e profunda. Na Figura 5.13
está a localização das obras.
96
97
5.5.1 Edifício Mirante do Parque: quatorze pavimentos e fundações
profundas
O Edifício Mirante do Parque, construído pela empresa Albuquerque Engenharia
Ltda., é um conjunto residencial composto por quatorze pavimentos, mais um
pavimento para casa de máquinas. Está localizado na rua Major Ladislau Ferreira, bairro
Abraão Alab, nas margens do Igarapé Maternidade, na unidade geomorfológica
denominada de Domínio dos Fundos de Vale nos Terraços Dissecados, possui baixa
capacidade de carga para fundações superficiais (Figura 5.13).
Cada pavimento do prédio tem 450 de área construída, em um terreno de
2.000 m² de área (Figura 5.14).
Figura 5.14 – Edifício Mirante do Parque
98
Segundo parecer técnico elaborado por MELO, C. E., (2004), a empresa O. P.
Engenharia Técnica Ltda. executou cinco sondagens com SPT na área da projeção da
edificação principal (Figura 5.15), que receberam a denominação de SP-01 a SP-05.
Segundo parecer técnico elaborado por FILHO, O. P. B., (2003) da empresa O. P.
Engenharia Técnica Ltda., o subsolo é caracterizado como:
O terreno em estudo apresentava-se coberto por capim nativo cuja
superfície em declive longitudinal e transversal indicava necessidade de
regularização para receber a edificação projetada. A medida da profundidade
freática se deu no instante de sua ocorrência, bem como 30 minutos e 24 horas
após.
Trata-se de um terreno cujo subsolo, após delgada camada de solo
variegado com impregnações de raízes da vegetação existente, se apresenta com
uma característica predominantemente argilosa, consistência em geral rija (N
SPT
médio 16 golpes / 30 cm) até a profundidade média de 9 m. Logo após, apresenta
estratificações argilo-siltosas e silto-argilosas de consistência dura (N
SPT
médio 40
golpes / 30 cm) até 20 m de profundidade. Em nenhum dos furos foi observado
existência de fossos e ou obstruções, e somente na região do furo SP-04 houve
ocorrência de delgada lâmina d’água a 4 m de profundidade.
As sondagens SPT realizadas no terreno do Edifício Mirante do Parque são
apresentadas nas Figuras A2.1 a A2.5 do Apêndice 2.
Figura 5.15 Locação das Sondagens do Edifício Mirante do Parque (MELO, C. E.,
2004)
O nível de assentamento dos tubulões está a 6 m de profundidade a partir da cota
de arrasamento dos mesmos (MELO, C. E., 2004). Na Figura 5.16 é mostrado a locação
dos tubulões e as cargas atuantes.
99
Figura 5.16 – Locação dos tubulões e cargas atuantes do edifício Mirante do Parque (MELO, C. E., 2004).
C = 240 tf
C = 209 tf
C = 153 tf
C = 15 3 tf
C = 209 tf
C = 24 0 tf
C = 209 tf
C = 209 tf
C = 153 tf
C = 209 tf
C = 153 tf
C = 209 tf
C = 240 tf
C = 296 tf
C = 240 tf
C = 15 3 tf
C = 209 tf
C = 296 tf
C = 219 tf
C = 162 tf
C = 16 2 tf
C = 219 tf
C = 320 tf
C = 18 9 tf
C = 229 tf
C = 308 tf
C = 500 tf
C = 296 tf
C = 308 tf
C = 500 tf
C = 29 6 tf
C = 18 9 tf
C = 229 tf
C = 320 tf
C = 32 0 tf
C = 219 tf
C = 320 tf
C = 29 6 tf
100
5.5.2 Edifício comercial V.L.G.: três pavimentos e fundações superficiais
O edifício comercial V.L.G. possui três pavimentos, com 338 de área
construída por pavimento, em um terreno de 450 de área (Figura 5.17). Está
localizado na esquina da rua Rui Barbosa com a travessa Fausto Robalo, bairro Centro,
em uma das unidades geomorfológicas denominadas de Domínio dos Terraços
Dissecados, que possui maior capacidade de carga para fundações superficiais (Figura
5.13). Foi projetado pela empresa Ômega Engenharia Projetos e Consultoria.
Figura 5.17 – Edifício V.L.G.
Segundo parecer técnico da empresa O. P. Engenharia Técnica Ltda., foram
executados três sondagens SPT na área da projeção da edificação (Figura 5.18), que
receberam a denominação de SP-01 a SP-03 (FILHO, O. P. B., 2005). Na opinião dos
técnicos desta empresa, o subsolo é caracterizado como:
O terreno em estudo apresentava superfície plana e estava numa cota
inferior ao nível da rua Rui Barbosa. A profundidade do lençol freático
não foi alcançada.
101
O subsolo do terreno em estudo, até a profundidade de 0,85 m é
constituído por uma camada de aterro, existindo abaixo uma espessa
camada argilo-arenosa com consistência média até 2 m de profundidade,
rija até 3,7 m e dura até 5,6 m de profundidade. O horizonte subseqüente
possui característica predominantemente argilosa com consistência dura
até a profundidade de 8,5 m. Trata-se de um solo com estrutura estável,
sem ocorrência de fossos e obstruções.
Análises dos resultados obtidos e do tipo de obra a ser edificada, indicam
o uso de fundações superficiais do tipo sapata isolada, assentes na
profundidade média de 1,5 m.
As sondagens SPT realizadas no terreno do Edifício V.L.G. são apresentadas nas
Figuras A2.6 a A2.8 do Apêndice 2.
Figura 5.18 Locação das Sondagens do Edifício V.L.G. (PARRILHA e SANTOS,
2005).
Após análise dos técnicos da empresa O. P. Engenharia Técnica Ltda., em
função do tipo de obra a ser edificada, foram adotadas fundações superficiais do tipo
sapata isolada, assentes na profundidade média de 1,5 m, com tensão de trabalho de 2
kgf/cm² (FILHO, O. P. B., 2005). Na Figura 5.19 são mostradas a locação das sapatas e
as cargas atuantes.
102
Figura 5.19 – Locação das sapatas isoladas e cargas atuantes do edifício V.L.G. (PARRILHA e SANTOS, 2005).
S1
S2 S4
S5
S6
S12
S25
S29
-2548.00
H
-2355.50
G
192.5
-2063.20
F
292.3
-1651.00
E
412.2
-1166.00
D
485.0
-668.75
C
497.3
-282.50
B
386.2
-22.00
A
260.5
12.00
1
148.00
2
136.0
267.65
3
119.6
442.00
4
174.3
798.20
5
356.2
1083.00
6
284.8
10.0
74.3
10.0
2.5
14.5
9.5
4.5
74.3
2.5
12.0
0.5
12.0
50.5
12.0
1.0
50.5
12.0
50.5
91.0
91.0
4.5
91.0
50.5
7.5
7.5
7.5
7.5
50.5
H = 105 cm
B = 85 cm
df = 180 cm
C = 16,7 tf
C = 24,8 tf
df = 180 cm
B = 125 cm
H = 150 cm
C = 27,4 tf
df = 180 cm
B = 130 cm
H = 140 cm
C = 25,5 tf
df = 180 cm
B = 105 cm
H = 130 cm
C = 31,7 tf
df = 180 cm
B = 135 cm
H = 150 cm
C = 47,2 tf
df = 180 cm
B = 165 cm
H = 175 cm
C = 12,4 tf
df = 180 cm
B = 75 cm
H = 90 cm
C = 20,6 tf
df = 180 cm
B = 95 cm
H = 115 cm
H = 120 cm
B = 105 cm
df = 180 cm
C = 15,2 tf
S3
H = 130 cm
B = 120 cm
df = 180 cm
C = 22,3 tf
S7
S8
C = 20,8 tf
df = 180 cm
B = 115 cm
H = 130 cm
H = 120 cm
B = 100 cm
df = 180 cm
C = 22,1 tf
S9
S10
C = 8,7 tf
df = 180 cm
B = 95 cm
H = 110 cm
S11
C = 39,9 tf
df = 180 cm
B = 155 cm
H = 175 cm
H = 130 cm
B = 110 cm
df = 180 cm
C = 26,6 tf
S13
S14
C = 10,0 tf
df = 180 cm
B = 95 cm
H = 110 cm
S15
C = 43,7 tf
df = 180 cm
B = 160 cm
H = 180 cm
H = 185 cm
B = 165 cm
df = 180 cm
C = 49,2 tf
S16
H = 115 cm
B = 95 cm
df = 180 cm
C = 20,6 tf
S17
S18
C = 10,8 tf
df = 180 cm
B = 100 cm
H = 115 cm
H = 170 cm
B = 150 cm
df = 180 cm
C = 36,5 tf
S19
S20
C = 45,1 tf
df = 180 cm
B = 160 cm
H = 175 cm
H = 105 cm
B = 90 cm
df = 180 cm
C = 17,9 tf
S21
S22
C = 7,0 tf
df = 180 cm
B = 90 cm
H = 120 cm
S23
C = 30,9 tf
df = 180 cm
B = 140 cm
H = 165 cm
H = 175 cm
B = 150 cm
df = 180 cm
C = 41,5 tf
S24
S26
C = 12,2 tf
df = 180 cm
B = 105 cm
H = 120 cm
H = 135 cm
B = 120 cm
df = 180 cm
C = 17,2 tf
S27
S28
C = 46,5 tf
df = 180 cm
B = 160 cm
H = 185 cm
103
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS
FUTURAS
6.1 CONCLUSÕES
Considerando os resultados obtidos com esta pesquisa, as seguintes conclusões
podem ser tiradas.
Estudos geotécnicos de grandes áreas podem beneficiar-se de informações de
levantamentos geomorfológicos e pedológicos, devidamente interpretados. Estes
estudos podem ser considerados de Geomorfologia e Pedologia aplicados à Engenharia.
As informações dos mapas geológicos e topográficos, associadas aos mapas
geomorfológicos e pedológicos, completam o quadro em que se estabelecem “zonas
geotécnicas”.
Os princípios desenvolvidos na Geomorfologia e na Pedologia orientam de
maneira eficiente a identificação de materiais inconsolidados (solos) com diferentes
comportamentos geotécnicos. Os fatores pedogenéticos clima, organismo, relevo que
atuam por um determinado tempo sobre o material de origem (no caso em questão os
Argilitos da Formação Solimões) possibilitam a geração de horizontes de diferentes
características físico-químicos e comportamentos hidraulicos e mecânicos. Em todos os
solos, as variações do lençol freático foram significativas para a definição das classes
encontradas (Argissolos, Plintossolos e Neossolos). Tais características denotam a
influência do comportamento hidrológico das bacias hidrográficas na área urbana de
Rio Branco.
A aplicação dos recursos da fotogrametria em escala de detalhe (1:8.000) e da
estereoscopia, utilizando-se equipamentos e técnicas de baixo custo, mostrou-se
eficiente para identificação e delimitação das unidades geomorfológicas. Esta técnica
facilita a elaboração de projetos de Engenharia, de Arquitetura e de Urbanismo, nos
seus estágios de planejamento e reconhecimento preliminar, sem a necessidade de se
alocar elevados investimentos em levantamentos topográficos ou em demorados
trabalhos de campo. Isto não significa que os métodos de reconhecimento aéreo podem
substituir completamente os métodos de campo; a principal vantagem é que podem
ajudar na obtenção de informações e acelerar os trabalhos de campo, tornando-os mais
produtivos. Juntando-se a isso a técnica de topossequência vinculada ao Modelo Digital
104
do Terreno (MDT), mostrou-se bastante eficiente para delimitação das Unidades
Pedológicas.
O estudo do regime de água subterrânea é importante na Geotecnia. Salienta-se
que os dados de cota do nível freático constituem uma série temporal e, portanto, a
variável está associada a uma incerteza não-sistemática condicionada por outras
variáveis hidrológicas (pluviometria e escoamento superficial) e geológicas
(condutividade hidráulica e fluxo subterrâneo).
Os mapas obtidos com a interpretação dos dados de sondagens com medida de
N
SPT
, enquanto produtos de mapeamento geotécnico têm caráter apenas orientativo e
exploratório e estão desprovidos da pretensão de substituir a informação a ser levantada
diretamente por programas de investigação do subsolo. Nos mapas, não estão embutidas
considerações acerca da viabilidade financeira de uma solução de fundação ou
restrições técnicas a um dado tipo de fundação.
Com a elaboração dos mapas, observou-se a potencialidade dos Sistemas de
Informações Geográficas (SIG), mais especificamente na possibilidade de constante
atualização das informações, assim como na realização de análises e organização de
dados georeferenciados através de cadastro geotécnico urbano, significando uma
melhoria crescente nas informações derivadas. Deste modo, os mapas interpretativos
dos dados de sondagens podem ser compreendidos como documentos dinâmicos e
sempre aptos a agregar novas informações.
Respeitadas as considerações apresentadas, pode-se concluir que a metodologia
de pesquisa utilizada nesse trabalho, baseada na compartimentação geomorfológica e
pedológica unidas às informações do Banco de Dados de sondagens com SPT,
organizadas em um Sistema de Informações Geográficas, mostra-se útil para a obtenção
de um “zoneamento geotécnico” que tenha por finalidade subsidiar decisões sobre
planejamentos de ocupações urbanas. Além disso, esta metodologia permite que estudos
sejam realizados por equipes multidisciplinares, visando à implementação da mais
adequada forma de uso ou ocupação para determinadas áreas. É útil, ainda, na avaliação
da investigação para uma determinada obra, permitindo situar as camadas de solo
reveladas pelas sondagens num contexto mais amplo.
105
6.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
As pesquisas que utilizam o cruzamentos de informações pedológicas,
geomorfológicas e geotécnicas em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas,
que possibilitaram um melhor entendimento do subsolo da área estudada, devem ser
expandidas para as demais “Macrozonas” da cidade de Rio Branco e os outros
municípios do Estado do Acre.
Em vista do crescente número de programas em ambiente SIG em que estão
sendo implantados Bancos de Dados, recomenda-se que trabalhos futuros possam ser
executados em programas com mesma arquitetura, a fim de que outras informações
possam ser incorporadas gradualmente, sem que seja necessário o manuseio de
aplicativos diferentes e evitando a usual falta de interatividade entre os programas,
dentre outras limitações.
Outra questão que merece estudo complementar, conforme exposto no trabalho
desenvolvido por FERES (1998) e pesquisas realizadas em institutos locais como a
UFAC, FUNTAC e EMBRAPA, é o desenvolvimentos de pesquisas que verifiquem a
possibilidade de que a expansibilidade das argilas da região crie problemas para
fundações.
106
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115
APÊNDICE 1
Análises granulométricas por peneiramento e sedimentação realizado na
COPPE/UFRJ no Laboratório de Geotecnia.
116
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 01
FURO 1
0 a 10cm
Figura A1.1 – Curva granulométrica do perfil PM-01 de 0 a 10 cm de profundidade
Tabela A1.1 – Composição granulométrica PM-01 de 0 a 10 cm de profundidade
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 01
FURO 1
AB-10 a 50cm
Figura A1.2 – Curva granulométrica do perfil PM-01 de 10 a 50 cm de profundidade.
Tabela A1.2 Composição granulométrica do perfil PM-01 de 10 a 50 cm de
profundidade.
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
7 24 46 13 1 9
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
6 29 50 15 0 0
117
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSADIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 01
FURO 1
Bt-50 a 70cm
Figura A1.3 – Curva granulométrica do perfil PM-01 de 50 a 70 cm de profundidade.
Tabela A1.3 Composição granulométrica do perfil PM-01 de 50 a 70 cm de
profundidade.
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSODIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 01
FURO 1
Btf1-70 a 120cm
Figura A1.4 – Curva granulométrica do perfil PM-01 de 70 a 120 cm de profundidade.
Tabela A1.4 Composição granulométrica do perfil PM-01 de 70 a 120 cm de
profundidade.
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
14 28 46 12 0 0
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
32 22 38 7 0 1
118
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 01
FURO 1
Btf2-120 a 200cm
Figura A1.5 – Curva granulométrica do perfil PM-01 de 120 a 200 cm de profundidade.
Tabela A1.5 Composição granulométrica do perfil PM-01 de 120 a 200 cm de
profundidade.
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSADIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 02
FURO 2
AB-20 a 40cm
Figura A1.6 – Curva granulométrica do perfil PM-02 de 20 a 40 cm de profundidade.
Tabela A1.6 Composição granulométrica do perfil PM-02 de 20 a 40 cm de
profundidade.
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
31 19 36 6 0 8
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
30 47 22 1 0 0
119
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSADIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 02
FURO 2
Bt-40 a 100cm
Figura A1.7 – Curva granulométrica do perfil PM-02 de 40 a 100 cm de profundidade.
Tabela A1.7 Composição granulométrica do perfil PM-02 de 40 a 100 cm de
profundidade.
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSADIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 03
FURO 3
0 a 15cm
Figura A1.8 – Curva granulométrica do perfil PM-03 de 0 a 15 cm de profundidade.
Tabela A1.8 Composição granulométrica do perfil PM-03 de 0 a 15 cm de
profundidade.
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
41 39 19 1 0 0
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
55 41 2 1 1 0
120
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 03
FURO 3
AB - 15 a 40cm
Figura A1.9 – Curva granulométrica do perfil PM-03 de 15 a 40 cm de profundidade.
Tabela A1.9 Composição granulométrica do perfil PM-03 de 0 a 15 cm de
profundidade.
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSADIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 03
FURO 3
Btf - 40 a 100cm
Figura A1.10 – Curva granulométrica do perfil PM-03 de 40 a 100 cm de profundidade.
Tabela A1.10 Composição granulométrica do perfil PM-03 de 40 a 100 cm de
profundidade.
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
59 38 2 1 0 0
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
52 42 4 1 1 0
121
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 05
1(Areia Acre)
0 a 15cm
Figura A1.11 – Curva granulométrica do perfil PM-05 de 0 a 15 cm de profundidade.
Tabela A1.11 Composição granulométrica do perfil PM-05 de 0 a 15 cm de
profundidade.
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
AREIA
ARGILA
SILTE
GROSSODIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
PM 05
2(Areia Acre)
15 a 150cm
Figura A1.12 – Curva granulométrica do perfil PM-05 de 15 a 150 cm de profundidade.
Tabela A1.12 Composição granulométrica do perfil PM-05 de 15 a 150 cm de
profundidade.
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
0 1 72 27 0 0
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte
Fina
Média
Grossa
Pedregulho
0 1 64 35 0 0
122
APÊNDICE 2
Sondagens SPT realizadas na área de projeção do edifício Mirante do Parque e
edifício V.L.G. (Figura 5.15 e 5.18).
123
NFO: O nível d`água não foi encontrado
NFO: O nível d`água não foi observado
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
19.00
20
19
18
17
21
20.45
18
32
30
20
30
32
18
23
10
11
10
12
14.00
14
13
12
16
16.00
15
20
12
24
28
15
17
8
8
10
23
30
12
23
10
16
Data: 30/10/2003
Final: NFEInicial: NFE
Data: 29/10/2003
Argila siltosa, dura, cinza chumbo com passagens
marrom.
Silte argiloso, duro, marrom com veios de gipsita.
Idem, cinza grafite.
Silte argiloso, duro, marrom.
LIMITE DA SONDAGEM.
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
20
2° e 3° penetrações
Resistência à penetração
1° e 2° penetrações
UTM X : 628553,529 m
PERFIL INDIVIDUAL
O. P. - ENGENHARIA CNICA LTDA.
Obra/Local: Residencial Mirante do Parque - Rua Major Ladislau Ferreira
4
6
1
3
6
9
6
4
9
9.50
8
7
7.80
11
11.00
10
10
7
9
10
6
6
4
4
4
15
26
8
24
13
7
3.50
4
5.00
3
2
2.50
5
15
10
10
6
6
4
6
4
3
10
5
7
da
( m )
Camada
Profundidade
0.30
AMOSTRA
FURO: SP - 01
10
N° de golpes/15cm
COTA: 152,690 m
Cliente: Albuquerque Engenharia Ltda.
Argila, média, vermelha com rajas cinza
Argila pouco siltosa, dura, marrom com rajas cinza.
Argila, rija, marrom, com microfraturas preta.
Argila, rija, cinza chumbo.
Argila, dura, avermelhada.
Argila, rija, vermelha e cinza.
Solo variegado com impregnações de raízes
DATA: 12/11/2003
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
Revestimento Ø = 76,2 mm
UTM Y : 8897684,905 m
40 5030
CLASSIFICÃO DO SOLO
Figura A2.1 – Sondagem SPT-01 Edifício Mirante do Parque
124
17
7
11
10
NFO: O nível d`água não foi observado
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
18
19
20
21
20.45
14.00
14
11.50
11
12
13
16
17
18.00
16.00
15
Final: NFE
Data: 31/10/2003
Argila pouco siltosa, dura, marrom com rajas cinza.
Silte argiloso, duro, marrom com ocorrências de
gipsita.
Argila siltosa, dura, cinza chumbo com passagens
marrom.
Silte argiloso, duro, marrom com veios de
carbonatos.
9
14
20
NFO: O nível d`água não foi encontrado
21
10
15
10
15
22
Inicial: NFE
LIMITE DA SONDAGEM.
Silte argiloso, duro, cinza grafite.
Data: 30/10/2003
10
15
23
20
7
13
19
8
10
14
16
24
3012
20
12
22
30
10
17
23
Cliente: Albuquerque Engenharia Ltda.
Obra/Local: Residencial Mirante do Parque - Rua Major Ladislau Ferreira
COTA: 152,641 m
2
2.50
4.00
4
3
9
9.80
6
8
7
7.50
5
5.50
da
( m )
Camada
Profundidade
AMOSTRA
FURO: SP - 02
1
0.60
PERFIL INDIVIDUAL
DATA: 12/11/2003
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Solo variegado com impregnações de raízes
Argila, média, vermelha com rajas cinza
3
4
6
11
4
8
3
5
7
10
4
7
9
4
6
10
10
4
4
6
7
12
5
8
Argila, rija, vermelha e cinza.
Argila, rija a dura, avermelhada.
Argila, rija, marrom.
Argila, rija, cinza chumbo.
UTM X : 628559,456 m
30 40 50
2010
2° e 3° penetrações
1° e 2° penetrações
Resistência à penetração
63
4
N° de golpes/15cm
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
Revestimento Ø = 76,2 mm
UTM Y : 8897678,142 m
O. P. - ENGENHARIA TÉCNICA LTDA.
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Figura A2.2 – Sondagem SPT-02 Edifício Mirante do Parque
125
10
14
8
21
NFO: O nível d`água não foi encontrado
14
10
21
18
NFO: O nível d`água não foi observado
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
20.45
19
20
21
10
20
14
14
9
20
14.00
18.00
16.00
14
11
12
13
16
17
15
16
11
28
8
20
14
12
12
8
8
20
19
11
30
18
17
11
30
18
11
28
Silte argiloso, duro, cinza grafite.
LIMITE DA SONDAGEM.
Inicial: NFE
Data: 31/10/2003
Final: NFE
Data: 01/11/2003
Argila siltosa, dura, marrom.
Silte argiloso, duro, marrom.
Silte argiloso, duro, marrom com rajas cinza.
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
30
2° e 3° penetrações
1° e 2° penetrações
Obra/Local: Residencial Mirante do Parque - Rua Major Ladislau Ferreira
UTM X : 628567,377 m
PERFIL INDIVIDUAL
O. P. - ENGENHARIA TÉCNICA LTDA.
4
6
9
2
3.50
5.00
9.00
8.00
7.00
4
3
9
6
7
8
5
7
5
10
5
7
9
12
8
17
3
7
5
4
7
9
6
15
9
4
6
9
Camada
Cliente: Albuquerque Engenharia Ltda.
Profundidade
1.80
0.40
AMOSTRA
FURO: SP - 03
1
20
N° de golpes/15cm
10
COTA: 152,273 m
da
( m )
3
6
4
Resistência à penetração
Argila, rija, vermelha e cinza.
Argila pouco siltosa, dura, marrom com veios de
gipsita.
Argila, rija, avermelhada.
Argila, rija, cinza chumbo.
Argila, rija, marrom.
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
UTM Y : 8897683,997 m
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Solo variegado com impregnações de raízes
Argila, média, vermelha com rajas cinza
40 50
Revestimento Ø = 76,2 mm
DATA: 12/11/2003
Figura A2.3 – Sondagem SPT-03 Edifício Mirante do Parque
126
14
10
5
9
Silte argiloso, duro, cinza grafite.
LIMITE DA SONDAGEM.
Argila, dura, cinza chumbo.
Silte argiloso, duro, marrom com ocorrências de
carbonatos.
Silte argiloso, duro, marrom.
Argila siltosa, dura, marrom.
20
9
18
15
NFO: O nível d`água não foi observado
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
10
10
19
20
21
20.45
20
21
NFO: O nível d`água não foi encontrado
15
15
14.00
12
7
12.00
9
10
14
12
13
11
14
18.00
12
16.00
16
17
15
12
25
17
22
24
19
11
15
16
32
32
21
22
28
20
Data: 04/11/2003
Final: 1.80Inicial: 2.00
Data: 03/11/2003
PERFIL INDIVIDUAL
UTM X : 628565,334 m
Argila, mole, cinza e amarela.
Argila, rija, vermelha e cinza.
Argila, dura, avermelhada.
Argila, média, vermelha com rajas cinza.
Argila, rija, marrom.
Argila, rija, marrom, com microfraturas preta.
2
2.50
1
2
2
4.00
5
3
4
3
10.00
5
4
7.00
4
4
5.50
9
7
6
8
5
5
12
9
9
6
11
10
10
10
7
6
7
7
12
8
N° de golpes/15cm
COTA: 152,590 m
Cliente: Albuquerque Engenharia Ltda.
Obra/Local: Residencial Mirante do Parque - Rua Major Ladislau Ferreira
da
( m )
Camada
Profundidade
AMOSTRA
FURO: SP - 04
2
1.80
0.70
1
0.20
50
2° e 3° penetrações
302010
1° e 2° penetrações
40
5
3
Resistência à penetração
DATA: 12/11/2003
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Solo variegado com impregnações de raizes
Argila, vermelha (aterro).
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
UTM Y : 8897670,830 m
Revestimento Ø = 76,2 mm
O. P. - ENGENHARIACNICA LTDA.
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
Figura A2.4 – Sondagem SPT-04 Edifício Mirante do Parque
127
DATA: 12/11/2003
Data: 06/11/2003
Final: NFE
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Silte argiloso, duro, marrom com ocorncia de
carbonatos.
Argila, dura, marrom, com microfraturas preta.
Argila, dura, amarelada com rajas cinza.
Solo variegado com impregnões de raízes
Argila, média, vermelha com rajas cinza
O. P. - ENGENHARIA TÉCNICA LTDA.
12
10
10.50
8
5
NFO: Ovel d`água não foi observado
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
18
19
20
21
20.45
15.00
13.00
14
11
12
13
18.00
16.00
16
17
15
20
14
8
NFO: O nível d`água não foi encontrado
20
20
14
9
14
9
Inicial: NFE
Silte argiloso, duro, cinza chumbo.
Data: 05/11/2003
LIMITE DA SONDAGEM.
24
18
20
22
17
15
14
12
10
7
9
8
20
18
15
15
10
10
17
10
22
Argila siltosa, dura, marrom.
Silte argiloso, duro, marrom.
Argila pouco siltosa, dura, marrom.
PERFIL INDIVIDUAL
Obra/Local: Residencial Mirante do Parque - Rua Major Ladislau Ferreira
Cliente: Albuquerque Engenharia Ltda.
COTA: 152,993 m
2
4.00
2.80
4
3
7.00
9
6
7
8
5
5.50
da
( m )
Camada
Profundidade
AMOSTRA
FURO: SP - 05
1
0.40
6
3
4
13
10
8
5
8
4
10
12
10
11
8
5
8
5
7
8
4
5
8
5
12
Argila, rija, cinza e vermelha.
Argila, rija, cinza chumbo.
UTM X : 628552,621 m
e 3° penetrações
10 30 4020
1° e 2° penetrações
50
5
1°
3
2
N° de golpes/15cm
Resistência à penetrão
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
UTM Y : 8897671,057 m
Revestimento Ø = 76,2 mm
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOCNICOS
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
Figura A2.5 – Sondagem SPT-05 Edifício Mirante do Parque
128
NFO: O nível d`água não foi encontrado
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
NFO: O nível d`água não foi observado
Inicial: NFE
Data: 16/04/2005
Final: NFE
Data: 17/04/2005
UTM X : 630552,352 m
PERFIL INDIVIDUAL
20
Resistência à penetração
1° e 2° penetrações
2° e 3° penetrações
O. P. - ENGENHARIA TÉCNICA LTDA.
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Obra/Local: Prédio comercial (Térreo + 2 pavimentos) - Rua Rui Barbosa c/ Travessa Fausto Robalo
5.50
8.45
8
9
7.00
6
7
11
6
13
10
10
6
6
12
13
3.70
4
5
2.00
2
3
10
9
6
7
11
12
7
5
8
5
9
10
Camada
Profundidade
AMOSTRA
0.80
( m )
1
Cliente: V.L.G.
FURO: SP - 01
da
N° de golpes/15cm
3
2
10
5
COTA: 149,443 m
Argila arenosa, rija, vermelha e branca com nódulos
de óxidos de ferro
Argila, dura, cinza claro com manchas marrom.
Argila pouco arenosa, dura, vermelha e branca.
Argila, dura, marrom amarelado.
LIMITE DA SONDAGEM.
DATA: 18/04/2005
Aterro arenoso, acinzentado com impregnações
orgânicas.
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Argila muito arenosa, média, vermelha e cinza.
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
Revestimento Ø = 76,2 mm
UTM Y : 68897497,628 m
504030
Figura A2.6 – Sondagem SPT-01 Edifício V.L.G.
129
Data: 17/04/2005
NFO: O nível d`água não foi encontrado
Data: 16/04/2005
NFO: O nível d`água não foi observado
PERFIL INDIVIDUAL
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Revestimento Ø = 76,2 mm
UTM Y : 8897492,560 m
Argila muito arenosa, média, vermelha e cinza.
Argila arenosa, rija, vermelha e branca.
Aterro arenoso, acinzentado com impregnações
orgânicas.
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
Obra/Local: Prédio comercial (Térreo + 2 pavimentos) - Rua Rui Barbosa c/ Travessa Fausto Robalo
O. P. - ENGENHARIA TÉCNICA LTDA.
Argila pouco arenosa, dura, vermelha e branca.
Argila, dura, marrom amarelado.
LIMITE DA SONDAGEM.
Argila, dura, cinza claro com manchas marrom.
Inicial: NFE
8
11
6
3
7.00
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
11
10
8.45
6
6
8
7
9
13
13
10
10
9
6.00
6
7
6
6
5
4
4.00
12
13
13
2° e 3° penetrações
da
AMOSTRA
N° de golpes/15cm
3
7
( m )
1.00
2
Camada
1
2.00
5
2
5010
5
3020 40
10
Resistência à penetração
COTA: 149,812 mFURO: SP - 02
Cliente: V.L.G.
Profundidade
UTM X : 630561,189 m
1° e 2° penetrações
Final: NFE
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
DATA: 18/04/2005
Figura A2.7 – Sondagem SPT-02 Edifício V.L.G.
130
40
Obra/Local: Prédio comercial (Térreo + 2 pavimentos) - Rua Rui Barbosa c/ Travessa Fausto Robalo
UTM X : 630558,200 m
PERFIL INDIVIDUAL
SONDAGEM Á PERCUSSÃO - FUNDAÇÕES - ESTUDOS GEOTÉCNICOS
TECNOLOGIA DO CONCRETO - CONSTRUÇÃO EM GERAL
O. P. - ENGENHARIA TÉCNICA LTDA.
NFO: O nível d`água não foi encontrado
NFO: O nível d`água não foi observado
10
6
8
3
7.00
8.45
PROFUNDIDADE DO NÍVEL D`ÁGUA ( m ):
8
7
9
13
13
11
11
6
6
3.70
5.50
6
5
4
12
12
12
10
10
6
7
6
9
2° e 3° penetrações
da
AMOSTRA
( m )
0.80
Camada
2.00
1
2
20 30
10
5
2
4
N° de golpes/15cm
10
5
7
Profundidade
Cliente: V.L.G.
FURO: SP - 03
Resistência à penetração
COTA: 150,355 m
1° e 2° penetrações
Data: 17/04/2005Data: 16/04/2005
Argila, dura, marrom amarelado.
Final: NFE
LIMITE DA SONDAGEM.
Inicial: NFE
Argila, dura, cinza claro com manchas marrom.
Argila pouco arenosa, dura, vermelha e branca.
Amostrador Ø interno 34,9 mm ; Ø externo - 50,8 mm
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO
Aterro arenoso, acinzentado com impregnações
orgânicas.
Argila muito arenosa, média, vermelha e cinza.
Peso: 65 kg - Altura de queda: 75 cm
Argila arenosa, rija, vermelha e branca.
50
UTM Y : 8897481,514 m
Revestimento Ø = 76,2 mm
DATA: 18/04/2005
Figura A2.8 – Sondagem SPT-03 Edifício V.L.G.
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