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Marcos Pereira Feitosa
Uma proposta de anotação de
corpora paralelos com base na
Lingüística Sistêmico-Funcional
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2005
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Marcos Pereira Feitosa
Uma proposta de anotação de
corpora paralelos com base na
Lingüística Sistêmico-Funcional
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Estudos Lingüísticos da Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Minas
Gerais como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Lingüística Aplicada.
Área de concentração: Lingüística Aplicada
Linha de Pesquisa: Estudos da Tradução
Orientadora: Prof
a
Dra. Adriana Silvina Pagano
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2005
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AGRADECIMENTOS
A minha mãe, Eneida, e a meu irmão, André, por todo o apoio e carinho.
À Professora Dra. Adriana Pagano, por toda a paciência e dedicação com que me orientou
nesta pesquisa.
Aos professores: Célia Magalhães, Fábio Alves e Beatriz Decat (UFMG); Allison Beeby e
Olivia Fox (UAB); Carlos Gouveia (Universidade de Lisboa); Marcos Rocha (UFSC) e
Margery Fee (University of Columbia), que também me auxiliaram em algumas etapas
deste trabalho.
Aos colegas Igor A. L. Silva e Roberta Rego Rodrigues, que me auxiliaram também em
diversos detalhes ao longo desta pesquisa.
Ao amigo e analista de sistemas Robson Ferreira Andrade que, mesmo sem vínculo com o
NET/FALE/UFMG, gentilmente prestou auxílios para esta pesquisa, a qual não é
diretamente ligada à sua área de trabalho.
Aos professores da UFV (hoje aposentados): Suzete Silve, Joseph Araújo, Alice Jham e
Denise Obino, que ajudaram a despertar em mim o interesse pela pesquisa.
A todo o NET, ressaltando a importante cooperação encontrada entre seus pesquisadores.
E a todos os amigos que sempre me deram apoio. Felizmente, a lista é demasiado longa
para pôr aqui, mas vocês sabem quem são. Muito obrigado!
“But the reader will judge the characters, because the reader
will interpret. We all interpret, every day we must
interpret, not only language, but a whole environment in
which this means that “little green man” means cross the
street, “little red man” means don’t and if we didn’t
interpret, we’d be dead. Language is not morally neutral
because the human brain is not neutral in its desires.”
Margaret Atwood, Negotiating with the dead: a writer on writing
“I don’t even see the code anymore. I just see: blonde...
brunette... redhead...”
Personagem Cypher no filme The Matrix
RESUMO
Este trabalho situa-se no campo disciplinar dos Estudos da Tradução, tendo como
abordagens a Lingüística Sistêmico-Funcional (Gramática Sistêmico-Funcional de M. A.
K. Halliday) e a Lingüística de Corpus e é desenvolvido no âmbito do Núcleo de Estudos
da Tradução (NET) da Faculdade de Letras (FALE) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Visando uma anotação de corpora mais eficiente e menos propensa a
erros de digitação, os quais interferem nos dados das pesquisas, propõe-se aqui um modelo
de anotação instrumentalizado através de um código numérico para a Rotulação de corpora
com base na Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday. Esse código, denominado
“CROSF” (Código de Rotulação Sistêmico-Funcional), é desenvolvido através de
sucessivos protótipos testados em um corpus paralelo bilíngüe composto de um fragmento
do romance The blind assassin de Margaret Atwood (2000) em inglês canadense e sua
tradução para o português brasileiro feita por Léa Viveiros de Castro (Atwood, 2001). O
estudo de caso aplicando-se o protótipo final do CROSF ao corpus referido apontou
aspectos da Tematização da informação decorrentes de diferenças sistêmicas entre as
línguas (destacando-se a elipse do sujeito em português), bem como escolhas
idiossincráticas da tradutora. O código numérico facilitou as buscas no corpus eletrônico,
permitindo melhor visibilidade do texto anotado e buscas de diferentes combinações de
escolhas temáticas.
Palavras-chave: Organização temática; Estudos da Tradução; Lingüística Sistêmico-
Funcional; Lingüística de Corpus; Rotulação.
ABSTRACT
This thesis reports a study carried out within the field of Translation Studies
drawing on Systemic Functional Linguistics (M. A. K. Halliday’s Systemic Functional
Grammar) and Corpus Linguistics. The study was developed at NET (Núcleo de Estudos
da Tradução) at FALE (Faculdade de Letras), UFMG (Universidade Federal de Minas
Gerais). In order to obtain a more efficient annotation system and less susceptible to errors
which interfere in researches’ data, a model of annotation is proposed through a numeric
code for the labeling of corpora based on Halliday’s Systemic Functional Grammar. This
code, named “CROSF” (“Código de Rotulação Sistêmico-Funcional” = “Systemic
Functional Labeling Code”), was developed through successive prototypes tested on a
bilingual parallel corpus composed by a fragment from Margaret Atwood’s novel The
blind assassin (Atwood, 2000), written in Canadian English, and its translation in Brazilian
Portuguese made by Léa Viveiros de Castro (Atwood, 2001). The case study applying
CROSF’s final prototype to the compiled corpus showed aspects of information
Thematization due to systemic differences between the two languages particularly the
ellipsis of the subject in Portuguese – as well as idiosyncratic choices made by the
translator. The numeric code facilitates searches through the electronic corpus, allowing
for a better visualization of the annotated corpus and enabling searches for different
combinations of thematic choices.
Keywords: Thematic organization; Translation Studies; Systemic Functional Linguistics;
Corpus Linguistics, Labeling.
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1: Categorização temática (Pagano, 2005).................................................................21
Fig. 2: Dados gerais do corpus. .......................................................................................... 48
Fig. 3: Exemplo de lista de freqüência. .............................................................................. 52
Fig. 4: Linhas de concordância, retiradas de O assassino cego. ....................................... 53
Fig. 5: Exemplo de visualização do texto com Rótulos através do utilitário Aligner. ....... 54
Fig. 6: Fragmento do CROSF-14, mostrando os Participantes e Processos....................... 62
Fig. 7: Escolha Temática ................................................................................................... 73
Fig. 8: Lista dos Rótulos por freqüência em O assassino cego.......................................115
Fig. 9: Lista dos Rótulos por freqüência em The blind assassin..................................... 116
Fig. 10: Retextualização de Absolutos ............................................................................. 118
Fig. 11: Temas Marcados em The blind assassin e O assassino cego .............................. 120
Fig. 12: Retextualização de Equativos Temáticos Marcados em The blind assassin........ 121
Fig. 13: Exemplos de Temas Não-Marcados no TO que foram retextualizados como
Temas Marcados no TT. ............................................................................................. 121
Fig. 14: Tema textual variativo retextualizado em Tema textual aditivo..........................124
Fig. 15: Exemplos de surgimento de Tema Textual Variativo aditivo no TT................... 124
Fig. 16: Temas Interpessoais – Polaridade em O assassino cego e outros tipos de Tema em
The blind assassin....................................................................................................... 125
SUMÁRIO
1. Introdução.......................................................................................................................11
2. Revisão da Literatura...................................................................................................... 18
2.1. Gramática Sistêmico-Funcional............................................................................... 19
2.1.1. Escolha temática ................................................................................................ 21
2.1.2. Organização temática no âmbito dos Estudos da Tradução .............................. 25
2.1.2.1. Vasconcellos (1997) ..................................................................................... 25
2.1.2.2. Ghadessy & Gao (2001) ............................................................................... 27
2.1.2.3. Munday (1998) ............................................................................................. 28
2.1.2.4. Munday (2002) ............................................................................................. 30
2.1.2.5. Ordem dos elementos em línguas diferentes................................................ 31
2.1.2.6. Pesquisas no âmbito do NET........................................................................ 33
2.2. Lingüística de Corpus............................................................................................... 34
2.2.1. Anotação de corpora.............................................................................................. 37
2.2.1.1. McEnery & Wilson (1997) ............................................................................. 38
2.2.1.2. Meyer (2002) .................................................................................................. 39
2.2.1.3. Meyer & Tenney (2003) ................................................................................. 39
2.2.1.4. Garside et al. (1997)........................................................................................ 41
2.2.1.5. Pieter de Hann (1984)..................................................................................... 42
2.2.1.6. Eggins (1994: 334-339) .................................................................................. 43
2.2.1.7. Contribuições das propostas mencionadas para o CROSF............................. 44
3. Metodologia.................................................................................................................... 46
3.1. Corpus ...................................................................................................................... 47
3.2. Dados sobre o corpus ............................................................................................... 48
3.3. Leitura e extração de dados após aplicação do CROSF........................................... 50
3.3.1. Ajustes necessários para que o WordSmith Tools leia o CROSF
apropriadamente............................................................................................................ 51
3.3.2. Wordlist ..............................................................................................................52
3.3.3. Concord............................................................................................................... 53
3.3.4. Viewer & Aligner ............................................................................................... 54
3.4. Procedimentos metodológicos.................................................................................. 55
4. Arquitetura e aplicação do código.................................................................................. 59
4.1. Descrição do código................................................................................................. 60
4.1.1. Rótulos múltiplos............................................................................................... 65
4.2. Histórico do CROSF ................................................................................................. 68
4.3. Anotação de Temas.................................................................................................. 72
4.3.1. Consolidação da arquitetura do código: resolução de problemas...................... 80
4.3.1.1. Problemas relativos à nomenclatura............................................................ 80
4.3.1.1.1. Elemento “qu-”...................................................................................... 81
4.3.1.2. Problemas relativos a diferenças entre sistemas lingüísticos ...................... 82
4.3.1.2.1. O Rótulo “Processo-Participante”.........................................................82
4.3.1.2.2. Estruturas Tematizadas ......................................................................... 84
4.3.1.3. Problemas relativos à classificação de elementos de acordo com a GSF.... 86
4.3.1.3.1. Tema absoluto ....................................................................................... 87
4.3.1.3.2. Tema elíptico......................................................................................... 90
4.3.1.3.3. Ponto de vista congruente ou metafórico.............................................. 93
4.3.2. Composição do CROSF..................................................................................... 95
4.3.2.1. Metafunção Ideacional ................................................................................ 95
4.3.2.2. Metafunção Interpessoal............................................................................ 108
4.3.2.3. METAFUNÇÃO TEXTUAL.................................................................... 110
4.4. O código em uso: exemplo ilustrativo de análises................................................. 113
4.1.1. Tema Processo-Participante............................................................................. 114
4.2.2. Absolutos ......................................................................................................... 118
4.4.3. Temas Marcados.............................................................................................. 119
4.4.4. Número total de Temas.................................................................................... 122
4.4.5. Temas Textuais................................................................................................ 123
4.4.6. Temas Interpessoais......................................................................................... 125
5. Considerações finais..................................................................................................... 127
5.1. Desenvolvimento e funcionamento do código........................................................ 128
5.2. Suporte da GSF e sua aplicabilidade ao português ................................................. 130
5.3. Resultados obtidos no estudo de caso ..................................................................... 131
6. Referências bibliográficas ............................................................................................ 133
7. Anexos.......................................................................................................................... 138
7.1. CROSF-14 (em português) .................................................................................... 139
7.2 CROSF-14 (em inglês)........................................................................................... 141
7.3. Protótipos anteriores............................................................................................... 143
7.3.1. CROSF-00 .......................................................................................................143
7.3.2. CROSF-01 .......................................................................................................145
7.3.3. CROSF-02 .......................................................................................................146
8.3.4. CROSF-03 .......................................................................................................147
7.3.5. CROSF-04 .......................................................................................................149
7.3.6. CROSF-05 .......................................................................................................151
7.3.7. CROSF-06 .......................................................................................................153
7.3.8. CROSF-07 .......................................................................................................155
7.3.9. CROSF-08 .......................................................................................................157
7.3.10. CROSF-09 .....................................................................................................159
7.3.11. CROSF-10 .....................................................................................................161
7.3.12. CROSF-11 (em português) ............................................................................ 163
7.3.13. CROSF-11 (em inglês) .................................................................................. 165
7.3.14. CROSF-12 (em português) ............................................................................ 167
7.3.15. CROSF-12 (em inglês) .................................................................................. 169
7.3.16. CROSF-13 (em português) ............................................................................ 171
7.3.17. CROSF-13 (em inglês) .................................................................................. 173
7.4. Escolha Temática (figura encontrada em Halliday & Matthiessen, 2004: 80) ....... 175
7.5. Telas exibidas pela suíte de programas WordSmith Tools..................................... 176
7.5.1. Exemplo exibido pela ferramenta Concord..................................................... 176
7.5.2. Exemplo exibido pela ferramenta Aligner....................................................... 177
1. Introdução
12
Uma dissertação de mestrado em Lingüística Aplicada que envolva análise
empírica, por exemplo na linha de Estudos da Tradução na FALE/UFMG, normalmente
apresenta uma estrutura composta por introdução, revisão de literatura, metodologia,
análise e discussão de dados e considerações finais.
Este trabalho, entretanto, tem objetivos que diferem um pouco desse padrão. Em
lugar de propor uma análise empírica a partir de uma metodologia preestabelecida, o
objetivo desta pesquisa é desenvolver uma forma de implementar uma ferramenta de
análise de textos em formato eletrônico, a qual é testada em uma análise de textos para
mostrar seu funcionamento. Essa forma de implementação, materializada através de um
código para anotação manual de textos, é proposta como parte de uma metodologia
passível de ser empregada em futuras pesquisas para a execução de outras análises.
Temos, assim, um capítulo de desenvolvimento de um recurso metodológico um código
no espaço tradicionalmente reservado ao capítulo de análise de uma dissertação. A
proposta envolve um código numérico para a anotação de corpora eletrônicos segundo a
Gramática Sistêmico-Funcional de M. A. K. Halliday, teoria de base que informa a
presente dissertação para uma abordagem de textos originais e traduzidos.
Diferentes metodologias e abordagens têm sido desenvolvidas no que tange às
pesquisas em tradução. Como Pagano (2001: 3-5) aponta, para a análise de cada objeto de
estudo, diversos métodos são propostos, o que resulta em múltiplas formas de estudar um
certo objeto e também de divulgar a análise obtida com seu estudo. Além disso, diferentes
perspectivas teóricas levam o pesquisador a focalizar diferentes aspectos de seu objeto.
Deste modo, em um cenário de diversas possibilidades bem como em qualquer área
acadêmica –, pesquisas em tradução pressupõem uma escolha em termos de metodologia e
arcabouço teórico.
13
No que diz respeito a articulações teóricas e metodológicas, uma escolha que tem se
mostrado promissora nas abordagens discursivas dos estudos da tradução é a Lingüística de
Corpus juntamente com a Lingüística Sistêmico-Funcional. Segundo McEnery & Wilson
(1997:1), a Lingüística de Corpus é o estudo da língua baseado em exemplos do uso da
língua na “vida real”. McEnery & Wilson (1997: 95) apontam ainda que a Lingüística
Sistêmico-Funcional pode nos auxiliar a mostrar os “padrões” lingüísticos encontrados nos
corpora.
Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos nas últimas décadas baseados na
Lingüística de Corpus, tais como: pesquisas lexicográficas, pesquisas de termos das
orações, pesquisas sobre colocações e pesquisas sobre padrões de uso da linguagem. O
presente trabalho vincula-se a este último tipo de pesquisa, isto é, padrões de uso da
linguagem mais especificamente, relativos à organização temática –, particularmente em
trabalhos aplicados aos Estudos da Tradução. Tem-se aqui, conforme foi dito, como
fundamento teórico principal o modelo elaborado pelo australiano Michael Halliday desde
o final da década de 60, conhecido como Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday (aqui
tratada como GSF), aprimorado em 1985, 1994 e 2004
1
, e desenvolvido ao longo do tempo
também por seus seguidores, dentre os quais se destacam Eggins (1994), Thompson (1996)
e Martin et al. (1997).
Pagano (2005) afirma que o diálogo entre os Estudos da Tradução e a Lingüística
Sistêmico-Funcional compreende uma tradição de aproximadamente quarenta anos,
embora apenas recentemente incorpore a Lingüística de Corpus. Mesmo com essa
incorporação, as pesquisas baseadas em corpus desenvolvidas sobretudo na última
1
A edição de 2004 é com co-autoria com Christian Matthiessen.
14
década do século XX que se orientam pela Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) têm se
mostrado laboriosas devido à necessidade de se anotar manualmente os corpora de acordo
com categorias de análise que demandam a intervenção do analista para que eles possam
ser processados corretamente por um programa de análise de corpora, como o WordSmith
Tools. Entre os pesquisadores do NET (Núcleo de Estudos da Tradução) da FALE
(Faculdade de Letras) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), formado por
estudantes de graduação e pós-graduação, foi implementada uma proposta de análise da
organização temática em corpora paralelos. As primeiras análises realizadas pela
Professora Dra. Adriana Pagano e pelos próprios alunos mostraram que, além de se tratar
de um trabalho demorado, o processo de anotação dos corpora vinha apresentando falhas
devido a erros de digitação na hora da inserção de Rótulos
2
. A anotação vinha sendo
efetuada através de palavras, com o nome de cada categoria inserido por extenso em cada
Rótulo. Esses Rótulos acabavam sendo longos e mais propensos a erros de digitação, o
que interferia nos resultados fornecidos pelo programa de análise de corpora. Além disso, a
ausência de um padrão de anotação entre os membros do NET dificultava um diálogo mais
profícuo entre os pesquisadores. Como cada pesquisador estabelecia seus Rótulos, o acesso
ao corpus anotado de um outro pesquisador tornava-se mais difícil, pois implicava a
necessidade de se aprender como foi efetuada a Rotulação de seu corpus.
Visando, portanto, a agilizar o processo de anotação dos corpora dos pesquisadores
do NET, a dirimir os erros de digitação durante esse processo e também a possibilitar uma
maior interface entre as diversas pesquisas em tradução, em seguimento na Faculdade de
Letras da UFMG, esta pesquisa visa à elaboração de um código numérico que viabilize
uma melhor anotação dos corpora nos termos da Gramática Sistêmico-Funcional de
2
O termo tulo é empregado, no presente trabalho, como tradução para o termo Label”, estabelecido por
Halliday (1994: 24) como o indicador da função que cada elemento desempenha em uma oração.
15
Halliday e que permita um diálogo maior entre os que realizam este tipo de pesquisa,
através de uma uniformidade de anotação que seja de conhecimento de todos os
pesquisadores. Em consonância com essa proposta, o presente trabalho aborda a
elaboração de tal código, que tem o nome de CROSF (Código de Rotulação Sistêmico-
Funcional), o qual será implementado a fim de testar sua viabilidade no contexto imediato
de pesquisa do NET. Pretende-se, neste trabalho, formalizar e consubstanciar um código
numérico abrangente e satisfatório passível de ser utilizado além do escopo do NET
para a anotação eficaz e correta dos corpora direcionados à análise das funções apontadas
por M.A.K. Halliday.
Para verificar a aplicabilidade do código, foi realizado primeiramente um estudo
piloto que possibilitou a construção do código e, posteriormente, um estudo de caso com
extração de dados e análise dos mesmos, ambos baseados em um corpus paralelo bilíngüe
composto por dois capítulos do Texto Original (TO) The blind assassin, de Margaret
Eleanor Atwood (2000), e de sua respectiva tradução ao português (Texto Traduzido = TT)
O assassino cego, realizada por Léa Viveiros de Castro (Atwood 2001). Pode-se afirmar
que o presente corpus é paralelo baseando-se em Kenny (2001), segundo a qual um corpus
paralelo consiste em um corpo de textos numa língua acompanhado de suas traduções para
outra. Objetivou-se, com este estudo, demonstrar a eficácia do CROSF para a anotação
manual dos corpora segundo os critérios da Gramática Sistêmico-Funcional, abrindo
espaço para pesquisas futuras mais ágeis (apontando-se algumas facilidades do programa
WordSmith Tools) e também para a avaliação contínua do próprio código, que é um código
aberto, podendo ser ainda expandido futuramente.
16
Em relação aos objetivos deste trabalho, temos, como objetivos gerais:
1) Contribuir para os Estudos da Tradução a partir dos subsídios da Lingüística
Sistêmico-Funcional e com o suporte de estudos de corpora.
2) Contribuir para os estudos de organizações temáticas em corpora paralelos.
3) Desenvolver uma pesquisa no âmbito do NET/FALE a partir de um corpus
integrante do CORDIALL.
Como objetivos específicos, temos:
1) Elaborar um código numérico para a classificação das categorias da Gramática
Sistêmico-Funcional de M. A. K. Halliday (GSF), visando a agilizar e aumentar a precisão
de pesquisas em corpora de pequenas dimensões que se utilizam dessas categorias, além de
uniformizar as anotações dos corpora manipulados pelos pesquisadores do Núcleo de
Estudos da Tradução (NET) da Faculdade de Letras (FALE) da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Objetiva-se um código aberto suficientemente maleável para
pesquisas futuras no NET e, possivelmente, também, de outros grupos de pesquisadores
que se utilizem da GSF.
2) Aplicar o código em um corpus paralelo inglês-português de pequena dimensão e
aprimorá-lo com base nas falhas que surgirem a partir de seu emprego no corpus. À
medida que lacunas e possibilidades forem observadas nos protótipos, ao serem aplicados
ao corpus, pretende-se ir aprimorando o código, passo a passo, até chegar ao modelo mais
adequado possível no escopo de uma pesquisa de mestrado.
17
3) A partir da aplicação do código, observar como os dados quantitativos gerados pelo
WordSmith Tools, com base no corpus anotado, podem apontar aspectos da organização
temática no fragmento do romance escolhido.
Como dito no início desta Introdução, a especificidade da presente pesquisa
demanda uma estrutura um pouco diferenciada. No presente trabalho, o capítulo
tradicionalmente reservado à análise e discussão de dados é substituído por um capítulo
que focaliza as etapas do desenvolvimento do código elaborado, descrevendo-se sua
arquitetura e apresentando-se uma aplicação do mesmo em um corpus paralelo bilíngüe.
Assim, esta dissertação está composta pela presente Introdução (que inclui os objetivos da
pesquisa); o Capítulo 2 Revisão de Literatura, no qual as bases teóricas desta dissertação
são apresentadas; o capítulo 3 detalhando a Metodologia; o capítulo 4: Arquitetura e
aplicação do código, no qual a elaboração, a descrição e a aplicação do código são
descritas; o Capítulo 5 com considerações finais; Referências Bibliográficas e Anexos, nos
quais se encontram as tabelas de todos os protótipos do CROSF (modelo final e protótipos
anteriores), completam o presente texto.
2. Revisão da Literatura
19
Neste capítulo serão abordados aspectos da Gramática Sistêmico-Funcional de
Halliday e da Lingüística de Corpus, que são duas abordagens nas quais se baseia este
trabalho.
2.1. Gramática Sistêmico-Funcional
A Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday (GSF) compreende a língua como
um sistema de escolhas, no qual o analista pode identificar padrões. Diferentemente de
outros modelos, a abordagem hallidayana busca regularidades através da análise da função,
do texto, dos recursos e da potencialidade de significados, em vez de analisar formas,
sentenças isoladas, regras e gramaticalidade. Como Halliday defende, seu modelo é
funcional “no sentido de que é desenvolvido para explicar como a língua é usada
3
(1994:
xiii).
Em sua gramática, tomando a oração como unidade de análise, Halliday descreve
três Metafunções que se identificam com: a representação do mundo (Metafunção
Ideacional); a troca de mensagens (Metafunção Interpessoal); e a organização da
mensagem (Metafunção Textual). Vasconcellos (1997: 150) explica a Metafunção
Interpessoal hallidayana como “aquela através da qual o indivíduo alcança a comunicação,
assumindo seu papel no discurso frente às demais pessoas”.
4
Já a Metafunção Ideacional é
aquela através da qual o falante ou escritor constrói na linguagem sua experiência dos
fenômenos do mundo real e do seu mundo interior (Halliday, 1973: 106). Quando se
analisa uma oração baseando-se na Metafunção Ideacional, focalizam-se os Participantes,
os Processos e as Circunstâncias que compõem a oração. Por fim, a Metafunção Textual é
3
Minha tradução de: “in the sense that it is designed to account for how the language is used” (1994: xiii).
4
Minha tradução de: “that whereby one achieves communication, taking on speech roles in relation to the
other people.”
20
aquela responsável pela organização e conexão do discurso; refere-se ao modo como se
estabelecem as relações entre as orações e as sentenças no discurso e, portanto, à
construção do significado organizado através de redes coesivas e disposição da
informação.
O presente trabalho se desenvolve a partir da Metafunção Textual, especialmente a
estrutura Tema-Rema conforme apontada por Halliday. Para o autor (1994: 37), o Tema é
definido como o ponto de partida da mensagem e o Rema compreende o restante da
oração. Deve-se salientar, todavia, que as duas outras Metafunções Interpessoal e
Ideacional – são igualmente importantes. Ao se classificar o Tema de uma oração, opera-se
simultaneamente com as três Metafunções, uma vez que, conforme será explicado, o Tema
pode ter um componente Textual e/ou Interpessoal além do Ideacional. A ênfase dada aqui
à Metafunção Textual refere-se ao fato de que o código elaborado neste trabalho tem como
ponto de partida o Tema, embora o código também permita classificar Remas e outras
estruturas. Inclusive outras pesquisas usando a Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday
que não se preocupam em classificar se o termo é Tema ou Rema ainda podem se utilizar
deste código, conforme será explicado mais adiante. Uma vez que o código foi concebido
tendo como motivação o exame da organização temática, é a partir da identificação de
Tema e Rema que a função do elemento na oração poderá ser estabelecida, ou seja, é a
partir da identificação do Tema ou do Rema que o pesquisador poderá, utilizando o
CROSF, determinar qual a função de um dado elemento em uma oração.
21
2.1.1. Escolha temática
Em relação à Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), como foi apontado, o aspecto
que norteia a elaboração do código é a organização temática e a classificação dos
diferentes tipos de Temas contemplados pela GSF, resumidos no quadro de Pagano (2005)
5
reproduzido a seguir.
Fig. 1: Categorização temática (Pagano, 2005)
Se acompanharmos a Figura 1, vemos que um primeiro critério para a classificação
do Tema é simples (composto de um sintagma com apenas uma função, segundo a GSF)
ou múltiplo (composto de sintagmas agrupando mais de uma função, segundo a GSF). Em
qualquer oração, em posição temática, em primeiro lugar, podem ocorrer ou não um ou
5
As categorias da GSF compreendidas no CROSF foram descritas mais detalhadamente no item 4.4 deste
trabalho.
22
mais termos Textuais; em segundo, pode haver ou não um ou mais termos Interpessoais;
em seguida, deve haver um termo Ideacional. Por exemplo:
“E não terminou ainda?”
“Quase.”
6
Na primeira oração, o Tema está sublinhado. E”=elemento Textual;
“não”=elemento Interpessoal; “terminou”=elemento Ideacional. Na segunda oração, não
se observa a presença de transitividade alguma. Não é possível identificar sequer em que
categoria esse termo isolado se enquadraria, embora, em um contexto, próximo a outras
orações, ele possa fazer sentido. Devido à ausência de transitividade explícita (Processo e
Participante), essa estrutura não pode ser considerada uma oração; trata-se de um Absoluto
(“minor clause”), de modo que não se pode observar a existência de um Tema, visto que
não transitividade explícita no fragmento.
7
Assim, um outro critério de classificação é
decidir se há elipse ou não e qual o nível de análise: orações e Absolutos.
Uma outra consideração, segundo a Figura 1, é quanto à ordem dos constituintes da
oração. uma certa ordem esperada dos elementos e, caso o elemento mais esperado
esteja em posição temática, dizemos que o Tema é Não-Marcado. Por exemplo:
“Tudo é novo outra vez.”
8
6
A maior parte dos exemplos deste trabalho foram extraídos do corpus. Entretanto, para exemplificar este
detalhe, o exemplo mais adequado foi encontrado fora do corpus. Esta frase foi observada, em linguagem
oral, em conversa entre dois amigos. Considerei a frase um excelente exemplo para “citá-la” aqui.
7
Maiores explicações sobre Temas e outros termos da GSF são dadas no capítulo 4 (“Arquitetura e aplicação
do código”) deste trabalho.
8
Salvo especificado em contrário, todos os exemplos fornecidos ao longo desta dissertação foram extraídos
do corpus desta pesquisa (Atwood, 2000 e Atwood, 2001).
23
Caso o elemento encontrado no início da oração não seja o mais esperado, temos
um Tema Marcado. Por exemplo:
“É tudo muito correto”
Temos, neste caso, o verbo anteposto ao sujeito. Esta ordem dos elementos da
oração difere da seqüência convencional “sujeito-verbo-objeto” (SVO) e por isso o Tema é
considerado Marcado. A ordem dos elementos mais ou menos esperados em posição
temática será tratada mais detalhadamente mais adiante neste trabalho.
Além da categorização Marcado/Não-Marcado, podemos também indicar se houve
a elipse do Tema ou de parte dele. Entretanto, se não houver item ideacional que possa ser
recuperado, não transitividade observada, de modo que não se tem estrutura temática;
não se trata, então, como afirmamos acima, de uma oração, mas de um Absoluto. Todavia,
caso o item elíptico possa ser recuperado, este é classificado. Vale ressaltar que o caso de
sujeito elíptico não é tratado neste trabalho como Tema elíptico, mas, conforme será
exposto mais adiante, como Tema Processo-Participante, isto é, uma co-ocorrência de
Processo e Participante elíptico recuperado a partir do Processo
9
.
Como mostra a Figura 1, os Temas experienciais podem ainda ter ou não uma
estrutura de Tematização. Entre os Temas sem estrutura de tematização, podemos
encontrar os seguintes elementos em posição temática, ilustrados aqui com um exemplo e
retomados no Capítulo 4 deste trabalho:
9
“Processo-Participante” não é uma categoria da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF); é apenas um Rótulo
proposto pelo autor desta dissertação e utilizado nas anotações realizadas pelos pesquisadores do
NET/FALE/UFMG. Trata-se de uma co-ocorrência de duas categorias previstas na GSF.
24
1- Participante: “Eu nadei”.
2- Processo: “Pára de berrar.”
3- Processo-Participante: “Comprei um par de meias.”
4- Circunstância: “No meio da planície há um grande monte de pedras.”
5- Oracional: “Colocando a mão sobre o retrato, ela ainda podia sentir o calor emanando
dele.”
Pode-se ter também, conforme apontado na Fig. 1, uma estrutura de Tematização
em posição temática
10
:
1- Tema Predicado: Orações clivadas em posição temática. Por exemplo:
“É nisso que sou melhor.”
2- Equativo Temático: Quando sujeito e predicativo estão em torno do Processo Relacional
e a troca de ordem entre os dois não alteraria o significado geral da frase. Ex:
“That’s what I’m best at.”
3- Tema Preposto: Quando um tópico é inserido, sem ligar-se sintaticamente com o Rema.
“A Maria, essa não quer nada com o serviço.”
11
10
Além do quatro tipos aqui mencionados, Thompson (1996: 130) também menciona como Tema as
Estruturas Passivas, as quais foram levadas em consideração para a arquitetura do CROSF. Entretanto,
Halliday (1994) e Halliday & Matthiessen (2004) não analisam por essa ótica.
25
4- Tema Comentário: Opinião expressa na forma de um comentário em posição temática.
“Seria simpático ter umas tamareiras.”
Tendo-se esses tipos de Tema em mente, pode-se categorizá-los e observar a
organização temática de um texto. A seguir, comentários sobre a importância desse estudo
no que tange aos Estudos da Tradução.
2.1.2. Organização temática no âmbito dos Estudos da Tradução
A importância de se pesquisar sobre a organização temática nos Estudos da
Tradução é destacada por Baker em seu livro In other words (Baker, 1992: 26). A autora
afirma que a seleção de um Tema específico de determinada oração por si só não é
significativa, mas que a escolha global de determinada(s) estrutura(s) temática(s) em um
dado texto é de suma importância para a organização desse texto e é capaz de prover
informações sobre determinado registro da linguagem. Além de Baker, outros autores têm
reafirmado a importância da organização temática na tradução, No Brasil, destacamos o
trabalho de Vasconcellos (1997), comentado a seguir.
2.1.2.1. Vasconcellos (1997)
Vasconcellos (1997) também pondera sobre a relevância da organização temática
no contexto da tradução. Um estudo de organização temática foi feito pela autora
comparando nove traduções diferentes, feitas por alunos seus de graduação universitária,
do conto “Appointment in Samarra” de Somerset Maugham. Os resultados da pesquisa
mostraram que os tradutores lidaram de modo diferente com as estruturas marcadas do
11
Os outros exemplos dados nesse item foram retirados de Atwood (2001). Entretanto, esse corpus não tinha
caso algum de Tema Preposto, de modo que um exemplo ilustrativo foi buscado fora do corpus. O exemplo
aqui citado foi retirado de Pontes (1987: 12). Também para o Tema Comentário, exemplos tiveram que ser
buscados fora do corpus.
26
texto ao traduzi-las. A pesquisadora focalizou a organização temática e o fato de certas
estruturas marcadas serem tratadas de modo diferente na tradução. Com base nos
resultados, Vasconcellos enfatiza a utilidade desse tipo de pesquisa para ajudar tradutores
em formação a lidar com certos problemas de tradução que talvez não fossem tão claros
sem o estudo da organização temática do texto. A pesquisadora menciona a necessidade de
se alterar a estrutura temática em alguns casos ao traduzir um texto para poder manter o
significado o mais próximo possível do texto original. casos em que, ao traduzir um
texto procurando manter a mesma organização temática, o texto traduzido se torna de
leitura mais difícil, confusa. Pode até mesmo alterar o significado. Não se trata, portanto,
de manter a organização temática ao traduzir, tornando-a igual à do texto original; trata-se,
segundo Vasconcellos, de estar-se atento à organização temática para estruturar o texto
traduzido de modo a manter o significado geral o mais semelhante possível ao do texto
original. Em outras palavras, Vasconcellos (1997: 155-156) aponta que a organização
temática pode se dar de modo diferente na tradução, embora a manutenção da mesma
possa parecer desejável. Pesquisas quantitativas podem ajudar a mostrar as diferenças
entre a organização temática de textos originais e suas traduções.
Os estudos de Tema no âmbito dos Estudos da Tradução têm trabalhado com textos
na forma de um corpus impresso ou em papel (“hard copy”) ou na forma de um corpus
eletrônico, o que facilita analisar quantitativamente os Temas no decorrer do corpus. A
pesquisa de Vasconcellos (1997) acima citada foi realizada utilizando-se um corpus em
papel. Outros pesquisadores posteriormente realizaram pesquisas quantitativas com
corpora eletrônicos, como, por exemplo, Munday (1998) e (2002) e Ghadessy & Gao
(2001), os quais serão tratados mais detalhadamente a seguir.
27
2.1.2.2. Ghadessy & Gao (2001)
Um exemplo de análise quantitativa em um corpus eletrônico é o trabalho realizado
por Ghadessy & Gao (2001), no qual observaram o desenvolvimento temático de textos de
um mesmo tipo textual (comentários sobre eventos políticos) em inglês e de suas traduções
para o mandarim. Os textos foram obtidos de um livro didático utilizado em ensino
universitário na China. Ghadessy & Gao mencionam a possibilidade de uma
correspondência na estrutura temática entre um texto original e sua tradução para outra
língua e fazem uma análise quantitativa comparando as duas formas, não explorando
diferenças entre as línguas. Os autores constataram diferenças no número de orações e de
Temas entre os textos originais e suas traduções e verificaram que a retextualização em
mandarim teve algumas orações divididas em duas ou mais, verificando-se essa divisão
necessária, dada a diferença de estrutura do mandarim (estrutura tópico-comentário, que
será explicada detalhadamente mais adiante
12
).
Ghadessy & Gao (2001: 336) mencionam ainda a importância da tradução para o
mercado que fornece “materiais equivalentes” em mais de uma língua e apontam a
falibilidade da tradução automática. Chegam a mencionar que o termo “tradução palavra-
por-palavra” é utilizado para se designar uma tradução inadequada (Ghadessy & Gao,
2001: 337) e que a comparação de um texto e sua tradução podem auxiliar na formação de
tradutores. Mencionam também que a estrutura do texto muda em diferentes gêneros e
registros e que, ao traduzir, deve-se estar alerta para isso. A contagem dos Temas
devidamente anotados pode ser feita automaticamente.
12
Cf. item 2.1.2.5. deste trabalho.
28
2.1.2.3. Munday (1998)
Um outro estudo de organização temática feito com um corpus eletrônico é o
trabalho realizado por Munday (1998), comparando a organização temática do conto El
verano feliz de la señora Forbes de Gabriel García Márquez e sua tradução para o inglês,
Miss Forbes’ summer of happiness, feita por Edith Grossman. Munday analisou seu corpus
com o auxílio da suíte de programas WordSmith Tools, fazendo Anotações no corpus
como será detalhado a seguir e listando as ocorrências de cada anotação com o uso da
ferramenta Concord.
O autor anotou os elementos que marcam o início das orações e das sentenças com
os Rótulos: <s> (início da sentença no texto em espanhol); <c> (início da oração no texto
em espanhol); <se> (início da sentença no texto em inglês); e <ce> (início da oração no
texto em inglês). As Anotações foram buscadas quantitativamente com o uso da ferramenta
Concord da suíte de programas WordSmith Tools e os elementos com os quais as sentenças
e orações se iniciam puderam ser observados com precisão e uma nova lista foi feita
manualmente das ocorrências de Temas Tópicos, Interpessoais e Textuais. O autor não
explica isto no trabalho, mas a entender que esses três tipos de Tema foram de algum
modo anotados em seu corpus, pois mostra o número total de ocorrências de cada um
desses tipos de Tema, o que indica que provavelmente uma anotação nesse sentido foi
feita, de modo a poder contá-los automaticamente no computador.
Munday constatou que os números de cada tipo de Tema no texto original e no
texto traduzido eram realmente muito diferentes e que isso se deve à estrutura distinta de
cada uma das línguas (os exemplos puderam ser verificados no alinhamento do texto
original com o texto traduzido). Por exemplo: “Ya era tarde” / “It was too late” (Tema
Textual em espanhol e Tema Tópico em inglês). também outras alterações que não
29
envolvem mudança de Metafunção, mas que implicam modificação da construção da
oração também; por exemplo, a troca de ordem entre sujeito e objeto. A língua inglesa
apresenta sempre o sujeito antes do verbo, enquanto no espanhol há exemplos Não-
Marcados encontrados com o verbo anteposto ao sujeito, como por exemplo, nos trechos a
seguir reproduzidos de Munday (1998):
y entramos por la galería lateral, donde estaban dos hombres fumando sentados en el
suelo junto a una camilla de campaña
and [we] went to the side veranda, where two men sat on the floor next to a stretcher and
smoked”.
13
Munday afirma na conclusão de seu artigo que a organização temática do texto
traduzido se deu de modo diferente do texto original. Afirma também que essas alterações
se devem a restrições dos sistemas lingüísticos de cada uma das línguas, tendo a ordem
verbo-sujeito (VS) do espanhol sido normalizada no inglês. Munday explica que essa
alteração modifica a ênfase dada ao elemento em posição temática. Explica também que a
preservação da organização temática não se facilmente, dadas as restrições de cada uma
das línguas, mas afirma que, em alguns casos, uma compensação poderia ser feita pondo,
em outras frases, um maior uso de tempos contínuos dinâmicos, ou buscando formas
nominalizadas do Processo que possam aparecer em posição temática.
13
Ao considerar apenas ocorrências de Temas Ideacionais, Interpessoais e Textuais, como Munday (1998)
fez, detalhes sobre elementos da transitividade e de outras Metafunções não são explorados na análise de
organização temática. Entretanto, esses elementos são considerados em textos anotados com o CROSF, visto
que a Anotação indica se o Tema é um Processo ou um Participante, além de subcategorizar até mesmo os
tipos de Processos e de Participantes.
30
2.1.2.4. Munday (2002)
Outro trabalho feito por Munday (2002) com uso de um corpus eletrônico foi o
estudo comparativo de uma notícia sobre o menino Elián González em jornais de Cuba (em
espanhol) e dos Estados Unidos (em inglês). Ao relatar o mesmo fato, enfoques diferentes
puderam ser observados baseados na organização dos textos, analisando-os sob a ótica da
Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday. Utilizando-se da ferramenta Wordlist da suíte
de programas WordSmith Tools, informações gerais do corpus (número de palavras, formas
e ocorrências) foram obtidas. Listas de palavras foram geradas, mostrando os termos mais
freqüentes em cada texto. Tendo corpora de dimensões semelhantes em cada língua, as
ocorrências puderam ser comparadas quantitativamente. Algumas ocorrências mais ou
menos freqüentes em cada ngua foram buscadas no corpus eletrônico em contexto e
diferenças nos padrões puderam ser observadas.
Com estas análises, Munday pôde mostrar que diferenças entre tipos de
Participantes (Metafunção Ideacional) utilizados para estruturar o texto, diferenças de
Modalização (Metafunção Interpessoal) e da organização temática (Metafunção Textual)
enfocam detalhes diferentes ao relatar os mesmos eventos. É verdade que a estrutura de
cada língua também motiva as escolhas, mas algumas diferenças na organização do texto
podem se dar também devido a diferentes contextos culturais e mesmo opiniões políticas
com relação ao mesmo evento. Esta conclusão corrobora de certa maneira a do trabalho de
1998.
31
2.1.2.5. Ordem dos elementos em línguas diferentes
Barbara & Gouveia (2001) mencionam que uma certa dificuldade em se
categorizar os Temas em outras línguas, particularmente no português, visto que a
estruturação de um texto se de modo diferente em cada língua. Isto pode levar-nos a
crer que a organização temática de uma tradução possa estar correlacionada também com
as características da própria língua à qual se traduz o texto. Entretanto, tal correlação não
parece ser feita ao acaso, particularmente se considerarmos, como Ventura & Lima-Lopes
(2002) apontam, que diferentes configurações de organização temática de uma oração
podem gerar diferentes configurações de significado. Tomando um exemplo fornecido por
Ventura & Lima-Lopes (2002: 3): Junto com o 1
o
vídeo, você recebe grátis a fita
Velocidades fantásticas”, podemos dizer que a mensagem é sobre quando você recebe a
fita; na frase “Você já recebe grátis a fita Velocidades fantásticas junto com o 1
o
vídeo” , a
mensagem prioriza o interlocutor (“você”); e na frase “A fita Velocidades fantásticas você
já recebe grátis junto com o 1
o
vídeo”, a mensagem enfoca a fita Velocidades fantásticas.
Baker (1992: 140-144) trata também da ordem de palavras em línguas diferentes,
mostrando que, em cada língua, a construção da linguagem se de um modo diferente.
Ela compara exemplos de línguas asiáticas contrastando com o inglês, mostrando que a
construção das frases se de modo diferente e alterações na ordem dos termos é às vezes
necessária ao se traduzir. A seguir temos um exemplo citado por Baker do mandarim,
traduzido ao inglês, no qual a autora mostra a diferença de estrutura temática entre as
línguas, devido às estruturas distintas de cada uma das línguas
14
:
14
A estrutura Tópico-Comentário” de línguas orientais, tais como o exemplo citado em mandarim, será
discutida mais detalhadamente no item 4.3.1.3. (“Tema Absoluto”).
32
Nèike shù yèzi dà, suyi w bu xhun —
that tree leaves big so I don’t like
‘That tree (topic), the leaves are big, so I don’t like <it>.’
15
As diferenças de organização temática em línguas diferentes foram apontadas
também por Taboada (1995: 34-47), mostrando que o que caracteriza um Tema como
Marcado ou Não-Marcado pode também variar de uma língua para outra. Em seu estudo
comparando Temas em inglês e em espanhol, Taboada (1995: 34) aponta que não a
gramática, mas também diversos outros fatores pragmáticos influenciam a escolha
temática. Por exemplo: os conceitos de “verbo” (“verb”) e de “finito” (“finite”) segundo
Halliday podem não ficar muito claros em espanhol, já que o “verbo” em espanhol exerce a
função tanto de “verbo” quanto de “finito”, indicando por si o tempo verbal, a pessoa e
o número (Taboada, 1995: 35), de modo que o finito, em espanhol, pode simplesmente
desaparecer em orações nas quais ele estaria presente em inglês. A estrutura do português,
nesse aspecto, é mais semelhante à do espanhol, apresentando configuração semelhante na
estrutura temática. Mesmo os conceitos de o que são um Tema Marcado e um Tema Não-
Marcado podem ser vistos diferentemente em cada língua. Taboada (2001: 37-38) explica,
por exemplo, que a estrutura mais esperada no espanhol é, assim como no inglês, a
estrutura “SVO”, isto é, “sujeito, verbo, objeto”. Entretanto, Taboada aponta casos em
que, no espanhol, a ordem mais esperada é a ordem “VS” (verbo-sujeito), dependendo do
verbo utilizado. Taboada indica também ser usual, no caso de certos verbos em espanhol,
iniciar a oração por um ou mais objetos (substituídos por pronomes) seguido(s) pelo verbo,
com a elipse do sujeito, por exemplo: “Se lo contó a todo el que quiso escucharle.”
(Taboada, 2001: 39). Trata-se de uma ordem completamente distinta da que seria usual em
inglês e, nem por isso, segundo Taboada, seria um caso de Tema Marcado em espanhol.
15
Exemplo de Li (1976: 469), citado por Baker (1992: 142).
33
Podemos entender, então, que estar atento às diferenças temáticas em cada língua pode
ajudar a entender como organizar um texto ao traduzi-lo.
2.1.2.6. Pesquisas no âmbito do NET
Entre as pesquisas em andamento no NET (Núcleo de Estudos da Tradução) da
FALE/UFMG que usam a GSF e a Lingüística de Corpus, podemos citar “A organização
temática em A hora da estrela e The hour of the star” de Roberta Rego Rodrigues (anotado
com Rótulos em palavras); “Organização temática em The inheritors e Os herdeirosde
Priscila Lacerda e Cristiano Gonçalves (anotação com o protótipo CROSF-06); e
“Aspectos Temáticos da tradução de Guimarães Rosa para o inglês” de Giácomo P.
Figueiredo e Camila Braga (anotação com o protótipo CROSF-08). A pesquisa de Roberta
Rego Rodrigues, por exemplo, mostra algumas observações muito interessantes com
relação à organização temática de um texto em português brasileiro (A hora da estrela, de
Clarice Lispector) e sua tradução para o inglês (realizada por Giovanni Pontiero):
Enquanto a protagonista Macabéa, tanto no texto fonte quanto no texto
alvo, apresenta representações de mundo semelhantes quanto à
interpessoalidade Temática, o mesmo não ocorre com o narrador: mais
recorrentemente, no texto fonte, sua interpessoalidade Temática
relaciona-se com uma representação do mundo retratada pelos Processos
Mentais ao passo que no texto alvo sua interpessoalidade temática
manifesta-se por meio de uma representação de mundo configurada pelos
Processos Materiais.
16
Esse tipo de pesquisa com corpora paralelos pode ajudar a mostrar diversas
mudanças comuns ao traduzir um texto de uma determinada língua a uma outra em
particular, ajudando futuros tradutores a terem em mente certos aspectos que talvez não
fossem tão evidentes antes. Para poder pesquisar em vários corpora paralelos, a utilização
de um padrão de anotação revela-se muito útil.
16
Informado por Roberta Rego Rodrigues em comunicação pessoal.
34
É baseando-se nesta perspectiva funcional e sistêmica da gramática de Halliday a
qual compreende a linguagem como um sistema de escolhas e que prevê regularidades
dentro deste sistema discursivo que pesquisas na área de tradução vêm sendo
desenvolvidas com base na GSF
17
usando corpora eletrônicos paralelos
18
realizando
aotações manuais, conforme será descrito no próximo subitem e também no Capítulo 3
(“Metodologia”) deste trabalho.
2.2. Lingüística de Corpus
A Lingüística de Corpus é definida por Baker (1995: 239), como uma parte da
lingüística que se utiliza de extensas coleções de linguagem(ns) autêntica(s) em formato
eletrônico com o objetivo de consubstanciar seus achados. É a essa coleção de linguagem
natural em formato eletrônico que se o nome de corpus (ou corpora, seu plural). De
fato, por se basear em dados autênticos e em dados numéricos, a Lingüística de Corpus
vem despontando como uma importante área de pesquisa, sobretudo na última década.
Uma definição mais acurada, apontada por Tognini-Bonelli (2001), indica que
corpus não apenas se refere a uma compilação de linguagem autêntica, mas também a uma
seleção de textos baseada em determinados critérios explícitos e passível de análise
automática ou semi-automática. A autora aponta quatro tipos de corpora: a) o monolíngüe
simples, que consiste em textos produzidos originalmente em uma língua; b) o monolíngüe
comparável, que compreende textos originalmente escritos e traduzidos para uma mesma
língua; c) o paralelo bilíngüe ou multilíngue, que corresponde a um texto e sua(s)
tradução(ões); e d) o bilíngüe comparável, que se refere a grupos de textos selecionados
seguindo um critério de tipologia textual. Como foi apontado, seguindo esta
17
É importante salientar que, em qualquer instância em que se refere à Gramática Sistêmico-Funcional neste
trabalho, está-se, precisamente, referindo-se às reflexões para a construção da Gramática Sistêmico-
Funcional elaborada por Halliday, inicialmente nos anos 60 e depois revista em 1985, 1994 e 2004.
18
Cf. Munday (1998) e (2002).
35
categorização dos corpora, pode-se dizer que o corpus deste trabalho é paralelo bilíngüe,
que se trata de um texto produzido em inglês e sua respectiva tradução para o português.
A importância da Lingüística de Corpus para os Estudos da Tradução é enfatizada
no resumo de um trabalho da própria Baker (1993: 233):
O surgimento da Lingüística de Corpus tem implicações sérias para as
disciplinas nas quais a língua tenha um papel relevante. Este trabalho
explora o impacto que a disponibilidade de corpora pode ter no estudo da
tradução como um fenômeno empírico. Argumenta que as técnicas e
metodologia desenvolvidas no campo da Lingüística de Corpus terão um
impacto direto na disciplina emergente disciplina dos Estudos da
Tradução, particularmente com respeito aos seus ramos teóricos e
descritivos.
19
Baker (1996: 175) afirma ainda que:
Apenas muito recentemente, nos últimos doze meses aproximadamente, é
que começamos a considerar o uso de técnicas e ferramentas da
Lingüística de Corpus para estudar a tradução como uma variedade do
comportamento lingüístico que merece atenção em si própria: não para
criticar ou avaliar traduções individuais, mas para entender o que
realmente ocorre no processo de tradução.
20
Com a Lingüística de Corpus, dados empíricos são fornecidos, tornando a pesquisa
mais fundamentada em fatos “concretos” do que especulação. Muitos detalhes que
freqüentemente “escapam” aos olhos do leitor podem ser percebidos com a ajuda dos
dados quantitativos, ajudando a ressaltar certas características dos textos.
19
Minha tradução de The rise of corpus linguistics has serious implications for any discipline in which
language plays a major role. This paper explores the impact that the availability of corpora is likely to have
on the study of translation as an empirical phenomenon. It argues that the techniques and methodology
developed in the field of corpus linguistics will have a direct impact on the emerging discipline of translation
studies, particularly with respect to its theoretical and descriptive branches.” (Baker, 1993: 233)
20
Minha tradução de “It is only very recently, in the past twelve months or so, that we have started to
consider using the techniques and tools of corpus linguistics to study translation as a variety of language
behaviour that merits attention in its own right; not in order to criticise or evaluate individual translations but
in order to understand what actually happens in the process of translation.” (Baker, 1996: 175)
36
Em relação a softwares disponíveis para análises lingüísticas, Scott (2001)
menciona a aplicabilidade do software WordSmith Tools para investigar quantitativamente
a colocação e a freqüência de termos em corpora. Embora Scott não tenha mencionado em
seu trabalho a possibilidade de contabilizar as anotações em si, o software realmente
permite que isso seja feito também, quando devidamente configurado para isso. Tipos de
textos diferentes podem ser comparados separadamente também, mostrando a diferença
quantitativa de dados gerados pelo computador, que pode escapar ao olhar humano. Scott
(2001: 61-63) exemplificou isto citando a pesquisa realizada por Nélia Scott em 1998, na
qual ela trabalhou com listas de palavras de um romance brasileiro A hora da estrela, de
Clarice Lispector – e sua tradução para o inglês – The hour of the star, mostrando
diferenças de palavras mais comuns no texto original e no texto traduzido. Por exemplo, a
palavra “não” ocorreu mais vezes que “not” e noem inglês. Essa diferença se deve à
construção natural do português, que difere do inglês no que tange à polaridade, que a
negativa no inglês pode ser feita contraída com verbos auxiliares; além disso, o português
admite a colocação de “não” com “nuncaem uma mesma oração. O inglês teria apenas o
termo “never” sem outra negativa na mesma oração, conforme Scott (2001: 62) explica em
seu texto. Essa diferença de construção percebida mais claramente na análise quantitativa
pode passar “despercebida” pelo olho humano, mas, como apontado por Scott (2001: 63), é
possível que o texto original possua efeitos que são retextualizados de forma diferente no
novo texto, que é a tradução.
Ragan (2001) aponta que diferenças entre textos de tipos distintos podem ser
analisadas sob a ótica hallidayana quantitativamente e, então, comparadas, mostrando as
particularidades nas estruturas encontradas em cada tipo textual, desde que os corpora
recebam uma anotação favorável a isso.
37
2.2.1. Anotação de corpora
O processo de anotação recebe, na literatura, diferentes nomes em função do tipo de
elemento que está sendo anotado em um corpus. Hunston (2002: 79-84), por exemplo,
explica que anotação é o termo mais genérico utilizado para se designar o processo de se
adicionar dados a um corpus. Segundo a autora, dependendo do tipo de informação que
está sendo acrescentada ao corpus, o termo anotação é substituído por uma terminologia
mais específica. A autora, deste modo, explica que etiquetamento (tagging”) corresponde
a informações adicionadas concernentes a classes de palavras, enquanto parsingindica o
processo de se adicionar dados referentes a uma análise sintática do corpus. A anotação
com base em categorias outras além das sintáticas também é possível. No presente
trabalho, faz-se uma anotação com base em categorias da Gramática Sistêmico-Funcional
e, como foi dito, utiliza-se o termo apontado por Halliday (1994: 24): Rotulação
(“Labelling”), que, segundo o autor, se refere ao processo de indicar qual papel cada
elemento desempenha em uma oração de acordo com as categorias da gramática
hallidayana. No caso específico deste projeto, dado o foco do mesmo, a palavra Rotulação
indica o processo de adicionar dados concernentes a Tema e Rema a um determinado
corpus com base na Gramática Sistêmico-Funcional. Este termo consta também no nome
dado ao código: CROSF – Código de Rotulação Sistêmico-Funcional.
Algumas propostas para anotações em corpora foram implementadas para
tagging” (ou “etiquetamento”) e para “parsing”. Seguem aqui alguns exemplos.
38
2.2.1.1. McEnery & Wilson (1997)
Este modelo trata de etiquetamento de “referências de entidade” (entity references)
que ajudam a identificar os textos que compõem um corpus, tais como informações sobre o
autor (nome, idade, sexo etc.), sobre o idioma em que está escrito, época etc. Consiste em
colocar entre parêntese angulares (“<” e “>”) uma letra que indica que tipo de referência é
tratada por exemplo: A para autor seguida do nome por extenso, por exemplo: <A
CHARLES DICKENS> para anotar no texto que a autoria é de Charles Dickens. Esse
estilo está de acordo com o que se denomina Text Encoding Initiative” (TEI)
21
. Segundo
McEnery & Wilson:
O objetivo da TEI é providenciar implementações padronizadas para o
intercâmbio de textos em formato digital” (“machine-readable texts”).
Para isso, a TEI emprega uma forma de anotação de documentos já
existente, conhecida como SGML (“Standard Generalised Mark-up
Language” “Linguagem de Marcação Generalizada Padrão”). A
SGML foi adotada por ser simples, clara, formalmente rigorosa e já
reconhecida como um padrão internacional. A contribuição original da
própria TEI é um conjunto detalhado de instruções de como esse padrão
pode ser utilizado para a “codificação textual” (“text encoding”)
(Sperberg-McQueen and Burnard, 1994).
22
Na anotação feita segundo as regras da TEI, como a realizada no trabalho de
McEnery & Wilson, por exemplo, uma etiqueta é posta no início do modo representado e a
mesma etiqueta iniciada por uma barra: </A CHARLES DICKENS> para indicar que ali
termina o trecho da referida autoria. Cada letra no início tem um sentido atribuído, por
exemplo: A = autor, N = nome do texto, D = dialeto etc.
O corpus que McEnery & Wilson usaram é composto de parte do British National
Corpus (BNC), o qual foi anotado em conformidade com a TEI.
21
Cf. <http://www.tei-c.org/>.
22
Minha tradução de “The aim of the TEI is to provide standardised implementations for machine-readable
text interchange. For this, the TEI employs an already existing form of document markup known as SGML
(Standard Generalised Markup Language). SGML was adopted because it is simple, clear, formally rigorous,
and already recognized as an international standard. The TEI’s own original contribution is a detailed set of
guidelines as to how this standard is to be used in text encoding (Sperberg-McQueen and Burnard, 1994).”
(McEnery & Wilson, 1997: 27).
39
2.2.1.2. Meyer (2002)
Em seu texto, Meyer discorre sobre o AMALGAM Tagging Project”, o qual
consiste em um tipo de etiquetamento morfossintático automático, reconhecendo
pronomes, substantivos, artigos, pontuação etc. e classificando-os com uma barra (“ / “)
seguida da etiqueta dada. Em um exemplo extraído do texto (Meyer, 2002: 87), a sentença
“I’m doing the work” é classificada da seguinte forma:
I/PRON(pers,sing)
‘m/V(cop,pres,encl)
doing/V
the/ART(def)
work/N(com,sing)
./PUNC(per)
Meyer explica que esse método foi usado para anotar diversos corpora e cita entre
eles: LOB, Brown e ICE. Segundo ele, tais corpora são muito extensos, dificultando,
assim, a anotação manual, de modo que o uso do etiquetador automático se mostra de
grande utilidade.
2.2.1.3. Meyer & Tenney (2003)
Esse texto começa explicando que lingüistas e programadores de computadores
freqüentemente trabalham juntos, visto que os lingüistas em geral não têm o conhecimento
necessário para criar seus próprios softwares. Programas interativos de etiquetamento são
então desenvolvidos sob encomenda e, entre eles, os autores mencionam o programa
CLAWS II. O texto focaliza o funcionamento do programa em si, não exatamente uma
pesquisa feita com ele.
No programa CLAWS II, etiquetas automáticas são feitas para classificações
gramaticais com um código alfanumérico. A classificação sintática poderia ser chamada
de “parsing”, embora os autores não tenham especificado o nome das etiquetas que
40
usaram. Chamaram-nas apenas de tags (“etiquetas”), termo este que normalmente
designaria categorizações morfológicas e não sintáticas.
23
A lógica de funcionamento do código em si não é explicada na íntegra pelos
autores, de modo que o leitor não entende com clareza o que está representado nos
exemplos. Entretanto, com os exemplos, nota-se que são usados longos códigos
alfanuméricos intercalados com o texto entre parênteses angulares (“<” e “>”) no
etiquetamento manual. Aqui temos um exemplo:
<#ICE.GB>Graphology:0068>
<{><-> I’ve got a <-/><,><=> I’ve got about a <=/><}/> week <,> of
fairly hard work uh after the fourth of July <,>
<#ICE.GB.Graphology:0069>
this C S C stuff you see <,>
No etiquetamento automático, os códigos são intercalados em linhas diferentes sem
qualquer sinal gráfico adicional no etiquetamento automático do CLAWS II, como, por
exemplo:
C01 1480 7 in wide screen and color, which opened yesterday at
C01 1490 5 the Fifty-fifth Street and Sixty-eighth Street Playhouses.
C01 1500 2 More than a beautiful visualization of the illustrious
C01 1510 2 adventures and escapades of the tragi-comic knight-errant
C01 1520 1 and his squire, Sancho Panza, in seventeenth-century
C01 1530 9 Spain, this inevitably abbreviated rendering of the
C01 1530 5 classic satire on chivalry is an affectingly warm and
C01 1540 4 human exposition of character.
C01 1540 8 #@#
Os autores apontam que esse procedimento foi utilizado para anotar o Corpus LOB.
O tipo de anotação adotado vem do TOSCA Project, um projeto orientado pelo pesquisador
Hans van Halteren, da Universidade de Nijmegen, para desenvolver dois softwares: um
tagger (“etiquetador”) e um parser automáticos. Atualmente, esses programas “TOSCA
23
Os programas de anotação automática são comumente chamados de taggers” (“etiquetadores”) e o termo
inglês “tag, no campo da Ciência de Computação, pode designar qualquer informação adicionada a blocos
de informação em computador, chegando os programadores até mesmo a chamarem os parênteses angulares
de tagsem inglês, mesmo no Brasil. Essa informação foi obtida através de comunicação pessoal com o
analista de sistemas Robson Ferreira Andrade, que gentilmente colaborou com tais informações do meio de
trabalho nessa área.
41
tagger” e “TOSCA parser” se encontram disponíveis, sendo distribuídos pela
Universidade de Nijmegen
24
.
2.2.1.4. Garside et al. (1997)
Os autores desse texto explicam um procedimento semelhante ao de Meyer &
Tenney (2003), feito automaticamente, mas sem o uso de parênteses angulares. A
distribuição das etiquetas é feita por colunas separadas, uma palavra apenas por linha. A
classificação, diferentemente de Meyer & Tenney (2003), é semântica. O código
alfanumérico remete a grupos semânticos como “cores”, “sentidos”, “condições”,
“características” etc. um código atribuído para cada categoria por eles considerada e,
baseando-se em um dicionário do programa, as classificações são feitas. As categorias em
si não foram listadas no texto, provavelmente por se tratar de uma lista muito longa que
não seria necessária para a compreensão do mesmo. Entretanto, um exemplo de anotação
feita por eles foi fornecido, do qual reproduzo um trecho a seguir (Garside et al., 1997: 61):
0000001 001 ..... .....
0000001 010 NP1 Joanna 231112
0000001 020 VVD stubbed 21072-31246[m1.2.1
0000001 030 RP out 21072-31246[m1.2.2
0000001 040 APPGE her 0
0000001 050 NN1 cigarette 2111014
0000001 060 IW with 0
0000001 070 JJ unnecessary 317
0000001 080 NN1 fierceness 227052
0000001 081 . .
0000002 001 ..... .....
24
Cf. <http://www.hosting.kun.nl>.
42
2.2.1.5. Pieter de Hann (1984)
Buscando verificar a posição, freqüência de ocorrência e função de “noun phrases
with postmodifying clauses” (sintagmas nominais com orações pós-modificatórias) em
sentenças em inglês, Hann (1984: 123-133) propôs e aplicou um modelo de anotação no
Nijmegen Corpus
25
. A utilização do código parece ser o foco principal do texto e é
amplamente discutida; entretanto, não esclarecimentos sobre se o código foi aplicado
em todo o Nijmegen Corpus ou se apenas em parte dele, nem que gêneros esse corpus
abrange.
Trata-se de um código alfanumérico com variáveis que podem ser combinadas
livremente, com relação a quais funções são exercidas simultaneamente em cada sintagma.
Um anexo (Hann, 1984: 134-139) traz a lista de categorias e seus respectivos códigos.
Esse tipo de etiquetamento foi chamado de problem-oriented tagging” (“etiquetamento
orientado pelo problema”) (Hann, 1984: 123). A seguir um exemplo (Hann, 1984, 124):
01 04604 and the news of the boys’ adventure which had
01 04605 greeted her on arrival at the rectory had shaken
01 04606 her self-control.
In this example the postmodifying clause has been italicised. This clause
has received the following set of codes:
A B1 B2 C D E F G H I J K L M N1 N2 O P Q R S T U V W X
1 46 4 2 0 6 5 2 8 4 4 2 2 2 7 0 3 0 0 0 0 1 0 9 0 0
25
Cf. <http://crl.nmsu.edu/cgi-bin/Tools/CLR/clrinfo?LDB)>.
43
2.2.1.6. Eggins (1994: 334-339)
Embora pareça não ter sido desenvolvido para fins de anotação de corpora
eletrônicos, este foi o único modelo de anotação encontrado baseado em categorias da
Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) de Halliday. Eggins usou um conjunto de
abreviaturas por ela mesma estabelecidas para os nomes das categorias da GSF em inglês.
No caso da organização temática, entretanto, apenas alguns tipos de Temas Ideacionais
foram observados. A autora utiliza categorias de Tema e categorias de elementos da
transitividade. Esse procedimento de anotação é descrito pela autora da seguinte maneira
(Eggins, 1994: 337):
P=Process, Pm=material, Pme=mental, Pb=behavioural, Pv=verbal,
Pe= existential, Pi=intensive, Pcc=circumstantial, Pp=possessive,
Pc=causative
A=Actor, G=Goal, B=Beneficiary, R=Range
S=Senser, Ph=Phenomenon
Sy=Sayer, Rv=Receiver, Vb=Verbiage
Be=Behaver, Bh=Behaviour
X=Existent
T=Token, V=Value, Cr=Carrier, At=Attribute
Pr=possessor, Pd=possessed
C=Circumstance, Cl=location, Cx=extent, Cm=manner, Cc=cause,
Ca=accompaniment, Ct=matter, Co=role
Ag=Agent
Theme is underlined
Texual theme is in italics
interpersonal theme is in CAPITALS
topical Theme: in bold
dependent clause as Theme: whole clause in bold
Vemos aqui um pequeno trecho de texto anotado por Eggins (1994: 337) com a
legenda apresentada acima:
1. A baby [[who (Be) won’t stop crying (Pb)]] (ag) can drive (Pc)
anyone (S) to despair (Pme). 2. You (A) feed (Pm) him (G), 3. you (A)
change (Pm) him (G), 4. you (A) nurse (Pm) him (G), 5. you (A) try to
settle (Pm) him (G), 6. but the minute [[you (A) put (Pm) him (G)
down (Pm)]] (Cl) he (Be) starts to howl (Pb). 7. Why? (Cc)
44
Didaticamente é bastante útil, visto que é muito visual, bom para a leitura humana.
Entretanto, para um programa de análise de corpora, torna-se inviável, pois os programas
lidam com textos em formato “.txt”, no qual formatações tais como sublinhados, negritos e
itálicos não são reconhecidos, além do fato de os parênteses não serem diferenciados do
resto do texto como anotações (embora estes pudessem ser facilmente substituídos por
parênteses angulares). Além disso, não há um Rótulo específico com tudo o que se
relaciona cada item por inteiro em um bloco, o que dificulta muito a busca de categorias
mais ou menos específicas, pois é preciso buscar os detalhes ao longo de todo o texto
marcado. Outro problema é ter apenas algumas categorias mais básicas particularmente
aquelas relativas à Metafunção Ideacional – e mesmo estas não estão todas presentes.
Nenhuma subcategoria das Metafunções Interpessoal ou Textual é utilizada por Eggins no
referido modelo de anotação. Trata-se de um código desde o seu princípio inapto para o
uso em corpora eletrônicos devido ao seu formato, além de ter suas abreviaturas muito
presas aos nomes dos termos em inglês, dificultando sua internacionalidade também. As
próprias abreviaturas, com combinações de maiúsculas e minúsculas, são complexas e
facilmente poderia haver erros de digitação, os quais afetariam a contagem dos Rótulos.
2.2.1.7. Contribuições das propostas mencionadas para o CROSF
Embora muito úteis, os tipos de anotação mencionados nos itens anteriores – exceto
apenas o modelo de Eggins não se aplicam à anotação de funções segundo a Gramática
Sistêmico-Funcional de Halliday (GSF), pois estão baseados em outras categorias de
análise. Também, como apontado no item anterior
26
, o modelo de Eggins não se mostra útil
para a análise de corpora eletrônicos. Todavia, o procedimento de anotação manual
utilizado em alguns desses códigos entre parênteses angulares (“<” e “>”) se aplica ao
26
Cf. item 2.2.1.6.
45
código proposto neste trabalho (CROSF), uma vez que está de acordo com procedimentos-
padrão para a inserção de informação em arquivos-texto. Visto que pretende-se aplicar o
CROSF em um corpus de pequena dimensão, a anotação manual é viável. Sem embargo,
fez-se necessário elaborar um novo sistema de anotação para as pesquisas que combinam a
Lingüística Sistêmico-Funcional com a Lingüística de Corpus, visto que nenhum dos
modelos encontrados se mostrou satisfatório para esse tipo de pesquisa.
Propõe-se aqui, então, um código numérico de sete dígitos para facilitar o processo
de anotação de Temas nos corpora dos pesquisadores do NET (FALE/UFMG). Como já foi
assinalado, o código possibilita três facilidades que a anotação com palavras até então
conduzida pelos pesquisadores do NET não apresenta: a primeira se refere à redução do
tempo gasto para se anotar o corpus; a segunda corresponde à possibilidade de diferentes
pesquisadores compartilharem de um mesmo corpus, pois o código de anotação é uniforme
para todos os membros do NET; e a terceira facilidade se refere à utilização de
determinadas funções do WordSmith Tools, que ficam comprometidas com a anotação com
palavras. Com os termos anotados segundo a GSF com o CROSF, pode-se procurar os
tipos de Tema mais freqüentes, co-ocorrências que emergem em maior quantidade e as
diferenças entre suas ocorrências no texto original em uma determinada língua e em sua
tradução em uma outra, o que pode ajudar a encontrar padrões mais freqüentes em cada
língua, ou mesmo padrões que talvez sejam mais freqüentes em textos traduzidos. A seguir
serão detalhados os procedimentos metodológicos adotados para: 1) a elaboração do
CROSF objeto da pesquisa e 2) sua aplicação em corpus para efeitos de comprovação
de sua viabilidade e eficácia.
3. Metodologia
47
Neste capítulo, serão apresentadas, primeiramente, características do corpus
27
escolhido para a elaboração e para a aplicação do código (itens 3.1 e 3.2 deste trabalho).
Em seguida, serão detalhados os procedimentos adotados para extrair os dados do corpus
para realizar as análises (item 3.3). As etapas são mais detalhadas a seguir (item 3.4).
3.1. Corpus
A escolha do corpus para 1) aplicação, 2) teste, 3) aprimoramento e 4) aplicação do
código está motivada pelas características do romance selecionado. A obra da escritora
canadense Margaret Atwood é um grande destaque da literatura canadense, tendo seus
trabalhos sido premiados mais de uma vez. Sua novela The blind assassin recebeu o
“Booker Prize” em 2000, prêmio de grande importância internacional. Ao narrar um
romance dentro de outro romance, ela recria o Canadá das décadas de 1930 e 1940, mistura
segredos de família, ficção científica, interesses políticos, justiça social, mortes,
reportagens de jornais e amores impossíveis. Esta obra chegou ao Brasil traduzida para a
nossa língua por Léa Viveiros de Castro, lançada pela Editora Rocco em 2001, tendo-se
esgotado rapidamente a primeira edição. também, como justificativa para se ter textos
desta autora como corpus, o fato de notar-se que Brasil e Canadá procuram cada vez mais
estreitar laços, visando estabelecer trocas culturais e científicas. A própria existência de um
Núcleo de Estudos Canadenses na UFMG (NEC/ABECAN) e de uma seção exclusiva de
obras canadenses na biblioteca da FALE indica que interesse em realizar trocas desse
caráter entre os dois países.
27
Maiores explicações sobre a Lingüística de Corpus são encontradas no capítulo 2 (“Revisão de Literatura”)
no item 2.2 (“Lingüística de Corpus”).
48
Outro aspecto interessante sobre este corpus é o fato de se tratar, como sugerido
acima, de uma obra composta por textos de gêneros discursivos variados, um romance
dentro de outro, obituários, colunas sociais de jornais e cartas, o que pode apresentar
diversas instâncias de aplicação do CROSF em textos de diferentes gêneros discursivos no
escopo de um mesmo romance.
3.2. Dados sobre o corpus
O corpus selecionado para este trabalho é de pequena dimensão (Sinclair, 1997),
devido à necessidade de anotação manual, pouco viável em um corpus maior. O corpus é
composto de dois capítulos do romance The blind assassin de Margaret Atwood (2000: 1-
34) e sua tradução O assassino cego (2001: 1-41). Temos inicialmente alguns números
gerados pelo programa “WordSmith Tools,” que nos oferece dados estatísticos para
apreciação do corpus e comparação do texto original (TO) e sua tradução (TT).
TO TT
Bytes
50.348
53.358
Tokens
8.951
9.168
Types
2.502
2.747
Type/Token Ratio
27,95
29,96
Standardised Type/Token
49,00
50,88
Fig. 2: Dados gerais do corpus.
49
A partir da Figura 2, pode-se perceber que o texto em português aqui o texto
traduzido, ou TT é maior, não apenas em termos de tamanho (bytes), mas também em
termos de variedade de vocabulário, pois sua relação formas/ocorrências (“type/token”)
28
,
no geral, é superior ao seu respectivo texto de partida.
Os números apresentados na Figura 2 têm a função de descrever o tamanho do
corpus utilizado. Observa-se que se trata de uma compilação pequena de dados, que é
justificada, como foi apontado nesta pesquisa de mestrado, pela necessidade de anotação
manual dos textos quanto a cada elemento em posição temática e, pela necessidade de se
fazer uma primeira implementação do código que permita consubstanciar a pesquisa,
possibilitando futuras pesquisas em um corpus maior. Como Lawson (2001: 231) aponta, o
que constitui um corpus pequeno depende, em boa medida do contexto, do conteúdo e da
disponibilidade de tempo para o corpus em questão. Neste sentido, um corpus específico,
orientado para um determinado fim, no qual Temas precisam ser rotulados manualmente
como este analisado no presente trabalho – pode ser pequeno devido à restrição de tempo e
à dificuldade de anotação. Além disso, não haveria problemas de representatividade, uma
vez que se trata de um corpus especializado que, como Berber Sardinha (1999: 23), indica
“demanda menos palavras para ser representativo (91 mil palavras, no máximo)”.
28
A proposta de se traduzir o termo type como “forma” e o termo token como ocorrência” é sugerida em
Berber Sardinha, 2004: 165-166.
50
3.3. Leitura e extração de dados após aplicação do CROSF
Três das ferramentas disponíveis no programa WordSmith Tools se mostraram
bastante favoráveis ao uso do código numérico. São elas: Wordlist, que fornece listas de
ocorrência de palavras (alfabética e de freqüência); Concord,
29
que fornece colocações de
palavras, mostrando em que contextos elas ocorrem; e Viewer & Aligner, que permite, ao
mesmo tempo, a visualização do texto original e de sua tradução, sentença por sentença ou
parágrafo por parágrafo. Será demonstrado no subitem a seguir como cada uma dessas
ferramentas pode ser utilizada para a análise com o código numérico.
Embora haja suítes de programas como o software WordSmith Tools com diversas
ferramentas úteis, não um software específico que faça tudo. Mesmo o WordSmith
Tools tem algumas limitações; por exemplo, não podemos listar com ele apenas os Rótulos
de um texto anotado, sem o texto. Não obstante, citando Bowker (2004:23), cabe lembrar
que:
De acordo com Barnbrook (1996: 165), ‘as qualidades mais importantes
necessárias a alguém que quer usar um computador para explorar e analisar
línguas são: imaginação, flexibilidade e, é claro, paciência”. Os tradutores têm
essas qualidades em abundância; tudo o que precisam fazer é usá-las. Enquanto
ferramentas integradas personalizadas não são disponíveis, os tradutores podem
trabalhar desenvolvendo metodologias a partir de ferramentas já existentes para
outros usos que atendam às suas necessidades. Talvez isto seja desconsiderado por
alguns por parecer mera comodidade ou por parecer uma “gambiarra”, mas vale a
pena ressaltar que, como em todos os tipos de análises de corpora, as ferramentas
não passam de um meio para se chegar ao objetivo nunca substituirão a
necessidade de uma análise cuidadosamente feita pelo tradutor, o qual ainda é o
principal responsável pela interpretação dos dados.
30
29
Embora tenham sido criados para exibir palavras, tanto a ferramenta Wordlist quanto Concord, desde que
devidamente configuradas, são eficazes para a pesquisa com o código numérico.
30
Minha tradução de “According to Barnbrook (1996: 165), ‘the most important qualities needed by anyone
who wants to use a computer to explore and analyse language are imagination, flexibility, and, of course,
patience.’ Translators have these qualities in abundance; all they need to do is apply them. Until custom-built
tools become available, translators can work on developing methodologies for using existing non-translation-
specific tools to meet their own needs. This may be dismissed by some as being overly opportunistic or as
resorting to a ‘bag of tricks,’ but it is worth pointing out that, as in all types of corpus analysis, the tools are
only being used as a means to an end they will never replace the need for careful analysis by the translator,
who is still ultimately responsible for interpreting the data.” (Bowker, 2004:23).
51
Sendo assim, sugere-se neste trabalho uma combinação de mais de um programa
disponível, que não é possível fazer tudo através de uma única ferramenta, nem sequer
através de uma única suíte de ferramentas; trata-se do uso das ferramentas do programa
WordSmith Tools em conjunto com o programa Microsoft Excel, que faz parte da suíte de
programas conhecida como Microsoft Office. Embora tenha sido esta a combinação
utilizada na atual pesquisa, outras ferramentas similares poderiam ser utilizadas.
Para a presente pesquisa, foi gerada uma lista de palavras utilizando-se, para isto, a
ferramenta Wordlist do software WordSmith Tools, incluindo os Rótulos, por ordem de
freqüência. Esta lista foi copiada e então colada no programa Microsoft Excel, da suíte de
programas Microsoft Office. O Microsoft Excel dispõe da ferramenta "ordenar
alfabeticamente", com a qual se pode ter os números os Rótulos aparecendo primeiro.
Em seguida, apaga-se o resto da lista (palavras do corpus), para que se tenha apenas os
Rótulos. Recorta-se a coluna de "freqüência" direita) e cola-se à esquerda, para então
reordenar a lista de Rótulos por freqüência. Para esta pesquisa, optou-se por fazê-lo em
ordem decrescente, obtendo-se, assim, uma lista dos Rótulos ordenados do mais ao menos
freqüente (ordem decrescente de freqüência).
3.3.1. Ajustes necessários para que o WordSmith Tools leia o CROSF
apropriadamente.
O recurso de mais fácil utilização do Wordlist são as listas de freqüência de
palavras. No entanto, para que esta ferramenta gere dados referentes aos Rótulos, são
necessários os seguintes procedimentos de configuração:
1) Ir à função “settings” e escolher “adjust settings”. Ao abrir-se uma janela, procurar
pela função “tag”, na parte inferior da tela. Nessa janela, desativar a função “tags to
ignore”. Do contrário, a ferramenta ignorará todos os Rótulos do corpus.
52
2) Depois de fazê-lo, procurar pela função “Wordlist”, também na parte inferior da tela.
Nessa janela, ativar a função “numbers included” para que o programa leia números bem
como palavras.
3) Verificar que a caixa “save” esteja marcada. Só então clicar em “OK”.
3.3.2. Wordlist
Feitos os ajustes de configuração descritos no item anterior, o programa está apto a
ler devidamente os Rótulos atribuídos aos corpora. Uma lista de freqüência, como a
exibida na Figura 3, é facilmente obtida.
Word Freq. %
1111111
36
0,57
1111112
7
0,11
1111113
1
0,02
1111116
3
0,05
1111118
2
0,03
1111123
1
0,02
Fig. 3: Exemplo de lista de freqüência.
A partir dessa lista, o(a) pesquisador(a) deve interpretar os Rótulos. Na primeira
linha, por exemplo, o Rótulo <1111111> se refere a Temas simples Não-Marcados, em que
os Participantes são Atores e não há interpolação
31
; já na segunda, há sete ocorrências de
Participantes “Meta” em Tema simples, Não-Marcado e sem interpolação, os quais serão
exemplificados no subitem a seguir.
31
A interpolação de Participantes será tratada detalhadamente no item 4.3.2.1 deste trabalho.
53
3.3.3. Concord
O uso da ferramenta Concordé bastante facilitado pelo código numérico. Se o(a)
pesquisador(a) deseja somente encontrar ocorrências de Temas ideacionais, basta pedir
para que o programa busque por “??1????”. Em outras palavras, coloca-se o dígito 1 (um)
na posição c (que se refere à função) e nas demais posições, colocam-se sinais de
interrogação (“?”), os quais indicam que o(a) pesquisador(a) “aceita” qualquer algarismo
naquela posição. Deste modo, o(a) pesquisador(a) pode procurar de modo bastante
eficiente por uma única categoria, sem se importar com as demais. Entretanto, se o objeto
de estudo do(a) pesquisador(a) é uma ocorrência mais específica, por exemplo, a categoria
Ator, Participante sem interpolação, em Tema simples, Ideacional, Não-Marcado, basta
que ele/a preencha todos os sete algarismos do Rótulo, ou seja, ele/a deverá pedir como
“palavra” de busca o Rótulo “1111111”, que se refere a esse tipo de Tema. Tem-se aqui
uma característica importante do código: ele é aberto a quaisquer tipos de pesquisa: da
mais rápida à mais refinada e específica. A Figura 4 mostra um exemplo
32
de lista de
concordância cujo item de busca foi “1111111”.
Ela<1111111> puxa os dedos de uma luva.
Ele <1111111> segura o pulso dela.
Eu <1111111> vou limpar você.
Ele <1111111> acende o cigarro.
Fig. 4: Linhas de concordância, retiradas de O assassino cego.
32
Trata-se de um fragmento das informações mostradas nessa busca feita com a ferramenta Concord para
ilustrar aqui como essa busca é feita. Uma reprodução da tela exibida pelo programa se encontra no Anexo
7.5.1 deste trabalho.
54
3.3.4. Viewer & Aligner
A vantagem que o código oferece com relação aos utilitários Viewere Aligner
está no fato de o código ser mais conciso (ocupa menos espaço) que uma anotação com
palavras (geralmente, o programa conta somente 14 caracteres em cada linha na tela e
indica o restante com o sinal de “+”). Deste modo, torna-se mais fácil visualizar o texto e
analisar, no caso de corpus paralelo, analogias e mudanças. A Figura 5 ilustra
33
como o
código torna mais prática a visualização do original em comparação com sua respectiva
tradução.
Imagine <1111321> the monarch Agha Mohammed Khan, who orders the entire population of
the city of Kerman murdered or blinded -- no exceptions.
Imagine <1111321> o monarca Agha Mohammed Khan, que ordena que toda a população da
cidade de Kerman seja assassinada ou privada da visão -- sem exceção alguma.
His praetorians <1111111> set energetically to work.
Seus pretorianos <1111111> põem-se a trabalhar ativamente.
They <1111111> line up the inhabitants, slice off <1111411> the heads of the adults, gouge
out <1111410> the eyes of the children.
Eles <1111111> enfileiram os habitantes, decepam <1111411> as cabeças dos adultos,
arrancam <1111411> os olhos das crianças.
Fig. 5: Exemplo de visualização do texto com Rótulos através do utilitário Aligner.
33
Trata-se de um fragmento ilustrativo das informações exibidas pelo programa. Uma reprodução da tela
exibida pelo programa se encontra no Anexo 7.5.2 deste trabalho.
55
3.4. Procedimentos metodológicos
A pesquisa foi executada nas seguintes etapas:
1) Digitalização e preparação do corpus
Os textos foram digitalizados através do uso de um scanner de mesa e o software
OmniPage, o qual reconhece o texto “escaneado” e o converte em texto, permitindo gravá-
lo na forma de um arquivo “.rtf” (Rich Text Format, compatível com o Microsoft Word).
Alguns sinais gráficos e algumas palavras são às vezes reconhecidos incorretamente, de
forma que uma correção “manual” foi feita em seguida.
2) Anotação do corpus
O texto foi, então, anotado com o CROSF, fazendo-se uso de seus sucessivos
protótipos. Alguns problemas foram percebidos ao anotar o corpus com cada protótipo do
código, de modo que, em alguns casos, o código foi atualizado antes mesmo de terminar de
anotar o corpus e a anotação foi refeita desde o início. Em outros casos, problemas de
anotação eram percebidos apenas após a extração de dados (passo 3, a seguir), de modo
que o código era alterado e retornava-se a refazer a anotação do corpus. Quando nenhuma
falha foi detectada nem ao anotar o corpus, nem ao extrair os dados, um protótipo do
CROSF (no caso, o modelo CROSF-14) foi considerado pronto e os dados foram
considerados confiáveis para a análise do corpus.
Todos os Temas e absolutos do corpus selecionado foram anotados com o CROSF.
No caso de períodos compostos, cada uma das orações em relação paratática teve o Tema
anotado. Por exemplo:
“Abri <1111411> a gaveta, vi <1111421> os cadernos.”
56
Quando a relação entre as orações é de hipotaxe ou existem orações encaixadas,
apenas o Tema da oração principal foi anotado, a menos que alguma “força paratática”
fosse encontrada, como, por exemplo, nas orações causais. Nesses casos, ambas orações
tiveram seus Temas anotados. Por exemplo, nas orações que se seguem:
“Guardou-a <1111411> num envelope pardo no qual escreveu Recortes e <2130321>
guardou <2211411> o envelope entre as páginas de Sempre-vivas para o jardim de pedras,
onde ninguém jamais olharia.”
As orações encaixadas (sublinhadas) foram desconsideradas para a classificação
temática. Também foram desconsideradas as orações hipotáticas. Entretanto, segundo
Halliday (1994: 235), certas orações a priori hipotáticas têm uma certa “força paratática” e
foram por isso consideradas nesta análise temática. Ex:
“Depois <2130331> destruíram <2211411> a si mesmos porque <2130333> eram
<2211431> espertos demais.”
Convém reiterar aqui uma vantagem do formato numérico do CROSF: trata-se da
maior agilidade para o procedimento de anotação do corpus. Após pouco tempo realizando
as anotações utilizando-se o teclado numérico (à direita do teclado, presente na maioria dos
modelos utilizados hoje em dia, exceto apenas em computadores portáteis), memoriza-se
facilmente a posição das teclas e pode-se realizar a anotação olhando apenas para o texto
no monitor do computador e para as tabelas em papel quando necessário. Com apenas
alguns minutos de prática, aprende-se a deixar o dedo médio sobre o dígito 5 (onde
57
normalmente uma marca saliente perceptível ao toque) e tecla-se sem sequer olhar para
o teclado os números de maneira rápida e acurada, pressionando os dígitos 1, 4 e 7 com o
dedo indicador; 2, 5 e 8 com o dedo médio; 3, 6 e 9 com o dedo anular; e o dígito 0 (zero)
com o polegar. Essa técnica de digitação é amplamente difundida para códigos numéricos
e cálculos em computadores. É conhecida popularmente entre falantes de língua inglesa
(particularmente na área de secretariado, ou “Business Information Processing”) como
“Ten-key”. Deve-se verificar apenas que a função “num. lock” esteja ativa.
3) Extração de dados
A visualização do corpus para anotação manual é melhor no programa Microsoft
Word, de modo que a anotação é feita no texto em formato “.rtf” gerado pelo programa
OmniPage. Entretanto, feitas as anotações, o corpus é convertido para o formato “.txt”,
com o qual a suíte de programas WordSmith Tools trabalha. Conforme explicado no item
3.3 deste trabalho, ocorrências de Temas mais freqüentes no texto original e no texto
traduzido são observadas quantitativamente com o uso das ferramentas Wordlist, Concord
e Viewer & Aligner da suíte de programas WordSmith Tools. Como também foi assinalado,
quando algum problema ao realizar as buscas por tipos de Temas (principalmente com a
ferramenta Concord) era percebido, abandonavam-se estes dados, atualizava-se o protótipo
do CROSF e retornava-se ao passo anterior (“Anotação do corpus”).
58
4) Estudo de caso
Com os dados obtidos a partir do texto anotado com o protótipo final do CROSF
(CROSF-14)
34
, um estudo de caso foi feito para exemplificar sua utilização em uma
pesquisa de corpus paralelo bilíngüe, baseando-se na organização temática dos textos
original e traduzido, segundo a Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday.
O capítulo 4 a seguir apresenta características da arquitetura do código elaborado e
os dados extraídos de sua aplicação ao corpus, os quais são analisados para efeitos de
exame da organização temática no texto original e em sua tradução.
34
Cf. Anexo 7.1.
4. Arquitetura e aplicação do código
60
O CROSF teve quinze versões motivadas pelo seu emprego no corpus da presente
pesquisa. Como explicitado no capítulo anterior, à medida que os estudos foram sendo
realizados e à medida que o código foi sendo aplicado, foram identificadas falhas. A cada
falha corrigida ou a cada implementação, o código foi recebendo um número de
identificação. Deste modo, a primeira versão do código recebeu o número de identificação
00, sendo, portanto, denominado CROSF-00. A versão final do código é o modelo
CROSF-14, o qual será descrito no próximo item. Após a descrição dos pressupostos
básicos do código, um breve histórico das versões anteriores será registrado a fim de que se
possa verificar como foram introduzidas melhorias no código.
4.1. Descrição do código
O código numérico (cf. anexo 7.1) é constituído de sete dígitos e busca abarcar
tanto o Tema como o Rema no processo de Rotulação. Para tanto, buscou-se levantar o
maior número possível de categorias descritas por Halliday (1994) e alguns de seus
discípulos Thompson (1996) e Martin et al. (1997). Depois de levantadas essas
categorias, chegou-se às tabelas apresentadas nos anexos desta dissertação. Nos primeiros
protótipos, as tabelas se encontravam em inglês, devido a ainda não ter sido encontrado na
época um consenso quanto aos nomes em português para as categorias. Posteriormente,
uma proposta para nomes em português foi adotada: trata-se da proposta de tradução
realizada pelo projeto conjunto da PUC-SP e da Universidade de Lisboa
35
. Algumas
categorias (dentre elas, os Adjuntos nas Metafunções Interpessoal e Textual) não
constavam nessa lista. Para estas, propostas de membros do NET foram adotadas
36
.
35
Cf. detalhes em Berber Sardinha (1999).
36
Agradecimentos a Cibele Bernardino, doutoranda do POSLIN/FALE/UFMG, que gentilmente cedeu suas
sugestões para tradução dos Adjuntos da Metafunção Interpessoal. As sugestões de tradução para os
Adjuntos Conjuntivos na Metafunção Textual foram propostas pelo autor do presente trabalho.
61
Entretanto, para evitar a compreensão de algum termo traduzido, as tabelas em
português são sempre acompanhadas da tabela em inglês correspondente.
O código funciona de acordo com a disposição ab cdefg. Isso implica que as
posições a e b estão relacionadas entre si e as posições cdefg estão interligadas de modo
que g é compreendido por f, que está inserido em e, o qual, por sua vez, é dominado pela
posição c, sendo que d também é compreendido por c, conforme será explicado a seguir. A
posição a (primeiro dígito) indica se o elemento da oração é Tema (simples ou múltiplo),
ou se é Rema
37
ou ainda N-Rema
38
. A posição b (segunda posição) indica qual a posição
do elemento classificado em relação a Temas simples e múltiplos. Se for elíptico, o
algarismo 0 é utilizado; se ele for o primeiro ou o único, utiliza-se o algarismo 1; caso ele
seja o segundo, é utilizado o algarismo 2; e assim sucessivamente. a posição c refere-se
a uma das três Metafunções descritas por Halliday: a Metafunção Ideacional corresponde
ao algarismo 1; a Metafunção Interpessoal, ao 2; e a Metafunção Textual, ao 3. A posição
d concerne ao fato de o elemento ser Marcado ou Não-Marcado, na Metafunção
Ideacional, ou Modulação/Modalização na Metafunção Interpessoal, não tendo
subcategoria alguma para esta posição na Metafunção Textual, a qual é, por isto,
obrigatoriamente preenchida com o dígito 0 (zero). Por fim, as posições efg correspondem
a uma análise mais específica do elemento na oração. Deste modo, caso se trate da
Metafunção Ideacional, por exemplo, e o algarismo que ocupa a posição e seja 1, tem-se
que o elemento Ideacional é um Participante (sem interpolação) da oração. Caso se deseje,
todavia, uma análise ainda mais apurada, as posições fg cobrem este tipo de análise. Por
exemplo, como a Figura 6 mostra, caso se deseje saber qual é a função do Participante de
37
O Rema aqui foi dividido em simples e múltiplo, presumindo-se que ele pode assumir as mesmas
subcategorias do Tema. Entretanto, os estudos com Rema têm recebido menor atenção em relação aos de
Tema, de modo que tal divisão pode ou não ser corroborada posteriormente.
62
uma oração envolvendo um Processo Material, pode-se utilizar estas duas posições para
indicar se o Participante é, por exemplo, “Ator” ou “Meta”.
PROCESSO PARTICIPANTE
1: Ator
2: Meta
3: Recebedor
4: Cliente
1: Material g
9: Extensão
1: Experienciador
2: Fenômeno
2: Mental g
9: Extensão
1: Portador
2: Atributo
3: Identificado
4: Identificador
5: Característica
6: Valor
3: Relacional g
9: Extensão
1: Dizente
2: Receptor
3: Verbiagem
4: Alvo
5: Locução
4: Verbal g
9: Extensão
1: Comportante
5: Comportamental g
9: Extensão
e
1: Participante
sem interpolação
2: Participante
com
interpolação
3: Processo
4: Processo-
Participante
f
6: Existencial g 1: Existente
Fig. 6: Fragmento do CROSF-14, mostrando os Participantes e Processos
Um exemplo extraído do corpus ilustra, a seguir, como são feitas as classificações:
38
N-Rema corresponde a uma categoria estabelecida por Fries (1994) para indicar o que realmente
corresponde à informação nova em uma oração. Mais estudos também são necessários no que tange a essa
categoria.
63
(1) Um vento quente <1111111> soprava em volta da minha cabeça, e <2130321>
mechas do meu cabelo <2211111> voavam (...).”
39
A sentença acima apresenta duas orações em relação de parataxe. Deste modo,
encontram-se dois Temas. O primeiro é simples (“um vento quente”), e o segundo é
múltiplo (“e mechas do meu cabelo”). No caso do primeiro, tomam-se os seguintes
procedimentos: como o Tema é simples, atribui-se o algarismo (1) à primeira posição a;
como é o único elemento Temático deste Tema, ele recebe o algarismo (1) na posição b;
por ser um elemento Ideacional, também recebe o algarismo (1) na posição c; por ser
“Não-Marcado”, seu algarismo é (1) na quarta posição; por ser um Participante não
interpolado, atribui-se a este Tema o algarismo (1) na posição e; e por ser um Participante
do Processo Material, este Tema recebe o algarismo (1) na penúltima posição; e por ser
especificamente o Participante “Ator”, recebe o algarismo (1) na última posição. Deste
modo, chega-se ao seguinte Rótulo: <1111111>. Note-se que, para não ser contado como
um elemento do texto, o Rótulo deve ser colocado sempre entre parênteses angulares (“<”
e “>”) e sugere-se, a título de padronização, que ele seja disposto sempre após o elemento
ao qual ele se refere. A posposição do Rótulo é particularmente vantajosa no caso da
anotação de Temas, devido a, assim, permitir visualizar no texto anotado exatamente até
onde o Tema se estende.
No que tange ao segundo Tema, adota-se o seguinte procedimento:
- quanto ao elemento “e”: na posição a, escreve-se (2) por se tratar de um Tema
múltiplo; na posição b, tem-se o algarismo (1) por ser o primeiro elemento do Tema; à
39
Todos os exemplos apresentados neste trabalho (exceto onde indicado) foram retirados dos textos
original ou traduzido de Atwood (2000) e (2001). Os grifos (negrito/sublinhado/itálico) utilizados nos
exemplos são utilizados meramente para chamar a atenção para os Temas; entretanto, no corpus anotado em
formato “txt”, não há qualquer formatação de fonte.
64
posição c, atribui-se (3) por ser um elemento estrutural; em posição d, registra-se o dígito o
algarismo (0) por não haver subcategorias previstas para esta posição; em posição e,
registra-se o algarismo (3) por ser um Adjunto Conjuntivo; e na posição f, coloca-se o
dígito (2) por se tratar especificamente de um Adjunto Conjuntivo de Extensão; e na
posição g, coloca-se o dígito (1) por ser, ainda mais especificamente, um Adjunto
Conjuntivo de Extensão de Adição. Mas se compreende esse último dígito como sendo
de adição em função da combinação desse último dígito com os dígitos que o precedem.
Assim, chega-se ao Rótulo: <2103021>.
- quanto ao elemento “mechas do meu cabelo”: na posição a, tem-se o algarismo
(2) por se tratar de Tema múltiplo; na segunda posição, registra-se o algarismo (2) por ser
o segundo elemento do Tema; em posição c, coloca-se o algarismo (1) por ser um elemento
Ideacional; na posição d, tem-se o dígito (1) por ser um Tema “Não-Marcado”; em posição
e, tem-se o algarismo (1) devido ao fato de ser um Participante não interpolado; e, em
posição f, tem-se o algarismo (1) por ser um Participante do Processo Material e,
finalmente, na posição g, têm-se o algarismo (1) pelo fato de o Participante ser “Ator”.
Finalmente, obtém-se o Rótulo: <2211111>.
Caso o(a) pesquisador(a) esteja fazendo uma análise menos aprofundada de seu
corpus, ele/a pode preencher as casas que lhe convierem e deixar aquelas que não quiser
pesquisar ocupadas pelo algarismo 0 (zero). Assim, por exemplo, se o(a) pesquisador(a)
deseja pesquisar somente até o nível da Metafunção, poderá anotar seu corpus quanto às
posições a, b, c, atribuindo um 0 (zero) para cada casa restante (d,e, f, g). Nestas condições,
o exemplo do Tema “um vento quente” seria rotulado apenas como <1110000>. É
importante frisar que o código requer sempre o número de sete algarismos, de modo que
posições/categorias não analisadas devem ser preenchidas com 0. A única ressalva a ser
feita é que o preenchimento da posição a requer o preenchimento adequado da posição b,
65
pois essa segunda posição é a única na qual o valor 0 (zero) tem um significado específico:
é atribuído a itens elípticos. Entretanto, um Rótulo com “00” nas primeiras duas casas
indicaria apenas que não se está levando em conta se o item é Tema ou Rema, pois a
posição b é interpretada segundo a posição a, de modo que, não havendo nada atribuído à
posição a, a posição b permanece também nula.
Pode-se observar ainda que nem sempre o item identificado é um Tema. No caso
de Absoluto isto é, quando não se observa transitividade na frase, de modo que não
Tema, pois nem mesmo oração –, não previsão de subcategorizações específicas,
mas supõe-se que as categorias utilizadas para Tema possam ser utilizadas também para
este item, caso consiga-se recuperar alguma transitividade pelo contexto. Entretanto, seria
de se supor que o(a) pesquisador(a) provavelmente não chegar a esse tipo de análise,
ainda que o código a permita, de modo que, ao menos para o presente trabalho, os
exemplos de Absoluto se encontram categorizados sempre como <5000000>.
4.1.1. Rótulos múltiplos
Quando, em uma oração, um mesmo elemento compreender mais de uma
classificação, pode-se usar um Rótulo múltiplo, com as categorias unificadas com o uso de
hífen (sem espaços). Por exemplo:
A culpa <1111135-1111133> não é minha.”
Os Participantes “a culpa” e “minha” são claramente Participantes do Processo
Relacional. Entretanto, o código permite analisar esses Participantes sob duas perspectivas
diferentes, ambas contempladas pela GSF: a de “Identificado” e “Identificador”, ou outra
mais específica: “Característica” e “Valor”
40
. No caso do Participante em posição
40
Essas categorias serão explicadas mais detalhadamente no item 4.3.2.1. (“Metafunção Ideacional”) deste
capítulo.
66
temática do exemplo em questão (“A culpa”), pode-se categorizá-lo como “Identificado”,
mas a outra análise também é possível, de modo que tanto o Rótulo <1111133> (Tema
simples Ideacional Participante Identificado, sem interpolação) quanto o Rótulo
<1111135> (Tema simples Ideacional Participante Característica, sem interpolação) podem
ser aplicados. Para permitir que ambas as buscas sejam efetuadas, uma possibilidade
oferecida pelo código é o Rótulo múltiplo. A denominação desse tipo de Rótulo é
“múltiplo” – e não meramente “duplo” – porque, teoricamente, um Rótulo poderia ter mais
de duas partes, mas não se verifica essa necessidade ao longo desta pesquisa. O termo
“Rótulo duplo” pode ser utilizado quando o Rótulo múltiplo referido se trata
especificamente de um Rótulo composto pela união de dois Rótulos através de hífen.
também casos em que mais de uma análise é possível, dependendo do ponto de
vista. Ao anotar o corpus desta pesquisa, quando os Rótulos não configuram uma co-
ocorrência, mas representam um caso de dúvidas no que tange à classificação do termo,
dependendo de como o texto é interpretado, optou-se por uma categoria mais provável. É
verdade que isso é um pouco subjetivo, pois depende da interpretação do pesquisador.
Entretanto, entendemos que não é possível ser completamente objetivo na pesquisa, visto
que é impossível não interpretar o que se lê.
Temos, a seguir, um exemplo de anotação um pouco mais complexa:
São <1111431> crianças escravas.”
O Tema na oração acima é um Processo, entretanto temos o Participante recuperado
a partir da própria desinência do verbo. Sabemos que se trata de terceira pessoa do plural.
Observando o predicativo do sujeito, entendemos se tratar de “crianças escravas” (plural,
genérico, com desinência gramatical do gênero feminino), de modo que o sujeito é “elas”.
O Participante “elas”, elidido, é classificado aqui como sendo Portador do Processo
67
Relacional “ser” (“são”), sendo que “crianças escravas” seria seu Atributo. Entretanto,
mesmo no contexto do diálogo no qual essa frase foi encontrada, pode-se interpretar que se
trata de identificar que crianças são essas, de modo a possibilitar classificar o Participante
como “Identificado”, ou mesmo como “Característica”. Observemos um fragmento do
texto dentro do qual essa frase se encontra:
Ele diz, Agora vou contar-lhe sobre as crianças.
As crianças? Que crianças?
O próximo episódio. Sobre Zicron, sobre Sakiel-Norn.
Ah. Sim.
Há crianças nele.
Nós não dissemos nada sobre crianças.
São crianças escravas. São necessárias. Eu não posso prosseguir sem elas.
Acho que eu não quero nenhuma criança envolvida, ela diz.
Podemos, então, considerar “crianças escravas” como Participante Identificado do
Processo Relacional em pauta ou ler a frase interpretando que se está apenas dando o
atributo “crianças escravas” ao Participante do Processo, o sujeito elíptico “elas”, dizendo
que as crianças tratadas são crianças que foram escravizadas. Essa última visão pareceu
mais apropriada no contexto, mas a dúvida ainda permanece. Um Rótulo triplo poderia ser
desnecessariamente confuso, já que haveria a co-ocorrência de “Identificado” e de
“Característica” e, ainda, a possível interpretação alternativa de se ler o termo como
“Portador”.
Optou-se, então, ao anotar o corpus utilizado no presente trabalho, por utilizar
Rótulos duplos apenas em casos de co-ocorrências, como nos níveis de análise de
Processos de Identificação (Identificado/Identificador/Característica/Valor), e nos casos de
dúvida, optou-se por uma única interpretação mais provável, descartando-se as demais.
68
Tendo-se apenas co-ocorrências e não múltiplas interpretações anotadas na
forma de Rótulos múltiplos, pode-se fazer uma análise quantitativa delas. É importante
reiterar que, para que se tenha uma melhor análise desse tipo de caso, é recomendável a
utilização do hífen, sem espaços, porque o programa Wordsmith Tools dispõe de uma
função que permite tratar termos hifenizados como um só termo ou como termos separados
na seção “adjust settings”. Assim sendo, o(a) pesquisador(a) poderá tanto buscar as
ocorrências de um dos Rótulos como do outro; ou pode também contar especificamente
uma determinada co-ocorrência.
Por último, deve ser feita uma ressalva em relação à construção do código: os
números foram, em geral, dispostos de modo arbitrário em cada posição (coluna). A única
categoria que mereceu maior destaque foi a da Metafunção Ideacional (posição c), que,
devido ao fato de sempre haver um elemento Ideacional no Tema, recebeu o número (1)
como seu identificador, para facilitar a pesquisa.
4.2. Histórico do CROSF
Os sucessivos protótipos do código refletem etapas da compreensão das categorias
da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) e sua transposição para uma organização
espacial no código.
A versão 00 apresentava 4 posições e 5 algarismos. Além de não permitir uma
Rotulação mais detalhada do corpus, ela se incumbia somente de classificar os Temas,
ignorando os Remas. O anexo 7.3.1 apresenta esta primeira versão.
41
41
Agradecimentos especiais a Igor A. L. Silva, mestrando do POSLIN/FALE/UFMG, que colaborou
ativamente com a organização das tabelas do CROSF.
69
O CROSF-01 (cf. anexo 7.3.2) é mais parecido com o protótipo atual do código.
Sua falha principal, no entanto, estava no fato de que apresentava dois algarismos distintos
para a Metafunção Ideacional (3 e 4), dificultando as buscas no software.
O CROSF-02 (cf. anexo 7.3.3), por sua vez, se mostrava confuso com relação à sua
apresentação e não contemplava algumas subcategorias, como as referentes às
Circunstâncias.
o CROSF-03 (cf. anexo 7.3.4) não contemplava alguns Rótulos importantes,
como as possíveis interpolações em orações e em Circunstâncias o que foi contemplado
pelo CROSF-04 (cf. anexo 7.3.5). O CROSF-05 (cf. anexo 7.3.6), por sua vez, teve
reorganizadas as subcategorias da categoria “Modal Adjunct: Mood”, dando-lhes uma
ordenação mais adequada. No CROSF-06 (cf. anexo 7.3.7) foram reorganizadas as
subcategorias da categoria Structural e, também, foi considerado o Participante
Ambient”.
O CROSF-07 (cf. anexo 7.3.8) incluiu as subcategorias Recipient (referente a
“Participantes”) e Intensity (referente a “Modal Adjunct: Mood”). Para se chegar ao
protótipo CROSF-08 (cf. anexo 7.3.9), reorganizou-se a numeração dos Participantes, de
modo que a posição f dos Participantes correspondesse à posição f dos Processos. Assim, o
Processo Material, por exemplo, corresponde ao algarismo 1 na posição f, da mesma forma
que os Participantes Actore Goaltambém apresentam o algarismo 1 na posição f. O
CROSF-08 teve também o acréscimo dos Participantes do Processo Comportamental e
Existencial, os quais até então ainda não haviam sido especificados.
70
Apenas no modelo CROSF-09 (cf. anexo 7.3.10) notou-se que a categoria
“Marcado”/”Não-Marcado” deveria ser sub-item da Metafunção Ideacional e não o
contrário, de modo que as posições c e d foram trocadas de lugar.
42
O CROSF-10 (cf. anexo 7.3.11) teve o acréscimo do Participante “Client” e teve
também o Participante “Range” dissociado de “Ambient”, visto que não estão sob o
mesmo Processo.
O modelo CROSF-11 (cf. anexos 7.3.12 e 7.3.13) foi o primeiro para o qual a
tradução dos termos para o português foi adotada. A partir desse protótipo, a tabela passou
a ser elaborada sempre tanto em inglês quanto em português. Além disso, o CROSF-11
teve o acréscimo do Participante “Locução” (“Locution”) do Processo Verbal.
O protótipo CROSF-12 (cf. anexos 7.3.14 e 7.3.15) ganhou uma subcategoria na
posição d para a Metafunção Interpessoal, sugerida pela pesquisadora do NET Cibele
Bernardino: Modulação/Modalização, para que fosse analisada separadamente dos
Adjuntos, que nem todos os Adjuntos são necessariamente sempre de uma dessas duas
categorias. Além disso, alguns erros de tradução de termos foram observados e então
corrigidos.
No protótipo CROSF-13 (cf. anexos 7.3.16 e 7.3.16), o item “elemento qu-“ (“wh-
element”) ganhou as subcategorias “interrogativo” e “exclamativo”.
Finalmente, o modelo final CROSF-14 (cf. anexos 7.1 e 7.2) teve o maior
número de mudanças. O dígito dos Participantes foi dissociado do dígito dos Processos
desta vez completamente. Entretanto, ao classificar, seja um Participante ou um Processo,
ambas as categorias deverão ser contempladas. Ao classificar um Processo, pode-se
classificar também o Participante que o rege, embora haja sempre a opção de usar um
42
Agradecimentos especiais a Robson Ferreira Andrade, que gentilmente desenvolveu o software
“SubstituiCodigo” para fazer automaticamente a troca de posição desses dígitos nas anotações ao longo de
todo o arquivo “.txt”, facilitando, assim, a atualização da anotação do corpus.
71
dígito “0” (zero) na última posição caso isso não seja relevante em uma determinada
pesquisa. Ao classificar o Participante, o Processo é simultaneamente classificado, ainda
que seja um pronome não-representacional (a categoria “Ambiente” foi excluída desta
versão e expandida em subcategorias de “pronome não-representacional”, seguindo o que
foi encontrado em Martin et al., 1997: 30-36) ou Extensão (“Range”). O Participante
Extensão é um caso um pouco diferente, pois ele pode se aplicar a cinco Processos
diferentes: Material, Mental, Relacional, Verbal e Comportamental (Halliday 1994:146-
149; Thompson 2002:130-131), de modo que foi inserido em todos eles com o mesmo
dígito: “9”, ainda que a seqüência numérica seja “quebrada” com isso. Entretanto, isso
possibilita a busca do Participante Extensão também independentemente do Processo, pois,
assim, seu dígito final será sempre o mesmo, podendo-se utilizar um dígito “curinga” (“?”)
na penúltima casa e, mesmo assim, encontrando todos os Participantes do tipo Extensão.
O modo como se efetuam as buscas foi descrito no item 3.3.3. (“Concord”) deste trabalho.
O protótipo CROSF-14 teve, ainda, os casos especiais unificados em uma
subcategoria e mais amplamente subdivididos. Estruturas Tematizadas e Atributivo
Preposto são agora subcategorias de casos especiais, juntamente com uma categoria que
não constava anteriormente no código: o pronome não-representacional. Trata-se de
casos do pronome “it” (em inglês) meramente estrutural, sem relação clara de
transitividade (Halliday 2004:258-259; Martin et al. 1997:32-33; Thompson, 2002:77-78).
Constitui um Tema ideacional, mas não se trata exatamente de um Participante. Um
exemplo seria o it” meteorológico em frases como “It’s raining”, presente também em
alguns outros idiomas, tais como o pronome “il” no francês (“Il pleut”), por exemplo;
entretanto, não aparece no português, de modo que, neste trabalho, apenas seu caso na
língua inglesa será contemplado.
72
4.3. Anotação de Temas
Reiterando alguns dos pressupostos teóricos apresentados no Capítulo 2 do presente
trabalho, cabe observar algumas considerações preliminares sobre a análise textual que são
relevantes para a anotação. No capítulo 3 de sua obra, Halliday & Matthiessen (2004)
explicam que dois tipos de estruturas formando sentenças: “major clauses” (orações) e
“minor clauses” (Absolutos). Em orações, pelo menos um item ideacional e podemos
observar transitividade. Caso não se observe transitividade alguma na sentença, sem
conseguir categorizar item algum como Ideacional, e não houver Modo, trata-se de um
Absoluto. Visto que absolutos não têm estrutura temática, apenas as orações são levadas
em consideração para o estudo do Tema.
A Figura 7 é um esquema simplificado baseado nas considerações feitas por
Halliday & Matthiessen (2004) sobre a escolha temática em língua inglesa. A partir dele,
serão comentados os principais pontos de análise textual para efeitos de seleção de
categorias e anotação do corpus em relação ao inglês, indicando-se pontos de adaptação ao
português. Na seção seguinte, casos particulares serão mencionados, incluindo problemas
da aplicação desse modelo em língua portuguesa. Vejamos, parte por parte, o esquema
representado na Figura 7 a seguir
43
.
43
A Figura 7 é uma simplificação de parte da informação mostrada no diagrama encontrado em Halliday &
Matthiessen (2004: 80).
73
Oração
Seleção do Tema Modo
1) Textual: continuativo
2) Textual: conjunção (expansão / projeção) Exclamativo
3) Textual: adjunto conjuntivo
Interrogativo (“qu-“)
4) Interpessoal: vocativo
5) Interpessoal: adjunto modal de comentário Interrogativo (“sim/não”)
6) Interpessoal: operador verbal finito
Imperativo negativo
Imperativo afirmativo
3) Tema ideacional
Declarativo
Fig. 7: Escolha Temática
Um fator que determinará a escolha do Tema é o Modo (“Mood”) da oração, que
pode ser:
Modo declarativo: O Tema é normalmente o sujeito. Trata-se de um Tema
Ideacional Não-Marcado. Caso outro elemento Ideacional venha antes (um Adjunto ou
um complemento), este será o Tema, sendo considerado, nesse caso, um Tema Marcado.
Modo interrogativo polar (“yes/no questions”): O Tema, em língua inglesa, é
normalmente o finito (um verbo auxiliar, o qual pode ser um verbo modal). Trata-se de um
Tema Interpessoal.
74
Modo interrogativo com expressão “qu-”: O Tema é normalmente a expressão
“wh-”, isto é, palavras como “what”, “who”, “where”, “when” etc., além de expressões
com o termo “how (“how much”, “how many”, how often” etc.). Entendemos que o
uso em português corresponde às expressões “qu-”, isto é, “quem”, o que”, “quando”,
além de expressões tais como “por que” e “como”, que freqüentemente se encontram no
início de perguntas. Este tipo de tema é um dos tipos de Tema Interpessoal. Entretanto,
temos que lembrar que esse tipo de Tema é, também, Ideacional. Trata-se de um caso em
que um mesmo Tema é analisado de dois modos diferentes. Entendemos que aí se dá a co-
ocorrência de um Tema Interpessoal e de um Tema Ideacional em um mesmo termo,
confluindo nele o Tema.
Entretanto, mesmo no modo interrogativo, podemos ter uma Circunstância ou outro
item Ideacional antes da expressão interrogativa esperada. Trata-se de um Tema
Ideacional Marcado, neste caso. Como há um item Ideacional, encerra-se nesse termo o
Tema. Por exemplo: “Last night, did you go out?”
44
Modo imperativo: O Tema esperado é um predicador (um Processo), de modo
que, no modo imperativo, o Tema Processo é um Tema Não-Marcado. Caso um
Participante venha explicitado antes do predicador, por exemplo: Shut up! “No! You
shut up!”, esse Participante (“You”) é o Tema Marcado.
No imperativo negativo, o finito é o Tema esperado. Observando os exemplos na
figura encontrada em Halliday & Matthiessen (2004: 80)
45
, podemos notar que o sujeito e
44
Exemplo observado em uma conversa informal entre amigos. Não faz parte do corpus desta pesquisa nem
é citado em Halliday & Matthiessen (2004). Trata-se de um exemplo encontrado fora do corpus e das obras
citadas que exemplifica bem este caso.
45
Cf. Anexo 7.4 deste trabalho.
75
o verbo com seus auxiliares e tudo o que os precede, no modo imperativo, constituem o
Tema; os elementos que vêm em seguida constituem o Rema.
No caso da língua portuguesa, o imperativo se de modo um pouco diferente.
Não o finito, de modo que o primeiro item Ideacional encontrado mesmo no imperativo
negativo, em português, é o Processo em si. Por exemplo, “Não faz isso”. Temos o
Adjunto de Polaridade (Tema Interpessoal) seguido do Processo (Tema Ideacional).
Modo exclamativo: O grupo nominal ou verbal funcionando como elemento
“wh-“ (ou, no português, elemento “qu-”) no início da oração constitui o Tema.
Além do Modo, a anotação de Temas é determinada pela presença de elementos
vinculados às três Metafunções, como também foi apontado no Capítulo 2 deste trabalho.
O Tema se inicia no princípio da oração e termina no primeiro item Ideacional. Nos casos
citados de Temas Interpessoais, estes fazem parte necessariamente de um Tema múltiplo.
O Tema se encerra ao se encontrar um Tema Ideacional. Outro tipo de Tema possível é
o Textual. Quando existente, o Tema Textual se encontra sempre no início da oração.
Segundo Halliday & Matthiessen (2004), a seguinte ordem é necessariamente seguida
46
:
1) Tema(s) Textual(is): Podem existir ou não.
2) Tema(s) Interpessoal(is): Podem existir ou não.
3) Tema Ideacional: Caso não haja, então não há estrutura temática a ser observada.
46
Thompson (1996: 136-137) é mais flexível, dizendo que itens interpessoais podem vir antes dos textuais,
diferentemente de Halliday & Matthiessen (2004). Ao anotar o corpus, prestou-se atenção a essa
possibilidade apontada por Thompson. No entanto, nenhuma ocorrência de Tema Interpessoal anteposto a um
Tema Textual foi encontrada em todo o corpus desta pesquisa.
76
Cumpre aqui fazer algumas observações: 1) Temas simples são necessariamente
Ideacionais; e 2) Halliday & Matthiessen (2004) denominam os Temas Ideacionais de
Temas Tópicos. Já Thompson (1996) os chama de Temas Experienciais. Ambos indicam
em seus textos que se trata de Temas ideacionais, termo que foi preferido neste trabalho,
para mais explicitamente correlacioná-los à Metafunção Ideacional.
A ordem mais detalhada dos itens Não-Ideacionais que podem aparecer na oração
em inglês, como podemos perceber ao longo do Capítulo 3 de Halliday & Matthiessen
(2004), é:
1) Textual: Continuativo.
2) Textual: Conjunção => Expansão ou Projeção.
3) Textual: Adjunto Conjuntivo.
4) Interpessoal: Vocativo.
5) Interpessoal: Adjunto Modal de Comentário.
6) Interpessoal: Operador verbal finito.
Os itens (1) e (2), quando presentes, são necessariamente Tema, visto que, em
inglês, nunca aparecerão dentro de uma oração após algum item ideacional – sempre
estarão no início da oração. Os demais podem aparecer no Rema.
Quanto aos Temas Ideacionais, podemos ter:
* Tema Participante: “O carro caiu de uma altura de trinta metros na ribanceira”.
* Tema Processo: “Veja a minha sacola de compras.”
* Tema Processo-Participante: “Comprei
um par de meias.”
77
* Tema Circunstância: “Na entrada do parque há dois portais de pedra.”
* Tema Oracional: “Quando a lua surgiu, ele foi retirado e enterrado.”
A Figura 7 mostra uma forma resumida de tratar as escolhas temáticas, mas
outros itens a serem considerados.
47
Quando levamos em conta, além da estrutura
Tema/Rema, a estrutura Dado/Novo, pode-se perceber a escolha temática sob outro ângulo.
Podemos perceber, então, a presença de Estruturas Tematizadas, que foram tratadas
detalhadamente por Thompson (1996: 125-133). Um dos casos de Estrutura Tematizada
mencionada por Thompson é o Equativo Temático, no qual o Tema é conectado ao Rema
por um Processo Relacional (normalmente o verbo to be”), sendo que a frase mantém o
seu sentido ao trocar de lugar o Tema e o Rema. O Tema então se encontra em destaque
(“highlighting”). Por exemplo:
“What one will not learn here is anything about the Enlightenment.”
48
No exemplo acima, o Tema se encontra sublinhado. Trata-se de um Equativo
Temático, que é uma das formas de Estruturas Tematizadas.
49
Uma estrutura sem
Tematização seria: “One will not learn here anything about the Enlightenment.” O uso da
forma equativa coloca em posição temática informação apresentada como Nova,
contrariando o princípio natural do fluxo Dado/Novo, enfatizando, no caso, o fato de que a
informação desejada não pode ser obtida no referido lugar .
47
A reprodução completa da Figura em Halliday & Matthiessen (2004: 80), incluindo também as Estruturas
Tematizadas e o Foco no Tema, se encontra no Anexo 7.4 deste trabalho.
48
Exemplo retirado de Thompson, 1996: 126.
49
Todos os tipos de Estruturas Tematizadas serão explicados detalhadamente no item 4.3.1.5 deste trabalho.
No momento, Estruturas Tematizadas foram exemplificadas com um dos tipos possíveis apenas para poder
falar sobre o Foco no Tema.
78
A apresentação de um elemento Novo em posição temática pode se dar de modo
Identificado, como no exemplo acima, ou através de um predicado. Por exemplo:
O nome verdadeiro da cidade foi apagado da lembrança pelos
conquistadores, e é por isso dizem os contadores de história que o
lugar agora é conhecido apenas pelo nome da sua própria destruição.
A expressão “é por isso que”
50
constitui um Tema Predicado
51
, no qual temos o
Novo em posição temática, de modo que temos um Tema em destaque (“highlighted
Theme”). A divisão Dado/Novo desse fragmento se dá do seguinte modo:
“O nome verdadeiro da cidade” Dado
“foi apagado da lembrança pelos conquistadores,” Novo
“e é por isso que” Novo
“o lugar agora é conhecido apenas pelo nome de sua própria destruição” Dado
No caso de Temas sem destaque (“unlighted”), pode-se ter um Tema Focado
(“Focussed”) ou um Tema Não-Focado (“Unfocussed”). Para compreender isto, devemos
também levar em conta, além da estrutura Tema/Rema, a estrutura dos elementos “Dado” e
“Novo” na composição da oração. Relembramos que o Dado é algo que pode ser
recuperado pelo contexto e o Novo é algo que então entrou no discurso. Quando o
Novo é retomado mais tarde, essa retomada é compreendida como um Dado.
Normalmente, a oração começa com um elemento Dado e termina com um Novo.
O Dado se inicia no Tema e pode continuar no Rema; o Novo aparece no final do Rema
52
,
podendo ser também, em alguns casos, o Rema em sua totalidade. Caso o Novo apareça
50
A oração que aparece intercalada entre travessões é desconsiderada.
51
Maiores explicações sobre o Tema Predicado serão dadas no item 4.3.2.1. (“Metafunção Ideacional”) deste
trabalho.
52
Fries (1994) trata o Novo no final do Rema como “N-Rema”.
79
em posição Temática, temos uma estrutura marcada. Para compreender melhor isso,
consideremos a estrutura Dado/Novo no exemplo a seguir:
Os snilfards homens usavam máscaras de fio de platina, que se moviam
quando a pele do rosto deles se movia, mas que serviam para ocultar suas
verdadeiras emoções. As mulheres cobriam os rostos com um pano
parecido com seda, feito do casulo da mariposa chaz. Estava sujeito à
pena de morte quem cobrisse o rosto sem ser um snilfard, uma vez que
impenetrabilidade e subterfúgio eram privilégios da nobreza.
Há três orações no exemplo nas quais podemos ver o Novo sublinhado. Na
primeira oração, o Novo corresponde ao Rema; na segunda oração, corresponde ao final do
Rema – ambos se tratam do local esperado, isto é, o Novo pode corresponder ao Rema ou à
parte final do Rema, sem constituir posição marcada para o Novo. Entretanto, na terceira
oração, o Novo se encontra no Tema. Temos, então, um Tema Focado (“Focussed”).
Essa estrutura é marcada no que tange ao Tema. No caso de Equativos Temáticos,
entende-se que, quando o elemento “qu-” é encontrado no Rema, e não no Tema, como na
última sentença do referido exemplo (“Estava sujeito à pena de morte quem cobrisse o
rosto sem ser um snilfard”), o Tema é Marcado, de modo a coincidir a condição de
Marcado tanto no que tange à estrutura Dado/Novo quanto no que tange à estrutura
Tema/Rema.
Quando o Novo aparece no Rema, e não no Tema, como, por exemplo, nas demais
orações do exemplo acima, dizemos que o Tema é “Não-Focado” (“Unfocused”). No caso
de Temas Focados, o Tema pode ser retomado no Tema da oração seguinte. A partir deste
momento, ele é um Dado, que pode aparecer como um Tema Não-Marcado, ou como um
tema marcado do tipo “Assunto” (“Matter”), como mostra o exemplo:
A cidade foi destruída numa batalha, e o rei foi capturado e enforcado
numa tamareira como sinal de triunfo. Quando a lua surgiu, ele foi
retirado e enterrado, e as pedras foram empilhadas para marcar o lugar.
Quanto aos outros habitantes da cidade, eles foram todos mortos.
80
Aqui o Tema recupera uma pressuposição na cidade o rei e os habitantes, de
modo que o elemento agora é Dado. O Tema retoma informações e pressuposições que
estão antes no texto, não necessariamente na oração anterior.
Caso o Tema não seja retomado, dizemos que foi abandonado” (“abandoned”),
como no exemplo a seguir:
“Há uma brisa vindo de água, ela diz. O vento deve ter mudado. Ela se inclina para
a frente, preparando-se para se levantar.”
O termo “brisa” do Rema da primeira oração foi retomado (“vento”) no Tema da
segunda. Na segunda oração, o Rema tem um elemento Novo que é abandonado, isto é,
não é retomado na oração seguinte (nem em oração alguma posteriormente no texto).
4.3.1. Consolidação da arquitetura do código: resolução de problemas
Nos subitens desta seção serão tratados alguns problemas encontrados durante a
elaboração do código e como lidou-se com cada um deles.
4.3.1.1. Problemas relativos à nomenclatura
Conforme foi indicado no item 4.2 (“Histórico do CROSF”) deste trabalho, os
primeiros protótipos do CROSF tinham os nomes das categorias ainda em inglês, devido a
não se ter, na época, uma lista completa de traduções para os termos utilizados. Para a
maior parte dos termos, utilizou-se, então, em uma primeira tentativa de tradução, os
termos traduzidos encontrados em uma proposta de tradução realizada pelo projeto
conjunto da PUC-SP e da Universidade de Lisboa.
53
Esta lista possuía traduções propostas
53
Cf. Berber Sardinha, 1999.
81
para grande parte das categorias utilizadas no CROSF, mas não todas; faltavam ainda
traduções para os Adjuntos Modais (Metafunção Interpessoal) e para os Adjuntos
Conjuntivos (Metafunção Textual). Para os Adjuntos Modais (Metafunção Interpessoal),
foram utilizadas então as traduções propostas por Cibele Bernardino em sua pesquisa de
Doutorado
54
. Para os Adjuntos Conjuntivos (Metafunção Textual), propostas foram feitas
pelo autor deste trabalho e seguem sendo utilizadas
55
.
uma categoria que tem tradução em uso, mas que poderia ser problematizada.
A tradução já em vigor foi utilizada para o trabalho e sua explicação se encontra a seguir.
4.3.1.1.1. Elemento “qu-”
Não temos aqui na realidade um problema, mas algo que foi levado em
consideração durante a elaboração do CROSF e que vale reiterar aqui. A nomenclatura
adotada realmente já se encontrava consolidada, mas é relevante apontar tudo o que esta
categoria abarca para evitar que os pesquisadores tenham dificuldades em especificar a que
termos esse item se aplica.
Entende-se como elemento “qu-” o que em inglês se chama “‘wh-’ element”.
Também é conhecido como “pronome interrogativo” (“question-word”), mas seria talvez
possível questionar esse termo devido ao fato de esses pronomes serem usados também em
orações exclamativas. A dificuldade que um pesquisador novato poderia ter com o termo
“’wh-’ elements” em inglês – assim como com o termo elementos ‘qu-’ em português – é o
fato de nem todos os termos dessa categoria começarem realmente com essas duas letras.
Em inglês devemos nos lembrar que o termo “how”, assim como expressões que começam
com “how”, tais como: “how much”, “how often”, “how long” etc. também são
54
Pesquisa em andamento, FALE/UFMG, orientada pela Profa. Dra. Adriana Silvina Pagano.
55
Agradecimentos especiais à Profa. Dra. Beatriz Decat (FALE/UFMG), que me ajudou com a tradução de
alguns desses termos, informando-me como alguns deles têm sido utilizados em língua portuguesa.
82
considerados “‘wh-’ elements”. O mesmo ocorre em português: “como” e “por que” (o
caso de pergunta apenas) são também considerados “elementos ‘qu-’”.
4.3.1.2. Problemas relativos a diferenças entre sistemas lingüísticos
Algumas dificuldades foram encontradas durante o Processo de Rotulação do
corpus devido a diferenças entre a estrutura do idioma inglês e do português. A seguir,
temos explicações detalhadas de cada caso.
4.3.1.2.1. O Rótulo “Processo-Participante”
A GSF previa a presença do sujeito elíptico (cf. Martin et al., 1997: 29), cuja
ocorrência é mais restrita no inglês. Entretanto, é um fenômeno comum em português, bem
como em algumas outras línguas particularmente, algumas línguas neo-latinas. Algumas
pesquisas sobre Tema tratando da possibilidade de elipse do sujeito embora presente na
desinência do verbo tais como Barbara & Gouveia (2001) e Ventura & Lima-Lopes
(2002) colocam a problemática da identificação do Tema nesses casos. Barbara & Gouveia
(2001) consideram a elipse do sujeito um caso de Tema elíptico, no sentido de que o Tema
é o Participante elíptico do Processo. Por exemplo: na frase “Vi a casa toda”, o Tema é
sinalizado com o símbolo ”, para indicar que o Tema se encontra elíptico (Barbara &
Gouveia, 2001: 7).
Ventura & Lima-Lopes (2002) consideram que o Tema é o Processo e não o
Participante elíptico, e consideram ainda que o mesmo é Marcado, em cujo caso não
haveria distinção de um caso em que o Participante esteja explícito após o Processo. Por
exemplo: na frase “Precisamos sair daqui!”, assinalaram o termo Precisamos como
sendo o Tema, dizendo ser o Tema o Processo, sendo este Marcado.
83
Nas pesquisas realizadas no NET surgiu a discussão sobre se o Processo seria o
Tema e se este seria um caso de “Tema Marcado” ou não, questionando a proposta de
Ventura & Lima-Lopes; outros preferiam ver o Tema no Participante elíptico, anotando-o
como um Tema elíptico, seguindo a proposta de Barbara & Gouveia. Como a ocorrência
do fenômeno de elipse do sujeito é relevante em corpora paralelos, uma vez que em sua
análise se tenciona observar até que ponto a elipse ou falta dela constitui um padrão ou não
nesse tipo de corpora, foi pensado um Rótulo como uma forma de "meio-termo" entre
esses dois extremos: considera-se que o Processo é o Tema, Não-Marcado, que por sua vez
realiza o Participante, isto é, estão ambos presentes em um único termo em posição
temática, pois há um Processo a partir do qual o Participante pode também ser recuperado.
Processo-Participante corresponde, assim, a um Rótulo proposto pelos
pesquisadores do NET (FALE/UFMG) para contemplar orações em português nas quais o
sujeito se encontra elíptico, sendo que sua recuperação é feita pela desinência do verbo
e/ou por relações coesivas. Assume-se que o verbo é imbuído tanto da parte Processual
quanto da parte Participante, particularmente em português. Devido a realizações
morfológicas, o verbo expressa a pessoa e o número na língua portuguesa. Deste modo, os
verbos em português apresentam tanto a noção de Processo quanto a noção de Participante,
o que pode tornar até redundante e indesejado expressar o sujeito diversas vezes em um
texto. Por essa razão, adota-se neste trabalho o Rótulo Processo-Participante para um
fenômeno que, por ser comum em português, é considerado Não-Marcado, haja vista que
não inversão alguma na estrutura “sujeito-verbo-objeto” (SVO) e que “sujeito/verbo”
estão no primeiro termo da frase. O Rótulo também é utilizado para a anotação do corpus
em inglês, uma vez que instâncias de sujeito elíptico nessa língua, bastante próximas do
português, guardadas as especificidades das duas línguas: no inglês o sujeito elíptico
ocorre normalmente apenas em orações paratáticas e o sistema de desinências verbais
84
também se aplica, embora o mesmo seja mais reduzido, havendo apenas duas desinências
no caso do presente de verbos regulares e uma no caso do passado. Ex.:
“They'd <1111141> said Laura had turned the car sharply and deliberately, and
<2130321> had plunged off <2211411> the bridge with no more fuss than stepping off a
curb.”
O Rótulo <2211411> aplicado a “had plunged off” indica tratar-se do segundo
termo de um Tema múltiplo, sendo um Tema ideacional “Processo-Participante”.
Vale ressaltar que o Rótulo “Processo-Participante” não se trata de uma categoria
da Gramática Sistêmico-Funcional, mas de um Rótulo do CROSF, útil para pesquisas com
corpora paralelos.
4.3.1.2.2. Estruturas Tematizadas
casos em que um tipo de Tema menos complexo nos vem à mente ao anotar o
corpus; entretanto, ao analisar a oração com maior atenção, percebemos a presença de uma
Estrutura Tematizada, conforme tratado anteriormente neste trabalho. Consideremos o
exemplo:
Era Reenie quem fazia os curativos de arranhões, cortes e outros machucados.”
Embora o Processo “era” por si pudesse ser considerado o Tema Ideacional,
verificamos que aqui ocorre um dos casos especiais: uma Estrutura Tematizada; no caso,
um Tema Equativo (o qual já foi apresentado e será retomado mais detalhadamente no item
85
4.3.2.1 deste trabalho). Ao anotar o corpus, recomenda-se ter tais casos em mente, embora
não seja obrigatório utilizar todas as ferramentas disponibilizadas pelo CROSF.
Estes tipos de Estruturas Tematizadas foram tratadas mais detalhadamente em
português por Ilari & Longhin (2000) e também demandaram a nossa atenção quando da
construção e aplicação do código, uma vez que envolvem diferenças entre os dois sistemas
lingüísticos. Para os autores, o Tema Predicado ocorre em orações denominadas
genericamente como orações clivadas, que podem ser de três tipos:
1) Clivada propriamente dita:
“Trouxeram com eles um monte de sementes, e é por isso que nós temos maçãs e laranjas.”
2) Construção É QUE:
“Em vez disso, por meio de um feitiço conhecido apenas pelo rei, a cidade e seus
habitantes foram levados dali e substituídos por fantasmas de si mesmos, e só esses
fantasmas é que foram queimados e assassinados.”
3) Construção QUE:
“O intelectual, na política, rompe mais facilmente, por isso que os outros desconfiam mais
dele.”
56
Para Ilari & Longhin (2000), o Equativo Temático
57
ocorre em orações
consideradas como:
56
Exemplo extraído de Ilari & Longhin (2000: 204).
57
Os Equativos Temáticos serão tratados mais detalhadamente no item 4.3.2.1. deste trabalho.
86
1) Pseudoclivadas:
“Quem morre de fome é brasileiro.”
58
2) SER foco:
“Agora, eu encontro é uma certa ataraxia por parte da classe política no sindicalismo
moderno.”
59
Conforme ilustrarei mais adiante, os Equativos Temáticos no texto original (TO) do
corpus utilizado nesta pesquisa foram retextualizados de modo diferente no texto traduzido
(TT)
60
, de modo que não foram encontradas ocorrências das estruturas pseudoclivadas e
SER foco apontadas por Ilari & Longhin no corpus desta pesquisa. Entretanto, essas
estruturas foram levadas em consideração e podem ser anotadas como Equativos
Temáticos com o CROSF.
4.3.1.3. Problemas relativos à classificação de elementos de acordo com a GSF
Ao montar as tabelas que compõem o CROSF, as categorias foram agrupadas
segundo encontradas em Halliday (1994), Thompson (1996) e Halliday & Mathiessen
(2004). Em alguns pontos, opções tiveram que ser feitas, conforme descritas a seguir.
58
Exemplo extraído de Ilari & Longhin (2000: 204).
59
Exemplo extraído de Ilari & Longhin (2000: 204).
60
Cf. item 4.4.2 (“Temas Marcados”) deste trabalho.
87
4.3.1.3.1. Tema absoluto
Mathiessen (1995: 588-589) aponta a existência de um tipo de Tema não
mencionado em Halliday (1994): o Tema Absoluto, no qual um tópico aparece em posição
Temática e, em seguida, um comentário é feito sobre ele. Também Martin et al (1997:33)
mencionam en passant a existência dessa categoria. Assemelha-se ao que Mira Mateus et
al. (2003: 497) chamam de Topicalização:
A Topicalização é a construção de tópicos marcados ilustrada pelas
frases:
Piscina, não sabia que tinha.’
A esse político, podes crer que não dou o meu voto.’
Pontes (1987: 13) explica que o Tópico em certas línguas orientais estabelece um
quadro de referência para o que vai ser dito e mostra exemplos da linguagem oral em
português em que semelhante estrutura ocorre, citando os seguintes exemplos:
“Essa bolsa as coisas somem, aqui dentro.”
“Essa bolsa aberta aí, eu podia te roubar a carteira.
“A última prisão dele, sabe o que que ele fez?
“As cadeiras optativas, cê precisa ter um conhecimento bom primeiro.”
Pontes (1987: 43) aponta que em certas línguas como, por exemplo, o japonês, “o
Tópico é indicado não sintaticamente mas também morfologicamente, ou seja, um
morfema para indicar o Tópico”. o português não tem esse tipo de morfema e esse
deslocamento de um Assunto para a posição Temática parece ser comum apenas na
linguagem oral. No corpus utilizado nesta pesquisa (fragmento de The blind assassin e de
O assassino cego), não foi possível encontrar esse tipo de deslocamento, embora esse
corpus inclua diálogos nos quais estruturas típicas de linguagem oral são encontradas, tais
como, por exemplo, a frase “Não faz isso” (modo imperativo), que não seria típica da
linguagem escrita, mas da linguagem oral.
88
Pontes (1987: 43) afirma ainda:
Em português e em muitas outras línguas, o tópico é marcado pela
posição na sentença, que é a primeira; pela ocorrência, muitas vezes, do
pronome anafórico ao tópico; e pela entonação, (...) sendo freqüente
(embora não obrigatória) uma quebra entonacional depois do tópico.
Veja-se o exemplo: ‘Aquele livro, eu coloquei ele na estante agora
mesmo’.
No exemplo acima citado (“Aquele livro, eu coloquei ele na estante agora
mesmo”), poderíamos falar em Tema Absoluto (“Aquele livro”), em consonância com
Matthiessen (1995). Entretanto, para classificar tal exemplo em consonância com Halliday
(1994) e Halliday & Matthiessen (2004), a categoria encontrada para classificar esse tipo
de Tema seria Tema Ideacional Circunstância de Assunto (Matter).
No terceiro capítulo de sua dissertação de mestrado, Mikako Naganuma (2002) fala
da diferença entre o Tema em orações em inglês e em japonês; uma discussão semelhante
poderia se aplicar também ao português, no que diz respeito ao Tema Absoluto. Devemos
levar em conta que o japonês, como a própria Naganuma aponta, é uma língua com
estrutura “Tópico/Comentário”. Embora a ordem mais usual no idioma japonês seja:
“Sujeito + predicativo + verbo de ligação + partícula auxiliar” (Fukuma, 2003: 1), essa
língua tem uma estrutura de declinações muito maleável, com partículas (posposições)
indicadoras de caso. Não há uma ordem necessariamente fixa “sujeito-verbo-objeto”
(SVO) como, por exemplo, no inglês; a frase é iniciada por um tópico e em seguida
comenta-se sobre ele, como pode-se ver ao longo da dissertação de Naganuma. Em
português, existe uma certa tendência também de, em alguns casos, trazer outros itens para
o início da oração, ainda que não esperados na ordem SVO”, tais como os que foram
mencionados anteriormente neste mesmo item, citando Pontes (1987). Entretanto, no
português vemos que a ordem SVO é, normalmente, a mais esperada, de modo que um
Tema Ideacional que não seja um Participante, no Modo Declarativo, tende a ser
89
considerado um Tema Marcado em português. A categoria Tema Absoluto mencionada
por Mathiessen (1995: 588-589) contempla elementos ideacionais anteriores ao sujeito e
poderia ser abordada na GSF como sendo, na verdade, uma circunstância do tipo assunto
(matter). O texto original de Mathiessen comparava o mandarim (idioma oficial da China)
com o inglês, mas o problema parece ser semelhante no japonês e também no português.
Naganuma comenta o exemplo “sakana wa tai ga oisii”
61
. O termo sakana
(“peixe”) é seguido da posposição –wa, que indica tratar-se do tópico. Em seguida, temos
tai (“vermelho”
62
) com a posposição –ga, a qual indica tratar-se do sujeito; por último,
temos o que se diz sobre o vermelho: oisii (“delicioso”). Isso poderia ser retextualizado
em português como “Quanto a peixe, o vermelho é delicioso”. Naganuma comenta que
Matthiessen interpreta esse tipo de Tema como um Tema Absoluto (Absolute Theme)
devido à falta de um papel de transitividade nesse termo. Em seguida, Naganuma retoma
esse tipo de Tema chamando-o de Circunstância Temática de Assunto (Thematic
Circumstance of Matter).
E, de fato, exemplos semelhantes em japonês são mostrados depois nesse item,
classificados como Assunto (Matter). Creio que isso possa ajudar a indicar uma possível
classificação dessa estrutura que Matthiessen (1995) chamou de Tema Absoluto, em
realidade, como Tema Ideacional - Circunstância - Assunto. Ao menos, a diferença entre
os dois não fica clara nesse texto. Ao contrário, o texto parece apontar que são modos
diferentes de se tratar a mesma categoria.
Levando-se em consideração que Halliday menciona Matter, mas não menciona
Absolute Theme em nenhum ponto de sua obra, nem na edição de 1994, nem na de 2004
a qual teve o próprio Matthiessen como co-autor –, optou-se então, no presente trabalho,
61
Cf. <http://akasaka.cool.ne.jp/kakeru3/naganuma3.html> Acesso em 26/10/2004.
62
Refere-se a um tipo de peixe conhecido no Brasil como “vermelho”, e não à cor vermelha.
90
por incluir no código a categoria Assunto (Matter) para o caso de algum pesquisador
necessitar dessa instância, não se incluindo, então, a categoria Tema Absoluto (Absolute
Theme).
63
também uma pequena inconveniência quanto à nomenclatura em português:
"minor clauses" vêm sendo tratadas em português como "absolutos" e essas estruturas
não constituem Tema, de modo que algumas confusões podem ser feitas
desnecessariamente, visto que Halliday já tratava esse tipo de Tema por outro nome.
Optou-se por não incluir a categoria "Tema Absoluto" no CROSF, visto que o fenômeno
poderia ser classificado como Tema Ideacional Circunstância de Assunto, reservando,
assim, o termo "Absoluto" para a ocorrência de frases sem modo ou transitividade e, por
conseguinte, sem estrutura temática, não constituindo, assim, orações.
4.3.1.3.2. Tema elíptico
Thompson (1996:152) aponta a possibilidade de elipse de um termo da oração
(Tema ou Rema) ou mesmo de uma oração inteira. Por isso, foi considerada no CROSF a
possibilidade de se categorizar um termo elíptico. Será tratada aqui a possibilidade de
elipse do Tema.
64
Consideremos o exemplo:
What <2120310> will <2220200> it <2311133-2311135> be, then? he <1111141> says.
Dinner jackets and romance, or shipwrecks on a barren coast <5000000>?
63
O CROSF foi discutido com outros membros do Núcleo de Estudos da Tradução (NET) da FALE/UFMG.
Nenhum exemplo de Tema Absoluto ou de Tema Assunto foi encontrado no corpus desta pesquisa, mas a
criação dessa categoria foi discutida entre os membros do NET, para evitar que, ao aplicar o CROSF em
futuras pesquisas, houvesse algum problema pela falta dessa categoria.
91
A última “oração” deste trecho não possui predicação para ser considerada uma
oração propriamente dita. Trata-se de um Absoluto (“minor clause”). Não
transitividade aparente; ao menos, não explicitamente. Mas o(a) leitor(a) pode conseguir
estabelecer uma relação entre esse Absoluto e a oração que o precede, de modo a recuperar
a transitividade. a elipse de algum termo, o qual poderia ser o Tema, ou o Rema, ou
parte do Tema, ou parte do Rema. Se a omissão é considerada sob uma perspectiva de
construção da oração, podemos classificar o trecho como um Absoluto. Caso o(a) analista
opte por recuperar a transitividade, a categoria “Tema elíptico” pode ser então utilizada.
Por exemplo:
“(Will it be) dinner jackets and romance, or shipwrecks on a barren coast?”
Nesse caso, diríamos que houve a elipse do Tema e de parte do Rema (Thompson,
1996: 152), que foram recuperados pelo contexto. O fato de o Tema não estar expresso não
impossibilita sua anotação com o CROSF. Poder-se-ia anotar o trecho do seguinte modo:
“(Will <2020210> it <2011133-2011135> be) dinner jackets and romance, or
shipwrecks on a barren coast?”
O Rótulo <2020210> significa que se trata de parte de um Tema múltiplo elíptico e
que se trata de um finito interrogativo. O Rótulo múltiplo <2011133-2011135> indica
duas categorias que se aplicam simultaneamente ao trecho: <2011133> indica que esse
termo do Tema múltiplo elíptico se trata de um Participante Identificado (Processo
64
Embora seja possível falar também da elipse do Rema, este trabalho focaliza a organização temática dos
textos, de modo que apenas os Temas serão analisados.
92
Relacional); o Rótulo <2011135> o classifica como Participante Característica (também
do Processo Relacional).
65
O problema de toda análise de elipse oracional está em precisar se um determinado
elemento foi realmente o que foi omitido, além do fato de se estar acrescentando, para isso,
texto que realmente não se encontrava escrito no texto. Por conseguinte, na aplicação feita
no corpus desta pesquisa, decidiu-se não recuperar os Temas elípticos, embora, em alguns
casos mais óbvios (não encontrados no corpus desta pesquisa), isso talvez pudesse ser
feito, como em um caso tirado de um outro corpus dentro do CORDIALL (Corpus
Discursivo de Análises Lingüísticas e Literárias NET/FALE/UFMG): a dedicatória do
romance A hora da estrela, de Clarice Lispector
66
, do qual reproduzo algumas orações:
Dedico-me à tempestade de Beethoven. À vibração das cores neutras de Bach.”
Nota-se claramente acima que o Tema da segunda oração é o mesmo da primeira:
“Dedico-me”. Em um caso desses, seria adequado utilizar o Rótulo de “Tema elíptico”,
possivelmente do seguinte modo:
Dedico-me <1111411> à tempestade de Beethoven. <1011411> À vibração das
cores neutras de Bach.”
O primeiro Rótulo é: “Tema simples, Ideacional, Não-Marcado, Processo-
Participante, Ator (Processo Material)”. O segundo Rótulo é: “Tema elíptico, Ideacional,
65
Para maiores explicações sobre Rótulos múltiplos, ver item 4.1.1 (“Rótulos múltiplos”) deste trabalho.
66
Agradecimentos a Roberta Rodrigues, que gentilmente cedeu o exemplo do corpus de sua pesquisa em
comunicação pessoal.
93
Não-Marcado, Processo-Participante, Ator (Processo Material)”; o CROSF prevê em sua
arquitetura um Rótulo para tal ocorrência. Em casos em que o item elíptico é facilmente
recuperado, recomenda-se usar o Rótulo “Tema elíptico”. Caso contrário, é preferível
apenas considerá-lo um Absoluto, lembrando que, embora o código permita classificar as
categorias que compõem o Absoluto, isso não foi feito nesta pesquisa. O Rótulo
<5000000> sem qualquer subcategoria foi usado para todos os Absolutos (“minor
clauses”) no corpus da presente pesquisa.
4.3.1.3.3. Ponto de vista congruente ou metafórico
Ao analisar uma oração observando-se a Metafunção Interpessoal, podemos
perceber casos de Metáforas, o que pode modificar a categorização dos Temas.
Consideremos o seguinte exemplo extraído do corpus deste trabalho (Atwood, 2001):
“Acho que eu não quero nenhuma criança envolvida.”
Há dois modos diferentes de se analisar tal exemplo:
a) Ponto de vista congruente:
“Acho <1111421> que eu não quero nenhuma criança envolvida.”
Neste caso, considera-se o Processo-Participante Mental/Experienciador como
sendo o Tema.
b) Ponto de vista metafórico:
“Acho que <2120611> eu <2211121> não quero nenhuma criança envolvida.”
94
O Rótulo <2120611> significa: Tema múltiplo primeira posição Interpessoal
Adjunto Modal: Comentário – Opinião. Isto significa que a construção metafórica foi
considerada e classificada. Poder-se-ia, também, classificar a Metáfora por si só:
“Acho que <2120500> eu <2211121> não quero nenhuma criança envolvida.”
O Rótulo <2120500> significa: Tema múltiplo primeira posição Interpessoal
Metáfora (sem subcategorizações). Poder-se-ia também utilizar um Rótulo múltiplo,
indicando que se trata de um Tema Interpessoal Adjunto Modal Comentário Opinião
(Rótulo <2122611>) e indicando também que se trata de uma Metáfora (Rótulo
<2122500>):
“Acho que <2122611-2122500> eu <2211121> não quero nenhuma criança
envolvida.”
Para a presente pesquisa, a Metáfora foi levada em consideração e classificada
diretamente com seu subtipo, sem o Rótulo múltiplo:
“Acho que <2120611> eu <2211121> não quero nenhuma criança envolvida.”
O código permite a anotação de um elemento tanto do ponto de vista congruente
quanto do metafórico, reservando-se a opção ao(à) analista. Não obstante, a recomendação
aqui sugerida é a de se classificar sob o ponto de vista metafórico, usando diretamente o
subtipo mais específico, visto que subentende-se que o uso dos Adjuntos Modais
(Metafunção Interpessoal) implica Metáfora.
95
4.3.2. Composição do CROSF
Como vimos no item 4.1 deste trabalho, o primeiro dígito do CROSF
67
(posição
“a”) se refere a se o termo classificado é um Tema simples (dígito 1), Tema múltiplo (2),
Rema simples (3), Rema múltiplo (4), Absoluto (5) ou N-Rema (6).
O segundo dígito (posição “b”) se refere à posição do termo sendo classificado
dentro do Rótulo. No caso de Tema ou Rema simples, aplica-se necessariamente o dígito
(1). No caso de Tema ou Rema múltiplo, aplica-se o dígito (1) apenas caso o termo sendo
classificado seja o primeiro termo considerado no Tema ou Rema múltiplo; dígito (2) caso
seja o segundo termo, assim por diante. Caso o termo sendo rotulado seja elíptico, aplica-
se o dígito (0), isto é, “zero”.
O terceiro dígito do Rótulo se refere à Metafunção: 1=Ideacional; 2=Ideacional;
3=Textual.
Do quarto dígito em diante, o Rótulo é interpretado segundo a Metafunção. Para
melhor visualização, a tabela do CROSF (Anexo 7.1 deste trabalho) está dividida em três
partes, segundo cada Metafunção. As categorias dessas tabelas serão explicadas a seguir
divididas, do mesmo modo, nas três Metafunções: Ideacional, Interpessoal E Textual.
4.3.2.1. Metafunção Ideacional
A posição d indica apenas se o item é (1) Não-Marcado ou (2) Marcado.
Entretanto, caso esta categoria não seja relevante para uma determinada pesquisa, é
aceitável apenas inserir o valor zero (0). No presente trabalho, optou-se por anotar os itens
como Marcado ou Não-Marcado, nunca ignorando a categoria, ainda que o código permita
fazê-lo.
67
Ver tabelas do CROSF no anexo 7.1.
96
Na posição e temos:
(1) Participante sem interpolação: Entende-se por Participante um sujeito ou objeto,
associado ao Processo (verbo). Ex:
O acidente ocasionou renovados protestos acerca do estado dos trilhos de bonde naquele
trecho da estrada.”
Temos em posição temática (sublinhado) um Participante sem interpolação.
(2) Participante com interpolação: Trata-se de casos em que o Participante se desdobra
em apostos e/ou partes adicionais.
68
Por exemplo:
“Aimee Griffen, de 38 anos, filha do conhecido industrial, falecido, Richard E. Griffen,
e sobrinha da famosa escritora Laura Chase, foi encontrada morta em seu apartamento na
Church Street, na quarta-feira, com o pescoço quebrado em decorrência de uma queda.”
O nome “Aimee Griffen” por si seria um Participante sem interpolação.
Entretanto, junto com todos esses apostos adicionais, forma ainda um único Participante,
sendo este interpolado. As subcategorias dos Participantes são analisadas do mesmo modo,
sejam Participantes com ou sem interpolação. As subcategorias mostram a relação do
Participante acerca do Processo.
68
É interessante notar que, pelo menos no corpus desta pesquisa, participantes com interpolação foram
encontrados apenas nos textos que representam “recortes de jornais” inseridos na novela. Essa escolha
temática poderia ser correlacionada com aspectos do gênero discursivo reportagem jornalística. Esta
observação demanda mais pesquisas sobre esse gênero em particular.
97
3) Processo: Coincide com o conceito de “verbo”, ao menos no caso do português e do
inglês. São subdivididos em 6 categorias (posição f):
*1) Processo Material: São ações concretas exercidas pelo Participante. Andar, sair, abrir,
amarrar, morrer etc. Fenômenos naturais entram também nesta categoria. Os Participantes
acerca deste tipo de Processo (posição g) são ilustrados a seguir, não necessariamente em
posição temática:
-1) Ator: aquele que pratica a ação. Ex:
“Ele a segura pelo braço.”
-2) Meta: aquele que sofre diretamente a ação. Ex:
“Ele a segura pelo braço.”
-3) Recebedor: trata-se de um tipo de beneficiário. Algo é dado para o Recebedor:
“Dei a ele metade do donut.
-4) Cliente: trata-se de outro tipo de beneficiário. Algo é feito para o Recebedor:
“Os soldados deram a vida por nós.”
*2) Processo Mental: Trata-se de pensamento ou percepção (2) realizado(a) pelo (1)
Experienciador:
[Eu] notei que meus dentes estavam batendo.”
98
Experienciador: “Eu” (elíptico, explícito apenas na desinência do Processo – caso de
“Processo-Participante”).
Fenômeno: “que meus dentes estavam batendo.”
Processo Mental: “notei” (sendo que, no caso, o Participante “eu” é recuperado a partir
do Processo, de modo que anotaríamos esse tipo de Processo como “Processo-
Participante”, e não apenas como “Processo”).
*3) Processo Relacional: Normalmente coincidem com os conhecidos como “verbos de
ligação”. O Processo Relacional em si não indica uma ação, mas liga um Participante a
outro. Há três formas de ligação possíveis de serem analisadas com o CROSF:
- Portador/Atributo:
“A grama estava amarela”.
Analisando por partes:
“A grama” Participante Portador: aquele a quem uma certa qualidade é atribuída.
“estava” Processo Relacional
“amarela” Participante Atributo: qualidade atribuída ao Portador.
- Identificado/Identificador:
“O profissional é você”
Analisando por partes:
99
“O profissional” Participante Identificado (posição de sujeito)
“é” Processo Relacional
“você” Participante Identificador (posição de predicativo do sujeito)
Como foi assinalado na seção 4.1.1. (“Rótulos múltiplos”) deste trabalho,
normalmente, quando temos Participantes Identificado e Identificador, uma análise mais
específica, de Característica e Valor, é possível, como detalhado a seguir.
- Característica/Valor
“O carro era meu”.
Analisando por partes:
“O carro” Participante Identificado: Característica
“era” Processo Relacional
“meu” Participante Identificador: Valor
Trata-se de qualidades dadas com relação a algum Participante envolvido no
contexto, e não a adjetivos concretos do Participante em si. O pronome possessivo
(Identificador do exemplo acima citado) torna clara essa relação.
100
*4) Processo Verbal: Quando alguém (Participante Dizente) diz algo (Participante
Verbiagem) a alguém (Participante Receptor). Em alguns casos alguém (Participante
Alvo) é “acusado”
69
a outrem (Participante Receptor). No caso do discurso direto, a
Locução como um todo pode ser considerada também um Participante:
“Nós não dissemos nada sobre crianças.”
O exemplo inteiro acima pode ser considerado uma Locução
70
. No discurso direto
há parataxe entre a oração projetante e a projetada. Nesse sentido, a projetada, uma
Locução, pode ser analisada internamente, o que se mostra mais útil para uma pesquisa
orientada pela organização temática:
“Nós” Participante Dizente
“não” Polaridade (item Interpessoal, que será explicado posteriormente)
“dissemos” Processo Verbal
“nada sobre crianças.” Participante Verbiagem
Vale reiterar que o Participante Dizente “Nós”, no exemplo acima, é o Tema da
oração.
69
“Alvo” é semelhante a “Verbiagem”, sendo que não é algo meramente dito, mas realmente avaliado.
Thompson (1996: 99) dá os exemplos: “He repeated the warning” (Verbiagem) e “The report sharply
criticises Lilly’s quality-control procedures” (Alvo).
70
A frase inteira é algo que foi dito por uma personagem do romance em discurso direto. A oração
projetada do Processo Verbal não é incluída na Locução.
101
*5) Processo Comportamental: Como o próprio nome diz, são os Processos que
descrevem o comportamento dos Participantes (Comportantes). São Processos como:
sorrir, sentar-se, acenar, olhar. Note-se que “ver” é um Processo Mental, pois centra-se na
percepção, mas “olhar se centra no comportamento do Participante, mais que na
percepção visual em si. Ex:
“Ele então riu”.
“ele” Participante Comportante
“riu” Processo Comportamental
Para esses cinco tipos de Processos apresentados até o momento, há mais um
possível Participante: Extensão. Trata-se de algo que complementa o verbo, sem ser
necessariamente seu objeto. Ex:
“Ele atravessou a fronteira”.
Analisando por partes:
“Ele” Participante Ator
“atravessou” Processo Material
“a fronteira Participante Extensão
“A fronteira” não recebe nem sofre nada. É apenas uma Extensão do Processo
“atravessar”. Esse tipo de Participante pode ocorrer em todos os tipos de Processo, exceto
no Existencial. No caso do Processo Material, seu conceito coincidiria com o conceito de
102
“Escopo” (“Scope”), de modo que a categoria “Escopo”, devido a essa redundância, não
foi incluída.
*6) Processo Existencial: como o próprio nome indica, trata-se de um Processo que
indica a existência de algo. Ex:
“Naquela mão estendida, protetora, há uma ponta de cigarro.”
O Participante Existente é “uma ponta de cigarro”, e o Processo Existencial é “há”.
(4) circunstâncias (com ou sem interpolação): Complementam o que é expresso pelos
Participantes e pelos Processos. Subdividem-se em:
-1) Localização: local, hora
-2) Extensão: distância, duração
-3) Modo: meios, qualidade, comparação
-4) Causa: razão, propósito, motivo
-5) Contingência: condição, concessão, padrão
-6) Acompanhamento: com quem ou o quê, adição
-7) Papel: aspecto, produto
-8) Assunto: um tópico sobre o qual algo é tratado
-9) Ângulo: alguém segundo quem algo é afirmado
103
Em alguns casos, a Circunstância pode ser expressa na forma de toda uma oração
(Tema Oracional, sem interpolação), ou mesmo na forma de todo um complexo oracional
(Tema Oracional, com interpolação). Por exemplo:
“No planeta Zicron, localizado em outra dimensão do espaço, <1112610> existe uma
planície coberta de cascalho.”
Temos aqui uma frase com Tema Circunstância com oração reduzida interpolada.
Essa frase não contém Tema Oracional, mas uma variante poderia ser imaginada (não
encontrada no corpus desta pesquisa) do seguinte modo:
Encontrando-se no planeta Zicron, sendo este localizado em outra dimensão do
espaço, percebe-se a existência de uma planície coberta de cascalho.”
Tal exemplo hipotético poderia ser considerado um Tema Oracional com
interpolação, recebendo, então, o Rótulo <1112720>. Não há exemplo de tal ocorrência no
corpus desta pesquisa; não obstante, sua existência hipotética foi considerada, de modo que
a categoria foi incluída no CROSF.
É interessante notar que o corpus apresenta uma ocorrência de um Tema
Circunstância no TO que foi retextualizado na forma de um Tema Oracional no TT. Em
inglês, encontra-se:
At moonrise <1112510> he was cut down and buried.”
104
No texto traduzido encontramos:
Quando a lua surgiu, <1112710> ele foi retirado e enterrado.”
(5) casos especiais
*1) Atributivo Preposto: Trata-se de um complexo atributivo posto em posição
Temática, separado por vírgula do Rema. Ex:
“Always ready the instant you need it, the torch needs no battery or mains recharging.”
71
*2) Estrutura Tematizada: Há cinco casos previstos:
-1) Tema Predicado: Trata-se do caso das orações clivadas em posição Temática. Ex.:
“It was Reenie who'd done the bandaging, of scrapes and cuts and minor injuries”
72
Todo o predicado está em posição temática, com um sujeito “it” com função
meramente sintática na frase, o qual nem sequer apareceria em um exemplo em português.
O Rema corresponde ao sujeito da oração. A oração sem Tema Predicado seria “Reenie
did the bandaging, of scrapes and cuts and minor injuries”.
71
Como reiterado ao longo desta dissertação, os exemplos ao longo do trabalho são extraídos do corpus
escolhido para esta pesquisa: o romance The blind assassin de Margaret Atwood (2000) e sua tradução para o
português brasileiro (Atwood, 2001). Entretanto, este exemplo em particular foi retirado de Thompson (1996:
140).
72
Interessante notar que a tradução deste trecho (Atwood, 2001) apresenta, em lugar de um Tema Predicado,
um Equativo Temático: “Era Reenie
quem fazia os curativos de arranhões, cortes e outros machucados”.
105
-2) Equativo Temático: É quando o sujeito e seu predicativo estão em torno do Processo
Relacional e a troca de ordem do sujeito com o predicativo alteraria, no máximo, a ênfase
dada, mas não o sentido geral. Pelo menos um dos termos (sujeito e/ou predicativo) deve
ser uma nominalização com elemento “qu-”. Caso haja apenas um elemento “qu-” e este
esteja após o Processo, tendo-se um Equativo Temático com o Tema sem elemento “qu-”,
dizemos que o Tema é Marcado. Caso haja elemento “qu-” em posição temática, o Tema é
Não-Marcado. Em português, correspondem às orações pseudoclivadas e às orações com
“SER foco” (Ilari & Longhin, 2000: 204). Temos aqui alguns exemplos de Equativo
Temático marcado extraídos do corpus (Atwood, 2000):
“that’s what I’m best at.”
“but human blood was what they valued most
A tradução do segundo exemplo também constitui um Equativo Temático, sendo
este Não-Marcado (Atwood, 2001):
“mas o que mais apreciavam era sangue humano
Característico dos Equativos Temáticos, a troca de ordem entre o sujeito e o
predicativo não alterou o significado geral. Entretanto, pode haver modificação na ênfase
dada a algum termo, pois, visto que o Rema é interpretado a partir do Tema, supõe-se que
o termo que estiver em posição temática esteja sendo trazido à atenção do leitor.
106
-3) Tema Preposto: Típico da linguagem oral em inglês e em português, sendo mais
comum talvez em outros idiomas, tais como, por exemplo, o francês (não exemplificado no
corpus deste trabalho), trata-se de quando um tópico é inserido, sem ligar-se sintaticamente
com o Rema. Seguem exemplos dados por Thompson (1996: 130), uma vez que não
ocorrências deste tipo de Tema no corpus sob análise:
“Happiness, that’s what life is about.”
“That bloke who rang last night, what was he on about?”
“Your Mum, does she know you’re here?”
-4) Tema Comentário: Trata-se de uma opinião expressa na forma de um comentário em
posição temática. Ex:
“Era costume o comprador duvidar do que eles diziam.”
“Seria simpático ter umas tamareiras.”
Seria possível considerar o termo “Era” no primeiro exemplo e o termo “seria” no
segundo exemplo como sendo o Tema.
73
Thompson (1996: 129), entretanto, prefere
considerar o pronome
74
, o Processo e o Atributo como "Tema comentário" ("Thematised
comment"). Ambas formas são possíveis de serem anotadas com o CROSF. Para o presente
trabalho, em consonância com os demais trabalhos realizados no NET/FALE, a proposta
de Thompson foi adotada.
73
Essa diferença é detalhada no item 4.3.1.3.3 ("Ponto de vista congruente ou metafórico") deste trabalho.
74
Em inglês, tem-se um pronome normalmente “it” no início da oração. Por exemplo: “It was the custom
for the buyer to scoff at their claims.” (Atwood, 2000 – grifo meu)
107
-5) Estrutura Passiva: Trata-se da posição temática de toda uma Estrutura Passiva.
Consideremos o exemplo dado por Thompson (1996: 130)
75
:
“They were rescued by a soldier who spotted them both crying.”
Seria possível dizer: “A soldier who spotted them both crying rescued them.”
Entretanto, segundo Thompson, isto seria menos esperado em inglês. Logo, consideramos
no CROSF a possibilidade de anotar tais estruturas passivas, ainda que, para fins de
localizar o Tema, o Participante “They” no início da frase seja preferido.
*3) Pronome não-representacional: Trata-se de pronomes que não representam
transitividade, tais como, em inglês, o pronome There” em There is(impessoal), ou o
pronome it em it’s raining (meteorológico), pois não constituem transitividade, de
modo que não podem ser considerados Participantes (Halliday, 2004: 258-259; Martin et
al.,1997: 32-33; Thompson, 1996: 77-78). A seguir, alguns exemplos extraídos do corpus
desta pesquisa:
“It's <1111831> raining.” (“It” meteorológico)
“There's <1111832> a breeze coming through from the water.” (“There” existencial)
75
frases com voz passiva no corpus, mas não temos toda uma estrutura passiva em posição Temática, de
modo que preferiu-se um exemplo buscado fora do corpus para ilustrar esta explicação.
108
4.3.2.2. Metafunção Interpessoal
Alguns itens vocativo e finito são elementos já presentes na gramática
tradicional:
“O you who drown in love, remember me.” Vocativo
“Could I have another dimension of space, and also the tomb; and the dead women,
please?” Finito
“O que vai ser, então?” Elemento “qu-”
outros elementos da Metafunção Interpessoal são mais específicos da GSF. A
seguir, apresento as categorias incluídas no CROSF com exemplos elaborados a partir da
GSF e extraídos do corpus quando disponíveis.
*Adjuntos Modais de Modo:
Podemos subdividi-los em 3 subgrupos:
-Adjuntos de Polaridade e Modalidade: No CROSF, ganham o dígito (1) na posição f.
Seguem aqui as categorias com alguns exemplos de cada uma delas:
-1) Polaridade: não
-2) Probabilidade: provavelmente, certamente, talvez, possivelmente
-3) Usualidade: geralmente, às vezes, sempre, nunca, raramente, freqüentemente
-4) Prontidão: prontamente, alegremente, facilmente, rapidamente
-5) Obrigação: definitivamente, absolutamente, possivelmente, impreterivelmente
109
-Adjuntos de Temporalidade: No CROSF, ganham o dígito (2) na posição f. As
categorias (juntamente com alguns exemplos) são:
-1) Tempo: ainda, já, uma vez, logo, tão somente
-2) Tipicidade: ocasionalmente, geralmente, regularmente, principalmente
-Adjuntos de Modo: No CROSF, ganham o dígito (3) na posição f:
-1) Obviedade: claro, com certeza, obviamente, claramente, evidentemente
-2) Intensidade: quase, totalmente, completamente, dificilmente
*Adjuntos Modais de Comentário:
São os Adjuntos de:
- Opinião: penso que, na minha opinião, pessoalmente
- Admissão: honestamente, para dizer a verdade
- Persuasão: francamente, realmente, pode acreditar
- Solicitação: por favor, por obséquio
- Suposição: aparentemente, parece que, certamente, pode-se dizer que
- Desejo: felizmente, infelizmente, queira Deus, Oxalá, quem dera
- Ressalva: inicialmente, pensando bem, por outro lado, a menos que
- Validação: em termos gerais, normalmente, teoricamente falando, em princípio
- Avaliação: consideravelmente, compreensivelmente, erroneamente
- Predição: surpreendentemente, como esperado, por acaso
110
4.3.2.3. METAFUNÇÃO TEXTUAL
Encontramos nesta metafunção os elementos textuais que ajudam a orientar o texto.
As categorias encontradas são:
* Continuativo: Expressões como “entendo”, “sim”, “certamente”. Exemplo:
“Sim, eu me lembro”
* Estrutural: Pronomes introduzindo orações encaixadas, correspondentes às orações
subordinadas na Gramática Tradicional. Podemos citar pronomes relativos: “o qual”, “a
qual”, “os quais”, “as quais”, “que”. O pronome relativo definidor é o que introduz uma
oração restritiva (defining clause) e o pronome relativo não-definidor é o que introduz uma
oração explicativa (non-defining clause). Constituem casos de encaixadas (embedded), de
modo que não serão considerados para o presente trabalho. Entretanto, essas categorias
constam no CROSF para pesquisas futuras em que partes do Rema talvez sejam anotados
também, além do Tema. Exemplo:
“Guardou-a num envelope pardo no qual escreveu Recortes e guardou o envelope entre as
páginas de Sempre-vivas para o jardim de pedras, onde ninguém jamais olharia.”
É possível também que, em alguma pesquisa futura, orações encaixadas
encontradas dentro do Tema (desconsideradas na presente pesquisa) sejam observadas.
Caso isso ocorra, essas categorias podem ser úteis.
111
*Adjuntos Conjuntivos: Dividem-se em três grupos; adjuntos de:
a) Elaboração:
- Apositivo: isto é, em outras palavras, por exemplo
Ex: Os snilfards diziam que sua riqueza não dependia dos escravos e sim da sua própria
virtude e pensamento correto – isto é, dos sacrifícios apropriados feitos aos deuses.”
- Corretivo: ou então, pelo menos, especificamente
Ex: “Esta planície árida não pertence a ninguém, ele prossegue. Ou melhor, sua posse é
reclamada por cinco tribos diferentes, nenhuma forte o bastante para aniquilar as outras.”
- Demissivo: em todo caso, de qualquer modo
Ex: “Ainda assim, ele é conspícuo demais para estar ali – ao ar livre.”
- Sumativo: em suma, concluindo, logo, então
Ex: “No fundo são apenas mercadorias de luxo.”
- Verificativo: na verdade, de fato
Ex: “Na verdade, eu mal consegui pronunciar as palavras”
b) Extensão:
- Aditivo: e, além disso, também
Ex: “E também precisava ligar para o escritório para avisar ao Richard”
- Adversativo: por outro lado, entretanto, no entanto
Ex: “Mas
foi um acidente.”
112
- Variativo: ao invés, em lugar disto
Ex: “Tem também uma história que afirma que a cidade não foi destruída coisa nenhuma.
Em vez disso, por meio de um feitiço conhecido apenas pelo rei, a cidade e seus habitantes
foram levados dali e substituídos por fantasmas de si mesmos, e só esses fantasmas é que
foram queimados e assassinados.”
c) Realce
76
:
- Temporal: enquanto isso, anteriormente, posteriormente, em seguida, por fim
Ex: “Depois destruíram a si mesmos porque eram espertos demais.”
- Comparativo: igualmente, do mesmo modo
Ex: “Eu ouvi a calma da minha própria voz, como que vindo de muito longe.”
- Causal: logo, assim, por isso, por conseguinte, tendo isso em mente
Ex: “Os tapetes eram tecidos por escravos, que eram invariavelmente crianças, porque
dedos de crianças eram suficientemente pequenos para um trabalho tão delicado.”
- Condicional: nesse caso, senão
Ex: “Não tem muito o que inventar, com desertos. Existem poucos elementos, a menos
que você acrescente alguns túmulos.”
76
Alguns casos de Realce (Comparativo, Causal e Condicional) dificilmente aparecerão em posição temática.
Casos em orações hipotáticas que realmente não foram anotados no corpus da pesquisa, devido a se
encontrarem em orações hipotáticas – foram citados aqui apenas para ilustrar as categorias.
113
- Concessivo: sem embargo, apesar disso
Ex: “No entanto, ela tem a sensação de que eles dois estão sozinhos.”
- Respectivo: até onde eu sei, que eu saiba, no que tange a (...)
Vale ressaltar que o código ainda tem dígitos disponíveis que podem ser,
futuramente, atribuídos a novas categorias que podem ser acrescentadas. Procurou-se
organizá-los na ordem mais didática possível. Prevendo também a possibilidade de precisar
preencher com alguma categoria pelo meio, procurou-se, em princípio, deixar o dígito (5)
“livre”, ou seja, sem categoria atribuída a ele; no entanto, em muitos casos já foi necessário
utilizar-se desse dígito. Noutros casos, pode parecer ilógico ao leitor que o código muitas
vezes tenha um item com o dígito 4 e o seguinte com o dígito 6, sem que o dígito 5 tenha
alguma atribuição; trata-se de casos em que o dígito pôde continuar livre para alguma
atribuição futura.
4.4. O código em uso: exemplo ilustrativo de análises
Para ilustrar o funcionamento do código, serão apresentadas a seguir algumas
análises de resultados enfocando diferentes aspectos da organização temática do corpus
desta pesquisa. Devido a limitações de espaço, foram escolhidas algumas categorias
temáticas e seus resultados examinados para mostrar como os mesmos podem ser
interpretados numa análise de corpora paralelos.
114
4.1.1. Tema Processo-Participante
Apresenta-se neste item uma análise enfocando um tipo de Tema específico: o
Tema Processo-Participante. Procura-se aqui verificar em que situações a tradutora optou
por estabelecer essa configuração temática.
Retomando aspectos esclarecidos na Metodologia desta dissertação, os capítulos 1 e
2 de The blind assassin e de O assassino cego foram digitalizados (“escaneados” e
convertidos para formato .txt”), corrigidos e anotados. Concluídas as anotações, análises
eletrônicas puderam ser feitas no computador.
Conforme explicado no capítulo de Metodologia deste trabalho, não um
programa que execute sozinho todas as etapas necessárias para este trabalho, de modo que
os dados foram obtidos combinando-se ferramentas disponíveis no software WordSmith
Tools com outras do software Microsoft Excel, como explicado a seguir.
Utilizando-se da ferramenta Wordlist do programa WordSmith Tools, foi gerada
uma lista de palavras, incluindo os Rótulos, por ordem de freqüência. Esta lista foi copiada
para o programa Microsoft Excel, reordenada por ordem alfabética, para que os números
(Rótulos) apareçam primeiro. Em seguida, apagaram-se as palavras da lista, para ficarem
apenas os Rótulos, que foram reordenados por ordem de freqüência, obtendo-se uma lista
que se inicia com os itens representados na Figura 8:
115
Freq.
Rótulo
01 210
5000000
02 138
1111111
03 105
1111133
04 99
1111141
05 93
1111131
06 63
1111121
07 46
2130321
08 33
1111151
09 31
2120411
10 29
2130322
11 28
1111112
12 27
1112510
13 25
1111411
14 23
1111433
15 22
1111431
16 21
2211111
17 20
1111311
18 20
2211131
19 20
2211133
20 20
2211411
Fig. 8: Lista dos Rótulos por freqüência em O assassino cego
A Figura 8 mostra apenas os primeiros 20 tipos Rótulos mais freqüentes no texto
traduzido (TT). Para visualização do leitor deste trabalho, sombreou-se a linha que mostra
que o 13
o
Rótulo mais freqüente (25 ocorrências) é o Tema Ideacional simples, Não-
Marcado, Processo-Participante, com Processo Material, Participante Ator (<1111411>)
e o 20
o
, com 20 ocorrências, é o Tema múltiplo, Ideacional, segunda posição, Não-
Marcado, Processo-Participante, com Processo Material, Participante Ator (<2211411>),
o que ajuda a corroborar a possibilidade de considerarmos o Tema Processo-Participante
como realmente sendo Não-Marcado, que é tão freqüente no corpus em português. Em
inglês, simplesmente não houve nenhuma ocorrência do Rótulo <1111411> e apenas
duas ocorrências do Rótulo <2211411>:
116
“She <1111111> tucked it into a brown, envelope on which she'd written clippings, and
<2130321> hid <2211411> the envelope between the pages of Perennials for the Rock
Garden, where no one else would ever look.”
“The door of the ninth gate <1111131> was a horizontal stab of marble on top of a hill in
the centre of the city; it <1111111> opened without moving, and <2130321> swung
<2211411> between life and death, between the flesh and the spirit.”
Como o Rótulo “Processo-Participante” aparece em número tão reduzido no texto
original, este tipo de Tema nem sequer aparece na lista com os 20 Rótulos mais freqüentes
no texto original em inglês (Fig. 9):
Freq.
Rótulo
01 223
5000000
02 155
1111111
03 150
1111133
04 124
1111131
05 97
1111141
06 90
1111121
07 37
1111112
08 36
2211111
09 35
1111151
10 35
2130321
11 30
2130322
12 26
2211133
13 25
1111135
14 23
1112510
15 22
2211131
16 18
2130333
17 17
1111311
18 17
1111832
19 13
2211121
20 12
1120310
Fig. 9: Lista dos Rótulos por freqüência em The blind assassin
117
Verifica-se, portanto, que a omissão do sujeito é, aparentemente, uma prática
recorrente em português, aqui evidenciada apenas na posição temática da oração, o que
pode corroborar o fato de se tratar esse tipo de Tema como Não-Marcado em língua
portuguesa, dada sua elevada ocorrência. Isto também indica que a tradutora mostra ser
sensível a essa especificidade do português, uma vez que elidiu o sujeito explícito do
inglês na retextualização ao português em muitos casos. A seguir, alguns exemplos em que
no TO há um sujeito explícito e no TT houve sua elipse:
“I <1111111> opened the drawer, I <1111121> saw the notebooks. I <1111111> undid the
crisscross of kitchen string that tied them together. I <1111121> noticed that my teeth were
chattering, and that I was cold all over.”
“Abri <1111411> a gaveta, vi <1111421> os cadernos. Desatei <1111421> o barbante que
os prendia. Notei <1111421> que meus dentes estavam batendo e que eu estava toda
gelada.”
Como aponta Vasconcellos (1997), casos em que um texto é traduzido com
modificações na estrutura temática, sendo que isso não significa necessariamente que a
tradução esteja inadequada.
118
4.2.2. Absolutos
Como vimos no item 4.2.1, o Rótulo mais freqüente, tanto no texto em inglês
quanto no texto traduzido, é o Absoluto <5000000> (cf. Figuras 8 e 9),. É possível que essa
estrutura seja comum nos gêneros da obra sob análise, talvez pela freqüente elipse do
Tema e/ou do Rema e/ou de parte do Rema.
Entretanto, é interessante notar que no TO esse Rótulo ocorre com mais freqüência
que no TT, tendo-se 223 ocorrências desse Rótulo no TO (cf. Fig. 9) e 210 no TT (cf.
Figura 8). Isso indica que, em algumas instâncias, os Absolutos foram retextualizados na
forma de orações na tradução. Pode-se perceber essas instâncias no alinhamento dos
textos. A Figura 10 mostra alguns exemplos em que Absolutos foram retextualizados
como orações no corpus:
Not much scope, with deserts <5000000>.
Não <2120411> tem <2211361> muito o que inventar, com desertos.
Popular on the covers though <5000000>.
Entretanto, <2030322> são <2211431> populares na capa.
Any more lemonade <5000000>?
Sobrou <1111361> limonada?
her arms bare below the elbow, fine pale hairs on them <5000000>.
seus braços <1111131> estão nus dos cotovelos para baixo, cobertos por uma fina
penugem.
His arms around her finally <5000000>.
Seus braços <1111111> finalmente a enlaçam.
Fig. 10: Retextualização de Absolutos
É possível que a tradutora tenha preferido retextualizar certas estruturas que no
original poderiam ser compreendidas dentro de seu contexto como estruturas com
transitividade e Modo para, talvez, facilitar a compreensão do texto traduzido.
É interessante notar também um exemplo encontrado, presente na Figura 10, não
apenas enquanto retextualização de um Absoluto como oração, mas também em termos da
119
ordem de seus componentes: “Sobrou limonada?” Em português, entende-se que a ordem
mais esperada dos termos na oração, tanto em modo declarativo quanto em modo
interrogativo, é a ordem “sujeito-verbo-objeto” (SVO), segundo apontado por Pontes
(1987: 105). Entretanto, Pontes (1987: 109) afirma, no mesmo texto, que alguns verbos em
português aparecem mais usualmente em posição temática, de modo que a ordem verbo-
sujeito (VS) com esses verbos é a ordem Não-Marcada, e aponta, entre eles, os verbos de
existência (existir, aparecer, ocorrer etc.) e os verbos de sentido passivo (deixar, fazer,
mandar, ouvir, sentir, ver etc.). Tendo em mente a usualidade dessa forma, o Tema
“Sobrou” na pergunta “Sobrou limonada?” foi considerado Não-Marcado. Entendemos
que o inverso (“Limonada sobrou?”), com este verbo, é a forma que seria considerada
Marcada. A seguir, uma análise enfocando os Temas Marcados.
4.4.3. Temas Marcados
Neste item, veremos um outro exemplo de análise, enfocando os Temas Marcados.
Como apresentado no item 4.3.2.1. (“Metafunção Ideacional”), sabemos que os
Temas ideacionais podem ser caracterizados como Marcado ou Não-Marcado, sendo um
Tema Não-Marcado um item mais esperado de se ter em posição temática de acordo com a
configuração SVO (sujeito-verbo-objeto); por exemplo: um Participante no Modo
declarativo, ou um Processo no Modo imperativo; e um “Tema marcado”, aquele que
contém elementos não esperados em posição Temática, como, por exemplo, uma
Circunstância no Modo declarativo.
Como explicado no capítulo anterior, todos os itens Ideacionais têm o dígito (1) na
posição c (isto é, na terceira posição). Foi explicado no capítulo anterior também que todos
os Temas Não-Marcados recebem o dígito (1) na posição d (a quarta posição) e que os
Temas Marcados são identificados com o dígito (2) na posição d.
120
A ferramenta Concord da suíte de programas WordSmith Tools permite buscar os
termos que contêm apenas alguns dos caracteres que procuramos em determinadas
posições, indicando as posições nas quais “aceitamos” qualquer caractere com um ponto de
interrogação (“?”). Assim sendo, pode-se realizar uma busca utilizando a ferramenta
Concord para encontrar as ocorrências desses Temas. Por exemplo: ao buscar “??12???”,
todos os Temas Marcados serão exibidos. Podemos também substituir o sinal de
interrogação da posição e (quinta posição) por um dígito que represente uma subcategoria
mais específica. Por exemplo, os Temas Marcados em que Circunstâncias (sem
interpolação) podem ser localizados com a busca pelo Rótulo “??125??”. E assim por
diante. A Figura 11 mostra uma tabela com resultados de diversas buscas por Temas
Marcados (buscas mais ou menos específicas) no texto original em inglês (The blind
assassin) e no texto traduzido (O assassino cego).
N
o
de ocorrências
Rótulo buscado
TO TT
??12??? (todos os Temas Marcados) 62 67
??121?? (Participante, sem interpolação) 5 3
??122?? (Participante, com interpolação) 4 2
??123?? (Processo) ... ...
??124?? (Processo-Participante) ... ...
??125?? (Circunstância, sem interpolação)
40 48
??126?? (Circunstância, com interpolação)
3 3
??127?? (Tema Oracional) 8 9
??128?? (casos especiais) 2 ...
Fig. 11: Temas Marcados em The blind assassin e O assassino cego
121
Vale reiterar que o Tema Processo-Participante é considerado Não-Marcado, de
modo que o resultado encontrado (nenhuma ocorrência) para “Tema Marcado, Processo-
Participante” era mesmo esperado, lembrando-se que esse caso é considerado usual em
ambas as línguas. A busca por esse tipo de Tema é meramente ilustrativa.
Nos casos especiais (??128??) encontramos duas ocorrências de Tema Marcado.
São os casos em que um Equativo Temático Marcado (1112822), em que se tem um
Elemento “qu-” no Rema e não no Tema. Foram retextualizados com Temas Não-
Marcados em português, como mostra a Figura 12, no primeiro caso, um Tema Predicado
e, no segundo, um Equativo Temático:
that’s <1112822> what I’m best at.
é nisso <1111821> que sou melhor
but <2130322> human blood <2212822> was what they valued most
mas <2130322> o que mais apreciavam <2211822> era sangue humano
Fig. 12: Retextualização de Equativos Temáticos Marcados em The blind assassin
Pode-se notar quantitativamente que a retextualização teve algumas alterações no
que tange aos Temas Marcados, tendo-se mais ocorrências desse tipo de Tema em
português que em inglês. A Figura 13 mostra alguns exemplos em que tem-se um Tema
Marcado no TT, mas não no TO:
Donations to Princess Margaret Hospital in lieu of flowers <5000000>.
Em lugar de flores, <1130323-1112520> solicitam-se donativos para o hospital Princess
Margaret.
It's <1111131> all very proper.
É <1112331> tudo muito correto.
so <2130333> afterwards <2230331> it <2311131> must have been very clean.
então, <2130333> depois, <2230331> deve <2312331> ter ficado tudo muito limpo.
It's <1111131> less poetic then.
Assim <1112530> fica menos poético.
Fig. 13: Exemplos de Temas Não-Marcados no TO que foram retextualizados como Temas Marcados no TT.
122
É interessante notar o que ocorreu no primeiro par de exemplos da Figura 13: o TO
apresenta um Absoluto e este é retextualizado no TT com um Tema de classificação dupla:
pode ser visto tanto como um Tema Textual Variativo, quanto como um Tema Ideacional
Marcado – Circunstância – Extensão
77
.
No último par de exemplos da Figura 13, o termo “Assim” foi considerado Tema
Ideacional Marcado Circunstância. Seria possível analisar esse elemento por outro
ângulo, em que “Assim” é um Tema Textual e “fica” seria o Tema Ideacional Processo, o
qual seria considerado Não-Marcado, mesmo sendo um Tema Processo com inversão
verbo-sujeito, visto que, segundo Pontes (1987), esta inversão é usual com este verbo em
português.
Em cada um dos exemplos da Figura 13 pode-se notar que textualizações e
retextualizações apontam para construções semelhantes de realidades, o que pode ajudar a
comprovar, como afirma Vasconcellos (1997), que, em alguns casos, é possível que a
organização temática de um texto seja construída de modo diferente na tradução devido a
diferenças entre as línguas, sem com isso gerar uma nova representação significativa para
uma nova interpretação do TO.
4.4.4. Número total de Temas
Outro fenômeno curioso percebido quantitativamente no corpus é a diferença de
número total de Temas encontrados no TO e no TT. O TO tem 781 Temas Ideacionais,
enquanto o TT tem 811. Esses dados foram obtidos utilizando-se a ferramenta Concord do
software WordSmith Tools, através da qual efetuou-se a busca “??1????” separadamente no
TO e no TT. Essa busca é utilizada para encontrar todos os Temas Ideacionais existentes
no texto. Partindo do princípio que todo Tema inclui um termo Ideacional, a busca por
77
Vale reiterar aqui que a Circunstância Extensão (Extent) é diferente do Participante Extensão (Range).
123
Temas ideacionais implica localizar todos os Temas das orações, visto que somente
orações têm estrutura temática; caso não haja estrutura temática, não se trata de uma
oração, mas de um Absoluto, sendo que os Absolutos já foram localizados separadamente e
discutidos no item 4.4.2, tendo-se percebido que alguns Absolutos encontrados no TO
foram retextualizados na forma de orações no TT. Entretanto, o número de Absolutos
retextualizados em orações é menor que a diferença entre o número de Temas no TO e no
TT. É possível que, nos demais casos, uma oração tenha sido dividida em duas ou mais, o
que não pode ser localizado automaticamente. O número diferente de Temas no TO e no
TT é um dado geral do corpus e não de algo específico da retextualização. É apenas um
indício de diferenças na disposição das orações do TO e do TT. Diferenças mais
específicas observadas quantitativamente serão descritas nos subitens a seguir.
4.4.5. Temas Textuais
Com o uso do CROSF, pode-se procurar por Rótulos mais abrangentes como
descrito no subitem anterior ou mais específicos, de modo que a busca por um tipo de
Tema específico é facilitada. Por exemplo, no caso citado no item anterior, no qual uma
oração hipotática do TO foi retextualizada na forma de uma oração paratática no TT, a
relação de seqüência entre as duas orações foi explicitada com um Tema Textual. Poder-
se-ia buscar todos os Temas Textuais com uma busca abrangente, tal como “??3????”, ou
um caso um pouco mais específico, tal como “??3032?”, no qual seriam buscados todos os
Temas com Adjuntos Conjuntivos de Extensão. Pode-se também fazer uma busca ainda
mais específica: “2130321”, ou seja, “Tema múltiplo, primeiro termo do Tema, Textual,
Adjunto Conjuntivo de Extensão Aditivo”, que é o Tema encontrado no exemplo mostrado
na Figura 14. Encontraram-se 35 ocorrências desse Rótulo no TO e 44 no TT. As duas
listas geradas pela ferramenta Concord foram então salvas em formato .txt para facilitar a
124
visualização das duas listas “lado a lado” no monitor do computador, de modo que foi
possível perceber alguns casos (nove, para ser preciso) em que não um Tema Textual
dessa natureza no TO, mas que este surgiu no TT. Há um caso em que outro tipo de Tema
Textual (Variativo) foi retextualizado no TT como um Tema Textual Aditivo (cf. Fig. 14);
nos demais casos, entretanto, simplesmente não há Tema Textual no TO (cf. Fig. 15).
Anyway <2130313> I <2211111> don't worship you.
Além disso, <2130321> eu <2211111> não adoro você.
Fig. 14: Tema textual variativo retextualizado em Tema textual aditivo
A hot wind <1111111> was blowing around my head, the strands of my hair <1111111>
lifting and swirling in it, like ink spilled in water.
Um vento quente <1111111> soprava em volta da minha cabeça, e <2130321> mechas do
meu cabelo <2211111> voavam e <2130321> giravam <2211411> como tinta derramada
na água.
Named in honour of famed local authoress Laura Chase, <1112132> the first Prize will be
presented at Graduation in June.
O prêmio <1111131> é uma homenagem à famosa escritora local, Laura Chase, e
<2130321> será concedido <2211112> em junho, época da formatura.
The Alumni Association <1111111> will sponsor a Tea in the Gymnasium immediately
after the Graduation, tickets available from Myra Sturgess at the Gingerbread House, all
proceeds towards new football uniforms which are certainly needed <5000000>!
A Associação de Ex-alunos <1111111> irá oferecer um chá no ginásio do colégio logo
após a cerimônia de formatura, os ingressos <1111112> podem ser conseguidos com Myra
Sturgess na Gingerbread House, e <2130321> o dinheiro <2211112> será usado na compra
de novos uniformes de futebol, uma necessidade urgente!
Fig. 15: Exemplos de surgimento de Tema Textual Variativo aditivo no TT
As orações nas quais surgiu um Tema Textual Aditivo no TT já se encontravam em
relação de seqüência no TO. Entretanto, essa relação não se encontra explicitada com o uso
do Adjunto Conjuntivo no TO apenas no TT. Conforme apontado por Mann &
Thompson
78
(1983: 2), a relação entre as orações pode ou não ser explicitada pelo uso de
78
Vale reiterar aqui que Thompson em Mann & Thompson (1983) se refere a Susan Thompson, enquanto
Thompson (1996) se refere a Geoff Thompson, conforme indicados no capítulo de Referências Bibliográficas
deste trabalho.
125
uma conjunção; mesmo sem a conjunção, é possível que a relação seja recuperada pelo
contexto. É possível que a tradutora tenha explicitado a relação de seqüência entre as
orações com o uso do Adjunto Conjuntivo Variativo Aditivo para fornecer essa relação e
não demandar do leitor uma pressuposição, o que pode ser associado à idéia de facilitar a
leitura do TT.
4.4.6. Temas Interpessoais
Percebe-se quantitativamente também a diferença de número de Temas
Interpessoais no TO e no TT. Efetuando-se a busca “??2???? (todos os termos
Interpessoais anotados) separadamente no TO e no TT, revelou-se que o TO contém 62
Temas Interpessoais, enquanto o TT contém 81.
Reiterando o trabalho de Nélia Scott apontando por M. Scott (2001), a língua
portuguesa contém freqüentemente o termo “não” (Polaridade) em posição temática em
casos em que, em inglês, a estrutura correspondente seria o termo “not no Rema. Com
isto em mente, efetuou-se a busca “??2?411” (Polaridade) no TO e no TT e foram
encontrados 10 ocorrências de Temas Interpessoais Polaridade no TO e 37 no TT,
corroborando Scott (2001). A Figura 16 mostra alguns exemplos em que orações sem
polaridade no Tema em inglês foram retextualizadas em português com a Polaridade em
posição temática:
It <1111135-1111133> wasn't the brakes
Não <2120411> foi <2111435-2211433> o freio
They <1111121> don't know they've become so small
Não <2120411> sabem <2211421> que todos ficaram tão pequenos.
It's <1111131> not cold here.
Não <2120411> está <2211131> frio aqui.
I <1111131> don't have the strength for it
Não <2120411> tenho <2211431> forças para isso
Fig. 16: Temas Interpessoais – Polaridade em O assassino cego e outros tipos de Tema em The blind assassin
126
O Rótulo <2120411> (Tema Interpessoal – Polaridade) foi encontrado no TO
apenas duas vezes: “No, I’m serious” e “No, you’re jealous”. Já no TT, esse Rótulo
aparece 31 vezes (algumas dessas ocorrências estão representadas na Figura 16). Esta
análise confirma, então, o que foi apontado em Scott (2001): o elemento de Polaridade em
posição temática é usual em português, mas não em inglês.
Munday (1998: 194) aponta maior número de Polaridade em posição temática no
espanhol que no inglês em seu trabalho. Entendemos que essa estrutura é comum no
espanhol e também no português, de modo que a análise pôde ser replicada em português
com resultados semelhantes.
Com estes exemplos ilustrativos de aplicação do CROSF, podemos ver que o
código se mostra útil para obter informações sobre a organização temática um corpus
eletrônico paralelo. A seguir, algumas considerações finais.
5. Considerações finais
128
Encontram-se, a seguir, algumas considerações finais dividas em três subitens, para
que cada tópico seja explanado com maior clareza. Será tratado, primeiro, o
desenvolvimento e funcionamento do código; segundo, considerações em relação ao
suporte da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) e sua aplicabilidade ao português; e, por
último, serão feitas algumas considerações sobre os resultados obtidos no estudo de caso.
5.1. Desenvolvimento e funcionamento do código
Como foi apresentado ao longo desta dissertação, para otimizar a anotação do
corpus e facilitar as análises, foi proposto aqui um código heptanumérico para realizar
anotações segundo as categorias da Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday; esse
código recebeu o nome de “CROSF” (“Código de Rotulação Sistêmico-Funcional”) e foi
desenvolvido através de diversos protótipos, os quais foram elaborados e testados em um
corpus paralelo bilíngüe de pequena dimensão: dois capítulos do romance em inglês
canadense The blind assassin de Margaret Atwood (2000) e sua tradução feita para o
português brasileiro (Atwood, 2001).
No que tange a limitações no código, percebe-se, pelas análises apresentadas nesta
dissertação, que o CROSF possibilita buscas variadas que geram dados quantitativos
relevantes, mas ainda não permite um estudo de retomadas coesivas entre as orações, de
modo que ainda não é possível utilizá-lo para mapear, por exemplo, a progressão temática
de um texto. O código mostrou-se útil para analisar a organização temática do texto, o que,
mesmo para futuros estudos sobre elementos coesivos, pode vir a ser útil. Também pode
ser usado para classificar termos segundo outras Metafunções previstas na Gramática
Sistêmico-Funcional de Halliday, sem necessariamente classificar o Tema. Entretanto, é
preciso lembrar que o ponto de partida da arquitetura do código é o Tema.
129
A aplicabilidade do código para outros tipos de pesquisa envolvendo termos da
Gramática Sistêmico-Funcional não pôde ser testada, visto ser um trabalho extremamente
longo, excedendo o escopo de uma pesquisa de mestrado; não obstante, a adequação do
protótipo CROSF-14 para o estudo da organização temática de um texto foi aqui
comprovada.
O emprego do código, ainda que em um corpus de dimensão pequena, mostrou seu
potencial para anotações com maior rapidez e precisão. A redução do tamanho dos Rótulos
anteriormente com longos nomes escritos por extensos, aqui reduzidos a Rótulos de sete
dígitos aumenta a agilidade do procedimento de anotação e agiliza, também, a realização
de buscas automáticas feitas com o auxílio das ferramentas Wordlist, Concord, e Viewer &
Aligner, tornando essas buscas mais eficientes e eficazes. As classificações em apenas 7
dígitos em lugar de um longo termo, ao usar a ferramenta “Concord” ou “Viewer &
Aligner” no programa WordSmith Tools, permitem a leitura do que aparece em volta do
código, sem que a frase em si seja encoberta, facilitando a análise dos dados.
Analogamente a Eggins (1994:334-347), as análises feitas nesta pesquisa, assim
como no próprio trabalho de Eggins, apontam elementos de Modo (“Mood”), de
Transitividade e de Tema; contudo, a anotação feita por Eggins não permite a sua análise
em um corpus eletrônico.
79
Pesquisas em corpora relativas a esses elementos podem ser
feitas com o auxílio de computadores para a análise quantitativa se os corpora forem
anotados com o CROSF, o qual abarca todas as categorias utilizadas por Eggins em sua
pesquisa, além de outras categorias que ela não utilizou em suas análises.
79
Cf. Item 2.2.1.6. deste trabalho.
130
5.2. Suporte da GSF e sua aplicabilidade ao português
A Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday ajudou a compreender melhor
algumas representações da tradução, como ilustrado no item anterior. Pôde-se perceber
melhor certos aspectos de como foi estruturado um texto em inglês e sua tradução em
português. Para poder analisar quantitativamente as semelhanças e diferenças entre o texto
original e o texto traduzido, o uso de um corpus em formato eletrônico viabilizou sua
contagem automática feita em computador, sendo que, para isso, foi necessário anotar o
corpus manualmente, segundo critérios encontrados principalmente em Halliday (1994),
Halliday & Matthiessen (2004) e Thompson (1996).
Foram encontrados alguns problemas na aplicação de categorias da Gramática
Sistêmico-Funcional ao texto, particularmente ao aplicar-se as categorias no texto em
português, destacando-se, entre esses problemas, a dificuldade em se categorizar o caso de
orações que começam com um verbo, com elipse do sujeito. Foram propostas soluções
para estes problemas ao longo do trabalho. No caso particular do sujeito elíptico em
português, foi sugerido o Rótulo “Processo-Participante”, visto que observamos em nossa
língua a co-ocorrência do Participante e do Processo em um termo; isto é, a partir do
Processo, com sua desinência número-pessoal, conseguimos recuperar o Participante que o
rege, além de também conseguirmos recuperar o Participante pela compreensão do
contexto. O caso do Processo com a elipse do Participante em posição temática foi
considerado comum em Barbara & Gouveia (2001) e Ventura & Lima-Lopes (2002),
sendo corroborado também na presente pesquisa.
Também o Tema Interpessoal Polaridade foi considerado comum em português,
mas não em inglês, conforme menciona Scott (2001) e no par lingüístico inglês-espanhol,
por Munday (1998) e isto foi corroborado nesta pesquisa.
131
Foram encontrados também exemplos de Tema Processo Não-Marcado com
posposição do sujeito (ordem VS) em Modo declarativo, corroborando observações de
Pontes (1987).
Conforme aponta Baker (1992), a aplicação da GSF a outras línguas que não o
inglês pode ser complexa, mas é viável, com certas adaptações.
5.3. Resultados obtidos no estudo de caso
Pôde-se perceber, ao aplicar o código, que o sujeito elíptico é uma prática
recorrente em língua portuguesa, de modo que esse tipo de Tema pode ser considerado
Não-Marcado, isto é, trata-se, aparentemente, de uma forma usual e comum para organizar
o Texto em língua portuguesa.
A análise do corpus anotado com o CROSF também permitiu perceber no corpus
que o texto traduzido (TT) tem mais ocorrências de Tema Marcado que o texto original
(TO). O uso do código facilitou a compreensão do texto alinhado exibido pela ferramenta
Aligner da suíte de programas WordSmith Tools, de modo que pôde-se perceber que
algumas estruturas que não constituem Tema, além de estruturas que constituem Tema
Não-Marcado, no TO, foram retextualizadas na forma de Temas Marcados no TT.
Percebeu-se também no texto anotado com o CROSF que algumas ocorrências de
Absoluto no TO foram retextualizadas na forma de orações no TT e que algumas relações
de seqüência entre oração paratáticas, sem o uso de Adjuntos Conjuntivos no TO,
apresentam Adjuntos Conjuntivos construindo essa relação de seqüência entre as orações
no TT, que era construída a partir de pressuposições no TO.
Conforme apontado por Baker (1992), a atenção às diferenças de organização
temática em cada língua pode ajudar os tradutores (particularmente, os tradutores em
formação) a estruturar melhor os termos ao traduzir, resultando em um texto mais claro.
132
Uma consideração final pode ser feita aqui em relação ao processo de anotação do
corpus, consideração esta que foi feita ao longo de toda a dissertação e que diz respeito à
subjetividade do analista presente em todas as decisões de seleção e atribuição de uma
categoria. Cabe aqui encerrar este texto, retomando a epígrafe deste trabalho que reproduz
palavras da autora do corpus desta pesquisa
80
: “But the reader will judge the characters,
because the reader will interpret. We all interpret […] Language is not morally neutral
because the human brain is not neutral in its desires”.
80
Trata-se de um fragmento retirado de Atwood (2002, 111). Não foi extraído do corpus desta pesquisa, mas
de outra obra da mesma autora – um livro não-fictício, em que ela comenta sobre sua atividade profissional.
6. Referências bibliográficas
134
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01 dez 2003.
7. Anexos.
139
7.1. CROSF-14 (em português)
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
PROCESSO PARTICIPANTE
1: Ator
2: Meta
3: Recebedor
4: Cliente
1: Material g
9: Extensão
1: Experienciador
2: Fenômeno
2: Mental g
9: Extensão
1: Portador
2: Atributo
3: Identificado
4: Identificador
5: Característica
6: Valor
3: Relacional g
9: Extensão
1: Dizente
2: Receptor
3: Verbiagem
4: Alvo
5: Locução
4: Verbal g
9: Extensão
1: Comportante
5: Comportamental g
9: Extensão
e
1: Participante
sem interpolação
2: Participante
com interpolação
3: Processo
4: Processo-
Participante
f
6: Existencial g
1: Existente
10: Localização *
20: Extensão *
30: Modo *
40: Causa *
50: Contingência *
60: Acompanhamento *
70: Papel *
80: Assunto *
e
5: Circunstância
sem interpolação
6: Circunstância
com interpolação
fg
90: Ângulo *
10: Sem interpolão
e
7: Oração
fg
20: Com interpolação
1: Atributivo Preposto g
1: Predicado
2: Equativo
3: Preposto
4: Comentário
2: Estrutura
Tematizada
g
5: Passiva
1: meteorológico
a
1: Tema simples
2: Tema
múltiplo
3: Rema simples
4: Rema
múltiplo
5: Absoluto
6: N-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c
1: Ideacional
d
1: Não-Marcado
2: Marcado
e
8: casos especiais
f
3: Pronome não-
representacional
g
2: impessoal
* O dígito “0” (zero) na posição final pode ser substituído por subcategorias.
140
TEMA/REMA
POSIÇÃO METAFUNÇÃO
1: Vocativo fg
e
2: Finito (pergunta) fg
e
3: Elemento “qu-“ fg 10: interrogativo *
20: exclamativo *
11: Polaridade
12: Probabilidade
13: Usualidade
14: Prontidão
15: Obrigão
21: Tempo
22: Tipicidade
31: Obviedade
32: Intensidade
e
4: Adjunto Modal: Modo fg
33: Grau
e
5: Metáfora fg
11: Opinião
12: Admissão
13: Persuasão
14: Solicitação
16: Suposição
17: Desejo
21: Ressalva
22: Validação
31: Avaliação
a
1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: Absoluto *
6: N-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c
2: Interpessoal
d 0: N/A **
1: Modalização
2: Modulação
e
6: Adjunto Modal:
Comenrio
fg
32: Predição
TEMA/REMA
POSIÇÃO METAFUNÇÃO
e
1: Continuativo fg
10: Coordenador *
20: Subordinador *
31: pronome relativo definidor
e
2: Estrutural fg
32: pronome relativo não-definidor
11: Elaboração: Apositivo
12: Elaboração: Corretivo
13: Elaboração: Demissivo
14: Elaboração: Sumativo
16: Elaboração: Verificativo
21: Extensão: Aditivo
22: Extensão: Adversativo
23: Extensão: Variativo
31: Realce: Temporal
32: Realce:Comparativo
33: Realce: Causal
34: Realce: Condicional
36: Realce: Concessivo
a
1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c 3: Textual d
0: (sem
categorias)
e
3: Adjunto
conjuntivo
fg
37: Realce: Respectivo
* O dígito “0” (zero) na posição final pode ser substituído por subcategorias.
** “N/A”: “Não aplicado”. Utilizado quando uma categoria não se aplica no caso.
141
7.2 CROSF-14 (em inglês)
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
PROCESS PARTICIPANT
1: Actor
2: Goal
3: Recipient
4: Client
1: Material g
9: Range
1: Senser
2: Phenomenon
2: Mental g
9: Range
1: Carrier
2: Attribute
3: Identified
4: Identifier
5: Token
6: Value
3: Relational g
9: Range
1: Sayer
2: Receiver
3: Verbiage
4: Target
5: Locution
4: Verbal g
9: Range
1: Behaver
5: Behavioral g
9: Range
e
1: Participant
no interpolation
2: Participant
interpolation
3: Process
4: Process-
Participant
f
6: Existential g
1: Existent
10: Location *
20: Extent *
30: Manner *
40: Cause *
50: Contingency *
60: Accompaniment *
70: Role *
80: Matter *
e
5: Circumstance
no interpolation
6: Circumstance
interpolation
f
g
90: Angle *
10: no interpolation
e
7: Clause
f
g
20: interpolation
1: Preposed Attributive g
1: Predicated
2: Equative
3: Preposed
4: Comment
2: Thematized Structure g
5: Passive
1: meteorological
a
1: simple Theme
2: multiple Theme
3: simple Rheme
4: multiple Rheme
5: minor clause
6: N-Rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: Ideational
d
1: Unmarked
2: Marked
e
8: special cases
f
3: nonrepresentational
pronoun
g
2: impersonal
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
142
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
1: Vocative fg
e
2: Finite (question) fg
e
3: “Wh-“ element fg 10: interrogative *
20: exclamative*
11: Polarity
12: Probability
13: Usuality
14: Readiness
15: Obligation
21: Time
22: Typicality
31: Obviousness
32: Intensity
e
4: Modal Adjunct: Mood fg
33: Degree
e
5: Metaphor fg
11: Opinion
12: Admission
13: Persuasion
14: Entreaty
16: Presumption
17: Desirability
21: Reservation
22: Validation
31: Evaluation
a 1: simple Theme
2: multiple Theme
3: simple Theme
4: multiple Rheme
5: minor clause
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: Interpersonal
d 0: N/A **
1: Modalization
2: Modulation
e
6: Modal Adjunct:
Comment
fg
32: Prediction
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
e
1: Continuative fg
10: Coordinator *
20: Subordinator *
31: defining relative pronoun
e
2: Structural fg
32: non-defining relative pronoun
11: Elaborating: Appositive
12: Elaborating: Corrective
13: Elaborating: Dismissive
14: Elaborating: Summative
16: Elaborating: Verificative
21: Extending: Additive
22: Extending: Adversative
23: Extending: Variative
31: Enhancing: Temporal
32: Enhancing: Comparative
33: Enhancing: Causal
34: Enhancing: Conditional
36: Enhancing: Concessive
a
1: simple Theme
2: multiple Theme
3: simple Rheme
4: multiple Rheme
5: minor clause
6: N-Rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
3: Textual d
0: (no categories)
e
3: Conjunctive
Adjunct
fg
37: Enhancing: Respective
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
** “N/A”: “Not applied”.
143
7.3. Protótipos anteriores
7.3.1. CROSF-00
Posição a: 2 dígitos (existência ou não de Temas, número de Temas e posição)
Primeiro dígito: número de Temas.
0: não há Tema
1- há um Tema (Tema simples)
2- Tema múltiplo, dois Temas
3- Tema múltiplo, 3 Temas...
.....
9- Tema múltiplo: 9 ou mais Temas
Segundo dígito:
0- Tema elíptico
1- Primeiro (ou único) Tema
2- Segundo Tema
....
9- Nono Tema, ou acima de nono.
Prevendo a possibilidade de mais de um Tema elíptico, um único Tema elíptico será 10.
(Há 1 Tema, e esse Tema é elíptico).
Posição b, 1 dígito.
1- Tema textual
2- Tema interpessoal
3- Tema ideacional
(podem ser acrescentadas mais categorias)
Posição c: 1 dígito.
1- Tema não marcado
2- Tema marcado
(podem ser acrescentadas mais categorias)
Posição d: 2 dígitos
Estamos considerando que “participante”, “processo”, “circunstância” etc. são sintagmas
(phrases), e que “predicado”, “equacional” etc. são mais complexos, geralmente maiores,
embora não necessariamente. Por isso, os primeiros ganharão o primeiro dígito 1 e os
demais ganharão o primeiro dígito 2. Entretanto, este dígito não é uma categoria em si.
11 – Tema ideacional participante não-interpolado
12 – Tema ideacional participante interpolado
13 – Tema ideacional processo [sem participante]
14 Tema ideacional processo-participante [caso de sujeito elíptico, que pode ser
recuperado pela desinência do verbo e/ou coesão]
16 – Tema ideacional circunstância
21 – Tema ideacional oracional
22 – Tema predicado
23 – Tema equacional
24 – Tema preposto
26 – Tema comentário
(Podem ser acrescentadas mais categorias.)
144
Quaisquer categorias que não sejam contempladas ou que não estejam explícitas serão
marcadas com o dígito 0 (zero). No caso de Temas elípticos, eles ainda são passíveis de
categorização ao serem recuperados. Caso a recuperação não seja possível, as categorias
não contempladas receberão também o dígito 0 (zero).
A classificação virá sempre entre “angle brackets” < >
Quando um mesmo Tema for classificado contemplando simultaneamente duas
metafunções distintas, dentro dos mesmos < > separados por ponto. Exemplo:
Imagine <113113.112100> all the people living life in peace.
Este Tema pode ser analisado sob duas perspectivas:
<Tema simples, ideacional, o marcado, processo> e <Tema simples, interpessoal, o
marcado>
Temas múltiplos são classificados separadamente.
Entretanto <211200>, isto <223111> é relevante.
Caso de “absoluto” (“minor clauses”): <000000>, que nenhuma categoria é realmente
contemplada.
145
7.3.2. CROSF-01
TEMA/REMA POSIÇÃO UN/MARKED
FUNÇÃO e
1: vocative
fg
e
2: finite (question) fg
e
3: wh-interrogative fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
13: modulation: obligation
14: modulation: inclination
e
4: modal adjunct:
mood
fg
16: opinion: I think
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
d
1: interpersonal
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
7: polarity
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
1: Participant
no interpolation
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
2: Participant
interpolation
fg
34: there
11: material
12: mental
3: process
13: relational
14: verbal
16: behavioral
e
4: process-
participant
fg
17: existential
e
6: circumstance fg
d 3: ideational
e
7: preposed
attributive
fg
1: clause
2: predicated
3: equative
4: preposed
6: eliptic
d 4: ideational e
7: comment
fg
e
1: continuative fg
11: conjunction
12: co-ordinator
13: subordinator
14: wh-relative
16: definite
e
2: structural fg
17: indefinite
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 6: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
146
7.3.3. CROSF-02
TEMA/REMA POSIÇÃO UN/MARKED
FUNÇÃO
e
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: wh-interrogative fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
13: modulation: obligation
14: modulation: inclination
e
4: modal adjunct:
mood
fg
16: opinion: I think
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
d
2:
interpersonal
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
7: polarity
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
1: Participant
no interpolation
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
2: Participant
interpolation
fg
34: there
11: material
12: mental
3: process
13: relational
14: verbal
16: behavioral
e
4: process-
participant
fg
17: existential
e
6: circumstance fg
7: preposed
attributive
e
8: clause
fg
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
d 1: ideational
e
9: Thematized
structure
fg
40: comment *
e
1: continuative fg
11: conjunction
21: co-ordinator
22: subordinator
31: wh-relative
41: definite
e
2: structural fg
42: indefinite
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
1a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
147
8.3.4. CROSF-03
a TEMA/REMA b POSIÇÃO c UN/MARKED
FUNÇÃO
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
1: Participant
no interpolation
2: Participant
interpolation
fg
34: there
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
6: circumstance fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
e
8: clause
fg
10: predicated
*
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 1: ideacional
e
9: Thematized
structure
fg
40: comment *
148
TEMA/REMA POSIÇÃO UN/MARKED
FUNÇÃO
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: wh-interrogative fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
13: modulation: obligation
14: modulation: inclination
e
4: modal adjunct:
mood
fg
16: opinion: I think
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
2:
interpersonal
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
D
7: polarity
TEMA/REMA POSIÇÃO UN/MARKED
FUNÇÃO
e
1: continuative fg
10: conjunction *
11: co-ordinator
12: subordinator
20: wh-relative *
21: definite
e
2: structural
F
g
22: indefinite
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
149
7.3.5. CROSF-04
a THEME/RHEM b POSITION
c UN/MARKED
FUNCTION
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
34: there
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated
*
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 1: ideational
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
150
THEME/RHEME
POSITON UN/MARKED
FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: wh-interrogative fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
13: modulation: obligation
14: modulation: inclination
e
4: modal adjunct:
mood
fg
16: opinion: I think
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
2:
interpersonal
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
D
e
8: polarity fg
THEME/RHEME
POSITION
UN/MARKED
FUNCTION
e
1: continuative fg
10: conjunction *
11: co-ordinator
12: subordinator
20: wh-relative *
21: definite
e
2: structural fg
22: indefinite
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
151
7.3.6. CROSF-05
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
34: there
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 1: ideational
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
152
THEME/RHEME POSITON UN/MARKED FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
e
4: modal adjunct:
mood
fg
31: opinion: I think
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 1: unmarked
2: marked
d
2:
interpersonal
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
153
7.3.7. CROSF-06
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
40: ambient
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 1: ideational
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
154
THEME/RHEME POSITON UN/MARKED FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
e
4: modal adjunct:
mood
fg
31: opinion: I think
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 1: unmarked
2: marked
d
2:
interpersonal
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
155
7.3.8. CROSF-07
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
11: actor
12: goal
13: senser
14: phenomenon
16: carrier
17: attribute
18: identified
19: recipient
21: token
22: value
23: behaver
24: range
26: existent
27: sayer
28: receiver
31: verbiage
32: target
33: identified
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
40: ambient
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 1: ideational
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
156
THEME/RHEME POSITON UN/MARKED FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
31: opinion: I think
e
4: modal adjunct:
mood
fg
41: Intensity
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 1: unmarked
2: marked
d
2:
interpersonal
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
157
7.3.9. CROSF-08
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
51: behaver
52: range
61: existent
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
70: ambient
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 1: ideational
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
Note: <1000000> “minor clause”
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
158
THEME/RHEME POSITON UN/MARKED FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
31: opinion: I think
e
4: modal adjunct:
mood
fg
41: Intensity
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 1: unmarked
2: marked
d
2:
interpersonal
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: unmarked
2: marked
d 3: textual
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
Note: <1000000> “minor clause”
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
159
7.3.10. CROSF-09
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
51: behaver
52: range
61: existent
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
70: ambient
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: ideational
d
1: unmarked
2: marked
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
160
THEME/RHEME POSITON FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
31: opinion: I think
e
4: modal adjunct:
mood
fg
41: Intensity
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: interpersonal
d 0: (no
categories)
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 3: textual d
0: (no
categories)
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
161
7.3.11. CROSF-10
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
14: client
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
51: behaver
61: existent
70: ambient
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
80: range
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: ideational
d
1: unmarked
2: marked
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
162
THEME/RHEME POSITON FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
31: opinion: I think
e
4: modal adjunct:
mood
fg
41: Intensity
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: interpersonal
d 0: (no
categories)
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 3: textual d
0: (no
categories)
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
163
7.3.12. CROSF-11 (em português)
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
14: client
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
45: locution
51: behaver
61: existent
70: ambient
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
80: range
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: ideational
d
1: unmarked
2: marked
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
164
THEME/RHEME POSITON FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
31: opinion: I think
e
4: modal adjunct:
mood
fg
41: Intensity
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: interpersonal
d 0: (no
categories)
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 3: textual d
0: (no
categories)
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
165
7.3.13. CROSF-11 (em inglês)
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
14: client
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
45: locution
51: behaver
61: existent
70: ambient
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
80: range
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: ideational
d
1: unmarked
2: marked
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
166
THEME/RHEME POSITON FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: modalisation: probability
12: modalisation: usuality
21: modulation: obligation
22: modulation: inclination
31: opinion: I think
e
4: modal adjunct:
mood
fg
41: Intensity
11: admissive
12: assertive
13: presumptive
14: desiderative
16: tentative
17: validative
18: evaluative
e
6: modal adjunct:
comment
fg
19: predictive
e
7: imperative fg
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: interpersonal
d 0: (no
categories)
e
8: polarity fg
THEME/RHEME POSITION UN/MARKED FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 3: textual d
0: (no
categories)
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
167
7.3.14. CROSF-12 (em português)
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
11: ator
12: meta
13: recebedor
14: cliente
21: experienciador
22: fenômeno
31: portador
32: atributo
33: identificado
34: identificador
35: característica
36: valor
41: dizente
42: receptor
43: verbiagem
44: alvo
45: locução
51: comportante
61: existente
70: ambiente
e
1: participante
sem interpolação
2: participante
com interpolação
fg
80: extensão
10: material
20: mental
30: relacional
40: verbal
50: comportamental
e
3: processo
4: processo-
participante
fg
60: existencial
10: localização *
20: extensão *
30: modo *
40: causa *
50: contingência *
60: acompanhamento *
70: papel *
80: assunto *
e
5: circunstância
sem interpolação
6: circunstância
com interpolação
fg
90: ângulo *
e
7: atributivo
preposto
fg
10: sem interpolação e
8: oração fg
20: com interpolação
10: predicado *
20: equativo *
30: preposto *
a
1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c
1: ideacional
d
1: não-
marcado
2: marcado
e
9: estrutura
Tematizada
fg
40: comentário *
* Não há subcategorias previstas para “absoluto”: <5000000>
* O dígito “0” (zero) na posição final pode ser substituído por subcategorias.
168
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
1: vocativo fg
e
2: finito (pergunta) fg
e
3: expressão
interrogativa (“qu-“)
fg
11: polaridade
12: probabilidade
13: usualidade
14: tipicidade
16: obviedade
17: grau
18: intensidade
21: inclinação
e
4: adjunto modal: modo fg
22: obrigação
11: opinião
12: admissão
13: persuasão
14: solicitação
16: suposição
17: desejo
21: ressalva
22: validação
31: avaliação
a 1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c
2: interpessoal
d 0: N/A *
1: Modalização
2: Modulação
e
6: adjunto modal:
comenrio
fg
32: predição
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
e
1: continuativo fg
10: coordenador *
20: subordinador *
30: pronomes relativos *
31: definidores
e
2: estrutural fg
32: não-definidores
11: elaboração: apositivo
12: elaboração: corretivo
13: elaboração: demissivo
14: elaboração: sumativo
16: elaboração: verificativo
21: extensão: aditivo
22: extensão: adversativo
23: extensão: variativo
31: realce: temporal
32: realce:comparativo
33: realce: causal
34: realce: condicional
36: realce: concessivo
a
1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c 3: textual d
0: (sem
categorias)
e
3: adjunto
conjuntivo
fg
37: realce: respectivo
* Não há subcategorias previstas para “absoluto”: <5000000>
* O dígito “0” (zero) na posição final pode ser substituído por subcategorias.
* “N/A”: “Não aplicado”. Utilizado quando uma categoria não se aplica no caso.
169
7.3.15. CROSF-12 (em inglês)
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
14: client
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
45: locution
51: behaver
61: existent
70: ambient
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
80: range
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: ideational
d
1: unmarked
2: marked
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
170
THEME/RHEME POSITON FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: question-word
interrogative
fg
11: polarity
12: probability
13: usuality
14: tipicidade
16: obviousness
17: degree
18: intensity
21: readiness
e
4: modal adjunct: mood fg
22: obligation
11: opinion
12: admission
13: persuasion
14: entreaty
16: presumption
17: desireability
21: reservation
22: validation
31: evaluation
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: interpersonal
d 0: N/A *
1: Modalization
2: Modulation
e
6: modal adjunct:
comment
fg
32: prediction
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 3: textual d
0: (no
categories)
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
* No subcategories for minor clause: <5000000>
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
* “N/A”: “Not applied”.
171
7.3.16. CROSF-13 (em português)
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
11: ator
12: meta
13: recebedor
14: cliente
21: experienciador
22: fenômeno
31: portador
32: atributo
33: identificado
34: identificador
35: característica
36: valor
41: dizente
42: receptor
43: verbiagem
44: alvo
45: locução
51: comportante
61: existente
70: ambiente
e
1: participante
sem interpolação
2: participante
com interpolação
fg
80: extensão
10: material
20: mental
30: relacional
40: verbal
50: comportamental
e
3: processo
4: processo-
participante *
fg
60: existencial
10: localização *
20: extensão *
30: modo *
40: causa *
50: contingência *
60: acompanhamento *
70: papel *
80: assunto *
e
5: circunstância
sem interpolação
6: circunstância
com interpolação
fg
90: ângulo *
e
7: atributivo
preposto
fg
10: sem interpolação e
8: oração fg
20: com interpolação
10: predicado *
20: equativo *
30: preposto *
a
1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c
1: ideacional
d
1: não-
marcado
2: marcado
e
9: estrutura
Tematizada
fg
40: comentário *
* O dígito “0” (zero) na posição final pode ser substituído por subcategorias.
* No caso do “processo-participante”, o zero final deve ser substituído pelo dígito do participante
correspondente.
172
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
1: vocativo fg
e
2: finito (pergunta) fg
e
3: elemento “qu-“ fg 10: interrogativo
20: exclamativo
11: polaridade
12: probabilidade
13: usualidade
14: tipicidade
16: obviedade
17: grau
18: intensidade
21: inclinação
e
4: adjunto modal: modo fg
22: obrigação
11: opinião
12: admissão
13: persuasão
14: solicitação
16: suposição
17: desejo
21: ressalva
22: validação
31: avaliação
a 1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c
2: interpessoal
d 0: N/A **
1: Modalização
2: Modulação
e
6: adjunto modal:
comenrio
fg
32: predição
TEMA/REMA POSIÇÃO METAFUNÇÃO
e
1: continuativo fg
10: coordenador *
20: subordinador *
30: pronomes relativos *
31: definidores
e
2: estrutural fg
32: não-definidores
11: elaboração: apositivo
12: elaboração: corretivo
13: elaboração: demissivo
14: elaboração: sumativo
16: elaboração: verificativo
21: extensão: aditivo
22: extensão: adversativo
23: extensão: variativo
31: realce: temporal
32: realce:comparativo
33: realce: causal
34: realce: condicional
36: realce: concessivo
a
1: Tema simples
2: Tema múltiplo
3: Rema simples
4: Rema múltiplo
5: absoluto *
6: n-Rema
b
0: elíptica
1: primeira
2: segunda
3: terceira
4: quarta
5: quinta
6: sexta
7: sétima
8: oitava
9: nona
c 3: textual d
0: (sem
categorias)
e
3: adjunto
conjuntivo
fg
37: realce: respectivo
* O dígito “0” (zero) na posição final pode ser substituído por subcategorias.
** “N/A”: “Não aplicado”. Utilizado quando uma categoria não se aplica no caso.
173
7.3.17. CROSF-13 (em inglês)
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
11: actor
12: goal
13: recipient
14: client
21: senser
22: phenomenon
31: carrier
32: attribute
33: identified
34: identifier
35: token
36: value
41: sayer
42: receiver
43: verbiage
44: target
45: locution
51: behaver
61: existent
70: ambient
e
1: participant
no interpolation
2: participant
interpolation
fg
80: range
10: material
20: mental
30: relational
40: verbal
50: behavioral
e
3: process
4: process-
participant *
fg
60: existential
10: location *
20: extent *
30: manner *
40: cause *
50: contingency *
60: accompaniment *
70: role *
80: matter *
e
5: circumstance
no interpolation
6: circumstance
interpolation
fg
90: angle *
e
7: preposed
attributive
fg
10: no interpolation e
8: clause fg
20: interpolation
10: predicated *
20: equative *
30: preposed *
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
1: ideational
d
1: unmarked
2: marked
e
9: thematized
structure
fg
40: comment *
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
* In the case of “process-participant”, the zero at the last position should be replaced by its participant digit.
174
THEME/RHEME POSITON FUNCTION
1: vocative fg
e
2: finite (question) fg
e
3: “wh-“ element
fg 10: interrogative
20: exclamative
11: polarity
12: probability
13: usuality
14: tipicidade
16: obviousness
17: degree
18: intensity
21: readiness
e
4: modal adjunct: mood fg
22: obligation
11: opinion
12: admission
13: persuasion
14: entreaty
16: presumption
17: desireability
21: reservation
22: validation
31: evaluation
a 1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c
2: interpersonal
d 0: N/A **
1: Modalization
2: Modulation
e
6: modal adjunct:
comment
fg
32: prediction
THEME/RHEME POSITION FUNCTION
e
1: continuative fg
10: coordinator *
20: subordinator *
30: relative pronouns *
31: defining
e
2: structural fg
32: non-defining
11: elaborating: appositive
12: elaborating: corrective
13: elaborating: dismissive
14: elaborating: summative
16: elaborating: verificative
21: extending: additive
22: extending: adversative
23: extending: variative
31: enhancing: temporal
32: enhancing: comparative
33: enhancing: causal
34: enhancing: conditional
36: enhancing: concessive
a
1: simple theme
2: multiple theme
3: simple rheme
4: multiple rheme
5: minor clause *
6: N-rheme
b
0: elliptic
1: first
2: second,
3: third
4: fourth
5: fifth
6: sixth
7: seventh
8: eighth
9: ninth
c 3: textual d
0: (no
categories)
e
3: conjunctive
adjunct
fg
37: enhancing: respective
* The “0” (zero) at the last position may be replaced by subcategories.
** “N/A”: “Not applied”.
175
7.4. Escolha Temática (figura encontrada em Halliday & Matthiessen, 2004: 80)
176
7.5. Telas exibidas pela suíte de programas WordSmith Tools.
7.5.1. Exemplo exibido pela ferramenta Concord.
177
7.5.2. Exemplo exibido pela ferramenta Aligner.
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