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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
LUIZ DE GONZAGA MONCADA LEITE FILHO
AVALIAÇÃO DA CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO DE TRÊS RESINAS
COMPOSTAS COMPACTÁVEIS PELA PICNOMETRIA A GÁS
Rio de Janeiro
2007
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Luiz de Gonzaga Moncada Leite Filho
AVALIAÇÃO DA CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO
DE TRÊS RESINAS COMPOSTAS COMPACTÁVEIS
PELA PICNOMETRIA A GÁS
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em
Odontologia (Reabilitação Oral) da
Universidade Veiga de Almeida, como
requisito parcial para a obtenção do
Grau de Mestre. Área de concentração:
Dentística Restauradora.
Orientador: Marcos de Oliveira Barceleiro
Rio de Janeiro
2007
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LUIZ DE GONZAGA MONCADA LEITE FILHO
AVALIAÇÃO DA CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO
DE TRÊS RESINAS COMPOSTAS COMPACTÁVEIS
PELA PICNOMETRIA A GÁS
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em
Odontologia (Reabilitação Oral) da
Universidade Veiga de Almeida, como
requisito parcial para a obtenção do
Grau de Mestre. Área de concentração:
Dentística Restauradora.
Aprovada ___/___/______
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Profª Drª Kátia Regina Hostílio Cervantes Dias
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
_____________________________________________________________
Profª Drª Denise Fonseca Côrtes
Universidade Veiga de Almeida
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Lia Mondelli
Universidade Veiga de Almeida
Dedico este trabalho ao meu grande
amor, minha esposa Denise, por seu
apoio, carinho, cumplicidade e amor,
que me nutrem frente a cada desafio
na vida. Sem ela, com certeza, tudo
mais não teria sentido.
Aos meus filhos Lucas, Bruna e Clara
por me deixarem dividir o computador
e por respeitarem minha bagunça nas
horas de trabalho. Três inspirações
para realização deste sonho.
À Universidade Veiga de Almeida, pela oportunidade de crescimento
profissional.
Ao meu orientador Prof. Dr. Marcos Oliveira Barceleiro, pelo carinho,
dedicação e incentivo. Pela tranqüilidade e facilidade com que transmitiu os
conhecimentos necessários para a realização desta tese, minha eterna
gratidão e amizade.
À Profª
.
Dr
a.
Fátima Namen, pela dedicação e determinação no início deste
estudo, mostrando-me a seriedade e a importância de um trabalho científico.
Ao Prof. Dr. João Galan Junior, meu eterno mestre.
Ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Sabrosa, pelo grande apoio, incentivo e por seus
ensinamentos, um grande mestre que se tornou um grande amigo.
À Profª
.
Dr
a.
Denise Côrtes, pela amizade, transparência, apoio e delicadeza
no trato com seus alunos.
Ao Prof. Dr. Walter Machado, um educador no sentido mais amplo da palavra.
Ao Prof. Dr. Sergio Kahn, pela amizade e sinceridade, um amigo que levo
deste Mestrado.
Ao Prof. Bernardo Fragoso, pela disponibilidade em ensinar e ajudar os
alunos.
Ao Prof. José Henrique Cavalcante, pelos ensinamentos transmitidos.
Ao Prof. Dr. Cláudio Fernandes e Profª
.
Dr
a.
Liana Fernandes, pela atenção e
apoio durante o curso.
Aos professores do Mestrado, pelos conhecimentos transmitidos, pela
segurança e amizade.
Aos funcionários da Universidade, sempre presentes e dedicados.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, pela disponibilização dos
equipamentos necessários para execução deste trabalho.
Aos funcionários do Laboratório de Caracterização Tecnológica do CETEM,
pela amizade e pelo carinho com que sempre me trataram durante a
realização deste trabalho. Em especial, ao Dr. Reiner, Dra. Isabele, Érica,
Thaís, Bruno e Vanessa.
Aos colegas do mestrado, que me proporcionaram, durante esse convívio,
trocas e lembranças que levarei comigo.
A Cristina Isolan, pela inestimável ajuda e carinho, por mim e minha família, na
preparação desta tese.
Aos meus pais, Luiz e Lili, pelo apoio, incentivo, amor incondicional e pela
educação que me proporcionaram, responsáveis diretos pela oportunidade de
realizar esse trabalho.
Aos meus sogros, Aldo e Ruth, pela ajuda fundamental, por seu carinho e
amizade durante todo o Mestrado, verdadeiros pais que tenho a sorte de ter e
com quem sempre pude contar.
Aos meus irmãos, cunhados, cunhada e sobrinhos, pela vibração e pelo
incentivo na realização deste trabalho.
Ao meu colega, Dr. Ricardo Panasco, pela amizade e retidão nesses vinte
anos de parceria, fundamentais para meu crescimento pessoal e profissional.
À minha secretária, Miriana Miller, pela inestimável ajuda e dedicação na
organização de minha vida clínica durante a execução deste trabalho.
Aos meus pacientes, pela compreensão e pelo incentivo durante o Mestrado.
A todos que, de forma direta ou indireta, foram responsáveis pela conclusão
deste trabalho.
“A verdadeira viagem de descoberta não consiste em procurar novas
paisagens, mas em ter novos olhos."
Marcel Proust
RESUMO
Materiais restauradores estéticos são os mais indicados atualmente
para reabilitação e reposição de dentes e de parte deles. Em particular, os
materiais restauradores estéticos diretos têm sido cada vez mais estudados no
intuito de se entender e minimizar uma característica inerente a esse material,
a contração de polimerização. Com o surgimento cada vez maior de resinas
compactáveis, de equipamentos para fotoativá-las e de variações cada vez
mais freqüentes das técnicas de condensação, algumas de suas
propriedades, conseqüentemente, estão sendo modificadas e melhoradas.
Este estudo avaliou a contração de polimerização de 3 resinas compostas
compactáveis – P60, Tetric Ceram e Fill Magic condensável – polimerizadas
com luz halógena, pela Picnometria a gás. Os resultados apresentados
demonstraram uma contração de 1,724 ± 0,6705%, 1,23 ± 0,6083% e 3,401 ±
0,9339%, respectivamente, demonstrando conformidade com outros métodos
de análise volumétrica. A análise estatística por ANOVA (p 0,05) mostrou
não haver diferença estatisticamente significante entre os grupos. Pela análise
dos resultados, pode-se concluir que o método é promissor, porém necessita
de mais estudos ante a pouca literatura a respeito do tema.
Palavras-chave: Contração de polimerização, Resinas compostas
compactáveis,
Picnometria a gás.
ABSTRACT
Aesthetic restorative materials currently are the most indicated for rehabilitation
and restoration of teeth and part of them. In particular the light curing resin
composites have been each time more studied in intention to understand and
to minimize an inherent characteristic to this material, the polymerization
shrinkage, With the constant introduction of new packable composites resins,
new light curing units, and new techniques for their using, some of their
properties are being modified and improved. This study evaluated the
polymerization shrinkage of 3 light curing packable composites resins, P60,
Tetric Ceram and Fill Magic condensable, by means of a new technique, the
gas pycnometry. The mean results found were respectively 1.724 ± 0,6705%,
1.23 ± 0,6083% and 3.401 ± 0,9339%. These results were according to the
literature. It was not found statistically significant difference between groups
(ANOVA, p 0,05). It was concluded that this is a promising method however
needing more studies due the little literature regarding the subject.
Key-words: Polymerization shrinkage, Packable composite resin, Gas
pycnometry.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Amostras das 3 resinas estudadas no trabalho, após análise. p. 55
Figura 2 – Matriz metálica em aço inox fechada. p. 56
Figura 3 – Matriz metálica em aço inox separada, vista inferior. p. 56
Figura 4 – Matriz metálica em aço inox separada, vista superior. p. 56
Figura 5 – Picnômetro a gás hélio Accupyc 1330 – Micromeritics. p. 57
Figura 6 – Matriz metálica em aço inox fechada e esfera de calibração do
aparelho. p. 57
Figura 7 – Matriz em aço inox com a resina. p. 58
Figura 8 – Matriz em aço inox com a resina na balança. p. 58
Figura 9 – Aparelho de fotoativação ULTRALUX - Dabi Atlante. p. 60
Figura 10 – Radiômetro KeM. p. 60
Figura 11 – Resina Fill Magic Condensável com impureza. p. 61
Figura 12 – Resina Fill Magic Condensável com impureza. p. 61
Figura 13 – Resina Fill Magic Condensável com impureza. p. 62
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição das médias das amostras e seus respectivos desvios
padrão. p. 64
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Lista de materiais, carga inorgânica, matriz orgânica, percentual de
carga e tamanho médio das partículas. p. 54
Tabela 2 – Variação média e desvio padrão das 30 amostras distribuídas entre
os 3 grupos estudados. p. 63
Tabela 3 – Percentagem de contração, volume em cm³ antes (V1), após (V2) a
polimerização e diferença entre ambos (ΔV), densidade em g/cm³ antes (D1),
após (D2) e diferença entre as densidades (ΔD) das 10 amostras estudadas
de P60. p. 65
Tabela 4 – Percentagem de contração, volume em cm³ antes (V1), após (V2) a
polimerização e diferença entre ambos (ΔV), densidade em g/cm³ antes (D1),
após (D2) e diferença entre as densidades (ΔD) das 10 amostras estudadas
de resina Tetric Ceram. p. 66
Tabela 5 – Percentagem de contração, volume em cm³ antes (V1), após (V2) a
polimerização e diferença entre ambos (ΔV), densidade em g/cm³ antes (D1),
após (D2) e diferença entre as densidades (ΔD) das 10 amostras estudadas
de resina Fill Magic Condensável. p. 67
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ANOVA Análise de variância
Bis-GMA - Bisfenol-A glicidil metacrilato
Bis-HEMA - Bisfenol-A etoxilato dimetacrilato
C – Contração volumétrica
ºC – Graus Celsius (centígrado)
cm – Centímetro
cm² – Centímetro quadrado
D1 – Densidade antes da contração
D2 – Densidade após a contração
ΔD – Variação da densidade
EDMA – Etilenoglicol dimetacrilato
Fator C – Fator de configuração cavitária
h – hora(s)
HDPE – Esferas de polietileno de alta densidade
LA – Soft-start
LED – Diodo emissor de luz
LH – Alta intensidade
LL – Baixa intensidade
min – Minuto
mm – Milímetro
mW/cm² – Miliwatt por centímetro quadrado
MPa – Megapascal
Nm – Nanômetro
P – Valores da probabilidade (ANOVA)
QTH – Aparelho fotopolimerizador com luz halógena
S – Percentagem de contração
s – segundos
TEGDMA – Trietileno Glicidil dimetacrilato
UDMA – Uretano dimetacrilato
ΔV – Variação de volume
V – Volume
Vi – Volume inicial
Vf – Volume final
V1 – Volume antes da contração
V2 – Volume após a contração
% – Percentagem
µm – Micrômetro
– Menor ou igual que (para significância estatística)
µε – Deformação relativa
SUMÁRIO
RESUMO p.8
ABSTRACT p.9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES p.10
LISTA DE GRÁFICOS p.11
LISTA DE TABELAS p.12
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS p.13
1- INTRODUÇÃO p. 15
2- REVISÃO DA LITERATURA p. 19
3- OBJETIVOS p. 51
3.1- OBJETIVOS GERAIS p. 51
3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS p. 51
4- HIPÓTESES p. 52
5- METODOLOGIA p. 53
5.1- MATERIAIS p. 53
5.2- MÉTODO p.54
6- RESULTADOS p. 63
6.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA p. 67
7- DISCUSSÃO p. 68
8- CONCLUSÕES p. 74
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS p. 75
10- APÊNDICE p. 80
11- ANEXO P.83
15
1- INTRODUÇÃO
A busca por restaurações e materiais restauradores perfeitos, que
possam substituir e reproduzir as características estéticas e funcionais do
dente humano, tem propiciado o aparecimento de diversos materiais,
substâncias e aparelhos que buscam alcançar esse objetivo.
A corrosão sofrida pelas restaurações de amálgama, a dificuldade de
adesão à estrutura dental e a condutividade térmica, juntamente com a
necessidade de uma estética próxima a do dente natural e de um tempo de
trabalho determinado pelo próprio profissional, tornaram as resinas
fotoativadas um material que possibilitaria suprir as carências que as
restaurações de amálgama apresentavam.
Compósitos restauradores dentais foram introduzidos no mercado
odontológico em meados dos anos 1960 e até hoje têm sido um importante
material restaurador (LANG; CONCEIÇÃO; SPOHR, 2003).
O grau de polimerização das resinas depende de vários fatores, como:
modo de estocagem do produto, tipo de aparelho fotopolimerizador, cor da
resina, tempo de polimerização, tempo pós-polimerização, intensidade da luz
e expessura da resina composta. Por isso, as propriedades das resinas
compostas têm sido reavaliadas com freqüência, bem como os fatores que
podem influenciá-las (SANTOS et al., 2000).
Resinas fotoativadas têm sido amplamente modificadas, com a
introdução de partículas cada vez menores (carga) e com o aparecimento de
novas matrizes (monômeros) como o TEGDMA (Trietileno Glicidil
16
dimetacrilato), UDMA (Uretano dimetacrilato), EDMA (Etilenoglicol
dimetacrilato), além do próprio Bis-GMA (Bisfenol-A glicidil metacrilato).
Paralelamente à evolução dos materiais restauradores, há a busca por
uma polimerização mais eficiente, sendo disponibilizadas para esse fim
diversas fontes de polimerização (UHL et al., 2005), que atingem um alto grau
de conversão para obtenção de propriedades mecânicas máximas. Sabe-se,
porém, que essa mesma conversão que desejamos obter é diretamente
responsável pela contração de polimerização tão indesejada nesses materiais.
Ou seja, a total polimerização, tão procurada para a obtenção de melhores
propriedades mecânicas das resinas compostas, é também responsável pelo
que se considera hoje um de seus maiores problemas: a contração de
polimerização e suas conseqüências.
Sendo a contração de polimerização uma característica inerente às
resinas fotopolimerizáveis, várias técnicas vêm sendo empregadas para a
medição dessa contração. Dilatômetros modificados para medir
continuamente a contração (DE GEE; DAVIDSON, 1981) foram utilizados para
determinar a variação volumétrica de resinas.
Dilatômetros a mercúrio (BRAGA; FERRACANE, 2002; FEILZER;
DAUVILLIER, 2003) também foram empregados para medição da contração
volumétrica de resinas.
Mais recentemente alguns autores (CILLI; PRAKKI; ARAÚJO, 2003;
AMORE et al., 2003) utilizaram a Picnometria a gás hélio, para medição da
contração de polimerização de resinas, e atestaram que se trata de um
método sem interferência de temperatura e umidade e sem toxicidade, em
comparação com a dilatometria a água e a mercúrio. Obtiveram medidas
rápidas e fiéis, sugerindo ser este um método promissor para medição das
17
variações de volume sofridas pelas resinas fotoativadas durante sua
polimerização.
Os materiais estéticos, em particular as resinas fotoativadas, tendem
a sofrer microinfiltrações marginais, na maioria das vezes causadas pela
contração de polimerização. Esta varia entre 2 e 3% em volume e ocorre pela
aproximação dos monômeros quando do estabelecimento de ligações
covalentes entre os grupos metacrilato.
Resinas compostas restauradoras constituem-se de uma fase
orgânica (ou matriz) e uma fase inorgânica (ou carga) e são compósitos, isto
é, uma combinação de, pelo menos, dois materiais diferentes com interfaces
entre eles (ANUSAVISE, 1998). A matriz orgânica que compõe a maioria dos
compósitos é um polímero denominado Bis-GMA, que apresenta contração
volumétrica na ordem de 5,2% (STANSBURY, 1992). A adição de monômeros
diluentes, pela alta viscosidade de Bis-GMA, aumenta ainda mais essa
contração.
A contração que está sempre presente na polimerização de resinas se
dá em virtude de a distância entre os monômeros ser regida por forças de Van
der Waals. Quando a polimerização ocorre, formam-se ligações covalentes
que atraem as moléculas monoméricas a uma distância menor; assim, nos
polímeros, os átomos se encontram mais próximos que nos monômeros
originais (THOMPSON; WILLIAMS; BAILEY, 1979; BRAGA; FERRACANE,
2004).
A magnitude das tensões ocorridas durante a contração de
polimerização é influenciada pela variação da técnica tanto de inserção como
do próprio material usado. No que concerne à técnica, FEILZER; DE GEE;
DAVIDSON (1987) observaram que a tensão de contração está relacionada
com a área aderida/área livre, pois quanto menor for à superfície livre do
18
material, menor será a área disponível para o escoamento (deformação
plástica), que diminui o desenvolvimento de tensões.
Quantidade de carga, proporção e tipo dos monômeros, iniciadores e
inibidores da reação bem como a própria composição do material influenciam
no módulo de elasticidade e na contração de polimerização (LANG;
CONCEIÇÃO; SPOHR, 2003). Aparentemente, a quantidade de carga
incorporada ao compósito tem papel relevante na caracterização dessas
propriedades. Quanto maior a percentagem de carga do material, menor será
a contração volumétrica e maior será o módulo de elasticidade (LABELLA et
al., 1999). Pensando nessa linha, novos materiais restauradores estéticos
para o uso em dentes posteriores, as resinas compostas compactáveis,
inicialmente chamadas de condensáveis, foram introduzidos no mercado, e
muitos estudos já foram realizados mostrando a confiabilidade de seu uso e
suas propriedades.
Dada a dificuldade de se avaliar a contração de polimerização dos
compósitos pelas técnicas existentes, este estudo mediu a contração de
polimerização em volume de 3 resinas compostas compactáveis através de
um novo método, a Picnometria a gás, e avaliou sua possibilidade de
utilização como uma alternativa menos tóxica que a dilatometria a mercúrio e
menos instável quanto às variações de temperatura que a dilatometria a água,
os dois métodos mais utilizados para esse fim.
19
2- REVISÃO DA LITERATURA
As alterações sofridas pelos materiais restauradores sempre foram
motivo de preocupação para os cirurgiões-dentistas. A contração de
polimerização e seus efeitos na manutenção das restaurações desde cedo
vêm sendo estudados. Alterações na composição das resinas, incorporação
de cargas inorgânicas, tempo e intensidade da fonte polimerizadora têm sido
observados e analisados para melhor compreensão e obtenção de materiais
mais estáveis clinicamente. Smith e Schoonover, em 1953, já observavam as
alterações dimensionais sofridas pelas resinas compostas, tanto no que dizia
respeito à contração de polimerização quanto à capacidade que apresentavam
de sorver água.
Buonocore, em 1955, estudou a adesão de materiais odontológicos à
estrutura dentária através da observação do efeito do ácido fosfórico na
superfície do esmalte, criando microrretenções.
Bowen, em 1963, adicionou partículas inorgânicas à matriz de uma
resina experimental à base de Bis-GMA (Bisfenol-A glicidil metacrilato) e
observou que a incorporação de sílica silanizada a essa matriz reduziu
consideravelmente a contração de polimerização do material para 2,7%,
quando a contração anterior do monômero convencional metil metacrilato era
de 6,2%. Em 1966, o Australian Dental Journal publicou uma nota sobre uma
nova resina, com 70% de carga inorgânica, que apresentava grandes
vantagens sobre as anteriores, entre elas maior dureza, menor expansão
térmica, adesão ao esmalte e à dentina. A nota também exprimia
20
preocupação quanto à contração de polimerização, atestando que o novo
material apresentava esse fenômeno em baixa intensidade, bem como baixa
sorção de água. Além de todas essas vantagens, ainda teria uma boa estética.
Em outro estudo, em 1967, Bowen usou cinco métodos para análise dos
resultados, verificando que as resinas, ao se polimerizarem, geravam tensões
nas paredes cavitárias e que, possivelmente, essas tensões sofreriam
influência de vários fatores, entre eles as dimensões da própria cavidade em
que seriam inseridas.
Jorgensen et al., em 1975, relataram a procura por matérias com
propriedades adesivas ao tecido dental, ressaltando que os polímeros, ao se
contraírem, geravam danos às superfícies as quais estavam ligados. Para
analisar essas afirmativas, confeccionaram cavidades convencionais em
dentes humanos recém-extraídos, cujas paredes de esmalte foram tratadas
com ácido fosfórico a 37% e obturadas com resinas, simulando condições
clínicas. Observaram com um microscópio, nas áreas marginais da obturação,
a existência de fendas em torno de todo o esmalte. Estas variavam de poucas
micras a 30µm, com extensão freqüente de mais de 10µm e graves danos
causados à superfície do esmalte, em decorrência da força de contração de
polimerização de resinas a ele aderidas através de seu condicionamento
ácido. Afirmaram, ainda, que as resinas com baixa contração não
apresentaram defeitos nas superfícies de esmalte.
Em 1976, Kidd definiu microinfiltração como sendo a passagem de
bactérias, fluidos, moléculas e íons entre a parede da cavidade e o material
aplicado sobre ela, tendo como conseqüência a ocorrência de cáries
recorrentes, descoloração dentária, hipersensibilidade e dano pulpar.
Discorreu também sobre os vários métodos para estudo desse fenômeno
21
(tingimento, isótopos radioativos, ar comprimido, análise de nêutrons, cáries
artificiais e microscopia eletrônica).
No mesmo ano, Lutz et al. já explicitavam suas preocupações com
esses fatores, propondo algumas mudanças na forma de se preparar as
cavidades e sugerindo o uso de selantes para melhorar a adaptação marginal
nessas restaurações.
Hegdahl e Gjerdet, em 1977, em um estudo in vitro, mediram as
forças geradas por essa contração através da magnitude da contração linear e
das tensões de contração promovidas pelas resinas Adaptic, Concise e
Restodent. Para isso, utilizaram uma matriz de polietileno em V ligada a um
extensômetro elétrico. As resinas foram misturadas, e as medições foram
registradas em um período de 2 minutos até 2 horas após a homogeneização
do material. Os resultados mostraram que a resina Restodent teve a maior
geração de tensão após 2 horas, com 1,92MPa, seguida da Concise com
1,30MPa e da Adaptic com 1,21MPa. A mesma ordem de resultados foi obtida
na contração linear: 0,90% Restodent, 0,48 Concise e 0,42% Adaptic,
observando-se que, quanto maior a contração linear do material, maior a
formação de tensões, e que essas tensões foram maiores nas áreas onde o
material estava confinado, ou seja, aderido às paredes. Eles concluíram que
seria óbvio que essas tensões dependeriam da elasticidade da estrutura a
qual o material estivesse unido.
Em 1979, Phillips salientou que foi sugerido um balanceamento na
contração de polimerização através de uma controlada sorção de água, para
diminuir o referido fenômeno, e propôs a utilização de materiais que se
expandiriam no fim do ciclo da reação de polimerização, na tentativa de
compensar a contração, citando a mistura de Bis-GMA com espiro-
ortocarbonetos.
22
De Gee e Davidson, em 1981, utilizaram um dilatômetro modificado
para medir continuamente a contração volumétrica de 3 resinas, 2 fotoativadas
e 1 quimicamente ativada. As resinas fotoativadas foram polimerizadas por
60s, e a contração medida variou por aproximadamente 10 min até cerca de
30 min. A resina quimicamente ativada foi manipulada de acordo com o
fabricante e verificada por 10 min. A contração de polimerização foi obtida pela
variação do volume durante a polimerização e os resultados foram: Fotofil:
2,03%, Concise-Cap-C-Rynge: 2,55% e Nuva-Fil: 2,67%. Os autores citaram
que o método satisfez muito bem, tanto para a resina fotoativada quanto para
a quimicamente ativada.
Em 1982, Cook citou a necessidade de ser alcançado o comprimento
de onda dos fotoiniciadores para uma perfeita polimerização, afirmando que
alguns deles requeriam fontes ultravioletas com comprimento de 365nm, o que
poderia acarretar danos à mucosa e ao olho. Com a introdução das lâmpadas
brancas, foram necessárias a medição e a comparação de sua distribuição
espectral com o sistema ultravioleta, dado que a profundidade da
polimerização depende da intensidade de radiação. Utilizando um
espectroradiômetro, mediu a absorção do éter metil benzoila e da
canforquinona no metil metacrilato. O resultado mostrou a necessidade de um
comprimento de onda adequado para promover a excitação das moléculas e
conseqüentes radicais livres necessários à fotoiniciação. O autor afirmou que
o comprimento ideal para ativação da canforquinona deveria estar entre
410nm e 500nm.
Davidson, De Gee e Feilzer, em 1984, estudaram a tensão de
contração desenvolvida durante a polimerização de resinas química e
fotoativadas. Mencionaram que diversos estudos haviam demonstrado que a
força de união entre compósito e dentina varia de 1,6 a 17,9MPa. Utilizaram
23
uma resina quimicamente ativada – Silar –, outra fotoativada – Silux – e
adesivo dentinário Scotchbond. Dentes bovinos foram cortados em formato
trapezoidal, fixados em um modelo e, sobre eles, foram aplicados adesivos e
resina que também estavam incluídas em modelos. Em cada extremidade dos
modelos havia uma conexão a um tensilômetro, o qual media a contração
conforme ela fosse ocorrendo. Após o início da polimerização, a tensão foi
mensurada continuamente, e a força de adesão foi medida em diferentes
momentos por carregamento do tensilômetro a uma velocidade de 0,2mm/min.
Cada experimento foi repetido cinco vezes. Um segundo experimento foi
realizado em cavidades classe V para observar a integridade da união, com
cortes no centro da cavidade e imersão em azul de metileno. Concluíram que
em cavidades não restritivas ao material a ligação entre dente e compósito é
capaz de resistir às tensões; porém em cavidades onde o material fica
confinado, essa união pode não resistir às forças geradas. Isso pode ser
explicado pela capacidade de a resina fluir no seu estágio inicial da
polimerização, sendo a forma da cavidade de grande importância para
manutenção da integridade entre o dente e o material obturador.
Essas forças levaram Sheth, Fuller e Jensen, em 1988, a
promoverem um estudo que observava a deformação das cúspides, a
resistência à fratura das estruturas dentárias de pré-molares restaurados com
resinas compostas e adesivos dentinários e sugeria istmos mais estreitos
como os mais indicados para resistirem à contração do material.
No mesmo ano, Feilzer, De Gee e Davidson analisaram a contração
volumétrica de compósitos e cimentos de ionômero de vidro foto e
quimicamente ativados por lâmpadas halógenas por 60s e misturados por 20s,
respectivamente. A contração foi medida continuamente por 24 horas, em
intervalos de 1,5 e 30 min e 1, 12 e 24 horas após seu estado rígido.
24
Sugeriram que a contração de polimerização seria responsável pela formação
da fenda marginal bem como geradora de tensões nas paredes cavitárias em
decorrência do desenvolvimento de agentes de união que atuariam em
oposição a essa contração. Atestaram que esta seria dependente de vários
fatores, entre eles o próprio monômero da sua formulação e sua
concentração, os catalisadores ou iniciadores, a quantidade de carga
inorgânica, seu tamanho e tipo. Como já se havia observado, além das forças
decorrentes da contração de polimerização, fendas marginais se formavam
entre o material restaurador e a estrutura dentária, causando microinfiltrações
marginais.
Rees e Jacobsen, em 1989, citaram que a contração de
polimerização já havia sido medida por vários métodos, entre eles o
dilatômetro à base de mercúrio, e justamente essa substância seria a
responsável pela desvantagem do método. Sugeriram, então, a utilização do
dilatômetro à base de água. Utilizaram 3 resinas para dentes posteriores e um
instrumento que consistia em um capilar de 200mm de comprimento unido a
um medidor de densidade. O capilar apresentava dois diâmetros diferentes,
0,35mm e 0,7mm, sendo dividido em graduações de 1mm. Vários discos do
material a ser testado, com área de aproximadamente 1cm², eram colocados
dentro do frasco imediatamente após a manipulação; o capilar também era
colocado, delicadamente. A contração de polimerização era observada através
da queda da coluna de água dentro do capilar e era registrada por 1 hora,
para todas as resinas. A resina Aurafill apresentou a maior contração: 2,24%;
e Concise e Silar, as menores: 1,18% e 1,10%, respectivamente. Os autores
afirmaram que a manutenção do equilíbrio térmico por longo tempo é fator a
ser apreciado no uso do referido método para medição da contração de
polimerização.
25
As técnicas de inserção do material com objetivo de diminuir as
tensões causadas pela polimerização foram estudadas por Versluis et al., em
1996, quando avaliaram a técnica de inserção incremental pela análise de
elementos finitos. Afirmaram que a contração de polimerização tem potencial
para ocasionar uma falha na interface entre o material e o dente; que as
tensões transferidas pela contração ao dente deformam-no; e que a sorção de
água em compósitos antigos promove um relaxamento dessas tensões.
Confeccionaram cavidades MOD em pré-molares, restaurando-os com 4
técnicas incrementais de 4 incrementos, e obtiveram variações das medidas
intercuspídicas maiores para as técnicas incrementais em comparação com a
técnica do incremento único.
Em 1998, Tarle et al. propuseram a utilização de uma nova fonte
luminosa de fotopolimerização, o laser pulsátil, que apresentaria capacidade
de obter um alto grau de conversão do monômero com baixa taxa de
contração de polimerização. Citaram as já conhecidas conseqüências desse
fenômeno, entre elas a formação de fendas marginais, a microinfiltração, e os
objetivos antagônicos entre grau de conversão alto e contração de
polimerização baixa. Vários caminhos foram utilizados para a manutenção da
integridade marginal, entre eles o aumento da união entre dente e resina, a
utilização de forros elásticos, para diminuir as tensões, e de fontes luminosas
que prolonguem a fase pré-gel do material. Corpos de prova de 3 compósitos
híbridos foram submetidos à polimerização com equipamento de laser com
duração de 20s, no total de 400 pulsos, e o grupo controle por aparelho de luz
halógena. Foram armazenados em câmara escura a 37°C por 24 horas e
analisados por espectrômetro de Fourier infravermelho modificado. Os
resultados mostraram valores maiores de conversão significantes para as
amostras polimerizadas com laser em pulso e menor contração de
26
polimerização para o mesmo aparelho. Salientaram, ainda, que as amostras
polimerizadas com fonte convencional por 40s ainda se apresentavam em
fase gelatinosa, sendo necessários 120s para obtenção de uma conversão
próxima ao laser em pulso utilizado por 40s. Concluíram que a pulsação do
laser produzia uma saturação mais profunda nas amostras, o que aumentava
a conversão e diminuía a energia que iluminava a amostra, produzindo
resfriamento e relaxamento do material entre os nanopulsos, podendo ser
essa (pulsação) responsável pela redução da contração de polimerização.
Buscando novos métodos para medição da contração de
polimerização das resinas compostas, Cook, Forrest e Goodwin, em 1999,
utilizaram pela primeira vez a Picnometria a gás para esse fim. Discorreram
sobre as vantagens e desvantagens dos métodos já conhecidos para medição
da contração, como o dilatômetro de mercúrio e de água, o método buoyancy
e os transdutores, e citaram a Picnometria a gás como sendo um método sem
contato manual, simples, preciso e relativamente independente da
temperatura. Esse método é baseado na circulação do gás por câmaras, onde
os espécimes, através da variação de pressão em cada câmara, eram
medidos com sua matriz antes e após a polimerização, para se verificar a
variação ΔV, e com a remoção da matriz, para determinação do volume da
amostra polimerizada V. Isso permitiu a quantificação da percentagem de
contração S na expressão:
ΔV
S = X 100
V + ΔV
Os resultados mostraram que o método é eficiente, reprodutível, com
um desvio padrão de aproximadamente 10%. A variação na contração de
polimerização se situou entre 1,6 e 2,5%.
27
Em 1999, Kanca e Suh avaliaram o efeito da ativação por pulso em
uma resina (Z 100) e a redução das tensões nas superfícies de esmalte.
Afirmaram que essas tensões acompanham o processo de polimerização e
são influenciadas pela configuração cavitária (fator C), pelo módulo de
elasticidade e pela intensidade da polimerização. Citaram que as margens
cavossuperficiais em esmalte, principalmente em restaurações classe I e II,
sofreriam maior tensão em virtude da proximidade da fonte luminosa com o
material e, por estarem na camada mais externa, seriam fotoativados
primeiramente com uma intensidade luminosa maior. Os efeitos das tensões
da polimerização foram examinados com o uso da penetração da tintura de
fucsina ao longo das margens do esmalte com um fator de cavidade 5, nas
cavidades confeccionadas em 30 molares humanos recém-extraídos e
divididos em três grupos, de acordo com o tempo e a intensidade de
fotoativação: Grupo 1 – 40s a 600 mW/cm²; Grupo 2 – 40s a 100 mW/cm²;
Grupo 3 – 2s a 300 mW/cm² e, após 5 min, recebendo outros 10s a 600
W/cm². Os resultados mostraram que a penetração de tintura na polimerização
com baixa intensidade foi significativamente menor e que muito pouca
infiltração foi notada na ativação por pulso. Finalizaram com a sugestão de
que haveria um potencial clínico significativo para o uso da ativação por pulso
de materiais resinosos fotoativados.
Em 2000, Choi, Condon e Ferracane comentaram que a maioria das
tensões causadas pela contração de uma resina se dá no período inicial da
polimerização, antes da geleificação, e ocorre em função da diminuição dos
espaços, anteriormente forças de Van der Waals e após a polimerização
ligação covalente. Segundo os autores, essa contração produz tensões no
material quando este é confinado em uma cavidade adesiva, podendo causar
deterioramento dessa interface, quando a força de contração excede a força
28
de adesão, ou fratura da estrutura dentária, quando esta suporta a contração.
O aumento da espessura da camada de adesivo estaria sendo utilizado de
forma prática para diminuir os efeitos da contração, por apresentar baixo
módulo de elasticidade. Mediram quantitativamente a tensão de contração da
resina, variando a espessura da camada de adesivo (Scotchbond MP) e sua
relação com a microinfiltração marginal em cavidades classe V em dentes
bovinos. A força de contração máxima foi medida por 15min, em 30 amostras,
com espessuras de adesivo variando entre 20 e 300µm, em cavidades com
fator C 2 e 3. O teste de microinfiltração utilizou 24 dentes bovinos preparados
com cavidades classe V semelhantes, com fator C entre 2 e 3. Os resultados
mostraram diminuição de 17% entre as amostras com uma camada e duas
camadas; uma terceira camada adicionou uma redução de 13% em relação à
segunda, para cavidades com fator C 3. Para as cavidades com fator C 2 , foi
observada diminuição de 24% em relação à tensão de contração, quando
utilizadas 2 camadas, e uma terceira camada não apresentou nenhuma
melhora. No teste de microinfiltração, foi constatada sua correlação positiva
com a tensão de polimerização.
Algumas das diversas fontes luminosas disponíveis para iniciação da
polimerização foram revisadas por Davidson e De Gee (2000), como lâmpada
halógena, arco plasma, laser e LED com variações de energia entre 350 e
1.000mW/cm². A meta seria atingir uma conversão uniforme e profunda com
uma baixa contração, resultando em restauração durável. Sugeriram que a
redução do tempo de irradiação seria bem-vinda por razões práticas e que a
maneira mais fácil de ativar o iniciador, a fim começar a reação da
polimerização, seria a irradiação com luz. Para eles, tanto o comprimento de
onda como a densidade de potência influiriam na iniciação, sofrendo ação de
vários fatores, entre eles as condições das pontas das fontes luminosas, a
29
distância entre a fonte e o material a ser polimerizado, a variação da
intensidade durante a polimerização. Citaram que o comprimento de onda e a
energia das diversas marcas de aparelhos variam entre 300 e 500nm e entre
350 e 800 mW/cm². Isso provoca grandes variações na iniciação e na
polimerização do material, podendo levar a benefícios ou malefícios,
dependendo da técnica empregada. Concluíram que, para uma boa conversão
da resina, é necessária certa quantidade de energia, que varia de acordo com
as características da fonte luminosa e da duração da irradiação. Afirmaram
que uma conversão rápida é diretamente proporcional a um rápido
endurecimento, produzindo efeitos negativos na integridade marginal da
restauração. Acrescentaram que a utilização de curto tempo de alta energia de
irradiação pode trazer desvantagens, considerando-se a qualidade da
conversão proporcionada.
Bouschlicher e Rueggeberg (2000) avaliaram o efeito da técnica de
polimerização em rampa quanto às forças geradas na contração de
polimerização e ao grau de conversão. Citaram que a introdução de novas
fontes com aumento da intensidade luminosa geralmente acarretava aumento
da conversibilidade dos monômeros e que uma conversão mais rápida gerava
taxas mais elevadas de contração de polimerização, com conseqüente perda
de adesão entre a restauração e o dente. Da mesma forma, uma baixa
intensidade luminosa estenderia a fase viscosa de pré-geleificação,
minimizando a formação de fendas marginais. Amostras de resina foram
colocadas entre dois cilindros de aço montados em uma máquina de ensaio
universal. A força de contração de polimerização foi medida por 250s
utilizando-se quatro técnicas de fotoativação: convencional (40s x 800
mW/cm²), exponencial (150 mW/cm² aumentando para 800 mW/cm² em 15 s +
25 s x 800 mW/cm²), 2 passos (10s x 150 mW/cm² + 30 s x 800 mW/cm²) e
30
experimental (80 x 400 mW/cm²). Menores valores de força de contração
foram observados na técnica exponencial seguida das técnicas experimental,
2 passos e convencional, respectivamente. Afirmaram que a polimerização em
rampa obteve sucesso na diminuição da conversão até a profundidade de
1mm e que a manipulação da intensidade luminosa inicial reduziu a formação
dos radicais livres, diminui o grau de conversão e promoveu uma baixa
formação das forças de contração de polimerização.
Dauvillier et al., em 2000, analisaram as propriedades viscoelásticas
dos materiais restauradores adesivos, com o intuito de minimizar os efeitos da
contração. Registraram que a desunião entre a restauração e o dente seria o
maior agente causador de microinfiltração marginal e cárie secundária.
Verificaram que a contração gerada durante o processo de endurecimento
provocava adesão e estresse na interface entre a restauração e o dente e que
esses problemas dependiam das propriedades viscoelásticas apresentadas
pelo material durante esse processo, já que as resinas sofrem redução de
volume entre 1% e 3%. Citaram estresse mecânico, dor pós-operatória,
fendas, microinfiltração marginal e possível cárie secundária, perda da
restauração e movimentação de cúspides como conseqüências dessa
contração. Salientaram que a relação entre a superfície aderida e a não
aderida permite a deformação elástica do material enquanto sua matriz ainda
não está totalmente rígida e citaram essa relação como fator “C”.
No mesmo ano, em outro estudo, os mesmos autores Dauvillier,
Aarnts e Feilzer revisaram as propriedades e as técnicas de inserção de
resinas fotoativadas no intuito de minimizar os efeitos da contração de
polimerização. Afirmaram que a restauração ideal seria aquela totalmente
adaptada à estrutura dental remanescente, promovendo um verdadeiro lacre
entre elas, que impediria a penetração de bactérias e toxinas. A obtenção
31
dessa adaptação deveria ser obtida durante a cura e mantida por todo o
tempo que permanecesse na boca do paciente. Tendo o metacrilato como
base da matriz das resinas atuais e sua redução de volume durante o
endurecimento resultante da aproximação das partículas das moléculas do
monômero, gerando uma pobre estabilidade dimensional no que tange à
densidade do material, sugeriram que, para prevenir a contração, seria
importante minimizar a diferença de densidade do material antes e após a
cura. Após a polimerização, as resinas sem carga inorgânica contendo
principalmente Bis-GMA e TEGDMA apresentam redução de volume na ordem
de 9 a 10%. A presente geração de resinas apresenta uma contração
volumétrica entre 4 e 9% para as resinas tipo Flow e de 2 a 5% para as
resinas compostas compactáveis, sendo a maioria dos valores cerca de 3,5%.
Algumas variáveis influenciam na contração, como o tamanho da molécula do
monômero após a polimerização – quanto maior a molécula, menor a
contração –, e a fração de carga inorgânica – quanto maior a carga inorgânica,
menor a contração. Durante o estágio inicial da polimerização, a maior parte
dos monômeros é convertida em cadeias poliméricas; após certo grau de
conversão, essas cadeias vão formando ligações cruzadas e atando-se,
resultando em uma forte cadeia polimérica. Durante a formação dessa cadeia
há aumento do material viscoso, e as cadeias ainda podem escoar umas
sobre as outras, diminuindo a tensão. Esse movimento das cadeias é o
comportamento viscoelástico do material. Quando as ligações cruzadas são
predominantes, não há espaço para as cadeias deslizarem; esse estágio é
usualmente descrito como fase pós-gel. Os autores afirmaram ser de
responsabilidade do cirurgião-dentista, também, a busca por uma técnica
correta de preparo cavitário, em que a relação entre as superfícies aderidas e
não aderidas da restauração (fator C) permita o escoamento do material,
32
atenuando a contração e reduzindo as tensões nas paredes cavitárias. Por
fim, avaliaram a diminuição na intensidade de luz das unidades de
fotoativação bem como o aumento da distância entre a fonte luminosa e a
superfície do material como um método para redução da contração; porém,
isso apresenta algumas desvantagens, como a redução da penetração da luz
no material, o que diminui a polimerização deste.
Em 2001, Beznos avaliou os resultados de diferentes técnicas
restauradoras quanto à microinfiltração marginal em restaurações de resina
classe II, em 40 terceiros molares com preparos em ambas as proximais.
Utilizando diversos agentes de união, quatro grupos foram restaurados com
diferentes técnicas. No grupo 1 foram realizados condicionamento ácido total,
aplicação do adesivo em todas as estruturas e aplicação do material
restaurador na técnica incremental. No grupo 2, agiram da mesma forma que
no anterior, porém, no primeiro incremento, foi utilizada resina quimicamente
ativada. No grupo 3, um condicionador cavitário gel foi aplicado na parede
gengival e uma camada de ionômero de vidro modificado por resina foi
utilizada como incremento inicial. No grupo 4, a parede gengival foi coberta
com resina fluida e por cima desta foi aplicada resina composta fotoativada.
Todas as restaurações foram acabadas e polidas. As amostras foram
submetidas à termociclagem e submersas em solução de azul de metileno por
24 horas. A infiltração marginal no esmalte e no cemento não apresentou
diferenças significantes entre os grupos. Os resultados demonstraram o ótimo
selamento marginal do esmalte em contraste com o selamento obtido no
cemento. Em todos os grupos foi observada menor incidência de
microinfiltração nas terminações em esmalte do que nas em dentina. Foi
citado que alguns autores não recomendam restaurações diretas quando as
margens cavitárias estiverem abaixo da junção amelocementária.
33
Os efeitos da composição química da matriz na contração de
polimerização das resinas também foram estudados por Aw e Nicholls, em
2001, os quais avaliaram a contração linear de polimerização de 6 resinas
compostas compactáveis (Alert, Ariston, P60, Prodigy, Solitaire e Surefil) e de
2 híbridas (TPH e Z100).Uma das afirmações feitas a respeito desses
materiais é que apresentavam menor contração de polimerização que seus
similares. A medida da contração linear parece ser muito variável, e vários
métodos foram utilizados para registrá-la. Nesse estudo utilizou-se uma matriz
de bronze com um sulco no meio onde corriam 2 blocos de bronze, e, entre
eles, era colocada a resina. Uma medida inicial era feita com microscópio
óptico e outra medida era tomada após a polimerização. Os resultados
mostraram a contração linear na seguinte ordem: Alert < P60 < Surefil <
Solitaire < Z100 < TPH-S < Ariston < Prodigy. Os autores demonstraram que
há uma tendência no sentido de que, quanto menor a percentagem de carga
por volume, maior a contração linear. Isso poderia ser explicado pelo fato de
as partículas serem sólidas e não se contraírem e de a parte fluida da matriz
contrair em virtude das ligações entre elas. Um segundo fator observado pelos
autores dizia respeito ao tamanho da carga: quanto menor o tamanho das
partículas, menor a contração. A composição química da matriz, também, foi
citada como responsável pela contração de polimerização; o diluente
TEGDMA produziria uma grande contração de polimerização em virtude de
suas ligações covalentes.
Suh e Wang, em 2001, avaliaram a direção da contração de
polimerização de 2 resinas, uma fotoativada e outra quimicamente ativada,
através da inserção destas em um anel de vidro com diâmetro interno de
3,2mm, externo de 8,5mm e altura de 3mm, simulando uma restauração
classe I. Três simulações de adesão foram utilizadas: no grupo 1, sem adesão
34
às paredes; no grupo 2, adesão somente às paredes de vidro; e no grupo 3,
adesão às paredes e a uma base pré-polimerizada. As resinas foram inseridas
em cavidades com 3 diferentes fatores c, utilizando técnicas de incremento
único e duplo. Para cada seis métodos, foram feitos três corpos de prova e
polimerizados a uma intensidade de 500 mW/cm² por 40s com a luz incidindo
no topo da superfície da resina. Todas as amostras apresentaram
concavidades (deflexão em direção ao centro da massa) após a
polimerização, que foram diretamente proporcionais à quantidade de paredes
aderidas. A maior deflexão ocorreu no centro da parte superior do corpo de
prova, ponto mais próximo à fonte de luz, corroborando a afirmativa de
Versluis et al. (1996), de que a resina não se contrai na direção da luz.
Os efeitos das fases pré e pós-gel na contração de polimerização de
uma resina foram estudados por Yap e Siow, em 2001, que investigaram a
influência do sistema soft-start de polimerização na eficácia da cura e na
contração pós-gel da resina Z100. Citaram a capacidade de a resina fluir na
sua fase pré-gel, diminuindo as tensões, e que os estudos recentes indicavam
que uma conversão inicial lenta reduziria a contração. A resina Z 100 foi
polimerizada com o sistema convencional (SP) e com três sistemas: alta
intensidade (LH), baixa intensidade (LL) e soft-start (LA) que consistia em uma
modulação de baixa energia em duas etapas (60% do tempo da cura na mais
baixa intensidade, 20% em baixa intensidade e 20% em alta intensidade). As
amostras foram polimerizadas por diferentes técnicas em diferentes tempos de
irradiação. A contração, medida por um extensômetro (Strain Gauge), foi
grande durante a aplicação da luz, continuando mesmo após sua remoção, e
se deu na seguinte ordem após 10min: SP40s < LL80s < LA40s < LA80s <
LH40s. Concluíram que altas intensidades de luz e tempo levam a grande
35
polimerização e contração e que não há diferença significativa entre os três
métodos de polimerização.
Rosin et al., em 2002, utilizando quatro resinas fotoativadas e seus
respectivos agentes de união, estudaram a microinfiltração marginal causada
pela contração das resinas ao se polimerizarem. Entre as resinas usadas, uma
apresentava um novo tipo de matriz (Ormocer), uma cerâmica organicamente
modificada, um polímero orgânico/inorgânico à base de uretano e metacrilato.
A contração linear foi medida utilizando-se um linômetro construído pela
Universidade de Zurich. A contração tracionou as amostras do material
colocadas sobre um disco de alumínio acoplado a um sensor infravermelho,
que mediu o deslocamento. Para medição da variação da densidade do
material, foi utilizado o princípio de Arquimedes, em que a densidade do
material foi medida antes e após a polimerização e calculada a diferença entre
elas. Um dilatômetro fui utilizado para registrar a contração volumétrica. A
microinfiltração marginal foi estudada a partir de dentes humanos preparados
com cavidades de 3mm de diâmetro por 1,5mm de profundidade e
restaurados com os respectivos materiais. Usando a termociclagem e análise
estatística (ANOVA), concluíram que todos os materiais sofreram contração,
que as cavidades preenchidas por materiais sem utilização de seus agentes
de ligação apresentaram maior microinfiltração e que uma relação direta entre
contração de polimerização e microinfiltração somente pode ser estudada se o
material restaurador não estiver ligado à superfície do dente.
Em 2002, Braga e Ferracane verificaram a influência do grau de
conversão e a velocidade da reação de polimerização na geração de tensões
na interface restauração/dente e afirmaram que a polimerização dos
dimetacrilatos era acompanhada por substancial contração. Essa contração se
manifestava formando tensões na superfície aderida ao dente, provocando
36
danos ao mesmo. Concluíram que o grau de conversão e a contração de
polimerização estão diretamente relacionados, pois quanto menor a
conversão, menor a contração, porém com detrimento das propriedades
mecânicas dos materiais. E sugeriram alterações na intensidade da
fotoativação como uma alternativa para redução do tempo de cura e
conseqüente contração. A variação da concentração de fotoiniciadores e de
inibidores em resinas experimentais sem carga reduziu a intensidade do
endurecimento e manteve o grau de conversão final. Utilizando uma série de
resinas experimentais à base de Bis-GMA e TEGDMA obtiveram 2 grupos que
foram avaliados quanto ao grau de conversão e à contração em volume com a
mesma fonte luminosa. Tensilômetros e um espectrômetro de Fourier
modificado foram usados para a medição da tensão e do grau de conversão, e
a contração volumétrica foi medida por um dilatômetro de mercúrio.
Concluíram que um tempo longo de fotoativação leva a alto grau de
conversão, tensão e contração; e que o aumento da concentração de
inibidores reduz a intensidade do endurecimento, diminuindo a formação de
tensões decorrentes da contração de polimerização do material.
A busca pela redução da contração de polimerização levou Daliperi e
Bardwell, no mesmo ano, a proporem a utilização de uma técnica para dentes
posteriores (principalmente nas classes I, de fator C mais desfavorável), em
que esmalte e dentina seriam restaurados com materiais e técnicas
diferenciadas, por apresentarem diferentes substratos. Dentina seria
restaurada com resinas tipo flow e micro-híbrida, polimerizadas com cura
progressiva, e resina micro-híbrida e polimerização por pulso para o esmalte
combinados com incrementos oblíquos. Concluíram que a técnica reduzia
consideravelmente a contração e afirmaram que a crescente demanda em
relação à estética, o aumento da resistência ao esforço mastigatório, o bom
37
contato proximal e contorno conseguidos encorajaram os profissionais na
utilização desse material. A contração de polimerização remanescente, porém,
continuava a ser o grande desafio nas restaurações de resina
fotopolimerizáveis.
Yoon et al., em 2002, determinaram a eficácia da polimerização de
duas fontes luminosas (LED e Arco Plasma), comparando-as com a fonte
halógena convencional através do espectrômetro de Fourier. Afirmaram que
os monômeros de alto peso molecular, tais como o Bis-GMA ou UDMA,
sempre apresentam uma reação incompleta e significativa de C=C, que
provoca a diminuição do grau de conversão e suas conhecidas
conseqüências. Citaram que as fontes de luz halógenas necessitam de filtros
para restringir a luz emitida à região azul do espectro, têm vida curta (100h) e
geram calor, enquanto que a emissão por LED não necessita de filtro, pois
gera luz azul com espectro entre 400 e 500nm dentro do necessário para
excitação da Canforquinona (fotoiniciador), além de apresentarem uma vida
em torno de 1.000h sem degradação. O arco plasma emite luz através de uma
mistura gasosa de moléculas e elétrons ionizados e apresenta grande
intensidade na ponta. Para comparação, usaram 3 resinas escala A3
colocadas em uma matriz de alumínio cilíndrica de 5X5mm, curadas, e 100µm
do composto da resina foram seccionados a 1,2,3 e 4mm da superfície
superior. O espectro infravermelho da resina não curada foi obtido. Os
resultados indicaram que as C=C foram influenciadas pela profundidade do
material, pela intensidade e pelo nível de energia da luz. Citaram que, em
seus resultados, a C=C variou entre 40 e 65% a cada milímetro aprofundado;
não houve diferença significante (p 0,05) entre lâmpada halógena e LED nos
4mm superiores; e que uma fotopolimerização adicional poderia aumentar a
conversão das duplas ligações carbônicas.
38
As fontes luminosas foram estudadas por Lim et al. em 2002. Eles
executaram testes para medir a tensão de encolhimento, a contração e o grau
de conversão de 3 compostos (Heliomolar, Herculite e Z100), comparando a
técnica de ativação em duas etapas com a ativação em etapa única.
Reafirmaram a existência de contração dos compósitos dentais, na ordem de
2 a 4% em volume, e citaram a aplicação de uma camada com baixo módulo
de elasticidade entre o dente e o material, a utilização da técnica incremental e
a diminuição da intensidade da polimerização como mecanismos para redução
da contração. Utilizando cinco amostras, mediram a tensão de contração por
meio de uma máquina de teste servo-hidráulica, a contração volumétrica por
um dilatômetro de mercúrio computadorizado e o grau de conversão através
de um micro Fourier infravermelho. Os resultados mostraram uma diferença
significante na redução da tensão de polimerização com a técnica de duas
etapas: 29,7% de redução para o Heliomolar, 26,5% para o Herculite e 19%
para o Z100, após 10min. Não há redução significativa na contração
volumétrica final, após 60min, entre os dois métodos. O mesmo resultado foi
obtido no que diz respeito ao grau de conversão após 10min. Em todos os
métodos, a tensão de contração diminuiu com o aumento da espessura do
material. Citaram que a combinação de uma baixa energia inicial possibilitaria
mais tempo para o rearranjo molecular, diminuindo a tensão de contração, e
sugeriram que a utilização dessa baixa intensidade luminosa inicial seguida de
um período de retardo e do uso de alta intensidade final forneceria uma
redução na tensão de polimerização dos compósitos dentais.
Cehreli e Canay, em 2002, compararam a contração de polimerização
de 3 compostos (Valux Plus, P60, Dyract) e afirmaram que a contração de
polimerização pode ser dividida em duas fases: pré e pós-gel, sendo que a
primeira proporciona ao material a capacidade de fluir e aliviar as tensões
39
dentro da estrutura. Após a geleificação, o fluxo cessa e não pode compensar
as tensões por muito mais tempo, pois o estágio gel é limitado para os
compostos fotopolimerizáveis. Essa contração é influenciada por vários
fatores, entre eles o número de ligações covalentes estabelecidas entre os
monômeros, bem como seu tamanho, tipo e quantidade, a técnica de
inserção, a velocidade de polimerização, a direção da luz aplicada e o fator C.
Afirmaram que materiais contendo UDMA e Bis-GMA apresentam menor
contração, pois as mesmas apresentam alto peso molecular e assim menos
ligações C=C por unidade de peso. Foram feitas amostras medindo 1cm de
diâmetro por 2mm de espessura, contendo um extensômetro no fundo. O
material foi aplicado e polimerizado por 60s sob 400 mW/cm² . Durante os
primeiros 20s da polimerização, todos os materiais apresentaram tensões
entre 6 e 55µε. Essas tensões foram aumentando com o tempo, porém em
uma intensidade realmente menor, e alcançaram um platô entre 148 e 180s. A
resina P60 teve a menor contração de polimerização, seguida da Valux Plus e
da Dyract, e as diferenças entre elas foram significantes (p = 0,001).
Afirmaram que a contração é dependente do número de reações
covalentes estabelecidas entre os monômeros, de sua extensão e tamanho,
dado que o composto P60 demonstrou significativamente menor contração
que os demais.
Em 2003, Feilzer e Dauvillier estudaram a relação de TEGDMA/Bis-
GMA na contração de polimerização, através da espectroscopia infravermelha
e da dilatometria, de uma série de resinas experimentais pasta/pasta com
diferentes concentrações de TEGDMA (30%, 50% e 70%). Esclareceram que
o sucesso clínico de uma restauração está ligado ao selamento perfeito entre
a restauração e o dente, para prevenir a microinfiltração, e que o
prolongamento da fase pré-gel é benéfica para a diminuição das tensões de
40
contração. Muitas resinas utilizadas comercialmente utilizam o Bis-GMA como
seu monômero principal. Este é muito viscoso, de alto peso molecular e alta
reatividade, apresentando baixa contração de polimerização. Em razão de sua
alta viscosidade, tem de ser diluído para facilitar a manipulação. O monômero
mais comumente usado para essa finalidade é o TEGDMA, que aumenta a
contração de polimerização. Os resultados mostraram que o aumento do
TEGDMA promoveu aumento nas duplas ligações. As quantidades máximas
destas foram similares em concentrações de 50 e 70%. Apesar de aumentar a
viscosidade do material na manipulação, o TEGDMA não fornece o desejado
estado viscoso no compósito.
Na busca por novas formas de se medir a contração de
polimerização, Cilli, Prakki e Araújo, em 2003, utilizaram a Picnometria a gás
hélio para medição da contração volumétrica de 5 resinas. O encolhimento da
polimerização é, principalmente, o resultado do rearranjo das moléculas em
menor espaço do que foi requerido para a fase líquida, quando havia
mobilidade para as moléculas do monômero. Esse fenômeno acarretaria
redução de volume e inadaptação do material em relação às paredes
cavitárias. Os autores citaram os já conhecidos métodos para medição de
contração linear, entre eles o novo método através da interferometria a laser, e
o dilatômetro a água e a mercúrio como sendo os mais comuns para medição
da contração volumétrica. Avaliaram suas vantagens e desvantagens.
Utilizaram um Picnômetro a gás hélio (Multivolume Pycnometer 1305
Micromeritics- Norcross, EUA) designado para medição do volume esqueletal
de amostras granulosas e que permite a computação da densidade absoluta
quando a informação do peso é fornecida. O volume esqueletal é aquele que
inclui os poros abertos da amostra, mas não os poros fechados. As amostras
pesavam aproximadamente 3,5g e foram submetidas a 15 ciclos (purgas) de
41
pressurização, obtendo-se a média aritmética. Fora da câmara, as amostras
foram cortadas em fatias de 2mm sobre uma placa de vidro e
fotopolimerizadas individualmente através de um sistema de luz halógena com
480 mW/cm² e novamente medidas pelo equipamento. Os resultados
mostraram que a resina Filtek Z 250 apresentou os menores valores de
contração e a Filtek P60, os maiores. Afirmaram ainda ser a Picnometria a gás
um método promissor.
Ferracane, Ferracane e Braga, em 2003, testaram a hipótese da troca
das cargas convencionais por esferas de polietileno de alta densidade
(HDPE). Afirmaram haver uma relação direta entre quantidade de carga e
tensão de contração. E pelo fato de o módulo de elasticidade estar
correlacionado, também, a essa carga, sugeriram que este seria a chave para
a regulagem dessa tensão. E, ainda, que o grau de conversão estaria
associado aos altos índices de tensão, uma vez que a conversão está
relacionada diretamente à contração e ao modulo elástico. A fim de reduzir os
efeitos finais do estresse da contração, alguns autores propuseram
modificações no procedimento restaurativo. Essas modificações incluem o uso
de técnicas incrementais da colocação, o uso de forros com baixo módulo de
elasticidade e camadas espessas de adesivo e alteração das rotinas de
polimerização. Outra forma de reduzir a tensão seria a modificação dos
compósitos pela introdução de elementos que poderiam fornecer locais para
diminuir a tensão interna. Utilizando 2 compósitos – híbrido e nanoparticulado
– com 10 ou 20% por volume de HDPE, foram realizados testes para
monitoramento da tensão de contração em 5 amostras, em um tensilômetro
por 10min, após polimerização por 60 s a 390 mW/cm². Testes de contração
volumétrica foram realizados por meio de um dilatômetro de mercúrio. Os
experimentos foram submetidos a análise estatística pelo teste de Tukey. Os
42
resultados mostraram redução da tensão quando as cargas inorgânicas foram
substituídas pelas esferas de HDPE, porém essa redução só foi significante
quando essas esferas compunham 20% da massa total do compósito. Essa
redução era similar para o composto híbrido e para o nanoparticulado,
variando entre 23 e 29%. A contração volumétrica não foi significantemente
afetada pela adição de HDPE nos compostos híbridos.
Ainda em 2003, Kuijs et al., utilizando a análise de elementos finitos,
compararam as tensões de contração em duas técnicas de inserção de
material: em camadas e em incremento único para reconstrução de cúspide
de um pré-molar superior. Citaram a importância de se observar a localização
das tensões causadas pela contração de polimerização, pois seria nesse
ponto que as falhas na restauração se iniciariam. Seis diferentes
procedimentos restauradores foram simulados: quimicamente ativados em
único incremento, fotoativados em único incremento e quatro técnicas de
incremento em camadas fotoativadas. Os resultados mostraram que as
regiões de maior tensão de contração eram similares em todas as técnicas
restauradoras e se situavam no esmalte cervical da cúspide não restaurada. A
falha na interface do material seria mais provável que a falha do material em
si. No último estudo, aparentemente uma camada adesiva mais grossa
reduziria a tensão no complexo dente-restauração. A resina quimicamente
ativada foi a que apresentou menor resultado de tensão de polimerização.
Em 2003, Amore et al., utilizando a Picnometria a gás, avaliaram a
contração de polimerização de 3 resinas compostas compactáveis – Filtek P60
(3M), Prodigy Condensável (Kerr) e SureFil (Dentsply/Caulk) –, variando-se a
distância entre a fonte de luz e a superfície das resinas em 2mm e 10mm. O
aparelho picnômetro Accupyc 1330 (Micromeritics, EUA) mede o
deslocamento de gás hélio com grande precisão, permitindo medições rápidas
43
e fiéis do volume das resinas compostas antes e após a polimerização, sem
interferência da temperatura e da umidade. Afirmaram que a contração
volumétrica do material pode ser observada imediatamente após o início da
fotoativação, porém durante a fase pré-gel as resinas compostas são capazes
de fluir, diminuindo as tensões geradas na estrutura dental. As medições das
amostras foram repetidas 30 vezes, medindo-se o volume do material antes e
depois da polimerização, e utilizou-se a equação da contração volumétrica: C
= ΔV / v + I ΔV I, onde ΔV é a diferença de volume da resina antes e depois da
polimerização e v foi obtido através de uma terceira medida para cada
espécime depois que foram removidos da matriz metálica. A matriz foi
desmontada totalmente, e o volume composto próprio da resina foi registrado
depois do mesmo protocolo descrito previamente. Concluíram que não houve
diferença estatística significante entre as três resinas avaliadas.
Independentemente do tipo de resina composta, também não houve
diferenças significantes para as distâncias de polimerização de 2mm e 10mm.
Concordaram com o que foi proposto por Rueggeberg e Jordan (1993), que
indicaram os fatores dependentes do fabricante, tais como a composição da
matriz, o tipo e a quantidade partículas inorgânicas, a saturação da cor do
material, com representativos de um impacto mínimo no encolhimento final da
polimerização, quando comparados às variáveis controladas por clínicos,
como a intensidade clara, o método da polimerização, o período claro da
ativação e a profundidade do incremento composto.
Amaral et al., em 2004, avaliaram os efeitos de diferentes técnicas na
formação de fendas marginais. Utilizando dentes bovinos, prepararam 180
cavidades, preencheram-nas com resina Z100 e dividiram-nas em 6 grupos:
soft-start 1:10s a 75 mW/cm² + 30 s a 560 mW/cm²; soft-start 2:10s a 190
mW/cm² + 30 s a 560 mW/cm²; pulse delay 3s a 300 mW/cm² + 5 min de
44
espera + 30s a 560 mW/cm²; arco plasma 3s a 1.500 mW/cm²; alta
intensidade 40s a 810 mW/cm²; convencional (controle) 40s a 560 mW/cm².
Submetidos a termociclagem, foram avaliadas a formação de fendas através
de microscopia eletrônica e a microinfiltração marginal através da imersão em
solução de tintura de azul de metileno a 2% por 4 horas e observados ao
microscópico óptico com aumento de 60X. Os resultados não mostraram
diferença significante para a microinfiltração marginal entre as técnicas, porém
revelaram que a termociclagem causou aumento da formação de fendas
marginais em todos os grupos.
As conseqüências da contração de polimerização das resinas
fotoativadas foram observadas por Rees et al., em 2004, que mediram o
movimento das cúspides de 20 pré-molares superiores com cavidades MOD
restaurados com as técnicas de incremento único e incremento triplo, com
resina posterior Heliomolar e seu respectivo adesivo e fotoativado por 3
períodos de 60s. Discorreram sobre as técnicas utilizadas para medição da
deflexão de cúspides (transdutores, interferometria, tensilômetros e fotografia),
citando suas desvantagens. Informaram que muitos clínicos sugeriram a
colocação de pequenos múltiplos incrementos, porém os estudos foram
inconclusivos; alguns relataram os benefícios da técnica incremental em
reduzir o movimento das cúspides e outros não encontraram evidências
desses benefícios. Entretanto, estudos com elementos finitos sugeriram que
todo movimento das cúspides iria se dar em face da última camada de resina
colocada sobre o esmalte. Relataram que Versluis et al. haviam apresentado,
em 1996, evidências adicionais sugerindo que a técnica incremental produziria
maior contração de polimerização que a técnica do incremento único. O
movimento das cúspides foi medido através de uma máquina de medição de
coordenadas associada a um microscópico com ampliação de 50X, obtendo
45
uma resolução de 0,5µm. Os resultados mostraram uma movimentação de
cúspides de 12,5µm para os dentes restaurados pela técnica de incremento
único e de 11,3µm para os restaurados com a técnica do incremento triplo.
Esses valores eram similares aos encontrados em outros estudos; embora
houvesse razões que favorecessem a técnica incremental sobre a única, tal
como a adaptação e o a grau razoável de polimerização, é muito difícil
sustentar a idéia de que a técnica incremental reduziria a flexão das cúspides.
Ainda em 2004, Nilgun et al. avaliaram o efeito de 3 diferentes
unidades de polimerização na microinfiltração marginal: a halógena
convencional (550 mW/cm²), a halógena de alta intensidade (850 mW/cm²) e
o arco plasma (1.200-1.500 mW/cm²). Citaram que, para a maioria dos
compostos, a polimerização é iniciada pela luz visível. Se canforquinona for
usada como fotoiniciadora, o comprimento de onda eficaz deverá estar entre
460 e 480nm, e as fontes de luz halógenas são constantemente utilizadas
para esse fim, seja na forma de energia constante ou no modo soft-start. Uma
nova fonte luminosa, chamada arco plasma, era anunciada como sendo capaz
de oferecer polimerização mais completa e rápida. Utilizando 45 pré-molares
humanos com cavidades classe V medindo 2mm de altura, 4mm no sentido
mesiodistal e 2 mm de profundidade, dividiram aleatoriamente em 3 grupos de
15, restaurados com resina Vitalesence saturação A2 e polimerizados com as
respectivas fontes luminosas. Foram submetidos a termociclagem e imersos
em tintura básica de fucsina a 0,5% por 24 horas, lavados e seccionados no
sentido bucolingual através do centro da restauração. A penetração da tintura
foi observada através de microscopia sob ampliação de 20X. A seguinte
escala foi usada para avaliar a extensão da penetração da tintura na relação
dente-restauração: 0 como nenhuma infiltração; 1 como infiltração que se
estende um terço da profundidade da restauração; 2 como infiltração que se
46
estende dois terços da profundidade da restauração; 3 como infiltração que se
estende ao assoalho da restauração; 4 como infiltração que se estende além
do assoalho da restauração. Os resultados mostraram maior microinfiltração
nas margens da dentina em relação ao esmalte, revelando ser a adesão à
dentina mais difícil e menos previsível. Após analises estatísticas, afirmaram
não haver diferença entre as diferentes unidades de fotoativação para o
esmalte e a dentina. Concluíram que a cura rápida pode ser prejudicial ao
escoamento do material, favorecendo a contração durante a polimerização.
A contração dos materiais resinosos polimerizados com novas fontes
luminosas foi avaliada por Ilie et al., em 2005, que estudaram a influência das
diferentes fontes nesse processo. Quatro unidades de LED, duas halógenas e
uma unidade arco plasma foram estudadas, polimerizando uma resina (In Ten-
S, Ivoclar). Mencionaram os reflexos do alto grau de conversão dos
monômeros não só nas propriedades físicas do material, mas na saúde geral
do paciente em face da toxicidade do TEGDMA quando da polimerização
incompleta. Sugeriram um guia de estratégias para a polimerização que
consistia na utilização de um espectro de onda entre 375 e 500nm (para
fotoiniciar a canforquinona), na utilização de polimerização do tipo soft-start,
para oferecer tempo de escoamento ao material antes deste atingir o ponto
gel, diminuindo as tensões internas, e observação das desvantagens das altas
intensidades de luminosidade, já citadas na estratégia anterior, bem como do
aumento da temperatura com conseqüências negativas. As tensões de
polimerização, o tempo até a geleificação e o coeficiente linear de contração
força/tempo foram medidos e analisados por 14 regimes de polimerização
continuamente, por 300s. As unidades de LED apresentaram as mais baixas
tensões de contração e os menores coeficientes de contração linear. A
unidade de fotoativação por pulso obteve o maior tempo até a geleificação
47
(8,6s). As maiores tensões de polimerização foram observadas nas unidades
com maiores intensidades de energia. Concluíram que a contração de
polimerização depende de vários fatores, entre eles a composição e o
fracionamento da matriz, a carga, a viscosidade do material, a capacidade de
fluir durante a fase pré-gel, os fotoiniciadores, entre outras.
Ainda em 2005, Park et al. avaliaram a eficácia da segunda geração
de LEDs, comparando-os com a luz halógena convencional e a primeira
geração dos LEDs. Avaliaram a contração linear, a velocidade de
polimerização e a microdureza. Relataram a degradação gradual dos bulbos e
filtros das unidades de tungstênio convencionais (QHT), o alto custo, as
tensões nas margens cavossuperficiais das resinas fotoativadas e o estreito
espectro produzido pelo arco plasma e pelo laser de argônio, bem como o
espaço que o segundo ocupa. Citaram, ainda, as vantagens dos LEDs de
primeira geração, porém com uma densidade de iluminação aquém do
desejado, não ativando compostos com mais de 2mm de espessura, e as
melhorias introduzidas nos LEDs de segunda geração, com uma densidade de
iluminação maior. A contração de polimerização foi medida por um linômetro,
a velocidade de polimerização por uma equação matemática, que verificava a
quantidade de encolhimento em determinados intervalos de tempo, e a
microdureza pelos testes específicos para a mesma, determinando a dureza
Vickers. A resina escolhida para esses ensaios foi a Z 250 curada por 60s. Os
resultados mostraram não haver diferença significativa quanto à contração
linear após 60s entre o LED de segunda geração e as unidades QTH e que
nestas a contração foi maior que a produzida pelos LEDs de primeira geração,
porém a velocidade de polimerização e a microdureza foram maiores nos
LEDs de segunda geração.
48
Estudando métodos para medir a contração de polimerização,
Knezevic et al., em 2005, utilizaram a interferometria digital a laser para medir
a contração linear de 3 resinas compostas (Tetric Ceram, TPH e Valux Plus)
polimerizadas por três diferentes modos de polimerização de uma unidade de
luz halógena (Elipar Trilight). Unidades de luz halógena com comprimento de
onda entre 390 e 520nm e intensidade entre 150 e 1.200mW/cm² são as mais
usadas na prática clínica, e vários métodos para medição da contração linear
já haviam sido descritos, como dilatômetro linômetro e extensômetro elétrico.
Em 2006, Zanchi et al. avaliaram o estresse de contração de 3
resinas compostas – Filtex Z-250, Filtek Z-100 e solitaire 2 – sob diferentes
métodos de fotoativação: halógena convencional com intensidade de 507
mW/cm² por 40s; halógena no método soft-start com intensidade de 166
mW/cm² nos primeiros 20s; e LED com intensidade de 125 mW/cm² por
40s.O teste foi feito em uma máquina de ensaio universal DL 2000 (EMIC),
onde as amostras foram inseridas entre duas matrizes metálicas em um
espaço de 1mm entre elas. A irradiação foi feita o mais próximo possível no
grupo polimerizado com fonte halógena e LED e a 10mm de distância nos
primeiros 20s do método soft-start. O estresse de contração foi registrado em
diferentes períodos de tempo: 10, 20, 40, 60, 90 e 120s. Os resultados
mostraram aumento significativo do estresse em relação ao tempo, exceto
para a resina Z-100 no método soft-start. Concluíram que o estresse de
contração aumenta com o decorrer do tempo de exposição à polimerização.
As diferentes intensidades de luz e suas conseqüências na contração
de polimerização imediata em diversas resinas foram avaliadas por Rodríguez,
Abate e Macchi, também em 2006. Quatro amostras de cada material foram
produzidas, e densidade e volume foram determinados através de um
picnômetro e um dilatômetro a mercúrio, respectivamente. As amostras foram
49
divididas em 2 grupos e irradiadas em intensidades de 350 mW/cm² (grupo I) e
275 mW/cm² (grupo II). Os resultados mostraram a resina P60 com maior
média de densidade (2,20g/cm³) e a Silux Plus com a menor (1,61g/cm³). Em
relação à percentagem de contração em volume, a Tetric Flow apresentou a
maior contração, com média de 2,35% no grupo I, e a Sure Fill a menor, com
média de 1,03% no grupo II. Concluíram ainda que a quantidade da contração
está relacionada com a quantidade da fração orgânica polimerizada em cada
produto específico e que intensidades menores de luz reduzem a contração de
polimerização.
Giachetti et al. revisaram, em 2006, as diferentes técnicas de
restaurações diretas em dentes posteriores e citaram vários fatores negativos
à integridade do complexo dente/restauração como conseqüências da
polimerização. Citaram a contração de polimerização como um dos interesses
primários do cirurgião-dentista e que a polimerização das bases dimetacrilatos
está sempre acompanhada de uma redução de volume na ordem de 2 a 6%, e
que essas têm potencial para iniciar uma falha na restauração, pois
apresentam uma força maior que a de adesão entre a dentina e a restauração.
As conseqüências dessa desunião são fenda marginal, microinfiltração,
sensibilidade pós-operatória e cáries secundárias. Mencionaram, ainda, a
relação entre grau de conversão e contração, sendo que para alguns
compostos, uma redução no grau final de conversão conduzirá à diminuição
do encolhimento e ao estresse mais baixo da contração. Entretanto, um grau
baixo de conversão pode comprometer algumas das propriedades mecânicas
dos materiais. No contraste, os aumentos pequenos no grau de conversão
produzirão aumentos substanciais no estresse, mas melhorarão as
propriedades mecânicas do material. Concluíram afirmando que não há meios
de controlar os diversos aspectos envolvidos na polimerização de uma resina.
50
Cabrera e Macorra, em 2007, estudaram a influência da distância da
luz no centro do material a ser curado na sua força de contração. Citaram as
diversas técnicas para medição da contração, como dilatômetros,
tensilômetros, linômetros e análises por elementos finitos. Relataram que as
forças de ligação dentro de um mesmo material podem ser diferentes e
distribuídas de forma desigual pela estrutura deste. Utilizaram a face labial de
incisivos bovinos aplainadas e divididas em 2 grupos. No grupo 1 foi colocado
um incremento único em cima da face aplainada, que ocupava os terços
cervical médio e incisal, e polimerizado por 3 períodos de 40s a uma distância
de 8mm, incidindo no centro da massa. No grupo 2, foram colocados 3
incrementos sobre a face aplainada, um em cada terço, e os incrementos
foram polimerizados, cada um, por 3 períodos de 40s, a uma distância de
8mm. Os resultados mostraram uma força de contração menor nas regiões
cervicais e incisais no grupo 1, mais afastadas da fonte de luz.
Em 2007, revisando as técnicas de controle da contração de
polimerização, Alomari, Ajlouni e Omar afirmaram que a mesma se situa
entre 1,7% e 5,7% em volume e provoca tensões na interface entre o dente e
o material na ordem de 13MPa a 17MPa, dependendo de inúmeros fatores
como sua composição, módulo de elasticidade, grau de conversão, volume do
material a ser polimerizado e da configuração cavitária. Relataram a existência
de mecanismos de compensação para minimizar essa contração e
conseqüente tensão e dividiram esses mecanismos em dois grupos. Um deles
seria relativo às características do material: como a composição, os
monômeros, os fotoiniciadores e inibidores a carga inorgânica e a expansão
higroscópica. O outro compreenderia os mecanismos sobre o controle do
profissional: a forma da cavidade, a técnica de inserção do material, a fonte de
ativação, o uso de adesivos e a intensidade da luz, entre outros.
51
3- OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL:
Avaliar a contração de polimerização de três resinas compostas
compactáveis, polimerizadas com luz halógena pela picnometria a gás.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
3.2.1 - Avaliar a contração de polimerização da resina compactável P
60.
3.2.2 - Avaliar a contração de polimerização da resina compactável
Tetric Ceram.
3.2.3 - Avaliar a contração de polimerização da resina compactável Fill
Magic condensável.
3.3.4 - Comparar a contração de polimerização entre as resinas.
3.3.5 - Verificar a possibilidade de utilização do método.
.
52
4- HIPÓTESES
H0 - Não existe diferença na contração de polimerização entre as resinas
estudadas.
H1 - Existe diferença na contração de polimerização entre as resinas
estudadas.
H2 - A picnometria a gás hélio não é um método viável para medição de
contração de resinas compostas compactáveis.
H3 - A picnometria a gás hélio é um método viável para medição de
contração de resinas compostas compactáveis.
53
5- METODOLOGIA
5.1 MATERIAIS
Balança eletrônica digital Adventurer Ohaus –USA.
Espátula nº 19 – Duflex - D-Express Ltda - BR
Fotopolimerizador Ultra lux (Dabi Atlante - BR) intensidade
média 400-500 mW/cm²
Hollemback S3 – Duflex - D-Express Ltda - BR
Lâmina de vidro de 2mm
Matriz metálica em aço inox
Picnômetro a gás hélio Accupyc 1330 Micromeritics - USA
Pinça porta-algodão – Duflex - D-Express Ltda - BR
Pinça porta-recipiente do picnômetro
Radiômetro KeM - BR
Resina Fill Magic condensável – Vigodent - BR, lote 005/05,
Val. set. 2008, matiz e saturação A3
Resina P60 – 3M – ESPE - USA, lote 5AW, Val. jul. 2008,
matiz e saturação A3
Resina Tetric Ceram – Ivoclar Vivadent -USA, lote BR7101,
Val. mar 2009, matiz e saturação A3
Sonda Exploradora – Duflex - D-Express Ltda - BR
54
5.2 MÉTODO
Foram selecionadas 3 resinas compostas compactáveis fotoativadas com
matriz e saturação A3, para este estudo, e confeccionadas 10 amostras de
cada espécime, totalizando 30 amostras no total, conforme tabela 1 e figura 1.
Tabela 1 - Lista de materiais, carga inorgânica, matriz orgânica, percentual de carga e
tamanho médio das partículas (informações fornecidas pelos fabricantes).
MATERIAL CARGA
INORGÂNICA
MATRIZ
ORGÂNICA
PERCENTUAL
DE CARGA
TAMANHO
MÉDIO DAS
PARTÍCULAS
P60
Lote: 5AW
Val.: julho 2008
Zircônia e sílica Bis-GMA,
Bis-HEMA
UDMA
83% em peso
61,7% em
volume
0,01-3,5µm
com tamanho
médio de
0,6µm
TETRIC
CERAM
Lote: BR7101
Val.: mar 2009
Vidro de bário
Vidro de flúor
Silicato de bário
e alumínio,
Trifluoreto de
itérbio
Dióxido de
silício
Bis-GMA
63% carga em
volume
0,04-3,0µm
FILL MAGIC
CONDENSÁVEL
Lote: 005/05
Val.: set 2008
Vidro de bário
Sílica
Vidro de flúor
Bis-GMA
BIS-HEMA
TEGDMA em
baixa
concentração
81% em peso
Aprox. 1,0µm
55
Figura 1 – Amostras das 3 resinas estudadas no trabalho, após análise.
Para obtenção das amostras foi confeccionada uma matriz metálica
em aço inoxidável, composta de duas partes que se encaixam formando um
disco de 8mm de diâmetro por 2mm de altura (FIGs. 2,3 e 4), a qual foi
inserida no Picnômetro a gás hélio Accupyc 1330 - Micromeritics (FIG. 5) para
determinação de seu volume. O equipamento foi calibrado para realizar 5
medidas de volume de cada amostra obtendo uma média entre as 5 leituras.
56
Figura
2 - Matriz metálica em aço inox fechada.
Figura 3 - Matriz metálica em aço inox separada, vista inferior.
57
Figura 4
- Matriz metálica em aço inox separada, vista superior.
Figura 5 - Picnômetro a gás hélio Accupyc 1330 – Micromeritics.
A matriz foi confeccionada procurando obter um volume (2.2997cm³)
próximo ao das esferas de calibração do aparelho (FIG 6), para facilitar a
leitura da mesma, como ilustrado a seguir.
Figura 6 - Matriz metálica em aço inox fechada e esfera de calibração do aparelho.
58
A matriz foi pesada vazia, indicando 18,1836g, e depois preenchida
com 0,25g de resina, sendo novamente pesada, para determinação do peso
da amostra com a matriz (FIG. 7) e padronização do conjunto por uma balança
eletrônica digital Adventurer Ohaus, totalizando 18,4336g (FIG. 8).
Figura 7 - Matriz em aço inox com a resina.
Figura 8 - Matriz em aço inox com a resina na balança.
A resina foi inserida com uma espátula n
o
19, de aço inox, e o excesso
foi removido com auxílio de uma sonda exploradora e uma hollemback, para
59
obtenção do peso desejado. A matriz foi manuseada com uma pinça porta-
algodão, para não haver contaminação com a oleosidade da pele do operador,
em razão da precisão do aparelho, que não obtém a taxa de equilíbrio caso
haja oleosidade nas amostras.
Após a inserção da resina na matriz, o conjunto foi inserido no
Picnômetro para medição do volume do conjunto matriz e resina não
polimerizada. Para iniciar a medição, foram inseridos dois parâmetros básicos
do aparelho, fornecidos pelo fabricante: a função zero, que zera a pressão
interna do aparelho, e a calibração, que determina o volume interno da câmara
de expansão e da câmara de medição, que deverão ser feitas
constantemente.
Ao fim da medição, o conjunto matriz e resina foi retirado da câmera
de medição, e uma lâmina de vidro microscópica com 2mm de espessura foi
colocada em cima do conjunto, com a ponta do fotopolimerizador ULTRALUX -
Dabi Atlante (FIG. 9) apoiada sobre ela, para manutenção da mesma distância
e potência da luz irradiada. A polimerização foi feita por 40s, depois da
calibração do aparelho pelo radiômetro KeM (FIG. 10), numa intensidade entre
400 e 500mW/cm².
Após a cura, o conjunto foi novamente inserido no picnômetro para
medição do volume. A cada medição, a matriz e os instrumentais foram limpos
com álcool etílico.
60
Figura 9 - Aparelho de fotoativação ULTRALUX - Dabi Atlante.
Figura 10 - Radiômetro KeM.
A contração de polimerização foi calculada através da fórmula:
C = Vi – Vf X 100
Vi
61
Nessa fórmula, Vi é o volume da resina antes da polimerização, obtido
pela diferença entre a matriz com resina não curada e a matriz vazia; Vf é o
volume final, determinado pela diferença entre a matriz com resina curada e a
matriz vazia.
Foram constatadas impurezas a olho nu na superfície de algumas
amostras da resina Fill Magic Condensável utilizadas neste trabalho, as quais
foram removidas com o auxílio da sonda exploradora, conforme figuras 11,12
e 13.
Figura 11 - Amostra de resina Fill Magic Condensável com impureza.
Figura 12 - Amostra de resina Fill Magic Condensável com impureza.
62
Figura 13 - Amostra de resina Fill Magic Condensável com impureza.
63
6- RESULTADOS
Foram estudadas as resinas P60 (grupo I), Tetric Ceram (grupo II) e
Fill Magic Condensável (grupo III). Cada grupo foi composto por 10 amostras.
Os resultados apresentaram uma variação de volume e densidade, conforme
mostram as tabelas a seguir.
Na tabela 2 são apresentados os 3 grupos de resinas estudados, com
o número de amostras, a média e o desvio padrão. A resina que apresentou
maior média de contração foi a Fill Magic Condensável, com uma média de
3,40% de contração em volume. A análise estatística por ANOVA (p 0,05)
mostrou não haver diferença estatisticamente significante entre os grupos.
No gráfico 1 estão apresentadas as médias dos resultados e o desvio
padrão das amostras estudadas.
Tabela 2 – Variação média e desvio padrão das 30 amostras distribuídas entre os 3 grupos
estudados
Grupo
N Média (%) Desvio Padrão
P60 (I)
10 1,724 0,6705
Tetric Ceram (II)
10 1,23 0,6083
Fill Magic
Condensável (III)
10 3,401 0,9339
64
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
123
Grupos
Contração %
Desvio Padrão
Média
Gráfico 1 – Distribuição das médias das amostras e seus respectivos desvios padrão.
Na tabela 3 estão apresentados as variações de volume e densidade
das resinas do grupo I, antes e após sua polimerização, e o percentual de
contração em volume apresentado por elas. Observa-se a relação entre
diminuição de volume e aumento da densidade das resinas antes e após sua
cura. Observou-se maior concentração de incidência de contração entre 1 e
1,50%, tendo como maiores e menores valores 2,94% e 1,11%,
respectivamente.
65
Tabela 3 - Percentagem de contração, volume em cm³ antes (V1), após (V2) a polimerização
e diferença entre ambos (ΔV), densidade em g/cm³ antes (D1), após (D2) e diferença entre as
densidades (ΔD) das 10 amostras estudadas de P60
Grupo I Contração ( %) V1
V2 ΔV D1 D2 ΔD
1
2,94 0,1223 0,1187 0,0036 7,6108 7,6223 -0,0115
2
1,50 0,1133 0,1116 0,0017 7,6393 7,6446 -0,0053
3
1,11 0,1163 0,1150 0,0013 7,6298 7,6340 -0,0042
4
1,12 0,1158 0,1145 0,0013 7,6314 7,6355 -0,0041
5
1,45 0,1168 0,1151 0,0017 7,6284 7,6339 -0,0055
6
2,83 0,1198 0,1164 0,0034 7,6188 7,6294 -0,0106
7
1,58 0,1195 0,1176 0,0019 7,6198 7,6256 -0,0058
8
1,19 0,1171 0,1157 0,0014 7,6271 7,6318 -0,0047
9
1,47 0,1152 0,1135 0,0017 7,6333 7,6387 -0,0054
10
2,05 0,1170 0,1146 0,0024 7,6274 7,6351 -0,0077
Na tabela 4 apresentam-se as variações de volume e densidade das
resinas do grupo II, antes e após sua polimerização, e o percentual de
contração em volume apresentado por elas. Como no grupo I, também
observou-se a correlação entre diminuição de volume e aumento da
densidade das resinas, antes e após sua cura. Neste grupo a faixa de
contração predominante esteve abaixo de 1,15%, tendo como maior valor
2,66% e menor valor 0,62%.
66
Tabela 4 - Percentagem de contração, volume em cm³ antes (V1), após (V2) a
polimerização e diferença entre ambos (ΔV), densidade em g/cm³ antes (D1), após (D2) e
diferença entre as densidades (ΔD) das 10 amostras estudadas de resina Tetric 00,
Grupo II Contração (%) V1
V2 ΔV D1 D2 ΔD
1
1,23 0,1050 0,1037 0,0013 7,6656 7,6700 -0,0044
2
0,83 0,1084 0,1075 0,0009 7,6549 7,6598 -0,0049
3
1,81 0,1100 0,1080 0,002 7,6496 7,6559 -0,0063
4
2,66 0,1126 0,1096 0,003 7,6415 7,6509 -0,0094
5
1,34 0,1116 0,1101 0,0015 7,6448 7,6496 -0,0048
6
0,80 0,1123 0,1114 0,009 7,6427 7,6455 -0,0028
7
1,06 0,1122 0,1110 0,0012 7,6429 7,6466 -0,0037
8
0,62 0,1123 0,1116 0,007 7,6425 7,6446 -0,0021
9
1,15 0,1042 0,1030 0,0012 7,6681 7,6720 -0,0039
10
0,80 0,0998 0,099 0,0008 7,6823 7,6849 -0,0026
Na tabela 5 consta o Grupo com os maiores percentuais de contração
de polimerização em volume; 7 amostras apresentaram contração superior a
3,00%, sendo 4,39% o maior valor apresentado e 1,47% o menor valor.
Observa-se, ainda, nesta tabela a correlação positiva entre diminuição de
volume antes e após a cura e aumento da densidade das amostras.
67
Tabela 5 - Percentagem de contração, volume em cm³ antes (V1), após (V2) a polimerização
e diferença entre ambos (ΔV), densidade em g/cm³ antes (D1), após (D2) e diferença entre as
densidades (ΔD) das 10 amostras estudadas de resina Fill Magic Condensável
Grupo III Contração (%) V1
V2 ΔV D1 D2 ΔD
1
1,47 0,1156 0,1139 0,0017 7,6320 7,6374 -0,0054
2
2,84 0,1197 0,1163 0,0034 7,6191 7,6297 -0,0106
3
4,17 0,1198 0,1148 0,0050 7,6190 7,6347 -0,0157
4
4,39 0,1228 0,1174 0,0054 7,6094 7,6265 -0,0171
5
2,70 0,1221 0,1188 0,0033 7,6115 7,6220 -0,0105
6
4,53 0,1235 0,1179 0,0056 7,6094 7,6247 -0,0153
7
3,97 0,1209 0,1161 0,0048 7,6155 7,6306 -0,0151
8
3,24 0,1203 0,1164 0,0039 7,6170 7,6295 -0,0125
9
3,11 0,1221 0,1183 0,0038 7,6114 7,6234 -0,012
10
3,59 0,123 0,1187 0,0034 7,6088 7,6222 -0,0134
6.1 - ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados foram tratados estatisticamente por ANOVA (p 0,05)
com auxílio do programa Primer of Bioestatistic, e essa análise foi conferida
com auxílio do programa Prisma 4. Em ambas as situações, não houve
diferenças estatisticamente significantes entre os grupos.
68
7- DISCUSSÃO
Resinas compostas restauradoras surgiram para suprir uma
necessidade maior de grande parte da população mundial: a busca pela
excelência em estética. Em meados dos anos 1960, surgiram como solução
para dentes com essa demanda (LANG;CONCEIÇÃO; SPOHR, 2003) e são
até hoje muito utilizadas. No entanto, o material apresenta características
negativas que comprometem a integridade da restauração e conseqüente
manutenção da saúde do dente. Em particular, a contração de polimerização
característica desse material promove efeitos indesejáveis entre a interface
dente/restauração, causando fendas marginais que levam a microinfiltração
marginal, cáries recorrentes, descoloração dentária, hipersensibilidade e dano
pulpar (KIDD, 1976; LUTZ et al., 1976; FEILZER; DE GEE; DAVIDSON,
1987; DAUVILLIER; AARNTS; FEILZER, 2000; AMARAL et al., 2004;
GIACHETTI et al., 2006). A atração molecular é responsável por esse
fenômeno, pois os monômeros apresentam forças de ligação tênues, do tipo
“Wan der Waals”. Ao se polimerizarem, essa ligações se transformam em
ligações covalentes mais atrativas e resistentes (CHOI; CONDON;
FERRACANE, 2000; YOON et al., 2002; CEHRELI; CANAY, 2002).
Vários estudos são feitos para entender, medir e diminuir a contração
sofrida por esses materiais. Agentes de ligação são utilizados para tentar
impedir essa contração (ORGENSEN et al., 1975; DAVIDSON; DE GEE;
FEILZER, 1984; SHETH; FULLER; JENSEN, 1988; BEZNOS, 2001); porém,
ao se ligarem à estrutura dentária e ao material restaurador, promovem
tensões que causam danos à integridade do dente, dor pós-operatória e
69
deformação de cúspides (SHETH; FULLER; JENSEN, 1988; CHOI; CONDON;
FERRACANE, 2000; REES et al., 2004).
Dessa forma, outras técnicas para diminuição da contração
começaram a ser estudadas. As primeiras resinas compostas apresentavam
contração de polimerização na ordem de 6% (BOWEN, 1963). O presente
trabalho apresentou contração de polimerização em volume na ordem de 1,23
a 3,40%, resultados semelhantes aos descritos pelos autores Rees e
Jacobsen, 1989; Cook, Forrest e Goodwin, 1999; Dauvillier et al., 2000;
Dauvillier, Aarnts e feilzer, 2000.
A adição de carga em resinas contendo principalmente TEGDMA e
Bis-GMA é uma alternativa para diminuir sua contração de polimerização
(BOWEN, 1963; PHILLIPS, 1979; DAUVILLIER; AARNTS; FEILZER, 2000;
AW; NICHOLLS, 2001; FERRACANE; FERRACANE; BRAGA, 2003). As
resinas utilizadas neste trabalho apresentam alta quantidade de carga
inorgânica. O resultado mostrou que o diluente TEGDMA, mesmo em baixa
concentração, presente na resina FILL MAGIC CONDENSÁVEL, talvez tenha
aumentado a contração volumétrica da resina, conforme observado por Aw;
Nicholls, em 2001, em relação às demais estudadas.
Matrizes como Bis-GMA, UDMA, BIS-HEMA, EDMA e o diluente
TEGDMA, bem como a quantidade e o tamanho das cargas inorgânicas, têm
influência decisiva na contração dos materiais e nas suas propriedades
viscoelásticas. Materiais que escoam com mais facilidade tendem a diminuir a
contração causada pelas ligações covalentes, apresentam uma fase pré-gel
mais longa, propiciando maior acomodação das cadeias poliméricas e,
conseqüentemente, menor tensão nas paredes da cavidade. Materiais com
maiores quantidades de carga inorgânica apresentam contração de
polimerização menor (LABELLA et al., 1999; BOUSCHLICHER;
70
RUEGGEBERG, 2000; DAUVILLIER et al., 2000; DAUVILLIER; AARNTS;
FEILZER, 2000; AW; NICHOLLS, 2001; ILIE et al., 2005) e monômeros com
alto peso molecular apresentam reação de C=C incompleta, diminuindo sua
contração final (YOON et al., 2002; CEHRELI; CANAY, 2002; FEILZER;
DAUVILLIER, 2003). Essa polimerização incompleta é particularmente
indesejável em materiais que apresentam o monômero diluente TEGDMA, por
sua toxicidade quando a polimerização se dá de forma incompleta (ILIE et al.,
2005).
O entendimento das propriedades viscoelásticas dos materiais, bem
como de suas fases de geleificação pré e pós-gel e o ponto gel, foi decisivo
para a alteração das matrizes resinosas na busca por um melhor escoamento
do material, pela diminuição das tensões provocadas por elas e pela
manutenção de suas propriedades mecânicas. Paralelamente a esses
estudos, novas técnicas de inserção e polimerização das resinas estão sendo
discutidas. Apesar de a colocação do material na cavidade dentária em vários
incrementos, em contrapartida ao incremento único, ter sido estudada
(BEZNOS, 2001; KUIJS et al., 2003; REES et al., 2004), muitos resultados não
apresentam diferenças significantes ou são inconclusivos, apesar do resultado
oposto encontrado em um estudo pela análise numérica (VERSLUIS et al.,
1996), em que o autor afirma que a técnica incremental aumentou as tensões
geradas nas paredes cavitárias.
Outro fator que mereceu estudo de vários autores diz respeito à
configuração cavitária e ao confinamento dos materiais, fator C, em que,
quanto menor o número de superfícies não aderidas do material, melhor seu
escoamento, atenuando a contração e conseqüentes tensões na união entre o
dente e o material (KANCA; SUH, 1999; CHOI; CONDON; FERRACANE,
2000; DAUVILLIER et al., 2000; DAUVILLIER; AARNTS; FEILZER, 2000;
71
DALIPERI; BARDWELL, 2002 ). O fator C atualmente tem sido alvo de muitos
estudos, e sua influência no escoamento do material é de relevância na
contração de polimerização. Juntamente com o fator C, o tempo e a
intensidade da polimerização também interferem no escoamento do material
e, conseqüentemente, na sua contração final. Altas intensidades de luz
promovem a diminuição da fase pré-gel do material, reduzindo sua capacidade
de escoar e diminuir as tensões nas paredes cavitárias, assim como tempos
menores e pulsáteis na fase inicial da polimerização fornecem o tempo
necessário para que as cadeias poliméricas fluam melhor, diminuindo a
contração do material (TARLE et al., 1998; KANCA; SUH, 1999;
BOUSCHLICHER; RUEGGEBERG, 2000; DAVIDSON; DE GEE, 2000);
YAP; NG; SIOW, 2001; LIM et al., 2002; AMARAL et al., 2004; NILGUN et
al., 2004; ILIE et al., 2005; ZANCHI et al., 2006; RODRÍGUEZ; ABATE;
MACCHI, 2006).
No que diz respeito ao aspecto clínico, vale ressaltar a importância de
a terminação cervical das cavidades ser em esmalte, para facilitar a adesão
química do material a essa estrutura (BEZNOS, 2001; NILGUN et al., 2004).
Este trabalho mediu a contração de polimerização em volume de
resinas compostas compactáveis através de um método novo, simples,
reprodutível, não tóxico, não suscetível às variações de temperatura,
apresentando resultados compatíveis com os descritos na literatura. A
Picnometria a gás hélio é uma excelente ferramenta para medição de
materiais porosos, pois o gás penetra nesses espaços, permitindo uma análise
fiel de seu real volume, além de proporcionar, de acordo, com a confecção da
matriz, a remoção intacta das amostras, após a análise, para posteriores
estudos.
72
Os volumes e as densidades medidos pelo Picnômetro a gás hélio são
maiores que os ocupados pela resina em uma restauração. A medição de uma
amostra pequena de resina poderia incidir no erro do próprio equipamento.
Para atenuar, ou mesmo eliminar, esse efeito, a resina foi levada na câmara
de medição em uma matriz metálica com volume próximo ao da esfera de
calibração do aparelho. Existem várias fórmulas para obtenção do volume de
resina contido na matriz. A busca por uma fórmula simples, eficiente e
notadamente reconhecida foi fundamental para a agilidade na obtenção dos
resultados. A fórmula aplicada neste trabalho foi a mesma utilizada por CillI,
Prakki e Araújo (2003) e que obteve resultados satisfatórios.
A padronização do peso das amostras em 0,25g foi relevante para a
obtenção de um conjunto resina/matriz com peso de 18,4336g, garantindo a
manutenção das mesmas informações passadas ao equipamento, pois esse
dado deve ser inserido no aparelho antes de cada medição. Esse peso foi
obtido colocando-se resina na matriz e pesando-a sucessivamente, adicionado
ou retirando pequenas quantidades de resina com o auxílio de uma sonda
exploradora.
Algumas amostras de resina Fill Magic Condensável apresentaram
impurezas detectáveis a olho nu em suas superfícies, conforme pode ser visto
nas figuras 11, 12 e 13, sendo removidas, porém, não foi possível a
certificação de não haverem outras impurezas no interior da amostras e quais
seriam suas conseqüências nos resultados obtidos pelas mesmas.
Este estudo baseou-se em trabalhos anteriores (CILLI; PRAKKI;
ARAÚJO, 2003; AMORE et al., 2003). A resina P60, utilizada nos 3 trabalhos
anteriores, apresentou resultado semelhante (1,724%) ao trabalho de Amore
et al. (1,84%) para a distância de 2mm, próxima à utilizada neste trabalho,
73
porém inferior ao resultado encontrado no trabalho de Cilli, Prakki e Araújo
(3,26%).
Os valores absolutos da contração de polimerização observados nesta
análise fazem com que a hipótese 1 deste trabalho seja aceita em detrimento
a hipótese nula.
Apesar da proximidade dos valores encontrados neste estudo, em
comparação com os valores de contração de polimerização obtidos em outros
estudos, o alto desvio padrão encontrado, sugere uma possível limitação do
método e/ou uma distribuição desigual de carga pelas amostras da resina,
sugerindo, assim, pelas dificuldades encontradas, e pela pouca literatura
disponível, inclusive para comparações, que novos estudos sejam feitos,
avaliando outros materiais, ou quem sabe utilizando lotes semelhantes de
compósitos em dois ou mais métodos de análises de contração volumétrica,
para assim aumentar a confiabilidade dos resultados aqui encontrados e
corroborar a afirmação de que este é um método promissor.
74
8- CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, pôde-se concluir que:
1. Não houve diferença estatisticamente significativa na contração de
polimerização das resinas estudadas.
2. Os valores absolutos da contração de polimerização observados nesse
trabalho indicam que a resina Fill Magic Condensável apresentou os
maiores valores em comparação com as demais.
3. A utilização da picnometria a gás hélio mostrou-se um instrumento
viável para medição de contração de resinas compactáveis
fotoativadas.
75
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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80
10 - APÊNDICE
A medição de volume de materiais sólidos, rígidos e com geometria
definida é feita rotineiramente. Medição de materiais com forma irregular é um
desafio. Vários materiais contêm poros em sua superfície que podem se
comunicar, formando um emaranhado de túneis que dificultam a determinação
de seu volume real. A Picnometria a gás consegue preencher todos os
espaços vazios de vários materiais, medindo com precisão sua densidade. É
indicada para diversos materiais, como: cerâmicas, resinas, sílica, quartz,
metais, fibras, tungstênio carbide, níquel, lactose, óxido de zinco, entre outros.
COOK; FORREST; GOODWIN (1999) utilizaram o Picnômetro a gás
hélio para medir a contração antes e após a polimerização de 4 resinas
fotoativadas. Concluíram tratar-se de um método confiável e reprodutível,
obtendo resultados de contração entre 1,6 e 2,5%, e recomendado para
medição da contração de polimerização.
AMORE et al. (2003) utilizaram um Picnômetro a gás hélio para medir
a contração de polimerização de 3 resinas fotoativadas compactáveis,
variando a distância entre a fonte de luz e a superfície das resinas.
Concluíram que as medições feitas pelo aparelho são rápidas e fiéis, não
sofrendo ações da umidade e da temperatura.
CILLI (2003) avaliou a contração volumétrica de 5 resinas compostas
através da Picnometria a gás. Utilizou 15 ciclos de pressurização para
determinação do volume inicial, obtendo o resultado pela média aritmética dos
81
mesmos; após a polimerização repetiu o mesmo sistema, atestando que se
trata de uma metodologia promissora e de fácil execução.
O Picnômetro a gás determina a variação de pressão do gás hélio
entre as câmaras de medição e expansão, determinando o volume de uma
amostra através da equação de estado da lei dos gases ideais:
PV= nRT e V= nRT
P
Onde P é a pressão; V, o volume; n, o número de mols do hélio; R, a
constante dos gases ideais; e T, a temperatura.
Apresenta medições precisas de até quatro casas proximais. Compõe-
se de um painel numérico, onde são feitas as calibrações do aparelho; um
visor de LCD, onde se visualizam os resultados obtidos; um painel com 3
LEDs, que indicam o nível do preenchimento da câmera de gás, a liberação do
gás para a câmara de expansão e para o exterior; a câmara de
armazenamento e a câmara de medição, essas duas comunicantes, uma
contendo gás hélio a uma pressão conhecida (armazenamento) e outra
contendo o material a ser analisado (medição).
Seu funcionamento consiste em medir essa variação através da lei
dos gases ideais, onde se observa a variação da pressão do gás contida na
câmara antes e depois do ensaio.
A amostra deve ser colocada no equipamento em um recipiente
metálico próprio, dentro da câmara de medição do aparelho, que mede 19mm
X 39,8mm (ANEXO -1).
82
Devem ser observados alguns parâmetros que determinam as
características das análises:
Purgas – Processo de enchimento da câmara com gás hélio e sua posterior
eliminação para remoção do ar ambiente, de impurezas e vapor d’água, da
câmara de expansão e medição.
Pressão de purga e pressão de enchimento da câmara – Pressão de
esvaziamento e enchimento das câmaras de medição e expansão (fornecidas
pelo fabricante).
Corrida de precisão – Permite obter resultados mais rápidos sem perder o
refinamento. Com esse parâmetro ativado, o aparelho considera satisfatória a
análise quando cinco leituras consecutivas são obtidas com diferenças de
0,05%, encerrando o teste. O número de corridas determina o número de
leituras que serão executadas em cada análise, determinando o grau de
refinamento dos resultados.
Taxa de equilíbrio – É a pressão de entrada do gás na câmara de medição.
Determina o grau de fidelidade dos resultados: quanto menor a taxa de
equilíbrio, maior a precisão dos resultados, porém com análises mais lentas.
Os testes foram realizados no Laboratório de Caracterização Tecnológica do
CETEM, na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (ANEXO - 2).
83
11 - ANEXOS
ANEXO-1 - Câmara de medição do Picnômetro a gás hélio Accupyc 1330 Micromeritics
ANEXO-2 - Laboratório de Caracterização Tecnológica do CETEM – Universidade Federal do
Rio de Janeiro – UFRJ.
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