Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
ESTUDO DE MISTURAS SOLO-CIMENTO-BENTONITA-
FIBRA PARA USO EM BARREIRAS VERTICAIS DE
CONTENÇÃO DE CONTAMINANTES
Bianca Reis Pagani
Porto Alegre
Agosto de 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
BIANCA REIS PAGANI
ESTUDO DE MISTURAS SOLO-CIMENTO-BENTONITA-
FIBRA PARA USO EM BARREIRAS VERTICAIS DE
CONTENÇÃO DE CONTAMINANTES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Engenharia na modalidade Acadêmico
Porto Alegre
Agosto de 2007
ads:
P129e Pagani, Bianca Reis
Estudo de misturas solo-cimento-betonita-fibra para uso em barrei-
ras verticais de contenção de contaminantes / Bianca Reis Pagani. –
2007.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Escola de Engenharia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil. Porto Alegre, BR-RS, 2007.
Orientadores : Prof. Dr. Nilo César Consoli e Profª. Dra. Karla
Salvagni Heineck
1. Solo reforçado – Ensaios. 2. Materiais compósitos. 3. Geotécnica.
I. Consoli, Nilo César, orient. II. Heineck, Karla Salvagni, orient. III.
Título.
CDU-624.131.28(043)
BIANCA REIS PAGANI
ESTUDO DE MISTURAS SOLO-CIMENTO-BENTONITA-
FIBRA PARA USO EM BARREIRAS VERTICAIS DE
CONTENÇÃO DE CONTAMINANTES
Esta Dissertação de Mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE
EM ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, Agosto de 2007.
Prof. Nilo César Consoli Profª. Karla Salvagni Heineck
Ph.D. pela Concórdia University - Canadá D. Eng. pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Orientador Orientadora
Prof. Fernando Schnaid
Coordenador do PPGEC/UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Pedro Miguel Vaz Ferreira (University College London)
D. Eng. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Profª. Rosemar Gomes Lemos (UFPEL)
D.Eng. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Prof. Juan Antônio Altamirano Flores (UFRGS)
Ph.D. pela Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Fernando Schnaid (UFRGS)
Ph.D. pela Oxford University - UK
Dedico este trabalho aos meus pais
José Henrique e Maria Cecília.
AGRADECIMENTOS
A Deus que tornou tudo possível.
Aos meus pais José Henrique e Maria Cecília pelo amor, carinho, compreensão, dedicação e
incentivo imensuráveis nos momentos mais difíceis. Amo vocês.
Ao meu irmão Fernando por estar presente quando eu estava longe.
Ao meu querido Ricardo por incentivar e me apoiar de forma tão carinhosa.
Ao meu dindo José Luis pelo carinho, ajuda, dicas e conversas de grande valia.
À Professora Karla Salvagni Heineck e ao Professor Nilo César Consoli pela orientação,
apoio, confiança, incentivo, dedicação, paciência e amizade que foram fatores fundamentais
para a elaboração deste trabalho.
A Lidiane grande “miga” e colega que conquistei durante o período do mestrado. Sempre
sempre sempre estarás no meu coração.
Ao Chico grande amigo e gênio, que tive o privilégio de conhecer, pela paciência e auxílio.
Ao bolsista Emmanuel, mas principalmente amigo, pelo apoio, idéias e companheirismo.
A todos os professores e funcionários do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A todo grupo do ENVIRONGEO, pelas idéias, conversas e alegrias. Especialmente os colegas
Rosemar Lemos, Lucas Festugatto, Rodrigo Caberlon, José Rojas, João Diniz, Diego Foppa,
Alexandre Knop e Guilherme “Paulista”.
A Capes que financiou parte do desenvolvimento desta pesquisa.
Você não pode ensinar nada a um homem; você pode
apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele
mesmo.
Galileu Galilei
RESUMO
PAGANI, B. R. Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em
Barreiras Verticais de Contenção de Contaminantes. 2007. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre,
2007.
O presente trabalho investigou o comportamento mecânico e hidráulico de novos materiais
geotécnicos compósitos para a utilização em barreiras verticais do tipo Slurry Walls.
Fundamentalmente, o objetivo do programa experimental foi analisar o comportamento
tensão-deformação e a influência da poro-pressão, através de ensaios triaxiais e ensaios de
compressão não-confinada em misturas solo-cimento-bentonita (SCB) e solo-cimento-
bentonita-fibra (SCBF) e também a condutividade hidráulica em misturas solo-bentonita-fibra
(SBF) e solo-cimento-bentonita-fibra. As misturas testadas nos ensaios triaxiais, cisalhadas na
condição não-drenada (CIU) com tensões efetivas entre 50 e 470 kPa, foram rompidas após
um período de 7 dias de cura. Nestes ensaios, foram medidas as condutividades hidráulicas
antes e após o cisalhamento dos corpos de prova, a fim de comparar e identificar o
comportamento da condutividade quando as barreiras verticais são solicitadas. A
condutividade hidráulica avaliada em permeâmetro de parede rígida para as misturas SBF e
SCBF foram comparadas com resultados de misturas SB e SCB obtidos na literatura. Os
resultados dos ensaios realizados indicaram uma mudança dos padrões de comportamento dos
materiais compósitos em relação à situação sem reforço, como o aumento dos parâmetros de
resistência ao cisalhamento e a diminuição das deformações volumétricas sob carregamento
isotrópico. Os ensaios de condutividade hidráulica confirmaram que o comportamento do
material não foi afetado pela adição das fibras. Já os ensaios de condutividade hidráulica
realizados no equipamento triaxial demonstraram que a condutividade hidráulica aumenta
após o cisalhamento do corpo de prova.
Palavras-chave: slurry walls; solos reforçados; fibras de polipropileno; bentonita.
ABSTRACT
PAGANI, B. R. Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em
Barreiras Verticais de Contenção de Contaminantes. 2007. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre,
2007.
Study of soil-cement-bentonite-fiber Mixtures for Use in Vertical Barriers for
Contaminant Contention
The present work aimed the investigation of the mechanical and hydraulic behavior of new
geotechnical composite materials for use in vertical barrier walls (Slurry Walls).
Fundamentally, the objective of the experimental program was to analyze the stress-strain
behavior as well as the pore-pressure influence by means of triaxial tests, unconfined
compression tests on mixtures of soil-cement-bentonite (SCB) and soil-cement-bentonite-
fiber (SCBF), and hydraulic conductivity tests on soil-bentonite-fiber (SBF) and soil-cement-
bentonite-fiber mixtures. The speciments formatted by the different mixtures were tested in
the triaxial equipment, and sheared under consolidated isotropically undrained conditions
(CIU) and efective stresses ranging from 50 to 470 kPa, after 7 days of curing. In these tests,
the hydraulic conductivities were measured previously and after shearing the samples, in
order to compare and identify the conductivity behavior at the moment in which the vertical
barriers are requested. The hydraulic conductivity coefficients of SBF and SCBF mixtures
obtained from rigid wall permeameter tests were compared with results existent in the
literature for SB and SCB mixtures. The results indicated changes of the behavior standards
for composite materials if compared with the unreinforced situation, such as increases of
shear strength parameters and decreases of volumetric deformations under isotropic loading.
The results of hydraulic conductivity tests confirmed that the behavior of the material is not
affected by the addition of fibers. The results of hydraulic conductivity tests conducted in the
triaxial equipment showed increases of the hydraulic conductivity coefficient after the
shearing of the samples.
Key-words: slurry walls; reinforced soils; polypropylene fibers; bentonite.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Escavação do trecho e lançamento da lama bentonítica................................. 24
Figura 2.2: Formação do filter cake: (a) deposição das partículas coloidais nos vazios
do solo; (b) filtração da lama por diferença de pressões; (c) formação do filme
protetor ao longo da face da escavação...............................................................
25
Figura 2.3: Processo Construtivo das Barreiras de Solo-Bentonita................................ 28
Figura 2.4: (a) Escavação e (b) lançamento da mistura de solo-cimento-bentonita para
dentro do trecho de escavação.............................................................................
30
Figura 2.5: Cristal de montmorilonita............................................................................... 32
Figura 2.6: Comparação do inchamento de uma montmorilonita cálcica e sódica........... 33
Figura 2.7: Disposição fibra/fissura idealizada............................................................... 40
Figura 3.1: Localização da jazida de solo residual de arenito Botucatu......................... 55
Figura 3.2: Jazida de arenito Botucatu na localidade de Vila Scharlau.......................... 56
Figura 3.3: Curva granulométrica do SRAB.................................................................... 57
Figura 3.4: Distribuição Granulométrica da bentonita sódica......................................... 60
Figura 3.5: Aspecto das fibras de polipropileno com 24 mm de comprimento.............. 61
Figura 3.6: Componentes das misturas............................................................................. 64
Figura 3.7: Segunda etapa: (a) Solo úmido; (b) Solo úmido mais fibras; (c) Mistura
manual.................................................................................................................
65
Figura 3.8: Terceira etapa: (a) Adição de bentonita; (b) Mistura mecânica; (c) Mistura
com cimento........................................................................................................
65
Figura 3.9: Fase final da mistura....................................................................................... 66
Figura 3.10: (a) Desmoldagem; (b) Medição do corpo de prova...................................... 67
Figura 3.11: Ensaio de compressão não-confinada........................................................... 67
Figura 3.12: (a) Instalação do ensaio triaxial; (b) Detalhe da amostra.............................. 69
Figura 3.13: (a) Vista geral do conjunto permeâmetro; (b) Vista detalhada..................... 72
Figura 3.14: Moldagem da amostra no permeâmetro....................................................... 72
Figura 4.1: Ensaios de RCS em amostras de SCBF.......................................................... 77
Figura 4.2: Média dos ensaios de RCS em amostras de SCBF......................................... 77
Figura 4.3: Valores dos Parâmetros B............................................................................... 79
Figura 4.4: Comportamento tensão desvio e poro-pressão versus deformação axial: (a)
SCB e (b) SCBF..................................................................................................
81
Figura 4.5: Variação de Gmáx com a deformação distorcional para o SRAB e SRAB
com fibras 24mm, com p’=100 e 200 kPa e carregamento não drenado............
83
Figura 4.6: Trajetórias de tensões efetivas e envoltórias: (a) SCB e (b) SCBF.............. 86
Figura 4.7: Comparação das envoltórias das misturas SCB SCBF................................... 88
Figura 4.8: Modo de ruptura: (a) Frágil, (b) Frágil-Dúctil e (c) Dúctil............................. 91
Figura 4.9: Condutividade hidráulica em misturas SCB nas tensões efetivas de: (a) 50
kPa, (b) 250 kPa e (c) 480 kPa............................................................................
93
Figura 4.10: Comparação da condutividade hidráulica das misturas SCB: (a) pós-
adensamento e (b) pós-cisalhamento..................................................................
94
Figura 4.11: Condutividade hidráulica em misturas SCBF nas tensões efetivas de: (a)
50 kPa, (b) 220 kPa, (c) 240 kPa, (d) 450 kPa e (e) 480 kPa..............................
96
Figura 4.12: Comparação da condutividade hidráulica das misturas SCBF: (a) pós-
adensamento e (b) pós-cisalhamento..................................................................
97
Figura 4.13: Condutividade hidráulica das misturas SBF................................................. 99
Figura 4.14: Condutividade hidráulica das misturas SCBF.............................................. 100
Figura 4.15: Comparação da k para as misturas SBF e SCBF.......................................... 101
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Dosagem de materiais aplicados em misturas de solo-cimento-bentonita.... 30
Tabela 3.1: Programa de ensaios...................................................................................... 53
Tabela 3.2: Dosagem dos materiais................................................................................. 54
Tabela 3.3: Índices físicos do SRAB............................................................................... 56
Tabela 3.4: Composição do Cimento CP V-ARI............................................................. 58
Tabela 3.5: Índices Físicos da Bentonita Sódica.............................................................. 59
Tabela 3.6: Resumo das propriedades mecânicas das fibras.......................................... 61
Tabela 3.7: Programa de ensaios triaxiais........................................................................ 68
Tabela 4.1: Valores de RCS para misturas SCB e SCBF................................................ 76
Tabela 4.2: Índices de vazios e teor de umidade inicial das misturas SCB e SCBF........ 80
Tabela 4.3: E
s
para deformações axiais de 0.1, 0.5 e 1.0%............................................. 82
Tabela 4.4: Resumo dos ensaios triaxiais não-drenados.................................................. 89
Tabela 4.5: Esquema de rupturas dos corpos de prova.................................................... 90
Tabela 4.6: Comparativo das condutividades hidráulicas das misturas SCB.................. 95
Tabela 4.7: Comparativo das condutividades hidráulicas das misturas SCBF................ 98
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
A: Área da seção transversal
ABCP: Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM: American Society for Testing and Material
B: Parâmetro de poro-pressão de Skempton
c’: Intecepto coesivo efetivo de pico
CID: Ensaio triaxial consolidado isotropicamente drenado
CIU: Ensaio triaxial consolidado isotropicamente não drenado
CP: Corpo de prova
CP V-ARI: Cimento Portland de alta resistência inicial
D
50
: Diâmetro médio dos grãos
e: índice de vazios
e
inicial
: Índice de vazios inicial
e
pós adensamento
: Índice de vazios após o adensamento do corpo de prova
ENVIRONGEO: Laboratório de Resíduos, Novos Materiais e Geotecnia Ambiental
EPA: United States Environmental Protection Agency
Fator a/c: Fator água-cimento
G: Densidade real dos grãos
G
máx
: Módulo de cisalhamento máximo
h: Carga hidráulica
i: Gradiente hidráulico
IP: Índice de Plasticidade
k: Coeficiente de Condutividade Hidráulica
L: Comprimento
l/d: comprimento / diâmetro
LL: Limite de Liquidez
LP: Limite de Plasticidade
NBR: Norma Brasileira
P: Carga em kN
p: (
σ
a
-
σ
r
)/3
p’: Tensão efetiva normal média
PET: Polietileno tereftalato
PPGEC: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
q: Tensão desvio (
σ
a
-
σ
r
)
q
final:
Tensão desvio final
q
u
: Resistência a compressão não-confinada
q
rup
: Tensão desvio na ruptura
R
2
: Coeficiente de determinação
RCS: Resistência à compressão não-confinada
s’: (
σ
a
+
σ
r
)/2
SB: Solo-Bentonita
SBF: Solo-Bentonita-Fibra
SCB: Solo-Cimento-Bentonita
SCBF: Solo-Cimento-Bentonita-Fibra
SRAB: Solo Residual de Arenito da Formação Botucatu
t: Intervalo de tempo
t: (
σ
a
-
σ
r
)/2
u: Poro-pressão
UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
V: Volume
v: Velocidade de percolação
w: Teor de Umidade em porcentagem
ε: Deformação axial
φ
: Ângulo de atrito interno efetivo de pico
σ
: Tensão efetiva confinante
σ
a
,
σ
r
: tensões efetiva axial e radial
σ
a
,
σ
r
: tensões totais axial e radial
ρ
: Massa específica real do solo
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1..................................................................................................................... 19
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 19
1.1 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO............................................... 19
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 20
1.2.1 Objetivos Gerais........................................................................................................ 20
1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................................ 20
1.3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA..................................................................... 21
CAPÍTULO 2..................................................................................................................... 22
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 22
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................................... 22
2.2 BARREIRAS DE CONTENÇÃO (SLURRY WALLS).................................................. 22
2.2.1 Barreiras de solo-bentonita...................................................................................... 23
2.2.1.1 Escavação do trecho................................................................................................. 24
2.2.1.2 Preparação da lama bentonítica............................................................................... 26
2.2.1.3 Preparação e colocação do material de preenchimento (Backfill)........................... 27
2.2.2 Barreiras de solo-cimento-bentonita....................................................................... 29
2.2.2.1 Escavação do trecho................................................................................................. 29
2.2.2.2 Mistura do material de preenchimento(Backfill)..................................................... 29
2.3 PROPRIEDADES HIDRÁULICAS.............................................................................. 31
2.3.1 Considerações iniciais............................................................................................... 31
2.3.2 Misturas de solo-bentonita....................................................................................... 33
2.3.3 Misturas de solo-cimento-bentonita........................................................................ 34
2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS................................................................................. 35
2.4.1 Misturas de solo-bentonita....................................................................................... 36
2.4.2 Misturas de solo-cimento-bentonita........................................................................ 38
2.5 SOLOS REFORÇADOS COM FIBRAS...................................................................... 38
2.5.1 Materiais compósitos fibrosos.................................................................................. 38
2.5.2 Tipos de fibras........................................................................................................... 41
2.5.2.1 Fibras naturais.......................................................................................................... 41
2.5.2.2 Fibras Poliméricas.................................................................................................... 42
2.5.2.3 Fibras Minerais........................................................................................................ 44
2.5.2.4 Fibras Metálicas....................................................................................................... 44
2.5.3 Estudos experimentais.............................................................................................. 45
CAPÍTULO 3..................................................................................................................... 52
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL................................................................................ 52
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................................... 52
3.2 PROGRAMA DE ENSAIOS......................................................................................... 52
3.3 DOSAGEM DOS MATERIAIS NAS MISTURAS...................................................... 53
3.4 MATERIAIS UTILIZADOS......................................................................................... 55
3.4.1 Solo Residual de arenito Botucatu (SRAB)............................................................ 55
3.4.2 Cimento...................................................................................................................... 58
3.4.3 Bentonita.................................................................................................................... 58
3.4.4 Fibra........................................................................................................................... 60
3.4.5 Água........................................................................................................................... 61
3.5 VARIÁVEIS DE RESPOSTA....................................................................................... 62
3.6 MÉTODOS DE ENSAIO E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS.................................. 63
3.6.1 Coleta e preparação dos materiais.......................................................................... 63
3.6.2 Preparação dos corpos de prova.............................................................................. 64
3.6.3 Ensaios de compressão não-confinada.................................................................... 67
3.6.4 Ensaios triaxiais........................................................................................................ 68
3.6.5 Ensaios de condutividade hidráulica....................................................................... 71
CAPÍTULO 4..................................................................................................................... 75
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................. 75
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................................... 75
4.2 COMPORTAMENTO MECÂNICO............................................................................. 75
4.2.1 Ensaios de compressão não-confinada em misturas SCB e SCBF....................... 75
4.2.2 Ensaios triaxiais em misturas SCB e SCBF............................................................ 78
4.2.2.1 Variação do parâmetro B......................................................................................... 78
4.2.2.2 Variação volumétrica na fase de adensamento........................................................ 79
4.2.2.3 Curvas tensão desvio e variação da poro-pressão versus deformação axial............ 81
4.2.2.4 Envoltórias de ruptura e parâmetros de resistência................................................. 84
4.2.2.5 Modo de ruptura....................................................................................................... 89
4.3 COMPORTAMENTO HIDRÁULICO......................................................................... 91
4.3.1 Ensaios de condutividade hidráulica medidos no equipamento triaxial............. 91
4.3.1.1 Mistura do tipo SCB................................................................................................ 91
4.3.1.2 Mistura do tipo SCBF.............................................................................................. 95
4.3.2 Ensaios de condutividade hidráulica medidos em permeâmetro de parede
rígida...................................................................................................................................
98
4.3.2.1 Mistura do tipo SBF................................................................................................. 99
4.3.2.2 Mistura do tipo SCBF.............................................................................................. 101
CAPÍTULO 5..................................................................................................................... 103
5. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 103
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 103
5.2 ENSAIOS DE COMPRESSÃO NÃO-CONFINADA.................................................. 103
5.3 ENSAIOS TRIAXIAIS.................................................................................................. 103
5.4 ENSAIOS DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA.................................................... 105
5.4.1 Medidos no Equipamento Triaxial.......................................................................... 105
5.4.2 Medidos em Permeâmetro de Parede Rígida......................................................... 106
5.5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS......................................................... 107
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 109
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
1.1 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
Os problemas relacionados à contaminação de solos e desastres ambientais passaram a
ser vinculados como conseqüências do crescimento econômico e do desenvolvimento
científico e tecnológico. Apesar dos avanços positivos que a evolução proporciona, esta
representa grande risco ambiental quando tratada com descaso, podendo causar a deterioração
dos recursos naturais e a perda da biodiversidade. As contaminações do solo, por exemplo,
podem ser geradas de diversas maneiras, como: vazamento de tanques de combustível,
rompimento de canalizações que transportam matérias-primas como ácido e derivados do
petróleo, despejo de produtos químicos inadequadamente, etc. A absorção destas substâncias
contaminantes pelo solo pode causar alteração do seu desempenho físico, mecânico e
hidráulico, como por exemplo, o aparecimento de patologias nas estruturas de fundação e
principalmente a contaminação do lençol freático.
Técnicas de contenção e remediação estão sendo largamente empregadas para resolver
tais problemas. Uma das soluções encontradas para impedir a disseminação de contaminantes
são as barreiras verticais de contenção, em que misturas de solo-bentonita (SB) e solo-
cimento-bentonita (SCB) são utilizadas com o objetivo de evitar a contaminação do lençol
freático ou de áreas específicas.
O caráter inovador desta pesquisa e gerador de novas tecnologias no ramo da
engenharia geotécnica é o método de reforço do material de preenchimento da barreira através
da inclusão de fibras às misturas de solo-bentonita e solo-cimento-bentonita. Esta técnica tem
sido desenvolvida para melhorar o desempenho de materiais suscetíveis a problemas causados
pela perda de resistência pós-pico e controle de propagação de fissuras, por exemplo.
A metodologia de reforço de solos com fibras nos moldes que se tem hoje começou a
ser investigada a pouco mais de três décadas, enfocando o reforço de solos através de
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
20
inclusões discretas e orientadas de fibras. Porém, com o passar do tempo, começou-se a
investigar o reforço de solos através de inclusões aleatoriamente distribuídas. Este método
tem demonstrado eficiência quando empregado tanto em solos cimentados como em solos não
cimentados, devido à melhoria nas propriedades mecânicas que é capaz de conferir a estes
materiais, principalmente os aumentos da resistência e a diminuição da queda de resistência
pós-pico.
Este trabalho buscou, também, contribuir para uma melhor interpretação e
compreensão do comportamento de solo reforçado com fibras de polipropileno, podendo
potencializar o uso de misturas solo-cimento-bentonita-fibra em grandes obras para contenção
de plumas contaminantes.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho de dissertação busca, com base nos recursos científicos e tecnológicos,
estudar novos materiais a serem utilizados em barreiras hidráulicas para a contenção de
contaminantes, utilizando um solo característico da região sul do Brasil e outros materiais
disponíveis no mercado.
1.2.1 Objetivo Geral
Foi objetivo geral desse Trabalho de Pesquisa:
Avaliar o comportamento mecânico e hidráulico de misturas contendo solo,
bentonita sódica, cimento e fibra para utilização como material de preenchimento
em barreiras verticais, visando impedir a contaminação do lençol freático e o
comprometimento das estruturas de fundação situadas em solos contaminados.
1.2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
Verificar o comportamento tensão desvio versus deformação, tensão desvio versus
poro-pressão e parâmetros de resistência em misturas de solo-cimento-bentonita
com e sem fibras através de ensaios triaxiais;
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
21
Avaliar a condutividade hidráulica medida durante os ensaios triaxiais antes e após
a fase de cisalhamento do corpo de prova;
Analisar a condutividade hidráulica em misturas solo-bentonita-fibra e solo-
cimento-bentonita-fibra, os quais foram realizados em permeâmetro de parede
rígida, através da percolação de água nas misturas.
1.3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
A presente pesquisa está dividida em cinco capítulos, a seguir descritos: (1)
identificação do problema e objetivos da pesquisa; (2) revisão da literatura existente sobre o
assunto; (3) planejamento e execução do programa experimental de laboratório; (4) análise e
discussão dos resultados e (5) conclusões.
O primeiro capítulo apresenta uma abordagem sobre a utilização das barreiras de solo-
bentonita e solo-cimento-bentonita e a importância do reforço de solos com fibras. Baseando-
se nesta abordagem, foi possível definir um projeto de pesquisa e identificar os principais
objetivos.
O segundo capítulo consiste na revisão da literatura existente a respeito do tema desta
dissertação, priorizando trabalhos científicos que pudessem fornecer subsídios para o
desenvolvimento de um programa experimental adequado a pesquisa proposta.
O terceiro capítulo apresenta a descrição do programa experimental estabelecido, além
da caracterização dos materiais utilizados, a definição da dosagem dos mesmos e os métodos
utilizados para a realização dos ensaios.
No quarto capítulo são apresentadas as análises e discussões dos resultados dos
ensaios de laboratório, obtidos no programa experimental.
No quinto capítulo, última parte deste trabalho, tem-se a síntese das principais
informações obtidas, além de sugestões para as próximas pesquisas.
CAPÍTULO 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este capítulo apresenta uma revisão da literatura sobre as barreiras de contenção
(barreiras verticais) tipo slurry walls, abordando a execução de cada método, as propriedades
hidráulicas e mecânicas de misturas de solo-bentonita e solo-cimento-bentonita, o reforço de
solos com fibras, bem como os tipos de fibras existentes.
2.2 BARREIRAS DE CONTENÇÃO (SLURRY WALLS)
As slurry walls, também conhecidas como paredes de lama, constituem-se
basicamente na escavação de um trecho (barreira vertical) de solo, o qual é preenchido com
uma lama bentonítica, que pode ser uma mistura de bentonita-água ou bentonita-água-
cimento, que logo depois enrijece dentro do trecho ou é substituída por outro material
geotécnico (solo). A lama forma uma película de baixa condutividade hidráulica (<10
-8
cm/seg) que promove a estabilização da trincheira escavada (UFBA, 2005 apud. LEMOS,
2006), equilibrando a pressão exercida pelo solo e pela água nela presente, evitando que a
escavação desmorone.
De acordo com Xanthakos (1979) e Opdyke e Evans (2005) as barreiras podem ser
classificadas da seguinte maneira:
De acordo com o material de preenchimento (backfill) da trincheira, elas
podem ser classificadas como solo-bentonita, cimento-bentonita e solo-
cimento-bentonita;
Dependendo da estratigrafia do subsolo, elas podem ser cravadas em um
substrato ou suspensas;
Podem ter função estrutural, de acordo com as condições da morfologia e da
estratigrafia do local;
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
23
Dependendo das condições do local, elas podem estar, ou não, em um ambiente
agressivo;
E ainda dependendo da geometria, podem ser abertas para conter o fluxo ou
fechadas a fim de isolar totalmente a pluma contaminante.
Normalmente as paredes de lama são usadas para conter água subterrânea contaminada
e isolar contaminantes, as quais devem ser definidas em condições de projeto. Nestas
misturas, a bentonita sempre está incluída. Dentre os diversos parâmetros de importante
análise em um projeto de barreiras de contenção, o que recebe atenção principal é a
condutividade hidráulica.
O material de preenchimento pode apresentar diferentes funções ao ser misturado com
materiais distintos: em barreiras de solo-bentonita, contribui para uma granulação adequada
do material; em barreiras de cimento-bentonita, “suporta” as partículas de cimento, evitando a
segregação da lama. Segundo Evans (1993) materiais de preenchimento diferentes implicam
em métodos construtivos diferentes.
No estudo desenvolvido nesta dissertação, foi utilizada a bentonita sódica, por
apresentar superior capacidade de expansão e menor condutividade hidráulica quando
percolada por água.
As características, propriedades e forma de execução das barreiras do tipo cimento-
bentonita não foram aqui apresentadas pelo fato de não fazerem parte do foco desse estudo.
2.2.1 Barreiras de solo-bentonita
As barreiras de solo-bentonita (SB) foram primeiramente desenvolvidas nos Estados
Unidos no início dos anos 40. Com o passar dos anos, as barreiras foram construídas, de
forma temporário ou permanente, para o controle das infiltrações nas escavações (fundações,
aterros) e, principalmente, para evitar as infiltrações de poluentes carregados por lençóis
freáticos contaminados (RYAN e DAY, 2002). Nos últimos anos, as slurry walls vem
substituindo outros processos construtivos consagrados de barreiras de contenção devido,
essencialmente, a maior rapidez na construção e ao seu menor custo (XANTHAKOS, 1979).
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
24
As barreiras de solo-bentonita, em locais onde ocorrem resíduos perigosos, funcionam
como paredes semi-permeáveis com o objetivo de conter o lençol freático contaminado ou
redirecionar o mesmo no caso de áreas com solos contaminados.
2.2.1.1 Escavação do trecho
A barreira de contenção de solo-bentonita é construída através da escavação de um
largo trecho, normalmente com 0,6 a 1,5 m de largura (D’APPOLONIA, 1980, apud.
AZAMBUJA, 2004), de materiais escaváveis até camadas de materiais impenetráveis
(rochas). Se o contaminante presente no subsolo tiver uma densidade inferior à da água, não é
necessário vincular a barreira a uma camada impenetrável; este tipo de barreira é conhecido
como barreira suspensa (BAXTER, 2000).
O equipamento utilizado para a escavação do trecho será selecionado de acordo com a
profundidade do projeto. A escavação é realizada primeiramente pela porção de maior
declividade e, posteriormente, pela porção de menor inclinação. O trecho é preenchido
durante toda a escavação com lama bentonítica (D’APPOLONIA, 1980; DUGUID et al.,
1971; KOCH, 2002; MILLET e PEREZ, 1981, apud. AZAMBUJA, 2004; XANTHAKOS,
1979), o qual é ilustrado na Figura 2.1.
Figura 2.1: Escavação do trecho e lançamento da lama bentonítica
(fonte: www.aestusinc.com).
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
25
Quando a lama bentonítica é lançada para dentro do trecho, ela penetra para dentro dos
vazios do solo adjacente por diferença de pressões. Neste procedimento, grupos de partículas
sólidas (colóides) se acumulam dentro dos poros das partículas do solo adjacente formando
uma camada fina na interface da lama bentonítica e do solo, conhecida como filter cake. Logo
após, geralmente depois de alguns segundos, o filter cake é coberto por uma fina camada de
bentonita, também chamada de filme protetor. O processo é ilustrado na Figura 2.2. Nesse
estágio, a barreira está impermeável e oferece completa resistência a penetração de líquidos.
A pressão lateral exercida pela lama bentonítica no trecho age contra o filter cake
estabilizando as paredes da escavação, e evitando assim, o seu colapso (XANTHAKOS,
1979).
Figura 2.2: Formação do filter cake: (a) deposição das partículas
coloidais nos vazios do solo; (b) infiltração da lama por diferença de
pressões; (c) formação do filme protetor ao longo da face da
escavação (fonte: Xanthakos, 1979).
Segundo Filz et al. (1997) a lama bentonítica é mantida, durante toda a escavação,
pelo menos 60 cm acima do nível d’água dentro do solo e, no máximo, 90 cm abaixo do nível
da superfície. Se durante o processo de escavação o nível da lama bentonítica estiver abaixo
do nível d’água subterrânea, devido ao um aumento repentino do lençol freático ou a uma
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
26
perda excessiva de lama bentonítica para um solo adjacente muito poroso, a poro-pressão do
solo adjacente irá gerar uma força interior sobre o filter cake provocando a sua desintegração.
Com isso, o nível d’água ficará livre para escoar para dentro do trecho escavado gerando um
colapso da parede de escavação (XANTHAKOS, 1979). Além da variação do nível d’água,
outro fator atribuído ao colapso das paredes de escavação, deve-se à redução da densidade da
lama bentonítica devido à sedimentação das partículas suspensas (MORGENSTERN e
AMIR-TAHMASSEB, 1965 apud. AZAMBUJA, 2004).
São retirados do fundo do trecho escavado a lama grossa (slurry) e alguns sedimentos
com uma escavadeira de mandíbula pouco antes da colocação da mistura de solo-bentonita.
Segundo D’Appolonia (1980) apud. Azambuja (2004), na maioria das vezes, é desnecessário,
pois a condutividade hidráulica de qualquer lama encapsulada removida é menor do que a
mistura solo-bentonita da barreira que irá substituí-la dentro do trecho. Entretanto, se no
fundo da escavação existirem materiais granulares, estes devem ser removidos.
O método de escavação utilizado não é importante para a eficiência final da barreira de
solo-bentonita, mas é essencial que a camada impenetrável seja atingida em todo o
comprimento de escavação (MILLET e PEREZ, 1981 apud. AZAMBUJA, 2004). Com isso,
quando atingida a profundidade requerida na escavação, o material do substrato deve ser
checado para conferir se suas propriedades são as mesmas àquelas previstas em projeto.
2.2.1.2 Preparação da lama bentonítica
Segundo Xanthakos (1979) os métodos de preparação da lama bentonítica para a
introdução no trecho escavado irão variar com o tamanho do projeto. Os métodos mais
comuns utilizados envolvem o uso de misturadores (flash-type mixers) e tanques de
circulação.
De acordo com D’Appolonia et al. (1979) apud. Azambuja (2004) a bentonita seca
deve ser colocada junto com um jato d’água turbulento dentro de misturadores, os quais
descarregam essa mistura dentro de um tanque de baixa circulação onde a bentonita é
hidratada. Este sistema de preparação se adapta bem para grandes volumes de lama
bentonítica. Geralmente, dois tanques são empregados, um misturando e um outro para
armazenamento da lama hidratada antes da introdução no trecho.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
27
Em pequenos projetos, vale mais a pena a utilização de misturadores (propeller-type)
que despejem a lama diretamente dentro do trecho escavado. Nesse caso, a bentonita deve
ficar dentro dos misturadores até a sua hidratação completa. O método de preparo da lama
bentonítica não influenciará na efetividade da barreira de solo-bentonita (D’APPOLONIA,
1980 apud. AZAMBUJA, 2004).
As propriedades da lama bentonítica são determinadas para que mantenham o trecho
de escavação estável. Estas são especificadas com o objetivo de atingir uma baixa
condutividade nas barreiras de solo-bentonita. Os valores das propriedades recomendados em
projetos, na maioria dos casos, estão baseados em experiências passadas. Para a formação da
mistura de solo-bentonita, na prática, é utilizado de 1 a 5 % de bentonita, enquanto que as
quantidades de solo e água podem variar de acordo com as propriedades desejadas
(D’APPOLONIA, 1980 apud. AZAMBUJA, 2004; ANDROMALOS e FISHER, 2001). A
utilização de 2 a 4% de bentonita é recomendada por Millet et al. (1992). Enquanto que, para
a formação da lama bentonítica, geralmente é utilizado 5 % de bentonita misturada a 95 % de
água (EVANS e DAWSON, 1999).
2.2.1.3 Preparação e colocação do material de preenchimento (Backfill)
Á medida que a escavação segue em uma das extremidades do trecho, o preenchimento
da mistura de solo-bentonita começa a ser realizado no outro extremo. Primeiramente, a mistura
deve ser depositada em um mesmo local do fundo do trecho escavado com uma escavadeira de
mandíbula (clamshell) segundo uma inclinação de 6:1. Este processo continua até que a mistura
de solo-bentonita atinja a superfície gerando assim uma rampa como mostra a Figura 2.3. Em
seguida, a mistura de solo-bentonita é empurrada para dentro do trecho escoando
progressivamente pela rampa sem que ocorra a segregação do material. A mistura de solo-
bentonita expulsa a lama bentonítica do trecho formando o material final da barreira
(BAXTER, 2000; KHOURY et al., 1992; XANTHAKOS, 1979).
O backfill é executado ao lado do trecho utilizando um equipamento apropriado
(carregadeiras de esteiras ou bulldozer). O material é preparado misturando-se o solo,
geralmente o solo escavado, com a lama bentonítica.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
28
Figura 2.3: Processo Construtivo das Barreiras de Solo-Bentonita
(fonte: Baxter, 2000).
A lama bentonítica utilizada na mistura pode ser fresca (recém-preparada) ou pode-se
usar a que está dentro do trecho. Normalmente, a lama bentonítica do trecho é preferível, pois
ela é mais grossa e, além disso, contém materiais finos em suspensão, os quais ajudam a
diminuir a condutividade hidráulica da mistura de solo-bentonita (D’APPOLONIA, 1980
apud. AZAMBUJA, 2004). Adicionalmente, a remoção da lama bentonítica do trecho implica
na introdução de lama fresca para dentro do trecho, dessa forma, reduzirá o carregamento dos
sólidos suspensos e o peso específico.
O peso específico da lama do trecho deve ser mantido menor do que o peso específico
do material de preenchimento de solo-bentonita. Esse procedimento garante uma expulsão da
lama à medida que vai se colocando o material de preenchimento de solo-bentonita para
dentro do trecho escavado (D’APPOLONIA, 1980 apud. AZAMBUJA, 2004; MILLET et al.,
1992; EVANS, 1993).
Segundo Koch (2002) vários experimentos mostraram que para o processo de
substituição da lama bentonítica do trecho seja mais fácil, a lama deve ser fluida o suficiente
para permitir escoamento para fora do trecho, mas ao mesmo tempo deve garantir que não
exista segregação de materiais.
De acordo com as especificações de projeto, o excesso de backfill de solo-bentonita e
o excesso de lama não utilizados devem ser adequadamente dispostos. Sobre o topo da
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
29
barreira pode ser realizada uma cobertura, mas deve-se esperar um determinado período de
tempo antes de sua execução (EPA, 1998).
2.2.2 Barreiras de solo-cimento-bentonita
Segundo Santos (2005) as barreiras de solo-cimento-bentonita (SCB) são construídas
da mesma forma que as barreiras de solo-bentonita. Contudo, normalmente, são mais rasas
apresentando uma profundidade menor que 15m (RYAN e DAY, 2002), sendo que isto
depende do tipo do solo no local.
As barreiras de solo-cimento-bentonita combinam a baixa condutividade hidráulica
das barreiras de solo-bentonita com um material de moderada resistência. Esta técnica pode
ser mais vantajosa em lugares aonde seja possível utilizar o solo de escavação para a
composição da mistura, portanto, diminuindo a quantidade de material disposta
(PEARLMAN, 1999). Segundo Andromalos e Fisher (2001), geralmente, as barreiras de solo-
cimento-bentonita são utilizadas quando as barreiras de solo-bentonita não possuem
resistência suficiente para suportar a escavação do trecho.
2.2.2.1 Escavação do trecho
As ferramentas utilizadas para a escavação do trecho, são as mesmas dos métodos
anteriores. Segundo Ryan e Day (2002) a escavação é realizada em um ponto inicial até a
profundidade especificada em projeto com a lama bentonítica agindo como um agente
estabilizante, evitando o desmoronamento das paredes da escavação.
2.2.2.2 Mistura do material de preenchimento (Backfill)
Os materiais de preenchimento de solo-cimento-bentonita e solo-bentonita são,
comumente, misturados por equipamentos móveis, que acompanham o ritmo da escavação.
Entre eles estão as retroescavadeiras e as carregadeiras. Esta é a principal razão para a
produtividade e diminuição dos custos das barreiras verticais.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
30
Logo após o termino da escavação, o material de preenchimento de SCB é lançado
dentro do trecho expulsando a lama bentonítica, conforme ilustra a Figura 2.4. Este processo é
conhecido por duas fases de execução, a primeira etapa consiste na escavação do trecho,
enquanto que a segunda é a colocação do material de preenchimento da barreira (EVANS et
al., 1999).
(a) (b)(a) (b)
Figura 2.4: (a) Escavação e (b) lançamento da mistura de solo-
cimento-bentonita para dentro do trecho de escavação. (fonte: Ryan e
Day, 2002).
As quantidades dos materiais usualmente utilizados na dosagem de misturas de solo-
cimento-bentonita estão apresentadas a seguir na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Dosagem de materiais aplicados em misturas de solo-
cimento-bentonita
Materiais Quantidades (%)*
Bentonita 2 - 3
Cimento 10- 20
Solo e Água A determinar
(Fonte: Ryan e Day, 2002).
* Percentual calculado em relação ao peso total da mistura
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
31
2.3 PROPRIEDADES HIDRÁULICAS
2.3.1 Considerações iniciais
Um dos principais fatores que irá interferir na condutividade hidráulica das barreiras
verticais é o tipo de material utilizado na mistura de preenchimento das mesmas, sendo um
material argiloso normalmente utilizado. Os argilominerais pertencem a família dos
filossilicatos. Os filossilicatos são minerais com estrutura em folhas constituídas por
tetraedros de sílica e octaedros de alumínio ou magnésio. Os três principais grupos de
minerais de argilominerais são as caolinitas, esmectitas e ilitas.
As esmectitas são os argilominerais mais utilizados para a contenção de escavações e
em barreiras de contenção. Elas são as principais componentes das bentonitas que são argilas
industrializadas fortemente hidratáveis aplicadas na lama de perfuração. Segundo Pereira
(2005) o termo bentonita é utilizado comercialmente para denominar a montmorilonita que
possui o sódio como cátion trocável, que é uma raridade de esmectita.
As argilas são agregadas em pacotes laminares como um baralho de cartas. Cada
lâmina mede 10Å, ou seja, cada milímetro comporta 1 milhão de lâminas. Ao entrarem em
contato com água, os pacotes de argila vão se separando à medida que a água penetra entre as
camadas. Esta separação aumenta a área de superfície exposta, atraindo as moléculas de água
criando o efeito gel, este efeito é chamado de dispersão (PEREIRA, 2005).
Segundo Gleason et al. (1997) as características das esmectitas incluem grande
capacidade de troca catiônica, grande área superficial e baixa condutividade hidráulica para a
água. O cristal de montmorilonita consiste de 3 camadas: alumina sobreposta e sotoposta por
sílica como se fosse um sanduíche, como pode se observar na Figura 2.5.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
32
Figura 2.5: Cristal de montmorilonita (fonte: Pereira, 2005).
A bentonita é caracterizada pelo cátion externo adsorvido na superfície da partícula
durante a formação do mineral, podendo este ser o sódio ou o cálcio. A bentonita sódica é
mais utilizada na selagem e na impermeabilização por possuir uma maior capacidade de
expansão e menor condutividade hidráulica na água do que a bentonita cálcica (ALTHER,
1982, 1987; RESCHKE e HAUG, 1991 apud. GLEASON et al.,1997). Porém a bentonita
cálcica é mais estável quimicamente quando exposta a certos compostos químicos.
A reatividade da argila é refletida na sua capacidade em trocar cátions, a área de
superfície das placas e a quantidade de água adsorvida. A capacidade de troca catiônica da
esmectita é 10 vezes maior que das outras, em média. O melhor exemplo de troca catiônica
nas argilas é a substituição de Mg
+2
por Al
+3
nas montmorilonitas. A troca deixa elétrons
excedentes, ou seja, cargas negativas nas superfícies das lâminas. Estas são compensadas por
cátions adsorvidos que unirão as placas em grandes pilhas. Os cátions podem ser
monovalentes como o Na
+
ou bivalentes como o Ca
+2
e o Mg
+2
. Desta forma, a
montmorilonita pode ser cálcica ou sódica. A Figura 2.6 apresenta uma comparação entre o
inchamento de uma bentonita sódica e cálcica (PEREIRA, 2005).
O cristal de montmorilonita consiste de três camadas. Se a superfície negativa da placa
está associada a uma nuvem de cátions, a extremidade ou aresta possui cargas positivas
expostas, resultantes de rupturas da estrutura cristalina do mineral (tendência de ir se
quebrando em plaquetas menores). O espaço intercamadas, dependendo do cátion presente,
será de 9,8 Å (Na
+
) ou 12,1 Å (Ca
+2
), preenchido com moléculas de água firmemente
aderidas. Em contato com a água doce, esta por sua natureza bipolar invade o espaço
intercamadas que expande com a argila adsorvendo grandes porções de água. A dispersão
resultante gera o que nós conhecemos como viscosidade. A expansão nas montmorilonitas de
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
33
cálcio chega a 17 Å e nas montmorilonitas de sódio, a 40 Å. A força de atração intercamadas
exercida pelo Ca
+2
é 4 vezes maior que o Na
+
e impede a penetração de maior quantidade de
água. Este fato resulta numa viscosidade quatro vezes maior da bentonita sódica em relação a
bentonita cálcica (PEREIRA, 2005).
Figura 2.6: Comparação do inchamento de uma montmorilonita
cálcica e sódica (fonte: Pereira, 2005).
A água apresenta uma grande afinidade físico-química com os minerais de argila. Tal
afinidade é responsável pelas características de plasticidade e de expansividade das argilas
quando em presença de água.
2.3.2 Misturas de solo-bentonita
A condutividade hidráulica do material de preenchimento de solo-bentonita depende
necessariamente da graduação do solo e da quantidade de bentonita utilizada na mistura.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
34
A consistência ideal do material de preenchimento é uma pasta saturada tendo baixa
resistência ao cisalhamento para ser capaz de escoar facilmente, mas ao mesmo tempo ter
rigidez suficiente para permanecer estável numa declividade de 10:1. Esta consistência
corresponde a um slump de 10 a 15 e uma quantidade de água na mistura de solo-bentonita
normalmente entre 25 a 30% em relação ao peso total (AZAMBUJA, 2004).
A quantidade de bentonita misturada vai depender diretamente do teor de umidade do
solo que será usado na mistura. A porcentagem de bentonita na mistura será maior, quando o
solo estiver seco, para poder conduzir a mistura a uma consistência adequada, enquanto que
se o solo escavado utilizado para a mistura estiver localizado abaixo do nível do lençol
freático a quantidade de bentonita utilizado será menor. Caso o solo esteja com uma umidade
muito elevada, é possível adicionar bentonita seca a mistura. Para isso, segundo D’Appolonia
(1980) apud. Azambuja (2004), é necessário adicionar antes a bentonita seca ao solo e,
somente depois aplicar a lama bentonítica.
Outro fator importante na condutividade hidráulica do material de preenchimento é a
graduação do solo. Então, quanto menor a condutividade hidráulica no solo, menor será a
condutividade hidráulica da mistura de solo-bentonita. Solos com maior porcentagem de finos
plásticos na sua granulometria irão ter menores valores de condutividade hidráulica se
comparados a materiais de maior diâmetro e não-plásticos. Em muitas aplicações, um teor de
pelo menos 20% de finos, de preferência plásticos, é recomendado. Uma barreira típica de
solo-bentonita apresenta normalmente uma condutividade hidráulica de 10
-9
m/s, a qual é
facilmente atingida na maioria dos projetos (D’APPOLONIA, 1980 apud. AZAMBUJA,
2004; XANTHAKOS, 1979).
2.3.3 Misturas de solo-cimento-bentonita
A condutividade hidráulica de um material de preenchimento composto de solo-
cimento-bentonita é um resultado de complexas interações entre os vários componentes da
mistura. O cimento Portland interfere na capacidade de uma mistura de solo e bentonita
atingir baixos valores de condutividade hidráulica (RYAN e DAY, 2002). Conforme
ressaltaram Mutch et al. (1997) apud. Lemos (2006), com a mistura de solo-cimento-
bentonita, a condutividade hidráulica resultante será maior atingindo valores típicos de 10
-8
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
35
m/s. Segundo Pearlman (1999) é possível atingir valores de condutividade hidráulica por volta
de 5.10
-9
m/s com procedimentos de construção especiais.
De acordo com Plee et al. (1990) a adição do cimento Portland à mistura de solo-
bentonita provoca um efeito negativo na condutividade hidráulica. Uma vez que o cimento
Portland é adicionado à mistura, altera as propriedades químicas da bentonita. A mesma é
afetada na sua capacidade de inchamento e retenção de água (KOCH, 2002). Além disso, o
cimento Portland requer mais água na mistura de solo-bentonita para que se consiga atingir o
slump adequado para o material ser lançado para dentro da escavação (RYAN e DAY, 2002).
Com a introdução de mais água, a densidade do material será menor, mais poros no material
de preenchimento serão formados e, conseqüentemente, maior será a condutividade hidráulica
da barreira de contenção.
Assim como nas barreiras de solo-bentonita, a aplicação de finos pode ter efeito
benéfico para melhorar a eficiência da barreira de solo-cimento-bentonita. Um mínimo de
10% de finos plásticos foi recomendado para uma boa proporcionalidade da mistura de SCB
(ANDROMALOS e FISHER, 2001). Por outro lado, a aplicação de uma quantidade excessiva
de finos pode exigir água adicional para atingir o slump necessário a fim de ter uma
trabalhabilidade adequada e, conseqüentemente, pode diminuir a densidade do material
(RYAN e DAY, 2002).
2.4. PROPRIEDADES MECÂNICAS
A resistência de um argilomineral é função das forças elétricas que atuam entre as
partículas e das tensões de contato interpartículas. Do mesmo modo, o espaço entre as
partículas, a sua orientação, as tensões externas aplicadas, as características do líquido
permeante e tudo o que afetar as forças elétricas interpartículas irá afetar a resistência das
argilas. Assim que:
Quanto maiores as forças elétricas que atuam entre as mesmas e as tensões de
contato interpartículas, maior será a resistência de uma massa de argila;
Quanto maiores as forças de repulsão entre as plaquetas de argila, menor será a
sua resistência;
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
36
Quanto mais perto estiverem as partículas, maiores as tensões de contato, mais
denso será o solo e maior será a sua resistência (LAMBE e WHITMANN,
1979).
De acordo com Lambe e Whitmann (1979) a resistência da argila é afetada pela sua
estrutura. Quando as partículas estão orientadas paralelamente, o solo possui resistência
menor, ou seja, uma argila com estrutura dispersa possui resistência menor que uma argila
com estrutura floculada. Variações nas tensões aplicadas causam variações no espaço entre as
partículas e orientação das mesmas, afetando as forças elétricas, o que, por sua vez, afeta a
resistência das argilas. As características do líquido permeante e o grau de saturação também
afetam as forças elétricas e a orientação das partículas. Da mesma forma, isso também
influencia a resistência das argilas. Argilas altamente expansivas, que possuem um grande
volume de água em seu sistema, tais como a bentonita, possuem resistência mecânica muito
menor que as outras argilas.
2.4.1. Misturas de solo-bentonita
Nos projetos em que as barreiras apresentam como principal objetivo o de conter
contaminantes, a compressibilidade e a resistência não são as principais considerações para o
desenvolvimento de um projeto. No entanto, existem algumas situações, como, por exemplo,
a construção de uma barragem sobre um cutoff (barreiras subterrâneas), condição em que os
projetistas esperam que a compressibilidade da barreira subterrânea seja condizente com a
compatibilidade do solo que se encontra ao seu redor, de maneira a diminuir ao máximo os
possíveis recalques diferenciais da barreira e das estruturas ao seu redor. Se as deformações
de cisalhamento forem previstas em projeto, a barreira deve ser projetada para suportar os
movimentos associados com o solo localizado ao seu redor sem a ocorrência de fissuras ou
desenvolvimento de planos de cisalhamento que podem levar a um aumento na condutividade
hidráulica da barreira. Porém, nos procedimentos dos projetos atuais não são considerados o
estado final de tensões da mistura de solo-bentonita nem a deformação do solo adjacente à
barreira de SB (BAXTER, 2000).
A compressibilidade depende principalmente da porcentagem de partículas granulares
presentes no solo (D’APPOLONIA, 1980 apud. AZAMBUJA, 2004; NATARAJ et al.,
1998). Conseqüentemente, será alcançada uma compressibilidade baixa quando existir a
presença de materiais granulares suficientes na mistura para permitir o contato grão a grão
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
37
entre as partículas de areia. Por outro lado, a compressibilidade será alta quando houver a
presença de materiais finos de características plásticas na mistura de solo-bentonita.
De acordo com D’Appolonia (1980) apud. Azambuja (2004), Millet et al. (1992) e
Evans (1991), é fundamental a aplicação de uma grande quantidade de finos com
características plásticas na sua granulometria, para se alcançar uma baixa condutividade
hidráulica em barreiras de solo-bentonita. No entanto, ao mesmo tempo a inserção desse
material irá gerar uma alta compressibilidade. Uma combinação ótima para se gerar um
material de baixa condutividade hidráulica e compressibilidade consiste de uma matriz
granular cujos vazios gerados serão preenchidos por solos de grãos finos e bentonita. É
sugerido por D’Appolonia (1980) apud. Azambuja (2004), por exemplo, uma combinação de
uma areia com 20 a 30% de materiais finos (partículas de solo passante na peneira n° 200) de
características plásticas. Já uma matriz bem graduada de areia com 20 a 50% de finos
plásticos e um mínimo de 1% de bentonita, é recomendado por Evans (1991). Millet et al.
(1992) recomenda um material arenoso bem graduado, com a presença de 10 a 20% de finos e
com uma proporção de 2 a 4% de bentonita. Entretanto, uma porcentagem maior de finos é
desejável para a obtenção de valores menores de condutividade hidráulica, quando não é
necessária a obtenção de uma compressibilidade baixa.
Além da compressibilidade, outro fator importante em relação às misturas de solo-
bentonita é a sua consistência. Para garantir uma eficiente deposição da mistura de SB para
dentro do trecho de escavação, a consistência recomendada da lama de SB deve ter um slump
entre 12-15 cm (EVANS, 1991; MILLET et al., 1992) ou entre 10-15 cm (D’APPOLONIA,
1980 apud. AZAMBUJA, 2004). A medição do slump é feita com o mesmo aparato padrão
utilizado para a medição de slump em concretos.
Velosa e Colmenares (2006) analisaram misturas compactadas de areia-bentonita, que
são amplamente usadas para controlar a migração de substâncias perigosas pela barreira,
através de ensaios edométricos realizados com amostras compactadas em diferentes
densidades e teores de umidade. Os autores relataram que as barreiras são construídas com
materiais de alta resistência, baixa compressibilidade e com permeabilidade muito baixa. Tais
características podem ser alcançadas usando misturas com areia (para assegurar uma boa
estabilidade da mistura compactada) e bentonita (para preencher os vazios entre as partículas
de areia). Com base nos ensaios realizados foram analisados a influência das condições
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
38
iniciais de compactação, a tensão vertical aplicada e o teor de bentonita. Os resultados
indicaram, que o desenvolvimento de deformações de inchamento com o tempo é altamente
dependente das condições de compactação da areia-bentonita e da tensão de confinamento.
2.4.2. Misturas de solo-cimento-bentonita
A resistência das barreiras de solo-cimento-bentonita é função do fator água-cimento e
da sua idade ou tempo de cura.
As especificações para a resistência mínima das barreiras de solo-cimento-bentonita
variam em um intervalo de 100 a 700 kPa, sendo que alguns projetos exigem um mínimo de
resistência de 200 kPa aos 28 dias (RYAN e DAY, 2002). Todavia, existem numerosos
fatores que devem ser considerados para a determinação da resistência mínima de uma
barreira de solo-cimento-bentonita, entre os quais estão:
O custo do cimento que aumenta quase em proporção direta em relação à
resistência mínima especificada;
O acréscimo excessivo de cimento pode gerar juntas e diminuir
consideravelmente a flexibilidade da barreira sob a ação de carregamentos,
com isso, aumentando as chances de aparecimento de fissuras na barreira;
O efeito do cimento sobre a condutividade hidráulica da barreira.
2.5 SOLOS REFORÇADOS COM FIBRAS
2.5.1 Materiais compósitos fibrosos
Neste item foi feita uma revisão, apresentando definições e propriedades, para uma
melhor compreensão sobre o reforço de solos com fibras.
Atualmente novos materiais têm sido desenvolvidos, geralmente baseado em materiais
tradicionais, mas incorporando, de alguma forma, elementos de reforço. Estes novos materiais
são denominados materiais compósitos.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
39
O material compósito é originado da combinação de dois ou mais materiais que
apresentam propriedades que não são encontradas naqueles que lhe deram origem.
Os materiais compósitos são classificados em dois grandes grupos, segundo Higgins
(1994):
Os materiais compósitos particulados, quando é adicionado à matriz algum
material em forma de partícula;
Os materiais compósitos fibrosos, onde as fibras atuam controlando a abertura
e o espaçamento entre as fissuras, distribuindo de forma mais uniforme as
tensões dentro da matriz.
As fibras não impedem formação de fissuras no compósito, mas são capazes de
aumentar a resistência à tração pelo controle da propagação das mesmas (TAYLOR, 1994).
Segundo Hannant (1994) as fibras mantêm as interfaces das fissuras juntas, atuando
principalmente no estado pós-fissuração, ou seja, aumentando a ductilidade. As fibras que
“atravessam” as fissuras contribuem para o aumento da resistência, da deformação de ruptura
e da tenacidade dos compósitos.
Segundo Hannant (1994) o desempenho dos compósitos reforçados com fibras é
controlado principalmente pelo teor e pelo comprimento da fibra, pelas propriedades físicas
da fibra e da matriz, e pela aderência entre as duas fases. O efeito da orientação e da
distribuição da fibra na matriz é acrescentado por Johnston (1994). A orientação de uma fibra
em relação ao plano de ruptura, ou fissura, influencia fortemente a sua habilidade em
transmitir cargas. Uma fibra que se posiciona paralela ao plano de ruptura não tem efeito,
enquanto que uma perpendicular tem efeito máximo.
Segundo Taylor (1994) os principais parâmetros relacionados ao desempenho dos
materiais compósitos cimentados reforçados com fibras, assumindo que as variações das
propriedades descritas abaixo são atingidas independentemente:
Teor de fibra: um alto teor de fibras confere maior resistência pós-fissuração e
menor dimensão das fissuras, desde que as fibras possam absorver as cargas
adicionais causadas pela fissura;
Módulo de elasticidade da fibra: um alto valor do módulo de elasticidade
causaria um efeito similar ao teor de fibra, quanto maior o módulo maior a
probabilidade de haver o arrancamento das fibras;
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
40
Aderência entre a fibra e a matriz: as características de resistência, deformação
e padrões de ruptura de uma grande variedade de compósitos cimentados
reforçados com fibras dependem fundamentalmente da aderência fibra/matriz.
Uma alta aderência entre a fibra e a matriz reduz o tamanho das fissuras e
amplia sua distribuição pelo compósito;
Resistência da fibra: aumentando a resistência das fibras, aumenta, também, a
ductilidade do compósito, assumindo que não ocorra o rompimento das
ligações de aderência. A resistência necessária dependerá, na prática, das
características pós-fissuração necessárias, bem como do teor de fibra e das
propriedades de aderência fibra-matriz;
Comprimento da fibra: quanto maior for o comprimento das fibras, menor será
a possibilidade delas serem arrancadas. Para uma dada tensão de cisalhamento
superficial aplicada à fibra, esta será melhor utilizada se o seu comprimento for
suficientemente capaz de permitir que a tensão cisalhante desenvolva uma
tensão de arrancamento igual à sua resistência a tração.
De acordo com Taylor (1994) a disposição idealizada da fibra em relação à fissura e o
equacionamento do equilíbrio de forças idealizado no momento em que a fibra é solicitada é
mostrada na Figura 2.7. Torna-se evidente a importância não apenas do comprimento da fibra,
mas também o diâmetro desta. A relação l/d (comprimento/diâmetro) ou fator de forma, é
proporcional ao quociente entre a resistência à tração da fibra e a resistência da aderência
fibra/matriz. Se a fibra tem uma alta resistência a tração (fibra de aço) ou a resistência de
aderência necessária deverá ser alta para impedir o arrancamento antes que a resistência a
tração seja totalmente mobilizada, ou fibras de alta relação l/d deverão ser utilizadas.
Figura 2.7: Disposição fibra/fissura idealizada. (fonte: Taylor, 1994).
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
41
2.5.2 Tipos de fibras
No reforço de solos diversos tipos de fibras podem ser utilizados. O comportamento
do material compósito fibroso será afetado pelas características do comportamento de cada
material, que são intimamente relacionadas ao material do qual são compostas e de seu
processo de fabricação. Assim sendo, a compreensão do mecanismo de interação matriz-
reforço e da parcela de contribuição de cada uma dessas duas fases para o comportamento do
material compósito como um todo é fundamental para a definição do tipo de fibra a ser
empregado. Esta definição dependerá basicamente das características da matriz de solo a ser
reforçada e das características desejadas do material compósito resultante.
Segundo Taylor (1994) o uso de materiais de reforço com maior capacidade de
elongação tem conduzido a melhores resultados do que quando se utilizam fibras com módulo
muito elevado, como fibras de aço, evidenciado por diversas pesquisas. Algumas
características relevantes devem ser consideradas na escolha da fibra para reforço de
materiais: a fibra deve ser quimicamente neutra e não deteriorável, não sofrer ataque de
fungos, bactérias ou álcalis e não ser prejudicial a saúde humana, além de apresentar
características físicas e mecânicas adequadas.
As fibras podem ser classificadas em quatro grandes classes: naturais, poliméricas,
minerais e metálicas, abordadas individualmente a seguir.
2.5.2.1 Fibras Naturais
As fibras naturais foram os primeiros tipos de fibras a serem utilizados na historia da
humanidade, grande parte destas eram de origem vegetal.
De acordo com Hannant (1994) as fibras vegetais utilizadas em materiais compósitos
podem ser de bambu, juta, capim elefante, malva, coco, piaçava, sisal, linho e cana-de-açúcar.
Algumas destas podem atingir grande resistência. As fibras de bambu atingem geralmente
resistências acima de 100 MPa, com módulo de elasticidade entre 10 e 25 GPa.
O principal problema a ser investigado é a avaliação da durabilidade dos compostos
formados com fibras vegetais, pois podem ser degradadas pela adição de fungos e
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
42
microorganismos. A exposição das fibras vegetais em ambientes alcalinos causa uma rápida
degradação das fibras (TEODORO, 1999). Como por exemplo, o emprego das fibras vegetais
como reforço de materiais cimentados com cimento Portland comum.
2.5.2.2 Fibras Poliméricas
A família das fibras poliméricas talvez seja a mais promissora para se utilizada como
reforço de solos. De acordo com sua estrutura química, os polímeros, apresentam diferentes
denominações e comportamentos, dando origem a diferentes tipos de fibras.
Ultimamente vários formatos de fibras poliméricas têm sido empregados como reforço
de solos. As chamadas fibriladas são fibras que apresentam um formato trançado quando
esticadas transversalmente, projetadas de tal forma que se “abram” durante o processo de
mistura com o solo.
Al Wahab e Al-Qurna (1995), Al Wahab e El-Kedrah (1995) e Nataraj et al. (1996),
são autores que tem estudado tais fibras. Os autores McGown et al., (1978) e Morel e Gourc
(1997) também utilizam outro formato de fibras, e que se diferencia um pouco do formato de
fibra, são as malhas de polipropileno, que proporcionam um maior intertravamento com as
partículas do solo. Outro tipo, desenvolvido na França, chamado de Textol, consiste em um
filamento contínuo que é distribuído aleatoriamente dentro da massa de solo.
a) Fibras de Polipropileno:
As fibras de polipropileno são constituídas de um tipo de polímero que adquire uma
consistência plástica com o aumento da temperatura, denominado termoplástico. Os
polímeros termoplásticos são formados de séries de longas cadeias de moléculas
polimerizadas, separadas entre si de forma que possam deslizar umas sobre as outras
(HOLLAWAY, 1994).
Em função de sua composição, as fibras de polipropileno possuem uma grande
flexibilidade e tenacidade, seu módulo de elasticidade gira em torno de 8 GPa (menor que
qualquer outra fibra) e sua resistência à tração é de aproximadamente 400 MPa. De acordo
com Taylor (1994) possuem elevada resistência ao ataque de várias substâncias químicas e
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
43
aos álcalis. Tais características, segundo Taylor (1994), aferem aos materiais a que estas
fibras são incorporadas uma substancial resistência ao impacto.
b) Fibras de Polietileno:
As fibras de polietileno possuem um módulo de elasticidade baixo, são fracamente
aderidas à matriz e altamente resistentes aos álcalis. De acordo com Hannant (1994), sua
durabilidade é alta, mas apresentam maiores deformações de fluência, assim sendo se elas
forem utilizadas para suportar tensões altas permanentemente em um compósito fissurado,
consideráveis elongações e deflexões podem ocorrer ao longo do tempo. O polietileno de alta
densidade tem sido desenvolvido procurando minimizar o problema da baixa aderência e
módulo.
c) Fibras de Poliéster:
De acordo com Taylor (1994) alta densidade, rigidez e resistência, conferem tais
características às fibras de poliéster. Estas fibras apresentam um aspecto semelhante às de
polipropileno e podem ser empregadas para as mesmas aplicações.
Hoje em dia o poliéster é mais conhecido como polietileno tereftalato, ou PET,
utilizado largamente como material de constituição das garrafas plásticas de refrigerantes,
águas minerais e óleos de cozinha, entre outros. Nos últimos anos sua produção e consumo
vêm aumentando muito rapidamente, o que representa um grande problema ambiental, pois
sabe-se que somente uma pequena parcela deste material é reciclado.
d) Fibras de Poliamida (Kevlar):
Polímeros contendo longas cadeias de moléculas geralmente possuem baixa
resistência e rigidez, uma vez que suas moléculas são espiraladas e dobradas. Porém, se estas
moléculas forem espichadas e reforçadas durante o processo de manufatura, altas resistências
e módulos de elasticidade podem ser alcançados, como é o caso do Kevlar (TAYLOR, 1994).
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
44
2.5.2.3 Fibras Minerais
a) Fibras de Carbono:
São materiais fundamentados na resistência das ligações entre os átomos de carbono e
na leveza dos mesmos. As fibras de carbono possuem uma alta resistência à tração e módulo
de elasticidade (em torno de 420 GPa). Essas características tornam imperativo uma grande
aderência entre a matriz e as fibras, caso contrário estas resistências não serão mobilizadas e
as fibras serão arrancadas com cargas menores (TAYLOR, 1994).
b) Fibras de Vidro:
Geralmente são manufaturadas na forma de “cachos”, ou seja, fios compostos de
centenas de filamentos individuais justapostos. O diâmetro dos filamentos individuais é
geralmente da ordem de 10 µm (TAYLOR, 1994).
Em torno de 99% das fibras de vidro são produzidas a partir do vidro tipo E, que é
susceptível ao ataque dos álcalis.
c) Fibras de Amianto:
As fibras de amianto apresentam resistência à tração em torno de 1000 MPa e módulo
de elasticidade em torno de 160 GPa, e apresentam uma ótima aderência com uma matriz
composta por cimento. Seu diâmetro é muito pequeno, da ordem de 1 µm (TAYLOR, 1994).
Em função de seu pequeno diâmetro, quando cortada, a fibra libera partículas muito
pequenas, que danificam os alvéolos pulmonares se aspiradas pelo ser humano. Por causa
disso seu emprego na construção civil foi proibida em muitos países.
2.5.2.4 Fibras Metálicas
As fibras metálicas mais comuns são as de aço. Problemas relacionados à corrosão
podem aparecer dependendo do meio onde estão inseridas. Segundo Taylor (1994) uma
técnica utilizada para minimizar tal problema é o banho de níquel. Hannant (1994) afirma que
seu formato pode ser bastante variável, de forma a aumentar sua aderência com a matriz.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
45
2.5.3 Estudos experimentais
Grande parte dos autores concentraram seus esforços em comparar o comportamento
de solos reforçados com o de solos não reforçados através dos respectivos parâmetros de
resistência ou deformabilidade. Têm-se analisado principalmente as conseqüências em
detrimento das causas. Pretende-se, então, na presente revisão, focalizar e identificar as
causas, ou seja, os mecanismos que regem o comportamento do material compósito, sem
desprezar as conseqüências, pois elas nos permitem identificar quando ocorrem mudanças nos
mecanismos.
Os fatores que afetam o comportamento do compósito solo-fibra são muito complexos.
São inúmeras as combinações de variáveis que alteram de forma significativa os mecanismos
de interação. Para uma dada combinação de variáveis, o resultado obtido pode ser o desejado
para uma dada aplicação do compósito, porém, pode não ser para outra. Conhecendo-se as
mudanças na estrutura do material reforçado com fibras em relação ao solo sem fibras,
teremos base para avaliarmos o comportamento mecânico dos solos reforçados, explicando as
mudanças ocorridas nos parâmetros usuais dos solos não reforçados.
McGown et al. (1978) observaram que as características de resistência e
deformabilidade do elemento de reforço têm uma influência fundamental no comportamento
tensão-deformação do solo reforçado ao estudarem o efeito da inclusão de diferentes fibras
em um solo arenoso. Os autores propuseram a divisão de reforço dos solos em inclusões
extensíveis e não-extensíveis. O elemento de reforço extensível tem deformação de ruptura
maior que a máxima deformação de tração no solo sem reforço. Sua principal função é de
aumentar a ductilidade e diminuir a perda de resistência pós-pico, além do acréscimo de
resistência mecânica. Já o elemento de reforço não-extensível tem deformação de ruptura
menor que a máxima deformação de tração no solo sem reforço, confere ganho de resistência
mecânica, porém, rupturas catastróficas podem ocorrer se o reforço romper.
As fibras somente passam a exercer uma ação efetiva dentro da massa de solo quando
esta, submetida a esforços externos, sofre deformações. O funcionamento das fibras como
elementos de reforço é então comandado pelas características de deformabilidade do solo e
pela forma de distribuição destas deformações, que dependem do tipo de solicitação ao qual o
material está sendo submetido.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
46
Os mesmos autores observam que, para obtermos o máximo beneficio das inclusões,
estas devem estar dispostas na direção das deformações principais dentro da massa de solo.
Também a adesão entre o solo e reforço, bem como as características de deformação e
resistência são parâmetros muito importantes na definição do comportamento do material
compósito. Ao serem submetidas a esforços de tração, as fibras transferem esforços para o
solo, provocando uma redistribuição de tensões e, portanto, de deformações no interior do
solo.
Para reforços inextensíveis (quando apresentam deformações de ruptura menores que a
máxima deformação de tração do solo sem inclusões) tal efeito se dá até a ruptura dos
mesmos, momento a partir do qual o comportamento volta gradualmente ao do solo não
reforçado. Para reforços extensíveis (quando apresentam deformações de ruptura maiores que
a máxima deformação de tração do solo não reforçado), tal efeito se faz presente praticamente
ao longo de toda a curva tensão-deformação, para níveis de deformação menores e maiores
que a deformação de pico do solo não reforçado.
McGown et al. (1988) estudaram a influência da adição de malhas de polipropileno na
resistência de um solo granular. A adição do reforço aumentou de forma considerável a
resistência do solo obtida em ensaios triaxiais e ensaios de placa em escala reduzida. O
intertravamento entre o solo e reforço alterou os parâmetros de resistência e de
deformabilidade, sendo mais pronunciado para teores maiores de reforço.
Uma massa de solo reforçada com fibras discretas distribuídas aleatoriamente utiliza
processos tradicionais de mistura do solo estabilizado com cimento, cal ou outro aditivo. Uma
das principais vantagens de fibras distribuídas aleatoriamente é a manutenção da resistência
isotrópica e a ausência de planos de fraqueza que podem ser desenvolvidos em sistemas de
reforço orientado. Neste trabalho foi analisada a influência de diversos parâmetros das fibras e
dos solos sobre o comportamento tensão-deformação das misturas. Os autores verificaram a
existência de uma tensão de confinamento crítica, onde o aumento da relação l/d resulta na
redução desta tensão de confinamento crítica e torna mais efetiva a contribuição da fibra no
aumento da resistência ao cisalhamento, porém, o crescimento da resistência ao cisalhamento
com o aumento no teor de fibra é observado até um certo limite (GRAY e MAHER, 1989).
Maher e Gray (1990) salientam que a técnica de reforço como alvo de grande parte dos
trabalhos mais recentes é o emprego de fibras discretas aleatoriamente distribuídas, pois ela
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
47
possui duas grandes vantagens em relação aos solos reforçados com inclusões orientadas,
contínuas ou não: minimiza o surgimento de qualquer tipo de anisotropia e não induz planos
preferenciais de fraqueza. As características almejadas com a inclusão de fibras nem sempre
dizem respeito a um aumento da capacidade de suporte do material. Vários outros aspectos,
como maior capacidade de absorção de energia (maior resistência ao impacto), queda na
redução de resistência pós-pico (para o caso de materiais mais frágeis), maior capacidade de
absorver deformações até atingir a resistência última, entre outros, são exemplos disso.
A inclusão de fibras afeta a parcela friccional da resistência para tensões confinantes
baixas. Já em caso de tensões maiores existe um ponto que define uma clara mudança no
mecanismo de interação solo-fibra, a partir da qual a parcela friccional atinge o mesmo
patamar do solo sem reforço, correspondendo a alteração de comportamento somente à
parcela coesiva. A tensão de confinamento correspondente à mudança no mecanismo de
interação solo-fibra é então definida como a tensão de confinamento crítica, caracterizando o
ponto onde a resistência ao cisalhamento, desenvolvida na interface solo-fibra, se iguala ou
supera a resistência à tração da fibra. Abaixo da tensão crítica, a resistência última à tração da
fibra é maior e a forma de ruptura nas zonas de cisalhamento do material compósito se dá por
deslizamento entre solo e fibra.
Os mesmos autores citados concluíram que o aumento da resistência é função das
propriedades da areia (graduação, tamanho e forma das partículas) e da fibra (teor, relação l/d
e módulo). A resistência diminui com o aumento do tamanho médio e da esfericidade das
partículas de areia, por outro lado, há um acréscimo da resistência com o aumento do
coeficiente de uniformidade da areia, do teor de fibras, do módulo das fibras e da relação l/d.
O modelo proposto pelos autores para prever o comportamento do solo reforçado com fibras é
baseado num modelo aplicado a concreto reforçado com fibras. Em geral, há um razoável
ajuste entre os valores experimentais e os previstos pelo modelo. Entretanto, ainda há a
necessidade de um melhor refinamento do modelo, principalmente em relação à estimativa da
espessura da zona de cisalhamento. Concordando, Gray e Al-Refeai (1986) concluíram que
quanto menor a rugosidade superficial das fibras maior é a tensão de confinamento crítico. Da
mesma forma, Gray e Ohashi (1983) concluíram que quanto maior a esfericidade das
partículas maior é a tensão crítica. Ranjan e Charan (1996) observam ainda que a tensão
crítica diminui com o aumento do fator de forma.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
48
As propriedades mecânicas e hidráulicas de um compósito caulinita/fibra foram
estudadas por Maher & Ho (1994) através de ensaios de compressão não confinada,
compressão diametral, flexão e condutividade hidráulica. Foram utilizadas fibras de
polipropileno, vidro e celulose. Observou-se que a inclusão aleatória das fibras aumentou
significativamente a resistência e a ductilidade do compósito, sendo este aumento mais
pronunciado para baixos teores de umidade. Para o mesmo teor de reforço, fibras mais curtas
são mais numerosas dentro da matriz e existe uma maior possibilidade de elas estarem
presentes na superfície de ruptura contribuindo para o aumento da resistência. Porém, após a
ruptura, as fibras mais curtas são arrancadas mais facilmente, o que denota a importância de
fibras mais longas quando se deseja melhorar a ductilidade e a capacidade de absorção de
energia. A adição de reforços fibrosos aumentou a permeabilidade da argila estudada, sendo
mais pronunciada para maiores teores de fibra.
O comportamento de uma argila com diferentes teores de cimento, pretendendo
simular um material com distintos valores de coesão foi avaliado por Maher e Ho (1993).
Estes concluíram que o aumento da coesão reduz a contribuição das fibras para o aumento da
resistência de pico do solo.
Casagrande (2001) e Casagrande e Consoli (2002) realizaram uma análise em areia
siltosa reforçada com fibra de polipropileno e mostraram um crescimento constante da
resistência com o aumento da deformação axial, caracterizando um comportamento elasto-
plástico de enrijecimento. Segundo os autores, as fibras passaram a contribuir de forma mais
significativa para o acréscimo da resistência a partir de 2,5% de deformação axial.
Feuerharmel (2000) com base em informações existentes na literatura, comentou que
com a elevação da tensão efetiva média normal (p’) atuante em um elemento de solo, eleva
também a sua resistência ao cisalhamento, aumentando o atrito entre o solo e o reforço. Esta
alteração no atrito entre os componentes solo e fibra pode provocar mudanças no seu
mecanismo de interação, evidenciado pelas envoltórias de resistência do solo reforçado
disponíveis na literatura, que apresentam a forma curvilínea-linear ou bi-lineares. Acima de
uma dada tensão efetiva média normal as envoltórias tornam-se paralelas à envoltória do solo
sem fibras.
O comportamento de dois solos reforçados com fibras curtas de polipropileno foi
estudado por Teodoro e Bueno (1998). Foram avaliados diferentes teores e comprimentos de
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
49
fibras através de ensaios de compressão não-confinada e triaxiais não drenados. Foram
executados painéis de compósitos fibrosos para estudar o padrão de fissuração deste material
quando submetido à variação térmica. Os autores verificaram que a inclusão de fibras curtas
de polipropileno ao solo melhora sua resistência ao cisalhamento e reduz a queda de
resistência pós-pico. Observou-se que no solo arenoso as envoltórias tendem a bi-linearidade
na medida em que o teor e o comprimento das fibras aumentam. O efeito da inclusão de fibras
nos painéis executados com o solo argiloso foi o de reduzir a dimensão das trincas, sem, no
entanto, evitar a fissuração destas.
O efeito da inclusão de fibras de vidro em um solo artificialmente cimentado e não-
cimentado através de ensaios de compressão não-confinada, compressão diametral e triaxiais
drenados, foram avaliados por Ulbrich (1997) e Consoli et al. (1997, 1998, 1999). Montardo
(1999) e Montardo et al. (2002) observaram que a influência da inclusão de fibras depende
fundamentalmente das propriedades mecânicas da fibra e da matriz. Fibras relativamente
rígidas (fibras de vidro e PET) exercem efeito mais pronunciado na resistência de ruptura, ao
passo que as fibras relativamente flexíveis (fibras de polipropileno) exercem efeito mais
pronunciado no modo de ruptura e no comportamento último. Considerações semelhantes
também foram feitas por Montardo et al. (2000) e Consoli et al. (2002-b) quando avaliaram os
efeitos da inclusão de fibras distribuídas aleatoriamente e da adição de cimento sobre as
propriedades de resistência e deformabilidade de um compósito solo-cimento-fibra.
O comportamento hidráulico e mecânico de novos materiais geotécnicos compósitos,
tentando adequar suas características à utilização em barreiras hidráulica, foi analisado por
Heineck (2002). Fibras de polipropileno 24mm de comprimento e bentonita foram
adicionadas a matrizes de solo, cinza, areia e caulim. Uma análise conjunta com ensaios de
condutividade hidráulica indicou a utilização do material com matriz argilosa e fibras como
liners de cobertura ou de fundo, até mesmo em casos de resíduos perigosos. Para liners de
cobertura, sob o ponto de vista do comportamento mecânico, podem ser utilizados os
seguintes materiais: areia com bentonita e fibras, SRAB com fibras e caulim com fibras.
Prosseguindo o estudo, Heineck et al. (2003) e Heineck et al. (2005) avaliaram a contribuição
de fibras para grandes deformações de cisalhamento (ensaios de ring shear), acima dos
valores usuais em testes padrões de laboratório, bem como a avaliação da influencia da
inserção de fibras em solos para pequeníssimas deformações (ensaios triaxiais com bender
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
50
elements). Os resultados mostraram que a influência do reforço fibroso nos solos continua
após grandes deformações de cisalhamento, não havendo perda de resistência mesmo que
ocorram deslocamentos horizontais da ordem de 250mm e que a introdução de fibras de
polipropileno não influencia a rigidez inicial dos materiais estudados.
Donato (2003) e Donato et al. (2002 e 2004) tiveram como propósito em seu estudo
analisar o comportamento mecânico de concreto compactado com rolo, juntamente com a
adição de fibras de polipropileno. A partir dos resultados dos ensaios de resistência à
compressão simples e triaxial se pôde afirmar que as fibras provocaram uma queda no módulo
inicial dos compósitos estudados, tanto para os cimentados, quanto para os não cimentados,
levando a uma melhoria significativa na resistência à compressão e na ductilidade do material
reforçado, bem como reduções da rigidez inicial e do índice de fragilidade do material, sendo
estas modificações de comportamento tão mais efetivas quanto mais fina a granulometria da
matriz. Além disto, um aumento considerável da resistência à tração foi observado através dos
resultados de ensaios de resistência à tração por compressão diametral.
Vendrúscolo (2003) verificou a influência da adição de fibras de polipropileno no
comportamento de um solo arenoso cimentado e não cimentado através de ensaios triaxiais. O
autor concluiu que a influência desta adição sobre as propriedades mecânicas do compósito
depende das propriedades da matriz, onde o efeito da adição de fibras é mais evidente para
maiores comprimentos e maiores teores de fibras, sendo seu efeito mais pronunciado para
materiais compósitos com maiores densidades. O autor cita também que a influência das
fibras na resistência de pico e última do material depende do diâmetro das fibras e da
distribuição granulométrica do solo.
Consoli et al. (2004) avaliaram o comportamento de uma areia cimentada e não
cimentada reforçada com fibras de vidro, de poliéster e de polipropileno. A influência das
fibras de poliéster e de vidro é perceptível na redução da rigidez e no aumento do ângulo de
atrito interno de ambas a matrizes e a redução da fragilidade e do valor do intercepto coesivo
se acentua para o compósito cimentado. Por outro lado, as fibras de polipropileno reduziram
drasticamente o índice de fragilidade da areia cimentada, mudando o modo de ruptura de
frágil para dúctil, para o maior comprimento de fibra estudado (36 mm), com o aumento da
capacidade de energia absorvida, fato este não observado para os outros tipos de fibras
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
51
estudados. Isto é, não é possível estabelecer regras de comportamento sem o conhecimento
prévio das propriedades dos materiais envolvidos.
Casagrande et al. (2006) avaliaram em grandes deformações de cisalhamento o
comportamento de bentonita reforçada com fibra de polipropileno, através de uma série de
ensaios de ring shear. Concluíram que o reforço de fibra em bentonita é apenas eficiente para
deformações de até 50mm. Após o ensaio, as fibras foram retiradas do corpo de prova para
verificar seu alongamento e quebra, este procedimento indicou que as fibras sofreram
deformações plásticas de extensão antes de seu rompimento. O comportamento das mesmas é
provavelmente dependente da taxa de deformação, e estas conclusões são possivelmente
válidas apenas para velocidade de deformações lentas usadas para estes testes.
CAPÍTULO 3
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O programa experimental estabelecido teve como objetivo investigar o efeito da
adição de fibras de polipropileno nas propriedades mecânicas e hidráulicas de misturas de
solo-cimento-bentonita (SCB), solo-bentonita-fibra (SBF) e solo-cimento-bentonita-fibra
(SCBF) utilizadas em barreiras verticais de contenção de contaminantes do tipo Slurry Walls.
Fundamentalmente, o programa experimental proposto buscou analisar o comportamento
tensão-deformação e a influência da poro-pressão, através de ensaios triaxiais, em misturas
SCB e SCBF e também a condutividade hidráulica em misturas SBF e SCBF.
As dosagens utilizadas nas misturas e o programa de ensaios são apresentados num
primeiro instante, bem como as propriedades e as características dos materiais utilizados na
pesquisa. O programa experimental proposto foi detalhadamente descrito neste capítulo, bem
como os métodos utilizados na preparação dos corpos de provas, detalhes de execução de
ensaios e equipamentos utilizados.
3.2 PROGRAMA DE ENSAIOS
O programa experimental consistiu em ensaios de compressão não-confinada e ensaios
triaxiais não-drenados (CIU), os quais foram executados em misturas do tipo SCB e SCBF.
Durante a execução dos ensaios triaxiais, a condutividade hidráulica foi medida após a fase de
adensamento e após o cisalhamento do corpo de prova, para todas as tensões de ensaio, com o
objetivo de compará-las e identificar o comportamento das barreiras verticais quando estas
são solicitadas em campo. Também, foram realizados ensaios de condutividade hidráulica em
permeâmetro de parede rígida nas misturas SBF e SCBF, os quais foram confrontados com
resultados obtidos por Lemos (2006), que utilizou o mesmo tipo de permeâmetro para misturas SB e
SCB. Na Tabela 3.1 é apresentado o programa de ensaios realizados.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
53
Tabela 3.1: Programa de ensaios
Mistura Ensaio
Tensão
confinante
(kPa)
Gradiente
hidráulico
Total
de
ensaios
SBF
Condutividade
hidráulica (k)
- 8,3 03
Compressão não-
confinada
- - 10
Triaxial 50, 250 e 480 - 03
k após
adensamento
50, 250 e 480 10 03
SCB
k após
cisalhamento
50, 250 e 480 10 03
Compressão não-
confinada
- - 10
Triaxial
50, 220, 240,
450 e 480
- 05
k após
adensamento
50, 220, 240,
450 e 480
10 05
k após
cisalhamento
50, 220, 240,
450 e 480
10 05
SCBF
Condutividade
hidráulica
- 8,3 03
3.3 DOSAGEM DOS MATERIAIS NAS MISTURAS
As dosagens dos materiais utilizados nas misturas solo-bentonita e solo-cimento-
bentonita foram as mesmas definidas por Azambuja (2004) e Lemos (2006), que utilizaram as
mesmas matérias-primas da atual pesquisa, definidas em um teor de umidade de 100% e fator
água/cimento igual a 4. Os teores escolhidos basearam-se na trabalhabilidade da mistura e no
índice de vazios dos corpos de prova. Segundo Lemos (2006) misturas com teor de umidade
igual a 80% foram insatisfatórias, pois apresentaram pouca trabalhabilidade e corpos de prova
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
54
com alto índice de vazios. Para um fator água-cimento igual a 6 e umidade igual a 100%
notou-se uma redução das dimensões do corpo de prova após a desmoldagem, confirmando a
inviabilidade da mistura devido a instabilidade volumétrica.
O teor de fibra foi adotado em 0,5% do peso de sólidos de cada mistura (HEINECK et
al., 2005), este foi definido como um valor ideal para este tipo e comprimento de fibra em
pesquisas anteriores. A Tabela 3.2 apresenta a seguir a dosagem dos materiais utilizados em
cada mistura.
Tabela 3.2: Dosagem dos materiais
Mistura
Teor de
umidade
(%)
Teor de
solo (%)
Teor de
cimento
(%)
Teor de
bentonita
(%)
Teor de
fibra (%)
Fator
água/cimento
SBF 100 88 0 12 0,5 0
SCB 100 63 25 12 0 4
SCBF 100 63 25 12 0,5 4
As misturas apresentam teor de umidade igual a 100%, 12% de bentonita sódica do
total de sólidos em massa e fator água-cimento igual a 4. As misturas de SBF e SCBF
apresentam as mesmas porcentagens como citadas anteriormente, além de 0,5% de fibra do
total de sólidos de cada mistura. O alto teor de umidade é inerente à tecnologia Slurry Walls,
pois na colocação da mistura nas trincheiras é necessário que o material apresente boa
trabalhabilidade, por isto estas dosagens foram selecionadas.
Ensaios de compressão não-confinada com a mistura do tipo SB não foram realizados,
devido à impossibilidade de obtenção de corpo de prova estável a partir do teor de umidade
estabelecido. Neste caso, o espécime ao ser retirado do cilindro de moldagem, desmanchava-
se.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
55
3.4 MATERIAIS UTILIZADOS
Nos itens a seguir são apresentadas as características e propriedades físico-químicas
relativas aos materiais utilizados na presente pesquisa.
3.4.1 Solo Residual de arenito Botucatu (SRAB)
O solo utilizado na pesquisa é característico de uma região do Estado do Rio Grande
do Sul, Brasil. As amostras foram coletadas em um talude localizado nas proximidades da
rodovia RS 240, a aproximadamente 41 km ao norte de Porto Alegre, na localidade de Vila
Scharlau, município de São Leopoldo – RS, conforme mostram as Figuras 3.1 e 3.2. Trata-se
de um solo residual (horizonte C), substrato de arenito, pertencente à Formação Botucatu, o
qual é definido como uma areia fina siltosa, mal graduada e fracamente plástica.
Figura 3.1: Localização da jazida de solo residual de arenito Botucatu
(fonte: Adaptado de Thomé, 1999).
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
56
Figura 3.2: Jazida de arenito Botucatu na localidade de Vila Scharlau
(fonte: Cruz, 2004).
Núñez (1991), Prietto (1996), Ulbrich (1997) e Thomé (1999) relataram previamente
vários trabalhos de caracterização para este solo. Foi constatado por Núñez (1991) a
homogeneidade da jazida ao realizar ensaios ao longo de sua profundidade e Thomé (1999)
realizou ensaios complementares de caracterização do solo, confirmando o conjunto de
resultados obtidos Núñez (1991).
As propriedades físicas médias do solo utilizado nesta pesquisa (THOMÉ, 1999) são
apresentadas a seguir na Tabela 3.3.
Tabela 3.3: Índices físicos do SRAB
Índices físicos SRAB
Massa específica real dos grãos 26,7 kN/m
3
Diâmetro médio, D
50
0,09 mm
Limite de liquidez, LL
22 %
Limite de plasticidade, LP
19 %
(fonte: Thomé, 1999).
A curva granulométrica obtida para o solo residual com o uso de defloculante é
apresentada na Figura 3.3. Verifica-se que o material é composto por 5% de argila
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
57
(<0,002mm), 38,9% de silte (0,002 a 0,075 mm) e 56,1% de areia, sendo que desta
porcentagem 47,3% é de areia fina (0,074 a 0,42 mm) e somente 8,8% é de areia média
(0,042-2,0mm). Segundo a NBR 6502/95 o arenito pode ser classificado geotecnicamente
como uma areia siltosa, e segundo a classificação unificada (ASTM D 2487, 1993) como SM
(areia siltosa).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Percentagem retida (%)
ar.
média
are
i
a
grossa
argila
silte
areia fina
pedregulho
Figura 3.3: Curva granulométrica do SRAB (fonte: Foppa, 2005).
As principais propriedades físico-químicas do solo residual, com ênfase na
mineralogia e na composição química da fração argila, foram determinadas por Nuñez (1991).
A predominância do argilomineral caulinita foi indicado em todas as análises realizadas.
Observa-se, também, a presença de 3,2% de hematita, que é o óxido responsável pela cor
rosada característica do solo residual de arenito Botucatu.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
58
3.4.2 Cimento
Nesta pesquisa foi utilizado o Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-
ARI), marca Cauê. Este cimento foi selecionado devido as suas particularidades de atingir
altos valores de resistência em curtos períodos de cura, permitindo que o material de
preenchimento das barreiras atinja uma capacidade de suporte rapidamente. Assim, o
programa experimental definiu um período de cura de apenas 7 dias. A Tabela 3.4 apresenta a
composição desse tipo de cimento. Dados fornecidos por Cimento Cauê, para o CP V – ARI,
indicam uma massa específica real dos grãos de 31,4 kN/m
3
.
Tabela 3.4: Composição do Cimento CP V-ARI
Com
p
osi
ç
ão
(
% em massa
)
Tipo de cimento
Portland
Sigla
Clín
q
uer + Material
Norma
Brasileira
Alta Resistência
Inicial
CP V-ARI 100-95 0-5 NBR 5733
(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland, 2002).
3.4.3 Bentonita
A bentonita é um material primariamente formado por argilominerais do grupo
montmorilonita. O cátion adsorvido pode ser sódio ou cálcio, sendo que a bentonita sódica é a
mais utilizada em aplicações de selagem e impermeabilização, justamente por oferecer uma
maior capacidade de expansão e menor condutividade hidráulica no contato com a água em
relação à bentonita cálcica (ALTHER, 1982, 1987; RESCHKE e HAUG, 1991, apud
GLEASON et al., 1997). No entanto a bentonita cálcica é mais estável quimicamente quando
exposta a certos compostos químicos.
A qualidade de uma bentonita pode ser avaliada através de medidas indiretas como:
avaliação dos limites de Atterberg e de ensaios de expansão livre. Quanto maior o limite de
liquidez e plasticidade, melhor é a qualidade da bentonita. Uma bentonita sódica de média
qualidade tem limite de liquidez entre 300 e 500% enquanto que a de alta qualidade tem entre
500 e 700%. Os testes de expansão livre mostram que, quanto maior a capacidade de
expansão da bentonita, melhor a sua qualidade (HEINECK, 2002).
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
59
As principais características do material que a tornam resistente à passagem de água
são: a afinidade da bentonita com a água e sua capacidade de expansão. Quando em condições
de confinamento, bem como nas barreiras verticais, as partículas expandidas da bentonita são
forçadas umas contra as outras, preenchendo os vazios entre as partículas de solo formando
uma barreira contra a passagem do fluido.
Esta pesquisa utilizou a bentonita sódica, procedente da mina explorada de Lajeado
(antiga Lages) pela Empresa Bentonisa Bentonita do Nordeste, localizada em Boa Vista,
estado da Paraíba.
Os índices físicos e a distribuição granulométrica da bentonita foram determinados de
acordo com as normas NBR 6508/84, NBR 6459/84, NBR 7180/84 e NBR 7181/84, e
apresentados na Tabela 3.5 e Figura 3.4 respectivamente. O alto valor do limite de liquidez
encontrado comprova a boa qualidade desta matéria-prima.
Tabela 3.5: Índices Físicos da Bentonita Sódica
Limite de
liquidez (LL)
Limite de
Plasticidade (LP)
Índice de
Plasticidade (IP)
Densidade Real
dos Grãos (G)
604,7% 139,1% 465,6% 3,08
(fonte: Lemos, 2006).
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
60
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Percentagem retida (%)
ar.
média
areia
grossa
argila silt areia fina
pedregulho
Figura 3.4: Distribuição Granulométrica da bentonita sódica (fonte:
Lemos, 2006).
De acordo com a ASTM 2487/93, a bentonita sódica utilizada classifica-se como
argila inorgânica de alta plasticidade (CH) e, pela NBR 6502 (ABNT, 1995) como uma argila.
3.4.4 Fibra
As fibras utilizadas como elemento de reforço foram as do tipo poliméricas de
polipropileno e estão disponíveis no mercado na forma de pequenos filamentos. Estas fibras
foram escolhidas por apresentarem características uniformes e bem definidas, por serem
inertes quimicamente e pela disponibilidade no comércio, o que possibilita a sua aplicação em
ensaios com grandes dimensões ou extrapolação de resultados para projetos de engenharia.
As fibras de polipropileno utilizadas neste trabalho foram produzidas pela indústria
FITESA Fibras e Filamentos S/A. Este tipo de fibra é fornecido principalmente na indústria
têxtil.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
61
Na indústria têxtil a grandeza que representa a espessura dos filamentos é o título, cuja
unidade é o dtex (1 dtex = 1g/10000 m). As fibras utilizadas na pesquisa possuem título de 3,3
dtex (que corresponde a um diâmetro de 0,023 mm) e comprimento de 24 mm.
A Figura 3.5 mostra as fibras de polipropileno de 24 mm de comprimento e na Tabela
3.6 têm-se as principais características fornecidas pela indústria FITESA.
Figura 3.5: Aspecto das fibras de polipropileno com 24 mm de
comprimento (fonte: www.fridulsa.com.uy).
Tabela 3.6: Resumo das propriedades mecânicas das fibras
Propriedades mecânicas Fibras 3,3 dtex
Densidade Relativa 0,91
Módulo de Elasticidade 3 GPa
Resistência à tração última 300 MPa
Deformação axial na ruptura De 80 a 170%
(fonte: Fabricante Fitesa).
3.4.5 Água
A água utilizada para preparação de todas as misturas foi do tipo destilada com o
objetivo de que a mesma não tivesse nenhuma interferência no que se refere às propriedades
físico-químicas do novo material.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
62
3.5 VARIÁVEIS DE RESPOSTA
Variáveis de resposta são grandezas mensuráveis utilizadas para representar as
características de comportamento do objeto de estudo. As variáveis de resposta empregadas
na análise do comportamento dos materiais foram as seguintes:
Resistência a compressão não-confinada (q
u
);
Tensão desvio na ruptura (q
rup
);
Tensão desvio final (q
final
);
Poro-pressão (u);
Intecepto coesivo efetivo (c’);
Ângulo de atrito interno efetivo (
φ
);
Coeficiente de condutividade hidráulica (k).
Para os ensaios triaxiais, os invariantes de tensão q e p’ utilizados na apresentação
gráfica dos resultados, foram definidos como:
(
)
ra
q ''
σ
σ
=
(3.1)
(
)
3
´2´
'
ra
p
σ
σ
+
=
(3.2)
A identificação da posição do circulo de Mohr e de seu tamanho foi dado pelas
coordenadas t, s’, definidas por:
(
)
2
''
ra
t
σ
σ
=
(3.3)
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
63
(
)
2
''
'
ra
s
σ
σ
+
=
(3.4)
Onde:
σ
a
,
σ
r
: tensões efetiva axial e radial, respectivamente;
σ
a
,
σ
r
: tensões totais axial e radial, respectivamente;
u: poro-pressão.
Através da envoltória de resistência, foram determinados o intercepto coesivo efetivo
(c’) e o ângulo de atrito interno efetivo do material (
φ
).
3.6 MÉTODOS DE ENSAIO E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
A seguir são apresentados os métodos de ensaios e os procedimentos empregados
durante o programa experimental. Os ensaios se basearam nos procedimentos propostos em
normas técnicas e, no caso de modificação de algum procedimento descrito em norma ou na
ausência da mesma no que se refere ao assunto abordado, foi realizada uma descrição mais
detalhada.
3.6.1 Coleta e preparação dos materiais
As amostras de solo foram coletadas na jazida de origem, no estado deformado,
trazidas para o laboratório, secas ao ar, destorroadas, peneiradas para retirada de impurezas e
devidamente estocadas em recipientes adequados. A bentonita, o cimento e as fibras foram
adquiridos no comércio e armazenados em recipientes apropriados até o momento de serem
utilizadas nos ensaios.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
64
3.6.2 Preparação dos corpos de prova
A moldagem dos corpos de prova para os ensaios de compressão não-confinada e para
os ensaios triaxiais foi realizada em moldes bi-partidos de PVC com 50 mm de diâmetro e
100 mm de altura. Devido aos altos teores de umidade das misturas, os moldes de PVC foram
vedados na lateral e na parte inferior através da aplicação de borracha de silicone, com o
objetivo de evitar a fuga de água através do molde. Como não foi possível a compactação da
amostra em camadas, a mistura dos materiais foi devidamente despejada dentro dos moldes
até uma altura de 100 mm, demarcada internamente no molde de PVC.
Conforme a Tabela 3.2, a dosagem adotada para as misturas foi um teor de umidade de
100%, um teor de bentonita de 12%, um teor de fibras de zero e 0,5% e um fator a/c de zero e 4. A
massa específica real dos grãos utilizada para o cálculo das dosagens foi calculada através de uma
média ponderada, tendo como base a massa específica real dos grãos do arenito Botucatu, da
bentonita e do cimento para as misturas do tipo SCB e SCBF. Já para a mistura do tipo SBF foi
levado em consideração apenas a do arenito Botucatu e da bentonita, as quais foram citadas neste
capítulo. Foram encontrados os valores de 28,38 kN/m
3
para as misturas SCB e 27,20 kN/m
3
para as
misturas SBF.
A preparação das misturas SCBF foi dividida em quatro etapas. Na primeira etapa,
conforme mostra a Figura 3.6, os materiais foram pesados e colocados em recipientes, as
fibras foram cuidadosamente separadas a fim de atingir uma homogeneidade na mistura.
Figura 3.6: Componentes das misturas.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
65
Na segunda etapa o solo foi umedecido com parte da água da mistura (Figura 3.7a) e
logo em seguida as fibras foram adicionadas aos poucos (Figura 3.7b). Esses materiais foram
misturados manualmente (Figura 3.7c), até a mistura atingir certa homogeneização.
Figura 3.7: Segunda etapa (a) Solo úmido; (b) Solo úmido mais fibras;
(c) Mistura manual.
Na terceira etapa, em um outro recipiente com o restante da água, a bentonita foi
adicionada aos poucos e misturada mecanicamente (utilizou-se uma batedeira elétrica) de
forma constante evitando a formação de grumos (figura 3.8a e 3.8b). Logo após, com o
mesmo processo de mistura, o cimento foi adicionado (figura 3.8c) a mesma.
Figura 3.8: Terceira etapa (a) Adição de bentonita; (b) Mistura
mecânica; (c) Mistura com cimento.
Na quarta etapa, conforme apresenta a Figura 3.9, a mistura contendo bentonita,
cimento e água, era adicionada (manualmente) aos poucos a primeira mistura composta de
solo, fibras e parte da água.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
66
Figura 3.9: Fase final da mistura.
Quando misturas do tipo SBF foram executadas, o processo foi o mesmo, porém sem
adição de cimento. Para as misturas do tipo SCB, o solo e a bentonita foram adicionados à
água e misturados mecanicamente, por fim o cimento era acrescentado e todo o conjunto era
misturado até alcançar a homogeneidade.
Os corpos de prova foram preparados um a um, ou seja: cada corpo de prova teve uma
mistura de solo, cimento, bentonita e água preparada separadamente. Durante este processo
todas as precauções foram tomadas no sentido de evitar as perdas de umidade por evaporação.
O procedimento de preparação das amostras, aqui apresentado, foi utilizado para todos
os ensaios realizados nesta pesquisa.
Concluído o processo de moldagem dos corpos de prova, os mesmos foram
acondicionados em sacos plásticos até completar o período de 7 dias de cura. A desmoldagem
só foi feita quando os corpos de prova apresentaram resistência suficiente capaz de não
provocar danos na amostra (em torno de 72 horas). Feita a desmoldagem, mostrada na Figura
3.10a, os corpos de prova foram pesados com precisão de 0,01 gf e medidos com precisão de
0,01 cm (figura 3.10b).
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
67
Figura 3.10: (a) Desmoldagem; (b) Medição do corpo de prova.
3.6.3 Ensaios de compressão não-confinada
Os ensaios de compressão não-confinada foram realizados para as misturas do tipo
SCB e SCBF. Foram ensaiados 10 corpos de prova para cada tipo de mistura. Os
procedimentos descritos na NBR 12025/90 e na NBR 12770/92 foram seguidos para
realização desses ensaios. A prensa utilizada para a ruptura dos corpos de prova foi da marca
Wykeham Farrance, adaptada com anel dinamométrico de 10 kN, previamente calibrado, com
resolução de 0,005 kN (0,5 kgf), conforme mostra a Figura 3.11. A velocidade de deformação
destes ensaios foi de 1,14 mm por minuto. Após o período de 7 dias de cura, os corpos de
prova foram cisalhados.
Figura 3.11: Ensaio de compressão não-confinada.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
68
Como critério de aceitação de resultados para os ensaios de compressão não-confinada,
estipulou-se que as resistências individuais de três corpos de prova, considerados idênticos,
não deveriam se afastar mais de 10% da resistência média deste conjunto, conforme consta na
NBR 12253/92.
3.6.4 Ensaios triaxiais
Os procedimentos gerais adotados na preparação e execução dos ensaios triaxiais
seguem basicamente os princípios descritos por Bishop e Henkel (1962), Head (1982) e pelos
procedimentos de ensaios já consolidados pelo ENVIRONGEO (Laboratório de Resíduos,
Novos Materiais e Geotecnia Ambiental da UFRGS). Para analisar as características das
curvas tensão-deformação-geração de poro-pressão das misturas de solo-cimento-bentonita e
solo-cimento-bentonita-fibra, foram realizados ensaios triaxiais adensados não-drenados
(CIU), os quais foram executados para determinados níveis de tensões confinantes efetivas,
conforme mostra a Tabela 3.7, totalizando oito ensaios triaxiais.
Tabela 3.7: Programa de ensaios triaxiais
Mistura Tensão Confinante (kPa) Total
SCB 50, 250 e 480 03
SCBF 50, 220, 240, 450 e 480 05
Foram realizados ensaios triaxiais do tipo CIU com monitoramento da geração da
poro-pressão, devido à impossibilidade de drenagem. Com isto, foi possível determinar a
envoltória de resistência em termos de tensões efetivas num prazo muito menor do que se
fosse um ensaio do tipo CID. Como a mistura estudada era uma lama, o ensaio se tornaria
muito longo caso fosse drenado na fase do cisalhamento, pois seria necessário esperar que
toda a poro-pressão gerada se dissipasse e desta forma, o ensaio levaria em torno de vinte dias
ou mais.
Na montagem dos ensaios, o corpo de prova era colocado no pedestal da câmara
triaxial, sobre um papel filtro apoiado em uma pedra porosa convencional. Na sua face
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
69
superior colocava-se outro papel filtro, seguido de outra pedra porosa, seguida do cabeçote.
Uma membrana de látex era colocada ao redor da amostra, a qual era prensada ao pedestal e
ao cabeçote por meio de anéis de vedação.
Para a colocação dos sensores de medição de deformação, a membrana deve estar bem
aderida ao corpo de prova, para isso, aplicou-se uma pressão negativa ao corpo de prova. A
membrana foi devidamente marcada de maneira a orientar na colagem dos suportes dos
sensores, que foram fixados utilizando-se um adesivo de colagem rápida. Após a colagem, os
sensores foram ajustados a fim de que as leituras ficassem dentro do intervalo linear.
Depois da montagem do corpo de prova e do fechamento da câmara triaxial, esta foi
preenchida com água destilada, através da sua ligação com o reservatório de água do
laboratório, conforme mostra a Figura 3.12. Apartir deste momento deu-se prosseguimento ao
ensaio.
Figura 3.12: (a) Instalação do ensaio triaxial; (b) Detalhe da amostra.
O processo de saturação foi realizado em duas fases: na primeira fase procedia-se a
percolação de água durante um período de 24hs (ou até que duas vezes o volume de vazios
fosse percolado através do corpo de prova), no sentido da base para o topo do corpo de prova
sob uma pressão de 12 kPa na base e 0 kPa (pressão atmosférica) no topo. Nesta etapa, a
amostra era submetida a uma tensão confinante 20 kPa impedindo um fluxo preferencial entre
o corpo de prova e a membrana de látex. Na segunda fase aplicou-se na contra-pressão
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
70
incrementos de 20 kPa ao mesmo tempo que um incremento de mesmo valor era aplicado na
tensão confinante, sempre mantendo a diferença inicial da tensão efetiva de 20 kPa. Quando a
poro-pressão monitorada na base do corpo de prova equalizava-se com a contra-pressão
aplicada em seu topo, um novo incremento de pressão era aplicado. Este ciclo de incrementos
prosseguia até atingir uma contra-pressão de aproximadamente 400 kPa no topo do corpo de
prova. Esta etapa serviu para assegurar a dissolução completa das bolhas de ar e a saturação
das amostras. A garantia de saturação da amostra era monitorada através da medição do
parâmetro B (SKEMPTON, 1954) nos cinco últimos níveis da aplicação da conta-pressão.
Após a fase de saturação, aumentava-se a tensão confinante até que a tensão efetiva
atingisse o valor em que o ensaio era conduzido. Nesta etapa devia-se tomar o cuidado de
esperar o tempo necessário para a amostra adensar, o adensamento foi controlado através das
medidas de variação volumétrica e pela dissipação da poro-pressão gerada durante esta fase.
Ao terminar a fase de adensamento, optou-se por medir a condutividade hidráulica do
corpo de prova a fim de comparar com a medida no permeâmetro de parede rígida e também,
medir após a fase de cisalhamento do mesmo ensaio simulando uma situação real de colapso.
Este procedimento foi adotado para todos os ensaios triaxiais. Cada amostra foi submetida a
um gradiente hidráulico igual a 10 (ASTM D5084/90), imposto pela diferença de pressões
aplicadas na base e no topo do corpo de prova, ocasionando um fluxo d’água ascendente. A
quantidade de água que atravessou o corpo de prova, neste intervalo de tempo, foi controlada
pelo medidor de variação volumétrica, sendo possível a determinação da sua vazão
volumétrica. Com a aquisição digital desta variação, foi possível determinar a condutividade
hidráulica das misturas ensaiadas.
A partir deste instante começava a fase de cisalhamento da amostra, deixando a
válvula de drenagem sempre fechada. Para o cálculo das tensões desvio foi aplicado correções
de área e de membrana. Neste procedimento foi utilizada a abordagem proposta por La
Rochele et al. (1988). Os ensaios triaxiais CIU foram realizados com velocidade de
deformação de 0,016 mm/min e levados até aproximadamente 20% de deformação.
As principais características do equipamento empregado nos ensaios triaxiais são
relatadas a seguir:
Equipamento triaxial da marca GEONOR;
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
71
Aquisição de dados: conversor analógico/digital (datalogger) da
Hewlett Packard, um microcomputador e um programa escrito em
linguagem Basic;
Medidores de pressão confinante e poro-pressão: transdutor de
pressão;
Medidores de deformação: transdutor de deslocamento com
medidor externo e instrumentação interna composta por dois sensores
de efeito Hall, ambos para medição de deformação axial;
Força axial: célula de carga situada externamente à câmara
triaxial.
3.6.5 Ensaios de condutividade hidráulica
O permeâmetro de parede rígida utilizado na realização dos ensaios foi projetado pela
Profª. Drª. Rosemar Gomes Lemos sob orientação e auxílio dos Prof. PhD. Nilo César Consoli
e Profª. Drª. Karla Heineck e executado no Environgeo da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, conforme a Norma Americana ASTM D5856/97. É um equipamento
apropriado para solos de condutividade hidráulica inferior a 10
-5
m/s e foi construído com
materiais inertes ao ataque de produtos químicos (aço inox). A descrição detalhada do
equipamento consta na tese de doutorado de Lemos (2006). Na Figura 3.13 (a) é apresentada
uma vista geral do conjunto permeâmetro e na Figura 3.13 (b) uma vista detalhada, onde
podem ser vistas as partes do equipamento: cilindro, no qual foi moldada a amostra, onde a
mesma permaneceu para procedimento do ensaio e cilindro para armazenamento do líquido
permeante.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
72
Figura 3.13: (a) Vista geral do conjunto permeâmetro; (b) Vista
detalhada. (fonte: Lemos, 2006).
Nos ensaios realizados por Lemos (2006) foram utilizadas cargas constantes através da
aplicação de ar comprimido numa interface ar/água, regulada por um registro de pressão de
precisão de 12 kPa, resultando em um gradiente hidráulico de 8,3. As amostras foram
moldadas no próprio cilindro, de 15 cm de diâmetro por 15 cm de altura, em que foram
realizados os ensaios de condutividade hidráulica. Os corpos de prova, para os ensaios de
condutividade hidráulica, foram realizados como descrito no item 3.6.2. A moldagem do
corpo de prova era realizada dentro do cilindro, onde o ensaio era conduzido como mostra a
Figura 3.14. Logo após, o cilindro era fechado e o corpo de prova ficava em repouso durante
24hs antes do inicio da percolação.
Figura 3.14: Moldagem da amostra no permeâmetro.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
73
Antes de iniciar o ensaio de condutividade hidráulica tomava-se o cuidado de retirar todas
as bolhas de ar encontradas na tubulação, através da percolação de água pela base da amostra.
Após esta etapa o ensaio se dava com a percolação de água da base para o topo da amostra
com uma carga hidráulica (h) de 12,5 kPa e um gradiente hidráulico (i) de 8,3. Leituras
regulares foram realizadas durante o ensaio, medindo-se a altura do líquido permeante no
reservatório, com o auxílio de um tubo graduado conectado ao mesmo. A determinação dos
coeficientes de condutividade hidráulica baseou-se na Lei de Darcy, na qual a velocidade de
percolação, mostrada na equação 3.5, era proporcional ao gradiente hidráulico (equação 3.6).
t
A
V
v
=
(3.5)
L
h
i =
(3.6)
O coeficiente de proporcionalidade entre
v e i, denomina-se coeficiente de
condutividade hidráulica,
k e pode ser calculado segundo a equação:
htA
LV
k
=
(3.7)
Onde:
k = coeficiente de condutividade hidráulica em m/s;
V = volume de líquido passante, obtido através da média entre os volumes de entrada e
de saída da amostra em m
3
;
L = comprimento da amostra ao longo da trajetória do fluxo em m;
A = área da seção transversal em m
2
;
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
74
t = intervalo de tempo, em segundos, no qual o fluxo V ocorre,
h = diferença de carga d’água ao longo da amostra, em metros de coluna d’água (h
1
h
2
).
Após a determinação do coeficiente de condutividade hidráulica, o mesmo foi
corrigido através da multiplicação de “
k” pela taxa de viscosidade da água na temperatura em
que foi feita cada leitura durante o ensaio (de acordo com a Norma ASTM D5856/97).
O ensaio terminava quando se obtinha a estabilidade da condutividade hidráulica, ou
seja, no mínimo quatro valores sucessivos de condutividade hidráulica muito próximos.
Depois de obtida esta estabilidade, procedia-se o final do ensaio, isolando a amostra através
do fechamento das válvulas e retirando a pressão aplicada. A seguir o equipamento era
desmontado para a limpeza.
Foram realizados seis ensaios de condutividade hidráulica, sendo que três com
misturas do tipo SBF e os outros três com misturas SCBF.
CAPÍTULO 4
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos em todos os ensaios realizados
com as misturas solo-bentonita-fibra (SBF), solo-cimento-bentonita (SCB) e solo-cimento-
bentonita-fibra (SCBF). O mesmo foi estruturado em quatro tópicos, no primeiro e no
segundo são apresentados os resultados relacionados ao comportamento mecânico através dos
ensaios de compressão não-confinada e ensaios triaxiais não-drenados (CIU), realizados em
amostras de SCB e SCBF. No terceiro tópico são apresentados os resultados dos ensaios de
condutividade hidráulica realizados no equipamento triaxial. Nesta etapa a condutividade
hidráulica foi medida para cada um dos ensaios executados neste equipamento, após a fase de
adensamento e de cisalhamento do corpo de prova. Por fim, no quarto tópico, são
apresentados os resultados dos ensaios de condutividade hidráulica realizados em
permeâmetro de parede rígida em amostras de SBF e SCBF, os quais são comparados com os
valores obtidos por Lemos (2006).
4.2 COMPORTAMENTO MECÂNICO
4.2.1 Ensaios de Compressão Não-Confinada em Misturas SCB e SCBF
Os resultados de resistência à compressão não-confinada (RCS) realizados em
misturas solo-cimento-bentonita e solo-cimento-bentonita-fibra são apresentados na Tabela
4.1, juntamente com a média de resistência, que se obteve igual a 119,69 e 159,90 kPa,
respectivamente, para uma deformação axial média de 1,50%. A fim de comparar a
resistência obtida para as amostras de SCBF com as amostras de SCB, para o mesmo ponto de
deformação, foi calculada a deformação axial média em que ocorreram os pontos de maior
resistência para os ensaios de SCB. Já que foi observado, que após atingir a resistência
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
76
máxima para as misturas SCB houve uma queda na resistência, característica de solos
artificialmente cimentados, demonstrando uma ruptura frágil.
Tabela 4.1: Valores de RCS para misturas SCB e SCBF
SCB SCBF
CP
Deformação
axial (%)
q
u
= P/A
(kPa)
q
u
= P/A
(kPa)
1 1,53 117,00 157,61
2 1,51 123,51 157,24
3 1,71 108,85 155,13
4 1,90 121,43 166,84
5 1,53 120,80 151,31
6 1,28 115,34 161,03
7 1,27 117,42 151,87
8 1,52 125,59 168,07
9 1,45 123,15 164,30
10 1,50 123,82 166,04
Média 1,50 119,69 159,90
Os resultados dos ensaios de RCS realizados em amostras de solo-cimento-bentonita-
fibra e a média dos ensaios, são apresentados nas Figuras 4.1 e 4.2, respectivamente. A fim de
demonstrar o constante aumento da resistência dos corpos de prova, gráficos de resistência à
compressão não-confinada
versus deformação axial foram construídos, para isto, em um
determinado espaço de tempo leituras de resistência foram feitas e a deformação
correspondente para cada leitura foi calculada com base na velocidade da prensa (1,14
mm/min). Analisando estes gráficos, foi possível perceber que devido à inserção de fibras de
polipropileno na mistura não foi verificado um pico de resistência, conforme foi obtido para
as misturas SCB.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
77
Contudo foi possível afirmar que a adição de fibras de polipropileno, de 24 mm,
aumentou em 33,59% a RCS em misturas do tipo SCB.
0
50
100
150
200
250
0123456
Deformação Axial (%)
q
u
(kPa)
Figura 4.1: Ensaios de RCS em amostras de SCBF.
0
50
100
150
200
250
0123456
Deformação Axial (%)
q
u
(kPa)
Figura 4.2: Média dos ensaios de RCS em amostras de SCBF.
Este aumento de resistência corrobora com observações feitas por Omine
et al. (1996),
com relação a solos argilosos estabilizados com cimento e reforçados com fibras, baseadas em
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
78
ensaios de compressão não-confinada, as quais mostram que a resistência de pico pode
aumentar com a adição de fibras.
Para solos argilosos reforçados, alguns autores observaram uma mudança na forma de
ruptura, de uma ruptura frágil para uma ruptura dúctil (NATARAJ
et al., 1996 apud.
FEUERHARMEL, 2000), esta mudança também foi notada nos ensaios realizados neste
trabalho.
4.2.2 Ensaios Triaxiais em Misturas SCB e SCBF
Os ensaios de compressão triaxial adensados não-drenados (CIU) inicialmente
previstos pelo programa experimental deste trabalho somaram um total de oito ensaios. As
tensões de confinamento utilizadas nos ensaios CIU para as amostras de SCB e SCBF
variaram entre 50 e 480 kPa, estas tensões foram escolhidas por serem representativas de
tensões que ocorrem em casos reais de obras geotécnicas. Para as amostras de SCB foram
executados três ensaios, com tensões efetivas de 50, 250 e 480 kPa, já para as amostras de
SCBF foram executados cinco ensaios, com tensões efetivas de 50, 220, 240, 450 e 480 kPa
para obtenção da envoltória de ruptura. Os corpos de prova ensaiados no equipamento triaxial
foram desmoldados no quarto dia de cura, para evitar ao máximo os danos na desmoldagem e
cisalhados no sétimo dia de cura.
4.2.2.1 Variação do parâmetro B
A verificação da saturação foi feita através da obtenção do parâmetro B de Skempton
(1954), o qual pode ser definido pela razão entre a variação da poro-pressão e a
correspondente variação da tensão total aplicada em um carregamento isotrópico e não-
drenado. A Figura 4.3 apresenta os valores dos parâmetros B encontrados para cada tensão
efetiva. Vale salientar que, em função do grau de cimentação do material, a avaliação do
parâmetro B foi considerada somente em caráter qualitativo, uma vez que a estrutura do
material poderá impedir, até um certo grau, as deformações volumétricas e, por conseqüência,
a geração de poro-pressão. Segundo Lee
et al. (1969) apud. Prietto (1996) solos com estrutura
rígida, como o solo-cimento e alguns solos compactados, tendem a apresentar valores de B
menores que a unidade. Além disto, os transdutores de pressão utilizados no equipamento
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
79
triaxial apresentavam limitações de carga, com isto em alguns ensaios não foi possível fazer
novos incrementos afetando a saturação dos corpos de prova. Em algumas amostras, foi
possível identificar uma tendência no aumento do parâmetro B caso maiores valores de
contra-pressão fossem aplicados, indicando que a saturação total das amostras ainda não havia
sido alcançada.
0,7
0,8
0,9
1
0 100 200 300 400 500
Tensão Efetiva (kPa)
Parâmetro B
SCB 50kPa
SCB 250kPa
SCB 480kPa
SCBF 50kPa
SCBF 220kPa
SCBF 240kPa
SCBF 450kPa
SCBF 480kPa
Figura 4.3: Valores dos Parâmetros B.
4.2.2.2 Variação volumétrica na fase de adensamento
Observou-se que, para os dois tipos de misturas, as variações volumétricas tornaram-
se mais pronunciadas com o aumento da tensão confinante, ou seja, quanto maior o
incremento de tensão aplicado maior era a variação volumétrica da amostra na fase de
adensamento, portanto maior redução no índice de vazios, como esperado. A Tabela 4.2
apresenta a seguir um comparativo entre os índices de vazios iniciais e após a fase de
adensamento de cada corpo de prova, além do teor de umidade inicial alcançado para cada um
deles.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
80
Tabela 4.2: Índices de vazios e teor de umidade inicial das misturas
SCB e SCBF
Índice de vazios
Mistura
Tensão
efetiva
(kPa)
e
inicial
e
pós adensamento
Teor de
umidade
(%)
50 2,75 2,74 96,27
250 2,72 2,49 94,67
SCB
480 2,69 2,23 93,64
50 2,76 2,75 94,79
220 2,77 2,61 96,15
240 2,83 2,73 95,11
450 2,78 2,42 95,48
SCBF
480 2,69 2,25 93,09
Ao comparar os índices de vazios confirma-se que este diminui com o aumento da
tensão efetiva aplicada nos corpos de prova. Também foi possível constatar que as amostras
de SCBF deformaram um pouco menos quando foram comparadas com as amostras de SCB,
para as mesmas tensões de confinamento, o que pode ser explicado pela presença das fibras,
as quais conferem ao corpo de prova maior resistência à deformação com a aplicação de
cargas isotrópicas.
Com relação ao teor de umidade dos corpos de prova, a umidade varia muito pouco
entre eles. O teor de umidade definido na dosagem das misturas foi de 100%, mas as misturas
apenas ficaram próximas deste valor, acredita-se que as reações de hidratação do cimento e a
expansão da bentonita podem ter influenciado no valor da umidade, todos os cuidados
necessários foram tomados para evitar perdas na evaporação, mas as misturas demoram cerca
de trinta a quarenta minutos para serem feitas, sem contar o tempo de moldagem dos corpos
de prova.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
81
4.2.2.3 Curvas tensão desvio e variação da poro-pressão
versus deformação axial
As curvas tensão desvio
versus deformação axial e a de variação da poro-pressão
versus deformação axial resultantes dos ensaios de compressão triaxial não-drenados são
apresentadas nas Figuras 4.4. As curvas obtidas para as misturas solo-cimento-bentonita são
mostradas na Figura 4.4 (a) para tensões confinantes de 50, 250 e 480 kPa, já a Figura 4.4 (b)
apresenta as curvas das misturas solo-cimento-bentonita-fibra para tensões confinantes de 50,
220, 240, 450 e 480 kPa. Para cada tipo de mistura foi planejado um mínimo de três ensaios
para a definição da envoltória do material. Para as misturas do tipo SCBF foram repetidos
dois ensaios, a fim de confirmar o comportamento da mistura. Desta forma, foram realizados
os cinco ensaios, no total, para traçar as envoltórias.
0 4 8 12 16 20
Deformação Axial (%)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Tensão Desvio (kPa)
SCB
σ
' = 50 kPa
SCB
σ
' = 250 kPa
SCB
σ
' = 480 kPa
0 5 10 15 20 25
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Va
r
iação da Po
r
o-P
r
essão (kN/m
2
)
(a)
0 4 8 12 16 20
Deformação Axial (%)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Tensão Desvio (kPa)
SCBF
σ
' = 50 kPa
SCBF
σ
' = 220 kPa
SCBF
σ
' = 240 kPa
SCBF
σ
' = 450 kPa
SCBF
σ
' = 480 kPa
0 5 10 15 20 25
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Variação da Poro-Pressão (kN/m
2
)
(b)
Figura 4.4: Comportamento tensão desvio e poro-pressão
versus
deformação axial: (a) SCB e (b) SCBF.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
82
A Figura 4.4 mostrou o comportamento tensão desvio e poro-pressão
versus
deformação axial para as misturas SCB e SCBF, ambas demonstrando um comportamento
inicial extremamente rígido característico de solos cimentados, ou seja, alta rigidez inicial,
aparentemente linear até atingir um ponto de plastificação, a partir do qual o material
apresenta deformações plásticas crescentes. Sob pequenas deformações o comportamento das
misturas com fibras de polipropileno foi governado principalmente pela ação do agente
cimentante, ao passo que, para deformações relativamente grandes, este comportamento foi
influenciado pela ação do reforço fibroso. De acordo com Casagrande (2001) para um nível
de tensões mais alto, as fibras atuam em conjunto formando uma “malha” de reforço fibroso
dentro da matriz. Segundo Teodoro e Bueno (1998), que executaram painéis de compósitos
fibrosos para estudar o padrão de fissuração quando submetidos a variação térmica,
concluíram que o efeito da inclusão de fibras em painéis executados com solo argiloso foi o
de reduzir a dimensão das trincas, no entanto sem evitar a fissuração destas.
Não foi observada a influência da adição de fibras na rigidez inicial do material,
corroborando com os resultados apresentados por Heineck (2002) para um material similar,
conforme apresenta a Tabela 4.3 e a Figura 4.5.
Tabela 4.3: E
s
para deformações axiais de 0.1, 0.5 e 1.0%
Tensão Módulo secante (MPa)
Mistura
confinante (kPa) E
s 0,1%
E
s 0,5%
E
s 1,0%
50 90,01 27,60 15,12
250 81,90 44,22 26,73
SCB
480 323,71 106,18 56,17
50 91,46 33,89 17,97
220 158,40 47,25 25,12
240 147,24 46,66 25,00
450 151,82 74,01 45,67
SCBF
480 315,64 101,09 53,52
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
83
A ação das fibras permitiu um acréscimo constante da resistência com o aumento das
deformações, porém não na mesma taxa encontrada no início dos ensaios. Casagrande (2005)
demonstrou que a ação do reforço fibroso continua ocorrendo a grandes deformações,
condizendo com os resultados encontrados neste trabalho.
Figura 4.5: Variação de G
máx
com a deformação distorcional para o
SRAB e SRAB com fibras 24mm, com
p’=100 e 200 kPa e
carregamento não drenado (Heineck, 2002).
Cabe salientar, que para as amostras de SCB de 250 kPa e SCBF de 450 kPa de tensão
de confinamento, optou-se por utilizar o transdutor de deslocamento linear externo, localizado
entre a câmara triaxial e o pistão de carga. Pois nestes dois ensaios, o sensor interno de efeito
Hall afastou-se do intervalo linear de calibração durante a fase de cisalhamento, tornando sua
utilização duvidosa.
Comparando as curvas de tensão desvio versus deformação axial, foi possível observar
que a inclusão de fibras na mistura não aumentou o valor de
q para altas tensões de
confinamento, aumentou apenas para a tensão de 50 kPa.
Em uma análise direcionada a variação da poro-pressão (Fig. 4.4), observou-se que
com o aumento dos níveis de tensões efetivas aplicadas nos ensaios, também ocorreu o
aumento da poro-pressão. Além disto, quando as curvas SCB e SCBF com as mesmas tensões
efetivas foram comparadas, constatou-se que, para todos os níveis de tensões, houve uma
pequena tendência ao aumento da geração de poro-pressão com a introdução das fibras. As
poro-pressões foram crescentes devido à tendência clara de contração do material durante o
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
84
processo de cisalhamento sob condições não-drenadas, sendo que a partir de deformações
axiais superiores a 2% as poro-pressões tendem a se estabilizar. O aumento das deformações
volumétricas de contração com a introdução de fibras é uma característica previamente
relatada na literatura pelos autores Bueno
et al. (1996), Stauffer e Holtz (1996) e Heineck
(2002).
Apesar das misturas estudadas apresentarem uma rigidez inicial alta, não foi verificado
pico de resistência e nem queda da resistência, mesmo para a mistura de SCB com uma tensão
efetiva de 50 kPa que apresentou uma ruptura frágil. Os outros corpos de prova de SCB
apresentaram ruptura mista, com formação de plano de ruptura e embarrigamento. Já as
misturas de SCBF apresentaram uma ruptura dúctil para todas as tensões de confinamento.
Para todas as amostras a ruptura ocorreu em torno de 1% de deformação axial. Praticamente
todos os trabalhos que analisaram o comportamento do solo reforçado, em termos de
resistência ao cisalhamento pós-pico, concluíram que a adição de fibras impede ou reduz a
queda de resistência (
e.g. GRAY e OHASHI, 1983; GRAY e AL-REFEAI, 1986; FATANI et
al.
, 1991; RANJAN e CHARAN, 1996; STAUFER e HOLTZ, 1996; CONSOLI et al., 1997,
1999; CASAGRANDE, 2001), confirmando os resultados obtidos neste trabalho.
Pode-se dizer que o comportamento resistente do solo reforçado se divide em três
etapas. Uma etapa inicial, onde o comportamento é controlado basicamente pela matriz do
solo, uma etapa intermediária, na qual o comportamento do material compósito é comandado
conjuntamente pela matriz e pelas fibras, e uma etapa final, onde o comportamento do
material é comandado essencialmente pelas fibras (FEUERHARMEL, 2000;
CASAGRANDE, 2001). Este comportamento também foi verificado para diferentes
materiais, conforme relata o estudo realizado por Feuerharmel (2000). Esta observação
corrobora a hipótese de que as fibras atuam em conjunto, formando uma “malha”
tridimensional de reforço fibroso, quando estas forem solicitadas em um nível alto de tensões
ou deformações.
4.2.2.4 Envoltórias e parâmetros de resistência
As trajetórias de tensões efetivas e as envoltórias dos ensaios triaxiais CIU obtidas
para as misturas SCB e SCBF estão plotadas no espaço
s’: t, nas Figuras 4.6 (a) e 4.6 (b),
respectivamente. Observa-se que para os níveis de tensões confinantes adotados, as
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
85
envoltórias são lineares apresentando coeficientes de determinação R
2
muito próximos da
unidade, para ambos os gráficos.
A Figura 4.6 (a) apresenta as trajetórias de tensões efetivas e as envoltórias para a
mistura SCB. É possível identificar que a envoltória de ruptura atingiu um ângulo de atrito e
um intercepto coesivo de 42° e 21 kPa, respectivamente. Já a envoltória traçada aos 13% de
deformação axial, apresenta um ângulo de atrito idêntico ao obtido para a envoltória de
ruptura e um intercepto coesivo de 14 kPa. Com base nisto, pode-se afirmar que o intercepto
coesivo é maior na envoltória de ruptura, porém o ângulo de atrito não varia, ou seja, a
resistência de ruptura mostra-se maior quando comparada com a resistência aos 13% de
deformação.
Não se observa pico de resistência, e sim um acréscimo constante com o aumento das
deformações. A Figura 4.6 (b) mostra a envoltória, que resulta em um ângulo de atrito de 42°
e um intercepto coesivo de 29 kPa. Devido à adição do reforço fibroso ha um aumento no
valor do intercepto coesivo, já o ângulo de atrito não é alterado. O aumento do intercepto
coesivo com a introdução de fibras é uma característica descrita na literatura pelos autores
Bueno
et al. (1996), Nataraj et al. (1996), Feureharmel (2000) e Casagrande (2001).
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
86
y
13%
= 0,664x + 10,2
R
2
= 0,99
y
ruptura
= 0,667x + 15,6
R
2
= 0,99
0
100
200
300
400
500
600
700
0 100 200 300 400 500 600 700
s' [(σ'
1
+ σ'
3
)/2] (kPa)
t [(
σ
'
1
-
σ
'
3
)/2] (kPa)
c'
ruptura
= 21 kPa
φ'
ruptura
= 42°
c'
13%
= 14 kPa
φ'
13%
= 42°
(a)
y = 0,669x + 21,3
R
2
= 0,99
0
100
200
300
400
500
600
700
0 100 200 300 400 500 600 700
s' [(
σ
'
1
+
σ
'
3
)/2] (kPa)
t [(
σ
'
1
-
σ
'
3
)/2] (kPa)
c' = 29 kPa
φ
' = 42°
(b)
Figura 4.6: Trajetórias de tensões efetivas e envoltórias:
(a) SCB e (b) SCBF.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
87
A Figura 4.7 apresenta no espaço
s’: t uma comparação entre a envoltória de ruptura
da mistura SCB e as envoltórias aos 13% de deformação das misturas SCB e SCBF, onde é
claramente identificado que as três envoltórias de resistência são paralelas, já que o ângulo de
atrito para SCB e SCBF não sofreu alterações. A envoltória de ruptura da mistura SCB
apresentou-se um pouco acima da envoltória aos 13% para o mesmo tipo de mistura,
apresentando uma queda de 33% no intercepto coesivo após a ruptura dos corpos de prova.
No entanto, para a mistura SCBF a envoltória de ruptura e a envoltória traçada aos 13% de
deformação axial puderam ser representadas em apenas uma envoltória.
Devido ao ângulo de atrito não ter variado, no caso da envoltória com fibras de
polipropileno quando comparada com a envoltória da mistura SCB, comprovou-se que o
reforço não influencia o comportamento friccional do material. Foi possível afirmar que a
adição de fibras a mistura SCB aumentou 107% o valor do intercepto coesivo, ou seja, a
inserção de fibras apresentou boa contribuição quando solicitada em grandes deformações.
Morel e Gourc (1997) que relataram estudos de Gray e Ohashi (1983), Gray e Al-
Refeai (1986) e Maher e Gray (1990) ao investigarem solos reforçados com fibras, afirmam
que estas proporcionam um aumento de resistência e ductilidade do material, o que confirma
os resultados encontrados na presente pesquisa. Conforme consta no item 2.5.3, Montardo
(1999) e Montardo
et al. (2002), observaram que a influência da inclusão de fibras depende
fundamentalmente das propriedades mecânicas da fibra e da matriz. Fibras relativamente
rígidas (fibras de vidro e PET) exercem efeito mais pronunciado na resistência de ruptura, ao
passo que fibras relativamente flexíveis (fibras de polipropileno) exercem efeito mais
pronunciado no modo de ruptura e no comportamento último. Desta forma, o comportamento
apresentado pela mistura solo-cimento-bentonita-fibra, mais uma vez, confirmou os resultados
obtidos na literatura.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
88
Figura 4.7: Comparação das envoltórias das misturas SCB SCBF.
Tal comportamento é também corroborado por Heineck (2002), que verificou um
aumento no intercepto coesivo e pequeníssima variação no ângulo de atrito interno último em
ensaios realizados com solo-bentonita com introdução de fibras de polipropileno de 12 e
36mm.
Ao elevar a tensão efetiva normal média (
p’) atuante no compósito fibroso, elevou-se
também a sua resistência ao cisalhamento, aumentando o atrito entre o solo e o reforço. Esta
alteração no atrito entre os componentes solo e fibra segundo Feuerharmel (2000) pode
provocar mudanças no seu mecanismo de interação. Isto é evidenciado pelas envoltórias de
resistência do solo reforçado disponíveis na literatura, que apresentam a forma curvilínea-
linear ou bi-lineares. Acima de uma dada tensão efetiva média normal as envoltórias tornam-
se paralelas à envoltória do solo sem fibras, conforme foi observado na Figura 4.7.
A Tabela 4.4 a seguir apresenta um resumo dos ensaios triaxiais não-drenados com os
parâmetros de resistência encontrados nas envoltórias que foram apresentadas.
0
100
200
300
400
500
600
700
0 100 200 300 400 500 600 700
s' [(σ'
1
+ σ'
3
)/2] (kPa)
t [(
σ
'
1
-
σ
'
3
)/2] (kPa)
SCBF
SCB - 13%
SCB - Ruptura
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
89
Tabela 4.4: Resumo dos ensaios triaxiais não-drenados
Mistura
s’
ruptura
(kPa)
s’
13%
(kPa)
t
ruptura
(kPa)
t
13%
(kPa)
φ
ruptura
φ
13%
c’
ruptura
(kPa)
c’
13%
(kPa)
SCB
(50kPa)
79,20 136,03 73,26 102,32
SCB
(250kPa)
216,45 307,51 148,52 211,49
SCB
(480kPa)
398,85 518,60 284,48 356,21
42° 42° 21 14
SCBF
(50kPa)
130,21 114,4
SCBF
(220kPa)
191,33 149,28
SCBF
(240kPa)
187,80 139,45
SCBF
(450kPa)
355,74 260,75
SCBF
(480kPa)
395,19 286,50
42° 29
4.2.2.5 Modo de ruptura
Foram observadas três formas de rupturas bem definidas: (a) ruptura frágil,
característica de materiais muito rígidos ou cimentados; (b) ruptura dúctil, característica da
areias fofas e argilas moles, que não apresenta a formação de planos definidos de ruptura e
nem queda significativa da resistência após a tensão desvio máxima; (c) ruptura mista,
formação de plano de ruptura com embarrigamento. Na ruptura frágil, o corpo de prova após a
ruptura se comporta essencialmente como dois blocos rígidos deslizando-se um sobre o outro,
na ruptura dúctil observaram-se deformações distribuídas por todo o corpo de prova, sendo
esta forma de ruptura conhecida como “
bulging”. Na Tabela 4.5 a seguir é apresentado um
esquema das rupturas dos corpos de prova.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
90
Tabela 4.5: Esquema de rupturas dos corpos de prova
Mistura
Tensão confinante
(kPa)
Modo de ruptura
SCB 50 Frágil
SCB 250 Frágil – Dúctil
SCB 480 Frágil – Dúctil
SCBF 50 Dúctil
SCBF 220 Dúctil
SCBF 240 Dúctil
SCBF 450 Dúctil
SCBF 480 Dúctil
A forma de ruptura dos corpos de prova de SCB foi alterada ao incluir fibras de
polipropileno, reduzindo sua fragilidade e redistribuindo os esforços mediante a uma
solicitação externa no solo. Do mesmo modo Montardo (1999) concluiu que a inclusão de
fibras de polipropileno no compósito de matriz cimentada altera significativamente o seu
modo de ruptura. Com a inclusão de fibras o comportamento do material na ruptura, que era
frágil, torna-se dúctil. Estas constatações resultaram da análise dos índices de fragilidade e de
verificação visual da ausência ou presença de planos de ruptura nos corpos de prova
rompidos.
Uma característica marcante de solos cimentados é a fragilidade na ruptura, com
formação planos de ruptura, tal fragilidade aumenta com o aumento da quantidade de cimento
e diminui com o aumento da tensão efetiva média (SCHNAID
et al., 2001). Segundo Clough
et al. (1981) apud. Foppa (2005), o modo de ruptura para uma areia fracamente cimentada é
frágil para baixas tensões de confinamento e dúctil para altas tensões de confinamento. Este
comportamento também foi verificado para as misturas solo-cimento-bentonita, devido ao
aumento da tensão efetiva a forma de ruptura variou, isto é, misturas artificialmente
cimentadas tendem a rupturas do tipo
“bulging” quando são submetidas a altas tensões
confinantes.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
91
A Figura 4.8 apresenta os três modos de ruptura encontrados nos ensaios triaxiais não-
drenados em tensões efetivas diferentes, referentes às misturas solo-cimento-bentonita e solo-
cimento-bentonita-fibra.
Figura 4.8: Modo de ruptura: (a) Frágil, (b) Frágil-Dúctil e (c) Dúctil.
4.3 COMPORTAMENTO HIDRÁULICO
4.3.1 Ensaios de Condutividade Hidráulica Medidos no Equipamento
Triaxial
Optou-se por medir a condutividade hidráulica nos ensaios triaxiais após a fase de
adensamento e após a fase de cisalhamento dos corpos de prova, com o objetivo de analisar a
condutividade hidráulica em diferentes níveis de tensões efetivas e também avaliar a eficácia
das misturas após sofrerem deformações cisalhantes na ordem de aproximadamente 13%.
4.3.1.1 Mistura do tipo SCB
Os resultados da condutividade hidráulica pós-adensamento e pós-cisalhamento
obtidos para as misturas solo-cimento-bentonita, nas tensões efetivas de 50, 250 e 480 kPa,
são apresentados na Figura 4.9. Cabe ressaltar que os tipos de rupturas observados nos corpos
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
92
de prova juntamente com as tensões efetivas aplicadas tornaram-se indispensáveis para a
compreensão dos resultados dos ensaios de condutividade hidráulica.
O gráfico condutividade hidráulica
versus tempo apresentado na Figura 4.9 (a) aponta
uma condutividade hidráulica, para a tensão efetiva de 50 kPa, após a fase de adensamento em
torno de 8.10
-8
m/s e após a fase de cisalhamento na ordem de 10
-8
m/s, indicando uma
diminuição da
k após o cisalhamento do corpo de prova. Este resultado apresentou um
comportamento diferenciado com relação aos outros ensaios realizados. Na Figura 4.9 (b) está
apresentado o ensaio para a tensão efetiva de 250 kPa, apresentando valores de 9.10
-8
m/s
após-adensamento e de 2.10
-8
m/s após-cisalhamento, onde a condutividade hidráulica
aumentou após a ruptura da amostra. O mesmo caso pode ser notado na Figura 4.9 (c), para
tensão efetiva de 480 kPa, a condutividade hidráulica pós-adensamento e pós-cisalhamento
foi de 5.10
-9
e 5.10
-8
m/s, respectivamente.
O corpo de prova cisalhado a uma tensão efetiva de 50 kPa apresenta um
comportamento frágil na ruptura, formando um plano bem definido, podendo ser explicado
pela baixa tensão efetiva em relação ao grau de cimentação da amostra. O modo de ruptura
para um solo fracamente cimentado é frágil para baixas tensões de confinamento e dúctil para
altas tensões de confinamento. A razão para tal comportamento pode ser entendida através da
análise das contribuições relativas das componentes da resistência. Para baixas tensões de
confinamento, a componente de cimentação é muito mais significante que a componente
friccional. Portanto, devido à ruptura frágil da cimentação, a areia exibe ruptura frágil nas
baixas tensões confinantes. Pode-se dizer que as porções da amostra que são separadas pela
interface de ruptura permanecem quase íntegras em sua estrutura, ou seja, as micro-
fissurações formadas na amostra e o rearranjo da estrutura causado pelas deformações
impostas resulta em uma diminuição da condutividade hidráulica com relação à medida na
fase pós-adensamento. Por outro lado, para altas tensões de confinamento, a componente
friccional começa a preponderar e uma resposta mais dúctil se manifesta (CLOUGH
et al.,
1981
apud. FOPPA, 2005).
Já os corpos de prova cisalhados com tensões efetivas de 250 e 480 kPa observa-se
uma ruptura mista, apresentando visível embarrigamento e tendências a plano de ruptura. Este
tipo de ruptura indica uma maior desestruturação da amostra cimentada, formando caminhos
preferenciais de percolação dentro do corpo de prova através da micro-fissuração e união de
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
93
poros. Desta forma, pode ser explicado o aumento da condutividade hidráulica para as duas
tensões após a fase de cisalhamento.
Em geral, os solos cimentados apresentam um comportamento frágil na ruptura com a
formação de planos de cisalhamento. Tal fragilidade diminui com o aumento da tensão efetiva
média (SCHNAID
et al., 2001).
0:00 0:14 0:28 0:43
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
k (m/s)
SCB 50 kPa - Pós adensamento
SCB 50 kPa - Pós cisalhamento
(a)
0:00 0:07 0:14 0:21 0:28 0:36
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
k (m/s)
SCB 250 kPa - Pós adensamento
SCB 250 kPa - Pós cisalhamento
(b)
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57 1:12
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
k (m/s)
SCB 480 kPa - Pós adensamento
SCB 480 kPa - Pós cisalhamento
(c)
Figura 4.9: Condutividade hidráulica em misturas SCB nas tensões
efetivas de: (a) 50 kPa, (b) 250 kPa e (c) 480 kPa.
Os gráficos apresentados na Figura 4.10 comparam o coeficiente de condutividade
hidráulica
versus a tensão efetiva para as misturas SCB, antes e após o cisalhamento.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
94
Observa-se na Figura 4.10 (a) que com o aumento da tensão efetiva, ocorre a diminuição do
coeficiente de condutividade hidráulica, conforme esperado. Isto ocorre devido ao
adensamento da amostra, fase do ensaio triaxial que antecede a medição da condutividade.
Quanto maior a tensão efetiva aplicada, maior a variação volumétrica observada, ou seja,
maior redução do índice de vazios e, portanto, menor condutividade hidráulica. Já na Figura
4.10 (b) é possível constatar que a condutividade hidráulica após o cisalhamento,
independente da tensão confinante aplicada nesta fase, tende a valores estáveis de mesma
magnitude, exceto para a amostra de 50 kPa que apresentou ruptura diferenciada como
apresentado anteriormente. Também é possível observar que com o aumento da deformação
axial a condutividade hidráulica diminui, de forma não acentuada, corroborando com
resultados encontrados por Heineck (2002).
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
k (m/s)
SCB 50 kPa - Pós adensamento
SCB 250 kPa - Pós adensamento
SCB 480 kPa - Pós adensamento
(a)
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
k (m/s)
SCB 50 kPa - Pós cisalhamento
SCB 250 kPa - Pós cisalhamento
SCB 480 kPa - Pós cisalhamento
(b)
Figura 4.10: Comparação da condutividade hidráulica das misturas
SCB: (a) pós-adensamento e (b) pós-cisalhamento.
A Tabela 4.6 apresenta um comparativo entre as condutividades hidráulicas realizadas
nos permeâmetros de paredes flexível e rígida. É possível observar que a condutividade
hidráulica medida por Lemos (2006) apresenta proximidade a ordem de magnitude das
medidas obtidas no equipamento triaxial, com isso é possível afirmar uma boa concordância
entre os dois tipos de permeâmetros.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
95
Tabela 4.6: Comparativo das condutividades hidráulicas das misturas
SCB
Permeâmetro de Parede Flexível Permeâmetro de Parede Rígida
Tensões efetivas Pós-adensamento Pós-cisalhamento
Condutividade Hidráulica
(Lemos, 2006)
50 kPa 8.10
-8
m/s 10
-8
m/s
250 kPa 2.10
-8
m/s 9.10
-8
m/s 10
-9
m/s
480 kPa 5.10
-9
m/s 5.10
-8
m/s
A variabilidade nos valores obtidos pode ser explicada pelo fato de que as amostras
começaram a ser percoladas em períodos diferentes de cura, durante os ensaios realizados em
permeâmetro de parede flexível (equipamento triaxial) e rígida, o que pode ter ocasionado o
transporte de partículas do cimento. No ensaio triaxial, a percolação da amostra começou no
quarto dia e no permeâmetro de parede rígida começou 24 h após a moldagem do corpo de
prova. Com base nisto, pode-se afirmar, que a percolação após um dia de cura, carreou muito
mais partículas do que após quatro dias, quando a estrutura da mistura está mais estável e bem
formada. Cabe ressaltar, que para o permeâmetro de parede flexível e para o de parede rígida
os gradientes hidráulicos foram diferentes, na ordem de 10 e 8,3, respectivamente, o que pode
ter ocasionando a pequena diferença das condutividades dos dois equipamentos, quando
comparadas com a medida após o adensamento.
4.3.1.2 Mistura do tipo SCBF
A Figura 4.11 apresenta os resultados da condutividade hidráulica pós-adensamento e
pós-cisalhamento alcançadas para as misturas do tipo solo-cimento-bentonita-fibra, nas
tensões efetivas de cisalhamento de 50, 220, 240, 450 e 480 kPa. Os tipos de rupturas também
foram analisados neste caso, a fim de orientar as explicações para os dados encontrados.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
96
0:00 0:07 0:14 0:21 0:28 0:36 0:43
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 50 kPa - Pós adensamento
SCBF 50 kPa - Pós cisalhamento
(a)
0:00 0:14 0:28 0:43
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 220 kPa - Pós adensamento
SCBF 220 kPa - Pós cisalhamento
(b)
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 240 kPa - Pós adensamento
SCBF 240 kPa - Pós cisalhamento
(c)
0:00 0:14 0:28 0:43
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 450 kPa - Pós adensamento
SCBF 450 kPa - Pós cisalhamento
(d)
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57 1:12
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 480 kPa - Pós adensamento
SCBF 480 kPa - Pós cisalhamento
(e)
Figura 4.11: Condutividade hidráulica em misturas SCBF nas tensões
efetivas de: (a) 50 kPa, (b) 220 kPa, (c) 240 kPa, (d) 450 kPa e
(e) 480 kPa.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
97
Verificou-se para todas as tensões efetivas de cisalhamento o mesmo comportamento
para a condutividade hidráulica, ou seja, esta quando medida após o cisalhamento foi maior
para todas as amostras. Isto pode ser explicado pelo fato de todas as amostras terem
apresentado o mesmo tipo de ruptura. As misturas solo-cimento-bentonita-fibra mostraram
ruptura dúctil, o que se justifica pelo reforço do solo com fibras de polipropileno, como
observado por Nataraj
et al. (1996).
A Figura 4.12 mostra o coeficiente de condutividade hidráulica
versus tensão efetiva
para as misturas SCBF, antes e após o cisalhamento.
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 50 kPa - Pós adensamento
SCBF 220 kPa - Pós adensamento
SCBF 240 kPa - Pós adensamento
SCBF 450 kPa - Pós adensamento
SCBF 480 kPa - Pós adensamento
(a)
0:00 0:14 0:28 0:43 0:57
Tempo (h)
1E-009
1E-008
1E-007
1E-006
1E-005
k (m/s)
SCBF 50 kPa - Pós cisalhamento
SCBF 220 kPa - Pós cisalhamento
SCBF 240 kPa - Pós cisalhamento
SCBF 450 kPa - Pós cisalhamento
SCBF 480 kPa - Pós cisalhamento
(b)
Figura 4.12: Comparação da condutividade hidráulica das misturas
SCBF: (a) pós-adensamento e (b) pós-cisalhamento.
A condutividade hidráulica das misturas SCBF, indicadas na Figura 4.12 (a),
apresentam diferença pouco significativas com o aumento da tensão confinante. Quando
comparadas com as misturas SCB, não houve variação na magnitude dos valores, porém
notaram-se diferenças mais estreitas, o que pode ser explicado pela presença das fibras, pois
estas conferem ao corpo de prova maior resistência a deformação. Na Figura 4.12 (b),
observou-se uma tendência muito similar da condutividade hidráulica para as amostras
ensaiadas, aparentemente as curvas aproximam-se e estabilizam seus valores. A semelhança
na forma de ruptura da amostras, por embarrigamento, pode ter ocasionado este tipo de
comportamento para todas as tensões.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
98
A Tabela 4.7 apresenta um comparativo entre as condutividades hidráulicas medidas
no equipamento triaxial (permeâmetro de parede flexível) e no permeâmetro de parede rígida
para as amostras de SCBF, as quais apresentaram o mesmo comportamento das misturas SCB,
quando os dois tipos de permeâmetros foram comparados.
Tabela 4.7: Comparativo das condutividades hidráulicas das misturas
SCBF
Permeâmetro de Parede Flexível Permeâmetro de Parede Rígida
Tensões efetivas Pós-adensamento Pós-cisalhamento Condutividade Hidráulica
50 kPa 4.10
-8
m/s 8.10
-8
m/s
220 kPa 8.10
-9
m/s 7.10
-8
m/s
240 kPa 2.10
-8
m/s 1.10
-7
m/s 8.10
-10
m/s
450 kPa 2.10
-8
m/s 5.10
-8
m/s
480 kPa 2.10
-8
m/s 4.10
-8
m/s
4.3.2 Ensaios de Condutividade Hidráulica Medidos em Permeâmetro de
Parede Rígida
Existem dois tipos de permeâmetros: os de paredes rígidas e os de paredes flexíveis. O
permeâmetro de parede flexível é mais confiável em função do selamento que a membrana de
látex proporciona ao redor de toda a amostra. Amostras indeformadas podem ser facilmente
testadas, a contra-pressão pode ser utilizada para saturar a amostra e as tensões verticais e
horizontais podem ser facilmente monitoradas, estas são algumas das vantagens atribuídas
para este tipo de permeâmetro. Já os permmetros de paredes rígidas consistem em tubos
rígidos que contém a amostra a ser permeada, a amostra tende a apresentar menor
expansividade que a amostra ensaiada em um permeâmetro de parede flexível, porém
apresenta como desvantagem a não saturação total da amostra, a não existência de controle
sobre as pressões atuantes na amostra e a existência da possibilidade de haver fluxo lateral
pelas paredes do tubo do permeâmetro.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
99
Entretanto, com o objetivo de avaliar a influência da introdução de fibras a partir de
comparação com os valores obtidos por Lemos (2006) em misturas SB e SCB, foram
realizados ensaios em permeâmetro de parede rígida com as misturas SBF e SCBF. Por isso
os ensaios foram realizados sob as mesmas condições: com cargas constantes e gradiente
hidráulico de 8,3. Assim, foi possível identificar se a adição de fibras de polipropileno afetou
a condutividade hidráulica das misturas, comprometendo ou não o desempenho das barreiras
verticais.
4.3.2.1 Mistura do tipo SBF
O comportamento hidráulico das misturas é indicado na Figura 4.13, a qual apresenta
uma condutividade hidráulica em torno de 1,1.10
-10
m/s para a mistura SBF, apresenta ainda
os resultados dos ensaios realizados com misturas do tipo SB obtidos por Lemos (2006), os
quais apresentam uma condutividade hidráulica da ordem de 10
-9
m/s. Os valores encontrados
para a condutividade hidráulica das misturas SBF, são inferiores aos valores usualmente
utilizados em projeto para barreiras verticais de contenção do tipo SB, o qual é da ordem de
10
-9
m/s (MUTCH et al., 1997), o que confirma a possibilidade desta mistura ser utilizada
como material de preenchimento.
1,00E-11
1,00E-10
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240
t (h)
k (m/s)
SBF 1
SBF 2
SBF 3
SB Ensaio 8 (adaptado de Lemos,2006)
SB Ensaio 13 (adaptado de Lemos, 2006)
SB Ensaio 5 (adaptado de Lemos, 2006)
Figura 4.13: Condutividade hidráulica das misturas SBF.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
100
Com isso foi possível afirmar, que a adição de fibras de polipropileno em misturas do
tipo solo-bentonita não altera significativamente o comportamento hidráulico das misturas,
apoiando os resultados encontrados por Heineck (2002). Alguns autores como Maher e Ho
(1994) e Al-Wahab e El-Kedrah (1995) publicaram estudos relatando o aumento da
condutividade hidráulica com a adição de fibras, porém como os autores estudaram teores
bem mais altos de fibras (4% e 2%) o que pode ter causado a mudança de comportamento
(HEINECK, 2002), a presente investigação não pode considerar tal resultado.
4.3.2.2 Mistura do tipo SCBF
A Figura 4.14 apresenta o comportamento hidráulico das misturas solo-cimento-
bentonita-fibra e solo-cimento-bentonita (adaptados de Lemos, 2006) mostrando uma
condutividade hidráulica em torno de 8.10
-10
m/s e 10
-9
m/s, respectivamente. Estes valores
estão de acordo com Andromalos e Fisher (2001), que afirmaram que a condutividade
hidráulica nas barreiras de solo-cimento-bentonita deve atingir valores inferiores a 1.10
-8
m/s,
o que confirma a possibilidade desta mistura ser utilizada como material de preenchimento.
1,00E-11
1,00E-10
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240
t (h)
k (m/s)
SCBF 1
SCBF 2
SCBF 3
SCB Ensaio 14 (adaptado de Lemos, 2006)
SCB Ensaio 15 (adaptado de Lemos, 2006)
SCB Ensaio 17 (adaptado de Lemos, 2006)
Figura 4.14: Condutividade hidráulica das misturas SCBF.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
101
Novamente foi possível assegurar que a inserção de fibras não influenciou
significativamente a condutividade hidráulica das misturas confirmando os resultados
encontrados por Heineck (2002).
A comparação entre os ensaios de SBF e SCBF está apresentada na Figura 4.15, onde
se pode observar o aumento da condutividade hidráulica com a inserção de cimento.
1,00E-11
1,00E-10
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240
t (h)
k (m/s)
SBF 1
SBF 2
SBF 3
SCBF 1
SCBF 2
SCBF 3
Figura 4.15: Comparação da
k para as misturas SBF e SCBF.
O cimento Portland interfere na capacidade de uma mistura de solo e bentonita de
atingir baixos valores de condutividade hidráulica, mas por outro lado, o cimento aumenta a
estabilidade da mistura, sendo esta função do fator água-cimento e da sua idade (RYAN e
DAY, 2002). Alguns autores relataram o mesmo comportamento para a adição do cimento em
misturas (
e.g. AZAMBUJA, 2004; SANTOS, 2005; LEMOS, 2006; ROJAS, 2007). Este
aumento possivelmente se deve as reações que ocorrem com o cimento no processo de
hidratação. Pois o mesmo afeta a capacidade de inchamento e retenção de água da bentonita
(KOCH, 2002).
Todavia pode-se garantir que pela adição de cimento aumentará a resistência e a
rigidez, diminuirá a compressibilidade e alterará os limites de consistência; a condutividade
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
102
hidráulica será reduzida nos solos granulares, mas aumentará nos solos argilosos; a
durabilidade medida em ciclos de molhagem e secagem aumentará (PRIETTO, 1996 e
MONTARDO, 1999), no caso da utilização desta mistura como material de preenchimento
nas
slurry walls.
CAPÍTULO 5
5. CONCLUSÕES
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo são apresentadas as conclusões a partir dos resultados e da análise acerca
do comportamento mecânico e hidráulico mostrados anteriormente.
5.2 ENSAIOS DE COMPRESSÃO NÃO-CONFINADA
Os resultados de resistência à compressão não-confinada realizados em misturas SCB
apresentaram uma queda na resistência após atingir a resistência máxima, tal
comportamento é característico de solos artificialmente cimentados, demonstrando uma
ruptura frágil. A média das resistências dos ensaios alcançadas foi igual a 119,7 kPa.
Já os ensaios realizados nas misturas SCBF apresentaram um constante aumento da
resistência dos corpos de prova com o aumento das deformações axiais, não demonstrando
pico de resistência.
Foi possível verificar que a inclusão de fibras de polipropileno aumentou em 33,6% a
resistência não-confinada em misturas de SCB.
5.3 ENSAIOS TRIAXIAIS
Para os ensaios de compressão triaxial adensados não-drenados (CIU), durante a fase de
adensamento, observou-se que tanto para as misturas de SCB como para as misturas
SCBF as variações volumétricas tornaram-se mais pronunciadas com o aumento da tensão
confinante, ou seja, quanto maior o incremento de tensão isotrópica aplicado maior era a
variação volumétrica da amostra, diminuindo o índice de vazios com o aumento da tensão
efetiva aplicada nos corpos de prova.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
104
Também foi possível constatar que as amostras de SCBF deformaram um pouco menos
quando foram comparadas com as amostras de SCB, para as mesmas tensões de
confinamento, o que pode ser explicado pela presença das fibras, as quais conferem ao
corpo de prova maior resistência à deformação com a aplicação de cargas isotrópicas.
O comportamento tensão desvio versus deformação axial para as misturas SCB e SCBF
demonstraram um comportamento inicial extremamente rígido característico de solos
cimentados. Sob pequenas deformações o comportamento das misturas com fibras de
polipropileno foi governado principalmente pela ação do agente cimentante, ao passo que,
para deformações relativamente grandes, este comportamento foi influenciado pela ação
do reforço fibroso.
A ação das fibras permitiu um acréscimo constante da resistência com o aumento das
deformações, porém não na mesma proporção encontrada no início dos ensaios.
Em uma análise direcionada à variação da poro-pressão foi observado que com o aumento
dos níveis de tensões efetivas aplicadas nos ensaios, também ocorreu o aumento da
geração de poro-pressão. Além disto, quando as curvas SCB e SCBF com as mesmas
tensões efetivas foram comparadas, constatou-se que para todos os níveis de tensões
houve uma pequena tendência ao aumento da geração de poro-pressão com a introdução
das fibras. Acredita-se que as poro-pressões foram crescentes devido à tendência clara de
contração do material durante o processo de cisalhamento sob condições não-drenadas,
sendo que a partir de deformações axiais superiores a 2% as poro-pressões tenderam a se
estabilizar.
A mistura do tipo SCB apresentou duas envoltórias uma de ruptura e outra traçada aos
13% de deformação axial; estas apresentaram ângulo de atrito e intercepto coesivo de 42°
e 21 kPa para a envoltória de ruptura e 42° e 14 kPa para a envoltória traçada aos 13%.
A mistura do tipo SCBF apresentou uma única envoltória para o estado de ruptura e para
os 13% de deformação axial, mostrando valores de ângulo de atrito e coesão iguais a 42° e
29 kPa. Devido a adição do reforço fibroso houve um aumento no valor do intercepto
coesivo, já o ângulo de atrito não foi alterado.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
105
Comparando a envoltória de ruptura da mistura SCB e as envoltórias traçadas aos 13% de
deformação axial das misturas SCB e SCBF, foi claramente identificado que as três
envoltórias de resistência são paralelas.
A envoltória de ruptura da mistura SCB apresentou-se um pouco acima da envoltória
traçada aos 13% para o mesmo tipo de mistura, apresentando uma queda de 33% no
intercepto coesivo após a ruptura dos corpos de prova.
Foi possível afirmar que a envoltória da mistura com a adição de fibras de polipropileno
apresentou um aumento de 107% no intercepto coesivo quando comparada com a
envoltória aos 13% da mistura SCB, ou seja, a inserção de fibras apresentou boa
contribuição quando solicitada em grandes deformações.
De uma maneira geral, também foi admissível afirmar que a resistência da mistura SCBF
foi maior do que a resistência da mistura SCB ao comparar as três envoltórias obtidas.
Foi possível aferir que a forma de ruptura dos corpos de prova de SCB foi alterada ao
incluir fibras de polipropileno, reduzindo sua fragilidade e redistribuindo os esforços
mediante a uma solicitação externa no solo. Para tensões baixas de confinamento, a
mistura SCB apresentou ruptura frágil e com o aumento da tensão confinante foi
visualizado uma ruptura mista, com formação de plano de ruptura e embarrigamento. Já as
misturas de SCBF apresentaram uma ruptura dúctil para todas as tensões de confinamento.
5.4 ENSAIOS DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA
5.4.1 Análise dos Resultados Obtidos no Equipamento Triaxial
Ao comparar a condutividade hidráulica obtida para as amostras de SCB antes e após a
fase de cisalhamento, foi verificado que a amostra com tensão efetiva de 50 kPa
apresentou um comportamento diferenciado com relação aos outros dois níveis de tensão
de confinamento após a ruptura. Acredita-se que a
k foi menor após a fase de
cisalhamento devido a uma menor desestruturação do corpo de prova sob a tensão de 50
kPa, porém para tensões efetivas de 250 e 480 kPa a condutividade foi maior após a fase
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
106
de cisalhamento. Julgou-se que
k foi determinada pelo modo de ruptura do corpo de
prova.
Avaliando todas as tensões confinantes depois do adensamento, para a mistura SCB, foi
possível verificar que a condutividade hidráulica diminui com o aumento das tensões
efetivas. Já o
k medido após o cisalhamento dos corpos de prova tende a valores estáveis
de mesma magnitude para as tensões de 250 e 480 kPa, exceto para a amostra de 50 kPa.
Para as amostras de SCBF verificou-se para todas as tensões efetivas de cisalhamento o
mesmo comportamento para a condutividade hidráulica, ou seja, esta quando medida após
o cisalhamento foi maior para todos os corpos de prova. Isto pode ser explicado pelo fato
de todos os CPs terem apresentado o mesmo tipo de ruptura.
A condutividade hidráulica das misturas SCBF apresentam diferença pouco significativas
com o aumento da tensão confinante. Aparentemente as curvas aproximam-se e
estabilizam seus valores, tanto após o adensamento como após a fase de cisalhamento,
num determinado intervalo de tempo.
Em relação à condutividade hidráulica das misturas SCBF quando comparada com as
misturas SCB, não houve variação na magnitude dos valores, porém notaram-se
diferenças mais estreitas, o que pode ser explicado pela presença das fibras, pois estas
conferem ao corpo de prova maior resistência à deformação.
5.4.2 Análise dos Resultados Obtidos no Permeâmetro de Parede Rígida
Os valores encontrados para a condutividade hidráulica das misturas SBF foram inferiores
aos valores usualmente utilizados em projeto para barreiras verticais de contenção do tipo
SB, o qual é da ordem de 10
-9
m/s (MUTCH et al., 1997). Isto indicou que a adição de
fibras de polipropileno em misturas do tipo solo-bentonita não altera significativamente o
comportamento hidráulico das misturas, confirmando a possibilidade desta mistura ser
utilizada como material de preenchimento.
Os valores de k encontrados para as misturas SCBF foram de 8.10
-10
m/s, inferiores a
valores apresentados na literatura por Andromalos e Fisher (2001), os quais afirmaram
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
107
que a condutividade hidráulica nas barreiras de solo-cimento-bentonita deve atingir
valores inferiores a 1.10
-8
m/s. Com isto é possível afirmar que a mistura SCBF pode ser
utilizada como material de preenchimento para barreiras verticais.
Novamente foi possível assegurar que a inserção de fibras não influenciou
significativamente a condutividade hidráulica das misturas contendo cimento. Todavia a
partir dos valores de
k obtidos, este material poderia ser utilizado como material de
preenchimento em barreiras verticais de contenção.
A condutividade hidráulica obtida no permeâmetro de parede rígida pode ser comparada
apenas com a condutividade hidráulica obtida após a fase de adensamento nos ensaios
triaxiais, visto que após a fase de cisalhamento a amostra foi submetida a uma força axial
constante e deformações significativas. Assim, fazendo uma comparação entre as
condutividades hidráulicas medidas no equipamento triaxial (permeâmetro de parede
flexível) e no permeâmetro de parede rígida para as amostras de SB-SBF e SCB-SCBF,
foi possível afirmar que a
k apresentou mesma ordem de magnitude para os dois tipos de
equipamentos, mostrando uma boa concordância entre os dois tipos de permeâmetros.
5.5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
De forma a dar prosseguimento ao trabalho realizado nesta dissertação e ampliar o
conhecimento sobre o comportamento de misturas solo-cimento-bentonita reforçados com
fibras de polipropileno, o autor sugere os seguintes tópicos de pesquisa:
A execução de ensaios triaxiais não-drenados (CIU) com tensões efetivas
iniciais mais baixas do que 50 kPa, a fim de definir a forma curvilínea-linear ou
a bi-linearidade da envoltória de resistência do solo reforçado.
Realizar análises microscópicas após os ensaios no permeâmetro de parede
rígida e no equipamento triaxial, a fim de aferir a distribuição das fibras nas
misturas SBF e SCBF. Os resultados permitirão determinar se a forma de
mistura dos materiais proposta apresentou influência na forma de ruptura dos
corpos de prova.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
108
Verificar a influência do modo de ruptura na condutividade hidráulica das
misturas.
REFERÊNCIAS
AESTUS, LLC. Useful Solutions for Complex Problems. Disponível em:
<www.aestusinc.com
>. Acesso em: 10 de maio de 2006.
AL WAHAB, R. M.; AL-QURNA, H. H. Fiber Reinforced cohesive soils for application in
compacted earth structures. In: GEOSSYNTHETICS’95 CONFERENCE. 1995, Nashville.
Proceedings … v.2, p.433-466, 1995.
AL WAHAB, R. M.; EL-KEDRAH, M. A. Using fibers to reduce tension cracks and
shrink/swell in a compacted clay. In: GEOENVIRONMENT 2000 –
CHARACTERIZATION, CONTAINMENT, REMEDIATION AND PERFORMANCE IN
ENVIRONMENTAL GEOTECHNICS, 1995, New Orleans.
Proceedings … ASTM STP n.
46, ASTM, v. 1, 2v, p.791-805, 1995.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS.
Standard Classification of
Soils for Engineering Purposes: D 2487. Philadelphia, 1993. 11p.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS.
Standard test method for
measurment of hydraulic conductivity of saturated porous materials using a flexible
wall permeameter: D5084, Philadelphia, 1990. 8p.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS.
Standard test method of
measurment of hydraulic conductivity of saturated porous materials using a rigid-wall,
compaction-mold permeameter: D5856, Philadelphia, 1997.
ANDROMALOS, K.B., FISHER, M.J.
Design and control of slurry wall backfill mixes for
groundwater containment. In: INTERNATIONAL CONTAINMENT AND
REMEDIATION CONFERENCE. 2001, Orlando. Disponível em
www.geocon.net/pdf/paper48.pdf. Acesso em: 25 novembro 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459:
Solos –
determinação do limite de liquidez.
Rio de Janeiro, 1984a. 6p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502:
Rochas e Solos –
Terminologia.
Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508:
Grãos de solos que
passam em peneiras de 4,8mm – Determinação da massa específica. Rio de Janeiro,
1984d. 8p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180:
Solos –
determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984b. 4p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181:
Solos – análise
granulométrica. Rio de Janeiro, 1984c. 13p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12025:
Solo-Cimento –
Ensaio de compressão simples de corpo de prova cilíndrico. Rio de Janeiro, 1990. 2p.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
110
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Solo Coesivo– Determinação da
Resistência à compressão simples não confinada. NBR 12770. Rio de Janeiro, 1992. 4p.
AZAMBUJA, R.M.B.
Estudo do Comportamento Mecânico e Hidráulico de Misturas de
Solo-Cimento-Bentonita para a Aplicação em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes. Porto Alegre, 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
BAXTER, D. Y.; Mechanical behavior of soil-bentonite cutoff walls. 2000. 369p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia) – Faculty of Virginia Polytechnic Institute and State University.
BISHOP, A.W.; HENCKEL, D.J. The measurements of soil properties in triaxial test. 2ed.,
London: Edward Arnold, 277p. 1962.
BUENO, B.S.; LIMA, D.C.; TEIXEIRA, S.H.C.; RIBEIRO, N.J. Soil fiber reinforcement:
basic understanding. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL
GEOTECHNOLOGY, 1996, San Diego.
Anais... v1., p.878-884.
CASAGRANDE, M.D.T.
Estudo do Comportamento de um Solo Reforçado com Fibras
de Polipropileno Visando o Uso como Base de Fundações Superficiais. Porto Alegre,
2001. 96p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da UFRGS.
CASAGRANDE, M.D.T.; CONSOLI, N.C. Estudo do comportamento de um solo residual
areno-siltoso reforçado com fibras de polipropileno.
Solos e Rochas, São Paulo,
ABMS/ABGE, v.25, n.3, p.223-230, 2002.
CASAGRANDE, M. D. T.;
Comportamento de Solos Reforçados com Fibras Submetidas
a Grandes Deformações. Porto Alegre, 2005. Tese (Doutorado em Engenharia) - Programa
de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
CASAGRANDE, M.D.T.; COOP, M.R.; CONSOLI, N.C. Behavior of a fiber-reinforced
bentonite at large shear displacements.
Journal of Geotechnical and Geoenvironmental
Engineering
, ASCE, v.132, n.11, 2006.
COLLARES, A.C.Z.B.; VILAR, O.M- A Influência do pH do Fluido de Saturação no
Colapso dos Solos. In:
Anais do XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica, v.1, p.123-129, 1998.
CONSOLI, N.C.; ULBRICH, L.A.; PRIETTO, P.D.M. Engineering behavior of random
distributed fiber-reinforced cement soil. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON RECENT
DEVELOPMENTES IN SOIL AND PAVEMENT MECHANICS, 1997, Rio de Janeiro.
Proceedings... Rotterdam: A. A. Balkema, 1997. p.481-486.
CONSOLI, N.C.; PRIETTO, P.D.M.; ULBRICH, L.A. Influence of fiber and cement addition
on behavior of sandy soil.
Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering,
New York, ASCE, v.124. n.12, p.1211-1214, 1998.
CONSOLI, N.C.; PRIETTO, P.D.M.; ULBRICH, L.A. The behavior of a fiber-reinforced
cemented soil.
Ground Improvement, ISSMGE, v.3, n.3, p.21-30, 1999.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
111
CONSOLI, N.C.; MONTARDO, J.P.; PRIETTO, P.D.M.; PASA, G. Engineering behavior of
a sand reinforced with plastic waste.
Journal of Geotechnical and Geoenvironmental
Engineering, New York, ASCE, v.128, n.6, 2002-b.
CONSOLI, N.C.; MONTARDO, J.P.; DONATO, M.; PRIETTO, P.D.M. Effect of material
properties on the behaviour of sand-cement-fibre composites.
Ground Improvement,
ISSMGE, v.8, n.2, p.77-90, 2004.
CRUZ, R.C.
Condutividade Hidráulica em Solos Contaminados Encapsulados. Porto
Alegre, 2004. 95p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da UFRGS.
DONATO, M.
Comportamento Mecânico de Concreto Compactado com Rolo Reforçado
com Fibras de Polipropileno
. Porto Alegre, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia) -
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
DONATO, M.; CERATTI, J.A.P.; CONSOLI, N.C. Comportamento mecânico de concreto
compactado com rolo com adição de fibras de polipropileno. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, São
Paulo.
Anais... São Paulo: ABMS, v.1, p.251-260, 2002.
DONATO, M.; FOPPA, D.; CERATTI, J.A.P.; CONSOLI, N.C. Fibras de polipropileno
como reforço para materiais geotécnicos.
Solos e Rochas, São Paulo, ABMS/ABGE, v.27,
n.2, p.161-179, 2004.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (1998). Evaluation of subsurface engineered
barriers at wastes sites.
EPA-542-R-98-005, Washington D.C, Agosto de 1998. Disponível
em:<http:\\www.clu-in.org/download/remed/subsurf.pdf>. Acesso em: 15 de abril de 2006.
EVANS, J. C. Geotechnics of hazardous waste control systems. In: H. Y. FANG.
Foundation
Engineering Handbook. New York: Von Nostrand Reinhold, 1991. p.765-777.
EVANS, J. C. Vertical cutoff walls. In: D. E. DANIEL. Geotechnical Practice for Waste
Disposal. London: Chapman & Hall, 1993. cap.17. p.430-454.
EVANS, J. C.; DAWSON, A. R. Slurry walls for control of contaminant migration a
comparison of UK and US practices. In: F. GABRIEL; A. R. BAUER.
Geo-Engineering for
Underground Facilities (Geotechnical Special Publication Nº 90). New York: ASCE, 1999.
p. 105-120.
FATANI, M.N.; BAUER, G.E.; AL-JOULLANI, N. Reinforced soil with aligned and
randomly oriented metallic fibers.
Geotechnical Testing Journal, Philadelphia, v.14, n.1,
p.78-87, 1991.
FEUERHARMEL, M.R.
Comportamento de Solos Reforçados com Fibras de
Polipropileno. Porto Alegre, 2000. 131p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
FILZ, G. M.; Duncan, J. M. Vertical shear loads on nonmoving walls. I: Theory, ASCE
Journal of Geotechnical Engineering 123(9), 856- 862, 1997.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
112
FOPPA, D.
Análise de Variáveis-Chave no Controle da Resistência Mecânica de Solos
Artificialmente Cimentados. Porto Alegre, 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia) -
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
FRIDULSA.
Sistema Constructivo Integral. Disponível em: <www.fridulsa.com.uy>.
Acesso em: 22 de fevereiro de 2006.
GLEASON, M. H., DANIEL, D. E., EYKHOLT, G. R. Calcium and Sodium Bentonite for
Hidraulic Containment Applications.
Journal of Geotechnical and Geoenvironmental
Engineering. Maio, 1997. 438-445p.
GRAY, D. H.; AL-REFEAI, T. Behavior of fabric versus fiber-reinforced sand.
Journal of
Geotechnical Engineering
, New York, v.112, n.8, p.804-820, 1986.
GRAY, D. H.; OHASHI, H. Mechanics of fiber reinforced in sand.
Journal of Geotechnical
Engineering, New York, v.109, n.3, p.335-353, 1983.
GRAY, D. H.; MAHER, M. H. Admixture stabilization of sands with random fibers. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION
ENGINEERING, 12., 1989, Rio de Janeiro,
Proceedings … Rotterdam: A. A. Balkema, v.2,
p.1363-1366, 1989.
HANNANT, L. Polymers composities. In: J. M. ILLSTON. Construction materials: their
nature and behavior. 2ed., London: J. M. Illston/E & FN Spon, p.359-403, 1994.
HEAD, K.H. Manual of soil laboratory testing. London: Pentech Press, v.2-3, p.339, 1982.
HEINECK, K. S.
Estudo Do Comportamento Hidráulico E Mecânico De Materiais
Geotécnicos Para Barreiras Horizontais Impermeáveis. Porto Alegre, 2002. Tese
(Doutorado em Engenharia) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
HEINECK, K. S., CONSOLI, N. C., BICA, A., CASAGRANDE, M. D. T. Comportamento
de Solos Micro-Reforçados a Pequeníssimas e Grandes Deformações Cisalhantes.
Solos e
Rochas
, São Paulo – SP, ABMS/ABGE, v.26, n.1, p.3-17, 2003.
HEINECK, K. S., COOP, M. R., CONSOLI, N. C. The effect of micro-reinforced of soils
from very small to large shear strains.
Journal of Geotechnical and Geoenvironmental
Engineering
, New York, v.131, 2005. (Aceito para publicação).
HIGGINS, R. A. Properties of engineering materials. London: E. Arnold, 2ed., 495p., 1994.
HOLLAWAY, L. Polymer composites. In: Construction Materials; their nature and behavior.
London: J. M. Illston/E. & F. N. Spon, 2ed., p.321-358, 1994.
JOHNSTON, C. D. Fiber-reinforced cement and concrete.
In: Advances in concrete
technology.
2ed. Ottawa: V. M. Malhorta, p.603-673., 1994.
KHOURY, M.; FAYAD, P.; LADD, R. Design, construction and performance of a soil-
bentonite cutoff wall constructed in two stages. In: D. B. PAUL; R. R. DAVIDSON; N. J.
CAVALLI. Slurry Walls: Design, Construction and Quality Control, ASTM STP 1129.
Philadelphia: ASTM, 1992, p. 289-308.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
113
KOCH, D. Bentonites as a basic material for technical base liners and site encapsulation
cutoff walls.
Applied Clay Science, v.21, Issues 1-2, p.1-11, 2002.
KOCH, P.L; PHILLIPS, D.L.. Incorporating concentration dependence in stable isotope
mixing models: a reply to Robbins, Hilderbrand and Farley, 2002.
LA ROCHELLE, P.; LEROUEIL, S.; TRAK, B.; BLAIS-LEROUX, L.; TAVENAS, F.
Observational approach to membrane and area corrections in triaxial tests. In: SYMPOSIUM
ON ADVANCED TRIAXIAL TESTING OF SOIL AND ROCK, 1986, Louisville.
Proceedings… Philadelphia: American Society of Tenting Materials, 1v., p.715-731, 1988.
LAMBE, T. W.; WHITMAN, R. V.
Soil mechanics, Si version. New York: John Wiley,
1979. 553p.
LEMOS, R. G.
Estudo do Comportamento Hidráulico, Mecânico e Químico de Barreiras
Hidráulicas Verticais, Compostas por Solo Residual, Bentonita e Cimento sob a Ação de
Substâncias Agressivas. Porto Alegre, 2006. Tese (Doutorado em Engenharia) - Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
MACIEL FILHO, C.L.
Introdução à geologia de engenharia. 2.ed., Santa Maria: UFSM,
1997. 283 p.
MAHER, M. H.; GRAY, D. H. Static response of sands reinforced with randomly distributed
fibers.
Journal of Geotechnical Engineering, New York, v.116, n.11, p.1661-1677, 1990.
MAHER, M. H.; HO, Y. C. Behavior of fiber-reinforced cemented sand under static and
cyclic loads.
Geotechnical Testing Journal, Philadelphia, v.16, n.3, p.330-338, 1993.
MAHER, M. H.; HO, Y. C. Mechanical properties of Kaolinite/fiber soil composite.
Journal
of Geotechnical Engineering, New York, v.120, n.8, p.1381-1393, 1994.
MCGOWN, A.; ANDRAWES, K. Z.; AL-HASANI, M. M. Efect of inclusion properties on
the behavior of sand.
Géotechnique, London, v.28, n.3, p.327-346, 1978.
MCGOWN, A.; ANDRAWES, K. Z.; HYTIRIS, N. MERCER, F. B. Soil strengthening using
randomly distributed mesh elements. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOIL
MECHANICS AND FOUNDATION ENGINEERING, 11., São Francisco,
Proceedings …
v.3, p.1735-1738, 1988.
MILLET, R. A.; PEREZ, J. Y.; DAVIDSON, R. R. USA practice slurry wall specifications
10 years later. In: D. B. PAUL; R. R. DAVIDSON; N. J. CAVALLI. Slurry Walls: Design,
Construction and Quality Control, ASTM STP 1129. Philadelphia: ASTM, 1992, p. 42-67.
MONTARDO, J.P.
Comportamento Mecânico de Compósitos Solo-Cimento-Fibra:
Estudo do Efeito das Propriedades dos Materiais Constituintes. Porto Alegre, 1999. 130p.
Dissertação (Mestrado em Egenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
UFRGS.
MONTARDO, J.P.; PRIETTO, P.D.M.; CONSOLI, N.C. Comportamento mecânico de um
solo reforçado com resíduos fibrosos. In: II SIMPÓSIO DE PRÁTICA DE ENGENHARIA
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
114
GEOTÉCNICA DA REGIÃO SUL – GEOSUL’2000, 2000, Porto Alegre.
Anais... Porto
Alegre: ABMS/ABINT/PPGEC-UFRGS, 2000, p.213-225.
MONTARDO, J.P.; CONSOLI, N.C.; PRIETTO, P.D.M. Comportamento mecânico de
compósitos solo-cimento-fibra: estudo do efeito das propriedades dos materiais constituintes.
Solos e Rochas, São Paulo, ABMS/ABGE, v.24, n.3, p.191-209, 2002.
MOREL, J. C.; GOURC, J. P. Mechanical behavior of sand reinforced with mesh elements.
Geosynthetics International, Minnesota, v.4, n.5, p.481-508, 1997.
NATARAJ, M. S.; ADDULA, H. R.; MCMANIS, K. L. Strength and deformation
characteristics of fiber reinforced soils. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON
ENVIRONMENTAL GEOTECHNOLOGY, 3., San Diego, 1996.
Proceedings …
Pennsylvania: Technomic Publiching Co., Inc, v.1, p.826-835, 1996.
NATARAJ, T. S.; PANDIA, N. S.; NARASHIMA RAJU, P. S. R. Compressibility of soft
cemented soils.
Geotechnique, London, v.48, n.2, p.281-287, 1998.
NÚÑEZ, W.P.
Estabilização Físico-Química de um Solo Residual de Arenito Botucatu,
Visando seu Emprego na Pavimentação. 1991. 150p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – CPGEC/UFRGS, Porto Alegre.
OMINE, K.; OCHIAI, H,; YASUFUKU, N.; KATO, T. Effect of plastic wastes in improving
cement-treated soils. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON ENVIRONMENTAL
GEOTECHNICS.
Proceedings… Rotterdam, Balkema. p.875-880, 1996.
OPDYKE, S.M.; EVANS, J.C. Slag-cement-bentonite slurry walls.
Journal of Geotechnical
and Geoenvironmental Engineering, ASCE, v.131, n.6, 2005.
PEARLMAN, L. “Subsurface Containment and Monitoring Systems: Barriers and Beyond”,
1999. Internet. Disponível em: <www.slurrywall.com/articles/4.pdf >. Com acesso em
10/02/2004.
PEREIRA, E. O uso de inibidores de argilas como solução de problemas em sondagens.
Disponível em: <http//www.systemmud.com.br> Acesso em: 29 de dezembro de 2005, 00:45.
PLEE, D.; LEBEDENKO, F.; OBRECHT, F.; LETELLIER, M.; VAN DAMME, H.
Microstructure, permeability and rheology of bentonita – cement slurries.
Cement and
Concrete Research, v. 20, p.45-61, 1990.
POZZI, P; GALASSI, C. La Reologia Dei Materiali Ceramici Tradizionali. Faenza Editrice,
Italy 1994.
PRIETTO, P. D. M.
Estudo do Comportamento Mecânico de um Solo Artificialmente
Cimentado. Porto Alegre, 1996. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
RANJAN, G. R.; CHARAN, H. D. Probabilistic analysis of randomly distributed fiber-
reinforced soil.
Journal of Geotechnical Engineering, New York, v.112, n.6, p.419-426,
1996.
___________________________________________________________________________
Estudo de Misturas Solo-Cimento-Bentonita-Fibra para Uso em Barreiras Verticais de Contenção de
Contaminantes
115
ROJAS, J.W.J.
Estudo de Remediação de Solo Contaminado por Borra Oleosa Ácida
Utilizando a Técnica de Encapsulamento. Porto Alegre, 2007. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
RYAN, C.R.; DAY, S.R. Soil –cement-bentonite slurry walls. In: M. W. O’NEILL; F. C.
TOWNSEND.
Deep Foundations 2002: An International Perspective on Theory, Design,
Construction, and Performance (Geotechnical Publication Nº 116). New York: ASCE,
2002, p. 713-727.
SANTOS, P. S. Tecnologia de argilas, aplicada às argilas brasileiras (por) Pérsias de Souza
Santos. São Paulo,Edgard Blucher, Ed da universidade de São Paulo, Vol. 1. 1975.
SANTOS, A.B.
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante
Orgânico
. Porto Alegre, 2005. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) – Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
SCHNAID, F.; PRIETTO, P.D.M.; CONSOLI, N.C. Prediction of Cemented Sand Behavior
in Triaxial Compression.
Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering,
New York: ASCE, v.127, n.10, p.857-868, 2001.
SKEMPTON, A.W. The pore-pressure coefficients A and B.
Géotechnique, London, v.4,
p.143-147, 1954.
STAUFFER, S.D.; HOLTZ, R.D. Stress-strain and strength behavior of staple fiber and
continuous filament-reinforced sand.
Transportation Research Record, Washington, D.C.,
n.1474, p.82-95, 1996.
TAYLOR, G. D. Materials in construction. 2ed.
London: Longman Scientific & Technical,
284p., 1994.
TEODORO, J. M. R
esitência ao Cisalhamento de Solos Reforçados com Fibras Plásticas.
São Paulo, 1999. 108p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola de São Carlos/USP.
TEODORO, J.M.; BUENO B.S. Estudo do comportamento dos solos reforçados com fibras
plásticas de polipropileno. In: XI CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS
SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, 1998, Brasília.
Anais... v.2, p.1093-1100.
THOMÉ, A.
Comportamento de Fundações Superficiais Apoiadas em Aterros
Estabilizados com Resíduos Industriais. Porto Alegre, 1999. Tese (Doutorado em
Engenharia) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
ULBRICH, L. A.
Aspectos do Comportamento Mecânico de um Solo Reforçado com
Fibras. Porto Alegre, 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
VELOSA, C.L.; COLMENARES, J.E. Analysis of the volume change behavior of expansive
compacted soils. INTERNATIONAL CONFERENCE ON UNSATURATED SOILS.
Proceedings… Carefree, Arizona. p.916-927, 2006.
___________________________________________________________________________
Bianca Reis Pagani – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2007.
116
VENDRUSCOLO, M.A.
Comportamento de Ensaios de Placa em Camadas de Solo
Melhoradas com Cimento e Fibras de Polipropileno. Porto Alegre, 2003. Tese (Doutorado
em Engenharia) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS.
XANTHAKOS, P. P.
Slurry Walls. New York: McGraw Hill, 1979 622p.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo