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Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Geografia
Taíza de Pinho Barroso Lucas
CHUVAS PERSISTENTES E AÇÃO DA ZONA DE
CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL NA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE
Minas Gerais – Brasil
Agosto – 2007
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2
Taíza de Pinho Barroso Lucas
CHUVAS PERSISTENTES E AÇÃO DA ZONA DE
CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL NA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação do Departamento de Geografia da
Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre
em Geografia.
Área de Concentração: Análise Ambiental.
Orientadora: Prof
a
Magda Luzimar de Abreu
Belo Horizonte
Departamento de Geografia da UFMG
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Dissertação intitulada
CHUVAS PERSISTENTES E AÇÃO DA ZONA DE
CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL NA REGIÃO METROPOLITANA DE
BELO HORIZONTE
de autoria de
TAÍZA DE PINHO BARROSO LUCAS, analisada e
aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:
Profa. Dra. Magda Luzimar de Abreu – Orientadora
Prof. Dr. Luiz Carlos Baldicero Molion
Prof. Dr. Antônio Pereira Magalhães Júnior
Prof. Dr. Ricardo Alexandrino Garcia
Belo Horizonte, 24 de agosto de 2007.
4
À minha mãe, Lêla;
à minha filha, Maria Laura;
e ao Ronaldo.
5
AGRADECIMENTOS
À professora Magda Luzimar de Abreu, pelos seus méritos, pelos ensinamentos,
pela orientação contínua e pela enorme paciência.
Ao professor Ricardo Alexandrino Garcia, pela disciplina Métodos Quantitativos em
Geografia, que possibilitou a montagem do banco de dados meteorológicos e as
análises estatísticas.
Ao professor Luiz Carlos Baldicero Molion, que apresentou o site do NCEP/NOAA,
onde foi possível adquirir os campos de ROL e das componentes do vento.
Ao professor Antônio Pereira Magalhães Júnior, pela colaboração no Seminário de
Dissertação.
Ao Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia, pelos dados
meteorológicos.
À Agência Nacional de Águas, pelos dados de chuvas disponíveis em rede.
Ao Departamento de Hidrometeorologia da Marinha (DHN), pelas cartas sinóticas,
entregues na minha residência.
Ao Centro de Previsões Climáticas e Previsão do Tempo do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, pelo Boletim CLIMANÁLISE disponível em rede. A Divisão de
Satélites e Sistemas Ambientais, pelas imagens de satélite GOES disponíveis em
rede a partir de 1996.
Ao Earth System Research Laboratory do National Oceanic & Atmospheric
Administration, pelos campos de ROL, componentes do vento, etc. disponíveis para
qualquer parte do globo, com dados de Jan. 1948 a Jun. 2007.
6
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
financiamento desta dissertação.
Ao Departamento de Pós-Graduação em Geografia da UFMG, por tornar possível
esta dissertação.
À minha filha, ao meu marido e aos meus familiares pelo incentivo, apoio e por
sempre desculparem as ausências. À minha filha, Maria Laura, meu eterno pedido
de desculpas, pela ausência em alguns momentos dos seus três primeiros anos de
vida. Ao meu marido, Ronaldo, pelo apoio incondicional nesse curso de Mestrado,
por tantas vezes estar sozinho com Maria Laura, enfim, por chegarmos juntos até
aqui. À minha e, Lêla, pelo seu ir-e-vir a Sabinópolis-BH, a cada pedido de
socorro.
7
RESUMO
O objetivo com este trabalho é entender o padrão atmosférico em baixos níveis
associado às chuvas persistentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), sob a possível influência do fenômeno Zona de Convergência do Atlântico
Sul (ZCAS). Atualmente, esse fenômeno vem sendo destacado como o principal
desencadeador de chuvas contínuas e intensas na Região Sudeste do Brasil. Para
identificar os eventos de chuvas persistentes na RMBH, foram utilizados dados de
1970 a 2005, do Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), de 15 postos pluviométricos da Agência Nacional de Águas (ANA) e o
critério de precipitação acima de 1 mm em 80% dos postos de coleta em, pelo
menos, três dias consecutivos. Pela climatologia, notou-se que esses episódios
ocorreram, preferencialmente, nos meses de verão, principalmente em novembro,
dezembro e janeiro. Os casos foram categorizados em número de dias de chuvas
seguidos e observou-se que os eventos com maior durabilidade ocorreram
preferencialmente em dezembro e janeiro. A identificação de eventos de ZCAS,
mediante observações registradas no boletim CLIMANÁLISE, sugeriu que quanto
maior o número de dias e quantidade de precipitação média acumulada, maior
relação com esse fenômeno. Com base na análise rítmica, metodologia difundida
por Monteiro nas décadas de 1970 e 1980, concluiu-se que os principais padrões
atmosféricos desencadeadores dessas chuvas estão relacionados à dinâmica
atmosférica típica de ZCAS, estabelecida por Quadro (1994). Em baixos níveis, a
principal característica do padrão atmosférico na RMBH associado à ZCAS foi o
escoamento predominante dos ventos de NW-SE. Nos casos que o houve
ocorrência do fenômeno, apesar da identificação da banda de nebulosidade
associada, o escoamento predominante foi de NE-SW. Notou-se que, em eventos de
ZCAS, houve maior acúmulo de precipitação, o que ocasionou sérios problemas
físico-ambientais, principalmente nas áreas ilegalmente construídas.
8
ABSTRACT
The objective of this study is to understand the low-level atmospheric pattern
associated with persistent rain in the Metropolitan Region of Belo Horizonte (RMBH),
under the possible influence of the South Atlantic Convergence Zone (ZCAS).
Presently, this phenomenon is being emphasized as the main cause of continuous
and intense rain the Southeast Region of Brazil. To identify occurrences of persistent
rain in the RMBH, we used data from 1970 through 2005, from the 5
th
Meteorological
District of the National Institute of Meteorology (INMET), from 15 precipitation
measuring stations of the National Water Agency (ANA) and the criterion of
precipitation greater than 1mm in 80% of the collection stations in at least three
consecutive days. Climatology indicates that these episodes tend to occur in the
summer months, especially November, December and January. The cases were
categorized according to the number of continuous rainy days, and it was observed
that the greater the number of days, the greater was the relation with December and
January. Identification of ZCAS events, through observations registered in the journal
CLIMANÁLISE, suggests that the larger the number of days and amount of average
precipitation, the greater the relation with this phenomenon. Based on rhythmic
analysis, a methodology espoused by Monteiro during the 1970’s and 1980’s, we
concluded that the main atmospheric patterns caused by these rains are related to
the typical ZCAS atmospheric dynamic, established by Quadro (1994). At low levels,
the main characteristic of the atmospheric pattern associated with ZCAS is the
predominant NW-SE wind flow in the RMBH. In those cases in which the
phenomenon did not occur, in spite of the identification of the associated cloud band,
the predominant wind direction is NE-SW. It was noted that in ZCAS events there is a
greater accumulation of precipitation, which causes serious physical and
environmental problems, especially in areas of the RMBH with illegally constructed
buildings.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1 –
MAPA 1 –
GRÁFICO 2 –
FIGURA 1 –
FIGURA 2 –
FIGURA 3 –
FIGURA 4 –
FIGURA 5 –
FIGURA 6 –
MAPA 2 –
MAPA 3 –
GRÁFICO 3 –
GRÁFICO 4 –
GRÁFICO 5 –
GRÁFICO 6 –
GRÁFICO 7 –
GRÁFICO 8 –
GRÁFICO 9 –
Temperatura média mensal, média de Tmáx e média de Tmín em
Belo Horizonte de 1970-1999....................................................
Mapa hipsométrico da RMBH..........................................................
Precipitação acumulada e evaporação média mensal em Belo
Horizonte de 1961-1990..................................................................
Modelo de circulação meridional da atmosfera...............................
Domínio geográfico médio das massas de ar no Brasil...................
Climatologia da precipitação acumulada na estação de verão no
Brasil................................................................................................
Imagem IR GÓES-8 em 1°/1/2000 às 21h TMG.............................
Imagem IR GÓES-8 em 1°/1/2000 às 0h TMG...............................
Campo médio de corrente (m/s) e isotácas em 250hPa entre os
dias 1 a 8 de janeiro de 2000.........................................................
Localização dos postos pluviométricos da ANA e 5°
Disme/INMET..................................................................................
Mapa hipsométrico da RMBH e a localização das áreas
analisadas.......................................................................................
Histograma dos meses de ocorrência dos eventos de chuvas
persistentes de 1970-2005..............................................................
Histograma da categoria de dias de chuvas seguidos....................
Distribuição das categorias dos dias seguidos de chuva nos meses
do ano..................................................................................
Diagrama de extremos e quartis para precipitação média acumulada
e categoria dos dias de chuva......................................
Percentual da direção predominante do vento em Belo Horizonte de
1970-2005...................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em Belo
Horizonte..........................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em Nova
Lima..................................................................................................
24
26
28
30
35
41
41
43
43
53
59
63
64
64
66
69
73
73
10
GRÁFICO 10–
GRÁFICO 11-
GRÁFICO 12–
GRÁFICO 13–
GRÁFICO 14–
FIGURA 7 –
FIGURA 8 –
FIGURA 9 –
FIGURA 10 –
GRÁFICO 15–
GRÁFICO 16–
GRÁFICO 17–
GRÁFICO 18–
FIGURA 11 –
FIGURA 12 –
FIGURA 13 –
FIGURA 14 –
GRÁFICO 19–
GRÁFICO 20–
GRÁFICO 21–
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em
Caeté.................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em
Sabará...............................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em Pedro
Leopoldo...........................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em Mateus
Leme.................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2000 em
Brumadinho.......................................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
- 26 de janeiro de 2000, topo
da atmosfera.............................................................................
Imagem IR GÓES-8 em 26/1/2000 às 18h TMG.............................
Campos de vento médio zonal em m/s em 850hPa para 26/1/2000
Campos de vento médio meridional em m/s em 850hPa para
26/1/2000..........................................................................................
Histograma de umidade relativa do ar média diária de janeiro de
2000 em Belo Horizonte..................................................................
Histograma de nebulosidade de janeiro de 2000 em Belo
Horizonte.........................................................................................
Linha poligonal da temperatura média compensada, temperatura
máxima e mínima de janeiro de 2000 em Belo Horizonte...............
Linha poligonal da pressão atmosférica média diária a superfície de
janeiro de 2000 em Belo Horizonte............................................
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 27 jan. 2000..............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 27 jan. 2000..............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 28 jan. 2000..............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 31 jan. 2000..............
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em Belo
Horizonte...................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em Nova
Lima.........................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em
Caeté.................................................................................................
74
74
74
74
75
77
77
78
78
79
79
80
80
82
82
83
84
85
85
86
11
GRÁFICO 22–
GRÁFICO 23–
GRÁFICO 24–
GRÁFICO 25–
FIGURA 15 –
FIGURA 16 –
FIGURA 17 –
FIGURA 18 –
FIGURA 19 –
GRÁFICO 26–
GRÁFICO 27–
GRÁFICO 28–
GRÁFICO 29–
FIGURA 20 –
FIGURA 21 –
GRÁFICO 30–
GRÁFICO 31–
GRÁFICO 32–
GRÁFICO 33–
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em
Sabará...............................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em Pedro
Leopoldo.................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em
Mateus Leme....................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2000 em
Brumadinho..........................................................................
Anomalia de precipitação da Região Sudeste brasileira de
novembro de 2000...........................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
- em 4 de novembro de
2000, topo da atmosfera...................................................................
Imagem IR GÓES-8 em 4/11/2000, às 18h TMG.............................
Campo de vento médio zonal em m/s em 850hPa para 4/11/2000
Campo de vento médio meridional em m/s em 850hPa para
4/11/2000..........................................................................................
Linha poligonal da pressão atmosférica média diária a superfície de
novembro de 2000 em Belo Horizonte.......................................
Histograma de umidade relativa do ar média diária de novembro de
2000 em Belo Horizonte...............................................................
Linha poligonal da temperatura média compensada, temperatura
máxima e mínima de novembro de 2000 em Belo Horizonte...........
Histograma de nebulosidade de novembro de 2000 em Belo
Horizonte...........................................................................................
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 8 nov. 2000...............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 8 nov. 2000...............
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em Belo
Horizonte...........................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em Nova
Lima...................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em Caeté..
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em
Sabará...............................................................................................
86
86
86
87
87
88
88
89
89
90
91
91
92
93
94
96
96
96
96
12
GRÁFICO 34–
GRÁFICO 35–
GRÁFICO 36–
FIGURA 22 –
FIGURA 23 –
FIGURA 24 –
FIGURA 25 –
FIGURA 26 –
FIGURA 27 –
FIGURA 28 –
FIGURA 29 –
GRÁFICO 37–
GRÁFICO 38–
GRÁFICO 39–
GRÁFICO 40-
FIGURA 30 –
FIGURA 31 –
FIGURA 32 –
FIGURA 33 –
FIGURA 34 –
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em Pedro
Leopoldo.............................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em Mateus
Leme..................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de janeiro de 2004 em
Brumadinho......................................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
- 9 de janeiro de 2004, topo
da atmosfera......................................................................................
Imagem IR GÓES-12 em 9/1/2004 as 21h10 TMG...........................
Campos de vento médio zonal em m/s em 850hPa para
9/1/2004..............................................................................................
Campos de vento médio meridional em m/s 850hPa para
9/1/2004..............................................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
14 de janeiro de 2004, topo
da atmosfera.....................................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
em 15 de janeiro de 2004,
topo da atmosfera..............................................................................
Imagem IR GÓES-12 em 15/1/2004 as 3h10 TMG...........................
Imagem IR GÓES-12 em 15/1/2004 as 18h09 TMG.........................
Linha poligonal da pressão atmosférica média diária a superfície de
janeiro de 2004 em Belo Horizonte............................................
Histograma de umidade relativa do ar média diária de Janeiro de
2004 em Belo Horizonte..................................................................
Histograma de nebulosidade de janeiro de 2004 em Belo
Horizonte.........................................................................................
Linha poligonal da temperatura média compensada, temperatura
máxima e mínima de janeiro de 2004 em Belo Horizonte...............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 4 jan. 2004...............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 4 jan. 2004...............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 5 jan. 2004...............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 16 jan. 2004.............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 4 jan. 2004...............
97
97
97
99
99
100
100
101
101
102
102
103
103
104
104
106
106
107
108
109
13
GRÁFICO 41–
GRÁFICO 42–
GRÁFICO 43–
GRÁFICO 44–
GRÁFICO 45 -
GRÁFICO 46–
GRÁFICO 47–
FIGURA 35 –
FIGURA 36 –
FIGURA 37 –
FIGURA 38 –
GRÁFICO 48–
GRÁFICO 49–
GRÁFICO 50–
GRÁFICO 51–
FIGURA 39 –
FIGURA 40 –
GRÁFICO 52–
GRÁFICO 53–
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em Belo
Horizonte..............................................................................................
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em Nova
Lima.....................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em
Caeté....................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em
Sabará................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em Pedro
Leopoldo..................................................................................
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em
Mateus Leme......................................................................................
Histograma de precipitação em mm de dezembro de 2004 em
Brumadinho........................................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
- 10 de dezembro de 2004,
topo da atmosfera..............................................................................
Imagem IR GÓES-8 em 10/12/2004 às 6h10 TMG.............................
Campos de vento médio zonal em m/s em 850hPa para
10/12/2004...........................................................................................
Campos de vento médio meridional em m/s em 850hPa para
10/12/2004...........................................................................................
Linha poligonal da pressão atmosférica média diária a superfície de
dezembro de 2004 em Belo Horizonte................................................
Histograma de umidade relativa do ar de dezembro de 2004 em
Belo Horizonte.....................................................................................
Linha poligonal da temperatura média compensada, temperatura
máxima e mínima de dezembro de 2004 em Belo Horizonte.............
Histograma de nebulosidade de dezembro de 2004 em Belo
Horizonte.............................................................................................
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 13 dez. 2004................
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 15 dez. 2004................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2005 em Belo
Horizonte............................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2005 em Nova
Lima.....................................................................................................
110
110
111
111
111
111
112
114
114
114
114
115
116
116
117
118
120
122
122
14
GRÁFICO 54–
GRÁFICO 55–
GRÁFICO 56–
GRÁFICO 57–
GRÁFICO 58–
FIGURA 41 –
FIGURA 42 –
FIGURA 43 –
FIGURA 44 –
FIGURA 45 –
FIGURA 46 –
GRÁFICO 59–
GRÁFICO 60–
GRÁFICO 61–
GRÁFICO 62–
FIGURA 47 –
FIGURA 48 –
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2005 em
Caeté...................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2005 em
Sabará..................................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2005 em Pedro
Leopoldo.............................................................................................
Histograma de precipitação em mm de novembro de 2005 em
Mateus Leme......................................................................................
Histograma de precipitação de novembro de 2005 em
Brumadinho.....................................................................................
Campo de anomalia de ROL em W/m
2
-19 de novembro de 2005,
topo da atmosfera..............................................................................
Imagem IR GÓES-12 em 19/11/2005 às 21h TMG..........................
Campos de Vento Médio Zonal em m/s em 850hPa para 19/11/2005
Campos de Vento Médio Meridional em 850hPa para 19/11/2005....
Imagem IR GÓES-12 em 20/11/2005 às 12h TMG..........................
Imagem IR GÓES-12 em 20/11/2005 às 18h TMG.........................
Linha poligonal da pressão atmosférica média diária a superfície de
novembro de 2000 em Belo Horizonte............................................
Histograma de umidade relativa do ar média diária de novembro de
2005 em Belo Horizonte..................................................................
Linha poligonal da temperatura média compensada, temperatura
máxima e mínima de novembro de 2005 em Belo Horizonte..........
Histograma de nebulosidade de novembro de 2005 em Belo
Horizonte.........................................................................................
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 19 nov. 2005............
Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 21 nov. 2005............
122
122
123
123
123
125
125
126
126
127
127
127
128
128
129
130
132
15
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 –
TABELA 2–
TABELA 3 –
TABELA 4 –
TABELA 5 –
TABELA 6 –
TABELA 7 –
TABELA 8 –
Estatística descritiva dos casos de chuvas persistentes na RMBH
de 1970-2005...................................................................................
Os episódios de chuvas persistentes na RMBH de 2000-2005......
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte –
Janeiro de 2000...............................................................................
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte –
Novembro de 2000..........................................................................
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte –
Janeiro de 2004...............................................................................
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte –
Dezembro de 2004..........................................................................
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte –
Novembro de 2005..........................................................................
Os episódios de chuvas persistentes na RMBH 1970-2005...........
65
71
81
92
105
117
129
144
16
LISTA DE ABREVIATURAS
°C – Temperatura em graus Celsius
5°Disme/INMET – Quinto Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de
Meteorologia
AB – Alta da Bolívia
ANA – Agência Nacional de Águas
APM – Anticiclone Polar Migratório
ASAS – Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul
ASPS – Anticiclone Subtropical do Pacífico Sul
cE – Massa Equatorial Continental
(CHUVA – mm) – Precipitação média espacial acumulada em milímetros
COMDEC – Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
cT – Massa Tropical Continental
CT – Convecção Tropical
E – Leste
FPA – Frente Polar Atlântica
FPR – Frente Polar Reversa
hPa – Hecto-Pascoal
HS – Hemisfério Sul
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IR – Infrared Radiation
km – quilômetros
LI – Linhas de Instabilidade
m – metros
mE – Massa Equatorial Marítima
mm – milímetros de chuva
mP – Massa Polar Marítima
mT – Massa Tropical Marítima
N – Norte
(nDias) – número médio de dias de chuvas
17
NE – Nordeste
NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration
NW – Noroeste
PBH – Prefeitura de Belo Horizonte
PEAR – Programa Estrutural em Área de Risco
Q – quintil
RMBH – Região Metropolitana de Belo Horizonte
ROL – Radiação de Onda Longa
S – Sul
SE – Sudeste
SF – Sistemas Frontais
SPSS – Statistical Package for Social Sciences
SW – Sudoeste
(Tmáx –
o
C) – Temperatura máxima
(TMC –
o
C) – Temperatura do ar média compensada
TMG – Tempo Médio de Greenwich
(Tmín –
o
C) – Temperatura mínima
URBEL – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte
(UR Média – %) – Umidade Relativa do Ar
UTM – Universal Transversa de Mercator
VCAN – Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
(VEL VENTO – m/s) –Velocidade média do vento em metros por segundo
W – Oeste
ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul
ZCIS – Zona de Convergência do Índico Sul
ZCIT – Zona de Convergência Intertropical
ZCPS – Zona de Convergência do Pacífico Sul
ZD – Zona de Divergência dos Alísios
18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................
1.1 Justificativa..........................................................................................................
1.2 Objetivos...............................................................................................................
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS..................................................................................
2.1 Aspectos Locais e Regionais do Clima da RMBH............................................
2.2 Aspectos de Larga-escala……………………………………………………………
2.2.1 Células de Circulação Global ..........................................................................
2.2.2 As Massas de Ar...............................................................................................
2.3 Aspectos Sinóticos..............................................................................................
2.3.1 Sistemas Frontais.............................................................................................
2.3.2 Linhas de Instabilidade....................................................................................
2.3.3 Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)............................................
2.4 Variabilidade Climática e o Sudeste Brasileiro.................................................
3 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................
3.1 O Paradigma da Análise Rítmica........................................................................
3.2 A Técnica da Análise Rítmica.............................................................................
4 METODOLOGIA.......................................................................................................
4.1 Base de Dados.....................................................................................................
4.2 Métodos................................................................................................................
4.2.1 Identificação dos Casos de Precipitação Persistente...................................
4.2.2 Estatística Descritiva Exploratória..................................................................
4.2.3 Identificação dos Episódios de ZCAS ............................................................
4.2.4 A Análise Rítmica Progressiva.............. .........................................................
4.2.5 Os impactos Sócio-ambientais Causados pelos Episódios de Chuvas
Persistentes.......................................................................................................
5 RESULTADOS.........................................................................................................
5.1 Estatística Descritiva Exploratória ....................................................................
5.1.1 A climatologia da precipitação persistente na RMBH...................................
5.1.2 Análise Exploratória das Variáveis Meteorológicas......................................
5.2 Os Casos de Chuvas e os Eventos de ZCAS....................................................
5.3 Análise rítmica......................................................................................................
5.3.1 As chuvas de janeiro de 2000..........................................................................
5.3.1.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 25 janeiro a 3 de
fevereiro de 2000.............................................................................................
5.3.2 As chuvas de novembro de 2000....................................................................
5.3.2.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 4 a 8 de novembro
de 2000............................................................................................................
5.3.3 As chuvas de janeiro de 2004..........................................................................
5.3.3.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 2 a 16 de janeiro
de 2004............................................................................................................
5.3.4 As chuvas de dezembro de 2004.....................................................................
5.3.4.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 9 a 13 de
dezembro de 2004..........................................................................................
19
21
22
23
23
29
29
32
37
37
39
40
45
48
48
50
52
52
54
54
55
56
57
61
62
62
62
65
70
72
72
81
84
92
95
105
109
118
19
5.3.5 As chuvas de novembro de 2005....................................................................
5.3.5.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 19 a 21 de
novembro de 2005...........................................................................................
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................
REFERÊNCIAS...........................................................................................................
ANEXOS.....................................................................................................................
ANEXO A – TABELA 8 – Os episódios de chuvas persistentes na RMBH 1970-
2005.........................................................................................................
ANEXO B – CARTAS SINÓTICAS.............................................................................
26 de janeiro de 2000 – 12h TMG.............................................................................
4 de novembro de 2000 – 12h TMG..........................................................................
9 de janeiro de 2004 – 12h TMG................................................................................
10 de dezembro de 2004 – 12h TMG........................................................................
19 de novembro de 2005 – 12h TMG........................................................................
121
130
133
138
144
144
154
154
155
156
157
158
19
1 INTRODUÇÃO
As chuvas persistentes e intensas nos meses de verão na Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) são os efeitos climáticos que assolam a
organização social e espacial, provocando desde um simples alagamento a grandes
inundações, cujas conseqüências são milhares de famílias desabrigadas, além de
mortes e outros danos sociais. Todos os anos, os noticiários dos jornais, desde os
locais aos de circulação nacional, são enfáticos em mostrar os estragos causados
pelas chuvas.
Nas últimas décadas, esses problemas se tornaram mais freqüentes,
principalmente nos grandes centros urbanos, que passaram por um intenso
processo de urbanização sem o devido planejamento de uso e ocupação do solo. É
o caso da capital mineira e dos municípios da RMBH que, durante as décadas de
1960 e 1970, apresentaram enorme crescimento demográfico. Desde meados dos
anos 1970, porém, Belo Horizonte cresceu menos que os municípios de seu
entorno. Na década de 1990, enquanto a capital cresceu apenas 1,1% ao ano, a
RMBH cresceu 3,9%, sendo a terceira maior região metropolitana do país, com 4,9
milhões de habitantes (IBGE, 2006).
1
Segundo Matos et al. (2003), o crescimento da RMBH se deve, em
grande parte, aos emigrantes de Belo Horizonte que mantêm vínculos de articulação
com o núcleo metropolitano. Os autores ressaltaram que o crescimento demográfico
da RMBH em relação a Belo Horizonte reflete as restrições espaciais do município-
núcleo e a expansão urbana de tipo residencial e industrial em diferentes extensões
da periferia. Britto e Souza (2005) indicaram que o primeiro vetor de expansão da
RMBH foi o oeste, importante corredor industrial que originou o processo de
conurbação de Belo Horizonte com o município de Contagem e, deste com Betim.
No contexto da grande desigualdade social, assim como dos graves desequilíbrios
regionais, os exemplos clássicos do crescimento da RMBH em relação à capital são
Ribeirão das Neves, no vetor norte-central, e Nova Lima e Brumadinho, no vetor sul
de Belo Horizonte.
1
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/. Acesso em: 15 maio 2007.
20
Os problemas ocasionados pela ocupação desordenada são agravados
pelos episódios de chuvas persistentes. O tio de Belo Horizonte, como destacou
Xavier e Oliveira (1996), apesar de não ter oferecido obstáculos significativos ao uso
e ocupação, nem mesmo durante suas primeiras décadas de expansão, apresenta
hoje sérios problemas em razão da sua falta de planejamento. Segundo Parizzi
(2003), um dos grandes impactos ambientais da RMBH é a ocupação irregular das
áreas de risco.
O processo de ocupação do espaço provocou intenso desmatamento e
degradação da vegetação natural. Em Belo Horizonte, a proporção de áreas verdes
em relação a áreas construídas é pouco significativa, ficando restrita aos parques e
reservas. Segundo Santos (2001), dos 512 km
2
do município de Belo Horizonte,
somente 19% o de área verde, contando com a arborização urbana. De modo
mais expressivo, a vegetação recobre as encostas da serra do Curral, porém hoje é
notória a ocupação clandestina que ultrapassa os limites municipais e se integra à
RMBH, o que torna as encostas mais vulneráveis à erosão e aos movimentos de
massa.
Segundo Xavier e Oliveira (1996), os deslizamentos de encostas e
enchentes são os que mais danificam o meio ambiente e causam vitimas fatais. De
acordo com dados da Defesa Civil mineira, durante a estação chuvosa 2006/2007
houve duas vítimas fatais na RMBH. No Estado de Minas Gerais foram 26 mortes,
14.744 pessoas desabrigadas e 47.793 desalojados
2
, decorrentes de chuvas
persistentes e intensas.
Muitos estudos de precipitação na RMBH destacaram a importância da
topografia no delineamento da ocorrência de chuvas. Moreira (2002), analisando a
espacialização das chuvas em Belo Horizonte e seu entorno, ressaltou que durante
eventos severos gerados por sistemas atmosféricos de larga-escala que afetam o
comportamento normal da circulação atmosférica local, a topografia deixa de ser a
principal determinante na espacialidade das chuvas na região.
Muitos trabalhos da climatologia geográfica identificaram que os sistemas
atmosféricos que mais geram chuvas contínuas na Região Sudeste são as Frentes
Polar Atlântica (FPA) e as Linhas de Instabilidade (LI) (TARIFA, 1975; MAIA, 1986;
2
Disponível em: http://www.defesacivil.mg.gov.br/. Acesso em: 15 maio 2007.
21
FERREIRA, 1996). Abreu (1998) preferiu dizer que esse tipo de precipitação é
causado pela associação entre as Frentes e as LI, ou seja, pela Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Segundo a autora, não se pode de esquecer
que, no inverno e outono, a FPA também atua na região, entretanto as precipitações
a ela associadas são irrelevantes. Abreu (1998) ainda destacou que o verão em
Minas Gerais, sem a interação entre as Frentes e as LI e a umidade da Região
Amazônica, seria bem menos chuvoso.
Barroso (2004) destacou que chuvas fortes a extremamente fortes estão
associadas a ventos do quadrante norte/noroeste. Em Belo Horizonte, a direção
mensal predominante do vento é de leste/nordeste em decorrência da atuação do
Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), mas analisados diariamente
percebeu-se a atuação de ventos de N/NW, principalmente em meses de verão e
associados com chuvas extremas, o que sugeriu a atuação do fenômeno ZCAS.
Villela (2003) destacou que as ZCAS foram responsáveis, nos últimos verões, pelos
piores eventos de cheias e inundações na região centro-sul brasileira, trazendo
conseqüências desastrosas para as populações urbanas de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná.
Segundo Quadro (1994), a Região Sudeste do país é a mais afetada pela
atuação da ZCAS, em termos de forte e persistente precipitação. Molion e Kousky
(apud QUADRO, 1994) notaram que a associação entre sistemas frontais e
convecção tropical intensifica a precipitação no SE do Brasil entre 15° a 20°S e 40° a
50°W. A RMBH situa-se na porção central de Minas Gerais, entre os paralelos de
19° 30’ e 20° 50’ de latitude sul e os meridianos 43° 30’ e 44° 40’ de longitude oeste
de Greenwich, ou seja, dentro da área de maior atuação da ZCAS.
1.1 Justificativa
O estudo da precipitação persistente na RMBH e sua possível relação
com o fenômeno ZCAS são de grande importância para os tomadores de decisão,
pois, entre os azares climáticos, as chuvas são o que mais causam prejuízos, tanto
22
materiais quanto em perdas de vidas. Portanto, torna-se necessário o entendimento
das principais características locais desse fenômeno desencadeador de chuvas que
assolam uma enorme área do país.
Outro fator que torna este trabalho importante é a ausência de estudos na
perspectiva da climatologia geográfica sobre a dinâmica atmosférica na RMBH,
especialmente dos casos de chuvas persistentes. A principal metodologia utilizada
pela climatologia geográfica é a análise rítmica. Zavatini (2004), em seu inventário
sobre dissertações e teses que utilizaram essa metodologia, destacou o vazio
rítmico de Minas Gerais.
1.2 Objetivos
O objetivo geral com este trabalho é entender o padrão atmosférico em
baixos níveis associado às chuvas persistentes na RMBH sob a possível influência
do fenômeno ZCAS e seus principais impactos sócio-ambientais. Para tanto, têm-se
como objetivos específicos:
a) determinar os episódios de chuvas persistentes e sua climatologia;
b) identificar os casos relacionados ao fenômeno ZCAS;
c) investigar a dinâmica atmosférica relacionada aos fenômenos
atmosféricos desencadeadores desses episódios de chuvas;
d) identificar os principais impactos sócio-ambientais provocados por
essas chuvas persistentes.
23
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 Aspectos Locais e Regionais do Clima da RMBH
O clima é caracterizado por rios fatores, como a circulação geral da
atmosfera, a influência de sistemas de meso-escala e escala local. Segundo Nimer
(1979), esses fatores de origem dinâmica, juntamente com os fatores estáticos, ou
geográficos, relacionados à posição geográfica e à topografia, contribuem para a
definição das características climáticas. A interação entre os fatores dinâmicos e
estáticos determina o clima de uma região.
A região central de Minas Gerais encontra-se na área classificada por
Nimer (1979) como zona de transição entre os climas quentes das latitudes baixas e
os climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes dias. Nas latitudes
baixas (zona tropical), o traço mais marcante do clima é definido por duas estações:
a chuvosa e a seca. Nas latitudes médias (zona temperada), embora existam quatro
estações mais bem definidas, dentre as quais uma de chuva mais abundante e outra
seca ou pouco chuvosa, o que melhor determina seu clima é a variação da
temperatura do ar durante o ano. A oposição entre as temperaturas no verão e no
inverno constitui o principal fato climático. O autor ressaltou que o caráter de
transição climática da Região Sudeste inclina-se mais para o clima tropical do que o
temperado. A distribuição temporal da precipitação, caracterizando uma estação
muito chuvosa e outra seca, constitui sua característica mais importante, logo,
determina também o clima da RMBH.
Em Belo Horizonte, a temperatura dia ponderada
3
anual de 1970 a
1999 foi de 22,06°C, sendo as médias da temperatura máxima 27,88°C e da
temperatura mínima 17,29°C. Apesar de a variação estacional da temperatura o
ser a característica mais marcante no clima da capital mineira, o caráter de transição
é refletido em todos os aspectos de seu regime térmico. O verão é caracterizado
3
Temperatura dia ponderada: Tmd = (T
12
+ 2x T
00
+ Tmáx + Tmín)/5, sendo Tmd Temperatura
média diária, T
12
Temperatura do ar às 12h TMG, T
00
Temperatura do ar às 00h TMG, Tmáx
temperatura diária máxima e Tmín – Temperatura diária mínima (padrão INMET).
24
pelo predomínio das chuvas e também pelo forte aquecimento solar, sendo janeiro o
mês mais quente com temperatura média de 23,63°C, temperatura média máxima
de 29,68°C e mínima de 19,44°C. Julho é o mês de temperaturas mais amenas, com
temperatura média de 18,63°C, máxima de 24,93°C e mínima de 13,69°C (GRAF.
1).
GRÁFICO 1 – Temperatura média mensal, média de Tmáx. e média de Tmín em Belo Horizonte de
1970-1999.
Fonte de dados: 5°Disme/INMET.
A variação da temperatura mensal ao longo do ano, vista no GRAF. 1,
reflete a variabilidade do fluxo de radiação solar incidente no topo da atmosfera.
Segundo Ayoade (2004), a quantidade de radiação solar incidente depende de três
fatores: do período do ano, do período do dia e da latitude. A variação diária da
radiação solar no topo da atmosfera é em razão da latitude. A altitude do Sol, o
ângulo entre seus raios e uma tangente à superfície no ponto de observação
também influenciam a quantidade de energia solar recebida. Essa altitude do Sol é
determinada pela latitude do local, pelo período do dia e pela estação do ano. Ela
geralmente diminui com o aumento da latitude e é mais elevada à tarde e mais baixa
pela manhã e ao entardecer. Do mesmo modo, a altitude do Sol é mais elevada no
verão que no inverno. Ou seja, a latitude exerce o principal controle sobre o volume
25
de insolação que um determinado lugar recebe, dada a variação astronômica da
insolação se dar em função da latitude. As variações sazonais de temperatura
resultam das variações sazonais de insolação recebida em qualquer parte do globo.
Essas variações são maiores nas áreas extratropicais e nos interiores dos
continentes e mais baixas na faixa equatorial e nas superfícies hídricas. As
variações sazonais de temperatura aumentam com a latitude e com o grau de
continentalidade.
A RMBH encontra-se de 130’ a 20° 50’ S de latitude e 43° 30a 44°
40’W de longitude e a 450 km de distância do Oceano Atlântico. Suas terras situam-
se na zona tropical e, apesar de uma relativa proximidade do Oceano Atlântico,
possui topografia movimentada. Nimer (1979, p. 361) destaca:
O relevo, nessa região (sudeste do Brasil), apresenta os maiores
contrastes morfológicos do Brasil, caracterizado por altas superfícies
cristalinas e sedimentares com predomínio de 500 a 800 m em São
Paulo e 500 a 1200 m em Minas Gerais, entre estas aparecem vales
amplos e muito rebaixados, como o São Francisco, Jequitinhonha,
Doce, Paraíba do Sul, Parnaíba, Grande e Paraná. Sobre aquelas
superfícies erguem-se numerosas serras onde são comuns os veis
de 1200 a 1800m, como no Espinhaço, Mantiqueira e 2200m na
Serra do Mar, contrastando com amplas baixadas litorâneas.
As principais unidades geomorfológicas da RMBH são Quadrilátero
Ferrífero, Depressão do São Francisco e Serra do Espinhaço. O Quadrilátero situa-
se na porção SE da RMBH e caracteriza-se por ser um bloco rochoso do pré-
cambriano, elevado em seus quatros lados por erosão diferencial (SANTOS, 2001).
Quartizitos e itabiritos formam um conjunto de cristas com altitudes de 1.300/1.400 m
(MAPA 1) sobre litologias de complexos granitóides e metassedimentares. O
Quadrilátero apresenta os seguintes limites: ao norte, o alinhamento da Serra do
Curral, na direção SW/NE; ao sul, a Serra de Ouro Branco; a oeste, a Serra da
Moeda; e, a leste, o conjunto formado pela Serra do Caraça e início da Serra do
Espinhaço (porção mais elevada a NE da RMBH, MAPA 1).
A Depressão Sanfranciscana na RMBH se principalmente sob as
formas dissecadas, encontradas nos compartimentos intermediários dos planaltos,
no interior das depressões e nos maciços antigos e sob as formas cársticas, que
ocorrem em áreas calcárias, apresentando uma morfologia peculiar resultante de
26
processos especiais de evolução, baseados na dissolução e corrosão. As principais
formas cársticas encontradas na RMBH o as cavernas, maciços residuais e as
dolinas, presentes na porção N da Região Metropolitana, por exemplo, em Lagoa
Santa, Confins, São José da Lapa e Pedro Leopoldo.
MAPA 1 – Mapa hipsométrico da RMBH
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geominas 1:50.000
e 1:1000.100/Laboratório de Goeprocessamento. Colaborador: Vladimir
Diniz Vieira Ramos. Dados do Mapa: UTM SAD 69 FUSO 23.
27
Segundo Ayoade (2004), o relevo tem um efeito atenuador sobre a
temperatura, pois diminui com a altitude crescente a uma taxa aproximada de 0,6°C
por 100 m. O autor ainda destaca que a relativa uniformidade térmica que predomina
nos trópicos é distorcida pelos efeitos da altitude do relevo. O índice de variação
térmica na região tropical com duas estações bem definidas, como em Belo
Horizonte, é maior na estação seca que na estação chuvosa, pois durante essa
estação a condição de céu nublado, que predomina na estação chuvosa, interfere
nos efeitos da radiação que é bastante reduzida. Isso justifica o fato de a
temperatura máxima média de novembro ser 1°C, em média, superior a de
dezembro (GRAF. 1), pois, enquanto o primeiro mês chove em média 245,86 mm,
dezembro chove 338,02 mm, ou seja, há mais dias nublados.
Outro aspecto geográfico que influencia a temperatura do ar é a distância
de corpos hídricos devido às diferenças básicas nas características térmicas das
superfícies continentais e hídricas. Essas diferenças ajudam a produzir o efeito da
continentalidade, em que a superfície continental se aquece e se resfria mais
rapidamente do que a superfície hídrica. Com relação ao efeito da continentalidade e
da maritimidade, ressalte-se que a diferença nas propriedades térmicas entre
continentes e oceanos interfere na circulação atmosférica. A água, sendo um fluido,
tem alto calor específico, requerendo maior quantidade de energia para se aquecer,
e também tende a distribuir calor através de uma profundidade bastante grande por
meio da ação de ondas e de correntes de convecção. As temperaturas à superfície
de oceanos e grandes lagos não variam muito em resposta à variação diurna e
sazonal da radiação solar (MOREIRA, 2002).
A climatologia da precipitação em Belo Horizonte é caracterizada por
duas estações bem definidas, como designou Nimer (1979), para a climatologia da
Região Sudeste do Brasil. O GRAF. 2 mostra que a estação chuvosa corresponde
aos meses de outubro a março, quando a precipitação mensal acumulada é maior
que a evaporação. Na estação seca, ocorre o contrário, no período de abril a
setembro, sendo os meses de abril e setembro caracterizados por muitos autores
como meses de transição entre as estações. Nimer (1979) classificou o clima de
grande parte de Minas Gerais, incluindo a RMBH, de clima semi-úmido, com seca
bem caracterizada, atingindo em média quatro a cinco meses. Ainda segundo o
28
autor, as características do regime de chuvas da Região Sudeste advêm da
influência marítima, dos sistemas atmosféricos de escala sinótica, correntes
perturbadas, e dos contrates morfológicos do relevo.
GRÁFICO 2 – Precipitação acumulada e evaporação média mensal em Belo Horizonte
de 1961-1990
Fonte de dados: BRASIL, 1992.
Moreira (2002) estudou o papel da topografia, a Serra do Curral, na
climatologia da precipitação em Belo Horizonte e seu entorno. Segundo o autor,
setembro, mês de transição entre a estação seca e a chuvosa (GRAF. 2),
caracteriza-se pela influência da topografia no delineamento das chuvas, ou seja,
chuvas orográficas. O mês de outubro ainda se caracteriza pelo acúmulo de chuvas
ao longo da serra, localizada nos municípios de Ibirité, Nova Lima e região sul de
Belo Horizonte. O aumento do acúmulo de precipitação se deve ao maior
aquecimento da superfície e o inicio da expansão da massa equatorial continental
em direção à Região Sudeste do Brasil.
Os meses de novembro, dezembro e janeiro caracterizam-se pelo
aumento de precipitação em toda a Região, sendo esse o trimestre mais chuvoso da
29
RMBH (GRAF. 2). No entanto, Moreira (2002) destacou que a Serra do Curral
exerce a razão de “âncora” para os maiores totais de precipitação. Como ressaltou
Nimer (1979), a orografia favorece as precipitações, uma vez que ela atua no
sentido de aumentar a turbulência do ar pela ascendência orográfica, principalmente
durante a passagem de correntes perturbadas.
Em fevereiro, a precipitação diminui, assim como o acoplamento ao longo
da Serra, em decorrência do processo chamado veranico
4
(GRAF. 2). Moreira (2002)
ressaltou que o mês de março caracteriza-se pela desarticulação entre a topografia
mais elevada e o máximo de precipitação, pois, segundo ele, os maiores totais
encontram-se transversalmente à Serra, num sentido de NW-SE. Abril é
caracterizado pela transição do período chuvoso ao seco. Assemelha-se a
setembro, porém com maior altura de precipitação acumulada, dada a maior
quantidade de umidade disponível no final da estação chuvosa.
2.2 Aspectos de Larga-escala
2.2.1 Células de Circulação Global
As características dos climas, tanto na escala temporal como na escala
espacial, são explicados pelos elementos da circulação geral da atmosfera e a
interação com sistemas atmosféricos de escala sinótica. A causa básica e
fundamental do movimento atmosférico, horizontal ou vertical, é o desequilíbrio na
radiação líquida, na umidade e no momentum entre as baixas e altas latitudes e
entre a superfície da Terra e a atmosfera. Ayoade (2004) ainda destacou que a
4
O veranico consiste em um período de estiagem no meio da estação chuvosa. Esse fenômeno
meteorológico pode causar grande prejuízo econômico se ocorrer em período de germinação, pré-
floração ou floração plena, em que a cultura é particularmente sensível ao déficit hídrico,
principalmente em solos com baixa capacidade de retenção água, num período de alta demanda
evaporativa (CUPOLILLO, 1997, p. 92).
30
topografia, a distribuição das superfícies continentais e oceânicas e as correntes
oceânicas constituem outros fatores que influenciam a circulação atmosférica.
Segundo Moreira (2002), o modelo mais atual de circulação geral da
atmosfera foi proposto por Ferrel (1856) e aperfeiçoado por Rossby (1941), que
inclui o efeito da Força de Coriolis e a existência de três células de circulação
meridional em cada hemisfério. A disposição dessas células segue-se na ordem:
uma localizada na faixa tropical, Célula de Hadley, com ramo ascendente próximo
ao equador e ramo descendente próximo a 30º latitude; uma localizada na faixa de
latitudes médias (Célula de Ferrel) com ramo ascendente próximo aos 60º de
latitude e descendente nos 30º; uma última localizada na região polar (Célula Polar),
como pode ser visto na FIG. 1.
FIGURA 1 – Modelo de circulação meridional da atmosfera
a) A – Altas pressões
b) B – Baixas pressões
Fonte: Adaptada de VAREJÃO-SILVA, 2001, p. 340.
A Célula de Hadley pode ser definida como um sistema de circulação
direta, na qual para a Zona de Convergência Intertropcal (ZCIT), devem convergir
ventos provenientes dos cinturões de alta pressão (localizados em torno de 30ºN e
30ºS), impulsionados pela força do gradiente de pressão e defletidos por efeito da
31
rotação da Terra (Força de Coriolis), como definiu Varejão-Silva (2001). Portanto, é
caracterizada como modelo de circulação térmica com aquecimento máximo em
baixas latitudes, explicando o fluxo dos ventos alísios em direção ao Equador. Por
sua persistência e amplitude, compõe o principal sistema de larga escala atuante no
Brasil e em Minas Gerais. Essa célula representa o primeiro modelo de circulação
geral da atmosfera, apresentado por Halley em 1686 e aperfeiçoada por Hadley em
1735 (AYOADE, 2004).
A Célula de Hadley possui quatro componentes principais: os anticiclones
subtropicais (em torno de 30°N e S), que constituem o ramo subsidente da célula; os
ventos alísios (ventos úmidos), que sopram de NE no Hemisfério Norte e de SE no
Hemisfério Sul, em direção ao Equador; a Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT), ramo ascendente, localizado na zona equatorial de baixas pressões, que
também é associada ao aquecimento provocado pela maior incidência de radiação
solar e constitui o ponto de convergência dos sistemas de ventos em baixos níveis
em ambos os Hemisférios, uma vez que o ar nessa região é quente e úmido, ocorre
intensa formação de pesadas nuvens cumuliformes e chuvas convectivas
associadas (VIANELLO; ALVES, 1991). E a divergência em altos níveis no topo da
troposfera tropical sobre a ZCIT, que complementa a célula ao sofrer subsidência na
região dos anticiclones subtropicais.
A segunda célula da circulação geral da atmosfera é a Célula de Ferrel,
que se localiza entre as regiões subtropicais e subpolares. O sentido dessa célula é
o oposto da célula de Hadley. A FIG. 1 mostra a corrente em baixos níveis na região
polar, ventos de leste, que convergem com ventos de oeste na região subpolar e
divergem em altos níveis e levam ar frio para as regiões subtropicais, onde sofrem
subsidência. Fedorova (2001) destacou que, nessa região de convergência dos
ventos de oeste de latitudes médias com os ventos polares, na zona subpolar (nos
dois Hemisférios), situam-se duas importantes zonas de convergência extratropical,
onde o ar quente e úmido encontra-se com ar frio e seco, de origem polar. Daí
originam-se os fenômenos meteorológicos mais importantes das latitudes médias,
de acordo com a autora, denominados frentes ou Sistemas Frontais, sistemas
produtores de tempo que atingem Minas Gerais durante todo o ano.
32
Segundo Moreira (1999), outra célula de circulação atmosférica que
influencia o clima de Minas Gerais é a Célula de Walker. Sua existência está
relacionada às propriedades físicas do Oceano Pacífico, quente a W e frio a E, que
ocasiona uma circulação de sentido leste-oeste, sendo o escoamento atmosférico
profundamente influenciado pelos gradientes térmicos e barométricos do oceano.
Essa célula interage com a Célula de Hadley de forma sistêmica e em razão das
condições oceânicas. Ainda, segundo o autor, as grandes variações sazonais de
precipitação no Brasil estão associadas às flutuações norte-sul das regiões de
movimento ascendente e descendente das células de Hadley-Walker, favorecendo
ou inibindo a convecção e, por conseqüência, a ocorrência de chuvas.
2.2.2 As Massas de Ar
A circulação geral da atmosfera origina grandes porções de ar com
características uniformes de temperatura e umidade que se deslocam por centenas
de quilômetros como uma entidade reconhecível, chamadas massas de ar. Segundo
Ayoade (2004), as massas de ar são muito importantes no estudo do tempo e do
clima porque os influenciam diretamente na área onde atuam.
Vianello e Alves (1991) ressaltaram que as massas de ar adquirem suas
propriedades por permanecerem sobre determinada região da superfície da Terra
por um longo período, suficiente para que as propriedades termodinâmicas
(temperatura e umidade) alcancem um estado de equilíbrio. As propriedades da
região fonte sobre a qual as massas se originam refletem suas propriedades e, por
conseguinte, a própria denominação da massa de ar. Esses autores classificam as
massas de ar segundo suas propriedades térmicas, sendo estas as principais que
atuam na América do Sul: massa equatorial continental (cE), massa equatorial
marítima (mE), massa tropical marítima (mT), massa tropical continental (cT) e a
massa polar marítima (mP).
A FIG. 2 mostra o domínio geográfico médio das massas de ar atuantes
no Brasil durante as quatro estações do ano. Nota-se que cE atua durante o verão,
33
deslocada para o sul em grande parte do território brasileiro, por conseqüência,
sobre a RMBH. Ela se forma na Região Amazônica (área de baixas pressões e
muita umidade), onde predomina os movimentos convectivos, intensificados pela
convergência dos Ventos Alísios, ramo ascendente da célula de Hadley (ZCIT) sobre
o continente. Durante o inverno, sua atuação é bastante retraída à porção NW da
Amazônia, dado o deslocamento da ZCIT em direção ao Hemisfério Norte, sendo as
características de umidade e precipitação mais influenciadas pelo ramo ascendente
da célula de Walker, que gera movimentos convectivos, umidade e precipitação
durante todo ano, principalmente no verão, com a interação da Célula de Hadley.
Kousky et al. (2001), citado por Moreira (2002), ressaltaram que uma
possível razão para que os efeitos térmicos sejam evidentes durante o verão é o
aquecimento da superfície continental resultante em instabilidade convectiva.
Correntes de convecção, ramo ascendente da Célula de Hadley-Walker, transportam
calor verticalmente para longe da superfície da Terra, distribuindo calor na
troposfera. Por conseqüência, o ar ascendente freqüentemente torna-se saturado e,
comumente, ocorre considerável desenvolvimento de nuvens e precipitação
associada, o que caracteriza a massa cE.
A mE ocorre sobre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico e é resultante
da convergência dos Alísios (ZCIT). Desloca-se latitudinalmente ao longo do ano,
atingindo até 8° latitude sul durante o verão e no inverno retorna ao Hemisfério Norte
(VIANELLO; ALVES, 1991). Essa massa de ar é bastante atuante no NE brasileiro.
Os principais fatores que influenciam quantitativamente a produção da precipitação
sobre essa região o a posição e a intensidade da ZCIT. Seu período de atuação
sobre latitudes abaixo do Equador é de fevereiro a maio, caracterizando o período
de chuvas em boa parte do NE (ARAÚJO; RODRIGUES, 2000).
A cT está associada à baixa pressão predominante na região do Chaco
(baixa do Chaco), em conseqüência do grande aquecimento da superfície durante o
verão no Hemisfério Sul. Esse superaquecimento continental dá origem a uma
massa quente e seca, instável, com intensa atividade convectiva, que se eleva até
3.000 m. Vianello e Alves (1991) ressaltaram que, apesar disso, as precipitações
associadas são fracas, predominando céu pouco nublado, o que favorece ainda
mais o aquecimento diurno.
34
A mT forma-se sobre os Oceanos Atlântico Sul e Pacífico Sul e
corresponde aos anticiclones subtropicais do Atlântico Sul (ASAS) e do Pacífico Sul
(ASPS), ramos subsidentes da Célula de Hadley-Walker. Os anticiclones, à
superfície, resultam da subsidência do ar superior, quente e seco, sobrepondo-se ao
ar úmido e menos aquecido sobre a superfície oceânica. Segundo Vianello e Alves
(1991), esse processo origem a uma camada de inversão situada entre 500 e
1.500 m de altitude, ou seja, a mT é formada por duas camadas: uma inferior, fria e
úmida, e outra superior, quente e seca. Durante o inverno, com o deslocamento
ASAS em direção ao continente, predomina céu claro e ausência de chuvas, o que
caracteriza a estação seca. A zona de divergência dos Alísios (ZD), FIG. 2, é
caracterizada por definir a atuação desse anticiclone com ventos que sopram em
direção ao Equador (Ventos Alísios) e aqueles que sopram de leste e nordeste e
dominam a circulação atmosférica do Sudeste brasileiro, principalmente durante o
inverno, e, por conseguinte, caracterizam o escoamento médio em baixos níveis na
RMBH.
A mP associa-se aos anticiclones migratórios, que se localizam na região
subantártica, e origina-se da zona de convergência extratropical dos ventos de oeste
da lula de Ferrel com ventos de leste polar. A princípio, a mP é bastante estável,
mas, à medida que se desloca para norte ou nordeste, a inversão diminui e a massa
passa ser menos estável. Vianello e Alves (1991) ainda destacaram que, apesar de
ocorrer em todas as estações, são mais intensas no inverno e por isso
desempenham maior destaque sobre o continente, quando chegam a atingir baixas
latitudes, ocasionando queda de temperatura em grande parte do território brasileiro.
Na estação de verão, as mP são importantes como mecanismo de organização da
convecção e produção de chuva.
35
FIGURA 2 – Domínio geográfico médio das massas de ar no Brasil
a) Ec – Massa equatorial continental
b) Em – Massa equatorial marítima
c) Tm – Massa tropical marítima
d) Tc – Massa tropical continental
e) ZD – Zona de divergência dos alísios
Fonte: Adaptado de TUBELIS; NASCIMENTO, 1992.
A climatologia da precipitação em Belo Horizonte pode ser explicada, em
parte, pela atuação dessas massas de ar. O verão é caracterizado pela presença da
cE, que se expande sobre a superfície brasileira e caracteriza o período chuvoso,
principalmente das regiões Centro-Oeste e Sudeste. A concentração da precipitação
nos meses de verão, como visto no GRAF. 2, deve-se à presença de extensas áreas
de baixa pressão sobre o continente sul-americano. Esse padrão se relaciona à
atuação dos ramos ascendentes da Célula de Hadley-Walker no NW do Brasil, em
resposta à intensa radiação solar no verão e conseqüente aquecimento continental.
Outro sistema de baixa pressão, no verão, no continente sul-americano, é a baixa do
Chaco, localizado sobre o Chaco Paraguaio (17°S/65°W), que caracteriza a massa
36
cT. Origina-se do aquecimento continental no verão, o que gera convergência do ar
circunvizinho nos baixos níveis, movimento ascendente e condensação, liberando
calor latente na alta troposfera pela convecção profunda no interior do continente.
No inverno, esse padrão é inibido pela atuação do ASAS, que penetra no
continente, atuando na parte leste e central do Brasil tropical, pois o continente
encontra-se mais frio que os oceanos circunvizinhos (MAIA, 1986). Ou seja, a
movimentação sazonal, bem como as temporárias, no ASAS, exerce papel
fundamental sobre o clima do Brasil, em particular sobre Minas Gerais, que,
conforme se pode verificar, fica sob seu domínio principalmente no inverno,
adquirindo condições predominantemente de pouca ou nenhuma nebulosidade,
baixa umidade específica e relativa, ausência de precipitação, caracterizando o
período seco.
Segundo Maia (1986), o ASAS apresenta, no mês de janeiro, seu centro
próximo a 35°S e 20°W, atuando na parte leste do continente sul-americano e
penetra próximo de 42°W, com um limite latitudinal de 14° a 33°S. A RMBH localiza-
se a 19°30’ a 20°50’S e 43°30’ a 44°40’W, ou seja, é influenciada pelo ramo
subsidente da célula de Hadley durante o ano todo, o que é refletido na direção
predominante do vento mensal. O ramo ascendente dessa célula, nos meses de
verão, também influencia a direção predominante do vento. Barroso (2004) detectou
que, durante as chuvas de novembro, dezembro e janeiro em Belo Horizonte, os
ventos, analisados diariamente, predominam do quadrante W/NW/N em pelo menos
um horário sinótico de observação.
37
2.3 Aspectos Sinóticos
2.3.1 Sistemas Frontais
Segundo a Revista CLIMANÁLISE (1986), entre os sistemas atmosféricos
transientes (podem durar de horas a dias), os sistemas frontais (SF) estão entre as
mais importantes perturbações atmosféricas responsáveis por precipitação e
mudanças de temperatura em quase todo o país. O contato entre duas massas de ar
com temperaturas diferentes produz uma superfície de descontinuidade conhecida
como superfície frontal. Esses sistemas originam-se de ondas baroclínicas das
latitudes médias, de escala espacial da ordem de 3.000 km e estão imersas nos
ventos de oeste dessas latitudes. Segundo Ferreira (2006), ao longo da frente,
existem, freqüentemente, significativas variações de temperatura e mistura do ar.
Isso causa diferença na densidade do ar, que provoca a elevação de uma massa
quente sobre a outra fria, gerando nebulosidade quando presença de umidade e,
muito comumente, precipitação associada.
A frente fria ocorre quando uma massa de ar frio avança em direção a
uma massa de ar quente. A superfície de descontinuidade se inclina para o lado do
ar frio (lado polar) com a altura. Segundo Ferreira (2006), enquanto a frente está
distante, as temperaturas permanecem mais altas e o céu claro persiste. Quando a
frente se aproxima de determinada localização, o ar denso e frio toma o lugar do ar
quente, que é forçado a subir rapidamente. Isso desenvolve o aparecimento de
nuvens, principalmente, cumuliformes (linha pré-frontal), que ocorre nas
proximidades da linha frontal. Enquanto a frente está entre 10 e 50 km de distância,
pode desenvolver trovoadas, granizo, mudança na direção do vento acompanhado
de rajada e muita precipitação. Após a passagem da frente, as temperaturas
diminuem e o céu começa a clarear ou permanece com nebulosidade baixa e
estratiforme. Essas frentes frias se originam na zona de convergência de ventos de
oeste com ventos polares, na região subantártica e as massas de ar frio constituem
os anticiclones polares migratórios (APM), com circulação anti-horário no HS. Após
38
atravessarem os Andes, as frentes e as massas de ar frias (mP) invadem o
continente sul-americano em direção ao equador, numa trajetória de SW-NE.
As frentes quentes constituem outro SF que comumente atinge o Sudeste
brasileiro. Essas frentes ocorrem quando uma massa de ar quente acarreta a
substituição de ar mais frio por ar mais quente. A superfície frontal apresenta como
uma rampa pouco inclinada, já que o ar quente tende a sobrepor o ar frio, as nuvens
apresentam pequeno desenvolvimento vertical, com seus topos mais baixos do que
os da frente fria, acarretando chuvas leves e contínuas e normalmente abrange uma
área maior do que a outra. O tempo associado a uma frente quente também
permanece por um período mais longo. Segundo Ferreira (2006), na América do Sul,
uma frente quente é freqüentemente causada pelo retorno de uma frente fria, que
por uma situação de bloqueio não consegue avançar, o que Monteiro (1969) chamou
de frente polar reversa (FPR). Esse autor destacou que esse sistema acarreta a
névoa seca nos meses de inverno nos Estados de São Paulo, Paraná até o Rio
Grande, em decorrência da fraqueza das circulações anticiclonais migratórias.
Maia (1986) ressaltou que a sazonalidade é um fator importante tanto
para as características como para as trajetórias adquiridas pelos anticiclones polares
migratórios. Durante o inverno, os APM que se deslocam em direção às latitudes
mais baixas, são mais intensos (mais energia) e de maiores dimensões que nas
outras estações do ano, principalmente dado o maior gradiente de temperatura
equador-pólo, nessa época do ano. Em julho, é comum essas massas de ar frio, que
acompanham as frentes, causar geadas nas áreas serranas das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste. Esses sistemas, no verão, são menos baroclínicos,
portanto não ocasionam queda de temperatura como no inverno. Por outro lado,
durante o verão, esses sistemas organizam a convecção tropical, sendo
responsáveis pela precipitação em quase todo o país.
39
2.3.2 Linhas de Instabilidade
Segundo Nimer (1979), as Linhas de Instabilidades tropicais são
depressões barométricas que se apresentam na forma de linhas alongadas,
acopladas em pequenas dorsais aos sistemas de altas pressões subtropicais que se
estendem até o continente. Hoje, essas dorsais são compreendidas como áreas de
convergência próximas à superfície. Abreu (1998) destacou que elas são formadas
sobre o Pae o Amazonas, como resultado do ciclo de aquecimento diurno e dos
mecanismos dinâmicos da atmosfera, como a Alta da Bolívia (definida na pág. 42).
Maia (1986) ressaltou que, como essas Linhas tropicais de instabilidade
constituem um sistema dinâmico de convergência, causam a ascensão do ar que,
dependendo do grau de umidade e da força ascensional, provocam chuvas e
trovoadas, embora de curta duração, acompanhadas de ventos com rajadas que
atingem de 60 a 90 km/h. Tais eventos ocorrem especialmente no verão, entre 12h e
18h TMG, e se devem a um decréscimo geral da pressão, motivado pelo forte
aquecimento no interior do continente.
Segundo Oliveira (1986), durante o verão, a convecção tropical (CT)
encontra-se espalhada no continente sul-americano, principalmente ao sul de S,
em torno de 10º a 12º S. No inicio do outono, já se encontra acima de S como
uma faixa entre a ZCIT do Atlântico e Pacifico, sendo também a configuração
típica dos meses de inverno, nos meses de junho e julho o apresenta nenhuma
nebulosidade ao sul de 5ºS, o que pode ser visto na FIG. 2, pelo comportamento
médio da massa cE nas estações de verão e inverno.
Abreu (1998) destacou que, em razão do giro anticiclônico dos Ventos
Alísios sobre o território brasileiro na zona tropical, dada a presença da Cordilheira
dos Andes, a umidade é transportada para o sul e o sudeste da região fonte. Assim,
as combinações entre as CT e umidade contribuem para os altos índices
pluviométricos nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, logo, na RMBH.
40
2.3.3 Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)
Outro sistema atmosférico de escala sinótica que afeta o Estado de Minas
Gerais é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). A literatura especifica
apresenta a ZCAS como o principal fenômeno atmosférico típico de verão que
acarreta altos índices pluviométricos em grande parte do território brasileiro. Sua
principal característica é uma larga faixa de nebulosidade que se estende desde o
sul da Região Amazônica até o Atlântico Sul-central. Somente na década de 1970,
pesquisadores observaram por imagens de satélite a presença dessa faixa de
nebulosidade convectiva, com direção preferencial de NW-SE (QUADRO, 1994).
Segundo Abreu (1998), a ZCAS é formada pela associação entre a frente polar
Atlântica e as linhas de instabilidades, principalmente provenientes da Região
Amazônica. A orientação NW-SE da ZCAS é determinada pela contribuição da FPA
que, sobre o continente, apresenta essa mesma direção preferencial.
Satyamurty e Rao (1988) destacaram outras duas zonas de convergência
no hemisfério sul, uma chamada Zona de Convergência do Pacífico Sul (ZCPS) e
outra na região de Madagascar, no Oceano Índico (ZCIS). Esses autores
destacaram que cada uma delas está ligada na sua extremidade noroeste a uma
área tropical de intensa atividade convectiva, porém ressaltaram que cada zona de
convergência possui características diferentes em termos de intensidade e
posicionamento latitudinal. A ZCAS está ligada a noroeste com a Bacia Amazônica,
a ZCPS à área da Indonésia e a zona de Madagascar à Bacia do Congo.
Na década de 1980, iniciaram-se os maiores avanços para o
entendimento desse mecanismo atmosférico causador de chuvas persistentes e
intensas na Região Tropical. Oliveira (1986) identificou a interação entre sistemas
frontais e convecção tropical, que ocorre na parte central da Amazônia, quando
esses sistemas frontais posicionam-se preferencialmente entre 35° e 20°S. A
permanência dos SF nessa faixa latitudinal é fortemente influenciada pela presença
da CT no continente. Por sua vez, esses SF modulam a CT em formas de faixas de
nebulosidade convectiva organizada.
41
As principais características dessa faixa de nebulosidade encontrada por
Oliveira (1986) são: advecção de ar frio, em baixos níveis, causada pela penetração
do Sistema Frontal, que delimita a área de ocorrência da convecção tropical,
movimento ascendente com o aumento da convergência em baixos níveis e
divergência em altos níveis, onde se forma a faixa de nebulosidade. Em seu estudo,
a autora destaca grande semelhança entre a linha de máximos de precipitação do
Brasil, que tem direção NW-SE desde o norte-noroeste da Amazônia até o sudeste
do Brasil, e a faixa de nebulosidade convectiva associada (FIG. 3 e 4). A autora
destaca a importância da Amazônia como uma intensa fonte de calor para a
atmosfera:
Ela possui características muito particulares: é delimitada no lado
oeste pela Cordilheira dos Andes, que atua como barreira natural ao
escoamento predominante dos Alísios nos baixos níveis, além de
possuir a maior bacia de drenagem do mundo e a maior floresta
tropical, fatores este que contribuem para uma grande taxa de
evapotranspiração na região e, conseqüentemente, grande
precipitação (OLIVEIRA, 1986, p. 7).
FIGURA 3 – Climatologia da precipitação
acumulada na estação de verão no
Brasil
Fonte: REVISTA CLIMANÁLISE, out. 1996.
FIGURA 4 – Imagem IRES-8 em 1°/1/2000
às 21h TMG
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br
.
Acesso em: 5 set. 2005.
42
Durante o verão, na América do Sul, os principais padrões atmosféricos
interagem, configurando as características da ZCAS. Em altos níveis, nota-se a
presença de uma circulação anticiclônica fechada (Alta da Bolívia AB), em
decorrência do intenso aquecimento continental que gera convergência de ventos
em baixos níveis e divergência em altos, e a presença de um Vórtice Ciclônico sobre
o Nordeste brasileiro (VCAN
5
) próximo ao litoral, como um mecanismo
compensatório, no qual faz parte da Circulação de Walker. Em baixos níveis, a Baixa
do Chaco, o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), atuando mais
deslocada para leste no Oceano Atlântico (comparada a sua posição durante o
inverno), as linhas de instabilidades e a penetração de sistemas frontais até latitudes
subtropicais. Segundo Oliveira (1986), em altos níveis, a mudança de escoamento,
em relação ao inverno, é mais significativa que nos baixos níveis.
Quadro (1994) definiu o conceito de ZCAS como uma banda de
nebulosidade com orientação NW-SE, desde a Amazônia até o Atlântico Sul, por
pelo menos quatro dias, tendo como principais características: convergência de
umidade na baixa e média troposfera dada pela interação da CT com o SF, ou seja,
faixa de movimento ascendente de ar com orientação NW/SE, a presença de um
cavado semi-estacionário sobre a América do Sul em 500h Pa a leste dos Andes,
centro de circulação anticiclônica em altos veis (AB) e a conseqüente alteração no
regime de chuvas das regiões afetadas. O autor observou também a presença do
VCAN nos eventos de ZCAS e a presença do cavado nos casos em que o vórtice
não apresentava bem configurado. Foi identificada a presença de um cavado
atuando também sobre essas regiões. O fato de a ZCAS ocorrer durante o verão no
Hemisfério Sul ressalta a importância da convecção tropical e a conseqüente
liberação de calor latente, na Região Amazônica, tanto para a geração como para a
manutenção desse fenômeno, como identificou Oliveira (1986). Satyamurty et al.
(2000) salientaram que o movimento vertical ascendente de larga-escala é essencial
para a formação e permanência da convecção sobre uma vasta área como a ZCAS.
5
VCAN (Vórtice Ciclônico de Altos Níveis): sistema de baixa pressão de escala sinótica que se forma
na dia e na alta troposfera entre 5 e 13 quilômetros de altitude. (Disponível em:
www.cptec.inpe.br/tempo
. Acesso em: 20 ago. 2005).
43
Nas FIG. 5 e 6 mostram-se a faixa de nebulosidade típica e a circulação atmosférica
em altos níveis associada, como definiu Quadro (1994).
FIGURA 5 – Imagem IR GÓES 8 em
1°/1/2000 às 0h TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelite.cptec.inpe.br
.
Acesso em: 20 set. 2005.
FIGURA 6 – Campo médio de corrente(m/s)
e isotácas em 250hPa entre os
dias 1° a 8 de janeiro de 2000.
Fonte: BOLETIM CLIMANÁLISE, v. 15, n. 1,
jan. 2000.
Esse autor ainda ressaltou que, como conseqüência dos padrões
atmosféricos observados, o fenômeno ZCAS se manifesta desde a baixa troposfera
até os altos níveis. Na baixa troposfera, o giro dos Ventos Alísios, por causa da
Cordilheira dos Andes, associado à presença do ASAS, contribui para o transporte
de umidade para as latitudes médias, alimentando o sistema, e, em parte, para a
instauração da zona de convergência. Segundo Quadro (1994), o fato de os Alísios
serem forçados a girar para sul é bom indício de como a umidade pode ser
transportada da região fonte para ZCAS. Como conseqüência, uma grande
concentração de umidade acompanha a linha da zona de convergência. A região de
confluência desse escoamento encontra-se a SW do centro do ASAS. Segundo o
autor, essa região delimita a área de atuação da massa de ar tropical (mais
aquecida), que contrasta com a massa ao sul, onde os ventos o
AB
VCAN
CAVADO
44
predominantemente sul/sudoeste. Ainda destacou que essa configuração define a
importância do ASAS na orientação da ZCAS sobre a região do Oceano Atlântico.
A variação no posicionamento da ZCAS se deve às variações na
localização da Alta da Bolívia, do vórtice ciclônico em altos níveis sobre o Nordeste
Brasileiro e do cavado a sotavento dos Andes na média troposfera. Gusmão (1996)
sugeriu um tripé de interação, Alta da Bolívia, cavado e frentes, governado por
interações lineares e não lineares que estabelecem o posicionamento e intensidade
dos sistemas e de bandas de nebulosidade associadas.
Segundo Abreu (1998), a estacionaridade da convecção está associada à
da FPA. A interação das LI com as frentes pode resultar na rapidez do deslocamento
da banda de convecção quando predominar a atuação das linhas de instabilidade,
ou na estacionaridade quando o predomínio for das características da FPA. No
primeiro caso, as chuvas são intensas e de curta duração por se originarem de
cumulunimbos. No segundo caso, a precipitação é moderada a forte, longa duração,
associada à presença de nuvens estratiformes, que diminuem acentuadamente a
insolação à superfície, tornando os dias de verão úmidos e cinzentos e gerando
grande acúmulo de precipitação.
Quadro (1994) ainda destacou que a ZCAS pode ser definida como um
fenômeno climatológico. O seu estudo mostrou que, ao menos uma vez por mês,
durante a estação de verão no HS, ela tende se manifestar, provocando chuvas
persistentes e intensas, dado o seu estacionamento em determinadas regiões do
Brasil. Segundo o autor, a ZCAS geralmente estaciona sobre a Região Sudeste,
Brasil Central, norte do Para e sul do Estado da Bahia. Ainda foi observada a
variação intrasazonal desse fenômeno: durante os primeiros meses de verão, ela
estaciona em regiões mais ao norte do continente e, até o final do verão, ela tende a
estacionar mais ao sul devido ao aquecimento continental pelo Sol.
Nobre (1988) comparou a zona de convergência intertropical (ZCIT) à
ZCAS, destacando que a última está relacionada à penetração de sistemas frontais
até latitudes subtropicais e tropicais e, geralmente, apresenta-se mais estacionária
quando o sistema frontal atinge seu deslocamento máximo em direção ao equador
(latitudes inferiores a 20°S). Destacou, ainda, que, climatologicamente, a ZCAS é
mais atuante de novembro a abril e está diretamente associada à estação chuvosa
45
de importantes regiões do Brasil, como sul e oeste do Nordeste, sul da Amazônia,
Região Sudeste e, também, Goiás. A variabilidade temporal da ZCAS é bem maior
que a da ZCIT, comumente desaparecendo por períodos de vários dias a semanas e
inexistindo durante o inverno no HS. Além da variabilidade temporal, a variabilidade
espacial da ZCAS é também maior do que a ZCIT. Para uma dada estação do ano,
a variabilidade da posição latitudinal desta última é de a 3°, enquanto a ZCAS
pode variar de 10° a 15° ao longo da costa brasileira.
No período em que Nimer (1979, p. 360) descreveu a climatologia da
Região Sudeste, os estudos do fenômeno ZCAS ainda eram bastante prematuros,
porém o autor identificou as correntes perturbadas de oeste, representadas pelas
linhas de instabilidade e sua relação com as frentes polares, ocasionando a
precipitação de verão:
A zona onde mais freqüentemente se o equilíbrio entre o sistema
de circulação do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul e o
anticiclone polar, além de estar sob a rota preferida das correntes
perturbadas de oeste, ou mais precisamente de NW, representadas
pelas linhas de instabilidade [...].
A faixa que abarca do noroeste de Minas Gerais ao Estado do Rio do
Janeiro, área de atuação do fenômeno ZCAS, segundo o autor, é uma área de
grande acúmulo de chuvas, com precipitação anual superior a 1.500 mm, como visto
na FIG. 3.
2.4 - Variabilidade Climática e o Sudeste Brasileiro
Os principais fenômenos atmosféricos de larga-escala responsáveis por
variabilidade climática na Região Sudeste do Brasil são o El Niño e La Niña.
Segundo Oliveira (1999), El Niño pode ser definido como o aquecimento anômalo
das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e Oriental. A La Niña é o
resfriamento das águas do Oceano Pacifico Equatorial, o autor ressalta que esse
fenômeno é melhor designado como episódio frio do El Niño. Os efeitos desse
46
aquecimento/resfriamento afetam quase todas as regiões do globo. Pois a enorme
extensão geográfica do Oceano Pacífico, com sua superfície aquecida ou resfriada,
em contato com a atmosfera, a modifica e por seus mecanismos de transporte,
ventos, que levam os efeitos para todas as partes do mundo.
Oliveira também destacou a freqüência média de recorrência desses
fenômenos, ambos ocorrem entre 2 a 7 anos, porém cientistas vêm observando que
a La Niña tem ocorrido com menor duração que o El Niño. Os episódios de La Niña
têm recorrência de aproximadamente de 9 a 12 meses e somente alguns poucos
persistem por mais de 2 anos, como o El Niño.
Segundo esse autor os principais efeitos do El Niño na região sudeste são
moderados aumentos das temperaturas médias, tanto no inverno como no verão, e
ressaltou que não padrão característico de mudanças nas chuvas durante
ocorrência do fenômeno, com exceção do extremo sul do Estado de São Paulo. A La
Niña ocasiona efeitos contrários, porém não com a mesma intensidade do fenômeno
El Niño, como temperaturas próximas da média climatológica ou ligeiramente abaixo
e maior quantidade de frentes chegam até a região NE do Brasil, principalmente
litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas.
No entanto, Moreira (2002) e Cupolillo (1997) ressaltaram a variabilidade
da precipitação em relação ao fenômeno ENSO (El Niño e La Niña) que atua direta e
indiretamente na circulação atmosférica de Minas Gerais. Segundo Moreira, durante
esses eventos severos de grande escala que afetam o comportamento normal da
precipitação, a topografia deixa de ser o principal determinante na espacialidade das
chuvas em Belo Horizonte e seu entorno.
Ferreira et. al. (2004) demonstraram que a circulação de grande escala é
modulada pelos fenômenos El Nino e La Nina e dominam a atuação da ZCAS.
Esses autores identificaram que em anos normais e de La Nina há uma tendência de
ocorrência de três fenômenos de ZCAS ou mais durante o verão. Em anos de El
Nino, nenhum verão estudado (1980 a 2000) apresentou mais de três eventos de
ZCAS, pois a atividade convectiva sobre o continente é menos intensa e deslocada
ligeiramente para oeste comparada a outros anos composta por La Nina ou
circulação atmosférica de larga – escala normal.
47
Quadro (1994) identificou que a presença do El Nino contribui
negativamente com a manifestação da ZCAS, pois o fato de deslocar a Alta da
Bolívia mais para oeste deve provocar a não ocorrência dos episódios ou a
formação da ZCAS afastada de sua região preferencial. Gusmão (1996) sugeriu que
para entender a variabilidade na posição e intensidade da Alta da Bolívia é
necessário entender a interação que ela tem com outros sistemas sinóticos que
agem na América do Sul.
48
3 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 O Paradigma da Análise Rítmica
O Professor Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, partindo de uma
tentativa de caracterização do clima da Região Sul do Brasil, passou por uma série
de ensaios sobre a metodologia geográfica da análise climática. Em meados da
década de 1950, inteirou-se da definição climática do geógrafo francês Max Sorre
(1951, citado por MONTEIRO, 1975, p. 20), de que “o clima é a série dos estados
atmosféricos acima de um lugar em sua sucessão habitual”. O conceito sorreano
representou o novo paradigma dos estudos climatológicos, que trouxe uma nova
corrente de pensamento da escola francesa, baseado no dinamismo dos processos
estudados. Os fundamentos metodológicos foram desenvolvidos por Monteiro,
embasados na produção meteorológica de Adalberto Serra (1945, 1948, 1953/
1954), já que Sorre não produziu trabalhos sobre Climatologia.
Sorre, um geógrafo da Escola Possibilista, trabalhou para integrar os
estudos da Geografia Física aos da Geografia Humana, estabeleceu novos
paradigmas na ciência geográfica, na busca pelo seu caráter antropocêntrico.
Segundo Monteiro (1975), é necessário reconhecer, em Sorre, a rebeldia e a
insatisfação com a pesquisa climatológica em Geografia.
O estudo dinâmico em Climatologia, ainda recente na ciência geográfica
francesa, não tinha muitos adeptos à proposta conceitual de Sorre. O único autor
que também adotou esse conceito foi Pédelaborde (1957). Ele propôs as bases do
chamado método geográfico da climatologia física, em que a noção fundamental e
central do trabalho é a totalidade dos tipos de tempo.
Monteiro (1991, p. 37) ressaltou as diferenças entre eles, pois sua
metodologia tem como pilar a sucessão dos tipos de tempo, no qual interessa o
mecanismo seqüencial desses tipos, dando atenção às suas peculiares
irregularidades, “posto que elas constituam (longe de ser exceções) em eventos de
imensa importância aos processos de interação geográfica”. Pédelaborde (1957),
49
citado por Tarifa (1975), buscava a definição do clima de um lugar ou região
mediante à catalogação dos tipos de tempo, procurando abarcar a totalidade deles,
suas freqüências durante longos períodos e suas gêneses. Ribeiro (1982) notou a
influência de delaborde nos trabalhos de Nimer, cujos objetivos estiveram sempre
ligados à composição de uma estrutura regional.
A perspectiva da unidade de análise dos fenômenos climáticos em Sorre
(1951) é o tempo. A combinação de propriedades e de elementos atmosféricos a
cada momento e em cada lugar se apresenta como um fato singular com poucas
chances de se reproduzir do mesmo modo. O ritmo sazonal se constitui de estados
comparáveis periodicamente, os quais podem ser agrupados numa estação, em
número limitado de tipos de tempo cuja sucessão é regulada pelas leis do
dinamismo atmosférico. Dessa forma, o clima de um lugar é definido como a
sucessão do tempo meteorológico (Ribeiro, 1982).
Segundo Ribeiro (1982), Monteiro introduziu o ritmo climático como um
novo paradigma nos estudos de Climatologia Geográfica, pois as décadas de 1940 e
1950 foram marcadas pelo uso de mapeamentos com base no sistema
classificatório de Köppen, ou seja, o ritmo é considerado um novo paradigma, em
lugar das médias dos elementos discretamente dissociados. Na obra Clima e
Excepcionalismo, que tem um caráter conjectural e reflexivo sobre sua carreira,
Monteiro (1991) destacou que, ao iniciar-se na carreira acadêmica, mesmo período
do Congresso Internacional de Geografia, no Rio de Janeiro, notara o caráter de
dinâmica processual dos fenômenos geográficos. Na Geografia Física, os trabalhos
de clima contrastaram com a renovação em Geomorfologia, passando das
superfícies de aplainamento aos estudos dos diferentes processos morfogenéticos:
Enquanto o dinamismo se espalhava pela Geografia, até mesmo
atingindo os estudos regionais pela dinâmica dos processos
econômicos, continuava-se a pedir, do clima, apenas uma
configuração baseada em parâmetros numéricos, normatizados em
médias, aos quais se procurava acrescentar um verniz causal colhido
na circulação atmosférica para melhorar a explicação dos regimes
dos diferentes elementos climáticos (MONTEIRO, 1991, p. 34).
O período anterior à Climatologia Dinâmica tinha como principal conceito
de clima o de Hann (1903, citado por MONTEIRO, 1975, p. 22): “O conjunto dos
50
fenômenos meteorológicos que caracterizam a condição média da atmosfera sobre
cada lugar da Terra”. Daí surge à insatisfação de Monteiro no uso abusivo de
médias e da análise fracionada dos elementos climáticos e sua latente necessidade
de recorrer à dinâmica atmosférica com ênfase na própria definição climática
regional.
Ribeiro (1982) destacou que não é possível falar em Climatologia
Dinâmica sem apelar para o progresso da Meteorologia. Ele cita Bjerknes e Solberg
(1923), Serra (1945, 1948, 1953/1954) e outros que desenvolveram os conceitos de
massas de ar e frentes como peças fundamentais da dinâmica atmosférica.
Enquanto Monteiro (1969) ressalta que essas obras são “marcos fundamentais na
bibliografia climatológica brasileira”, Ribeiro (1982, p. 50) disse que “se Sorre e
Pédelaborde forneceram os métodos e as técnicas, Serra e colaboradores
forneceram conteúdos teóricos para o desenvolvimento da Climatologia Geográfica
no Brasil”.
3.2 A Técnica Análise Rítmica
A técnica ou o método, como designou Monteiro, foi proposta e
desenvolvida por esse autor no Laboratório de Climatologia da USP. Em 1971, ele
publicou o artigo “Análise Rítmica em Climatologia: problemas da atualidade em São
Paulo e achegas para um programa de trabalho” em que estabeleceu as diretrizes e
a proposta metodológica da então chamada análise rítmica.
Monteiro introduziu o tema mediante a constatação das conseqüências,
no espaço geográfico, das irregularidades do ritmo climático. Destacou que nos anos
secos, por exemplo, 1963, houve um esvaziamento quase completo dos
reservatórios do Planalto Paulistano, o que criou problemas não no
abastecimento de água, como também no setor de energia elétrica, o que contrasta
com verões excessivamente chuvosos, por exemplo, 1967, que deixaram antigos
registros de episódios calamitosos em toda a Região Sudeste brasileira.
51
Na sua tese de doutorado (1969, p. 53), o autor observou que, apesar de
praticamente o mesmo número de passagens de sistemas frontais em 1957
(chuvoso) e 1963 (seco), a intensidade ou recorrência das chuvas se deve a uma
série de combinações:
O grau de propagação latitudinal, bem como as diferenças de fluxo
de ar polar pela rota do interior e do litoral, as ondulações que se
produzem ao longo do eixo da frente polar, e são estas ondulações
ou ciclogêneses que explicam o contraste térmico, gerados pela
participação conflitante dos sistemas intertropicais e extratropicais, e
dos quais depende a intensidade das chuvas.
Nota-se, a ênfase dada pelo autor, aos processos atmosféricos geradores
dos tipos de tempo, principalmente nas irregularidades do ritmo, ou seja, no
comportamento processual da atmosfera e sua variabilidade temporal. Percebe-se,
ainda, que a estatística descritiva de um período, mesmo longo, não é suficiente
para compreender o padrão atmosférico associado a determinado fenômeno.
Segundo Monteiro (1991), os períodos de observação dos seus trabalhos o se
prendiam aos 30 anos para o cálculo das normais, mas por tempos menores, que
permitissem acompanhar os acidentes e impactos nas atividades humanas.
Monteiro (1969) ainda destacou que o tratamento tradicional analítico-
separatista na pesquisa em Climatologia necessita de longos períodos de
observação e mensuração dos fenômenos meteorológicos. O tratamento dinâmico
deve ater-se à amostragem individualizada de tempo cronológico que, apesar de
reduzidas, devem ser expressões reais. O autor destacou que, em ambos os casos,
tem-se o binômio tempo-espaço, ponteiro norteador da filosofia geográfica. O
tratamento tradicional busca as variações espaciais e projeta-se para as
generalizações e o tratamento dinâmico enfatiza as variações no tempo e as
particularidades genéticas dos fenômenos meteorológicos. Monteiro (1969) ressaltou
que a verdadeira compreensão da síntese climática de um lugar advirá do equilíbrio
entre os dois tratamentos. Neste trabalho, esses tratamentos são utilizados no
entendimento do padrão atmosférico associado às chuvas persistentes na RMBH.
52
4 METODOLOGIA
4.1 Base de Dados
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados dados diários
climatológicos de 16 estações na RMBH (MAPA 2), das séries históricas da Agência
Nacional das Águas (ANA) e do Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de
Meteorologia (5º Disme/INMET). Esses dados compreendem um período de 35 anos
– 1970 a 2005.
O Disme é o órgão oficial de coleta e observação de dados
meteorológicos e juntamente com os postos pluviométricos da ANA são as únicas
fontes de dados que oferecem uma série histórica de pelo menos 30 anos,
recomendadas pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) para estudos de
clima e definições em Climatologia.
Os dados de Belo Horizonte têm como fonte o Disme/INMET,
localizado a 19°93’ de latitude sul e 43°93’ de longitude oeste de Greenwich, na
Avenida do Contorno n° 8.159, no Bairro Cidade Jardim, na zona sul de Belo
Horizonte. O Disme disponibilizou os dados de umidade relativa do ar, velocidade
e direção do vento, pressão atmosférica, nebulosidade e temperatura nos três
horários sinóticos de 12 h, 18h e 24h TMG, temperatura máxima e temperatura
mínima diária, além da precipitação diária. Com base nesses dados, foram
calculados na escala diária: a umidade relativa dia e velocidade média do vento,
a direção preferencial do vento, determinada pela freqüência absoluta nos três
horários sinóticos, além da temperatura média ponderada, calculada segundo as
normas do INMET, sendo:
Tmd = (T
12
+ 2x T
00
+ Tmáx + Tmín)/5, onde Tmd: Temperatura
média diária, T
12
: Temperatura das 12h TMG, T
00
: Temperatura de
00h TMG, Tmáx: Temperatura máxima diária, Tmín: Temperatura
mínima diária.
53
Os dados da RMBH foram disponibilizados pela ANA, sendo utilizadas
estações pluviométricas que possuem série histórica completa. Foi possível o
aproveitamento de 15 postos nas localidades mostradas no MAPA 2. Esses postos
encontram-se nas sub-bacias do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba, principais sub-
bacias da RMBH e pertencentes à bacia do Rio São Francisco.
MAPA 2 – Localização dos postos pluviométricos da ANA e
5°Disme/INMET
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geominas 1:50.000
e 1:1000.100/ Laboratório de Goeprocessamento. Colaborador: Vladimir
Diniz Vieira Ramos. Dados do Mapa: UTM SAD 69 FUSO 23.
54
O processo de tabulação dos dados consistiu na montagem do banco de
dados através do software SPSS, com arquivos disponibilizados em extensão *xls e
*mdb. A matriz resultou em 12.991 linhas e 37 colunas (variáveis). Por meio desse
software, foram calculadas as médias climatológicas e elaboradas todas as análises
estatísticas.
4.2 Métodos
4.2.1 Identificação dos Casos de Precipitação Persistente
Para determinar os casos de precipitação persistente, optou-se pela
precipitação acima de 1 mm em pelo menos 80% dos postos pluviométricos e no
mínimo três dias consecutivos, que nem todos os postos contemplam a série
inteira. A princípio, foram identificados os dias com precipitação registrada em todos
os postos pluviométricos, porém como 5 dos 16 não têm dados na série inteira de
1970-2005, optou-se pelo registro em 80% deles. Vários testes, a verificação de
eventos de ZCAS estudados por Quadro (1994), Sanches e Silva Dias (1996) e o
boletim CLIMANÁLISE, a partir dezembro de 1995, fazem a mesma projeção para
os eventos de chuvas persistentes feitos para a validação do critério. Essas medidas
foram tomadas na tentativa de descartar as chuvas orográficas ou locais, pois os
sistemas de larga escala são os maiores responsáveis na distribuição temporal e
espacial das chuvas persistentes e intensas. Segundo Cupolillo (1997), apesar da
visível influência da orografia na precipitação em Minas Gerais, esta não deve ser a
única responsável pelo regime de chuvas; os processos dinâmicos de larga e
média escalas que predominam sobre os efeitos orográficos.
Quadro (1994) estabeleceu, como um dos primeiros critérios na
conceituação de ZCAS, a persistência da banda de nebulosidade por pelo menos
quatro dias seguidos. Tendo a ZCAS como parâmetro de fenômeno desencadeador
de chuvas persistentes, utilizou-se, também, como critério, a persistência da
55
precipitação por pelo menos três dias. Primeiramente, foi feito um filtro com quatro
dias seguidos de chuvas em todas as estações, porém esses casos foram pouco
freqüentes, com três dias notou-se considerável aumento no número de casos de
precipitação persistente. Quatro dias seguidos de nebulosidade, não
necessariamente, são quatro dias de chuva.
Os casos de precipitação persistente foram identificados com base nos
critérios acima definidos. Em cada caso, foi feita a média aritmética do percentual
diário de ocorrência de chuva nas 16 estações pluviométricas, a média aritmética da
temperatura média ponderada diária, assim como da temperatura máxima, nima,
umidade relativa do ar média e a velocidade média do vento. A direção preferencial
do vento foi calculada com base na freqüência absoluta da direção do vento em
todos os horários sinóticos nos dias de cada evento. A precipitação foi analisada
tendo, como parâmetro, a soma do total diário de chuvas ocorridas em cada posto
pluviométrico, seguida pela média espacial dessa precipitação, chamada
precipitação média espacial acumulada.
Neste trabalho, foram utilizadas técnicas estatísticas descritivas
exploratórias para estabelecer a climatologia dos casos de chuvas persistentes de
1970-2005 e, assim, identificar os episódios indicativos de ocorrência de ZCAS.
4.2.2 Estatística Descritiva Exploratória
O primeiro passo na análise dos casos de chuvas persistentes foi à
distribuição de freqüências tanto do mês de ocorrência como da categoria de dias
seguidos de chuvas. O segundo passo foi a análise de medidas de tendência
central, como a média aritmética, mediana e moda das variáveis. As médias incluem:
precipitação espacial acumulada, percentual de ocorrências de chuvas nas estações
pluviométricas, velocidade do vento, umidade relativa do ar, temperatura média
compensada, temperatura máxima e temperatura mínima. Foram feitos, também,
medidas de variabilidade, como amplitudes entre os valores extremos, desvio-
56
padrão e variância. Bisquerra et al. (2004) destacaram que as medidas de
variabilidade são importantes, porque indicam como os valores estão distribuídos.
Na busca pela melhor compreensão da distribuição de cada variável, foi
feita a análise dos percentis ou centis, que são uma modalidade da Teoria dos
Quantis, porém o grupo de indivíduos da amostra é dividido em 100 partes. Um
centil indica a porcentagem de casos que ficam abaixo de um valor determinado.
Essa técnica permite dividir um grupo de indivíduos em grupo menores e iguais
entre si, expressando que lugar um indivíduo ocupa no seu grupo (BISQUERRA et
al., 2004).
O comportamento da precipitação média acumulada foi associado à
categoria dos dias de chuva, com base em um diagrama de extremos e quartis, que
dividem a distribuição em quatro partes iguais, sendo que cada parte equivale a
25%. O quartil um corresponde ao valor que fica abaixo de 25%; o dois, de 50%; o
três, de 75%; e o quatro, de 100%. Segundo Ferreira (1999), o diagrama de
extremos e quartis é uma representação gráfica útil na detecção de outlier, ou seja,
observações que ficam abaixo de um limite definido pela expressão q
1
1,5*(q
3
-q
1
)
ou acima de um limite q
3
+1,5*(q
3
-q
1
), onde q
1
é quantil um, e assim sucessivamente.
Essa representação é útil não no conhecimento da distribuição normal da
amostra, como também na detecção de valores extremos. A análise estatística
exploratória permitiu estabelecer a climatologia das variáveis selecionadas.
4.2.3 Identificação dos Episódios de ZCAS
Dado que o objetivo deste trabalho é entender o padrão atmosférico em
baixos níveis associados às chuvas persistentes na RMBH sob a possível influência
do fenômeno ZCAS, buscou-se identificar quais episódios de chuvas 2000-2005 na
série histórica foram ocasionados pelo fenômeno, tendo como parâmetro de
observação o boletim CLIMANÁLISE. A climatologia mostrou que os episódios de
precipitação persistentes o comuns a todos os verões, principalmente nos meses
de janeiro, novembro e dezembro. Portanto, foram utilizados os casos de 2000-
57
2005, em razão da limitação de imagens de satélite disponibilizadas na rede e pelo
fornecimento de cartas sinóticas nesse período, utilizadas na Técnica Análise
Rítmica. Esses episódios foram distribuídos em quintis, também uma modalidade
das técnicas dos Quantis, sendo a amostra dividida em cinco partes iguais.
4.2.4 A Análise Rítmica Progressiva
Com base nos fundamentos metodológicos de Monteiro (1969, 1971,
1975, 1991), utilizou-se a técnica da análise rítmica na compreensão da dinâmica
atmosférica geradora de alguns dos episódios de chuvas persistentes encontrados.
Segundo esse autor, ao lado da técnica, foi dada a liberdade aos pesquisadores na
maneira de proceder sua interpretação e utilização, na tentativa de evitar que a
produção do Laboratório de Climatologia da USP, onde essa cnica teve maior
repercussão, “caísse no enfadonho repetir de uma receita e, ainda, respeitar a
individualidade de cada pesquisador” (MONTEIRO, 1991, p. 41).
Segundo esse autor, a primeira estratégia de projeção temporal deve ser
a escolha de anos-padrão, ou seja, anos representativos dos fenômenos que se
pretende estudar, que demonstrem a sucessão habitual dos tipos de tempo as
complexas relações entre os sistemas atmosféricos, o comportamento local da
atmosfera e as feições geográficas. O autor ainda destacou: “A meticulosidade da
análise, bem como sua complexidade, requer aplicabilidade em anos-padrão e
muitas vezes em episódios capazes de retratar correlações mais íntimas entre estes
fatos” (MONTEIRO, 1971, p. 17).
Foram escolhidos cinco episódios de chuvas persistentes, verificando-se
a ocorrência do fenômeno ZCAS. Primeiro, foram selecionados os casos que
representaram à amostra de 2000-2005 com base na mediana e nos dois mais
próximos. Os outros foram selecionados mediante à identificação dos cinco
episódios mais extremos de precipitação. Qualitativamente, escolheu-se um em que
não houve ocorrência de ZCAS e o último, por ser o episódio mais extremo, com
58
maior número de dias e maior quantidade de precipitação média espacial
acumulada.
A técnica proposta por Monteiro consiste na montagem de um gráfico de
representação simultânea dos elementos do clima em sua variação diária, acoplada
à representação gráfica da seqüência e alternância dos diferentes sistemas
meteorológicos envolvidos na circulação secundária ou circulação sinótica:
O ritmo climático só poderá ser compreendido através da
representação concomitante dos elementos fundamentais do clima
em unidades de tempo cronológico pelo menos diárias, compatíveis
com a representação da circulação atmosférica regional, geradora
dos estados atmosféricos que se sucedem e constituem o
fundamento do ritmo (MONTEIRO, 1971, p. 19).
Neste trabalho, foram utilizados histogramas de cada elemento
meteorológico observado em superfície, analisado separadamente em cada evento,
assim como a interpretação de cartas sinóticas, imagens de satélites e a ilustração
dos impactos sociais causados por ele. A compreensão dinâmica da atmosfera, em
escala diária, às vezes até horária, requer que suas peculiaridades sejam
observadas em detalhe.
Os histogramas de precipitação analisados foram os postos
pluviométricos de Mateus Leme (altitude de 846m), Brumadinho (761 m), Nova Lima
(1.097 m), Belo Horizonte (5°Disme 852 m), Caeté (840 m), Sabará (720 m) e
Pedro Leopoldo (698 m), escolhidos pela altitude e pela posição geográfica na
RMBH, como mostra o MAPA 3. Buscou-se abarcar os quatro pontos cardeais da
região e a possível influência da topografia na configuração da precipitação ocorrida.
Como se pretende estabelecer o padrão atmosférico das precipitações persistentes
associadas a fenômenos atmosféricos de escala sinótica, é importante destacar o
comportamento da precipitação no mês, assim como a relevância do episódio e sua
distribuição espacial.
59
MAPA 3 – Mapa hipsométrico da RMBH e a localização das áreas analisadas
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geominas 1:50.000 e 1:1000.100/
Laboratório de Goeprocessamento. Colaborador: Vladimir Diniz Vieira Ramos. Dados do
Mapa: UTM SAD 69 FUSO 23.
60
Os histogramas das variáveis meteorológicas disponibilizadas pelo
Disme/INMET incluem pressão, umidade relativa do ar, temperatura e nebulosidade,
em cada mês de ocorrência dos eventos. A direção do vento é a variável de
superfície que oferece indícios do comportamento da circulação atmosférica. Por ser
importante na compreensão dos fenômenos meteorológicos predominantes na
circulação secundária, ela é analisada na escala horária, representada por setas que
mostram a direção e o sentido do vento nos três horários diários de observação no
5º Distrito de Meteorologia.
Segundo Monteiro (1971), a interpretação da seqüência de tipos de tempo
requer dois elementos fundamentais: a radiação, tratando das componentes
verticais, sob influência da latitude. Entende-se, aqui, que a observação diária das
variáveis temperatura, pressão, umidade e nebulosidade cumpre esse requisito. O
segundo elemento é a circulação secundária ou estudo sinótico, representando as
componentes horizontais. Monteiro destacou que a compreensão climática emana
da íntima relação dessas componentes.
A compreensão da circulação atmosférica regional é feita mediante a
descrição e a comparação dos sistemas sinóticos representados nas cartas sinóticas
de superfície, imagens de satélites, campos de anomalia de radiação de onda longa
(ROL) em 300hPa e escoamento médio das componentes zonal e meridional do
vento em 850hPa, analisados juntamente no período de ocorrência dos casos de
precipitação persistente. As cartas sinóticas de superfície, fornecidas pelo Serviço
Meteorológico da Marinha, foram utilizadas no horário de 12h TMG (9h local). As
imagens utilizadas foram as IR (radiação infravermelha), disponibilizadas pela
Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais do Centro de Previsões de Tempo e
Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-INPE),
sendo analisadas em todos os horários disponibilizados e apresentadas nos horários
de maior relevância dos epidios estudados na RMBH. Os campos diários de
anomalia de ROL e escoamento médio das componentes do vento foram
disponibilizados pelo Earth System Laboratory da National Oceanic Atmospheric
Administration (NOAA), em uma resolução 1,5º X 1,5º de latitude o primeiro é
anomalia diária e, o segundo, média diária.
61
Os campos de anomalia de ROL são importantes na identificação da
banda de nebulosidade, assim como sua localização e variação ao longo dos dias
do episódio. O dulo anomalia é importante porque quanto maior essa anomalia
(W/m
2
), mais profundas o as células convectivas e, portanto, causam maiores
totais pluviométricos. As componentes do vento zonal e meridional são fundamentais
na mensuração do escoamento em baixos níveis, assim como na mensuração da
zona de convergência entre as massas de ar em baixos níveis, desde a Região
Centro-Oeste ao Oceano Atlântico.
Segundo Monteiro (1971, p. 13), a análise da circulação atmosférica deve
ser feita por meio de cartas sinóticas, porém no início da década de 1970, o autor já
recomendava o uso de imagens de satélites:
As cartas sinóticas do Departamento de Meteorologia e da Diretoria
de Rotas Aéreas podem ser complementadas pelas nefanálises dos
satélites meteorológicos, disponíveis entre nós de modo fragmentário
a partir de 1966, e de modo mais sistemático a partir do final de
1968.
O autor ressaltou o avanço das tecnologias e o seu aproveitamento para
o progresso da Ciência. A utilização de campos ROL e das componentes do vento
vem consolidar a compreensão da circulação atmosférica, colaborando para o
progresso da técnica análise rítmica.
4.2.5 Os impactos Sócio-ambientais Causados pelos Episódios de Chuvas
Persistentes
A identificação dos principais impactos sociais e ambientais das
precipitações persistentes na RMBH se deu pela ilustração dos danos noticiados
pelo Jornal ESTADO DE MINAS, principal Jornal escrito do Estado, que possui
arquivo disponível na internet para assinantes. Utilizou-se de noticiários no período
de ocorrência dos cinco episódios de chuvas sistematicamente analisados através
da Técnica Análise Rítmica Progressiva. A ilustração é um fator de contribuição para
essa técnica, pois permite associar a repercussão do episódio à sua gênese.
62
5 RESULTADOS
5.1 Estatística Descritiva Exploratória
5.1.1 A Climatologia da Precipitação Persistente na RMBH
Os eventos de chuvas persistentes encontrados de 1970 a 2005
totalizaram 274 casos com pelo menos três dias seguidos (TAB. 8, ANEXO A).
Segue-se a análise descritiva desses casos, onde se notou que esses eventos
ocorreram, preferencialmente, nos meses de janeiro, dezembro e novembro, bem
como nos meses de fevereiro e março, como mostra o GRAF. 3. Os eventos de
precipitação persistentes apresentaram a mesma distribuição climatológica dos
totais mensais de chuvas visto no GRAF. 2, ou seja, as chuvas persistentes
caracterizam a estação chuvosa da RMBH. Nimer (1979) observou o mesmo período
para a climatologia da precipitação média mensal da Região Sudeste do Brasil.
Os outros meses apresentaram menor freqüência de casos de chuvas
persistentes e estão, provavelmente, associados à passagem de sistemas frontais,
principalmente durante o inverno. Segundo Monteiro (1969), nessa estação do ano,
os sistemas frontais representam o único mecanismo gerador de chuvas. Estudos
recentes indicam que variações na freqüência dos sistemas frontais estão
associadas à variabilidade de sistemas climáticos de larga-escala como El Niño e La
Niña.
63
GRÁFICO 3 – Histograma dos meses de ocorrência dos eventos de chuvas
persistentes de 1970-2005.
Fonte dos dados: 5º Disme/INMET e ANA.
Nos gráficos seguintes apresentam-se um histograma do percentual da
categoria de dias de chuvas seguidos e a distribuição dessas categorias em relação
aos meses do ano. Nota-se no GRAF. 4 que os casos de três dias de chuvas
seguidos representaram 34% de todos os eventos e ocorrendo, praticamente, em
todos os meses do ano, como mostra o GRAF. 5, assim como a categoria de quatro
dias, que representa 23% dos casos de chuvas contínuas. Ressalta-se que grande
parte desses casos de três ou quatro dias ocorreu nos meses de verão, coerente
com o GRAF. 3, onde se que 63% dos eventos de precipitação persistentes
foram no trimestre novembro, dezembro e janeiro. As categorias acima de quatro
dias de chuvas, além de serem menos freqüentes, somente ocorreram nos meses
de verão. Cinco dias seguidos de chuvas podem ocorrer em todos os meses da
estação chuvosa, de setembro a março. De seis a dez dias, em quase todos os
meses do período chuvoso da RMBH e superior a doze dias consecutivos de
chuvas, só nos meses de novembro, dezembro e janeiro.
64
GRÁFICO 4 – Histograma da categoria de dias de chuvas seguidos.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET e ANA.
GRÁFICO 5 – Distribuição das categorias dos dias de chuva
seguidos nos meses do ano.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET e ANA.
65
5.1.2 Análise Exploratória das Variáveis Meteorológicas
A TAB. 1 mostra a estatística descritiva de algumas variáveis, como a
quantidade de precipitação média espacial acumulada (CHUVA – mm), porcentagem
das estações pluviométricas com ocorrência de chuvas (percentual das estações), a
umidade relativa do ar (UR média %), a velocidade do vento (VEL VENTO m/s),
a temperatura do ar média compensada (TMC
o
C), a temperatura máxima (Tmáx.
°C) e mínima (Tmin.
o
C), médias de ocorrência nos eventos de chuvas
persistentes.
TABELA 1
Estatística descritiva dos casos de chuvas persistentes na RMBH de 1970-2005
CHUVA
(mm)
PERCENTUAL
DAS
ESTAÇÕES
VEL
VENTO
(m/s)
UR
MÉDIA
(%)
TMC
(°C)
Tmáx
(°C)
Tmin
(°C)
Válido 274 274 272 272 269 272 270 N (n° de casos)
Missing
0 0 2 2 5 2 4
Média 104 94 1 84 21 26 18,5
Mediana 72 95 1 85 22 26 19
Moda 100 1 79 21 25 18,5
Desvio-padrão 81 4 0,5 6 1,4 1,9 1,2
Variância 6.499 16 0,2 41 1,9 3,8 1,6
Variação entre o
máximo e o mínimo
508 20 4 61 10 13 11,73
Mínimo 15 80 0 37 15 19 12
Máximo 523 100 4 97 25 32 23
10 35 88 0,9 76 20,0 23,6 17,1
25 47 92 1 80 20,8 24,9 18,0
50 72 95 1,2 85 21,6 26,1 18,7
60 97 96 1,3 87 21,9 26,5 18,9
75 131 97 1,5 88 22,3 27,2 19,2
Percentiles
90 219 99 1,9 92 23,1 28,3 19,7
Fonte de dados: 5º Disme/INMET e ANA
Observou-se, na TAB. 1, que a precipitação média espacial acumulada
apresentou alta variação entre o valor máximo e o mínimo e, conseqüentemente, um
desvio-padrão elevado e um alto coeficiente de variabilidade aproximadamente
80%. Pelos percentis, notou-se que 60% dos casos têm precipitação acumulada até
66
aproximadamente 100 mm. No GRAF. 6 mostra-se a distribuição da precipitação
média espacial acumulada em relação à categoria de dias de chuvas. A categoria de
três dias de chuvas seguidos apresentou uma distribuição normal de 15 a 100 mm
aproximadamente, e três outlier, valores extremos que não estão de acordo com a
distribuição normal da amostra para essa categoria. Verificou-se, ainda, que 50%
dos valores estiveram abaixo de 50 mm, identificados pela mediana. A categoria de
quatro dias apresentou uma distribuição normal de 23 mm a 172 mm, com a
mediana em torno de 60 mm. Os casos de cinco dias de chuva variaram de 40 a 150
mm aproximadamente, e um outlier, com 199 mm acumulados, a mediana
correspondeu a 72 mm. A categoria de seis dias apresentou uma distribuição
homogênea, com os valores mínimo e máximo, de acordo com a distribuição normal,
entre 72 e 180 mm aproximadamente, com dois outlier, o de maior valor
corresponde a 326 mm acumulados. A categoria de sete dias de chuvas variou entre
87 a 214 mm acumulados e a mediana correspondeu a 125 mm.
GRÁFICO 6 – Diagrama de extremos e quartis para
precipitação média acumulada e
categoria dos dias de chuva.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET e ANA.
67
Os casos de oito dias iniciaram os que apresentaram maior intervalo entre
os valores máximo e mínimo na amostra de cada categoria, primeiro pelo menor
número de eventos e, segundo, pela quantidade de dias de chuvas seguidos que
atinge os maiores totais acumulados. Para esse, o valor nimo correspondeu a 98
mm e o máximo a 255 mm e mediana igual a 154 mm. Os casos de nove dias
apresentaram valores entre 101 e 316 mm e a mediana correspondente a 135 mm.
Nos casos de dez, os totais variaram entre 147 a 339 mm e a mediana foi igual 237
mm. Nos casos de onze dias de chuvas seguidos, notou-se que a maior diferença
encontrou-se abaixo da mediana, igual a 254 mm, com valores extremos de 157 e
269 mm. A categoria de doze dias apresentou uma distribuição homogênea, o
mínimo e máximo de 176 e 330 mm, respectivamente, e mediana igual a 246 mm.
Os casos de treze dias apresentaram uma diferença maior entre os valores no
primeiro quartil, com o valor mínimo igual a 153 mm, mediana de 276 mm e valor
máximo igual a 363 mm. O caso de quatorze dias correspondeu a um único evento,
com aproximadamente 200 mm acumulados, assim como o evento de dezessete
dias, com 432 mm. O caso de maior altura de precipitação acumulada ocorreu na
categoria de quinze dias de chuvas, com 523 mm acumulados. A mediana foi igual a
301 mm e o menor valor nessa categoria teve 227 mm.
A precipitação analisada ocorreu, simultaneamente, em pelo menos 80%
das estações pluviométricas da RMBH. Na TAB. 1, a variável percentual das
estações mostra a média de ocorrência correspondeu a 94% das estações, com
desvio-padrão de 4. Os percentis indicaram que pouco menos de 25% dos eventos
de chuvas persistentes não tiveram precipitação em mais de 90% das estações, ou
seja, os sistemas atmosféricos de escala sinótica ocasionam precipitação em toda a
Região Metropolitana.
No banco de dados da Umidade Relativa Média Diária houve dois casos
em que não havia dados, portanto aparecem como missing na TAB. 1. Os percentis
mostram que 10% dos eventos tiveram valor abaixo de 76% de UR. Nesta época do
ano, casos de chuvas persistentes estão associados a uma grande disponibilidade
de vapor d’água na atmosfera, originando alta umidade relativa do ar, apesar da
elevada temperatura. Os casos de menor valor de UR podem estar associados a
68
eventos ocorridos no inverno, período que a média da umidade relativa do ar é de
68,7% para o mês de julho, segundo as normais climatológicas (1992).
As temperaturas média compensada (TMC), máxima (Tmax) e a mínima
(Tmin) aproximaram-se do critério de distribuição normal de uma amostra ou lei
normal (BISQUERRA et al., 2004), pois, em ambas as variáveis, os valores da
média, mediana e moda foram praticamente o mesmo. Os percentis indicaram que
80% dos casos apresentaram TMC entre 20º a 23º C, temperatura máxima entre 24º
a 28º C e temperatura mínima entre 18º a 20ºC.
A velocidade do vento apresentou uma distribuição normal dos casos,
com ventos variando entre 0 a 4m/s, com 80% dos eventos com velocidades entre 1
e 1,9m/s. A direção do vento foi analisada segundo a freqüência absoluta em cada
caso. Pelo GRAF. 7, observa-se que 40% dos eventos tiveram a direção preferencial
de leste. A climatologia da direção do vento em Belo Horizonte é
predominantemente desse quadrante devido à atuação do anticiclone subtropical do
Atlântico Sul, que determina o escoamento do vento em baixos níveis, praticamente
durante o ano inteiro, como foi mostrado na FIG. 2. O fenômeno ZCAS atua na
Região Sudeste brasileira com orientação NW-SE. Segundo Quadro (1994), uma
das características desse fenômeno é a convergência de umidade nos níveis médios
e em 850hPa com direção NW-SE, que transporta a umidade da Região Amazônica
à Região Sudeste do Brasil. Barroso (2004) sugeriu que grande parte da
precipitação, com acúmulo diário acima de 40 mm, estivesse associada a ventos
com direção predominante do quadrante W/NW/N. O GRAF. 7 indicou que os
percentuais dessas direções representaram, juntas, 35% dos casos de chuvas
persistentes.
69
GRÁFICO 7 – Percentual da direção predominante
do vento em Belo Horizonte de 1970-
2005.
Fonte de dados: 5ºDisme/INMET.
Por outro lado, já é bastante conhecido na comunidade científica que a
principal perturbação atmosférica responsável pela precipitação e pela mudança de
temperatura em quase todo o país são os sistemas frontais. Esses sistemas atingem
o Sudeste brasileiro durante o ano inteiro e, no verão, estão normalmente
associados à precipitação, dada à sua estacionaridade e associação com a
convecção tropical, podendo originar a ZCAS. As diferentes categorias de
precipitações persistentes devem estar relacionadas às peculiaridades de cada
sistema atmosférico, o que espera ser verificada no uso da técnica análise rítmica e
no entendimento dinâmico dos processos atmosféricos desencadeadores de
precipitações persistentes em toda a RMBH.
70
5.2 Os casos de chuvas e os eventos de ZCAS
A TAB. 2 mostra 55 episódios de chuvas persistentes no período de 2000-
2005, dos quais 26 coincidem com a ocorrência de ZCAS registrada no boletim
CLIMANÁLISE. Essa tabela está ordenada com base na precipitação média espacial
acumulada (Chuva mm) e, em seguida, pelo número médio de dias de chuvas nos
16 postos pluviométricos (nDias), o mês de ocorrência e os dias. A tabela sugeriu
que quanto maior a quantidade de precipitação média espacial acumulada, maior a
relação com o fenômeno ZCAS.
A TAB. 2 também sugeriu que o fenômeno só ocorre nos meses de verão
de novembro a março na RMBH, o que é consistente com a literatura. A freqüência
dos casos de chuvas nos meses de ocorrência nos quintis (Q) indica que no Q1
maior recorrência de casos em março, porém sem a atuação do fenômeno ZCAS.
No Q2, o mês de maior freqüência é janeiro, porém um caso ocorreu no mesmo
período de ZCAS. No Q3, onde se encontra a média, mediana e moda, tanto para
ndias como do total de chuva (mm), novembro é o mês de maior freqüência, sendo
metade dos casos ocorridos no mesmo período de eventos de ZCAS. No Q4, houve
maior recorrência de fevereiro; de três casos, dois ocorreram coincidentes com
eventos de ZCAS observados pelo CLIMANÁLISE, e, no Q5, dezembro foi o mês de
maior freqüência, dos seis episódios ocorridos nesse mês, somente um não
coincidiu com o fenômeno.
Pelos quintis, notou-se, também, que o Q3 representa um divisor,
separando a amostra em dois grupos distintos. O primeiro formado pelo Q1 e Q2,
com precipitação acumulada até 61 mm e com no máximo cinco dias de chuvas, e o
segundo, Q4 e Q5, com precipitação acumulada superior a 100 mm, maior
variabilidade de dias seguidos de precipitação, desde 3 a 13 dias de chuvas, e maior
relação com o fenômeno ZCAS.
71
TABELA 2
Os episódios de chuvas persistentes na RMBH de 2000-2005
Fonte de dados: 5º Disme/INMET e ANA
72
5.3 Análise rítmica
A análise rítmica, como destacado, é uma abordagem essencialmente
dinâmica, “uma visão de conjunto do tempo, o todo de onde se decompõem os
elementos do clima, embora conservados em suas correlações e preservados em
sua sucessão” (MONTEIRO, 1969, p.18). Segundo o autor, o ritmo climático deve
ser compreendido por meio da representação dos elementos meteorológicos
observados em superfície, de forma associada à circulação atmosférica regional.
Com base nos eventos de precipitação encontrada na TAB. 2 foram selecionados os
casos estudados por meio da análise rítmica.
5.3.1 As chuvas de janeiro de 2000
Janeiro e dezembro são os meses de maior número de dias de chuvas
seguidos e, conseqüentemente, maiores impactos sociais. Na TAB. 2 observou-se
que o episódio 51, com 253 mm acumulados em dez dias, está entre os cinco casos
mais extremos de 2000 a 2005 e sem ocorrência do fenômeno ZCAS
(CLIMANÁLISE, 2000, v. 15, n. 1).
Os GRAF. 8 a 14 mostram que o primeiro episódio de chuvas contínuas
nesse mês ocorreu nos quatro a cinco primeiros dias de janeiro. O segundo ocorreu
após um período de estiagem (veranico), e o terceiro de 25 a 3 de fevereiro. O
CLIMANÁLISE (2000, v. 15, n. 1) destacou que os primeiros dias foram marcados
pelas fortes chuvas que atingiram a Região do Vale do Paraíba (SP e o sul do RJ) e
o sul de Minas Gerais, com anomalias positivas de precipitação de 50%. Na RMBH,
esse evento acumulou, em média dos postos estudados, 105 mm, o segundo
apenas 35 mm, e no terceiro episódio acumularam-se 253 mm. O boletim destacou
que, nesse mês, o fenômeno ZCAS atuou no período de a 8 e de 21 a 24, porém
as chuvas intensificaram-se a partir do dia 25. Esse terceiro episódio, portanto, foi
objeto de investigação com base na técnica análise rítmica.
73
No dia 26 de janeiro ocorreu o maior registro pluviométrico de Belo
Horizonte – 65 mm acumulados. No restante das localidades analisadas, ocorreu dia
28, exceto em Sabará, cujo maior acúmulo de chuvas ocorreu dia 31 (68 mm),
embora no dia 28 tenha sido registrado aproximadamente 60 mm. Os maiores totais
acumulados de chuva no dia 28 ocorreram nas localidades ao sul de Belo Horizonte,
no eixo NW-SE, Mateus Leme (111 mm), Brumadinho (90 mm) e Nova Lima (116
mm), como pode ser visto no MAPA 3. A classificação para uso de alertas
meteorológicos em Minas Gerais caracteriza as chuvas diárias acumuladas acima de
50 mm como extremamente fortes, 30 a 50 mm como chuvas fortes e de 10 a 30 mm
como chuvas moderadas (REIS et al., 2004). Em quase todas as localidades, notou-
se que as chuvas foram fortes a extremamente fortes em pelo menos três dias
desse episódio.
GRÁFICO 8 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2000 em
Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 9 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2000 em Nova
Lima.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 mar. 2005.
74
GRÁFICO 10 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2000 em
Caeté.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 mar. 2005.
GRÁFICO 11 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2000 em
Sabará.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 mar. 2005.
GRÁFICO 12 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2000 em
Pedro Leopoldo.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 mar. 2005.
GRÁFICO 13 – Histograma de precipitação
em mm de janeiro de 2000
em Mateus Leme.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 mar. 2005.
75
GRÁFICO 14 – Histograma de
precipitação em mm de
janeiro de 2000 em
Brumadinho.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 mar. 2005.
Na análise sinótica, que permitiu identificar tipos de sistemas atmosféricos
dinâmicos que predominaram em janeiro e resultaram nas variáveis atmosféricas
observadas em superfície, observou-se o lento deslocamento do sistema frontal (SF)
que atuou na costa sudeste brasileira do dia 25 a 2 de fevereiro. As imagens de
satélite IR, que também foram utilizadas na compreensão da dinâmica atmosférica,
confirmaram o deslocamento lento do SF, que atingiu o sul de Minas no dia 26 e
perdurou sobre o Estado até o dia 30, o que ocasionou as chuvas observadas no
período. Nesse dia, um novo ciclone extratropical penetrou no sul do país e
associou-se à intensa atividade convectiva sobre o continente, principalmente na
Região Centro-Oeste, sendo responsável por um novo pico de precipitações
extremamente fortes a fortes na RMBH, registrado no dia 31 em Sabará e Pedro
Leopoldo (GRAF. 11 e 12).
No dia 26, a zona frontal atingiu a Região Sudeste brasileira, que se
alinhou à intensa atividade convectiva presente na Região Centro-Oeste e originou a
banda de nebulosidade desde o sul de Rondônia ao Oceano Atlântico no sentido
NW-SE indicada pela anomalia negativa de ROL na FIG. 7. A imagem de satélite IR
76
(FIG. 8) registrou a intensa nebulosidade convectiva associada ao sistema frontal
sobre o Estado de Minas Gerais, como destacado no campo de anomalia de ROL.
No GRAF. 15, notou-se que a UR subiu 20% no dia 26, em relação ao dia
anterior, e diminuiu 10% entre os dias 29 e 30. O GRAF. 18 ilustra a nebulosidade
no período do dia 26 a de fevereiro. O céu esteve totalmente encoberto, com a
temperatura máxima sofrendo uma queda de aproximadamente 10ºC (GRAF. 17)
após dois dias de máxima nebulosidade nos três horários de observação. A
temperatura máxima tem uma relação proporcionalmente inversa com a
nebulosidade, devido ao seu elevado albedo (AYOADE, 2004).
Em altos níveis, observou-se (FIG. 8) a circulação da Alta da Bolívia
identificada pela orientação das nuvens cirros na região NW do Mato Grosso do Sul,
Bolívia e norte do Paraguai. Notou-se que a circulação em altos níveis na porção
central do Brasil acompanhou esse giro anticiclônico da Alta. Essa circulação foi
decorrente do intenso processo convectivo que se verificou no continente. Segundo
Quadro (1994), a presença da Alta da Bolívia no continente sul-americano se
pelo aquecimento atmosférico da média troposfera, onde a liberação de calor latente
por condensação aquece a média troposfera como conseqüência do aquecimento
do continente no verão no HS, como se verifica na carta sinótica (ANEXO B) desse
dia 26/1/2000 pela presença de núcleos de baixa pressão e a expansão da massa
equatorial continental (mEc).
77
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 7 – Campo de anomalia de ROL em
W/m
2
- 26 de janeiro de 2000,
topo da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 10 jan. 2007.
FIGURA 8 – Imagem IR GÓES-8 em 26/1/2000
às 18h TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 15 out. 2006.
Nas FIG. 9 e 10 mostram-se os campos de ventos zonal (componente
leste-oeste do vento) e meridional (componente norte-sul) em 850hPa
(aproximadamente 1.500 m), que representou o escoamento na baixa troposfera. A
faixa de anomalias negativas de ROL vista na FIG. 7 apresentou predomínio de
escoamento positivo na componente zonal e negativo na componente meridional. A
análise qualitativa dos dois campos indicou um escoamento de NW-SE. Essa
direção condiz com o esperado em eventos de ZCAS, quando a umidade é
advectada nos baixos níveis desde o sul da Amazônia para o sudeste do Brasil. O
transporte de umidade alimenta a associação entre o sistema frontal e a convecção
continental, resultando em intensa cobertura de nuvens convectivas de grande
extensão espacial, que causam chuvas fortes e contínuas, como observado na
RMBH nesse período.
78
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 9 – Campos de vento médio zonal
em m/s em 850hPa para
26/01/2000.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 10 jan. 2007.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 10 – Campos de vento médio
meridional em m/s em 850hPa
para 26/1/2000.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 10 jan. 2007.
As características atmosféricas associadas ao fenômeno ZCAS
perduraram nos dias 26 e 27. Os campos de ROL mostraram que, nos dias 28 e 29,
não houve associação da banda frontal com a convecção tropical. Na TAB. 3,
observou-se que os ventos em superfície tiveram uma mudança na direção às 18h
TMG no dia 25 e nos dias 26 e 27 predominaram de N, já nos dias 28 e 29
predominaram do quadrante NE/E/SE. O GRAF. 18 indicou que a pressão média
diária apresentou tendência negativa a partir do dia 19, com registro de pressões
relativamente mais baixas nos primeiros dias de precipitação e associadas às
características atmosféricas de ZCAS, e aumentou abruptamente nos dias 28, 29 e
30, quando o anticiclone polar migratório atuou na RMBH.
Segundo a definição de Quadro (1994), o fenômeno ZCAS caracteriza-se
pela persistência da banda de nebulosidade por pelo menos quatro dias. A análise
qualitativa dos dois campos (zonal e meridional) mostrou que o escoamento passou
a predominar de NE nos dias 29 e 30. No dia seguinte, o novo ciclone entrou em
processo ciclogênese na Região Sudeste, o que ocasionou o aumento de
intensidade das chuvas em algumas localidades da RMBH. Esse sistema não
permaneceu estacionário na região de estudo e no dia 3 já se encontrava no sul da
Bahia.
79
GRÁFICO 15 – Histograma de umidade relativa do ar média diária
de janeiro de 2000 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 16 – Histograma de nebulosidade de janeiro de
2000 em Belo Horizonte
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
80
GRÁFICO 17Linha poligonal da temperatura média
compensada, temperatura máxima e
mínima de janeiro de 2000 em Belo
Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 18 – Linha poligonal da pressão atmosférica
média diária a superfície de janeiro de
2000 em Belo Horizonte
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
81
TABELA 3
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte – Janeiro de 2000
Fonte de dados: 5º Disme/INMET
5.3.1.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 25 janeiro a 3 de
fevereiro de 2000
Os impactos das chuvas ocorridas durante o verão são bastante comuns
nos noticiários de jornais, normalmente associados a enchentes, desabamentos de
residências, deslizamentos de encostas, queda de energia, etc. Muitos dos
problemas físico-ambientais estão associados à ocupação desordenada do espaço
geográfico das grandes metrópoles brasileiras. Ferreira (1996) observou que os
maiores impactos ambientais causados por eventos extremos de precipitação advêm
do crescimento desordenado de Belo Horizonte, principalmente associado à
ocupação irregular em áreas de encostas.
Durante o período de 25 de janeiro a 3 de fevereiro houve várias
reportagens sobre os impactos das chuvas na RMBH. Na FIG. 11, observou-se que
as chuvas originadas do sistema frontal associado ao intenso processo convectivo
no continente brasileiro causaram perdas de vidas em Belo Horizonte, assim como
diversos impactos em outras cidades do Estado de Minas e toda Região SE. No dia
27, o Jornal ESTADO DE MINAS descreveu a chuva forte que ocorreu no dia
82
anterior em Belo Horizonte (FIG. 12), onde foram registradas as chuvas mais
intensas (65 mm) da RMBH.
FIGURA 11 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 27 jan. 2000.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 15 fev. 2007.
FIGURA 12 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 27 jan. 2000.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 15 fev. 2007.
83
Segundo o Jornal ESTADO DE MINAS em 28/1/2000 (FIG.13), a
Prefeitura de Belo Horizonte apontou a existência de 198 áreas de risco, onde vivem
cerca de 60 mil pessoas. Os maiores impactos causados pelas chuvas na RMBH
ocorreram nas áreas de encostas, como se pode observar na reportagem.
FIGURA 13 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 28 jan. 2000.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 15 fev. 2007.
No dia 31 de janeiro de 2000, o Jornal voltou a ressaltar os impactos
causados pelas chuvas na última madrugada, como mostra a FIG.14. Houve mais
duas mortes e sete feridos durante a madrugada do dia 31. Segundo a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, no dia anterior, houve 139 ocorrências e
43 casos de deslizamentos ocasionados pela persistência da precipitação por dez
dias.
84
FIGURA 14 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 31 jan. 2000.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 15 fev. 2007.
5.3.2 As chuvas de novembro de 2000
A TAB. 2 indicou que o caso 28 (de 4 a 8 de novembro de 2000)
representa a mediana dos episódios de chuvas persistentes de 2000 a 2005.
Novembro, como visto no GRAF. 3, foi o terceiro mês do ano com maior percentual
de ocorrência de chuvas persistentes na RMBH, com 17% dos eventos totais.
Observa-se nos GRAF. 19 a 25 que as primeiras chuvas de novembro de
2000 iniciaram-se no dia 4 e persistiram até dia 8. Ocorreram mais dois casos de
chuvas durante esse mês (12 a 18 caso 43 e 27 a 7/12/2000 caso 31), sendo o
primeiro de maior intensidade, com chuvas fortes a extremante fortes em
praticamente todas as localidades analisadas. Segundo o CLIMANÁLISE (2000, v.
15, n. 11), foi observada anomalia de precipitação na Região Sudeste durante esse
mês, principalmente na região central de Minas Gerais, como mostra a FIG. 15. O
primeiro evento acumulou espacialmente 92 mm, o segundo 131 mm e o terceiro
101 mm. O último perdurou até 7 de dezembro de 2000 e foi caracterizado por um
85
evento de ZCAS entre os dias e 8. Em novembro não houve registro desse
fenômeno (CLIMANÁLISE, 2000, v. 15, n. 12).
No dia 4 registrou-se maior precipitação diária acumulada no primeiro
caso, em Nova Lima (32 mm), dia 5 em Sabará (32 mm), dia 7 em Belo Horizonte
(38 mm), Mateus Leme (32 mm) e Brumadinho (22 mm), dia 8 em Pedro Leopoldo
(34 mm) e em Caeté (23 mm). Observou-se que as chuvas apresentaram
regularidades na distribuição, tanto espacial como temporal, e, durante esse
período, foram caracterizadas como moderadas a fortes, segundo a classificação
para uso de alertas meteorológicos em Minas Gerais (REIS et al., 2004).
GRÁFICO 19 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2000 em
Belo Horizonte
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 20 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2000 em
Nova Lima.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 15 mar. 2005.
86
GRÁFICO 21 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2000 em
Caeté.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 15 mar. 2005.
GRÁFICO 22 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2000 em
Sabará.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 15 mar. 2005.
GRÁFICO 23 – Histograma de precipitação
em mm de novembro de
2000 em Pedro Leopoldo.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 15 mar. 2005.
GRÁFICO 24 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2000 em
Mateus Leme.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 15 mar. 2005.
87
GRÁFICO 25 – Histograma de
precipitação em mm de
novembro de 2000 em
Brumadinho.
Fonte: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 15 mar. 2005.
FIGURA 15 – Anomalia de precipitação em mm
da Região Sudeste brasileira de
novembro de 2000.
Fonte: Disponível em:
www.cptec.inpe.br/products/climanalise/1100/FIG.
21.html. Acesso em: 28 out. 2006.
88
A análise da circulação atmosférica para o período de 4 a 8 de novembro
mostrou que esse episódio de precipitação originou-se do primeiro sistema frontal
que atingiu o sul do Brasil no mês, sendo que, no dia 7, já se encontrava em
Caravelas-BA (CLIMANÁLISE, 2000, v. 15, n. 11). Na carta sinótica do dia 4
(ANEXO B), notou-se que o sistema frontal atingiu a costa brasileira em torno de 2
S, observou-se também a intensa convecção tropical no continente mediante a
extensão das células de baixa pressão em todo o território continental. Na FIG. 16
representou-se a anomalia de ROL para esse dia, onde se identificou a banda de
nebulosidade, característica da associação da convecção tropical ao sistema frontal
atuante no Brasil setentrional. Como destacou Oliveira (1986), a convecção tropical
modula os SF em forma de faixa convectiva organizada. Na FIG. 17, a imagem de
satélite mostra a interação da convecção ao sistema frontal pela presença de
nuvens de topos bastante frios em toda a região central do Brasil, principalmente no
lado ocidental do Estado de Minas Gerais, que se prolonga com nuvens médias pelo
Oceano Atlântico, passando pelo litoral dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito
Santo. Segundo o CLIMANÁLISE (2000, v. 15, n. 11), a Alta da Bolívia esteve bem
configurada em praticamente todos os dias do mês de novembro, o que contribuiu
para a atividade convectiva no continente sul-americano.
Quadrante geográfico da RMBH
FIGURA 16 – Campo de anomalia de ROL em
W/m
2
- 4 de novembro de 2000,
topo da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
http://www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 20 dez 2006.
FIGURA 17 – Imagem IR GÓES-8 em
4/11/2000, às 18h TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 4 jun. 2006.
89
Em baixos níveis, observou-se, entre os dias e 3, a maior tendência
negativa da pressão atmosférica média diária, período anterior ao inicio desse caso
de precipitação. A UR apresentou aumento de 18% no dia 4 e permaneceu superior
a 75% durante todos os dias de chuvas. Nesse dia 4, o céu esteve totalmente
encoberto e o aumento de nebulosidade, a partir do dia 3, ocasionou a primeira
tendência negativa da temperatura, a temperatura máxima teve uma queda em torno
de 10ºC (GRAF. 28).
A direção dos ventos, observada em superfície no dia 3, às 12h TMG, foi
de NW, às 18h de S e perdurou do quadrante NE/E/SE até o dia 12 de novembro.
Nas FIG. 18 e 19 observou-se que, no dia 4, a RMBH esteve sob o domínio da
frente, indicado pelas componentes do vento, representada pela isotaca 0. A
meridional mostra a região de estudo sob a zona de maior convergência do vento.
Esses campos permitem inferir que o escoamento do vento em 850hPa predominou
no sentido NE-SW na região central de Minas Gerais.
Quadrante geográfico da RMBH
FIGURA 18 – Campos de vento médio zonal em
m/s em 850hPa para 4/11/2000.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 20 dez. 2006.
Quadrante geográfico da RMBH
FIGURA 19 – Campos de vento médio
meridional em m/s em 850hPa
para 4/11/2000.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 20 dez. 2006.
90
Segundo o CLIMANÁLISE (2000, v. 15, n. 11), o houve ocorrência de
ZCAS nesse mês. Esse sistema frontal ficou estacionário nos dias 5 e 6 na costa
brasileira, na altura de Cabo Frio-RJ, e atingiu o interior até Patos de Minas - MG. A
partir do dia 7, as temperaturas iniciaram uma tendência positiva (GRAF. 28) e a UR
apresentou uma queda de 6% (GRAF. 27), porém o campo de ROL registrou
anomalias negativas na área de estudo, assim como nos dias anteriores. No dia 8,
houve registro de chuvas fracas a moderadas em praticamente todas as localidades
analisadas. Registraram-se chuvas fortes somente em Pedro Leopoldo (34 mm), que
se situa ao norte na RMBH. Na imagem IR de satélite das 18h TMG, observou-se
que, sobre MG, houve nuvens médias e baixas associadas à retaguarda do SF e o
campo de ROL mostrou o deslocamento da faixa de anomalias negativas. Apesar de
o campo de ROL mostrar a banda de nebulosidade desde o Oceano Atlântico ao
norte do país com direção NW-SE, observou-se que o escoamento dos ventos em
850hPa predominou de NE durante esse episódio de chuvas persistentes.
GRÁFICO 26 Linha poligonal da pressão atmosférica dia
diária a superfície de novembro de 2000 em
Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
91
GRÁFICO 27 – Histograma de umidade relativa do ar média
diária de novembro de 2000 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 28 – Linha poligonal da temperatura média
compensada, temperatura máxima e mínima de
novembro de 2000 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
92
GRÁFICO 29 – Histograma de nebulosidade de novembro de
2000 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
TABELA 4
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte – Novembro de 2000
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
5.3.2.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 4 a 8 de novembro
de 2000
Luiz Cláudio Costa (ESTADO DE MINAS, 8 nov. 2000) noticiou, em
novembro, a chegada das chuvas como “boas notícias para o agricultor mineiro”.
93
Depois de um longo período de estiagem, as condições climáticas favoreceram o
plantio em diversas regiões do Estado, como mostra a FIG. 20. O autor ainda
destacou que as chuvas foram bem distribuídas no tempo e no espaço e foram
suficientes para recuperar a reserva de água no solo.
FIGURA 20 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 8 nov. 2000.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 28 fev. 2007.
Por outro lado, Rose (2000, p. 34) (FIG. 21) mostrou a preocupação da
população e dos órgãos do Governo com as áreas de risco no município de Belo
Horizonte. A URBEL destacou o escorregamento de encostas em vários locais da
cidade e as inundações como os principais problemas. No dia 7 de novembro de
2000, foram registrados, em Belo Horizonte (5º Disme/INMET), 38 mm de chuvas
(GRAF. 19) e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC) atendeu 21
chamadas, mas sem ocorrências graves.
94
FIGURA 21 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 8 nov. 2000.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 28 fev. 2007.
95
5.3.3 As chuvas de janeiro de 2004
As chuvas de 2 a 16 de janeiro de 2004 (caso 55 na TAB. 2) é o episódio
mais extremo, com maior número de dias consecutivos de chuvas e maior
quantidade de precipitação dia espacial acumulada de 2000 a 2005. Na TAB. 8
(ANEXO A), é o quarto evento na ordem decrescente da precipitação média espacial
acumulada.
O boletim CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 1) registrou três eventos de
ZCAS, entre os dias 2 a 6, 10 a 20 e 25 a 29, que ocasionaram anomalia positiva de
precipitação na região norte e central de Minas Gerais. Na RMBH, o segundo evento
acarretou o maior acúmulo de precipitação, como mostra os GRAF. 32 a 38. O
primeiro não se constituiu como ZCAS sobre a área de estudo, apesar do registro de
chuvas fortes a extremamente fortes em praticamente toda a RMBH nos dias 2 e 3.
Em Belo Horizonte, acumularam-se 461 mm entre os dias a 16, sendo a média
climatológica do mês 296,3 mm (BRASIL, 1992).
Apesar de na TAB. 2 se identificar esse caso de chuvas do dia 1° a 16, os
histogramas de precipitação (GRAF. 32 a 38) mostraram que houve redução da
precipitação no intervalo entre os dois primeiros episódios de ZCAS. Em algumas
localidades, como Belo Horizonte (GRAF. 30), Caeté (GRAF. 32), Mateus Leme
(GRAF. 35) e Brumadinho (GRAF. 36), não houve registro de precipitação em um
desses dias.
No segundo evento de ZCAS, a precipitação foi registrada como forte a
extremamente forte no dia anterior e no primeiro dia que se constituiu o evento. Em
seguida, observou-se uma queda na quantidade de precipitação diária acumulada,
que tornou aumentar, ocorrendo, no dia 15, novamente, chuvas fortes a
extremamente fortes. O dia mais chuvoso em Belo Horizonte foi o dia 10 (81 mm),
assim como em Nova Lima (68 mm), Mateus Leme (68 mm) e Brumadinho (71 mm).
Em Sabará (95 mm) e Pedro Leopoldo (80 mm), o dia 15 foi o mais chuvoso.
96
GRÁFICO 30 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2004 em Belo
Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 31 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2004 em
Nova Lima.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 25 mar. 2005.
GRÁFICO 32Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2004 em
Caeté.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 25 mar. 2005.
GRÁFICO 33Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2004 em
Sabará.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br.
Acesso em: 25 mar. 2005.
97
GRÁFICO 34 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2004 em
Pedro Leopoldo.
Fonte: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br.
Acesso em: 25 mar. 2005.
GRÁFICO 35 – Histograma de precipitação em
mm de janeiro de 2004 em
Mateus Leme.
Fonte: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br.
Acesso em: 25 mar. 2005.
GRÁFICO 36 – Histograma de
precipitação em mm de
janeiro de 2004 em
Brumadinho.
Fonte: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 25 mar. 2005.
98
Segundo o CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 1), o último sistema frontal do
mês de dezembro que atuava em Torres-RS deslocou-se até o sul da Bahia, passou
pelo interior do Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Minas
Gerais entre os dias a 3, e no período de 3 a 6 permaneceu estacionário em
Caravelas-BA. Nota-se nos GRAF. 30 a 36 que no dia 2 as chuvas foram extremante
fortes em praticamente todas as localidades analisadas. Essas chuvas decorreram
do sistema frontal que atingiu a costa sudeste do Brasil no dia de janeiro, quando
os ventos observados em superfície foram do quadrante SW/W/N nos três horários
de observação, como mostra a TAB. 5.
A banda de nebulosidade associada à interação da convecção tropical ao
SF representada pela anomalia negativa de ROL foi identificada do Estado de
Rondônia ao litoral fluminense, passando pela RMBH no sentido NW-SE. No dia 3,
através da seqüência de imagens de satélite IR, observou-se o deslocamento da
banda de nebulosidade em direção ao NE brasileiro e o sul de Minas sob a atuação
do APM.
Os campos de ventos representaram o escoamento predominante em
baixos níveis de NE do dia a 7. As variáveis observadas em superfície mostraram
que a pressão atmosférica média diária apresentou tendência positiva do dia 2 a 6, a
UR média diária houve uma queda de 17% durante esse período. A nebulosidade
diminuiu dia 4 às 24h TMG, tendo no dia 6 apenas 5 décimos de cobertura do céu.
Por conseqüência, a temperatura máxima apresentou tendência positiva entre os
dias 3 e 6 (GRAF. 37 a 40).
A partir do dia 7, observou-se tendência inversa nas variáveis de
superfície; o escoamento em baixos predominou de NW a partir do dia 8, assim
como se verifica na TAB. 5, mudança na direção do vento às 18h TMG. No dia 9,
registraram-se chuvas fortes a extremamente fortes na RMBH, dado o alinhamento
da convecção tropical a um novo SF que entrou em processo de ciclogênese no sul
do país e deslocou-se até a Região Sudeste brasileira, representado na carta
sinótica (ANEXO B). A anomalia negativa de ROL mostra a organização da faixa de
nebulosidade, assim como a intensificação na costa do Estado do Rio de Janeiro,
prolongando-se pelo continente no sentido NW-SE até aproximadamente 5Oeste
(FIG. 22). A nebulosidade aumentou em todo Estado de Minas Gerais (FIG. 23), com
99
o deslocamento do sistema frontal para a Região Sudeste. A seqüência de imagens
IR desse dia ainda permitiu verificar, mediante o deslocamento da nebulosidade e do
formato circular das nuvens cirros, que, em altos níveis, houve o deslocamento do
cavado que atuava no sul do país acoplado à circulação da Alta da Bolívia, o que
reforça os pressupostos teóricos estabelecidos por Quadro (1994), ou seja, a AB
associada ao cavado a leste dos Andes, em 500 hPa.
Esse autor também sugeriu que em eventos de ZCAS, o escoamento em
850h é influenciado pela Cordilheira dos Andes e pelo posicionamento do ASAS,
com confluência dos ventos a SW do ASAS. Nas FIG. 24 e 25 mostrou-se o
escoamento em baixos níveis, por intermédio das componentes zonal e meridional
do vento. Notou-se que, no eixo da banda de nebulosidade, o escoamento
predominou de NW-SE sobre a RMBH. A configuração da componente zonal indicou
que a Região Metropolitana esteve sob a zona de convergência nesse dia 9,
resultando em grandes acúmulos de precipitação registrados no dia 10.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 22 – Campo de anomalia de ROL em
W/m
2
- 9 de janeiro de 2004, topo
da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 30 dez. 2006.
FIGURA 23 – Imagem IR GÓES-12 em
9/1/2004 as 21h10 TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 15 ago. 2006.
100
Segundo o CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 1), o segundo e maior evento
de ZCAS do mês se configurou a partir do dia 10. A seqüência de cartas sinóticas
indicou que o SF permaneceu estacionário do dia 9 a 17, próximo a 20º S na costa
brasileira. Os campos de ROL representaram a banda de nebulosidade desde o
norte do Mato Grosso ao Oceano Atlântico durante o período, porém no dia 11 a
faixa de anomalias negativas teve um pequeno deslocamento em direção ao NE
brasileiro, em relação ao dia anterior. Portanto, nos GRAF. 30 a 36, notou-se
diminuição da precipitação nos dias 11 e 12, sendo registradas chuvas fracas a
moderadas em toda a RMBH. No dia 12, o campo de anomalias de ROL já indicou o
aumento da faixa de anomalias negativas no interior do continente. Essa flutuação
da banda de nebulosidade também pode ser verificada nos campos das
componentes do vento pela zona de convergência, onde o escoamento predominou
de NW na RMBH durante todo esse período. No dia 13, foi registrado aumento de
precipitação em toda área de estudo.
No dia 14, os padrões atmosféricos de escala sinótica são semelhantes
ao dia anterior. Na FIG. 26, o máximo de anomalia negativa se estendeu do Oceano
Atlântico Sul ao Brasil Central, passando pelo Estado de Minas Gerais, ou seja,
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 24 – Campos de vento médio zonal em
m/s em 850hPa para 9/1/2004.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 30 dez. 2006.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 25 – Campos de vento médio
meridional m/s em 850hPa para
9/1/2004.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 30 dez. 2006.
101
enorme concentração de nuvens de grande desenvolvimento vertical, que acarretou
altos totais pluviométricos registrados no dia 15 em quase todas as localidades
analisadas, aproximadamente 40 mm em Brumadinho, 50 mm em Belo Horizonte e
Nova Lima, 74 mm em Caeté, 85 mm em Pedro Leopoldo e 95 mm em Sabará. Os
campos de vento mostraram escoamento de NW sobre grande parte do Brasil. No
dia 15, observou-se diminuição da nebulosidade e pequeno deslocamento no
sentido SW-NE (FIG. 27). Os campos de vento representaram padrão parecido com
o dia anterior. Entretanto, observou-se o deslocamento da zona de convergência das
componentes norte/sul, assim como no campo de ROL.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 26 – Campo de anomalia de ROL em
W/m
2
- 14 de janeiro de 2004,
topo da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 30 dez. 2006.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 27 – Campo de anomalia de ROL
em W/m
2
-15 de janeiro de
2004, topo da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 30 dez. 2006.
As imagens IR (FIG. 28 e 29) indicaram que a banda de nebulosidade se
deslocou ao longo do dia 15. No dia 16, as chuvas foram classificadas como fortes
em Belo Horizonte e Nova Lima, moderadas em Caeté e Brumadinho e fracas nas
outras localidades. A observação da nebulosidade em superfície indicou que o
percentual de cobertura do céu diminuiu nos horários de sinóticos de 18h e 24h
TMG nos dias 15 e 16, a UR apresentou uma diminuição de 10%, em relação ao dia
102
14, e a pressão atmosférica iniciou sua maior tendência positiva nesse dia 16
(GRAF. 37 a 40). O campo de ROL representou esse deslocamento, onde se
verificou diminuição da anomalia negativa no quadrante entre 18º a 20º S e 42º a 45º
W. Nos campos de vento zonal e meridional, o escoamento em baixos níveis passou
a predominar de SW, após oito dias de escoamento preponderantemente de NW,
com o estacionamento do sistema desde o dia 9. No dia 17, já não houve registro de
precipitação na maioria das localidades analisadas. As variáveis de superfície
mostraram que houve outra queda de 10% na UR, a nebulosidade das 18h TMG foi
maior que das 12h TMG, o que é típico dos dias de verão, dado o aquecimento
diurno, e a nebulosidade das 24h TMG foi próxima de zero, o que não ocorria desde
o dia 1° de janeiro.
FIGURA 28 – Imagem IR GÓES-12 em
15/1/2004 as 03h10 TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 15 ago. 2006.
FIGURA 29 – Imagem IR GÓES-12 em
15/1/2004 as 18h09 TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 15 ago. 2006.
103
GRÁFICO 37 Linha poligonal da pressão atmosférica dia
diária a superfície de janeiro de 2004 em Belo
Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 38 – Histograma de umidade relativa do ar média
diária de janeiro de 2004 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
104
GRÁFICO 39 – Histograma de nebulosidade de janeiro de 2004 em
Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 40 – Linha poligonal da temperatura média
compensada, temperatura máxima e mínima de
janeiro de 2004 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
105
TABELA 5
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte – Janeiro de 2004
Fonte de Dados: 5º Disme/INMET.
5.3.3.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 2 a 16 de janeiro de
2004
Durante a primeira quinzena de 2004 choveu 140 mm a mais que a média
climatológica para o mês de janeiro em Belo Horizonte. O Jornal ESTADO DE
MINAS, durante o período, apresentou inúmeras reportagens sobre os impactos
sócio-ambientais causados pelo acúmulo de precipitação. Na FIG. 30, lê-se que nos
dias 2 e 3 choveu o volume médio de dez dias, o que acarretou inundações na Vila
São José, região noroeste de Belo Horizonte. Na FIG. 31 sugeriu-se que a causa do
problema foi a presença de entulhos deixados pela Prefeitura de Belo Horizonte, que
não permitiu a vazão da enxurrada.
106
FIGURA 30 – Reportagem
do Jornal
ESTADO DE
MINAS, 4 jan.
2004.
Fonte: Disponível em:
www.buscaem.estaminas.
com.br.
Acesso em: 28 fev.
2007.
FIGURA 31 – Reportagem do Jornal
ESTADO DE MINAS, 4 jan.
2004.
Fonte: Disponível em:
www.buscaem.estaminas.com.br.
Acesso em: 28 fev. 2007.
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC) estabelece seus
planejamentos de ações com base nos alertas meteorológicos enviados pelos
órgãos de previsão do tempo. No dia 5, foi destacada a previsão de chuvas fortes e
contínuas somente a partir do dia 20, como se pode observar na FIG. 32. Os
histogramas de precipitação (GRAF. 30 a 36), porém, indicaram que a precipitação
foi forte a extremamente forte em praticamente toda a RMBH a partir do dia 9. No
dia seguinte, o Jornal apresentou centenas de reportagens sobre os danos
causados pelas chuvas. Houve mortes, principalmente na Região Leste e na Zona
107
da Mata Mineira, remoção de algumas famílias das áreas de risco em Belo
Horizonte, escorregamentos no Bairro Taquaril, no Aglomerado Morro das Pedras,
no Aglomerado da Serra e em alguns bairros de Venda Nova, cancelamentos de
vôos nos principais aeroportos, queda de energia em várias regiões da cidade, etc.
O Jornal ainda destacou que nos últimos dois dias o nível da água na Lagoa da
Pampulha havia subido 60 cm em relação ao nível normal.
FIGURA 32 – Reportagem do
Jornal ESTADO
DE MINAS, 5 jan.
2004.
Fonte: Disponível em:
www.buscaem.estaminas.
com.br
. Acesso em: 28 fev.
2007.
108
No dia 16 de janeiro, o Jornal ESTADO DE MINAS apresentou um
balanço dos maiores impactos causados pelas chuvas em MG na primeira quinzena
(FIG. 33). Comparado ao balanço divulgado no dia 4 de janeiro de 2004 (referente
ao período de agosto a dezembro de 2003 FIG. 34), houve os enormes prejuízos
econômicos e sociais causados num curto período pelos dois eventos sucessivos de
ZCAS. O número de mortos e feridos no Estado triplicou, e o de desabrigados
aumentou 5,6 vezes, em quinze dias, comparado a seis meses anteriores. A FIG. 33
ainda mostra que a região que apresentou maior número de mortes foi a Zona da
Mata Mineira, seguida pela Região Leste. Por meio da anomalia negativa de ROL,
notou-se que uma faixa de anomalias negativas mais intensas esteve presente a
leste de aproximadamente 45º de longitude oeste, abarcando o lado oriental do
Estado de Minas. Esse fato, provavelmente, desencadeou maior acúmulo de
precipitação e maior número de mortes na Zona da Mata Mineira e na Região Leste.
Segundo Monteiro (1969), o estacionamento da frente polar atlântica por três dias
esta associado aos resultados de dois séculos de usos destrutivos das terras,
principalmente nas franjas da serra do Mar.
FIGURA 33 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 16 jan. 2004.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br. Acesso em: 28 fev. 2007.
109
FIGURA 34 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 4
jan. 2004.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
.
Acesso em: 28 fev. 2007.
5.3.4 As chuvas de dezembro de 2004
Os GRAF. 41 a 47 representam os histogramas de precipitação, onde
foram registrados dois casos de chuvas persistentes que perduraram, em média, 21
dias do mês de dezembro de 2004. O CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 12) destacou
que, na região central de Minas Gerais, houve anomalia positiva de precipitação
dada a atuação de dois eventos de ZCAS (9 a 14 e 21 a 25). Ao contrário de grande
parte do País, as chuvas se elevaram acima da média nos Estados de Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, oeste de Mato Grosso e sul de Rondônia,
exatamente o eixo NW-SE da banda de nebulosidade associada à ZCAS.
A análise dos histogramas indicou que houve um caso de 5 a 13 de
dezembro e outro de 18 a 25. Na TAB. 2 vê-se que os episódios associados a
eventos de ZCAS ocorreram, em média, dos dias 9 a 13 e 19 a 25. Os GRAF. 41 a
47 indicaram que o segundo evento acarretou maior acúmulo de precipitação em
toda a RMBH.
O primeiro episódio de chuvas foi objeto de análise rítmica, por ser
representativo dos eventos que se encontram na TAB. 2. Esse caso acumulou em
110
média espacial, 85 mm e ocorreu, em cinco dias seguidos, valores próximos da
mediana das duas variáveis para os casos representados nessa Tabela. O segundo,
pertencente ao Q5, acumulou 208 mm, e durou em torno de sete dias.
Os gráficos seguintes indicaram que as chuvas foram fracas a moderadas
nesse primeiro episódio em Belo Horizonte, Mateus Leme e Pedro Leopoldo e
moderadas a fortes nas demais localidades. Nesse período, Caeté acumulou maior
quantidade de precipitação entre os dias 9 e 13 (104,1 mm), seguida por Nova Lima
(103,7 mm) e depois por Sabará (93 mm), localidades que se encontram situadas a
leste da Serra do Curral.
GRÁFICO 41 – Histograma de precipitação
em mm de dezembro de
2004 em Belo Horizonte
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 42 – Histograma de precipitação
em mm de dezembro de
2004 em Nova Lima.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
Acesso em: 5 abr. 2005.
111
GRÁFICO 43 – Histograma de precipitação
em mm de dezembro de
2004 em Caeté.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 5 abr. 2005.
GRÁFICO 44 – Histograma de
precipitação em mm de
dezembro de 2004 em
Sabará.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 5 abr. 2005.
GRÁFICO 45 – Histograma de precipitação
em mm de dezembro de
2004 em Pedro Leopoldo.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 5 abr. 2005.
GRÁFICO 46 – Histograma de
precipitação em mm de
dezembro de 2004 em
Mateus Leme.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 5 abr. 2005.
112
GRÁFICO 47 – Histograma de
precipitação em mm de
dezembro de 2004 em
Brumadinho.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 5 abr. 2005.
As chuvas ocorridas no período de 9 a 13 de dezembro deveram-se ao
primeiro SF do mês que penetrou no Rio Grande do Sul no dia 4. Segundo o
CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 12), esse sistema permaneceu estacionário entre o
litoral de Torres-RS e Paranaguá-PR nos dias 5 a 8. A análise sinótica do período
mostrou que, no dia 9, o SF atingiu a Região Sudeste brasileira, organizando a
convecção tropical ao longo do seu eixo. A estacionaridade desse sistema até o dia
13 configurou a ZCAS que, por meio da análise dos campos de ROL, apresentou
sua maior atividade sobre o Oceano Atlântico. Durante todos os dias do evento, o
escoamento foi de NW, mensurado nos campos das componentes zonal e
meridional do vento, assim como observado na TAB. 6.
As variáveis meteorológicas de superfície observadas no 5º Disme/INMET
em Belo Horizonte delinearam o padrão atmosférico associado a eventos de
precipitação persistente, já verificados nos outros episódios. A primeira tendência
negativa da pressão atmosférica média diária ocorreu entre os dias 5 e 12 (GRAF.
48). A UR foi superior a 75% nos casos de chuvas do mês e durante o episódio,
chegou a registrar 91% no dia 12 (GRAF. 49). A temperatura máxima apresentou
113
tendência negativa do dia 5 a 11, dado o aumento de nebulosidade às 24h TMG
desde o dia 4 (GRAF. 50 e 51). A presença de nuvens nos dias chuvosos impede
que a radiação solar de ondas curtas aqueça a superfície, pois as nuvens são
altamente refletoras dessa radiação. Em contrapartida, nos períodos noturnos, a
nebulosidade impede a perda de radiação de onda longa emitida pela superfície,
para o espaço. Então, aquece a atmosfera e reduz as variações de temperatura
mínima.
O dia 10 caracterizou-se pela maior quantidade de precipitação
acumulada na maior parte das localidades, vista nos GRAF. 41 a 47. A carta sinótica
das 12h TMG (ANEXO B) mostrou que o SF atingiu a costa sudeste na altura de
20ºS, com presença de lulas de baixa pressão em todo o território continental, ou
seja, a expansão da massa equatorial continental (cE), resultante do aquecimento
durante o verão no HS. O campo de anomalias de ROL (FIG. 35) indicou que as
anomalias negativas da banda de nebulosidade associada ao SF, e sua interação
com a convecção tropical, se estenderam do Oceano Atlântico ao sul do Estado do
Piauí, com maior anomalia negativa na porção sul-oceânica até a costa do Estado
do Rio de Janeiro. Na RMBH, as anomalias negativas de ROL foram próximas da
média, e anomalias positivas foram registradas na porção SE da área de estudo
(situada entre as coordenadas 18º a 20º sul e 42 a 45º oeste).
As imagens IR dos horários de 0h a 6h TMG (FIG. 36) desse dia
mostraram o aumento de nebulosidade na Região central do Estado de Minas,
assim como a banda de nebulosidade no sentido NW-SE, desde o Estado do
Amazonas até o Oceano Atlântico. Segundo o CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 12), a
Alta da Bolívia esteve bem configurada durante todo o mês de dezembro. Na FIG.
36, notou-se o giro anticiclônico por meio das nuvens cirros na Região NW da
Amazônia e no Peru. A imagem ainda permitiu identificar, pela disposição da
nebulosidade, o cavado na Região Sul do Brasil e a ausência de nebulosidade
sugeriu atuação do VCAN na região nordestina brasileira.
114
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 35 – Campo de anomalia de ROL em
W/m
2
- 10 de dezembro de 2004,
topo da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov
.
Acesso em: 3 jan. 2007.
FIGURA 36 – Imagem IR GÓES-8 em
10/12/2004 às 6h10 TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 5 set. 2006.
Os campos das componentes do vento (FIG. 37 e 38), zonal e meridional,
mostraram que o escoamento predominou de NW na RMBH, assim como nos outros
dias do episódio. A componente meridional é bem ilustrativa da zona frontal entre as
massas de ar. Houve deslocamento em relação ao dia anterior, como observado no
campo de anomalia de ROL e nas imagens de satélite.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 37 – Campos de vento médio zonal
em m/s em 850hPa para
10/12/2004.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 3 jan. 2007.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 38 – Campos de vento médio
meridional em m/s em 850hPa
para 10/12/2004.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 3 jan. 2007.
115
Nos dias 11 e 12, o sistema permaneceu estacionário, o que acarretou
queda da temperatura máxima em 7ºC (GRAF. 50), aumento da UR em 11% (GRAF.
49), ou seja, aumento da nebulosidade (GRAF. 51). No dia 13, essas variáveis
apresentaram comportamentos contrários por exemplo, a UR diminuiu 24,5%. Na
carta sinótica, observou-se que o SF encontrava-se em oclusão na costa sudeste do
Brasil. O campo de ROL indicou que não houve anomalia no quadrante geográfico
da RMBH, porém os campos de vento revelaram que o escoamento ainda
predominava de NW, como na TAB. 6. No dia 14, não houve registro de precipitação
na maioria das localidades analisadas.
GRÁFICO 48 – Linha poligonal da pressão atmosférica média diária
a superfície de dezembro de 2004 em Belo
Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
116
GRÁFICO 49 – Histograma de umidade relativa do ar de
dezembro de 2004 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 50 – Linha poligonal da temperatura média
compensada, temperatura máxima e mínima de
dezembro de 2004 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
117
GRÁFICO 51 – Histograma de nebulosidade de dezembro de
2004 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
TABELA 6
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte – Dezembro de 2004
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
118
5.3.4.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 9 a 13 de dezembro
de 2004
Além dos impactos sócio-ambientais freqüentes na RMBH durante os
episódios de chuvas persistentes, também aqueles relacionados à organização
urbana. O Jornal ESTADO DE MINAS freqüentemente denuncia o caos no trânsito
na cidade de Belo Horizonte durante os episódios de chuvas. Na FIG. 39, lê-se que
as chuvas causadas pelo primeiro evento de ZCAS do mês não causaram danos
sócio-ambientais na RMBH, porém 85 mm (média espacial em cinco dias) foram
suficientes para atrapalhar a fluidez do trânsito na cidade e nas principais rodovias
de acesso a capital.
FIGURA 39 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 13 dez. 2004.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 28 fev. 2007.
119
Segundo o CLIMANÁLISE (2004, v. 19, n. 12), o evento de ZCAS
perdurou de 9 a 14 nesse mês de dezembro. Os GRAF. 41 a 47 indicaram que não
houve precipitação, na maioria das localidades analisadas, no dia 14. Nos GRAF. 48
a 51 foi visto que, no dia 13, a pressão voltou a subir, a UR teve queda de
aproximadamente 25%, a temperatura máxima aumentou 6ºC e, no dia 14, a
nebulosidade diminuiu nos três horários de observação. Entretanto, no GRAF. 41
registrou-se 47 mm de chuvas, em Belo Horizonte, nesse dia 14 e o noticiário foi
muito maior que nos dias anteriores. Na FIG. 40, exemplificaram-se as
conseqüências dessa chuva que, segundo as reportagens, durou 70 minutos e
causou interrupção de energia elétrica em 11 bairros, congestionamentos com mais
de 6 km de engarrafamento e alagamentos das principais avenidas, por exemplo, da
Avenida Antônio Carlos, no entroncamento com a Avenida Pedro II, assim como
vários pontos da cidade. Segundo o Jornal, o principal problema foi a insuficiência
de canais de recolhimento da enxurrada e, ainda, o entupimento das poucas bocas-
de-lobo e bueiros nas vias públicas.
No campo de ROL do dia 14, ficou evidente, ainda, o predomínio da faixa
de anomalias negativas, desde o norte do Brasil ao litoral do Espírito Santo - Bahia.
Essa faixa abarcou o lado oriental da RMBH sendo que, no dia anterior, não
ocorreram anomalias negativas sobre a região de estudo, pois havia desconexão
entre a banda de nebulosidade característica da convecção tropical e a associada
ao SF. A seqüência de imagens IR do dia 13 mostrou o deslocamento do SF para o
norte de Minas, com predominância de u claro sobre a região central e sul de
Minas. Assim como verificado nos campos de ROL, as imagens de satélite IR do dia
14 mostraram que a banda de nebulosidade, que predominou desde o Estado do
Piauí ao Litoral do Espírito, recuou sobre o Estado de Minas Gerais. O campo de
anomalias de ROL do dia 15 revelou que a faixa de anomalias ainda predominou na
costa sudeste do Brasil até aproximadamente 48º W, porém, no restante do território
nacional, foram verificadas anomalias positivas de ROL, ou seja, a desconfiguração
do fenômeno ZCAS.
120
FIGURA 40 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 15 dez. 2004.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 28 fev. 2007.
121
5.3.5 As chuvas de novembro de 2005
Novembro, como se pode observar na TAB. 2, foi o mês de maior
freqüência no Q3. O terceiro caso de chuvas desse mês em 2005 (dias 18 a 21)
esteve próximo da mediana dos eventos de precipitação (TAB. 2). Esse episódio
perdurou por quatro dias de chuva seguidos, com 95 mm, e representou um evento
típico de precipitação persistente na RMBH.
Esse mês apresentou quatro episódios de chuvas. O primeiro acumulou,
em média espacial, 69 mm, o segundo 43 mm, o terceiro, 95 mm, e, o último, 49
mm. Segundo o CLIMANÁLISE (2005, v. 20, n. 11), as chuvas no mês de novembro
excederam a média histórica em praticamente todo o Estado de Minas Gerais, assim
como toda a Região Sudeste do Brasil.
Nos GRAF. 52 a 58 mostraram-se que as chuvas foram extremamente
fortes somente no terceiro episódio do mês, em praticamente todas as localidades,
exceto em Pedro Leopoldo, onde as chuvas foram fortes a extremamente fortes em
pelo menos um dia de cada caso e o dia 9 foi o mais chuvoso. Segundo o
CLIMANÁLISE (2005, v. 20, n. 11), houve três episódios de ZCAS: 10 a 15, 17 a 21
e 24 a 28. Os histogramas de precipitação sugeriram que o fenômeno foi mais
atuante na RMBH no período de 17 a 21, pela regularidade temporal e espacial das
chuvas.
122
GRÁFICO 52 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2005 em
Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 53 – Histograma de precipitação
em mm de novembro de
2005 em Nova Lima.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 maio 2005.
GRÁFICO 54 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2005 em
Caeté.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 maio 2005.
GRÁFICO 55 – Histograma de precipitação
em mm de novembro de
2005 em Sabará.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br
.
Acesso em: 10 maio 2005.
123
GRÁFICO 56 – Histograma de precipitação em
mm de novembro de 2005 em
Pedro Leopoldo.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br.
Acesso em: 10 maio 2005.
GRÁFICO 57 – Histograma de precipitação
em mm de novembro de
2005 em Mateus Leme.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br.
Acesso em: 10 maio 2005.
GRÁFICO 58 – Histograma de
precipitação em mm
de novembro de 2005
em Brumadinho.
Fonte de dados: Disponível em:
www.hidroweb.ana.gov.br.
Acesso em: 10 maio 2005.
124
No CLIMANÁLISE (2005, v. 20, n. 11) destacou-se que, nos três eventos
de ZCAS, alguns aspectos do modelo conceitual não foram verificados. O segundo
evento de ZCAS no mês de novembro de 2005 apresentou, segundo o boletim, o
escoamento padrão-associado à ZCAS em 200hPa, ou seja, a Alta da Bolívia e o
Cavado sobre o Nordeste. Entretanto, o campo de temperatura de brilho médio não
apresentou uma faixa organizada de nebulosidade.
Na maioria das localidades vistas nos GRAF. 54 a 60, as chuvas foram
registradas do dia 17 ao dia 21, segundo evento de ZCAS. No dia 17, houve atuação
do quarto SF, que penetrou no sul do Brasil no dia 16. Esse sistema teve rápido
deslocamento na costa sul-sudeste, onde organizou a convecção tropical e
permaneceu estacionário nos dias 18 e 19 sobre os Estados do Rio de Janeiro,
Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O quinto
SF estava no Rio Grande do Sul no dia 19 e, ao longo desse dia, deslocou-se até a
Região Sudeste. A imagem de satélite IR às 18h TMG indicou que esse sistema
avançou e reforçou o antigo SF, que se configurou como uma frente quente.
No dia 20, houve acúmulo espacial médio de 50 mm de chuvas na RMBH.
Nos GRAF. 57 e 56, notou-se 82,5 mm em Mateus Leme e 55 mm em Pedro
Leopoldo. Nas outras localidades, as chuvas foram classificadas como moderadas a
fortes, com exceção de Belo Horizonte, que registrou apenas 5,5 mm, embora no dia
anterior tenha sido registrado, aproximadamente, 60 mm.
No GRAF. 59 viu-se a variação da pressão atmosférica média diária.
Observou-se que as quedas de pressão ocorreram nas vésperas de registro ou
intensificação das precipitações. No GRAF. 60 notou-se que, no dia 17, a UR
aumentou 20% em relação ao dia anterior. No período que antecedeu o terceiro
evento de precipitação, houve queda de 8,5ºC na temperatura máxima e não houve
variabilidade significativa na mínima (GRAF. 61). Entre os dias 20 e 21, ocorreu
nova queda na temperatura máxima (5,2ºC), já que a nebulosidade apresentou
variações de 50% no horário das 18h TMG no dia 20 (GRAF. 62), quando a UR
apresentou uma queda de 11,5%.
A carta sinótica do dia 19 às 12h TMG (ANEXO B) apresentou o SF
próximo a 25º S, associado à CT. No campo de ROL (FIG. 41), são apresentados
duas bandas de nebulosidade: uma, no sentido meridional sobre o Oceano, e outra
125
no sentido zonal, sobre o continente. A seqüência de imagens de satélite mostrou o
deslocamento do SF, semelhante ao indicado pelas anomalias de ROL. Na imagem
IR das 21h TMG (FIG. 42) destaca-se a banda de nebulosidade no sentido NW-SE
desde o Estado do Amazonas ao Oceano Atlântico. Minas Gerais teve,
praticamente, todo território coberto com nuvens convectivas, o que acarretou as
chuvas registradas no dia seguinte às 9h local. Na FIG. 42 foi possível identificar,
por meio da nebulosidade, o cavado na Região Sul do País.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 41 – Campo de anomalia de ROL em
W/m
2
- 19 de novembro de 2005,
topo da atmosfera.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 24 jan. 2007.
FIGURA 42 – Imagem IR GÓES-12 em
19/11/2005 às 21h TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 2 set. 2006.
Os campos das componentes (zonal e meridional) do vento permitiram
inferir que o escoamento predominou de NW no dia 19 (FIG. 43 e 44). A zona de
convergência dos ventos norte/sul, no campo meridional, situou-se na Região Sul
brasileira. Na componente zonal, a zona de convergência dos ventos encontrou-se
ao norte de 20º S. A região de valores negativos na componente zonal representa a
área sem nebulosidade visto na FIG. 42. A faixa entre essas zonas de convergência
(das duas componentes) é a região de maior nebulosidade, sob a qual se
encontrava a RMBH.
126
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 43 – Campos de vento médio zonal
em m/s em 850hPa para
19/11/2005.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 24 jan. 2007.
Quadrante geográfico da RMBH.
FIGURA 44 – Campos de vento médio
meridional em m/s em 850hPa
para 19/11/2005.
Fonte de dados: Disponível em:
www.cdc.noaa.gov.
Acesso em: 24 jan. 2007.
No dia 20, o campo de ROL revelou ausência de anomalia na RMBH.
Houve aumento de anomalias positivas em grande parte do território brasileiro, no
sentido meridional. As variáveis observadas em superfície mostraram que houve
redução de 11,5% de UR e a temperatura aumentou 2ºC. A imagem IR das 12h
TMG (FIG. 45) indicou redução da nebulosidade, com presença de nuvens baixas
associadas à retaguarda do SF. Na imagem IR das 18h TMG (FIG. 46) vê-se que
alguns núcleos convectivos aumentaram no Brasil Central e Minas Gerais, alinhados
ao SF que predominou no Oceano, próximo à costa do Espírito Santo e da Bahia.
Os campos de vento, zonal e meridional, registraram que o escoamento passou a
ser, predominantemente, de SE. A componente meridional indicou que a zona de
convergência dos ventos norte/sul avançou para Sudeste. No dia 21, foram
registradas chuvas moderadas em Caeté e Brumadinho, postos pluviométricos
situados na porção leste da RMBH, e chuvas fracas nas outras localidades. No dia
seguinte, não houve registro de precipitação em nenhum dos locais de coleta.
127
FIGURA 45 – Imagem IR GÓES-12 em
20/11/2005 às 12h TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 2 set. 2006.
FIGURA 46 – Imagem IR GÓES -12 em
20/11/2005 às 18h TMG.
Fonte: Disponível em:
http://satelites.cptec.inpe.br.
Acesso em: 2 set. 2006.
GRÁFICO 59 – Linha poligonal da pressão atmosférica
média diária a superfície de novembro de
2000 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
128
GRÁFICO 60 – Histograma de umidade relativa do ar média
diária de novembro de 2005 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
GRÁFICO 61 – Linha poligonal da temperatura média
compensada, temperatura máxima e mínima de
novembro de 2005 em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
129
GRÁFICO 62 – Histograma de nebulosidade de novembro de 2005
em Belo Horizonte.
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
TABELA 7
Direção e sentido do vento em superfície em Belo Horizonte – Novembro de 2005
Fonte de dados: 5º Disme/INMET.
130
5.3.5.1 Os impactos sócio-ambientais do episódio de chuvas de 19 a 21 de
novembro de 2005
No mês de novembro, o volume de reportagens sobre os impactos das
chuvas foi menor que em dezembro e janeiro, quando houve maior número de
episódios de chuvas e ainda maior acúmulo de água no solo. Na FIG. 47 lê-se que o
segundo evento de ZCAS continente sul-americano deixou seus estragos em Belo
Horizonte, tais como quedas de energia e de árvores e engarrafamentos no trânsito.
FIGURA 47 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 19 nov. 2005.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 20 mar. 2007.
131
Nas últimas estações chuvosas, observou-se a diminuição de reportagens
sobre os impactos sócio-ambientais na RMBH, fato que pode estar associado ao
crescimento de medidas mitigadoras adotadas pela Defesa Civil em Belo Horizonte.
Segundo a Prefeitura do Município, desde 1994 foi criado o Programa Estrutural em
Área de Risco (PEAR), que trabalha com o monitoramento e a convivência com o
risco de deslizamento, enchentes, etc. Zanatta (2007) ressaltou que como é inviável
à PBH reconstruir todas as casas em locais impróprios para ocupação, são
realizadas, periodicamente, obras de infra-estrutura, melhoria de acessos e apoio a
obras individuais, assim como a realização de intervenções emergenciais, colocação
de lonas plásticas em encostas e a remoção temporária ou definitiva das famílias.
Segundo a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL), nos últimos anos,
houve a diminuição de 5 mil moradias em situação de risco, embora 22% da
população de Belo Horizonte ainda inspire cuidados. Na FIG. 48 exemplificaram-se
os principais problemas enfrentados pela população nesse período de 18 a 21 de
novembro de 2005, como queda de árvore com vítima na Avenida Antônio Carlos,
falta de energia elétrica em vários municípios da RMBH e deslizamento de encosta
no Bairro São Pedro, que destruiu três cômodos de uma residência no dia 20, depois
de quatro dias de chuva, como mostrou o GRAF. 52.
132
FIGURA 48 – Reportagem do Jornal ESTADO DE MINAS, 21 nov. 2005.
Fonte: Disponível em: www.buscaem.estaminas.com.br
. Acesso em: 20 mar. 2007.
133
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, buscou-se identificar o padrão atmosférico local em
baixos níveis durante episódios de chuvas persistentes e a possível influência do
fenômeno ZCAS. O padrão atmosférico em baixos níveis associado à precipitação é
típico de verão associação do SF a CT –, o que desencadeia queda da pressão na
vanguarda do SF, altas taxas de umidade relativa, aumento da nebulosidade e
queda de temperatura, particularmente a máxima. Dentre as variáveis de superfície,
a direção do vento apresentou maior relação com a ocorrência do fenômeno ZCAS,
atualmente conhecido como o principal fenômeno atmosférico de escala sinótica
desencadeador de chuvas persistentes e intensas nas Regiões Centro-Oeste e
Sudeste.
A climatologia dos casos de chuvas persistentes mostrou que as
precipitações ocorrem na RMBH preferencialmente em novembro, dezembro e
janeiro, e, com menor freqüência, nos meses de fevereiro e março. Esses episódios
ocorrem preferencialmente em três, quatro e cinco dias de chuvas seguidos. Os
casos com maior número de dias seguidos são menos recorrentes, porém acumulam
maior quantidade de precipitação, o que ocasiona sérios problemas sócio-
ambientais, principalmente nas áreas construídas ilegalmente.
A análise estatística permitiu verificar que o critério (chuvas diárias acima
de 1 mm, em 80% dos postos pluviométricos e por, pelo menos, três dias
consecutivos) utilizado para identificar os casos de chuvas persistentes foi
satisfatório, uma vez que a climatologia dos casos estudados foi coincidente com a
climatologia vista em Nimer (1979), para os totais mensais de chuvas da Região
Sudeste. A distribuição dos casos em categorias do número de dias de chuvas,
associada à identificação de episódios de ZCAS, sugeriu que, quanto maior esse
número de dias, maior a relação com o fenômeno. A identificação dos episódios de
ZCAS também mostrou que ela ocorreu nos meses de maior persistência da
precipitação na RMBH.
A análise rítmica permitiu identificar o padrão atmosférico que ocorreu
durante os episódios no verão na RMBH. Independentemente dos sistemas
134
atmosféricos de larga-escala ou escala sinótica, as variáveis meteorológicas,
observadas em superfície, ou elementos fundamentais do clima (MONTEIRO, 1969),
mostraram um comportamento típico. A pressão atmosférica apresentou tendências
negativas antes e durante o episódio, e, antes do cessar das chuvas, reverteu sua
tendência. O percentual de UR aumentou significativamente nos períodos chuvosos
e, durante dias sem chuva, apresentou valores próximos daqueles climatológicos de
inverno (secos), o que foi verificado na estatística descritiva, onde a maioria dos
casos apresentou UR média superior a 70%. A temperatura máxima sofre influência
do aumento de nebulosidade, apresentando tendências negativas. A temperatura
mínima não apresenta grandes variações com a nebulosidade.
A velocidade do vento não foi comentada nos casos estudados por meio
da análise rítmica, por apresentar pequenas variações na climatologia, como se
mostrou na TAB. 1. A direção do vento, analisada por meio dos campos das
componentes zonal e meridional, na análise rítmica, mostrou que, em eventos de
ZCAS ou padrões atmosféricos típicos, o escoamento em baixos níveis predominou
de NW na RMBH. Em episódios sem ocorrência de ZCAS, verificados no
CLIMANÁLISE, o escoamento predominante foi de NE. Os ventos, observados em
superfície, apresentaram mudança de direção, em um dos horários sinóticos de
observação, na vanguarda do sistema e permaneceram durante todo o evento de
ZCAS. Em episódios de chuvas com predomínio de SF, o vento mudou de direção
na vanguarda e rapidamente voltou a ser do quadrante NE/E/SE durante todo o
período de atuação do sistema. Na análise estatística, o vento predominante foi de
NE/E/SE em mais de 50% dos casos. Portanto, ressalta-se a importância da técnica
análise rítmica na compreensão da dinâmica associada ao padrão atmosférico de
chuvas persistentes, onde se observou que a direção dos ventos é a variável
indicadora de fenômenos atmosféricos de escala sinótica que atuam na RMBH. Em
eventos de ZCAS, ou padrões atmosféricos típicos desse fenômeno, os ventos
foram oriundos do quadrante N/NW/W, quando a ZCAS se posicionou ao sul da
RMBH.
Os cinco episódios de chuvas persistentes, estudados por meio da
análise rítmica, possuem, em comum, a interação da convecção tropical e sistemas
frontais, verificados nos campos de ROL e nas imagens de satélite em pelo menos
135
dois dias durante os casos. Neste trabalho, observou-se que os principais padrões
atmosféricos em baixos níveis associados à precipitação persistente na RMBH, são:
banda de nebulosidade associada à interação do SF a CT, escoamento em baixos
níveis de NW-SE pelo menos durante dois dias, ocorrência de chuvas fortes a
extremamente fortes em grande parte da área de estudo, ou seja, padrão
atmosférico pico de ZCAS. Segundo Quadro (1994), um dos critérios de
classificação desse fenômeno é a persistência da banda de nebulosidade por pelo
menos quatro dias, o que justifica a ausência de registro de ZCAS no boletim
CLIMANÁLISE.
Outro padrão atmosférico identificado também se caracterizou pela
interação da CT ao SF, porém o escoamento em baixos níveis predominou de NE
durante todo o episódio, o que não caracterizou o fenômeno ZCAS. Houve caso em
que não se identificou a interação da CT ao SF, verificados nos campos de ROL e
imagens de satélite, e o escoamento predominou de NW-SE. Sendo coincidente
com evento de ZCAS, registrado no CLIMANÁLISE, que se baseou no escoamento
em altos níveis.
Observou-se, em todos os episódios, por meio da análise subjetiva de
imagens de satélite IR, a possível presença da Alta da Bolívia, do VCAN sobre o
Nordeste Brasileiro e o cavado, em 500hPa, a leste dos Andes sobre a Região Sul
do Brasil, quando a banda de nebulosidade se encontrava na Região Sudeste,
preferencialmente sobre a área de estudo, em concordância com Quadro (1994).
Observou-se, também, que a banda de nebulosidade em eventos de ZCAS pode
sofrer pequenas flutuações espaciais que ocasionou flutuações temporais da
precipitação, com reduções dos totais diários durante episódios de chuvas
persistentes.
Os impactos sócio-ambientais causados por essas chuvas independem
do fenômeno atmosférico associado, porém os maiores impactos observados
ocorreram com maior número de dias seguidos, ou seja, associado à saturação do
solo e à intensidade da precipitação diária. Essas chuvas, normalmente, ocorreram
sob efeito da ZCAS ou padrão atmosférico típico desse fenômeno. Os principais
danos normalmente aconteceram em áreas de risco. Em Belo Horizonte, é notória a
diminuição de reportagens sobre os estragos das chuvas”, pois os trabalhos de
136
mitigação dos impactos executados pela PBH parecem apresentar resultados.
Porém, é bastante conhecido na comunidade científica que os municípios do
entorno de Belo Horizonte vêm apresentando crescimento demográfico maior que a
capital. No último verão, as vítimas fatais das chuvas ocorreram em Vespasiano e
Sabará. Por outro lado, nos últimos episódios de chuvas, observaram-se antigos
problemas verificados por Ferreira (1996) nos verões de 1978/79 e 1984/85, como
alagamentos de ruas e avenidas em Belo Horizonte. Atualmente, os enormes
congestionamentos ocasionados pela precipitação são fatos recorrentes na capital
mineira nos últimos anos.
Sugere-se, pela análise feita, que futuros estudos sobre chuvas
persistentes na RMBH atenham-se à categoria acima de quatro dias de chuvas e
nos meses de maior ocorrência de precipitação, novembro, dezembro e janeiro. As
precipitações associadas à ZCAS parecem ocasionar maiores danos à sociedade,
que normalmente acarretam maior acúmulo de precipitação diária em toda a RMBH,
gerando diversos impactos sócio-ambientais. O entendimento da dinâmica
atmosférica, particularmente a ZCAS, assim como sua climatologia, é de grande
relevância para auxiliar a Coordenadoria de Defesa Civil em suas atividades.
A sondagem dos impactos causados por essas chuvas também sugeriu
que futuros trabalhos atenham sua análise à intensidade da precipitação e à sua
relação com os fenômenos atmosféricos de escala sinótica, como também ao
registro de ocorrências de desabamentos, enchentes, deslizamentos de encostas,
etc. O fenômeno ZCAS desencadeia maiores danos à sociedade, não pela
ocorrência de chuvas em vários dias seguidos, mas também pelo grande acúmulo
diário.
Outra análise importante, para que os responsáveis pelo planejamento
urbano possam viabilizar os recursos necessários à mitigação dos impactos nas
áreas mais necessitadas da RMBH, onde normalmente ocorrem os maiores
prejuízos, não econômicos, mas também sociais, é a produção de um mapa
temático que permita visualizar as áreas onde normalmente ocorre maior quantidade
de precipitação acumulada, associada à inserção de áreas de risco no espaço
metropolitano.
137
E, ainda, a abrangência desse estudo para outras cidades de Minas
Gerais, principalmente nas regiões leste e Zona da Mata Mineira, como Governador
Valadares, Caratinga e Juiz de Fora, que normalmente apresentam grandes
impactos sócio-ambientais. Os campos de anomalia de ROL sugeriram que a regiao
oriental do Estado de Minas parece ser a mais afetada pela ZCAS, devido à
intensidade da nebulosidade associada.
138
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144
ANEXOS
ANEXO A
TABELA 8
Os episódios de chuvas persistentes na RMBH 1970-2005
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
1 1970 1 14-16 3 40 97 NE 01 77 24 27 19
2 1970 1 19-23 5 97 91 NE 01 83 22 26 18
3 1970 2 20-21 3 81 94 NE 01 87 22 25 19
4 1970 10 3-5 3 74 92 S 01 81 21 23 16
5 1970 10 22-24 3 65 92 SW 01 81 23 25 18
6 1970 12 16-18 3 68 90 NW 01 79 25 28 19
7 1971 11 22-25 4 126 85 E 01 92 18 21 15
8 1972 1 24-26 3 54 94 N 01 87 22 26 19
9 1972 3 2-4 3 54 92 SE 01 88 22 27 19
10 1972 11 14-16 3 66 95 E 01 88 22 28 19
11 1972 11 19-22 4 78 94 SE 01 91 21 24 20
12 1972 12 22-28 7 160 98 NE 01 84 22 26 19
13 1973 1 16-18 3 33 90 NW 01 88 22 27 20
14 1973 3 9-12 4 155 95 E 01 92 21 26 19
15 1973 12 4-7 4 50 91 NE 01 84 23 28 19
16 1973 12 24-27 4 82 96 E 02 89 22 27 19
17 1973 12 29-31 3 41 90 E 02 88 23 27 19
18 1974 3 10-14 5 40 93 E 01 87 22 26 19
19 1974 4 12-14 3 29 94 E 01 91 21 26 18
20 1974 12 5-8 4 99 96 E 01 88 18 21 16
21 1974 12 22-30 9 196 100 N 01 92 20 24 18
22 1975 1 1-5 5 79 96 E 01 85 20 25 17
23 1975 1 9-11 3 37 93 N 01 79 23 28 18
24 1975 2 2-4 3 51 100 NE 01 92 22 26 19
25 1975 5 6-8 3 40 95 SE 01 83 19 26 16
145
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
26 1975 11 10-12 3 68 100 NW 02 86 21 26 18
27 1975 11 24-29 6 132 99 E 01 92 20 25 17
28 1976 2 1-4 4 51 90 SE 01 87 21 26 17
29 1976 2 24-26 3 50 89 E 01 86 21 25 18
30 1976 3 27-29 3 55 93 E 01 76 22 27 17
31 1976 7 1-4 4 43 88 E 02 84 15 20 12
32 1976 9 13-17 5 72 99
33 1976 9 27-29 3 37 89
34 1976 11 18-23 6 165 97 SE 01 92 21 25 19
35 1976 12 2-4 3 41 100 SE 00 85 22 26 18
36 1976 12 9-14 6 81 96 E 01 88 20 25 17
37 1976 12 18-30 13 153 96 NW 01 85 22 27 18
38 1977 1 16-21 6 131 95 NE 01 87 21 27 17
39 1977 1 23-2 11 269 97 N 01 89 22 27 19
40 1977 3 18-20 3 70 96 SE 01 80 22 28 18
41 1977 11 16-27 12 176 95 E 01 82 22 27 19
42 1977 12 22-26 5 64 96 SE 02 85 21 25 17
43 1978 1 3-5 3 43 100 E 04 87 20 25 17
44 1978 1 7-17 11 256 94 N 02 87 22 26 19
45 1978 2 6-8 3 44 90 E 03 83 22 28 17
46 1978 2 13-15 3 159 100 E 02 92 21 24 18
47 1978 2 22-24 3 49 98 NE 02 88 21 26 18
48 1978 3 4-7 4 62 100 E 02 88 21 25 18
49 1978 4 21-23 3 56 92 E 04 84 20 26 15
50 1978 5 28-31 4 45 95 N 01 91 17 21 15
51 1978 10 15-20 6 99 96 NE 01 85 22 26 19
52 1978 11 11-13 3 51 98 N 02 89 21 25 18
53 1978 11 23-25 3 107 100 NE 02 85 21 27 18
54 1978 11 27-29 3 67 98 E 02 83 21 25 18
55 1978 12 10-13 4 54 92 SE 02 84 20 23 17
146
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
56 1978 12 16-18 3 40 96 W 01 88 21 27 17
57 1979 1 4-8 5 56 96 SE 01 83 20 25 17
58 1979 1 12-14 3 26 94 SE 02 82 21 26 17
59 1979 1 18-24 7 112 99 E 02 88 21 26 18
60 1979 1 26-9 15 523 99 E 01 89 21 26 18
61 1979 2 14-16 3 72 100 N 01 92 21 25 18
62 1979 2 19-22 4 85 98 NE 01 87 22 27 20
63 1979 3 14-16 3 85 100 E 02 89 22 27 18
64 1979 4 4-6 3 23 92 N 02 86 23 28 19
65 1979 10 14-16 3 30 96 NE 02 80 21 25 17
66 1979 11 24-27 4 140 97 S 01 88 21 27 16
67 1979 12 3-5 3 37 88 N 02 85 24 29 19
68 1979 12 18-28 11 254 99 E 01 94 22 26 19
69 1980 1 11-14 4 134 100 E 01 95 20 24 18
70 1980 1 16-18 3 97 100 NE 01 97 21 25 19
71 1980 1 24-27 4 45 94 N 02 94 23 29 19
72 1980 2 17-20 4 27 90 N 03 93 21 25 18
73 1980 4 3-8 6 116 98 N 01 95 22 26 19
74 1980 11 11-14 4 94 97 S 01 88 20 25 17
75 1980 11 24-26 3 44 91 E 01 89 22 27 19
76 1980 12 1-14 13 342 95 N 01 91 22 27 19
77 1980 12 29-3 6 95 91 N 01 89 21 25 18
78 1981 1 10-16 7 214 100 N 01 93 21 25 19
79 1981 1 22-27 5 49 94 E 01 88 22 26 19
80 1981 2 7-11 3 43 88 NE 02 83 22 28 18
81 1981 3 7-10 4 46 95 N 01 89 23 29 20
82 1981 3 27-31 5 44 94 E 01 94 21 25 18
83 1981 11 10-15 6 202 99 W 01 97 20 24 18
84 1981 11 30-3 3 43 85 E 01 93 23 28 19
85 1981 12 8-14 7 102 89 E 02 92 21 26 18
147
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
86 1981 12 28-6 8 216 95 N 01 92 20 24 17
87 1982 1 21-27 7 182 98 E 02 92 21 26 18
88 1982 2 28-3 4 61 93 E 02 85 23 28 19
89 1982 3 8-15 8 120 98 N 01 89 22 26 19
90 1982 3 23-25 3 69 96 N 01 96 21 25 19
91 1982 4 14-16 3 31 93 NE 01 94 20 26 16
92 1982 11 17-19 3 36 87 W 01 80 23 30 19
93 1982 12 3-9 5 50 84 W 01 91 21 26 18
94 1982 12 16-31 15 227 97 S 1 89 22 27 19
95 1983 1 1-15 13 248 97 S 01 89 22 27 19
96 1983 1 24-27 4 65 100 W 02 89 22 26 19
97 1983 2 2-4 3 27 96 W 01 90 21 25 18
98 1983 2 10-14 5 156 95 S 02 91 22 27 19
99 1983 3 4-8 5 85 92 W 01 92 22 25 19
100 1983 7 19-21 3 34 93 W 01 91 17 23 14
101 1983 9 11-14 4 23 87 E 02 78 20 25 17
102 1983 10 13-15 3 61 91 SW 01 77 23
103 1983 10 18-25 8 98 92 NE 1 68 21
104 1983 11 2-4 3 58 93 SW 02 75 25 27 23
105 1983 11 12-25 13 200 93 SW 01 83 25 31 22
106 1983 12 2-4 3 62 96 SE 02 89 20 24 18
107 1983 12 7-16 9 211 99 W 01 88 21 26 18
108 1983 12 22-27 6 72 93 SE 01 83 22 27 19
109 1984 1 23-26 3 29 96 NE 01 80 23 29 20
110 1984 3 8-11 4 27 94 NE 02 74 25 32 21
111 1984 11 21-5 10 234 98 E 01 85 21 26 17
112 1984 12 8-17 8 221 99 N 01 88 22 27 19
113 1984 12 30-3 5 68 91 N 01 82 23 29 19
114 1985 1 7-10 4 123 98 N 01 90 21 25 18
115 1985 1 16-1 17 432 97 N 01 90 22 26 19
148
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
116 1985 2 23-4 8 208 95 E 01 87 22 27 19
117 1985 3 11-19 8 157 92 E 01 86 22 28 19
118 1985 10 30-5 6 102 98 E 01 81 22 26 18
119 1985 11 26-30 5 47 94 SE 01 80 21 24 18
120 1985 12 1-5 4 38 94 E 01 68 20 25 16
121 1985 12 22-3 12 246 99 N 01 87 21 25 18
122 1986 1 6-12 7 140 96 E 01 91 22 26 19
123 1986 1 13-15 3 58 96 E 01 83 22 26 19
124 1986 1 29-7 5 89 95 N 01 78 22 28 18
125 1986 2 15-19 5 65 98 N 01 91 22 27 19
126 1986 3 2-4 3 66 90 E 01 75 23 29 19
127 1986 11 12-14 3 62 98 S 02 88 15 19 12
128 1986 12 10-16 6 118 97 E 01 87 22 27 19
129 1986 12 22-31 10 239 97 N 01 90 20 23 18
130 1987 1 25-28 4 45 95 W 01 75 22 27 18
131 1987 3 8-11 4 172 94 N 01 91 21 25 19
132 1987 4 4-7 4 55 95 E 01 90 20 23 18
133 1987 10 29-31 3 15 81 NE 01 69 23 29 19
134 1987 11 26-29 4 61 97 NW 01 82 23 27 20
135 1987 12 4-15 12 330 98 N 01 87 21 25 19
136 1987 12 18-21 4 122 94 W 01 87 22 26 20
137 1988 1 12-13 9 126 99 W 01 82 22 26 18
138 1988 1 31-12 13 276 95 NE 01 79 22 28 19
139 1988 3 3-6 4 88 95 S 01 85 23 28 20
140 1988 3 17-19 3 51 92 W 01 80 23 28 19
141 1988 11 21-24 4 45 94 N 02 84 21 25 19
142 1988 12 2-4 3 30 92 E 01 86 20 25 18
143 1988 12 10-25 14 195 92 N 02 87 22 27 19
144 1989 1 2-5 4 72 95 E 01 83 22 27 19
145 1989 1 7-9 3 30 93 NW 01 88 22 28 19
149
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
146 1989 1 15-18 3 27 87 S 01 77 24 31 20
147 1989 2 3-15 12 180 91 N 01 85 22 28 19
148 1989 3 5-7 3 70 94 N 01 86 23 28 20
149 1989 3 13-16 4 80 97 N 01 88 22 28 19
150 1989 11 10-14 5 109 98 E 01 93 20 23 18
151 1989 11 18-21 4 30 94 E 03 88 21 24 19
152 1989 12 11-19 8 255 93 E 02 91 20 22 19
153 1989 12 30-5 7 115 90 N 01 87 22 26 20
154 1990 2 13-16 4 77 88 W 02 86 23 28 20
155 1990 2 22-26 5 60 88 W 01 87 22 26 19
156 1990 12 12-14 3 73 93 SE 02 79 24 28 20
157 1991 1 4-6 3 62 93 NW 02 84 21 25 18
158 1991 1 10-19 10 339 98 W 01 89 21 24 19
159 1991 1 26-29 4 134 98 E 01 87 21 26 19
160 1991 2 15-17 3 44 90 E 02 81 23 28 20
161 1991 3 22-25 4 102 95 E 01 88 21 25 19
162 1991 11 1-3 3 47 93 N 01 84 21 25 19
163 1992 1 13-25 13 363 96 N 01 94 21 24 19
164 1992 1 29-31 3 22 80 E 02 81 22 26 20
165 1992 2 3-6 4 113 90 NE 03 87 20 22 17
166 1992 9 5-7 3 21 84 E 02 84 19 22 17
167 1992 10 28-31 4 35 87 NE 01 88 22 26 20
168 1992 11 1-6 6 131 99 E 02 89 20 23 18
169 1992 11 9-11 3 48 89 E 01 79 21 27 18
170 1992 12 11-13 3 131 87 E 02 84 21 24 19
171 1992 12 18-21 4 77 85 W 01 83 22 26 18
172 1992 12 27-29 3 55 89 NE 01 89 21 24 18
173 1993 1 4-7 4 74 88 W 01 86 22 27 19
174 1993 1 20-23 4 45 88 N 01 87 22 27 19
175 1993 2 14-16 3 35 87 E 02 86 21 25 19
150
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
176 1993 12 10-12 3 66 94 W 01 82 22 27 19
177 1993 12 18-24 7 113 93 NE 02 86 20 23 18
178 1993 12 28-15 15 301 93 NW 01 84 21 26 18
179 1994 3 2-4 3 40 85 SE 01 87 21 25 18
180 1994 3 20-23 4 48 84 W 01 84 22 27 19
181 1994 12 7-9 3 39 94 E 02 80 22 26 19
182 1994 12 22-26 5 194 94 NW 01 88 22 26 19
183 1995 1 27-3 6 91 90 E 01 82 22 27 20
184 1995 2 8-20 10 157 88 W 01 79 23 27 19
185 1995 3 14-16 3 108 100 E 01 81 20 25 16
186 1995 11 1-4 4 66 95 E 01 87 18 20 16
187 1995 12 13-15 3 212 94 E 02 86 21 25 19
188 1995 12 24-4 12 311 97 NW 02 86 21 26 19
189 1996 1 9-13 5 116 98 E 01 80 21 25 18
190 1996 2 25-27 3 32 91 E 01 74 24 29 20
191 1996 3 3-6 4 45 88 E 01 73 24 28 20
192 1996 11 1-5 5 199 96 W 02 92 20 25 18
193 1996 11 15-23 9 235 94 E 01 93 24 18
194 1996 12 12-15 4 69 100 W 02 88 23 28 20
195 1996 12 20-31 12 225 94 N 01 84 22 26 19
196 1997 1 2-7 6 326 99 NW 01 91 21 24 19
197 1997 3 1-5 5 112 96 N 01 85 22 25 19
198 1997 11 23-30 8 139 97 NW 01 78 23 28 20
199 1997 12 1-3 3 38 98 W 02 80 23 27 19
200 1997 12 8-18 10 178 94 E 02 80 22 27 20
201 1998 1 7-12 6 113 98 E 01 82 22 27 20
202 1998 1 17-20 4 76 89 E 01 80 21 26 18
203 1998 2 16-19 4 99 100 N 01 87 22 25 20
204 1998 10 27-31 5 57 95 E 01 37 21 27 19
205 1998 11 3-5 3 59 95 E 01 83 21 25 18
151
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
206 1998 11 9-12 4 66 95 E 02 75 21 25 17
207 1998 11 20-23 3 41 89 E 02 74 22 28 18
208 1998 12 6-8 3 36 93 W 02 78 23 28 19
209 1998 12 16-18 3 63 98 E 01 87 21 27 19
210 1998 12 28-7 11 157 98 W 01 82 23 27 20
211 1999 1 28-31 4 60 93 W 01 74 23 29 19
212 1999 2 24-4 9 135 98 E 01 84 22 26 20
213 1999 3 10-13 4 60 90 W 02 80 22 27 19
214 1999 10 19-21 3 24 91 E 02 74 21 26 18
215 1999 10 23-27 3 41 96 E 02 77 18 22 15
216 1999 11 6-15 8 152 98 E 02 81 20 24 17
217 1999 11 20-25 4 91 100 E 02 73 21 25 17
218 1999 12 5-7 3 68 93 NW 01 77 21 25 18
219 1999 12 8-16 7 87 99 W 02 78 22 27 19
220 2000 1 1-5 5 105 96 NW 02 85 22 25 19
221 2000 1 20-22 3 38 89 E 02 76 23 29 20
222 2000 1 25-3 10 253 96 N 01 84 22 26 19
223 2000 2 6-10 5 109 96 E 01 81 22 26 19
224 2000 3 10-13 4 116 100 E 01 85 21 25 19
225 2000 3 16-19 4 32 92 E 01 84 22 26 20
226 2000 11 4-8 5 92 97 NE 02 80 20 23 17
227 2000 11 12-18 7 131 97 NE 01 85 20 24 19
228 2000 11 27-7 9 101 96 NE 01 78 22 27 19
229 2000 12 18-22 3 130 96 W 01 71 23 28 19
230 2000 12 28-31 4 60 92 E 01 81 23 27 19
231 2001 1 1-4 4 103 98 W 00 86 22 25 19
232 2001 1 21-24 4 58 94 NE 01 78 23 28 19
233 2001 3 10-13 4 57 95 E 01 79 22 26 20
234 2001 10 8-10 3 25 93 E 02 82 19 22 17
235 2001 10 20-22 3 57 95 SW 01 75 22 27 18
152
(Continua)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
236 2001 11 1-5 5 66 96 W 02 76 21 27 18
237 2001 11 12-21 9 116 97 NE 01 80 22 26 20
238 2001 12 17-20 4 121 98 W 01 86 23 27 20
239 2001 12 24-3 11 195 97 E 01 85 21 25 19
240 2002 1 14-20 6 135 97 E 01 79 22 26 19
241 2002 1 25-3 7 120 92 W 01 72 24 29 20
242 2002 2 8-11 4 111 95 E 01 86 22 25 19
243 2002 2 16-25 10 147 96 E 01 82 22 27 20
244 2002 3 15-17 3 27 86 W 01 72 24 30 20
245 2002 9 22-26 5 71 96 E 01 79 18 22 16
246 2002 11 1-8 7 97 93 E 01 77 21 27 18
247 2002 12 7-18 12 279 98 E 01 84 22 26 19
248 2002 12 24-26 3 36 91 SE 01 80 24 30 21
249 2002 12 30-9 10 254 97 W 01 88 22 26 19
250 2003 1 14-22 9 316 100 W 01 85 22 27 19
251 2003 3 12-20 9 109 94 E 01 79 23 28 20
252 2003 4 5-7 3 19 84 E 01 75 23 28 20
253 2003 11 1-3 3 52 87 N 02 69 21 27 18
254 2003 12 1-8 8 152 95 E 01 76 23 28 19
255 2004 1 2-16 13 345 98 E 01 89 22 27 19
256 2004 2 8-12 5 109 99 E 02 89 19 22 17
257 2004 2 15-19 5 60 93 E 01 88 22 27 20
258 2004 2 21-24 3 66 95 E 02 80 23 27 19
259 2004 3 4-7 4 43 96 NE 01 78 22 26 19
260 2004 4 11-13 3 25 90 SE 01 82 21 24 19
261 2004 12 9-13 5 85 94 NW 02 79 22 27 19
262 2004 12 19-25 7 208 100 NE 01 86 21 25 19
263 2005 1 17-20 4 61 96 E 01 85 23 27 20
264 2005 1 27-31 5 48 96 E 02 78 22 26 20
265 2005 2 18-20 3 61 88 SE 02 74 23 30 19
153
(Conclusão)
CASO ANO MES DIAS nDIAS CHUVA ACUM %ESTACOES DIR. VENTO VEL VENTO URM TMC TX TN
266 2005 3 1-6 6 175 96 E 01 86 21 25 19
267 2005 3 16-19 3 35 90 NE 01 79 24 29 20
268 2005 5 23-26 4 39 93 E 01 83 20 24 17
269 2005 11 1-5 5 69 96 E 02 76 21 27 18
270 2005 11 8-11 4 43 95 SE 02 76 19 23 17
271 2005 11 18-21 4 95 96 NE 02 78 22 26 19
272 2005 11 24-27 3 49 95 SE 02 79 21 24 19
273 2005 12 7-10 4 57 95 E 02 78 21 25 18
274 2005 12 11-15 5 140 96 E 01 84 20 24 18
nDias = n° de dias consecutivos de chuvas
CHUVA ACUM = precipitação média espacial acumulada no período
%ESTACOES = percentual das estações com ocorrência de precipitação
DIR. VENTO = direção predominante do vento durante o período
VEL VENTO = velocidade média do vento do período
URM = umidade relativa do ar média do período
TMC = temperatura do ar média compensada do período
TX = temperatura máxima média do período
TN = temperatura mínima média do período
Fonte de dados: 5° Disme/INMET e ANA
154
ANEXO B
CARTAS SINÓTICAS
26 de janeiro de 2000 – 12h TMG
155
4 de novembro de 2000 – 12h TMG
156
9 de janeiro de 2004 – 12h TMG
157
10 de dezembro de 2004 – 12h TMG
158
19 de novembro de 2005 – 12h TMG
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