Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA E MEIO AMBIENTE
SONDAGENS ELÉTRICAS VERTICAIS APLICADAS À
INTERPRETAÇÃO DE HORIZONTES PEDOLÓGICOS
DE UMA VERTENTE EM CAMPO VERDE, MT.
CARLOS ANTONIO MORAES MACHADO
Prof. Dr. SHOZO SHIRAIWA
Orientador
Cuiabá, MT, setembro de 2007.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA E MEIO AMBIENTE
SONDAGENS ELÉTRICAS VERTICAIS APLICADAS À
INTERPRETAÇÃO DE HORIZONTES PEDOLÓGICOS
DE UMA VERTENTE EM CAMPO VERDE, MT
.
CARLOS ANTONIO MORAES MACHADO
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós Graduação em Física e Meio
Ambiente da Universidade Federal de
Mato Grosso, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Física e Meio Ambiente.
Prof. Dr. SHOZO SHIRAIWA
Orientador
Cuiabá, MT, setembro de 2007.
ads:
Seção 1.01
FICHA CATALOGRÁFICA
M149s Machado, Carlos Antonio Moraes
Sondagens elétricas verticais aplicadas à interpreta-
ção de horizontes pedológicos de uma vertente em
Campo Verde, MT / Carlos Antonio Moraes Machado.
– 2007.
v, 124p. : il. ; color.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Mato Grosso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra,
Programa de Pós-Graduação em Física e Meio
Ambiente, 2007.
“Orientação: Prof. Dr. Shozo Shiraiwa”.
CDU – 504.53.054:550.8.082.7
Índice para Catálogo Sistemático
1. Solo – Poluição – Materiais nocivos
2. Meio ambiente – Poluição – Campo Verde (MT)
3. Solo – Poluição – Sondagens elétricas verticais
4. Formação Cachoeirinha – Campo Verde (MT)
5. Meio ambiente – Métodos geofísicos
6. Latossolo
7. Arranjo Schulumberger
8. Campo Verde (MT) – Solo - Eletroresistividade
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA E MEIO AMBIENTE
FOLHA DE APROVAÇÃO
Título: SONDAGENS ELÉTRICAS VERTICAIS APLICADAS À
INTERPRETAÇÃO DE HORIZONTES PEDOLÓGICOS DE UMA
VERTENTE EM CAMPO VERDE, MT
Autor: CARLOS ANTONIO MORAES MACHADO
Dissertação defendida e aprovada em de setembro de 2007, pela Comissão
julgadora:
Orientador: Shozo Shiraiwa
(Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT)
Examinador interno: Fernando Ximenes de Tavares Salomão
(Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT)
Examinador externo: Rutenio Luiz Castro de Araujo
(Universidade Federal do Amazonas – UFAM)
DEDICATÓRIA
Ao grande incentivo recebido pelo meu
pai, para não desistir mesmo diante de
todas as adversidades.
AGRADECIMENTOS
A paciência, orientação e compreensão do professor Dr. Shozo Shiraiwa ao
longo do desenvolvimento do trabalho.
Ao professor Dr. José de Souza Nogueira pelo companheirismo e incentivo
na busca de novos conhecimentos, sempre valorizando as atividades
empreendidas pelos mestrandos.
Ao professor Dr. Alteredo Cutrim, pelas palavras de incentivo, mostrando
que não devemos nunca desistir, e que a perseverança é sempre premiada
com o sucesso.
Ao professor Dr. Fernando Ximenes pelas orientações no desenvolvimento
de parte do trabalho.
Aos colegas de curso, pelos laços de amizade e companheirismo nesta
empreitada.
Ao colega Alexandrino (técnico UFMT) pelo apoio técnico quando do
levantamento dos dados de campo.
Aos alunos do 4º ano do curso de Geologia da UFMT, Daniel, Ana Eveline
e Marcelo, no apoio a coleta de dados.
A todos os colegas do INCRA, que me apoiaram e incentivaram durante
toda esta jornada de trabalho.
A FACUAL, pelos recursos financeiros aplicados para o desenvolvimento
da coleta de dados em campo, no projeto Estudo da ação mitigadora da
faixa de contenção e de sistemas de cultivos em lavouras de algodão sobre
as perdas de solo, de água, de nutrientes e a contaminação de recursos
hídricos por biocidas.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................I
LISTA DE TABELAS ...........................................................................................III
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS....................................................IV
RESUMO................................................................................................................ v
ABSTRACT............................................................................................................VI
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................1
1.1 Objetivos ...............................................................................................4
1.2 Localização da área de estudo..............................................................4
2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................8
2.1 Geologia Regional................................................................................8
2.2 Clima....................................................................................................11
2.3 Caracterização da Geomorfologia e Vegetação da Região que
Compreende a Área de Estudo............................................................12
2.4 Solos, definição e composição.............................................................18
2.4.1 Gênese do Solo .................................................................20
2.4.2 Processos Pedogenéticos ..................................................23
2.4.2.1 Substrato Pedogenético............................................23
2.4.3 Mineralogia do Solo .........................................................24
2.4.4 Perfil do Solo ....................................................................25
2.4.5 Horizontes do Solo ...........................................................25
2.4.6 Classificação dos Solos.....................................................27
2.5 Método da Elétroresistividade .............................................................29
2.5.1 Relação entre a Textura de Solos e Rochas e a Resistividade
Elétrica ...............................................................................30
2.5.2 Resistividade à Passagem da Corrente Elétrica .................34
2.5.3 A Resistividade Elétrica.....................................................37
2.5.4 Medida da Resistividade ....................................................38
2.5.5 Resistividade Aparente - Caso de Duas Camadas .............42
2.5.6 Profundidade de Investigação ............................................43
2.5.7 Limitações dos Métodos Resistivos...................................50
2.6 Métodos Geofísicos Aplicados à Caracterização do Solo....................50
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................52
3.1 Fundamentação Metodológica .............................................................53
3.1.1 Sondagem Elétrica Vertical ...............................................53
3.1.2 Curvas de Resistividade Aparente - Profundidade de
Investigação .......................................................................57
3.2 Procedimentos Metodológicos.............................................................58
3.2.1 Posicionamento das Sondagens Elétricas Verticais, das
Trincheiras, Sondagens a Trado.........................................58
3.2.2 Obtenção dos Dados Diretos e Indiretos............................59
3.2.2.1 Trincheiras e Sondagens a Trado..............................59
3.2.2.2 Sondagem Elétrica Vertical - SEV...........................61
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................64
4.1 Curvas de SondagemElétrica ................................................65
4.2 Análise Quantitativa das Sondagens Elétricas Verticail.......69
4.3 Perfil Geoelétrico ..................................................................88
5 CONCLUSÕES...................................................................................................102
6 REFERÊNCIAS .................................................................................................105
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização do município de Campo Verde em relação às bacias
hidrográficas do Rio Araguaia, Rio Paraguai e Rio Tapajós. .................................... 5
Figura 2 - Vista parcial da vertente do Córrego da Ilha, local de realização dos
trabalhos geofísicos...................................................................................................... 6
Figura 3 - Mapa geológico do município de Campo Verde.........................................9
Figura 4 - Mapa de compartimentos de relevo em relação ao município de
Campo
Verde.......................................................................................................................... 13
Figura 5 - Mapa Geomorfológico de Campo Verde. ................................................ 17
Figura 6 - Exemplo de rochas com diferentes texturas............................................. 31
Figura 7 - A figura mostra um cilindro condutor de resistência R, comprimento l,
área seção transversal s. ............................................................................................. 37
Figura 8 - Fluxo de corrente elétrica a partir de um eletrodo à superfície. J é o vetor
densidade de corrente ................................................................................................ 39
Figura 9 – Distribuição de corrente e linhas de potencial, em função dos eletrodos
de corrente A e B ....................................................................................................... 41
Figura 10 - Distribuição da resistividade para o caso de duas camadas. ................ 42
Figura 11 - Curva de resistividade aparente de duas camadas.................................. 43
Figura 12 - Densidade de corrente criada por um eletrodo pontual em um semi-
espaço homogêneo. .................................................................................................... 44
Figura 13 - Densidade de corrente em função da profundidade z............................. 45
Figura 14 - Deslocamento do ponto P para P’ de um valor y para o cálculo da fração
de corrente F............................................................................................................... 48
Figura 15 - Arranjo Schlumberger dos eletrodos. Distribuição linear simétrico...... 54
Figura 16 - Croqui de Localização das cinco SEV’s realizadas ao longo da vertente
do Córrego da Ilha...................................................................................................... 59
ii
Figura 17 - Resultado do nivelamento geométrico dos pontos de Localização das
SEV’s ao longo da vertente estudada......................................................................... 60
Figura 18 - A figura mostra os eletrodos de potencial MN e o centro O, no
desenvolvimento do arranjo Schlumberger................................................................ 61
Figura 19 - Localização da área de estudo em relação ao Córrego da Ilha e Rio das
Mortes.........................................................................................................................61
Figura 20 - Curvas de Resistividade aparente em função da semi-distância AB/2
com os dados das Sondagens Elétricas Verticais....................................................... 65
Figura 21 - Modelo de camadas ajustada para a SEV01 e correlação com os
horizontes do solo. .................................................................................................... 70
Figura 22 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV02 e correlação com os
horizontes do solo.. .................................................................................................... 75
Figura 23 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV03 e correlação com os
horizontes do solo.. .................................................................................................... 78
Figura 24 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV04 e correlação com os
horizontes do solo.. .................................................................................................... 82
Figura 25 - Comparação entre o modelo geoelétrico da SEV03 com o modelo de
camadas referente à SEV05 .. .................................................................................... 82
Figura 26 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV05 e correlação com os
horizontes do solo.. .................................................................................................... 87
Figura 27 - Modelo integrado de camadas e correlação com os horizontes de solo..99
Figura 28 - Modelo geoelétrico da vertente, resultado da interpretação das curvas de
resistividade aparente............................................................................................... 100
iii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Nova nomenclatura dos solos. ................................................................. 27
Tabela 2 - Resistividade de solos.............................................................................. 33
Tabela 3 - Resistividade de solos e rochas................................................................ 36
Tabela 4 - Relação entre separação de eletrodos e profundidade de investigação.... 57
Tabela 5 – Comparação entre a segunda camada modelada, de todas as SEV’s...... 89
Tabela 6 – Comparação entre os valores de resistividade e espessuras das segundas
camadas modeladas, em todas as SEV’s ................................................................... 93
Tabela 7 – Comparação entre a terceira camada modelada, de todas as SEV’s. ...... 96
Tabela 8 - Resistividade elétrica da primeira, segunda, terceira e quarta camadas
obtidas nos modelos gerados nas cinco sondagens elétricas verticais.as................... 97
iv
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ρ – resistividade elétrica
ρ
a
– resistividade elétrica aparente
σ – condutividade elétrica
μ – permeabilidade magnética
ε – constante dielétrica
R – resistência elétrica
J
r
- fluxo de corrente elétrica
E
r
- campo elétrico
I – intensidade de corrente elétrica
l – comprimento
η
- erro relativo
..m - Ohm x metro
SEV – Sondagem Elétrica Vertical
SEPLAN – Secretaria de Planejamento
v
RESUMO
MACHADO, C. A. M. Sondagens Elétricas Verticais Aplicadas à Interpretação de
Horizontes Pedológicos de uma Vertente em Campo Verde, MT. Cuiabá setembro,
2007. 124 p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências Exatas e da Terra,
Programa de Pós-Graduação em Física e Meio Ambiente, Universidade Federal de
Mato Grosso.
Foi utilizado o método da Eletroresistividade e aplicado a técnica da Sondagem
Elétrica Vertical – SEV para determinar a espessura das camadas e as respectivas
resistividades elétricas do solo e do substrato rochoso ao longo de uma vertente na
micro bacia do Córrego da Ilha, no município de Campo Verde, MT. As rochas
mapeadas são da Formação Cachoeirinha e cobertas por latossolos. Através de cinco
SEV’s, espaçadas a cada 100 m, e com AB/2 igual a 130m (exceção da primeira com
240m) foram obtidas as curvas de resistividade aparente, que foram modeladas pelo
método do ajuste semi-automático tendo sido aplicado o processo de regressão por
mínimos quadrados, assumindo um modelo de camadas horizontalizadas. Os
modelos gerados indicam camadas com espessuras e respectivas resistividades
elétricas que foram interpretados comparando-se com as observações de trincheiras e
sondagens a trado efetuadas ao longo da vertente. Foi possível construir uma coluna
geoelétrica para cada SEV mostrando as espessuras das camadas e as variações de
resistividade elétrica associados aos dados de pedologia e litologia obtidos. Em
função da abertura dos eletrodos AB/2 1,0 m, não foi possível identificar as
variações das resistividades elétricas relacionadas aos horizontes de espessuras
menores que 0,30 m. Observaram-se variações nos valores de resistividade elétrica
entre Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho. Por meio das variações de
resistividade elétrica obtidas para a terceira camada das SEV’s foi possível distinguir
o substrato rochoso, associado à Formação Cachoeirinha, iniciando a uma
profundidade média de 4,7 m e atingindo a profundidade média aproximada de 26,8
m. A associação dos dados geofísicos com os dados de pedologia e litologia
permitiram a construção de uma seção geoelétrica representativa do intervalo onde
foram localizadas as SEV’s ao longo da vertente estudada.
Palavras-chave
: eletroresistividade, geofísica aplicada, Latossolo, Arranjo
Schlumberger, Formação Cachoeirinha.
vi
ABSTRACT
MACHADO, C. A. M. Vertical Electric Sounding Applied to Interpretation of
Pedological Horizons on a Slope in Campo Verde – MT. Cuiabá, September, 2007.
124 p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Programa de
Pós-Graduação em Física e Meio Ambiente, Universidade Federal de Mato Grosso.
The method of electroresistivity was used and applied to the technique of Vertical
Electric Sounding - VES to determine the thickness of the layers and the respective
electroresistivities of the soil and of the rocky substratum along a slope at the micro-
basin of the Córrego da Ilha, in the municipal district of Campo Verde-MT. The
mapped rocks are from the Cachoeirinha Formation and they are covered by Latosol.
The method consists of injecting artificial electric current in the land and through this
obtains the electric resistance (ρ) of the materials in the subsurface. Through five
VES, spaced each 100m, and with AB/2 equal to 130m (except to the first one with
240m) the curves of apparent resistivity were modeled by the method of
semiautomatic adjustment through the regression method for minimum square
assuming a model of horizontal layers. The generated models show layers with the
thickness and respective electric resistivities that were interpreted, being compared
with the observations of trenches and auger surveys performed along the slope. It
was possible to build a geoelectric model for each VES showing the thickness of the
layers and the variations of electric resistivity associated to the pedology and
lithology data obtained. Despite to the opening of the electrodes AB/2 equal to 1.0m
was not possible to identify the variations of the electric resistivities related to the
horizons thicker than 0.30m. It was observed variations in the values of electric
resistivity between the Red-Yellow Latosol and the Red Latosol (Oxisol). Through
the variations of electric resistivity that were obtained from the third layer of VES, it
was possible to distinguish the rocky substratum, associated to the Formation
Cachoeirinha, beginning at an average depth of 4.7m and reaching the approximate
average depth of 26.8m. The association of the geophysical data with the pedological
and lithological data allowed the construction of a representative geoelectric section
from the interval where the VES were located along the studied slope.
Key-words: electroresistivity, applied geophysics, Latosol, Schulumberger,
Cachoeirinha Formation
1
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO
Com os grandes investimentos direcionados para a agricultura como
equipamentos e maquinários de alta tecnologia, e ainda com o desenvolvimento de
produtos químicos (biocidas), voltados exclusivamente para garantir boa
produtividade, inevitavelmente, por conta disso, grandes volumes de agrotóxicos
vêm sendo lançados a cada dia sobre áreas de cultivo e estes, acabam atingindo todo
o ambiente.
O Brasil é ainda um país predominantemente dependente de insumos
químicos e na busca de proteger grandes áreas agrícolas da infestação de pragas e
doenças lança mão destes agentes químicos que deixam resíduos que gradativamente
vão agredindo compartimentos importantes da biota, ou seja, a água, o ar e o solo.
Vários setores da sociedade têm se mobilizado entre eles ambientalistas, governo,
produtores rurais e a sociedade em geral, que preocupados com a evolução do
volume de defensivos aplicados na agricultura, em escala regional e local, buscam
avaliar seu efeito e principalmente controlar sua aplicação evitando agressões sobre o
meio ambiente.
Diante dos riscos que os pesticidas representam, estudos de caráter científico
têm sido realizados de modo a possibilitar a identificação de áreas caracterizadas
como de risco a contaminação e principalmente realizar monitoramentos contínuos
2
que permitam avaliar a ação do homem sobre o meio. Construir um conjunto de
informações sobre aspectos físicos e químicos é de fundamental importância, e no
que se refere às variações físicas, tem sido utilizada com muita freqüência a geofísica
aplicada, que por meio dos métodos geofísicos, classificados em eletromagnéticos ou
indutivos, elétricos, magnéticos, sísmicos, gravimétricos, radioativos e térmicos,
constituem ferramentas importantes que integrados às informações geológicas
garantem maior confiabilidade nos resultados a serem alcançados.
Para avaliação da hidrogeologia os métodos mais aplicados são
principalmente, o elétrico seguido do sísmico e eletromagnético (NUNES, 2006)
A aplicação de métodos dessa natureza mostra a grande preocupação do
homem em garantir uma melhor proteção aos recursos naturais. De acordo com
Sansonowski (2003), avaliar e diagnosticar os acidentes ambientais e seus impactos
por meio de estudos de natureza geofísica, avaliando o transporte de contaminantes
em solos e águas subterrâneas, permite subsidiar ações de órgãos responsáveis pelo
meio ambiente.
Além disso, podem-se obter por meio dos métodos geofísicos informações
importantes sobre estimativa e profundidade de aqüíferos e nível hidrostático,
extensão lateral e espessura de uma formação, avaliação da porosidade total e das
reservas de água de um aqüífero, mapeamento de subsuperfície em termos de
resistividade elétrica de solos e rochas, etc.
Os levantamentos geofísicos para estudos de solo e rocha não dispensam a
utilização de sondagens, mas, quando aplicados racionalmente podem otimizar a
necessidade de fazer furos. A profundidade e espessura de unidades geológicas
podem ser obtidas por meio de perfis geológicos de poços e de modo indireto por
meio de métodos geofísicos. Apesar da grande vantagem da aplicação de medidas
indiretas obtidas pelos métodos geofísicos, estes não podem substituir os métodos
convencionais de estudo (CUTRIM & REBOUÇAS, 2005; NASCIMENTO et
al.2004).
3
O conhecimento dos horizontes de solos, bem como do topo rochoso e
funcionamento hídrico, por meio da associação da investigação geofísica com a
pedológica, são fundamentais para avaliar os efeitos destrutivos causados pelos
excessos da aplicação dos defensivos agrícolas sobre grandes áreas produtivas. Os
grandes imóveis rurais produtivos inevitavelmente abrangem nascentes de rios,
córregos, lagos e muitas vezes são percolados por rios importantes que além de fonte
de abastecimento de água, também contribuem com a reposição dos aqüíferos
freáticos.
Estes mananciais de águas recebem diretamente grandes volumes de chuvas,
e indiretamente por escoamento superficial, através de suas vertentes. Além disso, as
águas das chuvas penetram no solo e atingem grandes profundidades, e se,
contaminadas carregam agentes químicos até as águas subsuperficiais.
Através da investigação direta, realizada por trincheiras e sondagens a trado,
são obtidas informações importantes por meio das características morfológicas do
solo, e estas informações permitem caracterizar a cobertura pedológica. Nesta forma
de investigação, as profundidades são limitadas quando há resistência de materiais à
penetração da sondagem mecânica. Esta restrição pode ser suprimida com a
aplicação da investigação indireta, ou seja, utilizando-se a geofísica aplicada.
Visando entender e acima de tudo obter informações sobre o comportamento
hídrico, na vertente e nos horizontes do solo e substrato, foram associadas neste
trabalho, as duas formas de investigação já descritas, a direta e indireta. O método
utilizado da geofísica foi o elétrico, e a técnica usada foi a da Sondagem Elétrica
Vertical, que permite investigar grandes profundidades com a vantagem de redução
de tempo e de recursos financeiros, estando restrita apenas às condições topográficas
da área a ser investigada.
4
1.1 Objetivos.
Gerais – Aplicar um dos métodos geofísicos (método indireto) para
obter informações a respeito do comportamento elétroresistivo do solo
e rocha ao longo de uma vertente.
Específicos - Com os dados das variações de resistividades obtidos
através da Sondagem Elétrica Vertical, dos meios estratificados
(método indireto), e com os dados da caracterização da cobertura
pedológica, resultantes das investigações das trincheiras e sondagens a
trado na área de estudo (método indireto), buscou-se:
9 Determinar a espessura das camadas de solo e do substrato
rochoso, com base nos valores de resistividade elétrica;
9 Relacionar os horizontes pedológicos e litológicos com as
profundidades estimadas por meio da aplicação de um dos
métodos geofísicos;
9 Correlacionar as variações de resistividade com as informações
morfológicas obtidas por meio das trincheiras;
9 Avaliar a profundidade do nível freático e a posição da zona de
saturação em relação aos valores de resistividade;
9 Construir um modelo geoelétrico de camadas para a vertente
estudada.
1.2 Localização da área de estudo.
Na Figura 1 o contorno em linha preta representa o município de Campo
Verde – MT cuja sede é localizada pelas coordenadas geográficas de Latitude 15º 32’
48’’ S e Longitude 55º 10’ 08’’ W. A área de estudo se encontra inserida na micro
região de Primavera do Leste e na sub-bacia hidrográfica do Alto Rio das Mortes,
indicada com uma linha preta intermitente dentro do limite do referido município. O
Rio das Mortes é um afluente da margem esquerda do Rio Araguaia. A Bacia
Hidrográfica do Araguaia encontra-se representada em amarelo na figura, em verde a
5
Bacia Hidrográfica do Rio Tapajós e em cinza claro a Bacia Hidrográfica do Rio
Paraguai.
O acesso rodoviário para a região, partindo de Cuiabá, é feito pela BR 163,
até o entroncamento com a BR-070, daí segue por esta BR até a cidade de Campo
Verde. Chega-se à área de estudo por estrada de acesso não pavimentada, distante
aproximadamente 30 km da cidade de Campo Verde. A área onde foram realizados
os estudos geofísicos e obtidos os dados referentes à pedologia, está representada
com um círculo vermelho na Figura 1 e localizada em uma das vertentes da margem
direita do Córrego da Ilha, afluente da margem esquerda do Rio das Mortes.
Figura 1 - Mapa de localização do município de Campo Verde em relação às
bacias hidrográficas do Rio Araguaia, Rio Paraguai e Rio Tapajós.
Fonte: Servidor de Mapas da Secretaria de Estado de Planejamento –
SEPLAN. Mapa na escala de 1: 1.500.000. www.seplan.mt.gov.br
.
Acesso 02/07/2007.
6
A região é grande produtora de algodão e nela estão sendo realizados estudos
da presença dos resíduos dos principais compostos químicos no solo e na água
superficial e subsuperficial, e ainda as perdas causadas pelas erosões, resultantes
também da ação antrópica.
As pesquisas estão sendo coordenadas pelos Departamentos de Agronomia,
Geologia e Química da UFMT, tendo o projeto sido denominado de “Estudo da ação
mitigadora da faixa de contenção e de sistemas de cultivo em lavouras de algodão
sob as perdas de solo, de água, de nutrientes e a contaminação de recursos hídricos
por biocidas”.
Os dados geofísicos foram obtidos no mês de setembro de 2005 e as
informações referentes à topografia e pedologia no mês de abril de 2006.
Figura 2 - Vista parcial da vertente do Córrego da Ilha, local de realização dos
trabalhos geofísicos. Na figura está indicado, com uma linha branca, o
alinhamento tomado para a obtenção dados geofísicos. (Modificado sobre
imagem GoogleEarth 2007)
7
A Figura 2 mostra, linha branca, o alinhamento em relação ao centro das
investigações geofísicas, numa extensão de 400 m ao longo da vertente do Córrego
da Ilha, que é um dos afluentes do Rio das Mortes.
Observa-se também, estradas de acesso em meio aos talhões reservados a
culturas de algodão e de entressafra. Pode-se observar ainda na Figura 2 alguma
preservação ao longo do curso do córrego, porém, nas nascentes, ausência de área de
proteção.
A grande preocupação no que se refere aos cuidados que devem ser
destinados ao meio ambiente, tratados na introdução deste capítulo, podem ser
justificados quando se observa, por exemplo, a Figura 2, que mostra grandes áreas
cultivadas que necessitam ser protegidas das infestações de pragas e doenças.
As áreas reservadas para a cultura de algodão são muito extensas e, os
volumes de defensivos agrícolas devem ser suficientemente grandes para proteger
estas áreas. Por isso, há grande preocupação em avaliar os riscos e estudar as
melhores formas de uso dos recursos naturais com o mínimo de agressão possível ao
meio ambiente.
8
CAPÍTULO II
2 REVISÃO DA LITERATURA
Face à necessidade de informações complementares para subsidiar a
elaboração do estudo geofísico da área de interesse serão apresentadas neste tópico,
informações referentes a aspectos físicos e geográficos que caracterizam a região. A
geologia da área de estudo será fundamentada nos dados do mapa geológico
elaborado pela SEPLAN (2002), com algumas considerações do trabalho de Weska
(2006). Apresentam-se ao final, aspectos teóricos sobre conceitos básicos da
prospecção geoelétrica.
2.1 Geologia Regional.
O Estado do Mato Grosso, possui uma compartimentação geotectônica, que
abrange o segmento sul do Cráton Amazônico a Faixa de Dobramentos Paraguai e a
Bacia do Paraná. Algumas bacias preenchidas por sedimentos fanerozóicos ocorrem
tanto no interior cratônico como no domínio das faixas de dobramentos, destacando-
se, dentre elas, as Bacias dos Parecis, Bacia do Xingu a planície com os sedimentos
cenozóicos do Pantanal Mato-Grossense a depressão do Guaporé (SEPLAN – 2002).
A Figura 3 mostra as unidades geológicas, com os nomes e siglas, presentes
no território do município de Campo Verde-MT (SEPLAN – 2002).
9
Figura 3 - Mapa geológico do município de Campo Verde. (Modificado de Suman, 2006).
10
A Bacia do Paraná, no seu extremo noroeste está representada por partes das
unidades litoestratigráficas das Formações Furnas e Ponta Grossa e Formação
Botucatu.
A região do município de Campo Verde apresenta as seguintes unidades
geológicas:
(Grupo Cuiabá (PScb), filitos diversos, metassiltitos, ardósias, metarenitos,
metacórseos, metagrauvacas, xistos, metaconglomeráticos, quartzitos, metavulânicas
ácidas e básicas, mármores calcíticos e dolomíticos. Presença conspícua de veios de
quartzo.
Formação Rio Ivaí (OSri), pertencente ao paleozóico ordiviciosiluriano,
apresenta na sua constituição litológica arenitos finos e bancos espessos maciços,
ocasionalmente grosseiros e conglomeráticos em posições basais.
Formação Furnas (Sdf), pertencente ao Grupo Paraná, apresenta as seguintes
litologias: arenitos ortoquartzíticos de granulometria grosseira a localmente fina. Na
base apresentam horizontes conglomeráticos monomíticos de espessura métrica.
Formação Ponta Grossa (DPG), também pertencente ao Grupo Paraná, é
constituído de arenitos finos a muito finos com intercalações de siltitos, argilitos e
delgados níveis conglomeráticos.
A Formação Aquidauana (CPa), apresenta em sua litologia arenitos com
níveis conglomeráticos e intercalações de siltitos, argilitos e subordinadamente
diamícticos.
A Formação Botucatu (Jb), é composta por arenitos finos a médios, bimodais,
com grãos bem arredondados e estratificações cruzadas de grande porte.
O Grupo Bauru (Kb), composto de arenitos com matriz calcífera, sílex e
conglomerados na base.
Formação Cachoeirinha, segundo Weska (1996), é composta de sedimentos
inconsolidados a consolidados, caracterizados por areias argilosas, argilas e areias
cascalhosas, parcialmente laterizadas, cascalhos basais compostos por clastos de
lateritas. A matriz é arenosa, imatura, e o cimento quando presente é de óxidos de
ferro. As crostas lateríticas ocorrem de forma variada, formando blocos isolados em
11
camadas bem definidas e até permeando como cimento os tipos litológicos que
constituem a unidade litoestratigráfica em questão, uma vez que a deposição do
óxido de ferro foi condicionada pela flutuação do aquífero freático.
Aluviões Atuais (Ha), unidades litoestratigráficas pertencentes à era
Cenozóica e do Período Quaternário, apresentam areias, argilas, siltes e cascalhos.
2.2 Clima.
De acordo com a SEPLAN (2002), no Estado de Mato Grosso, devido à
extensão territorial, compreende uma diversidade de tipos climáticos associados às
latitudes equatoriais continentais e tropicais na porção central do continente Sul-
americano. Apesar do forte aquecimento pela posição ocupada, a oferta pluvial para
o estado de Mato Grosso é relativamente elevada. Na parte sudeste do estado, onde
esta localizada a área de estudo, as precipitações pluviométricas variam entre
aproximadamente 1400 mm a 1700 mm anuais.
Formas e orientação do relevo no estado são responsáveis pelas sub-unidades
climáticas, que ocorrem em compartimentos rebaixados (Depressão do Alto Paraguai
e Pantanais), com totais pluviométricos menores até climas tipicamente
mesotérmicos úmidos das superfícies do Planalto dos Guimarães e Parecis (com
altitudes acima de 600 m).
Mais de 70% das chuvas acumuladas durante o ano precipita-se de novembro
a março, com registro dos meses mais chuvosos de janeiro a março, no norte do
estado, de dezembro a fevereiro no centro e de novembro a janeiro no sul. Nesse
período chove de 45 a 55% do total anual. Já o inverno é extremamente seco e nessa
época do ano as chuvas são muito raras.
O Zoneamento Ecológico Econômico do Estado do Mato Grosso define três
grandes macro unidades climáticas:
9 Clima Equatorial Continental com Estação Seca Definida da
Depressão Sul Amazônica;
12
9 Clima Sub-Equatorial Continental Úmido com estação Seca Definida
do Planalto do Parecis;
9 Clima Tropical Continental Alternadamente Úmido e Seco das
Chapadas, Planaltos e Depressões do Mato Grosso.
Nos planaltos e nas chapadas com altitudes variando de 400 a 800 m ocorrem
atenuação térmica que reduz as perdas de águas superficiais, e agem dinamicamente
nos fluxos dos ventos resultando no aumento da precipitação pluviométrica. Na
porção setentrional da Bacia do Paraguai (Chapadas dos Parecis e Guimarães), a
concentração das chuvas no verão é elevada, enquanto no outono-inverno os totais
caem abaixo dos 100 mm. Nesse setor setentrional, a elevação da altitude é
acompanhada por uma elevação dos totais pluviométricos. Na estreita-faixa em torno
da Bacia do rio Araguaia, as precipitações crescem de sul para norte, desde cerca de
1.500 mm até 1.800 mm. O período seco atinge 5 a 6 meses, ocorrendo entre maio e
setembro, assinalando-se alguns dias secos nos meses de janeiro e fevereiro.
A região de Campo Verde apresenta clima tropical continental
alternadamente úmido e seco, com temperaturas variando entre 18 e 24 graus. Tem
duas estações bem definidas: a seca de junho a setembro e a estação chuvosa (outubro
a maio), com variação pluviométrica média de 1700 mm.
2.3 Caracterização da Geomorfologia e vegetação da Região que Compreende a
Área de Estudo.
O relevo é o produto de duas forças antagônicas, que atuam de fora para
dentro sob o efeito da atmosfera e de dentro para fora através da litosfera e da
energia interior da terra. Não se pode conhecer um determinado solo sem se conhecer
a forma do relevo do qual originou, a litologia a partir da qual evoluiu (ROSS, 2005).
O estado de Mato Grosso apresenta um conjunto de grandes chapadas, com
altitudes mádias variando de 400 a 800 m, num relevo pouco acidentado. A região da
Chapada e Planalto dos Guimarães, contexto na qual a área encontra-se inserida,
apresenta-se como uma unidade contínua e alongada, atingindo cerca de 200 km no
13
sentido leste/oeste e 120 km no sentido norte/sul. Na Figura 4, estão indicadas os
compartimentos de relevo da região de localização do município de Campo Verde.
No município são verificados os compartimentos do Planalto dos Guimarães,
Depressão dos Altos Rios Paraguai e Planalto e Serras dos altos Rios Paraguai. A
área de estudo se encontra sobre o compartimento do Planalto dos Guimarães.
Figura 4 - Mapa de compartimentos de relevo em relação ao município de
Campo Verde. (IBGE, 2007).
Esta superfície é elaborada nos sedimentos da Formação Furnas, recobertos
pela espessa camada de sedimentos detrítico-lateríticos. De acordo com a SEPLAN
(2002) esta unidade é composta de três compartimentos, pertencentes à Bacia
Sedimentar do Paraná, com cotas variando de 300 a 700 m, o superior, o
intermediário e o inferior, que serão resumidos a seguir. A vegetação característica
da região é o Cerrado que no estado recobre principalmente as unidades de relevo
das Depressões do alto Paraguai-Guaporé, das Planícies e Pantanais Matogrossenses
e do Planalto dos Parecis. Na sua fisionomia vegetal, aparecem os bosques abertos,
14
com árvores contorcidas e grossas, de pequeno porte. Um substrato é arbustivo, outro
herbáceo, onde predominam gramíneas e leguminosas.
O Compartimento Superior, com cotas altimétricas variando de 500 a 700
metros, corresponde ao topo da Chapada dos Guimarães. È definido como uma
superfície aplanada muito conservada. Esta superfície é delimitada, em quase toda a
extensão, por escarpas erosivas e ressaltos topográficos.
Neste extenso chapadão, os solos desenvolvidos são predominantemente do
tipo Latossolo Vermelho-Escuro distróficos, de textura argilosa, originalmente
recoberta por vegetação de Savana Arbórea Aberta. Apresentando ainda Latossolo
Vermelho-Amarelo e nas áreas dissecadas os solos são constituídos de Areias
Quartzosas. Em função das declividades muito baixas e de características locais dos
solos, ocorrem, em alguns trechos do chapadão, áreas de acumulação inundáveis e
uma rede de drenagem de fundo plano e raso. Nestas áreas, sujeitas a inundações
periódicas, têm-se uma vegetação de Savana Parque e, nos fundos dos vales, ocorrem
às veredas, onde se encontra vegetação pioneira com buritis, que constituem o
segmento inicial da cobertura vegetal típica da região Centro-Oeste. Um dos
principais rios da chapada é o Rio das Mortes que drena a parte central da superfície
aplainada.
A Savana Arbórea Aberta (Campo Cerrado), mais baixas que o Cerradão,
com árvores de até 5 metros, apresenta tapete gramíneo lenhoso contínuo, com
árvores gregárias de troncos e galhos retorcidos. Na área encontra-se ainda
avegetação tipo Savana Estépica ou Savana Parque, em geral com plantas lenhosas,
baixas e espinhosas, associadas a um campo graminoso savânico. Sua ocorrência no
Sul do estado se dá geralmente em relevo plano, com altitudes que não ultrapassam
200 metros do nível do mar. Apresenta subformação com floresta de galeria, e ocorre
em toda Depressão do Paranatinga e na borda sudoeste da Chapada dos Parecis.
As vegetações Pioneiras ocorrem ao longo dos cursos dos rios e ao redor de
depressões fechadas que acumulam água, onde se observam vegetações campestres
herbáceas lenhosas. Os terrenos onde se encontram estas formações apresentam
15
decomposições que são constantemente renovadas e áreas pedologicamente instáveis,
com sedimentos pouco consolidados, sob o processo de acumulação fluvial lacustre.
Segundo Gonçalves (2003), há ocorrência de áreas de formações pioneiras,
que fazem parte da vegetação ribeirinha, compondo as planícies aluvionais onde há
renovação constante das deposições quaternárias. As formações pioneiras sofrem
influência fluvial e são subdivididas em fluviais arbustivas e herbáceas.
O Compartimento Intermediário (Planalto dos Alcantilados), definido como
um conjunto de relevo com feições morfológicas complexas, marcadas por bordas
em escarpas alcantiladas, situa-se entre as cotas de 300 e 500 m. Este compartimento
é formado por litologias das formações Furnas e Ponta Grossa. Apresenta feições
marcadas por bordas abruptas, interrompidas por relevos residuais de topo plano.
Os solos predominantes nas formas convexas são os Podzólicos Vermelho-
Amarelos, enquanto que nos relevos tabuliformes predominam as Areias Quartzozas
com subdominância de solos concrecionários. Nos terrenos de relevos de formas
aguçadas predominam os Podzólicos Vermelho-Amarelos e os Neossolos. A
cobertura vegetal é bastante homogênea e predomina a Savana Arbórea Aberta e a
Floresta Estacional decidual.
Compartimento Inferior (Planalto do Casca), de acordo com Ross e Santos,
(1982) apud Sacasi et al.(2006), esta área foi individualizada como Planalto do
Casca. Os solos aí desenvolvidos são de Areias Quartzosas e, secundariamente,
Latossolos Vermelho Amarelo distróficos e álicos, originalmente recobertos por
vegetação de contato savana/floresta. Com altitudes abaixo de 300 m, ocupa a porção
noroeste da unidade e corresponde a uma área que sofreu acentuado rebaixamento
por erosão.
O contato deste compartimento com o topo da Chapada é marcado por
anfiteatros erosivos profundamente entalhados, além de relevos dissecados em
formas aguçadas e convexas, pouco extensas.
16
A Figura 5 mostra a área de estudo representada com um retângulo vermelho,
e sua posição em relação ao município de Campo Verde – MT. Na figura também
são identificadas as feições relacionadas à geomorfologia, que ocorrem no
município, e que serão abordadas resumidamente a seguir. As descrições das
compartimentações geomorfológicas, no município, são do relatório técnico
geomorfológico do Estado de Mato Grosso CNEC/SEPLAN (2002). As descrições
sobre vegetação são do mapa de vegetação da SEPLAN (2002).
Sistema de Aplainamento (A) – nomenclatura que identifica relevos com
formas aplanadas e é subdividido em: Sistema de aplanamento Ap1; Ap2; Ap3 e
Sistema de Pedimento Pd.
Na área do município de Campo Verde e na área onde foram obtidos os dados
para realização deste trabalho ocorre o Sistema de Aplanamento Ap1. Representa um
conjunto de formas aplanadas com baixas declividades e baixa densidade de
drenagem. De acordo com dados da SEPLAN (2002), a região de abrangência Ap1,
apresenta atividades antrópicas e vegetação do tipo Contato Floresta
Estacional/Savana, Savana Parque (Campo Cerrado), e Savana Arborizada (Cerrado),
Formação Rapina, Savana Florestada. A área apresenta atividade agrícola e pecuária,
solo exposto, reflorestamentos e extrativismo vegetal, além de núcleos urbanos.
Sistema de Planície Fluvial (Pf) – associado à rios de menor porte, onde se
verificam a ocorrência da ação das cheias e das vazantes, resultando em depósitos
sedimentares ao longo de seus canais. A vegetação característica desta unidade de
relevo é a savana Parque (Campo Limpo) Savana Gramíneo Lenhosa (campos
úmidos) e Formação Riparia.
Sistema de Planície Aluvionar Meandriforme (Pmd) – estas planícies
comportam todo o sistema hidrográfico e fisiográfico em formação. As sinuosidades
dos rios possuem feições características, nas côncavas ocorre o processo de
escavação, enquanto nas margens convexas ocorre sedimentação Tamm ocorrem
nestas unidades de relevo a Floresta Estacional, Savana Gramíneo Lenhosa (campos
úmidos) e Formação Riparia.
17
Figura 5 - Mapa Geomorfológico de Campo Verde.
SEPLAN (2002). (Acesso em 25/06/2007).
18
Sistema de Dissecação em Colinas e Morros (CI-Mr) – aparecem ao longo
da porção central da sub-bacia, nas bordas do Planalto dos Guimarães, entre sistemas
de aplanamentos. Podem ocorrer com média dissecação, com relevos de colinas
médias e pequenas com morrotes, vertentes com pequena extensão, declividades em
torno de 10 a 20%, altitudes variando de 450 a 600 metros, e forte dissecação com
relevo de morros e morrotes, topos aguçados e estreitos, vertentes médias, altas
declividades superiores a 30% e altitudes que variam de 450 a 600 metros. A
vegetação apresenta Contato Floresta Estacional/Savana, Savana Arborizada
(cerrado), Formação Ripária.
Sistema Denudacional Estrutural S - refere-se a sistemas em que as
estruturas geológicas são as principais responsáveis pelo relevo. Ambientes de relevo
fragmentado na região do Planalto dos Alcantilados. O sistema Sf representa
unidades de relevo de blocos falhados, com formas dissecadas e com topos
apresentando morfologias convexas. O sistema está associado às vegetações de
Floresta Estacional, Savana Arborizada (Cerrado) e sob a ação da Agricultura,
Pecuária, Reflorestamento, Extrativismo Vegetal e com Solo Exposto e Usos
Urbanos.
2.4 Solos, definição e composição.
A crosta terrestre sofre grandes modificações resultantes da ação de agentes
internos (vulcões, terremotos, etc.) e mais superficialmente de agentes externos
(sedimentação, erosão, etc.), resultando em sensíveis alterações na sua estrutura
física e química. Rochas consolidadas são desintegradas em partículas de minerais e
fragmentos de rocha que são arrastados e redistribuídos. Os sedimentos acumulados
nesse processo ficam sujeitos a um novo ciclo de desagregação, transporte e
depósito, Costa (2004).
A composição mineralogica e química da rocha matriz e o estado original de
fraturamento exercem influêcia sobre as características do solo da qual se originou.
19
Sobre a rocha matriz encontra-se a rocha alterada, que em geral é muito fraturada,
permitindo o grande fluxo de água através de suas descontinuidades.
O solo representa uma fase relativamente superficial instável, que pode ser
considerado uma camada viva que recobre a superfície da terra e que sofre ação dos
agentes químicos, físicos e biológicos.
Segundo Gomes e Varriale (2004), o que caracteriza um solo é a mistura de
elementos orgânicos e inorgânicos além da água, ar e microorganismos presentes na
superfície da terra. Os componentes como a água e o ar, encontram nos poros
condições de permanência no meio.
Bertoni e Neto (2005) definem também o solo como: uma tênue camada de
material composto por partículas de rochas em diferentes estágios de desagregação,
contendo em sua constituição água e substâncias químicas em dissolução, ar,
organismos vivos e matéria orgânica em distintas fases de decomposição.
Os poros contidos nos solos possuem frações granulométricas de diâmetros
inferiores a 0,05 mm (micro-poros) e com diâmetros superiores a 0,05 mm (macro-
poros). A água, que não é um de seus componentes pode permanecer nestes poros e
ser absorvida pelas raízes das plantas, transpirada de volta à atmosfera, subir pelo
processo de capilaridade, ser evaporada e ainda percolar através do solo para maiores
profundidades.
As partículas minerais que compõe o solo podem ser classificadas quanto à
sua origem, em dois tipos: minerais primários, que são remanescentes da rocha de
origem; e os minerais secundários, formados pela decomposição dos minerais
primários. Os minerais primários são mais resistentes à ação do intemperismo
químico e, por isso, permanecem mais tempo no solo, mantendo sua composição
original; os secundários são mais suscetíveis às alterações.
O limite superior do solo é a superfície terrestre e seu limite inferior é aquele
em que os processos pedogenéticos cessam ou quando o material originário dos solos
apresenta predominância das expressões dos efeitos do intemperismo geo-físico-
químico, (GUERRA E CUNHA, 2004).
20
Segundo Costa (2004), para muitos fins é conveniente considerar o solo como
uma mistura de materiais sólidos e gasosos e tratá-lo como um sistema anisotrópico
em que se distinguem as fases sólida, líquida e gasosa.
2.4.1 Gênese do Solo.
O solo como entidade natural independente, pode possuir características
herdadas do material originário e/ou características adquiridas, cujas relações variam
com o tempo. Os solos, provenientes da deterioração das rochas, não são iguais em
todas as partes, são corpos naturais da superfície da terra que ocupam áreas e
expressam características (cor, textura, estrutura etc.), resultado da ação combinada
dos fatores associados aos mecanismos e processos de sua formação, denominado de
intemperismo.
A exposição das rochas à ação direta do calor do sol, das águas das chuvas e
das variações de pressão atmosféricas, altera fisicamente e quimicamente os minerais
que as compõe, apesar das diferentes composições químicas e dos diferentes graus de
resistência desses materiais.
Salomão e Antunes (1998) apresentam cinco fatores que determinam a
origem e evolução dos solos, são eles:
9 Clima;
9 materiais de origem (rocha);
9 organismos;
9 relevo;
9 tempo.
CLIMA: a transformação do material de origem (geralmente rocha), ao longo
do tempo pela ação conjunta do clima e dos organismos vivos que agem em um
determinado relevo são os responsáveis diretos pela formação do solo, alterando os
minerais constituintes do substrato, ou ainda indiretamente pela vegetação. Os
aspectos climáticos de maior importância no desenvolvimento do solo são:
21
temperatura e precipitação pluviométrica. Com o aumento da temperatura, a energia
térmica, originária da radiação solar, dissipa-se no solo atingindo maiores
profundidades provocando alterações nos processos de reações químicas e físicas. De
acordo com Salomão e Antunes (1998), sob influência da temperatura e sob
condições pluviométricas estáveis, os solos de regiões tropicais apresentam maior
profundidade, pois a temperatura do meio ambiente interfere diretamente na
proliferação de microorganismos responsáveis pela destruição da matéria orgânica.
O clima é determinado pela latitude, através da qual é obtido o ângulo de
incidência dos raios solares, pelos ventos, pelas massas continentais, e pela
topografia que contribuem para elevação de massas de ar, que é condensada e logo
após precipitada auxiliando na lixiviação (separação dos sais de certas substancias)
do solo e nas alterações químicas dos minerais.
MATERIAL DE ORIGEM (ROCHAS): de acordo com Bertoni e Neto
(2005), o material de origem tem influência passiva na formação do solo. De forma
simplificada pode-se dizer que, o desenvolvimento do solo se dá a partir do
intemperismo que age sobre a rocha dando origem a resíduos não consolidados,
denominados de regolito ou saprolíticos. Alterações importantes no desenvolvimento
dos solos ocorrem do ponto de vista físico e químico e de transporte de soluções,
quando este se encontra sob efeito da água. Grandes fluxos de água também
penetram nas fraturas da rocha alterada, promovendo sua desagregação e transporte
de materiais residuais.
O material originário da rocha pode permanecer no mesmo local onde se
originou ou ser transportado para outros locais, e em qualquer caso, estará submetido
por período de tempo bastante longo aos processos pedogenéticos. O
desenvolvimento do solo a partir do substrato rochoso, depende do tipo de mineral
do qual esse substrato é composto e do efeito da ação da água, que penetra através da
cobertura pedológica, sobre esses minerais.
ORGANISMOS: a contribuição da macro fauna, na diferenciação dos
horizontes, depende das espécies vegetais e do material orgânico que é adicionado ao
22
solo. O fornecimento dos resíduos orgânicos modifica o micro-clima e protege o solo
contra a erosão. Sob influência do clima, os resíduos vegetais que cobrem a
superfície do solo são transformados química e fisicamente e o resultado é a
produção de húmus que se acumula e migra para o interior deste, favorecendo o
desenvolvimento pedogenético.
Bactérias, liquens e fungos contribuem para a alteração de alguns minerais
presentes em um solo que se encontre no estágio evolutivo. Além disso, ao longo de
toda a evolução do solo, ocorre o processo de decomposição de vegetais e animais
através da qual é produzido o anidrido carbônico, e ácidos orgânicos que são
importantes na aceleração e decomposição dos minerais (OLIVEIRA et al, 1999).
A contribuição da macro fauna (formigas, cupins, minhocas) e de raízes
profundas no interior do solo também são importantes para sua evolução e
aprofundamento, desenvolvendo a macro-porosidade, melhorando sua estruturação,
contribuindo para a alteração do substrato rochoso e permitem o transporte de
elementos das camadas mais profundas para camadas mais superficiais e vice-versa.
TEMPO: para que o solo se desenvolva é necessária a ação do clima e
organismos (vegetação, microorganismos, etc.) além dos demais fatores responsáveis
pela sua formação. A ação desses fatores sobre a rocha mãe é condicionada pelo
relevo do terreno e depende da extensão de tempo para atingir o estágio evolutivo.
Em substratos que apresentam maior permeabilidade e são ricos em minerais,
ocorrem mais facilmente o intemperismo pela ação da água, portanto a velocidade no
processo de alteração da rocha será maior.
RELEVO: os vários tipos de relevo são resultantes da interação entre a
litosfera, atmosfera e hidrosfera. O relevo tem um papel importante sobre o
desenvolvimento dos solos, e sua influência esta relacionada à dinâmica da água e
nos processos de erosão e sedimentação. Na escala continental o relevo pode ser
representado pelas cadeias de montanhas e pelas planícies fluviais, ou ainda pelos
canais fluviais delimitados pelas vertentes, (MOREIRA E NETO 1998).
23
Relevos de topografia suave e que apresentam materiais permeáveis facilitam
a infiltração das águas pluviais, acelerando os processos pedogenéticos em
profundidade, alterando as rochas e removendo os elementos químicos solúveis. Já
em relevos muito movimentados os solos são menos profundos, pois um volume
considerado de águas pluviais é perdido por escoamentos laterais, o que favorece os
processos erosivos e influenciando na ação da pedogênese.
2.4.2 Processos pedogenéticos.
O conhecimento da pedogênese é importante para a compreensão do padrão
da distribuição dos diversos solos na paisagem. Os processos pedogenéticos, também
denominados de processos internos na formação do solo, são resultantes da ação
interdependente dos fatores de formação do solo, onde determinados fenômenos
ocorrem simultaneamente e em diferentes intensidades sobre o material de origem.
Simonson apud Salomão e Antunes (1998), define em cinco os processos:
adições, perdas, transformações, remanejamentos mecânicos e transportes seletivos,
que combinados dão origem a dois estágios definidos como: formação do substrato
pedogenético e diferenciação dos horizontes. Alterações que tenham origem
antrópica irão refletir no desenvolvimento da pedogênese.
2.4.2.1 Substrato Pedogenético.
O intemperismo que age sobre as rochas no ambiente natural vai ao longo do
tempo originar fissuras nas rochas, que aceleram e facilitam a penetração de
organismos vivos e soluções aquosas originando uma série de reações químicas
(hidrólise, hidratação, dissolução, carbonatação, oxidação e redução). Cada reação
irá depender das condições ambientais e do conteúdo mineral de cada rocha. Sob o
efeito das reações químicas, os minerais se alteram na forma de detritos que irão
formar novas substâncias à medida que os processos de decomposição evoluem.
As mudanças físicas, acentuadas pelas alterações bruscas de temperatura que
promove a desintegração das rochas, e pela ação radicular de algumas espécies
vegetais que penetram nos seus vazios contribuem para o aumento de fissuras e
24
desagregações. O intemperismo químico, que ocorre no interior da rocha, sob
condições ideais de temperatura e na presença de água, transforma os minerais
constituintes destas em minerais secundários que irão apresentar novos processos de
transformações denominados de: hidratação, dissolução, carbonatação e a hidrólise
este último considerado o processo químico mais importante na alteração da rocha.
Estes dois processos, em conjunto, são responsáveis pela formação do substrato
pedogenético.
2.4.3 Mineralogia do solo.
Os materiais sólidos do solo são constituídos por minerais primários, que se
originam da rocha mãe e se mantêm de certa forma inalterados em sua composição, e
por minerais que são resultantes da alteração destes, ou seja, os minerais secundários,
que segundo Costa (2004), podem ocorrer no solo por meio de três processos:
9 Pela transformação química in situ de produtos resultantes da
meteorização dos minerais primários menos resistentes;
9 Por alteração simples da estrutura de determinados minerais
primários verificados in situ;
9 Herdados diretamente da rocha mãe.
Os minerais primários entram na composição das rochas que constituem a
crosta terrestre. A presença destes minerais no solo depende da rocha mãe e do tipo
de solo, sendo os mais freqüentes o quartzo e o feldspato, enquanto que os demais
minerais estão em proporções menores. Os minerais secundários ocorrem nos solos,
destacando-se os minerais de argila. As argilas são compostas de partículas
cristalinas muito pequenas e têm origem em um grupo restrito de minerais, daí a
denominação de minerais de argila.
A argila é um conjunto de partículas minerais de diâmetro inferior a 0,002
mm, e pode incluir na sua parte menos fina, certa proporção de minerais secundários:
minerais de argila e hidróxidos de alumínio e de ferro, resultantes da alteração de
minerais primários. Solos de mesma textura apresentam diferenças muito grande nas
25
suas propriedades físicas e químicas em função do conteúdo de argila (COSTA,
2004).
2.4.4 Perfil do solo.
O perfil do solo é resultado da ação combinada dos fatores de formação e dos
processos pedogenéticos sobre o material de origem, resultando em seções verticais
bem definidas e mais ou menos paralelas, que se diferenciam umas das outras pela
organização, pelos constituintes ou pelo comportamento, (MOREIRA, 2005).
O estudo dos solos em pedologia tem por objetivo conhecer, nos diversos
ambientes onde são encontrados, a sua origem, sua classificação e a sua distribuição
geográfica, e de posse dessas informações estudá-lo por meio de seus perfis e das
transformações laterais dos horizontes.
2.4.5 Horizontes do solo.
Horizontes de solo são porções de limites irregulares, que compõe um perfil,
mas que guardam certo paralelismo com a superfície do terreno, e que apresentam
diferenças em profundidades variáveis causadas pelas influências dos agentes
atmosféricos e das soluções formadas pelas águas das chuvas, pela ação biológica,
que atuam no local onde o solo se encontra, (COSTA, 2004).
As camadas representativas do solo que guardam os mecanismos de sua
formação, denominados de horizontes, são identificados e diferenciados entre si
através do exame de campo e posteriormente através de análises laboratoriais
complementares. Os horizontes do solo são representados pelas letras O, H, A, B, C,
F e R.
As letras maiúsculas designam a presença dos horizontes principais, os
números (1, 2, 3), escritos como subscritos às letras maiúsculas indicam a subdivisão
dos horizontes. As letras minúsculas que também são escritas como subscrito
indicam os sub-horizontes ou características relevantes da ação de um determinado
processo.
26
A seguir serão apresentadas descrições breves sobre horizontes e camadas
que formam o perfil do solo.
HORIZONTE O: horizonte ou camada de constituição orgânica, formada
por detritos vegetais e substâncias húmicas acumuladas na superfície, e em
ambientes de estagnação de água. Ocorre geralmente em áreas de floresta, tem
conteúdo mais escuro devido à presença de matéria orgânica.
HORIZONTE H: horizonte ou camada de constituição orgânica, superficial
ou não, composto de resíduos orgânicos, siltes, argilas e cátions básicos, sob
condições de estagnação de água por período prolongado. Ocorre em áreas de várzea,
depressões pantanosas, etc.
HORIZONTE A: horizonte superficial mineral ou subjacente aos horizontes
O ou H de maior atividade biológica e incorporação de matéria orgânica bastante
mineralizada. Constitui a seção onde são mais inconstantes a temperatura, a umidade
e a composição gasosa. Geralmente exibe cor mais escura, se for maior a
concentração de matéria orgânica e cor clara, caso contrário.
HORIZONTE B: horizonte mineral subsuperficial, originado por
transformações acentuadas do material originário e/ou por ganho de constituintes
minerais ou orgânicos, migrados de horizontes subjacentes. É um horizonte menos
vulnerável às modificações e eventuais estragos provocados pela ação humana,
quando subjacente a outros horizontes.
HORIZONTE C: horizonte ou camada mineral, relativamente pouco afetado
pelos processos pedogenéticos. Tem origem nas rochas ígneas, metamórficas e
sedimentares. Para a pedologia é associado ao substrato pedogenético.
HORIZONTE F: horizonte ou camada mineral de material consolidado,
conhecido como canga. Rico em compostos de ferro ou ferro e alumínio e pobre em
compostos orgânicos.
R: material consolidado referente ao substrato rochoso constituído por rocha
alterada ou sã.
27
2.4.6 Classificação dos solos.
O avanço dos conhecimentos adquiridos dos solos brasileiros e a
inexistência de uma taxonomia adequada e hierarquizada incrementou a
demanda por um sistema de classificação que permitisse identificar os solos
desde classes mais gerais, em níveis mais elevados, até repartições específicas em
níveis mais baixos, com classes mais homogêneas” (OLIVEIRA, 2001).
O sistema de classificação de solos tem sofrido modificações e a mais recente
é o sistema de classificação da (EMBRAPA, 1999), conforme Tabela 1.
De acordo com Moreira (2005), os solos de maneira geral são separados em
dois conjuntos: os orgânicos (Organossolos), com teor de matéria orgânica, em torno
de 50% e os não-orgânicos (Solos minerais) que predominam no Brasil. Nessa classe
de solos inorgânicos destacam-se os Latossolos, que predominam, de acordo com as
informações pedológicas, nos pontos investigados, e serão comentados brevemente a
seguir.
LATOSSOLOS: são solos minerais de coloração vermelha, alaranjada ou amarela,
com seqüência de horizonte A, B e C, e apresentando pouca diferença textural entre
os horizontes A e B. As características morfológicas mais marcantes são: a grande
profundidade (± 2 metros), homogêneo, estrutura em geral micro-agregada ou
maciço-porosa, não apresenta minerais primários e fração de argila constituída
predominantemente por óxidos de ferro e óxidos de alumínio e argilominerais, são
solos não hidromórficos. A partir da rocha-mãe consolidada ou não consolidada
desenvolve-se o horizonte C, com características texturais e minerais do material de
origem, e que ainda não apresenta modificações suficientes para ser considerado
parte do solum. São solos que possuem baixa densidade aparente e porosidade alta a
muito alta.
A grande quantidade de poros proporciona a estes solos altas
permeabilidades, mesmo quando os teores de argila são elevados. Ocorrem em
ambientes com intensa umidade e calor, sendo por isso, encontrados em regiões de
clima tropical úmido. São bastante envelhecidos, estáveis e intemperizados.
28
Tabela 1 - Nova nomenclatura dos solos (Fonte: EMBRAPA 1999)
EMBRAPA (1999) Denominação anterior
Alisolos Rubrozem, Podzólico, Bruno-Acizentado ou Álico,
Podzólico Vermelho-Amarelo Distróficoou Àlico Ta e agluns
Podzólicos Vermelho-Amarelos Distróficos ou Àlicos Tb
Argissolos Podzólico Vermelho-Amarelo Tb pequena parte de Terra Roxa
Estruturada de Terra Roxa Similar, de Terra Bruna Estruturada
e de Terra Bruna Similar, com gradiente textural necessário
para B textural em qualquer caso Eutróficos, Sistróficos
ou Álicos, Podzólico Vermelho-Escuro TB com B textural
e o Podzólico Amarelo
Cambissolos Cambissolos Eutróficos, Distróficos e Álicos Ta e Tb, exceto
Os com Horizonte A chernozêmico e B incipiente Eutrófico Ta
Chernossolos Brunizém, Rendizina, Brunizém Avermelhado e Brunizém
Hidromórfico
Espodossolos Podzol, inclusive Podzol Hidromórfico
Gleissolos Glei Pouco Húmico, Glei Húmico, parte do Hidromórfico Cinzento
(sem mudança textura abrupta), Glei Tiomórfico e Solonchark
com Horizonte Glei
Latossolos Latossolos, excetuadas algumas modalidades anteriormente
identificadas,como Latossolos Plínticos
Luvissolos Bruno Não-Cálcico, Podzolico Vermelho-Amarelo Eutrófico
Ta, Podzólico Bruno-Acinzentado Eutrófico e os Podzólicos
Vermelho-Escuros Eutróficos Ta
Nitrossolos Terra Roxa Estruturada, Terra Roxa Estruturada Similar, Terra
Bruna Estruturada, Terra Bruna Estruturada Similar e alguns
Podzólicos Vermelh-Amarelos Tb
Organossolos Solos Orgânicos, Solos Semi-Organicos, Solos Tiomórficos
Turfosos e parte de Solos Litólicos Turfosos com Horizonte
hístico
Planossolos Planossolos, Solonetz-Solodizado e Hidromórficos Cinzentos
Plintossolos Lateritas Hidromórficas, parte dos Glei Húmico e Glei Pouco
Húmico
Vertissolos Vertissolos, inclusive os hidromórficos
29
LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELO: são profundos ou muito
profundos, apresentando boa distinção entre os horizontes A e B, devido à cor, que
no horizonte B é menos vermelha. Apresentam teores de óxido de ferro menor ou
igual a 11%, geralmente maior que 7%, quando a textura é argilosa ou muito
argilosa. São normalmente porosos, menos aqueles com teores elevados de argila.
A textura é muito variada, havendo registro dos teores de argila desde 15% a
80%. Ocorre em todo território brasileiro.
LATOSSOLOS VERMELHO-ESCURO: apresentam coloração Vermelho-
Escura, Vermelha ou Bruno-Escura e com teores de óxido de ferro inferiores a 18%,
quando de textura argilosa ou muito argilosa e, usualmente inferiores a 8% quando
de textura média. A textura varia desde média até muito argilosa. É um tipo de solo
muito profundo.
Os Latossolos Vermelho-Escuros ocupam grandes extensões do território
brasileiro, em condições de relevo pouco movimentado, por isso constituem uma das
classes mais importantes de solo.
2.5 Método da Eletroresistividade.
Nos métodos elétricos, recorre-se a uma grande variedade de técnicas, que
são aplicadas de acordo com as diferentes propriedades ou características dos
materiais. O método da eletroresistividade emprega corrente elétrica artificial no
terreno objetivando medir a resistividade (), que é um dos parâmetros físicos de
grande importância na identificação dos diferentes tipos de materiais geológicos.
De acordo dom Reynolds (1997), o método da eletroresistividade é
empregado de modo satisfatório na procura de fontes de água e também no
monitoramento de aqüíferos poluídos.
O principal mecanismo de corrente de condução, em geologia, é pelo
deslocamento dos íons nas soluções aquosas (PORSANI, 2003), pois a maioria dos
materiais subsuperficiais são isolantes elétricos.
30
2.5.1 Relação entre a textura de solos e rochas e a resistividade elétrica.
Um dos caminhos por onde a corrente elétrica flui na terra é através dos
metais, que raramente se encontram no estado puro. Um campo elétrico externo
aplicado nos metais organiza os movimentos dos elétrons, que estão desorganizados,
dando origem a corrente elétrica. Na natureza os metais contidos nas rochas possuem
impurezas e um número reduzido de elétrons, dificultando a passagem da corrente
elétrica. Estes minerais apresentam resistividades elétricas muito variáveis na ordem
de 10
-6
a 10
3
.m. (ORELLANA, 1972). Da ordem de 10
-6
.m para minerais como
grafite e 10
12
.m, para rochas de quartzo secas, (PARASNIS, 1970).
As rochas são materiais heterogêneos, além dos minerais presentes nestes
corpos, estas são geralmente constituídas de uma fase sólida e de uma fase líquida
e/ou gasosa que preenchem seus poros e fissuras. O comportamento elétrico nestes
materiais depende da condutividade elétrica da matriz, da porosidade, da textura e
distribuição dos poros, da quantidade e qualidade do líquido presente nos seus
interstícios e ainda do contato da matriz rochosa com as fases fluídas.
Os poros das rochas são preenchidos total ou parcialmente por fluidos que
contêm sais minerais com predominância do cloreto de sódio (NaCl). A resistividade
elétrica nestes fluidos varia de acordo com a concentração de sal dissolvido, quanto
mais superficiais maiores as resistividades elétricas, pois neste caso as concentrações
minerais são menores que as encontradas nas águas mais profundas. Orellana (1972)
apresenta alguns valores de referência para a resistividade de águas subsuperficiais.
As águas subterrâneas de acordo com o autor, apresentam resistividade elétrica
variando de 1 a 20 .m e as águas que ocupam os poros das rochas variam de 0,03 a
10 .m.
As rochas apresentam texturas diferentes, Figura 6, e estas são importantes na
determinação da resistividade elétrica desses materiais.
O item (6a) da figura mostra um arenito grosseiro, com grandes espaços
porosos intercomunicáveis que impregnados de líquido condutor, irão certamente
31
apresentar baixa resistividade elétrica, caso contrário, quando secos, serão altamente
resistivos.
Figura 6 - Exemplo de rochas com diferentes texturas.
Fonte: Ward, 1990.
Se o arenito é constituído de grãos de várias dimensões (Figura 6b), os
espaços vazios entre estes grãos serão muito pequenos e deixam de ser
intercomunicáveis, não permitindo a passagem de fluidos condutores de eletricidade,
dessa forma o material será também resistivo. Esse é um exemplo de rocha que
apresenta texturas variadas e consequentemente grandes variações nos valores de
resistividade elétrica, de 1 a 10
3
.m (WARD, 1990) e 1 a 7,4 x 10
8
.m
(REYNOLDS, 1997).
Na Figura 6c, as fraturas nas rochas calcáreas com reduzida porosidade,
aumentam sua resistividade elétrica de 5x10 a 10
7
.m de acordo com Reynolds
(1997). As fraturas destas rochas também podem conter líquidos condutores ou
32
estarem preenchidos por ar. Na Figura 6d, as rochas representadas são de arenito,
que quando submetidas ao intemperismo apresentam grande quantidade de
fragmentos que irão reduzir os espaços intergranulares, e conseqüentemente
contribuir para o aumento da resistividade elétrica.
As rochas graníticas (Figura 6e) contêm fissuras, que preenchidas por
líquidos condutores permitem a passagem da corrente elétrica. O valor de
resistividade elétrica destas rochas varia de 5x10
3
a 10
6
.m de acordo com Parasnis
(1970) e 5x10
2
a 5x10
4
.m (WARD, 1990). Já nas rochas do tipo basálticas (Figura
6f), há grande número de poros, mas não são comunicáveis, e por possuírem poros
isolados apresentam alta resistividade elétrica. A resistividade deste litotipo varia de
10 – 1.3 x 10
7
.m (REYNOLDS, 1997).
As texturas das rochas, resultantes dos vários processos geológicos, são
importantes do ponto de vista da resistividade. Em geral esses processos reduzem a
resistividade das rochas (WARD, 1990). Rochas e solos típicos apresentam uma
grande variedade de resistividades, e são reflexos dos vários tipos de textura. De
certa forma quanto menor o tamanho do grão maior a retenção de líquido.
De uma maneira geral, a corrente elétrica flui em materiais rochosos e no
solo, através dos fluidos que preenchem seus poros e fissuras. Nas soluções aquosas
que preenchem os poros e fissuras de rochas e solos, o campo elétrico externo
aplicado organiza os íons da solução, permitindo a passagem da corrente elétrica,
diminuindo a sua resistividade elétrica.
Em solos, por exemplo, a água permanece no meio pela retenção específica,
que é o volume de água retida nos seus poros. Esta retenção de líquidos depende da
diminuição dos espaços entre os grãos preenchidos por partículas menores, da forma
e disposição dos grãos e da compactação, cimentação e recristalização, que vão
diminuindo a porosidade (ROMAN, 2005).
O solo pode apresentar umidade originária das chuvas e dos processos de
capilaridade. No processo de capilaridade a água ascende da zona capilar em direção
à superfície do solo. Através da gravidade a água da chuva penetra no solo atingindo
33
a zona saturada. Mas o solo pode perder água pelo processo de evapotranspiração em
áreas com cobertura vegetal, em até vários metros do solo e por evaporação, em
áreas descobertas de vegetação, em até vários centímetros. Os fatores responsáveis
pela evaporação do solo são: a radiação solar, a temperatura, a umidade (menor
umidade maior evaporação), a pressão atmosférica (menor pressão e maior altitude,
maior evaporação) e o vento.
Além do conteúdo de água, o solo apresenta ainda matéria orgânica, matéria
mineral primária e secundária que vão desde cascalhos de várias dimensões até
areias, silte e argilas. As proporções destes elementos no solo são muito variáveis e
permitem definir sua textura. A textura, assim como nas rochas, é a grande
responsável pelas grandes variações de resistividade também em solos.
Na Tabela 2 estão identificados alguns tipos de solos e suas resistividades
elétricas. Podem-se observar grandes variações de resistividade, em função dos tipos
de solos, assim como nas rochas.
Tabela 2 - Resistividade de solos.
Fonte:REYNOLDS(1997) e TAGG (1964).
34
Mas as variações de resistividade não se restringem apenas a solos de tipos
diferentes, nas também em solos de mesmo tipo. Isto mostra a heterogeneidade que é
comum em solos e rochas.
A redução da macro-porosidade pode causar um decréscimo da
permeabilidade do solo, Martins et al. (2002).
Nascimento et al.(2004), comenta que solos de textura mais fina têm poros
mais reduzidos e em geral tem mais argilominerais, portanto maior retenção de água,
consequentemente menor resistividade elétrica. Já solos de textura arenosa
apresentam poros maiores mais quartzo na fração granulométrica, facilidade de
escoamento de água, e desta forma maior resistividade elétrica em função do ar que
passa a preencher seus poros. De acordo ainda com o mesmo autor, na área estudada,
os Latossolos-Vermelho são mais argilosos são mais argilosos que os Latossolos-
Amarelo, que são mais arenosos.
As resistividades encontradas para os solos argilosos foram menores que
1500 .m, e para solos arenosos variou de 1500 a 30000 .m. Os resultados
mostram que é possível identificar por meio da resistividade elétrica solos argilosos
de arenosos.
Pereira (2005) encontrou, em uma área da micro bacia do Córrego Chico
Nunes, também no município de Campo Verde – MT, e em solos de textura argilo-
arenosa resistividade variando entre 111 a 3800 .m. Estes resultados mostram que
solos de mesma textura e pertencentes à mesma classe podem, como nas rochas,
apresentar valores de resistividade elétrica bastante variada.
2.5.2 Resistividade à Passagem da Corrente Elétrica.
Próximo à superfície a condução elétrica em solos e rochas se dá basicamente
por meio de íons devido à dissolução dos sais na água, sendo denominada de
condutividade eletrolítica. Dessa forma quanto maior a porosidade maior a
condutividade elétrica do material.
35
O fluxo de corrente tem relação direta com a forma, posição, orientação e
comunicação ou isolamento entre poros. As propriedades mineralógicas, texturais, e
a disposição dos materiais constituintes das rochas, são características importantes
quando do entendimento da propriedade elétrica da resistividade. Se por exemplo a
corrente seguir os canais tortuosos dos poros, aumentará o caminho a ser percorrido,
consequentemente haverá aumento da resistividade. De uma maneira geral a
condutividade é eletrolítica sendo a resistividade afetada pela porosidade, teor de
água e quantidade de sais dissolvidos. Os métodos elétricos são os mais aplicados na
prospecção de águas subterrâneas, estudos de geologia e estudos ambientais.
De acordo com Braga (2002), as rochas condutoras de corrente elétrica
podem ser consideradas como estruturas agregadas de minerais sólidos, líquidos e
gases, sendo sua resistividade influenciada por:
Resistividade dos minerais que formam a parte sólida da rocha;
Resistividade dos líquidos e gases que preenchem seus poros;
Umidade da rocha;
Porosidade da rocha;
Textura da rocha e a forma de distribuição de seus poros;
Processos que ocorrem no contato dos líquidos contidos nos poros e a
estrutura mineral, tais como: processo de adsorção de íons na
superfície do esqueleto mineral, diminuindo a resistividade total
destas rochas.
Pelas características de suas partículas, a argila é muito melhor condutora de
eletricidade que a areia, pois mantêm a água nos seus interstícios por adesão em
função do tamanho de seus grãos serem 10
-3
a 10
-4
vezes menores que dos grãos de
areia, (Fernandes, 1982). A condutividade elevada das partículas de argila tem
relação com a distribuição dos cátions em torno dos minerais, formando camadas
duplas, sendo uma fixa e outra difusa. O grande número de íons presentes na camada
difusa permite um maior fluxo de corrente elétrica na solução que preenche os poros.
A presença deste mineral nas rochas, juntamente com a presença de água,
altera de maneira significativa a condutividade da formação rochosa. É um efeito
característico de materiais que contenham minerais de argila, o que lhes proporciona
36
maior condutividade.
De acordo com Nascimento et al.(2004), geralmente os solos de textura fina
têm mais argilominerais, e em solos de textura mais arenosa há presença de quartzo
na fração granulométrica areia. A capacidade de adsorção dos argilominerais torna os
solos que apresentem esta característica, bons condutores elétricos, enquanto que os
solos mais arenosos apresentam maior resistividade à passagem da corrente elétrica.
Solos de textura mais fina apresentam poros mais reduzidos com maior retenção de
água, e solos de textura mais arenosa facilitam o escoamento da água.
A Tabela 3 apresenta resistividade de alguns materiais, onde se pode observar
que nas rochas a resistividade tem uma variação muito ampla.
Tabela 3 - Resistividade de solos e rochas. ORELLANA, 1972.
KEAREY & BROOKS, 1991. BRAGA, 2002. FIGUEROLA,
1994. REYNOLDOS, 1997. FERNANDES, 1982.
Estas variações, tanto de solos como de rochas, permitem por meio da
aplicação do método da eletroresistividade, obter curvas representativas de
37
resistividade. Estas curvas depois de modeladas, apresentam como resultado final a
espessura e a resistividade das camadas subsuperficiais.
A respeito dos minerais de argila, de acordo com Nunes (2003), estes
contribuem para a diminuição do valor da resistividade elétrica, pois conduzem a
corrente elétrica tanto eletronicamente (no fluído), como através da dupla camada na
interface mineral/eletrólito.
Nos métodos elétricos, recorre-se a uma grande variedade de técnicas, que
são aplicadas de acordo com as diferentes propriedades ou características dos
materiais. O método da eletroresistividade emprega corrente elétrica artificial no
terreno objetivando medir a resistividade (ρ), que é um dos parâmetros físicos de
grande importância na identificação dos diferentes tipos de materiais geológicos.
2.5.3 A Resistividade Elétrica.
Uma definição de resistividade pode ser dada como a resistência, em Ohms,
entre as faces opostas de um cubo de aresta unitária de um determinado material.
Num cilindro condutor, Figura 7, que tem resistência R comprimento dado por l e
área de uma determinada seção transversal dada por s, a resistividade (ρ) é dada por:
l
sR.
=
ρ
(1)
Figura 7 - A figura mostra um cilindro condutor de resistência R,
comprimento l, área seção transversal s. (DACT, 2005).
A unidade da resistividade (ρ) no sistema internacional é o Ohm.m.
38
Todos os materiais geológicos no seu estado natural, devido as suas
propriedades inerentes, oferecem resistência à passagem da corrente elétrica. A
resistividade elétrica (ρ) está associada às impurezas constantes nos interstícios de
solos e rochas, à porosidade, às fissuras das rochas, à umidade, com o tipo de mineral
constituinte da rocha etc.
Mas a maioria desses minerais são isolantes elétricos, dessa forma a corrente
elétrica será transportada pelos íons contidos nas águas intersticiais. As rochas têm
poros em quantidades que variam de muitos a poucos, podendo estar saturadas
parcialmente ou totalmente por eletrólitos. Pode-se dizer que quanto maior a
porosidade de solos e rochas e quanto maior a salinidade da água que preenche seus
poros, menor será a resistividade (ρ) desses materiais. A resistividade elétrica neste
caso pode ser muito variável, e é função da quantidade de líquido contida nos poros e
fissuras de solos e rochas e da intercomunicabilidade entre esses poros, ou
tortuosidade, de maneira que a corrente elétrica possa circular.
2.5.4
Medida da Resistividade.
Diversos métodos podem ser usados para medir diretamente a resistividade
das rochas, podendo ser feitas de três modos, de acordo com Orellana (1972):
por meio de medições geoelétricas efetuadas sobre a superfície do terreno;
em medições efetuadas no interior de sondagens mecânicas;
em laboratório.
No primeiro caso, as medições são alteradas pelas interferências locais
resultando nas ambigüidades. No segundo caso as respostas são mais detalhadas a
respeito das rochas que se encontram no seu estado natural e no terceiro caso
amostras são retiradas e analisadas em laboratório, com o inconveniente de serem
modificadas por alterações na sua constituição física e ainda não ser uma amostra
representativa.
A equação (1) descrita anteriormente, é resultado de métodos aplicados em
laboratório, por meio de dois e quatro eletrodos, com amostras de materiais
provenientes de rochas e minerais.
39
Para o caso de dois eletrodos, considera-se que o eletrodo A se encontre em
um meio de resistividade uniforme e que o eletrodo B, por onde o circuito é fechado,
se encontra a uma grande distância de A, de tal forma que não influencie nas
medidas que serão realizadas, conforme Figura 8.
Pela Lei de Ohm calcula-se a resistência elétrica R à passagem de corrente
pela casca semi-esférica de raio r e de espessura dr através da equação:
2
2 r
dr
R
π
ρ
= (2)
Onde
ρ
é a resistividade elétrica do meio.
O potencial elétrico V diminui no sentido da propagação da corrente elétrica
I, então:
IRdV
=
(3)
Figura 8 - Fluxo de corrente elétrica a partir de um
eletrodo à superfície. J é o vetor densidade de
corrente (Modificado de ROMÁN, 2005).
substituindo (3) em (4) tem-se:
40
I
r
dr
dV .
2
2
π
ρ
= (4)
Considerando-se um terreno homogêneo de resistividade elétrica ρ. Seja dr
uma espessura infinitesimal e I a corrente que penetra no subsolo de intensidade +I.
A diferença de potencial entre dois pontos quaisquer (por exemplo, M e N) da
casca esférica será:
==
=
21
2
2
11
22
2
2
1
rr
I
r
drI
V
I
r
dr
dV
r
r
N
M
-
π
ρ
π
ρ
π
ρ
Considerando o potencial nulo no infinito, em r
2
, tem-se:
r
I
V
π
ρ
2
= (5)
A expressão representa a equação fundamental da eletroresistividade, e
expressa o potencial devido a um eletrodo pontual a uma distância r deste, num semi-
espaço homogêneo e isotrópico.
Mas o potencial gerado em um ponto
M (veja a Figura 8) distante r de A, será
igual ao potencial elétrico produzido pela corrente injetada em
A menos o potencial
elétrico produzido pela corrente em um ponto B qualquer, assim o potencial elétrico
V
M
no ponto M será:
BM
I
AM
I
V
M
π
ρ
π
ρ
22
= (6)
41
Figura 9 – Distribuição de corrente e linhas de potencial, em
função dos eletrodos de corrente A e B, (Modificado de
TELFORD et al.1990).
Ocorre que, em campo não medimos o potencial em um ponto, mas a
diferença de potencial entre dois pontos dados por M e N. Para o ponto N podemos
aplicar a expressão (7):
BN
I
AN
I
V
N
π
ρ
π
ρ
22
= (7)
e portando a diferença de potencial entre M e N será
+==Δ
BNANBMAM
I
VVV
NM
1111
2
π
ρ
(8)
daí obtemos a resistividade
ρ
k
I
V
BNANBMAM
I
V
Δ
=
+
Δ
=
1111
2
π
ρ
(9)
onde k é conhecido como fator geométrico do dispositivo e depende só da
distância entre os eletrodos e é dado em metros no SI. Não sendo homogêneo o meio
42
o valor da resistividade é denominada de aparente e representada por (ρ
a
), pois é
obtida pela contribuição de todas as formações no subsolo. A expressão (9) é
empregada para dispositivos dispostos sobre a superfície plana do terreno e com uma
formação geométrica qualquer.
Na medição da resistividade aparente, para que se complete o circuito elétrico
através do subsolo será necessário um par de eletrodos, M e N para medir o potencial,
sendo um, considerado fonte, e o outro receptor. De posse dos dados obtidos sobre
um meio heterogêneo, obtêm-se a resistividade aparente que é a variável utilizada
para expressar os resultados das medições da maioria dos métodos elétricos.
2.5.5
Resistividade Aparente - Caso de Duas Camadas.
A partir da camada limite terra-ar os meios podem ser definidos como: da
atmosfera e do terreno. No primeiro a resistividade muito alta e no segundo variável,
pois o meio é heterogêneo composto por meios parciais homogêneos e isótropos.
De acordo com a Figura 10, a separação dos eletrodos de corrente
representada pelo segmento AB, mostra que o circuito acontece apenas na primeira
camada do subsolo de resistividade ρ
1
.
Figura 10 - Distribuição da resistividade para o caso de duas
camadas.
Adaptado de FERNANDES, 1982.
Se a separação for a do segmento AB’, então a contribuição maior para o
circuito é feita pelos meios de resistividade ρ
1
e ρ
2
. Para o caso de duas camadas,
43
quanto maior a separação dos eletrodos AB, maior será a contribuição do meio de
resistividade ρ
2
.
No caso de duas camadas a curva de resistividade começa tangenciando a
resistividade ρ
1
da primeira camada e tende assintoticamente à segunda camada de
resistividade ρ
2
.
Para as curvas de três camadas verificam-se na maioria dos casos um máximo
ou um mínimo, ou três pontos de inflexão nem sempre visíveis.
Na Figura 11, estão indicados a semi-abertura AB/2, no eixo das ordenadas e
as resistividades no eixo das abscissas. A curva representa as variações de
resistividade para duas camadas, para o caso de ρ
1
< ρ
2
.
Figura 11 - curva de resistividade aparente de
duas camadas.
2.5.6
Profundidade de Investigação.
Seja um cilindro condutor e homogêneo, onde se supõe que a densidade de
corrente e o campo elétrico
E
r
são constantes. A resistividade do condutor é o fator
de proporcionalidade entre
E
r
e J
r
, donde se obtêm que:
EJ
rr
==
ρ
1
(10)
44
A Figura 12 mostra um eletrodo pontual, que gera uma superfície semi-
esférica em um meio homogêneo, onde a densidade de corrente
J
r
tem direção
radial, e esta simetricamente distribuída ao longo da superfície semi-esférica. Como a
intensidade de corrente gera superfícies semi-esféricas para um determinado raio
r,
então:
s
I
J =
Figura 12 - densidade de corrente criada por um eletrodo pontual
em um semi-espaço homogêneo. Adaptado de
ORELLANA, 1972.
na superfície semi-esférica o valor da densidade de corrente será igual a
somatória das contribuições da intensidade de corrente, ao longo da superfície semi-
esférica. A área para cada seção esférica vale
2
2 r
π
então:
2
2 r
I
J
π
=
r
(11)
substituindo a expressão (10) em (11) teremos:
45
2
2
1
r
I
EJ
πρ
==
rr
, assim:
2
2 r
I
E
π
ρ
= (12)
A expressão (12) representa o módulo do campo elétrico produzido por um
eletrodo pontual em semi-espaço homogêneo.
Para o cálculo da profundidade investigada será necessário a presença de um
segundo eletrodo, como pode ser visto na Figura 13, denominados de eletrodos de
potencial
A e B com o centro do arranjo em O.
Figura 13 - Densidade de corrente em função
da profundidade z. Modificado de
ORELLANA, 1972.
Ainda pode ser observado na mesma figura, a profundidade de investigação
z,
o ponto
P e o ângulo que o segmento AP faz com a superfície do terreno, os
campos elétricos gerados no ponto
P em função dos eletrodos de potencial são
A
E
r
,
46
B
E
r
e o campo resultante
E
r
. A distância AO = OB, vale AB/2.
O cálculo do campo elétrico
E
r
à profundidade z, a partir dos dois eletrodos A
e
B, obtêm-se pela superposição dos campos elétricos
A
E
r
e
B
E
r
devido aos eletrodos
de corrente
A e B. A distância do eletrodo de corrente A ao ponto P é
+
=
2
2
2
z
AB
AP . Pode-se escrever utilizando a equação (12):
2
1
2
2
2
2
1
2
1
2
+
===
z
AB
I
r
I
EE
BA
π
ρ
π
ρ
(13)
As componentes verticais são iguais e opostas e as horizontais também iguais
e de mesmo sentido. Dessa forma o campo total será:
2
1
2
2
2
2
cos
cos2
+
==
z
AB
I
EE
A
π
α
ρ
α
(14)
Onde é o ângulo entre a horizontal e a direção de
A
E
r
.
O
cos =
r
AB
2
e r =
2
1
2
2
2
+
z
AB
. Substituído o resultado em (14)
obtêm-se:
2
3
2
2
2
2
+
==
z
AB
AB
IE
J
z
πρ
(15)
que representa a variação da densidade de corrente em função da
profundidade
z, no ponto P. Numericamente a expressão indica que à medida que z
aumenta o valor da densidade de corrente diminui de forma gradual. O cálculo da
47
densidade de corrente da equação (15) é válido para
y = 0, e para um meio
considerado homogêneo. A corrente, entretanto está distribuída no plano
yz.
Ao se deslocar o ponto
P para uma nova posição P’, a uma distancia y, no
plano
yz (Figura 14), a distância AP’ passa a ser
++
22
2
2
zy
AB
.
Considerando que
A e B estão alinhados na direção do eixo x, a corrente
circulando de
A para B atravessa o plano constituído pelos eixos y e z.
O cálculo anterior da variação da densidade de corrente para um ponto
qualquer
z de coordenadas (AB/2, 0, z) foi definido pela equação (15). Para o cálculo
da variação de corrente em um ponto qualquer de coordenadas (AB/2, y, z), utiliza-se
a equação (15) com o acréscimo da coordenada
y, dessa forma:
2
3
22
2
2
2
++
==
zy
AB
AB
IE
J
z
πρ
para simplificar a equação divide-se o numerador e o denominador por AB/2,
assim:
()
2
3
2
22
2
2
2
2
2
1
++
=
AB
zy
AB
AB
I
J
zy
π
então a densidade de corrente no ponto P’ será:
()
()
2
3
2
22
2
,
2
1
2
1
+
+
=
AB
yz
AB
I
J
yz
π
(16)
48
que representa a densidade de corrente em um ponto de coordenada z e y no
plano .
Para obtenção da fração de corrente total (no ponto) a profundidade z
o
será
dada pela aplicação da integral dupla. Considerando que a profundidade no ponto P’
varia de 0 z z
0
e que o valor do deslocamento de y no plano β, varie de - a +
, a fração F da corrente total da superfície até a profundidade z
0
será:
Figura 14 - Deslocamento do ponto P para P’ de um valor y para o
cálculo da fração de corrente F.
49
∫∫
=
=
+
+
+
+
0
0
0
2
3
2
2
22
1
2
2
1
1
0
z
y,z
z
AB
yz
dzdy
AB
F
dzdyJF
π
π
Fazendo
2
AB
z
k =
e
2
AB
y
w =
teremos:
+
=
++
=
+
0
0
2
2
3
22
0
0
1
2
1
1
'z'z
)k(
dk
)wk(
dwdk
F
ππ
2
22
0
11
AB
z
tgktgF
==
ππ
(17)
se a profundidade
z for igual a semi-distância AB/2, então a fração de
corrente será dada por:
2
1
4
2
1
2
1
===
π
π
π
.tgF
que representa a 50% de I.
sendo z = AB = 2(AB/2), a fração de corrente será:
705007148717791
2
2
2
1
,,.tgF ===
π
π
Ou seja, até a profundidade z chega 70,5%, da corrente elétrica aplicada na
superfície do solo.
50
2.5.7
Limitações dos Métodos Resistivos.
São eficientes na delineação de seqüências estratificadas de baixa
profundidade e na detecção de descontinuidades verticais, que envolvam variações
de resistividade. Apresenta algumas limitações, de acordo com DACT, 2005:
1.
A interpretação pode ser ambígua;
2.
A interpretação limita-se a configurações estruturais simples;
3.
A topografia e os efeitos das variações resistivas muito superficiais
podem mascarar os efeitos das variações mais profundas;
4.
A profundidade de penetração do método está limitada pela máxima
potência elétrica do equipamento;
5.
Camadas muito finas não podem ser detectadas em curvas de
sondagem a grandes profundidades.
2.6 Métodos Geofísicos aplicados à caracterização do solo.
Os métodos geoelétricos estudam as variações de resistividade de solos e
rochas utilizando-se corrente elétrica contínua ou alternada. É possível determinar as
estruturas das camadas do subsolo por meio da resistividade elétrica (ρ). As medidas
são obtidas por meio da diferença de potencial entre dois pontos da superfície
utilizando-se a método da Sondagem Elétrica Vertical - SEV. Esse método,
associado a outras técnicas geofísicas como o Radar de Penetração do Solo – GPR
(Ground Penetrating Radar), tem sido usado com freqüência na caracterização da
cobertura pedológica, e estruturas geológicas e na determinação do nível do lençol
freático.
Destacam-se os trabalhos de Pereira (2005), que obteve a caracterização
pedológica e funcionamento hídrico, de uma vertente representativa na micro bacia
do Córrego Chico Nunes, município de Primavera do Leste, Mato Grosso, utilizando
os métodos geofísicos de Sondagem Elétrica Vertical (SEV) e Radar de Penetração
no Solo (GPR). Este trabalho permitiu além da identificação do aqüífero freático,
definir as espessuras de rochas da Formação Cachoeirinha e Cambambe através do
51
uso do GPR. Associando o modelo geoelétrico das SEV’s com imagens GPR,
elaborou um modelo geofísico/geológico integrado da toposseqüência até 30 m de
profundidade.
Moura (2003), utilizando as sondagens elétricas por meio do arranjo de
Schlumberger, conseguiu caracterizar materiais de subsuperfície determinando
espessuras e resistividades de camadas de solo e rocha, na Alta Bacia do Rio
Araguaia, município de Mineiros – GO.
Cutrim & Rebouças (2005), que estimaram o topo e a espessura de unidades
geológicas na Bacia do Paraná, das unidades geológicas das Formações Furnas e
Ponta Grossa por meio da Sondagem Elétrica Vertical – SEV, na cidade de
Rondonópolis, estado de Mato Grosso.
Nascimento et al. (2004), conseguiram distinguir solos arenosos e argilosos
com base em medidas de resistividade elétrica.
Oliveira et al. (2005), aplicou métodos elétricos e eletromagnéticos (GPR), no
município de Pedra Preta, Mato Grosso, com o objetivo de caracterizar o solo para
uso em agricultura de precisão. O estudo mapeou condutividade elétrica aparente, a
umidade e as heterogeneidades do solo até 1 m de profundidade.
Silva (2002), em trabalho realizado no município de Sorriso-MT, mostrou a
eficiência dos métodos geofísicos integrados com informações geológicas
convencionais para identificar a variação sazonal do lençol freático através do
método da eletroresistividade. A identificação do topo do lençol freático e o topo
rochoso foram possíveis com o uso do GPR. Estes dois métodos geofísicos
permitiram, o delineamento das estruturas geológicas e o nível d’água ao longo da
vertente estudada.
52
CAPITULO III
3 MATERIAIS E MÉTODOS
No método da eletroresistividade utiliza-se corrente elétrica contínua ou
alternada, de freqüência muito baixa de tal forma que o fenômeno da polarização
possa ser desprezado. A corrente elétrica artificial de baixa freqüência é aplicada no
solo ou rocha, por meio de eletrodos. O objetivo é investigar a dificuldade de
propagação desta corrente sobre estes materiais gerando uma distribuição de
potencial, permitindo obter informações que possibilitem estudar e mapear esse
meio. Na verdade busca-se pelo método a determinação da resistividade dos
materiais na subsuperfície. A propagação da corrente elétrica no meio se dá por:
Transporte dos elétrons na matriz da rocha (minerais metálicos,
impurezas e agregação de minerais);
Por deslocamento dos íons dissolvidos na água contida nos poros e
fissuras de rochas e solos.
Dessa forma pode-se dizer que quanto maior a porosidade maior a
condutividade elétrica do material. De uma maneira geral a condutividade é
eletrolítica sendo a resistividade afetada pela porosidade, teor de água e quantidade
de sais dissolvidos. Isto faz com que os métodos elétricos sejam os mais aplicados na
prospecção de águas subterrâneas, estudos de geologia e estudos ambientais.
53
3.1 Fundamentação metodológica.
As principais técnicas dos métodos geoelétricos são de sondagens,
caminhamento e perfilagens. No estudo dos parâmetros físicos estudados, estas
técnicas apresentam diferenças de procedimento em campo relacionadas às
disposições dos eletrodos na superfície do terreno ou no interior de furos de
sondagem.
Dentre as técnicas apresentadas destacaremos a da Sondagem que é um tipo
de investigação que pode ser horizontal, ao longo de uma seção e/ou vertical sobre
um ponto determinado. Neste tipo de investigação utiliza-se um mesmo tipo de
dispositivo, formado por dois eletrodos de injeção A e B de corrente elétrica, e dois
eletrodos de medição M e N, da diferença de potencial (ddp). A sondagem elétrica
permite obter uma série de determinações de resistividade aparente podendo o
dispositivo ser simétrico ou assimétrico.
O método da resistividade utiliza as técnicas de sondagem elétrica vertical
(SEV), caminhamento elétrico e perfilagem. A SEV é realizada principalmente com
os arranjos Schlumberger e Wenner.
3.1.1
Sondagem Elétrica Vertical.
A sondagem elétrica vertical apresenta as seguintes características:
Consiste em medir a resistividade elétrica com eletrodos de recepção e
emissão alinhados;
A resistividade é medida por meio da diferença de potencial nos
eletrodos internos, variando com a mudança do material em
subsuperfície, na qual a corrente elétrica percorre;
A medição da resistividade vertical é feita na superfície, abaixo do
ponto de interesse e em terrenos compostos por camadas lateralmente
homogêneas e limitados a planos paralelos a superfície do terreno;
Utilizado na determinação do lençol freático e das espessuras de
camadas horizontais.
54
A Figura 15 apresenta o esquema eletródico apresentando quatro eletrodos,
na seqüência AMNB sobre uma mesma reta, e distribuída simetricamente a partir do
centro O. As distâncias AO e OB = AB/2, têm origem no centro do arranjo. MN = a,
é a distância entre os eletrodos de medição de ddp.
Esse dispositivo apresenta grandes vantagens teóricas e grande aproximação
na prática. Schlumberger esquematizou o arranjo fazendo com que a distância a que
separa os eletrodos
M e N fosse a menor possível, dessa forma o erro na medição
será tão pequeno que não influenciará nos resultados, podendo ser desprezado. Para
esta configuração proposta por Schlumberger, deve-se tomar sempre a relação MN
AB/5, desse modo o valor de
V
Δ
será confiável.
Figura 15 - Arranjo Schlumberger dos eletrodos. Distribuição
linear simétrica. (Modificado de ORELLANA 1972).
Para o entendimento da idéia de Schlumberger, parte-se da equação (9), onde
as semidistâncias AM, BM, NA e BN passam a ser, de acordo com a Figura 15,
respectivamente AB/2 – a/2, AB/2 + a/2, AB/2 + a/2 e AB/2 – a/2. A semidistância
MN = a, com MO e NO = a/2. Substituindo as variáveis no fator geométrico k, da
equação (9), tem-se:
+
+
=
22222222
2
aABaABaABaAB
k
π
55
a
aAB
k
a
aABaAB
k
=
+
=
42
2
2222
2
2
2
π
π
substituindo em (9):
aI
VaAB
a
Δ
πρ
=
42
2
2
(18)
Schlumberger aplicou a idéia de limite, considerando que a distância
MN = a
seja a menor possível, de tal forma que quando comparada aos eletrodos A e B, tenda
para zero. Isso pode ser expresso em uma linguagem matemática da forma:
a
V
I
AB
aI
VaAB
lim
lim
a
a
a
a
Δ
π
ρ
Δ
πρ
0
2
2
2
0
2
42
=
=
,
mas o
a
V
lim
a
Δ
0
é o próprio campo elétrico
E
; então a equação passa a ser
escrita como:
I
EAB
a
2
2
=
πρ
(19)
Se, no entanto, tomada a expressão (18), for desprezado o valor de
4
2
a
, o
56
erro cometido será muito pequeno desde que se tome MN AB/5. Dessa forma o
erro relativo, de acordo com Orellana (1972), será:
(
)
()
%,
AB
AB
AB
AB
ABAB
AB
aABAB
4040
4
100
2
4
5
22
2
422
2
2
2
2
22
2
2
22
==
=
=
=
=
η
(20)
Na obtenção dos dados de campo, o eletrodo de corrente B duplica o valor da
ddp, e a expressão fica:
Ia
VAB
a
Δ
πρ
2
2
2
=
(21)
Nesta configuração ao aumentar-se a distância dos eletrodos de corrente
AB,
com
MN fixos, os valores da diferença de potencial começam a diminuir e atingem o
limite de medição do equipamento. Para corrigir o problema, utiliza-se uma técnica
denominada de operação embreagem.
A operação embreagem consiste em aumentar o valor de V, com o aumento
da separação dos eletrodos de potencial e mantendo-se fixos os eletrodos de corrente.
Estando AB fixos, para um primeiro espaçamento de MN, realiza-se uma primeira
leitura, posteriormente para um segundo espaçamento de MN uma segunda leitura.
Efetuada as duas leituras com AB fixo, passa-se para o espaçamento de AB seguinte
onde se realiza as duas leituras de potencial mantendo-se os mesmos espaçamentos
de MN utilizados anteriormente. Este procedimento deve ser realizado três vezes
sempre que possível.
O gráfico apresentará segmentos de curvas paralelos nos pontos relativos aos
valores de resistividade aparente obtidos pela aplicação da operação embreagem.
57
Neste dispositivo o controle da profundidade investigada é determinado pelo
espaçamento dos eletrodos A e B. Neste arranjo a idéia é manter os eletrodos M e N
de tal forma que a distância entre eles seja pequena quando comparada à separação
dos eletrodos de corrente A e B. Em geral utiliza-se a relação MN AB/5.
Os dados dos parâmetros físicos obtidos no desenvolvimento das SEV’s são
representadas através de curvas bi logarítmicas, onde no eixo das abscissas
representam-se as distâncias AB/2 em metros, e no eixo das ordenadas o valor da
resistividade aparente (Ohm.m).
3.1.2
Curvas de Resistividade Aparente – Profundidade de Investigação.
A profundidade teórica investigada (h), no centro do arranjo, que neste caso
foi o de Schlumberger, obedeceu à relação
56
AB
h
AB
, mas pode variar em
alguns casos, como mostrado na tabela de relações de profundidade apresentada na
dissertação de Pereira (2005).
Tabela 4 - Relação entre separação de eletrodos e profundidade de
investigação (PEREIRA, 2005).
De acordo com Parasnis apud Orellana (1970), numa SEV não existe limite
de profundidade a ser alcançado, a dependência está relacionada com a distância
entre os eletrodos, quanto maior a distância maior a profundidade investigada no
subsolo.
Mas na prática o processo de investigação sofre algumas interferências que
podem ser de origem natural ou artificial, sendo, portanto, a profundidade de
58
investigação considerada teórica.
3.2 Procedimentos Metodológicos.
Os trabalhos foram realizados no município de Campo Verde-MT, numa
região de grande potencial agrícola, destacando-se como principal cultura da região o
algodão. Os dados foram obtidos no período de 05 a 08 de setembro de 2005.
Por meio de medições geoelétricas realizadas na superfície do solo foram
obtidos dados de resistividade aparente, que são representativos das variações dos
horizontes pedológicos e do substrato geológico.
3.2.1
Posicionamento das Sondagens Elétricas Verticais, das Trincheiras e das
Sondagens a Trado.
A partir da definição do primeiro ponto, referente à primeira Sondagem
Elétrica Vertical – SEV01, de coordenadas geográficas Lat. 15º18’14’’ S. e Long.
54º51’60’’ W, foram demarcados em intervalos de 100 metros, os demais pontos
referentes às SEV’s 02, 03, 04 e 05 (Figura 16). Estão representados na Figura 17, os
pontos das SEV’s com suas Trincheiras correspondentes, indicados por
T
4,
T
5,
T
6 e
T
7
.
Os traços perpendiculares a partir da linha central, ao longo da vertente,
representam os alinhamentos das aberturas dos eletrodos de corrente AB que também
são identificados em vermelho na Figura 16. Na SEV01, a semi-abertura AB/2
atingiu 240 m, e nas demais atingiram 130 m. O alinhamento dos centros das SEV’s,
identificados com um círculo (origem das SEV’s), na Figura 16, foram demarcados
no sentido SW e a cada 100 m, atingindo 400 m ao longo da vertente. Todos os
pontos de localização das origens das SEV’s (círculo preto, Figura 16) e os dados
para plotagem das estradas foram coletados por meio de receptor GPS Geoexplorer
3c – Trimble.
59
Figura 16 - Croqui de Localização das cinco SEV’s realizadas ao longo da vertente
do Córrego da Ilha. A direção da abertura dos eletrodos de corrente (AB)
está indicada em vermelho. O espaçamento entre as SEV’s é de 100 m.
3.2.2
Obtenção dos dados Diretos e Indiretos.
3.2.2.1 Trincheiras e Sondagens a Trado.
Para a obtenção das descrições das características morfológicas do solo foram
abertas trincheiras por meio de uma retroescavadeira, e aprofundamento destas por
trado mecânico. Um GPS foi utilizado para localização dos pontos, e para a obtenção
de dados de topografia foi utilizado nível óptico. As informações relativas a
pedológia foram construídas quando da abertura das trincheiras e do aprofundamento
destas por tradagem; tais informações encontram-se nos Anexos A e B. Estes dados
foram coletados no mês de abril de 2006. A precipitação pluviométrica média diária
da região no mês de março de 2006, foi de 364 mm, conforme mostrado no anexo D.
Nas trincheiras e sondagens a trado, realizadas nos pontos de investigação, a
textura, tanto em Latossolo Vermelho-Amarelo (SEV 01 e 02) como em Latossolo
60
Vermelho (SEV 03, 04 e da SEV05 por comparação), foi argilosa. As trincheiras
aprofundadas foram a T
4
, T
5,
e
T
6
, atingindo respectivamente as profundidades de
4,05 m, 5,55 m e 4,70 m. Nas demais trincheiras não houve aprofundamento por
tradagem. Na trincheira T
5
foi possível descrever o horizonte de transição C/R,
conforme pode ser observado no Anexo B, na planilha de aprofundamento da
trincheira 5.
Foi realizado também o nivelamento geométrico, Anexo C, com o objetivo de
corrigir as posições das camadas das sondagens do efeito da topografia, cujos
resultados encontram-se na Figura 17. Nesta figura estão localizadas as investigações
diretas representadas por setas vermelhas (posicionamento das trincheiras). Não
houve abertura de trincheira no ponto referente à SEV05.
Figura 17 - Resultado do nivelamento geométrico dos pontos de
Localização das SEV’s ao longo da vertente estudada.
Para se determinar o declive do ponto inicial até o final foi tomada a
distância, locada sobre a vertente e a partir do Córrego da Ilha, de 1256,5 m, cuja
cota de referência foi de 640,8 m, obtida por meio de um aparelho de GPS. A
diferença de altitude H entre os dois pontos A e B foi determinada através de nível
óptico, e foram efetuadas duas visadas no mesmo nível, uma à ré (R) no ponto A e
61
outra à vante (V) no ponto B. Tomando-se a última cota de 671,032 m, o desnível
nos pontos demarcados ao longo da vertente foi de aproximadamente 2,4%.
3.2.2.2
Sondagem Elétrica Vertical – SEV.
A etapa de coleta de dados de campo foi realizada com Resistivímetro Íris
Syscal –R12. Na Figura 18 no lado esquerdo e sobre a caixa branca o console
principal e no lado direito, sobre a mesma caixa, o módulo de potência de 250 W e
tensão máxima de 800 V. Os trabalhos de geofísica foram realizados na estação seca
(setembro de 2005) com precipitação média mensal de 89 mm registrada para a
região, com base em dados pluviométricos de uma estação meteorológica instalada
próximo à área de estudo (anexo D).
Figura 18 - A figura mostra os eletrodos de potencial MN e o centro O. No
desenvolvimento do arranjo Schlumberger. Os dados de
resistividade foram obtidos através do Resistivímetro modelo
Syscal – R12.
Na Figura 18, pode-se observar que os eletrodos de potenciam M e N e o
centro do arranjo O que foram implantados sobre restos de matéria orgânica
resultante da colheita de entressafra de milho. Esta matéria orgânica se encontra
62
presente no solo, tanto no talhão 280 como no talhão 100, e ocorreram ao longo de
toda vertente e em todas as linhas demarcadas relativas às Sondagens Elétricas
Verticais.
Por meio ds resultados das Sondagens Elétricas Verticais – SEV’s pode-se
construir as curvas das variações das resistividades aparentes, que foram plotadas em
campo e em gráfico na escala log-log. As informações para construção das curvas de
resistividade elétrica aparente da subsuperfície determinadas sobre a linha vermelha,
Figura 16, no sentido NE em intervalos que variaram de 1 m a 130 m para as SEV’s
02, 03, 04 e 05, e de 1 m a 240 m para a SEV01. As distâncias dos eletrodos de
corrente e de potencial, para os intervalos de 1 a 130 m e de 1 a 240 m, usados no
desenvolvimento deste trabalho estão registradas no anexo E.
Após a obtenção das curvas de resistividade elétrica aparente, procedeu-se o
ajustamento destas pelo sistema semi-automático utilizando-se o software IPI2Win
(BOBACHEV et al.1999). São usados para a solução do modelo, algorítmos, funções
e equações matemáticas e estatísticas devidas à Komarov’s, Newton e Tikhonov’s.
Estes fundamentos estatístico-matemáticos permitem a obtenção do ajustamento
entre as curvas, de tal forma que se obtenha um menor desvio quadrático médio
possível.
Por meio do ajuste semi-automático destas curvas buscou-se:
Determinar a distribuição espacial da resistividade elétrica no subsolo,
utilizando-se as variações de ddp;
Determinação um modelo geoelétrico para cada ponto investigado;
Interpretar o significado geológico destas distribuições.
Resumidamente, parte-se de um modelo inicial que vai sendo modificado, até
que seja encontrada a melhor solução de ajuste entre as curvas. O objetivo foi
determinar, considerando o meio isotrópico e com camadas separadas por planos
horizontais, a espessura destas e o valor das suas resistividades aparentes.
Os resultados permitiram elaborar uma coluna geoelétrica para cada ponto
63
investigado, permitindo estimar as distribuições das resistividades e as respectivas
espessuras das camadas de solo e do substrato rochoso.
A etapa seguinte foi associar os dados da coluna geoelétrica a informações
pedológicas e litológicas obtidas na área de estudo, o que possibilitou a construção
de uma coluna geológica representativa nos pontos referentes às SEV’s ao longo da
vertente estudada.
As informações locais de pedologia e geologia são fundamentais para a
análise morfológica, visto que para um dado valor de resistividade elétrica podem ser
associados vários tipos de solos ou de rochas. Esta associação permitiu que os
modelos gerados não apresentassem ambigüidades.
Após associar os horizontes do solo, com suas descrições morfológicas, às
camadas resistivas e suas espessuras, foi apresentado o modelo gerado para cada
SEV, mostrando a coluna geoelétrica, a curva de campo e a curva ajustada pelo
modelamento. Este será o procedimento usado, objetivando gerar modelos de
camadas ajustadas correlacionadas aos horizontes do solo e substrato rochoso, para
cada ponto de Sondagem Elétrica Vertical.
Uma análise comparativa entre as camadas geradas no modelamento e as
descrições de solos e rochas será feita em um item posterior ao método da inversão
automática. Este método toma como base um modelo de curva de campo,
denominado de modelo de curva inicial, onde são feito ajustes objetivando
estimativas iniciais dos parâmetros de resistividade e espessuras das camadas
geoelétricas (BRAGA, 2002). Após este procedimento denominado de análise
quantitativa, foram construídas tabelas, mostrando os valores de resistividade elétrica
e espessura das camadas ajustadas no modelamento para todas as Sondagens
Elétricas Verticais – SEV’s.
Todas as tabelas e figuras construídas neste trabalho foram geradas com
auxílio dos programas Corel Draw12, Corel Photo-paint12.
64
CAPÍTULO IV
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O presente capítulo apresenta os resultados das cinco SEV’s, as curvas de
resistividade aparente obtidas em campo e informações referentes à análise
quantitativa de todas as Sondagens Elétricas Verticais.
Figura 19 – Localização da área de estudo em relação ao
Córrego da Ilha e Rio das Mortes.
(Modificado sobre imagem GoogleEarth 2007)
Na Figura 19 observa-se o posicionamento das sondagens elétricas, em linhas
amarelas, em relação a uma das vertentes do Córrego da Ilha, afluente da margem
65
esquerda do Rio das Mortes. Observa-se também na figura grandes áreas abertas que
são ocupadas principalmente pela cultura de algodão.
Os traços em amarelo, ao longo da vertente e os perpendiculares a estes,
foram demarcados em solos classificados como Latossolo Vermelho-Amarelo e
Latossolo-Vermelho com o objetivo de avaliar também as variações de resistividade
elétrica nestas duas classes de solos.
4.1 Curvas de Sondagem Elétrica.
A Figura 20 mostra o comportamento gráfico das cinco curvas de
resistividade elétrica aparente referente às Sondagens Elétricas Verticais SEV’s
resultantes dos dados obtidos em campo por meio do resistivímetro Íris Syscal –R12.
Figura 20 - Curvas de Resistividade aparente em função da semi-distância
AB/2 com os dados das Sondagens Elétricas Verticais.
No eixo das abscissas estão representados os valores das resistividades
elétricas aparentes e no eixo das ordenadas a distância AB/2. As curvas estão
66
plotadas no gráfico cuja escala em ambos os eixos é a logarítmica. Na legenda, estão
identificadas as SEV’s e suas respectivas curvas de resistividade elétrica. No eixo das
ordenadas, estão representados os valores iniciais de resistividade elétrica das curvas
de campo, e ao lado de cada valor a identificação entre parênteses do número
referente a cada sondagem elétrica.
As variações no comportamento das curvas de resistividade elétrica definem
as camadas eletroresistivas. Assim, as cinco SEV’s apresentam quatro camadas, com
a seqüência de resistividades elétricas ρ
1 >
ρ
2 <
ρ
3 >
ρ
4
. As camadas são definidas a
partir do ponto de inflexão verificado em cada curva de resistividade elétrica, ou seja,
marca-se um ponto de inflexão quando há mudança de comportamento de crescente
para decrescente ou de decrescente para crescente. A camada será limitada no
próximo ponto de inflexão, de acordo com o mesmo critério estabelecido para o
ponto inicial.
Neste trabalho a profundidade investigada obedeceu a relação de z = AB/6, o
que significa dizer que tomada a distância de AB/2 = 10 m na superfície do terreno, a
profundidade investigada na sub-superfície será de z = 3,3 m.
Observando os gráficos das curvas de resistividade elétrica relativos às
SEV’s, Figura 20, até a profundidade aproximada de três metros, nota-se que as
referidas curvas de resistividade elétrica aparente apesar de apresentarem grandes
variações mantêm a mesma morfologia, ou seja, ρ
1 >
ρ
2 <
ρ
3
. A partir desta
profundidade, as curvas apresentam comportamento resistivo similar, podendo se
tratar de matérias com características litológicas semelhantes.
Devido às grandes variações observadas nas curvas até a profundidade 3 m,
foram feitas comparações com breves análises em relação aos valores de
resistividade aparente, plotadas na escala logarítmica e referente às cinco Sondagens
Elétricas Verticais.
A SEV01 foi realizada no dia 05/09/05, e registrou em todos os pontos
investigados os menores valores de resistividade elétrica aparente, com valor inicial
de 480 .m, ou seja, para a primeira semi-abertura de AB/2 = 1,00 m. Após a
realização desta SEV os trabalhos foram interrompidos pela ocorrência de
precipitação pluviométrica.
67
A SEV02 foi realizada no dia 06/09/05. De acordo com informações dos
equipamentos de meteorologia instalados em uma fazenda próxima a área (anexo D),
a precipitação pluviométrica ocorrida no dia anterior foi de 12 mm. Em geral, após a
ocorrência de chuva, as camadas superficiais apresentam uma resistividade aparente
menor devido ao aumento da umidade. Mas a ocorrência da chuva não interferiu nos
valores obtidos de resistividade elétrica para a SEV02, cujo valor inicial foi de
3400 .m e se manteve maior que todos os demais valores de resistividade elétrica
obtidos para o restante das SEV’s no intervalo 3 m, resultado que pode ser
observado na Figura 20. As SEV’s 01 e 02 foram realizadas em Latossolo
Vermelho-Amarelo.
Uma observação importante pode ser feita sobre os dois pontos investigados,
no que diz respeito às diferenças nos valores de resistividade elétrica, ou seja, que
são resultantes das heterogeneidades encontradas em solos, não importando se são de
mesma classe ou não. Os resultados destas heterogeneidades estão relacionados às
diferenças físicas que se referem ao menor teor de umidade, menor porosidade, e
pelo excesso de compactação no solo, além das diferenças químicas que não foram
avaliadas, mas que certamente contribuíram para as alterações no comportamento
dos resultados das curvas até a profundidade de 3 m. Observa-se na SEV02, que para
a distância inicial de AB/2 = 1,00 m, não ouve registro do primeiro valor de
resistividade elétrica, em função de sobrecarga (overload) no sistema, isto é, a
corrente ultrapassou o valor máximo de leitura do equipamento.
Os valores de resistividade elétrica referentes à curva da SEV03, inicialmente
com 1400 .m foram intermediários aos valores de resistividade elétrica referente às
SEV’s 01 e 02, até a profundidade aproximada de 3 m. Observa-se na comparação
entre as três curvas de resistividade elétrica, no intervalo citado, que estas se
alternaram, com diferenças muito significativas, mostrando que os valores de
resistividade elétrica sofreram grandes variações devido às heterogeneidades já
comentadas e verificadas nos horizontes do solo. Os valores de resistividade elétrica
para a terceira SEV foram obtidos em Latossolo Vermelho.
Em relação à SEV01 e SEV03, nota-se que a curva de resistividade aparente
da SEV03 se aproxima da curva de resistividade aparente da SEV01, o que pode ser
68
efeito da presença de umidade no intervalo analisado. A partir da terceira SEV o solo
foi classificado como Latossolo-Vermelho.
Pode-se atribuir a diferença ao tipo de solo e relacionar este fato à sua textura.
De acordo com NASCIMENTO et al. (2004), “
a explicação para como a textura
pode causar a variação na resistividade parece residir na forma como ela
influencia os comportamentos físico e químico do solo”.
Solos de textura mais fina, argilosos, apresentam espaços intergranulares
muito pequenos dificultando o escoamento da água, e consequentemente apresentam
menor resistividade elétrica. Em solos mais arenosos, menor porosidade e com poros
maiores, a água escoa com maior facilidade, aumentando resistividade elétrica. Do
ponto de vista químico, os solos de textura fina apresentam quantidades grandes de
argilominerais, e, portanto menor resistividade elétrica, e nos solos arenosos a fração
de quartzo é alta assim como o valor da resistividade elétrica.
As SEV’s 04 e 05, realizadas no dia 07/09/05, apresentam as curvas com
comportamento muito próximo, ao longo de toda investigação, o que mostra que nos
dois pontos investigados o meio não apresenta grandes variações do ponto de vista da
resistividade. O solo é o mesmo nos dois pontos, parece razoável que a textura,
porosidade, umidade, conteúdo de matéria orgânica e compactação, apresentem
características similares, resultando em valores de resistividade elétrica também
muito próximas no intervalo avaliado.
A partir da profundidade de três metros, com exceção da primeira SEV, todas
as outras sondagens elétricas apresentaram tendência de sobreposição das curvas, o
que permite concluir que as resistividades obtidas são representativas de materiais
que apresentam a mesma litologia. Para a curva de resistividade aparente relativa a
primeira SEV, foram obtidos os menores valores de resistividade elétrica até a
profundidade aproximada de 80 metros. Certamente os valores obtidos para esta SEV
foram fortemente influenciados pela presença de umidade. As profundidades
alcançadas pelas demais SEV’s foram de aproximadamente de 40 metros.
De uma maneira geral, as grandes variações de resistividade aparente foram
verificadas nos horizontes do solo, enquanto em substratos mais profundos as curvas
69
mantêm um comportamento muito próximo, com a resistividade final indicando a
presença de substrato com umidade, provavelmente tratando-se de aqüífero freático.
4.2 Análise Quantitativa das Sondagens Elétricas Verticais.
A partir da SEV01 através dos modelos que foram gerados pelo processo
semi-automático, foram feitas avaliações sobre o comportamento da curva modelada
e relacionamento com os horizontes de solo e rocha identificados nos levantamentos
diretos.
Assim como as curvas de campo, todas as SEV’s submetidas ao processo de
modelamento apresentaram quatro camadas, tendo sido necessário a subdivisão da
primeira camada em todas as sondagens elétricas e da última camada da SEV01, para
melhorar o ajuste da curva que esta sendo modelada em relação à curva de campo.
Com o intuito de evitar ambigüidades (quando a curva de campo pode admitir
muitas soluções), foi efetuada uma associação com a geologia e com a pedologia da
área no momento das análises quantitativas individuais, reduzindo significativamente
a probabilidade de erros de interpretação na construção das colunas geoelétricas.
SEV01.
A SEV01 localiza-se nas coordenadas UTM, E = 729.403 m N = 8.310.616 m
Meridiano central 57 º W. Os dados de solos, para esta SEV, são: da trincheira de
número quatro (T
4
), que atingiu 1,35 m; da Sondagem a Trado (ST
7
), investigada até
2,80 m e aprofundamento por tradagem no interior da trincheira (T
4
), iniciando em
2,30 m, finalizando em 4,05 m. A textura do solo ao longo do perfil é argilosa, e foi
classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo.
Na Figura 21 são apresentadas as curvas de resistividade aparente modelada e
de campo para a SEV01. O eixo vertical, que se encontra na escala logarítmica,
registra em metros a abertura dos eletrodos AB/2, as espessuras das camadas, a
profundidade dos horizontes, a posição da base do lençol freático.
70
Figura 21 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV01 e correlação com os
horizontes do solo. No eixo vertical registrou-se a abertura dos
eletrodos AB/2 e a profundidade em metros para o modelo de
camadas.
O desvio quadrático médio entre os valores da curva de campo e a curva
modelada foi de 12,8%.
71
No eixo horizontal estão os valores de resistividade elétrica em Ohm.m. A
curva baseada nos dados de campo (em preto) e a curva ajustada pelo modelo (em
vermelho), iniciaram a partir da profundidade de 0,33 m, em função da disposição
geométrica utilizada para os eletrodos de corrente.
Para análise quantitativa, referente aos resultados obtidos da associação do
modelo gerado pelo ajuste semi-automático com as descrições pedológicas, serão
apresentadas figuras individuais representativas dos horizontes e camadas ajustadas.
Foi dada prioridade a comentários relacionados às variações de resistividade elétrica
e espessura das camadas com as variações dos horizontes de solo que ocorrem na
SEV que esta sendo analisada, e neste ponto não foi feita comparações entre SEV’s.
A primeira camada inicia na superfície e atinge 1,10 m de profundidade,
tendo sido associadas aos horizontes de solos, descritos por Mendonça & Sécolo
(2007).
No modelo de ajuste esta camada foi subdividida em duas. A primeira
subcamada, com espessura de 0,30 m apresentou resistividade elétrica de 480 .m
muito próxima do valor obtido para o primeiro ponto de investigação referente à
curva de campo da primeira SEV, ou seja, 490 .m. Observa-se que as espessuras da
camada modelada e a profundidade do primeiro ponto investigado também foram
bem próximos 0,30 m e 0,33 m respectivamente.
Os horizontes associados a esta camada são:
Primeira subcamada
Ap (0 – 0,22 m) – É um horizonte que se encontra compactado e apresenta poucas
raízes, de consistência dura, sem porosidade e com micro-
agregações. A participação deste horizonte na camada é de 73%.
Ap/Bw (0,22 – 0,30 m) - diferencia-se do primeiro horizonte, por apresentar poucos
poros e não ter raízes e apresenta micro-agregações. A
participação deste horizonte na camada é de 27%.
72
A
segunda subcamada com espessura da camada de 0,80 m e resistividade
elétrica de 580 .m, foi associada aos horizontes de solos descritos a seguir:
Ap/Bw (0,30 – 0,40 m) - não apresenta estrutura e se encontra compactado, com
poucos poros, sem raízes e com micro-agregações. A
participação deste horizonte na camada é de 12%.
Bw (0,40 – 0,95 m) - apresenta estrutura granular grande e fraca, ausência de raízes,
muitos poros e de consistência macia, com micro-agregação. Em
profundidade o horizonte fica mais úmido e aparecem volumes
milimétricos de plintita e em profundidade a micro-agregação
desaparece. A participação deste horizonte na camada é de 69%.
Bcf1 e Bcf2 (0,95 – 1,10 m) - são de estrutura granular grande e fraca a muito fraca,
sem raízes, com muitos poros e de consistência macia, com
plintita. Com o aumento da umidade desaparece a micro-
agregação. A participação deste horizonte na camada é de 19%.
Segunda camada
A segunda camada modelada com espessura de 1,9 m, e com resistividade de
200 .m., está relacionada aos horizontes:
Bcf1 e Bcf2 (1,10 – 1,43 m) - apresenta muitos poros, consistência macia, aumento
da umidade e da quantidade de plintita e desaparecimento da
micro-agregação. A participação deste horizonte na camada é de
17%.
Cf , (1,43 a 3 m) – no início, apresenta bastante umidade, pouca plintita. O final da
camada ajustada, associado ainda ao horizonte Cf, apresenta
muita umidade e sem plintita. Aparecem também neste horizonte
à profundidade de 2,40 m concreções milimétricas e
centimétricas e logo após a base do lençol freático, em seta e
letra vermelha na Figura 21, a profundidade de 2,65 m. A partir
daí até 2,80 m, ocorre novamente à presença de plintita, e o
73
horizonte começa a ficar mais seco. A participação deste
horizonte na camada é de 83%.
De uma maneira geral, está camada apresenta altos teores de umidade, além
da presença de plintita e por vezes concreções.
Terceira camada
A terceira camada, iniciando a profundidade de 3 m, de espessura 26 m com
resistividade aparente de 4.000 .m. esta associada aos horizontes:
Cf, Cfc (1,9 a 3,58 m) – apresenta concreções lateríticas no horizonte Cfc e apresenta
couraça ferruginosa, com solo seco. De acordo com Mendonça
& Sécolo (2007), no horizonte Cfc, foi possível encontrar outro
aqüífero, abaixo da couraça, a 4 m de profundidade. A
participação deste horizonte na camada é de 7%. As concreções
são materiais que apresentam altos valores de resistividade, e de
acordo com Sacasi et al.(2006), em trabalho utilizando o arranjo
de Schlumberger, numa região periférica de Macapá,
objetivando estudar os recursos hídricos subterrâneos, encontrou
em solos argilosos a argilo-arenosos com concreções
ferruginosas, valores de resistividade variando entre 1123 a
7728 .m. As concreções e couraça ferruginosa são indicativos
da presença da Formação Cachoeirinha.
SR (3,58 – 26 m) – a resistividade nesta camada sobe para 4.000 .m em função da
presença de concreções e o material ficando mais seco. A
participação deste horizonte na camada é de 93%.
Quarta camada
ZS (a partir de 26,0 m) – esta associada ao substrato rochoso saturado com
resistividade elétrica caindo para 110 .m e camada com espessura de 72 m.
74
Como este ponto investigado se encontra mais próximo do Córrego da Ilha,
aproximadamente 100 m, e em uma cota mais baixa em relação às demais SEV’s, os
efeitos da umidade nas duas subcamadas são evidentes, e tamm ao longo de toda
investigação desta SEV.
SEV02.
De coordenadas planas E = 729.243,52 m e N = 8.306.902,06 m, meridiano
central 57 º W.
Os dados de solos para esta SEV foram obtidos através da trincheira de
número cinco (T
5
) que atingiu a profundidade de 2,25 metros, Mendonça & Sécolo
(2007). Assim como na primeira SEV, neste ponto de investigação foi feito
aprofundamento por tradagem no interior da trincheira, começando a 2,25 m e
atingindo a profundidade de 5,55 m. A textura do solo ao longo do perfil é argilosa, e
foi classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo. A resistividade inicial do
primeiro ponto investigado pela sondagem elétrica vertical foi de 3500 .m, para a
profundidade de 0,33 m. Este valor também foi bem próximo da resistividade elétrica
da primeira subcamada desta SEV, ou seja, de 3400 .m para uma subcamada com
espessura de 0,37 m.
Primeira camada
Inicia na superfície e se estende até a 1,37 m de profundidade e foi
subdividida em duas subcamadas. A primeira subcamada com 0,37 m de espessura e
3400 Ohm.m de resistividade elétrica. A segunda subcamada com 1,0 m de espessura
foi modelada com resistividade elétrica de 4300 Ohm.m. Foram associadas aos
horizontes de solos, conforme descrição abaixo:
75
Figura 22- Modelo de camadas ajustadas para a SEV02 e
correlação com os horizontes do solo. No eixo vertical
registrou-se a abertura dos eletrodos AB/2 e a
profundidade em metros para o modelo de camadas.
O desvio quadrático médio entre a curva de campo e a curva modelada foi de
6,11%.
76
Ap (0 – 0,24 m) – horizonte sem estrutura compactada, com muitas raízes, sem
porosidade, de consistência dura e de textura argilosa. A
participação deste horizonte na camada é de 65%.
Pp/Bw e Bw (0,24 – 1,37 m) – horizonte de estrutura granular, inicialmente com
poucas raízes e em profundidade ausentes, com poucos no início
e muitos poros em profundidade, de estrutura micro-agregada e
com umidade em profundidade. A participação deste horizonte
na camada é de 35%.
Segunda camada
A segunda camada foi modelada com espessura de 5 m, e com resistividade
de 740 .m. Está relacionada aos horizontes:
Bw (1,37 – 1,86 m) – apresenta muitos poros, de estrutura granular, com poucas
raízes a ausentes, e com estrutura micro-agregada. A
participação deste horizonte na camada é de 49%.
Cfc
(1,86 – 5,50 m) – apresenta umidade a partir de 2,25 m, de acordo com o
aprofundamento por tradagem no interior da trincheira cinco,
ficando seco por volta de 3,55 m. É um horizonte que apresenta
concreções quando do desaparecimento da plintita. Quando mais
seco há domínio de plintita e fragmentos de arenito. O nível
d’água se encontra a 4,55 m. Ocorre de 4,85 a 5,25 m o
fenômeno de piping. A participação deste horizonte na camada
é de 36%.
C/R (5,50 – 5,55 m) – na transição apresenta alteração de arenito de textura muito
fina, e sem umidade. A participação deste horizonte na camada é
de 5%.
SR
(5,55 – 6,37 m) – horizonte relacionado à presença do substrato rochoso e se
encontra presente na camada modelada com 10%.
Esta é uma camada que apresentou expressiva diminuição nos valores de
resistividade elétrica, ocasionado principalmente pela presença de umidade em
77
profundidade no horizonte Bw e início do horizonte Cfc, além da presença de
plintita.
Terceira camada
A terceira camada é o substrato rochoso (SR).
SR (6,37 – 30,37 m) – neste ponto da investigação geoelétrica, a resistividade sobe
para valores consideráveis, influenciados pelo material seco,
provavelmente rocha de arenito. A resistividade obtida nesta
camada é de 5600 .m. A variação de resistividade para esta
camada e está dentro do intervalo de variação da resistividade
elétrica do arenito, ou seja, de 1 a 10
8
.m (Tabela 2).
As características pedológicas descritas para este horizonte são indicativas da
presença da Formação Cachoeirinha, de acordo com Weska, 2006.
Quarta Camada
Localizada abaixo dos 30,4 m, com resistividade de 200 .m.
ZS (a partir de 30,4 m) – está associado a rocha saturada, provavelmente a queda da
resistividade se dá em função da presença do Aqüífero, nesta
profundidade.
SEV03.
De coordenadas UTM E = 729.144,87 m, N = 8.306.884,69 m, meridiano
central 57 º W.
78
Figura 23 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV03 e correlação com
os horizontes do solo. No eixo vertical registrou-se a abertura
dos eletrodos AB/2 e a profundidade em metros para o
modelo de camadas.
O desvio quadrático médio entre a curva de campo e a curva modelada foi de
4,49%.
79
Os dados de solo são da trincheira seis (T
6
) e do aprofundamento no interior
desta por tradagem. A textura do solo ao longo do perfil é argilosa, e foi classificado
como Latossolo Vermelho.
A resistividade inicial obtida em campo foi de 1900 .m para a profundidade
de 0,33 m. no ajuste da curva a resistividade para a primeira subcamada foi de 1400
.m e com 0,36 m de espessura para a camada modelada.
Primeira Camada
Esta camada foi dividida em duas subcamadas, visando melhor ajuste da
curva. A
primeira subcamada com resistividade de 1.400 Ohm.m da superfície até
0,36 m e a segunda subcamada com resistividade elétrica de 2900 ohm.m e
espessura de 0,8 m. O perfil de solo é descrito a seguir.
Ap (0 – 0,15 m) – horizonte sem estrutura compactado, com muitas raízes, muitos
poros causados por raízes, de consistência dura e de textura
argilosa. A participação deste horizonte na camada é de 41%.
Ap/Bw (0,15 – 0,28 m) – horizonte de estrutura granular, com raras raízes,
inicialmente com ausência de poros e em profundidade muitos poros
e de textura argilosa. A participação deste horizonte na camada é de
36%.
Bw (0,28 – 1,16 m) – horizonte de estrutura granular grande, com raras raízes e em
profundidade ausentes e com muitos poros facilmente visíveis.
A participação deste horizonte na primeira subcamada é de 23%.
Este horizonte ocupa 100% da segunda subcamada modelada.
No aprofundamento da trincheira 6 por tradagem, este horizonte
apresentou umidade a partir de 2,10 m. O efeito da ascenção
capilar atingiu profundidades menores tornando este horizonte
úmido o que contribuiu para a diminuição do valor da
resistividade elétrica.
A variação da resistividade da primeira para a segunda subcamada, de 1400
para 2900 .m pode ser explicado pelas descrições morfológicas, uma vez que o
80
horizonte Bw é bem mais permeável que os horizontes anteriores, consequentemente
seus poros se enchem de ar, aumentando os valores de resistividade elétrica. Na
primeira camada a retenção de água é maior em função da menor porosidade.
Segunda camada
Apresenta resistividade de 530 .m e espessura de 3,8 m e estão relacionados
aos horizontes:
Bw (1,16 – 2,10 m) – que tem muitos poros, umidade, com raras raízes, e estrutura
micro-agregada e com pouquíssimas concreções milimétricas. A
participação deste horizonte na camada é de 25%.
Cfc (2,10 – 4,96 m) – horizonte úmido até 2,70 m e a partir daí apresenta concreções
milimétricas e centimétricas (couraça) consequentemente o
horizonte fica mais seco. A participação deste horizonte na
camada é de 75%.
A resistividade da segunda subcamada para a segunda camada diminui de
2900 para 530 .m, resultado da presença de umidade nos horizontes Bw e Cfc,
descritas no aprofundamento da trincheira seis por tradagem.
Terceira camada
A terceira camada com espessura de 27 m e resistividade de 5700 .m está
associada ao substrato rochoso:
SR (3,80 – 30,8 m) – apresenta arenito seco, responsável pelo alto valor de
resistividade.
A alta resistividade desta camada, a profundidade investigada, e as
características descritas para o final horizonte Cfc, podem ser indicativos de que esta
camada se refere à Formação Cachoeirinha.
81
Quarta camada.
Abaixo dos 30,8 m de profundidade, a resistividade elétrica foi modelada com
83 Ohm.m e associada à Zona Saturada (ZS). A diminuição brusca da resistividade
nesta camada associado a tendência da curva de resistividade, indicam a presença de
material saturado.
SEV04
De coordenadas UTM E = 729.045,93 m, N = 8.306.866,56 m. Meridiano
central 57 º W. Os dados de solo até a profundidade de 2,00 m, são da trincheira T
7
, e
a partir desta profundidade por comparação com os horizontes das SEV’s 01, 02, 03.
A resistividade elétrica obtida para o primeiro ponto da curva de campo foi de
2100 Ohm.m para a profundidade de 0,33 m. No ajuste das camadas na primeira
subcamada modelada a resistividade foi de 2200 Ohm.m com espessura de 0,37 m. A
textura do solo ao longo do perfil é argilosa, e foi classificado como Latossolo
Vermelho.
Primeira camada
Esta camada tem 1,37 m de espessura e foi dividida em duas subcamadas para
um melhor ajuste do modelo. A primeira subcamada tem resistividade de 2200
Ohm.m. e 0,37 m de espessura e a segunda subcamada 2600 ohm.m e 1,0 m de
espessura. Os horizontes de solo associados são:
Ap (0 – 0,10 m) – horizonte de estrutura granular pequena e fraca, com raízes finas
a médias, sem porosidade e de textura argilosa. A participação
deste horizonte na primeira subcamada é de 27%.
Ap/Bw (0,10
0,30 m) – estrutura granular grande e moderada, poucas e finas raízes,
sem poros no início e em profundidade muitos poros, de textura
argilosa. A participação deste horizonte na primeira subcamada
é de 54%.
82
Figura 24 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV04 e correlação com os
horizontes do solo. No eixo vertical registrou-se a abertura dos
eletrodos AB/2 e a profundidade em metros para o modelo de
camadas.
O desvio padrão no ajuste da curva foi de 9,39%.
83
Bw (0,30 – 1,37 m) – estrutura granular que varia de grande a fraca, poucas e
finas raízes e com muitos poros. A participação deste horizonte na primeira
subcamada é de 19%. A segunda subcamada é composta exclusivamente pelo
horizonte Bw, que conforme foi descrito acima, apresenta poucas raízes e muitos
poros
A segunda subcamada apresenta resistividade um pouco superior a
resistividade da primeira subcamada, e esta associado exclusivamente ao horizonte
Bw. A resistividade aumenta nesta subcamada devido a presença de ar nos poros do
horizonte Bw, enquanto que nos horizontes mais superficiais, em função da
inexistência de poros e da presença de raízes, o valor de resistividade foi menor. Do
ponto de vista da resistividade, estes horizontes não apresentaram diferenças
significativas.
Segunda camada
A segunda camada tem 3,5 m e inicia em 1,37 m de profundidade e atinge
4,9 m de profundidade. A resistividade elétrica desta camada diminuiu para
580 Ohm.m. Os solos encontrados nesta profundidade são:
Bw (1,37 – 2,00 m) – são válidas as mesmas descrições feitas deste horizonte nas
subcamadas anteriores. A participação deste horizonte na
camada é de 18%.
C (2,00 – 4,87 m) – em todas as SEV’s, o horizonte C, inicia muito próximo do
ponto de inflexão da curva de resistividade, e sempre na segunda
camada ajustada pelo modelamento. A curva associada a este
horizonte mantém sempre um comportamento de crescimento
dos valores de resistividade elétrica, à medida que vai ficando
mais seco. Como neste caso também foi verificado este
comportamento, foi assumido que as mesmas descrições
pedológicas poderiam ser atribuídas a este horizonte. A camada
é composta por 82% deste horizonte.
84
Na SEV04 e SEV05, como nas SEV’s 01, 02 e 03 os horizontes associados a
partir da terceira camada foram limitados pela espessura das camadas ajustadas pelo
modelo, e estão identificados em linha pontilhada. Para a SEV’s 04 e 05 o final do
horizonte C, representado também por linha pontilhada Figuras 25 e 26, tem limite
inferior no início da terceira camada modelada. Para a SEV05, a partir da primeira
camada ajustada, os horizontes foram delimitados por linhas pontilhadas. As linhas
pontilhadas indicam que os horizontes foram inferidos.
Terceira e quarta camada
A terceira camada é associada ao substrato rochoso com resistividade elétrica
de 4 900 Ohm.m e com espessura de 29 m.
SR (4,87– 33,87 m) – camada associada ao substrato rochoso, cujas características
litológicas indicam a presença da Formação Cachoeirinha.
A quarta camada encontra-se abaixo da profundidade de 35,9 m com
resistividade elétrica caindo para 890 Ohm.m, por conta da presença de umidade.Esta
redução no valor da resistividade indica a transição para a zona saturada. (ZS).
ZS (33,87 – ) – observa-se nesta camada que o valor de resistividade elétrica foi
alta em relação aos demais valores das SEV’s anteriores, para
esta profundidade, mas de acordo com a curva do modelo
ajustado em vermelho, Figura 24, há tendência para um ponto
um ponto de mínimo, indicando a presença de zona saturada.
SEV05
De coordenadas UTM E = 728.953,04 m, N = 8.306.845,80 m. Meridiano
central 57 º W. A textura do solo ao longo do perfil é argilosa, e foi classificado
como Latossolo Vermelho. Para a construção do modelo geoelétrico da SEV05, será
feita comparações com a SEV03 tendo em vista a maior similaridade entre as duas
curvas modeladas no ajuste semi-automático. Como todos os valores referentes à
85
Figura 25 – Comparação entre o modelo geoelétrico da SEV03 com o modelo de camadas referente à SEV05
86
espessura das camadas e das resistividades obtidas nos dois modelos, gerados pelo
processo semi-automático, são mais próximos assume-se que os dados referentes
pedologia e descritos para a SEV03, servirão de base para a construção do modelo
geoelétrico da SEV05. A comparação entre as duas curvas obtidas no ajuste semi-
automático, pode ser observada na Figura 25.
Além disso, a comparação com a SEV03 se deu porque a trincheira referente
a esta SEV foi aprofundada por tradagem até 4,70 m, permitindo com isso maiores
informações sobre pedologia, e conseqüentemente mais informações são associadas
às variações da curva modelada para a SEV05. Com relação à SEV04 mais próxima
da SEV05, os dados de pedologia estão restritos apenas à trincheira aberta, sem
aprofundamento, tendo a investigação direta atingido à profundidade de 2 m,
portanto menos informações sobre os horizontes de solo.
A
primeira camada modelada para SEV foi também dividida em duas
subcamadas, para facilitar o ajuste da curva modelada. A primeira subcamada
apresentou resistividade de 1600 .m, maior que a segunda subcamada que foi de
1300 .m. A resistividades e as espessuras da primeira subcamada e segunda
subcamada, nas duas SEV’s comparadas, apresentaram valores bem próximos, o que
permite concluir que do ponto de vista da resistividade, estes materiais são similares.
É possível que a compactação do solo tenha contribuído para a diferença de
resistividade elétrica obtida. Os horizontes que estão relacionados à primeira camada
da SEV05 são o Ap, Ap/Bw e Bw, que são os mesmos horizontes da primeira
camada da SEV03. Consequentemente todas as descrições anteriormente feitas sobre
estes horizontes, quando da análise quantitativa, serão válidas para a construção da
coluna geoelétrica, referente à SEV05.
A
segunda camada com resistividade de 390 .m e espessura de 3 m foi
associada ao final do horizonte B e pelo horizonte C. A diminuição nos valores de
resistividade nesta camada é resultado da umidade presente em profundidade no
horizonte Bw e início do horizonte C.
Na
terceira camada a espessura é de 31 m e a resistividade elétrica é de
6.300 .m, valores muito próximos dos obtidos na SEV03 com espessura de 27 m e
87
Figura 26 - Modelo de camadas ajustadas para a SEV05 e correlação com
os horizontes do solo. No eixo vertical registrou-se a abertura
dos eletrodos AB/2 e a profundidade em metros para o modelo
de camadas.
resistividade elétrica de 5700 .m. Os valores de resistividade elétrica começam a
aumentar a partir do final do horizonte C, por conta da presença de horizonte seco.
88
Como a profundidade, valores de resistividade elétrica bem como os horizontes
associados são correlatos, a indicação da presença da Formação Cachoeirinha vale
também para este ponto investigado. Na
quarta camada, e nas duas SEV’s, as curvas
tendem para valores cada vez menores, indicando a presença de rocha saturada,
possivelmente a presença de Aqüífero Freático.
Com base nos resultados foi possível construir um modelo geoelétrico representativo
para a SEV05, Figura 26. O desvio padrão no ajuste da curva foi de 9,39%.
4.3 Perfil Geoelétrico
Através das informações obtidas por meio dos modelos gerados nas cinco
sondagens elétricas verticais realizadas, e com base nas descrições individuais das
camadas modeladas associadas aos horizontes do solo, serão analisadas
individualmente na forma de tabelas, as variações das espessuras, das profundidades
(em vermelho) e ainda dos valores de resistividade elétrica verificadas entre a
primeira, segunda, terceira e quarta camadas modeladas referentes a todas as SEV’s.
Também serão observadas as características responsáveis pelas diferenças de
resistividade elétrica, por exemplo, entre a primeira camada da primeira SEV com a
primeira camada da segunda SEV. O procedimento será o mesmo entre todas as
SEV’s, sempre observando as diferenças e avaliando os resultados relacionados à
mesma camada. Cada nível de camada será identificado por uma cor diferente. Os
resultados permitirão construir uma tabela geral de resistividade de solos e rochas
que poderá ser visualizada quando da análise da quarta camada. Em resumo,
diferentemente da análise quantitativa, a partir deste ponto serão avaliadas as
diferenças obtidas entre as camadas de cada sondagem elétrica.
A Primeira Camada.
A Tabela 5 mostra a primeira camada para as cinco SEV’s, com as
respectivas espessuras e resistividades elétricas. Esta camada apresenta-se
89
subdividida em duas subcamadas referente à primeira camada obtida no ajuste da
curva, e se encontra identificada na tabela pelo número 1.
Tabela 5 – Comparação entre os valores de resistividade e espessuras das primeiras
camadas modeladas, em todas as SEV’s
Observa-se na Tabela 5 que a mesma cor para as duas subcamadas, indicam
que de uma maneira geral as variações nos valores de resistividade elétrica obtidos
são representativas de materiais com comportamento resistivos muito parecidos. O
objetivo da subdivisão da camada foi com o intuito de melhor ajuste da curva de
resistividade. As duas subcamadas representam uma única camada geoelétrica com
espessura de 1,10 m. A identificação em amarelo para as subcamadas referentes à
primeira SEV, mostra que os valores de resistividade elétrica obtidos apresentam
diferenças significativas, em relação aos demais valores de resistividade elétrica
referentes às demais SEV’s. Os efeitos da presença de umidade no solo podem ser
notados e são visíveis ao se comparar as variações de resistividade obtidas para a
SEV01 com as variações de resistividade elétrica obtidos para as demais sondagens
elétricas. As subcamadas identificadas com a cor verde mostram materiais mais
resistivos, reflexo de horizontes mais secos, enquanto que o amarelo mostra
horizontes mais saturados, em função da presença do aqüífero freático que se
encontra em menor profundidade no ponto investigado.
A primeira subcamada desta camada deveria apresentar maior resistividade
em função dos micro-agregados do solo, que estão presentes nos horizontes iniciais e
ocupam cerca de 80% da primeira camada modelada. Mas a umidade permanece nos
micro-poros destes horizontes o que certamente diminui os valores de resistividade
elétrica do solo.
90
Nos 20% restantes a resistividade elétrica aumenta, pois os horizontes são
mais permeáveis e a presença de ar nos poros são responsáveis pelo aumento dos
valores de resistividade elétrica. Entre os micro-agregados, existem poros que são
permeáveis e estão preenchidos por ar, o que certamente fez aumentar a resistência
do material. No entanto a variação de 480 a 580 .m, não é significativa do ponto e
vista da resistividade elétrica. Os valores de resistividade obtidos não foram
influenciados pelas precipitações pluviométricas, uma vez que no mês anterior à
realização das SEV’s, agosto, foram registrados apenas 5 mm de chuvas, o que não
contribuiu para o aumento da umidade nas primeiras camadas do solo. Na região dos
levantamentos geofísicos o solo encontrava-se superficialmente muito seco, o que é
bem característico do mês de setembro, época em que foram obtidos os valores de
resistividade elétrica.
SEV02 – A camada atingiu a profundidade de 1,37 m, e apresenta uma
variação de resistividade da primeira subcamada para a segunda subcamada, de 3400
para 4300 .m. É visível, de acordo com a variação de resistividade, a presença de
maiores teores de umidade, nos horizonte iniciais desta SEV, porém os valores ainda
são altos, apesar da precipitação de 12 mm ocorrida no dia anterior. Neste caso, o
ponto se encontra a 100 metros da primeira SEV, e a montante da vertente.
Entre os dois pontos investigados foram consideráveis as diferenças obtidas
em relação aos valores de resistividade elétrica. As variações de resistividade estão
associadas ao fator umidade além das características apresentadas no ponto de
realização da SEV02. Neste ponto, os horizontes, se encontram compactados e
inicialmente sem poros, e em profundidade apresentando muitos poros. Apesar de ter
sido observado um crescimento nos valores de resistividade obtidos para as
subcamadas da primeira camada da SEV02, reflexo de horizontes iniciais mais
úmidos, estes superaram em muito os valores de resistividade elétrica obtidos para as
subcamadas referentes à primeira camada da SEV01. As variações ocorridas em
termos de resistividade nos dois pontos investigados e para a primeira camada,
ocorreram em solos do mesmo tipo, mostrando a grande influência exercida pelas
características texturais e o fator umidade presente nos interstícios do solo. Estas
diferenças foram observadas considerando apenas os aspectos físicos, e não do ponto
91
de vista físico/químico. A necessidade de Informações adicionais relativas ao solo e
substrato rochoso inerente a aspectos físicos e químicos, tem sido constantemente
relatada neste trabalho, devido a importância destas informões quando da avaliação
das variações das curvas de resistividade elétrica e sua associação com os horizontes
e substrato rochoso.
SEV03 – o final desta camada modelada atingiu a profundidade de 1,16 m e
sua resistividade elétrica variou de 1400 .m (primeira subcamada) para 2900 .m
(segunda subcamada). As características relacionadas à pedologia são as mesmas
observadas para a SEV02. O que ficou bem evidente foram as variações ocorridas no
que diz respeito às resistividades elétricas obtidas para as subcamadas associadas à
SEV02 em relação às variações de resistividade da primeira camada da SEV03. A
partir deste ponto de investigação, dados adicionais sobre todos os pontos
investigados seriam interessantes e melhorariam as análises quantitativas relativas às
variações verificadas nas curvas de resistividade elétrica.
Os valores de resistividade elétrica obtidos para a primeira camada desta SEV
foram bem menores que os valores obtidos para a primeira camada da SEV02. Neste
caso as características relacionadas ao tipo de solo podem ter sido a responsáveis
pelas diferenças de resistividade. Assim como nas SEV’s anteriores, as diferenças até
aqui observadas estão relacionadas também a presença de água nos horizontes que
compõe esta camada, refletindo em valores menores de resistividade. Neste caso
assim como nos anteriores, a umidade se encontra presente e preservada sob a
cobertura de matéria orgânica, contribuindo para a queda no valor inicial da
resistividade elétrica. É uma característica dos horizontes iniciais a ausência de
porosidade, o que faz com que a água da chuva em geral permaneça mais tempo na
superfície do solo, antes de escorrer superficialmente ou ser evaporada. Estes fatores
somados resultaram na diminuição da resistividade da primeira para a segunda
subcamada.
De uma maneira geral as resistividades têm crescido sendo o fator umidade e
porosidade os grandes responsáveis por estas variações. As resistividades até este
ponto investigado crescem sempre em solo que apresentam horizonte B, pois a
medida que a umidade penetra para camadas mais profundas, por influência da
92
intercomunicação entre os poros e pela ação da gravidade, estes passam a estar
preenchidos por ar, consequentemente aumentando o valor da resistividade elétrica.
SEV04 – Para esta SEV, os valores de resistividade elétrica foram também
crescentes e variaram de 2200 .m (primeira subcamada) para 2600 .m (segunda
subcamada), a profundidade atingida por esta camada foi de 1,37 m. Apresenta no
geral também altos valores de resistividade, mas com uma pequena variação entre a
primeira e segunda subcamada.
As diferenças observadas entre a primeira subcamada da SEV03 com a
primeira subcamada da SEV04 são marcantes, e estão relacionadas às
heterogeneidades do solo. Além da umidade há necessidade de investigação de
outros fatores que diretamente contribuem para os resultados encontrados.
O solo nos pontos investigados a partir da SEV03 é o mesmo, ou seja,
Latossolo Vermelho, que de acordo com os dados de resistividade obtidos
apresentam baixos teores de umidade.
Na primeira camada da SEV04 a variação ocorrida da primeira para a
segunda subcamada não é significativa do ponto de vista da resistividade elétrica.
Como se trata do mesmo tipo de solo, não só as características físicas deveriam ser
avaliadas, como já foi comentado, mas outras informações relacionadas a aspectos
químicos e mineralógicos seriam importantes e contribuiriam para melhorar o
entendimento das relações entre horizontes de solo e rocha com as curvas de
resistividade até aqui estudadas. No caso da SEV04 as diferenças, e as descrições das
principais características que permitiram avaliar os efeitos relacionados aos valores
encontrados de resistividade elétrica para a primeira e segunda subcamada são as
mesmas que foram observadas para as SEV’s anteriores.
SEV05
– assim como nas SEV’s anteriores, exceto a primeira camada da
primeira SEV, os valores das resistividades elétricas foram altos, mas menores que as
verificadas nas SEV’s 02, 03 e 04. Foi o único ponto de sondagem elétrica que
apresentou resistividade elétrica decrescente, da primeira para a segunda subcamada.
93
Parece que este resultado seria o mais razoável para os demais pontos
investigados, tomada a época de intenso calor e umidade relativa do ar muito baixa,
além da escassez de chuvas no período, tendo sido necessário, por conta dessas
características climáticas, em alguns pontos da investigação umedecer os eletrodos
de corrente para melhorar a resistividade de contato, o que parece conflitar com os
resultados até aqui avaliados.
No caso da SEV05 os valores de resistividade elétrica mostram que o solo nos
horizontes iniciais apresenta teores de umidade menores que os horizontes mais
profundos, o que seria razoável considerando o mês e a ausência de chuvas para a
região como foi descrito no parágrafo anterior.
Pode-se supor que nos horizontes iniciais associados à primeira subcamada
desta SEV os efeitos da evaporação tenham sido maiores, e por estar mais seco o
solo apresentou maior resistividade elétrica. Como se trata do mesmo solo das SEV’s
03 e 04, as características pedológicas não variaram.
A Segunda Camada.
Na Tabela 6, está indicada a segunda camada ajustada para todas as SEV’s,
em cinza, onde também podem ser observadas as profundidades (entre parêntesis e
em vermelho).
Tabela 6 – Comparação entre os valores de resistividade e espessuras das segundas
camadas modeladas, em todas as SEV’s.
SEV01 – a segunda camada modelada, limitada inferiormente em 3 m, com
resistividade de 200 .m. Foi a que apresentou entre as sondagens elétricas
realizadas o menor valor de resistividade, o que concorda com as descrição anteriores
94
realizadas para a primeira camada desta SEV, onde ficou claro que o solo neste ponto
de investigação apresentou altos teores de umidade.
Nesta profundidade os horizontes de solo associados a esta camada
apresentam muitos poros e umidade, e ainda pode ser verificada a variação do lençol
freático. As concreções e a plintita presentes parece não terem influenciado nos
valores de resistividade obtidos neste ponto investigado.
SEV02 – a segunda camada desta SEV, apesar de apresentar associada à
quatro horizontes, Figura 22, com resistividade elétrica de 740 .m, e com limite
inferior da camada a profundidade de 6,37 m. Comparando com as segundas
camadas das demais SEV’s, a segunda camada desta SEV foi a que apresentou maior
valor de resistividade, e seu limite inferior se encontra na maior profundidade. Em
relação às demais SEV’s esta camada apresenta maior valor de resistividade elétrica
em função da presença de menor volume de umidade e maior concentração de ar nos
poros dos horizontes a ela associados. Essa resistência também pode estar sendo
resultado da presença das concreções presentes em profundidade na camada, pois o
horizonte neste ponto apresenta-se seco e com fragmentos de arenito.
SEV03 – esta camada apresentou resistividade de 530 .m, estando seu final
a profundidade de 4,96 m. Foi a mesma resistividade obtida para a SEV04, variando
apenas em relação a profundidade. As variações verificadas relativas à espessura das
camadas comparadas e a profundidade atingida por ambas, não influenciaram nos
valores de resistividade elétrica obtidos, mostrando que o material presente nos dois
pontos investigados não apresenta diferenças do ponto de vista da resistividade
elétrica.
Nestes dois pontos investigados os valores de resistividade elétrica foram
menores que o valor obtido para a SEV02, essas variações só podem, neste caso,
serem atribuídas as diferenças nos teores de umidade. Uma investigação mais
criteriosa do ponto de vista físico e químico seria interessante e contribuiriam para
melhor avaliar as diferenças apresentadas, inclusive em relação à SEV01.
95
Observação sobre aspectos físicos pode ser descritos para explicar os menores
valores de resistividade elétrica obtidos em todas as SEV’s e em relação a esta
camada analisada. Pode-se considerar que, de acordo com as informações diretas
obtidas na área, o horizonte associado a esta camada, em profundidade, apresenta
barreiras formadas pela laterita e pelas concreções, impedindo que a água flua para
maiores profundidades. Esta por sua vez fica retida também no início da camada, nos
micro-poros do horizonte a que está associado e também sobem por ascensão capilar
preenchendo os muitos poros deste horizonte, contribuindo também para a
diminuição dos valores de resistividade elétrica.
SEV05 - com resistividade de 390 .m e com o limite inferior da camada
chegando à profundidade de 4,23 m. Neste caso é interessante notar que como na
primeira SEV o valor de resistividade elétrica também foi baixo, quando comparados
aos valores obtidos para as demais SEV’s. Apesar das diferenças não serem
significativas, pode-se notar que há variações nos teores de umidade influenciados
por diversos fatores, tendo sido objeto de estudo neste trabalho apenas as
relacionadas a aspectos físicas. Pode-se perceber que os resultados mostram um solo
bastante heterogêneo, apesar de não ter sido identificados grandes diferenças quando
das descrições relacionados à pedologia. As diferenças podem ser notadas quando
avaliadas as variações dos valores de resistividade elétrica, por exemplo, na Figura
20 (página 65), através das diferenças no comportamento gráfico das curvas
verificadas até a profundidade de 3 m. Mas de acordo com comentários anteriores,
essas heterogeneidades podem também estar relacionadas às diferenças relativas a
aspectos químicos e mineralógicos, pontos que se tivessem sido explorados trariam
grandes resultados quando da avaliação das diferenças encontradas nas referidas
curvas obtidas e suas associações com os horizontes do solo até estas profundidades.
A Terceira Camada.
A Tabela 7, mostra em azul a terceira camada de todas as SEV’s com as
respectivas resistividades e espessuras, bem como a profundidade em que se encontra
o final da camada modelada, em vermelho.
96
Tabela 7 – Comparação entre os valores de resistividade e espessuras das terceiras
camadas modeladas, em todas as SEV’s
.
Na tabela acima podem ser observadas variações nas espessuras das camadas,
que de uma maneira geral não foramo significativas, o que mostra que os
horizontes nos pontos investigados mentem certa horizontalidade. Esta camada se
refere ao substrato rochoso.
As variações nos valores de resistividade elétrica em todos os pontos
investigados, indicando que também nas rochas os fatores ligados as heterogeneidade
estão presentes. As diferenças do ponto de vista da resistividade elétrica e para este
trabalho não são significativas. Observa-se que, todas as curvas de resistividade
elétrica observadas na Figura 20 convergem a partir da profundidade de 3 m, com
exceção da curva relativa à SEV01 que apresenta valores de resistividade menores ao
longo de toda a investigação. Nesta terceira camada modelada, pela profundidade em
que se encontram estes materiais e pelas descrições dos horizontes imediatamente
superiores, deve estar associada à Formação Cachoeirinha.
A Quarta Camada.
A Tabela 8, mostra em marrom todas as quartas camadas referentes a todas as
SEV’s com as respectivas resistividades.
Todos os resultados relativos à resistividade e espessuras de camadas se
encontram expressos na Tabela 8, com as camadas identificadas pelos números 1, 2,
3 e 4, e identificadas pelas cores amarelo/verde, cinza, azul e marrom
respectivamente. O objetivo é mostrar que, apesar das variações encontradas e
discutidas nos parágrafos anteriores, as cores identificam que do ponto de vista da
resistividade estas camadas não apresentam diferenças consideradas significativas
97
Além disso, na mesma tabela estão registradas as profundidades investigadas (em
vermelho) das cinco Sondagens Elétricas Verticais - SEV’s
Tabela 8 - Resistividade elétrica da primeira, segunda, terceira e quarta camadas obtidas
nos modelos gerados nas cinco sondagens elétricas verticais.
Nesta tabela, a quarta camada representada em marrom, está indicando os
valores das resistividades referentes à zona saturada. Pode-se observar que apenas na
primeira SEV foi registrada a espessura da camada e a profundidade atingida pelo
seu limite inferior, em vermelho. Nesta ultima camada da SEV01 foi necessário
dividi-la em duas subcamadas, para melhorar o ajuste das curvas de campo e a
modelada, procedimento este que permitido obter a espessura desta camada.
Observando a Figura 21, referente à primeira SEV e na quarta camada, nota-se
variação de comportamento na curva obtida em campo, não ficando claro se é uma
tendência para valores crescentes de resistividade elétrica. É possível que a alteração
neste ponto tenha sido influenciada por um pacote mais resistivo e de pequena
espessura, ou se o crescimento da curva a partir deste ponto tenha sido influenciado
por substratos mais resistentes. Se a abertura da semidistância AB/2 tivesse sido
maior que 240 m, poderia se ter uma idéia mais clara a respeito da variação
registrada nesta profundidade.
De uma maneira geral, os valores obtidos de resistividade elétrica para esta
quarta camada são altos quando comparados aos valores de resistividade elétrica de
águas subterrâneas, Tabela 3 (pagina 36), mas as curvas de campo e o ajuste destas
pelo processo semi-automático, mostram que todas tendem, com exceção da primeira
98
curva relativa à primeira SEV, para um ponto de mínimo, indicando a possível
presença de aqüífero freático.
A discussão a cerca das variações ocorridas numa mesma camada são
importantes para o entendimento de como os valores de resistividade podem ser
afetados por variações relacionadas às heterogeneidades, apesar das informações
estarem restritas somente a aspectos físicos. As análises devem considerar também as
informações resultantes de observações químicas e mineralógicas tanto de solos
como de rochas. Por meio do conjunto desses dados pode-se melhorar o
entendimento e a associação dos horizontes de solos e rochas com as variações das
curvas de resistividade elétrica, evidentemente procurando o melhor posicionamento
dos dispositivos relacionados ao método a ser aplicado.
Na Figura 27 são apresentados num único plano o conjunto das cinco SEV’s
com suas respectivas curvas de resistividade e camadas modeladas.
Observa-se o nível do solo e a disposição das cinco sondagens elétricas
SEV’s, representadas por setas em vermelho. As distâncias entre as SEV’s são
aproximadas e a escala apresentada abaixo do nível do solo é logarítmica cuja
finalidade é mostrar os valores das variações de resistividade aparente (Ohm.m) das
curvas de campo (em preto) e das curvas geradas pelo modelo (em vermelho).
A profundidade apresentada no eixo das ordenadas se encontra também na
escala logarítmica, e por meio desta pode-se observar as espessuras das camadas
modeladas e dos horizontes do solo e substrato rochoso bem como a base do lençol
freático, o nível d’água e a posição do aqüífero freático.
Na parte superior da figura estão representados por retângulos coloridos os
horizontes de solo A, B e C, o Substrato Rochoso e a Zona Saturada. As linhas
representadas em marrom e vermelho identificam os limites de solo e rocha, ou seja,
entre as linhas marrons se encontra o solo e entre a linha marrom e vermelha o
substrato rochoso e abaixo da linha vermelha a zona saturada. As linhas foram
limitadas para o solo, a partir do final da segunda camada modelada relativa a cada
SEV. Estas foram interligadas por projeção da segunda camada da primeira SEV
99
Figura 27 - Modelo integrado de camadas e correlação com os horizontes do solo.
100
para a segunda camada da segunda SEV, e assim sucessivamente. O limite relativo
ao substrato rochoso, partiu do limite do solo até o final da terceira camada de todas
as SEV’s, e obedeceu ao mesmo critério estabelecido para a definição do solo.
Dentro da mesma linha de procedimento foi limitada a zona saturada, a partir do
início da quarta camada.
Por meio da Figura 27 pode-se ter uma idéia das espessuras de solos e rochas,
mas a identificação mais aproximada será apresentada na próxima figura. Os
resultados obtidos em cada SEV, ou seja, relativos a associação entre solo e substrato
rochoso com as camadas modeladas vão constituir as colunas geoelétricas. Com base
nas colunas geoelétricas obtidas para cada SEV, foi construída uma seção geoelétrica
representativa da vertente, no intervalo compreendido entre a primeira e quinta
SEV’s, totalizando 400 m à montante da vertente. Esse modelo geoelétrico pode ser
observado na Figura 28.
Figura 28 - Modelo geoelétrico da vertente, resultado da inter-
pretação das curvas de resistividade aparente.
Cada retângulo vertical, com sua SEV correspondente, representa uma coluna
geoelétrica, que contém as informações das espessuras das camadas e
101
consequentemente das subcamadas, obtidas no processo de modelamento. Para a
construção da seção geoelétrica, buscou-se aproximar os intervalos referentes as
camadas modeladas, por correlação, com intervalos das mesmas camadas modeladas
da próxima coluna geoelétrica, permitindo com isso construir no intervalo das
colunas, um modelo aproximado das camadas obtidas em todo o processo.
Aplicando o mesmo processo para as demais colunas geoelétricas pode-se
construir um modelo representativo da seção geoelétrica para o intervalo onde foram
realizados os pontos de investigação geofísica. Os resultados podem ser observados
na Figura 28 onde no eixo das ordenadas se encontram representados as variações de
altitude e no eixo das abscissas as distâncias entre os pontos de SEV’s. Na legenda
do lado direito da figura estão representadas as variações de resistividades elétricas
por camada modelada.
102
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES
Ensaios geofísicos por meio de Sondagem Elétrica Vertical permitiram, por
meio da análise quantitativa, distinguir, identificar e relacionar as camadas de
diferentes resistividades elétricas aos horizontes de solos e do substrato rochoso. Foi
possível também determinar as espessuras das camadas, subsidiando a interpretação
de determinadas características ao longo da vertente estudada, bem como a dedução
de horizontes pedológicos, nos locais sem informação direta.
Foram construídos modelos geoelétricos individuais que mostram as
espessuras das camadas e as variações de resistividade elétrica resultantes do
processo de modelamento. Posteriormente foram associados às camadas modeladas
os dados de pedologia e litologia obtidos, ressaltando que, nos primeiros metros
foram identificados até três horizontes. Não foi possível por meio da configuração
dos eletrodos, identificar as variações de resistividade elétrica que correspondessem a
horizontes com espessura menores que 0,30 m, em função das medidas de
AB/2 1,0 m.
Os horizontes iniciais com espessuras menores que 0,30 m foram associados
aos horizontes subseqüentes para comporem as espessuras das camadas obtidas no
processo de modelamento, ou seja, uma camada geoelétrica esta associada a um ou
mais horizontes de solo.
103
Para a primeira SEV os valores de resistividade elétrica da primeira camada à
terceira camada, foram menores que os demais valores das mesmas camadas nas
demais SEV’s. esse resultado esta diretamente relacionado a presença de umidade
nos horizontes investigados.
Na SEV02, realizada em Latossolo Vermelho-Amarelo, os valores de
resistividade elétrica foram superiores aos obtidos para a primeira camada das SEV’s
subseqüentes, realizadas em Latossolo Vermelho. As diferenças de resistividade
elétrica devem estar relacionadas à textura que em Latossolos Vermelho é mais
argilosa, permitindo maior concentração de água, enquanto que em Latossolos
Vermelho-Amarelo é mais arenosa, facilitando o escoamento da água da chuva. Um
outro fator que deve ser levado em consideração a esse respeito, é em relação às
alterações físicas causadas pelos processos de manejo do solo. Algumas áreas estão
mais compactadas que outras, alterando a constituição dos agregados, o que
influencia também os resultados obtidos.
Foi possível associar as variações de resistividade elétrica à presença do nível
d’água do aqüífero freático observados nas trincheiras e aprofundamento destas por
tradagem, e relativas às SEV’s 01 e 02. A quarta camada de todas as SEV’s mostra
através das curvas modeladas que a partir de aproximadamente 30 m, os valores de
resistividade elétrica diminuem indicando a presença abaixo desta profundidade de
zona saturada.
A associação dos dados geofísicos com os dados de pedologia e litologia
permitiram a construção de uma seção geoelétrica representativa do intervalo onde
foram localizadas as SEV’s ao longo da vertente estudada.
A presença de concreções ferruginosas encontradas na segunda camada
permitiu separar por meio da resistividade elétrica, os horizontes do solo e o
substrato rochoso.
Foi possível distinguir o substrato rochoso, associado à Formação
Cachoeirinha, por meio dos valores de resistividade elétrica obtidos na terceira
104
camada e apoiados nas informações de pedologia levantadas na área de estudo,
iniciando a uma profundidade média de 4,7 m.
Os resultados de resistividade aparente obtidos na terceira camada deste
trabalho, que atingiu a profundidade média aproximada de 26,8 m, estão de acordo
com os valores obtidos por Pereira (2005), em profundidade média aproximada de 21
m, na mesma região. Estas informações identificaram a esta profundidade, com base
nas características litológicas, a presença da Formação Cachoeirinha. Os solos nas
duas áreas trabalhadas apresentam resistividades aparentes bem distintas em função
da textura.
Em relação ao funcionamento hídrico, a grande permeabilidade e a alta
porosidade dos Latossolos e a sua homogeneidade, permitem a infiltração das águas
das chuvas para grandes profundidades, até encontrar camadas impermeáveis. Essa
característica pode ser identificada em todas as curvas referentes as sondagens
elétricas, onde na segunda camada ajustada todos os valores de resistividade elétrica
obtidos indicaram a presença de horizonte com bastante umidade.
Objetivando evitar maiores dificuldades quando da análise dos dados obtidos
por meio das investigações diretas e indiretas, e na integração destes, sugerimos:
9 Para que seja possível visualizar os primeiros horizontes de solo,
que são mais rasos, é necessário reduzir o espaçamento dos
eletrodos para valores menores que 1 metro;
9 As obtenções de dados diretos e indiretos não devem ser feitos em
épocas diferentes, para não dificultar as análises quantitativas dos
dados;
9 Análises mais detalhadas do ponto de vista físico e químico seriam
interessantes e contribuiriam para melhorar as relações entre as
variações de resistividade elétrica e as variações dos horizontes de
solos e rochas;
105
6 REFERÊNCIAS
BERTONI, J; NETO, F. L.
Conservação do Solo. 5ª edição, Editora Ícone. São
Paulo, p 13 – 44.2005.
BOBACHEV, A. A; MODIN, I. N; PERVAGO, E. V; SHEVIN, V.A;
IPW2Win–
Programs’ set for 1D SEV data interpretation.. Moscou State University -
Geological Faculty– Departament of Geophysics 1999. <www.geol.msu.ru/
deps/geophys/rec_labe.htm.IPI_min.doc> acesso:13/02/2005.
BRAGA, A. C. O.
Métodos Geoelétricos Aplicados – Módulo Hidrogeologia.
Apostila obtida por meio digital. Rio Claro: Instituto de Geociências e Ciências
Exatas, Universidade Estadual Paulista. p 91. 2002.
CAMPOS, S.V.
-2002. Dissertação (Mestrado), 154p. Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária. Universidade Federal de Mato Grosso. 2005.
COSTA, J. B.
Caracterização e constituição do solo. 7ª edição. Fundação Galouste
Gulbenkian. Lisboa. 2004.
CUTRIM, A. O; REBOUÇAS, A. C. Aplicação de sondagem elétrica na estimativa
do topo e da espessura de unidades geológicas da bacia do Paraná na cidade de
Rondonópolis – MT.
Revista Brasileira de Geofísica. v 23(1). 2005.
DACT. Departamento de Ambiente e Ciências da Terra.
Apostila de Geofísica
Ambiental . Engenharia do Ambiente. Universidade do Algarve. 2005. <http:
//w3.ualg.pt/~jluis/files/folhas_cap3.pdf > acesso: 25/07/2006.
EMBRAPA –
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. SiBCS, EMBRAPA
Solos, Rio de Janeiro,1999.
FERNANDES, C. E. M.
Fundamentos de prospecção geofisica. Editora
Interciencia. Rio de Janeiro. 190 p. 1982.
FIGUERÓLA, J. C.
Tratado de Geofísica Aplicada. 2ª edição. Instituto Geologico
y Minero de Espanha, Madrid. 1974.
106
GOMES, A. G; VARRIALE, M. C.
Modelagem de Ecossistemas: Uma
introdução. Editora UFSM. 2ª edição. Santa Maria. 503p. 2004.
GONÇALVES, K. C. O.
Estudo morfopedológico aplicado à interpretação do
funcionamento hídrico de vertente em micro-bacia representativa da Chapada
dos Guimarães, no município de Primavera do Leste (MT), Cuiabá. Monografia
de Conclusão de Curso de Geologia. Universidade Federal de Mato Grosso. 104p.
2003.
GOOGLE EARTH. Free Software Foundation, Inc, Boston, MA 02110-1301 USA.
Version 2, June 1991. acessado em 01/02/2007
GUERRA, J. A.; CUNHA, S. B.
Geomorfologia e Meio ambiente. Bertrand Brasil,
Rio de Janeiro. 5ª edição. 372p. 2004.
IBGE.
Mapa de compartimentos de relevos do estado de Mato Grosso.
<www.IBGE.gov.br/mapas/
> acesso em 01/04/2007
KEAREY, P.; BROOKS, M.
An Introduction to Geophysical Exploration. 2ª ed
Blackwell, .Cambridge, p 173 – 195. 1991.
MOREIRA, C. V. R; NETO, A. G. P. Clima e Relevo. In: OLIVEIRA, A. M. S.
Geologia de Engenharia, p 69 a 85. Oficina de Textos, São Paulo.. 1998
MARTINS, S. G; SILVA, M. L. N; CURI, N; FERREIRA, M. M. Avaliação
fundamentos de atributos físicos de um Latossolo Vermelho Distroférrico sob
diferentes povoamentos florestais.
CERNE, V.8, N.1, P.032-041, 2002.
MENDONÇA, A. E. C; SÉCOLO, D. B.
Interpretação morfopedológica e do
funcionamento hídrico da microbacia do Córrego da Ilha afluente do Rio das
Mortes no município de Campo Verde (MT). Trabalho de Conclusão de Curso de
Geologia. Universidade Federal de Mato Grosso. 2007
MOREIRA, M. A.
Fundamentos do Sensoriamento Remoto e Metodologia de
Aplicação. Editora UFV, Viçosa. 3ª edição, p 45 – 60. 2005.
MOURA, I. B;
Métodos geofísicos aplicados à caracterização de vertentes como
subsidio a conservação ambiental. Dissertação (Mestrado). Universidade Feceral
de Mato Grosso, Instituto de Biociências, UFMT. 79 p. 2003.
NASCIMENTO, C. C; PIRES, A. C. B; MORAES, R. A. V. Reconhecimento de
solos por meio de resistividade elétrica e radiação gama
. Revista Brasileira de
Geociências. 34(3):383-392, setembro de 2004.
NUNES, L. M.
Notas sobre o uso de geofísica e geoestatística em hidrogeologia.
Departamento de ambiente e Ciências da Terra. Universidade do Algarve
2003..<www.valg.pt/npfcma/docs
> acesso: 25/07/2006.
107
OLIVEIRA, B. J. Novo sistema brasileiro de classificação de solos. Informações
técnicas.
O Agronômico, 53 (1) 2001.
OLIVEIRA, C; PORSANI, J. L; SHIRAIWA, S.
Caracterização do solo pelo uso
em agricultura de precisão através de métodos elétricos e eletromagnéticos
(GPR). Resultados preliminares. Anais do 9
th
International Congrees of the
Brasilian Geophisical Society, SBGf, Salvador, 2005.
ORELLANA, E.
Prospection geoelétrica em corrente continua. Paraninfo.
Madrid. 523 p. 1972.
PARASNIS, D. S.
Princípios de Geofísica Aplicada. Paraninfo, Madrid, 1970.
PEREIRA,M. J.
Geofísica aplicada para caracterização de cobertura pedológica
de uma vertente na região de Dom Aquino – MT. Dissertação (Mestrado), 85p.
Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Exatas e da Terra. 2005.
PORSANI, J. L.
Método GPR: Aplicações em Geologia, Geotecnia, Meio
Ambiente e Planejamento Urbano. 8º Simpósio de Geologia do Centro Oeste. Nini
Curso. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT. 2003.
PRODEAGRO.
Manual de gestão Ambiental de Obras Rodoviárias em Mato
Grosso. Cuiabá-MT. 1997.
REYNOLDS, J. M.
An Introduction to Applied and Environmental Geophysics.
V 36(5). p 418 – 488. 1997.
ROMAN, F. J. S. S.
Prospeccion Geofísica – Sondeos Eléctricos Verticales.
Departamento de geologia – Universidade Salamanca – Espana. 2005.
<http://web.usal.es/~javisan/hidro/temas/SEV.pdf
>. acesso: 10/09/2006.
ROSS, J. L. S.
Geomorfologia ambiente e planejamento (Repensando a
geografia).
8 ª edição. Editora Contexto – São Paulo, 2005.
ROSS, J.L.S. E SANTOS, L.M.
Geomorfologia da Folha SD.21-Cuiabá.
In: SACASI, R. J. V
; MOURA, H. P; OLIVEIRA, M. J; ROSÁRIO, J. M. L;
SOUTO, F. A
. Aplicação de Sondagens Elétricas de Resistividade No estudo dos
Recursos Hídricos Subterrâneos da Localidade De Marabaixo III - Macapá /
Ap. Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) /
Divisão de Geologia e Recursos Hídricos(DGRH). Macapá/AP. 2006
SALOMÃO, F. X. T; ANTUNES, F. Solos. In: OLIVEIRA, A. M. S.
Geologia de
Engenharia, p 87 a 99. São Paulo. Oficina de Textos. 1998.
SANSONOWSKI, R. C.
Modelagem numérica como instrumento de apoio à
avaliação ambiental
. 2003. Dissertação Mestrado. UNICAMP, São Paulo. 121p.
2003.
108
SEPLAN –
Projeto de Desenvolvimento Agroambiental do Estado de Mato
Grosso. Zoneamento Sócio Econômico Ecológico de Mato Grosso – ZSEE 2002.
<www.seplan.mt.gov.br
/> acesso: 05/12/2007.
SILVA, L. A.
Metodologia geofísica para caracterização pedológica de uma
vertente associada a processo erosivo linear no município de sorriso – MT.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Campina Grande. Curso de Pós
Graduação em engenharia civil. Campina Grande – Paraíba. 258p. 2002.
SUMMAN, D. C; SHIRAIWA, S; SALOMÃO, F. X. T; MENDONÇA, A. E. C.
Reprocessamento e interpretação das imagens obtidas com GPR em uma
vertente na região de Campo Verde – MT. Anais do 43º Congresso Brasileiro de
Geologia. Aracaju – SE. 2006.
TAGG, G. F.
Earth resistances. Tower House, London, 1964
TELFORD, W. M; GELDART, L; SHERIFF, R. E.
Applied geophysics. 2 ª ed.
Cambridge University Press. Cambridge. 770p. 1990.
WARD, S. H. Resistivy and Induced Polarization Methods. In: WARD, S.H. (Ed)
Geotechnical and Environmental Geophysics, Society of Exploration
Geophysicists, V. I, p. 147 -189, 1990.
WESKA, R. K.
Geologia da região diamantífera de Poxoréu e áreas adjacentes,
Mato Grosso. 1996. 219p. Tese de Dotourado. Universidade de São Paulo,
SãoPaulo, 1996.
WESKA, R. K. Uma síntese do cretáceo superior mato-grossense
. Revista
Geociências, v. 25, n. 1, p. 71-81, 2006.
109
ANEXOS
Anexo A - Descrição das trincheiras
Trincheira 04
Horiz.
Prof.
(cm)
cor textura
Estrutura
(classe,tama-
nho e grau)
raízes Transição Porosidade
Consistência
seca
Consistência
Úmida
Consistênci
a molhada
Consistência
Muito molhada
Ap 0-22 10YR 5/6 argilosa
Sem estrutura
(compacta)
poucas
Clara e
plana
Ausente dura Muito friável
Ligeirament
e plástica
Ligeiramente
pegajosa
A/Bw 22-40 5YR 5/8 argilosa
Sem estrutura
(compacta)
ausentes Gradual Poucos poros dura Muito friável plástica
Ligeiramente
pegajosa
Bw 40-95 5YR 5/6 argilosa
Granular,
grande e fraca
ausentes
Gradual e
plana
Muitos poros macio Muito friável plástica pegajosa
Bcf1)
95-
135
5YR5/8 argilosa
Granular,
grande e fraca
ausentes
Gradual e
plana
Muitos poros macio Muito friável plástica
Ligeiramente
pegajosa
Bcf2 135
10YR 7/8
E 2,5YR
5/6
argilosa
Granular,
grande e
muito fraca
ausentes
ausente
Muitos poros
macio
Muito friável
plástica
Ligeiramente
plástica
Trincheira 05
Horiz.
Prof.
(cm )
cor textura
Estrutura
(classe,
tamanho e
grau)
raízes Transição Porosidade
Consistência
seca
Consistência
Úmida
Consistên
cia
molhada
Consistência
Muito
molhada
Ap 0-24
5YR
4/4
argilosa
Sem
estrutura
duro
muitas
Clara e
plana
Ausente dura
Muito
friável
plástica
Ligeiramente
pegajosa
Bw 24-210
5YR
5/8
argilosa granular
Poucas a
ausentes
Gradual e
plana
Poucos poros
(muitos)
Ligeirament
e dura a
macio
Muito
friável
plástica
Ligeiramente
pegajosa
110
Trincheira 06
Horiz.
Prof
(cm)
cor textura
Estrutura
(classe
tamanho e
grau)
raízes Transição Porosidade
Consistência
seca
Consistência
Úmida
Consistênc
ia molhada
Consistência
Muito molhada
Ap 0-15 10YR 5/8 argilosa
Granular,
fraca,
pequena e
maciça.
muitas
Plana e
Clara
Muitos poros (de
raízes)
dura Muito friável plástica pegajosa
A/Bw 15-28 2,5YR 5/6 argilosa Granular raras
Plana e
clara
Ausentes dura firme plástica pegajosa
Bw/A 28-80 2,5YR 5/8 argilosa
Granular
grande e
fraca
raras Gradual Muitos poros
Ligeiramente
duro
Muito friável plástica pegajosa
Bw 80-210 2,5YR 4/8 argilosa
granular
grande
e fraca
ausentes ---------
Muitos poros
facilmente visíveis
macio Muito friável plástica pegajosa
111
Trincheira 07
Horiz.
Prof.
( cm )
cor textura
Estrutura
(classe
,tamanho e
grau)
raízes Transição Porosidade
Consistência
seca
Consistência
Úmida
Consistênc
ia molhada
Consistência
Muito molhada
Ap 0-10 10YR 5/8 argilosa
Granular,
pequena e
fraca.
Finas e
medias
Plana e
clara
Ausente macia Muito friável plástica pegajosa
A/B 10-30 10YR 5/6 argilosa
Granular,
grande e
moderada.
Poucas e
finas
Gradual ---------
Ligeiramente
dura
Muito friável plástica pegajosa
B/A 30-48 2,5YR 4/4 argilosa
Granular
grande e
moderada
poucos
Gradual e
plana
Muitos poros
Ligeiramente
duro
Muito friável plástica pegajosa
Bw
48-
200
2,5YR4/8 argilosa
Granular
grande
e fraca
Poucas e
finas
Gradual Muitos poros macio Muito friável plástica pegajosa
112
Anexo B - Descrição das Sondagens a Trado
ST
7
- Localização: Início da área plantada
5 cm Não foram avaliados;
10 cm
Horizonte argiloso de cor 10YR4/6 com microagregações;
25 cm Horizonte argiloso de cor 10YR4/6 com microagregações;
40 cm
Horizonte argiloso com microagregações e presença de matriz de cor 10YR
5/6 e outro material de cor 10YR 5/8 (MO);
50 cm
Horizonte argiloso de cor 7,5 YR5/8 homogêneo e com microagregações;
60 cm
Horizonte argiloso de cor 7,5 YR5/8 homogêneo e com microagregações;
70 cm
Horizonte argiloso de cor 7,5 YR5/8 homogêneo e com microagregações;
75 cm
Horizonte argiloso de cor 7,5 YR5/8 homogêneo e com microagregações;
80 cm
Horizonte argiloso de cor 7,5 YR5/8 homogêneo e com microagregações;
90 cm
Aparecimento de raros volumes milimétricos de plintita e o horizonte fica
mais úmido e a microagregação esta desaparecendo;
100 cm
Horizonte úmido de cor 7,5 YR 7/8, com raros volumes de plintita e
ausência de microagregação;
110 cm
A quantidade de plintita aumenta porem ocorre o domínio da cor amarela
(7,5 YR7/8) e a umidade aumenta ocasionando o desaparecimento da
microagregação;
140 cm
Ocorre aumento da umidade e apresenta pouca plintita, horizonte com
domínio da cor 7,5 YR 7/8;
150 cm
Ocorre aumento da umidade e apresenta pouca plintita, horizonte com
domínio da cor 7,5 YR 7/8;
160 cm
Cor 7,5 YR6/6 e pouca plintita a qual influencia no avermelhamento do
horizonte;
113
170 cm
Horizonte bastante úmido com domínio da cor 5,0YR5/6, não ocorre
presença de plintita;
180 cm
Horizonte bastante úmido com domínio da cor 5,0YR5/6, não ocorre
presença de plintita, ocorre sloop;
195 cm
Horizonte úmido com presença da cor 10YR5/8 com domínio de 5,0 YR5/6,
não ocorre mais plintita;
200 cm
Horizonte úmido com presença da cor 10YR5/8 com domínio de 5,0 YR5/6,
não ocorre mais plintita;
210 cm
Horizonte úmido com presença da cor 10YR5/8 com domínio de 5,0YR5/6,
não ocorre mais plintita;
240 cm
Presença de concreções milimétricas e centimétricas ligeiramente
arredondadas com matriz semelhantes a anterior de cor 5,0YR5/6;
265 cm
Horizonte com domínio de plintita e sua cor e 2,5YR4/8, base do lençol.
275 cm
Horizonte com domínio de plintita e sua cor e 2,5YR4/8, ocorre também
presença de material de cor 5,0 YR5/6, base do lençol;
280 cm Horizonte argiloso seco;
*o nível d’água subiu 35cm em 2h.
ST
8
- Localização: Área cultivada
5 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 10YR 5/8
15 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 10YR 5/8;
20 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 10YR 5/8;
30 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR4/6;
35 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR5/8;
40 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR5/8;
50 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR5/8;
65 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR5/8;
80 cm
Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR5/8, com
presença de umidade;
100 cm Horizonte argiloso com vestígios de microagregação e de cor 5 YR5/8, com
114
presença de umidade;
135 cm Desaparecem as microagregações, mas o solo continua úmido;
170 cm Desaparecem as microagregações, mas o solo continua úmido;
180 cm Horizonte argiloso e úmido de cor homogênea 2,5YR5/8;
*a cor vermelha mudou gradualmente sem aparecimento de volumes de
plintita, a cor passou de 10YR para 5YR sem ter intermediação do 7,5YR;
200 cm Horizonte argiloso e úmido de cor homogênea 2,5YR5/8;
240 cm Presença de concreções de cor 2,5YR5/8 e esta úmido;
250 cm Horizonte argiloso, úmido com poucas concreções;
260 cm Horizonte argiloso, úmido com poucas concreções;
270 cm
Presença de pequenas quantidades de plintita e de concreções de cor
2,5YR5/8, úmido;
280 cm
Presença de 50% de plintita de cor 10YR4/8 e a matriz de cor 2,5YR......,
argiloso, úmido e com poucas concreções;
285 cm
Horizonte argiloso mais seco e com domínio de plintita e de sua cor
2,5 YR4/8;
290 cm Horizonte argiloso homogêneo, sem concreções e seco;
*esta seria a base do lençol;
300 cm Horizonte argiloso homogêneo, sem concreções e seco.
APROFUNDAMENTO DA TRINCHEIRA 6 POR TRADAGEM
Início em 210 cm
*úmido desde o inicio
20 cm Horizonte argiloso, homogêneo, úmido e duro de cor 2,5YR4/8;
45 cm Começa a aparecer pouquíssimas concreções milimétricas;
60 cm Fica cada vez mais vermelho mais seco e de cor 10R4/6;
175 cm Gradualmente fica menos vermelho 2,5YR4/8;
250 cm
Nível de laterita, ligeiramente arredondados milimétricas e centimétricas
demonstrando ser uma couraça;
260 cm Final da tradagem.
115
APROFUNDAMENTO DA TRINCHEIRA 5 POR TRADAGEM
Início em 225 cm
30 cm
Horizonte argiloso de cor 2,5 YR5/8, com raros volumes amarelados
(úmido)
40 cm Horizonte argiloso de cor 2,5 YR5/8, com raro volumes amarelados
(úmido)
50 cm
Horizonte argiloso de cor 2,5 YR5/8,com raro volumes amarelados
(úmido)
60 cm
Horizonte argiloso de cor 2,5 YR5/8, com maior quantidade de amarelo
de cor 10YR 6/6
110 cm Aumento do amarelo, parte do amarelo são concreções moles (plintita?)
130 cm Maior parte de amarelo
175 cm Domínio do amarelo de cor 10YR6/6 e o vermelho e plintita
*presença de fragmentos de arenito que apresenta internamente a cor
vermelha e externamente a cor amarela (Formação Cachoeirinha ).A
plintita forma-se a partir do arenito.
Quando ocorre domínio do vermelho as camadas são secas (base do.
lençol),provavelmente a película amarela é formada a partir da vermelha
190 cm Domínio do amarelo de cor 10YR6/6 e o vermelho é plintita
200 cm Domínio do amarelo de cor 10YR6/6 e o vermelho e plintita
230 cm sloop
260 a 300
cm
Ocorre um tubo de piping(?)
325 cm
Alteração do arenito muito fino (siltito ou argilito) e seco ,se apresenta
de cor vermelho e com manchas amareladas
330 cm Final da tradagem
116
APROFUNDAMENTO DA TRINCHEIRA 4 POR TRADAGEM
Início em 230 cm
10 cm Domínio de plintita de cor 2,5 Y4/8 com matriz argilosa amarela;
20 cm Domínio de plintita de cor 2,5 Y4/8 com matriz argilosa amarela;
30 cm Domínio de plintita de cor 2,5 Y4/8 com matriz argilosa amarela;
50 cm Sloop;
70 cm Horizonte vermelho e mais seco de cor 2,5 Y 4/8;
150 cm Desaparece a plintita e fica mais seco;
170 cm
Aparecem concreções e ocorre domínio de vermelho com manchas
amareladas;
175 cm Final da tradagem. .
117
Anexo C - Nivelamento Topográfico
118
119
Anexo D - Tabela de Precipitação Pluviométrica Local
Fonte: Sementes Bom Futuro – Comunicação pessoal
120
Anexo E - Formulário de SEV’s
121
122
123
124
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo