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MAXIMILLER DAL-BIANCO LAMAS COSTA
ESTRESSE OSMÓTICO E DO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
INDUZEM MORTE CELULAR PROGRAMADA DE MANEIRA
DEPENDENTE DAS PROTEÍNAS NRPs
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola,
para obtenção do título de Magister
Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
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MAXIMILLER DAL-BIANCO LAMAS COSTA
ESTRESSE OSMÓTICO E DO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
INDUZEM MORTE CELULAR PROGRAMADA DE MANEIRA
DEPENDENTE DAS PROTEÍNAS NRPs
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola,
para obtenção do título de Magister
Scientiae.
APROVADA: 31 de julho de 2007.
_______________________________ ______________________________
Prof. Luciano Gomes Fietto Prof. Marcelo Ehlers Loureiro
(Co-Orientador) (Co-Orientador)
_______________________________ _______________________________
Prof.ª Juliana Lopes Rangel Fietto Claudine Márcia Carvalho
_________________________________
Prof.ª Elizabeth Pacheco Batista Fontes
(Orientadora)
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ii
Aos meus avós José da Costa e Maria da Conceição Costa
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, pois se não fosse
ele me guiando por toda a minha vida, talvez não estivesse hoje onde
estou. Agradeço também aos meus pais e familiares pelo grande apoio
durante toda a minha jornada, e principalmente pelo amor e excelente
convivência familiar.
À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realização
de uma Pós-Graduação gratuita e de excelente qualidade e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pelo apoio financeiro.
À Professora Elizabeth Pacheco Batista Fontes pela confiança e
principalmente pela orientação durante todo o período de
desenvolvimento da dissertação.
Ao Departamento de Bioquímica, professores e funcionários pela
boa convivência e ensinamentos. Aos meus co-orientadores Marcelo
Ehlers Loureiro (DBV) e Luciano Gomes Fietto (DBB) pela discussão e
ajuda nos experimentos. Este último tenho um agradecimento especial
por ter sido mais que um co-orientador, mas um grande amigo.
Não poderia esquecer de citar minha namorada Giselle pelo apoio
e compreensão durante todo este tempo.
Os colegas do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas e
Laboratório de Proteômica pela excelente convivência e ajuda durante os
trabalhos, em especial aos amigos mais próximos nestes últimos meses:
Rejane, Carol, João Paulo, Gustavo e Pedro Augusto. Este último, aliás,
iv
foi mais que um amigo, mas um parceiro de trabalho e exemplo de força
de vontade na ajuda e condução dos experimentos.
Aos amigos da minha cidade, Marcelo Henrique e Júnior, que
mesmo distante sempre estiveram por perto.
Aos amigos de república, com quem convivi por estes seis anos e
meio em Viçosa.
Aos amigos da Bioquímica Agrícola, da Bioquímica 2001, e os
amigos de Viçosa.
Aos funcionários da estufa de soja e ao Newton, pela ajuda.
A todos os funcionários do BIOAGRO que indiretamente
contribuem para o bom funcionamento do setor.
E a todos que não tenha citado, mas que de alguma forma
contribuíram com este trabalho.
v
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................... viii
ABSTRACT........................................................................................... xi
INTRODUÇÃO...................................................................................... 1
REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 6
O Retículo Endoplasmático e a proteína BiP........................................ 6
A via de resposta a proteínas mal dobradas no retículo
endoplasmático (UPR)..........................................................................
7
Sinalização da UPR em mamíferos e leveduras................................... 8
A via UPR em plantas........................................................................... 10
Morte Celular Programada em plantas (PCD)....................................... 12
Estresse no RE e Morte Celular Programada em plantas (PCD).......... 14
Estresse Osmótico................................................................................ 14
Proteínas ricas em asparagina contendo domínio DCD (N-Rich
Protein)..................................................................................................
16
Proteínas contendo domínio NAC......................................................... 18
CAPÍTULO 1
UM NOVO RAMO DE SINALIZAÇÃO DO ESTRESSE NO
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO INTEGRA COM O SINAL
OSMÓTICO ATRAVÉS DE UMA RESPOSTA APOPTÓTICA
DEPENDENTE DA PROTEÍNA NRP....................................................
21
INTRODUÇÃO...................................................................................... 21
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 26
Células de soja em suspensão e Tratamentos..................................... 26
Extração de RNA e síntese de cDNA.................................................... 26
vi
PCR em tempo real............................................................................... 27
Clonagem molecular do cDNA completo do gene N-rich...................... 27
Expressão transiente em protoplastos de soja...................................... 31
Ensaio de Caspase-3............................................................................ 32
Agroinoculação em folhas de tabaco.................................................... 33
Localização celular de NRP-B (N-rich).................................................. 33
Técnicas de Biologia Molecular............................................................. 34
Análises de Bioinformática.................................................................... 34
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 35
Clonagem do cDNA completo de N-rich1, designado NRP-B, e
análises de bioinformática.....................................................................
35
Regulação dos genes NRP-A e NRP-B por indutores da UPR ocorre
via um novo ramo de sinalização de estresses no retículo
endoplasmático.....................................................................................
44
NAM, NRP-B e NRP-A são genes precocemente induzidos por
indutores de morte celular e reprimidos por inibidores de
senescência...........................................................................................
48
Expressão transiente de NRich induz morte celular em protoplastos
de soja...................................................................................................
50
O gene NRP-A também é co-regulado pelos estresses osmótico e do
retículo e assim como NRP-B induz morte celular em protoplastos de
soja........................................................................................................
54
Expressão transiente dos genes NRP-A e NRP-B em folhas de
tabaco induzem senescência................................................................
58
A proteína NRich está localizada na membrana plasmática................. 60
CONCLUSÕES..................................................................................... 62
CAPÍTULO 2.
vii
SUPEREXPRESSÃO DO CHAPERONE MOLECULAR BiP ATENUA
PROCESSOS DE MORTE CELULAR..................................................
65
INTRODUÇÃO...................................................................................... 65
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 68
Material Vegetal e Tratamentos............................................................ 68
Extração de RNA e síntese de cDNA.................................................... 68
Fragmentação de DNA genômico......................................................... 69
Monitoração de morte celular por Azul de Evans.................................. 69
Detecção in-vivo de H
2
O
2.........................................................................................................
69
Malondialdeído (MDA)........................................................................... 70
Agroinoculação em folhas de tabaco.................................................... 70
RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................... 72
Expressão ectópica de BiP em plantas transgênicas atenua o
processo de morte celular induzida por estresses no RE e
osmótico...............................................................................................
72
Plantas transgênicas submetidas ao tratamento com tunicamicina
produzem maior quantidade de espécies reativas de oxigênio
(ROS)....................................................................................................
77
BiP não afeta o nível de peroxidação de lipídeos resultante de
acúmulo excessivo de ROS..................................................................
79
Superexpressão de BiP atenua os processos de morte celular
induzidos pelas proteínas NRP-A e NRP-B em plantas de tabaco.....
81
CONCLUSÕES..................................................................................... 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 84
viii
RESUMO
COSTA, Maximiller Dal-Bianco Lamas, M.Sc., Universidade Federal de
Viçosa, julho de 2007. Estresse osmótico e do retículo
endoplasmático induzem morte celular programada de maneira
dependente das proteínas NRPs. Orientadora: Elizabeth Pacheco
Batista Fontes. Co-orientadores: Luciano Gomes Fietto, Marcelo
Ehlers Loureiro e Luis Orlando de Oliveira
A identificação de vias de sinalização de resposta em células afetadas
por diferentes estresses, bem como das interações entres estas vias,
constitui um dos interesses majoritários de pesquisas na área de
interações das células vegetais com o meio ambiente. Recentemente,
uma nova via de integração entre os estresses do retículo e osmótico foi
descrita pelo nosso grupo, sendo que dois dos genes que exibiram as
mais fortes induções sinergísticas pela combinação dos estresses, N-rich1
e N-rich2, codificam proteínas similares à proteína NRP, aqui designada
NRP-A, que está especificamente associada ao evento de morte celular
programada. Nesta investigação, foi demonstrado que as ESTs de N-rich1
e N-rich2 correspondiam a um mesmo gene homólogo a NRP-A, sendo
denominados NRP-B. Utilizando plantas transgênicas defeituosas na
ativação da via de resposta a proteínas mal dobrados no RE (via UPR), foi
demonstrado que a ativação dos genes alvos NAM, NRP-A e NRP-B é
sinalizada por estresses no RE por meio de uma via distinta da UPR.
Assim também, a expressão dos três genes não é alterada pelo hormônio
ABA, indicando que a indução destes pelo estresse osmótico é
ix
independente de ABA. Consistente com o envolvimento em morte celular,
os três genes são induzidos por indutores de morte celular e reprimidos
por inibidores de senescência. Além disso, a expressão transiente de
NRP-A e NRP-B promoveu ativação de caspase-3-like em protoplastos de
soja e acelerou o processo de senescência em folhas de tabaco,
evidenciando a participação dessas proteínas em processos de morte
celular. Foi demonstrado que a proteína NRP-B localiza-se possivelmente
na membrana plasmática e sua expressão é capaz de promover ativação
transcricional de NAM e NRP-A, estando possivelmente ancorada a
complexos sistemas de sinalização. Coletivamente estes resultados
descrevem um novo ramo de sinalização do estresse no retículo
endoplasmático que integra com o sinal osmótico através de uma
resposta apoptótica dependente das proteínas NRPs. Como estratégia
para tolerância engenheirada a estresses em plantas, foi demonstrado
que a superexpressão do chaperone molecular BiP confere resistência a
estresses abióticos em plântulas de soja, além de prevenir morte celular.
Expressão ectópica de BiP em plantas transgênicas de soja diminuiu as
lesões foliares necróticas induzidas por tunicamicina, e manteve o turgor
foliar em condições de desidratação induzida por PEG, apresentando,
nestas condições, um teor relativo de células mortas inferior às plantas
não transformadas. O envolvimento de BiP na prevenção de morte celular
foi adicionalmente demonstrado por agroinoculação de NRP-A e NRP-B
em folhas de tabaco transformadas com o gene soyBiPD nas orientações
senso e anti-senso, onde foi observado uma atenuação na senescência
na planta senso e o efeito inverso na planta anti-senso. Experimentos
x
adicionais deverão ser conduzidos para evidenciar os mecanismos pelos
quais BIP atua em processos de morte celular
xi
ABSTRACT
COSTA, Maximiller Dal-Bianco Lamas, M.Sc., Universidade Federal de
Viçosa, July of 2007. Osmotic- and ER-stress induce NRPs-
dependent programed cell death. Adviser: Elizabeth Pacheco
Batista Fontes. Co-Advisers: Luciano Gomes Fietto, Marcelo Ehlers
Loureiro and Luis Orlando de Oliveira
The identification of cell signaling pathways in response to different
stresses and the interactions among these pathways have become major
focus for understanding the molecular bases of plant cell-environment
interactions. Recently, a novel integrative pathway between ER- and
osmotic-stress has been described by our group. Among the target genes
of the integrative pathway, N-rich1 and N-rich2 genes, which exhibit the
strongest synergistic induction by the combination of both stresses, are
homolog of NRP, here designated NRP-A, that has been shown to be
specifically associated with programmed cell death. In this investigation,
we demonstrated that the N-rich1 and N-rich2 ESTs correspond to the
same NRP-A homolog gene, and hence designated NRP-B. Using
transgenic plants defective for the unfolded protein response (UPR)
activation, we demonstrated that activation of the integrative target genes,
NAM, NRP-A and NRP-B, occurs via an ER-stress signaling pathway
distinct from the UPR. Likewise, the expression of the three genes is not
altered by ABA treatment, indicating that their osmotic induction is ABA-
independent. Consistent with an involvement in cell death programs, all
xii
three genes are up-regulated by cell death inducers and repressed by
senescence inhibitors. Furthermore, the transient expression of NRP-A
and NRP-B promoted caspase-3-like activation in soybean protoplasts and
accelerated senescence in tobacco leaves. These results revealed the
involvement of these proteins in cell death programs. We also
demonstrated that NRP-B is located to the plasma membrane, most likely
associated to signaling systems, and is capable to promote NAM and
NRP-A up-regulation when expressed in soybean protoplasts. Collectively,
these results describe a novel branch of the ER stress signaling that
integrates with the osmotic signal through a NRP-dependent apoptotic
response. As a strategy for engineering stress tolerance in plants, we
demonstrated that enhanced accumulation of the molecular chaperone
BiP confers abiotic stress tolerance in soybean seedlings in addition to
preventing cell death. Ectopic expression of BiP in transgenic soybean
plants decreased tunicamycin-induced leaf necrosis and kept leaf turgor
under PEG-induced dehydration conditions, resulting in dead cell content
lower than that in untransformed plants. The BiP involvement in preventing
cell death was further demonstrated by transient expression of NRP-A and
NRP-B in sense and antisense BiP- overexpressing tobacco leaves. While
in sense leaves senescence was clearly delayed, in antisense leaves the
NRP-induced senescence was accelerated as compared to wilt-type
leaves. Further experiments are necessary to elucidate the mechanisms
by which BiP prevents cell death in plants.
1
INTRODUÇÃO
A soja é uma cultura agronômica muito relevante para o cenário
agrícola nacional, sendo um dos principais produtos agrícolas produzidos
pelo Brasil pesando de modo relevante em sua balança comercial. O
crescente interesse por essa cultura é devido ao alto teor de proteínas e
óleos de suas sementes, sendo uma das melhores fontes protéicas de
origem vegetal, deficiente somente em aminoácidos sulfurados como
metionina e cisteína
A importância econômica e nutricional da soja a coloca em local
privilegiado entre as espécies passíveis de melhoramento, esperando-se
produzir novos cultivares com qualidade superior. As estratégias
moleculares modernas de melhoramento incluem a alteração racional da
expressão de conjuntos de genes que conferem maior produtividade e
qualidade, assim como maior tolerância a estresses bióticos e abióticos.
Para alcançar esse objetivo, os melhoristas utilizam complexos
sistemas de cruzamentos e retro-cruzamentos quando os genes de
interesse localizam-se na mesma espécie. Porém, quando os genes de
interesse encontram-se fora do pool gênico primário da espécie, ou
deseja-se manipular a expressão de algum gene endógeno da planta, a
engenharia genética oferece as ferramentas básicas para identificar,
selecionar, isolar e transferir genes específicos escolhidos dentro de um
vasto pool gênico, para um amplo espectro de seres vivos (Binsfeld,
2000). Consequentemente, a dificuldade concentra-se, no caso do
melhoramento clássico, na identificação e transferência de genes de
2
espécies com o fenótipo desejado para variedades cultivadas, e no caso
da engenharia genética, em identificar e caracterizar genes alvos para a
transformação de plantas.
Seca e salinidade são considerados um dos principais fatores de
restrição à agricultura brasileira, limitando o crescimento da planta,
produtividade e distribuição geográfica. Diferentes métodos para
aumentar a tolerância a estresses em plantas têm sido desenvolvidos,
como a manipulação e a reprogramação da expressão de genes
endógenos relacionados com estresse (Mahajan and Tuteja, 2005). Em
geral, são utilizados fatores de transcrição e outros genes regulatórios
como alvo, uma vez que dessa forma pode-se controlar a expressão de
vários genes envolvidos na resposta a um determinado estresse (Jaglo-
Ottosen et al., 1998; Kasuga et al., 1999; Hsieh et al., 2002; Hu et al.,
2006). Entretanto, também tem sido descrito a mudança da expressão de
apenas um gene (Bartels, 2001; Zhu, 2001). Neste caso, alvos efetivos
para serem engenheirados incluem genes envolvidos diretamente em
proteção celular (Zhu, 2001; Kumar et al., 2004). Esta classe inclui os
genes cujos produtos atuam funcionalmente em vias de desintoxicação de
produtos gerados em condições de estresses, tais como os genes
relacionados com o sistema antioxidativo, ou em vias de reparo de
proteínas e estruturas celulares, como genes que codificam chaperones
moleculares (Gupta et al., 1993; Badawi et al., 2004, Rodrigues et al.,
2006). Os chaperones moleculares são induzidos por uma variedade de
estresses fisiológicos, e são definidos como proteínas que facilitam o
correto dobramento das proteínas in vivo, sendo requeridos para uma
3
ampla gama de processos, incluindo dobramento, oligomerização, e
remoção proteolítica (Pelham, 1989; Hammond & Helenius, 1995).
Qualquer condição de estresse, que quebra a homeostasia do RE
e promove o acúmulo de proteínas mal dobradas na organela, ativa uma
cascata de sinalização que tem sido bem estudada em leveduras e
mamíferos, denominada via de resposta a proteínas mal-dobradas
(Unfolded Protein Response – UPR). Entretanto muito pouco se sabe a
respeito dos componentes da sinalização do estresse no RE em plantas.
Por outro lado, estudos do padrão de expressão gênica em resposta a
diversos outros estresses abióticos em diferentes plantas revelaram uma
possível comunicação entre a via de resposta a estes estresses devido à
expressão em comum de alguns genes (Kreps et al., 2002; Seki et al.,
2002; Denekamp & Smeekens, 2003; Houde et al., 2006).
No intuito de investigar a comunicação entre a via UPR e vias
responsivas a estresse osmótico, e elucidar o potencial do chaperone
molecular BiP em manter o turgor da folha sob déficit hídrico (Bertolotti et
al., 2000; Alvim et al., 2001; Valente, 2006) e em regular a UPR em
plantas, recentemente foi identificado pelo nosso grupo, genes co-
regulados por estes estresses (Irsigler et al. 2007). Os resultados
sugerem a ativação de uma via inédita de sinalização que parece integrar
as duas respostas de defesa da planta, potencializando os mecanismos
de defesa a diversas condições de estresses (Figura 1). Dentro desse
contexto, torna-se importante determinar se a ativação da via de
integração leva à ativação de proteínas de defesa envolvida em respostas
a outros estresses abióticos e bióticos. Estes conhecimentos serão
4
fundamentais para a definição de estratégias moleculares que possam
efetivamente conferir às plantas cultivadas vantagens fisiológicas que as
permitem superar condições adversas.
O presente trabalho teve como objetivo primordial caracterizar
molecular e funcionalmente os genes co-regulados pelo estresse no RE e
estresse osmótico, em especial aqueles que codificam proteínas ricas em
Asparagina (N-Rich), como alvos moleculares para aquisição de
resistência engenheirada em plantas de soja. Além disso, foi proposto
avaliar o efeito de BiP, inibidor da ativação da via de sinalização em
resposta a proteínas mal dobradas, no controle de morte celular gerada
por estresses abióticos.
5
Figura 1 - Integração entre as vias de sinalização induzidas em resposta ao
estresse osmótico e ao estresse do retículo endoplasmático (RE). Estresse
originado no RE por acúmulo de proteínas mal dobradas ativa uma via de sinalização
que integra ao sinal osmótico de uma maneira convergente no nível de ativação dos
genes ATAF2, NAM, GST, NRich1 e NRich2. No modelo, é destacado a via UPR, ativada
por um receptor transmembrana do RE que é regulado por concentrações de BiP no RE
e resulta na ativação dos genes que codificam chaperones moleculares tais como:
calreticulina, BiP e calnexina. Em destaque, também, as vias de resposta à seca
dependente do hormônio ABA ou mediada por DREB.
6
REVISÃO DE LITERATURA
O Retículo Endoplasmático e a proteína BiP
O retículo endoplasmático é o primeiro compartimento da via
secretora de eucariotos, sendo responsável pela síntese e modificação de
proteínas. Imediatamente após a entrada nessa organela, os
polipeptídeos nascentes podem sofrer uma série de processamentos pós-
traducionais. Estes incluem adição covalente de carboidratos e clivagem
por enzimas proteolíticas, enovelamento nas estruturas secundárias e
terciárias apropriadas, as quais podem ser estabilizadas por ligações
dissulfídicas e, em alguns casos, aquisições de estruturas quaternárias
em complexos multiméricos (Yanjun et al., 2003). O retículo
endoplasmático também possui um mecanismo de controle de qualidade
que discrimina proteínas corretamente das incorretamente enoveladas.
Este mecanismo assegura que somente proteínas corretamente
enoveladas e montadas prossigam para seu destino final (Oda et al.,
2003; Sitia & Braakman, 2003). Esses processos são auxiliados e
monitorados por chaperones do retículo endoplasmático, dentre os quais
BiP exerce uma função de destaque.
BiP é uma proteína de 78 kDa, pertencente à família dos
chaperones Hsp70, (Haas & Meo, 1988) sendo um dos chaperones mais
bem caracterizados do retículo endoplasmático (Denecke, 1996). A
proteína BiP possui dois domínios importantes: um amino-terminal que
contém um sítio catalítico e um carboxi-terminal de ligação ao substrato
7
(McKAY, 1993) que interage com seus substratos de maneira dependente
de ATP (Knarr et al., 2002). BiP é uma proteína multifuncional, envolvida
na regulação de diversos processos celulares associados ao retículo
endoplasmático (Pilon & Schekman 1999), tais como: (1) enovelamento
de cadeias polipeptídicas nascentes, (2) translocação dessas cadeias
polipeptídicas para o lúmen do retículo endoplasmático, (3) sistema ERAD
(degradação de proteína associada ao retículo endoplasmático), além de
(4) funcionar como um vedante do translocon durante os estágios iniciais
de translocação protéica e (5) como sensor da via UPR, que controla a
transcrição de genes de respostas ao estresse na organela para garantir
a sobrevivência celular (Liu & Kaufman, 2003).
A via de resposta a proteínas mal dobradas no retículo
endoplasmático (UPR)
O acúmulo de proteínas mal dobradas é a principal causa de
estresse no RE, e pode ser resultado do rápido influxo de polipeptídios
mal-dobrados nascentes, excedendo a capacidade de dobramento, ou
quando se tem um impedimento para o correto dobramento das proteínas,
como a prevenção de modificações pós-traducionais, o desequilíbrio de
cálcio ou o erro na estrutura primária da proteína (Ron & Walter, 2007).
Estas perturbações podem afetar e acionar a UPR, que é uma via de
transdução de sinal que ativa a transcrição coordenada de um conjunto
de genes envolvidos no restabelecimento da homeostasia no RE, tanto
8
pelo aumento da capacidade de dobramento das proteínas como pelo
decréscimo da demanda destes dobramentos.
Para aumentar a capacidade de dobramento, a síntese de
chaperones residentes no RE é aumentada (Kozutsumi et al., 1988). Por
outro lado, a demanda de dobramento diminui pela (1) diminuição global
da síntese de proteínas, (2) diminuição da transcrição de genes
codificando proteínas secretórias, (3) degradação de mRNAs específicos
(Hollien & Weissman, 2006) e (4) grande liberação de proteínas mal- e
não-dobradas através da degradação associada ao RE (ERAD) (Travers
et al., 2000).
Sinalização da UPR em mamíferos e leveduras
Três principais proteínas transmembranas, IRE1, ATF6 e PERK
são sinalizadores conhecidos da resposta ao estresse no RE e regulam
uma larga faixa de genes. IRE1 tem domínios quinase e de endo-
ribonuclease (Cox et al., 1993; Mori et al., 1993), e quando ativado
promove processamento e maturação do mRNA que codifica o fator de
transcrição b-ZIP Hac1p de leveduras (Cox & Walter, 1996), homólogo a
XBP-1 de mamíferos (Calfon et al., 2002). Este fator de transcrição regula
expressão de chaperones moleculares, genes relacionados ao ERAD e
uma gama de proteínas secretórias. Em células de mamíferos, o fator de
transcrição ATF6, uma proteína transmembrana do RE, sob condição de
estresse migra para o aparato de Golgi onde seu domínio de
transativação é liberado da membrana por clivagem proteolítica, migrando
9
então para o núcleo para regular a trancrição de vários genes (Haze et al.,
1999; Chen et al., 2002). PERK, outra proteína transmembrana, é uma
quinase que quando ativada, atenua a tradução de proteínas pela
fosforilação do fator de iniciação da tradução 2 (eIF2α) (Harding et al.,
2000; Holci & Sonenberg, 2005).
Acredita-se que o nível e estado dos chaperones moleculares são
os principais fatores que possibilitam a sensibilidade do estresse no RE. A
capacidade de BiP em Interagir com IRE1 ou PERK (Liu et al., 2002), e a
sua propriedade de ligar a proteínas mal dobradas, sugerem um possível
mecanismo para BiP desempenhar o papel de sensor do estresse no RE.
Segundo este modelo, BiP estaria ligado em condições normais nos
domínios luminais de IRE1, PERK e ATF6, mantendo-os desativados.
Após acúmulo de proteínas mal-dobradas, BiP seria liberado, permitindo a
oligomerização/dimerização e trans-autofosforilação de IRE1 e PERK e
assim sua ativação. A liberação de ATF6 permitiria seu transporte para o
Golgi onde seria clivado gerando um domínio citossólico de ATF6 que
migraria para o núcleo ativando a transcrição de vários genes (Zhang &
Kaufman, 2004). Este modelo é suportado pelo fato de que a
superexpressão de BiP atenua a ativação de PERK e IRE1, reprimindo
assim a UPR, ocorrendo o oposto quando se tem uma repressão de BiP
(Bertolotti et al., 2000; Okamura et al., 2000)
Um modelo alternativo para percepção do estresse no RE propõe
que a ligação de proteínas mal dobradas a IRE1 e PERK ativaria a UPR
de maneira independente de BiP. Esta hipótese tem sido considerada
baseada na observação de que IRE1 de leveduras é capaz de se ligar a
10
uma cadeia polipeptídica, e também, devido ao fato de que a ativação de
IRE1 nem sempre depende de BiP. Um terceiro modelo, que é
intermediário, postula que a ativação seria devido à liberação de BiP dos
receptores transmembranas, bem como à ligação de proteínas mal
dobradas aos receptores (Ron & Walter, 2007).
A via UPR em plantas
O Retículo Endoplasmático de plantas é diferente do RE de
animais, sendo contínuo ao longo da planta inteira por via das cadeias de
plasmodesmas que permitem comunicação célula-a-célula (Ghoshroy,
1997). Certos sinais de tensão, como um ataque por um patógeno, são
transmitidos ao longo da planta, ocasionando uma indução sistemática de
genes específicos por esta continuidade do RE. Porém, a UPR é
restringida às células onde a tensão foi iniciada não induzindo uma
resposta sistêmica na planta (Jelitto-Van Dooren 1999).
Análises recentes do transcriptoma de A. thaliana induzido por
estresse no RE evidenciaram a indução de genes envolvidos em
diferentes processos como o dobramento de proteínas,
glicosilação/modificação, translocação, degradação de proteínas,
tradução, tráfego de vesículas, morte celular programada, quinases,
fatores de transcrição, proteínas de estresse e proteínas não
classificadas, sendo que muitas são ortólogas a proteínas da UPR de
mamíferos e leveduras (Urade, 2007). Além disto, já foi descrito um cis-
elemento de 24 pb em soja similar a ERSE e ERSE-II de mamíferos que
11
flanqueiam a região 5’ dos genes induzidos pela UPR (Buzeli et al, 2002),
e dentre os genes identificados pelo transcriptoma de A. thaliana, mais de
65% deles possuem este cis-elemento (Urade, 2007).
Recentemente o fator de transcrição contendo o motivo zíper de
leucina induzido pelo estresse no retículo (bZIP) de Arabidopsis, chamado
AtbZIP60, foi identificado pela sua capacidade de ativar o promotor de BiP
e Calnexina através de elementos responsivos a estresse no RE (Iwata &
Koizumi, 2005). AtbZIP60 está ancorado na membrana sob condições
normais, mas é liberado sobre estresse no RE em um mecanismo
desconhecido. Acredita-se que o mecanismo de ativação seja similar ao
ATF6 de mamíferos e que sua autorregulação seja similar a XBP1 em
células de mamíferos. Entretanto, uma vez que o domínio luminal de
AtbZIP60 é muito menor que o de ATF6, não se sabe se a função de
sensor do estresse no RE é similar ao ATF6 (Urade, 2007).
Em Arabidopsis dois ortólogos de Ire1 foram identificados. AtIre1-1
que é expresso apenas em alguns tecidos e estágios de desenvolvimento,
enquanto o AtIre1-2 é constitutivo em toda a planta. O domínio C-terminal
de AtIre1 é conservado em uma variedade de organismos, enquanto o
domínio N-terminal, que em leveduras tem a função de sensor do
estresse, apresentam seqüência muito diferente. Entretanto, ainda não foi
elucidado como as proteínas Ire1 de plantas funcionam como reguladores
da transcrição no estresse do retículo (Urade, 2007), mas é possível que
BiP tenha papel importante, já que sua superexpressão em plantas de
tabaco resulta em diminuição da ativação da UPR por tunicamicina
(Leborgne-Castel et al., 1999).
12
Morte Celular Programada em plantas (PCD)
PCD é geneticamente definida como um processo associado a
características morfológicas e bioquímicas distintas que envolvem vias de
sinalização controlando a destruição das células com o mínimo dano às
células vizinhas (Steller, 1995; Pallavan-Unsal et al. 2005). Este processo
é parte integral do ciclo celular de organismos multicelulares (Greenberg,
1996) e pode ser induzido por vários estímulos ambientais ou de
desenvolvimento do organismo (Wertz and Hanley, 1996; Vaux and
Korsmeyer, 1999), ocorrendo em plantas durante os processos de
desenvolvimento, tais como senescência, embriogênese,
desenvolvimento do tecido vascular e durante o processo de interação da
planta com um patógeno (Pennell & Lamb, 1997; Danon et al., 2000).
Processos de PCD em estágios iniciais podem ser revertidos em plantas
(O’Brien et al., 1998).
O processo é similar ao de mamíferos, embora não haja um padrão
comum bem estabelecido, apesar de resultar nos mesmos fenômenos
morfológicos e bioquímicos como quebra do citoplasma, condensação
nuclear, aumento da permeabilidade de membrana, influxo de cálcio,
exposição das fosfatidilserina, liberação do citocromo C, ativação de
proteases especificas e fragmentação do DNA em fragmentos de 50kb e
depois em escadas de nucleossomos (Solomon et al., 1999; Jones, 2000;
Zuppini et al., 2004). Esses sintomas são expressos diferencialmente,
13
dependendo do propósito de controle da morte celular que ocorre nas
células das plantas (Lam, 2004).
A morte programada é comumente distinguida da morte necrótica,
embora essas formas de morte sejam consideradas como dois extremos
do mesmo fenômeno, chamado ”necroapoptose” (Lemasters, 1999;
Pallavan-Unsal et al. 2005). Pelo menos em células animais, o balanço
vida ou morte é controlado por um delicado equilíbrio entre fatores anti e
pro-apoptóticos. Assim, o principal papel é designado por proteínas da
família Bcl-2 (Tsujimoto and Shimuzu, 2000), que ainda não foram
descritas ou encontradas em plantas até o momento (Chichkova et al.,
2004; Urade, 2007).
A morte celular pode ser dividida em três fases: iniciação, decisão
e degradação (Kroemer & Reed, 2000; Xu et al 2005). Durante a primeira
fase células acumulam moléculas efetoras, as quais diretamente e
seletivamente alteram a permeabilidade da membrana das mitocôndrias.
Isto determina a liberação de fatores apoptóticos que disparam a fase de
degradação. A última fase implica na ativação de proteases específicas e
depois endonucleases as quais são responsáveis pelo típico produto de
degradação na PCD. A decisão da célula em morrer por apoptose ou
necrose depende das condições em que ela se encontra, sendo que a
concentração de ATP e a integridade da mitocôndria são essenciais para
isto (Orrenius et al., 2003).
14
Estresse no RE e Morte Celular Programada em plantas (PCD)
O RE é o principal sítio para a síntese e enovelamento de
proteínas, e também serve como local para estocagem de cálcio.
Qualquer perturbação em sua homeostasia pode promover o acúmulo de
proteínas mal dobradas, induzindo a UPR. O prolongamento da ativação
da via UPR pode desencadear processos de morte celular (Rao et al.,
2002; Zhang & Kaufman, 2004; Zuppini et al., 2004). Entretanto os
eventos da sinalização celular que conectam estresse no RE e morte
celular não são bem compreendidos (Xu et al. 2005; Urade, 2007).
Recentemente foi identificada em plantas, uma proteína G heterotrimérica
que está envolvida em eventos de sinalização que induz morte celular
associada com a via UPR em Arabidopsis (Wang et al., 2007).
Estresse Osmótico em plantas
Em plantas, assim como em outros organismos, a transpiração de
H
2
O é usada para prevenir aumentos significativos de temperatura, sendo
que mais de 90% da água adquirida do solo é consumida por transpiração
durante dias muito quentes (Ueda et al., 2004), acarretando na inibição do
crescimento da planta sob condições de estresse hídrico (Yeo et al., 1991;
Pérez-Alfocea et al., 1993). Esta perda de água excessiva é combatida
pela síntese de vários tipos de osmoprotetores, como glicina-betaína e
prolina (Gorhan et al., 1985; Delauney and Verma, 1993). Por outro lado,
também tem sido demonstrado que a regulação da permeabilidade de
15
água através de aquaporinas modificam a sensitividade do estresse
hídrico (Aharon et al., 2003).
Vias de trandução de sinal genéricas começam com a percepção
do sinal, seguida pela produção de mensageiros secundários que podem
modular a concentração intracelular de cálcio, freqüentemente iniciando
cascatas de fosforilação que terminam com a ativação de proteínas alvos,
diretamente envolvidos no processo, ou fatores de transcrição que
controlam genes específicos. Os produtos destes genes participam da
produção de moléculas regulatórias, como o hormônio Ácido Abscísico
(ABA), Etileno e Ácido Salicílico (AS), que podem iniciar um segundo ciclo
de sinalização (Xiong et al., 2002; Yamaguchi-Shinozaki and Shinozaki,
2000).
No caso específico do estresse hídrico e osmótico, ocorre uma
resposta complexa iniciada com a percepção do estresse, que ativa vias
de transdução de sinal que manifestam mudanças celulares, fisiológicas e
dos níveis de desenvolvimento. Assim, a resposta depende da severidade
e duração do estresse, genótipo da planta, estágio de desenvolvimento e
fatores ambientais que acarretam o estresse (Bray, 1993).
DRE/CRT (Dehydratation Responsive Element/C-repeat) e ABRE
(ABA Responsive Element) são os principais cis-elementos encontrados
nos genes induzidos por estresse osmótico. O primeiro funciona em
processos iniciais de resposta enquanto o segundo funciona após o
acúmulo de ABA durante a desidratação. Existem vários fatores de
transcrição respondentes a ABA, que se posicionam posterior à resposta
16
deste hormônio, estando envolvidos em processos tardios de adaptação
ao estresse. (Yamaguchi-Shinozaki & Shinozaki, 2006).
A transdução de sinal em estresse osmótico e salino é similar,
sendo importantes três parâmetros para o retorno a condição de
homeostasia ou a adaptabilidade da planta ao estresse: (1) retorno ao
equilíbrio iônico e osmótico para tentar manter certa homeostasia sob
condição de estresse, (2) controle dos danos e detoxificação acarretada
pelo estresse e (3) coordenação da divisão celular (Mahajan & Tuteja,
2005)
Proteínas ricas em asparagina contendo domínio DCD (N-Rich
Protein)
Uma das primeiras proteínas com alto conteúdo de Asparagina
descrita, a proteína NRP, é induzida durante a reposta hipersensível, e
serve como marcador para morte celular programada estando presente na
parede celular de células de soja (Ludwig & Tenhaken, 2001). Este gene
não responde diretamente ao ácido salicílico, que acelera processos de
morte celular em culturas de células de soja (Shirasu et al., 1997; Ludwig
& Tenhaken 2000), mas sua transcrição pode ser amplificada na presença
dos sinais dessa molécula, que é essencial para a morte celular
programada.
O gene codifica uma proteína que consiste de dois domínios: O
domínio N-terminal é extremamente rico no aminoácido asparagina (25%)
e por isto a proteína foi chamada de N-rich protein (NRP) (Ludwig &
17
Tenhaken 2001). Na região C-terminal, a proteína codificada pelo gene
NRP, apresenta um domínio relacionado com o desenvolvimento e morte
celular específico de plantas, denominado DCD (Development and Cell
Death). (Tenhaken et al; 2005). O exato papel biológico do gene NRP
ainda não está definido, mas acredita-se que ele esteja envolvido em
processo de PCD atuando na modificação da parede celular de plantas
(Ludwig & Tenhaken 2001). Esta hipótese tem sido sustentada
principalmente (1) devido ao fato de estar presente na parede celular, o
primeiro local de passagem do patógeno, (2) por apresentar
possibilidades de modificações pós-traducionais e (3) devido ao seu
conteúdo não usual de aminoácidos (média de Asn nas proteínas
depositadas no Expasy é 4,44%).
Os genomas de arroz e Arabidopsis, que foram primeiramente
seqüenciados contêm 11 e 7 membros com o domínio DCD,
respectivamente. Pelo menos quatro subgrupos de proteínas podem ser
identificados por comparação filogenética do domínio DCD de arroz e
Arabidopsis. Os quatro subgrupos diferem na arquitetura onde o domínio
DCD é localizado na estrutura da proteína. Enquanto no subgrupo I, o
domínio DCD é encontrado no C-terminal da proteína, no subgrupo II, ele
se localiza na região interna da proteína. O terceiro subgrupo é mais
variável, sendo que as proteínas representativas apresentam o domínio
DCD na região N-terminal, seguido por um domínio ParB. O quarto
subgrupo possui o domínio DCD na região N-terminal, mas contém várias
repetições de KELCH na parte C-terminal da proteína (Tenhaken et al;
2005).
18
Proteínas contendo domínio NAC
NAC (NAM, ATAF e CUC) é uma família de genes específica de
plantas, sendo que a maioria das proteínas NAC contém um domínio N-
terminal altamente conservado, o qual pode formar uma estrutura hélice-
volta-hélice que se liga especificamente a uma seqüência de DNA (Aida et
al., 1997), uma seqüência sinal de localização nuclear e um domínio C-
terminal variável. As proteínas NAC constituem uma grande família de
fatores de transcrição específicos de plantas e está representada em
Arabidopsis por mais de 100 genes (Riechmann et al., 2000). O papel de
proteínas NAC em resposta ao estresse abiótico e biótico tem sido
descrito na literatura e várias proteínas NAC têm sido identificadas por
causa da sua interação com outras proteínas de importância biológica
nestes processos. As Proteínas da família NAC GRAB 1 e GRAB2
(Gemnivirus REP A Binding ) foram identificadas pela sua habilidade em
interagir com a proteína REP A de Wheat dwarf geminivirus (Xie et al.,
1999). Além disto, foi demonstrado em Arabidopsis que a proteína TIP
(TCV-interacting protein, uma proteína NAC-like) é essencial para a via de
resposta e resistência ao TCV (turnip crinkle virus) (Ren et al., 2000). A
função de proteínas da família NAC na resposta ao estresse biótico foi
evidenciado pela indução do gene StNAC de Solanum tuberosum na
infecção por Phytophtora infestans (Collinge and Boller, 2001) e pela
indução de vários genes NAC de Brassica napus por ataque de insetos
herbívoros e por infecção por fungos. (Hegedus et al., 2003).
19
Várias proteínas desta família de transativadores também foram
associadas à resposta contra diferentes estresses abióticos. A expressão
de diferentes genes NAC de Brassica napus foi induzida por choque
térmico, frio e por desidratação (Hegedus et al., 2003). Recentemente, foi
demonstrado que plantas transgênicas superexpressando 3 diferentes
genes NAC de Arabidopsis (ANAC019, ANAC055 e ANAC072)
mostraram um significante aumento da tolerância à seca (Tran et al.,
2004), além de ligarem à seqüência CATGTG e regular vários genes
induzidos por estresse (Tran et al., 2004). Esses estudos indicam o
possível papel das proteínas NAC em resposta a estresses.
As proteínas NAC consistem de dois domínios, sendo que o
domínio NAC situado na porção N-terminal da proteína pode ser subdivido
em cinco subdomínios conservados (A-E), exibindo uma carga livre
negativa onde se situa a região de ligação ao DNA. O domínio C-terminal
tem a função de transativação e são carregados positivamente (Xie et al.,
1999). Subdomínios A, C e D são altamente conservados em proteínas
NAC de diferentes espécies, enquanto os subdomínios B e E são mais
diversos (Ooka et al., 2003). O domínio não conservado C-terminal, de
proteínas NAC, possui atividade de ativação transcricional (Ren et al.,
2000; Xie et al., 2000; Duval et al., 2002).
Membros da família de genes NAC de plantas estão envolvidos em
muitos processos de desenvolvimento da planta (Olsen et al. 2005),
incluindo a manutenção do meristema do broto apical (SAM) (Aida et al.,
1997; Weir et al., 2004), sinalização através de hormônios (Aida et al.,
2002; Che et al., 2002;Greve et al., 2003; Xie et al., 2000), resposta de
20
infecção por patógeno (Collinge and Boller 2001; Ren et al., 2000; Selth et
al., 2005; Xie et al., 1999), senescência foliar (John et al., 1997),
desenvolvimento do embrião (Duval et al., 2002), transporte do mRNA por
grandes distâncias através do floema (Ruiz-Medrano et al.,1999) e
resposta a diferentes estresses abióticos (Hegedus et al., 2003; Tran et
al.,2004).
21
CAPÍTULO 1
UM NOVO RAMO DE SINALIZAÇÃO DO ESTRESSE NO
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO INTEGRA COM O SINAL
OSMÓTICO ATRAVÉS DE UMA RESPOSTA APOPTÓTICA
DEPENDENTE DAS PROTEÍNAS NRPs
INTRODUÇÃO
As plantas estão constantemente submetidas a condições adversas do
meio ambiente que restringem profundamente o desenvolvimento,
crescimento e produtividade. Em respostas a estresses, as células
vegetais desenvolveram um conjunto complexo de mecanismos de defesa
que operam para aumentar a tolerância contra estas condições restritivas
e são críticos para garantir a sobrevivência das plantas em geral. Em
condições de campo, é provável que diversas condições de estresses
atuem simultaneamente limitando o crescimento e a produtividade. A
identificação de vias de sinalização de resposta em células afetadas por
diferentes estresses, bem como das interações entres estas vias, constitui
um dos interesses majoritários de pesquisas na área de interações das
22
células vegetais com o meio ambiente. O nosso conhecimento sobre
integração de vias de sinalização de respostas a diferentes estresses
fisiológicos tem aumentado consideravelmente na última década com as
análises de expressão gênica de alcance genômico em plantas
submetidas a diversas condições de estresses (
Kreps et al., 2002; Seki et
al., 2002; Denekamp & Smeekens, 2003; Houde et al., 2006
).
Recentemente, por meio de análises de microarray em soja, nossa equipe
de pesquisadores identificou uma possível via de convergência que
integra as respostas ao estresse osmótico e ao estresse causado pelo
acúmulo de proteínas mal dobradas no retículo endoplasmático (UPR-
unfolded response pathway) (Irsigler et al., 2007).
Em plantas, sabe-se muito pouco a respeito dos componentes de
sinalização da UPR. Recentemente foi identificado em A. thaliana dois
homólogos a Ire1 que são proteínas associadas à membrana do retículo e
que estão envolvidas na detecção de proteínas mal dobradas presentes
no lúmen desta organela, além de um fator de transcrição chamado de
AtbZIP60 que é induzido pelo estresse no retículo e é capaz de induzir a
expressão dos genes CALENEXINA e BIP que são alvos conhecidos da
via UPR (Iwata e Koizumi, 2005). Embora alguns componentes tenham
sido descritos faltam informações sob o modo de atuação destas
proteínas em condições de estresse (Urade, 2007), e os mecanismos
moleculares da sinalização da UPR.
Apesar do potencial da via UPR em acomodar respostas
adaptativas para sobrevivência, esta via de sinalização tem sido pouco
explorada em plantas como estratégias para melhorar tolerância a
23
estresses. Evidência sob a possível comunicação entre a via UPR e vias
de resposta a estresse osmótico foram anteriormente fornecidas pela
demonstração da indução em soja de uma isoforma do chaperone
molecular BiP, residente no RE, por tunicamicina (um ativador potente da
via UPR) e por estresse hídrico (Cascardo et al., 2000). Embora esta
indução coordenada de BiP pareça ocorrer por meio de vias de
sinalização distintas, tem sido observado que superexpressão de BiP em
tabaco confere às plantas transgênicas maior tolerância à seca (Alvim et
al., 2001). Mais recentemente, a análise, em escala genômica, do
transcriptoma diferencialmente regulado por estresses osmótico e do
retículo endoplasmático identificou 10 genes co-regulados com expressão
aumentada e 75 co-regulados com expressão diminuída, sendo que
destes últimos, aproximadamente 70% deles estão envolvidos com o
processo fotossintético (Irsigler et al. 2007). A indução coordenada dos
genes co-induzidos pelos estresses osmótico e do retículo ocorreu com
cinética similar. Além disto, sete dos genes co-induzidos (NAM, ATAF2,
N-rich1, N-rich2, UBA, GST e GST2) tiveram um aumento sinergístico na
expressão quando as plantas foram submetidas a uma combinação de
AZC e PEG, sendo considerados alvos desta nova via de integração entre
os estresses do retículo e osmótico (Irsigler et al., 2007). Entre eles, os
dois genes N-rich1 e N-rich2 exibiram as mais fortes induções
sinergísticas pela combinação dos estresses.
As ESTs que representam os genes N-rich1 e N-rich2 codificam
proteínas com domínios N-terminal (N-rich1) e C-terminal (N-rich2)
similares `a proteína NRP (N-Rich Protein), que é induzida durante a
24
resposta de hipersensibilidade (HR) em soja infectada com bactérias
incompatíveis (Ludwig & Tenhaken, 2001), e contém em sua região C-
terminal um domínio relacionado com processos de morte celular e
desenvolvimento (DCD – Development and Cell Death). A indução de
NRP está especificamente associada ao evento de PCD (morte celular
programada) induzido por patógenos incompatíveis e, provavelmente,
NRP participa em uma via de sinalização que leva a resposta
hipersensitiva.
A morte celular programada (PCD) é um processo com
características morfológicas e bioquímicas distintas e envolvem vias de
sinalização que controlam a destruição das células com o mínimo dano as
células vizinhas (Steller, 1995; Pallavan-Unsal et al. 2005). Assim como
em outros organismos, em plantas a PCD ocorre durante diferentes
processos de desenvolvimento, tais como senescência, embriogênese,
desenvolvimento do tecido vascular e processos de interação da planta
com patógenos (Pennell & Lamb, 1997; Danon et al., 2000; Lam et al.,
2001). Em mamíferos existem duas vias que controlam a PCD. Uma é
independente da mitocôndria e envolve a participação de receptores
específicos e a outra é dependente da mitocôndria, que libera vários
fatores apoptóticos no espaço intermembranas que controlam a atividade
de proteínas da família Bcl-2. Nos dois casos, o resultado final é a
ativação de caspases efetoras da morte celular. Em plantas, muitas
características morfológicas e bioquímicas de PCD têm sido
caracterizadas apesar de membros da família das Blc-2 ainda não terem
25
sido descritos (Danon et al., 2000; Balk & Leaver, 2001; Lam et al., 2001;
Hoeberichts & Woltering, 2003; Urade, 2007).
Baseado nas funções putativas dos genes N-rich, o objetivo
principal dessa investigação foi avaliar se a via integrativa pudesse
transduzir um sinal de morte celular programada gerado por estresses
prolongados do retículo e/ou osmótico. Para isso, os genes N-rich, alvos
da via integrativa, foram clonados, e o seu envolvimento na indução de
morte celular programada foi diretamente avaliado em células de soja em
suspensão e em folhas de tabaco.
26
MATERIAIS E MÉTODOS
Células de soja em suspensão e Tratamentos
Cultura de células de soja em suspensão anteriormente preparadas
(Cascardo et al, 2001) foram cultivadas em meio MS Soja (Finer &
Nagasawa, 1988) mantendo-se o procedimento de subcultivos sucessivos
semanais. Os tratamentos foram realizados em culturas de células cinco
dias após repicagem.
As células foram tratadas com Polietilenoglicol 10% (p/v) (PEG;
MW 8000), Tunicamicina (Sigma) 10 μg/mL, Ciclohexamida (Sigma) 0,5
μg/mL, BAP (6-benzilaminopurina), Zeatina 10 μM ou ABA 100. μM, pelo
período de tempo indicado nas respectivas figuras. Após os tratamentos,
as células foram filtradas sob vácuo e lavadas com uma solução isotônica
de NaCl 0,25 M e, imediatamente congeladas em nitrogênio líquido para
análises subseqüentes.
Extração de RNA e síntese de cDNA
O RNA total foi extraído usando o reagente Trizol (Invitrogen),
tratado com 3 unidade de DNAse livre de RNAse (Promega) para
eliminação do DNA contaminante e purificado com colunas RNeasy Mini
Kit (QIAGEN). Após a extração e purificação, o RNA foi quantificado (DU
650 BECKMAN Spectrophotometers) e sua identidade avaliada em gel de
agarose desnaturante 1,5 %. A síntese de cDNA foi realizada utilizando 2
27
μg de RNA total, oligo dT e a Trancriptase Reversa MMLV (Invitrogen)
segundo recomendações do fabricante.
PCR em tempo real (qRT-PCR)
Todo o procedimento de PCR em tempo Real, incluindo testes,
validações e experimentos foram conduzidos seguindo manuais da
Applied Biosystems. As reações de PCR em tempo real foram conduzidas
utilizando o aparelho 7500 Real Time PCR Systems (Applied Biosystems),
oligonucleotídeos específicos (Tabela 1), cDNAs dos tratamentos e o
SYBR Green PCR Master Mix (Applied Biosystems). Para a quantificação
da expressão gênica, foi utilizado o método comparativo de Ct: 2
-ΔΔCt
e 2
-
ΔCt
. Como controle endógeno para normalização dos dados do qRT-PCR,
foi utilizado RNA da helicase de soja, que apresentou baixa variação nos
valores de expressão entre os tratamentos.
Clonagem molecular do cDNA completo do gene NRP-B
A seqüência 3’ do gene N-rich 1 foi obtida por RACE ( Rapid
Amplification of cDNA Ends) usando o Gene Racer Kit (Invitrogen). Para
isso, inicialmente foi preparado um cDNA de plantas, a partir de RNA
extraído de folhas de soja, tratadas com PEG por 10h, utilizando
transcriptase reversa (Invitrogen) e oligo dT especial fornecido pelo
GeneRacer Kit (Invitrogen), que insere uma seqüência conhecida no final
do gene. O gene N-rich1 foi designado NRP-B.
28
Tabela 1 – Lista dos Oligonucleotídeos específicos para qRT-PCR
Primer Seqüência (5’ – 3’) Gene alvo
NAMFW ACGGAGACTTCAGATTCGGTGC NAM
NAMRV CATCGTTATTCCACTTGGGGTCGC
NRP-BFW TACAGGCATCCAATTTGGCGAACC NRP-B
NRP-BRV TGACTTGAAAGAGTTGATCTCACCCC
NRP-AFW GGCACAAAGACTGGTGCTGAGA NRP-A
NRP-ARV CTCTGTATCGTGGAGGCAGACC
HELICFW TAACCCTAGCCCCTTCGCCT HELIC
HELICRV GCCTTGTCGTCTTCCTCCTCG
CALNFW TGATGGGGAGGAGAAGAAAAAGGC CALN
CALNRV CACTTGGGTTTGGGATCTTGGCTC
BIPDFW ATCTGGAGGAGCCCTAGGCGGTGG BIPD
BIPDRV CTTGAAGAAGCTTCGTCGTAAAACTAAG
LTPFW CCCATGGCACATGCAGCTAT LTP
LTPRV GGCGGCATTGAGGCTCTTC
SMPFW GCCGAACTGAGGAAAAGACGAACC SMP
SMPRV CTTGGGCTGTTTGTTGGGTCTTC
Os primers foram desenhados utilizando o programa Primer Express 3.0 (Applied
Biosystems)
29
A partir do cDNA, foi realizada uma amplificação utilizando um
oligonucleotídeo que ancora nesta seqüência alvo e o oligonucleotídeo
Forward de N-rich 1 (NRP-B) utilizado no PCR em tempo real (Tabela 2).
O fragmento obtido foi clonado segundo informações fornecida pelo
TOPO TA CLONING (Invitrogen), originando o clone pUFV826, que foi
seqüenciado, obtendo a extremidade 3’ do gene. Para realização das
construções, foram utilizadas as técnicas padrões de clonagem, conforme
descrito por Sambrook et al., (1989).
Para a expressão transiente em protoplastos, os genes NRP-B e
NRP, aqui designado NRP-A (Ludwig & Tenhaken, 2001, gi:57898928),
foram amplificados utilizando oligonucleotideos que inserem sítios para
BglII e EcoRI (Tabela 2), e clonados nos sítios correspondente no vetor
pMON921, originando os clones pUFV967 e pUFV849, respectivamente.
Para a expressão transiente em folhas de tabaco, os genes NRP-B
e NRP-A foram amplificados e clonados utilizando oligonucleotídeos que
amplificam o cDNA completo (Tabela 2), sendo seus respectivos
fragmentos clonados segundo informações fornecidas por
pCR8/GW/TOPO TA CLONING (Invitrogen), originando os vetores de
entrada pUFV908 e pUFV874. A partir deles por LR clonase (Invitrogen),
o fragmento de cada gene foi recombinado para o vetor 35S-cassB-YFP-
NOS terminator:pCAMBIA1300 (gentilmente cedido por Steve Slocombe
da Universidade de Lerds – Inglaterra) originando os clones pUFV937 e
pUFV938, que contém os cDNAs de NRP-B e NRP-A sob o controle do
promotor 35S, respectivamente.
30
Tabela 2 – Oligonucleotídeos específicos para clonagem em diferentes vetores.
Primer Seqüência (5’ – 3’) Vetor de
destino
FwNRich1 TACAGGCATCCAATTTGGCGAACC
Oligo dT Primer GCTGTCAACGATACGCTACGTAACGGCATGACAGTG(T)24
pCR4
FwNRP-Cl
GAAGATCT
ATGGACAACAACAATGACTTTTG
RvNRP-Cl
CGGAATTC
CTATGCTGGAATGGCTTTGAAA
pMON921
FwNRich1-Cl
GAAGATCTATGGAGAATAATAATCAGTCGTT
RvNRich1-Cl
CGGAATTCTTATGCCGGCAAAGCCTTAAAAG
pMON921
FwGt NRich1
ATGGAGAATAATAATCAGTCGTT
RvGt NRich1
TTATGCCGGCAAAGCCTTAAAAG
pCR8/GW/TO
PO
FwGtNRP
ATGGACAACAACAATGACTTTTG
RvGtNRP
CTATGCTGGAATGGCTTTGAAA
pCR8/GW/TO
PO
FwGmNRP
AAAAAGCAGGCTTC
ACAATGGACAACAACAATGA
RvGmNRP
AGAAAGCTGGGTCTTCTATGCTGGAATGGCTTG
pDONR201
GtNRichFw
AAAAAGCAGGCTTC
ACAATGGAGAATAATAATCA
RvNRichGt AGAAAGCTGGGTC
TGCCGGCAAAGCCT
pDONR201
* Nucleotídeos em negrito correspondem à star/stop códon. Nucleotídeos grifados
representam sítios para enzimas de restrição. Nucleotídeos tachados representam attB
parcial.
31
O cDNA de NRP-B foi amplificado com oligonucleotídeos que
introduziram extensões adaptadoras apropriadas, necessárias para a
recombinação gênica, mediada pela enzima BP Clonase no vetor
pDONR201, originando o clone pUFV921. Por LR Clonase (Invitrogen), o
fragmento em pUFV921 foi transferido para o vetor pK7WG2, originando o
clone pUFV940 que contém o cDNA de NRP-B sob o controle do
promotor 35S.
Para localização subcelular de NRP-B, o cDNA foi amplificado
utilizando os oligonucleotideos específicos (Tabela 2) para clonagem por
recombinação no vetor de entrada pDONR201, exceto que a sequência
do oligonucleotídeo reverso não continha o códon de parada. O fragmento
amplificado foi clonado no vetor pDONR201, originando o clone pUFV977
e transferido para o vetor pK7FWG2. O clone resultante pUFV1002
contém o cDNA de NRP-B fusionado a GFP e sob o controle do promotor
35S.
Expressão transiente em protoplastos de soja
Protoplastos foram preparados em ambiente estéril a partir de
células de soja essencialmente como descrito previamente (Fontes et al.,
1994). Cinco dias após a repicagem, as células foram lavadas duas vezes
com manitol 0,6 M, centrifugadas a 500 rpm por 2 minutos,
ressuspendidas em igual volume de solução enzimática [celulase 0,5%
(p/v), macerozima R-10 0,5% (p/v), pectoliase Y23 0,1% (p/v) em tampão
de lavagem (manitol 0,6M; MES 20 mM; pH 5,5] e incubadas por 3 horas
32
sob agitação de 40 rpm. A digestão foi acompanhada a cada 30 minutos
por microscopia. Em seguida, os protoplastos foram filtrados em peneira
de 65 μm e coletados por centrifugação a 500 rpm por 2 minutos, sendo
lavados 2 vezes com tampão de lavagem. Os protoplastos foram então
novamente coletados por centrifugação por 2 minutos a 500 rpm,
ressuspendidos em 2 mL de tampão de lavagem e transferidos para um
outro tubo contendo tampão gradiente [sacarose 20% (p/v); manitol 0,6M;
MES 20 mM; pH 5,5]. O material foi centrifugado por 5 minutos a 500 rpm,
sendo coletada a banda na interface, que corresponde aos protoplastos
viáveis. Estes foram lavados 2 vezes com tampão de eletroporação
(25mM Hepes-KOH pH 7,2, 10 mM KCl, 15 mM MgCl
2
e 0,6M de manitol)
e ressuspendidos em 2 mL do mesmo tampão. Os protoplastos foram
contados em microscópio usando uma câmara de Neubauer. Os ensaios
de expressão foram conduzidos por meio de eletroporação a 25 μF de
capacitância e 250 volts (Gene Pulser – BIORAD) de 10 μg de DNA
(cassete de expressão) e 40 μg de ssDNA, para 2 x 10
5
– 5 x 10
6
protoplastos em um volume final de 0.8 mL. O material foi mantido no gelo
por 15 minutos e plaqueado em 7-9 mL de MS Soja + 0,6 M de manitol pH
5,5. Para a expressão transiente o material foi incubado por 36 horas.
Ensaio de Caspase-3
Para a dosagem da atividade de caspase-3, após expressão
transiente, foi utilizado o ApoAlert® Caspase-3 Colorimetric Assay Kit
(Clontech) seguindo recomendações do fabricante. O substrato da enzima
33
foi o DEVD-pNA e o inibidor irreversível da atividade de caspase-3
utilizado foi o tetrapeptídeo sintético DEVD-fmk, ambos fornecidos pelo
fabricante.
Agroinoculação em folhas de tabaco
Agrobactéria transformadas com os vetores de interesse foram
crescidas por 16 horas, e centrifugadas por 5 min a 8000 RPM. O
sobrenadante foi removido e as células foram lavadas em 1 mL meio de
infiltração (10 mM MgCl
2
, 10 mM MES pH 5,6 e 10 μM de
acetoseringona). Estas foram centrifugadas por 5 min a 8000 rpm, e
ressuspendidas em 1 mL do mesmo tampão, sendo diluídas em meio de
infiltração para OD de 0,2-0,4. Utilizando seringas estéreis sem agulha,
folhas jovens de tabaco foram infiltradas por uma gentil pressão através
do estômato na epiderme inferior.
Localização celular de NRP-B (N-rich)
Folhas de tabaco foram inoculadas com agrobactérias
transformadas com a construção pUFV1002, pK7FWG2-N-rich. Três dias
após a inoculação, as folhas transformadas foram observadas no
microscópio LSM 510 META invertido (ZEISS) para obtenção das
imagens. Foi utilizada a objetiva de imersão de óleo de 40x1,4 e o laser
de argônio. O GFP foi excitado a 488 nm, e sua emissão foi coletada a
505-530 nm na facilidade de uma trilha. A fenda do microscópio foi fixada,
34
fornecendo uma faixa óptica de 1,5 a 2,0 μm. As imagens foram
processadas com auxílio do software “LSM Image Browser 4” (ZEISS) e
posteriormente editadas no programa Adobe Photoshop.
Técnicas de Biologia Molecular:
Todas as técnicas de Biologia Molecular como preparação de
plasmídeos, transformação de bactérias, digestão de DNA por enzimas de
restrição, extração de RNA, DNA genômico, DNA plasmidial, síntese de
cDNA, dentre outros foram conduzidos segundo protocolos fornecidos
pelos fabricantes ou contidos em Sambrook et al.(1989)
Análises de Bioinformática
Análises de homologia foram realizadas utilizando o programa
BLAST (Altschul et al., 1990). As seqüências de proteínas foram
analisadas utilizando ferramentas como o programa MEGA (Kumar et al.,
2001), ferramentas contidas no Expasy (www.expasy.ch/tools), CBS
(http://www.cbs.dtu.dk/services/) e SDSC Biology Workbench
(http://workbench.sdsc.edu).
35
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Clonagem do cDNA completo de N-rich1, designado NRP-B, e análises de
bioinformática
Análises de comparação, utilizando o programa Blast, do EST de
N- rich1 mostraram que a seqüência estava incompleta, faltando a região
3’ do gene, que foi obtida através da técnica de RACE (Rapid
Amplification of cDNA Ends). A. análise da seqüência obtida demonstrou
que ela continha os ESTs N-rich1 e N-rich2 (Figura 2), indicando que
representavam o mesmo gene, designado NRP-B (N-rich protein-B). A
proteína deduzida tem um peso molecular estimado de 37092.28 Da e pI
7.05 (Figura 3) e compartilha com a proteína NRP de soja, aqui designada
NRP-A, alta similaridade de seqüência na região carboxi, que contém o
domínio DCD, além de um conteúdo do aminoácido asparagina acima do
normal na região amino-terminal, mais divergente (Figura 4). A região
interna de NRP-B delimitada pelos resíduos 102 a 164 não possui
similaridade com qualquer outra proteína do Banco de Dados, e, portanto,
o significado funcional e estrutural dessa região permanece para ser
determinado (Figuras 2 e 3).
Além da presença do domínio rico em asparagina e do DCD
(Figura 4), foram evidenciados, por meio de bioinformática, putativos sítios
de fosforilação, glicosilação e miristorilação na seqüência de NRP-B,
como possíveis substratos de enzimas conhecidas. .A proteína deduzida
NRP-B também compartilha com NRP-A (Ludwig & Tenhaken, 2001) um
36
>NRP-B
TTTTATATACCAACACTAGTGATTTCTTATCAAAATTTTCTCATTCCAACCTGAACCTGCTCTGAATCCAATT
CTTCTTCTTCTTGTTCTCTGTTTAAGGCAATACAACATTTACTACTCATACTCAAAGTAGCTTAGTGTTTTGT
TTAGCATATCATGGAGAATAATAATCAGTCGTTTTGGCAATTCAGTGACCAGCTGAGGTTACAGGCATCCAAT
TTGGCGAACCTTTCTCTAAACGATTCGATTTGGAGCAACAATTACATCTCCAAGAGGCGTGATGAAAGGATTA
ATTTTGACATCAAAGTGGGGGGTGAGATCAACTCTTTCAAGTCAAAGGATCCAGCTTGTGATTACAACGATAA
CGTGAATGGATCTCTTCTTGCCATGCCTTACAACAACAACAACAACAACAACATTATTTTGGGTTTTGGTGGA
GTTGGTCTCAATGGAGGCTTCAACAAGGGAATTTACTCCAAGCCTGCCTTTGCCAATCTCAACAACAATATTA
ATCTCAATATCAATCCTAAGGGACACAAGGGCAAGGTTGAAGATGAGCTTTTTCACCCATCCAAATCTTCCAA
GAAAAACAACAACCTCAACAAAAAACATGGGGACAACAACAACAATGATAACAATAAGGATTCCAAGGCTGCT
GGCGACAAGAGATTCAAAACGCTGCCACCATCAGAGTCTCTTCCTAGGGATGAAACCATTGGAGGCTATATCT
TTGTTTGCAACAATGATACCATGGCTGAGAATCTCAAGAGACAACTCTTCGGTCTGCCTCCACGATACAGAGA
TTCTGTTCGGGCCATTACTCCGGGGTTGCCCCTTTTCCTTTACAACTATTCCACTCACCAACTCCATGGAATC
TTTGAGGCTGCAAGTTTTGGAGGGTCAAATATTGATCCATCAGCTTGGGAGGATAAGAAGTGCCCTGGTGAAT
CTCGTTTCCCCGCTCAGGTACGAGTGATAACTAGGAAAACTTGTGAACCACTGGAGGAGGATTCCTTCAGGCC
AATCCTTCACCACTATGATGGTCCCAAGTTCCGTCTTGAGCTGAATGTGCCCGAGGCGTTGTCTCTGCTGGAT
ATTTTTGCAGAACAAGACACCTTCAGTGACACTTTTAAGGCTTTGCCGGCATAAAAGGAGATAAATAGCAAAA
TAATACAACAAGAAGAACATCACTCACAGAGGCAATAGATAATTAGAGGTTTGGGTTGGTTTGAAAGTTATTA
AGTATGGACTTAAGAAGAGAGTCCGAAAGACAAAACAAAATGAATATAACGGAGGACGCTTGGATATTCAACA
ACCTATATATTTATTACTAGTACTTTTGTATAGAGGATGGTCTATTATACTCATATTATTAAGAGAGAATAGA
ATAAGGATGAACTATTTTTGCATATGGGTTCTTGTACAAAAACTACAAATTGGCGACAAATGGAAGCCTATAT
GTTGTAGCTTGTGTTGTGTTCAGAAGGAACTCAAAATATAGTGGAGAAGTGTGAAACCATGGTGGTCCATTTC
AGTGTTATTCATACATTATATACGTGTGCTTTAAACNTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAANGAAAA
Figura 2 – Seqüência de nucleotídeos de NRP-B obtida pelo RACE. A região
sublinhada evidencia uma região que não tem similaridade com nenhuma proteína no
banco de dados. Em vermelho é mostrada a região de similaridade entre NRP-B e NRP-
A. A região entre as duas marcações azul é a região da EST de NRich 1 enquanto a
região entre as duas marcações verde representa a localização de NRich 2.
>NRP-B
MENNNQSFWQFSDQLRLQASNLANLSLNDSIWSNNYISKRRDERINFDIKVGGEINSFKSKDPACD
YNDNVNGSLLAMPYNNNNNNNIILGFGGVGLNGGFNKGIYSKPAFANLNNNINLNINPKGHKGKVE
DELFHPSKSSKKNNNLNKKHGDNNNNDNNKDSKAAGDKRFKTLPPSESLPRDETIGGYIFVCNNDT
MAENLKRQLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYSTHQLHGIFEAASFGGSNIDPSAWEDKKCPGE
SRFPAQVRVITRKTCEPLEEDSFRPILHHYDGPKFRLELNVPEALSLLDIFAEQDTFSDTFKALPA
Figura 3 – Seqüência de aminoácidos de NRP-B. As asparaginas estão em vermelho,
enquanto o domínio DCD é marcado em cinza. A região sublinhada evidencia uma
região que não tem similaridade com nenhuma proteína no banco de dados.
37
Figura 4 – Domínios encontrados em NRP-B. Os domínios em destaque foram
identificados por meio de análise da seqüência de aminoácidos realizada com o
PROSITE retirando os filtros de baixa complexidade.
38
perfil similar de hidropatia (Figura 5) e, assim como NRP-A, não forma
hélices transmembrana e nem tem homologia com proteínas de
membrana de Arabidopsis thaliana (Figura 6). Por meio de fracionamento
celular, a proteína NRP-A foi localizada na parede celular (Ludwig &
Tenhaken, 2001) e devido à similaridade estrutural entre as duas
proteínas, é possível que NRP-B também esteja localizada na parede
celular. Entretanto, análises da localização celular pelo PREDOTAR
indicam que a seqüência não contém sinal de exportação na região
amino-terminal para o aparelho secretor. Ressalta-se que apesar de não
ter sido descrito ainda nenhuma proteína da família de Bcl-2 em plantas,
uma descrita em humanos, e muito diferente de NRP-B, possui na região
amino uma seqüência de cinco Asparaginas que acredita-se ter um papel
importante (Chen et al., 1999).
Análise comparativa de seqüência com proteínas de outras
espécies de plantas evidenciou a presença do domínio DCD altamente
conservado entre os homólogos na região C-terminal, e alta divergência
na região amino-terminal (Figura 7). As espécies que possuem o domínio
DCD no C-terminal foram previamente classificadas como representativos
do subgrupo I dessa família de proteínas (Tenhaken et al; 2005). O
agrupamento hierárquico baseado na conservação de seqüência de
aminoácidos evidenciou a separação desses representativos do subgrupo
I em dois ramos caracterizados pelo tipo de seqüência conservada
presente no amino-terminal, seqüência verde e amarela destacada na
Figura 7 (Figura 8). As proteínas NRP-A e NRP-B de soja foram
agrupadas sob o mesmo sub-ramo e em proximidade com uma proteína
39
de função desconhecida de A. thaliana (At5g42050). Análise por meio das
ferramentas disponíveis no TAIR (banco de dados de A. thaliana)
demonstrou que o locus At5g42050 é muito induzido por ciclohexamida,
estresse osmótico, salino e em folhas em senescência (Tenhaken et al.,
2005), sendo, portanto um interessante alvo de estudo futuro.
40
Figura 5 – Padrão de Hidropatia de NRP-B. Análise da seqüência de aminoácidos
realizada com o programa GREASE evidenciou a presença de dois domínios distintos
com polaridades diferentes
.
Figura 6 – Formação de Hélices Transmembranas por NRP-B. Análise da seqüência
de aminoácidos realizada com o programa TMHMM mostra que o gene não forma hélice
transmembrana, provavelmente não sendo localizado na membrana plasmática
.
41
GDA2 P. sativum --------------------------------------------------
Citrus_ MDNMH----SFWQLGDELRGQSRTSEDQSWLRAASRLAEQTRFKGERMNN
gda-1_A. thaliana ---MD----SFWQLGDELRGQTRASEDHKWSTVATKLAEQTRMKGERMNN
A. _thaliana 2 ---MD----SFWQLGDELRGQTRASEDHKWSTVATKLAEQTRMKGERMNN
S. tuberosum MENMQ----SYWQFGDELRGQSKASEDHKWSTAALKLSEQMKYKGERRNN
O. sativa 5 ---MD----NLWHLGDEFRGQSKVVEDRQWSLMTSKLAEINKSKAERTNE
O._sativa 4 ---MD----NLWHLGDEFRGQSKVVEDRQWSLMTSKLAEINKSKAERTNE
V. vinifera ------------MAHQLIMGATAASQYQTWRIPATRVAHNGQTQWPDDDH
O. sativa 3 MEGYD---REFYQFSDQLRLQTASFSGLSLGD-SIWSSPS------DRRN
O._sativa 2 MEGYD---REFYQFSDQLRLQTASFSGLSLGD-SIWSSPS------DRRN
O. sativa 1 MEGYD---REFYQFSDQLRLQTASFSGLSLGD-SIWSSPS------DRRN
GDA2_O. sativa MEGYD---REFYQFSDQLRLQTASFSGLSLGD-SIWSSPS------DRRN
NRP _G._max MDNNN---D-FWKFSDQLRLESG-LANLSLNDYSIWSNSYSSKRPDQRRN
NRICH_Glycine_max MENNN---QSFWQFSDQLRLQASNLANLSLND-SIWSNNYISKRRDERIN
A._thaliana 3 MEYNNNNQQSFWQFSDQLRVQTPNLANLSLND-SIWSTNSVFK---ERRN
GDA2 P. sativum --------------------------------------------------
gi Citrus_ LDLSKG--MTEIRPRDKIMYHEDNNF-ESFNFNFNMMNLDNKVVEN----
gda-1_A. thaliana LDLSKG--YTEFRPSEKFSFQENN-------LNFNMLNLDGKFGES----
A. _thaliana 2 LDLSKG--YTEFRPSEKFSFQENN-------LNFNMLNLDGKFGES----
S. tuberosum LDLSKS--SAEIRPRGNHMFQEDNKW-ES--LNFNMLNLESKMTEN----
O. sativa 5 LDYARMNTIPDVKQWDKVSYHQDES--KMDHLNLGLMNLDLKMNDIRMND
O._sativa 4 LDYARMNTIPDVKQWDKVSYHQDES--KMDHLNLGLMNLDLKMNDIRMND
V. vinifera HRLTRP-------------------------IDEPMRNWDTKLQHY----
O. sativa 3 -EPAFDGEYHHFSSPSPAKNAIANINGVAGNLDGPGLIGSGKLAFGATKA
O._sativa 2 -EPAFDGEYHHFSSPSPAKNAIANINGVAGNLDGPGLIGSGKLAFGATKA
O. sativa 1 -EPAFDGEYHHFSSPSPAKNAIANINGVAGNLDGPGLIGSGKLAFGATKA
GDA2_O. sativa -EPAFDGEYHHFSSPSPAKNAIA------------------------TKA
NRP _G._max FDVK-GSDFNNNNNSSKAFDDDFNDGWKITNSNGPLFSMPHNNNNNTLEV
NRICH_Glycine_max FDIKVGGEINSFK--SKDPACDYND-----NVNGSLLAMPYNNNNNNNII
A._thaliana 3 LDIAATTDKNNNQIDYYQKKTTSDN----INSNWNWKSSGSNNDMG----
GDA2 P. sativum MN------------------------KNSLRNGVYNMNAVYQKSNANFVG
Citrus_ VT------------------------KSSLRNGIYNMNAVYQKNSGHNMG
gda-1_A. thaliana IMG-----------------------KTSMQSNVYNMNTVFQKNDFKSGG
A. _thaliana 2 IMG-----------------------KTSMQSNVYNMNTVFQKNDFKSGG
S. tuberosum MS------------------------KNRIMDSIYNANPVYLNPNFNSLG
O. sativa 5 AAM-----------------------KNPFRGMAYNMNQLYPKGGNGNVN
O._sativa 4 AAM-----------------------KNPFRGMAYNMNQLYPKGGNGNVN
V. vinifera ----------------------------------FHLHQP----------
O. sativa 3 DRYNSVNLPVDNNNNNKSYGGAAKINNNNVNAFGFNKMGGYNNSSNGGGN
O._sativa 2 DRYNSVNLPVDNNNNNKSYGGAAKINNNNVNAFGFNKMGGYNNSSNGGGN
O. sativa 1 DRYNSVNLPVDNNNN-KSYGGAAKINNNNVNAFGFNKMGGYNNSSNGGGN
GDA2_O. sativa DRYNSVNLPVDNNNNNKSYGGAAKINNNNVNAFGFNKMGGYNNSSNGGGN
NRP _G._max GGFNKGGGIYSNTNTTISSYHPNNLNNNAFGGFNKGIYSNTTSSPYLNNN
NRICH_Glycine_max LGFGGVG-----------------LN----GGFNKGIYS----KPAFAN-
A._thaliana 3 LGFGPVGSKSTVDLNPIDKFNSPFNDTWKFNSVNVNVNGYSPSSAVNGD-
GDA2 P. sativum ----NMNSNKY----SGNVQLNKDPH--------------------SNNN
Citrus_ ----NLMVNKY----GGNNLSVKEAE--------------------NNNN
gda-1_A. thaliana ----NMKVNKY----NGNIVANKEMS--------------------NNKH
A. _thaliana 2 ----NMKVNKY----NGNVVANKEMS--------------------NNKH
S. tuberosum ----NSSLSKF----NASNYT-KEPS--------------------KNNN
O. sativa 5 SFKMNVGVNKYLHSPNGKDVNGKNSG--------------------ANSN
O._sativa 4 SFKMNVGVNKYLHSPNGKDVNGKNSG--------------------ANSN
V. vinifera --------------------------------------------------
O. sativa 3 YGGNGGDVKSYFNKSVGRPASNNNNNNSNGGGGYYGKKGGDGAGGKKKHA
O._sativa 2 YGGNGGDVKSYFNKSVGRPASNNNNNNSNGGGGYYGKKGGDGAGGKKKHA
O. sativa 1 YGGNGGDVKSYFNKSVGRPASNNNNNNSNGGGGYYGKKGGDGAGGKKKHA
GDA2_O. sativa YGGNGGDVKSYFNKSVGRPASNNNNNNSNGGGGYYGKKGGDGAGGKKKHA
NRP _G._max HHHLDDNNNLNRNNLKGYKTYFKGEDQFHTPKSAKKKNTTNNTNNKKHGD
NRICH_Glycine_max ---LNNNINLN-INPKGHKGKVED-ELFHPSKSSKK----NNNLNKKHGD
A._thaliana 3 ---FNKGVYTS-MKKYGYNVNLKNNNKNKGIDEDHQIQKGGKKNRKNQQN
GDA2 P. sativum NNNNENNTNAT---DKRFKTLPAAETLPRNEVLGGYIFVCNNDTMQEDLK
Citrus_ NNNNNNDSNANSALDKRFKTLPATETLPRNEVLGGYIFVCNNDTMQEDLK
gda-1_A. thaliana NNNCNDNGNMNLAVDKRFKTLPASETLPRNEVLGGYIFVCNNDTMQEDMK
A. _thaliana 2 NNNCNDNGNMNLAVDKRFKTLPASETLPRNEVLGGYIFVCNNDTMQEDMK
S. tuberosum NNVESTNGNNS--VDKRFKTLPAAETLPKNEVLGGYIFVCNNDTMQEDLK
O. sativa 5 GSNSSGNNSSNSAVDKRFKTLPTSEMLPRNEVLGGYIFVCNNDTMQEDLK
O._sativa 4 GSNSSGNNSSNSAVDKRFKTLPTSEMLPRNEVLGGYIFVCNNDTMQEDLK
V. vinifera --------------DRWYRTLPPSEMLPRNEALGGYIFVCNNDTMQEDLR
O. sativa 3 KNS----DSGAQASDKRFKTLPASEALPRDEAIGGYIFVCNNDTMEENLK
42
O._sativa 2 KNS----DSGAQASDKRFKTLPASEALPRDEAIGGYIFVCNNDTMEENLK
O. sativa 1 KNS----DSGAQASDKRFKTLPASEALPRDEAIGGYIFVCNNDTMEENLK
GDA2_O. sativa KNS----DSGAQASDKRFKTLPASEALPRDEAIGGYIFVCNNDTMEENLK
NRP _G._max NTNN--NDGTKTGAEKKFKTLPPSESLPKNETIGGYIFVCNNDTMAENLQ
NRICH_Glycine_max NNNNDNNKDSKAAGDKRFKTLPPSESLPRDETIGGYIFVCNNDTMAENLK
A._thaliana 3 NNNQRNEDDKNNGLDKRFKTLPPAEALPRNETIGGYIFVCNNDTMEENLK
:: ::***.:* **::*.:************ *:::
GDA2 P. sativum RQLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYTTHQLHGIFE----ATCFGGSN
Citrus_ RQLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYTTHQLHGIFE----ATGFGGSN
gda-1_A. thaliana RHLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYTTHQLHGIFE----ATTFGGTN
A. _thaliana 2 RHLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYTTHQLHGIFE----ATTFGGTN
S. tuberosum RLLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYTTHQLHGIFE----ASSFGGSN
O. sativa 5 RQLFGLPARYRDSVRAIIPGLPLFLYNYTTHQLHGVFE----ASSFGGSN
O._sativa 4 RQLFGLPARYRDSVRAIIPGLPLFLYNYTTHQLHGVFE----ASSFGGSN
V. vinifera RQLFGLPQKYKDSVRAITPGLPLFLYNYTAHQLHGVYQ----AMSFGGSN
O. sativa 3 RQLFGLPSRYRDSVRAIRPGLPLFLYNYSTHQLHGIFE----AASFGGTN
O._sativa 2 RQLFGLPSRYRDSVRAIRPGLPLFLYNYSTHQLHGIFECIYNAASFGGTN
O. sativa 1 RQLFGLPSRYRDSVRAIRPGLPLFLYNYSTHQLHGIFEYIYNAASFGGTN
GDA2_O. sativa RQLFGLPSRYRDSVRAIRPGLPLFLYNYSTHQLHGIFE----AASFGGTN
NRP _G._max RQLFGLPPRYRDSVRTITPGLPIFLYNYSTHQLHGIFE----AASFGGSN
NRICH_Glycine_max RQLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYSTHQLHGIFE----AASFGGSN
A._thaliana 3 RQLFGLPPRYRDSVRAITPGLPLFLYNYSTHQLHGIYE----AASFGGTN
* ***** :*:****:* ****:*****::*****::: * ***:*
GDA2 P. sativum IDPTAWEDKKCKGESRFPAQVRIRVRKICKALEEDSFRPVLHHYDGPKFR
Citrus_ IDPTAWEDKKCKGESRFPAQVRIRVRKLCKALEEDAFRPVLHHYDGPKFR
gda-1_A. thaliana IDATAWEDKKCKGESRFPAQVRIRVRKICKALEEDSFRPVLHHYDGPKFR
A. _thaliana 2 IDATAWEDKKCKGESRFPAQVRIRVRKICKALEEDSFRPVLHHYDGPKFR
S. tuberosum IDPTAWEDKKCKGESRFPAQVRIRVRKVCNPLEEDAFRPVLHHYDGPKFR
O. sativa 5 IDPTAWEDKKCKGESRFPAQVRIRIRKLCKPLEEDAFRPVLHHYDGPKFR
O._sativa 4 IDPTAWEDKKCKGESRFPAQVRIRIRKLCKPLEEDAFRPVLHHYDGPKFR
V. vinifera IDPTAWEDKKCRGESRFPAQVRIRTKKKCKPLDEDAFRPILYHYDGPKFR
O. sativa 3 IDPTAWEDKKCPGESRFPAQVKVATRKIYDPLEEDAFRPILHHYDGPKFR
O._sativa 2 IDPTAWEDKKCPGESRFPAQVKVATRKIYDPLEEDAFRPILHHYDGPKFR
O. sativa 1 IDPTAWEDKKCPGESRFPAQVKVATRKIYDPLEEDAFRPILHHYDGPKFR
GDA2_O. sativa IDPTAWEDKKCPGESRFPAQVKVATRKIYDPLEEDAFRPILHHYDGPKFR
NRP _G._max IDPTAWEDKKCPGESRFPAQVQVITRKVCEPLEEDSFRPILHHYDGPKFR
NRICH_Glycine_max IDPSAWEDKKCPGESRFPAQVRVITRKTCEPLEEDSFRPILHHYDGPKFR
A._thaliana 3 IELNAFEDKKCPGESRFPAQVRAITRKVCLPLEEDSFRPILHHYDGPKFR
*: .*:***** *********: :* .*:**:***:*:********
GDA2 P. sativum LELSVPETLDLMDLCEQAGSAA-------------------
Citrus_ LELSVPETLDLMDLCEQAGSAA-------------------
gda-1_A. thaliana LELSVPETLDLLDLCEQAGSA--------------------
A. _thaliana 2 LELSVPETLDLLDLCEQAGSA--------------------
S. tuberosum LELSVPETLDLLDLCEKAGV---------------------
O. sativa 5 LELSIAEVVHYVLMFVKRKLLVAPCKDLSTPRREPQNGGIL
O._sativa 4 LELSIAETLSLLDLCEKEGV---------------------
V. vinifera LQLSVPEALALLDLFEEEDP---------------------
O. sativa 3 LELSVAEALSLLDIFADKDDA--------------------
O._sativa 2 LELSVAEALSLLDIFADKDDA--------------------
O. sativa 1 LELSVAEALSLLDIFADKDDA--------------------
GDA2_O. sativa LELSVAEALSLLDIFADKDDA--------------------
NRP_G._max LELSVPEALSLLDIFANQNSFDDIFKAIPA-----------
NRICH_G._max LELNVPEALSLLDIFAEQDTFSDTFKALPA-----------
A._thaliana 3 LELSVPEVLSLLDIFADQNP---------------------
*:*.:.*.: : : .
Figura 7 – Alinhamento múltiplo de NRP-B com seqüências homólogas do
Genbank. Seqüências similares a NRP-B foram obtidas utilizando o programa BLASTp
com um cutoff de 10
-50
e utilizadas para a realização de um alinhamento múltiplo
utilizando o ClustalW. Foram selecionadas as seguintes proteínas com seus respectivos
números de acesso: GDA2_Pisum_sativa (21665866), Citrus_x_paradisi (2369766), gda-
1_A. thaliana (21592623), A. _thaliana 2 (15232081), S. tuberosum (77999240), O.
sativa 5 (125552863), O._sativa 4 (115464703), V. vinifera (147787081), O. sativa 3
(57899411), O._sativa 2 (125570775), O. sativa 1 (125526370), GDA2_O. sativa
(57899412), NRP_Glycine_max (57898928), NRICH_Glycine_max e A._thaliana3
(18422167). NRICH G. max corresponde a NRP-B e NRP G.max a NRP-A. A seqüência
em destaque no C-terminal corresponde o domínio DCD. As seqüências em destaque
em verde e amarelo representam seqüências conservadas no amino terminal.
43
Figura 8 – Agrupamento hierárquico entre NRP-B e seqüências homólogas. Para a
construção do agrupamento hierárquico por UPGMA o alinhamento anteriormente
mostrado foi utilizado para a construção da árvore pelo programa MEGA3. Os números
representam valores de bootstrap. NRICH Glycine max corresponde a NRP-B e NRP
Glycine max a NRP-A.
gi|2369766|Citrus x paradisi
gi|21665866|GDA2 Pisum sativum
gi|15232081|Arabidopsis thaliana
gi|21592623|gda-1 Arabidopsis thaliana
gi|77999240|Solanum tuberosum
gi|115464703|Oryza sativa
gi|125552863| Oryza sativa
NRICH Glycine max
gi|57898928|NRP Glycine max
gi|18422167| Arabidopsis thaliana
gi|125570775|Oryza sativa
gi|57899412|GDA2 Oryza sativa
gi|57899411|GDA2 Oryza sativa
gi|125526370| Oryza sativa
gi|147787081|Vitis vinifera
23
100
23
100
95
99
92
99
97
62
99
99
44
Regulação dos genes NRP-A e NRP-B por indutores da UPR ocorre via
um novo ramo de sinalização de estresses no retículo endoplasmático
O gene NRP-B foi previamente identificado pela sua co-regulação
por indutores da via UPR (tunicamina e AZC) e por estresse osmótico
(Irsigler et al., 2007). Com a finalidade de avaliar se a regulação do gene
NRP-B é sinalizada por componentes da via UPR, a indução do gene
NRP-B por tunicamicina foi avaliada sob condições que impedem a
ativação da via UPR. Além de NRP-B, foram incluídos no ensaio os genes
NRP-A pela homologia com NRP-B (Figura 7), e o gene NAM, também
co-regulado por estresses osmótico e do RE (Isrgler et al., 2007). Tanto
em células de mamíferos quanto em células de plantas, tem sido
demonstrado que expressão ectópica de BiP inibe a ativação da via UPR
em condições que promovem o acúmulo de proteínas anormais no RE
(Leborgne-Castel et al., 1999; Bertolotti et al., 2000; Okamura et al.,
2000). Plantas jovens de soja superexpressando o gene soyBiPD foram
tratadas com tunicamicina e a ativação da via UPR avaliada por Real
Time RT-PCR utilizando os marcadores específicos BiPD e calnexina
(Figura 9). Expressão ectópica de BiP em soja atenua a ativação da via
UPR, conforme demonstrado pela diminuição da indução dos genes BiPD
e calnexina, em condições que promovem estresse no retículo (compare
WT e Transgênica, T, tratadas com tunicamicina). Em contraste, inibição
da via UPR por superexpressão de BiP não inibe a indução dos genes
NRP-B, NRP-A e NAM que, em condições normais, parece serem
ligeiramente induzidos por BiP (Figura 10).
45
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
BIPD CALN
mRNA / Helicase
WTH2O TH2O WTDMSO TDMSO
WTTUN TTUN WTPEG TPEG
Figura 9 - Ativação dos genes controle. Após tratamento das plântulas de soja, foi
verificada por PCR em tempo real a expressão dos genes controles O valor de
expressão foi calculado usando o método 2
ΔCt
, utilizando como controle endógeno a
Helicase. Os cDNAs utilizados foram obtidos a partir de um pool de 7 réplicas biológicas
devidamente validadas individualmente (+DP, n = 2 réplicas manuais). BIPD
corresponde a chaperona molecular endógena BIP, isoforma D. CALN corresponde à
Calnexina.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
NAM NRP-B NRP-A
mRNA / Helicase
WTH2O TH2O WTDMSO TDMSO WTTUN TTUN WTPEG TPEG
Figura 10 - Ativação dos genes NAM, NRP-A e NRP-B. Após tratamento das plântulas
de soja, foi verificada por PCR em tempo real a expressão dos genes. O valor de
expressão foi calculado usando o método 2
ΔCt
, utilizando como controle endógeno a
Helicase. Os cDNAs utilizados foram obtidos a partir de um pool de 7 réplicas biológicas
devidamente validadas individualmente (+DP, n = 2 réplicas manuais).
46
Estes resultados indicam que a indução dos genes NRP-B, NRP-A e NAM
por tunicamicina ocorre por uma via de sinalização distinta da UPR.
Uma vez que os genes NRP-A, NRP-B e NAM são induzidos por
estresse osmótico, foi de interesse avaliar se esta regulação era
dependente de vias de sinalização mediadas pelo acido abscísico (ABA).
Entretanto, tratamento de células de soja em suspensão com ABA não
promoveu aumento significativo no acúmulo dos transcritos NRP-A, NRP-
B e NAM (Figura 11). A efetividade do tratamento pode ser comprovada
pela indução significativa do gene marcador SMP (da família Lea), que é
induzido por PEG ou desidratação através de uma via de sinalização
dependente de ABA (Chandler & Robertson, 1994). Estes resultados
indicam que a regulação dos genes NRP-A, NRP-B e NAM por estresse
osmótico é possivelmente independente do hormônio ABA.
47
0,1
1,0
10,0
100,0
1000,0
NAM NRP-B NRP-A SMP
Relative Quantification
ABA 1h ABA 2h ABA 4h ABA 8h ABA 12h
Figura 11 – Regulação por estresse osmótico ocorre em uma via independente de
ABA. Foi medida a expressão dos genes por PCR em tempo real em células de soja em
suspensão tratadas com ABA no tempo indicado na figura. O valor de expressão foi
calculado usando o método 2
ΔΔCt
, utilizando como controle endógeno a Helicase, e
normalizando com o tratamento controle. O gráfico está em escala logarítmica, sendo
que os valores representam quantas vezes cada gene no tratamento é mais expresso do
que no controle (não representado). Os cDNAs utilizados foram obtidos a partir de um
pool de 2 réplicas biológicas (n = 2 réplicas manuais).
48
NAM, NRP-B e NRP-A são genes precocemente induzidos por indutores
de morte celular e reprimidos por inibidores de senescência.
A presença de um domínio DCD em NRP-A e NRP-B, e a rápida
indução de NRP-A durante HR levantaram a possibilidade de que
ativação da via integrativa pudesse transduzir um sinal de morte celular
gerado por estresses prolongados. Para avaliar se os referidos genes
componentes da via de integração estão envolvidos em processos de
morte celular, inicialmente, foi determinada a variação da expressão
gênica por PCR em tempo real em condições de estresse causado por
tratamento com ciclohexamida, indutor de morte celular em células de
soja em suspensão (Wertz & Hanley, 1996), e com os hormônios
antagonistas BAP e Zeatina, que são citocininas inibidoras de
senescência (Figura 12).
Tratamento com ciclohexamida resultou em um aumento
significativo nos níveis de transcritos de NRP-A, NRP-B e NAM (Figura
12). Em contraste, os hormônios BAP e Zeatina reprimiram fortemente a
expressão dos genes NRP-A, NAM e ligeiramente a expressão de NRP-B.
Além disto, a cinética de indução dos três genes em células de soja
tratadas com PEG, tunicamicina e ciclohexamida demonstrou que os três
genes são rapidamente induzidos, 30 min após os tratamentos (Figura
13). Como genes precoces, é possível que estejam agindo anteriormente
às proteínas efetoras na sinalização destes fenômenos.
49
0,1
1,0
10,0
100,0
NAM NRP-A NRP-B
Relative Quantification
BAP 2h Zeatina 2h CICLO 2h
Figura 12 – Indutores de morte celular e inibidores de senescência ativam e
reprimem os genes da via integrativa, respectivamente. Foi medida a expressão dos
genes por PCR em tempo real em células de soja em suspensão tratadas com BAP,
Zeatina e Ciclohexamida por 2 horas. O valor de expressão foi calculado usando o
método 2
ΔΔCt
, utilizando como controle endógeno a Helicase, e normalizando com o
tratamento controle. O gráfico está em escala logarítmica, sendo que os valores
representam quantas vezes cada gene no tratamento é mais expresso do que no
controle (não representado). Os cDNAs utilizados foram obtidos a partir de um pool de 1
réplicas biológica (n = 1 réplica manual).
1
10
100
NAM NRP-B NRP-A
Relative Quantification
TUN 30` TUN 1h TUN 4h PEG 30` PEG 1h PEG 4h Ciclo 30` Ciclo 1h Ciclo 4h
Figura 13 – Cinética de indução dos genes indicados. Cinética de indução medida por
PCR em tempo real em células de soja em suspensão tratadas com Tunicamicina, PEG
e Ciclohexamida. O valor de expressão foi calculado usando o método 2
ΔΔCt
, utilizando
como controle endógeno a Helicase, e normalizando com o tratamento controle. O
gráfico está em escala logarítmica, sendo que os valores representam quantas vezes
cada gene no tratamento é mais expresso do que no controle (não representado). Os
cDNAs utilizados foram obtidos a partir de um pool de 2 réplicas biológicas (+SD, n = 2
réplicas biológicas).
50
Expressão transiente de NRich induz morte celular em protoplastos de
soja
Com a finalidade de acessar diretamente o envolvimento de NRP-B
em morte celular, o cDNA de NRP-B foi transferido para um cassete de
expressão de plantas, sob o controle do promoter 35S, e transientemente
expresso em protoplastos de soja (Figura 14). A fim de avaliar o efeito da
expressão do gene NRP-B sobre morte celular foi monitorado a atividade
de caspase, que é um marcador bioquímico de morte celular. Expressão
transiente de NRP-B em protoplastos de soja induziu a atividade de
caspase-3-like (Figure 15). Extratos de células de soja superexpressando
NRP-B (Figura 14) apresentaram um aumento de duas vezes na atividade
de caspase-3 comparada com as células-controle, transformadas com o
vetor pMON921 (Figura 15). Além disso, a inclusão de um inibidor
específico de caspase-3 inibiu a ativação da enzima. Caspase-3 tem sido
caracterizada como uma protease downstream na fase efetora dos
processos de PCD em mamíferos (Morishima et al., 2002) e evidências
recentes demonstram seu possível envolvimento em PCD em plantas
(Zuppini et al., 2004).
Além disto, foi examinado o efeito de expressão de NRP-B na
ativação/repressão dos genes da via integrativa (Figura 16). Os genes
controles especificamente induzidos por tunicamicina (calnexina) ou por
PEG (LTP) não foram afetados por expressão de NRP-B. Similarmente, a
expressão do gene NRP-B em protoplastos não altera a expressão do
GST da via integrativa, com cinética de indução tardia (Irsigler et al.,
51
2007). Em contraste, expressão de NRP-B aumenta o acúmulo dos
transcritos de NRP-A e NAM na ordem de duas a três vezes. Estes
resultados sugerem que NRP-A e NAM possam ser alvos de ativação do
gene NRP-B na via de integração, embora a cinética de indução similar
dos três genes não suporta totalmente esta hipótese.
52
0,0
4,0
8,0
12,0
16,0
20,0
24,0
28,0
32,0
36,0
pMON NRP-B
mRNA / Helicas
e
Figura 14 – Superexpressão de NRP-B em protoplastos. Após expressão transiente,
foi verificada por PCR em tempo real a expressão de NRP-B em protoplastos
transformados com o vetor vazio (pMON) e o cassete de expressão NRP-B (pMON-
NRP-B).contendo o gene NRP-B. O valor de expressão foi calculado usando o método 2
ΔCt
, utilizando como controle endógeno a Helicase (+DP, n = 5 réplicas biológicas).
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
pMON NRP-B NRP-B + Inhibitor
Caspase Unit
Figura 15 – Atividade de Caspase-3. A atividade da caspase-3 foi determinada em
extratos de protoplastos transformados com o vetor vazio pMON921 (pMON) e o
cassete de expressão, pMON-NRP-B, na ausência (NRP-B) e presença do inibidor
específico de caspase-3 (NRP-B + inhibitor). (+DP, n = 4 réplicas biológicas)
53
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
CA LN LTP GST NA M NRP-A
mRNA / Helicase
pMON NRP-B
Figura 16 – Ativação dos genes pela superexpressão de NRP-B. A expressão de
Calnexina, LTP, GST, NAM e NRP em protoplastos transformados com o vetor vazio
(pMON921) ou com o cassete de expressão NRP-B (pMON- NRP-B) foi determinada por
RT-PCR em tempo real. O valor de expressão foi calculado usando o método 2
ΔCt
,
utilizando como controle endógeno a Helicase (+DP, n = 5 réplicas biológicas)
54
O gene NRP-A também é co-regulado pelos estresses osmótico e do
retículo e assim como NRP-B induz morte celular em protoplastos de soja
Baseado na conservação de domínios estruturais e devido ao fato
de a expressão de NRP-A ser dependente de NRP-B, é possível que
ambos estejam em uma mesma via de transdução de sinais. Para avaliar
esta possibilidade, foi examinado o efeito da combinação dos tratamentos
de PEG e AZC sobre a expressão de NRP-A, conforme descrito por
Irsigler et al (2007). Os resultados claramente evidenciaram a
potencialização da ativação de expressão de NRP-A quando submetido
simultaneamente aos dois estresses, indicando a possível participação
deste gene na via de integração (Figura 17).
Resultados de expressão gênica indicam que NRP-A está
envolvido em morte celular (Ludwig & Tenhaken, 2001). Ensaios de
expressão transiente em protoplastos também foram conduzidos com o
gene NRP-A para avaliar qual a sua participação em fenômenos de morte
celular. Inicialmente, foi verificada a eficiência da expressão transiente do
gene NRP exógeno em protoplastos (Figura 18), Expressão de NRP-A em
protoplastos induziu a atividade de caspase-3 similarmente ao efeito do
gene NRP-B (Figura 19), evidenciando que NRP-A, assim como NRP-B,
participa ativamente em processos de morte celular. Do mesmo modo,
também foi avaliado o efeito da superexpressão de NRP nos genes
controles e da via integrativa (Figura 20). Os resultados demonstram que
expressão de NRP-A causa inibição de NAM na ordem de três vezes, mas
não altera a expressão de NRP-B.
55
Uma vez que NRP-B induz a expressão de NRP-A (Figura 16), é possível
que NRP-B esteja anteriormente a NRP-A em uma mesma via de
transdução que sinaliza morte celular programada e que é ativada como
resultado de estresses prolongados no retículo endoplasmático e
osmótico. Por outro lado, a expressão do gene NAM, é reprimida por
NRP-A e induzida por NRP-B. Provavelmente a repressão de NAM por
NRP-A esteja associada a um controle da ativação da via de sinalização
por retroinibição direto ou indireto.
56
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
NRP-A
Relative Quantification
PEG AZC A Z C+PEG
Figura 17 – Indução sinergística de NRP-A em resposta a uma combinação de
tratamentos com PEG e AZC.. Plantas de soja foram tratadas por 6 horas somente com
AZC e depois adicionado PEG, deixando por 10 horas (Irsigler et al., 2007). O resultado
é representado em variação de expressão em relação ao controle H
2
O usando o método
de 2
ΔΔCt
. (+DP, n = 3 réplicas biológicas)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
pMON NRP-A
mRNA / Helicase
Figura 18 – Expressão transiente de NRP-A em protoplastos. Foi verificada por PCR
em tempo real a expressão de NRP em protoplastos transformados com o vetor vazio
(pMON) e com o cassete de expressão NRP-A (pMON-NRP-A). O valor de expressão foi
calculado usando o método 2
ΔCt
, utilizando como controle endógeno a Helicase (+DP, n
= 6 réplicas biológicas)
57
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
pMON NRP-A NRP-A + Inibidor
Caspase Unit
Figura 19 – Atividade de Caspase-3. A atividade de caspase-3 foi determinada pelo
ApoAlert® Caspase-3 Colorimetric Assay Kit em extratos de protoplastos transformados
com o vetor pMON921 (pMON) e com o cassete de expressão pMON-NRP-A (NRP-A)
na ausência (NRP-A) e presença (NRP-A + Inibidor) de inibidor de caspase-3. (+DP, n =
5 réplicas biológicas)
0,1
1,0
10,0
100,0
1.000,0
CALN GST LTP NAM NRP-B
Relative Quantification
pMON NRP
Figura 20 – Efeito da expressão de NRP-A sobre os genes indicados. A expressão
de Calnexina, LTP, GST, NAM e NRP-B foi determinada por RT-PCR em tempo real em
protoplastos transformados com o vetor vazio (pMON) ou com o cassete de expressão
pMON921-NRP-A (NRP-A). O valor de expressão foi calculado usando o método 2
ΔCt
,
utilizando como controle endógeno mRNAs de Helicase (+DP, n = 6 réplicas biológicas)
58
Expressão transiente dos genes NRP-A e NRP-B em folhas de tabaco
induzem senescência.
Com a finalidade de explorar in planta o fenômeno de morte celular
induzido por NRP-A e NRP-B, os respectivos cDNAs foram transferidos
para vetores binários de transformação de plantas mediada por
Agrobactéria, e a expressão transiente dos genes foi induzida por
agroinoculação em folhas de tabaco (Figura 21). Após duas semanas a
20 ºC, as seções foliares agroinfiltradas com as construções YFP-NRP-B
(seção 1), YFP-NRP-A (seção 2) e pk7WG2-NRP-B (seção 3)
apresentaram o fenótipo de clorose característico de senescência foliar
que é associada à diminuição do teor de clorofila e, conseqüente,
amarelecimento das folhas. O desenvolvimento de clorose nas seções
infiltradas foi um resultado direto da expressão das proteínas e não
devido à presença de agrobactéria, uma vez que na seção infiltrada com
um cassete de expressâo não relacionado (seção 4) não ocorreu
amarelecimento. Estes resultados substanciam os argumentos de que
ambas as proteínas estão funcionalmente envolvidas em processos de
morte celular, uma vez que a expressão dos genes correspondentes de
alguma forma acelerou processos de senescência na planta de tabaco.
59
Figura 21 – Agroinoculação em folhas de tabaco. Plantas de tabaco foram inoculadas
com agrobactérias transformadas com: 1- YFP-NRP-B, 2- YFP-NRP-A, 3. pk7WG2-NRP-
A e 4. Controle (pk7FWG2-NAP)
1
2
3
4
60
A proteína NRich está localizada na membrana plasmática
Ensaios de fracionamento celular indicam que a proteína NRP esta
na parede celular (Ludwig & Tenhaken, 2001). Com a finalidade de
determinar a localização subcelular de NRP-B, o gene foi transientemente
expresso como uma proteína quimérica fusionada a GFP e sua
localização celular determinada por microscopia confocal em folhas de
tabaco (Figura 22). Intensa fluorescência foi observada ao longo da
superfície celular. A fim de avaliar a localização precisa da proteína na
membrana plasmática ou parede celular, foi realizada uma plasmólise
com KCl 0,8 M para o descolamento da membrana plasmática (Figura
23). Apesar de ter um sinal não específico na parede celular,
aparentemente fica evidenciado por estas análises que a proteína NRP-B
está localizada na membrana plasmática, provavelmente ancorada com
complexos sistemas de sinalização, responsáveis pelo desencadeamento
dos processos de PCD.
61
GFP NRP-B:GFP
Figura 22 – Localização subcelular de NRP-B. 72 horas após a agroinoculação de
folhas de tabaco com pK7FWG2 e pK7FWG2-NRP-B, a expressão da proteína NRP-B
foi monitorada através da fluorescência emitida pela proteína GFP (green fluorescense
protein) por meio de microscopia confocal. As fotos foram editadas no Adobe Photoshop
para retirada de regiões como cloroplasto e borrões sem contanto alterar o resultado.
Figura 23 – Localização subcelular de NRP-B após plasmólise. Após 3 dias de
expressão transiente em folhas de tabaco transformadas com pK7FWG2-NRP-B, foi
realizada uma plasmólise com KCl 0,8 M, e a expressão da proteína NRP-B foi
monitorada através da fluorescência emitida pela proteína GFP (green fluorescense
protein) por meio de microscopia confocal.. Setas brancas mostram a membrana
plasmática.
62
CONCLUSÕES
Os resultados da presente investigação forneceram evidências
conclusivas de que as proteínas NRP-A e NRP-B participam funcionalmente
em um processo de morte celular em células vegetais. Inicialmente, foi
observada que ambas as proteínas possuem um domínio DCD,
caracterizado como domínio funcionalmente ativo em eventos
desenvolvimento ou morte celular (Tenhaken et al; 2005). Os genes
correspondentes são rapidamente induzidos por estresses osmótico e do
retículo endoplasmático que induzem o processo de morte celular em plantas
com características apoptóticas (Zuppini et al., 2004, Mahajan & Tuteja,
2005, Pallavan-Unsal et al. 2005). Além disso, foi demonstrado que NRP-A e
NRP-B são induzidos por cicloheximida, um indutor clássico de morte celular,
e reprimidos pelos inibidores de senescência, zeatina e BAP. Evidências
diretas da função de NRP-A e NRP-B em morte celular foram fornecidas em
ensaios de expressão transiente em protoplastos de soja e folhas de tabaco.
Expressão de ambos os genes em células de soja em suspensão induziu a
atividade de caspase-3-like. Assim também, expressão dos genes NRP-A e
NRP-B em folhas de tabaco acelerou o processo de senescência como
evidenciado pelo aparecimento de clorose acentuada.
Previamente foi observado que as respostas a estresses osmótico e
do RE convergem em uma via integrativa. Nesta investigação, foi identificado
que a ativação dos genes alvos NAM, NRP-A e NRP-B é sinalizada por
estresses no RE por meio de uma via distinta da via UPR. Indução de
estresses no RE em plantas superexpressando BiP e, portanto, defeituosas
para ativação da via UPR, induzem a expressão dos genes da via integrativa
63
com a mesma intensidade do controle. Por outro lado, foi demonstrado que a
indução da via integrativa por um sinal osmótico é independente do hormônio
ABA, já que a expressão dos genes alvos não é afetada por tratamento com
este hormônio.
Coletivamente, os resultados dessa investigação e os resultados
anteriores da nossa equipe suportam o modelo proposto de integração das
respostas a estresses osmótico e no RE que convergem na transdução de
sinais de morte celular dependente das proteínas NRPs (Figura 24). Neste
modelo, estresses prolongados no retículo endoplasmático ativam uma via
de sinalização independente da via UPR que integra o sinal osmótico por
meio de uma via independente do hormônio ABA, resultando na ativação dos
genes NAM, NRP-A e NRP-B. Provavelmente, o gene NRP-B atua
anteriormente aos genes NAM e NRP-A, uma vez que expressão ectópica de
NRP-B ativa a expressão desses genes. Ativação dessa via integrativa
resulta na transdução de um sinal de morte celular que é dependente das
proteínas NRP-A e/ou NRP-B, sendo a sinalização conectada ao retículo
endoplasmático, mas não específica de estresses nessa organela. Esta
argumentação é substanciada pelo fato de que a via converge com a
resposta ao estresse osmótico e a ativação dos genes alvos afeta atividade
de caspase-3-like envolvida na resposta apoptótica iniciada na mitocôndria.
Além disso, a localização celular de NRP-B na membrana plasmática é
consistente com sua participação em eventos de sinalização de morte celular
mais generalizados.
64
Figura 24 - Modelo de transdução de sinais proposto – Sinalização proposta segundo
evidências que 1) Indutores de PCD, estresse osmótico e do RE induzem a transcrição
de NAM, NRP-A e NRP-B. 2) Inibidores de senescência inibem a transcrição de NAM,
NRP-A e NRP-B. 3) NRP-A e NRP-B induzem morte celular. 4) NRP-B está na
membrana plasmática e 5) Superexpressão de BiP atenua processos de morte celular. 6)
Superexpressão de BiP aumenta ligeiramente a expressão de NAM, NRP-A e NRP-B. 7)
Via de estresse osmótico independente de ABA que conecta com 8) Via de estresse no
retículo independente da UPR.
65
CAPÍTULO 2
SUPEREXPRESSÃO DO CHAPERONE MOLECULAR BiP
ATENUA PROCESSOS DE MORTE CELULAR
INTRODUÇÃO
Diferentes estratégias para aumentar a tolerância a estresses em
plantas têm sido desenvolvidas, como a manipulação e a reprogramação
da expressão de genes endógenos relacionados com estresse (Mahajan
& Tuteja, 2005). Em muitos casos, são utilizados genes cujas proteínas
atuam funcionalmente em vias de desintoxicação de produtos gerados em
condições de estresses (Rodrigues et al., 2005) ou genes relacionados
com vias de reparo de proteínas e estruturas celulares, como chaperones
moleculares (Gupta et al., 1993; Badawi et al., 2004), que são induzidos
por uma variedade de estresses fisiológicos (Pelham, 1989; Hammond &
Helenius, 1995).
O retículo endoplasmático (RE) é o principal sítio para a síntese e
enovelamento de proteínas e, consequentemente, a capacidade de
processamento de proteínas na organela depende de um sistema de
66
chaperones moleculares atuando diretamente na via produtiva de
dobramento de proteínas secretórias (Pilon & Schekman 1999). Qualquer
perturbação em sua homeostase pode promover o acúmulo de proteínas
mal dobradas, induzindo uma via de sinalização, denominada UPR, cuja
ativação acredita-se ser dependente do chaperone molecular BiP (Ron &
Walter, 2007). Uma vez que as proteínas induzidas pela UPR estão
envolvidas no dobramento das proteínas secretórias, acredita-se que elas
tenham uma função protetora dentro do RE evitando a agregação
incorreta de proteínas. De fato, a superexpressão de BiP em culturas de
células de mamíferos (Morris et al., 1997) e protoplastos de fumo
(Leborgne-Castel et al., 1999) previne a ativação da via UPR e aumenta a
tolerância das células a estresses, sugerindo que BiP atua diretamente
atenuando o estresse no RE. O nível de investigação sobre o papel
protetor de BiP contra o estresse no RE tem sido estendido para
organismos multicelulares intactos, por meio de repressão antisenso e
hiperexpressão de genes BiP em plantas transgênicas (Alvim et al., 2001).
Estes estudos demonstraram que níveis elevados de BiP em plantas
transgênicas conferiram tolerância a tunicamicina durante germinação e a
estresse hídrico durante crescimento da planta. Sob condições de
estresse hídrico, os níveis de BiP nas folhas correlacionaram com a
manutenção de turgor e do conteúdo relativo de água. O efeito protetor
resultante da hiperexpressão de BiP foi anulado por meio de repressão
antisenso. Este resultados são consistentes com um mecanismo de
tolerância a estresse hídrico mediado por BiP.
67
Tem sido demonstrado que ativação prolongada da via UPR pode
desencadear processos de morte celular (Rao et al., 2002; Zhang &
Kaufman, 2004; Zuppini et al., 2004). A superexpressão de BiP em
mamíferos atenua a ativação da UPR (Bertolotti et al., 2000; Okamura et
al., 2000), e protege a célula contra apoptose mediada por estresses no
retículo endoplasmático, ocorrendo o oposto quando se tem uma
repressão de BiP (Zhang & Kaufman, 2004). Entretanto os eventos da
sinalização celular que conectam estresse no RE e morte celular não são
muitos bem compreendidos (Urade, 2007). Em plantas, tem sido
demonstrado que tratamentos que causam distúrbios na homeostasia do
RE induzem um programa de morte celular (Zuppini et al., 2004).
Similarmente, os resultados do capítulo anterior demonstraram que o
retículo endoplasmático participa em programas de morte celular através
da percepção e transmissão de sinais apoptóticos gerados por estresses
prolongados na organela. Neste capítulo, foi avaliado o efeito protetor de
BiP contra sinais de morte celular. Para isso, estresses prolongados do
retículo endoplasmático e sinais de morte celular foram induzidos em
plantas transgênicas de soja e de tabaco superexpressando o gene
soyBIPD.
68
MATERIAIS E MÉTODOS
Material Vegetal e Tratamentos
Foram utilizadas plantas de soja do cultivar Conquista
transformadas com o gene BiPD (soyBiPD) na orientação senso e plantas
controle. As plantas foram inicialmente germinadas em terra na casa de
vegetação e após uma semana (ou estágio VC) foram retiradas do solo,
procedendo-se a lavagem da raiz e colocadas em solução contendo
Polietilenoglicol 10% (p/v) (PEG; MW 8000), Tunicamicina (Sigma)
10μg/mL, e os respectivos controles H
2
O e DMSO (Sigma).
O material vegetal foi coletado após os tratamentos e
imediatamente congelado em nitrogênio líquido sendo armazenado em
freezer a -80
0
C até o processamento das amostras, salvo casos em que
o protocolo exigia análise imediata.
Para os ensaios de agroinoculação de genes indutores de morte
celular, foram utilizadas plantas transgênicas de tabaco expressando o
gene soyBiPD nas orientações senso e antisenso. A obtenção e
caracterização molecular dessas plantas foram previamente descritas
(Alvim et al., 2001).
Extração de RNA e síntese de cDNA
O RNA total foi extraído usando o reagente Trizol (Invitrogen),
tratado com três unidade de DNAse livre de RNAse (Promega) para
69
eliminação de DNA contaminante e purificado com colunas RNeasy Mini
Kit (QIAGEN). Após a extração e purificação, o RNA foi quantificado (DU
650 BECKMAN Spectrophotometers) e analisado em gel de agarose
desnaturante 1,5 %. A síntese de cDNA foi realizada utilizando 2 μg de
RNA total, oligo dT e Trancriptase Reversa MMLV (Invitrogen), segundo
especificações do fabricante.
Fragmentação de DNA genômico
Após tratamento e extração do DNA de acordo com Della-Porta
(1983), o DNA genômico foi corrido em gel de agarose 2% contendo
brometo de etídeo e visualizado e fotografado sob luz UV (Eagle Eye II ).
Monitoração de morte celular por Azul de Evans
Após tratamentos, foram extraídos quatro discos foliares de cada
planta e realizado ensaio de exclusão do corante vital segundo Backer &
Mock (1994)
Detecção in-vivo de H
2
O
2
O teor de H
2
O
2
foi monitorado nas folhas de plantas tratadas com
PEG e tunicamicina usando o 3,3-diaminobenzidina DAB (Sigma)
segundo Orozco-Cardenas & Ryan (1999) com modificações. As plântulas
foram colocadas em solução contendo 1 mg/mL de DAB, pH 3,8 por 8
70
horas sob luz. Em seguida, as plântulas foram submetidas aos estresses
analisados sendo transferidas para solução de tunicamicina, DMSO, PEG
ou H2O por 48 horas. Após este período, foram descoradas com etanol
96% fervente por 15 minutos, e transferidas para uma nova solução de
etanol 96 % por 24 horas. A remoção gradual do etanol por um gradiente
decrescente permitiu reidratação das plântulas para realização das
fotografias.
Malondialdeído (MDA)
A peroxidação dos lipídeos foi dosada pela determinação do
conteúdo de malondialdeído, que é o principal composto formado pelo
processo. Para tal, quatro discos foliares de 1,4 cm de diâmetro foram
macerados em 2 mL de Ácido Tricloroacético 0,1 % (p/v) e centrifugados
a 10000g por 15 minutos a 4 ºC. 500 μL do sobrenadante foram
incubados por 20 minutos a 90 ºC junto com 1,5 mL da solução de Ácido
Tiobarbitúrico (TBA 0,5 % em TCA 20 %) e a reação foi parada em banho
de gelo. Após centrifugação a 13000 RPM por 4 minutos, o sobrenadante
foi lido a absorvância a 532 nm em espectrofotômetro (DU 650 BECKMAN
Spectrophotometers).
Agroinoculação em folhas de tabaco
Agrobactéria transformadas com os vetores de interesse foram
crescidas por 16 horas, e centrifugadas por 5 min a 8000 RPM. O
71
sobrenadante foi removido e as células foram lavadas em 1 mL meio de
infiltração (10 mM MgCl
2
, 10 mM MES pH 5,6 e 10 μM de
acetoseringona). Estas foram centrifugadas por 5 min a 8000 rpm, e
ressuspendidas em 1 mL do mesmo tampão, sendo diluídas em meio de
infiltração para OD de 0,4. Utilizando seringas estéreis sem agulha, folhas
jovens de tabaco foram infiltradas por uma gentil pressão através do
estômato na epiderme inferior.
72
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Expressão ectópica de BiP em plantas transgênicas atenua o processo de
morte celular induzida por estresses no RE e osmótico.
As plantas transgênicas de soja expressando ectopicamente o
gene soyBiPD foram anteriormente obtidas e selecionadas por
immnoblottings (dado não mostrado). Plântulas transgênicas (35S-BiP-9,
T) e controles (WT) foram submetidas aos tratamentos com PEG por 48
horas (Figura 1) e TUN por 36 horas (Figura 2). Consistente com o
fenótipo de tolerância à seca mediado por BiP em tabaco transgênicos
(Alvim et al, 2001), as plântulas de soja transgênicas (T) mantiveram o
turgor foliar em condições de desidratação promovido pelo tratamento
com PEG (Figura 01, compare T PEG com WT PEG). Precedentes na
literatura demonstram que a superexpressão de chaperonas moleculares
tem efeito protetor contra estresses osmótico e hídrico (Alvim et al., 2001;
Cho & Hong 2005).
O efeito protetor de BiP contra estresses típicos do retículo
endoplasmático também foi avaliado por meio de tratamento das plântulas
de soja com tunicamicina (Figura 2). Enquanto que tratamento com
tunicamicina causou lesões foliares necróticas nas folhas cotiledonares de
plântulas controle, a expressão ectópica de BiP em plantas transgênicas
preveniu o aparecimento de necrose foliar. Similarmente, tunicamicina
induziu o aparecimento de clorose nas folhas controle, mas não nas
73
Figura 1 – Tratamento com PEG induz perda de turgor foliar. Plântulas de soja
Transgênicas (T), linhagem 35S-BiP-C9, e controles (WT) foram tratadas com 1% PEG
por 48 horas em meio de Hoagland.
Figure 2 – Lesões foliares induzidas por tunicamicina. Plântulas de soja controle
(WT) e transgênica (T), linhagem 35S-BiP-C9, foram tratadas com 10 μg/mL de
tunicamicina por 36h (A) e então transferidas para meio de Hoagland sem tunicamicina
por 24 horas (B)
WT PEG T PEG
74
folhas das plantas transgênicas. Estes fenótipos, necrose e murchamento
foliar, parecem estar associados com o processo de morte celular.
A porcentagem de células mortas, induzidas pelas condições de
estresse, foi avaliada pelo método de exclusão do corante vital Azul de
Evans, que permite monitorar a integridade da membrana nas plantas sob
estresse (Figuras 3 e 4). A retenção do corante em células mortas medida
espectrofotometricamente é uma estimativa do teor de células mortas.
Esta quantificação demonstrou que tratamento com tunicamicina induz
morte celular a partir de 24 horas, enquanto que tratamento com PEG
promove o máximo de perda de viabilidade celular já nas primeiras 24
horas de tratamento. Entretanto, as plântulas transgênicas tratadas com
tunicamicina apresentaram um percentual de células em morte muito
inferior do que as plantas controle ao longo do experimento (Figura 3).
Tratamento com PEG promoveu um efeito similar (Figura 4), ficando
evidente a diferença relativa de células mortas entre as plantas
transgênicas e controle após 24 horas de tratamento. O aparente efeito
reversível na porcentagem de células mortas após 48 horas de tratamento
contínuo por PEG reflete a severidade do tratamento ao invés de
recuperação do estresse. Assim, é provável que o período de 48 horas
sob desidratação promova lesões intensas na membrana plasmática,
tornando-a estruturalmente incapaz de reter o corante em seu interior
durante os processos de lavagens no experimento, comprometendo o
valor absorvância lido.
75
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
12h 24h 48h
Abs (600nm
)
WTDMSO TDMSO WTTUN TTUN
Figura 3 – Efeito da Tunicamicina na morte celular em plantas superexpressando
BiP. Plântulas de soja controle (WT) e transgênicas (T) tratadas com tunicamicina
durante 12h, 24 h e 48 h foram utilizadas para ensaio segundo Backer & Mock (1994).
(SD+; n= 5 réplicas biológicas). Como controle do tratamento, as plantas também foram
tratadas com DMSO.
0,00
0,40
0,80
1,20
1,60
2,00
12h 24h 48h
Abs (600nm)
WTH2O TH2O WTPEG TPEG
Figura 4 – Efeito da desidratação celular. Plântulas de soja controle (WT) e
transgênicas (T) tratadas com PEG 1% durante 12h, 24 h e 48 h foram utilizadas para
ensaio segundo Backer & Mock (1994). (SD+; n= 5 réplicas biológicas)
76
A fim de caracterizar o fenômeno de morte celular induzida por
PEG e tunicamicina, foi avaliada a fragmentação de DNA como
característica de morte celular programada e um dos marcadores finais do
processo de PCD (Figura 5). O resultado confirma a hipótese de que a
superexpressão de BiP atenua a indução de vias de morte celular, já que
a degradação do DNA genômico nas plantas expressando BiP foi muito
inferior do que nas plantas controle. Entretanto, a ausência de
fragmentações definidas do DNA (aproximadamente em intervalos de 50
pb) não permite excluir a possibilidade de que a morte celular induzida
nas condições experimentais seja devido à necrose celular.
Figura 5 – Fragmentação de DNA genômico.O DNA genômico foi extraído de folhas de
plantas controles (WT) e transgênicas (T) tratadas com tunicamicina e PEG. M= 1kb, 1=
Control WT, 2=Control T, 3= WT TUN, 4= T TUN, 5= WT PEG and 6= T PEG
M WT T WT T WT
Normal TUN PEG
77
Plantas transgênicas submetidas ao tratamento com tunicamicina
produzem maior quantidade de espécies reativas de oxigênio (ROS)
Várias condições de estresse promovem o aumento na produção
de ROS em plantas. Estas moléculas são sinalizadoras de processos de
morte celular, mas quando presentes em altas concentrações podem
atuar desencadeando desordem na homeostasia da planta por provocar
estresse oxidativo (Hu et al., 2006). A produção de H
2
O
2
foi monitorada
com o corante DAB (Figura 6)
Em condições normais, a proporção de H
2
O
2
em plantas
transgênicas e controle é equivalente. Similarmente, plantas transgênicas
ou controle tratadas com PEG produziram H
2
O
2
em proporções similares
(dados não mostrados). Entretanto, a quantidade de H
2
O
2
produzida pela
planta senso sob tratamento com tunicamicina foi muito maior do que as
plantas controle. Estes resultados aparentemente contradizem a maior
tolerância das plantas senso a morte celular induzida por tunicamicina,
uma vez que H
2
O
2
parece agir como molécula sinalizadora em diversas
vias de PCD em plantas (Breusegem & Dat, 2006; Hu et al., 2006)
78
Figura 6 – Determinação de espécies reativas de oxigênio. Plântulas de soja
transgênicas (T) e controles (WT) foram submetidas aos tratamentos com tunicamicina e
DMSO e tratadas com DAB segundo Orozco-Cardenas & Ryan (1999).
79
BiP não afeta o nível de peroxidação de lipídeos resultante de acúmulo
excessivo de ROS
Uma vez que estresse típico do RE causa um acúmulo excessivo
de ROS em plantas transgênicas superexpressando BiP, foi dosado a
peroxidação dos lipídeos, como resultado direto da ação de ROS. Os
ensaios foram realizados utilizando plantas estressadas por 24 horas e os
níveis de peroxidação de lipídeos foram avaliados com base no acúmulo
do aldeído MDA (Figura 7). Tratamento com PEG por 24 horas acarretou
em um aumento dos níveis de aldeídos reativos derivados da peroxidação
de lipídeos, não havendo diferença significativa nos níveis de MDA entre
as plantas transgênicas e controle. Consistente com estes resultados, a
coloração com DAB de folhas estressadas osmoticamente foi
significativamente superior às folhas não tratadas, não havendo diferença
entre as plantas transgênicas e controle (dados não mostrados). Estes
resultados indicam que BiP não atenua diretamente a peroxidação de
lipídeos causada por acúmulo de ROS em resposta ao estresse osmótico.
Em contraste, tratamento com tunicamicina não promoveu estresse
oxidativo tão acentuado,e não causou um aumento significativo nos níveis
de MDA. De fato, a coloração de folhas de soja estressadas por
tunicamicina com DAB não demonstrou alterações nos níveis de ROS
causadas por estresse no RE em plantas controle (Figura 6). Embora o
tratamento com tunicamicina tenha promovido um aumento nos níveis de
ROS em folhas transgênicas, este aumento não foi suficientemente alto
80
para causar peroxidação de lipídeos, conforme julgado pelos níveis de
MDA (Figura 7).
0
10
20
30
40
50
60
24h
Lipid Peroxides
nmol x g-1 fw
WTH2O TH2O WTDMSO TDMSO WTTUN
TTUN WTPEG TPEG
Figura 7 – Peroxidação de lipídeos expressão como conteúdo de MDA. Plântulas de
soja foram submetidas aos tratamentos por tunicamicina e PEG por 24 horas e as folhas
foram utilizadas para dosagem de MDA. (SD+; n= 5 réplicas biológicas).
81
Superexpressão de BiP atenua os processos de morte celular induzidos
pelas proteínas NRP-A e NRP-B em plantas de tabaco.
No capitulo anterior, foi demonstrado que as proteínas NRP-A e
NRP-B induzem o processo de morte celular com características de PCD
de mamíferos. Além disso, expressão dessas proteínas em folhas de
tabaco acelerou o processo de senescência com o desenvolvimento de
clorose. Para avaliar o efeito de BiP em PCD induzida por NRPs, folhas
de tabaco expressando o gene soyBiPD nas orientações senso e anti-
senso e plantas controle foram agroinfiltradas com cassetes de expressão
para os genes NRP-A e NRP-B (Figura 8). A expressão de ambas as
proteínas provocou o amarelecimento acelerado das folhas infiltradas nas
folhas controle (WT). Entretanto, nas folhas transgênicas senso (S),
expressão de NRP-A e NRP-B não alterou o teor de clorofila, conforme
julgado pela manutenção da cor verde durante o período do experimento.
Em contraste, nas folhas anti-senso, o desenvolvimento de clorose como
resultado da expressão de NRP-A e NRP-B foi acentuado e o processo de
senescência acelerado em comparação com plantas controle. Estes
resultados substanciam o argumento de que BiP atua prevenindo o
processo de morte celular em células vegetais. Experimentos adicionais
serão necessários para elucidar o mecanismo pelo qual BiP alivia morte
celular.
82
Figura 8 - Agroinoculação em folhas de tabaco. Plantas de tabaco controle (Wt) e
superexpressando soyBIPD na orientação senso (S) e antisenso (AS) foram infiltradas
com agrobactérias transformadas com 1- NRP-A (YFP-NRP), 2- Unrelated protein
(pK7FWG2 – NAP), 3- NRP-B (YFP-NRP-B) e NRP-A (pK7WG2-NRP-A). As fotografias
foram tiradas cinco dias após a inoculação.
WT
S
1
2
3
4
1
2
3
4
1
2
3
4
AS
83
CONCLUSÕES
Os resultados demonstraram que a superexpressão do chaperone
molecular BiP confere resistência a estresses abióticos em plântulas de
soja, além de prevenir morte celular. Expressão ectópica de BiP em
plantas transgênicas diminuiu as lesões foliares necróticas induzidas por
tunicamicina, e manteve o turgor foliar em condições de desidratação
induzida por PEG, enquanto que as folhas controle murcharam
completamente sob as mesmas condições de desidratação. O teor
relativo de células mortas foi inferior em plantas transgênicas submetidas
aos estresses osmótico e do RE. Assim também superexpressão de BiP
protegeu o DNA genômico de degradação induzida pelos estresses
abióticos. O envolvimento de BiP na prevenção de morte celular foi
adicionalmente demonstrado por meio dos fenótipos desenvolvidos pela
expressão dos genes NRP-A e NRP-B, indutores de morte celular, em
folhas de tabaco transformadas com o gene soyBiPD nas orientações
senso e anti-senso. Expressão aumentada de BiP em plantas
transgênicas senso inibiu clorose induzida por NRP-A e NRP-B, enquanto
que inibição de BiP endógeno pela construção anti-senso acelerou o
processo de senescência. Embora experimentos adicionais serão
necessários para elucidar o mecanismo pelo qual BiP regula morte
celular, os resultados permitiram excluir as possibilidades que BiP esteja
atuando diretamente na regulação do estado redox sinalizador de morte
celular e em peroxidação de lipídeos.
84
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