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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO
Gisele Silva Pereira
A VARIÁVEL AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO DE EVENTOS TURÍSTICOS:
ESTUDO DE CASO DA FESTA NACIONAL DA UVA – RS
Caxias do Sul
2007
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GISELE SILVA PEREIRA
A VARIÁVEL AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO DE EVENTOS TURÍSTICOS:
ESTUDO DE CASO DA FESTA NACIONAL DA UVA – RS
Dissertação submetida à banca examinadora
designada pelo Colegiado do Programa de Pós-
Graduação em Turismo da Universidade de
Caxias do Sul, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Mestre
em Turismo.
Área de Concentração: Desenvolvimento do
Turismo Regional
Linha de Pesquisa: Turismo e Hotelaria:
Organização e Gestão
Orientadora: Profa. Dra. Suzana Maria De Conto
Universidade de Caxias do Sul
Caxias do Sul
2007
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À minha amada mãe, Eda, por ser minha inspiração. Sem teu
amor eu jamais seria quem eu sou. Agradeço a Deus pela
oportunidade de ser tua filha. Te amo.
Ao meu estimado pai, Amauri, por ter tido a oportunidade de
compartilhar tua companhia ao longo destes dois anos de
estudos e reconhecer que és um pai maravilhoso.
À minha cara orientadora, Suzana, por ser minha mestre e anjo
da guarda. Seguirei teu exemplo profissional e ético em minha
jornada acadêmica e profissional. Jamais esquecerei o quanto
fizeste por mim. Muito obrigada por fazeres parte de minha
vida.
“A viagem proporciona-nos a possibilidade de descobrirmos o
caminho que nos conduz a nós mesmos.” (JOST
KRIPPENDORF, 2003, p. 49).
RESUMO
Para que um evento assuma sua responsabilidade ambiental, é preciso que
o mesmo contabilize a variável ambiental em todas as fases de seu planejamento. A
presente investigação propõe-se a examinar as relações estabelecidas entre a
variável ambiental e um evento turístico. Assim, o problema de pesquisa decorre da
seguinte indagação: a variável ambiental é considerada no planejamento da Festa
Nacional da Uva 2006? Nesse sentido, o objetivo deste estudo é identificar a
consideração da variável ambiental no planejamento da Festa Nacional da Uva
2006, realizada na cidade de Caxias do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul.
Aliados ao objetivo geral, destacam-se os seguintes objetivos específicos: a)
verificar as relações estabelecidas entre a informação ambiental e o planejamento
da Festa da Uva; b) identificar as condições de manejo dos resíduos sólidos gerados
na Festa da Uva; c) examinar o princípio da prevenção da geração de resíduos
sólidos no planejamento da Festa da Uva; d) identificar ações de educação
ambiental no planejamento da Festa da Uva; e) examinar as variáveis água, energia
elétrica e água residuária no planejamento da Festa da Uva; f) verificar a
consideração do critério ambiental na escolha dos patrocinadores e expositores da
Festa da Uva. Para atender aos objetivos propostos, foram realizadas observações
diretas no âmbito da Festa da Uva, em dois momentos distintos. Também foram
entrevistados 19 sujeitos, os quais correspondem ao presidente, aos vices-
presidentes e aos diretores das comissões organizadoras da Festa da Uva. As
perguntas que compõem o roteiro de entrevista relacionam-se: a) às práticas
ambientais; b) a resíduos sólidos; c) à divulgação da Festa; d) aos expositores e
patrocinadores; e) aos desfiles; f) às olimpíadas coloniais; g) à água; h) à energia; i)
à água residuária (esgoto). Os resultados obtidos com a pesquisa permitem concluir
que existem ações ambientais implantadas de forma isolada na Festa da Uva.
Entretanto, é importante construir um novo conceito de planejamento para a Festa
da Uva, em que se contemple efetivamente a variável ambiental. Nesse sentido,
cabe aos cursos de graduação em turismo e hotelaria e aos cursos stricto sensu em
turismo desenvolverem estudos que contemplem a variável ambiental. Como foi
possível constatar com a realização da pesquisa, ainda relações que precisam
ser estabelecidas entre a variável ambiental e o planejamento de eventos turísticos.
Cabe, portanto, um novo olhar aos eventos turísticos, planejando-os sob a ótica
ambiental.
Palavras-chave: Turismo. Planejamento e gestão. Variável ambiental. Eventos
turísticos. Festa Nacional da Uva – RS.
ABSTRACT
An event needs to work out the environmental variable during all planning’s
phases in order to accept its environmental responsibility. This present research
plans to examine the established relationships between the environmental variable
and a tourist event. Therefore, the subject of research originated from the following
question: is the environmental variable considered when planning the National Grape
Festival 2006? With this in mind, the objective of this study is to identify the
consideration given to the environmental variable when planning the National Grape
Festival 2006, which happened in Caxias do Sul RS Brazil. Along with the
general objective, the following specific objectives are pointed out: a) to check the
established relationships between environmental information and the Festival’s
planning; b) to identify how solid waste produced at the Festival is handled; c) to
examine the solid waste prevention principle at the Festival’s planning; d) to identify
environmental education actions at the Festival’s planning; e) to examine water,
eletric power and residuary water’s variables at the Festival’s planning; f) to check
environmental criterion consideration when choosing the Festival’s sponsors and
exhbitors. In an effort to meet the objectives suggested, direct observation was
carried out regarding the Grape Festival at two different periods of time. On top of
that, 19 people were interviewed, including the chairman, vice-chairman and the
directors of the Festival’s organizing commitee. The interview script consisted of
questions concerning: a) environmental practices; b) solid waste; c) Festival’s
advertising; d) sponsors and exhbitors; e) parades; f) local Olympic Games; g) water;
h) power; i) residuary water (sewage). Through the results obtained in the research,
we are able to conclude that there are many environmental actions introduced in an
isolated manner at the Festival. However it is important to build a new planning
concept for it, which might effectively include the environmental variable. With
regards to it, undergraduate courses such as tourism, hotel management and stricto
sensu tourism have responsibility for developing studies which consider the
environmental variable. As it was possible to conclude through the research, there
are many relationships yet to be established between the environmental variable and
tourist events’ planning. Therefore, a new look at tourist events, planning them under
an environmental view, is essencial.
Key words: Tourism. Planning and management. Environmental variable. Tourist
events. National Grape Party – RS.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Procedimentos adotados para separação, coleta, armazenamento,
reaproveitamento, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos
gerados na Festa da Uva ..................................................................... 61
Quadro 2 Outras formas de divulgação da Festa da Uva 2006 ........................... 70
Quadro 3 Planejamento do descarte do material de divulgação da Festa após o
uso ........................................................................................................ 74
Quadro 4 Conteúdo e características do programa de educação ambiental
dedicado às pessoas que trabalham na Festa da Uva ......................... 83
Quadro 5 Conteúdo e características do programa de educação ambiental
dedicado aos visitantes da Festa da Uva ............................................. 85
Quadro 6 Preocupação com a área ambiental na temática dos desfiles ............. 90
Quadro 7 Atividades realizadas nas Olimpíadas Coloniais ligadas à área
ambiental .............................................................................................. 91
Quadro 8 Espaços disponibilizados para exposição de produtos ambientais ...... 95
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre as categorias de resíduos sólidos mais geradas na
Festa da Uva 2006 ............................................................................. 49
Tabela 2 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre os setores da Festa da Uva que mais geraram
resíduos sólidos .................................................................................. 52
Tabela 3 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a realização da determinação da composição dos
resíduos sólidos da Festa da Uva 2006 ............................................. 53
Tabela 4 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o interesse em realizar a caracterização dos resíduos
sólidos na próxima edição da Festa da Uva em 2008 ........................ 54
Tabela 5 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o interesse em realizar a compostagem na próxima
Festa da Uva em 2008 ....................................................................... 55
Tabela 6 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a previsão de abrigos internos e externos de resíduos
sólidos no planejamento da Festa ...................................................... 58
Tabela 7 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a elaboração no planejamento da Festa de
procedimentos para a separação, coleta, armazenamento,
reaproveitamento, tratamento e disposição final dos resíduos
sólidos gerados ..................................................................................
60
Tabela 8 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento de programa de coleta seletiva de
resíduos sólidos ..................................................................................
64
Tabela 9 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento da distribuição dos coletores de
resíduos sólidos na Festa da Uva ......................................................
65
Tabela 10 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a parceria da Festa da Uva com associações de
recicladores de Caxias do Sul ............................................................
66
Tabela 11 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre as formas de divulgação da Festa da Uva 2006 .........
69
Tabela 12 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre os materiais utilizados na confecção dos meios de
divulgação da Festa da Uva ...............................................................
71
Tabela 13 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento do uso de papel reciclado nas
impressões de materiais informativos ................................................
72
Tabela 14 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento de materiais passíveis de
reciclabilidade .....................................................................................
73
Tabela 15 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento do descarte do material de
divulgação após o uso ........................................................................ 74
Tabela 16 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o uso dado ao material de divulgação descartado ...... 75
Tabela 17 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a consideração no planejamento da Festa da Uva
2006 do princípio da prevenção da geração de resíduos sólidos ...... 76
Tabela 18 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre os investimentos e gastos com a manutenção nos
processos operacionais da Festa da Uva ........................................... 79
Tabela 19 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento de programa de educação ambiental
dedicado às pessoas que trabalham na Festa da Uva ....................... 82
Tabela 20 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o planejamento de programa de educação ambiental
voltado aos visitantes da Festa da Uva .............................................. 83
Tabela 21 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a qualidade ambiental da Festa da Uva como
diferencial competitivo ........................................................................ 86
Tabela 22 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a disponibilidade de informações sobre o desperdício
de papel nos sanitários ....................................................................... 87
Tabela 23 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a disponibilidade de informações sobre desperdício
de água nos sanitários ........................................................................ 88
Tabela 24 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a preocupação com a área ambiental na temática dos
desfiles da Festa da Uva 2006 ........................................................... 89
Tabela 25 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o interesse em adotar a temática ambiental nos
desfiles na próxima edição da Festa da Uva em 2008 ....................... 90
Tabela 26 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a existência de alguma atividade ligada à área
ambiental nas Olimpíadas Coloniais .................................................. 91
Tabela 27 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o interesse em adotar nas Olimpíadas Coloniais
atividades ligadas à área ambiental na próxima edição da Festa da
Uva em 2008 ...................................................................................... 92
Tabela 28 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a consideração do critério ambiental na escolha dos
expositores ......................................................................................... 93
Tabela 29 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a consideração do critério ambiental na escolha dos
patrocinadores .................................................................................... 94
Tabela 30 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a disponibilidade de espaço específico para
exposição de produtos ambientais ..................................................... 95
Tabela 31 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a consideração do princípio da redução no consumo
de água no planejamento da Festa da Uva ........................................ 96
Tabela 32 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a instalação de dispositivos de redução de vazão nos
sanitários (pias e vasos) ..................................................................... 97
Tabela 33 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a consideração do princípio da redução no consumo
de energia elétrica no planejamento da Festa da Uva ....................... 98
Tabela 34 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre a consideração da geração de água residuária
(esgoto) no planejamento da Festa da Uva ....................................... 100
Tabela 35 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o conhecimento do destino da água residuária
(esgoto) da Festa da Uva ................................................................... 100
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 13
2 GESTÃO AMBIENTAL NO TURISMO........................................................ 17
2.1 Breve histórico da questão ambiental no planeta................................. 17
2.2 Evolução conceitual do turismo sob a ótica ambiental......................... 24
2.3 Requisitos ambientais para o turismo sustentável................................ 28
2.4 Sistema de gestão ambiental................................................................ 29
2.5 Gerenciamento de resíduos sólidos...................................................... 34
2.6 Legislação ambiental federal, estadual e municipal.............................. 36
3 MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO................................................................... 41
3.1 Características do município de Caxias do Sul/RS.............................. 42
3.2 Critério para a escolha da Festa Nacional da Uva 2006............ 43
3.3 Características da Festa Nacional da Uva........................................... 43
3.4 Realização da observação direta na Festa Nacional da Uva 2006...... 44
3.5 Procedimento para escolha dos sujeitos.............................................. 45
3.6 Sujeitos................................................................................................. 45
3.7 Instrumento de coleta de dados........................................................... 46
3.7.1 Procedimento para elaboração do roteiro de entrevista................ 46
3.7.2 Procedimento para testar o roteiro de entrevista............................ 46
3.7.3 Instrumento de registro das entrevistas.......................................... 47
3.7.4 Procedimento para contato com os sujeitos e para estabelecer a
ocasião de realização das entrevistas...................................................... 47
3.7.5 Procedimento para realização das entrevistas............................... 47
4 CONDIÇÕES DE MANEJO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA FESTA
NACIONAL DA UVA................................................................................... 49
5 A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DA DIVULGAÇÃO DA FESTA
NACIONAL DA UVA FRENTE À PREVENÇÃO DA GERAÇÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS................................................................................ 69
6 A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO
DA FESTA NACIONAL DA UVA................................................................ 79
7 OS DESFILES E AS OLIMPÍADAS COLONIAIS COLONIAIS COMO
INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL...................................... 89
8 A CONSIDERAÇÃO DO CRITÉRIO AMBIENTAL NA ESCOLHA DOS
COLABORADORES DA FESTA NACIONAL DA UVA.............................. 93
9 SITUAÇÕES RELACIONADAS À ÁGUA, ENERGIA ELÉTRICA E ÁGUA
RESIDUÁRIA NO PLANEJAMENTO DA FESTA NACIONAL DA
UVA............................................................................................................ 96
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 101
REFERÊNCIAS............................................................................................... 105
APÊNDICES.................................................................................................... 115
Apêndice A – Características dos sujeitos....................................................... 116
Apêndice B – Roteiro de entrevista................................................................. 118
Apêndice C – Termo de consentimento livre e esclarecido............................. 126
Apêndice D – Carta de agradecimento aos sujeitos........................................ 127
1 INTRODUÇÃO
A responsabilidade socioambiental está relacionada ao compromisso
assumido pelas organizações em relação ao meio ambiente. Refere-se, assim, à
necessidade de revisar os modos de produção e padrões de consumo vigentes de
forma a alcançar o sucesso empresarial, ponderando-se os impactos sociais e
ambientais decorrentes das atividades administrativas e operacionais do
empreendimento (BANCO DO BRASIL, 2007).
Um evento turístico possui características de um empreendimento com
operações bem definidas, na medida em que consome energia, água e demais
recursos, gerando resíduos sólidos, emissões atmosféricas e efluentes líquidos.
Dessa forma, percebe-se que os eventos turísticos também podem provocar
impactos no meio ambiente. Diante desse fato, ressalta-se que os mesmos possuem
uma importante parcela de responsabilidade com a preservação ambiental.
Para que um evento assuma sua responsabilidade ambiental, é preciso que o
mesmo contabilize a variável ambiental em todas as fases de seu planejamento. De
Conto (2004a), ao examinar a responsabilidade ambiental dos eventos, destaca que
os mesmos somente são considerados bem planejados à medida que contabilizarem
os custos ambientais. Portanto, a contabilidade ambiental deve ser clara no
planejamento. “Quem planeja, organiza, apóia, patrocina, executa e fiscaliza um
projeto em turismo deve saber que a responsabilidade é solidária.” (DE CONTO,
2004a, p. 3).
A partir do exposto, a presente investigação propõe-se a examinar as
relações estabelecidas entre a variável ambiental e os eventos turísticos. Assim, o
problema de pesquisa decorre da seguinte indagação: a variável ambiental é
considerada no planejamento da Festa Nacional da Uva 2006? Nesse sentido, o
objetivo deste estudo é identificar a consideração da variável ambiental no
planejamento da Festa Nacional da Uva 2006, realizada na cidade de Caxias do Sul,
no Estado do Rio Grande do Sul. Cabe ressaltar que a expressão variável ambiental,
utilizada no presente estudo, refere-se aos elementos ligados à sensibilização
ambiental, ao controle do desperdício, à minimização da geração de resíduos e de
água residuária, ao reaproveitamento de resíduos, à contabilidade ambiental, ao
gerenciamento de resíduos sólidos, à prevenção da geração de resíduos e à escolha
dos patrocinadores e expositores de uma festa.
Aliados ao objetivo geral, destacam-se os seguintes objetivos específicos: a)
verificar as relações estabelecidas entre a informação ambiental e o planejamento
da Festa da Uva; b) identificar as condições de manejo dos resíduos sólidos gerados
na Festa da Uva; c) examinar o princípio da prevenção da geração de resíduos
sólidos no planejamento da Festa da Uva; d) identificar ações de educação
ambiental no planejamento da Festa da Uva; e) examinar as variáveis água, energia
elétrica e água residuária no planejamento da Festa da Uva; f) verificar a
consideração do critério ambiental na escolha dos patrocinadores e expositores da
Festa da Uva.
Diante da sistematização do conhecimento realizada sobre o conhecimento
disponível nos principais meios de divulgação científicos brasileiros, verifica-se
claramente a existência de uma lacuna no conhecimento científico disponível sobre
eventos turísticos.
A partir da análise das dissertações defendidas nos programas brasileiros de
mestrado acadêmico em turismo (CAPES, 2007), dos artigos publicados nos Anais
do I, II, III e IV Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul (SEMINÁRIO DE
PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL, 2003, 2004, 2005, 2006) e dos artigos
publicados nos periódicos Turismo em Análise, Turismo Visão e Ação, Tourism
Management e Estudios y Perspectivas en Turismo, pode-se examinar o que está
sendo estudado sobre eventos no Brasil e no Exterior. Tal análise possibilita
identificar as tendências e afinidades dos estudos de diferentes instituições e
periódicos do País e do Exterior sobre o tema eventos.
Os resultados obtidos na sistematização permitem concluir que:
a) de 259 dissertações defendidas no País, no período de 2000 a 2006,
apenas 15 referem-se a eventos (TOMAZZONI, 2002; SANTOS, 2003; ZOTTIS,
2003a; BRADACZ, 2005; DIAS, 2001; SARAIVA, 2002; BLEHM, 2002; CABRAL,
2002; SCHAUFFERT, 2004; YAMAMOTO, 2005; RAMOS, 2005; LIMA, 2004;
LUCHEZI, 2005; CLEMENTE JÚNIOR, 2006; BÁRBARA, 2006);
b) de 439 trabalhos científicos publicados nos anais dos I, II, III e IV
Seminários de Pesquisa em Turismo do Mercosul, apenas 14 tratam o tema eventos
(BRADACZ; NEGRINE, 2003; BUENO, 2003, 2004; LUCENA, 2003; VIANA, 2004;
ZOTTIS, 2003b, 2004, 2006; RAMOS; ALBERTON; HOFFMANN, 2005; SILVA,
2005; SÁ, 2005; BAHL, 2005; CARVALHO; MONTENEGRO, 2006; FLECHA, 2006);
c) de 177 artigos publicados no periódico Turismo em Análise, no período de
1992 a 2005, apenas quatro examinam o assunto eventos (SERSON, 1993;
MARABACK, 1994; MONTES; CORIOLANO, 2003; OLIVEIRA, 2000);
d) de 114 artigos publicados no periódico Turismo Visão e Ação, no período
de 1998 a 2006, apenas um refere-se ao tema eventos (CANTON, 1998);
e) de 483 artigos publicados no periódico Tourism Management, no período
de 2003 a 2007, doze contemplam o assunto eventos (KIM; PETRICK, 2005; KIM;
CHALIP, 2004; GURSOY; KIM; UYSAL, 2004; LEE; LEE; WICKS, 2004; PRIDEAUX;
LAWS; FAULKNER, 2003; GIBSON; WILLMING; HOLDNAK, 2003; LEE; GRAEFE,
2003; CHANG, 2006; MITCHELL, 2006; KIM; BORGES; CHON, 2006; KIM;
GURSOY; LEE, 2006; LEE; TAYLOR, 2005);
f) de 161 artigos publicados no periódico Estudios y Perspectivas en
Turismo, no período de 1992 a 2004, apenas três apresentam o assunto eventos
(GÓMEZ, 1998; ESPINOSA, 1997; BARRETTO, 1996).
Ressalta-se que nenhum dos trabalhos examinados sobre eventos analisou
a variável ambiental. Nesse sentido, a realização da investigação proposta permite
iniciar estudos relacionados à gestão ambiental em eventos, neste caso, em
particular, apresentando como recorte a identificação da variável ambiental no
planejamento da Festa Nacional da Uva.
Além da constatação da relevância científica da pesquisa, esta também é
importante do ponto de vista ambiental, pois contribui para o pensar e o agir
ambiental em eventos. Ainda, convém destacar que a Festa da Uva, ao considerar a
variável ambiental em seu planejamento, estará contribuindo para a consolidação de
uma imagem responsável e competitiva frente à sociedade. Vale destacar que os
resultados alcançados com a pesquisa contribuem não apenas para o evento foco
da pesquisa, mas também para o planejamento adequado de outros eventos.
Portanto, o presente estudo contribui para a construção da teoria do turismo,
porque trata de um tema ainda pouco examinado no campo teórico do turismo.
Peciar (2004) reflete sobre a qualidade da formação acadêmica e profissional dos
turismólogos, em relação aos problemas de ordem ambiental da
contemporaneidade. De Conto (2005a) propõe a revisão dos programas de ensino
dos cursos de graduação em Turismo e Hotelaria, para que estes contemplem de
forma efetiva a variável ambiental. assim será possível analisar com clareza as
responsabilidades legais e éticas de todos os agentes envolvidos no processo do
turismo.
2 GESTÃO AMBIENTAL NO TURISMO
No presente capítulo de revisão de literatura, apresenta-se, no primeiro
tópico, um breve histórico acerca da questão ambiental no planeta. Nessa
retrospectiva histórica, são examinados, ao longo das décadas de 60 a 90, tanto
ações ambientais quanto acontecimentos e eventos internacionais em prol da
preservação ambiental. No segundo tópico, examina-se a evolução do conceito de
turismo à luz da variável ambiental. Nesse sentido, são apresentadas definições
economicistas e complexas, assim como alguns conceitos de turismo sustentável.
Logo após, no terceiro tópico, são apresentados alguns requisitos
ambientais necessários para o turismo sustentável, conforme os princípios definidos
pelo Instituto de Hospitalidade (2004). No quarto tópico, apresenta-se o sistema de
gestão ambiental e as etapas necessárias à sua implantação. A seguir, no quinto
tópico, apresenta-se o gerenciamento de resíduos sólidos, o qual contempla a
definição de resíduos sólidos, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(2004) e a consideração do princípio da redução na gestão de resíduos. Finalmente,
no sexto tópico, apresenta-se a legislação ambiental vigente nos âmbitos federal,
estadual e municipal.
2.1 Breve histórico da questão ambiental no planeta
O homem, ao longo de sua trajetória, utilizou os recursos naturais do planeta
e gerou resíduos com uma preocupação mínima, pois acreditava na abundância dos
recursos, que eram considerados praticamente inesgotáveis, e na capacidade de a
natureza absorver os despejos realizados.
A finalidade deste breve histórico é apresentar sucintamente a evolução da
questão ambiental no planeta, bem como os principais fatos que têm conduzido a
uma mudança significativa de postura por parte de governos, empresas e das
pessoas de um modo geral. Acredita-se na importância de conhecer o passado
ligado às questões ambientais, para perceber suas tendências para o futuro,
especialmente às ligadas ao desenvolvimento e crescimento do turismo.
O histórico sobre o tema ambiental poderia iniciar em épocas muito remotas.
Desde os tempos pré-históricos, o homem busca alternativas para melhorar sua
qualidade de vida no planeta. Entretanto, em meio a essa busca incessante por
vantagens, ele permaneceu, por muito tempo, indiferente aos problemas e prejuízos
que o progresso e o desenvolvimento traziam ao meio ambiente.
Nos tempos modernos, a preocupação com a conservação dos recursos
naturais e com a degradação da biosfera pelo homem pode ser confirmada em
várias ações. Pode-se, por exemplo, iniciar mencionando a lei sancionada, em 1891,
pelo imperador D. Pedro II, que protegia a Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro, uma
área natural urbana que estava totalmente degradada. Em 1872, foi criado, nos
Estados Unidos, o primeiro parque nacional, o Parque de Yellowstone. Segundo
Valle (2004), essas foram ações pioneiras que serviram de modelo a ser seguido por
todos os países.
Contudo, foi apenas a partir da década de 60 que o mundo viu surgir os
primeiros movimentos ambientais. Nesse período citado, alguns recursos, como o
petróleo, a madeira e a água, passaram a ser mais valorizados, em vista do
aumento da população e, portanto, do consumo e de um possível esgotamento
futuro. É importante ressaltar dois fatos ainda ocorridos na cada de 60, que
tiveram grande repercussão na questão ambiental. O primeiro diz respeito à
publicação do livro Silent spring (Primavera silenciosa), de autoria da bióloga
americana Rachel Carson, o qual contribui para a proibição do DDT (dicloro difenil
tricloroetano), causador de grandes danos na cadeia alimentar. O segundo fato
refere-se ao processo de descontaminação do rio Tâmisa, motivado, sobretudo,
pelas mortes acontecidas na década de 50, em virtude das precárias condições do
ar londrino.
Além disso, ocorreram alguns graves acidentes ambientais que alertaram a
humanidade para as conseqüências catastróficas de suas ações à natureza. Nesse
sentido, destaca-se a contaminação na Baía de Minamata, no início dos anos 70, no
Japão. Nela, os despejos das indústrias químicas contendo metais pesados,
contaminaram os peixes que vieram a se incorporar a animais e seres humanos, por
meio de um processo de bioacumulação, provocando desde tonteiras até
deformações físicas e mortes de familiares de pescadores.
Em 1972, aconteceu a Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, em Estocolmo, da qual participaram 113 países. Abreu (2001) destaca
que, naquela ocasião, estavam reunidos representantes dos países mais
industrializados, e estes chegaram à conclusão de que deveria haver mais prudência
no processo de industrialização no mundo. Entretanto, alguns representantes,
incluindo os do Brasil, discordaram dessa recomendação, pois consideravam a
industrialização a melhor alternativa para sair de seu estágio de país periférico,
mesmo que isso significasse degradação ambiental.
Em 1974, foi estabelecida a relação entre os compostos de
clorofluorcarbonos, os CFCs, e a destruição da camada de ozônio. Em 1978, surgiu
na Alemanha o primeiro selo ecológico, Blauer Engel (Anjo Azul), destinado a rotular
produtos que se diferenciavam dos demais devido às suas qualidades ambientais.
Na mesma década de 70, a crise energética do petróleo revelou dois novos
temas que ajudariam muito na proteção do meio ambiente: a racionalização do uso
de energia e a busca de combustíveis de fontes renováveis. Com isso, surge a
necessidade de garantir formas de desenvolvimento que sejam sustentáveis a longo
prazo, caracterizando o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, tão
pronunciado e almejado na contemporaneidade.
Ao longo da década de 80, Morin (2002, p.76) alerta que “os subprodutos de
dejetos das indústrias, bem como a aplicação dos métodos industriais à agricultura,
[...] causam prejuízos [...] generalizados que ameaçam a biosfera”. Por outro lado,
essa mesma década é marcada pela vigência de legislações específicas no que
tange à poluição, que regulamentam a instalação de novas indústrias.
Desenvolveram-se empresas especializadas na elaboração de estudos de impacto
ambiental e de relatórios de impacto ambiental (EIA Rima). Nesse contexto, os
resíduos perigosos passaram a ocupar uma posição de destaque no debate sobre
contaminação ambiental.
Nas décadas de 70 e 80, ocorreram alguns acidentes com sérios impactos
sobre o meio ambiente, tornando-se pertinente mencionar os seguintes (VALLE,
2004):
a) acidente com o petroleiro Exxon Valdez no Alasca: o referido navio
desviou-se de sua rota vindo a chocar-se com blocos de gelo. O vazamento de óleo
não foi combatido com eficiência, acarretando a contaminação de extensas áreas.
Até hoje existem ações judiciais contra a companhia Exxon;
b) acidente em Bhopal na Índia (1984): um vazamento acidental de um
produto intermediário na fabricação de inseticidas de uma fábrica indiana resultou na
morte de 2.500 pessoas;
c) acidente em Seveso, na Itália (1976): o vazamento de dioxina provocou
uma explosão em uma indústria química do grupo Givaudan-La Roche. Não houve
mortes, porém foi necessário um enorme e caro trabalho de descontaminação do
solo;
d) acidente de Chernobyl, na então União Soviética (1986): a explosão de
um reator da usina nuclear de Chernobyl provocou um incêndio e um vazamento de
material radioativo, que contaminou toda a região da Ucrânia e o Norte da Europa.
Até hoje essa região sofre as conseqüências desse desastre;
e) incidente em Love Canal, nos Estados Unidos: um dos canais
abandonados foi utilizado como depósito de tambores com produtos químicos
tóxicos por uma empresa química de plásticos. A seguir, a área foi aterrada e
vendida para o município construir uma escola. Com o passar do tempo, os
tambores foram enferrujando e começou a vazar material contaminado, atingindo
sobretudo as crianças, que passaram a apresentar problemas de saúde. O governo
de New York evacuou a área, além de realocar os moradores. Entretanto, essa
medida corretiva foi tomada tarde demais.
Ainda na década de 80, foi expressiva a preocupação com a substituição de
algumas substâncias e materiais capazes de gerar impactos relevantes ao meio
ambiente. Na Alemanha, em 1987, a indústria de pilhas e baterias instituiu uma
cadeia logística para receber e destinar seus resíduos de forma ambientalmente
adequada.
Essa década também foi marcada pela globalização das preocupações com
as questões ligadas à conservação do meio ambiente. O Protocolo de Montreal,
firmado em 1987 para implementar a Convenção de Viena para a Proteção da
Camada de Ozônio em 1985, proíbe a utilização de produtos químicos contendo
CFCs e estabelece prazos para sua substituição.
O relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
publicado em 1987, com o tulo “Nosso Futuro Comum”, contribuiu para divulgar
mundialmente o conceito de desenvolvimento sustentável: aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades. (VALLE, 2004).
Ainda no que concerne à idéia de desenvolvimento sustentável, Morin (2002,
p.69) estabelece “em dialógica a idéia de desenvolvimento, que comporta aumento
das poluições; e a idéia de meio ambiente, que requer limitação das poluições”. Para
ele, a humanidade enfrenta uma crise do desenvolvimento única na sua História,
cujo cerne do problema está diretamente ligado à problemática cultural e ecológica.
(MORIN, 2002).
Também em 1987, realizou-se a Convenção de Basiléia, na Suíça, que
estabeleceu as regras para a movimentação de resíduos perigosos entre fronteiras
transnacionais. Esse acordo proibiu o envio de resíduos perigosos para países sem
a devida capacidade técnica para tratá-los.
Na cada de 90, houve um grande avanço no que diz respeito à
sensibilização ambiental. O homem percebeu a importância de manter o equilíbrio
ecológico e entendeu que os impactos negativos de um resíduo vão além dos limites
do local onde foi gerado ou onde é disposto. A consciência ecológica propiciou a
tomada de consciência dos problemas e perigos globais que ameaçam o planeta.
(MORIN, 2002).
Diante disso, a expressão qualidade ambiental passou a ser considerada no
cotidiano das pessoas. Muitas empresas e meios de hospedagem passaram a
preocupar-se com o uso racional de matérias-primas, água e energia, além de
demonstrar maior empenho e estímulo no combate ao desperdício, na reutilização e
reciclagem de recursos.
Como um evento importante dessa década, pode-se citar a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de
Janeiro, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco 92. Essa nova
reunião internacional dava continuidade à Conferência de Estocolmo e contou com a
presença de importantes chefes de Estado. Dessa vez, os representantes brasileiros
concordaram e adotaram muitas decisões que ali foram tomadas. (ABREU, 2001).
Além disso, confirmou-se nesse encontro uma maior preocupação com o
meio ambiente, aliada à necessidade de desenvolvimento, tão defendido pelos
países em desenvolvimento. (VALLE, 2004). Assim, a Eco 92 :
Contribui para consolidar o conceito de Desenvolvimento Sustentável e
estabelecer diretrizes para o tratamento do tema ambiental nas próximas
décadas, pela cooperação entre os Estados, os diversos setores da
sociedade e a população de forma geral. (VALLE, 2004, p.31).
Os principais documentos produzidos na Eco 92 foram: Agenda 21,
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e Convenções sobre o
Clima e sobre a Biodiversidade. Todos eles prevendo a dificuldade de mudar
práticas e costumes já arraigados para implementar as novas resoluções.
Conforme constata Morin (2002), tais medidas sinalizam apenas um
começo. Ele ainda reforça que “a deterioração da biosfera continua, a desertificação
e o desmatamento tropical se aceleram, a diversidade biológica decresce. A
degradação continua avançando, mais rápida que a regradação”. (MORIN, 2002,
p.70).
Para enfrentar essa situação, Morin (2002) determina a urgência de um
pensamento ecologizado, auto-eco-organizador, que leve em consideração a
relação de todo sistema vivo, humano ou social a seu ambiente.
A década de 90 presenciou a consolidação de normas internacionais ligadas
à gestão ambiental. A ISO – International Standardization Organization (Organização
Internacional de Padronização) lançou as cinco primeiras normas da série ISO
14000 (ABREU, 2001), consolidando a conservação do meio ambiente e o
desenvolvimento, a partir de bases sustentáveis. Segundo Valle (2004), a questão
ambiental, para as empresas que adotarem tais normas, deixa de ser um tema-
problema para se tornar parte de uma solução maior. Assim, são introduzidos novos
conceitos, como a certificação ambiental, a auditoria ambiental e a gestão ambiental.
Na virada do século, a preocupação com as questões ambientais globais
esteve em destaque com as discussões sobre as mudanças climáticas. Foi firmado
o protocolo de Kyoto, em 1997, durante a Conferência das Partes da Convenção
sobre Mudanças do Clima, em que os países industrializados assumiram o
compromisso de reduzir, até 2012, suas emissões de gases que afetam o
aquecimento global.
Em 2002, em Joanesburgo, África do Sul, foi realizada a Cúpula Mundial
Sobre Desenvolvimento Sustentável, que foi a terceira conferência mundial
promovida pela Organização das Nações Unidas para discutir os desafios
ambientais do planeta. A conferência ficou conhecida como Rio + 10, uma vez que
ocorreu dez anos após a pula da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro. A Rio + 10
produziu dois documentos oficiais, adotados pelos representantes dos 191 países
presentes na conferência: a Declaração Política e o Plano de Implementação. Na
prática, os documentos aprovados em Joanesburgo representam um conjunto de
diretrizes e princípios para as nações, cabendo a cada país transformá-las em leis
nacionais para garantir a sua realização (RIO+10 BRASIL, 2002).
No que tange ao turismo, este pode ser prejudicial em todos os aspectos
ambientais, mas também pode ser uma força positiva em relação ao meio ambiente.
Isso pode ser confirmado na medida em que o turismo, planejado adequadamente,
pode motivar os governos a conservarem o meio ambiente natural, despertar os
turistas quanto às questões ambientais, manter as regiões agrícolas viáveis e
proporcionar novos usos para construções abandonadas nas cidades.
(SWARBROOKE, 2002).
Nesse sentido, cabe destacar que o turismo é mais uma, dentre as
atividades humanas capaz de impactar o meio ambiente; portanto, torna-se
necessário contabilizar a variável ambiental em todas as esferas de seu
planejamento.
Ruschmann (2004), a partir de seu conhecimento e experiência no campo
do turismo, recomenda algumas ações para diminuir os impactos ambientais do
turismo:
a) identificar e minimizar os problemas ambientais originários da operação
dos equipamentos, concentrando as atenções nos novos projetos;
b) cuidar dos impactos ambientais resultantes da arquitetura, do
planejamento, da construção e da operação dos equipamentos turísticos;
c) zelar pela preservação ambiental de áreas protegidas ameaçadas, de
espécies da fauna e da flora, de paisagens;
d) praticar a economia no consumo de energia;
e) reduzir e reciclar o lixo;
f) controlar o consumo de água fresca e o tratamento das servidas;
g) controlar e diminuir a emissão de gases e outros poluentes;
h) controlar, reduzir e eliminar os produtos nocivos ao meio ambiente
natural, tais como inseticidas, pesticidas, corrosivos xicos ou matérias
inflamáveis;
i) considerar os aspectos ambientais como fatores fundamentais na
capacidade de desenvolvimento de destinações turísticas. (RUSCHMANN,
2004, p. 73).
Tais ações ambientais contribuem no sentido de auxiliar os agentes do
turismo na tomada de decisões no planejamento das atividades turísticas.
A relação turismo e meio ambiente é complexa; portanto, merece ser
analisada sob a ótica da interdisciplinaridade. Entretanto, ainda é necessário evoluir-
se no que tange à interface do turismo com as questões ambientais. Apesar de a
relação entre esses dois fenômenos ser conflituosa, parece haver uma tomada de
consciência ambiental por parte dos agentes envolvidos, a qual poderá resultar num
turismo ambientalmente responsável.
2.2 Evolução conceitual do turismo sob a ótica ambiental
O turismo é um fenômeno complexo. Para compreender sua complexidade,
é preciso que o turismo não seja analisado de maneira simplificadora e fragmentada,
em que cada área do conhecimento o examina sob a ótica de sua especialidade.
Para romper com o isolamento disciplinar, Morin (2002, p. 62) sugere “a reunião das
disciplinas [...], ainda separadas e compartimentadas”. Tal reunião requer a
passagem do pensamento redutor ao pensamento complexo.
O turismo é considerado, comumente, uma importante alternativa de renda
para as regiões, consolidando o status de atividade de forte apelo econômico. Dessa
forma, à medida que crescesse, aumentaria a demanda por meios de hospedagem,
restaurantes, entretenimento, serviços de guia, os quais resultariam num aumento
de empregos no setor, gerando e movimentando cifras. Entretanto, Moesch (2000)
adverte:
A posição economicista significa um reducionismo em seu tratamento
epistemológico. Se o turismo for entendido como mera atividade econômica,
sua análise passa a vir recheada de índices estatísticos, projeções de
crescimento, planos e projetos em nível macro e micro, estudos de
demandas, viabilidade econômica de investimento, custo-benefício entre
produção e consumo, limitando-se a uma análise aparente do fenômeno.
(MOESCH, 2000, p. 12).
Por outro lado, não se pretende anular o valor econômico atrelado à
atividade turística. O surgimento e o desenvolvimento da mesma está
intrinsecamente ligado à ascensão capitalista. Tal fato pode ser constatado pelo
próprio caráter economicista de algumas definições de turismo.
Para melhor examinar o conteúdo dessas definições economicistas,
menciona-se a do economista austríaco Hermann Von Schrattenhofen (apud
FUSTER, 1967, p. 26), que, em 1911, conceituou turismo como sendo a
“compreensão de todos os processos, especialmente os econômicos, que se
manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado
município, país ou estado”.
Como é possível notar, a definição apresentada por Von Schrattenhofen
contempla apenas a dimensão econômica do turismo. Diante disso, conforme
considerações de Morin (2002, p. 84), “o turismo é menos a descoberta do outro, a
relação física com o planeta [...]”. Assim, outros aspectos importantes do turismo,
como os ambientais e os socioculturais não são contemplados nessa definição.
Com o intuito de ampliar e conferir novos elementos às definições de
turismo, alguns autores elaboraram novas definições, não mais centradas apenas na
dimensão econômica do turismo. Nessa direção, ressaltam-se as contribuições do
espanhol Fuster, para quem o turismo é:
[...] de um lado, conjunto de turistas; de outro, os fenômenos e relações que
esta massa produz em conseqüência de suas viagens. Turismo é todo o
equipamento receptivo de hotéis, agências de viagens, transportes,
espetáculos, guias-intérpretes, etc., que o núcleo deve habilitar para atender
às correntes turísticas [...]. Turismo é o conjunto das organizações privadas
ou públicas que surgem para fomentar a infra-estrutura e a expansão do
núcleo, as campanhas de propaganda [...]. Também são os efeitos
negativos e positivos que se produzem nas populações receptoras. (1967,
p.28).
É possível identificar, nessa definição, a composição multifacetada do
fenômeno turístico, que compreende a infra-estrutura e os serviços turísticos; o
poder público e a iniciativa privada; os impactos positivos e negativos das atividades
turísticas na comunidade anfitriã. Em consonância com Fuster, Moesch (2002)
sugere a conceituação de De La Torre, a qual também é complexa. Para esse autor,
o turismo é compreendido como
[...] um fenômeno social, que consiste no deslocamento voluntário e
temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentamente por
motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de
residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância
social, econômica e cultural. (DE LA TORRE apud MOESCH, 2000, p.12).
Também é possível verificar, nas palavras do autor, a consideração do
turismo como fenômeno e, portanto, gerador de inter-relações sociais, econômicas e
culturais. Apesar de complexa, essa definição revela uma lacuna no que tange às
dimensões do fenômeno turístico, uma vez que não contempla a dimensão
ambiental do mesmo.
Contudo, a definição aceita como referência mundial é a da Organização
Mundial do Turismo (OMT apud MOESCH, 2000), a qual conceitua turismo como
soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de residência temporário
e voluntário, motivado por razões alheias a negócios ou profissionais. A partir da
análise dessa definição, evidencia-se que a mesma é insuficiente para descrever e
compreender a complexidade e a multidimensionalidade do fenômeno turístico.
Considerando o turismo um fenômeno complexo e identificando uma lacuna
ambiental em suas definições, torna-se importante examinar a expressão turismo
sustentável. Essa expressão passou a ser usada com freqüência a partir da década
de 90 e reconhece a importância da comunidade local e dos benefícios econômicos
do turismo para essa comunidade.
Nesse sentido, cabe ressaltar a definição de turismo sustentável baseada no
Relatório de Brundtland, a qual estabelece “formas de turismo que satisfaçam hoje
as necessidades dos turistas, dos agentes do turismo e das comunidades locais,
sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem suas próprias
necessidades”. (SWARBROOKE, 2002, p. 19).
É pertinente destacar a existência de uma definição de turismo sustentável,
que enfatiza os elementos ambientais, sociais e econômicos do turismo. Assim,
turismo sustentável “significa turismo que é economicamente viável e que não
destrói os recursos dos quais o turismo no futuro dependerá, principalmente o meio
ambiente natural e o lado social da comunidade local”. (SWARBROOKE, 2002, p.
19).
Como sinônimos de turismo sustentável são utilizados freqüentemente os
termos e expressões ecoturismo, turismo ecológico, turismo verde, turismo brando,
entre outros. É preciso reconhecer que uma relação entre estes e o turismo
sustentável, mas que estes não asseguram obrigatoriamente a sustentabilidade
ambiental, econômica e social do fenômeno turístico.
Ainda no que concerne ao turismo sustentável, é importante ressaltar a
existência da norma técnica NIH-54 do Instituto de Hospitalidade (2004), a qual
apresenta os princípios estabelecidos pelo Conselho Brasileiro para o Turismo
Sustentável (CBTS) no Brasil, considerados referência nacional para o turismo
sustentável. Conforme os preceitos de tal norma, a sustentabilidade do turismo está
fundamentada nos seguintes princípios:
Respeitar a legislação vigente:
O turismo deve respeitar a legislação vigente, em todos os níveis, no país, e
as convenções internacionais de que o país é signatário.
Garantir os direitos das populações locais:
O turismo deve buscar e promover mecanismos e ações de
responsabilidade social, ambiental e de eqüidade econômica, inclusive a
defesa dos direitos humanos e de uso da terra, mantendo ou ampliando, a
médio e longo prazos, a dignidade dos trabalhadores e comunidades
envolvidas.
Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade:
Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adotar
práticas de mínimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e
mitigando efetivamente os impactos, de forma a contribuir para a
manutenção das dinâmicas e processos naturais em seus aspectos
paisagísticos, físicos e biológicos, considerando o contexto social e
econômico existente.
Considerar o patrimônio cultural e valores locais:
O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das
regiões, localidades receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado
em harmonia às tradições e valores culturais, colaborando para seu
desenvolvimento.
Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos
turísticos:
O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a
qualificação das pessoas, a geração crescente de trabalho, emprego e
renda e o fomento da capacidade local de desenvolver empreendimentos
turísticos.
Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes:
O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adoção de
padrões de higiene, segurança, informação, educação ambiental e
atendimento estabelecidos, documentos, divulgados e reconhecidos.
Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis:
O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio visando
engajar a responsabilidade social, econômica e ambiental de todos os
integrantes da atividade, incrementando o comprometimento do seu
pessoal, fornecedores e turistas, em assuntos de sustentabilidade desde a
elaboração de sua missão, objetivos, estratégias, metas, planos e
processos de gestão. (INSTITUTO DE HOSPITALIDADE, 2004, p. 9-10).
Examinando a contribuição desses princípios, é possível verificar o
comprometimento dos mesmos com a consideração da legislação vigente; com a
responsabilidade socioambiental do turismo; com práticas preventivas quanto aos
impactos ambientais decorrentes das atividades turísticas; com ações de educação
ambiental; e com o planejamento e a gestão responsáveis do ponto de vista social,
econômico e ambiental dos empreendimentos turísticos.
Ainda no que tange à responsabilidade do turismo frente ao meio ambiente e
à sociedade, Krippendorf (2003, p.173) manifesta que “gostaria que todos os
prestadores de serviços da área turística assumissem plenamente suas
responsabilidades em relação aos turistas, às populações locais e ao meio
ambiente”. O turismo, ao assumir sua responsabilidade socioambiental, estará
contribuindo para sua sustentabilidade e humanização.
2.3 Requisitos ambientais para o turismo sustentável
Ao comparar um empreendimento turístico a um sistema, que apresenta
entradas e saídas, é possível estabelecer como entradas de um empreendimento a
água, a energia e as matérias-primas, as quais, ao passarem por um processo de
transformação, geram produtos e serviços turísticos (saídas). Entretanto, como
resultado desse processo, tem-se também outros produtos, tais como resíduos
sólidos, emissões atmosféricas e águas residuárias (esgoto).
Com o intuito de orientar os empreendimentos turísticos a tomarem decisões
ambientalmente corretas no planejamento de suas atividades, o Instituto de
Hospitalidade, mediante a norma NIH-54, estabelece alguns requisitos ambientais
para o turismo sustentável. (INSTITUTO DE HOSPITALIDADE, 2004). Dentre eles,
optou-se, em função dos objetivos estabelecidos na pesquisa, por destacar os
relacionados a resíduos sólidos, água residuária, eficiência energética e gestão da
água.
No que tange a resíduos sólidos, a NIH-54 preconiza o planejamento e a
implementação de medidas para reduzir, reutilizar ou reciclar os resíduos sólidos do
empreendimento.
No que diz respeito às águas residuárias, a referida norma estabelece que o
empreendimento deve planejar e implementar medidas para minimizar os impactos
causados pelos efluentes líquidos ao meio ambiente e à saúde pública.
No que tange à eficiência energética, o empreendimento deve planejar e
implementar ações para minimizar o consumo de energia, bem como informar aos
clientes o comprometimento do empreendimento com a economia da energia,
estimulando o envolvimento dos mesmos.
No que concerne à gestão do uso de água, o empreendimento deve planejar
e implementar medidas para minimizar o consumo de água e garantir que seu uso
não prejudique o abastecimento das comunidades locais, da flora, da fauna e dos
mananciais.
Considerando os empreendimentos turísticos sistemas e examinando tais
princípios, torna-se importante que os mesmos contabilizem no planejamento o
consumo de insumos (água e energia) e a geração de todos os produtos resultantes
de suas atividades, no sentido de demonstrarem sua responsabilidade ambiental
frente à sociedade.
2.4 Sistema de gestão ambiental
Por gestão ambiental entende-se “a parte do sistema de gestão global que
inclui estrutura organizacional, atividade de planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar,
atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental”. (ABNT, 2004a).
Entre outras palavras, a gestão ambiental é parte integrante das ações
definidas pela gestão global, e seus objetivos são determinados em função da
política e das metas ambientais definidas pela organização.
Para concretizar a inserção do conceito de gestão ambiental nas atividades
turísticas, é preciso compreender o fenômeno ambiental, conhecer as normas
técnicas ambientais específicas e o procedimento de implantação de um sistema de
gestão ambiental, assim como examinar as relações estabelecidas entre o
empreendimento turístico e o meio ambiente.
Para Valle (2004), a gestão ambiental refere-se a um conjunto de medidas e
procedimentos definidos que, se bem-aplicados, permitem reduzir e controlar os
impactos causados por um empreendimento sobre o meio ambiente. Nesse sentido,
é importante destacar que a eficiência da gestão ambiental está diretamente
relacionada à consideração da mesma nas diversas etapas do planejamento do
empreendimento, desde sua fase de concepção até seu funcionamento.
De acordo com Abreu (2001), a série ISO 14000 engloba a norma
ambiental ISO 14001, que estabelece as diretrizes necessárias para uma
organização ou empreendimento implantar um sistema de gestão ambiental (SGA).
Tais normas, conforme destaca Barbieri (2004), foram traduzidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e podem ser adquiridas por uma empresa
por intermédio dessa mesma associação.
Por sistema entende-se “um conjunto de partes inter-relacionadas”.
(BARBIERI, 2004, p.137). A NBR ISO 14001 define sistema de gestão ambiental
como “a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada para
desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos
ambientais”. (ABNT, 2004a).
Examinando os conceitos de gestão ambiental e a definição de sistema de
gestão ambiental, é possível estabelecer a contribuição dos mesmos para o
planejamento ambiental dos empreendimentos. Entretanto, cabe destacar que ações
isoladas e esporádicas não caracterizam atividades de um sistema de gestão
ambiental, conforme preconiza a norma ISO 14001. É necessário, além da
formalização e do estabelecimento do sistema de gestão ambiental, que todos os
agentes envolvidos no empreendimento assumam sua responsabilidade ambiental
frente ao exercício das ações definidas na política ambiental do mesmo.
Conforme a ISO 14001, o sistema de gestão ambiental proporciona à
empresa, organização ou ao empreendimento que:
a)estabeleça uma política ambiental apropriada;
b)identifique os aspectos ambientais decorrentes de atividades passadas,
existentes ou planejadas da organização, produtos e serviços, para
determinar os impactos ambientais significativos;
c)identifique os requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos
pela organização;
d)identifique prioridades e estabeleça objetivos e metas ambientais
apropriadas;
e)estabeleça uma estrutura e programas para implementar a política e
atingir objetivos e metas;
f)facilite as atividades de planejamento, controle, monitoramento, ação
preventiva e corretiva, auditoria e análise, de forma a assegurar que a
política ambiental seja obedecida e que o SGA permaneça apropriado;
g)seja capaz de adaptar-se à mudança de circunstâncias. (ABNT, 2004a).
Diante de tais benefícios, é oportuno destacar as etapas necessárias à
implantação de um sistema de gestão ambiental, conforme recomenda a ISO
14001. Segundo essa norma, para implantar um sistema de gestão ambiental é
necessário atender a cinco etapas que compõem o ciclo do PDCA (planejar,
executar, verificar e agir). Antes de colocá-las em prática, Abreu (2001) recomenda a
realização de uma análise crítica por parte da empresa, com o propósito de
identificar o estágio em que ela se encontra, no que diz respeito ao controle de seus
impactos ambientais.
As etapas integrantes do ciclo do PDCA são as seguintes:
1 Definição da política ambiental
A gestão ambiental requer, como premissa básica, o comprometimento dos
altos escalões da organização, em definir uma política ambiental objetiva e clara,
capaz de conduzir as atividades da organização de forma a reduzir seus impactos
no meio ambiente.
Segundo a NBR ISO 14001, a política ambiental pode ser definida como
“intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho
ambiental conforme formalmente expresso pela alta administração”. (ABNT, 2004a).
Como é possível constatar, a política ambiental de uma empresa expressa
seu respeito ao meio ambiente e sua responsabilidade perante a solução adequada
de problemas ambientais.
Nas palavras de Valle, a política ambiental da organização:
[...] deve expressar, por conseguinte, um compromisso ambiental formal,
assumido perante a sociedade, definindo suas intenções e princípios com
relação a seu desempenho ambiental. Deve incluir o compromisso com a
melhoria contínua, a prevenção da poluição e o atendimento à legislação e
às normas ambientais aplicáveis. A política ambiental da organização deve
ser de conhecimento de todos os seus colaboradores e deve também estar
disponível para o público. (2004, p. 70).
Barbieri complementa, no que tange à política ambiental sugerindo que as
empresas devem esforçar-se para:
a) melhorar a eficiência energética e a reciclabilidade dos produtos;
b) incorporar o conceito de prevenção em todos os processos e atividades;
c) implantar e manter processos de gerenciamento de resíduos sólidos;
d) cooperar com fornecedores, transportadores e empreiteiros para que eles
também consigam melhorar o seu desempenho ambiental;
e) promover o desenvolvimento profissional e social dos funcionários e a
consciência ambiental;
f) manter os clientes informados com respeito ao desempenho ambiental;
g) implantar e executar a presente política ambiental com a participação de
todos os funcionários, acionistas e dirigentes. (2004, p.186).
Nesse sentido, é possível observar o comprometimento da política ambiental
com: o gerenciamento de resíduos sólidos; com a eficiência energética; com a
educação ambiental; com o princípio da prevenção, e com a responsabilidade
solidária entre os agentes envolvidos nos processos do empreendimento. Além
disso, a política ambiental não deve ser vista apenas como uma formalidade da
norma a ser atendida, mas também como um diferencial competitivo da organização
que, além de estar cumprindo a lei, estará colaborando para a preservação
ambiental, construindo assim uma imagem responsável e competitiva perante a
sociedade.
2 Planejamento
De acordo com Abreu (2001, p. 81), a fase do planejamento é o cerne do
processo de implantação do sistema de gestão ambiental, pois este está relacionado
ao plano de gestão ambiental, que deve ser definido nesse momento.
Nessa etapa, as prioridades e metas a serem alcançadas devem ser
definidas, assim como devem ser levantados os aspectos ambientais da
organização e os requisitos legais aos quais ela está submetida. Também são
definidos nessa fase os programas de gestão ambiental a serem implantados.
(VALLE, 2004).
3 Implementação e operação
Nessa fase, o plano de gestão ambiental, previamente definido, deverá ser
posto em prática. Esse é o momento de definir as responsabilidades, treinar e
sensibilizar os agentes envolvidos para as questões ambientais, mediante a
realização de programas de treinamento e de educação ambiental.
Também é a fase de assegurar a criação de mecanismos adequados de
comunicação entre todos os setores e pessoas interessadas, bem como manter o
controle da documentação e garantir a preparação e o atendimento de emergências.
(VALLE, 2004).
4 Verificação e ação corretiva
A fase da verificação monitora a conformidade das atividades realizadas
com o que foi planejado e com as exigências da Norma ISO 14001. Para tanto,
são realizadas auditorias internas, com o objetivo de demonstrar a eficiência ou não
do sistema de gestão ambiental no cumprimento dos seus requisitos e do
desempenho ambiental planejado. (ABREU, 2001).
5 Análise crítica do sistema de gestão ambiental (SGA) pela Administração
A análise crítica do SGA pela administração busca identificar, no relatório
final contendo as recomendações, as áreas que precisam ser aperfeiçoadas e
assegurar a adequação e eficácia contínuas do sistema de gestão ambiental
implantado. Isso significa que pode haver alterações na política ambiental e em
outros elementos do SGA, para que o compromisso com a melhoria contínua no
desempenho ambiental da empresa seja garantido. (VALLE, 2004).
De acordo com Abreu (2001, p. 78), a implantação de um sistema de gestão
ambiental e a conseqüente obtenção da certificação ambiental, nos moldes da ISO –
14001, indica que a empresa recebeu um comprovante que atesta aos seus clientes
e demais interessados que a mesma está atuando no sentido de melhorar
continuamente seu desempenho ambiental. Entretanto, é importante destacar, como
a própria autora comenta, que isso não significa que a empresa tenha resolvido
todos os seus problemas ambientais, visto que a referida norma preconiza a
melhoria contínua.
Tal constatação vale igualmente para o turismo. No momento em que um
empreendimento turístico completa todas as etapas necessárias à implantação do
sistema de gestão ambiental e, em decorrência disso, recebe a certificação
ambiental ISO 14001, não significa que não tenha mais que se preocupar com o
meio ambiente. Significa que a preocupação com a qualidade ambiental será
contínua e que, em função disso, a organização estará exercendo sua
responsabilidade socioambiental com a sociedade.
2.5 Gerenciamento de resíduos sólidos
Ao considerar a variável ambiental nos estudos turísticos, é possível
estabelecer relações importantes entre os empreendimentos turísticos e o fenômeno
ambiental. Nesses estudos, é possível perceber tais relações, assim como a
relevância da gestão ambiental para o planejamento do turismo.
Alguns autores destacam-se por suas publicações voltadas ao gerenciamento de
resíduos sólidos na hotelaria. De Conto (2005a, 2004a, 2001), De Conto et al. (2006,
2005), Bonatto (2003), Bonatto e De Conto (2004), Cesa (2003), Cesa e De Conto
(2004) e Ferrari (2006) apresentam pesquisas e estudos na hotelaria, contemplando
o gerenciamento de resíduos sólidos em meios de hospedagem.
Diante disso, torna-se oportuno mencionar a relação existente entre os
fenômenos resíduos sólidos e eventos turísticos. De Conto comenta tal relação:
Resíduos sólidos e líquidos gerados nos eventos turísticos são produtos
resultantes das atividades desenvolvidas em seu planejamento, implantação
e operação. Independente das características do evento, a geração de
resíduos é inevitável, o que demanda contabilizá-los ainda na concepção do
mesmo. Contabilizar os custos relacionados aos resíduos gerados significa
prever despesas com as etapas inerentes ao gerenciamento integrado dos
resíduos (prognóstico e diagnóstico da geração, acondicionamento,
estocagem, armazenamento, coleta, tratamento e disposição final). (2004a,
p. 3).
Diante das contribuições de De Conto (2004a), constata-se a importância de
contabilizar a geração de resíduos sólidos no planejamento de eventos. Entretanto,
é pertinente ressaltar que os resíduos gerados nas fases de montagem, realização e
“desmontagem” do evento devem ser considerados ainda no planejamento do
mesmo. Além da geração, devem ser contabilizados também os investimentos e
gastos nos processos de separação, coleta, armazenamento, reaproveitamento,
tratamento e disposição final dos resíduos sólidos gerados no evento.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mediante a NBR
10004, define resíduos sólidos da seguinte forma:
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou de corpos d´água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT,
2004b).
Também é possível encontrar, na tese de Mandelli (1997), diversos autores
que conceituam a expressão resíduos sólidos. Observa-se nessas definições a
dificuldade de determinar o significado de tal expressão. Nesse sentido, Mandelli
formula um conceito, ainda que preliminar, segundo a própria autora, que sustenta
que resíduo sólido “é o produto descartado pelo homem resultante de sua atividade
diária em sociedade”. (1997, p. 24). Ao examinar essa definição, é possível verificar
que a autora estabelece o termo produto como sinônimo para a expressão resíduo
sólido. Isso significa atribuir à sociedade civil sua responsabilidade pós-consumo, no
sentido de comprometê-la a exercer condutas ambientais adequadas quanto aos
produtos diariamente por ela descartados, os quais são comumente chamados de
resíduos sólidos.
Ao analisar algumas soluções técnicas empregadas na gestão de resíduos
sólidos, cabe destacar as contribuições de Valle (2004), que propõe a adoção de
uma seqüência lógica e ideal de prioridades no gerenciamento de resíduos:
1º) prevenir a geração: abordagem preventiva, que adota tecnologias limpas
e substitui insumos;
2º) reduzir a geração: abordagem preventiva, que visa a diminuir o volume e
o impacto causado pelos resíduos;
3º) reaproveitar: abordagem corretiva, que traz de volta ao ciclo produtivo
substâncias extraídas dos resíduos;
4º) tratar: abordagem técnica, que neutraliza os efeitos nocivos dos
resíduos;
5º) dispor: abordagem passiva, que mantém sob controle os efeitos dos
resíduos.
A alternativa mais lógica, ainda no entendimento desse autor, a ser adotada
é a que se propõe a reciclar, reusar, reduzir ou até eliminar a geração dos resíduos,
contribuindo para a solução efetiva do problema (VALLE, 2004). Nesse sentido,
também acrescenta o referido autor, que foi criado o conceito dos 4 Rs: repensar,
reduzir, reutilizar e reciclar.
Entretanto, é importante destacar que ainda são poucos os estudos
científicos que contemplam a prevenção da geração de resíduos sólidos. Nesse
contexto, cabe ressaltar as contribuições de De Conto, Belladona e Della Giustina
(2005), que, ao examinarem artigos publicados sobre o tema resíduos sólidos, nos
anais do 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental,
constataram que 100% dos trabalhos apresentados relacionam-se a medidas
corretivas. Portanto, nenhum dos trabalhos apresentados contemplou o princípio da
prevenção da geração de resíduos, confirmando a inexpressividade de estudos
voltados a esse princípio.
2.6 Legislação ambiental federal, estadual e municipal
Ao estudar as relações estabelecidas entre os fenômenos turístico e
ambiental, torna-se importante considerar a legislação ambiental em âmbito federal,
estadual e municipal vigente. Todo empreendimento, evento, produto ou serviço do
turismo deve estar em conformidade com a legislação ambiental, assegurando
assim seu compromisso ético para as questões ambientais.
Na década de 70, Valle (2004) destaca que ainda não havia no Brasil uma
legislação específica que tratasse o fenômeno ambiental. Conforme esse mesmo
autor, as normas e os regulamentos que existiam examinavam a saúde pública, a
proteção à flora e à fauna, a segurança e a higiene industrial.
Somente em 1981, foi criada a Lei Federal 6.938, que institui a Política
Nacional do Meio Ambiente. (BRASIL, 1981). De acordo com essa lei, o meio
ambiente é definido como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas”. (BRASIL, 1981).
Ainda no que concerne à Política Nacional do Meio Ambiente, esta
estabelece, segundo Valle (2004), o arcabouço do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama), além de reorganizar o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama).
Como objetivos da referida política, destacam-se: “a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País,
condições ao desenvolvimento cioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. (BRASIL, 1981).
Além disso, o art. 225 do Capítulo VI, do Meio Ambiente, da Constituição
Federal afirma:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988).
Conforme tal artigo, pode-se perceber que o turismo possui sua parcela de
responsabilidade perante o meio ambiente e à sociedade. Cabe destacar que o
turismo pode constituir uma atividade nociva ao meio ambiente em todos os
aspectos. Entretanto, planejado adequadamente, pode “salvaguardar os recursos,
[...] evitando sua exploração excessiva” bem como “manter intacto um patrimônio
paisagístico, biológico, cultural, estético e transmiti-lo às gerações futuras”.
(MINISTÈRE DE L´ENVIRONNEMENT/MIN. TOURISME, 1992, p.147 apud
RUSCHMANN, 2004, p.136-137). É nesse sentido que o turismo pode converter-se
em algo benéfico ao meio ambiente, pois pode promover a proteção e preservação
ambiental, assegurando um meio ambiente equilibrado às presentes e futuras
gerações.
Nesse contexto, cabe ressaltar que a educação ambiental desempenha um
papel fundamental para a sensibilização dos agentes do turismo face às questões
ambientais. Em 1999 foi sancionada a Lei 9.795, que institui a Política Nacional de
Educação Ambiental, cujos princípios básicos são:
a) o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
b) a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o
enfoque da sustentabilidade;
c) o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da
inter, multi e transdisciplinaridade;
d) a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
e) a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
f) a permanente avaliação crítica do processo educativo;
g) a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,
nacionais e globais;
h) o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural. (BRASIL, 1999).
Conforme essa mesma lei federal, a educação ambiental pode ser entendida
como:
os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL,
1999).
Conforme a análise dos princípios básicos mencionados e da própria
definição de educação ambiental, o turismo pode promover a realização de ações de
educação ambiental, visto que o mesmo é capaz de integrar diferentes aspectos
ambientais, culturais, sociais, econômicos, revelando, assim, seu caráter pluri e
interdisciplinar em favor da preservação ambiental.
Ainda em relação à legislação ambiental federal, cabe destacar a
inexistência de uma política nacional de resíduos sólidos. O Estado do Rio Grande
do Sul, por sua vez, possui uma legislação referente ao assunto bastante avançada.
Destaca-se, como exemplo, o Decreto 38.356, de 1998, que aprova o Regulamento
da Lei 9.921, de 1993, que dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos no estado.
(RIO GRANDE DO SUL, 1998).
Também convém salientar, nesse contexto, a existência do Decreto 23.082,
de 1974, instituidor da Política Estadual de Proteção Ambiental, o qual organiza, sob
a forma de sistema, as atividades de proteção do Meio Ambiente assim como
confere outras providências. (RIO GRANDE DO SUL, 1974).
O município de Caxias do Sul, foco do estudo proposto, em termos de
legislação ambiental, possui a Lei Complementar 111, de 2000, que dispõe sobre a
Política Municipal do Meio Ambiente e outras providências. (CAXIAS DO SUL,
2000a). A cidade também apresenta a Lei 5.401, de 2000, que dispõe sobre a
criação e implantação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(Comdema), de cujas competências destacam-se as seguintes: propor diretrizes e
políticas públicas municipais quanto ao meio ambiente; colaborar e estimular
campanhas ambientais de conscientização da população, cursos, seminários,
palestras, simpósios e conferências sobre temas ambientais de interesse local;
contribuir e acompanhar os programas de educação ambiental existentes no
município, entre outros. (CAXIAS DO SUL, 2000b).
Além dessas leis, é possível encontrar, no endereço eletrônico da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente outras leis referentes à criação do serviço autônomo de
água e esgoto, ao descarte e gerenciamento adequado de resíduos perigosos
(pilhas, lâmpadas, baterias), à criação do fundo municipal do meio ambiente, entre
outras.
No que tange à aplicação da legislação sobre as questões ambientais,
alguns princípios que servem de referência à aplicação da mesma. Segundo Valle,
são eles:
a) princípio da precaução: diz respeito à existência de alguma dúvida
científica quanto aos riscos provocados por uma atividade, empreendimento
ou produto. Neste caso, devem ser tomadas medidas a fim de evitar a
concretização de tais riscos.
b) princípio da prevenção: refere-se a limitar ao máximo a nocividade de um
resíduo, evitando sua geração ou reduzindo sua quantidade, de maneira a
evitar danos irreversíveis ao meio ambiente.
c) princípio da informação: ressalta que cada indivíduo deve ter acesso às
informações relativas ao meio ambiente.
d) princípio do usuário-pagador: destaca que os preços dos produtos e
serviços devem cobrir os custos dos recursos naturais utilizados em sua
produção. (2004, p. 79 – 80).
Tais princípios, ao serem examinados no contexto do planejamento de
empreendimentos turísticos, colaboram de forma decisiva na prevenção e
minimização dos impactos ambientais decorrentes de suas atividades. Além disso,
cabe ressaltar a contribuição do princípio da informação, no que tange ao
planejamento de ações de educação ambiental para os agentes envolvidos no
processo turístico. Por isso, a importância de contabilizar a variável ambiental à luz
da legislação vigente nas diversas etapas do planejamento turístico.
De Conto (2005a) sinaliza para a importância de examinar a variável
comportamental nos diversos estudos. Segundo a autora, é preciso que os agentes
do turismo transformem informação ambiental em conduta. Isso significa dizer que
tais agentes, de posse da informação sobre a legislação ambiental, deveriam
exercê-la na forma de ações no seu cotidiano profissional.
Ruschmann colabora nesse sentido, ao refletir:
Trata-se da mudança de um estado de espírito, uma mudança de conceitos
que supera uma oposição que ocorre facilmente entre um turismo predador
e a proteção de um meio que necessita ser preservado. Para conseguir
proteger a autenticidade e a originalidade dos recursos naturais e culturais
das localidades que as transformam em destinações turísticas, a única
forma que se apresenta com algumas chances de êxito é uma legislação
imperativa e, preferencialmente, preventiva. (2004, p. 69).
Percebe-se claramente no discurso da autora a necessidade de uma
mudança comportamental por parte dos agentes envolvidos no turismo. Além disso,
ela também destaca a importância de uma legislação atuante e preventiva na
preservação dos recursos naturais das destinações turísticas.
Em síntese, parafraseando De Conto (2004b), é importante ressaltar que
todos os agentes envolvidos no processo turístico devem ter sua parcela de
responsabilidade ambiental. Portanto, todos os que planejam, implantam o turismo
devem conhecer e respeitar a legislação ambiental vigente, bem como aqueles que
o usufruem.
3 MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
O presente estudo classifica-se como descritivo, uma vez que estuda as
relações estabelecidas entre duas ou mais variáveis de um determinado fenômeno,
sem manipulá-las. (KÖCHE, 2004). Além de caracterizar-se como descritiva, a
investigação apresenta corte quantitativo e qualitativo, pois compreende dados
estatísticos e informações subjetivas apreendidas do fenômeno estudado. Para
Minayo, o conjunto de dados quantitativos e qualitativos não se excluem, ao
contrário, “se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage
dinamicamente [...]” (MINAYO, 2003, p. 22).
A técnica empregada na realização da pesquisa foi a entrevista que “é o
procedimento mais usual no trabalho de campo”. (CRUZ NETO, 2003, p. 57). Ainda,
conforme o autor, a entrevista permite ao pesquisador obter informações contidas
nas falas dos sujeitos (CRUZ NETO, 2003). Ainda no que tange à entrevista,
Dencker (2003, p.137) reflete que a mesma “[...] é uma comunicação verbal entre
duas ou mais pessoas, com grau de estruturação previamente definido, cuja
finalidade é a obtenção de informações de pesquisa [...]”. Com relação ao tipo de
entrevista, ressalta-se que foi adotada a entrevista estruturada com perguntas
previamente formuladas. (DENCKER, 2003).
Outro procedimento técnico adotado foi o estudo de caso, que permite um
conhecimento em profundidade dos processos e das relações sociais. (DENCKER,
2003). Segundo essa autora, o estudo de caso pode envolver observação de
ocorrência de fatos, entrevistas estruturadas e não-estruturadas ou qualquer outra
técnica de pesquisa. Ainda conforme a autora, o objeto de estudo pode ser um
indivíduo, um grupo, uma organização, uma situação. No caso desta pesquisa, o
estudo de caso trata de um acontecimento em particular, a Festa Nacional da Uva
2006.
Por fim, utilizou-se também a técnica de observação participante,
caracterizada pelo “contato direto do pesquisador com o fenômeno observado, para
obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos”.
(CRUZ NETO, 2003, p. 59). Cruz Neto (2003) estabelece que essa técnica é
importante porque permite captar uma variedade de situações que não poderiam ser
obtidas por meio de perguntas, uma vez que são coletadas diretamente da própria
realidade.
3.1 Características do município de Caxias do Sul – RS
A coleta dos dados necessários para a construção de respostas à pergunta
de pesquisa ocorreu no município de Caxias do Sul, no interior do Estado do Rio
Grande do Sul. O referido município localiza-se na Encosta Superior do Nordeste do
Rio Grande do Sul, parte na extremidade leste da microrregião vitivinícola e parte no
planalto dos Campos de Cima da Serra.
O município de Caxias do Sul apresenta uma área territorial de 1.588,4 km²
de extensão, uma altitude que varia entre 760 e 800 metros acima do nível do mar e
clima subtropical de altitude. (CAXIAS DO SUL, 2005).
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2005), a população estimada em 2005 no município foi de 404.187 habitantes, e sua
origem está em um núcleo de colonização italiana instalado em 1875, considerado o
primeiro pólo econômico do interior do estado.
A economia de Caxias do Sul baseia-se nas atividades provenientes da
indústria, do comércio, de serviços e da agricultura. A indústria constitui a principal
atividade econômica, destacando-se o setor mecânico, têxtil/confecções,
madeireiro/imobiliário e químico. (CAXIAS DO SUL, 2005).
No que diz respeito ao turismo, Caxias do Sul é conhecida por fazer parte do
Roteiro da Uva e do Vinho, além de apresentar seus atrativos turísticos distribuídos
em seis outros roteiros:
a) Trilhas Urbanas;
b) Vale das Colônias;
c) Roteiro Turístico Estrada do Imigrante;
d) Ana Rech um Encanto de Vila;
e) Criúva: o lado campeiro de Caxias do Sul;
f) Vale Trentino.
No que tange ao saneamento básico, o abastecimento público de água de
Caxias do Sul depende diretamente de seus mananciais hídricos superficiais, visto
que 98% da captação de água é feita pelo represamento de arroios de baixa vazão.
(CAXIAS DO SUL, 2006b). Em relação aos resíduos sólidos, no município existem
dois sistemas de coleta dos resíduos domiciliares, sendo realizada a separação
destes na fonte geradora. O serviço de coleta implantado é realizado mediante
coleta comum e coleta seletiva, sendo que os resíduos provenientes desta última
são encaminhados para as associações de recicladores do município. Os demais
resíduos são dirigidos para o Aterro Sanitário de São Giácomo.
Ressalta-se, ainda, em Caxias do Sul, a presença da Universidade de
Caxias do Sul, uma universidade regional que possui 40 cursos de graduação,
38.271 alunos, dez programas de pós-graduação stricto sensu (UNIVERSIDADE DE
CAXIAS DO SUL, 2006), incluindo o Programa de Mestrado em Turismo, que
apresenta um núcleo de professores e alunos que dedica-se a atividades de ensino,
pesquisa e extensão, voltadas às questões turísticas e ambientais da região. Na
área ambiental, também, destaca-se o Instituto de Saneamento Ambiental (Isan) que
desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão, relacionadas aos resíduos
sólidos, às águas residuárias, ao comportamento de agentes turísticos, em relação
ao manejo de resíduos sólidos, no âmbito da hotelaria, e ao gerenciamento
integrado de resíduos sólidos aplicado a um município turístico da Serra Gaúcha.
3.2 Critério para escolha da Festa Nacional da Uva 2006
A escolha da Festa Nacional da Uva 2006 ocorreu em função do seguinte
critério: ser o principal evento turístico de Caxias do Sul e um dos mais importantes
do Estado do Rio Grande do Sul e do País.
3.3 Características da Festa Nacional da Uva
A Festa Nacional da Uva representa o principal evento turístico de Caxias do
Sul. É realizada a cada dois anos, entre os meses de fevereiro e março, com uma
duração média de 17 dias. Em cada edição, a Festa da Uva reúne milhares de
visitantes, entre eles cidadãos caxienses e turistas.
A história da Festa da Uva mescla-se com a própria história da cidade de
Caxias do Sul, que a Festa é marcada pelos costumes e pelas tradições da
Região da Uva e do Vinho, caracterizada pela forte presença de descendentes de
italianos. (SANTOS, 2003).
foram realizadas 26 edições da Festa da Uva até o ano de 2006, sendo
que a edição ocorrida entre os dias 17 de fevereiro e 5 de março de 2006 constitui o
objeto de estudo da presente pesquisa. Santos (2003) revela que, nas edições de
2002 e 2004, os organizadores optaram por intensificar o caráter festivo do evento,
oferecendo mais entretenimento e lazer. Em face disso, o artesanato, a gastronomia
e as atrações culturais e artísticas receberam maior destaque, resgatando, assim, o
sentido original do termo Festa.
Em sua obra, Festa & identidade, Ribeiro (2002) reflete que a Festa da Uva,
em seus rituais e representações, permite construir e oferecer conhecimentos que
vão do conhecimento do senso comum ao conhecimento científico e tecnológico.
Nesse sentido, no âmbito de eventos turísticos, como o caso da Festa da Uva, é
possível desenvolver práticas ligadas à produção de conhecimento científico.
Ainda conforme a autora, fica evidente que a Festa da Uva representa um
importante instrumento de educação. (RIBEIRO, 2002). Assim, compete a cada
pesquisador construir, à luz de seu aporte teórico, sua metodologia de educar por
meio da Festa. A Festa da Uva pode relacionar as variáveis turismo, educação e
meio ambiente, convertendo-se em um instrumento de educação ambiental para
todos os agentes envolvidos no processo turístico: turistas, comunidade local,
expositores, patrocinadores, organizadores, colaboradores, entre outros.
3.4 Realização da observação direta na Festa Nacional da Uva 2006
Foram realizadas visitas em dois momentos distintos (dias 25 de fevereiro e
5 de março de 2006), nos quais foram observados os expositores, os produtos
expostos, a folheteria disponível, os sanitários, os contêineres de resíduos sólidos, o
espaço para degustação de uvas, a praça de alimentação, os meios de
comunicação presentes, as “Réplicas de Caxias do Sul” e os demais espaços de
circulação das pessoas. Os resultados obtidos com a realização da observação
direta permitiram estabelecer relações com as respostas dadas pelos sujeitos. Tais
relações são demonstradas com mais detalhes nos próximos capítulos do presente
estudo.
3.5 Critérios para a escolha dos sujeitos
Os sujeitos participantes da pesquisa foram escolhidos em função de
ocuparem os cargos de presidente, vice-presidente e diretores das comissões
organizadoras da Festa Nacional da Uva 2006.
A estrutura hierárquica de organização da Festa da Uva é composta pelo
presidente, por dois vice-presidentes e por 17 diretores das seguintes comissões: a)
finanças; b) administração; c) secretaria; d) relações comunitárias; e) agricultura; f)
alimentação; g) desfiles; h) esportes; i) social; j) feiras e exposições; l) cultura; m)
hospitalidade; n) infra-estrutura; o) marketing; e p) olimpíadas. Vale lembrar que uma
das comissões da Festa possui três diretores, por isso definiu-se o número de 17
diretores de comissões organizadoras.
3.6 Sujeitos
Os sujeitos escolhidos para a realização da entrevista foram o presidente, os
dois vice-presidentes e os diretores das 15 comissões organizadoras da Festa
Nacional da Uva 2006. Cabe destacar que uma das comissões organizadoras
apresentava três diretores; portanto, os três foram entrevistados. Também é
necessário ressaltar que um dos sujeitos, diretor de uma das comissões, não
participou da entrevista, pois não dispunha de tempo para responder à mesma.
Assim, definiu-se como número de amostra 20 sujeitos, os quais referem-se
a um presidente, dois vice-presidentes e 17 diretores de comissões organizadoras.
Ao todo foram entrevistados 19 sujeitos. As características dos sujeitos, tais como
nome, idade, gênero, grau de escolaridade, profissão, ocupação atual, endereço
eletrônico, comissão que pertencia e atribuições da comissão fizeram parte dos
dados de identificação. O quadro contendo as características dos sujeitos encontra-
se em apêndice (Apêndice A).
3.7 Instrumento de coleta de dados
3.7.1 Procedimento para elaboração do roteiro de entrevista
O roteiro de entrevista (Apêndice B) foi elaborado com base no referencial
teórico consultado sobre turismo e gestão ambiental, atendendo aos objetivos
estabelecidos neste estudo.
As perguntas que compõem o roteiro de entrevista relacionam-se: a) às
práticas ambientais; b) aos resíduos sólidos; c) à divulgação da Festa; d) aos
expositores e patrocinadores; e) aos desfiles; f) às olimpíadas coloniais; g) à água;
h) à energia; i) à água residuária (esgoto). Também integram o roteiro de entrevista
perguntas relativas aos dados de identificação dos sujeitos (nome, idade, gênero,
grau de escolaridade, profissão, ocupação atual, endereço eletrônico, comissão a
que pertencia e atribuição da comissão).
3.7.2 Procedimento para testar o roteiro de entrevista
Foram realizados três testes do roteiro de entrevista, com três ex-diretores
de comissões organizadoras da Festa da Uva, os quais não fizeram parte da
amostra definida para a presente pesquisa. Os resultados apontados pelos testes
permitiram realizar alguns ajustes no instrumento de entrevista, a fim de torná-lo
mais claro aos sujeitos entrevistados.
3.7.3 Instrumento de registro das entrevistas
Para a coleta de informações com os sujeitos, foi utilizado um roteiro de
entrevista (Apêndice B), canetas esferográficas e folhas de papel sulfite extras para
registro de informações. As respostas dadas pelos sujeitos foram registradas no
próprio instrumento de entrevista, sendo este colocado em pasta específica para
cada sujeito entrevistado.
3.7.4 Procedimento para contato com os sujeitos e para estabelecer a ocasião
de realização das entrevistas
O contato inicial foi feito por telefone com o presidente da Festa da Uva
2006. Nessa ocasião, foi agendada a primeira entrevista, que foi realizada com o
próprio presidente, a qual contou, antes de ser iniciada, com as apresentações
pessoais e com a apresentação da proposta de investigação.
Para agendar as demais entrevistas, foi realizado contato por telefone com o
diretor de cada comissão. Nesse momento foram apresentados os objetivos da
pesquisa e foi agendado o dia e o horário para a realização da entrevista,
priorizando a disponibilidade de data e horário do entrevistado. Também foi
esclarecida na ocasião a importância da contribuição prestada pelo entrevistado na
pesquisa e que o conhecimento das respostas da entrevista seria utilizado somente
para fins da pesquisa.
3.7.5 Procedimento para a realização das entrevistas
A entrevista iniciou com os cumprimentos e as apresentações. Logo a
seguir, foram explanados a relevância e os objetivos da pesquisa, bem como a
importância da participação de cada sujeito na mesma. Em seguida, foi entregue ao
sujeito o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice C), explicando a
relevância ética do mesmo em pesquisas científicas. Foi realizada a leitura do termo
e foi solicitada a assinatura do mesmo, em duas vias, uma entregue ao entrevistado
e outra permanecendo com a entrevistadora.
Em todas as entrevistas, as perguntas seguiram o roteiro de entrevista
estabelecido. Não foi determinado tempo para a duração das respostas. Em média,
cada entrevista durou em torno de uma hora. Em nenhum momento, a resposta do
entrevistado foi censurada ou interrompida. Todas as respostas, mesmo as que
continham opiniões, expressões, relatos, desabafos, dúvidas e sugestões, foram
devidamente registradas.
As entrevistas foram realizadas no decorrer dos meses de julho e agosto de
2006 com o presidente, os dois vice-presidentes e os 16 diretores das comissões
organizadoras da Festa da Uva 2006. Somente um dos sujeitos selecionados não
participou da entrevista, por não dispor de tempo, apesar de ter sido feito contato
telefônico em sete ocasiões distintas.
Ao término da entrevista, foi agradecida a colaboração dos sujeitos, que
foram convidados para assistir à banca de defesa da dissertação resultante da
pesquisa. Nessa ocasião, também prontificou-se o esclarecimento de quaisquer
dúvidas e o foi colocado à disposição o trabalho final da pesquisa. Após a realização
de todas as entrevistas agendadas, foi enviada uma correspondência de
agradecimento para cada um dos entrevistados (Apêndice D).
4 CONDIÇÕES DE MANEJO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA FESTA NACIONAL
DA UVA
Neste capítulo são apresentadas as tabelas contendo as distribuições de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre: a) as categorias de
resíduos lidos mais geradas na Festa da Uva 2006; b) os setores que mais
geraram resíduos; c) a realização da determinação da composição dos resíduos
sólidos; d) o interesse em realizar a caracterização dos resíduos; e) o interesse em
realizar a compostagem na próxima edição da Festa; f) o planejamento de abrigos
internos e externos de resíduos; g) o planejamento de procedimentos para a
separação, coleta, armazenamento, reaproveitamento, tratamento e disposição final
dos resíduos; h) o planejamento de programa de coleta seletiva; i) o planejamento
da distribuição dos coletores de resíduos; j) a parceria da Festa com associações de
recicladores de Caxias do Sul.
A tabela 1 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre as categorias de resíduos sólidos mais geradas na
Festa da Uva 2006.
Tabela 1 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre as
categorias de resíduos sólidos mais geradas na Festa da Uva 2006
Para compreender as características dos resíduos sólidos gerados em um
Categorias de resíduos sólidos
F %
Plástico 19 19,8
Papel e papelão 18 18,8
Matéria orgânica putrescível 17 17,7
Contaminantes biológicos 12 12,5
Metal não-ferroso 11 11,5
Madeira 9 9,4
Panos, trapos, couro e borracha
5 5,2
Vidro 3 3,1
Contaminantes químicos 1 1,0
Metal ferroso 1 1,0
TOTAL 96 100
evento turístico, buscou-se, nas contribuições de De Conto et al. (2005), em seus
estudos sobre meios de hospedagens, a importância de identificar as diferentes
categorias de componentes de resíduos sólidos. Ainda, os autores destacam a
pertinência de apresentar alguns exemplos de componentes encontrados nos
resíduos sólidos, conforme suas diversas categorias:
a) matéria orgânica putrescível: sobras alimentares de origem animal e/ou
vegetal;
b) plástico: sacos, sacolas, embalagens de refrigerantes e de água;
c) papel e papelão: caixas, revistas, jornais;
d) vidro: garrafas de bebida, copos, pratos;
e) metal ferroso: enlatados de produtos alimentícios, esponja de de aço,
palha de aço;
f) metais não-ferrosos: latas de bebidas, fiação elétrica;
g) madeira: caixas, lenha, tábuas;
h) panos, trapos, couro e borracha;
i) contaminantes químicos: pilhas, baterias, medicamentos e lâmpadas
fluorescentes;
j) contaminantes biológicos: papel higiênico, cotonetes, algodão, curativos e
preservativos.
A partir da análise dos exemplos de tais componentes de resíduos e da
tabela 1, relativa às categorias de resíduos sólidos mais geradas na Festa da Uva,
indicadas pelos sujeitos, verifica-se que o plástico destaca-se com 19,8% das
indicações, logo a seguir o papelão com 18,8% e a matéria orgânica putrescível com
17,7% das indicações. Os dados apresentados também apontam as categorias
contaminantes biológicos com 12,5% das indicações; metal não-ferroso com 11,5%;
madeira com 9,4%; panos, trapos, couro e borracha com 5,2%; vidro com 3,1% e
contaminantes químicos e metal ferroso com 1% cada.
Cabe ressaltar que a categoria “madeira” (9,4%), segundo verbalizações de
cinco sujeitos, “foi utilizada em maior quantidade na montagem da Festa”. as
categorias “contaminantes químicos” (1%) e “metal ferroso” (1%), conforme
verbalizações de sete sujeitos, “tiveram geração inexpressiva”. Convém ainda
destacar que, para a categoria “contaminantes químicos” um dos sujeitos verbalizou
que “nos estandes de empresas de telefonia houve troca de equipamentos
(baterias)”. Outro sujeito, em relação a essa mesma categoria, verbalizou que “na
montagem houve quebra de lâmpadas”. Em ambos os casos, os sujeitos afirmaram
que tais resíduos foram coletados separadamente. Apesar de a categoria
“contaminantes químicos” ter tido uma geração inexpressiva, quando comparada
com as demais, Bonatto (2003) recomenda a consideração da geração desse
resíduo, porque apresenta características de periculosidade, devido à presença de
metais pesados, como mercúrio, cádmio e chumbo.
Também é pertinente ressaltar o fato de a categoria “plástico” (19,8%) estar
à frente, em termos de geração, da categoria “matéria orgânica putrescível” (17,7%).
Nos estudos realizados por Bonatto (2003), Bonatto e De Conto (2004), De Conto et
al. (2005), observa-se que a “matéria orgânica putrescível” representa a categoria
mais gerada em meios de hospedagem, independentemente da temporada. Tal
situação deve-se ao fato de tais meios oferecerem serviços de alimentação e
realizarem atividades de poda e jardinagem. Porém, De Conto et al. (2005)
destacam que a fração plástico, papel e papelão aumenta nos fins de semana e nos
meses de alta temporada nos meios de hospedagem.
Tais observações são pertinentes quando examinadas no contexto dos
eventos. A Festa da Uva, a exemplo de um meio de hospedagem, desempenha, de
forma rotineira, uma série de atividades, dentre elas serviços de alimentação e
jardinagem. Além disso, a Festa apresenta aumento no número de visitantes nos
fins de semana, ocasionando acréscimo na geração das categorias de resíduos
sólidos mencionadas nessa análise. Cabe pontuar, todavia, que essa situação de
aumento na geração não é positiva para os empreendimentos. Diante disso, torna-
se necessário priorizar, no âmbito dos eventos, a não-geração de resíduos, o que
significa a adoção de uma postura preventiva por parte de todos os agentes
envolvidos no processo do evento.
Outra questão que merece destaque pode ser observada na tabela 2,
relacionada à distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos
sobre os setores da Festa da Uva que mais geraram resíduos. Em primeiro lugar,
aparecem com 22,2% das indicações “praça de alimentação”, “local de degustação
de uvas” e “parque de diversões”, respectivamente. Isso significa que,
aproximadamente 44% das indicações dos sujeitos, se referem a locais ligados à
alimentação como setores responsáveis pela maior geração de resíduos sólidos. Tal
constatação parece não estar em conformidade com a informação obtida na tabela
1, que apresenta, como categoria mais gerada na Festa, o “plástico”. Em síntese, os
dados revelam que, apesar de o setor responsável pela maior geração de resíduos
ser o de alimentação, ainda assim a categoria de resíduo mais gerada, conforme
depoimento dos sujeitos, é o “plástico” e não a “matéria putrescível” como se poderia
presumir.
Além desses, outros setores merecem destaque na geração de resíduos:
“feira de expositores” com 21,0% das indicações; “desfiles” com 3,8%; “shows” com
2,6% e “estacionamento de ônibus”; “rodeio”; “áreas internas”; “estacionamento” e
“não soube informar” com 1,2% das indicações, respectivamente.
Também é importante mencionar que um sujeito verbalizou que “nos shows
aparecem muitas latas, papel e cigarros”. Outro sujeito manifestou que, “nos
desfiles, houve muita geração de resíduos com a distribuição de uvas e copinhos de
água mineral”. O mesmo sujeito ainda complementou, declarando “que, no final do
desfile, tudo era recolhido pela Codeca” e “que o último carro do desfile era o da
Codeca”. Ainda, outro sujeito verbalizou que “o estacionamento gerou seletivo”,
porque o visitante descarta nesse local toda a flolheteria impressa acumulada
durante o passeio na Festa. O mesmo, por fim, alertou para a geração de renda a
partir da reciclagem desse material descartado.
Tabela 2 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre os
setores da Festa da Uva que mais geraram resíduos sólidos
Ao examinar as categorias de resíduos sólidos geradas na Festa da Uva,
torna-se importante verificar a realização de estudos que determinem a composição
de resíduos.
Setores F %
Praça de alimentação 18 22,2
Local de degustação de uvas
18 22,2
Parque de diversões 18 22,2
Feira de expositores 17 21,0
Desfiles 3 3,7
Shows 2 2,6
Não soube informar 1 1,2
Estacionamento de ônibus 1 1,2
Rodeio 1 1,2
Áreas internas 1 1,2
Estacionamento 1 1,2
TOTAL 81 100
Por determinação da composição de resíduos sólidos, entende-se coletar
amostras, separá-las em sacos plásticos etiquetados, segregar os diferentes
componentes presentes (matéria orgânica putrescível, papel, papelão, plástico,
vidro, metal ferroso, metal não-ferroso, madeira, trapos, couro e borracha,
contaminantes químicos e contaminantes biológicos) e, em seguida, pesá-los.
Tabela 3 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
realização da determinação da composição dos resíduos sólidos da Festa da Uva 2006
Ao observar-se os dados apresentados na tabela 3, que relaciona-se à
distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
realização da determinação da composição dos resíduos sólidos da Festa da Uva
2006, verifica-se que 31,6% das indicações dos sujeitos revelam que não foi
pensando na determinação da composição dos resíduos lidos. Por outro lado,
21,1% das indicações afirmam que foi realizada a determinação da composição dos
resíduos gerados na Festa da Uva 2006. As informações “não foi realizada”,
“desconhece” e “não soube informar” apresentam 15,8% das indicações cada. A
pequena diferença de ocorrências (duas) entre “não foi pensado no assunto” e “foi
realizada” sugere uma situação contraditória quanto às declarações dos sujeitos. Tal
situação pode ser entendida por dois vieses: um deles refere-se à não-compreensão
da expressão “determinação da composição de resíduos sólidos” (embora a
pesquisadora tenha explicado seu significado a todos os sujeitos) e o outro diz
respeito à integração limitada das comissões organizadoras da Festa da Uva, uma
vez que os sujeitos indicaram inúmeras vezes que a comissão de infra-estrutura
seria a responsável para responder às questões relacionadas a resíduos sólidos.
Nesse contexto, é importante destacar que um dos sujeitos verbalizou que
“a Codeca fez esse estudo” (de composição dos resíduos sólidos), embora outro
Determinação da composão dos resíduos sólidos
F %
Não foi pensado no assunto 6 31,6
Foi realizada 4 21,1
Não soube informar 3 15,8
Desconhece 3 15,8
Não foi realizada 3 15,8
TOTAL 19 100
sujeito ligado à comissão de infra-estrutura tenha respondido que “não foi pensando
na determinação da composição dos resíduos”. Outro sujeito fez a seguinte
verbalização: “Nunca se falou detalhadamente sobre a quantidade de resíduos
sólidos, a preocupação era com as pessoas, quantas chegavam, sua satisfação.”
Outro aspecto merecedor de destaque, conforme dados apresentados na
tabela 4, refere-se à resposta de 18 sujeitos (94,7%) quando perguntados sobre o
interesse em realizar a caracterização dos resíduos na próxima edição da Festa, em
2008. Os referidos sujeitos responderam que a consideram de interesse e, inclusive,
um deles verbalizou que esse tipo de estudo “facilita o planejamento e as medidas
de controle”. Outro verbalizou que “não resta dúvida quanto a isso, por ser uma
informação bastante educativa”. O sujeito que declarou não possuir interesse na
determinação da composição dos resíduos alegou que isso não diz respeito à
comissão do mesmo.
Por isso, é preciso e necessário desenvolver estudos de determinação da
composição de resíduos sólidos nos eventos turísticos, em especial na Festa da
Uva, por se tratar de uma lacuna a ser preenchida no campo do turismo. Tais
estudos contribuem indiscutivelmente para o planejamento de eventos sob um olhar
ambiental, permitindo identificar o volume de resíduos gerados e o impacto
ocasionado pelos mesmos.
Tabela 4 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
interesse em realizar a caracterização dos resíduos sólidos na próxima edição da Festa da
Uva em 2008
A tabela 5 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre o interesse em realizar a compostagem na próxima
Festa da Uva em 2008.
A partir da análise dos dados apresentados, é possível estabelecer que
52,6% dos sujeitos pesquisados demonstraram interesse na realização da
compostagem, já 26,3% manifestaram não haver interesse em tal atividade, e 10,5%
Realizão da caracterizão
F %
Interessa 18 94,7
Não interessa 1 5,3
TOTAL 19 100
afirmaram não ter pensado no assunto.
Nesse sentido, é importante ter clareza quanto ao conceito de
compostagem. Conforme preconiza a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), a compostagem pode ser entendida como:
O processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável
dos resíduos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em
condições controladas de aerobiose e demais parâmetros, desenvolvido em
duas etapas: uma de degradação ativa e outra de maturação. (1996).
Tabela 5 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
interesse em realizar a compostagem na próxima Festa da Uva em 2008
Entre outras palavras, a compostagem representa um modelo tecnológico de
tratamento de resíduos sólidos em que a matéria orgânica putrescível (sobras
alimentares de origem animal e/ou vegetal) é digerida até formar um composto que
possui as seguintes características, conforme destaca Pereira Neto (1989): a) pode
ser utilizado como matéria-prima no processo de fertilizantes industriais; b)
condicionador para qualquer tipo de solo; c) melhora as características físicas
estruturais dos solos.
Cabe destacar que a presença de áreas verdes, tais como jardins e parques,
é relevante para a adoção da compostagem, uma vez que aumenta a quantidade de
matéria orgânica putrescível gerada a partir das atividades de poda, capina e
jardinagem. Além desses aspectos, o composto resultante do processo de
compostagem pode ser utilizado como condicionante de solo dos jardins, por
exemplo.
De Conto et al. (2006), em seu estudo sobre a compostagem de resíduos
sólidos em meios de hospedagem prevenção de impactos ambientais em
municípios turísticos, conclui que, diante das dificuldades enfrentadas pelos
F %
Há interesse 10 52,6
Não há interesse 5 26,3
Não foi pensando no assunto 2 10,5
Não possui informação 1 5,3
Não soube informar 1 5,3
TOTAL 19 100
municípios turísticos, para solucionar os problemas com o gerenciamento integrado
dos resíduos sólidos, a técnica de compostagem apresenta-se como uma alternativa
adequada para o aproveitamento da matéria orgânica putrescível.
Parafraseando Bonatto (2003), a Festa da Uva, a exemplo de um meio de
hospedagem, deve analisar a existência de áreas verdes nos programas de
gerenciamento de resíduos sólidos, especialmente no caso de a Festa adotar a
compostagem como uma forma de tratamento de seus resíduos orgânicos.
Além das áreas verdes, é importante destacar, conforme revela a tabela 2,
os setores de maior geração de resíduos sólidos na Festa da Uva: praça de
alimentação e local de degustação de uvas, com 22,2% das indicações dos sujeitos
cada uma delas. Constata-se, portanto, que a categoria matéria orgânica
putrescível, representada pelas sobras alimentares e atividades de jardinagem, pode
representar uma quantidade razoável de resíduos em relação à quantidade total de
resíduos gerados na Festa da Uva. Ao analisar os estudos de De Conto et al.
(2006), Pessin et al. (2005), Tenório e Espinosa (2004), Bonatto (2003) e Pereira
Neto (1989), evidenciam-se importantes contribuições no que tange à compostagem
de resíduos sólidos, analisando características e vantagens da mesma, além de
indicá-la como alternativa na gestão de resíduos sólidos. Diante disso, a
compostagem poderia ser uma técnica alternativa de tratamento de resíduos sólidos
da Festa, diminuindo a quantidade de resíduos a ser transportada para o aterro
sanitário da cidade, aumentando, assim, a vida útil do mesmo.
Outra questão importante a ser considerada, no que tange à compostagem,
é a determinação da composição gravimétrica dos resíduos sólidos gerados na
Festa. Conforme aponta a tabela 3, 31,6% dos sujeitos afirmaram não ter pensado
no assunto “caracterização dos resíduos da Festa”. Entretanto, 94,7% manifestaram-
se interessados na realização da caracterização dos resíduos na próxima edição da
Festa em 2008, conforme dados da tabela 4. Tais informações são relevantes para a
adoção da compostagem, uma vez que a caracterização definiria com precisão a
quantidade de matéria orgânica putrescível gerada na Festa, validando ou não a
compostagem como forma de tratar tais resíduos.
De Conto (2001) faz um comentário oportuno ao destacar a escassez de
recursos humanos capacitados para gerenciar os problemas ambientais. A autora
vai além, ao expressar que essa escassez de recursos humanos e também
tecnológicos limita a ação dos administradores públicos, nesse caso, dos diretores
das comissões organizadoras da Festa da Uva.
Conforme tal constatação, é importante mencionar algumas verbalizações
dos sujeitos que manifestaram-se contrários (26,3%) à realização da compostagem
na próxima edição da Festa em 2008. Um deles verbalizou que a compostagem “não
será pensada porque o prazo da Festa é curto e há a coleta que é mais prática”.
Outro sujeito pesquisado afirmou que “a política de Caxias do Sul é de não investir
em compostagem [...], foi tentado, mas a população foi contra porque se tratava
de lixo”.
Ao examinar tal declaração, buscou-se, na Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, informações relativas à situação da compostagem nas políticas públicas
municipais. A informação obtida revela que ainda não uma política municipal
ligada à compostagem. Ao consultar o Plano Diretor de Caxias do Sul, documento
que se encontra em fase de elaboração, é possível identificar no art. VII a diretriz
relacionada ao saneamento ambiental. Nela, é expresso que o saneamento
ambiental será feito de forma integrada, por mecanismos de gestão que contemplem
o abastecimento de água potável, a coleta e o tratamento do esgoto sanitário, a
drenagem das águas pluviais, o manejo dos resíduos sólidos, o controle de vetores,
de resíduos e da emissão de efluentes industriais, tendo-se como objetivos a
melhoria das condições de saúde pública e o desenvolvimento sustentado do
município. (CAXIAS DO SUL, 2007).
Embora a compostagem não seja mencionada explicitamente nessa diretriz,
é perceptível a consideração do gerenciamento de resíduos sólidos no planejamento
público municipal. Além disso, as verbalizações dos sujeitos revelam o grau de
informação que os mesmos dispõem sobre o fenômeno resíduos sólidos e sua
determinação no comportamento das comissões organizadoras da Festa da Uva. Tal
revelação conduz a outras indagações: Quais informações as comissões
organizadoras dispõem sobre o fenômeno resíduos sólidos? Como essas comissões
comportam-se segundo as informações que possuem?
Além de tais questionamentos, outro aspecto deve ser destacado: o
preconceito em relação ao termo lixo. Para Ferreira (1986, p. 1042), lixo é definido
como “tudo que não presta e se joga fora. Sujidade, sujeira, imundície; coisa ou
coisas inúteis, velhas, sem valor. Ralé”. Schneider (1994, p.11) também compartilha
do pensamento de Ferreira, ao afirmar que lixo é “[...] visto como algo sujo,
desagradável e marginal [...]”. Entretanto, Cabrales (1994, p. 8) pondera que a
definição que se ao lixo “é uma consideração construída pessoal e
historicamente”. Portanto, parece que o homem esquece que a responsabilidade
pela geração de resíduos é solidária. A sociedade como um todo é responsável
pelos seus resíduos, “do berço ao túmulo”.
Nesse sentido, parece oportuno ressaltar o desabafo de um dos sujeitos que
disse ter interesse na realização da compostagem: “[...] eu sinto uma angústia
quanto à aplicação dessas idéias, as comissões são tradicionais [...], é preciso
sensibilizar as comissões”. Tal verbalização mostra a urgência da elaboração de um
programa de educação ambiental para a Festa da Uva. Por meio de ações
ambientais educativas, tem-se a oportunidade de converter a informação disponível
sobre o fenômeno ambiental em conduta responsável.
Os dados apresentados na tabela 6, que refere-se à distribuição de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a previsão, no
planejamento da Festa, de abrigos internos e externos de resíduos sólidos,
permitem observar que sete sujeitos entrevistados (36,8%) afirmam ocorrer a
previsão de abrigos internos e externos específicos para resíduos no planejamento
da Festa da Uva. Porém, o mesmo número de ocorrências (36,8%) indica não saber
informar quanto ao assunto. Para “não foi pensando no assunto” existem quatro
indicações (21,1%) e para “não ocorre” apenas uma (5,3%).
Tabela 6 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
previsão de abrigos internos e externos de resíduos sólidos no planejamento da Festa
Também é possível identificar, nas verbalizações dos sujeitos que
manifestaram ocorrer a previsão de abrigos para resíduos, o não-entendimento
dessa ação, que muitos deles se referem a abrigos para resíduos como sendo
“contêineres fechados”, “área coberta com toldo para contêineres de orgânico e
seco” ou ainda “quiosque com as laterais fechadas com lona, onde ficavam os
contêineres para as sobras alimentares e os sacos fechados com os demais
Previsão de abrigos F %
Ocorre 7 36,8
Não soube informar 7 36,8
Não foi pensado no assunto 4 21,1
Não ocorre 1 5,3
TOTAL 19 100
resíduos”. Houve também uma indicação curiosa de abrigo para resíduos declarada
por um dos sujeitos: “o Museu do Lixo como abrigo interno para conscientizar as
pessoas”.
Mandelli (1997), em sua tese de doutorado, também exemplifica alguns
locais utilizados para estocar resíduos sólidos no âmbito das residências (garagem,
área de serviço, churrasqueira, pendurado no muro), demonstrando não haver local
específico para tal atividade.
Cesa (2003) e Ferrari (2006) oferecem sua contribuição ao examinar o local
de armazenamento dos resíduos sólidos nos diferentes meios de hospedagem nos
seus estudos, revelando a inexistência de um local específico para o
armazenamento dos mesmos.
Contudo, convém observar a existência da norma de manuseio de resíduos
de serviços de saúde, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que define e
preconiza a concepção de abrigo de resíduos sólidos nos empreendimentos.
Conforme tal norma, o abrigo de resíduo deve obedecer aos seguintes aspectos: a)
ser construído em alvenaria; b) ser revestido internamente; c) ter porta com abertura
para fora; d) ser dotado de ponto de água; e) ter localização que permita o acesso
das coletas internas e externas; f) possuir símbolo de identificação; g) possuir uma
área de higienização para carros de coleta interna; e h) ser dimensionado de forma a
comportar resíduos em quantidade correspondente à geração de três dias. (ABNT,
1993).
Nessa direção, outra questão é suscitada: a elaboração do projeto
arquitetônico dos empreendimentos. Sommer (1973, p. 5) alerta que “a arquitetura
pode ser bela, mas deve ser mais do que isso, deve conter espaço em que algumas
atividades possam ser realizadas de maneira moda e eficiente”. Diante das
contribuições de Mandelli (1997), cabe destacar: por que os empreendimentos
turísticos ao gerarem resíduos sólidos diariamente em suas atividades, não
prevêem, em seus projetos arquitetônicos, espaços específicos para a realização
dessas atividades, a exemplo dos espaços projetados para lazer, alimentação,
descanso? Essa é uma questão que merece ser analisada pelos agentes
responsáveis pelo turismo e pelos agentes responsáveis pela elaboração dos
projetos de construção. Conforme Mandelli (1997), a geração de resíduos sólidos
precisa ser prevista no planejamento de um empreendimento. Assim, deve também
ser prevista a construção de espaço específico para o manejo adequado desses
resíduos.
Além disso, é importante destacar o papel dos cursos de graduação em
turismo e hotelaria, bem como dos programas stricto sensu de turismo no
desenvolvimento de estudos e pesquisas científicas que examinem as relações
entre o fenômeno turismo e o fenômeno resíduos sólidos. Nesse sentido, cabe
lembrar que a responsabilidade pelo manejo dos resíduos sólidos é solidária entre
todos os agentes envolvidos no processo turístico.
Os dados apresentados na tabela 7, relacionados à distribuição de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos, sobre a elaboração no
planejamento da Festa, de procedimentos para a separação, coleta,
armazenamento, reaproveitamento, tratamento e disposição final dos resíduos
sólidos gerados, permitem concluir que a informação “foram elaborados” representa
84,2% das indicações dos sujeitos, enquanto as demais informações “não foram
planejados”, “não soube informar” e “não foi pensado no assunto” possuem 5,3%
das indicações cada.
Tabela 7 - Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
elaboração no planejamento da Festa de procedimentos para a separação, coleta,
armazenamento, reaproveitamento, tratamento e disposição final dos resíduos lidos
gerados
Com relação aos procedimentos adotados para separação, coleta,
armazenamento, reaproveitamento, tratamento e disposição final dos resíduos
sólidos gerados na Festa da Uva, conforme dados do quadro 1, é possível observar,
segundo relato dos sujeitos, que: a) para a separação havia coletores para resíduos
orgânicos e seletivos; b) para a coleta, os resíduos orgânicos eram encaminhados
para o aterro sanitário da cidade, e os recicláveis para as associações de
recicladores também da cidade; c) para o armazenamento existem duas categorias
de informações, uma relacionada à existência de uma central com contêineres para
Elaborão de procedimentos
F %
Foram elaborados 16 84,1
Não foram planejados 1 5,3
Não soube informar 1 5,3
Não foi pensado no assunto 1 5,3
TOTAL 19 100
acondicionar os resíduos e outra apontando o aterro sanitário como forma de
armazenamento desses resíduos; d) não houve reaproveitamento de resíduos no
espaço da Festa; e) para o tratamento os resíduos foram encaminhados para o
aterro sanitário e para as associações de recicladores; f) para a disposição final, os
resíduos orgânicos foram encaminhados para o aterro sanitário, e os recicláveis,
para as associações de recicladores.
Procedimentos adotados
Para a separação: coletores para resíduos orgânicos e seletivos
Para a coleta: a) recicláveis encaminhados para as associações de recicladores e orgânico
encaminhado para o Aterro Sanitário da cidade; b) realizada diariamente; c) os resíduos
seletivos foram recolhidos em caminhões não compactadores, sendo levados para as
associações de recicladores, abrangendo todas em forma de rodízio
Para o armazenamento: a) realizado no Aterro Sanitário da cidade; b) nos pavilhões existia
uma central com 20 contêineres, em setor isolado, atrás dos restaurantes, com alojamento
para funcionários que realizavam a segurança
Para o reaproveitamento: a) não houve no espaço da Festa; b) orgânico encaminhado para
o Aterro Sanitário da cidade e seletivo para as associações de recicladores
Para o tratamento: a) encaminhado para o Aterro Sanitário da cidade; b) não era realizado
no espaço da Festa; c) encaminhado para as associações de recicladores, que também
realizam a reciclagem e a comercialização
Para a disposição final: a) orgânico encaminhado para o Aterro Sanitário da cidade e
seletivo para as associações de recicladores; b) encaminhado para o Aterro Sanitário da
cidade
Indica as comissões de infra-estrutura e de agricultura para responder
Procedimentos definidos pela Codeca
Não soube informar
Quadro 1: Procedimentos adotados para separação, coleta, armazenamento,
reaproveitamento, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos gerados na Festa da
Uva
Examinando-se mais cuidadosamente os procedimentos declarados pelos
sujeitos, observa-se que os mesmos, em geral, apresentam limitação, quanto ao
significado de cada procedimento relatado. Essas limitações justificam-se pela área
de atuação profissional de cada sujeito. Conforme as contribuições de Moura (2002),
a responsabilidade ambiental não se limita ao pessoal vinculado ao meio ambiente,
abrangendo também outros setores e funcionários do empreendimento. Assim,
pode-se estabelecer uma analogia entre as considerações de Moura (2002) e a
Festa da Uva, na medida que é possível afirmar que a festa representa um
empreendimento turístico.
Nessa direção, é importante destacar que todas as comissões
organizadoras possuem sua parcela de responsabilidade para a gestão ambiental da
Festa e não apenas a comissão ligada à área ambiental. A gestão ambiental deve
ser considerada no processo de planejamento de qualquer empreendimento, seja
ele uma indústria, um hotel ou um evento turístico, variando a complexidade do
empreendimento na análise da gestão ambiental. Para isso, é necessário definir com
clareza a responsabilidade ambiental de cada diretor ou colaborador ainda no
planejamento das atividades desenvolvidas pelo empreendimento que, neste caso, é
o evento Festa da Uva.
Ainda segundo Moura (2002, p. 127), é preciso “que exista na empresa uma
consciência adequada quanto à importância da questão ambiental para o sucesso
dos seus negócios [...]”. Para tanto, o autor sugere o oferecimento de um
treinamento formal que contemple os seguintes aspectos: a) as funções e
responsabilidades de cada um no processo; b) os impactos ambientais resultantes
das atividades do empreendimento e c) os benefícios resultantes para o
empreendimento e para seus colaboradores, quando ocorrer um bom desempenho
ambiental.
Além do treinamento, destaca-se a importância das comunicações no
desempenho ambiental do empreendimento. Assim, ainda conforme as palavras de
Moura (2002), o empreendimento deve estabelecer um sistema de comunicação
interna e externa que considere a política ambiental, os objetivos e metas
ambientais, os principais programas de gestão ambiental e os dados sobre a
conservação de recursos (água, energia, matéria-prima).
Diante das contribuições de Moura (2002), constata-se que a
responsabilidade ambiental da Festa poderia ser compartilhada por todas as suas
comissões organizadoras e que existem mecanismos, a exemplo de treinamentos,
comunicações e outras atividades de educação ambiental para tornar acessível as
informações ambientais às comissões da Festa.
A seguir, são apresentados exemplos de declarações do sujeitos que podem
refletir a influência da atuação profissional de cada sujeito nas informações que
mesmos possuem sobre o fenômeno ambiental. A primeira situação pode ser
verificada na informação, declarada por alguns sujeitos sobre o procedimento
adotado para o armazenamento dos resíduos gerados na Festa –, que estabelece o
aterro sanitário como local de armazenamento desses resíduos.
Outra situação semelhante pode ser identificada nas informações relativas
aos procedimentos adotados para o tratamento e à disposição final dos resíduos.
Quanto ao tratamento, percebe-se que alguns sujeitos consideram o trabalho
realizado pelas associações de recicladores uma forma de tratamento de resíduos.
A mesma analogia pode ser estabelecida em relação aos procedimentos adotados
para a disposição final, em que alguns sujeitos consideram como sinônimo de
disposição final o envio dos resíduos para as associações de recicladores.
Diante dessas colocações, cabe destacar que tratamento de resíduos, em
síntese, representa uma solução que, nas palavras de Valle (2004, p. 118), significa
“transformá-lo [resíduo] de tal maneira que se possa reutilizá-lo posteriormente, ou
dispô-lo em condições mais seguras e ambientalmente aceitáveis”. Nesse sentido,
são exemplos de tratamento de resíduos os processos de compostagem, de
incineração, de remediação de lixões e aterros controlados, entre outros. Ainda Valle
(2004, p.126) declara que “a disposição em aterro é uma solução aceitável para
resíduos estáveis, não perigosos, com baixo teor de umidade e que não contenham
valores a recuperar”. Também no entendimento desse autor, a disposição consiste
em uma abordagem passiva, orientada para manter os resíduos sob controle e em
locais monitorados. Portanto, é importante ressaltar que o trabalho desenvolvido
pelas associações de recicladores não caracteriza soluções de tratamento e
disposição final de resíduos sólidos.
Além disso, parece oportuno ressaltar, ainda conforme as declarações dos
sujeitos expressas no quadro 1, a adoção de procedimentos incipientes no que
tange a tais etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos da Festa da Uva.
Também é possível verificar, a partir da análise das verbalizações dos sujeitos, o
desconhecimento desses procedimentos, bem como a indicação de comissões
específicas (infra-estrutura e agricultura) para apontá-los.
Apesar da situação constatada acima, é importante e oportuno destacar a
seguinte verbalização de um dos sujeitos: “A Codeca orientou a separação do
orgânico e do seletivo. Havia veículo seletivo que coletava o reciclável e levava para
as associações. Todas as associações receberam resíduos em forma de rodízio. Os
resíduos recicláveis o eram colocados em veículo compactador. Nos pavilhões
havia QG montado e havia 20 contêineres para o armazenamento de resíduos. O
QG ficava no fundo dos restaurantes, era fechado e cercado, com alojamento onde
ficavam os funcionários à noite para cuidar do equipamento. Existe procedimento
para tratamento e disposição final no aterro. O aterro de Caxias é modelo.”
Nesse depoimento, constata-se a existência de procedimentos para
separação, coleta, armazenamento, tratamento e disposição final dos resíduos
gerados na Festa da Uva. Também é perceptível a influência da informação que
esse sujeito dispõe sobre esses procedimentos, no discurso de seu relato. Isto deve-
se ao fato do sujeito vivenciar profissionalmente (atuação em sua empresa)
questões relacionadas aos resíduos sólidos.
A tabela 8 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre o planejamento de programa de coleta seletiva de
resíduos sólidos na Festa da Uva. Os dados apresentados nessa tabela permitem
estabelecer que 73,7% dos sujeitos afirmaram que “foi planejado” tal programa,
enquanto 15,8% disseram que “não foi planejado”.
Tabela 8 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
planejamento de programa de coleta seletiva de resíduos sólidos
Conforme dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre)
(2006a), 327 municípios brasileiros operam programas de coleta seletiva, sendo que
43,5% desses programas m relação direta com as associações de catadores e a
concentração dos mesmos está nas Regiões Sul e Sudeste do País. Ainda segundo
o Cempre (2006b), Caxias do Sul está entre as cidades gaúchas que possuem
coleta seletiva. Conforme a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul
(Codeca), Caxias do Sul produz aproximadamente 400 toneladas de resíduos por
dia, que são coletados em todos os bairros e loteamentos da cidade. (CAXIAS DO
SUL, 2006c).
No que tange à Festa da Uva, foram geradas, em 17 dias de evento, 216
Programa de coleta seletiva
F %
Foi planejado 14 73,7
Não foi planejado 3 15,8
Não soube informar 2 10,5
TOTAL 19 100
toneladas de resíduos orgânicos e 144 toneladas de seletivo, segundo dados da
comissão de infra-estrutura. Durante os desfiles, foram geradas 344 toneladas de
resíduos, dessas, 60% correspondem a resíduos orgânicos e os 40% restantes
referem-se ao seletivo. É importante ressaltar, conforme informações obtidas com a
companhia de coleta de resíduos de Caxias do Sul, a Codeca, que tais resíduos não
foram pesados. Para obter esses números, em toneladas, o procedimento realizado
pela Codeca foi de contabilizar cada carga completa de resíduos por caminhão que
saía da Festa da Uva. Assim, o peso dos resíduos sólidos gerados na Festa foi
definido conforme a capacidade total do caminhão, em toneladas, que os retirava do
âmbito do evento. Em relação aos resíduos gerados durante os desfiles, segundo
informações obtidas junto na Codeca, cabe destacar que os mesmos não foram
pesados também, e que o procedimento adotado para obter as quantidades
mencionadas, em toneladas, foi o mesmo descrito para os resíduos gerados no
espaço da Festa. Outra informação importante, declarada pela Codeca, revela que
foram somados aos resíduos gerados pelos espectadores dos desfiles, os resíduos
domésticos compreendidos no perímetro de realização dos desfiles. Assim, o
caminhão de coleta da Codeca recolhia tanto os resíduos dos espectadores quanto
os das residências ao longo do percurso dos desfiles.
Tabela 9 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre
o planejamento da distribuição dos coletores de resíduos sólidos na Festa da Uva
Distribuão dos coletores F %
Locais de maior circulão de visitantes 6 23,2
Não soube informar 4 15,5
Coletores distribuídos nas áreas abertas e fechadas do Parque 4 15,5
2 7,7
Pra de alimentação 2 7,7
Área de degustação de uvas 1 3,8
Próximo às bilheterias 1 3,8
Pela necessidade de cada ambiente 1 3,8
Contêineres e sacos para acondicionamento de resíduos sólidos 1 3,8
1 3,8
Corredor de acesso principal aos pavilhões da Festa 1 3,8
1 3,8
1 3,8
TOTAL 26 100
Baseado na edão passada (onde ocorreram problemas foram
disponibilizados mais coletores)
Identificão pela Codeca dos locais necessários para a
colocão dos coletores
Os coletores já existiam na Festa, não foram acrescentados
novos
Logística necessária para caminhões da Codeca recolherem os
resíduos sólidos
Diante do exposto, torna-se importante e necessário que a Festa da Uva
considere, em seu planejamento, a elaboração de um programa de coleta seletiva
de resíduos. A análise dos resultados da tabela 8 permite concluir que foi planejado
tal programa. Comparando-se os resultados da tabela 8 com os resultados da tabela
7, relacionada à elaboração de procedimentos, observa-se uma coerência nas
declarações dos sujeitos. Nessas tabelas, os sujeitos, em sua maioria, expressam
haver planejamento de procedimentos de manejo e coleta seletiva para resíduos.
Entretanto, a observação direta realizada pela pesquisadora, no que tange ao
planejamento de programa de coleta seletiva de resíduos na Festa, demonstra uma
situação diferente. Observou-se que os resíduos não eram segregados pelos
visitantes, em orgânico e seletivo nos coletores. Por isso, esses resíduos ao serem
coletados internamente pela equipe de limpeza, caracterizavam-se pela mistura de
orgânico e seletivo, comprometendo, assim, o programa de coleta seletiva indicado
pelos diretores das comissões organizadoras.
Nessa direção, é importante destacar a tabela 9, que trata da distribuição de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o planejamento da
distribuição dos coletores de resíduos sólidos na Festa da Uva. Os dados
apresentados nessa tabela indicam que a distribuição dos coletores é feita em
função “dos locais de maior circulação de visitantes”, com 23,2% das indicações dos
sujeitos. A informação “não soube informar” destaca-se com 15,5% das indicações.
Ao analisarem-se as demais informações declaradas pelos sujeitos,
observa-se uma certa diversidade de respostas no que concerne ao planejamento
da distribuição de coletores. Tal constatação conduz à seguinte pergunta: existindo
planejamento de programa de coleta seletiva, por que não consenso, por parte
dos sujeitos, quanto ao planejamento da distribuição dos coletores de resíduos?
Essa pergunta suscita outras: que informações os diretores das comissões
organizadoras possuem sobre coleta seletiva? Como a equipe de limpeza é treinada
para fazer a coleta? Como é feito o monitoramento do trabalho realizado pela equipe
de limpeza? Os visitantes são sensibilizados a participarem da coleta seletiva? As
comissões organizadoras, os colaboradores e os visitantes da Festa exercem sua
cidadania frente à coleta seletiva? Essas são questões que merecem ser
examinadas com cuidado no planejamento da Festa da Uva.
Tabela 10 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
parceria da Festa da Uva com associações de recicladores de Caxias do Sul
A tabela 10 estabelece a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a parceria da Festa da Uva com as associações de
recicladores de Caxias do Sul. Os dados apresentados na tabela permitem observar
que as informações “ocorreu” e “não ocorreu” representam 31,6% das indicações
cada. Essa distribuição percentual idêntica entre as informações “ocorreu” e “não
ocorreu” denota a inexistência de um consenso por parte dos sujeitos no que tange
à realização de parcerias entre a Festa e as associações de recicladores da cidade.
Diante de tal situação, cabe mencionar que Caxias do Sul possui nove
associações de recicladores. (CAXIAS DO SUL, 2006a). Segundo Magera (2003),
as associações de recicladores se unem para alcançar objetivos de ordem
econômica, social e cultural.
Conforme tais objetivos, é importante indagar: que informações os diretores
das comissões organizadoras possuem sobre os catadores de resíduos? Os
diretores compreendem as dimensões econômica, social e cultural envolvidas no
trabalho desenvolvido pelos catadores? Como associar a dimensão social da Festa
da Uva às associações de recicladores? No que tange à dimensão social da Festa, é
oportuno destacar os resultados alcançados no estudo de Gursoy, Kim e Uysal
(2004) sobre os impactos dos festivais e eventos especiais percebidos pelos
organizadores. Segundo esses autores, os resultados obtidos sugerem que os
organizadores de eventos acreditam que estes geram mais benefícios sociais do
que custos sociais. Nessa direção, torna-se importante incentivar a realização de
estudos relacionados aos benefícios e custos sociais dos eventos turísticos, no
sentido de melhor construir as relações entre a dimensão social e os eventos.
No que concerne ao encaminhamento dos resíduos recicláveis da Festa da
Parceria com Associações de Recicladores F %
Ocorreu 6 31,6
Não ocorreu 6 31,6
Não soube informar 4 21,1
Não foi pensado no assunto 2 10,5
Não lembra 1 5,3
TOTAL 19 100
Uva para as associações de recicladores, é válido destacar o seguinte trecho da
verbalização de um dos sujeitos pesquisados: “Havia veículo seletivo da Codeca que
coletava o reciclável e levava para as associações. Todas as associações
receberam resíduos em forma de rodízio.” Assim, constata-se que as associações
receberam os resíduos recicláveis gerados na Festa da Uva.
Entretanto, é fundamental ressaltar, conforme as declarações de alguns
sujeitos e de informações obtidas pela pesquisadora na Companhia de
Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), a inexistência de parcerias da Festa
da Uva com as associações de recicladores de Caxias do Sul. O que existe é a
parceria da Codeca com as nove associações da cidade. Assim, a Codeca coletava
os resíduos recicláveis da Festa e os encaminhava para as associações, conforme
relato de um dos sujeitos.
Diante disso, é importante que os diretores das comissões sensibilizem-se
quanto à situação de marginalidade e exclusão social dos catadores. Percebe-se
que alguns sujeitos, conforme relatos, estão conscientes da contribuição econômica,
ambiental e social que a Festa da Uva pode prestar a esses grupos de pessoas
excluídas socialmente. Nesse sentido, é importante e necessário incentivar novos
estudos sobre os catadores de resíduos, especialmente no que tange à
consideração dos mesmos no planejamento do turismo.
5 A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA DIVULGAÇÃO DA FESTA
NACIONAL DA UVA FRENTE À PREVENÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
O presente capítulo apresenta as tabelas relacionadas às distribuições de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre: a) as formas de
divulgação da Festa da Uva 2006; b) os materiais utilizados na confecção dos meios
de divulgação; c) o planejamento do uso de papel reciclado nas impressões de
materiais informativos; d) o planejamento de materiais passíveis de reciclabilidade;
e) o planejamento do descarte do material de divulgação após o uso; f) o uso dado
ao material de divulgação descartado; g) a consideração do princípio da prevenção
da geração de resíduos sólidos no planejamento da Festa.
Os dados apresentados na tabela 11 apontam a distribuição de ocorrências
e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre as formas de divulgação da Festa
da Uva 2006. Ao examinarem-se tais dados, observa-se que as formas de
divulgação da Festa, apontadas pelos sujeitos, ocorrem mediante o uso de: banners
(10,2%), cartazes (10,2%), fôlderes (10,2%), jornal (10,2%), out doors (10,2%),
placas indicativas (10,2%), rádio (10,2%), site (10,2%) e TV (10,2%).
Tabela 11 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre as
formas de divulgação da Festa da Uva 2006
Divulgão F %
Banners 19 10,2
Cartazes 19 10,2
Fôlderes 19 10,2
Jornal 19 10,2
Out doors 19 10,2
Placas indicativas 19 10,2
Rádio 19 10,2
Site 19 10,2
TV 19 10,2
Outros 16 8,2
TOTAL 187 100
Além destas, os sujeitos também verbalizaram outras formas de divulgação,
conforme mostra o quadro 2.
Percebe-se, a partir dos relatos dos sujeitos, uma gama ampla e diversa de
ações de divulgação da Festa da Uva 2006. Os sujeitos, ao verbalizarem as
informações dispostas no quadro 2, revelam a riqueza de detalhes no que diz
respeito à divulgação da Festa. Observam-se ações tradicionais de divulgação
como, por exemplo, o “envio de mala direta”, ações simples como a “propaganda
boca a boca” e ações inovadoras como a presença de “avião exibindo faixa com
mensagem de divulgação da Festa”.
Formas de divulgação
Balões com logotipo da Festa
Revistas
Avião exibindo faixa com mensagem de divulgação da Festa no Litoral norte do Estado do
Rio Grande do Sul
Helicóptero com logotipo da Festa
Famtur
Jantar com operadoras de turismo
“Corpo a corpo” na rua
Lojas
Presença das soberanas nos estádios de futebol
Através de notas fiscais
Sites das empresas
Reuniões com operadoras
Congressos ligados ao turismo
Ações de marketing nos aeroportos
Visitas das soberanas convidando autoridades e entidades
Participação em eventos turísticos (feiras e congressos)
E-mails de divulgação com apresentação em power-point
Visitas da comitiva da Festa com a presença das soberanas, diretorias da Festa, prefeito
municipal, presidente da Câmara
Visita a 40 cidades nos Estados do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, o Paulo e no
Distrito Federal
Mensagens de divulgação da Festa nos caminhões de coleta de resíduos da Codeca
Mensagens de divulgação da Festa nos bonés da equipe de capina e varrição da Codeca
Criação de grupos culturais para envolvimento da comunidade na Festa
Divulgação da Festa nas revistas das companhias aéreas Tam e Varig
Mídia institucional com a vinda do presidente da República
Mercadorias com selo da Festa
Agências de turismo
Ações de relacionamento com visitas de divulgação da Festa
Ações de relações públicas
Propaganda “boca a boca”
Envio de mala direta
Quadro 2: Outras formas de divulgação da Festa da Uva 2006
Nesse contexto de divulgação da Festa, cabe pontuar algumas ações
ambientais contra o desperdício, relatadas por um dos sujeitos pesquisados. Em
relação à panfletagem, este declarou: “Corte do fôlder pequeno e atraente para as
pessoas não colocarem no chão”; sobre os e-mails de comunicação: “não imprimia
para não agredir o meio ambiente” e “pouco material impresso e muita comunicação
eletrônica, tanto interna quanto externa”. Assim, é importante ressaltar que houve na
divulgação da Festa ações em prol do meio ambiente. Ainda que representem ações
isoladas, demonstram existir um comprometimento ambiental, pelo menos, por
parte desse diretor de comissão organizadora.
A seguir, tem-se a tabela 12 que trata da distribuição de ocorrências e
porcentagens de indicações dos sujeitos sobre os materiais utilizados na confecção
dos meios de divulgação da Festa da Uva. Nela, observa-se que os materiais mais
utilizados na confecção dos meios de divulgação, conforme relato dos sujeitos, são:
papel (26%), plástico (26%) e metal (19,3%). Tais materiais encontram-se presentes
na confecção de banners, cartazes, fôlderes, conforme as formas de divulgação
indicadas na tabela 11.
Tabela 12 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre os
materiais utilizados na confecção dos meios de divulgação da Festa da Uva
Os dados apresentados na tabela 13, que relacionam a distribuição de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o planejamento do uso
de papel reciclado, nas impressões de materiais informativos, revelam que a
Materiais F %
Papel 19 26,0
Plástico 19 26,0
Metal 14 19,3
Barbante 12 16,4
Lona 2 2,7
Madeira 2 2,7
Tinta 2 2,7
Arame 1 1,4
Luminosos 1 1,4
Tecidos 1 1,4
TOTAL 73 100
informação “foi planejado” destaca-se com 36,8% das indicações dos sujeitos, “não
foi planejado” possui 26,3% das indicações e “não soube informar” conta com 21,1%
das indicações.
Com o intuito de agregar outras informações relevantes às categorias de
informações verificadas na tabela 13, torna-se importante examinar algumas
verbalizações dos sujeitos pesquisados. Um dos sujeitos fez o seguinte relato: “Não
todo, mas parte do material foi elaborado com papel reciclado.” Outro sujeito afirmou
que “o papel reciclado é usado porque é mais fácil, não pela consciência ambiental”.
Outro ressaltou que “não sei se foi pensado, porque não é da minha área” e por fim:
“foi pensado, mas o custo foi alto, não compensou financeiramente”. Ao
examinarem-se tais relatos, ressalta-se que todos os setores da Festa devem ser
responsáveis pela gestão ambiental da mesma.
Tabela 13 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
planejamento do uso de papel reciclado nas impressões de materiais informativos
A tabela 14 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre o planejamento de materiais passíveis de
reciclabilidade na Festa da Uva. Pode-se observar que a informação “foi planejado”
destaca-se com 36,8% das indicações dos sujeitos, enquanto as informações “não
soube informar” e “não foi pensado no assunto” representam 26,3% e 21,1% das
indicações dos sujeitos, respectivamente.
Ao compararem-se os resultados das tabelas 13 e 14, percebe-se, a partir
das declarações dos sujeitos, a existência de ações ambientais no que tange ao uso
de papel reciclado nas impressões de materiais informativos e de materiais
passíveis de reciclabilidade. Nessa direção, conforme relato dos sujeitos, as
Uso de papel reciclado F %
Foi planejado 7 36,8
Não foi planejado 5 26,3
Não soube informar 4 21,1
Não foi pensado no assunto
2 10,5
Não lembra 1 5,3
TOTAL 19 100
comissões organizadoras parecem tomar suas decisões levando em consideração o
componente ambiental, pelo menos no que diz respeito ao planejamento de tais
materiais. Para De Conto (2006), é importante avaliarem-se as decisões de forma
consistente. Ainda para a autora, é necessário adotar condutas globalmente
interessantes do ponto de vista ambiental. (DE CONTO, 2006).
Tabela 14 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
planejamento de materiais passíveis de reciclabilidade
Entretanto, ao confrontarem-se tais resultados com a observação direta
realizada pela pesquisadora nos espaços de circulação da Festa da Uva, constata-
se uma situação diferente. Ao examinar-se o material de divulgação da Festa,
constata-se a não-utilização de material reciclado. Além disso, não se observa a
presença de mensagens de educação ambiental que poderiam ser transmitidas em
tais materiais, convertendo-os em informação ambiental para colaborar na tomada
de decisões ambientalmente corretas pelos visitantes.
Outro aspecto importante suscitado com a análise das tabelas 13 e 14 é a
reciclagem. Nesse sentido, De Conto (2006) salienta que a reciclagem é apenas
uma forma de reaproveitar os resíduos sólidos, caracterizando, portanto, uma
abordagem corretiva e não preventiva, que seria a ideal.
No Brasil, o consumo de papel é em torno de 7 milhões de toneladas por
ano, conforme dados do Cempre (2006a). Ainda, de acordo com essa mesma
entidade, 33% do papel que circulou pelo País em 2004 foi reciclado, o que
corresponde a 2 milhões de toneladas. (CEMPRE, 2006a). Nesse sentido, a
sensibilização ambiental faz com que evolua a reciclagem do papel, diminuindo a
quantidade de resíduos a ser encaminhada para os aterros sanitários.
Entretanto, cabe ressaltar, a exemplo da reflexão realizada por De Conto
Uso de materiais recicláveis F %
Foi planejado 7 36,8
Não soube informar 5 26,3
Não foi pensado no assunto 4 21,1
Não foi planejado 3 15,8
(2006), que o Brasil, um dos líderes mundiais no quesito reciclagem, recicla não
apenas por sensibilização ambiental, mas também pela pobreza e pela necessidade
de sobrevivência do seu povo. Em síntese, a Festa da Uva, ao adotar no seu
planejamento o uso de papel reciclado e materiais passíveis de reciclabilidade, está
exercendo sua responsabilidade socioambiental.
Ao examinare-se os dados apresentados na tabela 15, relacionados ao
planejamento do descarte do material de divulgação, observa-se que a informação
“foi planejado” possui 47,4% das indicações dos sujeitos, enquanto a informação
“não foi pensado no assunto” representa 26,3% das indicações.
Tabela 15 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
planejamento do descarte do material de divulgação após o uso
Descarte do material de divulgação
Bandeiras retiradas por terceiros e encaminhadas para a Codeca
Alguns materiais foram guardados para a próxima edição da Festa em 2008
Codeca é responsável pela retirada e destino final
“Vai para o lixo e para a Codeca”
Cartazes recolhidos dos postes e destinados às associações de recicladores
Materiais de divulgação (fôlderes, folhetos, panfletos) foram todos distribuídos no
decorrer da Festa
As sobras de panfletos retornaram para a administração da Festa
Material de divulgação recolhido e destinado à reciclagem
Quadro 3: Planejamento do descarte do material de divulgação da Festa após o uso
No quadro 3 encontram-se disponíveis as ações tomadas pelos diretores
das comissões organizadoras da Festa quanto ao planejamento do descarte do
material de divulgação. Como é possível observar no relato dos sujeitos, não um
procedimento para o descarte do material de divulgação. Também é possível
identificar, em tais declarações, argumentos muito distintos para o descarte do
Material de divulgação pós-consumo
F %
Foi planejado 9 47,4
Não foi pensado no assunto 5 26,3
Não soube informar 3 15,8
Não foi planejado 2 10,5
TOTAL 19 100
material de divulgação.
Verifica-se também, a exemplo de De Conto (2006), a condição
marginalizada dos resíduos sólidos que são gerados diariamente nas atividades
humanas e, portanto, pelos quais toda a sociedade é responsável. A autora ainda
acrescenta: “É cômodo esquivar-se de problemas como esses. É cômodo falar sobre
o exercício da cidadania para algumas situações e não para a totalidade das
situações.” (DE CONTO, 2006, p. 64).
Entre outras palavras, é preocupante, do ponto de vista ambiental, afirmar
que houve planejamento para o descarte do material de divulgação e, no momento
de informar a ação de tal planejamento, declarar que esse material foi “para o lixo”.
Ao ser responsável solidário pelos resíduos que são gerados, se está exercendo a
cidadania na totalidade das situações. Assim, cabe parafrasear a indagação feita por
De Conto (2006, p. 70): por que os resíduos sólidos são tão estigmatizados pela
nossa sociedade? Não resta dúvidas quanto ao discurso social vigente sobre o tema
lixo, o qual está associado ao sujo, ao desprezível e à morte. (BASTOS, 1996 apud
DE CONTO, 2006).
Tabela 16 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
uso dado ao material de divulgação descartado
A tabela 16 apresenta os dados relacionados à distribuição de ocorrências e
porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o uso dado ao material de divulgação
descartado. A informação “não soube informar” destaca-se com 40,9% das
indicações, enquanto as informações “enviado à Codeca” e “encaminhado para as
associações de recicladores”, possuem 22,5% e 9,0% das indicações,
Material de divulgação descartado F %
Não soube informar 9 40,9
Enviado à Codeca 5 22,5
Encaminhado para associações de recicladores
2 9,0
Encaminhado para o aterro sanitário 1 4,6
1 4,6
Será utilizado nas próximas Festas 1 4,6
Foi todo utilizado 1 4,6
Reaproveitado 1 4,6
Reciclado 1 4,6
TOTAL 22 100
Foi para o lixo”
respectivamente.
A análise da informação “não soube informar” permite concluir que 40,9%
dos sujeitos pesquisados afirmaram não saber informar as ações tomadas no
planejamento do descarte do material de divulgação. Outro aspecto importante a ser
comentado diz respeito à seguinte verbalização: “Não sei informar porque não é da
minha área.” Analisando tais situações, percebe-se claramente o desconhecimento
por parte da maioria dos diretores das comissões organizadoras quanto ao
planejamento do descarte do material de divulgação.
Ao compararem-se os resultados das tabelas 15 e 16, do quadro 3 e das
verbalizações dos sujeitos disponíveis no roteiro de entrevista, constata-se que
praticamente 50% dos sujeitos afirmam existir planejamento do descarte do material
de divulgação. Entretanto, a maioria dos sujeitos pesquisados (40,9%) não sabe
informar o uso dado a esse material. Tal observação conduz à seguinte pergunta:
existindo planejamento para o descarte, como não saber informar o uso dado ao
material descartado? Parece oportuno examinar com profundidade a informação
disponível sobre o assunto: que informações os diretores das comissões
organizadoras dispõem sobre a relação entre o fenômeno resíduos sólidos e o
planejamento do descarte dos mesmos? Os diretores das comissões organizadoras
consideram os impactos ambientais dos bens de consumo usados e descartados
nas ações de divulgação da Festa? O empreendimento Festa da Uva adota o uso de
produtos que, após seu consumo, gerem a menor quantidade de resíduos? Essas
perguntas indicam a necessidade de a Festa da Uva reavaliar sua conduta adotada
frente ao planejamento de suas atividades.
Tabela 17 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
consideração no planejamento da Festa da Uva 2006 do princípio da prevenção da geração
de resíduos sólidos
Ao mencionar-se a minimização da geração de resíduos, é importante
ressaltar a tabela 17, que apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
Prevenção da geração de resíduos sólidos F %
Foi planejada 9 47,4
Não foi planejada 4 21,1
Não soube informar 4 21,1
Não foi pensado no assunto 2 10,4
indicações dos sujeitos sobre a consideração do princípio da prevenção da geração
de resíduos sólidos no planejamento da Festa da Uva.
Os dados apresentados nessa tabela permitem verificar que a informação
“foi planejada” apresenta 47,4% das indicações dos sujeitos. As informações “não foi
planejada” e “não soube informar” possuem 21,1% das indicações cada.
Ao compararem-se os resultados das tabelas 13, 14 e 15, em que os
diretores das comissões organizadoras declaram, em sua maioria, que: a) foi
planejado o uso de papel reciclado nas impressões de materiais informativos; b) foi
planejado o uso de materiais passíveis de reciclabilidade; c) foi planejado o descarte
do material de divulgação pós-consumo, pode-se observar a existência de uma
seqüência coerente nos relatos dos mesmos.
Entretanto, é possível identificar algumas lacunas no que diz respeito à
consideração do princípio da redução na geração de resíduos na Festa. Tal lacuna
pode ser identificada na medida em que não clareza, por parte dos sujeitos,
quanto ao entendimento desse princípio. Assim, medidas corretivas, a exemplo da
própria reciclagem, são confundidas com medidas preventivas, as quais visam a
evitar a geração de resíduos.
Diante disso, cabe ressaltar a declaração feita por um dos sujeitos no
momento da entrevista: “Sempre haverá geração na praça de alimentação, não
para oferecer meio prato.” O argumento defendido pelo sujeito revela o não-
entendimento do significado da expressão “princípio da prevenção da geração de
resíduos”. Entretanto, em outro relato, um dos sujeitos afirma que “ainda não
chegamos ao nível de prevenir a geração de resíduos na Festa da Uva”,
demonstrando um outro ponto de vista, mais ciente do que representa tal princípio.
Assim, o desafio proposto por esse princípio é reavaliar as condutas no sentido de
não gerar ou minimizar a geração desses resíduos. (DE CONTO, 2006).
Nesse sentido, cabe destacar a escala de prioridades no gerenciamento de
resíduos sólidos proposta por Valle (2004): prevenção, minimização,
reaproveitamento, tratamento e disposição final. Como é possível observar, a
prevenção aparece em primeiro lugar, indicando a concentração de esforços na
prevenção da geração de resíduos. Ainda no que tange à prevenção, Gonçalves
(2004) estabelece que o princípio da prevenção propõe a substituição de controle da
poluição end-of-pipe pela prevenção da geração de resíduos e dos conseqüentes
impactos ambientais dos mesmos. Tal substituição de controle da poluição,
conforme o autor, torna-se vantajosa, pois permite reduzir ou eliminar, na fonte, as
emissões potencialmente poluidoras, perigosas ou tóxicas. (GONÇALVES, 2004).
Entretanto, a sociedade ainda está distante dessa situação ideal. Ainda são gerados
muitos resíduos em atividades rotineiras.
Também é importante mencionar que o Estado do Rio Grande do Sul possui
uma legislação avançada referente a resíduos sólidos. O Decreto-lei 38.356, que
aprova o Regulamento da Lei 9.921, de 1993, que dispõe sobre a gestão de
resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 1998),
demonstra claramente o compromisso da legislação com o princípio da prevenção:
Art. 1º. A gestão dos resíduos sólidos é responsabilidade de toda a
sociedade e deverá ter como meta prioritária a sua não-geração, devendo o
sistema de gerenciamento destes resíduos buscar sua minimização,
reutilização, reciclagem, tratamento ou destinação adequada.
Nessa direção, é possível concluir a importância da consideração do
princípio da prevenção da geração de resíduos no planejamento ambiental da Festa
da Uva. Examinado as contribuições de Pessin et al. em seus estudos sobre
compostagem em meios de hospedagem, evidencia-se a necessidade de considerar
a variável ambiental em todas as fases do planejamento de um empreendimento
turístico, no sentido de prevenir os impactos ambientais decorrentes de suas
operações, entre elas, a geração de resíduos sólidos. (PESSIN et al., 2006). Para
isso, é importante e necessário desenvolverem estudos voltados à prevenção da
geração de resíduos sólidos nos empreendimentos turísticos, a fim de melhor
construir as relações entre o gerenciamento de resíduos sólidos e o turismo.
6 A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO DA
FESTA NACIONAL DA UVA
Neste capítulo o apresentas as tabelas relacionadas às distribuições de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre: a) os investimentos e
gastos com a manutenção nos processos operacionais da Festa da Uva 2006; b) o
planejamento de programa de educação ambiental dedicado às pessoas que
trabalham na Festa; c) o planejamento de programa de educação ambiental voltado
aos visitantes; d) a consideração da qualidade ambiental da Festa, como um
diferencial competitivo; e) a disponibilidade de informações sobre o desperdício de
papel nos sanitários; f) a disponibilidade de informações sobre o desperdício de
água nos sanitários.
A tabela 18 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre os investimentos e gastos com a manutenção dos
processos operacionais da Festa da Uva 2006.
Tabela 18 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre os
investimentos e gastos com a manutenção dos processos operacionais da Festa da Uva
Os dados apresentados permitem verificar que 94,7% dos sujeitos afirmaram
existir investimentos e gastos nos processos operacionais (conforme preconiza a
Investimentos e gastos F %
Sim 18 94,7
Não soube informar 1 5,3
TOTAL 19 100
Investimentos e gastos com:
Coleta de reduos sólidos 17 15,2
Coletores de reduos sólidos 17 15,2
17 15,2
17 15,2
Transporte de resíduos sólidos 17 15,2
Educação ambiental para a comunidade 10 8,9
Tratamento de resíduos sólidos 9 8,0
8 7,1
Reduos gerados durante a montagem
dos espaços e estandes da Festa da
Uva
Sacos para acondicionamento de
resíduos sólidos
Educação ambiental para empregados e
para terceirizados
Norma Brasileira de Contabilidade T15) da Festa da Uva, e apenas 5,3% das
indicações manifestaram não saber informar sobre esse assunto. Os dados
disponíveis, ainda, possibilitam observar que os investimentos e gastos, nos
processos operacionais da Festa, relacionam-se à coleta de resíduos sólidos, aos
coletores de resíduos sólidos, aos resíduos gerados durante a montagem dos
espaços da Festa, aos sacos para acondicionamento de resíduos e ao transporte de
resíduos sólidos, com 15,2% das indicações cada.
É pertinente ressaltar que 8,9% e 7,1% dos sujeitos afirmaram existir
investimentos em atividades de educação ambiental para a comunidade e para os
colaborados, respectivamente. Nesse sentido, ao examinarem-se os dados
apresentados nas tabelas 19 (sobre planejamento de programa de educação
ambiental para os colaborados da Festa da Uva) e 20 (sobre planejamento de
programa de educação ambiental para os visitantes da Festa), observa-se com
42,1% das indicações que houve planejamento de programa de educação ambiental
para os colaboradores e com 52,6% que foi elaborado tal programa para os
visitantes.
Diante dessa constatação, percebe-se que apesar da expressividade com
que os sujeitos afirmaram haver planejamento de programa de educação ambiental,
tanto para colaboradores quanto para visitantes, essa expressividade em termos de
indicações se reduz em se tratando de investimentos em tais programas. Tal
situação sugere a seguinte indagação: por que a maioria dos sujeitos mencionou a
existência de planejamento de programa de educação ambiental para a Festa,
enquanto uma minoria revelou haver investimentos em tal programa? Esse
questionamento conduz a outros: que informações os diretores das comissões
organizadoras de eventos dispõem sobre a Educação Ambiental? Os mesmos
conhecem a Política Nacional de Educação Ambiental? Como ocorre o intercâmbio
de informações entre as comissões organizadoras? Que investimentos são feitos em
educação ambiental? As respostas a essas indagações representam um passo
muito importante rumo ao planejamento ambiental de um evento.
Nesse sentido, cabe destacar a existência de uma Norma Brasileira de
Contabilidade, a NBC T15, que estabelece procedimentos para a evidenciação de
informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à
sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade. (CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2006).
Ainda, tal norma estabelece que devem ser evidenciados, na interação da
entidade com o meio ambiente, os seguintes investimentos e gastos com: a)
educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores
da entidade; b) com a educação ambiental para a comunidade. (CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2006). Assim, verifica-se claramente a
responsabilidade socioambiental da entidade Festa da Uva frente à comunidade e
ao meio ambiente de Caxias do Sul. Nesse sentido, cabe às comissões
organizadoras da Festa examinar os preceitos dessa norma ainda no planejamento
de suas atividades, demonstrando sua atenção quanto à legislação ambiental
vigente e assumindo, dessa forma, sua responsabilidade socioambiental.
Além do aspecto normativo, também é importante destacar algumas
verbalizações dos sujeitos que afirmaram existir investimentos em programas de
educação ambiental para a comunidade e para os colaboradores. Um deles
expressou que “havia avisos para não colocar lixo no chão”, outro sujeito verbalizou
algo similar: “Existiam avisos para manter o local limpo e para colocar o lixo na
lixeira.” Nesses dois relatos, percebe-se que a educação ambiental é examinada de
forma limitada, uma vez que ela é entendida, pelos sujeitos, como meio de transmitir
mensagens educativas em prol da manutenção da limpeza dos espaços de
circulação das pessoas na Festa.
Entretanto, a educação ambiental é mais complexa e é caracterizada por
ações que requerem a aplicação de conceitos, teorias, princípios e diretrizes
embasados na legislação vigente sobre educação ambiental. Nesse sentido, é
oportuno compartilhar a seguinte verbalização: “Houve evento da Codeca que
convidou prefeitos e secretários do meio ambiente da região, isso fez parte do
planejamento. Foram previstos ônibus para conduzir grupo pelos pavilhões, Museu
do Lixo, Complexo de Britagem e Usina de Asfalto, Barragem Maestra, Reciclagem
do Bairro Interlagos e Aterro Sanitário. Tudo isso para mostrar a importância do
destino correto dos resíduos sólidos. A natureza está interligada; poluir a água de
Caxias do Sul é poluir toda a bacia do Caí-Antas. É preciso organizar a Festa sem
agredir o meio ambiente, para isso foram instalados banheiros ecológicos para o
visitante não contaminar o meio ambiente.”
O conteúdo do relato acima traz indícios que revelam o caráter complexo da
educação ambiental. Também evidencia-se a importância da informação na
determinação do comportamento do sujeito, uma vez que a educação ambiental
“deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações, convertendo cada
oportunidade em experiências educativas [...]”. (PELICIONI, 2004, p. 478). Não resta
dúvidas quanto à contribuição das visitas mencionadas no relato desse sujeito na
formação de cidadãos conscientes de sua responsabilidade ambiental. Entretanto, é
preciso transformar a informação ambiental em conduta relevante para a sociedade.
A tabela 19 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre o planejamento de programa de educação ambiental
dedicado aos colaboradores da Festa da Uva.
Tabela 19 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
planejamento de programa de educação ambiental dedicado às pessoas que trabalham na
Festa da Uva
Ao examinarem-se os dados disponíveis na tabela 19, percebe-se que não
uma diferença significativa, em termos de ocorrências, entre as respostas dos
sujeitos, uma vez que oito (42,1%) deles afirmaram existir planejamento de
programa de educação ambiental; seis (31,6%) disseram não haver planejamento de
tal programa e cinco sujeitos (26,3%) manifestaram não ter pensando no assunto.
Considerando as informações apresentadas no quadro 4, sobre o conteúdo
e as características do programa de educação, voltado aos colaborados da Festa,
podem ser examinadas as condutas ambientais assumidas pelo evento. Nesse
sentido, é perceptível que as ações relatadas pelos diretores das comissões
organizadoras são generalistas, amplas e imprecisas. Tem-se como exemplos ações
de “cuidados com a grama”, “preocupação coletiva em preservar o meio ambiente” e
“palestras sobre o meio ambiente para a equipe de limpeza”. Essa abrangência e
diversidade de ações, consideradas pelos sujeitos como programa de educação
ambiental para os colaborados da Festa, confirmam o não-entendimento do
significado de um programa de educação ambiental.
Programa de Educação Ambiental F %
Foi planejado 8 42,1
Não foi planejado 6 31,6
Não foi pensado no assunto 5 26,3
TOTAL 19 100
Características
Providências tomadas com rigorosas regras de controle ambiental por parte dos
executores dos trabalhos na Festa
Treinamento realizado com equipe de limpeza
Sensibilização dos participantes da Festa por parte da Codeca quanto ao meio ambiente
Disponibilidade de coletores
Responsabilidade solidária no recolhimento de resíduos sólidos do chão (equipe de
limpeza, funcionários, diretores e presidente)
Palestras sobre o meio ambiente para a equipe de limpeza
Presença da equipe de capina
Separação do bagaço da uva dos demais resíduos sólidos
Encaminhamento do seletivo para as associações de recicladores
Instalação de tanques e rede de irrigação
Cuidados com a grama
Parceria com escoteiros
Parceria com a Codeca
Indicou a Comissão de Infra-estrutura
Pessoas orientadas a não depredarem o meio ambiente
Respeito à área verde da Festa da Uva
Construção do novo estacionamento
Barranco com retenção de grama
Cuidado com os resíduos sólidos gerados nos desfiles
Realização da triagem de recicláveis
Preocupação coletiva em preservar o meio ambiente
Quadro 4: Conteúdo e características do programa de educação ambiental dedicado às
pessoas que trabalham na Festa da Uva
Situação semelhante pode ser detectada na tabela 20, que trata do
planejamento de programa de educação ambiental voltado aos visitantes da Festa
da Uva. Os dados apresentados nessa tabela permitem identificar, com 52,6% das
indicações dos sujeitos, o planejamento de tal programa para os visitantes, contra
26,3% que indicaram não ter pensando no assunto.
Tabela 20 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
planejamento de programa de educação ambiental voltado aos visitantes da Festa da Uva
Comparando o conteúdo e as características desse programa com o
conteúdo e as características do programa anterior (voltado aos funcionários),
Programa de educação ambiental F %
Foi planejado 10 52,6
Não foi pensado no assunto 5 26,3
Não foi planejado 3 15,8
Não soube informar 1 5,3
TOTAL 19 100
também verifica-se o caráter generalista e abrangente das ações. Pode-se observar,
conforme informações do quadro 5, ações como “preocupação com ruídos”;
“preocupação com o meio ambiente” e “banheiros limpos”, que não representam a
totalidade de um programa de educação ambiental. Entretanto, verificam-se algumas
ações isoladas de educação ambiental nos depoimentos dos sujeitos: “A Codeca
organizou o Museu do Lixo nos Pavilhões da Festa” e “a Codeca realizou visita com
as Embaixatrizes ao Aterro Sanitário de São Giácomo e a uma cooperativa de
catadores, como parte da programação de preparação da escolha das candidatas.”
Além dessas ações, foi possível constatar no espaço reservado à Câmara de
Vereadores de Caxias do Sul, mediante a observação direta realizada pela
pesquisadora, a exibição de vinhetas no canal da TV Câmara, contendo informações
sobre o consumo e a economia de água e energia elétrica. Nessa direção, De Conto
(2004c) estabelece que compete aos meios de comunicação colaborar na
disseminação de informações e práticas educativas sobre o meio ambiente e
incorporar a variável ambiental em sua programação. Apesar de representarem
ações isoladas, é possível observar a relação estabelecida entre a informação
ambiental e o comportamento de tais sujeitos.
Em síntese, é perceptível que parece não haver clareza por parte das
comissões organizadoras quanto ao significado da expressão programa de
educação ambiental, apesar de as mesmas manifestarem existir planejamento de
programa de educação ambiental para colaboradores e visitantes.
Nesse sentido, é oportuno e necessário ressaltar a existência da Política
Nacional de Educação Ambiental, que, mediante o art. 1º, da Lei 9.795, de 27 de
abril de 1999, define a educação ambiental como
[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL,
1999).
Assim, cabe fazer a seguinte pergunta: os agentes envolvidos no processo do
turismo (poder público, meios de hospedagem, agências de viagens, guias de
turismo, planejadores, turismólogos, pesquisadores da área, eventos, entre outros),
bem como as comissões organizadoras de eventos conhecem tal lei? Como os
mesmos são responsáveis pelo cumprimento dessa lei? A exemplo de De Conto
(2006), essas indagações merecem ser respondidas por todos esses sujeitos, com o
propósito de identificar as responsabilidades de cada um em prol da construção de
políticas ambientais para o turismo.
Características
Disponibilidade de um número maior de coletores em relação à edição anterior da Festa
Não soube precisar nenhum programa
Planejamento do impacto provocado por veículos
Orientação dada pela Comissão de Hospitalidade quanto à limpeza do Parque
Destinação apropriada dos resíduos sólidos
Preocupação com ruídos
Preocupação com o meio ambiente
Cuidado com o recolhimento dos resíduos sólidos
Presença de banheiros ecológicos
Cuidado com o papel
Indicou comissão de infra-estrutura
Banheiros limpos
Preocupação com a limpeza
Orientação para a separação dos resíduos sólidos
Pessoas orientadas a não depredarem o meio ambiente
Na atividade “fazer bígoli”, das Olimpíadas Coloniais, a massa resultante é doada para
instituições
O queijo utilizado nas Olimpíadas Coloniais é revestido para ser reaproveitado
posteriormente
O milho usado nas Olimpíadas Coloniais é doado para agricultores, sendo destinado à
alimentação de galinhas
Os demais produtos usados nas Olimpíadas Coloniais são aproveitados também
Distribuição de panfletos contendo informações gerais da Festa (localização, pontos com
coletores de resíduos sólidos, número de telefones para dúvidas)
Participação dos funcionários da Codeca nos desfiles, sensibilizando a comunidade
Codeca disponibilizou o “Museu do Lixo” nas “Réplicas de Caxias do Sul”
As comissões da Festa realizaram trabalhos de conscientização com os visitantes
Distribuição de sacos plásticos para os visitantes depositarem seus resíduos
Quadro 5: Conteúdo e características do programa de educação ambiental dedicado aos
visitantes da Festa da Uva
No contexto da educação ambiental, torna-se importante destacar sua
relevância na qualidade ambiental da Festa da Uva. Nessa direção, os dados
apresentados na tabela 21 relacionam-se à qualidade ambiental da Festa como um
diferencial competitivo. Assim, verifica-se, com 73,7% das indicações dos sujeitos,
que a qualidade ambiental da Festa foi considerada como um diferencial
competitivo, enquanto 15,8% das indicações revelam que não foi pensando no
assunto.
Tabela 21 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
qualidade ambiental da Festa da Uva como diferencial competitivo
Em relação às formas de consideração da qualidade ambiental, como
diferencial competitivo, conforme relato dos sujeitos, destacam-se a limpeza geral da
Festa com 28,1% das indicações, o cuidado com os resíduos sólidos com 18,8% e a
manutenção dos banheiros limpos com 12,6%. Também é importante mencionar que
as informações “preservação de árvores nativas” (9,5%), “abastecimento de água”
(3,1%) e “cuidado com o esgoto” (3,1%), apesar do número reduzido de indicações,
constituem aspectos importantes a serem considerados na qualidade ambiental da
Festa da Uva.
Barretto (2005) colabora nesse sentido, ao ponderar que a qualidade
ambiental “manifesta-se no grau de conservação dos recursos naturais e
paisagísticos, na situação dos recursos hídricos [...] e na qualidade da infra-estrutura
implantada para o atendimento da população residente e visitante [...]”. Para
Gândara (2000), em seu artigo sobre a imagem da qualidade ambiental urbana,
Qualidade ambiental F %
Foi considerada 14 73,7
Não foi pensado no assunto 3 15,8
Não 2 10,5
TOTAL 19 100
Formas de consideração
Limpeza geral
9
28,1
Cuidado com os resíduos sólidos
6
18,8
Banheiros limpos
4
12,6
Preservação de árvores nativas
3
9,5
Abastecimento de água
1
3,1
1
3,1
Área de degustão de uvas
1
3,1
Cuidado com o esgoto
1
3,1
Espaços vendidos em busca de qualidade
1
3,1
Exercer comportamento ambientalmente correto
1
3,1
Participação da Secretaria do Meio Ambiente
1
3,1
Praça de alimentação com qualidade
1
3,1
Preocupação ambiental setorizada
1
3,1
1
3,1
TOTAL 32 100
Acesso para turistas idosos por baixo das
parreiras, pensando na preservação ambiental
Preocupação com a preservação cultural
mediante a exposição de objetos
como atrativo turístico, a imagem ligada à qualidade ambiental adquirida por uma
cidade transforma-se em um importante instrumento de captação de turistas e
investidores. Nessa mesma direção, a Festa da Uva pode tornar-se um evento mais
competitivo ao associar sua imagem à qualidade ambiental, atraindo um número
maior de visitantes, expositores e patrocinadores. Também cabe destacar que a
educação ambiental não foi mencionada por nenhum dos sujeitos pesquisados,
como um diferencial competitivo. Em suma, a Festa pode ser considerada como um
espaço importante para o exercício cidadão e responsável.
Ao compararem-se as tabelas 18, 19, 20 e 21, percebe-se uma certa
contradição no que tange à educação ambiental. Nas tabelas 19 e 20, os sujeitos
afirmam existir planejamento de programa de educação ambiental para
colaboradores e visitantes; entretanto, apenas uma minoria dos sujeitos pesquisados
diz, conforme dados da tabela 18, existir investimentos em educação ambiental para
a comunidade (8,9%) e para os empregados e terceirizados da Festa (7,1%).
Aliadas a essas constatações, também é importante mencionar que, apesar da
maioria dos sujeitos confirmarem que a qualidade ambiental foi considerada um
diferencial competitivo, de acordo com a tabela 21, nenhum deles apontou a
educação ambiental como ação de qualidade ambiental.
Tabela 22 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
disponibilidade de informações quanto ao desperdício de papel nos sanitários
A tabela 22 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a disponibilidade de informações quanto ao
desperdício de papel nos sanitários. A concentração maior em termos percentuais
está na categoria “foram planejadas” (31,6%). As informações “não foram
planejadas” e “não lembra” destacam-se com 21,1% das indicações cada.
Informações sobre o desperdício F %
Foram planejadas 6 31,6
Não foram planejadas 4 21,1
Não lembra 4 21,1
Não soube informar 3 15,8
Não foi pensado no assunto 1 5,2
Não respondeu 1 5,2
TOTAL 19 100
Comparando esses resultados com as informações obtidas, a partir da observação
direta realizada pela pesquisadora no âmbito da Festa, é possível concluir que
houve preocupação por parte do evento em evitar o desperdício de papel nos
sanitários, visto que os mesmos estavam equipados com dispositivos que
controlavam a emissão de folhas de papel.
Em relação à disponibilidade de informações sobre o desperdício de água
nos sanitários, conforme dados apresentados na tabela 23, pode-se verificar que as
informações “não soube informar” e “não foram planejadas” possuem o mesmo
percentual de indicações, que corresponde a 31,6% cada. Apenas com 15,8% das
indicações aparece a informação “foram planejadas”.
Tabela 23 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
disponibilidade de informações quanto ao desperdício de água nos sanitários
A partir dos resultados apresentados nas tabelas 22 e 23, percebe-se que
não procedimento adotado pelos diretores das comissões organizadoras no que
tange à disponibilização de informações sobre o desperdício de água e de papel nos
sanitários da Festa da Uva. Identifica-se, assim, uma lacuna no que tange ao
planejamento de programa de educação ambiental. A exemplo do que ocorre com
as informações contra o desperdício de papel, é preciso que a Festa faça o mesmo
em relação à água.
Informações sobre o desperdício F %
Não soube informar 6 31,6
Não foram planejadas 6 31,6
Foram planejadas 3 15,8
Não foi pensado no assunto 2 10,5
Não lembra 2 10,5
TOTAL 19 100
7 OS DESFILES E AS OLIMPÍADAS COLONIAIS COMO INSTRUMENTOS DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
No presente capítulo são apresentas as tabelas relacionadas às
distribuições de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre: a) a
preocupação com a área ambiental na temática dos desfiles Festa da Uva 2006; b) o
interesse em adotar a temática ambiental nos desfiles na próxima edição da Festa
em 2008; c) a existência de alguma atividade ligada à área ambiental nas
Olimpíadas Coloniais; d) o interesse em adotar nas Olimpíadas Coloniais atividades
ligadas à área ambiental na próxima edição da Festa em 2008.
A tabela 24 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a preocupação com a área ambiental na temática dos
desfiles da Festa da Uva 2006. Os dados apresentados nessa tabela permitem
concluir que a informação “houve preocupação” destaca-se com 63,2% das
indicações dos sujeitos, e a informação “não soube informar” possui 16% das
indicações.
Tabela 24 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
preocupação com a área ambiental na temática dos desfiles da Festa da Uva 2006
Com relação à preocupação com a área ambiental na temática dos desfiles,
é possível observar algumas ações ambientais declaradas pelos sujeitos (quadro 6).
Ao examinarem-se tais ações, verifica-se que as mesmas estão
relacionadas, em sua maioria, à preocupação com a limpeza e com os resíduos
sólidos gerados durante os desfiles. Também é perceptível a preocupação com o
Área ambiental/Temática F %
Houve preocupação 12 63,2
Não soube informar 3 15,8
Não foi pensado no assunto 2 10,5
Não houve preocupação 2 10,5
TOTAL 19 100
reaproveitamento e a reciclabilidade dos materiais e adereços utilizados nos
desfiles.
Preocupação com a área ambiental
Uso de materiais naturais na ambientação dos carros alegóricos
Recolhimento dos resíduos sólidos
Reaproveitamento de materiais utilizados na edição anterior da Festa
Distribuição de uvas em embalagens para depositar as cascas
Protocolo dos desfiles orientando os expectadores sobre resíduos e demais informações
gerais
Participação da Codeca durante a realização dos desfiles
Presença da equipe de varrição da Codeca
Preocupação com a limpeza
Preocupação com os resíduos sólidos
Presença de coletores de resíduos acoplados aos carros alegóricos
Confecção dos carros alegóricos com materiais recicláveis
Reaproveitamento de adereços na próxima edição da Festa
Uso de água não tratada na limpeza da rua onde acontecem os desfiles
Quadro 6: Preocupação com a área ambiental na temática dos desfiles
A tabela 25 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre o interesse em adotar a temática ambiental na próxima
edição da Festa em 2008. A informação “sim” representa 57,8% das indicações dos
sujeitos, enquanto a informação “não soube informar” corresponde a 15,8% das
indicações.
Tabela 25 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
interesse em adotar a temática ambiental nos desfiles na próxima edição da Festa da Uva
em 2008
Temática ambiental na Festa 2008 F %
Sim 11 57,8
Não soube informar 3 15,8
Não foi pensado no assunto 2 10,5
Não respondeu (indicou comissão desfile) 1 5,3
Não foi pensado na próxima edição da Festa
1 5,3
Não 1 5,3
TOTAL 19 100
A tabela 26 aponta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a existência de alguma atividade nas Olimpíadas
Coloniais ligada à área ambiental. Os dados dessa tabela revelam que a informação
“não soube informar” representa 31,7% das indicações, seguida das informações
“não foi pensado no assunto” e “não foi contemplada” com 21,1% das indicações
cada.
Tabela 26 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
existência de alguma atividade ligada à área ambiental nas Olimpíadas Coloniais
É possível examinar no quadro 7 as atividades realizadas nas Olimpíadas
Coloniais ligadas à área ambiental, conforme relato dos sujeitos que declararam a
informação “foi contemplada”.
Atividades
“Amassar uva”
Campeonato Gaúcho de Pára-gleider
Copa Brasil de Canoagem
Festival de Balonismo
Apresentação da Esquadrilha da Fumaça
Atividades rurais ao ar livre
Quadro 7: Atividades realizadas nas Olimpíadas Coloniais ligadas à área ambiental
A partir da análise das atividades ligadas à área ambiental, realizadas nas
Olimpíadas Coloniais, relatadas pelos sujeitos, não se evidencia a presença de
quaisquer atividades que contemplem componente ambiental, no sentido de
propiciar aos seus praticantes um momento de aprendizagem ambiental.
Atividade relacionada à área ambiental F %
Não soube informar 6 31,7
Não foi pensado no assunto 4 21,1
Não foi contemplada 4 21,1
Foi contemplada 3 15,8
Não lembra 2 10,5
A tabela 27 indica a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre o interesse em adotar, nas Olimpíadas Coloniais,
atividades ligadas à área ambiental na próxima edição da Festa da Uva em 2008. Os
dados apresentados nessa tabela permitem verificar que a informação “apresenta
interesse” destaca-se das demais com 57,9% das indicações. A informação “não foi
pensado no assunto” representa 26,3% das indicações, e a informação “não soube
informar” corresponde a 15,8% das indicações dos sujeitos.
Apesar de os sujeitos, em sua maioria (31,6%), não saberem informar sobre
a existência de alguma atividade relacionada à área ambiental na Festa, conforme
resultados da tabela 26, os mesmos, ainda em maioria (57,9%), expressaram
interesse em adotar tal atividade na próxima edição da Festa em 2008, segundo
dados da tabela 27.
Tabela 27 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
interesse em adotar nas Olimpíadas Coloniais, atividades ligadas à área ambiental na
próxima edição da Festa da Uva em 2008
A intenção, ao analisar os dados das tabelas 24, 25, 26 e 27, é mostrar que
tanto os desfiles quanto as Olimpíadas Coloniais podem converter-se em um
instrumento de educação ambiental. A exemplo de Ribeiro (2002), é possível afirmar
que a Festa da Uva pode ser caracterizada como um método de ensino. A Festa da
Uva, ao assumir seu papel na educação ambiental, estará assumindo também sua
responsabilidade socioambiental frente à sociedade.
Atividades relacionadas à área ambiental F %
Apresenta interesse 11 57,9
Não foi pensado no assunto 5 26,3
Não soube informar 3 15,8
TOTAL 19 100
8 A CONSIDERAÇÃO DO CRITÉRIO AMBIENTAL NA ESCOLHA DOS
COLABORADORES DA FESTA NACIONAL DA UVA
Neste capítulo são apresentas as tabelas relacionadas às distribuições de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre: a) a consideração do
critério ambiental na escolha dos expositores; b) a consideração do critério
ambiental na escolha dos patrocinadores; c) a disponibilidade de espaço específico
para a exposição de produtos ambientais.
A tabela 28 refere-se à distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a consideração do critério ambiental na escolha dos
expositores. A informação “não foi pensado no assunto” possui 42,1% das
indicações dos sujeitos, seguida das informações “não foi considerado” e “não soube
informar” com 31,6% e 21% das indicações, respectivamente.
Tabela 28 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
consideração do critério ambiental na escolha dos expositores
A tabela 29 trata da distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a consideração do critério ambiental na escolha dos
patrocinadores. As informações “não foi pensado no assunto” e “não foi
considerado” representam 42,1% das indicações cada.
Comparando os resultados das tabelas 28 e 29, conclui-se que o critério
ambiental não foi pensado e tampouco considerado na escolha dos patrocinadores e
expositores da Festa da Uva 2006.
Critério ambiental F %
Não foi pensado no assunto 8 42,1
Não foi considerado 6 31,6
Não soube informar 4 21,0
Foi considerado 1 5,3
TOTAL 19 100
Tabela 29 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
consideração do critério ambiental na escolha dos patrocinadores
De Conto (2004a, p. 3) reflete que “um evento do turismo (festa, rodeio,
show musical, entre outros) só é bem planejado se considerar os custos ambientais”.
Portanto, a Festa da Uva, ao considerar a qualidade ambiental como um diferencial
competitivo, conforme indicaram os sujeitos na tabela 21, deveria direcionar seu
olhar para a responsabilidade ambiental exercida pelos seus colaboradores. Uma
das formas de examinar a responsabilidade ambiental dos empreendimentos é
verificar se os mesmos possuem uma política ambiental. Nesse sentido, é oportuno
destacar que muitas organizações que patrocinam e expõem seus produtos na
Festa possuem políticas ambientais. Assim, cabe indagar: a Festa da Uva possui
sua própria política ambiental? É importante destacar que a ISO 14001 recomenda
aos empreendimentos, entre outras ações, o estabelecimento de uma política
ambiental apropriada à natureza (tipo de atividade), à escala (porte da organização)
e aos impactos ambientais de suas atividades. (ABNT, 2004a). Assim, Moura (2002)
e Barbieri (2004) compartilham que a política ambiental deve definir as intenções da
alta administração em relação ao desempenho ambiental da organização, fixando
seus objetivos e suas metas ambientais. Diante das contribuições da Associação
Brasileira de Normas Técnicas e de autores como Moura e Barbieri, constata-se que
a Festa da Uva, ao considerar o critério ambiental na escolha de seus
patrocinadores e expositores, tem a oportunidade de melhorar sua imagem
institucional de empreendimento que exerce sua responsabilidade ambiental.
A tabela 30 relaciona a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a disponibilidade de espaço específico para a
exposição de produtos ambientais. Os dados apresentados permitem verificar que a
informação “foi disponibilizado” representa 57,9% das indicações dos sujeitos,
enquanto a informação “não foi disponibilizado” representa 26,2% das indicações.
Tabela 30 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
Critério ambiental F %
Não foi pensado no assunto 8 42,1
Não foi considerado 8 42,1
Foi considerado 2 10,5
Não lembra 1 5,3
TOTAL 19 100
disponibilidade de espaço específico para exposição de produtos ambientais
O quadro 8 apresenta os espaços disponibilizados para a exposição de
produtos ambientais. É possível observar, conforme relato dos sujeitos, que houve a
realização de atividades de educação ambiental em alguns espaços da Festa, como
por exemplo no estande da Codeca.
Espaços disponibilizados
Para lançamento de uva especial para suco de uva
Para palestras, conferências na área ambiental
Shopping rural com estande sobre agronegócio
Para exposição de produtos orgânicos
Para evento sobre meio ambiente (saneamento) promovido pela Secretaria Municipal do
Meio Ambiente
Para eventos sobre meio ambiente e educação ambiental
Estande da Codeca com atividades educativas de sensibilização
Para produtos de origem ecológica
Para exposição de produtos agrícolas
Quadro 8: Espaços disponibilizados para exposição de produtos ambientais
Espaço/Produtos F %
Foi disponibilizado 11 57,9
Não foi disponibilizado 5 26,2
Não foi pensado no assunto 1 5,3
Não lembra 1 5,3
Não soube informar 1 5,3
TOTAL 19 100
9 SITUAÇÕES RELACIONADAS À ÁGUA, ENERGIA ELÉTRICA E ÁGUA
RESIDUÁRIA NO PLANEJAMENTO DA FESTA NACIONAL DA UVA
Neste capítulo são apresentas as tabelas relacionadas às distribuições de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre: a) a consideração do
princípio da redução no consumo de água no planejamento da Festa da Uva 2006;
b) a instalação de dispositivos de redução de vazão nos sanitários; c) a
consideração do princípio da redução no consumo de energia elétrica no
planejamento da Festa; d) a consideração da geração de água residuária (esgoto)
no planejamento da Festa; e) o conhecimento do destino da água residuária da
Festa.
A tabela 31 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de
indicações dos sujeitos sobre a consideração do princípio da redução no consumo
de água no planejamento da Festa.
Tabela 31 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
consideração do princípio da redução no consumo de água no planejamento da Festa da
Uva
Os dados dessa tabela permitem concluir que a informação “foi planejada” a
redução no consumo de água destaca-se com 57,9% das indicações. A seguir tem-
se a informação “não foi pensado no assunto” com 21,1% das indicações.
Ao examinarem-se os dados da tabela 32, que trata da distribuição de
ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a instalação de
dispositivos de vazão nos sanitários, verifica-se que a informação “foram instalados”
representa 36,8% das indicações, acompanhada pelas informações “não soube
Redução no consumo de água F %
Foi planejado 11 57,9
Não foi pensado no assunto 4 21,1
Não soube informar 2 10,5
Não foi planejado 2 10,5
informar” (31,6%) e “não foram instalados” (26,3%).
Comparando os dados apresentados nas tabelas 31 e 32, constata-se a
existência de uma relação direta entre as mesmas, uma vez que os sujeitos
relataram, em sua maioria, que foi planejada a redução no consumo de água e a
instalação de dispositivos de redução de vazão nos sanitários da Festa,
demonstrando haver coerência nas respostas dadas.
Tabela 32 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
instalação de dispositivos de redução de vazão nos sanitários (pias e vasos)
A importância da adoção de dispositivos redutores de vazão de água reside
no fato de os mesmos constituírem “uma das ações mais eficazes e mais
econômicas a serem implantadas”. (RICCI, 2002, p. 89). Além dessa ação
ambiental, o autor ainda recomenda o uso de torneiras automáticas, pois “além de
reduzir o consumo de água, garante também que nenhuma torneira poderá ser
esquecida aberta, consumindo milhares de litros de água”. (RICCI, 2002, p. 91).
A Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih) também colabora nessa
questão ao preconizar, como ações ambientais nos meios de hospedagem, o
monitoramento específico sobre o consumo de água e a aquisição e uso de
equipamentos e complementos que promovam a redução do consumo de água.
(ABIH, 2006).
O Instituto de Hospitalidade também presta sua colaboração no que tange à
conservação e à gestão do uso da água como pré-requisitos necessários à
sustentabilidade dos meios de hospedagem. Entre as medidas preconizadas por tal
instituto, destaca-se a utilização de dispositivos para economia de água, como por
exemplo, torneiras e válvulas redutoras de consumo em banheiros, lavabos,
chuveiros e descargas. Tais ações ambientais, apesar de terem sido pensadas para
o contexto hoteleiro, poderiam ser facilmente traduzidas para o cenário de eventos.
Dispositivos de redução de vazão F %
Foram instalados 7 36,8
Não soube informar 6 31,6
Não foram instalados 5 26,3
Não foi pensado no assunto 1 5,3
Nesse sentido, a Festa da Uva poderia conceber, a exemplo da matriz de
classificação da Abih, a sua própria matriz, contemplando as ações ambientais
necessárias.
Também cabe destacar algumas informações verbalizadas pelos sujeitos no
momento da entrevista, quanto ao planejamento da redução no consumo de água:
“perigo da falta de água” e “para evitar o desperdício foi refeita toda a rede hidráulica
e elétrica da Festa”. Quanto aos dispositivos de redução de vazão, um dos sujeitos
relatou que “as pessoas da limpeza fiscalizavam os banheiros para evitar as
torneiras abertas”. Tais relatos demonstram que alguns sujeitos parecem estar
sensíveis ao problema de escassez de água. De Conto (2005b) reflete em seu artigo
“Conduta desejada” sobre a importância de utilizar a água com consciência e
discernimento, para que a sociedade não tenha que enfrentar uma situação de
esgotamento ou deterioramento da qualidade das reservas disponíveis.
É oportuno destacar nesse momento que o resultado da observação direta,
realizada nos sanitários da Festa da Uva, corroboram os resultados da tabela 32. No
que tange à instalação de dispositivos de vazão de água, constatou-se, in loco, a
utilização dos mesmos. Entretanto, se a motivação maior para a adoção dessas
ações for a econômica, conforme destaca Genta (2006) em sua obra, ainda assim, é
preciso ressaltar que as ações de gestão ambiental existentes são incipientes.
Ainda no que concerne às ações ambientais desenvolvidas na Festa da Uva,
destaca-se a tabela 33, a qual apresenta a distribuição de ocorrências e
porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a consideração do princípio da
redução no consumo de energia elétrica no planejamento da Festa. A partir dos
dados apresentados, pode-se concluir que a informação “foi planejada” a redução no
consumo de energia elétrica representa 73,6% das indicações dos sujeitos, contra
15,8% das indicações relativas à informação “não foi planejada”.
Tabela 33 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
consideração do princípio da redução no consumo de energia elétrica no planejamento da
Festa da Uva
Redução no consumo de energia elétrica F %
Foi planejada 14 73,6
Não foi planejada 3 15,8
Não soube informar 1 5,3
Superficialmente 1 5,3
No que tange ao consumo de energia elétrica, a matriz de classificação da
Abih estabelece manter monitoramento específico sobre o consumo de energia
elétrica e manter critérios para aquisição de produtos e equipamentos que
apresentem eficiência energética e redução de consumo. (ABIH, 2006). Nesse
sentido, Ricci (2002) também colabora ao sugerir o uso de dispositivos de presença
e o uso de lâmpadas econômicas; dentre as vantagens destacam-se: redução no
consumo de energia, uso correto da tecnologia e maior durabilidade que, por sua
vez, garante redução de custos.
O Instituto de Hospitalidade, ao examinar a eficiência energética dos
empreendimentos hoteleiros, recomenda que a arquitetura das construções deve
utilizar técnicas para maximizar a eficiência energética, tais como: ventilação natural;
otimização do uso da iluminação natural; utilização de equipamentos e dispositivos
de aquecimento ou refrigeração com eficiência energética maximizada, entre outros.
(INSTITUTO DE HOSPITALIDADE, 2004).
Ainda no que diz respeito ao consumo de energia, Becken, Simmons e
Frampton (2003) destacam que apesar do aumento da consideração das questões
ambientais ligadas ao turismo, a interface do turismo e o uso de energia continua
inexplorada. Nessa direção, torna-se importante a consideração do consumo de
energia elétrica, assim como o desenvolvimento de ações para reduzi-lo, no
planejamento da Festa da Uva, no sentido de contribuir para o estabelecimento das
relações entre o turismo e o consumo de energia.
Ao analisar-se a tabela 34, que apresenta a distribuição de ocorrências e
porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a consideração da geração de água
residuária (esgoto) no planejamento da Festa da Uva, observa-se que as
informações “não foi pensado no assunto”, “não soube informar” e “não foi
planejada” aparecem igualadas com 26,3% das indicações cada uma delas.
Confrontando os resultados das tabelas 17, 31, 33 e 34, verifica-se, com
exceção da tabela 34, que os princípios de prevenção da geração de resíduos
sólidos e da redução no consumo de água e energia elétrica foram considerados no
planejamento da Festa da Uva. Tal constatação revela que a geração de água
residuária não foi considerada no planejamento da Festa pelos diretores das
comissões organizadoras.
Tabela 34 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre a
consideração da geração de água residuária (esgoto) no planejamento da Festa da Uva
Cabe destacar que o Instituto de Hospitalidade, mediante a norma NIH-54,
estabelece que o empreendimento deve planejar e implementar medidas para
minimizar os impactos provocados pelos efluentes líquidos ao meio ambiente. Tais
medidas devem incluir o tratamento de águas residuárias mediante conexão ao
sistema público de coleta e tratamento. (INSTITUTO DE HOSPITALIDADE, 2004).
Na seqüência, destaca-se a tabela 35 com a distribuição de ocorrências e
porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o conhecimento do destino da água
residuária da Festa.
Tabela 35 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o
conhecimento do destino da água residuária (esgoto) da Festa da Uva
Os dados dessa tabela permitem verificar que 52,6% dos sujeitos
pesquisados sabem informar o destino da água residuária da Festa, enquanto 47,4%
não sabem informar. Quanto ao destino informado pelos sujeitos, conforme dados
da tabela 35, destaca-se a informação “rede de esgoto da cidade” (60%) seguida
pela informação “esgoto cloacal” (20%).
Geração de água residuária F %
Não foi pensado no assunto 5 26,3
Não soube informar 5 26,3
Não foi planejada 5 26,3
Foi planejada 4 21,1
Destino da água residuária F %
Sabe 10 52,6
Não soube informar 9 47,4
TOTAL 19 100
Destino informado
Rede de esgoto da cidade 6 60,0
Esgoto cloacal 2 20,0
Vai para o Tega” 1 10,0
Fossa séptica 1 10,0
TOTAL 10 100
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os problemas relacionados às práticas ambientais em empreendimentos
turísticos podem ser considerados complexos, envolvendo fatores que estão
intrinsecamente ligados, formando um conjunto de relações e que, portanto, não
devem ser analisados de forma isolada.
Embora este estudo tenha como objetivo central a identificação da variável
ambiental no planejamento da Festa da Uva, identificaram-se apenas algumas
ações isoladas no que tange à divulgação da Festa, ao desperdício de papel nos
sanitários, à redução no consumo de água e de energia elétrica. No entanto,
considera-se que a investigação realizada permite fazer algumas considerações
sobre a relação estabelecida entre a variável ambiental e o planejamento de eventos
turísticos.
Para atender ao objetivo estabelecido, buscou-se relacionar as informações
obtidas com a pesquisa com o referencial teórico estudado sobre gestão ambiental
no turismo. Também compararam-se tais informações com a observação direta
realizada no âmbito da Festa da Uva, no sentido de confirmar a adoção das práticas
ambientais declaradas durante as entrevistas.
Com relação aos conceitos relacionados à minimização da geração de
resíduos sólidos, ao consumo de água e de energia, e à geração de água residuária,
é importante que esses temas façam parte integrante do planejamento de eventos
turísticos. A pesquisa revelou uma lacuna no que tange à geração de água
residuária, uma vez que a mesma não foi contemplada no planejamento da Festa.
Assim, é importante que a Festa contemple a geração de água residuária em sua
próxima edição, no sentido de efetivar a variável ambiental em seu planejamento.
No que diz respeito à consideração do princípio da prevenção da geração de
resíduos sólidos no planejamento da Festa, é importante haver clareza conceitual
quanto a esse princípio, pois a exemplo dos relatos dos sujeitos, é perceptível que a
prevenção é confundida com medidas corretivas, tais como a reciclagem.
No que tange ao planejamento de ações de educação ambiental na Festa da
Uva, cabe ressaltar a existência de algumas ações. Porém, é preciso que as
comissões organizadoras desenvolvam novos saberes quanto ao significado da
expressão programa de educação ambiental. Também é importante destacar a
contribuição dos desfiles e das Olimpíadas Coloniais, ao inserirem a variável
ambiental em suas temáticas. Assim, um desfile deve contemplar, além da cultura e
da história de uma comunidade, aspectos informativos e formativos na área
ambiental, os quais possam ser considerados um espaço de socialização de
informação ambiental para a comunidade local e aos visitantes.
Com relação à consideração do critério ambiental na escolha dos
patrocinadores e expositores da Festa da Uva, é pertinente ressaltar a importância
de considerar o critério socioambiental na escolha dos mesmos, no sentido de a
Festa demonstrar sua responsabilidade ambiental também em relação aos
colaboradores. Ainda cabe destacar que a Festa da Uva, ao considerar o critério
ambiental na escolha de seus colaboradores, tem a oportunidade de divulgar uma
imagem institucional de empreendimento ecologicamente responsável.
Os resultados da pesquisa também permitem verificar a relação direta
existente entre a informação ambiental e o planejamento da Festa da Uva. Foi
possível constatar, no decorrer da pesquisa, que as comissões que relatavam com
maior propriedade as ações ambientais desenvolvidas, eram aquelas cujos sujeitos
apresentavam experiência profissional na área ambiental. A partir das contribuições
de Moura (2002), é possível estabelecer que a equipe do meio ambiente não é a
única responsável pelas questões ambientais no empreendimento. É importante que
seja definido o papel de cada comissão organizadora em relação à responsabilidade
ambiental da festa. Como exemplo, pode-se destacar o setor responsável pelas
compras, no sentido de adquirir matérias-primas que produzam menor quantidade
de resíduos; também o setor de contabilidade, uma vez que pode identificar e
incorporar os custos e as despesas ambientais aos serviços do empreendimento.
Cabe destacar um aspecto que, apesar de não ter sido objetivo da pesquisa,
foi suscitado ao longo da mesma: a comunicação sobre informações relacionadas à
área ambiental entre as comissões organizadoras. Nessa direção, é importante
implementar um procedimento na área ambiental para a próxima Festa, no sentido
de uniformizar a linguagem e as informações básicas sobre os conceitos
relacionados à variável ambiental, como forma de perpassar as diferentes
comissões da Festa.
A universidade apresenta um papel relevante no que diz respeito a despertar
novos olhares nos empreendimentos turísticos. Nesse sentido, cabe aos cursos de
graduação em turismo e hotelaria e aos cursos stricto sensu em turismo
desenvolverem estudos que contemplem a variável ambiental.
O presente estudo contribui para a construção de estudos sobre a gestão
ambiental em eventos turísticos. Como foi possível constatar com a realização da
pesquisa, ainda muitas relações que precisam ser estabelecidas entre a variável
ambiental e o planejamento de eventos turísticos.
É importante que seja planejado ou incluído, no planejamento de uma festa,
a qualidade ambiental da mesma. Assim, a festa não deve ser avaliada como
produto, mas também como processo. O processo de criação e planejamento de
uma festa constitui uma festa.
Assim, as práticas ambientais devem ser consideradas em todas as fases de
uma festa, pois os problemas relacionados com variáveis ambientais em eventos
turísticos começam muito antes da operacionalização do mesmo. Começam com a
concepção da festa; com seu planejamento; com sua implantação; com sua
operacionalização; com as características e o comportamento das comissões
organizadoras, dos expositores, dos patrocinadores, da comunidade local e dos
visitantes, no que diz respeito à adoção de práticas ambientais nos eventos
turísticos. Assim, o sucesso de um evento inicia no planejamento e não na sua
operacionalização. Em síntese, é importante construir um novo conceito de
planejamento para a Festa da Uva, em que se contemple efetivamente a variável
ambiental.
É oportuno destacar algumas recomendações para a Festa da Uva, no
sentido de melhor inserir a variável ambiental no seu planejamento. A primeira
sugestão diz respeito à realização de um estudo de caracterização dos resíduos
sólidos gerados com o propósito de embasar as decisões ligadas ao gerenciamento
dos resíduos da Festa. A segunda recomendação relaciona-se ao estudo da
viabilidade da adoção da compostagem, no âmbito do município, como forma de
tratar a fração orgânica dos resíduos gerados na Festa e minimizar a quantidade
desses a ser transportada para o aterro sanitário. A terceira sugestão refere-se à
inserção da temática ambiental nas temáticas dos desfiles e das Olimpíadas
Coloniais, no sentido de auxiliar no processo de construção da educação ambiental.
Por fim, também cabe sugerir a criação de uma política ambiental para a Festa da
Uva, explicitando seu compromisso ambiental e formal perante à sociedade.
Também, no sentido de dar continuidade aos estudos, é importante sugerir
novos problemas de pesquisa: a) os visitantes consideram a qualidade ambiental no
momento da escolha de um evento turístico?; b) os turistas o motivados com
critérios ambientais a vistarem um evento?; c) qual a percepção dos organizadores
quanto aos impactos ambientais dos eventos nas comunidades receptoras?; d)
como os programas de ensino dos cursos de turismo e hotelaria analisam as
práticas ambientais em seus conteúdos?; e) qual a composição dos resíduos
gerados em um evento?; f) como o planejamento ambiental de um evento pode
contribuir para um novo olhar dos cartazes de divulgação?; g) como a área
ambiental pode auxiliar para uma nova construção dos desfiles de uma festa?; h)
como o planejamento do turismo é analisado nos programas de cursos lato sensu e
stricto sensu?; i) como se estabelecem as relações entre o planejamento do turismo
e o planejamento ambiental nos municípios turísticos?; j) que variáveis interferem no
comportamento das comissões organizadoras de eventos e dos visitantes quanto à
adoção de práticas ambientais?
Responder aos questionamentos propostos representa dar continuidade ao
estudo que agora conclui-se. Esta é uma das maneiras que os pesquisadores
brasileiros em turismo podem contribuem para o estado da arte da gestão ambiental
no turismo.
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APÊNDICES
APÊNDICE A
Características dos sujeitos
Idade Gênero Escolaridade Profissão Atribuições
51 M Ensino Médio Empresário Organização, representações no âmbito municipal,
estadual e federal.
60 M Superior com
pós-
graduação
Economista Suprir empresa com os recursos necessários.
Elaborar e controlar orçamento.
33 M Superior com
pós-
graduação
Advogado Preocupação com o bem-estar, segurança e
conforto dos turistas e cidadãos. Papel de interface
com as demais comissões.
44 M Superior em
andamento
Empresário Contratação da equipe de segurança e da empresa
de limpeza. Organização das bilheterias e
ingressos.
57 M Superior Advogado Assessoria legal em todos os contratos da Festa
com terceiros. Orientações na existência de litígio e
ações judiciais. Elaboração de atas de assembléias
e de reuniões da diretoria.
47 M Superior Empresário
rural
Compra, distribuição e exposição de uvas.
Premiação dos viticultores. Montagem do parque
temático. Responsável pelo estande da agricultura
e pelo simpósio voltado à área da agricultura.
68 M Superior com
pós-
graduação
Professor Definição do tema da Festa. Elaboração do roteiro
do desfile. Definição das apresentações artísticas e
dos shows.
53 M Superior Professor de
Educação
Física e
Administrador
de Empresas
Organizar eventos que associem a prática do
esporte. Atração de visitantes aos eventos
esportivos e à Festa.
47 M Superior Empresário Vender ou comercializar os espaços disponíveis.
Organizar o layout dos espaços.
52 M Superior com
pós-
graduação
Administrador
de Empresas
Relacionamento com a comunidade, com
organizações não-governamentais e empresas em
geral. Relaciona-se com as Olimpíadas Coloniais.
53 M Superior com
pós-
graduação
Tecnólogo
em
Automação
Industrial
Organizar o evento de escolha das soberanas da
Festa bem como a agenda das mesmas. Colaborar
na divulgação da Festa.
48 M Ensino Médio Comerciário Responsável pela manutenção do sistema viário,
pluvial, cloacal e do sitema elétrico.
54 M Superior com
pós-
graduação
Comerciante Comissão composta por três órgãos: Secretaria
Municipal de Obras (responsável pelas obras
físicas, setor pesado), SAMAE (respnsável pelo
abastecimento de água) e CODECA responsável
pela logística, obras, estacionamento, chegada e
saída de visitantes, limpeza do Parque (banheiros,
coletores de resíduos).
Idade Gênero Escolaridade Profissão Atribuições
36 F Superior com
pós-
graduação
Administrador
de Empresas
Envolve assessoria de imprensa, busca de
patrocínios, relações públicas (convites),
comunicação visual e mídia (impressa, TV, rádio).
Realiza ações de endomarketing com a própria
comissão.
57 M Superior
incompleto
Comerciante Organizar todo o setor de alimentação. Oferecer
mix de serviços de alimentação (lanches, refeições,
pratos sofisticados). Assegurar segurança e higiene
nos serviços prestados. Participação da Vigilância
Sanitária.
52 M Superior Publicitário Ligada à cultura. Elementos da cultura ítalo-serrana
são transformados em eventos interativos. Conta
com a participação popular.
46 M Superior Engenheiro
Mecânico
Assumir a presidência na ausência do Presidente.
Buscar recursos via parceria com o Presidente da
Festa.
29 M Superior Arquiteto
Urbanista
Responsável pela formatação e organização do
desfile alegórico. Divulgar o tema da Festa através
do corso alegórico.
74 M Ensino Médio Industrial Acessorar diretamente o Presidente em todas as
atividades da Festa, principalmente no que diz
respeito aos contatos com patrocinadores e
apoiadores.
APÊNDICE B
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Dados de identificação
Sujeito:_____________________________________________________________
Idade: ______________________________________________________________
Gênero:_____________________________________________________________
Grau de escolaridade: _________________________________________________
Profissão: ___________________________________________________________
Ocupação atual: ______________________________________________________
E-mail: _____________________________________________________________
Comissão Festa da Uva: _______________________________________________
Atribuições da Comissão:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
PRÁTICAS AMBIENTAIS
1) O senhor(a) foi motivado a adotar práticas ambientalmente corretas no
planejamento da Festa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, dizer quais:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Foi considerado no planejamento a elaboração de algum programa de educação
ambiental dedicado às pessoas que trabalham na Festa da Uva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, no que consiste tal programa?_____________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) Foi considerado no planejamento a elaboração de algum programa de educação
ambiental dedicado às pessoas que visitam a Festa da Uva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, no que consiste tal programa?_____________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4) Foi considerada a qualidade ambiental da Festa da Uva como um diferencial
competitivo?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, como?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5) Foram planejados investimentos e gastos com a manutenção nos processos
operacionais?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, dizer quais:
( ) resíduos gerados durante a montagem dos espaços e estandes da Festa da Uva
( ) coletores de resíduos sólidos
( ) sacos para acondicionamento de resíduos sólidos
( ) coleta de resíduos sólidos
( ) tratamento de resíduos sólidos
( ) transporte de resíduos sólidos
( ) educação ambiental para empregados e para terceirizados
( ) educação ambiental para a comunidade
A – RESÍDUOS SÓLIDOS
1) Qual foi a quantidade de resíduos sólidos gerados na Festa da
Uva?_______________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Quais foram os setores da Festa que mais geraram resíduos sólidos?
( ) praça de alimentação
( ) feira de expositores
( ) local de degustação de uvas
( ) parque de diversões
( ) outras
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) Quais foram os tipos de resíduos sólidos mais gerados na Festa da
Uva?_______________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4) Qual foi a composição mais freqüente dos resíduos sólidos gerados na Festa da
Uva?
( ) matéria orgânica putrescível: sobras alimentares de origem animal e/ou vegetal
( ) plástico: sacos, sacolas, embalagens de refrigerantes e de água
( ) papel e papelão: caixas, revistas, jornais
( ) vidro: garrafas de bebida, copos, pratos
( ) metal ferroso: enlatados de produtos alimentícios, esponja de lã de aço, palha de
aço
( ) metais não ferrosos: latas de bebidas, fiação elétrica
( ) madeira: caixas, lenha, tábuas
( ) panos, trapos, couro e borracha
( ) contaminantes químicos: pilhas, baterias, medicamentos e lâmpadas
fluorescentes
( ) contaminantes biológicos: papel higiênico, cotonetes, algodão, curativos e
preservativos
( ) desconhece
5) A Festa Nacional da Uva 2006 determinou a composição dos resíduos sólidos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6) O senhor(a) considera interesse a realização da caracterização dos resíduos
sólidos na próxima edição da Festa da Uva em 2008?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7) Foi elaborado no planejamento da Festa algum procedimento para separação,
coleta, armazenamento, reaproveitamento, tratamento e disposição final dos
resíduos sólidos gerados na Festa da Uva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, informar quais:
Separação:__________________________________________________________
Coleta:______________________________________________________________
Armazenamento:______________________________________________________
Reaproveitamento:____________________________________________________
Tratamento:__________________________________________________________
Disposição final:______________________________________________________
8) Como foi planejada a distribuição dos coletores de resíduos sólidos na Festa da
Uva?_______________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9) Foi planejado algum programa de coleta seletiva de resíduos sólidos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10) Existe alguma parceria da Festa da Uva com as associações de recicladores de
Caxias do Sul?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, informar qual:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
11) Com que freqüência os resíduos foram coletados internamente?
Matéria orgânica putrescível (sobras alimentares de origem animal e/ou
vegetal):_____________________________________________________________
Plástico (sacos, sacolas, embalagens de refrigerantes e de água):
___________________________________________________________________
Papel e papelão (caixas, revistas, jornais):
___________________________________________________________________
Vidro (garrafas de bebida, copos, pratos):
___________________________________________________________________
Metal ferroso (enlatados de produtos alimentícios, esponja de lã de aço, palha de
aço):
___________________________________________________________________
Metais não ferrosos (latas de bebidas, fiação elétrica):
___________________________________________________________________
Madeira (caixas, lenha, tábuas):
___________________________________________________________________
Panos, trapos, couro e borracha:
___________________________________________________________________
Contaminantes químicos (pilhas, baterias, medicamentos e lâmpadas fluorescentes):
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Contaminantes biológicos (papel higiênico, cotonetes, algodão, curativos e
preservativos):
___________________________________________________________________
12) Com que freqüência os resíduos foram coletados externamente?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13) Foram previstos, no planejamento da Festa, abrigos internos e externos de
resíduos sólidos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
14) Há interesse em realizar a compostagem na próxima Festa, como forma de
tratamento dos restos alimentares e de minimização da quantidade de resíduos
sólidos a ser transportada para o aterro sanitário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
15) O princípio da prevenção da geração de resíduos foi examinado no
planejamento da Festa da Uva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
16) Nos sanitários foram disponibilizadas informações sobre desperdício de papel?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
B – DIVULGAÇÃO
1) Como foi feita a divulgação da Festa da Uva 2006?
( ) site
( ) cartazes
( ) fôlderes
( ) banners
( ) TV
( ) rádio
( ) jornal
( ) placas indicativas
( ) out doors
( ) outros
2) Quais foram os materiais utilizados na confecção dos meios de divulgação da
Festa?
( ) Papel
( ) Metal
( ) Plástico
( ) Barbante
( ) Outros:
___________________________________________________________________
( ) Não soube informar
( ) Não foi pensado no assunto
3) Foi planejado o uso de papel reciclado nas impressões de materiais informativos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
4) Foi planejado o uso de materiais passíveis de reciclabilidade?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
5) Foi planejado o descarte do material de divulgação após o uso?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, informar como.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6) Que uso foi dado ao material de divulgação descartado?____________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
C – EXPOSITORES E PATROCINADORES
1) Que características têm os expositores?_________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) O critério ambiental foi considerado no momento da escolha dos expositores?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, dizer quais:
( ) Política ambiental
( ) Programa de educação ambiental
( ) Outro: ____________________________________________________________
3) Que características têm os patrocinadores?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4) O critério ambiental foi considerado no momento da escolha dos patrocinadores?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, dizer quais:
( ) Política ambiental
( ) Programa de educação ambiental
( ) Outro: ____________________________________________________________
5) Como foram definidos os espaços para os expositores?_____________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6) A Festa disponibilizou espaço específico para a exposição de produtos
ambientais, tais como pesquisas científicas e tecnologias novas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, quais foram os espaços?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
D – DESFILES
1) Qual foi a temática dos desfiles?_______________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Na temática dos desfiles, houve preocupação com a área ambiental?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, descrever a temática.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) Há interesse em adotar a temática ambiental na próxima edição em 2008?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
E – OLIMPÍADAS COLONIAIS
1) Quais foram as atividades desenvolvidas nas Olimpíadas?___________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Existe alguma atividade ligada à área ambiental?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
Se sim, dizer qual.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) Há interesse em adotar atividades ligadas à área ambiental na próxima edição da
Festa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi pensado no assunto
F – ÁGUA
1) O princípio da redução no consumo de água foi examinado no planejamento da
Festa da Uva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
2) Qual foi o consumo de água na Festa da Uva?____________________________
3) Nos sanitários (pias e vasos) foram instalados dispositivos de redução de vazão?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
4) Nos sanitários foram disponibilizadas informações sobre desperdício de água?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
G - ENERGIA
1) O princípio da redução no consumo de energia elétrica foi examinado no
planejamento da Festa da Uva?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
2) Qual foi o consumo de energia na Festa da Uva?__________________________
H – ÁGUA RESIDUÁRIA
1) O senhor(a) conhece o destino da água residuária (esgoto) da Festa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
( ) Se sim, qual?
___________________________________________________________________
2) A geração de água residuária (esgoto) foi examinada no planejamento da Festa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar ( ) Não foi pensado no assunto
APÊNDICE C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Está sendo realizada uma pesquisa intitulada “Fatores ambientais associados ao
planejamento de eventos turísticos: estudo de caso da Festa Nacional da Uva - RS”,
com o objetivo de identificar as relações estabelecidas entre o fenômeno ambiental e
o planejamento da Festa Nacional da Uva 2006. Para a realização desta pesquisa,
estão sendo realizadas entrevistas com diretores das comissões organizadoras da
edição de 2006 da Festa Nacional da Uva, realizada em Caxias do Sul/RS.
O Projeto de Pesquisa é da mestranda Gisele Silva Pereira, e a orientação é da
Profa. Dra. Suzana Maria De Conto da Universidade de Caxias do Sul. A pesquisa
consta de uma entrevista com questões relacionadas às relações estabelecidas
entre o fenômeno ambiental e o planejamento da Festa Nacional da Uva 2006.
Todas as informações resultantes da entrevista serão de uso exclusivo para o
estudo de caso, sendo utilizadas com a única finalidade de fornecer elementos para
a realização da investigação para a dissertação de Mestrado em Turismo, na
Universidade de Caxias do Sul, ou dos relatórios e artigos que dela resultem. É
garantido total sigilo para o entrevistado. Em nenhum momento os dados coletados
serão utilizados para qualquer medida punitiva ou de fiscalização.
Qualquer dúvida ou informação a respeito da pesquisa poderá ser esclarecida
diretamente com a orientadora da mesma, a Profa. Dra. Suzana Maria De Conto,
pelo telefone (54) 2182100, ramal 2509, ou pelo e.mail smcma[email protected].
Declaro que, de acordo com as informações que me foram dadas, consinto que o
estudo seja realizado com o diretor da comissão ____________________________
Eu, ______________________________________ concordo em participar
voluntariamente desta pesquisa.
Caxias do Sul, ___ de __________ de 2006.
Entrevistado: ________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________
Entrevistadora: Gisele Silva Pereira
Assinatura: __________________________________________________________
APÊNDICE D
Carta de agradecimento aos sujeitos
Caxias do Sul, ___ de ____________ de 2006.
Caros participantes da pesquisa:
A colaboração oferecida por V.Sa., ao responder às questões da entrevista realizada
no período de 11 de julho a 18 de agosto de 2006, foi de extrema importância para a
construção da Dissertação de Mestrado intitulada “Fatores ambientais associados ao
planejamento de eventos turísticos: estudo de caso da Festa Nacional da Uva - RS”.
O conhecimento que será gerado é relevante para auxiliar na tomada de decisões
no planejamento ambiental de eventos.
Agradeço pela cortesia e atenção que V. Sa. teve para com o meu trabalho de
pesquisa, e coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos a respeito dos
resultados obtidos. A previsão de defesa de minha dissertação é março de 2007.
Sem mais para o momento, subscrevo-me,
Cordialmente,
Gisele Silva Pereira
Mestranda
Mestrado em Turismo
Universidade de Caxias do Sul.
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