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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
-----------------------------------------------------------------------
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
ARY TAVARES REZENDE FILHO
ESTUDO DA VARIABILIDADE E ESPACIALIZAÇÃO DAS
UNIDADES DA PAISAGEM: Banhado (baía/vazante), Lagoa
Salina e Lagoa Salitrada no Pantanal da Nhecolândia, MS.
AQUIDAUANA
2006
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i
ARY TAVARES REZENDE FILHO
ESTUDO DA VARIABILIDADE E ESPACIALIZAÇÃO DAS
UNIDADES DA PAISAGEM: Banhado (baía/vazante), Lagoa
Salina e Lagoa Salitrada no Pantanal da Nhecolândia, MS.
Dissertação apresentada à Coordenação do
Programa de Pós-Graduação em Geografia,
em nível de Mestrado, do Câmpus de
Aquidauana, da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, como exigência para obtenção
do grau de Mestre em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto.
Aquidauana
2006
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ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Rezende Filho, Ary Tavares.
ESTUDO DA VARIABILIDADE E ESPACIALIZAÇÃO DAS
UNIDADES DA PAISAGEM: Banhado (baía/vazante), Lagoa Salina e
Lagoa Salitrada no Pantanal da Nhecolândia, MS. / Ary Tavares Rezende
Filho – Aquidauana, MS: (s.n), 2006.
Orientador: ArnaldoYoso Sakamoto
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul.
1. Pantanal. 2. condutividade elétrica. 3. solo mineralizado.
I. Rezende Filho, Ary Tavares. II. Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul. Câmpus de Aquidauana. III Título
iii
Aquidauana (MS), 27 de Março de 2006
i
DEDICATÓRIA
Dedico a essência deste trabalho
aos meus pais, em especial aos
meus irmãos, sobrinhos e as
pessoas que contribuíram de
certa forma para minha formação,
demonstrando paciência, carinho
e amizade ao longo desta
caminhada.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que diretamente ou indiretamente
colaboraram para que esta dissertação fosse realizada, especialmente:
Ao Prof. Dr Arnaldo Yoso Sakamoto pela orientação.
Ao Prof. Dr. Laurent Barbiéro IRD/CEFIRSE - Department of Metallurgy,
Índia Institute of Science - Bangalore, Índia e a Profª Drª Sônia Furian
FFLCH/USP - São Paulo, SP. Co-orientação.
Ao Prof. Dr. José Pereira de Queiroz Neto, coordenador do projeto 412/03 –
Capes/Cofecub, pelo intercâmbio técnico-científico de pesquisadores
franceses no País.
À Profª Drª Rosely Pacheco Dias Ferreira pelas conversas e conselhos nas
saídas de campo no pantanal.
À Profª. Drª. Luiza L. Salvi Sakamoto pelo apoio e amizade.
Ao Prof. Dr. Wallace de Oliveira pelo apoio e amizade.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Geografia que
contribuíram com seus conhecimentos para minha qualificação.
Aos colegas do Curso de Pós-Graduação em Geografia com os quais
convivi.
Aos acadêmicos do curso de Geografia do CPTL - UFMS que fizeram parte
da equipe de campo no período de coleta dos dados deste trabalho, em
especial Jaqueline Aparecida Pontes Viana, Mauro Henrique Soares da
Silva, Vitor Matheus Bacani e Frederico dos Santos Gradella.
Ao DCH – Câmpus de Três Lagoas pelo apoio durante a realização dos
créditos junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia.
Ao Prof. Dr. Dercir Pedro de Oliveira pelo apoio durante o período como
Diretor do Câmpus de Três Lagoas e pela leitura do trabalho.
À CAPES pela bolsa no período de setembro de 2004 a outubro de 2005.
À PROPP – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul em nome da Profª Drª Célia de Oliveira pelo
apoio financeiro.
À EMBRAPA PANTANAL pela permissão do uso da Fazenda Experimental
NHUMIRIM para realização dos trabalhos de campo.
iii
À SEMACT - Secretaria do Meio Ambiente e Turismo do Estado de Mato
Grosso do Sul pela cessão dos veículos para locomoção da equipe de
campo.
iv
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................... 1
1.1 Área de estudo............................................................................ 7
CAPÍTULO II......................................................................................... 13
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO................................................................. 13
2.1 Do mito à realidade..................................................................... 19
2.1.1 A história.............................................................................. 19
2.1.2 Uma paisagem eólica e a origem da salinidade.................. 20
CAPÍTULO III........................................................................................ 25
3 CARACTERÍSTICAS CLIMATO-PEDOLÓGICAS DO PANTANAL
MATO-GROSSENSE............................................................................
.......
25
3.1 A Sub-região do Pantanal da Nhecolândia................................. 37
3.1.1 Particularidades da sub-região do Pantanal da
Nhecolândia..................................................................................
.......
39
3.1.1.1 Sistemas Geológicos.................................................... 39
3.1.1.2 Leque aluvial................................................................. 40
3.1.1.3 Sistemas geomorfológicos............................................ 43
3.1.1.4 Sistemas pedológicos................................................... 45
3.1.1.5 Formações Vegetais..................................................... 45
3.2 Terminologias regionais.............................................................. 46
CAPÍTULO IV........................................................................................ 48
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................... 48
4.1 Levantamento Topográfico......................................................... 48
4.2 Análise da estrutura pedológica.................................................. 49
4.3 Funcionamento Hídrico............................................................... 52
4.4 Mapeamento da condutividade eletromagnética do solo............ 52
4.4.1 Métodos eletromagnéticos de baixa freqüência (EM38)...... 54
4.5 Geoestatística........................................................................... 56
4.5.1 Tratamento Geoestatístico................................................... 57
4.5.1.1 Estatística descritiva..................................................... 57
4.5.1.2 Semivariograma............................................................ 58
4.5.1.3 Geração de mapas de Krigeagens............................... 60
CAPÍTULO V......................................................................................... 62
5 RESULTADOS................................................................................... 62
v
5.1 Estudo bidimensional da cobertura pedológica.......................... 62
5.2 O Comportamento da Oscilação do Lençol Freático.................. 76
5.3 Estudo topográfico da Lagoa Saliltrada...................................... 77
5.4 Mapeamento da condutividade eletromagnética nas três
unidades da paisagem: Banhado (Baía/Vazante), Lagoa Salina e
Lagoa Salitrada.................................................................................
.......
......
79
5.4.1 Geoestatística descritiva...................................................... 79
5.4.2 Histogramas......................................................................... 80
5.4.3 Semivariogramas................................................................. 83
5.4.4 Elaboração de mapas por krigeagem.................................. 85
5.5 Correspondência entre condutividade eletromagnética e
cobertura pedológica.........................................................................
.......
88
CAPÍTULO VI........................................................................................ 91
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................................... 91
6.1 Análise da cobertura pedológica................................................. 91
6.2 Relação genética entre os três ambientes.................................. 93
6.3 Analise do funcionamento do lençol freático em relação a
morfologia do solo e as incidências de chuvas.................................
.......
94
6.4 Topografia da lagoa salitrada...................................................... 96
6.5 Cobertura Vegetal....................................................................... 99
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 103
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização da área de estudo........................................ 6
Figura 2 - Localização da área de estudo e mapa da Fisionomia
da fazenda Nhumirim Embrapa Pantanal e parte da
fazenda Campo Dora.......................................................
.......
.......
8
Figura 3 - Área de estudo A Imagem de Satélite Landsat, 2001,
B Fotografia Aérea ESAF, 1966 e C Mapa temático.......
.......
9
Figura 4 - Bacia do Alto Rio Paraguai.............................................. 26
Figura 5 - Modelo digital do relevo (confeccionado a partir de
dados digitais do terreno, USGS -Dtopo30). A Bacia do
Pantanal é separada da Bacia do Chaco (situada no
Paraguai) por uma estreita passagem no Planalto
Residual do Urucum-Amolar, entalhada em terrenos
pré-cambrianos (ASSINE, 2003)......................................
.......
.......
.......
.......
.......
29
Figura 6 - Modelo digital (confeccionado a partir de dados digitais
do terreno do USGS - Dtopo30). As altitudes são
inferiores a 200m na Bacia do Pantanal (ASSINE,
2003)................................................................................
.......
.......
.......
30
Figura 7 - Pantanais Mato-grossenses, segundo classificação
RADAMBRASIL...............................................................
.......
32
Figura 8 - Mapa das Sub-regiões do Pantanal conforme
classificação de Silva & Abdon,1998 com termologia
regional............................................................................
.......
.......
33
Figura 9 - Bacia do Alto Paraguai. Províncias fitogeográficas e
áreas de influências (ADÁMOLI, 1986)............................
.......
35
Figura 10 - Sucessão vegetal para o Cerrado (COUTINHO, 1990)... 35
Figura 11 - Pantanal da Nhecolândia................................................. 38
Figura 12 - Imagem de satélite do legue aluvial do rio Taquari,
(Imagens Landsat 08/08/2001, Cd-Room Coleção Brasil
visto do espaço)...............................................................
.......
.......
42
Figura 13 - O cone do rio Taquari segundo a interpretação de
Braun, 1977......................................................................
.......
42
Figura 14 - Mapa de compartimentação do Pantanal da
Nhecolândia proposto por Fernandes, 2000....................
.......
44
Figura 15 - Malha irregular dos pontos da topografia da lagoa
Salitrada...........................................................................
.......
49
Figura 16 - Localização da toposseqüência e seqüências
estudadas.........................................................................
.......
50
Figura 17 - A calibração do aparelho EM38 em função da
morfologia do solo............................................................
.......
51
vii
Figura 18 - Malha regular 10x10 do Banhado (baía-vazante)............ 53
Figura 19 - Malha regular 10x10 da lagoa Salina do meio................. 53
Figura 20 - Malha regular 20x20 da lagoa Salitrada.......................... 54
Figura 21 - Condutivímetro Eletromagnético EM 38 (GEONICS
LTD. ONTÁRIO, CANADÁ)..............................................
.......
56
Figura 22 - Modelo de semivariograma experimental (INPE -
TUTORIAL SPRING®, 2003)...........................................
.......
59
Figura 23 - Toposseqüência 1 (sentido sudoeste-nordeste),
Banhando (baía-vazante)................................................
.......
62
Figura 24 - Toposseqüência 2 (sentido noroeste-sudeste),
banhando (baía-vazante).................................................
.......
63
Figura 25 - Toposseqüência 3 (sentido sul-norte), banhando (baía-
vazante)...........................................................................
.......
63
Figura 26 - Toposseqüência 4 (sentido sul-norte), Lagoa Salina
(detalhe do perfil no interior da cordilheira entre os
piezômetros P2 e P3).......................................................
.......
.......
...64
Figura 27 - Toposseqüência 5 (sentido sul-norte), Lagoa Salina
(FURQUIM et al, 2004)....................................................
.......
64
Figura 28 - Toposseqüência 6 (sentido sudoeste-nordeste), Lagoa
Salina...............................................................................
.......
65
Figura 29 - Toposseqüência 7 (sentido sul-norte), Lagoa Salitrada
(SILVA, 2004)...................................................................
.......
66
Figura 30 - Toposseqüência 8 (sentido oeste-leste), Lagoa
Salitrada...........................................................................
.......
67
Figura 31 - Horizonte arenoso superficial........................................... 68
Figura 32 - Horizonte arenoso em profundidade................................ 69
Figura 33 - Horizonte orgânico........................................................... 69
Figura 34 - Horizonte areno-argiloso cinza oliva................................ 70
Figura 35 - Horizonte areno-argiloso cinza oliva com manchas
ocres................................................................................
.......
71
Figura 36 - Horizonte orgânico - gretas (Tipo Turfa).......................... 71
Figura 37 - Horizonte argilo-arenoso (Camada Verde)...................... 72
Figura 38 - Laje (horizonte endurecido)............................................. 72
Figura 39 - Perfil morfológico com as sucessões verticais mais
marcantes nos 3 ambientes.............................................
.......
73
Figura 40 - Perfil morfológico com a presença do horizonte areno-
argiloso cinza oliva com manchas ocres..........................
.......
73
Figura 41 - Perfil morfológico do horizonte “turfoso” na lagoa
salitrada............................................................................
.......
74
viii
Figura 42 - Ondulações da camada verde......................................... 75
Figura 43 - Mapa da topografia da lagoa salitrada............................. 78
Figura 44 - Bloco diagrama da topografia da lagoa salitrada............. 79
Figura 45 - Mapa dos dados brutos de condutividade
eletromagnética do banhado (baía-vazante)...................
.......
86
Figura 46 - Mapa dos dados com transformação logarítmica de
condutividade eletromagnética do banhado (baía-
vazante)...........................................................................
.......
......
86
Figura 47 - Mapa dos dados brutos de condutividade
eletromagnética da lagoa salina......................................
.......
87
Figura 48 - Mapa dos dados brutos de condutividade
eletromagnética da lagoa salitrada..................................
.......
88
Figura 49 - Esquema Hipotético da evolução da lagoa salitrada....... 98
LISTA DE FOTOS
Foto 1 - A - Vista em detalhe da concentração das palmeiras
carandás, B – Vista Panorâmica do Banhado (Baía-
Vazante).................................................................................
.......
.......
10
Foto 2 - Vista panorâmica parcial da Lagoa Salina............................. 11
Foto 3 - Vista da parte sul da lagoa salitrada ao fundo as palmeiras
carandá...................................................................................
.......
12
Foto 4 - Vista da parte norte da lagoa salitrada ao fundo as
palmeiras babaçu...................................................................
.......
12
Foto 5 - Vista aérea do Pantanal da Nhecolândia, (SAKAMOTO,
2001)......................................................................................
.......
38
Foto 6 - Aparelho EM 38 (Geonics Ltd, Ontário, Canadá)................... 55
Foto 7 - Lagoa salina no período de seca em setembro 2005............ 74
Foto 8 - Lagoa salitrada no período de seca setembro de
2005............
......
75
Foto 9 - Abertura na cordilheira no sentido do alongamento da
depressão da topografia.........................................................
.......
97
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Gráfico comparativo entre os piezômetros P2 e P3
oscilação do lençol freático e o índice de chuva na
Fazenda Nhumirim (BARBIÉRO et al, 2005)...................
.......
......
76
Gráfico 2 - Histograma dos dados da topografia da lagoa
salitrada............................................................................
.......
77
Gráfico 3 - Semivariograma dos dados da topografia da lagoa
salitrada............................................................................
.......
78
Gráfico 4 - Histograma dos dados brutos de condutividade
eletromagnética do banhado (baía-
vazante)...........................................................................
.......
......
80
Gráfico 5 - Histograma dos dados com transformação logarítmica
de condutividade eletromagnética do banhado (baía-
vazante)...........................................................................
.......
......
81
Gráfico 6 - Histograma dos dados brutos de condutividade
eletromagnética da lagoa salina......................................
.......
81
Gráfico 7 - Histograma dos dados brutos de condutividade
eletromagnética da lagoa salitrada..................................
.......
82
Gráfico 8 - Semivariograma dos dados brutos de condutividade
eletromagnética do banhado (baía-
vazante)...........................................................................
.......
......
83
Gráfico 9 - Semivariograma dos dados com transformação
logarítmica de condutividade eletromagnética do
banhado (baía-vazante)...................................................
.......
......
84
Gráfico 10 - Semivariograma dos dados brutos de condutividade
eletromagnética da lagoa salina......................................
.......
84
Gráfico 11 - Semivariograma dos dados brutos de condutividade
eletromagnética da lagoa salitrada..................................
.......
85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultados dos dados coletados nos três
ambientes.........................................................................
.......
79
x
SIGLAS
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
COFECUB - Comité Français d'evaluation de la Coopération
Universitaire avec le Brésil
CPAP – Centro de Pesquisa Agropecuário do Pantanal
CPTL – Câmpus de Três Lagoas
DCH – Departamento de Ciências Humanas
DG – Departamento de Geografia
DNOS – Departamento Nacional de Obras de Saneamento
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
GPS – Sistema de Posicionamento Global
IRD – Institut de Recherche pour le Développement
MS – Mato Grosso do Sul
MT – Mato Grosso
SEMACT – Secretaria do Meio Ambiente e Turismo do Estado de Mato
Grosso do Sul
SIMPAN - Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio-Econômicos do
Pantanal
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
USP – Universidade de São Paulo
xi
RESUMO
A Nhecolândia é uma sub-região do Pantanal com característica distinta com
presença de lagoas salinas (alcalina) e baías (água doce). A área de estudo
está localizada nas Fazendas Nhumirim e Campo Dora. O objetivo do
trabalho foi de analisar a relação genética do sistema compreendido por três
unidades da paisagem diferenciadas, com variabilidade geoquímica
diferenciada em curtas distâncias, sob as mesmas influências climáticas: o
banhado (baía/vazante) com água ácida, a lagoa salina com água
concentrada e a lagoa salitrada cuja concentração de sais varia
sazonalmente. Foram realizadas medidas de condutividade elétrica (EM38)
e analisada a estrutura pedológica para caracterizar a organização do solo
associada à variabilidade da condutividade elétrica. Os resultados revelaram
uma alta variabilidade geoquímica nessas unidades, a existência de um solo
mineralizado com uma organização particular (camada verde). No banhado
(baía/vazante), em forma de um semicírculo descontinuo, essa estrutura é
apenas uma relíquia de um ambiente transformado ao longo do tempo; na
lagoa salina, a mesma estrutura aparece de forma contínua, formando um
anel (soleira), mantendo suas características preservadas de um ambiente
salino em funcionamento e, na lagoa salitrada, as estruturas são similares às
da lagoa salina, porém menos marcante, com ligação com ambientes não
salinos pela movimentação de água superficial e sub-superficial.
Palavras-chaves: Pantanal, condutividade elétrica, solo mineralizado.
xii
RESUMÉ
La Nhecolandia est une sous région du Pantanal qui se caractérise
principalement par la présence de lacs salés alcalins ou d’eau douce.
L’objectif de ce travail est l’analyse genetique possible entre trois
environnements distincts du paysage, et présentant une grande variabilité
géochimique à faible distance, bien que sous les mêmes conditions
climatiques. L’étude a été menée sur deux fermes, la “Nhumirim” et la
“Campo Dora”. Les trois environnements retenus sont: Le “Banhado”,
présentant une eau plutot acide, un lac salé (salina) avec une eau fortement
minéralisée et alcaline, la “Salitrada”, dont la concentration en sel est plus
variable en fonction de la saison. La structure de la couverture pédologique a
été appréhendée par une étude couplée de la morphologie et de mesures
spatialisées de la conductivité electromagnétique (EM38). Les résultats
révèlent une conductivité très variable ainsi que l’organisation particulière
d’un horizon minéralisé nommé “Couche verte”. Dans le Banhado, il apparait
sous la forme d’un croissant discontinu, relique d’un système transformé au
cours du temps. Dans la salina, cette même structure apparait sous la forme
d’un anneau continu, traduisant un système salin préservé. Enfin, dans la
Salitrada, la structure de la Couche verte, bien que moins marquée, est
similaire à celle observée dans la Salina, présentant des liaisons avec les
environnements non salés par les mouvements d’eau superficiels et sub-
superficiels.
Mots clés: Pantanal, conductivité électromagnétique, sols salés.
INTRODUÇÃO
____________________________________________________________
O Pantanal Mato-grossense, situado no centro do continente sul-
americano, é dado como a maior planície de inundação do mundo (POR,
1995), que corresponde a uma depressão tectônica recente. Apresenta
terrenos planos, constituídos por sedimentos quaternários e sujeitos às
inundações periódicas, tendo, conseqüentemente, um papel fundamental na
regularização hídrica desta bacia (ALMEIDA, 1959; AB’SABER, 1972;
EMBRAPA, 1987; DNOS, 1974; RADAMBRASIL, 1982 apud SAKAMOTO,
1993). A planície pantaneira com altitudes que variam de 80 a 180 m.
A área do Pantanal é drenada pelo rio Paraguai e por seus tributários,
que se encontram no lado esquerdo do rio Paraguai. Não é um sistema
homogêneo, mas é composto por diversos geossistemas, e facilmente
contrastado geomorfologicamente, formando assim unidades de paisagens
individualizadas. Uma delas em particular a sub-região do Pantanal da
Nhecolândia, onde nosso estudo foi conduzido, é a presença de milhares de
lagoas salinas redondas, elípticas, alongadas e de água doce (CUNHA,
1943; BRUM e SOUZA 1985; MOURÃO et al., 1988).
Segundo Sakamoto (1997), à medida que nos dirigimos da escala
macro regional a uma escala sub-regional, o Pantanal não se configura
como uma unidade homogênea por toda sua extensão. Podem-se distinguir,
no Pantanal, algumas unidades homogêneas, quando são considerados os
gradientes topográficos e a área abrangida pelas inundações periódicas e
irregulares do rio Paraguai, assim como as feições morfológicas do relevo,
dos solos e da vegetação.
Neste contexto, podemos considerar que o Pantanal adquire várias
fisionomias de acordo com os períodos de águas baixas ou águas altas
configurando as suas sub-regiões. Entretanto, embora o número dos
estudos realizados no Pantanal tenha aumentado recentemente, pouco é
sabido sobre o funcionamento do ecossistema do Pantanal. Negligenciar a
2
compreensão de seu funcionamento pode conduzir a mau emprego no uso
do solo e manejo, podendo acarretar prejuízos nos ambientes.
Diferentes hipóteses foram formuladas a fim de explicar a origem das
lagoas e suas gêneses, que está ainda sob debate. Uma hipótese, que não
considera a presença dos sais, reivindica que a formação de lagoa ocorreu
em decorrência do deslocamento dos cursos dos rios. Dar forma regular em
volta das lagoas resultaria então em depressões cercadas por meandros
interrompidos por bancos de areia. Similarmente, os bancos de areias
criariam atalhos nos meandros que girariam em fita alongada de areia, como
sugerido por Wilhelmy (1958) e corroborado mais tarde por Ab'Saber (1988).
Uma outra hipótese sugere a deflação do vento em combinação com
a salinidade elevada dos solos e da acumulação de partículas de areia fina
homogênea de tamanho das dunas do tipo de "Sebkha" (TRICART, 1982).
Klammer (1982) admite que seja somente uma explanação parcial, desde
que algumas áreas tenham tais paleodunas sem um lago acompanhando.
Reformulação eólica foi sugerida por Almeida (1945) para explicar as
características granulométricas das areias na área de Nhecolândia. Soares
et al. (2003) enfatizaram que o tamanho dos grãos de areia é muito seletivo,
mas o tamanho e características das partículas dos grãos de areias
poderiam ser herdados da área da fonte. Barbiéro et al, (2000), ao contrário
das hipóteses acima, afirma não ser preciso a intervenção do paleo-
processos para explicar a presença de ambientes geoquímicos tão
contrastados. No entanto explica que a variabilidade geoquímica é resultante
dos processos atuais de mobilizações e concentrações das águas.
Na tentativa de entender os processos e as questões sobre as
unidades de paisagem do Pantanal, um estudo regional, efetuado na
Nhecolândia mediante o projeto coordenado pelo Prof. Dr. Arnaldo Yoso
Sakamoto, teve seu inicio na década de 1990 com o título “Processos
Dinâmicos no Pantanal da Nhecolândia” junto ao Departamento de
Ciências Humanas do Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (DCH/CPTL/UFMS) e ao Laboratório de Pedologia do
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo (DG/FFLCH/USP). Tendo como
3
resultado várias apresentações e publicações em encontros nacionais e
internacionais da área, como também artigos em revistas especializadas, a
exemplo de “Experimentos de campo pedo-climáticos e perspectivas de
pesquisa cientifica no Pantanal da Nhecolândia, publicado nos Anais do 4º
Encontro Nacional de Estudos sobre Meio Ambiente, UFMT, Cuiabá MT,
1993”; “Processos Dinâmicos no Pantanal da Nhecolândia, MS, no IX
Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMS. Campo Grande, MS,
1994”; “Le “Pantanal da Nhecolândia” cadre physique et Dynamique
Hydrologique, le: Quatrième Conférence Internationale de Géomorphologie.
Bologna – Itália, 28-VIII/3-IX. Supplemento di Geografia Física e Dinâmica
quaternária, Comitato Glaciologico Italiano, v 22 1999, 13-21p. Torino” e
culminando com a tese de doutorado do Prof. Arnaldo Yoso Sakamoto
“Dinâmica hídrica em uma “Salina” e seu entorno e a ocupação, Fazenda
São Miguel do Firme, MS. São Paulo SP, 1997: 181p. Tese (Doutorado) -
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo”.
Esse avanço científico demonstrado por essas publicações forçou o
desmembramento do projeto inicial em vários subprojetos, resultando em
iniciação cientifica, monografias de conclusão de curso, curso de
especialização e dissertações.
A partir de então, procurou-se novas parcerias envolvendo uma
equipe de pesquisadores pertencentes, além das duas instituições citadas,
ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN), a
Universidades da França (PARIS 7, TOLOUSE, MARSEILLE e RENNES 2),
ao Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IRD - FRANÇA) e o apoio
logístico da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA-
CPAP), à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso do Sul
(SEMACT-MS).
Atualmente, está em vigor o Projeto 412/03 “Processos Físico-
Hídricos e Biogeoquímicos no Pantanal da Nhecolândia e suas
Representações Espaciais (MS, BRASIL)” com Convênio Capes/Cofecub,
por meio do qual são realizados intercâmbios técnico-científicos entre as
instituições citadas e o projeto “Funcionamento Hidrológico, Físico e
4
Biogeoquímico do Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul,
Brasil”, no qual se pretende, basicamente, analisar as relações entre as
áreas alagáveis e a biogeoquímica ambiental.
As investigações aplicadas nos estudos do Pantanal da Nhecolândia
apresentaram alguns resultados importantes para o conhecimento do
ambiente pantaneiro. A organização e a diferenciação dos ambientes
distintos apontam para a importância da água e dos fluxos tanto superficial
como subsuperficial associados às unidades cordilheira/salina e
vazante/baía.
Diversos estudos foram realizados sobre: Análise da Estrutura
pedológica, Análise da Oscilação do Lençol Freático, Estudo Sazonal da
Microclimatologia, Características Geoquímicas dos Solos e da Circulação
da Água, gerando publicações em Encontros, Simpósio e Congressos em
âmbito Local, Regional, Nacional e Internacional como: “Características
Geoquímicas dos Solos Relacionados à Organização Pedológica e à
Circulação da Água (Fazenda Nhumirim da EMBRAPA, Nhecolândia, MS)” e
“Geoquímica das Águas de Superfície e dos Lençóis Freáticos da
Nhecolândia, Pantanal de Mato Grosso, MS, Brasil”, apresentados no
Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio-Econômicos do Pantanal
(SIMPAN) em 2000 – ou foram publicadas em revista – ”Geochemistry of
water and grounwater in the Nhecolândia, Pantanal of Mato Grosso, Brazil:
Variability and associated processes” (WETLANDS). Mais recentemente,
foram apresentados diversos trabalhos no IV SIMPAN, realizado em
Corumbá, MS, 2004 – “Abordagem Metodológica para o Estudo de Lagoas e
Salinas do Pantanal da Nhecolândia, MS: Fazenda São Miguel do Firme”;
“Mapeamentos de Solos Salinos – Pantanal da Nhecolândia, MS: um
método cartográfico”; “Oscilação Sazonal do Lençol Freático no Entorno da
Lagoa Salina do Meio, Pantanal da Nhecolândia (MS)”; “Morfologia do Solo
de Três Toposseqüências na Área da Lagoa Salina do Meio, Fazenda
Nhumirim, Pantanal da Nhecolândia, MS”; “Microclima no Pantanal da
Nhecolândia, MS: lagoa salina da Fazenda Santo Inácio e lagoa salina da
reserva na Fazenda Nhumirim/Embrapa – CPAP” e “Ficoflora do Pantanal da
Nhecolândia, MS – Brasil: um levantamento preliminar em três lagoas
5
salinas e uma salitrada” - e no Congresso de Geoquímica, realizado em
Búzios, RJ, 2004 – sobre o arsênio no Pantanal – e um relatório de final de
curso de graduação à Universidade de Marselha sobre a determinação de
fluoreto em lagoas do Pantanal.
Alem das várias linhas de pesquisas citada acrescentamos este
trabalho em questão sobre o mapeamento da condutividade eletromagnética
do solo em áreas com a presença de indicadores de salinidade.
Nossa proposta baseia-se na apresentação de uma metodologia de
estudo, por meio do método geofísico com o aparelho EM38 para aquisição
de dados de condutividade eletromagnética do solo da área de estudo,
constituída pela a área do banhado (baía/vazante) e pelas lagoas salina e
salitrada, mediante do estudo da morfologia da cobertura pedológica, para
mapear a organização espacial da salinidade e suas relações com o
ambiente. Leva-se em conta a importância do conhecimento da gênese de
formação destas unidades da paisagem para o desempenho das atividades
fundiárias e turísticas da região, que evitem agressões e danos para
ambientes considerados frágeis como é o caso do Pantanal da Nhecolândia.
Neste quadro, a hipótese é verificar se existe uma relação genética
em termo de desenvolvimento do sistema pedológico entre lagoa de água
ácida, água salobra e lagoa salina.
Este trabalho tem como objetivo estudar a organização do sistema de
solos nessas três situações, para entender melhor alguma possibilidade de
relação genética entre os diferentes tipos de lagoas e mapear a organização
espacial da salinidade no solo, em ambientes diferentes, que apresentam pH
da água diferenciado, relacionando às seguintes variáveis de salinidade:
a. mostrar e caracterizar a salinidade no solo em seus diversos horizontes e
compreender a sua dinâmica no perfil;
b. correlacionar a distribuição espacial da salinidade no solo com a oscilação
do lençol freático; e
c. investigar a influência da distribuição espacial da salinidade no solo com a
cobertura vegetal;
A área de estudo localiza-se na Fazenda Nhumirim EMBRAPA/CPAP,
possui 4.310 ha, entre as coordenadas de 18º 56’ S – 19° 02’ S e 56º 35’W –
6
56º 41’ W e parte da Fazenda Campo Dora. Esta área encontra-se na parte
sudoeste do Pantanal da Nhecolândia, no município de Corumbá, Mato
Grosso do Sul, (Figura 1).
Figura 1 – Localização da área de estudo.
7
1.1 Área de estudo.
A área de estudo localiza-se na Fazenda Nhumirim EMBRAPA/CPAP,
possui uma área de 4.310 ha entre as coordenadas de 18º 56’ S – 19° 02’ S
e 56º 35’ W – 56º 41’ W, e estende-se, parcialmente, na Fazenda Campo
Dora, no compartimento da “Baixa Nhecolândia”, no sudoeste do Pantanal
da Nhecolândia, no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul.
Nessa porção do Pantanal, há um complexo de recursos naturais
distribuídos em mosaicos, onde os principais elementos são as manchas de
floresta semi-caducifólia ou “cordilheiras”, manchas de cerrado, cerradão e
vegetação arbustiva esparsa, campos sazonalmente inundáveis e lagoas ou
“baías” permanentes e temporárias. Somente na fazenda Nhumirim existem
cerca de 100 corpos d’água no ciclo atual (Figura 2) (MOURÃO, 1989).
Estudos recentes vêm sendo feitos para compreender o
funcionamento dos sistemas das três unidades distintas: “Cordilheira –
Salina”; “Cordilheira – Lagoa Salitrada” e “Cordilheira – Vazante/Baia”.
Apesar da proximidade espacial, esses três sistemas apresentam cobertura
pedológica, distribuição da vegetação e características geoquímicas
bastante diversas (BARBIÉRO et al, 2002).
8
Figura 2 – Localização da área de estudo e mapa da Fisionomia da fazenda Nhumirim Embrapa Pantanal e parte da fazenda Campo Dora.
9
A área de estudo compreende o sistema “Baía/Vazante – Cordilheira
– Lagoa Salina – Cordilheira – Lagoa Salitrada”. A Lagoa Salitrada encontra-
se fora dos limites da Fazenda Nhumirim, na Fazenda Campo Dora e
compõe área do sistema estudado (Figura 3).
Figura 3 – Área de estudo – A Imagem de Satélite Landsat, 2001, B Fotografia
Aérea ESAF, 1966 e C Mapa temático.
10
O sistema prospectado corresponde à Banhado (baía/vazante)
1
e seu
entorno, numa área de aproximadamente 8 hectares, localizada a 18º 58’
46” S e 56º 38’ 38” W, à Lagoa Salina e seu entorno, com área de
aproximadamente de 12 hectares, localizada a 18º 58’ 31’’ S e 56º 38’ 49’’
W, à Lagoa Salitrada e seu entorno, com área de aproximadamente 18
hectares, localizada a 18º 58’ 05’’ S e 56º 38’ 59’’ W (Figura 3).
1 – Banhado (baía/vazante) apresenta como características particulares
uma área suavemente deprimida com uma lagoa “baia” não salina de regime
hídrico temporário (Foto 1). Apresenta, ainda, uma paisagem com a
cobertura vegetal de campos limpos intercalados com campos sujos e uma
concentração isolada de palmeiras carandás (Copernicia alba), com uma
vegetação herbácea. A seqüência de vegetação desta unidade é
compreendida por uma zona de campo encharcado/úmido com o predomínio
das ciperáceas; uma zona de campo limpo com predomínio de gramíneas
entre elas o capim mimoso (Axonopus purpusii); uma zona de campo sujo
com predomínio de gramíneas e a presença de assa peixe (Vernonia
scabra) e com uma concentração isolada de palmeiras carandás formando
um pequeno capão de mato, circundado pelo campo sujo.
Foto 1 – A - Vista em detalhe da concentração das palmeiras carandás, B – Vista
Panorâmica do Banhado (baía/vazante).
1
Baía/Vazante: a baía é uma área levemente deprimida formando uma lagoa nas cheias e
a vazante é uma área de escoamento de águas superficiais durante as cheias interligando
as baías.
11
2 – Lagoa Salina tem como característica principal o teor elevado de sais na
água, oscilando entre 8 e 12 a variação do pH.
Este ambiente é formado pelo corpo d’água, sua borda – sem
cobertura vegetal e arenosa constituindo uma praia de areia fina cuja largura
varia, conforme os períodos de cheias e secas – e uma faixa coberta de
gramíneas entre a praia e a mata da cordilheira e um cordão de palmeiras
carandás que se estende até o início da cordilheira (Foto 2).
Foto 2 – Vista panorâmica parcial da Lagoa Salina.
3 – Lagoa Salitrada esta lagoa representa uma transição quanto ao valor do
pH da água, com alta concentração no período seco, pH acima de 7,5 e no
período das chuvas, com pH abaixo de 7,5.
A paisagem deste ambiente em particular apresenta uma extensa
cobertura de gramíneas que se estende da margem da lagoa até o início da
cordilheira; ao sul da lagoa há presença da palmeira carandá (Foto 3) ao
norte as palmeiras babaçu (Orbignya phalerata) (Foto 4).
12
Foto 3 – Vista da parte sul da lagoa salitrada ao fundo as palmeiras carandá.
Foto 4 – Vista da parte norte da lagoa salitrada ao fundo as palmeiras babaçu.
13
CAPÍTULO II
2 REFERENCIAL TEÓRICO
_____________________________________________________________
Nas Ciências da Terra que estudam as formações superficiais,
encontra-se de um lado a geomorfologia e, do outro, a pedologia que mostra
os caminhos para a compreensão das transformações da superfície da
Terra. Os caminhos trilhados por elas nem sempre foram convergentes, por
não terem o mesmo ponto de partida, procedimentos e objetivos comuns.
As formações superficiais são materiais que recobrem, parcialmente,
a parte emersa da crosta terrestre, provenientes da alteração das rochas por
intemperismo (físico, químico e biológico) e que podem ter sido remanejadas
e/ou retrabalhadas sobre vertentes, superfícies de erosão, planícies fluviais
e que testemunhariam processos pedogenéticos e morfogenéticos
responsáveis pela evolução e dinâmica da superfície terrestre (QUEIROZ
NETO, 2001).
As planícies de inundação em particular têm despertado os interesses
na busca de conhecimento tanto nas áreas da geomorfologia, geologia como
da pedologia, pois estas oferecem oportunidade para que possamos
examinar os processos fluvial e histórico da evolução da paisagem, em uma
escala local, permitindo assim a realização de analises das mudanças
desses ambientes em resposta as condições climáticas e do uso e
ocupação.
Parece paradoxal, de certo modo, que as planícies aluviais cujas
formas não apresentam nenhuma expressão de movimentação da superfície
do relevo interessaram primeiro aos geomorfólogos que foram buscar, bem
antes, as explicações das mudanças climáticas e todas as outras condições
ambientais registrados nos sedimentos. Enquanto a pedologia estava
atrasada e o desenvolvimento da análise estrutural não contribuía para
diminuir o déficit de conhecimento sobre as planícies, uma vez que as
14
análises foram desenvolvidas principalmente nas vertentes e não nas
planícies de inundações.
Os geomorfólogos tiveram interesse em estudar as planícies de
inundação, antes mesmo dos pedólogos. Isso pode mostrar o atraso da
Pedologia no estudo detalhado deste tipo ambiente, uma vez que a
metodologia clássica trabalhada pela Pedologia no estudo dos solos, foram
realizadas de forma não sistemática.
Nessas áreas com topografia pouco contrastada, a organização do
sistema pedológico não aparece facilmente, por isso há necessidade de
desenvolver ferramentas que auxilie na compreensão deste tipo de sistema
de solo.
Entretanto, o interesse da geomorfologia pela “forma” foi sempre por
causa das introspecções realizadas sobre o ambiente e o processo. Assim,
as planícies de inundação são importantes porque nos dão a oportunidade
de examinar os processos fluviais e históricos ambientais, em uma escala
local. Esses ambientes são repositórios para os sedimentos derivados das
formas de relevo mais elevados, demonstram assim um grande potencial
para analisar as mudanças da paisagem em resposta à variabilidade do
clima e para estimar as implicações de futuras mudanças climáticas (KNOX,
2000 apud HUDSON, 2003).
Os interesses dos geomorfólogos estão voltados para as planícies de
inundação contemporâneas e para os processos de formação que revelem
os ambientes antecedentes. Os estudos são direcionados aos vales
escarpados e o controle que exercem sobre os processos das planícies de
inundação e quais são as influências na atividade do canal de drenagem
(GUCCIONE et al.2002 apud HUDSON, 2003), aos processos de inundação
e sedimentação (LECCE, 1997 apud HUDSON, 2003), e aos próprios
ambientes das planícies de inundação (SCHUMM et al., 2000 apud
HUDSON, 2003).
Como os geomorfólogos, os pedólogos manisfetaram interesses em
estudar as planícies de inundação, investigando as mudanças na topografia,
na textura e estrutura do solo, que são indícios que podem revelar as
características e funcionamento de um sistema fluvial maior.
15
Nos últimos 70 anos da Pedologia, houve a evolução da compreensão
do seu objeto de estudo, o solo, permitindo passar progressivamente da
percepção da presença de organizações laterais à caracterização de
sistema de transformação pedológica.
A concepção do perfil de solo, entendido como um conjunto de
horizontes superpostos, representativos de uma área homogênea foi, em
parte, superado pelo conceito de catena, de Milne (1934). Segundo o
conceito de catena, os perfis verticais de solo sucediam-se numa vertente,
ligados por relações genéticas, como os elos de uma cadeia. Com a
introdução da noção de pedon no início da década de 1960, pelo Soil Survey
Staff, o solo passava a ser considerado como um corpo tridimensional,
entretanto cada unidade ainda era representada por horizontes verticalmente
dispostos, ocupando certo volume no espaço, e o solo ainda era definido e
constituído pela justaposição de perfis de solos verticais (QUEIROZ NETO,
1988).
A elaboração dos conceitos de catena e de pedon constituiu-se no
fato mais importante para a evolução da compreensão dos fenômenos
pedológicos por meio de pesquisas no campo da Cartografia, da gênese,
evolução e comportamento dinâmico da estrutura pedológica.
Na década de 1970, pedólogos franceses, trabalhando na África e na
Guiana Francesa, propuseram um novo procedimento de estudo dos solos,
a análise estrutural da cobertura pedológica, ao longo de encostas, não
mais procurando tornar o solo como um elemento representado por perfis
verticais isolados, mas sim como um continuum que recobre toda a extensão
das encostas. Deste modo a antiga proposta de Milne (1934) foi
reencontrada, aperfeiçoada e superada nos trabalhos realizados e que
levaram à percepção de que a cobertura pedológica era um sistema
estrutural complexo (BOCQUIER, 1973, BOULET, 1978, BOULET et al.,
1984 apud QUEIROZ NETO, 2001). A metodologia proposta foi introduzida
no Brasil logo a seguir (QUEIROZ NETO et al., 1984, RUELLAN et al.,
1984/1985, QUEIROZ NETO, 1988 apud QUEIROZ NETO, 2001).
O método busca observar o solo, não mais a partir de perfis isolados,
mas como um meio contínuo, organizado e estruturado ao longo das
16
vertentes, permitindo assim avaliar os significados das diferenciações
pedológicas ao longo das vertentes, além de verificar a importância da
erosão geoquímica na evolução dos relevos e das planícies de inundação
(QUEIROZ NETO, 2001).
A depressão pantaneira vem sendo preenchida por depósitos aluviais,
aportados desde os divisores pelos rios que formam a bacia. Dentre as
diversas particularidades daquele ambiente, uma se sobressai, que a
morfologia comandada por processos fluviais que determinam as
especificidades dos modelos resultantes em cada sub-região, influenciando,
desse modo, diretamente as características dos solos e da vegetação.
Estudos realizados no Pantanal da Nhecolândia por Sakamoto (1997),
empregando a análise estrutural da cobertura pedológica, mostraram um
novo campo para o emprego dessa metodologia em planícies de inundação,
com a perspectiva de analisar a relação entre o funcionamento hidrológico e
o transporte de sedimentos em áreas planas.
Uma das dificuldades de trabalhar neste tipo de ambiente (no
Pantanal) é a de encontrar os meios para elaborar um quadro da
organização da estrutura pedológica em três dimensões, mediante
elaboração de mapas de isovalores da cobertura pedológica, com base em
análises realizadas em transectos que atravessem e revelem as
organizações da estrutura pedológica.
A grande questão está na escolha do método e escala de trabalho
considerando que para o mapeamento da cobertura pedológica em terceira
dimensão há necessidade de uma investigação minuciosa da área de
estudo, com demarcação de várias toposseqüências, para o cruzamento das
informações da organização da estrutura pedológica, e com o emprego de
tradagens e trincheiras que se revela um método muito trabalhoso.
O método geofísico de medidas de condutividade eletromagnética do
solo, com acesso indireto, por meio de medidas rápidas de superfície sem
provocar alterações no ambiente, com o emprego do aparelho EM38
(Geonics Ltd, Ontario, Canada), revelou-se um método bastante eficiente e
prático, permitindo a aquisição muito rápida de informações, e podendo ser
realizadas com várias densidades de pontos de medidas. As medidas
17
podem ser repetidas no tempo, permitindo, portanto, o acompanhamento da
evolução da salinidade no solo. Este tipo de aparelho foi empregado na
África Saheliana para mapeamento da salinidade em zonas agrícolas.
(BARBIÉRO et al, 2001; LAPERROUSAZ et al, 1999; BARBIÉRO et al,
1998; ZANOLIN et al, 1997).
O Pantanal da Nhecolândia ocupa basicamente à parte sul do
gigantesco leque aluvial do Rio Taquari, configurando fisionomia bastante
típica. Neste leque aluvial, estão presentes três das principais unidades da
paisagem local que são as ocorrências de cordilheiras, vazantes e as
depressões circulares e semicirculares, localmente chamadas de baías e
salinas. Segundo Morrison et al (2000), o Pantanal da Nhecolândia
apresenta uma alta concentração de lagoas salinas. Foram identificadas
aproximadamente 499 salinas nessa região.
A porção flúvio-lacustre do Pantanal da Nhecolândia é constituída de
um grande sistema de lagoas, algumas delas alcalinas (salinas) outras
pouco concentradas (baías), e apresentam variações dos elementos da
paisagem em curtas distâncias não mais de 1000m, a exemplo da seqüência
de ambientes baia – cordilheira – salina – cordilheira – salitrada, que estão
sob as mesmas influências climáticas, porém respondem de formas
diferenciadas: as baías apresentam águas com baixa concentração de sais,
as salinas com alta concentração de sais e as lagoas salitradas, com
concentração de sais ocorre conforme as variações sazonais.
Estudos realizados por Barbiéro et al mostraram que a variabilidade
química é resultante dos processos atuais de evaporação e concentrações
das águas. Esses processos seriam responsáveis pelas diferentes
mineralizações que engendram a diferente fácies química observadas na
região e corresponderiam a um equilíbrio atual (BARBIÉRO et al, 2000;
BARBIÉRO et al, 2002), dos fluxos d’águas nos processos de evolução e
transformação da estrutura da cobertura pedológica e da paisagem.
O entendimento desses ambientes deve ser pesquisado na ótica da
gênese da formação da estrutura pedologia, associado ao funcionamento
hidrológico entre as diferentes unidades da paisagem: baía–salina–salitrada.
18
A concepção de paisagem como referencial teórico-metodológico tem
nos permitido realizar estudos em diversos temas geográficos. À busca de
uma visão integrada da paisagem, ou seja, da relação sociedade e natureza
nos levou ao conceito de geossistema.
O geossistema é um conceito complexo e ao mesmo tempo dinâmico,
mesmo num espaço-tempo muito breve. O clímax está longe de ser
realizado, porém o potencial ecológico e a ocupação biológica são dados
instáveis que variam tanto no tempo como no espaço. Trata-se, portanto de
uma unidade de paisagem, cuja individualidade é conferida mais por sua
dinâmica comum do que pela homogeneidade fisionômica
(BERTRAND,1972).
O primeiro aspecto a destacar é o potencial ecológico e a exploração
biológica da região, antes de expor as unidades paisagísticas que as
configuram, É necessário a definição e delimitação das mesmas em função
dos critérios que resultam da adaptação da metodologia e taxonomia.
Bertrand (1972) ressalta que para individualizar as Regiões Naturais,
assim como as demais unidades superiores (Domínio e Zona), devem-se
utilizar critérios estruturais ou climáticos.
Entendemos que a paisagem "física", inicialmente presente no
Pantanal Sul-Mato-Grossense, apresenta uma dinâmica ambiental, muito
claramente, com várias unidades paisagísticas. Assim, a decomposição do
todo espacial em suas partes em unidades elementares, tem como fim
compreender as "descontinuidades objetivas da paisagem", como propôs
Bertrand (1972).
No entanto, no presente estudo, a definição das "unidades básicas"
será estruturada na dinâmica atual. Conforme Tricart (1977), "a paisagem é
uma porção perceptível a um observador onde se inscreve uma combinação
de fatos visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado momento, não
percebemos senão o resultado global" (TRICART, 1977: 9).
Segundo Monteiro (1996), algumas dificuldades em transpor ou
aplicar o modelo geossistêmico de Bertrand, como síntese da paisagem, em
nosso país é dada pela sua estruturação/organização territorial. “Esta
limitação aparece, conseqüentemente, na morfologia espacial, quando
19
guiado, por este referencial teórico, se atinge a estrutura dos geossistemas”.
Mas aqui o problema de integração antrópica nos geossistemas deve ser
considerado. (MONTEIRO, 1996, p. 81-82).
Para a compreensão da sub-região do Pantanal da Nhecolândia,
optamos pela definição de unidades, obedecendo ao critério adotado pelo
RADAMBRASIL, 1982a, definindo as unidades que se diferenciam
basicamente em função das configurações na paisagem da sub-região
formada por baías, salinas, cordilheiras, vazantes e campos limpos.
Portanto, a partir desse critério a paisagem é um fragmento da
configuração territorial, que se caracteriza pela organização de vários
sistemas compostos por unidades ambientais de dada porção do espaço
geográfico, tal como acontece no Pantanal da Nhecolândia.
Por se tratar de um sistema compreendido por três unidades
diferenciadas da paisagem (baía, lagoas salinas e salitrada), procuramos
entender a gênese de formação de cada ambiente em função da
configuração do solo, através da variável da condutividade elétrica no solo,
da delimitação das áreas que apresentam alta concentração de salinidade, o
que nos permite fazer uma co-relação entre a salinidade – sistema
pedológico – cobertura vegetal – mostrando os indicadores necessários para
identificar as áreas com concentração de salinidade.
2.1 Do mito à realidade
2.1.1 A história
Segundo Schwenk (1998 apud BITTENCOURT ROSA, 2004), os
exploradores espanhóis foram os primeiros que atingiram a região do
Pantanal, quando procuravam o caminho fluvial a partir de Assunção até as
regiões de ouro e prata dos Andes, tentando evitar as selvas secas e a
vegetação arbustiva espinhosa do Gran-Chaco. Esses desbravadores
somente conheceram os rios com as margens inundadas, dando a eles a
convicção da existência de uma imensa área de lagos e pântanos, cuja
denominação “Mar de Xaraiés” foi registrada na cartografia da época.
As primeiras viagens pelo Pantanal Mato-Grossense, em meados do
século XVI, conforme um histórico apresentado por Moura (1943), mostrou
20
que a região do Pantanal é considerada uma planície inundável, tendo
recebido do primeiro historiador, Schmidel, 1555, a denominação de Mar de
Xaraiés. Esta idéia permaneceu até as primeiras décadas do século XIX,
quando essas regiões alagadiças ou “Pantanais” que circundam as planícies
fluviais começaram a ser estudadas (BITTENCOURT ROSA, 2004).
Entretanto, ainda em 1927, o pensamento de floresta pantanosa
aparecia nos resultados de estudos em enciclopédias e atlas europeus, e no
ano de 1948 a denominação de “Mar de Xaraiés” foi substituída pelo termo
Pantanal (SCHWENK, 1998 apud BITTENCOURT ROSA, 2004),
denominação também imprópria, uma vez que não se trata de uma região
permanentemente alagada e muito menos de um pântano, como o nome
pode sugerir.
Alguns estudiosos, segundo Moura (1943 apud BITTENCOURT
ROSA, 2004), idealizaram o Pantanal como constituindo um mar interior, de
lagoas das quais as salinas seriam vestígios.
2.1.2 Uma paisagem eólica e a origem da salinidade.
Enquanto alguns autores discutiam a origem do Pantanal se era ou
não um antigo mar, outros levantavam hipóteses sobre a formação do
Pantanal e a presença de salinidade nesse ambiente.
A paisagem do Pantanal da Nhecolândia é formada por um mosaico
de campos inundáveis, circundado por cordilheiras cobertas de cerrados e
matas, drenagem anostomosada e intermitente de rios, corixos e vazantes e
um sistema de lagoas permanentes e temporárias, denominadas localmente
de “baias e salinas”.
As regiões onde se concentram as “salinas” no Pantanal eram
interpretadas como evidências de que, até o início do Quaternário, a planície
de nível de base corresponderia ao fundo de um antigo mar.
Uma das maiores incógnitas do Pantanal é a origem da salinidade,
que vem sendo pesquisada ao longo do tempo. A pesquisa deste tema é
importante para explicar aspectos referentes à estrutura da paisagem de um
ambiente tão complexo, bem como da sua dinâmica atual.
21
Três feições presentes no leque do Taquari deram, ao longo dos
anos, suporte à hipótese de atuação de processos eólicos, que têm servido
de base a formulações com certo impacto na literatura internacional. A
existência de lençóis de areia com características granulométricas
(bimodalidade) indicadoras de deposição eólica, bem como a existência de
lagoas de água salobra (“salinas”), foram interpretadas como baixios de
deflação eólica e identificação de amplas zonas com feições lineares em
imagens de radar do Projeto Radambrasil, interpretadas como dunas e
campo de dunas (SOARES et al., 2003).
As primeiras considerações sobre a região do Pantanal Mato-
Grossense ou Mar de Xaraiés, como era denominado, devem-se a Smith
(1884) e Evans (1894). Para Smith (1884) a deposição dos sedimentos do
Pantanal Mato-Grossense se processou em área essencialmente
continental, sem influência marinha. Evans (1894) cita a presença de
camadas com caramujos do gênero Ampullaria, aparentemente, das
mesmas espécies que habitam os atuais pântanos, nas margens dos
afluentes do Rio Paraguai (SMITH 1884 e EVANS 1894 apud GODOI
FILHO, 1986).
Para Cunha (1943), as lagoas salinas, no entanto seriam lagoas
alcalinas, em um processo mais complexo de concentração química de
CO
3
Ca, decorrente da decomposição de rochas alcalinas, com posterior
carbonatação, descartando a possibilidade da reação do tipo NaCl
(resquícios marinhos). As análises efetuadas pelo referido autor mostraram
que as águas das salinas são alcalinas, mas contêm, além do cloreto de
sódio, outros sais, como sulfatos e bicarbonatos, que incluem essas águas
entre as “sodas naturais”, mas excluem a hipótese de terem tido como
origem a água do mar.
Segundo Almeida (1945: 103), as areias limpas e bimodais (finas a
médias) presentes na área da Nhecolândia foram objetos de
retrabalhamento eólico:
Todavia na região é visível que os depósitos aluviais, na
sua maioria, foram construídos, ou ainda o estão sendo,
pelos rios recentes, durante o atual ciclo geomórfico, o
mesmo devendo ser dito dos sedimentos eólicos das partes
altas da Nhecolândia. Os depósitos que hoje se constituem
22
na região são todos de natureza muito fina, areias finas ou
siltes, com porcentagem variável de matéria orgânica. Um
característico dominante em todo este material é o
arredondamento dos grãos de quartzo, que atinge mesmo
os de diâmetro inferior a 0,15 mm. Compreende-se tal fato
se não perdermos de vista a natureza da província
distributiva, em grande parte constituída de sedimentos
arenosos de origem eólica (série de São Bento). Isto
dificulta discernir certos depósitos eólicos atuais dos
fluviais.
Para Almeida (1945: 23), a existência de uma lagoa foi formada pela
obstrução de vale fluvial por areias de dunas eólicas:
Observou o autor na fazenda Campinas um aspecto que
talvez venha lançar luz sobre o interessante problema da
gênese dessas baías. Um pequeno vale que terminava
numa baía circular está inteiramente obstruído por uma
barragem de dois metros de altura, situada em sua parte
terminal, a montante dela tendo se formado um pequeno
lago, do qual somente ações eólicas poderiam ser
responsáveis.
Ao levar em conta a atuação do vento como agente geológico
modelador de parte da paisagem pantaneira, Almeida & Lima (1959),
sugeriram que processos de deflação eólica contribuíram para a gênese das
lagoas da Nhecolândia.
Para Valverde (1972), as cordilheiras seriam as expressões
morfológicas de antigas dunas eólicas formadas em condições desérticas
pretéritas. Mas, como explicar se são umas lagoas salgadas, sendo porém a
maioria de água doce? A única explicação aceitável é de que as “salinas”
ocorrem em lugares onde houve concentração natural de sais no solo do
antigo deserto. A água infiltrada nas camadas arenosas dissolve esses sais,
e durante a estação seca pronunciada, precipita-os nas margens.
Segundo Tricart (1982), as áreas marginais às depressões de águas
salgadas permanecem desnudas, apesar das condições climáticas úmidas
atuais, em função do excesso de sais que inibem o desenvolvimento de
plantas. Para Tricart, a deflação eólica do Pantanal é como nos pampas
deprimidos (Rep. Argentina) com base na interpretação de imagens de
satélite, que mapeou as principais áreas de atuação pretérita de processos
eólicos, durante um período recente mais seco. A deflação eólica havia
23
escavado uma depressão fechada com ligeiros afundamentos da superfície
dos solos, onde concentravam os sais e onde, em conseqüência, a
cristalização dos sais provocava uma agregação da argila e, sobre tudo, dos
limos finos. Os agregados cimentados por cristais de sal tinham uma
granulometria de areias finas, o que torna fácil a deflação. Estas depressões
são sebkhas, que provam um período de clima árido. Uma breve nota de
Sanchez (1977 apud TRICART, 1982) assinala a existência, em uma parte
deste espalhamento do rio Taquari até Corumbá, a existência de pequenos
cordões de 2 a 4,5 m de altura, ao redor destes canais: uma marca típica
dos sebkhas (TRICART, 1982).
Para Klammer (1982) há milhares de dunas longitudinais fósseis,
orientadas nas direções NNE-SSW e NNW-SSE, segundo interpretação de
imagens de radar. Evidência que predominaram paleoventos constantes de
NNE e NNW e que “o relevo do Pantanal é como o de um deserto posto sob
influência de clima úmido”. Klammer considerou que as lagoas se formaram
em áreas interduna e as denominou, pela primeira vez, de salt pans.
Segundo Ab’Saber (1988), as lagoas teriam se organizado de um
sistema contindo de meandração, devido à presença de grandes massas de
materiais clásticos grosseiros. Essas micromeandrações dos pequenos
canais divergentes é que constituíam a drenagem do leque aluvial, sendo
uma fase de forte migração dos cinturões meândricos, formando um sistema
de lagoas de diferentes níveis de permanência, de formações circulares
elípticas ou semi-oitavadas.
As águas lacustres provenientes dos cursos curtos, autóctones do
leque aluvial, têm condições hidrogeoquímicas especiais; as lagoas
interligadas nas cheias a corixos e ou canais meândricos descontínuos têm
um tipo de natureza química; as lagoas totalmente isoladas em superfície,
dependem da variação do lençol de água subsuperficial, controlada pela
sazonalidade climática e hídrica, podendo funcionar como minibacias
endorreicas, concentrando sais.
Existem muitos exemplos de áreas atuais submetidas à ação do vento
que apresentam morfologias semelhantes, podendo ser encontrados nos
trabalhos de Goudie (1991) e Goudie & Wells (1995). São áreas com
24
deficiência de areia disponível para o transporte devido a condições de nível
freático alto, que é o nível de base para a deflação eólica. Nas depressões,
devido à flutuação do freático, podem surgir corpos d’água efêmeros, que
secam por evaporação. Por isso, tais depressões de deflação são referidas
como salt pans na literatura internacional.
A partir de um reestudo bibliográfico da região da Nhecolândia,
Soares et al. (2003) concluíram que é bastante consistente a interpretação
de que existem na paisagem da Nhecolândia formas reliquiares, produzidas
por deflação eólica. Verificaram que muitas das formas, especialmente as
lagoas isoladas (salinas), não podem ser explicadas por processos aluviais
(ASSINE, 2004).
Em estudo recente sobre a geoquímica dos elementos maiores em
amostra de água coletadas nas lagoas salinas, baías, vazantes, corixos e
rios do Pantanal da Nhecolândia, verificou-se que a variabilidade química é
resultante de processos atuais de concentração que ocorrem nas águas do
lençol, passando de um ambiente geoquímico ligeiramente ácido a outro
fracamente alcalino e concentrado que é o resultado da concentração das
soluções pela ação da evaporação e da precipitação da calcita e de silicatos
de magnésio.
Esses dois processos associados seriam responsáveis pelas
diferentes mineralizações observadas que engendram a diferente fácies
química observadas na região e correspondem a um equilíbrio atual
(BARBIÉRO et al, 2000). A salinidade deve ser considerada como um
processo atual e não como uma herança do passado, mudando o quadro
das pesquisas ligadas à salinidade no Pantanal e abrindo novas vias de
interpretação sobre o funcionamento do ambiente pantaneiro na
Nhecolândia (BARBIÉRO et al, 2002).
25
CAPÍTULO III
3 CARACTERÍSTICAS CLIMATO-PEDOLÓGICAS DO
PANTANAL MATO-GROSSENSE
_____________________________________________________________
O Pantanal é uma bacia sedimentar quaternária com área
aproximadamente de 140.000 km², situada entre os paralelos 14º e 22º S e
os meridianos 53º e 59º W, localizada na Bacia do Alto Rio Paraguai (Figura
4), na Região Centro-Oeste do Brasil. Trata-se de uma extensa área úmida
(wetland), mundialmente conhecida pela sua grande biodiversidade.
No Pantanal Mato-Grossense, a dinâmica das águas está vinculada a
fatores como declividade e descarga dos principais rios que atravessam a
área, aliados ao regime climático, natureza dos solos e suporte geológico
(RADAMBRASIL, 1982a).
Para compreender a origem e evolução da Bacia do Pantanal é
fundamental levar também em consideração o desenvolvimento do relevo da
Região Centro-Oeste do Brasil, pois o surgimento da Bacia do Pantanal e da
Depressão do Alto Paraguai insere-se numa história evolutiva que remonta
ao Terciário. Segundo Almeida (1965, p. 91):
A origem do relevo do sul de Mato Grosso deve ser buscada
nos tempos cretáceos quando não existia a baixada
paraguaia, mas sua área atual participava de uma região
elevada que separava a zona andina da bacia sedimentar do
Alto Paraná.
A geologia da Bacia do Alto Paraguai e redondezas foi descrita por
Almeida (1945), Projeto Radambrasil (1982a e b), e Godoi Filho (1986),
entre outros. As formações predominantes do Pré-cambriano Superior estão
situadas sob extensos depósitos Quaternários, mas com significantes
afloramentos rochosos. A evidência geomorfológica revela a presença de
atividade tectônica substancial na forma de subsidência e sub-elevações
(subsidence/uplift) (FREITAS, 1951; DNOS, 1974; ORELLANA, 1979;
AB'SÁBER, 1988).
26
Figura 4 – Bacia do Alto Rio Paraguai.
As unidades estratigráficas que estão presentes na Bacia do Alto
Paraguai: o Pré-cambriano Superior está representado pelos grupos Alto
Paraguai, Corumbá e Jacadigo, e suas respectivas formações; o Paleozóico
pela formação Coimbra; o Mesozóico pela formação Alcalina Fecho dos
Morros; e o Cenozóico pelas formações Xaraiés e Pantanal.
Esses fatos confirmam que a Bacia do Alto Paraguai é basicamente
controlada pela geologia local. Os sedimentos Quaternários da formação
Pantanal são as mais óbvias feições da paisagem, em diferentes níveis nos
27
topos dos planaltos de Maracaju-Campo Grande e Taquari-Itiquira a leste, e
os topos dos planaltos dos Parecis e dos Guimarães a norte. Possivelmente,
a superfície constitua o assoalho da bacia agora coberto por depósitos
aluviais cenozóicos da Formação de Pantanal, provenientes do Craton
Brasileiro, tendo como barreira natural desta sedimentação o Rio Paraguai
atestado pelo caráter tectônico da bacia do Alto Paraguai, descrito por
Freitas (1951). Orellana (1979) afirmou que falhas ativas numa direção
contrária ao do escoamento regional criaram (soleiras) locais que atuam no
sentido de impedir esse escoamento.
Baseando-se nessas considerações, Freitas (1951) concluiu que a
bacia do rio Paraguai transformou-se numa área de sedimentação somente
após o Terciário, devido à subsidência numa estrutura de fossa tectônica.
A geologia deste ambiente é marcada pela sucessão estratigráfica
que mostra afinamento textural para o topo e preenchimento essencialmente
de siliciclástico. O trato de sistemas deposicionais é composto por uma
extensa planície fluvial meandrante com pequenos lagos marginais,
coletoras das águas de vários leques aluviais dominados por rios, dos quais
o mais notável é o mega-leque do rio Taquari (ASSINE, 2004).
A tectônica é ativa e tem atuado na modelagem da paisagem do
Pantanal, mudando os níveis de base de erosão e gradientes topográficos,
assim como tem condicionado o curso do Rio Paraguai na borda oeste da
bacia. Lineações de direção NE, associadas às estruturas do Lineamento
Transbrasiliano, indicam atividade tectônica sinsedimentar. A sedimentação
atual ocorre principalmente na planície meandrante do Rio Paraguai e no
lobo atual do mega-leque do Rio Taquari, áreas que experimentam forte
inundação anual (ASSINE, 2004).
A percepção de que o Pantanal é uma bacia sedimentar atual derivou
em grande parte do registro sedimentar de um poço perfurado para
abastecimento de água na região da Nhecolândia, sul do mega-leque do
Taquari, que permitiu verificar que a espessura dos sedimentos quaternários
era de, no mínimo, uma centena de metros, conforme descrição de Almeida
(1945, p. 104):
28
O subsolo da Nhecolândia é constituído por estratos
horizontais de areias e argilas inconsistentes, o conjunto
sendo bem apreciado nas Barrancas do rio Paraguai e seus
afluentes. Nelas as camadas mostram-se planas e
horizontais, às vezes com ondulações originais. Têm cor
creme, cinza ou quase negra, raramente avermelhada,
arroxeada, verde, etc.; são constituídas de lâminas sub-
milimétricas de material siltítico ou arenoso, e têm por
vezes estratificação cruzada típica de corrente. A natureza
das camadas mais profundas só pode ser conhecida pelo
material retirado durante as sondagens feitas para pesquisa
de água subterrânea. Nele encontramos seixos raros de
minério de ferro das montanhas de Urucum. A espessura
máxima, conhecida, desses depósitos, fornecida por poços
para água abertos na fazenda Ranchinho, próximo do porto
da Manga, é de 83 metros. Nesses sedimentos encontram-
se restos de gasterópodos pulmonados que ainda hoje
vivem na região.
A planície do Pantanal encontra-se embutida em uma unidade
geomorfológica denominada Depressão do Alto Paraguai, que é circundada
pelos planaltos de Maracaju-Campo Grande e Taquari-Itiquira a leste,
Guimarães e Parecis ao norte, Urucum-Amolar a oeste e Bodoquena ao sul
(Figura 5).
O posicionamento topográfico e as características geomorfológicas e
hidrológicas fazem que o Pantanal exerça função reguladora do regime
hídrico. O relevo é plano a parcialmente ondulado, apresentando uma
altimetria variando de 80 a 200 m desde as margens do Rio Paraguai em
direção à escarpa da serra. Além disso, o Pantanal apresenta algumas
feições peculiares, em termos de drenagem, apresentando uma suave
inclinação de leste para oeste, da ordem de 0,3 a 0,5 m/km, enquanto de
norte para sul a inclinação varia de 0,03 a 0,15 m/km (Figura 6). Apresenta
duas feições geomorfológicas distintas, as planícies e as áreas de
acumulação inundáveis (Apf – planícies fluviais ou Apfl – fluviolacustres e
Aai 1 – inundação fraca, Aai 2 – inundação média e Aai 3 – inundação forte)
e encontram intimamente relacionadas ao rio Paraguai e seus tributários. As
áreas de acumulações inundáveis (Aai) situam-se em posição interfluvial em
relação à drenagem de mais importância e apresenta uma drenagem
anastomosada composta por “corixos”, “vazantes” e “baias”
(RADAMBRASIL, 1982a).
29
Figura 5 – Modelo digital do relevo (confeccionado a partir de dados digitais do
terreno, USGS -Dtopo30). A Bacia do Pantanal é separada da Bacia do Chaco
(situada no Paraguai) por uma estreita passagem no Planalto Residual do Urucum-
Amolar, entalhada em terrenos pré-cambrianos (ASSINE, 2003).
São partes integrantes da planície pantaneira faixas de terras mais
elevadas que as planícies e não sujeitas a inundações conhecidas como
cordilheiras. A heterogeneidade morfológica do Pantanal permitiu diferenciar
sub-regiões.
O Pantanal Mato-Grossense foi considerado um compartimento
geomorfológico, denominado de "Planícies e Pantanais", de acordo com a
classificação proposta pelos técnicos do Radambrasil, 1982a. Entretanto,
são usados diversos sistemas de classificação para dividi-los em sub-
regiões geográficas.
Fonte: Assine, 2003. Adaptado e modificado por Rezende Filho, 2005.
30
Figura 6 – Modelo digital (confeccionado a partir de dados digitais do terreno do
USGS - Dtopo30). As altitudes são inferiores a 200m na Bacia do Pantanal
(ASSINE, 2003).
Fonte: Assine, 2003.
31
Com base no caráter geomorfológico e nas características das
inundações, o Pantanal foi subdividido em diferentes pantanais
1
, subdivisões
que refletem a compartimentação geomorfológica desta planície
(ALVARENGA et al, 1984) (Figura 7).
Outras subdivisões do Pantanal foram propostas por (SILVESTRE
FILHO & ROMEU (1974), GRAÇAS et al, (1974), EMPRESA BRASILEIRA
DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES (1974) e ADÁMOLI (1982) apud
ALLEM & VALLS 1987); o Pantanal é tradicionalmente dividido por zonas,
limitadas pelos cursos d’água, pela natureza de sua ocupação histórica,
conceitos emitidos por habitantes de longa data da região. Neste contexto,
Silva e Abdon (1998) delimitaram as sub-regiões considerando alguns
aspectos fisiomorfológicos – relacionados à inundação, relevo, solo,
vegetação e geopolítica – participação estadual e municipal nessa região.
Os materiais utilizados foram os estudos anteriores relacionados à
delimitação fisiográfica do Pantanal, com auxílio de mapas municipais,
dados estatísticos, cartas topográficas e imagens de satélite Landsat 5 TM,
ambas na escala de 1:250.000, apoiados em trabalhos de campo. Foi
proposta a delimitação no Pantanal de um conjunto de 11 sub-regiões
2
(Figura 8).
1
O compartimento geomorfológico “Planícies e Pantanais” apresentam feições
diferenciadas e foi subdividido em unidades homogêneas segundo o conjunto de
informações fornecidas pelas imagens de radar, integradas aos solos, vegetação e litologia,
levando em conta também a diversidade de fatores morfogenéticos (altimetria relativa,
litologia e pedologia) e o grau de inundação (RADAMBRASIL, 1982a, p. 190 - 1). Foram
delimitadas 12 unidades: Pantanal do Corixo - Grande Jauru - Padre Inácio - Paraguai,
Pantanal do Cuiabá Bento Gomes - Paraguaizinho, Pantanal do Itiquira, São Lourenço -
Cuiabá, Pantanal dos Paiaguás, Pantanal do Taquari, Pantanal do Negro, Pantanal do
Jacadigo – Nabileque; Pantanal do Miranda – Aquidauana; Pantanal do Tarumã Jibóia;
Pantanal do Aquidabã; Pantanal do Branco - Amonguijá e Pantanal do Apa (Alvarenga,
1984, p. 141).
2
Foram delimitadas 11 sub-regiões: Pantanal de Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço,
Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto
Murtinho (Silva e Abdon 1998).
32
Figura 7 – Pantanais Mato-grossenses, segundo classificação RADAMBRASIL.
33
Figura 8 – Mapa das Sub-regiões do Pantanal conforme classificação de Silva &
Abdon,1998 com termologia regional
Adaptado e modificado por Rezende Filho, 2003.
34
O clima da área é do tipo quente com semestre seco no inverno (Aw,
segundo a classificação de Köppen). O regime de chuva é tropical com duas
estações bem definidas, estação úmida variando de outubro a março e
estação seca abrangendo os meses de abril a setembro. A precipitação
média anual é da ordem de 1.200 mm na área dos pantanais.
As condições hidrodinâmicas das planícies refletem em fases de
deposição e/ou remoção. Assim a instabilidade das calhas aluviais é
traduzida por migração do leito e formação de cordões aluviais observáveis
nos diversos rios que compõem a Bacia do Paraguai.
Os solos do Pantanal são de origem sedimentar, recente ou sub-
recente, ocorrendo em fases argilosas e arenosas, de forma alternada e
descontínua. As áreas mais férteis correspondem à fase argilosa.
A vegetação que recobre o Pantanal é diversificada. O termo usado
tradicionalmente para denominar essa cobertura vegetal é “Complexo
Pantanal”, expressão que abrange diferentes fisionomias vegetacionais.
Quem pensa que o Pantanal é pântano fica surpreso ao ver cacto e poucas
epífitas. A vegetação é composta por uma mistura de campo inundável,
vegetação aquática, capão, mata ciliar, cerrado, cerradão e floresta seca. A
distribuição espacial desse mosaico depende de diferenças de níveis
topográficos ou de características pedológicas (POTT & POTT, 2004).
Para compreender a diversidade fitogeográfica do Pantanal é preciso
entender ainda um enfoque continental, porque o Pantanal se localiza numa
área fitogeográfica de primeira magnitude, na qual convergem quatro das
principais províncias fitogeográficas da América do Sul. Forma assim um
mosaico de espécies resultantes da influência dos grandes biomas (Figura
9) que o circundam dos fatores edáficos e do regime hidrológico. Ao norte
tem influência da Amazônia, a leste dos Cerrados, ao sul das Florestas
Meridionais e a oeste do Chaco Boliviano e Paraguaio. A sua maior ou
menor expressão no Pantanal vai depender dos condicionantes ambientais
atuantes localmente (ADÁMOLI, 1986).
35
Figura 9: Bacia do Alto Paraguai. Províncias fitogeográficas e áreas de influências
(ADÁMOLI, 1986).
A maior expressão fitogeográfico do Pantanal é a do Cerrado. O fato
de existir uma alternância ou mosaico de fisionomias – Cerradão, Cerrados,
Campos Cerrados, Campos, Campos inundáveis, Mata de galeria (Figura
10) – contribui para formação do complexo do Pantanal (COUTINHO, 1990).
Figura 10: Sucessão vegetal para o Cerrado (COUTINHO, 1990).
36
Adámoli (1982) explica que o Pantanal está longe de ser uma
comunidade de paisagem homogênea, pois apresenta uma heterogeneidade
interna que, quanto à regulação local, é possível reconhecer a existência de
diversos pantanais ou sub-regiões.
Seguem-se tipos de vegetação para melhor entendimento da
formação fitogeográfica do Pantanal segundo Adámoli (1982):
¾ Savana (cerrado): definida como vegetação xeromórfica que ocorre
predominantemente em solos arenosos das áreas alagáveis, de
fisionomia caracterizada por fanerófitas de pequeno porte, isoladas ou
agrupadas sobre um revestimento graminóide hemicriptofítico.
Compreendem formações de Savana Arbórea Densa (Cerradão),
Savana Arbórea Aberta (Campo Cerrado), Savana Parque (Parque de
Cerrado) e Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo);
¾ Savana estépica (vegetação chaquenha): vegetação neotropical de
cobertura arbórea estépica, pouco expressiva na região,
caracterizada geralmente por plantas lenhosas, baixas e espinhosas,
associadas a um campo graminoso, savanícola, geralmente em
relevo plano. Está representada por fisionomias de formações Savana
Estépica Arbórea Densa, Savana Estépica Arbórea Aberta, Savana
Estépica Parque e Savana Estépica Gramíneo-Lenhosa;
¾ Floresta estacional semidecidual: caracterizada por uma
decidualidade parcial de suas espécies arbóreas em conseqüência de
uma relação direta com as condições climáticas estacionais das áreas
de domínio, se apresentando descontínua e restrita às florestas-de-
galeria e a pequenas faixas de vegetação dos terraços, onde os solos
são mais férteis. Consiste nas formações de Floresta Aluvial e
Floresta das Terras Baixas;
¾ Floresta estacional decidual: de pouca expressão regional devido à
descontinuidade existente entre suas pequenas áreas no Planalto dos
Guimarães, Planaltos Residuais de Urucum-Amolar, Depressão do
Rio Paraguai e extremidade sul da serra da Bodoquena. Assemelha-
se à região fitogeográfica anterior, variando somente no seu grau de
37
estacionalidade climática, apresentando as formações Floresta das
Terras Baixas e Floresta Submontana.
Segundo Silva et al. (2000), a distribuição da vegetação do Pantanal
está dividida em 16 classes fitofisionômicas
3
. Destas, as mais abundantes
são os campos cobrindo 31,1% do Pantanal, o cerradão (22%), o cerrado
(14,3%), os brejos (7,4%), a mata semidecídua (4%) e a mata de galeria e
baceiro ou batume (vegetação flutuante, 2,4% cada).
3.1 A Sub-região do Pantanal da Nhecolândia
O pantanal da Nhecolândia, localizado em grande parte no município
de Corumbá-MS, limita-se ao norte e ao sul, respectivamente, com os rios
Taquari e Negro, a leste com a escarpa da Serra de Maracaju e a oeste com
o Rio Paraguai (Figura 11), ocupando basicamente a parte sul do gigantesco
leque aluvial do rio Taquari, resultante dos derrames aluviais de natureza
silíco-arenoso, proveniente do planalto arenítico de Maracaju.
Essa sub-região observada através de imagens de satélite, fotografias
aéreas e ou até mesmo de fotos panorâmicas (Foto 5) é facilmente
identificável em relação às demais sub-regiões pantaneiras, em virtude de
sua fisionomia ser bastante típica, caracterizada por apresentar baías,
salinas, cordilheiras, vazantes e campos limpos.
Os sedimentos transportados e depositados pelo Rio Taquari, no
período Quaternário, possuidor de uma dinâmica fluvial intensa, resultaram
na formação de um leque de proporções gigantescas. A este leque aluvial
estão vinculadas as três principais unidades da paisagem da Nhecolândia
que identificam a ocorrência de cordilheiras, vazantes e depressões
circulares e subcirculares, localmente chamadas de baías e salinas.
3
As 16 classes fitofisionômicas são: babaçual, baceiro ou batume (vegetação flutuante),
brejo, buritizal, cambarazal, campo inundado, campo seco, canjiqueiral, carandazal,
cerradão, cerrado, chaco, mata semidecídua, mata de galeria, paratudal e pirizal/caetezal.
38
Figura 11 – Pantanal da Nhecolândia.
Foto 5: Vista aérea do Pantanal da Nhecolândia, (SAKAMOTO, 2001).
39
3.1.1 Particularidades da sub-região do Pantanal da Nhecolândia
3.1.1.1 Sistemas Geológicos
Os levantamentos geológicos regionais em áreas adjacentes à
Depressão do rio Paraguai e em parte dela sob a denominação de
Formação Pantanal, mostram os sedimentos colúvios-aluviais das áreas de
inundações, bem como os depósitos aluvionários dos Pantanais Mato-
grossenses, distribuído de forma contínua na planície, estendendo-se por
400 km de extensão por 250 km de largura, sujeita a inundações periódicas.
Os sedimentos quaternários da Bacia do Alto Paraguai são descritos
como sedimentos aluvionários do “pantanal”, depósitos de leques aluviais,
de taludes e lateritas ferruginosas. Essas acumulações, que ocorrem nas
áreas não inundáveis circunvizinhas, originaram-se sob condições climáticas
distintas da atual provavelmente no Quaternário Antigo.
A Formação Pantanal é uma unidade litoestratigráfica de maior
extensão na planície pantaneira. Foi subdividida em três unidades ou níveis
de sedimentação, baseados em diferenças litológicas e estratigráficos
(RADAMBRASIL, 1982a):
¾ A Unidade Inferior Qp
1
: representa a planície aluvial antiga, com
sedimentos de natureza arenosa e conglomerática, situado nas
imediações das rochas pré-cenozóicas.
¾ A Unidade Média Qp
2
: compõe a planície aluvial sub-recente e tem a
maior área de distribuição. É formado por sedimentos
dominantemente pelíticos e correspondem às áreas periodicamente
inundáveis onde se distingue um nível de terraço alagável e outro
geralmente emerso, as “cordilheiras”.
¾ A Unidade Superior Qp
3
: é formada por aluviões recentes, areno-
siltosas, associadas às calhas dos principais rios.
A espessura da Formação Pantanal é variável em função da
irregularidade do seu substrato e não pode ser precisada, pois acha-se em
processo de desenvolvimento, com acumulação de sedimentos até hoje.
Em pesquisas realizadas pela PETROBRÁS, com perfurações
executadas na região pantaneira, obteve-se o conhecimento da espessura e
natureza dos sedimentos quaternários. Na porção interna da depressão, não
40
foi encontrado o embasamento da seqüência quaternária e a perfuração
mais profunda foi de 302,4 m.
Na sub-região da Nhecolândia no poço SMst-1-MT (Porto da fazenda
São Miguel, à margem esquerda do rio Taquari, Lat. 18º 30’ 57” S e Long.
56º 35’ 00” W) foi perfurado 217,0 m passando apenas a seção aluvial sem
atingir o embasamento e no poço FFst-1-MT (Retiro do Aguapé, fazenda
Firme, distrito de Nhecolândia, Corumbá (MS). Lat 19º 08’ 44” S e Long. 56º
57’ 43” W) foi perfurado 182,0 m passando pelos sedimentos aluviais
arenosos e atingiu calcário e argilitos ardosianos da “Série Bodoquena-
Corumbá” (RADAMBRASIL, 1982a).
3.1.1.2 Leque aluvial
O termo leque aluvial (alluvial fan) têm sido usado para designar
sistemas aluviais em que o padrão dos canais é mais distributário que
contributário. Essa característica geomorfológica e hidrológica permite
distingui-lo dos sistemas fluviais típicos, que apresentam padrão de
drenagem dominantemente contributário. Leques aluviais são sistemas
deposicionais em forma de leque aberto ou de segmento de cone,
caracterizados por canais fluviais distributários de grande mobilidade lateral.
Formam-se em planícies ou vales largos onde os rios, provenientes de
relevos altos adjacentes, se espraiam adquirindo padrão radial devido ao
desconfinamento do fluxo (ASSINE, 2003).
Nos leques dominados por rios, canais permanentes se dividem numa
rede de distributários. Desenvolvimento acentuado de barras e deposição
nos canais reduzem a capacidade do rio transportar água, causando
rompimento de diques marginais durante as cheias e avulsão do canal.
Mudanças abruptas (shifting) de leito são muito comuns em decorrência
desses processos, o que resulta na presença de centenas de canais
abandonados na superfície do leque (ASSINE, 2003).
Um sistema de falhamentos em blocos, alguns antigos, reativados,
determinou o substrato irregular da Formação Pantanal e as diferentes
espessuras se fizeram com intensidades variáveis ao longo de toda a área
abatida. Os soerguimentos e afundamentos colocam em evidência de efeitos
41
tectônicos e de subsidências recentes, indicando para essa última como
exemplo, a pouca definição da foz do rio Taquari, ocasionando acumulações
em forma de leque aluviais.
Os processos flúvio-morfológicos, predominantes no setor central a
leste do Pantanal, são formados pelo grande leque aluvial do rio Taquari.
Apresentam um caráter arenítico das altas bacias e os solos evoluídos sobre
os sedimentos transportados pelos rios, apresentam uma textura
marcadamente arenosa. Sobre esses solos, ácidos, distróficos, bem
extensivamente drenados, instalam-se comunidades vegetais características
dos Cerrados, salvo nas áreas que apresentam saturação hídrica durante
vários meses do ano (ADÁMOLI, 1986).
O leque do Taquari que ocupa uma área aproximada de 55.509 km²
apresenta aspecto bem preservado, como padrão distributário, que aparece
nitidamente na imagem de satélite (Figura 12), Pode-se atribuir-lhe uma
idade sub-recente, provavelmente neopleistocênica, que justifica o fato de
que o atual rio Taquari está superimposto ao leque aluvial e elaborou uma
faixa de aluviões holocênicas com cerca de 110 km de comprimento, que
indica a sua origem maior na dominância da fração arenosa nos horizontes
superficiais e sub-superficiais dos solos na área do leque, comparada com
as áreas adjacentes (RANDABRASIL, 1982b).
Braun (1977) distinguiu o macro-leque aluvional do rio Taquari e
reconheceu, na interpretação deste cone, diversas subunidades
morfológicas. Segundo o autor, “o cone do Taquari resultou de um processo
erosivo, violento e rápido no passado, dos materiais da parte alta da bacia
deste rio e da conseqüente deposição, águas abaixo da escarpa do planalto”
(Figura 13).
42
Figura 12 – Imagem de satélite do legue aluvial do rio Taquari, (Imagens Landsat
08/08/2001, Cd-Room Coleção Brasil visto do espaço).
Figura 13 – O cone do rio Taquari segundo a interpretação de Braun, 1977.
43
3.1.1.3 Sistemas geomorfológicos
Em seus domínios, a unidade geomorfológica Planícies e Pantanais
Mato-Grossenses são caracterizadas por áreas periodicamente inundáveis,
de topografia plana, com cotas altimétricas variando de 60-150 m e os
gradientes topográficos são muito fracos, da ordem de 0,3 m a 0,5 m/km na
direção E-W e de 0,03 m a 0,15 m/km, de N-S (FRANCO & PINHEIRO,
1982).
Esta vasta planície de acumulação de sedimentos fluviais e flúvio-
lacustres são drenadas pelos tributários da margem esquerda do rio
Paraguai e por ele próprio, que contorna a planície a oeste (W), formando
uma drenagem assimétrica entre suas margens (SILVA, 1986).
O principal fator que controla as condições de escoamento é
conseqüência do contato brusco existente entre as elevações e planaltos
marginais e os terrenos planos da depressão. A fraca declividade da planície
aluvial impede o escoamento das águas e freia o trânsito de materiais
alógenos que se acumulam sobre os sedimentos mais antigos e, às vezes,
dentro de calhas rasas como o do rio Taquari formando um grande leque
aluvial (SILVA, 1986).
Os espraiamentos são inativos e recobertos de vegetação contendo
marca de leitos abandonados, alternando com braços descontínuos,
“vazantes” e “corixos”, colonizados por vegetação aquática. Esses braços
defluentes e confluentes são alimentados por “baías”, ou por águas que
saem do contato entre os flancos dos leques aluviais vizinhos, nos locais
onde existe distinção de fácies dos sedimentos. As partes mais elevadas das
acumulações, com poucos metros de altura, constituem as “cordilheiras”, as
vezes, alcançadas pelas águas durantes as enchentes excepcionais.
Segundo Fernandes (2000), o Pantanal da Nhecolândia apresenta-se,
topograficamente, subdivido em seis compartimentos, porém consideramos
três compartimentos associados a cotas topográficas gerais: alta e baixa
Nhecolândia e uma área de transição (Figura 14). A alta Nhecolândia
apresenta cotas acima de 100m, ora apresentando desníveis suaves a muito
suaves; na baixa Nhecolândia, as cotas se apresentam inferiores a 100m,
com desníveis muito suaves, correspondendo à porção com maior
44
concentração de baías e lagoas; e a zona de transição corresponde a uma
faixa com desnível altimétrico variando de 120 a 140 m.
Figura 14: Mapa de compartimentação do Pantanal da Nhecolândia proposto por
Fernandes, 2000.
45
3.1.1.4 Sistemas pedológicos
A dominância de solos hidromórficos no Pantanal aparentemente tem
semelhanças com regimes de inundações a que estão submetidas as
unidades de paisagem.
Os solos são constituídos por sedimentos arenosos finos (95%), e
depositados pelo Rio Taquari, desde o início do período Quaternário.
Eventualmente, pode-se encontrar manchas de solo siltoso ou argiloso
(CUNHA 1981).
A parte central é formada por sedimentos de natureza arenosa
transportada pelo rio Taquari, resultando no chamado leque do Taquari, cujo
solo de maior ocorrência é o Podzol Hidromórfico seguido de Areias
Quartzosas Hidromórficas, Planossolo, Laterita Hidromórficas e Glei Pouco
Húmico (AMARAL FILHO, 1986).
Para Rezende Filho, (2003) os solos encontrados nas proximidades
das lagoas salinas no Pantanal da Nhecolândia apresentam uma grande
particularidade, pois estes solos morfologicamente lembram o perfil de um
Podzol, contudo os traços pedológicos característicos que apresentam tais
como, instabilidade estrutural, pH elevado acima de 9 confirmam uma
diferenciação em via alcalina.
3.1.1.5 Formações Vegetais
Adámoli (1982) explica que o Pantanal está longe de ser uma
comunidade de paisagem homogênea, pois apresenta uma heterogeneidade
interna que, quanto à regulação local, permite reconhecer a existência de
diversos pantanais ou sub-regiões.
A vegetação de savanas apresenta essencialmente as mesmas
espécies ocorrentes nos cerrados do Brasil Central, destacando-se por
apresentar algumas associações de espécies típicas de sua paisagem. As
principais encontradas na sub-região do Pantanal da Nhecolândia são: o
canjiqueiral, o gravatal, o caronal e o carandazal.
O canjiqueiral é uma associação caracterizada fundamentalmente
pela presença de canjiqueira (Byrsonima intermédia) e de capim-mimoso
(Axonopus purpusii). A canjiqueira é uma pequena árvore, com copa ampla
46
circular ou elíptica, com flores amarelas. Esta associação, em certos trechos,
lembra um parque.
O gravatal é uma associação na qual se destaca o caraguatá
(Bromélia balansae), com distribuição linear, em forma de fila circundando as
áreas de cerrados das cordilheiras, dificultando a penetração neste território,
devido aos espinhos que o gravatá ostenta.
O caronal é uma associação de capim-carona (Elyonurus muticus),
cobrindo imensas áreas da Nhecolândia.
O carandazal é uma associação de palmeiras carandá (Copernicia
alba), de aproximadamente 10 metros de largura, que forma um cordão que
envolve as lagoas salinas no entorno da praia arenosa, de textura fina de cor
clara.
3.2 Terminologias regionais
Os termos utilizados mostram as expressões regionais que caracterizam
e distinguem as formações e associações vegetais das diferentes unidades
da paisagem (RADAMBRASIL, 1982a), dentre elas podemos citar:
¾ Cordilheiras: são formas positivas de relevo, alongadas e estreitas,
ligeiramente mais elevadas na paisagem geral da planície. Os solos
são de areias Quartzosas vermelhas e amarelas distróficas e Podzois
Hidromórficos, ambos sob cobertura vegetal de cerrados e cerradões.
¾ Vazantes: são superfícies ligeiramente côncavas, normalmente
vinculadas a ambientes de amplas planícies, que em conjunto
constituem extensas áreas temporariamente alagadas, com
escoamento superficial muito lento. Os principais solos que ocorrem
nesta unidade de paisagem são os Podzois Hidromórficos, Laterita
Hidromorficas distróficas, Areias Quartzosas Hidromórficas distróficas
e Planossolos distróficos, normalmente recobertos por campos
graminosos.
¾ Baías: são formas negativas de relevo, apresentando às vezes
concavidades suaves, e encontram-se normalmente ocupadas pelas
águas, algumas possuindo elevados teores de sais (salinas). Ocorrem
em grande quantidade na zona da Nhecolândia, apresentando
47
grandes variedades de formas, desde formas circulares a
subcirculares. Os solos dominantes são as areias Quartzosas
Hidromórficas distróficas, Podzois Hidromórficos distróficos e Lateritas
Hidromórficas distróficas, sob uma vegetação predominante de
campos graminosos (RADAMBRASIL, 1982a).
¾ Corixos: correspondem a cursos de águas alongados, próprios da
planície pantaneira, de caráter perene, exceto durante as estiagens
severas, e normalmente conectando “baías” contíguas durante as
cheias; em geral, estes canais são mais estreitos e mais profundos do
que as vazantes.
48
CAPÍTULO IV
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
____________________________________________________________________
Para realizar o estudo da relação relevo, vegetação, solo e água, os
procedimentos adotados foram realizados mediante estabelecimento do
nível topográfico, abrangendo as unidades de paisagens diferenciadas:
banhado (baía/vazante), cordilheira, lagoa salina e lagoa salitrada, por meio
do estudo da cobertura da vegetal, da análise estrutural da cobertura
pedológica, do funcionamento hídrico do lençol freático com os dados de
piezometria e do mapeamento da condutividade elétrica do solo por meio do
método geofísico com o auxilio do aparelho EM38.
4.1 Levantamento Topográfico
O levantamento topográfico das toposseqüências ou transectos foram
realizados com mangueira de 50 metros de comprimento, com a marcação
em um espaçamento a cada 10 metros, visando a um perfil com um nível de
detalhamento mais próximo do real.
O levantamento altimétrico da lagoa salitrada foi realizado com nível
de precisão FG – L3 Rotation Laser marca FREIBERGER
PRAZISIONSMECHANIC K Germany e com auxilio do GPS GARMIN 12
para posicionamento dos pontos levantados formando uma malha irregular
de 388 pontos (Figura 15).
49
536700 536750 536800 536850 536900 536950 537000 537050
7902450
7902500
7902550
7902600
7902650
7902700
7902750
7902800
7902850
7902900
Figura 15 – Malha irregular dos pontos da topografia da lagoa Salitrada.
4.2 Análise da estrutura pedológica
A análise da estrutura superficial da cobertura pedológica
desenvolvida por (Boulet et al.), é realizado através de uma toposseqüência
do topo até a base da vertente, para constatar as variações, horizontais e
verticais, existentes no perfil do solo estudado. Para buscar os limites e as
variações na toposseqüência são realizadas trincheiras, tradagens
intermediárias tantas quantas forem necessárias para desenhar o perfil,
sobre o corte topográfico dos horizontes identificados (Boulet, 1988).
50
A morfologia do solo foi estudada em detalhe ao longo das
toposseqüências estabelecidas no banhado (baía/vazante) nas lagoas salina
e salitrada, localizadas na Figura 16.
Os horizontes do solo foram identificados, descritos mediante
tradagens e trincheiras para análise e descrição das transições verticais e
laterais dos diferentes horizontes. Em alguns setores das seqüências que
exibem transições laterais específicas na morfologia do solo, foi utilizado um
aparelho para medir a condutividade eletromagnética (EM38, GEONICS,
LTD, ONTÁRIO, CANADÁ), para comparar a condutividade eletromagnética
do solo.
Figura 16 – Localização da toposseqüência e seqüências estudadas.
A calibração do aparelho EM38 foi realizada em função do estudo
detalhado da toposseqüência
2 (Figura 17), localizada no banhado
51
(baía/vazante) para realizar uma malha de pontos em áreas mais amplas.
Foi observada na morfologia do solo e sua transição tanto vertical como
lateral até a profundidade do lençol freático a estrutura da cobertura
pedológica associada ao zoneamento da vegetação encontrada na área do
banhado (baía/vazante), abrangendo uma extensão da baía, passando pelo
campo limpo e sujo e pela concentração das palmeiras carandás até a borda
da cordilheira no sentido NW/SE.
Figura 17 – A calibração do aparelho EM38 em função da morfologia do solo.
Várias toposseqüências de solos foram estudadas nesses ambientes,
entre as toposseqüências isoladas no entorno do banhado (baía/vazante) e
nas toposseqüências das lagoas salina e salitrada, apresentando forte
52
contraste de salinidade do lençol freático em algumas localidades. Em todas
as seqüências, a morfologia do solo foi reconstituída sobre uma base
topográfica por meio de sondagens verticais do solo com trado.
4.3 Funcionamento Hídrico
No sistema lagoa salina – cordilheira – banhado (baía/vazante), foi
instalada desde 1998, uma seqüência de piezômetros (Figura 16) para
monitorar a variação ou oscilação do lençol freático.
A interpretação dos dados coletados foi feita em dois momentos: uma
da época de cheia e outra da época de seca do nível de água do lençol
freático, mediante registros piezométricos obtidos durante o período de
coleta de dados de campo.
4.4 Mapeamento da condutividade eletromagnética do solo
Os mapeamentos foram realizados por meio de métodos geofísicos
com o aparelho EM38 para a aquisição de dados de forma indireta e pela
indução de ondas eletromagnéticas
5
, apoiando-se o aparelho na superfície
do solo.
Este dispositivo portátil é usado para delinear as mudanças ou
variações do solo quanto à salinidade do solo, à textura e aos índices de
água no interior do solo. Este instrumento mede a condutividade elétrica do
solo aparente (ECm) por millisiemens, representado pelo medidor (mS m
-1
).
As medidas foram feitas na modalidade vertical, isto é, aproximadamente
75% do sinal foi estimado para medir 1,8m no interior do solo (MC NEILL,
1980).
O mapeamento das características específicas do solo foi realizado
mediante medidas de condutividade eletromagnéticas de acordo com uma
grade regular de 10m x 10m em torno da lagoa salina (Figura 18) e do
5
A condutividade elétrica de uma solução (água) é sua capacidade de conduzir uma
corrente elétrica. Ela depende essencialmente da carga iônica da água (salinidade) e,
secundariamente do tipo de íon (a relação entre a condutividade elétrica e a salinidade varia
ligeiramente se a solução é dominada pelo NaCl (por exemplo, a água do mar) ou pelo
NaCO3 (por exemplo, as salinas do Pantanal). A medida de condutividade elétrica é,
portanto, uma medida indireta da salinidade, mas fortemente correlacionada à salinidade. A
unidade de medida da CE é o Siemens/m. As medidas são aqui expressas em
milliSiemens/cm (mS/cm).
53
banhado (baía/vazante) (Figura 19) e uma grade regular de 20m x 20m em
torno da lagoa salitrada (Figura 20). O registro eletromagnético foi realizado
durante a estação seca de 2001 no banhado (baía/vazante) e na seca
severa de 2002 na salina, onde a água foi encontrada somente no centro da
lagoa e na estação seca de 2004, na lagoa salitrada que se encontrava
quase totalmente seca. Todas as medidas foram georeferenciadas com o
auxílio de um aparelho de GPS, para aquisição dos dados de campo. Em
cada cruzamento da malha, foi efetuada uma medida de condutividade
eletromagnética do solo, com o aparelho EM 38.
0
50
100
150
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Figura 18 – Malha regular 10x10 do Banhado (baía/vazante).
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
50
100
150
200
250
300
Figura 19 – Malha regular 10x10 da lagoa Salina do meio.
54
0100200300400
0
100
200
300
400
500
600
700
Figura 20 – Malha regular 20x20 da lagoa Salitrada.
4.4.1 Métodos eletromagnéticos de baixa freqüência (EM38)
Os métodos eletromagnéticos envolvem a propagação de campos
eletromagnéticos de baixa freqüência (abaixo de 1 MHz) e baseiam-se nos
fenômenos físicos de eletricidade e magnetismo.
O aparelho (Foto 6) é portátil, com aproximadamente 5 Kg e um 1 metro
de largura. A aquisição de dados é feita em cerca de 5 segundos. O
essencial do tempo de prospecção é gasto com a locomoção do utilizador de
um ponto de medida ao outro. Trata-se, portanto, de uma aquisição muito
rápida de medida de cada ponto, podendo ser realizada com várias
densidades de pontos.
55
Foto 6 – Aparelho EM 38 (Geonics Ltd, Ontário, Canadá).
Princípio da medida: O aparelho possui uma pequena bateria de 9V, que
emite uma corrente elétrica contínua. Esta corrente passa dentro de uma
bobina indutora, localizada numa das extremidades do aparelho. Esta
corrente provoca um campo magnético primário dentro e ao redor da bobina.
Este campo primário induz, por sua vez, uma corrente elétrica no solo. Esta
corrente é mais ou menos forte em função da condutividade do solo, sendo
que esta depende da textura, da estrutura, da umidade e, sobretudo, da
salinidade do solo. Esta corrente induzida na superfície do solo cria um
campo magnético secundário no interior do solo cuja intensidade é
proporcional à corrente elétrica do solo. Este campo magnético secundário
gera, por sua vez, uma corrente elétrica dentro da bobina receptora,
localizada na outra extremidade do aparelho, cuja intensidade é proporcional
à intensidade desse campo magnético secundário. A eletrônica contida no
aparelho analisa a relação entre as correntes dentro das bobinas indutora e
receptora obtendo a condutividade do solo (MC NEILL, 1980).
Características do aparelho: A profundidade de investigação do solo
depende da distância entre as bobinas. Em função disto, existem vários
aparelhos com distâncias entre bobinas diferentes, ou mesmo variáveis (EM
31, EM34, GEONICS, LTD, ONTARIO, CANADÁ). O menor aparelho
comercializado é de 60 cm de distância entre bobinas apresentando,
portanto, a distância mínima. No caso do EM38 que utilizamos, a distância é
de 1 metro (Figura 21).
56
Bateria
bobina indutora
bobina receptora
Campo magnético primário
Campo magnético secundário
Corrente elétrica
Superfície
Solo
Figura 21 – Condutivímetro Eletromagnético EM 38 (GEONICS LTD. ONTÁRIO,
CANADÁ)
As camadas do terreno não respondem da mesma forma. Assim, McNeill
(1980) estabeleceu uma curva teórica de contribuição à resposta do
aparelho em função da profundidade. Geralmente, considera-se que a
profundidade máxima de investigação é da ordem de 2 metros. Deste modo,
quando o aparelho é utilizado em posição vertical, ele é particularmente
sensível entre 20 e 80 cm de profundidade, mas muito pouco sensível à
condutividade dos horizontes superficiais. Por outro lado, quando o aparelho
é utilizado em posição horizontal, a profundidade de prospecção diminui,
mas o aparelho é muito mais sensível ao desempenho da condutividade dos
horizontes superficiais. Assim, a comparação entre as medidas em posições
verticais e horizontais, pode informar a localização dos horizontes mais
condutores no interior de um perfil de solo.
4.5 Geoestatística
A geoestatística é conjunto de técnicas usadas para analisar e inferir
valores de uma variável distribuída no espaço e ou no tempo da seguinte
forma: análise exploratória dos dados (estatística descritiva), análise
57
estrutural (cálculo e modelagem do semivariograma) e realização de
inferências (Krigeagem ou Simulação).
Os valores dos dados são implicitamente assumidos ao ser
correlacionado com outros e o estudo de tal correlação é denominado de
análise estrutural ou modelagem do semivariograma. Depois da análise
estrutural, inferências em localizações não amostradas são realizadas
usando "Krigeagem" ou podem ser Simuladas usando simulações
condicionais:
Segundo Grossi Sad (1986), a geoestatística dedica-se ao estudo da
distribuição e da variabilidade dos valores, em função do seu arranjo
espacial ou temporal, isto é, de valores regionalizados. Um fenômeno que se
modifica no espaço e que é provido de certa estrutura comporta-se de modo
"regionalizado". Se Z(x) é o valor de uma variável Z no ponto x, é possível
descrever a variabilidade da função f Z(x) no espaço, com Z variando
dependentemente do local da amostragem.
O interesse da análise geoestatística não se limita à obtenção de um
modelo de dependência espacial, desejando-se também predizer valores em
pontos não amostrados. O interesse pode ser em um ou mais pontos
específicos da área ou obter uma malha de pontos interpolados que
permitam visualizar o comportamento da variável na região por meio de um
mapa de isolinhas ou de superfície. Para se obter esse maior detalhamento
da área em estudo é necessária a aplicação de um método de interpolação,
como a krigeagem (SILVA JUNIOR, 2001).
4.5.1 Tratamento Geoestatístico
4.5.1.1 Estatística descritiva
Os dados brutos devem ser inicialmente interpretados mediante
procedimentos da análise estatística descritiva, para visualizar o
comportamento geral dos dados e identificar possíveis valores discrepantes.
As medidas estatísticas usualmente calculadas são: máximo e mínimo,
média, desvio padrão, número de amostras, teste paramétrico de
normalidade. A normalidade da distribuição dos valores foi verificada por um
teste Ki².
58
4.5.1.2 Semivariograma
O semivariograma analisa o grau de dependência espacial entre
amostras num campo experimental, além de definir parâmetros necessários
para a estimativa de valores para locais não amostrados, através da técnica
de krigeagem (SALVIANO, 1996).
O semivariograma é o gráfico que expressa a variação da propriedade
com a distância entre pontos no campo de amostragem. A variância total de
uma determinada propriedade é desmembrada em diferentes distâncias
amostradas e, com isso, objetiva-se encontrar a estrutura da variância. A
variabilidade espacial dos dados de condutividade eletromagnética do solo
amostrado foi testada através do estudo de semivariogramas, ferramenta
básica de suporte às técnicas de krigeagem.
Uma estimativa do semivariograma é fornecida pela fórmula:
=
+=
)(
1
2
))()((
)(2
1
)(
hN
i
ii
hxzxz
hN
h
γ
onde:
γ (h) é o semivariograma estimado ou experimental; h vetor distância média
entre os pontos da classe; N(h) o número de pares de pontos da classe e, z
(x
i
) e z (x
i
+ h) são os valores da variável coletados nos pontos x
i
e x
i
+ h (i =
1,..., n), separados pelo vetor h.
A Figura 22 ilustra um semivariograma experimental com
características muito próximas do ideal. O seu padrão representa o que,
intuitivamente, se espera de dados de campo, isto é, que as diferenças {Z(x
i
)
- Z(x
i
+ h)} decresçam à medida que h, a distância que os separa decresce.
É esperado que observações mais próximas geograficamente tenham um
comportamento mais semelhante entre si do que aquelas separadas por
maiores distâncias. Desta maneira, é esperado que y(h) aumente com a
distância h. (INPE - TUTORIAL SPRING®, 2003).
59
Figura 22 Modelo de semivariograma experimental (INPE - TUTORIAL
SPRING®, 2003).
¾ Alcance (a): distâncias dentro da quais as amostras apresentam-se
correlacionadas espacialmente. Na Figura 22, o alcance ocorre
próximo de 25m.
¾ Patamar (C): é o valor do semivariograma correspondente a seu
alcance (a). Deste ponto em diante, considera-se que não existe mais
dependência espacial entre as amostras, porque a variância da
diferença entre pares de amostras (Var [Z(x) - Z(x+h)]) torna-se
invariante com a distância.
¾ Efeito Pepita (C
0
): por definição, y (0)=0. Entretanto, na prática, à
medida que h tende para 0 (zero), y (h) se aproxima de um valor
positivo chamado Efeito Pepita (C
0
). O valor de C
0
revela a
descontinuidade do semivariograma para distâncias menores do que
a menor distância entre as amostras. Parte desta descontinuidade
pode ser também devida a erros de medição (Isaaks e Srivastava,
1989), mas é impossível quantificar se a maior contribuição provém
dos erros de medição ou da variabilidade de pequena escala não
captada pela amostragem.
¾ Contribuição (C
1
): é a diferença entre o patamar (C) e o Efeito Pepita
(C
o
).
60
De acordo com Trangmar et al. (1985), um efeito pepita de 0% indica que
o erro experimental é praticamente nulo e que não existe variação
significante a distâncias menores que a amostrada. Quanto menor a
proporção do efeito pepita para o patamar, maior será a semelhança entre
os valores vizinhos e a continuidade do fenômeno e menor a variância da
estimativa e, portanto, maior a confiança que se pode ter nas estimativas
(VIEIRA, 1997; VIEIRA, 1998).
O efeito pepita, que é um parâmetro importante do semivariograma,
reflete o erro analítico, indicando uma variabilidade não explicada (ao acaso)
de um ponto para o outro, que pode ser devida tanto a erros de medidas ou
micro variação não detectada em função da distância de amostragem
utilizada (CAMBARDELLA et al., 1994; PAZ et al., 1996; VIEIRA, 1997),
sendo impossível quantificar a contribuição individual dos erros de medições
ou da variabilidade. Esse parâmetro pode facilitar a comparação do grau de
dependência espacial das variáveis em estudo (TRANGMAR et al., 1985).
Para a análise do grau de dependência espacial das variáveis pode-se
utilizar a classificação de Cambardella et al. (1994), onde são considerados
de forte dependência espacial os semivariogramas que têm efeito pepita
25% do patamar, moderada quando entre 25 e 75% e de fraca quando
>75%.
Alta porcentagem obtida para o efeito pepita reflete que grande parte da
variação encontrada é devida a variações a distâncias menores que a
distância amostrada. Para diminuir os valores do efeito pepita ("nugget
effect) é necessário que a amostragem seja realizada a distâncias menores
que a utilizada para que, assim, se possa detectar a estrutura da variância
ou seja, a escala de variabilidade natural do fenômeno (JOURNEL &
HUIJBREGTS, 1978; SILVA, 1988; DOURADO NETO, 1989; MACHADO,
1994; LAMPARELLI et al., 2001).
4.5.1.3 Geração de mapas de Krigeagens
Quando se estuda um determinado espaço é obviamente impossível
recolher um grande número de amostras, porém o objetivo é geralmente
compreender o comportamento de anomalias, a partir dos pontos
61
amostrados. Tradicionalmente, um algoritmo de simples interpolação gera
um mapa de isolinhas da concentração destas anomalias. Este algoritmo
tem apenas por base os valores de cada um dos pontos e as distâncias
relativas entre eles. O desenho das isolinhas não assenta sobre quaisquer
princípios estatísticos.
Na maioria das vezes, o interesse da análise geoestatística não se
limita à obtenção de um modelo de dependência espacial, desejando-se
também predizer valores em pontos não amostrados. O interesse pode ser
em um ou mais pontos específicos da área ou obter uma malha de pontos
interpolados que permitam visualizar o comportamento da variável na região
através de um mapa de isolinhas ou de superfície. Para se obter esse maior
detalhamento da área em estudo é necessária a aplicação de um método de
interpolação, como a krigeagem (SILVA JUNIOR, 2001).
Segundo Gonçalves (1997) e Silva Junior (2001) esse interpolador
pondera os vizinhos do ponto a ser estimado, obedecendo aos critérios de
não tendenciosidade e mínima variância.
Para a condutividade eletromagnética do solo, o mapa de krigeagem
foi elaborado a partir de modelos ajustados de forma automática pelo
solftware e posteriormente ajustada manualmente porque o cálculo
automático não permite o ajustamento dos semivariograma estimado
satisfatório. O ajustamento entre o modelo e o semivariograma experimental
foi realizado pelo método dos mínimos quadrados. O cálculo automático foi
realizado com auxilio do software Surfer.
62
CAPÍTULO V
5 RESULTADOS
_____________________________________________________________
5.1 Estudo bidimensional da cobertura pedológica
Os estudos da cobertura pedológica das três unidades de paisagem
permitiram identificar os horizontes dos solos bem como suas sucessões
verticais e suas distribuições laterais, apresentados nas Figuras 23, 24, 25,
26, 27, 28, 29 e 30.
Figura 23 – Toposseqüência 1 (sentido sudoeste-nordeste), Banhando
(Baía/Vazante).
63
Figura 24 – Toposseqüência 2 (sentido noroeste-sudeste), banhando
(baía/vazante).
Figura 25 – Toposseqüência 3 (sentido sul-norte), banhando (baía/vazante).
64
Figura 26 – Toposseqüência 4 (sentido sul-norte), Lagoa Salina (detalhe do perfil
no interior da cordilheira entre os piezômetros P2 e P3).
Figura 27 – Toposseqüência 5 (sentido sul-norte), Lagoa Salina (FURQUIM et al,
2004).
65
Figura 28 – Toposseqüência 6 (sentido sudoeste-nordeste), Lagoa Salina.
66
Figura 29 – Toposseqüência 7 (sentido sul-norte), Lagoa Salitrada (SILVA, 2004).
67
Figura 30 – Toposseqüência 8 (sentido oeste-leste), Lagoa Salitrada.
68
As descrições morfológicas dos horizontes do solo estão
apresentadas de maneira sintetizada através das descrições das principais
características de todos os horizontes identificados:
1. Horizonte arenoso: apresenta uma pequena faixa superficial de matéria
orgânica entremeada com as raízes variando no máximo de10 cm de
espessura, de textura fina de cor bege 10YR 5/3 em sua parte superficial
(Figura 31). A parte mais profunda deste horizonte é marcada por manchas
escuras, orgânicas de textura arenosa, essas manchas são acumulações de
matéria orgânica sem elementos figurados, apresentada em formas de
volumes ou de filetes (veios) deixando o horizonte com aparência zebrada
com a cor predominante 2.5Y 3/1 (Figura 32).
Figura 31 – Horizonte arenoso superficial.
69
Figura 32 – Horizonte arenoso em profundidade.
2. Horizonte orgânico: este horizonte apresenta textura arenosa com baixo
índice de argila, se configura aparentemente pela homogeneização da cor
escura 10YR 3/2, 3/4 em virtude da acumulação intensa da matéria
orgânica, e não apresenta elementos figurados, ou seja, a matéria orgânica
aparece dissolvida (Figura 33).
Figura 33 – Horizonte orgânico.
70
3. Horizonte areno-argiloso cinza oliva: com a cor variando 2.5Y 4/2, 5/2 –
6/2 de textura média aparentemente material mais argiloso com uma
camada homogenia apresentado no interior desta camada nódulos bem
cimentados que variam de tamanhos milimétricos a centimétricos de cor
esverdeada (Figura 34).
Figura 34 – Horizonte areno-argiloso cinza oliva.
4. Horizonte areno-argiloso cinza oliva com manchas ocres: este
horizonte apresenta as mesmas características do horizonte areno-argiloso
cinza oliva com uma diferença ele aparece em pontos específicos do
ambiente é marcada com a grande quantidade de nódulos e volumes ocre-
ferruginosos cor predominante 10YR 5/3 numa matriz areno-argilosa de cor
5Y 5/2 (Figura 35).
71
Figura 35 – Horizonte areno-argiloso cinza oliva com manchas ocres.
5. Horizonte orgânico (Tipo Turfa): este horizonte é marcado pela
presença de um material de cor escura com variações de tonalidades, porém
sempre de matriz escura entre 10YR 3/1 ao 10YR 2/1, composto por um
material consistente e aderente e de fácil penetração do trado (Figura 36).
Figura 36 – Horizonte orgânico - gretas (Tipo Turfa).
72
6. Horizonte argilo-arenoso (Camada Verde): camada de coloração
esverdeada, muito úmida, cimentada e suavemente plástica, variando entre
o verde 4G e 5G, o oliva 5Y 6/4 (Figura 37).
Figura 37 – Horizonte argilo-arenoso (Camada Verde).
7. Laje: este tipo de camada é impermeável e pode ser encontrado tanto em
superfície como em profundidade em locais específicos dos horizontes dos
ambientes estudados (Figura 38).
Figura 38 – Laje (horizonte endurecido).
73
Esses horizontes estão organizados vertical e lateralmente conforme
as Figuras 39, 40 e 41.
As características morfológicas das toposseqüências estudadas
apresentam pontos comuns, de tal modo que há a mesma sucessão vertical
dos horizontes que, do topo até a base, apresenta um horizonte superficial
arenoso e orgânico, seguido de um horizonte arenoso claro sob o qual se
desenvolve um horizonte de acumulação de matéria orgânica em
profundidade. Esses horizontes podem ser seguidos de um horizonte
ligeiramente mais argiloso cinza oliva, de um horizonte areno-argiloso com
manchas ocres e de uma camada verde que pode, localmente, podendo
estar endurecida (laje) (Figura 39 e 40).
Figura 39 – Perfil morfológico com as sucessões verticais mais marcantes nos 3
ambientes.
Figura 40 – Perfil morfológico com a presença do horizonte areno-argiloso cinza
oliva com manchas ocres.
74
O horizonte orgânico superficial (tipo turfa) e marcante na parte
central da lagoa salitrada (Figura 41) uma vez que ela seca anualmente e
ele também aparece na lagoa salina nos períodos mais secos (Foto 7 e 8)
Figura 41 – Perfil morfológico do horizonte “turfoso” na lagoa salitrada.
Foto 7 – Lagoa salina no período de seca em setembro 2005.
75
Foto 8 – Lagoa salitrada no período de seca setembro de 2005.
Também se observam ondulações da camada verde relativamente
similar na Salina do Meio e na Salitrada (Figura 42).
Figura 42 – Ondulações da camada verde.
As diferenças entre as toposseqüências estudadas dizem respeito:
1 – à descontinuidade espacial dessas organizações, em particular na lagoa
do Banhado (baía/vazante), com a presença ou não da camada verde;
76
2 – a presenças do horizonte areno-argiloso ocre localizado em pontos
isolados tanto nos horizontes da parte mais elevada da cordilheira como nos
horizontes do limite entre a cordilheira e lagoas salina e salitrada como
também no fundo da lagoa do banhado (baía/vazante); e
3 – à presença de um horizonte orgânico tipo turfa localizado na parte
central da lagoa salitrada com uma espessura, da superfície até uma
profundidade máxima de 1,80 metros deste ambiente.
5.2 O Comportamento da Oscilação do Lençol Freático.
As oscilações sazonais do lençol freático analisado numa série de
dados coletados no período de 20/10/1998 a 15/10/2002 na linha
piezométrica apresentam um papel diferenciado ao longo da seqüência dos
piezômetros.
Verificou-se que a oscilações do lençol freático na borda da
cordilheira no sentido da vertente da lagoa salina apresentou um
comportamento particular do lençol freático nos piezômetros P2 e P3
(Gráfico 1).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
20/10/1998 20/4/1999 19/10/1999 18/4/2000 17/10/2000 17/4/2001 16/10/2001 16/4/2002 15/10/2002
Nível da água (m)
p2
p3
50
100
Chuva (mm)
0
150
200
vel superior do da Camada Verde entre P2 e P3
Gráfico 1 – Gráfico comparativo entre os piezômetros P2 e P3 oscilação do lençol
freático e o índice de chuva na Fazenda Nhumirim (BARBIÉRO et al, 2005).
77
A figura apresenta a oscilação do lençol freático em conformidade
com a presença ou não de chuva. Neste gráfico, podemos verificar o
comportamento do lençol freático entre os piezômetros P2 e P3 tanto em
relação a chuva quanto a morfologia do solo. A resposta do P2 em relação
ao período de chuva é mais rápida e chega a ultrapassar, temporariamente o
nível de P3.
Podemos observar também que nos períodos mais secos, ou seja, de
estiagem o lençol freático fica abaixo da subida da camada verde
apresentando um corte de fornecimento de água sub-superficial a lagoa
salina.
5.3 Estudo topográfico da Lagoa Saliltrada
A oscilação da topografia é de 1,78 m com um desvio padrão de
18,75 cm. A distribuição dos dados de topografia se aproxima de uma
distribuição normal conforme o histograma apresentado no Gráfico 2.
Histograma
0
10
20
30
40
50
60
70
-100
100
300
5
00
700
900
110
0
1300
1500
1700
m
ai
s
Condutividade eletromagnética
Frequência
Gráfico 2 – Histograma dos dados da topografia da lagoa salitrada.
O semivariograma experimental construído a partir dos dados brutos
(Gráfico 3) foi melhor ajustado com um modelo linear apresentando seguinte
característica: sem o efeito pepita, apresenta uma declividade de 650 cm
2
/m
78
e ligeira anisotropia de relação 2 na direção norte/noroeste (ângulo de
108,7°). Esse modelo foi usado para a extrapolação dos dados e elaboração
do mapa.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Distância (m
)
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
Semi Va
r
iance
Lagoa Salitrada (topografia)
Model
Linear
Gráfico 3 – Semivariograma dos dados da topografia da lagoa salitrada.
A lagoa Salitrada se configura num formato de oito com duas
unidades ligadas entre si por uma depressão na parte central, que se alonga
no sentido noroeste (Figura 43 e 44).
536700 536750 536800 536850 536900 536950 537000 537050
7902450
7902500
7902550
7902600
7902650
7902700
7902750
7902800
7902850
7902900
Figura 43 – Mapa da topografia da lagoa salitrada.
79
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Figura 44 – Bloco diagrama da topografia da lagoa salitrada.
5.4 Mapeamento da condutividade eletromagnética nas três unidades
da paisagem: Banhado (baía/vazante), Lagoa Salina e Lagoa Salitrada.
5.4.1 Geoestatística descritiva
As três unidades mapeadas se caracterizam por apresentar uma
gama de salinidade diferenciada, isto é, não salino (Baía/Vazante),
intermediário (Lagoa Salitrada) e salino (Salina do Meio). Os resultados do
mapeamento da condutividade eletromagnética estão resumidos na tabela 1
UNIDADES
MÁXIMA
mS/m
MÍNIMA
mS/m
MÉDIA
mS/m
DESVIO
PADRÃO mS/m
DADOS
Banhado (baía/vazante) 80 0 12,77 10,75 685
Lagoa Salina 420 15 160 63,29 863
Lagoa Salitrada 141 4 46 21,58 431
Tabela 1 – Resultados dos dados coletados nos três ambientes.
80
5.4.2 Histogramas
A espacialização dos dados de condutividade eletromagnética do
banhado (baía/vazante) não segue uma lei normal (Gráfico 4). Porém, ao
verificar a validade dos dados através da transformação logarítmica dos
valores de condutividade eletromagnética, esta fornece uma distribuição que
se aproxima melhor de uma lei normal, sendo assim os dados são
representativos para o método utilizado (Gráfico 5), Entretanto, a
espacialização dos dados de condutividade eletromagnética da Lagoa Salina
e da Salitrada se aproxima de uma distribuição normal conforme aparecem
nos Gráficos 6 e 7 conforme segue:
Histograma
0
50
100
150
200
250
0
,
00
1
0
,0
0
2
0,
0
0
3
0,
0
0
4
0
,0
0
50,00
6
0,
0
0
7
0,
0
0
8
0
,0
0
9
0,
0
0
10
0,00
Condutividade Eletromagnética
Freqüência
Gráfico 4 – Histograma dos dados brutos de condutividade eletromagnética do
banhado (baía/vazante).
81
Histograma
0
20
40
60
80
100
120
140
0,00
0,40
0,80
1,20
1,60
2,00
2,40
2,80
3,20
Condutividade Eletromagnética
Freqüência
Gráfico 5 – Histograma dos dados com transformação logarítmica de condutividade
eletromagnética do banhado (baía/vazante).
Histograma
0
50
100
150
200
250
0
5
0
1
00
1
50
2
0
0
250
3
00
3
50
4
0
0
4
50
5
00
Condutividade Eletromagnética
Freqüência
Gráfico 6 – Histograma dos dados brutos de condutividade eletromagnética da
lagoa salina.
82
Histograma
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1
0
0
11
0
Mai
s
Condutividade Eletromagnética
Freqüência
Gráfico 7 – Histograma dos dados brutos de condutividade eletromagnética da
lagoa salitrada.
A transformação logarítmica foi realizada conforme a formula abaixo:
)1)(ln()( += ii xsxz
Onde
s(x
i
) é o valor de ECm no ponto x
i
,
z(x
i
) é a transformação logarítmica do valor e,
a constante 1 foi adicionada porque alguns valores de s(x
i
) foram nulos (= 0)
e o logaritmo de 0 não é definido.
Esse tipo de transformação foi preconizado por Dowd (1984). Para a
elaboração da carta, os dois tipos de espacialização foram conservados. Os
dados brutos serviram para comparar as cartas das diferentes unidades
(Banhado (baía/vazante), Lagoa Salina e Lagoa Salitrada) e os dados
transformados serviram para a análise da distribuição espacial do Banhado
(baia/vazante).
83
5.4.3 Semivariogramas
Banhado (baía/vazante)
O semivariograma experimental elaborado a partir dos dados brutos
(Gráfico 8) foi melhor ajustado com um modelo de tipo exponencial,
apresentando as seguintes características: sem efeito pepita, com patamar
de 145 (mS/m)², com distancia de 70 m e ligeira anisotropia com relação 2
na direção leste/oeste (ângulo de 0º).
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância (m)
0
20
40
60
80
100
120
Semi V
a
ri
a
n
c
e (mS
/
m)²
Banhado (baía/vazante)
Model
Exponencial
Gráfico 8 – Semivariograma dos dados brutos de condutividade eletromagnética do
banhado (baía/vazante).
Nessa mesma unidade, o semivariograma experimental, elaborado a partir
dos dados transformados (
Gráfico 9), foi melhor ajustado por um modelo de
tipo linear, sem efeito pepita, com declividade de 0,00143 (Log(mS/m))
2
/m e
sem anisotropia.
84
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância (m)
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
Semi Variancia (Log(mS
/
m))²
Banhado (baía/vazante)
Model
Linear
Gráfico 9 – Semivariograma dos dados com transformação logarítmica de
condutividade eletromagnética do banhado (baía/vazante).
Lagoa Salina do Meio
No Gráfico 10, é apresentado o semivariograma experimental da
Lagoa Salina do Meio. Esse semivariograma experimental foi melhor
ajustado com o modelo exponencial, sem efeito pepita, com patamar 3.300
(mS/m)², com distância de 17 m e anisotropia com relação 2 na direção
leste/nordeste (ângulo de 26º).
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Distância (m)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Semi V
a
ri
a
n
c
e (mS
/
m)²
Lagoa Salina
Model
Experimental
Gráfico 10 – Semivariograma dos dados brutos de condutividade eletromagnética
da lagoa salina.
85
Lagoa Salitrada
O semivariograma da Lagoa Salitrada, apresentado no Gráfico 11,
construído a partir dos dados brutos, foi melhor ajustado com o modelo
linear, com efeito pepita de 83 (mS/m)
2
, com declividade 2 mS
2
/m,
anisotropia de relação 1,2 na direção norte ligeiramente leste (ângulo de
80º).
0 50 100 150 200 250
Distância (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
S
e
mi V
a
ri
a
n
c
e
(mS
/
m)²
Lagoa Salitrad
a
Model
Linear
Gráfico 11 – Semivariograma dos dados brutos de condutividade eletromagnética
da lagoa salitrada.
5.4.4 Elaboração de mapas por krigeagem
As Figuras 45, 46, 47 e 48 mostram, respectivamente, os mapas da
condutividade eletromagnética do Banhado (baia/vazante), lagoa Salina e
lagoa Salitrada.
Banhado (baía/vazante)
No Banhado (baía/vazante) o mapa de condutividade revela valores
mais elevados na parte sul e sudeste formando um semicírculo descontínuo
entre 20 e 40 metros da borda da lagoa (Figura 45 e 46).
Foram elaborados dos mapas de condutividade eletromagnética dos
dados brutos e dos dados com transformação logarítmica, por entendermos
que os dados brutos não seguiam uma lei normal, apesar da transformação
86
dos dados. Pudemos constatar que as estruturas de distribuição de
condutividade eletromagnética que aparece nos mapas são muitos similares.
Dentro deste contexto, o mapa elaborado a partir dos dados brutos foi
considerado satisfatório para análise comparativa com os mapas dos demais
ambientes por sua vez também elaborado a partir dos dados brutos.
0
50
100
150
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0 1020304050607080
Condutividade Eletromagnética dS/m
Figura 45 – Mapa dos dados brutos de condutividade eletromagnética do banhado
(baía/vazante).
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
50
100
150
-0.1 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 1.1 1.3 1.5 1.7 1.9
Condutividade Eletromagnética (Log (mS/m))²
Figura 46 – Mapa dos dados com transformação logarítmica de condutividade
eletromagnética do banhado (baía/vazante).
87
Lagoa Salina do Meio
As estruturas que se configuram no mapa confirmam a grande gama
de condutividade eletromagnética nessa unidade e revelam dois anéis com
maior condutividade: um mais contínuo localizado a 60 metros da borda da
salina (anel externo) e outro, menos marcado, localizado a 40 metros da
borda da salina (anel interno) (Figura 47).
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 300 350 400
condutividade Eletromagnética dS/m
Figura 47 – Mapa dos dados brutos de condutividade eletromagnética da lagoa
salina.
Lagoa Salitrada
O mapa da lagoa Salitrada também confirma a presença de valores
de condutividade eletromagnética, de valores intermediários entre os valores
do Banhado (baía/vazante) e da Lagoa Salina. Apesar da distribuição dos
valores ser muito menos contrastado do que no caso precedente, também
se observa nesse mapa: a configuração de um anel descontínuo na parte sul
da Lagoa; uma zona de maior condutividade ocorre na depressão que junta
88
as partes norte e sul da Lagoa; na parte norte, ocorre uma mancha isolada
com maior condutividade mas não ligada à depressão central (Figura 48).
0 102030405060708090100
0100200300400
0
100
200
300
400
500
600
700
Figura 48 Mapa dos dados brutos de condutividade eletromagnética da lagoa
salitrada.
5.5 Correspondência entre condutividade eletromagnética e cobertura
pedológica.
O estudo da cobertura pedológica ao longo das toposseqüências
realizadas nas diferentes unidades permite mostrar uma certa
correspondência entre a morfologia da cobertura pedológica e a distribuição
da condutividade eletromagnética.
89
Banhado (baía/vazante)
No Banhado (baía/vazante), as zonas com alta condutividade
eletromagnética se encontram associadas à presença da camada verde e,
conseqüentemente, do horizonte orgânico mais próximo da superfície.
Esta correspondência aparece claramente na Figura 24 da
toposseqüência 2, onde aparecem superpostas a morfologia do solo e as
medidas de condutividade eletromagnética. Observa-se que os pontos de
maior condutividade correspondem às áreas onde: na toposseqüência 1
(Figura 23), se localiza apenas uma palmeira carandá isolada e, na
toposseqüência 2, há a ocorrência de uma concentração de palmeiras
carandás, que coincide, no perfil topográfico, com uma a presença da
camada verde e do horizonte orgânico mais próximo da superfície. Há uma
correspondência importante entre alta condutividade eletromagnética e
distribuição das palmeiras carandás, já assinalada em trabalhos anteriores
(Rezende Filho, 2003: 40). “A distribuição das palmeiras carandás está
ligada diretamente com a alta condutividade eletromagnética do solo, que,
por sua vez, está relacionada com os elevados valores de salinidade”.
A camada verde aparece de forma descontínua na área do Banhado
(baía/vazante), conforme sugere o mapa de condutividade (Figura 45).
Lagoa Salina do Meio
Neste caso, o estudo da cobertura pedológica mostra que o anel
externo corresponde a presença da camada verde em profundidade, em
torno de 1,80 m, onde ocorre uma depressão interna na camada do solo
formando uma calha em profundidade que circunda a Salina. Durante a
prospecção, foi encontrada água dentro desta calha apresentando uma
condutividade elétrica bastante elevada, variando de 23.000 a 30.000
µS/cm, influindo na resposta do EM38. Por sua vez, o anel interno
corresponde a uma elevação da camada verde que se aproxima, em torno
de 77 cm da superfície do solo. Isto pode ser constatado na Figura 27,
representando na toposseqüência 5, no Tr1 e 87 cm na toposseqüência 6
entre T2 e Tr1 na Figura 28.
90
Lagoa Salitrada
Na lagoa Salitrada, o anel com maior condutividade eletromagnética
encontrada na parte sul corresponde a uma saliência da camada verde
similar à morfologia observada na Salina do Meio (anel interno). Uma
depressão da camada verde é observada ao redor desse anel, mas
contrariamente à Salina do Meio, não apresentou água concentrada no
momento da prospecção e, portanto não aparece no mapa como uma
estrutura diferenciada com maior condutividade. Pode-se observar a
ondulação da camada verde na Figura 30, que está representa na
toposseqüência 8, entre Tr2 e T3 no lado oeste e apresenta também a
mesma ondulação no lado leste da mesma toposseqüência entre Tr1 e T13.
A parte central da lagoa, na parte mais deprimida apresenta maior
condutividade, com a presença um horizonte orgânico, tipo turfa, com mais
ou menos 1,80 m de espessura da superfície. Não foram feitas observações
da cobertura pedológica sobre a mancha isolada de alta condutividade, o
que não nos permite estabelecer correspondência entre solo e condutividade
eletromagnética.
91
CAPÍTULO VI
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
_____________________________________________________________
A área de estudo apresenta uma topografia ligeiramente ondulada,
característica da sub-região da Nhecolândia. Entretanto, apresenta variação
dos elementos da paisagem em curtas distâncias não mais de 1000 metros,
a exemplo da seqüência dos ambientes estudados: banhado (baía/vazante)
– lagoa salina – lagoa salitrada, que estão sob as mesmas influências
climáticas, porém respondem de formas diferenciadas: as baías apresentam
águas de concentração baixa de sais, as salinas com alta concentração de
sais e nas lagoas salitradas a concentração de sais ocorre conforme as
variações sazonais.
Esta variabilidade pode ser percebida na superfície do terreno pela
distribuição da vegetação a exemplo disso, como constatado na área de
concentração das palmeiras carandás, associada à concentração de sais no
solo e na água sub-superficial.
6.1 Análise da cobertura pedológica
Sobre a maior parte da área estudada, o conjunto da cobertura
pedológica apresenta-se em formas similares, mas com algumas
particularidades que se repete ao longo dos três ambientes. Nas áreas onde
a condutividade elétrica é elevada, observa-se uma configuração particular
do perfil do solo (Figuras 24, 27, 28, 29, 30), apresentando do topo até a
base: um horizonte superficial arenoso, seguido de um horizonte arenoso
espesso, com uma acumulação de matéria orgânica em profundidade; em
seguida a presença de um horizonte ligeiramente mais areno-argiloso, cinza
oliva, com volumes ou nódulos esverdeados, seguidos de camada verde
cuja parte superficial apresenta endurecida, nesta parte do perfil. O lençol
freático apresentava um pH elevado e de forma confinada.
Morfologicamente, este ambiente lembra um perfil de um Podzol, contudo os
traços pedológicos característicos que apresenta, tais como: instabilidade
92
estrutural, estrutura particular, pH elevado acima de 9, confirmam uma
diferenciação em via alcalina. A acumulação profunda de matéria orgânica,
fina e sem elementos figurados, aparece como uma conseqüência da
solubilização da matéria orgânica (ácidos húmicos e fúlvicos) em meio
alcalino. A acumulação de matéria orgânica nos perfis em profundidade
pode ser explicada pela dissolução da matéria orgânica por meio das águas
com altas concentrações de sais.
A presença de um horizonte esverdeado, ou seja, camada verde
ligeiramente argiloso possibilita fazer uma interpretação: pode tratar-se de
um horizonte impermeável, com desenvolvimento local tendo como
particularidade a sua configuração na cobertura pedológica, em torno da
lagoa salina, onde se apresenta mais preservado. Esta configuração mostra
claramente duas ondulações desta camada no entorno da lagoa: uma no
inicio da praia e outra próxima da cordilheira, formando assim uma calha, em
forma de anel circular, que represa na estação seca parte da água do lençol
freático com uma alta concentração de sais.
Portanto, a variabilidade da condutividade elétrica do solo pode ser
caracterizada pela organização espacial de salinidade do lençol freático.
Deste modo, podemos relacionar a distribuição de salinidade do lençol
freático com a configuração da camada verde no perfil morfológico entre o
contorno da lagoa e a proximidade da cordilheira.
Outra particularidade que nos chamou a atenção foi a configuração do
perfil morfológico em determinados pontos de algumas toposseqüências que
apresenta um horizonte verde oliva com concreções e volumes ocre-
ferruginosos. Esse horizonte aparece sempre associado à
dissolução/destruição da camada verde. No banhado, aparece claramente
no fundo da baía (Figura 25), na lagoa salina aparece em profundidade
somente na parte mais elevada da vertente do interior da mata da cordilheira
(Figura26) e na lagoa salitrada foi encontrado no contato da cordilheira com
a área da lagoa (Figura 30).
A cobertura pedológica encontrada e estudada em particular nestes
três ambientes tem uma representação de caráter regional no Pantanal da
Nhecolândia, porque este tipo de organização de estrutura da cobertura
pedológica e as particularidades dentre elas as diferentes ondulações da
93
camada verde, formando anéis que circundam o entorno das lagoas salinas
conforme já estudadas e descritas em outras áreas do Pantanal da
Nhecolândia (SAKAMOTO, 1997 e SILVA, 2004).
6.2 Relação genética entre os três ambientes
Os três ambientes apresentam os processos de formação da
cobertura pedológica similares. O sistema mais completo aparentemente é o
sistema da lagoa salina do meio.
Banhado (baía/vazante)
O sistema da cobertura pedológica aparece claramente um anel
descontinuo que é uma estrutura cortada pelo ambiente mais arenoso, essa
organização só pode ser interpretada como uma destruição da camada
verde através da entrada de águas ácidas e da entrada de solos arenosos.
Lagoa Salina do Meio
A boa correspondência entre a morfologia do solo e o mapa de
condutividade eletromagnética do solo e em particular dos dois anéis do
entorno da lagoa salina mostram que as ondulações da camada verde da
cobertura pedológica correspondem às estruturas continuas e estão
relacionadas à presença de água durante o ano todo, permitindo,
possivelmente a precipitação de sais, mantendo a salinidade da lagoa salina.
O funcionamento deste ambiente tem um papel fundamental no
desenvolvimento da cobertura pedológica.
Estudos futuros deverão ser focalizados nas condições que poderiam
favorecer o entendimento de tais ondulações em função do funcionamento
das lagoas salinas e da sua correspondência com a circulação da água.
Lagoa Salitrada
Este ambiente mostra mais claramente a junção de duas unidades
mediante forma de um oito no sentido nordeste-sudoeste. Apresenta um tipo
de vegetação diferenciado em cada borda do formato: a palmeira babaçu na
face norte e a palmeira carandá na face sul.
94
Na parte sul, apresenta um anel que corresponde à estrutura da
ondulação interna da cobertura pedológica (camada verde), similar à
observada na lagoa salina do meio, e um outro anel menos marcado na
parte norte, mas, ainda não analisado a sua correspondência com a
cobertura pedológica.
A junção entre as duas unidades se caracteriza por uma área
deprimida com a presença de um horizonte constituído com bastante matéria
orgânica, tipo turfa.
A presença desse horizonte orgânico pode ser explicada pela
circulação atual da água. A presença de camada verde pouco permeável
provoca uma drenagem, lateral sub-superficial em direção a essa depressão
e com a presença do pH elevado que ocorre neste tipo de ambiente,
favorece a dissolução da matéria orgânica e a sua migração com a
circulação da água, isso resulta num horizonte orgânico onde a água vai
evaporar e precipitando a matéria orgânica dentro do solo, sendo assim os
sais seguem o mesmo caminho.
6.3 Analise do funcionamento do lençol freático em relação a
morfologia do solo e as incidências de chuvas.
No interior da cordilheira o lençol freático apresentou níveis baixos
nos períodos de seca mais prolongada, fato esse, atribuído aos processos
de evapotranspiração mais intensos que contribuem para extrair água do
lençol freático através das raízes, uma vez que a cobertura vegetal é mais
desenvolvida que nos outros ambientes e o efeito de evapotranspiração
pode alcançar superfícies freáticas situadas a mais de 10 m de profundidade
(BACANI, 2004).
Bacani (2004) observou também que na área de banhado, onde o
fluxo d’água sub-superficial apresentou direções relacionadas a
sazonalidade, verificou-se que durante o período que corresponde à seca, a
água migrou em direção ao entorno da baía, e no período chuvoso os
piezômetros de seu entorno indicaram níveis mais altos, isto confirma a
hipótese já defendida por Rezende Filho (2003, p.44): “a altura do lençol
freático diminui da lagoa para o exterior, isto traduz que, neste período do
95
ano, a lagoa alimenta os arredores onde a evapotranspiração, sob a
influência da vegetação, é mais forte”.
A recarga da lagoa salina é abastecida pelo lençol freático conforme
observado por Queiroz Neto et al. (1996 p.148) “a lagoa salina é abastecida
exclusivamente pelos fluxos sub-superficiais do lençol freático que existem
no seu entorno”.
Seguindo as mesmas observações analisamos o comportamento do
lençol freático em relação à estrutura pedológica na manutenção do
abastecimento da lagoa salina com a água sub-superficial.
Isso ficou evidenciado no monitoramento do lençol freático na vertente
da cordilheira em direção a lagoa salina (Gráfico 1) que a resposta da
oscilação do lençol freático no piezômetro P2 está relacionado com a
pluviosidade local, sendo que este piezômetro tem uma resposta de recarga
muito rápida que a do piezômetro P3 no interior da cordilheira, dessa forma,
em alguns momentos, o fluxo do lençol freático tem sentido cordilheira,
levando assim água mais concentrada para o interior da cordilheira,
compreendendo que esse sentido de fluxo e por um período curto, uma vez
que a retomada da recarga no interior da cordilheira o fluxo volta a ser no
sentido lagoa salina, mas essa alternância de fluxos está ligado diretamente
com os períodos de chuvas locais e o abastecimento continuo da lagoa
salina está ligado diretamente com os períodos de cheias.
No período de seca, apresenta uma outra situação bem particular
desse ambiente que é marcado pela interrupção do fluxo do lençol freático
ocasionado pela estrutura pedológica formada neste ponto do ambiente
(Figura 26) que forma uma ondulação da estrutura pedológica marcada pelo
horizonte argilo-arenoso (camada verde), formando tipo de soleira.
Desta forma, explica o aparecimento de dois tipos de lençol freático,
sendo um com água ácida no interior da cordilheira (P3) e outro com água
concentrada encontrado a partir do limite da cordilheira (P2).
Essa ondulação da camada verde no interior da cordilheira foi
observada mediante a toposseqüência (Figura 26) e com o auxílio dos
piezômetros e as medidas de pH da água do lençol freático durantes as
coletas de águas para análises que apresentou variação muito grande entre
os dois piezômetros.
96
Com o auxílio do aparelho EM38 foram observadas mais duas
ondulações da camada verde na área da lagoa salina (ambiente este que
mantém suas características preservadas) uma ondulação próxima à lâmina
d’água e uma outra próxima do limite com a cordilheira (Figuras 27 e 28)
formando assim uma calha, onde confina uma parte do lençol freático no
período seco; com a ação da evaporação esta água fica da vez mais
concentrada formando uma área de alta condutividade elétrica do solo
representada no mapa de condutividade eletromagnética do solo da lagoa
salina (Figura 47).
Estas mesmas estruturas foram evidenciadas também na área do
banhado (baía/vazante) e na lagoa salitrada com uma diferença nestes dois
ambientes as estruturas não aparecem com o mesmo grau de preservação
da lagoa salina.
6.4 Topografia da lagoa salitrada
A topografia apresentada nas Figuras 43 e 44 mostraram que a lagoa
salitrada tem um formato de um oito, com uma depressão na parte central
que aparenta ser uma ruptura da estrutura morfológica deste ambiente e
ainda apresenta uma direção predominante desta depressão que se alonga
no sentido noroeste. Aparentemente esta direção esta ligada ou não ao
sentido dos fluxos de água sub-superficiais ou mesmo superficiais, pois
nesta mesma direção existe uma abertura na cordilheira e um deposito de
sedimentos superficiais (foto 9).
97
Foto 9 – Abertura na cordilheira no sentido da alongamento da depressão da
topografia.
Os processos evolutivos da gênese de formação dos ambientes
estudados apresentam duas vertentes de funcionamento, de um lado o
processo atual de evaporação e concentração das águas, responsável pelo
acúmulo de sais nestes ambientes por meio dos fluxos de circulação das
águas superficiais e sub-superficiais, e por outro lado, o processo de
formação e evolução da estrutura da cobertura pedológica que apresenta
organização particular com um horizonte sub-superficial, denominado de
camada verde, que aparece de formas diferenciadas (camada, laje,
concreções ou nódulos) nos três tipos de ambientes estudados – banhado
baía/vazante, lagoa salina e lagoa salitrada – com traços marcantes que a
identificam nas diversas situações citadas, mostrando claramente uma
ligação genética entre os três ambientes.
Na lagoa salitrada, os resultados permitem levantar a hipótese que –
em face de processos evolutivos que estariam associados à formação da
estrutura da cobertura pedológica e que seriam comandados pelos
processos atuais de circulação da água – no passado àquele ambiente teria
sido formado por duas lagoas: na parte sul existiria um ambiente com águas
concentradas e na parte norte, um ambiente de águas ácidas separadas por
98
uma pequena cordilheira de alguns metros de largura e de elevação muito
moderada (Figura 49).
Figura 49 – Esquema Hipotético da evolução da lagoa salitrada.
Essa posição da cordilheira na parte central tem forte indicador da sua
existência, pois aparecem algumas palmeiras candarás nesta parte mais
afunilada do ambiente que se instalou a parte mais deprimida.
Ao verificarmos que a topografia e o sentido da depressão que se
instalaram na parte central aparenta uma entrada muito forte dos fluxos de
água ácidas tanto superficial como sub-superficial vindas do sentido
noroeste da lagoa (Figura 44 e Foto 9), este tipo de fluxo pode ter
ocasionado à dissolução da camada verde impermeável.
99
6.5 Cobertura Vegetal.
A cobertura vegetal nas áreas estudadas tem grande
representatividade com o tipo de cobertura pedológica encontrada, sendo
que a presença de certo tipo de vegetação se associa a tipo de sucessões
verticais dos horizontes do solo.
Na cordilheira, apresenta solo arenoso profundo dando suporte a uma
vegetação mista com algumas espécies de porte médio a grande,
configurando as matas deciduais e cerradões.
Essa mesma sucessão pedológica observada no interior da
cordilheira, também é encontrada nas áreas de campo aberto a exemplo da
oeste do banhado (baía/vazante).
Na faixa de transição entre a praia e cordilheira da lagoa salina e na
parte sul da lagoa salitrada e também em áreas isoladas no banhado
(baía/vazante) apresenta um perfil que vai desde horizonte arenoso
superficial seguido de um horizonte orgânico, subposto a um horizonte cinza
oliva de textura areno-argiloso e seguido do horizonte verde oliva argilo-
arenoso (camada verde) sobreposto a essa sucessão pedológica o
predomínio da vegetação das palmeiras carandás.
A concordância desta vegetação (palmeira carandá) com o sistema da
cobertura pedológica, evidencia a presença de um lençol freático confinado
de alta concentração de sais verificado pela resposta da prospecção do
aparelho EM38 no mapeamento da condutividade eletromagnética do solo.
100
CONSIDERAÇÕES FINAIS
_____________________________________________________________
O estudo da cobertura pedológica e da variabilidade geoquímica dos
horizontes, realizados por meio do mapeamento geofísico da condutividade
eletromagnética do solo, possibilitou a compreensão da organização tanto
vertical quanto lateral dos horizontes do solo, assim como, da variabilidade
geoquímica e da espacialização destes ambientes representados
diferentemente por meio da estrutura pedológica da área do banhado
(baía/vazante), da lagoa salina e da lagoa salitrada.
Este estudo demonstrou a eficácia do mapeamento geofísico via
condutividade eletromagnética para um entendimento da distribuição e
organização da cobertura pedológica.
Entretanto, este método utilizando o aparelho EM38 só pôde ser
aplicado em depressões associadas às variações dos horizontes mais
próximos da superfície. Nos ambientes de cordilheiras onde os solos são
profundos e de pouca variação pedológica, não permite mapear a
variabilidade dos horizontes profundos de mais de 3 metros de espessura.
Para o mapeamento no interior da cordilheira, seria necessário o uso de
aparelho que permita inferir profundidade acima de 3 m. O aparelho e EM38
não apresentam boas condições, porque a distância entre as bobinas é fixa
(1 metro). Seria necessária a utilização de aparelho similar do tipo EM31
cuja distância entre as bobinas é de 3,66 metros e que permite uma
investigação de horizontes mais profundos, por volta de 7 metros.
A disposição dos horizontes ligados à condutividade elétrica dos solos
permite estabelecer uma relação com a gênese de formação dos ambientes
salinos no Pantanal da Nhecolândia, configurados pela sobreposição dos
horizontes encontrados, em particular na lagoa salina.
A lagoa salina do Meio apresentou uma particularidade na
configuração do perfil morfológico, onde a presença da camada verde
apresenta uma configuração marcada pelas ondulações internas em forma
101
de um anel contínuo, com saliências e reentrâncias. Este perfil exerce uma
função particular nessa camada que, tudo indica, regula a entrada e saída
de água do lençol freático desse ambiente, sazonalmente; apresentando um
lençol concentrado em sais mineralizados confinados na calha das
ondulações, apresentando uma resposta de alta condutividade elétrica. Esta
organização pedológica tem como fator limitante a sua impermeabilidade,
conseqüentemente acelerando os processos de evaporação e
concentrações de sais mantendo o ambiente salino.
O Banhado (baía/vazante), apresenta uma configuração da cobertura
pedológica de forma descontínua, formando um pequeno semicírculo
seccionado, com a presença do lençol freático salgado confinado, preso
abaixo da camada verde; pode-se supor que era uma antiga lagoa com
águas mais concentradas. A presença e a configuração do anel seccionado
de condutividade, corroboram parcialmente com as informações da lagoa
salina do Meio acima descrito, onde a camada verde do Banhado é a forma
reliquial de uma estrutura pedologia contínua.
A lagoa salitrada se configura como particularidade em função da
sazonalidade, onde apresenta uma transição dos valores do pH entre 6 a
8,5: alta concentração de sais no período seco e moderado no período de
cheia. As estruturas pedológicas aparecem, na porção sul, da mesma forma
da lagoa salina do Meio, porém, menos marcada. Apresenta traços
característicos de ambientes salinos, mas mantém conectividade com
ambientes não salinos e a sua configuração tanto da estrutura pedológica
quanto da cobertura vegetal, apresentam-se alterada, pois a sua
complexidade nos leva a uma hipótese de que esse ambiente atual era
formado por duas lagoas, que com o passar do tempo a vegetação regrediu
formando apenas um ambiente. Possivelmente, a estrutura pedológica
apresenta-se em processos de dissolução de sais mineralizados e a
cobertura vegetal, apresenta-se constituída de forma diferenciada na mesma
unidade.
A palmeira carandá é um indicador da presença de uma estrutura
pedologia ligada à gênese de formação dos ambientes salinos. Nessa
perspectiva há uma relação direta da vegetação com o tipo de sucessão
102
vertical da estrutura da cobertura pedológica associada a camada verde e a
presença de um lençol freático confinado, com alta concentração de sais.
O fato da relação da cobertura vegetal associada à estrutura
pedológica e a correspondência da condutividade elétrica do solo nos
revelou que os três ambientes têm ligações genéticas entre eles quanto a
configuração da cobertura pedológica: estrutura reliquial no banhado
(baía/vazante), estrutura contínua na lagoa salina do Meio e uma estrutura
descontínua na lagoa salitrada. Porém, essas unidades da paisagem
apresentaram variabilidade geoquímica com respostas diferenciadas,
configurando uma fitofisionomia própria para cada unidade tal como
apresenta no banhado (baía/vazante) com uma vegetação predominante de
campo sujo; na lagoa salina do Meio com a presença de um renque de
palmeiras carandás no entorno da praia da lagoa e na lagoa salitrada com
uma vegetação diversificada constituída de gramíneas, palmeira carandá na
parte sul e palmeira babaçu na parte norte.
103
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