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EXPOSIÇÃO DÉRMICA DE TRABALHADORES A RESÍDUOS DE
DELTAMETRINA PRESENTES NAS PLANTAS, NA REENTRADA NA
LAVOURA DE ALGODÃO APÓS PULVERIZAÇÃO.
MAURÍCIO ROTUNDO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira – Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, Área de Concentração em
Sistemas de Produção.
ILHA SOLTEIRA
Estado de São Paulo - Brasil
Fevereiro - 2007
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EXPOSIÇÃO DÉRMICA DE TRABALHADORES A RESÍDUOS DE
DELTAMETRINA PRESENTES NAS PLANTAS, NA REENTRADA NA
LAVOURA DE ALGODÃO APÓS PULVERIZAÇÃO.
MAURÍCIO ROTUNDO
Orientador: Prof. Dr.Geraldo Papa
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira – Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, Área de Concentração em
Sistemas de Produção.
ILHA SOLTEIRA
Estado de São Paulo - Brasil
Fevereiro – 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação/Serviço Técnico
de Biblioteca e Documentação da UNESP-Ilha Solteira
Rotundo, Maurício.
R851e Exposição dérmica de trabalhadores a resíduos de deltametrina presentes nas plantas, na
reentrada na lavoura de algodão após pulverização / Maurício Rotundo . -- Ilha Solteira :
[s.n.], 2007
130 p. : il. (algumas color.)
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira. Área de conhecimento : Sistemas de Produção, 2007
Orientador: Geraldo Papa
Bibliografia: p. 102-127
1. Toxicologia. 2. Pesticidas – Toxicologia. 3. Algodão – Toxicologia. 4. Saúde e trabalho.
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
4
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: Exposição dérmica de trabalhadores a resíduos de deltametrina presentes nas
plantas, na reentrada na lavoura de algodão após pulverização.
AUTOR: MAURÍCIO ROTUNDO
ORIENTADOR: Prof. Dr. GERALDO PAPA
Aprovada como parte das exigências para obtenção do Título de MESTRE em
AGRONOMIA pela Comissão Examinadora:
Prof. Dr. GERALDO PAPA
Departamento de Fitossanidade Engenharia Rural e Solos / Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira
Prof. Dr. SÉRGIO LUIS DE CARVALHO
Departamento de Biologia e Zootecnia / Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira
Prof. Dr. LUIZ ROBERTO PIMENTEL TREVIZAN
Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia / Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz – ESALQ/USP
Data da realização: 28 de fevereiro de 2007.
Presidente da Comissão Examinadora
Prof. Dr. Geraldo Papa
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DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais...
Maria e Antônio (in memorium)
Que me ensinaram respeito, honestidade, dignidade e humildade.
O que sou de melhor devo a eles.
O
F
E
R
E
Ç
O
D E D I C O
A minha namorada Juliana, por estar sempre
presente, me apoiando com muito carinho.
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A G R A D E C I M E N T O S
A Deus, pela vida e pelas oportunidades.
Em especial ao professor e orientador Dr. Geraldo Papa, que me brindou com a
oportunidade de concretização desse trabalho e a oportunidade de não só crescer
profissionalmente, mas também como todo mestre, orientar-me para a vida. Que a amizade
estabelecida entre nós perdure para sempre.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), processo nº
04/12505-0, pelo fomento financeiro através de concessão de bolsa de estudos e reserva
técnica.
Ao pesquisador Dr. Luiz R.P. Trevizan pela amizade e realização das análises de
resíduos.
Aos meus colegas que nestes anos todos me acompanharam na universidade e nas
atividades do laboratório de Entomologia II: Fernando Juari Celoto, Heder Ricardo Mosca,
William Takao, Evandro Pereira Prado, Norberto Aparecido da Cruz, Grasiane Evaristo
Presotto e Dhiego Leandro Duvaresch.
Aos meus grandes amigos: Cid, Germison, Aguinaldo, João Flávio, Thiago e Leandro
pela paciência, amizade e boa convivência durante todos esses anos de república, os quais
enriqueceram minha vida de maneira incomum.
A todos os funcionários da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira.
A todos os professores da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira.
A todos da Faculdade e de Ilha Solteira, que direta ou indiretamente passaram por
minha vida, e neste momento imerecidamente não foram lembradas, porém jamais
esquecidas.
Minha gratidão
7
“As substâncias químicas tornaram-se indispensáveis para a
vida humana, sustentando as atividades e o desenvolvimento,
prevenindo e controlando muitas doenças e aumentando a
produtividade agrícola. Apesar de seus benefícios, as
substâncias químicas podem, especialmente quando não
utilizadas corretamente, causar efeitos adversos para a saúde
humana e a integridade do meio ambiente. A aplicação
difundida destas substâncias no mundo aumenta o potencial
dos efeitos adversos. Está previsto que a indústria química,
tanto nos países desenvolvidos como também naqueles em
desenvolvimento, continuará a crescer. Neste contexto,
reconhece-se que a avaliação e o manejo do risco da exposição
a estas substâncias está entre as prioridades para garantir os
princípios do desenvolvimento sustentável.”
(WHO, 1999)
“As pessoas são expostas a uma variedade de agentes
potencialmente danosos no ar que respiram, nos líquidos que
bebem, nos alimentos que comem, nas superfícies que tocam e
nos produtos que usam. Um aspecto importante da proteção da
saúde pública é a prevenção ou redução das exposições aos
agentes que contribuem tanto direta ou indiretamente ao
aumento de morte prematura, doenças, desconforto ou
incapacidade.”
(IPCS, 2000)
8
EXPOSIÇÃO DÉRMICA DE TRABALHADORES A RESÍDUOS DE
DELTAMETRINA PRESENTES NAS PLANTAS, NA REENTRADA NA LAVOURA
DE ALGODÃO APÓS PULVERIZAÇÃO.
Autor: MAURÍCIO ROTUNDO
Orientador: Prof. Dr. GERALDO PAPA
RESUMO
A exposição dérmica de amostradores foi avaliada na reentrada em lavoura de algodão após
pulverização com o inseticida deltametrina. Aos 3 minutos após a aplicação quatro pessoas
vestiram um conjunto de roupas (calça, camisa e luvas), entrando e permanecendo na área
tratada por 30 minutos, simulando uma amostragem de pragas. O procedimento foi repetido
aos 60 e 300 minutos e aos 1, 3, e 7 dias após a aplicação. Partes do tecido, correspondentes
ao local de contato com várias partes do corpo, foram recortadas e analisadas quanto à
quantidade de resíduos presentes. O inseticida foi extraído das roupas com acetato de etila e a
determinação quantitativa foi feita por cromatografia gasosa. As exposições foram
extrapoladas para uma jornada de trabalho de oito horas.
Para classificar a segurança das
condições de trabalho foram estimadas a margem de segurança (MS), dose tóxica (%DT/dia),
dose tolerável dérmica e o tempo de trabalho seguro. O conjunto correspondente aos
antebraços/braços/mãos concentrou 61,27% dos resíduos presentes na roupa. Partes
correspondentes ao peitoral, pernas, coxas e costas alcançaram 13,40; 9,33; 9,32; e 6,65% dos
resíduos totais encontrados nas roupas, respectivamente. Pela análise dos dados constatou-se
que o intervalo de reentrada estabelecido para o produto comercial Decis 25 CE
(deltametrina) que é de 24 h está superestimado.
PALAVRAS-CHAVES: Saúde Ocupacional, Toxicologia, Piretróide, Gossypium hirsutum
9
DERMAL EXPOSURE OF WORKERS AT RESIDUES OF DELTAMETRIN IN
TREATED PLANTS, IN THE REENTRY COTTON CROP AFTER SPRAYING.
Author: MAURÍCIO ROTUNDO
Adviser: Prof. Dr. GERALDO PAPA
ABSTRACT
The objective of this work was to study the dermal exposure of workers to residues of the
deltamethrin, applied in cotton. After 3 minutes of application four people dressed a group
with cotton clothes (pant, shirt and gloves), entered and stayed in the treated area by 30
minutes, simulating a sampling. The procedure was repeated after 60 and 300 minutes and 1,
3, and 7 days of the application. The clothes were cut and put in plastic bags, and stored cold
at -18º until analyses was performed. The analytical method consisted on the extraction of
deltamethrin residues with a ethyl acetate and the quantitative determination was done by gas
chromatograph. Exposure was extrapolated to a work day of 8 hours. To evaluate safety's
conditions at work was estimated the Working Condition Unsafe (margin of safety – MOS
<1), Poisonous Dose (%PD/day), Dermal Dose Tolerable and the estimate of Safe Work
Duration (SWD). The corresponding group for the forearms/arms/hands concentrated 61.27%
of present residues in the clothes. The residues found on the clothes, chest, legs, lame and
back, were 13.40, 9.33, 9.32, and 6.65%, respectively. Results of deltamethrins amounts
trapped on cotton clothes showed that 24h as a reentry interval for Decis 25 EC is
overestimated.
KEYWORDS: Occupational Health, Toxicology, Pyrethroid insecticide, Gossypium
hirsutum
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Página
1. Fórmula estrutural da deltametrina......................................................................... 40
2. Locais de posição dos pads no corpo do trabalhador............................................. 52
3. Esquemas de seccionagem do método do corpo total............................................. 55
4. Bomba de ar; pads nos pés e luvas absorventes.................................................... 60
5. Esquema dos locais da roupa que foram seccionadas e
analisadas................................................................................................................. 78
6. Esquema da reentrada dos amostradores na área pulverizada................................ 79
7. Amostrador vestido com os dosímetros, luva absorvente e amostragem de
pragas durante a reentrada ....................................................................................
79
8. Porcentagem da exposição dérmica a resíduos de deltametrina presentes nas
plantas de algodão que deslocam para a roupa do amostrador de acordo com
partes do corpo humano, em cada época de reentrada na lavoura após
pulverização. Selvíria/MS, 2007 ............................................................................. 92
9. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) no peitoral,
referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na
lavoura de algodão após pulverização...................................................................
93
10. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas costas,
referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na
lavoura de algodão após pulverização...................................................................
94
11. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas coxas,
referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na
lavoura de algodão após pulverização..................................................................
94
12. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas pernas,
referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na
lavoura após pulverização.....................................................................................
94
13. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas luvas,
referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na
lavoura de algodão após pulverização................................................................
95
14. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nos
antebraços, referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em
horas) na lavoura de algodão após pulverização................................................
95
11
15. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nos braços,
referente a exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na
lavoura de algodão após pulverização................................................................
95
12
LISTA DE TABELAS Página
1. Relação entre risco, toxicidade e exposição............................................................ 25
2. Sintomas e Sinais de intoxicação devido a Piretróides........................................... 39
3. Propriedades físicas, químicas e toxicológicas da deltametrina............................. 40
4. Áreas de superfícies das regiões de um corpo humano adulto e locais onde os
pads devem ser colocados para mensurar a exposição
dérmica.....................................................................................................................
51
5. Porcentagem (%) de recuperação dos resíduos de deltametrina em amostras de
tecido de algodão cru (fibra vegetal) fortificadas.................................................... 89
6.Resíduos de deltametrina (µg/m
2
) referentes a exposições dérmicas em partes da
roupa de algodão cru correspondentes a diferentes partes do corpo humano, em
cada época de reentrada na lavoura de algodão....................................................... 90
7.Quantidade de resíduos (mg/partes do corpo humano/dia) de deltametrina em
diferentes partes da roupa de algodão cru, em cada época amostrada, com
estimativa dos dados para uma jornada de 8 h de trabalho...................................... 96
8.Margem de Segurança, risco de intoxicação (Dose tóxica), dose tolerável
dérmica e tempo de trabalho seguro do amostrador de pragas na cultura do
algodão..................................................................................................................... 97
9. Margem de Segurança e tempo de trabalho seguro do amostrador de pragas na
cultura do algodão, com fator de segurança 100......................................................
99
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ARTF Agricultural reentry task force
BPL Boas práticas de laboratório
CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
EASE Estimation and Assessment of Substance Exposure
EPA Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental)
EPI Equipamento de Proteção Individual
EUA Estados Unidos da América
EUROPOEM European Predictive Operator Exposure Model
FAO Food and Agricultural Organization
FS Fator de Segurança
i.a Ingrediente ativo (a.i = active ingredient)
IPCS
International Programme on Chemical Safety (Programa Internacional de
Segurança Química)
IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry
kg Quilograma
mg Miligrama
µg Micrograma
LOQ Limit of Quantification (Limite de Quantificação)
MMA Ministério do Meio Ambiente
NAS National Academy of Science
NIH National Institute of Health
NIOSH
National Institute for Occupational Safety and Health (Instituto Nacional para
Segurança e Saúde Ocupacional)
14
NOAEL No Observable Adverse Effect Level
NOEL No Observable Effect Level
OECD
Organization for Economic Cooperation and Development (Organização para
Cooperação Econômica e Desenvolvimento)
OMS Organização Mundial da Saúde (WHO = World Health Organization)
ONU Organização das Nações Unidas
USEPA United States Environmental Protection Agency
UNITAR United Nations Institute for Training and Research
WHO World Health Organization (OMS = Organização Mundial da Saúde)
WPS Worker Protection Standard
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................... 19
2.1. Pesticidas: Histórico....................................................................................................... 19
2.2. Avaliação do Risco Ocupacional................................................................................... 21
2.3. Resíduos Deslocáveis..................................................................................................... 27
2.4. Exposição Dérmica x Resíduo Deslocável..................................................................... 30
2.5. Exposição Dérmica e reentrada...................................................................................... 33
2.6. Intoxicação por Pesticidas na Cultura do Algodão........................................................ 36
2.7. Inseticidas Piretróides..................................................................................................... 38
2.7.1. Deltametrina................................................................................................................ 40
2.8. Avaliação da Exposição Ocupacional............................................................................ 41
2.8.1. Dosimetria Passiva...................................................................................................... 46
2.8.2. Exposição Dérmica...................................................................................................... 46
2.8.2.1. Método do uso de absorventes (Patch method)........................................................ 50
2.8.2.2. Método do corpo total (Whole body method)........................................................... 53
2.8.2.3. Método com usos de traçadores fluorescentes ou corantes/tintas visíveis para a
quantificação da exposição por análise ou video-imagem......................................... 55
2.8.2.4. Exposição das mãos.................................................................................................. 57
2.8.2.5. Exposição da face e pescoço.................................................................................... 58
2.8.2.6. Exposição dos pés................................................................................................... 58
16
2.8.2.7. Exposição inalatória................................................................................................. 58
2.8.2.8. Biomonitoramento (dose interna)............................................................................. 60
2.8.3. Tempo de duração da amostragem.............................................................................. 62
2.8.4. Cálculos de segurança do trabalho com pesticidas..................................................... 62
2.8.4.1. Margem de Segurança.............................................................................................. 64
2.8.4.2. Porcentagem de dose tóxica..................................................................................... 66
2.8.4.3. Tempo de trabalho seguro........................................................................................ 67
2.8.4.4. Exposição dérmica tolerável.................................................................................... 67
2.9. Avaliação da exposição após a aplicação de pesticidas................................................. 69
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 75
3.1. Parte de campo............................................................................................................ 75
3.1.1. Avaliação da exposição na reentrada da área pulverizada.......................................... 76
3.2. Análise do resíduo em laboratório................................................................................. 80
3.3. Cálculos de Segurança................................................................................................... 84
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 89
4.1. Limite de quantificação e porcentagens de recuperação de deltametrina em tecidos
confeccionados com fibra vegetal................................................................................. 89
4.2. Resíduos de deltametrina nos dosímetros....................................................................... 90
4.3. Avaliação do risco ocupacional do amostrador de pragas.............................................. 96
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 99
6. CONCLUSÕES................................................................................................................. 101
17
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 102
GLOSSÁRIO.......................................................................................................................... 128
ANEXO.................................................................................................................................. 130
16
1. INTRODUÇÃO
O homem mantém contato diariamente com milhares de substâncias químicas
artificiais e naturais presentes em alimentos, vestuários, produtos de higiene, remédios entre
outros, expondo-se dessa forma a riscos de intoxicações ou contaminação. Os pesticidas são
um grupo de produtos de risco bastante elevado, dadas as características tóxicas que são
necessárias para combater organismos não desejáveis. A toxicidade é definida como a
propriedade, inerente à substância, de causar efeito adverso à saúde, não podendo ser alterada
pelo usuário. Já a exposição, que compreende a maneira com que a substância é utilizada,
depende fundamentalmente do usuário e representa o fator decisivo no aumento ou
diminuição do risco (ZAMBRONE e MELLO, 1996).
Van-Hemmem (2004) afirma que a exposição a substâncias químicas é um aspecto
integrante da vida, por consumo, estilo de vida e virtualmente qualquer outra atividade
humana da sociedade contemporânea.
De acordo com Bevenue (1976) a contaminação do homem por pesticidas pode
ocorrer de duas maneiras gerais: através da exposição ocupacional, no manuseio dos
pesticidas desde a sua fabricação até a sua aplicação, e pela exposição ambiental. Nesse
contexto, se insere a toxicologia ocupacional, área da toxicologia que trata do estudo de ações
17
e efeitos danosos de substâncias químicas usadas no ambiente de trabalho sobre o organismo
humano, buscando principalmente obter informações que permitam estabelecer critérios
seguros de exposição por meio de índices de segurança a serem observados no ambiente de
trabalho (DELL ROSA et al., 2003).
Segundo Kotaka (2005) a avaliação da exposição dos trabalhadores aos pesticidas
constitui parte integral da avaliação do risco toxicológico, e tem sido realizada com maior
freqüência em países desenvolvidos. A avaliação da exposição, pode ser realizada por
modelos matemáticos, mas sempre estará mais próxima da realidade quando estiver baseada
na coleta de dados e na quantificação dos resíduos encontrados.
O uso de pesticidas na agricultura é intensivo, multiquímico e várias publicações têm
apontado as intoxicações por pesticidas como um grave problema de saúde, especialmente
entre trabalhadores rurais, contudo, são escassos os estudos brasileiros de base populacional
sobre as características do uso ocupacional ou sobre as intoxicações por pesticidas (FARIA et
al., 2004).
O trabalhador rural ao reentrar na lavoura não estará sujeito aos riscos do preparo de
calda e da pulverização, porém este normalmente não estará usando nenhum equipamento de
proteção e estará exposto aos resíduos deslocáveis do pesticida presente na planta.
A exposição ocupacional aos pesticidas na lavoura pode ocorrer durante a mistura,
carga, aplicação ou reentrada na cultura aplicada, que é quando o trabalhador retorna à
lavoura tratada, para atividade de colheita ou de inspeção; o contato que ocorre será com os
resíduos do produto aplicado (SPEAR, 1991, citado por TREVISAN, 2002). Segundo Faria et
al. (2000) devido à alta proporção de agricultores com uso freqüente de pesticidas reforça-se a
necessidade de pesquisas que aprofundem metodologias para avaliar com maior precisão a
exposição e os riscos associados a estes produtos.
18
A cultura do algodão é uma cultura que demanda muitas aplicações de pesticidas
durante seu ciclo produtivo. Dados da Embrapa (2005) informam que são efetuadas 18
aplicações por ciclo da cultura, em regiões como o Sudeste e o Sul do país. Trabalhos sobre
avaliação das exposições dérmica e respiratória e do risco de intoxicação com pesticidas na
cultura do algodão são raros na bibliografia internacional especializada e no país, inexistem
(MACHADO NETO, 1997).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a exposição dérmica do trabalhador rural na
reentrada em lavoura de algodão após pulverização do inseticida deltametrina, buscando
simular a transferência dos resíduos presentes nas plantas para a roupa e pele do amostrador
de pragas, comparando os resultados com o intervalo de reentrada já estabelecido em bula,
subsidiando possíveis alterações nas recomendações do período seguro de reentrada na
lavoura tratada por órgãos de saúde e assistência técnica.
19
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Pesticidas: Histórico
Na sociedade contemporânea as atividades relacionadas à indústria química se
tornaram essenciais para a sociedade, porém estas passaram a representar uma ameaça à saúde
humana e ao ambiente, uma vez, que, ao mesmo tempo em que elas propiciam grandes
progressos, também criam impactos negativos, principalmente devido aos processos de
produção e ao uso inadequado de seus produtos (IPCS/UNITAR - International programme
on Chemical Safety/United Nations Institute for Training and Research, 1998). Substâncias
químicas estão presentes em todos os produtos utilizados pelo homem, desde os do setor
agrícola, aos do setor da saúde pública, o que faz da indústria química um dos maiores
negócios do mundo (BROWN, 2003).
Devido à sua toxicidade, em qualquer atividade realizada com pesticidas sempre vai
existir determinado risco de intoxicação ocupacional (MACHADO NETO, 1997). Porém esse
risco é o resultado do antigo desejo do homem de livrar-se das pragas que invadem seu modo
de vida agrícola e urbano, sendo hoje ferramentas insubstituíveis para garantir os níveis de
conforto técnico e social alcançados atualmente (MATTIOLI, 2005).
20
Em 1962 a bióloga americana Rachel Carson publicou uma das primeiras e mais
fundamentais denúncias sobre o efeito dos pesticidas, no livro “A Primavera Silenciosa”.
Carson mostrou o outro lado de muitos produtos vendidos como “inofensivos” para a saúde
humana, tanto de uso agrícola como doméstico. Nos anos seguintes a esta publicação
incontáveis pesquisas analisando as conseqüências do uso de pesticidas têm levado a
proibição da venda de muitas moléculas e formulação de legislações mais rigorosas sobre o
assunto (GUIVANT, 1992).
Bhalli et al. (2006) relatam que no desenvolvimento das nações, buscando-se evitar
epidemias de doenças cujo vetores são insetos e na necessidade de produzir alimentos e fibras
em quantidade e qualidade, os pesticidas se tornaram um “mal-necessário”, em função que,
principalmente os grupos químicos antigos como organofosforados, carbamatos e piretróides,
tem grande potencial de risco para o ambiente e organismos não-alvo, como o próprio
homem.
Segundo García (1998) a exposição humana a pesticidas pode ser ambiental ou
ocupacional. No primeiro caso a exposição é em função do ar, água ou comida contaminada,
que apesar do potencial alto, os níveis de exposição são baixos. Entretanto, a exposição
ocupacional pode ser muito alta, trabalhadores rurais são expostos a pesticidas desde o
transporte até a reentrada em área contaminada, sendo que a mistura e carregamento são
considerados de maior risco em função do produto concentrado.
Estima-se que anualmente, três milhões de pessoas sejam contaminadas por pesticidas
em todo mundo, sendo que 70% desses casos ocorrem nos países em desenvolvimento (WHO,
1985). Regiões como África, América Latina e Ásia são citadas como locais onde não existe
infra-estrutura suficiente para regular e controlar eficazmente o uso de pesticidas (NUNES e
RIBEIRO, 1999). O Brasil é classificado como o quarto maior consumidor de pesticidas do
mundo (MMA, 2003).
21
Franco (2004) afirma que as autoridades mundiais estão convencidas que os métodos
de controle químico continuarão a desempenhar papel significativo nos programas de controle
de pragas e doenças nas próximas décadas. Em função disso, pesticidas continuarão a
estimular pesquisas e discussões relacionados a seu uso em todo o mundo; assim motivando
empresas agroquímicas a retirar de seus portifólios produtos mais antigos e mais tóxicos e
introduzindo moléculas mais seguras e eficientes, além de motivar pesquisadores a buscar um
melhor entendimento dos efeitos colaterais do seu uso no ambiente e no cotidiano da
sociedade.
2.2. Avaliação do Risco Ocupacional
A partir de 1960 surgiram, principalmente nos E.U.A movimentos em prol da
segurança no uso de pesticidas, que promoveram várias manifestações populares,
demonstrando a preocupação com a crescente e indiscriminada utilização destes agentes
(EPA, 1996).
De acordo com Leite e Amorim (2006) a toxicologia é a ciência que tem como objeto
de estudo o efeito adverso de substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a
finalidade principal de prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro
destas substâncias químicas. A toxicologia é desenvolvida por especialistas com diferentes
formações profissionais, oferecendo cada um contribuições específicas em uma ou mais áreas
de atividade permitindo assim, o aperfeiçoamento dos conhecimentos e o desenvolvimento
das áreas de atuação.
Segundo Larini (1999) a avaliação do risco compreende o estado qualitativo e
quantitativo, onde são considerados dados toxicológicos, o tipo de dano provocado, as doses
utilizadas e os efeitos correspondentes, bem como os dados de exposição e de eficácia, para
22
inferir o grau de segurança do composto pesticida e dos outros componentes constituintes da
formulação técnica, disponível no mercado consumidor.
Chester (1993) afirma que a avaliação da exposição de trabalhadores rurais a
pesticidas é parte integrante da avaliação do risco para a segurança e propósito de uso dessa
classe de produtos. Por exemplo, resíduos de pesticidas tem sido mensurados na pele de
trabalhadores rurais, nas roupas de trabalho e calçados (Fenske, 1988; Koizumi, 1991; United
States Environmental Protection Agency (EPA), 1992; Gomes et al., 1999; Boeniger e
Lushniak, 2000; Campbell et. al., 2000; Keifer, 2000; Krieger e Dinoff, 2000; Brouwer et al.,
2000 citados por Goldman et al., 2004). Outros estudos têm avaliado a efetividade de roupas
de proteção visando reduzir a exposição dérmica aos pesticidas (Nigg et al., 1986; Fenske,
1988; Csiszar et. al., 1988; Saleh et al., 1988; Gomes et al. 1999, citados por Goldman et al.,
2004).
Kotaka (2005) relata que a avaliação do risco toxicológico constitui instrumento
fundamental para o balizamento do uso de pesticidas, porque mostra os efeitos indesejados, a
dose sem efeito, a margem de segurança e a probabilidade de exposição dos trabalhadores e
da população em geral. A avaliação dos riscos e dos benefícios, que o uso de pesticidas
representa, pode indicar a necessidade de modificar a maneira como é utilizada determinada
tecnologia, alterando seu enfoque para maior proteção à saúde dos trabalhadores, da
população em geral e do ambiente, pelo gerenciamento e comunicação adequada dos riscos. O
monitoramento ocupacional tem se mostrado a forma mais eficiente de prevenir e diagnosticar
precocemente os episódios de intoxicações provocados por pesticidas, em particular os
provocados por inseticidas anticolinesterásicos.
A utilização dos pesticidas no meio rural brasileiro tem trazido uma série de
conseqüências tanto para o ambiente como para a saúde do trabalhador rural. Em geral, essas
conseqüências são condicionadas por fatores intrinsecamente relacionados, tais como o uso
23
inadequado dessas substâncias, a alta toxicidade de certos produtos, a falta de utilização de
equipamentos de proteção e a precariedade dos mecanismos de vigilância. Esse quadro é
agravado pelo baixo nível socioeconômico e cultural de grande parte do trabalhador rural
brasileiro (OLIVEIRA-SILVA et al., 2001; SILVA et al., 2001 e SOBREIRA e ADISSI,
2003).
O nível sócio-cultural do trabalho rural no país, por si só, já é um fator de risco ao uso
de pesticidas, que exigem um mínimo de conhecimento técnico para compreender as
instruções de uso de uma substância que apresenta periculosidade ao homem e outros animais.
Em função dessa falha social, órgãos públicos e principalmente privados investem em
programas de treinamento e capacitação para uso de pesticidas. Os EUA também sofrem com
esse problema. Segundo seu Departamento de Trabalho, os trabalhadores rurais americanos
são constituídos por jovens latinos ilegais, com média de 6 anos de estudo, onde apenas 10%
conseguem ler o idioma inglês e com uma rotatividade de 26% a cada dois anos. Essa mão-
de-obra desqualificada fez surgir nos EUA em 1995 o Worker Protection Standard (WPS),
um programa bilíngüe e bi-cultural que oferece treinamento para o uso correto e seguro de
pesticidas (ACOSTA et al., 2005).
Alves Filho (2002) ressalta que apesar de não existirem dados precisos sobre a
quantidade de pesticidas utilizados no país, nos últimos anos, observa-se uma relação direta
entre os índices de intoxicação e os valores das vendas de pesticidas. O aumento no consumo,
associado ao despreparo para a utilização da tecnologia, potencializa a probabilidade de
ocorrência de danos, que podem ter cunho ocupacional, ambiental e de saúde pública.
CRISSMAN et al. (1994) realizaram uma investigação clínica em plantações de tomate no
Equador. Entre junho de 1991 e maio de 1992 foram diagnosticados 50 casos de intoxicação
por pesticidas. A maior parte dos envenenamentos (33/50) foi devido à exposição
24
ocupacional, seguido de exposição acidental (9/50) e intenção suicida (8/50). Dos indivíduos
intoxicados ocupacionalmente, 22 agricultores perderam 98 dias de trabalho.
De acordo com Daldin e Santiago (2003) o risco de intoxicação é definido como a
probabilidade estatística de uma substância química causar efeito tóxico. O risco é função da
toxicidade do produto e da exposição. Segundo o IPCS (1998) o risco de uma substância
química é determinado não apenas pela toxicidade da substância, mas também pela
concentração e a quantidade a qual as pessoas e o meio ambiente estão expostos, por qual rota
e por qual via (oral, inalatória ou dérmica), por quanto tempo e com que freqüência.
Independente dos inúmeros fatores inerentes ao risco de intoxicação ocupacional no
uso de pesticidas o efeito de cada um deles pode ser estimado na toxicidade ou na exposição
existente (Bonsall, 1985). Como o risco do pesticida utilizado é diretamente proporcional à
sua toxicidade e a exposição dos trabalhadores (RISCO = TOXICIDADE x EXPOSIÇÃO)
que executam atividades no controle de pragas, pode-se exemplificar diversas características
que colaboram neste aumento do risco, como:
a) característica do produto (grupo químico, formulação, concentração, modo
de ação);
b) características do trabalhador exposto (idade, sexo, estado patológico,
estado nutricional);
c) exposição, que depende do tempo (jornada de trabalho e freqüência);
d) Condições de trabalho (equipamentos de aplicação, E.P.I’s, higiene).
Nem sempre a substância de maior toxicidade é a de maior risco, ou seja, de maior
“perigo” para o homem. Dependendo das condições de uso, uma substância classificada como
muito tóxica (elevada toxicidade intrínseca) pode ser menos “perigosa” do que uma pouco
25
tóxica. Existindo um risco associado ao uso de uma substância química, há a necessidade de
estabelecer condições de segurança (LEITE e AMORIM, 2006).
Na tabela a seguir observa-se que o fator mais importante é a exposição, o risco
independe da toxicidade do produto a ser utilizado.
Tabela 1. Relação entre risco, toxicidade e exposição.
Risco = Toxicidade X Exposição
Alto Alta Alta
Baixo Alta Baixa
Alto Baixa Alta
Baixo Baixa Baixa
Fonte: Daldin e Santiago (2003)
Desta forma, o fator crítico na intoxicação não é a toxicidade intrínseca de uma
substância, mas o risco associado ao seu uso (FERNÍCOLA e JAUGE, 1985). O risco de
intoxicação ocupacional com pesticidas é representado pela probabilidade da ocorrência de
lesões pela exposição, uso ou manipulação de um pesticida em condições específicas. Esta
probabilidade está relacionada com os fatores de risco dominantes nas condições específicas
de trabalho (MACHADO NETO, 1997).
Um estudo realizado na Carolina do Norte/EUA com trabalhadores rurais latinos, mostrou
que os fazendeiros americanos e agentes de extensão se mostram céticos ao comentar os
riscos no uso de pesticidas e que estes sempre são extrapolados pela mídia e pelo público,
uma vez que os trabalhadores latinos recebem equipamento de proteção e treinamento para
uso correto e seguro dos pesticidas. Os resultados da pesquisa mostraram que nem todos os
trabalhadores receberam o treinamento e que nem sempre usam equipamento de proteção,
26
sendo que barreiras culturais e lingüísticas são endereçadas como medidas para efetivar
medidas para redução da exposição a pesticidas (RAO et al., 2004).
O gerenciamento de risco é uma decisão técnica e política e depende dos interesses
relacionados com a produção, comercialização, consumo, ou emprego de uma determinada
substância no país (SILVA, 2004). Valadão et al. (1999) e Foloni (2000) citados por Silva
(2004) relatam que as estas etapas e ações executadas na identificação do perigo, análise de
risco e gerenciamento do risco, são dependentes da ação conjunta do governo, comunidade
científica e setor privado. Oliveira (2005) alerta que a rápida expansão do mercado de
produtos químicos e o insuficiente conhecimento sobre riscos, aliados ao fato que são poucas
as ferramentas eficientes para a tomada de decisão sobre o tema, clamam por uma política
pública mais objetiva no trato da questão. Do contrário, o quadro de contaminação humana e
ambiental tenderá a agravar-se.
A avaliação da exposição é parte integrante do processo da avaliação do risco à saúde
humana requerido para a regulamentação de pesticidas em muitos países. No Brasil, a
legislação dos pesticidas e afins exige apenas uma revisão de sua periculosidade através da
avaliação toxicológica, não abordando, portanto, de forma sistemática, o processo da
avaliação do risco. As ferramentas e informões para a realização da avaliação do risco
toxicológico ocupacional com pesticidas estão disponíveis e seria desejável que fossem
discutidas, visando sua realização, para melhorar as condições de segurança no trabalho com
pesticidas no país, e a capacitação técnica necessária (TREVISAN, 2002).
Cenários primários de exposição, como a abertura das embalagens de pesticidas, a pré-
mistura, o carregamento do tanque pulverizador e a aplicação, recebem mais atenção de
pesquisadores e da assistência técnica. Cenários secundários como o risco que resíduos
deslocáveis oferecem, apresentam um número reduzido de trabalhos de pesquisa em todo o
mundo, como exemplo o trabalho de Ramwell et al. (2006) que estudaram o risco que
27
oferecem aos trabalhadores, os resíduos externos da calda de pulverização presentes na
superfície de pulverizadores.
2.3. Resíduos Deslocáveis
O resíduo deslocável é uma porção de um resíduo do pesticida em uma vegetação
tratada que é prontamente removida e pode constituir-se em risco para trabalhadores rurais. É
geralmente determinado pelo resíduo removido quando discos foliares de plantas são agitados
por um curto período em água (IUPAC, 2004 citado por FRANCO, 2004).
De acordo com Fenske (1993) um dos caminhos da exposição da pele é pelo contato
com a superfície contaminada, ou seja, a transferência do resíduo da área contaminada para a
pele.
Segundo Pessini (2003) é inevitável a ocorrência de resíduos nas superfícies que
receberam aplicação de um pesticida, mesmo em quantidades pequenas. Rouchaud e Meyer
(1982) citam que os pesticidas geralmente penetram nos tecidos da planta, mesmo que apenas
nas camadas subcuticulares. E, também, que os produtos que não penetram nos tecidos,
permanecem na superfície da planta, sendo fotodecompostos, perdendo-se por volatização e
lavagem pelas chuvas.
Gianotti (1971) considera que o resíduo poderia ser interpretado, à primeira vista,
como uma simples camada do pesticida que recobre as folhas ou frutos. Esta é uma visão
simplista, sendo mais bem definida por Gunther (1969) que considera a camada do produto
fracamente aderida, recobrindo a superfície da planta, após a aplicação da parte aérea como
depósito. Enquanto que o material sobre ou no interior do substrato, após o início da atuação
dos processos de penetração e degradação do composto refere-se ao resíduo.
28
O depósito torna-se resíduo tão logo ele seja afetado por lavagem, conversões
metabólicas ou outros processos de alteração que causem atenuação e degradação (GALLO,
et al. 1988).
Dupuis (1975) cita que a presença de resíduos em uma determinada amostra depende
do tipo do produto utilizado, da estrutura e propriedades físico químicas de cada produto, do
tipo de aplicação, incluindo época, número de aplicações, tempo entre a última aplicação e a
amostragem, formulação usada, condições climáticas e fisiologia da planta.
Em relação à formulação Dupuis (1975) afirma que esta pode afetar a taxa e o grau de
penetração do produto ou a tenacidade do depósito superficial, sendo que a penetração do
produto pode aumentar a degradação (dissipação) se o composto atingir o tecido subcuticular
com alta atividade metabólica. Porém, se o mesmo permanecer na cutícula mais ou menos
inerte na folha ou no fruto, pode persistir por um longo período protegido das influências
externas. Spencer (1965) relata que a formulação é um dos fatores que mais afeta a
degradação dos pesticidas, pois concentrados emulsionáveis penetram rapidamente nos
tecidos das plantas e apresentam curvas que evidenciam resíduos persistentes.
Ebeling (1963) divide os fatores envolvidos no desaparecimento dos resíduos em dois
grupos. No primeiro, encontram-se aqueles comuns a todos os produtos: a planta tratada, a
formulação do pesticida e os fatores que causam o desaparecimento rápido dos depósitos
superficiais como chuva, umidade, vento, temperatura e luminosidade. No segundo grupo
estão os fatores que dependem da natureza do produto, incluindo sua decomposição química,
sendo que muitos pesticidas podem penetrar nos tecidos da planta e serem metabolizados ou
quimicamente alterados, afetando a quantidade e persistência dos resíduos.
Para Gunther (1969) o desaparecimento de um pesticida na natureza, aplicado em
pulverização, pode ser separado em duas fases: uma fase de degradação, em que há o
desaparecimento rápido do depósito inicial e uma fase de persistência, onde ocorre uma
29
diminuição lenta no nível dos resíduos existentes no substrato, pela ação de fatores
atmosféricos e ataque metabólico.
Quanto a penetração dos produtos, Gallo et al. (1988) citam três categorias de
resíduos: resíduos extracuticulares, aderentes à camada de cera da cutícula; resíduos
cuticulares, que estão incrustados ou dissolvidos na camada de cera; e resíduos subcuticulares,
penetrados abaixo dela. Os resíduos extracuticulares podem ser facilmente removidos por
lavagens. Já os resíduos cuticulares podem ser removidos por lavagem e raspagem. Resíduos
subcuticulares não podem ser eliminados ou mesmo diminuídos por meios mecânicos, exceto
em poucos casos como descascando o fruto, onde a maior parte da penetração é restrita a
casca.
Segundo Matsumara (1985) com os estudos de degradação e persistência de pesticidas
pode-se determinar conceitos como o valor de meia vida de degradação (depósito) ou de
persistência (resíduo), como sendo o tempo necessário para que metade de uma dada
quantidade do material (depósito ou resíduo) se perca ou dissipe. Para um determinado
composto, em uma cultura, a meia vida de persistência representa uma característica constante
e um valor de referência em comparações de persistência de vários pesticidas em uma
determinada cultura.
Como fatores que afetam a exposição e o decréscimo dos resíduos têm-se, o tempo, o
tipo de cultura, a taxa de trabalho do colhedor (está relacionado com a quantidade de contato
com a planta), método de trabalho, dose aplicada e condições climáticas (NIGG e STAMPER,
1989).
Já o resíduo deslocável é uma porção de um resíduo do pesticida numa vegetação
tratada que é prontamente removida e pode constituir-se em risco para trabalhadores rurais. É
geralmente determinado pelo resíduo removido quando discos foliares de plantas são agitadas
por curto período de tempo em água (IUPAC, 2004, citado por FRANCO, 2004).
30
Segundo Gunther et al. (1973) no estudo de resíduo deslocável é importante o
estabelecimento de técnicas específicas, que possam ser seguidas em trabalhos com diversas
culturas tratadas com o pesticida, nas quaiso freqüentes o contato dos trabalhadores com a
folhagem, como morango, fumo, algodão, alface, tomate, videira e maioria das frutíferas
arbóreas.
2.4. Exposição Dérmica x Resíduo Deslocável
A exposição dérmica pode ser real ou potencial; esta é considerada como a quantidade
do pesticida coletada sobre a pele exposta, sobre as roupas, luvas protetoras e outros
equipamentos de proteção, e considerada como teoricamente capaz de alcançar a pele na
ausência de vestimentas ou completa penetração através delas (Turnbull et al., 1985). A
exposição real, segundo Bonsall (1985) é a quantidade absoluta de um pesticida qualquer, que
entra em contato com a pele (sem a proteção da roupa) e, portanto, disponível para absorção.
Giles e Blewet (1991) baseados em uma série de trabalhos anteriores, citam que a exposição
dérmica é fortemente correlacionada com níveis de resíduos foliares deslocáveis, e que esta
relação levou ao desenvolvimento de um fator de transferência empírico. Zweig et al. (1985)
ao estudarem a relação entre colhedores de frutas e resíduos deslocáveis na Califórnia e no
Oregon relataram que existe uma relação entre exposição dérmica e resíduos deslocáveis,
sendo possível a criação de um fator empírico de correlação.
Segundo Franco (2004) a validade prática do fator de transferência, é que ela permite
uma estimativa da exposição baseada no nível de resíduo foliar deslocável.
De acordo com Popendorf e Leffingwell (1982) a aplicação de um pesticida numa
cultura resulta em um depósito inicial, que se transforma em resíduo de grandeza reduzida e
forma alterada. A entrada do trabalhador para colheita e outras atividades na área tratada,
31
coloca-o em contato com o produto depositado sobre a superfície de folhas e frutos, de modo
a ocorrer à transferência desses resíduos para a pele do trabalhador.
A absorção de uma substância depende da via pela qual ela penetra no organismo. Na
manipulação de pesticidas, a absorção dérmica é a mais importante, podendo ser mais intensa
quando se utilizam formulações oleosas. (Zambrone e Mello, 1996; Wolfe et al., 1972). Já a
absorção por via respiratória é conseqüência da aspiração de partículas, gases ou vapores. Na
exposição ocupacional, a contaminação oral é menos freqüente e normalmente ocorre por
acidente ou descuido.
De acordo com Machado Neto (1991) como a exposição dérmica representa a quase
totalidade da exposição ocupacional, a pele do trabalhador deve, portanto, ser bem protegida.
As medidas de controle da exposição dérmica basicamente são através de equipamentos de
proteção individual (E.P.I.s) e por redução da condição insegura que a atividade apresenta.
Segundo Kissel e Fenske (2000) trabalhadores rurais que reentram em lavouras depois
da aplicação de pesticidas e que irão empenhar atividades de trabalho manuais são potenciais
sujeitos de exposição dérmica através dos resíduos foliares e do solo.
Zweig et al. (1983) estudaram a relação existente entre dois pesticidas com resíduo
deslocável (folha) na cultura do morango e a exposição dérmica, e constataram que a taxa
média de resíduos deslocáveis (folha) dos fungicidas captana e benomil são similares à taxa
média de exposição dérmica. Isto sugere que os resíduos deslocáveis (folha) são transferidos
na mesma proporção para a superfície da pele do trabalhador. Ainda segundo estes autores,
uma variável importante que afeta a exposição é a taxa de trabalho. O trabalhador que colhe
grandes quantidades de frutos, tem maior contato com a folhagem, e conseqüentemente com
os resíduos deslocáveis dos pesticidas. Esse fato é também relatado por Cock (1995) que
relata que atividades que envolvem a reentrada na cultura podem envolver muitas mais horas
de trabalho do que o tempo que se gasta aplicando o pesticida.
32
García (2003) alerta que o trabalhador rural que tem contato na reentrada na lavoura
com pesticidas, acaba contaminando a roupa de trabalho servindo de veículo de contaminação
para sua residência e membros familiares, sendo um ato não intencional, sendo comparado ao
reuso de embalagens vazias de pesticidas o que é muito comum em países pobres (LONDON,
2002). Além da roupa, a própria pele do trabalhador pode servir de porta de contaminação
para os membros de sua família (SIMOX, 1995; BRADMAN, 1997; LOEWENHERZ, 1997;
FENSKE, 2000; LU, 2000; McCAULEY, 2001 citados por GOLDMAN, 2004).
Um estudo realizado em Fresno County, importante município agrícola da Califórnia
por Mills e Zahm (2001) buscou analisar resíduos de organofosforados na urina de
trabalhadores rurais e seus filhos, onde acabou mostrando que as crianças, em alguns casos,
mostravam metabólicos de organofosforados com níveis acima dos próprios adultos. Os
autores alertam que os adultos ao se contaminarem em campo com resíduos de pesticidas, são
fonte de contaminação através de contato físico com seus filhos, que não tem o sistema
imunológico bem desenvolvido e que apresentam um área do corpo em relação ao peso
corpóreo muito menor que um adulto, sendo um individuo mais sensível aos pesticidas.
Para compreender melhor este tipo de contaminação indoor proveniente dos resíduos
deslocáveis capturados em campo e de atividades de aplicação de pesticidas McCauley et al.
(2001) estudaram o comportamento de 166 trabalhadores rurais no estado do Oregon/EUA,
sendo a população do estudo predominantemente masculina. Relatou que 18,1% usam roupas
de proteção, 60% entram em casa com os calçados de trabalho e 75% entram em casa com a
roupa usada no trabalho, sendo que um terço permanece com a roupa durante mais de meia
hora depois da chegada no domicílio.
Culturas que exigem muitos tratos culturais e onde a colheita é manual, como no caso
de frutas e hortaliças e que exigem uma aplicação quase em série de pesticidas, são
merecedoras de atenção em relação ao risco e estudos redobrados em relação a resíduos
33
deslocáveis. No caso do algodão, que também recebe uma carga grande de pesticidas em seu
ciclo de produção, a atividade de contato mais íntimo com a lavoura ocorre durante a inspeção
em busca de problemas fitossanitários, seguido de atividades de capina, realizada mesmo em
algumas regiões onde o algodão é produzido em grandes áreas comerciais, visando a catação
de plantas daninhas não controladas por herbicidas e posteriormente por atividades de
pesquisa, que devido a peculiaridade da atividade, exige diversas reentradas durante as
avaliações dos experimentos. Esses três grupos de risco são citados por Ware et al. (1973) que
salientaram que a atividade de maior risco é a amostragem em função das grandes distâncias
percorridas e contato com a folhagem podendo chegar às 10h intermitentes de contaminação
diária.
2.5. Exposição Dérmica e Reentrada
O grande aumento do uso de pesticidas após a Segunda Guerra Mundial, veio atrelado
a curiosidade e necessidade do homem de entender que apesar do grande custo/benefício, ele
teria que compreender melhor o risco/benefício da atividade.
Um problema sério, no entanto, é estabelecer o que é um risco aceitável no uso de uma
substância química. Esta decisão é bastante complexa e envolve o binômio risco-benefício, ou
seja, altos riscos podem ser aceitáveis no uso das chamadas life saving drugs, ou seja, os
fármacos essenciais à vida (LEITE e AMORIM, 2006).
Apesar de décadas de pesquisa científica e discussões públicas na elaborações de leis e
manuais de bom uso agrícola desses produtos, ainda existem muitos nichos de pesquisa a
serem explorados e melhor compreendidos, e que posteriormente serão o alicerce de políticas
públicas e novos regimentos no uso de pesticidas, afim de garantir a sanidade dos cultivos e
que o risco inerente ao uso dos pesticidas seja conhecido e melhor controlado.
34
De acordo com Chang et al. (2005) exposições repetidas a produtos químicos são
comuns em muitos cenários ocupacionais. O problema da exposição dérmica tem recebido
mais atenção, porque trabalhadores podem se expor repetidamente de forma fácil e não
intencional em sua rotina de trabalho a químicos perigosos. A reentrada em lavoura tratada
com pesticida se encaixa neste contexto, sendo uma contaminação não esperada pelo
trabalhador.
Segundo Spear (1991) os pesticidas representam perigo aos agricultores em situação
de trabalho sob três formas. Além do trabalho de carregamento e mistura e da aplicação, o
trabalhador que participa da colheita, adentrando na área tratada, entra em contato com
resíduos na folhagem ou no solo. É importante ressaltar que um mesmo trabalhador pode estar
envolvido nas três atividades.
De acordo com Mott e Snyder (1987) citados por Guivant (1992), além de García
(1998) é urgente aumentar as pesquisas sobre os efeitos dos pesticidas, em forma de
contaminação direta e indireta, por que seus efeitos não se dão exclusivamente com uma alta
exposição a esta classe de produto químico. Considera-se que para certos perigos, como o
câncer, qualquer nível de exposição pode apresentar risco. Para muitos peritos não existe a
possibilidade de definir níveis seguros e inseguros de exposição.
Nesse contexto, inclui-se o intervalo de reentrada, que segundo o conceito da
legislação vigente é o “intervalo de tempo entre a aplicação de agrotóxicos ou afins e a
entrada de pessoas na área tratada sem a necessidade de uso de EPI”.
Nos Estados Unidos, os intervalos de reentrada são determinados pela EPA
(Environmental Protection Agency). Esses intervalos são baseados na toxicidade aguda dos
pesticidas, sem levar em consideração o tipo de cultura, a atividade do trabalhador na cultura
e sua exposição por conta disso. Entretanto, esta abordagem é a base de praticamente todos os
intervalos de reentrada atuais dos pesticidas nos Estados Unidos. Uma segunda abordagem
35
sobre o intervalo de reentrada está entrando em vigor nos Estados Unidos. A partir de agora,
para a determinação do período de reentrada são considerados aspectos, como o tipo de
cultura e suas atividades específicas, associado a algumas perspectivas de uso do pesticida na
cultura. Estudos para determinar o nível do coeficiente de transferência e níveis de resíduo
seguro, para a reentrada do trabalhador rural, são necessários agora. Essa nova metodologia
elimina possíveis falhas da abordagem anterior e possibilita determinar um intervalo de
reentrada mais seguro para o trabalhador rural americano (BAYERCROPSCIENCE, 2004).
No Brasil, o responsável pela determinação do período de reentrada é o ministério da
saúde, cabendo aos técnicos da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) órgão
subordinado, sua análise e estabelecimento desse período. Os itens levados em consideração
para o estabelecimento do intervalo de reentrada são a modalidade de aplicação do pesticida,
sua toxicidade e formulação. Desta forma, não existe testes de campo ou metodologia, sendo
este estabelecido de forma empírica. Esse tipo de conduta pode levar a determinação de
intervalos de reentradas sub ou superestimados.
Os estudos de saúde ocupacional do trabalhador rural que manipula pesticidas, são
raros. Alguns trabalhos referentes à contaminação durante a aplicação e preparo da calda são
encontrados em literatura, porém estudos de reentrada na área tratada após a pulverização são
escassos.
Faria et al. (2004) ao entrevistarem 1500 agricultores, relataram que 56% dos homens
e 37% das mulheres re-entravam em locais com aplicação recente de pesticidas e 17% dos
homens e 71% das mulheres lavavam roupas contaminadas.
Outro aspecto relevante em relação ao intervalo de reentrada, é que quando o
agricultor ou operador, recebe alguma instrução sobre o uso de pesticidas, o técnico dá
preferência em transmitir informações sobre os momentos mais críticos da operação, como o
uso correto do E.P.I, e os procedimentos corretos no momento de diluir e aplicar o produto.
36
Muitas vezes, acaba omitindo a informação e a importância do intervalo de reentrada,
informação que não existe no rotúlo em forma de pictograma, este, importante para pessoas
analfabetas ou semi-analfabetas.
Segundo Trapé (2005) o grupo de trabalhadores rurais que tem contato indireto com
pesticidas são que realizam capinas, desbastes e colheitas. Este autor tem maior preocupação
com esse grupo de trabalhadores, porque não há respeito pelo intervalo de reentrada nas
lavouras, sendo que muitas vezes, estes se expõem e se contaminam em maior grau do que o
grupo de contato direto, que seriam os preparadores da calda e os aplicadores. Segundo
Hemmen (1993) e Moreira (2002) na reentrada em área aplicada, a exposição se dá durante
atividades de intenso contato com a cultura como a colheita de frutos, hortaliças e flores.
Cock (1995) relata que a reentrada na lavoura após aplicação pode ser apontada como
a maior fonte de exposição, pelos resíduos deslocáveis presentes na folhagem e no solo após a
aplicação do pesticida. Embora a exposição seja considerada muito mais baixa do que outras
atividades que envolvem diretamente a manipulação de pesticidas, como a diluição e
aplicação, as atividades que envolvem a reentrada na área são muito mais freqüentes, quase
sempre envolvendo muitas horas.
Na avaliação dos aspectos relativos a saúde e segurança no trabalho, Alves Filho
(2001) recomenda investigar além das condições de riscos presentes nos ambientes, a
atividade de trabalho, o quantitativo de indivíduos submetidos a situações com potenciais de
ocorrência de acidentes e doenças por exposição ocupacional.
2.6. Intoxicação por Pesticidas na Cultura do Algodão
A relação existente entre a classe do pesticida utilizado, o grupo químico e as
intoxicações sofridas pelos trabalhadores em decorrência da prática agrícola, está diretamente
37
relacionada ao tipo de cultura empreendida e a conseqüente tecnificação demandada para sua
exploração (FARIA et al. 2004, citado por POLASTRO, 2005).
Atualmente a cultura do algodão no Brasil, tem todas as etapas dos seus tratos
culturais mecanizadas, sendo a única atividade de intenso contato com a cultura, a
amostragem de pragas, realizadas por agrônomos, técnicos agrícolas ou mesmo trabalhadores
sem formação acadêmica, porém que possuam o conhecimento necessário para tal atividade.
Pires et al. (2005) relatam que a cultura do algodão é a cultura temporária que mais
consome inseticidas no país. Em 2000, 78% de todo inseticida comercializado e 29,2% do
herbicida foram utilizados na cotonicultura. Os mesmos autores ao estudarem intoxicações
provocadas por pesticidas na região de Dourados, entre 1992 e 2002, constataram que houve
correlação positiva entre a cultura do algodão, casos de intoxicação e área plantada. O
principal grupo causador das intoxicações foram os inseticidas, sendo 34% causados por
organofosforados, 26% por carbamatos, 7,4% por organoclorados e 6,8% por piretróides.
As primeiras informações sobre problemas de saúde em relação a pesticidas no Brasil,
datam de 1950, quando foram constatados na região de Presidente Prudente, pelo Instituto
Biológico, da Secretaria Estadual de Agricultura, casos de doenças em 118 cotonicultores,
com 21 mortes por uso de organofosforados (Almeida, 1967 citado por Trapé, 2005).
Polastro (2005) estudando os casos de intoxicação de pesticidas no estado do Paraná,
durante o período de 1993 a 2000, relatou que com a queda de 50,4% na área de plantio da
cultura no Paraná entre os anos de 1993 a 1995, provocou no mesmo período uma redução de
52,8% nos casos de intoxicação provocadas por pesticidas neste estado. Nishiyama (2003)
relata que nos assentamentos rurais do Paraná, as culturas que mais provocam casos de
intoxicações por pesticidas são o algodão (46,2%) e o milho (23,1%).
38
2.7. Inseticidas Piretróides
Quando os piretróides surgiram na década de 70, Elliot et al. (1978) relataram que a
eficácia de inseticidas piretróides sobre larvas de lepidópteros, aliada às baixas dosagens
utilizadas, sua substancial estabilidade química e pequeno grau de toxicidade a mamíferos,
seriam os principais aspectos favoráveis ao uso destes inseticidas para o controle de pragas
em inúmeras culturas.
Segundo Larini (1999) piretróides são substâncias que apresentam estruturas
semelhantes às Piretrinas I e II, que são naturais nas flores de Chrysanthemum
cinerariefolium. Estes compostos são pouco persistentes no meio ambiente, podendo ser
classificados, de uma maneira geral, como não persistentes.
No homem, as principais vias de absorção dos compostos piretróides são a oral, intra-
gástrica, dérmica e a inalatória. Nas exposições ocupacionais a poeiras finas ou aerossóis, ou
quando do contato dérmico aos compostos piretróides, é comum o aparecimento de ardência,
sensação de formigamento ou queimadura na face. Também pode ocorrer vertigens de
intensidade e duração dependente do grau de exposição. Para casos de contato dérmico deve-
se promover o banho com água fria e sabão alcalino. A irritação dérmica e parestesia,
provocadas pelo contato dérmico com piretróides, são aliviadas com a aplicação de cremes à
base de vitamina E (LARINI, 1999).
Segundo Almeida (2002) intoxicações agudas por piretróides são raras, restringindo-se
a relatos de casos isolados na literatura, devidos, especialmente, às baixas concentrações na
formulação dos produtos disponíveis. Entretanto, são irritantes para os olhos e mucosas em
geral, além de serem hipersensibilizantes, causando alergia cutânea e asma brônquica,
principalmente em pessoas com antecedentes alérgicos. Exceto os testes alérgicos, exames
39
laboratoriais específicos não são comumente usados para detecção de piretróides no
organismo.
De acordo com Grisolia (2005) em relação a mutagenicidade as diferentes gerações
dos piretróides apresentam resultados tanto positivos como negativos em vários sistemas-
teste. Entretanto, os piretróides têm meia-vida curta no ambiente, não bioacumulam e têm
pouca mobilidade, fatores que diminuem o seu risco genotóxico. De um modo geral, constata-
se que o risco de mutagenicidade deste grupo químico é baixo. Quanto à carcinogecidade e à
teratogenicidade, os dados disponíveis na literatura ainda são incipientes para que possa
chegar a alguma conclusão sobre alguns componentes desse grande grupo de inseticidas.
Entretanto, os estudos enviados aos órgãos governamentais com a finalidade de registro
apresentaram resultados negativos.
A tabela 2 resume os sintomas e sinais mais comumente encontrados em casos de
exposição aguda aos agentes Piretróides, agrupando-os quanto ao tempo de aparecimento.
Tabela 2. Sintomas e Sinais de intoxicação devido a Piretróides.
Inicialmente Em seguida
Formigamento nas pálpebras e lábios Prurido (coceira) intenso
Irritação da conjuntiva e mucosas Manchas na pele
Espirros Secreção e obstrução
Reação de hipersensibilidade imediata
Excitação
Convulsões
Fonte: Almeida (2002)
40
2.7.1 Deltametrina
A deltametrina é um inseticida do grupo químico dos piretróides, conhecido
quimicamente por (IUPAC): (S)-alpha-ciano-3-phenoxybenzyl (1R, 3R)-3-(2,2-
dibromovinyl)-2,2-dimethylcyclopropanecarboxylate; sua fórmula estrutural é mostrada na
figura 1 e suas propriedades físicas e químicas na tabela 3 (Tomlin, 1995).
Figura 1. Fórmula estrutural da deltametrina
Tabela 3. Propriedades físicas, químicas e toxicológicas da deltametrina.
Parâmetros Valores
Fórmula química C22H19Br2NO3
Peso molecular 505,2
Ponto de fusão 100 - 102 ºC
Coeficiente de partição (kow) 4,6 (25 ºC)
Solubilidade em água < 0,2 µg/L
Pressão de vapor (25º) 1,33 x 10-5 Pa
DL
50
dérmica 2000 mg/kg/dia
NOEL dérmica (ratos) 1000 mg/kg/dia
NOEL oral (ratos) 1 mg/kg/dia
Fonte: Tomlin (1995) e FAO (2006)
41
De acordo com Larini (1999) os inseticidas piretróides são divididos em duas classes
distintas. A deltametrina pertence a classe II. Nesta classe os compostos determinam efeitos
que parecem ser de origem central, produzindo salivação excessiva, movimentos irregulares
dos membros, convulsões tônicas e clônicas e sensibilidade aumentada aos estímulos
externos. Os compostos da classe II promovem uma despolarização persistente na membrana
do nervo pelo influxo contínuo de íons Na
+
, com redução na amplitude do potencial de ação e
colapso na condução axonal. Esta alteração é reversível, com o retorno à normalidade das
funções dos canais de sódio pela ausência do composto piretróide. Os compostos piretróides
não apresentam atividade anticolinesterásica e determinam um pequeno efeito na
sensibilidade muscular da acetilcolina.
Segundo Tomlin (1995) a deltametrina apresenta DL
50
aguda oral de 135 mg.kg
-1
para
rato albino, para cães é > 300 mg.kg
-1
; DL
50
aguda dérmica > 2000 mg.kg
-1
para ratos.
2.8. Avaliação da Exposição Ocupacional
A avaliação da exposição é considerada umas das 4 etapas do processo da avaliação do
risco proposto pela NAS dos E.U.A (NAS, 1983 citado por TREVISAN, 2002). Entretanto, a
avaliação da exposição vem sendo considerada frágil, uma vez que os dados quanto ao
contato do homem com as substâncias químicas são de difícil mensuração ou estimativa, pois
muitas vezes ela ocorre ou ocorreu de forma não intencional, podendo apenas ser suposto. O
público em geral e as entidades interessadas têm exercido constante pressão para que os
avaliadores da exposição desenvolvam técnicas mais apuradas e adequadas de medir e/ou
estimar a exposição às substâncias químicas dispersas no ambiente, para que a estimativa do
risco fique mais próxima da realidade (WHO, 1999).
42
Segundo Oliveira (2005) a União Européia define exposição como a quantificação de
um agente ambiental que atinge um indivíduo (dose exterior) ou é absorvido por ele (dose
interior, absorvida).
Para entender melhor onde, quando, e como controlar exposições profissionais e
involuntárias a produtos que tenham nocividade ao homem, é vital que higienistas
compreendam os fatores que contribuem para elevar ou diminuir os níveis de exposição,
podendo assim traçar estratégias racionais para minimização do risco (BURSTYN e
TESCHKE, 1999).
Segundo a CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (2006) em um
trabalho de revisão bibliográfica feito em 1994 por NESS (1994), foram catalogadas 175
publicações em língua inglesa sobre avaliação da exposição dérmica e inalatória de pesticidas.
Desde o primeiro trabalho, publicado por Batchelor e Walker (1954), até os mais recentes,
percebe-se que ainda não está bem estabelecida a metodologia de avaliação que interprete
com maior precisão a real exposição dos trabalhadores envolvidos no manuseio destas
substâncias. Chester (1993) relata que não existe um método para avaliação de exposição
ocupacional aceito e regulamentado internacionalmente.
Os métodos existentes, tem como premissa avaliar a exposição do trabalhador rural,
durante o preparo da calda e a pulverização do pesticida, que são os momentos mais críticos
da operação. Segundo Evans et al. (2001) o processo de avaliação de substâncias perigosas
pode ser conduzido em uma atividade ou processo específico.
Em 1975 a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou o primeiro protocolo para
avaliação da exposição aos produtos organofosforados, incluindo o uso de absorventes para
medir a exposição dérmica. Anos depois o método foi reformulado para que pudesse ser
utilizado com todos os pesticidas, incluindo um método alternativo para quantificação da
exposição dérmica – o método do corpo total (Chester, 1995) e o monitoramento biológico
43
(OECD - Organization For Economic Co-Operation And Development, 1997). Essa
metodologia foi discutida e avaliada por Kotaka (2005), no uso de metamidofós em tomate
rasteiro no país.
Frenich et al. (2002) utilizaram o método do corpo total para mensurar a exposição
dérmica de pesticidas em trabalhadores que aplicam pesticidas nas estufas da região de
Almeria na Espanha.
No Brasil são poucos os trabalhos publicados em literatura que descrevem o perfil do
uso de pesticidas pelo trabalhador rural e medem ou quantificam a exposição a esses produtos.
Existem um número reduzido de trabalhos que avaliam a exposição de trabalhadores agrícolas
a pesticidas, utilizando a dosimetria passiva pelo método do uso de absorventes durante a
pulverização (RAMOS et al., 2002; MOMESSO e MACHADO NETO, 2003; MACHADO
NETO et al., 2006).
A estrutura do modelo atual de avaliação da exposição pressupõe a existência de
ajustamentos necessários para a proteção da saúde e poderá vir a ser redesenhada conforme as
observações no “trabalho vivo em ato” (MEHRY, 2001, citado por KOTAKA, 2005),
procurando observar pontos mais vulneráveis durante as atividades dos trabalhadores.
Dois conceitos importantes sobre os efeitos no organismo devem ser lembrados: o
efeito biológico, que é a resposta mensurável da dose nas moléculas, células ou tecidos; e o
efeito adverso, que é o efeito biológico que causa alteração morfológica, fisiológica, do
crescimento, desenvolvimento ou tempo de vida, que resultam em danos à capacidade
funcional (IPCS- International Programme On Chemical Safety, 2000). Seguindo esta linha
de raciocínio, Mutti (2001) refere que não existirá risco, exceto se os níveis de exposição
vierem a exceder o limiar de aparecimento de efeitos adversos.
A avaliação da exposição constitui passo indispensável para a avaliação do risco
toxicológico. Ela permite determinar tanto a natureza como a extensão do contato, ocorrido ou
44
previsto, das substâncias químicas com o organismo vivo em diferentes condições, mas
também a sua magnitude e importância à saúde pública (IPCS, 1999).
As quantificações da exposição dos indivíduos aos agentes considerados perigosos
podem ser feitas pela sua mensuração ou por estimativa, com o uso de modelos (IPCS, 1993).
Elas devem estar apoiadas na coleta dos dados disponíveis sobre: as vias de penetração no
organismo; a duração, a magnitude e a freqüência da exposição; a distribuição da exposição
nos indivíduos e na população em geral (IPCS, 2002). A quantificação da exposição poderá
ser realizada, também pela pesquisa dos resíduos que entraram em contato com o indivíduo
(dosimetria passiva) ou dos resíduos, metabólitos ou efeitos no organismo (monitoramento
biológico).
O uso de modelos matemáticos é muitas vezes criticado, porque pesticidas são usados
nos mais diferentes países e culturas, cada qual com particularidades regionais, como clima,
dosagens, modalidade de aplicação e nível de treinamento e aptidão do operador. Muitas
vezes, não existe no banco de dados do modelo, informações sobre determinado tipo de
aplicação, sendo esta crítica, que levou por exemplo Machera et al. (2002) a estudarem o
potencial de contaminação dérmica e inalatória de malationa quando usado em cultivo de
tomates em estufa, sendo aplicado por lança manual. Marquart et al. (2003) relatam que para
exposição dérmica existe número limitado de modelos, como o EASE, USEPA, EUROPOEM
e que a validação desses modelos não tem sido extensivamente estudada.
O risco de intoxicação ocupacional com pesticidas pode ser estimado através da
exposição ocorrida em determinado período de trabalho nas atividades específicas e da
toxicidade de cada um dos produtos utilizados (DURHAM e WOLFE, 1962). Segundo
Rodricks (1992) a toxicidade de um agente químico pode ser definida de acordo com a
duração da exposição, como: exposição aguda, exposição crônica, ou exposição sub-crônica.
A exposição aguda envolve uma única dose; a exposição crônica geralmente faz referência a
45
uma exposição ocorrida durante toda a vida, ou quase toda a vida; e a exposição sub-crônica,
apesar de não ser bem definida, refere-se às exposições que ocorrem repetidamente ao longo
da vida.
Os métodos de monitoramento mais usados na avaliação da exposição podem ser
categorizados em abordagens direta e indireta (IPCS, 2000).
A avaliação direta consiste no monitoramento individual efetuado nos pontos de
contato, empregando-se monitores pessoais para detecção do contato dérmico ou inalatório, o
cálculo do consumo de alimento e a mensuração dos indicadores biológicos de exposição. A
avaliação indireta consiste no monitoramento ambiental, com o uso de modelagens ou de
questionários para estimar a exposição. De acordo com as diretrizes da OECD contidas no
Guidance document for the conduct of studies of occupational exposure to pesticides during
agricultural application, a exposição dos trabalhadores e as doses absorvidas podem ser
mensuradas, diretamente, por meio da dosimetria passiva e pelo monitoramento biológico
(OECD, 1997).
Segundo a WHO (1999) a dose potencial de contato pode ser quantificada, de uma
maneira geral, através de medidas diretas ou indiretas, por um dos três procedimentos
descritos a seguir:1) Medida direta da dose potencial de contato (barreira externa do
organismo), realizada enquanto ocorre a exposição. Pode ser realizada através de técnicas de
monitoramento individual. 2) Medição da concentração do agente químico no meio onde
ocorre o contato (exposição), realizada através de mensurações ambientais em função do
tempo de exposição. Estas mensurações se dão nos cenários de exposição e são conhecidas
como medida indireta da exposição. 3) Estimativa de dose potencial de contato,
determinada pelos indicadores internos (biomarcadores de efeito e dose interna) após a
exposição ter ocorrido. Esta medida indireta pode ser obtida através de estudos de
biomonitoramento.
46
Esses três procedimentos de quantificação da exposição, ou da dose potencial, são
independentes, uma vez que são baseados em diferentes dados/estudos. Esta independência
possibilita checar a precisão da estimativa de um método através do outro, quando os dados o
permitem (TREVISAN, 2002).
A seguir são descritas as metodologias propostas para a quantificação da exposição
dérmica e inalatória a pesticidas.
2.8.1 Dosimetria passiva
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América (EPA), a
dosimetria passiva pode ser definida como a “estimativa da quantidade de substância química
encontrada na superfície da pele ou disponível para ser inalada mensurada através de
equipamentos de coleta adequados” (EPA, 1996).
2.8.2. Exposição dérmica
As três típicas rotas de absorção de químicos pelos humanos são inalação, ingestão e
absorção cutânea. As absorções orais e respiratórias são bem documentadas, enquanto que a
falta de conhecimento reside na absorção dérmica. Até meados da década de 60 se acreditava
que a pele era uma barreira eficiente para a maioria dos produtos químicos.
Van-Hemmem (2004) afirma que na vida diária nós nos acostumamos a usar
medicamentos que agem sistematicamente por aplicação direta na pele e isto tem nos
convencido que a pele não é só uma barreira mas também um portal de entrada.
Nos últimos anos, houve um maior interesse por essa rota de contaminação, porque: a)
as exposições inalatórias diminuíram em função da melhoria das tecnologias e da redução dos
47
limites de exposição, o que contribuiu para o aumento da exposição dérmica; b) Há mais
dados sobre exposição dérmica incluindo dados de capacidade de proteção de luvas e roupas.
c) Houve avanços no monitoramento biológico, onde o mensuramento da exposição total ou
interna foi facilitado (SARTORELLI, 2002). De acordo com Van-Wendel-De-Joode (2002)
na última década a avaliação da exposição dérmica tem recebido mais atenção, o que é
refletido pelos tópicos especiais em encontros, a concessão de verbas para pesquisa e artigos
especiais em revistas científicas.
Atualmente no país, as informações técnicas e científicas fornecidas por empresas
registrantes só permitem a avaliação toxicológica e a caracterização do risco para a saúde
humana em relação à via de exposição oral (dieta). Ou seja, a caracterização do risco para a
população em geral é estabelecida através da comparação da dose ou ingestão diária aceitável,
determinada pelas informações toxicológicas do pesticida sob consideração, com a ingestão
estimada de alimentos da cesta básica que contenham estes resíduos. Fica, desta maneira, sem
ser predito o risco toxicológico ocupacional, pois a exposição do trabalhador que manuseia o
pesticida não é abordada (TREVISAN, 2002).
A exposição dérmica é o contato da substância química com a pele. Ela é quantificada
pela dosimetria passiva, mensurando-se a quantidade de resíduos encontrados nas roupas
protetoras que, podem ser denominadas de dosímetros (Kotaka, 2005). Nos últimos anos
houve uma maior atenção em relação a importância da exposição dérmica a agentes químicos
(SOUTAR, 2000). Segundo Sartorelli (2002) as atividades que mais apresentam risco para a
pele são a agricultura, a indústria da borracha e produção de tintas.
Segundo a CNA (2006) a avaliação dérmica apresenta críticas e incertezas, dentre as
quais podem ser destacadas:
48
a) O método de coleta de amostras, através de pads, pode subestimar ou superestimar a
exposição real, uma vez que a extrapolação de valores encontrados em uma pequena área da
pele não representa, necessariamente, o que ocorre de fato na área total;
b) O material utilizado nem sempre tem boa eficiência de coleta, principalmente para poeiras,
além de poder conter resíduos que influenciam os resultados das análises;
c) A composição do material e o método de extração do contaminante podem deixar resíduos
nos amostradores, reduzindo o valor encontrado na análise e, conseqüentemente, da exposição
real;
d) Existem poucos resultados de pesquisas confiáveis sobre a absorção das substâncias através
da pele, fato que leva alguns pesquisadores a recomendar que o cálculo da exposição real seja
feito considerando-se todo o valor encontrado sobre a pele, enquanto que outros propõem uma
taxa fixa de apenas 10%. Segundo Sartorelli (2002) a substância é considerada passível de ser
absorvida pela pele, quando existem estudos de campo, estudos em animais in vivo, estudos
de penetração cutânea in vitro e em modelos teóricos. Segundo o mesmo autor, na década de
70 o valor de 10% foi assumido por agências reguladoras para estimar a exposição dérmica
para produtos químicos quando dados de pesquisa não fossem disponíveis. Em 1983, a Office
of Pesticides Program’s Scientific Advisory Panel sugeriu, que se não houvesse literatura
disponível, o valor de 100% (pior cenário possível) como porcentagem de absorção fosse
assumido para a estimativa de exposição dérmica para produtos químicos nas avaliações de
risco. Este impasse foi relatado por Fenske e Day Júnior (2005) que afirmam que dependendo
da agência regulatória, o valor varia de 1 a 100%.
e) Não há limites de tolerância para exposição através da pele publicados pelos principais
órgãos reguladores internacionais, obrigando a conversão dos valores encontrados em massa
por área (μg/cm
2
) ou massa por massa no tempo (μg/kg/dia) para concentração em massa por
49
volume (mg/m
3
) para que possam ser comparados com aqueles publicados para exposição
inalatória;
f) Amostragens utilizando substâncias “mais estáveis” no lugar do princípio ativo, para
assegurar maior certeza, podem superestimar a exposição, uma vez que, se o princípio ativo
do pesticida é tão volátil ou sofre degradação severa rápida, pode também ter o mesmo
comportamento quando depositado na pele e não ser totalmente absorvido;
g) Métodos alternativos de coleta através de esfregaço e lavagem da pele com solventes ou
detergentes sofrem as mesmas críticas, principalmente por não representarem bem a
exposição total real, não serem um bom meio de extração, provocarem lesões na pele, além de
poderem alterar a substância que está sendo avaliada, devido a ação dos solventes e/ou
detergente;
f) Uso de roupas cobrindo todo o corpo como amostradores, apesar de ter melhor
representatividade, resulta em grande dificuldade de manuseio, conservação e transporte das
amostras, além de maior dificuldade e alto consumo de solventes para extração das
substâncias para análise
A medida direta da exposição no ponto de contato avalia a exposição no momento em
que esta ocorre, mensurando a concentração da substância na interface entre o indivíduo e o
meio, em função do tempo, resultando em um perfil de exposição. A utilização deste dado na
estimativa da exposição ou da dose potencial por períodos que diferem daquele no qual os
dados foram coletados, por exemplo, a extrapolação de resultados de 1 dia de trabalho para 90
dias de trabalho, requererá a aceitação de algumas hipóteses, como a de que esta exposição
será constante e uniforme para os 3 meses (WHO, 1999).
50
2.8.2.1. Método do uso de absorventes (patch method)
Este método é aceito internacionalmente, sendo regulamentado por renomadas
agências como a WHO e USEPA (FENSKE e DAY JÚNIOR, 2005).
Neste método a contaminação potencial da pele ou da roupa do trabalhador é medida
através do emprego de um número de absorventes aderidos às áreas do corpo (figura 2),
dentro e fora da roupa (DURHAM e WOLFE, 1962; EPA, 1987). Estes absorventes são
chamados de dosímetros, na dosimetria passiva, a agem como meio de coleta do pesticida.
Apesar das limitações esse método é amplamente aceito (CURRY e IYENGAR, 1992).
Após um período definido ou medido da exposição, os absorventes são removidos, e é
analisado o conteúdo do pesticidas (TREVISAN, 2002). Este é considerado o método mais
comum, onde 10 amostradores são colocados sobre a pele e/ou roupa em área definidas do
corpo, como o peito, costas e membros superiores e inferiores (WHO, 1982).
Segundo a CNA (2006) pads são, almofadas confeccionadas em tecido natural,
algodão e/ou gaze cirúrgica, com área aproximada de 33 cm
2
, e quando colocados junto ao
corpo da pessoa absorvem o produto aplicado podendo ser analisados posteriormente
determinando-se as concentrações ou quantidades de ingrediente ativo em cada área e/ou no
corpo todo. Segundo Trevisan (2002) em vários estudos publicados, os absorventes utilizados
representam em torno de 8% da superfície corpórea (~ 2m
2
).
Os resultados obtidos nos pads são extrapolados para a parte do corpo correspondente,
conforme mostra a tabela 4. O preceito é que os resíduos depositados no absorvente
ocorreram de modo uniforme em todo o segmento correspondente do corpo. As principais
desvantagens do método do uso de absorventes são: a necessidade de realizar extrapolações;
os resultados se apresentarem além ou aquém da exposição real, tendo em vista que os
absorventes podem não capturar a substância de modo uniforme; e o fato dos absorventes
51
serem colocados, comumente, nos pontos mais passíveis de ocorrer o contato, podendo levar a
um resultado superestimado da exposição (CHESTER, 1996, STAMPER et al., 1989;
MACHERA et al.,1998, FENSKE, 1990, FRANKLIN, 1981; POPENDORF et al., 1995).
Tabela 4. Áreas de superfícies das regiões de um corpo humano adulto e locais onde os pads
devem ser colocados para mensurar a exposição dérmica (USEPA, 1987).
Região do corpo
Área de superfície da
região (cm
2
)
Local do Pad
Cabeça 1300
*
Ombro, Costas, Tórax, cabeça
Face 650
Tórax superior, cabeça
Atrás do pescoço 110
Costas superior
Frente do pescoço + “V” do tórax 150
Tórax superior, cabeça
Tórax / Estômago 3550
Tórax
Costas 3550
Costas
Braços 2910
Ombro, braços
Antebraços 1210
Antebraços
Mãos 820
Luvas / Enxágüe mãos
Coxas 3820
Coxas
Pernas 2380
Canelas
Pés 1310
Usar meias
*
área da superfície da cabeça inclui 650cm
2
da superfície da face
Para Frenich et al. (2002) a impressão deriva do fato que é necessário assumir que a
deposição da calda pesticida ou névoa ocorre de forma uniforme no corpo. Kamanyire e
Karalliedde (2004) citam que muitos pesquisadores acreditam que assumir que os
52
amostradores irão capturar e reter o composto químico de maneira similar a pele ainda não foi
validado para muitos compostos.
Para Trevisan (2002) esta desvantagem pode ser minimizada com um maior número
de absorventes sendo aderidos às diferentes partes da área representada. Posteriormente às
análises laboratoriais para a quantificação, os resultados para todas as áreas são somados,
obtendo-se a dose potencial de exposição, expressa em mg/h, mg/dia ou mg/kg de produto
manuseado ou aplicado. É importante mensurar, além das áreas não cobertas, as deposições
sobre as roupas, uma vez que vários tecidos absorventes podem reter e proporcionar a
penetração de uma porção do pesticidas, favorecendo o contato com a pele do trabalhador. A
mensuração da quantidade que penetra na roupa é realizada através da análise dos absorventes
aderidos internamente a ela. Este método tem sido bastante utilizado pelo seu baixo custo,
particularmente para comparar resultados entre estudos.
Figura 2. Locais de posição dos Pads no corpo do trabalhador (CNA 2006, Machado Neto
1997)
53
2.8.2.2. Método do corpo total (whole body method)
Este método procede à quantificação de resíduos de toda a roupa utilizada durante o
trabalho de aplicação, manuseio ou carga da substância química, sendo considerado como a
estimativa mais acurada do potencial de exposição dérmica (VIDAL et al., 2002, OECD,
1997). Segundo Chester (1993) o método do corpo total representa o tipo de vestimenta que o
trabalhador estaria usando no ato do trabalho, sendo assim mais representativo na busca do
conhecimento da exposição dérmica.
Segundo a CNA (2006) a roupa inteira sob roupas de trabalho tem sido testada e
recomendada pela ONU. Apesar de reproduzir mais fielmente a exposição real, esse método
tem como desvantagens: dificuldade de troca da roupa no campo; risco de contaminação da
amostra no momento da troca; alto consumo de solvente de extração; longo tempo para
extração. Segundo Fenske e Day Júnior (2005) uma outra desvantagem do método é o
potencial de penetração do resíduo através das vestimentas para a pele resultando em uma
subestimação da exposição.
Uma alternativa à análise de toda a roupa é recortar e analisar pedaços do tecido das
áreas representadas (pernas, braços, peito, costas etc.). Este método mostra a ocorrência real
dos resíduos nas diferentes partes do corpo, sem a suposição de que a deposição do pesticida
será uniforme. Além disso, não haverá necessidade de efetuar extrapolações de áreas-alvo
pequenas para partes maiores. A principal vantagem deste método é a possibilidade de
diferenciar a exposição ocorrida durante as atividades diárias e a relativa contribuição das vias
de exposição dérmica ou inalatória (EPA, 1996). O uso deste método também evita a
necessidade de extrapolação dos resultados de área restrita para o corpo todo e a suposição de
que os resíduos se depositam de modo uniforme. Porém este método (artigos de vestuário)
não possibilita a avaliação da cabeça, face e pescoço (FENSKE e DAY JÚNIOR, 2005).
54
Para a avaliação da exposição pelo método do corpo total (whole body method)
podem-se utilizar macacões leves ou roupas similares como dosímetros, segundo a OMS
(1982) e ABBOTT et al. (1987), citados por OECD (1997). A avaliação da exposição da
cabeça pode ser medida com o uso de gorro, touca ou chapéu. A quantificação deve abranger
tanto as áreas do corpo cobertas como as expostas, considerando que as roupas normais de
trabalho, tais como as calças e as camisetas de algodão, são absorventes, podendo permitir
que os pesticidas penetrem no organismo (OECD, 1997).
Segundo Fenske e Day Júnior (2005) não existem materiais padronizados para serem
utilizados neste método. Estudos atuais tem usado materiais tecidos de algodão e
algodão/poliéster. Segundo Krieger et al. (2000) as roupas de algodão no método do corpo
total/inteiro retém resíduos químicos e pode ser efetivamente usada para predizer a exposição
dérmica sob condições experimentais. Fenske e Day Júnior (2005) sugerem a utilização de
Tyvek
®
que tem a vantagem de ser impermeável e não subestimar a exposição na pele do
amostrador.
Este método pode ser aplicado em estudos de campo envolvendo a dosimetria e o
monitoramento biológico. A exposição da pele sob a roupa pode ser estimada pela relação
entre a penetração ou a transferência de pesticida da roupa externa para a interna (CHESTER,
1996; OECD, 1997).
As roupas utilizadas, devem ser confeccionadas com tecidos de algodão não-tratado, a
fim de não interferir na análise dos resíduos. As roupas empregadas devem ser seccionadas,
após o trabalho, obedecendo a esquema previamente definido, o que permite a determinação
da distribuição da exposição. A seccionagem das dosímetros varia conforme a literatura
(figura 3).
55
Figura 3. Esquemas de seccionagem do método do corpo total (Frenich et al. 2002; Vidal et
al., 2002 (a)), (Machera et al., 2003 (b)), (Nilsson e Papantoni, 1996 (c)) e (Kotaka,
2005 (d)).
2.8.2.3. Método com o uso de traçadores fluorescentes ou corantes/tintas visíveis para a
quantificação da exposição por análise ou video-imagem
O uso de marcadores fluorescentes foi empregado pela primeira vez há mais de 20
anos como uma ferramenta quantitativa para o estudo da exposição dérmica de colhedores de
frutas (FRANKLIN et al., 1981). Deste então, diferentes tipos de marcadores fluorescentes
tem sido usados para estimar a exposição dérmica (FENSKE et al., 1986; ROFF, 1994;
BIERMAN et al.,1998), avaliar a performance de dispositivos de proteção (FENSKE, 1988;
FENSKE et al., 2002), propósitos educacionais (HOUGHTON et al., 1998; FOSS et al.,
2002), e demonstração de não uniformidade na exposição dérmica (FENSKE, 1990).
a
b
c
d
56
O princípio da técnica é a adição de um marcador fluorescente a solução do pesticida,
cujo depósito na pele ou roupas é visualizado através de uma lâmpada fluorescente
(ARÁGON et al., 2006).
O método consiste na utilização de traçadores fluorescentes ou corantes (FENSKE
1986; 1990, citado por CHESTER, 1996; OECD, 1997) que se depositam na pele ou nas
roupas. Este mesmo pesquisador posteriormente desenvolveu sua técnica para que a imagem
possa ser vista em uma câmara de vídeo. Porém Arágon et al. (2006) relatam que sofisticados
métodos não são viáveis em situações de campo com acesso limitado a eletricidade e rodovias
inadequadas para transporte de equipamentos sensíveis.
A principal vantagem deste método é que a pele será, diretamente, o meio de coleta da
substância a que o indivíduo foi exposto. Kamanyire e Karalliedde (2004) relatam que após a
exposição a pele ou roupa deve ser levada para um lugar escuro, onde se deve usar uma
iluminação com luz ultra-violeta.
Outra vantagem é a sua utilização em treinamentos de aplicadores, porque mostra aos
trabalhadores o quanto eles podem se contaminar, sugerindo mudanças em suas práticas no
trabalho (CHESTER, 1996; OECD, 1997). Este método permite a visualização dos padrões
não uniformes da exposição, o que pode escapar ao método do uso de absorventes. A
substância fluorescente pode ser incorporada ao pesticida ou pode ser utilizada em seu lugar.
A CNA (2006) relata que traçadores fluorescentes misturados aos pesticidas, ou
diluídos em solução sem o produto, têm sido utilizados, porém, permitem apenas avaliar
qualitativamente exposições. É útil para avaliar a penetração em roupas e E.P.I. Não servem
para avaliação quantitativa. Trevisan (2002) relata que esse método é importante para avaliar
pesticidas que são instáveis durante a fase de amostragem ou fase analítica.
Kamanyire e Karalliedde (2004) relatam que essa técnica tem muitas limitações como
a necessidade da adição do marcador na formulação do produto e a falta de dados da
57
correspondência entre a deposição da pele e/ou penetração através da roupa protetora do
ingrediente ativo e do marcador.
2.8.2.4. Exposição das mãos
A exposição das mãos constitui componente de grande importância no estudo da
exposição dérmica, podendo ser considerada como a mais importante, segundo CHESTER
(1996). Existem vários métodos que podem ser utilizados em sua realização, apresentando
vantagens e desvantagens (OECD, 1997) de modo que ainda é difícil selecionar um método e
recomendá-lo como o mais adequado (CHESTER, 1996).
Entre os métodos que têm sido empregados, suas vantagens e limitações são os
seguintes: 1) Uso de luvas absorventes: Artigos específicos de vestuário podem ser
utilizados para amostrar exposição em específicas regiões anatômicas do corpo, como as mãos
(Davis et al., 1983; Fenske et al., 1989; Brouwer et al., 1992). As luvas (figura 4) são fáceis
de usar, mas podem levar a uma superestimação da exposição, pois retêm mais quantidade de
pesticida do que a própria pele (Davis et al., 1983; Chester, 1996), entretanto outros não
encontraram grandes diferenças entre o uso de luvas e o enxágüe das mãos para mensurar a
exposição das mãos (Fenske et al., 1989). Quando são usadas luvas protetoras, as luvas de
amostragem devem ser usadas por baixo. Em ensaios onde se busca a transferência de
resíduos deslocáveis pode se usar luvas de algodão (RAMWELL et al. 2005; RAMWELL et
al. 2006).
2) Uso de solventes/esfregaço com enxágüe: é um método padronizado (DURHAM e
WOLFE, 1962), passível de comparação com a maior parte dos dados já existentes, mas tem
sido relacionado com a quebra da função de barreira da pele pelo uso de solventes, requer a
utilização de voluntários para a validação laboratorial e, possivelmente, subestima a
58
exposição. Kamanyire e Karalliedde (2004) relatam que para está técnica as mãos podem ser
lavadas com água/álcool e água/surfactantes.
3) Emprego de lavagem das mãos com água e sabão: Não interfere com o processo da
contaminação e absorção da pele e pode se realizado juntamente com o biomonitoramento,
mas está limitado pela ausência de padronização na lavagem das mãos entre os trabalhadores,
possivelmente subestimando a exposição. Além disso, requer a utilização de voluntários para
a validação laboratorial (TREVISAN, 2002).
2.8.2.5. Exposição da face e pescoço
Para a exposição da face e pescoço podem ser utilizados como dosímetros gazes ou
chumaços de algodão embebidos em água ou solventes especiais, de acordo com o produto.
As gazes ou algodões devem ser esfregados no rosto e pescoço, após o trabalho, e
acondicionados para análise de resíduos (KOTAKA, 2005).
2.8.2.6. Exposição dos pés
A exposição dos pés pode ser quantificada pela dosagem de resíduos nas meias e nos
protetores de sapato, que são calçados por cima das botas (Kotaka, 2005).
2.8.2.7. Exposição inalatória
Segundo o manual do OECD (1997) citado por Trevisan (2002) o método na
estimativa da exposição inalatória é o da amostragem de ar individual (personal air sampling)
que determina a concentração de pesticidas na zona da respiração do trabalhador. Diversas
formas estão disponíveis para a condução deste método, variando deste o uso de gaze em
59
máscara respiratórias ao uso de absorvente e fita de feltro acoplado a bombas de ar (figura 4)
a bateria, colocada na zona de respiração.
A exposição inalatória pode ser quantificada direta ou indiretamente. O órgão
responsável por orientações quanto à segurança e saúde ocupacional dos trabalhadores, dos
Estados Unidos da América, National Institute of Occupational Safety and Health, do
National Institute of Health (NIOSH/NIH) citado por Kotaka (2005) apresenta três tipos
básicos de amostragem (NIOSH, 1997):
a) Pessoal: o equipamento de amostragem fica ligado diretamente ao trabalhador;
b) Zona de respiração: o equipamento de amostragem é posicionado próximo à zona de
respiração do indivíduo;
c) Geral: o equipamento de amostragem é colocado no local de trabalho, coletando amostras
do ambiente.
Existem várias técnicas para a avaliação da exposição inalatória, que foram
desenvolvidas ao longo do tempo: uso de gazes nos equipamentos de respiração; uso de
absorventes sólidos nas máscaras; cassetes de filtros ligados a bombas de amostragem
(OECD, 1997). Nesse tipo de amostragem do ar, as bombas individuais são munidas de filtros
especiais, que serão os dosímetros a serem analisados. O método de avaliação utilizado deve
refletir a situação mais próxima da realidade e a coleta de amostras deverá ser feita na região
junto à área de respiração do trabalhador (LEIDEL et al., 1977).
Apesar de algumas críticas sobre a imprecisão do método de coleta de amostras no ar,
em função dos amostradores utilizados nem sempre serem os mais adequados para a forma
em que as substâncias se apresentam (névoa, poeira, gás ou vapor), há consenso de que a
forma de avaliação da exposição inalatória reproduz com razoável precisão a exposição real
dos trabalhadores (CNA, 2006).
60
c
Figura 5. Bomba de ar; pads nos pés (Kotaka, 2005) e luvas absorventes (Machado Neto
1997).
2.8.2.8. Biomonitoramento (dose interna)
Fenske e Day Júnior (2005) relatam que o biomonitoramento ou monitoramento
biológico, mensura o pesticida absorvido pelo corpo humano, que não pode ser mensurado
pelos métodos de monitoramento passivo.
O contato com substâncias químicas também pode ser estimado após a exposição já ter
ocorrido, principalmente se a dose potencial for conhecida, ou puder ser reconstruída com
auxílio de informações sobre as taxas de ingresso e absorção. A reconstrução da dose
potencial depende da mensuração de indicadores internos, após a exposição. Todavia, a
utilização dos níveis dos indicadores ou biomarcadores poderá ocorrer somente se a relação
entre estes níveis e a dose interna haver sido estabelecida, sendo ou não consideradas as
reações de interferência metabólicas não relacionadas (WHO, 1999).
c
b
a
a
61
Chester (1993) relata que o biomonitoramento é recomendado como o mais preciso
meio de estimar a absorção do pesticida.
Os métodos diagnósticos que se baseiam na utilização de indicadores de dose interna
determinam a concentração da substância química e/ou metabólito(s) presentes em matrizes
biológicas, tais como, sangue, urina ou tecidos. As técnicas mais difundidas de quantificação
destes indicadores são a cromatografia em fase gasosa ou em fase líquida de alta performance
com o auxílio de vários detectores (MUKHERJEE e GOPAL, 1996; BIZIUK et al., 1996
citados por PERES et al., 2005). Estas técnicas apresentam alta sensibilidade, produzem
resultados exatos e possibilitam a avaliação da relação entre o pesticida em sua forma original
e seus (sub) produtos – fato este que possibilita estudar o processo metabólico que esta
substância sofre no organismo. As análises cromatográficas geralmente requerem o uso de
equipamentos caros, etapas preliminares de extração, mas têm a vantagem de poderem ser
utilizadas na determinação de todos os tipos de pesticidas e na determinação quali e
quantitativa de diversas substâncias, simultaneamente em uma mesma amostra. Outras
técnicas analíticas tais como a espectrofotometria de absorção atômica, a voltametria e os
imunoensaios podem também ser utilizadas com o objetivo de determinar a concentração de
um agente tóxico no organismo. Todas elas possuem características e limitações próprias, mas
a principal limitação relacionada ao uso destas metodologias em um país como o Brasil é de
ordem econômica (PERES et al., 2005).
Por outro lado Reinert et al. (1986) citado por Machado Neto (1997) afirmam que o
monitoramento biológico não contribui para o conhecimento das rotas inalatórias e dérmicas e
a exposição dérmica das diferentes áreas do corpo na exposição total. Ressaltam ainda que o
conhecimento da exposição nas vias dérmica e respiratória dos trabalhadores com os
pesticidas é extremamente importante para avaliação e recomendação de medidas de controle
da exposição.
62
2.8.3. Tempo de duração da amostragem
Muitos estudos de exposição incluídos em bancos de dados genéricos, são de curta
duração. Por exemplo o guia da USEPA de 1987, requer que o tempo da amostra deva ser
suficiente para que se possa analisar os níveis de resíduo, resultando em amostragens de 10 a
20 minutos (FENSKE e DAY JÚNIOR, 2005). Guias mais recentes dão ênfase na necessidade
de aumentar os períodos de amostragens (CHESTER, 1995; OECD, 1997).
2.8.4. Cálculos de Segurança do Trabalho com Pesticidas
A segurança no trabalho é um conjunto de medidas e ações aplicadas para prevenir
acidentes, ou risco, nas atividades das empresas (ZOCCHIO, 1992, citado por MACHADO
NETO, 1997). A segurança ao contrário do risco, é representada pela probabilidade de não
ocorrência de lesões pela exposição ocupacional em condições específicas. No trabalho, com
um produto tóxico em uma condição com pequena exposição, o risco de intoxicação pode ser
menor em relação à outra condição com alta exposição a um produto pouco tóxico
(BONSALL, 1985).
Segundo a CNA (2006) a primeira indicação de um órgão de referência mundial sobre
a determinação da dose tóxica para pesticidas foi publicada no protocolo da Organização
Mundial de Saúde em 1975 (WHO, 1975) que na verdade era uma adaptação dos estudos de
Durhan e Wolfe de 1962, pesquisadores do Serviço Público de Saúde Americano, pioneiros
neste tipo de estudos, juntamente com Batchelor e Walker em 1954 (FENSKE e DAY
JÚNIOR, 2005). O protocolo de 1975 da Organização Mundial de Saúde foi revisado em
1982 (WHO, 1982) e manteve basicamente as mesmas regras, ampliando a metodologia de
63
monitoramento da exposição dérmica para uma série de substâncias. Neste novo protocolo no
item 5.4, está estabelecido que: “uma vez que a rota de absorção respiratória não é
significante na maioria dos padrões sobre aplicação de pesticidas, a quantificação da
exposição respiratória não é necessária”. Isto é baseado no fato que a exposição respiratória
normalmente não excede 1% da exposição dérmica, exceto para os casos de fumigantes
gasosos aplicados em locais confinados”. Turnbull et al. (1985), Al-Saleh (1994) e Fenske e
Day (2005) afirmam que a contaminação da pele é habitualmente muito maior que a
contaminação respiratória. Machera et al. (2002) ao estudarem o potencial de contaminação
dérmica e respiratória do uso de malationa em tomates cultivados em estufa, com a aplicação
sendo feita por pulverizador costal manual observou que exposição respiratória foi de 0,03%,
quando comparada a dérmica.
Nilsson et al. (1996) estudaram as concentrações no ar em estufas de dois fungicidas
(vinclozolina e triadimefona) e relataram que a concentração no ar cai rapidamente após a
pulverização. Porém os resíduos nas superfícies das folhas permaneceram por um longo
tempo, sendo que 7 dias após a aplicação ainda existia 50% do valor primário encontrado.
Segundo Daldin e Santiago (2003) o potencial de intoxicação pela via dérmica é 49,9
vezes maior que pela via respiratória durante a pulverização. Tapir (1998) afirma que a
intoxicação respiratória geralmente ocorre devido à exposição prolongada em estufas e em
locais de armazenamento mal ventilados e em situações similares.
64
2.8.4.1. Margem de Segurança
Para classificar a segurança das condições de trabalho com pesticidas, em segura ou
insegura, estima-se a margem de segurança (MS) com a seguinte fórmula, proposta por
SEVERN (1984) utilizada por MACHADO NETO (1997):
MS = NOEL X 70
QAE x 10
Onde:
- NOEL é o valor baseado na quantidade de ingrediente ativo da substância que, após repetido
contato com animais de estudo, não produz efeitos adversos observáveis. Este valor é
expresso em miligramas do ingrediente ativo por quilo de peso por dia (mg/kg/dia) e é
denominado em inglês, de “NOEL”, “NAEL” ou “NOAEL”, o que significa, respectivamente:
No-Observed Effect Level”; “No-Adverse Effect Level”; “No-Observed Adverse Effect
Level”. Em tradução livre, estes termos significam: “Nível de exposição onde não são
observados efeitos adversos à saúde”. Por ser o mais comum, o termo normalmente utilizado
é o “NOEL” (CNA, 2006).
- o número 70 multiplicando o valor do NOEL representa o peso corpóreo médio (kg) do
trabalhador exposto ao produto.
- o QAE (quantidade absorvível da exposição) expressa em mg/dia, utilizada na fórmula é
calculada através das exposições que ocorrem nas vias dérmica e respiratória. Na via dérmica,
se não há disponibilidade do valor de absorção dérmica de determinado produto, a quantidade
absorvível pode ser considerada como 10% da exposição dérmica avaliada (SMITH, 1984).
Na via respiratória, considera-se que a quantidade absorvível é de 100% da exposição
65
respiratória avaliada, pois a absorção do pesticida que chega nos pulmões é rápida e completa
(DURHAM e WOLFE, 1962). Porém, se a exposição respiratória não foi avaliada, a
quantidade absorvível na via respiratória pode ser substituída por 1% da exposição dérmica
avaliada.
Assim, a quantidade absorvível da exposição (QAE) nas vias dérmica e respiratória
pode ser estimada como:
QAE = 0,11 x Exposição dérmica
A margem de segurança, também pode ser calculada utilizando um fator de segurança
(FS) multiplicando a quantidade absorvível, para compensar a extrapolação dos dados
toxicológicos obtidos em animais de laboratório (NOEL) para o homem. Os valores de FS
encontrados na literatura são 10, 25 e 100 (FRANKLIN et al.; 1982, KIECKZA, 1993,
BROUWER et al., 1990, citados por MACHADO NETO, 1997).
Com estas substituições a MS pode ser estimada com a seguinte fórmula:
MS = NOEL X 70
0,11 X ED X FS
O critério utilizado para a classificação da segurança das condições de trabalho em
função do valor de MS é o seguinte:
- Se MS 1 a condição de trabalho pode ser considerada segura, isto é, a exposição tolerável
e o risco aceitável;
- Se MS 1 a condição de trabalho pode ser considerada insegura, a exposição intolerável e o
risco inaceitável.
66
2.8.4.2. Porcentagem de dose tóxica
Os riscos de intoxicação com pesticidas podem ser estimados através da fórmula
proposta pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1982) citado pela CNA (2006):
% DT = ED + (ER x 10) x 100
DL
50
x 70
Onde:
% dose tóxica = porcentagem da dose tóxica por hora ou dia (dependendo da unidade
escolhida abaixo);
ED = Exposição dérmica, em miligrama por hora ou dia (mg/h ou mg/dia);
ER = Exposição respiratória, em miligrama por hora ou dia (mg/h ou mg/dia);
10 = constante;
DL
50
(rato) = dose letal dérmica da substância para ratos, em miligrama por quilo de peso
(mg/kg);
70 = peso padrão de um adulto masculino.
Como o protocolo de 1982 da WHO admite a possibilidade de a exposição
respiratória não ser avaliada e sendo esta via considerada como igual a 10% da exposição
dérmica, quando apenas esta é avaliada, a fórmula anterior fica modificada para o seguinte:
% DT = ED + (10% ED) x 100
DL
50
x 70
67
2.8.4.3. Tempo de trabalho seguro
A partir do início da exposição até o trabalhador ficar exposto à dosagem equivalente
ao limite de tolerância de exposição há um intervalo de tempo que pode ser denominado de
tempo de trabalho seguro (TTS). A limitação do tempo de trabalho ao TTS constitui-se em
medida de segurança coletiva que pode ser aplicada a qualquer condição de trabalho
(MACHADO NETO, 1997).
O TTS é calculado da seguinte forma:
TTS = MS x tee
Onde:
- tee é o tempo de exposição efetiva em horas;
- TTS é o tempo de trabalho seguro, expresso em horas de exposição segura (h), para
aplicadores de pesticidas.
2.8.4.4. Exposição dérmica tolerável
LUNDEHN (1992) citado pela CNA (2006) determinou a dose tolerável para
exposição dérmica, inalatória e total dentro de critérios que podem ser considerados válidos,
até que um protocolo formal seja publicado. Segue o cálculo da exposição dérmica:
D
tol
= NOEL
D
x 70 = mg/dia
25
68
Onde:
D
tol
= Dose tolerável dérmica, em miligrama do ingrediente ativo por dia;
NOEL
D
= Dose dérmica máxima na qual não foram observados efeitos adversos nos animais
estudados, em miligramas de ingrediente ativo por quilo de peso por dia (mg/kg/dia);
70 = Peso médio de um adulto masculino, em quilos;
25 = Fator de segurança.
A pele é uma poderosa barreira à penetração da maioria das substâncias e que,
portanto, apenas parte do contaminante depositado na pele será absorvido, assim Lundehn
(1992) citado pela CNA (2006) propõe que a dose tolerável dérmica seja ajustada, em função
do fator de absorção do ingrediente ativo pela pele, conforme fórmula a seguir:
D
tol
= NOEL
D
x 70 = mg/dia
25 x AF
onde:
D
tol
= Dose tolerável dérmica, em miligrama do ingrediente ativo por dia;
NOEL
D
= Dose dérmica máxima na qual não foram observados efeitos adversos nos animais
estudados, em miligramas de ingrediente ativo por quilo de peso por dia (mg/kg/dia);
70 = Peso médio de um adulto masculino, em quilos;
AF = Fator de absorção da substância pela pele, em porcentagem;
25 = Fator de segurança.
69
2.9. Avaliação da Exposição após a Aplicação de Pesticidas
A exposição dérmica é determinada em função das tarefas que os trabalhadores
executam. Muitos estudos mostram que as exposições variam com a tarefa realizada. As
diferenças entre as tarefas, torna a avaliação da exposição dérmica difícil em função do multi-
cenário possível (MARQUART et al., 2003). Essa dificuldade na condução de estudos de
intervalo de reentrada foi citada por Knaak et al. (1980) e Ware et al. (1973).
Trabalhos pioneiros que buscaram identificar o risco de intoxicação durante a
reentrada em áreas pulverizadas foram citados por Guthrie et al. (1974). Segundo estes
autores na Costa Oeste americana, trabalhos em pomares foram desenvolvidos por Quinby e
Lemmon (1958), Arterberry et al. (1961), Durham e Wolfe (1962), Milby et al. (1964), Baily
et al. (1972) e Wolfe et al. (1974). Na cultura do algodão, os primeiros trabalhos norte-
americanos foram com Quinby et al. (1958), Nemec et al. (1968), El-Rafai et al. (1971),
Smith e Wiseman (1971) e Ware et al. (1973) e na cultura do tabaco, Lieben e Walker (1953),
Schaefer e Vance (1953) e Guthrie et al. (1972)
Em função da exigência do Departamento de Agricultura da Califórnia para
determinar o intervalo de reentrada em pomares e vinhedos do estado, Knaak (1978) citado
por Knaak et. al. (1980) propôs que níveis seguros de pesticidas, em µg/cm² nas superfícies
das folhas, fossem estabelecidos, para permitir que produtores e agências governamentais
determinassem o período seguro de reentrada nos pomares e vinhedos.
Knaak et al. (1980) conduziram ensaios em laboratório com ratos, para determinarem
os níveis seguros de organofosforados em folhas. Os estudos avaliaram as curvas de resposta
da interação colinesterase x exposição dérmica para determinar o nível seguro de resíduos nas
folhas das plantas. Os autores argumentam que em função de questões éticas e um número
limitado de pesquisadores conduzindo estudos de reentrada sugerem uma nova abordagem
70
para determinar intervalos de reentrada. Salientam que o desenvolvimento de níveis seguros
de resíduos em folhagens usando dados de dose-resposta dérmica em ratos, estendem o
conhecimento obtido com os limitados trabalhos de campo existentes, podendo ser
aproveitados para outras situações em campo.
Guthrie et al. (1974) afirmam que este tipo de teste resulta em informações
preliminares para uma aproximação inicial do intervalo de reentrada sem envolver humanos.
Segundo os autores envolver humanos em estudos de reentrada apresenta complicações
inerentes, como a obtenção do consentimento do voluntário, a necessidade de supervisão
médica, propaganda adversa contra este tipo de pesquisa e questões éticas. Conseqüentemente
a análise do risco se reserva a episódios mais críticos de exposição na reentrada, como os
colhedores de laranjas na California, de maçãs em Washington e os amostradores na cultura
do algodão. Estudos com ratos em laboratório não simulam de forma direta o trabalho vivo
em ato, mas oferecem possibilidades adicionais de exposição que podem não ocorrer em
estudos de campo.
De acordo com Trevisan (2002) os fatores que influem na exposição do trabalhador
que participa da colheita, ou que adentra pela cultura após a aplicação do pesticida, são: o tipo
de cultura, o tipo de atividade, o grau de contato, os resíduos e as quantidades (declínio,
degradação), a habilidade do resíduo em se deslocar. Ware et al. (1973) ainda cita fatores
como freqüência e dosagem do pesticida, condições climáticas, penetração na pele do resíduo
e a proteção das roupas e proteção respiratória. Bailey (1972) citado por Ware et al. (1973)
sugere que a combinação do uso de pesticidas também seja levada em consideração como
critério para estabelecer intervalos de reentrada.
O cálculo da estimativa da dose/nível de exposição média diária é realizada apenas
para a exposição pela via dérmica, uma vez que o pesticida já foi aplicado e o contato é com o
residual encontrado na planta ou no solo. Desta forma, são considerados para o cálculo da
71
estimativa da exposição: o fator de transferência, a quantidade de resíduo do pesticida e a
duração da exposição. Ainda segundo a autora, o fator de transferência é derivado de estudos
de monitoramento com trabalhadores envolvidos em atividades pós-aplicação, podendo
também ser obtido de dados genéricos, quando disponíveis. A quantidade de resíduo nas
plantas é obtida nos estudos disponíveis sobre resíduos ou é estimada. O fator de transferência
é baseado na atividade do trabalhador e não é específico da substância química, enquanto que
a quantidade de resíduo é específico da substância química, por exemplo, dependente da
degradação ou da dissipação da mesma no meio. A duração da exposição é o período de
tempo em que uma pessoa está comprometida com uma atividade que envolve o contato com
o pesticida (TREVISAN, 2002).
Kissel e Fenske (2000) relataram que o manual de avaliação de exposição após
aplicação de pesticidas foi originalmente descrito em 1984 pelo EPA. O sucessor deste
documento é a série 875, grupo B do EPA denominada Postapplication Exposure Monitoring
Test Guidelines ou “Guia de teste para monitoramento de exposição pós aplicação”. A
regulação desse protocolo se baseia em dados de resíduos foliares deslocáveis, coeficientes de
transferência da folhagem para a pele do homem, e duração da atividade para estimar a
exposição, assim as causas da absorção dérmica tem sido usadas para estimar o resíduo
ocupacional. Entretanto, os experimentos que proporcionaram os fatores de absorção são
derivados de exposições constantes ou quase constantes que nem sempre assumem as
verdadeiras condições de trabalho no campo, podendo levar a interpretações inconsistentes e
questionamentos nos resíduos estimados.
A avaliação da exposição e do risco do trabalhador na reentrada em área tratada não
está incluída na harmonização proposta pela OECD, pois ainda são poucos os estudos de
quantificação desta exposição e muitos se encontram em processo de validação (EPA, 1996;
OECD, 1997). Curry e Iyengar (1992) alertam para a necessidade de se determinar a
72
exposição de pesticidas durante a reentrada em áreas tratadas para desenvolver diretrizes para
estudos posteriores.
Um grupo de estudos foi formado nos E.U.A, conhecido como Agricultural reentry
task force (ARTF), para o desenvolvimento de um banco de dados genéricos, que possua
dados de fatores de transferências para atividades diversificadas, para ser utilizado na
avaliação da exposição de trabalhadores quando da reentrada nas áreas tratadas por pesticidas.
Estes estudos estão sendo conduzidos com base nos protocolos de estudos elaborados para
quantificação da exposição dérmica e inalatória, de forma conjunta com a amostragem do
deslocamento de resíduo foliar (EPA, 1996; ARTF, 2000).
Os fatores que afetam a exposição como já visto são o tipo de cultura, a taxa de
trabalho de colhedores (relacionado a quantidade de contato com a planta), método de
trabalho, dose aplicada e condições climáticas (NIGG e STAMPER, 1989, HEMMEN, 1993).
Nigg et al. (1979) estudaram resíduos de parationa na superfície de folhas, frutos e
solo, e no ar em laranja “Valencia” na Flórida. Os autores sugerem que as superfícies de
folhas e solo podem ser suficientes para avaliar níveis de resíduos de pesticidas para proteção
de trabalhadores, em condições de reentrada na cultura da laranja.
Segundo Nigg et al. (1984) as partículas aderidas na folha tem sido críticas para o
transporte do pesticida da superfície foliar para o trabalhador, e destacam que diferenças no
ambiente podem diferir regionalmente a exposição do trabalhador no campo.
De acordo com Brouwer et al. (1990) a exposição dérmica durante a colheita de cravos
depende da quantidade de pesticida presente na parte externa das folhas (resíduo deslocável),
e que mais de 65% da variação da exposição dérmica pode ser atribuída a esses resíduos.
Esses autores relatam que não há influência em relação ao tipo de pesticida e método de
aplicação.
73
Um grupo de colhedores de morango foi monitorado por Zweig et al. (1985) para
exposição dérmica a carbaril e níveis de resíduos foliares deslocáveis. Os autores relataram
que o principal local de exposição são as mãos e os braços. Evaristo (1994) estudou o
comportamento de resíduos deslocáveis de metamidofós em folhas, frutos e solo em cultura
estaqueada de tomate, concluindo que os resíduos nos solos são mais persistentes que nas
folhas e que os resíduos deslocáveis tem degradação muito rápida.
Ware et al. (1974) citam que o trabalho de Ware et al. (1973) foi útil para mostrar o
possível potencial de contaminação do organofosforado parationa nas roupas e pele do
amostrador de pragas americano. O estudo se baseou na exposição humana durante 30
minutos aos 0, 12, 24, 48 e 72 horas após a aplicação do inseticida, sendo os dados
extrapolados para um dia de trabalho. Como a cultura do algodão no EUA na década de 70
diminuía o uso do DDT e aumentava o uso de parationa e havia a expansão dos programas de
Manejo Integrado de Pragas na cultura, envolvendo o aumento do uso de amostradores de
pragas e em função da conhecida carência de estudos sobre o assunto, estes autores, fizeram
um novo experimento. Usando voluntários que realizaram o monitoramento durante 5 horas
seguidas após 24h da pulverização com 3 inseticidas organofosforados. Além da análise das
roupas também foi realizado o biomonitoramento. Todas as reentradas foram completadas
sem sintomas ou indicações de intoxicação pelos organofosforados. Apesar do
organofosforado monocrotofós ter produzido uma queda nos valores de colinesterase nos
glóbulos vermelhos, os valores ainda se encontravam dentro da normalidade.
Ware et al. (1975) em experimento semelhante ao anterior avaliaram a exposição
ocupacional de cinco voluntários que entraram em áreas pulverizadas com parationa-metílica,
parationa-etílica e monocrotofós durante 5h, aos 12h, 24 e 48h e 72h respectivamente. Os
autores relataram que os resíduos foliares de parationa-metílica desapareceram rapidamente,
ao contrário do monocrotofós. A exposição ocupacional aos pesticidas avaliou a
74
contaminação da pele, roupas, ar do ambiente, enquanto que a absorção os pesticidas foi
avaliada pela sua concentração no sangue, excreção de metabólitos pela urina, e efeito nas
atividades da colinesterase no sangue. Foi encontrando uma correspondência entre as
magnitudes dos resíduos foliares, estimativas de contaminação ocupacional e absorção pelo
corpo dos pesticidas. As exposições de campo não causaram sintomas/sinais clínicos de
intoxicação por organofosforados e a depressão das atividades da colinesterase no sangue não
diminui mais do que 14% quando comparados aos níveis pré reentrada. Os autores concluem
também que a exposição respiratória não é uma rota significante de absorção, em ensaios de
reentrada em campo em função das quantias muito pequenas de toxicantes presente no ar,
sendo a penetração dérmica a principal rota de absorção dos inseticidas nesta situação de
trabalho.
Bailey citado por Ware et al. (1973) afirma que essencialmente o intervalo de
reentrada deve ser longo o suficiente para garantir a segurança do trabalho e curto o bastante
para sustentar as práticas agrícolas essenciais.
75
3. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa constou de uma parte campo a qual foi conduzida na Fazenda de Ensino,
Pesquisa e extensão da Unesp, campus de Ilha Solteira e de uma parte de análises
laboratoriais que foi realizada no Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas da
Esalq/USP, em Piracicaba/SP.
3.1. Parte de campo
O ensaio foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e extensão da Unesp, campus
de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria/MS. Para tanto foi instalada uma lavoura
de algodão em área irrigável no mês de setembro/06, utilizando a cultivar DeltaOpal, semeada
em espaçamento de 0,9m, com densidade de 12 plantas/metro. A cultura foi conduzida
conforme padrões de tecnologia adotados na região de Cerrado, não sendo utilizado pesticidas
do grupo químico piretróide, quando necessário intervenção fitossanitária na lavoura. Aos 105
dias de idade da lavoura uma área medindo 40 m de comprimento por 9 m de largura,
totalizando 360 m
2
, foi demarcada com estacas de madeira. As plantas de algodão estavam
com altura variando entre 1,50 a 1,70m, ramos fechando as entrelinhas e maçãs verdes.
Segundo a escala proposta por Marur e Ruano (2004), a cultura estava no momento
fenológico FC, o que significa o período entre a última flor e o primeiro capulho. A aplicação
da deltametrina foi realizada com um pulverizador costal propelido por CO
2
dotado de uma
barra com 6 pontas TXVK-8, volume de calda de 250 L/ha, utilizando a maior dosagem do
inseticida comercial Decis 25 CE registrado para a cultura, que é de 400 ml.p.c/ha e/ou 10
g.i.a/ha (AGROFIT, 2004). O equipamento de uso experimental simulou a aplicação
tratorizada. A aplicação iniciou-se às 13h do dia 10 de janeiro, com temperatura do ar de
30ºC, umidade relativa de 68%, velocidade máxima do vento de 3km/h e nebulosidade
parcial.
76
3.1.1. Avaliação da exposição na reentrada da área pulverizada
O monitoramento da exposição dérmica, na reentrada, após a pulverização,
neste estudo, adotou como abordagem direta a dosimetria pelo método do corpo total (Whole
body Method) usando camisa de manga longa e calça como dosímetros para quantificação do
resíduo do pesticida. A exposição das mãos foi quantificada, pelo método de luvas
absorventes (Machado Neto, 1997) confeccionadas em algodão cru e calçadas sob luvas
protetoras de nitrila. Toda a roupa e luvas (figura 7) usadas por cada amostrador, serviram
como dosímetros para a quantificação da exposição dérmica dos amostradores aos resíduos
deslocáveis (KOTAKA 2005, WHO 1982, CHESTER 1993, MACHERA, 2002). A
exposição dérmica para as partes do corpo correspondentes aos pés, cabeça e pescoço, não
foram avaliadas devido a pouco importância dessas regiões na exposição dérmica na reentrada
na cultura.
Os dosímetros (roupas) utilizados pelos amostradores, durante a realização do ensaio,
foram confeccionadas em algodão tipo cru sem nenhum tipo de tratamento, e consistiram de:
camisa de manga compridas; tipo japona de decote arredondado e fecho de velcro; calças
compridas e um par de luvas. As roupas foram pré-lavadas em máquina de lavar convencional
sem detergente (Machera 2002). Depois de 3 minutos após as aplicações uma equipe formada
por 4 pessoas (repetições) com altura média de 1,78m de altura vestiram um conjunto de
roupas, entrando na área tratada e permaneceram na mesma por 30 minutos exatos,
caminhando e abrindo brácteas dos botões florais, observando as folhas do terço superior e
capulhos na parte mediana/inferior das plantas de forma aleatória, a fim de simular a
amostragem (figura 7) das principais pragas do algodão neste estádio fenológico. As entradas
e saídas da área pulverizada eram sempre realizadas pela bordadura da área afim de evitar o
trânsito de amostradores em área não tratada e que poderia influenciar negativamente na
estimativa da exposição (figura 6). Após o término de cada amostragem, as roupas foram
77
seccionadas no próprio campo, obedecendo ao esquema pré-estabelecido na figura 5. Os
amostradores caminharam para uma área que teve o solo coberto por uma lona plástica,
tiravam os sapatos cuidadosamente e, com a ajuda de outra pessoa que usava luvas
descartáveis de látex, retiravam as roupas e luvas que eram colocadas em cima de mesas
portáteis cobertas por plástico de origem não reciclada até o momento que eram recortadas,
embaladas e etiquetadas, o que demandou a necessidade de um número grande de pessoas de
apoio, além dos amostradores e da equipe de aplicação.
Toda parte seccionada foi rotulada e acondicionada em separado em sacos plásticos de
polietileno não reciclado, identificando as amostras coletadas de cada simulação.
Posteriormente as amostras foram armazenadas sob refrigeração a -18ºC (Machera, 2002).
Com os dosímetros secionados, se obteve dados isolados da exposição dérmica em 7 regiões
do corpo, o que possibilitou a análise isolada dessas regiões.
O mesmo procedimento foi repetido com novas roupas à 1h, 5h, 24h (1 dia), 72h (3
dias) e 168h (7 dias) após a aplicação. Foram gastos um total de 24 conjuntos de dosímetros.
Após o término das coletas, as amostras foram acondicionadas em caixas de isopor contendo
gelo seco e transportadas por rodovia ao Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas da
Esalq/USP, em Piracicaba/SP.
78
Figura 5. Esquema dos locais da roupa que foram seccionadas e analisadas: 1-Peitoral; 2-
Costas; 3-Coxas frente/trás + glúteos; 4-pernas frente/trás; 5-luvas; 6-antebraços
frente/trás; 7-Braços frente/trás.
Afim de respeitar o intervalo de reentrada estabelecido pelo Ministério da Saúde do
produto Decis 25 CE que é de 24h (BAYERCROPSCIENCE, 2006), todos os amostradores
usaram por baixo do dosímetro (camisa, calça e luvas) um equipamento de proteção
individual (E.P.I), constituído de calça, camisa, boné árabe, máscara, luvas de látex com
tratamento a base de nitrila, máscara e botas de PVC, nas reentradas que estavam dentro do
período compreendido como necessário o uso do equipamento. O E.P.I possuía certificado de
aprovação (C.A) pelo Ministério do trabalho.
FRENTE ATRÁS
79
Figura 6. Esquema da reentrada dos amostradores na área pulverizada.
Figura 7. Amostrador vestido com os dosímetros (a), luva absorvente (b) e amostragem de
pragas durante a reentrada (c).
a b c
a b c
área não
pulverizada
80
3.2. Análise do Resíduo em Laboratório
O método analítico foi adaptado de literatura internacional. O laboratório de análise de
Pesticidas da ESALQ/USP atende a legislação brasileira para a realização de estudos de
resíduos de pesticidas sendo acreditado por Órgãos oficiais de acreditação, segundo as Boas
Práticas de Laboratório (BPL).
3.2.1. Método de análise de deltametrina em tecidos confeccionados com fibra vegetal
3.2.1.1. Preparação das soluções padrão:
Inicialmente foi preparada solução estoque de deltametrina em acetona. Para tanto, o
padrão analítico do pesticida foi solubilizado no referido solvente, de modo a fornecer a
concentração exata de 1 mg.mL
-1
(sobreescrito) (solução estoque). As soluções padrão para
estudos de fortificação e injeções no sistema cromatógrafo GC/ECD foram preparados a partir
da solução estoque com diluições feitas em ciclohexano / acetato de etila (1:1).
3.2.1.2. Validação do método analítico
Para os estudos de fortificação/recuperação (validação do método) as amostras
(resíduos presentes em tecido de algodão cru) foram fortificadas, juntando-se 1 mL das
soluções de concentrações apropriadas, obtidas por diluições sucessivas em ciclohexa/acetato
de etila, a partir de solução estoque, onde partes de tecido de algodão cru foram fortificados a
fim de se obter concentrações de 1,6 e 16 µg/m
2
com 5 e 4 repetições, respectivamente.
81
3.2.1.3. Princípio do método:
O método analítico, adaptado de Nilsson e Papantoni (1996), consiste na extração dos
resíduos de deltametrina com acetato de etila; a limpeza do extrato é feita por cromatografia
de permeação em gel (GPC), sendo a eluição procedida com uma mistura de ciclohexano +
acetato de etila. A determinação quantitativa é feita por técnica de cromatografia em fase
gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com detector de captura de elétrons (GC/ECD).
3.2.1.4. Aparelhos/Equipamentos:
cromatógrafo de gás, HP, modelo 6890, equipado com detector de captura de elétrons e
sistema de injeção automático;
chemstation, HP, modelo Kayak XA, software G2070AA;
coluna cromatográfica megabore, HP-5MS, 30 m comprimento, diâmetro 0,25 mm e 0,25
μm espessura do filme;
evaporador TurboVap LV, Zymark, modelo LV;
colunas (duas, ligadas em série) PLGel, para cromatografia de permeação em gel, 300 x 7,5
mm φ;
coletor de frações, Gilson, modelo 215 para cromatografia de permeação em gel;
centrífuga, Revan, modelo Ciclo C-I;
agitador/homogeneizador Minishaker, modelo MS1;
balança analítica, Mettler, modelo H10;
balança analítica, Sartorius, modelo Basic;
dispenser EM, Hirschmann 5-30;
pipetador de graduação regulável Pipetman, Gilson P 10 mL;
ultra-som, Mini-som.
82
3.2.1.5. Solventes/Reagentes:
acetato de etila, for chromatography, Merck;
ciclohexano, for chromatography, Merck;
acetona, P.A.- A.C.S., Merck, destilada em destilador de vidro;
sílica-gel, dessecante azul;
padrão analítico de deltametrina;
3.2.1.6.Vidrarias e outros materiais:
micro-seringa, 10 μl, Hamilton;
frascos de vidro com tampa rosqueável de 1000 mL;
manifold, 6 bicos;
provetas graduadas, 25, 50 e 100 mL;
pipetas graduadas, 1, 5 e 10 mL;
erlenmayers, 250 mL, Corning/Pyrex 5020;
beakers, 150 mL, Corning/Pyrex 1000;
tubos de centrífuga, graduado, 15 mL, Corning/Pyrex 8080;
tubos de centrífuga, polipropileno, 50 mL, Corning 25330-50;
seringas hipodérmicas plásticas, 5 mL, B-D;
filtros de membrana Millipore 0,20μ (Millex FG)
vials, vidro, 1,5 mL, próprios para uso no carroussel do injetor automático;
filtro de sílica-gel;
espátulas.
3.2.1.7. Marcha analítica para deltametrina
83
A. Extração:
A.01. Colocar a parte da roupa a ser analisada em um frasco de 1000 mL, juntar 500 mL de
acetato de etila, agitar em mesa agitadora por 1 hora e em seguida em banho ultra-
sônico por mais 1 hora.
A.02. Juntar 5 g de Celite 545 ao tubo, agitar com um bastão de vidro e filtrar em funil de
Büchner, forrado ao fundo com papel de filtro, para um kitazato, com auxílio de
vácuo.
A.03. Tomar alíquota de 250 mL e transferir para um tubo de 300 mL.
B. Limpeza
B.01. Evaporar/concentrar, em aparelho Turbo Vap-II em banho a 40ºC, até secar;
B.02. Ressuspender o extrato com 4 mL de uma mistura de acetato de etila + ciclohexano
(1/1,v/v), lavando muito bem as paredes internas do tubo; agitar em Minishaker por
cerca de 1 minuto e deixar em ultra-som por 1 minuto;
B.03. Filtrar o extrato em membrana Millipore com auxílio de uma seringa hipodérmica de 5
mL, transferindo o extrato para vials próprios de uso no injetor/coletor de frações
automático Gilson, ajustado para injeção de exatos 500 μL;
B.04. Operar o equipamento com fase móvel de mistura de ciclohexano + acetato de etila
(1/1, v/v), com fluxo de 1 mL/min, descartando os eluatos durante os primeiros 13,5
minutos e coletando-se a fração em eluição nos 2,5 minutos subseqüentes, em tubo de
centrífuga de 15 mL.
C. Determinação quantitativa:
C.01. Evaporar o extrato contido no tubo de centrífuga em TurboVap LV sob leve corrente de
N
2
a 40
o
C, até secar.
C.02. Ressuspender os resíduos provenientes de C.01, em 0,5 mL de ciclohexano + acetato de
etila (1/1, v/v) e deixar em ultra-som por 1 minuto.
84
C.03. Transferir para vials próprios para uso no injetor automático. Injetar alíquotas no
cromatógrafo, em programação de temperatura, modo “splitless”.
D. Cálculo dos resíduos:
Os resíduos foram calculados dividindo-se a massa do analito em ng, obtida diretamente
da curva de calibração, previamente traçada, pela massa injetada da amostra em mg. Assim:
ppm = mg/kg = ma/Ma, onde:
ma = massa do analito na amostra, em ng, obtida diretamente da curva de
calibração por processamento do workstation;
Ma = área injetada da amostra, em m
2
.
3.3. Cálculos de Segurança
Na tabela 3, estão apresentados os valores da DL
50
dérmica para rato e o NOEL
dérmico e oral para ratos. Os fatores de segurança utilizados em algumas fórmulas variam de
acordo com a literatura. Segundo Machado Neto (1997) autores americanos utilizam um fator
de segurança 100, sendo 10, devido à sensibilidade intraespecífica, multiplicado por 10,
devido à incerteza interespecífica. Ainda segundo o autor, na Europa o alemão Kieczka
(1993) utiliza fator 25 e os holandeses Brouwer et al. (1990) e Van Hemmen et al. (1992) o
fator 10.
85
3.3.1. Estimativa da Margem de Segurança
As margens de segurança (MS) nas reentradas após a pulverização foram estimadas
através da fórmula proposta por Severn (1984) e utilizada por Machado Neto (1997)
apresentada a seguir:
MS = NOEL X 70
QAE x 10
Onde:
- NOEL é o nível de efeito não observável (mg/kg/dia);
- O número 70 é o peso corpóreo considerado para um trabalhador (kg);
- QAE é a quantidade absorvível das exposições avaliadas nas vias dérmicas e respiratória em
cada condição de trabalho (mg/dia). A absorção na via dérmica foi considerada como 10% da
exposição dérmica e a absorção na via respiratória, foi considerada como 1% da exposição
dérmica avaliada (WHO, 1982).
- O número 10 multiplicando a QAE é o fator de segurança, utilizado para compensar a
extrapolação dos dados toxicológicos obtidos em animais de laboratório para o homem
(BROUWER et al., 1990 citado por MACHADO NETO, 1997).
86
3.3.2. Estimativa do Risco de Intoxicação
O risco de intoxicação ocupacional dos amostradores foi estimado através da fórmula
proposta pela WHO (1975):
% DT = 1,1 x ED x 100
DL
50
x 70
Onde:
- DT é a dose tóxica, obtida através da multiplicação do valor da DL
50
(mg/kg) pelo peso
corpóreo do trabalhador exposto (70 kg);
- ED é a exposição dérmica, estimada em um dia de atividade (mg/dia);
- DL
50
é a dose letal 50%, estimada na via dérmica para rato albino macho, em condições de
laboratório (mg/dia).
Nesta fórmula, a exposição respiratória foi substituída por 10% da exposição dérmica
avaliada, de acordo com o documento da OMS (WHO, 1975).
3.3.3. Estimativa da Dose Tolerável Dérmica
Está apresentada a seguir:
D
tol
= NOEL
D
x 70 = mg/dia
25 x AF
onde:
87
D
tol
= Dose tolerável dérmica, em miligrama do ingrediente ativo por dia;
NOEL
D
= Dose dérmica máxima na qual não foram observados efeitos adversos nos animais
estudados, em miligramas de ingrediente ativo por quilo de peso por dia (mg/kg/dia);
70 = Peso médio de um adulto masculino, em quilos;
AF = Fator de absorção da substância pela pele, em porcentagem.
25 = Fator de segurança.
3.3.4. Estimativa do Tempo de Trabalho Seguro
O cálculo de trabalho seguro (TTS) considerou o seguinte, conforme descrito por
Machado Neto (1997):
Sejam:
QAE x 10 = quantidade absorvível da exposição (mg/dia) multiplicada pelo fator de
segurança, e
NOEL x 70 = Nível de efeito não observado (mg/kg/dia) multiplicado pelo peso corpóreo
médio do trabalhador (kg), cuja unidade final é mg/dia.
E,
Se QAE x 10 ocorreu em um tempo de exposição efetiva (tee)
Então NOEL x 70 ocorrerá em um tempo de trabalho seguro (TTS),
Portanto,
TTS = NOEL X 70 X tee
QAE X 10
Mas,
NOEL X 70 = MS
QAE X 10
88
Então, o TTS será: TTS = MS x tee
Onde: TTS é o tempo de trabalho seguro expresso em horas de exposição segura (h) para os
aplicadores de pesticidas.
89
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos nos estudos de fortificação/recuperação da deltametrina em
amostras de tecido de algodão-cru para resíduos deslocáveis encontra-se na tabela 5. Os
resultados das quantias de deltametrina capturadas pelas roupas de algodão cru no
experimento estão apresentadas na tabela 6 e figura 8. Na tabela 7, 8 e 9 estão apresentados os
resultados dos parâmetros toxicológicos e de segurança no trabalho avaliados e estimados
para o amostrador de pragas na cultura do algodão.
4.1. Limite de quantificação e porcentagens de recuperação de deltametrina em tecidos
confeccionados com fibra vegetal
Conforme os dados apresentados (tabela 5) nas condições experimentais, o método
analítico mostrou-se satisfatório para a análise de resíduo deslocável de deltametrina (oriundo
da exposição dérmica em tecido de algodão-cru) com limite de quantificação (LOQ) de 1,6
µg/m
2
. As porcentagens de recuperação se enquadraram no critério estabelecido pela
legislação brasileira, onde o intervalo da recuperação deve ficar entre 70 e 120% (ANVISA,
2007).
Tabela 5. Porcentagem (%) de recuperação dos resíduos de deltametrina em amostras de
tecido de algodão cru (fibra vegetal) fortificadas.
Repetições (%) Níveis de fortificação
(µg/m
2
)
1 2 3 4 5
m ± dp
(%)
1,6 102 109 93 115 106 105 ± 8
16 86 97 89 81 -- 88 ± 6,6
90
4.2. Resíduos de Deltametrina nos dosímetros
Pela análise dos resultados (tabela 6) constatou-se uma queda significativa da
exposição dérmica aos resíduos presentes nas plantas, a partir da segunda reentrada (60
minutos). Analisando a exposição total, verificou-se que os resíduos deslocáveis das plantas
para a roupa do amostrador apresentaram uma queda de 34%, da primeira reentrada (3
minutos) para a segunda reentrada (1h). Da segunda reentrada (1h) para a terceira (5h) a
queda foi de 53%. Portanto 5h após a aplicação, a exposição dérmica do trabalhador a
deltametrina diminuiu 69%. Resultados semelhantes foram obtidos por Rotundo et al. (2006)
que em experimento semelhante relataram que os resíduos deslocáveis de deltametrina
diminuíram 3 vezes da primeira para a segunda reentrada.
Tabela 6. Resíduos de deltametrina (µg/m
2
) referentes a exposições dérmicas em partes da
roupa de algodão cru correspondentes a diferentes partes do corpo humano, em cada
época de reentrada na lavoura de algodão após pulverização. Selvíria/MS, 2007.
3 min 1 h 5 h 1 dat 3 dat 7 dat
Áreas do corpo
0,05h 1h 5h 24h 72h 168h
1.Peitoral
57,78 52,71 24,84 6,23 0,77 0,59
2.Costas
48,34 22,15 6,50 2,27 0,53 0,36
3.Coxas
38,87 43,26 18,20 2,84 0,62 0,44
4.Pernas
45,02 18,38 22,29 1,28 0,71 0,76
5.Luvas
115,98 72,96 30,49 10,45 2,92 1,15
6.Antebraços
117,71 87,39 34,63 12,20 2,02 0,84
7.Braços
81,76 37,58 21,46 3,37 1,05 0,59
dat: dias após a pulverização de deltametrina.
A queda foi significativa nas primeiras horas, e relativamente estável nas demais
reentradas. Após 1 dia, a exposição dérmica resultou em apenas 8% da exposição mais
próxima da aplicação, diminuindo para 2% aos 3 dias após o tratamento das plantas (dat) e
1% na última reentrada aos 7 dat. Os resíduos de deltametrina encontrados nos dosímetros
91
(proveniente dos resíduos deslocáveis das plantas) ao longo do tempo concordam com
Gunther (1969) que afirma que o desaparecimento de um pesticida na natureza, aplicado em
pulverização, pode ser separado em duas fases: uma fase de degradação, em que há o
desaparecimento rápido do depósito inicial e uma fase de persistência, onde ocorre uma
diminuição lenta no nível dos resíduos existentes no substrato, pela ação de fatores
atmosféricos e ataque metabólico. Além disso, a deltametrina ainda estava sendo absorvida
pelas plantas nas primeiras horas, o que ficou evidente pela queda significativa da exposição
dérmica na segunda e terceira reentrada. A formulação concentrado emulsionável tem como
característica elevada liposolubilidade, isto é, proporciona ao pesticida a capacidade de
penetrar e se acumular nos tecidos graxos das folhas da planta.
Apesar de não ter sido feita a quantificação do resíduo deslocável nas folhas do
algodoeiro, a exposição na reentrada é devido à presença desses resíduos nas folhagens das
plantas. Giles e Blewet (1991) relataram que a exposição dérmica é fortemente correlacionada
com níveis de resíduos foliares deslocáveis.
Verifica-se na figura 7 e tabela 6, que a exposição dérmica do amostrador de pragas,
provenientes dos resíduos deslocáveis da planta de algodão, alcançou maiores valores para as
luvas e antebraços, em média 24,87 e 24,00% da exposição dérmica, respectivamente. O
conjunto antebraços/braços/mãos alcançou 61,27% da exposição dérmica, ou seja, mais da
metade da exposição, está concentrada em 3 partes do corpo. Estas 3 partes do corpo, que
concentram 61,27% da exposição, representam somente 23,4% da área do corpo humano,
segundo a CNA (2006). Os resultados concordam com o estudo de Rotundo et al. (2006) que
relataram que as partes correspondentes das roupas referentes aos antebraços, braços, mãos e
abdome foram as mais contaminadas, na simulação da amostragem na cultura do algodão,
também após a aplicação de deltametrina CE.
92
Além de representar uma pequena parcela do corpo humano, esta região quase nunca
está protegida por vestimentas, que restringiriam a contaminação da pele. Apesar do uso de
camisa de manga longa por alguns trabalhadores, o uso de luvas na amostragem é uma prática
incomum no país.
A maior exposição dérmica do conjunto antebraços/braços/mãos do amostrador era
esperada e ocorre devido ao contato mais intenso dessas partes do corpo com a planta, no
momento da amostragem. O amostrador quando examina a planta, apesar de permanecer
parado, manipula os ramos e folhas, a fim de avaliar as estruturas reprodutivas (botões florais
e maçãs) que se encontram desde as regiões basais até o ápice da mesma.
As regiões do corpo mais expostas depois das mãos e antebraços foram o peitoral,
braços, pernas, coxas e costas que alcançaram 13,40; 12,38; 9,33; 9,32 e 6,65% dos resíduos
totais encontrados nas roupas, respectivamente.
Figura 8. Porcentagem da exposição dérmica a resíduos de deltametrina presentes nas plantas
de algodão que deslocam para a roupa do amostrador de acordo com partes do
corpo humano, em cada época de reentrada na lavoura após pulverização.
Selvíria/MS, 2007
Os resultados da exposição das mãos concordam com Chester (1996) que classifica as
mãos como a principal rota de exposição ocupacional. Nilsson e Papantoni (1996) ao
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
Peitoral Costas Coxas Pernas Luvas Antebros Bros
3 min 1 h 5 h 1 dia 3 dias 7 dias
%
93
estudarem a exposição de colhedores de pepino cultivado em estufa, relataram que 80% da
exposição dérmica estava concentrada nas mãos e 6,23% nos braços e antebraços e que apesar
do baixo risco que estavam expostos os trabalhadores rurais aos resíduos do fungicida
vinclozolina, os autores sugeriram o uso de luvas para diminuir a exposição.
Os dados dos resíduos deslocáveis foram bem representados pelas curvas de
degradação, como indicam os altos valores de R². Com as equações de regressão para as
diversas partes dos dosímetros foram construídas as figuras 9, 10, 11, 12, 13 , 14 e 15.
Figura 9. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) no peitoral, referente a exposição
dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
Peitoral
y = 24,367x
-0,6152
R
2
= 0,8138
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/
94
Cost as
y = 12,481x
-0,6374
R
2
= 0,9414
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/m²
Figura 10. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas costas, referente a exposição
dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
Coxas
y = 16,979x
-0,6181
R
2
= 0,8214
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/m²
Figura 11. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas coxas, referente a exposição
dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
Pernas
y = 14,161x
-0,5767
R
2
= 0,8383
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/m²
Figura 12. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas pernas, referente a exposição
dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
95
Braços
y = 23,664x
-0,6389
R
2
= 0,9086
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/m²
Luvas
y = 41,851x
-0,5706
R
2
= 0,8898
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/m²
Figura 13. Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nas luvas, referente a exposição
dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
Antebraços
y = 44,185x
-0,618
R
2
= 0,8491
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
h
µg/m²
Figura 14.Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nos antebraços, referente a
exposição dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
Figura 15.Curva de regressão potencial do resíduo de deltametrina (µg/m
2
) nos braços, referente a exposição
dérmica em cada época de reentrada (em horas) na lavoura de algodão após pulverização.
4.3. Avaliação do Risco Ocupacional do amostrador de pragas
96
Na tabela 7 estão apresentados os valores dos resíduos encontrados nas roupas
amostradoras correlacionados com as áreas das diversas partes do corpo humano com a
estimativa da exposição para uma jornada de trabalho de 8 horas. Na tabela 8 estão
apresentados os resultados dos parâmetros toxicológicos e de segurança no trabalho avaliados
e estimados para o amostrador de pragas na cultura do algodão.
Tabela 7. Quantidade de resíduos (mg/partes do corpo humano/dia) de deltametrina em
diferentes partes da roupa de algodão cru, em cada época amostrada, com
estimativa dos dados para uma jornada de 8 h de trabalho. Selvíria/MS, 2007
3 min 1 h 5 h 1 dat 3 dat 7 dat
Áreas do corpo
0,05h 1h 5h 24h 72h 168h
1.Peitoral
0,32819 0,29939 0,14109 0,03539 0,00437 0,00335
2.Costas
0,27457 0,12581 0,03692 0,01289 0,00301 0,00204
3.Coxas
0,23757 0,26441 0,11124 0,01736 0,00379 0,00269
4.Pernas
0,17144 0,06999 0,08488 0,00487 0,00270 0,00288
5.Luvas
0,15217 0,09572 0,04000 0,01371 0,00383 0,00151
6.Antebraços
0,22789 0,16919 0,06704 0,02362 0,00391 0,00163
7.Braços
0,38067 0,17497 0,09992 0,01569 0,00489 0,00275
TOTAL
1,77250 1,19948 0,58109 0,12353 0,02651 0,01685
dat: dias após a pulverização de deltametrina.
97
Tabela 8. Margem de Segurança, risco de intoxicação (Dose tóxica), dose tolerável dérmica e
tempo de trabalho seguro do amostrador de pragas na cultura do algodão.
Selvíria/MS, 2007
Deltametrina CE (Decis 25 CE) 400 ml p.c/ha Cálculos de
segurança
3 min 1 h 5 h 1 dat 3 dat 7 dat
MS
(Margem de segurança)
35,90 53,05 109,51 515,14 2400,00 3776,63
Dose tóxica
(% DT/dia)
0,0013927 0,0009425 0,0004566 0,0000971 0,0000208 0,0000132
Dose tolerável dérmica
(mg/dia) em
comparação com a
exposição encontrada
(mg/dia)
280
(1,77)
280
(1,19)
280
(0,58)
280
(0,12)
280
(0,02)
280
(0,01)
TTS
(Tempo trabalho
seguro em h)
287,20 424,40 876,08 4121,12 19200,00 30213,04
dat: dias após a pulverização de deltametrina.
De acordo com a margem de segurança (MS) proposta por Severn (1984), todas as
reentradas do amostrador de pragas, após a pulverização com deltametrina 25 CE na dose de
400 ml p.c/ha, indicaram condições de trabalho seguras (MS 1) resultando em tempos de
trabalhos seguros (TTS) proporcionalmente superiores a jornada de trabalho considerado por
dia, que foi de 8 horas (tee). O TTS estimado variou de 287 a 30.213 h (Tabela 8).
O risco de intoxicação (Dose tóxica/dia) variou de 0,00139 a 0,00001 % (Tabela 8). O
risco baixo, concorda com as margens de segurança obtidas, cujo valores calculados sempre
estiveram muito além da jornada de trabalho estabelecida. O risco de óbito de um amostrador
ao reentrar na cultura do algodão após a aplicação de deltametrina é nulo.
A dose dérmica tolerável calculada foi de 280 mg/dia (Tabela 8), resultado sempre
muito além dos valores totais encontrados ao final da projeção do dia de trabalho do
amostrador, em todas as reentradas, que variaram de 1,77 a 0,01mg/dia. Os resultados
encontrados concordam com Franco (2004) que estudou os resíduos deslocáveis de
98
deltametrina em diferentes concentrações e formulações em folhas de pepino, encontrando
níveis de resíduos baixos, no máximo 0,027 µg/cm
-2
. O autor afirma que o risco que
representa a exposição ocupacional de trabalhadores rurais a tais níveis de resíduos
deslocáveis é difícil de ser corretamente antecipado, visto a sua baixa toxicidade dérmica
(DL
50
>2000mg.kg
-1
). A IPCS- International Programme on Chemical Safety (2007) atesta
que a deltametrina é um piretróide relativamente persistente, mas que em função da baixa
dosagem utilizada proporciona baixos índices de resíduo. O mesmo orgão afirma que, mesmo
pessoas desprotegidas podem entrar em áreas tratadas imediatamente após a pulverização sem
se expor a quantias perigosas deste inseticida.
Pouco se conhece a respeito dos efeitos resultantes do longo tempo de exposição aos
inúmeros pesticidas de uso agrícola. De acordo com a revista General Accounting Office
(GAO) os efeitos dos pesticidas na saúde humana, especialmente os crônicos, não têm sido
caracterizados adequadamente, pois os efeitos tardios de alguns desses químicos podem não
se tornar aparentes após anos de exposição (SOARES et al., 2006).
Em relação a efeitos crônicos, testes de reprodução e prole sobre 3 gerações de ratos
mostraram efeito negativo quando foi administrado 1,5 mg/kg/dia, e também não mostrando
efeito carcinogênico com a administração de 2,5 e 3,2 mg/kg/dia de deltametrina para ratos
macho e fêmea, durante 2 anos (AGROFIT, 2004). Apesar das quantidades de deltametrina
administradas nestes testes crônicos apresentarem valores mais próximos aos calculados nas
projeções de exposição dérmica, os testes crônicos são feitos por via oral e os resíduos
encontrados nas roupas amostradas, tem teoricamente que atravessar a roupa e a pele do
trabalhador antes de atingir a corrente sanguínea.
99
Tabela 9. Margem de Segurança (MS) e tempo de trabalho seguro (TTS) do amostrador de
pragas na cultura do algodão, com fator de segurança 100. Selvíria/MS, 2007.
Deltametrina CE (Decis 25 CE) 400 ml p.c/ha Cálculos de
segurança
3 min 1 h 5 h 1 dat 3 dat 7 dat
MS
(Margem de segurança)
3,59 5,30 10,95 51,51 240,06 377,64
TTS
(Tempo trabalho
seguro em h)
28,72 42,40 87,60 412,08 1920,48 3021,12
Em função do baixo risco calculado na atividade de reentrada na cultura do algodão,
após a aplicação do inseticida Decis 25 CE em sua maior dose de registro, em um estádio
fenológico avançado onde o contato entre as plantas e o amostrador é intenso, foi realizado
um novo cálculo da MS, desta vez trocando-se o fator de segurança 10 utilizado por Machado
Neto (1997) pelo fator usado nos E.U.A, que é 100. A MS e seu cálculo atrelado o TTS, com
o novo fator de segurança (tabela 9), proporcionou a redução dos índices calculados
anteriormente, porém ainda não suficiente para considerar a atividade insegura.
Alguns E.P.I´s poderiam ser recomendados apenas como medida de segurança
preventiva, para proteção das regiões do corpo mais expostas durante o monitoramento aos
resíduos de deltametrina, principalmente até 24h após a aplicação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi realizado em virtude da carência de pesquisas na área de saúde
ocupacional do trabalhador exposto a pesticidas no Brasil e pelo fato do intervalo de reentrada
ser estabelecido de forma empírica pelos orgãos governamentais.
O maior risco do trabalhador rural na exposição a baixos níveis de deltametrina são
efeitos de parestesia cutânea, sendo relatados como queimação ou formigamento local
passageiro. Apesar desses sintomas serem freqüentemente relatados durante a exposição
100
ocupacional a este produto (Decis 25 CE), seus efeitos na pele são sempre reportados como
completamente reversíveis (AGROFIT, 2004).
A absorção dos resíduos deslocáveis pela fibra de algodão pode ser maior, quando
comparado com a pele, pois a porosidade do tecido aumenta a superfície de contato. A
possibilidade da superestimação não foi considerada. Por outro lado, a quantidade de
inseticida que poderia ter penetrado na roupa e chegado a pele durante a amostragem poderia
resultar em uma subestimação dos resultados, o que também não foi levado em conta. Em que
pese todas as críticas e restrições sobre deficiências de metodologias e da falta de
padronização mais definida da exposição a pesticidas, ainda mais agravada em relação a
exposição após pulverização, parece sensato salientar que é melhor uma avaliação sujeita a
críticas que nenhuma avaliação.
A avaliação ocupacional a pesticidas em campo é complexa, devido a variabilidade
dos cenários de exposição, e por ser multiquímica em função da variabilidade de grupos
químicos utilizados atualmente. Existe a necessidade de maiores estudos de campo, avaliando
o perigo da reentrada de trabalhadores em áreas pulverizadas, que contribuam para o melhor
entendimento do risco ocupacional.
Apesar do presente trabalho concluir que o intervalo de reentrada estabelecido em bula
para o inseticida comercial Decis 25 CE estar superestimado, os inseticidas piretróides podem
causar reações alérgicas nos tecidos das mucosas ou irritações mais intensas no caso de
pessoas sensíveis aos piretróides. Assim a recomendação de E.P.I´s na reentrada na lavoura
até 24h após a aplicação deve ser mantida.
101
6. CONCLUSÕES
Considerando-se as condições em que o trabalho foi realizado e os resultados obtidos,
concluiu-se que:
O método analítico utilizado para as análises de resíduos de deltametrina em tecidos
confeccionados com fibra vegetal é adequado e exeqüível, com limite de quantificação
(LOQ) de 1,6 µg/m
2
;
O conjunto mãos/antebraços/braços concentra mais da metade da exposição dérmica a
deltametrina durante a amostragem de pragas na cultura do algodão;
O intervalo de reentrada estabelecido em bula para o produto comercial Decis 25 CE
(deltametrina) na cultura do algodão que é de 24 h está superestimado.
102
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128
GLOSSÁRIO
Análise do risco – processo para controle de situações onde um organismo, um sistema ou
uma (sub) população pode estar exposta a um perigo.
Avaliação do risco – processo que objetiva estimar ou calcular a probabilidade da ocorrência
de um evento danoso ao organismo.
Carcinogenicidade – processo anormal, não controlado, de diferenciação e proliferação
celular, inicialmente localizado, mas que pode ser disseminado pelo organismo provocando
sua morte.
Clônico – relativo a clono. Espasmo em que se alternam, em rápida sucessão, rigidez e
relaxamento.
Dosímetro - instrumento que permite medir a exposição.
Exposição – contato entre um agente e o alvo.
Margem de segurança – parâmetro calculado a partir da dose sem efeito adverso observado
e o fator de segurança ou incerteza.
Mutagenicidade – alteração do material genético de uma célula que não resulta de
segregação ou recombinação.
Perigo – termo qualitativo que expressa o potencial de um agente químico em causar dano à
saúde. A identificação do perigo é a primeira etapa da avaliação do risco toxicológico.
Reentrada – termo empregado para referir à entrada do trabalhador em área tratada com
pesticida, seja para realizar a inspeção da cultura ou para efetuar a colheita do produto
cultivado.
Risco toxicológico – é a probabilidade da ocorrência de um efeito adverso em um organismo,
sistema ou (sub) população causa em circunstâncias específicas sob a exposição a um agente.
Trabalho vivo em ato - trabalho de um indivíduo, observado durante sua realização.
129
Teratogênese – Alteração no desenvolvimento embrio-fetal, motivada por agentes endógenos
ou exógenos.
Validação – processo pelo qual a confiabilidade e relevância de determinada abordagem,
método, processo ou avaliação é estabelecido para um propósito específico.
Via de exposição – modo pelo qual um organismo entra em contato com o agente físico ou
químico.
130
ANEXO
Dados climatológicos relativos ao período de duração do experimento. Selvíria/MS, Janeiro
de 2007.
Temperatura do ar Cº Umidade Relativa do ar UR% Precipitação
Data
Média Mínima Máxima Média Mínima Máxima (mm)
10/01/2007 27,4 23,6 33,0 80,5 54,1 96,9 0,0
11/01/2007 25,7 21,6 32,1 83,3 58,1 96,0 26,9
12/01/2007 25,6 21,9 32,0 85,4 55,5 96,5 4,8
13/01/2007 25,4 22,5 33,0 87,0 55,1 96,3 3,0
14/01/2007 24,7 22,9 29,4 90,0 70,0 95,9 20,0
15/01/2007 24,2 22,1 28,8 91,7 72,8 97,6 40,6
16/01/2007 23,7 22,8 24,4 95,1 92,5 96,8 11,4
17/01/2007 25,5 22,5 30,9 85,8 64,3 95,3 0,0
Total (mm) 106,7
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