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que eles têm também não são mais daqui e eles não priorizam a língua daqui.
Então eles falam:- Professora é errado. Eu falo: - Na língua não existe nada
errado, existe termos inadequados e você ter sotaque, isso não é inadequado.
Isso é o lugar onde você foi criado, você tem que respeitar. E na escola tem o
projeto cuiabanidade, aqui no Master, que é um resgate da própria cuiabania.
Mas você observa que, principalmente o aluno do ensino médio que é o que
eu lido hoje, eles evitam , evitam, evitam falar cuiabano. Eles acham ridículo
cuiabano. Entendeu? Eles não querem falar.
E2 (reações do professor diante do rotacismo)
Se o aluno fala “framengo” eu observo assim, dentro da sala de aula, se eu
sei que ele tem problema de ortografia eu vou falar pra ele: - Olha, você tem
algum problema de, na fala, de linguagem? Você não consegue falar o “l”?
Porque nós temos alunos aqui, principalmente os cuiabanos, eles não falam o
“l”, só falam o “r”. Então, eu pergunto: - Isso é o que? Isso é um regionalismo?
- Oh Professora! Eu tenho dificuldade, o “l” não sai. Então, a gente transforma
isso numa situação mais cômica, porque se você reprime à toa: não é “fra” é
“fla”, o aluno nunca mais vai falar. Ele vai ficar sempre com vergonha de
pronunciar algo que seja com “r”. Mas eu questiono se é problema de fala, se
não. Se é porque ele foi educado assim, falando desse jeito. Mas assim, nada
pro aluno ficar deprimido. - Ai professora, não vou falar mais. A gente leva
sempre na esportiva, que eu acho que é a única forma da gente aprender
melhor. Então, é assim uma questão muito, isto é, muito tranqüila. Eu não
reprimo ninguém. Eu levo sempre na esportiva, falo que não está falando
errado, que ele está usando um termo inadequado, que o termo adequado é
esse, de uma forma, assim, mais tranqüila pro aluno ficar, assim, constrangido
na hora de falar. (AD).
E3 (reações do professor diante do rotacismo)
Eu passo pros meus alunos, que a gente não chama (variedades lingüísticas)
nem mais de erro, eu digo assim: - A gente convive com alguns fenômenos
lingüísticos. Agora... - Então está certo professora você escrever na prova
“craro”, “bicicreta”? Porque a gente tem no falar cuiabano, aqui da nossa
região, a gente tem alunos que vieram da região sudeste, da região sul. Mas
em sala de aula seria considerado erro. Por que? Porque enquanto eles
tiverem a vida acadêmica deles vai ser cobrada a produção de texto, vai ser
cobrada em prova, é a linguagem formal. É a nossa gramática normativa. Eu
digo pra eles: - Você vai falar “craro” aqui dentro da escola? Mas eu tento
passar essa noção pra eles, que o errado é você não saber adequar a sua
linguagem ao momento certo, ao lugar certo. Se você está conversando com
pescador ribeirinho totalmente aceitável você adequar a sua linguagem à que
ele está acostumado a usar. Agora, de repente numa sala de aula, numa
palestra, num discurso pra várias pessoas não caberia aí esse tipo de
linguagem. Então, eles tem essa noção das variações lingüísticas, mas aqui,
dentro da escola, eles sabem que é exigido deles a linguagem formal. (RT).
E4 (reações do professor diante da palatalização)
Quando ele (o aluno) fala “ma6” eu sempre procuro: - Ah! Tcha por Deus! Aí
eu sempre procuro utilizar a linguagem dele também. Eu falo: - Observe
gente, nós temos aqui um aluno que tem a variante! Olha que interessante ele