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VERA LUCIA DIDONET THOMAZ
UMA CASA EM DESMANCHO. TEATRO MONÓTONO: 1992-2007
AÇÕES POÉTICAS NO ESPAÇO URBANO
SÃO PAULO
2007
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VERA LUCIA DIDONET THOMAZ
UMA CASA EM DESMANCHO. TEATRO MONÓTONO: 1992-2007
AÇÕES POÉTICAS NO ESPAÇO URBANO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Artes Visuais, Área de
Concentração Artes Plásticas Poéticas Visuais,
Linha de Pesquisa Poéticas Visuais Processos
de Criação em Artes Visuais, da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo, como exigência parcial para obtenção
do Título de Mestre em Artes, sob a orientação
do Professor Dr. Donato Ferrari.
SÃO PAULO
2007
ii
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____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
iii
Ao Nestor Stenzel (in memoriam).
iv
AGRADECIMENTOS
Ao orientador, Professor Dr. Donato Ferrari.
Aos professores, Dr. Carlos Alberto Fajardo, Dr. Domingos Tadeu Chiarelli,
Dr. João J. Spinelli e Dr. Manoel Lelo Bellotto, pelas avaliações do Projeto de
pesquisa.
Aos professores, Drª Dulce Osinski e Doutoranda Tânia Bloomfield,
Departamento de Artes DeARTES, Universidade Federal do Paraná UFPR; Dr.
Helio Fervenza e Drª Maria Ivone dos Santos, Instituto de Artes – IA, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Ao Professor Esteban Ierardo, Facultad
de Filosofia y Letras, Universidade de Buenos Aires UBA, pelas reflexões a
respeito da pesquisa em arte. À Associação Nacional de Pesquisadores em
Artes Plásticas ANPAP, pelas publicações referentes ao Projeto de pesquisa.
À Gerda Thereza Metzenthin (in memoriam) que me conduziu até a casa da
Rua Dr. Trajano Reis, 571.
À família Stenzel. À família Cubas, pelas autorizações que permitiram a
minha longa permanência na casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571.
Aos arquitetos, Marialba Rocha Gaspar Imaguire e Key Imaguire Junior,
pelo Levantamento arquitetônico da Rua Dr. Trajano Reis, 571. Aos arquitetos
Andrea Berriel e Fabio Stinghen, pelos diálogos sobre arquitetura e design.
v
Ao Luciano Mariussi e Marcos Schreiber, pela participação no DVD
Videoarte Uma casa em desmancho. À Laura Kuhn, diretora do John Cage Trust,
Arizona, pela orientação no sentido de obter os Direitos autorais para uso de som.
Ao José Francisco Kuzma, pelo suporte em tecnologia da informação.
À Antônia Schwinden, Adelaide Rudolph, Rafaela Marengo Magalhães,
Rafael Caminha de Carvalho Beltrami e Vera Lucia Caminha de Carvalho, pelas
discussões a respeito da análise do discurso e tradução de textos estrangeiros.
Ao Serviço de Patrimônio e Setor de Geoprocessamento do Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba IPPUC. À arquiteta Ana Lúcia
Ciffoni e
ao cartógrafo Alexandre Kuchenny. À Divisão de Multimeios, Casa da
Memória, Editoria do Patrimônio Cultural, Fundação Cultural de Curitiba FCC.
Ao Roberson Mauricio Caldeira Nunes, pelo encaminhamento de documentação
referentes ao espaço urbano.
À Flávia Camerlingo Calo e Luciane Muller, pela capacidade de ouvir.
À minha família. Aos meus pais Célia Iracema e Guido Pedro Didonet. Ao
José Carlos Rodrigues Thomaz, pela presença na tristeza e na alegria.
vi
“... la historia es un círculo y que nada es que no haya sido y que no será...”
Jorge Luis Borges
vii
viii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ iv
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................
v
EPÍGRAFE .............................................................................................................................. vii
SUMÁRIO .............................................................................................................................. viii
RESUMO .................................................................................................................................. ix
RESUMEN .................................................................................................................................x
ABSTRACT .............................................................................................................................. xi
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................1
CAPÍTULO I: DESENHOS E CALIGRAFIA A
NANQUIM SOBRE PAPEL DE SEDA .....11
1.1. ENUNCIAÇÃO .................................................................................................................12
1.2. DIÁRIO DE PESQUISA ...................................................................................................17
DE 05 DE FEVEREIRO DE 1992 A 17 DE OUTUBRO DE 1993
CAPÍTULO II : A MÁQUINA FOTOGRÁFICA É MAIS RÁPIDA ......................................26
2.1. ENUNCIAÇÃO .................................................................................................................27
2.2. DIÁRIO DE PESQUISA ...................................................................................................32
DE 18 DE OUTUBRO DE 1993 A 12 DE AGOSTO DE 1997
CAPÍTULO III: A MOVIMENTAÇÃO DOS OBJETOS ........................................................
52
3.1. ENUNCIAÇÃO .................................................................................................................53
3.2. DIÁRIO DE PESQUISA ...................................................................................................57
DE 13 DE AGOSTO DE 1997 A 19 DE FEVEREIRO DE 2000
CAPÍTULO IV: CROQUIS PARA PROVÁVEI
S PINTURAS ...............................................84
4.1. ENUNCIAÇÃO .................................................................................................................85
4.2. DIÁRIO DE PESQUISA ..................................................................................................89
ENTRÓPICOS FOTOGRÁFICOS
DE 20 DE FEVEREIRO DE 2000 A 18 DE DEZEMBRO DE 2004
CAPÍTULO V:
PASSAGEM POR BATENTES E DEGRAUS .............................................107
5.1. ENUNCIAÇÃO ...............................................................................................................108
5.2. DIÁRIO DE PESQUISA .................................................................................................112
ENTRÓPICOS FOTOGRÁFICOS
DE 19 DE DEZEMBRO DE 2004 A 15 DE JANEIRO DE 2005
CONCLUSÃO ........................................................................................................................142
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................146
ix
RESUMO
Com este Projeto denominado Uma casa em desmancho. Teatro mon
ótono: 1992-2007,
pretende-se perceber e identificar as atuais dimensões de espaço e tempo com a finalidade
de estabelecer novas e profundas relações poético-visuais partindo do fenômeno da
desconstrução-construção do acontecer total na estética do cotidiano. Apresento o
Diário de pesquisa e os Entrópicos fotográficos como resultados da fragmentação e
da montagem, focando a desordem no sistema da casa localizada à Rua Dr. Trajano
Reis, 571, em Curitiba, Paraná, onde foram observados deslocamentos e transformações
até o esvaziamento e o desmancho. Penetrar na síntese como possibilidade de ver, em
movimento, mediante os recursos ambíguos da videoarte; o destino se encaminha por
meio de ações poéticas no espaço urbano.
Palavras-chave: projeto,
Diário de pesquisa, Entrópicos fotográficos, destino, ações
poéticas.
x
RESUMEN
Con este Proyecto nombrado Una casa en desguace. Teatro monótono: 1992-2007
,
se pretiende percibir e identificar las actuales dimensiones de espacio y tiempo con
la finalidad de establecer nuevas y profundas relaciones poético-visuales partiendo
del fenómeno de la desconstrucción-construcción del acontecer total en la estética del
cotidiano. Presento el Diario de pesquisa y los Entrópicos fotográficos como resultados
de la fragmentación y del montaje, planteando el desorden en el sistema de la casa
ubicada en la Calle Dr. Trajano Reis, 571, en Curitiba, Paraná, donde fueron observados
desplazamientos y transformaciones hasta
el vaciamiento y el desguace. Penetrar en la
síntesis como posibilidad de ver, en movimiento, mediante los recursos ambiguos del
videoarte; el destino se encamina a través de acciones poéticas en el espacio urbano.
Palabras claves: proyecto, Diario de pesquisa
, Entrópicos fotográficos, destino, acciones
poéticas.
xi
ABSTRACT
Through this project, entitled Tearing down the house. Monotonous theater: 1992-2007
,
we intend to perceive and identify the current dimensions of time and space with the intent
of laying down new and profound poetic and visual relationships from the deconstruction-
construction phenomenon of the total event in the esthetics of the quotidian. We present
the Research diaries and the Photographic entropics as the result of the fragmentation
and the assembly focusing on the disorder in the system of the house located on 571, Dr.
Trajano Reis Street, in Curitiba, Paraná, where displacements and transformations were
observed until its emptying and tearing down. Entering the synthesis as a possibility of
watching, in movement, through videoart ambiguous resources; destiny makes its way
by means of poetic actions in urban space.
Keywords: project, Research diaries, Photographic entropics, destiny, poetic actions.
1
INTRODUÇÃO
2
FIGURA 1. Caminhos de ida e caminhos de volta para à casa Rua Dr. Trajano Reis, 571.
Legenda
Caminho de ida
Caminho de volta
3
INTRODUÇÃO
Sem contemplar a curvatura da terra, mas a Cobertura aerofotogramétrica
1
da Região do São Francisco, como uma conseqüência das experiências de Gaspard-
Félix Tournachon (1820-1910), o fotógrafo Nadar explorou as possibilidades do seu
inofensivo bal
ão, Le Géant, “... al qual se accedia sujetándose a las normas de un
curioso reglamiento que inclu
ía la prohibición a bordo de los juegos de azar; desde
él realizo la primera fotografia aérea, sobre Paris, en 1858...” (BIDON-CHANAL,
1983: XVIII), precursora remota da aerofotogrametria. Considerei tais informa
ções
como centelhas de analogias no paradoxo da atualiza
ção do passado na história da arte.
Atrav
és do olhar, em perspectiva cônica, afunilado nos limites da fotografia
aérea
2
, foi possível fazer uma busca minuciosa; locar o domínio triangular com
edifica
ções e destacar do conjunto a casa à Rua Dr. Trajano Reis, 571, patrimônio de
interesse hist
órico, Unidade de Interesse de Preservação UIP, para o Município, em
Curitiba, Paran
á. Onde aconteceu o fenômeno poético e visual, objeto desta reflexão
polissêmica, plantei o ramo do Teatro monótono
3
, ícone da ocupação provisória, de
______________________________________________________
1
“... Cobertura aerofotogramétrica. Conjunto de fotografias de determinada região que
obtidas por meio de uma c
âmara fotogramétrica de precisão a bordo de uma aeronave...”. COBERTURA
aerofotogramétrica: glossário. Disponível em: <www.esteio.com.br/glossario/gloss-C.htm.> Acesso em:
19 de dezembro de 2006.
2
INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA – IPPUC.
Região do São Francisco – Paraná: fotografia aérea. Curitiba, 1998. Escala: 1: 8000.
3
Teatro monótono é a denominação criada e usada pela artista para identificar o trabalho em
processo (iniciado no Rio Grande do Sul, 1976-77, itinerante pelo Brasil, principalmente nos Estados de
Santa Catarina e Paran
á) que vem realizando por vontade pessoal de aprendizagem, sem fins lucrativos
e em estágio de socialização.
Inicialmente Ex libris, seu uso foi expandido do sentido de propriedade, isto
é, ‘dos livros’:
o ramo do Teatro mon
ótono foi representado, em desenho, a partir de uma planta conhecida como
sensitiva (Mimosa pudica), cultivada em jardim. Chama atenção a defesa das folhas que se fecham aos
toques, afastando-se do predador. O carimbo foi escavado em um dos lados de uma borracha quadrada,
medindo 3,5x3,5x1cm, pela artista Ana Gonz
ález, em 1999.
4
acesso à mefora da árvore cuja copa ... se desdobra visivelmente para todos os
lados, no tempo e no espa
ço, a mesma coisa acontece no caso da obra de arte...
(KLEE, 2001: 53).
A fotograa aérea da Regi
ão do o Francisco (FIGURA 1) foi transfigurada
com o objetivo de indicar os caminhos de ida e os caminhos de volta para a casa à
Rua Dr. Trajano Reis, 571, considerando-se a Regi
ão do Cabral como referência de
partida e chegada, seguindo os traçados esvaídos da imagem estática da circulação.
Compridos, incontáveis vezes percorridos, renderiam superposições que romperiam
uma folha de papel na intensidade da expressão. Sob discreta rotina foram decifrados
os sinais da cidade planejada. Ao entardecer, a iluminação articial penetra na luz
natural que se retrai atraindo a sombra; os volumes se reduzem a recortes chapados
e o silêncio se alastra com a dispersão dos transeuntes na noite comum.
O cenário de La casa de Asteri
ón com um mero innito de portas abertas
para entrar aquele que quiser, pessoas e animais, dia e noite, sem uma fechadura,
sem um só vel, sem o aparato bizarro dos palácios, mas quietude e solidão é
... del tamanho del mundo; mejor dicho, es el mundo
(BORGES, 1973: 69). Qual
é o ‘tamanho do mundo? Seria precipitado afirmar que Uma casa em desmancho foi
considerada do tamanho do mundo, ou se foi o mundo com um mero nito de
portas que o estavam abertas para entrar aquele que quisesse, pessoas e animais, dia
e noite, com fechaduras, com mobiliário, com o aparato bizarro das casas burguesas,
mas quietude e solidão. Creio que o serão encontradas outras casas iguais a essas
na face da terra: enquanto uma permanece prisioneira do níssimo conto, a outra
se abriu em diálogo fecundo, do interior para o exterior conheci seus segredos: às
vistas, as qualidades plásticas e o apuro construtivo, a rede elétrica, a hidráulica
continuação dos rios comparáveis ao sangüíneo nas veias, o complexo dos cupins
que se desenvolvem por metamorfoses graduais nos subterrâneos; as curvas devel
do solo. ... Por acaso uma pintura surge de uma só vez? N
ão, ela é constrda
peda
ço a pedaço, assim como uma casa. (KLEE, 2001: 46). Ou desconstruída,
pedaço a pedaço, ressaindo da violência novadora.
5
O Levantamento arquitetônico, realizado para este Projeto de longo prazo,
representa a PLANTA PAVIMENTO T
ÉRREO (FIGURA 2), a PLANTA DO O
(FIGURA 3), a ELEVAÇÃ
O e a IMPLANTAÇÃO (FIGURA 4), o DETALHE DA
ESCADA e o CORTE AA (FIGURA 5) da casa à Rua Dr. Trajano Reis, 571. Pretende-
se perceber e identificar as atuais dimenes de espo e tempo com a finalidade
de estabelecer novas e profundas relações poético-visuais partindo do fenômeno
da desconstrão-construção do acontecer total na estética do cotidiano. Em cinco
capítulos que correspondem à organização e à disposição das palavras e das imagens.
Apresento o Di
ário de pesquisa e os Entpicos fotográficos como resultados da
fragmentação e da montagem, focando a desordem no sistema onde foram observados
deslocamentos e transformões até o esvaziamento e o desmancho. Penetrar na
ntese como possibilidade de ver, em movimento, mediante os recursos da videoarte;
o destino se encaminha por meio de ões pticas no espo urbano.
Determina-se o Di
ário de pesquisa subdividido em cinco capítulos, a saber:
1) de 05 de fevereiro de 1992 a 17 de outubro de 1993 desenhos e caligrafia a
nanquim sobre papel de seda; 2) de 18 de outubro de 1993 a 12 de agosto de 1997 – a
quina fotográfica é mais pida; 3) de 13 de agosto de 1997 a 19 de fevereiro de
2000 a movimentão dos objetos; 4) de 20 de fevereiro de 2000 a 13 de dezembro
de 2004 croquis para prov
áveis pinturas; 5) de 14 de dezembro de 2004 a 15 de
janeiro de 2007 passagem por batentes e degraus. Dos cinco catulos, o primeiro,
o segundo e o terceiro foram desenvolvidos no decorrer do século XX; o quarto e o
quinto, no século XXI (THOMAZ, 2004: 131-240).
O futuro chega depressa e três acontecimentos enriqueceram o quinto
capítulo do Di
ário de pesquisa, a saber, o acesso à recentes publicações de obras como
o modelo inacabado no Libro de los pasajes de Walter Benjamin
(1892-1940) e Cómo
vivir juntos de Roland Barthes (1915-1980), puzzles de temas e citões, das ores,
por exemplo; a participação na Caminata urbana, organizada por Esteban Ierardo, no
labirinto do Parque Chaz, Ciudad de Buenos Aires, em 28 de outubro de 2006 – Ícaro
reaparece a céu aberto em território estrangeiro; os primeiros contatos com o espólio
6
de Gordon Matta-Clark (1943-1978), parcialmente exposto durante a 27ª Bienal de
o Paulo, em 23 e 24 de novembro. Tendo como ponto de partida a conceão de site
specific, isto é, do conhecimento do espaço como suporte da arte, passa a fazer sentido
um contraponto entre obras, Splitting [Rachando], Bingo e Uma casa em desmancho.
Como refletir a respeito de poéticas visuais, se o que não vejo esqueço? Nadar
fotografou o sistema de canalização e as catacumbas, o subterrâneo de Paris; Paris e
Berlin foram apaixonados objetos de Benjamin; foto-rolos, Underground Paris [Paris
subterr
âneo], representam a cidade investigada por Matta-Clark. Percebo que existem
pontos de tangência, relações entre essas expressões, enquanto observo e fotografo a
subestrutura da casa-em-desmancho em constante câmbio. O desmantelamento dos
dilemas que envolvem este Projeto é uma conseqüência da busca pela experiência
autêntica: Benjamin, Barthes, Matta-Clark, Ierardo, pertencentes à camada privilegiada
de sujeitos pensantes ligados à Instituição, sensíveis às queses urbanas, estas são do
‘tamanho do mundo’, não é coincidência a reverberão da lucidez e da consciência.
Antes de continuar, preciso revelar que me considero uma infiel, porque
artistas não podem ser fiéis a um livro. As minhas leituras são o desesperadoras
como perseguir o tempo fugidio, sem alcançá-lo. Os ruídos que penso ouvir provêm dos
filtros que penso ter: seriam como abstrações, estruturas raiadas, elipses, interrupções,
paralelas, ovais, retângulos, triângulos,
serpenteados, garatujas, bifurcações, linhas em
ângulo de 90°, setas, parênteses, manchas do húmus deixado por violetas e jasmins,
talas de rosas e folhas ressecadas na margilia, hastes de marfim recortado, frotagem,
extrações que convertem a fisionomia dos meus livros em objetos pticos. Opostos ao
sonho sonhado de Stéphane Mallarmé (1842-1898), aquele de esgotar tudo num único
que se pegaria com a o. Talvez James Joyce (1882-1941) tenha se aproximado
dessa perspectiva com a extraordiria narrativa de Ulisses detalhando um dia na
cidade. As palavras deslocadas do miolo dos livros o substituídas e neutralizadas
por equivalências: significa que das Refer
ências forma-se a Bibliografia consultada,
íntegra, a qual continua sendo limpa com um delicado pincel de boa qualidade. Parece
que meu raciocínio se manifesta por entre soluços.
7
144
158
115437
249
340350338
338
245
285
285
132
542
581
581
434
132
MURO EM CONCRETO PRÉ-FABRICADO
CLARABÓIA
ADEGA
HALL DE ENTRADA
HALL DOS FUNDOS
LAVANDERIA
JARDIM
COZINHA
JANTAR
BIBLIOTECA
QUARTO 1
ELEVAÇÃO
ESCALA 1:100
RUA DR. TRAJANO REIS, 571
PLANTA PAVIMENTO TÉRREO
GARAGEM
BWC
ALÇAPÃO 1
SOBE
SOBE
SOBE
SOBE
Levantamento Arquitetônico: arq. Marialba R.G. Imaguire
Desenho Arquitetônico: arq. Fabio Stinghen
8
437
340341
279
277
44 142
6 5 5145561 3035 150
285
192
196
447
186
184
596
DETALHE DA ESCADA
ALÇAPÃO 2
DESCE
DESCE
SOBE
ABERTURA 2
ABERTURA 1
ESTRUTURA DO TELHADO
ESTRUTURA DO TELHADO
ESCALA 1:100
ELEVAÇÃO
RUA DR. TRAJANO REIS, 571
PLANTA DO SOTÃO
DEPÓSITO
QUARTO 3
QUARTO 2
CÂMARA ESCURA
ALÇAPÃO 3
CAIXA Dʼ ÁGUA
Levantamento Arquitetônico: arq. Marialba R.G. Imaguire
Desenho Arquitetônico: arq. Fabio Stinghen
9
GARAGEM
RUA DR. TRAJANO REIS
N 571
ESCALA 1:500
IMPLANTAÇÃO
Levantamento Arquitetônico: arq. Marialba R.G. Imaguire
Desenho Arquitetônico: arq. Fabio Stinghen
10
ESCALA 1:50
DETALHE DA ESCADA
DESCE
A
A
ESTRUTURA DO TELHADO
ALÇAPÃO 2
ABERTURA 2
ABERTURA 1
QUARTO 3
CAIXA Dʼ ÁGUA
ABERTURA 2
FORRO
CORRIMÃO
ABERTURA 1
SOTÃO
PATAMAR
ESCALA 1:50
CORTE AA
Levantamento Arquitetônico: arq. Marialba R.G. Imaguire
Desenho Arquitetônico: arq. Fabio Stinghen
11
CAPÍTULO I
DESENHOS E CALIGRAFIA A NANQUIM SOBRE PAPEL DE SEDA
12
1.1. ENUNCIAÇÃO
4
Em 05 de fevereiro de 1992, fui à casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571: disseram-
me que ela foi conservada intacta. Da porta de entrada, através do corredor, penetrei
na sala de JANTAR onde Nestor Stenzel (1903-2000) aguardava. Chamou atenção o
porta-retrato em vidro e arame, amparando a fotografia de um perfil soberbo: era de
sua falecida mulher, Lydia Petersen (1906-1984), a imagem que repousava sobre o
balcão, peça de um mobiliário fino, produzido artesanalmente, na primeira metade
do século XX, em madeira de imbuia (Ocotea porosa), durável, proveniente de
árvores anosas nativas do sul do Brasil, em cuja superfície ... ocorrem grandes
excresc
ências globosas sobre o tronco, ditas papo-de-imbuia... (RIZZINI, 1990:
78) e, conseqüentemente, um laminado-ornamental. Os relógios tiquetaqueando
entre pinturas de paisagem, naturezas-mortas, aquarelas com flores, silhuetas de
perfil e cenas de conversação, desenho por fotografia, gravuras e pratos dispostos
sobre as paredes pintadas de amarelo-renascença a cena ora rememorada remete à
Câmara clara: ... o barulho do Tempo não é triste e lembro-me que originalmente
o material fotogr
áfico dependia das técnicas da marcenaria e da mecânica da
precis
ão: as máquinas, no fundo, eram relógios de ver.... (BARTHES, 1984: 30).
Naquela ocasião, foi feita a primeira varredura no
Álbum
de fotografias:
capa preta com bordas em marrom, medindo
23x33x4cm. Interiormente, contendo 54
folhas 40 com fotos e 14 sem fotos.
As 268 fotos (1922 a 1932; uma foto de 1906, outra
de 1913 e outra de 1920), emolduradas
com linhas e descrições, nomes, datas, locais,
escritos em nanquim branco. O acervo de uma família foi incorporado pelo acervo da
______________________________________________________
4
A palavra ‘enunciação’ é utilizada neste Projeto no sentido dado pelos autores do Dicionário
de an
álise do discurso, a saber, de “... nível global, em que se define o contexto no interior do qual se
desenvolve o discurso...”. ( CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2004 :195).
13
outra: misturaram-se e foram conservados dentro de gavetas, armários, bs, malas,
latas, sacos de papel e de plástico, caixas de madeira e de papeo, envelopes,
dispersos, tanto no
TÃO, quanto no PAVIMENTO TÉRREO, ambiente nobre, onde se
desenrolava a vida social, observadas as noções de necessidade e funcionalidade. Num
gancho do PATAMAR encontrei pendurada uma silhueta, do francês silhouette, e tentei
estabelecer relações entre aquele e o resultado das minhas ões de recortar, superpor
e soterrar desenhos por meio de costuras intercaladas para evitar o uso de substâncias
de união como a cola, o grude, a goma. Irregulares, os recortes funcionavam como
exóticas cartas de um jogo de baralho, palavra de origem incerta, distribuídas sobre o
grafismo; visto às avessas, o entrecruzamento das linhas redimensionava as fronteiras,
liidando os objetos. O horror vacui enfrentado com o nanquim, de perfumado
característico, me levou a supor que o seu uso poderia impedir o aparecimento de
fungos apreciadores da celulose do papel, um desastre com o passar do tempo. Os
desenhos, cercados por cuidados, remanescentes na mapoteca do meu ateliê, parecem
resistir; inclusive, no verso, onde constam áreas em branco, Di
ários relativos à
imagem frontal, descrão do roteiro da composão e os materiais utilizados, os quais
poderiam servir de base para restaurões futuras. Na lógica de aproximar fragmentos,
recortes o objetos de desconstrução de espos,
considerando as características de
textura porosidade , em peso gramatura e dimensões variadas. Fiz a cobertura
dos sulcos com o instrumental, as penas mantiveram percepveis o meu desgosto, ou
azar, controlado as a secagem da tinta preta sobre o branco. Pom, a instabilidade
atmosrica e o calor de um corpo em períodos de deslocamentos alteraram a sua
planaridade, deixando expostas frações o-desejadas, de prosito ocultas nessa
cobertura. Laminar, rasgar ou queimar bordos superpostos o acontecimentos
plásticos que facilitam um jogo de inltrões como envelopes abertos.
Posteriormente, tomei conhecimento do passatempo de Etienne de Silhouette
(1709-1767), que se constitu
ía ao contornar ou pintar em papel a sombra projetada de
uma ou mais figuras iluminadas, recortando-as e superpondo o resultado sobre uma
base s
ólida, branca ou preta, caterica imagem. Referenciada por Johann Caspar
14
Lavater (1741-1801) nos Ensaios sobre a fisiognomonia, evoca a arte de conhecer o
caráter entre humanos por força dos traços siomicos; e, por extensão da vida, à
estética da pantomima. Prestigiada por Johann Wofgang von Goethe (1749-1832), talvez
fosse esse o motivo da cena de conversação ter sido preservada no arranjo, motivando
convergências e digreses sobre a história da fotografia. Coincidentemente, havia
concldo a leitura da imensa obra de Marcel Proust (1871-1922), Em busca do tempo
perdido, guardei sugestões imagéticas capturadas pelo olhar-lente e transformadas
nas investigações do escritor. Sob impacto, iniciei a leitura da narrativa hiper-realista
Ao chat-qui-pelote” (BALZAC, 1989, vol I: 83-129), em que se diz concentrar o
sumo da Com
édia humana: indaguei a respeito do femeno da estereotipia, sentidos
dados ao clic, sinais de cristalização do pensamento ao deduzir o interior pelas
aparências generalizando o particular. Por isso, parece oportuno mencionar que Nadar
– reproduziu um retrato e a teoria do daguerreótipo de Honoré de Balzac (1799-1850),
o qual julgava ter previsto a invenção do pintor de panoramas Louis-Jacques-Mandré
Daguerre (1787-1851) e, testado o caráter humano em laboratórios de fisiognomonia,
referiu-se à rna burguesa, o fotógrafo teria elaborado uma lista das inveões que
mudaram o cotidiano do culo XIX, ressaltando a singularidade e a transformação do
ato fotográfico em acontecimento de rotina, deslizando a silhueta e a miniatura para o
âmbito das colões; por razões ecomicas e, principalmente, realidade cnica.
A despeito
do curioso regulamento que incluía a proibição de jogos de
azar, estes procedentes da sociedade feudal improdutiva, a bordo do seu bao, O
Gigante; qual seria a reação de Nadar se encontrasse o baralho das inveões, sem a
carta da fotografia, na parte inferior de uma cristaleira no culo XX? A fotografia
é necess
ária?, perguntaria. Afinal um jogo de baralho exige conhecimentos de
matemática e habilidade manual, admite a probabilidade do acaso e risco, é drástico.
A questão é que “... el juego (game) es normativo, intenta combatir el desorden
de lo lado, considera el azar como un desorden...” (BARTHES, 2003: 64). Caberia
perguntar pela ausência da carta da fotografia no baralho das inveões? Equivaleria a
fotografia ao curinga, sem valor fixo, a carta que substitui qualquer outra?
15
Diz-se com freqüência que são os pintores que inventaram a Fotografia (transmitindo-lhe o
enquadramento, a perspectiva albertiniana e a óptica da câmera obscura). Digo: não, são os
químicos. Pois o noema “Isso foi” foi possível a partir do dia em que uma circunstância
científica (a descoberta da sensibilidade dos sais de prata à luz) permitiu captar e imprimir
diretamente os raios luminosos emitidos por um objeto diversamente iluminado. (BARTHES,
1984: 120-121).
A neblina que encobre os primórdios da fotografia não é tão densa quanto aquela que se
estende sobre os inícios da impressão do livro; talvez mais do que para esta, é notório que
havia chegado a hora daquela invenção, fato que andou sendo sentido por mais de um
pesquisador; homens que, independentemente uns dos outros, buscavam a mesma meta: fixar
imagens na câmera obscura, conhecida ao menos desde Leonardo. Assim que, após mais ou
menos cinco anos de esforços de Niepce e Daguerre, isto se tornou possível à mesma época,
o Estado, favorecido pelas dificuldades de patenteação encontradas pelos inventores, tomou
conta disso e, indenizando-os, transformou-o em coisa pública. Estavam dadas, assim, as
condições para um contínuo e acelerado desenvolvimento que, por longo tempo, excluiu
qualquer retrospectiva. (BENJAMIN, 1991: 219).
Niepce descobriu a fotografia por acaso: procurava um meio de copiar gravuras. Desde 1839,
com seus famosos “photogenic drawings”, William Henry Fox Talbot começa a fotografar
plantas e flores para botânicos. A tradição das reportagens fossem documentos históricos
(sobre a campanha da Criméia, a guerra da Secessão etc.), fossem álbuns de viagem de países
mais ou menos distantes ou exóticos – desenvolve-se numa velocidade e com uma amplitude
prodigiosa. Trata-se quase sempre de estender ao máximo as possibilidades do olhar humano.
Logo os homens se põem a explorar o espaço (Nadar e seu balão...) rumo ao infinitamente
pequeno, ou rumo ao cosmos (1840: primeiros daguerreótipos com microscópio solar de
Donné. 1845: imagem do sol de Fizeu. 1851: magnífico daguerreótipo da lua de John Adams
Wipple com o telescópio do Observatório do Harvard College). (DUBOIS, 1993: 32).
Recebi autorização para observar a movimentação dos objetos de uso
cotidiano promovido pelos habitantes do sítio, pelo prazo de uma semana, que foi
prorrogado pela demonstração de vontade das partes: a de proceder à ressignificação
da recolha no ateliê. O período é de desenhos e caligrafia a nanquim sobre papel de
seda do HALL DE ENTRADA para o HALL DOS FUNDOS; do QUARTO 1 para a
BIBLIOTECA, JANTAR, ADEGA, ESCADA, S
ÓTÃO; da COZINHA para o JARDIM,
GARAGEM, DEP
ÓSITO e CÂMARA ESCURA , intervertendo passagens durante
a construção poética e visual, a ser direcionada para projetos de tombamento de
obras de arte em acervos institucionais e edições de artista, publicações científicas,
em jornais gravura mais popular que existe , a dialogar com os habitantes da
cidade. As Fichas t
écnicas (FIGURA 6) foram assinadas e, autorizado, in loco, o
uso das recolhas.
16
FIGURA 6. Fac-símile de Ficha técnica do primeiro capítulo do Diário de pesquisa.
17
1.2. DESENHOS E CALIGRAFIA A NANQUIM SOBRE PAPEL DE SEDA
DE 05 DE FEVEREIRO DE 1992 A 17 DE OUTUBRO DE 1993
05 de fevereiro de 1992.
Idéias, cenas do cotidiano, pensamentos. Há palcos por todo lado;
infinidades de toldos ligam-se a eles. Essas cobertas capazes de cobrir, o todo ou
partes do todo, ajudam a criar ambientes de soberbos mistérios. No papel tudo
fica estático, em estado de mandraca. Mas minha imaginação vê seres circulando
por ali. É provável que esses cenários se transformem em campos de balé ou puro
teatro, algum dia, no futuro, como de certa forma já foram, no passado. Apreendo
as quase idéias dos achados, carregando comigo o mínimo delas, representadas
em estruturas de poucas linhas. Esqueletos cênicos. Tudo rápido e fácil de fazer,
em qualquer restinho de papel, apoiada sobre um braço de cadeira ou naco de
mesa. E se isto não for possível, me ausento mentalmente. Nos encontros sociais,
enquanto as pessoas conversam, riem, ouvem ou pensam vou povoando a memória
com as linhas daquilo que posso ver ou tocar, às vezes. Sugar as coisaso me traz
satisfação; mas ajuda a retornar a uma essência que está no devir. Não rejeito, nem
paro: atravesso o mecanismo. Folheando uma revista, vi uma estampa de interior
doméstico: um quarto com uma cama de dossel. O resultado gráfico foi um toldo
grande (correspondendo ao retângulo da peça) e outro menor (correspondendo
ao retângulo da cama); ambos com suporte em forma de tachinha. Pareciam as
velas de uma embarcação! Enfim, a cama é o berço do homem. Os sonhos da
mais grandiosa viagem que é a sua vida, ele faz deitado nela, onde estiver. Ao
pensar isto, concluí que estava livre da imagem primordial (a cena do quarto
com a cama de dossel) mas que sem ela (a imagem primordial) não teria chegado
aonde cheguei. Desvendar as armadilhas da memória (mnemônica), o cotidiano
que estiver soterrado em cada desenho me faz sentir menos afetada e vazia. Vem
à mente O S
étimo selo e o homem de Bergman que joga xadrez com a morte,
tentando ludibriá-la para ganhar tempo. Ficha técnica: ... Depoimento... 05 de
fevereiro de 1992... 17h00min. até 18h45min. ...
.
18
11 de fevereiro de 1992.
Comecei pela frente a desenhar a cama e a cortina cujo toldo com roldanas
era teatral; engenhoca que subia e descia, permitindo a expansão da visão além das
janelas. De uma estamparia floreada, colorida, belíssima de rosas. Tudo singelo,
silencioso. Acima do camiseiro, três molduras redondas sufocavam silhuetas. Em
lugar do recorte em papel, bordados em linhas pretas sobre panos amarelados, motivo
de anjos, ou crianças, ou cupidos em atividades. Reduzi a tortos riscos a obra de
carpintaria, marcenaria e entalhe. Lupa escrava. Observei a textura de folhas peludas,
antes de sair. Revi Morte em Veneza. Havia esquecido aquela decadente paixão de
pinturas escorrendo pelo rosto fascinado pela beleza. Ficha cnica: “... Registro... 11
de fevereiro de 1992... 10h00min. a11h30min. ... (THOMAZ, 1993: 190).
13 de fevereiro de 1992.
Sem muitos porquês fui autorizada a me apropriar do “intactoprotegido.
Ficha técnica: “... Registro... 13 de fevereiro de 1992... 10h00min. até 11h45min. ...”
.
20 de fevereiro de 1992.
Esses alem
ães gostavam de ar livre, de Picniks às margens das águas, onde se
banhavam;
às vezes vestidos, seminus ou nus. Pareciam sauveis, alegres, divertidos,
grupais, teatrais. Deixaram cenas-mudas, usando trajes esportivos, elegantes, ou
carnavalescos como, por exemplo, de garrafa de cerveja (constru
ída para uma pessoa
entrar dentro), de pirata e de ambulante. Criaram formas, de modo que a dist
ância
entre as extremidades superiores (cabe
ças de homens e mulheres) e inferiores (pernas,
s de outros homens e outras mulheres) foi completada por uma coberta, enfim por
um corpo, aplanado, largo e longo: em princ
ípio, pensei na possibilidade de considerar
como ilusionista esta revelão do teatro dom
éstico feita em 1929. Em outra foto do
mesmo
Álbum os convidados apontam com o dedo para a aniversariante que segura
um buquê de ores apontando para si mesma. Ficha t
écnica: ... fotografias... 20 de
fevereiro de 1992... 10h15min. até 12h35min. ...”
.
19
25 de agosto de 1992.
Vi a fisiognomia do
SÓTÃO, “onde mistério”, como dizem. Ocupei duas
horas abrindo armários e guarda-roupas, malas guarda-roupas e caixas, o balcão.
Encontrei livros, álbuns de fotografias, porta-retratos, bonecas e roupas. Desci. Sobre a
mesa, coloquei e desenhei em várias posições, um agulheiro de veludo castanho-claro,
arredondado, em cuja superfície, pregueada, foi costurada uma miniatura: com as quatro
patas sobre pedestal azul, um gato de porcelana branca olha para o espectador com o
rabo esticado. O que acontecerá com este bizarro patrimônio? Ficha técnica: “... Registro
com depoimento... 25 de agosto de 1992... 15h00min. até 17h00min. ...”.
26 de agosto de 1992.
A intuição e a procura. Infinidade de objetos observáveis. Ficha técnica:
“...
Desenhos/ Registros... 26 de agosto de 1992... 14h00min. at
é 16h30min. ...”.
28 de agosto de 1992.
Campos perceptivos e realidade material em detalhes. Ficha técnica:
“...
Desenhos/ Registros... 28 de agosto de 1992... 15h30min. at
é 17h00min. ...”.
01 de setembro de 1992.
Instantâneos fotográficos privilegiados. Ficha técnica: “... Desenhos/ Registros
de fotos... 01 de setembro de 1992... 14h30min. at
é 17h00min. ...”.
03 de setembro de 1992.
O externo e o interno: olhar invertido. Ficha técnica: “... Depoimentos.
Desenhos. Registros de bonecas... 03 set. 1992...
15h10min. até 17h00min. ...”.
09 de setembro de 1992.
Porta-retratos de formatura com pedestal em madeira e outro em zinco
recortado por motivos
art-nouveau, vazio. Troféus de campeonato de xadrez, simulacro
20
do tabuleiro em seda pintada com dados de uma vitória de 1932. Esculturas, entalhes,
livros e jogos sobre estantes. O curioso estava dentro da gaveta inferior do guarda-
roupa, à mostra retratos retocados em p&b e cor, de homem, mulher e criança, mortos
com os olhos abertos no papel
úmido, inchados pela perspectiva dos vidros bombeados
e molduras ovais. Fotografias de grupos em cart
ões rígidos pressionados por molduras
retangulares, empilhadas, cercadas por caixas de l
ápis e penas para nanquim; livros
góticos. Álbum suíço encadernado em veludo verde e aplicações em metal, ilustrações
coloridas figurando flores e paisagens na superf
ície das folhas grossas com suportes
para carte-de-visite e carte-cabinet
5
feitas por estúdios estrangeiros e locais, no século
XIX. Peguei o
Álbum suíço medindo 28,7x22x4cm, caixas de papelão com bustos em
porcelana e cabe
ças de bonecas, corpos de panos, braços, pernas, assentos e espaldares
de sof
ás e cadeiras em compensado, recortados com a serra tico-tico. Sensação de
holocausto redimensionado. Desci para desenhar sobre a mesa redonda sob bicos de
luz, é cômodo. Guardei os objetos. Ficha técnica: “... Guia da casa... 09 de setembro de
1992... 14h30min. até 17h15min. ...”.
15 de setembro de 1992.
Objetos deslocados de seu contexto. Ficha técnica: “... Registros/ Desenhos/
Depoimentos... 15 de setembro de 1992... 14h15min. at
é 16h030min. ...”.
16 de setembro de 1992.
Dois porta-retratos, espelho de cristal com oxidações e decalque com flores
coloridas, caixa de costura de fundo azul-claro contendo brinquedos quebrados, olhos
________________________________
5
“... Carte-cabinet Cartão surgido na Inglaterra, em 1866, como uma evolução do formato
“carte-de-visite” retrato posado em albumina (~9,5x14cm) colado sobre cart
ão (~11x16,5cm). Este
formato foi utilizado com freq
üência até o fim do século passado.
Carte-de-visite Resultado da montagem de retrato em albumina, em formato padrão
(~6x9,5cm) colado sobre cart
ão (~6,5x10,5cm). Patenteado em 1845, o formato atingiu sua popularidade
no in
ício da década de 1860, decaindo em 1866 – quando surgiu o “carte-cabinet” – até desaparecer,
em 1885...”. (ABREU, 2000: 185).
21
em porcelana lascada, corpos, 11 pernas, 26 braços, 12 carretéis, linhas da cor da pele,
sapatos de couro, recortes de bichos em papel
ão. Mexi no Álbum de fotografias. Ficha
técnica: “... Depoimentos/ Registros do Álbum e caixa de costura... 16 de setembro de
1992... 14h30min. até 16h00min. ...”.
06 de outubro de 1992.
Mescla de fantasia e realidade; precariedade. Ficha técnica: “... Registros de
objetos. Depoimentos... 06 de outubro de 1992... 14h30min. at
é 16h15min. ...”.
13 de outubro de 1992.
Cadeira de balanço em forma de ave. Os cabelos das bonecas eram humanos,
cortados-trançados, castanhos, avermelhados, louros. Elas eram levadas ao instituto de
beleza para limpeza e pintura. Recebiam perucas, roupas. Ficha técnica: “... Registro de
bonecas... 13 de outubro de 1992... 14h45min. at
é 16h30min. ...”.
20 de outubro de 1992.
Proximidade com determinadas imagens, preterindo outras a primeira vista sem
importância. Efêmeras insignificâncias. Ficha técnica:
“... Álbuns novos (desconhecidos).
Registros... 20 de outubro de 1992... 15h00min. at
é 16h45min. ...”.
03 de novembro de 1992.
A cole
ção de bibelôs em porcelana branca e translúcida jovem com ramalhete,
marinheiro sentado num barco, holand
ês no moinho –, apresentava orifícios desocupados
por onde enfiar a ponta dos dedos e tatear as sali
ências e reentrâncias, sombreadas por
pintura externa à
disposição do olhar focado no interior a ser protegido com buchas de
papel ou serviria para guardar segredos enrolados. Imperme
áveis, afundariam com a
penetração e o peso da água. Depois de arredar as cadeiras, contornei a mesa redonda,
fiz exerc
ícios cubistas, alternei os objetos dentro do costureiro-caixa. A performance
motivou uma oferta: apontei para uma pescadora apoiada num cesto a dialogar com um
22
sapo sobre rochas e para uma dançarina flamenga. Mais tarde, organizei micro-
cen
ários e introduzi flores no vazio; a solitária que se distinguiu foi colocada
sobre a arena de um cilindro-escora, para livros. O restante foi redistribu
ído
na prateleira: menino com barco, tocadores ao lado da bola, dama, elefantes,
burros, ferradura com p
ássaros. Antes de descer, encontrei um conjunto epistolar
do per
íodo de 1935 a 1941, embrulhei com o mesmo papel usado para desenhar
separando por grau de interesse. Cart
ões. Ficha técnica: ... Bibelôs... 03 de
novembro de 1992... 15h10min. até 16h45min. ......
05 de novembro de 1992.
Teor de atualidade do assunto. O problema da tradução. Informalidade e
papel do acaso. Ficha t
écnica: ... Anotações Cartas... (1934 a 1941/ português,
alem
ão e inglês)... 05 de novembro de 1992... 14h50min. até 16h45min. ....
17 de novembro de 1992.
Desci e subi
com a mala marrom, forrada com papel listrado de vermelho
e branco, parece forro de colch
ão. Retomei os pacotes de correspondência,
cord
ões para desamarrar e papel para desembrulhar. Fixei-me nos cartões de
festas particulares e oficiais. Ficha t
écnica: ... Registros de cartas e cartões de
viagem/ festas... 17 de novembro de 1992... 15h00min. até 17h00min. ...
.
24 de novembro de 1992.
+ carta de 1940 + carta. Papel com timbre. 38+39+36+37+37+40+35+3
9+40+38+38+40+35+38+39+37+39+40+36+38+39+41+35+40+40+38+39+40+
36+38+34+35+39+36+40+38+40+39+40+38+39+38+38+36+41+39+38+38+38
+38+38+40+38+38+38+40+40+40+40+40 = guerra. Cavalo sob o sol, no verso.
Ficha t
écnica: ... Correspondência (continuação) 24 de novembro de 1992...
14h45min. te 17h00min. ...
.
23
27 de novembro de 1992.
A mala da correspond
ência insólita contínua. Ficha técnica: “... Cartões, cartas
(continuação)... 27 de novembro de 1992... 15h00min. até 17h00min. ...”.
01 de dezembro de 1992.
Lembran
ças perfuradas pela elaboração dos cupins. Ficha técnica: “... Cartões
(continuação)... 01 de dezembro de 1992... 15h00min. até 17h00min. ...”.
02 de março de 1993.
Vaiv
ém ininterrupto da comunicação entre conhecidos. Ficha técnica: “...
Cartas e cartões... 02 de março de 1993... 15h15min. até 16h30min. ...”.
10 de março de 1993.
Com a pasta sobre as pernas cruzadas, listei bot
ões em madrepérola, osso,
metal, pl
ástico; porcas, arruelas e parafusos; carretéis em madeira pequenos, médios e
grandes, estrangeiros e nacionais; linhas de algod
ão colorido; fios mercerizados; agulhas
e alfinetes; tesoura, giz, fita m
étrica, retalhos de tecidos, flores em veludo azul-calipso e
verde-limão. Ficha técnica: “... Interior da máquina de costura... 10 de março de 1993...
14h00min. até 16h30min. ...”.
17 de março de 1993.
Nomea
ção das coisas percebidas. Captação. Sinais de desinteresse e abandono.
A casa e os dep
ósitos, montinhos de papel rasgado. Ficha técnica: “... Baralhos... 17 de
março de 1993... 14h50min. até 17h00min. ...”.
27 de abril de 1993.
Formas guilhotinadas, uniformes, agrad
áveis ao tato e ao olhar: rasgão. Ficha
técnica: “... Baralhos... 27 de abril de 1993... 14h00min. até 16h00min. ...”.
24
04 de maio de 1993.
Possibilidades de subdivisão de um baralho. Uma carta ao lado da outra.
Ficha técnica: “... Baralhos... 04 de maio de 1993... 14h00min. até 16h00min. ...
.
25 de maio de 1993.
Brecha: inserção de maria contrastante, carta de baralho e caligraa. Ficha
cnica: ... Baralhos... 25 de maio de 1993... 14h00min. até 16h00min. ...
.
01 de junho de 1993.
Cartas para jogar (s/ dados) com a morfologia da palavra e a formação do
substantivo que dá nome ao ser = 2 Coelho – 2 Onde está a coelha?”; 4 Papagaia
4 Onde es o papagaio?; 7 A jacaré 7 Onde es o jacar
é?; 8 A jabu 8
Onde está o jabuti?”; 9 O gar
ça 9 Onde está a gaa? & 9 A garça 9 Onde
es o gar
ça?”; 10 Pe 10 Onde está a perua?& 10 Perua 10 Onde es
o per
ú?; 11 Carneiro 11 Onde es a ovelha?” & “11 Ovelha 11 Onde está
o carneiro?”
; 12 Bode 12 Onde es a cabra?” & 12 Cabra 12 Onde está a
bode?; “13 O cotia 13 Onde está a cotia? & “13 A cotia 13 Onde es a cotia?”;
“14 Tucano 14 Onde es a tucana?
& “14 Tucana 14 Onde está a tucano?;
“15 Rato 15 Onde está a rata?”; 16 Sapo 16 Onde está a sapa?. Cartas para
jogar Pit = buraco. Bull & Bear = boi &
urso (Parker Brothers, Inc. Made in U.S.A).
Bolsa de valores. Flax (linho) 40, Hay (feno) 50, Oats (aveia) 60, Rye (centeio) 70,
Corn (milho) 75, Barley (cevada) 85, Wheat (trigo) 100
. Cartas para jogar Brinkiboy
(s/dados), invenções:
ssola 1, papel 2, lvora 3, imprensa 4, dirivel 5, avo 6,
microsc
ópio 7, telespio 8, lâmpada 9, tegrafo 10, telefone 11, radar 12, automóvel
13, usina el
étrica 14, bomba foguete 15, vapor 16, relógio 17, barômetro 18, trem 19,
pararaios 20,
dio 21, televio 22, raio X 23, cinema 24, bomba atômica 25. Cartas
para jogar com a música d’Os grandes compositores, 3ª edição Melhoramentos da
instria brasileira... Recoloquei os baralhos didáticos nas caixas correspondentes
ou disponíveis, alguns incompletos, outros soltos. Sem fixar na memória a ordem
25
anterior, fiz outra pilha na parte inferior da cristaleira preparando a próxima visita.
Ironicamente, percebi uma aus
ência no baralho das invenções onde está a carta
da fotografia? Ficha t
écnica: ... Baralhos Histórico... 01 de junho de 1993...
14h45min. até 16h00min. ....
15 de junho de 1993.
Legibilidade das imagens: concentração na viv
ência momentânea e
contradit
ória. Sinais da ruína cíclica. Ficha técnica: ... Baralhos... 15 de junho de
1993... 14h00min. até 16h00min. ...
.
01 de julho de 1993.
Jogos: montagem das variantes. Ru
ídos reconhecíveis que me tocam e
trazem lembran
ças de partidas perdidas e ganhas nos limites de uma provável
toalha verde de uma mesa de jogo. Casa perdida em mesa de jogo. Apostas no
futuro de coisas ditas que ouvi. Ficha t
écnica: “... Baralhos... 01 de julho de 1993...
14h45min. até 16h00min. ...
.
05 de agosto de 1993.
As Sete faces do Dr. Lao. Sylvie e o fantasma. Quest
ões escatológicas do
nascimento e da morte. Santo Agostinho. José Saramago. A mulher e o evangelho.
A decisão de Nestor, ilha humana, isolado pela cegueira e pela surdez. A Jangada
de pedra. Saramago. Os bolinhos, p
ãezinhos em forma de gente. O suicídio. Sir
Frazer. O Ramo de ouro
.
A ação heróica de Marli Kohls e seu Bagulhinho. Nestor
em forma de p
ãozinho. Hoje é isto que povoa a minha cabeça (THOMAZ, 1995).
17 de agosto de 1993.
Pãezinhos quentes em cruz. Keith Thomas. Religião e o declínio da magia.
Pãezinhos fálicos. Bolos antropofágicos (THOMAZ, 1995).
26
CAPÍTULO II
A M
ÁQUINA FOTOGRÁFICA É MAIS RÁPIDA
27
2.1. ENUNCIAÇÃO
Após a tentativa de suicídio do Nestor foi contratada uma acompanhante para
ele: Irma Penner chegou, para trabalhar, em 17 de outubro de 1993. Paulatinamente, ela
mudou os hábitos e a ordem da casa. Num momento de apreensão pela perda da aura
local“... Pero qué es el propiamente el aura? Una trama muy especial de espacio y
tiempo: la irrepetible aparicn de una lejanía, por cerca que pueda encontrarse...”
(BENJAMIN, 2005: 40), ou ... Pero qué es propiamente el aura? Una trama muy
particular de espacio y tiempo: irrepetible aparición de una legaa, por cerca que
ésta pueda estar...” (BENJAMIN, 1982: 75), são traduções diferentes da definão da
noção aural no mesmo idioma impregnado do texto original.
Vi, sobre o centro da toalha da mesa redonda da sala de JANTAR, uma
forma que veio para a dimensão do meu interesse; cada vez maistidaera a de um
vaso com ores –, cando o entorno na parte turva da visão lateral. Dentro d’água,
os caules pareciam pernas cruzadas. As folhas encostavam-se, levemente. Parecia
existir um tremor, silencioso, nesta cena de quase repouso. Levantei da cadeira,
tomei distância. Fiz a mica, dos s ao centro da mesa (quadril) onde estava o
vaso (cintura) e, contornando-o a a boca de onde saiam flores (cabelos), ergui os
braços; o meu gesto foi o equivalente ao da silhueta de uma mulher. I. Garrafa cortada
cinco centímetros de água/ Verdes as folhas encostam sem se mover/ Flutuam no
aparente vazio transparente/ Margaridas roxas amarelas e mais claras. II. Sede copo
d’água estrias mal e mal/ Caules penetrando fundo folhas flutuando/ Margaridas sem
se mover contorcidas/ Centímetros de espasmo. III. Es ist hier nichts auf dieser Welt,
was ganz mein Sehnen stillt = não nada aqui neste mundo que sacie inteiramente
meus anseios. Desabafo no rasgo de papel encontrado sobre a cama (THOMAZ, 1996:
12). Era isso uma conteno da angústia tudo preso como no vaso com ores! Depois
de relatar minha experiência estica, ela disse a senhora tem muita imaginão!”.
28
E riu sem parar, andando pela casa enquanto eu pensava num estudo de personagem,
em estado de imobilidade constrangida. Depois desta, com objetividade, para cada
visita que eu fazia, ela passou a compor um vaso diferente com espécies de cores
contrastantes, ricamente matizadas; soube que comprava as ores da estação, ou
juntava-as nas calçadas próximas das oriculturas do Cemirio Municipal. Reunia
aquelas metamorfoseadas pelo apodrecimento, montava arranjos e fixava-os na
decoração; às vezes, trazia uma rosa machucada pela temperatura da geladeira, mas
com o prosito de conservá-la para oferendar sem luxo, na despedida... até que
decidiu espar as demonstrações e a esconder a habilidade oral.
Las ores (en los jardines, sobre las mesas), son algo evidente. Ahora bien, cuando algo
es evidente”, es necesario indagar y es entonces cuando uno se da cuenta de que lo
“evidenteestá hecho de muchas preguntas sin respuestas. La pregunta aqu
í sería: por
qué flores? (BARTHES, 2003: 138).
Um dia, ela comprou uma quina e comou a fotografar. Aproveitando
a rapidez de um equipamento, revelações foram colocadas em cima das folhas
de papel de seda espalhadas sobre o reduto da mesa onde eu investigava formas
complexas e inesgoveis como as flores, sem cogitar de uma ampliação exceto pelo
uso de lupa, microscópio simples, útil para capturar detalhes não vistos a olho nu. A
proximidade destacava o contdo aparente na lente, deixando em segundo plano o
organismo. Enquanto leitora-espectadora, não consegui pensar na possibilidade de
converter-me num inseto voador a posar sobre talos conforme imaginava Benjamin,
em 1928, diante das Formas primordiais de arte: imagens fotogr
áficas de plantas,
de Karl Blossfeldt (1865-1932). Mas reservei o encantador pressuposto à espera da
contaminação retorcida na circulação dos acontecimentos indeterminados.
De cada liz y de cada hoja salen a nuestro encuentro igenes a impulso de una
necesidad interna que, en cuanto metamorfosis, tiene la
última palabra en todas las fases
29
y estadios de lo generado. Lo qual nos lleva al terreno de una de las formas más profundas
e insondables de la creatividad: la variante, que siempre antes que nada ha sido la forma del
genio, del acervo creativo y de la naturaleza. La variante constituye la fruct
ífera oposición
dialéctica a la invención: la naturaleza en lo viejo non facit saltus. Movidos por una audaz
suposición, nos gustaría denominarla el principio mismo femenino y vegetal de la vida. La
variante est
á hecha de ceder y asentir, de flexibilidad y de aquello que no tiene fin: la astucia
y la omnipresencia. (BENJAMIN, 2005: 13-14).
O passamento de uma pessoa no domínio dos Stenzel provocou indagações
sobre a origem e o desenvolvimento do retrato mortuário, além de perplexidade;
as flores servem como ornamento na vida e na morte; como metonímia, tropo, das
estações, significado da passagem do tempo.
Contudo, com a industrialização do retrato fotográfico ocorrida nos anos 1860, surgiu a
produção em massa de fotografias de pessoas em seu leito de morte. O retrato mortuário
é um fenômeno mencionado na maioria das histórias da fotografia, mas elas não se detêm
no assunto. Subsistiram pouqu
íssimos destes desconcertantes objetos de curiosidade nos
dias de hoje, em compara
ção com a vasta produção da época. A encomenda de fotografia
mortuária era no entanto uma das principais atividades do fotógrafo comercial do século
XIX. Nossa incapacidade atual para considerar este fen
ômeno com outra postura senão a
de julg
á-lo macabro prova até que ponto estamos alheios a uma parte crucial da história da
fotografia, precisamente a que Nadar pretendia evocar com suas lembran
ças. (KRAUSS,
2002: 29).
Incorporei as interferências perturbadoras no ritmo da pesquisa, as quais
estavam relacionadas às circunstâncias. A movimentação dos objetos de uso
cotidiano pelos habitantes do sítio foi intensificada por deslocamentos sucessivos
do montante acumulado na casa e na Oficina da Travessa Gen. Francisco de Lima
e Silva, 65, para a casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571, misturando-se abruptamente
30
em cima dos móveis da BIBLIOTECA e da sala de JANTAR, sobre o PATAMAR e
degraus da ESCADA até o
SÓTÃO bifurcado e o DEPÓSITO. Insinuou-se uma
ruptura irrevers
ível com tendência à aceleração que não estava voltada para a
perspectiva de concluir ou abandonar a pesquisa, ao contr
ário. Não havia tempo
a perder. Quais eram as minhas perguntas diante do excesso? O que fazer? O que
fazer primeiro? O que fazer em seguida? O que fazer para evitar o desperd
ício?
Como fazer? Fazer, fazer, fazer à exaust
ão até o momento decisivo, o exato do
ato perform
ático.
Continuei a observar e a investigar as transformações, mantendo
uma dist
ância crítica: a ressignificação das composições gráficas motivadas
pela movimentação de objetos do uso cotidiano que n
ão foram preteridas,
continuaram enquanto se cogitava estabelecer uma elipse urbana, qual seja a
do desmonte da casa de madeira, t
ábua mata-junta, da Travessa no terreno de
origem para ser montada em outro. Em pauta, estava sendo colocado o destino
de um projeto paralelo e em andamento cujo objeto fazia parte de um esp
ólio de
grandes proporções, o qual come
çava a crescer. A experiência, ela se mostrava
à disposição para interfer
ências poéticas e visuais. Mostrou-se conseqüente e da
maior relev
ância permanecer no domínio para o amadurecimento do Projeto Uma
casa em desmancho; inter-relacionar com outras
áreas como a arquitetura e o
patrim
ônio histórico e cultural, meio-ambiente, no mesmo centro urbano.
As primeiras listas foram organizadas e o Di
ário de pesquisa começou
a ser digitalizado em 1995. Apagar ficou banal. Por isso, passei a armazenar os
louv
áveis escritos como jóias da irregularidade para a composição de um livro:
... o que é a posse sen
ão uma desordem na qual o hábito se acomodou de tal
modo que ela só pode aparecer como se fosse ordem?... (BENJAMIN, 1993:
228). Paradoxalmente, o colecionador de livros que leu o que conquistou; ele
indicou o fim do livro em sua forma tradicional e se referiu a uma nova escrita de
transformação internacional. Acreditar na qualidade em detrimento da quantidade
parece ing
ênuo. O período da pesquisa é de desenho e caligrafia a nanquim e
grafite sobre papel de seda. As Fichas t
écnicas (FIGURA 7) foram assinadas e,
autorizado, in loco, o uso das recolhas.
31
FIGURA 7. Fac-símile de Ficha técnica do segundo capítulo do Diário de pesquisa.
32
2.2. A MÁQUINA FOTOGRÁFICA É MAIS RÁPIDA
DE 18 DE OUTUBRO DE 1993 A 12 DE AGOSTO DE 1997
09 de novembro de 1993.
Circunst
âncias de descobertas intercaladas pela rotina posterior. Ficha
técnica: ... Baralhos... 09 de novembro de 1993... 14h00min. até 17h00min. ....
16 de novembro de 1993.
A performance do jogo e a desordem: reordenamento. Ficha t
écnica: ...
Baralhos... 16 de novembro de 1993... 14h00min. até 16h45min. ...
.
19 de janeiro de 1994.
Cartas, partes do todo transfigurado por derramamento de l
íquidos. Ficha
técnica: ... Baralhos... 19 de janeiro de 1994... 15h15min. até 16h30min. ....
01 de março de 1994.
Objetos contextualizados e repercutidos na mem
ória. Ficha técnica: ...
Baralhos depoimento... 01 de mar
ço de 1994... 14h55min. até 16h40min. ....
05 de abril de 1994.
Em vista de uma elipse imagin
ária superposta à curvatura real da terra.
Desmonte e montagem da casa. Dilema. Ficha t
écnica: ... Diálogo sobre a doação
e o traslado da casa da Travessa Gen. Francisco de Lima e Silva, 65... 05 de abril
de 1994... 14h30min. até 16h30min. ...
.
10 de maio de 1994.
Universo objetual. Rastros de desagregação ramificada. Formulação de
perspectivas fict
ícias. Concepção de horizonte sem definição. Ficha técnica: ...
Bonecas... 10 de maio de 1994... 14h30min. até 17h10min. ...
.
33
17 de maio de 1994.
Tonalidades centrais e perif
éricas. Revelações entre cor pura e matizada.
Ficha t
écnica: ... Flores... 17 de maio de 1994... 14h30min. até 16h30min. ....
14 de julho de 1994.
Captura do anacronismo dispon
ível; complexo fenômeno contemporâneo
de encadeamentos entre passado e presente. Ficha t
écnica: ... Guardanapos,
cabides, costureiro... 14 de julho de 1994... 15h00min. até 17h00min. ...
.
15 de março de 1995.
A inclinação da ESTRUTURA DO TELHADO chega na base da
platibanda; furtou-se a água e o que sobrou foi aproveitado como vão e a parte
central. A troca da calha motivou a descoberta de um esconderijo, com objetos.
Como entrar lá? Deslocando
um armário, com portas, para livros, embutido
na parede do QUARTO 2. Seu movimento foi feito para o lado de dentro, por
meio de dobradiças e rodinhas. Puxando vem, como uma porta.
Através de uma
ou duas telhas de vidro batia luz sobre dois baús, duas malas pequenas e uma
grande, colchões e cama de criança, desmontada. No interior dos baús foram
encontradas fantasias de carnaval de camponesa, com tule de algodão branco e
avental com rendas e lantejoulas; peças soltas de tule rosa/ roxo/ verde/ branco;
veludo preto, cetim verde, tule branco um pierrô? Blocos de carnaval. Muitas
aranhas... marrom. Há livros encadernados, fotografias em sépia e p&b sobre
cartões rígidos, frisados, de diversos tamanhos construções, paisagens, grupos
de pessoas; o busto de um casal, fotografia desbotada, emoldurada com madeira
de imbuia e dourado. Na verdade, são mortos... Efetivamente, foi difícil para
desenhar no vão, perderam-se os detalhes e o resultado ficou como se fosse uma
tripa: o pedaço do meio foi engatado com o que veio, em seguida. Preciso desenhar
mais para a direita e fazer um círculo. Dobrar a folha de seda e empilhar são
modos de desestruturar o desenho. A parede falsa foi removida detrás das camas
34
e a prateleira onde está a coleção de bibelôs elefante, burro, criança com barco,
caneca, jarro, porta-jóias, dançarina flamenga, camponesa com flores, ferradura
com flores, tulipa etc. , ficou desamparada até o assoalho em função do buraco.
Ficha técnica: ... Paredes falsas (novas descobertas na construção da casa)... 15
de mar
ço de 1995... 14h20min. até 17h00min. ....
28 de março de 1995.
Fiz a volta girando a cadeira. Mais de metro de desenho. Queria ver
o armário-biblioteca, movediça, frente e fundo, e principalmente o que estava
no vão. Pontos de cruz da toalha branca: 14.680 pretos; bolinhas da toalha da
COZINHA: 12.686... Em princípio, não obtive permissão para passar uma noite
na zona de repouso por causa do barulho que vem da rua e do trânsito que
provoca a trepidação das coisas; não haveria conforto a me oferecer... Achei que
seria interessante observar o aglomerado de cepilho e cola (Erkulit), que parece
uma infinidade de cobras ressecadas no FORRO, se mexendo à luz-relâmpago
dos faróis dos veículos que passam deixando na memória duplicações do lugar.
Essa idéia de movimento e reprodução provocou um choque.
Ficha técnica: ...
Sala/ quarto em perspectiva horizontal... 28 de mar
ço de 1995... 14h30min. até
17h15min. ...
.
04 de abril de 1995.
Caixa de costura em marchetaria com uma tampa cujo espelho interno
reflete a inversão das subdivisões entupidas com adornos, botões, carretéis.
fotografias guardadas numa outra caixa-estrutura-intricada. Ficha cnica: “...
Caixa de costura... 04 de abril de 1995... 14h30min. até 17h30min. ...
.
06 de abril de 1995.
O aquecedor e o encanamento acima do fogão à lenha. Ficha técnica: ...
Estudo da COZINHA... 06 de abril de 1995... 14h45min. até 16h45min. ...
.
35
12 de abril de 1995.
Por cima das cadeiras da BIBLIOTECA encontrei roupas nos cabides. O guarda-
roupa foi esvaziado por causa de um vazamento. No PATAMAR abri caixas; uma
contendo pares de
óculos das últimascadas do século XX, fotos, cares pequenos
e coloridos. Ficha t
écnica: ... Fotografias... 12 de abril de 1995... 13h45min. a
17h30min. ...
.
15/16 de abril de 1995.
Conjunto de caixas de papel
ão. Seis ao todo, uma dentro da outra, da maior
à menor, por ordem de cor, vermelha, azul, verde, amarela, laranja e roxa. No
último
vel do labirinto geométrico foi encontrada uma variante da lenda do Minotauro:
Ícaro, idéia-luz. As asas da escultura em porcelana – com pernas e bros móveis por
meio de uma engrenagem de arame, medindo pouco mais do que tr
ês centímetros , elas
o se apresentam tecidas com penas dessaros e cera de abelha; parecem camadas
esapadas de faille, presas ao pesco
ço por um fio de linha. Ao lado de Ícaro havia um
jogador de futebol contempor
âneo, de plástico; ambos foram envolvidos com algodão.
Certamente n
ão foi o inventor Dédalo que trouxe do mar o filho deslumbrado com o
espa
ço aéreo e o sepultou dentro dessa caixa roxa. Quem colocaria a disparidade lado
a lado? Quando e por qu
ê? Qual seria o destino dessa mensagem sobre a liberdade
de asas derretidas? Na mesma lata, sem pintura, encontrei cart
ões de felicitações,
um di
ário e fotograas de pessoas que pereceram durante a Segunda Guerra... Gerda
disse que “naquelas fotos, antes de morrer, os que morreram já tinham caras de
mortos... entendo de siognomonia... e previu a sua pr
ópria morte a partir de uma
fotografia aur
ática, em 18 de janeiro de 1995. (THOMAZ, 1995). Lembrei que a sua
e, Edwiges, no fim da vida, ouvia-a chamar os bichos – galinhas, gatos, cachorros
para dentro de casa kommt rein! = venham para dentro! , do mesmo jeito que
Hitler (1889-1945) chamava os alem
ães para voltar ao ps kommt heim! = voltem
para casa! É isto, voltem para a sua p
átria!.
36
07 de maio de 1995.
É uma id
éia enfiar a cabeça dentro da ADEGA, fazer um desenho, com
a tampa aberta. Subterr
âneo para o vinho que virou vinagre, aniquilando a alegria
de viver... Ver um plano atrav
és do outro, impregnação da catástrofe ambiental.
Silêncio sobre questões relativas ao aproveitamento.
16 de maio de 1995.
À tarde quando o c
éu escureceu para a chuva foi descoberto outro
esconderijo dentro do guarda-roupa; do lado interno, na paralela da gaveta grande
havia caixinhas dentro de caixinhas com adornos pessoais.
À distância do mundo.
29 de maio de 1995.
Nestor esteve na casa da Travessa para ver as coisas que ainda tem do
Erbo e decidir o que fazer com elas, achar o lugar onde está o esquife do Hitler,
embaixo da casa, sem recordar se enterrou o gesso quando o irm
ão ainda estava
vivo. Um artista pode fazer o que quiser, disse ainda.
12 de julho de 1995.
O sofá da sala de leitura e estudo,
desdobrado se transformou em cama
com um sulco no meio. A cortina rendada fez o efeito de guarda. Sinais de ocupação
deixados à prop
ósito da vontade de desenhar. Ficha técnica: ... Cama... 12 de julho
de 1995... 15h25min. até 17h20min. ...
.
13 de julho de 1995.
Concluí o desenho puro de linhas da cama-ber
ço-embarcação. Não é
necess
ário agregar outros materiais ou fazer recortes, bastando prender os bordos
numa base mais dura, por meio de costura espa
çada. Ficha técnica: ... A Cama...
13 de julho de 1995, 14h15min. até 16h35min. ...
.
37
14 de julho de 1995.
Busca no
armário verde embutido na parede da COZINHA. Variedade de
pinturas e cores. Devoração do tempo livre em digress
ões. Ficha técnica: “... Vasos de
porcelana (– estamparias)... 14 de julho de 1995... 14h20min. a17h00min. ...”
.
17 de julho de 1995.
Papel picado por ratos no arm
ário sob o o, no primeiro lance da ESCADA.
Reservei cart
ões, cartas e documentos, além de conservar caixas. Limpei um por um,
empacotei e guardei para estudar manobras gr
áficas com vagar. Objetos embaixo
da cama deveriam estar no
esconderijo, ao lado da gaveta do guarda-roupa: anéis,
pendentifes e broches foram recolocados no ba
ú. Tradução informal equivalente a
“toda ang
ústia da alma, impossível de ser tirada dali”. Ficha técnica: ... ESCADA.
Cart
ões, boes, papéis... 17 de julho de 1995... 14h05min. até 17h45min. ...”.
22 de agosto de 1995.
A respeito de ratos e higiene da correspond
ência fui obrigada a usar luvas de
tex apropriadas para procedimentos cnicos até o aparecimento de gatos ou gatas
para espantar. Ficha t
écnica: ... Correspondência... 22 de agosto de 1995... 15h00min.
até 17h15min. ...”
.
12 de março de 1996.
Flores no copo. Coleção Os vasos de flores I. Retomei a pesquisa revendo
o
Álbum de fotografias: ainda existe uma, de 09 de outubro de l929, onde está
escrito em nanquim branco Mein Geburstag. A família Stenzel morava na casa da
Travessa, onde a Gerda mora, agora o arco que separa a sala do quarto, lá onde
sua mãe, Edwiges Metzenthin, expirou, em 1986, lambida pelos cães sobre sua
cama; lá, onde está a imagem da criança que foi envenenada por um espinho que
perfurou sua pele deixando penetrar a tinta da meia, preta, que usava; lá, onde
está
o anjo com os bordados ditos
do lar Mit dem Herrn fang alles an! = comece tudo
38
com o Senhor! Gott hat geholfen = Deus tem ajudado Gott hilft = Deus ajuda
Gott wird weiter helfen = Deus há de continuar ajudando
, antes desta disposição,
o mesmo ambiente serviu de palco para teatralizações domésticas. Aniversariantes
não precisam ser convidados para seus aniversários e, por isso, nas fotos, eles
são os únicos que seguram flores. Vasos com flores, arranjados em copos, vidros
de compotas e taças profundas, todos juntos ornam as pessoas... abundam nas
fotografias dos aniversários, noivados e casamentos. Para fazer isto, precisa só
paci
ência!, disse Nestor referindo-se à decoração em frisos brancos nas páginas
do
Álbum de fotografias. Na ala do Carnaval revi a pistola de madeira hoje
guardada com os baralhos e os jogos, na parte inferior da cristaleira que ele
esculpiu para a fantasia de pirata. Em 1927, fez a Oficina de m
óveis entalhados.
Em 1928, a casa da Travessa foi construída, todos os irmãos, artistas-artífices
moraram alí. Fantasia de mendigo. Ficha técnica: ... Fotografias... 12 de mar
ço
de 1996... 14h30min. até 16h15min. ...
.
20 de mao de 1996.
Com as revelações entendo o poder do verde na COZINHA
. Flores no copo
de garrafa cortada. Coleção Os vasos de flores II.
Ficha técnica: ... Fotografias... 20
de mar
ço de 1996... 13h30min. até 17h00min. ...”.
28 de março de 1996.
Jogos para sala de estar. Coração de papeo e papel picado. Varre a casa e
procura diligentemente, pois algo se perdeu na poeira. Controle do azar. Montagem
da região de uma cidade com mínimos recortes duros. Ficha técnica: “... Fotograas,
baralhos, puzzle, objetos... 28 de mar
ço de 1996... 14h30min. até 16h30min. ...”.
10 de abril de 1996.
Justaposição de cores, gotas de nanquim. Colão Os vasos de flores III
e
IV... Ficha técnica: ... Vasos... 10 de abril de 1996... 14h30min. até 17h00min. ...
.
39
18 de abril de 1996.
Observei as plantas dentro daqueles vasos e achei que representavam mesmo
“toda ang
ústia ali contida” = Es ist hier nichts auf dieser Welt, was ganz mein Sehnen
stillt =
o há nada aqui neste mundo que sacie inteiramente meus desejos o sei
quem escreveu, nem por que estava , podendo supor que foi Irma. Disse-lhe sobre
minha inteão de escrever poemas com seus arranjos; um arremesso ao coração trans-
verberado de Santa Teresa de Ávila (1515-1582), amiga das imagens em palavras...
Hoje, encontrei vasos difíceis de desenhar. Tirei do lugar e não consegui voltar com
eles. Coleção Os vasos de ores V
e VI. Ficha técnica: ... Vasos... 18 de abril de
1996... 13h30min. a 17h00min. ...
.
26 de abril de 1996.
Sem vasos de flores! Em compensação, Irma colocou na minha frente uma
rie de fotografias que ela própria tirou, constando entre elas as dos vasos que desenhei
na semana anterior. Explicou logo, sem que eu perguntasse, aquelas flores”, aquelas
que achei diceis de desenhar, ela havia juntado de um caminhão cujo dono estava
se desfazendo dos arranjos. Uma mulher transeunte levou um. Se aquela pode eu
tamb
ém posso, é a sua lei. E trouxe orquídea/ rio e mosquitinhos para cima da mesa
redonda. O tempo é cruel, passa sem pedir licença – quarta para quinta para sexta para
bado, é assim até começar outra semana. Ficha técnica: ... Vasos... 26 de abril de
1996... 13h45min. a 18h30min. ...
.
29 de abril de 1996.
A respeito de vasos com flores (que abundam nas fotografias dos aniversários,
noivados e casamentos, fúnebres): ornamentação habitual para o colono alemão; às
vezes, um ofício passageiro até o esgotamento da clientela.
26 de junho de 1996.
Trouxe as cabas de bonecas que estavam guardadas nas prateleiras do
40
armário e no guarda-roupa. Desenhei o trajeto circular de uma cabeça de porcelana,
em seqüência no plano da folha, juntando o cnio (do buraco vi as bolas dos olhos
castanhos, vidrados, a boca entreaberta). Os olhos e os dentes das bonecas eram
colocados/ colados, como uma ptese, por dentro do crânio que era lotado de papel
de tipo seda e jornal para que os golpes/ tombos não destruíssem a porcelana ou a
lata; depois eram colocados os cabelos humanos. Ao redor do oco, na superfície
redonda do rosto, havia manchas de ouro, pintadas para proteger uma cabeça de latão
com olhos azuis, testa, nariz, bochecha contra ferrugem. Linha de seda rosa-velho,
esmagada entre as páginas de um Notiz Kalender, de 1918; 12 signos do zodíaco,
desenhados entre as letras e parágrafos, linha bege seda + o preto + o azul-rei +
linhas ocre e rosa-velho +o de linha de seda preta + fio bege + sementes +o roxo
com bege + fio lilás com cobre +o azul-piscina (desmaiado + azul-anil) que anotei
para um estudo de cores. Marcões, palavras-chave corações, cachos de uva, rosas
em fila, navio... Vi o rasgo do papel, como o do baralho. Linhas de cor uva. Carretéis
com linhas de seda verde-folha, bege-claro, verde-garrafa, verde-limão, bege-escuro,
bege-ouro, pinhão, preta, carretéis de madeira, carreis de 1838. Madeira, espelho +
escuro mesma estampa + claro. Ficha cnica: ... Carca
ça de bonecas, calendários,
caixas... 26 de junho de 1996... 13h30min. até 17h00min. ...
.
03 de julho de 1996.
Recomeço do discurso interrompido. Esterilidade cotidiana. Ficha técnica:
“... Calend
ário... 03 de julho de 1996... 14h30min. até 17h00min. ...”.
21 de julho de 1996.
Cedo, pela manhã, recebi o aviso: Gerda morreu. Incendiou-se uma
biblioteca! Dia frio, de sol forte. De Veneza, Asta, sua irmã urrou de desespero ao
telefone: “n
ão enterrem, não enterrem, tirem uma foto no caio!”. Irma apareceu
de noite, pedindo o mesmo. N
ão saberia quem chamar, pensei sobre o atraente
signicado dos pedidos. Clique de conseqüências imprevisíveis.
41
22 de agosto de 1996.
Ao chegar dei com um pires cheio d’água sobre uma das pontas do balcão da
COZINHA, contendo brotos boiando. Encontrados e retirados dentre as folhas de um
repolho grande, cresciam e se fazia uma crião. Na paisagem, além dos repolhinhos
verdes, claros, ores vermelhas, um pouco murchas, pareciam brincos-de-noiva.
Joguei Resta-um, o quebra-caba da pessoa soliria, este era composto por um
tabuleiro em madeira clara e por peças de tamanhos irregulares, cilíndricas, pintadas,
coloridas, introduzidas como pilares em buracos – ou como um quarteirão de prédios
na cidade. Havia outro tabuleiro, em madeira de pinho, dentro de uma caixa e pinos
de imbuia, estes menores que uma falange. Folheei revistas em busca de assunto e
encontrei uma fábrica de patos de madeira para iludir caçadores. Conversa a respeito
de madeiras, o jacarandá escuro-avermelhado, o cedro-leve, o pinheiro mais duro.
28 de agosto de 1996.
Os livros antigos a respeito de mobiliário foram encontrados dentro de um
armário, no DEP
ÓSITO. livro da pilha grande, capa dura com manchas contorcidas
em vermelho, preto, cinza e verde. Mesa com patas de cavalo. Flores, placas em
porcelana pintada, quadradas, sobre as portas. Armário com palco e cortinas. Placas
quadradas e redondas em porcelana. 2° livro da pilha capa dura com estampa em
forma de bolhas em ocre, preto e verde, manchas na estamparia. Desenhos a lápis,
de mesa, asas, cornijas. Lira no espaldar de cada cadeira. Paisagens/ cenas no
espaldar das cadeiras e poltronas. Sofás, poltronas, cadeiras em semicírculo remetem
à posição de porta-retratos. Conversadeiras para ts pessoas. livro da pilha Perfis
e molduras. Documentos de estilo desde o Gótico ao Império. Lâminas. Motivos.
Livro com desenhos, capa dura em tons de verdegua, ocre e marrom, amarrado com
umata marrom. Dedicatória e apreciação. 4° livro da pilha desordenada, a cama
louca. Chaminés ou palcos. Calcinhas de trapezistas com bordados de cornetas,
violinos, violas? Ficha cnica: ... Livros antigos sobre m
óveis e marcenaria... 28
de agosto de 1996... 14h45min. até 17h00min. ...
.
42
30 de agosto de 1996.
5° livro da pilha folhas desordenadas. Documentos do escultor
ornamentista. Galhinhos com ores, com trigos, frutas e uvas na vertical, uso de
castanholas. As quatro estões, a primavera, o verão. Crianças com ramos de rosas,
crianças com feixes de trigo. Quatro estações, o outono, o inverno. Crianças com
uvas e balaios, crianças com o fogo. Mulher segurando um espelho com estrela no
peito. 6° livro da pilha folhas desordenadas. Os quatro elementos, a terra, o ar.
Quatro crianças em cada oval, na terra com árvores e frutos, na terra, gaiola aberta e
pássaro voando. A paz, três crianças frontais, em festa; atrás outras crianças, árvores.
A guerra, três crianças e outras caídas, tochas, lanças, castelo. 7° livro da pilha
capa de papeo castor com letras azul-petróleo,tas azuis. Lalique. Oval recortado
plano, menino com ores e pássaros sobre um fundo de tijolos. 8° livro da pilha
fragmentos de desenhos de móveis com esqueletos internos para corte da madeira
ao lado. Atrás das pranchas há desenhos (um de mesa com folhas grandes e patas
de leão, espelho, por exemplo). Lustre. Dançarina e pier. Documentos práticos
do ornamento. Anotações sobre as bases do ornamento ou motivos geométricos,
vida das formas naturais e articiais. O ornamento em si. Função e relação entre
conguração e aplicação do ornamento em vasos, utensílios, mobiliário, arquitetura,
joalheria, heráldica e escritura decorativa, rontica, uncial gótica, arábica, textual
gótica, gótica moderna, latina renascentista, iniciais, vinhetas, escrituras e ornatos
latinas, construções, cifras e monogramas, instrumental para encadernações. Ficha
técnica: ... Livros antigos sobre m
óveis e marcenaria... 30 de agosto de 1996...
14h30min. até 18h00min. ...
.
04 de setembro de 1996.
Voltaram os vasos com ores. Junquilhos amarelos, cedrinho, dentro de um
vaso de porcelana em formato de canoa, de cuja base se espalhava um cacto verde
e amarelo com ores vermelhas, pintado em direção ao meio e as pontas. Arranjo
composto com margaridas brancas e miosótis seos/ miolos amarelos. Azedinhas
de um mais que rosa vermelho/ telha. Amor-perfeito seo, branco amarelo e branco.
43
Coleção Os vasos de flores VII. No verso, anotações caligrafadas. 9.° livro da
pilha numeração romana fora de ordem. Imagens em sépia. Bergère e cadeira.
Números escritos a lápis, na extremidade esquerda. Detalhe de uma porta. Baixo-
relevo funerário (as cabeças sem cabeças, a santa e o menino e o anjo e outra
figura). Atrás da prancha, desenhos a lápis, flores? Simples arabescos. Quem fez?
Desenhos. Três palavras escritas, parecem nomes próprios. Máscara, fonte, uma
careta! A lápis, atrás: _ _5_ _ _ _ _2__ __0__. Atrás, a lápis _ _ _3__ _ _ _
3__ __0__. Atrás _ _ _3__ __7_ _ _ __0__. Na frente, um desenho grafite
completa o arabesco do meio do console. Bronze dourado. Consoles, apliques,
detalhes de dragões e aves. Selva com animais, pássaros, bruxos sobre vassouras,
cores. Na prancha, atrás, contas, números. Atrás: _ _ _ _ 4__ _ _ _5_ _ __0__.
Nome escrito à lápis. Console. Atrás: _ _ _ _4_ __0__ __0__. 10° livro da
pilha encadernação grossa de tecido verde-musgo com letras douradas. Fitas nas
extremidades, quatro castanhas e duas brancas, amarradas fecham o livro. Textura,
relevo grafitado, linho. À fotografia e filmagem de mortos, parece que são feitas
para a recordação daqueles queo puderam comparecer na despedida. Ficha
técnica: ... Livros antigos Collections Georges Hoentschel, vol. II... Fotos russas
(f
únebres)... 04 de setembro de 1996... 14h30min. até 17h30min. ....
06 de setembro de 1996.
Outra mandala num pires com água. Brincos-de-noiva, vermelhos com os
miolos amarelados, por toda a volta. 1ª fotografia retocada. Avós de mamãe Liese.
Atrás, Der Name des Grossmalers Jacob F. Janzen. Jakob u. Liese Penner zur
Erinnerung, von eurer Maria H. C. Ekk = O nome do pintor Jacob F. Janzen. Para
Jacob u. Liese Penner como recordação da vossa Maria H. C. Ekk. A lápis, 6 de
cada. 2ª fotografia. Der Namm (N. da T. Name = Namm, na linguagem falada do
dialeto) von meiner Grossmutter Agatha Janzen (geborene Neufeld) = O nome da
minha avó Agatha Janzen (nascida Neufeld... N. da T. nova lavoura/terreno onde
se plantaria, seg. a origem dos nomes) Frohe Weihnachten u. ein liebes Andenken
44
nach Hebr. 13,7... Das wünscht eure Mutter Maria H. C. Ekk. Jakob u. Liese Penner
1956 = Feliz Natal e uma carinhosa lembran
ça segundo Hebreus 13, 7. É o que lhes
deseja sua m
ãe Maria H. C. Ekk. Jakob e Liese Penner 1956. Atrás, a lápis, 6 de cada...
Maria era madrasta de Liese Penner. fotografia. Die Grosseltern mit ihrer Familie
= Os av
ós com sua família. 16 pessoas. O avô era médico. fotografia. Im Sarge ist
Onkel Franz Jansen = No esquife está o tio Franz Jansen.
Die Tante wurde nach seinem
Tod Fran des alten Onkels Abr. Koop. Schwieger-mutter zu meiner Schwester Ottielie F.
Koop, geb. Reimer, geschrieben von Mama Maria Ekk = Ap
ós sua morte, a tia viúva se
tornou sogra esposa do velho tio Abraham Kopp, e sogra de minha irmã Otilie F. Koop,
nascida Reimer. Anotado por mam
ãe Maria Ekk. A foto mostra um homem morto, duas
crianças, atrás duas mulheres enlutadas e três rapazes, atrás tapetes e cortinas como
se fossem palcos. fotografia. Jakob, Hans Papa u. Tante Maria Ekk, Lena (gest.),
Seleide
Gatchen (Agathe) Mama Lena (geb. Jansen), Heinrich = Jakob, o pai de Hans,
e tia Maria Ekk, Lena (fal.), Seleide Gatchen (Agathe), a m
ãe Lens (nascida Jansen),
Heinrich... fotografia. Meine Mutter im Sarg, 1919 = Minha m
ãe no esquife, 1919.
Hans, David, Lidia, Justina, Liese (com quatro anos). Cinco filhos e duas parentas. A
foto apresenta duas mulheres, cinco crianças e a morta. Ninguém triste, fisionomias. 7ª
fotografia. Papa seine Eltern Catarina und Johann Penner = Os pais de papai, Catarina e
Johann Penner
. Avós por parte de pai “ele trabalhou em missões e uma tenda, com seus
pertences, pegou fogo... Por isso a foto está suja... Ele conseguiu salvar estas fotografias
cujas c
ópias atuais foram feitas em Curitiba por Jacobs, Foto Brasil, em data não
identificada. Tamb
ém contraiu tifo. Quando despertou encontrou os pais no caixão. Em
seguida foi limpar a estrebaria, a sujeira era tanta que cobria as pernas de um homem
comum. Sua perna inchou e n
ão curou até o fim da vida”. 8ª fotografia. O casal tinha 11
filhos Catarina und Johann = Catarina e Johann
. “Os pais morreram de tifo por volta
de 1912. Epidemia na R
ússia... filhos, noras e filhas... Outras tiveram mortes violentas
em brigas de gangues religiosas, na R
ússia, um morreu”, continuou a contar Irma...
Papa seine Eltern mit Familie mit 11 Kinder = Os pais de papai com a fam
ília e os onze
filhos. A fotografia, copiada por Jacobs/Foto Brasil, apresenta
manchas do incêndio.
45
Ficha técnica: ... Livros antigos Collections Georges Hoentschel, vol. III... Fotos
russas (continuação)... 06 de setembro de 1996... 14h30min. até 17h00min. ...
.
12 de setembro de 1995.
Vara para pendurar os ratos que entram na casa. Ficha t
écnica: ... Livros
antigos... 06 de setembro de 1996... 14h30min. até 17h00min. ...
.
18 de setembro de 1996.
Relevos e silhuetas, flores ressecadas, recortes de moda. Ficha t
écnica:
... Livros antigos... 18 de setembro de 1996... 13h45min. até 15h35min. ...
.
25 de setembro de 1996.
As partes da cadeira com bra
ços. As partes da mesa. As partes do armário.
Selo da marca F. Essenfelder & Cia. e, outro selo para o valor a ser colocado no
banco que acompanhava o piano. Porta retrato em lat
ão. Frio. Ficha técnica: ...
Livros antigos... 25 de setembro de 1996... 14h00min. até 16h00min. ...
.
27 de setembro de 1996.
O Bubi, Erwin Jacobs
, das unhas sépia, fotógrafo-retocador, ele disse que
fez uma foto f
únebre na mocidade... terrível, a experiência. Nada sabe sobre
a exist
ência de fotografias nesse estilo, porque um incêndio destruiu parte do
arquivo do est
údio Foto Brasil.
6
_______________________________
6
Erwin Jacobs, fotógrafo-retocador, trabalhou durante “... 41 anos no Foto Brasil e outros
estúdios fotográficos, de Curitiba...”. O estúdio Foto Brasil foi fundado pelos Irmãos Jacobs, Erich e
Walter. Registrado na Junta Comercial, em 1931; localizado na Rua XV de Novembro, n.
° 94; fechou as
portas em 2002. O acervo remanescente foi doado para o Museu da Imagem e do Som – MIS, Secretaria
de Estado da Cultura – SEEC e Casa da Mem
ória, Fundação Cultural de Curitiba – FCC. In: JACOBS,
E. Entrevista concedida à Didonet Thomaz. Curitiba, Paraná, 23 de janeiro de 2004 .
46
17 de outubro de 1996.
Destruição dos bordados das toalhas da mesa redonda na máquina de lavar; o
restante dos fios foram arrancados com as pontas dos dedos e as unhas. Os riscos, como
trilhas desmatadas, tornaram-se evidentes. Ficha técnica: “... Vasos... toalhas... 17 de
outubro de 1997... 14h00min. at
é 16h00min. ...”.
30 de outubro de 1996.
Coleção Os vasos de flores VIII, IX e X. Ficha técnica: “... Vasos de flores... 30
de outubro de 1996... 13h450min. at
é 15h00min. ...”.
08 de janeiro de 1997.
Coleção Caixa dos sentidos I: o tato para um novo Mutus Liber. O livro mudo
da alquimia. Caixa de papelão
Kraft, dentro duas mãos em papel pergaminho recortado,
desenhos com grafite, os sulcos das mãos na parte interna, as unhas feitas com a ponta
de um tubo aberto, arrastando a tinta fera Carmesi alizarina. Fita néon dourada dupla
em unem cada lado da máscara das mãos para que seja usada por outros como uma
máscara mesmo. Livro de artista.
22 de janeiro de 1997.
Reação: nenhum vaso sobre a mesa. Nenhuma pergunta. Ficha técnica:
“...
Observação dos móveis... 22 de janeiro de 1997... 14h00min. até 17h00min. ...”.
29 de janeiro de 1997.
Nenhum vaso com flor. Silêncio. A
poltrona grande tem + ou 50 anos; a
primeira capa foi colocada quando a TV a cores foi comprada; recebeu uma segunda
capa. O tecido da poltrona pequena foi colocado inteiro e as dobras foram moldadas
na estrutura. O guarda-roupa feito em imbuia África. As gavetas do camiseiro não
caem porque estão apoiadas em trilhos com encaixes em rabo-de-andorinha, da própria
madeira de imbuia. Na penteadeira, as gavetas estão repletas de fotografias, pentes em
47
tartaruga/ cabelos-coques ruivos, traas louras (restos para bonecas), grampos de
metal fininhos e grampos para ondas de cabelo/ luvas em malha fina/ livros de humor
familiar, nos arrios. Ficha técnica: ... Observão dos m
óveis construção... 29
de janeiro de 1997... 14h00min. a 16h30min. ...
.
05 de fevereiro de 1997.
Olhar imagens, observar segurando a loa com as mãos. Perguntar. Ficha
cnica: ... Fotos... 05 de fevereiro de 1997... 14h00min. at
é 16h45min. ...”.
21 de fevereiro de 1997.
Vaso grande, contorcido azul-petróleo com uma rosa, em frente à cristaleira,
no co; outro sobre a máquina de costura. Este tinha a paisagem castanha de uma
floresta, era bojudo. Os caules das flores cor-de-maravilha pareciam continuar ao
vivo o que a porcelana aprisionava na pintura da superfície, do marrom ao rosa-
choque. Coleção Os vasos de flores XI e
XII. Outro esconderijo para um novo
desenho da COZINHA. Encontrei carreis, linhas, espelhinho, papéis, tas, cordas
e livros de receitas embaixo do assento do banco do canto alemão. A maior parte
em português, inglês e alemão. Havia recitas em livros fininhos, nesses idiomas. O
primeiro que escolhi e peguei foi o Guia domus, com a data de 25.1055.
Receitas
escritas com diferentes letras em agendas, em folhas soltas, em papelões rasgados,
em dobraduras de caixas, embutidos impressos. Livro de capa dura fragmentada na
extremidade. Agenda alfab
ética retalhos de revistas folhas de cadernos em listras/
quadriculados, xadrez desenhos de frutas numa folha de papel manteiga ramo de
flores secas recortes coloridos, de bolos de revistas receitas em inglês escritas
a lápis e caneta tinteiro pétalas de rosas escritas à lápis e canetas a tinta papel
xadrez azul e branco com o desenhos de frutas na seguinte ordem melancia, maçã,
cereja, pera, lio, laranja, abacaxi, pitanga verde, caju, pêssego, anas, figo verde,
banana, carambola, morango. Fichacnica: “... Livros de coletas de receitas... 21 de
fevereiro de 1997... 15h00min. até 17h30min. ...
.
48
25 de fevereiro de 1997.
Espelho quebrado. Primeiro livro de receitas 300 páginas numeradas.
Revistas, notas de compras, receitas no verso. Segundo livro receitas em papeizinhos
e desenhos a lápis sobre papel macio; impressas com desenhos de bolos coloridos,
cartolinas retangulares, caro, jornais, carta, 1939: ... marceneiros, construtores,
comerciantes até
ougueiros/ pouco tempo/ vamos deixar a redondeza insegura...”.
Terceiro Livro bons bolos. Quarto livro receitas a pis, folhinha furada com
cigarro aceso. Quinto livro encapado com tecido xadrez/ letras de feltro vermelho
coladas/ guras coladas. Receitas em inglês, letras em colagem, nomes das pessoas
que doaram. Desenho em folha xadrez: três sóis sobre um arco que termina com a lua
e começa de man: regio abaixo desse arco marca sete horas. Ficha técnica: ...
Livros de receitas... 25 de fevereiro de 1997... 15h00min. a 16h45min. ...”
.
05 de março de 1997.
Violetas...
verde musgo/ violeta viva violeta preta (or seca)/ amarelo/
azul anil/ marrom esverdeado (folha morta)/ cemica. Vaso com ores... (talvez
tenha sido encontrado junto com os espelhos e a casa de madeira), no papel de seda
o registro trouxe a iia das pedras numeradas de um bingo. Olhando fotografias...
encontrei uma de Erbo parado perto de uma árvore e mais ats Ein brasilianischer
Othello (...) Die Esplanada do Castelo, Rio – Juni 1939 = Um Otelo brasileiro (...)
A Esplanada do Castelo, Rio Junho de 1939. Erbo – Arbo, Arbogast = o h
óspede
da
árvore ele treinava a letra com a mão esquerda, era perfeita... Verde musgo,
violeta viva violeta preta (flor seca) amarelo azul anil marrom esverdeado (folha
morta) cemica... Coleção Os vasos de flores XIII e XIV. Desenhei os bancos do
canto aleo, abertos, depósitos retangulares deixando à mostra os livros de receitas,
agendas, no meio de estampados papéis de embrulho e barbantes. Nada foi ou é
jogado fora. Os pedos de espelhos encontrados na rua foram cortados e montados.
Ficha técnica: ... esconderijo dos bancos fotografias & ores/ Receitas... 05 de
mar
ço de 1997... 13h00min. até 16h00min. ...”.
49
11/12 de março de 1997.
Coleção Os vasos de flores XV e XVI. 1
a
gaveta da penteadeira: dois pares de
óculos redondos, tesoura, limpa-rápido Camurça e Buffalo (que se espalhou da caixa sobre
a folha de seda), livros, etiqueta, pomadas de calendula, iodex, balilicão... Codicilos. 1.
Capa preta 1951. 2. Capa vermelha 1958. 3. Capa vermelha 1959. 4. Capa azul-marinho
1963. 5. Capa vermelha 1964. 6. Capa vermelha 1966. 2
a
gaveta: tomada e fio, saco,
fita vermelha e listrada em azul e branco, linha dourada e amarela com carretéis, tecido
com paisagem florestal e servo, linhas coloridas, verde-musgo, verde-limão, marrom,
laranja, ocre, vermelho, azul, rosa e lilás, roxo, rolo de gaze, guardanapo azul-piscina,
20 rolos para cabelo, chaveiro, escova, fio dental, livro, propaganda, luvas em pelica,
lápis, monogramas desenhados à lápis sobre papel vegetal, calcados monogramas, letras
e pontos de cruz, sete livros de monogramas. 3
a
gaveta: porta pente e escova em metal
com pêlos brancos, poseira, abotoadura, espelho retangular com proteção em couro,
caixa de fósforos, espelho de bolso já descascado, pote de vaselina sólida, oito grampos
para ondas em cabelos, sete tartarugas travessas, linha vermelha, ramo de flores em
tecido moldado, ramo, caules, flores e pistilos, folhas. Ficha técnica: “... Codicilos...
gavetas da penteadeira... 11/12 de março de 1997... 14h00min. até 17h00min. ...”.
19 de março de 1997.
Voltei a pegar nas gavetas da penteadeira. Reexaminei e encontrei um conjunto
de sinais no codicilo de capa preta riscos a grafite ////////// //////, na linha seguinte
////////// ///////////////, na linha seguinte /////////// //////, na linha seguinte , abaixo /////////,
abaixo ///////, abaixo ///////////////////, abaixo ///////////. Anotei vaselina sólida. Desenhei
grampos de cabelos em diversas posições nas folhas de papel de seda, os recortes no
metal formavam dentaduras em bocas estranhamente risonhas e gargalhadas: cinco ao
todo. Grampo com encaixe para segurar coques e para ondas. Ficha t
écnica: “... Gavetas
da penteadeira – grampos... 19 de março de 1997... 13h15min. até 16h00min. ...”.
50
21 de março de 1997.
Retomei Inf
ância em Berlin+Walter Benjamin+armários+gavetas+coisas.
02 de abril de 1997.
Dimeno do espólio que se mistura por heranças agregadas; responsabilidade
para quem apreende a mercadoria parada e que se deteriora. Ficha técnica: “...
Fotografias... 02 de abril de 1997... 13h00 a 15h30min. ...
.
03 de abril de 1997.
Coleção Caixa dos sentidos II: o olfato para um novo Mutus Liber. Caixa
de papelão Kraft, com tampa interna recortada e retirada a um centímetro das bordas;
forma um buraco sobre o qual foi costurado um retângulo (no formato da caixa) em
papel vegetal que permite a visão sombreada de um jardim de rosas, em “T”, o qual
esdentro e embaixo. Perfume espargido nas rosas vermelhas, rosas e folhas verdes,
em papel de seda amassado. Livro de artista.
07 de maio de 1997.
Rosa vermelha rem colocada dentro de um cálice de prata: fresca, estava
enrolada num jornal, na geladeira. O cálice foi colocado perto de outro vaso com
margaridas roxas e uma rosa + roxa ainda. Toquei as talas da rosa roxa com uma
terceira rosa de pstico alaranjado e caule de arame. Com a ponta, espetei e espetei,
de longe. Não deveria estar olhando ou tocando a rosa roxa porque o meu canso
poderia atin-la e ela, derrubar a cabeça para sempre.
21 de maio de 1997.
Coleção Caixa dos sentidos III: o paladar para um novo Mutus Liber. O
livro mudo da alquimia. Caixa de papelão Kraft, fundo pintado com esmalte para
unhas rosa forte e sobre este, várias camadas de guache dourado, passada lixa grossa/
enfiados nos dois orifícios extremos da caixa dois palitos orientais sulcados nas pontas
51
e amarrados com fio prata segurando o papel pergaminho recortado em forma da mancha
da boca, papel de seda branco e gaze verde-água dentro da caixa de maçãs. Livro de
artista.
19 de junho de 1997.
Coleção Caixa dos sentidos IV: a audição para um novo Mutus Liber. O livro
mudo da alquimia. Caixa de papelão
Kraft, pequena, contendo rosa amarela feita de saco
plástico tingido, coração em papel pergaminho debruado com barbante e papel crepom
azul para rasgar, estrelas no miolo, sacudindo faz barulho; embrulho com papel celofane
verde-musgo; caixa fechada com papel crepom e barbante vermelho trespassado em
diagonal de fechadura, sem nó, para rasgar, também. Livro de artista.
25 de junho de 1997.
Epifanias. Coleção Os vasos de flores XVII
e XVIII. Ficha técnica: “... Vasos
de flores... 25 de junho de 1997... 13h00min at
é 15h00min. ...”.
02 de julho de 1997.
Coleção Caixa dos sentidos V: o olhar para um novo Mutus Liber. O livro
mudo da alquimia. Caixa preta com letras douradas, micro-fórum composto por recortes-
colchões de espuma e, no meio deles, cacos de espelhos presos com fios prata. Próxima
dos bordos internos, um puxador feito com linhas vermelha&
pink presas na agulha que
serviu para costurar a carta convite para uma luta corporal –, em papel de seda vermelha.
A agulha espetada no dedo derrama o sangue no papel rasgado. Aproveitamento de
caixas de jogos para computador como todas as demais. Livro de artista.
08 de julho de 1997.
Leitura oral ao redor da mesa redonda. Escrever dizendo a verdade por trás da
flor, sem ofender. Refinamento lingüístico no cotidiano. Xícaras de chá. Ficha técnica:
“... Tradu
ção de carta... 08 de julho de 1997... 16h10min até 17h10min. ...”.
52
CAPÍTULO III
A MOVIMENTA
ÇÃO DOS OBJETOS
53
3.1. ENUNCIAÇÃO
Acompanhei a seleção dos objetos remanescentes na Oficina de m
óveis
entalhados e na casa da Travessa Gen. Francisco de Lima e Silva, 65.
7
O montante,
proveniente do culo XIX e da primeira metade do século XX, compunha-se de
raridades que foram deslocadas para a casa da Rua Trajano Reis, 571. Antes do final
de 1997 a primeira foi demolida e a segunda foi desmontada no terreno e montada num
parque da cidade, ganhando vida ppria. Como explicar o impacto de movimentar
uma casa, em vez de objetos, de uma superfície para outra? O conteúdo, subdividido,
foi deslocado para lugares diferentes e a casa para outro, ainda. Cabe tomar como
equivalente da expreso deslocamento de palavras’ a ‘movimentão dos objetos
como ão transformadora, porque o movimento provoca mudanças. Tenho interesse
em observar esse processo, pois pegar de um lugar o significa deixar o lugar de fora,
mas o ponto de partida de uma busca. Pegar é primordial, vivemos assim a transmiso
do conhecimento: “... “fatosnada são além de camadas que apenas à exploração mais
cuidadosa entregam aquilo que recompensa a escavação...”. (BENJAMIN, 1993: 239).
Em decorrência do excesso de peso, a acomodação dos objetos nos cantos
pressionou a estrutura da edificação e provocou o deslocamento da ESCADA e do
_______________________________
7
Denominada Casa Erbo Stenzel, exemplar da arquitetura da madeira nesse estilo, 1928,
foi doada pela fam
ília e relocada da Travessa Gen. Francisco de Lima e Silva, 65, para o Parque São
Lourenço. Restaurada, passou a abrigar réplicas da obra múltipla do artista (1911-1980). A Historieta
de Truz, libro-objeto de arte, 1987, foi uma semente deste projeto pioneiro desenvolvido pelo Instituto
de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba IPPUC, Companhia Paranaense de Energia El
étrica
COPEL, Secretaria de Estado da Cultura SEEC, Secretaria Municipal de Administra
ção SMAD,
Secretaria Municipal de Comunica
ção Social SMCS, Secretaria Municipal de Meio Ambiente SMMA,
Fundação Cultural de Curitiba FCC, Prefeitura Municipal de Curitiba e Instituto de Planejamento
Histórico e Arquitetônico Nacional – IPHAN, no período de 1997 a 1998.
54
assoalho do PAVIMENTO RREO, que foi afundando em propoão: documentos,
cartas, livros com encadernões preciosas, desenhos de mobili
ário, o conjunto
revelou um gosto pelo pormenor; desenhar perdeu o sentido naquelas circunstâncias.
Entretanto, continuei a construir um espólio paralelo, em desenho e caligrafia, nomeando
e descrevendo a primeira visão da descoberta. O ato de desenhar foi procrastinado,
enquanto palavras foram organizadas em listas de acordo com a circunstância entrópica.
Retomei caixas cuja ordem havia sido alterada com o objetivo de estabelecer outras
relações. O objeto em palavra não é o objeto; ao tocar a ponta dos dedos no plano
da escrita na folha, o encontro a forma do escrito. Nem sempre a forma necessita
do escrito; na prodão cienfica da arte, o escrito pode servir como corolário da
forma. A palavra isolada guarda a idéia dos assemelhados. Adjetivos limitam a forma
e aumentam o discurso. “... O “abre-te, S
ésamo” do sucesso é a palavra gerada pela
ngua do comando com a sorte. (BENJAMIN, 1993: 190).
Chamou atenção o rodízio da mesma imagem que voltava para as minhas
os de tempos em tempos, de salto em salto: o se tratava de um panorama, mas
da topografia de um rosto concentrado em p&b. Finalmente, encontrei o negativo em
vidro, retocado, dentro de uma caixa de papeo; entendi que o se tratava de uma
coleção, mas de resultados da reprodutibilidade técnica indicados como produto da
experncia do amador. Imagem mais clara. Imagem menos clara. Imagem contrastante.
Imagem aguada. Imagem.
O donio dos Stenzel se desmembrava e encolhia e o novidade na foa.
A propósito do tema da casa que se desmancha, porque nada fo além de poetizar
a ruína, ao tomar conhecimento do meu modus operandi, é importante destacar as
palavras do Professor Luiz Camillo Osorio:
Tem um artista americano que eu acho que vo tem que tomar contato, chamado Gordon
Matta-Clark... dos anos 70. Ele morreu muito jovem... era filho do pintor surrealista
Roberto Matta [1911-2002]. E aparece nos anos 60, o Matta-Clark... no meio da arte nova-
iorquina, p
ós-formalista... Começou a fazer umas intervenções urbanas... pegar tios,
55
espaços da cidade ameaçados de extinção... Cortado ao meio... ele fotografa e diz que o
trabalho é de cunho fotográfico... e ele tem essa coisa com as casas… cortava as casas,
inteiras… pegava, tirava uma fatia da casa... Tem uma outra que ele pegou a fachada e
inverteu, a parte de dentro ele virou, colocou para fora e a
í... pegava os pedaços da casa e
levava para o Museu... Essa coisa dele intervir no espa
ço, pegar a casa... toda a destruição
urbana, expor esse processo entr
ópico e lidar com isso de uma maneira muito pesada, muito
material... E o final
da vida dele... é um trabalho completamente comunitário no Bronx...
É uma figura muito curiosa desse tipo de embate com a situação urbana.
8
A complexidade e o tempo exigido para a composição dos desenhos me levou
a buscar outras m
ídias. Afinal, a máquina fotogfica é mais rápida! Menos rápida que
a entropia. As fotografias menos detalhadas do que os desenhos. O meu interesse pela
fotografia foi crescente durante os anos de pesquisa na casa da Rua Dr. Trajano Reis,
571; toda vez que parei de desenhar ou caligrafar listas de objetos, z a revis
ão das
fotografias que estavam na cristaleira, ou que tinham sido descobertas, recentemente;
protelei as sa
ídas até anoitecer, questionando sobre aquilo que não conseguia ver ou
saber a respeito das coisas e das pessoas, das atividades que praticavam e dos lugares
que freq
üentavam etc.. As fotografiaso dizem tudo sobre os referentes, mas podem
acrescentar. Palavras jogadas para decifração.
O per
íodo é de desenhos e caligrafia a nanquim sobre papel de seda. Fichas
cnicas (FIGURA 8) foram assinadas e, autorizado, in loco, o uso das recolhas: Nestor
assinou, pela
última vez, em 17 de novembro de 1999. Caligrafia abalada. Após sua
morte, as portas e as janelas foram gradeadas com madeiras aparafusadas, protegendo
a casa. Perenidade da imagem.
___________________________
8
Citação direta da gravação feita durante a apresentação do Espólio de Romollo Gomes de
Castro Deus, Teatro Mon
ótono. In: Seminário (Organização Prof. Dr. Luiz Camillo Osorio). Curso de
Especialização em História da Arte do Século XX, Escola de Música e Belas Artes do Paraná-EMBAP,
Curitiba, 06 de agosto de 1999.
56
FIGURA 8. Fac-símile de Ficha técnica do terceiro capítulo do Diário de pesquisa.
57
3.2 A MOVIMENTAÇÃO DOS OBJETOS: LISTAS
DE 13 DE AGOSTO DE 1997 A 19 DE FEVEREIRO DE 2000.
13 de agosto de 1997.
Da cristaleira foram deslocadas duas caixas de madeira que estavam na
Oficina de m
óveis entalhados. O nanquim se derramou sobre a superfície das folhas
dobradas, de cima para baixo, marcando as formas até o desaparecimento das linhas
em pontilhados mínimos. As goivas. Folha 1. Goivos da caixa pequena contendo
cinco peças. Ferramentas de trabalho: 17 peças no total. Vaso de junquilhos
(amarelos e castanhos). Folha 2. Goivos da caixa
pequena contendo cinco peças.
Ferramentas de trabalho: 17 peças no total. Vaso de junquilhos sobre a mesa. Folha
3.Goivos da caixa pequena contendo seis peças. Ferramentas de trabalho: 17
peças no total. Vaso. Junquilhos sobre a mesa. Folha 4. Goivo N Stenzel & caixa
pequena com tampa chata contendo uma peça: 17 peças no total. Vasos sobre a mesa.
Perfume de junquilhos.
Os formões e as goivas. Folha 1. Formões da malinha
contendo seis peças, cinco numeradas: 2 ½ Avesso, 5 Avesso, 3 (?) Avesso, 5 ½
Avesso + Direito, 8 Avesso + Direito. Ferramentas (curvas). Junquilhos. Folha 2.
Form
ões estreitos da malinha contendo 11 peças, sem informações. Ferramentas
de trabalho. Junquilhos. Folha ¾. Goivos da malinha contendo 22 peças, duas
numeradas: 6 e 6 ½. Folha 4. Form
ões estreitos da malinha contendo quatro
peças, uma numerada: 8mm.. Ferramentas. 16h10min.. Na casa está frio. O retrato
emoldurado que veio da casa da Travessa, estava encostado na cristaleira, na semana
passada; agora está sobre o sofá da BIBLIOTECA o rosto foi recortado e ampliado
de uma fotografia de grupo; reproduzida em tonalidade esverdeada. Dentro da
gaveta do guarda-roupa embutido no nicho foi encontrada uma fotografia da casa
mais antiga no domínio; construção de alvenaria de tijolo de 1897, data inscrita na
fachada onde funciona outra oficina de restauração de móveis. Sentei para trabalhar
com os braços apoiados sobre a mesa redonda. Perfume forte do vaso de junquilhos
amarelos e castanhos. Ficha técnica: ... Ferramentas de trabalho... 13 de agosto
de 1997... 14h00min. até 16h10min. ...
.
58
20 de agosto de 1997.
Poemas informais (três trouxinhas com rolos em rápidas prosas “a or
flor em terreno branco a flor em branco amarrotado”/ “as andorinhas” – “a chuva
a chuva cai sobre o lago o lago recebe a chuva”). Papel de seda amarrotado e passado
a ferro, carretéis de papelão, retalho de gabardine azul, linha preta para as andorinhas,
recorte e encaixe, papel laminado de lata de ca, linha prata, restos de lonita bege de
antigas telas, barbante cru para o franzido. Livros de artista.
Deslocamento e revio
de caixas. Ficha técnica: ... Caixas da Oficina... (fotos, ferramentas, revistas, livros)...
20 de agosto de 1997... 15h00min. a 18h00min. ...
.
23 de agosto de 1997.
Fui para a casa quase vazia na Travessa a fim de selecionar os livros
autógrafos do culo XIX e os do início do século XX; os ticos, histórias infantis,
encadernações raras, estampas, silhuetas etc.. Beleza desceu e subiu as escadas,
de lado, como a sua falecida dona. Ele foi o único animal abandonado no terreno.
Permaneci no sótão a que começou a escurecer e ficar sinistro; a luz elétrica foi
desligada e as janelas estavam pregadas. Levei os livros para cima da chapa do fogão
a lenha no andar de baixo. Sentei no portal, olhando a correspondência; no entremeio,
encontrei um livro informal elaborado pelo patriarca Johann Stenzel (1865-1936),
onde consta o lançamento dos nascimentos (às vezes, a hora, o dia, o mês e o ano)
e dos falecimentos de cada um dos 10 lhos Amália (1889-1962), Olga (1891-
1891), Sara (1893-1965), Eldrita (1894-1954), Sido (1896-1977), Paula (1902-1913),
Nestor (1903-), Antonia (1905-1960), Gabriel (1907-1963) e Erbo (1911-1980) – com
Maria Luiza Raschendorfer (1866-1949), em Curitiba. Os laamentos foram feitos
a bico de pena, caneta esferográfica e grafite até o último sobrevivente, ficando a
responsabilidade para as gerões seguintes. Na composão do livro de seis páginas
a capa é de papeo debruado com papel encerado azul-forte, recheado com retalhos
mais ou menos simétricos de folhas pautadas. Havia pratos em porcelana cravados na
terra. Beleza andava e se cava e me olhava. Onde está todo mundo? Ao chavear a
59
porta, percebi que estava arranhada – ele fez aquilo em sua desesperada solidão – uma
escavação, xilogravura e é imprimir. Os objetos foram deslocados para a casa da
Rua Dr. Trajano Reis, 571. Desenho da ESCADA desde o HALL DE ENTRADA
. Ficha
técnica: “... Revis
ão de livros... 23 de agosto de 1997... 14h00min. até 16h30min. ...”.
24 de agosto de 1997.
Beleza uivou na frente do carro com a cabecinha levantada. Onde estodo
mundo? Entrei na casa e concluí a revisão dos livros, ao meio-dia em ponto. Góticos,
góticos e góticos. Fardos com peles de coelhos, empilhadas, no sótão. Ninguém quis,
fiquei com uma a pele parece ter sido arrancada do bicho vivo, um casaco aguardando
um corpo. Ficha técnica: ... Livros/ revis
ão... 24 de agosto de 1997... 10h00min. até
12h00min. ...”
.
25 de agosto de 1997.
Frio. Beleza uivava do portão, saudade, saudade. Virava a cabeça para a porta,
saudade, saudade. Onde está todo mundo? Em seguida chegou a equipe da Casa da
Mem
ória para fazer o deslocamento de caixas com livros. Entramos, através do barro
do pátio, levando crostas nas solas dos sapatos até a escadinha, e da cozinha ao sótão.
Os passos tinham um som aterrador dentro da casa quase vazia. Vidros e vasos de barro
foram encontrados no entorno. Fiquei com a chave da porta. Desci até a Oficina de
móveis entalhados, caminhei pelo desmancho, caótico. Ficha técnica: “... remoção dos
pertences... 25 de agosto de 1997... 09h30min. até 11h45min. ...”
.
27 de agosto de 1997.
Caixa contendo outras, menores, de papelão e latão, destacando-se as
marcas Agfa, Eisenberger, Hauff-Leonar, Mimosa etc.; identificadas nas tampas com
caligrafia a grafite ou bico de pena. As caixinhas, por sua vez, continham os negativos
de vidro correspondentes a algumas das fotografias, em papel, do
Álbum de fotografias
e das reproduções repetitivas, de diversos tamanhos, em p&b, da primeira metade do
60
século XX, percebendo-se a transformação da realidade por meio da fotografia a partir do
século XIX. Sem assinatura, pode-se supor que Nestor, ou qualquer um de seus parentes,
ou amigos, tenha fotografado os demais, em ocasiões e lugares diferentes; inclusive que
tenham experimentado revelar, além de dispor do trabalho de terceiros. Até onde se pode
saber o arquivo fotográfico poderia ser indicado como produto amador.
F. H. Leonar
41293T... Papel Lumarto extra duro/ sete chapas fotográficas, pequenas, bem verde-
claro/ papel para proteger 1/8/9/10/ chapa fotográfica postal bem verde-claro/ chapas
de vidro incolor tamanho postal/ etiqueta de aparelho M
áquina para soldar serras.
tr
ês fases. Caixa sem tampa: três pedras para afiar ferramenta (“goivos” e “formões”)/
cavalinho para peça de madeira relevo/ dois potes de porcelana para misturar tinta
betume/ lente grossa quebrada/ carretel de madeira/ mais três potes para misturar
tinta – amarela, verde e marrom/ compasso/ aparador de pedra para afiar/ um pote com
de ouro/ molas para máquinas de gramofone, caixa de fósforo
s contendo pepitas
de ouro e algodão/ pote com dourado/ plástico estampado/ quadro com fotografias/
pote marrom de plástico... pote marrom ainda dentro do maior na tampa escrito
“quem
paga” e dentro uma ficha, dois papéis e uma rolha plástica. Desenho a grafite. Folha
com desenhos frente/ verso. Frente... assinatura difícil de ser lida apresenta desenho em
forma de baú com entalhe. Desenho a grafite/ Atrás tem desenhos a grafite com homem
fumando cachimbo, outro perfil, outro perfil de cabeça para baixo, arabescos, busto de
homem com pedestal, espelhos, mesas ou
buffet. Quadrado em papel com desenho em
grafite e lápis de cor vermelho, comprimento, altura para provável mesa. Atrás carimbo.
Desenho a lápis, de cômoda ou penteadeira com três folhas de espelho e seis gavetas com
entalhes, feito atrás de calendário de março de 1948. Desenho de cristaleira. Desenho de
cadeira, quase poltrona e forro de flores a lápis de cor com rosas e folhas verdes/ mais
mesinha com entalhe e forro igualmente estampado. Folha
Kraft com dois furos e aranha
marrom morta, colada. Atrás, números e contas a lápis. Desenho de balcão com duas
portas quadradas laterais, duas gavetas grandes e duas pequeninas/ entalhes nas portas
e nos pés. Molde de parte do espaldar (estamparia de estofado) de cadeira/ poltrona
com braços de madeira. No espaldar o desenho da cadeira inteira com os entalhes e as
61
estampas em grafite. Rasgos nas laterais. Desenho de banqueta com relevos nas pernas e
no estofado. Grafite em papel
Krafttipo papel de embrulho. Desenho de três armários
acoplados, um grande no meio e dois menores, iguais nas laterais. No verso, riscos
mais claros do mesmo armário. Desenho com anotações de números e medidas com
arabescos de flores/ cadeira com braços e pernas entalhados. Desenho de arabesco com
grafite. Desenho de sofá com almofadões e em relevo/ grafite. Desenho a nanquim:
cômoda com quatro gavetas e pegadores relevos... escritos com esferográfica. Desenho
de rosas com entalhes de pés de armário folha pautada. Desenho a grafite sobre papel
vegetal, cômoda, pernas e relevos. Desenho de cômoda, armário, toucador e mesa de
cabeceira esferográfica sobre papel. Desenho a grafite/ de armário com folha de espelho
– papel
Kraft. Desenho de cômoda em grafite. Manuscrito em nanquim sépia. Desenho
de relógio com pêndulos, grafite sobre papel branco. Desenho de cômoda, grafite sobre
papel Kraft. Desenho de armário (duas portas quadradas tipo gavetas, em cima) (duas
portas pequenas laterais embaixo) (tela no meio embaixo)... Desenho de quarto: cama de
casal, mesa de cabeceira, guarda-roupa, espelho, cômoda com quatro gavetas, cadeira,
escritos a lápis grafite sobre papel/ no verso, escrito a lápis... guarda roupa, duas
camas, cômoda, mesinha de cabeceira, cadeira, quadro espelho = sete peças... cadeira,
mocho, penteadeira, aumento quadro espelho. Desenho de cadeira com forro estampado.
Desenho a grafite sobre papel. Pequena mesa – grafite sobre papel. Desenho de espaldar
de cama grafite e esferográfica – verso arabescos c/grafite e esferográfica. Desenho
com grafite e esferográfica sobre vegetal. Desenho/ folha de papel e grafite (armário,
mesa e cadeira e poltrona com relevos) números a lápis. Caderno de desenho
Raphael.
Folhas de revista. Berlin 1926/27. Desenhos de móveis. Estampa de vaso com flores/
vermelho, verde, amarelo, azul-claro/ atrás contas em grafite e esferográfica azul e
vermelha. Desenho de armário a esferográfica. Estampa gótica, velho com ramo no
chapéu. Estampa Liebe und Arbeit. Estampa de homens. Estampa de mulher com
criança/ atrás números a lápis. Desenho de flores sobre papel poroso verde grafite.
Desenho de leão sobre papel poroso bege grafite e furos, atrás desenhos a grafite
de cabeça de grego e telhado de casa. Recorte de animal no meio de plantas em papel
62
poroso bege. Desenho de cadeira/ grafite sobre papel poroso, atrás desenho em grafite.
Desenho de mapa em nanquim lápis de cor vermelho, verde, lilás, amarelo e azul.
Atrás desenho de espelho em escala. Desenho de cômoda/ arabescos/ atrás, desenhos
de arabescos. Recorte de flores e folhas. Desenho de armário com arabescos grafite.
Desenho de arabescos. Folhas de revistas com lustres e abajures. Desenho de floral
sobre papel de embrulho verde oliva. Desenho de carrinho de bebidas, desenhos de
flores/ no verso, papel pautado com móveis/ com medidas grafite. Desenho de queijeira
com duas portas laterais e quatro gavetas embaixo/ divisórias no meio das duas vitrines
laterais superiores/ embaixo, o vão onde a galinha chocava a cena do ovo e por sobre
outra pequena prateleira com portas. Atrás, contas em grafite – a letra... gótica. Desenho
de mapa nanquim e lápis de cor (amarelo, laranja, vermelho, azul, amarelo, roxo,
verde). Caderno de desenho, propriamente dito. 1ª folha: desenho a grafite, reprodução
de estampa gótica, velho com ramo no chapéu. Atrás, grafite de cadeira. folha: seda.
folha: grafite de toucador. folha: seda. folha: imagem de armário apagada com
borracha, escavação de rosto. Atrás, rosto de menina, arabesco e concha. folha:
grafite de folha de parreira. folha: seda. folha: rosto de mulher grafite. folha:
rosto de mulher e criança em oval. Ficha técnica: “... Desenhos de m
óveis... Caixa
Oficina... Desmanche ... 27 de agosto de 1997... 13h30min. at
é 17h30min. ...”...
30 de agosto de 1997.
Pasta arquivo de correspondência. Letra N. Página 1: 09h55min.. Letra O =
três cartas, 1952. Letra P = carta, 1953. Letra Q = nada. Letra R = 12 cartas, 8/1950
2/1951. Duas cartas, 1942. Telegrama, 1949. Letra S = carta, 1955. Telegrama, data
ilegível. Carta, 1951. Telegrama, data ilegível. Envelope 1950, em vegetal transparente
e letra sépia e nanquim acinzentado, selos, carimbos. Cartas 1946, 1946, 1947, 1947, em
alemão, tinta azul. Carta 1950, em alemão, tinta sépia. Procuração para venda de terreno.
Página 2:12h00min.. 1950, tinta azul, papel pautado em alemão/ carta. 1949, tinteiro azul
e preto, papel pautado, em alemão/ carta. 1949, tinteiro azul, papel pautado, em alemão/
carta. 1949, tinteiro azul/ preto, papel pautado, em alemão, carta. 1949, em alemão,
63
tinteiro azul/ preto/ cinza/ carta em papel pautado. 1949, tinteiro preto, em alemão,
papel pautado. 1949, carta tinteiro azul petróleo, papel pautado. 1948, tinteiro azul
petróleo, papel sem pauta cenourinha. Página 3: 12h15min.. 1948, tinteiro azul petróleo,
papel sem pauta cenourinha. 1948, papel pautado, tinteiro azul petróleo. 1948, carta em
papel pautado, tinteiro azul petróleo. 1947, cartão em papel linho. 1948, carta em papel
pautado, tinteiro azul petróleo. 1948, carta em papel sem pauta, cor cenourinha. 1947,
carta em papel pautado, tinta azul petróleo. 1948, papel pautado, tinteiro azul. Página 4:
12h25min.. 1948. 1947. 1947. 1947, tinteiro azul escuro, papel pautado. 1946, tinteiro
azul petróleo, carta pautada/ seis páginas escritas atravessadas também. 1946, cartão em
papel linho/ frente-verso ao comprido, três, quatro e cinco palavras por linha. 1947, duas
páginas em papel pautado, azul petróleo. 949, cartão com estampa... em alemão, tinta
preta. 13h35min.. 1951, nome ilegível, carta pautada, tinteiro azul petróleo um pouco
apagado. Página 5. Letra T = Carta 1948, em alemão, timbre vermelho, fita datilográfica
azul, assinatura em nanquim azul. Carta 948, folha de caderno dupla, pautada, letra preta
nanquim. 49, carta em papel pautado, tinteiro nanquim preto. Carta 48, papel de seda
pautado, letra preta nanquim. Carta 1948, papel pautado, letra nanquim. Carta 48, papel
pautado, letra nanquim. Carta 48. Carta 48, o tigre em pauta. Carta 48, nanquim sobre
papel pautado. Carta 48 (tigrinho em bronze), papel de seda, nanquim azul quase preto.
Carta 1948, “... toque...” (“toque” é ponto?). Página 6: 14h05min.. Letra T. Carta 1948,
carta em papel pautado de caderno/ duplo folha de meio, tinteiro preto. Carta 48,
“...
toque...”. Carta 45, anotações na margem superior, 1946 “... Toque...”, carta em papel
linho fino, tinta preta azulada. Carta 1945. Carta 45, papel pautado fino – letra nanquim.
Carta 45, papel sem pauta, na frente/ inverso pautado atrás. Carta 45, papel
Kraft sem
pauta, tinta preta azulada. Página 7: 14h30min.. Carta 1943 (?). Carta 1942, carta em
papel sem pauta/
Kraft suave c/ nanquim, pauta leve atrás. Carta 1942, margem direita
inferior. Carta 42, sépia sobre liso
Kraftpauta atrás. “... toque...”, papel pautado, tinta
cinzenta, sépia. Carta 1942. Nota 1942 “... Toque...”. Carta 1942. Carta 1942. Carta
1941, papel linho, tinta nanquim. Página 8: 14h56min.. Carta 1942 (quase ilegível)
“... toque...”, papel linho fino e pautado, tinteiro nanquim. Carta 1941 (quase ilegível),
64
papel linho fino pautado nanquim “... Toque.”. Carta 1941, papel linho fino e pautado/
nanquim. Carta sem data. Carta 1941, sépia quase preto em preto em papel caderno de
meia folha dupla pauta no meio/ verso aparente “... Toque...”. Telegrama... Carta 1940,
tinta sépia quase preta, papel caderno pautado “... ovos crus e vinho estrangeiro...”
.
Página 9: 15h10min..
Carta 1940, a tinta sépia preta, atrás – as marcas ficam mais sépia
sem xadrez de folha de caderno pautado “... – Toque.”. Carta 1940 (data quase ilegível).
Carta 1940. Recibo. Grupo de cartas coladas em papel timbrado rosado, linho fino e
suave. Carta 1939. Carta 1939, caneta sépia quase preta. Página 10: 15h40min.. Carta
1939. Carta 1935, nanquim cinzento – papel pautado de caderno pequeno/ médio. Carta
1939, papel rosa pautado folhas cortadas, tinta um pouco sépia. Carta 1939. Bilhete
escrito a lápis em papel manteiga 1939. Carta 1939, tinteiro preto, em papel linho fino
pautado. Letra U = nada. Letra V = Carta 45. Página 11: 16h05min.. Carta, papel bege sem
pauta/ tinteiro sépia, sem data. Anotações, 1940/1941. Carta (sem data), papel bege sem
pauta/ tinteiro azul/ sem data. Carta, sem data/ papel bege e letra preta. Carta. Resposta
em papel rasgado, folha de caderno escrita à sépia ao contrário da pauta ao cruzado
da linha. Carta, s/data, papel bege e tinteiro sépia. À direita superior carta 1940. Carta
1940, esquerda inferior. Página 12: 16h25min.. Letra W = Carta 1941, tinta impressa
preta e azul datilografada, assinatura em grafite. Carta 1941 (nanquim azulado). Outra
carta 1941, datilografia em preto, lápis de cor roxo, tinteiro azul petróleo. Ficha técnica:
“... Material epistolar deslocado do s
ótão da casa da Travessa Gen. Francisco de Lima
e Silva, 65... 30 de agosto de 1997... 09h00min. até 18h00min. ...”.
02 de setembro de 1997.
13h25min.. Letra Z. Cinco telegramas explicativos. Carta 1952, papel de seda
timbrado com linhas, tinteiro azul-petróleo. 1952, carta confidencial, em tinta vermelha.
Carta 1952, margem a lápis, tinteiro azul-petróleo. Carta 1951. Carta 1951, papel ofício
timbrado com linhas, tinta quase forte. Carta 1951, folha de ofício dobrada sem pauta,
tinteiro quase preto. 14h10min.. Letra X = nada. Letra Y = nada. Letra Z. Carta 1954,
papel Kraft claro, liso tinteiro quase preto, sem pauta. Carta 1952 (folha pautada,
65
tinteiro azul-petróleo), folha grande com de cadernos de conta corrente. Carta/
duplicata 1952 (folha dobrada/ aerograma). Carta em papel ofício timbrado/ duplo
1952/ tinteiro azul-petróleo. Carta declarão 1952, papel ofício timbrado, tinteiro
azul-petróleo. Carta 1952. Carta em tinteiro azul-petróleo, papel ofício timbrado,
escrito em dois lados. Carta em quatro páginas, papel ofício duplo timbrado, 1952.
Separações de palavras = ati-tude, impe-dimentos, por con-seguinte... pontuação
incvel dois pontos em início de linha/ frase. 16h15min.. 1950, carta dupla papel
ofício pautado, tinteiro azul-petróleo. Carta 1950, tinteiro preto, folhas pautadas.
Carta 1950, folha pautada, tinteiro azul-petróleo. 16h25min.. Fichacnica: ...
Material epistolar deslocado do s
ótão da casa da Travessa Gen. Francisco de Lima
e Silva, 65... 02 de setembro de 1997... 13h30min até 16h45min. ...”
.
03 de setembro de 1997.
O retrato es na parede da BIBLIOTECA
. Cadernos: 1. Encapado em papel
Kraft, roxo, desbotado, linhas, pauta musical, sem escrita. 2. V. numerado assim.
Parece gótico e é gótico, totalmente escrito com caligraa de pena de nanquim, capa
roxa e linhas grdas. 3. Letra em nanquim desbotado, à esquerda, infantil. Letra
em nanquim firme, à direita, gótico adulto.
4. Colocação de palavras/ lista corrigida:
úcar, cana, teatro, homem, fumaça, osso, vassoura, hora, orvalho, es, habitar,
habitante, morcego, chácara, chalé, chuva, chefe, diretor, alunio, querosene,
macaco, machado, coma, couve, pêssego, caroço,ssego, maçã. 15h40min.. Cartas,
caixa com tickets, estampa de cegonhas, fotografia, recortes de jornal, livros ticos
ilustrados com gravuras. Caderno de capa dura/ preta, escrito a lápis, listas de produtos
e preços, números em nanquim, frisos a pis, escrita em tico, nanquim azul-claro e
azul-petróleo quase preto... emprestado xx, gxxx, alxx, gxx, axxxx, letra a lápis leve,
exclamão, interrogação, folhas costuradas a quina, caderno de roxo-azulado,
escrita gótica, nanquim e lápis, caderneta em espiral, pequena. Ficha cnica: ...
Material epistolar deslocado do s
ótão da casa da Travessa Gen. Francisco de Lima
e Silva, 65... 02 de setembro de 1997... 13h50min. a 16h30min. ...
.
66
10 de setembro de 1997.
14h30min.. Pequeno lote: mata-borrões rosados. Folhas pautadas
arrancadas/ dó ré mi fá sol lá si/ Olimpo de música/ caderno escolar capa verde
folhas quadriculadas contas à caneta preta e tinteiro azul forte, lápis de cor
vermelho para os acertos, números romanos resto vazio/ caderno... pautado e
vazio/ caderno madeira... pautado vazio... sicas da pátria letra à lápis, pautado,
metade limpa...
à limpo pautado com duas linhas escritas à lápis ... O duplo
ponto aumenta a nota ou a pausa à direita da qual estiver colocado, a metade
do valor do 1° ponto.... As demais folhas em branco/ caderno de música 1ª
lição sica, som, determinado ou musical indeterminado ou não musical ou
ainda propriamente ruído pauta, pentagrama/ metade do caderno de música de
capa castor vazio/ apostilas de merceologia, catálogo de discos novos (1926)/
Homocord/ livro em gótico 1925/ patos saindo de um jardim de rosas, rosas saindo
das artérias do coração com passarinho pousado, mãos enroscadas com espinhos
nos braços, coração com as rosas ao vento feito pelo bater de asas, vôo dos pássaros,
dois, árvore saindo do solo, espartilho rachado com flores saindo de dentro, rato
enrolado na cauda, nuvem de estrelas saindo da taça, cobras saindo dos raios do
sol, mão saindo de nuvem com raios saindo da mão, espinhos saindo do fundo
detrás da máscara, caule com espinhos e rosas saindo das palmas das mãos, duas
mãos apertadas como cobras em oito/ livro de 1916... dentro deste recorte, recorte
de jornal/ pássaro recortado. 15h05min. Continuação: livreto de máquinas, aranhas
secas em profusão/ negociações enxadrísticas caráter científico do xadrez não
perturbar o adversário, o deixar de tocar uma peça tocada (nem em partidas
improvisadas), sem levantar os olhos do tabuleiro levantar sem exaltação ao
antever a vitória, efeitos cumulativos, ataque direto ao rei mais importante elemento
para o conhecimento de xadrez, burilar e lapidar as aberturas (umbral), testes de
ataque e combinação. Caderneta preta, palavras em português correspondentes a
uma língua estranha ... n
ão me perturbe os círculos...... quadriculado às
vezes, uma vez, falou, qualquer, diferença, nada mais, em conduzir, um pouco,
67
controladores, combatentes, alvo, intenção, prever, de novo, alguém, forte, ver,
coberto, velado, flexa, quando de novo antes... vazios e 120, 121, 122, 123 até 148
corridos em vazio. Caderneta azul e amarela, apontamentos: mulher, volto, nobreza,
Deus, Zeus, árvore, não quero, imposto, dar... trabalho, trabalhadores, lavra, quero,
milagre, admiração, eu admiro a Senhora, admiro suas obras, XX = presenteio,
comprimento, o anjo da morte, granizo, deusa, dança, dançarino, classe primária,
educadora, todo autêntico exemplar tem assinatura da autora; ser, uma, pequena,
mas, muito, bela/ dobrada de folha: atinge o céu azul, no centro o sol brilhante,
embaixo brilha riscos/ 16h10min. dobrada de folha: inteligentes, laboriosos,
desde o tempo, os homens, grande amor, a nós, nós, nosso, viviam, habitavam/
dobrada de folha: de pedra e entravam dentro delas, soberania, parentesco, na
margem, nas ilhas, povoando, povoados com, pertence, preparavam, elaboração,
bronze, outros metais, vaso, casa, navio, navios, força, poder, dominavam/ dobrada
de folha: lá, ai, maior, rei, reis, guerreou, deslocou/ dobrada de folha: dominou,
pois, em toda parte, em todo o antes, esquadra, principiaram, a margem, litoral,
desde então, ser, fizeram, erigiram, atingiu/ dobrada de folha: descender, daquela
época os, terminologia, corresponder, influência, em seguida, último/ dobrada de
folha: desceram, com ímpeto,
élan, expulsaram, de ferro, lança, armar, roubaram
tesouros/ dobrada e dobrada de folha pautada: retardação/ outra dobrada: invasão,
tornam-se, motivo, por muitos anos, separadamente, as diferenças, diferente, a
língua, mas, entretanto, a mesma, própria, mesmo, também, religião/ 16h25min.
dobrada de olhar: deusa, eram doze, alto, mais alto, montanha/ dobrada: por
quanto, contanto que, brilhar, relampeja e tombavam os raios (raio) para assim
punir, acalmar, aplacar, sacrifício, erigir, construir. Ficha técnica: ... Cadernos...
10 de setembro de 1997... 13h45min. até 17h00min. ...
.
17 de setembro de 1997.
Tradução e leitura oral de cartas escritas em alemão. Palavras compostas.
Ficha técnica: ... Carta... 17 de setembro de 1997... 13h30min. a17h00min. ...
.
68
20 de setembro de 1997.
Encontrei o restante das cartas, outro arquivo, grande, embaixo de imagens
e documentos empilhados desordenadamente. Ficha cnica: ... Caixa Cica, outras
cartas... 20 de setembro de 1997... 17h00min. até 19h00min. ...”
.
24 de setembro de 1997.
Página 1: 14h20min.. Letra A. Quatro cartas, letras ilegíveis/ sem nome.
Letra B. Carta, recibos... Busto retrato 69. Figura “Nu” 69. Cabeça mulher 69. Busto
68. Busto retrato 63. Cabeça retrato 60. Carta 1957, remessa do busto. Carta 1956.
Carta 1952. Carta 1950, bronze fundido a cera perdida... fundição a terra... Carta
51, papel de seda, tinta azul-petróleo. Letra C. Carta 1957. Carta 1951. Página 2:
15h31min.. Carta... “minhoquinhas” cartas de amor... Carta 54, letra preta/ folha de
ofício sem pauta. Ficha técnica: “... Caixa Cica... outras cartas...
24 de setembro de
1997... 14h00min. at
é... 16h00min”.
08 de outubro de 1997.
13h50min. (continuação). Carta 54, letra azul-petróleo/ papel tipo seda. Carta
54, letra preta/ folha de papel tipo seda. Carta 54, tinta azul-petróleo/ folha fosca. Carta
54, tinta azul-petróleo/ folha fosca. Carta 54, tinta preta-azulada/ folha fosca. Carta
54, tinta azul-petleo sobre papel fosco. 14h10min.. Carta 54, tinta azul-petróleo/
papel fosco. Carta 54, tinta azul-escura/ papel fosco. Carta 54, azul quase preto/ papel
fosco. Carta 54, tinta azul quase preta voltando para o azul mais azul. Carta 53, tinta
azul-petróleo clareando para o fim/ papel fosco. Carta 54, azul-petleo em fosco.
Carta 1954, datilografia azul-anil/ letras em nanquim preto para tinta carimbo roxo e
nanquim preto leve pis grafite. Carta 1954, tinta azul-petróleo folha fosca sem
pauta. Carta 53... Carta 53, tinta preta e papel ofício fosco. Carta 1953... Carta 53,
tinta nanquim, folha fosca. 15h50min.. Carta 53, meia folha de papel/ manteiga/
pautado com tinta nanquim irregular. Carta 53, meia folha pautada/ nanquim azul.
Carta 53, letra azul-petróleo sobre papel manteiga/ pautas. Carta 53, letra preta, azul e
69
preta, desparelhas/ folha dobrada pautada. Carta 53. Carta 53, carta em papel de ofício
grosso, as extremidades roídas pelo cupim, tinta nanquim azul. Carta 51. 15h25min..
Continua chovendo. Carta 55. Carta 55, preto sépia em folha sem pauta manteiga.
Carta 1955. Carta 55. Carta 55. Carta 55. Carta 55... Carta 54. 15h50min..
29 de outubro de 1997.
gina 1. 14h16min. Letra D. Carta 1949, datilografia em preto com
nanquim azul-petróleo. 1949, carta datilografada em ta preta com nanquim azul-
petróleo. Carta 1949. 1949, carta datilografada com nanquim azul-petróleo. Carta
1949, datilografada em preto com nanquim azul-petleo. 1949, carta datilografada
em preto, nanquim azul, e impresso em azul, papel seda. 1949, carta datilografada em
lis, nanquim preto, marca de fábrica. 1948, carta datilografada em lilás, nanquim
preto, marca de fábrica azul. 1948, carta datilografada em lilás, nanquim preto. 1948,
carta datilografada em lilás claro, tinta nanquim azul-petleo quase preta. 1948,
carta datilografada em lis-claro, tinta nanquim petróleo quase, quase preta. Página
2. 15h00min.. 1948, carta datilografada em lis-claro. Assinatura em preto quase
apagado, azul no timbre. 1948, carta datilografada em lilás-claro. Assinatura em
azul-petróleo. Carta 1948, em lilás datilografada. Assinatura em azul-claro, timbre
preto. Carta 1948, em cima à direita, anotação. Resposta 1948. Carta 1948, lilás
datilografado, assinatura azul. Carta 1948, idem. Carta 1948. Carta 1948, idem. Carta
1947, datilografia em preto quase cinza, nanquim preto. Carta 1947, preto com preto
(prepara-se uma tormenta, escureceu, pontos de luz entre as nuvens). Carta 1947, preto
com preto. Carta 1947. Carta 1947. Página 3. 15h35min.. Carta 1947. 1947, fatura
com timbre preto, datilografia lilás vivo e assinatura azul-calipso. Carta 1947, preta
com azul. Carta 1947, azul timbrado, datilografia em preto e assinatura azul-escura.
Carta 1947, preto preto e nanquim preto. Carta 1947, esquerda inferior anotação).
Resposta 1947. Carta 947, idem. Carta 1947, preto com preto e assinatura cinza-
azulada. Carta 1947, preto com preto com preto. Carta 1947, uma datilograa azul-
clara quase lilás e nanquim azul-petróleo. Carta 1947, azul + escuro, nanquim preto.
70
Resposta 1947. 16h10min.. Ficha técnica: ... Cartas... Caixa Cica... continuação
de 08 de outubro... 29 de outubro de 1997... 13h10min. até 16h30min. ...
.
05 de novembro de 1997.
14h05min.. Letra D. Carta 1947, a última, a referida, datilograa preta,
tinta nanquim azul e preta. Resposta 1947. Carta 1947, datilografia preta e nanquim
preto. Resposta 1948. Carta 1947, datilograa preta, tinta timbre azul, nanquim
preto. Carta 1947, à esquerda inferior, resposta em tinta azul-nanquim. Resposta
1947. Carta 1947, preto sobre preto e preto-nanquim. Carta 1947, azul, timbre azul,
datilografia em papel seda azul, assinatura em nanquim. Carta 1947, datilograa
preta, tinta nanquim azul, papel grosso timbre. Carta 1947, datilografia preta, tinta
nanquim azul. Carta 47, tinta preta datilograa, nanquim preto, timbre preto. Resposta
1947. 14h30min.. Carta 1947. Carta 1946. Carta 1947, papel timbrado, datilografia
preta e assinatura em nanquim-azul. Resposta 1947. 1946, carta escrita a mão em
tinta azul sobre papel grosso timbrado. Carta 1946. Carta 1946, letra nanquim-azul,
datilografia preta. Resposta 1946. Carta 1946, preto com preto com preto. Resposta
1946. 15h10min.. Carta 1946. Carta 1946 datilografada em azul-calipso. Resposta
1946. Carta 1946, datilograa preta. Resposta 1946. Carta 1946, manuscrita em tinta
azul, papel ofício. Resposta 1946. 1946, carta manuscrita em nanquim sobre folha de
ocio. 1946, carta em folha de ofício, nanquim preto. Carta 1946. 15h30min.. Carta
1946, em papel ofício e tinta zul-calipso datilografada. Resposta 1946, em tinta
azul-nanquim. Carta 1945, tinta azul-calipso datilografada em folha de ofício. Carta
1945, tinta azul-calipso datilografada em folha de ofício. Resposta 1945. Telegrama
43. Letra E. Letra F.. Fichacnica: “...Cartas... continuação de 29 de outubro... 05
de novembro de 1997... 13h45min. a 17h00min. ...
.
12 de novembro de 1997.
Mina de ouro. Bombas d’
água e os pulmões endurecidos do mineiro. Ficha
técnica: “... Desenhos... 12 de novembro de 1997... 14h00min. até 15h30min. ...”.
71
14 de novembro de 1997.
14h25min. Caderno. Caderno de borrão. Capa de caderno. Folha de caderno
escrita com nanquim sépia. Em letra sépia. Ficha técnica: “... Cadernos/ di
ários e
confiss
ões... 14 nov. 1997... 14h00min. até 15h30min. ...”.
18 de novembro de 1997.
14h30min. Numeração de página, três vezes o mesmo número escrito em
forma diversa: 44. – 44 – 44... “... Os soldados. Eles querem leite e
água?... Os alunos
não escreveram seus deveres. Eles não têm tinta verde (esclarecida uma questão passa-
se para outra)... Quem escreveu cart
ão? Onde está o livro? Está aqui? Quem tem ouro
e prata? O ourives tem ouro e prata?...” Redação escrita a lápis no meio do caderno,
maioria das folhas pautadas em branco. Outra redação. 15h25min. Questões e respostas
esclarecedoras. Em cada linha aumenta o assunto. Leitura: “... isto
é um lápis e aquilo
é uma lâmpada. Aquilo é uma mesa. Isto é um livro. Isto é uma carteira. Aquilo é uma
porta. É um caderno. É uma mesa. Que é isto? Isto é um lápis. Que é aquilo? É uma
cadeira. É uma janela. É o giz...”. Leitura silenciosa: “... Isto não é um livro. Aquilo não
é o giz. Que é aquilo? Aquilo é uma porta. O aquilo não é uma porta é uma janela. Que
é aquilo? É um caderno. Que é isto, um lápis? Sim, é um lápis. Que é aquilo, a janela?
Não, é a porta. Isto não é uma mesa, é um quadro...”. Ficha técnica: “... vasos de flores...
edição, autorização... 18 de novembro de 1997... 14h00min. até 16h30min. ...”.
20 de novembro de 1997.
Desmontagem da casa da Travessa, no terreno. Às vezes, uma vez falou
qualquer diferença. Nada + nada } nada mais ou mais nada ou nada mais nada ou mais
nada mais. Alvo, intenção, prever } intenção alvo prever. Alguém, tantos, tão grande
forte, ver, coberto pelas flores/ quando de novo antes, páginas numeradas no canto
superior direito, meia lua na cantoneira e, o número dentro delas, neste caso o número
119/ caderno de capa preta, folhas com bordos vermelhos. Ficha técnica: “... Cadernos...
20 de novembro de 1997... 15h00min. at
é 16h00min. ...”.
72
03 de dezembro de 1997.
Oficina de m
óveis entalhados... 1953/ 54/ 55/ 56/ 58... 25 páginas. Ficha
técnica: “... Cadernos... 03 de dezembro de 1997... 14h30min. até 17h00min. ...”.
10 de dezembro de 1997.
A vida e as aventuras. A cidade e a floresta. Entretanto, um cavalo cego, livro
de, livros ro
ídos por cupins histórias infantis, carimbos, quarto livro de leitura o
meu precioso o meu mais valioso. Ensino de leitura expressiva bem compreender
o pensamento expresso; bem sentir o sentimento do autor; bem exprimir ler com
perfeição naturalidade. Pontuar = respirar = ler com menos fadiga, quem pontua,
descansa. Bem pontuar = pronunciar claramente/ articular corretamente/ esculpir cada
palavra, dar-lhe forma (esfor
ço dos lábios, das mandíbulas, da língua). Bem ler, é
fazer cair sobre as palavras a entona
ção exata. Ponto de exclamação e interrogação
tem entona
ção, música, o som da primeira palavra compreende à última música. Ficha
técnica: “... Livros... 10 de dezembro de 1997... 14h30min. até 18h00min. ...”.
21 de janeiro de 1998.
Montagem da casa da Travessa no Parque S
ão Lourenço. Numeração das
tábuas. Descupinização. Inicio da restauração. Ficha t
écnica: “... Cartas... 21 de janeiro
de 1998... 16h30min. até 18h00min. ...”.
28 de janeiro de 1998.
Percepção da intenção nas palavras desde o começo da leitura. Ficha técnica:
“... Cartas... 28 de janeiro de 1998... 16h00min. at
é 18h00min. ...”.
17 de fevereiro de 1998.
Livro informal, carta e fotografia de 1939, em alem
ão e português. Ficha
técnica: “... Cartas... 17 de fevereiro de 1998... 14h00min. até ...”.
73
24 de fevereiro de 1998.
15h00min. Caixa vermelha de papel
ão encontrada dentro de uma mala dentro
do arm
ário do QUARTO, no SÓTÃO... Documentos. Capa preta mofada, de plástico.
Caderneta, capa cinza de pl
ástico com manchas escritas em caneta esferográfica (como
se a escrita fosse feita de tr
ás para diante). Sim, ocorre que passou de trás para diante.
Números, desenhos, escritos no idioma dos estudos. Caricaturas, bustos, lista... Escritos,
de tr
ás para diante, pode-se ler na outra página. Desenho em caneta esferográfica contendo
homem nu lendo mulher nua, escutando. Desenho de rosto, m
áscara de perfil. Desenho
de uma cabe
ça. Estudo da anatomia artística. Dissecação. Membro superior, ossos do
carpo. Vis
ão perspectiva ocular. Desarticulação, saco de batatas, imitação. Figura de
homem com
óculos escuros. Ossos do corpo; forma, movimentos, articulações. Análise
das figuras de gesso. Ponto de vista anat
ômico. Observação da anatomia na pintura.
Ossos da m
ão. Proporções e articulações (figura de perfil). Desenho do esqueleto da
mão de frente. Palavras sobre proporções, diversos cânones. 15h40min. Escrita ao
contrário para ler pelo avesso. Desenho em esferográfica de homem com a mão sobre
a mesa e a outra m
ão apontada para o rosto. Bastões, desenho em esferográfica. Perfil
curto, pequena m
áscara com olho, sobrancelha, nariz e pedaço da boca. Grego, sete
horas. Montagem de quadros. C
írculo sobre um segundo retângulo pequeno dentro de
um ret
ângulo grande... à direita. Retângulo grande dentro de um retângulo menor e
um busto na direita superior. Quadrado tendo dentro ret
ângulos em forma de “L” e
no v
ão um busto. Desenhos em esferográfica. Pedra quebrada ao acaso. Mármore em
forma de ameba com busto e dizeres. Folhas em branco.
Listas. Desenhos dos externos.
16h20min.. Mapa com exerc
ícios. Cartas... Mapa com a incorporação. Ficha técnica:
“... Cartas... 24 de fevereiro de 1998...
13h30min. até 18h00min. ...”.
04 de março de 1998.
As flores roxas da planta, parte delas caiu depois que movimentei o vaso e,
pareciam relevos a fazer parte da toalha bordada. Coleção Os vasos de flores XIV...
74
Ficha técnica: “... Cartas da mala... documentos... 04 de mao de 1998... 13h30min.
at
é... 16h00min. ...”.
11 de mao de 1998.
Recortes de revista de bordado, talvez uma caão. Colagens sobre folhas
de caderno (aproveitamento de espo). Revolvendo o interior de uma das pastas no
guarda-roupa foram encontrados ‘espanadores’, coloridos, para tiro ao alvo; binóculo
para ópera; óculos; medalhas de xadrez. Encontrei medalhas numa caixa com
prendedor que se move no papelão... papel encerado e perfumado com agulhas, pis
desenhado, pintura sobre uma espécie de papel crepom passado à ferro. Ficha técnica:
“... Arquivos de cartas... 11 de mar
ço de 1998... 13h30min. até 16h00min. ...”.
18 de março de 1998.
14h10min. Pasta com fotos, recortes de jornal, gravuras coloridas, estampas,
mapa, paisagem com montanha, carro alerico, estádio, borracha, alvorecer, medalha,
fotos, álbum, diploma... 14h45min. Envelope com anotações em esferográfica.
Desenho com nomenclatura: regiões da face anterior do corpo. Desenho: cinta clave-
escapular vista de cima. Escrita: descrever os ossos da caba. Esqueleto de pé:
desenho de cima com nomenclatura. sculos do braço: inserções e fuões. Pontos
ósseos subcutâneos importantes no pé. Folhas datilografadas em preto e vermelho.
Em esferográfica azul sobre folha parda. Talho direto de uma estua em mármore
(descrição). 15h10min. Osteologia, miologia e artrologia do corpo humano, suas
propoões, forma, movimentos, atitudes, expressões, observação da anatomia humana
e comparada aos animais (sempre de superfície) nas artes plásticas. Movimento e
equilíbrio do corpo humano. Ficha cnica: “... Caixa Omo/ Minerva/ Campeiro... 18
de mar
ço de 1998... 14h00min. até 16h00min. ...”.
25 de março de 1998.
14h25min. Caixa
Omo: conjunto de papéis. Cartão postal, flores em relevo
75
tudo branco e disco preto com as raias. Papel pardo com desenhos de peças de xadrez,
cavalo, torre/ do lado inverso desenhos feitos também a lápis, grafite, são móveis.
Recortes de medalhões – um com flores/ outro com infante, escritos no verso e sinal da
cruz. Cartão colorido com pássaro carregando rosa e cartão. Estampa de casa e xadrez,
feito a lápis, por cima. Folha de caligrafia, a roda, o carneiro, letras e o pássaro. Jóias de
luz, abajur com flores, com paisagem, com desenhos modernistas. Recortes de figuras
humanas desenhadas: homem com cachorro/ no verso só a silhueta; homem com porco
e bode/ no verso desenhado, também; casal de velhos conversando e lápis. Conjunto
de recortes. Croquis de móveis/ plantas baixas e laterais. Peças e moldes para trabalhos
em serrinha. Desenhos de cantoneiras para recorte. 12 retalhos e relógio. Carrossel.
22 retalhos e quatro cavalos. 15h05min. Peças, mesas, sofá, desenhos na parte de trás.
Jóias de luz/ estilo modernista, 6 com luz-redonda e 13 com efeito de luz refletida.
Desenhos feitos com grafite, frente e verso em papel pardo grosso um pouco encerado.
Desenhos para recortar feitos em grafite sobre papel pardo e fino, frente. Modelos de
vitrolas. Desenhos para recorte e entalhe feitos com lápis. Escudo. Ficha técnica:
“...
Caixa Omo/ Minerva/ Campeiro... 25 de mar
ço de 1998... 14h00min. até 15h35min. ...”.
08 de abril de 1998.
Conjunto de recortes para entalhe com serrinha tico-tico. Dobraduras em oitos/
imagens em marrom, imagens em cor castor. Mobiliário, sofás, cadeiras, relógio, mesa,
carrossel. Livro: interiores, imagens de passeio e comício, bustos, leques, louças, canecos
(papagaio com tampa-cabeça), porcelanas. Figuras em atividade/ viajante, vendedor,
mulher dando alimento para um cão, menino dando alface para coelho, mulher com flores,
homem bebendo, homem tocando, bailarina. Caixa de porcelana, paisagens pintadas,
pessoas em atividade (escrevendo), peixe-caixa, caixa com notas musicais. Tapeçaria
(homem domando um leão). Porta hóstias. Passos de dança coreografia em dupla e três,
solitária... Caixa de fotografias. Dança dentro da natureza, no mar, no campo. Revistas
de móveis. Livro conta corrente. Recortes. Gravuras. Documentos. Ficha técnica:
“...
Caixa Omo/ Minerva/ Campeiro... 08 de abril de 1998... 14h00min. a 16h00min. ...
.
76
06 de maio de 1998.
Folhas. Folhas. Folhas. Cartas. Pap
éis ||||||||||||||| | | | | | | | | | - | | - | - | | - |. Buquê
de ores. Buqu
ês naturais, nados, bodas de prata, partes de um abajur, sete folhas
com spray, modelo, m
áscaras. Ficha técnica: “... Caixa Cica. Máscaras... 06 de maio
de 1998... 14h30min. até 17h00min. ...”
.
08 de maio de 1998.
Reservas. Ficha t
écnica: ... Despesas... Caderneta... “Ditos domésticos
Papel
ão recortado... 08 de maio de 1998... 15h30min. a 18h00min. ....
27 de maio de 1998.
Gravura: galho e estudo de plantas, em s
épia. Gravura de flores, em cores.
Gravura de planta, em s
épia-escuro, Senna f. Arco do cego. Gravura de planta, em
pia-escuro, Senna f. Arco do cego. Gravura em sépia-escuro, Arco do cego. Gravura
em verde, Arco do cego. Gravura em s
épia, Falco, Arco do cego. Gravura em pia,
Strix, ave noturna. Gravura em s
épia-preto, Antilope. Desenho com rostos. Gravura.
Água-forte original/ 1946. Gravura empia e verde. Ex libris, prova. Conjunto de
cinco fotografias. Clube de xadrez. Envelope. Conjunto de folhas esparsas. 39. Mapa.
livro de leitura. 1° livro de leitura. Estudos gregos conjunto de seis folhas esparsas.
Ficha t
écnica: ... Listagem... 27 de maio de 1998... 14h00min. até 17h00min. ...”.
03 de junho de 1998.
Cen
ário para caligrafia, jogo de palavras no tampo da mesa: iluminão.
Ficha t
écnica: ... Cartas... 03 de junho de 1998... 15h00min. a 16h30min. ....
01 de julho de 1998.
Observação mútua na performance grupal. Ficha técnica: “... Fotografias...
01 de julho de 1998... 13h30min. até 16h00min. ...”.
77
29 de julho de 1998.
O ponto final e a assinatura, depois é dobrar e guardar o envelope. Ficha
técnica: “... Leitura de cartas... 29 de julho de 1998... 14h30min. até 16h20min. ...”.
05 de agosto de 1998.
As peles de coelhos eram limpas, penduradas em arames e curtidas. Da carne se
faziam assados. Era um ofício. Trocava-se de ofício conforme a clientela. Ficha técnica:
“... Cartas... 05 de agosto de 1998... 13h15min. até 16h00min. ...”.
12 de agosto de 1998.
A aparência dos envelopes, escolha dos selos e o corte ou rasgo para retirar
e embutir os calhamaços de papéis. Estratégias para obter uma resposta. Existiriam
respostas? Onde estariam essas respostas? Descontinuidade... Ficha técnica: “... Cartas
– leitura... 12 de agosto de 1998... 13h30min. até 16h00min. ...”.
19 de agosto de 1998.
Descontinuidade entre resposta e contra-resposta: adivinhação nas entrelinhas.
Probabilidades de invasão no erro. Ficha técnica: “... Cartas leitura... 19 de agosto de
1998... 13h00min. até 16h00min. ...”.
29 de agosto de 1998.
Objetos dispersos numa caixa de sapato: carretéis, braços e pernas de madeira
sapatos de couro. Representação de micro-holocausto... Penumbra ambiental. Ficha
técnica: “... Tripa de mico... vaso de flores... 29 de agosto de 1998... 14h00min. até
18h00min. ...”.
02 de setembro de 1998.
Inauguração patrimonial e superação do desperdício. Ficha técnica: “... Revis
ão
de dias anteriores... 02 de setembro de 1998... 14h00min. at
é 16h00min. ...”.
78
16 de setembro de 1998.
Chapéus, flores secas e coelhos. Ramo de flores, Berlin, contracapa, brinco-
de-noiva. Ficha técnica: “... coelhos crus, livros, cartas... 16 de setembro de 1998...
14h30min. até 17h00min. ...”.
23 de setembro de 1998.
Ouvintes distraídos com a performance do leitor. Ficha técnica: “... Leitura de
cartas... 23 de setembro de 1998... 14h00min. at
é 16h30min. ...”.
30 de setembro de 1998.
Por empréstimo, livros das leitoras no casa do Parque. Ficha técnica:
“...
Devolução de cartas... 30 de setembro de 1998... 14h00min. até 17h00min. ...”.
07 de outubro de 1998.
Chapas de vidro e o celulóide: mofo. Ficha técnica: “... Fotografias... 07 de
outubro de 1998... 14h00min. at
é 17h30min. ...”.
15 de outubro de 1998.
DEPÓSITO de obras raras; goteiras sobre plástico que cobre as fileiras de
livros com encadernações ricamente ornamentadas, páginas empoeiradas, grudadas
pela umidade do ar. Ficha técnica: “... Livros... resqu
ícios... 15 de outubro de 1998...
14h45min. até 17h30min. ...”.
30 de outubro de 1998.
Coleção Os vasos de flores XV e XVI. Visita sem Ficha técnica.
04 de novembro de 1998.
Decoração e armamentos, papel, destino das chapas de cobre. Ficha técnica:
“... L’Acquaforte... 04 de novembro de 1998... 14h10min. at
é 16h15min. ...”.
79
12 de novembro de 1998.
Tra
çado leve e expandido: obra e representação? Papel espaço. Ficha técnica:
“... Separação dos objetos... 12 de novembro de 1998... 14h45min. até 16h00min. ...”.
18 de novembro de 1998.
Ficha t
écnica: “... Fotografias (novo lote num armário na parte superior do
DEPÓSITO...) cartas... 18 de novembro de 1998... 14h35min. até 17h00min. ...”.
25 de novembro de 1998.
Ficha t
écnica: “... Documentos... Caixa de fotografias, cartas, jogos infantis/
puzzle (mapa)... 25 de novembro de 1998... 14h05min. até 16h00min. ...”.
03 de dezembro de 1998.
Construção de cabides, compostos com ganchos, para calça e paletó, em madeira
de imbuia forrada com feltro + de 50 anos. Ficha t
écnica: “... Cabides... artesanais... 03
de dezembro de 1998... 14h45min. at
é 16h00min. ...”.
10 de dezembro de 1998.
Fotografias n
ão identificadas. Ficha técnica: “... Organização de documentos
e fotografias... 10 de dezembro de 1998... 15h30min. at
é 17h30min. ...”.
03 de fevereiro de 1999.
Coleção Os vasos de flores XVI. Ficha técnica: “... vasos de flores... Cartas...
03 de fevereiro de 1998...
15h30min. até...”.
12 de maio de 1999.
13h45min.. Caderneta 1935, capa de couro vermelho com lamentos
dourados, calendário... Carta 1954, quatro folhas, tinteiro marinho sobre bloco bege,
80
(envelope...) (frente e verso). Envelope 1954. Carta 1949, sépia e tinteiro azul
sobre vegetal, quatro folhas. Carta 1949, sépia sobre vegetal, duas folhas. Carta
sépia sobre vegetal, 1948. Carta tinteiro azul-marinho, 1952, duas folhas. Carta
1949, folha pautada, papel linho, tinteiro azul. Carta 1940, papel linho, manchas
de tinta verde nos bordos, tinta sépia. Carta 1949, duas folhas de linho pautadas,
tinteiro azul (frente e verso). Carta 1949, tinteiro azul-marinho para papel vegetal,
duas folhas, frente. Bilhete ou trecho de carta cortada, mesmo papel. Carta.
Carta 1929, papel linho roxo pautado escrito frente e verso com nanquim preto,
escrito na horizontal. Carta escrita a lápis, papel pautado de bloco, folha normal
dobradura como bilhete. Fotografia. Bilhete a lápis em papel manteiga, a mesma
letra. Bilhete, folha de caderno pautado e recortado mesma letra. 14h25min..
Carta 1929, a pontuação é um hábito. Quadrado papel linho bege com tinta sépia.
Carta de pauta bem estreita, cinza com tinta nanquim preta, caligrafia difícil,
lembrando exercícios de estenografia. Página de caderno pautado, nanquim preto
quase cinza além dotulo, dezesseis linhas escritas. Folha dupla de nanquim sobre:
primeira folha três versos, cinco linhas, quatro linhas, cinco linhas escritas;
segunda folha dois versos, cinco linhas, cinco linhas escritas. Carta envelope...
mesma folha de pauta estreita e cinza com nanquim. Carta 1932, pauta/ papel
linho azul-roxo, tinta sépia, folha de bloco normal, duas folhas. Cartão em papel
linho. Fotografia 1932-1933, criança p&b. Fotografia, chapéu (boina e militares),
p&b. Fotografia p&b, dançando na relva. Nessa caixa havia muitos desenhos
coloridos... É possível que tenham levado os blocos com desenhos e aquarelas
de flores e paisagens... Faz tempo que mexi nessa caixa, colocando os cadernos e
eram muitos. Ficaram os escolares com exercícios de mapas e cartografia. Caderno
de desenho. Caderno de cartografia. Caderno de desenho. Caderno de geografia.
Caderno de desenho espiral de capa grossa. Caderno de cartografia. Caderno de
cartografia. Desenhos grafite. Chifre guampa; caneca com alça pousada no
81
chão; mão, punho fechado; jarra caída com tampa, volutas; pé; vaso quebrado;
garrafa; cubos; figuras geométricas, triângulos, compactos, bloco figuras no verso
oito folhas, triângulo caído. Dez desenhos soltos. Ficha técnica: “... Cartas...
caixa sobre a ESCADA... 12 de maio de 1999... 13h30min. até 15h30min. ....
19 de maio de 1999.
Ts flores brancas no rio de raiz. Bilhete a pis sobre vegetal. Pequeno
jardim de rosas livro. Textos. 15h15min. ... Ficha cnica: “... Cartas... 19 de maio
de 1999... 13h30min. até 16h30min. ...”
.
01 de junho de 1999.
Desenhos. Grafite, voluta para entalhe; quebrado virado para a esquerda;
punho fechado lateral ao contrio; punho fechado lateral polegar parada direita;
caligrafia; punho fechado frente; caligrafia, caligrafia; casa de uma rua; molde de
um pé, lateral voltada para a esquerda; molde de um planta do ; busto; caneca
de latão com aa; marrete quebrado; guampa; jarra com tampa gargalo no chão
para água; jarra com a boca quebrada para flores deitado; garrafa; mão em
punho fechado com ga fazendo ga; molde de um frente; molde de um pé
lateral para a direita; garrafa com palha – virada para a horizontal; bloco de desenhos
com nove folhas, cubos, trngulos, cara com pires, bule para leite, açucareiro,
triângulos compactos, cilindro, trngulo compacto, cilindro, triângulo compacto com
sombras; com, cilindro com sombras; globo sobre vaso... Deslocamento da caixa de
guardar dinheiro, em madeira porta-queis com papel colado e escrito à bico de
pena, na tampa , medindo 15,4x10,4x8,7cm, aproximadamente. Ficha cnica: “...
Fotografias... desenhos... 01 de junho de 1999... 14h30min. a16h35min. ...
.
02 de junho de 1999.
Ajuntamento da incontrovel separação das coisas. Ficha técnica: “...
Fotografias... para a malinha... 02 de junho de 1999... 14h40min. até 16h45min. ...”
.
82
04 de junho de 1999.
Empacotamentos provisórios para não perder o montão da herança; inclusão
da parte dispersa. Ficha cnica: “... Documentos... 04 de junho de 1999... 13h45min.
at
é... 17h00min. ...”.
26 de agosto de 1999.
Mala-arquivo. Depósito de documentos. Ficha técnica: ... Tradução de
uma carta... 04 de junho de 1999... 14h00min. at
é 16h00min. ....
10 de setembro de 1999.
Lote encontrado a céu aberto ao redor de um poste. Deslocamento.
Lista. Cinco pares de óculos. Quatro porta óculos. Azul-marinho com metal prata,
plástico. Preto. Bege. Estampado com margaridas. Bolsa vermelha, de plástico,
com fechadura, zíper, ótica, dentro colar com medalhinhas, luas e estrelas douradas.
Medalha. Três cabides para calça e terno, madeira e metal, par de pantufas pretas,
colar de rolas de três voltas, maromba, espelho com moldura de metal, caixa
de madeira marchetada, alfinete com bandeira... pulseira com medalhas, flanela.
Barra de chocolate ao leite, botão forrado de azul, botão com bandeira, três botões
nacarados em azul-calipso e laranja +3=6, corrente, trevo para lenço, corrente
de banheiro, saco de algodão-cru para carregar dinheiro com alfinetes, rede de
cabelos, duas argolas, pulseira, um real e cinqüenta e sete centavos, niqueleira de
plástico rosa-azul, chapéu para brinquedo, pote de arnica com pérolas, vidrilhos e
latinhas, maromba com pérola pequena, porta moedas, pegador dourado, broche,
coleção de medalhinhas, luas, dois botões forrados com tecido cinza, par de
abotoaduras Cruz de Malta, botões forrados de verde, abotoaduras com homem
de barrete, broche com folha e strass, caixa para óculos com pérolas e corrente
dourada, caixa de plástico cinza, papel. Serigrafia em vermelho e azul mostrando
um ralador em imagem dupla; mostrando caras, bule de café com porta ovos;
mostrando jogo de cartas com copo dágua; mostrando escada, balde, vassoura,
83
escovão e escovinha, material de limpeza, pedaço de tule branco, carteira preta
para dinheiro, duas ombreiras, grinalda de tule com flores em veludo-p
érola, metro
de faillete marinho, peda
ços de jersey estampado de verde e marinho, pedaços de
faillete cinza, peda
ço de tule branco, bolsa, caderneta, carteira de couro, toca de
banho com recortes, preto pl
ástico, caixa... com mimosas fitas, bege, azul-anil,
rosa, amarelo, verde, azul, caixa do coringa com bolsa de pedras brancas, papel de
seda rosa e branco, corações dourados. Ficha t
écnica: ... Entrega de documentos...
Recolha dos achados... 10 de setembro de 1999... 14h00min. at
é 16h30min. ....
19 de outubro de 1999.
Cesta de palha ind
ígena, toca de banho, cabeça de manequim em isopor,
objetos encontrados nas cal
çadas da cidade. Ficha técnica: ... Achados... 19 de
outubro de 1999... 15h00min. at
é 17h00min. ....
17 de novembro de 1999.
1. Caixa com documentos que ainda n
ão tinha visto. Caixa 2. Medalha, bala
de revolver. Caixa 3. B
íblia, jogo de baralho, coleção de postais, mapa, santinhos
doados. Ficha t
écnica: ... Fotografias antigas, documentos... fotos do teatro
dom
éstico, cadernetas, negativos em vidro, caixas dentro de caixas com baralho,
envelopes com cartas... 17 de novembro de 1999... 16h00min. até 19h00min. ...
.
25 de novembro de 1999.
Tarefa dispendiosa para especialistas em acondicionamento e guarda de
acervo. Tentativa de reparação e de dispor bem na esperan
ça de encaminhamentos
adequados. Ficha t
écnica: ... Organização de fotografias... 25 de novembro de
1999... 15h30min. até 18h00min. ...
.
19 de fevereiro de 2000.
Ap
ós um sofrimento deflagrado logo depois de seu aniversário, em 09 de
outubro de 1999, Nestor faleceu, hoje. Incendiou-se outra biblioteca!
84
CAPÍTULO IV
CROQUIS PARA PROV
ÁVEIS PINTURAS
85
4.1. ENUNCIAÇÃO
Penetrei os c
ômodos pois o tempo urge: não parecia haver quem expulsar e
eu n
ão poderia ser considerada como a estranha e invisível presença na Casa tomada.
Era sabido que guardava a lembran
ça da distribuição da casa – “... cómo no acordarme
de la distribuci
ón de la casa...” (CORTÁZAR, 1970: 11) – e que estava acompanhando
o desmancho e a hora, era o agora da espera da fotografia. Enxergava a geom
étria do
assoalho encabeirado da sala de JANTAR
, do parquê da COZINHA e da lajota do BWC,
quando lembrei da tristeza que envolve o conto El Hundimiento de la casa Usher, pela
razão coincidente de que transcorria o “... apagado, sombrio y silencioso del otoño...”
(POE, 2005: 23), a queda das folhas das
árvores. A casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571, se
transformava em vestígios da materialidade que vi, pela primeira vez, em 05 de fevereiro
de 1992. Duvidei nas encruzilhadas que obrigaram a escolher um de dois caminhos, para
a direita ou para a esquerda de gavetas empilhadas. Afinal, quais as barreiras a desviar?
Ou deveria me deter e retirar partes do mobili
ário desmembrado, de armário & balcão
& cadeiras, objetos que ficaram opacos devido
à poeira levantada pelo lixamento. “...
El reposo se muestra en todos los detalles...” (POE, 2005: 113), fisiognomia sem brilho
ou refer
ência expressa à corrupção ou à perversão do gosto cogitada na Antologia La
Filosofia del mobili
ário. James Joyce (1882-1941) descreveu “... alterações efetuadas
na disposi
ção do mobiliário...” (JOYCE, 1975: 750). As flores foram abominadas,
teste de apar
ência problematizada pela contingência. Observei as marcas mais claras
do mobili
ário deslocado das paredes amarelo-renascença, da camada de tinta verde,
permanecendo o contorno profundo. Um buraco deixado por algo arrancado com for
ça.
“Ah, a marca na parede! Era uma lesma.” (WOOLF. 1992 : 83). N
ão posso dizer que a
marca era uma lesma, desdenhar a impregna
ção da tinta e o mofo parcial que se estendeu
e encobriu as camadas diluídas, como um céu tempestuoso.
86
Inconformada com os ensaios a posição do mobilrio, das 09h10min.
até 13h40min., em 26 de outubro de 2000, é um exemplo –, os quais apresentam
uma varião da entropia, troca-interior-connua-irreversível, ligada á não de
tempo que parece uir na direção contrária à existência das plantas, animais, pessoas
e coisas relacionadas, caracterizando as diferentes momentos deste Projeto, resolvi
organizar montagens que denominei Entr
ópicos fotográficos de arquivos analógicos,
coloridos e em p&b. Desde a revelação em papel
à digitalização dos negativos, não
raras vezes preterida pelas imagens primordiais em scanner de alta resolão. Todas as
vias foram tentadas para obter um resultado da melhor qualidade e maior segurança.
Cada montagem se apresenta em separado, por gina, cronologicamente e em sentido
horário.
Exaustivo, além de dispendioso, o trabalho é aliviado quando o pensamento
garimpa os resultados obtidos na geometria das folhas.
O período da pesquisa é de listas de objetos mata-borrões, livros de
gravura, chaus, pele de coelho
9
deslocados da casa da Rua Dr. Trajano Reis,
571, para o meu ateliê; incorporados aos desenhos elaborados ao longo desses anos
resultaram num conjunto de caixas-livros do Projeto Livro informal espet
áculo,
para a ocasião; posteriormente desconstrdas. Além de ensaios fotográficos
referentes aos empacotamentos em metros de plástico bolha, os quais sugerem a
___________________________
9
THOMAZ, D. Livro informal espetáculo, Teatro monótono. Instalação. Centro Cultural
Solar do Bar
ão, Sala Índice, Museu da Gravura Cidade de Curitiba, 20 de dezembro de 2001 a 10 de
mar
ço de 2002. Projeto Incisão Marca e Múltiplo (Idealizado e organizado pela artista Ana González).
Observações: al
ém dos mata-borrões, chapéus e pele de coelho, são remanescentes os livros raros, a
saber DIE N
ÄCHTE (As Noites, de Alfred de Musset (1810-1857), águas-fortes originais de Christian
L. Martin, Editora Artur Wolf, Viena, 1920) e DER TOTENTANZ (A Dan
ça macabra, As Imagens da
morte e O Alfabeto da morte, provas das xilogravuras desenhadas por Hans Holbein (1497-1543),
talhadas por Hanns L
ützelburger (-1526), e outros, editadas por Amsler & Ruthardt, Berlin, 1922).
Observações: j
óias botânicas encontradas numa fotografia em p&b, de 1953, alertam para a vida
transitiva: lembra-te! Tanto a sugest
ão de recompor o buquê com 12 rosas brancas, trepadeirinha,
mosquitinho e aspargos envoltos em tule branco, amparando despojos como p
étalas, folhas e filigranas
num vaso com
água, quanto o ensaio fotográfico referente à decomposição dessas flores permaneceram
no plano da fantasmagoria, como uma variante da experi
ência investigativa sugerida no livro A
Metamorfose das Plantas, de Goethe, durante o per
íodo da exposição. (GONZÁLEZ, 2002: 4).
87
memória das coisas soterradas no cérebro quadrado e translúcido de caixas de papelão.
Não é pesado ou leve, o conteúdo é transportável. Há magia na escuridão do vão que se
permite penetrar. Instiga a aproximação e enche de sentido a circunstância que se fecha,
obscura. O teor de atualidade passa a abundar pela ruína, abertura de fendas – às ninfas,
divindades aquáticas, que invadem buracos, umedecendo-os, parecem não-atemorizar
– ou quebra de telhas machucadas por chuvas de pedras que acompanham tempestades.
Depois da cor cinza é a vez do azul.
Continuei hesitante quanto ao modo de apreender esses desenhos no plano
duro da madeira; enfim, se deveria fazê-lo, de uma vez que furos calafetados endurecem
uma estampa! “... As madeiras são tanto mais apreciadas e procuradas quanto mais
ornamentadas ou “desenhadas” se mostram. Os desenhos mais claros das madeiras
duras são gerados pelas faixas de parênquima (cf.) que as atravessam: manchas
pequeninas (“pintas”) por grupos de parênquima situados em torno dos vasos.”
(RIZZINI, 1990: 264). À medida da restauração do mobiliário estabeleci raciocínios
dentro da casa. De frente para o HALL DE ENTRADA via-se a porta atravessada por
uma tranca fixa nas ombreiras, por meio de ganchos que conspiravam com a solidão e o
silêncio enclausurado.
A construção poética e visual implica a intenção estética de fazer, inclusive por
sacrificar o querer fazer arriscando além do abismo da dúvida que aponta para resultados
conseqüentes ligando o dia anterior ao subseqüente, ações praticadas sem perder tempo
porque o tempo urge, meticulosamente registradas e arquivadas, submetidas a revisões e
esfacelamentos para refazer o caos. Depois que a casa passou para outras mãos continuei
a síntese compatível com a finalidade de chegar ao mínimo por meio de croquis para
prováveis pinturas, promessas de pinturas... Instigar um estudo e aproveitamento de
madeiras para a construção de caixas sofisticadas para guardar e proteger dispositivos,
remetendo àquelas que serviam ao material fotográfico e cinematográfico. As Fichas
técnicas (FIGURA 9) foram assinadas e, autorizado, in loco, o uso das recolhas.
88
FIGURA 9. Fac-símile de Ficha técnica do quarto capítulo do Diário de pesquisa.
89
4.2 CROQUIS PARA PROVÁVEIS PINTURAS
DE 20 DE FEVEREIRO DE 2000 A 13 DE DEZEMBRO DE 2004
31 de maio de 2000.
Definido pela conting
ência, a visita foi impressiva. Ao entardecer o meu olhar
rebateu nas grades de madeira, parafusadas, sobrepostas às basculantes e circulou ao
redor do caos no ambiente empoeirado, transformado em lugar de restauro, o qual
me fez lembrar antiqu
ários dentro dos quais desenhei às vistas de colecionadores e
visitantes que circulavam. Em sentido hor
ário, improvisei passagens até sair. Observei
que os deslocamentos deixaram,
às vistas, marcas da guarda da cama, do camiseiro
e da penteadeira, da treli
ça, do armário e dos quadros na parede. Duas poltronas.
Cal
çados, abajures, miudezas dispersas. O guarda-roupa estava chaveado e não foi
poss
ível rever os esconderijos atrás das gavetas inferiores das portas laterais, nem a
engenhoca para gravatas e cintos na porta do meio. A cortina permanecia parcialmente
encoberta pelo band
ô, desbotado e puído, erguido pela roldana móvel sustentada por
cordas enroladas num gancho pr
óximo à janela. Cadeira sanitária. Livros retirados
das estantes do arm
ário de linhas retas e encaixes simples estavam empilhados como
domin
ós sobre o sofá. Olhar porcelanas atras das estruturas das cadeiras (ato de
perspectivar). Talheres sobre tapete azul, alma da sala de leitura. Cama, colch
ão,
lou
ças, panelas, pratos, talheres. Cadeira estofada, louça infantil, cadeira quebrada,
jogo de colheres facas e garfos. Sapatinhos que estavam sobre a cristaleira. Caixas
de papel
ão. Baú-galeria escancarado no meio da sala. Ausência dos relógios pequeno
dio e grande. Marca do armário dos discos sobre o qual ficava a TV. Natureza
morta pendurada na parede, banco do telefone, objetos espalhados. Manchas de mofo,
chamuscados
nas paredes; marca do prato pintado com uma faca embutida na madeira
acima do canto alem
ão. Armários, fogão à lenha. Porta. Vidraças. Porta de folha
almofadada. Plantas em vasos de cer
âmica, tijolos. Máquina de lavar, tanque, panos,
madeiras, canos, refugos. As l
âmpadas rareavam porque, à medida da necessidade,
foram desenroscadas e retiradas de um ponto, enroscadas em
outro, (ruído da chave na
90
fechadura) encontrei o tampo redondo da mesa, partes da penteadeira e os criados-mudos
cercados por formas para bolo, fogareiro, panelas, lampi
ões, caixa, ferro, pé-de-galinha
em gesso, malas, ferramentas, latas, ferrugem. Porta ovos, cadeiras, brinquedos, bules
de lou
ça, elétricos, um azul, botijões de gás, garrafas, litros, tela de serigrafia. Ensaio
de ilumina
ção (ruído riscado de um palito de fósforo na lixa); depois outros, saliências
irregulares. M
áquina de costura com pedal e rodinhas, impressos dourados, descascados,
azeite, carret
éis, fita métrica nas gavetas, brinquedos, livros, revistas, guarda-chuva,
orifícios na louça, molduras, rádios, cadeiras, basculantes. Diálogo embreante: como
se chama ‘aquilo’? “... Aquilo [C
ÂMARA ESCURA]...” = equivalências. Parede-
armário com portas nas extremidades, uma chaveada e a outra para entrar e sair. Casa,
copa-de-abajur, chap
éu, papéis e lata de cera, objetos que repousavam sobre tábuas
próximas, no vão. Roupas, colchonetes, acolchoados de penas, berço. Bíblia (ruído do
folhear) escritos, cadernos com guaches, desenhos, altern
ância de folhas em branco e
de seda, estampas emolduradas, recortes em madeira, poemas, propagandas, espelho
com decalque, cesta, falso-arm
ário com livros, esconderijo para malas e baús com
fotografias. Ensaios de ilumina
ção, palitos de fósforos (ruído do ato contínuo de riscar
a lixa). Cabeceiras e peseiras de camas empilhadas. Atrav
és da janela gradeada, via-se a
noite acentuando a sombra nos cantos sob d
ébil iluminação. Portas frouxas necessitam
de dobras grossas para fechar, espremidas como l
ínguas para fora da boca. Cômoda,
gavetas (ru
ído do ato de puxar e abrir), latas, toalhas, caixas, caligrafia em cartões e
bilhetes, flores de pl
ástico, caixas, porta jóia, espelho, batom, álbum (ruído do ato de
manusear folhas), tecidos, caixa com dezenas de bot
ões, carteira de festa, caixa, plástico,
orquídea, luva, bambi, colar (ruído do ato de revolver contas), boneco, canudos, tubos
para diplomas, folhas de parreira (odor de parreira), sapatos, botas para chuva, cacos de
espelho, garrafas, panelas. Antigamente havia duas camas com as cabeceiras encostadas
na estante dos bibel
ôs (ruído de ato de aproximar porcelanas). Buraco na parede. Quero
fazer o que ainda n
ão fiz aqui, fotografar os deslocamentos considerando esta casa ainda
subdividida. Cepilho com cola, bonecas no ba
ú chaveado, berço, sacola. Cadernos
91
com pinturas e desenhos. Armário embutido com portas em relevo art-nouveau, caras
de bonecas, violino, a viola (ruído do ato de deslocar uma falsa parede). Caixas de
papelão, letras em madeira para placas tumulares, nomes, lanterna, busto de porcelana,
fotografias (ruído do ato de caminhar no assoalho de madeira). Pasta de couro com
jogos para chá em porcelana (ruído do ato de aproximar porcelanas). Fotografia (ruído
do ato de superpor molduras), molduras ovais com vidro bombeado retrato retocado
de criança sobre fundo verde, ela parece boiar sobre a água, ou seria um Moisés do
século XIX? Caixas, bonecas, ferros retorcidos, vidros para porta-retratos de arame
(ruído do ato de fechar uma gaveta), cintos, saia, cabide, ráfia, brinquedos, louças
(ruído do ato de arrastar caixas), entalhe em madeira retangular, escultura de mulher
segurando uma flor, molde, encaixes na parede atrás do sofá (ruído do ato de deslocar
o sofá e a falsa parede), telhado, armário embutido na tábua mata-junta (ruído do ato
de esbarrar numa cadeira de balanço), fotografia, sacolas, cabide atrás da porta. Bolsa
com tufo de retalhos, camuflados como a história. Ensaio de iluminação com palitos
de fósforo (ruído do ato de riscar a lixa). Cadeira verde. Caixas de papelão. Cadernos,
estampas. Fotografias (ruído do ato de caminhar sobre o assoalho de madeira). Móveis.
Ensaio de iluminação (ruído do ato de apagar a luz). Gaveta da mesa do canto alemão,
talheres, colheres em forma de agulha, caixa com colherinhas, faca com bainha,
cabo de
madeira preta, garfo de ponta fina em formato de forquilha para bodoque (ruído do ato
de arrumar talheres revirados). Adaga. Coador de chá. Cálice de um gole com argola de
metal entre o cabo e a tulipa. Xícaras de café. Balcão. Poltrona. Remédios, termômetro,
lupas, óculos. Caixas com fotografias e postais no armário verde com respiros em tela.
Açucareiro. Bíblia. Pratos brancos e ovais com relevo nas bordas, vaso de porcelana
com ramalhetes coloridos, vaso estampado. Aspirador de pó, geladeira, armários verdes
suspensos, louça, cortador de ovos, frutas e legumes (ruído do ato de arrastar portas
sobre caixilhos paralelos como locomotivas nos trilhos), copo de plástico, copo de vidro
desenhado à mão, cristal doméstico (ruído do ato de bater um copo no outro). Vidro
transparente, queijeira, fogão (odor de mentruz), caroço de abacate no álcool é bom
para reumatismo. Pá, cinzas, livros de receitas culinárias, sacos de embrulho, barbantes.
92
Papel estampado no interior das subdivisões do banco verde que contorna o canto
alem
ão. Prendedores de roupa, o redondos, para não rasgar ou trancar a roupa.
Carne. Panela de ferro na palma da m
ão. Fogão à lenha, lamparina. Desenho de rosto
a bico de pena em tamanho postal. Marca do espaldar da poltrona grande na parede.
Balc
ão, natureza morta, bolso da capa de chuva preta, ganchos do cabide, pedaço de
papel, escritos b
íblicos (ruído do ato de manusear papel), quebra corações, ungindo na
luz, orações sensuais, tudo ponta cabe
ça, tira de papel, fechando portas, interrupção.
Ficha t
écnica: ... na casa... 31 de maio de 2000... 17h00min. a 20h10min. ...”.
10 de julho de 2000.
No percurso cambiante pelo PAVIMENTO T
ÉRREO da casa desabitada,
verifiquei pormenores na estrutura, interna e externa, do mobili
ário em restauração,
confeccionado em madeira de imbuia (Ocotea porosa) e pinheiro-do-paraná
(Araucaria angustifolia), na primeira metade do século XX. Diálogo embreante: o
que é isso’? ... isso [rabo de andorinha] [cauda de andorinha] = equival
ências.
Ferramentas devem ser conservadas atrav
és do uso. Coleção de ferramentas. As
composões desafiadoras apresentavam plasticidade e poderiam ser expostas
como pe
ças esboçadas ou começadas, inacabadas, penduradas, como lembretes, em
escoras mesa sem o p
é, mesa sem a travessa [dormente, trave, viga], co [base,
soco, pedestal]. Oportunidades perdidas na situação inesperada do gesto irrefletido.
Descoberta de motivos. Interrupção da imobilidade e da gravação. Quest
ão de
deslocamento. Quest
ão de disposição. Questão de tempo. Móveis roídos. Desenho
sobre o . Caminhos no pó. Ficha t
écnica: ... passeio pela casa... 10 de julho de
2000... 14h55min. até 16h00min. ...”. (THOMAZ, 2005: vol. 2, p. 15-23).
11 de julho de 2000.
Beleza morreu (THOMAZ, 2000: 9). Os arranh
ões foram calafetados,
destruindo a matriz da gravura. A porta foi pintada e n
ão restaram pistas.
93
FIGURA 10. Entrópico fotográfico: 26 de outubro de 2000, das 09h10min. até 13h40min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
94
FIGURA 11. Entrópico fotográfico: 26 de outubro de 2000, das 09h10min. até 13h40min.. 02 fotografias : color.; dimensões variáveis.
95
FIGURA 12. Entrópico fotográfico: 26 de outubro de 2000, das 09h10min. até 13h40min.. 05 fotografias : color.; dimensões variáveis.
96
FIGURA 13. Entrópico fotográfico: 07 de novembro de 2000, das 08h45min. até 13h00min. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
97
FIGURA 14. Entrópico fotográfico: 07 de novembro de 2000, das 09h10min. até 13h40min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
98
26 de outubro de 2000.
Ensaio fotogr
áfico. Janelas gradeadas para proteger o mobiliário, em
deslocamento. Pe
ças cobertas por lençóis brancos. Foram retirados os acessórios de
decoração, luminárias, quadros, livros, relógios. Ficha técnica: “... flores secas – rosas
de um envelope – Floricultura Primavera – fita verde-furtacor com bege, galhinhos de
quebra-pedra – dentro de uma bolsa – chap
éu veludo preto com filó – caixa de madeira
com tampa de correr com chave e fio de pesca tamanho 4x4cm caixa de papel
ão
verde 7x4cm aprox. contendo no interior: crucifixo cor-de-rosa com Cristo dourado;
imagem de papel com anjo iluminando crian
ça + 13 figuras recortadas... 26 de outubro
de 2000... 09h10min. até 13h40min. ...”.
07 de novembro de 2000.
Ensaio fotogr
áfico. Ficha técnica: “... guarda-roupa... engenhocas... falso
armário – blocos... 07 de novembro de 2000... 08h45min. até 13h00min. ...”.
13 de novembro de 2000.
Ensaio fotogr
áfico. Ficha técnica: “... Bonecas... e roupas de bonecas... 13 de
novembro de 2000... 14h00min. at
é 18h15min..”.
08 de maio de 2001.
Ensaio fotogr
áfico. Percebe-se o abandono quando a natureza invade a casa
aproveitando as fendas e as frestas. As trepadeiras esticam os ramos at
é alcançar um
suporte para enroscar e crescer em volteios. Fazem isso quando ningu
ém está vendo,
aumentam em sil
êncio. As pontas das folhas apontam para a criação. A parede, suja,
vertente de
água escorrida permanece indiferente. O forro do DEPÓSITO ameaça cair,
inchado de umidade. Ficha t
écnica: “... cinco livros... cadernos, caixa com agulhas de
eletrola; 154 cart
ões de festas; dado de madeira; cabelo; flores em buquê; risco para
bordar; envelopes... 08 de maio de 2001... 15h00min. at
é 18h00min..”.
99
02 de outubro de 2001.
Planta em papel vegetal e grafite e lápis-cor. Ensaio fotográfico.
Ficha técnica:
“... mala com cartas... 1) desenhos... duas pastas; 2) ... lâminas de compensado de
“radica”; 3) Carteira sanit
ária; 4) três negativos em vidro – cenas-mudas; 5) Planta...
e depend
ência; 6) caixa redonda, marrom, seda especial; 7) cinco mini-pratos de
porcelana pintura; 8) cora
ção de papelão; 9) “model new”, 1892” tubo metálico; 10)
caixa de f
ósforo ponta azul. Devolução de 17 peças – cartões, carta e livreto: A grande
alegria; 11) 22 pe
ças de bonecas roupas; 12. Mala... contendo cartas, fotografias,
correspond
ência em geral... 02 de outubro de 2001... 14h30min. até 17h50min..”.
23 de abril de 2002.
Pasta de couro, marrom. Ficha técnica: “... Ensaio (breve) fotogr
áfico... vistas as
caixas, fotografias – S
ÓTÃO – fotografias dos jogos de louças no guarda-roupa... 23 de
abril de 2002... 15h15min. até 18h30min..”.
19 de dezembro de 2003.
A técnica para fazer uma boneca começava pela costura das partes do corpo, à
máquina; um conjunto de tripas em algodão cru ou malha com enchimento de areia ou
terra misturada à serragem, paina ou estopa colorida embutida na cabeça de porcelana
ou lata. O tórax-busto recebia camadas superpostas de tecido adamascado rosado como
uma pele rosada, costurado à mão. Os braços eram colocados depois e os cabelos eram
humanos. O ‘choro’ de bebe era constituído por um cilindro em papelão, pequeno, com
furos numa das extremidades. Ficha técnica: “...
Álbum de fotografias postais do Rio
de Janeiro, 17x11,5cm; foto... carro; buqu
ê; negativos; foto... flor; outra foto de criança;
envelope Foto Brasil; outra foto de casal... Caderno de desenho crayon 11; Caderno de
desenho; Caderno de cartografia; Caderno de cartografia; corpo de boneca; caixa de
negativos Eisenberger – Picniks – Extra-Rapid Platten; caixa de negativos – Parentes e
Antepassados Extra-Rapid Platten Eisenberger; cabe
ça de boneca (prótese); boneca
menor com o corpo inteiro; caixinha em pl
ástico verde contendo 102 botões pequenos.
100
Álbum de vistas; busto de boneca (latão); corpo de boneco (pequeno); corpo de boneca
(cabeça em porcelana e corpo em tecido); cabeça de boneca (loura) e corpo em
tecido; cabe
ça de bebê (com equipamento); bebê com braço quebrado; fivela redonda;
fivela quadrada; cabo; bra
ços; aparelho para fazer crivo... 19 de dezembro de 2003...
15h00min. até 20h00min..”.
20 de dezembro de 2003.
Acondicionamento precário, chapas grudadas. Ficha técnica: “... seis caixas
Eisenberger; caixa Persenso Otto Perutz; caixa Hauff; caixa Jdrag; caixa Leonar;
caixa Mimosa-Platte; caixa Cevaert Film-Pack; sete caixas (lata) – quatro Agfa – duas
s/identifica
ção – Melachrito –; 10 caixas Agfa (papelão); latinha Novotherapica;
boneca... 20 de dezembro de 2003... 12h20min. at
é 12h45min..”.
07 de maio de 2004.
Ficha técnica: “... fotografias...
Álbum grosso (verificação); Camp. – Salto do
Meio (álbum, 01/08/29); placas de madeiras (para túmulos) com os nomes... carte-de-
visite (14 exemplares) foto Sol Young... Gullickson, foto... foto de casal, cart
ão postal,
casal com filhos, foto p&b cinco pessoas; paisagem; oito decalques; foto p&b... s/cavalo;
sete postais diversos; foto; foto de casal 1931 – palheta de aquarela, cat
álogo... planta
baixa da garagem; + tr
ês postais; quatro cartões de Natal; fole “correspondense” com
paisagens + cartão de Natal... 07 de maio de 2004... 14h30min até 18h45min..”.
18 de agosto de 2004.
A casa à Rua Dr. Trajano Reis, 571, foi vendida.
Os procedimentos
metodológicos estão encaminhados e obtive autorização para continuar o Projeto.
Espero por seu esvaziamento para tratar das marcas nas paredes
e decidir o que
fazer com os esconderijos/ buracos que sugerem cortes/ passagens/ extrações, o
procedimento usado por Gordon Matta-Clark em Bronx Floors, 1972-73. Manhattan,
Bronx, and Brooklyn, New York, é um exemplo da inserção de luz na arquitetura.
101
02 de setembro de 2004.
Empacotamento. Conjunto de porcelana (s/ marca) branca, rosa com frisos
dourados (pintura oral nas cores vermelho, rosa, verde, amarelo, dourado em relevo),
composta por 15 pe
ças, a saber: seis pires, seis caras, leiteira, cafeteira com tampa,
açucareiro com tampa. Encontrado entre folhas de jornal, dentro de uma pasta de
couro marrom no guarda-roupa do QUARTO 3, foi deslocada para o PAVIMENTO
TÉRREO e depois para o meu atel com a nalidade de estudar as possibilidades
pl
ásticas uma instalação acompanhada de ações performáticas no ritual do chá e a
contemplão de fotograas. Antes de devolv
ê-los z um ensaio que permanece na
revelação em rolo de copi
ão apresentando as etapas do soterramento de cada objeto
embrulhado em folhas de papel de seda branco e pl
ástico bolha transparente, do fundo
à boca da caixa, de papel
ão, lacrada, posteriormente. Depois, z o empacotamento
de um outro lote, este composto por uma escultura em madeira de imbuia (mulher
segurando uma rosa), medindo 38cm, aproximadamente; a gura es sobre
pedestal 11,6x10,6x2,7cm. Calend
ário em madeira, cuja base mede 26x15,8cm,
aproximadamente, e, serve de apoio para porta caneta, um indicador rotativo do
dia da semana e do m
ês e, porta notas em cuja tampa há uma paisagem (vegetação
com coqueiro, casa e rio), em marchetaria. Caixa em madeira porta-n
íqueis com
papel colado, onde está escrito à bico de pena, na tampa, medindo 15,4x10,4x8,7cm,
aproximadamente. Carteira contendo fotograa em s
épia, capa de couro marrom,
com letras douradas, medindo 14x10,5cm. Caderneta com capa dura na cor marrom
(com letras impressas em preto e caligraa a bico-de-pena), medindo 17,5x13,8cm,
de 1915-1922. 24 p.. Passaporte consular com capa dura na cor bordô (apresentando
o bras
ão do país americano, friso e letras, dourados), medindo 18,8x15,4cm, 1928,
32 p.. Conjunto de 30 fotograas em diversos tamanhos, em p&b. Ficha t
écnica: “...
devolução de objetos... 02 de setembro de 2004... 17h00min. até 17h30min..
.
21 de setembro de 2004.
Ficha t
écnica: ... triagem de objetos – livros, porcelanas, botões, cabides,
cart
ões, revistas... 21 de setembro de 2004... 18h00min. até 20h00min...
102
FIGURA 15. Entrópico fotográfico: 13 de novembro de 2000, das 14h00min. até 18h15min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
103
FIGURA 16. Entrópico fotográfico: 08 de maio de 2001, das 15h00min. até 18h00min.. 05 fotografias : color.; dimensões variáveis.
104
FIGURA 17. Entrópico fotográfico: 08 de maio de 2001, das 15h00min. até 18h00min.. 06 fotografias : color.; dimensões variáveis.
105
FIGURA 18. Entrópico fotográfico: 02 de outubro de 2001, das 14h30min. até 17h50min.. 01 fotografia : color.; 18x12.5cm..
106
FIGURA 19. Entrópico fotográfico: 23 de abril de 2002, das 15h15min. até 18h30min.. 01 fotografia : color.; 18x11,5cm..
107
CAPÍTULO V
PASSAGEM POR BATENTES E DEGRAUS
108
5.1 ENUNCIAÇÃO
Do topo da ESCADA, no S
ÓTÃO encaixado na ESTRUTURA DO TELHADO,
descendo os degraus para o PAVIMENTO T
ÉRREO e, abaixo deste, a ADEGA, diz-
se a rés-do-chão que parecia feito de preto animal’, um corante negro resultante da
calcinação de ossos para obtenção de meios-tons nas argamassas e tintas usadas nas
construções antigas; rastejei no espaço entre o assoalho e o chão, na profundidade de
44cm, de superfície para superfície, sobre a massa obscura estreitada por barrotes laterais
e muralha de latas de azeite ao alicerce; encobertas por películas de ferrugem que
se ligaram umas às outras em decorrência da exposição do ferro à umidade pareciam
que se intercomunicavam com outras latas abertas numa extremidade e perfuradas
simetricamente na outra, as quais funcionariam como gateiras que poderiam ser
deslocadas da face externa da parede de alvenaria, uma por uma a cada invasão de ratos.
Ressalta-se “... que la frontera entre instinto y raz
ón es de una naturaleza sumamente
brumosa...” (POE, 2005: p. 93); gatas negras podem possuir poderes mágicos, mas
neste universo suas ninhadas poderiam ser afogadas como as de quaisquer outras gatas,
cinzentas, brancas: porque, segundo ouvi perguntar, quem pensa em cuidar?
Observei
que a impressão causada pelo peso do claro-escuro originava-se da poeira do século
sobre os refugos de obras mortas emersas no terreno em declive, livre mas não-habitável,
onde foram cravados os alicerces do edifício, proporcionando um prisma de ventilação
singular evitando a deterioração do madeiramento do assoalho. Talvez, as fileiras de
latas de azeite vazias tenham sido acumuladas para uma eventualidade futura que não
foi possível saber.
Um complexo de conexões hidráulicas e instalações elétricas ficaram cada vez
mais aparentes e, certamente, enredavam a casa e a cidade. Contemplei a ABERTURA
1 e da ABERTURA 2 através das quais viam-se, adiante, a CLARABÓIA, que ilumina
a COZINHA
, e um resquício do BWC. A lâmpada acesa pendente do FORRO sobre a
109
ESCADA, deixava à mostra o recorte do rodapé e o afundamento dos degraus; distinguia-
se uma brecha como se fosse um córrego, poluído, amarelo-renascença entre as margens
de madeira marrom. A penetração de luz na ondulação do telhado paralelo ao alinho das
calhas formava uma seqüência de olhos sem pupila, num rosto horizontal, à distância,
provocando atração e vertigem, porque a aproximação não era impossível mas arriscada,
fora do alcance de um braço esticado.
Quando os elementos da edifica
ção começaram a decompor-se e a ruir devido
ao rigor das intemp
éries, aconteceu o encontro entre a claridade natural e a artificial,
ampliando a vis
ão no interno minado por cabos e feixes de fios da expressiva tensão
da corrente el
étrica pendurada nas vigas, nas pernas inclinadas e linhas horizontais
das tesouras para sustentar o peso do telhado, cen
ário de linhas curvas, retas e teias
balançantes à passagem de ar, intrincado e perigosamente mensurável em contraste com
as ondas ao redor da ‘respira
ção’ da bóia flutuante-esfera, na CAIXA D’ÁGUA, sugestiva
à revelação do processo fotográfico na água da bacia como superfície-espelho, refletora
do extremo oposto.
Introduzi a máquina nos buracos, nas fendas, a fim de capturar as
profundezas das partes externas, verticalidade de alcance m
áximo além das aparências
polvilhadas por gr
ãos sobre a madeira devorada por cupins ao traçar belos e indesejados,
prejudiciais, trai
çoeiros caminhos: em dias nublados da estação chuvosa diluíam-se
as fronteiras. As asas perdidas aos milhares indicavam v
ôos simultâneos e marcas da
fundação de novos ninhos.
Algunas de las siguientes obras que quiero hacer son definitivamente voyeuristas. Una
observación de cerca, establecer contacto con las quinientas vidas vecinas. Pienso que el
voyeurismo es un buen espacio en el que dejarse caer de vez en quando. S
ólo que no he
hecho
últimamente porque requiere una devoción y una paciencia tremendas. Pero como
con un ready-made, uno trabaja para rellenar los
espacios en blanco, las acciones silenciosas
incompletas enmarcadas por las ventanas. Requiere una atenci
ón constante, como una forma
de meditaci
ón. Buena vista. Un agudo sentido del cambio... Bueno, já sabe, hay que elegir el
lugar adecuado en el momento id
óneo, antes de que haya ocurrido ya todo. (MATTA-CLARK,
1999: 209).
110
Imbuída de um voyeurismo santo; quero dizer no sentido que a palavra
voyeurismo foi empregada pelo artista norte-americano Gordon Matta-Clark (1943-
1978), dirigi um filme no sítio específico, em janeiro de 2005. Enfrentar os recursos
da videoarte a filmagem de Uma casa em desmancho foi uma experiência para
ver em movimento o mesmo espaço comprovou sua limitação, também. Retomei
o DVD Videoarte, desmembrando-o com a finalidade de organizar uma montagem
maior, com efeito de continuidade de Imagens congeladas que representam um
momento de sutileza; desprovidas do envolvimento sonoro na impressão em papel,
ao contrário do dispositivo, em anexo, na contracapa deste livro de artista.
Sobre a origem da obra de Gordon Matta-Clark, a resposta poderia estar
na sua formação, experiência de vida e as oportunidades que soube aproveitar,
principalmente no período em que viveu em Paris e entrou em contato com a história
da arquitetura daquela cidade; com a fotografia do subterrâneo e do espaço aéreo
na experiência de Nadar, com as demolições que podem servir de fontes do ensino
teórico da construção. Estive em busca de sua biblioteca e de suas palavras:
Una de las cosas que tengo s claras es cómo se originó este interés por trabajar con
edifícios. Se desarrolló a partir de ese período en 1970 el qual vivia en el sótano del 112
de Greene Street y hacía cosas en diferentes rincones. Inicialmente no tenían relación
alguna con la esctructura, simplemente trabajaba dentro de um lugar, pero al final comen
a tratar el lugar como un todo, como un objeto. Una de las primeras veces que hice esto
fue en la School of the Museum of Fine Arts de Boston en 1971, donde comencé a jugar
con la instalación de fontanería como sistema dentro del edifício. Prolonguna de las
conducciones de gás sacándola de detrás de una pared, de modo que la galeria contenía
un bucle de gas, y luego seglas conducciones del gas hasta la calle con fotografías, por
lo que la pieza tenía también una dimensión fotográfica. Cuando vivia en 4th. Street hace
algunos años, pensaba ya en términos de tratar un edifício entero. Al principio la naturaleza
de la actividad no parecía clara, pero gradualmente se produjo una progresión pasando
por varios tipos de referencias locales hasta el sistema del edifício completo. (MATTA-
CLARK, 1999: 203).
De onde m idéias? Do inesperado. As Fichas técnicas (FIGURA 10) foram
assinadas e, autorizado, in loco, o uso das recolhas.
111
FIGURA 20. Fac-símile de Ficha técnica da quinta fase do Diário de pesquisa.
112
5.2. PASSAGEM POR BATENTES E DEGRAUS
DE 14 DE DEZEMBRO DE 2004 A 15 DE JANEIRO DE 2007
14 de dezembro de 2004.
Ficha técnica: ... Seleção de objetos remanescentes na casa da Rua Dr.
Trajano Reis, 571 cart
ões de festas, jarros, garrafas da ADEGA... 14 de dezembro
de 2004... 14h30min. até 17h00min..
.
19 de dezembro de 2004.
Filmagem rápida. A filmagem se estendeu à casa de baixo, a mais antiga.
Ficha técnica: “... primeira filmagem da casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571... 19 de
dezembro de 2004... 14h30min até 16h15min..
.
19 de janeiro de 2005.
Havia lixo ao redor da árvore, na calçada. Os carrinheiros passariam, mais
cedo ou mais tarde. Choveu e as coisas estavam empapadas – mesmo assim, recolhi
a estrutura de um guarda-chuva, presa ao cabo de madeira com apoio triangular.
Folhas de revistas e jornais, vidros, canecas para chope, santos em gesso, a fotografia
de casal retocada em preto e branco, carvão e giz, grafite, tingiam os dedos,
ao mínimo toque constituíam-se nos objetos abandonados, espalhados no chão.
Foram retiradas as grades sobre as janelas e as basculantes; as bandeiras de vidro e
portas com folhas duplas almofadadas, restando as guarnições. Perdeu-se a sensão
de aprisionamento, dramática, restando as fotografias que fiz, anteriormente, e isto
comprova a sua dimensão enquanto linguagem plástica. O dia nublado escureceu lá
dentro. Por isso, a filmagem foi adiada, mesmo que o percurso estivesse definido
pelo olhar cravado na seqüência das paredes e passagens, em sentido horário,
entrando e saindo pela porta da frente. Ficha técnica: ... Revis
ão do local para
filmagem... 19 de janeiro de 2005... 15h30min. até 16h30min.
... Revisão do arquivo
fotogr
áfico... 19 de janeiro de 2005... 17h00min. até 19h00min. ..
113
20 de janeiro de 2005.
A queda da moldura de uma antiga imagem de Cristo no horto das
oliveiras
Christus am Oelberg Our Lord on the mount of olives Christ sur
la montagne des oliviers
Cristo sulloliveto Cristo en el monte de los olivos
Chrystus na Górze Oliwnej Kristus na hore olivetske Chrysto nas oliveiras
foi um experimento para a abertura do filme. Esquecida num canto da casa, ela foi
recolocada sobre sua ppria marca na parede e recebeu a vibração dos golpes de
um martelo de borracha no HALL DE ENTRADA, do outro lado, o que provocou a
soltura do prego que sustentava o peso facilitando o deslizamento da sua estrutura
em dirão ao assoalho do QUARTO 1. Essa manobra foi repetida e conservada
no dispositivo. A moldura sem dano, onde cou, permaneceu. Através das janelas
da frente reetiram-se rengulos inclinados competindo com outras marcas, mais
claras, dos objetos deslocados das paredes amarelo-renascença. O chão estava
limpo e aquele entulho ao redor da árvore, na calçada, continuava a ser escolhido;
a porta estava aberta e o externo era visível.
A luz natural que entrava pelas janelas
basculantes da BIBLIOTECA e da sala de JANTAR, não foi suficiente. A claridade, era
como se ela se mostrasse da janela para fora; não incidia sobre o ambiente visado – o
escaninho sob o primeiro degrau do segundo lance da ESCADA e a ADEGA, esta foi
aberta e fechada para filmagem das leiras de latas de azeite e garrafas de vinho cujas
rolhas não foram trocadas como deveriam e apodreceram facilitando a passagem
de ar. Em conseqüência, parte do líquido oxidou, formando uma pasta, no fundo.
Diante do inapreciável, pensei em utilizar o restante para desenhar, recuperando o
material encontrado no lugar, referenciando experimentos com o lixo urbano, isto
é, garrafas de soda e cerveja fundidas em obras como Glass Ingot [lingote de vidro]
e Glass Plant [planta de vidro], por Gordon Matta-Clark, em Nova York, em 1971.
Enquanto cogitava a respeito da relação entre a perspectiva presente e a passada,
foram gravadas as sombras veis provocadas pela artificialidade de um bico de luz,
em suspenso; e os ruídos dessa movimentação. Fichacnica: “... in
ício da lmagem
PAVIMENTO T
ÉRREO... 20 de janeiro de 2005... 14h00min. até 18h00min. ....
114
21 de janeiro de 2005.
A ilumina
ção consistiu num único bico de luz, móvel, favorecido pelas cores da
casa. Colocada dentro da ABERTURA 1, atingiu a ABERTURA 2
. O armário com portas
para livros, embutido na parede do QUARTO 2, estava desconectado das dobradi
ças, foi
filmado fechado; arrastado, para dentro, foi aberto aos poucos até o foco de interesse
que era a ESTRUTURA DO TELHADO. Da porta de inspe
ção da CAIXA D’ÁGUA,
podia-se ver as vigas e as pernas e as linhas horizontais das tesouras.
Ficha técnica: “...
continuação da filmagem SÓTÃO... Duração da gravação (bruto) = uma hora... 21 de
janeiro de 2005... 13h30min. at
é 18h00min. ...”.
25 de janeiro de 2005.
Recorte da filmagem. As imagens sacrificadas poder
ão render outro filme. A
palavra ‘renderiza
ção’ me fez lembrar dos buracos próprio das rendas, das microfibras,
dos tecidos. A casa estava esburacada por extra
ção dos pregos e ganchos nas paredes;
presta-se à fotografia. Ficha técnica: “... início da edição do DVD Vídeo... 25 de janeiro
de 2005... 14h30min. até 19h30min. ...”.
27 de janeiro de 2005.
Opção para o fechamento. Ficha técnica: “... continuação da edição do DVD
Vídeoarte... Ver catálogo de clichês: mãos; ver “Tu m”, 1918, de Marcel Duchamp... 27
de janeiro de 2005... 14h00min. at
é 19h30min. .”.
28 de janeiro de 2005.
Experimento musical composto a partir dos ru
ídos provocados pela
movimentação durante a filmagem, intercalados por Music for Duchamp. O tempo
do filme
é determinado pelo som, é isso? A construção de um filme, exercício de
descontinuidades, depende de a
ção grupal que não deixa de ser uma ‘distração estética’.
Até concluir o procedimento são necessárias autorizações e pagamentos que transformam
o prazer est
ético em mercadoria. Impedimento da interiorização, ver à distância. Ficha
técnica: “... continuação da edição e princípio da sonorização... Music for Duchamp,
1947, de John Cage... 28 de janeiro de 2005... 14h00min. at
é 19h00min. ...”.
115
FIGURA 21. Imagens congeladas do DVD Videoarte Uma casa em desmancho. 2005. 51 fotografias : color.;
dimensões variáveis. (CÓPIA EM ANEXO)
116
31 de janeiro de 2005.
Foram deslocadas as maçanetas das portas dos armários, as luminárrias, as
engenhocas penduradas no forro da
COZINHA. Levantei a tampa da ADEGA e desloquei
as garrafas, de dentro para as laterais externas; fotografando com a cabeça lá dentro até
rastejar por baixo do assoalho, realizando com esse equipamento a idéia de desenhar
um plano visto de outro. Repensei nas garrafas de soda e cerveja fundidas por Matta-
Clark (1943-1978).
10
Mesmo que eu quisesse fazer um experimento, o de tentar fundir as
garrafas no forno do fogão, o “econômico” foi vendido para um ferro- velho; à mostra,
os azulejos e tijolos despedaçados, buracos, pó. Escolhi as garrafas que continham vinho
e desloquei o material para o meu ateliê no período da manhã. Mais tarde, retornei
para acompanhar as medições. Ficha técnica: ...
Levantamento arquitetônico... 31 de
janeiro de 2005... 14h00min. até 18h00min. ...”
.
02 de fevereiro de 2005.
Roteiro: questões iniciais. Filmagem por etapas. O que impede a continuidade?
Condições de mobilidade e visibilidade, fios curtos, disposição das tomadas. Tempo de
filmagem no espaço retangular no domínio triangular = uma hora (bruto). Geometria
aparente aproveitamento dos recursos sítio específico do sítio virtual
iluminação: artificial nas partes escuras = sala de JANTAR + ESCADA via de
acesso: o que pode ser aberto ou fechado? = portas
interagir no cenário sem ser
visto objetivo do truque: visão de um espaço através de outro distância do ponto
_______________________________
10
“... En esta época Matta-Clark se dedicó también a buscar basura, objetos de desechos y
espacios abandonados con la intenci
ón de recuperarlos. Durante algún tiempo el artista recolectó
botellas vac
ías con ayuda de diversos amigos entre ellos Jeffrey Lew. En el invierno de 1971 parte
del material fue utilizado para crear Winter Garden: Mushroom and Waistbottle Recycloning Cellar
(Jard
ín de invierno: Sótano de champiñones y de reciclado de botellas de desecho) también llamado
Glass Plant (Planta de vidrio). Las botellas fueron apiladas en un viejo ascensor callejero situado bajo
la escalera del s
ótano del 112 Greene Street, donde también instaló un horno. En el lugar donde (...)
horno hundi
ó el cristal y modeló lo que llamó “lingotes conmemorativos”. Un dia, accidentalmente, el
horno no se apag
ó durante da noche y se fundieron todas las botellas, a excepción de una en la que más
tarde colocaria frutos y huesos de cerezas procedentes de Cherry Tree...” (DISERENS & ENGUITA,
1999: 78-79).
117
de vista horizontal, pés no chão e o olho na lente. De cima para baixo, do ponto de
vista vertical = profundidade. Vis
ão interior da superfície de madeira para a superfície
com garrafas vazias, linhas retas
Gravação de ruídos provocados por atos de abrir =
aparência das passagens = portas retirar e recolocar a cobertura em espaços. Escaninho
sobre o primeiro degrau do segundo lance da
ESCADA Focos de iluminação, formação
de degraus sobre degraus por efeito do balan
ço da lâmpada. A tampa empenada do
escaninho sugere que, mesmo fechado, permanecer
á um vão indicando que existe algo
por tr
ás. O que por trás? O vazio interferir tocando a extremidade com a ponta
dos dedos, colocar o corpo em movimento at
é o repouso espontâneo = experimentação.
Descascados, pregos retirados e sombras refletidas pela passagem dos carros
sobra
que desloca o assoalho na superf
ície interna da ADEGA, pontos de luz entre as telhas,
entre as telhas e as calhas. O que h
á depois? A claridade do dia furo na parede, feixe
de fios entrando na parede
Eliminação de imagens repetidas, valorização de detalhes
do QUARTO 3 para a CAIXA D’ÁGUA na ESTRUTURA DO TELHADO. Ficha técnica:
“... conclusão do vídeo... 02 de fevereiro de 2005... das 14h00 às 19h00mim. ...”.
04 de fevereiro de 2005.
Revis
ão do conjunto fotográfico. 1. Caixa de papelão Leonar, contendo 16
chapas em vidro, maiores, m
édias e pequenas (retangulares, “Extra-Duro” e uma oval);
uma etiqueta. 2. Caixa de papel
ão, Eisenberger “Picniks”, contendo sete negativos em
vidro, 12x9cm e 10 negativos em celul
óide, 12x9cm. 3. Caixa de papelão, Eisenberger
“Carnaval”, contendo oito negativos em vidro, 12x9cm e cinco negativos em vidro,
9x6cm. 4. Caixa de papel
ão, Eisenberger “Parentes e Antepassados”, contendo 17
negativos em vidro, 12x9cm e tr
ês negativos em celulóide, 9x6cm. 5. Caixa de papelão,
Eisenberger “Grupos”, contendo 17 negativos em vidro, 12x9cm. 6. Caixa de papel
ão,
Eisenberger Extra-Rapid Platten, contendo cinco negativos em vidro, 12x9cm. 7. Caixa
de papel
ão, Eisenberger Extra-Rapid Platten, contendo cinco negativos em vidro,
12x9cm. e seis negativos em celul
óide, 9x6cm. 8. Caixa de papelão, Perutz, contendo
outra caixa (de papel
ão) Perutz-Persenso-Extra-Rapid com quatro Platten, 9x6cm. 9.
Caixa de papel
ão, Agfa-Extrarapid-Platten “Fazenda Curytiba } 1932”, contendo
15 negativos em vidro, 12x9cm. 10. Caixa de papel
ão, Hauff-Leonar “Matinhos”,
118
contendo 14 negativos em vidro, 12x9cm e 17 negativos em celulóide, 9x6cm. 11. Caixa
de papel
ão, Agfa “Chapas estragadas”, contendo uma tira com negativos em celulóide
(esculturas); cinco negativos em vidro, 18x13cm (Carnaval garrafas de cerveja, pierr
ôs
etc.); um negativo em vidro, 12x9cm; envelope com 45 negativos de celul
óide, medindo,
respectivamente 11x6,5cm (15), 9x6 cm (18) e 6,5x4cm (12), aprox.. 12. Caixa de papel
ão,
Agfa-Chromo, contendo 12 chapas de vidro (algumas quebradas), medindo 15x10cm.,
aprox.. 13. Caixa de papel
ão, Agfa-Extrarapid-Platten, contendo três negativos em
vidro, 12x9cm, aprox.. 14. Caixa de papel
ão, Agfa-Extra-Rapid-Platten, contendo 18
negativos em vidro, 12x9cm: um dos negativos deve ter servido de refer
ência para o
desenho à nanquim que estava acima da poltrona da na sala de JANTAR. 15. Caixa
de papel
ão, Agfa-Extra-Rapid-Platten – “Chapas estragadas”, contendo três negativos
em vidro, 12x9cm. 16. Caixa
Agfa-Extra-Rapid-Platten, contendo um envelope com
dourado. 17. Caixa de papelão, Agfa-Extrarapid Platten, contendo três negativos
em vidro, 12x9cm, e um envelope com seis negativos de celul
óide, cada um medindo
11x7cm, aprox.. 18. Caixa de papel
ão, Jdrag, contendo 10 negativos em vidro, cada
um medindo 15x10cm, aprox.. 19. Caixa de papel
ão, Mimosa-Patte-Extrema-Ortho,
contendo cinco negativos em vidro, 12x9cm; sete negativos em celul
óide, 12x9cm;
dois negativos de celul
óide, cada um medindo 10,5x6,5cm, aprox.; dois negativos de
celulóide, cada um medindo 9x6cm, aprox.. 20. Caixa de lata, Agfa-Extrarapid-Platten,
contendo quatro
negativos em vidro, 12x9cm; e oito negativos em vidro, 9x6cm.. 21.
Caixa de lata,
Agfa-Extrarapid-Platten, contendo nove negativos em vidro, 12x9cm e um
negativo em celul
óide, 12x9cm.. 22. Caixa de lata, Agfa-Extrarapid-Platten, contendo
um negativo em vidro, 12x9cm e 13 negativos em celulóide, 12x9cm.. 23. Caixa de
lata, Agfa-Filmpack, nada contem. 24. Caixa de lata, Agfa, contendo 123 negativos de
celulóide, medindo 8x6cm cada um, aproximadamente. 25. Caixa de lata, Melachrino
& Co. Cigarette, contendo quatro pedras, de tamanhos diferentes. 26. Caixa de lata,
sem identifica
ção, contendo objeto não identificado. 27. Pacote com 12 negativos em
vidro, 12x9cm.. Caixa de papel
ão, Agfa-Filmpack, contendo 30 fotografias de diversos
tamanhos, em p&b. 28. Caixa de papel
ão, Agfa-Filmpack, contendo 47 fotografias de
diversos tamanhos, em p&b. 29. Caixa de papel
ão, Gevaert Film-Pack, contendo cinco
negativos em vidro, 12x9cm e um envelope com 42 negativos de celul
óide, cada um
medindo 8,5x5,5cm, aprox.. 31. Envelope
Agfa contendo 109 negativos de celulóide,
119
medindo, respectivamente, 11x6,5cm (46); 8,5x5,5cm (59) e 6x6cm (quatro), aprox..
Ficha t
écnica: ... empacotamento e devolução de objetos ... 04 de fevereiro de 2005...
10h30min. ...
.
25 de abril de 2005.
Ensaio fotogr
áfico: verificão de detalhes internos e externos das aberturas
do HALL DE ENTRADA e do HALL DOS FUNDOS, espa
ço de chegada da escada do
DEP
ÓSITO, armário de canto em madeira, superposão das prateleiras, dos degraus
e do teclado do teletipo; pinceladas brancas, verdes, pretas, rosadas em t
ábuas,
rompendo com na geometria das paredes e no forro paulista da
MARA ESCURA;
vidra
ças, basculantes e portas, da GARAGEM; ferramentas de trabalho desenhos
geom
étricos nas lajotas, rachaduras, tijolos, vazamentos e encanamentos, elementos
de apoio, cabideiro, fechadura, tomadas AL
ÇAPÃO no BWC; os buracos elaborados
pelos cupins nos marcos das janelas, degraus da ESCADA e assoalho; riscos à
pis
de cera e descascamento nas paredes amarelo renascen
ça; o breu do lado de dentro da
basculante e o dia lá fora. As teias de aranha no v
ão da ABERTURA 1.
01 de maio de 2005
Ensaio fotogr
áfico: detalhes externos e internos do HALL DOS FUNDOS,
do JARDIM e do DEP
ÓSITO, o caminho dos cupins no assoalho encabeirado, nos
degraus da ESCADA, riscos e descascamento nas paredes amarelo renascen
ça, o breu
do lado de dentro da basculante e o dia lá fora, interior dos arm
ários. As teias de
aranha no v
ão da ABERTURA 1.
13 de maio de 2005.
Vem ocorrendo uma adaptação de procedimentos ao destino da casa
da Rua Dr. Trajano Reis, 571. O QUARTO 1 e a BIBLIOTECA, essas partes da
casa foram pintadas. Cedo, pela manh
ã, fui informada pelo proprietário que uma
parte da casas seria pintada. S às pressas com o equipamento porque os pintores
estavam aguardando. Durante tr
ês horas, aproximadamente, fotografei a eliminão
das marcas nas paredes amarelo-renascen
ça, por meio de rolo e pincel, a quatro
os. A performance picrica foi executada com o objetivo de reutilizar o espo,
temporariamente; foi um processo lento e realista sob a varião da luz solar.
120
FIGURA 22. Entrópico fotográfico: 25 de abril de 2005, das 10h00min. até 13h30min.. 01 fotografia : color.; 13x19,7cm..
121
FIGURA 23. Entrópico fotográfico: 25 de abril de 2005, das 10h00min. até 13h30min.. 02 fotografias : color.; dimensões variáveis.
122
FIGURA 24. Entrópico fotográfico: 25 de abril de 2005, das 10h00min. até 13h30min.. 02 fotografias : color.; dimensões variáveis.
123
FIGURA 25. Entrópico fotográfico: 01 de maio de 2005, das 14h00min. até 15h00min.. 05 fotografias : color.; dimensões variáveis.
124
FIGURA 26. Entrópico fotográfico: 13 de maio de 2005, das 10h00min. até 14h30min.. 07 fotografias : color.; dimensões variáveis.
125
FIGURA 27. Entrópico fotográfico: 13 de maio de 2005, das 13h00min. até 14h30min.. 05 fotografias : color.; dimensões variáveis.
126
FIGURA 28. Entrópico fotográfico: 08 de fevereiro de 2006, das 11h00min. até 15h00min.. 06 fotografias : color.; dimensões variáveis.
127
FIGURA 29. Entrópico fotográfico: 08 de fevereiro de 2006, das 11h00min. até 15h00min.. 03 fotografias : color.; dimensões variáveis.
128
FIGURA 30. Entrópico fotográfico: 08 de fevereiro de 2006, das 11h00min. até 15h00min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
129
FIGURA 31. Entrópico fotográfico: 08 de fevereiro de 2006, das 11h00min. até 15h00min.. 04 fotografias : p&b.; dimensões variáveis.
130
FIGURA 32. Entrópico fotográfico: 08 de fevereiro de 2006, das 11h00min. até 15h00min.. 01 fotografias : p&b.; 13x19,5cm..
131
FIGURA 33. Entrópico fotográfico: 08 de fevereiro de 2006, das 11h00min. até 15h00min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
132
FIGURA 34. Entrópico fotográfico: 15 de fevereiro de 2006, das 10h58min. até 12h40min.. 02 fotografias : color.; dimensões variáveis.
133
FIGURA 35. Entrópico fotográfico: 15 de fevereiro de 2006, das 10h58min. até 12h40min.. 02 fotografias : p&b.; dimensões variáveis.
134
19 de outubro de 2006.
Visitei a casa. Não ocorreu deslocamento ou transformação significativa.
28 de outubro de 2006.
Caminata urbana no labirinto do Parque Chaz... El Libro de los pasajes, as
citações de Walter Benjamin, encontrado numa livraria de Buenos Aires, sobressai
enquanto discurso indicativo de autores com Balzac, Proust, Poe; assim como a obra
Cómo vivir junto, de Roland Barthes, relacionados.
24/25 de novembro de 2006.
Confronto com a obra de Gordon Matta-Clark, pela primeira vez, na 27ª
Bienal de São Paulo, desfazendo o dilema inicial, isto é, a dificuldade de refletir sobre
o que não está distante dos olhos. Fotografei seqüências nas paredes reconhecendo as
montagens feitas pelo artista e semelhanças nos cômodos das casas de madeira. Da
minha parte não houve averiguação a respeito da utilização de imóveis abandonados para
desenvolver a minha poética visual enquanto o poder público decide o que fazer com
eles; imóveis vazios destinados à demolição para execução de projeto de reurbanização
a exemplo Splitting [Partici
ón Rachando]
11
e Bingo
12
como fez Matta-Clark: ‘cortes’
e ‘extrações’, violações em ‘lugares’ cuja transição natural seria a ruína ou a demolição.
Assisti e fotografei cenas de
Splitting e Bingo, rodados em projetor de filme 16mm.,
modelo Compact T-25, durante a 27ª Bienal de São Paulo. Fotografei seqüências de
imagens dos filmes transferidos para DVD, em movimento, conforme a posição dos
________________________________
11
“... Splitting (Partición), 1974. Película realizada por G.M-C. Cámara: Liza Bear. Super
8. Color y Blanco y negro. Muda. Duración: 10min. 50seg. Película que documenta el corte realizado
por Gordon Matta-Clark de uma casa situada em Humphrey Street. Englewood. Nueva York.” (Cat
álogo
IVAM Centre Julio Gonzalez, Valencia 1999: 18 e 194).
“… Gordon Matta-Clark. Splitting [Rachando], 1974, filme Super 8 transferido para 16mm
[Super 8 transferred to 16mm] 10min. 50seg. Cortesia do esp
ólio de [courtesy of the estate of] Gordon
Matta-Clark, David Zwiner Gallery, New York e [and] Electronics Arts Intermix, New York…”.
27ª
Bienal de São Paulo. São Paulo, 23-24 de novembro de 2006.
135
______________________________________________________
12
“... Bingo. Película realizada por G.M-C. Super 8. Color. Muda. Duración: 9min. 40seg.
Em agosto de 1974 Gordon Matta-Clark realizo um corte en una t
ípica casa de pueblo de Niagara Falls,
Nueva York. El artista obtuvo permiso para seccionar la fachada exterior en nueve partes dejando en el
centro una sin tocar. Uma hora despu
és de su finalización la casa fue demolida. Parte de los segmentos
de la fachada fueron trasladados al vertedero de Artpark.”
: Observações: “… G.M-C. en Artpark “The
Program in Visual Art” (Lewinston, Nueva York). Artpark es un programa Del Natural Heritage Trust,
uma sociedad com fines no lucrativos creada para fomentar la conservaci
ón, el recreo y la preservación
histórica.” (Catálogo IVAM Centre Julio Gonzalez, Valencia 1999: 18-19 e 221).
“… Gordon Matta-Clark. Bingo x Ninth, 1974, filme Super 8 transferido para 16mm [Super
8 film transferred to 16mm], 9min.40seg. Cortesia do esp
ólio de [courtesy of the estate of] Gordon
Matta-Clark, David Zwiner Gallery, New York e [and] Electronics Arts Intermix, New York…”.
27ª
Bienal de São Paulo. São Paulo, 23-24 de novembro de 2006.
filmes transferidos para DVD, em movimento, conforme a posição dos dispositi-
vos na parede do local Food, 1972 , 16 mm., 43min.; Open House [Casa aberta],
1972, 16mm., 41min.; Fire child [Criança de fogo], 1971, Super 8, 9min. 47 seg.;
Tree dance [Dança de árvore], 1971, 16 mm., 9min. 32seg.; City slivers [Lascas de
cidade], 1976, Super 8, 15min.; Fresch kill, 1972, 16mm., 12min. 48seg.; Conical
intersect [Intersecção cônica], 1974, 16mm., 18min. 40seg.; Day’s end [Fim do
dia], 1975, 16mm., 23min. 10seg.; Clockshower, 1973, 16mm., 13min. 50seg.. A
duração variada dos filmes proporcionou um exercício de paciência para concluir
a tarefa que me predispus a realizar, isto é, de conhecer a obra que se apresentava à
disposição; enquanto começava um filme, outro continuava e outro que terminava,
sem cadência. Durante as horas em que estive sentada naquelas bancos, percebi que
visitantes passavam, sentavam para assistir uma ou outra projeção e seguiam adi
-
ante. A performance de Matta-Clark e a de seus amigos, sim eles eram exibicionis
-
tas, se repetia num ir-vir-abrir-fechar de portas a exemplo de Open House, conteiner
dentro do qual circulei fora do Pavilhão e concluí que há uma limitação perman
-
ente. Se o meu dilema inicial consistiu em escrever amparada pelas palavras de es
-
pecialistas sem ter tido contato direto com as obras; aconteceu o apaziguamento.
136
07 de dezembro de 2006.
Acompanhei o desmonte no
TÃO em forma de cruz subdividida em duas
partes por uma divis
ória de compensado de um lado e de tábua mata-junta do outro.
Deslocamento das duas portas de acesso, das t
ábuas de dois guarda-roupas e um
arm
ário; da área de repouso para a calçada. Ficou o vazio delimitado pela abundância
de inclinações, desn
íveis e alinhamento geotrico, por partes complementares. A
alvenaria amarelo-renascen
ça no correr da ESCADA, ela era interrompida no topo
por uma divis
ória perpendicular em compensado refoado, continuando até o
extremo externo. Janelas de guilhotina abertas pela metade por meio de borboletas,
ou cobertura em pl
ástico. Esquecimento. Do outro lado, no canto à esquerda, essa
divis
ória amparava o guarda-roupa externamente verde como todo o perímetro; na
verdade uma falsa parede com portas de madeiras lisas, paralela a alvenaria de fundo
branco, permanecendo as marcas das prateleiras. Var
ão para os cabides, dois os para
ESTRUTUTA DO TELHADO. Contraste é do compensado refor
çado com FORRO em
cepilho e cola com acabamento em inclinação para a ESTRUTUTA DO TELHADO. No
QUARTO 3, ao puxar o guarda-roupa para fora do nichocou à mostra a t
ábua mata-
junta, vertical, horizontal e inclinado tendo o prego no sistema de fixação dos encaixes
do arm
ário com prateleiras profundas em confluência com o FORRO paulista pintado
de cinza. O ritmo da modulão t
ábua mata-junta vertical protegida por pintura rosada,
com textura de superf
ície áspera por descascamento de tinta, teias de aranhas e lascas de
madeira grudadas nas paredes. O assoalho de t
ábuas e o FORRO paulista, confluência
de linhas retas. Vedação horizontal no v
ão para a CAIXA D’ÁGUA na ESTRUTURA
DO TELHADO, cada vez mais vis
ível entre um assoalho do O e o FORRO
do PAVIMENTO T
ÉEREO. Armários encostados no DEPÓSITO O deslocamento do
entulho foi feito pelas duas escadas e colocado na cal
çada, ao redor das árvores; os
carrinheiros que n
ão demoraram a chegar, um as o outro. Em seguida, iniciei o
ensaio fotogr
áfico pelos nichos intercalando as cores e as marcas das paredes com
ornamentos funcionais e arremates geom
étricos. O espaço de chegada da escada que
liga os pavimentos do DEP
ÓSITO, composta por buas pregadas em cremalhareiras
laterais, sendo que uma encostada na parede de alvenaria r
ústica. Ficha cnica: ...
Ensaio fotogr
áfico desmonte no TÃO e DESITO, deslocamento de obras
mortas... 07 de dezembro de 2006... das 09h00min a 15h00min. ...
.
137
FIGURA 36. Entrópico fotográfico: 07 de dezembro de 2006, das 09h00min. até 15h00min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
138
FIGURA 37. Entrópico fotográfico: 07 de dezembro de 2006, das 09h00min. até 15h00min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
139
FIGURA 38. Entrópico fotográfico: 07 de dezembro de 2006, das 09h00min. até 15h00min.. 02 fotografias : color.; dimensões variáveis.
140
FIGURA 39 Entrópico fotográfico: 07 de dezembro de 2006, das 09h00min. até 15h00min.. 01 fotografia : color.; 13,5x21cm..
141
FIGURA 40. Entrópico fotográfico: 07 de dezembro de 2006, das 09h00min. até 15h00min.. 04 fotografias : color.; dimensões variáveis.
142
CONCLUSÃO
143
CONCLUSÃO
A palavra ‘alternativa’ fez parte do vocabul
ário da geração 70; consta que
a expressão ‘espaço alternativo’ chegou em Nova York no início dessa década, mas
repercutiu no mundo inteiro, em um determinado momento por moção das idéias. Saber
quem foi Gordon Matta-Clark e o que ele se propunha fazer e fez durante a vida foi o
mesmo que recuperar a minha geração: também utilizei a palavra ‘alternativa’ e procurei
por espaços, materiais e meios de expressão.
Em princípio, obras como Splitting [Partición Rachando] e Bingo poderiam
servir de parâmetro imediato para Uma casa em desmancho. Outras relações poderiam
ser feitas a partir da vontade de observar e entrar em contato com todas as formas criadas
pelo artista, influenciado por reflexões do engenheiro estrutural Robert Le Ricolais (1894-
1977) sobre a arte de construir buracos, inclusive. As coisas e suas imagens mentem
devido à ilusão dos sentidos. Como seria entrar dentro de uma corda? Estar no tempo
requer alerta constante além de acurado espírito crítico. A performance no centro da
história, investigar para poder construir importantes são os feitos. A situação sustentável
da mente e do corpo em movimento na vida circundante, provoca o desejo de respirar,
de buscar rompendo barreiras arquitetônicas. Balloon Building [Edifício globo] foi uma
propoosta do ‘tamanho do mundo’, uma tentativa de diálogo com o mundo. O balão,
o globo, o Gigante de Nadar, a terra é arredondada, temas que me tocam e respondo
impressionada com os apelos.
O ponto de tangência entre os projetos está no interesse pela ordem-desordem
urbana e os resultados obtidos em curto prazo em comparação com os meus, de longo
prazo. O espólio de Matta-Clark fotografias e vídeos de suas ações e instalações,
desenhos, croquis, escritos e entrevistas são acontecimentos visuais e literários consiste
144
em outra polissemia. Vivenciar traz consciência da emergência, ele tomou pressa e deixou
um legado a debater, a partir de 1978. Época que eu começava a realizar interferências
urbanas. O debate está acontecendo. Exemplar aproveitamento do tempo. O que me
atrai começa pela contemporaneidade no ato de ver a obra de arte. A forma está de frente
para o olhar e vice-versa.
Às vésperas da conclusão deste raciocínio fiz uma viagem com a finalidade
de conhecer a obra de Matta-Clark que foi exposta no Pavilhão da 27ª Bienal de
São Paulo. Consegui apaziguar o dilema que se constituiu em conhecer sem ver e
que é diferente de ouvir falar ou ler, estados de limitação para o que se pretende
da experiência autêntica: ver com os próprios olhos a obra de um artista, ler os
manuscritos de um escritor e refletir a respeito das semelhanças e diferenças entre
interesses comuns. Percebo que a aproximação foi ilusória e que a viagem e a visita
especial trouxeram outro dilema, pior ainda, irrecuperável: a obra se fez existir no
momento em que a performance estava sendo praticada e eu não estava presente. O
que vi foram as sombras dos acontecimentos em mídias diferentes das originais.
Sombras das sombras. Neste caso, nem a microfotografia poderia resolver, o que
aconteceu não está soterrado em microfibras.
A minha experiência poética se faz construir no presente da transformação
ao desmancho em processo na casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571. É o motivo do
título. Usei a palavra desmancho, mas a termo do futuro aponta para demolição.
O que é que vou fazer? Apresento o Diário de pesquisa que justifica a tentativa
de dar uma ordem à desordem por acúmulo de material: o Projeto Uma casa em
desmancho continuará a desenvolver-se porque continuo a poetizar a ruína. È sem
fim. Apresento os Entrópicos fotográficos intercalados por Vídeo filmado na casa
esvaziada, de 2000 em diante. O procedimento é o mesmo para projetos paralelos e
gira em torno da obtenção de garantias para interagir no espa
ço urbano.
No decorrer de 2005 trabalhei como assistente da curadoria de Agnaldo
145
Farias na exposição que se caracterizou por uma fisicalidade potente na escala
proporcional ao lugar onde foi re-ligada-re-re-construída-re-re-montada. As
formações na Área de serviço, Projeto A Casa, de José Bechara, foram apresentadas
na Casa Andrade Muricy CAM, no período de 09 de junho a 11 de setembro.
Observadora da fisiognomia do antiquário, nunca parei para meditar sobre as
possibilidades de instalar e reinstalar o mobiliário deslocado em caminhões como
fez Bechara; de cortar ou esburacar casas abandonadas como fez Matta-Clark. A
convivência com as obras citadas e o exercício de mantê-las a uma certa distância
foram desafiadores. Interessa-me investigar, experimentar e querer encontrar
singularidades.
O destino da casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571, aponta para a demolição
e esta pode ser uma conseqüência do Projeto. Afinal, uma casa é uma casa até o dia em
que deixar de ser. A desmontagem e a montagem de edificações são procedimentos
arquitetônicos recorrentes no Paraná; modificariam o rumo de uma obra como a
de Matta-Clark ao tirar ensinamento e proveito das possibilidades oferecidas no
entorno cultural. A persistência em observar o sítio específico, durante anos, foi
motivada pela transformação contínua que aprisionou meu interesse a cada ameaça.
Se a sólida casa se desmancha onde colocar a máscara?
... o deus Jano era guardião das entradas e deus dos começos. Sua imagem era colocada
perto da entrada principal das casas. Tinha duas faces, para que pudesse olhar para
frente e para tr
ás e, por isso, às vezes é representado como uma herma (uma cabeça
ou busto de duas faces). Jano deu o nome a janeiro, o m
ês que despedia o ano velho e
dava entrada ao ano novo. Era associado à sabedoria porque conhecia o passado e podia
prever o futuro. (CARR-GOMM, 2004: 125).
Simples assim. Coincidência ou não, agora é janeiro.
146
BIBLIOGRAFIA
147
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do Povo, Curitiba, 9 de fevereiro de 2002. Caderno G, p. 4.
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átima Martins, Luis Edegar Costa e
Rosana Horio Monteiro. Goiânia: ANPAP, 2005, v. 2 , p. 15-23.
DESENHO T
ÉCNICO
IMAGUIRE, M. R. G. I; STINGEN, F. Rua Dr. Trajano Reis, 571: Planta pavimento t
érreo.
Curitiba, 2006. 1 planta em 4 f. Reprodução em papel.
IMAGUIRE, M. R. G. I; STINGEN, F. Rua Dr. Trajano Reis, 571: Planta do s
ótão. Curitiba,
2006. 1 planta em 4 f. Reprodução em papel.
IMAGUIRE, M. R. G. I; STINGEN, F. Rua Dr. Trajano Reis, 571:
Elevação e Implantação.
Curitiba, 2006. 1 planta em 4 f. Reprodução em papel.
IMAGUIRE, M. R. G. I; STINGEN, F. Rua Dr. Trajano Reis, 571: Detalhe da escada e Corte
AA. Curitiba, 2006. 1 planta em 4 f. Reprodução em papel.
153
PARECER
IMAGUIRE JR, K. Casa à Rua Dr. Trajano Reis, 571. Parecer técnico. Curitiba, 14 de
fevereiro de 2005.
FOTOGRAFIA AÉREA
INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA – IPPUC.
Região do São Francisco – Paraná: fotografia aérea. Curitiba, 1998. Escala: 1: 8000.
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21 de maio de 1974. Instituto Valenciano de Arte Moderno – IVAM, Valencia, 1999.
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fevereiro de 2005.
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Dr. Trajano Reis, 571. Organização a partir de fotografia aérea cedida pelo INSTITUTO
DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA – IPPUC. Região do São
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outubro de 1993 a 12 de agosto de 1997. 1 f.
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fevereiro de 2000 a 18 de janeiro de 2004. 1 f.
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(políptico) 1985-93. Técnica mista sobre papel (7 peças), (1 peça) 37x52cm e (6 peças)
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mista sobre papel (6 peças), (1 peça) 36,5x51,5cm e (5 peças) 18x13cm
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PROJETO DE PESQUISA
Vera Lucia Didonet Thomaz, Didonet Thomaz. Teatro monótono. Pesquisa comunitária em
arte, 1986-2003. Certificado de Registro N.°: 306.732, Livro: 558, Folha: 392. Protocolo
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Autorais. Fundação Biblioteca Nacional – FBN, Ministério da Cultura – MinC. Rio de
Janeiro, 08 de dezembro de 2003.
Vera Lucia Didonet Thomaz, Didonet Thomaz. Uma casa em desmancho. Teatro monótono:
1992-2004. Espaço & discurso = arquivo. Certificado de Registro N.°: 330.121, Livro: 605,
Folha: 281. Protocolo do Requerimento : 2004PR_1036. 54 páginas. Obra não publicada.
Escritório de Direitos Autorais. Fundação Biblioteca Nacional – FBN, Ministério da Cultura
– MinC. Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2004.
Vera Lucia Didonet Thomaz, Didonet Thomaz. Uma casa em desmancho. Teatro monótono:
1992-2005. Certificado de Registro N.°: 362.810, Livro: 670, Folha: 470. Protocolo do
Requerimento : 2005RJ13667. 134 páginas. Obra não publicada. Escritório de Direitos
Autorais. Fundação Biblioteca Nacional – FBN, Ministério da Cultura – MinC. Rio de
Janeiro, 09 de dezembro de 2005.
FITA DE DVD VIDEOARTE
UMA CASA em desmancho. Direção Didonet Thomaz. Curitiba, 2005. 1 DVD Videoarte
(3min. 14seg.), sonoro, color.
156
Uma casa em desmancho. Teatro monótono: 1992-2007
Ações poéticas no espaço urbano
Didonet Thomaz
Composição em MAC G4. Fonte Times New Roman. Reprodução Canon (IR600; CLC1120)
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2
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