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territórios espanhóis e admitia a possibilidade de aceitar a ajuda econômica dos
aliados na reconstrução da nação.
O país se encontrava, sob escombros, em uma situação de penúria
econômica e de depressão social, após o término da Guerra Civil que, de 1936 a
1939, havia separado a Espanha em dois blocos opostos. Embora existissem, no
interior de cada um deles, profundas divergências políticas e ideológicas
identificamos em um dos grupos, combatentes da causa republicana coligados em
uma Frente Popular
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que detinha o poder legítimo até o ano de 1936, quando foi
acometido por um golpe de estado organizado pelo Exército Espanhol, aliado às
diferentes agremiações da direita tradicionalista
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Após três anos de violentos combates, a vitória dos militares insurgentes
apoiados pela direita aconteceu, segundo Ortiz (2000, p. 339), em razão do eficaz
apoio dos governos totalitários, do eficiente avanço militar e depois da morte dos
principais líderes do levante. Contribuíram com a derrocada da causa republicana,
por exemplo, a falta de unidade entre os díspares interesses dos grupos políticos
envolvidos naquela coligação, além de uma ajuda externa pouco eficaz e
financeiramente inviável, devido ao seu alto custo.
Segundo Martin Blinkhorn (1994, p. 78-9), a Guerra Civil Espanhola deixou
como saldo, ao país, a cifra de mais de um milhão de mortos e uma economia
destroçada pelos gastos gerados pelo conflito. A situação se agravou por causa das
crises da indústria, ainda incipiente, e da agricultura castigada por subseqüentes e
rigorosas secas, pela migração de trabalhadores do campo para as cidades e pelas
baixas materiais e humanas sofridas no meio rural, onde muitas das batalhas foram
travadas.
Esse delicado quadro econômico rapidamente evoluiu para uma profunda
desigualdade social. A destruição provocada pela Guerra Civil deixou a população
sem moradia e a crise agro-econômica ocasionou a falta de alimentos e de recursos
essenciais. Como medida paliativa, o governo criou um sistema de racionamento de
provisões para as famílias mais afetadas, entretanto, sua organização era
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Segundo Martin Blinkhorn (1994, p. 12), a Frente Popular era constituída por uma ampla coligação
que reunia republicanos e o Partido Socialista. Com a deflagração da Guerra Civil, uniram-se a esse
grupo conservadores, nacionalistas, católicos bascos, catalanistas, republicanos moderados e de
esquerda, socialistas da direita e da esquerda, comunistas stalinistas e anti-stalinistas, além de
anarquistas, todos empenhados em coibir o avanço do fascismo na Espanha.
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De acordo com Blinkhorn (1994, p. 60), o grupo que se opunha aos republicanos era denominado
insurgente, nacionalista ou fascista, e reunia militares rebelados, falangistas, carlistas, monarquistas,
alfonsistas, conservadores independentes e católicos.