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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Comunicação e Artes - ECA
A CONSTRUÇÃO CÊNICA COMO PRÁTICA TEATRAL ESCOLAR:
A Experiência do Prêmio Cultura de Teatro Escolar
São Paulo
2007
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MARIA CRISTINA NOGUEROL CATALAN
A CONSTRUÇÃO CÊNICA COMO PRÁTICA TEATRAL ESCOLAR:
A Experiência do Prêmio Cultura de Teatro Escolar
Dissertação apresentada ao Programa de
Pos-Graduação em Artes, Área de
concentração: Artes Cênicas, Linha de
Pesquisa Prática Teatral, da Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de
São Paulo, como exigência parcial para
obtenção do titulo de Mestre em Artes,
sob a orientação do Prof. Dr. Cyro Del
Nero de Oliveira Pinto.
SÃO PAULO
2007
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Agradecimentos
Escrever uma dissertação não é um processo tão solitário quanto parece num
primeiro momento, por este motivo tenho muito a agradecer. Recorri a muitas
pessoas para este estudo, de forma que gostaria de contemplar todos que
conviveram comigo nos últimos anos, desde a criação do Prêmio Cultura de Teatro
até a etapa final do Mestrado. Não poderia omitir o apoio e o carinho das pessoas
que me acompanharam nesta jornada.
Agradeço aos meus pais, Tomas Noguerol Fernandez (em memória) e Joana
Canas Noguerol, que sempre me incentivaram, me deram apoio na construção desta
jornada pessoal e profissional, à minha irmã Maria Isolina Noguerol Santos, também
pelo apoio e incentivo, pela torcida incondicional, além de todas as revisões de texto
que foram necessárias desde o primeiro projeto.
Ao meu marido Arturo H. Catalan Navarrete, grande incentivador e
companheiro, que esteve presente nos momentos mais importantes de minha vida,
por fazer parte dos meus projetos e por tantas outras coisas que é impossível listar.
À Diretoria de Ensino, aos Dirigentes Regionais, Maria Albina Soler Torcani
Pelissoni, que foi a primeira a acreditar em meu trabalho, a Maria da Penha Gelk,
que também me incentivou e apoiou nestes últimos anos, e a todos os colegas
Assistentes Técnicos Pedagógicos pelo incentivo.
A todos que participaram do Projeto Prêmio Cultura de Teatro Escolar: alunos
e seus familiares, professores, funcionários, colaboradores e apoiadores, por
contribuírem com esta arte de fazer teatro na escola.
À primeira equipe de jurados, que tornou possível o I Festival: Marco Barbosa,
Cleber Oliveira, Arthur Neto (em memória) e Adriano Silva.
Aos professores da equipe do Prof. Dr. Hamilton Saraiva, pelos cursos
oferecidos aos professores diretores de teatro: Eduardo Coutinho, Meirilene, Laura
Figueiredo, Heitor Saraiva, Marcelo Denni, Fabiano, Rafael Rios, Fernando Tavares,
Francisco Cerpa.
Aos professores do mestrado, um especial agradecimento aos meus amigos
Rafael Rios e Fernando Tavares, que caminharam comigo nestes cinco anos e que
sempre estiveram ao meu lado incentivando minhas descobertas, ajustando meus
rumos, dando apoio nos momentos mais difíceis.
Ao Prof. Dr. Hamilton Saraiva (em memória), meu primeiro orientador nesta
pesquisa, por acreditar em meu trabalho, pelo apoio e incentivo para a apresentação
do projeto no programa de mestrado.
Ao meu atual orientador, Prof.Dr. Cyro Del Nero, por me aceitar na orientação
após o falecimento do professor Hamilton Saraiva e pela objetividade com que
conduziu meu trabalho de pesquisa até o fim.
Ao meu amigo e companheiro de jornada no curso de mestrado Carlos
Eduardo Carneiro Filho.
Aos professores Dr. Clovis Garcia e Dr. Antonio Luiz Dias Januzzelli, pela
participação na banca de Exame de Qualificação e pelas valiosas sugestões
apresentadas para o presente trabalho.
À Secretaria de Estado da Educação, pelo apoio financeiro do Programa
Bolsa Mestrado.
RESUMO
A CONSTRUÇÃO CÊNICA COMO PRÁTICA TEATRAL ESCOLAR: A
Experiência do Prêmio Cultura de Teatro Escolar
A escola tem mostrado que o processo de ensino e aprendizagem
formalmente constituído parece não responder adequadamente às novas exigências
da sociedade contemporânea. No entanto, a arte sempre foi uma janela para a
humanização, tanto no aprendizado quanto na construção da visão de mundo com
olhar mais humano. Neste sentido, o teatro é uma das grandes janelas para este
objetivo, acima citado. Esta Dissertação traz a experiência do Projeto que culminou
com a implantação do Prêmio Cultura de Teatro Escolar, na cidade de Suzano (SP),
tendo a Diretoria de Ensino de Suzano como a grande alavanca da proposta. A
pesquisa apresenta a fundamentação teórica do processo e sua motivação, bem
como o histórico da trajetória do Prêmio Cultura, juntamente com os resultados da
pesquisa com os participantes, entre os anos de 2001 e 2006. A pesquisa revela
que, especialmente para os alunos, o Projeto foi de extrema relevância para a
compreensão da construção de uma peça teatral e seus meandros, bem como as
dificuldades nela encontradas. De outro lado, mostra o grande potencial do ponto de
vista da sociabilidade do processo, no que tange às relações humanas e sociais, e
para os diretores, o ganho substancial no encontro e na articulação do Projeto como
um todo. A pesquisa revela que o teatro oferece condições de desenvolvimento
intelectual, corporal, sensitivo para aquém e além dos processos de ensino e
aprendizagem encontrados na escola e, por conseguinte, a experiência da
montagem do espetáculo traz ganhos importantes para o desempenho posterior dos
alunos no ambiente escolar.
ABSTRACT
THE SCENIC CONSTRUCTION AS A SCHOOL THEATRICAL PRACTICE:
The experience of “Prêmio Cultura de Teatro Escolar”
The school experience has been showing that the formal learning process
does not appropriately meet the needs of the contemporary society. Nevertheless,
Arts have been considered an open window for humanization, not only in relation to
the learning process, but also in terms of the construction of a more humanistic
perception of the world. For this reason, Theater is one of the greatest windows to
reach the goal mentioned above. This paper brings the experience of the Project
which ended with the implementation of Prêmio Cultura de Teatro Escolar (School
Theater Prize), in the city of Suzano (SP), with the Suzano Teaching Direction as its
main support. The research presents the theory basis of the Project and the reasons
which motivated its development. Also, it describes the history of School Theater
Prize, together with the results of the survey conducted with the participants, from
2001 to 2006. The research shows that, particularly for the students, the Project was
extremely important as it brought a better understanding of how a play is organized,
considering all the aspects and difficulties related to it. On the other hand, it reveals
the great potential of the Theater in terms of socialization, considering human and
social features. Also it explains how the Project provided the educators, who were
play directors, an opportunity of development since they managed the activities as a
whole. Last but not least, the research shows that the Theater offers conditions for
the intellectual, body and sensitive development beyond the learning process inside
classrooms. Therefore, the experience of creating a play brings important results
which will have a positive impact on the students’ performance at school.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - O PROJETO PRÊMIO CULTURA
1.1 O Projeto
1.2 Histórico
CAPÍTULO II - O TEATRO E SUA JUSTIFICATIVA
2.1 Importância Histórica do Teatro
2.2 O papel do Teatro na construção humana
2.3 O Processo de Construção Cênica a partir do Prêmio Cultura
CAPÍTULO III - O PRÊMIO CULTURA DE TEATRO ESCOLAR: EXECUÇÃO,
VIVÊNCIA E PARTICIPAÇÃO
3.1 Desenvolvimento do Projeto e suas motivações
3.2 Depoimento dos alunos
3.2.1 Respostas dos Alunos Participantes
3.2.2 Comentários à Pergunta 1
3.2.3 Comentários à Pergunta 2
3.2.4 Comentários à Pergunta 3
3.3 Depoimento dos Professores
3.3.1 Comentários acerca do Depoimento dos Professores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
INTRODUÇÃO
O teatro exerce fascínio em todas as sociedades e em todos as gerações. É a
expressão de uma descoberta que transcende todas as demais artes, por ser a
confluência de todas elas e, paradoxalmente, ser uma linguagem totalmente genuína
e original. A maravilha do teatro reside, entre outras maravilhas, no fato de que o
transformar-se em outro revela a sutiliza da personalidade humana, ao mesmo
tempo em que desvela uma infinidade de realidades que se apresentam tanto no
exterior quanto no interior dos indivíduos e de suas relações. O eu, o outro, o nós, o
lugar, o tempo, a história, a magia e a composição de um espetáculo teatral são
todos elementos que ainda hoje revelam a magnitude desta arte e que envolve de
forma crucial aqueles que dela fazem parte. Como linguagem que lida com a
totalidade da expressão humana, sua condição, seu corpo, seu simbolismo, o teatro
suscita uma série de vivências humanas que extrapolam a formalidade técnica,
mesmo que esta seja imprescindível para a execução de um bom espetáculo. No
entanto, por ser uma arte realizada coletivamente, o teatro propicia uma infinidade
de condições para que as relações humanas se desenvolvam e se enriqueçam.
A partir desse fascínio, e em virtude da prática profissional em arte-educação,
desenvolveu-se o Projeto Prêmio Cultura de Teatro Escolar, com o escopo de
favorecer a criação por meio da liberdade artística e a organização de grupos de
teatro nos ambientes escolares.
O projeto, hoje, está em fase de avaliação e reestruturação. A partir do
momento em que passou a ser objeto de estudo desta pesquisa, foram encontradas
algumas falhas no processo e resultados finais, vendo assim a necessidade de
reorganizar, procurando estruturá-lo de maneira que ficasse mais próximo do projeto
pedagógico das escolas, já que tem seu princípio dentro do ambiente escolar. Esta
pesquisa analisa e registra o projeto de 2001 a 2006 dando ênfase ao processo de
construção cênica que proporcionou a possibilidade de dar continuidade a esta
prática agora com um embasamento teórico muito maior.
Esta Dissertação conta com três capítulos que se articulam no sentido de
apresentar o processo que deu visibilidade ao Projeto, como sua fundamentação,
sendo assim, o Capítulo I – O Projeto Prêmio Cultura, tem o objetivo de descrever
o processo de criação do Projeto Prêmio Cultura de Teatro Escolar e em especial
suas grandes motivações tanto do ponto de vista teórico, tanto quanto prático e
profissional, como realização do comprometimento com a arte e a educação,
notadamente o teatro, detalhando aspectos cruciais do Projeto.
Em seguida o Capítulo II – O Teatro e sua Justificativa, procura
fundamentar a importância do teatro e sua dimensão no meio social, tanto no que
tange à história como no que se refere ao fato de que o teatro é a expressão viva da
busca incessante da compreensão da condição humana. Por isso a importância
histórica do teatro, que atravessa as gerações e permanece sempre atual. Dando
ênfase, na continuidade do mesmo capítulo, à análise dos elementos que
contribuem para a formação humana por meio e através do teatro, culminando,
neste tópico, com a inserção do componente formativo e construtivo do teatro para o
conhecimento, o saber e a técnica, para, enfim, dar a razão e os argumentos com os
quais o Projeto Prêmio Cultura teve seu início e seus aspectos relativos ao processo
de aprendizagem para aquém e além do formalismo institucional da escola
organizada.
O trabalho de pesquisa que culmina nesta Dissertação tem encerramento
com o Capítulo III - O Prêmio Cultura de Teatro Escolar: execução, vivência e
participação, que trata de oferecer os resultados da observação de campo realizada
com os participantes do Projeto, especialmente alunos e professores que
organizaram os grupos de teatro nas escolas com o fim de criarem os espetáculos
de teatro, apresentando as respostas de diversos indivíduos que constam da
pesquisa.
O trabalho de pesquisa visa trazer à luz da compreensão o Projeto Prêmio
Cultura de Teatro Escolar, na condição de uma investigação de caráter qualitativo,
tanto na fundamentação teórica do processo como na descrição de sua implantação
e execução, e mesmo no resultado da parte empírica, especialmente no que se
refere à análise e crítica das respostas dos alunos e professores participantes do
processo, nos grupos de teatro formados nas escolas.
Com isto, a formulação teórica tem o objetivo dar sustentação e legitimação
do Projeto, uma vez que a história do teatro é a trajetória da arte tendo como
substrato a liberdade e esta, no sentido mais amplo, é que dá razão para que o
teatro seja então encarado na escola, não como apêndice do processo de ensino e
aprendizagem, mas, efetivamente, na sua condição própria, a de arte.
CAPÍTULO I
O PROJETO PRÊMIO CULTURA
1.1 O Projeto
O “Prêmio Cultura de Teatro Escolar” é realizado desde o ano de 2001, pela
Diretoria de Ensino – Região de Suzano, SP. De 2001 a 2004, o Evento foi realizado
em parceria com a Prefeitura Municipal de Suzano e em 2005 com a Prefeitura
Municipal de Ferraz de Vasconcelos e em 2006 sem parcerias com a prefeitura.
É um projeto que procura desenvolver uma série de habilidades no que se
refere ao desenvolvimento e elaboração de um espetáculo teatral, dele fazem parte
arte educadores, professores de diferentes componentes curriculares e profissionais
especialistas em artes cênicas, com experiência comprovada na área, que atuam no
sentido de oferecer formação e condições para que os participantes tenham acesso
aos diversos aspectos da construção do espetáculo.
No início do ano são abertas as inscrições para todas as Escolas da Rede
Pública Estadual, que fazem parte da jurisdição da Diretoria de Ensino Região -
Suzano (cidades de Suzano e Ferraz de Vasconcelos). A participação é por adesão
e é preciso que um professor seja o responsável pelo grupo, que será o diretor de
teatro. Este professor pode ministrar qualquer componente curricular, não
necessariamente arte - o importante é que tenha afinidade com a linguagem teatral
ou tenha alguma experiência.
A escola inscrita tem total responsabilidade na produção de seu espetáculo,
inclusive com liberdade para a sua composição, formação de elenco, criação ou
adaptação do texto, etc. O grupo se compõe em forma de equipe e é esta a
responsável pela captação e gestão de seus próprios recursos.
Ao longo dos anos atuando na área da educação , foi possível observar a
falta de interesse dos alunos no que se refere aos clássicos da literatura ou
dramaturgia universal. Na maioria das vezes, tinham acesso a este tipo de texto na
disciplina de língua portuguesa ou em arte, e estudavam por obrigação, não por
prazer. Havia uma grande preocupação em conhecer a literatura, seus autores, mas
dificilmente se discutia, por exemplo, de que forma poderiam ser dramatizados ou
adaptados ao seu próprio contexto. Mesmo nas aulas de arte, em que o professor
geralmente oferece o acesso à prática do teatro, dificilmente chegam ao processo de
construção cênica, finalizando com um espetáculo, ou mesmo em pequenas cenas
ou esquetes. Na maioria das vezes, os alunos ficam apenas em jogos dramáticos.
E foi a partir dessas observações e da grande perspectiva criadora do teatro,
que foi criado o Prêmio Cultura de Teatro Escolar, que tem como principais objetivos
o acesso dos alunos aos clássicos da literatura e dramaturgia universal, além de
oferecer condições de acesso aos textos e produções nacionais, a fim de valorizar o
teatro como importante manifestação artística, para conhecer e desenvolver todo o
processo de construção cênica, bem como de todos os outros objetivos que o
próprio teatro proporciona, como, por exemplo, o trabalho em equipe, o respeito ao
outro e às regras, disciplina, compromisso, iniciativa e o incentivo à pesquisa e ao
estudo.
Outro objetivo, ao criar e executar o projeto, foi o de envolver professores e
alunos do Ensino Fundamental e Médio numa ação extracurricular, fora da sala de
aula, em horário diferente dos estudos regulares, numa ação complementar,
incentivando a formação de novos grupos teatrais na escola e na cidade.
Durante o ano letivo são promovidos mais de 60 horas de cursos aos
professores, que são os diretores de teatro, dentre as ações, são organizadas visitas
a diferentes teatros em São Paulo e região para conhecerem os diferentes tipos de
espaços cênicos e assistirem aos espetáculos em cartaz. São realizadas oficinas
para elaboração de folder e visitas a locais de vendas de materiais e equipamentos
específicos para teatro. Os cursos são ministrados por profissionais com amplo
conhecimento em práticas teatrais, que atuam como atores, cenógrafos e diretores
teatrais. Diversos assuntos são abordados durante o curso, e todos referentes à
composição dos diversos elementos da linguagem teatral. As aulas são prático-
teóricas e sempre ilustradas por meio de multimídia e outros recursos visuais. São
entregues materiais impressos tendo como referência bibliográfica nomes
significativos em cada linguagem, a maioria destes faz parte da referência
bibliográfica deste trabalho de pesquisa.
Em cenografia, são apresentadas história e evolução do espaço cênico, além
de visitas a diferentes teatros na região e São Paulo. Além da explanação teórica e
visual, em 2005, todos os participantes tiveram como tarefa idealizarem um projeto
cênico para seu espetáculo em forma de maquetes (fotos anexas).
Para a categoria de iluminação, também foi abordada a evolução dos
equipamentos cênicos, idéia do que seria um mapa de luz e utilização de gelatina
colorida, além do acesso a diferentes tipos de recursos, desde os elétricos,
passando aos alternativos, confeccionados com velas, lanternas e spots artesanais.
As oficinas de maquiagem tiveram um caráter prático, dando possibilidade de
realizar experiências nos próprios colegas, (fotos anexas), utilizando já material
profissional, adquirido em loja especializada, em uma das visitas educativas.
As aulas de sonoplastia e trilha sonora também foram práticas, diversas
oficinas foram realizadas, utilizando o elemento sonoro como base dos jogos. Às
vezes escolhendo uma música a partir do trecho de um texto dramático, ou vice
versa, sempre discutido sobre a utilização da mesma.
Assim como todas as outras oficinas, a de figurino e adereços teve
embasamento teórico, tratou-se da moda como base da indumentária teatral, houve
apresentações de slides, vídeos e visitas a acervos como os do Teatro Laboratório
da ECA/USP e do Teatro São Pedro, em São Paulo. Neste momento, muitos
perceberam a importância de se formar na escola também um acervo do grupo
teatral.
Vale lembrar que sempre foi discutido nos encontros sobre a questão do
exagero na utilização de elementos cênicos nos espetáculos. Coloca-se no palco
somente aquilo que realmente será necessário e que tenha uma relação simbólica
com o espetáculo.
Com relação à formação de ator e diretor, foram utilizados de diferentes
autores para leituras e jogos práticos que possibilitassem o trabalho com a
utilização do espaço cênico, cuidados com a postura do corpo e a impostação de
voz, improvisação, expressão corporal, técnicas para formação de personagens,
bem como oficinas de leitura dramática e direção teatral.
O encerramento do projeto acontece no teatro da cidade, por este motivo,
muitas orientações práticas são baseadas no que será disponível para o dia da
apresentação, porém, antes da estréia, os grupos fazem as adaptações necessárias
para se apresentarem em outros espaços como a própria escola, comunidade do
bairro, instituições , etc.
São feitas regularmente reuniões de acompanhamento com os diretores de
teatro para discussão de dificuldades, organização do projeto e elaboração de
cronogramas e sugestões de captação de recursos.
Paralelamente às aulas prático-teóricas, os profissionais em treinamento
organizam, nas unidades escolares, grupos teatrais compostos por alunos de
diferentes faixas etárias que tenham afinidade com esta linguagem. Exercendo a
prática da direção teatral, os educadores também atuam como agentes
multiplicadores dos conhecimentos adquiridos nas oficinas.
Neste festival, o grupo teatral tem total liberdade no que se refere ao projeto
de luz, iluminação e cenografia. Por este motivo, as escolas são contempladas com
premiações, a partir da avaliação de uma banca de jurados, todos com competência
comprovada na área.
São premiadas as seguintes categorias: melhor espetáculo, figurino,
cenografia, iluminação, maquiagem, sonoplastia, diretor, ator e atriz, ator e atriz
coadjuvantes, além de prêmios especiais aos destaques de cada escola
participante.
No dia da estréia, cada escola entrega na entrada do teatro o folder
explicativo de seu espetáculo, além de expor banners com fotos do grupo e dos
ensaios, dando assim um panorama aos espectadores acerca do espetáculo teatral
a ser apresentado. Após a apresentação do espetáculo, os atores e diretores vão a
uma sala reservada para a avaliação, os jurados apontam todos os erros e acertos
do grupo além de oferecerem sugestões para melhoria do espetáculo. Estas
orientações são revistas para um melhor desempenho quando o grupo reapresenta
o espetáculo em outros espaços.
Vale ressaltar que o festival de apresentações interescolar tem por objetivo o
encerramento oficial do projeto, além de estimular e encorajar os grupos a
participarem de outros festivais e mostras escolares.
1.2 Histórico
O projeto tem inicio no ano de 2001. Na função de Assistente Técnico
Pedagógico de Arte da Diretoria de Ensino – Região de Suzano, com a iniciativa de
apresentar uma proposta de trabalho à então Dirigente Regional Profª Maria Albina
Soller Torcani Pelissoni, sobre um projeto de teatro, dança e música que envolvesse
alunos e professores de arte da Rede Estadual das cidades de Suzano e Ferraz de
Vasconcelos. Essa proposta seria desenvolvida por meio de um trabalho de
educação continuada com aprofundamento de estudo e a prática de construção das
três linguagens, culminando com apresentações em uma possível mostra inter-
escolar. Este aprofundamento de estudos se daria com contratação de profissionais
das áreas pertinentes, para atuarem com os professores de arte. A contratação dos
especialistas seria por meio de parcerias com prefeituras e empresas da região. A
proposta ainda estava em fase de organização quando a prefeitura procurou a
Dirigente Regional para uma parceria, pois tinha interesse em retomar ações de uma
mostra inter-escolar de peças curtas, ação que já era realizada na cidade de Suzano
com a execução da Secretaria de Cultura, sob organização do já falecido ator e
diretor de teatro Denerjanio Tavares de Lyra e para isso havia a necessidade da
experiência da Diretoria de Ensino de Suzano, pois assim o contato com as escolas
da Rede Pública estaria garantido. Imediatamente a Dirigente aceitou e me chamou
para coordenar as ações. Na época quem representava a Prefeitura Municipal de
Suzano era o prof. João Pedro de Oliveira. Após uma conversa amistosa, a proposta
de trabalho foi apresentada e, por sinal, ia além de uma mostra inter-escolar de
peças curtas, pois atuando como professora de arte já havia participado na mostra
como diretora de teatro e conhecia as principais dificuldades. Sem qualquer
empecilho, a proposta foi aceita plenamente, que tinha como principais objetivos a
valorização do teatro como linguagem, como área do conhecimento e como
importante manifestação artística. Com o tempo, observamos que estes objetivos
foram ampliados, pois também fortaleceu a formação de grupos teatrais nas escolas
e na cidade, além da formação de espectadores. Muitos dos membros que fazem
parte dos grupos amadores da cidade e das turmas do curso de artes cênicas da
prefeitura são “filhos” do Prêmio Cultura de Teatro Escolar.
CAPÍTULO II
O TEATRO E SUA JUSTIFICATIVA
2.1 Importância Histórica do Teatro
O teatro pode receber uma infinidade de definições. Todas elas caberiam
formalmente ao modo de conceber o teatro, como expressão social do drama
humano, porém, é bem verdade que uma característica que marca esta arte é a
ousadia. Eric Bentley assim o define, ao dizer que “O teatro poderia dar uma
contribuição especial nesse sentido. Embora ele tenha optado, às vezes, por ser a
menos ousada das artes, o seu princípio essencial, e mesmo as suas técnicas, o
orientam na direção contrária”
1
. Neste sentido, há algo de especial no teatro que
perpassa todas as épocas e todos os contextos sociais e históricos, algo que
permanece no seu cerne, uma essência que dá ao teatro o seu próprio fundamento,
sua condição para se realizar. Algo que diz respeito não somente à sua forma, mas
ao seu espírito, ao modo como se realiza, que concretiza uma espécie de outro
lugar, outro tempo, no mesmo tempo e no mesmo lugar, bem além das coisas
determinadas pela realidade, por mais que haja algo de real no teatro. Um eu, um
nós e um lugar, a busca incessante a fim de apresentar a alma humana, trans-
vestida de fingimento, de mascaramento. O drama humano exposto de tal forma que
inebria o espectador, que cria neste a perspectiva do sonho, da reflexão e da crítica.
Assim, podemos dizer com Bentley, ainda, que “Há algo de especial em alguém
1
BENTLEY, Eric. O teatro engajado. Tradução de Yan Michalski. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1969, p. 82.
deixar de ser um simples eu e se transformar, nessas circunstâncias, nesse exato
local, diante desse determinado ator, numa parte de um nós
2
. Isto pode nos revelar
a insuficiência do teatro, ao mesmo tempo em que há uma capacidade esplêndida
de re-criar o mundo e suas condições naturais. Um jogo entre de intrincadas
relações que, em algum instante, parecem revelar a mágica das estruturas mais
recônditas do ser humano, já que é preciso uma platéia que se disponha a acreditar
fielmente na farsa ou na máscara de um grupo de atores que propõe uma trama
elaborada, de modo que esta relação se concentra em um objeto comum, o
espetáculo, o ator, a vida que pulsa que é representada, imitando a realidade.
Há como que uma espécie de atração, um fascínio entre o público e os
atores. O teatro parece ser a busca de algo, a ânsia de representar um mundo sobre
o próprio mundo que nos é dado, de forma que o teatro segue os passos da arte,
segundo Augusto Boal ao definir que “A arte recria o princípio criador das coisas
criadas”
3
. Significa, dito de outro modo, que a arte representa a re-criação da vida,
do mundo, da natureza, que estão contidos no princípio vital, naquilo criado e que é
re-criado pelo homem na sua integridade. Assim, sendo, a natureza não se torna
uma inimiga, na qual o que vale, como produto acabado e puro, é a criação da
mente, numa peripécia que se afasta cada vez mais do homem e se torna uma coisa
à parte, estranha. O homem que faz o teatro, na plenitude de sua condição
existencial, é o homem que vive a totalidade de suas realizações diante de um
mundo mítico, porém, não considerado aqui como uma atitude menor, atrasada,
sujeita a uma evolução e a uma superação, na qual o que vale é o atual e não o que
se passou.
Há nisto um profundo sentido de dignidade. A dignidade do homem diante de
sua própria miséria, a honestidade intelectual de encontrar a si na sua história, na
sua realidade, na tentativa de construir os sentidos de sua existência, a partir do
distanciamento permitido e posto pela máscara. Com isto, a personagem, o ato, a
empatia, o espectador, o ethos e a razão, compõem a emoção e a energia do
espetáculo, de tal sorte que o teatro é para o homem uma construção de sentidos,
que abarca toda sua possibilidade de expressão. E este processo de re-criação das
possibilidades de expressão ocorre porque na origem desta trajetória encontra a
2
Ibidem, p. 57.
3
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. 4. ed., Rio de
Janeiro? Civilização Brasileira, 1983. (Coleção Teatro hoje, v. 27), p. 20.
liberdade como fundamento do teatro.
Daí a importância de aliar arte ä liberdade e, em sentido estrito, teatro e
liberdade, como fundamento inalienável, uma vez que a realização da arte como
necessária para a narrativa de sentimentos, emoções e fatos, se realiza plenamente
na força construtora do mito, quando o homem está diante de um universo do qual
ainda não consegue compreendê-lo nem criar as condições de correspondência, ou,
ao menos, o grande salto posterior, quando o homem se vê separado do mundo da
natureza. É dizer, em outras palavras, que o real se reveste de muitos significados,
como bem nos faz lembrar Octavio Paz quando diz do “tempo em que falar era
criar”
4
. Nessa realização originária, em que não se verifica a diferenciação entre
homem e natureza, o mito se torna o anteparo propício para a vazão da expressão
humana que se caracteriza, em última instância, na criação artística. Nesse sentido,
a arte se torna como que uma filha do mito, cuja realidade indiferenciada, o homem
está submetido, livre para viver suas determinações sociais, cuja realização é bem
diferente das condições oferecidas pela modernidade.
O que dá ao homem dimensão de que ele não é algo separado do todo, é
também a força estrutural para a criação e a elaboração das expressões estéticas e
artísticas que o movem numa realidade social, em que a vida não é apenas uma
fonte objetivada, ao contrário, os objetivos não se dão de pronto. Esse mundo
mítico, no qual o homem se projeta, vê em si uma forma de expressão que não
precisam estar desvinculadas para se tornarem expressivas ou reconhecidas, são
forças que estão presentes na realidade e no cotidiano humano. Logo, a arte, em si,
traz o elemento fundamental da liberdade, como expressão de um campo da
dimensão humana que não se explica pelas determinações racionais.
O teatro, dessa forma, é o reflexo da expressão humana que utiliza níveis
diferentes ou de degraus de consciência. Ele é um desses degraus, assim como a
razão é outro degrau. A razão é um outro degrau, mas não o único a explicar ou a
dar sentido à totalidade da realidade ou da própria existência humana, pois o teatro
é também a conjugação de outras tantas artes, que autônomas, convergem para a
consecução do re-criar do mundo pelo teatro.
Por outro lado, ao instituir a própria expressão da existência humana, o teatro,
mesmo que não emirja de uma condição moral, nos leva a uma reflexão
4
PAZ, Octavio. O arco e a lira. Tradução de Olga Savaray, Coleção Logos. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1982, p. 43.
eminentemente ética, diante das relações que pulsam no palco, nos conflitos sociais,
políticos, religiosos, etc.
Octávio Paz nos diz que “O homem é inseparável de suas criações e de seus
objetos”
5
, e por essa razão o teatro se destina à comunicação e esta nos revela a
realidade social na qual está inserida a vida humana. Ao mesmo tempo, é expressão
do indivíduo e torna-se realização da coletividade, no horizonte da cultura e de suas
formas que condicionam as relações sociais. Não é um produto inviolável,
impenetrável, enclausurada como um ente de razão, que não tem qualquer
visibilidade concreta, ela se utiliza de todos os processos colocados à disposição do
homem, na variedade das formas à disposição, na intensidade dos sentidos, na
complexidade de suas abstrações e hipóteses, na configuração de novas e
interessantes linguagens. Tudo isso se dá com a presença do homem e de outros
que compartilham da riqueza do teatro e dos desdobramentos inevitáveis.
2.2 O papel do Teatro na construção humana
Toda atividade humana é comunicação por excelência. As relações sociais
são compreendidas no universo cultural determinado pela linguagem, são
apreendidas (as relações sociais) em todas suas nuances pelos processos de
comunicação. Quanto à preservação da espécie, a comunicação adquire função
especial, notadamente quanto à passagem de conhecimentos que devem ser
transmitidos de geração a geração. A comunicação é um ato humano e, por
conseguinte, uma atitude cultural.
Nesse sentido, a educação é um processo comunicativo, em todos os
aspectos e condicionamentos. O teatro pode ser compreendido como um momento
único de comunicação. Este intenta comunicar algo, transmitir algum sentimento,
emoção ou valoração de algum propósito moral, o teatro atinge outros indivíduos,
necessariamente, que estão inseridos numa determinada cultura, num determinado
contexto e condicionados pelos elementos da historicidade, isto é, os aspectos
relativos ao processo da mudança do real e de suas ligações com as produções do
espírito.
O ator, o diretor, o figurino, a sonoplastia, a maquilagem, o cenário, o
5
Ibidem, p. 145.
espetáculo, enfim, quer dizer algo, quer atingir um mundo que está além dos seus
próprios contornos, ir além de si mesmo para empreender uma trajetória que objetiva
a comunicação do que está presente na própria obra. Esta obra carrega em si uma
mensagem que tem como destino o mundo que a rodeia, com toda sua força e sua
totalidade.
Analogamente, o processo da educação tem, como que, os mesmos objetivos
da obra de arte ou da arte como um todo, a saber, transmitir alguma mensagem,
fazer chegar a um receptor idéias, valores, comunicar, enfim, alguma forma de
conhecimento. Porém, via de regra, o conhecimento transmitido pela educação pode
estar pré-determinado, de tal forma que o aluno se torna apenas um receptor
passivo. Noutros casos e mais modernamente observados, a educação se propõe a
uma perspectiva dita de construção contínua do conhecimento.
A arte e a educação e, em sentido estrito, o teatro, seriam então
incompatíveis do ponto de vista da liberdade, uma vez que o teatro tem como
fundamento aquela? Em ambas as categorias, o conhecimento acontece, se
processa, de modo que a experiência da aprendizagem se realiza. Mas é no campo
dialético que é possível compreender a importância do teatro na relação com a
educação, e a sua conseqüente estrutura organizacional. Isto pode representar que
o teatro tem um espaço notório no ambiente do ensino e da aprendizagem, no
entanto, sempre de um ponto de vista da crítica, da resistência, da busca contínua
de uma emancipação, mas tendo, por outro lado, uma consciência dos próprios
limites diante de um ambiente social adverso. Talvez, o papel que lhe cabe é o
mesmo que Theodor Adorno confere à própria educação, numa analogia prática e
crítica: “(...) a única concretização efetiva da emancipação consiste em que aquelas
poucas pessoas interessadas nesta direção orientem toda a sua energia para que a
educação seja uma educação para a contradição e para a resistência”
6
.
Porém, o teatro deve ser visto, na relação com a educação, com os olhos
propostos por Fernando Hernández , quando salienta, analogamente, que “(...) as
Artes representam/oferecem uma forma de conhecimento cuja posição na educação
escolar não é similar, não tem o mesmo peso específico, que outras formas de
conhecimento como as derivadas da matemática, da história, da língua, da química,
6
ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. In Educação e emancipação.
Trad. Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1995, p. 183.
etc.”
7
. A arte carrega consigo um estatuto próprio que reclama para si a necessidade
de uma abordagem autônoma e questionadora do processo de ensino. No entanto, a
educação, compreendida num sentido formal, como a praticada na modernidade,
sistematizada, orientada e compartimentada, poderia comportar o teatro, como um
componente a mais, uma outra disciplina, tendo um status como as outras
disciplinas, e isto tem de fato ocorrido quanto às perspectivas do ensino da arte no
atual estágio da sociedade. É com esse objetivo que o teatro, especialmente, tem
sido utilizado, como uma ferramenta para a educação. Isto significa dizer que este
deve enquadrar-se como outras disciplinas, num mesmo patamar de ordem
científica, pois a educação se organizou na sociedade industrial com o intuito de
oferecer uma programação conectada aos interesses e aos paradigmas da
sociedade científica, cuja característica é a arte empregada como ferramenta de
mercado.
Por isso, o teatro é a possibilidade com a qual os indivíduos sociais podem
realizar a criação de algo, que engloba a vida e a morte da própria sociedade, a
angústia crucial do tempo e da história. Assim, o conhecimento se constrói quando o
grupo de teatro se põe a elaborar o espetáculo teatral, com todas as suas
dificuldades inerentes à montagem, levando às últimas conseqüências o processo
de criação, obedecendo às etapas formais do processo de elaboração e criação
teatral, experimentando essencialmente cada elemento, tendo acesso às
informações acerca de cada aspecto do espetáculo, como a pesquisa teatral, a
construção das personagens, o contexto histórico e social, bem como a pesquisa
acerca do figurino, do cenário, a ambientação pertinente à trama e ao roteiro da
peça de teatro. E na liberdade com esta que o processo de criação ganha a
dimensão da re-criação e, por conseguinte, o espaço propício para o conhecimento
holístico.
2.3 O Processo de Construção Cênica a partir do Prêmio Cultura
O segredo da elaboração e conseqüentemente da produção de um
espetáculo teatral, que contenha, em seu cerne, os elementos essenciais
7
HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho.
Trad. Jussara Haubert Rodrigues, Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000, p. 41.
pertinentes ao processo, está na combinação harmônica e coerente de todos os
elementos cênicos, a começar pela criação do texto ou do argumento que dá início
ao processo de montagem, alem dos elementos constitutivos desta arte, a saber, a
sonoplastia, o figurino, a cenografia, a maquiagem, a luz e a própria representação
do ator, de forma a que cada um cumpra sua função, a fim de que o espetáculo
teatral adquira o simbolismo que o caracteriza em cena. Saber articular estes
elementos pressupõe um amplo embasamento teórico acerca da prática teatral e
que pode ser adquirida formalmente com as técnicas pertinentes. Este referencial
teórico pode ser adquirido por meio de pesquisa e estudo, com os subsídios para
uma análise mais aprofundada da importância de cada aspecto da linguagem teatral
para a construção cênica.
Segundo Viola Spolin, “O ponto de concentração do diretor deve
constantemente ser focalizado na descoberta da realidade da peça. Ele deve saber
quais problemas dar aos seus atores para que a peça se desenvolva e torne uma
produção significativa, harmoniosa e unificada”
8
.
Este tópico pretende organizar uma proposta coerente para um bom trabalho
de construção cênica, como prática teatral na escola, facilitando o trabalho do
professor, que é o diretor de teatro.
Importante ressaltar de que não se trata de uma receita de como seria a maneira
mais correta de desenvolver um trabalho de construção cênica com grupos
escolares, apenas no sentido do compartilhamento da experiência do Projeto
Prêmio Cultura.
A partir daí, podemos afirmar com Alexandre Mate que “O teatro, pela relação
atores-público, representa uma espécie de cerimônia simbólica. Portanto, o público e
os atores sabem-se separados, pelas funções diferentes, mas ligados pela mesma
experiência, que é o espetáculo”. E mais, “Quando o espetáculo é bom, tudo
funciona, o público se entrega a ela. Há uma atmosfera de respeito e silencio, de
total aceitação. É como se o público e os atores respeitassem juntos”
9
.
De certa forma, o trabalho já inicia quando o professor divulga, em sua
8
Viola Spolin – improvisação para o teatro
9
Alexandre Mate, PROFESSOR E PESQUISADOR UNESP)
escola, a formação de um grupo de teatro, no qual os alunos interessados deverão
se inscrever. Pela experiência, já é possível saber que neste momento muitos são os
alunos interessados e, neste sentido, há depoimentos de professores que tiveram
mais de cem alunos inscritos, mas também é sabido que com o tempo, permanecem
somente aqueles que realmente têm afinidade com a linguagem teatral e que
querem assumir o compromisso, principalmente por se tratar de uma proposta extra-
curricular, com a finalidade de chegar à montagem de um espetáculo.
Assim que formar, na escola, um grupo de alunos dispostos ao trabalho,
juntos, devem determinar algumas regras como: compromisso e dedicação ao
trabalho, por meio do cumprimento de horário estabelecido para estudos, pesquisas
e ensaios, respeito à diversidade e opinião dos outros, todos têm o direito de opinar
e, principalmente, a autorização dos pais para os encontros fora do horário de aulas.
Vale ressaltar que, mesmo que o projeto esteja vinculado a um festival, o importante
é todo o processo de construção cênica e que esta competição deve ser sadia. O
Festival marca o encerramento do projeto e deve ser considerado como um estímulo
para chegar ao final.
Antes mesmo da escolha do texto, o professor, que é o diretor de teatro, já
promove, com seus alunos, encontros com práticas teatrais, fazendo uso de jogos,
tendo como referência todos os autores que tiveram acesso durante os cursos
ministrados pelos especialistas.
Neste momento, os alunos já começam a trazer textos como sugestão para o
desenvolvimento do trabalho. Em todos os encontros o diretor abre espaço para que
os alunos mostrem os textos que conseguiram a fim de realizarem em conjunto uma
discussão para verificar com qual se identificaram mais, até que um deles seja
escolhido por afinidade maior do grupo.
Nunca o diretor deverá escolher o texto sozinho, é de fundamental
importância que exista o envolvimento de todos os participantes, tornando assim a
pesquisa mais prazerosa. Escolhido o texto, é preciso dar início ao trabalho, tendo
como base e argumento o próprio texto. A partir daí, todos os alunos devem estar
envolvidos, mesmo os que já estão definidos como responsáveis pela parte técnica e
contra-regragem.
Ao ser realizada a leitura do texto, é preciso alguns questionamentos como
qual a idéia principal da história, sua mensagem, quem é o autor e quais suas
principais obras, o contexto do texto e do pretexto, quem é o protagonista da
história, em que época acontece a ação. Toda a equipe deve fornecer informações
que sejam importantes para o início da construção cênica.
O diretor já deve escolher um assistente de direção e formar grupos
responsáveis para as pesquisas da época em que acontece a história, do ponto de
vista social e cultural, além dos valores e o comportamento das pessoas, o figurino e
músicas de época, móveis e adereços.
Todas as pesquisas devem ser socializadas ao grupo, em reuniões antes de
iniciarem as práticas teatrais. Quando discutirem sobre os elementos, como por
exemplo, o projeto cenográfico, o diretor pode falar um pouco sobre a evolução do
espaço cênico na história do teatro, e assim com todos os outros elementos. Esses
encontros não podem der reduzidos a meros ensaios, estes locais precisam de ser
transformados em novos ambientes de aprendizagem.
Vale ressaltar que mesmo o grupo já tendo escolhido seu texto o diretor
deverá continuar com jogos e exercícios de interpretação, a preparação do ator é
muito importante, uma vez que depende desse processo de construção cênica o
bom andamento do espetáculo.
Enquanto isso, o diretor já inicia as leituras dramáticas, o que facilitarão a
escolha dos personagens. A partir do momento em que são definidos os papéis, os
atores já começam a fazer estudos para a construção de seus personagens como a
fala, o comportamento, a postura física em consonância com as personagens, o
figurino mais adequado, a marcação e ambientação. Quando iniciarem os ensaios,
que deverão ser regulares, o diretor não pode perder de vista a prática de
dramatização, ele ainda continua com exercícios de improvisação, representação e
construção cênica, trabalho de corpo e voz.
Como o projeto está vinculado à participação em um festival, é importante que
se conheça o espaço onde será feita a apresentação e haja um tempo de ensaio
para a marcação de palco. Também é importante que se tenha a noção das
instalações disponíveis e dos equipamentos de som e iluminação para a elaboração
da maquete, o mapa de luz e iluminação.
A maquete deverá ser idealizada e executada por uma equipe ou pelo grupo,
levando em conta as medidas do palco, transformadas em escala. A construção da
maquete facilita a organização do espetáculo, pois torna visível as idéias do projeto
cenográfico.
Existe uma equipe, ou um grupo de alunos responsável pelo projeto de
iluminação e sonoplastia que, a partir de um determinado momento, já deve estar
presente nos ensaios para a introdução destes outros elementos.
É de total responsabilidade do grupo gerar recursos e administrá-los
adequadamente. Muitas escolas aceitam ajuda da comunidade e pais dos alunos
para a confecção do figurino e cenografia.
O grupo deve divulgar seu trabalho na escola por meio de painéis e murais, e
os professores/diretores de teatro podem utilizar os momentos das reuniões de
HTPC, (hora de trabalho coletivo) – a fim de explicar o que é o projeto para que o
processo seja socializado com a comunidade escolar. O trabalho não pode ser
isolado, neste sentido é importante envolver toda a comunidade escolar.
Enquanto acontece o processo de construção do espetáculo, o diretor leva a
equipe para assistir e ter contato com atores e outros espetáculos profissionais ou
amadores na cidade ou região. Após assistirem ao espetáculo, o grupo deverá fazer
uma discussão sobre tudo que observou, desde o texto, passando pela parte
técnica, os significados simbólicos de som, luz, interpretação e ocupação do espaço
cênico pelos atores. Todos estes dados e discussões são riquíssimos para o
crescimento dos alunos, ampliando ainda mais seu repertório cênico.
Quando o espetáculo já estiver pronto, a equipe faz sua estréia na própria
escola ou comunidade, neste momento já inicia o processo de adaptação do espaço
físico e do publico alvo. Em seguida, é preciso determinar quem vai idealizar,
elaborar e confeccionar o folder do espetáculo, que deverá constar do nome do
espetáculo e autor, data, horário e local da apresentação, nome do grupo teatral,
direção, personagens e atores, equipe técnica, sinopse da história. Ou seja, trata-se
da ficha técnica do espetáculo que traz as informações básicas e necessárias para a
informação e orientação do público espectador.
O diretor também precisa determinar os ajudantes de palco, quem organiza
os elementos cênicos e retirá-los após o termino da apresentação.
Quando da apresentação, é entregue na entrada do teatro o folder do
espetáculo e é preciso que o grupo seja eficiente e disciplinado, para cumprir o
horário de início da apresentação.
Após cada apresentação, independente do espetáculo, é preciso fazer uma
avaliação do desempenho de cada um e da relação com público. A equipe descreve
como foi todo o processo de construção, suas principais dificuldades e avanços.
CAPÍTULO III
O PRÊMIO CULTURA DE TEATRO ESCOLAR: EXECUÇÃO,
VIVÊNCIA E PARTICIPAÇÃO
3.1 Desenvolvimento do Projeto e suas motivações
É possível perceber que a escola tem, cada vez mais, propiciado menos
espaços à construção do conhecimento. Em parte, isto se deve a uma dura
constatação, a de que o conhecimento formulado na escola parece começar a
perder seu sentido histórico e social, pois o conjunto da sociedade está formulando
novas categorias de saber em virtude da capacidade evolutiva da tecnologia e da
ciência contemporânea. O saber não é, tão-somente, uma construção formal e
burocrática. Neste sentido, o ser humano tem a potencialidade de se desenvolver a
partir do mundo real e concreto e recriá-lo com sua liberdade, propondo novas
leituras que vão para além da realidade, recriando o mundo, dispondo-o pela
imagem, pela imaginação, pela metáfora. Assim, Bertand Russel diz que “O jovem
deveria aprender a pensar que todas as questões são abertas, e que um argumento
deve ser seguido aonde quer que leve. As necessidades da vida prática destruirão
esta atitude rapidamente quando ele começar a ganhar a vida: mas até então
deveria ser animado a libar os gozos da livre especulação”
10
. A prática pode nos
ensinar que há uma série de proposições que ultrapassam os muros da formalidade
e da oficialidade da escola, afastando-se um pouco da escola tradicional e fazer com
que os alunos obtenham o desejo de estudar e conhecer. Cabe à escola
desenvolver nos educandos os requisitos mínimos para que ao final da educação
básica eles tenham as condições necessárias para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assim como diz a LDB, “A Educação, dever da família e
do Estado, inspiradas nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”
11
.
A escola exerce um papel fundamental quando proporciona momentos de
aprendizagem não somente obrigatórios pelo currículo nas salas de aula, mas em
ações extracurriculares que complementam a formação integral.
Observa-se, nos dias de hoje, que as escolas proporcionam essas atividades
extracurriculares por meio do teatro, da dança, da música, geralmente atividades
relacionadas à arte e à cultura e, em grande medida, em conformidade com os
interesses pedagógicos e metodológicos das disciplinas oferecidas pelo currículo
escolar.
A idéia da criação de um projeto de teatro que possibilitasse uma
permanência maior do aluno na escola, fora da sala de aula, uma ação não
obrigatória realizada por opção, este era o escopo primordial, para que o aluno
tivesse um espaço propício à criação em que a vida da escola fosse mais que uma
formalidade no processo de ensino e aprendizagem, indo para além, criando
condições para a contemplação, n criação, a busca do belo, na especulação, no
desenvolvimento de espaços de liberdade para que a imaginação dê aos jovens a
oportunidade para uma nova perspectiva de mundo, humanizando-o com qualidade
e o teatro seria então esta perspectiva, aliada, sobretudo, à construção de um saber
que vislumbra a totalidade de um processo de ensino e aprendizagem.
Esta experiência educacional chamada de Prêmio Cultura de Teatro Escolar,
deveria ultrapassar os limites da sala de aula. Não bastava conhecer a história do
teatro, textos dramáticos e desenvolver atividades de dramatização. Era preciso
muito mais, o aprofundamento e a vivência dos alunos e professores que tivessem
10
Bertrand Russell, Liberdade e autoridade no ensino, In Estudo, pensamento e criação, Livro I, 2005, p. 24.
11
art 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96.
afinidade com esta linguagem. São práticas teatrais que têm como foco todo o
processo de construção cênica, concluindo com a apresentação de um espetáculo
no festival.
Ao longo do desenvolvimento do projeto, foram criados vários espaços
educativos dentro e fora da escola, contribuíram para a formação de núcleos de
teatro. Tornaram-se espaços educativos todos os locais onde o grupo se reunia para
discussão, ensaios, oficinas, pesquisa e estudos, também todos os locais onde se
apresentavam, e assistiram a espetáculos na cidade, região e São Paulo. Neste
sentido, os PCNs nos dão uma orientação significativa acerca da importância do
teatro como abertura de espaços no ambiente escolar e educacional, a saber,
É sempre desejável que haja uma integração entre a produção e a
apreciação artística. O importante a ser ressaltado é que toda prática
de teatro deve ter como base a observação, a pesquisa e o
entendimento de que os textos dramáticos, as formas de
representação e as formas cênicas tem tradições inseridas em
diversas épocas e culturas que podem ser objeto de estudo e
transformações no contexto presente do aluno.
12
Diferente do trabalho de arte na sala de aula, que não tem o objetivo final do
espetáculo, este projeto também garante a “abordagem triangular” no ensino de arte
criado por Ana Mãe Barbosa, isto é, o momento do fazer, conhecer e apreciar.
O teatro contempla, além da construção do conhecimento, o
desenvolvimento de competências e habilidades em diferentes linguagens que se
integram, especialmente entre si, como as artes plásticas, a música, a dança a
expressão corporal, a poesia, a literatura, o canto, a moda e muitas vezes a
linguagem multimídia.
Uma vez que o aluno participa ativamente do grupo, ele é capaz de influenciar
as ações da equipe de trabalho, decidir o que deve ser feito diante de uma situação
problema, planejar e executar ações. Isso pode contribuir para a formação de um ser
mais criativo, autônomo, autoconfiante e determinado. A transmissão dos valores
básicos não se dá apenas por meio do conhecimento, mas da vivência de situações
do cotidiano. Este processo pode ser vivenciado de modo subliminar, de modo que
as formas pelas quais o trabalho assume pode levar o grupo a experiências
fundamentais e enriquecedoras, no entanto, cabe salientar que o objeto de trabalho
12
Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, Terceiro e Quarto ciclos do Ensino Fundamental, Brasília 1998.
e o objetivo a ser alcançado é o próprio teatro e não como um simples apêndice, em
nome de interesses formais ou burocratizados pelo processo de ensino e
aprendizado, daí nos valermos de Vykotsky, quando afirma que “o conhecimento
que não é obtido através da experiência pessoal não é totalmente conhecimento”
13
.
Dessa forma, o modo pelo qual a arte se processa, leva o seu protagonista a
uma grande experiência de conhecimento, uma vez que a arte e, nomeadamente, o
teatro, não está apartado da realidade. A arte pode nos trazer todo o mundo
vivenciado, experimentado, conhecido, re-criado constantemente, assim como
Spolin norteia, “aprendemos, através da experiência, e ninguém ensina nada a
ninguém”
14
.
No teatro, o aluno e, em última instância, o artista, precisam aprender a
conviver em grupo, respeitar a idéia do outro, ter disciplina, compromisso, estudo,
pesquisa e disponibilidade.
De outro lado, o teatro como prática pedagógica é comum nas escolas, porém
não pode ser reduzida (esta prática) a uma simples atividade ou recurso para facilitar
a aprendizagem de outros conteúdos. Aqui, o objetivo é mais amplo, é a valorização
como linguagem, como área do conhecimento e como importante manifestação
artística. Por meio do teatro, temos acesso à história social, cultural e política do
nosso povo e de diferentes civilizações. A prática teatral escolar não deve ser criada
apenas para o entretenimento nos dias de comemorações ou como uma espécie de
tratamento terapêutico ou como um trampolim ou muleta para a aprendizagem
específica. As questões estéticas da linguagem teatral devem ficar em primeiro
plano. Mesmo se tratando de uma proposta extracurricular, deve estar vinculada ao
Projeto Pedagógico Escolar, logo deve estar pautada em referências teóricas tanto
da história do teatro, como do teatro na educação. Não se trata da defesa de um
desvincular total do teatro do ambiente escolar, ao contrário, a autonomia do teatro
pode propiciar melhores condições de aproximação e colaboração institucional. E
principalmente garantindo os conceitos, desenvolvendo as competências e
habilidades básicas desta linguagem.
A prática teatral no contexto escolar, quando bem realizada, tendo claro os
objetivos e conteúdos próprios, resulta, efetivamente, no aprimoramento estético da
linguagem cênica.
13
Lev Semenovich Vygotsky.
14
Viola Spolin.
3.2 Depoimento dos alunos
Todos os anos, ao final do projeto, realiza-se a avaliação por meio de
registros, com o levantamento de pontos positivos, negativos, avanços e
sugestões para o ano seguinte. Também é feito um registro dos depoimentos dos
alunos e professores envolvidos no processo. As principais questões eram:
“Como foi participar do projeto”; “O que mudou em sua vida escolar e particular” ;
“Se já haviam participado de teatro em outros momentos”, “Pontos positivos,
negativos e sugestões”.
Abaixo, seguem alguns depoimentos de alunos que foram selecionados ao
longo dos 5 anos do Projeto. Não foi possível colocar todos os depoimentos, pois a
cada ano participam em média 300 alunos. O critério utilizado para a apresentação
dos depoimentos, foi escolher os que mostrassem o quanto o projeto foi importante
para os alunos e professores, tanto na vida escolar, profissional e pessoal; que o
teatro possibilita a criação de novos espaços de aprendizagem, que mostra que
houve um trabalho de construção cênica, não apenas textos ensaiados e decorados
para uma simples apresentação. O recolhimento dos depoimentos procura mostrar o
protagonismo juvenil e o grande interesse dos alunos em continuar com o teatro.
Os depoimentos dos alunos foram realizados entre os anos de 2001 e 2005,
por meio de avaliação escrita e gravação em vídeo e transcritas para este trabalho
de pesquisa.
Por uma questão de ética, os alunos são identificados por sujeito 1,2,3...,
seguidos da idade à época em que foi aplicado o questionário. Todos fazem parte
das diferentes escolas jurisdicionadas à Diretoria de Ensino – Região Suzano que
participam do projeto “Prêmio Cultura de Teatro Escolar”.
3.2.1 Respostas dos Alunos Participantes
Pergunta 1: Como foi para você ter participado do projeto. Mudou algo
em sua vida?
Sujeito 1, idade: 14 anos
“Foi uma luta, um aprendizado, um sonho, uma motivação, uma experiência. Minhas
características humanas, emotivas, espirituais mudaram completamente e hoje me
sinto realizado só em poder subir em um palco e poder viver e ser vidas e pessoas
que passam mensagens”.
Sujeito 2, idade: 13 anos
“Foi muito bom, porque eu fiquei mais conhecido aqui na escola em todos os
períodos, a gente se divertia ao mesmo tempo em que ensaiávamos”.
Sujeito 3, idade: 13 anos
“Foi mais uma experiência, pois sempre gostei de atuar. Mudou, pois nem tem como
não mudar, mudou tanto na escola como na minha vida, amadureci mais, fiquei com
mais responsabilidade e perdi minha timidez”.
Sujeito 4, idade: 15 anos
“Foi muito bom ter participado, gostei muito mesmo, fez eu conhecer mais pessoas,
em certo ponto, fez perder a vergonha e me comunicar bem mais fácil. E adorei
participar, fez eu ter um imenso carinho por teatro e fez com que me interessasse
por trabalhos de outros grupos”. .
Sujeito 5, idade: 15 anos
“Foi uma nova experiência na minha vida, conheci pessoas novas através do teatro,
aprendi a trabalhar em grupo e a me expressar melhor”.
Sujeito 6, idade: 14 anos
“Foi ótimo, foi uma das melhores coisas que já fiz, porque eu não tinha experiência
nenhuma, era tímida e um pouco sem graça. Depois que entrei para o grupo de
teatro mudou muita coisa, aprendi a me relacionar com pessoas diferentes. Sem
falar que ganhamos admiração e o carinho dos colegas da escola”.
Sujeito 7, idade: 15 anos
“Foi uma nova experiência, acho que ajudou a gente a se expressar melhor e a
conviver em grupo, respeitando o lugar e a opinião de cada um”.
Sujeito 8, idade: 15 anos
“Foi ótimo, minha vida mudou totalmente, principalmente na escola, eu fiz novos
amigos e foi uma experiência muito boa para mim, fez eu me soltar mais e viver um
teatro real, pois nós que estamos fazendo teatro temos que viver a peça e fazer com
que os outros vivam também... Gostei muito, por esse tempo soube como é trabalhar
em grupo”.
Sujeito 9, idade: 22 anos
“A introdução à cultura edifica e recoloca qualquer pessoa em um mundo novo e por
isso mais uma porta se abriu e um novo mundo surgiu, acarretando na minha vida o
desenvolvimento de mais uma inteligência”.
Sujeito 10, idade: 17 anos
“Acredito que o trabalho com teatro articula toda as áreas do conhecimento, além de
socializar valores como ética e respeito... Como educadora em formação, exercitei
dicção, postura e comunicação, foi uma experiência enriquecedora“.
Sujeito 11, idade: 14 anos
“Foi uma experiência nova para mim, pois nunca tinha participado antes, mas eu
gostei muito. O que mudou na minha vida é que eu conheci muitas pessoas e fiz
novos amigos. Eu também vi como é trabalhoso apresentar uma peça e hoje em dia
gosto ainda mais de teatro... O pessoal trabalhou em equipe e sempre se ajudava”.
Sujeito 12, idade: 16 anos
“Além de ser muito prazeroso fazer teatro, se conhece muitas pessoas, construímos
amizades, aprendemos muito e o melhor é ver o espetáculo pronto”.
Sujeito 13, idade: 12 anos
“Foi ótimo, pois nós aprendemos a lidar com o público. Além de uma satisfação de
ouvir e ver dezenas de pessoas te aplaudindo. Você se sente valorizada e sentindo
que fez um trabalho que agradou a todos... Além de corrigirmos nossos erros,
aprendemos e conhecemos costumes de povos de origens diferentes e histórias
fascinantes”.
Sujeito 14, idade: 12 anos
“Muitos me chamavam de padre e pediam minha benção, e isso é bem divertido”.
Sujeito 15, idade: 15 anos
“Para mim, ter participado deste projeto é mais uma conquista e uma tarefa
cumprida, tanto para mim quanto para a escola. Acho que o que mudou em mim foi
que eu fiquei mais maduro e mais preparado para qualquer tipo de acontecimento e,
também achei que a escola gostou do trabalho. Nós fizemos deste espaço de ensaio
uma sala de aula de teatro e de conhecimento para nós usarmos em nossas peças e
na nossa própria vida”.
Sujeito 2, idade: 13 anos
“Foi uma boa experiência, adorei participar. O teatro me ajudou a melhorar na escola
com a leitura, escrita, com brincadeiras. Fiquei mais solto e menos nervoso. Quero
sempre participar do teatro todos os anos”.
Sujeito 17, idade: 11 anos
“Foi muito legal ter participado desse projeto. Gostei muito. Também mudou coisas
na minha vida, agora sei melhor o que é participar de um teatro, ser personagem. E
também melhorou muito minha amizade entre minhas amigas”.
Sujeito 18, idade: 10 anos
“Para mim foi muito bom ter participado do projeto, isso mudou muito minha vida e
melhorou muito o meu desenvolvimento na escola, principalmente nas aulas de
língua portuguesa”.
Sujeito 19, idade: 10 anos
“Me ajudou na escola, na leitura, na escrita, mais madura e parei com as
brincadeiras na escola. O teatro é uma experiência e eu fiquei mais legal e aprendi o
que estudar e tirar notas boas”.
Sujeito 20, idade: 10 anos
“Foi muito bom de participar do teatro. Mudou várias coisas. Na minha vida, por
exemplo, fiquei mais conhecida em toda escola, melhorei na disciplina. Os outros me
tratam como se eu fosse famosa”.
Sujeito 21, idade: 10 anos
“Foi bom. Mudou muito na leitura, na conversa e na bagunça. Agora eu até me solto
mais”.
Sujeito 22, idade: 10 anos
“Para mim o teatro sempre foi legal, ainda mais agora que pude fazer parte de um.
Na minha vida mudou muita coisa, como na convivência com meus colegas, a
respeitar mais meus pais, etc “.
Sujeito 23, idade: 10 anos
“Foi muito legal, fiquei melhor na escola, mais solto e não nervoso. Todo mundo
pede autógrafo”.
Sujeito 24, idade: 18 anos
“Foi maravilhoso, muito legal. Me inteirei bastante com o grupo e melhorei demais
minha auto-estima”.
Sujeito 25, idade: 18 anos
“Foi muito prazeroso. Teatro é a arte que acredito ser a mais completa por trabalhar
com a linguagem corporal, facial e exercitar nossa intelectualidade. Em relação à
vida, aprendi a ouvir e a ser tolerante e principalmente a respeitar a personalidade
de cada ser e conhecer seus limites”.
Sujeito 26, idade: 13 anos
“Para mim, emocionante. Se tem algo que mudou, foi o meu reconhecimento do
público tanto infantil como adultos e adolescentes. Enfim, gostei bastante deste
projeto”.
Sujeito 27, idade: 12 anos
“Foi ótimo ter participado desse projeto. Sim, ele mudou, passei a me interessar
ainda mais por teatro e a observar mais as coisas, notícias em jornais,
acontecimentos na TV e até mesmo nas ruas”.
Sujeito 28, idade: 12 anos
“Olha, claro, foi muito bom, fazer novas amizades, conhecer pessoas novas. E
mudou sim, não só para nós que participamos, mas para nossos colegas de escola
que ficaram conhecendo os espetáculos e autores e comentam que gostariam de
sempre assistir. Ah, também gostei de participar porque podemos assistir ao
trabalho de outras escolas”.
Sujeito 29, idade: 13 anos
“Foi uma nova experiência. Já participei em teatro da minha igreja, mas não como
esse”.
Sujeito 30, idade: 11 anos
“Para mim mudou muito porque eu aprendi a ter mais paciência”.
Sujeito 31, idade: 13 anos
“Foi um sonho que realizei, eu sempre quis apresentar uma peça teatral”.
Sujeito 32, idade: 16 anos
“Sim, me envolvi um pouco mais com a escola, e vi tudo de um ângulo mais técnico”.
Sujeito 33, idade: 20 anos
“Foi muito bom, pois através do projeto pude conhecer melhor a parte técnica”.
Sujeito 38, idade: 18 anos
“Foi enriquecedor. Essencial para a minha formação como cidadã e futura
educadora”.
3.2.2 Comentários à Pergunta 1
É possível observar que há alguns aspectos que perpassam as respostas dos
que participaram do questionário. A experiência propiciou uma maior sociabilidade
entre os membros do grupo. Isto pode revelar um dos princípios norteadores que
motivaram o desenvolvimento do Projeto. Assim, a interação e a descoberta do
teatro, como uma atividade coletiva de criação oferece condições de maior
integração.
De outro lado, outro fator observável diz respeito à própria condição
individual, isto é, a descoberta da dimensão do próprio corpo e de suas
potencialidade. Além disto, muitos participantes observam que houve mudanças
significativas no comportamento, na visão de mundo e no desempenho, tanto social
quanto na escola. O teatro dá um sentido social muito mais abrangente do que
outras artes, sendo assim, todos os participantes, de todas as idades, referem-se
constantemente ao modo pelo qual foram tocados pela atividade teatral e pelo
universo ali contido, substancialmente no tocante a todo processo vivido pelos
alunos.
Pergunta 2: Quais foram as maiores dificuldades?
Sujeito 23, idade: 10 anos
“Na hora de entrar em cena”.
Sujeito 22, idade: 10 anos
“Aprender a mexer na iluminação”.
Sujeito 19, idade: 10 anos
“Na hora de decorar o texto e apresentar o espetáculo”.
Sujeito 16, idade: 11 anos
“Decorar o script, o nervosismo, o famoso branco na cabeça, encarar os outros
depois da peça”.
Sujeito 15, idade: 15 anos
“Como guerreiro, minha postura era muito encurvada, tive que fazer vários
exercícios para arrumar e reeducar minha coluna e minha postura”.
Sujeito 13, idade: 12 anos
“Na minha opinião, foi se (sic) imaginar o personagem, onde ele está e o seu jeito de
ser e se expressar. Temos que passar realidade ao público. Se estamos fazendo
uma cena triste o público tem que ficar triste junto com nosso personagem.Tem que
passar emoção”.
Sujeito 25, idade: 18 anos
“Como assistente de direção, fazer todos perceberem o que é teatro e o que
realmente significa teatro, fazê-los construir personagens, fazê-los permanecer
concentrados. No início unir o grupo, e em escolher a trilha sonora adequada”.
Sujeito 9, idade: 22 anos
“Decorar o texto, os exercícios de concentração e me dar bem com o diretor”.
Sujeito 8, idade: 15 anos
“As minhas dificuldades foram tomar coragem na hora de entrar e saber que estaria
na frente de um enorme público”.
Sujeito 4, idade: 5 anos
“Não foi tanto assim, só um pouco, pois meu papel era um homem, mas aí o
professor trocou e colocou uma mulher, mas eu não sabia se era meio doida ou
meio mandona, ou uma mulher macho. Mas foi muito legal, foi pouco mas foi
divertido”.
Sujeito 5, idade: 15 anos
“Minha maior dificuldade foi me entrosar com o personagem”.
Sujeito 3, idade: 13 anos
“A minha maior dificuldade foi minha timidez, mas com o tempo eu acabei me
soltando”.
Sujeito 26, idade: 10 anos
“Em me soltar mais, porque eu era muito tímido, também aprender o texto e lidar
com a platéia”.
Sujeito 28, idade: 12 anos
“Por ter feito ano passado um papel de homem, bem cômico, esse ano foi um pouco
difícil fazer o papel de moça apaixonada, mas isso é bom, uma nova experiência”.
Sujeito 30, idade: 11 anos
“Em colocar as falas e porque eu sou muito chata e quase não gosto muito de ouvir
criticas sobre mim, mas isso eu estou superando, aprendendo a ouvir as criticas”.
Sujeito 31, idade: 13 anos
“Fui fazer um papel dramático, eu tinha muita dificuldade em passar expressão para
o público”.
Sujeito 32, idade: 16 anos
“Existia muita correria na coxia, eu nunca havia participado como equipe técnica, foi
uma experiência bastante agradável, embora eu goste mais de atuar, eu amo o
teatro, e fico feliz por estar participando, não importa a posição”.
Sujeito 33, idade: 20 anos
“No começo fiquei muito atrapalhada com a entrada e saída de cena e troca de
figurino, mas depois eu me organizei”.
Sujeito 34, idade: 15 anos
“No meu caso as minhas maiores dificuldades é que eu moro longe da escola, mas o
teatro nos envolve tanto que supera as dificuldades”.
Sujeito 35, idade: 15 anos
“No começo não estava habituada a trabalhar nos bastidores, então demorei um
pouco para pegar o ritmo das coisas, aprender a ser rápida e eficiente”.
Sujeito 36, idade: 12 anos
“Não dar risada na hora do beijo”.
Sujeito 37, idade: 13 anos
“Não tive dificuldade porque eu era auxiliar de palco, a não ser o stress do diretor!!!”.
3.2.3 Comentários à Pergunta 2
O que chama a atenção quanto às dificuldades dos participantes, é a
capacidade que estes demonstraram ao identificá-las de modo coerente e
habilidoso, a saber, a construção da personagem e suas intrincadas relações com o
ator ou a atriz em cena e neste sentido, remetendo-se às dificuldades técnicas sobre
a montagem e o trabalho de pesquisa acerca do personagem. Dentro destes
aspectos, ainda a relação com a platéia e, em sentido mais específico, a questão da
timidez, como um obstáculo a ser vencido pelos atores. E neste sentido, o momento
da apresentação parece ser crucial para a superação da timidez e o enfrentar a
platéia. De outro lado, podemos observar as dificuldades técnicas para a montagem
do espetáculo, como questões de bastidores, figurino, sonoplastia.
Também, pode-se identificar a dificuldade em conviver com o grupo e o
aprendizado da compreensão e da crítica por parte dos membros do próprio grupo e
o trabalho de bastidores, especialmente a necessidade de organização para que o
espetáculo se realize conforme o planejado.
Pergunta 3: Relacione alguns pontos positivos do projeto
Sujeito 4, idade: 15 anos
“Dar oportunidade para nós jovens; ganhar carinho das pessoas; conhecer pessoas
de teatro; se apegar mais pela literatura”.
Sujeito 5, idade: 15 anos
“Novas amizades, maneira de expressão, concentração; saber respeitar o espaço de
cada um, etc.”.
Sujeito 6, idade: 14 anos
“É ótimo saber que existem tão bons atores entre nós”.
Sujeito 8, idade: 15 anos
“Um ótimo trabalho em grupo; ter vivido esta experiência ótima que quero viver de
novo”.
Sujeito 9 idade: 22 anos
“Identificação com Nelson Rodrigues; conhecer novos amigos; exercitar meu lado
ator”.
Sujeito 10, idade: 17 anos
“Conhecer um pouco de teatro (cenografia, cenário,etc); exercitar comunicação,
leitura; trabalho em grupo”.
Sujeito 11, idade: 14 anos
“Conhecemos novas pessoas; aprendemos a gostar mais do teatro e a trabalhar em
equipe”.
Sujeito 12, idade: 16 anos
“Bons amigos; união de pessoas diferentes; trazer cultura a todos que não podem
pagar, é sempre bom fazer algo pelas pessoas; é bom quando acaba o espetáculo e
se sente a vibração do público”
Sujeito 13, idade: 12 anos
“Aprender a respeitar o trabalho de cada um, o seu jeito; aprender muito convivendo
com pessoas diferentes“.
Sujeito 15, idade: 15 anos
“Dar chances às crianças e adolescestes de mostrar seus talentos e de começar até
uma carreira; além disso, dar chances para que as crianças e adolescentes saibam
que a escola não é só as aulas, que eles também têm direito à cultura e lazer. Por
isso o projeto faz com que os alunos tenham em mente uma meta a ser cumprida e
eles realizam essa meta com responsabilidade e prazer”.
Sujeito 25, idade: 18 anos
“Unir o grupo e sermos cúmplices foi muito positivo; ver o grupo seguro e com
embasamento sobre o que é teatro; depois de algum tempo de oficina foi super
positivo ver que eles entenderam o que Nelson Rodrigues queria com a peça;
acredito que ver o grupo maduro e seguro foi a maior recompensa; o mais positivo é
que vamos continuar fazendo teatro amador fora da escola.” - Sujeito 25, 18 anos.
Sujeito 26, idade: 13 anos
“O desenvolvimento no teatro; um suposto futuro dentro da área; novos
conhecimentos; novas amizades”.
Sujeito 2, idade: 14 anos
“Esse projeto é bom porque abre as portas para pessoas que não conhecem teatro;
descobre novos talentos; dá novas chances; mostra que todos têm a chance de
fazer teatro”.
Sujeito 28, idade: 12 anos
“Conhecer o trabalho de outras escolas; conhecer grandes autores de espetáculos
maravilhosos; poder fazer personagens interessantes; conhecer mais a literatura; faz
com que nos interessemos em estar trabalhando com outros teatros na escola, uma
outra peça de autoria dos alunos; ganhamos muito carinho do pessoal da escola”.
Sujeito 30, idade: 11 anos
“Aprendi a contracenar, uma coisa que gosto muito”.
Sujeito 31, idade: 13 anos
“É um incentivo às pessoas se interessarem mais pela cultura; incentiva o trabalho
em grupo e nos ajuda a conhecer novas pessoas”.
Sujeito 33, idade: 20 anos
“Através do projeto, os alunos adquirem mais cultura, conhecimento e aprendem a
se desenvolver tanto mentalmente quanto fisicamente”.
Sujeito 34, idade: 15 anos
“O projeto é maravilhoso, pois com ele todas as pessoas que se envolvem com
teatro conseguem mais cultura e mais convívio social, arrumando mais amigos”.
Sujeito 35, idade: 15 anos
“Com o projeto, podemos aprender mais sobre cultura, literatura, etc; além de
aprender a se comunicar e a se relacionar com outras pessoas, criando assim novas
amizades a cada ano”.
Sujeito 36, idade: 15 anos
“Conhecer novos alunos; poder apresentar em outras escolas; assistir e conhecer
novos espetáculos; poder conhecer autores de peças diferentes; fazer novos
personagens e pela oportunidade de apresentar”.
Sujeito 37, idade: 13 anos
“É que podemos estar aprendendo muito sobre teatro; podemos mostrar um pouco
daquilo que sabemos”.
Sujeito 39, idade: 17 anos
“A qualidade de algumas peças que aumentaram muito; o relacionamento entre as
equipes de escolas diferentes também estão muito melhor”.
Sujeito 40, idade: 14 anos
“Deu para saber quem gosta de teatro, porque podia fazer sol ou chuva, todos
estavam na escola para ensaiar”.
Sujeito 41, idade: 13 anos
“Incentivo à cultura, à comunicação, à união, ao trabalho em grupo e o interesse dos
jovens pelas artes”.
Sujeito 42, idade: 11 anos
“Novos amigos; cultura sobre antiguidades; as broncas para melhorar cada vez
mais”.
3.2.4 Comentários à Pergunta 3
Os participantes puderam listar uma série de considerações positivas sobre o
trabalho, por exemplo, a experiência surpreendente na vivência em grupo, no
trabalho em equipe, e especialmente no desenvolvimento de atividades conjuntas,
que propiciaram, na construção das personagens o conhecimento do próprio corpo,
o desenvolvimento físico e mental. Também verificou-se que os alunos souberam
reconhecer que o trabalho em grupo favoreceu, e muito, a superação de obstáculos.
O aspecto social merece destaque, o conhecimento de novas pessoas e a
ampliação das relações pessoais e sociais, interação com outros grupos e
comunidades, bem como o respeito à diversidade e à identidade de cada
participante.
Do ponto de vista técnico, o contato com o universo teatral, suas
especificidades, sua linguagem e os autores, além de ter acesso ao conhecimento
das técnicas teatrais e os seus problemas de solução. Assim, a oportunidade foi de
grande valia, pois os participantes, em grande medida, souberam da complexidade
e, dessa forma, o projeto deu condições para que o trabalho em equipe apontasse
para objetivos claros e distintos, com metas a serem alcançadas. E, por conseguinte,
o amadurecimento e a segurança, a descoberta de novos talentos e o acesso à
literatura e o interesse mais amplo pela cultura. pela cultura.
3.3 Depoimento dos Professores
Pergunta 1: Fale sobre os pontos positivos e sobre o crescimento profissional
e pessoal em função do projeto
Professor 1, Língua Portuguesa
“Novas amizades; aprimoramento profissional, dinâmicas de grupo. Ampliou nosso
conhecimento em artes cênicas, uma vez que não é parte integrante do nosso
currículo“.
Professor 1, Arte
“Valorização do professor... Antigamente não gostava quando comentavam ou me
pediam para fazer teatro com meus alunos. Mas depois que fui convidada para
participar deste projeto, sei o quanto é importante, o quanto conheço e aprecio esta
arte”.
Professor 3, Arte
“Valorização da ação, atingindo não só a comunidade escolar, mas também pessoas
que ficam curiosas e vão assistir, que não têm nenhum envolvimento com a escola,
nem com os alunos... aproximação entre os professores e alunos; constatação de
potencialidade criativa e produtiva de nossos alunos; o interesse em estudar
assuntos que nem sempre estão relacionados à nossa área“.
Professor 4, Matemática e Biologia
“Entrosamento e apoio da comunidade dos pais dos alunos; curso ministrado pela
equipe dos professores da USP... para mim foi muito produtivo e até mesmo uma
realização para meu lado artístico. Mesmo sendo professora de biologia e
matemática, tenho uma ligação com arte. O projeto fez com que eu tivesse mais
liberdade de expressão. Os valores e afetividades cresceram entre nós. Quando
trocamos experiências crescemos muito mais”.
Professor 5, Arte
“As aulas de maquiagem, iluminação, jogos dramáticos“.
Professor 6, Arte
“Troca de experiência entre os professores; ampliação do conhecimento relacionado
ao teatro”.
Professor 7, História
“Interação entre aluno e professor; valorização do trabalho em equipe; mudanças na
relação entre a escola e comunidade”.
Professor 8, Arte
“As aulas referentes aos elementos da linguagem cênica; as dinâmicas; visita à
USP”.
Professor 9, Arte
“A opinião dos jurados foi ótima... Embora toda a dificuldade que encontramos
durante estes anos, fico feliz por encontrar alunos que atuaram no 1º ano do projeto
e continuam atuando em outras escolas. Percebo meu crescimento em criar
situações dentro de cena e pude até ajudar os alunos e professores do Ciclo I a
montar uma peça. Isso é muito bom para meu crescimento profissional”.
Professor 10, Ciências e Biologia
“Aprendi sobre maquiagem artística, leitura de textos com os alunos... aprendi na
prática a importância do trabalho em grupo”.
Professor 11, Arte
“Toda atividade aprendida é muito significativa. O relacionamento com os alunos é
sempre melhor em função do que aplicamos na sala de aula e com o grupo, visto
que o curso nos aprimora como educadores”.
3.3.1 Comentários acerca do Depoimento dos Professores
A realização do Projeto que envolve professores e alunos tem, por parte dos
professores, a capacidade de aprofundar conhecimentos que anteriormente não
eram passiveis de experimentação. Neste sentido, o que se nota é a possibilidade
de haver maior interação e integração entre alunos, o meio educacional e os
professores. Destaca-se, aqui, a observação, por parte destes, de que o processo de
criação teatral propicia o desenvolvimento de noções de responsabilidade,
solidariedade e maior comprometimento por parte dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência do Projeto Prêmio Cultura de Teatro Escolar revela o grande
potencial desta proposta, pois envolve inúmeros indivíduos da comunidade
educacional. O fato de haver a possibilidade da criação de espetáculos teatrais que
se situam autonomamente, especialmente diante das condições pedagógicas e da
estrutura escolar, é sinal de que Prêmio suscita uma série de experiências notáveis
no que tange à criação, montagem e apresentação de um espetáculo teatral. O
universo da linguagem cênica é o produto da articulação de diversas artes que se
colocam a serviço da ação dramática. De outro lado, o conjunto dessa arte mostra o
potencial que ela mesma contém, ao propiciar um processo de trabalho coletivo,
uma vez que o teatro é, em última instância, uma arte coletiva e, por conseguinte,
articula as várias habilidades e potencialidades que estão presentes na arte de
representar. Indo para além do próprio processo de montagem, cabe observar a
riqueza deste processo que é, substancialmente, uma construção contínua de
aprendizagem, que se coloca ao longo de toda montagem, com a participação de
todos, criando assim um mundo de diálogo que envolve a arte, o conhecimento, sua
construção e as relações nele envolvidas, bem como o sentido de objetividade e
superação das dificuldades encontradas para a criação do espetáculo.
Isto fica mais evidente a partir dos depoimentos, em que feita uma análise
reflexiva a respeito da importância desta ação curricular na formação de grupos de
teatro na escola e na contribuição para a formação acadêmica. Percebeu-se um
fortalecimento do gosto pela leitura e, obviamente, a ampliação do repertório cultural.
O projeto proporcionou um contato direto dos alunos com atores profissionais e
formação de espectadores, pois já não assistem mais a um espetáculo com os
mesmos olhos. Para dar maior valorização aos objetivos do Projeto, os elementos
teóricos fortaleceram-no, especialmente porque foi possível constatar que o
crescimento dos participantes se deu com a liberdade que caracterizou o processo
de montagem da peça teatral. Este elemento parece ser de grande importância para
o desenvolvimento do teatro, uma vez que a arte gera condições de aprendizagem
desde que esteja livre das amarras institucionais e foi este o propósito inicial do
Projeto. E neste bojo, foi possível perceber a dedicação e a iniciativa do grupo no
que se refere à captação e gestão de recursos – um outro aspecto que revela a
responsabilidade do grupo no que tange à elaboração da peça teatral e sua
execução.
Ao longo dos cinco anos em que o Projeto se realizou, foi possível observar e
registrar grandes avanços no desenvolvimento dos alunos e professores em suas
produções cênicas, adaptação de textos, leitura, construção de personagens,
recursos técnicos, direção, ensaios, ocupação de espaços, diálogos e reflexões
sobre o espetáculo, criação de soluções alternativas e originais.
Note-se, que em 2003, houve três escolas, das que fizeram parte do Prêmio,
participando da Seletiva Suzanense do Mapa Cultural Paulista, sendo que uma
delas representou a Cidade de Suzano na Seletiva de Taboão da Serra, em outubro
de 2006, com o espetáculo “A Pena e a Lei” de Ariano Suassuna.
Também tivemos notícia de alunos que mudaram de escola e imediatamente
procuraram o grupo de teatro da nova escola, o que contribuiu para a recepção e
adaptação destes no novo ambiente escolar. O mesmo aconteceu com professores
que mudaram de escola e assumiram novos grupos de teatro.
Hoje os professores, que são os diretores de teatro, se sentem à vontade em
escolher peças como as de Nelson Rodrigues, Ariano Suassuna, Shakespeare, etc,
e junto com sua equipe fazem as adaptações necessárias sem mudar a essência do
texto. Os alunos têm visitado a biblioteca com mais freqüência em busca de novos
textos. Mesmo quando termina o festival, no fim do ano, muitos já estão
preocupados em escolher o texto para o ano seguinte.
O fato de participarem do Projeto e estarem em contato com diferentes
espetáculos, atores profissionais e amadores, da cidade e região, proporcionou a
ampliação do repertório cultural, dando melhores condições à criatividade, bem
como no desenvolvimento da oralidade e linguagem corporal, além da Inclusão
social e do fortalecimento das relações humanas. Promoveu também mudanças
significativas no rendimento escolar dos alunos envolvidos no processo. Hoje já
existe por parte dos alunos e diretores de teatro grande preocupação com cada
elemento que compõe a construção cênica.
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ANEXOS
Segue anexa a relação das escolas participantes desde 2001, e o registro
fotográfico de uma série de espetáculos. A maioria das escolas e professores
participaram durante os 5 anos de projeto, de modo seqüencial. Também seguem os
registros fotográficos dos cursos oferecidos aos diretores de teatro, dos alunos em
processo de ensaio, do intercambio de apresentações entre as escolas, fotos dos
espetáculos do Festival e cópia das matérias publicadas em periódicos locais com
referência ao Projeto e ao Prêmio.
ESPETÁCULOS – 2001
O VIOLINO MÁGICO, de JULIO FISCHER
OS BOULIGRIN, de GEORGES COURTELINE
O EVANGELHO SEGUNDO ZEBEDEU, de CÉSAR VIEIRA
MARIA MINHOCA, de MARIA CLARA MACHADO
A FARSA DA BOA PREGUIÇA, de ARIANO SUASSUNA
O SANTO MILAGROSO, de LAURO CÉSAR MUNIZ
SUBURBANO CORAÇÃO, de NAUM ALVES DE SOUZA
CALA BOCA ETELVINA, de ARMANDO GONZAGA
PONTO DE PARTIDA, de GIANFRANCESCO GUARNIERI
O HOMEM DA VACA E O PODER DA FORTUNA, de ARIANO SUASSUNA
BUCHICHO, de GILDA VANDERBRANDE
DIABO NO CORPO, de HAMILTON SARAIVA
A GATA BORRALHEIRA, de MARIA CLARA MACHADO
OS VIAJANTES, de MARIA CLARA MACHADO
VESTIDO DE NOIVA, de NELSON RODRIGUES
UMA VELA PARA DARIO, de DALTON TREVISAN
A MORTA QUE NÃO MORREU, de HAMILTON SARAIVA
AS MISTIFICAÇÕES, de HAMILTON SARAIVA
A BRUXINHA QUE ERA BOA, de MARIA CLARA MACHADO
ESPETÁCULOS 2002
BEIJOS, ESCOLHAS E BOLHAS DE SABÃO, de JAIME CELIBERTO
A PENA E A LEI, de ARIANO SUASSUNA
JOAQUIM MIRANGA, de GUIMARÃES ROSA
GEORGES DANDIM, de MELIÈRE
OS SALTIMBANCOS, de CHICO BUARQUE
PLUFT O FANTASMINHA, de MARIA CLARA MACHADO
O AUTO DA COMPADECIDA, de ARIANO SUASSUNA
SABEDORIA, de ROSVITA DE GANDERSHEIM
LAMPIÃO E MARIA BONITA NO REINO DIVINO, de ANNAMARIA DIAS
A NOITE DE SÃO JOÃO, de MARTINS PENA
NÓ DE QUATRO PERNAS, de AZARENO TOURINHO
A MULHER SEM PECADO, de NELSON RODRIGUES
AVES EXÓTICAS VOAM PARA VAZABARRIS, de DÉCIO GENTIL E ADIR DE LIMA
TODOS AO SUBURBIO, de HAMILTON SARAIVA
O HOMEM QUE CASOU COM A MULHER BRABA , de D. JUAN MANUEL
ELES NÃO USAM BLACK-TIE, de GIANFRANCESCO GUARNIERI
ROQUE SANTEIRO, de DIAS GOMES
QUANDO AS MÁQUINAS PARAM, de PLINIO MARCOS
AUTO DA BARCA DO INFERNO, de GIL VICENTE
O BEJO NO ASFALTO, de NELSON RODRIGUES
O PEQUENO IMPERADOR, de ATILIO BARI
ESPETÁCULOS 2003
O PEQUENO ILUSIONISTA – ADAP. DE LAMPADA FLUTUANTE, de WOOD
ALLEN
PANOS E LENDAS, de VLADIMIR CAPELA E JOSÉ GERALDO ROCHA
O NOVIÇO, de MARTINS PENA
VÔ DOIDIM E OS VELHOS BATUTAS, de NANA DE CASTRO
UM BONDE CHAMADO DESEJO, de TENNESSEE WILLIAMS
ALBUM DE FAMÍLIA, de NELSON RODRIGUES
O FANTÁSTICO MISTÉRIO DA FEIURINHA, de PEDRO BANDEIRA
A MORTA, de OSWALD DE ANDRADE
O SANTO E A PORCA, de ARIANO SUASSUNA
A MORATÓRIA, de JORGE ANDRADE
O PEQUENO LIVRO DAS PÁGINAS EM BRANCO, de JAIME CELIBERTO
O RAPTO DAS CEBOLINHAS, de MARIA CLARA MACHADO
PRAÇA DE RETALHOS, de CARLOS MECENI
NADIN NADINHA CONTRA O REINO DE FULEIRÓ, de MARIO FARIAS BRASINI
O GATO DE BOTAS BRASILEIRO, de ADAP. DE FÁBULAS
SE O ANACLETO SOUBESSE, de PAULO ORLANDO
O ALIENISTA, de MACHADO DE ASSIS
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO, de WILLIAM SHAKESPEARE
ESPETÁCULOS 2004
NOS TEMPOS DA BRILHANTINA – ADAPT. DO FILME GREASE
BAILEI NA CURVA, de JÚLIO CONTE
SERÁ O BENEDITO?! , de OLAYR COAN
A VOLTA DO CAMALEÃO ALFACE, de MARIA CLARA MACHADO
LISBELA E O PRISIONEIRO, de OSMAN LINS
A MEGERA DOMADA, de WILLIAM SHEAKESPEARE
SÓ O FARAÓ TEM ALMA, de SILVEIRA SAMPAIO
CALA A BOCA JÁ MORREU, de LUIS ALBERTO DE ABREU
VEM BUSCAR-ME QUE AINDA SOU TEU, de CARLOS ALBERTO SOFFREDINI
A FADA QUE TINHA IDÉIAS, de FERNANDA LOPES DE ALMEIDA
MORTE E VIDA SEVERINA, de JOÃO CABRAL DE MELO NETO
A MAIS FELIZ DO MUNDO, de MANLIO SPERANZINI
QUERO A LUA , de TATIANA BELINKY
EU CHOVO, TU CHOVES, ELE CHOVE, de SYLVIA ORTHOF
O DECOTE, de NELSON RODRIGUES
O MENINO DETRÁS DAS NÚVENS, de CARLOS AUGUSTO NAZARETH
RASGA CORAÇÃO, de ODUVALDO VIANNA FILHO
O DRAGÃO VERDE, de MARIA CLARA MACHADO
A LIRA DOS VINTE ANOS, de PAULO CESAR COUTINHO
ADEUS FADAS E BRUXAS, de RONALDO CIAMBRONI
A AURORA DA MINHA VIDA, de NAUM ALVES DE SOUZA
ESPETÁCULOS DE 2005
O RINOCERONTE, de IONESCO
CHAPEUZINHO VERMELHO, de MARIA CLARA MACHADO
HOMENS DE PAPEL, de PLINIOMARCOS
MULHERES, de JANDERSON DIFANTI
O SEGREDO BEM GUARDADO, de MARCIA FREDERICO
A FARSA DO ADVOGADO PATHELIN, farsa medieval – autor desconhecido
O DOENTE IMAGINARIO, de MOLIERE
QUANDO AS MÁQUINAS PARAM, de PLINIO MARCOS
DESPERTANDO PARA SONHAR, de EDUARDO BAKR
O PASSARO DO LIMO VERDE, de CARLOS AUGUSTO NAZARETH
ESPETÁCULOS DE 2006
SABE-TUDO E O ESPIÃO,de RICARDO GOUVEIA
DESCASO DO ACASO, de ZUCA ZENKER, CAIO COSTA, SEGIO VODANOVIC
O PACTO, de DENERJANIO TAVARES DE LYRA
D. XEPA, de PEDRO BLOCH
MULHERES, de JANDERSON DIFANTI
CHAPEUZINHO VERMELHO, de MARIA CLARA MACHADO
A CLAQUE, de PAULO JORDÃO
HOMENS DE PAPEL, de PLINIOMARCOS
O PASTELÃOEA TORTA, farsa medieval -autor desconhecido
A HORA DA ESTRELA, de CLARICE LISPECTOR
DISPERSÃO, de MARIO DE SÁ CARNEIRO
ESCOLAS ENVOLVIDAS NO PROJETO ENTRE 2001 E 2006
EE ANTONIO RODRÍGUES DE ALMEIDA
EE VER. ANTONIO V. GALO
EE DR. ANIS FADUL
EE ALFREDO ROBERTO
EE PROF. ANTONIO BRASILIO M. FONSECA
EE BATISTA RENZI
CEFAM – SUZANO
SENAI - SUZANO
EE CHOJIRO SEGAWA
EE CARLINDO REIS
EE PROF. CARLOS MOLTENI
EE PROF. DAVID JORGE CURI
EE PROFª ELIANE DANTAS
EE EUCLIDES IGESCA
EE PROF. EDIR DO COUTO ROSA
EE GERALDO JUSTINIANO R. SILVA
EE HELMULTH L. BAXMANN
EE PROFª IGNÊS CORREA ALLEN
EE IIJIMA
EE JD SÃO FERNANDO
EE JD SÃO PAULO
EE PROF. JOVIANO SATLER DE LIMA
EE PROF. JOSÉ PAPAIZ
EE JOSÉ BENEDITO L. BARTHOLOMEI
EE PROFª JANDYRA COUTINHO
EE JACQUES YVES COUSTEAU
EE PROFª JUSSARA FEITOSA DOMSCHKE
EE PROFª LEDA FERNANDES LOPES
EE LANDIA DOS SANTOS BATISTA
EE LUIZ BIANCONI
EE LUIZA HIDAKA
EE PROFª MARIA ELISA A CINTRA
EE OSWALDO DE OLIVEIRA LIMA
EE PROF. OLZANETTI GOMES
EE PQ. RESIDENCIAL CASA BRANCA II
EE PROF. PAULO AMÉRICO PAGANUCCI
EE PROF. RAUL BRASIL
EE ANTONIO BRASILIO
EE VILA CORREA
Curso ministrado aos professores / diretores de teatro
Aulas teóricas e práticas de direção e interpretação, figurino, maquiagem,
cenografia, luz, sonoplastia e adereços.
Encontros regulares de orientação para o processo de construção cênica
Direção teatral com Hamilton Saraiva
no auditório Municipal Dr Armando de Ré onde acontece o Festival
Pratica de interpretação com Hamilton Saraiva, Meirelene e Rafael Rios, no auditório
Municipal Dr Armando de Ré onde acontece o Festival.
Pratica de interpretação com Francisco Cerpa no espaço Cultura de Ferraz de
Vasconcelos
Oficina de iluminação com Hamilton Saraiva no Auditório Dr Armando de Ré
Oficina de iluminação com Laura Figueiredo no Teatro Laboratório da ECA-USP
Oficinas de expressão corporal com Paulo Basili no Centro Cultural de Ferraz de
Vasconcelos
Tira duvidas com os especialistas: Heitor e Hamilton Saraiva em Suzano
Oficina de maquiagem na Catherine Hill em São Paulo
Oficina de mascaras com Fabiano em Suzano
Oficina de mascaras Fabiano, em Suzano
Oficina de maquiagem com Marcelo Denni em Suzano
Oficina de maquiagem com Rafael Rios no Centro Cultural em Ferraz de
Vasconcelos
Oficina de figurino e adereços com Heitor Saraiva em Ferraz de Vasconcelos e
Suzano
Oficina de figurino e adereços Rafael Rios em Ferraz de Vasconcelos
Oficina de maquetes e projeto cenográfico com Fernando Tavares, em Ferraz de
Vasconcelos
Visitas ao teatro Municipal de São Paulo, Teatro São Pedro, Sala São Paulo,
Exposição do Grande Teatro Tupi e USP
Teatro Municipal de São Paulo
Teatro São Pedro em São Paulo
Exposição “Grande Teatro Tupi” no Conjunto Cultural da Caixa em São Paulo
Sala São Paulo – Estação Julio Prestes - em São Paulo
Espetáculos: “Opera do Malandro” e “Mais Ardida que Pimenta”
ECA-USP
ENSAIO DOS ALUNOS
IMPRENSA LOCAL
Alunos dão entrevista na TV local – TV Diário de Suzano
Escola participa do Mapa Cultural Paulista representando a cidade de Suzano
Com o espetáculo
A Pena e a Lei de Ariano Suassuna
Todos os dias de Festival a platéia lota. O público é composto por alunos das
diferentes escolas da cidade e pela comunidade local
O publico, freqüentador assíduo em época do Festival no Auditório Municipal Dr
Armando de Re em Suzano
Durante o Festival fica exposta a programação.
Diariamente vêm alunos e público em geral para verificar o espetáculo do dia e
horário de apresentação
Premiação
Alunos recebendo a premiação
Homenagem aos professores - Diretores de Teatro
APRESENTAÇÃO NO INTERCAMBIO ENTRE AS ESCOLAS EM 2005
APRESENTAÇÕES ENTRE OS ANOS 2001 E 2006
NO FESTIVAL DE TEATRO
EE Oswaldo de Oliveira
O HOMEM QUE CASOU COM A MULHER BRABA – D. JUAN MANUEL
EE Jacques Yves Cousteau
A PENA E A LEI - ARIANO SUASSUNA
ESCOLA – CEFAM - SUZANO
O BEIJO NO ASFALTO - NELSON RODRIGUES
EE Euclides Igesca
O PEQUENO IMPERADOR - ATILIO BARI
ESCOLA – CEFAM - SUZANO.
ALBUM DE FAMÍLIA - NELSON RODRIGUES
EE Maria Eliza de A Cintra
O SANTO E A PORCA - ARIANO SUASSUNA
EE Euclides Igesca
O RAPTO DA CEBOLINHA - MARIA CLARA MACHADO
EE Oswaldo de Oliveira
NADIN NADINHA CONTRA O REINO DE FULEIRÓ - MARIO FARIAS BRASINI
EE Batista Renzi
BAILEI NA CURVA - JULIO CONTE
EE Raul Brasil
SO O FARAÓ TEM ALMA – SILVEIRA SAMPAIO
EE Carlos Molteni
CALA A BOCA JÁ MORREU - LUIS ALBERTO DE ABREU
EE Maria Elisade A Cintra
MORTE E VIDA SEVERINA - JOÃO CABRAL DE MELO NETO
EE Roberto Bianchi
O MENINO DETRAS DAS NÚVENS - CARLOS AUGUSTO NAZARETH
EE Luiza Hidaka
A SERPENTE - NELSON RODRIGUES
EE Luiz Bianconi
A AURORA DA MINHA VIDA – NAUM ALVES DE SOUZA
EE Vila Correa II
DESCASO DO ACASO – ZUCA ZENKER,CAIO COSTA, SERGIO VODANOVIC
EE José Papaiz
O PACTO – DENERJANIO T. LYRA
APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES NO ENCERRAMENTO DA MOSTRA EM
CENA EM QUATRO – IONESCO
DEZEMBRO DE 2006
Escola cria carteirinha para alunos que participam do grupo de teatro com o objetivo
de maior controle doa alunos quando estão em atividades fora do horário de aula
Alunos participam de oficinas de construção cênica com equipe do teatro Alfa em
2006
Livros Grátis
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