RESUMO
O carcinoma colorretal é um dos tumores malignos mais freqüentes no mundo
ocidental. Sua incidência varia mundialmente; nos Estados Unidos (EUA), é o
terceiro câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, sendo
a segunda causa de morte por câncer, ficando atrás apenas do tumor de pulmão. No
Brasil é a quarta neoplasia mais freqüente em homens e a segunda em mulheres na
região sul. Os principais indicadores prognósticos do adenocarcinoma colorretal
incluem a diferenciação histológica, profundidade de invasão e ocorrência de
metástases. Recentemente, têm sido realizados diversos estudos em biologia
molecular objetivando a identificação de novos parâmetros prognósticos. Dentre
eles, os fatores que regulam o ciclo celular, influenciam no crescimento e no
mecanismo de apoptose têm demonstrado resultados promissores. Os avanços da
biologia molecular permitiram demonstrar a carcinogênese como uma série de
alterações progressivas e particulares em cada neoplasia. Embora algumas
alterações já estejam bem estabelecidas, outras ainda necessitam ser melhor
avaliadas e ter assim sua importância determinada. Entre os muitos componentes
desse ciclo tem-se destacado como objeto de interesse a proteína ciclooxigenase-2
(COX-2) por seu aparecimento freqüente nas neoplasias colorretais bem como pelos
resultados promissores dos estudos com seus inibidores na profilaxia e tratamento
das neoplasias colorretais. A ciclooxigenase é uma enzima fundamental na síntese
de eicosanóides como as prostaglandinas PGE2 e PGD2 a partir do ácido
araquidônico. Foi isolada pela primeira vez por Hemler em 1976. Trata-se de um
homodímero (complexo formado por duas moléculas) que possui um peso molecular
de 71 Kd. A expressão da COX-2 pode ocorrer em uma variedade de tipos celulares
e tecidos especializados onde desempenha funções biológicas específicas, tais
como reprodução, imunidade, fisiologia renal, reabsorção óssea e secreção
pancreática. Freqüentemente encontrada em várias neoplasias, tem como prováveis
formas de ação a formação de prostaglandinas e o estímulo das mesmas em
mecanismos de angiogênese, crescimento celular, adesão e diferenciação. O
objetivo deste estudo é avaliar a prevalência da proteína COX-2 nas neoplasias
colorretais e sua relação com parâmetros patológicos prognósticos para o câncer
colorretal. Foram avaliadas 65 lesões neoplásicas colorretais através de
imunoistoquímica para a presença de COX-2. Também analisaram-se fatores
patológicos prognósticos e estagiamento das lesões. A COX-2 expressou-se
positivamente em 27% dos adenomas tubulares, 40% dos adenomas vilosos e 70%
dos carcinomas. Diferença estatisticamente significante foi obtida na expressão da
COX-2 entre adenomas e carcinomas, porém não houve significância nas demais
variáveis estudadas. Concluiu-se que a expressão da COX-2 variou
progressivamente com a progressão da lesão neoplásica, mas não influenciou os
parâmetros patológicos de mau prognóstico.