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DEBORA CRISTINA ROCHA
CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS E FUNCIONAIS DE CÉLULAS
NATURAL KILLER EM PACIENTES COM SÍNDROME DA HIPER-
IMUNOGLOBULINEMIA E
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo – Escola Paulista
de Medicina para obtenção do título de
Mestre em Ciências.
São Paulo
2007
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DEBORA CRISTINA ROCHA
CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS E FUNCIONAIS DE CÉLULAS
NATURAL KILLER EM PACIENTES COM SÍNDROME DA HIPER-
IMUNOGLOBULINEMIA E
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo – Escola Paulista
de Medicina para obtenção do título de
Mestre em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Esper Georges Kallás
São Paulo
2007
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Rocha, Debora Cristina
Características fenotípicas e funcionais da células natural killer
em pacientes com síndrome da hiperimunoglobulinemia E. / Debora
Cristina Rocha. -- São Paulo, 2007.
xvi, 72 f.
Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola
Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Doenças
Infecciosas e Parasitárias.
Título em inglês: Phenotypic and functional characteristics of natural
killer cells in patients with hyperimmunoglobulinemia E syndrome.
1. Células natural killer. 2. Síndrome da hiperimunoglobulinemia E.
3. NKp30. 4. Perforina.
iii
“Por menor que seja a ação de nós para o exterior,
Se for o nosso melhor, vindo do máximo que possamos alcançar,
Isso pode ser considerado grande
Porque cada um tem um tesouro guardado dentro de si
Mesmo que quase ninguém enxergue
Ele existe, e pode ser útil a alguém
Por isso não podemos nos intimidar
Seja quem for, seja você no seu melhor.”
iv
Dedicatória
Ao Criador do universo, que transforma e renova sempre o desejo de
sermos pessoas melhores. Se não fosse por ele eu jamais teria chegado aqui, me
faz forte e útil, traz a esperança, a felicidade, e a coragem, que todos os meus
caminhos sejam ao seu lado, este é o sucesso que desejo acima de tudo na vida.
À família maravilhosa que me foi concedida, sempre me apóia e
incentiva com desejo de me ver feliz, meu pai Pedro Rocha, minha mãe Leonor
Robles Rocha, meus irmãos Luis Gustavo Rocha, Cesar Augusto Rocha e às
minhas cunhadas Marina Correa Paixão Rocha, e Lilia Nunes Pinto.
Ao meu orientador Professor Doutor Esper Georges Kallás, por
determinação divina enriqueceu meu conhecimento com toda a paciência,
consideração e respeito tão necessários para se concluir uma tese, pronto a
resolver cada dificuldade que surgia antes e durante o curso. Mostrou que os
valores reais do ser humano não estão nos títulos ou na inteligência acadêmica
que se pode desenvolver, apesar de enriquecido também nesta área, sua
humildade, simplicidade, educação e caráter mostram seu alto grau de potencial
espiritual, que o torna alguém realmente especial.
Aos meus amigos, colegas e a cada pessoa que faz parte da minha
vida. Especialmente à Adriana Francisco Constantino, a todo pessoal da Unifesp,
da Santa Casa e à comunidade cristã a qual pertenço.
v
Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof. Dr. Esper Georges Kallás, Por sua generosidade em me
aceitar na pós-graduação e cuidar de todas as dificuldades que eu teria para fazer
o mestrado. Apesar de tantas ocupações grandes ele se importa com os
pequenos, um grande profissional e ser humano.
Aos pacientes e seus responsáveis por permitirem a utilização de seus materiais
biológicos para a realização deste trabalho.
À Dra Beatriz Tavares Costa Carvalho por disponibilizar seus pacientes e
colaborar conosco nesta pesquisa.
Ao grupo da Imunopediatria pelas coletas e apoio dados, em especial à Karina
Mescouto de Melo.
Ao grupo de colegas da Universidade da Califórnia em San Francisco,
principalmente Brian Long, por compartilhar os testes que realizamos para definir
a função e marcadores das células NK.
Ao Prof. Dr. Douglas Nixon, por proporcionar suporte e a transferência de
tecnologia para a realização dos experimentos.
À Dra. Denise do Socorro da Silva Rodrigues pela ajuda e comprometimento na
maioria dos experimentos que realizei no laboratório de Imunologia II.
Aos colegas do Laboratório de Imunologia I, Prof. Dr. Reinaldo Salomão, Maria da
Luz, Leandro, Milena K. C. Brunialti, e Marta Anésia Vianna pelo apoio e ensino
que me dedicaram.
vi
Aos meus colegas da UNIFESP, Helena Tomiyama sempre atenciosa e
preocupada conosco, à Tânia Maria da Silva tão prestativa, organizada, pronta
para nos auxiliar e aconselhar. Karina Inácio L. de Carvalho Salmazi e Fernanda
Romano Bruno com exemplo de beleza, simpatia e competência. À minha amiga
Priscilla Ramos Costa, inteligente e esforçada, me oferecendo ajuda no que fosse
preciso, tanto na parte experimental como na pessoal. À Maria Teresa Maidana
que é uma pessoa sábia capaz de inspirar qualquer um com sua vida. Ao Hugo
Marcelo Ribeiro Barbosa por colaborar com sua tese e conhecimentos de Word
para me ajudar, além de ser um ótimo colega. Ao Ricardo Gomes Palácios pelas
críticas construtivas nas aulas, à Mariana M.Sauer, Hernán Bermudez Asa e
Ricardo T. Russo que trabalham com a pesquisa clínica por sempre estarem
abertos e prontos a ajudar. À Rafaela Goulart pelo coleguismo, ao Issler Moraes
da Silva e Cristiane da Silva Gomes, Angela Alencar de Lima, Cândida de Souza
Dantas, Zelinda Maria B. Nakagawa, que têm muitos papéis para cuidar e ainda
conseguem atender à nós pós-graduandos com toda gentileza. Agradeço a cada
um que direta ou indiretamente estiveram presentes neste período, estagiários,
funcionários do Cintergen e da DIPA que fazem parte agora da minha carreira
profissional mesmo que nem me conheçam.
A todos os meus professores, que desde a infância me fizeram amar o
conhecimento e a leitura, abriram meus olhos para um mundo maior do que eu
poderia ver sozinha.
Aos meus amigos da Santa Casa, sempre me animando a ser mais ativa e a viver
bem, Dayse Meirelles Bamboukian, Suzete Cleusa Ferreira, Fabiana Lima Maia
Fernandes, Audria Ângela Calixto, Christiane O. de Carvalho, Kelly Tosca Ferrari,
Carla Amorim, Roseli Tieko, Adriana Lopes Urquiza que me trouxe para a
UNIFESP, e muitos mais, os aprimorandos com quem convivi por pouco tempo,
mas também aprendi muito e antigos colegas que hoje nem vejo mais, porém
fizeram parte da minha vida.
vii
À família da amiga Suzete, pelo carinho com que me acolheram, principalmente à
sua irmã Gerenice Esdras Ferreira, que se tornou também minha amiga pela
grande ajuda que me deu durante a confecção da tese.
Aos meus amigos e parentes, principalmente Adriana Francisco presente nos
maus e bons momentos de minha vida e de qualquer forma fiel e pronta, pessoa
admirável. À Regiane Alves, Ademir Lagoeiro, Paulo Constantino, Andréia Maria,
Edimália, entre outros bons amigos que fazem parte da minha vida não por eu
possuir algo que lhes interesse, mas simplesmente me consideram como uma
pessoa que eles decidiram amar. Aos meus tios, avós, primos, padrinhos, aos que
estão na terra ou já partiram dela, mas estão no meu coração, devo muito a cada
um que cruzou em minha vida.
A minha gratidão eterna e especial é à minha família, meu pai Pedro Rocha que
sempre cuidou de nós dando o sustento que precisávamos, o seu trabalho árduo
nos proporcionou estudo e incentivo profissional, é o nosso exemplo de caráter e
esforço. Minha mãe Leonor Robles Rocha, amorosa, gentil, além de ser a melhor
mãe do mundo é minha amiga fiel, o seu amor incondicional me ajuda a acreditar
nas pessoas e em mim, preocupada em cuidar educar os filhos da melhor forma
possível. Aos meus irmãos e cunhadas Luis Gustavo Rocha, César Augusto
Rocha, Marina Correa Paixão Rocha e Lilia Nunes Pinto, que são meus amigos e
irmãos queridos, eles me fazem feliz, cada um de seu jeito particular e único.
À Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), pela oportunidade de conhecer
sobre pesquisa e ciência.
À Disciplina de Infectologia pela oportunidade de realizar meu mestrado e
conhecer pessoas incríveis, que eu jamais teria contato.
viii
Índice
AGRADECIMENTOS..........................................................................................................................V
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................................XII
LISTA DE QUADROS......................................................................................................................XIII
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................... XIV
RESUMO.......................................................................................................................................... XV
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 1
1.1. HISTÓRICO .................................................................................................................................. 2
1.2. AUTOSSÔMICA DOMINANTE (AD-HIES).................................................................................. 4
1.2.1. Características clínicas ............................................................................................. 6
1.2.2. Etiologia..................................................................................................................... 7
1.2.3. Genética .................................................................................................................... 8
1.3. SÍNDROME AUTOSSÔMICA RECESSIVA (AR-HIES) ............................................................ 10
1.3.1. Características clínicas na AR-HIES....................................................................... 10
1.3.2. Diagnóstico AR-HIES.............................................................................................. 11
1.3.3. Etiologia da AR-HIES.............................................................................................. 11
1.3.4. Genética AR-HIES .................................................................................................. 11
1.4. DIFERENCIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL ENTRE AD-HIES E AR-HIES .................... 12
1.5. TERAPIA DA HIES..................................................................................................................... 12
1.6. PARÂMETROS IMUNOLÓGICOS E HIES................................................................................ 15
1.6.1. Imunoglobulinas ...................................................................................................... 15
1.6.2. Linfócitos B e Anticorpos......................................................................................... 15
1.6.3. Imunoglobulina E..................................................................................................... 17
1.6.4. IgG4......................................................................................................................... 18
1.6.5. Linfócitos T .............................................................................................................. 19
1.6.6. Eosinófilos ............................................................................................................... 20
1.6.7. Células Natural Killer (NK) ...................................................................................... 20
1.6.8. Citocinas.................................................................................................................. 23
1.6.9. TNF
α
....................................................................................................................... 23
1.6.10. IFN
γ
......................................................................................................................... 25
1.7. PATOGÊNESE DA HIES ........................................................................................................... 26
1.8. OBJETIVOS..............................................................................................................................29
2.0. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................................30
2.1.
CASUÍSTICA.............................................................................................................................. 31
2.2. RECRUTAMENTO ..................................................................................................................... 33
2.3. COLETA DAS AMOSTRAS....................................................................................................... 33
2.4. PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS..................................................................................... 33
2.4.1. Separação de células mononucleares do sangue periférico .................................. 33
2.4.2. Imunofenotipagem................................................................................................... 34
2.4.3. Expansão de células K562...................................................................................... 36
2.4.4. Protocolo para estimulação e marcação do painel funcional das células NK ........ 36
ix
2.5. ANÁLISE DE DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................... 38
3. RESULTADOS ........................................................................................................................... 40
3.1. CARACTERÍSTICAS DOS VOLUNTÁRIOS ............................................................................. 41
3.2. PORCENTAGEM DE CÉLULAS NK ......................................................................................... 41
3.3. ANÁLISE FENOTÍPICA DE CÉLULAS NK............................................................................... 43
3.4. MARCADORES FUNCIONAIS DE CÉLULAS NK.................................................................... 45
4. DISCUSSÃO............................................................................................................................... 47
5. CONCLUSÕES........................................................................................................................... 51
6. ANEXOS..................................................................................................................................... 53
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 60
x
Lista de Abreviaturas
AD Autossômica dominante
AR Autossômica recessiva
APC Allophycocyanin
APC Célula apresentadora de antígeno
APC-Cy7 Allophycocyanin carbocin 7
BSA Bovine serum albumine
CD Marcador de diferenciação celular
CTL Linfócito T citotóxico
CXC Grupo de proteínas com pontes de dissulfeto entre resíduos
de cisteína
CXCL-11 Quimiocina do grupo CXC
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
ENA-78 Peptídeo de ativação de neutrófilos endoteliais
F Sexo feminino
FACS Fluorescence activated cell sorting
FITC Tio- cianato de fluoresceína
FMO Fluorescence minus one
GM-CSF Fator estimulante de colônias granulócitos- macrófagos
HIES Síndrome hiperimunoglobulinemia E
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
HLA Antígeno leucocitário humano
HSV2 Vírus herpes simples 2
IFNγ
Interferon gama
IgE Imunoglobulina E
IL Interleucina
K562 Linhagem de células humanas de eritroleucemia,
L Ligante
M Sexo masculino
MCP-3 Proteína quimiotática dos macrófagos
MHC Complexo de histocompatibilidade principal
MIF Média de intensidade de fluorescência
NK Natural killer/matadoras naturais
OBS Observação
PBMC/CMSP Pheripheral blood mononuclear cells/Células mononucleares
do sangue periférico
PBS Phosphate Buffered Saline
xi
PE Phycoerythrin
PE-Cy7 Phycoerythrin carbocin 7
PerCP Piridin chlorophyll protein
PFA Paraformaldeido
PHA Fitohemaglutinina A
RNA Ácido ribonucléico
RNAm RNA mensageiro
SNC Sistema nervoso central
STAT Signal transducer and activator of transcription
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
TCR T Receptor de células T/ T helper
TGFβ
Fator de crescimento transformante β
Th Linfócitos T auxiliares/ T auxiliares
TNF Fator de necrose tumoral
UI Unidades internacionais
VN Valor de normalidade
xii
Lista de Figuras
Figura 1. Estratégia de análise de células NK por citometria de fluxo. 42
Figura 2. Expressão dos receptores NKp44, NKp30 e NKp46 em Células NK. 44
Figura 3. Expressão de perforina nas células NK. 45
xiii
Lista de Quadros
Quadro 1. Sistema de contagem com testes clínicos e laboratoriais para pessoas
com parentesco com HIES................................................................................... 3
Quadro 2. Designação de classe - responsabilidade com base na contagem do
fenótipo HIES........................................................................................................ 4
Quadro 3. Dados clínicos e laboratoriais da AD-HIES. ........................................... 6
Quadro 4. Tabela das principais diferenças entre AD-HIES e AR-HIES ............... 12
xiv
Lista de Tabelas
Tabela 1. Painéis utilizados na marcação de superfície e ensaios funcionais com
células NK ............................................................................................................. 34
Tabela 2. Estímulos para verificação da funcionalidade de células NK. ............... 37
Tabela 3. Distribuição do percentual de sub-populações das células NK no grupo
controle e em pacientes com AD-HIES. ................................................................ 43
xv
Resumo
Foi realizado o estudo qualitativo e quantitativo das células NK em pacientes com
síndrome hiper-imunoglobulinemia E autossômica dominante (AD-HIES), uma
imunodeficiência rara. Em uma análise pelo National Institutes of Health foi
apresentada como uma doença multissistêmica, tendo dezenove
característicasclínicas vistas em 30 pacientes [1]. Propomo-nos a estudar células
NK para auxiliar a elucidar a patologia da HIES. Constatamos um declínio na
quantidade total das células NK nos pacientes HIES. Foram constituídos painéis
com marcadores da atividade citotóxica, de adesão, de ativação e de inibição.
Observamos um aumento dos marcadores de atividade citotóxica NKp44, NKp46
e, principalmente, NKp30 em pacientes com AD-HIES, em conjunto com maior
expressão constitutiva de perforina e CD107a, este último após estímulo com
células da linhagem K562. Estes resultados sugerem que, embora com
percentuais circulantes diminuídos de células NK, os pacientes com AD-HIES
apresentam maior atividade citotóxica inata, que pode ser conseqüência das
múltiplas infecções a que estão sujeitos.
xvi
Abstract
Qualitative and quantitative study of the NK cells was performed in patients with
autossomal dominant hyperimmunoglobulinemia syndrome (AD-HIES) a rara
immunodeficiency. An evaluation by the National Institutes of Health has
described it as a multisystemic desease, with nineteen clinical characteristics saw
in thirty patients [1]. We did perform several observations trying to explain the role
of NK cells in such disease, helping the understanding of its pathogenesis. We
were able to show a lower frequency of NK cells in AD-HIES. After constituting
panels to address NK cytotoxic, adhesion, activation, and inhibition function, we
were able to detect that cytotoxic markers NKp44, NKp46, and NKp30 are
upregulated in AD-HIES, along with along with higher expression of perforin and
CD107a, the latter after stimulation with K562 lineage cells. These results suggest
that, even in the context of diminished percentages of circulating NK cells, the
patients with AD-HIES present higher innate cytotoxic activity, which can be a
consequence of the recurrent multiple infections.
1. INTRODUÇÃO
Introdução
2
A Síndrome da hiper-imunoglobulinemia E (HIES), também conhecida
como Síndrome de Jó ou Síndrome de Burkley é uma imunodeficiência primária
rara, caracterizada por níveis sorológicos flutuantes de IgE (imunoglobulina E) e
eosinofilia. Os pacientes apresentam infecções recorrentes pulmonares, dermatite
crônica, candidíase mucocutânea, pneumonias com formação de cistos e muitas
vezes superinfecção por fungos e outros microorganismos oportunistas,
anomalias faciais, defeitos na dentição, ossos frágeis e anomalias nos tecidos
conectivos (Grimbacher et al., 1999; Grimbacher et al., 2005; Sordet et al., 2005;
Bonilla and Geha, 2006). A HIES tem sido estudada por cerca de trinta e cinco
anos, permanecendo sua etiologia desconhecida(Reis R. C., 2001). Há algumas
especulações sugerindo as possíveis causas das disfunções encontradas nessa
síndrome,serão citadas a seguir.
1.1. Histórico
Em 1966 Davis, Schaller e Wedgwood relatam o caso de duas garotas
com infecções pulmonares freqüentes, dermatites e infecções cutâneas
recorrentes por Staphylococcus aureus. As lesões não apresentavam
características inflamatórias, como o calor, e por isso foram chamados de
abscessos frios, o que motivou sua nomenclatura como Síndrome de Jó
baseando-se na Bíblia (Davis et al., 1966; Buckley, 2001).
Por volta de 1970, Buckley et al, notam infecção similar em dois
garotos, com dermatite grave, características faciais incomuns e elevados níveis
séricos de IgE, e denominam a esse conjunto de manifestações clínicas como
Síndrome de Buckley (Buckley et al., 1972). Logo em seguida constata-se nas
duas garotas já citadas elevação de IgE e deficiência na quimiotaxia neutrofílica,
mostrando que a Síndrome de Jó e de Buckley representavam a mesma condição
(Hill et al., 1974; Hill and Quie, 1974).
Introdução
3
Em uma análise do National Institutes of Health, foi definida a HIES,
caracterizada como uma doença multi-sistêmica, baseada em manifestações
clínicas e laboratoriais de trinta pacientes e de suas famílias, desenvolveram
assim um sistema de contagem fenotípica que contribuiu para o diagnóstico da
patologia (Grimbacher et al., 1999).
Quadro 1. Sistema de contagem com testes clínicos e laboratoriais para pessoas
com parentesco com HIES
Decisões clínicas 01234567810
Níveis séricos altos de IgE (IU/ml)
b
<200 200-500 501-1,000 1,001-2,000 >2,000
Abcessos na pele nenhum .1-2 .3-4 >4
Pneumonias (episódios durante a vida) nenhum 1 2 3 >3
Anomalias no parênquima pulmonar ausente broncoestasia pneumatocele
Retenção da dentição primária nenhum 1 2 3 >3
Escoliose (curvatura máxima) <10° 10-14° 15°-20° >20°
Pequenas fraturas nenhum .1-2 >2
Contagem eosinofílica alta (células/µl)
c
<700 700-800 >800
Características faciais ausente
Presença média
presente
Anomalias medianas
d
ausente presente
Erupção no recém nascido ausente presente
Eczema (estágio pior) ausente leve moderado grave
Infecções no trato respiratório superior por ano 1/fev 3 4/jun >6
Candidíases nenhum oral
Unhas dasos
sistêmica
Outras infecções graves nenhum graves
Infecção fatal ausente presente
Hiperextensibilidade ausente presente
Linfoma ausente presente
Largura nasal aumentada
e
<1SD 1-2 SD >2 SD
Palato alto ausente presente
Correção em idade jovem >5 anos 2-5 anos 1-2 anos 1 ano
Pontos
a
Adaptado de Grimbacher et al.,.1999
a
O registro na coluna correta superior está fixado para apontuação máxima permitida para cada decisão
b
Normal <130 UI/ml.
c
700./µl= 1SD, 800/µl= 2 SD da média do valor dos indivíduos normais
d
Por exemplo, palato fendido, língua fendida, hemivertebrados, outras anomalias vertebrais, etc.
e
Comparativo de idade e sexo entre os controles.
Introdução
4
Quadro 2. Designação de classe - responsabilidade com base na contagem do
fenótipo HIES
Fenótipo w/w w/m m/m
61 Afetado .00 .999 .999
51-60 Afetado .01 .99 .99
41-50 Afetado .02 .98 .98
31-40 Afetado .03 .97 .97
21-30 Afetado .05 .95 .95
18-20 Afetado .10 .90 .90
15-17 Afetado .20 .80 .80
10-14 Não afetado ---- ---- ----
8-9 Não afetado .80 .20 .20
6-7 Não afetado .90 .10 .10
4-5 Não afetado .98 .02 .02
0-3 Não afetado .99 .01 .01
---- Cônjuge não afetado .999 .00 .00
---- Não avaliado, desconhecido ---- ---- ----
Contagem de
pontos clínicos
Penetrância
a
a
Frações que representam a probabilidade do genótipo autossomal dominante da HIES. Abreviações w/w=
tipo selvagem homozigótico, w/m= heterozigótico tipo selvagem/ mutante, e m/m= homozigótico mutante.
Em 2003 foi descrita a forma de transmissão hereditária: a forma
autossômica recessiva da HIES (AR-HIES) em famílias consangüíneas turcas e
mexicanas, com eosinofilia, elevação dos níveis de IgE, e algumas outras
características que a diferenciam da síndrome autossômica dominante (AD-HIES)
(Renner et al., 2004).
1.2. Autossômica Dominante (AD-HIES)
AD-HIES afeta o sistema imunológico, tecido conjuntivo, esquelético e
o desenvolvimento dentário, cujas características clínicas e laboratoriais incluem
eczema, abscessos periódicos na pele, pneumonia com formação de
pneumatoceles, candidíase mucocutânea, elevação dos níveis séricos de IgE,
eosinofilia, e outras características. Tipicamente a primeira manifestação de HIES
em recém-nascidos é a erupção cutânea(Buckley, 2001).
Introdução
5
Espectro de infecções: HIES é caracterizado por infecções causadas
por bactérias do gênero Staphylococcus (Davis et al., 1966). Os principais
agentes etiológicos de pneumonias nesses pacientes são Staphylococcus aureus,
Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. As pneumatoceles que
surgem em associação às pneumonias bacterianas, freqüentemente são
resultantes de superinfecções por Pseudomonas aeruginosa e Aspergillus
fumigatus. A infecção oportunista mais comum em HIES é a candidíase
mucocutânea, porém, foram identificados vários casos de Pneumocystis jiroveci,
criptococose e histoplasmose (Jacobs et al., 1984; Alberti-Flor and Granda, 1986;
Desai et al., 1996; Grimbacher et al., 1999). Foram diagnosticadas infecções
pouco comuns, incluindo as infecções disseminadas pelo bacilo Calmette-Guérin
após a vacinação em um recém-nascido com HIES (Pasic, 2002). Infecções
graves por herpes simples raramente acontecem nos casos de AD-HIES, sendo
mais comum na HIES autossômica recessiva (Hershko et al., 2002).
O sistema esquelético nesses pacientes comumente apresenta
anormalias faciais(Borges et al., 1998), hiperextensibilidade de membros(Davis et
al., 1966; Buckley et al., 1972), e fraturas patológicas periódicas afetando os
ossos longos e costelas evidenciando a natureza multisistêmica da HIES, . A
escoliose é vista em aproximadamente dois terços dos pacientes, ocorrendo
espontaneamente na adolescência, como é o caso da escoliose idiopática, ou em
conseqüência de diferença no comprimento das pernas após cirurgias (após
toracotomia, remoção de um cisto pulmonar ou por anormalidade do corpo
vertebral), que são relativamente freqüentes em pacientes com HIES(Smithwick et
al., 1978; Hoger et al., 1985).
As anomalias do sistema dentário, características de HIES, estão
relacionadas com a reabsorção reduzida de suas raízes, com retenção dos
dentes primários, impedindo assim a troca apropriada para os dentes
permanentes(O'Connell et al., 2000).
Nos olhos foram identificados casos de estrabismo, e também tumores
(Orhan et al., 2001). São observados vários tipos de tumores em pacientes com
HIES, especialmente linfomas, relatos recentes incluíram linfoma anaplásico de
Introdução
6
células gigantes, linfoma periférico de células T e adenocarcinoma pulmonar
(Chang et al., 2002; Lee et al., 2003; Leonard et al., 2004; Oztop et al., 2004;
Grimbacher et al., 2005).
Quadro 3. Dados clínicos e laboratoriais da AD-HIES.
Manifestações clínicas e laboratoriais Freqüência de ocorrência
Manifestações imunológicas e infecciosas
Eczema 100%
Abscessos de pele 87%
Pneumonia recorrente (3 ou mais vezes) 87%
Pneumatoceles 77%
Candidíase mucocutânea 83%
Sintomas esqueléticos
Alterações faciais 83%
Alargamento nasal 65%
Falha na dentição 72%
Hiperextensibilidade 68%
Fraturas patológicas recorrentes 57%
Escoliose 63%
Índices laboratoriais
IgE (> 2000ul/ml) 97%
Eosinofilia (> 2 SD do normal) 93%
Adaptado de Grimbacher et al., 2005.
1.2.1. Características clínicas
Vários sintomas graves da HIES lideram a condição de diagnóstico,
especialmente nos pacientes jovens e de apresentação inicial atípica,, e nos
casos menos graves (formas variantes de HIES) (Grimbacher et al., 2005). A falta
de testes específicos torna o diagnóstico do HIES bastante difícil, sendo
necessário a compilação dos sintomas e acompanhamento dos pacientes muitas
vezes durantes anos. O National Institutes of Health desenvolveu parâmetros para
acompanhar os pacientes e seus familiares e os múltiplos casos de HIES
(Grimbacher et al., 2005).
Introdução
7
O diagnóstico consiste no reconhecimento dos defeitos do sistema
imunológico e somático, reenfatizando a natureza complexa da doença.
A importância da elevação policlonal do IgE na patologia do HIES é
sutil. Os níveis de IgE de 10.000 a >100.000 UI/mL são característicos de HIES,
mas os níveis não são estáticos.
Flutuações substanciais têm sido documentadas nos níveis sorológicos
elevados de IgE no decorrer do tempo sem nenhuma resposta óbvia na
apresentação clínica. Além disso, alguns indivíduos com manifestações clínicas
podem ter declínio de IgE para níveis normais, quando eles atingem a terceira
década de vida.
Altos níveis de IgE não estão correlacionados com eosinofilia ou
suscetibilidade para infecções graves; alguns pacientes mais velhos com níveis
de IgE abaixo de 2.000 UI/mL sofrem infecções recorrentes. Para recém
nascidos, os níveis normais de IgE são muito baixos ou indetectados. Já no em
crianças lactentes, valores entre 100 e 200 UI/mL é patológico. O nível de IgE
fisiológico aumenta lentamente após o nascimento e se eleva gradativamente
com a idade. Desta forma, somente pode-se diagnosticar a HIES quando se tem
elevação de 10 vezes acima do percentil 95 do valor normal para a idade.
A maior parte dos pacientes com HIES tem eosinofilia aproximada de
dois desvios padrão acima do normal (geralmente maior que 700 células/µL). De
qualquer modo, não há correlação entre eosinofilia e níveis de IgE ou entre
eosinofilia e complicações infecciosas da HIES. A contagem total de células
brancas no sangue é geralmente normal, quando não estão elevadas nas
infecções, embora freqüentemente falham na contenção de infecções agudas.
1.2.2. Etiologia
A causa da HIES não é muito conhecida Hill et al acreditaram que falha
na quimiotaxia de neutrófilos desencadeariam uma susceptibilidade à infecções,
mas esta provou ser inconsistente(Hill et al., 1974; Montoya et al., 2003).
Introdução
8
Estudos recentes têm focado no desequilíbrio das citocinas produzidas
pelas células Th1/Th2, uma resposta Th2 predominante ou uma falha na resposta
Th1 favoreceria a indução da síntese das citocinas IL-4, IL-10 e IL-13, levando a
troca de classe de imunoglobulina para IgE. Esses achados foram pesquisados
em uma família holandesa com HIES, cujos membros apresentavam alteração do
fenótipo Th2 reduzindo significativamente a razão do IFNγ/IL-10, após estímulo
com S. aureus ou Candida albicans mortos pelo calor(Netea et al., 2002).
Borges et al. examinaram o sangue de 10 pacientes com HIES e
encontraram uma diminuição in vitro na produção de IL-12, particularmente após
a estímulo específico com antígeno de Staphylococcus aureus, patógeno
importante na HIES (Borges et al., 2000).
1.2.3. Genética
Mais de 200 pacientes com HIES estão descritos na bibliografia
médica. Inicialmente, os relatos eram restritos a caucasianos, porém atinge
todos os grupos étnicos e tem distribuição praticamente igual em indivíduos do
sexo masculino e feminino. Genealogias de famílias com HIES estudadas são
compatíveis com uma doença autossômica dominante, a transmissão de pai
para filho em algumas famílias exclue a possibilidade de estar ligada ao
cromossomo X (Grimbacher et al., 1999; Buckley, 2001).
Um paciente HIES com retardo mental apresentou deleção parcial do
cromossomo 4q, chamando atenção para esta região. A análise da linhagem de
dezenove famílias com cinqüenta e sete pacientes com HIES demonstrou ligação
do braço proximal no cromossomo 4q. Seis das dezenove famílias não
apresentaram ligação nesta região, sugerindo que a HIES possuía significativa
heterogeneidade genética(Grimbacher et al., 1999).
Hershey et al. identificaram um polimorfismo no gene do receptor
de IL-4 (Q576R) no cromossomo 16, que está ligado à eczema atópico,
sugerindo uma ligação com a HIES. As análises com estes pacientes e seus
familiares não mostraram correlação do alelo Q576R com o fenótipo de HIES
(Hershey et al., 1997; Grimbacher et al., 1998).
Introdução
9
Recentes estudos têm mostrado que mutações no gene STAT 3 pode
ser a causa predominante da HIES familiar e esporádica. Um deles foi realizado
com 50 pacientes AD-HIES e 48 membros de suas famílias, onde alguns
achados os levou a investigação mais detalhada e ao seqüenciamento do STAT
no DNA deles. Sete pacientes apresentaram mutação de novo (sem ser por
transmissão familiar) no STAT, 17 tinham transmissão familiar da mutação neste
gene, 26 tiveram mutação esporádica do STAT 3, e um apresentou quimerismo
para mutação do gene referido (Holland et al., 2007).
O STAT 3 pode ser ativado por IL-6 e IL-23, tem função crítica no
sistema imunológico, como o controle da produção de células dendríticas,
inibição da sinalização de macrófagos inflamatórios e a regulação da
granulopoiese. As proteínas STAT são a chave para a diferenciação Th1 e Th
(Yang et al., 2007).
Experimentos com ratos nos levam a admitir o quanto esta mutação
é significativa para a explicação de várias caracterísitcas da patologia HIES.
O STAT 3 nestes animais mostrou-se importante para a organogênese,
preservação orgânica, e inflamação em órgãos específicos e hematopoiese.
Foram evidenciadas as seguintes característica: inflamações no epitélio
pulmonar e aumento dos espaços aéreos (Hokuto et al., 2004), a expressão
do STAT 3 no pulmão é importante para controle da resposta inflamatória em
resposta a lipopolissacarídeos (Welte et al., 2003), o que pode explicar a
formação de pneumatoceles após infecção nestes pacientes.
Nos ratos houve aumento da hematopoiese e eosinofilia (Panopoulos
et al., 2006), a depleção do STAT 3 específica para hematopoiese está
associada com osteopenia (Zhang et al., 2005).
As células epiteliais (pele e pulmão) possuem um mecanismo de
defesa mediado pelo STAT 3 pode-se assim explicar as freqüentes infecções
nestes locais em pacientes HIES (Wolk et al., 2004; Wolk and Sabat, 2006).
O defeito do gene referido em monócitos cadíacos está associado ao
aumento da produção TNF-α por estas células resultando em inflamação e
disfunção cardíacas (Jacoby et al., 2003; Ling et al., 2007). Quando a deficiência
no gene era localizada no cérebro dos ratos, havia aumento de inflamações ,
desmielinização e lesão nervosa (Okada et al., 2006; Freeman et al., 2007).
Introdução
10
A alteração do STAT 3 leva ao aumento da secreção de citocinas
Th1e diminuição das citocinas inflamatórias e antiinflamatórias como IL-6 e IL-10
(Welte et al., 2003). Este gene também atua como mediador da sinalização do
receptor de IL-21, ratos sem este receptor apresentaram aumento dos níveis de
IgE (Ozaki et al., 2002; Holland et al., 2007; Minegishi et al., 2007).
A HIES pode ser causada pela mutação de um só gene, ou mutações
em diferentes genes de uma mesma via (heterogeneidade genética), sendo mais
provável a segunda hipótese. A elucidação das combinações destas mutações,
ou ainda o esclarecimento das bases genéticas da HIES ainda precisa ser
realizado, o que facilitaria grandemente seu diagnóstico.
1.3. Síndrome Autossômica Recessiva (AR-HIES)
Seis famílias consangüíneas com treze pacientes com AR-HIES foram
estudadas em 2004, que apresentavam várias infecções recorrentes (pneumonias
e abscessos), eczema, aumento do IgE e eosinofilia (Renner et al., 2004).
1.3.1. Características clínicas na AR-HIES
No estudo acima citado, as infecções dos pacientes com AR-HIES
tiveram várias recorrências de diversos tipos de infecções por Staphylococcus
aureus, Haemophyllus influenzae, Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa e
Cryptococcus, enquanto que alguns tiveram somente infecção crônica extensa
por Molluscum contagiosum, sete de treze apresentaram infecção recorrente de
herpes simples e um paciente apresentou infecção recorrente por Varicela zoster
(Renner et al., 2004).
Alguns destes tinham alterações neurológicas, como a paralisia facial
parcial e hemiplegia, sendo que quatro morreram em consequência de
complicações neurológicas. Estas complicações podem ser devido a
manifestações de uma possível vasculite por hiper-eosinofilia ou infecções
Introdução
11
ocultas, porém suas causas não estão claras. Não houve descrição de anomalias
esqueléticas, fraturas, anomalias dentárias, ou características faciais vistas no
AD-HIES (Renner et al., 2004).
Há uma maior suscetibilidade dos pacientes com AR-HIES para
infecções virais e fúngicas e por isso é possível que haja um defeito nas células T.
Não é descrita a formação de pneumatoceles após pneumonias, que é uma das
características da AD-HIES, o que é utilizado na diferenciação entre as duas
formas de HIES. Dois pacientes apresentaram anemia hemolítica e um deles
derrame, provavelmente devido a auto-imunidade, que consiste em mais um
diferencial entre as duas apresentações (Renner et al., 2004).
1.3.2. Diagnóstico AR-HIES
Todos pacientes com AR-HIES tiveram níveis séricos elevados de IgE,
além de outros isotipos de imunoglobulinas também aumentadas, sugerindo uma
estimulação não específica da resposta humoral. A eosinofilia foi mais elevada
que na AD-HIES, com valores de 17.500cel/µl (Renner et al., 2004).
1.3.3. Etiologia da AR-HIES
O fenótipo destes pacientes foi normal com relação ao número de
células, mas apresentou deficiência com relação às respostas proliferativas com
antígenos específicos, sugerindo que alguns defeitos linfóides no AR-HIES são
qualitativos e envolvem linfócitos T. Esta hipótese é sustentada pelas infecções
virais e fúngicas, enquanto que a função neutrofílica parece ser normal
(Grimbacher et al., 2005).
1.3.4. Genética AR-HIES
Os pacientes AR-HIES eram de pais consangüíneos, portanto foi
considerada uma doença de herança autossômica recessiva, de difícil análise
devido a alta mortalidade, levando a acreditar no envolvimento de mais de um loci
gênico (Grimbacher et al., 2005).
Introdução
12
1.4. Diferenciação clínica e laboratorial entre AD-HIES e AR-HIES
Considerando as diferenças entre as duas apresentações de HIES, é
importante rever como identificar as duas formas, revisto no Quadro 2
Quadro 4. Quadro das principais diferenças entre AD-HIES e AR-HIES
HIES forma clássica HIES forma consangüínea
familiar
Herança Autossomal dominante Autossomal recessiva
Eczema crônico sim sim
Abscessos recorrentes sim sim
Pneumonia. recorrente sim sim
Pneumatoceles sim não
IgE (IU/ml) 1875 - 58200 1700 - 45000
Eosinófilos
726 – 2034/µl 2500 – 18000/µl
Sintomas cerebrais sim sim
Vasculites não sim
Molusco contagioso não sim
Complicações devido a
infecção do vírus da herpes
não freqüente
Fraturas ósseas recorrentes sim não
Escoliose sim não
Hiperextensibilidade sim não
Retardo da dentição primária sim não
Letalidade Adulto Infância
Adaptado de Grimbacher et al., 2005.
1.5. Terapia da HIES
Ainda não há cura para o HIES e os tratamentos realizados são
profiláticos e baseados nos sintomas. Cuidados intensivos com as lesões
cutâneas, antibióticos para tratar as infecções e drenagem cirúrgica dos
Introdução
13
abscessos são algumas das condutas nesta síndrome. O uso de antibióticos
profiláticos contra Staphylococcus reduz o índice de abscessos cutâneos e
pneumonias por esta bactéria, as dermatites são freqüentemente agravadas por
superinfecção com S. aureus. Antibióticos sistêmicos são administrados em
adição com agentes antibacterianos tópicos tal como, cremes hidratantes,
esteróides tópicos (como na dermatite atópica). Pouco se sabe à respeito do uso
de drogas imunossupressoras na HIES, como o tracolinus. Candidíases
mucocutâneas, que se manifestam como onicomicoses, candidíase vaginal,
entre outros são normalmente muito responsivas ao uso de antifúngicos via oral
(Grimbacher et al., 2005).
Em relação à presença de pneumonia ou graves patologias
dermatológicas, os pacientes podem não apresentar febre e sentir-se bem,
provavelmente devido à ausência de inflamação nos abscessos frios. Isso
pode dificultar que um paciente se submeta a testes diagnósticos ou a terapia
de curso prolongado, com altas doses de antibióticos intravenosos para
eliminar o agente infeccioso (Davis et al., 1966; Hill and Quie, 1974).
A identificação correta do agente deve ser feita antes de começar com
os antibióticos. Se isso não for possível, o uso empírico dos antibióticos contra
patógenos infecciosos comuns (S. aureus, H. influenzae e S. pneumoniae) nesta
síndrome é válido, sendo frequentemente necessário a drenagem cirúrgica dos
abscessos e empiemas (Buckley, 2001).
A complicação típica na pneumonia em pacientes com HIES é a
formação de cistos pulmonares, que ocasionalmente podem desaparecer, mas
freqüentemente persistem e são locais, propícios para o desenvolvimento das
superinfecções. Estas infecções são mais difíceis de tratar, pois é necessária a
expansão do resíduo pulmonar na lobectomia e retirada dos cistos (Buckley, 2001).
A terapia profilática por longo prazo feita com antibióticos não foi muito
bem investigada, mas o consenso favorece esta abordagem com um antibiótico
anti-estafilocócico, como o co-trimoxazol, ou ainda penicilina semi-sintética ou
cefalosporina oral. A ocorrência de infecções por patógenos resistentes pode levar
a perpetuação do quadro e destruição pulmonar grave (Grimbacher et al., 2005).
Introdução
14
O uso de moduladores imunológicos tem sido frustrante nestes pacientes,
o Levamisole foi a única substância testada até agora, porém com efeitos colaterais
significativos quando comparado a um placebo (Donabedian et al., 1982).
O IFNγ tem sido usado em pacientes AD-HIES, mas não apresenta
efeitos duráveis quanto aos níveis de IgE e à susceptibilidade às infecções, e
pode apresentar risco para alguns pacientes, pois o IFNγ foi usado em dois
pacientes japoneses, e desencadeou trombocitopenia auto-imune em um deles
(King et al., 1989; Aihara et al., 1998).
A ciclosporina A tem sido usada nestes pacientes com sucesso tanto
na Espanha como em Israel (Wolach et al., 1996; Etzioni et al., 1997; Wakim et
al., 1998; Bilora et al., 2000), mas depende de estudos com número maior de
participantes para conclusões definitivas.
Terapias de infusão intravenosa de imunoglobulinas (IVIG) podem
influenciar os níveis de IgE devido à um aumento induzido do catabolismo Ig ou
neutralização do IgE via uma rede anti-idiotipo. Como a formação de anticorpos
no HIES provavelmente é defeituosa contra organismos encapsulados, o uso do
IVIG pode ser considerado(Wakim et al., 1998; Bilora et al., 2000).
A aparente desordem no sistema imunológico levou à tentativa de
transplante de medula óssea em dois pacientes com AD-HIES, e em um dos
casos os valores de IgE séricos caíram e não ocorreram infecções características
do HIES; no entanto, o paciente morreu seis meses depois do transplante devido
à uma pneumonia intersticial. No outro caso, os níveis de IgE mostraram
inicialmente uma queda significativa e a melhora das lesões cutâneas, mas após
cessar a supressão imunológica os níveis de IgE retornaram aos vistos antes do
transplante e o paciente voltou à ter abscessos na pele (Nester et al., 1998;
Gennery et al., 2000).
Introdução
15
1.6. Parâmetros imunológicos e HIES
Como visto anteriormente, as manifestações mais comuns da
disfunção imunológica nos pacientes com HIES são a elevação dos níveis séricos
de IgE e hiper eosinofilia, com diminuição da produção de IFNγ e defeito na
quimiotaxia neutrofílica. Há diversos estudos que revelam possíveis causas da
patogênese e outras alterações imunológicas.
1.6.1. Imunoglobulinas
Os níveis aumentados de IgE são muito freqüentes, mas não são
essenciais para o diagnóstico de HIES. Pacientes com apresentação clínica grave
de AR-HIES podem apresentar também altos níveis de outras imunoglobulinas
(Grimbacher et al., 2005).
A hiper produção de IgE nos portadores HIES é provavelmente
independente das linfocinas endógenas, das interações dos linfócitos T e B ou de
adesões celulares, mas deve ser conseqüência de uma população de células B
pré-ativadas e diferenciadas, funcionalmente autônomas (Vercelli et al., 1990).
O IFNγ exerce um efeito inibitório na síntese de IgE (importante nas
reações inflamatórias), então a deficiência desta produção seria responsável
pela sua hiperprodução, contribuindo assim para as infecções nos pacientes
(Ito et al., 2003).
A detecção de menor expressão dos genes de IFNγ e TGFβ em
pacientes com HIES sugere que pode afetar a produção de IgE dependente de
IL-4 (Ohga et al., 2003).
1.6.2. Linfócitos B e Anticorpos
A imunidade humoral é mediada por anticorpos, que são produzidos
pela linhagem de células chamadas linfócitos B. A função dos anticorpos é
neutralizar e eliminar os antígenos que induziram sua formação.
Introdução
16
Os linfócitos B são as únicas células que sintetizam moléculas de
anticorpos, estão presentes nos compartimentos ligados à membrana
citoplasmática (retículo endoplasmático e complexo de Golgi) e na superfície onde
são expressos como proteínas da membrana integral. As formas secretadas de
anticorpos estão presentes no plasma, nas secreções das mucosas e, em menor
quantidade no líquido intersticial dos tecidos. Os anticorpos secretados pelos
linfócitos B muitas vezes se inserem na superfície de outras células efetoras
imunológicas, tais como fagócitos mononucleares, células NK e mastócitos, que
possuem receptores específicos capazes de ligar-se a moléculas de anticorpo
(Gold and DeFranco, 1994; De Vos et al., 2006).
A maioria dos anticorpos encontra-se no terceiro grupo de globulinas
de migração mais rápida, as gamaglobulinas ou imunoglobulinas (Ig) ou
anticorpos. Essas glicoproteínas presentes no plasma ou no soro, por suas
características de solubilidade são tradicionalmente separadas em albuminas e
globulinas pela migração em um campo eletroforético (Abbas et al., 2003).
Todas as moléculas de anticorpos exibem as mesmas características
estruturais básicas, mas têm notável variação nas regiões que se ligam aos
antígenos. Possuem duas cadeias leves idênticas e duas pesadas também
iguais na estrutura central, ambas consistem de regiões variáveis (V) de
aminos terminais (N-terminal) e de regiões constantes (C) de carboxiterminais.
O reconhecimento do antígeno e as funções efetoras das moléculas de
anticorpos são segregadas entre a região V e a região C, respectivamente
(Schwartz et al., 1977; Gold and DeFranco, 1994).
A maioria das diferenças das seqüências entre os diferentes anticorpos
é confinada a três curtas extensões nas regiões V das cadeias leves e pesadas,
chamadas segmentos hiper-variáveis (Gold and DeFranco, 1994).
As classes de moléculas de anticorpos que constituem os isotipos são
designadas IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. No homem os subtipos IgA e IgG podem ser
subdivididos em subclasses ou subtipos, IgA1, IgA2, IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. Os
diferentes subtipos constituem diferentes funções efetoras (Rajewsky, 1996;
Snapper et al., 1997).
Introdução
17
A resposta do anticorpo ao antígeno protéico requer a presença de
linfócitos T e B, para produzir os anticorpos contra estes antígenos o linfócito B
precisa ser estimulado pelos linfócitos T, que é assim chamado de T auxiliar. Já
nas respostas aos antígenos não protéicos, como os polissacarídeos e os
lipídeos, não há necessidade da presença de linfócitos T auxiliares antígeno-
específico. A resposta imunológica humoral aos antígenos protéicos dependentes
de células T auxiliares altamente especializadas, geram anticorpos de diferentes
isotipos, incluindo IgE, IgA e diversos subtipos de imunoglobulina G, cada um
mediando distintas funções efetoras (Parker, 1993; Delves and Roitt, 2000;
Delves and Roitt, 2000).
A resposta imunológica humoral induz tanto à formação de anticorpos
quanto à de células de memória, que é caracterizada pela rápida formação de
anticorpos quando exposta ao antígeno. Estas respostas se iniciam em órgãos
linfóides periféricos.
Os linfócitos T auxiliares ativados secretam citocinas que atuam em
conjunto com o CD40 L (ligante CD40) para estimular a proliferação de células B
e a produção de anticorpos de diferentes isotipos (Foy et al., 1996).
As citocinas servem a duas funções principais nas respostas de
anticorpos, proporcionam amplificação dos mecanismos por aumento da
proliferação e diferenciação das células B e determinam os tipos de anticorpos
produzidos por promoverem seletivamente a troca de isotipos de diferentes
cadeias pesadas (Abbas et al., 2003).
Uma parte das células B produz ativamente anticorpos, exercendo
função efetora, em decorrência à exposição aos antígenos. A interação de
moléculas como CD40 e as citocinas, auxilia algumas células B a passar pelo
processo de troca de isotipo das cadeias pesadas, induzindo a formação de
anticorpos de diferentes classes (Abbas et al., 2003).
1.6.3. Imunoglobulina E
Desde a identificação da IgE como molécula responsável pelas
manifestações alérgicas, a sua determinação sérica se tornou rotineira na
Introdução
18
avaliação destas condições (Berg and Johansson, 1969). Assim como ocorre com
as demais imunoglobulinas, o nível de IgE no soro é flutuante, dentro de ampla
margem da normalidade. Vários fatores podem contribuir para elevação de IgE
total, como parasitoses, infecções, tabagismo, entre outros (Johansson et al.,
1968; Jones et al., 1974). Este fato nem sempre é compreendido e com
freqüência a elevação de IgE é interpretada como sinônimo de processo alérgico
(Spalding et al., 2000).
É difícil definir os valores normais de IgE sérica. Baseado em estudos de
freqüência, pode-se afirmar que nível de IgE inferior a 20 UI/mL não sugere
diagnóstico de atopia, embora não o afaste. Da mesma forma, IgE superior a 100
UI/mL não indica necessariamente quadro atópico, embora seja mais comum entre
pacientes alérgicos. É natural que níveis extremos estejam significativamente
associados a uma ou outra possibilidade (Spalding et al., 2000).
Estudos clínicos realizados para estabelecer os valores de IgE em
indivíduos normais têm demonstrado valores levemente diferentes em adultos e
crianças. De modo geral observa-se diminuição no nível de IgE com o aumento
da idade. Em alguns países do hemisfério norte, a IgE teria importância na
discriminação entre não atópicos e atópicos quando o nível sérico fosse inferior a
20 UI/mL ou superior a 250 UI/mL, respectivamente. Para Hamilton e Adkinson,
valores superiores a 333 kU/L estão consistentemente associados à presença de
atopia (Spalding et al., 2000).
1.6.4. IgG4
Vários pesquisadores têm atribuído uma atividade de proteção às
subclasses de IgG, principalmente IgG4, que é produzida como resultado de uma
longa exposição antigênica e atuaria como um fator inibitório da reação de
hipersensibilidade mediada por IgE (Carballido et al., 1994; Akdis et al., 1997).
Desta forma, acredita-se que IgG4 poderia neutralizar o antígeno ou bloquear o
anticorpo, melhorando, deste modo, a função da imunoterapia (Mori et al., 2001).
Introdução
19
1.6.5. Linfócitos T
O processo pelo qual os precursores pluripotentes da medula óssea
se desenvolvem em linfócitos B e T virgens, expressando receptores de
antígenos que povoam os tecidos linfóides periféricos é efetuado em locais
especializados da medula óssea (para as células B) e no timo (para as células
T) (Fu and Chaplin, 1999).
Quando os linfócitos virgens são estimulados por antígenos,
diferenciam-se em linfócitos efetores, tais como células B secretoras de anticorpos,
células T auxiliares e linfócitos T citotóxicos. Os linfócitos efetores apresentam
marcadores de superfície que os diferenciam dos linfócitos virgens, possibilitando a
identificação do seu estágio de ativação (Sprent, 1994; Cantrell, 1996).
As células T medeiam a resposta imunológica adaptativa. Os
linfócitos T amadurecem no timo, circulam no sangue, povoam os tecidos
linfóides secundários e são recrutados para os sítios periféricos de exposição à
antígenos. Expressam receptores de antígenos (TCRs) que reconhecem
fragmentos de peptídeos de proteínas estranhas ligadas às moléculas do
complexo de histocompatibilidade principal (MHC) próprios. As subpopulações
de células funcionais que participam desse processo de ativação incluem as
células T CD4+ (linfócitos T auxiliares) e os linfócitos T CD8+( linfócitos T
citotóxicos) (Bradley and Watson, 1996).
O linfócito T auxiliar é uma subpopulação funcional que desenvolve
como principais funções efetoras, a ativação dos macrófagos na resposta
imunológica celular e contribuição na produção de anticorpos pelas células B na
resposta imunológica humoral. Essas funções efetoras são mediadas por
citocinas secretadas e pela interação da molécula CD40 com seu ligante (CD40 L)
na célula B (Foy et al., 1996).
Os linfócitos T CD8+ virgens, não executam funções efetoras, porém
se diferenciam em CTL quando estão sob ativação desencadeada por antígenos
e pela interação de moléculas co-estimulatórias, tornando-se capazes de lisar a
célula-alvo e secretar citocinas.
Introdução
20
1.6.6. Eosinófilos
Os eosinófilos são granulócitos derivados da medula óssea,que são
abundantes nos infiltrados inflamatórios das reações de fase tardia e
contribuem em muitos processos patológicos nas doenças alérgicas, após sua
maturação circulam no sangue. São células de menor poder fagocítico, menor
mobilidade, mas com potente ação lítica, são compostos por proteínas líticas
eosinofílicas (proteínas dos gânglios), tóxica para parasitas tecidos dos
hospedeiros (Abbas et al., 2003).
As citocinas produzidas pelas células Th2 promovem a ativação dos
eosinófilos e seu recrutamento para o sítio de inflamação, reação de fase tardia.
Modulam reações de hipersensibilidade, uma vez que seu conteúdo granular tem
a capacidade de neutralizar a histamina e inibir a degranulação de mastócitos
(Abbas et al., 2003).
1.6.7. Células Natural Killer (NK)
Descobertas em 1975 (Herberman et al., 1975; Kiessling et al., 1975),
as células NK são derivadas de precursores da medula óssea. Embora se
pareçam com linfócitos T e B em muitos aspectos, estas células não expressam
antígenos que passaram por processo de recombinação gênica e, portanto, são
componentes da resposta imunológica inata (Raulet, 2004). São consideradas,
também, células de transição da imunidade inata e adaptativa, atuando na
supressão tumoral (Diefenbach and Raulet, 2002) e também na resposta
imunológica contra patógenos (Bukowski et al., 1983; Biron et al., 1999).
A ativação das células NK é regulada através dos sinais que vêem de
seus receptores de ativação e de seus receptores inibitórios. Reconhece células
revestidas de anticorpos e células que não expressam o MHC classe I,
decorrentes dos mecanismos de escape do patógeno ali presentes(Lanier, 1998).
As células NK possuem vários receptores de citotoxidade natural
(NCR) incluindo NKp46 (NCR1), NKp44 (NCR2), e NKp30 (NCR3). As
proteínas de NCR são membros da superfamília de imunoglobulinas, cujos
ligantes são desconhecidos.
Introdução
21
O receptor NKp30 foi descrito em 1999, junto com sua atividade
citotóxicica natural mediada por células NK (Pende et al., 1999) e pode ser inibido
pela proteína pp65 do citomegalovírus humano (Arnon et al., 2005). O ligante do
receptor NKp30 ainda não está determinado. Embora esteja presente em
humanos, é um pseudogene expresso na maioria das espécies de camundongos
(Moretta et al., 2001; Aktas et al., 2005; Lanier, 2005; Di Santo, 2006)
Também um receptor envolvido na citotoxicidade induzida por células
NK, o NKp44 foi descrito em 1998 por Vitale et al. Suspeita-se que seu ligante
seja algum tipo de hemaglutinina viral, o que sugere seu papel na citotoxicidade
em células infectadas por patógenos (Vitale et al., 1998)
O receptor NKp46 foi descrito em 1998 por Pessino et al. como um
novo membro da superfamília de imunoglobulinas, envolvido no
desencadeamento da citotoxicidade natural de células NK (Pessino et al., 1998) e
está presente em humanos e camundongos.
As células NK possuem grânulos com perforina que cria poros na
célula e granzimas que atravessam esses poros induzindo à lise da célula alvo
(Yu et al., 1992), além destas há também uma substância que age como
antibiótico, a granulosina, podendo matar os microorganismos intracelulares
diretamente. O IFNγ é precocemente produzido, tendo influencia na resposta por
linfócitos T (Martin-Fontecha et al., 2004) e na ativação dos macrófagos
potencializando a capacidade de destruição dos patógenos fagocitados.
A perforina é uma toxina presente em grânulos intracelulares, incluindo
em células NK, que, juntamente com as granzimas, são secretadas por exocitose
e induzem a apoptose da célula alvo. Esse mecanismo de citotoxicidade é
largamente descrito em células NK e a marcação para perforina é um método
largamente utilizado para identificar ação citotóxica por essas células (Smyth et
al., 2005). CD107a é um marcador de exocitose de grânulos de lisossoma e
correlaciona-se bem com citotoxicidade por linfócitos T CD8+ (Betts et al., 2003),
além disso já foi utilizado para verificar atividade citotóxica por células NK (Betts
et al., 2003; Alter et al., 2004; Alter et al., 2004). Acreditamos, portanto, que há
elementos bastante fortes, porém não definitivos, para respaldar a hipótese de
maior citotoxicidade por células NK nos pacientes com AD-HIES.
Introdução
22
As citocinas envolvidas na imunidade inata, IL-12 e IL-15 contribuem
na ativação das células NK logo no início da infecção viral, antes dos CTL serem
ativados, controlando a infecção até que se desenvolva a imunidade adaptativa
para erradicar a infecção (Abbas et al., 2003).
O conhecimento destas células ainda é restrito em comparação ao
leque de possibilidades que elas oferecem, seus receptores específicos são
pouco entendidos quanto aos seus ligantes e seu papel nas sinalizações. As NKs
possuem receptores de citotoxidade NKp30 (1C7), NKp44, NKp46 que
provavelmente em breve terão suas funções antitumoral e antiviral esclarecidas.
(Abbas et al., 2003; Lanier, 2005; Di Santo, 2006).
A maioria das células NK no sangue periférico humano são expressas
fenotípicamente por CD3
-
CD56
+
CD16
+,
de acordo com a expressão da
densidade de CD56, as células NK podem ser divididas em subpopulações como
CD56
dim
a maioria das nossas células e CD56
bright
pequena parte da população de
células NK e que não expressam CD16, possuindo assim fraca atividade
citotóxica(Jacobs et al., 2001).
Algumas propriedades das CD56
dim
são por exemplo a de expressar
receptores KIR ( receptores de imunoglobulinas das NK), CD94/NKG2, CD161,
possuem grânulos com três vezes mais perforina e granzima A, têm maior efeito
citolítico e maior capacidade de se juntar às células alvo(Cooper et al., 2001).
Já as CD56
bright
, possuem alta afinidade com receptores de IL-12,
expressam também CD94/NKG2 e CD161, possuem maior produção de citocinas
proinflamatórias (IFN-g e TNF-a) e regulam os mecanismos das respostas
imunológicas (Cooper et al., 2001).
As células NK CD56
bright
dos linfonodos através do IFN-g influenciam as
células T que por sua vez através do IL-2 coestimulam a produção de citocinas
nas células NK, propiciando uma dinâmica entre sistema imune inato e adaptativo
(Fehniger et al., 2003).
Introdução
23
1.6.8. Citocinas
As citocinas são proteínas secretadas pelas células envolvidas na
resposta imunológica inata e adaptativa, são responsáveis por muitas das funções
dessas células, sendo produzidas principalmente em respostas a antígenos,
estando envolvidas também na ativação da resposta imunológica estimulando o
crescimento e a diferenciação dos linfócitos, na fase efetora tanto da imunidade
inata quanto na adaptativa, ativando diferentes células efetoras para combater
microorganismos e outros imunógenos, estimulando também as células
hematopoiéticas, sendo importantes agentes terapêuticos ou alvos para
antagonistas específicos em numerosas doenças imunológicas e inflamatórias
(Abbas et al., 2003).
As citocinas produzidas por fagócitos mononucleares são denominadas
monocinas, às provenientes dos linfócitos, linfocinas. Após a clonagem molecular
sabe-se que uma mesma citocina pode ser produzida por diversos tipos de
células, incluindo células endoteliais e epiteliais, o termo citocina tornou-se o mais
comumente utilizado. Muitas citocinas produzidas pelos leucócitos e atuantes em
outros leucócitos são conhecidas como interleucinas(Abbas et al., 2003).
As diversas citocinas são estruturalmente diferentes, mas elas
compartilham várias propriedades, como por exemplo, sua secreção é um evento
breve e autolimitado, uma vez sintetizadas são rapidamente secretadas,
resultando em uma liberação explosiva quando necessário. Suas ações podem
ser locais ou sistêmicas, além de poder atuar sobre diferentes tipos celulares e
muitas delas produzirem o mesmo efeito funcional, influenciando freqüentemente
na síntese e função de outras citocinas. Seus sinais externos regulam a
expressão dos receptores de citocinas e sua responsividade, que consiste na
maioria das vezes na alteração da expressão gênica da célula alvo (Beutler, 1995;
Abbas et al., 1996; Baggiolini, 1998).
1.6.9. TNFα
O TNF é um fator de necrose tumoral, que se classifica em dois
subtipos com diferentes funções, como o TNFα e TNFβ. A célula produtora
principal do TNFα são os fagócitos mononucleares ativados, embora as células
T ativadas, as células NK e os mastócitos também podem secretar esta
Introdução
24
proteína. O mais importante estímulo para despertar a produção do TNFα pelos
macrófagos é o lipopolissacarídeo (LPS), liberado por bactérias gram-negativas
encontradas na maioria das infecções, desencadeando assim a produção em
grande quantidade desse fator. A citocina interferon gama (IFNγ) é produzida
pelas células T e NK, induzem os macrófagos ativados pelo LPS a sintetizar
mais TNFα (Abbas et al., 2003).
A principal função fisiológica do TNFα é estimular o recrutamento de
neutrófilos e monócitos para os sítios de infecção. O TNFα exerce esses efeitos
por atuar sobre as células endoteliais vasculares na indução da expressão das
moléculas de adesão, que tornam a superfície endotelial adesiva para os
leucócitos. Inicialmente aos neutrófilos e depois para os monócitos e linfócitos, as
moléculas de adesão mais importantes são os ligantes para as integrinas
leucocitárias e as selectinas endoteliais (Abbas et al., 2003).
O TNFα estimula as células endoteliais e os macrófagos a secretarem
quimiocinas, citocinas que induzem a quimiotaxia e recrutamento dos leucócitos.
Esse fator atua também na indução dos fagócitos mononucleares a secretar a
interleucina-1 (IL-1), que atua de modo semelhante. Acredita-se numa possível
contribuição do TNFα na redução da morte celular programada (apoptose) de
alguns tipos celulares, apesar desse mecanismo não ser bem elucidado. Suas
ações sobre o endotélio e os leucócitos são essenciais para as respostas
inflamatórias locais e aos microorganismos, a diminuição ou a ausência do TNFα
altera a capacidade de deter as infecções. Nas infecções graves, o TNFα é
produzido em grande quantidade e provoca anormalidades clínicas e patológicas
sistêmicas (Abbas et al., 2003).
Essa molécula atua sobre os hepatócitos aumentando a síntese de
certas proteínas séricas, cujo aumento constitui numa resposta de fase aguda aos
estímulos inflamatórios. A produção prolongada do TNFα determina alterações
metabólicas levando à caquexia (perda de células musculares e adiposas), que é
muitas vezes produzida pela supressão do apetite. Quando produzida em grande
quantidade, o tônus dos músculos lisos vasculares e a contratilidade do miocárdio
Introdução
25
são inibidos, resultando em queda da pressão sangüínea ou choque. Pode
provocar trombose vascular pela perda de propriedades anticoagulantes normais
do endotélio, causar sérios distúrbios metabólicos, como queda da concentração
da glicose no sangue em níveis incompatíveis com a vida, isso devido a super
utilização da glicose pelos músculos e insuficiência do fígado para repor a glicose
(Beutler, 1995).
A complicação da sepse bacteriana gram-negativa conhecida como
síndrome do choque séptico ou choque endotóxico, é caracterizada por colapso
vascular, coagulação intravascular disseminada e distúrbios metabólicos, devido à
produção do TNFα e outras citocinas, incluindo IL-12, IFNγ e IL-1 induzidos pelo
LPS. A concentração sérica de TNFα pode ser preditiva do prognóstico das
infecções gram-negativas graves, este é um exemplo de distúrbio no qual a
medida dos níveis de uma citocina circulante é informativa (Abbas et al., 2003).
1.6.10. IFNγ
O IFNγ é a principal citocina ativadora de macrófagos que proporciona
os meios pelos quais os linfócitos T e as células NK ativam os macrófagos para
matar os microorganismos fagocitados, exercendo assim funções criticas na
imunidade inata e adaptativa. O IFNγ é principalmente produzido pela
subpopulação de células Th1, também chamado IFN do tipo II. Possui pouca
atividade antiviral, funcionando principalmente como uma citocina efetora de ação
microbicida. As células NK secretam IFNγ em resposta ao reconhecimento de
componentes desconhecidos de microorganismos ou em resposta a IL12, assim,
o IFNγ funciona como mediador da imunidade inata. Na imunidade adaptativa as
células T produzem IFNγ em resposta ao reconhecimento de antígenos, e isso é
acentuado pela IL12 (Stark et al., 1998).
Essa citocina está envolvida na síntese de intermediários reativos do
oxigênio e do óxido nítrico, induzindo a transcrição e a produção de enzimas
necessárias, que são respectivamente a oxidase dos fagócitos e síntese de óxido
nítrico induzível, as moléculas reativas são produzidas nos lisossomos e destroem
os microorganismos contidos nos fagolisossomos(Abbas et al., 2003).
Introdução
26
O IFNγ estimula a expressão das moléculas MHC de classe I e II e dos
fatores co-estimulatórios presentes nas células apresentadoras de antígenos
(APCs), promovendo também a diferenciação das células T CD4+ virgens em
subpopulação Th1, e inibindo a proliferação das células Th2 (Boehm et al., 1997).
1.7. Patogênese da HIES
Desde a sua descoberta em 1966, a HIES permanece como uma
patogênese obscura. Vários estudos relatam hipóteses de como se estabeleceu
esta imunodeficiência.
As mais comuns disfunções imunológicas encontradas nos pacientes
HIES são: a elevação sorológica da IgE, a eosinófilia, diminuição da produção de
IFNγ e defeito na quimiotaxia neutrofílica. Outros trabalhos revelam outras possíveis
causas da patogênese (Jung et al., 1995; Wang et al., 2001; Kamali et al., 2003).
Para compreender melhor essa síndrome é fundamental rever conceitos
de resposta Th1 e Th2 na defesa do hospedeiro contra as infecções, embora
sujeita a críticas quando aplicadas em modelos de doenças em humanos(O'Garra,
1998). A resposta Th1 está relacionada com a defesa contra protozoários, bactérias
intracelulares e vírus, enquanto a resposta Th2 é mais efetiva contra os helmintos e
bactérias extracelulares. Essas respostas são também antagônicas, já que o IFNγ
modula negativamente a resposta Th2, comprometendo a síntese das interleucinas,
IL-4 e IL-10, que modulam negativamente a resposta Th1, permitindo uma
homeostasia no sistema imunológico. Dentre a população de linfócitos T há os que
expressam as moléculas CD4 e CD25, denominado linfócitos T regulatórios,
produtores de IL-10 e/ou fator β de crescimento transformante TGFβ, estando
envolvidas na modulação da resposta imunológica, impedindo ou diminuindo as
conseqüências das reações de hipersensibilidade e das doenças auto-imunes (Del
Prete et al., 1989; Ito et al., 2003; Ohga et al., 2003; Martinez et al., 2004; Daniels et
al., 2005; Netea et al., 2005).
Introdução
27
Imaizumi et al. e Chehimi et al. acreditam que ocorra um desequilíbrio
na relação Th1 e Th2 na HIES. Esses estudos relataram um aumento de IL-12, e
uma baixa expressão de ENA-78, MCP-3 e quimiocinas, o que poderia explicar
várias características da HIES, oferecendo um novo paradigma para a
compreensão desta desordem (Imaizumi et al., 1997; Chehimi et al., 2001).
O efeito inibitório exercido pelo IFNγ na resposta Th2, leva a acreditar
que a deficiência dessa citocina poderia estar envolvida na hiperprodução de IgE,
contribuindo para as complicações clínicas dos pacientes. A diminuição do IFNγ
pode estar relacionada com o desequilíbrio das subpopulações de linfócitos T
CD4+, Th1/Th2, constatado através dos níveis de citocinas e quimiocinas
características destes respectivos linfócitos, produzindo uma resposta inflamatória
defeituosa (Chehimi et al., 2001; Netea et al., 2005).
A detecção de menor expressão dos genes de IFNγ e TGFβ em células
T ativadas dos pacientes com síndrome hiper IgE demonstra que ocorre o
aumento da produção de IgE pode depender de IL-4 (Ohga et al., 2003).
Quanto a eosinofilia observada, há um relato muito interessante
onde se verificou a produção aumentada de IL-5, em células estimuladas de
indivíduos com a síndrome hiper IgE quando comparado com os controles,
esta citocina é responsável pela produção e regulação das funções dos
eosinófilos (Montoya et al., 2003).
A interleucina-18 (IL-18) é uma citocina pró-inflamatória, induz a
produção IFNγ por células T ou NK, induz Th1 e a diferenciação e supressão IgE
sintetizado pelas células B, quando atuam na resposta das células com IL-12. A
IL-18 também exibe atividades biológicas relacionadas aos eosinófilos em lesões
alérgicas (Wang et al., 2001).
Del Prete et al. têm demonstrado que as células T de pacientes HIES
ao serem estimuladas com PHA tiveram menor concentração de IFNγ do que os
indivíduos sadios. Foram estudados os mecanismos que geram este defeito e
constatou-se que não havia alteração na transcrição do m-RNA de IFNγ e nem na
tradução deste, porém, a secreção seletiva destas moléculas nos pacientes foi
insuficiente, havia acúmulo citoplasmático da citocina nos linfócitos destes
indivíduos (Del Prete et al., 1989; Ito et al., 2003).
Introdução
28
Netea et al. (2005) estudaram sete pacientes com HIES e sete
controles sadios, quando realizaram cultura de sangue estimulada com S. aureus
e C. albicans. Observaram uma resposta predominante Th2 e Th1 deficiente, com
diminuição da razão IFNγ /IL-10 e IL-12.
Gudmundsson et al, observaram o aumento da expressão de IL-13 nas
células T CD4+ em pacientes HIES, apresentando aumento de IgG4 e IgE
(Gudmundsson et al., 2002).
Alguns estudos revelam baixa expressão dos genes IL-17 e CXCL 11
em pacientes HIES. A IL-17 induz à produção de IL-1β e TNFα por macrófagos, e
IL-6, IL-8 e GM-CSF por células estromais, por isso, ocorre à migração e
maturação de neutrófilos e produção de proteínas pró-inflamatórias por
queratinócitos, que também estão envolvidas na osteoclastogênese. A causa
genética desta síndrome ainda não está identificada, mas sabe-se que o CXCL 11
está no cromossomo 4q 21, é uma quimiocina produzida por monócitos e
queratinócitos após estímulo com IFNγ, está envolvida na resposta inflamatória
induzindo a quimiotaxia de monócitos e ativação das células T (Grimbacher et al.,
1999; Tanaka et al., 2005). A redução da quimiotaxia neutrofílica freqüentemente
descrita tem origem provavelmente nos defeitos das células T (Hill et al., 1974;
Donabedian and Gallin, 1982; Larsen et al., 1989). A diminuição da expressão de
ENA-78 e IL-8 podem contribuir para a deficiência na atividade da quimiotaxia
neutrofílica (Larsen et al., 1989; Imaizumi et al., 1997).
Estudos mostram que há uma sensível melhora na quimiotaxia dos
neutrófilos se forem incubados com IFNγ recombinante, mostrando assim o papel
desta citocina também na quimiotaxia (Hill, 1993).
Até o momento, não existem trabalhos que descrevem como células
NK se comportam na HIES. Como a síndrome frequentemente envolve infecção
por bactérias como o S. aureus, é pertinente questionar se as células NK podem
estar alteradas nesse contexto, tanto participando dos eventos desencadeadores,
como em conseqüência das infecções recorrentes. O presente trabalho utilizou
um modelo de avaliação de células NK desenvolvido em nosso laboratório para
estudar três casos da rara AD-HIES, identificados no Departamento de Pediatria
da UNIFESP.
Introdução
29
1.8 Objetivos
1. Caracterizar fenotipicamente as células NK em pacientes com AD-
HIES, comparando com grupo de controles normais.
2. Avaliar funcionalmente as células NK em pacientes com AD-HIES,
comparando com grupo de controles normais.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Métodos
31
2.1. Casuística
O projeto seguiu os trâmites exigidos pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Foram incluídos três
pacientes portadores de AD-HIES, e onze voluntários saudáveis. Todos os
participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
antes de serem incluídos no estudo (Anexo I).
Paciente número 1: Criança do sexo masculino, nascida em
02/12/2000, residente em Fortaleza, CE, cuja amostra do sangue utilizada foi
obtida em 07/03/2006. Teve pré-natal e nascimento sem intercorrências,
evolução mental normal, sem consangüinidade e nem imunodeficiências na
família, mas sofre com infecções de repetição desde os 4 meses de vida,
quando apresentou seu primeiro episódio de pneumonia. Outros episódios se
repetiram aos 7 meses, 1 ano e 2 meses, 2 anos e 9 meses, e com 2 anos e 11
meses. Na última vez, apresentou sepse, derrame pleural, pneumatocele e
pneumotórax. Apresentou também otites de repetição a partir de 1 ano,
bronquite catarral por quatro vezes, amidalites e infecções cutâneas em cerca
de 5 vezes cada, e sinusites por quatro vezes. Apresentou eczema facial desde
os dois meses de idade. Atualmente faz uso constante de antibióticos. O
diagnóstico de HIES foi feito em março de 2003 quando o nível sérico de IgE
atingiu o valor de 2130 UI/mm
3
, a contagem de eosinófilos constou 370, os dados
obtidos no histórico do paciente permitiu uma pontuação no sistema de contagem
fenotípica constatando a doença autossômica dominante, e entre 2004 e 2005
apresentou outras intercorrências como infecção por Rotavírus, piora de eczemas
e pústulas, infecções das vias aéreas superiores, constipações, gastrenterites,
vômitos, diarréias, entre outras. Os exames laboratoriais mostraram apenas IgE
aumentada superior à 1150 UI/ml ( valor de referência é inferior à 60 UI/ml),
além de ausência de anticorpos antitetânicos e antipneumocócicos após
vacinação, com número adequado de linfócitos T totais, células CD4+ com
contagens normais e células T CD8+ abaixo do normal. Contagem de linfócitos
B mantém-se normais, mas apresenta redução do número de células NK 85,2
células/mm
3
(valor de normalidade_VN para a idade é de 130-720).
Materiais e Métodos
32
Paciente número 2: Adulto de vinte anos, do sexo masculino, nasceu
em 27/02/1987, com amostra sangüínea para o estudo obtida em 16/09/2005.
Residente de São Gonçalo, RJ, relata ausência de consangüinidade e de
imunodeficiências na família. Com doença granulomatosa crônica, dermatites,
infecções secundárias, apresentaram três fraturas ósseas em dois meses.
Exames mostram IgE elevado, em 1993 IgE de 11160 UI/ml, 1999 23348 UI/ml, e
depois >4000, em 2005 1084 UI/ml a ausência de viragem sorológica após
vacinação, quimiotaxia neutrofílica e fagocitose normais, radiografia de tórax com
imagem cicatricial no pulmão direito de abscesso pulmonar. Histórico compatível
com quadro de contagem fenotípica para HIES autossomal dominante, células NK
94,0 células/ mm
3
(VN 70-480).
Paciente número 3: Adulto de vinte e nove anos, do sexo masculino,
que nasceu em 02/04/1978 e forneceu amostra de sangue para este trabalho em
09/09/2005. Natural de Cruzeiro, SP, com um mês de vida apresentou dermatite
no couro cabeludo, face e pescoço, e no segundo mês bronquite. Dos quatro
meses a 1 ano, teve episódios repetidos de otites, diarréias, pneumonias,
monilíase, estomatite, além de dermatites seborrécas atópicas graves. Entre um e
três anos de vida apresentou abscessos freqüentes necessitando de drenagem
cirúrgica e várias pneumonias, sendo que uma causou derrame pleural com
drenagem torácica. A partir dos quatro anos, os quadros de abscessos evoluíram,
inclusive hepático, que complicou com colite, orquite, meningite e sepse. Com 10
anos, a psoríase e abscesso no hipogástrio conduziram a uma investigação mais
detalhada e foi diagnosticada HIES, quando começou a fazer uso profilático de
antibióticos por três anos com uma resposta regular. Em 1995 foi indicado o uso
de imunoglobulina intravenosa devido à deficiência grave de resposta humoral.
Apesar disso e do uso de co-trimoxazol contínuo, desenvolveu abscesso
pulmonar em 2003, que evoluiu crônica e gravemente, de modo que ainda
permanece com a cavidade pulmonar aberta. Na última cultura de secreção
pulmonar, houve crescimento de C. albicans em julho de 2005, e a infecção já
está controlada. O quadro do Scoring (contgem) fenotípica valida este diagnóstico
também como AD-HIES, valor das células NK estava em torno de 120 células/
mm
3
(VN 70-480).
Materiais e Métodos
33
2.2. Recrutamento
Os voluntários portadores de AD-HIES foram recrutados no
Ambulatório de Imunopediatria, do DIPA (Disciplina de Infectologia), UNIFESP, e
os voluntários saudáveis foram recrutados no próprio laboratório, após assinatura
de TCLE.
2.3. Coleta das amostras
Foram coletados 5 à 10 ml de sangue dos participantes através de
punção de veia periférica em membro superior, após cuidadosa assepsia local e
encaminhada ao laboratório de Imunologia II, para a separação de células
mononucleares do sangue periférico (PBMC), que após o processamento foram
armazenadas em criotubos, na quantidade de 1 x 10
7
por criotubo, sendo
preservadas em nitrogênio líquido até a realização dos experimentos.
2.4. Procedimentos laboratoriais
Os ensaios laboratoriais foram realizados no Laboratório de Imunologia
II da Disciplina de Infectologia da UNIFESP.
2.4.1. Separação de células mononucleares do sangue periférico
Células mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram preparadas
a partir da obtenção de amostras de sangue periférico coletadas em EDTA,
utilizando-se a técnica de gradiente de densidade de sedimentação pelo ficoll
paque plus.
O sangue coletado foi diluído em solução balanceada de Hank (HBSS,
Gibco, Grand Island, NY, EUA) na proporção 1:1 e cuidadosamente depositada
sobre camada de gradiente de densidade (Ficoll-Paque, Pharmacia LKB
Biotechnology Inc., Uppsala, Suécia), sendo centrifugado 2000 rpm por 40
minutos. Após separação pelo gradiente de densidade, forma-se uma camada
Materiais e Métodos
34
esbranquiçada que são as células de PBMC, são transferidas para outro tubo, e
lavada duas vezes com HBSS, resuspendidas em meio de cultura R10, composto
de RPMI 1640 (Gibco), suplementado com 10% de soro fetal bovino inativado
pelo calor (HyClone Laboratories, Inc. Logan, UT, EUA), 2mM L-glutamina
(Gibco), 10mM de tampão Hepes (Gibco), 100U/mL penicilina e 100ug/mL
estreptomicina. A suspensão de células é diluída 1:10 em Azul de Tripan e são
contadas em Câmara de Neubawer, novamente centrifugadas, e ressuspensas
em RPMI são congeladas em criotubos na quantidade de 1 x 10
7
por criotubo em
soro fetal bovino, suplementado com 10% de dimetil-sulfóxido (DMSO, Sigma),
distribuídas em criotubos e congeladas a –70ºC. Após 24 horas, foram
transferidas para tanque de nitrogênio líquido.
2.4.2. Imunofenotipagem
Com o objetivo de estudar a expressão funcional das células NK, as
amostras colhidas foram processadas para a realização de imunofenotipagem
através da técnica de citometria de fluxo, utilizando-se o FACSCanto, equipado com
software FACSDiva (BD Biosciences). Anticorpos conjugados com cromógenos
específicos foram utilizados, de acordo com os painéis descritos na Tabela 2.
Tabela 1. Painéis utilizados na marcação de superfície e para ensaios funcionais
com células NK
Fluorocromo* Painel 1 Painel 2 Painel 3 Painel 4 Painel 5
FITC
DX9(KIR3DL) CD94 CD57 Perforina CD107
PE
Z27(DL1/DS1) NKG2C NKp44 NKp30 TNF-α
APC
NKG2D NKG2A CD161 NKp46
IFNγ
PerCP
Coquetel de
CD14, CD19 e
CD3
Coquetel de
CD14, CD19 e
CD3
Coquetel de
CD14, CD19 e
CD3
Coquetel de
CD14, CD19 e
CD3
Coquetel de
CD14, CD19 e
CD3
PE-Cy7
CD56 CD56 CD56 CD56 CD56
APC-Cy7
CD16 CD16 CD16 CD16 CD16
* FITC: tio-cianato de fluoreceína; PE: fico-eritrina; APC: Aloficocianina; PerCP: proteína clorofila
peridina; PE-Cy7: fico-eritrina carbocina 7; APC-Cy7: Aloficocianina carbocina 7.
Materiais e Métodos
35
Abaixo, estão especificados os clones e quantidades de anticorpos
monoclonais utilizados nos painéis.
Painel comum:
- Foi composto de 1ml de CD3 PerCP (catálogo número 347344, Becton
Dickinson [BD]), 1ml de CD14 PerCP (BD 340585) e 1ml de CD19 PerCP (BD
340421);
- 500ul do CD16 APC-Cy7(BD 557758);
- 500ul de CD56 PE-Cy7 (BD 557747).
Painel 1:
- Além do painel comum, 1ml de DX9 (BD 340483), 1ml de Z27 (Beckman
Coulter-PN IM3292), e 1ml do NKG2D e (Bioscience FAB139A).
Painel 2:
- Além do painel comum, 2ml de CD94 (BD 555888), 1ml de NKG2C (FAB 138P),
e 1ml do NKG2A (FAB1059A).
Painel 3
:
- Além do painel comum, 1ml de CD57 (BD 347393), 1ml de NKp44 (PN IM3710),
e 2ml do CD161 (BD 550968).
Painel 4
:
- Além do painel comum, Perforina (catálogo número 11-9994-73, e Biosciences),
1ml de NKp30 (PN IM3709), e 2ml do NKp46 (BD 558051).
Painel 5:
- Além do painel comum, 2ml de CD107a (BD 555800), 1ml de TNF-α (BD
340512), e 500ul de IFNγ (BD 554702).
Materiais e Métodos
36
Os materiais adicionais necessários para a realização desta
imunofenotipagem foram meio R15 (RPMI suplementado com 15% de soro fetal
bovino), tampão FACS (PBS/ 0,5% BSA / 2mM EDTA), esferas para
compensação FACS (anti-Ig de rato, K/ partículas de compensação e controle
negativo, BD Biosciences catálogo número 552843), PFA 2% em PBS, FACS 1x
(solução de permeabilização FACS 2 (10x, BD340973), brefeldina A (Sigma B-
7651, 5mg. preparada em 10 mg/ml em DMSO), Golgi Stop (BD 554724, usado a
1:6400), IL-12 (recombinante humano, 100ng/ml, células K-562, a 1 x 10
6
/ml em
meio R15, placas com 96 poços fundo-V e placas com 96 poços fundo-U.
2.4.3. Expansão de células K562
As células K 562 são de linhagem de célula leucemia humana crônica,
de crescimento rápido, mantidas em suspensão em cultura. Quando as células
atingiram o seu crescimento total, foram coletadas em um tubo cônico estéril e
centrifugadas 1500 rpm por 8 minutos. As células foram suspendidas em 5 ml de
RPMI, desta suspensão diluiu-se 10µl em 90µl de Azul de Tripan para a
quantificação em hemocitômetro, onde após contagem em microscópio
multiplicamos pelo título da diluição feita, pelo volume da suspensão e pelo fator
de correção da Câmara de Neubawer. O volume correspondente à 1.10
7
células
foi transportado para um novo frasco e mantido em cultura com o meio de cultura
RPMI 1640, suplementado com 10% de soro fetal, até a utilização nos
experimentos de estimulação de células NK.
2.4.4. Protocolo para estimulação e marcação do painel
funcional das células NK
Os PBMCs foram descongelados de acordo com o protocolo padrão e
as células foram contadas. Ressuspendemos em 4 x 10
6
células/ml (na placa
colocamos 100µl da suspensão celular ou 4 x 10
5
células / poço). Foram
colocados 100µl da suspensão celular por poço em placa com fundo U para
cultura. Os estímulos celulares foram diluídos em meio R15 conforme a Tabela 2:
Materiais e Métodos
37
Tabela 2. Estímulos para verificação da funcionalidade de células NK
Estímulo Concentração
do estoque
Concentração
final
Concentração
final em dobro
Máster mix
(adicionado
estoque)
Anti-CD107
FITC
Nenhum 1:25
SEB 100 µl/ml 1,0 µg/ml 2,0 µg/ml 20 µl/ml 1:25
IL-12 2,0 mg/ml 50 ng/ml 100 ng/ml 2,0 µl/ml 1:25
Células K-562 8,0x10
5
/ml 8,0x10
4
/100µl 1:10
Foram adicionados 100µl do meio de estimulação por poço, e no poço
apropriado foi pipetado e homogeneizado com a pipeta 2-3 vezes. As amostras
FMO não foram estimuladas e claro não se colocou anti-CD107 FITC no poço
controle FMO FITC.
FMO é realizado para uma melhor definição das regiões (gates) que
serão separados, constituído de células marcadas com anticorpos conjugados
com as fluoresceínas presentes no painel analisado menos uma das
fluorecências, isso é feito para cada cor presente no experimento, possibilitando
assim a confirmação das regiões escolhidas para determinação das populações
marcadas para análise.
A placa foi incubada à 37ºC, 5% CO
2
por 18 horas, centrifugada após
em 1500 rpm por cinco minutos. Removeu-se o sobrenadante da superfície dos
poços, com cuidado para não desprender as células do fundo. Adicionou-se 50µl
de uma solução R15 contendo brefeldina A 4% e Golgi Stop. Foi pipetada a
mistura de anticorpos monoclonais contra marcadores de superfície celular. Após
o final da incubação de 5 horas, as células foram transferidas para a placa de 96
poços com fundo em V, sendo centrifugadas e lavadas com tampão FACS.
Acrescentou-se 50µl de esferas de compensação (beads de
compensação) para os poços destinados para esse fim. Para preparar as esferas
de compensação, adicionou-se 7 a 8 gotas de cada partícula de compensação e
esferas controles (BD Biosciences Cat.# 552843) em 500µl de tampão FACS.. Foi
preparado o mix de anticorpos para cada painel de controle e para os poços FMO
Materiais e Métodos
38
preparou-se uma mistura de anticorpos que incluíam anticorpos CD3, CD56,
CD16, CD14, CD19.
A placa de amostras foi centrifugada por três minutos a 1750 rpm, a
4ºC. Aspirou-se o sobrenadante. Foi adicionado 50µl dos anticorpos de marcação
nos poços apropriados. Para as amostras FMO foram adicionados 50µl de mistura
para o FMO e 5µl de cada anticorpo indicado. Adicionou-se 1µl do anticorpo
indicado nos poços de compensação.
As amostras foram incubadas no gelo por 30 minutos e lavadas 3x com
tampão FACS. Fixadas as células com 150µl de PFA 2%, deixadas no gelo por 15
minutos. Lavou-se uma vez com tampão FACS. As células para os painéis 1, 2, e
3 foram finalizadas colocando-se 150µl de PFA 2%, transferidas para os tubos de
análise FACS. As amostras têm um prazo de 72 horas para serem analisadas. O
painel 4 requer marcação intracelular que foi processada de acordo com o
próximo passo.
Ressuspendidas as células em 50µl de solução de permeabilização,
elas foram deixadas em temperatura ambiente por 10 minutos. Foram
acrescentados 150µl de tampão FACS, centrifugou-se e aspirou-se o
sobrenadante. Neste estágio as células são muito escorregadias, devido ao
tampão de permeabilização não formando o sedimento celular no poço. Então, o
sobrenadante foi aspirado com muito cuidado. As células foram ressuspendidas
em 50µl da solução de anticorpos contendo o TNFα PE 1:20 e IFNγ APC 1:2000
(diluídos em tampão FACS). Incubou-se no escuro e no gelo por 30 minutos,
foram então lavadas duas vezes com tampão FACS e ressuspendidas em 150µl
de PFA 2% e transferidas para os tubos FACS para análise no citômetro de fluxo.
2.5. Análise de Dados e Análise Estatística
A análise dos dados adquiridos a partir de cada amostra foi realizada
através do software FlowJo (Tree Star), transformando a representação gráfica
Materiais e Métodos
39
gerada a partir da captação da intensidade das cores em porcentagens, na
subpopulação pré-selecionada, baseada nas suas propriedades físicas de
dispersão frontal e lateral de luz.
Os resultados dos ensaios laboratoriais foram analisados descrevendo
a proporção das subpopulações de células NK, bem como a média de intensidade
de fluorescência (MFI) do fluorocromo de interesse, por meio de um programa
construído em ambiente Windows para posterior transferência ao programa
Statistica, versão 6.0 (StaSoft, Inc., Tulsa, OK, EUA).
A análise estatística dos resultados obtidos a partir dos voluntários
saudáveis e portadores do HIES, foi realizada através de método não paramétrico
de classificação de valores de Mann-Whitney. Para variáveis com p<0,05 foi.
3. RESULTADOS
Resultados
41
3.1. Características dos voluntários
Foram incluídos 14 voluntários neste estudo, sendo 11 voluntários
saudáveis e três portadores de HIES. Informação referente ao sexo, e número de
CD3, CD4 e CD8 por mm
3
de cada voluntário não foram relevantes nesta tese.
Não houve diferença significante no número de CD3, CD4 ou CD8 dentre os
voluntários pertencentes aos grupos Controle e HIES.
3.2. Porcentagem de células NK
Os eventos adquiridos em citômetro de fluxo com dispersão frontal e
lateral de luz característico de linfócitos foram selecionados através da criação de
uma região de análise, sendo caracterizados como linfócitos T, Linfócitos B,
granulócitos, monócitos e macrófagos, que foram excluídos da análise. Desta
forma, a subpopulação que nos interessa é a CD56+ e ou CD16+, de acordo com
o demonstrado na Figura 1.
Em um segundo momento, foi realizada a categorização dos subgrupos
de células NK, baseados na expressão os marcadores CD56 e CD16. Foram
identificados três grupos de células: CD56
high
, expressando altos níveis de CD56
e CD16 negativo ou baixo, CD56
dim
, a maioria das células NK, e CD56-, que
expressam também CD16 (Figura 1).
Resultados
42
Figura 1. Estratégia de análise de células NK por citometria de fluxo. (A) Os linfócitos foram
identificados empregando a dispersão lateral de luz (side scatter) e coquetel de anticorpos
para exclusão de células T, B e monócitos. A seguir, foram excluídas as células CD56-
CD16- e identificadas as populações de células NK CD56
high
, CD56
dim
e CD56-. (B) Os
marcadores específicos de células NK foram avaliados com anticorpos monoclonais
específicos conjugados com fluorocromos FITC, PE e APC. Para determinar a região de
positividade, foi empregada a estratégia de fluorescence minus one (Roederer, 2001), e
foram identificadas as amostras positivas para os diferentes receptores.
A
B
Área de
linfócitos
Exclusão de
células T, B e
monócitos
Exclusão de
CD56-CD16-
Sub-popoulações
de células NK
Determinação de
área de análise
utilizando
fluorescence
minus one (FMO)
Marcação com
anticorpos
específicos e
determinação de
positivos
Canal FITC Canal PE Canal APC
Resultados
43
3.3. Análise fenotípica de células NK
Inicialmente, avaliamos a freqüência de células NK nos pacientes com
AD-HIES, comparando com os controles. Enquanto que a mediana do percentual
de células NK entre os linfócitos totais foi de 20,7% (variação inter-quartil 25-75%:
15,2 - 24,4%), os três pacientes apresentaram percentuais de 10,3%, 9,46% e
4,9% para os casos 1, 2 e 3, respectivamente (p<0,05). A distribuição, contudo,
das proporções dos fenótipos CD56
high
, CD56
dim
e CD56- não foi diferente quanto
comparamos o grupo controle com os pacientes com AD-HIES (Tabela 3).
Tabela 3. Distribuição do percentual de subpopulações das células NK no grupo
controle e em pacientes com AD-HIES.
% CD56
high
% CD56
dim
% CD56-
Controles/ mediana/ 3,0 76,9 19,0
(interquartis 25-75%) (1,8 - 4,0) (75,1 - 80,7) (12,6 - 21,5)
Caso 1 2,66 84,1 12,8
Caso 2 1,47 76,6 21,5
Caso 3 3,07 85,7 10,9
Uma vez efetuada a mensuração do número de células no sangue
periférico, foi realizada a análise dos gráficos das CD56+ e também das CD16+
em cada painel com relação à cada marcador utilizado nos painéis de
fenotipagem de superfície.
Dentre os diferentes receptores de células NK, dois mostraram-se com
expressão diferente em pacientes com AD-HIES. O receptor que apresentou
resultados mais discrepantes entre os pacientes e controles foi o NKp30,
relacionado com a proteção viral ou tumoral desempenhado pela célula NK. Sua
expressão foi superior nos pacientes quando analisamos as células NK totais,
resultado explicado pela maior expressão em CD56
dim
e CD56
high
(Figura 2) O
receptor NKp44, expressado em maior nível na superfície de células NK CD56
high
Resultados
44
de pacientes quando comparado com controles (p=0,0128, Figura 2). O
percentual de células NK que expressaram o receptor NKp46 também foi maior
nos pacientes com AD-HIES quando comparado com o grupo controle, mas não
foi diferente quando as subpopulações de células NK foram analisadas
separadamente (Figura 2). Não foi identificada diferença na expressão dos
demais marcadores de superfície empregados nos painéis de fenotipagem.
Figura 2. Expressão dos receptores NKp30, NKp44 e NKp46 em células NK. As
subpopulações de NK CD56
dim
, CD56
bright
e CD56-. Os valores estão expressos em
percentuais. A significância estatística das diferenças foram determinadas pelo teste não
paramétrico de Mann-Whitney.
Control Hyper IgE
0
1
2
3
4
5
p=0.0618
Control Hyper IgE
0
1
2
3
4
5
p=0.0868
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
p=0.0128
Control Hyper IgE
0
1
2
3
4
5
p=0.1612
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0430
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0293
Control Hyper IgE
0
25
50
75
p=0.0196
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.6404
Células NK
totais
Sub-populações de células NK
CD56
dim
CD56
high
CD56-
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK CD56
high
Controle HIES
Controle
HIES
HIES
Controle
HIES
Controle
NKp44
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.2130
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0618
Control Hyper IgE
0
25
50
75
100
p=1.000
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.7555
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
NKp46
% de céls. NK
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
NKp30
Control Hyper IgE
0
1
2
3
4
5
p=0.0618
Control Hyper IgE
0
1
2
3
4
5
p=0.0868
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
p=0.0128
Control Hyper IgE
0
1
2
3
4
5
p=0.1612
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0430
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0293
Control Hyper IgE
0
25
50
75
p=0.0196
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.6404
Células NK
totais
Sub-populações de células NK
CD56
dim
CD56
high
CD56-
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK CD56
high
Controle HIES
Controle
HIES
HIES
Controle
HIES
Controle
NKp44
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.2130
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0618
Control Hyper IgE
0
25
50
75
100
p=1.000
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.7555
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
NKp46
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.2130
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0618
Control Hyper IgE
0
25
50
75
100
p=1.000
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.7555
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
NKp46
% de céls. NK
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
NKp30
Resultados
45
3.4. Marcadores funcionais de células NK
Para avaliar seu comportamento funcional em ambos os grupos,
avaliamos a produção constitucional de citocinas pelas células NK após
incubação, sem a utilização de estímulos, com os resultados apresentados na
Figura 3.
Figura 3. Expressão de perforina e CD107a nas células NK. A produção de CD107a foi
determinada após incubação, sem ou com estímulo com células K562. Os valores estão
expressos em percentuais. A significância estatística das diferenças foram determinadas
pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney.
A expressão de perforina foi inferior entre as células NK CD56- nos
pacientes com AD-HIES, quando comparados aos controles (Figura 3), embora
não tenha sido entre as células NK totais e CD56
high
ou CD56
dim
.
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0293
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0196
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0128
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.3502
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
CD107
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=0.0430
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=1.000
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=0.5334
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=0.0868
Células NK
totais
Sub-populações de células NK
CD56
dim
CD56
high
CD56-
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK CD56
high
Controle HIES
Controle
HIES
HIES
Controle
HIES
Controle
CD107a
s/ estímulo
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
Controle HIES Controle
HIES Controle HIES HIESControle
CD107a
após K562
% de céls. NK
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
Perforina
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0293
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0196
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.0128
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
p=0.3502
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
CD107
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=0.0430
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=1.000
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=0.5334
Control Hyper IgE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
p=0.0868
Células NK
totais
Sub-populações de células NK
CD56
dim
CD56
high
CD56-
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
neg
% de céls. NK CD56
high
Controle HIES
Controle
HIES
HIES
Controle
HIES
Controle
CD107a
s/ estímulo
% de céls. NK
% de céls. NK CD56
dim
% de céls. NK CD56
high
% de céls. NK CD56
neg
Controle HIES Controle
HIES Controle HIES HIESControle
CD107a
após K562
% de céls. NK
Controle
HIES
Controle
HIES
Controle
HIES HIES
Controle
Perforina
Resultados
46
Após a incubação sem estímulo específico, não foi observada diferença
na percentagem de células marcadas com CD107, marcador de degranulação
celular. Por outro lado, observou-se aumento significante no percentual de células
CD107a+ nas células NK totais e entre as sub-populações CD56
dim
, CD56
high
e
CD56
-
nos pacientes com AD-HIES em comparação aos controles.
4. DISCUSSÃO
Discussão
48
Os resultados apresentados neste trabalho confirmam as suspeitas de
redução de células NK em pacientes com HIES. Fomos capazes de demonstrar
redução significativa do percentual destas células, mas não foi possível identificar
se essa diferença estaria concentrada em alguma subpopulação particular de
células NK, separadas baseado na expressão diferencial de CD56 e CD16.
Foi também possível verificar que a freqüência de células NK positivas
para os receptores NKp44, NKp30 e NKp46, associados a citotoxicidade, estava
aumentada entre diferentes subpopulações de células NK, em percentual maior
nos pacientes com HIES.
Quando avaliamos a atividade funcional das células NK, verificamos
que apresentam, em geral, maior atividade em pacientes com HIES,
especialmente quando as células foram estimuladas com a linhagem K562
sensíveis à ação citotóxica mediada por células NK.
Inicialmente, fica claro que as células NK estão envolvidas na
fisiopatogênese da HIES. Sua diminuição percentual poderia sugerir que
estivessem reduzidas em conseqüência da doença. Os dados complementares de
nosso trabalho, entretanto, demonstrando o aumento de receptores da sinapse
imunológica de células NK, maior expressão de perforina e maior expressão do
marcador de degranulação CD107a em resposta ao estímulo com a linhagem
K562, apontam para a possibilidade de que tais células continuam funcionais e
estão estimuladas no contexto da HIES. A redução percentual das células NK
vista nos pacientes pode refletir migração celular para sítios que requerem sua
ação, em contraponto à simples “perda” destas células. De fato, as células NK
estão distribuídas por todo o corpo, constituindo 5-20% dos linfócitos no baço,
fígado e sangue periférico, além de estarem presentes em menor proporção na
medula óssea, timo e linfonodos (Lian et al., 2002). É natural imaginar que podem
ser ativadas de forma diferente nos diferentes compartimentos teciduais, em
especial os agredidos durante o processo infeccioso ou que concentram maior
quantidade de patógenos e antígenos.
Discussão
49
O aumento da expressão destes três receptores, NKp30, NKp40 e
NKp46, sugerem que as células NK de pacientes com HIES devem estar
desempenhando forte atividade citotóxica. Esta hipótese pode ser reforçada pela
maior expressão de perforina, além de CD107 em resposta ao estímulo com
células da linhagem K562. O que não é possível afirmar é se essa maior atividade
citotóxica é conseqüência direta da HIES ou secundária a infecções repetidas
vistas nesses pacientes. Talvez nos ajudaria responder essa pergunta se outro
grupo controle, representativo de outra doença ou condição com infecções
recorrentes, fosse incluído em nosso estudo. De fato, é natural imaginar que as
células NK seriam muito exigidas na ocorrência de diferentes infecções
bacterianas, fúngicas e, principalmente, virais.
Hoje está claro que as células NK reconhecem alvos que apresentam
níveis reduzidos ou formas anormais de moléculas do complexo principal de
histocompatibilidade (major histocompatibility complex, MHC) da classe I
(Ljunggren et al., 1985) e/ou proteínas “induzidas pelo stress” (Bauer et al., 1999).
Ao contrário do que acontece com os linfócitos T CD8+ citotóxicos, as células NK
não necessitam de reconhecimento de antígenos específicos derivados dos
patógenos para executar sua atividade citotóxica; ao contrário, sua ativação
depende da ligação a receptores de superfície em combinação com ação de
citocinas pró-inflamatórias. A expressão dos diversos receptores na superfície das
células NK é resultado de um equilíbrio muito preciso entre moléculas com sinal
inibitório ou de ativação em resposta a muitos receptores das família de
imunoglobulinas e da família de lectinas do tipo C (Takeichi et al., 1997; Lanier,
1998; Cerwenka and Lanier, 2001; Takei et al., 2001; Borrego et al., 2002).
É possível que outras doenças ou condições que cursem com
infecções de repetição cursem com aumento da capacidade funcional de células
NK. Vários grupos foram capazes de demonstrar que são importantes na
limitação da replicação do vírus da hepatite C (Li et al., 2004; Koziel, 2006), vírus
da imunodeficiência humana (Fauci et al., 2005), vírus da dengue (Shresta et al.,
2004) e vírus da febre amarela (Quaresma et al., 2006). As células NK, portanto,
são importantes para o controle de diversas viroses e, curiosamente, diversas
Discussão
50
viroses vêm desenvolvendo estratégias para dissuadir a resposta por essas
células (Crotta et al., 2002; Tseng and Klimpel, 2002; Meier et al., 2005).
Uma crítica cabível aos resultados é que não temos elementos para
demonstrar que as células NK dos pacientes com HIES que estudamos
desempenham maior atividade citotóxica. A expressão de perforina e CD107a são
tidos por retratar atividade citotóxica. Com isso, pela primeira vez, estamos sendo
capazes de sugerir que a imunidade inata nestes pacientes pode estar tentando
compensar o defeito imunitário secundário à doença. A ação destas células
parece estar fortemente relacionada a maior atividade citotóxica, que pode ser
compensatória ao defeito imunológico visto em pacientes com HIES.
5. CONCLUSÕES
Conclusões
52
1. O percentual de células NK entre os linfócitos totais está reduzido
em pacientes com AD-HIES quando comparado com voluntários
saudáveis.
2. Não foi possível identificar diferenças na distribuição das
subpopulações CD56
high
, CD56
dim
e CD56- de células NK de
pacientes com AD-HIES.
3. O percentual de diferentes subpopulações de células NK que
expressam os receptores NKp30, NKp44 e NKp46 está aumentado
em pacientes com HIES quando comparados a voluntários
saudáveis, especialmente o receptor NKp30.
4. A expressão de perforina está aumentada em células NK CD56
high
e
CD56
dim
de pacientes com AD-HIES, quando comparados com
voluntários saudáveis. Um percentual maior dessas mesmas
subpopulações de células NK de pacientes com AD-HIES expressa
CD107a após estímulo com células da linhagem K562.
5. Estes resultados apontam para maior atividade citotóxica de células
NK em pacientes com HIES, quando comparado com voluntários
saudáveis.
6. ANEXOS
Anexos
54
Carta de submissão do projeto ao CEP
Anexos
55
Amostra Grupo
Sexo
Idade
Freq de linf
NK Total
Freq de
CD56bright
cel NK
Freq de
CD56dim
cel NK
Freq de
CD56 neg
cel NK
CD107 sem
estímulo
IFN-g sem
estímulo
TNF-a sem
estímulo
CD107est
com K-562
IFN-g est
com K-562
TNF-a est
com K-562
CD107 est
com HSV2
IFN-g est
com HSV2
1
CN101
CONTROLE
F
31.50
21 1.1 77.7 21.3 55.0 0.3 0.2 49 1.1 1.3 72 0.5
2
CN102
CONTROLE
M
29.90
20.7 5.34 81.4 12.3 33.7 1.8 0.15 52.1 2.44 1.91 34.1 1.82
3
CN103
CONTROLE
F
48.47
13.8 3.7 76.9 19.0 55.5 1.4 0.4 61.3 1.2 2.2 55.2 1.2
4
CN104
CONTROLE
M
40.52
23.5 8.36 75 12.8 33.3 1.70 0.21 62.7 3.23 1.62 34.8 1.4
5
CN105
CONTROLE
M
35.01
26.9 4.26 87.2 7.07 39 1.81 0.27 52.9 2.94 1.09 31.7 1.57
6
CN106
CONTROLE
M
49.03
13 2.4 72.2 25.6 45.0 0.5 0.2 60 0.7 1.0 60.5 0.7
7
CN EC
CONTROLE
13 1.3 57.3 41.7 56.5 1.0 0.3 58 0.4 1.0 63 0.6
8
CN 202
CONTROLE
F
21.15
16.6 2.97 75.1 21.7 43.5 0.33 1.03 56.6 1.56 3.43 60.7 0.39
9
CN 204
CONTROLE
F
31.92
22 3.7 76.9 19.1 51.4 0.9 0.51 74 0.39 1.3 54.5 0.44
10
CN 203 CONTROLE
F
24.25
25.2 2.64 89.4 7.9 53.8 0.45 0.29 44.7 1.15 1.5 56.1 0.5
11
CN 421
CONTROLE
M21
37.5 0.990 79.9 18.5 49.1 0.42 0.25 67.7 0.29 0.79 53 0.31
Amostra Grupo
Sexo
Idade
Freq de linf
NK Total
Freq de
CD56bright
cel NK
Freq de
CD56dim
cel NK
Freq de
CD56 neg
cel NK
CD107 sem
estímulo
IFN-g sem
estímulo
TNF-a sem
estímulo
CD107est
com K-562
IFN-g est
com K-562
TNF-a est
com K-562
CD107 est
com SEB
IFN-g est
com SEB
12
Caso 1 Hiper IgE
M27
10.3 2.66 84.1 12.8 41.5 0.18 0.33 62.7 0.31 0.92 41.2 0.28
13
Caso 2 Hiper IgE
M19
9.46 1.47 76.6 21.5 41.1 0.18 0.370 77.9 0.35 1.23 46.7 0.28
14
Caso 3 Hiper IgE
M6
4.9 3.0785.710.963.50.530.5882.70.932.0864.50.65
PLANILHA COM OS DADOS DE CÉLULAS NK NA SÍNDROME HIPER IgE
Anexos
56
Amostra
TNF-a est
com HSV2
CD107 est
com HIV
IFN-g est
com HIV
TNF-a est
com HIV
Total NK
DX9+
Total NK
NKG2D+
Total NK
Z27+
CD56bright
DX9+
CD56bright
NKG2D+
CD56bright
Z27+
CD56dim
DX9+
CD56dim
NKG2D+
CD56dim
Z27+
CD56neg
DX9+
CD56neg
NKG2D+
1
CN101 0.1 56 0.8 0.3 8.9 4.9 11.3 3.0 20.2 4.0 11.9 5.6 14.5 1.6 2.0
2
CN102 0.2 35.7 4.47 0.41 6.04 3.71 6.84 3.77 17.1 4.05 6.88 3.33 7.89 1.76 0.55
3
CN103 0.4 58.8 2.5 0.4 9.1 2.9 12.6 8.9 15.0 14.1 10.9 3.1 15.4 3.4 1.7
4
CN104 0.24 36.7 4.67 0.62 2.7 2.8 3.08 2.77 8.25 3.21 2.64 2.51 3.44 3.65 1.01
5
CN105 0.3336.33.930.4715.13.4415.910.117.211.115.92.9517.110.61.71
6
CN106 0.2 55 0.2 0.2 0.6 4.2 2.0 1.3 5.0 3.8 0.6 4.4 4.6 1.6 3.5
7
CN EC 0.3 65 1.7 0.3 3.3 1.7 6.0 5.9 0.0 5.9 6.4 2.2 10.1 0.7 1.0
8
CN 202 3.11 37.7 1.65 1.01 4.57 37.8 2.24 0.12 92.3 9.02 4.53 41.9 2.16 4.57 37.8
9
CN 204 0.44 58.6 1.16 0.63 8.05 19.9 11 1.83 93 4.18 9.42 19.7 13.5 8.05 19.9
10
CN 203
0.45 55.1 0.990 1.07 8.64 15.2 10.7 1.24 86.1 2.39 9.37 14.5 11.6 8.64 15.2
11
CN 421 0.18 54.3 1.72 0.65 1.37 21.5 3.55 3.52 23.4 14.1 1.57 23.9 4.24 0.38 11.5
Amostra
TNF-a est
com SEB
CD107 est
com IL-12
IFN-g est
com IL-12
TNF-a est
com IL-12
Total NK
DX9+
Total NK
NKG2D+
Total NK
Z27+
CD56bright
DX9+
CD56bright
NKG2D+
CD56bright
Z27+
CD56dim
DX9+
CD56dim
NKG2D+
CD56dim
Z27+
CD56neg
DX9+
CD56neg
NKG2D+
12
Caso 1 0.47 39.2 0.17 0.45 3.57 16 17.1 0.77 53.9 36.6 3.33 16.4 18.5 5.45 5.83
13
Caso 2 0.9 43.2 0.093 0.8 1.41 9.79 2.72 4.35 47.8 28.8 1.47 11.2 2.93 0.85 1.93
14
Caso 3 0.75 54.6 0.42 1.06 9.12 29.2 9.51 0.8 65.6 23.2 9.3 29.3 9.9 9.89 18.7
PLANILHA COM OS DADOS DE CÉLULAS NK NA SÍNDROME HIPER IgE
Anexos
57
Amostra
CD56neg
Z27+
Total NK
CD94+
Total NK
NKG2A+
Total NK
NKG2C+
CD56bright
CD94+
CD56bright
NKG2A+
CD56bright
NKG2C+
CD56dim
CD94+
CD56dim
NKG2A+
CD56dim
NKG2C+
CD56neg
CD94+
CD56neg
NKG2A+
CD56neg
NKG2C+
Total NK
CD57+
Total NK
CD161+
1
CN101 6.9 34 10.7 12.5 88 38.3 71.6 44.8 8.2 17.9 4.5 2.2 0.5 26 36.5
2
CN102 1.4854.34.9154.489.148.727.164.53.6266.83.451.354.5253.89.71
3
CN103 5.5 22.0 13.5 5.2 69.7 50.3 29.5 27.8 14.5 6.9 1.6 3.4 0.4 27.6 32.2
4
CN104 1.66 15.5 6.89 7.4 58.4 30.7 3.52 15 6.38 5.66 6.68 2.28 14.8 22.3 37.6
5
CN105 6.3 55.3 16.9 31.3 80.5 54.2 11.8 57.8 16.9 33.1 26.6 4.06 18.5 51.1 25.8
6
CN106 6.6 16 9.5 9.1 70 25.4 52.4 22.7 6.6 14.0 1.9 3.7 21.1 33 30.6
7
CN EC 4.9 10 2.9 7.5 71 24.2 56.6 16.6 2.1 13.5 1.8 0.9 3.8 9 8.6
8
CN 202 2.2428.312.47.0584.260.2 23 33.211.66.730.7412.75.1731.537.6
9
CN 204 11 20.3 10.4 16.2 88.5 83.9 8.05 24.9 9.87 15.1 1.01 7.3 19.8 34.9 46
10
CN 203
10.7 26.2 7.57 30 88.3 82.8 16.7 27.5 6.88 32.1 1.13 2.39 13.6 32.8 40.1
11
CN 421 0.083 28.2 13.7 6.78 66.1 43.8 38.2 30.2 14.3 6.67 4.41 1.44 0.38 29.9 32.9
Amostra
CD56neg
Z27+
Total NK
CD94+
Total NK
NKG2A+
Total NK
NKG2C+
CD56bright
CD94+
CD56bright
NKG2A+
CD56bright
NKG2C+
CD56dim
CD94+
CD56dim
NKG2A+
CD56dim
NKG2C+
CD56neg
CD94+
CD56neg
NKG2A+
CD56neg
NKG2C+
Total NK
CD57+
Total NK
CD161+
12
Caso 1 4.01 22.2 6.81 2.93 72.3 52.8 22.1 24.2 6.9 2.68 7.4 1.77 2.18 37.3 41.9
13
Caso 2 0.11 10.7 3.66 9.29 66.7 30 25 13.5 4.52 11.6 0.88 0.24 2.41 5.15 6.86
14
Caso 3 2.4732.318.67.3691.967.632.433.218.87.2515.18.033.4121.235.6
PLANILHA COM OS DADOS DE CÉLULAS NK NA SÍNDROME HIPER IgE
Anexos
58
Amostra
Total NK
NKp44+
CD56bright
CD57+
CD56bright
CD161+
CD56bright
NKp44+
CD56dim
CD57+
CD56dim
CD161+
CD56dim
NKp44+
CD56neg
CD57+
CD56neg
CD161+
CD56neg
NKp44+
Total NK
NKp30+
Total NK
NKp46+
NK total
Perforina+
CD56bright
NKp30+
CD56bright
NKp46+
1
CN101 0.9 3 55.6 14.3 35.4 46.9 0.8 1.3 8.2 0.9 14.5 17.5 29.0 23.1 69.2
2
CN102 0.98 4.73 44.5 13.6 65.4 9.35 0.58 2.54 5.41 0.7 4.15 5.5 33 7.89 68.1
3
CN103 2.3 20.0 56.3 7.3 37.4 41.3 2.5 2.1 6.0 1.1 10.3 8.3 38.0 17.5 57.9
4
CN104 1.12 5.06 54.9 8.13 26.2 40.9 0.52 9.14 17.2 2.16 12.7 12.6 31.5 16.7 71.9
5
CN105 1.33 9.28 53.2 26.7 54.9 26.4 0.8 16 13.1 2 12.4 16.8 18.3 22.8 70.2
6
CN106 1.5 27 47.8 6.0 47.1 41.2 1.1 1.4 5.3 2.2 12.7 12.6 18.3 3.8 39.6
7
CN EC 1.2 2 56.7 13.3 16.7 15.4 1.1 1.9 1.6 1.2 7.9 8.1 37.3 10.7 57.1
8
CN 202 3.8 31.4 79 17.7 40.4 41 4.03 2.86 23.7 1.19 17.1 13.8 58.4 39.7 93.8
9
CN 204 1.37 0.44 77.7 9.37 44.6 53.1 1.15 3.62 16.4 0.370 8.49 17.6 61.6 16.1 96.8
10
CN 203
0.75 1.17 65.6 1.04 36.5 42.3 0.74 3.69 15.1 0.48 9.84 13.2 63.8 13.9 95
11
CN 421 2.55 18.1 44.8 25.7 33.8 36.6 2.36 3.29 3.98 0 23.7 11.8 63.4 57.7 63.8
Amostra
Total NK
NKp44+
CD56bright
CD57+
CD56bright
CD161+
CD56bright
NKp44+
CD56dim
CD57+
CD56dim
CD161+
CD56dim
NKp44+
CD56neg
CD57+
CD56neg
CD161+
CD56neg
NKp44+
Total NK
NKp30+
Total NK
NKp46+
NK total
Perforina+
CD56bright
NKp30+
CD56bright
NKp46+
12
Caso 1 3.18 3.75 58.2 49.1 44.6 48.9 2.54 9.14 8.9 0.30 27.6 20.2 53.3 72.2 70.8
13
Caso 2 1.77 4.1 38.5 39.5 5.64 7.72 1.64 3.11 1.36 0.090 13.4 9.3 27.6 46.6 40.6
14
Caso 3 4.9 3.7 35.6 50.4 23.7 38.9 3.82 10.6 17.4 0.97 32.8 32.6 57.3 60.7 87.9
PLANILHA COM OS DADOS DE CÉLULAS NK NA SÍNDROME HIPER IgE
Anexos
59
Amostra
CD56bright
Perforina+
CD56dim
NKp30+
CD56dim
NKp46+
CD56dim
Perforina+
CD56neg
NKp30+
CD56neg
NKp46+
CD56neg
Perforina+
1
CN101 0.0 15.3 18.8 29.1 11.0 11.3 30.0
2
CN102 1.24 3.47 3.5 33.9 9.84 3.8 36.2
3
CN103 7.9 12.6 9.2 40.5 3.7 1.9 32.7
4
CN104 5.26 12.9 11 30.6 10.9 6.63 42.1
5
CN105 2.61 12.3 16.4 18.9 10.8 8.81 15.7
6
CN106 5.7 16.5 13.2 17.6 3.3 9.9 20.8
7
CN EC 0.0 13.1 11.8 34.8 2.3 3.3 40.7
8
CN 202 62.1 22.1 15.6 69.9 3.55 3.85 31.3
9
CN 204 61.8 10.7 19.5 75 3.74 8.91 36.4
10
CN 203
48.6 11 13.1 70.3 4.63 5.89 38.2
11
CN 421 12.7 25.3 11.4 68.7 3.82 2.34 35.5
Amostra
CD56bright
Perforina+
CD56dim
NKp30+
CD56dim
NKp46+
CD56dim
Perforina+
CD56neg
NKp30+
CD56neg
NKp46+
CD56neg
Perforina+
12 Caso 1 18.5 33.6 23.8 66.3 4.34 3.83 15.8
13
Caso 2 52.6 20.5 13.9 41.5 0.97 0.57 5.25
14
Caso 3 77.6 38 36.2 66 9.76 11.1 22.9
PLANILHA COM OS DADOS DE CÉLULAS NK NA SÍNDROME HIPER IgE
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas
61
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