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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE VÍDEO-
TORACOSCOPIA E TORACOTOMIA PARA FENESTRAÇÃO
DE DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES
Tiago Ladeiro de Almeida
Orientador: Profa. Dra. Cintia Lúcia Maniscalco
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de
Jaboticabal, como parte das exigências para
obtenção do título de Doutor em Cirurgia
Veterinária
JABOTICABAL – São Paulo - Brasil
Julho de 2007
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i
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
TIAGO LADEIRO DE ALMEIDA – nascido em São Paulo, em 17 de janeiro de
1976, de nacionalidade brasileira, recebeu o grau de Médico Veterinário em 1999 na
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP).
Ingressou no mestrado na Área de Cirurgia Veterinária em agosto de 2000 na
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista,
Campus de Jaboticabal (FCAV / UNESP / JABOTICABAL), sob orientação do Prof. Dr.
João Guilherme Padilha Filho, recebendo o título de Mestre em 2002. Em 2003, sob
orientação da Profa. Dra. Cintia Lúcia Maniscalco, ingressou no doutorado na mesma
área e instituição. Em 2006 foi contratado pela Universidade Norte do Paraná
(UNOPAR), Campus de Arapongas, como docente das disciplinas de Técnica Cirúrgica,
Clínica Cirúrgica e Obstetrícia, e como responsável pelo atendimento no setor de
cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário desta instituição.
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ii
“E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las. Decidi ver cada problema como
uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de um oásis e cada noite como um mistério a
resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que
enfrentá-las era a única e melhor forma de superá-las.
Naquele dia, percebi que eu não era o melhor e que talvez nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde. Agora me importa simplesmente saber melhor o
que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir; e que o melhor triunfo é
poder chamar alguém de amigo. Descobri que o amor é mais do que um simples estado de
enamoramento, o amor é uma filosofia de vida.
Naquele dia deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma
tênue luz no presente. Aprendi que de nada vale ser luz e não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para se tornarem realidade. E desde aquele dia já
não durmo para descansar... agora simplesmente durmo para sonhar”
(Walter Elias Disney)
iii
Dedico
Aos meus pais, Eduardo e Helenice, minhas avós Elvira e Maria, por todo amor, amizade e
confiança depositada, carinho, respeito e principalmente pelo exemplo de que o esforço e a
dedicação sempre valem a pena.
iv
Agradeço
A Deus em primeiro lugar, pelo benefício da vida.
À minha professora, orientadora e amiga, Cintia Lúcia Maniscalco, pela oportunidade oferecida, por
confiar e acreditar em mim e por esta maravilhosa experiência proporcionada.
À FAPESP, pelo financiamento do material videoscópico em projetos anteriores, possibilitando a
realização deste.
À instituição
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Campus
de Jaboticabal, por ter tão gentilmente me acolhido durante todos esses anos e viabilizado este trabalho.
Aos cães, sem os quais este experimento não teria sido realizado, e que tantas alegrias me trouxeram
com seu maravilhoso comportamento.
Ao colega Juan Carlo Duque, responsável pela anestesia da maioria dos animais.
À, Vanessa, Gustavo, Éverton, Daniel, André e tantos outros que contribuíram para realização desta
Tese.
A todos os meus familiares, pela ajuda incondicional na realização deste sonho.
Aos funcionários e residentes do Hospital Veterinário, pela convivência harmoniosa e pela colaboração
valiosa.
Ao professor João Guilherme Padilha Filho, por ter tão prontamente me aberto as portas desta
Faculdade..
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
À Aline, que me mostrou o quanto a vida pode ser maravilhosa. Muito obrigado.
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS................................................................................................ vi
RESUMO................................................................................................................. xiii
“SUMMARY”............................................................................................................ ix
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 2
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 23
3.1. Instalações................................................................................................ 23
3.2. Animais...................................................................................................... 23
3.3. Contemplação dos aspectos éticos........................................................... 24
3.4. Grupos Experimentais...............................................................................
3.5. Procedimentos experimentais...................................................................
3.6. Instrumental especial.................................................................................
3.7. Anestesia e Procedimentos Pré-Cirúrgicos...............................................
3.8. Procedimentos Cirúrgicos.........................................................................
3.9. Procedimentos Pós-Cirúrgicos..................................................................
3.10. Avaliações pós-cirúrgicas de V
1
e V
2.......................................................................................
3.11. Avaliações pós-cirúrgicas de C
1
e C
2
e comparação com C
3
...................
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA.....................................................................................
24
25
25
30
31
35
36
37
37
5. RESULTADOS.................................................................................................... 38
6.DISCUSSÃO........................................................................................................
7.CONCLUSÕES....................................................................................................
8.REFERÊNCIAS.........................................................................................
46
55
56
9.APÊNDICES......................................................................................................... a
vi
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1:Fotografia de equipamentos de visibilização videoscópica. A) Otoendoscópio
Hopkins II; B) micro-câmera Telecam SL/IPM; C) módulo de processamento
digital de imagens Telecam SL/NTSC; D) Monitor Sony Trinitron. Jaboticabal
(SP), 2007.........................................................................................................
26
Figura 2: Fotografia dos equipamentos de visualização videoscópica. A)
fonte de luz
fria, com lâmpada halógena 250TWIN
; B) cabo de iluminação com fibra
óptica de 4,8mm de diâmetro e 250cm de comprimento
; C) monitor Philips e
microcomputador para registro de imagens; D) Equipamento distribuído em
armário metálico. Jaboticabal (SP), 2007..........................................................
28
Figura 3: Fotografia dos instrumentais especiais empregados na fenestração de disco
intervertebral. A) Material utilizado para acesso à cavidade torácica: a)
trocarte de 11mm, Dilated Tip Endopath; b) Cânula Endopath de 11mm; c)
detalhe do trocarte com lâmina exposta; B) Instrumental modificado de
fenestração: a) afastador de Hohmman; b) cureta Freer; c) cabo de bisturi
número 11; d) Cureta McCall número 17; e) cureta Gracey número 13; C)
pinças endoscópicas Kontrollschein, de 2,7mm: a) ponta de corte; b) ponta
de preensão ou “jacaré”. Jaboticabal (SP), 2007..............................................
29
Figura 4: Fotografia sobre posicionamento do animal na mesa após tricotomia.
Jaboticabal (SP), 2007......................................................................................
29
Figura 5: Ilustração sobre acessos para procedimento de fenestração. A)
Toracotomia: Incisão de cútis e musculatura realizada no décimo espaço
intercostal (1); B). VATS: Incisões de cútis e musculatura realizadas no terço
médio de nono espaço intercostal (1) e na região de articulação costocondral
de sétimo (2) e nono (3) espaços intercostais. Jaboticabal (SP), 2007............
32
Figura 6A: Seqüência de imagens endoscópicas do procedimento de fenestração por
VATS. A) e B) Visibilização da cavidade torácica, com identificação de
estruturas: 1) aorta descendente; 2) corpo vertebral; 3) mediastino caudal; 4)
artéria intercostal; 5) tronco simpático; C) Posicionamento de afastador de
Hohmman (1) sob corpo vertebral (2); D), E) e F) Divulsão de tecido sobre
vértebra para exposição do espaço intervertebral e acesso discal, com uso
de cureta de Freer (1). Jaboticabal (SP),
2007..................................................
33
Figura 6B: Seqüência de imagens endoscópicas do procedimento de fenestração por
VATS (continuação de Figura 6). G) Afastador de Hohmman (1) posicionado
sob espaço intervertebral exposto (2) e aproximação de cânula (3); H) Bisturi
lâmina 11 (1) inserido na cânula (2), sobre afastador Hohmman (3),
fenestrando disco (4); I) Elevação do bisturi (1) até limite dorsal do disco; J)
Remoção de material discal com cureta McCall (a); K) Remoção de material
com cureta Gracey (a); L) Disco remanescente (1) removido com pinça
“jacaré” (2). Jaboticabal (SP), 2007...................................................................
34
vii
Figura 7: Fotografias da sutura da ferida cirúrgica. A) Toratocomia; B) VATS.
Jaboticabal (SP), 2007......................................................................................
35
Figura 8: Gráfico de média dos valores de: A) freqüência respiratória (FR, em
movimentos respiratórios por minuto); B) freqüência cardíaca (FC, em
batimentos cardíacos por minuto); C) temperatura (T
o
C, em graus Celsius)
nos grupos V
1
e V
2
no período de três meses de avaliação. Faixa de
parâmetros normais (PN) destacada em azul. Jaboticabal (SP),
2007..................................................................................................................
39
Figura 9. Gráfico de comportamento dos grupos V
1
e V
2
durante período de três
meses de observação, classificado em normal (N), prostração (P) e
prostração moderada (PM). Jaboticabal (SP),
2007..................................................................................................................
40
Figura 10:Imagem radiográfica digitalizada de coluna tóraco-lombar de animal do
grupo V
1
: A) Discos intervertebrais entre T
11
-T
12
(1) e T
12
-T
13
(2) em pré-
operatório; B) Discreta diminuição observada após três meses de pós-
operatório em 1 e 2. Jaboticabal (SP),
2007...................................................................................................................
42
Figura 9: Imagem radiográfica digitalizada de coluna tóraco-lombar de animal do
grupo V
2
: A) Discos intervertebrais entre T
11
-T
12
(1) e T
12
-T
13
(2) no pré-
operatório; B) Discreta diminuição observada após três meses de pós-
operatório em 1 e 2. Jaboticabal (SP),
2007...................................................................................................................
43
Figura 12:Fotografia de região fenestrada de animal controle demonstrando estruturas
em sintopia com os discos intervertebrais: 1) T
11
; 2) T
12
; 3) T
13
; 4) tronco
simpático preservado; 5) tecidos moles periféricos à região acessada
divulsionados. Jaboticabal (SP), 2007..............................................................
44
Figura 13:Fotografias da face articular cranial vertebral e sobreposição de máscara
gráfica de 48 quadrantes, comparando VATS e toracotomia, em relação à
presença de material discal remanescente (quadrantes com círculo
amarelo). A) T
12
– toracotomia: 22/48; B) T
13
– toracotomia: 13/48; C) T
12
VATS: 12/48; D) T
13
– VATS: 18/48. Jaboticabal (SP), 2007............................
45
viii
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE VÍDEO-TORACOSCOPIA E
TORACOTOMIA PARA FENESTRAÇÃO DE DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES
RESUMO - A estabilidade da coluna depende de estruturas ósseas e tecidos moles, e
traumatismos ou degenerações destes levam a diversas enfermidades medulares. Os discos
intervertebrais, por exemplo, quando degenerados podem causar protrusão ou extrusão de
seu material para o canal medular, com subseqüente compressão da medula, principalmente
na região tóraco-lombar, sendo o tratamento cirúrgico normalmente indicado. Dentre as
técnicas descritas na literatura, a fenestração discal apresenta menor porcentagem de
recidivas, porém, é extremamente traumática pela necessidade de toracotomia para acesso
aos discos. Foi realizado um estudo comparativo entre este procedimento e o vídeo-assistido
(VATS), que é uma cirurgia minimamente invasiva, para fenestração discal entre décima
primeira e décima terceira vértebras torácicas (T
11
-T
13
), em 12 cães (seis por técnica). Após a
cirurgia os animais foram submetidos a exames clínicos, neurológicos e radiográficos. Além
desta comparação, colunas de 13 cadáveres (cinco operados por acesso padrão, cinco por
VATS e três controle), foram avaliadas para comparação das estruturas envolvidas e material
discal remanescente. Concluiu-se com base nos resultados obtidos que o procedimento de
fenestração de discos intervertebrais por VATS proporciona resultados similares ao
tradicional, em segurança e eficácia, porém apresenta vantagens no estágio de
convalescença do animal.
Palavras-chave: cirurgia, coluna vertebral, cão.
ix
COMPARATIVE STUDY BETWEEN VIDEO-ASSISTED THORACOSCOPY AND
THORACOTOMY FOR INTERVERTEBRAL’S DISCS FENESTRATION IN DOGS
SUMMARY – Spinal stability is dependant of bone and tissue structures, and
traumatisms or degenerations of these can lead to many spinal cord enfermities.
Intervertebral discs, for example, when degenerated, can lead to protrusion or extrusion of
their material to the medular space, with subsequent compression of this, specialy in the
thoraco-lumbar region, being the surgical treatment often indicated. Among the literature
described techniques, the discal fenestration has lower porcentual of recurrence, but is
extremely traumatic by the necessity of a thoracotomy to access the discs. Comparative study
was realized between this procedure and a video-assisted one (VATS), wich is a minimally
invasive surgery, being realized discal fenestration of discs between eleventh and thirteenth
vertebras (T
11
-T
13
), in 12 dogs (six each one). After surgery, these animals were submited to
clinical, neurological and radiographic evaluations. Besides this comparation, spines of 13
dog corpses (five operated by tradicional technique, five by VATS and three controls) were
avaliated to compare involved structures and remanescent disc material. By these data we
can conclude that the disc fenestration by VATS has similar results to the tradicional
procedure, in safety and eficacy, with some advantages in the animal’s convalescence stage.
Key-words: dog, surgery, vertebral spine.
1
1. INTRODUÇÂO
Dentre as causas de disfunções neurológicas debilitantes em pequenos animais,
as discopatias toracolombares apresentam-se como as mais comuns, associadas
principalmente com degeneração condróide do núcleo pulposo dos discos
intervertebrais, resultando em extrusão deste material para o interior do canal medular,
levando à compressão da medula espinhal e muitas vezes aprisionamento de raízes
nervosas. Avanços significativos no estabelecimento de anamnese, determinação dos
sinais clínicos e predisponentes, além de métodos diagnósticos como radiografia e
mielografia vêm sendo obtidos. Entretanto, com relação aos métodos de tratamento,
existe grande controvérsia na literatura quanto à determinação de uma técnica
específica para cada caso. A escolha do procedimento geralmente está relacionada à
experiência clínica do cirurgião, sendo recomendado normalmente descompressão e
remoção de material estranho ao canal medular.
Procedimentos como fenestração de disco intervertebral são amplamente
utilizados, seja de forma preventiva ou curativa, com diversas variações desta técnica
desenvolvidas. Entretanto, trata-se de manobra extremamente invasiva, necessitando
de toracotomia como acesso, o que aumenta os riscos cirúrgicos para o paciente. Com
o advento da videoscopia e, mais atualmente, de técnicas de toracoscopia vídeo-
assistidas (VATS), novos meios de diagnóstico e cirurgias intratorácicas se tornaram
possíveis, com melhor visibilização das estruturas envolvidas. Além de minimamente
invasivos, permitem recuperação pós-operatória muito mais rápida quando em
comparação com as técnicas tradicionais, que necessitam de toracotomia. Em
veterinária, diversos procedimentos por VATS vêm sendo realizados, e cirurgias de
disco intervertebral começando a ser propostas apenas a partir dos últimos anos.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
As afecções espinais são reconhecidas como causas importantes de
incapacitação dos animais. A cirurgia de coluna vertebral é praticada rotineiramente em
cães e gatos há apenas quarenta anos. A laminectomia e fenestração, técnicas para
tratamento de discopatias intervertebrais, foram desenvolvidas na década de 1950,
sendo somente aplicadas em Medicina alguns anos depois (WHEELER & SHARP,
1999).
A estabilidade da coluna depende de componentes ósseos e tecidos moles que
formam seus compartimentos dorsal e ventral. O dorsal é composto do arco vertebral,
faceta e cápsula articular, processo espinhoso dorsal e ligamentos interespinhoso,
supraespinhoso e flavo. O ventral, formado por corpo vertebral, discos intervertebrais e
ligamentos dorsal e ventral longitudinais. Estabilidade adicional é conferida a ambos
pela musculatura paraespinhal. Traumatismos na coluna e nos seus componentes
estruturais podem resultar em fratura, luxação, hérnia discal e disfunção da medula
espinal (BRUECKER & SEIM III, 1995), normalmente na sua porção torácica e lombar.
KRAMER et al. (2001) estudaram 58 cães com fraturas, luxações ou ambas, com idade
média de quatro anos e verificaram que os machos se mostraram mais afetados que as
fêmeas (proporção de 1,4:1). Acidentes automobilísticos somaram 70% dos casos, e os
pacientes em condições clínicas foram submetidos a laminectomia ou fenestração de
disco.
Os discos intervertebrais unem as vértebras, com exceção de primeira e
segunda cervicais (C
1
e C
2
) e das sacrais fusionadas. Estas estruturas fornecem
estabilidade à coluna, apresentam capacidade para absorver choques, tem suprimento
sangüíneo pobre (nutrição por difusão) e se formam por dois elementos: ânulo fibroso
(externo) e núcleo pulposo (interno). O primeiro é composto de lâminas fibrosas
concêntricas, originando uma estrutura complexa e forte. Ele é mais espesso ventral e
lateralmente que dorsalmente, e está firmemente fixado às placas das extremidades
3
vertebrais por fibras que as penetram profundamente. O segundo é uma estrutura
gelatinosa em cães jovens, porém suas características se alteram com a idade
(WHEELER & SHARP, 1999). Na coluna há maior estresse por tensão do que por
compressão (TAKEUCHI et al., 1999). A habilidade do disco de suportar estas forças é
grande, dada a predominância de fraturas ósseas ao invés de rupturas do mesmo
quando a coluna é submetida a trauma severo (BRUECKER & SEIM III, 1995).
Com a idade, pode haver degeneração do disco intervertebral (condróide ou
fibróide), podendo levar a sua herniação. Raças condrodistróficas apresentam a
metamorfose condróide nos primeiros três anos de idade, ocorrendo desidratação discal
e o núcleo pulposo sendo preenchido por cartilagem hialina, o que diminui sua
capacidade de absorção de choque. Nestes cães o enfraquecimento dos discos é
considerável, principalmente na junção tóraco-lombar. Esta situação, que resulta em
herniação do núcleo pulposo no canal vertebral, é denominada Hansen tipo I ou
extrusão de disco. Já a protrusão ou hérnia de Hansen do tipo II acomete animais mais
idosos, não condrodistróficos, sendo decorrente de uma metamorfose fibróide. As
conseqüências são as mesmas, porém o núcleo pulposo é invadido por fibrocartilagem.
Tem início muito mais tardio que a condróide, pois os discos geralmente estão normais
quando o cão é ativo e jovem, e com isso o núcleo pulposo não sofre mineralização tão
freqüentemente (WHEELER & SHARP, 1999; HASEGAWA et al., 2000; DAVIS &
BROWN, 2002).
A discopatia tóraco-lombar afeta predominantemente cães condrodistróficos
adultos, com pico de incidência entre três e seis anos de idade. Acima de 50% de todas
as lesões discais dessa região ocorrem entre a décima segunda vértebra torácica (T
12
)
e a primeira lombar (L
1
), inclusive (WHEELER & SHARP, 1999). As vértebras do
segmento torácico têm corpo pequeno com processos espinhosos bem desenvolvidos,
que se inclinam caudalmente na sua porção mais cranial (até a décima), sendo
perpendicular ao eixo longitudinal da coluna na décima primeira, e nas seguintes
apresentam orientação cranial. Este ponto de mudança é denominado vértebra ou
região anticlinal, sendo extremamente útil como referência cirúrgica. Na região em que
os processos espinhosos são orientados caudalmente, os mesmos tem origem nas
4
facetas articulares vertebrais, apresentando a mesma obliqüidade das vértebras
cervicais no plano dorsal, com o processo caudal da vértebra mais cranial estendendo-
se sobre os craniais daquelas situadas mais caudalmente. No caso das caudais, o
processo articular assume orientação vertical, bem como entre as vértebras lombares,
sendo que a alteração ocorre próxima à anticlinal. Os transversais são curtos e têm
uma fóvea que se articula com a costela (EVANS & CHRISTIANSEN, 1979).
O suprimento arterial para a coluna vertebral é segmentar, com o ramo espinal
penetrando o canal vertebral no forame intervertebral, em estreita associação com o
nervo espinal. A origem dos ramos varia entre as regiões da medula, com a região
torácica apresentando suprimento pelos ramos espinais desde as artérias intercostais.
O plexo venoso vertebral interno drena para veias maiores da porção dorsal do tórax,
principalmente a veia ázigos. Esta drenagem venosa compreende duas vias no
assoalho do canal vertebral (seios venosos), convergindo para a porção média do corpo
vertebral e divergindo sobre o disco intervertebral. Estes vasos apresentam paredes
finas e facilmente lesionáveis, principalmente na região intercostal, onde produzem, em
situações de trauma, sangramento abundante (PARKER, 1973).
Com relação aos ligamentos do segmento torácico da coluna vertebral, há o
supra-espinhoso, que corre ao longo das extremidades dos processos espinhosos; os
longitudinais ventral e dorsal, localizados ao longo da superfície dos corpos vertebrais e
no assoalho do canal vertebral, entre as cabeças das costelas (exceto em T
1
, T
12
e T
13
);
o intercapital, cuja presença contribui para o baixo grau de incidência de extrusão do
disco intervertebral na região de coluna vertebral entre T
2
e T
11
(FORSYTHE &
GHOSHAL, 1984)
Síndromes clínicas observadas em animais com afecções na medula espinal são
normalmente reconhecidas por meio da história clínica e achados ao exame físico.
Porém, esta nem sempre é a situação. Momentos em que se deve suspeitar de lesões
da coluna incluem dores não específicas e claudicação não produzida por enfermidades
ortopédicas, entre outros. O paciente com suspeita de enfermidade medular deve ser
examinado levando em consideração a necessidade de se determinar realmente se a
lesão é de origem espinal, localizar o ponto da afecção, avaliar a gravidade de
5
deficiência neurológica, identificar o processo patológico, determinar a forma mais
apropriada de tratamento e estabelecer prognóstico. O conhecimento da incidência
racial em afecções da medula espinal é útil na avaliação inicial, porém, é errôneo utilizar
tal informação como base única para o diagnóstico. De forma semelhante, a idade deve
também ser considerada, porém, novamente, esta informação deve ser usada com
cuidado (WHEELER & SHARP, 1999).
Após anamnese e exame físico completo, o diagnóstico provisório pode ser
elaborado, principalmente com histórico ou evidência de traumatismo, se a condição é
progressiva, estática ou episódica; sinais de dor, estado de imunização e função
urinária. O exame físico geral deve ser realizado em todos os pacientes. Se tiver
ocorrido traumatismo ou se foi praticada anestesia, o envolvimento de outros sistemas
deve ser pesquisado. Também, quando a afecção medular pode estar relacionada à
outras enfermidades do paciente. Não é de todo raro que problemas ortopédicos
simulem condições espinais. Pode-se citar distúrbios ortopédicos bilaterais, como
osteocondrite dissecante, ruptura do ligamento cruzado cranial, avulsão da crista tibial,
fraturas, osteoartrite coxofemural e luxação patelar. Dentre os generalizados,
osteodistrofia hipertrófica, poliartrite e panosteíte, e com relação aos musculares,
contratura do músculo infra-espinhoso e miopatia. O exame clínico cuidadoso deve
identificar estes problemas e, particular atenção deve ser dada à dor articular ou a
aumento de volume, para que tais achados não sejam confundidos com distúrbios
neurológicos. Dor espinal ou deformidade devem também ser pesquisadas em cães,
mas principalmente em gatos que se tornaram agudamente paralisados. Após
realização deste exame físico, deve-se proceder exame neurológico completo do animal
(McCUNN, 1948).
Com o objetivo de determinar a localização e severidade da lesão, assim como a
urgência da intervenção, o exame neurológico deve ser realizado da forma mais
completa possível, de preferência com auxílio de um roteiro impresso em mãos.
Primeiramente, o animal deve ser examinado em posição quadrupedal, para avaliação
da sua atitude, postura e modo de andar. Deve-se observar como o paciente se porta
na sala de exame, deixando-o movimentar-se para melhor avaliar sua capacidade,
6
salvo em casos de lesão espinal aguda, quando sua movimentação deve ser limitada.
Notar o grau da função motora, comportamento em geral, marcha e suas possíveis
assimetrias. É útil escutar os cães quando eles andam em superfícies duras, pois se
deficiências proprioceptivas conscientes estão presentes, o examinador pode ouvir o
atrito das unhas no solo. O padrão locomotor deve ser então determinado, estimulando
o animal a se movimentar, se possível. Pacientes que parecem paraplégicos em
repouso podem exibir algum movimento voluntário se sustentados por alguma faixa ou
atadura. Debilidade unilateral e deficiências sensitivas podem ser reveladas pelos
testes de saltitar, hemisustentação e hemimarcha. A mensuração da força muscular, se
o paciente for capaz de se manter em posição quadrupedal, deve ser realizada com
pressão para baixo na região escapular e coxofemoral. Após estes testes, a atividade
locomotora pode então ser classificada como tetraplégica, paraplégica, hemiparética ou
normal. Em seguida, determina-se a propriocepção consciente do animal, seja pelo
teste do posicionamento ou reflexo do membro (WHEELER & SHARP, 1999). Além
destes dois testes, temos ainda o do carrinho de mão, com os membros pélvicos são
erguidos do solo e o animal é levado a caminhar para frente, podendo revelar paresia
do membro torácico ou lesões assimétricas; o do extensor postural, realizado com o
animal sustentado, erguido e baixado sobre uma superfície e observado se há
tentativas de realização de movimentos de impulso com os membros posteriores, e por
fim o de localização, avaliando-se a capacidade de localização visual do animal
(McCUNN, 1948).
Reflexo de panículo e palpação da coluna vertebral devem então ser realizados.
Primeiramente, realiza-se pinçamento da pele ao longo da superfície dorsal do tronco
com pinça delicada e observando resposta de contração do músculo cutâneo do tronco
em ambos os lados. Há cruzamento das vias na medula, conduzindo à resposta
bilateral mesmo quando há estímulo unilateral, sendo que normalmente em casos de
lesão observa-se reflexo positivo apenas caudalmente ao foco enfermo. A palpação da
coluna determina a presença de hiperestesia espinal, assim como uma concomitante
avaliação da resposta do paciente. O grau de pressão a ser aplicado para determinação
de presença de dor varia entre os pacientes, sendo necessária cautela em casos de
7
lesões cervicais, para não haver agravamento. Por fim, mesmo que achados dos nervos
cranianos anormais possam não ser os esperados nos distúrbios espinais, é importante
incluir a avaliação destas funções no exame neurológico, dado que alguns animais com
afecções neurológicas multifocais apresentam sinais predominantemente de disfunção
espinal (FOX, 1963).
O paciente é colocado em decúbito lateral, e cada membro é então
individualmente examinado com o objetivo de definir se existe anormalidade de
neurônimo motor inferior (NMI) ou neurônio motor superior (NMS). Os efeitos das
lesões no NMS e NMI podem ser considerados em termos de função motora (paresia
ou paralisia), atrofia muscular (neurogênica), tono muscular e reflexos locais (reduzidos
em NMI e normais ou aumentados em NMS). Avalia-se então se há presença de atrofia
muscular pela inspeção e palpação de massas musculares. O tono muscular é testado
pela flexão e extensão delicadas das articulações. Normalmente, há alguma resistência
para tal manipulação. Uma incorreta impressão pode ser obtida em animais excitáveis
ou irritáveis, ou se o animal está hiperestésico por afecção ortopédica. Em alguns cães
paraplégicos, podemos observar um aumento nesta resposta e hiperextensão dos
membros torácicos, sendo este sinal denominado Schiff-Sherrington. Lesões da medula
espinal torácica podem interferir com os neurônios inibitórios que possuem seus corpos
celulares nos segmentos lombares e com os axônios que avançam cranialmente em
direção aos músculos dos membros torácicos. Este sinal está presente somente em
lesões graves (OBRIEN, 1994).
Há um importante número de reflexos locais, disponíveis para exame, porém, é
usual se concentrar em dois deles. Primeiramente, no patelar, que consiste em avaliar
diretamente o ligamento patelar com instrumento adequado (martelo pleximétrico),
conduzindo o reflexo de “chute”. Resultados exacerbados nas enfermidades de NMS
traduzem-se ou por grande anormalidade ou estado clônico, com o membro mantendo-
se oscilante por curto período após reflexo inicial, com estas respostas normalmente
observadas em lesões craniais aos segmentos L
4
-L
6
da medula espinal (WHEELER &
SHARP, 1999). Uma exceção é o aumento no reflexo patelar com lesões em NMI
envolvendo nervo ciático ou sua origem. Os músculos inervados pelo nervo ciático
8
normalmente anulam o “chute” do reflexo patelar. Uma interferência com a função do
nervo ciático pode reduzir esse efeito e conduzir ao aumento na resposta, levando a
“pseudo-hiperreflexia”. Em alguns pacientes tensos, o patelar não pode ser estimulado
na porção superior do membro, mas pode estar presente na inferior. Ele é ainda
importante para testar ambos os membros pélvicos pela comparação contralateral. Com
o interesse de quantificar mais precisamente este, pode-se realizar mensuração
eletromiográfica do músculo vasto lateral no momento de resposta (denominada “onda-
t”) do tendão patelar à percussão (KAWASAKI et al., 2004).
Em seres humanos, fatores como composição das fibras do músculo quadríceps,
extensão do fêmur e idade do paciente são considerados variáveis capazes de
influenciar a resposta encontrada no reflexo patelar. Em cães, esta é dependente da
idade, sendo que animais mais idosos apresentam declínio na sua magnitude ou um
prolongamento do tempo desta (LEVINE et al., 2002).
O segundo reflexo amplamente utilizado é o flexor, com estímulo realizado pelo
pinçamento da unha ou espaço interdigital, resultando em retirada do membro de sua
posição inicial. É importante persistir no estímulo até que todas as articulações do
membro sejam fletidas claramente. Importante também notar se o comportamento do
animal responde ao estímulo, sendo esta a percepção de dor profunda, com tremenda
significância na avaliação da gravidade das lesões. Enquanto o reflexo do tendão flexor
é produzido, o membro contralateral deve ser observado para o reflexo de extensão
(reflexo extensor cruzado), presença esta indicativa de severidade da lesão. A ausência
de sensação de dor indica grave lesão da medula espinal (WHEELER & SHARP, 1999).
Com base no exame neurológico geralmente é possível identificar a localização
da lesão na medula espinal. A porção cervical (C
1
-C
5
) e tóraco-lombar (T
3
-L
3
) da
medula espinal são compostas por NMS, enquanto que as regiões C
6
-T
2
(intumescência cervical) e L
4
-S
3
(intumescência lombar) fornecem inervações aos
nervos torácicos e pélvicos, respectivamente. Sendo assim, lesões nessas áreas de
intumescência levam quadros de deficiência de NMI nos membros. Quando este
encontra-se em todos os membros, geralmente é indicativo de afecção nervosa difusa
ou neuromuscular. O envolvimento cerebral é provável, se houver evidência de
9
disfunção de nervos cranianos ou outro sinal de afecção intracraniana (WHEELER &
SHARP, 1999).
Após determinação da localização da lesão, é de fundamental importância
determinar a gravidade da mesma, o que representa a maior parte dos procedimentos
diagnósticos. Se um prognóstico pobre é sugerido, por exemplo, investigações
posteriores sobre a etiologia podem ser julgadas desnecessárias. Em geral, pacientes
com afecções espinais que mostram deficiências de NMI têm expectativa mais
desfavorável para o retorno da função do que em NMS. O prognóstico piora com o
aumento da deficiência neurológica, visto que, em geral, este reflete um aumento no
grau de lesão na medula espinal. O prognóstico para pacientes sem sensação de dor
profunda é freqüentemente pobre, especialmente se está ausente por mais de 48 horas.
Animais que perderam a sensação dolorosa profunda depois de traumatismo conduzem
a prognóstico pobre, quaisquer que sejam os sinais clínicos. A presença de reflexo
extensor cruzado e o sinal de Schiff-Sherrington indicam graves lesões, porém, não são
por eles mesmos indicativos prognósticos. Importante observar que diferentes etiologias
levam a variados prognósticos, como exemplo animais com mesmos sintomas, porém
um com extrusão de disco intravertebral e outro, com tumor espinal (FOSTER, 1968).
Os exames neurológicos seriados tem a finalidade de determinar a urgência da
intervenção. Pacientes com alterações severas e postura inaceitavelmente estática
podem exigir cirurgia imediata. Administração pré-operatória de corticosteróides pode
proteger parcialmente estruturas espinais durante a cirurgia (SEIM III, 2002). Animais
com discopatia tóraco-lombar apresentam normalmente hiperestesia e deficiências nos
membros pélvicos, além de disfunção urinária nas lesões mais graves. A dor resultante
desta afecção é geralmente menos severa do que aquela associada à enfermidade
cervical. O cão exibe cifose e relutância em correr ou saltar, podendo o desconforto
passar despercebido pela palpação da região acometida. Respostas dolorosas isoladas
podem ser notadas e interpretadas erroneamente como sendo de origem abdominal.
Entretanto, observa-se desde suaves ataxias a paresia ou paraplegia, acompanhadas
por depressão ou ausência de dor profunda, caudal à lesão do ânulo fibroso e
ligamento longitudinal dorsal e de irritação meníngea ou da raiz do nervo. Estes
10
problemas são causados pela compressão e lesão extradural da medula espinal e a
velocidade em que ocorrem é muito importante. Se rápida, não há compensação
medular e os resultados são mais graves. Em casos mais extremos, podem ser a
combinação do efeito de massa e da lesão de impacto, resultantes da ruptura explosiva
do disco (WHEELER & SHARP, 1999).
Segundo SMITH & WALTER (1985), o diagnóstico inicial de protrusão ou
extrusão tóraco-lombar está baseado na sintomatologia, anamnese bem conduzida e
exame físico, confirmado por meio de avaliação radiográfica (simples ou mielográfica),
tomografia, ressonância magnética ou achados cirúrgicos (TOOMBS & BAUER, 1995).
Entretanto, deve ser diferenciado de discoespondilites, afecções inflamatórias do
sistema nervoso central, traumatismos, neoplasias, distúrbios congênitos e mielopatias
isquêmicas. Métodos auxiliares de diagnóstico incluem determinação de constituintes
bioquímicos séricos, exame físico-químico e citológico do líquor e hemograma
(WHEELER & SHARP, 1999).
TOOMBS & BAUER (1995) relatam que a decisão na escolha do tratamento
varia de acordo com a severidade das lesões, com o estado do animal e com o estágio
da enfermidade no momento de avaliação. Pacientes assintomáticos com evidências
radiográficas de degeneração de discos podem ser submetidos a procedimento
cirúrgico de fenestração como profilaxia. Já os sintomáticos podem ser divididos em
quatro grupos básicos para que protocolos de tratamento diferenciados sejam
empregados. O primeiro grupo compreende animais que apresentam dor na região
dorsal sem alterações neurológicas (tratamento medicamentoso ou fenestração); o
segundo, cães com episódios dolorosos recorrentes e moderada paraparesia
(tratamento medicamentoso e fenestração como procedimento de escolha); o terceiro,
aqueles com paraparesia severa (fenestração ou descompressão em massa) e o quarto
grupo, de paraplégicos, ainda pode ser dividido em dois subgrupos, levando em
consideração a presença ou não de dor profunda. Estes são normalmente submetidos a
cirurgias descompressivas em massa ou fenestração intervertebral. Protocolos
experimentais são muito empregados nestes casos, como por exemplo, implante de
estimulador oscilante de campo elétrico (TOOMBS, 1988).
11
Muitos cães se recuperam de deficiências neurológicas moderadas após
tratamento não-cirúrgico, que inclui repouso restrito em gaiola por pelo menos duas
semanas, com remoção apenas para urinar e defecar. Após esse período, devem ser
submetidos a um aumento gradual de exercícios por oito semanas consecutivas. Se
graves e identificadas até oito horas após a lesão na medula espinal pode haver
benefício com terapia de altas doses de metilprednisolona (WHEELER & SHARP,
1999). SWAIM (1987) relata que, embora seja uma opção útil, esta terapia raramente é
de escolha para cães paraparéticos ou paraplégicos onde não há restrição financeira
por parte dos proprietários, pois opta-se pela cirurgia. Mais de um terço dos tratados de
forma medicamentosa apresentarão recidivas, sendo necessária intervenção cirúrgica,
que poderá ser tardia. TURNER (1987) descreve ainda problemas relacionados com o
uso de corticosteróides sem repouso em gaiolas, enfatizando que este protocolo não se
mostra efetivo. Os corticosteróides aliviam o desconforto, aumentando a atividade do
animal, tornando-os mais susceptíveis a extrusões ou protrusões discais e agravamento
de sua condição.
Os protocolos cirúrgicos incluem hemi-laminectomia, laminectomia dorsal e
fenestração, entre outros. Dentre estes destaca-se a fenestração intervertebral
(KRAMER et al., 2001; DAVIS & BROWN, 2002), que de forma profilática apresenta
normalmente grande sucesso em relação a extrusões de disco futuras, sendo que
supõe-se que os discos adjacentes também se beneficiam deste procedimento. Embora
na maioria das paraparesias ou paraplegias seja indicada descompressão em massa, é
de suma importância seu papel como medida profilática e também curativa na ausência
de alterações neurológicas exacerbadas (COOK, 1992). Um estudo retrospectivo da
recorrência destes sintomas em cães tratados para discopatias tóraco-lombares reporta
taxas de 40% nos casos não-cirúrgicos, 26,5% nas descompressões, 16,6% nas
técnicas descompressivas com fenestração e 14,8% apenas com esta última (LEVINE
& CAYWOOD, 2002).
Fenestração de T
11
a L
4
é realizada rotineiramente (TOOMBS & BAUER,1995)
por três abordagens: ventral, lateral e dorsolateral. Um acesso lateral ou dorsolateral
normalmente é utilizado quando, concomitantemente, há necessidade de procedimento
12
descompressivo (COOK, 1992). Independente do acesso, o ânulo fibroso é incisado
para possibilitar curetagem do núcleo pulposo. Importante salientar que existem
estruturas muito vulneráveis próximas ao disco, incluindo a medula espinal dorsalmente
e a artéria aorta ventralmente, que devem ser levadas em consideração durante o
procedimento (SWAIM, 1987). A eficiência da técnica depende da quantidade de
material removido. Prefere-se incisar uma área retangular (“janela”), com uso de bisturi
lâmina 11, no ânulo fibroso do que simplesmente perfurá-lo com uma agulha
hipodérmica. A criação de uma “janela” anular ampla facilita remoção delicada de
quantidade máxima de material nuclear (SHORES, 1985).
SEIM III (2002) preconiza que para acesso ventral, o paciente deve ser colocado
em decúbito lateral direito e realizar incisão paracostal a dois dedos da última costela.
Acessa-se a cavidade abdominal, identifica-se e retrai-se ventralmente o rim esquerdo.
As vísceras abdominais são posicionadas caudalmente, levanta-se o músculo iliopsoas
e localiza-se o processo transverso curto de L
1
para orientação. A aorta e o tronco
simpático são afastados digitalmente para exposição do ânulo fibroso ventral dos discos
intervertebrais L
1
a L
6
. Usando uma lâmina de bisturi número 11, cria-se uma janela no
ânulo ventral de todos os espaços acometidos. Com uma agulha hipodérmica (calibre
14 a 20), um extrator de tártaro ou uma espátula curva, remove-se tanto núcleo pulposo
quanto possível. Fecha-se então a musculatura abdominal com fio absorvível. A incisão
cutânea é deslocada até o décimo espaço intercostal, onde é realizada incisão
muscular. Afastadores auto-estáticos são colocados para manter a 10
a
e 11
a
costelas
separadas, os pulmões são protegidos cranialmente com uso de tampões umedecidos
e disseca-se a pleura parietal dos discos intervertebrais entre T
9
e T
10
até T
13
e L
1
.
Evita-se a aorta, tronco simpático e vasos intercostais, realiza-se fenestração discal
com posterior sutura rotineira.
A remoção de material discal do espaço intervertebral, seja de forma profilática
ou terapêutica, apresenta na região tóraco-lombar poucas consequências
biomecânicas. É comprovado que ocorre aumento na amplitude de movimento da
coluna em sua capacidade extensora, flexora, lateral e rotação axial, porém a costela
em sintopia com o espaço fenestrado não deve ser removida, para não haver excessos
13
nestas alterações que levem a perda de establidade (TAKEUCHI et al., 1999).
Segundo COOK (1992), a técnica de acesso ventral tradicional apresenta como
grande desvantagem a toracotomia em si, que necessita de respiração assistida e pode
levar a alterações na pressão interna da cavidade torácica e acarretar intensa dor pós-
operatória pela própria incisão, que resulta em desconforto e sofrimento para o animal.
Outra consideração a ser feita é a insatisfação do proprietário com relação ao aspecto
estético da cicatriz deixada pelo procedimento.
A dor é considerada modalidade sensorial, capaz de sinalizar a existência de
estímulos destrutivos nos tecidos corporais e desencadear reflexos visando evitar a
continuidade ou ampliação da lesão. A Associação Internacional para Estudo da Dor
(IASP) a define como “uma experiência sensorial e emocional desagradável em
resposta a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em tais termos” (ACVA,
1998), sendo que em animais resulta normalmente em resposta repulsiva com ações
motoras protetoras levando a mudanças comportamentais e sociais espécie-
específicas. Este fenômeno é extremamente complexo apresentando também grande
variação entre indivíduos, sendo que diversos fatores podem interferir no mesmo, como
estímulo nociceptivo, emoções, estado de excitação e influências sociais (KITCHELL,
1987).
A classificação da dor é realizada em três categorias: considerando-se seu início,
o período de duração (aguda ou crônica), e a relacionada à enfermidade cancerígena. A
aguda é decorrente de um estímulo que leva a enfermidade do organismo,
independentemente do fato deste ser traumático, cirúrgico ou infeccioso, porém
normalmente é de forte intensidade, como nas queimaduras e pinçamentos
(LASCELLES et al., 1998). Secundários à dor ou à resposta de estresse, eventos
fisiológicos podem se manifestar no período de pós-operatório imediato, sendo a dor
aguda uma das principais causas de sofrimento, contribuindo para a ocorrência de
complicações como demora no período de convalescença e até mesmo morte (ACVA,
1988).
Com o intuito de realizar uma quantificação subjetiva, várias escalas de dor
podem ser empregadas na Medicina e na Veterinária, sendo que freqüentemente
14
utiliza-se a escala simples, descritiva ou categórica, com cinco graus de severidade:
sem dor, fraca, moderada, severa e muito severa. Tal escala tem seus graus atribuídos
levando em consideração a análise de um observador quanto às atitudes
comportamentais do animal. Embora muito subjetivo, este método fornece subsídio
para se obter a intensidade deste fenômeno no pós-operatório imediato, possibilitando
interrupção do estímulo doloroso por meio de terapia analgésica adequada (SLINGSBY
et al., 1998).
No processo de fenestração por toracotomia, além de se observar dor aguda em
pós-operatório imediato e grande período de convalescença, PEREZ et al. (2002)
relatam uma certa dificuldade em visibilizar claramente as estruturas de interesse,
independente do tamanho da incisão. O interesse em determinar novas técnicas de
inspeção de cavidades corpóreas resultou, em 1806, na primeira utilização de um
endoscópio rústico, composto por uma vela e um espelho côncavo, e muito foi
desenvolvido neste setor nos anos seguintes, fazendo da endoscopia um recurso de
grande importância no campo médico (SIEMERING, 1978).
A visibilização endoscópica da cavidade pleural é técnica relativamente antiga.
Em 1910, Jacobaeus realizou a primeira toracoscopia, introduzindo um cistoscópio na
cavidade pleural. Diversas operações foram idealizadas por este autor através da
toracoscopia, além da operação conhecida por seu nome, que era destinada a realizar
lise de aderências como parte da colapsoterapia no tratamento da tuberculose.
Jacobaeus realizou, através da toracoscopia, biópsias pleurais, debridamentos e
drenagens de empiemas em mais de 100 casos (KUKLO & LENKE, 2000). Apesar dos
bons resultados obtidos naquela época, é curioso verificar, acompanhando a literatura
que se sucede, que durante mais de 50 anos, pouco se utilizou da toracoscopia,
principalmente na América. Na Europa, encontra-se alguns relatos de seu uso nas
décadas de cinqüenta a setenta. A toracoscopia direta era realizada através de
mediastinoscópios, como o de Carlens, ou mesmo usando-se o broncoscópio rígido de
Chevalier Jackson (VISOCCHI et al., 1998).
No final da década de oitenta, o desenvolvimento tecnológico causou uma
verdadeira revolução na cirurgia. Isto possibilitou a miniaturização de câmeras de TV,
15
fabricação de monitores de alta resolução, ópticas de qualidade excepcional. Tal
evolução propiciou grande avanço da cirurgia torácica, ampliando substancialmente as
perspectivas da toracoscopia (DE RYCKE et al., 2001). As modernas micro-câmeras de
vídeo, conectadas a sistemas ópticos com fonte de luz possibilitaram radical transição
da restrita visão monocular pela toracoscopia direta para uma ampla imagem,
extremamente nítida, ampliada, visibilizada em um ou mais monitores de 15 a 20
polegadas, igualmente acessível a todos os indivíduos da equipe e registrada em fitas
de vídeo (ROSENTHAL & DICKMAN, 1998). O cirurgião passa a realizar os
movimentos operatórios guiado pela imagem que vê no monitor e não olhando
diretamente para o campo operatório, para o paciente.
Em alguns casos, é necessária a intubação pulmonar seletiva, que compreende
intubação de um único brônquio pulmonar, o que gera possíveis complicações como
atelectasia (SUCATO & GIRGIS, 2002; FROLICH & JANELLE, 2003). Nestes casos,
deve-se observar que a tensão de oxigênio cai drasticamente (CANTWELL et al., 2000).
Para evitar intubação seletiva, foi realizado um estudo com intuito de verificar os efeitos
da pressão intratorácica durante a ventilação para toracoscopia nos parâmetros
cardiorrespiratórios. Foi observado que a visibilização intratorácica era satisfatória com
pressão intrapleural de 2mm Hg, e que esta pressão deveria manter-se a menor
possível para evitar alterações nos parâmetros avaliados, tais como depressão
cardiopulmonar (POLIS et al., 2002). Toracoscopia com ventilação bilateral e
pneumotórax controlado pode ser realizada e tolerada em animais clinicamente hígidos
sem maiores complicações (FAUNT et al., 1998).
Tais avanços tecnológicos e o desenvolvimento de instrumental especial
trouxeram dimensão fantástica à cirurgia torácica vídeo-assistida, ou como resumido
em inglês, VATS , de video-assisted thoracic surgery (MUHLBAUER et al., 1998).
WALTON (2001) define o procedimento como sendo uma técnica endoscópica
minimamente invasiva destinada à inspeção visual da cavidade torácica com auxílio de
vídeo-câmera. O uso de ópticas rígidas, pequenas e de fácil manuseio permite
visibilização além da possível por técnicas convencionais. A câmera anexada ao
endoscópio dá ao cirurgião e aos seus assistentes uma imagem aumentada e de boa
16
qualidade, podendo todos realizar a análise intratorácica simultaneamente. O progresso
da endoscopia, particularmente da laparoscopia na cirurgia geral e na ginecológica
permitiu que o cirurgião torácico, dominando as técnicas videoscópicas, utilizasse este
tipo de recurso em procedimentos cada vez mais complexos. A partir da década de
noventa a videoscopia ganha posição definitiva no arsenal da manipulação torácica
(WALTON, 2001). O método inicialmente utilizado para biópsias pleurais e pulmonares
sob visão direta, ressecção de pequenos nódulos pulmonares periféricos, evoluiu
rapidamente de forma a permitir lobectomias e pneumectomias, intervenções em
tumores mediastinais, tratamento da compressão arterial na saída do tórax,
simpatectomias, timectomias, esofagectomias, ligaduras de canal arterial vídeo-
assistidas (McCARTHY, 1999; KHALED, 2000; JAIKUMAR et al., 2002).
Em Veterinária, diversos procedimentos toracoscópicos vídeo-assistidos foram
estudados com alto grau de sucesso. McCARTHY& McDERMAID (1990) apresentam
uma avaliação da cavidade pleural por meio de endoscopia e inspeção da cavidade
torácica e suas estruturas. Um primeiro estudo anatômico das estruturas com
possibilidade de inspeção por VATS foi conduzido em quatro cães adultos de raça
Pastor Alemão, para providenciar uma descrição detalhada e ilustrada da anatomia
endoscópica das estruturas intratorácicas normais da espécie. Os animais foram
anestesiados e posicionados em decúbito, tanto esquerdo quanto direito. A cânula e o
endoscópio foram colocados na cavidade torácica via terço dorsal do oitavo espaço
intercostal. A maioria das estruturas intratorácicas dos hemitórax direito e esquerdo
foram visibilizadas, e imagens registradas para servirem como base de diagnóstico nos
procedimentos vídeo-assistidos.
Com o intuito de tratar tumores pulmonares em cães, lobectomias pulmonares
toracoscópicas mostraram-se extremamente eficazes, principalmente quando o campo
visual não encontrava-se obstruído, por massas ou efusões (LANSDOWNE et al.,
2005). Tratamentos quimioterápicos destes tumores por meio de infusões isoladas em
lobos pulmonares podem também ser realizados com auxílio desta técnica (DEMMY et
al., 2002). Rupturas diafragmáticas também são beneficiadas com VATS, e estudo
comparativo de técnica tradicional com vídeo-assistida mostrou que ambas foram
17
igualmente efetivas, sendo que a dor registrada no pós-operatório na segunda foi
significantemente menor e com recuperação mais rápida (GONZALEZ-ZAMORA et al.,
2005).
Com relação a cirurgias cardiovasculares, podemos citar casos de persistência
de ductos arteriosos, com oclusão destes realizada em experimento com cinco cães,
comparando toracoscopia com VATS. Ambas mostraram-se extremamente eficazes,
seguras e confiáveis (BORENSTEIN et al., 2004).
Pericardectomia parcial toracoscópica foi realizada em 13 cães com
tamponamento cardíaco resultante de efusão pericárdica. De quatro a cinco centímetros
desta membrana (em elipse) foram removidos com sucesso (JACKSON et al., 2000), e
em nove cães por DUPRE et al. (2001), dispensando intubação pulmonar seletiva.
Divisão do ligamento arterioso por VATS também foi realizada (ISAKOW et al., 2000).
Outros procedimentos vídeo-assistidos chamam a atenção por sua complexidade
tecnológica, como cirurgias endoscópicas de válvula mitral com o advento de técnicas
minimamente invasivas auxiliadas por robôs cirúrgicos. LaPIETRA e colaboradores, em
2000, testaram a hipótese de que estes robôs eram capazes de realizar uma
substituição de válvula mitral com VATS. Seis cães foram submetidos ao procedimento,
que resultou em excelente visibilização das estruturas envolvidas, substituição bem
sucedida da válvula mitral e sem erros de suturas ou lesões iatrogênicas. Os
instrumentos robóticos envolvidos incluíram o toracoscópio e porta-agulhas de 5mm.
SANCHES (2004) realizou VATS com otoendoscópio para fenestração pericárdica
convencional e pericardectomia em “T”.
Utilizando cão como modelo experimental avaliou-se a possibilidade de realizar
uma comunicação entre a aorta e a artéria femoral, com utilização de VATS. Após cinco
cães serem submetidos a procedimento anestésico, foi realizado um túnel
retroperitoneal e retrorenal das artérias femorais (expostas de maneira tradicional) até o
diafragma. Sob controle videoscópico, o túnel foi aberto pelas adesões diafragmáticas
na parede torácica, permitindo que um tubo de Dracon passasse da cavidade torácica à
região inguinal esquerda. A aorta torácica foi então identificada e realizada anastomose
entre ela e o implante com auxílio de visibilização toracoscópica, sendo que a artéria
18
femoral foi conectada à extremidade deste (as anastomoses foram realizadas de forma
latero-terminal). Pelo procedimento de VATS foi possível realizar exposição,
dissecação, controle vascular, clampeamento cruzado e anastomose, de forma eficaz,
dispensando assim a toracotomia. A perda de sangue foi mínima, sendo que todos os
animais sobreviveram ao procedimento (HILL et al., 1998).
Foi estimado que aproximadamente 25% das cirurgias cardíacas em Medicina
Veterinária seriam realizadas por meio de acessos minimamente invasivos no ano de
2000. Embora originalmente esforços fossem direcionados para realizar tais
procedimentos totalmente por toracoscopia e circulação extracorpórea, na realidade tal
fato não ocorreu, resultando em aproximações mais realistas baseadas em incisões
pequenas e técnicas vídeo-assistidas com circulação sanguínea normal, com
procedimentos que permitam estabilização segmentada do coração (SHENNIB, 1997).
Ademais, para o tratamento de quilotórax em cães, um protocolo de visibilização,
acesso e ligadura do ducto torácico vídeo-assistida foi realizado com auxílio de
linfangiografia (RADLINSKY et al., 2002).
Os procedimentos podem ser realizados através de três ou quatro pequenas
incisões no tórax e a não utilização dos afastadores intercostais poderia resultar em
pós-operatório pouco doloroso e rápido período de convalescença. É lícito supor que a
não secção do plano muscular, aliada a pouca dor, deve preservar ao máximo a função
respiratória do paciente, muitas vezes já severamente comprometida. Porém, é
importante ressaltar que embora procedimentos de VATS tenham adquirido grande
popularidade nas últimas décadas, a equipe cirúrgica deve ser muito bem treinada e
prestar atenção meticulosa com relação a todos os detalhes do procedimento cirúrgico.
A detecção precoce e tratamento de complicações, tal como pneumotórax, pode
resultar na diferença entre a morte do paciente e um procedimento cirúrgico bem
sucedido (ROUSH et al., 2001).
HOROWITZ et al. (1994) verificaram a viabilidade do procedimento de VATS
para cirurgias de ressecção de discos torácicos, uma vez que até então não havia relato
sobre tal procedimento. Um estudo laboratorial foi conduzido com dois cadáveres
humanos e três suínos vivos, sendo que um total de nove discos torácicos foram
19
acessados. Cinco de sete discos dos cadáveres e dois de três dos animais foram
adequadamente fenestrados, concluindo-se que o VATS era muito útil na realização do
procedimento de fenestração discal, com a vantagem de ser pouco invasivo. Também
foi concluído que muito deveria ser estudado para que este procedimento se tornasse
rotineiro, principalmente com vistas ao desenvolvimento de instrumentos cirúrgicos
específicos. OHTSUKA et al. (2000) relatam o desenvolvimento de um bisturi harmônico
com um gancho de 5mm para dissecação da coluna e realização de ligadura vascular,
além de um dissecador de costelas. Referem a diminuição do tempo cirúrgico com
emprego destes novos materiais e facilitação do procedimento. As grandes vantagens
desta técnica foram diminuição no tempo de hospitalização do paciente, satisfação do
mesmo com o procedimento cirúrgico, menor dor no pós-operatório, menor incidência
de complicações pulmonares e um retorno antecipado às atividades normais quando
em comparação com a técnica de toracotomia.
Apesar de ser um procedimento consideravelmente novo, as aplicações do
VATS para cirurgias de coluna continuam a se expandir rapidamente. As indicações
atuais para tais procedimentos incluem biópsia tissular, drenagem de abscessos
torácicos paravertebrais, fenestrações torácicas, correção de deformidades,
estabilização e fusão de fraturas torácicas e tóraco-lombares (KUKLO & LENKE, 2000).
Procedimentos de VATS para manipulações de vértebras torácicas já são amplamente
empregados, como o protocolo proposto por KIM et al. (2002), com bons resultados.
Cirurgia de coluna minimamente invasiva tem como principal meta resultados clínicos
compatíveis com os obtidos por cirurgias tradicionais, porém com diversos benefícios. O
desenvolvimento da microscopia, tecnologia laser, endoscopia e sistemas guiados por
imagem e vídeo propiciaram bases para estas cirurgias. Em Medicina, a partir do século
vinte, toda a extensão da coluna vertebral foi submetida a diversas variações desta
técnica, como fenestração percutânea e por laser, termoablação intradiscal e técnicas
minimamente invasivas de microdiscectomias. O uso inicial da toracoscopia para
procedimentos nos discos intervertebrais e biópsias expandiu-se e incluiu correção de
deformidades, simpatectomia, vertebrectomia com reconstrução, ressecção de tumores
paraespinais neurogênicos e outros. Técnicas laparoscópicas, como as usadas para
20
apendectomias ou colecistectomias por diversos cirurgiões evoluíram em
procedimentos para discectomia lombar anterior e fusões vertebrais. Sistemas guiados
por imagens tem sido adaptados, por exemplo, para facilitar a colocação de parafusos
em vértebras. O desenvolvimento no campo óptico e de obtenção de imagens, aliado a
utilização de novos agentes biológicos e instrumentais específicos para procedimentos
minimamente invasivos inevitavelmente irão levar a novas aplicações da VATS
(THONGTRANGAN et al., 2004).
Importante salientar que existe uma curva de aprendizado que deve ser levada
em consideração se tratando de procedimentos minimamente invasivos. Com o intuito
de dominar estas novas técnicas, o cirurgião deve desenvolver novas habilidades
psicomotoras necessárias para manusear o equipamento endoscópico. Treinamento
especial em seminários apropriados, laboratórios práticos e experimentações clínicas
devem ser considerados antes que estes procedimentos possam ser utilizados em
rotina hospitalar (VISOCCHI et al., 1998). Este aprendizado é relativamente lento
principalmente quando relativo a procedimentos de coluna vertebral. Em Medicina,
avaliou-se esta curva levando em consideração 65 casos consecutivos de fenestração e
fusão vertebral toracoscópica para tratamento de deformidades pediátricas de coluna
vertebral. O tempo médio dos procedimentos foi de 161 minutos. Ocorreu uma pequena
queda no tempo operatório no decorrer do estudo, levando a concluir que a curva de
aprendizado é substancial, porém não proibitiva (NEWTON et al., 2000).
Há alguns relatos na Medicina que comprovam que a cirurgia videoscópica
oferece vantagens significativas quando comparada com as convencionais. Pequenas
incisões, menor trauma tissular, menor dor, menos desconforto no pós-operatório,
melhor função respiratória, menor tempo de hospitalização e recuperação pós-cirúrgica
mais rápida (período de convalescença) são citados (LAU et al., 1997).
Muitas pesquisas têm sido realizadas no sentido de comparar, sobre vários
aspectos, animais submetidos a procedimentos tradicionais e a videoscópicos. Podem
ser citados a análise da dor e morbidade pós-operatória após pericardectomia parcial
aberta e por toracoscopia, com 14 cães hígidos de diversas raças divididos em dois
grupos, sendo que metade foi submetido à técnica tradicional por toracotomia, no quinto
21
espaço intercostal esquerdo, e os demais sete animais, com uso de ventilação seletiva,
submetidos à VATS. As lesões cirúrgicas de ambos os grupos foram tratadas com
bandagens e cada cão recebeu uma dose única de morfina intramuscular (0,2mg/kg).
Dor pós-operatória foi avaliada uma, cinco, nove, 17, 29 e 53 horas após cirurgia. Cães
avaliados com dor em excesso receberam doses adicionais de morfina. Em cada
momento de avaliação de dor, amostras sanguíneas foram colhidas para mensuração
de glicose e concentração de cortisol plasmático. Os resultados encontrados entre os
dois grupos foram significativamente diferentes, com o grupo de toracotomia tendo
valores mais elevados nos momentos correspondentes a uma, cinco e nove horas de
pós-operatório. Três animais deste grupo necessitaram de analgesia adicional e dois
apresentaram fraqueza de membro anterior esquerdo e dois outros deiscência de
pontos cirúrgicos. Concluiu-se que a técnica videoscópica apresenta grandes vantagens
sobre o procedimento tradicional, incluindo diminuição de dor pós-operatória, poucas
complicações nas suturas e menor tempo de convalescença (WALSH et al., 1999).
HUNTINGTON et al. (1998) analisaram os resultados de 60 procedimentos de
fenestração de disco intervertebral em ovinos, sendo que metade por toracotomia e os
demais por VATS. A metodologia utilizada consistia em realizar as fenestrações em 10
animais vivos, sendo que em cada um deles, três discos eram fenestrados por VATS e
subseqüentemente, três por técnica tradicional. Os discos eram escolhidos de forma
aleatória. Os ovinos eram então sacrificados e a coluna vertebral seccionada e
analisada por tomografia computadorizada. Como resultado, não foi encontrada
diferença significativa na análise estatística relativa a quantidade de material discal
removido nos dois procedimentos, sendo esta em média 67,8% por VATS e 76,1% por
toracotomia, levando à conclusão que ambas as técnicas são equivalentes com relação
a capacidade de fenestração de discos intervertebrais torácicos.
Fenestrações de disco intervertebral realizadas por procedimentos de VATS,
quando comparadas com procedimentos tradicionais (toracotomia), apresentam
resultados com biomecânica semelhante, nos valores obtidos em testes de flexão, de
extensão, de compressão, de torção lateral e de rotação do eixo longitudinal da coluna
vertebral (CONNOLY et al., 1999).
22
No presente estudo objetivou-se comparar, em cães, a fenestração de disco
intervertebral torácico (T
11
– T
13
) por toracotomia e por cirurgia torácica vídeo-assistida
(VATS). Foram avaliados tempo de convalescença (definido como momento em que os
parâmetros freqüência respiratória, freqüência cardíaca, temperatura, hidratação, sinais
neurológicos, padrão respiratório e comportamento retornaram aos valores
considerados normais para a espécie) e aspectos radiográficos da coluna no pré e pós-
operatório. Além disso, como método comparativo, o segmento torácico (T
11
– T
13
) de
cadáveres submetidos aos mesmos procedimentos, foi analisado macroscopicamente
após dissecação, enfocando-se a quantidade remanescente de material discal e a
preservação e integridade de estruturas anatômicas que apresentam relação de
sintopia com os espaços intervertebrais abordados. Mediante resultados obtidos nas
avaliações propostas, foram analisadas as vantagens, desvantagens e eficiência do
VATS em relação à toracotomia.
23
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Instalações
O projeto foi desenvolvido no Hospital Veterinário (HV) “Governador Laudo Natel”
da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Universidade Estadual Paulista,
Campus de Jaboticabal (FCAVJ/UNESP/JABOTICABAL).
3.2. Animais
Como forma de estudo preliminar para conhecimento das estruturas envolvidas
no procedimento de VATS, treinamento da técnica minimamente invasiva e melhor
posicionamento das cânulas para visibilização da coluna tóraco-lombar, foram
selecionados 10 cadáveres de cães sem histórico de lesão de coluna, fornecidos pelo
Departamento de Patologia Veterinária da FCAVJ/UNESP.
Para o delineamento experimental propriamente dito, foram utilizados 12 animais
da espécie canina, machos ou fêmeas, sem raça definida, pesando entre 10 e 15 kg,
com idade entre três e cinco anos, fornecidos pelo canil de experimentação do HV. Para
seleção, todos foram avaliados clinicamente e por exame radiográfico de coluna
torácica para exclusão de alterações orgânicas. Todos foram considerados hígidos e
alojados em canis individuais, dispondo de livre acesso à água e ração comercial.
Medidas convencionais de imunoprofilaxia
1
e vermifugação
2
foram adotadas.
Além dos cadáveres (10) do estudo preliminar, também foram utilizados outros
13, com óbito decorrente de afecções diversas que não afetaram as estruturas em
1
Vanguard - cinomose, adenovírus tipo II, coronavírus, parainfluenza, parvovirose e leptospirose; Defensor -
vacina antirrábica. Laboratórios Pfizer do Brasil Ltda.
2
Panacur Plus comprimidos – Hoechst Roussel Vet. S/A.
24
estudo, também fornecidos pelo Departamento de Patologia da FCAVJ/UNESP, para
procedimento de fenestração por VATS e toracotomia para posterior dissecação,
análise macroscópica e de material discal remanescente.
3.3. Contemplação dos aspectos éticos
O protocolo de pesquisa deste experimento foi aprovado pela Comissão de Ética
e Bem-Estar Animal (CEBEA) da FCAVJ/UNESP. Orientações bioéticas consoantes
com o Código de Nüremberg (GOLDIM, 1995) também foram acatadas, sendo desta
forma empregado número mínimo de animais necessários à obtenção de índice de
confiabilidade.
3.4. Grupos experimentais
Os 10 cadáveres formaram um grupo único, para treinamento e padronização da
técnica de VATS.
De forma aleatória, os animais experimentais (12) foram reunidos em dois grupos
de seis (V
1
e V
2
) e os cadáveres (13) em três, C
1
(5), C
2
(5) e C
3
(3).
25
3.5. Procedimentos Experimentais
Todos os grupos, com exceção de C
3
(grupo controle) foram submetidos à
fenestração de discos intervertebrais de T
11
a T
13
(dois espaços intervertebrais): V
1
e C
1
por acesso tradicional de toracotomia e V
2
e C
2
por VATS. O grupo C
3
foi apenas
avaliado como comparativo com C
1
e C
2
em aspectos macroscópicos após dissecção
de coluna torácica.
3.6. Instrumental Especial
Para realização do procedimento de VATS foi empregado material especializado,
que consistiu em otoendoscópio
3
(Figura 1-A) conectado a micro-câmera para
endoscopia
4
(Figura 1-B), NTSC, resolução horizontal de 450 linhas, “white balance”,
sensibilidade de 3 LUX, objetiva f = 25 a 50mm, foco, exposição manual/automática de
1/60 a 1/1000, 100-240 VAC, 50/60 Hz, conectores BNC, SVHS, RGB e DIN, comando
remoto, cabeçote imersível e contraste digital, ligada em módulo de processamento
digital de imagens
5
(Figura 1-C) com imagens visibilizadas em monitor
6
(Figura 1-D) de
14”, compatível com sistemas PAL-G e NTSC, conectores BNC, SVHS, resolução
horizontal de 500 linhas, 100-240 VAC, 50/60 Hz, 346mm x 340mm x 414mm.
3
Karl Storz GmbH, Hopkins II, 67260A, Tuttlingen, Germany.
4
Telecam SL/IPM, Karl Storz GmbH, Tuttlingen, Germany.
5
Módulo Telecam SL/IPM, Karl Storz GmbH, Tuttlingen, Germany.
6
Trinitron, Karls Storz GmbH, Tuttlingen, Germany.
26
Figura 1: Fotografia de equipamentos de visibilização videoscópica. A)
Otoendoscópio Hopkins II; B) micro-câmera Telecam SL/IPM; C)
módulo de processamento digital de imagens Telecam SL/NTSC;
D) Monitor Sony Trinitron. Jaboticabal (SP), 2007.
27
Como fonte de iluminação foi utilizado um cabo de iluminação com fibra óptica de
4,8mm de diâmetro e 250cm de comprimento (Figura 2-A), conectado a uma fonte de
luz fria
7
(Figura 2-B), com lâmpada halógena de 150w/15v, temperatua de cor de
3400k, ajuste manual de intesidade luminosa em 3 níveis, 100-120/230-240 VAC,
50/60hz, dimensões de 305mm x 109mm x 265mm, com uma lâmpada sobressalente.
Os procedimentos foram documentados por meio de um microcomputador
8
(Figura 2-C)
com disco rígido de 20 Gb, 128 Mb de RAM e placa especial de captura de imagens
com pedal, acoplado ao processador da micro-câmera, e videocassete VHS. O
equipamento eletrônico envolvido no procedimento foi distribuído para uso e
armazenamento em armário metálico com seis prateleiras (Figura 2-D).
7
Halogen 250 TWIN, Karl Storz GmbH, Tuttlingen, Germany.
8
Pentium III 750 MHz, Intel.
28
Figura 2: Fotografia de equipamentos de visualização videoscópica. A) cabo de
iluminação com fibra óptica de 4,8mm de diâmetro e 250cm de
comprimento; B) fonte de luz fria, com lâmpada halógena 250TWIN;
C) monitor Philips e microcomputador para registro de imagens; D)
equipamento distribuído em armário metálico. Jaboticabal (SP), 2007.
Para acesso torácico, foram utilizadas duas cânulas e dois trocaters Endopath de
11mm
9
(Figura 3-A), afastador Hohmann, cureta McCall número 17, Gracey número 13,
cureta Freer e cabo de bisturi número 3 modificados, com cabos estendidos em 20cm
(Figura 3-B), e para realização da fenestração dos discos intervertebrais, foram
9
Endopath DilatingTip 511, Ethicon, United States of America.
29
empregadas duas pinças endoscópicas
10
, uma de corte e uma “jacaré”, de 2,7mm de
diâmetro e 25cm de comprimento (Figura 3-C).
Figura 3: Fotografia dos instrumentais especiais empregados na fenestração de
disco intervertebral. A) Material utilizado para acesso à cavidade
torácica: 1) trocarte de 11mm, Dilated Tip Endopath; 2) Cânula
Endopath de 11mm; 3) detalhe do trocarte com lâmina exposta; B)
Instrumental modificado de fenestração: 1) afastador de Hohmman; 2)
cureta Freer; 3) cabo de bisturi número 11; 4) Cureta McCall número
17; 5) cureta Gracey número 13; C) pinças endoscópicas
Kontrollschein, de 2,7mm: 1) ponta de corte; 2) ponta de preensão ou
“jacaré”. Jaboticabal (SP), 2007.
10
Kontrollschein, DDR-1197, Berlin.
30
3.7. Anestesia e procedimentos pré-cirúrgicos
Os animais dos grupos V
1
e V
2
foram mantidos em jejum hídrico (duas horas) e
alimentar (12 horas). Duas horas antes da indução anestésica, os animais receberam
uma dose de amoxicilina triidratada
11
(10mg/kg). Foram então submetidos à medicação
pré-anestésica, com levomepromazina
12
(1 mg/kg) por via intramuscular; seguida da
indução anestésica com tiopental sódico
13
(12,5 mg/kg) por via intravenosa. A anestesia
foi mantida com anestésico halogenado (halotano
14
) diluído em oxigênio empregando o
sistema semi-fechado. Todos os cães, incluindo os do grupo C
1
e C
2
, foram
tricotomizados em toda porção lateral esquerda do tórax e posicionados sobre a mesa
cirúrgica em decúbito lateral direito, com um saco de areia colocado sob o tórax (Figura
4), sendo na seqüência realizada anti-sepsia da região.
Figura 4: Fotografia do posicionamento do animal na mesa
após tricotomia. Jaboticabal (SP), 2007.
11
Clamoxyl L A. Smith-Kline Beecham
12
Neozine. Rhodia
13
Tiopental 1g. Cristalia-Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda
14
Halotane
31
3.8. Procedimentos cirúrgicos
Após toracotomia dos animais dos grupos V
1
e C
1
no décimo espaço intercostal
(Figura 5-A), afastador auto-estático manteve as costelas afastadas, os pulmões foram
deslocados cranialmente com uso de tampões umedecidos e a aorta e o tronco
simpático lateralmente (digitalmente), para exposição do ânulo fibroso ventral dos
discos intervertebrais de T
11
-T
13
. Um afastador Hohmann foi empregado para proteção
das estruturas em sintopia com os discos durante acesso dos corpos vertebrais, sendo
empregada para esta finalidade uma cureta Freer. Após exposição destes e
visibilização de região ventro-lateral intervertebral, foi empregada lâmina de bisturi
número 11 para criação de uma “janela” no ânulo ventral. Com o auxílio de curetas
McCall número 17 e Gracey número 13, o núcleo pulposo foi removido tanto quanto
possível. A toracorrafia foi feita de maneira rotineira (Figura 7-A).
Já os animais V
2
e C
2
foram submetidos à técnica de VATS. Para colocação da
óptica, foi realizada uma incisão de cútis de 15 a 20mm no terço médio do nono espaço
intercostal, com cuidado para não causar lesão diafragmática com o trocarte. Em
seguida, em V
2
, ventilação foi realizada e hemostasia confirmada. Foram posicionadas,
então, duas cânulas (em local ligeiramente dorsal à articulação costocondral),
respectivamente no terço ventral do sétimo e nono espaços intercostais (Figura 5-B).
Realizada identificação das estruturas envolvidas no procedimento (Figuras 6-A e 6-B)
e após localização da região de T
11
-T
12
, foi inserido na cânula do sétimo espaço um
afastador Hohmann modificado (cabo estendido em 20cm), para deslocamento da aorta
e tronco simpático, requerido para acesso do ânulo fibroso (Figura 6-C). A extremidade
da cânula do nono espaço foi então aproximada do espaço intervertebral a ser
acessado e por ela foi introduzida cureta de Freer, para dissecção de tecidos em
sintopia com os corpos vertebrais (Figuras 6-D, 6-E e 6-F). Após visibilização do disco
intervertebral (Figura 6-G), por essa mesma cânula foi utilizado bisturi de lâmina
número 11 com cabo estendido para realização de uma “janela” no ânulo ventral
32
(Figuras 6-H e 6-I). Como os animais do experimento apresentavam-se hígidos, logo
após incisão com bisturi no disco, ocorria extrusão de seu núcleo pulposo, prontamente
visibilizado. Subseqüentemente, curetas de cabos estendidos McCall número 17 (Figura
6-J), Gracey número 13 (Figura 6-K) e pinça “jacaré” e de corte (Figura 6-L) foram
empregadas para remoção de material discal. Após remoção da maior quantidade
possível de material, foi igualmente fenestrado o espaço T
12
-T
13
. Terminado o
procedimento pontos simples com categute cromado 1
15
foram aplicados para
fechamento dos orifícios resultantes da penetração dos trocartes na musculatura. Os
pulmões foram reinflados em sua amplitude máxima para que o último ponto fosse
cerrado. A cútis foi suturada com pontos simples separados com mononylon 2-0
agulhado
16
(Figura 7-B).
Figura 5: Ilustração representando acessos para procedimento de fenestração.
A) Toracotomia: Incisão de cútis e musculatura realizada no décimo
espaço intercostal (1); B). VATS: Incisões de cútis e musculatura
realizadas no terço médio de nono espaço intercostal (1) e na região
de articulação costocondral de sétimo (2) e nono (3) espaços
intercostais. Jaboticabal (SP), 2007.
15
Categute cromado 1 – Cirumédia Marcas de Ind. e Com. S.A.
16
Mononylon 2-0 agulhado - Ethicon Jhonson e Jhonson Produtos Profissionais Ltda
33
Figura 6A: Seqüência de imagens endoscópicas do procedimento de
fenestração por VATS. A) e B) Visibilização da cavidade torácica,
com identificação de estruturas: 1) aorta torácica; 2) corpo
vertebral; 3) mediastino caudal; 4) artéria intercostal; 5) tronco
simpático; C) Posicionamento de afastador de Hohmman (1) sob
corpo vertebral (2); D), E) e F) Divulsão de tecido sobre vértebra
para exposição do espaço intervertebral e acesso discal, com uso
de cureta de Freer (1). Jaboticabal (SP), 2007.
34
Figura 6B: Seqüência de imagens endoscópicas do procedimento de
fenestração por VATS (continuação de Figura 6A). G) Afastador
de Hohmman (1) posicionado sob espaço intervertebral exposto
(2) e aproximação de cânula (3); H) Bisturi lâmina 11 (1) inserido
na cânula (2), sobre afastador Hohmman (3), fenestrando disco
(4); I) Elevação do bisturi (1) até limite dorsal do disco; J)
Remoção de material discal com cureta McCall (1); K) Remoção
de material com cureta Gracey (1); L) Disco remanescente (1)
removido com pinça “jacaré” (2). Jaboticabal (SP), 2007.
35
Figura 7: Fotografias da sutura da ferida cirúrgica. A) Toratocomia; B)
VATS. Jaboticabal (SP), 2007.
3.9. Procedimentos pós-cirúrgicos
A ferida cirúrgica recebeu iodo povidine e gaze, coberta por faixa elástica e
esparadrapo. Assim que o animal recuperou o reflexo de deglutição, foi extubado.
A analgesia foi promovida pela aplicação subcutânea de tramadol
17
(1,5 mg/kg),
cinco minutos antes da incisão cutânea, repetindo-se a cada oito horas, por três dias.
Após esse período, foi empregado flunixin-meglumine
18
na dose de 1,1 mg/kg por via
intramuscular, a cada 24 horas, durante três dias.
A antibioticoterapia consistiu de amoxicilina cada 24 horas por via intramuscular
na dose de 10mg/kg, durante sete dias. O curativo foi trocado diariamente e os pontos
cutâneos retirados no sétimo dia de pós-operatório, ou após cicatrização da ferida
cirúrgica.
17
Tramal - Searle/Monsanto do Brasil Ltda
18
Banamine - Indústria Química e Farmacêutica Shering Plough S.A. (Divisão Veterinária)
36
3.10. Avaliações pós-cirúrgicas de V
1
e V
2
Os animais dos grupos V
1
e V
2
foram avaliados, no primeiro dia de pós-
operatório, em intervalos de 6 horas. A partir do segundo dia a cada 24 horas, com
relação a funções vitais (temperatura, freqüências respiratória e cardíaca, hidratação),
padrão respiratório (torácico, abdominal ou tóraco-abdominal), comportamento
(prostrado, normal) e exame neurológico (para determinação de possível lesão medular
decorrente do procedimento), por duas semanas. Após este período, as avaliações
foram realizadas semanalmente por um total de três meses. A convalescença, em dias,
foi determinada para cada animal levando em consideração o momento em que todos
os fatores acima descritos encontrarem-se dentro dos parâmetros normais para a
espécie.
Foi realizado exame radiográfico simples da coluna no pós-cirúrgico imediato
para comparação com o realizado na seleção dos animais e avaliação de possível
material discal remanescente, e após três meses para verificar a manutenção da
estabilidade da região tóraco-lombar. Os exames radiográficos foram realizados em
aparelho de modelo Tridoros 812 E
19
com mesa teleciclonógrafa, com capacidade para
800 miliamperes (mA) e grade antidifusora Potter-Bucky.
Os filmes radiográficos, de marca T-Mat G/RA
20
, foram montados em chassi
metálico com par de ecran intensificador Lanex Regular
21
, com a revelação e a fixação
dos mesmos efetuada com auxílio de processador automático X-OMAT 2000
22
.
19
Siemens, Alemanha
20
Kodak Brasileira Com. e Ind. Ltda.
21
Kodak Brasileira Com. e Ind. Ltda.
22
Kodak Brasileira Com. e Ind. Ltda.
37
3.11. Avaliações pós-cirúrgicas de C
1
e C
2
e comparação com C
3
Os cadáveres dos grupos C
1
e C
2
tiveram suas colunas radiografadas e o
segmento de T
11
a T
13
dissecado, para avaliação da integridade de estruturas que estão
em sintopia com o disco intervertebral. O grupo C
3
, controle, foi submetido ao mesmo
procedimento para comparação macroscópica.
Material discal remanescente também foi avaliado, sendo as vértebras separadas
por dissecação, mantendo o ânulo fibroso e núcleo pulposo remanescente nas placas
terminais craniais, posteriormente fotografadas com câmera digital. As imagens
resultantes foram submetidas à edição gráfica com sobreposição de figura geométrica
circular, dividida em quarenta e oito quadrantes, englobando o disco, com o intuito de
mensurar a quantidade de material removido de forma porcentual.
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para as variáveis funções respiratória, cardíaca, temperatura, hidratação,
achados neurológicos e material discal removido, foram calculadas as médias e os
desvios padrões dos valores obtidos durante todo experimento. Foi então feita
comparação da significância (p) destas variáveis entre as médias dos grupos com
emprego de teste não-paramétrico U de Mann-Whitney para amostras independentes,
ao nível de 5% de significância.
Para realizar os cálculos foi empregado o programa STATISTICA, versão 5.1 -
Statsoft® (STEEL & TORRIE, 1980).
38
5. RESULTADOS
As funções vitais dos animais dos grupos V
1
e V
2
(temperatura, freqüências
respiratória e cardíaca, hidratação), foram comparadas com os parâmetros referidos por
DUKES (1993) e BIRCHARD & SHERDING (1998) como sendo fisiológicos para a
espécie em questão.
Ambos os grupos apresentaram taquipnéia e taquicardia em todos os momentos
de avaliação, salvo logo após cirurgia (V
1
e V
2
) e até 24 horas após (V
1
), quando os
animais tiveram freqüência respiratória e cardíaca dentro dos parâmetros considerados
fisiológicos para cães em repouso. A temperatura mostrou-se normal em todos os
momentos, salvo leve aumento no grupo V
1
entre 12 e 18 horas de pós-operatório,
retornando ao normal logo em seguida (Figura 8).
Não foram encontradas alterações na hidratação dos animais, e todos se
apresentaram normais neste contexto durante todos os momentos avaliados. Com
relação ao padrão respiratório observado nos animais do grupo V
2
,
este manteve-se
inalterado durante toda a avaliação, em todos os momentos classificado como tóraco-
abdominal. No grupo V
1
, todos os animais inicialmente apresentavam este mesmo
padrão, observado do primeiro ao quarto dia de pós-operatório padrão abdominal de
respiração. Após este momento, houve um retorno ao padrão considerado normal para
espécie (tóraco-abdominal) e este se manteve por todo o período observado.
39
Frequência Respiratória
0
20
40
60
80
100
120
140
pre 0 6 12 18 24 48 72 96 120 144 168 336 504 672 840 1008 1176 1344 1512 1680 1848 2016
momentos observados (horas)
movimentos/minuto
V1
V2
PN
Frequência Cardíaca
0
50
100
150
200
250
pre 0 6 12 18 24 48 72 96 120 144 168 336 504 672 840 1008 1176 1344 1512 1680 1848 2016
momentos observados (horas)
movimentos/minuto
V1
V2
PN
Temperatura Corpórea
36,5
37
37,5
38
38,5
39
39,5
40
pre pós 6 12 18 24 48 72 96 120 144 168 336 504 672 840 1008 1176 1344 1512 1680 1848 2016
momentos observados (horas)
oC
V1
V2
PN
0
Figura 8: Gráfico da média dos valores de: A) freqüência respiratória (FR, em
movimentos respiratórios por minuto); B) freqüência cardíaca (FC, em
batimentos cardíacos por minuto); C) temperatura (T
o
C, em graus
Celsius) nos grupos V
1
e V
2
no período de três meses de avaliação.
Faixa de parâmetros normais (PN) destacada em azul. Jaboticabal (SP),
2007.
40
O comportamento de ambos os grupos mostrou-se normal na avaliação prévia e
prostrado no pós-operatório imediato. Os animais submetidos ao procedimento de
VATS mantiveram-se prostrados apenas por 6h de pós-operatório, com prostração
moderada por mais 18h, e depois foram considerados normais. Já os submetidos à
toracotomia, ficaram prostrados por período médio de até 24 horas após cirurgia e
ainda permaneceram com prostração moderada por cinco dias. Após este período,
todos demonstraram comportamento normal (Figura 9).
0
1
2
3
Escala
pre 6 18 48 96 144 336 672 1008 1344 1680 2016
momentos / horas
Comportamento
V1
V2
1. Prostração 2. Prostração Moderada 3. Normal
Figura 9: Gráfico de comportamento dos grupos V
1
e V
2
durante período de três
meses de observação, classificado em prostração (1), prostração moderada
(2) e normal (3). Jaboticabal (SP), 2007.
41
Com relação ao exame neurológico, nenhum animal de ambos os grupos
apresentou alterações identificáveis. A ficha de exame neurológico utilizada pode ser
encontrada na seção de apêndices.
O término do período de convalescença foi definido como sendo o
momento em que todos os animais de V
1
e V
2
apresentavam os parâmetros avaliados
dentro de seus valores e características normais (no caso de freqüência respiratória e
cardíaca, não os valores fisiológicos para a espécie, dado que os animais foram
submetidos a influência ambiental, resultando em taquipnéia e taquicardia,
considerando-se estas como estado normal para estes animais). Para os animais do
grupo V
2
, este momento foi definido como após um dia de pós-operatório, sendo o
último parâmetro a retornar à normalidade, o comportamento. V
1
apresentou período de
convalescença de uma semana, levando em consideração que os animais deste grupo
mantiveram-se com prostração moderada neste intervalo.
Ao exame radiográfico realizado logo após término da cirurgia, tanto nos grupos
V
1
quanto em V
2
, foi observada discreta diminuição dos espaços intervertebrais entre
T
11
-T
12
e T
12
-T
13
em todos os animais, em comparação com as radiografias realizadas
no pré-operatório, decorrente da remoção do material discal. Nas radiografias
realizadas três meses após o procedimento cirúrgico, não foram observadas alterações
radiográficas dignas de nota quando em comparação com as anteriormente realizadas.
Importante salientar que na espécie canina o espaço intervertebral entre T
10
e T
11
é
normalmente menor que os demais (Figuras 10 e 11).
Em comparação macroscópica das estruturas dissecadas nos grupos C
1
e C
2
com as do grupo controle C
3
, foi observada manutenção das estruturas adjacentes aos
espaços intervertebrais acessados (Figura 12). Os corpos vertebrais foram
individualizados de forma que o material discal remanescente foi deixado inteiramente
na placa terminal cranial de cada vértebra. Com foco no material discal, fotografias
foram realizadas e fez-se sobreposição de máscara digital de gráfico radial com 48
quadrantes, para análise de quantidade de material remanescente, identificado com
marcação (regiões com círculo amarelo) propiciando assim a contagem dos quadrantes
42
com material. Desta forma, foi observado que tanto no grupo C
1
quanto no C
2
, uma
média de 34/48 do disco total havia sido removido, com esta fração projetada para
porcentagem, resultando em 70,83% de eficácia na remoção, não havendo também
diferença estatística significante (teste “t” de student com nível 5% de significância)
entre a variável material discal remanescente entre as duas técnicas (Figura 13).
Figura 10: Imagem radiográfica digitalizada de coluna tóraco-lombar de animal do
grupo V
1
: A) Discos intervertebrais entre T
11
-T
12
(1) e T
12
-T
13
(2) em pré-
operatório; B) Diminuição observada após três meses de pós-operatório
em 1 e 2. Jaboticabal (SP), 2007.
43
Figura 11: Imagem radiográfica digitalizada de coluna tóraco-lombar de animal do
grupo V
2
: A) Discos intervertebrais entre T
11
-T
12
(1) e T
12
-T
13
(2) no pré-
operatório; B) Diminuição observada após três meses de pós-operatório
em 1 e 2. Jaboticabal (SP), 2007.
44
Figura 12: Fotografia de região fenestrada de animal controle (C
3
) qual se observa
estruturas em sintopia com os discos intervertebrais: 1) T
11
; 2) T
12
; 3) T
13
;
4) tronco simpático preservado; 5) tecidos moles periféricos à região
acessada divulsionados. Jaboticabal (SP), 2007.
45
Figura 13: Fotografias de peça anatômica da região tóraco-lombar: placa terminal
cranial vertebral e sobreposição de máscara gráfica de 48 quadrantes,
comparando VATS e toracotomia, em relação à presença de material
discal remanescente (quadrantes com círculo amarelo). A) T
12
toracotomia: 22/48; B) T
13
– toracotomia: 13/48; C) T
12
– VATS: 12/48;
D) T
13
– VATS: 18/48. Jaboticabal (SP), 2007.
46
6. DISCUSSÃO
A preservação do bem estar de animais utilizados em experimentos científicos
vêm sendo considerada necessidade fundamental nos últimos anos. Tal fator torna-se
extremamente relevante na decisão pelo número mínimo de animais utilizados em um
protocolo experimental e na intensidade de estresse ao qual estes serão submetidos. A
escolha por uma metodologia com reduzida quantidade de animais pede a necessidade
de uma fundamentação estatística comprobatória da significância dos valores obtidos
no experimento (HOEL, 1974).
Optou-se por realizar o estudo em cães adultos e hígidos com o intuito de
observar as alterações decorrentes da aplicação de técnicas cirúrgicas comparadas,
tendo-se conhecimento prévio da severidade de inflamações e complicações em
animais idosos. Em relação ao estresse cirúrgico e ao desconforto pós-operatório, a
utilização de tramadol e flunixin-meglumine foi capaz de promover amenização destes,
suprimindo suas complicações. No retorno da cirurgia os animais de ambos os grupos
mostraram-se calmos e, embora prostrados (principalmente os submetidos à
toracotomia), não esboçaram sinais de dor exacerbada, salvo nos momentos de
manipulação, em que manifestavam certo desconforto.
A proposta deste estudo, em avaliar uma técnica alternativa ao procedimento
consagrado para fenestração de discos intervertebrais torácicos, baseou-se no fato
desta apresentar excelentes resultados quando comparada com as demais, como
método profilático ou em pacientes que não apresentem alterações neurológicas
exacerbadas (COOK, 1992), e ainda possuir menor índice de recorrência de sintomas
quando comparada com procedimentos descompressivos (LEVINE & CAYWOOD,
2002). Dentre os acessos tradicionais para fenestração, opta-se normalmente por uma
abordagem lateral em se tratando de discos torácicos, com incisão de cútis e
musculatura na região do décimo espaço intercostal (SWAIM, 1987), dado que uma
maior incidência de enfermidades discais ocorre caudalmente à décima primeira
vértebra torácica (T
11
), pela ausência nesta região do ligamento intercapital, propiciando
47
herniações neste segmento (FORSYTHE & GHOSHAL, 1984), e esta abordagem
viabiliza acesso dos discos nesta região.
A fenestração de disco por esta técnica apresenta um fator limitante em relação
a estresse e desconforto do paciente no pós-operatório. O acesso torácico lateral é
procedimento extremamente traumático, resultando em diminuição na capacidade de
amplitude da caixa torácica do animal, por requerer, na sutura, aproximação das duas
costelas adjacentes à ferida cirúrgica, o que leva à intensa dor pós-operatória. Há
também relatos de descontentamento por parte do proprietário com o aspecto estético
da cicatriz resultante (COOK, 1992). Além do acesso, outra situação limitante é a
dificuldade de visibilização das estruturas envolvidas, relatada por Perez e
colaboradores em 2002.
Desta forma, este estudo se propôs a determinar se um procedimento
minimamente invasivo poderia conferir resultados semelhantes ou superiores àqueles
propiciados por toracotomia lateral. Segundo LAU et al. (1997), as técncias
videoscópicas oferecem vantagens significativas em comparação às convencionais.
Cirurgia torácica vídeo-assistida (VATS) foi escolhida como técnica comparativa por
apresentar diversos relatos sobre sua eficácia em várias abordagens intratorácicas,
como os relatados por Walsh e colaboradores (1999), onde concluiu-se apresentar
diminuição de dor pós-operatória, poucas complicações e menor período de
convalescença quando em comparação com procedimentos tradicionais. Além disso, a
identificação anatômica da região manipulada na fenestração já foi detalhadamente
relatada, motivando e facilitando sua realização (McCARTHY & McDERMAID, 1990).
A técnica de VATS empregada neste protocolo experimental apresentou algumas
peculiaridades que foram definidas seguindo achados dos experimentos piloto,
necessários para adequação desta para fenestração. Primeiramente, a óptica utilizada
não é material originalmente manufaturado para visibilização intratorácica, e sim para
otoscopia. Sua escolha baseou-se em relatos de WALTON (2001) de que ópticas
rígidas, pequenas e de fácil manuseio permitem visibilização além da possível por
técnicas convencionais, sendo que o endoscópio dá ao cirurgião e aos seus assistentes
uma imagem aumentada e de boa qualidade, podendo ser realizada análise
48
intratorácica simultânea. Além disso, esta óptica de otoscopia já havia sido empregada
com sucesso em procedimentos de pericardectomias, com grande sucesso (SANCHES,
2004). Desta forma esta mostrou-se adequada e com excelente qualidade de imagens
quando se analisou as estruturas da cavidade torácica nos estudos piloto, então foi
escolhida para este protocolo, não apresentando nenhuma limitação quanto à sua
finalidade, fator esse importantíssimo ao se levar em consideração as colocações de
PEREZ et al. (2002), que referem certa dificuldade em visibilizar claramente as
estruturas de interesse em processos de fenestração por toratocomia, independente do
tamanho da incisão. Componentes ósseos e tecidos moles considerados importantes
no quesito de necessidade de identificação para procedimentos de fenestração discal
foram observados claramente sendo, nestes, inclusos a aorta descendente, corpo
vertebral, mediastino caudal, artéria intercostal e tronco simpático. Relevância na
identificação destas estruturas são citadas por BRUECKER & SEIM III, que discorrem
sobre enfermidades associadas à lesões destes componentes estruturais, resultando
em herniações discais.
Com relação à anestesia, alguns protocolos encontrados na literatura referem
necessidade de intubação pulmonar seletiva (SUCATO & GIRGIS, 2002; FROLICH &
JANELLE, 2003), porém indicam possíveis complicações desta técnica, como
atelectasia. Desta forma, esta não foi empregada nos animais, sendo realizada
ventilação controlada durante toda cirurgia, solicitando-se ao anestesista momentos de
apnéia para realização de determinados procedimentos, como incisão do disco com
bisturi e remoção do material discal com as curetas. Manutenção da pressão
intratorácica também não foi necessária, com o animal mantido com pneumotórax
controlado e este removido após sutura. Não houve complicações com esta técnica de
ventilação, o que corrobora experimento referido por FAUNT et al. (1998).
Dificuldades encontradas na realização do procedimento videoscópico foram em
sua maioria oriundas da curva de aprendizado desta nova técnica. VISOCHI et al.
(1998) informam que este é relativamente lento principalmente no tocante à coluna
vertebral. Desta forma, diversos ensaios anteriores ao presente protocolo foram
realizados em cadáveres, para familiarização com o instrumental e a técnica.
49
Experimentos piloto, em três cães hígidos, foram realizados sem maiores dificuldades,
com tempo cirúrgico médio de uma hora e trinta minutos. Já o último animal do grupo V
2
(submetido à VATS) foi operado em apenas 45 minutos (de incisão à sutura). Esta
queda no tempo cirúrgico é fator comprovante da curva de aprendizado, sendo
necessário ressaltar que os discos dos animais avaliados apresentavam-se hígidos, o
que facilitou em muito a fenestração. Obviamente, em casos de degeneração condróide
ou fibróide, o tempo cirúrgico seria maior. Concorda-se desta forma com as afirmações
de Newton e colaboradores (2000), de que a curva de aprendizado é substancial, mas
não proibitiva.
Até manipulação do segundo animal piloto, ainda não havia sido necessário
momentos de apnéia. Esta só foi tida como fundamental após incisão errônea de veia
cava pelo bisturi durante uma fenestração, quando foi empurrado pelo lobo pulmonar
esquerdo no ato da estocada. O animal foi submetido imediatamente à toracotomia para
hemostasia por compressão. Foi verificado durante este procedimento ser muito difícil o
manuseio do instrumental sem apnéia, pois o diafragma e o lobo pulmonar
constantemente interferiam na visibilização das estruturas e na firmeza para utilização
dos instrumentais. Com a modificação do protocolo para ventilação controlada, levando
em consideração que toracoscopia com ventilação bilateral e pneumotórax controlado
pode ser realizada e tolerada em animais clinicamente hígidos sem maiores
complicações (FAUNT et al., 1998), o tempo cirúrgico diminuiu e notou-se grande
facilitação na realização da fenestração em si,
PARKER (1973) refere certa fragilidade dos vasos sangüíneos que irrigam os
corpos vertebrais, sendo que estes apresentam paredes finas e facilmente lesionáveis,
principalmente na região intercostal. Em momento de injúria, tendem a apresentar
sangramento abundante. Desta forma, evitou-se ao máximo realização de movimentos
exacerbados durante divulsão de tecidos moles adjacentes ao corpo vertebral e
fenestração discal propriamente dita, sempre preconizando incisões com o mínimo de
força necessária.
SHORES (1985) relata vantagens no uso da lâmina de bisturi número 11 ao
invés de agulha hipodérmica para incisão do anel fibroso discal na fenestração por
50
toracotomia. O mesmo procedimento por VATS, entretanto, apresenta citações
diferenciadas sobre qual instrumental deve ser empregado para esta incisão.
HOROWITZ et al. (1994) também empregam lâmina de bisturi 11, porém
HUNTINGTON et al. (1998) utilizam número 15. Ainda, OHTSUKA et al. (2000) referem
um bisturi harmônico específico para o procedimento. Com base nestes dados, os
animais piloto foram submetidos à fenestração de T
11
-T
12
com lâmina de número 11 e
T
12
-T
13
com 15. Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois tipos de
lâmina, sendo assim, e levando em consideração comparação mais fidedigna na
técnica de fenestração por toracotomia, preconizou-se realizar os procedimentos por
VATS com lâmina número 11.
Segundo McCUNN (1948), deve-se sempre, na suspeita de lesões medulares,
proceder exame físico seguido de detalhado exame neurológico. Estes foram realizados
em todos os animais com o intuito de identificar prontamente possíveis lesões
iatrogênicas, principalmente nos do grupo V
2
, submetidos ao procedimento de VATS.
Estas poderiam ser oriundas da medula espinal ou do tronco simpático, sendo que as
possíveis causas seriam compressão ou esgarçamento do tronco pelo afastador de
Hohmman ou rompimento de fibras medulares por ação do bisturi ou curetas.
WHEELER & SHARP (1999) são enfáticos quanto à realização de tais exames, os
quais são seriados e de fácil realização. Por isso acabam sendo facilitados porque os
animais se acostumam com a manipulação. A ausência de alterações nos exames
neurológicos foi fator importante para considerar o resultado dos procedimentos de
fenestração como bem sucedidos, tanto no grupo de VATS, quanto no de toracotomia.
As freqüências cardíacas aferidas durante o experimento nos diferentes grupos
demonstraram diferença significativa (índice de significância de 5%) entre as técnicas,
sendo as médias do grupo V
1
e V
2
, em batimentos cardíacos por minuto, de 196,6 e
205, respectivamente. Entretanto, isto não foi observado ao se avaliar as médias entre
os momentos de forma individual, salvo naqueles de queda considerável nos valores
mensurados no pré-operatório, em ambos os grupos, e nos compreendidos entre seis e
24 horas após o procedimento (principalmente nos animais do grupo V
1
). A taquicardia
observada em todos os momentos não ocorreu neste intervalo (como no pós-operatório
51
imediato). Semelhantes resultados foram obtidos com a freqüência respiratória dos
animais, sendo que a diferença significativa (p=0,05) foi também encontrada nas
médias dos valores dos momentos dos grupos V
1
e V
2
, em movimentos respiratórios por
minuto, 101,3 e 117,1, respectivamente. Novamente, esta diferença não apareceu na
comparação individual dos momentos, salvo no intervalo compreendido entre seis e 24
horas após procedimento cirúrgico. Entretanto, se os valores discrepantes dos demais,
neste intervalo de um dia após cirurgia forem desconsiderados, temos uma média de
momentos sem diferença significativa para ambos os grupos na mensuração da FR (V
1
= 208,2; V
2
= 207,1). Com relação à FC, em dois momentos (2 e 3 dias após cirurgia),
os animais de V
1
apresentaram padrões levemente acima dos fisiológicos para a
espécie, entretanto ainda significativamente diferentes das médias dos momentos
restantes para ambos os grupos. Sendo assim, uma comparação como a realizada em
FR levaria a pequena diferença entre as médias dos momentos (V
1
= 121,5; V
2
=124,2),
porém não tão significativa quanto a demonstrada nos demais, corroborando o sistema
de avaliação de dor proposto por FIRTH & HALDANE (1999).
A taquicardia e taquipnéia, observadas em todo o experimento, salvo nos
intervalos mensurados imediatamente depois de cirurgia e um dia após, para V
1
,
e seis horas para V
2
, são respostas fisiológicas sugestivas de nocicepção
juntamente com outros sinais decorrentes de ativação do sistema nervoso
simpático (ILAR, 1991). Entretanto, tais sinais são considerados inespecíficos,
podendo ocorrer em situações não dolorosas que apresentem conteúdo
emocional (MERKEL & MALVIYA, 2000), e até mesmo outras influências
nociceptivas, capazes de gerar diferentes efeitos fisiológicos nos animais
(KITCHELL, 1987).
Alterações desses parâmetros foram somente observadas em momentos onde
estes componentes emocionais não estavam envolvidos, quais sejam pós-operatório
logo depois de cirurgia e até um dia após (para V
1
, para V
2
, até seis horas após).
Nestas avaliações, os animais estavam apresentando recuperação cirúrgica, e
considerando que a mesma dose de analgésicos estava sendo administrada para
52
ambos os grupos, diferenças nas respostas observadas entre eles levam a cogitar
deficiências na percepção de estímulos externos, ou então na capacidade de manifestá-
los com o retorno dos parâmetros avaliados para os valores observados em outros
momentos avaliados.
Este retorno aos valores fisiológicos de FR e FC, em momentos subseqüentes
ao pós-operatório, são indicativos do período de convalescença dos animais, e apesar
destas freqüências serem pouco específicas, vêm sendo utilizadas como parâmetros
para avaliação de dor em animais (FIRTH & HALDANE, 1999).
Análise individual das médias de temperatura corpórea determinou diferenças no
momento 12 e 18 horas de pós-cirúrgico, sendo que V
1
apresentou nestes temperatura
acima dos valores fisiológicos para a espécie. Entretanto, os demais momentos não
apresentaram diferença significativa entre os grupos (p=0,05), assim como a média total
também não (V
1
= 38,4; V
2
=38,2).
O aumento de temperatura observado em V
1
pode ser explicado pelo fato de que
hipertermia moderada pode surgir em cirurgias traumáticas das primeiras horas até
segundo dia de pós-operatório, e considerada fisiológica (RAISER, 1995). Sinais
apresentados em pós-operatório imediato e até recuperação plena dos animais
consistiram de elevação de temperatura, alterações nos demais parâmetros fisiológicos,
menor tolerância a exercícios, atividade reduzida, prostração, apatia, alterações
comportamentais e posturais, podendo ser considerados indicativos de desconforto e
dor aguda (MATHEWS, 2000).
A avaliação comportamental dos animais foi baseada na escala e graus definidos
por SLINGSBY et al. (1998), que preconiza análise por parte de um observador das
atitudes do animal frente a estímulos ambientais. Este método provou-se extremamente
eficiente como parâmetro somatório para estimativa de período de convalescença dos
animais, fato este que corrobora a afirmação sobre a capacidade de fornecimento de
subsídios para análise da dor no pós-operatório deste método, ainda que possua
natureza extremamente subjetiva. Como priorizou-se o bem estar dos animais no
experimento, mensurações de escalas de dor mais objetivas foram descartadas, sendo
53
que estas teriam resultados mascarados pelo emprego de medicação analgésica em
casos de possível dor exacerbada no pós-operatório.
No estudo realizado, os animais submetidos ao procedimento de VATS
recuperaram-se rapidamente, com funções vitais retornando a sua normalidade com
seis horas de pós-operatório e comportamento normal após 24 horas. Já os do grupo
V
1
, apresentaram maior período de convalescença, com funções vitais retornando à
normalidade aos dois dias de avaliação e alteração comportamental (prostração
moderada) após uma semana. Sendo a analgesia considerada compatível com as
necessidades requeridas pelo procedimento traumático ao qual os animais foram
submetidos, estipula-se que as alterações observadas em V
1
foram oriundas de
desconforto. O principal diferencial entre as duas cirurgias realizadas foi o acesso,
sendo assim, pode-se atribuir a este a alteração comportamental observada nos
animais submetidos à toracotomia e seu maior período de convalescença.
Radiograficamente, a diminuição dos espaços fenestrados entre as técnicas não
apresentou diferenças significativas, sendo que também não foram encontrados, após
três meses, alterações dignas de nota por meio deste exame.
A avaliação dos cadáveres utilizados no experimento mostrou-se de extrema
valia, ainda que algumas estruturas em sintopia com os discos intervertebrais
fenestrados não puderam ser fotografados devido à dificuldades em sua identificação e,
principalmente, manutenção de integridade durante dissecação do segmento de coluna
abordado. Desta forma, os ligamentos longitudinais dorsais e ventrais da região
submetida, ainda que encontrados de forma íntegra em primeira análise, no processo
de dissecação não se apresentaram apropriados para documentação fotográfica.
Optou-se, assim, por enfatizar documentação dos tecidos moles periféricos aos discos,
submetidos a procedimento de divulsão, e integridade de tronco simpático, estrutura
esta com localização muito próxima à região manipulada.
Ainda, como no protocolo realizado por HUNTINGTON et al. (1998), onde a
quantidade de material discal remanescente em ovinos foi avaliada por tomografia
(67,8% por VATS e 76,1% por toracotomia), no presente estudo também não foi
encontrada diferença significativa neste quesito entre os dois grupos. Apesar dos
54
segmentos de coluna avaliados não terem sido submetidos à tomografia
computadorizada, notou-se que a sobreposição de imagens dos discos fenestrados
com gráficos radiais de 48 quadrantes mostrou-se extremamente eficiente como
demonstrativo. O resultado da análise destas imagens demonstrou remoção de
aproximadamente 71% de disco intervertebral nos dois grupos, e a avaliação estatística
de “t” de Student (p=0,05) não demonstrou diferença significativa entre os grupos C
1
e
C
2
, com relação a quantidade de material discal remanescente, sendo tal dado
comprobatório da eficiência das técnicas de VATS e toracotomia.
Análise biomecânica específica não foi realizada, entretanto a afirmação de
CONNOLY e colaboradores (1999) de que procedimentos de fenestrações por VATS
apresentam resultados biomecânicos semelhantes a toracotomias pode ser
comprovada pela semelhança encontrada entre a preservação das estruturas em
sintopia com os discos intervertebrais em ambos os procedimentos. Nos dois grupos
não houve lesão identificável dos ligamentos dorsal e ventral, além de manutenção das
relações articulares entre os processos vertebrais. O fato de não ter sido observada
alteração nos parâmetros radiográficos e comportamentais, em nenhum momento após
recuperação cirúrgica, também pode ser considerado indicativo da manutenção das
propriedades biomecânicas da coluna.
55
7. CONCLUSÃO
No presente estudo foi verificado que, comparativamente com a técnica
tradicional por toracotomia, a técnica de VATS proporciona:
- Tempo cirúrgico extremamente reduzido;
- Menor dor no pós-operatório, resultando em menor período de
convalescença;
- Remoção de quantidade de material interdiscal compatível com a obtida por
toracotomia;
- Ferida cirúrgica mínima, resultando em melhor aspecto estético e mínima
possibilidade de complicações da mesma.
Conclui-se por estes achados que o procedimento de fenestração de discos
intervertebrais por VATS proporciona resultados equivalentes à técnica tradicional nos
quesitos segurança e eficácia, apresentando ainda vantagens em relação ao pós-
operatório.
56
8. REFERÊNCIAS
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a
pre pos 6h 12h 18h 24h 2d 3d 4d 5d 6d 1s 2s 3s 4s 5s 6s 7s 8s 9s 10s 11s 12s
média
112 15,8 32,5 32,6 34,5 33,8 107,8 94,8 105,6 116,1 108,3 108,17 112,5 111 112,6 101,5 105,6 113,5 108 112,3 115,5 115,6 105
Toracotomia (V
1
)
desvio
padrão
7,7 2,8 3,0 5,3 4,32 5,3 9,6 13,6 13,4 18,1 12,0 7,8 10,8 11,06 7,73 11,05 12,3 4,85 10,7 10,5 10,8 15,3 9,4
média
117,8 15,5 115,8 101,6 113,1 118,3 112,1 113,8 117,8 119,8 116,6 108,33 112,5 114,83 116,8 110 103,6 114,33 108,5 109,7 110,3 115 107
VATS (V
2
)
desvio
padrão
8,4 3,4 10,8 6,2 9,8 11,5 16,7 10,9 3,4 4,6 11,0 12,75 13,6 8,93 11,21 10,0 9,7 10,21 14,0 11,5 12,2 11,8 7,1
Apêndice 1. Função Respiratória: Tabela de médias e desvios padrão do parâmetro referido observados nos animais de V
1
e V
2
..
Jaboticabal (SP), 2007.
b
pre pos 6h 12h 18h 24h 2d 3d 4d 5d 6d 1s 2s 3s 4s 5s 6s 7s 8s 9s 10s 11s 12s
média
206,8 140,1 153 151,6 150,5 133,5 215,8 208,8 208 197,8 199,6 198,5 208,3 211,6 210 217,1 208,1 206,3 203,5 201 206,3 207,3 210
Toracotomia (V
1
)
desvio
padrão
9,7 10,6 6,8 9,9 17,1 29,0 14,6 14,9 12,3 9,8 7,8 11,3 12,0 12,8 8,8 7,8 10,5 17,0 13,8 11,9 17,8 11,7 9,0
média
209,3 150,6 206 207 211,8 209,1 214,5 215,8 214 213,5 209,5 221 205,6 222 210,8 217,1 205,1 214,5 215,3 201,5 206,6 210,8 213,1
VATS (V
2
)
desvio
padrão
13,4 10,7 15,6 14,4 12,3 14,1 16,3 12,2 16,3 12,6 15,8 11,1 14,2 7,7 19,1 12,8 12,4 13,4 18,3 12,3 10,8 8,3 13,3
Apêndice 2. Função Cardíaca: Tabela de médias e desvios padrão do parâmetro referido observados nos animais de V
1
e V
2
..
Jaboticabal (SP), 2007.
c
pre pos 6h 12h 18h 24h 2d 3d 4d 5d 6d 1s 2s 3s 4s 5s 6s 7s 8s 9s 10s 11s 12s
média
38,2 37,9 38,4 39,2 39,4 38,2 38,1 38,4 38,3 38,4 38,1 37,98 38 38,1 37,9 38,3 38,1 38,2 38,2 38,3 38,2 38,4 36,4
Toracotomia (V
1
)
desvio
padrão
0,4 0,5 0,7 0,4 0,5 0,4 0,5 0,4 0,5 0,3 0,5 0,64 0,5 0,4 0,2 0,6 0,5 0,4 0,5 0,3 0,5 0,5 4,0
média
38,2 38,3 38,3 38,1 37,8 38,5 38,3 38,1 38,3 38,4 38,4 37,68 38,2 38,6 37,9 38,3 38,3 38,3 38,1 38 38,2 38,2 38
VATS (V
2
)
desvio
padrão
0,3 0,1 0,6 0,6 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,3 0,29 0,3 0,2 0,5 0,2 0,4 0,5 0,6 0,2 0,5 0,4 0,3
Apêndice 3. Temperatura Corporal (T
o
C): Tabela de médias e desvios padrão do parâmetro referido observados nos animais de V
1
e V
2
..
Jaboticabal (SP), 2007.
d
EXAME NEUROLÓGICO
V
1
V
2
Postura
Marcha
Saltitar torácico
Saltitar pélvico
Propriocepção consciente
Carrinho de mão
Impulsão
Reações Posturais
Localização
Panículo
Tono Muscular
Reflexo Patelar
Reflexo Flexor
Dor Profunda
CHAVE: AUSENTE 0; DIMINUÍDO +1; NORMAL +2; AUMENTADO +3; CLÔNICO +4
Apêndice 4: Modelo ilustrativo da ficha de exame neurológico. Jaboticabal (SP), 2007.
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